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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ECONOMIA
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DETERMINANTES DAS CAUSAS DA VARIAÇÃO NA TAXA DE HOMICÍDIOS NO


ESTADO DE MATO GROSSO (2005-2019).

Victor Hugo Xavier Gonçalves

CUIABÁ
2021
2

Victor Hugo Xavier Gonçalves

DETERMINANTES DAS CAUSAS DA VARIAÇÃO NA TAXA DE HOMICÍDIOS NO


ESTADO DE MATO GROSSO (2005-2019).

Monografia apresentada a Faculdade de


Economia da Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. Henrique Rogê Batista

CUIABÁ – MATO GROSSO


2021
3

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

X3d Xavier Gonçalves, Victor Hugo.

DETERMINANTES DAS CAUSAS DA VARIAÇÃO NA TAXA DE


HOMICÍDIOS NO ESTADO DE MATO GROSSO (2005-2019). / Victor
Hugo
Xavier Gonçalves. -- 2021 30 f. ;
30 cm.

Orientador: Henrique Rogê Batista.

TCC (graduação em Ciências Econômicas) - Universidade Federal de


Mato Grosso, Faculdade de Economia, Cuiabá, 2021.

Inclui bibliografia.

1. Economia do crime. 2. elasticidades. 3. Mato Grosso. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)


autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.


4

Victor Hugo Xavier Gonçalves

DETERMINANTES DAS CAUSAS DA VARIAÇÃO NA TAXA DE HOMICÍDIOS NO


ESTADO DE MATO GROSSO (2005-2019).

Monografia apresentada a Faculdade de Economia da


Universidade Federal de Mato Grosso como requisito para
obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovado em ____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

Nome – Orientador(a) Henrique Rogê


Faculdade de Economia D.Sc ____________________
Universidade Federal de Mato Grosso
Nome: Polliany Aparecida Lopes de Carvalho
- Membro Externo D.Sc ____________________
Exército do Brasil
Nome Alexandro Rodrigues Ribeiro
- Membro Interno
D.Sc ____________________
Instituição: Universidade Federal de Mato
Grosso
Nome: Carla Cristina Rosa de Almeida
- Membro Interno ____________________
Instituição Universidade Federal de Mato D.Sc
5

Grosso
RESUMO

Os determinantes da atividade ilegal é um fenômeno amplamente discutido em diversas áreas


do conhecimento, inclusive nas ciências econômicas. O presente trabalho analisa as
elasticidades de variáveis socioeconômicas selecionadas sob a taxa de homicídios no Estado
de Mato Grosso entre 2005 e 2019. Para isto, pelo estimador de Mínimo Quadrados
Ordinários é aplicado o modelo de regressão log-log tomando as variáveis socioeconômicas, e
outras dissuasivas comumente utilizadas em modelagem de economia do crime, como
variáveis explicativas. Os principais resultados apontam que existem influências positivas e
negativas para as variáveis educacionais (duas variáveis apresentaram relação com sinal
negativo e uma variável foi positiva), gastos com segurança pública (sinal negativo) e renda
per capita (coeficiente negativo). Corroborando assim, alguns resultados empíricos descritos
na literatura que aborda os determinantes da taxa de homicídios como um fenômeno
multicausal e dotado de contradições entre as variáveis explicativas.

Palavras-chaves: Economia do crime, elasticidades e Mato Grosso

ABSTRACT

The determinants of illegal activity is a phenomenon widely discussed in several areas of


knowledge, including economic sciences. The present work analyzes the elasticities of
selected socioeconomic variables under the homicide rate in the State of Mato Grosso
between 2005 and 2019. For this, the Ordinary Least Squares estimator is applied to the
log-log regression model taking the socioeconomic variables, and others deterrents commonly
used in economics of crime modeling as explanatory variables. The main results show that
there are positive and negative influences for educational variables (two variables were
associated with a negative sign and one variable was positive), spending on public security
(negative sign) and per capita income (negative coefficient). Thus, corroborating some
empirical results described in the literature that address the determinants of the homicide rate
as a multi-causal phenomenon and endowed with contradictions between the explanatory
variables.

Key-words: Economics of crime, elasticities and Mato Grosso


6

1. Introdução
A atividade ilegal é um fenômeno amplamente discutido na sociedade em diversas
áreas do conhecimento inclusive nas ciências econômicas. Conforme apresentado por Franco
(2016), os efeitos da atividade criminal sob a economia possuem uma relação positiva com
custo social ao afetar o bem-estar da sociedade, neste contexto, destaca-se a redução da
qualidade de vida principalmente em áreas urbanas populosas. Vale ressaltar, também, que no
Brasil, os gastos públicos associados à violência e ao capital humano consomem bilhões de
reais1 (CERQUEIRA et al, 2007).
Dado o caráter interdisciplinar da abordagem da atividade criminal, na teoria
econômica destaca-se o trabalho seminal de Becker (1968) que visando capturar as
motivações de um agente cometer um crime elaborou um modelo que teve como objetivo
compreender e apresentar o processo de tomada de decisão por parte deste agente. Entre a
obtenção de recursos por meio de atividade legal e ilegal mensuram-se os custos e ganhos,
que são racionalmente analisados, para determinar suas escolhas.
Da literatura econômica subsequente, as causas relacionadas à ocorrência de crimes
são extensas e perpassam por variáveis explicativas que envolvem desde os de ordem
socioeconômicos, até as relacionadas com preconceitos, por questões psicológicas,
demográficas, étnicas, etárias, dentre outras (EHRLICH, 1973, 1875).
Ao tratar dos casos de homicídio no Brasil, Cerqueira (2010) apresenta a evolução da
literatura a respeito da análise deste fenômeno e destaca diversas variáveis socioeconômicas
com potencial explicativo, sendo as principais: renda, desigualdade de renda e educação; além
daquelas que comumente compõe os modelos econométricos desta abordagem, como os
riscos de punição e estrutura demográfica. Neste sentido, a conexão entre variáveis
socioeconômicas e criminalidade apresentaram resultados que permitem entender melhor o
fenômeno e consolida o papel do aspecto social e econômico no comportamento da evolução
da criminalidade.
Os principais tipos de crimes podem ser desdobrados entre: crimes contra o
patrimônio, aqueles que atentam diretamente contra as posses de uma determinada instituição

