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CEA
Certificação de Especialista em
Investimentos ANBIMA
Módulo 6
Gestão de Carteiras e Riscos
Proporção de 10 a 20%
MÓDULO 6 – Gestão de Carteiras e Risco
Prezado aluno!
Você vai perceber que este Módulo 6 será o mais complexo do programa, e que as questões
previstas serão de raciocínio e muito cálculo.
Bons estudos!
Sumário
6. GESTÃO DE CARTEIRAS E RISCO ........................................................................... 5
6.1. Estatística aplicada ............................................................................................. 5
6.1.1. Medidas de Posição Central: Média, Mediana e Moda .................................. 5
6.1.2. Medidas de dispersão. Variância e Desvio Padrão (volatilidade) ................... 7
6.1.3. Medidas de associação entre duas variáveis: covariância, coeficiente de
correlação e coeficiente de Determinação (R²) ................................................................ 10
6.1.4. Distribuição Normal ...................................................................................... 11
6.1.5. Intervalo de Confiança em uma distribuição normal ................................... 14
6.2. Risco, Retorno e Mercado................................................................................ 16
6.2.1. Mercado Eficiente ......................................................................................... 16
6.2.2. Risco e Retornos Esperados .......................................................................... 18
6.3. Seleção de Carteiras e Modelo Markowitz ...................................................... 20
6.3.1. Retorno Esperado de uma Carteira; retorno esperado de uma carteira de até
três ativos .......................................................................................................................... 20
6.3.2. Diversificação do Risco de uma Carteira e o Modelo de Markowitz ............ 21
6.3.3. Ativos com Correlação Nula .......................................................................... 23
6.3.4. Risco Diversificável e Risco Sistemático (não diversificável) ........................ 26
6.3.5. Taxa Livre de Risco e Prêmio pelo Risco de Mercado ................................... 28
3
6.3.6. A Fronteira Eficiente ..................................................................................... 29
6.3.7. Escolha da Carteira ótima ............................................................................. 30
6.4. Modelo de Precificação de Ativos - CAPM ....................................................... 31
6.4.1. Reta do Mercado de Capitais (Capital Market Line – CML) Carteira mais
atraente ............................................................................................................................. 31
6.4.2. Reta Característica ........................................................................................ 33
6.4.2.1. Coeficiente alfa .......................................................................................... 35
6.4.2.2. Coeficiente beta: O risco sistemático ........................................................ 35
6.4.2.3. Risco não sistemático................................................................................. 35
6.4.3. Reta do Mercado de Títulos (Security Market Line – SML) ........................... 36
6.4.4. Arbitrage Pricing Theory – APT ..................................................................... 37
6.5. Alocação de Ativos ........................................................................................... 39
6.5.1. Asset Allocation: processo e critério de diversificação de produtos de
investimento ..................................................................................................................... 39
6.5.2. Definição de classes de ativos e correlação entre ativos da mesma classe . 40
6.5.3. Critérios de alocação de ativos e rebalanceamento das carteiras ............... 40
6.5.4. Alocação de ativos: horizonte de tempo e perfil do investidor. Alocação
estratégica em função da evolução do tempo do investimento. Alocação Tática em função
de alterações nas condições do mercado ......................................................................... 44
6.6. Acordo de Basiléia- Conceito internacional e suas aplicações no Brasil.......... 46
6.7. Gestão de Riscos em Fundos de Investimento e Carteira Administradas ....... 47
6.7.1. Prêmio pelo Risco.......................................................................................... 47
6.7.1.1. Índice de Sharpe ........................................................................................ 47
6.7.1.2. Índice de Treynor ....................................................................................... 49
6.7.2. Índice de Modigliani ...................................................................................... 49
© PRACTA – Treinamento e Educação Financeira
MÓDULO 6 – Gestão de Carteiras e Risco
Nome Valor
João R$ 45,00 5
Carlos R$ 31,00
Sérgio R$ 49,00
Marisa R$ 31,00
Stela R$ 29,00
Total da conta R$ 185,00
Média R$ 37,00
Já a média ponderada é obtida pela divisão entre a soma dos valores de uma amostra,
ponderada pelos seus respectivos pesos. Veja um exemplo:
Você tem recursos aplicados no valor total de R$ 750.000, conforme o seguinte quadro:
Título Valor (R$) Retorno esperado
CDB 100.000 13% a.a.
LTN 150.000 12% a.a.
Letra Hipotecária 500.000 11,5% a.a.
Média ponderada 750.000 11,8% a.a.
Mediana
A mediana é uma medida de tendência central que localiza o valor que divide um con-
junto de valores ao meio, ou seja, em partes iguais. Para calcular a mediana é preciso organi-
zar os valores em ordem de grandeza (por exemplo, do menor para o maior). No exemplo
anterior, teremos:
29 – 31 – 31 – 45 – 49
Mediana da amostra: 31
Se o número de valores for par, a mediana é representada pela média aritmética dos
valores centrais. Suponha que acrescentamos mais uma pessoa ao grupo, que consumiu R$
37,00. Veja o cálculo da mediana:
29 – 31 – 31 – 37 – 45 – 49
Mediana da amostra: (31 + 37) /2 = 34
Amostra A: 10 – 12 – 18 – 24 – 26
Amostra B: 02 – 12 – 18 – 34 – 90
Moda
É o valor que mais se repete em um conjunto de dados. No exemplo da conta do res-
taurante, a moda é 31, que aparece duas vezes na amostra.
29 – 31 – 31 – 37 – 45 – 49
Moda da amostra: 31
DICA PRACTA
2. Uma sala de aula tem dez alunos. Veja as notas que tiraram na prova final: 4,5 – 10
– 9,8 – 3 – 7,5 – 8 – 7,5 – 9 – 8,5 – 2
Calcule, respectivamente, a média e a mediana:
A. 6,98 e 7,5.
B. 7,5 e 7,75.
C. 7,75 e 6,98.
D. 6,98 e 7,75.
Sala 1 6 6 6 7 8 8 9 10 10 10
Sala 2 5 6 7 7 7 8 10 10 10 10
Sala 3 5 5 6 7 9 9 9 10 10 10
A média das 3 turmas é 8
Observamos: embora a nota média das 3 turmas seja a mesma (8) o perfil das turmas é
diferente, concorda? Isto porque a dispersão é diferente.
