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Kant (i)

Os Pensadoi6s
CfP-Braail. Caialo^açâonj-PiiNicaçio
Q n un Srasileirn do Livrti. SP

Kant, Immanuel. 1724-1804,


K25c Critica da razáo f»ura i Immanuel Kani ; tnuJugBa dc Vatório
2,ed. Rohden 6 Uikj fialdur Moosburjjer — 2. ed. — S&n PwjIo : Abril
Culturelt m i .
(O s p en sad o re s)

Inclui vida e obrn dc Kiinr.


BibtiogrJTm .
I. Causalidade 2 , Conhccimcnro - Tcom 5. Crítica (Filosofia)
4.FiSosufia ulcutí 5 . RuSii> I. ttobcten, Valéria. ÍJ, Mooiburjjpr.
Uda BaScíur. 111. TUliIü. JV. Sírie.

CDD-I93>
-121
-í n
•142.3
HiJ07IK -160

Lndicct para catálogo sisicmáckn;


I. Causalidade : Mciafisita ; Filosofia 122
2-Conhecimínio : Tconn : Filosofia 121
3 . Cuucismcr kâiiciunu ■Filosofia J 4 2 3
4* F cI u m jI'iu akin â L^3
5. FHósoíos alemães 193
6* Razjjo : Lógica 160
?. Teom ti> cunhctimenLo : Filosufia 121
T ftlllô origin al?
K r i t i k d e r r r hir.l V e r n u n f t

© Copyright lk slä ediçSo. Abril S . A . Cultura],


Säo P w j Io . 1»7» -2.* edbçáú i m

D iiti lus erefasivus w x t ï iradiiçan des« voli.ww,


Abnl S ,A , Cultural. SS© Paulo.

Dirciio cxctusivctf s o t « "K a n t — V ikiac O h fi“ -,


AbriJ S A - Cultural, S to Paule».
ÍNDICE

íCANT — Vída c obra ............................ . - ................................ . VII


Cronologia. + . .................... h. . . . . . . X V III
Bibliografia ................ * . . . . . . . ............................... .. X IX

C R ÍT IC A DA R A Z Ã O P U R A

itHradução
i. Da distinção orttrc üonhccimonio puro e empírico ........ . 23
\{, Possaímos ccrtos conhecimeruos a priori c mesmo o entendi­
mento comum jitmais está de&provido deles - 24
IJI A Hlosofia precisa dc umuciância.qLic JetcrmEnt: a [>ossibiSid^íJe,
os princípios c o ãmbUo dt Lodüs os conhecimentos a. priori 25
IV, Da âisiinçâo cmrc juízos analíticos e sintéticos .................. 27
V. Fm TDdas as ciências teóricas da razàü estão contidos, como
princípios, juízos sintéticos a priori .......... .............................. 28
V L Problema geral dtf razão pura . , , .........................30
VII. idúia c divisão de uma ciência v^pcrial sob ü nome de uma
Çriticn da Ríuião Pura .......... .. , * ........ , ........... 32

I. D O U T R IN A T R A N S C E N D E N T A L O Ú S E L E M E N T O S . ... .. 37

P A R T E P R IM E IR A . Esúicca transcendental .............. .. ................... 3lJ


I I ............................. -......................................- ................. .. 39
Primeira Seção. Da íspaço ...................................... ................ 40
$ 2, E-síposição metafísica deste çoncsíto ,. , ............................. 40
3- FKpmiçãn irfirisccrulívnt&l rin c^rvmirn í Iíí í^píujo T, , ........... 42
Conclusões a partir dos conceitos acima 42
Segunda Seçao. Do tempo .............................. ......................... 44
§ 4. Exposição mciíillyica do conceito de tempo ...................... 44
§ 5. Exposição transcendental do conççíio de tempo 45
& 6. Conclusões a partir deâscs conceitos ........ ... .. T., 45
& 7, Esclarecimenlo „ * ** „ . 47
§ H. Obatírvaçòífi gerais sobre a estética irnscendental ............ 4y
Conclusão da esiêtica íranscendental .................. ............. ,. 55
P A R T E S E G U N D A . Logka Transcendental .............................. ...............57
Introdução, Idéia de uma túgica Lranscendental . . . . . . . . .......... ...............57
1. Da lógica cm geral .................................. .......................................57
J[. Da lógica transcendental , .................................. . . . . . . . . . 5y
III» Da divisão íia lógica geral cm analítica e dialétfca ............ .........60
IV. Da divisão da lógica transcendental em analítica transcenden­
tal e dialética transcendental ..............................................................62

Divisão Primeira. Analítica transcendental ...................... * . . . . . . . 65

L ivro P r im e ir o . Analítica dos conceitos * • . . . * .................... . . . . . 67


C AP. I. Do fio condüLur para o descobrimento de iodos os concei­
tos puros do enlcndimcnto ............ , ............................... . . 67
Prifiteira Seçâo. Do uso lógico cm geral do entendimento . . . . . . . 6&
Segunda Seção. § Da função lógica do entendimento nos juízos 69
Tercvira Seção, § 10. Dos conceílus puros do entendimento ou çy-
tegoriat. . .. ........................................................... . . . . . . . 72
S li- -.................................... * ........................................................ 73
§ 12................................. .................................................................... 77
C a P . II. Da dedução dos conceitos puros do entendimento ,, * * 78
Primeira Seção.
g 13. Dos princípios de uma.dedução transcendental e?n geral . f . 78
£ 14, Passagem ;i deduçào tninsccndental das eutegoriay . . . . . . . S2
Segunda Seção. Dedttçàn transcendental dos conceitos puros cto 84
âiiivndimeniu ............ ..........................................................
5 15. D íi possibilidade dc uma ligação cm geral * ........................ ........ 84
§ 16* Da unidade sintética originária da apercepçao.................... ........85
§ 17. A proposição fundamental tlu unidade sintética da apercep-
ç3o 6 0 principia suprema de iodo o uso do enUrndimcmo . . 8<j
$ 18. O que c a unidade objetiva da autoconsciência .......... . , .
§ 19. a funiui táyieu de wios t>sjuízos conslsie cia unidade objeti­
va da apercepçào dos conceitos contidos neles 88
§ 20. Todas as intuiçòes ssiuiivei^ eslâo sob as caiegorias, como
condições unicamcme sob as quais o múUípiD delas pode
rcunír-se numa consciência ............................ .............
§ 2 I. Observação <........................................., ................................89
íj 22. Para o conhecimento das coisas, a ca»egoria nào pos&ui ne^
nhum uso alem de sua aplicação a objetos da experiência *Jt)
§ 2-1........... ........... ....................... : ..............................................91
§ 24. Da aplicação das categorias a Objtfos dos sentidos em geral Ç)2
§ 25.............. .................................................................................95
ij 26. Dedução transcendental do uso universal possível na expe­
riência dos conceitos puros do entendimento „, %
§ 27. Resuílado desia dedução dos conceitos do entendimento 98
Conceito sumario desta dedução .............................. . ..............

L iv r o S eg u n d o . Analítica dos princípios ........................................ ........10!


Inirodução. Da capacidade transcendental de julgar em g e r a l............ ........102
C A P, L Do csqucmatbmo dos eonccitoa puroa do entendimento 103
C A P, II. Sístema de todos os princípios do entendimento puro . . * IO#
Primeira Seção. Dd principia supremo de textos os juízos analí­
ticas . . . . . . . . .................... ................................109
Segunda Seção. Do princípio supremo de todos os juízos sin­
téticos ........................................................................................ 111
Terceira Seção, Representação sistemática de todos os princí­
pios sintéticos do mesmo .................. ............. ..,, ..................... 113
L Axiomas da intuição ........................ * ................................... I 15
2. Antecipações da percepção . . . . . . ,. . . . . ............ „ . . „ . 117
3- Analogias da experiência . -. .................. .............................. 122

A. Primeira anaÊogia Princípio dai permanência da subs­


tância ........................................ * ............. .......................... 124
B. Segunda analogia. Principio da sucessão temporal se
gundú a lei da causalidade ................. ...................................128
C. Terceira analogia. Principio da simultaneidade segundo
a Ict da ação recíproca ou comunidade ............................ ........138

4. Os postulados do pensamento empírico cm gerai ............ ....... 141


Rcfutaçào do idealismo ...................... , .......................... 145
Note geral acerca do sistema dos princípios ............................ 150
C A P. 211. Do fundamento da distinção de ludos os abjetos em geral
em phaenomena e noumena .............................................: , 153
Apêndice. Da anfibologia dos cunccilus de reflexão através da
confusão entre uso empírico do entendimento como u&o trans­
cendental .................................................................................... 162
Nota â anfibología dos conceitos de rcflcxào ............................ ....... 166

Divisão Segunda
Introdução
I. Da ilusão transcendental .................................. ........................... 177
II. Da razão pura como sede da ilusão transcendental .............. ....... 179
A. Da raiào em geral .............................................. ........... ....... 179
li. Do uso lógico da razão .............. ........................................... 18 1
C. Do uso puro da razão 1R2

L ivro P rimetro . D os conceitos da razão p u r a ............ * ............... ...........185


Primeira Seção. Das Idéias em geral . .......... ...............186
Segunda Seção, Das idéias transcendentais .............................. ....... 189
Torceira Seção. Sistema das idéias transcendentais . ....... 195
L iv ro Seouncio- Das inferências dialéticas da razão pura . . . . . . . 199
C A P, I, Dos paralogismos da razão pura . . ............................. 200
Refutaçàc da prova de Mendeliohn sobre a permanência da al­
ma ........ .. , ........... . . . . ................... - , * . ........................ 206
Conclusão da solução do paralogismo psicológico . . . . . . . . 211
Nota geral acerca da passagem da psicologia racional à cosmo­
logia ............................................................................. 212
CAP* II. Antinomia da razão pura ......................................... 214
Primeira Seção. Sistema das idéias cosmológtcas 215
Segunda Seçâ&. Antitética da razão pura ........ .............. 220
Primeiro conflito das idéias transcendentais ....................... 223
Segundo conflito das ídéías transcendentais ............ . . . . . . 227
Terceiro conflito das idaas transcendentais * ...................... 232
Quarto conflito das ideiam tr^nseendemais .......... . ............. 235
Terceira Seção* Do interesse da razao nesse seu conflito . . . 24 I
Quarto Seção, L>os problemas Lransctmderttais da razão pura
na medida em que têm de absolutamente poder ser solucio­
nados . .................. ..................... . . . . . . . . ................ . 247
Quinta Seção, Represemaçào cctiça das questões cosmolugiciis
alrávéiv de ioda& as qtuuro idéins transcendentais . . . . . . . 250
SeçÕo. O idealismo transcendemal cotrio chave para a
solução dn dialética cosmológica .................................... 25Ti
Sétima Seçâo. üccisào critica do conflito cosmolôgsco da ra-
-íün» consigo mesma ................ ............... ................ . , , . 2 Sf?
Oitava Seção* Principio ríguhitivn da razíio pura com respeito
às ideia,s cosmológícas ................ ........... ........................ 2 f>0
\'ona S&çâo. Dt> uso empírico do princípio rcgulativo da raxào
com respeito a ioda& as idéias cosmoJògtcas .................. 264
L Solução da ideia cosmológica da totalidade da composição
doa fenômenos dc um lodo cósmico .................. , . ......... 254
11. Solução dü ideia eusmológica da totalidade da üivi são dc
um todo dntio na intuição .................................... 267
Nolü fm;il â soluçào das idéias maiemátieo-crasiscendtfntais. e
advertência preliminar com visiaa, â soluçào das idéias dinâ­
mico- liMn&cendentai* . , ............ ...................................... 261)
ftl. Soluçào das ideias cosmológicas da toudidzide da divisão
das cvciEMos cósmicos a partir das suas causas .............. . 271
Possibilidade da causalidade mediante liberdade, cm harmonia
com a lei universal da necessidade natural 274
Elucidação da ideia cosmológica de uma liburdade em ligação
com a necessidade universal da natureza .................... .. 275
IV. Solução da idéia cosmológica da totafidade da dependência
dos fenômenos* segundo a sua existência em gerai . . . . . . . . 2S2
Nota final a toda a antinomia da razão pura ...................... 285
CAP- IJI- O ideai da razão pura .................................... 286
Primeira Seçao. Do ideal cm geral .......................... ........, . 286
Segunda Seção. Do ideai transcendental (procotyp-oni tríinsCen-
demalc) ...................................... ........................................ 2 SR
Terceira Seção, Dos argumento* da razão especulativa para in­
ferir a existência dc um ente .supremo .................................. 293
Quarta Seção. Da impossibilidade de uma prova ontológica da
existência de Deus _ .................................. 297
Quinta Seção. Da impossibilidade de uma prova cosmológica
da existência de Deus ................................ .. 302
Descoberta e explicação da ilusão dialética em todas as provas
rramcendcruaisL da exisienda de um ente necessário ............. 30?
Sexta Seção. Da impossibilidade da prova fisteç tçglógica , . 30c>
Sétima Seção. Crítica dc toda a teologia a partir de princípios
especulativos da razào ................ ........................................ 314
Apêndice à dialética transcendental ..................................... 319
Do üso rcgulativo da;> ideias da ruzâo pura ........................ 319
Do proptkilü último da dialética da razão humana ______ _ 330

fí. D O U T R IN A T R A N S C E N D E N T A L DO M ÉT O D O .................. 34?

C A P. L A disciplina da ra/ãu pura .................... ..................... 350


Primeira Seção„ A disciplina dn r&zão no uso dogmiticq. , , , 35 I
Segunda Seção. A disciplina da rá/.àõ com respeito ao seu uso
polêmico , +. ............................................ .. ., r 363
Da impossibilidade de um apaziguamenio cético díi razão pura
cm desaeordo íímsigo mesma .............................................. 372
Terceira Seção. A disciplina da razao pura com respeito ás hi
pótçses , , . . ........................................................................ 377
Qvarra Seçãfí. a disciplina da razüo pura com respeius às suas
provas ...................................................-........................... 383
C AP. II. O canon du razâo pura *, . „ ...................... 388
Primeira Seção. Do ilm último do usa puro da nossa razão 38^
Segunda Seção. Do ideal do bem supremo como um fundameiv
to determinante du ílm último da razão pura ................ .. ,, 392
Terceira Seção, Do opinar, do saber e do crer 3‘JO
C AP. 111. A arquitetônica da ra^ão pura ................................... 4Ü5
CAÍ*. IV. A história da raxão pura , , , .................... * .......... 415
KANT

V ID A E O B R A

C u iís u lto r ía : M a r i l e n b d e S ih iz h C l i a i n
ouquíssimo* filósofos tiveram uma vída tão despida dos elemen­
P tos que geralmente sc encontram na* biugjafias das grandes per­
sonalidades quanto Immanuel Kant_ Nascido numa pequena cidade
da Prússia, Kònig5bcrf5f no dia 22 de abril dc 17Z4P Kant era filho de
um artesão humilde, que trabalhava com artigos de couro. Estudou
ntj ColíRio Krideririanym e na Universidade de Konifisbefg: rtfsta úiti*
rra tornou-sc professor catedrático, depois de alguns anos como pre­
ceptor de filhtra dc famílias ricas. Kant não casou nem teve filhos. Fa­
leceu a 12 de fevereiro de 1B04, sem jamais ter saído da crdade em
que nasceu. Era um fiomem extremamente metódico, de pequena es­
tatura n físico frágsf,
Outrírt actmtccimenlos relatados sobre sua vida (a impresso cau­
sada pela leitura das obra* de David Humc 0711-17Tb), a admifdçk)
intontida pelo pensamento de Kou&seau {1712-1775), a timidez ao
proferir a primeira aula) süo todos episódios com um único denomina­
dor comum: um cérebro que passou a vida investigando a universo
espiritual do homem, à procura de seus fundamentos últimos, neccs-
sáriOí e univ<*rs;tí$,
Ponto de convergência do fwnsamento ri losófico anterior, a obra
dc Kam {.onstitui, ao mesmo ttrmpu, fonte da qual brota a maior parte
das reflexões dos séculos XIX e XX.
O universo espmtual, submetido por Kant ao crivo da análise crí­
tica, compunha-se dí* elementos variados e contraditórios; apesar des-
w dificuldade, esses elemento* podom $<?r sintetizados cm torno dc
duas grandes questões, a pártir das quais st? desdobram Inúmeras ou­
tras.
A primei™ dessas questões diz re&peito ao conhecimento, suas
possibilidades, seus limites, suas esferas de aplicaçáo. Com relação a
esses problemas, a filosofia do sòctilo XVJll defrontava-se com duas
ciências que se apresentavam como conjuntos de conhçcimentos cer­
tos e indiscutíveis: a matemática e a ífsíca. A matemática ttvera gran­
de desenvolvimento a partíf do Renascimento > — sobretudo devido à
criação da geometria analítica por Descartes (1596-1650) e do calcu­
lo infinitesimal por Newton (1642-1727) e Leibmi (184^171 fa) — ,
constituindo-se no proprio modelo do conhecimento científico, gra­
VIII KAíST

ças a seu caráter absolutamente necessário e universal. A ífsica mate^


máüca, embora fosse uma disciplina jovem [não tinha mais de dois sé­
culos}, triunfara de maneira completa com a sistematização realizada
por Newíon, também se constituindo num conjunto de proporções
necessárias e universais. Seus resultados no estudo do movimento das
corpos e na astronomia indicavam o caminho a ser seguido por todos
que pretenderem conhecer os fenômenos naturais. Ao lado da mate­
mática e da física, persistiam ainda no pensamento ocidental os gran­
des. sistemas merafísieoía — na Alemanha dc Kant, imperava o sistema
leitmizíano na vérsão de Christian Wolff (1679-1754) — que preten­
diam dar respostas para os problema« da reatrdade última das coisas.
A metafísica, contudo, não era matéria pacífica, capaz de oferecer so-
liryjts» dteitas unanimemente, apesar de tentar demonstrações rigoro­
sa*. Kant foi "despertado do sono metafísico'' pelo pensamento dc
David Hume cujas artáli«^, especialmente do conceito de causalida­
de, demoliam as pretensões do dogmatismo metafísico de afirmar ver­
dades êtefnas a respeito da essência última dc todas as coisas,
A segunda grande questão que sintetiza o universo daí idéias ao
tempo de Kant ê o problema da ação humana, ou seja, o problema
moral. Traíavâ-se de saber nào o que- o homem conhece ou pode Co­
nhecer a rts^peito do mundo e da realtdúde última, mas do que deve
fajser, de como agir em relação a seus semelhantes, de como proce­
der para obter a felicidade ou alcançar o bem supremo. Essa área da
reílcxào filosófica e *ua oposição à ra/âu apenas cognitiva foi revela*
da a Kant sobretudo petas obras de Rous^u, que formulou uma filo­
sofia da liberdade c defendeu a Autonomia e □ primado do «íntimen-
to soba* ü raiüo lágrea. Por outro Jado, Kami, embora vivendo na dis*
tanre Konigstoerg, longe de Paris e dos grandes centros, semptv teve
plena conscríncia dos problemas soctais e politicos da ópoca e to­
mou partido favorável à Revolução Francesa, na qual via náo apenas
um processo de transformação econômica, soci.il o política, mas so­
bretudo um problema morat.
A essas duas grandes questões aliaram-se no espírito de Kant 05
problemas da apreciação eMérica e das formas dc pensamento da bio­
logia, cujas peculiaridades em relação do problema do conhecimento
e ao probtema da moral artícuJõu numa visio sistemitiea das funções
R dos produtos de razão humana. Todos e&ses probtemas foram anali­
sados por Kant çm inúmeras obras, redigidas e publicadas desde
1746 até T79B. Entre elas destacam-se; Htstôrtà Gerai da Natureza c
Teoria do Céu t! 755J„ O Único Argumento Aos.íAW pura umj De­
monstração da Existência de Deus (1763), Sonhas de um Visionário,
Interpretados Mediante os Sonhos da Metafísica {1766), Dissertação
sobre a Fnmv* e os Princípios do Mondo Scrtsívoi e dv M ujtóq ioicligf-
w ! (1770), frolcgômeooè j Qualquer Mctãffsicn Futura que Possa Vir
a Ser Comiderãda como Ciência |17âií. Fundamentação da Metafísi­
ca dos Costum&i {1 785). Mas íoi sobretudo em três obras que rociai
as questões filosóficas compareceram diante de um tribunal, especial­
mente formado parn juJRar a razáo: a crftjca. O problema do conheci­
mento é examinado na Crítica da Rtu:âo Pura (1781); a Crfíicà da Ra­
zão Prática (1786-} anal ba o problema moral, e a Critica tis Faculdade
üe Julgar (1790) estuda a beleza natural e artística e o pensamento
biológico.
VIDA E OBRA IX

Como é possível conhecer

Analisando 9 faculdade de conhecer, na Crítica d.i R,t7ãc Pura,


Kant distingue duas formas de conhecimento: o empírico ou a poste­
riori. ç o puro ou a priori. O conhecimento empírico, como diz a pró­
pria expressão, reduz-se aos dados fornecidos pelas experiência*; sen­
síveis. Quando se di£r por exemplo, “ a porta está aberta", e*pres*a-
se um conhecimento que não pode ser desvinculado de um# impres­
são dos sentidos, O conhecimento puro ou a priori, ao contrário, nâo
depende de qualquer cxpcrcência sensível, distinguindo-se do empíri­
co pela universalidade e necessidade, Tal ê o caso da proposição "a
Einh^ reta é a distância mais curta entre dois pontos". Nessa proposi­
ção nada sc afirma a respeito de determinada linha reta, mas de qual*
quer WnUz reta (universalidade); por outro lado. não se declara que a
linha reta ê a mais curta em certas condições, mas em quaisquer cort-
cJições (necessidade}. A experiência sensível por sf sú — mostra Kanl
— jamais produz juízos necessários e universais, de taf forma que to­
das as. vezes que se está diante de juízos desse tipo tem-sc um conhe­
cimento puro ou d priori.
Ao lado da distinção entre 3 posteriori ou empírico,, e .1 priori ou
puro, impõe-«* — segundo Kant — distinguir entre juízo analítico e
juízo sínlélico- No primeiro, o predicado jè está contido nu sujeito,
dc tal forma que o juízo cm questão consi^tc» apenai em um processo
de análise, atrav<& do qual se extrai do sujeito aquilo que já está conti­
do nele. Para Kant, o juteo "os corpo* são extensos" 6 desse lipQ,
pois ú predicado "extensos" está contido implicitamente no sujeito
'Vorpos". IssO significa que não é possível pensar o conccilo de cor-
pordddde sem peni>dr, óu mtísmo tempo, o conceito de extensão. Os
juízos sintáticos, ao contrário, unem o conceito expresso pdo predi­
cado ao conceito dc íujeilo, constituindo o único tipo de juízo que
enriquece o conhecimento. A esse tipo pertence o juízo "todos os cor­
pos se movimentam".
Feitas as distinções entre j priori e a posteriori, e entre analítico
e sintético, pode-se cí&Síiíicar os juízos em três tipos; analítico, sintéti­
co ã posteriori e sintético a priori. Os jufcos jnolílicos nâo teriam
maior inturesse para a tooria da ciência, pois, embora universais e ne­
cessários, nSo pcjjrt^yní^ni qualquer onriqueelmcnro do uinheumen'
to, na medida em quosão tautológicos.Os juteos siméticos a posterio­
ri também carecem dç importância porque sío todos contingentes e
particular«, referindo-se a experiências que se esgotam em si m o­
rnas. Portanto, 0 verdadeiro núdeo da teoria do conhecimento situar-
se-ia no terreno dos j u Íí o s sintéticos a priori, os quais, ao rnesma tem­
po, sáo universais e necesslríos, enriquecendo e fazendo progredir o
conhecimento.
Kant vinculou essa conclusão ao falo de que a matemática e a fí­
sica apresentavam-se constituídas por verdades indiscutíveis, enquan­
to a metafísica pretendia a mesma validez, Assim, o problema do co­
nhecimento foi formulado por Kant em torno cie Irés questões: "como
sáo possíveis os juízos sintéticos a priori na matemática?'11; "como ião
possíveis os jul/os sintéticos a priori na física?"; "s^o possíveis os juí­
zos siméticos a priori na metafísica r .
Kant pretendeu solucionar esses problemas mediante uma revolü-
X KANT

ção (comparável à de Copém ico na astronomia} no modo de encarar


as relações entre o conhecimento e « u objeto. A revolução consisti­
ria em , ao invés de admitir que a faculdade de conhecer se regula pe­
lo objeto, inoitrar que o objeto s-e regula pefa faculdade de conhecer.
A filosofia deveria investigar a possível existência de certos prmcfpios
a {irio ri que senam responsáveis pela sítuchú dos dados empíricos. Es­
tes, p cf sua vez, deveriam ser encontrados n-as duas fontes de conhe­
cimento, que seriam a sen si bií rdade e o entendimento.
Á primeira parte da Crítica da Razão Pura investiga os princípios
apriorísticos da sensibilidade, inlitulandoa "Estética Transcenden­
tal". Peia primeira expressão Kant entende náo uma teoria do belo,
mas uma teoria da sensibilIdade; com o termo "transcendenlâfJ, Kant
denomina iodo conhecimento que, em geral, se ocupa não tanto com
objetos, mas com o modo de ronhecê-los, na medida cm que esse co­
nhecimento deva se; possível a priori, Na “ Estética Transcendental"
eriLonlram-se os fundamentos apriorístreos da matemática. Uma se-
Runda parte ria Crítica da RazSo Para, a "AnalFtica Transcendcnial",
analisa os elementos apriorístícos do entendimento e trdz à luz a estru­
tura dó conhecrmento na ffeica. Ftrtdmenre, a “ Diaiética transcen­
dental" ocupa -«1com o uso que a razão pode fa*er com as catego­
rias do entendimento, criando a metafísica.

As formas do espaço e do tempo

Ma rlEstética TranscendentaP', Kanl define a sensibilidade como


uma faculdade de intuiçSo, drtwvés da qual os obí<*tos sáo apreendi*
dos pelo Sujeilo cognoscente. É nerwsário dislingurr na sensibilidade
mostro Kant — dais elementos constitutivos: um, material e recepti­
vo; outro, formal e ativo. A matéria do conhec imento sáo as impres-
sftes- que o sujeito recebe dos objetos exteriores, enquanto a forma ex­
prime a ordem na quítl essa* impressões s4o cofocadas.
São duas as forma» da sensibilidade: o espado & o tempo, Kant
analisj-as detidamente, procurando demonstrar como sio formas
apriorfelica* e, portanto, independentes da expçri&ncta aensfvel, P<jra
Kani, não ê porque a sujsito eognosçente percebe as coisas como ex­
teriores a si mesmo e exteriores umas às outrâs que ele forma * noçòo
de espaço; ao contrário, é porque possui o espaço como uma estai tu*
ra inerente à suo sensibilidade que 0 sujeito cognoscente pode perce­
ber o$ objetos como relacionados espacialmerie, Kant mostra ainda
que é possível abstrair iodas as Coisas quç estéo no espaço, náo 56 po­
dendo fazer o mesmo com o próprio espaço.
A argumentação kantian* com rebçáo ao tempo é fundamental­
mente a mesma: a simultaneidade das coisas e sua sucessão nãí> po­
deriam ser percebidas se d representação do tempo não lhes servis&e
de fundamento: acrescente-se a isso o fato de que todas as corsas que
se enquadram dentro do tempo podem desaparecer, mas o próprio
tempg não podt* ser suprimida,
Espaço e tempo seriam, assim. duas condiç&es sem a* quais d im­
possível conhecer, mas o conhecimento universal e necessário não se
csgoid neles. í preciso também o concurso dos elementos apríorísti-
co& do entendi mento.
VIDA E OBRA Xt

Categorias do entendimento

Para encontrar os elementos aprinrístiCoü do entendimento, Kanl


parte, na "Analítica Transcendental" da Crítica da Razão Purj, dos di­
ferente tipos de jufzo, classificados peta Í6 gica tradicional, desde Aris­
tóteles (384-322 a,C ). Essa cEassificaçào apresenta dow? tipo^s de jui­
zes, agrupados em quatro grupos de três: quantidade (universais, par­
ticulares, singulares]; qualidade {afirmativos, negaiivos e indefinidas);
relação (categóricos, hipotéticos, disfuntívos); e morialidade (proble­
máticos, assertórios, apodíticos). Ai categorias cortiespondúritti 5e-
riam, respectivamente: unidade, pluralidade, Cotaiidade, realidade,
negação, limilaçâo, substância, causa, comunidade íou açáo recípro­
ca), possibilidade,, oxistflncia c necessidade.
A demonstração da legitimidade descai, categorias consiicuí o nú­
cleo da "Analítica Transcendental". Kant designa-a pela expressão
"dedução transcendental", usandò á palavra "dedução" no snligo
sentido jurídico de justificação ou prova lega!. 0 primeiro argumento
de Kant em favor da legitimidade das categorias ê o de que as diver­
sas representações formadoras do conhecimento necessitam ser srnte-
ti2 atta&. pois de ouira forma nâo éc poderia falar de propriamente to-
nhedmento. Tal síntese pofte ser estudada desde o ponto de vista da
atividade do sujeita. Sua premissa furtddniçotal é a consciência da di-
versidâdí no tümpa, a qual produz, por um lado, a consciência de
um eu unificado {nSo metafísico ou empírica, m.is Tttnsc^níbnwl) Qf
dt* OUtro lodo, a tonsdi&ncia de algo que conslilui o objeto, em|urin[y
objeto de conhecimento. Ü trânsito da diversidade à unidade reaii*
£ãr-££Ha de tr£s modos: rra>dianh? sinta«? da apreensão na intuição
ou consciência dà simultaneidade e nâo suceíisivÊdadü de vários de­
mentes; mediante síntese de reprodução na imaginação, que possibili­
ta nova apresentação dai representações; é, finalmente, mediante sín­
tese de reconhec imento do conceito, que permite o reconheci mento
da persistèncÉa dos mesmos elementos. Todos esses modos teriam
suas rafscvs numa condrçüo fundamenlijl. chjnud^ por Kan[ "ape-rcup*
ç5o transcendental ou pura", que st' distingue da "apercepçío empíri­
ca". Eilâ é própria de um suieilo que possui um wnlido inlerno rio flu­
xo das aparências. \ú a apercepçâo transcendental wrta a pura coras-
cltncfa. orkginâl e inaltarrével, nâo unta realidade propriamente, ma?
aquilo íiue tórna possível a validade enquanto realidade para um su-
jGíto. Trata-se, portanto, de rrondiçno d* toda fw>rcepç.ío: "G ?u p?ri­
so deve poder acompanhar todas os minhas representações caso
contrário, algo seria representado em mim que não poder ta ser pensa­
do, e isso ííqujvale a dí^er que u representação seria impossível ou,
pela menos, que nào seria nada para mim",
A a percepção iranstendental núcleo de todas as sínteses do en­
tendimento, não !em caráter subjetivo; pelo contrário, é tolalm^me
objetiva no sentido de que representa a ccrvdíçáo de toda possíveí ob­
jetividade. Assim, a deduçáo transcendental, nela fundameniacta,
mostra as condiçóes a priori da experiência possível em geral, como
condições da possibilidade dos objetos da experiência. 'f\ dedução
transcendental nadít impõe de subjetivo à realidade, nem é constituí­
da por uma indução a partir dos dados da experiência. É antes um
modo de mostrar como se constitui 0 objeto como otjjeiú de conheci-
XII KANT

menta> na medida cm que esse objeto em geral encontra-se íigado


aos objelos reais empíricos.
A teoria transcendental das categorias a pricri do entendimento
como funções sintoti^adoras do sujçito cognoswnte, tal cqmu justifi­
cadas pela dç^ui*tio transcendental, não pareceu contudo suficiente a
Kant para dar c.anla do problema das relações ertre o entendimento e
as miuições da espaço e do tempo. Por isso, o füósaío desenvolveu
na Crítica da Rjzáu Pura a teoria do esquematismo transcendental,
CUjas dificuldades ele mesmo põe wn relevo ao afirmar que "se trato
de uma arte oculta nas profundidades da alma humana, cujos modos
reais dc attvidãde a Natureza nâo nos permite jamais descobrir''.
O problema poderia ser colocado nos seguintes termos; como é
posMvel que duas. coisas heterogéneas, comu são as categorias, por
um lado, e os fenômenos, por outro, possam lígar-se entre si* Em ou­
tras palavras, qual n çlemento ímermediário cxstcntc entre os concei­
tos c a realidade?
A resposta deveria ser encontrada em algo que fosse, por um la­
do, sensível e, por outro, inteligível Esse elemento intermediário,
que Kant chama "esquema transcendental", é fornecido peto tempo,
0 qual, por um lado, é homogéneo ao sensCveJ por ser a própria con­
dição do sensível e, por outro lado, é universal e necessário, enquan­
to conceiio, O esquema transcendental é sempre produto da imagina­
ção, nâo st: traiando, portfm, de imagem propriamente dita; 6 antes
"icteia de um procedimento universal da imaginação" que lorna possí­
vel uma imagem do conceito. Enquanto a imagem ú produto da facul^
dad<? empírica da imaginação reprodutiva, o esquema dos concertos
sensíveis tf um produto 6, por assim dizer, um monograma da pura
imaginação a pr/ori, mediante ü qual rornam-se possíveis 3 s imagens.
O esquema da substância, por exemplo, é a permanência do real no
tempo; 9 esquema da. causalidade é a sucessão temporal da diversida*
de, de acordo com uma regra.
Em síntese, a teoria desenvolvida por kant na "Estética14' ç na
"Analítica" transcendentais montra que todo conhecimento é consEi-
uifdo por sínteses dos dados ordenados pela intuição sensiveí «paço-
temporal, mediante as categorias apriorfstitas do entendimento. Por
conseguinte, não seria possfvel conhecer o nournenon, as coisas em
si mesmas, mas tOo somente o fenômeno, as aparfincias, íiu seja, os
objetos tais como resultam das sínteses apriorísiicas do próprio ato de
conhecer. A matemática e a física, por se constituírem dentro dessa*
condições, podem arrogar o tflulo de disciplinas cientificas. O proble­
ma colocado em seguida por Kant (na "Dialética Transcendental" 1 foi
o de saber se o mesmo direto poderia ser pretendido peia metafísica.

As antinomia* da razão

A meíaífrica analisada por Kam è a disciplina que sempre preten­


deu dar respostas últimas e definitivas para os vdrios problemas, pro-
CUrândo conhecer as coisas em ?l mesmas. N«ee sentido a metafísica
tradicional afirma a imortalidade da alma humana; di£ o que é o uni­
verso enquanto totalidade, procura provar, de maneiras diversas, a
existência de um ser supremo. Todas essas afirmações, segundo Kant,
VIDA E OBRA X III

não são legítimas porque resultam de um emprego do emendrmento


humano fora dos limites definidas nas partes anteriores ds Crítkà dó
Razãc Pvrà* A metafísica, ultrapassando esses Jimiies — tentando atin­
gir o absoluto e tratar do de objetos que não sáo apreendidos empiric
Cflimente — i não seria, portanto, uma forma dé conhecimento, Nq&
domínios da metafísica é possível “ pensar", mas não é possível "co­
nhecer".
Tratando da psicologia racional [disciplina metafísica que tem co­
mo q-bjeto a alma e sua imortalidade}, Kant ú\z que ela repousa, des­
de Descartes, na proposição JJeu penso" , cuja verdade ê incontestá­
vel. N3o se pode, contudo, Tirar dela a conseqüência dc que o cu
exista como um objeto real. Para s apreensão de um objeto r. ncicessá-
rid urud in tu itu e nu caso em qucbiáu sc está diante unicamente da
forma do pensamento, Pelas mesmas ra?ões, não seria legítimo recor­
rer ao conceito dc substância c: afirmar a alma como substância pen­
sante, pois o tonceito de substância, para se aplicar a um objeto, tam­
bém supõe uma intuição. Em outras palavras, nâa há coisa aiguma
no espaço e no tempo que pos&a ser consi^r^do alma, náo havendp,
porlafitQ, nenhuma perCfpçâo sensfvel, e esta é uma das condições
íundamentais do conhecimento.
As meamas dificuldades, além de outras, enconrram-se na cosmo­
logia racional, parte da metafísica que se ocupa da totalidade do unu
v&rso, Nesse caso, K*nt procura mostrar como a rasão 4 condoida a
afirmativa« antiiÉtlcai, a antinomias resultantes do fato de ela ultrapas­
sar 05 limites da intuição iemível espaçu-tempural e de sua síntese pt-
Idã categorias do entendimento. Quando especula sobre a totalidade
do universo, a razüo tanLo pode chegar à concluso dt‘ que o univer­
so tem um princípio no tempo e limites no espaço, quanto pode afir­
mar’exaiameme o contrário: o universo é infinito no tempo c no espa­
ço. Assim pensando mtuiafisica mente, poder-se-ia dizer que o univer­
so teve necessariamente um começo no tempo porque, caso contrá­
rio, não terij sentido aqurlo que o homem chama "acontecer", ou se­
ja, o fato de que tudo começa a existir num certo momento c cessa
de existir num outrn momento. A antítese, cornudo, tem a mesma for­
ça lógica: se o universo teve um começo no tempo, o que existia an*
tes dele? Para que o universo tenha vindo a existir é necessário que te­
nha existido algo antes dele, mas esse algo obviamente faz parte do
universo, porque o universo ú totalidade das coisas.
A besunòa antinomia da ruz&o refens-se à e&irutura do universo
ro espaço. Sua Lese éiz\ tudo quandu existe no universo é composto
de elementos simples ç indivisíveis; a amítese afirma Que o universo é
composto de eicmenios Infinitamente divisíveis. O adepio da tese ar­
gumentaria que ê& afoo existe e é divisível. como realmente as coisas
são, a divisão rfes&e algo dcvprjn m sítr n u m ccrta momento, som o
que se chegaria à absurda conclusão de que eüse alj;o é uma soma de
nadas. Por outro tarío, o adepto da antítese pôderia argumentar, com
a mesma força lógica, que a* panícyEü, supera mente find is da divi­
são, já que constituem partículas espaciafs, possuem uma cena di­
mensão e nesse caso são divisíveis.
Ao mesmo resultado contraditório chegam as atitmaçõi^ sobre
uma primeira cau^a do universo tterce ira antinomia) e sobre a existên­
cia ou náo exkté-nda do um ser necessário, dentro ou fora do universo-
XIV KANT

Tanto quanto a psicologia e a cosmologia racionais, a teologia ra­


cional (terceira disciplina meiaffeica; padeceria d05 mesmos defeitos.
Kam analisa as prúvas da existência de Deus elaboradas no curso da
história do pensamento cristão, agrupando-as 6m três argumentos
principais: o argumento ontoiiSgko, o msmotógrro e o ffsfco-teológr-
CO.
O argumçnío ontoEógko, encontrado em Santo Arteefifiô
U033-1109) e em Descarta afirma, qüe o homem tem idéia d<? um
ser perfeito, pue necessariamente deve existir porque se não exisrisst
não seria perfeito. Kani mostra que 3 exisitncia é uma das categorias
a priori do entendimento e como tal não tem qualquer validez {como
jâ demonstrara na "Analflica") a não s»?c quando aplicada i inluíção
ftspaço-tcmpoMl.
O argumento immoJógico para provar a existência de Deus con­
siste na enumeração de causas dos fenômenos até se chegar a uma
causa não causada, que sen a Deus. Para Kant o erro dessa argumenta­
ção è óbvio, náo há motive alfium para se cessar a aplicação dh cate­
goria de causalidade*.
Finalmente, o orw;ümento físlco-teolôgico Ctodos os seres da natu­
reza cumprem algum fim, servem para alguma coisa, logo deve haver
um fim último; Deus) utiliza indevidamente o conceito de fim Kanl
mostra que se iraia de um conceito metodológtco, empregado para
descrever a realidade, mas do qual não se pode extrair qualquer outra
consequência, como f.izom os teólogos. Nâo ú lícito, sem se sair dos
limites dii cxpetiüficU}, lir^tr da adequação íi finiiidades quaisquer
conclusáes referentes a um ser superior,
Em síntese* a metafí&fca ultrapassaria todas as limitações ineren­
tes ao ato de conhecer (tal como definido na "Estética" e na "Analíti­
ca" Iranscendentaish foendo afirmaç&es inteiramente Ilegítimas.. Ela
aplica as categorias a prioti do entendimento fora dos límiles da intui*
<“3o sensível: os juízos sintéticos com os quais se apresenta são na w?r-
dade falsos, parque íflo sínteses r»o vazio. A mctaíísica pretende co­
nhecer as cafsas-cm-si e essa é uma pretensão contraditória: o ato de
conhecer, pela sua prúpria natureís, transforma as suportas coisas-
em-si em fenômenos, isto 6 , aparôneías.
A metafísica, contudo, existia há srêculüâ ç Kant se pergunta
quais teriam sidy as razões desse fato. é perfeitamenu? legítimo inda­
gar s* não haveria um outro fundamento que pudesse, núo validá-la
como forma de conhecimento teórico, pois Isso é impossível, mas dar
conta de sua existência. Com essas questóes, trarsita-se para o segun­
do grande probiema que preocupou o filósofo: o problema moral,

O imperaiivo categórico

Na parte fmaf da Çrftica da Razão Pura, Kant afirma que a razáo


nào é constituída apenas por uma dimereão teórica, que busca Conhe­
cer (e ultrapassii os limites do conhecimento], mas tambtfm por uma
dimensão prálica, que determina seu objeto medram* a ação. Messe
sentido, a razáo cria o mundo moral e é nesse domínio que podem
ser encontrados os fundamentos da metafísica. Para dar conta do pro­
blema da moral, Kant escreveu, depois da Crítica da Razão Pura, a
tundamentação da Mptàffcic.a do$ Costumes í 1BB5) e a Crítica da Ra­
zão Prática, suas obras mais importantes ne&sc terreno.
Na Fundam entação da M etafísica dos Costumes, Kant afirma a
necessidade de se formular uma filosofia moral puraP despida, portan-
íor dc tudo que seja empírico. Repetia, assim, no que diz respeflü à
ação humana, as linhas mestras do projeta que formulara ao abordar
o prnblnma do conhecimento. Dçntro dessa perspectiva, a moral é
concebida como independente de toda* os impulsos e tendências na­
turais ou sensíveis; a ação moralmente boa seria a que ohedecesse
unicamente à ler moral cm si me^ma. Esta somente serra estabelecida
pela razão, o que leva a conceber a liberdade como posiulado neces­
sário da vida moral. A vida moral somente é possível, para Kant, na
modiòa em que a razão csrabfilpça, por si só, aquilo que w deva ube-
decer ro terreno da conduta.
Na Crítica da Razão Prática, o méicxlo kantfano é invertido, cm
relação i Funcfemc/rí^çáo da Mçtnífciç$ c/ps Costumes* Nesta, a veda
moral aparece como forma através da qual se pode conhecer a liber­
dade. enquanto na Çrftica cte Razão Prática a liberdade 4 investigada
como a razão dc ser da vida mu rd. Na Crítica da ítarJo Prática, Kam
demonstra que a lei moral provCm da idéia de liberdade e que, por­
tanto, a rgzão pura é por si mesma prática, no senttdg dc que e idéia
racional de liberdade determina por si mesma a vida mural e com is­
so demonstra sua própria realidade, Hm suma, o incondidnnado e ab-
«>luto (inatingível pela ra/ào no terreno do conhecimento) seria alcan­
çado verdadeiramente na esfera cia moralidade; a liberdade seria a
coiba-em-si, o noumenon, almejado pela razáo. Me*se sentido, a ra«
zao prática tem prima/ia sobr& a razão pura*
A Critica da Razão Prática foi dividido por Kant da mesma forma
que a Crítica da Kazáo /'i/m, mas nào se encontra nela uma "Eróti­
ca". Isso st» dtívt> fato de c;ue, enquanto às funções de conhecimen­
to têm como fundamento a sensibilidade espaçcHemporal, a faculda­
de prática e d atividade moral opõem-se a toda determinação sensí­
vel. O elemento sensívol na comportamento moral náo podtí s^r pres­
suposto, tnds, ao contrário, deve aer deduzido da racionalidade pura.
Esse é o objeto da parte da Critica cia Rs/Ao Prática intitulada "Analíti­
ca".
A "Analítica" da Critica da RazAo Pratica distingue, inicialmen­
te, as máJtfíTías morais daí Ims mora rs. Aí primeiras seriam subjol ivas,
contendo uma condiçio considerada pelo sujeito como válida somen^
k* para sua vontade. As leis morais ao contrário, seriam objetivas,
uintendo uma condição válida para a vontade de qualquer ser racio­
nal, Feita* o?sair di&linç&cs, K<ani demonstra que todos os princípios
práticos que pressupõem um objeto ou matéria do querer sáa empíri-
Cúí e não podem proporcionar leis práticas. Esse objeto material do
querer é a feticidade e ela depende da natureza empírica de cada su­
jeito particular, Por conseguinte, as leis práticas podem ser for­
mais. Uma vontade determinada aponas pela fofma da Eei e, por con­
seqüência, independente de todo estfmulo empírico é livre; por isso a
Uberdade e a lei prática incondicionade mantêm entro $i uma corres­
pondência recfproca. Essa lei ê chamada por Kant "imperativo catçgc'
rico", e ele o distingue dos ' imperativos hipotéticos". Este enun­
ciam um mandamento subordinado a determinadas condiçòes (se
KANT

queres sarar, toma remédio), enquanto o imperativo categórico é intei­


ramente desvinculada de qualquer condição, O imperativo categóri­
co formuía-se nos seguintes termos; “ Age de tal maneira que o moti­
vo que te levou a agir possa ser convertido em lei universal". Segue-
se do imperativo categórico que, assim como ele contém apenas a for­
ma da razão (universalidade sem contradição), a razão pura nele im­
plicada é por si mesma prática, dando ao homem uma lei universal
de conduta, que se chama iei moral. £m suma, o imperativo categóri­
co afirma a autonomia da vontade como único princípio de todas as.
leis morais e essa autonomia consiste na independência em relação a
toda a matéria da lei e na determinação do livre arbítrio mediante a
simples forma legislativa universal de que uma máxima deve s-er ca­
paz.
A seguii, Kant, na Crítica da Kazâo Prática, ocupa-se com eslabe
iecer o conceito da razâo pura enquanto prática, isto é, o objeto que
seja um efeito possível da liberdade, do ponto de vista moral. Kant en­
contra-o t o "bem ", que deve ser distinguido do "agradável". O bem
deve ser determinado aprioristiea mente, isto é, independentemente
de todo conteúdo empírico em que sé revele; não deve, pors, se» de­
terminado anles da lei moral, mas só depois dela e mediante ela. Da
liberdade, postulado da ra^ãç prática e seu principio puro, deve-se
d ed u zir toda atividade moraL
A terceira parte da "Anajítica" da Crftka efc Razão Prática ú dodi-
cada ao estudo dos motivos morais, ou seja, aos motivos subjetivos
determinantes da vontade moral. Os motivos devem ser empíricos,
sem contudo lerem origem empírica e natural, tais como o proveito
pessoal e a feHcidade. Assim, o motivo fundamental da moralidade,
segundo Kant, tó pode ser o neipeiro pela lei em si mesma. Esse senti­
mento de respeito ê produzido por um princípio intelectual c é o úni­
co que sc pcce conhecer a priori e cu[a necessidade pode ser com­
preendida. Poder-se-ia dizer que o respeito pela lei nâo é apenas um
motor da vontade, rnas a própria moralidade, considerada subjetiva­
mente como motivo,
A "Dialética" da Crfíics às RàZÕQ Prática estabelece que o sumo
bem ê o sujeito completo e absoluto dn "raaão pura prática". O. su­
mo bem, definido como o acordo entre í) felíetdade e a virtude, cnn-
tém uma antrnomsa: por um lado, o devejo de felicidade deve ser a
causa motora para a máxima da virtude, o que é »mpo&sívH confor­
me demonstra a "Analítica" da razio prática; por üutro lado* a mâxi-
tna da virtude deve ser a causa efteiente da felicidade, o que também
è impossível porque no mundo reina uma conexão de causas e efei­
tos, que não se conforma com as intenções morais da vontade. A solu­
ção só pode ser encontrada admiti ndo-s^ a primazia d* r*z5o p^Stico,
mediante a ié moral na imortalidade da alma e a existência de Peus,
que ressurgem, assim, no sistema kantiano, como postulados da "ra-
2ào pura prática ', A (é moral na imortalidade da alma é necessária
para que se conceba uma vida supra-sensfvef na qual a virtude possa
receber seu prêmio. A existència de Deus, por outro lado, ê necessá­
ria enquanto afirma um ser cuja vontade e cujo intelecto crhm um
mundo no qual não há abismo algum entre o real e o ideal, entre o
que é e o que deve ser,
ViD A EO BRA XVII

A Crítica da Faculdade tf« Julgar

A Crítica da Razão Pura e a Crítica óa Rjz J o Prática opõem a ra­


zão teórica á atividade* moral, o mundo seoàfvd qo reino do inteligí­
vel, o real ao ideal. Poder-se-ia afirmar que constituem dois momen­
tos antitétreos de um processo dialético. A Critica dâ Fatuidade de jul­
gar constituiria o momenlo de síntese, no qual Kant investiga a senti­
mento de prazer e desprazer como uma terceira faculdade fundamen­
tal, indagando se ela, como as demais, possui princípios ã priari. IVa
Ofríta óã Faculdade de julgat, Kant quer ainda saber se existem for­
mas universais e necessárias de subordinação do mundo natural, do­
minado pela necessidade, ao mundo da liberdade, no qual domina a
tdéia dè fim, la( como almeja d razào prática.
Kant distingue na facuídade de julgar dois tipos de juízos: o juízo
''determinante" e o juízo rrreflexionantcr\ Este ultimo, 5 diferença do
primeiro, refere-se à represemaçáü de um objeto, não a um conceito;
refere-se às exigências e estados subjetivos do homem. O sentimento
de prazer e desprazer con-Hítji a fonte do juízo refle*ionante, qut
concilia a faculdade de conhecer e 3 dc desejar, m medida em que
subordina um conteúdo representativo a um fim*
Para Kànl, existem duas espécies de juteos reflexiõnanlts: os te-
leológicas e os estéticos. Nos teleológicos, 0 úbjeto é considerado, se­
gundo as exigências da razão, como correspondendo a uma finalrda*
de objetiva; adaptando-se àquelas exigências, suscita um sentimento
de prazer, Nos juíms estéticos, o objeto ê relacionado com um fim
subjetivo, ou sep, com o sentimento dc eficácia sentido pelo homem
diante desse objeto.
Depois de estabelecidas essas distinções, Kant passa, nà primeira
parte da Crítica oü Facufdadt' dc iuigor, a analisar os juf/t» oiéticos.
Em primeiro lugar, distingue o bçio do agradável e do úlH, mostrando
que o sentimento relativo a estes últimos tem como condição uma
correspondência entre o objeto e um interesse meramente individual
e continente ou puramente raaortal. Ao contrário, no sentimento do
belo, náo ocorrç esse tipo de condicionamento: a finalidade * ífut>
corresponde 0 objêto deve scr inteiramente desprovida de qualquer
intenção e consistir simplesmente no efeito que produz no modo de
considerar as coisas, prescindindo da realidade empírica do objeto,
O que importa no sentimento do belo £ apenas a forma da representa­
ção, na qual se realize a pkrna harmonia entre as funçòes cognoscUi*
va, sensível e intelectual. Como essa Karmonia é inteiramente inde­
pendente do conteúdo empírico da representação e dos condiciona­
mentos individuais, o seniimento do belo resultante é apriõrístrco s,
rntnr) lal, fundamenta a validez universjl e nccessária dos jufcü> csttf-
tteos. Por is*í> também, segundo Kaw, o sentimento do belo £ comU'
nitâuel, embora não possa ser passível de demonstração.
A beleza pura ou livre do rodo interesse pode ser obtida, segun­
do Kant, somente num jogo de formas em que se rt-àliza a harmonia
do pensamento com o sentimento, por si mesmo e sem nenhum signi­
ficado; nas ffores, nas arabescos, na natureza tôílka.
Depois dc analisar o belo, Karii «luda o sublime, pelo quat en­
tende um estado subjetive determinado por um objeto cuja infinidade
XVIII KANT

se alcança com o pensamento, mas não se pode captar pela intuição


sensível, Essa discrepância humilha o homem enquanto ser sensível,,
mas o Süblimp enquanto ser racional, dando-lhe «inseiência do triun­
fo do supra-&ensfvel sobre o sensível O sublime, tanto quanto o belo,
é fonte de sentimento de prazer e é universal.
A obra de arté 6 concebida por Kant como produção consciente
de objeto* que geram a impressão de terem sido produzidos sem in­
tenção. Sua faculdade específica é o gêrtso que atua conscientemen­
te, com necessidade semelhante i das fornmaí naturais, sempre de nia-
netra original e distínguindu-se da atividade cientifica.
A segunda parte da Crítica da Faculdade de fufgar trata do r^ízo
teleoltíg,tee>, segunda forma de Jigação do sensível ao inteligível, do
reai ao ideal, da necessidade à liberdade, do teórico ao prático. Aqut
também fcant indaga quats. as condições de possibilidade a prior! de
tais juízos, examinando a exigência racional que leva o homem a con­
siderar a naiureza do ponto de vista da finai idade. Para Kant, entre o
conhecimento J p rio ti da natureza, dado pela matemática ê peia ffsr-
ca, c o conhecimento dos fenômenos particulares, dado pela expe­
riência, existe uma correspondência finalista Contudo, conhecer de
modo universal e necwssário o processo pelo qual sc realiza tal corres-
pordéneia somente seria possível por uma inteii^ncía criadora dai
formas e, ao mesmo tempo, do conteúdo de suai representações, em
W7 do receber o conteúdo como um dado. A existência de tai espíri­
to rtjo pode sér demonstrada; iraia-se de poslulado da razâo prática
que formula um juízo Icíleolftgico gerai, soiuctonan-do a amiies^ e-ntre
mundo Sftrwivél e lei moral n.s totolidado da natureza e subordinando
o primeiro h secunda.
Os juízos teleolÓRicos particulares (nos quais se afirma a adequa­
ção do um fenômeno particular a determinado fim} somente sáo posif-
veis com relação a objetos nos quais o próprio fim seja imanente a
eles, tsíú significa que se trata de objetos de criação Humana. Contu­
do, emborn na natureza domine em í^ a l o nn.ecanid:.m<j, existem os
fenômenos. btúlótficus que se apresentam "como se" a idtfia de todo,
enquanto fim, determinasse a estrutura de cada parte do wr vivo, O
conhecimento ctentíítco deveria investigar atí onde £ possível o nexe
cauüal entre os fenômenos biológicos, mas o falo inexplicável da vida
em geral imporia, secundo Kant, a passagem ao juízo teleolágico.

Cronologia

1724 — tm m anuci Kant naset* u 22 d t ab ril em Kõrttgfberg, Prú ttiâ.


1727 — Morre Isddi: Newion.
1? J B — Pu blicação do Tratada sobre*.? .Estarem H im u im . j principal obra
de D avid Hum e
1742 — Nasce jühnnn CottMeb fich re.
17*5 — PuhticnçÀo dc Ü Único Argumento Possível pata uma Pemonsíra-
çào da Ejifiicricid de Deus, de Kant.
17ÍIÍ1 — Fuhikam-se os 5-onhos de um Visionário, Interpelados Mediam,«
o; Sonhos dí1Metafísíca, dc Ksm
1770 Kjnt aprvsenta à Universidade dc Kõnigsberg a Difrertação sobre a
Forma e os Pfincípios da Mundu Sensível e do Mundo Inteligível. Nasoe
Geor^e Wilhelm Frwídrfch Hegel.
1781 — fànf publica 3 primeira edição eh Crítica da Razão Pura.
1783 — PuhJirj os Pfoleftônrieno* a Qunlqypr Metafísica Fulura que PuiSa
Vír a Ser Cpnslçfcriida çqííio Ciênda.
1705 — ft/frrtr? 0-f Fundamentos da Metafísica dus Costumes.
178« — Pübiíca ^Crfrira cfa Raíáo Prática.
1789 — A 14 de julho, eclode a Revolução FnnrpM: t> povíi toma. a Basti­
lha.
1790 — PubíkaçAa da Críi c.i da Faculdade de juli^r,
1793 — Karri publica A Religião dentro dos Limites da Simples Razão.
1798 — Pubifca O Conflito das Famldade!;.-
1B04 — M o rro à 1 2 d e fp v erp ira ,

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CRITICA
DA RAZÃO PURA
DE
IMMANUEL KANT

Professor cm Königsberg. Mem bro da Academ ia Real das C iê n c ia dc Berítm.


Sepurda edição revista c írcIh o rad iL 1737*

T i t u l o da seg u iu jíi « d iç ã o i l e m ã : Ç / iiJ í rh r i'efflurr K t u w j / / vj>[| Im cncw ucl K jt n i, P ro fts iO f ifi K ú m g íb c t s .


Jw Kunigl' Akademie da Wi.^iaiachalVcn in Berlin Mitglied- Z^cyic hin und wieder Vcrbcucrlc Auflage.
R u a. bcy JúhaftFl Friedrich Hart kroch l?Ä7.
NO TA SO B RH A P R E S E N T E T R A D U Ç Ã O

EsLa tradução brasileira da Critica da Razão Pura de Immanueí Kant apre


senta ti texto completo da segunda edição original dc 1787. Sobre a primeira
edição de 1781. a nova versão kantiana contém ampliações ou reelaboraçò£5
da Introdução, de panes da Estética Transcendental, da Dedução dos Coneciioiá
Puros do Entendimento, do capítulo sobre o Princípio da Distinção de Todos
os Objetos em Geral em Fenômenos e Noumenos, da Refutação do Idealismo,
da Nota Gera! sobre o Sistema dos Princípios c dc capítulo sobre os Paralogis
mos da Razào Pura. Das vantagens da segunda edição em confronto com a pri­
meira 0 próprio Kant informa-nos no Prefácio correspondente.
Ató a sétima edição de 182JS rcproduziu-ae somente o tixto desta segunda
edição. A partir d c 18 1 5 , entretanto, teve início com Jacotíi uma discussão sobre
as vantagens e desvantagens <ia& duas primeira* edições m re si. A propó.^ilo
dessa discussão, que ainda envolveu sobretudo Schopenhauer. Erdmann c Fb-
chcr, o íettor intífessado ubturú informaçòcs no Prefácio de C, Gcmile à sua
tradução italiana da Crítica, Bari. Fditorc Laterza. IQS1), página X II t? seguintes.
Nossa tradução teve por base o texto alemão editado por Wilheim Weische
del em [nsol-VerIng Wiesb.idtsn. I*>56, reproduzido pela Wisscnschafitichc Buch
gcscJlschaft, Darmstadt. ! 9fi8; Immanuel Kant. W e rk c in zehti 8 ãtfden. vol^ 111
c IV. Para consultas rccorrcmos constamcmonte ü edíçik) dü C r it ic a ú t Ráymund
Schmidt. 1930a. reproduzida fielmente por Verlag van Felix Mdner, Hamburg.
1956, bem como ao texto da Kocniglich Prcussisehon Akadecnie der Widens
chaftcn, vol. Ill* segunda edição de 1787, reeditado por Walter de Gruyter. Ber
lin, 1968. Para dirimir duvida^ sempre que nos paroceu necessário cotejamos
nossa tradução com outras, ora adotando suas sugcstòes. ora do mesmo modo
que cl&i segumdo uma interpretação própria do frequentemente ambíguo texto
kantiano. Foram as seguintes as traduções de que fixumos uso: a inglesa de
Norman Kemp Smith (1929), editada por St. Martin's Press* Ni^w York: a italia­
na de G. Gentile e G. Lombardo R adice (J^Oy) na sua versão revista por V.
Mathieu (1958), editada por Laterza Bari; a italiana de Giorgio Colli ( l ‘>57\
editada por Giulio Einaudí: a francesa de Tremeiaygucs et Pacaud (3905), edita­
da por Presses Univcrsitaires de France, Paris; a espanhola de Jua.il B. Bergua
(1970J ), editada por Clasicm Ker&ua. Madrid.
Foi-nos impossível incluir cm nossa tradução as variantes da primeira edã
4 KANT

çâo de I7 B L Em notas referimos as principais discordância entre as várias fidi


ções ulteriores a respeito de alguns termos empregados por Kant* carentes de
sentido ou contendo supostamente erros dc impressão. Com o fim de faciUiar
ao.leitor o confronto com o fexto original, incluímos à margem a paginação
da segunda edição de 1787* lâmbém denominada Edição R.
Procedemos a uma cuidadosa revisãó do texto parcialmente publicado no
votume X X V d e "*Os P e n s a d o re s ” : Kam t primeira edição de 1974* O mesmo
fizemos com respeito ao texto completo que entregáramos anteriormente à Edito
ra Abril, melhorando sensivelmente a tradução em conjunto. Sobre muitos tef-
mos ensaiamos uma primeira tradução brasileira, na esperança d t que o crítico
leitor forneça <t sua contribuição p&ra aperfeiçoá-la n o futuro* Pois fazemos nos­
sas as palavras de Gentile: “ in questa specíe di lavori, per sForri chc si faccia
di acuratezza, non è dato mai di toccare la perfezione**.
 participação de Udo Baldur Moosburgicr deve-se que a tradução tenha
podido ser tevada a termo com algum succsso, Hcínrich A. W . Bunse merece
o noaso rccanhccimemo püla tradução das citações latinas* e ior&e A. H. P o iz o
bon pela colaboração na revisao do textú em conjunto.
Resta desejar que esta tradução contribua para a renovação c a criatividade
filosófica» cm nosüo meio. dc acordo com o espírito da Crfcica d& Razão Pura
que c o de formação dc um pensamento crítico c independente. Sc deste modo
quisermos avançar além de Kant. leremos que percorrer antes com ele o caminho
que ele próprio abriu c que nos defronto com a única alternativa do pensamento
do futuro: “ Somente a caminho crítico ainda está aberto’*.

V alerio Ruhdcn

Em 8 de setembro de I97&,
i BAC O D E V E R U L A M IO . fnstauratio magna. Praefatîo
De nahis ipsis silemus: De re auiem, quae ugitur, petimus: ut homines earn
rtQfi Q p in in rte m , $ed O p u s Ç S.Í? c Q g ife itt; a ç p w çer'tü h a b é ù n ir rtQri S v ç t a ç riOS
alien lu s, aui PíactiL sed uliiitaiis el amphtudims human ae fundaments m&tiri.
Deirtde ut sain commodts aequi... in commune cv/tsu faut... i'i îpst i/t partem re­
nient. Prceterea ut bem sperear, neque histauratioiter» nosimm ut ijuiddam hxfi-
nilum et ultra mortaleßngaaii et animo canCipiant; quum révéra stl infinîtî erflj-
rfsßttis et rerminus legitimus?

BACON DE VE RU LA ^Q.itistaured^Magpa. Frefáek».


Dc nosso peiicrti fitem iam ot: Qwhtta ert {>rtr rm, dc que se iraia eqiif. peéfm os que ar fi&tn-rtts a
lírjFTírtÍpv-^jJT não uma srmjrtes apiniaa mas, J r ja m . «rta obrai -f tenham a çeftesâ ett que nüit jr fraia tf»
fundaçâa d e ttnr striía ov da justificação d í 1ritm íifSut. r«<ij JV Juridíimeutação iíií interesse e íía lifgniiiatf?
ttumüncí, Que. cniõo. t a dfa um , no séu p ró p rio interçsse.., aitnd a of* bem com u m .» e í2 tm p e a k è p n r (‘ Se.
A fin a l, que cada u a it-nfiB im a f i é rtãoJulgue a m s t ü fasHtUfelio algu infinita mt a U ran ^ '2 l ; u efimpteen ■
d a : p ois, em verdade, êfa tignifica a f i m f <1 d êridn iprm inp jt( um ít*t£tiO tirro. [O s lu g a re s p an tj thadoi, rtnar-
a t m iü a b r :v i n f õ « d D tento J c B a c a n p o r K ^ai). N . T .l
/ A SU A E X C E L Ê N C IA
O S EN H O R M IN IS T R O R E A L DO ES T A D Ü
B A R Ã O D E Z E D L IT Z

/Excelentíssimo Senhor,
Trazer a sua c o n L rib u iç à o ao crcsclmcmo da$. ciências significa ixabalhar
no próprto irttertísse de Vossa Excelência; pois ambas as coisas acham-sc estreita*
mente ligadas, não somente peias eminentes funções de um protelor* mas também
pela relação muito mais ín tim a dc um amante c dc um tonhcetdor esclarecido.
Por ií&o, sirvo-me também do único meio tle certa modo em meu poder ppra
demonstrar a minha gratidão pcl» benévola confiança com que Vossa-Excelência
me honra, como se eu pudesse contribuir com algo para esse propósito,
/ A mesma benigna atençãt) com que Vossa Hxcclcncia honrou n primeira
edição desta obra. dcdico a$ora tambán cs ta sugunda ecom ela ao mesmo [tm-
po tudo o mais que se refere à minha missão literária, e sou com o mais profun
do respeilo
de V üüsu Excelência
o m ais humilde c obediente servidor
tmmanucl Kant.
/ Prefácio à Segunda Edição

Sc a elaboração dos conhecimentos pertencentes ao domínio da razão segue


OU não o c a m in h o seguro de uma ciência, ê julgávet logo a partir do resultado.
Quando após muito preparar-se e equipar-se esta elaboração cai cm dificuldades
tão logo se acerca do seu fim ou para alCançá la. precisa freqüentemente vôN
tar atrás e tomar um outro caminho: quando se toma igualmente impossíveí aos
diversos colaboradores porcm-sC de acordo sobre a maneira como o objetivo
comum deve ser perseguido: então se pode ístar sempre convencido de que um
tal estudo achate ainda bem longe de ter lornado o caminho fte&uro de uma
ciência, constituindo-se antes um simples; tatear: e já ç um merito para a razao
descvbrir porventura tal caminho, mesmo que se tenha que abandonar como vã
muita coi&a contida no fim anteriormente proposto sem reflexão,
i Que a Lógica tenha segttido desde os tempos mais remotos esse cominho v;n
seguro depreende-se do frito de nào ter podido desde Amtôteles dar nenhum pas­
so atrás, desde que não çe considere melhorias a supressão dc algumas sutilezas
dispensáveis ou a determinação mai$ clara do exposto, coisas pertencentes mais
à clegânda do que à segurança da ciência. Digno de nota ainda que até agora
tampouco lenha podido dar um passo adiante, parecendo, portanto, ao que tudo
indíca. completa e acabuda. A tentativa dc alguns modernoü de a ampliarem,
interpolando capítulos seja psicológicos sobre as diversas capacidades dc conhe­
cimento (a Imaginação, o sernido de humor), .seja meiaftsicós sobre a
origem do conhecimento ou sobre os vários modo*» dt certeza coflforme
a diversidade dos objetos (sobre o idealismo, o ceticismo etc.). seja anttôpoíógi»
cos sobre preconceitos («tuas causas c seus antídotos), provém da sua ignorância
peculiar desta ciência. Confundir erurú $i os limites das ciências nào constitui
um aumento e sim uma desfiguração das mesmas. O limite da Lógica. pcirém,acha<
se determinado bem precisamente por ser uma ciência que expôe detalhadamente
e prova rigorosamente / nada mais qu<? regras formais dc todo o pensamento ix
{seja a priori ou empírico, tenha a origim ou o objeto que quiser, encontre cm
nossa mente obstáculos acidentais ou naturais).
A Lúgiea deve a vantagem de seu sucesso simplesmente ã *ua limitação,
pela qual está autorizada e mesmo obrigada a abstrair dc todos os objetos do
conhecimento bem como das suas diferenças, de modo a que nela o entendimento
tem que lidar apenas consigo mesmo e tom sua forma, Para a razão tinha natu-
JO KAN T

ralmente que ser muito mais difícil encetar o caminho seguro da ciência, pt>slo
que precisa ocupar-;>c não somente de si mesma, mas Lambem de objetos. Por
isso» Lambem como propedêutica a Lógica constitui apertas uma espécie de veslí
bulo das ciências: quando se fala de conhecimentos, pressupõe-se uma Lógica
para julgá-los. mas se tem que procurar adquirir os mesmos nas próprias e objctl
vameme assim chamadas ciências.
Na medida cm que deve haver razão nas ciências, algo tem que ser conheci­
do neías a pripru e o conhecimento da razáo pode ser referido dc dois modos
'4U seu objeto*, ou meramente para / determinar este e seu conceito (que precisa
ser djido alhures) ou também para forné b real, O primeiro é cúrfheçimmto teóri­
co, o segundo, conhecimenio prático da razâo. Nao importa quào grande ou
pequeno sejii o seu conLeúdo. a parte puta de ambos, m u seja. aquela em que
a razão determina o seu objeto de modo completamente a priori. lem que ser
exposta antes sozinha, «m com da mesclar o que provém dc outras fontes; pois
constitui: péssima economia gastar cegamente todos os ganho» sem poder distin­
guir depois quando cia emperra, qual parte dos rendimentos pode arcar com
ú despesa e dc qual pane se deve cortá-la.
Matemática e Física são os dois conhecimentos teóricos da razâo que devem
determinar os seus ob/etux a priori. a primeira de modo inteiramente puro. a
segunda dc modo pelo menos cm parti: puro. mas tomando ainda como medida
outras fontes dc conhecimento que nào as da razão.
Desde os tempos mais rcmoios alcançados: pela história da razâo humana,
já com o admirável povo grego, a Matemática encetou o caminho seguro de
uma ciência. Só nào sc deve pensar que lhe lenha sido tào fácil como á Lógica,
na qual a ra/ão só se ocupa consigo mesma, encontrar esse caminho imperial
ou. / mais ainda, iraçá-lo para si mesma. Creio antes que tenha permanecido
por tongo tempo (sobretudo enirc os egípcio a) no simples tatear, c que essa trans­
formação se deve atribuir a uma revolução realizada pelo lampejo feliz de um
único homem, numa tentativa a partir da qual não se podia mais errar a trilha
a seguir, e assim o caminho seguro dc uma ciência eslava encetado e traçado
para iodos os tempos e distâncias infinitas. A história desta revolução na maneira
de pensar, aliás muito mais importante do que a deseoberta do caminho do famo­
so Cabo ida Boa Esperança), bem como a da Feliz pessoa que a levou a efeito,
nao chegou até nós. Nào obstante, a lenda transmitida a nó* |>or Diógenes Laèr-
cio — que nomeia o suposto inventor dos. elementos mínimos das demonstrações
geométricas, os quais nào precisam de qualquer prova segundo o juízo comum
— prova que a lembrança da transformação produzida peio primeiro passo no
descobrimento deste novo caminho tenha parecido extremamente importante aos
matemáticos e se lenha tornado por isso mesmo inesquecível. O primeiro a de­
monstrar o triângulo equilátera {tenha-se chamado Tales ou tenha tido outro no­
me qualquer) leve um lampejo, pois achou qw. f nào devia rastrear o que via
na figura ou o simples conceito da mesma para através disso aprender suas pro­
priedades, mas que devia produzir (por con^ruçào) o que segundo conceiLus ele
mesmo introduziu pensando e se rçpresctupu a priori e que, para saber dc modo
seguro algo a priori, nao precisava acrescentar nada â coisa a nào ser 0 que
C R IT IC A D A R A Z Ã O P U R A u

resultasse necessariamente daquilo que c^c mesmo havia posto nela conforme
u seu conceito. .
A CièncEa da Natureza desenvolveu-se multo mais lentamente até encontrar
u laTgo caminho da cíencia, pois fax apenas um século e tudo que a proposta
do engenhoso Bacon de Verulamo em parle ensejou esta descoberta e cm parte
a ativou, uim vez que já se andava em seu encalço, c que igualmente so pode
ser explicada por uma súbita revolução precedente na maneira de pensar. Nào
pretendo considerar aqui scnSo a Ciência da Natureza, na medida em que está
fundada em princípios empíricos.
Quando Ga l: teu deixou sua,s esferas rular sobre B üupcrfície oblíqua çora
um peso por ele mesmo escolhido* t>u quundo Torricelli deíx«;u □ ar carregar
um peso de antemão pensado corno igual o de uma coluna de água conhecida
por cie, ou quando ainda mais tarde Staíü transformou metais cm cal c esta
de novo / em racial retirandn-lhes ou restituindo-lhes algo:* íjssv foi uma revela- sin
çây para todos os pesquisadores da rtaiureza. Deram se conta que a. razão $6
compreende o que ela mesma produi se&undo seu projeto, tjue ela leria que ir
à frente com princípios dos $eus jutxos segundo Ids constantes c obrigar a nature­
za a rcspvnder às suas perguntas, mas fiem se deixar conduzir jx>r ela ciimo
se estivesse presa a um laço; do contrário, observações feitas ao acaso, .sem um
plano previamente projetado, não se imerconectariam numa lei necessária, coisa
que a ra*ão toduvia proeuru s necessita. À raráo tem mxa ir à natureza tendo
numa das màos os princípios unicamente segundo os quais fenômenos eoncor
dantes entre s! podem valer como leis, e na outfü o experimento que ela imaginou
segundo os seus princípios, claro quo para !.cr ínsiruidn pela natureza, nüo porém
na qualidade de um aluno que se deixa dkar ludo o que o prníe&àpr quer* mas
sim na dc um jufo nomeado que obriga as testemunhais a responder às perguntas
que liies propõe. L ussim até mesmo i\ Física deve a tão vantajosa revolução
na sua maneira dc pensar apenas à tdéia de / procurar na natureza (nào the *iv
imputar]. segundo o que a própriu razão cata ca nela, aquilo que precisa aprender
da mesura e sobre o que nada poderia wiber por si própria, Airavcs di.^o,. a
Ciência da Nnmrc/;i fo! pel:t primeira ver. pouu caminho »çguto dc uma ciên­
cia, já 4ucr por muitos séculos nada mais havia sido que um simples tatüar.
A Mèiafísica, um conhecimento ospcculuiivu da rasslo inteirameiue isolado
que através de simples conceitos (nào como a Matemática, aplicando os meamos,
a intuição), se eleva compluiamentc acima du çnsinamento da experiência rva qual
portanto a razão deve ser aluna de si me.sm;», nào teve nLc: attira um destino
tão favorável que lhe permilisüe encetar o caminho seguro de uma ciência, nào
obstante ser müis antign do que Lodas a& demais e dc que sobreviveria mesmo
que ajs dentais fossem tragadas peln abismo de uma barbárie que a tudo extermi­
nasse. Pois a razão emperra continuamente na Metafísica, mesmo quando quer
dar-se conta a priori (como se arroga) daquelas lei* confirmadas pela experiência
maiü comum, tsfela $c precisa reLomar o caminho inúmeras vezes porque se des
cobre que não leva íiondc se quer t. no tocante à unanimidade das / afirmações xv
5 N S íi sí£t> a q u i e x a titm e m ? Ü fiu dn h i^ ü r ia d o m é iu d o euperimental, c u jn c p m m írJic is n ilo s ã o *0411«-
bk:mCOÍlhCCidOis,
KANT

<Jos seus partidários, ela st encontra dc Lal modo distante disso que constitui
ames um campo de batalha mui propriamente destinado a exercitar suas forças
no combate simuíado, campo onde ainda combatente algum conseguiu conquíâ-
taf para aí o menor lugar c fundar urns pu.vàc duradoura sobre esta vitória. Seu
procedimento constituiu até hoje. sem dúvidü alguma, um mero taiear c, o queé
pior, entre meros conceítòs-
A que se deve o fato dc nào se ler podido aqui encontrar ainda 0 caminho
íseguru da ccência? É porventura impossível? Pois dc onde a n íu u re z u incuJiuu
cm nossa razão a aspiraçãu incansável dc rastreá lo como um dc seus interesses
mais importantes? Mais ainda* quào pouco motivo temos para eoflfiar em nossa
razão qunndo nao só nus abandona num dos aspectos mais importantes da nossa
ãnsia de saber, mas ainda nos entretém com simulações e por fim nos ludibria!
Ou ernâo só terá sido errado até agora? Em que indícios podemos nos apoiar
para esperarmos ser. numa renovada tentativa, mais felizes d.ü que outros o foram
até agora?
Eu deferia acliar que Os exemplos da Matemática e da Ciência da Nalun;*a,
nvi as quais kc tornaram / o que agora sao por uma revolução levada a efeito de
uma só véi, scri&m «ufictcniciticiilc notáveis para lazer medicar .sobre 03 cícmcn^
los essenciais da transformação na maneira de pensar que lhes foi tào vantajosa
Cv na medida cm que o permite sua analogia com 0 Metafísica como conhecimen­
tos da razão, para imitá-las nissa no menos como tentativa. Até agora se supôí!
que lodo 0 noft>io conhçcimunto linhu que se regulai1 pçlos objetos; porém todas
as tentativas de mediante conceitos estabelecer «ligo a priori sobre os mesmos,
através; do que ampJiana o nosso cunhedmcntv, fracassaram sob esta pressuposi­
ção. Por ís.so tente-se ver uma ve/ se rtâo progredimos melhor nas tarefa^ da
Metafísica admitindo que oü übjetos lem que se regular pelo nosso conhecimento,
o que çoncorda melhor com a requerida possibilidade de um eonhficimcmo a
priori dos objetos que deve estabelecer itíg.o sobfe os mesmos antes de nos serem
dados. O mesmo aconteceu com os primeiros pensamentos de Copérnica t|ue,
depois da,s coisas não quererem Andar muito bem eom a explicação dos movi
mentos celestes admitindo-se que lodo o exército dc astros giravft em torno do
espectador, (eniou ver se nào seria melhor que o espectador se movesse cm torno
x vji dos a^ros, dcix-sindo csu» em pai. Na Metâfí&ica pode st cntac / tentar algo
similar no que di?. respeito ã intuição dos objetos, Se a intuição tivesse que sc
regular pcJa natureza dos objetos, não vejo como se poderia saber algo a priori
a respeita da ultima; se porém o objeto (como objeto dns ^entídos) se regela
pela «aturcia dc nwssa faculdade de intuição. posso então representar-me muito
bem am# possibilidade. Como não posso deter-mc nesias inluiçoes caso devam
tornar-se conhecimentos, mas preciso referi-las como represemações a algo corno
objeto ç determinar este através daquelas, posso entâo ou aocitar que osconecaos
através dos quais realizo esta determinação também se regulam pelo objeto* e
entâü me encontro de novo no mesmo embaraço quanto ao modo como posso
*aber algo a priori a respeilü. ou então supor que os objeto^ ou, o que 6 u mesmo,
a experiência unicamente na qual são conhecidos (como objetos dadosK se regula
por esses conceiios. Neste Ullímo Caso. vislumbro imediatamente uma saída, mais
fácil porque a própria experiência. é um modo de conhecimento que requer enten­
dimento, cuja regra tenho que pressupor a priori em mim ainda antes dc me
serem dados objetos e que é expressa em conceitos a priori. pelos quais, portanto
todoü os objclos da eitpericncia / Lem necess-ariámente que üe regular e com des xvm
concordar. Çom respeito aos objetos, na medida cm que apenas pensados pela
razâo, e isto necessariamente, sem porém (pelo rneno^ do modo como a razão
OS pensa) poderem de maneira alguma ser dados na experiência, as tentativas
de pensá-los (pois tem que ser possivel pcnsã-los) constituirão mais tarde uma
esplcnduiy pedra-de toque daquilo que tomamos como u métodu transformado
da mançira de peusiir, a saber, que dax coisas conhecemos a priori só o que
nós mesmos colocamos nelas-3
Efcia tentativa alcança o èxito desejado e promete à Metafísica < ,>caminho
ücguro de uma ciência na sua primeira parte* na qual se ocupa com .conceitos
a priori / cujos objetos correspondentes podem ser dados adequadamente na cx xix
pericncia. Após esta mudança na maneira de pensar. pode-se com efeito exptíear
muito bem a p-us^bilidade dc um conhecimento a priori e, mais ainda, dotar
de provas satisfatórias as leis que subjazem a priori ã nutureza enquanto conjunto
dos objetos da experiência,. coisas impossivds secundo a maneira de proceder
adotada até agora. Entretanto, na primeira partç da Metafísica esta dedução t)a
nossa faculdade de conhecer a priori conduz a um estranho retiulutdo aparente­
mente muito prcjudkiíil a« inteiro fim da mes-rna e do qual se ocupa sua secunda
parte, a saber, que com esta faculdade jamais podemos ultrapassar oü limites
da experiência possível, o que c juslümerttc o interesse ússcncial desta ciência,
Mas aqui j reside precisamcrtle o experimento de uma contraprova da verdade xx
do nusulutdo daquela primeira apreciarão do conhecimento ít priori da nu$$a ra­
zão, ou seja. que e!c só se rcfyre a fenômenos-, deixando ao contrário a coisa
em si mesma de lado como reül para $u mas não conhecida por niw. Pois o
que nos ímpdc necessariamente a ultrapassar o& limites da expencncia c dc todos
os fenômenos c o ineomfícionadu; nas coisas, cm si mesmas, a razão exige 0
últímo necesiaria.meme com todo o direito para todo o condicionado, c median
tc tal a eompleiutlc da s£nv das coiuliçoc-^ Admitindo que o nosso conhecimento
dc experiência st regute pelos objetos como coisas em si mesm;i$, ver sç á que
o incondicionado dc maneira alguma pode ser pensado sem contradição: udmitin
do*SC em contrapartida que a nossa representado tíoisüs como RO,s >ào dadas,
se regule não por cslüs como coisas em si mesma*, mas anies que esies objetos*

• lisur mciücfu copiado üo mv<»iíJíiiLtof tia jjiilurcza ecm&isw. portano. no « e iiin ií: prrvçur-jir o-. ífcinrmos
da W2MI pura naquilu qus potlt «■/ corrfirnviíln AU nfulado par wn ttperim nuç. Orn, não c possível faicr
nenhum cxpcrimcntii ^um <■* objiswi; da r^iàu pura (cumrt na Cíckuíji cIji Kaiurer.fi) piLra ímIm iua.s propôs»
í< ihrr< iquando ulirupuaMur Tcduj u i imslics, <Jtt SKpífiériiia possível: ponsnlo. ÍS£D WÍ wrá
ftwitvcl coro conetirax c prfrictpius itcciio;- por n6s ü priori rta modiílri ím que forem di^uvioR. dc lul
m otiu ^ u c o s mcviricK oCãúCuü po^aani ser cúteitleradoti' (IcmJc doks aspcciOS diverw«., p o r u m lado < o tn o
libretos dps scrúdus f a à o enifridun-ail ti çnira a wperièncii. p o r n u m i tn d a pofêit* como. objmos apenas MS
pensadus, quer cííwr, conto objeta éa im I í>úttJüda q«e aspira dtuur-sç qcima (Ioü IgmHtrüda «xperiÉnda.
Ora. í f un sç-crwisiJcrnr a £ cuíã»!s ctcidc iu|iidc duplo pujiin dc vi na ocorfer A Çí-incoíd^Lociu com o priucípit*
da riízio pura c sc dCiílc um m» punto dc vísia surgir uni iflivitàvel OonFlitn íla r.ufiio consi^ menrnti,
BC&IC CÜSC3a cxpcrimtnio dleúaüc pela jiKie/»d*t|uçJa disddçáü.
14 KANT

como fenómenos se regulem pdo nosso modo dc representação, ver-se-á que a


contradição desaparece; conseqüentemente, o incondicionado precisa ser encon
trado não em coisas na medida cm que as conhecemos (nos são dadas), mas
sim nelas na medida em que nao as conhecemos, como coisas em si mesmas,
evidenciando-se assim que é fundado o que inicialmente admitíamos apenas a
xxi título de / tentativa.4 Após tçr sido negado à razão espcculatív-a lodo o progresso
neste campo do supra-sensível, agora ainda nos resta tentar ver se no seu conheci­
mento prática não sc encontram dado& para determinar aquele conceito racional
Eranscendcme do ineondicionado e, deste modo* dc acordo com o desejo da Me­
tafísica^ conseguir elevar nos acima dos limites de toda a experiência possível
com o nosüü conhecimento a priori, mas possível somente com propósito prático.
Por meio deste procedimento a razão especulativa ainda assim nos conseguiu
pelo menos lugar para tal ampliação, embora tivesse qúe deixá-lo vazio, e ainda
5íStJ somos por consegilirtLe iivres. e a tanto até exortados por cia. a preenchê-lo, /
se o pudermos, com dados práticos da mesma.
O objetivo desta Crítica da razão pura espeCuiaUva eonSLStçjiaquda tentati­
v a d c transformar o procedimento tradicional da Metafísica c promover através
disso uma completa revolução na mesma scyundo o exemplo dos geòmetras e
investigadorea da natureza. È urr tratado do método c nao um sistema da ciência
mesma; nào obstante traça como que todo o seu contorno, tendo em vista tanto
JOíiu os íseui litnites como / tambem toda a sua estrutura interna. Pois a razâo pura
especulativa pojwui a peculiaridade de que pode «deve medir a sua própria faeuJ
üade segundo as diversas maneiras dc escolher os seus objetos de pensamento,
bem como cuumerar completamente os vários modos dela se propor tarefas e
traçar assim todo o esboço dc um sistema da Metafísica. Cnm efeito, no que
diz respeito ao primeiro aspecto, no conhecimento a priori nào .se pode acrcscen>
lar aos objetos nada a nàü sçr o que o sujeito pensante retira de si mesmo c.
no que di* respeito ao segundo aspecto, com referencia aos principias do conheci­
mento a razão pura especulativa ê uma unidade que subsiste por si dc um modo
bem peculiar c na qual, como num corpo organizado. Cada membro exisu» cm
função dc todos os demaii e iodos u$ demaix em funçào dele* e assim nenhum
princípio pode ser tomado eom segurança tmma relaçao sem ter sido ao mesmo

* tis te e x p e rim e m u ria rm ãrv p u fa tem m u iio cm co m u m c o m o q u e os qu ím ico i c h am am fteqiic-m cm cnie


de en&aitf d e r&Juçân. cm gertri p orem d e prvctdinuem G fiirrtfttco. A anáfine d o m fín físico s a p a ra u o c o n h c c i-
n ic m o jiu ro a p n u ri em d o is d e m e n t o í miLtio d f m iu a .it a c n lv r, a <U* ouia«.v c ü m o fcnúwcnuH < o d«»
tu ls a 3 firo ül roes m as, A (ítaiéSica Ií&q d e rio-vn a m b ò s p qr« lo rrw -!« !. u n á i t a u * c o r i a wJcia ra c io n a l w c c s s i -
ntt dú) incrintfiiioníiítft c d c íç u b rü ç u e e n ti im n.«iirik]adc ja rn u r. vem ã l u i .«r.rtfj a t r a v è i daqu&ta. d isíin ç ã n ,
que ç . p o n s n iu , a v w d a fc ira .,
r' Dc&jhí modo. á * Jeis. uenixaiii p a v i m e n t a s (io s C urp os OClMtO.s p m p A rd n n a rc i « U í í ü manifeam á o
<jue Cvpèrmcii lymcnl iniçi&Jttentc a j com o hipótese, priivandn no m ^ in o tempo a fuiq a invisível que Jiga
-i c siru tu ra <U't m u n dn (a airaç-tQ dt* ,\'rH ’rí>rtV n q u a l le ria pernm Etcckto pana uem pre o e u Jía ru«i h o u ve sse
0 primeiro íiusado, dc mántira puratkvtaJ tna* verdadíira, píLHairar os ■novi.cncnios observados não nos
ot>Jclift cclesits. mu»- no sen «pç«Lador. picÍM Ío. erijo a transfodnaçíLfi da mineira <Tc pensar ctiposu
ou Crítita apceias çamu hipótese ú anianor, embora no tiaifido mesma seja provada nàn hipoélitji,
mas pp&dttkamenw peJã n«4u.rC2A laniodas núsüas representa^iwi do espwjo t do irmpwj quarnu ooiconeti-
le s cEctitcaU TíS du en ten d im en to a fim d e rbam íu- * a w n^ao par a a s í>f‘ »niüriui ic n iu u v a i d i u m a ial t r a iís fw -
mMçàú. são Kcmprc HtpotÀticaiu
CRÍTICA DA RAZÃO PURA IS

tempo investigado na sua rdâçãu universal com rodo o uso puro da razâo. Para
tanto a Metafísica Lam bem possuí uma r a ra felicidade da quaL n ã o pode partici­
p a r nenhuma outra, ciência da razão q.ue tenha a ver com objetos (pois a Lógica
só se ocupa com a forma do pensamento em geral), a saber, que urna vez conduzi­
da por esta Crítica ao caminho seguro de u m a c iê n c ia poderá ubrsinger completa­
mente todo o campo dos conhecimentos a e!a perienceni.es / e* por conseguinte, xxw
cuncluir sua obra. podendo tegá !a á posteridade como um patrimônio utilúávc!
jamais a ser aumentado, p o is ela se ocupa somcnie com princípios c com as
limitações do seu uso determinadas por aqueles mesmos princípios. Como cién
cia fundamental, por conseguinte, também está obrigada a essa compkiudc. e
ddu deve pt>der ser dito: nil acSum repuians, si quid supefessel agendum.0
Mas quu tesouro é este. pcrgtinlar-sc-á, que pretendemos legar à posteridade
com semelhante Metafísica purificada pela Crítica t* conduzkh pnr esse meio
a um estado duradouro? Com um lance superficial de olhos sobre esla obra.
acred itar-çe-á perceber que sua utilidade seja somente n eg ativa, ou seja, de jamais
ousarmos tkvar-nos com a razão especulativa acima dos. limites da experiência,
e esta é, na verdade^ &üa primdra utilidade* Hía f« tornará porém imediatamente
positiva nos dermos conta que os principíos, com os quais a ra/.âo especulativa
sc aventura além das seu? limites, dc fatn têm como inevitável resultado, se o
observarmos mais dc perlo, nâa uma a m p lia ç ã o , max uma re striçã o do uso da
nossa ríuãü na medida em que realmente ameaçam estender sobre todas as coisas
os limites da sensibilidade à qu:il pertencem propriamente, / ameaçando assim xxv
anular o uso puru (prãlícoí da razão. Por isso. uma Crítica que limita a rajtSa
cspecuUtiiva nesut medidar negativa; nu medida cm que ao mesmo tempo elimi­
na com isso um ohstnculn que Umila ou até ameaça aniquilar o uso prático,
de fato possui utilidade positiva muito imporiame tào logo «o esteja convenctdo
dc que existe um uso práiico absolutamente necessário da ritzão pura (o moral)
no qual esta se estende inevitavelmente acima dos limitei, da sensibilidade, tmbo-
ra neste seu uso não ncCeisilc nenhuma ajuda d-i nr?,5« especulativa, precisa assti'
gurar-sc contra a sua reação para não cair tm contradição consigo mesma. Con
testar a utilidade positiva desse serviço prestado pela Critica equivaleria a dizer
que a policia não possui nenhuma utilidade positiva por ser su;i principal ocupü
íào fechar a poria à violência que os cidadãos possam icmtr uns dos outros,
para que cada um possa tratar tranqüila c seguramente dos seus afazeres. Na
parte analítica da Crítica prova-se que espaço e tefflpo são apenas formos da
intuirão sensível, porianto somenie condições da cxi&ttínda das coisas c.rmn Fe­
nômenos, que além disso não possuímti.s nenhum concetto d« entendimento e por-
Lanto nenhum elemento para o conhecimento das coisas senão na medida em
que / a esses conceitos possa scr dada uma intuiçào correspondente que por con- jíx v i
seguinte não podemos conhecer nenhum objeto como coisa em »í mesma, mas
somente na medida em que for objeto da intuição sensível* isto é» como fenôme­
no; disto segue, é bem verdade, a limitação dc todo o possível conhecimento
especulativo da razão aos meros objetos da experiência. Todam , note &c bem*

" R e p u la n d ci n»<3n c o m o fe ilo . s c aJgci ru-stasse piirn fa z e r . ÍN . r lo s T .)


I* KANT

üorá sempre preciso ressalvar que. üc não podemos conhecer esses. mesmos obje^
tos como coisas em sí mesmas, temos pelo menos que poder peftsú-bs,1 Do
\xvji cumràrio seguir-se-ia a proposição absurda de haver / fenômeno sem que houves­
se algo aparecendo.® Suponhamos agora que absolutamente se tivesse feito a
distinção, tornada necessária pela nossa Critica» entre as coisas como ubjcLos
da expcríèndu e precisamente as mesmas como coisas em si mesmas: neste caso*
0 princípio de causalidadu ç, por conseguinte* O mecanismo natural na determina­
ção dessa causalidade ieria que valer cabalmente para todas as coisas cm gera!
enquanto causas eficientes* Com respeito a um mesmo ente. por exemplo, a alma
humana, «u não penderia portanto di?er que sua vontade é livre c que está ao
mesmo Ltmpo submetido à necessidade natural-, isio é. não é livre, sem cair numa
evidente contradição: parque cm ambas as proposições usei a palavra alma exa
iamente nu mesma significação, ou seja. como coisa em geral (como coisa cm
si moima), o sem critica anterior nem sequer podia usá-la diferentemente. Se a
Critica, porem, nào errou ensinando a tomar o objeto numa dupla significação.
a saber, como fenômeno ou como coisa em fíi meirna: se a dedução doa seus
conceitos do entendimento è certa* sc por con&cjíuinU: o principio de causalidade
«6 incide sobre coisas tomadas no primeiro semido. ou s«ja. na medida cm que
objetos d?i exptriênda, c se as mcsmais coisas tomadas contudo na segunda signi­
ficação íiâíi sc lhe acham submetidas, entâo exatamente n nnwma vontade será
sxviii pensada no / fenómeno <nus ações visiveisí como necessariamente conforme i
lei natural e nessa medida nào livre, e por outro lado âinda assim, enquanto
penuflceme a uma coisa em si mesma. p<?n$ada como rtao submetida à lei natural
1 portanto como livre, sem qut nisso ocorra uma contradição. Conquanto nào
posüa cnnhecer a minha rilma» considerada sob este último aspecto, mediante
razão í!flpücu1utiv:i alguma (mcEtiw ainda pela observação empírica} e por consc'
guinie tampouco a liberdade como propriedade dc um -cnit; ao qual atribuo efeitos
no mundo ricmTival, pois icrta que conhecer um tal ente como determinado em
sua existência e todavia como não determinado no tempo (o que é impossivef.
não podendo eu pór intuição alguma sob n meu conceito), posso contudo penxar
íi liberdade, isu> é, s,ua representação não conicm pelo menos nenhuma contrâdà-
çào cm si desde que ocorra a nossa distinção crítica entre ambos os mudos de
representação (o sensível e o snuMeciuall C a dai proveniente li naiiaçâo dos concci
tos puros do entendimento « portanto utmhém dos princípios decorrentes dos
mcsmüü. Admitamos agora que a Moral pressuponha ncccssonamente a liberda­
de (nt> scnddo mai^ rigorow] como propriedade dn nossa vontade nn medida
cm qut? aduz a priori princípios práticos orí&inários sitos em nossa razão como

1 P a x a C ànfifccr umobjcít) rcQttcr-sc uuc eu p r o v a r « m possibilidade (^ jf> p elo teste m u n h o ex p e


ninc ii i» pan.tr ib nua rtalid.iít^, seja ü pricwí [wlu ruz5o>, Mílh pci&u pensar o i|iiJt nuLser iícmIc que náü
me çímifíidifla. i.iid í, dupmJd o me™ crjrtaBii(» Xút upenns um [>cnsarnento posíiiiid, emhnra eu não poís-a
ícarantir s-r no iMnjumo «jc whíus a í . ppssitHltfaduò lhe corrcspondí ua nau um nhjjio. Mas rt^uerer A
algo mjiis píira aLíibuir validaüQ: |ií>jçiivi: (pn^sitilidartc KlL imis i era apenas lópí») a. m» imI
tonwrvtci. F.sie m ^ is r ã « n e cc ssjtsu r n c n (a m o . it-f ftriKiJEÊulii jiisiacncriH ; n :u fo n ic ; t e ó r iç a i tlc çanhCCinicnlQ ,
tamtwmpivtc residi^nbs práticas.
* liinn in(rfHÍu7íwl mm a* pftUv.ui t'rzchetnnn% (iLnontcno) ç er.vcrtfiíiríâparece), Literalmírite;
httver fe n ô m en o scan íju c h o u v t i i e iilgr» 4 ta- a p iirc tc s a e . (M . d u i f . j
dados da mesma, os quass seriam absotucamente Impossíveis sem a pressuposição
da Jibcr I dade e que não obstasMc a. razâo especuianva tivesse provado que a x m
liberdade não é sequer penaável: neste caso, eysa pressuposição, ou seja a moral,
leria necessariamente que ceder àquela cujo oposto contém uma notória contradi­
ção, y cyn^eqüeaLemcntE a liberdade e com ela a moralidade (poiso 5CU Opúslo
nfto contém nenhuma contradição se a liberdade já não for pressuposta) dar Luaar
ao mecanismo nciiuraí. Como para a Moral nada mais necessito qutó a liberdade
não se contradiga c portanto seja pelo menos pcnsável sem necessidade de w m
preende-ty ulteriormente, que portanto não oponha nenhum obstáculo ao meca­
nismo natural precisamente da mesma ação (tomada em oulra relação), assim
tíinto a doutrina da moralidade como a da natureza mamem o seu tugar, o que
porem não ocorreria se a Crítica nàu tivesse antes nos instruído sobre a nossa
inevitável ignorância acerca das coisas em s.i mesmas e limitado a mc;rc.»s fenômc
nos tudo o que podermos conhecer teorieameme. Prectsamcnte essa discussão so­
bre a utilidade positiva dos princípios críticos dit razão pura pode sçr patenteada
nos conceitos dc Deus- e da natureza simpies dc nossa alma. o que passo por
alto para ser breve. Não posso portanto / sequer admitir Deuò, liberdade e imnr- xxx
talidade com vistas ao uso prático necessário da minha ra^ão sem ao mesmo
tempo Urar* da razão especulativa sua preEcnsâo a visões transcendentes
(ühçrschwnglicher Einsichtení para chagar a estas da prcctsa empregar
prinçípios que, cstertdendo-.sc de fato apenas a objetos da experiência possível
nào obstante serem aplicados no ijuc nâo pode ser objeio da experiência, na reali­
dade sem prí iransfàrrtiam oúitimruTn fenômeno e assim declaram impossível ioda
a ampliação prática da razão pura. Ptiftanio, tive que suprimir o saber para obter
lugar psirq a fé , c o dogmatismo da Metufisíca, islü o preconceito dc progredir
nela sem Crílica da razão pura. é a verdadeira fonte de toda a sempre muito
dogmática incredulidade antagonitandu a muralid^dc. — Portanto, se iom uma
Metafísica sistemática composta segundo o critério da Criiiea da Razão Puni
rao pode scr difícil legar alg,o ã ptisicridadc* tal nâo constitui dádiva de valor
desprezível: vcja-ac apenas a cultura alcançável pela razâo através do caminho
seguro de uma cíêncta em geral ern comparaçàn com o tatear sem fundamento
e o vaguear leviano / da ra^ão sem crítica, m também o empreso melhor do xxxt
tempo por pane dc uma juventude ávida de saber que ião cedo e canto recebe
encorajamento do cosLumçiro dogmatismo para sofismar (\'$tnmftein) comoda­
mente sobre coisas das quais nada emende num, tanto quanto ninguém no mun
do, jamais chegará a vislumbrar algo. ou até que Re parte para a invcnç;To de
novos pensamentos e opiniões descurando com isso a aprendi/.agem de ciências
metííiulosíts.i em grau máximo, contudo, quantdt*>e Eeva em consideração a inesii
mávd vantagem de paríi líkIo ü tempo luiuro por fim a todas as objeçòes contra
a moralidade c a Religião de mandra socrática, istu é, através da prova mais
clara da ignorância dos adversários, Com çfeiio, uma ou outra Metafísica sempre
exisriu e continuará a existir no mundo, c com cia Lambém unia dialética da
razàü pura, pots esia ]he ê natural. A primeira e mais importante preocupação

Jo g o com a s p a la v ra s e o g n n ía s u n w h m e n iadm ttnrK e benahmen ( i i r a í j I N , d o s T .j


KANT

da Híosofia é, pois* afastar de uma vez por iodas ioda a influência nociva dessa
dialética obstruindo a fonte dos erros.
Apesar dessa importante mudança no campo da ciência e da perda que a
razão especulativa teve que sofrer nas posses que alé agora se arrogou, tudo
xxxsc o que diz respeito ao / interesse geral dos homens e ao proveito que o inundo
tirou das teorias da razão pura permanece no mcsittü estado VQiiLajoso dc omrçi-
ra. e a perda atinge só o mnnopólio das escolas, mas dc modo algum o íwferes.TC
dos homens. Pergunto ao mais inflexível dogmático SC a prava da perriuraçào
da nossa alma depois da morte pela simplicidade da substância, se a prova da
liberdade da vontade contra o mecanismo universal por meio das distinçõe.s sutis
embora importantes cnLre necessidade prática subjetiva c objetiva* ou se a prova
da existência dfi Deus pelo conceito de um citte realíssimo (da contingência do
mutá^ct c da necessidade de um primeiro moter). depois de terem saído das esco­
la» chegaram a alcançar o púhJjco e conseguiram exercer a itiinima influencia
sobre suu c o n v i c ç ã o ? jSsn não aconiecéii. e também jamais se pode esperar
que aconteça em virtude da inaptidão do entendimento humano comum para
especulação tão sutil; mais ainda, se no referente ao primeiro ponto a notável
disposição da natureza dc cada homem jamais poder ser satisfeita pelo temporal
(como insuficiente às dispostçòes da sua inteira determinação) icve que provocar
totalmente sozinha a esperança numa vida futura, se com relação ao segundo
XNXiir a mera / aprescrtinçâo clara dos deveres cm oposição a iodas as pretensões das
inclinações leve sozinha que fazer nascer a consciência da liberdade, e se final­
mente no referente ao terceira & ordem. belexa c providência magníficas, visíveis
por toda a parte na natureza, tiveram por s\ sós que suscii&r a (c num sábio
c grande Autor do mundo, convicção esta que se propaga cmrc o público nu
medida cm que repousa sobre fundamentos racionais* então essa posse não ape*
nas permanece íiu&kk mas anies ganha ainda em presiígirt pelo faio das csco!u$
serem doravante- instruídas a não hc arrogarem, num ponto que diz respeito ao
interesse humuno geral, nenhuma compreensão mais alta c difundida do que
»quota que a grande massa (para ntfü digna de respeito) pode também facilmente
alcançar, e jíís limitarem, por o*n$egutnie, no cultivo des-se» argumentos acasüivciis
a iodos e suficientes ao propôs ilo moral, A mudança aiingc, ponanto. apenas
a* arrogantes pretensões das escola* que gosuiriam de se considerar aqui (como
com direito em muitos outros pontosj os únicos conhecedores ç guardiães de
tais verdades, das quais comunicam ao público apenas o uso, conservando porém
a chave d eliis apenas para t»i íquod m ecum ncscit, so I uü vult scirc videri)*10 Não
xxkiv obstanie, tambvm se cuidou dc um / reclamo mais justo do filosofo especulativo.
FJe permanece sempre o depositário exclusivo de uma ciência útil ao publico
sem que tütc o saiba, a saber, de Critica da rarào, pote esta jamai& poderá Lornar
se popular c nâo icm sequer necessidade dè sê-lo. Com efeito, assim como &s
argumentos finalmente tecidos não querem entrar na cabcça do povo como ver­
dades úteiò, assim Lampouco lhe Chegam a aflorar na mente as objeçoes e#aia-

110 O que não iabí corni&o, prcvcruie pacecer sabct soziaho. ÍN, dtn T.)
CRÍTTCA DA RAZAO PURA

mente tão suiís cnntra os mesmos Em contrapartida, como a escola e cada hu-
fflcm que se eleva à especulação caem inevitavelmente em ambos, a Crítica se
v e obrigada a p r e v e n i r de uma v e z por t o d a s , acravé-s de meticulosas investiga­
ções dos direitos da razào especulativa. o escândalo que cedo ou tarde tem que
ser provocado mesmo no povo pelas disputas em que o» metafísicos <e como
Lais por fim também os clérigos) sc enredam inevitavelmente eíjti crítica, acaban­
do mesmo depois por falsificar as suas doutrinas. So mediante essa crítica
podem ser cofiados pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo* a increduli­
dade dos Üvres-pensadores. <5fanatismo e a superstição, que podem lo mar-se
prejudiciais em geral, e por llm também o idealismo e o rejicisma. que são mais
perigosos para as escolas u dificilmente passam ao público. Se aos governos / xx.w
apraz. iXlupar-se dos auuimoti dos erudito f., ctuào seria muis íwkquido ã sua sdUí»
solicitude pítra com as eiòndas c mesmo para com os homens íavorecer a liberda­
de de uma tal crítica, unicamente pela qual as elaborações da razão podem *cr
conduzidas a pisar firmes, em vez dc apoiar o despotismo ridículo das escolas,
que alardeiam perigo público quando sc de^iroi ks suas Idas de aranha, das quais
o público nunca tomnu cnnhccimentn c cuja perda também nuo pode. poriamo,
jamais senlir.
A Crkica não se op5e ao procedimento dogmático da raíào rto acu conhí&i-
menut puro como ciência tpois esta tem que sef 'Jcmpre dogmática, isio c. pmvan
do rigorosamente si jxmir de princtpioK seguro* a priori), mas sim ao itvgrrlulis-
mo, is-U> ò. a pretensão de progredir ãpenas com um conhecimento puftt a partir
d« conedius (9 fjk>nõ(íco) seeundu princípios hã ictnpo usados pela razão, sçm
se indagar contudo dc que modo e com que dirciio chegou n eles. Dogmatismo
é. portanto* u proccdimcnto dogmãiict> da razfso pura sem uma critica precwknte
da sua própria capacidade.*1 Iís-sspl oporção da Crítica ao dogmatismo não deve
por í s m > defender a Ciiusa da superficialidade verbosa, sob o pretenso nome da
popu / Uiridiidi:, ou mesmo si do ceticismo, que liquida sumariamente toda a x\xvi
Metafísica; ti. Crítica ê amos a inMiiuiçãu provisória necessária para promover
uma Metafísica fundamental como ciência que precisa ser desenvolvida de modíi
netícsítilfiamcnte dogmático <rsi&iemáiico vegundo a mnts rigorosa exigência» por­
tanto escolástica (não popular); pois üSíva cxigènda à Metafísica e indispensável,
já que sc compromete a rcaliwir stia obra de modo inierramentea priori. portanto
para a plena «uísfação da rav-ãc especulativa. Na execu^uo do plano prescrito
pela Crítica, isto é>no futuro sistema da Metafísica. temas pois que seguir algum
dia o método rigoroso do famoso VVolff, t> maior de uxUv» o& filósofas dogmáticos,
tsic deu pela primeira vez o exemplo (e com este exemplo criou o esplruo de
meticulosidade na Alemanha q«c aié agora ainda não se cxLiriguiu) Como se deve
rOETlítr 0 caminho seguro dc uma ciência estabelendo princípios conforme leis.
determinando claramente conceitos* buscando rigor nas demonstrações, evitando
saltos temerários nas conclusões, Justamente por isso cie entaria precipuameme
apto k coíocitr a Metafísica neswc caminho caso lhe tivesse ocorrido preparar
11 r.in alcisiâü; Vcrmugen. FrNjuantn desiBrianda algum â funçàu lng.Í€o Lran«finriciK.aJ dç çaratc t à d u l.
CfÂduüímu^i vempre por jaculáad^ Ncstfi fiaso. pfin-m, O contejcto ju-seifica verter po t capucuiatfe. <N. dús
!•>
20 KANT

xxxvnantes ü campo mediante Crítica do órgão, ou seja. da própria razão pura: / defi­
ciência devida não lanto a ele, mas antes à maneira dogmaLica de pensar de
sua época, sobre o que os fitõsofos tanto do seu lempo quanto dc todos lempos
passadas nada tèm a se censurar reciprocamente. Aqueles que rejeitam o seu
modo de ensinar e ao mesmo tempo o procedimento da Crítica da razão pura
nãa ptxlem ter em mente outra coisa senão romper as cadeias da ciência c trans
formar o Lrabalho cm jogo. a ceneza cm opinião c a. Filosofia em filodoxia.
Ao que diz rçapeitQ o esta segunda ediçc]ot como é justo não quis deixar
passar a oportunidade para remediar, na medida, do possível, as dificuldades e
a obscuridade das quais podem Ler sç originado muitas mtéfprçtações Falsas cm
que. talvez não sem minha culpa, homens perspicazes inetdiram ao julgarem esie
livro, Não encontrei nada para mudar nas próprias proposições e nos seus argu
mentos, bem como na lorma e na completude do plano; o que se deve atribuir
em paric ao longo exame a que submeti lutio issi> antes de apre^ntar o livro
ao público, em parte n conformação da própria coisa. a iuber. à natureza de
uma ra7,ào purü especulativa que comém uma verdadeira estrutura articulada
xxxviii onde tudo é órgào. ou seja, onde tudo existe para cada parte c cada parte / pâra
Iodas as oulras, portanto onde a menor fragilidade, seja um defçUo (erro) ou
dcficicnciiw Lerá que trair inevitavelmente no uso. Este sistema afirmar se-ã
na sua imutnbiUdadç, como o espero, também no fuLuro. A tal confiança me
autoriza nào uma presunção, mas apenas a cvidcncia que a experimentação da
igualdade do resultado produz, seja partindo desde os mínimos elemumos até
□ tudo da razão pura ou seja retornando desde o lodo (pais tambem este c por
si dado no prático por meio do propósito tinal da ra?âo pura) até cada parte,
enquanto que a tentativa dc modificar n mínime? detalhe ocasiona togo conlradi
ções nuo só do sistema, mas também da razão humana geral, Já na exposição
resta ainda muito u fazer e, nus« sentido, nçsiH edição tentei melhorias para
remediar seja o mal-emcndido na tistéiica, sobretudo o contido nc conceito de
tempo, seja a obscuridade na dedução dos concehns do entendimento, soja a
suposta falta de uma evidencia ^ufíciciUc nas provas dós princípios do entendi­
mento puro, seja finalmente a Tutsa interpretação dos paralogismos antcp-cssui*
á psicologia raciona]. A? minhas modificações no modo de exposição es-tendem-
KXXiJs ire até aqui (a saber, ■sómente até o Hm cto primeiro capítulo da dialética transcem /
Ki defuatjl e não mais adiante^ pois / mc faltou tempo e porque, com referência

13 O únic-o ttsriscirro p[\fM Mnn.r!ú: üinj i|uc cli poderia m fnc^nar. roas afXínaí, quimio modo de prjivar,
oonskíac numn novü rofmaçàn dti itlvaifxm& piiçuliigiçr* s riuma prova rÍKum «i (jt meu ver camhvrn n úníen
pos&iwdj tia rçalidíldí objetiva <1,1 nituiçiin es terna, Pnr miis iimcente quç 0 jdeolts.iiiii' pt.35.sa
< * r C f in ? ik (k ra d á ev;i q u e N in ^ e auw r i n s e m e n d a i s d a M e t a f í s i c a [t> q u < d e faCú n ã u c ) , p e r f n a n c c * c o n t u d i ;1
um et&ândàki d-n Fàlosofiu c liü mzwj humana ficrat icr que aJm iür a t-aístínein dâi Ç6íüu.h Jcira dú ii&s
tdns (juais rccibírnoà tocEci o nisiierán! dos coillietircicnros; n¥»mo p&ra O nasse. senddit interna) com fwse
apenus na f é C, u u ( j c o r r n a adjsttcm c o J o c a r C ís fl c s i S E ir t í i a c m i u v i d a . n ã o lh e p n d w C ò n l m p ^ r n e n h i i m s
pr<kV4» s a i i t T a t i x k P elo fato dc o i lermos «la prova cunlerem^ da terctíra à séAta linha» alguma «tMCuridwfc,
peço que essi pcrlixU síjí« mudado cranc stguc- "Fite pcrmurirnte íTeíri /Jirtií-, pi^êmi 3W itnta SnimçÜÜ
SftT m i m . Ç a / f1 f / a t a , la tim w fu n d a m e n to s d e u r m in a iu e s d n rr\ m h ü t x u l M c i u e n c o n t r á v e is em m im jü t í
r c p m e / t ía ç ò ir * c o m a if f ís alg *> p ç r m i t r e n i e i f i v U n l i r d e ia s . C ftm r e f e r ê n c ia «0 q tta í p o i : n ver
d e t e r m in a d a <1 m u d a n ç a d a s n te s .m o x e p o r t a t l t ú a m i n h a e x i s t ê n c i a n o i e n t p a * m q u e d s t s m u d a m " Presuini
ao restante, não mc deparei ram renhum mal enicndido por parte dc examinadu-
res competentes s ímpar / dais; sem que eu necessite menct^ná-los com o louvor XI J
devido, / estes cricontrarão por si próprios, nos lugares respectivos, a considera SI l)
çüo que tomei pur suns udvcrlêncías. Para o leitor, porém. essa correção iraplica
numa pequena perdu que ilãc se podia eviiar «jetn tornar ú lívro demasiado vo lj
ïïîüso. a saber, que diversas coisas na rcwJidade não pertencentes essencialmçtUe
à compfcLude do lodo, mas de que muito leitor nâo gostaria de prescindir na
medida cm que podem ser úteis dirsde um oul.ro ponto de vista. precisaram s^r
$upresf>as ou apresentadas abreviadamente para darem lugar ã min lia exposição
agora mais compreensível. como tí.spcro: esta nova exposição nâo muda no fundo
absolutamente nada no tocante às proposiçütis c mesmo ítow seus argumentos,
mas no tocante ao méLudn da exposição às vedeis se afasta. a tal ponto da prece
dente que não uru possível ÍnLçrealá-la na mesma- bsxíi pequena perda, que por
outro lado cada um pode reparar à sua vontade pela compararão com a primeira
edição, será preponderante mente compensada, como espern, pela maior com
preensibil idade. Cm diversos escritos publicados (seja por ocasiãu da recensão
dc muitos litros, seja em tratados especiais), pertrebi, com grata sati-sfação. que
o espírito de meiieulosjdade nâo se extinguiu na Alemanha, mas foi somente
sufocado por ajgum tempo pelo modismo dc uma liber } dade dc pensamento V I III

VïtmeiitË dííjsC-ii «inira t»i;j prnwa; wn imvdinTainMt« íwnciem q Remiti ilnquiU» quis cxi*lc cm m-luv^to
c. Ou minha Mptesrnkiçan ric CPÍ&ai cuíe-ma«;; aiiteeqüsnicmcnrc,. ficti ^rn inf jinrtíi iiicrnu « lin al^o foris
(k mim que lhe enrniïputHia ju rk v T-tulavk. / f^r «fwrMrwrfa /«ftTrua stu cjn\clfntç du mmkti w iifm cia Sl
mr lemjtst (ciiOMrttLitTilumonie i&tnbcm du »uu dciv-i rmnabiUcJudc nd-cL e isso C alRü mai< i|uc ser rncr*mvfilt:
coHüctenle tift minltn rcprcteiitu^ãp hãh utaume M*t 0 tncsiM.1 qnc st ériwxténcia rmjrfricnàn minha cxtefèn-
c/o, a qual m>c tlctcitnrn.ivçl referindo-se it sJgo i|uc, jipaJ«» it minha iniuUfiíia- èf o u mtnt. K»sa awü-tfiúi
cib dc minha c^tstcrvci-i no rempli cüeb. iw im ip , Hlrniieamwii«' iipniJ.i à cofliieiÀ*ncia ilt uma reldçi» eruti
Algo fora íEç mtm. c C put ennwsiuttuc cxperiêncúi i* «vão fi^úe., ncnLiOu c núu imiLp,ifi3(nt: Ji-qulla «|uc ífloiici n
injjfpifrtVuJmeiJic o r*içm o cttm o meu >cmiJo inUfflu. fKin n »c<UKk> externn c já cffl. sl «fcrrie ia d«
ínluivão « real futa cie mim. e çup rcahdadí, á díferençn da íícçíVj. rçfhxiwi sn»son(ç snhre « fniu
dc Mir mscp;iraviílinenw à pm jiiiii «xpçriêrtciiv «merra enquanto a cnmtn^u Je syti pOMÜbjliduiic,
u que è ü CSSrO aqui. St na rcprcïcnuiçÂi* /•n sn«, q*iC ucompanha t»Jo> m«us Ju4&ckí c aïvi<s dn mttndi-
mémo, m puJïxnc msdinnic tniuiçtlf) inti f^tun!au tnesrni» ftiîlpn ItiS-nr uniu ilcicniurm^iio Ja mmlmtmiict
cij) À çw sç ifa eia u t t r lf c T u c ! mesma,, cnt’iy n eAW iktorminAuiw n.io pcncftcíj-ta rpces-s.iriítitiinit .1 com.
tfiíflcU d« uma rclt>siu W rni at|f« lura dc mim. Na vcrdaitc. W|ccnveiêndn irielíctijal i precedente
mati d intius<;ií,i internu, unic?nwnii na qüftl miiihii pode scr <ktCfrtiíni*da, c MtnHÍ^cl c fwesi» &
curtitíção dc (empo: m û dúlfirmiD^úo porém, p^lnnHo a |->nipr>a cupvwncifl micrun, ilcpcnJc dc nlyc» per
miíncnsc mie n i.i rk1*r ctni-seçaínif em rnïnt» m u Muritnic cm al|«t r^j-« / «Jc mim e com if ijuç ifflhy
Qui me iXiaKidcrnr om retavãu. A refiJi«í*lc du remido nMSJW) tssü, Ill^wta ncCTSsaniamínlB à
Jo scmWu intcrrio. parj 3 pcwsibiUdaüc dc iirn* expensneist em ^cr«l: im o c. srai ià<i jusia c ^uranwnw
cjur^icnic <Je ijuc liú üliimis Tora de mm qve w rcfçi\:m n meu iiiniidti quonio um cunscicnw dc eu
iJKMTlú tJCiiKT CíTenn:nAJi> no Wah u íjuí: intuiçucs. ilu^iij, eurrcipwnduiii rualmcnte oh(rlu^ fora dc
mim. pcrtracenich rHVtnnró m> arnndtf ao qwil díreni se; airifeuiildü Moelas iniut^iiCS ? nào à
iinaj_;inaÇfK'. itiü tiímqw mctJetiJiJt; cm cudu «ISO piiftitutar ^un^iFine; ns^rss sí^urnlo ai ^u.ií-, c.*pcri3iicis
ín i íjwsral {íHcümo 11 imunift) è distiniu da «njieirniçiui, b n iMü scillprc tubjjt/ a propn^iiú dequç hn rc.-ilokLvi
te cxperiêitena citicfna. Pfldc-si,- Jltrtija 4crcíi«mar a tü-kc>a .rffrnínlc- ohníjrvjiifãf; n repf^cni^iu de .iljÿi
permanent? na <xií(êricia nõn è iittrticn à nprrsrfrtaçún pemuamníc- pi.ií% íhij pmtc .wr. 001110icnJún %
ikhhiiks reprcicnciçúoi e mesmo as da nuiièfin, aimio puAw^ciru. c mutivcl ulcuíhm\c rBfcr«n4u ualgü ç>crmq
ncilK, í|uc fwnuntd Isir. que «r un»» cqií.™ c>lvinu c dí-Mima de iLMtas Pitmh:LK rspiesenraçòcs c cuja
cxísiüneíu i ncce^riamcnic inít\t»J,i nu jirtrrmtnQçm «lu minha própi ia tíAkiciici a4perfazfinikt com cia
um:) única experiência que «em ocorreria irueriümflerrtL* «■nH îo foüst (cm pare] ao mesmu ictijíu i/Kkcna.
Aflui li COflU' í rampouctí rrwlhor cKplícáviíi 4Éi<intu en> (arai purtHinnjSi itlgu pcrwüiCTK no i«anpo. cuja
sirrulClncLdiirtfl n m u iá v d p ro d u z ^ von^circi m u du rn u ,
22 KANT

às raias do genial, e qae as espinhosas veredas da Crítica que conduzem a uma


ciência escolástica da razão ptira, mas como tal a única duradoura e por isso
ahísokttamente necessária, nao impediram as cabeças corajosas e lúcidas de se
apoderarem dela. A çstes homens beneméritos, que à meticulosidade dc com­
preensão aliam de modo tào feliz o talento de uma exposição luminosa, (a qual
não me sinto hern consciente de poK&uír), deixo o encargo dc ccmclttír, no toeante
ao último pomo, minha elaboração aqui e ali porventura ainda defeituosa; pois
o perigo reside não em ser refutado, mas em não ser compreendido. Oe minha
parle, não posso doravante meter-me em controvérsias, embora atente cuidadosa­
mente a toda;, as sugestões, $çjam de amigos ou de inimigos, para utilizá-las,
de acorJu com esta propedêutica. na fatura execução sistema. Já que durante
estes trabalhos atingi uma idade relativamente avançada (este mês completarei
sessenta c quatro anos), se quçro executar meu plano íie fornecer tanto a Metafísi­
ca da Natureza quanto a Mclafísiea dos Costumes como confirmação da corre
çào da Crítica da razão tanto especulativa como prática, tenho que usar com
xi.iv parcimônia o meu tempo como esperar dos homem beneméritos que / tomaram
a si essa tarefa tanto o esclarecimento das obscuridades inicialmente inevitáveis
nesta obra como a defesa do todo. Em pontos isolados cada exposição fibsòfica
k vulnerável (pois não pode apresentar-se cão blindada como a exposição mate­
mática). Enireiumo, a estrutura cio sistema, considerada enano unidade, não corre
com isso o mínimo perigex &om efeito, só poucos pos&uem a agilidade de espirito
para abranger com a vista o sistema quando este é novo, e menor número ainda
tem prazer nisso, pois toda novidade lhes é importuna. Em cada escriu? desenvol­
vido sob forma de livre discurso são pinçàvets aparentes contradições quando
kc arrancam partes isoladas do seu conjunto e se as compara entre si, contradi­
ções essas que aos oJhos daquele que se abandona ao julgamento de outro» proje­
tam por sua ve?, uma luz prejudicial sobre esíes escritos, mas que se resolvem
muito facilmente para nqudc que se apoderou da ideia no seu todo. Quando
uma teoria é. NÓüdít, enirciamo. com o tempo tanto a ação como a reação que
inicialmente â ameaçavam com grande perigo servem para aplainar OJiseus desní­
veis e proporcionar-lhe cm hreve também a noccssiiria elegância euso sc ocupem
dela homens dotados de imparcialidade, conhecimento c verdadeira populari­
dade,
Kónígsberg, no nicü de abril dc 1737,
/ IN T R O D U Ç Ã O

I. Da distinção entre conhecimento pura e empírica

Não há dúvida dc que todo o nosso conhecimento começa com a experiên­


cia; do contrária por meiu do que a faculdade de Conhecimento deverta ser des
pertada piira o exercádo senão atm és dc objetas que toquem nossos senLidos e
em parte produzem por st próprios representações, etn paru* põem em movimen
to a atividade do nosso entendimento para compará-las* coneetá-las ou sep&rã-
las e, desse modo, assimilar a matéria, bruta das impressões sensíveis a um co-
tihecimçnlo dos übjetoü que se chama eíperiéneia"? Segund o o tem po, porlanto,
nenhum conhecimento em nós precede a experiência,, c todo o conhccimcnto c o
meça com ela.
Mas cmhora todo n nosso cunheeímemu camccç com a expericncia, nem
por isso tndo ele sc originai justamente da experiência. Pois poderia bem aconlt:-
ecr que mesmo o nosw conhecimento dt: expcrrôncia seja um composto daquilo
que recebemos por impressões e daquilo que a nossa própria faculdade de conlie*
ctmento (apenas provocada por impressões sensiveis) fornece dc si mesma, cuja
aditamento iiào distinguimos daquela / matéria-prima antes quç um longo exürcí-
Cío nas Lenha chamada a atenção para ele c nos tenha tornado apitw a abstraí-lo.
Por tanto, c uma qucstào que requer peto menos um;i investigação mais por­
menorizada e que nüo pode Ser logo despachada devido aos ares que ostenta*
a saber, sc há um tal cunhecimento independente da experiência ç mesmo dc
iodas a.s impressões dos sentidos. Tais e-finhecimentQS denominam-se a prior! c
distinguem sc dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na
experiência.
Todavia, aquela expresiâo nao é ainda suficientemente determinada para
designar de modo adequado todo o sentido da questão proposta. Com efeito,
de muito conhecimento derivado- d-u fomet; da experiência costuma-se dizer que
somos capa?,es ou participantes dete a priori porque <3 derivamos não imediata­
mente da experiência, mas de uma regra gcraJ que, não obstante, tomamos em
prestada da experiência. Assim, diit-sc: de alguém que solapou os fundamentos
de sua casa: dc pedia saber a priori que a casa desmorõnar-ye-ia. quer dí?.er,
não precisava esperar pela experiência de seu desmoronamenLa efetivo. Contudo,
«lesme assim dc não podhi sabê-lo inteiramente a priori, pois o fato dos corpos
sârem pesados c de portanto eiiírcm quando lhes são tirados üs sustentáculos,
tinha ames. que ac lhe tornar conhecido peta experiência.
KANT

Nó que sc segue, portanto, por con hecim en tos a prkjri entenderemos não
os que ocorrem independente desta ou daquela experiência, / mas abs& futam ente
ir.dcpcndanic de toda a expcricncia. Opòcm se-tties os conhecimentos empíricos
ou aqueles que sào possiveis apertas a posteriori, isto é„ por experiência. Dos
conhçcinicntos a priuri denominam se puros aqueles aos quais nada de empírico
está mesclado- Assim, por exemplo, à proposição: cada mudança tern sua cau&a,
c uma proposição a prioFU só que não pura, pois mudança ê um conceito que
só pode ser tirado da experiência.