1
Os gastos públicos associados à violência no Brasil em 2004, segundo Cerqueira et al (2007), atingiram,
aproximadamente, 5% do PIB destes, 60,3 bilhões de reais foram gastos para cobrir custos intangíveis e
tangíveis por parte do setor privado e 28,7 bilhões foram os gastos feitos pelo setor público, totalizando 92,2
bilhões gastos com com violência no Brasil. Já o capital humano, estimou-se um total de 20 bilhões de reais
ligados ao custo total de produção que foi perdido no Brasil entre 1995 e 2005.
7

ou pessoa e os crimes contra a pessoa, que estão atrelados diretamente a vida ou um bem
moral ameaçando a integridade do agente.
Diante do exposto, o presente trabalho visa analisar as elasticidades das variáveis
socioeconômicas sob a taxa de homicídios (crime contra a pessoa) no Estado de Mato Grosso.
Para isto, será aplicado o modelo de regressão log-log tomando as variáveis socioeconômicas
como explicativas, além de outras comumente empregadas nos modelos econômicos sobre o
crime como será descrito na metodologia.
A análise deste artigo visa entender os determinantes da criminalidade no Estado de
Mato Grosso. O presente trabalho diferencia-se ao atribuir o foco socioeconômico para
compreender a ocorrência de crimes numa unidade de observação ainda pouco explorada na
literatura; além disto, a delimitação temporal é recente, contemplando o intervalo entre 2005 a
2019. Vale ressaltar a carência de dados que impede de ampliar o numero de observações da
amostra.
O presente trabalho está divido em quatro seções além da presente introdução e das
considerações finais. A segunda seção do trabalho é dedicada a uma revisão da literatura a
respeito dos determinantes socioeconômicos do crime, a terceira seção é dedicada a apresentar
a base de dados e a metodologia empregadas, a quarta seção analisa os resultados.

2. Referencial Bibliográfico
A análise econômica do crime tem como trabalho seminal intitulado “Crime and
Punishment: An Economic Approach” de Gary Becker (1968). Neste trabalho, o modelo é
construído nos moldes da escola marginalista, sendo os indivíduos potenciais criminosos por
estarem à mercê da lógica econômica (CLEMENTE e WELTERS, 2007).
Neste sentido, a abordagem de Becker (1968) é descrita como uma teoria econômica
da escolha racional. que adota o crime como atividade econômica e o agente criminoso como
racional. O agente leva em consideração as expectativas de retorno e custos, sendo que
cometer ou não um crime estaria atrelado à busca pela maximização da utilidade futura,
resultante do conflito entre os ganhos potenciais e a pena resultante da ação criminosa. Logo,
as variáveis relevantes para esta abordagem transitam no valor da fiança ou custo da pena, nas
probabilidades de ser capturado, no custo de oportunidade entre o retorno da atividade ilegal e
o salário oferecido pelo mercado de trabalho legal (CERQUEIRA E LOBÃO, 2003;
ARRARO E OLIVEIRA, 2016).
8

Deste trabalho seminal, a literatura econômica tem avançado na compreensão dos


determinantes da atividade ilegal. Nesta ótica, os fatores determinantes, causais e importantes
ao analisar o crime de uma perspectiva econômica são destacados por Cerqueira (2014). O
autor, ao analisar o Brasil, em diversos recortes teóricos, apresenta os principais fatores para
explicar o caso específico de homicídios sendo estes: a desigualdade de renda, a renda
domiciliar per capita, a proporção de jovens na população, o efetivo policial, a taxa de
encarceramento, e a prevalência de armas.
Entretanto, deve-se destacar que esta abordagem empírica da teoria econômica do
crime, por ser multicausal, encontra diversos entraves entre as principais dificuldades pode-se
mencionar a missão de mensurar os retornos da criminalidade, o problema de sub-registros e
os relacionados ao cálculo das probabilidades de captura ou punição (SANTOS e KASSOUF,
2008). Para, além disto, alguns cortes de dados como cross-section apresentam problemas de
mensuração nos dados como as diferentes abordagens metodológicas de geração das
informações e a definição categórica dos diferentes crimes (CORMAN e MOCAN, 2000).
Uma das principais dificuldades deste tipo de análise é a indefinição das variáveis dado os
aspectos dicotômicos e contraditórios quando relacionados a análise de atos ilegais, ou seja, a
ausência de consenso nos resultados empíricos em temos de causalidade (IMAI e KRISHNA,
2004).
A seguir serão analisados alguns trabalhos que investigaram a relação entre variáveis
socioeconômicas tais como: renda, desigualdade, educação e desemprego em relação a taxa
de homicídios, apresentando ainda os aspectos contraditórios da literatura e como se dá as
relações entre as variáveis2 .
A renda tem efeito ambíguo, um aumento no nível e crescimento da atividade
econômica criam oportunidades mais atraentes para o setor legal, porém, também eleva o
potencial de saque do crime, ou seja, o sucesso no ato criminoso (FAJNZYLBER et al, 2002).
Schuch (2017) constatou a existência de uma correlação positiva entre o aumento real da
renda e os crimes contra o patrimônio, ou seja, um aumento dos salários de trabalhadores
legais eleva os níveis de crimes cometidos. De forma semelhante, Kume (2004) identifica que
variáveis atreladas ao nível de renda da população, como por exemplo o PIB per-capita,
apresentam efeitos positivos em relação à taxa de criminalidade.

2
O anexo 1 apresenta uma tabela resumo a respeito dos autores analisados na presente seção e os principais
detalhes do trabalho de cada um.
9

Já Schneider (2005) constatou que, apesar de positiva a relação, a variável renda média
não apresentou significância estatística para medir fatores econômicos em relação a
criminalidade e, consequentemente, tem pouco poder de explicação.
Por outro lado, Araújo e Fajnzylber (2000) e Piquet e Fajnzylber (2001) encontram
resultados distintos do autor supracitado no que se refere a renda per capita, visto que a
variável apresentou coeficiente negativo, e com alta significância, para crimes contra a
pessoa.
Por sua vez, a desigualdade de renda pode ser incluída indiretamente no modelo de
Ehrlich (1973)3 conforme exposto por Resende e Andrade (2011) alterando a percepção o
retorno esperado pela ação criminosa dado que em caso de sucesso, dentro de uma sociedade
mais desigual, teria uma transferência de renda maior aumentando os ganhos da atividade
ilegal.
Gutierrez et al. (2004) encontrou significância e relação positiva entre a desigualdade e
os índices de criminalidade. Da mesma forma, Kume (2004) visando estimar os determinantes
da taxa de criminalidade brasileira encontrou que o nível de desigualdade de renda e a taxa de
criminalidade no período anterior apresentam um efeito positivo sobre a taxa de criminalidade
em tempo corrente.
Em consonância com os autores anteriormente citados, Kelly (2000) ao analisar a
relação entre desigualdade e crime violento encontrou forte correlação entre eles. Porém, sua
análise não encontra efeito da desigualdade sobre crimes relacionados ao patrimônio.
O efeito contraditório da educação é expresso pelo seguinte mecanismo segundo
Fajnzylber (2002) o nível educacional de um indivíduo possui diversas formas de impactar
sob a decisão de cometer um crime. Um nível mais elevado de realização educacional pode
levar a ganhos legais maiores e elevar a postura moral. No entanto, a educação pode reduzir
os custos relacionados a cometer um crime, dado que existe uma redução na probabilidade de
ser punido, o que pode levar a um aumento nas chances de cometer tal ação.
Becker (1968) esclarece que um agente com alto nível de escolaridade tem um custo
de oportunidade distinto do agente com pouca escolaridade. Dado que maior escolaridade
elevada e alta qualificação teria uma maior chance de sucesso profissional (salários e