A Variância e o Desvio Padrão medem esta dispersão.
Variância (σ2)
Variância é a média dos quadrados das diferenças entre os dados individuais e a média.
Vejamos como calcular a variância, utilizando as amostras acima, com média de 8.
x
− Sendo rn a nota do aluno,
(r − r )
n
2
a média das notas
σ =
2 n =1
n
Ou seja, para calcularmos a variância de cada sala, primeiramente, subtraímos cada nota
pela média da sala (8) e elevamos ao quadrado cada resultado, depois, calculamos a média da
soma desses resultados.
Assim, a variância das 3 amostras, fica:
SALA 1 SALA 2
2
Notas (x) Média x - média x - média Notas(x) Média x - média x - média2
6 8 -2 4 5 8 -3 9
6 8 -2 4 5 8 -3 9
6 8 -2 4 7 8 -1 1
7 8 -1 1 7 8 -1 1
8 8 0 0 7 8 -1 1
8 8 8 0 0 8 8 0 0
9 8 1 1 10 8 2 4
10 8 2 4 10 8 2 4
10 8 2 4 10 8 2 4
10 8 2 4 10 8 2 4
26 37
Variância 2,6 Variância 3,7
SALA 3
Notas(x) Média x - média x - média2
Como suspeitávamos, a dispersão é bem di-
5 8 -3 9
5 8 -3 9 ferente nas 3 turmas, sendo a sala 1 a de me-
6 8 -2 4 nor dispersão (2,6) e a sala 3 a de maior dis-
7 8 -1 1 persão (3,8). Contudo, a variância é um dado
9 8 1 1
difícil de interpretar, pois está baseado nos
9 8 1 1
9 8 1 1 quadrados das diferenças, o que dificulta a
10 8 2 4 comparação com os dados da amostra.
10 8 2 4
10 8 2 4
38
80 Variância 3,8
Ao calcularmos a raiz quadrada da variância, obtemos o desvio padrão, medida que nos
permite visualizar e compreender melhor a dispersão dos dados.
O desvio padrão é representado pela letra grega σ (sigma).
Vamos agora calcular o desvio padrão das 3 amostras do nosso exemplo:
SALA 2 – O desvio padrão de 1,92 significa que, em média, as notas da turma oscilaram entre
6,08 (8 – 1,92) e 9,92 (8 + 1,92)
9
SALA 3 – O desvio padrão de 1,95 significa que, em média, as notas da turma oscilaram entre
6,05 (8 – 1,95) e 9,95 (8 + 1,95).
Observação:
Da mesma forma que a média, o desvio padrão é uma medida muito influenciada por valores
extremos.
DICA PRACTA
COVARIÂNCIA E CORRELAÇÃO
Mês Dólar Bolsa
1 2% 0
2 -4% 5%
3 -1% 4%
4 6% -8%
5 1% 1%
10 COVAR. -0,001452
CORREL. -0,956177393
No exemplo hipotético, observamos que na maioria das vezes, quando o Dólar sobe a
Bolsa cai, e quando o Dólar cai a Bolsa sobe, evidenciando uma covariância negativa, neste
caso -0,00145(*). Como se trata de uma medida não padronizada, fica difícil fazer qualquer
julgamento quanto à intensidade da relação entre as duas variáveis.
(*) cálculo feito no Excel.
A correlação é uma medida padronizada, que mede a força da relação entre as variáveis.
A correlação abrange valores de -1 para a correlação negativa perfeita até +1 para a correlação
positiva perfeita.
DICA PRACTA
12
68% dos valores da série estão até 1 desvio padrão de distância da média, isto é, estão entre
a (média – 1σ) e (média + 1σ).
95% dos valores da série estão até 2 desvios padrão de distância da média, isto é, estão entre
a (média – 2 σ) e (média + 2 σ).
99% dos valores da série estão até 3 desvios padrão de distância da média, isto é, estão entre
a (média – 3σ) e (média + 3σ).
Vamos a um exemplo:
Considere um grupo de 100 investidores onde o valor médio investido seja de R$ 30.000,
sendo seu desvio padrão de R$ 8.000. Veja a distribuição de frequências:
DICA PRACTA
Considere uma carteira com rentabilidade média de 10% a.a. e Desvio padrão de 2%.
Podemos afirmar que a rentabilidade ficará entre 6% a.a. e 14% a.a. em:
A. 100% das vezes.
B. 99,73% das vezes.
C. 95,44% das vezes.
D. 68,26% das vezes.
Alternativa correta: C. O intervalo considerou 2 desvios padrões (10 –4) (10 + 4), co-
brindo 95,44% da amostra.
Estimativa de ponto;
Estimativa de intervalo.
Intervalo de confiança
Um intervalo de confiança é uma faixa de dados que representam a probabilidade de
conter um determinado parâmetro estatístico.
Voltando ao nosso grupo de 100 investidores em que o valor médio investido seja de R$
30.000, sendo seu desvio padrão de R$ 8.000, vimos que a probabilidade de um investidor ter
aplicado entre R$ 14.000 e R$ 46,000 é de 95% (dois desvios padrões).
Dito de outro modo, podemos afirmar, com 95% de confiança, que os valores das apli-
cações situam entre R$ 14.000,00 e R$ 46.000,00.
14
Ou ainda dizer que a margem de erro da afirmação acima é de 5 pontos percentuais.
RADAR PRACTA
Na prova os intervalos poderão aparecer arredondados (68%, 95%, 99%) ou com duas
casas decimais, como mostrado no quadro.