II. Pussuímti$ cerfvs cunhecimefítus a prmri e me$mo o Mitendimertiu


comum jam ais esui desprovido deles

O que importa aqui é um Lraço pelo quãl possamos distinguir de modo siigu
ro um conhceimenin puro dc um empírico. Ma verdade, a experiência nos ensina
que algo c constituído deste ou daquele modo. mas nât> que não possa ser diferen
lc. Em primeira lugar, purtanlo. se sc encontra uma proposição pensada ao mes­
mo Luupo com sua necessidade, então ela é um juizu â priori: se além disso
não è derivada senão dc uma válida por sua ve* como uma proposição ntícessâ*
ria. entoo cfa é absolutamente a priori. Km segundo lugur, a experiência jamaí*
dá aos scüs juízos universalidade verdadeira ou rigorosa, mas somenie suporta
c Cumparalèvu (ptir induçòi»>,dc maneira que temos propriamente que dizer: lámo
quanto pcrce / bemos ate ag.ora. dão se eneonlra uvnhumii ex.ceçào desta ou da.
quclfl regra, Pom nin. uc um juko é pensado com universalidade rigorosa, isto
6, dc modo a não lhe ser permitida nenhuma exceça» como possível, entau níio
é derivado da experiência, mas vale abolutamente a priori. Logo, a univmaüda
de cmpirica c somente uma elevação arbitrária dn validade, da que vulc para
a maioria dos caso* aiê a-que vulc para ukIos. como ptir exempla mi proposição:
todos «>* corpos «lo pesados. Ao comrârio* unde n umvcrsulídadc rigorosa ê es-
í.cnciul a um juízo, iiuiica uma fonte peculiar de conhecimento do mesmo, a wi
bcr. uma faculdade de conhecimento íi priori, Necessidade c universalidade rigo-
riisa s3i», poriMiito. .segura* caracierísueas deí um conhecimento a priori c lamfocm
perieneem inseparavelmente uma à outra, M íí. ctuno jio u so düsscs critcricvs ê
às ve£<s>mais fácil mostrar a limtuiçíío empírica dos juí/.Oh do que sua eontingên-
ciü, ou às vezes mais convincente fa?.cr ver a universalidade ilimitada que lhe
atribuímos do que sua nece^idade, ê aconselhável s e rv ira separadamente de
inibes os criiçrwfi.tiuc saneada um por si infaliveis.
Ora, é fácil moso-ar q ue no eonhecimento humano realmenre há semelhantes
juízos necessários e universais no sentido mais rigoroso, por conseguinte puros
u priuru Casu se queira um çxeroplo das ciências. hasta olhar iodas a* propmi
ções da Matemática; caso se quelru um d« uso mai.s comum / do eniendimenro»
poderá servtr a proposição de que ioda mudança tem que ter uma L-uusa. Nèsu
úliima, o próprio conceito de umiL causa contém tão manifesumerue o concetio
dc uma necessidade da conexão com um efbila e o dc uma universalidade rigoro
sa da regra que sc j>crderia eompIcLanitíine ral conceito de cau&a caso sc quisesse
dcrivá-lo, como fiume o fes, de uma freqüento associação daquilo que acontece
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 25

com aquilo que o amecede. e do hábito daí dccorrentç (par conseguinte, de uma
necessidade merameniç subjetiva) de conectar representações« Também sc pudç-
ria demonstrar a imprescindibilidadc de princtpíos puros a priorí para 0 possibili­
dade da experiência sem precisar de semelhantes exemplos para provar sua reali­
dade em nosso conhecimento, portanto de modo a priort. Pois de onde queria
a própria experiência tirar sua certeza se Iodas as regras, secundo as quais progri­
de, fossem sempre empíricas e portanto contingentes? Por isso, dificilmente se
pode deixar semelhantes regras valerem como primeiros pnncipsos. S6 que aqui
podemos nos conicniar de haver expu&to como um fato 0 uso puro de noasa
faculdade t£e conhecimento junto com suas características. Não apenas nus juí-
íos.„ mas também ruis conceitos revela sc unm origem a priori de alguns, deles.
Em vosso conceito de experiência de uni corpo, renunciai aos poucos a tudo
o que nck é empírico: à cor, á dureza ou à maleabilidade, ao peso e mesmo
à impenetrabilidade, mesmo assim resta o espaço que dc (agora completamente
desaparecido) ocupou c oqual / não podeis suprimir Da mesma maneira, quan
do suprimirdes do vosso conceito empírico de um objeto corpõrèQ ou incorpóreo
todas as propriedades en&incdas pela experiência, não puderçis tirar-lhe aquela
pela qual o pensais como sUbstâncíu ou como aderem e a uma substância (nào
obstante cs.sc conceito comer maior determinação do que a tie um objeto em
geral). Convencidos pela necessidade com que esse concçito se vos impõe, tureis
portanto que confessar que ele tem a sua sede em vossa faculdade de conhecimen­
to u prkm.

[II. .4 Fiiosofta prectsa da uma ciência qmc determine a possibilidade,


os princípios e o àtnbifõ de todos tw conhecimentos a priori

Mais significativo que todo o precedente c 0 fato dc que ccnox conhecimen


Los abandonam mesmo o campo de iodas as experiências possíveis ç parecem
entender o âmbito dos nossos juízos acima de todos os limites da expcrcéncin
mediame conceitos aos quais em pane alguma pode ser dado um objeto corres
pondonte nsi experiência.-
t jUiUamcnie ncstçs últimos eonheeimentos, que se elevam acima do mundo
sensível, onde á experiência nào pode d esr nem guia nem correção, residem 9$
investigações de nossui ra/ao t|iic pela sua / importância consideramos muiiu
mab eminentes e pelo seu propósito último muito mais sublimes do que tudo
o que o entendimento pode aprender no campo dos fenômenos; mesmo sob o
perigo de errar, nisto arriscamos antes tudo a dever desitir de i3o imporumes
investigações por uma razâc qualquer dc escrúpulo, de menosprezo ou de índilc
rença. Esses problemas inevitáveis da própria ra/Üo pura são Ueus\ Uberdade
e imortalidade. A ctènda, porém, cujo propósito último e^tá propriamente dirigi
do com Lodo o seu aparato só à solução desses problemas denomina-se MetaJíSi-
eu; o procedimento desta é de iníeio dogmático, ou seja, assume confiantemente
n üuâ execução sem um exame prévio da capacidade ou incapacidade da r&zào
para um tão grande empreendimento-
Na verdade, parece narural que. ião logo tenha abandonado o soJo da
2f> KANT

experiência, com conhecimentos que se possua sem saber dc onde e sobre o credi*
Lo de princípios de origem desconhecida nào se erija imediatamente ura edifício
sem csiar antes assegurado dos. .seus fundamentos medi ame cuidadosas investiga­
ções» que antes portanto se tenha há tempo levaiuado a pergunta dc como o
entendimento pt>dc thegar a todos esses conhecimentos a priori e Qüe âmbito,
validade e valor poüsam ter. De fato, nada é cambem mais natural se sob a pala­
vra naturai sc entender aquilo que é racional c admissível que deva acontecer:
/ mas se $ob essa palavra ae entende aquilo que coslurfleiramente acontece, então
nada é novamente mais natural e concebível que essa investigação teve por muito
Lcmpo que fieur nãw empreendida. Com efeito. uma parte desses conhecimentos,
com« os» matemáticos, c há muito tempo de confiança e favorece assim a expecta­
tiva para outros conhecimentos, embora estes poswm ser de natureza hçiti
diversa. Além dissot quando sc está ncímu da esfera da experiência,,
xçguro de nâo ptidcr ser refutado pela experiência. O estímulo para sy ampliar
seus conhecimentos é tào grande que só se pode ser delido em seu progres-sO
por uma clara contrndiç&ft ém seu caminho. Esta pode ser contudo evitada se
as fieçòes forem forjadas, cautelosamente. Sem que por is-so deixem de scr ficções.
A Matemática dá-nos um esplêndido exemplo de quão longe conseguimos chegar
em nosüo conhecimento a priori independente da experiência, Na verdade, a M a­
temática t>e ocupa com objetos e conhecimentos apenas na mcdtda em que w
deixam ítprcscrttar na intuição. Mas casa circunstância í facilmente descurada
porque morno lüt intuição pude ser dada. a priori e. portanto, dificifracnie sc
distingue de um simples eunceilo puro. Conquistado por tal prova do poder da
razão, o impulso de ampliação nàfl vè mais limites. Enquanto no livre vôo fende
a ar do qual sente a rcsistcnciíi, a Icvc pomba poderia representar *.e ser ainda
tilais bem-sucedida no espaço sem nr. / Do mcümu modo. Plaiàu abandonou
o mundo sensível porque este esiahdecu limiles tão estreitos ao entendimento,
tí sobre as asa* das idéias aventurou se além do primeiro no tspttço vazio do
entendimento puro. Não observou que por meio de «eus esforços nào ganhava
nenhum terreno, pois. tmu possuía nenhum ponte cm que, Cumo uma espécic dc
base. pudesse apoiar se e empregar suns Torças pura faxer o emcndlmcntu uütr
do lugar. Níi espeeutaçao é, contudo, um destino habitua! i!a razlo humana eorv
duir o quanto antes seu edifício e apenas depois investigar sc também süu funda­
mento está bem assentado. Procurar-se-So etuâo pretextos de toda espécic para
nos coAaolar da sua MjiUkt uu mei>mu para preferivelmcmc recusar tal exame
titrdiu e perigoso* O que porém durante ü consrmçSo nos libera do todu a apreen­
são e suspeita e lisonjeia com aparente meticulosidade c 0 seguinte. A ceupaçào
da ra/fio consiste, em grande c udvez rta maior pane, em Jeamembramenmir de
conceitos quejã temos deobjelos. Jsso nos propicia umn porção de conheeimen-
tos 4ue. embora nau passem d<_* esclarecimentos ou ctuciilaçòçx daquilo que já
foi pens-adu (embora de modo confuso) em nossos conceitos, s3o pelo menos
quanto á fornia lidos na. menina corta que conhecimentos novos., nào obstaruc
não ampliarem, mas só analisarem os conceitos que possuímos quanto à sua
míkiéria ou conteúdo. / Ora, já que esse procedimento dá um efetivo conhecimen­
to a priorí que toma um incremento seguro e útil, sem dar-se cnmà a razSo cftusc
gLie sob esse pretexto fazer afirmações de espécie bem diversa acrescentando a
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 27

conceiuxs dados outros completamente estranhos. e isso a priori, sem que st saiba
como cheguu a isso e sem deixar que uma semelhante pergunta sequer lhe aflore
s nvmte Por esse motivo, quere» Ioiio de inicio Lríiiar da distinção enirc esses
dois tipos de conhecimento.

IV. Da distinção entre juízos analíticos e sinréticos

bm todos os juszos cm que for pensada a relaçào de um sujeito corno predj


cado (se considero a.pcnas os juízos afirmativos, pois a aplicação aos negativos
é posteriormente fácil), e&sa relação ê possível de duii mudos. Qu o predicado
B pcncncc ati sujeito A como algo üontido (ocultamente» nesse conceito A, ou
B jaz completamente íora do conceito A* embora esteja em conexão Cum ü mes-*
mo, No primeiro caso denomino o juízo analítico, no outro sintético- Juizos
analíticos fos afirmalivos) são* ponanto, aqueles em que a conexão do predicado
com o sujeito For pensada por identidade; aqueles, porèm. em quç cssn conexão
for pensada sem identidade, devem denominar-se juívos í sintéticos. Os primeiro*
poderiam tnmbém denomi tiar-se juizos de elucidação c os outros juiioa de am­
pliação. Com çFeilo. por meio do predicada aqueles nada acrescentam ao coneei
lo do sujeito, mas somente o clivtdcm por desmembramento cm seus conceitos
parciais que já eram (embora Confusamente) pensados nele, ctfquanto que os últi­
mos ao contrário acrescentam ;io conceito do ^ujeíio um predicado quede modo
aEgum era pensudo nctc nem poderia içr sido extraído dele por desmembramento
algum. Se por exemplo digo: todos os corpos sâo extensos, cruuo cite 6 um juizo
analítieo. De fato, não preciso ír além do conceito que ligo a corpo para encon­
trar a cxionsão enquanto conexa com tul conceito, mas upesias dcàmembrar aque*
lc conceito, quer dizer, tornar me apenas consciente do múltiplo que sempre pen
so nele. para encontrar aJ esse predicado: ê. pois, um ju íio amilílitXJ. Do contrá­
rio. quando digo: todos os corpos sáo pesados, então o predicado c algo bem
diverso daquilo que penso no mero concdu» de um corpo em geral. O acréscimo
dc um tal predicado fornece, portanto, um juízo sintético.
Os juízos dc experiência como tah são todos sintético*. Cum eleito, seria
absurdo fundar um jutzo analítico sobro a experiência, pois para formar o juízo
de modo algum preciso sair do meu conceito nem* portanto« dc nenhum testemu­
nho da experiência. Que um corpo é extensc, ciü uma proposição certa a priori
e não um juízo de / experiência. Pois ames dc recorrer ã experiência já possuo
no conceito toda* u.s conditfòcs para i>meu juiico, conccuu do qual posso extrair
o predicado segundo o princípio dc contradição e com jsso lornnr-me ao mesmú
tempo convence da necessidade do juizo, coisa que a experiência nunca me ensi
naría, Do contrário, embora já nào inclua no conceito dc um corpo em geral
o predicado peso, esse conceito designa um objeto da experiência mediante uma
das partes da mesma, à quyl po&so acrescentar ainda outras partes da ruc^ma
experiência como pertencentes ao primeiro conceito. Roaso conheccr artLes anali­
ticamente o conceito dc corpo pelas características da extensão, da impenetrabili­
dade, da Forma, etc., todas pensadas nctóc conceito. Mas a seguir estendo meu
conhecimento e, ao lançar utn olhar retrospectivo à experiência da qual extrai
28 KAM T

este conceuo de corpo, encontro sempre constado com as Caracicristicas men­


cionadas também a de peso e o acrescento* portanto, sinteticamente como predi­
cado àquelç conceito. Portanto, é sobre a experiência que se funda a possibilidade
tia síniesc do predicado peso com o conceito curpo, pois embora na verdade
um não esteja comido no uulro amboü os conceitos se pertencem reciprocamente,
se bem que de modo apenas. ucidemaL couto panes de um todo, a saber, da
experiência.que é ela mesma uma ligação simética das intuiçues,
Mas nos juízos sintüLjcus a priori falta completamente esse recurso Sc devo
sair do conceito Á para conhecer um outro con / eeíto B como ligado a ele,
que c isso sobre u que apòio e que torna a &intese possível, visto que aqui
não possuo a vaiuugem de procurá^o iw campo da experiência? Tome-se 3 pro­
posição: tudo u que acontece tem üua causa No conceito de algo que acynieee
penso, na verdade^ uma existência a qual precede um lempo. etc. c disso ê posjsí
vcl cxirair juízos analilícos. Mus o conceito do caasa jaz completamente fera da­
quele concdto e indica algo distinto daquilo que acontece; não está. portanto,
absolutamente comido nesta uluma representação. Então como acerca daquilo
que em geral acontece condigo dizer algo completamente diverso do mesmo e co­
nhecer o conceito dc causa, umbora não contida naquilo que acontece, como lhe
pertencendo c até ncccssariatncrue? Que é aqui a incógnita x sobre a qual o en­
tendimento m: apòia ao crer descobrir fora do conceito de A um predicado B es­
tranho a cjíüc conceito e não obstante considerado conectado a ele? Não pode
ser a experiência, pois o mencionado princípio acrcscemou es>sa secunda repre­
sentação a primeira nào somente com maior generalidade, mas umfrcm com a
expressão da necessidade, por conseguinte corapletumcntc a priori c a partir de
simples conceitos. Ora. sobre lats princípios sintéticos, isto e. princípios dc> am­
pliação. repousa todo o objciivo último do nosso conljccimcnto especulativo a
priori: os princípios analíticos sio. na verdade, altamente importantes e necessá
rios, nias só ! para chegar àquela clareza dos conceitos exigida para uma síntese
segura t vasta ao invés dc a uma uquisiçào realmente nova.

V, Em todas as cieticias ttwricus Utí razão estão cmuitlost COmn


princípios Juizos sintéticas a priorf

l. Juízos maremáiieos são todas sintéticos. Embora incontestavelmente cer­


ta c mutio importante cm sua conseqüência, esta proposição parece ter passado
até agora desapercebi tia às observações dos dissecadores da rayíSo humana, pare
tendo antes justamente upor se a toda5-as suas conjeturas, Cnm efeito, por ter-se
descoberto que as referencias dos matemáticos procedem todas segundo o princi­
pio dc contradição {o que a natureza de cada certeza apodílica exige), persuadi­
ram sc que lambem os princípios seriam conhecidos a panir do princípio de con
tradição. Nisso se enganaram, pois uma proposição siniitíca pude seguramente
ser compreendida segundo O princípio de Contradição, roas somente de tal modo
quu se pressuponha uma outra proposição simélica da qual a primeira powa
5cr inferida, jamais porèm em si mesmjj.
Antes de tudo precisa-se observar que proposições matemáticas cm sentido
próprio sio sempre Juízos a priori e não empíricos porque trazem eunsígo necçç-
sidade, que não pode ser lírada da esperienria. / Sc não se quer conceder issy,
pois bem, então HitliLü miniia proposição à matemática pura, cujo conceito já
traz consigo quç da não contêm conhecimento empírico, mas só conhecimento
puro a priori.
Ka verdade, dever xe-ia de inicio pensar que a proposição 7 + 5 — 12
é uma proposição meramente analítica que resulta do conceito de uma soma
de sete mais cinco segundo o principio de contradição. Mas quando sc observa
mais de perto, descnbre-sc que o conceito da soma dc 7 c 5 nada maiü conlém
t|uc íl união de ambos os algarismos num único, mediante o que nâo é dc maxíeira
alguma pensado quat seja este único algarismo que reúne ambos. O conceito
de doze nào ê absolutamente pensado pelo fato dc cu apenas peruar aquçta união
de sete mais cinco, c por mais que èu desmembre o meu conceito de uma t&\
possivcl soma. não encontrarei aí o conceito de doze. ê preciso sair desses con­
ceitua tornando como ajuda a intuirão correspondente a um dçles. por exemplo
as seus cinco dedoü ou (como Segner na sua Aritmética) cinco pontos, e assim
acrescentar sucessivamente as unidades dc cinco dado na intuição ao conceito
de sctc- Com efeito, tomo primeiro o número 7 e. na medida em que para o
conceito de cinco recorro ao auxílio dos dedos dc minha mão como intuição,
ponho agora as unidades que antes reuni para / perfazer o número 5 sucessiva
mcnic riaqueta minha imagem? acrescentando *a$ ao número 7. e vejo assim surgir
0 número 12. Pensei já no conceito de uma somn 7 + 5 que 5 livvf&se scr acres­
centado a 7, mas não que esta goma fosse igual ao número 12. A proposição
aritmética é, portanto, sempre sintética; isso sc reconhece bem mais claramente
4uando sc tomam números um pouco matares* já que cniâo fica evidente que,
viremos e reviremos os nossos conceiiui comü quisermos, sem tomar ajuda da
inlLtiçãú jàniais poderiamos enconlriir a soma pelo simples desmembramento dos
rtvJsao.s conceitos.
Tnmpoucft é analítico qualquer princípio (GmndxuUl da Geometria pura.
Que ;j ]inha rctü .seja a. mitis. curta entre dois pontos é uma proposição sintética,
poi& u meu conceito dc w w rtuo contém nada de quantidade, mas só urna qualidü.
de. 0 conceito do maiü curto é, portanto. acrescentado inteiramente e nâo pude
ier cktraído do conceito dc liaUa reui por nenhum desmembramento* Portanto,
tem que se recorrer aqui ã ajuda da Intuição, unicamente pda, qual é possível
u &ínkM U.
Algumas poucas proposições fundamentai^ (Grunú.sãtzc) pressupostas petos
$cómetra* ?,ào, ó verdade, realmente amdílicas e repousam sobre o princípiiT dc
contradição. m.i$ também só wsrvenh uü como as prupoiiçctès idênticas, á cadeia
do método e / nào como princípios, por exempto, u = a* o todo é igual a si
mesmo, ou (a + b) > a» iito ê, o todo é maíor do que sua parte. Embora valham
segundo simples conceitos. contudo, mesmç çhüu proposições ião admitidas na
Matemática somente porque podem ser apresentadas na intuição. O que nos faz
aqui crer comumcrUc que o predicado dc tais juízos apodíticos já esteja contido
cm nosso conceito e que o juízo seja pomnto analítico» ê simplesmente a ambi
güidíidc da expressão. Iílo ê, devemos pensar um certo predicado acrescido a
30 ICANT

ura conceito dado, a esta necessidade já inere do s conceitos, Mas a questão não
c o que itevemus petisar acrescido ao conceito dado, mas o que efetivamente
pensamos nele* embora de modo apenas obscuro, e com isso se mostra que na
verdade o predicado adere àqueles Conceitos de maneira necessária, mas não co­
mo pensado no próprio conceiLo, mas sim mediante uma intuição que ^ precisa
acrescentar ao conoaita.
2, A Ciência da Natureza (physiea) contém em si juízos sintéticos a priori
como princípios. A título de cxempfo. quero mencionar apenas algumas proposi­
ções mis como -dseguinte: em iodas as mudanças do mundo corpóreo permanece
imutável a quantidade da matéria ou em ioda a comunicação de movimento ação
e reação tèm q ue ser sempre iguais entre si. Em ambas é dar a não apenas a ne­
cessidade. por conseguiule a sua urinem a priorí. mas também o Tato de s-erem
i.M proposições / sintéticas. Po;.s no conceito dc matéria penso não a pennancnciit,
mas somente sua presença no espaço pelo preenchimento do mesmo. Porianto.
vou efetivamente alem du conceito dii matéria para pensar acrescido a priori ao
mesmo algo que não p«nsara neiu. A proposição não ê portanto analíliea. mas
sintética c não obstante pensada a priori* e assim nas restantes proposições da
parte pura da Ciência d a Natureza.
3. Mesmo que se a encare como uma ciência até agora apenas tentada não
obstante indispensável devEdó ü natureza da razâo humana, fía Metafísica devem
exiar co/tfidos ív/rfiecimenfos sfnféticôs a priori, u dc maneira alguma lhe cabe
apenas desmembrar conceitos que nus fazemos a priorí de coisas u por meio
disso clucidn-los analiticamente, m&s queremos umpliar o nosüo conhecimento
a prío/ii para, tanto, precisamos servir-nos daqueles princípios que ao conceito
dado acrescentam algo não contido nele c quç por meio de juizos sintético* a
priorí venhamos quiçá a ir Ião tonge que a prúpria cxpcriència nau pode nos
seguir até tal ponto. Isso oeorre. por exemplo, na proposição: o mundo deve
ter um primeiro começo, bem como em outras ocasiões ainda* ç destarte pelo
menos segundo o séujirn a Metafísica consiste cm puras proposições sintéticas
a priori.

n / V I. Problema gerai áa razão pura

Lucra se já muitíssimo quando uma grande quantidade dc ínvesiigaçõcs po­


de ser submetida à fórmula de um único problema. Pois. assim nào se facilita
só o próprio irabatlio na medida em que «e o determina cxuiiimente, mas também
o ju íio de i|uatquer outra pessoa que quiser examinar se realizamos a contento
0 nosso propósito ou não. Ora, o verdadeiro problema da razau pura eslá conrido
na pergunta: conut íüo possíveis juízos sintéticas ü priori?
Que até hoje a Metafísica permaneceu numa simaçâo tão vacilante entre
íncerteiâi c contradições, deve atribuir se apenas a causa de não se ler ames
deixado vir à mente esse problema e talvez mcsmfl a diferença entre juízos urwliti-
co s c s ia té flC 0$. Na soluçlo desse problema ou numa prova satisfatória deqoe
de fato absolutamente nào ocorre a possihilidade que a Metafísica exige saber
explicada, nisso repousa. asccnsào c queda da Melafisicn,'ZJav/ti Nume, que der-
CRÍTICA DA RAZÃO PURA

Lre todos os filósofos mais se aproximou dcuxe prubtcma sem contudo sequer
de longe pensá-lo determinado o auficiente c cm sua universalidade, mas se deten­
do apenas na proposição sintética da conexão do efeito com suas causas (princi
pium cauüaütaiis), crçu / çi>tabcle^cr que tal proposição a priori fosse irti-cirarncnLe
impossível: segundo suas conclusões, tudo o que denominamí>s Mctafisícã de­
sembocaria ern mera ilusão de uma pretensa compreensão racional daquilo que
de faio foi símplesmenié tomado emprestado da experiência c que pelo hábito
se revestiu da aparência de necessidade. Sc tivesse tido adiante dos seus olhos
o nosso problema rta sua universalidade, jamais teria incidido em scmcHiSTUt
afirmação destruidora de Ioda filosofia pura* uma vcv que teria etnào compreen­
dido que i>egundo seu argumento também não posderia haver uma matemática
pura, pois esta certamente contêm proposições sintéticas a priori, e neste caso
o .seu bom senso talve? o teria preservado de semelhante afirmação.
A solução do mencionado problema implica ao mesmo lempo a poâ^ilidíJi
de do tisn puro da razão Fundar c levar a cabo todas a.x ciências que contêm
um conhecimento teórico a priori de objetas, isto é, responder às perguntas:
Como ê possível o matemática pura?
C u m v è flo s s b e ia ciê n c ia p u ra da n a w re z a ?
Ora. visio quccüsas ciências são realmente dadas, parece pertinente pergun­
tar como sâo possíveis, pois que têm que ser possíveis é provadci pela sua realida­
de.13 No que tange à M e ta fís ic o , / o seu mittro progresso ate aqui e o faio
de nào se poder dizer, cum respeito a nenhum dos sistemas ale hoje cxposioà*
que realmente exista tio tiuí concerne ao seu ftm essencial. dão a cada um nm Vs
para duvidar dí sua possibilidade.
Nao obstante, essa espécie de conhecimento lambém pode ser considerada
dada em certo seniido, e embora não como ciência, a Metafísica c eoniudo real
como disposição natural (metàphyslcn natural is)* Cnm ePeUo* sem ser movida
pela mera vatdadc da erudição, mas impelida pela sua própria necessidadt. a
rnzão humana progride irresísitvclmurie ate perguntas que não podem ser respon­
didas por nenhum use da razào na experiência nem por princípios dnl tomados
emprestado^ e assim alguma metafísica ^emprt existiu t continuará u existir real­
mente em todas os homens, tao logo a raxâo sc estenda neles alc a cspceulaçao.
Com rtspcito ü essa metafísica cabe agora a pergunta: f como é possível a metafí­
sica como disposição natural? Ou seja, como surgem da natureza da razão humu
na universal as perguntas, que a razão pura levanta para si mewmu e que è im peli
dn a respoitdcr, tão bem quarsto pode, por sua própria necessidade?
Já que em iodas as teniativas Feitas até agora para responder a es&as pergun
tas naturais, por exemplo se o mundo tem um começo ou se ê desde toda a
eiérnidade„ etc. encontram-se sempre inevitáveis contradições* rmo íc pode então
contentar-se com a mera disposição natural para a mel afísica, isto é, com íi pró

li Atp.üTi1: aindp juvíímm duvid&i1díslu liiúma cdLka riS^riva i<círneia pura da nuiurL-v^ Tj^bvLt, baura
vti dí dívcrwii propuiiçõcn que octmciii nti cumeçíi' da FKíca propfínrTHriLU: üiiu (trnpiriçiij — COfTIO ü
da pfirmanéfl^ia da mwmB rçu&ntidad«: dc (rtíNvria, a du inertéa. a da igualdade ik a^ài> c reação, Cl£. —
para Ingn 5e convencer de que perfazem uma phuicem puism tou raciimal} que, comt) eiéneta es-ptcial.
bem m íretc ser erigida. sapanicl^n-iírHe em ípíia a sup c*ttn&ão. sfja fista vasta aa csitein.
32 KANT

pria faculdade pura da razão, da qual sempre resulta alguma metafísica (seja
qual for), mas com tal disposição leni que ser possível alcançar uma certeza
quanto ao saber ou não-saber dos objetos, íseo c, ou decidir sobre os objçtos
de suas perguntas ou sobre a capacidade ou a incapacidade da razão julgar algo
a respeita deles, portanto ou ampliar com confiança a nossa razão pura ou im-
por-Hic limites determinados e seguros. Esta última pergunta, decorrente do pro­
blema geral acima. serÊa eom direito <t seguinte: como é possível a Metafísica
comu ciência?
Portanto, a critica da ra^ao conduz pt.tr fsm necessariamente à cíència: o
uso dogmático da razao sem crítica conduz., ao contrário, a afirmações infunda­
das / às quais se pode contrapor nutras igualmente aparentes, por conseguinte
ao ceíiehmoL
Bsta ciêticia tampouco pode ser de uma vastidão dcsencorajaníe. pois tem
que lidai nàu com objetos da razão, cuja multiplicidade è infinita* mas somente
com a própria ra7,ão. isto c, com problemas que surgem inteiramente do seu seio
c nâo lhe sao propoüUíS pela nal ureia das coisas, as quaiü são diferentes dela,
mas pela sua própria nntureza. Em tal ta,to. quando a razão aprendeu acanhccer
completamente a sua própria faculdade rto toe ame aos objetos que podem lhe
ocorrer na experiência, tem que \e tornar fácil determinar completa o segurumen
ur ü âmbito e ús limites do seu temado uso acima de iodos os limites da experiòn
cia,
Portanto, Lodas as tentativas feitas ati agora para realizar dogmaticamente
uma metafísica podem e têm que sar sneiradas como nào ocorrida^ Com efeito,
o que numa ou noutra há de analítico, isco é, um simples desmembramento dos
conceitos que residem $ príori cm nossa rcuào. nào chega a constituir Ainda o
fim* ma$ npenas uma promoção com vistas ã verdadeira Metafísica, Uio c, a
ampliar sinteticamente o seu conhecimento a priori; iíil desmembramento é im
prçstávd para u último por apenas mostrar õ que está comido em tais conceitos
não porém comií chegamos a priori a tais contritos paríi que segundo tal também
possamos determinar o seu uso válido com reüpeiio ao* ot> í jeios dc todo o
conhecimento cm geral, O abandono de todas essas pretensões também requer
pouca abnegação, uma vea quç íts inegáveis c Lambém inevitáveis contradições
da raz3o consiga mesma no procedimento dogmático privaram há tempo toda
metafísica precedente d» $ua reputação- Stirâ necessária maior firmeza para que
a dificuldade interior e a resistência exterior não nos dissuada de finalmente pro
mover, por abordagem compleiümeme oposta à até agora adotada, o crescimento
prospero e frutífero de uma cicncia indtspçmável à razão humana, da qual st
pode cortar cada ramo despontado, mas nao exterminar as raízes.

V II. idéia e divisão dc uma ciência especia! sob q nome


de uma Crítica tIa razâa pura

Dc tudo isso resulta a idéia de uma ciência especial que pode denominar-se
Crítica da razão pura. Pois a razão é a faculdade que fornece os princípios do
conhecimento a priori. Por isso a razào pura é nqueta que eumém os princípios
C R ÍT IC A DA RAZÃO P U R A

para conhecer algo abüolmameme a priori. IJm órganon da razão pura seria um
conjunto daqueles princípio* segundo os quais todos os / conhecimentos puros
a priori podem ser adquiridos c efetivamente realizados. A aplicação detalhada
dc um lal úrgantm pmporcionaria um sistema da razàu pura. Mas já que isso
6 pudir muit« e que ainda é incerto sc tambem aqui c cm que casos chega a
ser possível uma am plidão do nosso conhecimento, podemos encarar uma cícn-
da da simplei avaüaçào da razão pura, das suas. fontes e seus linutes, cunw
a propedêutica ao sistema dá razão pura. LJma lal ciência teria que se denominar
não unu doutrina, mas somente Critica da razão pura, e sua utilidade seria real
mente apenas negativa com respeito â especulação, servmdo não para a amplia
ção* mas apenas para a purificação da nossa razão e para mantê-la Itvre de erros,
o que já sígnifícaria um ganho notável. Denomino immcçnãçrtttil lodo conheci
mento que em geral se ocupa não fanto com objetos, mas com o nnsso mrdn
de conhecer objclos Há medida em que este deve ser possível a priori. Um sistema
dc lais conceitos denominar se ia jíhsqfta transcendental. Para um início essa
filosofia í aitukl demasiada. Com efeilo, uma vez que lal ciência teria que conter
completamente lanto o conhecimento analítico quanto o sintético a priori, no to
cante ao nosso propósito cia e dc um âmbito demasiado vasto, já que síS nos
c permitido impulsionar a análise na medida em que 6 imprescindivelmente neces­
sária para compreender os princípios da síntese a priori cm Ioda a sua extensão*
/ :i única cotsa que no,s interessa. Com essa invcstipaçâo ocupamo-nus ajgura,
Não podemoK denominá-la propriamente douLrina, mas somenie crítica transecn
dental.-pois tem como pmpósiio nào a ampliação dos próprios conhecimentos,
mau apenas sua m iíícação, devuidcj forncccr ü pedra dc toque que decide sobre
o valor ou desvalor de todos os conhecimentos a priori. Nlri medida do possível,
por conseguinte, uma ta) crítica é uma preparação para um órpanon c, kc este
não (íver êxito, pelo menos para um Canon dos conhecimentos a priori. se^undu
o qual talvez possa algum dia ser apresentado tanío analítica quanto sintética
mciUcü sistvmu cumplelü tia filosofia da ra/ão pura. Consista estequer na amplia
tão quer na mera limitação de ^u conhecimento. Pois que isso sçp possível,
c inclusive que um tal sistema nâo possa ser de grande âmbito para Cjue se tenha
esperanças de levã lo completamente a lormo pode sc julgar antecipadamente peio
Tato do ubjcLtt não consistir aqui na naiurexa da.s coisas, que c inesgotável. rníu
no entendimento, que julga sobre u natureza das coisas. <5 $$tc tambem, por sua
vez, só no tocante ao seu conhedmçnlo a priori. Uma vez que não precisamos
procurá-la fora de nós. esEa provirão do entendimento não nos pc*dc permanecer
ocuIiil e e, segundo todas conjeturas, suficientemente pequena para ser completa­
mente abarcada, julgada conforme a seu valor au desvalor e submetida a uma
avalíaçàu correta / Menos ainda deve se esperar aqui uma critica dos Jívtos e
sistemas da razão pura, m;ts sim a <ia própria faculdade pura da razão. Somente
sobre a baàe desta crítica sc possui uma pedra üe iaque secura psira tfvaliítr o
cnnteúdo ílleisóficti de obras antigas c novas aeste ramo; caso contrário, o histo­
riógrafo e juiz mcompeientc julga afirmações infundadas de outros mediante suai
próprias, que sào igualmente infundadas.
A fllt-ssofiíi transcendental £ a ideia dc um a ■cíGrteiii paru u q u al ã C rÍLica
3<l kant

da razão pura deverá projetar « plano completo, arquitetonicamente. Irío c, a


partir tk- princípios, com plena garantia da .compíetude e segurança de iodas
as partes que perfilem csiç edifício, fcln é o sistema de todos 05 princípios da
ratão pura. Qtie esta própria Crítica já não se denomina filosofia transcendental
repousa simplesmente no fato tlc que, para ser ura sistema completo, precisaria
conter também uma anáfise detalhada de todo o conhecimento humano a priori.
Ora. é verdade que nossa Crítica iem certamente que pór diante dos olhos tam
bém uma enumeração completa dc todos os conceitos primitivos que perfazem o
referido conhecimento puro. Só que é dado à Crítica abster-se do análise deta­
lhada desses* mesmos Conceitos bem como da completa recensão dos daí deriva­
dos, cm parte porque cüsb desmembramento não &eria conveniente / na medida
cm que rmo apresenta a dificuldade encontrada na síntese, etn vista da qual pro
priamente esiste u Crítica intçira. em parte porque contrariaria a unidade do ph
no ocupiiF-sc com a responsabilidade dii çompletude dc uma tal análise c deriva
çào. da qual bem se poderia estar dispensado no que tange ao nosso propósito.
Essa çompletude tanto do desmembramento quanto da derivarão a partir dos
conceitos a priori a serem fornecidos futuramente è, eniretanto. fácil dc eomplc
lar, contanto que esses conceitos estejam primeiramente aí como princípios dets-
ihudus. da síntese c que nada fatte Com respeito a esse propósito essencial.
à Crítica da razão pura pertence, portanto, ludo o que perfa? a filosofia
traiiüuenclcnLül. e dn é a idéia compIcEa da fifosofia transcendental, fflíi* nâo ain­
da iísu ciência mesma, fkííü u Critica avança na análise apenns até w pomo exigi
do para a avaliação completa do conhecimento sintético a priori.
Na divisão de uma tal ciência, é preciso ter sobretudo presente que nela não
deve entrar nenhum conceito contendo uigo empírico, c que n conhecimento a
priori seja inteiramente puro. J*or isso. embora os princípios supremos c 05 con-
ccíios fundarrujriiais da moralidade sejam wnhecimenros n priori. não purteneem
à filosofia iransecnderuat porque na verdade não tomam corno fundamemo dos
seus preceitos OS çon / CCÍtOS dt> prazer c do desprazer, dos desejos e das incli­
nações. etc» que sào todos de origem empiricu: todavia. na composição do sisic
ma da mofatidade pura tem neccssarjíimente que introduzir no conceito do dever
aqueles últimos conceitos, seja como obstáculo a scr vencido ou seja como csii
mulo que nòo deve ser transformado em motivo. A filosofia transecndental c por­
tanto uma sabedoria, mundana da razão pura meramente especulativa, Pois iodo
o prático, na medida em que contém motivas, relere-se a sentimentos, oh quais
pcnenccm às fnnks empíricas do conltiictrmmto.
Se sc quiser estabelecer a divisüo desta ciência desde 0 ponto de v ís e « uni
versai dc um si.scema em gemi, então a divisão que agora expomos precisa conter
primeiro uma d o u irn ia dos eiem en tm , segundo uma d o u trin a do m étodo da ra­
zão pura. Cada uma dessas panes principais teria sua subdivisão Cujas razoes
ainda não podem, todavia, scr expostas aqui. Como introdução üu advertência
parece necessário dí/.er apenas que h á dois troncos do conhecimento hum ano
CRÍTICA DA RAZAO PURA 35

que talvez brotem tle uma raiz comum, mas desconhecida & nòs-, a saber, sensibi­
lidade e ertiertdimeniu; ps la primeira são-nos dados objetos, mag pely segundo
sào pensados* 0r?._ na mesdida em que a sensibilidade contivercprtsvntaçòcH
a priori, as quais perfazem a condição mb ! a qual nos sâa dadns objetos, pcricn-
ecria â filosofia Inm&ccn dental. A doutrina transcendental Uoi sentidos teria que
[neriertcer à primuíra parte da ciência dos eierrteníos, poís fis yniEiiinen-
Le sííb as quais são dados objcLas ao conhe^imciitu humano precedem aquelas
sob .is quais os rnc&inos í*ào pensudus;..
DOUTRINA TRANSCENDENTAL
DOS ELEMENTOS
/ P R IM E IR A P A R T E
DA D O U T R IN A T R A N S C E N D E N T A L
DO S EL E M E N T O S

E S T É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

! *

Seja qual for o modo c sejam quais forem os meios pdos quais um conheci­
mento possa referir-se a objetos, a intuição ê o modo como se refere imediata
mente aos mesmos e ao qual lende como um meio todo o pensamento* Contudo,
esia intuição só acontece na medida cm que o ubjetü nos Ibr dado; a nós homens,
pelo menos, isto só é por sua vez possível pülo faio do objeto afetar a mente
dc ecrta maneira. A capacidade (receptividade) dc obter repr^eninçõcs mediunte
o modo como somos afetados por objetos denomina-se sensibilidade. Portanto.,
pela sensibilidade nos sâo dados objetos e apenas ela nos fornece intuições; pelo
entendimento. ao invés, os objetas são pensadas u dele se originam conceitos.
Nu entanto* por meio de emas características, seja. diretamente (directe) ou por
rodeios {indifecteh todo o pensamemo tem por fem que *e referir a iníutçõcs,
cm nós portanto a sensibilidade« pois dc outro modo nenhum objeto nos pode
ser dado,
/ O efeito dc um objeto sobre a cupueidudc dc representação, nu medida
em que somos afetados peki mesmo, ò sensação. Aquela in tu ito qüc s-e rercre
ao objeto mediante sensação denomina-w: empírica. O objeto indeterminado de
uma irtluiçào empírica dcntimma-sejftwõw/io.
Dertomino maiéria do fenómeno aquilo que nelç curre^ponde â sensato;
denomino, ao Ír\vçt.tfQrmit do fenómeno aquito que Tít?. com quu v múltiplo do
fònòmcrto possa ser ordenado em cerías relações. Já que aquilo unicamente no
qual as scnsaçOcs podem se ordenar c ser postas em ecrut forma não pode, por
sua vez, ser sensação, então a matéria de todo ícnômeno nos é dada somente
a posteriori, lendo poçém a sua forma que estar LOda â disposição a priori na
mente c poder ser por isso considerada separadamente dc toda sensação.
Denomino puras (em sentido transcendental) todas as reprewcntaçõe:; cm que
nào for encontrado nada pertencente ú sensaçào. Conseqüentemente, a forma
pura de Iiuuiçòcs sensíveis cm geral, na Cfual iodo o múkiplu dos fenomenos
ó inLuído era cenas rdações, será encomrada a prigri na mente, Fssa forma pura
da sensibilidade também se denomina ela mesma intuição / pitra. Assim, quando
separo da representação de um corpo aquilo que o entendimento pensa a respeito,
tal como sub.stânciaT força* divisibilidy.de. eic,. bexn como aquilo que pertence
à sensação, lal como impenetrabilidade» dureza, cor, etc,* para mim ainda resia.
alga üessa intuição empírica, a saber, extensão e figura. Ambas pertencem n ín-
40 KANT

tuição pura, que mesmo sem um objeto reat dos sentidos ou da sensação ocorre
a priori na mente como uma simples Forma da sensibilidade
Denomina estética transcendental uma ciência de tódos os princípios da
sensibilidade a priori.’ * Tem, portanto, que haver uma tal ciência que / perfaça
a primeira parte da doutrina transcendental dos elementos, cm oposição à que
contem os princípios do pensamento puro e denominada lógica transcendental.
Na Estética Transcendental. por conseguinte, isolaremos cm primeiro lugar
a sensibilidade separando ludo o que 0 entendimento pensa nela mediante seus
conceitos, a ílm de que nSo reste senão a intuição empírica. Em segundo lugar,
deslu última ainda separaremos tudo ü que pertence à sensação, a ftm de que
nada muis reste senão a irLiuiç£u pura c a mera forma dos íenõmcnoü, a única
coisa que a sensibilidade pode fornecer a priori No decurso <£esi;i invcMigaçào.
ver-se-á que como principiou do conhecimento a priori há duas formas puras
dn intuição sensível, a saber^ espaço e tempo, com o oxame das quais nt>s ocupa­
remos agora.

/ SEÇÀO PRIM EIRA ÜA ÈSTÊTrCA TRANSCENDENTAL

DO ESPAÇO

§ 2. Exposição metafísica deste conceito

Mediante u sentido externo (uma propriedüde da nossa mente) representa.-


mo-nos objetos como fora de nós e iodos juntos no espaço. Neste sâo determina­
das ou determináveis as süíls figuras, magnitude e rctação reciproca. O sentido
intenw, mediante o qual a menie imui a sí mesma ou o seu próprio estado inter­
no* nn verdade nào proporciona nenhuma inluiçâo da própria alma como um
objeto; consiste apenas numa forma determinada unicamente sob a qual c p-ússí
vcl a iiuuiçã« do seu estudo imoino* iít mixlo a tudo o que pertence às determina
çôes iniernas ser representado em relações de tempo, O tempo não pode ser intuí­
do externamente, tampouco quanto o espaço como algo em nos. Que são, poréro,
espaço c tempo? Sâo entes reais? São a pena* determinações ou também relações

1* <"K ülcmÂes K-iWf <wc úniijus a aforn uw»r<nn u pjduvca estirlea parj» desigiwr o que o.\ utilrus denOJniriúm
crítica d« fcuslü Kssa í3enomiíi^í7io funda-w mima falsa cypíinmjn, turc-cbíJa pçicjçxtclcftli: pensado»1unalí
tiou Büutaftuften, <tç subrm-rer a aviLlinçéíj trítíc-u do bob a princípios. rAiiOftiift e de efcvar as regTíis da
mesma dência- E iic «sfçrço 4. culrcUMu, Vttò, pots. iftis regias ou CírténoM -São. tom respeito às suas prínei-
pajs fontes, meramente çíMpiricas e porcanio jamais potfcm « n ii cíijtu» Vi a & pfiort dcttíniio^das petas
qiuis teria cjur *c reituLtcr 0 nona? juísw do gostçn este iliirnu uuiuvtiiué, muito outio^ a fwüra de io^uc
da torreçào das rwimifiras. / Em vista disso, acnn^lha se 4ça*r por sua ycí dc laiio csia dcnanunaçiui.
rcscrwíMHk» a à doutrina çfiw seja verdutfriftt citJSciis {cfcsic miala aproiimar-tlOvemos da lingiiaRím ií do
teniiib* üoí antíÈ11*. pura os tjuuiis a dlivtiitü do coivhtóEmcciLü cm K£tl üOTjròt era bamrue fama
sãK ou partilhar iaJ dcnofíiinJição ccrni a ftbtMjfia ífipcculatiwa c tortiar a estética on cai itntida Uíuibccndcn
l&U< ka «m «igrufjcado psi;vJógict).
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 41

das coisas» tais porém que dissessem respeito às coisas em mesmo que não
fossem intuídas? Ou são determinações ou relaçòcs inerentes apenas à forma
da intuição e. por conseguinte, à / natureza subjetiva da nossa mente, *çm a
qual tais predicados não podem ser atribuídõs.a coüsa alguma? Para nos insiryir-
moji sobre istux queremos em p rim e iro lugar capor o conecito de espaço. Por
exposição (expvaiíio) entendo a representarão clara (ainda que nào detalhada)
daquilo que pertence a um conceito; essa exposição c. porém, metafísica quando
contém aquilo que apresenta o conceito enquanto dado a priori.
1) O espaço não é um conceito empírico abstraído de experiências externas.
Poig a representação de espaço já tem que esi&r subjacente para curtus sensações
se referirem a sigo tara de mim (isto c. a algo num lugíir do espaço diverso
daqude em que me encontro), e igualmente para eu poder representá-Utá como
fora de mim e uma ao lado da oulra e por conseguinte nào simplesmente como
diferentes, mas como bituadas em lugares diferentes. Logo, si representação do
espaço não pode ser tomada emprestada, mediante a experiência, das relações
do fenómeno externo, mas esta própna experiência externa é primeiramente
possível só medianle referida representação.
2) O cnpaço é uma representação a priori ncces&ária que subjuz; a todas
as íntuiçüts externas. Jamais ê possível fay.er se uma representação de que não
hà espaço algurrt, çmbora se possa muito bem pensar que uuo se encontre objeto
algum / nele. fcte é. ponanto, considerado a condição da possibTidade dos fenô­
menos e não uma determinaçaü dependente destes: c uma representação a priori
que subjaz. necessariamente aos; fenómenos externo*.
3} O espaço nào é um conceilo discursivo ou. como se diz. um conceito
universal dc relações das coisas em geral, mas sim uma intuição pura. Em primei­
ro Iugüf\ só sc pode representar um espaço um*, e quando se fala dc muitos espn
ços entende-se com iííso apenas panes dc um e mesmo espaço úrtico, F.skhs píiriis
nau podem tampouco preceder o espaço uno, que tudo compreende, como se
fossem suas parles componentes tu partir das quais seri4 posai vel sua cúmposi
ção), mas só ser pensadas nele. 0 espaço ò essencialmente uno; o múltiplo jicIt:.
por conseguinte também o conceito universal de espaço« em geral* repousa ape
nas sobre limitações. Disso se£uC’Ke que, no locante ac espaço» uma inmiçào
a priori (não empírica) subjaz a todos os Concciios do mesmo. Assim todos os
princípios geométricos, por exemplo que num triângulo a soma dc dois lados
é maior do que o terceiro lado, jamais sào derivados dos conceitos universais
linha e triângulo* mau sim da imuição, e isso a priori com certexa apoditica.
4 )0 espaço c representado como uma magnitude infinita dada. Ora, é verda­
de que se precisa pensar cada con / ccíío corno uma representação contida num
número infinito de diversa.s representações possíveis (como sua cíiracierísrica co­
mum}, portaeito contendo sob si tais representações; mas nenhum Conceito como
tal pode scr pensado como se contivesse em si um número infinito de representa
çíie?i- Nàt> obstante, o espaço c pensado desse modo (pois todas as parles do
espado são bimiJliãricas ao infiniEo), A representação originária ào espaço é. por­
tanto, miuição a priori c não conceito.
42 KANT

§ 3 . P.x p asição tran scen d en m { do co n ce ito d e espaço

Por exposição transcendental çn tendo a explicação de um conceito como


um princípio a partir do qual se possa compreender a possibilidade de culros
conhecimentos sintéticos a priori. Para esse intuito çxigirse-á I ) q ue cais conheci­
mentos efetivamente fluam do conceito dado, 2) que esses conhecimentos sejam
possíveis someme pressupondo um modo dado de explicar tal eoncciti!,.
Geometria é uma ciência que determina smtcíícamcme e tucsííio assim a
priori as propriedades do espaço. Que deve serT pois, a representação do e&paço
para que seja possível um La! conhecimcnto dele? O espaço Tfifn çuc ser origina­
riamente intuição, jà que dc um / simples conceito não se podem extrair proposi­
ções que ultrapassem o conceito. coisa que acontece na Geomtiirin (íiuruduçaa,
V y Mas essa intuição Uim que scr encontrada cm nós a priori. isto ê, antes ds
ioda a percepção dc um objeta, tem portanto que ser intuiçào pura e nâo empiri-
ca. Com efeito, as proposiçoes geométricas são todas apodílica,,«;, isto c, ligadas
à consciência da sua necessidade, por exemplo: o espaço Lcm sú três dirrtensòes:
mas proposições tais não podem ser juízos cmpirícos au de experiência, nem
inferidas dos mesmos (Introdução* II),
Ora, como pode estar presenie na mente uma intuição eterna procedi
os próprios objtítos e na qual o conceito destes últimos pode ser determinado
a priori? De nenhum ouiro modo, evidentemente, senão na mcdfda em que tem
sua sede apenaü ncr iujeUo enquanto a disposição formal do mesmo for oFiitado
pfir objetos c obtiver assim uma rapresxniaçâa imediata. isto é. umo iníuiçàtí
deles* portanto só como forma do Sentido éxiemo em neral.
Logo, unieamontç ü nussa explicação torna eoncébivcl a pónsibiiidfoíe àa
Útfumvtria como um conhecimento sintético a prirí. Toda maneira dc explicar
que nao fornçcc ísíhj, embora aparente alguma semelhança com a nossn. pode
dda .scr dintmguidn com a maior segurança por cusos características.

/ Conclusôsx <ipartir dos conceitos acima

a) O espaço de modo algum representa uma propriedade de coisas cm si,


nem tampouco estas em suas relaç&e* reciprocas; foioé. nào represema qualquer
determinação das mesmas que $eja inerente aos próprios objetos ç permaneça
ainda que sc abstraía dc todas as condições subjetivas da intuição. Com efeito,
nem determinações absolutas, nem relativas p^dem scr intuídas antes da exlstciv
cia das coisa* is quais dizem respeito, e por conseguinte também não a priori.
b) O espaço nio é senão a fornia de Lodo3 os fenômenos dos sentidos exter­
nos, isto c. a Cündição subjetiva dã sensibilidade unicameiuc sob a qual nos c
possível inuiíçào exterrm. Ora, visio que a receptividade dq üujeito ser afetado
por objetos necessariamente preesde toda intuição destes objetos, compreende-se
como » forma de tudos os fenômenos pode ser dada na mente antes de todas
as percepções efetivas, por conseguinte a priori, e como eia, enquanto uma intui
ção pura na quztl todos os objetos têm que ser determinados, pude conter, ames
de toda u experiência, princípios da$ relações dos. mesmos.
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 45

Somente desde o ponto de vista humano, podemos portanto falar do espaço,


de cntcs extensos, etc. Se nos afastamos da condição subjetiva unicamente üüb
a qual podemos obter intuição externa, ou seja. do modo como podemos str
afetados por abjetos, então a representação do espaço não significa / absoluta­
mente nada- Este predicado só é atribuído às coisas na medida cm que nos apare*
eem, isto é, são objetos da sensibilidade. A forma constante de&sa. receptividade,
denominada sensibilidade, é uma condição necessária de iodas ás relações em
que objetos são intuídos como fora de nós} e quando se abstrai desses objetos
é uma intusçàu pura que 3-eva o nome espaço. Como das, condiçdcs particulares
da sensibilidade não podemos fazer condições da po&sibiEidade da^ coisas, mas
somente dos seus fenómenos, podemos muito bem dizer que o espaço abarca
todas a& coisas que nos pedem aparecer cxLcrnamente, más não todas as coisas
em si mesmas, possam estas sèr intuídas ou nào ou Lambem ser intuídas pelo
sujeito que se quiser. Relativamente às mtuições de outros entes pensantes, com
cTeita nào podemos nbsolutümcntc julgar sg estão vinculadas às mesmas condi­
ções que limitam a nassa intuição c nos sao universalmente váhdas. Se ao concei­
to do sujeito acrescentarmos a limitação dt um juíüü* então e&le vale incondicio­
nalmente. A proposição: todas as eoi&as estão justapostas no espaço, vaie sob
a timitução de que estas coisas sejam loinadas como objetos da nossa intuição
sensível. Se acrescento aqui a condição ao conceito e digo: iodas as coisas en­
quanto fenômenos esternos estão justaposta* no espaço, então essa regra vylc
universalmente e sem limitação. Nos í sas exposições ensinam, portanto, n r e a li­
dade (isto é, a validade o b je t iv a ) do espaço no tocante a tudo o que pode nos
ocorrer externamente como objclo. mas ao mesmo tempo a idealidade do espaço
no tocante às cotsas quando ponderadas cm si mesmas pela razão, íülq é, sem
levar em conta a natureza da nossa sensibilidade. Logo, afirmamos a realidade
empírica do espaço (com vistas a toda possível experiência extertia) e não obstan­
te sua idealidade transcendeu mi, isto é, que ele nada c tão logo deixemos de
lado a condição da possibilidade de toda a uxperiència 0 o admitamos como
algo subjacente às coisas em si mesmas.
Fora do espaço, uliãs. não há oucra representação subjetiva t referida a
algo externo que pudesse a príorí chamar-se objciiva. De fats.de nenhuma dessas
representnçaòes pode-se derivar proposições sintéticas 3 priori, tal como SC pode
fazê-lo da intuição no espaço (§ 3}* Para falar com precisão, por conseguinte,
não se atribui idealidade a nenhuma dessas representações* embora concordem
com a representação do espaço ms fatíi (te pertencerem apenae à disposição aubjc
eiva do modo dos sentidos serem- por exemplo da visão, do ouvido, do Lato me­
diante as sensações das cores, dos sons c do calor; mas pelo fato dc serem só
sensações e nào iniuições, essas representações não dão em si a conhecer muito
menos a priorú objeto algum.
i Essa observação visa apenas impedir qu-e ocorra a alguém elucidar a afir­
mada idealidade do espaço mediante exemplo* dc longe insuficientes, uma vez
que cores, gosto, eie„ não podem com jusLiça ser considerados disposições das
coisas, ma:* apenas modificações do nosso jeiio que podem até ser diferentes em
diferentes homens. Pois neste caso, 0 Que originariamente c apenas fenómeno*
44 KANT

por exemplo uma rosa, vale em sentido empírico por uma coisa em si mesma,
que com respeito â cor pode apareccr a cada olho de um modo diverso. Frente
a isso. o conceito transcendental dos fenômenos no espaço é uma advertencia
crítica de que em geral nada intuído no espaço é uma coisa em r i c de que o
espaço tampouco é uma forma das coisas que lhes è própria quiçá em sí mesmas,
mas sim que os objetos t‘m si dc modo alftum noa sio conhecidos e que os por
nós denominados objetos externos não passam dc meras representações da nossa
sensibilidade, cuja forma é o espaço e cujo verdadeiro corrclatum contudo, isto
é, ã coisa em &i mesma, não e nem pode ser comhecida com a mesma e pela
qual também jamais se pergunta na experiência.

/ S EÇ Ã O S E G U N D A DA E S T É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

DO T E M P O

§ 4. Exposição metafísica do coticeilo dc tempo

1} 0 ttmpo nào é um eonceiio empírico atwLraído dc qualquer experiência.


Com efeito, a simultaneidade ou a sucessão nem sequer se aprasentâria à percep
ção se a representação do tempo não estivesse subjacente a priori. Somente a
pre&suponda pode se representar que at$o seja num a mesmo wmpo (simultâneo)
ou cm ccrTipui. diferentes (sucessivo),
2) 0 tempo é uma representação necessária subjacente a todas tntlHÇões.
Com respeito aos fenômenos em geral,nâo sc pode suprimir o próprio tempo,
nào obstante sc possa du wmpo muito bem eliminar os fenômenos. 0 tempo
ti* portanio. dado a priori. Só nele é possível toda a realidade dos fenômenos.
Os fenômenos podem cair todos Tora. mas o próprio tempo (como a condição
universal da sua possibilidade) nào pode ser supres&o.
/ 3) Sobre üü$ü necessidade a priori também <y» funda a possibilidade de
princípios apodíticos das relações do tempo, ou dc axiomas do tempo em geral.
Ele possui uma única dimensão; diversos tempos jiüo $ào simultâneos, mas suces­
sivo» (assim como diverso* espaços nào são sucessivos, mas simultâneos). Esses
princípios nào podem ser tirados da experiência, pois esta não daria nem univer­
salidade rífiurosa nem cerre/a ap^vtítíca. Podaríamos apenas dizer: a^im o ensi­
na n percepção comum; não porém: as coisas não precisam se passar assim.
Esses princípios valem como regras sob as quais em geral são possíveis experiên­
cias, e nos instruem antes de tais experiências e não pelas mesmas.
4^ Q tempo nãt> é um conceito discursivo ou* como se diz, um conceito
universal, mas urna forma pura da intuição sensível. Tempos diferentes sàa ape
nas punes precisamente do mesmo tempo. A representação que so pode ser
dada por um único objeto é, porém, intuição. A proposição de que tempos dife­
rentes não podem scr simultâneos, também não se deixaria derivar dc um concci
to universal. A proposição ú sintética e üio pode orígmar-se unicamente de con-
CRÍTÍCA DA RAZÃO PURA 45

ceítos. Está, portanto, comida imediatamente na intuição e representação do lein-


po.
5) A infinitude do tempo nada mais significa que toda. magnitude determina­
da do tempo só é passível mediante / [imitações de um tempo uno subjacente.
A representação originária (empo tem. portanto,, que ser dada tomo ilimitada*
Mas onde as próprias partes e cada magnitude de um objeto podem ser represen-
tadfcs determinadamente apenas por limitação* a Inteira representação não tem
que ser dada por conceitos (pois estes $6 comêm representações parciais)- mus
tem que lhes subjazer uma intuição imediata.

§ 5, Exposição transcendental du conceito de tempo

Fosso a propósito reportar me ao n,® ^ onde, para scr breve, coloquei o


que c propriamente tratisccndcnta] sob o artigo da exposição metafísica. Aqui
acrescento ainda que o conceito de mudança e, com ele. o concctto dc movimento
(como mudança de lugar) só ê possívet por c na representação de çempo: sc essét
representação nâo fosse intuição (interna) a priori, nenhum conceito, seja qual
for. poderia tornar compreensível a possibilidade de uma mudança, isto é, de
uma lígaçào de predicados opostos contraditoriamente (por exemplo o ser e o
não-scr de uma mesma coisa no mesmo lugar) ruim e mesmo objeto. Somente
no tempo, isto é. duas determinações opostas contraditoria /
mente podem scr cncomrudas numa coisa. N oüSO Conceito dc lempo explica, por­
tanto, a possibilidade dc tanto conhccimemo sintético a priori exposiü pela dou
trina geral do movimento, a qual nào é pouco fecunda.

§ 6. Conclusões a par/ir desses conceitos

ít) O lympo nào t algo que subsísic por si mesmo ou que adere às coisas
como determinação objetiva, e que por conseguinte restaria ao se abstrair dc
todas as tíúndjções subjciivíiy da imuiçào das mc&ma&; pois nu primeiro caso,
o tempo seria algo real mesmo sem objeio real No que concerne ao segundo
caso, porém, enquanto uma determinação ou ordem ydurente próprias coisas
e tempo não poderia preceder os objetos como sua condição^ nem ser conhecido
c intuído a piiori por proposições sintéticas* Ao contrário, isso pode muito bem
ocorrer se o tempo nada mais for senào a c o n d ição subjetiva sob a qual podem
ocorrer cm nós codài as intuiçòes. Pois então essa forma da intuição interna
pode ser repreaenuda antes dos objetos, por cortscguirne a pnori.
b) Ü tempo nada mais é sen ao a Forma do sentido interno, isto c, do intuir
nós mesmos c nosso estado interno, Com eleito, o tempo não pode ser uma deter­
minação de fenômenos externos; nào pertence nem / a uma figura ou posição,
etc., determinando ao contrário a relação das représemaçõeü em nosso est&do
interno, E justamente porque £ssa intuição interna nào dá figura alguma, pro cu ­
ramos também substituir essa carência por analogias e representamos a suces­
são temporal por lima Unha avançndíi ao Infinito, na qual a múltiplo perfaz uma
KANT

série de uma única dimensão, e das propriedades dessa linha inferimos todas
as propriedade?; do tempo, excetuando apenas a de que as partes da linha sio
simultâneas e as partes tio tempo sempre sucessivas- fsso aclara também que
a representação do próprio tempo è intuição, poàs todas as suas relações podem
ser expressas numa intuição externa.
c) O tempo é a condição formai a priori de todo.s as fenômenos cm geral,
bnquanto Forma pura de ioda intuição externa, como condição a priori o espaço
está limitado «penas a fenômenos externos. Frente a isto. visto que todas as repre­
sentações, tenham come objmu uoinas externas ou não, em si me&mas, como
determinações da mente, pertencem ao estado interno, ao passo que este estado
interno sübsutrtc-se â condição formal dc intuição interna e portanto a o lempo,
então o tempo é uma condição a príori de todo fcaómeno cm gera!* e na verdade
a condição tmediat?. dos fenómenos internos, (das nossas almas) e por isso mesmo
também mediatamente a dos fenômenos externos. / Se pou& dizer a priori: todos
os fenômenos externos sio determinados a pf iori no espaço c segundo as relações
do espado, a partir do principio do sentido interno posso então dizer universal­
mente: iodos os fenômenos em gc:ral, isto c. iodos ys objetos dos seritidOs. sáo
no tempo < Sestàü necessariamente em relações dc tempo.
Sc abstrairmos du nosso modo dc intuirmos internamente a nós mesmos
c Ue mediante lal intuição abarcarmos iodas as imuiçôcs externas na capacidade
de representação, tomando assim os objetos Como possam ser em si mesmos*
entíru o tempo não é nada. Possui validade objetiva apenas no tocante aoü fenõ
menoA. puís estcò já são coisas que assumimos como objetos dôa nossas sentidos;
mas deixa de ser objetivo quando ac abstrai da sensibilidade da nossa intuição,
portanto daquele rrnxlu de representação que nos é peculiar, e se fala áe coisas
cm geraL Logo. o tempo c simplesmente uma condição suhjctiv« da nossa <humu
na) intuição {que ê sempre sensível, isto é, nu medida em que somos afetados
por objetos), c em si. fora do sujeit». não £« nada. N io obstante, no i^uc tange
a todus os fenômenos e poruuiio também a iodas as coisas que podem nos ocor­
rer na experiência, o tempo c necessariamente objetivo. Não podemos dixer: to­
das as ctfibiis s-ão m> icmpo, pois nu conceito coisas / em geral ac abstrai dc
toda espécie dc intuição das mesmas, a tjual é contudo a verdadeira condição
sob a quaJ o tempo pertence â representação dos Abjetos, Ora. se a condição
for acrescentada ao conceito e se di.sser: Lodas as coisas COmo fenômenos (objetos
da intuição sensivel) sào no tempo, então o princípio pos.sui sua boa correção
objetiva e universalidade a priori,
Noss&si afirmações ensinam, portanto, a realidade empírica do tempo, isio
é, validade objetiva com respeito a iodos os objetos que possam sçr dado* aos
nossos sentidos. E uma vcí que nossa intuição é sempre «nsivel. na experiência
jamais pode nos ser dado um objeto que não estiver submetido à condição do
(empo. Contrariamente, contestamos ao tempo todos reclamos de realidade abso­
luta, como se, também wem tomar em consideração a forma de nossa intuição
sensível, tosse absolutamente inerente às coisas cúmo condição ou propriedade.
Taiü propriedade* concernentes às cois&s Cm si jamais podem nos ser dadas pelos
sciuidos. Nisso consÉste, portanto, a idealidade transcendental do icmpo, segundo
a qual o mesmo c absolutamente nada sc se abstrai das condíçòes SUbjelivas
da mtuição sensível* não podendo ser incluído nem como subsistindo nem como
incrindo aos objcios em si mesmos (sem a sua relação com a nossa inuiição).
ifssa idealidade, todavia, bem / como a do eipaçu, não deve ser comparada às
sub repções da sensação, porque entâo se pressupõe do próprio fenômeno ao qual
inerem esses predicados uma realidade objetiva que no caso do tempo nau se
verifica absolutamente, a não ser na medida em que eía è meramente empírica,
isto é, encara o próprio objeto apenas COíllü fenômeno. Sobre esse ponto convém
rever a observação acima ná primeira st;çào.

§ 7. Esclarecim ento

Contra esta teoria que concçdc ao tempo realidade empirica. mas lhe contesLa
a absoluta e transcendental, ouvi de homens perspicazes uma objeção tào unâni­
me que disso concluo deva aprcscfUar-se naíuratmente a cada leilür não fam iliari­
zado com estas considerações. Soa assim: m udança são reuis (isto c provado
por variarem itosâas próprias representações, mesmo que se quisesse negar todos
os fenômenos externos junlo com suas mudanças)* Ora. mudanças só são possí
veis no tempo, conseqüentemente o tempo ç algo real. \ resposta nào contém
nenhuma dificuldade- Aceito lodo o argumçma CEaro que o limpo é algo real,
a saber, a forma real da imuiçáo interna. Possui, portanto, realidade subjetiva
com vistas à experiência inierna, isto c. tenho efetivamente ít rc / presentgçâo
do tempo c das minhas dcíefmtrtaçíi-es nele. Logo, precisa ser encarado nao como
objeto, mas como 0 modo de me representar a mim mesmo como objeto. Mas
se cu mesmo ou um omro snte pudesse intuir-me sem essa condição da sensibiti*
dade. neste caso as musmas determinações que agora noi? representamos como
mudanças dariam um conhecimento em que de modo algum ocorreria a represen­
tação do tempo, por conseguinie lambem não a dc mudança. À realidade empíri­
ca do lempo permanece, portanto, 3 condição dc todas as nossas experiências*
Segundo o refcrjdo acima, apenas a realidade absoluta não lhe pode ser concedi­
da. O tempo nada mais c que ít forma da nossa intuição inierna1* . Se a condição
particular da nossa sensibilidade lhe for suprimida, desaparece tamhcm o concei­
to do tempo, que não adere aos próprios objetos, mas apenas ao sujeilo que
o$ iniui.
A causa, entretanto, pela ^ua] cs-sa objeção é levantada com tanta unanimi
dade e precisamente pelos que não sabem objetar nada de plausível contra a
doutrina da / idealidade do espaço, é a seguinte. Nào esperavam podejr demons­
trar apodilicamente a realidade absoluta do espaço porque se lhes contrapõe o
idealismo, segundo o qual a realidade de objetos externos não c suscetível de
nenhuma prova rigorosa: ao contrário, a realidade do objeto dos nossos senúdws
internos (de mim mesmo e do nieu estado) é imediatamente c5àfa pela consciên
cia, ÁQuelcs poderiam constituir uma pura ilusão* mas este é, segundo a sua

T* Em verdade, pos«» diicr; minhíiy tcprcscritações sucedem-se «ram; âs ftutrns, mas. tato significa apenas
£|ue somos cânscicntcs delas como numa sucesçàci iie wmpo, ino ê, secunde» a forma do sentidti interna.
f> lonpçi nào c. Jior iisu, aifcjo cm n raíimo, n-ejTi umit dctírmiíiÈçán objeiivamçnie intíSitW ia ctvisn!.
KAN T

opinião* algo inegável mente reaL Não levaram em coma. todavia, que ambas
as espécies de objetos, sem que se necessite contestar sua realidade como repre
sentações» pertencem somente ao fenômeno. Este possui sempre dois aspectos:
um em que o objeto é considerado em si mesmo (desconsiderando o modo de
intuí lo, rnes cuja natureza permanece justamente por isso sempre problemática),
o outro cm que se vê a forma da intuição desse mesmo objeto. Taí forttia precisa
ser procurada não no objeto em si mesmo» mas no .sujeito ao qual aquele aparece*
não obstante diga efetiva e necessariamente respeito ao fenômeno des.se ohjeto.
Tempo e espaço soo, portanto, duas fontes de conhecimento das quais se
pode rirar a priori diferentes conhecimentos sintéticos; sobretudo a Matemática
pura fornece um esplendido exomplo disso no qtn> conccrne aos conhecimentos
do espaço c das suas relações. • Tomados conjuntamente, tempo e espaço são
formas puras dc toda imuivão sensível, e desse modo tornam possíveis: proposi­
ções sintética^ a priori. Mas essas fontes de conhecimento a priori determinam
os próprios limite:» pdo lato dc serem simplesmente condições da sensibilidade,
isto è. pelo fato de se referirem a objetos só na medida cm que sào considerados
fenômenos» mas sem apresentarem coisas em si mesmas* O campo da sua valida­
de é constituído unicamente pelos fenômenos» c quando se sai dele não se verifica
maií nenhum uso ohjetivo dm mesmos. Essa realidade do ebpaço e do tempo
deixa, de resto, intata 4 segurança dt> conhecimento cte experiência: com efeito,
estíimos s«guros dele quer essas formas sejam necessariamente inercnies às coisas
cm si mcsflUÀ. quer apenas à nossa intuição desta* coisas. Ao contrário, aqueles
que ídirmíim a realidade absoluta do espnço e do Lcmpo„ seja que a aceitem como
subsistente ou apenas como inerente* lem quç se achar em conflito com os princi­
pio da própria experiência. Com efeiio* no caso de «e decidirem por uma real ida
de subsistente (nesta facção íncluemsc eomumenie os investigadores matemáti­
cos da natureza), precisam admitir dois nãoentes eternos infinitos subsistentes
por si (espaço e lempo) que existem (mesmo sem serem algo real) somente para
abarcar em si lodn o real. Se tnmafem o segundo partido (ao qual pertencem
alguns teóricos metafísicos da natureza}, e&paço e lempo lhes valendo como rda-
çíSes (coexistentes ou sucessiva*) dm fenômeno* abstraídas da experiência / e
não obstante representadas confusamente naquela abstraçao, üesic caso precisam
contestar a validade ou pelo menos a certcía apodítica dai douLrina< matemáii-
eas a priori concernentes a coisas reais (por exemplo no espaço) na medida cm
que esta oerie/.a de modo algum ocorre a posteriori. Segundo esu opinião, cs
conceitos a priori de espaço e aempo sào meras criaturas do poder de imaginação,
cuja fonte tem que ser procurada efeltvamente na experiência: das relações abs-
Lraíúas da experiência, a imaginação produziu algo que na verdade contêm o
geral das mesmas, mas que não pode ocorrer sem as restrições que a natureza
conectou com tais rclaç&es. Os primeiros postem a grande vantagem dc libera
rem o campo dos fenômenos para as asserções matemáticas. Pôr meio dessas
m esm as condições, ao contrário, confundem-se muito quando o entendimento
quer ultrapassar este campo, Os segundos posisuem, com relação aos últimos,
a vamuijem das representações dc espaço e tempo não atravessarem seu caminho
quando querem julgar sobre ubjetos não como fenômenos, mas unicamente na
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 49

relação com o entendimento; contudo. não podem indicar um fundamenro da


possibilidade de conhecimentos matera áticos a priori (na medida era que lhes
falta uma intuição a pnori verdadeira, e objetivamente válida) nem levar proposi­
ções da experiência a uma concordância necessária com aquelas afirmações. Bm
iiossa teo / ria sobre a verdadeira constituído dessas duas firm as originárias JB
da sensibilidade, ambas as dificuldades são remediadas.
Que enfim ei estética transcendental nào pode conter mais que esles dois
elementos, a saber, espaço e tempo, fica claro peto fato de todos os outros concei­
tos pertencentes à sensibilidade, mesmo o dc movimento, que reúne ambos os
elementos, pressuporem algo de empírico. Com efeito, o movimento pressupõe
a percepção de algo móvel. Mas no espaço, considerado em si mesmo, nada
é móvçl; por Conseguinte, o que se move tem que scr algo encontrado no espaço
só mediante experiência, portanto um dado empírico. Do mesmo modo. a estética
transcendental nàu pode contar o conceito de mudança entre os seus dados a
priori, pois o próprio tctnpo não muda. mas siro algo que e no tempo. Logo,
para isso requer-sc a percepção dc alguma existência e da sucessão das suai
determinações, por conseguinte experiência.
I

/ § 8. Observações gerais sabrça estética iranseendênitíl s*>

l. Um primeiro lugar, jrcrá ncccsiiriu c l ic a r do modo mais cíaro pu&sivd


qual a nossa opinião a respeito da runturera fundamentai do conhecimento sensí­
vel em gerai, a fim de evitar todo mal entendida a respeito.
Quisemos, portanto, dizer: que toda nossa intuição nau c senão a representa-
çào de fenômeno; que a$ coisas que inluimos não são em a mesmas t»l qual
as intuímos, nem que us suas relações *ão em si mesmas constituídas do modo
como nos aparecem e que. sc suprimíssemos o nosso sujciio ou também íipenus
a constituição subjetiva dos scftlidos em ftcral, em ral capo desapareceriam ioda
a eonsrituiçâo, iodas as relações dos objetos no espaço e no tempo, e mesmo
espaço e íempo, Toctiis essas coisas enquanto fenômeno^ não podem existir em
si mesmas, irias somente em nós, O que há com os objetos cm si c separados
de toda esta receptividade da n&ssu sensibilidade, permanece noa inteiramente
desconhecido. Não conhecemos senâo o nosso modo de percebe-Íris. o qual nos
é peculiar e nao tem que concernir necessariamcLtie a todo eme. mas sim a todo
homem. Temos a ver unicamente com esse modo de percepção. Espaço e tempo
são as / suas lormas puras, jjcnsaçáo em geral a sua matéria. Podemos conhecer no
aquelas unicamente a priori, isto &, antes do toda percepção real, c chamam-sc
por isso intuição pura; a última, porém, é o que em nosso conhecimento a faz
chamar-se conhecimento a posterioru isto é. intuição empírica. Aquelas
ã nossa sensibilidade de modo absolutamente necessário, seja de que espécie fo
rem nossas sensações; estas podem ser bom diversas. Mesmo se pudéssemos ele­
var essa nossa intuição ao grau supremo de cfarc2 a, com isso nào nos aproxima
ríamos mais da natureza dos objeios em si mesmos. Com efeito, cm todo o caso
conheceríamos imdramenic apenas o nosso modo dc intuição, isto é. a nossa
50 KA NT

sensibilidade, c esta sempre só sub as condiçòes esoaço e t^mpo originariamente


inerentes ao sujeito; o que possam ser os objetos em sí mesmos jamais se nos
tomaria conhçcidt? nem mesmo pelo conhecimento mais esclarecido do seu fenô­
meno. o qual unicamente nos é dado.
SusiçiHar, a partir disso, que ioda a nossa sensibilidade não passa da repre­
sentação confusa das coisas, a qual cortem unicamente o que lhes di?- respeito
em si mesmas, mas só sob a forma dc um conglomerado de características c
representações parciais que nao distinguimos com consciência uma da Outra,
constitui uma falsificação do conceito dc sensibilidade c de fenômeno, inutilizan­
do e esvaziando Loda a doutrina sobre os mesmos. A diferença entre uma repre­
sentação obscu / ra c um a clara c meramente lógica, e nào se refere ao conteúdo.
Sem dúvida, O Conceito de direifo ulilizudo pelo bom senso contém exatamente
o mtsmv que a mais sutil especulação pode desenvolver a seu respeito, que no
uso comum e prático nâo se está çonscicnte destas múltiplas representações neste
pensamento. Por isso, não se pode dizer que o conceito vulgar seja sensível e
contenha um mero fenómeno: com efeito, o direito iicrn pode aparecer, mas o
seu conceito jaz no entendimento e representa uma naiureza (moral) das ações
que lhos convém em si mesmas. Ao contrário, na intuição a representação de
um corpo nao contém nada do que pudesse ^cr atribuído a um objeto em si
mesmo, mas apenas o fenômeno de algo e o modn como somos afetados por
dc, Esta receptividade da nossa capacidade dc conhecimento denamína-se sensi­
bilidade. a qual permanece infinitamente distinta do conhecimento do objeto em
si mesmo ainda que sc pudesse peneirar até o fundo do fenômeno,
A filosofia dc Leíbnix c WolfT indicou, por ennscguiutc* um pomo dc m ií
inteiramente incorreto sobre a rtaiureita e a origem dos nossos conhecimentos
na medida em que considerou meramente lógica a diferença entre a sensibilidade
c o intelecto, fcstà diferença ê. na verdade, transcendental e se refere nao apenas
ã forma da elare / ia ou obscuridade, mas à origem e ao conteúdo dos conheci­
mentos. Conseqüentemente, por meio da sensibilidade nào só conhecemos confu­
samente a natureza das coisas em ai mesmas, mas nem sequer a conhecemos
c, tno logo eliminemos a nossa constituição subjetiva, cm parte alguma se encon­
trará nem se poderá encontrar o objeto representado com a* propriedades que
fi intuição sensível lhe atribuía na medida em que justamente esta consiituição
Subjetiva determina a forma de tal objeto como fenômeno.
Üe resto, entre fenômenos distingui mos certamente aquilo que inere essen­
cialmente â sua intuição e vn3c para Lodo s^ntid^ humano em geral daquilo que
pertence à intuição apenas acidentalmente na medida em que não é válido com
referência u sensibilidade em gerai* mas semerue a uma posiçào ou organização
particular deste ou daquele sentido. Diz-se do primeiro conhecimento que cie rçpre
senta o objeto cm si mesmo, du secundo, porém, que representa apenas o seu
fenômeno. Esta distinção e, contudo^ somente empírica. Se pára neste ponto
(como sói acontecer) e não se considera por ouiro lado (como deveria acontecer)
aquela intuição empírica como simples fenômeno, de modo 3 nao se poder encon­
trar nda nada que diga respeito a. qualquer coisa em si mesma» então a nossa
distinção transcendental está perdidaT e cm tal esso cremos conhecer coisas cm
si, embora por toda a parte (n.ü mundo sensível), mesmo na investi / gação mais
proftmda dos objetas deste mundo* nàt> estejamos às voltas sertão com fenóme­
nos. Assim, é verdade, diremos que o arco-íris ê um mero fenômeno ao ensejo
dc uma chuva entremeada de soí, mas que esta chuva é a coisa em si mesma,
o que também é correto na medida çm que compreendemos o conceito de chuva
apenas fisicamente como algo que numa experícncia gcr3JT segundo todas aa di
versas situações dos sentidos, é nào obstante determinado assim e não dc outra
maneira na inLuíção. Tomemos* porem, este empírico em geral e, sem nos preocu­
parmos com a sua concordância com cada sentido humano, perguntemos sc ele
também representa um objeto em si mesmo (não as gotas dç chuva, pois estas
já são, como fenómenos, objetos empiricos)i cm tal caso, a pergunta da referência
da representação ao objeto é transcendental. e nào apenas essas gotas são meros
fenómenos, mas mesmo a sua figura arredondada c até o próprio espaço em
que caem nada são em si mesmos, mas constituem simples modificações ou fun­
damentos da nô&sa intuição sensívd, permanecendo 0 objeto transccndenLal des­
conhecido a nós.
O segundo quesito importante da nossa estética transcendental é qne não
encontre algum favor somente como hipótese plausívd, mas seja tâo segura c
indubitável como sempre se pode exigir de uma teoria que deve servir de órganon.
Para tomar inteiramente evidente tal certeza, escolheremos um caso qualquer
a partir do qual a validade de um tal órganon possa tornar-se pal / pável e servir
a um maior esclarecimento do que foi mencionado no § 3,
Supondo* portanto, que espaço c tempo sejam cm si mesmos objetivos e
condições díl possibilidade das coisas em si mesmas, então dis$0 se fr;&uet cm
primeiro lugar, que de ambos procedem a priori proposições Hpodiucas e siméti'
eas cm grande numero, sobretudo do espaço« que por tal mntávo investigaremos
aqui preferentemente como cucmplo. Já que as proposições da Geometria sâo
conhecidas de modo sintético a priori c com certeza apodítica, pergunto: donde
lirnis tais proposiçòcs c sobre o que se apoia ü no$so entendimento para alcançai
tais verdades -Absolutamente necessárias e universalmente válidas? Nào há outro
caminho a não ser mediante conceitos ou ituuiçòes: ambos, entretanto, como
tais que nos são dados ou a priori ou a posteriori, No caso dos conceitos empíri­
cos e da intuição empírica sobre a qual se fundam, não podem dar proposição
sintética alguma a não ser uma que t&mbcm seja meramente empírica, isto é>
uma proposição de expcriencia* a qual portanto jamais pode comer a necessidade
e universalidade absoluta características de todas as proposições da Geometria.
No que concerne ao primeiro e.único meio de Chegar a semelhantes conhecimen­
tos* a saber, através ds simples, conceitos ou de intuiçoes & priori, resulta clara
que a partir de meros conceitos não se pode atingir absolutameme nenhum co­
nhecimento sintético, mas unicamente um conhecimento / analítico. Tomai ape
nas a proposição de t|ue com duas linhas retas nào se pode encerrar nenhum
52 KANT

espaço e portanto não é possível figura alçuma. e tentai d e riv á - la do conceito


de linhas rm s c do número dois; ou ainda a proposição de que a partir de ires
linhas retas é possível uma figura* e tentai o mesmo panindo unicamçnte deslcs
conceitos- Todo o vosso esforço é vão e ver-vüt-eis cansfrangidos a buscar refú­
gio na intuição, como o Faz sempre a Geometria. Dai-vas, portanto, um objeto
na intuição; de que espécie é estaT uma intuição pura a priori ou uma ínmiçào
empírica? Sc se tratasse do último, jamais poderia resultar disso uma proposição
válida universalmente e ainda menos uma propo&ição apodttica* pois a experiên­
cia jamais pode fornecer semelhantes proposições. Tereis, portanto, que vos dar
o objeto a priori na intuição e sobrt cie fundar a vossa proposição sintética.
Se uma faculdade de intuir a priori nio se encontrasse cm ves: sc esta condição
a priori não fosse, segundo * forma, ao mesmo tempo a condição universal a
priori unicamente sob a qual é possível o objcia desta própria intuição ^externa):
se o objeto (o iriãn&ulo) fosse algo cm si mesmo sem referência a vosso sujeito:
como poderíeis dizer que aquilo que neccasariameruç se sclua em vossas condi­
ções Mibjclivas para construir um triângulo também tem que ser atribuído neces­
sariamente ao triângulo cm si mesmo? Com efeito, não poderíeis acrescentar
aos vossos conceitos (dc irês linhas) nada novo (a figura), que / cm conscq Senda
teria que sc encontrar necessariamente no objeto, uma vez que este é dado íintcs
e nào através do vosso conhecimento. Logo, se o espaço (e assim também o
Lempo) nio fosse uma simples forma da vossa imuiçào contendo cttndiçüçs a
priori uníc&menlç sob as quais coisas pódem ser para vós objeto« externos que
sem esTíts condições subjeiivas não são cm si nada, neste caso nào poderíeis abso­
lutamente decidir algo, a priori e sinteticamente, a respeito de objetos exiemo$H
P„ portanto, indubitavelmente curto e nào apenas possível ou provávçl qut espaço
e lempo, como as condições necessárias de toda experiência (externa e interna),
sào condições meramente subjetivas de totla a nossa intuição em relação às quais,
poria nio, todos os objetos sao simples fenómenos e não cousas dada* por si deste
m ojy. Devido a Isto, pode se diier a priori muitas cousas sobre os fenómenos
no que concerne à sua forma, mas nào se pode dizer y mínimo sobre a coisa
cm xí mesma que quiçá subjaz a esses fenômenos.
II. Para confirmar esta teoria da idealidade tanto do sentido externo como
tio interno, por conseguinte dc iodos os objutos dos sentidos como simples fenó­
menos, pode servir egregiamente a observação dçqueiiido o que em nosso conhe­
cimento pertence à intuição (logo excetuados o sentimento do prazer edo despra­
zer, e a vontade, que de modo alpiim conhecimentos) nao contém acnuo me­
ras relações dc lugares numa intuição (extensão), í de mudança de lugares (movi­
mento}, e leis segundo as quais esta mudança é determinada (forças motar&üj.
Mediante tal, porém* nào é dado o que está presente no iugar ou o que. fora
da mudança de lugar, opera nas próprias coisas, Ora, mediante simples» relações
não se conhece uma coisa em si: logo pode-se bem julgar que, o sentido externo
nào nos dando senão simples representações de relações, esíe só pode conter
em sua representação a relação de um objeto ao sujeito c nào o elemento interno
CRÍTICA D A R A ZÃ O PURA- 53

do objeto em si. Com a iíituiçào interna passa se o mesmo. Não só às representa­


ções dQ sentido externo constituem nela a verdadeira matéria com que preenche­
mos a nossa metiiç* mas o tempo, era que colocamos essas representações e que
precede mesmo a sua consciência na experiência e que como condição formal
subjar ao modo como pomos as representações na mente, contém já relações
de sucessão, de simultaneidade e daquilo que é simultâneo com a sucessão (0
permanente). Ora. o que como representação pode preceder ioda aça o de pensar
alguma coisa é a intuição e, se nào contém senàü relações ê a forma da intuição-
Já que não representa nada a nào ser na medida cm que algo é posto na mente,
esta forma não pode ser senão o modo como a mente c aietada peh própria
atividade, a saber, por este / pôr sua representação e portanto por si fflesmá;
isto é, -segundo a sua forma, nào pode ser senão um sentido interno. Tudo o
que é representado por um sesuiUu é nesta medida sempre fenômeno; e um sontidu
imerno ou rtao precisaria absoluLamçntç ser admitido ou o sujeito. que é seu
objeto, poderia ser representado pelo mesmo somente como fenômeno, não como
julgaria sobre sí mesmo se sua imuiçân fosse simples atividade espontânea, isto
è, intelectual. Aqui toda a dificuldade reside apenas no mudo como um sujeito
pode intuir internamente a si mesmo; em dificuldade é. entretanto, comum a
toda teoria,. A consciência dç si mesmo (apercepçãot é a representação .simples
do eu c„ se unicamente por esse meio todo o múltiplo fos^e dado espvnianeam&tfe
no sujeito, a intuição interna t^riíi intelectual. No homem, fista consciência requer
percepção interna dn múltiplo dftdo anteriormente iK) sujei lo. e o modo Como
este múltiplo é dado sem espontaneidade na menic pretisa, cm vista desta diferen­
ça, denominar se sensibilidade. Sc a faculdade de tornar-se consciente deve pro*
uurar (apreendei aquilo que se encontra na menic, então tem que afctá-la; só
assim pode produzir uma intuição de si mcsm&i c cuja forma, previamente subja
centc nü mente determina na representação do tempo o modo como t>múltiplo
coexiste na mente, / Com efeito, tal faculdade intui eniào a si tne^ma nào corw»
represenijiria a si imedtuia c csponiancamenic. mas segundo o modo como é afe­
tada imsnjâtnenie.conseqíicrtTemcniÉ como aparece a si e nâo como é,
III. Se digo que no espaça ç 110 icmpo um o 0. intuirão dos objetos externos
como á da própria nicnic representa ambos segundo o modo como afetam os
nossos sentidos, isto c, como aparecem, nào quero com isso dizer que esses obje­
tos sejam uma simples Uuião. Com efeito, no fenómeno os objetos, até mesmo
as propriedades que lhes atribuímos.* são sempre considerados algo realmente
dado, com a ressalva dc que* na medida em que csu propriedade depende só
do modo de intuição do sujeito na reEaçào que o objeto dado mantem w m de
esie objeto eoino fenómeno c distinguido de si mesmo coma objeto em si. Assim,
não digo que as corpos parecem simplesmente estar fora de mim ou que minha
alma parece ser dada apenau em minhã autoconsciência quando afirmo que a
qualidade do espaço c do lempo — conforme à qual. como condição da su»
existência, ponho ambos — jax na minha maneira dc intuir c não nestes objetos
em si. Sena minha própria culpa se eu transformasse em simples ilus.au aquilo
54 KANT

quu deveria atribuir ao fenômeno.16 / blu não ocorre, porém, segundo o nosso
princípio da idealidade de iodas as nossas inimçòes sensíveis; muito antes» se
àquelas fornias de representarão se aíribui realidade objeíiva, nào se pode evilaT
que através d isso tudo seja tranf-fQrmado em sim p les ilu são . Com efeito, se se
considera o espaço e ü tempo propriedades que segundo a sua possibilidade te
riam que ser encontradas cm coi&as cm si c sç reflete em que dispuraics se incorri
então na medida em que duas coisas infinitas — que não têm que ser substancias
nçm algo realmente inerente às substâncias, mas cnrUüdo algo existen / te e inclu­
sive a condição necessária da existência dc todas as coisas - restam mesmo
suprimindo todaa as coisas existentes: em tal caso não se pode levar a mal
o bfirn Berk eley por ter degradado os corpos u uma simples ilusão; até mesmo
ü nossa própria existência, que desse modo seria tornada dependente da realidade
de um não ente subsistente por si. w iuo o lempo, Leria com tal que se transformar
em pura ilusão: um absurdo du que até agora ninguém ainda deixou se inculpar.
TV. Na Leologia natural, onde se pensa um objeto que nao só para nós nâo
pode ser um objeto da intuirão, mas nem sequer paru si próprio pode ser de
modo algum um objeio da intuição scnxivcL -leva-se cuidadosamente cm conta
eliminar as wndiçõeü do tempo e do espaço dç toda sua intuição (pois todo
o süu conhecimento Mm que ser dm a espécie c nào pensamentv. que .sempre
manifesta limites). Mas com que direito se pode fazer i$io kc ames se ós fez
ambos formas dttü coisas em &i mesmas. c cm verdade tais que, como condições
da existência das coisa» a priori. restam mesmo quando as próprias coisas tive
retrt sido supressão. Efetivamente, como Condições de toda a existência em geral
também o teriam que ücr da existência de Deu*. Se daquelas Formas não se quiser
fazer formas objetivas / de ioda& as coisas, nada mais resta senao torná-las for
mas subjetivas do nosso modo de intuição tanto externo quanto interno, o qual
sc chama »cctãível por não ser (jrijthxárto, ou seja. um modo pelo qual c dada
a própria existência do objeio da intuição (e que, o quanto sabemos, só pode
ser atribuída ao eme originário), nm depende da cxislência do objeto, por conse*
guinie só é possível pelo lato da própria capacidade de representação do sujeito
ser ifetada por íftl objeto.
Tampouco é necessário que limnemo& o modu de intuição no e&pâ^o c no
Lempo à sensihilidadc do homem, e è dc se supor que lodo ente pensante finito
tem nissíj que concordar necessariamente eom o he*mcm (sç bem que nada postá­
mos decidir a respeito): nào obstante essa validade universal, nem por isso cessa
de ser sensibilidade, justamente por ser derivada (ir>tiiitiisderivaiivus}c nâoorigs*

1 * Os príxJicadoi dçi fcnôrTKCUt podtiti ser sirihuídos a«* própria objet# <rm rclaçio Ao nosso sciukJd. por

eiccmpLo / ã rosíi ft cor vtm w tka nu o nJí>r A jlu iSo . «nrreuwio, jam aii pode ser auibuKlü COltlO prcdicali.)
ao objeto, juilunv-ntc porque atribut aa objem par si o que tonecm c u cak ftpârias cm relaçãc aos, aemidus
uu cm jçcraJ aú *ujciia, {K>r exenplu oü Jo is Anéis que inieiaim ciuc sc fliribuiam ü Satürnn. O íenãmtína
ó aqui Ilo que (ic moún Slçum poclt cncnm rar « tua objeio cm st mesrrwv, m ai sem ptí na sua rdaçÀC» CCm
d suje Kc*, sendo inseparivrt cj-a fepresenGKàO do printriro. D étfe tncwlo. m: firtfKjfAcios «io e tio icmpp
são COm justiça üHbuidüx ans flbjeim dns w niidos i a i e nismo rtü>> há naihuiria ilusão, A a conrrãriy.
sc atribuo á rósu. sl o vcrm clliv, a S a iiiin c os anéis au a lôdo^ os ohjeios extetno^ em si a csiensão.
k tii alcnLtir para uiiku licicim inaua. rclttÇãit dtstcs ijb jçju i eom o sujeito c sem Uimiaf o meu juízo a tssé>»
c riã o prim ciranienic ^urgt ü. ilu sàa
nária (imuítus oríginariusK nât> sendo portanto iniuiçào mtcEecuiaL Pela razão
aduzida há pouco, csÊa última parece atribuível unicamente ao eníe originário
e jamais a um entt dependente tanto no que concerne h sua cxisLÊncia cumo
à sua intuição (que determina a sua cjusiência com referência a objetos dados);
não obstante, a última observação a no^sa teoria estética tetn que scr considerada
apenas como ducidftção. e nao como argumento.

/ Conclusão da Estética Transcendental

Aqui temos uma das parles requeridas para a solução do problema gerai
da filosofia transcendental; como sâü possíveis proposições sintéticas a priori?
— a saber, intuiçoes puras a priori* espaço e teirtpo, nos quaLs. se no juízo a
priori quisermos sair do conceito dado» encontramos aquilo que pode ser desco­
berto a priori não no conceito, mas na inuiíção quO lhe corresponde, e ser ligado
sinteticamente àquele. Por u-sla razilo» c&am juícos jamais. alcançam aÈésm de obje­
tos dos sentidos, c sô podem valer parô objetos de uma exper tenda po^íve].
/SEG U N D A PA R TE
D A D O U T R IN A T R A N S C E N D E N T A L
DO S E L E M E N T O S

L Ó G IC A t r a n s c e n d e n t a l

I n tro d uçào

Idéia de uma lógica transcendental

L Da fágicu em gern!

Nosso conhecimento surge ctç duas fontes principais da mente, cuja primeira
é receber as representações (a receptividade das impressões) e a segunda a facul­
dade de conhecer um objeto por estas representações (espontaneidade dos concei
tüà); pela primeira um objeto fios c dad<?, pela segunda é pensado em rcfaçâo
com essa representação (como simples determinação da mente). Iniuiçào e con­
ceitos constituem, pois, os elementos de todo o nosso conhecimento* de tal modo
qvc nem conceitos sem uma InLUiçâc de certa maneira correspondente a cies nem
intuição sem conceitos podem fornecer um conhecimento. Ambos são puros ou
empíricos. Empíricos se contêm sensação (que &upoe & presença real do ubjeto);
puros, porém, sc à representação nâo se mescla nenhuma sensação. A última
pude ser denominada matéria do conhecimento sensivcl. Portanto, a intuição /
pura conLcm unteamenie a forma sob a quaJ algo è intuído, e o conceito puro
unicamente a forma do pensamento dc um objeto cm geral. Somente intuiçòíí
ou conceitos puros são possíveis a priori, úuuiçòes ou conceitos empíricos só
y posteriori-
Denominamos sentibittdade a retteptívidude dc nossa mente receber repre­
sentações na medida cm que é afetada dc algum modo; em contrapartida, deno
minamos entendimento ou esponianetàade do conhecimento a faculdade do pró
prio entendimento produxir reprase mações. A nossa nuLurexa c constituída dc
um modo uil que u tmuiçiíu não pòdc ser senào sensível, isto é, contcm somente
0 modo como somos afetados por objetos. Frente a isto, o eruendimenw è a
faculdade de pensar o objeto da intuição scrwívcl. Nenhuma dessas propriedades
deve ser preferida à outra. Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e
sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios,
intuiçôes sem conceitos são cegas. Poitunio, tanto é necessário tornar os concei­
tos sertsiveis (isto é, acrescentar fhes o objeto ua ialuiçào) quanto tornar as suas
Eniuiçõcs compreensíveis {isto c. pô-Jas sob conceito^ Estas duas faculdades oo
capacidades também não podem trocar as suas funções* O entendimento nada
pode intuir e os sentidos nada pensar. O eotihe / cimento só pode surgir da
sua reunião. Por isso, não sc deve confundir a contribuição de ambos, mas há
boas raiòes para separar c distinguir cuidadosamente um do outro. Conseqüente­
mente, distinguimos s, ciência das regras da sensibilidade em geral, isto é, a Estc-
ticíi, da ciência das regras do entendimento em geraU isto è, a Lógica.
58 KANT

A Lógica, por sua vez. pode ser cncuada num duplo propósito* corao lógica
do uso geral ou como lógica do uso particular dü entendimento. A primeira con­
tém as regras absolutamente necessária* do pensamento, sem as quais nao ocorre
uso atgum do entendimento, e diz portanto respeito ao último sem levar em conta
si diversidade dos objetos aos quais possa estar dirigido. A lógica do uso particu­
lar do entendimento contém as regras para pensar corretamente uma cçrui espé­
cie de objetos. Aquela pode denominar-se lógica elementar, esta, porém, órganon
de tal ou qual ciência. Nas escolas, esta úlümu c o mais das veies* adiantada
como propedêutica das ciências, embora segumlo o caminho da razão humana
constitua o último estádiu, primeiramente alcançado por cüta quando a ciência
já t,e encontra há tempo acabada e nno carece senãu do último retoque para
sua retificação e perfeição. Com efeito» jà se tleve conhecer os objetos num grau
relativamente elevado caso / se queira fornecer a& regras sobre como se pode
constituir uma ciência dçles.
A lógica geral é* por sua vez. pura ou aplicada. Na primeira, abstraímos
de todas as condições empíricas sob as quais se exerce o nosso entendimento,
por exemplo da influência dos sentidos* do joçn da iniagínação, das leia da me­
mória. do poder do hábito, da inclinação, ctç„ por conseguinte íambem das fontes
dos preconceitos e. dc um modo p„eral, de todas as citu-sas das quais nos surgem
certos conhecimentos ou às quais estes possam ser imputados, visto que chis
concernem apenas ao entendimento sob certas circunstanciai Ue sua aplicação
ti que, para conhecer estias, kc requer experiência. Uma lógica gerai, mas pura.
icm portanto Cjue lidar só com princípios a priori c £ um cânone du enlendfmetuo
e da razão, mas apenas com vistas ao formal do seu uso, seja qual for o seu
conteúdo (empírico ou iransccdental). Uma lógica %vra) denomina-se, ao mves.
aplicada quando está dirigida às regras do uso do entendimento sob ai' condições
empíricas subjetivas que a Psicologia nos ensina. Pos-suu portanto, princípios
empíricos, embora seja geriií na medida cm que se refere ao uso do entendimento
sem distinção de objetos» Km vista dis&o* também não é nem mn eânonc do enten­
dimento em geral nem um órganon dc ciên / cias particulares, mas simplesmente
um eatártíco do entendimento comum.
Na lógica geral, portanto, a parte que deve perfazer a doutrina pura da
r;i7.ão prccisa sor <ttparuda completamente daquela que perfaz a lógica aplicada
(embora aindu sempre geral), Somente a primeira é propriamente ciência, nâo
obstante breve e árida como o requer a apresentação escolástica de uma doutrina
elementar do eniendimenitv Nem», os lógico* têm sempre que içr presente duas
regras;
1) Como lógica geral, abstrai dc todo o conteúdo do conhecimenlo do enten­
dimento* bem como da diversidade dos seus objetos, não se ocupando senão çorri
a simplcç forma do pensamento.
2) Como lógica pura. não possui nenhum princípio empírico, por conseguin­
te não lira nada luomo às vezes se estava persuadido) da Psicologia* a qual
portanto nâo possui nenhuma influência sobre o cânone do entendimento. É uma
doutrina demonstrada, t tudo nela precisa ser certo de modo inteiramente a prio­
ri.
O que denomino lógica aplicada (contra a significação comum desta pala­
vra. segundo á qual deve conter certos exercícios para os, quais a lógica pura
fornece a regra) é uma representação do entendimento e das regras do seu neces­
sário uso in concreto, a saber, sob as condições acidentais do sujeito / que pos­
sam impedir ou favorecer este uso c que são dadas Ladas sô empiricamenLe. Ela
trata da atençao. dos aeus cmpecíjhos e wnseqüencial da origem do urro, do
estado dc dúvida, de escrúpulo, dc convicção, etc. A lógica geral c pura sc rela­
ciona com ela assim como a moral pura, que contém simplemcnte as leis morais
necessária* dc uma vontade livre cm geral, se relaciona com a doutrinada virtude
propriamente dita. que pondero esias leis w b os obstáculos doíi sentimentos, in­
clinações e paixões aos quais os homens estio mais ou menos submetidos« jamais
podendo fomeçer uma ciência verdadeira c demonstrada por necessitar, lanto
quanto a lógica aplicada, princípios empíricos e psicológicos.

II. Dtí Ivgfcu transcendental

A lógica geral abstrai, como provamos, dc todo 0 conteúdo do conhecimen


Lo, isto é. de ioda referência do mesmo ao objett>Te só considera a forma lügiça
na rclíiçàt) dos conhecimentos entre &i. isto é. a Forma do pensamento cm ger&l,
Mas Já que há tanto íruuiçoes puras como empíricas (como o mostra a estética
transccdcntat). assim tambem poderia ser encontrada uma distinção enire pensa^
menio puro e empírico / dos objetos. Neste caso, haveria uma lógica na qual
nào se abstrairia de iodo a eonieúdo do conhecimento, pois a que contivesse
simplesmente as regras do pensamento puro dc um objeto excluiria todos os co­
nhecimentos que fossem de conteúdo empírico. Referi r-sc-ia lambóm ã origem
dos nossos conhecimentos dc objetos na medida cm qtte tal origem nao pode
*cr atribuída aos objetos; ao contrário, a lógica geral nào tem nada a ver com
esta origem do conhecimento, mas considera as representações sejam dadas ori-
ginariumetue * priori cm nós mesmos ou apenas empiricamente, apenas segundo
as leis segundo a& quais o entendi memo. quando pensa, as usa umas em relação
oum as outras. Punanuh a lógica geral trata somente da forma do entendimento
que pode ser fornecida às representações, seja qual for a origem destas.
h aqui laço uma observação que estende a sua influência a todas as conssde-
raçuG-s subseqüentes c que se precisa ter bem diante do* olhos, a staber.que trans­
cendental tem que ser denominado nào todo conbceimcmo a priori, ma& somente
aquele pelo tfuaí conhecemos í|ue ecome tertas. representações (iniuiçõcs ou con­
ceitos) sào aplicadas ou possíveis unicamente a priori (isto é* [transcendental
tem que se chamarl a possibilidade do conhecimento ou o uso do mesmo a prio­
ri). Conseqüentemente, nem o espaço / nem qualquer determinação geométrica
a priori do mesmo é uma representação transcendental; transcendental pode cha­
mar-se apoias o conhecimento de que estas representações de modo algum são
60 KANT

de origem empírica, * a possibilidade pela qual podem não obstante. se referir


a priori a objetos da experiência. Da mesma maneira, o uso do espaço cora res­
peito .a objetos em geral lambèm seria IrartsccnddiUtkl; enifeLanto. Hmitar-se
unicamente aos objetos dos sentidos, denoirúnar-se-á empírico. A disdnçâo entre
o transcendental e o crapírico pertence. portantor apenas à crítica dos conheci­
mentos e não concerne à referência dos mesmos ao seu objeto.
Na expectativa de que talvez haja conceitos que possam se referir & priori
a objçtos — não como ãmuições puras ou sensíveis, mas apenas Como açoes
do pensamento puro^ que sao por conseguinte conceitos» mas tampouco de ori­
gem tanto empírica quanto estética formamo-nos antecipadamente a idéia de
uma ciência relativa ao conhecimento puro do entendimento e da razão mediante
a quaJ pensamos Objetos dc modo inteiramente a priori. Uma tal ciçnçia, que
determinasse a origem, o âmbito e a validade objetiva de tais conhecimentos,
teria que se denominar lógica (raiiscendoiiai porque só SC OCupâ com as leis
do entendimento e da rarão. mas unicamente na medida cm que ê referida a
priori a objetos / e não, como a tógíea geral, indistintamente tanto aos conheci­
mentos empíricos quanto aos conhecimentos puros da razao.

III. Dc divisão da lógica geral em analítica e dialética

A velha e famosa pergunta, com a qual se supunha cokicar os lógicos cm


apuros e procuravam ícvó-los ao ponto ou dc terem que deixar-se surpreender
num mísero dtaJelo ou de confessarem a sua ignorância e por conseguinte a vai*
dade dc toda a *ua arte, é esia; ÉJut ê verdade? A definição nominal da verdade,
a saber, que consiste na concordância do conhecimento eom o seu objeto, é aqui
eoncídida ç pressuposta; deseja-se. contudo, saber qual o critério gemi e seguro
da vardade dc ctidíi conhecimento.
Saber o que « deve perguntar de modo Tacionat ê já uma grande e necessá­
ria prova de inteligência ou perspicácia. Com efeito* st a pergunta ê em si absur­
da e requer respostas supérfluas, então íilém dc humilhar quem a propõe posaui
às vezes ainda a desvantagem dc induzir o ouvinte incauto a respostas absurda»
e de oferecer o ridículo espetáculo que um / (como diziam os antig.os) munge
O bode e O outro segura por baixo uma pençira-
Se verdade consiste na concordância de um conhecimento com o seu objeto,
então através disso este objeto tem que ser distinguido de outros. Com efeito*
um conhecimento é falso se não concorda com o objeto ao qual se refere, embora
contenha algo que poderia valer com respeito a outros objetos. Ora, um critério
geral da verdade seria aquete que, sem distinção das seus objetos, fosse válido
para Lodos os conhecimentos. Já que nesse critério se abstrai de todo conteúdo
do conhecimento (re farine ta ao seu objeto) e verdade di l respeiio exatamente
a este contciído, è porém claro que é inteiramente impossível e absurdo perguntar
por uma caraciermíca da verdade de tal conteúdo dos conhecimentos, e que por­
tanto è impossível apomar um critério suficiente e ao mesmo tempo geral da
verdade. Visto termos jà acima denominado o conteúdo de um conhecimento
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 61

3 sua matéria, deve-se dizer: por ser contraditório cm si mesmo, não sc pude
pedir nenhum critério geral da verdade do conhecimento da matéria.
Np que concerne ao conhecimento da simples forma (deixando dc tado todo
o conteúdo), é igualmente claro que uma lógica, na medida em que expõe as
regras universais <' / necessárias do entendimento, precisa juntamente em tais
regras apresentar critérios da verdade, Com efeito* o que os contradiz é Falso
porque Cm taí caso o entendimento se contrapõe às suas regras universais do
pensar« por conseguinte a si mesmo, Esses critérios, porém, referem-sc apenas
à forma da verdade, isto é, do pensamento cm geral» c são nesta medida inteira­
mente correios, mas insuficientes. Pois embora um conhecimento possa ser intei
ramente conforme à forma lógica, isto é. não se contradiga a si mesmo, pode
ainda estar sempre em contradição com o objciix Logo, o critério meramente
lógico da verdade, a saber, a concordância de um conhecimento com as teh um
versais e formais do entendimento c da razão, k cm verdade a condiuo sine qtia
non, por conseguinte a condição negativa de ioda verdade: a Lógica nâo pode
ár mais alem nem descobrir, através de pedra dç loque alguma, o crro> que nao
concerne à forma, mas ao conteúdo.
Ora, a lógica gerai resolve em seus elementos a completa atividade formal
do entendimento c da razão c os apresenta como principio« dc toda avaliação
lógica do nosso conhecimento. Esta parte da Lógica pode por isso dcnomni.tr &
Analítica, e pela mesma raftâu constitui pdo menos uma pedra dc toque negativ®.
da vcrda.de na medida em que se precisa antes de tudo examinar e avaliar, com
base nessas regras, todo o conhecimento quanto á sua forma antes de invesiigá-lo
quinto ao SCU conteúdo para. estabelecer / se contem uenu verdade positiva refe*
rente ao objeto. Ma& já que a simples forma do conheci mento, por mais que
concorde com as íeis lógicaü, é dc longe insuficiente para perfaver por isso uma
verdâdc material (objetiva?, ninguém pode apenas çoni a Lógicft ousar julgar 50 *
bre objetos c afirmar algo sem ter colhido antes, fora da Lógica, uma fundada
informação sobre ok objetos para tentar em seguida simplesmente a sua utiliza­
ção c conexão num todo coerente segundo leis lógicas, ou melhor atnda. apenas
para examiná los secundo essas. leis. NSo obatante, na posse de uma arte tào
enganosa, que consiste em dar a todos os nossos conhecimentos a forma do en
tendimento mesmo que no tocante ao seu conteúdo se csieja ainda muito vastio
c pobre, reside algo tao tentador que aquela ló&ica geral, quí c apenas um cânone
para avaliação, foi utilizada como uma espécie de órganon para a produção efeti­
va pelo menos da aparência de afirmações objetivas; por conseguinte ibi de fato
rnaJ utilizada, Ora. a lógica geral, como pretenso órganun, denomina íc Dialéti­
ca,
Embora &cja diferente a significação em que os antigos usaram esta denomi­
nação dc uma ciência Ou arte, do seu uso real pode se depreender seguram eme
que não constituía envre eles / scnào uma lógica da ilusân, Era uma arte sofistica
para dar aíes de verdade à sua ignorância e ainda às suas construções ilusórias
intencionais, a qual imitava o méiodo da meticulosidade que a Lógica ím geral
prescreve e utilizava a sua tópica para embelezar todo prettxio vazio. Ora, pode-
f»2 KANT

se observar como advertência ségur-i e útil: considerada como organau, a lógica


geral é sempre uma lógica da ilusão, isto é. dialética. Com efeito. uma vez que
nada no& ensina sobre o conteúdo do conhecimento, mas somente sobre as condi­
ções Formais da concordância com o entendimento que dc resto são Completa­
mente indiferentes no que tange aos objetos, em lãJ caso a pretensão de servir-se
dela como um instrumento [órganon) para, ao menos pretensamente.. ampliar e
alargar os seus conhecimentos tem que desembocar em puni wrbo&idade. consis­
tindo esta em afirmar com ccrta plausibilidn.de oju também contestar a bel-prazer
tudo que sc quer.
Uma tal instrução não c dc modo üigum conforme à dignidade úi. Filosofia,.
Em vista disso, preferiu-se atribuir esta denominação de Dialética ã Lógica como
uma crítica da tiu.rno dialética. Neste sentido, queremos também que seja cnrandU
da aqui.

/ tV. Da divisâw da lógica iransce/tdenfai em artatífica


transcendental e dialética transcendental

Numa lógica transcendental, isolamos o entendimento (como adma. na ESté


lica transcendental, íi sensibilidade) e destacamos do nosso conhecimento apenas
a parte do pensamento que tem sua origem unicamente no entendimento. O uso
deste conhecimento puro repuusa, pnrén». na &c£uiintc condição; dc que na ifitui-
çào ttos sejam üados objetos aos quais cie possa ser aplicado. Na auçência de
intuição, todo o nosso cciiJiceirnento carece dc objeios, c então permanece intei
ramcnie vazio. A pane da lógica tríinsMn dental, portamo. que expòc os elemen
tos do conhecimento puro do Dmundimemo e os princípios sem os. quais um obje
10 de maneira alguma pode ser pensado, é a analítica transcendental, c ao mesmo
tempo uma lógica da verdade. Com efeito, nenhum conhecimento pode eontrudi
7.ò la sem que ao mesmo tempo perca o seu conteúdo, i&iu í. ioda referência
a Qualquer objeto, por conseguinte todn .i verdade. Todavia, visto sur muito
utravnLc c sedutor servir se desses conhecimentos e princípios puros do cmcndi
memu sozinlsos. e isto mcUisive acimo dos imites da experiência, unicamente
a qual pode nos fornecer a matéria íobjctosl / à qual aqueles conceitos puroü
do entendimento podem s;er aplicados, o entendimento corre então perigo de. me­
diante sofismas (Vernüttftviewti) vaziro fa/.cr um uso material de princípios mera
meme formais do entendimento puro e julgar indiscriminadamente sobre ohjetos
que n5o nos stao e u lv « rião pos-uam. s-er dados dc modo algum. Portanto, já
que a lógica transcendental deveria propriamente ser apenas um cânone para
a avaliação dn uso empírico, é mal usada, quando se a deixa valer como órganon
de um uso geral c ilimitado e se ousa, apenas com o entendimento puro, julgar,
afirmar e decidir sinLctieameme sobre objetos em geral. Neste caso, o uso do
entendimento puro seria dialético. A segunda parte da lógica transcendental pre­
cisa, pois* ser uma crítica düsfta ilusão dialética t se denomina dialética transcen­
dental, não como arte dc suscitar dogmaticamente ml ilusão (uma arte de múlti­
plas charEatanices metafísicas), infelizmente basiame em voga, mas como uma
crítica do entendimento c da razão no tocanie seu uso hiperfísico, p ari que
st possa descobrir a falsa aparência de tais presunçqcs infundadas e reduzir as
suas pretensões de descoberta c ampliação, que ela supõe alcançar unicamente
através de princípios transcendentais, à mera avaliação do entendimento puro
e sua proteção contra ilusões sofísticas.
i D IV IS Ã O p r im e ir a d a l ó g ic a t r a n s c e n d e n t a l

A N A L ÍT IC A T R A N S C E N D E N T A L

Lsla analítica c a decomposição do nosso inteiro conhecimento a priort nos


elementos do conhecimento puro do Entendimento. Os pontos importante* a este
respeito sÜo os seguintes: 0 que os conceitos sejam puros e não empíricos; 2)
que pcricnccm nào â intuição e â sensibilidade, mas ao pensamento e ao entendi­
mento; 3) que sejam conceitos elementares ç bem distinguidos dos concciios deri­
vados ou compomos dc conceitos; 4) que a sua tábua seja completa c que preen­
cham imeiramcnlc o campo do entendimento puro. Esta complclude de uma ciên­
cia não pode ser admitida com confiança bascando-sc no cálculo aproximativo
de um agregado levado a efeito apenas por meio de tentativas: por conseguinte,
é possívd unicamente mediante uma idéia dú iodo do conhecimento a priora do
entendimento e peta divisão* determinada a partir dessa idéia, dos conceitos que
pçrfaJtam tal conhecimento. portanto apenas pur meio da sua inicrconexão num
sisiema. O entendimento puro distingue se inteiramente não apenas de todo o
empírito* mas até mesmo de tíxlíi a sensibilidade. É, põrianto. uma unidade sub*
sistente por si. auto-suficiente / e que nao pode ser aumentada por nenhum acrés
cimo provindo do exterior* O conjunio dos seus conhecimentos perfará por isso
um siswm aa ser abarcado c determinado sob uma idéia e cuja complciude c
articulação podem ao meamo tempo oterccer uma pedra de toque para a correção
e genuinidade dtj todos os elementos do conhecimento que cabem nele. Toda
esta pane da lógica transcendental consta de dois livros* o primeiro contcndú
os çaticviios e o segundo us princípios do entendimento puro.
L IV R O P R JM E IR O D A A N A L ÍT JC A T R A N S C F N D E N T A L

A N A L ÍT IC A DOS C O N C EIT O S

Por analítica úos cortçeitos entendo não a sua análise ou o procedimento


costumeiro nas investigações Filosóficas,, du decompor segundo o seu conteúdo
e levar à clareüa os conceito«; que se oferecem, mas a aíndq pouco tentada decom­
posição da própria /acuidade da entendimento, para investigar a possibilidade
dus. conceitos a príori mediante a sua procura unicamente rw? entendimento, como
lugar do seu nascimento, e 3 análise do uso puro do entendimento em geral.
HsÉa è. com efeito, a tarefa específica dc uma / [ÍSosofia transcendental: 0 resto
consiste em abordagem lógica dos conceitos na Filosofia cm geral. Seguiremos*
portanto, os conceitos puros até seus primeiros fiermes e disposições no cnitndi-
memo Humano em que se encontram pronlos, até que sejam enfim desenvolvidos
por ocasiao da experiência c que. liberados dás condíçoes empíricas inerentes
a eles. sejam apresentados cm sua pureza pelo mesmo cruencíimeniu.

C a p í t u l o P r im e iro o \ A n a l í t i c a dos C o n c u it o s

Do fio condutor para a descoberta de iodos


os conccitos puros do entendimento

Quando se pòe cm jogo uma faculdade dc conhecimento, segundo as virias


ucuúucK distinguem ie diversos conceitos que, ap<js 0 emprego dc uma observa­
ção mais demorada e sagaa, o turnam çognüãeívç] c podem ser coletados num
tratado mais ou rnenos detalhado. Segundo este procedimcnte cúmo que mccãni-
co, jamais se pode determinar com .segurança onde esta. investigação ficará com­
pleta. Do mesmo modo. os conceitos encontrados apenas ocasionalmente não
sc descobrem numa ordem ti uni / dade sistemática, mas finalmente são acopla­
dos somente segundo acmdhactças e postos cm séries segunde a magnitude do
seu conteúdo, desde o simpl&í áo mois composto. Tais séries não sào sistemáti­
cas. embora dc certo modo se re&liiem metodicamente.
A filosofia TranseendeiuaJ possui a vantagem, mas também a obrigação, dc
procurar oá seus conceitos segundo um princípio porque se originam de modo
puro e não mesclada do cmendimcniu comü unidade absoluta, tendo eonseqüen
temente que se mtcrconcctar scg.umJo um conceito ou unia idèia. Umu tal inierco-
KANT

nexão* porem, fornece uma regra peUí qual sc poderá determinar a prLori o lugar
<fc cada conceito puro do eniendimenio e a compLetudc de Lodos cm conjunto;
do contrário, tudo t$<,o dependeria do Capricho ou do acaso.

SF.ÇÃQ P R IM E IR A DO FiO C O N D U T O R T R A N S C E N D E N T A L
PA R A A D ES C O B ER T A D E TO D O S 05
C O N C EIT O S PU R O S DO F.N TEN D IM EN TO

DO USO L Ó G IC O EM G E R A L DO EN T E N D IM E N T O

O entendimento foi definido acima. dc modo apenas negarivo, mediante uma


faculdade nao sensível dc conhecimento. Ora, independente da sensibilidade n&o
podemos participar de nenhuma imuiçao, Lago. o entcniiimcnto nao é uma facul­
dade de intuição, AScrrt da / intuição não tiá, contudo, nenhum ouiro modo de
conhecer senão por conceitos. Portanto* o conhecimento dc cada entendimento,
pelo menos do humano, é um conhecimento mediante conceitos, nâo imuiiivo,
mas discursivo* Todas as inlutçÕ£& euquíinlo sensíveis repousam sobre afecções
e os conceitos, por sua ve&„ sobre funções. Por função entendo n unidade da
ação tlc ordenar diversas representações sob uma repres-entíiçâo comum. Concei­
tos. portanto, fundam-se sohre :i espontaneidade do pcnsaimmo. tai com* iniui
çoes sensíveis sobru & receptividade das impressões- O entendimento não pode
fazer outro uso desses conceitos a nao scr jutgar através deles. Vj$.to que nenhu­
ma representação sc refere imediatamente no objeto, s. não scr a inuiLçao, entfio
um concciio jamais è imediatamente referido a um objeto, mas a alguma outra
representação qualcjuer desce (seja ala intuição ou mesmo já conceito). Logo,
0 juízo £ u conhecimento mediáio de um übjcti). por eonse&uintc a representação
de um;i represenUição do mesmo. Em cada ju iío há um conceito válido para
muitos e que ainda sob estes muitos çonccbc uma representação dada tjue è entâo
referida imediatamente ao objeto. Assim, por exempiu, nojuíio: todos ás corpos
aâo dMífVíi.Ç. 0 Conceito do divisível aq refere a diversos outros conceito*: dentre
estes. porém, sc refere particularmente ao conceito de corpo e esie, por sua ve?.,
a certos fenômenos*7 que nos ocorrem. Portanto, j estes objetos são representa
dos mediatamente pelo concdtn de divisibilidade Assim, todos os juízos são
funções da unidade sob nossas representações, pois pura o conhecimento de obje­
ta ê utiliseada. ao invée de uma rcprcsenrnçào jmcdiauí, outra m ais elevada que
compreende sob si esta c diversas outras c deste modo muiios conhecimentos
possíveis são rcuntdos num sú. Podemos, porém, reduzir Lodéis as ações do enien
dimento a juízos, de modo que o entendimento em geral pode ser representado
como umji faculdade th1julgar. Cem efeito, segundo o visto acima ele é uma
faculdade de pensar, O pensamento c o conhecimento mediame conceitos. Como

1r No exemplai- corrigido de própfio punho por K.am [Nachtrãgi1XTíXVÍ), fcnòmcno^' apmecem :-.ukd-
tuidas por "ÈniuiçMs” . CF.nota à pág. 109-da cdiçiia de Raymund Schmtdt, [N. dcwT.)
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 69

predicados de juí/,o^ possíveis, porém, 05 conceitos se referem a una representa­


ção qualquer dkt um objeto ainda indeterminado. Assim o conceito de corpo,
por exemplo, de meíal. significa algo que pode ser conhecido p^r meto desse
conceito. Portanio- só é conceito por nele estarem contidas outras representações
pelas quais pode se referir 5 objetos- Traía-sc« por conseguinte, du prcdícaclo
de um juízo possível, por exemplo dc que todo metal é trm corpo. As funções
do eniendimento podem, portanto, ser u>d*iü encontradas desde que y; possa apre­
sentar completamente as funções da unidade nos juízos. Q u e isto, porém, c perfei­
tamente realizável, mostrá-lo-á a próxima seção.