3
A relação entre crime e renda é amplamente discutida na literatura, no modelo de Ehrlich (1973) a alocação
de tempo do individuo se dá entre as atividades legais e ilegais, em ambas situações a escolha é racional
levando em consideração tanto o retorno marginal quanto o custo marginal levando em consideração a renda
agregada gerada pelo ato criminoso e a punição em caso de fracasso
10

emprego), esse fator aumenta o custo da decisão pela prática ilegal. Para além disto, ainda que
o agente qualificado decida cometer esse crime, em caso de prisão, pode gerar consequências
drásticas em sua carreira dificultando, posteriormente, sua inserção no mercado nos moldes
de antes de cometer a infração.
Nesse sentido, tomando o número médio de anos de estudo, Kume (2004) apresenta
que uma maior escolaridade levaria direta ou indiretamente a maiores oportunidades no
mercado de trabalho convencional e consequentemente um menor incentivo de cometer atos
criminosos, ou seja, relação negativa e estatisticamente significativa entre nível educacional e
homicídios.
Schaefer e Shikida (2001), ao analisar os crimes lucrativos, destacam que encontraram
evidências na relação maior escolaridade/baixa criminalidade ou baixa escolaridade/alta
criminalidade. Sugerindo assim que maiores níveis de escolaridade podem mitigar os níveis
de criminalidade de um determinado local.
O aspecto contraditório e a característica de relação positiva entre escolaridade e crime
são satisfatoriamente explicitados por Santos e Kassouf (2008) que esclareçam e mencionam
trabalhos que corroboram a hipótese de que a escolaridade se mostra fator de redução nas
chances de cometer um crime como homicídio, mas eleva a probabilidade de atuação no
tráfico de drogas dado que há um maior retorno da atividade ilegal de acordo com o que é
expresso por Becker (1968) a respeito da racionalidade do agente.
O desemprego apresenta também um aspecto ambíguo, como Freeman (1995) e Santos
e Kassouf (2008) apresentam: i) a auto intitulação como autônomo que pode enviesar os dados
e a relação entre os ganhos de mercado formal e os ganhos obtidos da atividade criminosa; ii)
a alta taxa de desemprego pode estar relacionada a uma baixa remuneração agregada local,
reduzindo os ganhos esperados da atividade ilegal; iii) a não disponibilidade de emprego
reduz o custo de oportunidade da atividade ilegal, vale o inverso.
Schneider (2005) encontrou fortes indícios, conforme uma parcela da literatura
descreve, de efeitos positivos entre desemprego e crimes como: homicídio, roubo e furto.
Por sua vez, Arraro e Oliveira (2016), identificaram que variações na renda impactam
positivamente roubos e as variações na taxa de desemprego, alteram os furtos de forma
positiva, ou seja, uma redução na taxa de desemprego leva a uma queda na taxa de furtos.
No que se refere a crimes violentos, o desemprego apresentou uma relação positiva ao
ser comparado com a taxa de homicídios, quanto maior a taxa de desemprego maiores serão
11

as taxas de homicídios, mas essa relação só apresenta validez até a faixa etária dos 41 anos
(MARIANO, 2010).
Conforme sintetizado por Loureiro e Carvalho (2007), apesar de menos comum, a
variável desemprego apresentou efeitos negativos em relação crimes patrimoniais e crimes
contra a pessoa trabalhos como: Ehrlich (1973) e Kelly (2000) ratificam a ambiguidade
presente nesta variável encontrando uma relação negativa ao analisar atos criminosos.
Kume (2004) esclarece a respeito do papel da urbanização na compreensão do
fenômeno criminoso, onde taxas elevadas de urbanização estariam ligadas a taxas altas de
criminalidade, dado que a identificação ficaria mais complexa e a perseguição mais difícil.
Por outro lado, o mesmo autor destaca que em centro mais densamente povoados existe uma
maior interação entre os agentes criminosos o que também poderia levar a um crescimento
nos índices de criminalidade.
Gutierrez et al. (2004) explicita que o desemprego e urbanização estão diretamente
ligados a criminalidade de forma proporcional. Kume (2004) encontra efeitos negativos na
relação urbanização e taxa de criminalidade.
Reforçando essa abordagem de Kume (2004), Reis e Beato (2000) ao investigar a
influência do uso de drogas encontram e identificam alta correlação entre crimes violentos
contra o patrimônio com a densidade e grau de urbanização.
No que se refere aos gastos com segurança pública, existe uma relação contraditória.
Tal relação é explanada e exemplificada pela análise de Loureiro e Carvalho Junior (2007)
que ao analisar os efeitos dos gastos públicos voltados à segurança pública nos Estados
brasileiros identificaram que as medidas de repressão não apresentam um poder de dissuasão
contínuo. Apesar desse resultado, os autores identificaram que gastos voltados a assistência
social apresentam efeito negativo sobre a criminalidade. Diante disto, o objetivo do gasto em
segurança, a sua alocação, apresenta resultados distintos no que se refere a criminalidade, de
forma que investimentos em repressão por exemplo podem não apresentar efeitos efetivos sob
a redução da criminalidade ao passo que o assistencialismo pode mitigar as taxas de atos
ilegais.
A questão ligada aos gastos públicos possui um aspecto contraditório. Elevados gastos
podem estar altamente correlacionados a elevados níveis de crime assim como o caso
contrário, onde localidades com baixos índices de criminalidade tendem a possuir gastos
ligados a segurança pública mais modestos (SANTOS e KASSOUF, 2008).
12

