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História da Mineralogia
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Daniel Atencio
University of São Paulo
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Estudo integrado de geologia, mineralogia e caracterização tecnológica do minério com vistas à exploração de ETRP em Pitinga (AM). Avaliação do potencial para ETRP
de granitos análogos na Província Estanífera de Goiás". View project
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4.1 Introdução
4.2 Antecedentes Pré-históricos e a Antiguidade Clássica
4.3 A Idade Média
4.4 O Renascimento
4.5 A física dos minerais
4.6 A química dos minerais
4.7 Óptica mineralógica no século XIX
4.8 Aplicações petrográficas da óptica mineral
4.9 O século XX
4.10 Microscopia de minério e microssondas
4.11 A Associação Mineralógica Internacional (IMA)
4.12 O presente
4.13 A Mineralogia no Brasil
4.1 Introdução
A história da mineralogia foi tratada em excelentes pesquisas de Hawthorne (1993), Sureda
(2008), Cornejo e Bartorelli (2010) e alguns outros. O texto a seguir é uma colagem de infor-
mações retiradas desses trabalhos.
a.C.) utiliza na “Odisseia” o termo krystallos para se referir ao gelo. Quase um século mais tarde,
Platão (428-348 a.C.) atribui no “Timeu” o duplo significado de gelo e cristal de rocha com
origem etimológica em kryos = frio e halas = sal. Estas raízes gregas são preservadas no presente
em ciências tão distantes como a cristalografia e a criogenia. A Grécia é o limiar desta história da
mineralogia. Aristóteles (384-322 a.C.), pai das ciências naturais e o mais proeminente seguidor
de Platão, escreveu brevemente sobre minerais em sua obra “Meteorológica”. Ele, por sua vez, teve
um discípulo chamado Teofrasto (372-277 a.C.), que é considerado precursor da mineralogia, da
botânica e da zoologia. Em um ensaio intitulado "Sobre as pedras" (315 a.C.),Teofrasto descreveu
cinábrio, crisocola, magnetita e gipsita, minerais de sua autoria pelo princípio básico de prioridade
em ciência para o pesquisador que introduz o registro de algo do mundo natural no conhecimen-
to humano, sejam estrelas, planetas, cometas, asteroides ou espécies biológicas viventes ou fósseis,
assim como os próprios minerais. A mineralogia sistemática atual o coloca como autor das quatro
espécies referidas por entender que a descrição é satisfatória e inequívoca. A cor e a densidade
dos minerais são as duas propriedades mais relevantes nas descrições de Teofrasto. O hidróxido de
níquel trigonal, teofrastita de Vermion, Macedônia, Grécia, é o mineral dedicado à sua memória
por Marcopoulus e Economou (1981).
Em Roma, quando a superioridade das legiões romanas contra a falange grega mudou radical-
mente a equação do poder no mar Mediterrâneo após as batalhas de Cinoscéfalos (197 a.C.) e Pidna
(168 a.C.), Marcus Porcius Cato (234-149 a.C.), político e orador, impulsionou a literatura latina
ante o classicismo grego. Sua obra "De agri cultura", junto com a compilação "Praecepta", influen-
ciou a famosa “História natural” de Plínio.Três séculos depois, Gaius Plinius Secundus (23-79 d.C.),
mais conhecido como Plínio, o Velho, foi um romano que até o ano de 77 escreveu uma notável
enciclopédia de ciências naturais "Naturae Historium Libri", em trinta e sete volumes. Os últimos
quatro volumes foram dedicados a minerais. Ágata, alabastro, berilo, calcita, cassiterita, diamante,
electro, galena, hematita, malaquita e ouropigmento são espécies descritas por ele.
muçulmana, que foi destaque em astronomia, antropologia, geodésia, geologia, química e física.
Abrigou uma mente científica e enciclopédica, como historiador, filósofo, geólogo, matemático
e farmacêutico. Ele escreveu o livro “Gemas” no final de sua vida.