RADAR PRACTA
RADAR PRACTA
Forma de Informação
Descrição
eficiência relevante
DICA PRACTA
O risco esperado do ativo é definido como “a dispersão dos retornos em relação à mé-
dia”, e medido pelo desvio-padrão de seus retornos no período. O desvio-padrão é a raiz qua-
drada da variância dos retornos. A variância é indicada por σ2 e o desvio-padrão, por σ. O cál-
culo da variância pode ser feito de duas formas, produzindo o mesmo resultado:
1 n
σ2 =
n i=1
(ri - E[r])2 σ 2 = E[r 2 ] − (E[r])2
Ou
1 5 1
σ2 =
5 i=1
(ri − 9)2 = (2 − 9)2 + (9 − 9)2 + (19 − 9)2 + (12 − 9)2 + (3 − 9)2 =
5
1 1 194
= (−7)2 + (0)2 + (10)2 + (3)2 + (−6)2 = [ 49 + 0 +100 + 9 + 36] = = 38,8
5 5 5
σ = E[r ] − (E[r]) =
2 2 2
− =
5 5
4 + 81+ 361+144 + 9 45 599
2
− ( 9) = 119,8 − 81 = 38,8
2
= − =
5 5 5
RADAR PRACTA
Iremos montar carteiras com 3 ativos, A, B e C. O retorno esperado de cada carteira depende
da maneira como se aloca o capital em cada um dos ativos:
Participação na Carteira
Carteira Retorno Esperado
A B C
Alfa 40% 30% 30% rP = 0,4 x 9% + 0,3 x 12% + 0,3 x 8% = 9,6 %
Beta 30% 60% 10% rP = 0,3 x 9% + 0,6 x 12% + 0,1 x 8% = 10,7 %
Gama 10% 20% 70% rP = 0,1 x 9% + 0,2 x 12% + 0,7 x 8% = 8,9 %
DICA PRACTA
DICA PRACTA
2 3
2
1
1
Y
Y
0
0
-1
-1
-2 -2
-3 -3
-3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3
X X
Quanto mais os ativos variarem na mesma direção, mais positiva será sua covariância;
e, quanto mais eles variarem em direções opostas, mais negativa será a covariância.
O cálculo da covariância, assim como o da variância, também pode ser feito de duas
formas, produzindo o mesmo resultado:
1 n
σ XY = [(Xi - E[X]).(Yi - E[Y])] σ XY = E[XY] − E[X].E[Y]
n i=1 ou
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MÓDULO 6 – Gestão de Carteiras e Risco
Note que a covariância de um ativo em relação a ele mesmo é sua variância – σXX = σX2 –
veremos como isso nos será útil mais para frente. Uma outra propriedade importante é que
σXY = σYX.
É importante notar que a covariância não tem unidade – é um número.
Exemplo: considere os retornos dos ativos A e B ao longo do tempo:
Retorno
Ano
A B
2004 2% 7%
2005 9% 6%
2006 19 % 24 %
2007 12 % 4%
2008 3% 19 %
Média 9% 12 %
Uma vez que a covariância nos mostra o comportamento de um ativo em relação a ou-
tro, podemos utilizar essa informação para combinar ativos que tenham comportamentos dis-
tintos, de forma que o retorno de um deles possa minimizar as perdas do outro. Esse conceito
é chamado de diversificação, e é ilustrado pela frase “não coloque todos os ovos na mesma
cesta”.
Em 1952, Harry Markowitz intuiu que ao combinar ativos que tivessem comportamentos
diferentes, seria possível diminuir o risco total da carteira. Com base no conceito da diversifi-
cação, ele desenvolveu um modelo que calcula a variância de uma carteira de ativos como a
soma das variâncias individuais de cada ação e covariâncias entre pares de ações da carteira,
ponderados de acordo com o peso de cada ativo na carteira. Tendo a variância da carteira,
podemos calcular seu risco, o desvio padrão.
A variância de uma carteira de ativos, calculada pelo Modelo de Markowitz será dada
pela seguinte fórmula:
n n n n n
σ P = wi .wj .σ ij = wi .σ i + wi .wj .σ ij
2
.
2 2
.
i =1 j =1 i =1 i =1 j =1
i≠ j
DICA PRACTA
Alternativa correta: B.
σ AB
ρAB = Corr( A, B) =
σ A.σ B
A correlação nos permite ter uma ideia mais precisa quanto ao grau de relacionamento
entre os ativos, por ser padronizada, isto é, seus valores estão contidos no intervalo entre -1 e
1. A correlação sempre terá o mesmo sinal de que a covariância, pois os desvios padrão dos
ativos sempre serão positivos.
A correlação entre dois ativos nos traz duas informações: seu sinal indica se a relação é
direta ou inversa, e seu módulo (o valor sem o sinal) indica o grau de relacionamento entre os
ativos – quanto maior, mais intenso será o movimento entre os ativos.
Mostramos abaixo alguns exemplos de correlação entre ativos.
24
(a) Forte Correlação positiva (b) Ausência de relação
(Ativos não correlacionados)
No exemplo (d) temos uma correlação positiva perfeita, quando ρ=+1, e o movimento
entre os ativos é idêntico. O caso oposto, quando ρ=-1, o movimento dos ativos será ‘espe-
lhado’ – quando um sobe, o outro cairá na mesma proporção – é ilustrado na figura abaixo:
Note que, caso a correlação entre os ativos chegasse a -1, o risco da carteira seria nulo.
Veremos mais para frente que isto não é possível no mundo real.
O gráfico que retrata as possíveis combinações de dois ativos sempre será dado por uma
linha curva. Quando temos carteiras que combinam três ou mais ativos, o gráfico que retrata
as relações de risco e retorno das carteiras possíveis ganha corpo, e assume o formato carac-
terístico de ‘asa de morcego’, como você pode verificar no gráfico abaixo, que mostra as com-
binações dos ativos A, B e C:
26
6.3.4. Risco Diversificável e Risco Sistemático (não diversificável)
O risco de um investimento pode ser dividido de forma conceitual em dois tipos, o risco
diversificável e o risco sistemático.
O primeiro tipo de risco, o risco diversificável, também chamado de risco não sistemá-
tico, é a parcela do risco que não está associado ao comportamento da economia, ou seja,
depende exclusivamente das características do ativo em questão e é função exclusiva dos
diversos fatores que afetam o seu desempenho, tais como:
No caso de debêntures:
A duration dos títulos;
Liquidez;
Rating.