/ SEÇ A O S E G U N D A D O F IO C O N D U T O R P A R A A D ES C O B ER T A
Dfc TO D O S OS C O N C EIT O S PU R O S DO E N T EN D IM EN T O

§ 9. Da função tôgtca do enretidtinenío tios Juízos

Sc abstrairmos dc lodo n conteúdo dc um juí/u cm geral e se nele prestarmos


atenção ã simples forma do entendimento, veremos que a funçào do pensamenEo
nesse juÍEr? pode ser rccoriduakia □ quatro LituJos. cada um delca contendo trc%
momentos. Podem muito bem ser represe nLados na seguititó láhua.

1.
Quirtfidade da$ ju rros
Uiu versais
Particulares
Stngulares

2. 3.
Quattdüdv Relação
AH rmati vos Categóricos
Negativos Hipotètfços
Infinitos Disjuntivos

4*
Modalidade
Problemáticos
Assenóricos
Apodíticos

/ Visto que e&ia divisão purc« desviar se *m alguns pontos, embora nàt> essen­
ciais. da técnica habitual dos lógicos* não scrâo inúteis as .seguintes advertências
corura & rnal-entendido que se pos^a lemer.
L Os lógicos» dizem com m ã o que no u&n dos juízos em silogismos, o j
juizos singulares podem ser tratados ral como os univer&ais. Com efeito, jim a
70 KANT

mente pelo fato de absolutamente possuírem exLensào o seu predicado não pode
ser referido apenas a uma parte daquilo que e^tã comido no conceito do sujeito
e ser. no entanto, excluído do resto, Portanto. o predicado vale sem exceção para
aquele conceito, como se èhic fosse um conceito universal que tivesse uma exten
são de cujo inleim significado o predicado valeise. Ao contrário, se comparamos
simplesmente como conhecimento, segundo a quantidade um juízo singular com
um universal, o conhecimento do primeiro se relaciona com c>do segundo como
a unidade com a infinidade e é, portanto, em si mesmo essencialmente difercnic
do conhecimento do seg.undo. Portanto, se avalio um juízo singular (iudicium
singulare) não apenas segundo a sua vülidadç interna, mas também, eumoconhe
cimento ern geral, segundo íi quantidade que tal juízo possui etrti comparação
com outros conhecimentos. então certamente se distingue de juízos universais
(iudicui com muniaJ e mcrccc um lugar espceiul numii tábua complela dos mo­
mentos. etn pensamento em g,eral (embora nào O mereça., seguramente, na lógica
limitada apertas ao f uso dos juízos oure si).
2. Do mesmo modo, numa lógica transcendental juízos infinitos precisam
scr distinguidos úMjufzoa afirmai ivos. se bem que na lógica geral sejam incluídos
com justiça entre os segundos e não constituam um membro parlieular da divi­
são. Com efeito, a lógica gernl ahstrai de iodo o conteúdo do predicado (mesmo
se este fbr negativü) e só cuida se o predicado é atribuído ou üpüstó ao sujeito.
Mas o lógica transcendental considera o juízo também segundo o valor ou con
usudo desta afirmação lógica mediante um predicado meramenie negativo. e exa­
mina que ganhas prupureiunu no Loeaiue acj eonheeimenu» loial. Se cu iiveisc
dito da nlma que ela nào e mortal, por meio de um juízo negativo teria pelo
menus evitado um erro, Oro, com a proposição: a alma é mio mortítl. segundo
u Forma lógJca realmente afirmei ylgo na medidít cm que pcmtic a alma na exten­
são ilimitada dos entes que nãn morrem, Visto, porem, quí o monal contém
uma parte de Lod;i extensão de entes possíveis e o não mortal a ouira. asàím
ã minha proposição não diz senão qu«? ft atma e uma dentre o número m-flnito
Ue coisus que sobram quando etimino inteiramente o mortal. 1.1cssc modo, porém,
a esfera infinitn de todo o possível é Ilimitada sé n:i in&Jida cm que o mortal
è separado / e a alma colocada na extensão restante do seu espaço. Apesar de
tal exctüsão. este espaço permanece ainda infinito, podendo ainda outras panes
dele serem subtraídas sem que o eoneeilo dç alma cresça minimamente com isso
e seja determinado afirmativamente. Esses jiiuos, purtantü, infinitos no que tange
à extensão lógica, são em reatidade meramente limirruívos; no tocante ao conteú
do do conhccimento em gerak e nesia medida não devem ser omitidos da tábua
transcendental de todos os momentos do pensamento jios juizes, pois a função
excrcida pilo entendimento a esse propósito talvez possa ser importante no cam­
po do seu conhccimcnto puro a ptiori.
3. Todas as rdíiçòes do pensamento nos juc^us são aj do predicado com
O sujeito, b) da ra*So com a conseqüência, c) do conhecimento dividido e dos
membros reunidos da divisão entre si. Na primeira espécie de juízos sao conside­
rados somente dois conceitos, na segunda dois juízos, na lerceiríi mais juízos
cm relação recíprocâ- A proposição hipotética: se existe Lima justiça perfeití çn-
tào quem persiste no mal é punido, contém propriamente a relação dc duas pro­
posições: exisie uma justiça perfeita, c quem persiste no mal é punido- Permanece
aqui indeciso se ambas csaa.% proposições uãu em si verdadeiras. Somente a con­
seqüência é pensada por esse juizo. Por fim. o juíza disjuntiva / contém uma w
relação de duas ou mais proposições entre si, mas uma relação não de derivação
e sim de oposição lógica na medida em que a esfera de uma exclui a da o atra
cs nào obstante. uma relaçào ao mesmo tempo de comunidade na medida em
que aquelas proposições cm cortjurua preenche a esfera do conhecimento efetivo,
por conseguinte uma relação entre as partes da esfera de um conhecimento. Já
que a esfera de cada pítrie é complementar â esfera da outra quanto ao conjunto
da conhecimento dividido. Por exemplo, o mundo cxiüe ou por um cego acaso,
ou por necessidade interna ou por uma causa -externa. Cada uma dessas proposi­
ções ocupa uma pane da tisFcra do conhecimento possível sobre a existência de
um mundo em geral, e todas juntas ocupam a esfera inteira. Tirar o conhvdmento
de uma dessas esferas significa pó-ic> numa das restantes: ao contrário, pó-lo
numa esfera signifien lirá to das restantes. No juíto disjuntivo há. portanto. um»
ccrta comunidade de conhecimentos que consiste no fato de se excluírem mutua-
menie c. nâo obstãnt^ determinarem no iodo o conhecimento verdadeiro na me­
dida em que. tomados cm conjunto, perfazem todn r* conteúdo de um únícy w
nhceimcntc dado. EsEa é a única ubservaçâo que considero necessária aqui devi­
do ao que se segue,
4. A modalidade dos juízos c uma função hem particular dos mesmos que
possui o caráter distintivo dc / nada contribuir para o conteúdo do juízo (pois mo
além díi quantidade, qualicl.-idc c relaçào, nada mais há que constitua o conteúdo
de um jutüo}, mas de dizer respeito apenas ao valor dn cópula coin referência
ao pcnsomcniç: çm geral. Jfuínos prohfemáiictts *ão aqueles em que se admite
0 afirmar ou o negar como meramente pnxsiwi (arbitrário), juí*«* vssvriórícojs
aqueles cm que ,se o considera reaf (verdadeiro) fi juízos apoditicoit aqueles em
que se o encara como necassáriaJ8 Desse modo* ambos os juízos» cujâ relação
consumi o juiau hipoiéuey (anteccdcns ct consequens) c cuja açào recíproca
(membros da divisão) constitui o ju íío disjuntivo, sno todos somente problemati
cos. No exemplo acima« a proposição: existe uma justiça perfeita, não é diia
asscrtoricamenrc, mas só pensada como um juízo qualquer do qual é possível
que seja aceito por aíguern. sendo asstrtórica apenas a conseqüência. Por isso»
Laís juíxos podem uunbèm ser rnanifeslítmçntc falsos e nao obstante, tomados
problcm atiçam ente. serem condições do conhecimento da verdade. Assim, o ju í­
zo: (> mundo existe por cego acasõ„ ê no juíxo disjuntivo, de significação mera­
mente problemática, a saber, que alguém possa aceitar esta proposição por um
/ in&ianie, e serve entretanto {u l como a indicação do caminho falso dentre o mi

“ Como sc o pensamento ftvMí. no pritMíim casu, umJi füiiçja üu müülttWieniQ, flG seüund&dí tupaeidarip
d* ju lg ar. no terceiro üu razão. Urna observação q jc ha:ncme encorurafá li SCU totilarecimencO' no q.ut* sc
72 KANT

número de todos aqueles que se podem iomar) para encontrar a proposição ver­
dadeira. A proposiçíto prublcmãticíi é. porianLü, aquela que só expressa possibili
díidc lógica (que não é objetivai* islo é. uma livre escolha de deixar valer uma
tal proposição, uma acolhida mcrameiue arbitrária da mesma no entendimento.
A proposição assertórica diü da realidade lègica ou verdade, tal como por exem­
plo num silogismo hipotético o amecedens ocorre na premissa maior como pro­
blemático a na premissa rrtenor como asseruSrieo. c indica que y proposição já
esiã ligada ao entendimento segando suas leis. A proposição apodíiica pensa
a proposição assertórica. como determinada por essas leis do próprio entendimen­
to. e portanto como afirmando a priorú e desse mudo exprime necessidade lógica.
Ora, já que aqui tudo se incorpora gradualmeme ao entendimento dc lal modo
que primeiro se julga algo probiemaiicamense. a seguir se o aceita asscrtorica-
mente como verdadeiro e por fim. como ligada inseparavelmente ao entendimen­
to, isto é, i>afirma como necessário c apodítico. eniào essas Ires funções da mo
daüdad4> podem Lurribém .ser denominador cuiros mmos momentos do pensamen­
to em geral.

i SEÇ Ã O T E R C E IR A DO FIO C O N D U T O R PA R A A D ES C O B ER I A
D E TO DO S O S C O N C EIT O S PU R O S DO EN T EN D IM EN T O

§ 10. Dos conccitos puro?, do eruetidiirtun/u ou categorias

Coma já dí$sc mais vezes, a lôftica geral absirai de todo o conteúdo do


conhecimento e espera que em ouira parte qualquer lhe sejam dadas representa­
ções a fim de primeiramente as iraruífurmar cm ccmcehos, isto ocorrendo analiti­
camente. Aü contrario, a lógica transcendental fHJüsui diante dc si um múltiplo
da sensibilidade a priori. nprosemado pelm cst<kicn transcendental. para dar aos
concciios puros do entendimenio uma matéria sem a qual seriam sem conteúdo
algum e, por conseguinte, inteiramente vazios. Ora, espaço e lempo comem um
múltiplo da intuição pura a priorí e, não obstame. fazem parte d;ts condições
da receptividade da nossa mente, unicamente sob as quaÊst esta pode acolher re-
praycntavòes de objetos íjuC portanto líimbém tem sempre que afetar o conceito
de Lass objetos Todavia, a capomaneidade do nosso pensamento exige que tal
múltiplo seja primeiro e de certo modo perpassado, acolhido e ligado para que
se faça disso um conhécimemo. Denomino esta *ção swtcse.
/ Por síntese entendo, no &eniido mais amplo, a ação de acrescentar diversas
representações umas as outras c de conceber a suu niuUipJíçLdadc num conheci
mento. Tal síntese é pura se o múltiplo nao c dado empiricamente, mas a priori
(como o múltiplo no espaço t no tempo), As nos.sa* repre&cniações precisam
nos ser dada.-; arties de Loda a análise defas. e st^undo o conteúdo nenhum concei­
to pode üurgir analiticamente. Mas a sinLcsc dc uni múltiplo (seja dado empirioa-
menle ou a priori) produz primeiro um conhecimento que, c verdade, pode scr
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

de início tosco e confuso e necessita, porLanto, da análise, todavia, ê a síntese


que coleta propriamcnLe os elementos cm conhecimentos c os reúne num certo
conteúdo, sendo portanto o primeiro a que devemos prestar atençào se quisermos
julgar sobFe a origem prtmeirã du nosso conhecimento.
A síntese em geral, como veremos futuramente, é ú simpies efeito da capaci­
dade da imaginação. uma função cega embora indispcnsávd da alma. sem a qual
de modo algum teríamos um conhecimento, mas da qual raramtínLc somos cons-
cienics- Reportar essa síntese a conceitos ê, todavia* uma função que cabe a<j
entendimento e pela qual no* proporejona pela primeira vez o conhecimento em
sentido próprio.
/ A sintesi1 pura. representada de modo universal, dá o conceito puro do
entendimento. Por síntese pura emendn a que repousa sobre um fundamento díi
unidade sintética a priori: assim, a nossa açàu de enumerar (isso nota sc sobretu­
do em números maiores) é unta stntese segundo conceitos porque ocorre segundo
um lundaincmo comum da unidade (por exemplo, o da dezena). Sob csie uuneei-
UK portanto. a unidade torna se ntctrsüftria na síntese do múltiplo.
Diversas representações sàc postas anaEisiíamcnte soh um concíiio (ama
tareia concernente à Eògica geral). A lógica irünscendeníaJ, lodavia. ensina a re
portar não *as represeniaçoc5, mas a síntese pura das mesmas a çortCCIlOü. O
primeiro elemento que nos tem que ser dado a priori para o conhecimento de
todos os objetos é o mútiipto da intuição pura: a xímese deste múltiplo, mediranwr
ít capacidade da im;iginaç5ü, constitui o segundo elemento* mas sem dar ainda
um cohhcciniemo. Os conceitos quedan unidade a esta síntesii pura. e que eonsK-
lem apertas na representação desta unidade siméticii néceKsiLi ijL. çonstituem o ler
cetro clemenio para o conhecimento dc um objeto que aparece, c repousam no
entendimento.
A mesma lunçao que num juízo dá unidade ãs diversas representações tam­
bém dá / tmma intuição, unidade à mera síntese de diversa represe nuiçòc.s: iaL
unidade» expressa dc modo geral, denomína-se o conceito puro do entendimento*
Assim o mesmo entendimento, e isto íiíravç* das mesmas açòcs pcUis quat* resti-
íüu cm conceitos a forma lógica de um juízo mediante a unidade analítica, reaíi
z.a também um conteúdo iranscendentut em Suas representações mediante a uni­
dade sintética do múltiplo na mcLitção em geriJ. Por estu r^ ao. tais representa
vões denominam-se conceitos puros do entendimento que referem a priori a
objcins^ cois.fi que a lógica geral nao pode efetuar.
Desse moda surgem precisamente tantos uonsoHos puros do emendimento,
que sc referem a priori a objetos da intuiçàn cm gerai, quantas eram na tábua
anterior as funções lógica* cm iodos os juízos possíveis. Com efeito, através de
lais funções o entendimento ê compleíanienite exaurido e sua faculdade inteira­
mente medida, Seguindo Aristóteles, denominaremos tais conceitos categorias
na medtda em que nossa intenção, em principio, idemifíca-$c com a dc Artstóte-
les, bem que se afaste bastante dele pa execução.
74 KANT

/ Tâbua das categorias

I,
Da quantidade
Unidade
Pluralidade
Tol alidade

2. 3.
Da qualidade Da relação
Realidade Inerência c subsistência
Ncgaçâo (substanlía et accidens)
Limiíaçào Causalidade ü dependência
(causa c efeito)
Comunidade íaçáfl reciproca
enLrc agetiic c paciente)

4.
Da modalidade
Possibilidade — impossibilidade
Existência - nâo-^er
Neccwiidiirfe — contingência

Evtc é, pms», o elenco dc todos os conceitos puxos originários da síntese


que n entendimento contém «n si a priori c sometue devido aos quais eic c,
alem disso* um entendimento puro, na medida cm que unicamente por tais concd-
tos pode compreender algo do múltiplo da iniuiçâo* isio é. pensar tim objeio
dela. Esta divisão c produzida sistematicamente a pauir de um princípio comum,
a saber, da faculdade dc jut^ar íque equivale à faculdade dc pensar); não surge
rapsodicamcnte de orna procura — çmpr&cndida ao acaso — dc conccátos puros,
de cuja enumeração completa / jamais se pod*} e.?.Ur seguro por ser inferida só
por indução, sem pensar que deste modo jamais sc compreenderá porque precisa­
mente esses e nâo outros conceitos residem no entendimento puro. A procura
desses conceitos fundamentais constituiu um plano digno dc homçm perspicar.
como Aristétties. Entretanto, por não possuir nenhum principio caiou-os como
sç Ihç deparavam, reunindo prtmetnmen« dez. que denominou caíegorwa (predi­
camentos). A seguir, crcu ter encontrado ainda mais cinco cunceiios que acres
cenLou sob a denominação de pós-prcdícamentos, Não obstante, a sua tábua con­
tinuava diferente. Por outro lado, encontram-se nela alguns modos da sensibili­
dade pura (quando, ubi. situs, igualmente prius* si mui) u inclusive um empírico
(moius), nenhum ddes ab sol uiam eme pertencente a este indice gcncalógíço do
entendimento; há também conceitos derivados enumerados entre os conceitos
originários (aetio, passío), enquanto atguns destes faltam iiuriramente*
Quanto aois conceitos originários. cabe amda oheervar: como os verdadeiros
cati&titos primitivos do entendimento pur+j. a& categorias possuem também seus
coitceitna derivados igualmente puroí que de modo algum podem >cr descurados
num sistema completo da filosofia transcendental. M aj me contentarei, num en­
saio meramente crítico, com a sua simples menção.
/ Seja-me permitido denominar eslcs conceitos puras, mus derivados. do ujh
entendimento, prúdicáveis do entendimento puro (em oposição aos predicamen
los). Quando se possui os conceitos originários c primitivos* os derivados c subaf
ternos podem ser acrescentados facilmente e s. árvuré jjeneaJõgica do entendimen­
to puro imaginada inteiramente. Já que não tenho em visLa aqui a compleiudc
do sistema. mas somente os princípios para um sistema, reservo esta compleroen-
tação para um outro trabalho. Ta! objetivo podç ser relmívamcme alcançado
se se recorre aos. manuais de Ontologia e se subordina â categoria da causalidade
tis predicáveis de força, açào. paixão; à categoria de comunidade os predicáveis
de presença, resistência; aos predicamentos da modalidade os predicáveis dc nas­
cimento. perecimento, mudança, etc. Ligadas aos modos da sensibilidade pufa
ou entre su as categorias Torneccm uma grande porção dc conceitos a prion deri*
vados* chamar a atenção sobre estes. e. onde possível, utencá-los complciamentc
constituiria um esforço útil e nfto desagradável, mas dispensável aqui.
Neste tratado, dispenso-me propoMiulmcnte da definição dc tais> categorias,
eonquamo gomaria de cs Lar de sua posse. No que se segue, desmembrarei esses
Koneeitos ;tié o ponto cm que for suficiente corti relertineia ii doutrina do método
que / eJaburo. Num s-istema da razão pura. uma exigência de tais definições seria nj*i
justa. Àqui- porem, só desviariam os olhos do ponto principal da investigação
na medida em que suscitariam dúvidas e objeçoes que. sem prejuizodo objetivo
essencial* podem xer adiadas para um ouiro trabalho, lodavia, do pouco que
ndtiy.i a prupósito resulta claro que um dicionário completo, com iodas as ti^pli
cações exigidas para tanto. não sô é possível, mas também fácil de realizar. As
divides já existem; basua preenche Iün. e uma lõpiea sistemâitca. como a presen
te. dificilmente se enganu sobre o lugar que convém peculiarmenie a cada eoneei
Lo. e ao mesmo tempo nota [aciJmtímc o lugar que ainda está va^úi.

§ 11

Sobre çsta lãbun ifo* categorias é possível fazer imere^santeb observações


que talve?, poisam ler consideráveis conseqüências no tocante à forma cientifica
dc todos os conhccimenuH da razão. Com üfcitò. que n:i parle Lcõrtca da Ftloso-
II a esta táhcia é extrema mente útil c me Km» indispensável para projetar completa­
mente o piano do ivúo de uma ciéttçia na medida em que repousa sobre coneeitoí,
a pnyri, ií para d ivid i-ta maicmaticanientc secundo principio* determinadas, se
esdareee espontaneamente pelo faio de referida tábua encerrar inieírameme to­
das os cunccitos elementares do entendimento, alé mesmo a forma dc um sis
I cema completo Uos mesmos no entendimento humano c. conseqüemeiriínEQ, de im
7Ó KANT

ín^iruif sobre iodos os rnvméntvs de uma projetada ciência éspcculalivá, inclusi­


ve sobre sua ordenação, do que já dei prova em outro lugar19. Fis agora algumas
dessas observações.
A primeira é: esta lábucu que Contém quatro classes de conceitos do entendi
mento, pode primeiramente decompopse em duas divisões, dirigindo-se a primei­
ra a objetos da imuíção (tanto pura como empírica) e a segunda à existência
desses objetos (ou em referência uns aos outros ou ao entendi mento >.
Denomino a primeira elasse a das categorias matemáticas, a segunda a das
categorias dinâmicas* Como sc vC\ a primeira classe nào possut correlatas. en­
contrados unicamente na segunda. Esta diferença tem que possuir um fundameti
to na natureza do entendiiíienlu.
Segunda observação. Em cada classe o número das categorias c sempre
igual. a saber três. isso impele do mesmo modo à reflexão, já que, aliás. toda
dtvisâo a príori mediame conceitos precisa scr uma dicoiomia, A íssoó acrcscído
que a terceira categoria surge sempre da ligação da segunda cçnrt a primeira
de SUii CklMC.
111 / Assim, a toíatidade nao ê scnào a, multiplicidade: siderada como unida­
de; a íimtiaçâo nao ê senão a renfidade ligada à tiegaçào; a comunidade é a
causalidade dc uma substância cm determinação recíproca com outra substância,
e finalmente a neccsxidad* nào c sen5o 1 cxisLcnciü diida pela própria possibilida­
de. Nào se pense, porem, que em vista disso a tcrccíra calcgoria seja um ccmcdtu
meramenw derivado e r io um conceito primitivo <Jí> entendimumo puro. Cóm
efeito, a ligação da primeira categoria com a segunda para prodiiiir o terceiro
conceito requer um ato particular do entcridimunto tjuc não ê idêrmeo ao ait>
cxcrcido no primeiro e secundo conceito*. Dcssc modo, oconcdio de utn númçra
(que pcrience à categoria da lotalidade) nem sempre c possível onde se apresen­
tam os conceitos de multiplicidade d de unidade (por exemplo, na representai;ão
do infinito); o il pelo fato de eu ligar os concciios de causa e substância entre
si. não podí ainda .ser compreendida de imediato u influência, isto é. como uma
*uh$iância pode tornar-se causa de algo num a outra substância. Disso Rca claro
Ljuc para wmo c requerido um aio pariicuhr do entendimento: e u mesmo ocorre
nos demais casos.
Terceira íihw rvaçãn Uma única categoria, a saber, a de comunidade, que
se encontra sob o tereciru tÍLuio não mosira uma concordância tãú evidente cunio
m? as demais, com a / forma de um juí*.<s disjuntivo que lhe corresponde na tábua
das funções lügicas.
Para se assegurar dessa concordância, precisa se observar que em todos os
juízos disjuntivos a esfera (á massa ife tudo o que esiá contido no juÍ7o) é repre­
sentada como um todo dividido em partes (os conceitos subordinados); por outro
lado. visto que uma parte nâo pode estar contida na outra, são pensadas como
coordenadas & não como subvrüimdas umas ãs outras, de modo que se deiermi-
nnm entre si não unilat&talmêniú tomo numa série, mis reciprocamente como
num agregado (se um membro da divisão é posto, codos os demais sao excluídos
e assim inversamente).
Fmntiroi, Funiiammm jWefq/rjHCDJ da Ciência Kaiufal
C R ÍT IC A DA R A Z Ã O P U R A 77

Ora. semelhante conexão é pensada num indo cie coisas nrtde uma- enquanto
efeito, cião c subordirrada a outra. enquanto causa da sua exigência. mas mo mes­
mo Lempo e reciprocamente c coordenada às outras coisas como causa no tocante
à sua determinaçào {por exemplo, num corpo cujas partes se atraem e se repelem
mutuamente). Esta eypéçie de conexa« c completamente diversa, da que se encon­
tra na simples relação entre causa e efcilu {entre razão e conseqüência), na qual
a. conseqüência nào determina rcciprocamenLC a razãú c por isso não forma cum
esta (como 0 criador do mundo com o mundo} um todo. Quando se representa
a esfera cie um conceito dividido ■o procedimento observado pelo entendimento
ê o mesmo de quando perua uma coisa tomo divisível: e não obstante se ligam <l,'
ruma esfera, assim na Coisa o entendimento se representa as partes de tal minJo
que a existência delas (enquanto substâncias) convenha a cada uma com exdusáo
das restantes, c todavia cumo lig;i(Jas num todo.

5 12

Nào ubsLante. na filosofia transcendental dos antigos encontra-se ainda um


capitulo contendo conceitos puros do entendimento qut\ embora nào sejíim con­
tado?. entre as catcgortus, devertam valer, segundo aqueles antigos, como cotteei
(os ci priori dc objetos; em ta! caso. porem* o numero das categorias aumentaria,
o que nào pode ser, Eles näß expostos cia pryposição tão famosa entre os escolás­
ticos*: quodlibeicrLs est uttum, iw n , bonitm.1^ Ora. se bem que o uso desie
princípio visando infcrcnuai» (que forneciam pura* prnpo&içnes tautológicas) te­
nha tido um resuludo bastante miserável, a ponto de na cpoca rrroderrui esse
princípio ser mencionado na Metafísica quase só por deferência rriio obstante
um pçnsamcmo eonscrvüdo por tân lempo. por mais va/to que pareçü,
mcrece sempre uma in vesti saçüf» dn sua origem c justifica u suposição de que
tenha uma rc^ra qualquer do entendimento o seu lundamento. o qual. como ocor­
re tVeqüent&s vezes* apenaà foi iradu/iido falsamente. Taií. supostos predicadas
transcendentais / das coisas não sâo senão éxipènciíts e critérios lógicos de uxlo h-i
o conhecimento dasi ctti$a$ cm gíral, e põint como fundamento dc taJ corittcci-
mento as categorias da quantidade, a saber da unidade, da pluralidade e da tma
Udíidv. Tais categorias que propriamente teriam que ser tomadas em sentido ma­
terial comc pertencentes ú possibilidade das pr^prius coiha.s, foram u^íidas por
eles somente em sentido formal eoma pertencentes á exigência lógica no locame
a ciida uonhccãmeiuo* frendo riao obstante dc tais uriiénos, dCí pemainerUo in­
cautamente propriedades das etw^as em si mesmas. F.m todo conhecimento dc
urn objcio liá unidade do conceito, a qual pode ser denominada anidade qualitati­
va na medida em que nela é pensada só a unidade do enfeixamemo do múltiplo
dos conhecimentos, tal como aproximadamente a unidade do tema num drama,
num discurso, numa fábula. Em segundo Lugar, há nele verdade no tocante â*
conseqüências. Quanto mais conseqüências verdadeiras de utn conceito dado.
tanto mais características da sua realidade objeuva- isso poderia scr denominado
Seja t|u;il fi>r o ente, sie c uni), verdadeiro a bom. (N , dös Y .)
78 KANT

pluralidade qualitativa dos caracteres que pertencem a um conceito como a um


fundamento comum (t não soo pensados nele como quantidad«}, Finalmente* em
terceiro lugar, há ncEe perfeição, que inversamente consiste no Fato dessa plurali­
dade em conjunto reconduzir à unidade do conceilo, concordando inteiramenti
com este e com nenhum outro, o que se pode denominar completude qualitativa
m; (totalidade). EHsso / segue se que estes critérios lógicos da possibilidade do co-
nhücimeriEO em geral transformam aqui as três categorias da quantidade, nas
quais a unidade na produçâu do quantum tem que ser sempre admitida homogé­
nea. com o único objetivo de conectar numa consciência elementos heterogenem
do Oonhccimento mediante a qualidadt de um conhecimento como princípio. As­
sim. o critério da possibilidade dc um ucvnceito (não cic seu objeto) é íi definição
na qual a unidade do conceito, a verdade de tudo o que possa inicialmente ser
derivado dele e enfim a completude daquilo que fui tirado deie perfazem o reque­
rido para a. produção do inteiro conceito. Do mesmo modo* também o critérfa
de umu hipótese consiste na eompreensibilidade do fundamento explicativo admi
tido. ou na unidade dc tal fundamento (sem liipólcsc auxiliar), na verdwie
cordáncia consigo mesmo e com a experiência) das conseqüências dai deriváveis,
e enfim na crmptexudé do fundamento explicativo de tais conseqüências, que
não reconduzem a naiín mais nada menos do que foi admitido na hipótese i
fornecem dc novo analiticamente a poMeriori o que fora pensado sinteticamente
a priori* concordando com tal. Portanto» mediame os conccÍLüs dc unidade,
verdade C períeiçâo a tábua transcendental das categorias nao c dc modo algum
complucada como se fosse defidente, mas na medida em que a relação desses
iin conceitos a objetos / é posta inieirameme de lado só o procedimento com çstes
conceitos é submetido a re§r.asi lógicas universais da concordância do conheci­
mento consigo mesmo*

C v p ít u l o S i ig u n r o í>.\ A nai Ít it a T r a n s o n o en tal

Da dedução do* conccitos puros do entendimento

SEÇ À O P R IM E IR A

§ 13, Dos princípios de uma dedução transcemienlal em grral

Quando falam de Faculdades íBefuÊmsse) e usurpações num processo jurídi­


co os juristas distinguem a questão sobre o que é de direito {quid iuris) da que
concerriií aos fatas (quíd facti), ç na medida cm que e^i^em provas de ambos
os pontos, chamam dedução a primeira prova, que deve demonstrar a faculdade
ou tamhém O direito. Sem rêpÊiea de ninguém, servimo nus dc uma porçào dc
conceitos empíricos c, mesmo sem dedução, consideram o-nos autorizados a lhes
adjudicar um semido c uma pretensa significação, pois íemos sempre à mão a
experiência / para provar a 5ua realidade objetiva, Há também* entretanto, con- n?
ccitos usurpados, quiçá tais como felicidade, des/ino, que circulem com indulgên­
cia quase geral. mas às ve/çs provocam a questão; Quid iuris. Com efeito, devido
à sua dedução caí se entào cm não pequeno embaraço. nào sc podendo alegar
nenhum claro fundamento de direito, nem a partir da experiência nem a partir
da razão, pela qual se tomasse evidente a faculdade do seu uso.
Todavia, dentre os vários conceitos que constituem o muito mcsclado teçido
do conhecimento humano hâ alguns determinados ao uso puro a priori (inteira­
mente independente de tt»la experiência). Esta sua Faculdade requer sempre uma
dedução, pois pata a legitimidade de tal uso nào são suficientes provas da expe­
riência. m as se ncccssita saber como esto conceitos podem se referir a objetos
que não tiram de nenhuma experiência. Por conseguinte. denomino dedução
transcendental de conceitos a explicação da maneira como estes podem referir-se
â priori a objetos, c distingo a da dcduçào empírica que indica a maneira como
um cunccito foi adquirido mediante experiência e reflexão sobre a mesma, e diz
pnrtanto respeito nao à legitimidade, mas ao faio pelo qual a posse surgiu.
/ Agora já possuímos duas espécies bem diferentes dc conceitos que. entre m
tanto, concordam enlre si no faio de se referirem inteiramente a priori a objetox,
a saber. os conceitos de espaço c tempo, como formas da ictisibilidade, e as
categorias, mmo conceitos do entendimento. Querer tentar uma dedução empíri
ca de&ses conceitos seria um Ir&balho completamente inútil, visto que aquilo que
distingue sua natureza consiste no fato de se referirem aos seus objetos sem lerem
lomado nada emprestado da experiência para sua represem ação. Porta nto* se
uma dedução dele? c nccea-sâria. Lerá sempre i^uc ser transcendental.
Pode*sc. contudo, procurar na experiência, senão o principio cia possibitida
de desses conceitos, pelo mcntta a i causas ocasionai*; dé sua produção. Em tal
caso. as impressões dfts sentido» fornecem o prim^iru tmpuls« para llies abrir
a írucira capacidade dc conhecimento c constituir a experiência, E&tn última con­
tém dois elementos muito heterogêneos, a saber, uma matéria para o conhecimen
to derivada dós sentidos e um:» certa forma para ordenã la derivada tia fsínte
interna da intuiçào e do pensamento puros, os quais, por ocasiào da itiatêria.
pela primeira ve? são postos em esercício c produzem conceitos. É sem dúvida
dc grande utilidade seg.utr de ral modo os rastros dos primeiros empenhos de
nossa capacidade de conhecimento para sc elevar dc percepções singulares a / n<;
conceitua universais, e deve sç agradecer ao famoso Loeke rc:r pela primeiru vez.
aberto o caminho paru tanw, Todavia, uma dedução dos conceitos puros, a priori
jamais se constituí desse iriwJo, pois nào sc encontra absolutamente nesse cami­
nho; com efeito, cm vista do seu uso liituro. que d eve ser inteiramente indepen­
dente da experiência, tais conceitos precisam exibir uma certidão dc nascimento
completa mente cli ver\a da que ateara uma origem em experiências. À esta cernada
dcrívaçào ftsiüU^ica, que por dt/.cr respeito a uma quaestionem fnctí não pode
propriamente denominar dedução, quero cm conseqüência disso denominar
explicação da jm s fd e um conhecímentn puro. É portanto claro que de tais con
ccitos é powivei apenas uma dedução transcendental t dc modo algum uma em-
80 KANT

pírica, não pasrando a última. no loeame aos conceitos puros a priori. dc vãs
tentativas com aa quais só pode se ocupar aquele que nào concebeu a natureza
ínteirarrtçme peeuEiar dessem; conhecimentos.
Se bem que o único modo admitido de urrui possível dedução do cunheci
mento puru a priori seja o transcendental, disso não resulta ainda que da seja
ião inevitavelmente necessária. Mediante uma dedução transcendental, persegui­
mos ocima até suas fonies os conceitos de espaço e de lempo. explicando e deter­
minando a priori &ua validade objetiva. / rvão obstante, a Geometria percorre
o seu seguro camintio mediante meros conhecimentos a priori sem precisar pedir
á f-ilosofia um atesEado concernente à descendência pura e legítima do seu eon
ecito funduineuLuI dc e^pa^u. No cmanio* nesta ciência o uso ilu conceito relere*
se apenas :io mundo scnsivel externo, do qual o espaço é a Forma pura dc sua
intuirão c no qual portaruo todn conhecimento geométrico possui evidencia ime-
diaia por se fundar sobre intuição a priori, sendo os objetos dados a priori (secun­
do a tbrirta) na intuirão pelo próprio conhecimento. Ao contrário, com os concei­
tos puros da eiitentfiinefiitr começa a inevitável necessidade de procurar a dedu-
çiio transcendental não somente deles próprios, mas também do eapaç«». Com
eleito, vi^io que lais conceitos puros faiam de objetós nào mediante predicados
da imuiçik» e da sensibilidade* mas do pensamento puro a priori. referem se uni­
versalmente a objeios ívüm quaisquer condições da sensibilidade. Além disso, vis^
to que não se fundam sobre a experièntíia. não podem também iiprcscrilar na
intuição n priori nenhum objcio sobre o qual fundar a sua síntese ames de tuda
st experiência: eonseqíienieniciue, não apenas despertam suspeita devido ii valida
de objetiva e timites do süu uso, mas ainda tornam ambíguo aquele conceito
tte espaço pelo fato dc se inclinarem a usá-lo acima J das condições d:i intuição
sonsivcl. o que acima tornou necessária uma dedut^o transcendental também
a seu respeito, Desse modo. ames dc ter dado um único passo no campo da
ra^ão pura o Leitor tem ljuí ser convencido da necessidade ineontorriávclde tal
dcduvào transcendental: piús do contrário procede cegamente e, após ter errado
diversamente em torno, precisa retornar novamente :i ignorância da qual partiu.
Mas ele também precisa tomprçtrndír duramente e com, antecedência a inevitável
dificuldade para nào se queixar de obscuridade onde a própria coisa se encontra
profundamente uculta, nem deve se cansar muitft ccitíi cia rcmoção dos empeci­
lho*. Com efeito, inua-sc ou de desitir completamente de iodas as pretensões
ii conhecimentos da razao pura como o campo mais ambicionado, a saber* o
de ultrapassar Oh limites de toda experiência possível, ou de levar esn investiga
ção critica ao seu acabamento,
Coin leve esforço, eunseguimos acima Lornar compreensível como oü eort-
ceiios de espado c tempo* enquanto conhecimentos n priori. teni nào obstante
que se referir necessariamente y objetos e tornaram possível, independente dc
roda a experiência, um ei>nhecimemu ymtélíco dos mesmos. Com efeno. já que
unicamente mediame tais; formas puras da sensibilidade um objeto pode nos apa­
recer. bto c, ser um objeto da intuição empírica, então espaço e tempo são intni
çòe.s puras que coiuém a priori a con / dição da possibilidade íios objetos como
fenômenos. e a sua .síntese nos mcsmo.s possui validade objetiva.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

Ao contrário, as categorias do entendimento nao nos apresentam absoluta­


mente as condições snb as quai* objetos são dados na iruuição; por conseguinte,
objetos podem chcgar a nos aparecer sem precisarem necessariamente se referir
a funções do entendimento e este portanto conter as condiçoes a priori dos me.v
mes, Por i.sso, stirRe aqui uma dificuldade que não encontráramos no campo
da sensibilidade, a .saber, como condições subjetivas do pensamento devam pos
suir vaiidade objetiva, isto c. Fornecer condições da possihilidade de todo a co­
nhecimento dos objetos, pois sem llinções do entendimento fenômenos podem
seguramente dados na intuição. Tomo. por exemplo« o conceito de causa,
que significa um modo particular de síntegg, já que com base em algo A e posto,
eonforme uma regra, algo bem diverso B, Não é d aro a priori por i|uc fenômenos
deveriam conter algo scmelliante (com efeito, nào se podem alegar experiências
como provas porque a validade objetiva deste CortCeilu lem que poder ser de
monstrada a priori), e por conseguinte è a priori duvidou se um conceito de
tal e!>pécic não é porventura vsrno e não encontra em parte alguma um objeto
entre Ob fcnâmenoà. Cerni efeito, que objetos da intuirão sensível que estar
conforme às condições formais da sensibilidade situa. / das a priori na mente
resulta claro do fato de que do contrário nào seriam objetos para nós: todavia*
a conclusão de que além dis^í tais objetos precisam estar conforme« ãs>condtçõcs
requeridas pelo entendimento pura o cünhecimcitto sinlélicn do pensamento nào
c alcançável com a mesma faulidude. Com efeito, poderia perlei Lamente haver
fenômenos constituídos de tal modo que o entendimento nào os achasse eonlbr
mes às condições de sua unidade, e lutlo sc encontrasse cm tal confusão que,
por exemplo, na sequência da >>erie dos fenomeno* nada se oferecesse capa/, de
fornecer uma regra de sínic&e e. portanto, correspondesse ao conceito dc causa
c efeito, scrtdta este conceito com isso inteiramente nulo c sem significação- Nem
por isso os fenômenos deixariam dc oferecer objetos u nossa intuição* pois esta
dc muneira alguma prccisa das funções do psnsamemo.
Poder-.se ia pensar em se desembaraçar da fadigo dcsta,s investigações dizen­
do: a experiência oferece incessantes exe371pl05.de um» regularidade dos fenôme­
nos Lul que <tão suficiente mtiTivo para abstrair dai o conceito de cuusa e mediante
tal comprovar ao mesmo tempo » v:didade objeiivu de um tal conceito; neste
caso nào tie noia que desce modo o conceito de causa não pode absolutamente
surgir, mas que tem que csiar fundado inteiramente :i priori no entendimento
ou s,çr completa / mente abandonado como simples quimera. Com efeito, oslc
conceito exige de modo ab-soluu» que algo A wiji* de espécie tal que a(£uma outra
coiidi li resulte disso ticcesscrimnnifv e segundo uma regra absolutamente unher
saí. Os fenómenos ofçrçcem casos. a partir dos quais é possível um;i regra segun­
do a qual alguma coisa acontece habitualmente, mm> sendo o resultado jamais
necessário; cm vista disso, ã síntese de cansa e efeito inere uma dignidade que
nào pode absolutamente se expressar empiricamente, a saber, que 0 efeito nào
é apenas acrescido á causa, mas ê posto por ela e resulta. A imivorsa]idade
rigorosa da regra também nau c absolutamente urna propriedade de rc&ras em
pí ricas, as quais náo podem obter pela indução senào uma uni ve realidade compa­
rativa, isto é, uma utilidade alargada. Ora, o uso dos conceitos puros do entendi-
K2 K ANT

míruo alterar sc isi completamente caso se quisesse manejá-los apenas como pro­
dutos empíricos.

§ !4. Passagem à dedução transcendental das categoria*

São possíveis apenas dois erasos em que representação sintética e seus obje­
tos podem coincidir, relerir sc necessariamente um ao outra ecomo que sc encon­
trar tiu quando só o objeta torna possível a representação ou quando só esta
toma / possível aquele. Nü primeiro caso. a relaçao k apenas empírica e a repre­
sentação jamais c possível a priori, E isto é u caso com Icnômenos no tocante
no que neles pertence n sensação. No segundo caso, se bem que a representação
cm si mesma (pois não se Lrata aqu: da sua causalidade mediante a voniade)
não produza o seu objeto seguido c existência, nâo obstante a reprcserttaçao
e a priorí determinante no tocante ao objeto qu:indo apenas por ela c possível
conhecer algo como um objeto. Ilã, porém, duas condições unicamente sob as
quüis 0 conhecimento de urn objeto 6 possível: primeiro intuição, pda qual é
dado o objeto, mas *ó como fenômeno: segundo Conceito, pelo qual é pensado
um objeto correspondente u essa intuição. Do que sc disse acima. nt> entanto,
resulta claro que a primeira condição, unicamente sob u qual podem ser intuídos
ubjeios. dc faio subjaz aos objcíos* segundo a forma, a priori na mentí >Todos
os fenómenos concordam, portanto, necessariamente com esta condição formal
da sensibilidade, pois somente medianie esta aparecem, isto ê. podem ser intuídos
c duetos empiricameniè. Ora. perjiunta-.se sc conceitos a priorí nâo são Lambéin
antecedentes como condições unicamente soh as quais algo, embora não intuído,
é toduvia pensado como objeto ern geral: com efeilo. então lodo conhecimcnto
/ empírico dos objetos ê necessariamentc; conforme tuh conceitos porque, sem
a sua pressuposição. nada 0 possível como abjeto da trxpe.riêitcia, Ora. além da
intuição dos sentidos peia qual algo £ dado ioda a experiência ainda contêm
um ciMCCilõ dc um objeto que é dado na ímuição ou aparece; logo. conceitos
dc objetos cm jieral subjazem a todo conheeimento de experiência como condi
çõc^ a priorí, Por íüso, a validndc otojçiívíi das c a t a r ia s cnqunruo conceito*
a priori repousa sobre o fato de que a experiência tsegundo a forma do pensamen
to) é possível unicamente por seu intermédio. Cí>m efeito, então as categorias
sc referem necessariamente e a priori a ohjetos da experiência, porque &o rnedian
lc elas pode chegar a ser pensado uni objeto qualquer da experiência.
A dedução transcendental de todos os conceitos o priori possui, portamo*
um princípio uo qual icm que *e dirigir toda a investigação, a saber, que eles
precisam ser conhecidos como condições a priorí da possibilidade da experiência
(seja da iiuuiçào, que é encontrada nela, seja do pensamento). Conceitos que
fornecem o fundamento objetivo da possibilidade da experiência sào necessários
justamrnEe por isso. M as o desenvolvimento da experiência na qual são Cftcontra
doa nao é sua dedução (mas sim ilustração) porque nela os conceitos seriam
apenas casuais, Sem esta / referência originária à experiência possível* na qual
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

ocurrcm todos os objetos do conhecimento, absolutamente não poderia ser corce


bida a referência dc tais conceitua a um objeto qualquer J31
Por falta destas, considerações c por ter encontrado conceitos puros do tn
tendi mento na experiência* 0 famoso Locke derivou tais conceitos da experiência
procedendo Lao im:on sequentemeu!c que com isso t>usou tentar conhecimentos
que vau muito além de todos, os Umúes da experiência. David Hm w reconheceu
que. para tal ser possível, esses conceitos tinham que Ler sua origem a priori.
Todavia. visto que absolutamente nSo sabia explicar como c possível que o L-ntcn
dimenio precisava pensar como necessariamente ligados no objeto aqueles con­
ceitos que em si nào são libados no entendimento. e visto que nao lhe veio à
mente Que medianre esses conceitos, o proprio emendtmeitto possa lalve?. ser au­
tor da exprriencia cm que seus objetos são encontrados, premido pela neccssida
de derivou os entao da experiência (a sahcn de Lima necessidade subjetiva surdida
mediante uma freqüente associação na expericncia e que por Hm é falsamente
tomada como objetiva, isto é, do hábito), miis, procedeu a seguir muito conse­
qüentemente ao declarar impossível ultrapassar os limítes da experiência com
esses conceitos e o,s princípios por eles ocasionados. Por outro lado, a derivação
empírica / que veio a mente de ambos não pôde ser posta dc acordo corn a
realidade dos conhecimentos científicos a priori que poluím os, ou seja, da mal?
tnática pura c da ciência universal da natureza, sendo portanto rcfuUida peln
fato.
O primeiro deites dota homens ilustrei abriu afi portas a extravagância da
fantasia porque a ra/.Iio. quando uma ve? possui a seu lado direito^ não se dt:ixa
mais aprisionar por vapas recomendações de moderação: o s^urido rendeu se
completamente :to ceticismo, visto crer ter descoberto uma iJusào tào geral, e
lida como razao. da noüsa faculdade de conheci memo* F.stamos 4£ora prcsies
a temar se não ê possível guiar a razão humana incólume enirc esses dois ísco
lhos, indicíir-lhc determinados límitís e nno obstante lhe manter aberto 0 inteiro
campo dc atividade que lhe convém.
Ames quero apenas adiantar a explicação das categorias. São conceitos dc
um objeto em geral medianiu os. quais a sua iiiiuiiçuo é eonakieruda dvfermitiada
n<>tocante a uma dus/wírfoíj tógicas de juízos, Assim, a função do juí?.n rawgó
rico era a da relação do sujeito éom o predicado, por exemplo Lodo» os corpos
r>ãu divisíveis. No que tan^e ao uso meramente lógico docnumdimenio, permarte
ecu contudo indeterminado u qual dos cortcei / tos se quer dar a função de sujeito
e a qual a de predicado. Com efçitík ac p<xie também dizer; alguma cnísa divisível
c um corpo. Mas sc lhe submeto o conceito de corpo, mediante a categoria de
substancia fica determinado que suu intuição umptrica tem que ser considerada
na experiência sempre sujeito* jam aii simples predicado; o mesmo ocorre nas
demais categorias,

J1 A. pan>r cUsie- pkMitu icm iníciô a iw v i hm-kíh*. da u^uiul» «ii^ iio . í-j. l^duçais TitM wvnflcm :d dí».
CaTfjJftrias (Ní. díisT )
SBÇ Ã O S EG U N D A DA D ED U Ç Ã O DOS C O N C FíT O S PU R O S
DO F.NTE.NDI M EN TO

D ED U Ç Ã O T R A N S C E N D E N T A L DOS C O N C EIT O S P U R O S
DO E N T E N D IM E N T O

§15. D a possibilidade t/c unia ligação em geral

O múltiplo das representações pode ser dado numa intuirão meramente


sensívcL quer dizer. que nada mais é scnio receptividade podendo a forma dessa
intuição residir a priorí cni nus.si faculdade de representação sem s£r oulra coisa
senão a maneira am o o sujeito é afetado. Todavia. íi figaçâo (eoniunctio) de
um múltiplo cm fcieral jamak pode nos advir dos sentidos ü, por conseguinte,
tampouco estar ao mesmo / tempo contida na forma pura du intuição sensível;
poiíi (ai ligação ê um ato d;i espontaneidade da capacidade dc representação e.,
VL5to Que se leni que denominar a esta entendimento para dircíendà-fa dfi sensíhi
Iidade. toda ligação quer possamos ser consciente:» dela quer nào. quer seja
uma ligaçào do múltiplo da iuiuiçáo ou dc vários conceitos e. na primelrn, dc
amu intuição sensível ou nào — i uma nçâo do entendimento que designaremos
com o nome geral de siniexc para. medt:mie isso. ao mesmo tempo observar que
não poderru» nos reprcicriiur nada lidado no objeto sem o termos nós mesmos
tigado untes, sendo dentre todas ns repfesemttc;oes a iigttçãü íi única que não
pode scr dada por objetes. mas constituída uniçymente pelo próprio sujeito por
ser um aio de sua csptJiiiiineuUide. Descobre-sc aqui fadlmcnie quç esia ação
preciüH ser rtriginfiriarncrUe una e equivalente para toda íi ligação, eque íl décum
posição. u uHtíiisí’, que parece ser seu contrário, sempre a pressupõe* Com efeilo,
onde o entendimento nada ligou antes nào pode também decompor nada. pois
somente peto CiUvmliniaUo aígo põdt* sor dado como ligado íi capacidade de
representa çüo.
Mas além do conceito dc múltiplo c de swq sínttírie. o üoncüito dc Ei^a^ão
tra/. ainda consigo o conceito du unidade dele. Ligação é ei representação da
unidade sintética do múíu / pk>.SJ A represe mação desta unidade nào pode, por
tanio, surgir da liftaçào; muito ames, peio faio de ücr acrescida n ropresenuiçào
do múkiplú, a representação de lal unidade po^sihiliLa primeiramente o Cunceilo
de ligação, F-üía Limdüdi:, que precede a priorí todos os conceitu.s dc lignção.
nào c aquela categoria da unidade (§ lt>L pois uidas as categorias fundam se
sobre funções lógicas em juízos, mas nestes já c pensada a [ig.ação t por conse­
guinte a unidade de conceitos dados* Portanto, n categoria jâ pretttmpõe a ligaçào.
Conseqüentemente. precitiamo;, procurar esia unidade (como qualit^liva. § 12)
mais acima aindíi, a saber, naquilo que propriamente contém o fundamento da

** Mio sc tuína aqui em mnM.Jtiração aí a.1


, rcprcicntai;^ mesmas SÉLu iJÜmiClS, |Cj>ó se üUia pode Sftr
pciwíwiji áiialiUuatncruc rtwilíaiiie <
1ülliríL, Nfl rrk&Jkdíi cm íal-a do muliípEü. u, rarrtricncicr dc urtiu
rcpjtsuniuçüo deve ser ‘Jisíin^uida «rninv Ja çnn^cirncta dj imna. Aqui sc Imta snmerie ds sínwsí J l-í .vj
eonscieneiã Lpoís-iveJl.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 85

unidade dc diversos conccítoa cm ju ítu s. poriamo da possibilidade do umendi


mento, até mesmo cm seu uso Jógíco.

§ Iti- P s unidade sintética originária da. apercepçãa

O eu penso tem que poder acompanhar todas as minhas representações:


puis do contrário. seria representada em mim algo / que não poderia dc modo
algum ser pensado. o que equivale a direr que a representação seria impossível
nu, pelo menos pura mim. nào seria nada. A representação que pode ser dada
anies de lodo o pensamento denomma-se intuição. Portanto, todo o múltiplo da
iniuíçào possüt um« refcrència necessária ao eu penso, no mesmo sujeito em
que cstc múltipfo é encontrado, fcsta representação. porém, é um ato de çaponta-
neidade, isto è, não pode scr considerada pertencente a Kcnçtbilidade. Chiimo a
aperccpçõo pura para disiíngui-Ut da empírica» ou ainda apercepção arigsttãriu
por ser aquda autoconsciência que an produrir a represema^ào eu penso que
tem que puder acompanhar ludiLs as demais: e fi una ti idêntica cm toda «íonsdèn
d a. nào pode jamais ser acompanhada por nenhuma nutra, Denomino também
sua unidade de unidade trttH&ceildental à% autoconsciência. para designar a possi
biJ idade do conhecimento a priori a partir dela. Com efeito, a» múltiplas repre­
sentações que são dadas rmtnn certa intuiçào nrio seriam todas representaçôc*
minhas ie não penentessem unlcn* a uma autoconsoiencia, isto è. como represeiv
taçòei minhas (se bem que cu nào seja consciente delas eoino lalsl precisam
contbrmar*sc à condiçãn urue&mcnte sob a qual podem feunir se numa autoeons
ciènciij universal, pois do contrário nào rne pertenceriam / sem exceção. Dessa
li&uçãc oriçtnãrta pode se inferir muitas coisas.
A saber. esta identidade completa da apcrçepçào dc um múltiplo dado na
intuiçuo contêm uma Miilcst: de representações e *óê possível pcln consciência
dessa síntese. Pois a consciência empírieu que ucompariN diferentes rspresenta
i^ws é cm si dispersa $ sem referência à identidade do sujeito. Eeta rufiércrteiu
nào ocorre pelo simples fuio de eu acompanhar com consciência levJn rtsprosenta
<*üo. mus dc cu acrvaceniar uma rcpreífinui^ào à outra e de ser consciente dü
sua síntese. Portanto, somente peki fato dc que possex, numa çonsciêtrcta, ligur
um múltiplo de reprcsentaçncs dada^ é possível que cu mesmo me represente,
tjesaas representações, a idealidade da consvièncsu. ínLo ú. a unidade wmiiticu
da apcrcepçân sõ é possível pressupondo alguma utitdaJe sintética qualquer^.
/ O pensamento: estas repre^emavoc-' dada* na imuição pcrtcnccrri todas a miiU.

* * A unidade im&lítiCi« (ia cnn-u-içnciu irn.-cc a ioííu-í os CúfltttUüii sMímun* como u u v por cxemplu. quancbi
perviO <í wrwfiho írrri gerai. TCprtfsçfiííii W i atmvcs dis^> uma propriedade cnvuntm iio (cim n car-n^nMic.at
cm alfiurn lugar mmkjuer t*u fllie pude csfaT ligada u juiltxs íçnw w nuiçcjisí; portanto. sõ em vitiudc tit
Liniü previam<nic BCflüâfh irnirtade sim eiicit poi>ívcJ posso rcp tir^ niiir me a unidade anuliiiçu. Urfifl ícprç
■jemação <|uí dtfvc <ct pen ad a <a«no comum ,i tliversa1, nuirus ç c n ç iís d i com» pcrtuncsBlC A fç^r^çn^a^tres
laã.ç f cm« (íoMLtom. dela, álntiii ulfiií (ín v n o r Logo, ptedua mtt previamente pensada em uhiüíkIc sdniOLi
Cíl W in yucíari. representações CcmSora ípcrias pussívets) anií^ que pessoa ptnsflf nela a uaklnilt- analítica
da L fin jciífK ia . t|uc a iikrnu «m C*i1íéf>tiis ccinimynis. H aK*,im i unidaüc -siméicA da apprtu-pçao í o f oniii
maiS atlO iCt qual 5é ttm que prtnder ii*tt> u u » do intendiincnio, mesmo a Liifiica ic>u;iiu c, dçpois dela.
3 filfl^nfia [ran ^ ernifrital; c m fatuldadf c o pniprlo Ciilendiinciiiu.
36 KANT

segundo isso significa que as reúne n u m a autoconsciência ou que posw pelo


menos reuni-las nela,, se bem que ial pensamento mesmo nào seja ainda a cons
dünçia da síntese das representações, pressupõe todavia a possibilidade de$ia
última; isto é. somente pelo fato de eu poder conceber numa consciência o múlti­
plo das representações denomino todas de minhas representações, pois do contrá­
rio teria um eu mesmo tão multicolor e divergi quanto tenho represemaçoei das
quais sou consciente. Enquanto dada a priori a unidade sintética do múltiplo
das intuiçott c portanto t>fundamento da ideruidade da própria apercepção. Muc
precede a priori todo o meu pensamento determinado, A ligação não se encontra,
porém, nus objclo* e não pode ser quiçá tirada dos mesmos pela percepção e
deste modo primeiramente a c o lh id a no enccndimento, mas é unicamente / uma
Operação do entendimento, que nada mais é senãú a faculdade de ligar a priori
e de submcicr o múitiplo das re p resen tin g 5 dada^ á unidade da apçrCcpção.
fcste é o principio supremo de todo conheci memo humano.
IZ!>te princípio da unidade necessária da apercepção é na verdade idêntico,
por conseguinte uinn proposição analítica, mas deeUira como ncecasária uma
síntese do múlúplo dado numa intuição. sem a qual aquela identidade
completa da autoconsciência não pode ser pensada. Com efeito, nenhum múltiplo
e dado mediante o eu como representação nimples; só pode scr dado na intuição,
que é diferente do eu, e por ItRQçõQ pode ser pensado numa consciência. Utn
entendimento* no qua! ttido a múltiplo fosse ao mesmo tempo dadü pela auto­
consciência. intuiria; o nosso só pode pemar c precisa procurar u intuição rtos
sentidos, Sou» portanto, consciente de mim mesmo idêntico com referencia ao
múltiplo da^ representações dadas a mim numa intuição, pois denomino minhas
todas as representações cm conjunto que perfazem uma só. Isto equtvalc. porém,
a dizer que sim consciente de uma síntese necessária delas a priori que se (.hantã
a unidade '»iruêtíca originaria da aptírcepção. sob a qual se encontram todas as
13r. rcprcficntaçòcs dadas a ruim. / mas sob a qual foram postas por umsisíntese,

•í 17. A proposição fundamental da unidade sinwfica da apercepção


v o princípio supremo t!c tvcJo o u.w do títmndiminíõ

O prirteípio supremo da possibilidade de toda intuição com referência à sen


sibibdade. segundo a euúiica transcendental, era; todo o múltiplo da intuição
está submetido às condivw* formais do espaço e do icmpo. Com referência ao
entendimento, o principio supremo rín é; tudti v múltiplo da íntuiçãu c*LÜ
submetido às condições da unidade sintética originária dn apercepçào,34 Na mc
dida Km que nos .são Jadas todas as m últipla representações da intuição estão
\}l .submetidas ao primeiro princípio; na medida em que tem que poder ser / ligadas
numa consciência, iodas essas mesmas representações estão submetidas ao se-
* A L> esp ^ n . ts [ifflpu c a* í l s í pnnes são iniuiçtlfs, por cún*:£iiintc representações iii^ u lirts cn«i
ii m úJtiplo que criiniêm cm si (ver ü, liscctiiu'a TVarHicendenuiJ): logo, não iiu simples concíttos peloj quais
prccj-SameniÉ ü mesma CúnscÊenda é encontrada. Como cnnlüin em muims (Vp.rcE=niaçõe^ m al mu.L(as rtpr-c-
«maçiWn: sJo çnCLuiLradas comu aintid&r. cuíim&sú c na conscienuiaJçita. por canseguinre comoCúinpoHas;
íonscqütrceniKiHA airavtíí dcías a. umdAdc da ctsnatLcncEa c crttcííuada Cíirtiu im lú ica, mas mcsmfi assim
mimo originária. Rsta sua singuiaridadec imjn>nanrí na aplicação (.ver § 25).
guftdo princípio. Com efeuo, sem isso nada pude ser pensado Ou conhecido, pois
as representações dadas não teriam cm comum o uLo da apercepção eu penso,
c desse modo nào seriam reunidas numa autoconsciência.
Falando de modo geral, etilendimwrfv é a faculdade de coithecitneufos. Hstes
constem na referência determinada de representações dadits a um objeto. Ohje
to+ |Xirêm, é aquilo cm cujo concciui c reunido o múltiplo de uitiy intuição dadu-
Ora. toda reunido da* representações requer a unidáde da consciência na síiuese
delas* ConsajiicrLLcmente. a unidade da consciência é aquilo que unicamente per­
faz a referência das representaç^s a. um objeto- por conseguinte a íuu vaEidade
objettva e portanto que se tomem conhecimentos, c sobre o que enllm repousa
apropria possibilidade do entendimento.
Portanto, o primeiro conhecimento puro do entendimento, sobre o qual se
funda todo o seu uso restante e que ao mesmo tempo é inteiramente tndependente
de todiüá a* condiçces da intuição skuwvcí, ê o princípio da unidade stiiiâlica
originária da apercepção, Deste modo* a mera forma da intuição sensível externa,
o espaço* não ü ainda absolutamente um ennhecimenui; ítpenas dá o múltiplo
da intuição a priori para um conhecimento possível, Todavia, para conhecer uma
cuisa cjualqucr no espaço, por exemplo uma linha* preciso iraçá-la, c. portanto,
/ realizar smieticamcrnc uma determinada ligação do múltiplo dado. dc moüú
que o unidade desta ação c ao mesmo icmpo. 3 unidade da consciência (no eon
eeÍLo dc uma linha) c através diswj um objeto (um determinado e.spaço) ê primei
ramenie conhecido. A unãdiido sintéticu da consciência é, portanto, uniu oondiçào
ubjciiva de todo o conhecimento, de t[uc preciso não apenas para mim a fim
de conhecer um objeto. mas sob qual toda intuição letn que esiar a fim de lornur-
$e vbjetv para mim, pois tíc ouïra maneira e sem essa síntese n múltiplo nâc>
}«: reuniria numa consciência,
Embora torne a unidade síiuéiica condição dc todo pensumento. cata última
propusãção é ela mesma Como ficou dito. rmalítica. Cam efeito, nio ídlfmu icníio
que. em quíil^ucr intuição dada. todas üï mintiax representações têm que se sub
rïtctûr ã condição unicamente sob n quttl posso atribuí las. ctwno representações.
mintias, ao próprio ou idêntica c por ctmscguinii:, enquanm lij^üdas ^intetieamen»
te numa apcrccpçào, enfeixú las mediante a expressão universal tuptnsv,
Essa proposição fundamental não é contudo um princípio para iodo entendi
mento po&sive] em geral, mas somente para aquele ao quaL mediante sua aper-
cepção pura na represeruaçac eu ,wh, ainda não foi dado absolutamente nada
de múltiplo. Um entendimento, mediante cuja autoconsciência o múltiplo da in-
tuiçfm fosse ao mesmo lempo dndo i e mediante cuja representação os objeto*
desta üí>mesmo tempo existirem, para a unidade da consciência nüo necessitaria
um ato particular da síntese do múltiplo, rnas o qual e necessitada peto entendi
mento humano, que apenas pensa e não intui. Pura o entendi monto humano, tal
aLu é inevitavelmente o primeîrn principie, a pomo de não pOiier fazer se menor
idóía de um outro entendimento possível, seja de um que intuísse ele mesmo,
seja dc um que, em lw a possuísse como fundamenta uma intuição sensível, esta
fosse de tipo diverso da que se encontra no espaço c no tempo.
68 KANT

§ 18. O que é a unidade objetiva da autoconsciência

.4 unidade lran$ûendçnitd da apcrccpçào é aquela pda qual todo o múltiplo


dado numa inluîçào é reunido num conceito do objeto. h m vis ia d i^ a denomina
se objelh-ü e tem que w r distinguida da unidade subjetiva da consciência, que
c uma determwaçãt) do senfido interno. mediante o qual aquclt? múltiplo da iniui
ção é dado empiricamente para tal íigaçãu. Depende de circunstâncias üu de
condições empíricas se posso sor çmpiríçítm&Me consciente do múltiplo como
ut) simultâneo ou sucessivy, bis por que 3 unidade empírica / da consciência, mê
diante a associação das representações. cun^ernc cia mesma a um fenômeno e
é inteiramente contingente. Frente a isio. a forma puni da intuição m.» tempo*
simplesmente como inluiçào erri geral que contém um múltiplo dado. c*lá sob
a unidade originária da consciência simplesmente mediante a referência neccjssà-
ria do múltiplo da intuição ao um*, eu penso: portanto mediante a sintese ptira
do entendimento. qtte subjaz a priori à símest empírica. Somente aquela unidade
ê válida objetivamente: a unidade empírica da apcrcepçào. que aqui não conside­
ramos e que além disvo só ê derivada da primeira sob condições dadas in concre­
to, possui apenas validade subjetiva. Uma pessoa liga a rcpreseniaçào de uma
em a palavra 3 uma coi&i, a outra a uma outra coisa: naqtiiki qat? û empírico,
no tocante ao que ó dado a unidad« da con^icncia nau c vâltda mwcs»árin c
universalmente.

§ 19. A farttui lógica dv todo s os juízos coasiniv na unidade objetiva


da uperçepçãu das conceitos cotíliüm ne tes

Jamais pude sarisfazer rric com a explicação t|uc os lógicos dno a respeito
du um juízo em geral; <j jui/o í\ como dizem, a representação de uma relação
entre dois conceitos. Embora dctue equívoco da lógica icnliam resultado muitas
ui consequências importunas, não quero querelar / aqui com eles sobre o curáicr
defeituoso da explicação. a Mibcr. que u[cinde quando muil» aosjuuws cai£g{h't
ca$r mas. nào aos hipotético?; e dkjnm íviv (que como mis contêm uma rclaçàt>
nào dc conceitos e sim de juíww).*4 Observo apenas que aqui não fica determi
nado cm qtte consiste cal rchç&h
Toda vi au se em cada jufeú investigo mais exatamente a. referência de eonhe-
cimentas dados e. enquanto pertencentes ao crttertdimenu), us distingo da relaçào
segundo leis da imaginação reprodutiva (que possui somente validade subjotiva).
vejo que um juízo nâo é ^enão o modo dc Jevar conhecimentos dados á untdade
14? objetiva da apercepçào. N'os juízos, a partícula relacionai c ! visa distinguir a
untüudu objetiva de representa^tics dadas da unidade subjetiva. Com efeito, tal

A iiMili.su elemu ina daí qm in» liguxaf í.ilogi:>tiC3i Ú it respeito somente aos »iJop.iíiTK)Ã carcRiSruíük, hniLxj
ru não passe dc um huhlcrltifej« pnrn. m ídiaiUc üCvJlüm fnto de cnncttt$Ü£v imediutas (c^nsi^œ niiac iinme
di&tîicj suh as premissftS dü um âil&fustno puru. ohicr a ;ijvarènui:i tk um nú íüira mauvr <kv modoíi Jc w incluii
do que où du primeira figura. n«ú i£rja lo jra iú upcn:is airavrs diaso nenhuma sü to parLicular m. náo IIVCSSÊ
prtfw f.uid* elevur o í ra icg w iu js j uma auujndJJdí txdkKiva cumo aqtidcs aí>í. tfuais lêm que se*
rercrivcî» ludos« s íftm ai.1;. o qvc poeçin. U<‘ aCcirdn cnm o §•’J , i falso.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 85*

p a la v r in h a designa. a referência dessas reprusentacões à apcrcepçàu originária


c à sua unidade necessária* embora o próprio juí/.o seja empírico e por conscgiiin-
tc contingente, por exemplo os corpos iiâo pesados. Com isto nào quero, na ver
dade. dizer que na inLuiçâo empírica tais representações pertençam necessaria­
mente umas às ouiras. mas que na síntese das intuições pertencem umas às ouLras
em virtude da unidade necessária da apcrcepçàu, isto é, secundo princípios da
determinação objetiva de todas as representações, na medida cm que disso possa
resultar um conhecimento, princípios todos derivados da proposição fundamental
da unidade transcendental da aperccpçâo. Somente através disso resulta tíe tal
relação um justo* isio í. uma relação qtie é objetivamente vâfida « se distingue
sufictentcmcrmc da relação desta? mesmas representações na qual há validade
meramente subjetiva^ por exemplo secunda leis da associação. Segundo ab úlli
mas. eu st'» poderia dizer; i|uando carrego um corpo, iint» uma pressão de peso:
nào porém: ele. o corpo, ê pisado. A última expressão Mçmfica precisamente
ijuc ambas essas representações cslào ligadas no objeto, isto é. sem distinção
dc ustado do sujeito, e nào aponui juntas na percepção (por mais que também
possa ser repetida).

i § 2(h Todas as fnttíiçôcs sefísiwis estâo w b cts caicgorias,


como cmdiçóes unicamente soh a\ quais o múltiph
deiets pode rcu/iíe numa consciência

O dado múltiplo fbrrwcUto numa intuiçào sensível csin necessarirtmomc «aih


metido ã unidüde sintetic.i originaria da upurcepção. pois unicamente mediante
esia e possível a unidade da intuição (íj 17). Mas a ação do entendimento, pela
qual o múltiplo de representações dada* íque podem }>er tnnto imuiçnçs como
conceitos} ü xuhmciido » umn nporccpçíto em geral, v u. funvào logieíi dos juízos
t§ 10). Portanto, na medida cm que dado nuimt só iniuiçàü empírica todo o niíilti
pio c determinado com respeito a uma das funções lógicas para julgar pela qual.
li suber. c conduzido a uma cunsciênciri em geral. As categorias, crureiunto. nào
aati nenito justtimeme ussw flm^ucs par« julgar. na medida em qyç o múltiplo
de uma intuição dadu é determinado com respeito a elas (.$ 13).*" Portanto, nuinu
intuição dada tamhcm o múltiplo c.sui itccessariamcnie sob categoria*.

/ ^ 2L Ohwrvuçãv

L’m múltiplo contido numa intuição que chamo minhu é reproentado. me


diante a sím ewdo entendimento, corrtu pertencente ã unidade necessária d a anuv
consciência, c isto ocorre mediante a eateporla.*7 K-sta índicíi. portanto. L|ue a

Jm A tdiçàn tJji Avadcmi 14 íuhsiilui cMi cím^hí de paj-ã^ralb, $ miç Kqm ronecc, pçja (te llúlTWtti Kl
fN.d*.T.|
3 A ilcmonSUaçãíK íCfiúUMi na repTLV&çnrwln lirtutfiJí' ela iW brffiú pela qunt um uhjciij £ dado. T-àt «initlajúc
im ptieji jwinpfC una sím esf ih i tnúlripk» par» uma iiu iiiç io e já íonicm a re[ciím na rte.«« líltirtlu
it unidadcít« .iperccpça«.!.
KANT

consciência empírica de um múltiplo dado de uma só intuição está sob uma auto­
consciência pura a priori do mesmo mudo como uma intuição empírica, esiá sub
uma intuição sensiwl pura, que ocorre igualmente a priííri. — Na proposição
acima dçg-sc, portanto. início a uma dedução dos conceitos puros du entcndimen-
to rta quai. já que as categorias surgem só no entendimento independente da
sensibilidade, preciso ainda abstrair do modo como o múltiplo è dado a uma
intuição empírica, para mc ater st>menle à unidade quü y entendimento acrescenta
â iatuiçàu mediante a categoria, No que segue 26). a partir da maneira como
ds a intuição cmpíricu é dada na sensibilidade mostrar-sc-á / que a sua unidade
não é .scnào a que a categoria, segundo o anterior (§ 20), pruvereve ao múltiplo
de uma intuição dada cm geral, e que peta explicação da validade a priori dás
categorias nu tocante a, lodo» os objetos dos ny«os sentidos c pchi primeira vez
inteiramente alcançado o propósito da dedução-
Na prova acima, só não pude abstrair cie uma parte a saber, dc que o múlti
pto da imuiçuo tem que ser dado aindu antís e independente da uintese do eiuciv
dEtnenlu;. dc que modo. porém. fic;i aqui indeterminado. Com efeito, se eu qui$ü&
kC pensar um enLendimento que iuLuíssc cie mesmo (como por exemplo um entcil
dimento divino, que não se represemíK?ie objetos dados, mas mediante cuja repre
scntaçüo tK> próprios objetos Icsívcm ao mcstno tempo dados ou produzido*). cn
ião as categorias não leriam significação dguina no tocamc a um tal
conhecimento, Sao apenas regras para um entendimento cuja inteira faculdade
consisti.' nu pensar, isto é. na açào de conduzir fi unidade da apercepção a síntefcc
do múltiplo que lhe foi dado alliures rui intuição; portanto num entendimento
que por si nâo cunltece absolutamente nada. mus apenas tiga c ordena a matéria
do conhecimento. ;i intuição, que lhe precisa ser dada pelo objeto. Nenhum lun
daíimntu pode mv fornecido $cja para a peculiaridade do nmso entendimento
uf. reali/.ar íi priwri a unidade da apercepção apenas mediante: as categorias e / picci-
samutuc iuruvés dessa e&pccic ê desse número delus. seja porque icmo* justamen
te «.Mis e nãu uuirus funções para julgar ou porque icinpo e espaço üão a* únicas
formas de nossa intuição possível.

§ 22, Para o conhecimento das coisas* a caisgoria não possui


nenhum outro um além de sita ctpfwação a ohjvtas da experiência

Pensar um objeto c conhecer um objeto nào é, portanto, a mesma coisa.


O conhecimento rctiuer dois elementos: primeiro o conceito pHrk qn;il cm gvryl
um objeto é pentatlo (a categoria), c em segunda a irttuiçào pda qual c dado
Com efeito, s«l ao- conceito nào pudos.se ser dada uma. intuição correspondente.
kcria um pensamento s^undu a form.t mas sem nenhum objeto, através dele mio
<?endo absolutamente possível conhecimento algum dc qualquer cuísü porque por
maLs que eu íAiuhesüc, nada haveria nem poderia haver an qual pudesse ser apli­
cado mçu j»etisamcnLí>. Ora. toda intuição p tW vd u nói c sensível (Esièlica),
portanto, o pensamento dc um objeto em geral mediiinte um conceito puro do
cFiteiidiincnui pode tomar ie conhecimento em nõs somente na medidâ em que
tal conceito for referido a objetas dos ácntidos. Intuirão / sensível c ou intuição jj 7
pura (espaço e tempo) ou irttuiçào empírica daquilo que. mediante a .sensação.
é representado imediatamente como real no espaço e no tempo. Pela determinação
da primeira podt-mob obter conhecimentos a priori de objetos (riü Maicmáfica),
mas somente .segundo a sua forma, como fenômenos; permanece, entretanto, in
decidido se pode liavcr coisas que precisem .ser intuídas nessa forma. Conseqücn
temente, todoi os conceiLos matemáticos. nào são por st conhecimentos. a não
ser na medida cm que *e pressupunha haver coisas que no-» possam se apresentar
somenle conforme a forma daquela imuiçàü scnàívd pura* Corsas >10 espeço e
no tempo são. porém. dadas somente na medida em que aio perycpçòcs (represen­
tações acompanhadas de sensação)* por conseguinte por representação empírica.
Conseqüentemente. mesmo quando aplicado* a íntuições a priori {curiiu na MaLC-
rnátãea), os conceitos puros do entendimento produzem conhecimento mó na me
dida cm que tais iniuiçòey, por conseguinte através dd&s também Oi conccatos
puros do entendi mento, puderem ser aplicadas a inluíçôei, cmpíricaji. Por isso.
modiiirítc a intuição as caiegc rias não nos íbrnecem também conhcermcnto aigum
das coisas senão apenas: através da sua a pEicação à inritíção entptrica, isto ê,
servem $ó à possibilidade do conhecimento empírico. Fste ehama-sc, porem. tre-
pçrmtcia. Por conseguinte. as categorias rtan pusbuem nenhum outro uso para
o conhecimento das coisas sunào apenaa / na medida um qu-e estas forem admiti* 14«
das, e«mo objetos dc cspcriundu possível,

u i

A proposição acima à de grande importância, pois determina tanto qk íimi


te$ do uso dos conceitos puros do entendimento no tncante aos objetos quanto
a estética iranseendcntaí determinou os limites do uso da forma pura dg nossa
imui^íUi sensível, Encjuiuuo condições da possibilidade como objetos podem nos
ser dados, espaço c tempo nào valem mais que para objetos* dos. sentidos, por
conseguinte úi\ cxpcrjéncia, Além desses 1Lmiic-s. espaço cr tempo nflo representam
Absolursmemô poifv vsciio apenas no* sentidos c fora destés não possuem
realidade alguma. Os conceitos puro» do entendimento ratão livres dessa liffiita-
ção e se estendem a objeto« da imuiçíio em geral, seja e«a semelhante à nossa
ou nào, Contanto apenas que seja sensivd c nào inictcvluuJ. lista uUcrinr GKWH-
iüo dos concciios para além da waíSíj intuição scnsavçl nào nos serve a nadn
Com efeito, trata-se então de conccilOg va/.ios dc Gbjetús dos quais nào podemos
dc moda algum julgar. mcdinnte tatu conceitos- se ftào alguma vez possíveis ou
nao; trata se dc simples formas dc pensamento «111 realidade objetiva, pois noo
dispomos efe nenhuma intuição à qual pudesse ser aplicada a unidade sintética
da Apcrccpçào que unicamente aqueles concdtos contem, dc modo que lhes Tosse
possível determinar / um objeto. Somente nossa intuição sensível e empírica pode m
proporcionar-lhes sentido e significado.
Puríamo* admitindo-se um objeto de uma intuição não-sensívd çomo dado,
pode-se muito bem representá-lo através tte todos os. predicadas que já fazem
92 KANT

na pressuposição de que nada pertencente â intuição sensívet lhe diz respeita:


portanto, que nào seja e*ienso ou rtão esteja no espaço, que a sua duração nào
í^js temporal, que nele nào sc encontre nenhuma mudança (sucessão de determi­
nações no tempo), etc. Todavia, nâo c um conhecimento propriamente dko ape­
nas indicar como a ãntuiçào dó objeto >tã<? é, sem poder dizer n que estã contido
nela. Com efeito^ cniào de modo algum representei a possibilidade de um objeto
para o meu conceito puro do entendimento porque nào pude dar nenhuma intui
çào correspondente a tal conceiío. mas pude apenas dizer que a nossa não vale
para clc, Mas o principal consiste aqui no fato de: que a scmelharue alg.0 jamais
poderia ser aplicada uma úniea categoria. Tome-se. por exemplo, o conceito de
substância. íslo é. de algo que pode existir como sujeito, mas jíimsiis como sim­
ples predicado. Com respeito a isso. de modo algum sei sc poderia haver uma
coisa qualquer que correspondesse a essa determinação do pensamento, se a Ên
luição empírica não me desse o caso para aplicação. Mas sobre isso direi mais
no que se segue.

/ § 24. Da aplicação das categorias u vbjetós dos sentidos em geral

Mediante o mero entendimento os conceitos puros do entendimento se refe


rem a objetos da inlttiçno cm geral, ficando indeterminado se sc trata de nossa
intuição ou de ouira qualquer, contanto que seja sensível. conceitos que Ju su
mente por isso s3o mera;, formas do pensamento mediutuc as quais nenhum obje­
to determinado ê conhecido. A síntese ou Íigíiçào do múltiplo nos. mesmos refe­
riu se apenas à unidade da apercepçào. e foi desse modo a fundamento da possi­
bilidade do conhecimento a priori na medidíi cm que repousa sobre v cnlendttncn
to* por conseguinte nâo somente iransccndcrUuÈ. mas também puramente inielee
tual. Todüvía, v is-to que ?ub,jn£ uma certa forma da inuiiçà« sensível a priort
que repousa sobre a receprívidade da capacidade de rL-presemaçòes (sensibilida
de), enquanto csponianeidjjdc o entendimento pude então dcicrmmar o semido
interno pelo múltiplo du represem açõe*. dudas conforme a unidade sintética da
apercepção do múltiplo da intuição sensível, wns-iderando tal unidade a condição
sob a qual lêm necessariamente que estar todos os objetos da nos.sa (humarta)
intuição. Mediante tal. enquanto sim pies formas de pensamento as categorias
podem adquirir rcajidadi* objetiva, isto é, aplicação a / objetos que nos podem
ser dudos níi infuição, mas só como fenômenos; com efeito, só com respeito u
estes somos capazes a priorí de intuição.
Hsia s/ruese do múhiplo da intuição sensível, a priori possível e necessária,
pode dermmin/ir-çe figuradu (synihcsis ^pcçiusa) para disúngui-la daquela que
seria pensada i.a mera categoria com respeito ao múltiplo de uma Intuição em
geral* ií que se ehiima ligação do enicndimcmo {symheísis iiUétlcCLualis): ambas
sào Iranscem^niais, não apenas porque eias mesmas precedem a priori. mas tam­
bém porque jndam a priori a possibilidade deouLro conhecimento.
Todavia, quando concerne apenas ã unidade sintética originária da apercep-
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

çào, isto ê„ a esta unidade transcendental pensada nas categorias, a síntese figura­
da, precisa.. cm disiinçào ã ligarão meramcílte inteleciual. denominar-st síntese
transcendental da capacidade da Imaginação. Capacidade da fmogftMtÇão è a fa­
culdade de representar um objeto também sem a sua presença na intuição. Ora.
visto qua toda a nossa intuição c sensível. devido ã condição subjetiva unicamcn
Le sob a qual pode dar uma intuição correspondente aos conceitos do entendimen­
to. a capacidade da unugina^ãu periertce ã sensibiiidadi*. Einirct;into. na medida
em que a sua sínieseé um exercício de. espontaneidade que c determinante e não.
comyu scruido. / meramente determinável, que por conseguinte pode determinar
k priorí sentido segundo a sua forma c de acordo com a unidade da apereepçao.
em tal caso a Capacidade da imaginação é nesta medida uma faculdade de deter
minar a priorí a sensibilidade. e a sua striLOse das intuiçóes. tonfonuc óá can to ­
rias. tem que ser a síntese transcendental da capacidade da imaginação: isto é
um efeito do entendimento sobre a sensibilidade e a primeira apJieaçàodo me*nt«j
(ao mcjino tempo o fundamento dc todas as demais) a objetos da intuição possí­
vel a nós. bnquanio figurada, tal sinte^c disiingue^ da tmclcctuak sem qualquer
capacidade da imaginação e apenas pelo entendimento. Na m edida cm que a
capacidade cia imaginação a espontaneidade* ás vwes também a dènomtno capa
cidade produtiva da imaginarão, distinguindo a desse modçi da. reprodutiva,, cuja
sintçse está subordinada simplesmente: u leis empirtua^. ou seja. as da assoctaçao.
c que portanto em nada contribui para u explicação da possibilidade do conheci­
mento a prioru em vista disrwi não perienccndo á filosofia transcendental, mas
à Psicologia.

* * *

Hstc é agora ia lugttr para tornar compreensível o paradoxo que deve ter
dado na vista de qualquer um durume a exposição Ju Jurma do *emido mierno
(§6): a iuber, de que imxlo este nos representa à eonsciàncíri somente como nos
aparecemos. não com« somos cm nós mesmo*. / pois no* imuimos apenas como
somos internamente qfefados, e isto parece contraditório na medida cm que teria
mos que no* comportar como pasüivos d jante dc nós mesmo«!; por isso. nos sis-te
mas dc Psicologia coseuma-sc de preferencia luacr o wititài imernv passar por
idêntico h faculdaiic dc apçrcepçao tque nós distinguimos cuidadosamente).
O que determina o sentido interno é o entendimento et Sun faculdade origina
ria dc ligar o múltiplo da intuição, isto é„ dc submeti- la a uma apcrcep-çào (Como
aquilo srthre o qu;il se fundu u sua própria possibilidade). Ora. ja que em nós
homens o eniendimenu> nào c uma faculdade dc intuiçôcs e, embora estas íuxscm
dadas na sensibilidade nâo poderia acolhê-las fitmint dc ui como que para ligar
o múltiplo da sua própria intuição, eniào íi situesc do entendimento considerado
isoUdameme não c senão a unidade da ação da qual como iul e conscicmc lam­
bem sem sensibilidade e medíumc a qu^il dc própria é capaz de determinar imer
numenie a ítcnsibilidade onm visws au múltiplo, tjuc lhe pode scr dado SCgtiPdO
a forma dc ^ua intuição. Sob o nome de síntese transcendental da çapactdudv
Q4 KANT

da imaginação* pur tanto, c cniírodimento cxl-fcc ü«bru: o sujei tu passivo, cuja


faculdade ele é. aquela ação da qual dizemos, com direito, que o sentido interno
154 / é afetado por ela. A aperccpção e a $uá unidade sintética de modo algum ê
tão idêntica ao semido interno; muita antes, enquanto fonte de ioda ligação aque­
la se dirige ao múteípto das intniçãex em gerai e sob 0 nome de categorias, antes
de toda intuição sensiveL a objetos em geral* Ao contrário, o sentido interno
coniém a mura forma da intuição. mas SCffl Ligação do múltiplo ciâ mesma, por
conseguinte nào contém ainda nenhuma intuição determinada, a qual só é possí
vel mediante a consciência da determinação do sentido interno pela ação trans­
cendental da capacidade da imaginação {.influência sintética do entendimento so
hre o sentido intemoX açso que denominei síntesu figurada.
Isso lambém sempre percebemos em nós. Nào podemos pensar linha alguma
sem a traçar cm pensamento, pensar círculo algum sem o descrever, de modo
algum rópresentnr as très dimensões do espaça sem pãr, a partir do mesmo poruo.
três Jínhas psrrpcndiculares entre si. nem mesmo representar c tempo sem. durante
o traçar de uma linha reta (que deve scr a representação externa figurada do
tempo), prestarmos attínçào meramente à ação da síntese do múltiplo pela qual
detcrmirtanius sucessivamente o »entido mterno. e desse modo à suecssào desta
Ui determinação no mesmo, linquanto açào do sujeito (não enquanto / determinação
dc um objeto)*21 conseqüentemente a sintese do múltiplo no espaço ca$i> abs^
traiamos deste c prestemos atenção apenas à açào pela qual determinamos o
sentidiy itt(arno conforme sua forma. o movimento até produz pela primeira vez
o conceito dc succssàa Portanto, no sentido interno o entendimento não encontra
já uma tal ligação do múltiplo, mas a produz ao afetâ-h. A questão, porém,
de saber como o eu que penso se distingue do eu que intui a si mesmo (nu medida
em que posso ms representar tiinda outro modo de intuição pelo menos como
possível) e nào obstante se identifica com este último como o mesmo sujeito,
portanto de como posso dizert enquanto inteligência e sujeitopçnsunie. eu conhe­
ço a mim mesmo enquanto o objcio pensado nn medidn em que mç sou além
disso dado nu intuição, mas ijjtualmemc a outros fenômenos não como sou diante
do íntendtmento, mas como me apareço, nào contém dificuldade maior nem me­
nor do que a questão de como posso ser em um objcio para mim mesmo,
nr. c isto para a / intuição e percepções internai Mus que tem realmente que scr
assim pode, caso se deixe o espaço valer como uma simples forma pura dos
fenômenos dos sentidos. externos. ser eluramenie provado peio faio dc que não
podemos nos representar o tempo, que de maneira al&uma é um objcio da intui
çào externa, senão sob a imagem de uma Imhü na medida em que a traçamos,
Sem esse modo dc apresentação, nào poderíamos absolutamente totihceer a uni
dade da dimensão do tempo, do mesmo modo como precisamos tirar a dutermí

Jí O m.wimtjrmy tk um fjbjiio n * «ipAÇo nãu pcrLcrcc a urna cicucia. pura. ctinsÉq&cnsonenie liiiíb c n i
nâo á Gcucnctria. C om efeiiu. i^uc: urc;t coisa « j a móvel nãa pode w r c w itv c íd o u p n o n . nvas sjjm tnw
pela cuperiência. Todavia. como de.ujivàú dc um espaça o movimemo c um aif. puro da síntese sucessiva
do múlupitt na iniuiçÃO íX lifr ta 4m gerat rnediriatt a capacidade da imafl,Lnç]ção produtiva, pcnc-notudo
nàui ioiUÉitit; il fiUiim eiriii, mas uic mesmo i i ran set ndtniaJ.
nação da duração do tempo ou íambèm de suas posições para todas as percep­
ções internas sempre daquilo que as coisas exLemas nos apresentam como mutá­
vel. Por isso. temo* que ordenar as determinações do scniído interno, como lenô-
menos no tempo, exatamente da mesma maneira como ordenamos no espaço
as determinações dos sentidos externos; por conseguinte se dos últimos Concede­
mos que por ele? conhecemos objetos somente ná medLda em que somos afetados
externamente, também temos que conceder, quanio ao serttido interno, que me
diante o mesmo sõ intuímos a nós mesmos tal como somos afetados internamente
por nós mesmos, isto c. no que concerne à intuição mterna conhecemos nos­
so próprio sujeito someme cotno Tenômcno, mas não segundo o que é em si mes­
mo.”

/§ 25

Ao contrário, na síntese transeendenta] do mútLiplo das representações em


g«ral. póí conseguinte na unidade síniciica originária da apercepçào. sou cons­
ciente de mim mesmo nao como me apureço nem como sou cm mim mesmú.
mas somente que sou. lista representação é um pensar, não um intuir. Ora. visto
que para o conhecimento dc nós mesmos e requerido, atém da ação de pensar
que leva o múltiplo dc toda intuição possível à unidade da apercepção. aindu
umu determinada espêcic de intuição peia qual esse múltiplo è dado. então a
minha própria existência rào é um fenómeno (muito menos uma simples ilusão),
mas a detcrirtin&Çflo da rmnha cxísténeiaau / sõ pode oeorrer, conforme a forma
do sentido interno, segunda t? modo particular Como é dadn na intuição interna
0 múltiplo que ligoi logo. nao po*&uo nenhum conhecimento dc mim como sou,
mas apenas de como apareça a mim mesmo. Apesar de todas as categorias que
perfazem o pensamento dc um objeta em %atai mediante a lijuçao do múfupto
numu apcrecpcão, à consciência de si mesmo está por isso bem longe de scr
um conhícimento de s\ mesmo, Do mesmo modo como. para o conhecimento
dc um ohjeto diferente dc mim. a,lêm do pensamento de um objeto em geral Ina
categoria) neee:>siL(> ainda uma intuição peh qual determino àquele conceito uni
versai, ussim tamhém, pard o conhecimento de mim mesmo» além da consciência

iU vejo iím tu « ptm a W C W Jm r t.uru» dificuldade nv fuw dn w H d a trttçfnj met afcl*do poi nõi
meimuv Todo a» de utvnçàn pode iso*. f*ri){w um/ dtènnpto «disso, Km ial ato -oentendimenui clcitrmrna
sempre. de acordo « ligaçà* que eiç pen-Mi, «•«nrido miemn pjirn a irviijiçio interna que corresponde
■o múltiplo na iíntese dû entendimento O ffuàniíi a mente c cficniimenic afriaria por imo, «da «m podern
pcroeltcr em *1 rncsmp.
” O çu ppflfo expressa n nlo de dcüermmju mïnhn cíisicn cia. Aij-úvíw dis«*, portanto, d fciiMtiflci« jú
è dada. mas mcdijintc uni fliild« nit* c rfuUí ft maneira peb i]«nP *1evo ífcitnninii U, tato é. píw cm JliLm
o múltiplo pcricnccntc a da. Parti tiimct Tcqucrüc auuviniuiçici k qual ^ubjazA umu formé datía a priivn.
isio é, o tempo, ^ue ê sensível e peneuce 4recçjMividJKls dú deícrmínãvçl. Ora, se nãn «<>flho síM ji / um*
ouira auií) iniuíçíií> tjuc de o deiermínfurt? em mim. de cuja Mjwnlancidaíte soa «ptnui conscitntc, ames
do srn d« tfeii-rmintir dn mr^mO mndri l-oito <i irmpí* d i ti díief minivpf, intâo nlopos^g J^tírm jnar miaillã
eilítênCLâ tomo um ente ccponiãnen, mas aptiuis me representn a çi.pomanB!dadt de mejj pensar. it.\n í,
do dcu fi^ iriiir, pcrni^nccertdo miisha í x i i l t n o a sempre tlei^ rm in ^ I Apenas scnstvc)m«3te, j.\[c c. enrno
a cïlSWCCta dc um fenãniíFlO. Tal csportiaficidacfc Tuau torfavia. tanm quç me denomine iniflrgêncfa.
KANT

ou v.io faio dc mi; pensar necessito uma intuição do niúlliplú éirt mim pela
qual determine.» r:il pensarnemo- Portanto, existo como inteligência consciente me
\z» rarticnic ón sua J acuidade de ligar; mas tom / respeito 30 múlLipU« que precisa
ligar. u l inteligência está subordinada a Lima condiçào limitadora denominada
sentido interno. condição de tornar aquela ligação inuiível somente segundo rela
çoes de lampa as C|,uaís se cnconirom complctnmçjitc fora dos conceitos próprios
do entendimento* Por isso. tal inteligência só pode conhecer se a si m esm a como.
com respeito a uiita ínluição (que nào podí ser intelectual nem scr dada pelo
próprio entendimento). meramente sc aparece e nao como w conliectria se sua
ttmtiçâo f:>s;>c intdcctual.

§ 26. Dedução ifansçvtjikntüi do ttstt iihíVítm//jíwívw/


nu experiência das ccw ctiituspuras dn ent&Htfimento

Na dedução meiajhku Fui posta em evidência a origem das categori;« a


prior i em jseral medianLe o seu pleno acordo com as Funções lógicas um versais
do pensamento, mus na dedução irattscvftiteritat apresemadi] a stui possibilidade
como conhecimentos a priori dc objeioí, de uma íniuiçâo em geral (§§ 20,21 ).
Agora deve ser esplicacfa a po^aHilidride de conhecer u priori, medianh‘ caiegü-
ritís. Oi objülo.s que sempre podem ocorrer sò aos nossos sentidos, e isto não
segundo ^ forma de sua intuição. mas segundo as leis dc sua ligação, poriíinto
|:i possibilidade dc| prescrever a lei à natureza c ate mcstmi torná In possível,
•to / Cotri cliito, sem esta prestahiÊ idade dus categorias não sc aclararia como ludt)
0 qu£ venhu a ocorrer um nossos >enlidos tenha que estar soh as leis que sc
originam a priori unicamente do cmendjmcrtto.
Antes de tudo. observo que por sfntvite e/ú «precttxão entendo aquela eoriipt»-
üição do múltiplo numii intuição empírica mediante a qual torna possível tt per
eepçào, isto é, a doiihciência empírica de ial intuição (Como fenômeno)-
N;W reprexenlaçóe.s de espaço c lempo. powsuímcss n priori formas tanto J »
intuição scusjvcI imerna ou externa, c a xintesc da uprecnsào tem sempre que
ser conforme n essas formus, poi* só p^nJe ocorrer segundo us mesmui. Todavia,
espado c tempo são representados a priori não apenas como formas da intuição
sertstvizí, mus mesmo cuniti imuiçõcs (que conum um múltiplo), pormnto com
a determinação da utUíictie des^e múltiplo rides (ver estética transcendeiiu!J.J 1
loi Por / taruo. já com (nàt> em) lais iniuições sào ao mesmo tempo dadas a priori,
como condições da síme-se de ioda üprevnsãv, u vnitímfc da síntese do múltiplu
fora de nós ou em nós. por conseguinte também uma Itpação ã qual Lem que

11 fturirewmafjci outi« abj-tiu (tunw rcal^ncntr :>c it'i)ucr na GcürticLna). o CipEt^ii cunicílTi mítis dn que
,n ükinpkü fi-n-fliA da rntuifàvi, a aj.btir, 4 ctrmpreensã» ilii ilajy múltiplo ií^unJn a forma <jn iíDülbilidatlf
nana fepí^wntiiiíüu tàtuiúva, dc modii iiuc n da imuiçãa dg iorn^ntí o múltipla, mu* a miuiçSo
formal -aunidade dn reprísentaçía. Na ■.■slciica, enumerei essa uiiWíhJl-rreraniçhu- wrno pvrLcnccnic â «nsi-
Ifii biliJíuti- f paiii itpçnat obstfrvar que pwc^dc lotln íi -Çunççiio, rkiir ubilumc píCisupor^ha uma iiulcsc i[uc
n3n pcnmcr ays ^ninJi.^v. müi medi^nti; n qual uilíl.>s. oa uuri^iios. d« c (çíilpo liírnam-sc pnmcjrit-
mencc po^.ifeíi. Com efrim. visio tjue mixJiíink- uil áíniísc (na ítioliüa cm qiie o cnKrKfimeritn dclcrrunn
a scníJbilidmJc') a chpaçíj <ju Q ICillfH» sãu pela primtiirn vpt dadnx comn inniicõ«. enriu a unidrv*: Jl>sLli
intuiçân 3priori peneriCt »« espaçoe ao tcmpo.í nài>ao concL-imdn linrííHlimcnio24).
CRÍTICA DA R A Z Ã O PD RA 97

ser conforme tudo o que deve ser representado determinadamente no espaço ou


no tempo. Essa unidade sintética, contudo, não pn*ie ser senao a da lipaçào,
numa consciência originária, c conforme as categorias, do müUíplo tlê uma dada
intuição em geral, mas aplicada som eme à nossa intuição sensfvcl. Conseqüente­
mente, toda síntese pela qual se torna possível mesmo a percepção está sob as
categorias, e. visto que a experiência c conhecimento mcdianie percepções conec­
tadas. as categorias sào condiçòcs da possibitidade da experiêneia., e portanto
vatem também a priori para todos ús objetos da «periérteía.
*■ m *

í Portanto se por exemplo elevo a uma percepção a intuição empírica dc


uma casa mediante a apreensão do múltiplo dessa intuição, então tenho como
Fund,imeao a unidade aecvs£Írài do espaço c da intuição sensível externa em
geral. e conforme essa unidade sintética do múltiplo no espaço como que esboço
a sua figura. Mas sc abstraio du forma do espaço, justamente a mesma unidade
siniòtica reside no entendimento, e c a categoria da síntese do homogêneo numa
intuição em iterai, isto ê. a categoria da quantidade, à quaJ tem que estar inteira
mcrtlo conforme aquela síntese da apreensão. isto c. a pcrcepçâü.3:r
Sc (num outro exemplo) percebo o congelamento da água, apreendo então
dois cAtados (do líquido c do solido) como tais que CRtào entro si numa relação
de tempo. Mas no tempo que lorno subjacente gomo intuição interna / ao Icnòmertu.
represenut-me neccssanírmfinre unidade sintetic;» do múltiplo «em n qual a^uulu
relação nâo poderia, ser dado idctçrminadamenw (com respeilo à sucessão temporal)
numa intuição. Üra, se todavia abstraio da forma constuntc dc mintiu intuição
interna, do tempo* como condição a priori sob a qual ligo o múliiplo de uma
tmuiçãff em gvrui tal unidade ^irtttkica è a caleguria dc causa* pela qual, se a
aplico ã minha sensibilidade, determino no (empo em geral, siegundo a sua re/ação.
iudo o que acôntece. Portanto, a apreensão encontra-1«! num tal evento, por con
seguinte este mesmo, sesundo a percepção possível, sob o conceito dc nlaçâo en
tre tfóitas v causas, ocorrendo o mesma cm tOdox os demais casos.
* m *

Categorias são çorteeilos que prescrevem leis n priori aos fenômenos, por
conseguinte i natureza como conjunto de iodos Os Fcnnmcno* íraiiura materiali
ter spcctata): visto que uiís categorias niío são derivadas da natureza c não se
regulam por cia como seu modelo (pois então seriam meramente empíricas), per
gunta sc âjjora como se pode compreender qut a natureza lenha que se reguEar
por elas, isto é, currto podem determinar a prtori a ligação do múltiplo da natur«-
?_a sem a tirar desta, Aqui sc encontra a soíuçan deste enigma.

13 Dcsm m aneira fic a p roveta qyç # jinicae ria apreensão. que ê em pinei, lem ncceíüar«am ene que çstw
conforme: a sirue** da aptrccpçüo, que c inicEficiuai f está contida inítirunterte a prioíi na catçgoria. Ú
uwa única e mejuna csponianeídacle que introduz. l i » H o rK>rtic dc capacidade da im aginação e aqui
de -entendimento., n lijJip in no múJtipJo da. Intuição.
KANT

/ O ra, o modo como as leia dos fenómenos da natureza têm que concordar
com o entendimento e sua forma a príori. isto é. com sua faculdade de lig ar
o múltiplo cm geral, não é mais estranho do que o modo como Os próprios fenô­
menos têm que concordar com a foím a da intuição sensível a priorL C om cFcitfi,
nem as leis existem nos fenômenos mas só relativamente no sujeito ao qual os
(enòmenoà inerem na medida cm que poàsuí entendimento, nem os fenômenos
existem em sL mas sò rei an vãmente aquele mesmo eme na medida em que possui
sentidos. Coisas em sí mesmas leriam sua conformidade a leis de modo neccssá
rio, m cjm o independente de um entendimento que as conhecesse. Fenômenos,
todavia, são somente representações de coisas que existem nàu conhecidas segun­
do o que pussam scr cm si nic&mas* Com o simples representações não estào
sob ncnhurtiíi léi de conexão como aquela que a Faculdade ronectuntc prescreve.
O ra. aquilo tjue conecla s> múltiplo da intuição sensível é a capacidade da ímagí
nação, que depende do entendimento quanto à unidade de sua síntese intelectual
e da sensibilidade quanto ã multiplicidade da apreensão- Entrcianui. já que toda
percepção pasuvcl depende da síntese da apreensão e que esta mesma simese
em pírica depende da transcendental, por Conseguinte das categorias, então iodas
as percepções posüívcis, portanto também tudo o que possa sempre alcançar a
consciência empíric:t. isto é, / iodos os fenômenos da natureza, segundo ã sua
ligação estão soh ns CíUegorias. das quais depende a natureza (considerada ape­
nas como naturc/.a cm gera!) como fundamento originário da conformidade da
nnturcaa a leis (com e natura formaliLer spectatüj. Tuüavta. ubem das leis sobre
as quais sc funda uma naturestí em g erai enqupnto conformidade a leis dos fenô
mertos no espa^’ e no tempo, nem mesmo a faculdade pura do entendimento
basca para. mediante .simples emegorias* prescrever a priori leia aos fenómenos
Por concernirem a fenômenos determinados empiricamente, leis particulares não
podem scr dtrivüdas inteiram ente da* cíuegorias, nào obstante « te jílm todas em
conjunto sob as mesmas. Para conhecer tais leis. ê preciso acrescentar experiên­
c ia ’, mas siomenie Aquelas leis a priari instruem sobre a experiência cm £eral
e .sobre o i]uc possa scr conhecido como objeto da mesma*

S 27. Resultado desta dedução dos conceitos da entendimento

N ào podemos pensar objeiy algum uenàu mediante categorias: n:!o podemos


conhecer objeio pensado algum senào mediante intuiçòes correspondentes àque-
Icü conceitos. Ora, iodas as nos&ãs Imuiçôns sàft sensível, c tal conhecimenio*
na medida em que o s£u nbjeto é dado, ê empírico. Conhecimento empírico* po­
rém. / é experiência, Conseqüentemenie. nâo n o s e p a s s M nenhum conhecim en­
to a p rio ri sertão unicam ente com respeito a objetos de experiência p n ssive f35

* J Phtji riãii nos oponhJJiVios apressadamente iá C<1tricqüênetas inqiusim n.i < ■prej udi-ejais deasa prepim
çüc. qucítí apenas nxortlar ijite no pansamemM a<. caie-utirias nãji iã o lim itadas pclns co n d içà« de flossa
imui^ãí] fensivti. mas po&íu&m um canijw Ltimiiadn, iiSmcntc u çunhcrimenm d-iíiuilu i+uc pensamos. a
determinação do objeto, rçqitcr N a tarcnciu tlcsia, o pcnAjjncjíto do objeto pode dc ref.W ter w m prt
njnda suas trn isiq ü ín cia1, verdadeiris c úleis parti í* wsíi às tasãr> dú aiycilü. Ma.t> visto «jue não « tn d ir i j o
wm pfc a Jctcnninação do objeto, portanto ao conhecim inir.. m ai ininJ^m ã da sujeito e dt sua voníndcs
Isl uso nàu pode ainda ^ r o cp oilií aqui.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 99

Todavia, esic conhecimento, limitado meramemc a objetos da experiência,


não é por ísso extraído todo dá experiüncia, mas tantu as intuiçucs puras como
os conceitos puros do entendimento sào ekmemos do conhecimento encontrados
a priori em nós. Ora, há apenas dois caminhos sobre os quais pode ser pensada
uma concordância ;iec«SíjFía da experiência com os conceitos de seiiü objeios:
ou a experiência torna possível esses conceitos òu essi_s conceitos tornam posíjívçj
a experiência. O / primeiro cago não sc verificit com rcspeíio às categorias (e if.7
também não com respeito à intutçâo sensível pura); com efeito. sào conceitos
a priori* por conseguinte indtípendentes da experiência (a afirmação de uma ori­
gem empínCH seria uma espéçíc dc gencraiiu aequivoca). Logo, sò resta u segun­
do caso (por asstm dizer um síslema dá epigénext* da raar.no pura): a saber que
as categorias contém, por parte do entendimento, os fundamentos da po^sibilida
dc de toda experiência em Rer#]. Mas como elas tornam pnssívcl a expcricncia t
que princípios dc sua possibilidade fornecem em sua aplicação aos Fenômenos,
mostrá-lo-á mais amplamente o capítulo seguinte sobre o uno transcendental da
çãp âd d ad u dc julgar,
Se alguém ainda quisesse propor um caminho ínurrmudtário entre os dois
únfaüà mencionados, a iitber. que tais categorias não fossem nçm princípios pri
meiros a priori de nosso conhccimcnlo pensados esptuUüneameníe nem criadas
& partir da experiência, mas dísposiçòes subjetivas para pensar implantadas cm
nós simultaneamente com nossa extetèntiiu c arranjadas pelo nosso Amor d«
lal modn que seu uso concordasse exuLam^mc üom a* leis da nutureza quais
se desenrola a cxpêricncia {uma espécie de sistema de prefarmação <la razão pu
ra). então (excluindo o faio dc que numa tal bípólese tiüo se descortinaria nenhum
Hm, por mais longe que sc quisesse impelir a pressuposição dc disposições prede
icrniinadys a juteos futuros) seria decisivo. comra ü referido / caminho mterme- n*
diário, o seguinte: cm tal caso ás categoria* careceriam da necessidade que per
icnce essencialmente ao seu conceito. Com efeito, por exemplo o conceito dc
causa, que afírma a necessidade de um re^ulttido sob uma pressuposta condição,
seria falso cusO repousasse apenas sobre uma um nós imptamada necessidade
subjetiva arbitrária de ligar currac representações empírica', segundo um« tal rc
ftra dc relação. Hu não poderia di/cr: o cfaito está ligado ít eausii no objeto (isto
c, necessariamente),, mas cu sou apenas disposto dc modo lal a nãu poda pensar
esta rüprtscntação *=nàí> como conectada assim* Issü é prcciüsimiííitc o que o
cético mais devsja. Com eleito, cm tal ca«i todo o nosso conhecimento, mediante
a presumida validade objetiva de nossos juízos, não è senàn pura üusüo, c mio
faltariam mesmo pec^nn* que por w nâer admitiriam uma tal occcsiiditdc SllbjeLÍ
vá {que deve ser senüda); muito merto* sc poderia brigar com alguém sobre aqui
lo que repousa aperra* no modo como cj seu sujeito está organizado.

Conceito sumário desta dedução

E a £Lpreseiuac;ào d oi conceitos puros do entendimento (c com eles de todo


o toflheeimeruo teórico a priori) como princípios da possíbiJidade da experiência,
desta porém como determinação dos fenómenos no espaço c no / tempo em geraf m
KANT

— por fim desta determinação a partir do principio da unidade sintética originá­


ria da apcrcepçâo enquartto a forma do entendimenro Com referência a espaço
e tempo, como fornias originárias, da sensibilidade,

+ * *

Só iiíé aqui considero necessária a divisão em parágrafos, pois tínhamos


que ver com os conceilos dementares. Agora que qucrcmt>s Lomar compreensível
o uso desses conceitos, a exposição poderá progredir, sem a mesma divisão, num
nexo Contínua.
L IV R O SEG U N D O D A A N A L ÍT IC A T R A N S C E N D E N T A L

A N A L ÍT IC A DO S P R IN C ÍP IO S

A lógica geral está construída sobre um plano que concorda exatamente


com a divisão das faculdades superiores de conhecimento* Estas são: entendimen­
to, capacidade de julgar <1 razão. Na sua analfüCã. aquela doutrina trata* por
conseguinte, de conceitos, jtíkns c inferência? prccisamenu; conforme as funçucs
e a ordem daquelas capacidades da menie que se compreendem sob a denomina­
ção vaga dc cnLendimcnlo cm geral.
/ Já que a referida lógica meramente formal ahriirai dc todts o conteúdo
do èOnlicdmcnio (seja puro ou empírico) e se ocupa apeiia* iom a forma do
pensamenlo (do conhecimento discursivo) cm geral cm sua parte analítica pode
abranger tatribcm o cânone da rayJcx cuja forma possui a sua prescrição segura
que, sem lomar cm consideração a natureza particular do conliccimtinio rida
usado, pode ser compreendida a priori mediante o simples desmembramento da^
ações da razío em seus momentos*
Já que está limitada a um determinado conteúdo, ou seja, sornente dos co-
nliccimentos puros a priori, a lógiíà transcendental nãn ptxlc imitar a lógica geral
nesia divisão. Com efeito, mostra sc que o uso transcendental da razão de modo
alRum è objetivamente válido, por cnnfo3p.ginle não pcrlencc à da verdade,
ísU) c, à analítica, mas como uma lógica da Ilusão requer uma parte especial
no s-islcma eKçtvInMíco sob o namt: dc dialética transccnduncnl,
Logo, entendimento c capacidade de julgar possutm na lógica transcenden­
tal o üeu cânone do uso objetivamente válido* por conseguinte verdadeiro, perten­
cendo por isso ã sua parte analítica. Só que* cm suas tentativas dc estabelecer
algo a priori sobre objetos c de estender o conhedmciito acima dos limites da
experiência / passível» a mzão é inteiramente dialética c suas afirmações ilusórias
não se conformam de modo algum a um cânone semelhante ao que a analítica
deve conter,
A analítica dos princípios será, portanto, somentç um cânone para a capaci­
dade de jutgar, instruindo-a % aplicar aos fenômenos os concdtm do entendimen­
to que contém a condição para regras a priori. Por causa disso^ ao tomar como
lema os princípios do emendime/MQ propriamente dâín& servir me-ei da denom!
nação de doutrina da capacidade dê juígar, pda quaJ ó designada esta tarefa
com maior prscisàft.
102 KANT

Introdução

Da capacidade rr-ünscendeníat deJulgar em geral

Sc O entendimento em gerai é defirtído cnmn a faculdade das regras, emãy


capacidade ât julgar c a faculdade de swí>.v«mír sob regras, isLo ê, de distinguir
se algo está sob uma regra dada (casua datac Ecgis) ou não. A lógica geral absolu­
tamente não contém ncra pode conter prescrições para a capacidade de julgar.
Com efeito, Já que abstrai de todo o cotitcúdn do conhecimento, só lhe resta
cornu larefa elucidar analiticamente a simples forma do conhecimento cm concd-
tos, juízos e inferências } e constituir assim regras formais de todo o uso do
aUendimertLO- Ora, sç quisesse mostrar universalmente como sedeveria subsumir
sob essas regras, isto é, disiirtguir se algo está ou não sob as mesmas, isso não
poderia ocorrer dc outra maneira senao novamente por unia rçgra. Mas. justa*
mçniç por ser uma regra, esta requer por sua vez uma máLrução da capacidade
dü julgar, e assim fica claro que o entendimento c capaz de ser instruído e abaste­
cido por regras, mas que a capacidade de julgar c um talento particular que
não fKKÍc ser ensinado, ma& somenie exercitado. A caparida.de dc julgar, por
conseguimo. è Lambam » especifico do as^im chamado senso comum, cuja, falia
nenhuma escola pode remediar. Com efeiio* se bem que a escola possa oferecer
abundaniemcntc ç como que inocular num entendimento limitado regras tomadas
emprestadas dc outros, ainda assim a capacidade dé servir se corretamente dela*
deve pertencer ao próprio aprendiz, c nenhuma regra que lhe possa scr prescrita
para esse propósito estará sefiura de ubuso quando faltar um cal dote natural.34
Por isso, um médico, / um juiz ou um político pode ter na cabeça muiins e belas
regras patológicas» jurídicas ou políticas u ponto dc poder ser professor meticu­
loso das mesmas; mas rui aplicação ainda aiüim infringi-las-á facilmente, quer
porque lhe falte capacidade natural dc julgar (se hem quç nào enicndimcmoH
podendo na verdade compreender o universal in abstracto, mas jítm conseguir
distinguir s<í um caso pertence ir concreto ao mesmo, quer porque não $c wnlia
udestrado sufieiememenie para esses juízos atruves de exemplos e aiividades con­
cretas. Esta. ê também a única e grande utilidade doa exemplos, a saber, que
aguçam a capacidade dc julgar. Com efetlo, no que concerne â correção e preci­
são da compreensão ptslo entendimento, os exemplo» cosLumam untes prejudicar
porque só raramente preenchem adequadamente a condição da regra (como casus
in terminis) e, alem dÍN!>o,enfraquecem frcqüentemcíme a esforço do entendimemo
para compreender, quanto â âua suficiência, as regra-s em geral e independente
das circunstâncias panículnres da experiência, habituando por fim a usar tais
regras mais como fórmulas do que como princípios. Os exemplos são assim o

*• A «irèncta 4a capicW rtdr dcjuS&ar 4 ftquu pruprluiisnie se Jcnum inaí-suiltácia, e çumcR U-ma tal dcbíli
d â Jc riiio há rtm tdio ilgum . Um * tn K ^ a atam » ou )irn h «]a, nãu çarerue nJc nada ü não s tí lk um gfSm
devjdo tk crMcndimcrHü c «ios seus çOflCCÍKís, poflC pclc COSBIQ m ihio bem dcdar-ic 4eie^ ntc o ponto da
eruçJiç3u. Ma.s coiiwi e«r Lal caso tste tlcfciiu acompanha também o / outro íseçunda Pctri), não é raro
cncarursr liíintens muito eruditos lju«- rw USO ila sua ciência. dcJKJüfi freqüentemente q moüira tal ik ícito
ittCurriüívet
/ andadur da capacidade de julgar, o qual jamais pode ser dispensado por aquele i ?j
ao qual falte talento natural para lat capacidade.

Ora? sc bem que a lógica gerai não possa dar nenhuma prvscriçào à capari
dade de julgar, as coisas andam bem diferentes quanta à transcendenlül, a ponto
dc ale parecer que esta última possui a incumbência especifica du corrigir e ga­
rantir, mediante regras determinadas* a capacidade de julgâr no uso do entendi­
mento puro. De fato, para proporcionar ao entendimento uma amptiuçào nu cam­
po dos conhecimentos puros a priorj, portanto como doutrina, a Filosofia parece
simplesmente desnecessária ou anics» mal aplicada, pois se çanhou pouco ou sim-
p/csmenle ncnlmm terreno com todas as tentativas precedentes. Mas como criti-
c ü , para prevenir os passos em falso da capacidade de julgar (lapsus iudicii) no

Uüo dos poucos conceitos puros do entendimento que possuímos, a Filosofia c


empregada (se bem que a utilidade seja cm tal caso somente negativa) em toda
a Ktia agudeza c habilidade examinadora.

A filosofia transcendental possui a pccufiaridade dc que. alúm da regra (ou


antes, a condição universal de regras) dada no conceito puro do entendimento,
pode ao mesmo tempo indicar a prtori o caw ao qual deve ser / aplicada. A its
causa dc sua preeminência, neste ponto, *obrc todas as outras ciências didáticas
(com cxceçào da Matemática) reside no Tato de tratar de conceitos que d<?vem
se reíürir a priori a Síu s objetos: por conseguinte* u validade ubjtíiva de Laii>
conceitos não pode ser provada a posteriori, pois ias» deixaria loLalmcniii inioca
da a sua dignidade. Á filosofia transcendental ao mesmo tempo tetn antes que
expor, segundo características universais mas suficienics, as condi<òcs sob a*
quaiis objetos podem ser dados em concordância com aqueles conceitos; do con­
trário, seriam sem nenhum conteúdo, portanto simples formas lógicas è não con­
ceitos puros do entendimento.

Ksu douirina rransc&tdcnfal da Capacidade' dejulgar comerá dói*! capítulos:


tí primeiro tratará da c o n d i ç ã o sensível unicamcntc sob a qua! podem ser utiliza­
dos os concdtti^ puros do entendimento* tsio è* do esquemausmij do cmendlmcn-
to puro; o wgwítíto, porém, daqueles juízo« sintéticos que emanam, sob estas
condições a priori, de conceitos puros do entendimento e subjazem a todos os
restante conhecimentos, a príoru isto & dos princípios do entendimento puro.