A mineralogia também documenta a contribuição de um médico árabe radicado no sul da
Espanha, Abu Ali al-Hosain ibn Abdullah Ibn Sina (980-1037 d.C.), Avicena em textos latinos,
que escreveu “Ille Canon” (a regra) e estabeleceu, em Granada, a primeira ordem sistemática dos
minerais em quatro grupos, de acordo com antigas aplicações
médicas. A abordagem sistemática de Avicena os separou em: 1.
as pedras que não dão metais (refratárias ao fogo); 2. os metais
ou pedras metálicas (deixam resíduo metálico ao queimar); 3. os
enxofres (completamente voláteis ao queimar); e 4. os sais (solú-
veis em água). Avicenita, um óxido de tálio cúbico de Bukhara
Usbeque, cordilheira Zirabulak, Samarkand, no Uzbequistão foi
nomeado em sua memória por Karpova et al. (1958).
Durante o período pré-Renascença, o número de minerais
conhecidos cresceu rapidamente e a abordagem fenomenoló-
gica pelos filósofos mais rigorosos foi essencial para o desen-
volvimento da Mineralogia como uma ciência útil, conforme
destaca Hawthorne (1993). Figura 4.1: Avicenna (C. 980 - 1037)
4.4 O Renascimento
O Renascimento foi acompanhado por uma grande expansão da atividade econômica na
Europa. Em particular, extensos trabalhos de mineração e fundição tiveram lugar na Alemanha no
início do século XVI. Sobressai a figura do alemão Georg Bauer (1494-1555), que teve grande
influência intelectual, a ponto de ser considerado o pai da mineralogia da Renascença europeia.
Mais conhecido como Agrícola, seu pseudônimo latino, estudou filosofia, teologia e medicina em
Leipzig, Tübingen, Bolonha, Pádua e Ferrara. Ele se formou em 1526 e se estabeleceu na cidade
de Joachimsthal, agora na República Checa, um centro de mineração, onde praticou medicina
(1527). Ali se interessou muito pelo estudo dos minerais utilizados em medicamentos. Estendeu
suas investigações ao campo da mineralogia e da teoria do minério e às técnicas utilizadas na
mineração. Agrícola foi melhor mineralogista do que médico, embora as necessidades humanas
em saúde continuassem a estimular seu conhecimento dos minerais. Seus trabalhos publicados,
De orto et causis subterraneorum (1544), De natura eorum quae effluunt ex terra (1545), De natura
fossilium (1546), De natura possibilium, De veteribus et novis metallis (1546), De animantibus subterraneis
(1548) e De l'arti dei metalle (1563), são textos originais de mineralogia escritos com seus métodos
para identificar minerais e preparar remédios. Suas técnicas de mineralogia determinativa foram
basicamente corretas e seus princípios têm perdurado até hoje. Descreve cor, brilho, transparência,
densidade, clivagem e fratura entre as propriedades físicas, e foi o primeiro a reconhecer a origem
orgânica dos fósseis, mas o tratamento das formas cristalinas ainda necessitava de futuros estudos.
A sistemática moderna o reconhece como descobridor de almandine, bismuto, bórax, fluorita e sal
amoníaco.Três das espécies são fundentes muito bons e o processamento de minerais é a disciplina
que deve mais ao talento de Agrícola, também reverenciado como o pai da metalurgia.Tanto seu
primeiro livro, Bermannus, sive de re metallica dialogus (1528), quanto o último, De re metallica libri
XII (1556), tratam de mineração e metalurgia, com uma descrição precisa dos métodos de mine-
ração e benefício do minério extraído. Em 1536, Agrícola se mudou para a cidade de Chemnitz,
um importante centro da indústria mineira da Alemanha, e foi eleito Bürgermeister (prefeito)
em 1546. Morreu de um derrame no meio de um acalorado debate religioso com um pastor
protestante, depois de ter servido nove anos no governo da cidade. De re metallica foi sua obra
máxima e a razão para a sua merecida fama. Publicado em Basileia um ano após sua morte, teve
uma divulgação notável com um alcance global como texto de consulta em mineração.