Este tipo de risco pode ser eliminado pelo processo de diversificação dos ativos que
compõem uma carteira. À medida que ativos que tenham baixa correlação (ou, preferencial-
mente, correlação negativa) são adicionados à carteira, o risco não sistemático é mitigado,
podendo até desaparecer, quando um número suficiente (em geral, acima de dez) de ativos
são incorporados à carteira.
O segundo tipo, o risco sistemático ou sistêmico, também conhecido por risco de mer-
cado ou não diversificável, está associado às flutuações do sistema econômico como um todo.
Dessa forma, este tipo de risco não pode ser eliminado pelo processo de diversificação de ati-
vos, ou seja, está atrelado ao comportamento do mercado. Este tipo de risco se origina dos
dados da economia, tais como variações nas taxas de juros, inflação e nível de atividade eco-
nômica, e da dinâmica de funcionamento dos mercados, como seu horário de funcionamento,
restrições de fluxo de capital e de contaminações oriundas de crises financeiras externas, e
devido à sua natureza sistêmica, não pode ser evitado.
A soma dos riscos sistemáticos e diversificáveis produz o risco total da carteira. Observe
que o risco diversificável é rapidamente reduzido quando se realiza uma seleção racional de
ativos para compor a carteira.
27
DICA PRACTA
Alternativa correta: C.
28
O investidor sempre buscará investimentos que propiciem altos retornos e baixos ris-
cos, migrando para a área à esquerda e ao alto do gráfico, sempre que possível.
Até o momento, sempre que nos referimos a um ativo, ele sempre está associado a um
risco. No entanto, será que todos os ativos têm risco? Existem ativos que não têm risco? Teo-
ricamente, sim. Esses ativos são, apropriadamente, chamados de ‘ativos livres de risco’, e seu
rendimento será a taxa livre de risco do mercado, também chamada de taxa pura de juros.
Esta é a taxa mínima pela qual o consumidor aceitará postergar o consumo em troca da remu-
neração de seu capital, e é obtida através da taxa de juros pagas pelos títulos públicos, assu-
mindo que o risco de default do governo é praticamente nulo, e que esses títulos reflitam fiel-
mente os efeitos da inflação. Nos Estados Unidos, os investidores usam como parâmetro de
taxa livre de risco T-BOND 30, referente ao título de 30 anos emitido pelo tesouro norte-ame-
ricano. No Brasil, é comum utilizar LTNs no curto prazo e o CDI em prazos mais longos.
Portanto, os investidores utilizam a taxa livre de risco como piso para a tomada de deci-
são, ou seja, o investidor exigirá uma taxa de retorno superior à taxa livre de risco para adquirir
ativos que tenham algum tipo de risco associado a eles. Esse retorno adicional é chamado de
prêmio pelo risco de mercado.
A taxa de retorno total de qualquer investimento com risco seria então composta por
duas partes distintas:
(i) A taxa livre de risco, que seria o prêmio pela postergação do consumo e
(ii) O prêmio pelo risco de mercado.
29
O conjunto de carteiras de ativos que atende ao mesmo tempo essas premissas são cha-
madas de Fronteira Eficiente. Qualquer outra carteira pertencente à ‘asa de morcego’ (e, por-
tanto, interno à Fronteira Eficiente) não será ótima, pois sempre existirá uma carteira perten-
cente à Fronteira Eficiente que tenha pelo menos uma das seguintes propriedades:
O gráfico a seguir mostra a fronteira eficiente para todos os sete ativos considerados, e
ilustra as combinações dos pares desses ativos, mostrando que muitas vezes a combinação de
certos ativos resulta em um resultado subótimo. Neste caso, por exemplo, o ativo D foi alocado
em apenas alguns dos pontos iniciais da fronteira eficiente (com uma participação inferior a
1% da carteira), e depois não foi selecionado para nenhuma outra carteira da fronteira. Outro
ponto a ser destacado é que, muitas vezes, a parte superior da fronteira eficiente é composta
exclusivamente por dois ativos, neste caso, pelos ativos B e F.
30
DICA PRACTA
31
O segmento de reta que foi obtido, passando pelo ativo livre de risco e tangenci-
ando a Carteira de Mercado determinará um conjunto de carteiras, na qual uma certa parcela
do capital aplicada no ativo livre de risco e o restante, na Carteira de Mercado. Esse segmento
de reta será a Reta do Mercado de Capitais, ou Capital Market Line – CML.
A CML associa a Carteira de Mercado ao ativo livre de risco, e determina carteiras que
serão combinações lineares desses dois ativos, com níveis crescentes de risco e retorno asso-
ciadas a elas.
O Investidor Conservador quer ter pouca exposição ao risco, e irá alocar uma pequena
parcela de seu capital na Carteira de Mercado, por exemplo, 10%, e os 90% restantes,
no ativo livre de risco. Ele terá um retorno de 10,1%, com um risco de 0,2%;
O Investidor Moderado quer ter um retorno um pouco maior, e aceita se expor mais à
volatilidade do Mercado. Ele irá alocar uma parcela maior de seu capital na Carteira de
Mercado, por exemplo, 30%, e os 70% restantes, no ativo livre de risco. Ele terá um
retorno de 10,3%, com risco de 0,6%;
O Investidor Arrojado busca retornos superiores, e entende que isso estará associado a
um risco maior. Ele irá alocar uma grande parcela de seu capital na Carteira de Mercado,
por exemplo, 75%, e os 25% restantes, no ativo livre de risco. Ele terá um retorno de
10,7%, com um risco de 1,5%.
Observe que as características de risco e retorno das carteiras pertencentes à CML são
mais interessantes que qualquer uma das carteiras que compõem a Fronteira Eficiente.
A alocação de uma parcela do capital do investidor no ativo livre de risco proporciona
uma diminuição ainda maior do risco da carteira, possibilitando que o investidor tenha acesso
a carteiras mais atraentes.
33
O CAPM se baseia em uma série de premissas, sem as quais o modelo perde sua vali-
dade. Essas premissas simplificam a realidade do mercado, mas podem ser abrandadas para
que se possa utilizar o modelo no dia a dia. Veja quadro a seguir:
PREMISSA CONCEITO
O modelo é estático: os investidores só fazem planos para o período de in-
1
vestimento seguinte, sem considerar os períodos subsequentes.