/ C A P ÍT U L O P R ÍM IilR O D A D O U T R IN A T R A N S C E N D E N T A L DA i*.
C A P A C ID A D E D F JU L G A R (O U A N A L ÍT IC A DOS P R IN C ÍP IO S )

Do esquematí-smo dos cuncciios puros do entendimento

Em toefus as subsunçòes de uni objeto u um eunceiux, a representação do


primeiro deve ser homogênea à do segunda, ioo é, o conceito precisa conter
o que é representado no objeio a ser subsumido a ele- pois jusiameme isio íiíenifi
ca a expressão: um objeto está contido sob um conceito. Desse modo, o conceito
KANT

empírico de um prato possui homogeneidade com o conceito geométrico puro


de um círcuh na medida em que a rotund idade. que cio primeiro é pensada, no
Último pode ser intuída.
Todavia, Os conceitos puros do entendimento são completamente heterogé­
neos cm confronto com as intuiçôes empíricas (até com as mtuiçòes sensíveis
em gerai) e nào podem ser jamais encontrados em qualquer iniutçào- Ora. como
è possível a sufnunçâv das mtuiçòes aos conceilos, por conseguinte a aplicação
da categoria a fenômenos, já que nrnguém dirá que esta. por exemplo a cauçalida-
de, possa Lambém ser intuída pelos sentidos / e esteja eònlída no fanõmenu?
Ksta tão natural e relevante questão è propriamente a.Causa da necessidade de
uma doutrina transcendental da capacidade de julg,<ir, a .saber, para inudrar a
possibilidade de como conceitos purnx do entendsmenio pod^rri scr aplicados a
fenômenos em gcFah L‘m todas aa demais ciências, em que os conceitos petos
quais o objeta ê pensado universalmente não sào tào heterogéneos e diversos
daqueles que representam cs£c objeto io concreto tal eomo à dado. e desnecessária
uma exposição especial quanto à aplicarão de uns aos outros.
Ora. é Claro que predsá haver um terceiro elemento que seja homogêneo,
de tim lado. com a categoria e, dc oulro, eum o fenômeno. torrando poj&ivcl
a Hjilicaçàrí da primeira ao ultimo* Esta reprcseniaçào mediadora deve ser pura
(sem nada dc empírico) e não obsíaníe de um lado fn/etectua/. c de nutro sensível.
Tal rcpreseniaçao é o esquenta transcendeniai.
0 conceito do enEcndimcrtto contém a unidade sintética pura dt> múltiplo
em gerul. Como a condição formal do múliiplo do sentido interno, por conscgum*
te da coneJcão dv todus as representações, o tempo cuntém tia intuirão pura um
múliiplo a priorL Ora, uma dcierminaçào transccndcntal do tempa ó homogênea
à categoria (que constitui a unidade de utl determinação) na medida em ijui: e
universal e repousa numa / regra a priori. Por ou iro lado, a. determinaçao do
tempo é homogenvu *hj fenOmenv, na medida cm que o tempo está contido em
ioda representação empirica do múliiplo. Logo, será possível uma aplicação da
categuriu a fenômenos mediante a determinação transcendental do tempo que,
eomo o esquema dos conceiius do entendimento, media a subsunçáo dos fenóme­
nos ú primeira.
Depois do que foi mostrado na dedução <ta$. categortas, espen* se que nin­
guém esteja em dúvjda quamo □ se decidir sobre a questão se tais conceitos
puros do entendimento sào tíe uso meramente empírico ou também transeenden
taL isto é, sc enquanto condições de uma experiência possível simplesmente sc
referem a priuri a fenômeno* ou se enquanto condições da possibilidade daseoi
«is em geral podem ster estendidos a übjdüS em si mesmos, (sem nenhuma restri
Cão á nossa sensibilidade). Com çftíiu>, em Lal dedução vimob que os conccitos
são inteiramente impussíveis e nào podem ter nenhuma significação onde não
tor dado um objcio u eles meamos ou pelo menos aos elementosdoi quais consis­
tem, não podendo ponanto dizer respeito a coisas em si (sem considerar se c
como passam n^s ser dadas); que alem disso a modificação dc nossa sensíbitida-
dc é o único modo pelo qual objetos nos sào dados, que por fim os conceitos
CRÍTICA DA R A ZÃ O PURA

puros a priori, além cia funçào / do entendimento na categoria ainda precisam j?'p
conter a priori condiçoet formais tia sensibilidade (nomeadamente dû sentido
intento) que contém a. condição universal unicamenti: sob a qual a categoria pode
ser aplicada a um objeto qualquer. Queremos denominar esta condição formal
e pura da sensibilidade, à qual o conceito do entendimento está restringido em
seu uso, o esquema desse conceito do entendimento, e o procedimento dc entendi
mento com estes esquemas, nquemaiismo do entendimento puro.
O esquema é em si mesmo sempre só um produto da capacidade de imagina­
ção, Todavia, na medida cm que a síntese desta não tem por objetivo urra intui
vào singular, mas só a unidade na determinação da sensibilidade, o esquema
distingue-se da imagem. Assim, sc ponho cinco pomo*. um após o oulru..........
isio c ama imagem dc número cinço, Au ïijntrârïo* w apenas penso um número
cm gvnd, que pode ser cinco nu cem. ertao este pensamento é maïs a representa
ção dc um método dc representar uma quantidade {por exempta mit) numa ima
geTTU conforme um ccrlo conceito do que essa própria imagem que eu. no último
caso. dificilmente poderia abranger com a vista e comparar com o conceito. Ora*
denomino tal representação de um procedimento universal da capacidade dc ima-
ginavâo» o de proporcionar a um / conceito sua imagem, *>esquema deste concei- ixu
to.
De Talo, 3 nossos conctitos sensíveis puros nao -subja/,em imu^eni, dos obje­
tos, mas esquemas Nenhuma imafccm dc um triângulo cm geral seria jamais
adequada ao seu conceito, Com efeito« não alcançaria y uritversaJidadc do concet
to. a qual fau com que este valha para todos os triângulos, retângulos. isôüceleü,
etc., mas Stí rcsLrin£Íria sempre mÒ à uma parte desta estera. O esquema do iriãn
gülo não pode existir em nenhum ouim luçur a nào scr no pensamento* e significa
unia regra dc síntese da capacidade dc imaginação com vEstai :i figuras puras
no espaço. Muiio m*mo$ ainda um objeto da experiência ou a imagem dele chego
íi alcançar o conceito empírico, mas este sempre se refere imediatamente ao cs
quemci da capacidade de im&ginatfto tomo umii regra da determinação de nossa
intuição* conforme um certo conceito universal. O conceito dc cào significa uma
r*gra segundu a quat minha capacidade de imaginaçao pode imçar universalmen­
te a figura de um animal quadrúpede, sem Ficar resiringída a uma única figura
particular que ;í. experiência me oferece ou também a quctlqucr imagem possível
que possi» represenrar in eonercw. No louante aos fenómenos e à sua mera forma,
este esquerrtaüsmo de nosso entendimento é uma afie oeutui nas profundezas
da alma humana Cujo verdadeiro / manejo dificilmente »rrchaiaremoî, alftum dia no
a naturexa, de modo a poder apresenta la sem véu. Podemos dizef apenas o se
guínte; a imagem Ò um pmdtuo da faculdade empírica da capacidade produtiva
de imaginação; o efufuemit dos conceitos sensíveis (como figuras no espaço) é
um produco e como que um monograma da capuddade pura a priori de imagina'
ção pelo qual c segundo o qua! as imagens lornam se primeiramente possíveis,
mas as quats têm sempre que ser conectadas ao conceito somente mediante «
esquema ao qual designam, e em hi mui sâo plenamenic congruentes com 0 con­
ceito. Ao contrário, o esquema. iltr um conceito puro do líntendimemo c algo
KANT

que nào pode ser Içvado a nenhuma imagem, mas ê somente a síntese purü con
forme uma regra da unidade, segundo conccitos em geral que expressa a catego­
ria e c um produto transtxndcnlal da capacidade de ímagjnaçâo que concerne
à determinação do sentido interno em gera!, segundo condições de sua forma
(ü tempo), com visias a todas representações rui medida em que estas deveriam
inicreonectar sc a priori num conceúo conforme a unidade da aperccpçào.
Sem nus determos numa árida c monótona decomposição do que ü requerido
para os esquemas transcendentais em geral de conceitos puros do cniendimcnto
preferimos apresenta los segundo a ordem das categorias c em conexão com cias,
/ A imagem pura de iodas as quantidades (quantorum) antv o sentido externo
é 0 espaço: mas de iodos os objetos dos sentidos em geral. v.* lumpo. O ir-Hjiama
puro da quantidade <qu«imi*íUis) como conceito do entendimento ê üóntudo o
númeru, q\ie £■uma riipresentaçào que enfci*;i a sucessiva adição de um a um
(homogêneos)* Portanto. o número nuo é senão a unidade da síntese do múltiplo
de uma intuição homogênea cm geral, mediante o fato de que produzo o próprio
tempo na apreensão da intuição.
No eonectio puro do entendimento m realidade c aqui to que corresponde
a urrui sensação cm geral: t\ portanto, aquilo tujo conceito mdicu cm si mesmo
um ser (no tempo), A negação c aquilo cujo tortcdlo representa um nâo ser
(nu Lentpo). Logo, n contraposição de ;imbos oeorre mi distinção do mesmo tem
po enquanto prcendiído ou va/io. Jit que o Lempo ti somente a forma da imuiçiio.
por conseguinte dos objetos «nqpnnío fenômeno«, emãy uquik> que neles corres­
ponde « scnsaçào ê a matéria transcendental dc rodos os objetos enquanio coisas
em si (it coiüalidadc, realidade). Ora, toda sensação possui um grau ou quantida­
de pcía qual pode prcendier mais ou menos o mesmo icmpo, isto é, o semido
inierno nu locaruc á mcãmu representação dc um objeto, até que termine &m
nada í- 0 = negatio). Ror isso* o que torna toda. rculJdadc rcprescntável como
um quantum c uma ruluçâo e imcrconcJtão ou nntes / uma passagem da realidade
à negnçao; e o esquema do uma realidade, enquanio quamidade de algo na medi
da em que preenche o tenipo. c justamente esta produção contínua e uniforme
dc rcítlidadc n<J tempo n» medida eni que no tçmpo jmj dcsce i!:i sçn.saçiio. yuc
possui um ccrto grau, até o seu desaparecimento, ou cm que se sol>c gradualifleme
da negação até a quamidade da sensação.
O esquema da substância ú a permanência do reat no tempo, isU: C, a repre­
sentação do real como um Suhstrato da determinação empírica temporal cm ftc-
raJ, subaLruto portanto que permanece na medida em que tudo o mais miicta
(Nâo é o tempo que passa, mas nçEe passa a existência d« mutável. Ao tempo,
portanto* que è dc mesmo imutável e permaneme, corresponde no fenômeno n
imutável na existência, isto ê. a substância, c somenic nesta a sucessão e simuita-
neidallc dos fenômenos podem ser determinados segundo o tumpoO
O esquema da causa e da causalidade de uma çoisít em geral è o real ao
qual, Se c posto a bei prazer, segue sempre algo diverso. Consiste, portanto, na
sucessão do múltiplo na medida em que eslá sujeito a uma regra.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 107

O esquema da comunidade (recipmcidadedc ação}* ou da eausididadc recí­


proca das substâncias no que toca seus acidentes, é a simultaneidade das determi-
í nações de uma com as da ouira, segundo um a regra universal.
O esquema da possibilidade ê 3 concordância da síntese de diversas repre­
sentações cora a& condiçôts do tempo em gera] (já que. por exemplo, u oposto
numa coisa não pode ser simultâneo* mas somente sucessivo), portanio a determi­
nação da representação dc uma coisa cm qualqueT lempo.
O esquema da realidade è a existência num Lempo determinado.
O esquema da necessidade 5 a existência de um objeto em todo o lempo.
Dis&o tudt> se vê que o esquema de cada categoria contém e faz representar
uma determinação de tempo: o esquema da quantidade contém e faz representar
a produção (síntese) do próprio tempo rui apreensão sucessiva de um objeto:
o esquema da qualidade contém c faz representar a síntese da sensação (percep­
ção) com a representação do tempo oü o preenchimento do lempo; o esquema
da relação contém c faz representar a relação das percepções entre si em Lodo
o tempo {isto é. segundo uma regra de determinação do tempo); etifim. a esquema
da modalidade c de suas. caLegorias contém v faz representar o próprio tempo
como o correlato da determinação de e Como um objeto pertence uu tempo.
Os e&qucmas não sâo. por isso, senâo determinações a prior» de tempo segundo
regras, c estas &c referem, segundo a ordem das categorias, â sêriv do tempo.
ao cometido do lempo. ã ordem / dtt tempo, enfim no conjunto do ivmpo no
toeanie a todos os objetos poSMÍvei*.
Disso fíea claro que o esqiicmaiismo dw cniendiirtctuc mediante a símese
transcendental da capacidiide de imaginação não deságua senâo na unidade de
todo o múltiplo da intuição no sentido interno ç nssim. indirciamente* na unidade
da aperccpçào como funçào qin* eorré*p<>"de ao seniído interne? (dc uma rcccpti
vidadej. Po na n lo, cs esquemas cJus conceitos puros do entendimento sâo as ver
dftdeiras e únicas condições para propordfmar a caies uma referência a ubjccos.
por conseguinte um» significação. Por isso. as caiegorin* não possuem, ao fim*
nenhum ouíro uso a não ser um empírico passível na medida em que servem
meramente para. mediante fundamento* dc uma unidade necessária a priori (dçvj-
do à reunião necessária de toda a consciência numa apercçpção originária^ sub­
meter os fenómenos a regras universais da siniesc* tornando-os assim apropriados
para a conexão completa numa experiência.
Mas é no conjunto de ioda ü txperieneia possível que residem todos os nos­
sos conhecimentos, e ê na retcrêncín universal a tal experiência que consiste u
verdade transcendental que precede e toma pos&ivel toda a verdade empírica-
Todavia. conquanto as esquemas da sensibilidade realizem primeiramente
as categorias, / ^alla aoü olhos o fato (leque não obstante tambem as restringem,
isto é, limitam -nas a condições que jazem fora do entendimento (a saber, rta sensi
bilidade). Conseqüentemente, o esquema é propriamente só o fenômeno ou o con­
ceito sensível de um objeto em concordância com a categoria (numvrus csi quan-
tüas phaenofnenon, w im íío realitas phaenomenon, constam et perdurabile rc-
108 KA NT

rum substantia phaenomenon — aeterniitis, necessitas phaenomena, etc.).35 Qra.


sc suprimirmos uma condição restritiva, então ampliamos, como parece, o con­
ceito anteriormente limitado. Deite modo, em sua significação pura» independen­
te de todas as condições da sensibilidade, aí categorias deveriam valer para iodas
as coisas em geral Cúmo sào, ao ínvês dos esquemas das categorias representarem
estas coisas somente como aparecem,*portanto, as categorias possuem uma signi
fícaçào muito mais extensa e independente de todos os esquemas. Na realidade,
mesmo após a abstração de toda a condição empírica os conceitos puros do
entendimento mantem a significação apenas lógica da. simples unidade das repre­
sentações ma,s às quais rtào é dado nenhum objeto, por conseguínie também
nenhum sign ificad o, que possa fornecer um concdto do objeto. Assim, por exem­
plo. caso se suprimisse n determinação sensível da permanência, a substancia
nao significaria senão um algo que pode ser pensado como sujeiLo (sem ser um
predicado de atgo diverso). DeSta representação não posso fazer nada ria medida
em que / dc modo algum me indica que determinações tem a coisa que deve
valer como um tal primeiro sujei Lo. Portanto, sem esquemas as categorias ^yo
apenas funçòes do entendimento para conceitos* mas nào representam objeto al­
gum- Esta significação lhes advém da sensibilidade, que realiza o entendimento
na medida em que ao mç*mo tempo o restringe*

C A P ÍT U L O S tG U N O O D A D O U T R IN A T R A N S C E N D E N T A L D A
C A P A C ID A D E D L JU L G A R ÍO U A N A L ÍT IC A DO S P R IN C ÍP IO S )

Sistemas de todos 05 princípios do entendimento puro

No capitulo anterior, ponderamos a capacidade transcendental de julgar


apenas segundo as condições universais unicamente sob as quais está ni.sion?.uda
a usar os conceitos puros do entendimento para juízos sintáticos. Agora a nossa
' mrefti consiste « n expor cm li^a^ào sistemática os juízos que 0 entendimento,
submetido a esta precaução crítica, realmente constitui a priori; para isso. u nos­
sa tábua das categorias ian que nos fornecer, sem dúvida, a orientaçao natural
e segura. Com deito, c precisamente a referência das categorias â experiência
possível que precisa perfazer todo 0 conhecimento puro a priori do entendimento,
c é a sua relação com a sensibilidade em geral / que mostrará por isso. de modo
completo e num sistema, todos os princípios transcendentais do uso do entendi­
mento.
Os princípios a priori levam este nome não só porque contêm ent si os fun^
damentos de outros juizos. mas porque eles mesmos não se fundam cm nenhum
conhecimento mais ako e geral. Eslu propriedade» todavia, não os dispensa sem­
pre de uma prova. Com efeito, embora esta não possa ssr conduzida objetivamen-
O número i at|uantid!«te d<w fenômenos; a sensação, a realidade íJü2fenãiritncs: 0constant* t r«™ W á
"■dl das CinisíL», n ubitjiucindoa reuMintuios— ■«efnídatfc e OBíessidedc. fcnómtiiui, ç{c. (N , dos TV)
CRÍTICA DA R A ZÂ O PURA 109

te mais adiante, subjazendo antes a todo o conhecimento do seu objeio. m o não


impedc que seja possível c mesmo necessário providenciar uma prova a partir
das fontes subjetivas da possibilidade de um conhecimento d« objeto cm geral,
pois do contrário a proposição atrairia sobre si a maior suspeita de ser uma
afirmação meramente .sub-reptícia.
Em segundo lugar, limitar-nos-emos meramente aqueles princípios que sc
referem às categorias. 0& princípios da c$têLica Lranstcndemal, segundo os quais
espaço c tempo sâo as condições da possibilidade de todas as coisas como fenô­
menos, e igualmente a restrição desses princípios, a saber, que nào podem ser
referidos a coisas em si mesmas, nao pertencem portunto ao nosso campo demar­
cado de investigação. Do mesmo modo, os princípios matemáticos não consti­
tuem parte alguma deste sistema, puis, só sào extraídos tía intuição c não do
uonedLo puro tío / entendimento* todavia, peto íatn de Kcrcm nâo obstante juízos
sírttéticoii u priori, a possibilidade de tais princípios encontrará aqui necessaria­
mente um lugar, na verdade não para provar a sua correção e certeza apodítica,
da qual simplesmente Jião carecem, mas só para tornar compreensível e deduzir
a possibilidade de Eais conhecimentos evidentes a priori.
lintrcLaniu, também Leremos. que fator do principio dos jul/.os analíticos,
c isto cm opusiçao ao dos juízos .sintéticos» eom osquüttf propriamente nos ocupo
mos, pois jüsíamente esta contraposição livra a teoria tios últimos dc todo o
equivoco, pondo*os claramente diante dos olhos cm sua natureza pceuliar,

S i:Ç À O P R lM lü R A DO S IST E M A DOS P R IN C ÍP IO S


DO E N T K N D IM LN T O PU R O

DO P R IN C ÍP IO S U P R E M O D E TO D O S OS JU ÍZ O S A N A L ÍT IC O S

Seja qual for o conujúdo do noaso conhecimento e tomo este possa referir-se
ao objeLo. apenas negativa. de iodos os nessos jufcos em geraU constitui loduvin
a condição universal. se bem que nao sç eontradigitm a si mesmos, enso contrário
iai.s juízos (mesmo sem considernçàft díi objeto) em &i mesmos nào sãt> nada.
Mas mesmo que / no nosso juizo não haja contradição alguma, pode não obstan­
te li&ar conceito« de um modo diverso do ira^ido consigo pelo objeto, ou também
sem tios ser dado uni fundamento a priori ou a posteriori que autorize um tal
Juízo* c assim, mesmo tivre de ioda a contradição interna, um jjuíjio pode ser
fal&u ou infundado.
Ora, a proposição: a nenhuma coisa convêm um predicadn quü a contradi­
ga« chama-se principio de contradição, e é um critério universal, sc bem que
merumeme negativo, de toda a verdade; por isso pertence apenas à Lógiúa, pois
vale para conhecimentos simplesmente como conhecimentos em geral desconsi­
derando seu conteúdo, e diz que a contradição os destrói e suprime inteiramente,
Da mesma proposição entretanto também se pode fazer um uso positivo,
ILO KANT

Iülo L não apenas para banir a falsidade c o erro (na medida em que pousa
sobre contradição), mas lambera para conhecer a verdade, Com efeitn» s? o juízo
ê analítico, seja negativo ou afirmativo, segunda o princípio dc contradição a
sua verdade tem que poder ser sempre conhecida suficientemertie. Com efeilo,
o oposto daquilo que já se encontra ç é pensado como conceito no Conhecimento
de um objeto é sempre corretamente negado, enquanto que o conceito mesmo
precisa ser necessariamente afirmado dele / porque o contrário de ta) conceito
contradiria o objeto.
Por isso. também temos que deixar o princípio de contradição valer como
o princípio universal e inteiramente suficiente de iodo o confiecimemo analítico.
ma?, a sua autoridade c utilidade nfio vao além do um critério suficiente da verda­
de. Com efeito, o fato de que nenhum conhecimento pode se lhe opor sem aniqui­
lar se a si mesmo* faz desía proposição a conditio sinc qua non da verdade <3e
nosso conhecimento^ mas náo o seu fundamento determinante. Ora. vtao que
propriamente só lemos a ver com a parte sintética do hokjo conhecimento. tere­
mos sempre cuidada cm jamais transgredir este principio inviolável; no que con­
cerne à verdade de Lal espécie de conhecimento, contudo, jamais podemos esperar
dele algum esclarecimento.
Mas há uma fórmula deste principio renomsído. se bçm que despojado de
mdo o contcúdn d mcrumcntc formal-, a qual contém urna síntese introduzida
nele por descuido e de modo completamente desnecessário. Soa assim: é impossí­
vel que algo seja c não seja-.simullançamento Além dü faio dc aqui ter sido
ajuntada supérflua mente n ccrtcza íipodirica {mediante a palavra impossível) quç
deve poder .ser compreendida por si a partir du princípio, este é afetado pela
condição do tempo, como que dioaido: / uma coisa = A f^ue £ algc: = & não
pode ser, ao mesmo tçmpo. non B; mas pode muito bem scr ambas as coisas
(tanto B como non UI sucéisivamenjA;, Por exemplo, um homem jovem não pode
scr ao mesmo lempo velho« mas o mesmo pode muito bem ser num icmpc jovem
<; noutro não jovem, isio 0-, velho. Ora. enquanto principio meramente lógico,
o princípio de contradição não iam dc modo atgum que limitar suas. declarações
tt rclrii;õc.s de tçmpo. e por isso tal fórmula contraria completamente a sua imen-
V’ào, O equívoco provém simplesmente do fato de que primeiramente se Kepnra
o predicado dc uma coisa do conceito da mesma e depois se conecta com este
predicado seu oposto, o que jarraiy fornece uma contradição com o sujeito, mas
somente com o seu predicado que foi ligado sinteticamente ao sujeito, e isto só
quando o primeiro ç o segundo predicados sao postos ?a<>mesmo tempo. Sc digo;
um homem, que c inculto* não é culto, devo acrescentar a condição; ao mesmo
tempo, pois quem é inculto num Lempo püde muiui bem ;*cr culto num outro.
Se digo, porém: nenhum homem incufto é culto, então a proposição c analítica
porque a característica (dçi incultura)1doravante constitui o conceito do sujeúos
v então a proposição negativa fica imediatamente clara a partir do principio de
contradição sem se precisar aeresecniar a condição; ao mesmo tempo. Tal é tam­
bém a causa por que acima mudei a fórmula / du princípio, de modo a que
ai&im fosso expressu claramente a ruiiureza de uma proposição analítica.
S EÇ A Ü S E G U N D A DO S IS T E M A DO S P R IN C ÍP IO S
DO EN T E N D IM E N T O PU R O

DO P R IN C ÍP IO S U P R E M O D È TO D O S OS JU ÍZ O S S IN T É T IC O S

A ejtpücaçãü da po&&ihiJidad« dos. juízos sintéticos é uettà tarefa com a qual


ü lógica geral não tem nada a ver, q u e até nem precisa chcgar a c o n h cce r seu
nome. Mas uma lógica transcendental, c a careta mais importante e mesmo e
única se ac faia da possibilidíute dos jtiiíos sintéticos; a priori, bem oomu das,
eondicões e do âmbito de sua validade. Com efeito, após ter completado tal tare­
fa* a lógica transcendental poderá satisfazer inteiramente o seu Hm, a saber, de
lermirtar o âmbito e os limites do entendimento puro.
No juíy.o analítico, atenho me ao CònCctto dado para estabelecer aígo & seu
respiítio, Se o juízo deve scr afirmativo, então junco a esle conceito só o que
.já era pensado nele; se deve ser nergntivo, entào ukcIuo dele sú o contrário daquilo
que nele era p«nsado. Nus juízos sinicUtros* purém. devo sair do conceito dado
para considerar em relação eum cie / algt> completamente dífcrenle do que aí
cra pensado: por isso. nào se im a aqui dc uma relação de identidade nem de
cpnlradiçao. e neste caso nSo sv pode rctonhecer, no juízo em si mesmo, nem
a verdade nem o erro.
Admitindo, portanto, que se precisa wiir dc um conceito dado para compa­
ra-lo aimccicamçmc com um outro* então roquer se um tcrceúro termo unicamente
nu qual pode surg.tr o *íniesc dos doti> concciios- Ora, que é este terceiro termo
enquanto mcLú de iodos cw juízos siniêticoâ? Ê emente um conjunto em que
estuo contidas toda* as nossas representações a saber, o sentido interno e sua
forma a priori. o tempo. A síntese das representações repousa na capacidade
dc irnugiiíaçSo, mas a sua unidade sintética (requerida para o juízo) na unidade
da apcrc«pçSíJ. Portanto, oqui i k v ç s$r procurada a possibilidade dos ju izos sime-
tícos e também, vislu que todos os rrés ctemernos conicm üs fornes de representa­
ções a priori. a possibilidade de juízos sintéticos puros: a partir dc lais fundamen
WS âfctes últimos juí/.os amçs serão mesmo necessários. eaüo deva se constituir
um conhiícimtiuo dc objetos que repouse unicamente sobre a síntese das reprç-
sentações.
Sc um conhecimento deve ter reafidade objetiva* isto c, referir-se a um objeto
e tér significação e sentido nele, enuio o objeio tem que poder .ser dado de algum
modo. Sem isso, os conccitus sao vadios: na verdade, pcnsou*se através dele*,
/ mas sem ter de faio conhecido algo através desse pensamento, mas apenas
jogado com representações. Dar um objeto — se por sua vez isto não deve ser
entendido apenas mediatamente, mas significa apresentar imediatamente na intui­
ção — nâo é outra coisa senão referir sua representação â experiência (seja real
ou possível). Por maT.s puros dc todo o empírico que iejum esses conceitos e
112 KANT

por mais treno que seja que são representados inteiramente a priori na mente,
mesmo o espaço e o tempo nao teriam validade i>bjcuva nem sentido c significa­
ção w o seu uso rtícess-ário nüt> fosse mostrado nos obieto& da experiência: a
representação deles é ames um simples esquema que se reíere sempre à capacida­
de reproduLiva dc imaeinação. a qual s u s c it a os objetos da e x p c f iü n c ia c sem
a qual nâo teriam nenhuma significação. e assim ocorre com iodos os conceitos
sem disttnção.
A possibilidade da experiência c, porta nco, r» que dá realidade objetiva a
todos os nossos conhecimentos a priori. O t&, e experiência re c u sa na unidade
sinlettca dos fenômenos, isto é. numa síntese segundo conceitos do objeto düá
fenômenos cm geral, sem a qual â experiência nem Chegaria a ser conhecimento,
mas uma rapsódia de percepções q;uu nm se conformariam a nenhum cçmtexto
íicjiundo regras de um;i consciência (possível) universalmente conectada, e por-
imh tanto tampouco i% unidade iranscendemal c necessária da apercepção. / Logo,
à experiência subjazem princípios da sua forma a priori a saber, regras universais
da unidade na síntese dos fenómenos cuja realidade objetiva, como condiçòes
necessárias, pude ser sempre moalruda na experiência, antes mesmo, na pussibili*
elade desta. Sem esta referência, porém, as proposições sintéticas a priori são
inteiramente impossíveis por não possuírem nenlmm terceiro termo, u saber, um
objeto cm que a unidade sioEelicã dos seus cúnCeíuis possa evidenciar uma rcali-
dade objetiva.
Con.-vcqücntemcntc. se bem que acerca do espado em geral ou das figuras
que a capacidade produtiva dc imagínaçào traça nele conheçamos a priori tantas
coisas em juízos sintéticos-, de modo a nao precisarmos para isso realmente dc
nenhuma experiência. tal conhecimento não seria abso Lutamente rsada» a não ser
ocupação com uma simples quimera, se o espaço não pudesse ser considerado
como condição dox fenômenos que perfazem a matéria para a experiência yxryr
na: por isso, aqueles JUÍZOS ^intélicos puros se referem, embora apenas mediata
mente, a uma experiência possívd ou ames à sua própria possibilidade, e unica
mente sobro tal fondam a validade objelivu da sua sínteac.
Portanto, vis lo que enquanto simesc empírica a experiência ê na sua possibi­
lidade a única espécie dc conhecimento que dá realidade a toda & Outra síntese.
1'ji como conhecimento a priori esta entào só posiui verdade (con / cordãncia com
o objeto: pelo fato dc nada nuLÍs conter senão o necessário ã unidade sintética
da experiência em geral.
Portanto, o princípio supremo de todos í>ájuízus sintéticos ê que todoohjeio
está *ob as condições necessárias da unidade sintética do múltiplo tia tmuição
numa experiência possível.
Deste modo, juízos *intétíeos a priori são possíveis se referirmos as condi­
ções formais da imuiçào a priori, a sinie^e dn capacidade dc imagínaçàu c a
unidade necessária de tal slmcac numa apercepção tTanscendentaJ a um po&sívdl
conhecimento em geral de experiência e disãérmos: as condições da passihiiidúdc
da experiência em £eral sao ao mesmo tempo condições da possibilidade do$
abjeios dá experiência e possuem, por isso, validade objetiva num ju íio sintético
a prinrL
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A H3

SEÇ Ã O T E R C E IR A DO S IS T E M A DO S P R IN C ÍP IO S
DO E N T E N D IM E N T O PUR lÜ

R EP R ESEN T A Ç Ã O SIST EM Á T IC A DE TODOS OS


PR IN C ÍPIO S SIN TÉTIC O S DO M ESM O

O Talo de cm geral ocorrerem princípios cm qualquer Ju&ar deve ser atribui


do unlcftmcnte ao entendimento puro, que nao é somente u Faculdade das regras
no tocante / ao que acontece, mas mesmo a fonte dos principias Wguado a qual IMS
tudo (que podç aparccer-nos como objeto| eslá necessariamente sob regras, pois
sem tais o conhecimento de um objeto correspondente aos fenômenos jamais po­
deria dizer respeito a esLe* úIliiuos, Quando consideradas princípios do uso em­
pírico do entendimento* mesmo as lçi$ da natureza i ^ c m ao mesmo lempu con
sigo uma expressão de necessidad«,. por conseguinte pelo menos a suposição de
uma determinação a partir de fundamentos a priori * válidos artes de toda a
experiência. Entretanto, todas as íeis da naiurezu* sem distinção, estão submeti“
das a princípios superiores do entendimeiutí na medida cm que só aplicam ustes
princípios a casos particulares do fenònicno. Portanto, só estes princípios dâo
0 conceito, que contém a condição è como que o expoente para uma regra cm
geral: a experiancia, porem* dá o caso que naih sob a regra.
O fato de que sc considere apenas os princípios empíricos como princípios
do entendimento puro ou também o contrário, nau oferece propriamente nenhum
perigo. píils tal equívoco pede ser facilmente evitado pela netçssitkde segundo
conceitos, a qual caracteriza os princípios do entendimento puro c euja falta
se pcrcebe facilmente çm toda proposição empírica. por mai* &cral que seja sua
validade. Há, porém, princípios puros a priori ques nào obstante, nâo go&iaria
dc atribuir ao entendimento puro por nâo serem extraidos de conceitos puros,
mas / de inlttiçõçj. puras (se bem que mediante t>entendimento). 0 entendimento m
e. porém. a faculdade dos conceitos. A Matemática possui semelhantes prinçi
pios* nuns aplica^ào a experieneia.'por conseguinte f*ua validade Objetiva,
ou antes, a possibilidade dc tal conhecimento sintético a priori (a sua dedução
funda-sc sempre no entendimento puro.
Por isso, entre os meus princípios nào incluirei os da Muujmãtica, mas sim
aqueles sobre OS quais sc funda a possibilidade e validade objetiva a priori do
tais principios matemáticos, que poriamo têm que ssr encaradas como princípios
destes últimos e que partem de ennceilts.y à intuição ç na;> âe intuição a conceitos,
Na aplicação dos conceitos puros do entendimento a uma experiência possí­
vel. O u£ü dc suíi síiitüie e matemático ou dinâmico: tal síiutf.e vai cm parte
ã intuição, c em pane à exhlèncla de um fenômeno em gerftI. M as no tocante
a uma experiência possível as condições a priori da intuição são inteiramente
necessárias* ao pâssn que as da existência, dos nbjaios dc uma intuição cntpíriea
possível em si apenas contingentes. Por isso, ok princípios do uso matemático
soam dç modo incondicional menu: necessário, isto e, apodílicu, ao passo que
01 princípios do uso dinâmico na verdade também apresentam o caráter de uma
L 34 KANT

necessidade a priori. mas só sob a condição do pensamento empírico numa expe­


riência, por conseguinte só mediata e / indiretamente; em conseqüência disso,
nào contem aquela cvidcncia imediata (sc bem que sem prejuízo da sua ceneza
universalmente referida à experiência) peculiar aos primeiros. Isto poderá ier me-
Jhor jul^atkj na conclusão deste sistema dc princípios.
A tábua das categorias nos dá a indicação completamente n atural para a
tábua dos principiou, pois esttü nada mais sião senão regras do uso objetivo das
primeiras. Assim todos os principias do ínlendtraento puro são

i.
Axiomas
da
intui ç 3o
2. 3.
Antecipações Analogias
da da
percepção experiência
4.
Pusiuiados

pensamento cmpíríco
cm g.aral

Escolhi com cuidado ess-as denominações para nao deixar passar desperce­
bidas as diferenças com respeito à evidência e ã aplicação de tais princípios..
Mas logo se tornará d yjo que no concernente LariLu u evi / dèneia quanto à
determinação a priori dos fenômenos segundo as categorias da quantidade e da
qualidade [se se prestar atenção apenas à forma destas), os seus princípios distin­
guem*^ consideravelmente da* duas restantes na medida cm que os primeiros
sâo capazes dc uma certeza intuitiva, mas estes de uma certeza meramente dis­
cursiva, embora ambo* .sejam capazes de uma plena ccriçzu. Por isso, denomina­
rei aquclc.s princípios maícmáríc^s, estes dinâmicos.36 Todavia, norar-se*á bera
que aqut / nào tenho ame os olhos os princípios da Matemática num caso. iam*
poueo quanto os príneípíos da dinâmica geral (Física) no outro, mas apenas os
princípios do entendimento puro em relação com o sentido interno (sem distinção
das representações cjatlai, nele] mediante os quais efelivamente aqueles adquirem

3t Toda a iigaçàa (coniuthClíu) c ou çam pasiçâti (compositic) nu conexão (rtexuH A primeira i a sínic-se
do múlisplo cu jos cJcmcnio« não pcrteíictin neccssúriamrnte um an outro; por íKcrripln, ím ífcsis. iriã-neulos
Clç UCül quadfadu tdivadido Pííü diuaonaJ fláfl pertencem pw ti rvícesLssircamtntc um ío iiulro, O mearnu íicj-htc
com 4 “jíniesí Ha homogãxeo «*m tudo a que pos«4 sw tcmsEdcf^dv m etcm alicam aiic (sinl&se esla que |X>.r
üuu w i potte Siír dividida n a cii* agregação QíJxi coalizão. íefírirtd o se » prim eira a quamidades. CASmaivas
a a segund a o i|M!intidüdcH t i t i « S í m i l , Õ H cçund « lip u d e IL^ açãs (n e x u s) c a i.íni(eriu tio m ú ftíjilo n a A ícd id u
em que tíiüll eiemífHO pifieiKc necessariamente ürtt cw>av'm . jisssrru por eaemfiltf. 0 meidenü: cm reloçilo
com qiialijuír substância ou a Câeí&a cm reJaçio cora o üFeito. scnbúíâ réptcsenisdos com* futivrvgcncos.
ü^O contudo rcprnsemíidos mnv\ Ijgadívs a pnon. Réln Tni« de nüo scr wbiirátí.., dintnc esin liga^au dc
diná-mica, porque coplçciuç à existência dií m últipla fc / pude por sua V6Z SfcT divádjda ír ltr í
a ligiçào/TsiVu -dos fenóm m os em rt s te a nn-f^/íaca na faculdade a priori dc cunhecimcriml.
todos a sua possibilidade. Portanto. denomirto-os eonsiderando mais a sua
aplicação do que y seu conteúdo, e passo agora a examiná-los. na mesma ordem
em que sào representados na tábua.

2. Axiomas da intuição

O sku principio é: T o d a s as i n t u i ç ft ç s sào quan­


tidades extensivas-

Prova

Todos os fenômenos contém, segundo a forma* uma intuição no espaço ç


no tempo que subjaz a iodos a priori. Portanto, nào podem ser apreendidos,
isto é. acolhidos numa consciência empírica, sento mediante w síntese do múKi-
plo pda qual são produzidas as representações de um espaço nu tempo determi­
nado. isto é, mediante a composição do homogêneo e a consciência da f unidade
sintéiiea desíe múltiplo (homogéneo). Ora, a consciência do homogêneo múltiplo
na intuiçào cm geral, na medida em que mediante tal é primeiramente possivof
a representação de um objeto, c o cpneçito dc uma quantidade (quami). Portanto,
mesmo a percepção de um objeto enquanto fenômeno só c pos-sivcl mediame
a mesma unidade siméitóa do múltiplo da intuíçâo seiiSÍvd dada pela qual a
unidade da composição do homogêneo múltiplo è pensada no conceito dc uma
quam idade; isto 6. os fenômenos sào todos quantidades, üliás quantidades extert-
sfvas* porque devem ser representadas como intuiçôcs no espaço ou no lompo
mediante a mcsniu síntese pela qua) sào determinados espaço e icmpo em fieral.
Denomino quantidade extensiva aquela na qual a representação das partes
torna possível â representação do iodo (e pevrtanio necessariamente precede esta).
Nao poiso me representar linlui alguma» por pequena que seja, sem a traçar um
penuamentos. isto ò, desde um ponto gerar pouco n pouco lodass as partCü cassim
primeiramente esboçar esta intuição. 0 mesmo ocorre com todo tempo, inclusive
com a sua menor parle. Nu tempo penso apcriEig íi progressão üucesstva dc um
án$tarue a outro* mediante cujas panes de tempo e seu acréscimo e finalmente
produzida uma determinada quantidade dc tempo. Já tjue a simples imuiçáo em
iodos os fenômenos é o espaço ou o tempo, cniãu todv / o fenômeno enquanto
imuiçào e uma quantidade extensiva na medida cm que só pode ser conhecido
airavés dc um;i KÍnieae sueassiva (dü purte cm parte) na, apreensão, Uc acordo
com isso, todos o$ fenômenos sào já intuídos como agregados íporçòca de paruís
anteriormente dadas), o que nau ocorre com ioda espécie dc quantidade«, mas
somente com aqucEas que são por nós representadas c apreendidas como extensi­
vas enquanto tais.
Sobre essa síntese succs&iva da capacidade produtiva de imaginação na pro­
dução de figuras funda-se a matemática da esuensão (Geometria) com o* seu*
axiomas* que expressam as condições da intuição sensível a priori unicamente
Sob aK quais pode ser constituído o esquema dc um conccíto pua» do fenômeno
externo. Por eiemplo. entre dois pontos só é possível uma linha ruuii duas linhar
116 KANT

retas nào encerram nenhum espaço, etc. Estes sio os axiomas que propriamente
só dizem respeito a quantidades (quanta) enquanto tais.
M a s no que diz respeito ã q u an tid ad e (q u an titas), isto é, à resposta dada
à q u cslâo : quão grande c a lg o ?, não existe nenhum ax io m a em sentido p róp rio,
não obstam e diversas dessas proposições serem sintéticas e im ediatam ente certas
{irtd em onstrab U ia). C o m efeito, que quantidades iguais acrescid as a ig uais ou
subLraídas de tguaís dão q u an tidad es iguais, eis pro p osiçõ es a n a lític a s n a m edida
cm que sou im ediatam ente consciente d a identidade entre um a / e o u tra p rod ução
de q u an tid ad e; axiom as, porem , devem ser proposíçoes. sintéticas a priori. Fren te
a isto. é claro que as proposições evidcrtles da re lação entre núm eros sào sintéti
ca s. m as nãu u n iversais co m o ns d a G eo m etn EL e precisam ente po r ãsso lam bem
nào podem ser c h am ad as axiom as, m as sim fó rm u las nu m éricas. Q u e 7 + 5
seja - 12 nãt> ê um a p ro p o sição a n a lític a , C o m efeito, nào penso o núm ero
12 na represe ruaçitu dc 7 nem na dtí 5. riem ainda na composição de ambos
{aqui não üe trata do fato de que cu devesse pensar este número sia adição de
ambos, pais na proposição artaliliea trata-se apenas da questão se realmente pen­
so o predicado na representação do sujeilo^ Hmbora Sintética. tnl proposição
é somente singular. Na medida em que aquÊ se enfoca apenas » síntese do homo­
gêneo (das unidades), esta pode ocorrer dc uma única maneira, embora o uso
de tats númuros seja posturiormeme universal. Sc dígo que é possivet traçar um
triângulo wm três linhas das quáis duas tomadas em conjunto sào maiores que
a terceira* então Lenho aqui a mera função da cupaddade produtiva de Imagina*
ção, que pode traçar linhas maiores e menores bem como lazé las se encontrarem
segundo vários ângulos a jjwsto. Ao contrário, o número 7 só é possível dc um
único modo. c assim também o número 12 . que c produzido airavés da siniesc
do primeiro com o 5. Propasiçòcs tais têm que ser çhamadáí; não axiomas /
{senao haveria um número infinito delas), mas fórmulas numéricas.
Este princípio iranwjcndtínial da matemática dos fenômenos fornece uma
grande: ampliação ,m noiso conhecimento a priori, C’om eteitcu se tríita do único
principio que torna a matemática pura apLicivel cm mjs inteira precisão a objetos
da cxp-cricncia, é>que sem tal princípio não ficaria por si mesmo claro, ames
dando oxo a várias contradições. Fenómenos não são coisas cm si mesmas. A
intuiçào empírica só é p*mivcl através do intuição pura (do espaço c do tempo);
portanto, o que a Geometria d ií desta também Vitlc mcont-cstavelmeme para
aquela, e precisü se eliminar as escapatórias* como .se os objetos dos sentidos
nào necessitasscm se conformar às regras da wrKirnçSo no espaçc» (por exempla,
à regra da divisibilidade infmiía das linhas ou du& ângulos). Dcslc modo, efetiva
mente. nega*se validade objetiva ao espaço c, com ele, át> mesmo tempo a toda
a Matemática* não m aii se sahendo por que e até Que ponto pousa ser aplicada
aos fenômenos, A síntese dos espaços e dos Lcmpos. como a forma essencial
de ttxlü a iniuiçàü. è o que toma ao mesmo tempo possível a apreensão do fenô
menu, por conseguinte toda experiência externa e lambém todo o conhecimento
do& objeiflK da mesma, c o que a. Matemática no uso puro prova acerca daquela
síntese tamhêm vale necessariamente para o conhecimento dos objetos da expe
C R ÍT fC A DA R A Z À O PUR.A

fiênda. Todas as obj^çòes cul contrário são somente chicanas de uma razão fal
samente ins / tmída., que erroneam ente pensa depreender os objetos dos sentidos
da condiçãú formal de nossa sen.íihilidadc e. embora se trate de simples fenôme­
nos, os representa como objetos cm si mesmos dados ao entendimento.
caso. certamente nào se poderia conhecer absolutamente nada de lais objetos,
nem a priorí nem portanto mediante conceitos puros do espaço., e a própria eiên
cia que determina tais conceitos, a saber, a Geometria, seria impossível.

2. Antecipações da percepção

0 seu princípio ê: E m ( o d o .s u s f c n ü m e n « i.
o real, que é um objeto da sensação, p o s s u í quantidade
i n t e n s i v a , isto c um grau.

Prova

A percepção é a consciência empífEca, isto c, uma consciência cm que hu


simultaneamente sensação, linquanio objetos da percepção, fenômenos nào
sào mtüiçõtiS puras (meramente formais) lais como espaço e lempo (pois estes
não podem cm si ser de modo ul^um percebidas). Píirtanto. além da iifiuicíio
contêm airtda as maiorias para um objeto qualquer cm gera] !pelo qual é reprííScn
tado algo existente no espaço ou no tempo*. isto é, u re:il d;i áensaçfio como
representação meramente subjetiva, da qual xô hg pode sc torrar consciente que
o sujeito c afetado e quç ê / -cie rida a um ohjçto em geral, ún\ mí. Oríu c possível
uma passasem gradual da consciência cmpirica à pura. visto que o rcnl dela
dfsüipnrecs completamente, restando urmt consciência meramente formal (a priü
ri> do múltiplo no espaço c no tempo: portam o, e também possível uma síntese
da produção da quantidade de uma senvação desde o ücu inicio, a intuição _pura
= 0. até uma quantidade nrhhrária dela. Qra. já que a sensação nào í em si
de modo algum uma reprcscniaçã.0 objetiva, não se encontrando nela nem a intui­
ção do espuço nem a do icmpo. claro que não lhe convtrá uma quantidade exten­
siva, mas nao obstante uma quantidade (e i^to medíanic a apreensão da quaniidu
dc, na qual a consciência empírica pode crescer, num cenn ttrrtpo, dc nsda =
Ü à iu.n medida dada), portanto uma quaniidüilv intensiva, correspondente à qual
tem que ser atribuída quantidade smpnxiva. isto é, um grau na inllucnciji s^hrc
o sentido, a todos os objetos da pcrcep^uo na medida em que esta eomém sensa­
ção.
Todo o eonhecímcnio, pelo qual passo conhecer e determinar a priorí o
que pertence ao conhecimento em pírico, pode sur denominaJo antecipação. Com
esta significação, sem dúvida, usou Epicuro sua cx.prcsüílo irpòXrçiíiic . Mas já
que nos fenômenos há algo, a saber, a sensação {enquanto matéria da percepção),
quç nào é jamais conhecido 3 priori e que portanto perfaz propriamente a diferen­
ça enire / o empírico e o eonbccimemo a priori, segue-se que a sensação ò pro-
RANT

priamcnte aquilo que dc modo algum pode ser antecipado. Frente a isto, no que
concerne tanto â fig u ra quanto à quantidade. as deserminações punis no espaço
c no tempo poderiam ser chamadas antecipações dos fenômenos, pois represen­
tam a priori o que sempre pode ser dado a posteriori na experiencia. Mas posto
que sé encontrasse algo que em ioda sensação padesae tuzr conhecida a priorí
como .sensaçào cm £cral (sem que fosse dada uma sensação particular), então
mereceria ser ehamndo aniecipaçào em sentido eminente, pois parece estranho
antecipar a experiência. naquilo que diz respeito exatamente à stia matéria e que
só pode ser tirado dela. Aqui se passa reaEmentc assim.
À apreensão pela simples sensação preenche só um instante (i\ saber. S£
não considero a sucessão de muitas sensações). F.nquanto algo no fenôm eno cuja
apreensão nào é uma síntese sucessiva que progride das parles â representação
total, n sensaçao nào tem portanto quantidade extensiva alguma: a falta da sensa
çào no mesmo instante representaria a este como vazio* por conseguinte = D.
Ora, o que na intuição empírica corresponde à sensação c realidade (realitas
phaenõmenon), o que corresponde à falta dei a, ncg.-içãó - 0, Ora toda sen / sa
çâo é capaz de uma, diminuição, dc modo a poder decrescer e aos potieus desapa
recer. Conseqüentemente,, entre realidade no fenómeno c negação é possívd uma
interconexão continua de muitas sensações, intermediárins possíveis. ít diferença
enirt] íiH mesmas sendo sempre menor do que a diferença entre n sensação dada
e o zero. ou a negação total. lsU> é; o real no fenómeno tem sempre urnn quantida­
de que. entretanto, nào é encontrada na apreensão na medida em que esta ocorre
mediante a simples sensação num msuinlo e não através da síntese sucessiva
dc muitas sensações, e portanto nào procede das partes ao tudo: por conscguinie.
o real tem uma quantidade, mas não eaiensiva.
Ora, denomino quaniãtatic intensiva aqucUt t|iiuiulcfade quu sõ ê apreendida
Como unidade e na qual a pluralidade só pode ‘•er representada mediante aproxi;
mação à negação = 0, Portanto, toda realidade no fenomenu tem quantidade
intensiva, isto é, um grau. Caso se consídorc esta realidade causa (seja da sensa
ção yu dc outra realidade na risnòmenio, por e*cmplo de uma mudança), então
o grau da realidade enquanto causa é denominado um momento, por exemplo
o momento do peso, e isto porque o grau designa apona-. ít quantidade cuja
apreensão naü é sucessiva, mas instantânea. At{ui lueo isLo -apenas de paisagem,
pois por enquanto ainda nào estou às voEtas eom ít causalidade.
/ Dc acordo com isso, ioda sensação, por conseguinte também ioda realida­
de no fenômeno por pequena que scjnu pt>ssui um grau. isto é. ama quantidade
intensiva que sempre ainda pode ser diminuida. e entre realidade e negação existe
uma interçonçsfào contínua de realidades possíveis e de menores percepções pos
sívejs, Toda cor. por exemplí* a vermelha, iem um grau nue. pur pequeno que
seja. nào é jamais o menor, ocorrendo 0 mesmo em geral com 0 calor, com
o momenui do peso. etc.
A propriedade das quantidades segundo a Qual ncntmma pare c nelas a
menor possível {nenhuma pane c simples) chama-se coiuinuidade da;» quantida­
des. lispaçu e tempo sàti quanta continua porque não pode ser dada nenhuma
parte dos mesmos sem a encerrar entre limites (pontos e instantes), por conse­
guinte só de modo tal que esta parle seja por sua ve* um espaço ou um tempo.
Portanto, o e*pavo eonsisle $ó em espaços, e o tempõ em tempos. Pontos e InsUm­
tes são apenas limites, ísio é, simples po&içòísquc rcsiringem o espaço£ ú tempo;
posiçoes,. pufémT pressupõem sempre aquelas intuiçoes que elas devem limitar
Ou determinar. Espaço £ tempo nao podem vur compostos nem iie simples posi-
çòes nem de elementos que pudessem ser dados anteriormente sio espaço ou ao
tempo. Semelhantes quantidades podem também ser denominadas fluidas, pois
na sua produção a síntese (da capacidade produtiva de imaginação) e uma pro­
gressão rlO tempo cuja eon f tinuidade costuma sor designada paniculármeme
pehs exprexsào do (luír (transcorrer).37
l*or conseguinte, todos os fenômenos em geral .são quantidades continuas,
íanio segundo u. sua intuição, enquanto quantidades extensivas* quanto segundo
a simples percepção {sensação c. portanto, realidade), enquanto quantidades in~
teiisivas. 5« a síntese Ui> múltiplo dp fenômeno é interrompida, então se tem um
agregado de muitos fenómenos c nau propriamente um fenômeno com um quan-
lüm. que não é produzido pela simples continuação da síntese produtiva de uma
cerui espécie, mas pda repetição de uma síntese sempre mrncada. Se chamo 13
tálcres um quantum de dinheiro, 0 estou denominando corretamente na medida
cm que cnm íssu entendo o valor de um marco de prata fina; esta è obviamente
uma quantidade continua na qual nenhuma parte c a menor* mas cada uma pode*
ria constituir uma mocdíi que por sua vez conteria àempre matéria para partes
ainda menores. Mas sc sob aquela denominação entendo 13 táleres redondos
como outras tantas moedas íseja qual for t>$eu teor de pr^ua}, cntàu u designarão
dc um quantum de ui leres é imprópria, e lenlio antes que chamá los um agregado,
isto c, um número de moedas. Ora* visto que a lodu número tem que subjazer
uma unidade, enião í>fenómeno como unidade c um quantum, e como tal sempre
um continuo.
Ora. admitindo que todos os fenômenos, considerados tanto extensiva quan-
io ituensiviimcnie, sejam quantidades continuas, cntlo / a proposição: toda a
mudança (passagem dc um a coisn dc um estado para outro) c também eooLrnua.
poderia ser prftvuda aqui facilmente e com evidência matemaüca se a causalidade
de uma mudança em geral nào se situas,se compteramcnie fora dos limites dc
uma filoscrfia transcendental e pressupusesse príneípios empirioüs. Com efeito,
que seja possível uma causa capa/, de mudar o c&iado das coisas, isuo c. dc duter-
miná ias para o contrario de um cerlo estadu dadtí* a imo o entendimento a priori
não nos dá acesso algurtu nào só porque nao úümprecnde u sua possibilidade
(pois em diversos conheci mentos a pnori carecemos de ial compreensão), mas
tamhúm porque a muLybilidade só ineide sobre ccrtas determinações das fenòme
nos que unicamente a experiência pode ensinar, não obstante o faio dc que a
sua c au sa .se encontre nu imutável. Mys por não possuirmos diarne de nós nada
de que nos possamos servir, senão conteitos fundamentais puros de toda a expe­
riência passível, sob na quais dc modo algum pode haver algo empírico sem ferir

4' AS expressões alemãs tuwresprjnílCíilCS a estes, lemn« s{k> co^iau^í /to-üv-r irtrjliawni. (N. dos. r.i
KANT

íi unidade do sistema, não podemos antecipar a ciência universal da natureza,


construída sobre certas experiências fundamentais.
Apesar disso, nS» nos faltara provas da grande: influência que L&l principio
possuí para antecipar percepções, e até mesmo para completar sua falia na medi­
da cm que se fecham as portas. a índias as conclusões Falsas que poderiam ser
tiradas daí.
ji 4 / Se toda a realidade possui na percepção uni grau entre o qual e a nega­
ção acorra uma seqüência gradual Infinita de graus sempre menores, ç se não
obslanle todo sentido tem qut possuir um certo £rau de receptividade das. sensa­
ções, não é possível nenhuma percepção, por conseguinte tampouco uma expe­
riência. que prov«; seju imediata seja mediatamente (seja peloü rodeios no inferir
que Stí quiser) uma falta completa de todo o real no fenomtíno* islo é. da experiên­
cia jamais pode ser tirada uma prova do espaço vazto ou dc um lempo vazio.
Com efeito, a falta completa de real na intuição sensível cm primeiro lugar não
pude ser da mesma percebida, cm segundo lugar não pode ser derivada dc um
único firnõmenO c dn diferença dc grau da sua realidade, nem pode scr jamais
admitida para a explicação de tal fenômeno. Pois embora a intuição total de
um espaço ou lempo determinado seja completamente real. isto é, nenhuma pane
dclc seja vazia, tem que haver graus infinitamente diversos com os quais espaço
e tempo sejatn preenchidas, pois toda realidade possui ti seu grau que pode de­
crescer ai« o nflda (o vazio) permanecendo invunadas as quantidades extensivas
do fenômeno. e as quantidades intensivas nos diversos fenômenos podem ser me­
nores ou maiores, umbora a quaniidade extensiva da intuição s^ja a mesma.
21*. / Daremos um Cfcímplo a respeit*. Pelo luto dc perceberem (seja ytravêà
do momenLo da gravidade ou do peso, seja através do momento da residência
eonira outras muicrios em movimento) uma grande diferença de quantidade na
matéria dtí es>pecie díferenie. permanecendo o volume idémic»* quase todos os
tcóricoH da natureza cuuducm disso unanimemente: esie volume [quantidade dn
fenômeno) tem que ser va/io «m todas as matérias, embora em medidu difçrenic,
Mas a quem jamais poderia ter ocorrido pensar que esles pesquisadores da natu­
reza. na maior p:irtc maiemàitws « mceãnicoíi, Tundaram esiu aua conLlusão uni­
camente sobre uma pressuposição metafísica que tanto alegam evitar? Pois au
admitirem que o real no espaço (nao dessjo chamá-lo aqui impenetrabilidade
ou peso, porque e*ies são conceitos empíricos.) ê por toda a pane a mesma coisa
c sú pode ier distinguido pela quantidade ejetensiva, Uu> é, pelo número. A esta
pressuposição, para ;í qual não podiam ler nenhum fundamenro na experiência
e que è portanto mcrümentc metafísica. contraponho uma prova transcendental
que em verdade não deve explicar a diferença no precnchírmmo dos espaços,
mas suprime snteiramente a pretenda necessidade daquela pressuposição poder
explicar a mencionada diferença assumindo espaços vazios, e i.em o mérito dc
dar íto enLendimento pelo menos a liberdade d£ pensar também dc outro modo
mti ücjuela diferença / no caso da expiieação Ha naiurexa lornar necessária uma hipó­
tese qualquer á respeito. Com eleito, errtbura espaços idênticos possam ser iniei-
C R ÍT IC A DA R A Z A O P U R A 121

ramenie preenchidos, pyr matérias, diferemes a ponto dc não existir ew nenhum


deles um pomo onde nào sc encontre a pr«At?nçn de tais matérias, vemos, que
todo real da mesma qualidade possui ú grau dqsta (de resistência ou de peso),
grau que. sem diminuição da quantidade extensiva ou do número, pode scr infini­
tamente mçnor antes de passar ao vazio c desaparecer. Assim, uma irradiação
que prcçnche um espaço, por exemplo o calor, e igualmente toda yuira realidade
(no fenômeno) pode, som deixar nem um pouco vazia a menor parte deste espaço,
decrescer cm seus graus aiê o Infinito e não obstante preencher com 1 ais graus
menores o u^paço tão bem como um ouíro fenômeno com graus maiores, A mi*
nhtt intenção aqui náo é dc modo algum afirmnr que iwo se passe realmente
asbini com respeito à divei^ídadc de matérias secundo o seu peso específico, mas
antes põr ã mostra, a partir de um princípio entendimento puni, que a naiurc-
tA dç n y»«s percepções torna possívd um [aJ modo de explicação e que falsa­
mente se admite o real do fenômeno cumo idêntico segundo o iveu j&rau e como
diverso somente segundo a agregação o íí sua quantidade extensiva, afirmando
isso inclusive a priori mediante o pretenso uüo de um princípio do entcndinienio.
• / Esta antecipação da percepção possui., todavia, algo estranho para um
pesquisador habiluúdo ii reflexão transcendental e tornado por issto cauteloso,
provocando alguma dúvtda sobre o faio de 411c o entendimento [possa anleeiparl
uma proposição sintética tal como a do grau de iodo o real nos fenômenos e,
por conseguinte* da possibilidade da diferença interna da própria sensação quan­
do sc abstrai de sua qualkladu empírica, Porumto. ainda é urna qucMau não indig­
na de solução: como o entendimento pode a este respeito pronunciar sc sintética-
mente sobre os fenômeno*, untvtipando os meymu naquilo quê ê prõpria e sim-
plesm.entc empírico, ou seja. no tjue diz resipeiio à sensação?
A qualidade da seu&ivão é sempre meramente empiriea^ não podendo de
modo algum ser rcpre&enuuJa 0 priori (pur exemplo core*. ^usto etc.). Mas 0
real que corresponde âs sensações em geraJ. cm oposiçào â negarão = 0, só
representa algo cujo concciui contém cm si um ser. e não significa senão a simesa
numa consciência empírica em geral. No sentido interno, a saber, a consciência
«mpiiicu pode se elevar de O uté um jirau qualquer mais. elevado a ponto de
a mesma quantidade extensiva da intuição ípor exemplo «ma superfície ilumina
da) suscitar uma sensação ião grande como a de um agregado outras
superfícies em conjunto (menos iluminadas). Portanto, pode-se abstrair inteira­
mente da quantidade extensiva do fenômeno J 0 contudo representar-se num mo­
mento* na simples sensação, uma síntese da elevaçao uniforme de 0 ate uma
consciência empírica dada. Por Isso» iodas us sensações enquanto tais são em
verdade dadaã só a priori,*“ mas sua propriedade de possuírem um £rau pode
ser conhecida á priori. É digno dc nota que nas quantidades. em geral só podemos
conhecer a priori uma única qualidade, a saber, a continuidade, ao pasgo que

** Mellin {M ãrgM ulten untl Kegtstifr ztt A"o n n Krttik ttvr reúwn Venm nft, bulUchau, 1I'M ) *nvjJiiTi:a esk
ividenit dcslijçe de Kani substituindo ~ a priuri" por “ a posiecsorT. ( N, do^T.l
122 KANT

em toda u qualidade (o real dos fenômenos) não podemos conhecer 3 príori senãn
a quantidade intensiva dos fenômenos, a saber, o fato de possuírem um grau;
iodo o mais é deixado â experiência,

3. Anahgtas da experiência

O princípio das mesmas é: A experiência só é pftssível mediante a represen­


tação dc uma conexão necessária das percepções-

Prova

Experiência ê um conhecimento empírico. Isto c, um conhecimento qut de*


termina um objeto mediante percepções. Portanto, c uma síntese das percepções
que mu) eslà por sua vez contida na percepção, mas contém numa consciência
a unidade ftimética d« múltiplo das pcrcepçòcs* unidade que perfaz o essencial
dc um conhecimento dos objetas dos sentidos* isio c. a experiência (rtâo / apenas
da intuição ou da impressão dos üeniidosH Ora, c claro que nu cspcriòndíi ay
percepções se juni.iffl umas às outfas apenâ:. iieidciuuJincmc, dc rnodt» que das
pcrccpçoes mesmas não resulta nem pode resultar nccessitUidc alguma da sua
concxãsx Com efeito, a aprccnsàu é só uma reunião do múltiplo da intuição em­
pírica. mas nela não se cneontn nenhum.i represem ação da necessidade da exiv>
tcnciü lidada do* Icnòmcnos que cia reúne no espaço e no tempo. Mas visto
que £i expericnciít c um conhecimento de objetos mciliunte percepções tr que nela
conseqüentemente a rei ação na existência do múltiplo deve ser representada não
como ó reunida na wmpo. mas como é objetivamente no tempa, sem contudo
que o tempo mesmo possa ser percehido, çntào a determinação da eKísiêncta
dos objeto* no tempo só pode acontecer através da sua Jígaçâo no tempo cm
gcraL por conseguinte através dc conceitos que conectem a priorv. Ora. tendo
em vista que esles sempre tracem consigo a neccysidadè. a eKpcricncin só é possí­
vel mediante uma representação da concxâo necessária das percepções.
Os três modi do tempo são perm anência, sucessão e simuftetneidadv. Em
conseqüência di-^so, três regras dc iodas as relações dc tempo dos fenómenos,
segundo as íjuats a cxistcucía de líhIu fenómeno pode scr determinada no tocante
à unidade dc iodt> t>«empo. precederão toda n csp criência e a xonmrào primeíra-
fflerue possível.
/ O princípio universal dc iodas as três analogias sc assenta sobre a uni­
dade ncccH.wia tia apertepçao com respeito a toda a consciência empírica possí
vd (da percepção) íw todo lernpa e conseqüenLemenie, já que tal unidade subjaz
a priuri, sobre a unidade sâncélicu dc iodos os fenômenos segundo n sua rdaçào
no tempo. Com efeito* a npercepção originária rcfere-sc ao sentido interno Ca
conjumo de iodai as rcprcsmiaçòes), e na verdade a priori â forma do mesmo,
isto é, à rctaçao da consciência empírica múltipla no tempo. Tado este múJtiplo
deve ser ora reunido na apercepçào originária segundo suas relações de tempo,
pois isto è o que diz a unidade transcendental a priori da aperecpção. sob 3
quai está tudo o <juc deve pertencer ao meu {isio e. ao meu unitário) conhecimen
to. que pode portanto tornar se um objeso para mim. Tai unidade sintética na
relaçao Lcmporal de todas as percepções, a qual é determinada a priori, c portanto
a lei de que todas as determinações empíricas de tempo têm que estar sob regras
da determinação universal dc tempo, as analogias da experiência, das quais que­
remos agora tratar, tem que ser regras de Lal espécie.
Rstes princípios possuern em si a peculiaridade de cião considerarem os fenó­
menos e a sinLcse dc Sua intuição empírica* mas simplesmente a existência dos
fenômenos c a sua relação recíproca no tocante a tal exístêncFa. Ora, a maneira
como algo é apreendido no te / nõmeno pode scr determinada a priori de modo
tal que a vegra dc .sua üínte&e possa ao mesmo tempo dar esta intuiçát* a priori
cm lodo o exemplo empírico que sc apresente, isto é, possa eonstíluá-la a partir
di.vso. No entanto, a existência düs fenômenos nào pode ser conhecida a priori
e. cmhuFa pudcs&cmus por este caminho chegar a inferir alguma exjsteneía* não
a conheceríamos determinadamênlo, isto é. nào poderíamos antecipar aquilo pelo
qual a sua iniutçâu empírica se distingue de outras.
Os dois princípios precedentes, que chamci matemáticos cm consideração
ao fato de que autorizavam aplicar ;t Materruitíea a fenômenos, referiam-se a
fenômeno^ segundo a sua mera possibilidade e ensinavam como os mesmos seja
segundo suíi intuição ou segundo o real d a sua perccpçàü. poderiam ser produzidos
segundo regra» de uma síntese matemática. Por isso. lanto para a intuição como
para 0 percepção podem ser usada* 115 quantidades numéricas c. com ela.v. a
determinação do fenômeno Como quantidade. AR&am, por exempkv* com üirea
dc 200 000 iluminações lunares poderei compor o grau das sensações da lu? solar
e da-Eo determinadam ente a priori. isto ê. construí lo. Conseqüentemente. aquetc*
primeiros princípios podemos chamar ccimiitulivov
Algo totalmente deverso tem que se passar com os principios que devem
pôr a priori sob regras a existência dos fenômeno.«!. Com efeito, já que csin não
sc dtiixa construir, uiis princípio» / se reftírcm apenas à retação da existência»
nâo podendo fornecer nenhum oulro principio seniio reguteifrox. Portanto. não
é o ea*»o de pensar aqui nem em axiomas nem erra íintccipações; m^s quando
uma perccp^iio aos é dadu numa relação de tempo com ouira (se bem que indeter
minada). então nào poderá ser dito a priori", qual ouira c quão grande pcrcepçào,
mas. como segundo a existência da está* neste modo do tempo, necessariamcnu
ligada à primeira. Na Filosofia, as analogias significam algo muito diferenie do
que na Matemática. Nesta última, trata-se de fórmulas que estabelecem a igual
dade de duas relações dc quantidades e que são sempre catmhutivas, de modo
que quando são dados irçs termos d» proporção, também u quarto será devse
mod« dado, iuio é. pode hcr construído. Na Filosofia, porém, a analogia nao
consiste na igualdade de duas relações quantitativas, mas sím qualitativas, em
que a partir de três termos dadüíi posüo ccnhecçr e dar a priori se a relação
ei>m um quarto* mas não este quarto termo, mesmo possuindo todavia uma regra
124 KANT

para procurá-lo na experiência e uma característica para encontrá-lo na mesma.


Uma analogia da experiência será, portanto, somente uma regra segundo a qual
a partir de percepções deve surgir unidade da experiência (não cunw surge a
própria percepção, enquanto intuição empírica em ecralK e valerâcomo principio
para os objetos {fenômenos) não constitutiva, mas só regu f Lativamenie. Justa­
mente o mesmo valerá para os postulados do pensamcnLo empírico cm geral que
concernem conjutUamente à síntese da simples intuição {da forma da intuição),
da percepção (òa sua mutéria) c da experiência (da relação dessas percepções),
a saber, que sào princípios meramente regulativos discinguindevse em verdade
do.s matemáticos, que são constiLtiLivos. não pelâ certeza, que em ambos ê estabe-
Iccida a priori, mas pelo modo de evidência, isto é, pelo intuitivo dos princípios
matemáticos (por conseguinte também pela demonstração).
Mas o que Pui recordadu a respeito de iodos üs princípios sintéticos e aqui
precisa ser principalmente Observado, ê o seguinte: estas analogia* possuem sm
única significação ç validade enquanto princípios não do uso transcendental, mas
simpItíimenLc do uso empírico do cmcndimenLo, podendo portanto também scr
prosadas sú enquanto tais conseqüentemente, os fenômenos tòm que ser subsumi
dos nno pura e simplesmente às categorias, mas só aos esquema;; delas. Com
efeito, se os objetos aos quais cstçs princípios devem ser referidos fossem coisa s
errs si mesmas, seriji compíctamenic impossivcl conllccer dc modo sintétlcu â
priori alguma coisa a respeito deles. Ora. não s&> senão fenômenos cujo ímoiro
conhecimento, em que finalmente iodos os prinâipios a priori Lem sempre que de­
sembocar, e a experiência possível. Por conseguinte, aqueles princípios não po
dem ter Como objetivo senão simplesmente as condições da unidade do conheci­
mento empírico / na síntese dos fenômenos: esta. porém, é pensada unicamente
no esquema do conecito puro do entendimento de cuja unidade, enquanto uma
sirUeíM cm giCnil, U categoria contém a função nâo restringida com condição
sensível alguma. Portanto, somente segundo uma anaJogiu esses princípios nos
autorizam a compor os fenômeno« eom a unidade lógica c universal dos concei­
tos; logo, no princípio mesn>o autorizam-nos a nys servir da catcgoria. mas na
execução {na apJicaçâo ans .fenomonos) 4 pòr no lugar dos princípios u e^queena
da categoria onquanto chavc do seu uso, ou unLes a pôr ao lado da categfjria
o seu esquema enquanto condição restririvu denominada fórmula do principio,

A. Primeira analogia

Princípio üti pvrmanêncía da xubsráncm

hm ioda a variação doa f e n ô m e n o s permüneee « s u b s t â n c i a . f ú


quaruitm da mesma não ê nem aumentado nem diminuído na natureza.

Prova

Todos os Jèíiònienos são no tempo, no qual, eomo üubstrato (como forma


CRÍTICA DA RAZÃO PURA 125

permanente da intuição interna), podem unicamente ser representadas tanto a aí


mvllaneidade como a sucessão. Portanto, o tempo, no qual toda / a variação ???.
dos fenómenos deve ser pensada, permanece e não muda porque c aquilo em
que a sucessão ou a simultaneidade só podem ser representadas como determina
çòes dele. Ora. o iempo nao pode sçr percebido p o r si Logo tem que ser eneon
trado nos objetos da percepção, iilü e* nos fenômenos, o substrato que representa
o tempo cm geral e no qua] teda a variação ou simultaneidade pode nçr percebida
na apreçnsâo através da reÊaçào dos fenómenos com tal substrato. Mas o substra­
to de todo o real, isto é. do pericrtLcnte à existência das coisas, é a substânciat
na 4 uai ludo o que pertence à existência só pode ser pensado como determinação.
Por conseguinte, o permanente, unicamente um relação com o qual podem ser
determinadas todas as relações dç tempo doa fenômenos* e a substância nü fcnó
mero- islo £, o real dele que enquanto substrato de toda a variação permanece
sempre 9 mesmo. Porlamo. vistu que a substância nao pode mudar na existência,
o seu quantum nao pode também nem aumentar nem diminuir na natureza,
A nussá aprçetisâo do múltiplo dt)$ fenômenos e sempre sucessiva, c portan
lt> sempre variável. K>r isso, apenas com cia nao podemos jamais determinar
se esse múltiplo enquanto objeto da e^péfièneia é tirnuliáneo ou sucussivo caso
nào lhe suhjíua algo que sempre ê, i&to c. algo estúve! e permanente, do qual
toda / a variação c simultaneidade nHo suo yenüo oulrus tantas modos (rtUidí jh
do tempo) dí> permanente existir.
Só no permanente &âí> possíveis relâçòcs de tempo (pois simukaneídade c
sucessão são au> únicas reiações no tempo), Uto é, o permanente é o substrato
dn representação empírica do próprio tempo e umeumme nele é possível todn
determinação de iempo, A permanêndn expressa cm geral ü tempo como 0 Corre­
lato cona.lar.tc dc toda a cxiirència dt>s (enòmenos, de ioda a variarão e concomi­
tância, Com cfeho. a variação nuo aiingo o proprio tempo» mas apenas os fenô­
menos no tempo (assim avmo a simultanaidadc nào é um moduh do próprio tem
po, pois nenhuma de suas partes c simultânea, mâb iodas são sucessivas*. Sc
se quisesse atribuir ao próprio iempo uma sucessão, ter se-ia que pensar ainda
uni oum> wmpo no qual fosse possivd tai suecsKãü. Unicamente alravús do per
manente a exivtêrtcia adquira, em diferentes partes d£t série temporal* uma quanti-
ilude nue se dyrtomína duração. Com efeito, na mera suees$ão a existência csiá
sempre em vias de dcsapareecr e começar, nao possuindo a menor quantidade.
Sem cüEe permanente nao há, porianto, nenhuma relaçao de tempo. Ora, o tempo
nâo pode ser percebido em $i mesmo; logo. este permanente; nos fenómenoj; é
o Mjbstrato de ioda a determinarão de tempo, por conseguinte lambém a condt
i;ao da, possihilidade de toda a unidade sintética das percepções, ísio í„ da expc
riência, em taJ permanente / podendo toda a existência e ioda a variação jiv
no tempo ser encarada apenas como um modus da cxtstcnda daquilo que Hca
e permanece. Portanto, em todos cs fenómenos o permanente é o objeto mesmo,
isto é ;t substância (phaenomenon)* mas tudo que muda ou pode mudítr pertence
somente à maneira como esta substancia uu estas substanciai existem, pôr cquac-
gimue às suas determinações
126 KANT

Creio que erra iodos cs tempos na-a somente o filósofo, mas- mesmo o enten­
dimento comum pressupôs esta permanêneia como um substrato de toda a varia-
çã« doí> fenômenos e também sempre y admitirá como indubitável, apcua« com
a diferença de que o filósofo se exprime mais determinadamente a respeito ao
dizer que em todas as mudança^ no mundu a substância permanece e apenas
os acidentes variam* Todavia, não encontro cm pane alguma nem uma simples
tentaLÍva de prova desLa proposição tâo sintética: antes, só raramente se encontra,
como lhe seria contudo devido, no vértice das leis da natureza, que são puras
e subsistem inteiramente n priori. Dc Fato. é tautológica a proposição de que
a substância è permanente. Com efeito, esta pcrmanencia è a única raiao pela
qual aplicamos ao fenômeno íi caiegorta da yubütárída, e tcr-sc-ia que provar
que em todos os Fenômeno* há algó permanente no qual o mutável não passa
ds determinação da sua caístência. Todavia, visto que semelhante prova jamais
/ poderá ser levada a cabo dogmatícamçntç* isto ê, a partir de conceitos, pelo
Fato de dizer respeito a uma proposição sintética a priori. e de jamais se ter
pen.sado que semelhantcí; proposições sào validas só com referência ã cxpcncdcia
possível, por conseguinte lambem sò podem ser provadas por uma dedução da
possibilidade da última: então não é de espantar que tal proposição estivesse
subjacente a toda á experiência (porque no conhecimento empírico se sente a
sua ncctttòidtKfc). ina& jamaíà foi provada.
Perguntou se a um filósofo: quanto pesa a fumaça? Respondeu: subtrai da
lenha queimada o peso da cinza quu restou c terás o peso da fumaça. Foritmto»
pj-essupõs incontestável que mesmo no fogo a matéria (substância) não se destrói,
mas comente a sua Forma sofre uma aStera^íkx Do mesmo modo a proposição;
do nada não surge nada, foi somente umti rsutra concluso a partir do princípio
da permanência. ou ame^ da existência contínua du sujeito propriamente dito
nos fenómenos. Com efeito, ue aquilo que no fenômeno é denominado substancia
deve scr o verdadeiro substrato dc toda a determinação de tempo, então toda
a existência, tanto no tempn passado como no faturo, tçcn qm; poder ser determi­
nada única e exclusivamente na substância- Por isso, só podemos dar a um fenô­
meno o nome dc substância parque prchisupomos a .mfcü existência cm lodo o
tempo, o que de resto nem ê bem expresso pela palavra / permanência nn medida
em que esta db. mais respeito ao tempo fuiuro. Nào obsuLme. a necessidade inter­
na de permanecer está indissoluvelmente ligada à necessidade de ler sempre sido^
e a cKpressào pode portamo Ficar, Gi^ní dc nihilo nihiL. in nihilum nil posse
revertLJU foram duas preposições que os antigos jamais separaram» e que hoje
por mal-entendido às vezes sãa scponca.1. porque sc ctc que digam respeito a
coisas em si mesmas e que a primeira possa ser corurária ao mundo depondür
de uma causa suprema (até mesmo segundo a substância do mundo); preocupa­
ção essa que c desnecessária na medida em que aqui sc Fala só dc fenômenos
no campo dü experiência cuja unidade jamais ieria possível se quiséssemos fazer
Surgir coisas nova.£ (segundo a substância). F.m ial caso, efetivümente, seria iu-

35 N a d a é gerado dc nada. nada jjoüc revencr ao ftádu. (|N. U líST.)


presso aquilo que unicamente pode representar a unidade do tempo, a saber, a
identidade do substrato cnientlído como aquilo no qual toda a variação pode
unicajtienie ter uma unidade completa. Está permanência, todavia, nào é outra
coisa senão o modo de nos representar a existência das coisas (no fenómeno).
As determinações dc uma substância, que nào são outra coi&a senão modos
particulares dela existir, denominam sc acidentes. Sào sempre rtais porque con
temem à existência da substância (negações &âo apenas determinações que ex­
pressam 0 nào-scr de aígo na substância). Sc agora a este real / na substancia ?m
se atribui uma exi&téncia particular (por exemplo do movimento enquanto aciden­
te da materin), entâo se denomina tal existência inerência, em distinção à existên­
cia da substância que se denomina subsistência. Todavia, disso surgem muitas
interpretações errôneas, e sc fala mais exata e corretamente se se designar os
acidentes somente pelo modo tomo é positiv&menu; düLerm.tnada a existência de
uma substância. Não obstante, em virtude das condições do uso lógico do nosso
entendimento é tncviiávd separar por assim diíer aquilo que na existência dè
uma substância pode mudar, enquanto que a substância persiste, c considerá-lo
um reíação com o propriamente permanente e radical. Por isso, com eleito, esta
categoria está sob o título das relações, mais como sua condido do tjue ela
mesma contendo uma relação.
Ora* sobre essa permanência funda se também a corteçâa do conceito de
mudattçã. Surgir e perecer não sâo mudanças daquilo quç surge ou perece. A
mudança c um modo dc existir que resulta num outro modo de existir precisa­
mente do mesmo objeto. Por isso. tudo o que muda é e&távti, e somenh: o seu
estado varia. Portanto, visto que esta variação toca apenas as determinações que
podem cessar tw também começar, numa expressão aparentemente um tanto pa
radoxíil podemos di?.er: só o permanente (a substância) muda, / o instável nao 53.1
stofre nenhuma mudança mas uma variação, vhio que algumas determinações
cessam e outras começam.
Por conseguinte» a mudança só pode ser percebida em ãubstánciãs c o surgir
ou pérecçr pura e simplesmente. .sem concernir apenas u uma determinação do
permanente, nao pode constituir de modo algum uma percepção possível, pois
justamente esse permanente torna possível a representação da passagem dc um
estado a outro 0 de nâo scr ao ser4que portanto só podem ser conhecidos empiri­
camente enquanto determinações variáveis daquilo que persiste. Sc admitis que
alguma coisa começa pura e simplesmente a ser, tereis Que possuir um instante
em que nâo era. Mas a que quereis ligar tsl instante senão ao que já existe?
Com efeito, um tempo va/.io precedente nao é um objeto da percepção. Mas
se vinculais esse surgir a coisas que antes eram e perduraram até o momento
em que esta .surge, então a última é jcomcnie umíi determinação das primeiras
entendidas como o permanente. O mesmo ocorre também com o perecer: este,
com efeito, pressupõe a represemaçao empírica de um tempo em que um fenôme­
no não é mais. .
As substáncias (no fenómeno) são os substratos de todax as determinações
de tempo, O surgir dc algumas substâncias c o pcrccçr de outras suprimiria a
128 KANT

232 ünica condição da unidade empírica do tempo, / e os fenômenos referir-se-iam


entao a duas espécies de tempos nos. quais a existência decorreria paralelamente,
o que é um absurdo Dc fato. há só um tempo no qual todos os tempos diferentes
têm que ser postos não como simultâneos, mas sucessivamente.
A permanência ê por isso uma condiçàü necessária unicamente sob a Qual
os fenômenos são deLermináveis, enquanto coisas ou objetos, numa experiência
possível. Mas o que seja o critério empírico desta permanência necessária e c;>m
e)a da &ubstanciaJidadç dos fenómenos, o que se segue fcrne^er-nos á a ocasião
para as observações necessárias*

B. Segunda analogia

Princípio da suces&ãti temporal segundo a lei da causaiidadt'

Todas as mudanças actiiUeccnt segundo a ici da conexão dv causa c e/eito.

P ro v a

(O principio precedente pôs âs daras que os fenómenos da sucessão tempo­


ral sào iodos somcnit mudanças, isto é, um sucessivo ser e nào ser das determí
nações da substância que permanece, çonscqücniementé que não ocorre um ser
-J-* da própria substância o qual succdxi ao seu não-scr, em outras pala /vras, qut;
não oeorre o surgir ou perecer dtt própria substância. Ksic princípio também
poderia ter sido expresso da seguinte maneira: Toda a variação (sucessão) dos
fenômenos ê só mudança* Com efeito, o surgir ou perecer da subsiándu. não
é uma mudança dn mesma, pois o conceito de mudança pressupõe o mesmo
sujeiu» com duas determinações coniraposms enquanto existente, por consfig.ulrUc
enquanto permanente. — Apôs esta adverícncú*. segue-su a prova.)
Percebo que fenômenos kc sucedem, ím« c, que n u m tempo há um estado
de coisas contrário uo objeto que havia no estado precedente. Portanto, conecto
propriamente duas pcrccpwjocs no lerript». Ora, a conexão não é uma obra do
üiiUplus sen Lido c da intuição, mas 6 aqui o produto de uma faculdade sintética
da capacidade de imaginação que deturmínu o sentido interno com respeito à
relnçào de tempo. Tal conexão, porém, pode ligar de efuas maneiras os dois referi-
úoa ciados, de modo que um ou cmiro preceda no tempo: pois o tempo não
pode ser percebido cm si mesmo, nem em referenda a ele sc pode determinar,
por assim dizer empiricamente nn objeto, o que precede e o que sucedc. Sou.
porunto, somente Consciente que minha imaginação põe um estado arnes e outro
depois, e não que rto objeio um estado preceda outro; ou. cm outras paíavra.s,
i.T-í pela / rntra percepção fica indeterminada a relação objetiva dos fenómenos que
se sucedem. Ora, para ser conhecida como determinada, ã relação entre os dois
estados precisa ser pensada de tal modo que através dela fique necessariamente
determinado qual ddes deva ser posto antes e qua! depois, e não vice-versa, M.as
C R ÍT IC A D A ftA Z A O P U R A 129

q conceito quL* Lraz cynsi&o uma necessidade da unidade üimética pude scr apenas
um conceito puro do entendimento que nào j;i7 na percepção, e é aqui o conceito
da relação de causa e efeito, pel:> qual a primeira determina n segundo no tempo
tomo aquilo que succde e iiào c o m » alga que pudesse preceder meramente na
imaginação {ou nâo pudesse ser percebido simplesmente de modo algum). Por
tanto, só enquanto subordinamos a sucessão dos fenômenos e portanto toda a
mudança â lei da causalidade, é possível a espericncia, isto é. o conhecimento
empírico dos fenômenos: por issú. enquanió ohjetos da experiência estes só são
possíveis segundo precisamente aquela lei.
A apreensão do múltiplo do fenômeno é i^mpre sucessiva. As representa
çites das partes sucedem umas ás outras. A questão se também se sucedem no
objeto, concerne a um segundo pomo da refkxão nio contido no primeiro. Ora.
p<»de-.gc chamar objcío Ludo e mtsmc toda representação n;i medida cm que se
é consctenie dela; só que fí que esse termo / deve significar nos fenómenos, não 2Jí
na medida cm que estes {como representações) são objetos* mas apenas designam
um objeto, é du se investigar mais profundamente. Na medida cm que os fcnôrnc
nos só como representações são ao mesmo tempo ohjetos da consciência, nio
sc diMÍnguem de mudo al^um dü apreensão, isto ê. tly acolílimcnio na sintese
da capacidade de imaginação, devendo se portíinto dizer: o múltiplo dos fenôme
nus é sempre produzido 5uces>ivamemc na mente. Se os fenômenos Tossem coisas
cm si mcKima. a partir da sucessão da^. rcprcsciuüçòcs netilium homem poderia
julgar como õ múltiplo e^tá ligado no objeto. Com efeito, temos a ver somente
com nossa* representuçÕo$; sabei Coulo possam scr as coisas em si mesmas (sem
consideração das representações pelas quais no* afeiam). está completamente fo
ra da nossa esfera de conlwrimcniO' Qra. embora sem ser coisas cm si mesnm
os fenômenos sejam nào obsiamc o único que pode ser dado ao nosso conheci
memo, devo indicar que ligação no tempo deva scr atribuída a& múltiplo nos
Fenâmimos, já que a representação do múltipla na apreensão c sempre sucessiva.
Assim, por exemplo, a apreensàn do múltiplo no fenômeno de umn casa que
está diante de mim é sucessiva. Ora, a questão é m í o múltiplo desta mesma
casa c também cm si sucessiva o CjuC certamente ninguém concedera. Pur outro
lado, ião togo etevo rneus ccinecttos / dc um abjeto ã signitlcaçào transcendental. :,w,
a cusa não é absolutamente uma Coisa em si mesma, mas só um fenómeno* ísio
és uma representação cujo objeto transcendental 6 desconhecido, Que emendo,
portanto, com & pergunta: como pode o múltiplo scr lidado no próprio fenômeno
(que não é nada cm si mesmo}’.1 Aquilo que se encontra na apreensão guüvssiva
é aqui considerado representação: mas o fenômeno que me é dado, embora nao
seja scnâo um conjunto dessas representações, é considerado o objeto da repre
seniaçào w m o quaÊ deve concordar meu conceito, ^tte extraio das representa­
ções da apreensão. Já Que a concordância do conhecimento com o objeto é a
verdade, vé-se logo que aqu] só pode ser perguntando pelas condições formais
díi verdade empírie;i c que o fertóitieno, em contraposição às representações da
apreensão. só púde ser representado como objeto distinin das mesmas se está
sob uma regra que o distingue dc qualquer outra apreensão e torna necessário
130 KANT

um modo de ligação do múltiplo. O objeto é aquiio que no fenômeno contcm


n condíçào dessa regra necessária cia apreensão,
I Dei xai que agoni nos acerquemos de nosso problçma. Que aigu aconteça, is­
to é, se torne algo ou um estado que ames ïiâo cra, nâo pode ser percebido empiri-
23.7 camçnte / j»c nao preceder um fenômeno que nâo conicnha eni si esse estado. Com
efeito, uma realidade que sucede a um tempo vazîo, por conseguinte um surgir
;io qual não precede nenhum ^suido de coisas, pode ser apreendido tampouco
cornu u próprio tempo va?io. Porta nto, toda uprcensào de uni dado 6 uma percep­
ção que SüCede a uma outra. Mas visto que em toda a síntese da apreensão as
coisas se passam como mostrei acima n;> fenômeno de uma casa, emâo por isso
a apreensão ainda não &e distingue daí; outras. Não obstante, observo ainda que,
se num Tenòmcno que contém um acontecimento denomino A o estado precedcn
te da percepção e B o estado .seguinte. B só pode suceder A na apreensão, porém
a percepçSo A não pode suceder a E* mas precedê-la. Por exemplo» vejo um
rm-io descendo & conrenic. A minha percepção da. sua posição mais abaixo suce­
de a percepção da sua piffitçâü maîs acima no cur.so do rio, e c impossível que
na apreensão dssLi.* fenômeno o nuvit? devesse scr percebido primeiro mais abaixo,
porém depoix mais acirna da corrente. Portanto a ordem cio sucessão da& percep­
ções na apreensão c aqui determinada, e a apreensão está vinculada a tnl ordem.
No exemplo anterior dc uma casa, as minha*» pcrcepçòcs podiam começar na
23« apreensão do reto e terminar no miu chão, mas tambçm / começar embaixo c
lerminar em cima, do mesmo modo como podiam apreender â direita ou A ôv
qugrdu o rmílttpío da intuição empírica. Na serie dessas percepvõei não havia.
portanLtí, nenhuma ordem determinada que cornasse necessário onde eu teria que
começar na apreensào para ligar empiricamente o múltiplo. lisla regra, porem,
encontrar-se ã sempre lia percepção daquilo que ncontece. e ela >orna necessária
■ aordem das. percepções que se sucedem (na apreensão deste fenómeno).
fcm nosso caso. portanto, terei que derivar a .waessàa subjetiva da apreensão
da sucexsvo objetiva dos fenômenos. pois do contrário aquela seria inteiramente
indeterminada e nào distinguiria nenhum fenômeno dc outro. Por &í só* a primeira
íjueessão nada prova sobre a conexão do múltiplo ro objeto, poi& é completamen­
te arbitrária. Logo, a segunda consistirá na ordenação do jnúlttpfo du fenômeno
conforme à qual a aprccnsào de uma eoi*a (que acontece) sucede à de outra
(que pre.cedí) segundo uma regra. S 6 assim posso estar autorizado a dizer do
fenômeno, c não apenas da minha apreensão, que nele se encontra uma sueesaào;
o que significa que nào posso organizar a apreensão de outro modo scníio preci­
samente nesta sucessão.
Segundo uma tal regra, portnmo. naquilo que em geral precede um evento
:vi tem que residir a cou / diçào dc uma regra segundo a qual este evento sucede
sempre e necessariamente; mas inversamente nào o posso retroceder do evento
e determinar (pela apreensão) aquilo que precede. Com efeito, do instante que
sucede, nenhum fenómeno retrocede ao anterior, mas não obstam e se refere a
um tnsiúftie anterior qualquer; de um tempo dado, ao contrário, a progressão
ao tempo pOülerior determinado é necessária. Por isso, visto existir aígoque suce­
de* preciso necessariamente referi-lo a algo diverso em geral que precedi e ao
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 131

qual sucede segundo uma regra, isto è, necessariamente, de modo que enquanto
condicionado o evento remete seguramtme a uma condiçSfi tjualquer. esta contu­
do determinando o acontecimento.
Supondoue que um evento náo seja precedido por nada a que deva seguir
segundo uma regra, então toda a sutçssão da percepção è determinada meramçn-
rc nâ apreensão, isto é. apenas subjetivãmente; com isso, porém, não sc determi­
naria dc mudo aÊ&um objetivamente qual leria propriamente que ser o precedente
e qual o conseqüente nas percepções. Dessa maneira, teríamos somente um jogo
dc representações que não se referiria simplesmente a objeto algum, isto é, segun­
do a relação dc tempo nenhum fenômeno hc distinguiria mediante nossa percep­
ção de lodo outro fenômeno, Com ctcaio, a sucessão no apreender c sempre indi­
ferente. ü portanto nada há no fenómeno tjue o determine de modo a assim tomar
objetivamente neç&ssíria uma J tçrta sucessão. Portanto, nào direi que no fenó
meno dois estados sucedem um ao outro, mas que uma apreensão sucede a outra,
o que ú algo meramente subjetivo e nâo determina objeto al^um. nào podendo
portanto valer como conheci mento de qualquer objeto (nem mesmo no íenôme
no).
Portanto, se experimentamos que algo acontece* pressupumos sempre i\ue
prcccdc alguma coisa qualquer ú quâl aquilo segue segundo uma regra» Com
efeito, sem isso eu nào diria do objeto que ele sucede* pois a simples sucçssâo
em minha apréensào, se nâo é determinada mediante uma regra com referência
n um antecedente, não justifica sucessào alguma no objeto. Portanto, £ sempre
considerando uma regra, segundo a qual os fenómenos são determinados pcki
estaüo anterior em sua slíccãSííü , islo è. dn modo como acometíem, que torru>
objetiva a minha kínte&c subjeti va (da apreensão), c é unicamente sob esta pressu­
posição que ò possviveJ a experiência de algo que acontece,
Na verdade, isso paryçe contradizer iodas as obuervaçoe^ que sempre se
fizeram sobre o andamento df> uso de nosso emendímemo, segundo as quais só
mwlíamc a percepção e compararão de muitoi eventos que sucedem cm eoncor
dãneia com fenômenos precedentes fumos primeiramente eui / ados a descobrir
uru» regra eonforroe à qual certos eventos sucedem sempre a curtos fenômenos,
c assim primeiro induzidos a nos formar o conceito de causa. Sofcrç ta] base
este conceito seria merumente empírico, e a rej^ra fornecida por ele, dc que tudo
o que acontece tem urna causa, seria l3o contingente como a própria eKperíèndfU
a universalidade e necessidade desce cuncciio seriam então somenie fictícia.1 *£
não possuiriam nenhuma verdadeira validade universal por nào estarem fundadas
a prior», mas apenas na indução. Aqui se passa O mesmo que çom outras repre-
ücniações puras a priori (por exemplo espaço e tempo), qut: podemos extrair da
experiência como conceitos claros &Ó porque os pusemos na mesma e portanto
a constituímos primeiramente mediante Laís conceitos. Ciaro que a clareza lógica
desLa representação de uma regra determinante, enquanto conceito de causa, da
série dos eventos su e possível se tivermos ídto usn dela n:i experiência; por
outro lado, uma consideração dela como condição da unidade sintética dos fenó­
menos no tempo, foi O fundamento da experiência mesma c portanto a prcccdcu
a priori.
132 KANT

Trata-se, portanto, de mostrar atr&vés dc exemplo que na experiência jamais


atribuímos ao objeio a sucessão (de um çvento. já que acontece algo que anterior­
mente nào era) k a distinguimos da sucessão subjetiva da nossa / apreensão ape
nas quando lhe subjaz uma regra que nas obriga a observar esta ordem das per­
cepções antes que uma outra, que cs ca obrigai oriedade é até o que propriamente
torna primevo possível a representação ite uma sucessão no objeto.
Temos em nos representações dí*s quais também podemos nos tomar cons­
cientes, Por mais cxten&a, exala ou pontual que esta consciência .seja. tma-sè
sempre de representações, isto é, d« determinações internas da nossa menlc nesta
ou naquela relação dc tempo. Como ehügamos, porém, ao falo rfe que pomos
um objeto para essas representações, ou que além da sua realidade subjetiva,
enquanto modifícaçòêâ Ilie atribuimos ninda urna nao sei qual realidade objetiva?
Significação objetiva rtào podi; consistir na referência uma outra representação
(divquiíò que ac queria chamar objeto). poU do conlririo se renova a pergunta:
como esta representação a&i de novn dc si mesma e obtem significação objetiva,
alcm da suhjetiva que lhe é própria como determinação dõ estudo da mente?
Sc investigamos que nova propriedade a referência a urn objeto confere ãs nossas
reprcseniaçòcs e que dignidade estas íiicsnçam através disso, descobrimos que
tal referência nao faz senão tornar dc ccfío modo núccàsária a ligação das repre-
semaçõea. submetendo-as a uma regra: e que, inveramente, sd mediante / o iaio
dc que é necessária uma certa ordem nu rdaçâo de tempo das nossas representa
çòes Ihfcs c Conferida uma significação objetiva.
Na símesc dos fenómenos.« múltiplo das representaçõw ê sempre sucessivo.
Ora, através disso não é de modo algum representado um objeio, porque através
dessa sucessão, comum a iodas as apreensões, rtenhuma cokja difclinguir^sc-á do
outra. Mas tuo logo percebo ou presumo que cm tal sucessão haja uma referência
ao üütado anterior do qual a represcnwtçno resulta swgundo uma fegra, cmão
algo c representado como evgiUO ou que acontece aí. isto c» conheço um ohjeto
que preciso pôr no Eempa num certo lugar determinado e que* segundo estado
anterior, nào lhe pode ser conferido de PUlra maneira. Portanto, sü percebu que
alguma ci>iíia iituutcee. entâo nesta represemaçAo está conitdu o falo de que algo
precede. pois justamente com referência a tal o fenômeno obtém sua rclaçãt) de
tempo, a saber, dc exiuúr segundo um tempo precedente no qual tal fenômeno
ríüu era. Ncs*a relação, entretanto, este pode obter o seu lugar deierminadn nn
tempo só pelo Tato de que no estado precedente £ pressuposto algo ao qual ele
sucede sempre, isto 5, segundo uma regra. Disso resulta, efetivamente, primeiro
que não posso inverter a síérie, nem por aquilo que acontece antes daquilo ao
qual sucedo; segundo, que se o estado prcce / denEe é posto, tal evento determina­
do segue inevitável e necessariamente. Com isso acontece que cm nossas repre­
sentações se estabelece uma ordem na qual aquilo que é presente (na medida
em que ses cornou) acena a um estado precedente qualquer como um eorrclaio.
embora ainda indeterminado, deste evento que é dado. Tal correlata refere-ac
a este evento determinando-o como í>ua conseqüência e conecta esta úhíma neces­
sariamente con»i&o mesmo na série temporal.
CRÍTICA DA RAZÃO PURA m

Orav se é uma condição form al de todas as percepções que o tempo anterior


determine necessariamente aquele que o segue (enquanto não posso chegar ao
seguinte senão mcdtante q precedente), então c lambem uma indispensável lei
da representação ampirica da serie temporal que os fenômenos do tismpo passado
determinam toda existência do tempo subseqüente c que estes íertõmenos, enqua»-
io eventos, nào ocorram senào na medida em que aqueles determinam a sua
existência no (empo, isto c, a estahçJecem segundo uma regra. C o m efeito. só
nos fenômenos podemos conhecer empiricamente esta.continuidade na intercone-
vâo dos tempos.
A toda it experiência e n sua possibilidade pertence entendimento, e a pri­
meira coisa que este Ta/, para tantã não c utrnnr clara a representação dos obje­
tos. mas. tomar possível a representação de um objeto cm geral. Ora* isto ocorre
pelo lato / de ele transferir a ordem Eemporal aos fenómenos e sua existência
ao conceder a cada um deles, comu sucessão» uma posição nc>lempo determinada
a priori com respeito aos fenômenos precedentes sem a qual nüo concordariam
com o própria tempo que determina a priori a posição a todas as suas partes.
Ora* esta determinação da posição nâo pode ser tomada da relação dos fenòmu-
nofc com o tempo absoluto (que nào é. eletivamunie* um objeio da pereepção).
mas inversamente os fenômenos têm que dotcrminar uns aos nutro* suas posições
no tempo v lorná-las neces&àrias nu ordem tcmpoml, isto c* o que sucede ou
acontece tvm que seguir xejtundo uma regra universal ao que estava contido no
estado precedente. Dispo resulta uma sériçde fenômenos que. mediante 0 entendi­
mento. produz e lurna necessária. na série das pcreôpçôcs possíveis, precisameme
a mesma ordenação e inccrconcxào cuulinua lirtcomrada a priori na forma da
immvão interna (o tempo), na qual rodas* as percepções tcriiim que cer o xcu
lugar.
Portanto*que algo acunteec é uma perccpçüo pcrtcncente a uma tixpericflcia
possível que se terna real quando encaro n fenômeno como determinado no [em­
po segundo o sua posição, por conseguinte com»? objeto que pode sempre ser
enconifado segundo uma rcíira no eomcxn> das pcrccp^ões, A / regra. porém,
p:irít determinar aí£o *cgundo a suoesívào icmporai c esta: a condição sob íi qual
segue sempre (isto é, necessariamente) o evento deve stir encontrado naquilo que
pruceik. Portanto, o principio de raíião suficiente é o fundamento da cxpcriènda
possível» a saber, do conhccimcnu) objetivo dos fenômenos no tocante às suas
relações na série sucessiva do tempo.
O àrgiimciuo dessa proposição repousa apenas sobre os <u»gulnu.‘s momen­
tos, Para iodo f>conhecimento cmpjrieo requer s-c a siniesc do múkiplo peta capa­
cidade de imaginarão, qut é bempre suCtí-sxiva: ikio è. as representações sucedcm-
sc fcempre neta, Na capacidade de imaginação, porém, a sticcssào não c de modo
algum determinada segundo a ordem (o que deve anteceder e o q.ue deve seguir),
c a serie das representados sucessivas püde ser tomada isnm regressiva cojTiu
progrcíssivamenre. Todavia, ve « iraiar de uma miUcsc da apreensão tdo múltiplo
dc um fenômeno daüo). ciHào a ürdem é determinada no objeto ou, para faiar
mais precisamente, na upreerisão hã uma ordem da siruese sucessiva quedetermí
]34 KANT

na um objeto e segundo a qual algo tem necessariamente que preceder de modo


que se esLe é posto a outra tem necessariamente que seguir. Portanto, se a minha
percepçSo deve conter o conhecimento de um evento, a saber, de algo que real*
Tncrttc acontece. então precisa ser um juizo empírico no qual se pensa que a
sucessão seja determinada, islo é, que tal evento pressuponha* segundo / o tempo,
um outro fenómeno ao qua) segue necessariamente ou segundo uma regra. Em
caso contrário, se pasto o antecedente o evento não sucedesse necessariamente
e, eu teria que considerar a minha percepção um mero jogo subjetivo da minha
imaginação, c se não obstante representasse nela algo objetivo, devçria chamá-la
um puro sonho. Portanto, a rclaçào dos fenômenos ícomo percepções possíveis)
segundo a qual o conseqüente (o que acontece) é quanto ã existência determinado
necessariamente por algum antecedeiUt?. por conseguinte a rdação de causa e
efeito, c a condição da validade objetiva de nossos juízos empíricos com vistas
à stírie das percepções isto ê, da verdade empírica tie tais juízos c portanto da
experiência- Por isso. o principio da relação cuusál na *ucessâo dos fenômenos
vale tambem ante* de todos 0 & objetos da experiência (sob as condxçoes da suces­
são), pois ele mesmo é o fundamento da possibilidade de uma Lal eíperiência.
Aqui, porém, se externa ainda uma dificuldade que deve scr eliminada. 0
princípio díi conexão causal sob os fenómenos lim ití.^ . em nossa fórmula, à
série sucessiva dos mesmos já que no uso de tal princípio sc descobre que cie
se adapta Lambém à concomitância cios fenômenos e que causa e deito podem
ser simultâneos Por e*citiplp, nu quarto há calor que nâo pode scr encontrado
ao / ar livre, Olho cm torno de mim procurando a causa, e encontro uma estufa
acesa. Ora, esta enquanto é causa e simullánea com 0 wu efeito, o calor do
quarto= Porianio. segundo o tempo nao há aqui série sucessiva alguma entre cau*
sa c efeito* mu* ambos são simulúncos e nâo obstante a lei c válida. A maior
parie das causas atuantes na natureza e simultânea aos acus efeitos. e a sucessão
temporal dos últimos é devida somente ao fato de que n causa nào pode produ/.ir
o seu efeito complcw» num único instante. Mas no instante em que o efeito surge
pela primeira vei\ é sempre simultâneo com a causalidade de sua causa, pots
sc «$ia tivesse cet&udo um ínsianic antes, o ctciio nâo teria subido. Aqui se
deve observar bem que se considera o ordem do tempo c nfip o seu decorrer;
â relação permanece, mesmo que não Lenha decorrido tempo algum. O tempo
entre a causalidade da causa c o « u efeito imedialo pode ser e\mescenie {causa
e efeito, portanto. podem ser simultâneos), mas a relação de uma coo» ouiro con­
tinua nào obstante sempre determinável segundo o lempo, Se considero çausa
uma esfera que se encomra sobre um travesseiro cheio e nele imprime uma covi­
nha, então a causa é simultânea com o efeito, Distingo os, todavia, entre si me­
diante a rciaçào temporal da eoncxào dinâmica de amboii. Com efeito* quando
deito a esfera sobre o travesseiro, emão a sua figura plana sucede uma covinha;
se. porem, u travesseiro tem (não sei / de onde) uma covinha a isso não se se&uc
uma esfera de chumhn,
Púr isso a sucessão temporal £ certamente o único critério empírico do efeito
com referência a causalidade da çausa que precede. O copo é a causa da água
clivar-se acima dc sua superfície horizontal, se bem que ambos sejam simultâ­
neos. Com efeiux tão logo tiro com o copo a água de um vaso maior, resulta
algo, a saber, a mudança do estada horizontal que a água possuía antes* num
estado côncavo que da assume no copo.
lista causalidade leva ao Conceito dc açâo, esta ao conceito dc força e deste
modo no conceito dc substância. Já que nào quero misturar a minha tarefa críti­
ca, que se volta unicamente para a* fontes do conhecimento sintético 3 prityrL
com decomposições concernentes apenas à elucidaçào (nâo à ampliação} dOü
conceitos, remeto 3 um futuro sistema da razão pura a discus&âo detalhada de
Uis conceitos; se bera que uma tal análise já sm encontre cm grande medida nos
ate agora conhecidos manuais desLa espécie. Não posso, todavia, deixar intocado
o critério empirico de uma ^ubsíâneia na medida era que parece se manifestar
pela pcrmancitcia do fenômeno, mas melhore maisfacilmente pela açSo
/ Onde há ação, por conseguinte aiividadc c furça.aí há lambem substância, 2sn
c unicamente nesta deve ser procurada a wde daquela fecunda lonie dos fenôme­
nos. Isto está muito bem diLo: mas quando se quér esclarecer o que se emende
por substância e aí evitar o círculo viciosa, untão não é tão fácil encontrar unia
resposta. Comu se pode a partir da ação inferir imediatamente a permanência
do agente, que é umn caructemiica íàu essencial e peculiar da substância (phae
nomenon)? No $ntamo, pelo que disse acima n solução da quosiâo não comém
semelhante dificuldade* cuiiquamo seja completamente insoíúvcl segundo o modo
comum de proceder (so analiticamente, cam os nossos conceitos). A açâó signifi
ca já a rduçâo do sujeito da causalidade com t> efeito, Ora, vtsio que tudu efeiuj
Consiste naquilo que acontece» por consegui ruc no mutável designado segnndo
o tempo da sucessão. assim 0 ,sm‘uiio último dele é o pvrm«açníü cnquunio subs*
trato de iodo o variávçU isiv c, u substância. Com efeito, segundo 0 principio
da causalidade as ações são sempre o primeiro tuudamcmo dc toda a variação
dos fenumenos c não podem, portanto, residir num sujeito que muda. çlc mesmo,
pois do contrário scríam requeridas outras ímJõcs \i um OUiFO sujeito que detarmi'
nasse esm variarão. Ora, cm virtude cKusío, como critério cmpírico suíiciuíUe a
ação prova a substancia lidude / sem que cu tenha a necessidade dc primeiro iSi
procurar» mediante percepções comparadas, a pcrmitncnciu do sujeito, o que por
c-slc caminho não poderia atiãi ocorrer com 0 detalhamento requerido para a
extensão t; validade universal rigorosa do concdtü. Com efeito» que 0 primeiro
sujeito da causalidade de todo o surgir c perecer nSo possa ele mesmo surgir
e perecer (no campo dos fenômenos), cis uma conclusão segura que dcsúguü na
necessidade cmpíríca c na permonônçia na existência, por conseguinte no eoAcei
10 de uma àubsüncia como fenômeno.
Quando al&o accmtccc. untão o simples surgir um objeto de investigação
e já cm si momo* sem considerarão daquilo que surge. A pasaugem do nâu-scr
de um estado a este c*Lado, mesmo admitindo que este nâo contivesse ainda ne
nhuma qualidade no fenômeno, requer já por &i sò uma investigação. Como foi
mostrado nt> parágrafo A, esic surgir nào concerne à substância (pois esta não
*urge)Tmas ao seu estado. Portanto, é simples mudança, e não origem do nada.
KANT

Se esta origem ú encarada como deito dc urna cau^a estranha. então se chama
criarão. Ema não pode ser admitida entre o*> fenômenos como um eveoto na
medida em que a sua simples possibilidade já suprimiria a unidade da expcríèn-
cia. sc bem que, se ottio todas as coisas não como fenômenos mas como coisas
em si c cnrno objetos } do simples entendimento então mesmo sendo substâncias
cias j>odem ser consideradas como dcpertòenLes- quanto à sua existência, de uma
causa estranha. Um tal ponto dc vista, acaerctaria às palavras, no entanto, uma
significação completamente diferente e nào se adaptaria aos fenómenos enquanLo
objetos possíveis da experiência.
Ora. nât> possuímoso mínimo conceito a prion de Como cm geral algn possa
ser mudado.de como seja possível mie a um estado num instante de tempo pox>a
sucudcr um catado contrário noutro instante, Para tanto é requerido o conheci
mento dc forças reais que só podem scr dadas empincamentç, por exemplo das
forças motrizes ou. o que c indiferente.. dc ccrtos fenômenos sucessivos (enquanto
movimentos) que tais Forças indicam. Mas a forma dc toda mudança, a condição
sob a qual unicamente pode ocorrer como surgir de um outro estado (seja qual
for o seu conteúdo, isto é. o estado que é tnudadü)* por conseguinte a sucessão
dos próprias estados to acontecido), pode não obstante ser ponderado a priori
segundo a lei da causnt idade e as condições do tempo/ 0
/ Quando uma substância pasxa dc um estudo A a outro B. o rnsiante de
lempo do segundo estado é diferente do instante de tempo do primeiro e o scjjuc.
Do mesmo modo. enquanto realidade (no fenômeno) o segundo estado c diferente
do primeiro no quaJ não exibia lal realidade, assim como B £ üifurente dü v.ero:
isto é, se o estado R difere do estado A somente pela quantidade, ew 3U>a mudan
ça é um surdir de B A, eois-a que nuo era no estado anterior e com respeito
;i ele ii * 0 .
Pergunta-se. portanto, como uma coisa passa dc um estado = A a um ouiro
— B* F.nirí dois instantes h á sempre um lempn, ç entre doi?> csiadt>& sempre uma
difortóiiçíi, tjue possui uma quamidade f.pois todas as partés dos fenômenos sao
sempre de novo qurtmidodes), Poriam«, toda passagem dc um instante (1 outro
aeuniccc r.um tempo contido crtirj dots iflstanics, dos quais o primeiro determina
o estado do quaf a coisa procede c o segundo o estado ao qual chega. Ambos
são, purtanio. Iimiies dü lempo dc uma mudança, por conseguinte do estado in­
termediário emrc dois estados, c enquanto tais coperteneem â mudança intcÍTa,
Ora, toda mudança tem uma cousa que prova a sua causalidade durante iodo
tempo em que ocorre. Portanto. esta cansa nííó protíuz a sua mudunça de repuuc
(dc uma ve/, ou num instante), mas / num tempo c de modo tal que, assim como
o lempu cresce du insíante inicial a aié sua conclusão em 13. também u quantidade
da realidade (B-A) é produzida atra vás de todos os graus menores comido* emrc
o primeiro e o último. Por isso, ioda mudança só c poisível através de uma
açao continua da causalidade, que enquamo é homogênea se ehama u m nioincn-

Otiservu bc bem <quc nài.>falií da inutiança dc «nas rclaçõc*. em £Cf<tl, ma,s <fc mudança do esiado.
PiV Jssu. quando um cof|Xf w merve unifrurierncn Fí, náir rnuda absolutam ente o s«ni « iímJ * ídc movim ento);
mmJs ci, co n iu Ju . i|imndu o seu m ovim ínio aum enta w diminui.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 137

ta. A mudança não í constituída dc momenius, mas produzida através deles co-
rrto -u seu eleito.
Ora. essa é a lei da continuidade dc todas as mudança.^ cujo fundamento é
o seguinie: nem o tempo nem tampouco t3 rcnòmeno no Lempo consiste dc partes
que sejam as menores possíveis, e não obstsinic cm sua mudaria o eitado da
coisa passa por todas esms partes enquanto elementos a um segundo estado-
Nao há nenhumii diferença do real no fenômeno, a^im como nenhuma diferença
na quantidade du^ Lempos. que seja ti menor possível. Desse modo, 0 novo csUdo
da realidade emerge a partir do primeiro, cm que nàu era. através de todos os
graus infinitos dela, cujas diferenças entre si sào iodas menores do Mue a diferen
ça ciilrc zero c A.
Naç> nos Locu aqui saber qual a utilidade dc*sa proposição na pesquisa da
natureza. Mas saber como é possível inlcíramenLc a priori uma tal proposição
que parece ampliar a tal ponto o nosso conhecimento da natureza, rçqucr um
exame demasiado dc nossa parle, não obstante ü aparência a prove real c Correia
c que. / porlanlü. a genltr sc passa crer dfspsnsado da responder a pergunta de iíí
como foi possível utl proposição. Com efeito, há tão inúim:ra.s pretensões infun­
dadas de ampliar o nosso conhecimento através da razão pura que se prccÍNü
absumir, uomo princípio universaE. ser pur isso inteiramente desconfiado e nào
crer ou aceitar nada semelhante, mesmo com base na mais clara prova dopmáli-
ca. siem documentos que possam fornecer uma dedução meticulosa.
Toüo o crescimento do conhecimento empírico c cada crescimento da per
cep^So não c scnâo uma ítmpliaçiio da determinação dü .sentido interno* blo c.
um;i progressão no tempo- sejam quais forem os objcu>s, fenômenos ou iniuiçoes
puras. Esta progrcssüo no icnijio determina tudo e nào é em si mesma deiernima-
da por mais nada; ísu» é, as suas parte.s sao díidas só no tempo e atravé.s dc
&ua síntese, porCm náo ames do lempo* Hm virtude disso, toda passagem na por
cepçào a ;ilgo que sucede no lempo tí uma determinação do lempo mediante
a produção desta percepção: e visto que o tempo í syrnpre e cm iodas as suai
partes uma quantidade, aquda passagem é a produção de uma percepção como
quantidade através dc todos os graus, nenhum doa quais 0 menor, debde iero
aié o seu grau determinado. Orn. disso resutta clnni a possibilidade de conhecer
ii priori, segundo a sua forma, uma lei das mudanças. Só anteci / pamos nossa :sn
própria percepção, cuja condição formal tem cenamenteque poder sor conhecida
a priori por residir em nós. antes de todo o fenômeno dado.
Coiir,tít|íicrut;mcnii:, assim com ou lempo contem a condição sensível a priori
da possibilidade de uma progressão contínua daquilo que existe aquilo que
Negue, mediante a unidade da apercepçào o entendimento é a condiçàt) a priori
da possibilidade de uma determinação contínua de iodas as posições dos fenóme
nq$ neste tempo, atravêü da série dc causas e efeitos, cuja* primaras acarretam
inevitavelmente a existência dos segundos e deise: modo lornam váüdo para lodo
o tempo ( universalmente), por conseguinte objetivamente* o conhecimento em­
pírico das relações dc tempo.
(38 KANT

C* Terceira analogia

Principio d a s i m u l t a n e i d a d e segundo a l ei
da a ç ã í ) r e c i p r o c a ou comunidade

■Yfl medida em que podem ser percebidas no espaço como simultâneas, io­
das as substâncias eslão em constante ação reciproca,

Prova

Coisas são simultâneas quando, ijü intuição empírica, a percepção de Uttia


25*? pode suceder reciprocamente â pcr/cepção de ouira (o que não pode aeonte
cer na sucessão temporal dos Tenomenos, como Foi mostrado no segundo princi­
pio)* A^im , posso iniciar rrtinha percepção primeiro na lua e depois na terra,
ou Lambem ao cortirário primeiro na terra e depois na lua* e porque as percepções
dsj.sick objetos pintem suceder uma á outra reciprocamente* afirmo que existerti
simultaneamente. Ora, a simultaneidade é a existência dü múltipla no mesmo
tempo. Entretanto. nâo podemo.s perceber o próprio tempo para do tato ditó cot-
ssis serem pustas no mc^mo lempo depreender que as percepções das mesmaa
podem succder uma à outra recíproca mente. Portamo, a síntese da capacidade
dc imaginação indicaria na apreensão apenas uma <Jk cada destas percepções
comi? uma tal quç está no sujeito quando & outra nàu esiá v reciprocamente,
mas não ijue os objetos sâc simultâneos. isio é, que quando um é num lempo
o outro também é no mesmo tempo, e que* tslo c neces-sário pura que as pcrcep
ções possam suceder uma às ourras recipracamçnte* Por conseqüência. um con
ceUo do entendimento é cxipidô peia sucessão recíproca das determinações desm
coisas qu© existem simultaneamente umíts fora das outra* par» dixer que a suces
sào recíproca das percepções e«ia fundada no objeto e representa assim a simulta­
neidade como objetiva. Ora, a rclaçíio das substâncias, na qual uma contém dc
ísh terminações / donde r>fundamenio está contido na oinra. é a relação da influên­
cia e. quando esta contem reciprocamente o fundamento dns determinações na
outra, ;< rchçiío da comunidade ou ação rçeíproca. A simultaneidade das subv
lâncias no tempo não pode ser conhecida na experiência senão sob a pressupusi’
çào de uma ação recíproca das mesmas entre si; CKta c, pois. também a condição
da possibilidade elas próprias coisas como ubjeLos de experiência. Coisas sào
simultâneas na medida cm que exisiem num só e mesmo tempo. Em qu« se conhc
ce, entretanto, Que são num só e mesmo icmpo? Quando a ordem na síntese
da apreensao deste múltiplo é indiferente. Isto e, pode ir de A através dc B, C,
D aié E ou lambem ao contrário, de H até A. Pois se esta ordem fosse sucessiva
no lempo (na ordem que começa por A e acaba em E), seria impossível começar
por H a apreensão na percepção c remontar a A. porque A pertence ao tempo
passado é não pode mais ser objeto da apreensão.
Admitindo que numa multiplicidade de substâncias como fenômenos cada
uma delas> Fosse totalmente isolada, Lsio c, nenhuma atuasse sobre a outra nem
CRÍTICA DA RAZÃO PURA

reciprocamente sofreria influências da rmama então afirmo que a simulluneidade


da$ mesmas ttào sen a objeto de uma percepção / possívei c que a existência
de uma não poderta conduzir por nenhum caminho da síntese empírica á existên­
cia da ouiríi. Puis quando pensai:* que estariam separadas por um espaço lolat­
mente vazio, então a percepção que progride dc uma a o u tra no tempo determina­
ria sem dúvida sua existência mediante uma percepção ulterior, mas não poderia
drstmguir se o fenómeno segue objetivamente a primeira ou se lhe c antes simultâ­
neo.
Portanto, além da ssmplcü existência Lem que existir algo pelo qual A deter­
mine ia B nuíi posição no tem po, e tam bém ao contrário B a A , pois somente
sob esta condição as substâncias mencionadas podem ser representadas empírica
mente como axi.Uindo simuiíuneamenfe. Ora, só determinu ao oulro ücu lug&r
no tempo. aquilo que c a causa dele ou dc suas determinações. Portanto, ioda
subsíãncia precisa (já que só pode ser conseqüência com respeito a suns determi­
nações] conter a causalidade de certas determinações nas outras e simultânea
m ente os eleitos da c au sa lid ad e dü* uuiras cm si» isto é- precisam estar cm com u
nidade dinãiníCJi {.tmcdiaLíi ou mediutíim cntu) caso n Himuhaneida.de deva .ser ct>-
nhecida numa experiência possível qualquer, Ora. Itido isto v necessário nu tocan
te aos objetos da experiência, sem o que a experiência deste* mesmos objetos
wriu impossível. / Portanto, a todas as substâncias no fenômeno, na medida em
cjue simultânea^ c ficGQ&ftârio cMar etn ujcmamc cortiüiiidaüt: da ação reciproca
umas com outras.
A palavra comunidade tem doi?> sentidos em nossa língua c pode significar
tanto communio como commereium. Utili/undo-no* dela aqui no segundo senti­
do. corno umacõmuntdíidu dinâmica sem a qual mesmo n local [communio spatib
jamfti» poderia ser conhecida empiricamente. km experiências é Fácil no*
tnr que só as influências contínuas em todos os lugares do espaço podem tíirígtir
ilowo mentido de um Objeto a outro, que a lu? que brinca enrre nosso olho e
os corpos do mundo pode cfotivar uma comunidade mediata cMre nós e estes,
provando assim a simultaneidade dos últimos, que não podemos mudar empirica
munie de lugar (pcrccbcr ksijí mudança) que por toda a parte .1 nuiériu no.«
torní possível a percepção dc nom> lugar. « que o»ó por intermédio de sua influên­
cia rwiprocu a matéria jxjde provar sua simultaneidade e assim a coeiixLcncia
dos objetos {se bem que mediatamente), mesmo dos mai,s remotos. Sem comuni­
dade. toda percepção (do fenômeno no tempo) e*4d separada dits outras e a cadriu
de representações empíricas. ii>to e. experiência. reiniciaria tudo a partÍT de um
novo objeto / sem t|ue u amerior pudesse iqr qualquer inierconcxáo ou estarem
relação de tempo com íaio. Nào quero refutar com isto o espaço vazio, pots
ele pode nempre estar onde nno chega nenhuntü peixepção c unde por Unto não
ocorre nenhum conheci mcnlo empírico da simultaneidade; mas tal espaço dc mo­
do algum £ objeto para toda nossa experiência possível.
O que vem a seguir pode servir de esclarecimento. |£m nossa. mente c preciso
que Lodoü os fenômenos* como eonudt>s numa experiência possível, estejam em
comunidade (communio) da apcreepçào, e na medida cm que us objeiüS devem
140 KANT

ser representados como conectados existindo simultaneamente têm que determi­


nar seu lugar reciprocamente num tempo c através disto perfazer um iodo. Sc
tíSia comunidade subjçtiva deve repousar num fundamento objetivo ou ser referi
da a fenômenos como substâncias, então é necessário que a percepção <Jc um
Lome possível, como fundamento, a percepção do outro e assim reciprocamente,
para que a sucessão^ que está sempre como apreensão nas percepções* não seja
atribuída aos objetos, mas que estes possam ser representados como simultanea­
mente existentes. Mas esta é a inftucncia recíproca, isto c. uma comunidade real
(euirtmcrcium}das substâncias, sem a tjual ponanto a rclaçàu empírica da simul­
taneidade não poderia acontecer na experiência. Por este commercium os fenô­
menos constituem um composio (compositum reale) na medida em que estão
/ fora uns dós outros e mesmo assim em conexào. e semelhantes composiia tor­
nam-se possíveis de diversas maneiras- As irès relações dinâmicas das quais sur
pem todas as demais sâo, poí*, hs de inerência, conseqüência t composição.

* * *

Estas sào, portamo* as três analogias dit experiência. Nao sâo k£ji5o princi
pios da determinação da existência dos fenômenos no tempo segundo todos os
trés modos das mesmas, a rdaçáo com o próprio tempe como uma quantidade
(a quantidade da existência isto e, a duração), a rdaçào no tempo coma uma
serie (uma após a ouira). fínalmcme também nela como uma suma dc usdu a
existência {simuhaneamcntcH lista unidade da determinação temporal c inteira-
menití dinâmica, isto c. o tempo não ê considerado aquilo no quut a experiência
determinaria imediatamente a cada existência sua posição, o que é impossível
porque o tempo absoluto ^ào ç um objeto da percepção com oquíil os fenómenos
poderiam ser reunidos: mas a reyra do emendimeruo* unicamente através daquiil
a existência dos fenômenos pode receber unidade sintética secundo relações de
tempo, determina a cada um deles seu lugar no tempKj, por conseguinte a priori,
sendo válida para todo é qualquer tempo
/ Por natureza (no sentido empírico) entwidcmos a interconevão dos fcnòmc
nosquamo à sua existência, segundo rtgras necessárias» isto é, segundo leis. Por
tanto, ha certas íeis* e isto a priori, que tornam primeiro pnísívef uma naiurcea;
as empíricas só podem acontecer e ser cncontradas por meio da cxperiência. c
isto cm conseqüência daquelas Jeis originárias segundei as quais a própria expe
rtêneia é primeiramente possível, Nossas analogias apresentam, propeía-
mente a imtdade da natureza sm interconexao com todo* os fenômenos sob cerujs
exponentes, os quais nada mais expressam senão a rdíição do tempo (na medida
cm que abarca em si toda a existência) com a unidade da apercçpçâoTa qual
só pode ocorrer na síntese segundo referas. Bm conjunto di/.entí todoa as fenôme­
nos estiío numa natureza e devem estar nda porqusí sem esta unidade a priori
nao seria possível unidade alguma de experüjnçia. por conseguinte tampouco uma
determinação dos objetos na mesma,
Mas Sübre t>modo dc provar do qual nos uiilUamos nestas leis transcendcn-
tais da namrcza e sobre a peculiaridade da mesma, é necessário fazer uma obser­
vação qye deve ser ao mesmo tempo muito irnporlànie como prescrição para
cada outra [entattva de provar a priori proposições intelectuais e ao mesmo Lcm
po sintéticas- Se Uvésscmos desejado provar eslas atialogias dogmaticamente, isto
és a partir de conceitos* a saber, que tudo o que existe só é / encontrado lio
permanente, que lodo o yveniu pressupõe no çsi&cLq precedente algo ;io qual suce
dc cm virtude de uma regra,, enfim que no múltiplo que é simultâneo os estados
cm relação uns com os outros sào stmultâri.eos segundo uma regra (estao cm
comunidade), cnsào todo o esforço teria sido completamente em vão. Com efeito,
de um objete e de sua evlstência é absolutamente Impossível ir à existência de
um ouLro ou à sua maneira de existir mediante simples conceitos destas coisas,
qualquer que seja a maneira dc de&mcmbrá-los. O que nos rtsiou entào? A possi­
bilidade tia experiência como um conhecimento no qual todos os objetos têm
finalmente que ppder nos ser dados caso sua representação deva ter realidade
objeLiva parn nós. Ora* nesta Urrceira analogia, cuja Forma cssenciül consiste na
unidade sintética da apcrctfpção de iodos os fenómenos, encontramos condições
a prtori da determinação temporal umvtfrsaJ c necessária dc Loda a uxistènçta
tio fenômeno sem a qual mesmo a determinação temporal empírica seria impossí­
vel, c encontramos regras da unidade sintólica a príori mediante íls quais pude­
mos anlocipar a experiência. Na carência deste método e na ilusão de querer
provar do&maltcamente proposições sintéticas recomendadas, pelo uso empírico
do entendimento como seus princlpius* aconteceu que foi tentada uma prova do
princípio da razão suficiente com muita frequência mu« sempre / em vão. Nas m
duas analogias restanici nmgucm pen&ou, mesmo que sc as mnhâ utilizado tacita­
mente/ 1 porque faltava o fio condutor das categorín^j o único cap ai dc descobrir
c tornar notâda cada lacuna do entendimento, tanto nos conceitos quanui nos
princípios.

4. Os posiuhttfax do pensamento empírico cm gtrtil

1. Aquilo qtie Concorda com as condições formais da experiência (segundo


a intuição e os conceitos) ú possíveL
/ 2. Aquilo que se interconceia com as condições materiais da expericncía 3m.
(de sensação) c reai,
3. Aquilo cuja mterconcxào com o rcaJ esiá determinada segundo condiçíks
gerais da experiência ó (existe) httceísariamiwi?.