Mais ou menos contemporâneo de Agrícola foi Vannoccio Biringuccio, de Siena, Itália. Em
seu trabalho de metalurgia, Pirotecnia, que apareceu em 1540, ele desenvolveu uma classifica-
ção de minerais, similar em escopo à de Agrícola.
Christian Weiss desenvolveu a ideia de eixos cristalográficos e sua relação com os eixos de sime-
tria, e reconheceu os sistemas cúbico, tetragonal, ortorrômbico, hexagonal e trigonal. Em 1825,
Friedrich Mohs, inventor da escala de dureza de Mohs descobriu os sistemas monoclínico e
triclínico. Em 1830, Johann Hessel derivou as 32 classes cristalinas. Auguste Bravais derivou os
14 retículos de Bravais em 1848. A derivação dos 230 grupos espaciais são de autoria de E.S.
Fedorov, Artur Schoenflies e William Barlow. Barlow também deu os primeiros passos em di-
reção a um melhor entendimento dos fundamentos da estrutura cristalina, propondo o arranjo
da estrutura cristalina da halita, o que foi completamente ignorado pela comunidade científica
da época, ficando à espera da tecnologia do século XX.
rochas e minerais em lâminas delgadas. Habilidoso geólogo britânico, no ano de 1849 foi um
dos pioneiros no uso do microscópio de polarização e lâminas delgadas de rochas, percebendo a
profundidade que reside na possibilidade de seu uso para a petrologia e outras ciências da terra.
4.9 O século XX
Na virada do século, uma profunda mudança teve lugar com os métodos de trabalho e as
ferramentas disponíveis em cristalografia. As primeiras décadas do século XX assistiram ao uso
maciço da difração de raios X por cristais e ao domínio crescente da cristalografia estrutural e
da cristaloquímica.Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) foi um físico alemão, que descobriu
os raios X em 1895. Ele estudou na Technische Hochschule Eidgenössische, Zurique, e, em
seguida, ingressou formalmente em engenharia mecânica na Polytechnikum de Zurique para
frequentar aulas de física Rudolph Julius Emmanuel Clausius (1822-1888) e trabalhar no labo-
ratório de August Kundt (1839-1894), ambos destacados físicos com forte influência em sua
vocação e carreira. Quando Kundt substituiu Clausius na cadeira de Física, tomou Röntgen
como assistente e, juntos, reorganizaram o laboratório de física experimental. Ele defendeu seu
doutorado em Física pela Universidade de Zurique em 1869. Ocupou vários cargos como
professor de física nas universidades de Estrasburgo (1874), de Giessen (1877) e de Würzburg
(1888), onde trabalhou com os famosos colegas Helmholtz e Lorenz, e, finalmente, na
Universidade de Munique (1890) para substituir o falecido Eugen Cornelius Joseph Lommel
(1837-1899), diretor do Physikalische Institut der Universität
München, onde Röntgen resolveu passar o resto de sua vida.
Em novembro de 1895, quando testou o impacto de raios cató-
dicos sobre um anticátodo de metal, observou em uma placa
opaca de papelão a fluorescência de cristais de cianeto de platina
e bário, fluorescência emitida em correspondência com a des-
carga de elétrons rápidos e sua brusca frenagem pelo anticátodo.
Ele repetiu o teste para verificar se uma radiação secundária
penetrante, atravessando o material opaco ordinário, emergia do
anticátodo pela frenagem violenta dos elétrons acelerados.
Figura 4.4: Rontgen (1895)
descoberta dos raios x Chamou de raios X esta radiação, utilizando a letra que
logo Laue relatou sua experiência em Munique, os Bragg, em Cambridge, abordaram a questão
de uma forma integrada: William Henry tornou-se mais interessado pela natureza dos raios
X e pela concepção dos equipamentos de difração experimental; William Lawrence escolheu
abordar as estruturas cristalinas de substâncias sólidas e os fundamentos da química do cristal.