Kelly (2000), ademais, constatou que a atividade policial tem efeito negativo e
significativo em relação a redução de crimes patrimoniais, mas pouco contra crimes violentos.
Descrita a relação de algumas variáveis selecionadas com a ocorrência de crime, a
seguir, serão apresentados trabalhos que buscam investigar algumas das publicações que
analisam, do ponto de vista econômico, a atividade ilegal no Estado de Mato Grosso.
Pauluzi (2014) investigou os fatores e características associados aos crimes de
homicídio de mulheres, e para isso utilizou análise de dados estatísticos por meio de uma
abordagem descritiva, encontrando indícios de que questões ligadas ao consumo de bebidas
alcoólicas estão pouco relacionadas com este tipo de homicídio. Além disto, os autores
observaram que a queda identificada, entre 2011 e 2013, nestes tipos de crimes deve-se
exclusivamente às políticas de segurança públicas voltadas a este fim.
Rodrigues (2018), por sua vez, analisa a dinâmica de homicídios dolosos em Cuiabá,
levantando dados a respeito da identificação do perfil tanto da vítima quanto dos autores do
crime. Por meio de uma pesquisa qualitativa com análise de documentos e coleta de dados
primários, o principal resultado obtido sobre causas e fatores que motivam homicídios possui
uma percepção abrangente. Fundamentando-se em aspectos socioeconômicos como principal
fator motivador de tal conduta, sendo as principais percepções coletadas foram: envolvimento
com drogas, rixas, acerto de contas, álcool, a grande circulação de armas de fogo,
desestruturação familiar, desemprego e situações de vulnerabilidades.
Capistrano (2013) analisa a eficiência dos gastos em segurança pública para os
municípios de Mato Grosso, por intermédio de uma análise envoltória de dados, comparando
o nível de gastos e os indicadores de criminalidade (agrupados em análise fatorial)
identificando que Alto Paraguai e Santo Antônio do Leste foram os municípios com maior
eficiência. Para, além disto, o autor identificou que municípios com maior eficiência na
utilização dos recursos públicos apresentaram menores indicadores de criminalidade para
2011, indicando que a gestão e as diretrizes da política estadual de alocação de recursos
devem levar em conta as análises de eficiência na aplicação de recursos.

3. Metodologia
3.1 Dados e variáveis
13

O Estado de Mato Grosso possui uma área de 903.207,050 quilômetros quadrados e


uma população estimada de 3.526.220 segundo o IBGE (2020), com densidade demográfica
de 3,36 habitantes por quilometro quadrado composto por 141 municípios.
A análise deste trabalho foi realizada com as informações do período compreendido
entre os anos de 2005 e 20194. Tem se como a variável dependente a ser estudada: a taxa de
homicídio no Estado de Mato Grosso. As observações que se referem aos homicídios foram
obtidas através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil do
Ministério da Saúde (DATASUS) de tal forma que foi utilizado como critério as categorias do
CID-10: X85 a Y09 (agressão), Y35 e Y36 (intervenção legal). A taxa de homicídios por cem
mil habitantes foi calculada com base na projeção da população da unidade de observação
disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Tabela 1 apresenta as variáveis dos modelos estimados e suas estatísticas
descritivas. As variáveis explicativas foram geradas e extraídas dos microdados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNADC) e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (ABSP). Cabe ressaltar,
com exceção da taxa de roubo, que não apresenta dados disponíveis no ABSP para o ano de
2014, que todas as demais variáveis têm 14 observações intrínsecas ao período de análise.
Além disto, as variáveis monetárias estão em valores reais de 2019 segundo o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor do IBGE.
Tabela 1 – Descrição e estatística descritiva das variáveis dos modelos.

Sigla Definição Fonte Média Des. P. Min. Max


Taxa de homicídios por DATASUS e
thom 33.450 3.960 26.259 42.365
100 mil habitantes IBGE.
Taxa de roubo por 100
trou ABSP 487.043 182.821 285.045 848.1
mil habiantes5
rdpc Renda domiciliar per
IBGE 903,136 348,426 405,486 1435,129
capita

pov0 PNAD e
Proporção de pobreza6 7,243 3,967 2,878 16,377
PNADC

gini Índice de Gini PNAD/PNADC 0,490 0,031 0,443 0,541

4
A seleção do período está condicionada à disponibilidade de dados do Anuário Brasileiro de Segurança
Pública.
5
A taxa de roubo segundo a ABSP leva em conta: Roubo a estabelecimento comercial, Roubo a residência,
Roubo a transeunte, Roubo a instituição financeira e Roubo de carga.
6
Tendo em vista que o Brasil não possui uma linha oficial de pobreza, para os cálculos e estimativas será
considerada a linha de pobreza referente à adotada pelo Programa Bolsa Família em valores reais de 2019.
14

Proporção da população
com idade superior a 15
trab anos que trabalha e tem PNAD/PNADC 0,444 0,164 0,195 0,618
carteira assinada, RJFP
civil ou militar

traf
Tráfico de entorpecentes ABSP 68,553 35,355 16,02 116,7

pose Posse de entorpecentes ABSP 71.859 40.445 15.4 120.3


Anos médios de
edu1 PNAD/PNADC 8,326 0,500 7,651 9,084
escolaridade
Indivíduos com 10 anos
edu2 de idade ou mais que PNAD/PNADC 0,927 0,012 0,907 0,945
sabem ler e escrever
Proporção de indivíduos
edu3 com mais de 23 e com PNAD/PNADC 0,421 0,067 0,311 0,510
ensino médio completo

edu4 Proporção de indivíduos


com mais de 30 e com PNAD/PNADC 0,127 0,029 0,073 0,171
ensino superior completo
Proporção de indivíduos
com idade superior a 14
vuln PNAD/PNADC 0,811 0,083 0,673 0,885
anos que não trabalha e
nem estuda.
Proporção de domicílios
que usufruem do serviço
san1 PNAD/PNADC 0,897 0,078 0,773 0,979
de coleta de lixo direta
ou indireta
Proporção de domicílios
com escoadouro do
san2 PNAD/PNADC 0,264 0,082 0,140 0,398
banheiro feito por coleta
de esgoto ou pluvial
Proporção de domicílios
com fossa séptica no
san3 domicílio ligada a rede PNAD/PNADC 0,825 0,051 0,729 0,886
coletora de esgoto ou
pluvial
Gastos com segurança
segp ABSP
pública7 380,311 174,284 153,88 691,49
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da PNADC, DATASUS e ABSP e IBGE.