*■' i\ u n iJj u lc d o u n iv e rs o , i w l|míi| d e v e m cu ln r croncciadu-i o s k n à n n m p s , c ii uiiiiV.SLum cnic u m a


s im n lc i ç o ru c q u ê iiu iu <,!■> igtcit& ntentí a d m itid a j m n i i p ít i d a Lu m u n id a d d t k luiitt.-, «.* v i t a t à n c i a s q t t *3*'
simulúneuü' pnis. se csuii ffiswni iwjJud»m enquanto panes mão perfuriam um indc, t s í a tua coiií-xaít
(a ç ã o r e c ip r o c a d o m ú tlip to ) j á n » u fo n s í r h K í j ^ jr u i cm v irtu d e d a ^ rm ill^ n c iU a d c de-un úlciruA <**qunnt<i
uirta sim p fcs rçJitç ã o uleul n ã o se p o d e ria in fe rir a q u e la « íq u n m o u m a r o l a ç i o re al, N ã o ab atunit;, m o s lt a
m a s no lu gü r íjcividft que a c n m u n id .id f ç ivn p rin m e m e 1e fu n dn m tflu > il ? jK isb ibilíd iide d« um conlitfcirtueruu
c rtlp iric o d a C u t x tiic n c ia . c que p o r ia iH ii io m m t e p ro p ria m e n te v recroinFVr« a q u e la c o m o :uia co nd i
ç3a
142 ÍCANT

Elucidação

As categorias da m odalidade contêm cm si algo de particular; como deter


minaçãw do objeto, nâo aumentam nem um pouco o conceito ao qual são acres,
cenfadas como precisado, mas exprimem apenas a relação com a faculdade de
conhecimento. Quando o conceito de uma coisa já é totalmenie completo, ainda
assim posso perguntar deste objeto sc c apenas possível ou também reaí. ou,
sc o último íbr o caso* í>e é também nccessário? Com isto maís nenhuma determi­
narão è penada no próprio Objeto, mas se pergunta como esle se comporia {jun
tamente com todas as suas determinações) frente ao entendimento e seu uso em
pirico. n capacidade empírica de ju lg a r c à razao (ru* sua a p lic a ç ã o à experiên
c ia i?
Justamente por isso os princípios de modalidade não são senào cxpltca^òcs
dos conceitos de possibilidade, realidade e necessidade em seu uso cm pirico, e
com isto aç> mesmo tempo restrições de todas as categorias ao simpleü uso em­
pírico, sem admitir ou permitir o transcendental. / Pois. se eslas nào devem Ler
uma significação simplesmente lógica c exprimir a forma do pensamento analiti­
camente* mas devem concernir a coisas c suu possibilidade, realidade ou neeessi
dade* então é necessário que sc voliem para a experiência possível e Siua unidade
sintética unicamente na qual são dados objetos do conhecimento.
O postulado da passibifictath’ das coisas cKigç-i pois. quü o conceito das mes­
mas concurde com as condições formais de uma experiência cm geral. Mas esta.
a saber, a forma objetiva da experiência cm geral, contérn toda a símesc exigida
para o conhecimento do objeto» Um conceito que abarca cm si uma síntese deve
*cr considerado vazic c nào se refere a nenhum objeto caso esta .sÉntCRc nào per­
tença à experiência ou enquanto tomada emprestada da mesma, c cntào se chama
coHceiw Mttpirlca, ou enquanto condição a prion sohre a qual repousa a expe
riencia em geral (:i forma áu mesma), e então é um ctuteeito puro que ainda
assim pcrtunce à exporieneiü porque .seu ohjeio aó pode ser encontrado nela. Pois
de onde tirar o caráter du possibilidade de um objeto, pensado a priori por um
conteilo sintético, ‘ienão da simesc qyç per ta/ a formado conhecimento empírico
doâ objeioN? Que cm tal conceito não deva esiar comida nanhuma contradição
/ Ê uma condição lógica necessária, mas de modo alfium Mifieience para a realida­
de objetiva üo conceito, isto e, da possibilidade de ttm nhjcio tal como pensado
pelo conceito, As-sim, no conceito de um;t figura ctmtida em duas linhas relas
não hã contradição, pois as conceitos de duas linhas mia* ti di.* sua cotisãi> não
comem ne^açãu alyuma da llgura: íi impossibilidade nno repousa no conceito
em si mesmo, mas n;t construção do mesmo m> espat;ü. ísio ê. nas condiçõcs do
espayo c da determinação do mesmo, mas esifus lêm por sua vez sua realidade ob
jetívu. isto é* referem se a coi^s possivds porque tornam cm si a priori a lorma
da experiência geral.
Mostraremos agora a utilidade e a influência difundidas deste postulad» da
possibilidade. Quartdo me represento uma coisa ^ue é permanente de tal maneira
que ludu o que ai muda pertence apenas a seu estado, só a partir de tat conceito
nào posso nunca conhccer que semelhante eoisa é possível, Ou me represento
CRÍTTCA DA RAZAO PURA 143

qualquer coisa qtte deve ser constituída de maneira tai que, quando posta, outra
coisa a sucede sempre e inevitavelmente. e entâo isto pode certamente ser pensa­
do sem contradirão; mas com nuo pode ser julgado se tal propriedade (como
causalidade) è encontrada numa coisa possível qualquer. Finalmente, posso re­
presentar-rnc diferentes coisas / (subsLãncias! constituídas dc tal modo que o esta­
da de uma acarreta umií conseqüência tw estado da yuira e isto reciproca mcnlc:
rnas que semelhante relação possa <;er íUríbuída & coisa*, quaisquer nào pode
scr absoluUmcnLe depreendido destes amceiios, os quais contêm uma síntese
meramente arbitrária. Portanto, é só no Falo dukecs conceitos expressarem ais rela
ções das ptírcupçocâ em toda expe-néncia que se conhece a sup realidade objetiva,
isto é, $usi verdade transcendeníal. c ím o claro que independente da experiência,
mas não independente dc toda referencia à forma de uma experiência em geral
c a unidade sintética unic:imentc na qual os objetos podem ser conhecidos empiri­
camente.
Mas se quiséssemos form.-ir conceitos inteiramente novos dc substâncias,
de forçai, dfc ações recíprocas com a matéria que a percepção nos Fornece, sem
retirar da própria cxptrrçncia o exemplo dê sua conexão, cairia mob em puras
quimeras, que não apresentam sirr.nl nlg.um d e sua possibilidade, pois nàí> to m a
mos aí como mestra a experiência netn retiramos dela estes conceitos* Semelhan
tes conceitos imaginários nào podem adquirir o caráter d« Suíi possibilidade co­
mo as categorias. a priori como çondiçòes das qunts depende toda » experiência,
mas apenas a posteriori como dados pela própria experiência,« / sua possibilida­
de lum que scr cunhecida a pimeriori e empiricamente nu entao nfto pode sequer
scr conhecida. Uma substancia que estivesse pemuineniemenie presente no espa
çe mús sem precnchc-lo leomo aquele meio-icrmc «ntre matéria ecnie imclcccual
que al&un.s quiseram introduzir^ nu uma capacidade fundamental particular de
nossa mente inittir dc antemao o futuro (e nào apenas inferi-lo), ou finnlmente
uma faculdade da meuma eMar em comunidade de penlimemos com outros lw
mctfs (tão distantes quanto possam esttir). estes .são conceitos cuja possíhilidade
è inteiramente som fundamento porqtiç não pode ser fundada na experiéncíti nem
em suas tei.s conhecidas, e sem ela há uma ligação arbíirária de pensamentos
que, apesar dc nào comer nenhuma contradição, não pode reivindicar realidade
objciivu nem lampouco* por eonscRuinU'. a possibilidade de um objeto tal como
o queremos pensar aqui* No que lanjie à realidade« pode-se dijer que é impossível
conceber uma u l realidade ín conereio ^em recorrer à ajuda du experiência, pois
só pode referir-se i .sens^ão enquanto matéria de experiência c não à formo
da relação eom a qual poderíamos aempre jopar com fíççíieü.
Mns deixo dc lado mJu aquilo cuja possibilidade sò pode üer tomada da
realidade na experiência e pondero apenas a possibilidade das coisas tnedianie
conceitos a priori. dos quais continuo a / aHrmar que não podem ocorrer a panir
de tais conceitos por si sós. mas sempre só como eondiçòes formais c objetivas
de uma expericnda em geral
Parece, é verdade, que a possibilidade dc um triângulo pode ser conhecida
a partir de seu conccito em s\ mesmo (que é Certamente independente da expcríên
144 kant

cia), pois é certo que podemos dar-lhe inteiramente & priori um objeto, iisLo è,
Constryí-3í>. Mas. como íslo é apenas a forma do objeto, ele permaneceria sempre
apenas um produto da imaginação e a possibilidade do objeta dcsle prodvito fica
ria duvidosa porque exigiria outra coisa, a saber, que caia figura fosse pensada
apenas sob condições sobre as quais repousam Iodos os objetos da experiêncÊ».
üra„ ò somente porque o e&paço é uma condição formai a priori das experiências
exteriores que a síntese figurativa, pela qual construímos um triângulo na imagi
nação, é inteiramente idénliea àquela quu exercemos na apreensão de um fenôme­
no para Fazermos disso um conceito dc cxperícncta. que nos é possível cnneclíir
com este concctto a rçpreseniação da possibilidade de uma tal coisa. E assim
a possibilidade dc quantidades oolíim as e mesmo dc quantidades wn geral, pois
que os conceitos disco sio lodoü sintéticos, jamais e clara a partir dos próprios
conceitos. mas primeiro □ partir ddes enquanto ! cortdiçòes formais cia deter­
minação dos objetos na experiência em geraf; e onde mais sc poderia pretender
procurar objetos que correspondessem aos conceitos &cnão na experiência, unica-
menLe pela. qual nos são dados os objetos? Sem recorrer anteriormente à própria
experiência, podemos todavia conhecer e caracterizar a possibilidade das eoisas
simplesmente com referência às condiçõesi formais sob as quais qualquer coisa
cm geral c determinada como objeto na experienem, por conseguinte inteiramente
a priori, mas sempre apenas com referencia â mesma e dentm de seus [imites.
O postulado para conhecer a realidade das. coí.sü* exige pcrcepçãa. por con­
seguinte scnsaçào da qual se é consciente, e isto não imediatamente do próprio
objeto cuja existência deve scr conhecida, mus sim â intcrconexio do mesmo
com qualquer percepção reaJ secundo as analogias da cxpcricncia, us quais ex*
pòem toda st conexão real numa experiência em geral.
No simpicn conceito de uma coisa não pode scr encontrada nenhum carátcr
de sua cxisiôrda. Com efeito, mesmo que este conceito seja totalmente compEeto
dc maneira que nao faftc nem o mínimo para pensar uma coisa com todas as
suas determinações imerna.s, <t exi&tcnci:* nada tem a ver com tudo isso, mas
apenas com a pergunta: se tal coisa nos é dada de maneira que a pereepçuo
da mcwna po^ft em todo eas» preceder o / conceito, Com efeito, o fato do con­
ceito preceder a percepção significa sua simples possibilidade; porém a percepção
que fornece a matéria para o conceito c o único caráter da realidade. Mas tam­
bém antes da percepção da coisa, por conseqüência comparaftvanttrtte a priorú
se pode conhecer w existência da mesma quando pelo menos se mterconçeta com
algumas percepções ãegncufci os princípios da cnncxao empírica das mesmas (as
analogias). Pois só então a ext&tência da coisa se interconécta com no&sas perccp-
Cõev; numa experiência possível e pudemos, seguindo o (lo condutor daquelas
analogias, chegar de nossa percepção real ã coisa na série de percepções possi*
veis. F. assim gue peta percepção da limalha ferro ratado, conhecemos a exis-
icncia dc uma matéria magnética que pervade todos o s corpos, embora uma per­
cepção mediata desia matéria nos seja impossível pela constituição de nossos
órgãos. Com efeito, segundo as leis da sensibilidade e segundo o contexto de
nossas percepções, numa experiência também tropeçaríamos na IrHuiçào imedia-
La empírica da mesma se nossos Ssntidos fossem mais sutis, trtas &ua grosseria
não diz respeito ã forma da experiência possível em geral.PortanLó* aonde alcança
a perccpção e o q u e dda depende segundo leis empíricas, até lã chega também
nosso conhecimento da existência das coisas. Se nâo começarmos da experi£ncia
ou se / nào procedermos segundo leis da interconexâo empírica dos fenómenos,
nos vangloriamos em vão de querer adivinhar ou procurar a existência de qual­
quer Coisa. Mas o idealismo faz uma poderosa objeçào a estas regras para provar
mediatamente a existência e é naturalmente atjui que se taz necessária a refutação
do mesmo,

* * m

R E F U T A Ç Ã O D O ID E A L IS M O

O idealismo (entendo aqui a material) é a teoria que declara a existência


das objetos no espaço fora de nos ou simplesmente duvidosa e indemonstrável
ou faina c impossível: o primeiro c o idealismo problemático de Deseunes. que
declara indubitável apenas uma afirmação empírica (assertio), íi sabyr, cu sou;
o segundo è o idealismo dogmática dc Berkeiey que declara o espaço, com todas
as coisas- às quais adere como condição inseparável, algo impossível em sa mesmo
c por isso mesmo também considera a.& coisas no espaço como simpltss ficçõiíi>.
O idealismo dogmático c inevitável quando se encara o c\puço como propriedade
quc deve scr atribuída às coisas em si mesmas: com efeito, assim junto com
tudo 90 qual serve de condição ele 6 um nâo-ser. Mas atacamos o fundamento
desie idealismo na estciica transcendcmal. O idealismo problemático, que nào
afirma nada a respeito disto, mas / nlcju apertas a incapacidade em mvtfointe
experiência imediata provar uma cieisrcncia fora da nossa, é raciona/ c está dc
acordo eom uma maneira filosófica de pensar bastame meticulosa, a saber, nào
permitir juízo decisivo algum sem que antes tenha sido encontrada uma prova
suficiente. A prova exigida lem portanto-que pôr â mostra que dus coisas externas
possuímos também experiência c nào xô imaginação. o que com certeza nao po­
derá acontecer serão quando pudermos provar que mesmo nos*a cxpcricncia in­
terna, indubitável para Dexcaries. só c possível pressupondo uma expcrtència ex­
terna.

Teorema

A simples consciência, mas empiricamente determinado, de minha própria


exmèncUi prova a exisfância de objetos no espaço fora dc mim.

Prova

EstüU consciente de minha existência como determinada no tempo, Toda


a determinação temporal pressupõe algo permanente na percepção. Mas este purr
KANT

manente não pode ser itlgo um mim, poia precisamente minha extíiíçncia no tempo
pode set pe]a primeira vez determinada por este permanente-42 Portanto, a per
ccpçâo desie pemiánçntc: so é possível pur uma coisa fora de mim e rtào pela
mera representação dc uma coisa fora dc mim Por conseqüência, 3 determinação
de minha existência no tempu sO é possívç] por meio da existência de coi^s
: 7r- reais que / percebo íbru de mim. Ora. a consciência no tempo está necessariamen­
te ligada à consciência da possibilidade desta determinação tem poral. lo^o Líim
bém está neces^ariEimente ligada à existência das coisas tora de mim comu* condi­
ção da determinação temporal, isto é, a consciência de minha própria existência
è simultaneamente uma consciência imediata da existência dc outras coisas fora
de mim.
Observação L Na prova precedente. notar-se-á que o jogo do idealismo vol
tou-se contra ele mesmo com muita ratão. Fste aclmitia que a única experiência
imediata é a interna e a paritr dela apenas inferimos coisa* externas, mus isto
só dc mandril incerta como em todos os casos cm que a partir dc efeitos dados
sc infere cauüa^ detarmlnadast pois cm nós mesmos pede residir a causa das
representações que atribuímos, talvez erroneamente, às coisas externas. Só que
257 aqui é provado que a experiência externa é propriamente imediata/ 3 que só /
por seu intermédio é possível nâo a consciência de nossa própria existência, mas
a determinação da mesma no tempo, isto é. expericncia interna» Seguramente
a representação cu sour qwc expreüsa a consciência que pode acompanhar rotlo
0 pensamento» é o quc contém imediatamente em si a exisicneia dc um sujeito,
mas ainda nenhum Cütíhccimentu do mesniu. poriamti também nâo aigtim empíri­
co. isto ê. experiência; com efeito, além do pensamento dc algo existente, para
isto é necessária intuição e aqui interna nq tocante à qual. isto é. ao tempo,
Lem quc sor determinado o sujeito, para o que sfio perfeitamente exigidos objetos
externos de tal maneira que. por conseqüência, a própria experiência interna sõ
é possSve! mediatamente e por meio da externa.
Observação 2. Com isto concorda inteiramente todu 0 uso experimental; de
nossa faculdade de conhecrmcfiLu em dcterminaçào do tempo. Não &ô pela faio
de podermos perceber toda a determinação de tempo apenus pela mudança nas
relações externai; {0 movimento) eom referência ao permanente no espaço (por
-78 exemplo, o movimento do soí com / visiaü aos objetos da Lcrra) nuo temos mesmo
nada de permanente que pudéssemos pôr como intuição soh 0 conceito de uma
substância a nâo ser vimplesmeme a matéria e mesmo esta permanência nâo é
tirada da experiência externa, mas esta permanência e pri*stMapf»s.ta a priori eomo

C f, ítb n ía d itic w vô íft •.lycridJLíi p a r K a m n a p re fá c io à y ;^ u tK la c d iç S o tía C riliu.H dit


Ravào Pura, ih i<» 12, <N.dcttT.)
* ' A «<i»Mièiuã& im edteim di> «íirtcrttiu ík C9ÍX4S « H K in » IÒQ ç piCitfiiifHMtl*. miN fírtiviula no presente
fcorema. quer fiQi Uemos ccilia ou rtàuiin TKissibilítlaxte dcs&a çonsciêrtcia. A quamàd *tt?rca desta pnvsibilí
datk scTia de sahtr posiuienr* m um scniid« intcruci rruis. nenhum m e rn o .c 3:fll opinas uHft.ii ímaKinrtçiiu
evtemu- Por outri1! SíhIu, r ctarn quu pnrií ^ue-r nos imaiijinnrmv-i a l«" w in u ciicvrnu. itil li c, para aprestnuí
IT7 tMc iilga an sentida n:i imuiçiLci, / c prtCii^> que ja tenftaimts um seniiílo externo c que meiiajilc Lnt icmos
que distinguir imídiâlsmcntc entrí1 a simiilfis fectplmdade: de um;i inuiíçào exCcma. c a cspíjman^daílt
4Uír cüractcriiü ukJ^ imaginaçãu. Com efeiui. o simules imaginar-sc uni wniido t n t w ) lu t a r ia imcsmo
."i fí!iiíiild«tíi;dt iniui^ao. a i|iis] d fv í ^ driérminacSa pila L4pacidade- líc irri^Kinavàu,
CRITICA DA RAZÃO PURA H7

condição necessária de toda a determinação temporal, por conseguinte também


como determinação <(o sentido interno no tocante à nossa propna existência peia
exigência tle coisas extífnas. A consciônaa de mim meímo na representação
eu nâo é uma intuição* mas uma representação meramente intelectual da esponta
uesUade de um sujei lo pensante. Por isso, este lu tampouco tem u mínimo predi
cado da intuição q ue. enquanto permanente, pudesse servir de correlato à deter­
minação temporal no sem ido interno, tal corno a impenetrabilidade serve à maté­
ria enquanto inLuiçã» empírica.
Observação 3. Do fato de scr exigida a existência de ohjclos externos para
a possibilidade de uma consciência determinada de nós mesmos, nlio resulta que
toda representação intuitiva dc coisas externas contenha simultaneamente a exis­
tência das mesmas, pois aquda pode muito bem scr o &impJci> deito da capaeida
de de imaginação (tanto em sonhos como na loucura): cia o c. porem, apenas
pela reprodução de antigas pcrcepçòçs externas que. como fbi mostrado, só são
possíveis pela realidade de objetos externos. Aqui deveria ter sido apenas prova
do que a experiência internet cm gerat só / c pusüivcl pela experiência extern a
cm geral Quanto a saber se esta ou aquela pretensa experiência nâo é simples
imaginação, é ot|Uc c necessário descobrir segundo suas determinações pariicuia
ftiü e pelo seu acordo com on critérios de toda a experiÊnein real.

* + *

Finalmente. no que concerne ao lerceiro postulado, j>c refere ú necessidade


material nn exif.têneía e nàt» ã necessidade simplesmente formal e lógica em cone­
xão dos conceitoíi. Ora. como nenhuma existência d.fw objetos dos sentidos pode
scr conhecida inicirnmcniâ a priori. mas sim comparativamente a priori rclaisva
mente a uma outra existência já dada. e como todavia nó sc pode checar scrtüpre
apenas àquela existência que prçcúsa esuir contida em algum lugar nn contexto
da tíxpcriêneta da 4 uai a percepçào dada é uma pane; assim, a Iiuccssid-Hlc
da exisienein nunca pode ser conhecida a partir d<; cuneeiios. mus scoipre a partir
du conexão tom aquilo que ê percebido &cgundo teis universais da experiência.
Aqui nâo há. pois, nenhuma exigência que pudesse scr conhecida como necessá­
ria sob a condição dc outros fenómenos dados, a nào ser a existência de efeitos
a partir dc causas dadas segundo leis da causalidade. Podemos, portanto, conhe
eer a necessidade não da exisicncia das coisas (substâncias), mas de seu estudo,
t / isto a partir de outros estados dados na percepção sejiundo leis empíricas
da causalidade. Dnqui se segue que o critério da necessidade cilá unicamcwe
na leí da experiência possível, que tudo o que acontetie è determinado a priori
por sua causa no fenômeno. As-sim, conhccemoü somente a necessidade dos afei­
tos na natureza cujas causas nos sao dadas, c o «.maíl da ncccosida de na cxbiència
nâo alcança além dn campo da experiência possível c mesmo nesíe não vale
para a existência das coisas como substâncias, pois nunca podem scr encarados
como efeitos etupíricori ou al&o que acontece c surge. A necessidade refere se,
ponamo. apenas às relações dos fenômenos segundo à lei dinâmica da causalida-
148 KANT

de c à possibilidade nela fundada de a partir de uma dada existência qualquer


(de uma causa) inferir a prmri uma outra cx^têneia (do çfciLo), Tudo o ijug acon­
tece é hipoicLicamemc necessário; este é um princípio que submete a mudança
no mundo a uma lei. isto é, a uma regra da existência necessária sem a qual
nem mesmo a natureza ocorreria. É por isso que a pmposiçàpr nada acontece
por cego acaso (in mundo non datur casus), é uma proposição a priori da nature­
za, da mesma fornia que: nenhuma necessidade na natureza é cega, mas condicio­
nai nada, por conseguinLC necessidade intdígiveJ (non datur fatum). Ambas são /
leis pdas quais a jogo das mudanças é submetido a uma natureza das coisas
(como fenômenos) ou. o que é o mesmo, à unidade do entendimento unicamcnte
no qual podem pertencer a uma experiência eoitio à unidade sintética dos fenôme
nos, Estes dois princípios pertencem aos dinâmicos O primeiro é propriamente
uma conseqüência do princípio de causalidade ícnlre a* analogia* da esperiên
cia), O segundo pertence aos princípios da modalidade, que â determinação cau­
sai ainda acrescenta 0 conceito dc necessidade, mas que esiA sob uma regra do
crttçndimcnio. Na serie dot»- fenômenos {mudanças)* o princípio da coniinukla.de
proibiu todo 0 sílltrt (in mundo non daiur/saUus), mas no conjunto de iodas a.1 «
intuiçòes empíricas no espaço Lambem toda a lacuna ou hiato enare dois. fenõme
nos (non dritur Hiatus); cvm ofeito, assim se pode cKpresw-.r a proposição: na
experiência nâo potle entrar nada que demonstre um vacum-, nem .sequer que
o permita como uma parte da síntese empírica. Pois no que ili/ respcrio ao vazio
que se pode pensar fora do campo da experiência possível (do mundo), nào per­
tence à jurisdição do im pies entenditnento, 0 qual só decide sobre as qucsLfks
que concernem à utilização de fenómenos dados para o eonhwmemo empírico,
e é uma tarefa para a razão idealista que ainda vnt atém da esfera de uma ex.pe
ricncia possível / c quer julgar u respetto do que a circunda u limitai tenu portan-
io. que sûr examinado na di&lélícn transcendental. Segundo sua ordem, estas qua-
iro proposições {in mundo non daiur hiatus, non datur sailus. non daiur ca^usi,
non daiur futuro) poderiam ser representadas Tad 1mente, assim cam o u«Jos os
principio*; dc origem iranscendcnuil confirme r ordím tias ciiiugc-trin* u demons
irar a cada uma sua posição» só que o leitfif experimentado fará isto por si só ou
desyohrirá Cüm facilidade » Pio condutor p:im iaL Ksias propoaiçõe-s unem su
unicamente corn o intuito dc impedir na síntese empírica tudo d que pudesse c»u
sar quebra cu dano ao entendimento c ã imerconexão contínua dc loUos ns fenô­
menos, isto é, da unidade de deus conceitos. Pois é somente nele que mu lorna pos­
sível a unidade da experiência, na qual uxlns as percepções precisam icr suas po
siçòes.
Quamo u saber se o campo dç possibilidade é maior que o campo que eon
têm todíi o rçal. e se este por sua vez é maior que a multiiude daquilo que é
necessário, são questões delicada* de solução sintética, mas» que também caera
sob a jurisdição da ra*ão; com efeito* querem significar 0 seguinte: se rodas as
coisas enquanto fenômenos pertencem todas ao conjunto e ao contexto dc uma
única experiência da qual cada percepção dada é uma parte, que portanto não
porte ser Jigada a nenhum ouiro / fenômeno, o li se minhas percepções podem
pertencer a mats de uma experiência oossível (em sua inierconexào universal).
O entendimento fornece a priori à cxpériêrtçia em geral apenas a regra segundo
as condições subjetivas e formais tanto da sensibilidade como da apercepçao.
que a tornam unicamente possível. Qutras formas da intuição (como espaço e
tempo) bem como «utras formas do entendimento (como a discursiva do pensa
mertto ou o conhecimento p<5r conceitos), embora possíveis. nào podemos de mo
do algum pensâ las ou lOrná-las compreensíveis, mas se o pudéssemos não per
renccriam à experiência como ünico conhecimento no qual objetos nos tào dados.
Se podem ocorrer outras percepções do que cm geral as que pertencem u toda
nossa experiência possível. s: portanto campo completamente diferente da maté­
ria, isto não pode Ser decidido pelo untendimemu* ele só tem a ver com a fWiUCàe
do que é dado, Além disso, saka aos olhos & miséria de nossas conclusões costu­
meiras pcíys quais produzimos, um grande reino da possibilidade do qual todo
o real (todo o objeto da -experiência) 0 apenas uma pequena pane. Todo o real
é possíveh syguudo as regras ióg.icas da conversão, disso segue st naturalmente
a proposição meramente particular: alguma coisa, possível é rcíLÍ. o que parece
signíficHT / tanto quanto: muita Coisa, que não c real, é posaíveE, Parece, £ verda
do. qtie se poderia assim colocar o nymcro do possível além do dp real. porque
algo deve ser acrescentado àquele para constituir este. Só que não conheço esta
adição ao possível- Com efeito, o que devesse ser ainda aere&ccntítdo alem do
possível seria impossível. Kora da concordância eom as condições formais da
experiência« ao meu entendimento pode ser acrescentado somente algo. n saber,
a eoncKÜo com uma perccj^ào qualquer: mas o que com ela é conectado segundo
íeis empíricas £ real. embora não seja percebido imediatamente- Masque na iruer-
conexão completa com o que me é dado tia percepção seja possível uma outra
série de fenômenos, por conseguinte mtiis» que uma experiência única que tudo
abarca, c o que nào se pode inferir a panir do que é dado c ainda menos sem
que qtJiilquer coixa seja dada, pois nada pode ser pensado cm parte alguma sem
matéria. Ü que só é possível sob condições que são dais mesmas mornmcntc
possíveis não o é aob tndos vs ptwtos iié viste. Assim surge uma pergunta quando
su* quer saber se a postibilidade das coisas sc estende àlcm do t^ue a experiência
pode alctmçnr.

Mencionei esia pergunta apenas paru nào dcíxar nenhuma lacuna naquilo
que* segundo a opinião / comum, pertence aos concekox do entertdimemo, Na
verdade, porém, a possibilidade absoluta [válida em todos os sentido*;) não é
um simples conceito do entendimento c niio pode de modo algum ser dc uso
empírico, mais pertence unicamente ã razão que ultrapassa iodo o uso empírico
possível do emendimemo. Assim, lemos que no* contentar aqui com uma obser
vmçjo meramente critica, deixando a coisa na obscuridade até um procedimento
fmuro satisfatório.
Como quero concluir agora e*te quarto número e com ele ao m^smo tempo
o sôaema de iodos o,s princípios do entendimento puro. preeisn indicar a ra/,;io
pela qual denominei os princípios dá modalidade justamente posLulados. Nào
quero tomar esta expressão no sentido que íhe deram alguns autores filosoficns
modernos coiiiru o sentido dos matemáticos aos quais pertence na verdade, a
150 KANT

saber, que po.siular deve significar tanto quanto- fazer uma proposição passar
par imediatamente cena sem jusuficação nem prova; pois se devemos- conceder
que proposições sintéticas, por evidentes que sejam. poss.am wm dcduçào c sob
as vistos de sua própria exigência comportar uma adesão absoluta. toda a critica
do entendimento usUria perdida e, como nào hâ falta dc pretensões auda/xs às
quais não se nega nem a fé comum (que nào ê- porém* carta dc / fiança), nosso
entendimento estará abertu a todas as opiniões sem poder recusar seu assentimen­
to ás sentenças que, embora ilegilimas, exigjrào ser admitidas exatamente com
o mesmo tom dc confiança que os axiomas reais. Portanto* quando uma determi
nação a priori é acrescentada sinteticamente ao conceito de uma coisa, é irremis
sivelmentc necessário juntar a uma tal proposição sertão uma prova, pelo menos
uma dedução da legitimidade de sua afirmação.
Os princípios da modalidade nào são objetivamente sintéticos porque os
predicados de possibHidadc. realidade e necessidade não aumentnm nem um pou
co o conceito do qual aâv dito-s pelo fato de ainda acrescentarem algo ii represen­
tação do objeto. M 3 S como siio não obstante sempre sintéticos, o sào apenas
subjetivamente. isto e, ao conceito de ttma coisa (real} da qual do contrário nada
dtzem, juntam a capacidade dc conhecimento onde tem a sua origem u seu tLigar,
de modo que se apenas cMá em cnnexào com as condições formais da cxpencncia
no entendimento. 5»cu objete» *c clmma posteivet; se está cm ínierconexâo com
a percepção (sensação como matéria dos serir idos) e determinado pela moma
mediante o entendimento, cmào o objeto c real; sc é determinado pela inicrconc*
xno das percepções segundo conceito*, cntàu o / objeto .sc chama necessário,
Portanto. os priíieipio* da modalidade nào difcem de um conceito outra coisa
senão a ação da faculdade de conhecimemo pda qual í produ/ido, Ora. na Mate­
mática um postulado significa uma proposição práiicsi que contém apenas, a sín­
tese pela qual primeiro nos damos um objelo e produzimos seu conceito, por
exemplo, a partir de um ponto numa superfície descrever um círculo com uma
tinhtt dada, c tal prdpo&içâo nào pode «w provada porque o procedimento que
exige é juntamente aquele pelo qual píodu/.jmus primeiro o cnnccilo iíe uma tal
Hgura. De tieordo Com isto. podemos pulular com os m^mos direitos os prinel
pios da modalidade, pois não aumentam** seu coneeiio das coisas em geraU
mas indicam apenas a maneira como é ligado à capacidade de conheeimcnio,

/ N O TA G E R A L A C E R C A DO S IS T E M A D O S P R IN C ÍP IO S

É algo digno de nota o Tato de não podermos perceber nenhuma coisu segun­
do â simples categ.oria, ma* de precisarmos te r sempre em mãos uma intuição
para pôr em evidencia a realidade objetiva do üonedm puro do entendimento.
Tome-se por exempto as categorias- da relaçào. A partir de simples conceíion

'* M e d ia n te a rentidade d c n m í c m » v c r tiim c n lc p o n h u rr j i j d o q u í a p o s s ib llld ítflt, m a s n à o n a Cfiiüa,


jHiib cwa lanuis podi Ccmrcr na rçalidadc mais do Aue «'»ova eumido ria mia pr\stsihil»«l«KÍe oomptcia Ko
írtiiinío. visto í|ut n pOMittibilídadc cr« üimpie&menuj uma postçãú da cmta çum referência an cn.tcflJimeji(o
(a o seii u so e itfp iric n ), ,1 r tü ln in ílí’ é no rrwísmn (en rp o u m a t o n r x à » (la <5i>isa c o m â
não ac pode absolutamente compreender: Í ) como algo só pode existir como
sujeito, não comti uma simples determinação dc outras coisas, isto é, ser subatãn
cia; 2 ) como pelo feio de algo ser outra coisa também tenha que ser, por conse­
guinte como algo um geral pode ser causa; 3 )1 como, quando diversas coisas csítí-
tem, dü fato dé uma delas existir segue-se atgo para as restantes e assim redpro-
camuntç, c corno dcsi& mudo pode realizar-se uma comunidade de substâncias. A
mesma coisa vate também para as demais categorias, por exemplo turno uma
coisa pode ser idèruica a muitas outras, isto éT ser uma quantidade. Enquanto
faltar a intuição, não sc saberá m; se pensa um objeto mediante as categorias
e se mesmo um objeto qualquer pode convir-llies dc algum modo. c assim llca
comprovado que elas nãu são por sí absolutamente um conhecimento* mas sim
pies formas tfe penxamento para dc; miuiçòc* dadas formar conhecimentos. —
/ Justamente por isso, a partir dc simples categorias também rtào se pode consii
lufr nenhuma proposição sintética. Por exemplo, em Ioda a existência há substân­
cia. isto 6, algo qutí pode cxixiir somente como sujeito e nào como simples predi
cado; ou cada coisa é um quauium. etc., onde nada há que nos pudesse sem r
para ir alítrt dc um conceito dado e conectar um ouiro com ele, Por isso, nunca
foi possível provar uitiíi proposição sintética a punir dc sãmpScs conceitos puros
do cntendimtínto, pur exemplo a proposição: tudo mue existe contingentemente
Lern uma üau&:i, Nào se pódc nunca ir altím do pruvíir que. stím £sta referência.
não concebemos de nlodo aigum a existência do com inverte, isto é* nfo* podería­
mos conhecer a priori pelo entendi men Lu a existência dc uni:« Uil coisíi; dai nào
se segue, porém que ela fcçja lumbcm a condição da possibiîidatfç das próprias
coisas, Assim, se queremos reporíam os à nossa prova do principio da csusalidn
dc. notaremos que só o pudemos provar para objeto* dá experiência possível:
tudo que aeoiilcce (todo tívento) pressupõe uma causa e dc lal maneira eçuc só
o podvnujs provar como princípio da possibilidade da experiência. por conseguin­
te do conhecimento de um objeio dado na intuição empírica, a não n panír de
simples concciute. Nào obslunle. nào se pode negar que fi proposição: lodo »
cuniingenus tem que ter uma causa, é claramente «vidente a uüda um a partir
de simples eon / ceuos: mas o conceito dc eomingcnic é de uií maneirai constitui
do que contém rtào a categoria da modalidade (como ak&o cujo nuivscr pode
SLjr petíSüdn) mas a da reJítçào (como íd&o que só pode cxiscír enquanto çunse
i|ücncia d^ outro)* e aqui há ccri&LïjvnUî uma prepusição idêntica: o que só podí
csistir como cnnscquència icm nua causu. Dc fato. quando devemus dar exemplos
da existência contingente servi mo tios sempre dc mudattçasi e nào simplesmente
da possibilidade do pensumt-Mu do contrârUf,** Mudança, porém* ê c*etunque,

O nàíi íef Jn ouucrch podo l«i:ilracnic penwJn. ma• •o-, uncigtis nviJn >ilguiii iritcri/umtícv-u jjiwsíbr
lül.iJc n ^u:i eniiringC-ciLÍu- Por ii uliçniáouiii çmre a scr eo nikí uCt ite umcMíuJu ite «mil Cihmj, çfKl >IUC
«Onsiwc ítxia :i mujwnfn. nüu prufw fltwdulwntfin- n uántinfKncía rtcsw eSUdi> como 4«e H farcir írfrfi
tíajt Op Ltu UDMiriiriW- Por vKCJnplí»» * fcpou.so de um cwfn qau- ui» rinvimcnTíi nAci pri>vp niriilq a
uinun^ticia do mi>vitticnlo pelo Iam cio i’er*>tiu) r-iT <t c^nifdriu do miwinmuLj. Com çIch^ vMc uHiirü
C i u é c ü t v t r í i [w > H io f i í j n i a t ‘ o M i r o ^ i p c n a - , l o j j i i r u m o r i i L : t h b o i c j I i i l t , T > a r« p r o v a r y t o n E i i l g c n c m d ii r íiin iu ir ll

ln d» c<>rpti, icr-sí la une provar que no infam e [WpualuiHi. ao inVi;^ dc estar cm moviininLo. íissc possível
q«* «• corpo cmívoímc m tãfí ern FÿpotiM>, k não que <1 estívesw postivfarrm ntf: üe«e úliimii ca ms. «fçiivnnisn
ic. .tiüLiüs <j>ci!ri[niíioh fuxicai rmjuivsimn fx*ni C(«rsti■itir.
152 KANT

/ cnquanlu tal. só é poSàíveÊ mediante uraa causai o nàn ser de um ia3 evento
ê, portanto, por sí possível, Assim st recoithccc a conLangcnria pelo faeo dc que
algo só pode existir como efeito dc uma cauta: sc em consequência disso uma
coisa é admitida cumo contingente. então dizer que possui uma causa é uma
proposição anaSÍLícii.
Mills digno dc noiíi ainda ê o Tato de que, para compreender a possibilidade
das coisas segundo as categorias e portanto evidenciar ei realidade objetiva des­
tas. necessitamos não simplesmente intuições. mas inclusive sempre intuiçòes ex­
ternai Se. por exemplo, tomamos as- concçtios puros da relação, descobrimos
o seguinte: em primeiro lugar, para fornecer na intuição algo permanente que
corresponda ao conceito de substancia (e para demonstrar através disso a realida
de objetiva deste conceilol necessitamos uma imuiçã» no e&paço (da. malcrial
porque unicamente o espaço é permanente, ao passo que o iempt>Tportanto ludo
o quü está no sentido interno, flui cormantçmçnte. Em segundo lugar, para apre-
sentnr a mudança como intuição corrcspondcntc ao conceito dc- cauxaHdade ic-
mus que tomar por exemplo o movimento como mudança no éspaço, jué mesmo
unicamente assim podemos tornar intuivd para nós as mudanças cuja possibili­
dade nenhum eniendimemo puro pode compreender. Mudança tí iiga^ào, na exis*
téneia dc uma só c mesma coisa, dc determinações opostas contraditoriamente
entre si. Or«i, o modo como e possível que dc um / estada dado dt: uma coisa
si^a^e o estado contrario do mesma não só nenhuma rsaâo pode tornar com
preensívcl par.i si mesma sem exemplos, mas nem sequer tornar inteligível sem
intuição* Hhtíi intuição c a do movimento de ym ponio no espaço euja existência
em diversos lugares {enquanto sucessão dc determinações contrapostas) uníca
mente nos torna primeiro imuível a mudança. C<?m efeilo, pura fa£tirí.dcpoÍs com
■que mesmo mudanças internas se nos tornem pensáveis, temoss que tornar con-
cehívcf figuraditmenic ó tempo como forma do sentido tmerno mediante uma
linha, e a mudança interna modianic o ti*aç;ir desta linha (movimento), por conse
guinie a existência sucessiva. de nóâ mesmos ean diversos estados mcduinte a in
lüiçüo extérna. O verdadeiro fundumento disto ê que ioda mudança, mesmo para
\er percebida meramente enquanto tal, pressupõe algo permaneme rm imuiçào,
errtbora no sentido iniernn nào seja. ejieumr«dit ubsoluíumenié ncm.liuma imuiçáo
permanente. — hinalmenw* segundo a sua possibilidade í» caicgoria da comuiii
iitíUc tiãu pode absolutamente ser compreendida pela simples raxáo, e portanto
a realidade objetiva desse conceito não pode ser conhecida sem intuiçàú, e, aliás,
externa no espaço, Pois como se pode pensar a possibilidade de que. se existem
mais substância*, da existência de umá possa derivar algo (tomo efeito) para
a existência de tiuLra c vice versa, c que portanto pelo Tato de haver algo oíi
primeira também nas / outras tem quç haver algo que não pode ser entendido
unicamente a partir da existcncia destas? Pois is tu- é requerido para a comuniiití-
de e não c absolutamente compreensi\'d em meio a coisas que se isolam euda
uma inteiramente mediante sua subsistência. Por isso L e íb n ls .'^ atribuir uma
comunidade às substâncias da mundo, tal como unicamente o entendimento as
pensa, precisou da mediação de uma divindade, pois a partir apenas da sua exis-
téncia ciai lhe parecem, com direito, incompreensíveis Todavia, podemos muito
bem nos tornar úoncebwcl a possibilidade dii comunidade (tla^i substâncias como
fenômenos) se â representamos a nós mesmos no espaço, portanto na intuição
externa. Com efeito, a priori u espaço contém já em si relações formais eternas
como condições da possibilidade dag relações reais (de açao e reação, portanto
da comunidade). ■ — Do mesmo modo, podí ser facilmente demonstrado que a
possibilidade das coisas como quantidades, e pórtanío a realidade objetiva da
categoria da quantidade, lambem só pode ser cxpu&ta na intuição externa, e só
mediante cia i^uajmente ptxle ser aplicada ao sentido interno* No entanto. para
não ser prolixo devo deixar os exemplos», correspondentes para a refkxào do lei
tor.
Esta inteira observação e dc grande importância nao só para confirmar nos­
sa precedente refutação do idealismo, mas muitd mais ainda, caso se tritc do
autacnnhecimento a parür da simples consciência ínicma / c da dcienriinação
dc nossa naturciá sem a ajuda de intuições sensíveis externa^ paru nos indicar
os limites da possibilidade dc um tal conhecimento.
A última eonefusão desta inteira seçào portanto, a seguinte: todos os
prtcicípioR do enUrndcmcmo puro nât> sâo senão princípios a priori da possibilida­
de da experiência* c unicamente a esta se referem também toda» as proposições
sintéticas a priori. Até me&mo a sua possibilidade sc funda totalmente sobre esta
rcfcrênctii.

SEÇÀO T E R C E IR A DA DQUTR1 NA T R A N SC E N D EN T A L
DA CAPAC1DADF. D E JU L G A R
(OU A N A L ÍT IC A DOS PR IN C ÍPIO S)

DO FUNDAM HNTO DA D ISTIN Ç Ã O D E TODOS OS O BJETOS EM


G E R A L KM PH A EN O M EN A E N O UM ENA

A£ura não somente percorremos o domínio do entendimento puroT exami­


nando cuidadosamente cada parte dele* mas também o medimos e dclerminaniüs
0 lugar de cada coisa nele. Üiie domínio, porem, e uma ilha fechada pela natureza
mesma dentro de limites imutáveis. É a terra da vvrda.de (um nome sedutor),
/ circundada por um vasto e tempestuoso oceano, que ê a verdadeira sede da
ilusão, onde nevoeiro espesso e muito gelo, em pomo de liíjuefazer-se dão a faíüa
impressão de novas terras c, enquamu enganam com vàs esperanças o navegador
errante a procura de novas descoberta*, envolvem-no em aventurai das quais
não poderá jamais desistir c tampouco levá-las a termo, fentrcLanto. antes de
arriscarmo-nos a esse mar para expEorá-ln em toda a sua amplidão« e de assegu­
rarmo-nos se se pode esperar encontrar aí aíguma coisa, será uivl lançar ainda
afltcü um olhar iobre o mapa da terra Que precisamente queremos deixar» para
154 KANT

perguntar^ primeiro, sc não poderíamos pOrvaiLura. contcntannos com u que da.


contém, ou lambem se não teríamos que contc mar-nos com isso por necessidade,
no ca»o cm que em parte alguma fosse encontrado um terreno sobre o qual pudés­
semos edificar; segundo, sob que iiLuh» possuímos essa terra c podemos conside
rar-noí ítssegurados contra Eodaü as pretensões. hostis, Se bem que Já responde
mos suficientemente a essas qucstòes no curso da Anslítieu, uma recapitulação
«timária das suas üüluções pode fortalecer a convicção, enquanto reúne em um
ponto os momentos da mesma.
Vimos, com eleiio* que Ludo o que o entendimento tira de si mesmo. sem o
Lumar empregado da experiência, não o possui para nenhum outro fim, ü nào
ser unicamente para o uso da experiência. Qs / princípios do entendimento puro.
quer sejam constitutivos a priori (como os maiemiíiicos} quer simpiesmente regu
Lattvo* (como os dinâmicos), nào contém outfíi coisa senão* por assim di/.er,
o esquema puro para a oxperiéneiá punível; esLa, com cfciu», rçecbe a sua unida­
de somente da unidade sintética, que o entendimento confere originária e esponta­
neamente â Entese dsi capacidade de imaginarão. em rclíiçâo com a apercepçâ»,
c com a quitl os fenómenos. enquanto dados pura um conhecimento possível,
devem já estar a priori em rcliiyao e concordância. Se Iwm que estas regras
do entendimento sejam nào somente verdadeiras a priori* mas mesmo u fontii
de toda a verdade — isto é. da concordância dd nossci conhecimento com obje­
tos, cm virtude de possuírem o fundamento da possibilidade (iü experiência, como
conjunto de todo o conhecimento* cm que possam ser dados objetos assim
não nos parece bastar expor simplesmente o que é verdadeiro, mas também o
que *hCdvMíji» saber. Portamo, sy através dúsui mvçsiigíiçào critica nào aprende
mos nada mais do que teriamos espontaneamente aplicado no uso simplesmente
empírico d<i cniendimerno mesmo sem pesquisa lày sutil, cnthü ptirecç tjue a vívn
tagem tirada dela não mereça a despesa o o aparato. Mn verdíidç, a tsso pode-se
responder que nenhuma curiosidade c mais prcjudicial á ampliaçdo do nosso
conhecimento do que ;iqucla que quer saber sempre de antemão a utilidade, /
antes que alguém hv. cmptnhtf na investigação e ante* aindu que alguém possn
formar um conceito min imo dessa utilidade, nru^mo que ela lhe fosse posta diíitUíí
dos olhos. Há. nào obstante, uma vantagem capaz de fazcr-.se compreensível c
ao mcMiw tirrtpo atraeme. inclusive p;tra o aprendi? mais lento e obstinado dc
tal investigarão transcendental, a saber, que o antcndimcnio que se ocupa unica­
mente com o seu uso empírico e não reflete sobre as fontes do seu próprio conhe
cimenta pode muito bem progredir, mas uma coisa nüo pode absolutamente reali­
zar, ou seja, determinar para si nicsmn os limites do seu uso e saber o que pode
siiuarüc dentro ou fora de sua esfera toUil. Para isso, cf>m eleito, sã» requeridas
jusiamente as profundas inveslisaçòes que estabelecemos. Sc o entendimento não
pude. porém, distinguir se determinadas questões encontram-se nu nãt» em seu
horizonte, cniio ele jamais. esiá seguro das suas pretensões e da sua poxsc. mas
deve somente esperar para si reiteradas e biumiihuntes repreensões. su ultrapassa
incessantem^nte os timkcs dc sua área (como c inevitável) e perde-se etn ilusões
c quimeras.
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 155

Portanto,. a proposição, que o entendimento só pode íaw r das seus príncí


pios a priori ou ik: Uxlos os seus conceitos um aso çmpírico e jamais um uso
transcendental, quando pode ser conhecida com convicçüo conduz a imporutntcs
con^iíqücntEus, / O uso transcendental de um conceito, em qtialquer princípio. ?m
consiste no fato de ser referido a coisas em geral e em si mesmus; o uso empírico,
porém, consiste em ser retendo meramente a fenómenos, isto é. a objetos do uma
experiência po.ssívd, Que. em todo cííwj, apenas o úUimo possa ocorrer, vê-se
do que se seguç. Para todo concciio requer se, em primeiro lugar, a forma lúgica.
de ura tonceíto (do pensa muito) em geral e. cm segundo lugar. Lambem a possibi­
lidade de dar lhe um objeto ao qual íüC refira. Sem esse objeto, o conceito nâo
jxmüi nenhum sentido e tí inteiramente va/io de conteúdo* se bem que posr;a
sempre conter a Fun^ào lógica de fazer üe evenLuais dados um conceÍLO. Ora.
o objeto nfio pode ser dado a um conceito de outro modu a nâo ser na intuição,
e embora uma iniuãçào pura seja possível a priori ainda antes do objeto, cia
mesma também só pode ubter o seu objeto, pur conseguinte a validez objetiva,
mediante a intuição tmpirica, da qual é a simples forma. Portanto, tudos os con
ceitos, e com eles todos os princípios — nao obstante posiatn também ser possí­
veis a prinri — rcferem-KC a inUiiçôcs empíricas, isto c* a dados para. a experién
cia possível. Sem isso. não poluem ãbsoluUrtcntc nenhuma valtdez objetiva,
mas sâo um simples jogo* wja da capacidade de imaginarão. seja do entendi men*
lo, com as suas respectivas representações. Tomem se como exemplo / apenas vi<i
Oü coriccitos da Matemática c. na verdade, cm primeira lugar» nas suas. imuíções
puras. O espaço lem três dimensões, entro dois pontos pode haver só ttma linha
reta cic. Se bem que todos esles princípios, e n representação do objeto com
ò quíiJ aquela ciência se ocupa* .sejam produzidos iiueíranieruc: a pfiofi na meme.
não üignillcarinfn absolutamente nada se niio pudéssemos !sempr$ movLrar a frua
íignificuçQo nos fenômeno,s {objetos empíricos). Por isso Stí requer utmbêm /artittr
xettsfvei um conceito abstrato, hio é. mostrar na intuição o objeto correspondente
a de. porque, sem isso, o conceito permaneceria (euinu se diz) priv&do de sentido.
isto é, de significaçao. A Matemática preenche este requisito pela construção
t!& figura. que é um fenômeno nrcscme nos sentidoa (se htiin que, na verdade,
reali^adu de modo a priori). Na mesma ciência, o cunceílo d<i magnitude procura
seu apoio e sentido no número, este. porém, nos dedos, nos corais das tábuas
de calcular ou nos Lrtujos e pontos postos diame dos olhos. Ü conceito permanece
iempre produzido a priori, cm conjunto com todos os princípios sintéticos ou
Iodas as formulas produzidas sl partir de rais conceitos; mas ti seu uso e a sua
rcluçüo com cvcntuai* objetos nâo podem, enfim, ser procurados em nenhum
outro lugar a não xer na experiência, eujy. possibilidade (segundo a Ibrma) aqueles
conceitos contém a priori.
/ Que este seja também o caso dc todas as cutcjgoriüs e dos princípios deriva- _luo
dos dúfa5. tonm-se claro pelo seguinte. Nào podemos definir de modo real nçnhu
ma (íü-tegoria.. isto é, tornar compreensível a possibilidade dc ücu objeto sem des­
cer imediatamente is condiçòe* da sensibilidade, por conseguinLt á fürrna dOÜ
fenômenos, aos quais* como seus únicos objeLos, das devem consequentemente
KANT

limitar-se; porque se esta condição é eliminada, desaparece toda significação,,


isío é. a relação cora o objeta e mediante nenhum exemplo podemos compreen­
der que espécie de eoka é propriamente entendida com Lütü conceitos.
Ninguém pode explicar o conceito dc magnitude em geral, senão aproximada
mente da seguinte maneira! ela c a determinarão de uma coisa, pela qual se
pode pensar quantas vezes a unidade é posta nela, Esie "quantas vezes’7.entretan­
to, funda se sobre a repetição sucessiva, par consceuinic sobre tempo.« a simese
{do homogêneo) nela. A realidade, em oposição à negação, só pode ser esclareci­
da se se pensa um tem fui fcijmn o conjunto dc todo o ser}, t^uc seja ou pleno
de ser ou vazio. Sc deixo de lado a permanência (q u e ê uma eaistència em lodo
0 tempo), nàu me resta para o conceito de substância senão a reprusçntaçao ]ógí
ca do sujeito, a qual suponho rcaluar. enquanto me represento algo que pode
Ler lugar simplesmente como £ujcitn (sem ser predicadcí de qualquer / coisa).
Todavia, eu nâo somente nao conheço absolutamente as condições sob as quais
esm prerrogativa lõgica seja própria a qualquer coisa, mas. além disso, não posso
fazer nada com ela e não posso lirar dela a menor conseqüência porque de*tc
modo nâo é determinado absolutamente nenhum objeto para uso desse conccitu.
ií, portanto, não se sabe sequer, se ele significa alguma coisa. Do conceito de
causa í&c deixo de lado cí mmpu, no qual alguma coisa sucede a ouira segundo
uma re^ra) não encontrarei na categoria nada n nào s-er que sc trata de al&o
a purlir do qual m pode concluir a existência dc outra coisa; deste modo nâo
somente será impossívd distinguir cau^o « eleito emrc si. mas, vislo que ê.sia
capacidade dc concluir requer sem dúvida condições da> quais nada sei, a^im
o conceito nâo terá determinação aiguma dc como possa adaptar sc iu> objeto,
O pretenso princípio, dc que todo o contingente tem uma causa, apresenta se.
na verdade, hastame solene, como se tiveüse em si n sua própria dignidade, ümrc
tanto, pergunto: que emendeis por contingente? I! respondeis; aquilo, cujo nüo-
ser é possível. Assim cu gostaria dc saber em que quereis reconhecer esta possibi
lidade do nüo-scr, se nao vos representai:*. na stérle dos fenómenos, uma sucesstio,
c ncsia umu existência, que suceda ao nào w r (ou inversamente), por conseguinte,
se nào vos representais uma variacâo. Com efeito, que o nào ser d« uma coisa
nao se contradiga a si mesmo, ò um apeio / viciado a uma condtção ló&ica que,
na verdade, é necessária para o conceito. mas nào c nem de longe Mullcienie
para a possibilidade real; do mesmo modo posso eliminar em pensamento toila
substância existente sem contradizer-mç a mim próprio, mas nem por isso de
modo algum eoncluír a contingência objetiva da sua existência, isto é, a possibili
diide dü leu não ser em si mesmo, Com respeito no conceito de com unidade,
pode se facilmente afirmar que. visto que as categorias puras, seja de substância
seja de causalidade, não admitem iienhuma explicação determinante do objeto,
tampouco pode admiti-la a causalidade recíproca na relaçãu da* substâncias en-
ire si (cammcrcium). Scinpre qtic mí quis extrair a definição de possibilidade, exis-
lência e necessidade unicamemc do entendimento puro, ninguém põdeexplicá-luíi
de outro modo a não ser mediante uma evideme tautologia. Com efeito, a ilufcào
dc tomar a possibilidade lógica do ronceitf) (jà que ele não .se comrndiz a si
mesmo) pela possibilidade transcendental das corsas (jjá que ao conceito corres­
ponde um ubjetoj, pode enganar c contentar *nmente pessoas inexperientes.4a
/ Ora, dtsso díicorrc inconte-siavclmeme que os conceÍLos puros do en­
tendimento jamais poderão ter um uso iranscemlental, mas sempre c somente
um uso empírico, c que os princípios do entendimento puro somtinte cm relação
COm as condiçQC-s universais dc uma experiência possível podem referir se a obje­
tos dos mentidos, jamais a coisas em si mesmas (sem tomar em consideração
o modo como possamos intuí las).
A Analítica TranscendemjiI possuí, pois, este ioiporuinie resufLado, a saber,
que o entendimento a priori jamais pòdü fater mais do que antecipar a Ajrrrta
de umu experiência possível cm geral e. visto que o que nâo e fenômeno nào
pode ser objeto algum da experiência, que o em end i memo nao pode jamais ultra­
passar os limites da sensibilidade. dentro dos quais unicamente podem ser-n«s
dado5 objetos. As suas proposições fundamentais sào meramente princípios da
exposição dos fenómenos, devendo ò sõberbu nome Je ontologia a qual .sc
arroga o direito de fornecer cm uma doutrina sistemática cunheeimcnlos sintcii
coa subre coisas cm geral (por exemplo. o princípio de causalidade) — ceder
lugar ao modesto nome de uma simples analítica do entendimento puro.
/ O pensamento é a açfto dc referir uma intuição dada a um objeto. Se
u modo deata intuição não é dado dc maneira afgumat o objeto 6 simplesmente
transcendental e o uonediu do entendimento niio possui nenhum outro uso além
do transcendental, ou seja a unidade do pensamento de um múltiplo em geral.
Or.t, mediante uma caic^oria pura — na qual se absirai de coda a condição
du riuuiçào sensível, como a única possível a nós - nao é* portaiHu.detcrminado
um ubjeto« mas somente expresso íffl vários modi o pensamento de um objeto
em geral. Ora. o uso de um conceito requer ai rui a uma função da Cíipaeidside
de juígar. pela qtinl um objeto é sob cia subsumido, por conseguinte, a condição
pelo menos formal sob a qual algo pode ser dado na intuição. Sc: falta esta eqpdt-
çâo da cupucidade de julp.ur {esquema), emào fica suprimida toda a subsunção.
pois nada que ráo possu scr subsumido sob o conceito c díttlo. Logo, o um.)
meramente iranseendertud d;t& categoria:» nào ç n« realidade uso algum e não
possui um objeto determinado e nem mesmo determinável segundo a form». Dis
so sep.ue sc que a catcçori» pura não basta sequer para um principio sintético
a priori c ^ue os princípios do entendi memo puro possuem MHUCntC um USO em­
pírico c jamais um uso transcendemal. nào podendo / dar se de modo alg.um
além do campo da experiência possível, um princípio simétien a priori.
Por isso pode scr aconselhável evprewtr sc da seguinte maneira; as categorias
puras sem as condições formais du sensibilidade possuem uma significação mera
mente transcendental, mas nenhum uso inmscundcntaU porque este ê cm si roes
mo ímpoasívcK enquanto faltam ãs categorias u»das as conduces para qualquer

** Mumn P4ibvTJi. uxJíis mhç* tMnKWÍiLibp nào podem «ir (tocumtnladns, ç Jtfü-m nãn poden' eleirmnsiror
a sua pos!iitiili«.l«Jc rcaf ■* « clsmijini^a unha ji miuiVÒO sensjvel (o única i^ue pa«*UÍrT>f>:i), c eem IÍSU SÒ
nos resta ftiiíiia 3 possibilidade lógica, isto ê, que o toneeito / (pcntamcniu) c pgfíwvel. mas nâo t üisio
que « í faia. mas.$im spo conceito « «afere q utn atajtui t w pcrlonlu ipgnifíca alguma cima,.
KANT

uso (aos juí/usk a iaber. as condições formais para a sub^unção de qualquer


eventual objeto sob esses conceitos. Visto, pois. que cias (enquanto categorias
simpSesmente puras) não devem p o lu ir nenhum uso empíricrt e não podem pos­
suir nenhum uso transcendental, assim não possuem cias absolutamcme nenhum
uso, quandu são separadas de toda a sensibiládiuie, isto c. nào podem absoluta
mente ser aplicadas a nenhum eventual objeto: tais categorias são, muiLo antes,
meramente a lorma paru do uso do crttendi mento com respeito aos objetas em
geral e ao pensamento. As categorias mediante tal farma apenas não podem pen­
sar ou determi fiar qualquer objeto,
E;.nlrelimu>. encontra-se aqui a fundamento uma ilusão ditTcilmenie cvitàvd.
As. categorias, sçgjundo a sua origem, nàu se fundam sobre u sensibilidade como
as fornias da intuição espaço e tempo. p:i recendo. portanto, admitirem um» íipü
cação ampliada para além de Lódos os objeUüs dos ücnLidos- Não obstante. eJas
não passam, pof sua vez, de simplesformas de pensumeniv, que possuem apenas
a faeuldude lógica de reunir cm uma curi&úéncin a priori o dado / múltiplo na
intuição. Em tal faculdade, sc lhes è tirada a única intuição possível a nós. potr
suem elas uma significação menor ainda do que aquelas fnrmjis sensiveis puras,
pélas quais pelo menus é dado um objeto. Se ao modo de conjunção do m ijlíipb
peculiar ao nosso entendimento nik> for acrescida aqudu muiiçdo em que- o múlti­
plo unicamente pode ser dado. cia não significa absolutamente nada, Todavia,
já está no nosso conceito que quando denominamos ccrLos objetos, como
fenómenos* de emes dOs sentidos (phaenomena), distinguindo a nosso mod<.> de
i nt uí los do sua natureza cm si contrapomos a e*tes emes dos sentidos t^uer
OS mesmos objetos cm sua naturexa cm sí (eonquamo nela nno os ímuiimos).
quer outras coiias pt>ssívci^ que iiào sejam objetos do nosso semtdo (enquanm
objetos pensados apenas pcÊo entendimento} chamando «h eritch do pensamento
(.noumenn), Ora, pergwnui se .se os nossos conceitos puros do entendimento não
possuem nenhuma si^nifica^ão com respeito a csie& u it^ tio entendimento c sc
nào poderiam constituir um modo de conhecimento dt» mesmos.
Porém logo dc início moslm^c aqui unia arubipüidínlc* que pode dar ensejo
a um jJTnnde m:jl emendido. a snber: visio que o entendimento. quando em uma
reLrçàk) denomina um objeto de fenômeno, forniu s<i ao mesmo tempo, fora dessa
rclaçao, ainda uma rcprc^ci:uçiu' de um objeto a n si mesmo, C por isSO sC repre­
senta que / possa formar sc conceitos de tais objetos; e, visiw que o entendimento
ny o fornece sen ao a caie poria. 0 objeLo nesu úliima üsgnifícação deve pelo menos
poder .ser pensado mediante csics conceitos puros do entendimento. Através dis­
so. contudo. & seduzido a tomar o conceito totalmeme indeterminado de um ente
do entendimento enw|uuruo um algo em gera! Ibra da nossa sensibilidade —
por um conceito dêiermintido dc um ente. que poderíamos conhecer dc algum
modo pelo ernendimenio.
S e por lUmmenon emendemos u m rs c o i s a enquanto ttâo C objeto de nosnü
iniuiçãü seusü W , na medida em que abslraímm do nosso modo dc iniuiçío dela,
esitáo se trata de um noumenon em &emtdo negativo. Sc, todavia, entendemos
por ele um objeUi de uma intuição mw ipnsfw*!. então admiLimos um iuíhío pecu­
liar dc iniuiçãu, a saber, a intelectual, que, porém, náo ê a nossa t da qual Iam
pouco podemos entrever a possibilidade. Este seria o noumenon em significação
positiva.
Ora,, n doutrina da sensibilidade é ao mesmo Lempo a doutrina dos nuumena
em sentido negativo, istt> L dc coísh* que o entendimento deve punsar sem esta
rtlíiçãu «xirn o nosio modo de intuição, por conseguinte, nào simplesmente como
fenômenos, mas como coisas em .si mesmas. Com esUt separação, pnrem, o enten­
dimento, ao mesmo tempo compreende, com respeito ü tais coisas — nçste modo
de considera-bs — / que nào pode fazer nenhum uso das Suai categoria^ porque ws
estas possuem significação somente.- cm relação com a unidade das inuiições no
espnço e no tempo, podendo também determinar a priori esta tmidadü. mediante
conceitos universais dc conjunçào, somenLe em virtude da simples idealidade do
lispaço e do tempo- Onde nào puder ser encontrada esta unidade de tempo. por
conseguinte no noumcnon. cessa inteiramente todo o uso. antes, mesmo toda a
significação das eatígoriss. pcn"s num mesmo st; pode entrever de modo algum
a possibilidade das coisas que devem corresponder às categorias. Por ckih razão
só posso reportar me ao que disse logo de início na observação geral ao capítulo
arueriur, Ora, a possibilidade dc uma coisa não pode jamais ^tr provada n partir
da não crontradição de um conceito. mas somctttü e enquanto este é documentado
mediante uma intuição que lhe corresponda. Portanto. &< quiséssemos aplicar
ns categorias a objetos nào conhiderados como fenómenos. deveríamos pór a
fundamento uma outra intuição ao invés da sensível. e então seríu o objeto um
noumenon em si^fujicuçào pvxiiivu. Oríi, visto que uma tal itimiçao. u saber,
a intelectual, cncomrn-sc simplesmente fora do nosso poder de conhecimento,
nâo pode também o uso das categorias de m<ido algum estender-se para além
do» limiies dos objetos da experiência. Aos crucsdos sentidos* na verdade, corres
pondem certamente tentes d** entendimento; / m ^ , mesmo que haja entes do ín- w
iendimentu, com os quais o nosso poder sensível dc inuiição não possui absoluta*
mente nenhuma relação* ob nossos conceitos do cmendimento. enquanto simples
formas do pensamento para a nossa intuição sensível, nào se estendem ininima
meitte para além desta. O quebporianto. v por nós denominado nouroenon, deve
»«ir entendido, cnquiinto csil. som ente çm sigtiyicaçâif rwgaiivu.
Se elimino de um conhecimento emp ir íe« todo o pensamento (mediante cate-
gtjriafi), nào resta simplesmente nenhum conlrcdmemo de C|uH)quür objoio, pois
mediante a mera iruuiçào não é pensado absolutamente nada, e o fato dc ç^ta
modificaçao dti sensibilidade c«ar em mim não conMtiui nenhuma rclaçao de
uma reprefveiitaçào de tal espécie com qualquer objeto. Sc. ao contrário, deixw
de Lado tt>da a iiutiição, perrmmeee ainda apesar disso a forma d;> pensamento,
isto é, o modo dc determinar um objeto para o múltiplo de uma intuiçSu possível.
Por isso as categorias de cena maneira estendem sc mais além da intuição sensí­
vel, porque pensam objetos em geral, üem considerar ainda o modo particular
(da sensibilidade) em que estes possa.m ser dados. Todavia, cias não determinam
com isso urm csTcra maior de objetos, pois não se pode admitir que tais »hjeto*
possam ser dados, sem pressupor ;t possibilidade de um ouiro modo de intuição
além do sensível, parít o que não somos de maneira alguma automados.
Denomino problemático um conceito que não contenha nenhuma contradi- mi>
KANT

ção e que além disso - como uma limitação dc conceitos dados — Eiguc-sc
a outros conhecimentos- cuja realidade objetiva, porem, não possa de modo al­
gum ser conhecida. O conceito dc um amimew u . isto è. de uma coisa que nào
deve absolutamente ser pensada como objeto dos scntido.s, mas ct>mo coisa em
si mesma (unicamente por um entendimento puro). rtão c de modo afguin contra­
ditório, pots nao se pode afirmar que a sensibilidade $eja o único modo possível
de iniüíçüo. Tal conceito é. além disso, necessário para não estender a inmiçàrt
sensível até as Guisas em si mesmas c, portanto, para restringir a validez objetiva
do conhecimento sensível (pois as demais coisas, que a intuição sensível nào
alcança. são denominadas noumena, para com isso indicar que àqttcle» conheci
mentos n i n p o d e jn estender a su a r ç g iã u u tudo o 4LEC o entendimento pensa).
Em conclusão. porém, nao se pode ahsolutamertLc entrever a possibilidade dc
tais noumctiíi, c 0 âmbito alem t£a esfera dos fenômenos e (para nôs} vazio, isto
é, nós possuímos um entendimenio t|ut- se estende problctnairatmente para além
daquela eslera* mus não pussuimos nenhuma intuição, untes, nem ^jqjer o con
ceito de uma possível intuição, pela qual nos sejam dados objetos fora do campo
da sensibilidade e o entendimento pos«:i ser u t iliz a d o assenorianteixte para além
desta. Portunto, « conceito dc um noumenoft é simplesmente um rnneeiso limite
íii / para restringir a pretensão da sensibilidade* sendo portanto dc uso meramente
negativo. Tal concciio nào é. entretanto, inventado arbitrariamente mas &c co­
necta com a restrição da sensibilidade, sem contudo puder colocar aipo pnsiíjvo
forsi do âmbito da mesmu.
£>w significação positiva, poriüuUi. a divisão dos objetevs. em ph^énomcnn
è noumtína. é do mimdó em mundo dos remidos c mundo do entendimento, não
pode absolutamente scr admitida, se bem que uma divisão dos conceitos em con­
ceitos sensiveis c conceitos inEdecuiaiá povsyíi sc-".o. Com respeito aos conceitos
intelectuais, efetivamente, não nc pode determinar nenhum objeto e, portanto,
tampouco fu?è'U>s pavsur p*>r objetivamente válidos Se sC prescinde dos sentidos,
si2 como SC podí querer tornar compreensível que as nossas categorias / (cjue seriam
os únicos conceitos a permanecer para os noumena) tenham ainda de algum mo
do uma significação, jü que para u sua rcUiçào com um cbjtíTo qualQuer deve
ser dado ainda algo mais, tio ijuo a simples unidade do pensumento, a saber uma
intuição possível, à qual aquelas possam ser aplicadas? Não ntatante. o eonccito
de noumenon. tomado cm sentido meramente problemático, permanece não sü'
mente admiss-ívcL mas mesmo inevitável enquaruo conceito que poc limites à
senfiihilidade. Deste modo, porem, nào c ele um pcculiar objeia intefiirfveí para
o iiuhso entendimento: mas um uruendimento que o poss.ui.sse como tal seria mes
mo 11m problema, ou seju. um poder dc conhecer — não discufsivamcnte median­
te categorias. mas intuitivamente cm ama intuirão nào sensível — o seu objeto,
do cuja possibilidade, contudo, não poderíamos tbrmar-nos a mínima representa
çào. Ora. 0 nosso emendimento obtém deste modo unia ampliação negativa, isto
c, ele não è limitado pela sensibilidade, mas, untes, a limita, enquanto denomina
noumena as coisas cm si mesmas (nau consideradas como fenómenos). Mas ele
põe imediatamente limites a si mesmo, que lhe impedem dc conhecer os noumena
medi Ame quuíquer categoria c, por conseguinte, dc pen^á las sob u simples nome
de um algo desconhecido.
Nos escritos dos modernos, encontro. todavia, um uso totalmente diferente
das expressões rrtundus sensibilis e mandus inidigibilis/ 3 que se afasta completa­
mente do sentido dos antigos. Nisso não se encontra seguramente nenhuma <JiH-
cuSdadc. mas também nada mais do que uma. vazia verbosidade. Segundo tat
usn. aprouve a. alguns denominar o conjunta dos fenômenos, enquaruo 6 intuído,
mundo dos sentidos, enquanto, porém, a sua ttjncxâu é pensada segundo leis
universais do entendimento, i mundo do entendimento. A astronomia teórica. .»i<
que expõe u simples observação do céu estrelado, tornaria represe ntãvcl o primei­
ro desses mundos; a astronomia contemplaLiva (explicada segundo o sistema do
mundú de Copcrnico íw simplesmente segundo as leis de gravitação de Newion).
ao contrário, tornaria a-prescniável o segundo deles. a saber, um muíldo inteligí­
vel. Mas uma ml deturpação de palavras ti um mero subterfúgio sofístico para
esquivar-se dc uma questão incômoda, desvalorizando-lhe o sentido para u sua
própria comodidade. Entendimento c razão podem com cerieza ser usados com
respeito aos fenómenos; pergunla-se, todavia, se eles possuem ainda algum uso,
quando o objeto não é fenômeno (c sim noumenon). e neste stntido elç é tomado,
quando é pensado em si mesmo como meramente inteligível, iftü é„ como dado
unicamente ao entendimento e de modü alçum aos sentidos. Trata-se. portanto,
dfl questão, üc além daquete uso empírico do entendimento (mesmo ita representa
çâo newtoniana da estrutura do mundo) seja ainda possível um uso transcenden
tal. que se refira ao nournenon como um objeto. A esta questão respondemos
negativamente.
Sc. pois, diremos: o$ mentidos representam-nos os objetos como aparccém.
o entendimento» porém, como são* a úlilma expressão deve ser tomada não em
■senlido transcendental, nvis Kirtlplcsmcirtc empírico, a saber, como cies. enquanto
objetos da experiência tem que ser í representados na eoní.sâo universal dos fenô >14
menos* e não como possam ser fora da relação com a experiência possível c,
conseqüentemente. com os sentidos em geral. Ic^o. enquanto objetos do entendi
mento puro. Isio* com efeito, nos permanecerá sempre desconhecido, peto menos
como um conhecimento que se submete categorias habituíiis. permans
ce até dcgeonhccido sc um tal cortheeimcnio irartscctidental (excepcional) é em
geral possível. Samems figadós enieHdiiwnto e sensibiiidaJv podem determinar*
objetos em nós. Se os separamos, possuímos iruutções sem conceitos ou conceitos
sem inttiiçôcís cm ambos os casos „ porém, representações que não iKjticm rcfcrir-
nc o nenhum objeto determinado. Sc após todos estes esclarecimentos alguém
ainda hesitar em renunciar ao uso meramente transcendental das categorias, cnião
taça com elas uma tentativa em qualquer afirmação símética. Com efeito, umu
proposição analítica não fiuc o entendimento progredir, e. já que ele está ocupado

« ' tim « * disssji expressão. não SC içm qi^ç USJU ii «Je. um mundo lnUt8CH.8i. Cim a fieralmente s* tvmijTna
TajtHír na liu&uu *fcmã. pus só os nuitHamentax sãn inwlrautos ou sensiveu. O que m jnvé* pode ser
apenas ura alijê/n | G^gcnsíandl de uri oi# de outro mmfo dc iniuí^ào. porLiinui ps Ofcijciai [O b ftktcl, lem
q ue Sü d e n o m in a r Im ^ÍRTadci à 4-üWEH d ü vikm) in lc llg jve l ou lo n síw d .
KANT

somem« com o que já ê peusadu no conceito, deixa isresolvide» se o conceito


possui em .si mesmt> relaçno com objetos ou se significa apenas ;i unidade do
pensamento em gt-ral (a qual abstrai inteiramente do nuido como um objeto possa
ser dado). Ao entendimento ba^ia saber o que se encontra em seu conceito, sendo-
lhe indiferente a que o conceito mesma possa refrrir-se. Tente, ponanto. com
/ algum princípio sintético e pretensamente transcendental, ccmo: tudo o que
existe. existe como substância ou como uma determinação íncrcnte a cia: todo
o contingente existe comü efeito de umn outra coisa, a saber. de sua causa cic.
Ora, eu pergunto: donde quer ele tirar essas proposições sintéticas, uma ve/ que
os concciLos devem valer nio para a experiência possível. mas para coisas em
si mesmas (notimena)? Onde está aqui o terceiro termo, requerido sempre para
uma proposição sintética, Lorn o fim de conectar entre si conceitos ^ue nào poy
suem íibsoluuimente nenhum parentesco lógico (analítico)? E li jamais provará
sua proposição, c maiü njio poderá uma única ve/, justificar para si íi possibilida
de dc uma tal afirmação pura, sem tomar em consideração o uso empírico do
entendimento, c deste modo renunciar inteiramente ao juízo puro e independente
dos sentidos. Assim. pois. o conceito de objetos puros c meramente inteligíveis
ii totalmente va/.io de todos o& princípio1 -; de sua apticaçSo, pois nào sc pode
imaginar nenhum modo como devessem ser dados e ü pensamento problemático
que não obstante deixa um lugar abeno para mis» ohjeios. serve somente como
um espaço vazio para limitar o* princípios empíricos, .sem todavia conter em
si e indicar qualquer outro objeto do conhccEmcnto Tora da c.sfcra das última*
pruposiçÕCh.

/ A P K N IlíC K

Da anfibologia dos conceitos de reflexão através da confusão


do uso empírico do entendimento com o uso transcendental

A reflíKÜo (reftexio} nÃo tem nada a ver tom os objetos mesmos, para ubier
diretamente conceitos deles, mas é o Ostado da mente em que1 noü dispomos ini­
cialmente 3 descobrir as condições subjetivas sob as quais podemos ehegsr a
conceitos, £ a consciência da relação de representações dadas às nossas diversas
fontes dg conheci mento, mediante a qual unicamente pode ser determinada eorre
tamente a sua relação entre si. Ames de todo o posterior tratamenm das nossas
representações, a primeira pcr^unla c a seguinte: a que poder de conhecimento
pertencem todas cia* cm conjunto * Aquilo, ante 0 qual da* são conectadas uu
comparadas, é 0 enicndimento ou são os sentido.«;? Vários juízos ião admitkloi
pelo hàbjLo ou ligados por inclinação; vjsto, porém, que esses. ju í«is n;lo sào
precedidos por nenhuma reflexão oy pelo menos nao seguem criticamente a ela,
devem ser considerados como tendo ohtido a sua origem no entendimento. Nem
iodos os juízos necesaiiom uma investigação, 'sttj é. uma atençàú sobre Ofi tunda-
c r ít ic a d a r a z ã o p u r a HV3

mentos tia verdade, pois s£ sao imüdial^mi.*nte / certos — por exemplo, entre an
dais pomo* pode haver somente uma linha reta — nào pode ser indicada a seu
respeito nenhuma característica mais, imediata da verdade além da que eles mes­
mos expressam. Entretanto, todui os juízm. antes, todas as comparações necessi
Iam uma reflexão. isto c. uma distinção da capacidade de conhecimento â qual
pertençam os concciLos díidos. 0 alo pcLo qual aproximo a comparação das rc
present ações em geral com a capacidade de conhecimento, cm que aquele é insti
(uído. e pelo qual distingo se tais representações. são comparadas entre si como
pertencentes ao enLendimcnto puro ou a iruuição sensível, denomino-o refle.tão
íraascendemaL A relação. porém, na qual os conceitos podem copcriencer-.se em
um estado da mente é a da ideniidadi' c diversidade, da concordância e oposição,
do hífcoto e axlvrno, u fina [menu- do detcnninàw{ o da ítetcrminaçâft (matéria c
tbrma). A correta determinação dc**a relação depende de saber em que capacida
de dc conliccimenLo — na sensibilidade ou no entendimento — os conceitos
pertencem subjetivamente un.s aos ouiros, Com deitu. a diferença entre cnicndi
mento tí sensibilidade constitui uma grande diferença no modo como se deva
pena ar tais concciio^
Antes dc todo.* os juízos objetivos, comparamos os conceitos para chegar
á iiktttidade (de muitas representações sob um conceito) com vista aos juízos
Uftivr.rxais* uu à divetsidutie de Lais represemaçòe;> p;H éi a produto / de juízo* mk
pariicuíaws; a convurdãnçw, da qttul podem formar-sc juízos aiuimii ivos. e ã
oposiçâti. da qual podem Cormnr se juí/os negativos, etc, ^or esta riuão deveria
mos, como parece. denominar coJieinius cumpurativos (cottccptus comparationis)
oi, conceitos indicados. Todavia, visto ifue, quando se trata não da forma lógica,
mas do conteúdo dus conceitos — isto é. se as coibis mesmas sãô idènlieítò
ou diversas. concordantes ou opostas, etc, . a;. coisas podem ter uma dupla
relação com a nossa capacidade de conhecimento, a saber, com a Mnsibílidade
e o entendimento. E visto que„ por outro lado. o modo como devem pertencer
umas ás outras depende desta posição, assim a reflexão transcendental isto
é. a relação das representaçòcs dadas corno um ou outro modo de conhecimento
poderá unicameme determinar a relação reciproca de tais representações Sc
as coisas, além disso, são idênticas ou diversas, concordantes ou opostas etc.,
nào poderá ser estabelecíd« imediatattienie a partir dos conceito» mesmos, me
diame simples comparação (comparatiol. mas antes de tudo pela distinção do
modo de conhecimento ao qual pertencem c mediante uma reflexão (.refkxio)
iranKiírtníbntal Portant«, kc poderia cm ve^dudi;. di/ier quu a njlexãtt hlgiçii seja
uma simples comparação, pots nela SC abstrai totalmente da capacidade de co­
nheci mento h qual pertencem as representações dadas Bitus, cm virtude da sua
sede na mente, devem ser tratadas / como homogéneas. A reflexão iranscettdental i\<>
(que sc refere ao* objeto* mesmos) comém. ertrmanUk o fundamento da possibíli-
d:idc da comparação objetiva das represe mações entre si, sendo mui lo diversa
da anterior, porque a capacidade de conhecimento, à quaE as representações per­
tencem, não é preeísamenie a mesma. ksra reflexão transcendental é um dever.
dO qual mnnuém pode dtcipeníiar w £0 quiser julgar a priorí robre as coisas. Que
164 KANT

remos agora tratar dela e extrairemos disso nao pouca lux para a determinação
da verdadeira tarefa do entendimento.
1. fdenlidade e diversidade. Se um objeta nos é apresentado diversas vezes,
cada vez, porem, com as mesmas determinações internas (qualiias et quaruitas).
cmão ele — se vale como objeto do entendimento puro - c sempre ç precisa
mente o me.smo, e nào muitas coisas, mas uma única só (numérica identitas);
se ele« porém, é fenòmerio, entào nuc se trata absolmamcnLe de comparação de
conceitos, mas, seja quão idêntico possa tudo ser com vista a esses conceitos,
é a diversidade de íu£ares desle fenômeno urrt Fundamento suficiente da divertida
de numérica ào próprio objetn (dos sentidos). Assim, com respeito a duas gotas
d’água. pode se absirair inteiramente de Ltxla a suo diversidade interna (da qüali
datlc e quantidade) c Hasta que sejam axi m^smo tempo intuídas cm lugares diver­
sos. para as considerar numericamente / diversas, Lcihniz tomou os fenômenos
pnr coisa* em s.i mesmas, por cofisefcuintc, por intcliigiNlia. isto è, objetos do
entendimento puro (embora as designasse por fenómenos, por causa da confusão
das suas representações), e assim o seu princípio da indiscemibilidadc (princi-
piurn itientitatis. indescernibilium) rtão podín ccriàmcnlt; scr contestado. Visto,
porém, que os fenômenos sâo objetos da «ícnsibilidada e quo o entendimento não
pode ter com respeito a eles um uso puro, mas simplesmente empírico, assim
a pluralidade e diversidade numérica fcâo já indicadas pelo capaçc mesmo, cn
quanto condição dos fenómeno* externos. Com efeito, uma parte do espaço, se
bem que em verdade possa &er imeirumeme semelhante c iguâf a umaoittry paric*
c todavia fora dela justamente por t a uma parte difereme dá primeira, à qual
c acrescentada para constituir um espaço maiwr, dyvcrtclo isto valer com respeiio
n tudo o que 6 simultâneo nos vários pontos do «»paço, seja quào semelhante
e igual possa sér sob outro aspecto.
2. Concordância e oposição. Se a realidade é rcpresertuwia somente pelo
entendimento puro (realttas riõumenon). nm se pode penm nenhuma oposição
entre a* realidades, isto é, uma relaçào em que cada uma das realidades conjuntas
em um sujciJo suprima o efeito da ou ira, e tenha-se 3 — 3 = 0 . Ao contrãrit».
o real no fenômeno (realitas phaenomennn) pode certamente conter oposições
c, reunida no mesmo sujeito, pode / uma realidade anular toial ou parcialmente
o efeito da outra, como duas forças motoras sobre a mesma linha reta, enquanto
puxam ou impelem um ponto cm direção conirãria. ou tamh«'m como um prazer
contrabalança a dor.
3. frtfçrnn c externo. Num objeto du entendimento puro è interno somente
o que nau possui absoluLamente nenhuma relação (segundo u existência) com
qualquer coisa diversa dclc, Ao eomrúriü, as determinações Emcmas de uma
substância phaenomenort no espaço nào <tao senão relações, e cia írie^ma à um
complexo de simples relações. Conhecemos a sub.sutncÊsi no câpaço somenlc me­
diante torças que nLuam nd^ quer atraindo ouiras para ele (atração), quer impe­
dindo as dc penetrar neje (repuJsão e impenetrabilidade): não conhecemos outras
propriedades constituintes du cüirxíio de subsiinm- que aparece no espaço e
denominamos maLéria. Como objeto do entendimento puro, ioda subsiãcia deve.
ao conirário. possuir determinações internas e forças, que sc refiram à realidade
interna, Entretanto. que acidentes interno* posso pensar em mim. além dos; que
o meu sentido interno me oferece, a saber, o que é pstt&amemo ou o que é análogo
a cie? Por isso Leibniz, pelo faio de represemar-se todas as substâncias i como 121
naumena, tez dc todas cias — mesmo dus elementos da matéria, depois de ter-
lhes tirado em pensamento tudo o que pudesse significar rclaçào externa, por
conseguinte também a composição — sujeitos simples dotados de capacidade
representativa, em uma palavra, mónadas.
4. Matéria e form a, Traia-se de dois conceitos postos a fundamento dc ioda
a outra reflexão, seja quâcj inseparavelmente: conjimgidos estejam oum todo n
USO do entendimento. O primeiro significa o determinável cm geral, o segundo
a suy. determinação (ambos em sentido transcendental, já qtté se abstrai dc tod3
a diferença do que é díido c do modo como é determinaduK Os lógicos denomina­
ram antigamente matéria o universal e Forma a diferença específica. Em iodo
juízo, podem sc denominar maieriu lógica (para 0 juíiáü) os conceitos d,idos. 1;
fnrm,i dó juízo a relação dos conceitos (mediante a cópula), Ém todo eme. os
»cus etamemos (esscniialiaj ctinstityem a maténa; e o modo como esses elementos
sào conectados em uma coisa constitui a forma essencial. Cum respeito âs coisas
Cm geraL considerou se aindn a realidade ilimitada c^mo k matéria de ioda a
possibilidade* e a limitação de tal realidade (negação} como a sua forma pela
qual uma Coisa distingue-se de outras segundo conceitos transcendentais. O efi
icndímcnto, na verdade, exige antes de tudu que al^o seja dado (pelo menos / ííí
em conceitos), para poder determina lo de cena maneira. Nn conceito do emendt
mentü puro, em conseqüência, a matéria precede a forma: cm vista disso admitiu
l^tbniz primeiro coisas (mònadas), e internamente uma capacidade représentai!
va das coisas, para a seguir lundar <ohre iÿso a relaçào externa delas c a comuni
dade doî> ícus estados (a saber, das represem ações), Por isso espaço e tempo
eram possíveis* aquele somente mediante u relação das substâncias., este mediante
a conexãú das determinações delas entre sc como fundamentos c conseqüências.
Assim teria que ser, de fato. sc o untúndimento puro pudesse referir-se imediatii
meme a objeto* e espaço e ternpo,fossem determinações, das coisas em üt mes­
mas. Sc, porém, süo somente iniuiçòe* sensíveis* nas quais determinamos «('»dos
os objetos meramente como fenômenos* íntão a forma da intuição {enquanto
disposição subjetiva da sensibilrdade) precede uxJa a marérin (as. scnçaçõcsX por
consegui me, espaço c tempo precedem todos txs Fenómenos e todos os dados d:i
experiência e* antes, tornam esta pela pfimeira vez possível. O filósofo inielecLua
lista não podia admitir que a forma devesse preceder as próprm coisas e determí
nar n sua possibilidade; tal censura, era totalmente justa, ao admitir Que íntuímos
üs coisas (sc bem que com representação confusa). Todavia, visto que a intuição
sensível é uma condição subjetiva totalmente peculiar f que $e encontra a priori su
a fundamento de toda a percepção, e cuja forma é originária* assim a formo
e dada por si só, e a maiériu (ou as coisas mesmas que aparecemj encontra se
tão longe dc constituir 0 lundnmento (como se deveria julgur segundo simples
conceitos), que a sua pt>ssibilid;idf!, antes, pressupõe intuição formal (espuço
e tempo) como dadss,
166 KANT

N OTA À A N F tB ü L O G lA DOS C O N C EïT Q S D E R E F L E X Ã O

Seja-me permitido denominar íugar iranscéndental à posição que conferimos


a. um conceito, quer na sensibilidade quer no cncendixticnto puro. Dote modo
a determinação dessa posição que convém a lodo cortccito segundo a diversidade
do seu uso e a indicação pára conferir, segundo regrai, este lugar a iodos os
conceitos, constituiriam a tópica transeândcnlaí. F.sla é utna doutrina que prescr
varia solidamente de suh rcpçòcs do enlcndlímcrut) puro e de ilusões ciai dérivan­
tes, distinguindo sempre a que capacidade cognitiva pertertoem propriamente os
conCcitos. Todo conceito, Uido lilulo, sob o qual se recolham muitos conhecimen­
tos, pode ser denominado iugar lógico. Sobre isso funda se a tópica lógica de
Aristóteles, da qual puderam scfvif-se professores e oradores, para examinar sob
cerlos lúutos du pcnsarncntn / o que melhor ac adaptasse à míiLéria etn questão,
e para sofismar ou tagnrdar vcrbosamcnie a respeito com uma aparência dc pro­
fundidade. ^
A tópica transcendental, no Cüntrário. não comem, .senão os quatro indica
do» tituliii) de ioda u comparação e üíslinçào. diferenciando se das categorias
pelo Tato ikue mediante des nâo è apresunutdo »3 tibjeio seçundo o que constitui
o seu conceito (qoantidíidc. realidade)* mas somenif. em Loda a sua variedade,
a comparação das rep reen sõ es que prccedt o conceito de cotsas. F.siá compa­
ração. cmreianio, requer antes de unjo uma reflexão, isu» é, uma dtilermiiitn; ilu­
do lugar a t|ue pertençam as representações das coisas que são comparadas, quer
sejam pensadftH pelo enlcridimcum, quer sejam dadas no fenômeno pela sensibili­
dade.
Os conceitos pmtem ser comparados logicamcrue sem que se deva prcoçu
par-se a que lupar pertencem os síu** ohjetos. se como noumena ao wiiemli mento
ou comi) phyenomena à \unstbtlidadc. loUavta, se COm esse* conceitos quisermos
relerirnos & objetos. sera antes de ludo necessárúi uma reflexão transcendental,
quer devum eles ser objelos da capacidade cognitiva, do entendimento puro. quer
da sensibilidade. Sem tal reflexão, farei um uso muito inseguro títóses conceitos,
dando oriftem a pretensos princípios simeticos J ífuc & ríuão crítica não pude
reconhecer e que se lundum unicamente sobre uma anfíboiogia iranseendcmul.
islo á. Súbre uma eontusào entre o ohjcin puro do entendimento e o fenómeno.
Nu falia dc tal tópica transcendental e, por conseguinte, enganado pela anfi
bologia dos conceitos dc reflexão* construiu o celebre Leibniz um sistema ituefeo-
(ttüi do mundú ou. muito antes, creu eunhecer u nuiurczíi íniimn du:-. coisa,*., cn
quanto comparou todo:» us abjetos apenas com o entendimento c com os conceí
abstratos e formais do seu pensamento, A nossa tábua do:> concertos de relie
K.ào proporciona-nos a inesperada vantagem dc pôr a claro o caráter distintivo
da doutrina de Leibniz, çm todas as suas parLes u ao mesmo tempo 0 princípio
diremr dessa süa peculiar maneira de pensar, o qual nao se fundava senão $obre
um mal-entendido. EIé comparou todas as coisas entre si simplesmente mediante
conceitos e não descobriu, como era naturai. nenhuma outra diferença, além da­
quela pdsi qual o entendimento distingue os seus conceitos uns dos ouims,
c r ít ic a d a r a z ã o p u r a 167

Nào considerou originárias as condições da intiiiçàu seiiïivel. que Lrazem consigo


as suas próprias diferenças; com eleito, a sensibilidade era p^^ra ele somente um
modo confuso de representação e nenhuma fonte peculiar de représentâmes; o
fenômeno uru para cie a representação da cai su entsi mesma, embora tal represen­
tação seja disiima. secundo a forma lógica. / do conhecimento pelo- entendimen
lo, uma vez que o lenômeno. pela falia liahiiu;il de auálbe. ãntroduz no conceito
dc coisa uma cerui mistura de repriüveniaçcies acessórias-que o enLendimamo sabe
eliminar. Em uma palavra; Leibniz hjfetevluaiizou os fenômenos, a&íãin cluDo
Lockv Sensualizou todos o.s conceitos do entendimento segundo o seu siitcnia
da iiQõgOfiia fse me for permitido u*ar esta expressão}, isin e, fé los paasar por
simples euneciíos de rçfltfxào- cmpiricos ou abstmos. F.m vez de pmuurar no
entendimento e na sensibilidade ditas fontes totalmente diversa;, de representa
gões i| ut:, porém, sn em conexão poderiam julgar objetivamente sobre ccvüsas.
uteve-se eada uni desses dois grande^ homens upenus u uma de ambas as fontes-
que segundo a sua opinião referi a-se imediatamente a coímií» em si» enquanto
íi outra nào fruia senão confundir ou ordenar as represenuçOci da primei ra*
Logo. Leibniz comparou entre sí - simplesmente nt> L-niL-ndimcmo o&
objetos dos senlidos como Coisas em geral: í >7 primeiro lugar, enquanm Laís
objetos: dc;vem ser julgados pdo emendimemo Lumo tdènlieos uu eterno diverso;».
Lle tinha cm visca meramente os conceitos de tais ohjetos e niio a sua posiçào
tia intuirão, unicamente ua qual os objetos podem rter dados. deitando loialincmc
de eonsãderar o lugar irans^endcnml desses Conceitos (se o objeto deve ser enume
rado entre os fenômenos ou cri ire sis coisas em si mesmas). Portanto, nào podia
deixar dc ocorrei* que de / estendesse o seu pritieipio dc jndisceriiibilídade
que vale simplesmente com respeito a coticeitos de coi.sas em ^eral - também
aos objetos dos sentidos tmundus phaenomenon), com isso ek creu 1er consegui
do uma não peftucna ampliação do eonhcuimcnto da natureza. Çerianicttie. se
conheço uma gota d'âgird - segundo iodas as suas determinações imermis
como uma coisa cm si mesma, então nào poderei admitir nenhuma gota d‘ágm
como difirente das outras se o anteiro conceito dela íor idêntico eom a primeira.
Llntrcuinto» se a gota d’uguïJ é um fenômeno no espaço, emáo tfly possui o seu
lugar não simplesmente no enicndimciHo (entre o* conceitos}. mas nu intuição
stíinível externa (no espigo); hí os tunarcs físicos sàtj uu til mente indiferente* com
respeito às determinações internas dys coisas: um lugar b pode tanlü admiiir
uma coisa inteiramente semelhante e igual a uma outra em um lugar - a, por
maior que seja a difercu^a interna entre ambas. A diversidade de lugurcs por
si só já torna não somente possível m:tü laimbém neecssúriu — *em ulteriores
condiçdes a pluralidade e distinção dos. objetos comn íenõmenos. Portanto,
ctiL|ueiü 1er ilusória não c nenhuma lei da natureza. Li somente uma regra íiiialiitija
üti uma compara-lo das coisas niedidnie ''impies coneeiii>s..
Em secundo htgar, o princípio de que aü realidades (enquanto simples aJlr
míiçocs) jamais se opõem logicamente entre si e uma proposição Lotalmeme ver
dadcira sobre a relação dos / co n cd iu s. mas não si.^niHca nada, nem com vista
à natureza, nem em parte alguma tom visia a qualquer eoisíi em si mesma (désLa
KANT

nào possuímos nenhum conceito), Com efeito, a oposição real rcaliza-se em ioda
a pane onde A — B = 0, i&to é, onde uma realidade se ligue com outra cm
um sujeito e elimine uma o efeito da outra; isto põe incessantemente ante os
olhos todos os obstáculos e rcotçòes na natureza, que, todavia, por baseatCm-se
sobre as forças, têm que denominar-se njaiitaLes phacnomena. A mecânica geral
pode ate indicur. em uma regra a priori, a condição empírica dessa oposição,
enquanto se refere à contraposição das direções: condição dc que o conceito
Lranscendemal de reaíidade não sabe absolutamente nada. Sc bem que o senhor
von Lcibniz não anunciasse essa proposição precisamente com a mesma pompa
de um novo princípio, serviu-se deia para afirmações nova? < ? os seus seguidores
introduziram na expressamente no ;>eu sistema Idbnizútno-wollTiano. Segundo es­
se princípio, todos os males —■por exemplo — nào sâo senão efeitos dos limites
das criaturas, isto <5* negações. porque estas são a única oposição da realidade
(no ssmplcs conceito dc uma ccnsa em gerat c também efetivamente assim. rtao
porém nü conceito das coisas como Fenômeno), Do mesmo modo como os parti
dários dc Leibniz consideram nao apenas possível, mas também natural, reunir
.íii) em um único ente / toda a realidade* sem se preocupar com alguma oposição,
porqutí não conhecem outra além da dc contradição ípela qual o próprio conceito
dc uma coísa é supressu)* nào, porem, a da anulação rccíproca, jã quç um funda
mento real suprime o efeito de outro, c para o que encontramos somente na sensi
bilidade as condições para nos representarmos uma tal oposição.
fc'tn terreiro fugar. a Monadologia cie Lcibniz não possui simplesmente ne­
nhum outfü fundamento a não ser o fato que este filósofo representou a diferença
do interno c do exierno m^ramenu* na reüaçâo iwm o entendimento. A.s subsiãn
cias em gerai tem que icr algo ittterno. que scj.i livre dc todas as rtftaçÒcs externas,
conseqüentemente também da composição. O simples c, portanto, o fundamento
do interno das coisa* em w mesmas. Por outro lado, o interno do Stíu estado
nao p*kJc consistir em lugar, fiiiura, cunULto ou movimento (estas determinações
são todas relações externas), e nào podemos por isso atribuir ás substância* ne­
nhum ouiro estado interno a nao ser aquele pelo qual nós próprios determinamos
iniernamentç o nosso senudt», a saber, o tatütfo das representações. Assim tive
ram o seu acabamento as mõnadas, que devem constituir *i matéria prima do
inteiro universo e cuja força ativa consiste somenie tm representações pelas quais
operam propriamente só em si mesmas.
Justamente cm virtude disso também o seu prineipíum da possível cimiuuí*
ui datin das sub&lânçim entre si / tinha que ser uma hurmnnift preestabelecida a
nao um influxo tísico. Viüto. pois, quü tudo ê somente internu, isio ê, está ocupa
do com suas representações, o estado das representações de uma substância nào
podia absolutamente ligar -íe ativamente com o csiadu das representações de ou
ira, mas uma tcrceira. causa qualquer que influísse sohrç Lodas cm conjunto, linha
que fáscer corresponder enire si os seus estados, na verdade, nào airavés de uma
assistência ocasional e aplicada especialmente a cada caso singular (sistema as-
sistcnísae) mas mediante a unidade cia idéia de uma causa válida para rodas as
substâncias. Em tal causa todas as substâncias cm conjunto têm que obter —■
icgundo leis universais ■ — a sua existência s pcrmanêitciíi. por conseguinte. tairv-
bém a sua correspondência reciproca.
Em quarto lugar, a célebre doutrina dc Lcibniz sobre ü íempti e o espaço.
na qual intelectualizou essas formas da sensibilidade, surgiu unicamente da mes­
ma ilusão da reflexão transccndental. Quando quero rcpreseniar me. através do
simples entendimento, reíaçyc» externas da?> coisas, isto sô pode acontecer me­
diante um conceito de seu efeito recíproco; e se devo conâctar um estado dc
uma cuisa com outro estado da mesma coisa, isto só pode acontecer segundo
a ordem de fundamentos e conseqüências. Assim, portanto, pensou Lcibinz o
espaço coma uma certa ordem na comunidade das substâncias e o tempo como
a sucesiiào dinâmica dt>s seus estados- No entanto, a pecularidade / c independem- .«?
cia das coisas que espaço e tempo parecem ter em sJ foram atribuídas por üábniz.
à confusão destes conceitos, que laria com que o mesmo, que é uma simpfes
forma dc reJaçòe* dinâmicas, fosse tomado por uma intuição por si subsistente
c precedente ã.s próprias coisas. Logo. espaço e tempo eram a forma inteligível
cia conuwào das coisas (Substâncias e seus estados) em si mesmas. As coisas,
porém, eram substâncias ineligíveis (substantlae noumerta). Não obstante» t|üis
ele co n sid e ra reis conceitos como fenômenos.porque não admitiu nenhum mo
do dc intuição próprio da sensibilidade, mas procurou toda a representação dos
objeto^, mesmo a empírica, no entendimento, não deixando aos sentidos senão
a desprezível tareia de confundir e deformar as representações do mesmo.
Mas» sc nós, por meio do entendimenio puro. pudéssemos lambém dizer algo
bintético wbre tw cofsus vttf si mesmas {o qoe, entretanto, é impossível), isto
não poderia de modo algum rt?fcrir-se aos fenômenos, que nuo representam coisas
cm si mesmas. Ncsté úllimíJ cawo. portanto. lerei sempre que campurar os meus
conceitos na reflexão transcendental somente sob as condições <ií* sensibilidade,
e assim espuço e tempo nào serãu repreisentaçoes das coUas em sL mas dos ícnó
menos: o que as coisas em si possam s<*r, não o sei, nem necessito / sabê-lo. wj
porque umn coisa jamais pode apurcççr rtw de ouro niudo a nào ser no fcnòme
no.
l>o mesmo modo prui^do com respeita aos derruais conceitos dc reflexão.
A maiüria ê ,subsi;ttuia phacnomenon. 0 quv lhe pertence internamente, procu
w o em todsu a* parles do espaço que ela ocupa e cm todos os efeitos que ela
«Jícrce c que certamente «V podem ser sempre Icnômenos dos sentidas externo*.
Portanto, não possuo nada de abolutamente inrerno, mas só comparativamente
interno, que por sua vez consiste dc relações externas, Ames, o que é ahsolurn
mente interno à matéria segundo o etuendimeruo puro, c utmbcftv um& simples
cxLravugánCia. Com efeilo, a matéria não c em pane alguma um objeto do enren
dimento puro. ao pusso que o ohjeço iransccndcnlul que pode ser o fundamento
dcsic fenômeno por nós denominado matéria, é um simples afgo que jamais com
preenderínmos o que seja. mesmo que alguém pudesse no-lo dizer. Dc fn*o, nào
podemos compreender senão o que uma coisa correspondente às nossas palavras
ira/ consigo na intuiçuo. Se ás qucuas: nào entrevemos ab&Qlttiaffl&iic o intento
lias Cftisax devem significar que nào concebemos pelo entendimento puro o que
170 KANT

as coisas que nos aparecem possam ser em ki m^mas, então sào elas totalmente
injustas c irracionais, pois querem que se possa conhecer e. portanto, intuir eoiiâs
sem os sentidos, conseqüentemente que possuamos uma faculdade de conheci
j .:4 metico totalmente distinta tia humana. ; rtáo simplesmente segundo o grau. ma«
até segundo a intuição í a «âturc/.a: loto quç devamos aer não homens, rriji
entes dos quais riao podemos dizer se são sequer possíveis e muito menos como
são constituídos. A observaçàu e decomposição dos fenômenos peneira nu iruer
no da natureza c nâo se pode saber até que ponto checará esta penetração com
u passar tio icmpo. Mesmo que nos Tosse desvelada ioda a nmureza. não podería­
mos jamais dar uma resposta para aqueles problema^ Lran acendem aia nuc uli.ra-
passam a natureza, visto nâo nus ser uma só vez conccalidi» observar a nossti
própria mente com um a mtutçào U ivcrsii da do nosso sentido iinernu. Neste, e íl■
contra se, com efeilo. o segredo da origem de nossa sensibilidade. A sua rcluçík)
com um objao e a natureza do fundamento transcendental dcsla unidade eneon
iru se sem dúvida por ikimds ocultas pura que nós -- que até a mVs próprios
conhecemos somente mediante o yénlidri interno, por conseguinie. como fenóme­
no pudüi.scnuis usar para is.so um instrumento de investigação tao madaptado
para duscohrir algo que nao fenômenos, cuja musa nào sensivel. no cJiiynui,
gostaríamos de investigar,
O que iürna extremamente ulil esta crítica das conclusões a partir das sim­
ples açòes da refíéxào é o lato de ela demonstrar claramente n nulidade de todas
as conclusões sobre objetos comptiradus entre si unicamente no entendimento
.U! e de ati mesmo tempo confirmar o que / principalmente de&taeamos: que. con­
quanto 0 ,s fenãmenos não sejam compreendidos entre oü objetos do entendimento
purn como coita» 4m si mesmas, eles todavia suo os únicos nos quais o nosso
conhecimento pode itfr realidade ohjctiva, a síibcr, onde uma intuição corrc^pon-
dc aos conceitos.
Quando refletimos apemis togieamiíme cimente comparamos enirç si os
nossos conceitos no etuendímeiuo, para ver se dajs conecitm eoiilòm F'recísainen
te a mesma coisa, sc se eontradi/cm ou não, se algo £ comido internamento no
conceito ou IIie ê aereseido, e qual dc ambo* c dado, quaL porém, deve v#k*r
apenas como um iyiaHLo Ue pcrtsaroH conceitos dcidos. Mas. se apücoesies concei­
tos a um objeto em geral (em sentido transcendental) sem determinar ulteriormen­
te sc é um objeto da intuição sensível ou intelectual, mostram-se imediatamente
hminçck'^ (para nfto ulLrapasjtar eftte conceito) que transtornam U»do o uso
pírico de tais cuneeitos c justamente deste modo províim que ;t representação
de um objeto como coita em si mesma não é simplesmente insuficiente, mas,
sem uma determinação sensível da representação c independentemente de condi
ção empírica, c em si rncsniu contraditória. Provam, portanto, ou que se lem
de abstrair <na L^gicul d í lodo o objeto, ou sc se admite um se tciTJ dc
pensá-lo sob as condições da intuição sensível. Provam, conseqüentemente, que
■??*. ó int.elig.ivol requereria uma intuirão touilmenie peculiar f que rtào posiuímos,
ná Jalia da qual ele não è nada para «os e, por outro lado. nem os fcnômçnoíi
podem ser ohjetos em st mesmos. Com efeito, se pertsu simplesmente cobris em
C R ÍT IC A P A R A Z Ã O P U R A 171

geral, então a diversidade das relnçòes cXlirnas certamaue nau pode constituir
uma diversidade das- coisas mesmas, mas pressupõe estas- e. se o conceito de
uma coisa não é de mudti algum internamente diferente do conceiio de ouinu
então ponho uma única e mesma coisa cm relayoes Jívlts^s Além disso. pelo
acréscimo de uma simples afirmação (realidade) a ouir;i n positivo ê. ames. au
mertrado, nuo sendo dele nada tirado ou suprimido; por isso o real nas coisas
em £eral não pude ser comradiiório eio.

* * *

Por uena cena falsa ímerpretavão. os conceitos da reflexão — como mostra


mos — possuem tal influencia sobre o uso do entendimento, que fu-ram capazes
dc seduzir itm dos mais peneiranius filósofos a um pretenso sistema dn conheci
menin intelectual que sc empenha irm dcicrrrtinur i>s seutf objetos rcm n interven­
ção dos sentidos. Jusiamente por isso explicação das causas enganosas da anfi
bolo£ia dtistes conceiius produzindo Falsos prirtdpios édcgrando Utilidade
para determinar e assegurar firmemente u.s limites do umendimcnio.
/ Na verdade, se tem yuw di/.er: o que convêm OU cnrilradi? universalmente
a um conceito* convém ou contradiz também Lodo o panicular contido sob aquele
eonceilcv tdictum dc omni ei nullu), Seria, porem, absurdo modificar este princi
pia lógico dc modo que M.msu assim: o que não está comjdn em um eoncuiio
universal, não o csiá lambém nos conceitos particulures subordinados y cie. Fs
to», com efeito, sâo conceitos particulares precisamcnie por comerem em si mais
do que e pensado no conceito universal. Ora. o compIcLo sbíema intelectual de
Lcibni/. cscá reaimenre edificado sobre e\ie ah imo princípio; ele cai. portamo,
simultaneamente com tal princípio c com toda a equivocidade dele decorrente
no uso do entendimento.
O principio da indisccrnibilidHdc fundava-se propriamente sobre :i pressupo
slçjso: sc no concuilo dc unw coisa em geral niui se encontra umy, certa distinção,
cruilo não pode e3a tampouco ser encontrada n;ts coisas musmas: conüüqüeme
mente, sào inictramcnic idênticas (numero cadcm) todas as coisas, que já no síu
conceito (Segundo a qualidade ou quuntittadc) nuo se distinguem entre si, Todu
via, viaio que no simples conceito de uma euisa qualquer abstraiu se de várias
condições necessárias dc uma inutiçâo. dcsLi; modo* por tmu euEnuihíi precipUa
çâo. loma sc aquilo de que abstrai por uma eoiwi que nátj pode ycr encontrada
cm pane f alguma c nào stt concede àü coisas scnào t>que esjfi comido em seu
conceito.
O conceito de um pê cúbicn de espaço —posso pcn&à to onde e Lao freqüen
temente como quiser - ç *í inteirtimcnic idemico, No entanto* dois pés eúhi
cos difereiiciam-se no espaço simplesmente por seus lugares (numero diversa};
estas síío condições da intuição em que é dado o objeiO desse Conceiio. não per-
icnccndo elas un conceito, mas cornudo à inteira ^nsíbilidadc. Do mesmo modo
nào há absolutamciiLe nenhuma oposiçãa no coneaito de uma coisa, de&dt: que
algo negativo não tenha: àído ligado com algo afirmai ivo, e conceitos meramente
172 KANT

afirmativas nnn podem produ/ir peta ligaçào absolutamente nenhuma arrulaçào.


Hntreumux na intuição sçnsivcL em que a realidade (por exempiu, o ntovimenio*
é dada. encontram-se ctwKliçòes (direçõescontrapostas)das quais se abstraíra no
ctmceiiu de niuvimcnLo cm geral. í ^ue tornam posüívd uma oposição — que
certamenu; nào é los.it.vi — a saber. um /cro = Q a pari ir daquilo que ê mcfa.men-
le positivo. Nà« sc poderia poi* üi/.cr que toda a rciiJ idade esteja em corrcordnn-
cía reciproca pdo lato de entre seus eonceitoa »âo ser encontrada nenhuma opü
*3'* çíeào.4* Sobro a bassc J c simples cuiiv;cítu5s. o interno é o subslralo de todu
a rclaçàu ou detcmunacões externas, Pnrtamo. se abstraiu de todas as condiçôcs
ria intuição c atenho mc unicamente ao emiceiici de uma eoisa cm geraJ, pusiso
absir.nr de ioda a rclaçâo exreniu* Lendo que. emretanio, rcREar um conceito da*
quilo qiu; nào sig[tÊríc4ut1 absolutamente nenhuma relação, mas simplesmente dc>
lerírtin-açôcs internas. Or;t. disstí parece se^uir^e que ern toda Cuisa (substância)
haja algu que seja absolutamente interno c prueeda todas as determinações exter­
nas, eftqiJHnto as torna pela primeira ve£ (Ktasiveis; por conseguinte, vjuu c » t
substrato seja algo de natureza ta] que não comcnha em si mais nenhuma relação
externa* quer Uiíèr. seja sim ples tpois as coí*;ís corpóreas silo sempre uniearrienve
rclaçòus pelo niçrt<w das partes externa» utna* àü uuirftKK o. visto niU» eonheecr
mos nenhuma determinarão absolutamente interna a não sur üquc!n> que «» reali­
zam mcdíunlc o nosso sumido interno, assim tal subtraio nwjsomemÊ é simples,
rnns lambem (secundo n analogia com o nosso sentido interno) determinado air:i
u» vés de tvjiresmiaçws, iu » e, todas as uoisas seriam propriamente ! màtiudux
<?u emas simples dotados de rcprcseniaçües, Tudo isto seriii correio nc nada m;jis
do ijuc o conceito de unia Coisa ciw geral perienecssc á» condryõei» Süfc as quais,
umCriíixine podem ser nus dados ofojcuw da intuirão externa. c tias quais o eorj
ecito puro abstrai. £’«m iss«« mostra-se* deüvamcjiie, <jue um fenômeno permn
nertie no espii^o tcxLcíisíti impenetrável} pode eonicr pur«L^ relações e abyiluia
mente nada de interno v. nào obsuime. poj>sa ser o pi'imciru subsiraio de uhKi
4 pcrecpvàoexLcrnu,
Mcdianie r.íinplcs eoneeiios» n3o posso certamente pensar algo externo '■cm
a9&u interno, jusCnnjniu porque coneciu» dc relação pr&ssupçjem Coisas pur:i e
simplesmente Judas c seiTi estas níw> .são ptiíísiveis, Todavia. visttn.jue no intui^io
csui contido algo que de mudo wlgum i>e cncunuu no ainipIcN ameeito de y>íaa
«tii*a em jurai a !,jue csia lorneee o sudstrulam \|ue de mtrtlo algum seria cuníieCi
do atravé» de símpiès coiteciios. a saber, um cüpav*o. que. com tudo o que contêm,
consiste üm merjuí relações Tormai^ ou lambêm reais, desle modo r.üo posso di­
zer: já 4 ue sem ai*;« pura ç simplesmente in!.í.*rno ncnliuma co!mu pode »ei repre
sematJM mediante shnplax cetnviiQSt nào há uimlxNa nas próprias cai%as contidas

Se ;£ qutiíCSMj r t t w t ír a^üí uo -ubivnU|jiiJ uim m n J c i}Uc yicío mtin as a s rsultlai?-« nn«iBin‘tui não
um a *» « m u . « i 5 *» **« iões» wirvcuJi» t|uc çiLar uni iic U f rtralidâilt p u ia c indej>cisikiitc
.\í"i { l i s s^ntwlos i |>.ira qi-c üc COittprçcnLkViC sc d a em ficral r ^ r c a c n u al^ii i>u ubwilutartiçnte nad*. M as
iwriiium cxiwnpla ptxJe « r tureiítcUi dií quiil^uflr outrís lujjjir ^cíiíV <!ji í x jx i LL-ncM. qu ç [íe»écj a.piçsc[n;4 ülg.0
roais J u que pftaQTKHnciu. M assim , sss;i proposição ^ r ú f i c a a p c n ii íftc « «rwiCítUí quu CoFirèna neríih.
arifms>çóeii. n ii) cnnitm M d » á* rn-a m iv», da ^ua! jrim ais duviiir-mos.
CRlTíCA DA RAZÃO PURA 173

sob esses coneeilos c na xuu intuiçdf ti:tdu externo ^ nc não tcnbu pinr fund a memo
algo pura c simplesmente interno. Com efelux Cluando tivermos abstraído du? to
das ;i.s condições, da intuição ' não nos restarão eeruiFncnLe no simples conceito
mai» du- t|ue o interno cm cx-rul e a relação entre a.-. suas partus, pela qual uni ca
mcnic o exierrio ó pussivel. Todavia, esta necessidade que se funda meramente
•íobre ;i abstraçàc. nno su cneonr.ra entre «fisas — que são dadas nu intuição
Com deterrUEraçoo; Laís que exprimam simples rdaçoc* sem possuírem utyo inter
no como fundamtsnlu — pelo Talo dc nau sltciíi ccm's.ns um ss mesmas. mas unica­
mente ícnomenos. I udo o nu*? conhe^-emos na matéria reduz. se u merai> relações
(u que citam Limos detenrmnavres internas dei as ií interno apenas comparativa
mente) emre el:is há. todaxia. rela^õer. independentes e permanentes ptíEas. quais
nos é dado um objeto dcierminado. 0 fàLO de ca. .se ntatruio de.ss.js rduçoes.
não p o lu ir ulteriormente abMslummcme nada para pensar não suprime o concei­
to de urna coisa como fenómeno. nem u dc um objeu» in abhtr;icivja mas suprime
seguramente ioda a possibilidade de um objeto tal que ueja determinável segundo
simples conceitos, isto è. de um noumaion. Certamente surpreende ouvir nuc
uma coisa deva eoivsustif completamente cm relações, tnaá uma ml eoisa é iam
bem simple» fenômeno c mio pode absolutamente ser pcrisáda mediante c a l o ­
rias pura.*;: cia mesma consi&ie na simples rdaçâo de algo em geral corn os senti­
dos. D« mmsino modo - sc se tomeea por simples concejtos - não so pt*Je
pensar as relações das coisas m abstracto <Je ncnliuma outrii maneira / a não
ser que trnia coixa seja a causa dc dciermímiçües na mura: tal Cl. eom cteky.
o an;sso conceito im ckeuiui U;^ próprias rduvõesí Iodüvia. visto i|UC neste caso
almraimos dc toda a iflLuiçào. elimín^üü um mode? completo pelo ipia! as ele
memos do múltiplo podem dcwrminar redproeamtíiui: u acu Luftar. u sabçr. a
forma tin sensibilidade (o chpaço), cjue recede a causal idade empírien.
Sc por nhjgtüs simplesmente inteligíveis emendemos uquclas çoisus v|ue são
pensadas mediame caiegorías puras sun todo o esquema da sensibilidade, entao
tá is objeteis sào impossíveis. Com efeito, a condição dc uso objetivo dc tudo*
os nossos conceitos intelectual e •amplesmâme o modo da uosça mtuiyíio sensí»
vd pda qua3 cs objeto^ nos siin dados. e. se ahsLr;iím.o,s dessa i i l l u n á o po.v
suem tais conceitos absoluhi mente nenliuma relação com qualquer objeto. Antes,
sc m* quisesse admitir aind.il um mi>do dí rrimjt;ão divâr^n desta no4h.;i, iiitai^ãu
sensível, as nossas- lun^ües paríi pensar não lertam então ahsoluiamenic nenhum
si^mTicado com respeito n tal in tu ito . Se por objetos imciiuíveix entendemos
somente objetos de uma ímurçSo nao scnsivcL com rctaçào íiok tjuais asv noss:^
catüportãS cenamentc não <w> válidas, a do$ quais, ponamo* jamais poderemos
ter abiolutymaite nenhum conhccimcnio (nem intiiiçâo nem ctnieeito). ciu’su os
noumena. neste sentido meramente negativo, icm que ser sem dúvida -admitido;-..
Tais rtoumetia. com Clôito, não significam iÆnüo que o nosío modo de intuição
nào se refere a todas as coisas, mas simplesmente a objetos. dos nossos sentidos,
con sell tien remenu?, que a sua valide/, objetiva é limiuida, e, logo. i^ue resta um
lit^ar tanto para oulia espécie t|un!quer dc imuíçào qujinto par:i coiças en^uumo
objetos dela. Em tal caso, porém, o conceito dc noumenon ê pr^>blcmáttco. isto
KANT

c. a representação de uma Coisa com respeito à qual não podemos dixer nem
que seja possível nem que seja. impossível, enquanto nào conhecemos nenhuma
ouira espécie dc intuição a não ser a nossa intuição sensível e nenhuma espécie
de conceitos senão as categoria*, não sendo, conludo, nenhuma deias apropriada
para um objeto supra-senstvcL Por isso nào podemos esLender positivamente o
campo dos ohjcioü de nosso pensamento para alem das condições de nossa sensi­
bilidade e iiclmtT.ii* ainda, fora dos fenômenos, objetos do pensamento puro. fsLo
é. noumeniL pois estes ghjèLos não podem oferecer nenhuma significação positi
va. Com efeito. precisa se confessar relativamente às categorias, que elas por
si sò nào bastnm para o conhecimento das coisas em si mesmas e, sem cs dadüs
du sensibilidade, seriam meras lormas subjetivas da unidade do entendimento,
mas Htm objeto. O pensamento. em verdade, não é cm si nenhum produto dos
sentidos e como tal tampouco ê limitado por des. mas nem por isso possui ime
diatamenu; — sem a adesão da sensibilidade — um uso próprio c puro. pois
do contrario rtão tem nenhum objetoi O rcoumenoiv, por outra lado. nao pode
ser chamado um taJ objtílo* pois de sijmTica juntamente o conceito proWamáticn
>jj dc um objeto de uma intuição totalmente diversu / dn nossa c de ui» entendimen-
Lu totalmente diverso do nosso que c. por conse&uinte. e|tí mesmo um problema.
Logo* o conceito de noumenon não é o conçeiio de um ohjetn, rruis coiiititüi
o problema — inevitavelmente vinculado com a limitação dc nossa sensibilidade
— >e piídç htivcr objetos totalmente independentes da intuição sensível. Ksta
questão pode ser respondida sõ indctcnmnadamemc, tt saberr visto que a iniuiçào
sensível não se refere a todas as coisas indistintamente, resta um lujjar para obje­
tos ulteriores ç diversos. dc modo que estes ruui podem ser pura e simplesmente
rifados. mas. nn ftiJls. dc um conceito determintidn (jú que nenhuma uciiuyoria
ê ítpui para isw), tampuueo podem sur a firmados como nhjcms do nosso entendi*
mcnco.
O entendimento, portanto, limiu» à sensibilidade, *em com isso ampliar o
seu próprio campo, e, advertindo a a não pretender refcrir-se a coisas çm si mes­
mas. mas unicamente a fenômenos;, pens-a um objeto cm ,si mijünit). mas somente
como objcLo transcendem^!. que é a causa do fenómeno (por conseguinte. nao
sendo ele mesmo fenômeno), e nàw pode ser pensada nem como magnílude, nem
como realidade. nem como substância etc. (porque estes conceitos requerem sem­
pre formas sensíveis nas quais determinam um objeto). Portanto, ignoramos com
plcuimente se esse objeto transcendental cneomra se em nós ou lambúm fora de
3-ií nós: ne é suprimido / simultaneamente eom o sensibilidade ou se* eliminando
a sensibilidade* ele ainda permaneceria* Se quisermos denominar noumenon iaJ
objeto peLo falo de *ua representarão nào ser s^nsíveL somos livres para fazé-io.
Todavia, visto que nào podemos aplicar a ele nenhum dos conceitos do nosso
entendimento, essa representação permanece vasiu pj±ra nós e nào serve pura
nada a não ser para traçar os limíLCs do nosso conhecimento sensível e deixar
vaiio um espaço que nào podemos preencher nem pela experiência possível nem
pela entendimento puro.
A crítica deste entendimento puro nào Lhe permite. pois., procurar um novo
campo de objetos fora daqueles que podem apresentar-se a ele como fenômenos
e divagar cm mundos inteligíveis nem requer no cunceiLo destes. O erro que
trai ítquí da maneira mais manifesta e sem dúvsda. desculpa. embora não possa
ser justificado, encontra-se nn faio que contrariamente á desttnação d^i entendi
mento se faça dele um uso transcendental. e que os objeLos. isto é. as intuições
possíveis, têm que orientar-se por conceitos, não porém os conceitos por imuiçoes
possíveis (sobre as quais unicamente repousa a sua validez objetiva). À causa
disso é por sua vez o faio que a apercepção — e com ela o pensamento —
preceda toda a possível ordém deíermiruada das representações. Porranlo, pensa­
mos uma coisa em eeral e deiermínamo-la por um lado sensivelmente..distinguin
doT / entretanto, desse modo de intuir o objeto, o objeto geral representado in
abstracto; ura, ai resta uma maneira de determiná-lo simplesmente pelo pensa
mento, a qual, na verdade, é uma simples, forma lógica i>em conteúdo. mas, coniu
do, parece a nós ser uma maneira pela qual c objeto existe em si mesmo (noume
non), sem considerar a intuição, que é limitada aos nossos sentidos.