Em 1913, apresentaram a famosa Lei de Bragg, relacionando o ângulo formado pelo feixe
difratado com os planos cristalográficos, o espaçamento entre esses planos e o comprimento de
onda dos raios X utilizados. No mesmo ano, publicaram a estrutura de halita, que demonstrou a
ausência de moléculas de cloreto de sódio no cristal, mas uma alternância de íons Cl e Na em
um poliedro regular octaédrico. O Bragg pai recebeu as medalhas Rumford (1916) e Copley
(1930) da Royal Society de Londres, instituição que presidiu entre 1935-1940. Bragg filho
o sucedeu no cargo apenas a partir de 1954, mas foi diretor do Laboratório Cavendish, em
Cambridge, onde James Watson e Francis Crick descobriram, em fevereiro de 1953, a estrutura
helicoidal da molécula de DNA com a ajuda de raios X. O mineral braggita, sulfeto de platina,
paládio e níquel, tetragonal, encontrado no Complexo Bushveld, Transvaal, África do Sul, foi
nomeado em honra de ambos por Bannister e Hey (1932).
Linus Pauling capitalizou o trabalho dos Bragg e produziu suas famosas regras que formam
uma das bases da moderna cristaloquímica. Estas contribuíram significativamente para a solução
e interpretação de algumas das estruturas mais complexas de silicatos. Quando Warren (1929)
solucionou a estrutura cristalina da tremolita, ele usou a terceira lei de Pauling para mostrar que
a tremolita contém OH essencial, que ocupa a posição O(3).
duvidosas, propiciando, além disso, estudos históricos sobre prioridades. Nesse sentido, também
desacredita a nomenclatura que se revela falsa (nomes obsoletos) e distingue as categorias de
nomes válidos propostos antes de 1959 (G); nomes questionáveis descritos antes de 1959 (Q),
e os nomes publicados depois de 1959 sem a aprovação da IMA (N). A história da CNMMN
foi relatada por Fourestier (2002), e no site http://pubsites.uws.edu.au/ima-cnmnc/ são
encontradas todas as informações e publicações relacionadas a novos minerais, nomenclatura
e classificação. A mineralogia sistemática atual reconhece cerca de 4.800 espécies, e a ela se
incorporam, em média, 80 novos minerais descobertos e aprovados a cada ano.
4.12 O presente
Atualmente, conforme ressaltou Sureda (2008), a mineralogia apresenta uma tendência a
se adaptar, em termos gerais e interdisciplinares, com a aplicação de seus métodos e seus la-
boratórios para as nanotecnologias no desenvolvimento de novos materiais com propriedades
inovadoras para a indústria e a sociedade. Esse contexto heterogêneo, que hoje é chamado
frequentemente de Ciência dos Materiais, reúne mineralogia, física do estado sólido, química
orgânica e inorgânica e a informática. A mineralogia de alta pressão, que começou com grandes
prensas hidráulicas e continuou com bigornas de diamante e o feixe analítico dos síncrotrons,
permitiu investigar o comportamento da matéria no interior do planeta, sob pressões que já
chegam a centenas de GPa, e a fronteira entre o manto e o núcleo da Terra. A cristalografia
e a cristaloquímica projetam suas linhas de investigação sobre a cinética da cristalização dos
minerais petrográficos em ambientes sem gravidade, investigações que permitem interpretar a
evolução da matéria nas nebulosas protoestelares e seus resíduos presentes no sistema solar.
diversos objetos líticos e afrescos em cavernas (minerais, suas variedades e rochas), onde são
encontrados principalmente amazonita, calcedônia, grafita, hematita, jadeíta, malaquita, nefrita,
hematita, opala, quartzo, quartzo aventurino, quartzo hialino, sílex, sillimanita, anfibolito, copal,
basalto, diabásio, diorito, esteatito, filito, gabro, gnaisse, granito, jaspe, quartzito e xisto.