3.2. Modelo de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)


O modelo de mínimos quadrados ordinários é amplamente difundido dado suas
características e sua forte capacidade de explicação. O objetivo do método é estimar os

7
Os gastos com segurança pública envolvem os recursos alocados em: policiamento, defesa civil, informação e
subfunções.
15

parâmetros com o menor resíduo possível. Tal qual o objetivo do método é a minimização de

2
∑ û𝑖 resultante da equação 1 abaixo descrita (GUJARATI, 2011).

𝑌𝑖 = β1 + β2𝑋𝑖 + 𝑢𝑖 (1)

Onde 𝑌𝑖 é a variável dependente, β1 a constante ou intercepto, β2 é o coeficiente

angular, 𝑋𝑖 a variável independente e, por fim, 𝑢𝑖 o resíduo da equação. Esta é a equação

básica do modelo de regressão linear simples que pode ser adaptada e incrementada conforme
foi realizado no presente trabalho.
Feita a descrição do modelo, serão estimadas 5 equações com intuito de analisar
separadamente os efeitos de cada uma para a unidade de observação 𝑖 = 1: Mato Grosso;
com 𝑡 = 14: 2005, 2006, ..., 2019. Para as estimações, foi aplicado o logaritmo nas variáveis
do modelo, portanto, modelo log-log, cujo valor dos betas refletem a elasticidade. As análises
serão realizadas de forma desagregada afim de captar as diferentes as elasticidades das esferas
socioeconômicas sobre a taxa de homicídios.
A Equação 2 relaciona a taxa de homicídios com as variáveis que captam a condição
monetária do indivíduo e, consequentemente, à sua situação de privação na sociedade: renda
per capta, pobreza e desigualdade.

(
log 𝑙𝑜𝑔 𝑡ℎ𝑜𝑚𝑖𝑡 ) = β0 + β1𝑙𝑜𝑔⁡(𝑟𝑑𝑝𝑐𝑖𝑡) + β2𝑙𝑜𝑔⁡(𝑝𝑜𝑣0𝑖𝑡) + β3𝑙𝑜𝑔⁡(𝑔𝑖𝑛𝑖𝑖𝑡) (2)
A Equação 3 visa analisar a relação entre a taxa de homicídios e a possibilidade de
inserção na atividade legal obtida pelo emprego formal e leva em conta, ainda, a situação de
vulnerabilidade social no mercado de trabalho.

(
log 𝑙𝑜𝑔 𝑡ℎ𝑜𝑚𝑖𝑡 ) = β0 + β1𝑙𝑜𝑔⁡(𝑡𝑟𝑎𝑏𝑖𝑡) + β2𝑙𝑜𝑔⁡(𝑣𝑢𝑙𝑠𝑖𝑡) (3)
A Equação 4 tem como objetivo compreender a influência da localização do domicílio
em termos da infraestrutura domiciliar e segurança com a taxa de homicídios. Para isto, são
consideradas as variáveis de gastos em segurança pública, a ocorrência de roubos na região e
as condições sanitárias do domicílio.

(
log 𝑙𝑜𝑔 𝑡ℎ𝑜𝑚𝑖𝑡 ) = β0 + β1𝑙𝑜𝑔⁡(𝑡𝑟𝑜𝑢𝑖𝑡) + β2𝑙𝑜𝑔⁡(𝑠𝑒𝑔𝑝𝑖𝑡) + β3𝑙𝑜𝑔⁡(𝑠𝑎𝑛1𝑖𝑡) + β4𝑙𝑜𝑔⁡( (4)
As elasticidades entre gastos de segurança pública e outros crimes são modeladas pela
Equação 5. Aqui, o intuito descrever as elasticidades e, consequentemente, a relação entre
16

outras atividades ilegais, tráfico de droga e roubo, tomando a ação pública, gastos com
segurança pública, sob o crime de homicídio, bem como a correlação entre eles.

(
log 𝑙𝑜𝑔 𝑡ℎ𝑜𝑚𝑖𝑡 ) = β0 + β1𝑙𝑜𝑔⁡(𝑡𝑟𝑜𝑢𝑖𝑡) + β2𝑙𝑜𝑔⁡(𝑠𝑒𝑔𝑝𝑖𝑡) + β3𝑙𝑜𝑔⁡(𝑡𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡) + β4𝑙𝑜𝑔⁡( (5)
Por fim, a Equação 6 intenta captar a relação entre a educação, características
individuais, e os níveis de homicídio no Estado.

(
log 𝑙𝑜𝑔 𝑡ℎ𝑜𝑚𝑖𝑡 ) = β0 + β1𝑙𝑜𝑔⁡(𝑒𝑑𝑢𝑐1𝑖𝑡) + β2𝑙𝑜𝑔⁡(𝑒𝑑𝑢𝑐2𝑖𝑡) + β3𝑙𝑜𝑔⁡(𝑒𝑑𝑢𝑐3𝑖𝑡) + β4 (6)
Além das elasticidades e das informações da estimativa, também serão apresentados o
teste que mensura o fator de inflação da variância (VIF), Teste White e Breusch-Pagan que
visam determinar a presença de heteroscedasticidade em modelos de regressão linear.

4. Análise dos Resultados


A presente seção apresenta e analisa estatística das variáveis do modelo especificados
anteriormente, bem como os resultados gerados.

Gráfico 1 – Taxa de homicídios e de roubo Gráfico 2 – Pobreza, desigualdade de renda e


renda domiciliar per capta.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados do


DATASUS e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública . Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos microdados
da PNADC.
No Gráfico 1, a taxa de homicídios do Estado apresentou crescimento entre 2008 e
2014 de aproximadamente 60%. A partir de 2014 a variação percentual ano a ano é negativa
até 2019 caindo em média 9,8%. A taxa de roubo por sua vez apresentou elevação entre 2008
e 2015 atingindo 160% de crescimento. Após 2015 há um processo de redução das taxas de
roubos de 22% em média ano a ano, reduzindo cerca de 50%.
17

O Gráfico 2, apresenta o comportamento ao longo do tempo dos níveis de pobreza que


apresenta queda contínua até 2014 e, posteriormente, até 2019 há um leve crescimento do
indicador mantendo-se relativamente constante pós 2015. A renda per capita por sua vez
apresentou tendência de crescimento durante o intervalo analisado.