O mercado é considerado de competição perfeita: o número de investidores
2 é muito grande, e o patrimônio de cada um é pequeno quando comparado
ao volume total do mercado.
As taxas de aplicação e captação são iguais, e estão disponíveis a qualquer
3
pessoa – não existe spread bancário, nem inadimplência.
4 Os retornos dos ativos seguem a distribuição normal.
5 Ausência de fricções – não há custos de transação, impostos etc.
Os investidores têm ‘expectativas homogêneas’ – todos analisam os ativos
6
de forma idêntica e possuem expectativas econômicas futuras alinhadas.
7 O mercado é eficiente. Não existem oportunidades de arbitragem.
Todos os investidores seguem o Modelo de Markowitz, otimizando a relação
8
risco-retorno dos ativos.
A Carteira de Mercado descrita na CML será um índice de ações predetermi-
34
9 nado e perfeitamente diversificado, e todos os investidores escolherão esta
carteira como sua carteira de ativos com risco.
Somente estão disponíveis ativos negociados em mercados organizados,
10
como ações, debêntures e títulos públicos.
O retorno suplementar dos ativos com risco será função de seu risco relativo
11
e do prêmio de risco pago pelo mercado.
Algumas das premissas o CAPM tem gerado muita discussão, pois diminuem sua credi-
bilidade. Os principais problemas enfrentados pelo modelo são:
Pressupõe que os retornos dos ativos são variáveis aleatórias, normalmente distribuí-
das, mas os dados de mercado indicam que isto não é verdade;
Presume que a variância é uma medida adequada de risco, mas isto só seria válido se a
distribuição dos retornos seguisse a distribuição normal, fato que já foi contestado;
Considera que o mercado é eficiente e que todos têm acesso às mesmas informações, o
que não é verdade;
Espera que o mercado tenha expectativas homogêneas, e concordem sobre o risco e
retorno dos diferentes ativos. O simples fato de as Bolsas oscilarem derruba esta supo-
sição;
Pressupõe que não há spread bancário, risco de crédito ou inadimplência;
Desconsidera a existência de impostos e custos transacionais. Isto pode até ser possível
para alguns fundos de investimentos, mas não pode ser estendido ao resto do mercado;
Considera que o índice de ações é suficientemente diversificado, e que todos os investi-
dores o utilizarão, no lugar de escolherem seus próprios benchmarks.
DICA PRACTA
Alternativa correta: C.
O Beta é o risco de mercado do ativo analisado. A carteira de mercado tem Beta igual a
1, por definição.
36
O ativo P tem um Beta de 0,5, e seu retorno esperado é de
Re = 10 + 0,5 x (15 - 10) = 12,5% a.a.
O ativo Q tem um retorno esperado de 16%a.a., portanto seu Beta deve ser:
β = (16 - 10) / 5 = 1,2.
Por esses motivos, que a tornam mais padronizada, a SML tem uma aceitação maior
no mercado financeiro.
DICA PRACTA
Alternativa correta: C.
O APT confirma a intuição de que os retornos dos ativos estão sujeitos ao comporta-
mento de diversos fatores macroeconômicos, tais como taxas de juros, inflação, nível de ativi-
dade industrial, desemprego, entre outros.
A implementação do APT começa com a identificação dos fatores macroeconômicos de
risco relevantes ao modelo. Tendo esses fatores, estima-se o Prêmio de Risco, para cada um
dos fatores. Daí, estima-se a Sensibilidade (Beta), para cada um dos fatores. O modelo terá o
seguinte formato:
Re = R f + β1 (R F1 − R f ) + β2 (R F 2 − R f ) + β3 (R F 3 − R f ) + ... + βn (R Fn − R f )
Para o CAPM, há apenas um fator de risco não diversificável capaz de alterar o retorno
esperado de um ativo, o risco de mercado, e este é indissociável da carteira de mercado;
Já o APT considera que é possível haver mais de um fator de risco não diversificável,
atrelado a fundamentos econômicos distintos e independentes;
O APT permite que crie um modelo causal/explicativo para os retornos esperados dos
ativos. O caráter estatístico do CAPM atribui a ele uma conotação passiva, de seguir uma
tendência, enquanto o APT tem uma conotação ativa, de prever a tendência;
O APT contorna várias das premissas necessárias ao funcionamento do CAPM, aumen-
tando sua aplicabilidade no mundo real.
Títulos de renda fixa: compra de títulos públicos ou privados, que pagam uma determi-
nada taxa, pré ou pós-fixada, e têm um vencimento conhecido;
‘Equivalentes a dinheiro’: ativos com grande liquidez, geralmente com vencimento no
curtíssimo prazo;
Ações: participações societárias em empresas de capital aberto, que atuam nos mais
diversos setores;
Imóveis: negociação de propriedades, com objetivo de lucro;
Câmbio/Moedas: através do mercado à vista ou futuro, no qual se negociam tanto as
taxas de câmbio como cestas de moedas;
Commodities: agrícolas e minerais, negociados em mercados futuros ou à vista.
40 Além dessas, existem outras classes mais específicas, tais como concessões governa-
mentais, metais preciosos e joias, obras de arte, venture capital etc.
A utilização dessas classes de ativos pode ser feita de forma direta ou indireta. O inves-
timento direto envolve a aquisição e administração dos ativos propriamente ditos, permitindo
a gestão estratégica desses ativos, mas em geral exigindo um montante maior de capital e
conhecimento a respeito do negócio. A atuação indireta envolve a aquisição de produtos en-
capsulados, tais como fundos de investimento e cotas securitizadas, possibilitando o acesso de
investidores com menor disponibilidade de capital e conhecimento técnico específico do setor
econômico envolvido.
O conceito de correlação já foi visto detalhadamente no tópico ‘6.2.3. Ativos com Cor-
relação nula’. No contexto de definição e escolha de classes de ativos, o objetivo do gestor
deve ser encontrar classes de ativos que tenham baixa correlação entre si, de modo a poten-
cializar o efeito da diversificação de risco da carteira.
tratada como uma função entre tempo necessário para que o ativo se transforme em
dinheiro e o deságio em relação ao valor de mercado do ativo. Os ativos mais líquidos
são os títulos e cotas de fundos de curto prazo, chamados de ‘equivalentes a dinheiro’.