O primeiro registro mineral no Brasil deve-se ao espanhol Felipe de Guilhem, que, em
1550, aventou, baseado em relatos indígenas, a ocorrência de esmeralda na chamada Serra
Resplandecente. O primeiro historiador a relatar incursões ao
sertão brasileiro foi o português Pero de Magalhães Gandavo
(1576), com a narrativa da possível ocorrência de ouro nativo
na região correspondente ao atual estado de Minas Gerais. O
também português Gabriel Soares de Sousa, que residiu na
Bahia de 1567 a 1584, escreveu o Tratado Descritivo do Brasil
(1587), no qual mencionou as pedras de construção dos arre-
dores da cidade de Salvador, descreveu as rochas calcárias do rio
Jaguaribe e de Alcântara, falou da obtenção de cal a partir de
conchas e corais da região de Taparica, assegurou a existência
de minérios de ferro, cobre, ouro e prata; falou de gemas azuis
e verdes, referiu-se ao “cristal finíssimo” e às “esmeraldas que Figura 4.6: Djalma Guimarães
nascem dentro do cristal e como elas crescem muito, arreben- (1895 -1973)
tam o cristal”, falou de ametistas muito escuras, exibindo um roxo de púrpura muito fino, de
granadas muito vermelhas e de geodos de quartzo. Os moradores de Santos, Afonso Sardinha,
pai (português) e filho (brasileiro), em 1589, descobriram a jazida de ferro (magnetita) do
Morro de Araçoiaba, na região correspondente a Ipanema (atual Sorocaba). Surgiu, assim, a
primeira atividade metalúrgica do Brasil em 1591.
No século XVII, a busca de pedras preciosas (e de índios para escravizar) pelas mãos dos
bandeirantes ajudou a empurrar a fronteira da América portuguesa para além da linha de
Tordesilhas. Foi também quando Fernão Dias Paes Leme atravessou o sertão de Minas Gerais
em busca de esmeraldas, encontrando pedras verdes que, na verdade, eram turmalinas. O paulista
seria vingado três séculos depois, com a descoberta de esmeraldas no sertão mineiro na década
de 1920. Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de esmeralda, só ficando atrás da
Colômbia. Menos conhecida que a saga bandeirante é a atuação de José Bonifácio de Andrada
e Silva (1763-1838), o patrono da Independência, como geólogo e mineralogista. Formado
em filosofia natural pela Universidade de Coimbra, José Bonifácio foi estudar mineralogia na
Alemanha (Alexander von Humboldt foi um de seus colegas). Numa viagem à Suécia, descre-
veu 12 minerais - quatro deles eram novos. Em 1789, os geólogos alemães Abraham G. Werner
e D.L.G. Karsten determinaram o primeiro mineral-tipo do Brasil, denominado crisoberilo,
coletado em aluviões da região de Araçuaí, Minas Gerais.
José Vieira Couto, a partir de 1798, indicou a ocorrência de chumbo, diamante, ouro nativo,
cobre nativo, estanho e platina nativa, nas localidades de Serro Frio, Abaeté, Diamantina (Arraial
do Tijuco), Conceição do Mato Dentro e Ouro Preto, em Minas Gerais. José de Sá Bittencourt
Câmara, em 1822, mencionou a ocorrência de nitro, especularita (variedade de hematita)
e crocoíta, na região de Catas Altas (Minas Gerais). Os alemães Karl Friederich Phillip von
Martius e Johann Baptiste von Spix, relataram a presença de topázio imperial em Vila Rica
(atual Ouro Preto), e foram os primeiros cientistas a visitarem o meteorito siderítico Bendegó,
encontrado em Monte Santo, sertão da Bahia, em 1784. Augustin Alexis Damour, mineralogista
francês, descreveu o mineral-tipo brasileiro goyazita, proveniente da Lavra Ribeirão do Inferno,
próximo a Diamantina, em 1894. O petrologista austríaco Eugen Hussak, juntamente com o
mineralogista inglês George Thurland Prior, descreveram em 1895 os minerais-tipo brasileiros
derbylita (procedente de Tripuí, Ouro Preto, Minas Gerais), além de tripuhyíta, senaíta e floren-
cita (Ce). Em 1906, Hussak descreveu o mineral-tipo brasileiro gorceixita, em homenagem ao
geólogo francês Claude-Henri Gorceix, fundador da Escola de Minas e Metalurgia de Ouro
Preto, em Minas Gerais.