Gráfico 3 – Educação variáveis selecionadas Gráfico 4 – Condições do trabalho e


vulnerabilidade social

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos microdados


da PNADC. Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos microdados da
PNADC.
18

As variáveis selecionadas ligadas a educação apresentam crescimento ao longo do


tempo de forma relativamente constante. A exceção foi os anos médios de escolaridade que
apresentou uma variabilidade maior, crescendo entre 2007 e 2014 e após esse período teve
uma queda nos dois anos seguintes, a elevar até 2019. As condições de trabalho e
vulnerabilidade social, por sua vez, apresentam uma convergência ao longo do tempo. Em
2015 há um movimento simétrico das duas variáveis onde a vulnerabilidade social reduz e ao
mesmo tempo que as condições de trabalho se elevam. As condições de trabalho se mantêm
crescendo até 2016 e posteriormente se estabilizando até 2019. De forma análoga, o indicador
de vulnerabilidade social se mante relativamente constante até 2015 caindo cerca de 20%
saindo de 0,87 para 0,68 e se estabilizando até 2019.

Gráfico 5 – Segurança pública e Gráfico 6 – Condições sanitárias


entorpecente
19

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos microdados Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos microdados da
da PNADC. PNADC.
Os gastos com segurança pública, gastos governamentais per capita voltados a
segurança, apresentam crescimento no estado de forma progressiva durante o período
analisado. Posse de entorpecentes e tráfico de drogas também apresentam crescimento a partir
de 2011 porém se mantém a níveis relativamente constantes até 2019.
As condições sanitárias, exceto a variável relacionada a coleta de lixo direta ou
indireta, apresentam crescimento ao longo dos anos com baixa variabilidade. A variável san1
manteve um nível constante de 2005 a 2015 porém em 2016 sofre queda de aproximadamente
0,2 p.p. e se mantém nesse patamar até o ano de 2019.
Abordada a estatística descritiva das variáveis do modelo, no que se refere à Equação
2, a Tabela 3 apresenta os coeficientes ligados a renda e pobreza e sua influência sob a
variação nas taxas de homicídios do Estado. A renda per capita apresenta coeficiente negativo
de -0,354 indicando que uma variação positiva, ou seja, um crescimento da renda per capita
em 1% reduz os níveis de homicídios em 0,354%. Os níveis de pobreza apresentam o mesmo
sinal, de forma que uma redução da variável em 1% leva a queda de aproximadamente
-0,327% na taxa de homicídios do Estado. No modelo estimado apenas o índice de Gini não
apresentou significância estatística.
Tabela 3 – Coeficientes, P-Valor e testes das elasticidades das variáveis de renda para a taxa
de homicídios em Mato Grosso (2005-2019).
Condições monetárias
Coeficiente Erro Padrão
𝑟𝑑𝑝𝑐𝑖𝑡 -0,354*** 0,110
𝑝𝑜𝑣0𝑖𝑡 -0,327** 0,111
𝑔𝑖𝑛𝑖𝑖𝑡 -0,282 0,621
𝑐𝑜𝑛𝑠 6,296*** 1,032
n° de obs = 14
Estatística F (3, 10) = 4,77
Prob > F = 0,02
R quadrado =0,588
R quadrado ajustado = 0,465
VIF 4,06
White: P-value 0,4423
Breusch-Pagan 0,7363
Notas: Os valores entre parênteses são os erros padrões robustos. *** p < .01, ** p < .05, * p < .1.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da PNADC, DATASUS e Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
20

A Tabela 4 apresenta as estimativas para variáveis ligadas ao emprego e


vulnerabilidade social que são descritas pela equação três. Todos os coeficientes foram
significativos do ponto de vista estatístico. A variável ligada a seguridade social que fornece a
proporção da população com idade superior a 15 anos que trabalha e tem carteira assinada,
RJFP civil ou militar apresentou relação positiva de 0,125% o que indica que melhores
condições de trabalho influenciam de forma positiva a taxa de homicídios. A vulnerabilidade
social, nesse caso apresentou relação negativa com a taxa de homicídios de forma que
variações negativas/redução nos níveis de vulnerabilidade são efetivas para a mitigação na
taxa de homicídios.
Tabela 4 – Coeficientes, P-Valor e testes das elasticidades das variáveis de
Emprego/Vulnerabilidade para a taxa de homicídios em Mato Grosso (2005-2019).
Emprego e vulnerabilidade social
Coeficiente Erro Padrão
𝑡𝑟𝑎𝑏𝑖𝑡 0,125* 0,666
𝑣𝑢𝑙𝑠𝑖𝑡 -0,758** 0,279
𝑐𝑜𝑛𝑠 3,777*** 0,104
n° de obs = 14
Estatística F (2, 11) = 3,97
Prob > F = 0,05
R quadrado =0,419
R quadrado ajustado = 0,313
VIF 1,25
White: P-value 0,209
Breusch-Pagan 0,659
Notas: Os valores entre parênteses são os erros padrões robustos. *** p < .01, ** p < .05, * p < .1.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da PNADC, DATASUS e Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A equação 4 que visa relacionar aspectos ligados a qualidade vida e gastos públicos a
taxa de homicídios tem seus coeficientes apresentados pela tabela. Os gastos do Estado em
segurança pública apresentaram uma relação negativa de forma que uma variação positiva no
gasto leva uma redução de -0,339% na variação da taxa de homicídios.
A respeito das condições sanitárias duas das três variáveis empregadas no modelo não
apresentaram significância. Foi observada significância na proporção de domicílios que
usufruem do serviço de coleta de lixo direta ou indiretamente a variável independente que
obteve resultado significativo, porém contraditório. De forma que variação positiva dessa
variável leva a variação positiva da taxa de homicídios.
21

Tabela 5 – Coeficientes, P-Valor e testes das elasticidades das variáveis de Qualidade de


vida/Gastos públicos para a taxa de homicídios em Mato Grosso (2005-2019).
Situação do domicílio e gastos públicos
Coeficiente Erro Padrão
𝑡𝑟𝑜𝑢𝑖𝑡 0,336*** 0,438
𝑠𝑒𝑔𝑝𝑖𝑡 -0,339** 0,107
𝑠𝑎𝑛1𝑖𝑡 0,533*** 0,144
𝑠𝑎𝑛2𝑖𝑡 0,101 0,685
𝑠𝑎𝑛3𝑖𝑡 1.096 0,638
𝑐𝑜𝑛𝑠 3,822*** 0,762
n° de obs = 13
Estatística F (5, 7) = 18,43
Prob > F = 0,0007
R quadrado =0,929
R quadrado ajustado = 0,879
VIF 9,88
White: P-value 0,369
Breusch-Pagan 0,769
Notas: Os valores entre parênteses são os erros padrões robustos. *** p < .01, ** p < .05, * p < .1.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da PNADC, DATASUS e Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A taxa de roubos apresentou significância estatística a 1% estando positivamente


relacionada a taxa de homicídios de forma que elevação nos números ligados a roubo leva a
uma elevação no indicador de homicídio
A relação entre a taxa de homicídios e outros tipos de crimes são modelados pela
equação 5. Nessa especificação a posse de entorpecentes e a taxa de roubos são significantes
do ponto de vista estatístico. A taxa de roubos mantém o resultado da equação 4,
influenciando de forma positiva, em 0,181%, os níveis de homicídios. A posse de
entorpecentes apresentou uma relação negativa com um coeficiente de -0,211.