* * *

AMes dc dtíUarmos a analítica íranscendcntah temos ainda que acrescentar


algo que, embora não sendo cm si de pariicul&r relevo, poderia parecer necessário
para a comptetudc do sistema. O mais alto conceUo. com o qual se costuma
começar uma filosofia transcendental consiste aimi.imenic na divisão eani pussávd
e impossível. Todavia, visco que toda □ divtsào pressupõe um conceito dividido,
tem que ser indicado um conceito ainda mais alto. e çste c o conceito de um
objcio em geral (tomado problemaúcamente e sem di^cLcCLr sc ê alguma coisa ou
nada). Já que as categorias são os únicos conceitos que se referem a objelos
em geral, protctle a disltnção. se um ohjeto ò alguma coisa nu nada. segundo
a ordem e indiençao das eaLcgtf iiu.
/ I í Aos concei tos dü Uuio, muitos'c uno, opõe-se siquelc que suprime tudo.
Isto c. ttínhuma cqíxú; e assim o objeto de um conceito para o quftl nuo se pode
obter ubsoluiamentc nenhuma intuição correspondente é - narid. isto ê, um con
ceitt) sem objeto, como os noumuriu. que não podem ser contados entre as possi­
bilidades, embora nem por isso tenha que la^er-se passar por impossíveis (ens
rmionisj, ou como porventura certas novas forc,as l\mdíf me nutis. que Síio pírisa
das, em verdade sem coniradiçâo, mas também sem exemplo dst cxpçriêndu, nhi
podendo por isso ser cornudas cmre as possibilidades.
2) A reulidade e aiguma coisa: a negação c nada, a saber, um conceito
da falta de um objeto, como íi sombra, o friçi.{nihil privniivum).
3> A simples forma dfl iniuição sem suhsiáncia nÜc> £■em í>i mesma, nçnhum
objetn. mai a condição meramente formal do mesmo (enquanto fenômeno), como
o esjiíiçi» puro e o tempo pum, que n:i verdade são coisa como formas
de intuir, mas nào sho elas mesmas objetos, que sejam intuídos (uns imagina-
r i u m ),

/ 4) O objeto dc um conceito que se eoniradiz ê nada, pois u cuneeita é


nada. é n impossível. comn, pnr exempla, a lisura. reiiiinea d** dois lados {niliil
negaiívum)*
A táhua desta divisão dü conceito de tm âa {pois a divisão — paralela a
176 KANT

esic - <jc alguma coisíí segue- se por *>í) teria por í rso quí ser disposta da seguime
mundra:

Nada
como
I.
Conceito vazio wm ohjeto
cns rationís
2. 3.
Ohjeto vazio dc um crwccito frtluiçüo razia sem ohjeto
nihil prívativurn ctis ima^inariiiiri
4.
Ohjeto Vffcio sem conceito
nihil ncgsUivum

Vê-se. que « ente dc razão In/1T> distingue st; do nâo cnic ín," 4) pelo Paio
que o primeiro nâo píide *cr contudo enlrc as possibilidade*. porque é simples
I(C^ão (cooqitunm nào c^nirudiiôria), crtquaniu u segundo se opnc à possibilida­
.IHM de» umu vez que o cimtfdu» anula inclusive a si próprio. Ambos* / porém, sào
conceilus Víi/irts, Au cuntrário. ti niiiil priva (ivum (rurf 2l e o cns imagimirium
(n * 3) sào dados vuzios para i^mccilos. Sc :» lua não ilvessc sido dudu aos stnii-
dij^. nao w poderia laniluim ruprcücnliir-stí ítcrtiiumn ireva. c s* entes cuensos
nâo Ibssçm pcrctíbidos rmo fn\dcria rcprcscmur nctilium espaço. Sem um real,
lanu» a ncÈavüo qwmto a simples íbrrrm da truuiçào ftuo são objetos,
D IV IS Ã O SK G U N D A DA L Ô G IC A T R A N S C E N D E N T A L

D IA L É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

INTROWJÇ ÃO

I. Da iíusao transcendemal

Chamamos acima s. dialética em geral dc uma tóglca da Husôv. Isto não


significa que ela seja uma doutrina da veFi»ssimilhünç,'»; pais esta é verdade- mas
conhecida juraves d« fundamentos, in-^ufititínics. cujo conhecimento. ponantü. é
rcttlmenlC defeituoso maa nem por rsso enganoso, nào tendo. logo. ejue scr separa
do da parte analítica da Lógica. Menos ainda podem fenômeno e ilusão-9 ser
tomados / por idênticos. Com efeito, verdade ou ilusão nào estão nu ofrjcio* en- 350
quanto é intuído. mas 110 juízo sobre ele. enquanin é pensado. PnrtJinfo. jxkÍc-sé
cm verdade tUfcor corretamente que os sentido* nâo erram, nâo, porem. poftjuç
eles sempre julgusm corretamente, mas ptirtiue ales nâo jul^im dc modo algum.
Conseqüentemente, lanio 0 vsrdade qtt;iniu 0 crrO. portanto« também a ilusào,
enquanw mdu.?. jhj últímn. podem encontrar se someme m; juízo, isto ú, na rela­
ção do objeto com o nosso entendimento. Num conhecimento que concorda uni­
versalmente com as Ists do entendimento. nàu hú erro algum. Tampouco há al­
gum erro numa representação dos sentidos, (porque efa nao contém nenhum jui
ío J. Nenhuma força da ntuureza pode. porém, desviar-se espontaneamente dns
suas próprias léis. Por isso nem o entendimento (sem influencia sie uma outra
causal nem 0 semido erram por si sós; porque quando o primeiro age meramente
segundo âv sua* liiis* o çfeiie? ío juiro) deve necessariamente concordar com elas.
Ntt concordância Com as leis rio entendimento consiste, porem, o formnl dc ioda.
a verdade. Nos sentidos não há jui/o J9lg,uni. nem verdadeiro nem fsilso* Ora,
visto que u)ém desfias duas Fornem de conhecimento não poluím os ntíiiliumii ou
sra, segue sc que o erro somente atua sobre 0 entendimento mediante a influência
despercebida da sensibilidade» pela qual ocorre que o* fundamentos subjetivo*
do juízo / conrundeiffl'Sic com os fundamemos objetivos, fazendo estes desviarem- .ui
sc da sua tíe*ünnçâo,*0 Do mesmo mudo um corpo em movimento manteria
i»or si a, linha reta sçmpre na mesma direção; esta linha sontudo é modificada
num movimento curvilíneo sç trmu outra força infíui ao mesmo tempo sobre cia

** Kâcil contrapõe aqui o* ternir->>> hwtiri/iun) c i o iKnEidft tlc fcJicimcnu. úSzfitin. no KCiuktu de a p a r e i a
ilusória. Ambas uv pa-lavj-aí. £iHjj.inam-se 4o verto sciurintXn que significa brilhar cm sentido piáprj* * pane
cer<ni sciiúdonguraiJu. (N. 4i>s r.}
*v a MírtsibãJnJade, posta sob o crucnifsnicnto caruu o çibjetu tio qual tstt aplica a vua l^ri^io. éa íbnlc
tiC COilhétfimcrtOí rcaís. Mär u rntsiimn, cta míieüdii. cm ijue «níluí r,obrc a própna d^Áu do entendimento
e « determina 3 jblgar. ê o fundamento ío triu
175 KANT

numa direção diferente Para disiinguír a ação peculiar do entendimento da força


que sc mescla a cia, toma-se conseqüentemente necessário considerar o juízo
errôneo como a diagonal entre duas forças., as quais determinam o juizo segyndo
duas direções diferentes que incluem por assim dizer um ângulo — e resoJvem
aquele i-feiio composto nos efeitos simples do entendi mamo c da sensibilidade.
Isto tem que acontecer, nosjuizos puros a priori, mediante a reflexão transcen­
dental pela qual (como íoí mostrado) é indicada para cada representarão o seu
lugnr na capacidade cognitiva eorrespuudcníe e é distinguida a influência dc tal
capacidade sobre a respectiva representação.
Nossa tarefa aqui não cons^ic em tratar da iluüào empírica (por exemplo,
3S2 óptica), que se encontra no J uso empírteo de regras- aliás, justas do entendimen­
to, e pela qual a Capacidade de juízü c desviada pylu influência da imaginação,
e sim cm tralar unicamente da Ihtsão transcendental, que influi sobre princípios
cujo uso jamais» se apõia na experiência — caso este cntquç teríamos pelo menos
uma pedra de toqtiií dc sua correção — mas* contra todas as advertências da
Crítica, conduz-nos inteiramente para além do uíw empírico das categorias e en-
lrdúm-nos com a fantasmagoria dc uma ampliação do entendimento puro , Que
remos denominar tmanentae os princípios cuja aplicação se mantém completa­
mente nos limites dc uma experiência possível; transcendenies* porém» aqueles
princípios que devem sohrcpasaer tais limites* Por estes nãü enteado o uso ou
abuso transcendemal das categorias que é um stmplcs erro da capacidade de
julgar que niio é refreada eonvenienlemenlc pela crítica eque nâo presta suficien
temente atenção aos únicos limites dc terreno cm que c permitido o jogo do enten
dimento puro; mas entendo por des principios eletivos que nos impelem a derru­
bar aquelas barreiras a uirevcr.se a um terrerto compíotamcnc novo que cm geral
não Conhece nenhuma demarcação. Por í,sso iransccfídenlai c Iranscendçnte nãu
.sâo idênticos. Os princípios do entendimento puro, por nós expostos acima* de
ws vem ser de uso merameitte empírico e nuo de uso transcendental. / isto é, que
ultrapasse os limites da experiência. Um princípio, porém, que elim inações limi
tes. antes, ordene ultrapassá-tas' denomina-se transcendeme- Se a no.ssa critica
pode eh«jgar ao pomo de deseobrir a ilusão deste* pretensos princípios, emâo
aqueles princípios do uso meramente empírico poderào denominar-se, cm oposi
Cão aos últimos, princípios imanemos do entendimento puro.
A jtusüo lógica, que consiste na simples imitação da íorma da razão {a
ilusão dos silogismos sofísticos), surge unicamente de uma l'alLa de atenção à
regra lógica- Por isso, tão logo esta é coneentrada sobre o caso em questão,
a ilusào desaparece completamente. A liusâo transcendental, au comrárío, não
cessa, embora tenha já sido descoberta e sua nulidade tcnlia sido claramente
discernida peia critica transcendental. (Por exemplo, a üusào na proposição: o
mundo tem que ter um começo 110 tcínpo.) A causa disso é que em nossa razão
{considerada subjetivamente como uma faculdade cogniLtva humana) encontram
se regras fundamentais e máximas do seu USí\ as quais completamente
o aspecto de princípios objetivos e pelos quais acontcce tjue a necessidade subjeti­
va de uma ccrta conexão de nossus conceitos em beneficio du entendimento é
tomada por uma necessidade objetiva da determinação das coisas cm st mesmas.
Trata-se cie ama iiusão que <fc modo algum pode ser evitada, a.^im / como iam-
pouco podemos evitar que o rrtar pareça mai& alto no meio que na praia porque
no primeiro caso vertiu lo mediante raio.«; luminosos mais alio« que no segundo,
ou mais ainda, assim como o próprio astrônomo não pode evitar que a lua ao
surgir pareça maior, we bem que elç não •iejii enganado por esta ilusão.
A dialética transcendental camentar-se-á* porcanu», em descobrir a ilusão
dos juízos transcendentes c ao mesmo lempu impedir que clü engane, Puréni.,
a dialcLica transcendental jamajs. poderá conseguir que tal ilusão desapareça <co
mo a iluüüo lógieu) c ces^c dc ser uma ilusão. Com efeito, temoi, á ver com
uma ilusão tiafurai e inevitável que se funda sobre principiou subjetivos, fazendo
os passar por objetivos; a dialctica lógica, ao invés, ao resolver d s raciocínios
sofístico*, icm o ver somente cnm um «rro na aplicaçàn dos princípios ou com
uma ilusão artificiosa na sua imitação. Existe. porlsinto, uma dialólien nalunil
c inevitável da razào pura; não uma dialclica em que urn ignorante porventura
incorra por falta de conhecimento nu que um sofista qualquer engenhou aríiflcju-
Mimertte para Confundir pessoas racionais, mas uma dialética que ê incindivel-
rnente inerente ã razào humana c que. mesmo depoi* de lermos descoberto í>
seu caráter ilusório. nào cessará de engodá-la e de / precipiiâ la incessantemente
em momentânea* confusticü.que precisarão cada vez ser eliminadas.

11. Da razão pura como sede da ilusão transcendental

A . Da razão cm gvrat

Todo o nosso conhccimento parte dos sentidos, vai daí ao entendimento


e termina na ra/ào, acima da qual nâo c cncontrado cm nós nada maU alto
paru elaborar a matéria da intuição c IcvÂ-la ã stiprerrta unidade do pensamento.
Visto que devo dar agora uma explicação destá üttprcma capacidadc dc uortheei-
mcnlo. encontro mc cm um ecrio cmharnçcu Da raz&u como do entendimento
há um uso mcrymcnic formal, isto é. lópico. uma ve? que a razão abstrai dç
totlc 0 Conteúdo do conhecimento: mas há tnmbém um uso real du mesma, uma
vez que contem a origem d í certos conceito» e princípiost|ue nâo loma empresta­
do* nem dos sentidoa ncrti do entendimento. Ora, ã primeira destas faculdades
fbi com certeza liá tempo explicada pelos lógicos como a faculdade de concluir
mediatamente <à diferença das conclusões, imediatas. Ctirtttquen/fíK Aiwtfto/fc); a
segunda. porém. que produz conceitos, nâo c ainda considerada através disso.
Ora, visto que aqut sç verifica uma divisào da ra/ào em uma faculdade Jófiica
/ y uma faculdade iransccndenLat. ussím [cm que scr pfüCuradu um conceito .MipC’
rj«r desta fome rie conhecimento que compreende sob &i ambos os Conceitos.
Todavia, segundo a analogia com os concetros do entendimento. podemos espe­
rar que o conceito lógico forneça ag mesmo icitipu a chave para ü conceito trans­
cendental, c que a tábua das funções dos crsacenos do entendimento forneça ao
KANT

mesmo [empo a linha genealógica dos conceitos da razão. Na primeira parte


üe nossa lógica Lrí.ji.seendefrtaL explicamos o entendimentú pelo poder como fa
cuidado das regras; aqui distinguimos dele a razão, dertnminando-a faculdade
dos principias.
A expressão princípio ê ambigua, e significa comumente apenas um conheci­
mento que pode scr usado como princípio, se bem que em si mesmo e segundo
a sua origem não seja nenhum principium. Toda proposição geral, mesmo que
seja tirada da experienuia (por Indução), pode servir como premissa maior em
um silogismo, tudavia. nem por isso da c ura principium. Os axiomas matemálí
cos (por exenipJo, entre dois ponto.s pode haver só uniu linha reta} sòu. ao invés,
conhecimentos uni versai« a p/iori e sào por isso com justiça denominados princí­
pios relativamente aos casos que podem scr subsumidos sob eles, fcmrètanto.
nem por isso posso dizer qtie conheça eitâ propriedade das linhas rdas, em geral
/ c em si. a partir de princípios, mas somente na intuiçãu pura.
Km conseqüência disso. denominaria conhecimento ;i partir de princípios
aquele em que conheço o parrícular no universal mediunte conceitos, Assim é
pois lodo silogismo uma forma da dedução de um conhecimento 3 partir de um
principio. Com deito. a premissa maior Fornece sempre um conceito que fuz
Com que tudo ç>que é subsumido sob *ua condtçao sejgL conhecido u partir dclç
segundo um princípio. Ora. visiu que todo conhecimenio geral pode scrvjr de
premissa maior tm um .silogismo e que,o entendimento oferece propo^ões uni­
versais a priori de tal espécie. podem umbêm este?» .«r denominados princípios
com respeito ao seu uso possível.
Contudo* se consideramos esieü principius do enlcndimcrito puro em si mes­
mos, segundo n jsuü origem, então não sio menos que conhecimentos 11 partir
de conceitos. Cmn efoiio, eles niio surium pussheifc a prtori, se riâo fixíssemos
intervir a iniuivSo pura tnn Matemática) oü as condições t)c uma experieneia
possível em £eral, Que tudo o que acontece tem uma causa não pode ser conclui-
do a panír do conceito do que cm geral acontece; muito antes, tal principia mos-
(ru de í|ue modo- daquilo que iicunicee, pode*sc péla prim^irg. ve/, obter um deter
minado conceito de experiência.
Foriamo. 0 entendimento nào pode du* modo nlgum fornecer eonliedmentos
sintéticos u partir d« conceitos; estes são / propriamente o que chamo absoluta­
mente princípios. No emamo. todas a proposições gerais podem chamar-se cm
gerut princípioscomparativos.
Um antigo desejo, que — ninguém o sabe quando —-ídgum dia r:ilve* se
realiza™, oonaiste cm que se possa cnflrn dencobrir, ein lugar da inJíníia multipli
tidade de leis civis, os seus princípios, pois hímô unieameme pode consistir 0
segredo para simplificar, Como se diz, a legislação. Neste caso. todavia, as leis
sao somente limitações dsi nossa liberdade sob condições pelas quais ela concor­
da completamente consigo mesma; elas. por conseguinte* rcfercm-sc a algo que
é inletfhmente obra nossa e do que podemos ser a causa mediante aqueles concei­
tos. Como. porénv objetos em si mesmos ou a natureza das coisas estejam subor­
dinados a princípios e devam ser deiermi nados segundo simples conceitos, se
CRÍTICA DA RAZÃO PURA

nào é algo impossível, é pelo menos uma pretensão muito paradoxal, Stya como
for (pois sobre isso ternos y investigação ainda pela frente), deduz i peto menos
daí, que o conhecimento a partir de princípios (em si mesmos) ê algo completa
mente diverso do simples conhecimento intelectual. Ljue na verdade pode. soh
a fonmíi de um princípio, preceder lambem oulro.s -conheci me mos* mas em si
mesmo (enquaníO é sirttcticoï não se funda :sobre o simples pensamento, rtem
contém cm ti ura universal segundo conceitos.
Sc o enlendimento e uma faculdadc da unidade dos JaiomenoH mediunte
regras, í a razâo é a faculdade da unidade das regras do entendimento snh princí- jsij
pios. Portanto. cia jamais sc refere imediatamente à experiência ou a qualquer
objeto. mas ao entendimento, para dar aos seus múltipfos conhecimento* unidade
a priori mcdiíuittí conceitos. a qual pode denominar ws untdude da razão c 6 de
nalure/.a completamente diferente da que pode ser produzida peEo entendimento.
Este é o conceito geral da faculdadc da razão, na medida em que pôde ser
tomacki cnncehîucl an lo a falta completa dc exemplos (que *ó deverão ser dados
nuque se segue).

B, Do u$a lógico du razão

Fan-se uma distinção entre u que é cotihccitfo imediatamente e o que é ^o


mente inferido. Que numa ílpura delimitada por três linhas retas haja irèÿ angu
los. é tíonhcckb intediaiamcnii:: que* porém. es-sas angulo* tom ada cm conjunto
^ejam igu:ií>, a dois reios. « apenas inferido. Visto que necessitamos coriManic*
m^nic inferir e que pur Um nos acostumnmos jnteinimenie com isso, acubomoN
nelen noiarwlo mais caso diferença« e tomamo* freqüentemente, como no chamado
engano dos sentido;;, por imediãt&racriic percebido nlgo que. ao invéi, apenas
inferimos. Em toda inferência / há w/w proposição que sc cnconira & fundam?»' 3«»
irt. ti uma outra,, a saber a eonxtuiijcncitf.que ê tirada dessa* c finalmente a sucuv
mu infcrcncial (consequência). secundo a quaJ a verdade dü última propuMçSr'
é incvttítvelmcnie conectada com a verdade da primeira. Se 0 jui/.o inferido eiv
eontra-se já no primeiro de modo a poder ser dedu/idn dele sem mediação de
uma terceira representação, a inferência chama-se imediata loonscquemia im me­
diata): profiro dcnomíná-la inferência do entendimento. Se, contudo, alçni d-o co­
nhecimento po^o a fundamento, ti ainda necessário um outro jui/o parn produxir
a conclusão, a inferência chama st inferência da ra/.âo (silo^m o). Na proposi­
ção: iodos. o$ homens xâo m nrtah, encontram-se já as proposi^õe;»: alguns Iso
mena »«u moriüis. atguns mintais são homens, nada do que ê imorisl ê homem;
esta';, portanto, são consequências imediatas da primeira proposição. Ao contrá­
rio. no referido juiz.» não se cncontra a proposição: todos o* douius são moriaú;
(pois o conceito de douLu nào se apresenta nele}, c cia só püde ser deduzida
daquele airavês de um juízo intermediário.
Em todo silogismo, penso cm primeiro lugar uma regrai maior) pela entendi­
mento. Em segundo lugar, subsumo um conhecimento sob a condição da restra
(minor) mediante a capacidade de julgar. Finalmente, dewrmmn o meu conheci­
mento pelo predicado da regra / (conclusion, por conseguinte n priori pela razüo- J*1
\ relação, portaruo, representada pela premissa maior, como régra, entre um
conhecimento e sua condição, constitui 05 diversos modos dç silogismos. Estes
são, portanto» de três espécies —-assim como todos os juízos cm geral, enquanto
se distinguem pelo modo como expressam a relação <le conhecimento no entendi­
mento — a saber: silo«istmos categóricas. hipotéticos ou disjuntivos.
Se. cumo acotneoe freqüentemente, a conclusão é proposta ínmo um juízo
para ver .se nào decorre dc juíz-os já dados pelos quais é pensada um objeta
completamtnie diferente, então investigo no entendimento se a asserção desta
conclusão nào se encontra nele sob certas condições segundo uma regra univer­
sal. Ora. se encontro semelhante condição e o objeto da conclusão debta-se sub
sumir sob a condição dada. então a conclusão é derivada d» regra, que vale
também para outros objetos do conhecimento* Vc-sc a parlir disso que a razão*
ao inferir, prOcura reduzir a grande multiplicidade do conhecim ento do entendi­
mento ao numero mínimo de princípios (condições universais}, e desíetnodo pro*
duzir a suprema unidade do conhecimento.

3« / C. Do uso puro da razão

A questão com que agora nos ocupamos apenas preliminarmente è a seguin­


te: Pode-se isolar a razào* e & então cia ainda uma fonte peculiar de conceitos
e juízos, que surgem unicamente dela. e petos quais se refere a objetos. ou ê
ela uma faculdade simplesmente subalterna dc fornecer a conhecimentos dados
uma certa. forma, denominada lógica« e pela quaf tis conhecimentos tio entendi­
mento sâo somente subordinados uns aos outros* e regras inferiores MjbordjnadGs
:i oulrtts superiores {cujit condif&o abrange em sua »fera a condição das regras
infertorcsi1de acordo com o que pode ser realizado pela comparação dc tais co-
nhecimenitvi e regras? Na rcuüdadc, a multiplicidade das regras e a unidade dos
principio* ê uma exigência da rnzào para levnr o entendimento a um acordo
universal consigo mesmo, assim como o entendimento submete a conceitos o
múltiplo da inluiçâo. levando-a assim a uma conexão. Todavia. um principio
<ic tal espécie não prescreve objetos nenhuma k i c nào contem o fundamento
da possibilidade de conhecê-los e determina los, em £cral, enquanto tais. mas
è simplesmente uma Jei subjetiva de economia com respeito ás provisões do rnxsso
etuendimemo. para. mcdêancc comparação dos seus conceitos, reduzir o uso geraJ
dos mesmos ao seu niimero nttriinrm possível, sem que «jam os por isso autoriza-
j*3 dos a exigir dos objetos mesmos uma uniformidade ml / que favoreça u comodi
dade e a extensão do nosso cntcndimenio e a dar ao mesmo lempn uma validei:
objetiva a tal máxima. Km uma palavra, a questão é, se a razão em si, imo é,
a rruíào pura a priort, contêm princípios sintéticos e regras, e em que podem
consistir estes principíus,
O procedimento formal e hVgiuo da razào nos silogismos instrui nos já sufi-
cicntemenie com respeito üo fundamento sobre o qual repousará n princípio
transcendental da rá/ãa no conhecimento siméiíco mediante a razão pura.
Em primeiro lugar, 0 silogismo nào íe refere a intuiçóes. para subordiná-ias
a regras (como u laz o entendi men Lu com !>uas cate£oríaç)T mas a conceito* *;
juíios. Sc. portanto, a ra/ào pura refere-sc também a objetos, nao possui nenhu
ma relação imediata com cies c com sua intuição, mas somente com o entendi
men(o e seut juís-os, os quais voltam-se direiamerUe aos senlídos e sua íniuição
para determinar n seu objeto. A unidade da ra/ao nâo é, portartLa. unidade dc
uma experiência possível, mas é essencialmente distinta desta, quo é a unidade
do entendimento. Que tudo o que acomccê icm uma causu.. nào é de mudo algum
um princípio conhecido e presemo pela ra/üo. Híc toma possível a unidade da
expcricncia e não Loma nada emprestado tia razão» a qual, sem esta relação
com .a experiência possível. nào Leria podido, sj partir de bimples conceilüs. impor
nenhuma unidade sintética de tal espécie.
Em segundo lugar, o razão procura, no seu uso lógico* a, condição universal
de seu juízo (cxunclu&àok. e o silogismo mesmo n£o c sertão um juízo mediante
3 subsunçsk> dc sua condição sob uma regra geral (premissa maior). Ora. vistn
que esta regra está por sua vez exposta à mesma tentativa da ra/ao, e deste
mudu íc deve prmjurar aiõ onde R>r possível (mediante um prosiEojiãsrno), a con­
dição da condiçào, vé se bem que o princípio peculiar da razão em geral (no
uso lógico) é: encontrar para o conhecimento condicionado do cnlendinicriLo o
incondidunado, j>eto qual é completada a unidade dc tal conhecimento.
F.s,líi máxima lógica não pode, porém, lomar se um prinuipio da razão pura
scnàü enquanto se admíle: se o condicionado ó dado. é também dada (isto c.
é contida no objeto c na sua conexãu) u série loLal dai condiçõe-s subtirdinadas
entre si, o quül é. por conseguinte. íncondíeionada.
Um ía \ princípio da ra^àu pura è. porém, evidentemente siit tético, pais o
condicionado refere se analiticamente* é verdade, a alguma condrçào qualquer,
mas nãu ao incundicionadet. Além disso, de tal principio têm quer. originur-sc
tambétn divvrsas proposições sintéticas das quais' o entendi meuto puro / nada
sabe, enquanto tem a ver somente com objeios dc uma experiência po^ívcl cujo
conhecimento e símestí sãü sempre condicionados, Porém, sc o íneondictonado
cíetivamcnw ocorre. podeb1 ser considerado especialmente segundo todas ilS dc-
icnnina^ões que o distinguem dc todo condicionado c deste modo tem que ofere­
cer matéria para várias proposições sintéticas a prior«,
As proposições tundamérunà*. oriurtdas deste principio supremo da fa/.ão
pura, serão, cmrcuuuo, transcendentes, com respeito a todos tis ícnòmenos. isto
é, de tal principio jnmuis poderá ser leito um uso cmpúieo adequado.. 131c distin
&ue-se. ponaFUCh. eomp lei íim ente de KvJas as proposições fundamentais du enten
dimento (cujo uso é inteiramente imariejue, enquanto possuem por tema somente
a possibilidade da cxpcríència). Ora, ku aquele princípio — que a série das eondi-
çòcs (nu síntese dos fenômenos ou ninda do pensamemo da^ cqí&zis em aeralj
estende se aLê o incondteiinnado possui sua çxali dão objetiva uu nãu; que con­
seqüências decorrem dinau com respeito ao u^o empirien do entendimento; ou

!l1 Na quarta í^i^ây Jy. Críiícu ( l l ^ H o termo "tXHlc" [kann.) c s.ubstii4MÍo por ” 6“ »úu. mabtíniiijimcjitc.
poi _ vcm a sor" (wirti).(N dos T.)
KANT

sc, antes, um geral, não <r*i&íL- nenhuma propusiçfio racional de lal espccie objeti­
vamente válida mar. uma prtíscnçào mcramunie lógfeu de aproximar no ele­
var-se a cordiçòc sempre maih aJtax à completude destas e deste modo trazer
üí> nosso conhccímerUo a mais alta unidade da ra/âu possível a nus: se digo
cu — esta ncueisidaüc da razão foi por equivoco / considerada um princípio
Lransccndcrttal iin ra^a».» pura, principio este que apressadamente poilula uma
lal cumplciudc ilimitada da serie das condições ru>$ objetos mesmos: que mal en­
tendido* e ilusões pudem muda mütiiLJar se nos silogismos. cuja premissa rnsiior
íbí lomílda dí* ra/ao pura (premissa i^uc c talvez mais uinu peúçãg do que um
postulado), t que nc elevam da experiência ale suas condições: estti sscra nossa
tarefa na dialética transucndeiual, u ^ual quvrcimn> ;i£OPd desenvolver u partit
dc suas funtes que se encontram prolundamenie ocultai na razãu. Dividi-la-emos
cm duas panes, devendo a primeira tratar dos, conceitos transcvnrív/uvx dn rpzào
purü. c ;í segunda íios srlogixntnx tríEusccndcntes c dialéticos da razão pura*
L IV R O P R IM C IR O D A D IA L É T IC A T R A N S C E N D B N T A L

DOS C O N C EIT O S D A R A Z Â O P U R A

Inikpcnacmemonlc dcque peculiaridades lenha a possibilidade dos concei­


tos a parúr da ríuão pura, tmta-sc dc conceitos nào símpiesmcnce reflctidoi. mas
inTcrid^s. Também ws conecitob do entendimento s;lo pensados a priori aníe*
/ d<t espcricnciii e com vista a eiu. c&ws, contudo, nãu uontún senão a unidiide
da reflexão sobre «a fenômenos enquanio devem necessariamente pertencei u
uma consciência empírica possível. Somefile através deles lomanvsc possíveis
o conhecimento c a delermin.içào de um objeux portantu. fornecem primei
rameme matéria para ;i inferêsteia e nào sâci precedidos por conceitos a priori
de objetos, dns quais puderem sur inferido*. A sua realidade objetiva« ao cuntrã
rio, furcda^e uuicumente na fiilo quü — constituindo cLcs a lorma intd<jeiuãl
de toda u experiência a üuj aplicado tem qüc sempre poder ser mostrada
na experiência.
A duuominaçào de e^necito da razão, entretanto* montra ja preliminarmente
que de não quer deixar se [imitar pelo âmbito da uxperíência, porque concerne
a um conhecimento, do qual cada cõniiceinicimi empírico - c talvez o iodo
da experiência ptm ívd uu du suít siiinese empírica é sumciue uma parte e
para o qual, na verdade. nenhuma experiência efetiva jaiTuiií hasta plenamente.
Os concekoh dy ru/Jio servem para conceber, assim conto os do entendimento
para camprrtWffcr (as percepcõe*). Se o* primeiros ctmièm t>itKondieionado, cn
tão dizem respeito a algo ao qual toda a experiência é subordinada, mas que
fiít> ê éle mesmn jamais abjeto de experiência: algo uo qual u ra/.ãií cundu/- em
suas inferências a panir da experiência e conforme ao qual avalia e mede o yrati
de seu uw empírico* aem contudu constituir jamais / um membro dã simesc em­
pírica. Se apesar ditto. lais conceitos possuem validey objetiva, poden: denomt
nar-s* ^oneepius? rtuiocinati íeonedíos corrciameme inferiduh); se não a po&sucm,
são peío menos obtidos artíficio^imente mediante uma ilusão da inferência e po
dem denominar se cnncepuis ratiocinürires (conceitos sofísticos). Kmreianto, já
que isto xô pode w;r acertado no capítulo sobre as inferências dialéticas da razão
pura. nào podemos considera-lo ainda.* mas, preliminarmente, íissim como deno­
minamos os conceitos puro* do entendimento de eíiieftonay, imporemos aos cim
eeitos ífsi razão pura um novo nome e chamá-los-emus idéias transcendentais,
Elucidaremos e justificaremos agora esia denominação.
SF.ÇÃÜ PRlMJi-IRA HO LIV R O PR T M EIR O DA
D IA L É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

DAS ID ÉIA S EM G E R A L

Nâo obstante a graitUc riqueza de nossas línguas, (5 pensador enconirírsc


freqü<intemente coníuso por causa de uma e%prcí»sàt) que nàv se adapm ao seu
conceito c na falia da qual não pode fazer-se entender corretamente a outros
?f.n u ;i si próprio. Forjar novas palavras / constilui uma pretensão de legislar cm
línguas. Que raramente é bêtín-sucedida, Antes de Tccorrcr-se a e&e desesptradíí
mcío. c aconselhável ver se num« 1íngua mona. é tírudiLa. jã nào .« encontra t;if
conceito juntamente com sua expressão adequada* E nc u uso antigo dc lal t;x-
pressão pur inadvertência dos sçus autores, se tivesse tornado um taiUi> vacilante
é sempre melhor cofm>]itÍar a sígnilicação preeminentemente lhe convinha
(rnesmo que devesse permanecer Hnnbcm duvidoso se õulroro se linha cxaiamtrn
te a mesma em mente). du que arruinar o seu negócio somente pelo faio dc ter sc
tomada incompreensível.
Em vista disso, üc para um certo conceito .só sc encontrasse uma única pala
vra, que na sua significação já vigicnic adiipía-se cnatarncmc a eüse -concciio*
Cuja distinçào dc outros conceitos nfíns. c dc grande importância, em tal ca»o
z aconselhável não proceder prodigamente com n mesma ou a penas píirú variar
usá-la como sinônimo ao invés de outras, ma« constrvar cuidadosamente suit
üisiniUcavão pcculiar. Do contriino ocorrerá Facilmente; que depois dc a expressão
já nao prender pariiailarmeníe a aiençâo, c dt? perder sc rtã multidão das outras
expressões da iiijínifteaçârt bem divergcnic. pervn-ne lamhóro v pensamento, que
unicamente -eta teria podido conservar,
370 i Platão ^erviu-jxr da expressão ittétu de modo tal. que >w via bem que por
cia entendeu aljio que não comente é jamais tomado ympriístiido do* soniidtfa.
m:is que ulrríipassa de longe os próprios conceitos do entendimento com ws c,uais
Arihiótek!* nc ocupava, na medida cm que na experiência nâo é encontrado nada
congruente çom cia. Pístíi Platão as idéias são arquétipos das próprias coisas
e nâo como as ca Lenirias um;i simples chave paru experiências possíveis, Na
suy opinião, cias emanaram da rajtào iuprema, desde a qual tornaram sc partíci­
pe* da razão humana, a qual, todavia, nào mais se encontra nu seu estado origi­
nário mas com estorço tem que reevocar, mediante a recordação (denominadu
Filosofia), ;i£ amigas idéisás agora muito obscurecidas N ío q jcro meler-me aqui
em nenhuma investigação literária para estipular o sentido que o sublime filósofo
ligou a sua expressão. Observo apenas que nào 6 nada insólito, tanto na conver­
sação comum como nt»s escritos, pela comparação dot» pensamemoi. externados
pelo autor sobre seu objeto, entendè lo inclusive melhor do que éle mesmo üc
entendeu na mudidíi em que nào determinou suficientemente o seu eonccno e
dtíSLe modo por vezes falou ou até pensou de encontro à sua própria intenção.
Platão observou muito bem que a nossa capacidade cognitiva *ente uma
necessidade bem mais alta do qug simplesmente sofcirur fenómenos, segundo uma
unidade sintética para / poder lé los eu mo experiência, e que a nos-sa râzào eleva-
SC naturalmente a conhecimentos, que transcendem de muito a capacidade dc
qualquer objeto, proporcionávd pela experiência, do jamais corigrair com os mes
mos. Tais conhecimentos possuem apesar disso a sua realidade e de modo alguni
ftãu simples quimeras.
Platao encuntrou su^s idéias predominantemente em tudo o que é práti*
CO,s2 isto é, no que se fundn sobre a liberdade, u qual por sua vez faie parte de
conhecimentos que sâo um produrn peculiar da ra?.ãt,i. Qüem quisesse tirar os
conceitos dc virtude da.cx.periêntia e quisesse constituir como modelo da fome
de conhecimento (coma muitos realmente a fiaeram) o que quando muito pode
servir somente de exemplo p ara uma elucidação imperfeita, esse faria da virtude
um equívoco nào-eme. v a riá v e l segundo o tempo c as circunstância* e imprestá­
vel como regra. Ao i;omrário. cúda um dá-se contíu quando alguém lhe / è apre
sentado comi» modelo de virLude» dc possuir sempre o verdadeiro original aperm
em sua própria cabeça com ele comparando c por ete unicamente avaliando esse
preten.vu modelo. Tal original é, porém, a idéisi dc virtude, com visia à qual todas
os objetivos possíveis da experiência na verdade >ervem como exemplos (provas
da factibilidado daquilo que em certo grau ê requerido pelo conceito da razão),
mas nào como arquétipos. O fato deque um homem jamais agjrá adequadamente
ao que a idéia pura da virtude contêm de modo aígum prova algo quimérica
neste pemsimeinon Com efestu, tudo o juizo sotire o valor ou n desvaíor moral
é* nào obstante. possível somente ntraves dessa idéia: por conseguinte, ela cncun
tra-se necessariamente a íundamentu de ioda aproximação da perfeição moral,
por mais dUtante* que possam manter nos desut perte^âo m obstáculos presert
icí rta natureza humana e nào determmáveiü em seu grau.
A Repiíbfica platônica tornou-se proverbial como um pretenso exemplo, qut:
salta aos olhos, de perfeição quimérica que pode ter sua sede no cérebro do
pensador ocíümk e Hrucker acha ridícula n afirmaçào do filósofo, dc que um
príncipe: jamais regeria hem sc nào participasse dai idéias. Investigando mais
esie pensamento e (onde o csmerrido homem nos. deixa .sem ajudai colocando-o
ã luz mediante novos esforços proceder'se ia contudo meShor doque sob os muito
míseros / e prejudiciais pretextos dc impraticabilidade, pondo o dc lado wm u
inútil. Uma constituição Ua máxima liberdade t}uman&> segundo leis que faiam
co/n qm a tibvrdude de cada um pvsxa çocxislir cüfff a íiherrf&de lias m trfK
(não uma constiLuiçâo da máxima fdicidade. p-nís seguir .se-á já espontanea­
mente^ é ptflo menos uma idéia necessária, que tem de ser posta a fundamento
nào somerue do primeiro projeto dc uma constituição paJUiea. mas tiimhèm de
todas as leis, e em que inicialmente sc tem que abstrair dos obstáculos presentes,

, J Ele certamente «rendíu u seu stuwiio lambem «as ccialiedmauas cspceulaiwas, «mquantu foss«r
dadns só de modo purn ç a fímíh í, c cswiiJeti -a iTiosmu ã MurorniHicHr Be bem t$n£ esla possua í>miu objcKV
pomcwç t na cxpwtínci!) possível, Nirau não püSho sepui lo Ji£|lii, Ktrnpwueu r,i iM n ía p mística ck^ns
idéi-us. iHi nas «ti^ercss ptbs qgaui p»>r a^im d im 4S hipoMUKiiivik. ap«sjir dà elevada tinguAgCmi üc qw
se servia najssç campo prcsiar sc rrmilo bem a uma inwrpretaijia m#ii modcr-tuJa c adequada â nüuréra
das emisas.
KANT

que talvez possam originar sc não mnto mcvítavcimenie da natureza humana


quanio do desleixo das autênticas ideias na legislação. Com efeito, nâo se pode
encontrar atgo mais prejudiciaí e mais indigno de um filósofo do que o apelu
vulgar a uma experiência prctensamente contraditória, que *ímpleimente não
sxiuirin se no tempo oportuno fossem cnccin iradas. aquelas instituições secundo
as tdéias c se no seu lugar conuciUft rudes justamente por terem sido tirado.«
da experiência não tivessem frustrado toda a boa iniençào. Quanto mais a legisla­
ção l* o governo fossem estabdecidos conformes com esua idéia, tanto mais raras
sen um com certeza as penas: e è, pois, perfeitamente racional pensar (como Pia
tao atimuij que numa perfeita ordenação da Lcgitflaçik) e do governo nenhuma
pena seria necessária. Ora, &e bem que este último casn jamais possa vir a ocor­
rer. c não obstante inteiramente / certa a idúia. que apresenta este maximum
como arquétipo para, segundo de, aproximar üçTClpre mais ü consttLuiçào jurídica
humana da maior perfeição poswvcl. 0>m efeito, ninguém pode e deve determt-
nar qual w;ja o je.rau supremo em que a humnnídadü tenha que deitr-sw e quão
grande seja a distancia que nedeMiuriameme reste entre a ideia e sua execução,
justamente porque a liberdade pode exceder iodo u limúc que í»e queira atribuir*
lhe.
M ai Flatàiu coin justiça, vê eltirsis provas» da origem a pariir dç idéias rtão
sí-mente naquilo em que a ra/ào iTumana mti.sLra verdadeira causalidade u ondé
idéias tornam *&e causas cfieienuüi ida« açíks e dos seus* objetos). a saber. rn>
campo étitíí>, ma$ lambem com respeito à própria naiurgzu. Uma planta, um
animal. .1 ordemiçao regular du siMema cósmico íprovavclmenre também a com
plctu ordem natural) mostram claramente: que sa« ptíjs.siveis somertte s^undo
idciuM: quu na verdade nenhuma única criatura sob 515 condiçòcs singulares de
sua exisicneia jamaiü e adcquudu ã idéiu tk> que há de mriK perfeito cm sua
espécie lasiim como tampouco o homem c ;idecjuado à idéia dç humanidade que
ele próprio tru/ em sua alma como arquétipo de suas ações) que n^uetas Ideias,
todavia» no entendimento supremo estão individual* imutável c inteiramente dc-
teritiíniutati e são a* causas ori^in Arias das eojitfuí sendo apenas o todo da lijsaçüü
das coisas no / universo píensimente adequado àquela idéia. Uma ve/ que se
ntoirata do exagero 1*0 nlido na expresso, o impew espiritual do filó>olo de ele­
var-se da observaçào da cõpta do que è físico w.i ordem da mundo h corcexno
ítrcjuilelânica da mesma segundo fins, tsto e. segundo ideiam, é um enforco merece­
dor dc respeito e imitação; já com respeito aos princípio» da moralidade, da
legisJaçào t da religiào, onde ít.s idéias tornam a experiência mewia {0 bem) pclfl
primeira vez possível, eonquaruo jíiirjaif* pussam .ser expressas iiueirumenic nelas.
:k idéias possuem um mdriiu peculiaríssimo, que só não è reconhecido por ser
julgado seyundn regras empíricas, cuja valide/ enquanto prtncipius devia ju.sta-
mentô ter sido suprimida pelas idéias. Com efeito, relaiívamenie à natureza a
tixperiüiiüiu toriiece-rtciH a regr» c è a fonte da verdade: parêm. no que Concerne
às leús morais, a experiência è (inrdizmcnto a mão da ilusão; e c sumamaiUe
reprovável iirar as lei nobre 0 que dtvofazer Jaijutlo Que éfuitn ou querer limitar
a primeira coisa pela segunda,
CRÍTICA DA RAZÃO PUR_A

Ao invés de Lodas estas eunsidcraçôe^ tujo conveniente desenvolvimento


de fato conslirui a dignidade peculiar da Fiio&orta. ocupar-nos-emo;. a^uru com
um trabalho nào tão brilhante, mas nem por isso dcsmerecerfor. a saber. de aplai­
nar e consolidar o terrono para aquelas majestoso* / edifícios morais nos quais
se encontra toda a espécie de galerias de toupeira. cavudus por unia razão â
procura inútil, mas bem -inien ei unada. dc tesouros e que tornam insegura aduela
cíiniiruçõt)- 0 conhecimento exato do u$o transcendental da ra^uo pura. dos seus
princípios e das suas tdeias c a tarefa que ag-wa nos cumpre desempenhar para
poder determinar e avaliar convenientemente a influencia c u valor da ra/ão pura.
Todavia, antes üe (JefXílr estíi introdução preJíminar, pL*ço àqyeíe:» que irarem
u Filosofia sobre o coração Icom u que se di/. mais üo que é comumçnie vvrdadei
rrt) '— sc encontrarem tu? convencidos do que l«í dito e du que sc seguirá -
dc umiurcrTi sob sua p ro tã o a exprcssào idâia na sua significação orisunaL paru
que fuLummente não Cala crurc as dcmai.s expressões ctttn íu quais é ciis|timdr;i
menie designada cm despreocupada desordem ioda sorte do representações c para
que nâo se perua com isso a ciência. Entrciamo, nuo nos faliam denominaçoes
que são convenientemente adequadas :i toda espécie de representação, que
tenhamos necessidade üe intervir na pmprtedade dc uma outra. Hin uma escala
do tais denominações; O gênero 6 a represe/uaçarr em geral (.repracscnumrt). Sob
ele lístá a representação com consciência (perecpiio). Uma pewtrpçvvquc se reíe
rc unicamente ao sujei 10 enquanto modificação do seu estado é sema^vo (sertsa
tio): uma percepção ohjeiiva £ cvfiheamwi/u (oogmtio). lUte i ou / intuição ou
conceito (intuitus vel eonceptuti). A prtmdrsi refere--sc imudiaiamenie ao objeto
e d singular: o segundo refere*sc mediatamente a ele, mediante um traço que
ptxle icr comum a mais. cuisa*. O conceito è ou empírico yu puru, e euquuriio
(em sua crivem unicamente no eiUendivneniu (não na imajícm pura da sensibilida­
de í denomina-sü notio. Um conceito a partir de noçoes* que üJtrapassu a po^íbili
dade da experiência, é a idéia ou o conceito racional. Para aquele que uma. ve/
*e acosmmou cum esia ütsiin^uu tem tjue tornar-se insupt>r(âvtíl ouvir chamar
de idéia a representação da cor roxa. hsca representarão ntlo pode sequer ser
chamada nnçvo (conceito iiiieiectuaJ),

SEÇ À Ü S E G U N D A D O L IV R O P R IM E IR O DA
D IA L Ê tIC A T k A N SC K N D H N T A L

DAÇ ID tiA Ü T R A N S C E N D E N T A IS

A analítica transcendental deu-no.« um exemplo de éonm a simples forma


lógica dó nosso conhecimento pode conter a priori a origem de conceito» purus*
que representam objetos anteriormente a toda a experiência utt„ antes, indicam
a unidade üintètica que. unicamente / Lurna possível um conhecimento ímpirico
i1e übjeioi. A forma dos juízos (convertida num conceito da ^íntew; daj, iniuiçuesj
produziu categorias, que dirigem \odo o uso tio eniendimento na crüperienela.
190 KANT

00 mcstnci modo podemos «sperür que a forma dos silogismos. sc for aplicada
à unidade siEiiéltca das iniuiçoes segundo a norma das categoria.*;, conterá a priori
a origem de ccrcos coticcfccs que podemos denominar conceitos puros da raífio
ou idéias lranscendt\)/«ía eque dcLcrmmarào se&undu princípio^ O u.*so do çnicn
dimento na totalida.dc: dá experiência.
A função da r&zio nas suas inferências consiste na universalidade do conhe­
cimento por conceitos, e o próprio silogismo e um juí/o, que c determinado a
pnon na extensão total de sua condição. A proposição — Caio é imonal -
podena também ser extraída por mim da experiência símpJcsrncnte mediante o
entendimento. Todavia* procuro um conceito que contem a condição sob a qual
é dado o prcdicsido (asserção cm geral) deMc juízo (iMo é. aqui o conceito de
homem): e depois de ler syfcKumtiio o predicado .sob essa condição, tomada cm
toda a sva extensão (todos os homcu.s são monai-s). determino ü seguir n conheci
mento de meu ohjeto (O io ê mortal).
Por isso rtcs conclusão de um silogismo resiringimos- utn predicado a. um
j>» certo objeto. / depois de o lermos pensado na premissa maior cm Ioda a sua
extensão sub uma certa condição. Hsia magnitude iniotr.i Ja excen.sâo cm relação
com umn ml condição denornirtu se universalidade (unívcrsaJitasí- A esta corres­
ponde na síntese das intuiçôcs íi rotafidade*1 (universiias) das cotidiçâçs. Portan
to- o conteiio transcendental da razão não è nenão o dia lotulidadv dos condiçòvs
para um condicionado dado, Ora. visio que unicamente o hwwxdicwnado torna
pusavd a localidade d ai condições e que inversamente a totalidade das condiçòcs
1 sempre mcondicionuda. um conceito puro t* cm üeral da razãn pode scr explica
do mediante o conceito dc incnndicionudo enquanto comem um fundamento da
síntese do condicionado.
Ora. tantas quantas. säe n* cspéeics dc relu^uo que o entendimento se repre-
scrua mydiüntc ax serão tam bom os conceitos puros da razíto. Porian
tü. dtíver-ie-íi procurar cm primeiro iugur um iriamdiçioriado da síntese caiegóri-
Cu cm um sujeito, em Segundo lugar um in condicionado da síntese hipotética
dos membros de uma série, cm tcrcciro lugar um in condicionado da síntese dis
juniivc da* panes cm um xwvmu.
Tantas são dg fato as cspócics de silogismos, cada um dos quais progride
rfiediame prti-silogiKmos. par» o áneondiejonado: um para o sujei lo que não ê
i»o mais ele mesmo predicado; o ouiro para a pressuposi^ao/quí; não pressupõe ne
nhuma outra coisa; o terceiro pura um agregado de membros da divisão, par«
os quais não se requer nada ulitírior para completar a divisão de um eunceko.
Portanto, os conceitos racionais purün da mialtdade na síntese das condições
são neeessário-s pelo menos- como problemas para lazer progredir a unidade do
coniiccimeniu *c possível aié o incondicíonade» ò wào fundados na naturciu da
razáo humana. emU ira de resto tais conceitos tninscendemais possam carecer
de um uso adequado ir concreto e, por conseguintc. nno poâ&uem nenhuma outra
ULÍlidadc que a de ccindu’/ir o cmendimento cm direção à qu«d o seu llso enquanto

t J Nô rtrigiwjit: Aihrit (universitasl ader Totalität. ( K. do*; T .j


é ampliado ao máximo possível é ao mesmo tempo posto cm perfeito acordo
consigo mesmo.
Todavia, enquanlo tratamos aqui da totalidade das condições e do incondí-
cionadü. como tílulo comum a todos os conceitos da raido. tropeçamos dc novo
com u m a expressão que não podemos dispensar e, não obstaiuc. não podemos
usar Com segurança cm virtude da ambigüidade inerente a da por um lon^o
abuso. O lermo absoluto é uma das poucas palavras que na .sua significação
primitiva foram adequadas a um eonccito. au qual nâo se adapta perfeitamente
nenhuma outra palavra da mesma língua. A. perda de tal termo — ou, o que
é equivalente, o seu uso vacilante - implica Lambem / necessariamente a perda
do próprio concdio, e na verdade de um cnncdto <jo qual. pelo fato dc ocupar
muitíssimo a razão, não se pode prescindir sem grande prejuízo dc todas a,5 ava­
liações transcendentais. O termo absoluto passa agora a ser mais freqüentemente
usado para indicar .simplesmente que algo ê considerado erm respeito a uma
coisa cm si mesma c que, portanto. pu*r>ui um vator inírúrsec-o. Nesta significa­
ção, ahsolutúmente possfvei significaria o que c possivef cm si mesmo (interna­
mente) c isto na realidade 5 o minimv que se pode dizer sobre um objeio. Esta
expressão, ao Contrário, é por ve/cs usada Lambém para indicar qyc algo é válido
em toda a. relação íitimitadamcnle; por exemplo* a soberania absoluta). Nesta
significação, absolutamente passível significaria o que é possível em todos os
seniido.s e sub todas ax reiaçõex. e isto por sua ve*, ç 0 máxtmv que posso dizer
&obrc a possibilidade de unia coisa. Qra^ na verdade essas significações froqíicnie
mente coincidcm. Assim, por exemplo, o que é imcrnameiUc impossível é também
em toda a rduçüo, por conseguinte, absolutamente impossível. Ma* na maioria
dos easos iais significações ç*iào separadas por uma distância infinita e não pos­
so dc maneira alguma concluir que pelo lato dc algo ser em $» mesmo possível,
&eja*u também cm ioda a relàçâo. por conseguinte, absolutamente, No que se
segue mostrarei que a necessidade absoluta dc modo aljium depende em lodo.s
os casos (Ja necessidade interna ú que. pornnio, nâo (em que ser considerada
equivalente a esta. Se 0 contrário / de uma coisa é internamenic impossível, ial
contrário é ccmmcntc impossível tamhcm sob todos os aspectos, por eonseguirt
Lc. Lal cui.sa ê e!a mesma absolutamente necessária. iVSas nâo posso concluir inver­
samente que 0 comrário do que é absuluiamcmc necessário seja iatemeuttetue
impossível, isto c. que a «ibsoiuta necessidade das coisas seja uma necessidade
interna, pois esta necessidade interna c em certos casos uma expressão totalmente
vazia com a qual não podemos ligar o mínimo conocito: ao contrário, a expres­
são necessidade dc uma coisa em iodas as relações (com respciio a todo o possí­
vel>implica determinações inteiramente peculiares. Ora. vbto que a perda de
um conceito de grande aplicação na sabedoria especulativa do m undo nâo pode
jamai.s ser indiferente ao filosofo* espero que nao lhe seja tampouco indiferente
a determinação a cuidadosa conservação da expressão A qual o conceitú c Eneren
te.
Servir-me-ei, pois. da palavra absoluto nesta siginiiicaçào ampliada e opõ-
3a-ci ao que c válido apenas comparativamente ou sob um aspecto particular.
192 KANT

pois este esta restringido ii condições, aquele, porém. vale sem restrição.
Ora, o concci.o transcendental da razâo sempre se refere apenas à totalidade
absoluta na síntese das condições e jamais lermina senão no absoÍLtiâmente ín-
coadieionado — isto é„ incondicton«do ejrn toda relação. Com efeito, a razão
purâ deixa tudo ao encargo do entendimento. que / se refere imedia la meme aos
objetos da intuiçuo ou, antes, ã sua sÊmcse na capacidade de imaginação. A razão
reserva para si somente a totalidade absoluta no uso dos conceitos do entendi­
mento e prtjcura conduzir a unidade sintética* que é pensada na eatc&oria, aiè
ii absolutamente: ineondicionado. Por isso se pode denominar esta de Urtidade
da razão com respeita íwk fenômenos, assim como aquela que é expressa pela
categoria. de unidadv dr> enlendítttenfo. Deste modo, portanto, a razâo relaciona
sc somente com o mo do entendimento, e na verdade não çnquanto este contém
•o fundamento da experiência possive] (pois a totalidade absoluta das condições
rião c nenhum conceito utilfcâver cm iima experiência,, já que nenhuma experiên
eia é tnoondicionada). mas somente para prescrever a tal uso uma díreçào rumo
n, uma ccrts» unidade da qual o entendimento nâo possui nenhum conceito e que
tende a recolher todas us açues do entendimento, com respeito a cada objeto,
cm um todo ühsoiuío , O uso objetivo dos conceitos puros da ra/.ao c. em visia
disso* sempre transcendente, enquanio dos conceitos puros do entendimento tem
que ser. secundo u sua natureza. sempre imaneniet na medida em que se limita
simplesmente à experiência possível
Por ideia entendo um conceito necessária da rttfão ao qual não pode ser
dado nos sentidos nenhum ohjeío congruente. Portanto. os nossos conceitos ra
cionais puros ora considerados sao idéias transcendentais. / Fies são conceitos
da razâo para* pois consideram todo o conhecimento empírico como determinado
por um i absoluta íoUiiicIadedas condições. jNSo são inventados arbitrariamente,
mas propostos peia naiure?a da razão mesma, relacionando-se por isso necessa­
riamente ao uso tola] do entendimento. São, por fim. transccndcntcs e ultrapas­
sam os limites de toiia a expcricuciy, na t|ual, con^eqüemernenre. nâo poderá
jamais ipresuiiiar se um objeto vfue seja adequado à Jdéui transcendental. Quando
*c nomvía uma idéia, diz sc com respeito ao objeio (ertquanu» ohjeío do entendi
mento puro) muitíssimo, ma* com rçspcito ao sujeito fisui é„ com resp«ito :'i sua
rüüliüíide sob fl condição empírica) pouquíssimo, porque cín, como conceito de
um maxiimim, não poderá jamais ser dads congruentemente in concreto. Ora.
visto que no uso merameme especulativo da razao este último constitui propria­
mente o inteiro objetivo e que a aproximação a um conceito, que na prática,
porém, nàú será jamais alcançado, equivale 3 falhar totalmente, enrào com res­
peito u um tal conceito *e d ii: eJe ê somewe uma Edêiit. Desie modo poder-se-ia
dizer: a loralídade absoluta dos fenômenos é snmente uma idéia; com efeito, víslo
que jamais podemos projetar na imagem uma Lal totalidade. permanece da um
problema sem solução. Ao contrário, víslo que no um> prático cio entendimento
tem-se a ver unicnmentc com uma prática segundo regras, / pode a idéia da raifào
prática sei sempre realmente dada in concreto, se bem que apenas pare ia! mente:
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

aritcs.ela c a condição mdispensÁvcl cJc Itxta o uso prático da ntzào. A realização


da idéia é semprt limitada e defeituosa. mas sob limites indetermináveis. portan­
to. sempre sob a influência do conceito de uma Cõmplctude absoluta, Conseqüen­
temente, a idéia prática é sempre sumamente fecunda e, com respeito às ações
reais, incontestavelmente necessária. Nela a razão pura possuí alé causalidade
para produzir efetivamente o que o seu conceito contêm. Por isso nào se pode
dizer — como ^uc depreciativamente da sabedoria: eta é somente uma idéia.
Mas. justamente por ser uma ideia da unidade necessária de todos os fins possí
vüís . a sabedoria tem que servir de regra originária — pelo menos restritiva —
para lodo o prático.
Ora, conquanto tenhamos que dizer, com respeito aos conceíços transcenden­
tais da razão: eUi soo someníe iãêbü, nàü os consideraremos de modo atgurn
como supérfluos e nulos. Com efeito, se mediante eles já não pode ser determina­
do nerhum objeto. eles. não obstante, podem, no fundo ç sem que se perceba,
servir ao entendimento como càoone para o seu uso ampliado c coerente. peio
ifual. n«t verdade, não conhece mais nenhum objeto corno os que ele conheceria
pelos seus conceitos, mas. nao obstante, é guiado melhor c adiunic nesse conheci*
mento. Cala-se / com isso o laio que tais. conceitos transcendentais da ratão m
K*mcm talvc? pov/ivcl uma patwapem do* conceitos naturais aos conceitos práti­
cos e deste mndo po&stim fornecer às ideias morais mesmas consistência e cone
xão com cnnhedmcruo.s especulativos da razão. Sobre tudo isso deve-se esperar
o esclarecimento no que se segue.
Dc acordo* porém, Com o nosso objetivo, aitui deixamos dc hdo as idéias
práticas e consideramos, por conseguinte a razâo somente no uso especulativo
c dentro deste, num uso ainda mais restrito. » -»aber. no transcendental. Ora.
aqui temo* que empreender o mesmo caminho tomado actmn na dedução das
caiegorias. a sahcrt examinar a forma lógica do conhecimento da ra/ào e ver
sc detwe modo iamhéin a o nao sc torna porventura uma Tome dc conceitos
para tratar de objetos cm s| mesmos como determinados sinteticamente a priori
com respeito a uniíi ou outra tunçfto da razão.
A ra/Jo, considerada ctimo facüidade dc uma ccria íorma tónica do ccnhc*
cimento, c a faculdade de inferir, isto ê. de julgar mediatamente (medianie a suh-
sunçào da condição de um juí/.o possível sob a condição de um juízo dado).
O juízo dado é a regra universal ipremii.su maior, maiorl. A ívulminção da condi
çào dc um outro juízo possível sob a condição da regra é a premissa menor
{rnínorj. O juízo real. que expressa : j asserção da regra no caso .mhsumido. é
* conclusão (conctusloj, / A regra expressa aipo universalmente sob uma certa
condição. Ora, a condição da regra verifica-se em um caso concreto. Logo. o
que sob aquela condição valia uni versa Imenie è mmbêm considerado válido no
caso concreto (que implica esm condição). Vé se facilmente que a razão chc&a
a um conhecimento mediante açòes do entendimento que con.vtiiiicm uma série
dc condtçòe». Se chego à pre>posiçSo: todos os corpos sãci mutáveis* somente
mediante o fato que começo do conhecimento ma\s remoto (cm que ainda nâo
sc apresenta o conceito de Corpo, embora contenha a condição de tal conceito):
todo o composto ú mutâvei; e se de^a procedo a uma proposição mais próxima
submetida à condição da primeira Of> corpos são compostos; e se a partir desta
proposição pela primeira vez. chego a uma terceira, que doravante conecta o
conhecimento remoLo (mutável) com o presente; Jogo os corpos são mutáveis;
cnlão cheguei a um conhecimento (conclusão) mediante uma scrle dc condições
{premússasi. Ora, toda série cujo expoente (o juízo categórico ou hipotético) c
dado pode ser continuada; por conseguinte. a nicsma açào da nuâu conduz â
ratiucinalio poivsylloítistiou a qual ê uma série de silogismos, que pode ser conti-
3HK nuada indefinidamente. ou do lado das condíçòes (per prosyllogismos) ou / do
lacto do condicionado (perepisylbgismos)-
Mas bem depressa dar-nos-emos tonta de que a cadeia ou série dos pró-silo-
gísmos, isio ét dos conhecimentos derivados do lado dos fundamentos ou das
condições para um conhecimento dado, com outras palavras, que a serie ascen-
denre dos silogismos tem que comportar-se em cynfronto com a faculdade da
ra/.ão de modo diverso da série descendente, isto é, do progresso da razào do
lado do condicionado mediante epi-Silogismos. Com efeito« visto que m> primeiro
CâüO o conhecimento (conclusio) aó c dado comu condicionado, nào se pode che­
gar a dc pela ra/.ào senão, pelo menos, sob a pressuposição de que todos u$
membros da .série do fado das condições são dados (totalidade na série das pre­
missas), porque somente sob a sua pressuposição o juízo em questão c possível
a priori; ao contrário, do lado do condicionado ou das cunscqíiêrscias. é pensada
somenie uma série em devir e não já uma série totalmente pressuposta ou dada,
por conòc^uiiitc, somente um progresso potencial. Por kso. se um conhecimento
é considerado como condicionado, a razâo é obrigada a considerar íi série das
condições em linha ascendente como completa e como dada em sua totalidade.
Se, porem* o mesmo conhecimento for simultaneamente considerado como condi-
.iã9 çíto de ouiros conhecimentos / que entre si constituem uma série dc conseqüén
cias cm linha dc&certdcntc. em tal caso a ra/ão pode ser totalmente indilcrcntc
até gtie ponto este progresso se estenda *a pane posteriori", e ae a totalidade
desta serie c dc alpum modo ponsivul ou n;uv, ela. cfcúvametue, não necessita
de uma tal séríc para u conclusão <,|ue sc íncontra diante de si. rt:i medida em
que esta, “ a parte priori* , já está suficien(emente determinada c assegurada petos
seus rundamenlOis Na verdade, quer do lado das premissas a serie das condições
possua como condição suprema um primeiro termo, quer não, ç, portanto, seja
” a pane priori'* icm limiies* ein lem que conter um» totalidade dc condições,
posto que jamais chcgá$sçmos a abarcá la. u a série total das condições tem que
ser incondicionalmente verdadeira se o condicionado — que é considerado uma
conseqüência surgjda dela - deve valer como verdadeiro. Jsto é uma exigência
da razan, que determina o seu Conhecimento como a priori e anuncia-o como
iKcessário ou em si mesmo, e cfttân nào necessita dc nenhufn fundamento.* w
— se é derivado — como ura membro de utna série de fundamentos, pue é ula
mesma incondicionalmente verdadeira.
D IA L É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

SlSTfcM A D A S ID É IA S T R A N S C E N D E N T A IS

Não nos ocupamos aqui com uma dialética lógica, que abstrai de iodo o
oornsiido do conhecimento e descobre unicamente a falsa aparência tia forma
dos silogismos, thíls com uma dialética transcendental, que deve comer inteira
mente a priori a origem dc ccrios conhecimentos a partir da razào pura. c de
certos conceitoi Inferidos, cujo abjeto não pode cie modo algum ser dado empiri
camcntc e que, portanto, se encontram totalmente tora da faculdade do entendi­
mento puro. Dy. reiaçao naiural que o uso transcende mal do nosso cunhccimento
taiuo em silogismo quanto cm juízíjs tem que ler com o uso lógico, concluímos
que haverã somente lr£s modos dc inferências díalcticas que se rtífacionarrr com
as três espécies de inferências pelas quais a raxàn pt.Kjc chegar a conhecimentos
a partir dc princípios e que a tarefa da razão consiste sempre cm ascender da
síntese condicionada, ã qual o entendimento permanece wmpre lidado, à irtCondi-
cionada.que ele jamais pode alcançar.
Ora, o universal dc toda a relaçãu que as nossas representações podem ter*
consiste 1} na rcIííçâo com / o sujeito, 2) na rdnçào com os objetos, c. na verdade,
ou como renòmcnos ou como objcLus do pensamento em gera), Se se liga esta
subdivisão com u precedente, então a relação das representações dc qjjc podemos
formar um conceito ou uma idéia é de tre* espécies* I. ti. relação com o sujeito,
2. com o múltiplo do objeto no fenómeno* 3- com iodas as coisas em geral.
Ora, todos os conceitos puros em geral tem a ver com a unidade sint&ica
das represcnlaçcj&s ç os conceitos da razào pura (idéias transcendentais). por su?
vüz. com a unidade sirmhiea incondicionadu Ut toda* as condições em gcrnl.
Con$eqücn(cnienic, todas as Ideias Lransccndeninís podem reduzir-se a ctas-
ses> cuja primtira uorttém u unidadv absoiula (in-ccnidÈcíonada) do sujeita pensan­
te, a segunda, a unidade obsofuta da série dus eruidiçõcs dofi>nômenor a ícw ira,
a unidade absoluta tiat tufidlçâo dc todos- ou objetos da pensanttwto em geral.
O sujeiici pensante é o objeto da Paticchgiii; o conjunto de iodos os fenóme­
nos (o mundo), o objeto da Cosmniõgict: c a coisa, que contém a condição supre­
ma da possibilidade de tudo o que pode uar pcn&ado |í> eme de todos 05 entes),
o objeto Ua Teolygta, Portanto, a razão pufíi fornece a idéia para uma doutrina
iransccnúental da alma (psychülogia ratlnnalis}. para uma ciência transcendental
/ do mundo (cosmologia rationalis). finalmente também para um conhecimento
transcciidcruaí dc L>eus (LhcoJo^iii iransccndentatift). Mcimio o simples projeto
de uma ou outra des.sas cíôndas não provém absolutamente d« entendimento,
ainda que ele estivesse ligado ao uso lógico supremo da razão Isto é, a iodos
os silogismos imagináveis, com o fim de proceder de um objeto de i:iJ uso (fenó
menos) a todos o_\ outros, ;iiê os membros mais remotos da sinicse empírica —
m aic uniçamcnit um produto puroç auténLico ou prohlcmada razão pura.
196 KANT

Quais moíli dos conceitos puros da razão estão compreendidas sob esses
três iílutos de uxlas as idéias transcendentais serã exposto inteiramente no próxí
mo capitulo. Tais modi ceguem o fio condutor dah categorias. Com efeito, a
razâu pura jornais se refere imediatamente a tjbjetos. mas aos conceitos inlelee
tuais do* mesmos. D y mesmo modo só na aberdagern completa esclarecer-se a
como a razão — unicamente mediante o uso sintctico da mesma função da qual
se serve para o silogismo categórico — tenhü que chegar necessária mente ao
conceito da unidade absoluta do sujeito pensante; como procedimento lógico
nos silogismos hipotéticos tenha quí implicar idéias do absolutamente íncondi-
cionado em uma série dc condições dadas: finalmente, como a simples forma
do silogismo / disjuntivo tenha que Implicar o conceito racionai supremo dc um
ente de todos os entes; u rn pensamento que à primeira vista parccc ser cxircmamvTi
lc parado* al.
Deatas idcEds transcendentais nâo è possível propriamente nenhuma dedu­
ção objetiva como a que pudemos fornecer com respeito is categorias. p^i*» das
de Fato nno possuem nenhuma rd ação com qualquer objero que pudesse ser-lhes
dado congruentemente e iwo justamente por serem somente idéias. Mas* pudemos
emprwndcr uma derivação**1 üubjetiva de tais idéias a partir da natureita da no5
sa razSo e esta foi lambem realizuda no presenu: eapituJo.
Vè-sé facilmente que si razão pura não possui nenhum ouim objetivo a não
ser o dít totalidade absoluta da síntese do lado dw condições (icjít de inerência,
dc dependendo, ou de concorrência), e que com a absoluta cotnplcludc üu fado
do condicionado da não consegue nada. Com efcito. a ru/ãu nccessha uiüc^
rnenre a primeira totalidade pnra pressupor a stírãe total tia* condições c deste
modo forneeê Ui a prtori ao entendimento.
!te. porém, existe alguma condição duúa inteiramente (e incosldicionftlineiv
tc), cmào nào SC precisa mnis dc um conceitú da razão para prosseguir a terie^
vm poi& 0 entendimento fü? por si iodo passo para baínev, / da condição ao votidicin
nado. Deste modo as ideias ir^nsccndcnuiis servem somente para ascend&r, na
série das condiçõcs, &ú o inconidiciünado, k w c. até os princípios. Todavia, com
respeito 30 desem 10 condicionado, há um uso Uijjico basiame e*tenso que nossa
ra*âü faz das leis do entendimento* mas nenhum iisn transcendental; e* sc nos
formamos umu idéia da absoluta totalidade de uma tnl síntese (do progressus),
por exemplo, da série total dc todas as (nuilauças futuras do mundo, trata-se
então de um rnie de pen.samenio <ení r:Uíonis). que é pan^ado «õ arbitrariamente
e não pressuposto necessariamente pela ra^ão. Com efeito, para 3 possibilidade
do condicionado é. na verdade, presstiposra a totalidade dc suas condições, mas
nào de suas sucessões. Cúni>cqi2enturneMe. um tal conceito nàí» ê nenhuma idéia
transcendental, Com a qual unicamente nou ocupamos aqui.
Por fim. lambérn nqs damas conta dc que entre as próprias idéias transcen-
deníais transparçue uma cena eonexào e unidade ede que a razão pura. mediante
** Mclfin fl794) t íi fcjJiçau Acadcfflia sufesiiiuem aqui 0 termo cirifiniL} ■*AnkitungM (direção) por
" A.bletíung‘r tílín vaçia), mudificaçãtf lambéTn aduiamas. tN. dos T.J
C R ÍT IC A DA R A Z Ã O P U R A 197

elas, conduz todos os seus wnhecimenlos a um sistema. O proceder do conheci­


mento dc si mesmo (da alma) ao conhecimento do mundo e, mediante este, ao
eme originário, é um progresso Lãü natural, que parece semelhante ao progresso
lógico da razào desde as / premissas ate a conclusão ** Ora. se aqui efetivamente m
subjay escondida uma afinidade da mesma espécie que entre os procedimentos
lógico e transcendental, e tumbém uma das questões por cuja suíuçâo se tem
que esperar no curso destas investigações. Por ora já alcançamo* o nosso objeti­
vo, visto que conseguimos tirar os conceito* transcendentais / da razão — que
do contrário-, na teoria dos filósofos, misturam-se habitualmente com outros con­
ceitos. sem serem uma só vez distinguidos convenientemente por cies dos concei­
tos do eniifuiímcTHo — desta ambígua situaçào; eonseguiimis indicar a sua ori­
gem. e assim ao içmpo o seu númeru determinado - qut não pode ter
mais, nenhum acima de si — representando-os cm uma conexão sistemática por
meio da qual é assinalado c delimitado um campu peculiar da razào pura.

A Maafí&Ic» irn por fim prt>pru> 4a ího mveailgaçfc1 apenas u » itlclas: liberdade e tmttrtalMmit,
Je rrtPÜk» que d segundo egiicolo Jigado jmj primeira <icvc conduzir AO [çruíim <omo conclusiui rfcç-çcsíiiria.
Tníq a^Uliú COtn y que CSU ciência se Hcupu í.l**m tliswv,. Sirvo lhe SimpLtsmenie çomtf melo paru alcnnçor
essas iticias. c a sua rcafedaric. Meçe^irn fts, r.ia ^#ra o>5 fms üa Citivnia Natural, m»b pura ultrapassar
a flfttureza. O cMvnhecimeflu» <law rr.eEmr.:, (Vna a TW ogfa, ji M ttraf c pe.Ia li&íÇao dC amtkns s RifíigifíO,
por «jnnegulfli«. ^ fmn supremos da nossa citraêrvciã. iependerem rntrarMiLLe da faculdade especulativa
díi ruzão c dc nsulj mais. Numa represe nmçào síMcmàlit-'* daquelas ideias, a referida OMiem emwís, ^ruíuanro
a mau ccmvtnitr.re: rtlító na elutmrftção que rtecGSK.aríamüBiii p/íci*» prsecUè In, a urdem anítiiricu.
que inverte & .miífiüf, será bíbíü Adcqu&ta ao f|.m ik realizar dompletamínte o noasü grande prajetfi na
mçtíiiJa cm que dítquilci que n expericHiri;! íofflece-rios irriLrdiatajn^sli: a doutrina de aJmu. progredimos ã
drjurrlnu do m unf!& a dfrSLn ao conlaíCLiJi-íiiUJ lic D&àü.
L IV R O S E G U N D O DA D IA L É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

D A S IN F E R Ê N C IA S D IA L É T IC A S D A R A Z Ã O P U R A

Pode-se diz«* que o abjeto dc urna simples idtíta transcendental seja algo
dc que não se possut nenhum conceito, conquanto ela tertha sido produzida na
razão dc modo totalmente necessário segundo as suas leis originárias- Com efei
to. dc um objeto que deva ser adequado à exigência da razão, lambem c impossí­
vel qualquer conceito intelectual, isto é, um conceito que possa ser mostrado
c tornado imuívei em uma experiência possível Entretanto, expressar nos íamos
melhor e com menor perigo dc mal-entendido se / disséssemos que não podemos
Ler nenhum conhecimento do objeto que correspondi; a uma ideia, embora possa­
mos ter um cynccito problemático a seu respeito.
Ora, pelo menos a realidade transccndentül (subjetiva} dos conceitos puros
da razão repousa sobre o faio dc que somos [evados a tais ideias mediante um
silogismo necessário. liá , porianio, silogismos que não contêm nenhuma premis­
sa empírica c mediante os quais, a partir de algo que conhecemos, inferimos
algo diverso, do qual não possuímos, todavia, nenhum conceito e ao qual. não
obüEanie, por uma inevitável ilusão* fornecemos reaiidade objetiva. Tais inlerên
cias devem, com respeim ao seu resultado, ser denominadas antes softsntas que
silogismos: se bem que, em virtude de sua origem, possam vroxer ó último nome.
pois nàíi foram Envtíntados nem surgiram pur ueaso, mas se uriginaram da naturc
/a da razão. Trata-se de sofisticações, nào dos homens, mas da prôpru» razâo
pura. das quais nem o mais s-ábio enire eles poderá libcnar-se. Poderá lafvez.
em verdade apóü muito esforço, evitar o erro, nias janmis desvencilhar sc inteira­
mente da ilusão, que incéssimte mente o importuna e escarnece.
Há. portanto, somente Três espécies desses silogismo* dialéticos, ou seja,
tantas quanta* são as ideiam nas quais terminam as suas conclusòcs. No silogismo
da primeira ciasse, concluo do conccitu / transcendental do sujeito, o qual não
contém nada de múltiplo,à absolula unidade desse mesmo sujeito, do qual não
pos.suo dtíste modo absolutamente nenhum conceito. Chamarei a esia inferência
dialética de paralogismo transcendental. A stguttda classe de inferências sofísti­
cas funda-se sobrq o conceito iriinjíCindentaJ da totalidade absoluta da serie tía*
condições paFa um fenómeno dado em jçcral c do fato que de um ladoposeuo
sempre um conceito em si mesmo contraditório du unidade sintética incondido-
nada da wrie. concluo a legitimidade da unidade contraposta, da qual. não obs­
tante, não possuo nenhum conceito. Chamarei ao estado da razão nessas ínferèn
cias dialéticas cie aniinotnia da raaào pura. Finalmente concluo, dc acordo com
KANT

a terceira espécie de inferências sofisticas, da totalidade das condições para pen


sur objetas em geral, enquanto podem ser-me dados, à absoluta unidade sintética
de tinias as condições da possibilidade das coisas cm geral, isio é. de coisas
Que não conheço rto seu simples conceilo transcendental, a um eme de todos
os cTiteü que conheço ainda menos através d í um conceito transeendenta] e dc
cuja necessidade mctmdicionada nào posso furmar me nenhum conceito. Chama­
rei

W / C a PÍTVLO PKlMblRO Dí> U ivro Sf.giíndu D a


DlALÉnCA T r a n sc en o en t a í.

Dos paralogismos da rgjao pura

O paralogismo lógico consiste na falsidade de um silogismo qunrlLo à forma,


sejn qual possa ücr. de resto, o seu contcúdo. Um paralogismo transcendental
tem. contudo, um fundamento tran^ndcnlal. s. saber, dc inferir rnisamente quan­
to à forma, Deste modo uma tal inferência errônea rcrã o seu fundamento na
natureza da razão hunvanu c trará consiga uirni incvtúvel - se bem que nâo
insolúvel — iJusão.
Volvcmo n«s agora para um coisceiro nà» incluído acima. na lista gcraJ dos
conccitDs transcendentais, mas quü, nào ob^ame. Lem que ser contudo antre eles.
sem com Lssu mudar minimamenie aqueía tábua cdcelará-hi como falha. Trata-se
do conceito, ou, se sc preferir, do juiío: m pensa, vê-se, porém, facilmente que
etc é o veiculo dc todos os conceitos cm geral c. por conseguinte» tambem dos
transcendentais, sernio sempre c^mprccndido qnLrc os mesmos c por isso stíndo
igualmente transcendental, sem todavia poder possuir um ciiuío particular, por-
aw que servç somente para / representar todo o pensamento como púrtcncente li
consciência. Entretanto. por poro que eJe seja dú todo o empírico (da impressão
dos sentidos), serve para distinguir duas espécies dc objúu^ extraídos da «am ciu
da nossa capacidade de represcniaçao. Pu, como pensante» suu um objeto do
sentido inierru» c denomino-me alma. Aquilo quee um objeto dos twniidios exter*
nos denominas; corpo. Ponanio. a expressão cu, como um ente pensante, signifi
ca já o objeto da P^icolo^iu. que pode denomirtar-st doutrina racional da aima.
sc iiuu pretendo saber da tdms nada além do que possa ser mJcridu do concdto
<•«, Independentemente de «.kIsi a experiêrteia. enquanto tal conceito aprese ntít se
em todo o pensamento.
Ora. a doutrina racionai da alma é realmente um empreendimento dessa
espécie,. Com efeito, sc o mínimo dc empírico do meu pensamento — tima per
cepção patlicular qualquer do meu estado interno — aindu. se mesclasse entre
os fundamentos cognitivos desta cièneia, crtiào ela não seria mais uma doutrina
racjrmal — mas empírica — da almon Po.riantut tcmoi- já diante de nos iima
pretensa eíéncia, construída sobre a única propasiç&n: êu penso, c cujo fundu*
meuio. ou cuja falta de fundamento, podemos investigar aqui de modo totalmente
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 20J

conveniente e conformem ente à natureza de uma filosofia iraítècendcntaL Não


sc deve escandalizar se pelo fatü de que cocn respeito a esta proposição, que
expressa a percepção do &i. eu curiudo possuo uma experiência interna* / e que, *oi
por conseguinte* a doutrina racionai da alma, fundada sobre tai proposição, ja
mais c pura, mas se Tunda em parle sobre um princípio empírico. Com efeilo,
essa percepção interna não e nada mais éo que a simples aperccpção: eu penso.
a qual torna possível iotlos os concdios transcendentais» nos quais ac diz: eu
penso a substância* a causa cic. Cum eleito, a experiência interna em gerai e
a iua possibilidade ou z percepção cm gemi e a sua relaçào com outra percepção,
sem vjue sejam dadas uma diferença particular qualquer e sua determinaçào. não
pode ser considerada um conhecimento empírico, nux tem que ser considerada
um conhecimento do empírico ern geraí e pcftcnce á investigação sobre á possibi­
lidade de toda a experiência, a qual è sem dúvida transcendental O menor objeto
da pcrçepçíao (por exemplo, somente o prazer w a dor) que fosse acrestentado
à representação universal da autoconsciência, converteria imediatamente a psico*
logia racionai numa psicologia empirica. O eu penso è. poi$< o imico texto da
psicologia racional a partir do tjuat ela deve desenvolver u 311*» iiUcira sabedoria.
Vê-se facilmente que tal pensamento, sc deve üer referido a um abjeto (a mirn
mesmo}* não pode conter nenhumu outra coisa u nâo ser predicutios tritn&cenden-
uib do müimo; o mírtímo predicado empírico perverteria a pureza racional e
a independência da ciência de toda a experiência.
/ TiSEttuü, porem, de s^uir aqui «penas o fio condutor das categorias, com 40:
a diferença apen&t de que. tendo sido dada aqui antes de tudo uma coisa —
ou como crue pensante — nao mudarvmo* cm verdade a ordem unterior das
categorias assim como é representada em sua tábua, mas começaremos pela eític
goriã da inbstimeia. mediante a quaf ó representada uma coisa cm si mesma,
e bCHuinamos retroativamente 8 .série das categorias. A tópiea <j;i doutrina racio­
nal da alma, du qual deve ser derivada tudo o yuc c!a. dtí resto, possa conter,
è então o stegutaic:

1.
A alma e Jthhsímcia
Z, 3.
Segundo a sua qualidade. Segando os tempos diversos em que çls
aimpies existe, numericamente idêntica* isto é,
uiiníaile (nào pluralidade)
4.
Em relação com tíbjeios possíveis noeipsiço&*

h* O lu fo r, que dcvúki á sua «bMr&çsn uam .«nociua.t nüo adivinhara. f,t«.-!lmersw o sentido psicológica
dessas £*pfeíMws fttm piH que n úkimo atribui-o Js. aJrná perrençc i «ucgQiiu da extiténcui, } no que +D.1
w ^truc v tri todo isto fitkicntcaaeRiv-eselareculn t juailicadcs De resto, em virtude d u
i|ui:. Au invcN cqt.jvak-nW3 íitcmit. *iu íruTodasiUu? Cúmra ugosmdo bom cxftfô. tenho que me Ucâctil-
par, mr.ig wrií Vüíis i ex« ieçãn quanwv àobra infira, pela IV;« dc ler prcfcrwo sdcrifirar aígú Jj elegância
da linjiuagí m s, difiç^itaU •»uw pela rmínifiia mcofnpreettsüo
202 KANT

■K» / Desses elementos originam-sc. unicamente pela composição. üxtos us con


ceitos da doutrina pura da alma. sem reconhecer minimamente um ouiro prind-
pxo. Esta substância, simplesmente como objeu? do sentido interno. fornece o
conceito de ímaieriattdade; como substância simples, o conceito da inc.omtp/ibi-
lidade; a sua identidade como substância intelectual fornece a personalidade; uv
do.s esses Lrês elementos em conjunto, a espiritualidade: a relaçào oom os objeto*
nó cspâçu famece o commercium com o& corpos. Por conseguinte* esta Slibstãn-
c\a representa a substância pensante como o princípio da vida na malcría, isto
é, como alma (anima) e como o fundamento da animalidade; esta, limitada pela
espiritualidade, íomcce a tmoriaíicfade.
Ora. a esto w u editos referern-se quatro paralogismos de uma doutrina
iransccnderttal da alma que é lomada falsamente por uma eEcncia du razào pura

km sobre a nalur&ea do iiosso ente pensante. Como Fundamento / dc tal doutrina
nâo podemos por senao a representação simples eu. para si própria totalmente
va/.ia de conteúdo, c com respeito â qual nâo se pode nunca di/xr que àcja um
conceito, porém uma mera amsciéncia quu acornpanha iodos os conceitos. Me­
diante este eu* ou ele. ou aquilo ta coisa] que pensa, nSo é representado mais
do que um üujdto transcendental dos pensamcnios = Jt,qu«: é conhecido somen­
te, pelos pensamentos que são seus predicado«* e do qual. separadamente, nâo
podemos icr o mínimo conceito* Hm torno dc um ml .sujeito giramou em um
constante círculo, nu medida «m que semprejá icmns dti servir-nos de sua reprs
sentação para julgar qualquer coísa a seü respeito; um mconvenicnic. que é insepa
rável disso, porque l consciência cm si nào e uinto uma rtjpre.senlação que disiin
(luc um objeto panieulnr. mas uma forma da representação «m geral, na medida
em que deva « r denominada um cnnhecimenio*. só com respeiu.» a esle posso
eleiivamentedi«;r que pe/isu algn íiiravúü dela,
Logo de início deve. porém, parecer e&irunho que a condição sob a qual
eu em yerat penso c que por eonscguinle c uma simples propriedade do meu
sujeito, deva ao mesmo lempo vulcr para iudo o que pensa, eque podemos presu
mi; de fundar um jufco apodítico e universal sobru urna proposiç!» aparentemen­
te empírica, a saber: ludo o que pensu c constituído de tal modo como o declara
mí era mim a voz da autoconsciência. / A. causa. disu> reside, porém, ru> fato de
que temos dc atribuir necessariamente h priori ás coisas todas as propriedades
que constituem as condíçoes sob it> quais unicamente as pcmamoü, Ora. com
respeito a um ente pensante nao posso ter a mínima representação mediante a
experiência externa, mas .somente mediante a autoconsciência. Porunto, lais ob
jetoü não passam dc uma transposição desta minha consciência a ouiran cotsas
^ue somente dcsLe modo são representadas como entes pensantes. A propouiçào:
eu pcn.w, lodavia,, é tomada aqui só problemaiicamenie, não enquanto ela pox.sa
comer uma percepção dc uma existência (o cartesiano; cogito, ergo sum), mas
segundo a s u a simples possibilidade, para ver que propriedades possam dçeorrcr
dessa proposição tão simples ao .sujei Lo deia {quer etc cxiita ou nàu?
Sc a fundamemu cio nosso conhecimento rscional puru do ente pensante
em geral se encontrasse algo mais do que 0 cogito: se recorrêssemos à ajuda
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 203

das observaçòes sobre o jogo dos nossos pensamentos c às leis ntiLuraia da perso­
nalidade pensante que sç podem extrair daí: então Mjr&iria uma psicologia empírl
ca. que. it-ria uma espécie defisiologia do semido interno, c poderia servir lalvc/
para explicar os fenômenos dó mesmo, jornais, porém, para descobrir proprieda­
des que de modo ülgum pericnccm à experiência possível (como it do sim
plcsl. / nem para ensinar apoduícamente algo concernente à natureza do eme «ft
pensante em gcraJ; não seria, portanto, nenhuma psicologia racionai
Ora. visto que a proposição, eu penso (tomada problematicanitinLel, contém
a forniÜ dc iodo juízo do entendimento em geral c acompanha Iodas as categorias
como seu veículo, então é claro que as inferências a pari ir de tal proposição
podem conter um uso meramenie iransccndcntal do entendimento: tal uso cxclui
toda mistura de experiência, e a re-speito do seu progresso, já nào podemos —
depois du que mostramos acím«. formar nos dc antemão nenhum conceito
favorável* ‘Queremos por issn seguir lal usr; — mediania todos os predícamiinLu:»
da doutrina pura da alma — com um olho critico. No entanto,87 por amor à
brevidade, faremos avançar o exame dc tais predicamentos em uma intereonexào
ininterrupta.
A seguinte observação geral podic, anies dc mais nada, aguçar a nossa aicri-
çàfi .sobre essa espêde de inferência, Mediante o fato do nimples pensar não co­
nheço qualquer objeto, ma* sómenLc posw» conhccé lo enquanto determino uma
intuição d&tía com vista it unidade da consciência, na qual consiste todo o pensa­
mento* Portanto- conhcço a min* mesmo, nao pelo faio dú que sou conscicnie
dc mim como pensante, mas n«i medida um que sou consciente da iniuiçno dc
mtm mcanK?. enquanto determinada coou ruspeito a função do pcfisamenLo. Por
isso todo* Os modi dtt auuwonsdénda do pensamento / mio são cm si ainda míj
conceitos intelectuais. dc objetos (categorias)* «nas simples funções lõfticas que
não dâo £i conhecer ao pvnsamcnto — por consegui nu», tampouco a mim mesmo
enquanto objeto absolutamente nenhum objeto. O objeto consiste não na
consciência do sujeito (Selbstí deierminant?, ruas comente uu ccnsciéndu do su­
jeito dvtvrminâvç/, isto ê. da minha intuição interna (enquanto o .seu múltipb
pode ser lig.ado conformemenu; à condição universal da unidade dia «pcrcepção
no pensamento}.
I) Hm todos oí, juíaos sou scniprc v sujcuo (Subfíki) cteiermirtume da rela­
ção que constitui o juízo. Que, emretantü. eu, que penso. sempre tenha que valer
no pensamento como sujviio e como algo que não pode ser considerado simples­
mente como predicado inerente ao pensamento, c uma proposição apoduica c
mtísmo idêntica: mas ela não significa que eu. enquanto objeto, seja um cure
subsíst&tie para mim mesmo, ou uma subíit&ndu. A úJlima afirmação vai muito
longe v por isso tambom requer dado* que nao se encontram d* modo utgum
na pensamento e que latvez. ( üc considero simplesmente o sujeito pensante como
tal) sejam em número maior do que se possa jamais encontrar nde.

af TiKkui que sesegue até a fimdc capitulo &oÍJrtos Pafalftfçismos da Razão h is cormiiui uaw modif^a
çãft substaacial inrrrwjuaidaoai^unducdiçrjii. (N.tk}$T,l
204 KANT

2) Por conseguinte, que o eu da apercepçào seja em todo o pensamento


algo singular que não pode ser dissolvido ein uma pluralidade de sujeitos e que_
portanto. designa um sujeito logicamente simples, encontra-se já nç conceito tio
.«>» pensameaiu, wnstituinüo. pois» uma proposição analítica: mas isto / não signi
fica que o eu pcnsnnie seja uma substância simples, u que constituiria uma propo
siçâo sintética. O conceito de substância refere-ie sempre a. intuiçôiís, que cm
mim nào podem ser senão sensíveis e que, por conseguinte, se enconiram total
mente Tora do campo dí> enLcndimeruo e do süu pensamento, que é. todavia, o
único do qual propriamente se Tala aqui quando fie diz que o eu no pensamento
é simples, Seria surpreendente se me fb.s*tí dado diretzimeíUc — na mais pobre
das representações* como que por uma revelação àquilo que, do contráriu.
requer tanto esforço para distinguir. no que a intuição apresenta. n que neía seja
substância: mais ainda, se cs(a também pode ser simples (corm* com respeito
às partes dá matéria).
3) A proposição da identidade dc mim mesmo cm todo o múliipio do qual
sou consciente é igualmente uma proposição fundada ftos conceitos meamos. pOí
conseguinte annlíttua: mas esla idtíruidade do sujeito, da qual posso íornar-mc
consciente em todas as suas represe ruaçòe:? não concerne à intuição do sujeito
pela qual é dado comn objeto, e por isso pode tampouco significar n identidade
da pessoa pela qual è entendida a consciência da identidade da substância pró
pria de cada um, como ser pensante, em ioda a variação do* esutdos. Para de
monstrar tal identidade, não serviria para nada a simples análi&ú du propoxiçno:
«li eu penso mas se requereriam f diversos juízos sintéticos rundadüs sobre 3 imm~
ção dada.
4) Eu distingo a minha própria existência, como um ente nensanie. de omra*
coisas Fora de mim (entre as quais ^ inclui também o meu eurpoX Hsta é igual­
mente uma proposição analítica, as ouiras coisas. com efeito, são aquelas que
penso comn distintas de mim. Todavia* mediante taJ proposição nâo sei ahsolutâ'
mente sc esta consciência de mim mesmo c poswveí sem coisas fora ik mim
peias quais me sào Uadus as representações e, portanto, se posso existir simples­
mente eomo ente pensanie (sem ser homem).
Conseqüentemente, através da análise da consciência de mim mesmo, no
pensamento em geral, nã^se ganha nada com respeito ao conhecimento dc mim
mesmo como objeto. A exposição lógica tio pensamento cm geral é tomada falsa
meme por uma determinação metafísica do objeto.
Constituiria uma grande, antes, a única pedra de escândalo eomm n nossa
mteira Criiica. se houvesse uma possibilidade de provar a priori que todos as
entes pensantes são em si substâncias simples, que eomo tais. poriam» (o que
ç uma conseqüência df> mesmo argumento), trazem inseparavelmente consigo
uma personalidade e sào cnnscieutes da sua existência separada de ioda a maté­
ria. Em tal caso. cnm efeito, teríamos dndo um passo alem do mundo sensível,
■no penetrando no campo dos tiourtitim; e doravante / ninguém poderia negar nos
o direita de avançar adiante nesse campo, de edificar nele e, dc acordo com os
auspícios tia estrela de cada um. de roma.r posse dele. De fato, a proposição:
todo ente pensante como tal c um;i sustância simples é uma proposição sintética
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 205

a príori. porque eia. em pnmciro lugar, ultrapassa. o conceito posto a seu funda
nrtenio, acrescentando ao pensamento em geral o modo da existência e, em segun
do lugar acrcseefUít àquele concerto um predicado (da simplicidade), qu^ nüo
pode absolutamente ser dado em nenhuma experiência. Portanto, as proposiçdes
sjntciiças & prtori não são realizáveis e admissíveis somente, comu afirmamos,
em relüvàu com objetos da experiência possível — e na verdade como princípios
da possibilidade da experiência mesma — ma* podem também referir-se ll coisas
em geral e em si mesmas. Uma tal conseqüência poria rim a esta inteira Crttica
c imporia conteniarmo-nos com a maneira antiga de pensar* O perigo, no entan
io, nào ó Líi-c»grande, sí st: aborda a questão mais dc perto.
O procedimento da psicologia racional é dominado por um paralogismo
apresentado peUs seguinte silogisrno:
O que não pode ser pensada de outro modo a não ser como sujeite não
existe também de outro modo a não ser efi-mn sujeito e é. portanto, substância^
/ Otü, um ente pensante, considerado meramente <'omo tal, não pode ser ai
pensado de outro modo a não ser como sujeito.
Logo, um cnie pensante existe também someult* como tal, iafo ér como subs­
tância.
Na premissa maior, fela-sc de um enle que pode ser pensado em jiera.1. sob
lodo aspecto, cottscqücnte mente* lambem segundo o modo eoiíiü pude st;r dado
na intuição. Mas na premissa menor fala-se de um tal ente somcnic enquanto
cie considera a si mesmo como sujeito unicamente em rclaçàocom o pensamento
e a unidade da consciência, não. porém, ao mesmo tempo cm relação com a
intuição, pela qual e dadü COrtioõbjeto no pensamento. Logo. a conclusão é dedu­
zida per sophiismíi figurae díctíonis. isto é, mediante uma inferência sofística.61w
/ Que esta resolução do célebre argumento cm um paralogismo seja n:
totalmente justa ver*$e-á claramente quando se revisar a observação geral sobre
a rcprcscmaçàa sistçritâtica dos princípios e h seção sobre os noumena. Nes­
ta provou-se C|uc o conceito de uma cojsa que pode existir para si riiosma como
sujeito c não como simples predicado nâõ envolve ainda nenhuma realidade objc
tiva; isto é; que não se pode *»hçr *c a ud concdio pode ser atribuído qualquer
objeto já que nào se vislumbra a poçsibiEidade de um tal modo dz existir: por
conseguinte.que ele nào proporciona nenhum conhecimento. Logo. se tal concci
to sob o nome dc substância deve indicar um objeto que podo ser dado; se cie
deve tornar-se um conhecimcruoi eiuão à sua lm e deve ser poívta uma intuição
permanente cnmo condição indispensável da realidade objetiva dc um conceito,
*■ F;m itcribas as prtinikMi» o pensamemu c lonmUü njm^ MÇfiífitftiípig lowlnertic diícrcrue: na pre^íjs^u
muior jjcgjntlçi o iiNujti corrwj sc FCffií£ 4 um objetü cm Ècml {por conseguinte, «gurvd-ú o modci aeimc
pm&a scr dado na intuíÇ&o); H.i premissa menor, trwEnvja.. aptci**, Scáurido o mailo cuitui s u b ^ ií com refe
rcncia À autáconsçiénçia, caso cm qut piirrami'» não c pensado nHwtuiamefUç ^bjvlu ol^jm. mas aputi.i;,
rejKrejrçcicJidsí a rtfcrçn-iiíi n Si cama swjein> (tnquumo forma do |íjcn.sarncnta}. Na primeira pm^osiÇÃO fila-sc
dc coisas que nür> podtm sçr pcriSftdai senãn como sujciioí,; ruj sífiufwtft, fKJrèm, não dç coisas, m u dii
/ piniam cnSn (an sc nbMratr de todos 05 Dbjcicji), ni> qnnl o CU strve «m pre como ajeitei da cv>ri*cièflCiii. 4JJ
Par isso, na uoctcJusâfi n»o pode segliir-sc: eu uso posso êx^tir de nenhum outro m.-vdo wnão como &u|et(o;
mis someíiteí ftò pcnjüLmenl-Q tis minha 5 \ijsiíncia cu só pas-so Lulbar-mt coriso sujei 10 do juizu, o que
s iiiviii proposição idêntica qm; n io manif 6 ^Ul iibsolutajncjjtc imda sobre o mtHjotfa niiuh4 e^itCIliilL
206 KANT

OU seja aquilo pelo qual unicamente o objeto é dado. No finíunto. na / intuição


iniema não possuímos absolutamente nada de permanente* pois o eu é somente
a consciência dû mmj pensamento; pyr conseguinte, se noa atemos meramente
ao pensamento, falta-nos também uma condição necessária para aplicar a $í mes­
mo como ente pensame o coneeiíu de substância, isto é, de um sujeito subsistente
por si. E a simplicidade ligada ;i substância fica totalmente supressa juntamente
com a realidade objetiva desse conecitoi convenendo sc numa unidade meramen­
te lógica e qualitativa da autoconsciência no pensamento um geral, quer o sujeito
seja composto, quer não.

R E F U T A Ç Ã O D A PK O V A DR M E N D E LSSO H N S O B R E A
P E R M A N Ê N C IA D A A L M A

Este agudo filósoifo notou depressa, no argumento fiabíLual com o qual sc


deve provar que n alma (írtí se admitu que seja um eme simples) nao pode cessar
de ser mediante decomposição, uma falha com respeito ao objetivo de a&y£ÿura.r-
Ihe a sobrevivência necessária, visto que. sc poderia ainda admitir um termino
da sua existência por eXíinçâo. No seu Fêdnn ele procurou excluir tn) corruptibili­
dade que seria um verdadeiro aniquilamento, crendo provar que um eme simples
nào pode absolutamente ccssar dc ser, parque ■ não podendo de modo algum
ser diminuído e* poh, perder auccs&ivamenLc alfto de sua existência, e ser assim
aos poucos / convertido em imda (enquanto não possui em s\ nenhuma parte,
portanto, tampouco uma pluralidade) — não se cncomrarín absolutamente ne
nhum tempo entre um instante em que ele c. c um ouiro em que não e mais.
o que c impossível. — Entrctamo. nào considerou que. embora concedamos à
íilrrta estü natureza .simples, pclii qual nào contêm nenhuma multiplicidade de
panes externas umas àj amrax. por cun&uguintc. nenhuma quantidade extensiva
- nào se pode, todavia, ncjíar a ela como a qualquer cixisíeme uma quantidade
intens.íva, isto é, um grau do realidade com respeito a todas us suas faculdades,
ames, em geral, com respeito a tudo o que constituí a .sua existência- Tal grau
poderá diminuir através de um número infinito dc graus menores, e assim a pre
lensa substância (a coisa. cuja permanência afora isso nuo sc eucontra estabeleci'
da) poderá converter-se em nada. se não por decomposição, todavia por gradual
relaxamento (remissio) das suas Ibrç&s (lí>go, por enUitgucscimento. se me c liei to
servir me desca expressão). Com efeito, mesmo a consciência possui constante’
mente um grau, que sempre pode ainda ser diminuido:sy í> mesmo ocorre coto

•* A clare/a nío í, ««nu u i lõgitüi (Jiíciii. 3 wnscjcíicia dc uma rtpriscmaçán; com eíejla. mesmo em
minlUü reprtïcnta^rie* obscuras ttm q,ut se encontrar um cciio grau dc cctn^eiêflcwt. nue poríin, tiio b&stn
para a rccorda$ão, pQíS SCm consciência alguma nin bshaMfeeWímVH nenhuma tJirercai;a aa lig.armas repre
Mint açoes ) obscura«.. O qut podemos tojjsr pe-lai notas de virjvs *uikcíIos (cumn os tlc direttu c dc ci|unjade,
e os dei músico, ^uaruJo ati improvisar (Oéa HtnwIlíintHirncnic muita* notas). Ao coniràrin, clafít c um»
rcprt5i;n’.4^àu L-ujtt consciência ê suficiente para u conacíénr.ia du sua dÿercnça dç Ouïras rcprcw jitaçí^j.
lini Vírüadc:. SC & CDnsaèneia fosse KuOcienK para ji <jisiinção nia* nlo para a ^araciéneia da iUfcscnça,
çnião a reprcftãntaçfo lít ia ainda i|ue ser Asniirnictadu otacnra. Logo, ha inJiní(* 4iiemc m u b s graus de
consciência ati n c*linvão.
a faculdade de ser consciente / de si e com todas as demais faculdades. — Por
lamo, a permanência da alma como simptes objeto do seniítió interno permanece
indemonstrada c mesmo ind^unonsirávcl conquanto a sua pcrmancneia na vida,
onde o ente pensame (como homem) é simultaneamente para si um objeto dos
sentidos externos — se ja por sí clara. Mas o psicólogo racional nào se dá por
isto como achado e procura demonstrar a partir de simples conceitos a perma
nêncía absoluta da alma além da vida.150
/ S e ora constderamios as nossas precedentes proposições cm íntercu- üb
nexãu sintética do modo pelo qua! elas. enquanto validas para todos os emes
pensamos, também tem que ser consjdcradas comu um sistema na psicologia
racionate e se desde a categoria de rclaçào — com a proposição: todos os en­
tes / pensantes sào como lalü substâncias - percorramos retroativamente toda ui
a série das categorias ate que o círculo se fechc, crucontrumos por fim a CxisLência
d tí Laiiv entes, da q u a l eles nesse sistema nào kú sào conscientes indcpcndenlemcn
1é das coisas externas, mas pudem também determiná-la (com rcspeiio a perma
nência, / que pertence necessariamente ao caráter da substancia) a partir dc si *\#
mesmos Disto $egue-üC. porém * que o idealismo — pelo rrtenos o problemático

^ Aquele» 411c, para encairtiatiaítm uma possibilidadu w w j. cíwm ler im a jn 1? rofidente quiitnlo sc
íacJain do fatu üe não se porfer aportUr nenhuma enntiadi.çjh> noj pres&tip^iu» ktuno ludcn iq u cki
que crêem «entrever a fKiiSibiUrtadAiíí do pernatm;ntu m cvn« apó* o término dcsle. euihnra lenhtiri um
etsrfiplo dtle JiptítiBi naM fnEuiçècs cmpiriiiu* dn vida / humaiiaL mctlisnlc auirSU! fK>âSÍ1>iIwiadQK nem um
pouco (Tutk tnjwidas, podem ser levados .1 jítimnlc emhfiraC4>. Tal é n c.isn d* posMhiliílaJp iJe u
ma fiuhstJinctíl cítt vári.h suKlancitri. c mvcrsíimrnlc da conftumcid fcoalÍ£Ai>t de vjin:i> Mihiuinciah •*('■•
nnma smpteü, Com cfcita se hem que <1 ttívkiMIidnUe prcueuponha um compo^u* ncin por iwtí r«|U«i
absolutn c nccess.nrinmemtí um Composto de Milwtüftcias, mjts stmplcstnemc dc grau* (das Otvcr\a'i raculdo
dss) tk nttift c mfiwTta wtucãrteiii. Otn. do mcsffiu rri.iJt) gycm? sc puita ptillsar reJuitidwi ã metud« iodas
a í forças c faculdAiley du alma. mOmo Jt da comtjêneja, de rnrmrt que «mpre rossas« fljndu uma r.ub*'Ân
CIJI, wsslm ínmttcm « potie StfTl coturàdição rcprcscfilíir vc csia p.-irte esttiiU:i coma ciwiwfwd*. nto*. ftho
114* alinii, c nim foro dela; e V|j«i (fUfl luil<» ci qnc nclti c sempre reul t con^quenlcaiuni« (Jw g i u>r
Krjiu. por coAü£^MÍni«aa tua cxmcncia incçtrn. foi t« Ju jlJo à in^taOí >cm ^itu ídice nl(;o. pinl:-$ç rcpresíílfhí
•ííf i|L4t' íniàtí xurflsrii fcwa ckh umu ^ubsujeicitt punicnljsr Cum cfeiti,!. n plur.tlidq^« qw# Td divtdklu j.V
fAistiii iimc;«. náfi coaiodó cuniu plurnlidAilç das rrubilifwmí, inxv Jc io<Ja ’4 rs.llidade cnJTin qii.tnlum djl
cuisvifKH nâla, e u unidntlc 4a Mli>wãftC:iU cra sú um mtjids dc txhilir miic unicamcnce n»e<lUnw csin divisãn
Foi Ululifurmatlo numa nJurnljdiiüc dc ,• cub^lèTiCiU. Ass.im inmhém várias ^bsísuiictaü jjimplB» poderiam <11

por sua vez confluir num« «é tfm qu« n.icla sc perdesse, a nào scr a pluralidade du siibftiüncm , na medida
íür t|Uí uma wntivvríirf cúnjurHnmçmc cm ti a fifiiu dc rcaHdJWit de todAS sx precídcnEcs; c calvci as MjtniiUin
cia» Mmplcs qu; (k>» fijfnctcm o fenômeno <3c uma única maccriu {ccrraiíic^íc não rrwsJianlc uma influcntw
rci;4proc4i Etiecüiicti ou química. 1rtis medantr um» inflmwcta dtw;õnhceKta a nó», 4a qunt aquela w ria
Hnmcnu O fenômeno), pLKtessem mcdifl.rttí anàk»g^ divi^ãc Jfnsm íço nias nlíRiu úon pAivkcomo ^uiinticUiHii:»
/n^ni-uaL«, fVM<jgiir almas dç cnsiiça nu medida em que aquela* por sua w » cortipJclwi^m ■ ^un pçrda
mediante «oaláiÀú wnn uma n ovi maitriit üa mesma cipéck. Esiuu loruie ck conícdcr o min imo vátor
ou a míAiiim v«hdadc a ^uimc(.\^ iit U>S cspccií, tsuribérn us acvma n*r«rid<yf princípios d» Analítica incuti-
r-nm »uricknKmcnic i|t*c ftíio ac Ts^a renhum uulry usa tlss, caienoriaí, fcortiô do dc ■subsiãncifl) a nio ser
O uw empirten. Todivia. kc a pantr da simples; faculdade dc penxar e. sim quciJ^uer tcuuição permflneflic.
peEn qMill um ubjcin seriu dado, 0 racion ais» i &uricicnccmcjiu: ousado pãxa (ormar um ente pür » subsistcu
te Kirnpbüincmic porque a uilidiiítr da íLjwccpçàií ruO ptriiuiiscnco riãu lhe permite nenhuma explicação n
panir àt> t-^mpoíto. v)ujtndú au inves ,■ piwetJírLa melhor curfessandoque náo sabe euplfcsir a jHísybtlkíàde 4 lí
de Uirlsi ruturez-a pünsarne, por qut o m arerialisla. embora iaiWpduco po$au aduzir experiência ern favar
tíftü suas possibilidades, não dute- U* mtarLíadn 4 «Jictica niidáciJi dt servu « tio nbu prlnç-jpiú pura 0
uso opc)?.to, c-onserveunde íi unidade íuimal du pfirneiro?
208 KANT

— neste mesmo sistema racionaliza é inevitável c que se a existência de coisas


externas não c requerida para a deierminação da nossa própria existência no
tempo, então aquela c admitida de modo totalmente gratuito, sem que se possa
jamais fornecer uma prova a respeito.
Se ao contrário, Sdg.uinn.OS o procedimento analítico ao quaE subjaz o eu
penso — entendido como uma proposição Que já contém uma existência como
dada — e portanto a modalidade; c $c decompomos tal proposição para conhe­
cer o seu conteúdo, ou seja, para saber se e como este cu determina simples
mente sobre essa base a sua existência no espaço ou no tempo; cm ta) caso as
proposições da douLrina racional da alma começaria raio com o conceito de
um ente pcnsanLc cm geral, mas com uma realidade, e a partir do modo como
4jv) tísta forf pensada — depois de ter sido separado i tude o que nela é empírico
dcduzlr-se-à o que concerne a um ente pensante em geral, como o mostra
a seguinte tábua;
I.
Eu penso
2. 3«
como sujeito como sujciío simples
4.
como sujeito idêntico,
cm lodo estado do meu pensamento

Ora. visto que aqui na segunda proposição não 5 determinado se cu posso


existir e ser pensado someíHc «orno sujeito e não também como predicado de
outro, o conceito de .sujeito não é tomado aqui só logicamente, ficando indetermi­
nado se ccrni ele deve entender-toi umu substância oü não. Nía terceira proposição,
todavia, a unidade absoluta da upcrcepçào. o eu simples, na representação à qual
se refierc toda. a lifcaçâo ou separação que constitui o pensamento, por st torna se
latnhém importante, conquanto eu ainda ruk) lenha estabelecido n:iòa sobre íi
natuic?.a ou subsistência do sujeito. A apcrccpçào ê ulgo real e a írimplicidadir
dela cncontra-sc já na sua possibilidade. Ora. no espaço não há rení que seja
simples: com efeito. o.s pontoç (que constituem o único simples no espaço) são
simplesmente limites e não. porém, algo que sirva como parte para formar t>
•uo espaço Disto «cgue-se, poriunío, / a impossibilidade de explicar com base no me
Jenalismo n minha natureza como sujeito meramente pensante. Visto, porém,
que na primeira proposição a minha existência é considerada como dadn en­
quanto não se dia: todo ente pensante existe <com o que se afirmaria tio mesmo
tentpu uma necessidade absoluta c. portanto, demasiado relativamente a tais en­
tes) mus somente: eu existo pensando — entàõ aquela proposição ê empírica
e contém a deicrminabilidade da minha exiülènda simpÊesmente com respeito
às minhas representações tus tempo. Mas visto que para isso necessito untes al&o
permanente e que nada de semelhante me é dado na Intuição interna enquanto
peruo a mim mesmo, awtim medianie esta simples autoconsciência é absoluta
mente impossível determinar o modo como eü existo, se como substância ou
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 209

como addcnte. Logo. se o materialismo c incapaz de explicar a minha existência,


o espiriiualisma é igualmente insuficiente a este Fespeittn è a conclusão é que
nào podemos conhecer de maneira alguma seja o que for sobre a natureza da
nossa dm a, relativamente à possibilidade da sua existência separada em geral.
De resto* como seria possível ultrapassar a experiência (a nossa existência
na vida) mediante a unidade da consciência. ;l qual conhecemos ramente pelo
Fato de que necessitamos dela imprcscindivelmentc para a possibilidade da expe­
riência, e mesmo estender o nosso conhecimento até a natureza de todos os entes
pensantes cm geral / mediante a proposição empírica — eu penso — mas indeter­
minada com respeito a toda espécie de intuição?
P o r isso, nãp há nenhuma psicologia racional como douirifta que aumente
o nosso autoconheeimcnto, mas somente como disciplina que neste campo põe
insuperáveis limites à razão especulativa, ríe um lado para que ela nâo se lance
no seio de uni materialismo sem alma, e d« Outro para que não se perca vagando
num espiritualismo sem base paru nós. na vtda; tal disciplina, multo antes, recof
da nos que consideremos esta recusa da nossa raiàc a fornecer uma resposta
satisfatória às questões indiscretas que nos. impelem para além de^a vida, como
uma sua adveríènda a que vohemos o conhecimento de nó& mesmos de uma
infecunda e extravagante especulação paru a sua aplicarão num fecundo uso prá­
tico. Tal uso, embora sc dirija sempre a objetos da experiência, toma de uma
origem mais aJta os seus princípios e determina o comportamento, como se o
mmo destino sc estendesse infinitamente para além da experiência, e por consc
guirte para além desta vida*
De tudo isSíí vê se que ji psícolopia racionai tem a sua origem num simples
equívoco. A unidade da consciência que subjaz às categorias è tomada aqui por
uma intuição do sujeito enquanto objeto, aplicando-se-lhe a categoria / da subs­
tância. A unidade da consciência, todavia, c somente n unidade no jw uw narto.
pela qual nào C dado ncnhktm objeto C à qual, portanto, nào pode ser aplicada
a categoria da substância, que pressupõe sempre uma intuição dada: ta] sujeito,
por conseguinte, não pode absolutamente scr conhecido. O sujeito das categorias
pelo fato de pensA las não pode. portanto, obicr um conodto dç si mesmo como
um objcio das categorias. Com efeito, para pensar escas o sujeito precisa por
a fundamento a própria autoconsciência, que ao invés devia ser explicada. Do
mesmo modo o sujeito, no qual a representação do twnpo tem Originariamente
d seu fundamento, nào pode determinar mediante ela a sua existência no tempo;
e se esta última coisa é impossível, tampouco a primeira como determinação dc
si (como um ente pensame ein mcral) mediante categorias pode ocorrer.®1

w * *

f Deste modo a tentativa de obter acima doa limtLes da experiência possível

•1 O ' eu peeiscr*". ccunu já sc dissç, é umtL prapoiiçãtf efnpinca e cuniern cm si i prcroâ^iUi "cu exista."
Todavia não pomo tíkZCí: luuío o que peíisa eiíitfc; com eftnio, ntae caso a piopriedadc de r>ertwir Lwnaru
um conhecimento que não obstante concerne ao interesse supremo da hrumanidu
ha de, dissolve se — ao menos no que sc deve à filosofia especulativa/— em uma
esperança ilusória. Todavia, o rt£or da crítica ao demonstrar simultaneamenie
a impossibilidade de estabelecer dogmatícamcmc além dos 1imites. experiência
algo a respeito de um objeto desta, presia à razão, com respeito a esse seu imeres
seT o serviço não irrelevante de pôda cm segurança contra todas as possíveis
afirmações do contrário. Jsio pode acumuccr somente se se demonstra apoditica
mente a própria proposição ou, não se conseguindo cal, sc w procura as fonte?,
desta incapacidade. as quais nu cusu de encontrarem-SC nos limites necessários
da nossa razão deverão submeter Lodo opositor preeisamente à mesma lei dc
renúncia a todai as pretensões de afirmação dogmática.
Com isso. todavia* nào sc perde nysia no que concerni; ao direito. antes,
à necessidade da aceitação de uma vida futura segundo principios do uso prático
da razão ligados ao seu ubo especulativo. Com efeito, a demonstração meramente
especulativa jamais pôde aliás, excrççr qualquer inlluúncia sobre: a ra/.ãu huma­
na comum, Fssa dcmonsl raçao CRlá posta de mtxlo tal sobre a ponta de um cabe
3o. que as próprias escolas podem mantC- a aí somente pelo tempo cm que 3
deixam girar incessantemente snbrc si mesma como um ptâo; c atw próprios
olhos deles. portanto, elo nào fornecc nenhum rundamenUj ttslávcl sobre o qua]
algo possa ser construído. As demonçtraçòes que são úteis para ü mundo mnn
jíí tem / todo o scti indiminuiu valor c. mediante a supressão daquehs pretensões
dogmfiiicnr; lucram, finics. cm elarezu e convicção natural. icnquaníu si 1Liam u
raxào tia suíi Csfcru peculiar* a saher* na ordem dos fins. que v ao mesmo tempo
uma ordem da natureza. Em tal caso. a ra/âo como faculdade cm si mesma
pratica sem wr limitada àn condições da ordím natural está ao mesmo tempo
autorizada a estender u ordüm dos ílns. e com íííi a noas a própriit líKisitínda.
alem dos limites da experiência c da vida. Segundo a urtulugia com a natureza
doü seres vivos neste mundo, com respeilo aos quais a riisão tem que ncccssaria
roenk: admitir como principioquc nenhum òrgao, nenhum poder, nenhum impulso,
portanto, nada do que pode enconirar-sc neles c supérfluo ou desproporciona

m d fii, os> t n w ííi q u e p íK M jiw w m e m e s i i w m C m o h . ? u r í h v í L a m b im a n i i n h « r a i m ení-ta iiü fl p w tfc t o ic u r a


da c&fflo íilforidu da priiFHisiçiu "cu pcíwa'\ Ij i I cotrvo u julgou Ocnvuncs í í » c o n n ú r iu a premissa
m a io r "uiUo o 41K pensa ekiM«* « r i u que- preiaslê-lu), mas í idêntica uin» l«l JHOpOSiçàu, Esia ffltpnrssa
u n i A m i u i v ú o < m p ír lc ii m d e w r r m n s d ò , i i i u c . u m ii p c r c c p ^ u { p o r C i H iic g u ij j U p m v a q u e j f l a X fis ? i.ç ü ti,
q u e c o c t ^ q ú c r t i e m e n lc p e r t e n t e í s-u n - iih ilicliíie . *íulnj;ijt a. ijU p r n p iw iv is a e K Íü ii;r iím t> . m a s p r c o e c t n c ^ p e n i n
c iu que ík:vr ricrfrmintvr o rtbjrLu du perccTUÍíi mídiftíire & caicgorju no lúunrctc no icinpv- A íHÍSliftCJa
n e s r c c fts o n ã u é dLndn u m a c a w ^ n í i a , a ^ u td n i o [k w s u í r v f c r c n c in ,i u m y b / e w d a d o in d e lc r m ip a d iü n c n ic ,
m a i v õ « u m o b j c u i dt> q u u l sê l í A h q u m c o n c c u g ç s o t r t i u se q u c i ia b e r s c é p o i i o I j j H í h i i i i f e r a
Jcs-tc co n íciw úu n íf , t^mn <rttJciínninada 'ugmricp ai|ui apcftSS Jfcít rc.nl 4411c Toi Jadü, rtia.fi
w> a o p e n ^ m e n M J t m fitfrn l. p t w u in m n fw i t e im a f c n iã n iç o c j c l: i m p o u c t ) e a n m ètím íu e m st m e s m a
IMUS LiJTil como algo que efriivurwntc cvr<iie t que na pfopOüiçpo pcii.so” é ct;rn^ «I- C<vm
cFúiiu, dçvc üc observai que, dcnuminajidn o profhMsiçui^ “ tu pen^u" ume pr<j|»«íçik» cmpiricíi. rtãn ^ucra
com íssí> ílãzer que ü th cm ml praposiçsú wtjíi urna reprcsçnuçâo conpúica; c anics puramente intck-^luul
Ttorque pencncc oci penü^munto cm a«oS. Np fiuiuito, ücm ilLialcjttcr rfprew!n(«ç5fí« ímpirica, ijue lurneec
Ji rnatêria ítí> pfrtMimcnta, 0 ai« “ «n penso" atstiluMnwnic iw iiT ír u .« ú eu criipirico ê apcrtüS a condi*
■fãfi da aplicação ou do uso da racultLvle iiUíluCiual purn.
do ao seu uso. portanto, não conforme a um fim, mas que tudo c proporcionado
exatamente à sua destinarão na vida — o homem, que unicamente pode comer
o objetivo final de tudo isso, teria de ser a única criatura a fazer exceção a tudo
isso. Cum efeito, as suaiv disposições naturais nào meramente para fazer uso deías
segundo t»s utlentos £ impulsos, mas sobretudo a lei moral nele* ultrapassam a
tal ponto toda a utilidade e vantagem que poderia firar delas nesta vida, que
eáLa lei moral ensinü. antes, a apreciar mais do que quatquer outra coisa a simples
consciência da relídao da intenção, mesmo na fgJta dc todas as vantagens / a
do próprio fantasma da fama póstuma; e de scnie-se interiormente chamado a
fazer-se, mediante o seu componameulu neste mundo ü com a remineia a muitas
vantagens, cidadão de um mundo melhor que elu possui na idéia. F.ste poderoso
e jamais refutável argumento, acompanhado pelo conhecimento meessaruemente
crescente de uma conformidade a fins cm tudo o que vemos diante de nós. e
pela contemplação da imensidade da criaçào. e. por conseguinte. também pela
consciência dc uma ccria slimiuiçào na possWel itmpiiaçâo dos rtüü.so.s conhecimen­
tos, juntamente com um impulso correspcjiidcnlc. permancce sempre ainda
válido, mctfnoquc tónhamos:tle renunciar a estabelecer, a partir do conhucimcnut
meramente teórico de nós m» smos, uma continuação necessária da nossa existên­
cia,

C O N C LU SÃ O D A SO LU Ç Ã O D O P A R A L O G IS M O P S IC O LÓ G íC O

A itusau dialética na psicologia raciona] repousa sobre u confusão dc uma


idéia da raiífu> (de uma inteligência pura) cum o conceito — em todas as Kuns
partes indeterminado — de um ente pensante em geral, Eu penso a mim mesmo
com vistas a uma experiência possível enquanto abstraio ao mesmo tempo de
Ioda a cjcpcricncia reül c disso concluo que poj>so ser consciente da minha existén
cia tamlicm Ibra da experiência e das suas condições empíricas. / Conseqüente
mente, confundo a absiracào possive! da minliu existência determinada empirica­
mente com a pretensa consciência dc uma wparada existência possível do meu
sujeito (Sclbxt) pensante e creio conhecer como sujeito (Subjckú transcendental
0 que é substancial crri mim, enquanto possuo cm pensamento meramente a uni­
dade da consciência, que üubjaz a toda a determinação como simples forma do
conhecimento.
A tarefa de explicar a comunidade do atma e corpo náo pertence propria­
mente àquela psicologia da qual se fida aqui. pelo fato dc ela ter por objetivo
provar a personalidade da aJma mesmo fora desta comunidade Upós. a morte)
e ó. portanto, transcendente em sentido próprio, conquanto sc ocupe com um
objeto da tfjíperiénci;i mas sõ enquanto ces&a de wr um objeto da experiôneín.
No entanto, também a isso pode ser dada uma resposta satisfatória com a nossa
doutrina. A dificuldade que esLa tarefa provoca consiste, eomo se sabe. ntt pressu­
posta heterogeneidade entre o objeto do semâlti interno (da alma) e 05 objetos
212 KANT

dos sentidos externo-s. visto que ao primeiro ê inerente apenas o tempo como
condição Formal da sua intuição, e ao segundo também o espaço. Todavia, se
se considera que as duas espécies. de objetos clisringuemse aqui enirç si não inter-
nümente. mas somente cnquaiuo um aparece f externamente a& outro, e que,
por conseguinte, o que como coisa em si mesma subjaz ao fenómeno da matéria
talvez nao seja tão heterogêneo. entào aquela dificuldade desaparece e não resta
senão e$ia, de como geral c possível uma comunidade dc substâncias.. A solu-
çfio desta dificuldade encontra se tolalmenie fora do campo da Psicologia e —
como o leitor, apôs o que fot dito na Analítica sobre capacidades fundamentais
e faculdades, julgará facilmente — encontra se também sem dúvida alguma fora
do campo de todo o conhecimento humano.