Imóveis, obras de arte e indústrias, podem demorar meses para que se possa conseguir
vendê-los pelo seu real valor, ou ter de aceitar um deságio expressivo caso se necessite
vendê-lo com urgência. O investidor geralmente limita o percentual de ativos de baixa
liquidez em sua carteira, para evitar dissabores em um momento de apuro.
Prazo do Investimento – refere-se à data de liquidação esperada para a carteira de in-
vestimentos. O objetivo do investidor deve estar alinhado com o seu horizonte de
tempo. Frequentemente, títulos com prazo de vencimento mais longo oferecem taxas
maiores, e oferecem menos variações de preço ao longo do tempo. Exemplos de prazos
de investimento são poupanças para comprar um apartamento, ou para pagar a facul-
dade dos filhos, planos de aposentadoria e fundos de reserva de capital.
Regulamentação – determinados tipos de investidores, tais como fundos de pensão e
alguns institucionais, devem obedecer a uma regulamentação que restringe a gama de
ativos ou de exposição a determinados tipos de risco, como o de concentração de recur-
sos em um mesmo gestor.
Tributação – um dos principais objetivos do investidor é maximizar seu retorno após os
impostos. O planejamento de vencimentos deve considerar a carga tributária que será
cobrada do rendimento dos ativos, e buscar ativos que ofereçam vantagens fiscais, tais 41
como taxas decrescentes de tributação.
Necessidades Específicas – cada investidor terá necessidades específicas, que sua car-
teira de investimentos deve atender. Um caso típico é o de um investidor que tem uma
carteira de ativos para sua aposentadoria, mas deseja manter o equivalente a um ano
de suas despesas mensais em ativos de alta liquidez, caso fique desempregado e possa
continuar a manter o padrão de vida de sua família.
Uma carteira de ativos diversificada deve ser composta por ativos de diferentes classes,
e a participação de cada uma delas depende da estratégia traçada pelo gestor. Existem diver-
sas estratégias de alocação – vamos estudar as mais populares:
Alocação Estratégica Passiva – Essa estratégia utiliza o que se acredita ser a distribuição
ideal dentre as diversas classes de ativos, considerando que os retornos futuros serão seme-
lhantes aos observados no passado, e que a volatilidade dos mercados será baixa. Representa
o referencial dos investimentos a longo prazo em relação à alocação de ativos. Por exemplo,
se uma carteira de renda fixa rendeu uma média de 10%a.a., e uma carteira de ações rendeu
20%a.a., se desejarmos um rendimento de 16%a.a. no longo prazo, alocaremos 60% da car-
teira em ações e 40% em renda fixa.
Alocação Tática – Essa estratégia utiliza os mesmos princípios que a Alocação Estraté-
gica Passiva, mas permite que quando houver uma situação na qual se consiga ter uma boa
visão a respeito da direção de algum indicador de mercado no curto prazo, montar uma posi-
ção ativa na carteira de investimentos para tirar proveito da evolução do mercado. Assim que
a oportunidade se esgota, retoma-se a alocação anterior, de longo prazo. Por exemplo, quando
o gestor espera a queda das taxas de juros, posiciona-se em títulos prefixados, antes que elas
comecem a cair, incrementando seu potencial de retorno.
DICA PRACTA
Idade;
Situação financeira;
Planos futuros;
Grau de aversão ao risco;
Necessidades individuais.
Muitas instituições vêm introduzindo produtos específicos para este tipo de investidor,
através dos ‘fundos ciclo de vida’, que têm datas específicas para vencimento, próximas ao
horizonte de tempo do investidor.
Fundos de Herança (endowment funds): os clientes deste tipo de fundos são institui-
ções educacionais/filantrópicas ou os beneficiários de uma herança familiar. O perfil
deste tipo de investidor é caracterizado por baixa tolerância ao risco, e seus principais
objetivos são a estabilidade do patrimônio, a manutenção do poder de compra e gera-
ção contínua de renda. O fluxo de gastos do beneficiário é o que irá determinar o retorno
requerido, em termos reais. Via de regra, o horizonte de investimento é muito longo,
pois por definição o fundo deve ser perpétuo. Entretanto, é necessário manter uma
parte da carteira em ativos de alta liquidez, de modo a gerar o fluxo de renda requerido
pelo beneficiário. Muitas universidades americanas funcionam sob este regime, e atre-
lam seu processo orçamentário e programação de gastos ao planejamento estratégico
do fundo.
Fundos de Pensão: o perfil dos fundos de pensão é bastante conservador, pois seu ob-
jetivo é complementar a renda de aposentadoria de seus participantes. No entanto, uma
vez que os participantes desses planos estão em diferentes momentos de suas carreiras
– alguns estão contribuindo, outros estão aposentados e outros estão em vias de muda-
rem de uma categoria para a outra – tornando o planejamento muito mais complexo,
pois o fluxo de contribuições e benefícios deve ser projetado para um horizonte de pelo
menos trinta anos, baseado em taxas atuariais. Há uma grande preocupação com a alo-
cação estratégica dos ativos, uma vez que estes fundos estão sujeitos a uma regulamen-
tação bastante restritiva. A necessidade de ativos com elevada liquidez e que forneçam
dividendos/cupons regulares é uma preocupação constante, principalmente nos fundos
mais maduros (alta proporção entre beneficiários e contribuintes).
Fundos de varejo: o perfil depende das características específicas de cada fundo, mas
geralmente prezam diversificação, alta liquidez e a previsibilidade de rendimentos, de
forma que é raro encontrar algum que tenha alta tolerância a risco ou horizonte de in-
vestimento curto. O fluxo de aportes e resgates faz com que o patrimônio do fundo varie
bastante, o que pode ser prejudicial ao planejamento estratégico de alocação dos ativos.
Alguns fundos são obrigados a fechar sua captação, para não incorrer em riscos relacio-
nados à alocação da carteira.