Tabela 6 – Coeficientes, P-Valor e testes das elasticidades das variáveis de Outros tipos de
crime para a taxa de homicídios em Mato Grosso (2005-2019).
Outros tipos de crime
Coeficiente Erro Padrão
𝑡𝑟𝑜𝑢𝑖𝑡 0,181* 0,0896
𝑠𝑒𝑔𝑝𝑖𝑡 -0,180* 0,0948
𝑡𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡 -0,157 0,116
𝑝𝑜𝑠𝑒𝑖𝑡 -0,211** 0,0868
𝑐𝑜𝑛𝑠 3.208*** 0,379
22

n° de obs = 13
Estatística F (4, 8) = 9,05
Prob > F = 0,0046
R quadrado =0,819
R quadrado ajustado = 0,728
VIF 5,56
White: P-value 0,369
Breusch-Pagan 0,9603

Gastos com segurança pública apresentam efetividade nesta especificação assim como
na equação 4, de forma que há uma relação negativa em que aumentos dos gastos levam a
redução nas variações das taxas de homicídio em aproximadamente -0,180%.
A tabela 7 apresenta os resultados da estimativa da Equação 6. Os coeficientes
educacionais, salvo o coeficiente ligado aos anos médios de escolaridade, apresentaram
p-valor inferior a 0,1 de forma que, Indivíduos com 10 anos ou mais que sabem ler e escrever
impactam negativamente nos níveis de homicídios em aproximadamente 7,477% dado que a
estimativa é de variação percentual ou elasticidade.
A proporção de indivíduos com mais de 30 anos e com ensino superior completo
também tem sua variação positiva afetando negativamente a taxa de homicídios em 1,068%
quando eleva em 1%. O modelo permite inferir que as variáveis ligadas a educação possuem
relação negativa quando analisado em vista a taxa de homicídios. Porém a relação
contraditória descrita na literatura também é verificada na análise do presente modelo, dado
que a variável que indica os indivíduos com 10 anos ou mais que sabem ler e escrever
apresentam uma influência positiva e estatisticamente significativa no número de homicídios
de cerca de 2,038% para a elevação em 1% desta variável8.

Tabela 7 – Coeficientes, P-Valor e testes das elasticidades das variáveis de educação para a
taxa de homicídios em Mato Grosso (2005-2019).
Educação
Coeficiente Erro Padrão
𝑒𝑑𝑢1𝑖𝑡 0,497 0,696.
𝑒𝑑𝑢2𝑖𝑡 -7,477* 5,169
𝑒𝑑𝑢3𝑖𝑡 2,038** 0,892
𝑒𝑑𝑢4𝑖𝑡 -1,068** 0,468
𝑐𝑜𝑛𝑠 1.441 1.701

8
O presente trabalho não tem como objetivo esgotar e nem aprofundar as questões ligadas as contradições de
variáveis. Tal fenômeno será temas de pesquisas futuras.
23

n° de obs = 14
Estatística F (4, 9) = 1,63
Prob > F = 0,248
R quadrado =0,421
R quadrado ajustado = 0,163
VIF 9,40
White: P-value 0,374
Breusch-Pagan 0,9142
Notas: Os valores entre parênteses são os erros padrões robustos. *** p < .01, ** p < .05, * p < .1.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da PNADC, DATASUS e Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Em todos os modelos apresentados, os testes de heterocedasticidade (Breusch-Pagan e


White) foram significativos indicando que não apresentaram inconsistências no que se refere
a heterocedasticidade. Assim como os testes ligados a significância global do modelo (Teste
F) apresentaram resultados consistentes. Dado o número de observações os modelos
apresentaram comportamento relativamente consistente com grande parte das variáveis de
interesse sendo significativas. Os testes VIF apresentam resultados aceitáveis quando à
correlação entre as variáveis explicativas do modelo quando se leva em conta as
características intrínsecas deste tipo de investigação.

5. Considerações finais

O estudo buscou analisar as elasticidades das variáveis socioeconômicas sob os crimes


de homicídios (crime contra a pessoa) no Estado de Mato Grosso entre 2005 e 2019. O
presente trabalho também abordou, do ponto de vista da revisão bibliográfica e empírico, os
resultados que apontam para as diversas relações contraditórias entre as variáveis explicativas
e a taxa de homicídios.
A taxa de homicídios cresce mais de 50% até o ano de 2014 e posteriormente tem uma
queda a partir de 2014 na qual, a variação percentual ano a ano cai em média 9,8% até 2019.
Neste sentido, a compreensão desta dinâmica na taxa de homicídios foi explorada em cinco
momentos: buscando-se compreender as variações das elasticidades do homicídio em relação
a variáveis socioeconômicas ligadas a renda e desigualdade social; a relação entre
desemprego e vulnerabilidade social do ponto de vista do mercado de trabalho; a relação entre
a infraestrutura sanitária local e gastos com segurança pública dos domicílios da região
analisada; a relação entre outros tipos de crime e a taxa de homicídios e pôr fim; diversas
dimensões da educação e como sua variação influencia a variação neste crime.
24

Por intermédio do modelo log-log os resultados apontaram para a efetividade das


variáveis ligadas a educação, elasticidade negativa para 𝑒𝑑𝑢2𝑖𝑡 e 𝑒𝑑𝑢4𝑖𝑡 e positiva para

𝑒𝑑𝑢3𝑖𝑡. A vulnerabilidade social, a proporção de pobreza e gastos em segurança pública

apresentaram elasticidade negativa. No que se refere a influência de outros tipos de crime sob
a taxa de homicídios, o roubo apresentou relação positiva. Por outro lado, as variáveis que não
apresentaram significância estatística foram: o índice de gini, as variáveis ligadas a
infraestrutura (𝑠𝑎𝑛2 e 𝑠𝑎𝑛3𝑖𝑡), tráfico de drogas e a variável de educação 𝑒𝑑𝑢1𝑖𝑡 que mede os

anos médios de escolaridade.