N O TA G E R A L A C E R C A D A P A S SA G EM D A P S IC O L O G IA
R A C IO N A L À COSM O LÓGÍCA

A proposição, cu penso, ou: cu existo pensando, é uma proposiçãoempirica,


A uma tal prupo.siçào subjaz, porém, uma intuição empírica e conseqüentemente
também o objeto pensado como fenômeno: assim purccc como se. segundo a
nossa teoria, a alma, cne.smo no pensamento, se convertesse totalmonie em funò
meno e deste modo a nossa própria conseiènuui como uma simples ilusão tivesse
que, na realidade, referir-se a nada.
0 pensamento, tomado por s.i* é mcrurnsuie a função larica, por consctiuin-
Ur, a pura espontaneidade da ligação do múhiplo de um? intuição somente pcM>sf
vcl e nao apresemn de maneira alguniii o b-ujeílo tia consciênda como feriómt-
4& no / simplesmente pelo lato de clc não tomar em consideração o modo da Eruui-
vào, isto é, se esta c sensível ou intelectual. Pelo pens-amemo nào represento a
mim mesmo nem como sou nem como apareço a mim, mas me penso somente
como um objeto qualquer em geral, de cujo modo de intuição absiraío, Sc me
represento aqui como sujeito dos pensamentos ou lambéni como fundamenta do
pensamento, entàú estes modos d í represem avão nâo significam aa categorias
üe substância ou de causa, pui» wias são aquelas funções do pensamento (julgar)
apliC&tas jã à nossa intuição sensível, a qual certamente seria requerida sc eu
quisesse co/thecer a mim mesmo. Ora, eu quero s,er conseienic de mim, mas so
mente como pensamento: deixo de lado o modo como esie meu própria eu é
dado na imuição, e poderia acontecer que para mim que penso mas não enquanto
perigo fusbc simplesmente um fenômeno: na consciência de mim mesmo no sim­
ples; pensamento eu sou o ente inasmo; mas com isso certamente, ainda não í
dado nada desse cnie ao pensamento.
LLntretanto. a proposição: eu penso, enquanto equivale n: eu exhmpmsnn
da, não é uma simples Função lógica, mas. determina o sujeito (que. com efeito,
é ao mesmo tempô objeto) com .espeito à existência, e nâo pode ocorrer sem
o sentido interno, cuja Êntuiçào fornece sempre o objeto, nâo como coisa em
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 213

si mesma, mas, simplesmente como fenômeno. Em ial proposição, portanto, f 43u


não Há mais uma simples esponLaneidade do pensamento. mas também uma re­
ceptividade da intuição. ístoé, o pensamento dc mim me&mu aplicado à iniuiçào
empírica do sujeiLo. Ora, nestíi intuição o sujeito pensanie teria efcLÍvsi-
mente que procurar as coodiçòcs. do uso das suas funções lógicas como catego­
rias da substância. da causa etc* não somente para designar-se como objeto cm
si mesmo meramente mediante o eu, mas também para determinar o m«do da
própria existência. ista é. para conhecer a si mesmu corna noumenen. Isto. po­
rém, é impossível, enquanto .a intuição empírica interna è sensível e nao fornece
senão dados (data) do Fenómeno, que não po*dc fornecer nada ao abjeto da cons-
cidncia pura para o conhecimento da sua existência separada, maspí>de somente
servir de ajuda â experiência.
No entanto, posto que a seguir se e n co n tra i um motivo — não nn expe­
riência, mas em certas (regras já não meramente lógicas, mns) leis do aso puro
da razào, válidas a priori e concernentes à nossn existência — para pressupor
nos, inteiramente a priori. como legisladores com respeito à nossa própria exis­
tência e também como determinantes desta mesma existência, então se descobri
ria através disso uma, espontaneidade pc)aqu;il ii nassa realidade scría determiná­
vel sem necessitar das condições da intuição empírica; e cwào dar nos-íamos
conta dc que na consciência da nossa existência está contido a priori atgo que
pode servir para dcierminar a nossa existência — determinável comptelamen­
te, / aliás* somente de itukIü empirico - com respeito a uma eeria faculdade *>i
interna, que *e refere a um mundo inteligível (certamente apercúü pensando).
Mas isto não faria avanCfir minimamente iodas as tem ativai da psicoíogitt
racional, Com efeito, mediante aquela admirável faculdade que me é rçveladq
antes de tudo pela consciência da lei moral, cu teria cm verdade um princípu»
puramente intelcctua] (>«ra a determinação da minlia existência. Ma* ,'ítravês de
que predicados? Por nenhum outro senào os que têm que ser-me dados n& intui
ção sensível: assim eu voltaria ao ponu» em que me encontrava na psicologia
racional, a saber, na necessidade de iniuições sensíveis para conferir significação
aos seus concettos irueloctuain «Üc >ubstância, causa etc,, pelos quais unicamente
posso ter um conhecimento de mim; tais intuiçoes, no entanto, jamais poderão
jjuaífiar-me alem do campo da dhpcriêiKi». Ttxtevia. rcspdlo an uso prática,
que está sempre orientado a objetos da experiência, eu estaria autorizado a usar
esses conceitos — cm conformidade com a significação analógica que eles pos
suem no uso teórico — para a liberdade e par;i o seu sujeito, enquanto por aque
les concctco.s cruendo simplesmente as funções lógicus do ^ujetro c du predicado,
do fundamemo c da conseqüência, de acordu com as quíiis as ações ou os efeitos
são determinados / sempre ^egurtdô aquelas leis de modo tal que símuUanca- 452
mente com as leis da natureza — possam ser explicados sempre segundo cate
gorias dc substância e de causa, conquanto derivem dc um principio totalmente
diverso. Isio prccí^ou dito somente para prevenir o mnl-<?nicndido a que está
facilmente exposta a doutrina da nossa amo-intuição como fenômenos, fvo que
üegue, ter-se á ocasião de utilizar tais eonsideravõtis.
L IV R O SEG U N D O DA D IA L É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

C a p ít u l o S eeg u n d o

A antinomia da razão pura

Na introdução n esta parte da nossa obra. mostram Oi que toda a ilusão


transcendental da razao pura Tunde-se sobre inferências diaEcticas. cujo esquema
é fornecido pela Lógica nas Lrcí> eapcrics formais de silogismos cm geral, mais
ou menos como as categorias, encontram o seu esquema lógico nas quatro fun­
ções de lodoi, os juízos. A prim eira espécie destas inferências sofisticas referiu-se
à unidade incondicionadu das condições subjetivas dc todas si$ representações
em geral (do .sujeito ou da alma) em correspondeu d a com us sitogismos calvgóri
cos, cuja premis&a maior, como princípio, afirma a rcfaçâo de um predicado com
tim çujeito. / Por isSo a segunda espécie de argumento dialético turnará çomo
seu conteúdo — segundo â analogia com os siJogismo^ hipaleíiCGS — á unidade
incondiciortada das condiçòcs objetivas no fenômeno, assim como á tefçeiru cs-
pêcic, que íc apresentará no próximo capítulo* tem como tema a untdade incon
didonada das eondiçoes objetivas da possibilidade dos ubjetosem geral.
É, entretanto, digno dc nota que a paralogismo transcendental havia produ
zido uma ilusão meramente unilateral cr*m respejto à idéia do sujeito no nosso
pensameruõ ç qus não pode ençyntrar, a partir de conceito^ da ru/üo, a míni­
ma ilusílo para a afirmação do contrário. A vantagem está lotalnieruc do ladn
do pneumatismo. conquanto este nao possa neynr o vício dc origem, de — com
toda a ilusão íi scu favof — dissolver se cm sitnple* fumaça ante a provy Ja
crítica.
Algo (olíiimcnte diverso ocorre quando aplicamos ca raaào à síntese objctivtt
dos fenômenos, onde ela pünsa fneer valer. na verdade com muita ilusão. o ueu
princípio da unidade incondicionada. envolvendo se* porém, depressa em eontffr-
diçòcs taib, iLUC é forçada, do ponto Jís ^isia cosmcvlógíco, íi rcnuncíar à suí*
pretensão.
Uto c. aqui sc mostra um fenômeno novo dâ ra/ão humana* a saber, uma
am iiéiica totalmente naturaL na qual ninguém necessita fazer investigações suiis
ou montar armadilhas sofísticas. / mas mt qual a r&zão cui espontaneamente
c, tia verdade, inevilaveEmenie. Certamente. dteslt? modo a razão ê preservada
dc adormecer cm urra convicção fictícia produzida por uma ilusão meramente
unilateral, mas ao rnvsmo tempo é levada à leniaçào dc abandunur-se a um descs
pero cético ou a assumir ttma atitude cJc obstinaçàn dogmática e enrijecer em
certss Afirmações. sem dar ouvidos c fazer justiça áy razoes do contrário. Ambos
Os casos constituem a morte de uma sa Filosofia, conquanto o primeiro pudesse
talvez scr chamado ainda a eutanásia da razão puni,
Antes de fazer ver as cenas dc discórdia c dc confusão que este conflito
da^ leis (antinomia) da nizão pura povoca. queremos fornecer certos cscUired
mentos qitc possam ilustrar e justificar os rnétodos dos quais nos servimos no
tratamento do nosso objeLo. Denomino todas as idéias transcendentais, enquanto
concernem à totalidade absoluta na síntese dos fenômenos, conceitos cósmicos;
litn parte devidô juntamente a esta totalidade ínconditíonada sobre a quat sc fun­
da lambem o conceito do universo que £ somente uma idéia c cm parte porque
elas se referem unicamente à sínic&e dos fenômenos, por conseguime, à síntese
empírica, enquanto a totalidade absoluta na síntese das condiçoos de todas as
coisas possíveis em geral / produzirá, ao comráriú, um ideal da razão pura. que «5
ê totalmente distinto do conceito cósmico, conquanto se encontre em relação
com ele. Por isso, do mesmo medo como t>s paralogismos da razão pura estabele^
ciam o fundamento p ara uma psicologia dialútica. asüim a antinomia da razào
pura colocará diante doü olhos OS princípios transcendentais de uma pretensa
cosmologia pura {racional}, nâo com o fim dc cun siderá-la válida e apropriar-se
dela. mns < — como j á é indicado pcln denominação dc eonflíio díi Taüào — para
expô-la. cm toda u iua deslumbrante mas Talsa ilusão, como uma ícicia tnconciliã
vel com os fenômenos.

SEÇ Ã O F K IM E IR A D A A N T IN O M IA DA R A Z À O P U R A

SlSTfcM A D A S ID É IA S C O SM Ü LÓ G 1C A S

Para podermos ora cnumtjrftr estas idéias com precisão sirueminteu. u scyun
do um princípio temos cm primeiro lugar que observar que unicamente do emen
dimento pr.dem surgir Conceitos puro* e transcendcru&is c que a ríiião própria-
menie tiSo produz coneciio aljsunn. mas quando muito liberta o çnticetin do <*rftvf-
dimonm dâs inevitáveis limitações dc uma espericueia possivej. procurando, por­
tanto, cstcndc-Lo aliim dos limites do empírico é, não ohstanic. cm conexão com
o mesmo. / Isto ocorre pelo faio dc que 4 razão exige uma totalidade absoluta ans
para um condicionado dado do ladt» das condiçõcs (às quais, enquanto unidade
sintética* o entendi mento submcie todos m lenn-menus). Deste medo cia loma
as categorias idéias transcendentais com t>fim dc dar uma completude absoluta
à sinEcse empírica airavês do seu progresso até o in condicionado (que não é ja
mais encontrado na experiência, mas somente na idéia)- A razão ejdge s&sa com-
pletudc com base no principio: yc* o condicionado ê dado, então lambem à dada
a soma toiaf das cottdiçõ&s c. por conseguinte, o absaíutameníe incondiciottddú,
medtame 0 qual unicamente cra possível aquele condicionado. Em primeiro lu­
gar. portanto, as idéias transcendentais não são propriamente senàb categorias
ampliadas ate o incondlcicrtado, podendo ser dispostas cm uma tábua que é orde­
nada de acordo com m títulos das categorias. Em zógUudo lugar, porém, nem
todas as categorias prestam-se para isso. ma& somenre aquelas em que a siruese
constitui uma série, e„ na verdade, uma série das condições subordinadas umas
às ouiras com vista a um condicionado e não coordenadas. A totalidade absoluta
216 KANT

é requerida peia razão somente enquanto concerne à série ascendente das con<Ji
çoes para urti condicionado dado e não, por conseguinte. quando se trata da
linha descendente ílas conseqüências, como tampouco do agregado dc condições
4j7 coordenadas para essas conseqüências. De fato com respeito &0 / condicionado
díído. as condições já são pres&upostas e devem ser consideradas como dadas
também com ele. eriquanio no progresso para as conseqüências (ou no descer
da condição dada para o condicionado), na medida cm que as conseqüências
não torna in possíveis as suai condições, mas antes as pressupõem, pode-se SCr
indiferente üe a s-érie; cessa ou não. nau sendo em geral o problema da sua totali­
dade absolutamente nenhuma pressuposição da. razào.
DestL- modo pensa se necessariamcnic um tempo imeiramente decorrido até
o momento dada também comej dado (se bem que nào determinável por nós).
Todavia, no que conccrnc ao tempo Tuturo. já que dc nau é a condição para
s-sj chcgur ao presçrttc* para concebe lo ê Loialmente indiferente 0 modo tomo
o consideramos - se o fazemos cessar em um certo ponto ou se o deixamos
transcorrer até o infinito. Seja a série rrt. p . a, em qué i\ é dado como condiciona­
do com respeito a m, mas ao mesmo Lcmpo como conUiçâo de o : seja a série
ascendente do condicionado n para m (l, A. i cic.), e igualmente descendente da
cundiçào n para o condicionado o {p. q. r etc.); em tal caso tenho que pressupor
a primeira série para considerar n corno dado, e nt segundo a razão (a totalidade
das -condições), é possível somente mediante açuda série, enquamn a sua põssjbi-
lidade não se funda sobre a série seguinte: o, p, g“, r¥ a qual por ÍSso não / pode
ser considerada como dadíl. mas somente coma dabilis.
Quero chamar dc siniesc regressiva à síntese de uma série do lado das condi­
ções* que, portfinto, procede da condição mais prÔKÍrna ao fenómeno dadu at£
as condições mais remotas e de síntese progressiva aquela que do lado do condi
cionadü procede da conseqüência mais próxima até as mais remotas. A primeira
procede irt anteccdentin, a secunda in consequentia. As idéias coMmdógicay ocu­
pam sc, pof conseguinte, com a totalidade da síntese regressiva e procedem in
:imccedf»nth c nào in: con-sequemia. Sc ocorre o úhimo caso, trata-se de um pro­
blema arbitrário c não de um prnbtema necessário da razão pura. pois para a
perfeita inteligibilidade do que ç dado no fenômeno necessiLamos dc fundamen­
tos. não porém de conseqüências.
Para estabclccer ora a labua das idéias segundo a tábua dâs Categorias
(Ornamos cm primeiro lugar os dois quanta originários do Lodu a nossa ijuuíçâo,
espaço c tempo. O tempo ê em si mesmo uma série {ç a con-dição formal de
todas as series), e por ísüo nele devem distinguir se a priori, com respeito a um
presente dado. os aniccârinniin coma condiçtScs (o pnssado) dos coiv^equentiu (do
futuro). Loh,o, a idéia transcendental da loi alidade absoluta da serie das condi-
0*
< ções para um condicionado / dado refere-se somente a todo o tempo passado.
O inteiro tempo decorrido, enquanto condição du instante dado. é pensado neces­
sariamente segundo a idéia da ray.ão como dado. Contudo, no espaço tomado
em si mesmo não há nenhuma diferença entre progresso t regresso, porque^ na
medida em ljuc bua* partc.s íiíLií iodas cm conjunto simulianeas, ele constitui
CRITICA DA RAZÃO PURA 217

um agregado, mas nenhuma série. Com respeito ao tempo passado, posso consi­
derar o instante presente: somente como condicionado e jamais como condição
tiçJe, porque este instante siir^e pda primeira ve?, somente mediante. o lémpo
decorrido (ou, antes, mediante o decorrer do tempo precedente). Todavia, visto
■que as partes do espaço não são suhordinarias umas às outras, mas coordenadas
entre sã. uma parte não é a condição da possibilidade da outra c não constitui
em si meima uma scric como o tempo. Não obstante. a sínte&e das múltiplas
partes no espaço pela qual o apreendo é sucessiva, portanto, acontece no témpo
e contêm uma *érie, E. visto que nessa série dos espaço* agregados Ipor exemplo,
de pós em uma vara) os espaço* acrescidos um a üm pelo pensamento, a partir
dc utn espaço dado. nâw sempre a condiçàa do limite dos espaços precedentes,
assim a mêrtsuração de um espaço deve scr também considerada como síntese
de urtta iéric de condições para um condicionado dado, com a diferença apenas
dc que a parte da* condições nào se disLinguc em si mesma da parttí segundo
a qual è dtüpoüio o condicionado, por conseguinte, que no espaço regresw / e •MQ
progresso purcccm s<r idênticos Todavia, visto que uma píirte dc» espaço nào
ê dada pela outra, somente limitada por cia. temo* que considerar iodo cspii
ço limitado como condicionado, enquanto cie pressupõe um outro empaco como
a condição do seu limite c assim por diante. Ci?m respeito à lim iução. portanto.
h progresso no espaço c tamhcm um regressus c a idéia transcendental díi iomIí
d ade absoluta da smic*c tta série das condições cunccrnc lambèm »0 espaço,
podendo eu pefftimlar tanto pela totalidade uhsolmn d» fenômeno no espaço co
mo do fenômeno no tempo dccornduk Detcrmm:tr*se á. contudo. se a lal quesiào
c também possível uma resposta.
F-ni segundo lugar, a realidade ru» espacu. isio é a m atéria, é um condiciona
do cujas ctjculiçòys internas são a> &uas parus ç as partes da* partes as condições,
remotas, dc modo que aqui ocorre uma símese regressiva cuja totalidade absoluta
é requerida pela razão. Tal sínte«,* nao pode ocorrer nenào mediante uma divisão
compiccít peto qual a realidade da matéria desaparece no nada ou no que nâü
é inaiü matéria. a saber, no simples. Por conseguinte. aqui há também uma serie
de condições e um progresso pnrfl o incondiciunado.
/ F.m içrctííro lugar, no que concerne às categorias da relação real enire 441
os fenômcií&fc, a categoria da substância ccnt os seus acidentes não se adapta
a uma ideia Lransccndeniak isto e, a razão nno possui com respeito a ela nenhum
fondamcnit) para proceder regres vivamente às eondiçoes. Com efeito, os aciden­
tes; {enquanto sào inerentes a uma mesma substância) são coordenados entre si
e nâo consiiiuem uma série. Flus cornudo, não ftão subordinados a substância^
mas constituem o modo dc existir da substância mesma. O que *«1propósito ainda
poderia parecer uma idéia da razão transcendental seria o conceito do substan­
cial. No entanto. vtsto que este não significa outra coisa que o conceito dc objeto
em geral, que subsiste enquanto nele repensa meramente o sujeito transcendental
independentemente de todo o predicado* e que aqui. porém, se tram somcmc do
incondieionado na série dos fenômenos, fica claro que 0 substancial nào pode
consituiir nenhum elo na série. O mesmo vale com respeúo a substâncias numa
2)8 KAN T

comunidade, que sào simplesmente agregados c não po&suem nenhum expoeme


de uma série, enquanto não sao subordinüdos umas us outras como condições
de sua possibilidade, o que se pode bern dizer com respeito aos espaços. cujo
limite jamais era determinado em si mesmo, mas sempre mediante uin outro espa­
ço. Resta. pois. comente á categoria da causalidade; que oferece uma série de
44? causas para um efeito dado e na qual se / pode ascender do ultimo como condi
eionado àquelas como condições e responder à quest «o díi razão*
Hm quarto lugar, os conceitos dc possível, de real e dc necessário não condu
Züm a nenhuma série, a rtão ser enquanto o contingente na existência tem que
ser coiiiidcradn sempre como condicionado c acena com base numa regra rio
entendimento a uma condiçuo que lorna necessária a sua referência a tima condi­
ção maiü alia. aLé que a razãt> encontre wmente na totalidade desta série a «nr.t-
sidade ineondicionadu*
Em conseqüência disso. se se escolhem jiíí categorias que implicam uma
xéric na sintesc do múltipla, nâo há mais do que quatro idéüas cosmológicas.
sepundo os quatro títulos, das categorias.

tu
A coinpletude ab&oluut
tia coniposlçtíd
do total dado de todüü os fenómenos
2, 3.
A completudc nbsoluta A complctudc absoluta
da dh'faSa do nascimento
de uni Etílal dado nc fenómeno de um fenômeno em geral
4.
A complctude nh soluta
tia dependência du uxisiência
do mutável no feno meno
Em primeiro lu^ar, deve se observur a propósito que a ideia da totalidade
ab^oJuta nào diz respeito senHo k exposição íicufenõfticitoa, e não, pois, ao con
ecito do entendimento cnm visw y um todo de coisas cm geral Os fenómenos,
portanto. suo considerados aqui como ditdos e a razão exige a eumplctude abso-
Juta das condições dc sua possibilidade, na medida em que estas constituem uma
séríe, por conseguinte, umu stniesc absolutamente (isto é, sob todo o aspecto)
completa, mediante a quaJ o fenômeno poss.ii ser exposto segundo leis do entendi­
mento.
Em segundo lugar, o que a r:i2ão procura nesta síntese seriai e regressiva
14* das condições é propriamente só o f Iiuiondtcionado: âip;o como a compietudc
absoluta na série da.s premissas* que conjuntamente nao pressupõe mais nenhuma
outra. Ora, tal ittcondiciaitado está sempre contido no totalidade absoluta da
série, quando se representa e$ia totalidade rta imaginação. No entanto, essa sínte
w? absolutamente acabada ò por su;i vez gomente uma idêia, pois nâo se pode
saber pdü menos fireviamÈnte se ela é lambem po^sívei nos Fenomcnas. Se se
representa tudo mediante simples conecitos puros do entendimento, independeu
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

temente das condiçocs da intuição scnsivcl, entào sc pCKfc verdade LramerHC dizer
que p&ra um condicionado dado c dada também u série total das condiçòcs. su
bordinadas um « às outrai,; aquele* de fato, é dado somente mediante estas. Toda
via. nos fenômenos se cnconira umsi purtícubr limiiaçuo do modo pelo qual as
condições são dadas. ísiu ê. das üào dadas mediante a síntese sucessiva do múlii
pio da intuição, que no regresso deve ser completa. Se esta cumplctude é empiri­
camente possível. é ainda um problema. Nâo ofoslanic. a ideia dessa completude
encontra se na razüo, independentemente da possibilidade ou impossibilidade dc
conectar adequadamente a ela conceitos cmpíncos, Portanto, visu? que na total i
d ade absoluta da sínicse regressiva do múltiplo rio fenômeno (conlirm emente
à instrução tias categorias, que a representam como uma série de c o n d iç õ e s paro
um condicionado dado) i» incrtndicionado está necessariamente contido, i mesmo
que não fique estabelecido se c ctimo essa loudidade possa ser realizada, a ra/án
proCcde aqui u partir di» idéia dc totalidade, conquanto tenha propriamente como
objetivo final t>iisconiísaoiiúdo, quer da série Cí>mpleta quer de uma parte dela»
Ora. taf incondicíoníidu pode ser penstido dc doiü modos: Ou como consis­
tindo simplesmente mi. sërîé total. nn qual. pois, todos os elementos* sem exceção
seriam condicionados e somente o lodo dela seria absolutamente ineondidonfldo.
Hm tal caso o regresso chama-se infinito- Ou cotrto consistindo somente uma
parte da série à qual os elementos resrantes fossem subordinados, nào estando
porém, es.sa parte mesma submetida a nenhuma uuira c o n d iç ã o .N o primeiro
caso a série é sem limites “ a parie priori” (sem início), isto e. infinita c* embora
sejn totalmente dada. o regresso nela não é jamais acabado, podendo apenas
potencial mçnlo ser chamado infinito* Np secundo / caso fiã um termo pnmeir®
da serie» que com respeito ao lempo decorrido denomina-se início do mundo;
com respeito ao espaço, fimrfe Uo mundw e<ím respeito aü panes dc um total
dado dentro dos seus limites, o simples; com respeito ús caudas,auto atividade
absoluta (liberdade); com respeito â exjíièiiu» dc coisas mutáveis, necessidade
absoluta da natureza,
Nós possuímos duas expressões: mundo c uttturvzn, que às vcv.cs eoincidem.
A primeira significa o total malemáueu dc iodo* o.s tenõmefios e a Loulidadc
da üua síntese taiUO no .jtrunde como no pequeno, isto é, nu pruy.re.sso de lal
síntese quer mediante composiçãu quer mediante divisão. O mesmo mundo é.
porém, denominado natureza53 enquanto c considerado como um unal dinâmico
e quando se lem em mira já não a agregação no espaço ou no tempo para comtt

hí 0 «ode abuDlmo du itjne de ctmdiçÍKtt pura um wncliçicmjwJo dactú c üempre rncnrKÍiciúJiiukt.


fora (leia n io há mais condiçòes com rc^ptito às fila is 41 tridn pí«>n ie ( condicionado Todfrv m. ftsfc ii*k>
a.bSol«iin d c um u ml « r i e c um u « I r ia . u u antes. um címil-c-íih p ru b tern à n co , iju js p uisiW JW iiiC K m q u e
«T invcsl^íwla, d Imo <nrn referinuia ac mcuJi» cwnu rnrlc possa e-sfar íiviMdu o inôúrnJtcmn^Jo. cuqmmto
ri verdade«™ islêia iranswFKkncal Que inipurU.
*,J A nutuicïü. utTiindâ uüijctLivc Cfarncthier}, £îg.niiicjt a inicrcnnexãu (Ja.vdcicrniiiinçàcfc rir uma cnU» i,c-
ftlindo UÍTI Jlfincipi» miem oíla eau^alútadc. Crwnipjiriamcntc a íssOl cniuiuJc por ntaiuccza innudn sijhitan
tive IinnijBTialítíf í n conjunto dux Frnón«;n*iv, r«x (r.-dulii çm ^ue cs\c% ve InttircCHtmam univçiMdmcnK üm
minuete de um princípio intiín » ria íraura^idade. No prinicin? ücnúdu faki-sc da fiitjrcza ilti Tnatéria fuida.
(bgi,), v a ,, s uiilt/.a-sc ewa paEavia apenas âdjeuiive: quando ac fala das coisas da natureza, au contrário,
»leute um todo subst>.fcn»e
220 KANT

«1 tuir f o mundo como magnitude, mas a unidade na existência dos fenômenos.


Ora., neste casu a condição do que acontece denomina-se causa e a causaEtdade
incondicionada da cativa no Fenomcno denomina*sc libcrd&dc; a causa conJiciü
nada, ao contrário. denomina se num sentido mais restrito causa naiural. O con
dicionado na existência em geraf chama--se cuntmgyntc c o incondíckmado cha
ma-se necessário. A necessidade incondicionu<ia dos fenômenos pode wr denomi­
nada necessidade natural.
As idéias com as quais nos ocupamos agora foram por mim denominadas
acima idéias cosmológicas, em pane porque por mundo entende-se o conjunto
de Lodo* Oh fenómenos e porque às no*sas idcui* também se referem somente
no irtcondicianudo entre os fenômenos e em purte. por sua vez, porque u termo
mundo em sentido transcendental significa a total idade absoluta do conjunto das
coisas existentes e porque voltamos o nosso olhar unicamente à complctudc da
sfnnesuí (&c bem que propriamente só no regresso ãs condições). Em vista do TaLo
de que, além disso, essas tdé3a.\ sào todas irarisccndcntai* e que conquanto em
realidade nào ultrapassam, quanto no moda, o objeto, isto é. os fenômenos, mas
lêm a ver unicamente com o mundo sensivet <nào com noumena). impelindo con­
tudo a síntese até um grau que transcende toda a experiência passível, assim
sou dc opinião que se possa bem convenientemente chamá-las todas conceitos
cósmicos. No entanto, com respeito à diferença entre incondicionado matemaii*
UK co / c inormdtcinníulo dinâmico a que todo o regresso tcnik, chamaria as d mu*
prim eira klcius num senrido mais resirim de conceitos cósmicos (do mundo no
grande e na pequeno) e a.<duas rc^mntts dc cúneeiius transcendentes da natureza.
Por enquanto esta distinção ninda nãrt é de particular relevo, mas pode tomar-se
mais importante no que üc sc^ue*

SEÇ Ã O SE-GUNDA DA A N T IN O M IA DA R A Z Ã O PU R A

A N T ET ÉT IC A DA R A Z Ã O PU R A

Sç téticíi é tí>do conjunto dc doutrinas dogrrtáticaís, entendo por aniítêiica


não asserções dogmáticas dc contrário, mas o conflito entre conhtídmeiuos apa
rcrticmenie dogmáticas (ihcsin cum aniuhesi). sem que se atribua a um mai* que
a ouLro um dirdlO superior a as*enrímenuy Portanto, A anihúik-i não se ocupa
absolutamente com asserções unilaterais, mas considera os conhecimentos uni­
versais da ra/ào somenu: segunda o conflito deles entre si e as suas causas, A
iintitéuca transcendental é uma investigação sobre a antinomia da razÈo pura*
sobre as suas causas c sobre o seu resulLado. Sc para o uso dos princípios do
J4u entendimento não aplicamos a nossa razào merameme a objetos / da cxpcriência.
mas nos avenmramm a cslendê la além dos limites desta, então surgem proposi­
ções dogmáticas pseudô-racionais, que da experiência não podem esperar nem
confirmação nem refutação. Cada uma dessas proposições não somente c sem
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 221

contradição em si mesma, mas encontra na própria natureza da razão condições


da sua necessidade, sú que infelizmente a asserção àv contrário possui do seu
lado fundamentos igualmente válidos e necessários.
As perguntas que se apresenLam face a uma LüI dialética da razio pura são,
pois: 1. Em que proposições propriamente a ra/.ao pura esiá inevitavelmente &u-
jeita a uma antinomia? 2, Sobre que causas funda-se tal antinomia'? 3. Não obs­
tante esta contradição. permanece aberto à razão, c dc que rtiodo um caminho
para a certeza?
Uma proposição diulcticamemc dogmática da razão pura. portanto, têm que
Ler como característica que a distinga de todas as ouLras proporções sofísticas
0 fato de cia nào dizer respeito a uma questão gratuita, que não se levanta senão
para um certo escopo arbitrário, mas a uma questão Contra a qual no seu progres­
so toda ra^âo humana tem nccessariamenis; que tropeçar: em segundo lugar, com
a stin asserção contrária, tal proposição traz consigo não vimplesmente uma llu
são artificío&a. que ao ser conhecida imediatamente desapareça, mas uma tlusàu
natural e inevitável que. mesmo quando / não c mais encanado por cIsl, ilude aso
sempre, embora não chegue a enredar, podendo. pois, scr tornada inofensiva,
más. jamais exterminada
Unia lat dialética nào sc refere à unidade do entendimento nos conceitos
de experiência, mas à unidade da razão nas simples idéias As condições úü uma
tal doutrina — enquanto deve ser congruente, eomn síntese segundo regras, pri­
meiramente com 0 entendimento e ao mesmo lempu. como unidade absoluta de
tal síntese. cam a razão — serão muito grandes paru « entendimento quando
a doutrina for adequada â unidade da razão, c muito pequena* para a razào
quando n doutrina for adequada ao entendimento. Disso terá que emergir um
inevitável conflito* faça-se o i|uc se quiser.
Kssas asiserçòei pseudo racionais abrem, portanto, uma arena dialética, on
de se sobrepõe a parte com permissão para aiac ir. i» onde vucumbe também àü£u-
rameme :i parte forçada 4 proceder apenas defensivamente. Por mo também os
cavaleiros vigorosos quer combatam pela causa boa, quer pela rrtú — estào
sCRuroi de levar (i louro da viiôria. dewJe que cuidem de ter o privilégio de desfe­
char o último ataque, sem serem çon&trangidos ü sofrer um novo ataque do ad­
versário. Pode-se imaginar facilmente quede&de os tempos mais remotos essa are
na foi muito frequentemente percorrida* de modo que muitas vitórias foram eon
quicadas por ambas as parte«, cuidando se, porém, sempre que a última vitória,
/ dcdüFvadtt Juta. foüse resertada unicamente ao defensor da boa causa mediante
a proibição ao adversário dc continuar com as armas na rjiào. Como juizes im­
parciais da luta devemos pôr lolalmente dc lado a questão se os digladiuntes
cnmbaccm pela causa boa ou pela má c deixar que eles a decidam primeiramente
entre si. Talvez, apôs terem mais causado do que prejudicado um ao outro, perce­
bam espontaneamente a futilidade da sua comenda e separem se como bons ami­
gos.
Kste métndn de assistir ou. antes, de provocar um conflito de asserções —
não para finalmente decidir em beneficio de uma ou de outra pane mas para
222 KANT

investigar w o óbjeto dde não consiste porventura numa simples ilusào.. da qual
cada uni corre inuiilmcmc atfás c com respeito á^ual não poderia ganhar nada,
mesmo que não sc olcrcces«^ absolutamente nenhuma resistência pode s,cr
denomtnado método célico. F.íc distingue-se totalmente do ççiicismo, isto é, de
um principio dc uma ignorância iwniea c cientifica que ntitia os fundamentos
de lodo o corih&cimento para. se possível, nao deixar em parti: alguma uma con
fiança no conhecimento c uma ceriexj* dele,
O método cético eFetivamente tender à cmcr.a, porque procura dCüCobrir c
ponto do equivoco num tal confluo, por ambas as. partes honestamente entendido
4S2 e Ltudígeiucmcnic / conduzido, para — como sábios legisladores í> Fazem —
do embaraço do* juizes no pruccsso trazer para si um ensinamento com respeite
ao que é defeituoso. & não determinado precisamente nas suas Ictü, A antinomia
que str re v e la na aplicação das leis é face ao nuiso UmiLado saber n melhor crité­
rio da nomotética. para que a razio, que na especulação nb&tmta nBo sc dá facil­
mente conta dos seus pawtxs, falsos* desse modo se concentre nos momentos
da determinação dos seus princípios.
Esse método cccico. porém, c essencialmente peculiar srwnenic da filosofia
transcendental, podendo talvez ser dispensado cm lodo outro campo dc invesliga
çõfiS, mçnos neste. Na Maiemáticn o seu uso sertn absurdo. uma vez q w nela
nenhuma proposição falsa pude ocuJiar-sc e tornar-se invisível, na medida cm
que as demonstrações devem sempre ter continuidade no longo do fio da intuição
pura e. na verdade, mediante uma síntese «empre evidente. Ma Fikwufiu experi
mental uma dúvida suspensiva certamente pode her útil; todavta é impossível
qualquer mal-entendido que não possa scr íacilm en« removido; c os últimos
meios para ilecidir a disputa. quer sejam errcon irados cedo ou tarde, tòm que
tsi enfim situar se nn experiência. A Moral pode fornecer todos os seus / princípios,
juntamente com as sua# conseqüências práticas. tanibem in concreto ou pelo me
nos em experiências pussívcí$, e deste modo cvHar o equívoco da abstração. Ao
contrário, as asserções tran^rendentais. que preiendcm chíígar n conheeimemos
que sc estendam além do campo dc todas as cxperièncras possíveis, não se cncon
iram no caso que a sua sinlcsc abstrata pude&c scr dada em qualquer intuição
a prjwi. nem sà« constituídas de modo que o equívoco pudesse ser descoberto
íUr&vés de qualquer experiência, A razão transcendental, portanto, nào admite
outra pedra ác eomparaçüo afora a tentativa de conciliação das suas asserções
entre s>Í mesmas e, por conseguinte, primeiramente da dí.sputn livre e desimpedida
despis asserções entre si. Kstn tentativa queremos agora fazer64

6* A s JjrrtinôíMias .weedem % urnai ys uutras. wgundn uma ejíaüm das ictóiag iranicendcni^ts acima uiluíf-
das..
/ A N T IN O M IA / DA R A Z Ã O P U R A

P R IM E IR O C O N FL IT O D A S ID É IA S T R A N S C E N D E N T A IS

Tese A rtlítese

O mundo tüin um inicio no tempo O jnundu não povsui um inído


e é lambem quanto ao espaço encerra­ nem limites no espaco, mas c infinito
do detUro de limite:?. Lanlo com respeito ao lempo quanto
com respeito ao espaço.

P rova Prova

Com efeito* admita se que c^uatuo Com efeito, suponha-se que ele
ao tempo o mundo n£o Lcnhg nenhum tenha um início. Visto que o inído c
iriiciü. Ncsíc caso. até cada instante uma existência à i|ual precede uni tem­
dado deeorrcu uma atemidude c, por po no quoi a coisa nSo é. deve ler pre­
conseguinte, transcorreu unta séfic in­ cedido um tempo em que o mundo não
finita de estados sucessivos das coisas era. ou sejtu um tempo vazio. Or.i.
no mundo, Ora, a infiniiude dc uma sé num tempo vazio ó impossível 0 -surgi­
rie consiste precisamente no lato dc cia mento dc tiualquér coisa. porque ne
jamais poder ser acabudu mediante nlmma. pane dc um tal (empo possui
uma síntese sucessiva, 1,030 , uma cm sí, preferenciai munie u ouïra, uma
transcorrida sèrie eó.smiea infinita é condivão disumiva da existência anics
impossível e um inicio do mundo c, que a do nào-ser (quer se aiimua que
pois, uma condição necessária da sua tal condição surja por si ittcsma ou
existência. Este era o primeiro ponte airavés dc uma outra causa}. Logo, mj
a scr demonsiradu. mundo diversas séries dc coisas podem
Com respeito ao scgunJa, >;upo- reatmente ter início* mas o mundu
nha-sc por outro lado 0 contrário. Em mesmo não podí ter nenhum inicio» c
tal caso 0 mundo será um taul infinito é por issu infinito com respeito ao tem­
dado dc cotsas existindo simultanea­ po pasmado.
mente. Ora. rwSs de modo algum pode­ No (311Ç cnncerntf ao -:cg.undo .púfi
mos pensar ü magnitude dc uni Quan­ ta. admita-se ameí. dc tudo o contrá­
tum que não seja dado d tn tro de certos. rio. a saber, i^uc o mundo «.eja finito
224 KANT

limites de toda i n t u i ç ã o a não ser c limitado quanto ao espaço. Hm tal


mediante a síntese das partes; e só po caso. o mundo encontra s« num espa
demos pensar a lotaEidade de um ço vazio, que nào c limúado, Dever-sc-
quíihtum mediante a sintesu cumpicta ia por isso cncuntrar não somente uma
ou metfianie o repetido acréscimo da relação das coisas iin espaça, mas
unidade a si incsrnu,** Conseqüente­ Uímbêm das coisas com o espaço. Ora.
mente. para pensar como um todo o visto que o mundo c um todo absoluto,
mundo que preencha todos os espaços fora do quaJ nàn se7 enconlra nenhum
ter se ia que considerar 41 sintese su­ objeto da intuiçào e. por conseguinle,
cessiva das partes de um mundo inílní nenhum ctirrclato do mundo com u
10 como acabada, isio èr na enumera­ qual esteja em relação, assim a rdaçâu
ção de Lodas as co isas eXisU-ntcs « r -se- do mundo com o espaço vazio nào se­
ia que considerar um ternpn mfinito ria uma rclnçãó com objeto atgum. Pu*
como transcorrido; o quv 6 impossível. rem uma tal relação e. por conseguin
Per isso um agregado infinito dc coi­ Lg. cambcifi a limitação do inundo por
sas reais não pude scr considerado co­ um espaço vazio, não é nada. Logo* o
mo um todo dado, c, portanto, uim mundu nâo ê liirmado quanto ao espa
pouco como um lodo dado siniulia ço. jstü é* com respeito à extensão dc
naamettie. Conseqüentemente o mun­ c infiniio.*7
do qunnto à cx.tcn.sao no espaço rtâô
ê i t i f t n i t o , mas limitado. tísLc era o w;
gurtdo ponto.

*' O espaço i simplesmente n. foram d* iniuiçrô


CKTefrt!) finltíiçÀrt formal)), mas n’^ um objeto real
yut p'ssft ser intuído ctiernhmeme, Piévíu u iodas
ai cnsaj-^ui; odctcrnurmnitprwnchcflfi úu limitam)
vu i)uc ames dãu uiris in;uiCÍA tm ptrica conformç
a sub íorm a. o y. sob * denKiminiScãu dc c^pn
ço uhwlurc, n5(j c outm co«sJ a aíW *cr a simpies
posiibilidaííc «1« rcnõmcnos cxccmM na medida cm
que existem cm si. ou 411c pwjcm ainda, ser icrcsò-
dus ií foiúmenns dadím, Ponaniía, h imuiçãp cm
** Podemos iiuuir uíh qu&wum iiickaerrnin&dcn cn- pinCi não é compftü* de ÍWnnen&s »: <i<' e«p*çii
m u um n * t o r se euià tiflw rcw lci ucniiv» dc limiits™ (da fwreepc5® c tlfl mtui^üo vaaiaX Um n«ít è norfc-
son icr ncctss-idadc de construir jt sua iMalutade Inlum do »Miro na M«Hcaç„ m*4 apenas tigâdik numiH
medianir mcnsuraçin. Uio c. a Miues* ) susosiva e mesma inuu-çao empines cxvmo maitri# c íürma <la
■das suús partem Cura efcítn, ns llmiKíviletcnninaffi iricsmn. Sc sc cjLLiMcr calucar uma destts <fuas partes
j i ^ compkturic ao encluircnt tudo o mais. fora da outra (a ttpaçn tom 40» f^iómcn^, emSo
■* Nijsic V4iüu. u conceitn dc laciUiiJiük nadu mais SMrscm di&sn Uxlu tipo tlç d^crmÍAAçõeh vazias da
i qwc a repícwmtação da símest compJeia das suas intitifMi w ttfiti, as ifi)b4 ik mudo algum sio per
fMirtes, pou uma Vtr que n corweítrt não pode nar pws*ívi.ii- Por txecnplo. a mtivnnpnio ou O
jíh^raído da imuiç&o <•<' lodo (.a L|uaJ neste caso ç rcptmiK) do mundo no espaçp vazio bfinito: uma
impossível), podemui cajHâ-to, pelo Alt nos na ãdéta. determinação tia reiaçao de aralw çnire sã que ja­
só moftante a .simtsc das parles, aié » campletudc mais. jvxJc ser percebida, por con$C|{uinte, idumbúisi
do infinito. sendu t»proditaio dc um simples eme dt ra2ão,
459 / NOTA À P R IM E IR A AN TIN O M IA

l À Tese U .À Antítese

Nestes argumentos contrastantes A demonstração da infinitude da


entre si, não procurei fantasmagorias série cósmica dada e do conjunto do
para conduzir (com i; se d ií) uma pro mundo Funda-sc no fato de que cm ca­
va mais ou menos cavilosa, que desfru so contrário O limite do mundo teria
te cm beneficio próprio a falta de eau que ser constituído por um Eempo vh-
tela do opositor e compraza sc cm per iio e pof um espaço vazio. Ora. nào
mltir que ele apele a uma lei mal-enten­ me é desconhecido o fato de que se
dida, com o fim de fundar sobre a refu procuram subterfúgios contra essa
tação dessa lei as sua.N própria? conseqüência. afirmandor um limite do
pretensões ilegítimas Cada urna des mundo segundo o tempo e o espaço é
sas demonstrações foi lirada da natu­ inteiramente possível. sem que nôs seja
reza da coisa* pondo-se de tado a van­ permitido admitir precisamente um
tagem quj poderiam oferecer nos as tempo absoluto antes do início do
falsas inferências dos dogmáticos de rnundo ou um espaço absoluto que sc
umboh os lados, estenda para Tora do mundo real. o que
Eu poderia tambêrn ter provado a é impossível. Com a última parte desta
lese. aparentemente, pondn â freme da opinião dos. filósofos da escola de
infimiude dc uma magnitude dada, $e Leíbnlz, estou inteiramente de acm lo,
gundo o hãbiio dos dogmáticos, um O uspuço é simplesmente a fbrmu da
conccitu defeituoso- Infmita c uma intuição exierna. mas nenhum objeto
magnitude sobre ã qual não ó possível real que possa scr in tu íd o extírníimen-
nenhuma maior (isto c. maior do que tc, e nenhum cor relato dos fenómenos,
o número dc uma unidade dada, conti* mas a forma dos próprios fenômenos.
da nela). Ora, nenhum número é o Por isso o espaço nào pode apresemar
maior, porque símpre ainda podem s; na existéneia das coiüa;» de modo
ser lhe qçre&csnUdí* uma ou mais absoluto {por si só) como al^o deter
unidades. Logo, uma magnitude inílní minarnc. por não ser dc absolutamente
ta dada* por conseguinte, também um objcio algum, mas üomente a forma de
mundo inilniio (Lanio com respeito à ob)ei°& possíveis. Logo, us coisas en­
série transcorrida como com respeko quanto fenômenos eertameme detçrmi-
ã extensão) ê impossível: ela c de am nam o espaço» isto é. fazem com que
bos os Jados limitada. Eu poderia ter einrc iodos os predicados possíveis de­
condu7.ido a mSnba provu desse modo: le (magnitude e rclaçao) este ou aquele
Lodsviíí, este conceito não concorda, pertença à realidade; inversamente,
com o que se entende por um todo infi porém» o espaço enquanto algo subsis
nito, Assim nào é representado quão tente por si nào pode determinar a rea
grande ele é, por conscguinte. o *et Iidade das coisaá quanto à magnitude
conceito üfmpouco c o conceito de um ou figura, porque ele em üi mesmo nào
maximum, mas através dçlc c pensada é algo real. Um espaço íquer seja plc
KANT

1«)
> somente / a sua relaçãy çom uma uni­ no ou vazio)®a pode bem. portanto, ser
dade qualquer, com respeito n qual cie limitado pur fenômenos; fenômenos. / 4-c.i
é maior do que rodo o número. Ora, contudo, não podem ser limitados por
depois que se tome a unidade como um espaço vazio fora deles. O mesmo
maior ou menor» o inFmilo resultará vale também com respeito ao tumpo.
maior ou mejiur. A Énfinttudc, todavia, Ora, mesmo que sc conceda tude isso.
pelo fato de consistir simplesmente na c. todavia, incontestável que, sc sc ad
relaçãv com essa unidade dada. per­ mire um limite do mundo, quer quanto
manecerá sempre a mesma, conquanto ao lempo, quer quanto ao espaço, se
deste moúo certamente a magnitude Lenha de admitir estes dois não-íínles:
absoluta do iodo não chegue a ser co­ o espaço vazio fora do mundo e o tem
nhecida. do que tampouco não sc iratíi vazio ames do mundo.
aqui. Com efeito, quanto à escapatóriu
O verdadeiro (transcendental) pela qual sc procura evitar a conse­
conceito da infinitude e que a síntese qüência, segundo a qual dizemos que,
sucessiva da unidade na mensu ração se o mundo possui timiles (no espaço
de um quantum nao pode ja m a is ser e n u tempoX o vazio infinito terá que
acabada.68 Disto segue i com toda a determinar a existência das coisas
segurança que nào pode ler transcorri ruuís quanto â sua magnUude; ela no
do uma aemiiíade de estados reais e fundo consiste somente no iatodé pan-
sucessivos uns aos outros- ate um ins­ sar Sê, ao invés de um mundo dos sen­
tante dado <o presente): logo, segue se tidos* um mundo inteligível, não se sa
que o mundo não lem que ter um iní­ bc qual; ao invés de um primeiro início
cio. (uma existência proredida por um icm-
Cum respeito à segunda parte da po do náo-scr), em &cral uma existen
lese, na verdade, íi dificuldade relativa cia que não pre&xuflõe twthuma outra
a uma Série infinita e. nào obstante, condição /»o mundo; e ao invés da ux
transcorrida desaparece. pois o múlti­ tensão barreiras do universo, e d«?lc
plo de um mundo infinito L qumito à modo desembaraçando se do tempo e
exiensãü, dado simuilantam&th'. To do espaço. Aqui, todavia, sc trata mí-
davia. já que pura pensui* u loudidade tueme do mundus ptiaenomenon e da
de um tal conjunto nào podemos re sua magnitude, no qual dc modo al­
correr a lámic-cs que constituam por há gum sc pode abstrair das referidas
só essa totalidade na imuiçào, temos condições da sensibilidade sem supri­
que presLar coma do nosso conceito, mir a essência dc lal mundo. Se o xnun
qiií! cm tal wuüo nào pode ir do Lodo do sçnsivel ê limitado, situa-se neces­
ao conjumo determinado das partes, sariamente no vazio infinito. Sc se qui*
mas icm que demonstrar a possibilidade ser üliminar a priori este último e, por
de um iodo mediante o súueac sucessi­
va das partes. Ora. visto c^tie ial sinicse Nuta sc fucilmeme que com isifl quer diicèn
q trsfraçü vnziv. na medida em tpie limitado |‘c
Leria de mjnstituir uma sèric 4ue ja- iwrwiiux / c portanto o Èsp^ço dentro do mitnda, 463
pcki menos nàu coniradiz os principitó Iransc^n-
E s k Quantum cuurérc assim uma cuaillidádL' (de denlnís., e p&tk poii scr en*ctd«ki Com íc^pcilcs n
uiiiüadcs dadã.s) maior que tedo u nàntero, c q«c estes (sem que com isto a possibilidade ícjji
éo cnncéilú matemático do infinito. ímc*ir*Lumçiiu: afirmatliij.
CRITTCA da razão pura 22T

mais se completaria* nao sc pode pen conseguinte, o espaço em geral como


sar uma lotafidade antes deis e nem, condição da possibilidade dos Fenôme­
pois, mediante eía. Com cfcko, o con nos. cnLao o iruciro mundo sensível át
ceito de totalidade é nesie caso d repre* sapareoe. Em nywo problema somertíe
sentação de uma síntese completa cias este mundo nos ó dado. O mundus ín-
parles, e esta perfeição da síntese, por tüJligibilís não é sertãw u conccito uni­
conseguinte, também o seu conceito é versal de um mundo em geral, no qual
impossívcL se abstraí de todas as condições da sua
intuiçào e com respeito ao qual, Conse­
qüentemente. nao é possível absoluta­
mente nenhuma proposição sintclka,
quer afirm ativa quef negativa.

/ SEQ U N D O C O N F L IT O / D A S ID É IA S T R A N S C E N D E N T A IS
D A A N T IN O M IA D A R A Z Ã O P U R A

7^ A nrílese

No mundo ioda subslància com­ No mundo nenhuma coisa com


posta consta dc partt^ simples e em posta consiste de partes simples c cm
parte alguma nno exisue senao 0 sim nenhuma parte dclc cxímc algo sim­
pk& ou u que é composto dele. ples.

Prova Prova

Com detto, ítdmiti vós tjiu*; as Suponde que uma coisa compusta
substâncias cumponas nâo constas­ (como su bsLancia) consic de partes,
sem de parto simples. Eni tal caso, simples. Visto que- toda a relação ex­
quando toda a composição fosse supri­ terna. por conseguinte, também toda a
mida com o pensamento. nao rcsiuria composição de subüiàndas somente é
nenhuma parte compost» e — visto possível no espaço, assim dc uinias
nào haver parte? simples — também partes quantas constituem o composto
nenhuma parlí simples. Pur conse­ lumbem tem que constar o espaço que
guinte, não restaria absolutamente na­ tal composto ocupa. üra. o espaço nao
da, e nenhuma substância seria daífa. consta dc panes simples, mas àt espa-
Por isso. ou 6 impossível suprimir com Vos. Logo* ioda parte do compoàLo tem
o pensamenro toda a composição ou que ocupíir um espaço. As panes ab­
após a sua supressão deve restar algo solutam ente primeiras dc lckIo y. com­
que exista sem nenhuma composição* posto. entretanto, sao simples. Logo, o
isto c, o simples. Nq primeiro çaso* simples ocupa um espado. Üra, visio
contudo, o composto nao constaria que todo o real que ocupa um espaço
por sua vez de substâncias {porque compreende cm üi uma multiplicidade
KANT

nestas a composição é somente uma de partes externas umas à s outras e,


relação contingente da* substâncias, por conseguinte, é composto e, na ver­
sem a qual estas térn qye subsistir co­ dade, como um composto reat não de
mo emes por si constantes.}. Ora, visto acidentes (pois estes sem a substância
■iM / que este caso contradit a. pressuposi­ não podem ser externos uns aos ou­
ção. resta somente o segundo* a saber, tros) c sím de substâncias: em tal caso
que uj composto subsiandàl no mundo o i-mpxs seria um composto substan­
consta de partes simples. ciai; o que se contradiz:.
Disso segue se imediatamente A segunda proposição da antíte­
que as coisas do mundo hão todas tin­ se, segundo á qual não efciste no mun­
tes simples, que a composição c so^ do nada de simples, deve significai
meme um estada externo delas e que, ai^ui / somente que a existência do ab­ ibi
conquanto nno possamos jamais isolar solutamente simples não pode ser pro­
inteiramente as substâncias elementa vada a píirtii* de nenhuma cxpericncui
res e subtraí-las de&se estado de liga* ou percepção, quer externa tjuer inter­
çào. a razão. contudo, tem que pensa- na, c que o íibsoluLamçntc simples é,
la.s como os sujeitos primeiros de toda portanto, uma simples idéia cuja reali­
a composição e, por conseguinte. antes dade objetiva jamais pode ser provada
dela como entes simples. çm qualquer experiência possível c não
pode, pois. encontrar na exposição dos
fenómenos nenhuma aplicação c ne­
nhum objeió. Admitamos que &e pu
desse encontrar um objeto da experiên­
cia para essa idéia transcendcmaU cm
tal caso a intuição empírica de qual
quer objeto Leria que ser conhecida co­
mo uma que nãa contivesse absoluta­
mente nenhum múltiplo externo um ao
outro e ligado numa unidade. Ora. vis­
to que da não consciência de um tal
múltiplo não é válido inferir a total im-
poüsibiJtfíadí dü mesmo em qualquer
intuirão de um objeto, o qual porém,
c inteiramente necessário para a sim­
plicidade absoluta, segue se que a sim­
plicidade absoluta não pode ser inferi­
da de nenhuma percepção, seja qual
for. Portanto, jã que cm qualquer expe­
riência possível jmnnis pode ser dado
aigo como um tíbjeto absolutamente
simples c que o mundo sensível, contu­
do, tem que ser considerado como o
conjunto de Lodas as experiências
poâüíveüs, fláaim cm nenhuma parle dü
CRÍTTCA D A R A Z Ã O P U R A 229

mundo dos sentidos é dado algo sim­


ples.
Essa segunda proposição da antí­
tese vai muito mais longe do que a pri­
meira, que bane o ssmpSes somente da
imuÈçào do composto; a segunda. ao
invés, elíminao cia natureza imeíra:
por isso não pode também ser demons*
irada a partir do conceito de um objeto
dado da intuição extema (tio compos
to), mas à partir da rcíaçào de tal con­
ceito com uma experienciâ possível em
geral.

/ N O TA À S EG U N D A A N T IN O M IA

I, À Tcítc b Antítese

Quando falo de um todo que Contra e?>$a asserção de uma di­


ccm&iâ necessuriameme de partes sim­ visão infinita da matéria, cujo argu­
ples. entendo pur tal somente um todo mento é meramente matemático, os
substancial como a compotmum ver monüíiistas levantam algumas obje-
dadeiro e próprio, isto é, como a uni ções que se lornam suspeitas já pelo
dade comingcntc do múltiplo, o quaL fato de não quererem admitir as mais
dado separadamente (pelo ment»ü m claras demonstrações matemáticas co­
ptín sarnento). ê posto numa ligação mo conhecimentos sobre a natureza do
recíproca e deste modo constitui uma espaço, enquanto este na realidade é a
unidade. O espaço deveria ser chama­ condição Formal da possibilidade de
do propriamente núo de eomposuum toda a matéria, mas as consideram so­
mas de toLum. porque as &uas partes mente como inferências dc conceitos
são possíveis somente mo todo e não abstratos, porém arbitrários, os quais
o todo é possível mediante as purce&. não poderiam sçr refendus n coisas
Talvez pudesse ser chamado dc com reais. Como se fosse possível cxcogitar
positum ídeale* mas nào de eompo^i- uma ouira espécie de intuição diversa
lum realc. Isto. rodavia. ú some me da que e dada na intuição originária
uma sutileza^ Já que o espaço não é do espaço e as determinações a priori
nenhum composto de substâncias do espaço não dissessem ao mesmo
(nem de acidentes reais), assim, se nele tempo respeito a tucío o que c possível
suprimo toda a eomposi^ào, não tem unicamente pelo fato de que preençh«
qipe reutar nada netn ^equíír a ponto; esteespnço! Se se dá atenção a eles, ter
pois este é possível somente como o li­ se-ia que pensar, além do ponto mate^
mite de um espaço (por conseguinte. niátieo que c simples, mas nào é ne-
230 KANTT

Ji.x üe um composto). F.spaço e / lempo, nhuma parte e sim meramente o limite


portanto não constam dc parles sim de um espaço. ainda pontos físicos que
p]fiü. O que pertence sumcntc ao esta na verdade são também simples mas
do dc uma substância, se bem que pos­ possuindo a vantagem de como partes
sua uma magnitude (por exemplo, a do espaço preenche-lo pela sua simples
mudança), não consta tampouco do agregação. Ora. sem repetir aqui as re
.simples, isto ê, um certo grau du mu­ futaçoes comuns c claras dessa absur-
dança não surge mediante uma adição didade. que sc encontram eni grande
de muitas mudanças simples. A nossa número -- como dc reslo e totalmente
inferência do composto ao simples é inútil querer mediante simples concei­
váM a somente para coisas subsisten­ tos discursivos sofismar contra a evi­
tes por si próprias. Os acidentes do es­ dência da Matemática — observo apé
tado- porém, nào subsisiern por si pró­ nas que quando a Filosofia fa/_ chica­
prios. Portanto, a prova da necessida­ nas ti i Materrtática isto ocorre porque 1*°
de do sins pies enquanto parte constitu­ cia esquece que nesta qucsiâo se trata
tiva de todo o composto substancial e somente dc fenômtíttos c da sua cucitti-
com cia a tese com o um indo podem çao. Aqui, lodíiviíu não basLa encon
rVaciissíir, se se estende demais a prova trar o conceito simples para o conceito
e se quer fa/ê la valer para todo o intelectual pum do composto mas. ani­
composto ser» distinção. ctjmu eletiva lei. dc onconirar a intuição do simples
mente já acomcceu mais vezes. pura a Iniuiçâo do composto (da maté­
De revia falo itqui do simples so­ ria} c isto e totalmente impossível se­
mente enquanto c ncce&sariiimciue da gundo as leis du sensibilidade e, por
da no composta c na medida em que conseguinte, também nos objetos dos
este pude ficr deeomposloem suas par­ semidús. Portanto, com respeito a um
tes constitutivas. A significação pró lodo dc substancias que é pensado me­
jft» pria da palavra monas í (no uso dc ramente pelo entendimento puro pode
Ltiibrtirf) deveria referir-se somente uo valer sempre que antes dc toda a com­
simples, que é dado rntrniUjmmctm co posição desse todo temos que possuir
mo substàricia simples (por exemplo, o simples; isso não valer contudo, com
na autoconsciência) 0 nào como ele respeito ao totum sub^lanciule phncno-
mento do composto, o qual seríu me­ menon. o qual. como irtruiçào empíri
lhor denominar se dc atomus. IX jú que ca no espaço, ira.?, a propriedade nc~
quero demonstrar as substâncias sint cessaria de que nenhumn parte dele é
pies homcnic comu derneniüs do com simples, pelo faio de que nenhuma par­
posto, poderia denominar u iess-,fl da te do cypuço é simples. Nào obstariLc,
segunda antinomia de aiomística os monadistas foram suficientemente
transcendental. Todavia, vijstp que esia perspicazes para contornar essa difi­
palavra já hã muito tempo foi usada culdade ao pressuporem nào 0 espaço
para designar um mudo peculiar de ex­ como uma condição da possiíiilidade
plicação dle fenómenos corpóreos (mo dos objetos da imuiçào exierna (cor­
pos). mas estes objetos e a relação di­
,a Seguimos nqui a <Íí Mellm t Valfiiiii-
ner, adotada pela edifão d,l Academia de Berlim. nâmica das substâncias em geral como
<)c nií testo subíliiüsr ^ncÍLese por te$e. (N. d o i T.) a condição da possibilidade do espaço.
C ÍÜ Y IC A D A R A Z Ã O P U R A

Icçulac) e. porLa.fiLo. pres&upòe concei­ Or&n nóí ternos um tiirtCtilrt ílü torpM
tos empíricos. é preferível denominar somente como fenômenos; enquarttu
n tese dc princípio disilplíço t3ü mpna- tais, cornudo, pressupõem neeessaria
dolagiü. mente o espaço como a condição da
possibilidade dc todo o fenômeno ex­
terno. Á escapatória e pois inútil, eo-
mo. aliás, jã foi sufi cicrttc mente inter-
Ltpiüda. üuiniíi na Estética Tríuistxn ■
dental. Se f-nsssm coisas, em ú mesmas,
a demotiistraçài> dos motiadisLas seda
yáltda.
/ A stíjiunda asserção dialética
possui a pccutiaridade de [vr çi_>iilr*t &Í
uma asserção dogmática, que cnlre to
das as asserções pseudo racionais t a
única qu.c se empenha em provar pal­
pavelmente num objeto cia experiência
a realidade tio que airibuímu*. adma
marfim ente às Edéias [rartscendéniáis, a
saber, a simplicidade absoluta da subs­
tância* au seja. que abjeto do semido
irtlcrrio — . f> cu que ní pensa — seja
umii subsum ia absolutamente sim
ph;*. Sym me gçupur agora com
questão fpois ela fot examinada mata
pormenorizadamente acima), observo
comente seguinte; Se aipo é pensado
mura mane comti objeio, aem acres-
cuniar qualquer determinação smtütica
de sua intuição (como tífetivameme
acomecc anediarut- u rtiprcHcmíiçikf Lt>
talmcntc nua: ati), omita certamente
cm tcil representação nada dt m fliipto
c nenhuma çúmpnjíição po<icin wr per-
ccbidas, V festa* além tíb^u, que os pre­
dicados pclijis quais pünsu! esse ofojcuí
são s im p le s in tu lç o e s d a se ru id o in ic r
no, nelts entâo nãt> pode ocorrer nadst
que prove um múltiplo extemo ao ou
Lro e, por çnnseguime, unia composi-
çàn rreu], Somente a autoconsciência é.
pOtíi. constituída de modo tal qae pelo
fato de o sujeito que pensa ser simulta­
neamente seu próprio objeto não poiic
232 KANT

dividir a. si mesma (conqyanto pvs


sa dividir as determinações que lhe sào
inerentes). Com efeito, relativamente a
si mesmo todo o objeto é unidade ab­
soluta. Não obstante, se este sujeito è
considerado externamente como um
objeto da intuiçào, ele certamente
mostrará em si uma composição no fe­
nómeno. fi ele precisa ser sempre vi&co
deste modo se se quer saber sc um
mukípto externa ao outro está coniiüu
nele ou nào.

/ T E R C E IR O C O N F L IT O / D A S ID É IA S T R A N S C E N D E N T A IS
D A A N T IN O M IA D A R A Z Ã O P U R A

Tese A ntticse

A causalidade segundo leis da na* Nãg há liberdade alguma, mas tu*


turuza não c a unica 3 partir da qual do no mundo acontece meramente se*
os fenômenos do mundo passam ser gundo leis da natureza.
derivados em conjunto, Fara explicá-
[os c necessário admitir ainda uma Prova
causalidade medi:imc a liberdade-
Suponde que haja uma liberdatití
Prova cm sentido transcendental como uma
espécie particular dc causalidade se­
Admita-se que nuo exista nenhu­ gundo & qual pudessem ser produzido*
ma outra causalidade além d& causali­ os cvcnws do mundo, ou seja. um po<
dade secundo leis da natureza, hm tal der dc começar absolutamente um cs
caso, tudo fí que acontece pressupõe udí>, e. par conseguinte, também uma
um estado antecedente ao qual sucede série dc conseqüências do mesmo. Bm
inevitavelmente segundo uma regra. tal caüo terá absolu Lamente início rtic
No entanto, o próprio estado anicce somente uma serie mediame e$sa es*
denle lem que ser algo que aconteceu paniancidade. mas a determinação
(veio a ser no tempo, já que preccden dessa própria espontaneidade para a
temente nào era). pois, se tivesse sido produção da série, isto c, a eausalida
sempre, a sua conseqüência niu teria de, <lé modu que não precede nada pe­
tambetn surgido peia primeira vez. io qual essa açàí> ocorrida seja deter*
mas teria sido sempre. Logo, a causali­ minada íegurtrfo leis constantes. Todo
dade da causa pela qual algo acontece inicio, entretanto, para agir pressupõe
i ela mesma alg.ci acontecido que se­ um üstado da causa ainda não eficien­
gundo as icis da naiureza pressupõe te; è um primeiro início dinâmico dn
C R ÍT IC A DA R A ZÃ O PU RA 233

novamente um estado precedente c sua açào pressupõe um estado que não


causalidade; este csiado, par suà vçz. possua absolutamente nenhum nexo
pressupõe um estado ainda mais anti­ cauaai com o estado antecedente da
go, e assim por diante. Portanto, se Lu- meçrna causa. ou seja. que de modo aí
do acontece segundo simples leis üa gum resulte desse e&ado. A liberdade
natureza, sempre haverá comente um transcendental, portanto, opòc-se à lei
ah início subalterno e jamais / um primei causal e uma tal ligação dos estados
ro início, conseqüentemente, jamais / sucessivos dc causas eficientes — se- 475
haverá uma completude da série do la­ gundo a qual não é possívd nenhuma
do das causas procedentes umas das unidade da experiência, e unidade ssta
outras. Ora, & lei da natureza consiste que nâo sc encontra também em ne
precisamente em que nada acontece nhuma experiência — é, por corue-
sem uma causa suficientemente deter­ guinte. um vazio ente do pensamento.
minada a príori. Logo, a proposição Nâo possuímos» portanto, senâo
segundo a qual toda a causalidade é 3 naiunza. na qual temos. que procu­
possível somente conforme a leis da rar & interconcxãu e a ordem dos even­
natureza* comradiz a si mesma em sua tos no mundo. A liberdade (indepen­
ilimitada universalidade, c por isso dência) dab leis da natureza, na verda­
não pode ser admitida como a única de, é uma libertação da coerção, mas
causalidadc. também do fio Condu/or de todas as
Conseqüentemente, icm que scr regras. Com efeito, não sc pode dizer
admitida uma causalidade pela qual que ao invés. díls leis da naiurcxn inter­
algo aconwce seni que a oausu disso venham na causalidade òo curso do
sej:* ainda determinada ulteriormente mundo leis da liberdade, porque se a
sc&uudo kis necessárias por uma outra Uberdade fosse determinada segundo
causa precedente. Isto e. tem que ser leis nào seria liberdade mus nada mais
admitida uma expruuanesMe úbsoíu que natureza* NíUurezit ç liberdade
ia das causas» que dc início dc si a uma transcendental distinguem-#:. pt>is* co­
série de fenômenos procedentes sc&iin­ mo conformidade a Leis e ausência de
do leis díi natureza, por conscguime. leis. A natureza, c verdade, importuna
uma liberdade transcendental. sem a o cniendimeruo «>m a dificuldade dc
qual mciino no curso da natureza a sé­ procurar sempre mais alto na série das
rie sucessiva do» fenómenos do lado causas a origem dos evcnins. porque a
das caudas não ê jamais completa. causalidade neles c sempre condi cio
nada. mas. em compensação, promete
a unidade — universal c conforme a
leis — da experiência: a ilusão da li­
berdade, ao contrário, promete paz ao
entendimento inquiridor na cadeia das
Cáusas enquanto o conduz a uma cau
salidade tncondickmada que aim cça a
agir de si. mas que, por ser ela mesma
cega, rompe 0 fio condutor das regras,
pelo qual unicümcnLe é possível uma
experiência completamente coerente.
234 KANT

/ N O T A À T FR C E1 R A A N T IN O M IA 477

I. À Tese II. A Antítese

A idéia transcendental de liberda­ O defensor da onipotência da na


de. na verdade está longe de constauir tureza ifisiocmcia transcendental) cnn
o conteúdo toiaJ do conceito psiçológi Lra a doutrina da liberdade afirmaria
co deste nome. o qual c em grunde par­ do seguinte modo a sua proposição,
le empirict*; ela- ame^ constitui so­ contra as inferências pseudo-racionais
mente o conteúdo da espontaneidade desta: Se não admitis ao mundo nada
absoluta da ação como i> fundamento de matematicamente primeiro quanta
próprio da imputabilidade da mesma, ao tempo, rtãc tereis também necessi­
sendo no enmrUu a verdadeira pedra dade de procurar algo dinarnicumeníc
de v â n d a lo para a Filosofia, que en­ primeira qum iv à causalidade. Quem
contra dificuldades insuperáveis para vos autorizou a inventar um csiadu ab­
conceder uma tal esp-éeie de ca usaiida* solutamente primeiro do mundo, por
de incondicíortada. O que. porianto, na conseguinte, um início absoluto da sé­
qüciUío da liberdade da vomade desde rie dos fenômenos decorrendo pouco a
os tempos mais remotos colocou a pouco, e a pôr Jimit.es à natureza ilimi­
íko especulativa cm tão erande emhíi tada, píira poderdes pruporeionar um
raço c pioprinmenic apenas alga (rurts- ponto dc repouso à vossa imaginação?
cendetiíüi C reportasse unicamente ao Visto que â* substâncias existiram
so^uinfe; « tem que ser admitida uma sempre no mundo a unidade da ex*
faculdade dc iniciar csponEuncamcnte perScncta pelo menos tornu necessária
uma sèrie dc Coisas suees&jvaK ou dc umn tal pressuposição * não há lam­
estados* A questuo de como mna Lüf bi m nenhuma dificuldade cm admitir
faculdade c possível nm requer tâo ns que a variação dos. scuk tísiadus. isUs
eessanumcnic uma solução, visto que é. uma scrlc das suas mudanças tenha
na causalidade segundo leis naiurab existido sempre e que. por conseguinte,
igualmente ternos que Contentar n*s ruao s*eju procúsu procurar nenliujn pri
com conhecer a prior; 14116 uma Ut meiro sntda quer matemático quer di­
causaiidadc tem dc scr pressuposta, nâmico. A possibilidade de uma tal de
conquanio de modo algum conceba­ rivaçào infinita não podts tornar-se
mos üOmo é possível que mediante wmcebível sem um primeiro termo
unia certa exísLcncia seja posta a exás' com respeito ao quid ukIo o fe&Uinte
tência de uma outra coiss, C que em seja simplesmente subseqüente. Mas,
virtude disso tenhamos de ater nos se por isso quereis desembaraçar-vus
unicamente à experiência. Ora. em V£r de tais enigmas da natureza, eniàn vos
dade provamos, esta necessidade de um vereis constrangidos a rejeimr muitus
primeiro inicio de uma séríe dc fenô­ propriedades sintéticas fundamentais
menos a punir da liberdade própria (forças fundamentais) que tampouco
mente sí3 na medida em que c requeri podeis Compreender. / a pontn da mes- n*
do para túfrtar concebível uma origem mo a. jpúasibitidçidc dc uma mudança
C R ÍTIC A DA RAZÃO PURA 235

da mundo: mdos os estados sucessi­ em £eral dever escandalizar-vos. Com


vos. ao invés. podem ser tomados ca t-Ffiítçs, st não descobrísseis, pela expe­
mo uma sucessão segundo simples leia riência que a mudança è reaL jamais
fiaiurais. / Todavia, visto que deste poderíiíib cxcogit&r a pnúfi de que mo
modo Foi enfim provada (conquanto do uma tal sucessão incessante de ser
não visualizada) a racu Idade de come e nao-ser seja possível.
çíiir de modo inteiramente espontâneo Todavia, mesmo concedendo-se
uma «tft-:- rto tèmpo. asiirn doravante üma fíiculdadC transcendental da liber­
i lambem permitido fazer começar di­ dade para Iniciar as mudanças do
versa?: séries deniro do curso do mun­ mundo, taL f&cuÊdadc teria que pelo
do e de modo totalmente espontâneo menas. ser someníe eitnnseea 30 mun­
quanto à causalidade. airibuindo is do (se bem que permaneça uma preten­
suas substâncias uma faculdade de são temerária admitir Fora do conjunto
agir o píirtir da liberdade. Não no^dei dt Uxkiü as ml uniões pmsívds ainda
senos, porem, dcEcr agora por uni um ohjetcí» que nao poüüa ser dado tfii
equívoca, a saber, que durante o curso nenhuma percepção possível). Enire
do mundo não seja possível nerilium tanto, jamais poderá ser pcrmiiido
imdo absolutamente primeiro da série atribuir à& substâncias no rmrndo mes
í>clo fato dü qiití uma eiric Sucessiva mo unia \a\ taculd&dt;, porque riestt;
.nn mundo pode içr um primeira início caso désap:ifcccrta na mok>r partí 3
npenn.s compíirrttivnmerku; imerconeicão dos fenômenos deterrrti-
no mundo sempre existe um esiado nando-sc mÚLua e necessariamente ne
gcjndo bis univerma cone são que
precedenLS dís COisas. ConTl tíffcito. I’»--
íamos aqui do início absolutamente se chama naiurcza — c com cia quase
primeiro, não quanto ao tempo, mas desapareceria o critcrio da verdade
quanto u vuusaiidadç, Sc bi^ücíl (por empírica, qne dislin^uâ n fiKperiÊnéia
exemplo) me leva mo da minha cadeira do sonho. Com efeito, ao lado -Je uma
de modt> inteiramente iivre c *em 4 in­ tal facti Idade a lega t (gcsctíãoscí) da li
fluência necessariamente determinante berdade. é difieíl pensar airtda 3 na tu
das causas rmiurait, erctào nestt: tvenío rc?;ii. porque hs kis dcsift ncriam modi­
inicia-se absolutamentE uma nova sé­ ficadas incessamemome pela? intlysn
rie juntamente com as. suas consequên­ cias da liberdade e 0 jogo do* lenõmfi­
cias naturais até o infinito, sc bem que nos, ijut; Kc&undu a simples naturMía
quariÈií Eio tempo esse evento seja su- seria regular e uniforme, tornar se ia
rfiínté ü coritinuaÇao de uma serie píe assim confuso e desconexo.
çedpÈrt^. Pab esta resolução e esta
açso. absolutamente nao se encontram
rta seqüência de sirnpk s efeitos na tu
rais., fi não nào uma simples continua
tão deles; antes* as causas ciaturah d-e-
terminantes ccssam com pSeçamento
com respeito a esse avento, antes de tal
rúiiíjluçãíi; Eàl CvÈrltO, de fütoTsegut-s>ü
KANT

àquelas causas, mas aào resulta delas,


ê em virtude dissö tem que ssr denomi
nado — na verdade não quamo ao
Lcmpo, mas a>m respeito à causal ida
dc — um tnício absolutamente primei­
ro de uma série dc fenômenos,
A confirmação da nccessidadc da
razão de, na série das eausas naturais,
recorrer a um início primeiro a partir
da liberdade se esclarece ampUimeme
pelo fato de que (excelunda a escola
cpieúrta) todos os filósofos da antigui­
dade, para ejrplicaçao dos movimentos
do mundo, viranvse constrangidos a
admiiir um primeira motor, isto èf
uma uausa agente livrç que tenha ini
ciadü pda primeira vcí e espontanea­
mente e&sa série de estados. Elés com
efeito nau ou.sarani tomar concebível
um primeiro início a partir da simples
uatureza.

/ Q U A R T O C O N F L IT O / D A S ID É IA S T R A N S C tlS D E N T A lS
D A A N T IN O M IA D A R A Z Ã O P U R A

Tese AnJt tese

Ao rmmdo pertence algo que, ou Nâo c a í s i c e m pane ulguírta um


çomo sua parte ou como sua eau*a, ê cnic absolutamente necessário, rwrm no
um ente absolutamente necessário. mundo nem Ivru dele, cumu sua causa.

Prava Prova

0 mundo dos* sentidos como o tu­ Suponde que o próprio mundo se


do duü fenómenos contém uma série de ja ou que nele haja um ente necessário;
mudanças ao mesmo tempo. Com efei­ então na serie das suas mudanças» ha­
to. sem e*tas rtão nos seria dada a re veria um imeiu que seria incondicfona-
prescntaçãtí da série Lemporal como damente necessário* por conseguinte,
condição d& possibilidade do mundo sem causa, o que contradiz as leis di­
dos sentrdos. *' Entretanto, toda mu- nâmicas da determinação de todos os
,1 Cftfflò COCldiCA» formal da f>ft«ihi|idade Ju * fenômenos no tempo* nu a própria se­
mud4ni;.iüv n icmpo na «trdjdc pnwole otijríiva rie scríà sem nenhum inicio e, não obs-
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 237

dança está submetida à sua condição tante, contingente ç condicionada em


temporalmente preçredenle. c .sob a Lodas as suas partes, no todo. contudo,
qual é necessária, Ora, todo condicio absolutamente necessária c incondido-
nado que é dado pressupõe com respei­ nada. o que se autocomradiz, porque
to à sua existência uma série cmnplets a existência de uma quantidade nào
de condições até o absolutam ente in- pode scr neçcssária se nenhuma parte
condicionado, o qual somente c abso­ dela possuí uma existência em si ne
lutamente ncccssárío. Logo, tem que ccssária.
existir algo absolutamente necessário, Suponde, an cnntxàrîo, que Fora
se existe uma mudança como sua con­ do mundo haja uma causa absoluta­
seqüência. Este mesmo ente nüccsaá- mente necessárias então essa cau sa w-
rio. porém, pertence ao mundo dos mo / o membro supremo na série das -bsj
sentidos. Com efeito, suponde que cie causas das mudanças do mundo pela
seja exierrto a e&te mundo: cm tal caso, primeira vez darhi início à esislência
a série das mudanças do mundo deri- das ullimas e à sua série.'2 Ora. em
1K3
■ varia dele o seu início, sem / que. con­ tai caso cJa tambem teria que começar
tudo, essa própria Câusa necessária a agir e a sua causalidade pertenceria
perleneesse ao mundo dos senlidos. ao tempo c. por isso mesmo, ao cnn
Ora. isto é impossível, Com efeito, vis­ junto dös renomen os, isto ê, ao mun
io qtti; o inicio de uma série temporal do: conseqüemimeme, a própria causa
sò pode ser determinado mediante o não estaria fora do mundo, o que eon
que preeede no tempo, a condição su­ tradiz a pressuposição, Logõ. rtào há
prem a do inicio de urrui série de mu­ Tieccssariamentc nem no mundo nem
danças tem que exí^tir no tempo, já fora dele (mas em ligaçao causal com
que ela ainda não cra (pois o início é ele) um eme absolutamente necessário.
uma existência a qual precede um (cm
po em que a coisa que começa ainda
não era). Logo, a causalidade <Jíi causa
necessária das mndnnças e, por conse
guinte. também a própria causa per­
tence ao Ecmpo, portanto, ao fenómeno
(no qual o tempu* como a sua forma,
unicamente é possível) e por isso rião
pode «cr pensada separadamente do
mundo dos sentidos, como o conjunto
dc todos os íenSmcBOfi. Logo, no mun­
do está contido algo absolutamente ne*
ccssário (quer seja ele a série total do
m undo, ou uma parte dela).

71 O Krnin "Sflitiur" £ itímado nutnw signíriraçâo-:


rni*me a gstüs; só qui £tibjtf.ivam<;n<c çn íl rejlaüujk a primdrn c o/nu visto que a Causa tnici* (infiel
«iu o m ix ie n c ia , e st» rç p n u c n la ç iio , 3&SÍITC CÛJIW nina série dc estados como seu cfeiin; a secunda
qualquer ouira. c dada sã par acastio das prnep- t püSúva. vislO qtie a causalidade inicia (fiú na pró­
QÚtS, pria CALi^jv. Infiro aqui da pj-imtíra n segumia.
238 KANT

/ NOTA À Q UARTA ANTÍNOMfA

L À 7i'S€ Íl.yí Antiiese

Para demonstrar a exisrcncia de Se ao dcvar-Hc na série dos Fcnó-


um ente necessário não me eabe usar menos se crc encontrar dificuldade*
nenhum outro argumento a não scr um contra a cxisièiieia de uma causa su
cosmológica, ou seja, que ascende du prema absolutamente necessária, en­
condicionado no fenômeno ao incondi tão essas dificuldades não têm que se
cUmado no conceito enquanto este é Fundar no simples conceito da existen
considerado a condição necessária da cia necessária de uma coisa em geral;
totalidade absolula, da série^ A tentati­ têm que, pois, não scf dificuldade* on­
va dtr demonstração a partir da sim­ tológicas, mas. provir da ligação causal
ples idéia de um ente supremo com rc* com uma série de fenômenos com o
laçao a todos os entes em geral perten*- Hm de admitir para a mesma uma con­
cc a um outro principio çfa razão. Por dição incondicionada; conseqüente­
isso uma tal prova tem que eFcíuar-st: mente. iém que ser dificuldade* cos-
de maneira particular. mológícas e derivada* segundo ]eiâ
Ora* a pura prova cosmt>36j;Éea empíricas. Ou seja. tem que se mostrar
uso pode provar a cxistcncía dc um cn- efue a ascensão rnu serie das cau*aS fnu
te necessário senão enquanto deixa ao mundo dos sentidos} jamais pode ter
mesmo tempo trresolvido sc uie c o minar numa condição empiricamente
mundo mesmo ou uma coisa distinta íncondicÉonada e que o argumento
dele. Com efeito, pam decidir csu últi­ cosmolõgico — Fundado sobre a con­
ma questão requercr-se-ão princípios tingência dos estados do mundo, como
que nào Siào mais cosmológieos e que fica evidencifido pclss suas mudança*
nào progridem na série dos fenômenos exclui a admissão de uma causa
mas sào conceitos de emes com ingen­ primeira que inicie de modo absoluta­
tes em gerat (enquanto considerados mente originário a séne,
simplesmcmc conto objetos do enten / Nesta antinomia, contudo, reve­
dimento): t requerer-sc-á um princípio la-se um estranho contraste, a sàber,
para mediante simples conceito* co­ que com base nu mesmo argumento
nectar tais entes eum um cnic necessá­ com que na tese foi inferida a cxi&tên
rio. Tudo tsto pertence a uma filosofia cia de um ente originário, na antítese
irartscçndeniL', quó não cabe ainda deduz se uum o mesmo rigor o náo-ser
abordar aqui. deste enie. Primeiro sc disse; Hà um
Todavia, se uma ve* se mieia cos­ ente necessário, porque a soma total
mo logicamente a demonstração en- do icmpo passado compreende em sí
quanu» ue poe como Fundamento a sé a série de iodas as condições e com
ric de (cnõmenos e o regresso nela se­ elas, portanto, também o incondicio-
gundo leis empíricas da causalidade, nado (o necessário), Agora se diz; Não
cntào posteriormente nào se pode afas­ há um ente necessário, precisa ir.ems
tar-se dela c passar a algo que de mo- porque 3 som a total do tempo decorri-
C R IT IC A D A R A Z Ã O P U R A 239

lio cL^um pertence à acric üüítíü um do comprecndc cm ú s. swrfc li^las


seu membro. Çom ÊÍello,. algo teiii que as (C jiié pí.!r isüft sl-ô p O Í S.(13

iüt. / ser considerado como condição jus- ve* uxlai condicionadas). A causa dis­
tíimunLu na rn^ma üignjfí^açãu- um so tí a seguinte: o primeiro argumento
que a relação do condicionado tt sua considera somente a taíaiidade absolu
condição foi tomada na série, que deve­ tu da série das condiçòcm, cada uma
ria conduíír 3 esta. ullima condição das qyais determirta â nuLrá no tempo,
mediante um progresso cúnlinuo. Ora. e deste modo obtém um inoandiciuna-
ye essa ííÍííçüü è sensível e peruinct a.u du y nttéssario. O segundo argumento,
uso empírico possível do entendimen­ ao contrário. Lama em consideração st
to, cmãu a [Xnut^ão nu causa suprema cvniingéncíu de ludt: 0 f)ue é deiermi*
pode tu n v lu ir o fçyreg&O Sfjmenli: oè nado /}£ ytVii’ tempí/fal (porque cada
gundíj leis da i^ensíbllidade, por conse­ sscado é precedido pnr um tempo, no
guinte, somente enquanlo Lal regresso quat a própria condição por süa vez
pertence ü série temporal, e o eme su­ tem que ser determinada como condi
premo tem que slt considerado o cionadaj c deste modo fuçam supressos
membro âupremo da serie do mundo. compIcLamente J lodo o tncondiciona 4sij
Não- ntatunte, alguns tomaram a do e unja a necessidade absoluta. £n-
übcrdadt: do FíLscr um sul lo (jwíTtiiSttííEí ifetanto* ein ambos os casos o modo
e(ç «Aio 7éwxh Dlts tniidárlça^ no de inferência è perfekíimentc conforme
crkundtf coiidui m; à iiotiLin^cíidit cm- ã própria ra^ão humana comum, à
píriú:!,, iíto ^ u dependência do mundo 4u:lI FreqüciiíLümcnct: ocorre eaif titi
dc caudas timpirieamuik: determinan­ conlltLo cortsigo mesma ao considerar
tes e obLeve-Sü uma sêri-c üiC>ãndeilLe dt: u acu übjeto dcwJe dois pontai dc visLu
condições empíritíãü, tique de resLo e n diferentes. O senhor d e M a ira n consi
UHulmcnic corrtíto* Tuduvía. visio que derou -i dUpLiLâ crilrc dois cclcbrcs as­
aqui nào se p^dia encontrar nenhum trónomos, que t-urgiu da Lima dificjl
primero início e iicailiurn membro su düdt semelhante sobrt íí escolha do
pnjmrt, abandonou m: bru^çumctUc o purHfi de viyi;i, w m y ym tçnüm vnu su
conceiio empírico de utmringéneia c ftCÊunttírnínEa digno de noiíi para escrü
tomou sc a uEiiLíjjoríü puru. HáUi tíJSlão ver urn ímtado cspecí&l y reapciLu. Um
firiifHjrcjtinavjt uma scriu murumem^ dcssesi asfrônumos argumtintava as­
inteligível, cuja cumpfciutlc fundiiva-sc sim: u hm jíiríi em sortia tia seu i*Lw
nobre a yKisLÍnvía de uma cíuisíI abso porque clu voltu iJonstanLctiienLc y
luEamcntc necessária que. não esmndo mesmü ÊadD para a terra. \i o outro ar­
maU ítmda a nunhumu condição sensi gumentava; ã hta nãü ífjru vm mrtio do
veL ILVfíiti-se i.imbém da. condição seu eixo. porque ela volta consianle-
temporal para cia própna dar inicio a mcniÈ o mesmo 3ado para & iErra. Am-
sua íuus-iiiidíiík. Tal procedimento, batt tí}i infcrcnciíis ifam t;urrçtas, dc
porém, ê rocalmenLe ilegítima, como &e acordo com o ponm de vista qufi cada
pode c-onduir do seguinte, um adoiou para observar o m ovim m p
Corning ente no sentido puro da da lita.
c;uciguTÍj é aquilo cujo ljjxísIo contra
ditóno c possível. Oni, ü partir da con
240 KANT

tingência empírica absolutamente não


s.e pode / inferir a contingência iníe
làgívcK O oposto daquilo que muda (o
oposto do seu estado 1é real num outro
Lcüipo, por conseguinte, titmhém possí
vef, Logo, este estado nào é o oposto
contraditório do estado antecedente»
para o que se requer que no mesmo
tempo em que o estado amcccdeme
cra, o oposto teria podido ser em seu
lugar; i^o de modo alt>um pode ser in­
ferido da mudança, Um corpo que es­
cava em movimento ( = A) passa aa re­
pouso ( ” min A)* Ora, a partir do Tato
de que um esiaúo oposto ao estado A
siga a este nâo se pode abolutamente
inferir qué o opojuo contraditório de A
seja possivd. eT por Conseguinte. que
A seja contingente, Pois, pars tanto rc
querer-sC-ia que no mesmo tempo em
que havia movimento houvesse* ao in-
vc& dck. repouso. O a . nâo sabemos
senào que o repouso no esuido seguin­
te era feal c, por conseguinte, também
possível Mas movimento em um tem­
po e rcpoiwo em outro rsiu sc opòcm
contraditoriamente «ntre si. Logo, a
sucessão dc determinações opostas, is­
to c, a mudança, de modo algum prova
a coLUingênria segundo conceitos do
«jniersdimcmo puro ç mmpouco pode
conduzir à cxistència de um ente ne­
cessário segundo conceitos puros do
entendimento. A mudança prova so­
mente A contingência empírica, isto c.
que com base na lei da causalidade, o
novo estado nâo teria podido ocorrer
*em uma causa pcrtenccnte ao estado
anterior. Assim esta causa, mesmo que
■usjít admilida como absolutamente ne­
cessária, tem que ser encontrada no
tempo e pertencer à serie do.si (cnõme-
nus.
C R ÍT IC A DA R A ZÃ O PU R A IA I

/ S EÇ Ã O T E R C h IKA DA ANTIN O M JA D A R A Z Ã O P U R A

0 0 íN T ER ESSE D A R A Z Ã O P U R A N E S T E SEU C O N F L IT O

Temos agora dianic de nós u imerro jojío dialético das idéias cosmolóiíicíts.
Elas não permitem absolutamente que um qualquer experiência possivel lhe?» seja
dado um objeto tongrjcme anies. nào permitem tjuc a razão ns pense dc- acordo
com lei;> universais da experiência. Essas ide ias, apesar disso, não sào inventadas
□rhitrarJiiiticntc. No progresso continuo d;i síntese empírica, a razão ê conduzidn
necessariamente n cias quando quer libertar de Lodn a condição e compreender
em nua to tuiidade incnndteiomida aquilo que segundo regras da experiência sem
pre pude ser delcrminado stb cofldidonadamente. hsias afirmações sofisticas süo
outras tiimusj tentativa* de resolver qualrw problemas naturais C inevitáveis da
rnzão. O seu número é precisameme este. n.ào podendo ser mator uiu menor, por­
que nào há mais séries dc pressuposiçõc:* sínuilieas que limitem a priori a síntese
empírica.
As brilhantes pretensões da razão. que estende o seu domínio acima da io-
di» o* limites da experiência. foram representadas por nós somome através dê
sccas tõrnrmJas que contêm simplesmente o fund:tmenio / das sim legítimas rei­
vindicações e foram despid&s dc Lodo o •jcu elemento empírico — como convém
íi uma filosofia transcendental sc bem que somente cm ligação uom ele a&
afirmaçòís da raíâi» podem rdu/ir cm todu o s«u esplendor. Todavia, nesta opli
c;tçuo e pr^resüivn ampliarão do uso da razào. enquanto é paril* do campo da
experiência a eleva «e progrvssivamcnlc aié cskjs stihSímes L«Jcúts»% a Filosofia rc
vela uma dignidade, que. se pudesse manter as suas prêkmsões. superaria de lonpc
0 valor ífe toda outra eíínciu humana. A Filosofia, com cfdio, promeie Tornecir
o fundamento para un nossas maiores expectativa* c es.pcranças com vista aos
fins últimos, mis qunis tocEos »5 esforços da razão finalmente lêm que sc reunir,
Se 0 mundo tem um Inicio c um limite qualquer na sua exten.sào no espumo;
se itlyures c inlvex 110 nuni eu pensante há uma unidade indivisível e indestrutível
ou se há someme o diviçivel e passíig.iiroi sc sou livre cm minhas açòes ou, como
outros Cílttíü. guiado pelo fio da natureza c do destino: finalmente, se há uma
causa suprema do mundo ou se um raisas da naLurcaíl í a Sua ordem constituem
o objeto últÉmo cm que tenhamos de deter nossas considerações: todas es^as aso
questões, para cuja solução u matemático de boa vontade daria em iroca a sua
ciência, Esií\. wm efeito, não poderá proporcionar nenhuma sansfaçáo com res­
peito ao fim mais alto e m.nis ambicionado / dn humanidade, Visto que a Mate
242 KAN T

rnática (este orgulho da ra?.ão humana) dirígc ;i razao na compreensão da nature­


za. Lunto no grande cOíRo no pequeno, cm sua ordem e regularidade da mesma
forma que na unidade digna di adruira.çãu da* furnas que a movem, uUrapassan­
do todas as expcctalivas da Filosofia fundada sobre a experiência comum, a dig­
nidade dessu própria ciência repousa sobre o Tato de que mediante tal ela dá
ensejo c encorajamento a um uso da razão ampliado para alem dc toda a expe­
riência. do mesmo modo que provê a Filosofia, igualmente ocupada com isso
com os materiais mais excclcntes a fim de apoiar, tanto quanto a natureza desta
o permite, a sua invesLigaçào com intuições adequadas.
Infelizmente para a especulação (mas felizmente talvez para a dctennínajÇiU»
prática do homem), a ra?.ào tm meio às suas maiores expectativas vê-sc embara­
çada a tal ponio por* argumentas pró c contra. que tanto pela sua honra quanto
pela sua segurança não lhe ê factível retroceder c assistir indiferentemente a essa
díssenção como se ,« tratasse ^ um mero combate simulado para jogo. c menus
ainda ordenar simplesmente a paz. porque o objeto da disputa é de girando inte
resse. não lhe restando senâo meditar sobre 3 origem dessa dc^avtriiçâ da razão
consigo mesma, para ver se a culpa disso não reside num simples mal entendido,
i« apóií cuja elucidado talvez / ccssa&sçrn de ambos os lados as orgulhosas preten­
sões. mas em compcnsaçno Leria início um reinado duradouro e pacífico da rajão
wbre o entendimento e os senlidos.
Por ora queremos adiar aitidu uni pouco esta elucidação minucitíüa £ çonsi-
der ar Unicode que lado preferiríamos colocnr-nns sc porventura fôssemos obriga
dos a tomar paniil». Visiu que neste caso consultamos simplesmente nosso
interesso e nào o eriiírio lógico dít verdade, assim conquanto uma tal investtnu-
çào nada decida sobre a discutível direito de ambas as panes, contudo, possui
a utilidade dc tornar concebível por que os panicipurttcs des«i disputa preferiram
pôr-se dc um lado ao invés de outro, sem que a ca usei disso fosse um conhccimen
to melhor do objeto: do mesmo modo explicará outras coisas secundárias, por
exemplo, o ardor lanático de uma parte e a afinn^ào fria de outra c% ainda,
por que mu aplaudem alegremente um partido e contra o outro nutrem prctoncci-
ifw implacáveis.
Alfco. porém, neste jul&amenio provisório determina o ponto dc vista y partir
do qual unicamente aquele pode üer feiio com conveniente profundidíUle: este
algo consiste na comparação dos princípios a partir dos quais ambas as partes
sc movem, Entre as asserções da antítese observa-se uma perfeita uniformidade
494 de mentalidade o uma inteira unidade da máxima, ou seja. / um princípio do
empirismo puro nao apenas na explicação dos fenômenos no mundo, m as tam­
bém na soluçào dns idéks transcendentais do próprio universo. Ao contrário.
a& asserções da tese, alem do modo empírico- de explicação dentro da série dos
fenômenos, põem ainda como fundamenTo inícios intelectuais, e a máxima em
tal caso não é simpjes, Denomino-as* porém, com bajse no seu caráter distintivo
essencial, dc dogmatismo da rnzào pura,
Ma dtitcrminuvâw das idéias cosmoiógieas íto razão mostra-se. portanto, do
lado do dogmatismo ou da m e:
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

Em prim eira lagar, um ccrto interesse prâtiçv, do qual participa de caraçào


toda ptí^stüi bem iiitencionada quando- ^omprceEide aua verdadeira vantagem.
Que o mundo tenha um inicio, que o meu sujeito pensanie seja de naiureza sim-
pies e, por incorruptível, qi»£ ide nas açOtis de ícu arb Lírio ao mesmo tempo
seja livre e cie ve-se sobre a coerção da naLure za c que, enfim. a ordem total
das coisas qu constituem u mundo origine-st: de um ente primeiro — do qual
tudo tifa a sua unidade c conexão conforme íl Íuiü — sào outras tantas pedras
fundamentais dá morai C da religião- A antítese rouba-nos oa peto menos parece
roubar-nus to d ua esses apoios-
Km segundo lugar, também deste lado manifesta scuni ittieresse especulati­
vo da razão. Com eíciLo, quando üc admiLC e se usa dé tai modo as idéias trans­
cendentais / pnde-Rc abíirú ar de manetrü inteiram ente :i p n o fi a ü ü d d a tolü.1 tia*
condições e conceber a dedução do condicionada entjuanm se começa pelo mcon
dicionado- Isto não pode ser dçscnipcnhudt* pela arttítçst:,. que deste m odo untíyn-
Ira kc tm seria desvantagem pelo fato de não poder dar nenhuma resposta sobre
u qu estilo das condições da sua síntese que nào levasse a uma renu-vaçao infinita
da pcrguciLa. Dc acordo com li anlrtesc, de um itttcic? dado ü« íem que aseunder
3 um ainda mais alto, cada parte conduz a uma parre ainda menor, cada evento
possuí sempre ainda um outru avento acima de ii cumc causa, e ab eumJiçSes
da exisiêrtCia em gera] por sua vt7 apôiaiTi-ãc sempre cm condições. sem jamais
obter firmeza ineondieionada e apoio cm uma coisa por si subsistente como enle
originário.
Km lerceiro lugar, o lado da echu ixmiii Ainda a vantagem citi popularidade,
tguc cenumetiu nâo Constitui a pm c mínima pdu qual se rwométtdá. 0 cnicndi-
monto comum não encontra a menor d iíãcuUiidc nas idéias do inicio incondi ei o-
nado da toda a sintese, porque afora isso cfcc está mais acostumado a descer
às consequências do que a&ccnder :ios lufldumçniog.; c no& conceitos» do absoluta­
mente primeiro (sobre cuja possibilidade ele não clucubra} etc possui uma corrio-
didude e ao mesmo icmpu um puntu firme p;ira ligar a ele a Ho conduior dos
seus passo s. j.à que do ccmirário. ti;i ascensão *em descanso do condicionado
ã Condição i scmpiv cQin um pê w ar, c:le nàu pode encontrar nenlmm agrado.
/ De* lndn d« irmp!rist*w ou da rmiíiese, na doiernun^uo dus; ideiaa co.^motó 4'*t\
g;icas tfif primeiro tugar, não sc encsínira ncnlium imcrc^t: prático dc tal cspccic
a partir dc princípios pur>^ da raz^o, como t>irarem a myríil c 3 religião, Ames,
parece que ü simples empirismo elimina roda a fnrça c cntluêrtcía dc ambas, Se
nSo há nenhum enw primordial difertrue do mundo, sc o mundu é sem iiiíciu
e% portanto, também seu autor. $ç st nossit vontade não é livre e n alma possiii
uma dmsit^tidâdâ c Corruptibilidudc it^ual à da muLcria, eutáo lambem as idciü.s
e os principiou morais; perdem ioda a v&Eidcz e cacjn ojum ny ideias trunscondcn-
tats, que constituem os scu.s supones teóricos.
Por omro iodo, porém, o eoipirismo üo interesse especulativo da
faião vamagenâ que são muito atraentes e de líingç sobrepujam as que t>doutrí
naiior dos má tico das iUttas da razão pede prometer. De acürdü como empiris­
mo, u entendimento encontra ie sempre no jícü ^oio vtrdadcircf C próprio, a saber
244 kant

no campo dc genuínas experiências possíveis, cujas leis pode perseguir e por melo
das quais pode estender infinitamente o seu conhecimento seguro c claro. Aqui
ele pode e deve apresentar o objeto — (ante em si mesmo como em suas rd ações
— na intuição, ou senão em conceitos cuja imagem pos-sa ser aprescrtUula clara
e distintamente em semelhantes imuiçõest dadas. Não se truta somente do Tato
de que o entendimento não tenha necessidade de abandonar csin cadeia da ordem
natural parít / prender se a idéias cujos objetos não conhece, porque enquanto
antes do pensamento não podem jamais ser dados; mas não lhe é uma sò vez
permitido abandonar a sua tarefa c sub o pretexto de que Foi levado a termo
elevar-se ao domínio da razão idealizante e a conceitos transcendentes, onde não
mais precise observar e investigar conformememe às leis da natureza, mas so­
mente pensar e inventar, seguro de que não pode ser refutado mediante fatos
da naturc/a, precisamente porque não tsíá tigado ao seu testemunho, mas pode
descuidar se deles ou ate áubordiná los a uma autoridade -superior, ou seja* da
ra/.ào pura.
Por isiO o empirismo jamais permitirá que qualquer époc» da natureza seja
admitida como absolutamente primeira cm que qualquer limite da sua perspectiva
no âmbito da natureza seja considerado como o extremo, ou que dos objetos
da natureza — que ele pode analisar pula observação e pela Matemática e deter
minar sinteticamente na intuição (o extenso) — passe àqueks que nem o sentido,
nem a capacidade de imaginação podem jamais representar in concreto (o sim
plcgí. O empirísto tampouco concederá que na natureza .seja posta cumo Tunda
mento uma faculdade de atuar independentemente de leis da natureza {liberdade),
e que deste modo a tareia do cniendimeruo seja reduzida a perseguir sob o fin
condutor de regr;»* necessárias o surgimento dos fenômenos; nem / finalmente
euncederâ que por qualquer motivo se procure a causa fora da natureza (cníe
originário), pola nno conhecemos nada muis que esta cnquulllO unicamente eld
no.si oferece objetos e pode instruir nos acerca, das suas leis,
Na verdade, se com sua antítese o filósnío empírico não pimiui nenhum
outro objetivo dõ que suprimir a curiosidade mdisçrtsu c *>Jitrcvimcruo dn ru/â»
que dcseoolieec a sua verdadeira determinação e que sc íiaha de cMihecimenio
ê de ftaher onde propriamente conhecimento c saber cessam* c que quer fuíer
passar por uma promoção du imeresse espeeutuiivo n que é considerado válido
com visia ao interesse prático para romper o Ho das investigações físicas onde
for conveniente à «ata comodidade e. com uma pretensão de ampliaçào do etmke
cimento, ligá lo a ideias transcendentais* pélas uuais propriamente sô se conhece
que tiõtí se sabe nada; <*e, di&o* o empi ri sta m satisf^e^c com isso, entào o
seu princípio ysriu uma máxima da moderação em pretensões, da modéstia em
asserções, e ao mesmo tempo da CJUcnsào máxima possível tlu nosso entendimen­
to mediante o mestre propriamente pr&pmui a nó&, a saber, a experiência. Cnm
urei to. em tal caso não nos seriam tirados os pressupostos intelectuais e m fé
no que concerne ao nosso imeres^ prático: apenas não st poderia deixá-los apa­
recer sob o titulo t; a pompa tfe ciência e de compreensão / racional* poiso verda­
deiro a prúprlu saber especulativo nào pode encontrar ern parte alguma um outro
C R ÍT IC A DA RA ZÃ O PU R A 245

objeto senão o da cxpcríÊncia e. se se ultrapassam os seus limites, a síntese qui;


procura cunhccimcntos nuvua c independemes dela não possui nenhum suhstrflio
da intuição sobre o qual po^sa ser exercitada
Mas quando □ próprio empirismo loma-se dogmático com respeito às idéias
(corno fYcqucn temente acomccc) e afoitamente neg.3 o que sobrepassâ a ^sfcra
dos seus conhecimentos intuitivos, emao cie mesmo cai no erro da im«»désLÍa.
que ê aqui ainda tnais censurável porque deste modo eausg sç um prejuízo in-
substítuíve] ao interesse prático da ra/ãn,
tssa é a oposição do epicurismo*3 contra a platonismo.
/ Um L- nutro -Ji/^m mais do que *abcjru mas enquanto ;>primeiro estimula íou
e promove o saber, conquanto cm prejuízo du prático« o segundo fornece certa­
mente excelentes princípios para o prático, mas preetsamente por kso permite
à ra/Ho. com respeito n tudt» aquilo cm que nos c concedido um saber especulati­
vo. entregar se a explicações idealistas dos fenômenos da natureza, deseuidando-
se d;i investigação física a respeito.
Enfim, no que concerne ao i&rcelto momento r. uon^derado na escolha
pfijviiónii entre a.s duas partos conflitantes, é sumamente estranho que o empiris
mo seja totalmente impopular. conquanto se devesse crcr que o entendimento
comum acollicssc sofregamente |im projeto que náo promete saiísfri^è-lo nenâo
mediunte conhccimcmoí d a líjípcriência e a sua imerconexâo racional. enquanto
a dogmática transcendental constrange o a elevar-se ;» conceitos que ultrapassam
de lonjte » conhecimento e u faculdade racional da> cabeças m:iis exercitadas
no pensar. / Mas lal é precisamente a motivação do entendimento comum, liste. 5<m
com eleito, encontra se numa posição em que nem o mais douto pode tirar qunl-
quer vantagem «obre etc. Se compreende pouco ou niidu disso, nem por isso al­
guém ptfde viingSohaf-se de compreendei' muito mais; e, conquanto nào possa
fatar sobre moem vermos tic escola como outros, pode contudo sofismar mfirtiin
mente mais, porque se move em torno de puni;» idéias sohre as quais se ê o
mais eloqüente precisamente porque não sv sahc nada delas; -intuí* n investigação
da rtsiiuraíH* uti invés, teriíiquc ttaudccer lealmente c conlessar sua ignorância*
Comodidade e vaidade, porianio, contribuam já fortemente p;ir» rccomendur raij,
princípios. Além disso, se bem que :t uni fiJòüolo seja muito difícil mlmhir algo
como princípio wm poder prosear contai a &i mesmo ou absolutamente introduzir
conceitos cuja realidade objetiva não pussa wr eonbcdda, ;iüsim par;j o entendi­
mento comum, por sua ve/., nào há uaiia mais rotineiro. t_Jc quer Ler at^o curai
,J Tudflvin, Cüfltinua SCrkb uma qiJ«iao sç Hpjcurn tritpõí. aleuma wtv cs*?* ptiadpiw canio íilirmnçÍHjii.
objetivai. Sb |itn ventura ní/r pa «saram dç màsirntií do u u csprculíitív^ U« r^rão. ervei-t nio-Mtrou com iatu
umBSpífliKt ntoínfuíc mus HMfiAlieooue q^atifiier oujro (Uúnifp da nnúguídmlí Os foKK lie c|Uti tvft«4p4nm
ç'u» Jo í. feniSmtutrs w icni tjuc procçritr cotrK> « i> uampo da invcüügaçiúv não lòs.« micrccpiaj^ por nc
rtlmm limite uu tnfuU>Jü tntinjn. du qgc ^ Jeve lümiLlr 3 matéria cto mundo qunp cl-T lim 4411c Kcr
quiscimoS ser tnsimiilus sobre ela peta eípefünda, dí que nilt prtçk^m utr uütíz&das <mtr:i proJuwiSn
d í ev«]tos íeíiáa tal coíiíd dííctniina4iw pur Jei« imu^vei» da niture.-a. c rmalmcnit nenhuissi» üjius.i disumca
tio Fiundo, / são todos jiind:i hoj« priníípw í muiio («>i 1«Lub. mas poucm o b m * !)« , para <unpUar a íiJorJOfia WHh
rspccubirivH twm coihli tncnbcm pauji ^Icwubrir oí, priniííplfi': M 'Jíil independem!? df ro^lC.-i uLixiüaics
t stranhas. Mas nem por iíüo aquele qúc tMti^ç ignorar (nj.s proposições dogmática* peto (.cm^ im t|iie
1105 os;upíunús com a simples Qpeculitcão, pocke ajlpado de q u m r negá las.
246 KAN T

que possa iníciar confiantcm.irntc. A Jtfi.cu]diidt: até üt oonccber um tal pressu­


posto não o inquieui, pois (sem saher o que significa conceber) nem sequer Jhe
ocorre c cie toma por çonJiircído aquilo que pelo uso mais frequente lhe 0 familiar.
Por Um todo o interesse especulativo dçsaparecc nele ante o interesse prálico
«5»magiim-w entrever c saber aquilo para o qual ( as suas apreensões e esperanças
impelem-no a actritar ou a crer. Deste modo o empirismo da razào transcendeu
Cal-ideâli/.antc priva-se inteiramente de toda a popularidade e. por mais dano que
possa comer contra ob supremos princípios práticos, não sc deve absolutamente
temer que ultrapasse aiguma ve/, os confins da escola e conquiste uma autoridade
relativamente considerável entre o público c um certo favor na massa,
A ra/.ào humana é por natureza arquitetônica, -isto c. considera todos os
conhccimentnfv conto perLCnamtcs a um sistema possível c por isso pcrmiie mrn
bém somente a^uclc;* princípios que pelo menos não tornem um conhecimento
projetada incapaz de coexistir, cm qualquer sistema, com outros conhecimentos.
As proposições da antítese, porém, sào de natureza tal que tornam totalmente
Impossível o acabamento de um udifício de conhccírnetuos. De acordo com das,
sobre cada estado do mundo há .sempre um nrtnis antr^o. em cada parte sempre
outras purtes por sua ve* divisíveis, a iitò de cada evento um outro que por *,ua
vci foi do mesmo modo produzido noutra parte, e na existcneta cm gxral Ludo
c sempre condicionado, sem que se [>ossh reconhecer qualquer existência incondi*
cinmida e primeira. Porumio« visto que a {miítesc em parte alguma admite um
ente piirriciro e um início que pudesse servir absolutamente rfc fundamento à
construção. assim sobre a l>ase de u i* pressuposições um edifteio compíeio do
conhecimento é totalmente impossível. / Em virtude d isso, 0 interesse arquitctòni'
co da razão (que requer, não uma unidade empírica, mau nmn unidade pura a
priori d:t razao) trais consiyo uma recomendação natural em favor das asserções
da lese.
Mas se alguém pudea.se renunciar a todo o interesse c. indiferente conirji
todas as consequêncifis, considerar as asserções da rüxào simplesmente secundo
o conteúdo dos seus argumentos. então cie posto que nno soubesse sair dc
Outro modo do aperto, senào confessandu *v ;■ favor dc uma ou de oucm das
doutrinas conflitante* — enconirar sc-ia numa posição incessantemente vacilante.
Hoje si aprcscnmnu u cie como convincente que a vontade hunima ê iivre; ama
nhà, quando considerasse a indissolúvel catlein naiuruL admitiria que a liberdade
niio é senáo a auto ilusàü c que tudo é meramente natureza, Quando emão se
tratasse de operar e agir, esst: jogo du razào simplesmente especulativa desaparc
certa como silhuetas de um sonho e ele escolheria os seus princípios meramente
aegundo o inceros*; prático. lodavia. a um enlc que reflete e indaga convém
dedicar um certo tempo unicamente ao exame da sua própria razào, despindo-se
inteiramente de toda a parcialidade, e >ubmetendo as suíik observações pubtica
mchte ao julgamento dtw outros. Do mesmo modo ninguém pode ser reprovado
c menos ainda tmpedido de fazer comparecer as suas proposições o / ermtrnposi
çòes, assim como podem defender se sem íc atemorí/arem por nenhuma ameaça,
diante dc juraítos da sua prúpría condiçào (:> saber da condição de fracos seres
humanus).
C R ÍT IC A DA R A Z A O P U R A

S E t à O Q U A K T A DA A N T IN O M IA DA R A Z à O P U R A

DOS P R O B L E M A S T R A N S C E N D E N T A IS B A R A Z Ã O P U R A
N A M E D ID A EM Q U E T Ê M DE
A R S O L IJT A M F N T E P O D E R S E R S O LU C IO N A D O S

Querer soludcmar tudos cs problemas e responder todas as pcrgeintas cuns-


tituarici uma inaoknlc fanfarronice e uma tão extravagante presunção, que por
elas sc faria perder imediata t neícessímEifflânie Eodâ a COíltlariça.. Nào obstanEE.
há ciência *i tuju natureza i riL^ quv ídda qucslão que nelas <*e apresente
uitn que absoluLíimcnic poder ser respondida a partir daquilo que se sabe, porque
íi résposLa tem dc surg.tr das mesmas fontes dn* quais surge a quesiàrt e ai de
modo algum é permitido invocar umu jgnorãncjamcvhãyyL mus u íicjluçao pode
«cr exigida. Tem dc poder sc saber com base na regra a que em todos os casíis
possíveis iJusto t>u injusto, porque se refere à nossa obrigarão e nós não possua­
mos Eienliuirta obrigação purá com n yiu' /mu podemos sabir. Ma explicação
dos / fenômenos da natureza, cnmudn, muna* coisas EÓm que permanecer noa í&í
incertas c muitas questões msulúvíii*, jjyrqutr o qLit sabemos sobre a natureza
está long.-a ds um tndofl. os casos -ver üufieiertte com relação no que devemos expli
car. Pergunta-se ora sc na ftlcstfla transcendental Aljturna qutíitiio CDncemcntv
a gm objeso proposto à ratàfl Mja irrespondívd prícisivmentc pcín mesma razno
pttra tí se se l£ffl o direito de subtrair-se â sua resposta decisiva. pelo fato dc
í*:r influída como absolutamente incerta (com bas<j em tudü o que possamos
conlieccr) crurc aquilo do qual ria vord:tde possuímos líinios conceitos pari levan
lar uma q m a s nos fui mm ataoluEamcrue ns meiò» ou a !acuidade para
jamais a responder
Ora. fiu afirmo quC ci fikjsofia transeendeníal possui a pccuiíaridade entre
uxlo í) cortticíinienu> espeeulativo dc que nenhuma quesiâu umc^meinte n uni
ôb.jttrtdado A razão pura é insolúvel p3^a a rivflo humuriM, <
? qnç npnhum
pretexto dc uma ignorância irremediável ç dc uma profundidade insondável do
problema pode dispensar-nm da obrigação de dar umu resposta fundada e com-
pleia sobre a questão. Cum cfíilo, o mesmo conceito que nos põe em condições
dc pcrgunt;ir também tem que tornar-nos inteiramente capa/.cs de responder #
essa questão na medida em que o objeto (como no caso do justo e injurio) oüo
absolutamente encontrado fora do conceito.
/ N a HloKofiíi transcendental. contudo, wmeme da* qucskícs cosmo lógicas soa
pode-se com justiça cííiètr uma resposta satisfatória rclaiívA ã naiure/íi do objeto.
SÊTTi quC ao Fitòsoro seja permiíido subtrair se a ela mediante a iilcgiu^Lo dc ubücu
ridísde impenetrável, Tais quçstões podem J í í l t respeito somente a idéia& cosmti-
iúsictti. Cum eleito, u ubjeiu tcin que ser dado cmpiric:amcnEL‘, e a quesiio cm -
eerne .somente à sua conformidade com uma idéia. Se o objeto ê transcendental
e. portanto, deseonheckío. por exempln. s:e o algti cujo fenômeno nós ntea-
rnus) e o pensameiuo (a3ma)„ é um ente simples -em si, se há un>a cau^a absoluta
nmenie necessária de tod íis ns coifias em conjunto, etc.. então deve mas procurar
248 KANT

para a noswa ide ia uni objeto do qua! pousamos confessar qtie nos é desconhecido
mas nem por isso impossível.74 Somente aü / idéias cosmioLógiciLS possuem a
peculiaridade de poderem pressupor como dados o seu objeto c n síntese empírica
requerida para o seu conceito. A questào que decorre delas concerne somente
ao progresso dessa síntese na medida em que ete deve contcr uma totalidade
absoluta, a qual por fim não é mais nada empírico enquanto não pode ser dada
em nenhuma exp-ericncia. Ora. visto que aqui sc trata mcramenLC dé uma coisa
como objeto de uma cstperiénda possível e nüo como uma coisa cm sí mesma,
astsim a resposta ã questão cosmolòfiica transcendente não pode encontrar-sc em
nenhum outro lugar atêm da ideia, pois nâa se refere a nenhum objeto em si
mesmo; e com respeito á experiência possível não se pergunta pelo que pode
scr dado in concreu» çm qualquer expcríõncia. mas pelo que se encontra na idéia.,
da tjual a síntese empirica dcv;i meramente aproximar sc. Lu^o* a questão tem
que poder scr resolvida unicamente desde a idéia. Com efeito. a idéia ê uma
simples criação da razão. a qual, porumio. não pode repelir a responsabilidade
c atribuí-la ao objeto desconhecido.
/ Níícj í tàu extraordinário como inicialmente parecc 0 falu tle qut? uma
ciência possa exigir e esperar someti te <íoluÇÕeü certea com respeito a todas as
questòcs pertencentes ao seu domínio (questiones domcsticac). cm hora de mo­
mento ainda nãrt Itínham «do Encontradas. Alem da filosofia transzendental, há
uinda duaü ciências puras da ra/ào. possuindo uma delas conteúdo meramente
especulativo e outra conteúdo prático; tttatcrnáiica pura c mvruípura. Por acaso
ouviu<sc já alftuma ve/ yue devido por assim dizer a utnu ignorünci« nccch.sáriu
das condições,, Es/ se pa^ar por inseguro qual 0 coni precisão em números raeuv
nais oii irracionais a relaçHo do diâmetro com a círculo? Vimo que ial rcla^ttO
nüo pode ser dada congruentemente pelos números racionai*, c que pelos irracio­
nais ainda não foi encontrada, emno se julga que pelo menos a impossibilidade
de t;il soluço possa *er conhecida com segurança, e Lambeu forneceu uma pro
vu « respeito. Nuis prlncípiu* universais dos coslumcK nadü pode scr inseguro*
porque as proposições ou sào lolaJ e absolutamente nulas e viu ias de sentido
ou tem que derivar simplesmente dos conceitos da nossa ra/ãu- No conhecimento
da rtalureza, ao contrário, há uma infinidade de &uposiçoc* com relação ás quais
jamats pode esperar-se uma certeza, porque os fenómenos da nuiure/.a san obje
ins dado* a nós indcpendefUeniinLC dos. nossoü concdim; por isso a chave para
a yuu solução nào fie encontra em nós e no nosso pensamento, mas fora dc nós,
e prtdüLmenic por isso em muitos casos nào ptxle ser encontrada. / nüo podendo,
por conseguinte, esperar sç um esclarecimento seguro ú »eu respeito. Naomc refiro
Nu voríliJu, não se potU <Jnr uma rwpusia d questão sobre quäl ä iiílu rw a de um ubjcio iranüCencicniBl.
iüto é, tf-uf misu eh' íf/u itiai >c pode bem dizer q jc a [irapria qwstèo nada è pdf> fftlú ik nài> lhe « r
objeuv illiíum Çç?m isso, todas as tjuc&tòes üit üuiitrins Irwícsnck-rilut iu uJmn mmhcm ckhWi peccbcr
ç crciivamcnlc recehcm uma itspoíts. Prtis Cônçeíiwsn AP sujeim inusecnjcntal üv- tudou m rcnnmen^
Intemos» o quul não i ele mesrnti lenurtiL-rí» c ponnmo nicj c ündo uirno objeto, e C4m respeito 'itü quil
neojtuma. das ooicE^rini (pav^ a-s qujúb pn>pciâiiivnic c po^tA n / quosiáo) cticunlra condições d í sua apJiç^'
Rstc c puií ü caso -tini t|uc vale » íxpressão comum de que a itt^ncia de resfmsta c lamhcm uma
içsp oüli, a sah íf, ite que é imaltníillé nula e vawa um » Ciucsian ^-itnr a n aiuic/n iljicjbitlf algo cjn< n i *
pode ser pensada rráJianie nenhum preíficado d^tírinmnHa fK»r «cr pnstfi ir^qJrai^ni« r._.r u Oa tsftra dos
objeio« t|ue nfij [Wlem ser H^ijus.
C R ÍT IC A DA R AZÃO PU RA 24?

aqui àü quesEões da Analilica Transcendental, que dizem respeito ã dedução do


nosso conhecimento p u m , porque qgora traia m o s somente da cxrte/.a dos juízos
eom vista aos; objetos e não com vistíi â ongern. dos nossos conceitos- mesmos,

Não podemos fugir du obrigação de uma solução pelo menos crítica para
as qucstòcs da ra/ão apresentadas lévanlando lamentos sobre os limites esLreitoíi
da nossa razão e confessando. com a aparência dc um humilíssimo conhecimento
de nós mesmos* que esteja acima da nossa razào estabelecer sc o mundo existe
desde a eternidade ali sc tem um inicio; se o espaço cósmico è repleto de entes,
ate o infinita ou sc está encerrado dentro de ccrtos limites; se no mundo algo
é simples ou se tudo tem que ser divididrt a té o ínfíníioí se l>á uma gcruçüo v
produçãu y pyrtfr dy liberdade ou se tudo está ligado ã cadeia da ordem naturah
lln:ilmente, se há algum eriLc totalmente incondicionado e necessário em sí ou.
se tudo é condicionado quanro ã sua exi^tcncia c, por conseguinte. externamente
dependente e contingente cm si. Com deito, todas essas questócs di/cm respeito
-íi um objeto que nào pnde ser dado em nenhum nutrn lugar a não s^r cm nosso
pensameniu, a saber, a totalidade absolutamente incondicionada da síntese dos
Fenómenos. Se ,1 partir dos nossos conceitos nao podemos dizer c cstabclcccr
rtaüa seguro / a respeito, nem pnr is^o no^ é permitida atribuir a culprt si cois;i
que st ixíullíi d nós, Com cíeilu, semelhiinu coisa (por nãó se eneorurar cm lugar
nenhum fora da nossa idéia) nno pode absolutamente scr dada. mai lemos que
procurar ü causa tkt inccrtcza na nassa própria idéia, a qual i um problema
que nno permite nenhuma solução é com rclúçâo à qual obstinadamente admiti
mos que lhe corresponda um objeto real. L)ma clara exposição da dialética que
encontra no nosso próprio conceito levar-nos ia depressa á plena certeza relati
vãmente ao quú devemos julgar sobre uma tal questão.
k vossa desculpa de incerteza com respeito a esses problemas pode->c con­
trapor primeiramente n seguinte qucstào. â qual tendes que responder peto menos
claramente; Donde vos provêm an ideias cuja ütíluçào Vús enreda aqui em Utl
dificuldade? Trata se porventura de fenômenos dc cuja cxplicaçau eureceia c com
"«s|xm:o aos quais, cm conseqüência dessas idéias, precisais procurar somente
os princípios ou :i regra da sua exposição'? Admiti que; a ruitureza esLcja comple-
tuniciue descoberta diariii- dc vós e que ;i vossos sentidos c à ci>n&ciénciA nào
Ficuu oeuho nada de tudo o que Ibi aprcscnuidu à vusüu intuiçâu; cm tal caso.
todavia, nào podereus conhecer in concreto mediante; nenhuma experiência o obje-
rti das vossas ideias (pois alem dessa intuição completa requere r-sç-ào ainda uma
fttMcKe acabada / c a consciência diL sua totalidade absoluta, u que de modo
al^um é possível mediante qualquer conhecimento empírico)- Logo. a vossa ques­
tão de okhJo algum pode ser necessária à explicação de qualquer fenômeno que.
se apresente e nem pois ser como que imposta pelo próprio objeto. Com erciux
<->objeto não vos pode jamais aparecer, porque ele não pode ser dado mediante
nenhuma experienein possível. Permaneceis sempre com todas- üs pcrcepçòe.s
possíveis prisioneiros sob cíuuiiçnes, quer no tempo ou no espaço, e nao alcan
vais nenhum inçondídonado para estabelecer se c;sse incondicionado deve ser
poslo num inicio ah.wluit> da síniese ou num;i totalidade absoluta da serie acm
KA N T

inícao algum. O todo. porém* na Mia significação empírica é sempre apenas com­
parativo. O todo absoluto da magnitude (o universo), da divisão. da derivação,
da condição da existência cm geral, juntamente com todas as questões deve reali
zar se mediante unia síntese finila ou ume síntese progredindo até o infinito, não
Lem nada a ver com quaiquer experiência possível. Vós. pur exemplo, não pode­
ríeis esclarecer minimamente, ou mesmo apenas dc outro modo OS fenómenos
de um corpo se admitísseis que e]e conste de partes simples ou sempre sem cxcc
■çãü de partes compostas. Com efeito, jamais pode aparecer-voà um fenômeno
simples e tampouco uma condição infinita. Os fenômenos requerem uma explica
s jí çâo somente na medida em que as coiidiçôcs deia / são dadaà na percepcão;
mas tudo o qut; alguma vez possa ser dado a essa* condições quando e tomado
conjuntamente nmn ioda absoluta não75 ê ck próprio uma percepção. Porcin,
é propriamente desse todo que $c requer uma cxplicaçào nos problemas Lranscen-
dentais da ratão,
P o rtan to , a solução des&js problem as ja m a is pode apreseruar^se na experiên
cia . A ssim não podeis dizer que rysultu incerto que c o isa deve ser atrib u íd a aqui
ao objeto. Po is o vosso objeto encontra se apenas no vosso cérebro e nÜo pode
s^r dado fora dctc. E m virtud e disso, deveis cu id ar aomente de ser coerentes con*
vo sco mesmos, evitand o a ím fib o b g ia que tran sfo rm a a vossa ideia num a preten­
sa representação Ue um objeto dado em piricam ente e, portanto, eoenoscívcl iam
bém segundo lefe da experiência. L o g o , a so lu ção dog m ática, ac não é incerta,
é pelo menos im possível. A solu ção c ritic a , contudo, que pode ser iriLciramcntc
eeríii, nüo consideru absolutam ente a quentão segundo ti potito dc vista da o b jeti­
vid ad e m as segundo o fundam ento do conhecim ento, sobre o quul a questão e.stá
baseada-

su / S E Ç Ã O Q U IN T A D A A N T IN O M IA DA RAZÃO PURA

R E P R E S E N T A Ç Ã O C É T IC A DAS Q U kSTÕ K S C O SM O LÔ G í C A S
A T R A V É S D E T O D A S AS Q U A T R O ID É IA S T R A N S C E N D E N T A IS

R e n u n c ia ría m o s de boa vontade ã cx inen cia de ver respondidas d o g m atica­


mente as nossas questões se com preendêssem os j á previam ente que, seja qual
fosse a resposu», ela somente aumentaria a nossa ig n o râ n c ia e precipitar-nos-ia
de um a iiico m p recn sibllidadc a uuira,, dc uma obscuridade a outra ainda maior,
e la lve / mesmo em c o n tra d iç õ e s Se a nossa qu eslào co m p o rta m eram em e afir
m açào ou negação, então se age com prudência quando se deixam m om entanea­
m ente de lado os p ro váveis fundam entos d a resposta e se eonsidera antes dc
tudo que se ganh aria se a resposta resultasse fa vo ráve l a umn parte, ou se cia
resultasse fa vo rável à outra parte. O r a T sc se v e rific a que em ambOü os casos
s t chega a um resultado p riva d o dc scniidn (nonserts). então possuím os um Tunda

Na tradução dtsta paf^a^em, seüujtuiím Mdlin e a. sdiçan da Academia de BerSim. feutistiniin*? "«[ve'“
= uma, que não faz senlido ní» tCKIúu púr “ lieinc" = nenhuma. íN , dfrs T.)
do motivo para examinar criticamente a nossa questão t: ver se cia nào repousa
sobre uma pressuposição infundada. o li se não joga rnm uma idéia que trai me­
lhor a sua falsidade na aplicação e mediante as suas consequências do que na
representação isolada- Esla c a grande utilidade / de que í possuidor o modo
cético no tratar as questòes que a razão pura pee à razão pura: mediante ele
c com pouco Cüfurço pydcmos desembaraçar-nos dc um grande deserto dogmáti­
co ü substitui-lo por uma sóbria crítica, que. como um verdadeiro ctilartico. climi
nará felizmente a iíusão presunçosa juntamente com o que a acompanha, a poli-
maiia.
St, pots, com respeito a uma idéia cosmulúgica eu pudesse entrever anteci­
padam ente que qualquer parte do incondieítmado da sintesc regressiva dos fenô­
menos que ela abraçasse, ela. contudo, seria para todo conceito do entendimento
ou grande demais ou pequena demais, então eu compreenderia que ela — tende
a ver somente com um objeto da experiência, o qual deve ser adequado a um
possível conceito do entedimento — terá que ser totalmente va7Ía e $em significa
çâo, porque o objeto, seja dc que modo eu queira acomodá-lo à idéia, não se
adíipia à mesma. E este é reaEmcntc o caso de todos os conceitos cósmicos, os
ijuais por isso envolvem também a razão, enquanto se liga aos mesmos, em uma
inevitável antinomia.
Com efeito, admiti em primeiro higar que o mundo não tenha um início:
em Lal caso ele è grande demais para *; vosso conceito; pois este, que consisle
num regresso sucessivo, nào pode jamais alcançar a inteira eternidade decorrida.
Suponde que ele tenha um Início, então cie. por sua vez, é pequeno demais para
o conceito do voaso entendimento no necessário regresso / cmpífico. Poiü, já
que o início pressupõe «sempre ainda um tempo que antecede, cie não ê ainda
ifictmdidonado c n lei do uso empírico do cnccndimemo tmpOC‘Vüíi de perguittar
adiante por uma cortdiçào temporal mais alta; o mundo, portanto, ê manifesta
mcnLc pequeno demais para é$sa lei,
O mesmo ocorrc com respeito â dupla resposta à questão sobre a magnitude
do mundo segundo o espaço. Com efeito, se o mundo é infinita e ilimitado, então
c grande demais para todo o possível conceito empírieo. Sc eíe éfinito c limitado*
cmào perguntareis airtda com direito: que determina Osses limites? 0 espaço va
à o não 6 correlato das coisas subsistentes por si, nem pode $cr uma condição
nü qual possais ficar parados* muilo menos ainda pode scr uina eondiçâo ernpíri
cit que constituísse uma pane de uma experiência possível. (Com efeito, quem
pisJe ter uma experiência do absolutamente vazio?) lodavia» para a totalidade
absoluta da síntese empírica requerer se á sempre que o inoondicionado seja um
conceito de experiência, Logo. um mundú (imitado è pequeno demais para o vos-
%o conceito.
Hm segundo lugar, se todo fenômeno no espaço (matéria} consta de um mi-
nierv infmtio de partes, cmào o regresso da divisão é grande demais para o vosso
conceito; e, se a divisão do espaço deve cessar em algum membro qualquer dela
(na simples), então ele é p&jueno demais píirs a idéia do incondicinnado. Tal
membro, / com cfçito„ deixa ainda sempre aberto um regresso a maii partes conti
das nele.
252 KANT

Em terceira lugar, admiti que em tudo o que acnntecc no mundo nào haja
natlu que não seja uma conscqíicncia SrôStmdu leis da nuiureza; então a causallda
de da cíiusa sempre é por sua ve/, algo que acorttecc c que toma necessário o
vosso regresso em direção a uma cau^a ainda mais alta c. por conseguinte, o
prolongamento indefinida du série dc condiçòci a pane prinri. A simples nature­
za efjdertte. portanto, c grande demais para todo o vosso conceito na ^intuse
dos eventos do mundo.
Se escolheis aqui c acolá eventos produzidos espontaneamente, por conse­
guinte. urna geração a parLir da fiberdude. em tal caso o porquê vos persegue
■segundo unnu inevitável ki da natureza w cunsiringc vos 3 ultrapassar este ponto
secundo lima l-tsi causal da experiência. Encontrais então que semelhante total ida
de da conexão é pequena demais para o vosso nectfsbário conceito empírico.
E th quarto lugar, sc admitis um ente absolutamente mcvssárÍQ <qucr seja
ele o mundo OJ algo no mundo ou a causa do mundo}, ponde o enlào num tempo
inlmíuiiTtenic distante de itxlo instante dado. pois du contrário clc dependeria
de uma outra existência mais antiga. Hm tal ca*o. entretanto. esta existência c
inacessível uo vosso coneeilu empírico, t grande demais para que possais alcan­
ça-ta mediante qualquer regresso continuado.
/ Se. todavia, ^ u n d ii d voswi opinino UkEo n que pertence ao mundo (quer
Mnifl condicionado ou como condição) é cmvingentc. eiitào toda evi&tcncio diida
a vós ê pequena demah para o vosso ucnccitò. Ela. efetivamente,, vos eonsLrinB«:
a procurar ainda sempre lima outra existência dn qual dependa.
Fm todos e^fiÈs casos dissemos que u tdêui do mundo é ou granUc ütimms
ou atnda pequena dcmnis para o regresso empírico, por cor* seguinte. para lodo
o conceito possível do entendimento, l*or que não nos expressamos inversamente
e dissemos que no primeiro cawi o ennc.eiui empírico è sempre pequeno demais,
no secundo, porém. i*ra,nde demais para :i ideia e que, por eonseguiruc, a Culpa
é arnhulda íu> regresso empírico, ao inves dc acuttir u iUéiu «nmmlóçtca dc por
excesso ou por falia desviar-se do seu Hm. ,1 saber, da experiência possível1 ? A
razão diito foi a segutnie: a eHpüriãnciü possiveí é a isnica cyje pode dar realidade
aoN nossos conceitos; sem ela todo conceito é wmente unia idéia prtvadu dc
verdade c dc relação com tim objeto. Por isso o conceito empírico possível c n
a única medida segundi» a qual a idéia tinha t|ue ser julciida: r*c é uma «úmpies
idc.él £ um ente de pensamento, ou se encontra o seu ahjoto mundo. Com
efeito, que uma coisa seja grande demais ou pequena demuis com respeito a alp.u-
ma ouira coisa, diz-se somenie do que e admitido em vista desu última» t íi
ela tem que scr endereçado. Aos passatempos da antiga / escola dialética penen
cia também esta questão: se uma esfera rtào pa^sa através de um buraco dever-
SC á di?er què a esfera ê demasiado grande, ou que o buraco é demasiado peque
rto'! Neste caso c indiferente como queiruis expressar-vos, pois não sabeis qual
de ambas as coisas ciciste em vkta da outra. Ao conLrário, não direis; o homem
c dcmasiaüií longo para o kcu traje, e sim: o traje è demasiado curto para o
homem.
Pu riam o * pelo m enos tom os conduzidos à fundada suspeita de que i s ideias
C R ÍT IC A DA RAZÃO PU RA 253

cos mo Lógicas e com elas a todas as asserções sofisticas postas em conflito entre
si talvez subjaza uni conceito vaiio e simplesmente imaginário do modo como
nos; c dado o objeto das ideias. E esta suspeita já pode guiar-nos ao rastro certo
para descobrir a ihisào que nos desencaminhou por ião longo tempo.