RADAR PRACTA 45
Fórmulas utilizadas neste módulo
Basiléia I
Basiléia II
Basiléia III
Cada um foi criado para suplementar o anterior e consertar algumas deficiências exis-
tentes.
Os bancos estão submetidos ao risco de descasamento, quando o volume de saques se
torna impossível de ser atendido por conta dos empréstimos que a instituição concedeu com
o dinheiro dos clientes. Ou seja, não há dinheiro suficiente para satisfazer o pedido dos clien-
tes, desesperados para fazerem sua retirada, mesmo que seu saldo em conta diga o contrário.
É o famoso problema da multiplicação da moeda, o dinheiro só existe de forma escritural.
46 Os acordos de Basileia foram criados para proteger os bancos e seus clientes da quebra.
Consistem numa série de recomendações para regulamentações no setor bancário e principal-
mente exigência mínima de capital próprio proporcional ao risco ponderado das operações
ativas dos bancos.
DICA PRACTA
1
Basiléia é a cidade da Suíça onde fica a sede do BIS- Bank of International Settlements, organi-
zação internacional responsável pela supervisão bancária mundial.
© PRACTA – Treinamento e Educação Financeira
MÓDULO 6 – Gestão de Carteiras e Risco
Nos rankings de carteiras com base no Índice de Sharpe, quanto maior o Sharpe do fundo,
desde que positivo, melhor a sua classificação.
47
Sendo rc o retorno médio da carteira, rf o retorno médio do ativo livre
de risco, sc o desvio padrão da carteira (o risco total da carteira).
Quanto maior IS melhor o desempenho da carteira
rC − rf O numerador é a média aritmética dos retornos excedentes oferecidos
IS = pelo fundo em uma certa periodicidade, durante um determinado
σC tempo. O denominador, o desvio padrão desses retornos. Retorno ex-
cedente é a parcela do rendimento oferecido pelo fundo que ficou
acima ou abaixo da rentabilidade de um indexador adotado
Livremente. Desvio padrão é o padrão de oscilação desses retornos
Na sua prova, muitas vezes poderá aparecer como Retorno do Ativo
Livre de risco a taxa DI ou taxa Selic.
IS = Retorno Exce-
Taxa DI = 8% a.a. Retorno da Carteira Desvio Padrão dente /Desvio Pa-
drão
Fundo A 10,0% 2% (10,0-8,0) / 2=1,00
Fundo B 10,5% 2,1% (10,5-8,0) / 2,1=1,19
Fundo C 11,0% 3,5% (11,0-8,0) / 3,5=0,86
Utilização e Cuidados: como foi dito no início, o Índice Sharpe indica a relação re-
torno/risco. Assim o investidor pode comparar o Sharpe de quantos fundos desejar para tomar
sua decisão de investimento.
a) A primeira leitura é que quanto maior o Sharpe, melhor. Mas são necessários alguns
cuidados. Somente devem ser comparados fundos que tiveram o Sharpe calculado pelos mes-
mos critérios: mesmo período, mesmo número de dados, mesmo critério (retornos excedentes
48 diários, ou semanais, ou mensais, e mesmo indexador). Se qualquer uma dessas variáveis for
diferente os fundos deixarão de ser perfeitamente comparáveis.
b) Pode-se dizer que mais importante que ver o Sharpe de um fundo é conhecer os nú-
meros que resultaram nele. O numerador é uma informação de rentabilidade real média, por-
que diz em quanto na média o rendimento do fundo superou ou ficou abaixo da variação do
indexador. O denominador tem muito mais a dizer sobre o fundo. Por ser o desvio padrão, é
um indicativo da oscilação, da volatilidade do fundo, portanto, do seu risco. Quanto maior o
desvio padrão, maior foi a oscilação do fundo. E quanto maior a oscilação, maior o risco. Como
referência para saber se a oscilação do fundo é baixa ou alta, o investidor pode comparar o
desvio padrão calculado com o indexador escolhido (rendimento do CDI, por exemplo) na pe-
riodicidade adotada (em um dia, em uma semana, em um mês, em um ano).
c) É possível também saber o percentual do indexador que o investidor podia ter perdido
no período do estudo. Basta dividir o desvio padrão (denominador) pela variação do indexador
na periodicidade adotada (dia, semana etc.). Por exemplo, num cálculo diário em que o desvio
padrão é 0,0083%, sendo o CDI diário de 0,0680% e o período estudado três meses, o resultado
é 0,12. Isso vai significar que em média no período de três meses o investidor correu o risco
de perder 12% do CDI.
Decisão
Feita a análise, o investidor deve ainda observar que o Sharpe é calculado a partir de
resultados obtidos pelo fundo num período passado. Mas ele é um bom indicativo de volatili-
dade futura, medida pelo desvio padrão. Quando a volatilidade é zero, o fundo não corre risco;
quando a volatilidade não é expressiva, o fundo, provavelmente, corre um baixo risco; quando
a volatilidade é alta, o fundo corre muito risco.
Fonte: www.risktech.com.br
IT = Retorno Exce-
Taxa DI = 8% a.a. Retorno da Carteira Beta
dente /Beta
Fundo A 10,0% 1,5% (10,0-8,0) / 1,5=1,33
Fundo B 10,5% 1,2% (10,5-8,0) / 1,2=2,08 49
Fundo C 11,0% 1,9% (11,0-8,0) / 1,9=1,58
Esse indicador mostra quanto determinado gestor pôde adicionar de valor a uma car-
teira de mercado, pelo fato de assumir um risco diferente do risco de mercado.
Sendo:
Exemplo:
Fundo Fundo
IBrx Fundo 1 DI
2 3
Retorno médio 21,00 36,00 39,00 10,00 8,00
Desvio Padrão (risco) 7,66 7,87 7,80 8,03 0,07
(Rc-Rf) Rentabilidade da Carteira –
13,00 28,00 31,00 2,00
Rentabilidade DI
Retorno ajustado pelo risco de mer-
50 cado: [(Rc-Rf) /Desv. Carteira] * Des- 13,00 27,25 30,44 1,91
vio IBrX
Rentabilidade DI + Retorno 21,00 35,25 38,44 9,91
Assim como os demais índices, quanto maior for o Índice de Modigliani, melhor. No en-
tanto, este índice muitas vezes pode ser negativo, e isso ocorre quando o índice de Sharpe da
carteira de ações é menor do que o índice de Sharpe do benchmark, o que indica que o retorno
que a carteira obteve não compensou ao risco que ela se expôs.