Dado o objetivo deste trabalho, sublinhado anteriormente, cabe ressaltar que as
contradições apresentadas na literatura, no que diz respeito aos resultados empíricos
observados, não foram alvo da presente investigação sendo uma etapa para próximos estudos.

6. Referências

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DELGADO, Hozano José. A criminalidade e o desenvolvimento das microrregiões no estado


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FREEMAN, Richard B. Crime and the labour market. In: The Economic Dimensions of
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27

Anexo 1 – Informações complementares dos trabalhos empíricos do referencial teórico.

Autor(es) Metodologia Principais variáveis explicativas Tipo de Crime Unidade de


observação (período)

Lobo e Dados em painel; Eficiência da polícia; Concentração de renda; Nível Crimes contra o patrimônio Municípios da região
Fernandez de educação; Densidade demográfica; Grau de metropolitana de
Modelo linear e
(2005) urbanização; Renda do município; Renda do salvador - 1993 a 1999
Logit. [Municípios
governo municipal.
da RMS
(1993-1999)]

Schaefer e Coleta de dados Método descritivo – aplicação de questionários Entrevistas com réus julgados Toledo-PR, 1999
Shikida (2001) primários; Análise em crimes lucrativos
descritiva.

Oliveira (2005) Dados em painel Gastos em segurança pública; Índice de Gini; Crimes violentos (taxa de Brasil, 1991 a 2000
Acesso a ensino; Densidade demográfica e Níveis homicídios)
de renda.

Carrera-Fernande Modelos de Índice de Gini; Eficiência policial e da Justiça; Analisou-se número de Região Policial da
z (2000) co-integração Desemprego; Renda média ocorrências Grande São Paulo
(RPGSP) de1995 a
1997

Toniazzo e Revisão Modelo s/ aplicação econométrica Cuiabá


Ferreira (2016) bibliográfica
28

Rodrigues (2018) Pesquisa Modelo s/ aplicação econométrica Análise de inquéritos e boletins Cuiabá de 2011 a 2015
qualitativa com em geral.
análise de
documentos e
coleta de dados
primários

Reis e Beato Coeficiente de Taxa de renda insuficiente; Renda familiar média; Crimes contra a pessoa e o Municípios do Estado
(2000) Pearson Taxa de analfabetismo patrimônio de Minas Gerais. 1991

Kelly (2000) Modelo Logit Indice de Gini; População; Pobreza; Densidade e Crime violento e contra a Condados
Desemprego propriedade. metropolitanos, 1991

Kume (2004) MGM-SIS Taxa de urbanização; Gastos em Segurança pública; “taxa de criminalidade” Estados Brasileiros no
PIB-per capita; período de 1984 a
1998

Cerqueira (2014) Capitulo 1: desigualdade de renda; renda domiciliar per capita; Homicídios / crimes violentos Brasil,
Homicídios no proporção de jovens na população; efetivo policial; 1981-1990;1990-2001;
Brasil: uma taxa de encarceramento; prevalência de armas. 2001-2007
tragédia em três
atos

CERQUEIRA E Revisão Literatura nacional e


LOBÃO (2003) sistemática da internacional a
literatura respeito dos fatores
determinantes da
criminalidade.
29

ARRARO E Séries temporais Renda média real e taxa de desemprego Crimes contra o patrimônio Região Metropolitana
OLIVEIRA (Vetores Auto (Roubo e Furto) de Porto Alegre
(2016) Regressivos)

Cerqueira et al Valoração Idade; escolaridade; localização geográfica; sexo Crimes ou ocasiões violentas Brasil 2001 a 2003
(2007) Contingente (CV)

Araújo Jr. e Mínimos Anos de Estudo; Índice de Theil; Taxa de Crimes contra a pessoa e Microrregiões do
Fajnzylber Quadrados Urbanização; Taxa de Divórcios; Taxa de Jovens propriedade Estado de Minas
(2000) Ordinários. Gerais

Piquet e Crimes contra a pessoa Regiões


Fajnzylber metropolitanas de São
(2001) Paulo e Rio de Janeiro

Gutierrez et al. Dados em Painel Escolaridade; Pobreza; Gini; Desemprego; Homicídios intencionais Todas as regiões
(2004) Segurança Pública e Urbanização. brasileiras

FAJNZYLBER Dados em Painel PIB per capita; Gini; Escolaridade Homicídios intencionais e roubo Amostra de diversos
et al. 2002 Países, 1970-1994

Schuch (2017) Dados em painel População; Policiais ativos; Remuneração média; Crimes contra a pessoa e Região Metropolitana
com correção para Divórcios; Desocupação; Escolaridade média; patrimônio de Porto Alegre, 2008
distorções Densidade demográfica; Instituições Financeiras. a 2014
espaciais
30

Pauluzi (2014) Análise de Motivações dos homicídios: Álcool, rixa, Homicídios Cuiabá e Várzea
estatística passionalidade, drogas e vingança Grande de 2011 a
descritiva 2012

Schneider (2005) Análise de Efetivo da polícia militar; as prisões efetuadas pela O homicídio, o furto, o roubo, o Região Metropolitana
Regressão polícia militar; número de pessoas cumprindo pena furto de veículos e o roubo de de São Paulo – 1991 a
em estabelecimentos prisionais; taxa de veículos. 2002
desemprego e a renda média.

Resende e Log- Log Densidade Demográfica; Média de Anos de Estudo Taxas de criminalidade por Municípios brasileiros
Andrade (2011) da Pop 25 ou mais; Taxa de Alfabetização. 100.000 habitantes – 10 tipos de - 2004
crime - (ver classificação em
anexo);
Loureiro e Log- Log Gastos com segurança pública; Coeficiente de Gini Taxa de homicídios dolosos por Brasil
Carvalho Junior de renda; A Renda domiciliar per capita média, defl 100 mil habitantes; Taxa de
(2007) acionada através do INPC (R$ de 2001); Taxa de roubos por 100 mil habitantes;
desemprego aberto Taxa de furtos por 100 mil
habitantes; Taxa de extorsões
mediante seqüestro por 100 mil
habitantes
Mariano (2010) Mínimos PIB percapta; Escolaridade; Indice de Gini; Crimes contra o patrimônio Cidades de São Paulo
quadrados ocupação formal; densidade geográfica. para o ano 2000
ordinários
Delgado (2016) Mínimos Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal Homicídio doloso, Lesão Mato Grosso
quadrados (IFDM) seguida de morte e Roubo
ordinários seguido de morte (latrocínio)
que foram agregados e
31

transformados em taxa de
criminalidade violenta por
100.000 habitantes.

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