O primeiro brasileiro a formular um mineral-tipo para o Brasil foi o eminente professor
Djalma Guimarães (1895-1973), que, em 1925, determinou o mineral arrojadita (que hoje em dia
constitui um grupo), em homenagem ao geocientista brasileiro Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa.
Apenas 54 minerais são considerados espécies-tipo válidas do Brasil. Destes, 19 foram publi-
cados antes de 1959, quando a CNMMN (hoje CNMNC) - IMA foi estabelecida:
Tabela 1
De 1959 a 2000, 18 espécies minerais brasileiras aprovadas seguem sendo válidas (0,43 por ano):
Tabela 2
Nos últimos oito anos (2003 a 2010): 17 novos minerais foram descritos (2,125 por ano):
2004 Coutinhoíta D.Atencio, F.M.S.Carvalho, P.A.Matioli
2004 Lindbergita D.Atencio, J.M.V.Coutinho, S.Graeser, P.A.Matioli, L.A.D.Menezes Fo.
2005 Oxikinoshitalita L.N. Kogarko, Yu.A. Uvarova, E. Sokolova, F.C. Hawthorne, L. Ottolini,
J.D.Grice
2006 Atencioíta N.V. Chukanov, R.K. Rastsvetaeva, St. Möckel, A.E. Zadov, L.A.Levitskaya
2006 Kalungaíta N.F. Botelho, M.A. Moura, R.C. Peterson, C.J. Stanley, D.V.G. Silva
2006 Matioliíta D. Atencio, J.M.V. Coutinho, Y.P. Mascarenhas, J.A. Ellena
2006 Arrojadita-(PbFe) C. Chopin, R. Oberti, F. Cámara
2007 Ruifrancoíta D. Atencio, N.V. Chukanov, J.M.V. Coutinho, L.A.D. Menezes Fo., V.T.
Dubinchuk, St. Möckel
2008 Menezesita D. Atencio, J.M.V. Coutinho, A.C. Doriguetto, Y.P. Mascarenhas, J.A. Ellena,
V.C. Ferrari
2008 Guimarãesita N.V. Chukanov, D. Atencio, A.E. Zadov, L.A.D. Menezes Fo., J.M.V. Coutinho
2008 Brumadoíta D. Atencio, A.C. Roberts, P.A. Matioli, J. A. R. Stirling, K.E. Venance, W.
Doherty, C.J. Stanley, R. Rowe, G.J.C. Carpenter, J.M.V. Coutinho
2010 Qingheiíta-(Fe2+) F. Hatert, M. Baijot, S. Philippo, J. Wouters
2010 Bendadaíta U. Kolitsch, D. Atencio, N.V. Chukanov, N.V. Zubkova, L.A.D. Menezes Fo.,
J.M.V. Coutinho, W.D. Birch, J. Schlüter, D. Pohl, A.R. Kampf, I.M. Steele,
G. Favreau, L. Nasdala, G. Giester, D.Yu. Pushcharovsky
2010 Manganoeudialita S.F. Nomura, D. Atencio, N.V. Chukanov, R.K. Rastsvetaeva, J.M.V.
Coutinho, T.K. Karipidis
2010 Hidroxicalcioromeíta D. Atencio, M.B. Andrade, A.G. Christy, R. Gieré, P.M. Kartashov
2011 Carlosbarbosaíta D. Atencio, A.C. Roberts, M.A. Cooper, L.A.D. Menezes Fo., J.M.V.
Coutinho, J.A.R. Stirling, N.A. Ball, E. Moffatt, M.L.S.C. Chaves, P.R.G.
Brandão, A.W. Romano.
inédito Uvita C.M. Clark, F.C. Hawthorne, J.D.Grice
Tabela 3
Referências Bibliográficas
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Fourestier, J. The naming of mineral species approved by the Commission on New
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