RADAR PRACTA
Índice Sharpe
Quanto maior melhor
Retorno excedente /risco total (desvio
rC − rf padrão).
IS = Ótimo para fundos de Gestão Ativa.
σC
Índice de Treynor Quanto maior melhor
rC − rf Retorno excedente / risco sistemático
IT = (Beta).
βC Ótimo para fundos de Gestão Ativa.
51
Quando calculamos fundos cujo benchmark é a própria taxa livre de risco (taxa DI /
Selic), podemos simplificar o cálculo do Índice de Modigliani (M2): será o Índice Sharpe
* desvio padrão do mercado.
M 2 = IS × σ m
DICA PRACTA
A. IS de A= 1,50 e IT de B= 1,33.
B. IS de A = 1,33 e IT de B = 2,31.
C. IS de A = 1,33 e IT de B = 1,02.
D. IS de A = 1,50 e IT de B = 2,86.
Alternativa Correta: B.
IS de A = (11%-9%): 1,5= 1,33 IT de A = (11%-9%): 0,7 =2,86
IS de B= (12%-9%): 2,0= 1,50 IT de B = (11%- 9%): 1,3= 2,31
Glossário de fórmulas:
DICA PRACTA
A. 1,60 e 1,80.
B. 1,33 e 1,50.
C. 2,86 e 2,31.
D. 1,67 e 2,50.
Alternativa correta A.
Observação, neste caso, como não foi divulgado o retorno do ativo livre de risco, va-
mos assumir que o benchmark do fundo é exatamente o mesmo índice de Ativos livres
de risco (Di ou Selic)
O valor da carteira; 53
A volatilidade da carteira, medida pelo seu desvio-padrão, para o período em questão;
O período, 1 dia ou 10 dias;
O nível de confiança, geralmente 95% ou 99%.
Alfa α
Nível de Confiança
(Tabela estatística)
VarProb[α ],t = VC 0 × α × σ × t 90% 1,28
95% 1,65
99% 2,33
Limitações do VaR:
Embora seja umas das medidas de risco de mercado mais utilizadas o VaR tem algumas
limitações importantes:
Sua metodologia pressupõe que o risco futuro pode ser previsto baseado em dados
históricos;
O VaR assume que as variações dos preços dos ativos são normalmente distribuídas;
Níveis de confiança altos, como por exemplo 99,9%, podem dar a falsa sensação de se-
gurança, pois pode haver situações de extrema vulnerabilidade de mercado, que são
imprevisíveis, independente da metodologia utilizada;
É mais efetivo em situações de normalidade de movimentos de mercado, não sendo
adequado para estimar situações de extremas volatilidade (fora da curva histórica).
O Stress Test pode ser descrito como um processo que visa identificar e gerenciar situ-
ações que podem causar perdas extraordinárias. O stress teste inclui como ferramentas (i) aná-
lise de cenários (2) simulações de condições anormais de mercado, volatilidade, correlações e
liquidez e (3) política de contingências.
O principal motivo é que as variações dos preços dos ativos muitas vezes não são nor-
malmente distribuídas, causando um efeito chamado ‘caudas grossas’, no qual os extremos do
gráfico não são tão próximos de zero quanto gostaríamos, indicando que os resultados extre-
mamente negativos (e os positivos também, apesar de poucos gestores reclamarem de ter um
resultado muito acima do normal) são mais frequentes do que o esperado.
O uso de valores de desvio-padrão maiores que os calculados para a estimativa do VaR
permite a simulação de situações extremas, no qual as perdas podem ser muito maiores do
que o normal, por desequilíbrios do mercado e por falta de instrumentos, que possam limitar
as perdas da carteira.
Um bom Stress Test deve:
Modelos de VaR são úteis unicamente quando conseguem prever o risco de forma razo-
ável. A Validação de um modelo (Backtesting) é uma ferramenta estatística formal para verifi-
car a consistência entre as perdas observadas e as perdas previstas. Isso implica comparar o
histórico das perdas estimadas pelo VaR com os retornos observados da carteira.
DICA PRACTA
1. Qual das alternativas abaixo está relacionando corretamente os conceitos das duas
colunas:
Conceito Definição
Alternativa correta: B.
DICA PRACTA
Retorno observado
Fundos VaR % Índice de Sharpe
a.a.
A. Fundo A.
B. Fundo B.
C. Fundo C.
D. Fundo D.
2. Um fundo de investimento informa que seu VaR diário é de 2%, com intervalo de
confiança de 90%. Considerando um investimento de 300 dias, estima-se que o fundo
poderá apresentar perdas superiores a 2% em:
A. 1 dia.
B. 5 dias.
C. 10 dias.
D. 30 dias.
Abreviaturas:
IS = Índice de Sharpe
IT = Índice de Treynor
M2 = Índice de Modigliani
VAR = Value-at-Risk (ou Valor-em-Risco)
σ = Desvio Padrão
β = Beta = Risco Sistemático
Análise: O EQM mede o desvio médio das variações das cotas do fundo em relação as
variações de seu indicador de referência ou benchmark.
Aplicabilidade: Análise de performance de fundos com gestão passiva.
EQM em Fundos de Gestão passiva = quanto mais próximo de ZERO, melhor
DICA PRACTA
RADAR PRACTA
INSTRUMENTOS DE PERFORMANCE
RADAR PRACTA
Mecanismo de controle
interno que limita o ta-
manho de eventuais
perdas em posições de Permite que o VaR seja respeitado
Stop Loss investimento. A posição quando o mercado apresenta gran-
é automaticamente re- des perdas.
vertida quando a perda
atinge o nível máximo
autorizado.
Ferramenta auxiliar
para validar o modelo
estatístico utilizado Verificar a consistência entre o resul-
Backtest
para prever perdas (tes- tado obtido pelo modelo do VaR.
tar o modelo estatístico
do VaR).