S EÇ Ã O S E X T A D A A N T IN O M IA DA R A Z Â O PU KLA

O ID E A L IS M O T R A N S C E N D E N T A L C O M O C H A V E P A R A A
SO LU Ç Ã O D A D IA L É T IC A C O SM O LÓ G lC A

Demonstramos suficientemente na Estética Transcendental que tudo o que


ê intuído no espaço ou no tempo, portanto, todos os objetos dc uma experiência
possível para nós. nuo passam dc fenômenos. Isto ê* / meras representações. que. *i<a
Lal quaj são representados* como entes extensos ou sénes de mudanças, nâo pos­
suem uma existência fora dc nossos pensamentos e fundada cm si. Denomino
este cnnccitii doutrinal de icípaíistno tftinseeHdfiHft!.7* 0 realista no significado
transcendental faz destas modificações de nossa sensibilidade coisas subsisiemcs
em si, Iratando, por conseguinte. meras representações como coisas em si mes­
mas.
Cometer se ia contra nós uma injustiça sc nos fosse atribuído o já hú lanco
tempo tão mal-afamado idealismo empírico, o qual, enquanto aceita a realidade
própria do espaço, nuga,, üü pelo inenos considera duvidosa, a cjdstcnciíi dos
fintes extensos no mesmo, eque neste particular não concede nenhuma dilerençíi
suficiciucmentc demonstrável enire o sonho c a verdade. No que se rçfcre aos
fenômeno* do sentido interno no Lcmpo, enquanto coisas reais, o idealismo em
pírico ii ão eileuiilra nenhuma dificuldade; chega atá & afirmar que única e exclusi­
vamente esta experiência interna demonstra ^uflcicmcmente a existência real de
sCti objeto tem si mesmo, com toda esta determinação temporal),
/ O nosso idealismo transcendental, em contrapartida, permite que os obje- .«o
tos de uma intuição externa realmente sejam ta] qual intuídos no espaço, e que
todas as mudanças 110 tempo sejam tal qual o sentido interno as representa, Pois
jü que o espaço é uma forniu daquela intuição que denominamos a externa, e
que. sem objetos neste espaço, nem haveria qualquer representação empírica, cn
tão podemos e temos que nele admitir entes exlensos comn reats'.e exatamente
o mt-sino também ocorre com u tempo. No emanio. aquele espaço mesmo maiü
este tempo e,juniamime com ambos, todos os fenômenos não sào. em sí mesmoit,
tMiias; nada mais sào que representações, nào podendo, de modo algum, existir
fora dc nossa mente. Mesmo n intuição interna e sensível dc nossa mente (cn

f0 Tam bím 0 ctiajnei is veze> dc ktkalismn form al para disttnguj-lo do mmend. isto c, dc comum, que
iluvida d» Ciisaoicia das própíias COISAS. éilrnures uu ,1 ntga. Km «rrtis casiw, jw-eM JvcnnselliftveJ uClEíüút
preferentemente £5!a expftiSio áo que a acimji. a fim de evitar qualquer fa lu ír terf relação.
254 KANT

quanto Objeto da conscíênciaiu cuja determinação c representada através da su­


cessão dç diversos estados no (empo. não c o verdadeiro eu tal qual existe em
SÍ. ou sujeito transcendental, mas sim unicamente um fenômeno que foi dado
ã sensibilidade deste. ente desconhecido para nós. A existência ücfcte fenômeno
interno, enquamto uma coisa assim existente em si não pode ser admitida, visto
que a sua condição é a tempo, o qual não pode ser a determinação de qualquer
coisa em si mesma, No espaço e no tempo, no entanto, a verdade empírica dos
fenômenos está suficientemente assegurada* bem como suficientemente distingui­
da / do parentesco com õ sonho, caso ambos la verdade e os sonhos) se interco
necíem correta c universalmente numa experiência segundo leis empíricas.
fcm decorrência disto. os objetos da experiência Jam ais sâo dados vttt ai
mesmos, mas somente na experiência, não exisíindo absolutamente fora da mês
ma. Que possa haver habitaniefi na lua. tümbora cienhuni ser humano jamais os
tenha percebido, certamente tem que ser admitido. Mas isto significa tào somente
que poderíamos nos deparar com eles no possível progresso da experiência; poí*
I tido o que esLü num contexto com uma percepção segundo às leis do progresso
empírico ê real. tltíS sâo reais, portanto, se estão numa imerconexào empírica
com n mínhu consciência real. mesmo que justameme por isto eles não «iejatn
reais em si, isio c. Tora desle progresso da experiência.
Nada mais. nos $ realmente dado íiue a percepção e n progrc&so empíricu
deita ii outras percepções posKÍvcin. Pois em si mesmos os Fenômenos, enquamy
mera« rcprcscnia^<>cs. só são riais na percepção, a 41101. de fato, não é outra
coisa que a realidade de uma representação empírica, isto è. fenómeno* Denomi­
nar um fenômeno dc coisa real antes da percepção ou significa que temos quç
encontrar uma tal perccpçàn no progresso da experiência ou não pftssui nenhum
significado. Hois que ele existo cm si mesmo* sem relação com os noàxos sentidas
e experiência possível, certamente poderia scr dito / ca.so se estivesse fafando
de uma coisa em si mesma. Refcrimo-nos* no emaruo, simplesmente a um fenò
meno no espaço e no tempo. riàô sendo nenhum destes úitimo.s uma determinarão
(3as coisa« em si mesmas, rtfiàa sim unicamente de nossa «cnsihilúUde, ft por
isio que aquilo que é no espaço e no tempo tos. Icnômenos) nà*.» c* em .si. algo;
consbte, ao contrário, cm mera* representações que, se na o sâo dadas em nós
(na percepção);, em parce alguma podem scr encontradas.
A racukladc de intuição sensível só é, propriamente, uma receptividade para
scr afetada, de certo modo. por representações cuja relação recíproca consiste
numa imuiçâo pura do espaçu o do icmpo (puras formas de nossa sensibilidade)
e as quais, na medida em que são conectadas e determináveis nesta relação (no
espaço e no tempo) segundo as leis da unidade da experiência, se intitulam obje-
í<3s. A causa não-sensível destas representações nos c totalmente desconhecida,
e por isto não podemos tnLuí-la como objeto; pots um objeto .semelhante teria
que ser representado nem no espaço nem no tempo (enquanto simples condições
da representação sensível), enndições sem as quais nào podemos pensar nenhuma
mmiçflo. Enquanto isto, podemos denominar a causa unicamente inteligível dos
fenômenos fim geral de objeto transcendental, e isto só a fim dc que tenhamos
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 255

iilio correspondente à sensibilidade enquanto uma receptividade. A esie objeto


transcendi; ntal podemos atribuir ioda a extensão c intcreoncxào de nossas / per­
cepções ptaâívctH e tlií:cr qu<i e5e é dado em si mesmo antes de ioda a. experiência.
Por outro lado. os fenómenos não são. de acordo com ele, dados em si, mas
!>im emente nesta experiência, pt>is eles são meras representações que significam
um objeto real somente enquanto percepções, a saber, quando esta percepção
se iiilerconecia com iodas as demais segundo as regras da urtidade da expçriên
da. Pf>de-se di/er, assim-, que a& eoísas reais tio tempo passado são dada^ ud
objeto iraitscendental da experiência: mas para mim elas só são objetos e reais
no tempo passado na medida em que me represento que uma série regressiva
de percepções possíveis. (seja no fio condutor da história ou nas pegadas das
eac^a* c efdtus) segundo leis empíricas, numa palavra o curso do mundo conduí
a uma série decorrida de tempo como condição do tempo presente, o qual, por
sua veü. sõ é representado uimn real na intereonexão de uma experiência po&sí-
vel. e níio cm si mestus). Desta maneiro todos os acontecimentos ocorridos no
tempo imemorial que precedeu a minha existência não significam outra coisa
que a posaibilidadi; de prolo n g ar it cadeia da experiência u pnrtir da percepção
presente até atingir as condições que determinam, segundo o tempo, esta última.
Por eonseyuinte. sc mc represento conjunuimente todos os objetos existentes
dos sentidos cm iodo tempo c em todos os espaços. então não os ponho dentro
dc&tcs dois j ante& da expcriencia. mas esta represema^An nào é outra coí$a que
0 peníjíimcnLu dc uma experiência possível em s-ua conipletude absoluta. Unica­
mente neln aqueles objetos (que nada mais são que mera.;! representações! Hao
dados. Dizer, porém* que eles existem antes de coda a minha experiência signiílea
tão somente que eles podem M:r encontrados naqueta pitrie da experiência para
a quaí, partindo da percepção, tenho. antes de mais n.id:i, que progredir, A cuusu
díis eondiçòes empíricas deste progresso, portanto, que membros posso encontrar
ou. lambem, até que ponto posso encontrar algum membro no regresso é trans
c^ndentu] e por isui. iiclcssmriam ente desconheci d;* :i mim, Lünirmnto. não í
disto que se traia, porem unicamente da regra do progresso du experiência na
qual me sàodrulos os ohjet<>.K. ou icja. reniuntrruiN. Quanm ao resultado,. mnw»
la/„ mmbêm, sc afirmo que no progresso cmpírico no espaço eu posso encontrar
estrelas que estão uma centena de vezes mais distantes do que as mais longínquas
que vejo, ou se digo que utlve.? possam ser encnnlrudas tais no universo, mesmo
que jainajs. um ser humano as percebeu ou venha a perceber, Com efeito. mesmo
que elas fa&scm dadas em geral como coi&A* em sí mesmas, sem rotação a uma
experiência possível. ainda asüiin elas nada sào para num: portanto* também não
são objetos, a não ser enquanto contidas na série do regresso empírico. Só numa
ouira relação, quando justamente estes fenômenos devem ser utilizados para a
idéia cusmológieii de um todo absoluto / e quando se trata pois dc uma questão
que ultrapassa os limites da experiência po^ívd, a distinção do modo pelo qual
se toma a realidade dos objetos pensados dos sem:dos é de relevo, a fim de evitar
uma ilusão enganadora que tem inevitavelmente que se originar da falsa interpre-
taçao dê nossos próprios conceito í empirieos.
256 KANT

StÇ Ã O SÉTIM A DA AN TIN O M IA DA RAZAO PURA

D E C IS Ã O C R ÍT IC A DO C O N F L IT O C O SM O LÓ G IC O
DA R A Z Ã O C O N S IG O M E S M A

Toda a antinomia da razão pura repíHisa nobre o seguinte ar&umcnto dialéti­


co: se o condicionado é dado, então a série inteira de todas as. condição dm
mesmo também e dada; ora. os objetos dos mentidos n«s são dado?, como condi­
cionados, logt> etc. Através deste silogismo, cuja premida m:iíor pnrççe tào naLu
ral c evidente, sâo agora introduzidas, segundo a diversidade das condições (na
síntese dos Fenômenos)* na medida em que perfazem uma série, exatamente tantas
idéias cosrnnl óticas quantas postulam a sota Iidade absoluta de-sias séries e que.
jusLamcme devido a Esto. põem a ra/.ão inevitavelmente em contliui consigo meS-
mu. Mas antes que revelemos o que há de enganoso miste argumento racionali
jíiitiw. temos que ru>.s preparar para ca) mediante a / correção c a determinação
dc certos Conceitos quu nclu ocorrem.
Em primeiro lugar, a seguinte proposição é clara e mdubiuvctancntt: «írta;
que, kc o condicionado é dado, nos é im p o s t v . exatamente por isto um regresso
na série de todas as condições para o mesmoi com efeito, o conceito do condicio­
nado j i implica que, mediante tal, algo é relerldo a uma condição, e quando
esui por sua ve/ íambem ti condicionada* algo ê rderido a urrui condição mais
remota e assim através de iodos y;> membros da série. lista proposição é, pois.
analítica, nào tendo nada a temer de urna crítica transcendental Trata sc de uni
pustüludo lúgico da razão; perseguir mediante o entendimento è estender, tanm
quanto possível, aquela eoiicxão dc um ctmccúo que já decor rc ddç mesmo com
as suas condições,
Aièm dism; $e tanto o incondicionado quanto a sua condição sào coisas
cm M mesmas, eiuão. se o primeiro foi dado. não só o regresso í» segunda è
impnxta. mas este jâ é nwlmpriie junto com isto; c jã que isto vale para
todos os membros d;t série, então a série completa das condições, portanto, tam
hém o incondicionado, é Concumitantcmente dnda mediante lai, ou antes pressu­
posta pelo fato de que o condicionado, o qual só era posisívcl airavés daquela
série, é dado. Aqui a síntese do condicionado com a sua condição é uma símese
do mero entendimento, o qual representa as coisas tais quais são sem sc preocu­
par com se e como / podemos aiinptir o conhecimento das mesmas. F m contra^
partida, se esuiu às voltai com lenõmcrtos, os quais, enquanto simptes representa­
ções. de modo Hlgiim sào dados se nào atinjo o seu conhecimento (ésui c eks
mesmos, pois eles não sào nada mais que conhecimentos empíricos.), entào nao
posso dizer, com exaLamente esie significado, que, se o condicionado c dado,
então iodas as condições (enquanto fenômenos) para o mesmo também são da­
das, e de modo aJgum posso, portanto, inferir a UiLalidade absííluta da serie das
mesmas, Pois na apreensão fenómenos nao sito p ropriam ente outra coisa que
C R ÍT IC A DA R A ZÃ O PURA 257

uma síntese empírrea (no ü^paço e no temp-o), e somente nesta ele* são dados.
De modo ahsum segue-se disto que. se o condicionado é dado (no Fenómeno),
também a síntese. que perla?, a sua condição empírica, seja pressuposta e dada
juntamente com tal: pelo contrário. esta ocorre, -antes dc mais nada. no rcg.resM>
c nunca sem o mesmo. Num caso tal. no entanto, se pode dizer que um regresso
às condivoes. isto c, uma iíntoe empírica continuada. suja prescrito ou imposto
sob este aspecto. e que não possam faltar cufidiçócs u serem dadas mediante
este rçgresso-
Disto w torna claro que a premida major do sílo&ismo cosmoló^ico toma
o condicionado no significado transcendental de unia categoria pura. ao passo
que: a premissa rnenor t>loma nt> significado empírico dc um conceito da entendi
mirniu n|i:i(.'uJi> ti mirro* llríiiímu-niiii^ uouscqücnicmenle* detecta se aqui aquela
/ falácia dialética que se denomina sophisma ligurae dicliunis. Não sc trata. po
rém. de um engano elaborado artificialmente, híüs sim de uma ilusào eumpleui
mente: natural da rnzfio comurn. Corrt eleito. através desta ilusa«» nó*» pressupomos
(na premissa maior), caso algo seja dado cuidu condiciurmdo. as cnfldivOc* c
n Min série, como que não examintídus, já que isto não ò «utru coisa quii a exigên
cia lógica dc nccrlar premissas completai para uma conclusão dad.i: neste càso
nao ê possível encuntrar uma uidaiãvüo temporal nu conexão do amdicionsido
com :l condição, pois nmho<í síui prc^uposU^hi tm sil como sinuilfatteumcntr
dado», Alem disso, é ião natural (na premise menor) encarar fenómenos corno
coisas em si e. exatamente da mesma forma, Ctimo objetos dado* ao mero enten
di mento quanto ocorreu coin a premida maior. visto que abstraí de loda^ a*
condições da imuiçâo, exclusivamente sob as quais objetos podem scf dadus»
Tínhamos, no entanto, deixado passar despercebida aqui uma diferença diária
dc noia entre os amocilos. A sítutsc do condicionado corn a sua condido c
toda ;i série das últimas (na premis-sa maior) n;V) porutva consigo nada quanto
a uma limiraçâo pelo tempo, h&m cntno nenhum êonccifo dc sucesso. Fronte
a ísho, a síntese empírica u u serie de condições no fenómeno (que é Subsumida
à premissa menor) sào necessaririmcnte sucessivas e dadas urna após .1 ouLra
somente no tempo; por cunseguinte, neste cavi cu não poderia pressupor / a
toiaiiáafie absoluta da síntese e da série me-díante ta! representada 130 bem quan
to nu premissa maior, porque la todos os membros dn série são dados em *i
(sem condi<,5:0 temporal), sendo possíveis na mcruir, no cnumlo, unicamente por
intermédio de um rc^rc-sso sucessivo que só c dado através^ do falo de que renl
mente seja levado a cabo.
Após a demonstração de um tal erro, u do arpumeriLo comumenu: subjaeciiLe
(às afirmações cosmolópicas). am has as partes conflitantes podem com direito
;»er rejeitadas enquanto fundam a Mia e.xi^êiteia üobre um motivo nào fundante.
Através disto, porém. á sua discórdia nào eaiit Lerminada 1 1 0 sentido de que k>u
vessem sido corivtínddasque nmbns, ou until das duas, não tivessem raiãn quan
to àquilo que ela afirma fna cnneJusão) caso não soubesse, ern seguida, uigi-lo
üübrt; um fundamenEo com Ton;a ilemonsiraava.. Nã<* íihstance. nada parece rnaiü
claro que tias duas alternativas — da\ quais urtíà afirma que u mundo possui
258 K A NT

um início e a outra que o mundo não possui um início, sendo, ao contrário,


desde a eternidade — uma tcría que ter ra/üü. Mesmo que seja assim, entretaiuo,
tal ocorre porque a clart'/a e iguai em ambos os fados, senda por suu. vez impassí­
vel descobrir qual dus dois é o correto; c o conflito perdura como dames. não
obstante o& partidos terem *ídt> constrangidos à calma no tribunal da ra,*ào. Não
resu. pois, nenhum outro meto para pacificar a contenda cm seus fundamenLo^
e para a satisfação de ambús as part« do que convencê-las, já que podem tão
bem refutar-se muiuamentc. de que a briga é por nado e que uma ecria aparência
transcendental fê-las ver uniã realidade / onde nenhuma pode ser encontrada
t:.$te caminho de apaziguamento de um íionfiUo desafiador de qualquer tentativa
de decisão c o que agora pretendemos encetar.

* * »

Zenãv de Etéia, um dialético sutil. já foi muito çrúicado por Plaiào como
urn solista maíévolo devido ao fato de que, para mostrar u sua arte. procurava
dcmuimrur qualquer proposição por incio de argumentos aparentes para, fogo
ii seguir, derrubá-la por intermédio de outrtjs igualmente Tories. Z-enâo Alirmavã
que Deus (prova Véf mente nada mais que o mundo píira ete) nâo é nem finito
nem infinito, nem cm movimento nem em repouso, nem semelhante nem desseme
Ihanie i\ qualquer outra cuhix, Aqueles que o juigavam quanto á iülo. parecia
que cie pretendera negar cuOTlpktamenie duas proposiçòes mutuamente eoruradi
tôt ias. o que é abw do. Só qui; eu nào crek? que isto possu ser lhe imputado
cuin justiça. L ogo a stij^uir iluminarei mais de perto a primtira destas propust
çõca, No que tange úá restantes, sc sob a palavra Deus ulú compreincáeu o univer­
so. entâo eertamente dû teria que dixor que este nem está persistentemente preicn-
w em üeu lugar (em repouso) nem modifica o mesmo (se move), pois todos os
lugares estâo unicamente no universo e este mesmo. portanto. não está &W ne­
nhum (ü&ar. Se 0 universo compreendi em si tudo o que cxvülc, cmüo lambem
lïéÿta medida ele i»3o è nem ácmclhanrc nem dissemelhante jí qualquer nutra coi­
sa, jã que fora dele nào existe twnhuma outra coiw / com a qual pudesse ser
comparado. Quando dois juízos mutuamente contrapostos pressupõem uma con­
dição inadmissível, cntàu ambos ficam suprimido;», não ob&tantc o seu conflito
(qtte não é, cornuda uma contradição própria), pois fica suprimido a condição
cxduswaniotuc sob a quitl deveria valer cada uma destas proposições.
Sc alguém diüsesse que todo o corpo ou chciru bem ou não cheira bem,
então ocorre uma terceira alternativa, ou seja que de de modo algum cheira
(emite odores), e deste modo amba^ as proposições conflitantes podem ser falsas.
Dizendo que cie ou è ïtromàiieo ou não é aromático (vcl suaveolcns vcl non
suaveolens), então ambos os juízos se Contrapõem um ao outro por contradição
e somente o pnmeiro é falso» pois o scuoponlo contraditório, ou sçja. que alguns
corpos não sãu aromáticos, lambem compreende cm si o.k corpos que não chei­
ram íie mofio aigvnt. Na oposição anterior (per disparata). a condição contingente
do conceito de Cúrpo (o cheirt») ainda permaneceu junto ao jui?c conflitante e
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

nào Foi, poisTü-uprida por csic’, por isio este último não era o oposto contraditório
do primeiro*
Dtzendo. coiiturme IüL que segundo o espaço o mundo ou c infimío ou
não é irtfirtiio (non e.st infmitus}. então, se a primeira proposição é falsa, a sua
oporia contraditória. a de que o mundo não 0 infinito. tem que ser verdadeira.
Com isto eu somenlc suprimiria um mundo infinito sem por um outro, ou seja,
o finito. / Se se dissesse, porém, que o mundo é ou infinito ou imito (não-ín finito), 532
eníâo ambas poderiam ser fiilsa». Com efeito, então üu encaro o niurtdo enquínitu
determinado, em mcírtin, segundo a sua magnitude, na medida cm que na opo­
sição não só suprimo a infinitude e com ela, talvez, ioda a sua existência diütirtta,
mas também acrescento uma deiermiinaçàu áo mundo enquanto uma coisa reíil
em .si mesma: isto pode igual mente ser ta Iso caso o mundo de modo a/gum seja
dado como uma coiau em j/, portanto também nâo segundo a sua magnitude,
quer como infinito quer ainda como finito. Que me seja permitido dünomirtar
as contraposiçoci deste Lipo de wpusiçãv dialciica, ao passo que as de contradi­
ção se chamam de oposição analítica. Logo, dois juízos contrapostos dialética-
meme um ac outro podem ser ambos falsos devido ao lato de que um não só
contradiz. o outro. míts imnbem di/ al^o mais do que u exigido para a contradi­
ção.
Me se cnearü esias duas proposições, n de que o mundo t infinito segundo
□ ftiagniliKk* C a. de que o rmmdo ü firiiln seguido ji »ua inu^nilu^c, uurrto muLua
tnetite contrapostas por eoniradição, cniãn se admite que o mundo (a série total
dos fenômenos) seja uma eoísa CíH si mesma. Pois ele permaneci, mtsfflo que
eu queira suprimir 0 regresso inímitú ou finito n.i ^crie de seus Fenómenos. Se
rejeito, entretanto, este pressuposto ou esia aparência transcendental, negando
nue se íríiií de uma coisa cm si mesma, critnu o conflito contraditório enire am
bat; as afirmações. su transforma / num meramente di:dético, e já que o mundo sjj
de modo algum cxiü*e em si (independentemente da série re^rosivu dc minhas
representações), não existe ele nem como um todo infinito um xi nem eumo um
iodo/ffl(7í» an si. IX* modo ulgum c t:le uiiconirâvd ctnrisi algo em st mesmo,
mas sim tíio-cimente no regresso empírico da «irie de fcnõmeiuw,. Devido ü ihu,
se esta série é sempre condicionada, emito cia jamais é totalmente dada e <3 mun
do não é, pois, um todo inccMidieionado« logo também nào existe como ia], quer
tom magnitude infinita quer fiinm.
Q que aqui s í disse a respeito da primeira idéia cosmo Lógica, qual seja a
dn totalidade absoluta da magnitude no fenômeno, também vale para todas as
demais. A sêiie de condições sõ pode ser encontrada na própria síntese regresst-
va, mas nao no fenômeno em si e Como uma coisa prúpriu dada ames de todo
t>regresso, iJ:>r isso também terei que dizer: a quantidade de parto* num fenóme­
no dLtdo nuo é em si nem finita nem infiniLa* já que o fenômeno não é nada
lixistenle em si mesmo e q»c as, partts são primeiramente dadas ati'uvcs do c
no regress« da si'fltese decomponenie, regresso este que jamais é dado a um modo
absolutamente total, q u e r como finito quer cumo infinito* O mesmo vale para
a série das causas superpostanienLe ordenadas oe qué procede da existência con-
dieiouada até a ineondiciijitujjiicciie necessária: / esta série jamais pode ser encâ- íjj
260 KAN T

rada, ím si eem sua totalidade. nem como finita num como infinita, pui;* enquan­
to série íic representações subordinadas cia consiste unicamente no regresso dinâ
mico. nãu podendo, porem, dç mixio al&unri existir em si mesma antes desle re­
gresso. C enquanto série dc coisas subsistentes por si.
Km decorrência disio. a antinomia da r&zào pura cm sua* idéias aismológi-
cas se desvancsce pelo fato de que st mostra ser da meramente dialética e um
conflito devido a uma ilusão, conflito que se origina da aplicação da ideia dc
total idade absoluta, que st> vale como urna çondíçào das coisas em si mesmas,
a fenômenosque so existem na representação c. íio casu du perfazerem uma série«
no regresso sucessivo, mas de nenhum ouiro modo. inversamente, porem, desta
antinomia tambem se pode tirar um proveito verdadeiro, daro que rião dogmáti­
co. mas critico c doilLrirtâl: qual seja. demonstrar indiretamente através disto
a idcdidacJe transcendental dos fenômenos caso alp-ucm não estivesse sãiísrdtn
com íi demonstração direta na estéiica transcendental. A demonstração consisti
ria no seguinte dilema. Se o mundo c um lodo existente em si. enião e!e é o
finito ou inílníio. Ora. tanto o primeiro como o .segundo sào falsos (conforme
as demonstrações. acima arroladas, da aruiiesc. de um lado, c da tese. do outro).
I^ofco / também é faíso que o mundo (o conjunto de todos os íenõmenosl seja
um todo existente em si. Disio decorre, entacj. que os fcnóirttfiüs em gcrul nào
sào nada. afofa a* nossas representações, o que ha pouco pretendíamos cxprc.ssnr
com a idealidade transcendental dos mesmos.
F.sta observação é importante. Vê st daí que as prova* anteriores da antino
mia quádrupla não eram ilusões, mas sim fuadamemudas. caso se pressupusesse
t|ue os fenómenos ou um mundo dos sentidos, que os incorpora totalmente, fos
sem coisas em si mesmas. O conflito das proposições disto inferidas rçvela, no
entanto, que no pre.ssuposto há uma falsidade, e mediante tal fato fim, condu?
â descoberta da verdadeira rvmurv/.A das eotsas como ohjetos dos semido;;. A
Dialóiicu Trunscendcmai de forma alguma favorece o ceticismo, mas sim o méio
do cético, o qual pode aponm ta eomo um exemplo Je sua grande utilidade, caso
sc permita que os* arguiu cmib da ra/no se ponham Irente a frente em sua máxtrna
liberdade: estes argumentos, mesmo nào se revelando, por ftm, como aquilo que
sc procurava, sempre rornceerâo aJjío úlil e que servirá para a eorreçào de nossos
juizos.

/S K Ç Ã O O IT A V A D A A N T IN O M IA l)A R A Z Â O P U R A

PR IN C ÍPIO R F G U L ATIVO DA R A ZÃ O P U R A COM R ESPEIT O


ÀS ID ÉIA S COSM O LÓGICAS

J ã que m ediiinte o p rincípio cotfno lú gtco dü. «nulidade iiüiw c dado, num
mundo do& sentidos, enquanto urna coisa em íi mesma, nenhum máximo da série
de condiçuc*, mas sim que este pode mcramenit ser imptmo no regresso desla
mesma série, rt regrido p rin cíp io da mzào pura preserva, não obstam*;* cm seu
significado desta forma eorriaidtx a sua validez; claro que a mamem não como
Ç R ÍT íC A D A R A Z Â O P U R A 361

um axioma segundo o qual pensa a toLal idade no ohjcto enquanto real, mas
sim como um problema para o entendimento-, logo para o sujeito, a Hm de reali
ía t L- -continuar* Jt; acordo com a compkiude na ideia, o regresso na série das
condições para um condicionado dado. Com efeito, na sensibilidade, isto c. no
espaçu c nt> tempo* toda a condição que podemos atingir na exposição de dados
fenômenos por &ua vez. condicionada: isto ocorre porque estes fenômenos nao
são objetos em st mesmos nos quais, em todos os casos., se pudesse encontrar
o absoliuamcnte in con dicion al mas sim meramente representações empíricas
que sempre tem que enconlrar na ímuição aquela condição que OS determina
segundo o espaço ou o tempo. Logo o princípio da razão é. propriamente, só
uma regra que prescreve, na série de condiçòes dos fenômenos I dados, um re j?7
gresso íio qual jamais é permitido sc deter num absolutamente In^ondídonado,
Ele nàoê, pois. um principium da possibilidade da experiência e do conhecimento
empírico dos objetos dos sentidos, portanto, nenhum princípio do entendimento,
pois toda a e^pcriòncia eslá confinada a seus próprios limite»; (conforme a intui­
ção dada); também nao se traia dc um princfpiw constitutivo da razão que nos
permite ampliar o conceito dé mundo dos sentidos para além de toda a expenen
cia possível, mas sim dc um principio du continuação e ampliação rmtior possí­
veis da expenència c segundo o qual nenhum limite cmpírico düvü valer como
o absukuto. É. pota um principio da razão que, etitfuawo r*gra> postula o que
devemos fazer no regresso* mcts que não antecipa o que tw objeto ç dado em
si, antes de todo o regresso. Devido a islo o intitulo um principio regvtativo
da razàu, já que, ao contrário, o princípio da totalidade uhsoliita da serie dc
condições enquanto dado cm si mesmo no objeto (nos fenómenos), seria um
princípio eosmológíco con&ucuiivo. Pretendi indicar a nulidadff deste último mji
lamcmc mediante esta distinção; também tencionei evitar que se atribua realidade
Objetiva ,1 mnjt idéiít que serve uniciímente como regra, atribuição que de outro
modo acontece snevitavelmenie (airavês de uma sub-repçáo transcendental)
A fim de determinar propriamente o sentido desta regra dn razao pura icmos
que observar primeiramente que / ela não pode nos direr o que o ubjeto ê, mas sik
sim com ti sv dt'\'c rxccuictr ,* regressa emp/rica paru atingir o conceito complcu?
do objeto. Pois* caso ocorresse a primeira alternativa, esta re^ra seria um princi
pium constitutivo, coisa que jamais c passívqS z pari ir da rs&úo pura. De modo
algum, pois. pode se ter o propósito de com isto di/.cr que a sério das condições
para um condicionado dado seja em si ou finita ou infinita; com efeito, mediante
tal aascrçào uma simples ideia tia toiiUidade absulma. a qual é unicamente produ­
zida nesta mesma idéia, pensaria um objtro que não pode scr dndo cm nenhuma
experiência, na medida em emàn seria conferida uma reaiidade objetiva, inde­
pendente da siniese empírica, a uma serie de fenômenos, Somente à síntese regrçs
siva na serie de condições, pois. s idéia da razão prescreverá uma regra; segundo
esta última, a síntese procederá do condicionado» mediaiue iodas «s condições
Subordinadas uma à outra, ao incondicionado. mesmo que este jamais « ja ulcnn
çadn. Pais o ahsütuutmente incondieionado dc rrtodn aigurn è encontrado na ex
periència.
Com vistas a tal objetivo, deve se determinar com exatidão, em primeiro
2Ö2 KANT

lugar, a síntese dc unia ^érit na medida em que esta nunca é complyta. Com
este propósito empregam-sc comumente duas expressões que devem distinguir
algo quanto a tsra questão. sem que se saiba bem indicar a razào desta distinção.
Os matcmâtieus IVlam simplesmente de um piogressus in inllniftrm. Üs investiga­
is dores de conceitos / (filósofo^} preLendem. ao invés disto, manter unicamente
a validez da expressão prugressus ín índefinitum. Sem me deter nem no exame
dos escrúpulos que recomendaram uma laJ diitinção nem tio emprego útiJ ou
infrutífero da mesma, procurarei determinar acuradamente estus conceitos em
rclaçào ao meu propósito.
Pode-se Com direito afirmar de uma linha reta que d a pude ser prolongada
ao infinito: ncirte tusti. a distinção de um infinito e de um progresso indetermina
velmtnle longo {progressos in ind^finitum) constituiria uma su li leia vazia. Com
efeito, quando se diz. a alguém paru tragar uma líciha, seria certamente mais cor
reto completar tal ordem com uin in definieuni do que com um in mfinitum,
visto que o primeiro nada mais, siynifica do que proJongú la tunto quanto sequei­
ra, ao pasw-j que o segundo indica que jamais se deve parar dc proloiijjá-Ju (justa-
mçntc o que aqui não c Ecncionudo); pois. quando ác laia unicamente do poder,
a primeira expressão é EOiaJmeniG correta, jà que a linha é sempre faeuvel de
ser prolongada ao infinito. Li a mesma euisa lambém ocorre em todos os casos
em que se traiu somente dt-i progressus. íseo e. cLo íiv:»içuí da condirão ao condi
eiunadu; na série de fenômenos. este progresso possível murdia ac infintto. A
partir de um par dc: genitores c possível progredir ssm fim rta linha descendente
3<hí de geração, bem como íambém conceber que esta linlia realmcrue J progride as­
no mundo, Com efciiu. nc&te caso & ra;do nunca requer um:i totalidade abso­
luta da série porque eUi nuo pressupõe uma tal totalidade como condição e como
dada (datum), roas sim unicamente como algo condicionado que só é dávcl (dabi
le) e Cjue é ndicíortudo sem fim.
Acontece algo totalmente diverso com a .segui tue tareia; alé que ponto se
esLcndc o regresso que ciscercdc. numa série, do condicionado dado às suai condi
çôest SC posso di/cr que se irata de um regresso ao itifiniw ou st'i de um regresso
qut &e estende de modu itidimrnniiiuvehmvvç fango (in indcfimtuin)* ff logo
se. a partir dos seres humanos que w a vivem* poxío ascender ao infinito na serie
dos seus ancestrais; Ou se pode unicamente scr dito quô, por mais que tenhamos
regredido, jamais *e encontra um fundamento empírico pára considerar a série
[imitada de alj.'rum modo. dc forma que se justifique c ao mesmo tempo se esteja
obrigado a procurar, além disto, os progenitores de cada ancestral, apesar de
que certamente nem se justifique nem se esteja obrigado a pressupõ-los.
Km decorrência disto, afirmo que. se o todo foi dado na intuição empíríca,
cnlão o regrusso na 'série da* slleis condi^oes Lnuírnas se estende ao infinilu; se,
no entanto, só foi dado um membro du série a partir do qual o regresso deve
primeiramente progredir para a totalidade ahsoluta. então só ocorre um regresso
ui de unia cxtenüão indeterminadu / (in indefínUum). Desta maneira. íem que ue
dizer que a divísào de uma matéria (de um corpo) dada em seus limites próprios
se estende ao infinito, Com efeito., esta matéria é dada como um todo: eonseqüen
C R ÍT íC A DA R A Z Ã O P U R A 263

temenie, é dada n:i intuiçào empírica com todas as suas partes po&sívds. Ora„
já que a condição deste lodo é a sua parte e a condição des(n pnrte a par£e
da parte ctc.. c já que neste regresso da decomposição jam ah ê encontrado um
membro (indivisível) inoondíeionado desta série dc condições, entâo não sô é
irripo55ÍvcÍ descobrir um fundamento empírico pura cessar a divisão, mas tam­
bém os membros restantes da divisão a continuar sào d cs mesmos empiricamente
dados antes desta continuação da divisão, ou seja. a divisão se e&tende ao indrtitn.
Frente a isto. a serie dc ancestrais dc um homem dado nâo c dada. cm sua totali­
dade absoluta, em nenhuma, experiência possível; o regresso, no entanto, vai de
cada membro desta geração a tim mais elevado, de forma que não pode scr en­
contrado um limítc empírico que apresente um membro como absolutamente in
condicionado. Mas já que também os membros que poderiam fornecer a condi­
ção psara tanto não estão eomfcdOs, já anLts dg rc^rcsbus, na iiUuiçào empírica
do todo. este regressus não se estende ao infinito (na divisão do dado), mas ?>irn
a uma extensão indetermináveis procurando membros adicionai* aos dados* os
quais, por sua vez. sempre $ão só condicionadamcntc dados.
/ Em nenhum dos dois casos. tanto no regressus in infinitum quanto no
in indefiniium. a série dc condiçòcs c vista cumo duda infinitamente no ubjelo.
Não se trata dc coisas que são em si mesmas, mas *im unicamente dc fenômenos
que, enquanto condições um do outro, só são dados no próprio regresso. A per­
gunta nào se refere mais, pois, x quão grande esta serie de condições ú em si
mesma, se finita ou infinita, pois ela nada é cm si mesma, mas sim a como deve
mos levar a cabo o regresso empírico e até onde devemos prosseguir çom o mes
mo. K aqui existe uma diferença considerável no que toca à regfa deste progresso.
Sc o todo Tor dado empiricamente, então c possívei regredir ao injhiíio na série
dfis suas condições internas: em conirupartidíu kc aqueta nut.» foi dado. devendo.
poi&. ser primeiramente dado «través de um regresso empírico, então só posso
dixer que e possível ao infinito progredir y eondiç&cs aind*i mais dcvada$ do
sérlti. No primeiro uaso. pude a llrn w que «m p ri exibem mais membros, c empi
ricamente dados, do que atinjo mediante o represso (dn decompo.MçiuO; no secun­
do, entretanto, que no regresso posso ainda seguir sempre mais. Eonge. já que
nenhum membro é cmpiricamcnte dado como Jib*ulu Lamente incondtcíonãdo, o
que admite. pms. um membro ainda mais elevado como pos&ivel e. portanto*
a perquirição pelo mesmo como necessária. No primeiro caso era necessário en­
contrar mais membros da serie, mas aqui c sempre necessário pergunfar pelos,
mesmos, já que nenhuma / experiência é absolutamente limitada. Com efeito,
ou nao tendes umu percepção a limitar absolutamente o voãso regresso empírico,
e então nao deveis considerar o vosso regresso como completo, ou cntào tendes
uma Lal percepção a limitar a vossa série, e neste caso esta percepção não pode
ser uma parte da série que perconesles tpurque aquilo que iiniiia tem que ser
diverso daquilo qup. ê \tmitado mcdmnte trl), e em vosso regresso tereis» pais.
que prosseguir lambem a esta condição, c assim por diante.
Por intermédio de sua aplicaçào, estas observaçòcs serão post&s em sua
luz adequada na seção seguinte.
KANT

SEÇÃO NONA DA AN TIN O M IA DA RA ZÃ O PURA

DO USO EMPlEUCO DO P R IN C ÍPIO REGULAT1VO DA RAZÃO


COM R ES P EIT O A TODAS AS ID ÉIA S C 05M 0LÓ GICA 5

Já que inexiste. como apontamos diversas vezes, uirt emprego transcendem&|


dc conceitos puros tanto dú tíntendimento quanto da raxâo, já que a totalidade
absoluta das séries dc condiçucs no mundo dos sentidos repousa exclusivamente
sobre um emprego transcendental da razão . a qual exige esta compleiude incon-
dicionatia daquilo que cia pressupde Cümo / uma coisa cm si mesma, e jã que,
no enLanto, o mundo dos sentidos não contém esta completudc, então jamais
se pode fafar* no que tange ã magnitude absoluta das series no mundo sensível.
iim termos da alternativa dc se da £ limitada ou ilimitada em si, mas sim unica­
mente até que pontos devemos regredir no regresso empírico quandti nós remon­
tamos da cxpcricncia às suas condições. a fim de que nos fixemos, segundo a
regra d3. razão» em nenhuma uutra resposta à$ quístôes da mesma que não a
adequada ao objeto.
Resta nos, pois. exclusivamente a validez do princípio tia razâu enquanto
a dc uma regra para a continuação e magnitude de uma experienda possível,
c isiudcpuis que sc demandou üufideniememc 'Asua invalidade como um princí­
pio consiitutivo dos fenômenos. cm st mesmos. Casu po^utíios, serrt sombra dc
dúvida, manier aquela conclusão em vista, também c confluo dn raiSo condigo
mesma cessará de iodo: pois- não .só mediante esta solução crílica ficará suprimi
dn a aparência que feí. com que a r.iv.no sc desaviesse consigo mesma, ma)» umi-
bem sc desvenderá. cm seu lufcíir. o sentido segundo o qual ela concorda consigo
mesma e cuja falsa interpretação foí a fome exclusiva du disputa. Um princípio
que dc ouirn modo é diúlético se invnsforma, então, ruim princípio doutrinaL De
fato. sc es« principio pode ser confirmado como determinando* segundo o seu
-Significado subjetivo e cm adequação aos nhjetos da experiência, o emprego
maioí possível do entendimento na experiência, então islo seria exatamente como
se / ele sob a forma de um axioma (o que é imptmívd a partir da razão pura]
determinasse a priori os objetos em si mesmos; com cTeito, com referencia aos
objecos da experiência, tambem isto não poderia exercer um influxo maior sobre
a ampliação e a correção de nosso conhecimento do que provando a sua efetivi­
dade no emprego empírico mais amplo possível d* nosso entendimento,

I. Solução da idéia CQ&móiógica da totalidade da composição


dosfenómenos de um todo cósmico

Tanto aqui quanto nas outras questões cosmol6í.icas, o fundamento do prin­


cipio regiilativodf» razào c a seguinte proposição; no regresso empírico nenhuma
experiência de um thnite absoluto pode ser encontrada* e, porramo, nenhuma
expericncia dc uma condição que seja ahsofu/amente fHcandiciottada empirica-
C R ÍT IC A DA K A Z Ã O P U R A 265

mente. A razão disto é que uma ui1 experiência Leria que conter uma limiLàção
üoü fenómenos pelo nada ou pelo vazio, e que o regresso continuado poderia
iopar com esta limitação por intermédio dc uma percepção. o que é impossível,
Ora. esta proposição, Cujo conteúdo consiste no mesmo que dizer que no
rc-^rcsso empírico .sempre atinjo unicamente uma condição / que deve ela mesma 54*
ser encarada, por sua v c e . como empiricamente condicionada, contém a regra
in ter minis de que. por mais que eu Lenha com isto avançado na série ascendente,
sempre terei que indagai* por um membro muís çícvado da sério, quer este sc
mi; tome conhcddo através da experiência quer não.
Ora, pura a solução &à primeira mreía cosmológica nada mais c necessário
Ho que ainda descobrir se. no regresso à magnitude meondicionudu do tudo ct>&
molôjdco (segundo o tempo e o espaço), tísta ascensão nunca limitada pode ser
ch;imada de um regresso ao i/ifirtitv ou só dc uni regresso in dei ermtnarejnat! í r
continuado (in inddlniutm).
A mera rcproaitaçào pera] da série de iodos os estados passados do mundo,
tanto quanto íi dfts coisas que coexistem no espaço cósmico, propriamente nada
mais é ílo i£Ut um regresso empirien possível que pertso para mim. emhora de
um modej ü.Írida indeterminado. t; exdutvivamemc através do qual poik surdir
o conceito de uma tal scric dc coruliçcWs para a percepção dada.'' Ora. sempre
lenho o iodo / cósmico wjmcnie nn eonwiLo. mas de rriíDclo alpum (cnmo um <
.jt
todo) na intuição, l.ngu nào possas inferir .1 magnitude do regresso a partir da
magnitude do lodo eóismico c determinar aquela cie acordo com esta úllima: pilo
contrário, primeiro tenho que me formar urci conceito da magnitude do mundo
mediante a magnitude do regresso empírico* Desie útrimo. no entanLo. o másimo
que posso saber é que de uido membro dado da série de condições sempre tenho
que progredir empiricamente para um membro ainda mais elevado (mais dístan
tey. Através disto, pois* a magnitude do todo dos fenômenos dc modo algum
esut absolutamente determinada; portanto também nao nc pode di/cr que este
regrenso segue ao iníínito. Hsic úl limo procedimeruu anteciparia os membros que
o rcgre&so ainda nâo atingiu e os representaria tão numerosos qut* seria impossi
vd ci qualquer slníese atingidos: conscqücnicmcnti:, determinar se fa (ainda quv
só negativamente) a magnitude do mundo antes do regresso» o que à impossível.
Pois de intxlo algum o mundo mc é ctado Segundo a ,sua totalidade) por meio
de uma intuição, porlantn. wmbém 9 Fwa magnitude não o é antes do regresso.
Em decorrência disto, nada podemos diz.er da magnitude em si do mundo, tam
não que nele ocorra um regressus in inflrmum; ao contrário, m temos que
procurar 0 conccuo de sua magnitude segundo a regra que nele determina o re
empírico. E?ica regra nada mab dii, no ciuanLo, que. por mais que tema­
mos progredido na çcrie das condições empíricas, em parte alguma devemos ad

' ' fco* •■««« còMmua uimK-m rtâo peide pcmAnm &cj iiciii muiur nem menorque nrcf.rcsso ompiriui possivçl
urií,;imeii[t 5ühí5 d q u jl rcjw uw lj hcw cuiilu-ísu, F. jã q iif esíc pxKje rtar nm infimU’ fJcicnTunadn iim pou^i
k|u^nio lijmd«fflTnLiadafifn:n[c finuu lalft^uciuncmc: linwuJrtl, se^ue^e <tKini com elar«a quí nau pcidemcv,
admilrr a míi(jnitudt dü rrmnrln nfm íw n n fíniirv m-rn n m n infinlu. vivui Lfvç i->rtfj^rini imLiiínn«« o <|unl
aquela i rqnrc?>cntadn) nãLs oermiic ntcnhtimü dus. Mja.t; nlicrn.nivnc
266 KANT

rnitir um limite absoluto, / mas sim que devemos subordinar tudo o Fenômeno,
enquanto condicionado, â um outro, enquamo a sua condição, c que Jogo temos
que progredir, além di&to* cm direção a esta última; este ê o regressus in indcfim-
turru o qual p-otíe ser distinguido com suficiente clareza do regresso in infinitum
devido ao fato dc não determinar qualquer magnitude ao objeto.
Em consçqüênçiíi disto* não posso dticr que o mundo é infinito segundo
o tempo passado ou segundo o espaço. Com efeito, um tal conceito dc magnitude,
enquanto ode uma infmitude dada. é empiricamente, portanto, lamhçm com res­
peito ao mundo enquanto um objeto tios sentidos, absolutamenie impossível.
Também rtu-u direi que o regresso desde uma percepção dadít até tudo aquiio
C|u,e Ifmita esta última numa série, tanto no espaço como no íempo prciêriEo.
segue ao inf[ti!íf>, pois isto pressuporia a magnitude infinita do mando« também
não afirmarei que ele cfim io, pois u limite absoluto é. du mesma forma, empirica­
mente impossível. Consequentemente, nada poderei dizer do objeto da experiên­
cia cm sua Lotai idade (o mundo dos sentidos); ao contrário. m poderei afirmar
algo da regra segundo a qud a experiência, cm adequação ao seu objeto» deve
ser levada a cabo c continuada.
Assim, a primeira resposta à pergunta cosrnulógica que sc refere a magnitu
de dn mundo é negativa: 0 mundo não posSut nem um primeiro início segundo
o tvmpo nem um timiie extremo segundo o espaço
Com efeito, no caw oposico mundo seria limitado» de um lado, pelo tempo
a-i* vaijo c. dc ouinj, / pelo espaço vazio. Ora. já que, enquanto fenômeno, o murido
nào pode possuir cm si mesmo nenhum destes limites, pote um fenômeno não
é uma Coisa Cm si mesma, entao deveria ser possível uma pcrccpçü»! da limitação
por pnrie de um temp» ou de um espaço absolutamente vazios., percepção me
diante a qual estes limites do mundo seriam dados numa experiência pnssivíL
Mas uma tal experiência, enquanto completamente destituída de conteúdo, é im­
possível Logo um limite absoluto do mundo c empiricamente et pnrianto. ianv
bêm absolutamente impossível/8
Com efeito, disto &cgue-se simultaneamente a resposta afirmativa? n regres
so na sêrkr dou fenômenos cósmicos, enquanto uma determinação da majíntuidc
do mundo, se estende in indefinitum. Isio equivale a dizer que o mundo dos senti­
dos nuo possui uma magnitude absuluta. mas sim que o regresso empírico íexclu-
úvamente mediante o qual ela pode wr dada do lado de suas eundiçòes) cem
a sua regra, qual seja, a de sempre progredir de cadn um dos membros da série,
enquanto condicionado, para um ainda mais remoto {seja através da própria ex-
550 períência* ou do fio condutor da história, ihi / da cadela dt>s efeitos c dc suas
cau$a<0 e dc em paric atguma se furtar à ampliaçãodoemprepo empírico possível

*“ Observa r-sè-ú t|ue aqui a prova foi jtprcsenlutin efe um «itxlo compUiameme diverso da.prova Jcí£iti ática
amuada nu artíto« da pnmeira anuiKiuwa. L i pçrmkimus j|üí ü ntundo fo i ttiUHk» valesse, Mfcuntlci
o modb comum t dugLmniictf de ríftftMrnUujÈij, ciinwt unia írnsn dacU «m it mesma. anici tic ioritl o rí^rcíSD
< Síg undei a sua un&twtadt, também llie negámos, tle um fflüíkl geral. Aualqwr loea1Í7açã£i drtef mimada
jq«í espaço tf Iiu tempo. Cüfio nao inifinunenre âmbo*. Em vrrcwde disto, MHnbdm u conclusão foi
diverwt queâqui. a sabor, inferiu sc a •nr.ntdjile real do manto sensível.
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 267

do etitendsmento, o que Larnbém é. afcna!. a ocupação única c própria da razão


com referência aos seus princípio*.
tsta regra não prescreve um regresso empírico determmado que procedesse
sem ccssar num certo tipo de fenómenos, pur exemplo» que a. pariír de um homem
^r^vo sempre tenha que se ascender numa série de antepassados sem esperar en­
contrar um primeiro par, ou que na série dos corpos cósmicos, se proceda sem
admitir um sol extremo. Ao contrário, a única caisa que se requer é o progresso
dc fcnõmonus a fenómenos; pois mesmu que estes nào forneçam uma percepção
real (caso eles sejam para a nosso consciência, muito fracos quanto ao grau para
se tornarem experiência), eles ainda pertencem, não obstante isto, ã experiência
possível.
Todo o inicio está 110 tempo e todo o limite do extenso se situa no espaço.
O espaço e o tempg, porém, só são no inundo dos sentidos. Portanto, unicamente;
fenómenos no mundo são de um modo condicionado; o mundo mesmo* no enlan
to, nâo é nem condicionado nem limitado de um modo irtcondicionado*
Exatamente devidy a isto c já que tanto o mundo quaniy- y própria &cric
diiü condições para um condicionado dado. enquanto série cósmica, jamais po­
dem ser dados completamente, 0 conceito Òa magnitude do mundo só é dado
mediante o regresso / e nãp numa intuição cole [iva anterior ao mesmo. Àquele
regieüSO, no enlanto. sempre consiste unicamente nu determinar a magnitude,
não dando, pois, quaíqüCf conceito determinado, Conseqüentemente* também
não da um conccilo dé uma magnitude que seria infinita conforme uma certa
medida, bem comi» nfu> segue, poi*. ao infinito (como que díido), mas sim a uma
extensão indcier minada. a Hm de dar uma magnitude (da cxpcríéncia) que se
torna primeiramente real mediante esle regresso.

11, Solução da tdéiu ensmalofrica cie totalidade da dívisâo


di> um iodo dado tia intuição

Quando divido um todo dado na intuição. procedo dc um condicionado às


eóntljçfitís du suo possibilidade. A divisão dan p-uries (subdivisio ou dcconiposkio)
é um regresso na série destas condições. A totalidade ahsoluta de&ta série só
seria dada caso o regresso pudesse atingir partes simpiea. Mas se ioda* as partes
numa decomposição que progride continuamente sempre sno, por sua vez, divisí­
veis, crua o ii divisão* isto c. o regresso. procedo in infinilum de condicionado
às suas condiçôee; isto ocorre porque aa cundiçu-cs (as partes) cMao contidas
no próprio condicionado, e já que este é integralmente dado numa intuição encer
rada í dentro dc ücus Itmiics próprios, uxla& aduelas panes lambem sao dadas
juntamente com o condicionado. O rcgres&o nào pode. pois, ser denominado mc
ramerue um regrem) in inddlnítum, como unicamente a idéia cosmológica ante
rior o permiLiu+e nu qual eu deveria progredir do condiciunado ;\s suas condi
çòes. as quais, enquanto exteriores ao mesmo,, nào fornm dada* nom mediante
nem ao mesmo tempo que o condicionado, mas sim primeiramente adicionadas
no regresso empírico Não obstante isto, de um tal todo divisível: até o infinito
268 KANT

de modo algum ê permitido dizer que ele consisie Ue infinitas parles. Com efeito»
embora, todas às panes esrejam contidas na intuição do todo, ainda assim não
esth. nela contida toda a divisão» a qual consiste unicamente na decomposição
progressiva ou no próprio regresso que primeiramente torna real a série. Ora.
por ser infinito este regresso, iodos os membros (partes) que este atinge estão
contidos com» agregados no todo dado; tal não ocorre* no entanto, com ioda
a série da divisão, a qual £ sucessivamente infinita e jamais iodo, nâo podendo,
conseqüentemente, fazer as vezes nem de uma quantidade infinita nem de uma
reunião da mesma num lodo.
Dc início, esta advertência gerai pode muito facilmente ser aplicada ao espa­
ço. Todo o espaço intuído em seu* limites ç um todo tal ijue. em toda a decompo­
sição. as suas partes sempre sào. por sua ver. espaços; cm dccurrcncia disiot
rodo o espaço limitado c divisível áo in finto.
/ Disto também se segur. de um modo totalmente natural, a segunda ètplica-
çào; a sobre um fenômeno externo (corpoi encerrado em súus limtiçs. A divisibili­
dade daquele funda-se sobre a divisibilidade do expa^u. oquál constitui a fiossihi
lidade dn corpo enquanto um iodo extenso. Este é, pois. divisível ao infinito»
sem ainda consistir, devidu a isto, em infinitamente muitas partes.
Certamente parece que. já que um corpo tem que &er representado como
uma Mib&lãncia no espaço, este mesmo corpü. no que xc refere à lei du dívisibili
dade do espaço, diferira do iticsmo. Com efeito, em todos os casos pode-se imirtn
bem udmílir que A decomposição jamais possa, remover ioda a composição, na
medida em que então até iodo o espaço, que úc oulro modft nada tem de Mibsís-
teme. eeswria dc ser (o quç £■impossível). Por outro lado, que nada devesse restar
ca*o toda a composição da matéria fosse suprimida cm pensamento, pare« nat>
scr compatível com o conceito dc uma subiumeia que deveria propriamente ser
o sujeito dc íüda a composição e teria ^ue permanecer cm seus elementos mesmo
que fosse suprímidu o concxiio dos mesmos no espaço, conexüo medianic nqual
perfazem um corpo. £ claro que com aquilo que se chama dc substância no
fcnóm&w nào ocorre o mesmo que bem se pensaria, mediante conceito puros
do entendimento. de uma coisa em si incarna. Aquela primeira não ê um sujeito
absoluto, mas sim uma imagem permanente da / sensibüidiide c nada mais que
uma intuição na qual. ejn ioda parte, nada dc ineondicionado c encontrado.
Ora. mesmo que csch regra do progresso ao infinito na subdivisão cj um
fenômeno, enquanto um mero prtíenchimenif> do espaço, ocorra sem sombra de
dúvidas, não pt>da ela vater casu também pretendamos estendera à quantidade
de partes jã distinguidas de certo modo no lodt» dadu a ponto dc perfazerem
um quantum discrctum. A àuposição de tfue em qualquer todo articulado (or£aní
/adoj cada pane éTpor sua vez, articuJada. e que, desLc modo, mediante & decorri*
posição das partem ao infinito, são encontrado* sempre novos arranjos(KunstdiJc)
numa palavra, a suposição de que o todo ç articulado ao infindo de modo algum
e pensávei. mesmo que fosfce possível articular as partes da matéria em sua de­
composição ao infinito, Com efeitü, a mfínitude da díui&ão de um fenômeno dado
no espado se funda exclusivamente 110 fato dc que. mediante esui infinitude, só
C RIT IC A DA R A Z Ã O P U R A 269

ú dada íi divisibilidade, ou seja, uma quanitáade de pari es absolutamente indeíer-


mtnínda çm íi; estas próprias püricí, no £ntanto. somente sào dadas c determina
das através da subdivisão. Km suma. o todo náei esLá já dividido em si mesmo,
Em decorrcueia disto, a divisão pode d^Lerrmrnir nu tode» uitta quantidade de
panes que dependerá do quanto pretende progredir no regresso da divisão.
Por outro lado. no caso de um corpo orgânico articulado ao infinito, / n tíxiu
já é representada cxaLamente através desle conceito, w m u dividido^ pydendo
uma quantidade de partes determinada em si mesma. se bem que infinita, ser
nele encontrada antes dc todtj o regresso da divisão: com isto contradiz umos
a nós mesmos, enquanto encararmos esta involução infinita tanto como uma serie
jaiflüiH. it completar ímímita) ijuatuo ainda mino uma série uotnpjlm numa reu­
nião. A divisão infirciui designa unicamente t>fcrujmcnü w m o um qgurtium e^nli-
iiLJLim, sendo inívcpará\cl dn preenchimento dn espaço jtmamcrtic porque no mes­
mo 5e encontra o fundamento da divisibilidade infinita. tão logo al^o stja
admitido como um quamum diseretum, a quantidade de unidade cm tal está de­
terminada e também ê, conseqüentemente, se mpre igual a um numero- Some nr?
a experiência pode descobrir, pois, áté onde a organização pode ir num corpo
articulado: mesmo que a experiência não venha a atingir com cerlezá uma parte
imirgáMioi, algumas tüta lòm 4 uc evutr Atuada?. pelo mentw na cupcriòncta pv^sí-
veL Alé^ue põnio, no entanUx se eüteitde a divisão tran^ecndental dc um fenôme­
no üm geral. não c uma questão da cxpcricrtcia: trats-sc dc um primcipium da
tit/àu, rta d ceotrt posição dn extensa jamais considerar o regresso empírico-., dc
acordo com a natureza deste lenõmeno, comn absolutamente completo.
* * *

í Nota final à solução das idCtas» matcmáiícuiran acende rua is


c nciverlcntia prelimSnur com víüias à sulução das
idéias dinãmicoiranscendcnULi-s
Ao rèprcwíail anuías, numa tabela n tintínomin d;i ra?.ào pura atra ves dc Iodas
ideias transeei Hiemais, momento cm ucuc indicamos tanto n ra/üo deste conlli-
to quanto o único meio capaz de removê-to, 0 quai consistiu em declarar falaas
amha* as afirmações tonirndUíVria-s, representamos as condiçòeis. jxir toda a par­
te, como pcmnçcntes ao seu condicionado se^widu relações do espaço e do icrrv
po: lal e o pressuposto usual do entendimento huírtano Císmum e sobre o qua!
Lumbeím repousava totalmente aquele conflito, Levnndo isto em conta. Lambem
tcxlas x-i representações dialéticas da to í a lidada na série das condiçòea para um
Condicionado dado. eram dc ponta a ponta do ttiesmn gênero. 'írauLva-se sempre
de uma scric na quat a condição t o tiondi cio nado, enquanto mcntbrus <ia mesma,
se conectavam e eram. devido a isto, fwniag&ipas: poift numa tal série o regresso
Jamais £ pensado completamente, ou então, caso isirv deve^e ocorrer, um mem­
bro condicionado ^m si teria que ser faiyamervte admitido como um prím^Èro,
c. ponanio. cnmn incontticionado. Por toda a parte, pois, nãü 0 íibjtíto. Esto 6 .
o condicionado, mas j±im s série f de condições para o mesmo seria ponde rada
KANT

meramente segundo a sua magniuide: e então ü dificuldade que não poderia ser
suprimida por qualquer acnrdcv mas Çrim exclusivamente puEü seccionamento Cã-
bal do aó, consisua em que a razão tornava, a série ou muito longa ou muito
carta para u untcmíimcnti>. de Íyrmí» que este nunca podia igualar-se à ideia ade­
quada.
Entretanto. nãü reparamos aqui numa diferença essencial reinanle entre
aqueles objetos, isiu é, conceitos do entendi tnenco. que a razão aspira elevar a
idéias; a saber que- segundo a nossa tabela supra da* categorias, duas das mes­
mas significam uma síntese matemática dos fenômenos, ao passo que as duas
restantes significam uma síntese dinâmica d«>.% fenômenos- Até aqui isto tíimbém
podia muito bem ocorrer, enquanto que, <Ja mesma forma que na representação
universal de todas as ideia«; tmn^cvndçniaís sempre permanecemos tãosomenEe
adstritos a eondiçòes no feirornena, rambem na^ ditas ideias matemático-trans­
cendentais nào tínhamos qualquer outro objeto do que 0 no fenómeno. Agora,
no entanto, que passamos a considerar os conceitos dinâmicos do entendimento,
na medida cm que devem ajustar-se à idéia da razão* aquela distinção torna-se
importante e nos descortina uma perspectiva totalmente nova com referência ao
litígio em que a razão esta emaranhada Eüie último foi anteriormente rejeitado
por estar assentado sobre pressupOslas que eram fateOS tfe amhos os lad^s; mas
elesde que na antinomia dinâmica / talvez ocorra um pressuposto que possa sub
sistir compativelmente com a pretensão ria razão. c desde que juiz complementa
a escasse?. de razão dos argumentos que anibas as panes aduziram Falsamente
Como fumiíindo o próprio ponto de visía. a disputa p-nde sor assim Icvnclíi a um
cntnptfimisza que satisfaça nmbos os contendores. coisa impossfvcl de fa/Cr-se
com respeito ao conflito no antinomia matemática.
As &éries das comJíyGcs fvão ccriamciHc todas homogêneas, na mectída cm
que se ve. simplesmente quaniu a sua exim&ão, se elas *ãi> adequadas a ideia
ou &c e.sta é muito ^ramic ou muito pequena para aquelas, Mas o conceito do
entendimento que sutya& a estas idéias eontem uu simpiesmuiie uma vntese da
ttomogênen (oqual é pjreíftsupoüto cm qualquer magnitude, tanio na composição
qunnto na divisão du 1110 iiil) ou lambím do heterogêneo, o i|ual pode peio me­
nos ser admitido na síntese dinâmica, tomo na conjunção causa! quanto na con*
junção do necessário com o contingcmc.
Oisto provém o Tato de que, na conexão matemática das sênes de fenôme
nos. nenhuma outra condição que nào uma sensível. isto e, uma que c ela rnesma
parte da série, pode scr introduzida. Em contrapartida . a série dinâmica de eoiv
diçôcs .sensíveis ainda assim admite uma condição heterogênea que nào c pane
da üérie, mas que. enquanto puramente Mieligívpl, está fora da mesma; / medianie
tal a razão se satisfaz e o meondieionado é amepoMn aos fenômenos, sem com
ÍSSü confundir a série dos último*;, enquanto sempre ecintl!donado&1 nem a rom­
per e assim violar os princípios «Ju entendimento.
Mediante o faio cte que as idéias dinâmicus admitem uma condição dos
fenómenos que esteja fora da série dos mesmos, isto é* uma condiçào que nào
é ela mesma um fenômeno, ocorre algo que £ de todo dtverio dn resultado da
CRÍTTCA DA RAZÃO PURA 271

antinomia. Esta última* ü. s^aber, nos obrigou a denunciar n falsidade de ambas


as afirmações dialéticas opostas. Por outro lado* n universalmente condicionado
das séries dinâmicas, o quul é inseparável das séries enquanto fenômenos, concc-
ta-se à condição empiricamente ínéondicianada, mas também tiãu-senstvcf, de
satisfazer ao entendimentode um lüdo e â razão de ouiro: ' a enquanto ficam, su­
primidos os argumento* dialéticos que procuravam, de um modo ou dc ouLro„
uma totalidade c incondidonada cm meros fenomenos. / as preposições da razão mo
podem ao contrário, no sígníficailu desta maneira corrigido, ser umbus verdadei­
ras. Isto jíimaís poderia «correr com as idéias cosmológicíis que só se relerem
a uma unidade ma cemanca mente íncondicionad», pois nesta? idéias náo pode
ser encontrada uma única condição da série dos fenómenos que lambem não
seja. ela mesma, um fenômeno e. como tal. um membro da série.

I El. Solução da$ tâòias cosniológictts da totalidade da derivação


dos eveniGS cósmicos a partir de suas causas,

Com respetLo ao que acontece, s.ô se pode conceber dois tipos de causalida­
de: ou segundo a natureza ou a partir dn liberdade, O primeiro tipo corisisie
na conexão, no mundo sensível, de um estado com nm estado amerior du qual
aquele decorre segundo uma regra. Ora. já que a causa/idade dos lenrttnenofc
repousa sobre condíçòes temporais, e já que o estado aruerior. caso ele sempre
tivesse existido, também não teria produzido um efeito que primeiramente Nurge
no tempo, segue se que a euu^l idade da cauta daquilo que acontece ou surge
também surgiu, necessitando ela mekniü. sugundo o princípio do cnicndimeiuot
por Miu vez*de uma causa.
/Km contrapartida* entendrc por liberdade, cm suu sentido cosmològieo, a jm
faculdade de iniciar espontaneamente um estado* e cuja causalidade, potsi, nno
esiá por sua vça-, como o requer a lei da natureza. sob uma outra causa que
a determine quanto ao tempo. Ncíuç dignificado, a liberdade ê uniu idéia cranscen
dentai pura, que, em primeiro lugar, não contêm nada emprestado da experiência
e cujo objeto, em tjegtmdo lugar, lanibêm n£i> pode ser dado determinadamente
cm nenhuma experiência: pois é uma lei geral da própria possibitidade de toda
n experieneiaque tudo o que ocorre tem que possuir uma causa, porumio também
a Causalidade da eausa, Ha njesma ocorrida ou surgida necessita, por sua vez,
de uma causa. Através disco, com d cito. iodo 0 campo da experiência, por mais
que se estenda, é trunslorsnado num conjunto de mera natureza. Mas já que dcMH
mdmeira [ião ê possível obter uma lotai.cade ahsaluin das condições na re fação
causat, a razào cria para si inesrna a idéia de uma espontaneidade que pode,
por si mesma, iniciar um:i açâo *em que seja necessário antepor-lhe uma ouira

>* Com efeiw. etfltt f& tó tn tn ia s o cn^frulimento não aximitu: nenhuma cfMdiçio tjin? wja cjiipírf^amunn:
iltCòridicionads. M is m foísç JV>Sjivc] cancebtf uma oondrção iiHcligívçt, paruniu qiiC não perlcnccs.sc oonio
um membro n sêric dos fcriõmenn^, p^ra urti tundick^julo (nü fenúrneno] sem oura is[t> romper nú mínimo
a jícric uc uorMikçòc^ umpiricas, ecuiw* ,** puUcria admitir uma lal condição corro empiriíiânjinit incnrtdtcío
nada, Íle forma que com isio de trindo aljüim s* ínierroinpe-RSí A íiintinuiditíc d* regressa i-mpíriço.
272 KA N T

cau sa que:, por sua vez, a determ ine p ara a a ç ã o secundo a lei d a conexão causal.
É sobremaneira digno dé nota que o conceito prático dc liberdade sc funda
nesta idéia transcendental mesma c que esta última cuimiiui naquela o mo­
mento próprio das dificuldades que desde sempre envolveram a questão sobre
a íuíl posstbí (idade. A. / Uberdade no semido pratico í a independência do arbÍLria
frente a coerção pelos impulsos da sensibilidade. Com efeito, um arbítrio c sensí­
vel na medida em que è afetado patologicamente (por motivação dn sL-nsíhilida-
l3c); denomina-se anima! (arbhrium bruLuní) quando ele pode *er patologicamente
necessitado, Apesar de consistir num arbitrium sensitiviim. o arbítrio humano
não e um arbíuiurn bruium. suas sim liberum, pois ao homem ê inerente um
poder para determinar-se espontaneamente, independentemente da coerção por
impulsos sensíveis.
Vê-se fncümcnií que. caso toda n c;t usa'idade no mu tido i!;>\ sentidos fosse
meramente natureza, todo o cvcnin seria determinado. secundo leis necessárias,
por um ouiro nu tempo; conseqüentemente, jú que os Icnô menos. rtií medida em
que determinam o arbitrio. tçriíim que tornar necessfirin toda a açào do arbítrio
como o sçu re^uhado ruuural. a supressão dy tiberdade transcendental nniquiia
ria. eoncomitamcmeou\ ioda a liberdade prática, Com efeito, ustu última pressu­
põe que, inesmo que nào tenha cicorrido algo. ítererfti ocorrer, lo&o que a sua
üíiusa no fenômeno não era Uio determinante a piínto de que não houvesse cm
nosso arbítrio uma cau^ilidnde capa/ de produzir, independciucmenit! daquelas
causa* naturais e nicsmo contra o se:tt puder e inHuencix alyo determinado rta
ordem temporal de acordo com leis empíricü^. podendo cia, portamo* iniciar jtt-
(dramettti par ai memiu uma série de evenlos.
f Aqui ocorre, pois. a mesmi uuíml que coüIUtna cm jerat acontecer no
conflito dc uma razão que se avcniura pyra além dos Eimiie>, dc umu experiênaa
possívd: a tarefa não è proprl:imenw fiKhhígicct, mas mmi transcendental. Rm
dcuorréncui disuu mesmo que a qucsEàodn possibilidade da, liberdade diga respei­
to a Psicologia, dela tem que se ocupar, juntamente com a sua »oluçâo. umca
mentv a filosofia transecndentaL jâ que esLa qiitístãn repousa sobre argumentos
dialéticos lào-KOirujiHc da razão puru. Mus ames de pôr esta última cm condições
dc lomeccr uma fei.poi.lii satisfatória para esií problema. coisa que ela nno pode
recusar, tenho que procurar determinar mais de pcrio. medíantií uma observação,
o seu procedimento ncsui tarefa.
Se os fenômenos fossem coisas cm si mesmas* e, portanto, o espaço e o
Luinpo fornias da existenda das coisas cm sí mesmns. entao fls condições e o
condiçíonadn sempre pertenceriam* como membros, â uma c á mesma série; £
a partir d Esto emergiria, também no caso presente, a antinomia que é comum
a Unias as ideiu* irünücendcnLais, qual seja. a de que esta série teria inevitável
mente que rcsukar f>u muito grande t>u muiLo pequena para o entendimento. En-
tretaiao. os conceitos dinâmicos da razão com os quais lidamos nesta e na se
guinLe ütóçào poisuem a seguinte pcculiüriJudc: já que eles não se ocupam de
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 275

um objeto enquanto considerado como uma magnitude, mas sim unicamente dc


suo existência, também é possível íibstfáij' da miigniLu-tSe da sefit de oondiçõer.
pois cies levam tão-somente em consideração a relação dinâmica / da condirão .5 C 4

com o condicionado. E fazem; isio de um modo lal que na questão rdTercnle à


natureza c à Liberdade já nos deparamos com a dificuldade de se a liberdade
chega d ser possívd dt al&um mudu e üü, em tato dc afirmai iva, cia pode subsistir
juntamente com a universalidade da lei, natural da cauvalidade.. Pôrtanto tairibâm
sé cüluca o probEema de se a afirmação de l(ue todo o efeito no mundo deve
st: urigiruir nu n partir da natureza ou a partir da liberdade é uma proposição
verdadeiramente disjuntiva. ou smtes hl1ambas as coisas podem ocorrer, numa
relação diversa. :?;-neonii:a i.*ríip:iu- num e no m í M evento. A. correção daquele
enunçiado que nciíi que todos os eventos dc mundo dos sentidos se in terco nectam
universalmente ,vegurcdo leis imutáveis da natureza jíi üstá cstnbdedda* como um
princípio, na analítica transcendental e não sofre qualquer exceção. Traia-se.
pois^ unicamente da questão de se, no que se refere exatamente ao mesmo eleito
c nâo obstante estar este determinado seguido a natureza, também ê possível
ocorrer a liberdade, ou sc esta esiá compkuartmntè üxeSuída por aquela regra
Lrlviolável. E aqui aquela ramum porém enganadora pressuposição da reafidade
übsailtía dos fenómenos imediatamente rnoütfs o seu influxo prejudiciut riu senti­
do de confundir a razão. Com efeito. « os Fenômenos sita coisas em si mesmas,
eiuão não é possível salvar a liberdade. Neste trusts, ü n:uuresra ê a causa com p lesa
t* suficientemente deienuirumEe em si de iodo o everny; u eondição desse úllirno
está sempre eontidn someme rta série doi> fenômenos que> juntamente eom o seu
efeito, kào neCessunoa de ueimJo «um a lei natural. Ao uon Erário* jiü / os. fenôme­ 3ÜÍ
nos por nada mais são romndos do que por aquilo que de fato *3o, ou seja por
meras repre&crttaçixs iarteríontetadas sc&titido 3cis- cmpíriciis e não por coisas
em si, cntno ülcs mesmas tem que ter fundamentos que nào sao fenômenos. No
que tange á sua causalidade* no entamo. uma ul causa inteligível não é determi-
mtda por fenômenos- íipusar dy que os syus efeitos sc nunifestem e possam, desie
modo* ser determinados por Outros fcnòmenns, b!la está, p-nis, juntamente com
a sua causalidade, fora da s6rit\ ao passo que os süus efeitos shd encommdms
rta si riu da-s condições empíricas, hfm crtivwqüírtei^ n efeius pode ser enenrado,
ao mesmo tempo, como livre no que se reftre à -sua causa intebgíveJ ç como
urn resultado de fenômenos segundo a neccssidade da natureza no que $e refere
aos fenômenos; trata-sc de uma dtetmçào que. guando exporta deste modo g.cm\
u tutalmcnu; abstrata, tem que parcour exircmameme sutii e obscura, mas quer
se acirrará cm *ya uplicyçào, Aqui tào somente pretendi fazer a seguinte obscr
vaçao: já que, num contexto de natureza, a interconexão universal de todf>s Os
fenômenos é uma lei inflexivd. ciUi úEttma icria que deitar pOr terra nccessaria'
rti&nte tfldíi a liberdade caso pr1^12ndçstómcis obstinadamente aderir à realidade
dos fenómenos, ücvido a isto, também aqueJes quc nisto seguem a opinião co­
mum jamais conseguiram thegar ao POtIIü dc^cnciliarem a naiureza com a liber­
dade.
274 KA N T

5*6 / Possibilidade da causalidade através da fibcrci&d^ em harmonia


com a lei universal da necessidade namral

Denomino inteligível aquilo que num objeto dos sentidos nno é propriamen­
te fenômeno, ConseqüenLememe, se aquilo que nu mundo dns sCALidü^ tem líue
scr encarada como fenômeno também possui, em si memo, um poder que não
é objeto da intuição sensível, mas que mediante esta, não obstante, pode ser a
Cãuüá de fenômenos, enlão a causalidade deste ente pode ser considerada sob
dois aspectos: no caso dc cia sc referir a uma coisa cm si mesma, será inteligível
segundo â sua açâo„ ao passo que sc sc referir a um Fenômeno no mundo dos
sentidos Será ^ensh-ct secundo os seu& çfeitos. Por con^guinte, formar■ftüs-wmos
tanto um conceito empírico quanto um conceito intelectual da causalidade da
Üacutóaü« de um tal sujetto, sendo que ambos ocorreriam juntamente num o no
inesmy efeito. Uma tal maneira dupla de pensar a faculdadc de um objeto dos
sentidos não contradiz a qualquer dos conceitos que Lemos que nos formar com
respeito a fenômenos e a uína experiência possivet. O w efeito, já que a estes,
pelo fato de em si nao serem coisas, deve subjazer um objeto transcendental
que os determine como meras representações, nada impode que a este objeiu
si-? transcendental, / afora u propriedade mediante a quul ele aparece, também airi
buamos uma causalidade que não ó um fenômeno, não obstanie o seu tfeiio ainda
assim se encontrar no fenômeno. No enramo. cada umn das causas eficientes
teria que possuir um caráter, isto é, uma ici de sua causaltüadtf, sem a qual de
modo algum ela « ria uma cau&a. F ncsie enso teríamos, num sujeito do mundo
das. sentidos, prinieirumcnte um caráter empírico mediante o quaf as suas irçfks,
enquanto fenómenos, se intereonectariam completamente com outros fenômenos
segundo leis oonst untes da natureza e pnderiitm ser deduzidas destes fenómenos
enquanto eles são as suas condições constituindo, pois. em conjunção com os
mesfiioi, membros de uma unica série da ordem naturaU Em segundo lugar, ter-
sc-ía que lhe conceder aindíl um caráter im tlg iw i mediante o qual aquele sujeito
seria a causa daquelas açôcs enquamo fcnõmertos; ele mesmo, no entanto, não
se subordinaria a quaisquer condições da sensibilidade c ^ao seria, pois, um Temi
meno. Ao primeiro também sc poderia, chamar o caráter cJc uma cal coisa no
fenômeno, ao segundo, o caráter da coisa em si mesma.
F.sre suje tio agente nào se submeteria, segundo o seu caráter inteligível, a
quaisquer condições temporais, pois o lempo ê tào someme a condição dos lenõ-
meno?., mas não das coisas em si mesmas Nele nem surgiria nem cessaria qu^l
soa quer uçuu; cm conseqüência. / ele também não estaria sujeito à lei de ioda a
determinação temporal e de Todo u mutável, qual seja. a de que tudo o que ocorre
encontra as suas causas nos fenómenos (do estado precedente), Numa patavm.
na medida cm que é intelectual, a causalidade deste sujeito a^ente de modo atyum
se situaria na série das condições empíricas que tornam necessários os eventos
no mundo d^s sentidos. É verdade que jamais sc poderia conhecer imediatamente
este caráter inteligível, puis nada podemos perceber a náo ser na medida ém
que aparèce; entretanto, ele teria que ser pensado cm adequaçao ao earáier em­
pírico. da mesma Forma como. de um modo geral, u-mos que ídear um objeto
C RÍT IC A DA RAZÃO PU RA 275

transcendental como o fundamento dos fenómenos, mesmo que nada saibamos


sobre o que ele é em si mesmo.
Conforme o seu caráter empírico, poí$, enquanto fenômeno csie sujeito esta­
ria submetido ã ligação causal segundo todas as leis da determinação. c nesta
medida nada mais seria do que uma parLe du mundo dus sentidos cujos eleuos
efluiriam ininterruptamente da natureza tanto quanto qualuuer outro fenômeno.
Na medida em que os fenômenos cxiernos neste sujei Lo e no tato dc se conhecer
mediante a experiência o seu caráter empírico, isto é„ a lei de sua causalidade,
Loda.s as i>uas ações teriam que ser explicáveis segundo leis da natureza e imlpw
os requisitos para uma determinação perfdui c necessária das meumas Leriam
Que ser encontrados numa experiência possível.
/ Entretanto, segundo o seu caráter inteligível (apesar de que dele nada
mais podemos poisüuir do que apena^ um conccito universal) o mesmo sujcku
terra que ser absolvido lanto de iodo o influxo da sensibilidade quanto de ioda
a determinação por fenômenos; e já que. na medida em que c noiimwiou, nele
nada ocorre, bem como não síí encontra qualquer mudança que reclame uma
uíctermíjjaçaQ dinâmica de tempo* portaruo nenhuma conexão com fenomenos
enquanto causas, então este ente atuante seria independente c livre, cm ^tias
açoes* de toda a necessidade natural, a qual c unícamiintô encontrada no mundo
dos sentidas. Dele dir-sc-ia assa/, «.ccnadamcnic que iniciaria espontatteamente
os seus efeitos no mundo dos. sentidos sem que a ação comece twle mesmo.
£ isto seria válido sem com Hl admitir o início espontâneo dos eleitos no mundo
dos sentidos; &üt<is efeitos sempre estariam predeterminados pür condiçòes em­
píricas no tempo pretérito, ainda que *<S por intermédio do carater empírico (que
só e o fenômeno do inteligível), e seriam posiívdü imicamciuc como uma corui
nuaçào da série dc causas naturais. lJor conseguinte, deste modo a liberdade c
a rtaturczu, cada qual em seu significado pieno. seriam encontradas, ao mesmo
tempo c sem qualquer con+lito, írxiiiamcruc nus mesmos ações, c isio eonfurme
reportarmos estas últimas ã sua caus>a niidipívcl ou sensível.
.■
' KlucidnçÃo da idéia casmológiea de utmi liberdade em lijírn^ao
Com u •cce.ss.d;tde universal d;s nalurura
Considerei de bom alvitre esboçar primeiro o perfil da soEuçào dc nosso
problema transcendental, a fim de que mclliur se ubranja, mediante tal. a cami
nhuda da razão na solução do mesmo. Levando em consideração cada um cm
parLLCular pretendemos íi£or<t discutir os momentos de sua decisão. coisa que;
propriamente nos interessa.
fc uma lei du natureza que tudo o que ocorre possui uma causa, e que a
causalidade de*m causa, isw è, a ação, também tera, entre os ftnomenos, a causa
mediante a qual é determinada» e isto porque tal causalidade precede no tempo
e. conviderundo um efeito que CnLÜo surgiu, nán pode sempre Ler existido, mas
tem que ter acorrido; segundo c*sa l«ji* conseqüentemente, iodos os eventos numa
ordem naiural são ^mpirieamenLe determinados. Esta lei. através da qual os fenô­
menos podem primeiramente constituir uma natureza t fornecer objetoü de uma
experiência, è uma lei do entendimento, nao sendo permitido, àob füpÓLCse aJ|u-
276 KANT

ma, afastar-se dá mesma nem tampouco deJa eximir qualquer fenômeno. Permitir
ít j isto implicaria pô-la fora de toda a experiência possivcl c,através disto,/distin­
gui-la de todos os objetos de uma experiência possível, tornando-a um mero ente
de pensamento e uma quimera.
Apesar de que aqui pareça haver simplesmente uma cadeia fie causas que
dc modo algum admite uma totalidade absüiuta no r e g r e i às suas condições,
de maneíra alguma somos delidos por esta incerteza, com efeito, cia já foi supri
mkia na avaliação geral da antinomia da razão, na qual esta ultima cai quando,
na série dos fenômenos, procede cm direção ao incondicionado. Se pretendermos
ceder 3 ilusão do realismo transcendental. etuão não restam nem a natureza nem
a liberdade. Trata-se aquí unicamente da seguinte questão: caso se reconheça
uma pura necessidade naturai em toda a sé rie dc todos os eventos, é p-otòívd enca
rar exatamente está série como um mero efeito natural sob um aspecto c como
efeito da liberdade sob uuiru uspccEo. uu se dá uma contradição direta cnLre
estes dois tipo&de causalidade? '
Dentre as causas no fenômeno, é certo que nada pode existir que possibilite,
absoluta e espontaneamente, o inicio de uma scric. Na medida em que produz
um evento, toda a ação, enquamo fenômeno, também é propriamente um evento
ou acontecimento que pressupõe um üuLro estado no qual se encontra 3 sua cau
sa. desta forma, ludo o que ocorre é somente uma continuação da série. sendo
5T2 impossível, nesta última, qualquer inicio que ocorra por si mesmo. J Logo todas
as açoc.s das causiis naturab lambem são. por sua vei, eTcilt?s na aucessào tempo­
ral» os quats da mesma forma pressupõem suas causas na séríe temporal. Uma
açào originária>mediante a qual ocorra algo que antes não existia, nào pode
ser esperada da conexão causal dos ícn amenos.
Todavia, caso os efeitos sejam fenómenos e a causa daqueles também con
sista num fenômeno, c também necessário que a causalidade de sua causa tenha
que ser exclusivamente empírica? Mesmo que para todo o efeito no fenômeno
se exija titrm conexão com u sua causa segundo as leis da causalidade empírica,
não é atues possivd que ainda assim esta mesma causalidade empírica possa
ser um efeito de uma causalidade não empírica, mas sim ãntdigívd« sem com
isto interromper no mínimo a sua iniereonexao eoin as causas naturais? No que
dii respeito aos fenõmenoíi, esta causalidade inteligível seria uma ação originaria
de uma causa que. nesta medidii. pois., nào seria um fenômeno, mas sim inteligível
segundo este poder, embora de resto ela tenha que ser totalmente incluída, como
um membro da cadeia natural, no mundo dos sentidos. _
Necessitamos do principio da causalidade dos fenômenos entre si a fim de
podermos procurar, bem como indicar, condições naturais, tâtoé. causas no fenó
meno. de eventos naturais. Caso isto seja concedido e não debilitado por qualquer
jtj exceção, então 0 entendimento, que em ieu emprego empírico / nào só nada mais
vê do que a naturtT-.a cm todos os acontecimentos mas também está autorizado
para tal, vê satisfeitas todas as suas exigências^ c as explicações físicas progridem
sem obstáculo cm sua senda. Ora, isto não o prejudica no mínimo, posto que
de resío também seja tão só fictivamenie elaborada a suposição de que dentre
as causas naturais também exisiem algumas que possuem um poder que é unica
C R IT IC A DA RAZÃO PU RA 277

mente itudigívcl enquanto a determinação lU> mesmo para a ação jamais repousa
sobre condições empíricas, mas siin sobíi exclusivos luTidamemos do entendi-
meruü: também temos que pressupur qut a ação destas causas no fenómeno está
em conformidade tum todas as leis ü^ causalidade empírica» Com efeito, desta
forma o sujeito agente. enquanto causa phacnomenon, estaria eneadeudo com
a naLurcza numa inseparável dependêucía de todas as suas a«;E>es. c somente o
phaenomenon de^ti: sujeito (com toda. a sua causalidade no fenômeno) conteria
certas condições que Leriam que ser encaradas como puramente inteligíveis, caso
pretendêssemos nos alçar do objeto empírica ao IransccndenraU Pois se seguimos
a regra natural tão-*omçnte naquilo que pode. dentre os. Fenômenos, ser a causa,
então podemos nos despreocupar quanto a que tipo de fundamento destes fenô­
menos e de s.ua imerconexào é pensado no sujeito iranscendcniul, o qual nos.
é empiricamente desconhecido. Este fundamento inteligível de modo algum se re­
fere ãs questões empírica*., çtímxrnc unicamente ao pensamento no entendi*
memo puru-L / apesar de que os efeitos deste pensamento e desta ação do entendi ?T4
mento puro sejam encontrado* nos fenômenos, esu;!i úllimos têm que nàn menos
ser fompfeiamente cxplicâveis. segundo leis naturais, a pnrtir de *tia e&u&ü no
fenòanerm Lstn deve sCr fciLo enquanio \nt Loina o ^eu. caráter estritamente umpírt
eo comu o fundamento suprvmo dn explieaçfio. deixando totalmente de lado. co
mo desconhecido, o caráter imelifjvcl que é a catisn transcendem;«: do eurárer
empírico, a não ser na medida em que aquele c indicada unicamente por este
enquaruo constitui o seu sinal sensível. Seja nos permitido aplicar \slo à experien
cia. 0 ser humano c um dos fenômenos do mundo dos sentidos, e nesta meefida
tmnlwm umu das causas naturais cuja causalidade leni que estar sob leis empiri
CUs. Como Unias as ou iras COlsaü naturais, ele. enquanto u L lambem tem, eonsC'
qíientemcnie. que pos\uir um caráter empírico. Notamos este último airavé* dns.
forçai c do poder que ele externa em seus efeiuis. Nu naLurc/.a inanimada ou
merarnenic anima!. não encontramos qualquer fundamento para pensar uma fa
euldade como condicionada de um outro modo que não o meramente sensível.
Exclusivamente o homem, quede outra maneira eunhuet: todo a naturey.íi somente
através dos sentido:., se uonhece a si mesmo também mediante um:i pura »percep­
ção. e ím.0 cm ações e determinações internas que ele dc modo íilgum pode contar
como impressões dos sentidos; para si mesmo, ele certamenie é. dc uma parte,
fenômeno, mas de outra, ou *eja, no que se refere a ceruts faculdades, um objeto
puramente inieliêivet porque a sua ação i de modo algum pode ser computEidu 573
na rceeptlvidade da sensibilidade. Denominamos estas faculdades dcentendiinen
to e raaào. Em particular a última se distingue. de uma forma bem própria e
especial, de UXlas as forças empiricamente condicionadas já que ela pondera
os a<;u.s objetos somente segundo idéias, determinando, a partir disto» o intendi
mento a então fazer uso empírico dc seus cnnceitos também puros.,
Dos imperativos que impomos, em ludo ü que tange ã> tiuestoçs praticas,
como regras às forças que as executam, segue-se claramente ou que esta razão
possui uma causalidade ou que, pç]o menos* a representamos para nós como
possuindo tal causalidade, O dever cAprcsisi um lipo de necessidade e dc conexão
com fundam entos que não ocorra alh ures com toda a natureza.. Desta o entendi
27a KANT

mento só pode conhecer o que éSlá aí, ou o que foi. ou o que será. É impossível
que, na natureza, algo deva ser de oulro modo do que de faio é em iodas
relações temporais: o dever não tem qualquer s-ignificada quanda se icm diaiUc
dos oíhos unicamente o cursa da naLureza. O que deve acontecer na natureza,
e tampouco que propriedades deve possuir um círculo, são perguntas que tlc mo­
da algum podemos lazer; só é lícito, ao contrário, indagar sobre o ^uc ocorre
na natureza ou que propriedades o circulo possui.
Ora, este tíevtrr exprime uma ação possível cujo fundamento nada mais é
do que um simples corscclto, ao passo que o fundamento de uma simples ação
576 tialurat tem / sempre que ser um fenómeno. É claro qúc a ação tem que ser
possível sob condições naturais« caso o dever esteja orientado para cias; mas
estas condições naturais não concernem u determinação do próprio arbítrio, mas
sim unicamente ao efeito e ã conseqüência do mesmo fenómeno. Por maior que
seja o número dos fundamentos naturais e dos impulsos que me incitem ao que
rer. rtâo podem eles produzir o dever, mns sím unicamente um querer que, longe
de ser necessário, é sempre condicionado; o dever expresso pela conirapòe
a este querer uma medida e uma meta, mais ainda, uma proibição e uma autori­
dade, Que se trate de um objeto da mera sensibilidade (a agradável) ou tanibcm
du razão pura (o bem), u razão nem cede àquele rundamento que é empiricamente
dado, nem segue a ordem das coisas tal quaf estas se apresentam no fenômeno:
pelo contrário, com toda a espontaneidade ela se constrói uma ordem própria
segundo idéias, à qual adaptn as condtçoes empíricas c se&undo a trual declara
necessárias ali* as ações Qüe ainda não ocorreram * que calvc* nem venlium a
ocorrer. Aposar disto, a razão pressupõe poder ter uma causalidade com relnçào
a iodas estas ações;; com efeito, de nenhum outro modo nenhum efeito iva expe­
riência poderia ser Cipcradü de suas idéias,
Agora permita-se que aqui nos detenhamos e admitamos pelo menos comti
possível que a razio / realmente possua uma causalidade eom referência aos
fenómenos. Neste caso, por mais qu« tumbem seja ra/,ão* ela atnda assim tem
tjüe exibir um earáler empirico* pois toda a causa pressupõe uma regra de acordo
eom a qual certos fenômenos hc seguem como efeitos: além disto, toda regra
exige umü uniformidade de efeitos que funda o conceito dc causa (uiquanlo uma
faculdade). Na medida em qye tem que ser aclarado a partir de meros fenómenos-
este conceito de causa pode ser chamado dc caráter empírico; este caráter c per
manente enquanto qué os seus efeitos aparecem sob formas mutáveis segundo
u diversidade das condições acompanhantes e em parte limitadoras.
Desta maneira, pois, o arbítrio de todo homem possui um caráter empírico
que nada mais é do que uma cena causalidade de sua razão na medida em que
indica, em seus efeitos no fenômeno, uma regra segundo a qual è possível coligir,
següfltto o seu modo e OS seus graus, os fundamentos e as ações da rar.ào e
julgar os princípio* subjetivos de seu arbíiim Visto que esie mesmo caráter em­
pírico lem que ser inferido a partir dos fenómenos enquanto seus efeciose a partir
da regra que a experiência indica como a eles se referindo, todas as açòfií do
homem no fenômeno esi|o determinadas, seacindú a ordem da natureza, por »eu
CfUTlCA DA RAZÃO F U R A

caráier empÍTico e por todas as outras causas coatuantes; e se fosse possível


perscrutar até / o fundo Lodos os fenómenos do arbítrio liumano, nio haveria
sequer uma ação humann que nâo fosse possível de sçr predita com ccnez.a c
dc ser recoiíhtxida como necessária a partir de suas condições precedentes. No
que dií respeito a este caráter empírico, pois, não há qualquer liberdade, c é
exclusivamente segundo este caráter quç podemos considerar o homem quando
simplesmcmc a obsçrvamos c quando. tal qual ocorre ita Antropologia. pretende­
mos investigar fisinlogicamente as causa* de suas açoes.
Mas sc ponderarmoss justamente estas mesmas Açoes conm relação à razâü,
e nào à especulativa u Hm de expiicar aqudas segundo a sua orip-Cílí. mají sim
exclusivamente na medida um que a razão é a causa de sua produção, numa
píilnvraT -sc compararmos estas açúcs com a razão tendo cm vista um propósito
práiico, então encontraremos uma refira e uma ordem que sào totalmente diver
sas da ordem da natureza. Com efeito, neste caso talvez não devenu ter ocorrido
tudo aquilo que ocorreu dc acordo com o curso da natureza u que teria inevitável*
mente de ocorrer segundo os seu& fundamentos empíricas. Às vezes, no entanto,
achamos, ou pelo menos- acreditamos achar, que a& idéias da razão realmente
demonstraram ter uma causalidade com respeito às açòes do homem enquanto
fenômenos c que estas sobrevieram devido ao faio de que estavam determinadas
não por uau&as empírica*, mas *ím por fundamentos da razàu,
/ Posto, poiip. ser possível di?.er que a ra/.ão possui um:t causalidade com
tespeito ao fenômeno, a ação du me*ina pi>dcriu muito bem ser denominada livre,
já que ctu á necessária e determinada assaz precisamente no seu caráter empírico
(modo dc ücntir). Este* por sus» vez* è determinado no eurnier inteligível (modo
dc pensar)» Mas não conhecemos este último, pois o indicamos através dc fenô­
menos que dào propriamente a conhecer dc uma forma imcdiuin só o modo dc
sentir (caráter e m p íric o ),O ra . Há medida cm que é atribuível ao modo dc pen
war enquanto a sua causa, s ação íiinda assitn de modo algum résulta disco segurt-
do leis empíricas, isto ê, dc uma forma lãI que ns condições da razão pura a
preerdam. mas sim unicamente que a prcccUum o* efeitos desia última no fenõ
ment> do sentido inicrno. Hnquanio uma faculdade puramente inteligível, a ra/ào
pura nâo estai submetida ã forma temporal, e portanto lãmbém n;lo às condições
da sucessão temporal. A causalidade da razão em seu caráter inteligível não sur
ge, nem começa por voltas dc um certo lt*mpo a fim de produzir um efeito. Pois.
/ do contrário da mesma ficaria suhmerida à lei natural doa fcnônteuos, na medi­
da cm que esLa determina, séries causais, segundo o tempo; çtuão 3 causalidade
seria natureza, ^ nào liberdade. Logo c possivçl diïcr que. se a ryíão pode possuir
uma causalidade com respeitn aos fenômenos, entào ela é um poder através du
qual começa, primeiramente, a. condição sensível de uma série empírica de eTei

l-.m umíeqüênciii, a ffliiralidJHte própria das a^oeií (mtrilo e Culpai. mesmo a de nniso próprio comporia
menfCk, fWrnia.TKCC-rkíls lútulmçnlc Oirulia. A 5 ilOïSâs rcspnrtsuhilídadcs xú podem sei referidiu; ao Citi'àler
crapirien. Mas quamo diao sí ckvc. impiklãr ao efciio puro da libciiiüdc, quanto a simples naturtia C quaniü
ao dtfcitn de temperamcnio dú qual não si? ê cufpadfl. ûu ã naturetí felin. (meriio fonunae) do mnin«.
ei-ü aljju que ninguém pode pcrscruur c. canscqiienlcmentc. isinhçm nàn juiljfnr fric h im ) ccmi tótla a justiça.
2SÜ KAN T

Lus. Pois a condição que se encontra na razâo não ê sçnstvei. e logo da mesma
nào começa. Em decorrcncia disto^ ocorrç ettlàfl aquilo por cuja falta demos
em todas as séries empíricas: que a condição de uma serie succssiva dc eventos
p o d eria çla mesma ser empiricamente incondicionada. Com efeito, aqui a condi­
ção está fora da série dos fenômenos (no intdigíveJ), não cüUndo, portanto^ sub­
metida a nenhuma condição sensível e a nenhuma determinação temporal por
causas precedentes.
Numa outra relação, nâo obstante, exatamente a mesma causa íamhém per
tence à série dos fenômenos. O próprio ser humano é um fenómeno. O seu arbí­
trio possui um caráter empírico que constitui a eausu (empírica) de todas a;» suas
ações. Nenhuma das condições que determinam o homem de acordo com este
caráter deixa dc estar contida na série dos eventos naturais e de obedecer à lei
de mesma; secundo ^tu lei, não é encontrada nenhuma causalidade empín^a
mente incondicionada daqui) o que ocorre no tempo. Devido a isto. nenhuma ação
dada pode começar de um modo absolutamente espontâneo <pois ela so pode
íBi ser pcrcebtda / como um renomem»*, Da ruzào não sc pode dizer* no entanto*
tfue àquele estado no qual ela determina o arbÍLrio preceda um outro no qual
sc determina este mesmo cütado. Com efeito, já que a razão nüo c propriamente
um fenômeno não está submetida a quaisquer condições da sensibilidade, rtela
não ocorre, mesmo no concernente à mia causalidade, umu succsüüo temporal;
logo não sc pode thc aplicar a lei dinâmica da natureza que determina, segundo
repras, a sucessão temporal,
\ razào c* pois. a condição pormaneníc dc iodas as ações de arbítrio sob
as» quais se manifesta o homem. Antes mesmo que ocorra, cada unia ddes está
predeterminada no caráter empírico do ser humano. Tendo em vista o caráter
inceligivcl, do qual o empírico é só o esquema sensível, rtão vale qualquer antes
ou depois; sem Jev;tr em coma relação lemporat na qual esta 00 m outros fenó-
menoí». Côda ação conote no efeito imediato do caráter inteligível da ra/,ào pura»
a qual, portanto, age de um modo livre sem estar dinamicamente determinada,
na cadeia das cuusíis nat-umis. por fundamemo* extenua c internos, porém prece­
dentes segundo 0 lempo. Esta saja liberdade nüo pode ■ser encarada, dc um modo
exclusivamente negativo, como uma independência frente a condições empíricas
(pois mediante tal a faculdade da razào cessaria de s-er uma causa dos fcnõme-
5H2 nos)* mas ela / também pude ser indicada positivamente por uma faculdade de
iniciar espontaneamente uma aéric uk eventos. Deste modo. nada começa na pret-
pna razão, mas ela. enquanto condição incondicionada cie toda a ação de arbí­
trio. não ndmiie quaisquer eondiçòes precedentes sefcundo u nempo como instun
cia superior; pois t>seu efeito começa na série dos fenômenos, mas jamais pode
consiiwir um Início absolutamente primeiro na mesma.
A fim de explanar o principio regulativo da r&zão mcdàarue um exemplo
retirado dc seu emprego empírico c nào dc confirmá-lo (pois demonstrações deste
género sãü imprestáveis pârn afirmações transcendentais), tome-se uma ação de
arbítrio, por exemplo, uma mentira maidosa mediante a Qual um homem trouxe
uma certa conlusâo ã sociedade. Seja cxaminàdtu em primuru lugar, tjuanto ás
C R JT ÍC A P A R A Z Ã O P U R A 2SI

motivações a parlir das quais emergiu e, -em seguida, julga-se como ela pode
stT imputada ac agente juntamente cum as suas conseqüências. Com c primeiro
propósito, remotua se a seu caráter empírico às üuíis. fontes. ss quais serão detec­
tadas numa educação defeituosa, em más companhias, em paríe também na. ma­
lignidade de uma índule insensível à vergonha; ern parte estas fontes também
sào alribuídas à leviandade e ã irreflexão, sem contudo negligenciar 35 causas
ocasionais que a tal ato deram azo. Em ludo isto procede-se, de um modo geral,
da mesma forma qutí na investigação da série dc causas que determinam um
efeito natural dado. Apesar dc se / crer que a ação esteja determinada mediante
lal. nem por kto admoesta-sc menos o ajente* nem por sua indoie uifoliz nem
pelas circunstâncias qnc sobre eie uvFluíram. e mimo menoü devido ao modí? co­
mo anteriormente conduziu a sua vida; pois pressupõe-se que é possível põr tcrtaJ-
mente de lado & natureza dc sua conduta anterior, bem como encarar, dc um
lado. & sériç dworrida de condições tomo nào ocorrida c. de outro, este ato como
totalmente incondicionado. considerando o eslade aiHcrior, como se o agente
com isto iniciasse, de lodo espontaneamente, uma série dc conseqüências. Esta
admoestação sc funda sobre uma lei da razào por meio da qual se encara esta
última como uma causa que, sem levar em con ty todas as condições empíricas
mencionadas, poderia e deveria determinar diversamente o comportamento do
hornenv E se vê a causalidade da razào nào wm ú simplesmente concorrendo
para aquela cnnduia. mas sim em si mesmu como ccmipleid, apegar dc que as
motivações sensíveis anteü se Lhe oponham do que a favoreçam. A acão c atribuí­
da ao caráter Inteligível do homem, e agora, no momento cm que mente, ele
é totalmente Culpado: portantiu desconsiderando todas ai? condtçoes empíricas
do ato. a razão era integralmente livre* c a mentira ê dc todo imputável ;i sua
oniis.são.
Tem se cm mente neste juízo de atribuição, i é fácil notá-lo, que a razào
de modo algum é afetada por toda aquela sensibilidade, que cia nüo muda (mes­
mo que sc alterem as seus fenômenos. ou seja, / o modo pelo qual cia se manifesta
em seus efeitos) e que nela nào ocorre um estado anterior que determine o subse*
qüuntç; por conseguinte, a razão cte modo algum pencfttc * série das condições
sensíveis que tornam os Icnòmcnos necessários* segundo leis; da natureza, A ra/ào
está presente C é sempre a mesma em todas as nçoes do homem em todas as
circunstâncias temporais, mas cia mesma nào é no tempo nem atinge um novo
estado no qual antes nào estava; com referencia a este novo estado* cia é c/e/ermi-
nartie* ma& ndo determinável. Conseqüentemente, nào se pode indagar por que
a razão nâo se deter minou deoturo modo, mas ^im unicamente por que. medianie
a sua causalidade, ela não determinou diversamente os fenomenos. A isto* no
entanto, qualquer resposta é impossível. Com efeito, um outro caráter inteligível
teria dado um outro caráter empírico; c quando dizemos que, sem levar em conta
iodo o modo anterior de conduzir a sua vida. o agente poderia não ter mentido?
Entao isto só dignifica que a açàu sc encontra imediatamente sob o poder da
ra^ào., e que esta ultima, em sua causalidade, nào está submetida a quaisquer
condiçOes do fenômeno e do curso temporal. Mas a diferença de tempo, embora
capital no que wnge às relaçòcs recíprocas dos feuômenoi entte su já que em
2H2 KANT

si mesmos os fenômenos não são nem coisas nem causas, não pod« fa?cr qual­
quer diferença para a relação que se estabelece entre & uçãí> e a razào-
/ C v n respeito à sua causalidade,. no julgamento de ações livres só pode­
mos chegar ale a causa inteligível, mas não ir além da mesma; podemos conhecer
que ela é livre, isto é, determinada independentemente da sensibilidade, ç que
deste modo ela pode ser a condido dos Tenômertos que não é condicionada pelos
semidos dos fenómenos. Mas porque o caráter inteligível resulta, nas circunstân­
cias existentes, exatamente nestes fenômenos e neste caráter empírico c uma ques
tão que ultrapassa, iâo de longe a faculdade de nossa razão para responder, e
aiè [cmIo o direito de ela sequer perguntar, como sc se indagasííc pòr que o objeto
transcende« lal dc nossa intuição scnsivel exiema sò dá uma intuição m vspaça
e não qualquer outro tipo dc intuição. Scí a tarefa.que tínhamos a autver de modo
algum nos obriga a tanio. Tratava-se unicamente de saber se a liberdade confli-
tua. numu e na mesma Mção. c^m a nece&»idudc natural; respondemos suficiente­
mente tal questão ao mostrarmos que* já que na primeira é passível uma relaçào
a um género de condições totalmcmc diverso do que na última. ;i lei desta não
aleta a anterior, ú que, portanto. ambas podem ocorrer independentemente uma
da outra c sem intcrlerênci3 ü recíprocas.

• * *

t recomendável observar que no acima dito não tivemos a pretensão de


«t. expor ’A reaiiduilt: da Jlberdade enquanto uma daí? faculdades / que contém a
causa dos fenômenos do nosso mundo sensível. Com efeito, além de que isto
dc modo algum constituiria uma consideração transcendental a trabalhar exclusi­
va menie com conceitos, também usu> seria posbivcl concreiar (;il mela na medida
cm que a partir da experiência jamais podemos inferir algo que de modo algum
pode ser pensado segundo leis clít experiência. Além disio, também de mancirn
iílfcuma intentamos demon.siriir sequer ü possibilidade da liberdade, poiü tal em-
prciUttfò também núo tena sido exitosa, já que cm geral não podemos conhecer,
u partir de puroü ecmcdtus a priorua possibilidade dc qualquer fundamento r«al
ou de qualquer causalidade. A liberdade c aqui tratado uníeameme como uma
ideia transcendental mediante a qual a razáo pensa mictar Absolutamente a série
das condíçoes nu fenômeno através daquilo que nào è cçsndtcionadrt pelos senti»
dos* Cíiredando-M assim numa antinomia com aqudns mesmas leis que cia pres
ereve ao uso empírico d«» entendimento. Mosirar que esta antinomia rçpouxa so­
bre uina simples aparênoiu e que a natureza pdo menos não ccfi/íitua eom a
causalidade a pstrtir da liberdade era a única coisa que podíamos fa7_er e também
aquela que únícn e exclusivamente nos interessava.

ss; /IV . Solução da idéia c-asmoiógica da totalidade du dependência


do*fênâmcfífis, segundri a sua existência cm geral

Na subseção precedente consideramos a.s mudanças do mundo dos sentidos


em sua série dinâmica, cada uma delas estando subordinada a uma outra enquân-
C R ÍT IC A DA RAZÃO PU RA

10 a sua causa. Empregaremos agora esta série de ustadus unicamente com o


fisn de que nos conduza a uma existénch que pusaa ser a condição suprema
de todo o mutável, ou seja. ao ente necessário. Não se traia aqui da causalidade
incondicionada, mas sim tia cxislcnuia incondicionada da própria substância. Lo­
go a série C|ue temos diante de nós è propriamente constuuída só de conceitos,
e não de iiuuiçòcb na medida em que uma e a condição da cutra^
Vê-se facHrttente, no entanto. que cm parle alguma da série da existência
dependente pode havçi\ já que tudo e mutável no conjunto dos fenómenos e„
portanto, condicionado na existência, qualquer membro incondicionada cuja
cxigiência fosse absolutamente necessária. Conseqüentemente, se os fenômenos;
fossem coisas cm si mesmas e se exatamente devido & isto a sua condiçüo sempre
pertencesse a uma e à messma série dc intuições que o condicionado, jamais fvode-
ria exiilir um / ente necessário enquanto a condição da existência doa fenómenos
do mundo sensível.
0 regresso dinâmico. no cnlanto, tray em si o seguinte inço característico
que o distingue do regresso maicmáiicít: jà que esle último lida propriamente
só com a composição das parles num iodo ou com a decomposição de um todo
em suas partes, as condições desta série sempre lèm que ser encaradas como
partes da mesma, ponanio, com,0 homúgença.s g, «jn sequentemente, como tcrtG-
menos. Ao invés disto, no regresso dinâmico u eondtçnn não- perfaz necc&swriu-
mente uma série empírica ctim a condicionado» visto que nãò se traia nem da
possibilidade dc um todo incondicionado a partir de partes dadas nem da de
uimt parto muondtcionudn para um todf» dado. mas sim da derivação ou dc um
estado u partir üc sua causa ou da existência coitlingciUc da própria substância
a partir da existência necessária.
Nesta aparenie antinomia que* ja-/ diante de nós, resta-nos ainda uma saida,
já que ümbas a-> propowçõeü mutuamente ct>nfliumies podem, numa relação di­
versa, ser verdadeiras ao mesmo tempo. Tanto U)duà as coisas do mundo dos
sentidos podem ser totalmente contingentes, e. portanto, também possuir uma
cxisicnçia que £ sempre càii^õ irmpifieíuncnle condicionada, quanto também po
de ocorrer uma condição nSo-empírica dc ioda a série, ou seja, um ente ineondi-
eío nada mente necessário. Com efeito, esie último- enquanto condição inteligível,
de modo algum pertenceria a série como um seu membro (nem mesmo como
o membm supfemo) / n&m tornaria empiricamente íncondiciunado qualquer
membro da série: ao contrário, permitifiii que u>dti u mundo dos sentidos seguisse
exÊiltndo do modo empiríçamenie condicionado que perpassa todos os seus mem­
bros. No que concerne a tal que-Stão, este modo de pôr uma existência íncondido-
nada como o fundamento d«s fenômenos distinguir-se-ia da causalidade empiri­
camente incondicionada (da liberdade), vista no artigo anterior, no 'teguinic: na
liberdade, a prúprúi coisa* enquanto causa Isubblanüa. phaenomennn^ ainda as­
sim pertenceria á série de condições, e somente a sua causalidade seria pensada
como Inteligível, ao passo êjuc aqui » çnle necessário teria que ser pensado como
totalmente fora da serie do mundo sensível (enquanto ens extramundanum) e co­
mo puramente inteligível- SomenLc airavís destç procedimento c pussívi;! evitar
KANT

que este ente mesmo seja submetido k lei da contingência e da dependência de


todos os fenómeRos.
No t[uç se ixTcre a esta nossa tarefa. pois. a principio regulaiiro da raiào
consiste em que tudo no mundo dos sentidos tenha urna existência empiricamente
condicionada e que em parte algirma haja uma necessidade ineçmdickmada csjm
respeito a qualquer uma de suas propriedades, bem como que não exista qualquer
membro da série de condições do qual nâo sc tenha sempre que esperar, e procii
rar na medida do possível, a condição empírica numa experièrteia posfctvel; alem
disto, nada nos autoriza a derivar qualquer exiiUcncia a partir de uma condição
CXLerior à serie empirica, bem como também considerada como absolutamente
independente c autônoma 113 própria sérk. Mediante taL no entanto, este prírrcí
5*3 pio de JTJüdo al^um desmente a sssçrçâo / de que toda a, série possa est&r fundada
sobre algum ente inteligível tc que, devido a isto, está livre dc ioda a condição
empírica, contendo antes o Fundamento dst possibilidade de todos estes fenóme­
nos).
Entretanto, nào lemos aqui a intcngào de demonstrar a existência incondí
danadamente necessária dc um ente. ou dc sequer nisto fundamentar a possibili­
dade de uma condição puramente inteligível da existência dos fenômenos do
mundo sensível; lanto quanto restringimos a razão para qufi ela não abandone
o fio das condições empírica« nem ac perca cm fundamentos de explicação que
sâo fransctinivntm c incapazes de qualquer aprer>cntaçãn in concreto, irata-*ic
Lão-somemc dc lambem cercear, por outro iado, a lei do uso meramente empírico
do entendimento no seniido de que nem dccida àohre a possibilidade dus coísíís
em geral nem dcclare o inteligível comt> impossfrvt simplesmente porque esle
nâo ê utilizado por nós na explicação dos fenômenos, Mçdiantc toU pois* só se
mostra que a coniingèneia universal de todas as Coisas naturais, bem come dc
todas ai suas condições (empíricas), pode muito bem coexistir com 0 pressu|H>sto
arbitrário de uma condição necessária, embora puramente inteligível; e como
náo ê possível encontrar qualquer eorurodiçà» verdadeira entre estas afirmações,
ambas podem ser verdadeiras. For mais que um ial ente absolutamente necessário
do entendimento s,ç|a cm w impassível, isto dc modo algum pode ser inferido
flvi nem â partir da / Ctíruin^êndii e dependência universais, de tudo o que pertence
ao mundo dos sentidos, nem a partir do principio quç nos impede tanto dc nos
determos cm quatquer um dos membros do mundo dos sentidos, enquanto coniin-
Rcnte, quanio de nos reportarmos 3 uma causa exterior ao mundo. A razão segue
3 sua trilha no uso empírico « u sua trilha particular no uso transcendental
O mundo dos sentklos nada mais contém do que fenómenos*, estes, no entítiv
lo, são mera-s representações que sâo sempre, por sua vez, condicionadas de um
modo sensível* £ já que aqui jamais Lemos coisas em si mesmas como níwo&
objeios, nâo c de admirar que nunea estejamos autorizados n dar um salto para
além do conteúdo da sensibilidade ao tratarmos de um membro das séries empíri
Caís. seja ele qual for, comn st estivéssemos lidando com coisas em sí mesmas
que existissem fora de seu fundamenio transcendental e que se poderia abandonar
para, fora delas, procurar a cau*a de sua existência; e certo que isto teria que
C R ÍT IC A DA R A ZÃ O PU RA 235

finalmente ucorrer cum as cuisas contingentes. mas não com meras rrprpsentn
de coisas cuja própria contingência só é fenómeno, c pode cxclusivamente
conduzir àqueJe regresso que determina os fenômenos, isto c. que é empírico.
Por ouiro Lado, pensar um fundamento irucíigivel do,^ fenómenos, islo Ê. do mun­
do dos sentidos. e pensá lo como liberlo da contingência dok fenômenos, não
c contrário nem a um regresso empírico irrestrito na série dos fenômenos nem
â íonlingênca / universal do* mesmos. Isto. no enianio. também ê a única coisa
que tínhamm a fazer para suprimir a aparente antinomia, c só pnderiít ser leiLa
desta maneira. Cum deito, sc a rcspcctiva cundiçâo para iodo o condicionado
(segundo a e x is tid a ) é sensível, exatamente devido a isto pertencente à série,
criião ela mt^ma ê. por sua vez. condicionada ícomo o revela a anüicsc da quarta
íuUÍnomial. Ou teria, pois, que permanecer um conflito com a raz-ãq, a qual exige
o incondicionado, ou esle úítimo Ecria que ser posto Tora da série, rto inteligível,
cuja necessidade nem cxigç nem admite qualquer condição empírica; e em decor
réncí?! ele c incondiciunadameEUt: necessário no que tan^e aos fenômenos-
O uüo empírico da razao (no que concerne às condições da existência no
mundo do\ isenudos) nào c alctado pela admissão de um unte puramente inteligí­
vel; ao comrário. segundo o princípio df» contingência universal, ele passa dc
condições cmpiríea& a condiçCm mais elevadas que, da mesma lürma. sempre
são empíricas. Quando re trata dti uso puro da razão (tendo cm vista fins), esic
princípio reuilaiiva tampouco CKClUi A aceitação dtí uma càusíi inteligível que
não esteja na série. Poiü entuo aquela causa inteligível dignifica unicamente o
fundamento, pnrí nós puramente transcendental c desconhecido,da possibilidade
da serie sensível em gerítlí a sua existência, independente dc iodas as condiçues
sensíveis c incondicionadnmcntc ncycssárin / no que rcspciui àa momaí, dc modo
algum sc opõe á contingência ilimitada dos fcnõmcnosS, e por isso também níio
»<) regresso riu série dítb condições empíricas, o^uul riâo cevsa em pomo al^urtv

N OTA F IN A L A TO D A A A N T IN O M IA D A R A Z À Q PU K A

Finquumo o objeto dos conceitos de nossa razão é simplesmente formado


pela totalidade das condições no mundo dos sentido.«; <* pdo que com respeito
i\ e&ie pode resultar cm benefício dá razão, as* nossas idéias por Ejerto ião lrnn&
eendeniais, mas também çasmatógicas. Tão logo» no entanto, ponhamos o incon-
dicionado (o qual propriamente noa interessa) naquilo que se situa ilishIuutite
fora do mundo dos sentidos, portamo* fora de toda experieneju possível, as idéias
se tornam transcendentes, Hias não servem cxclusivamcnte pam completar o u&o
empírico da razão {que sempre permanece uma idéia Jamais a realizar, mas ainda
asgím a perseguir*; ao contrário, elas se apartam completamente disto e paru
si mesmas* constituem übjetos cuja maiém nào tí reLirada da experiência e cuja
realidade objetiva também náo repousa sobre a eomplemdc da série empírtea.
mas sim sobre conceito* puros a priori. Tais idéias transeendemes possuam um
objeto puramenLe inteligível, e é claro que se pode admiti-lo como um objeto
2Ô6 KA N T

transcendental. do qual de rcsio nada se sabe; no entanto, para pensá-lo como


uma coisa determinável mediante os seus. predicados internou e distintivos, não
5-m temos a nosso lavor nem / fundamentos de possibilidade (enquanto c independen
te de todos os Cítficdtoiv da experiência) nem a minima justificativa para admitir
um tal objeto, e em conseqüência este nada mais c do que um ente de pensamento.
Dentre todas as idéias cosmo lógicas, no entanto, aquela que provocou a quarta
antinomia nos compele a vuuurar este pa&so. Com efeito, a existência dos fenô­
menos, que em si mesma c total c absolutamente infundada, nos exorta a procurar
algo diverso de iodos os fenómenos, e, porlanto. uiti objeta inteligível no qual
cesse esta contingência, Mas quando uma vez tomamos a liberdade de admitir
uma realidadeauLo-sub»is?cnte Cora do âmbito de toda a sensibilidade, os fenôme­
nos só podem ser encarados» oimo modos contingentes pclns quais entes que
são propriamente inteligências representam objetos inteligíveis: cm decorrência
disto, mula rnaia nos resta do que a analogia, segundo a qual nos utilizamos
dos conceitos da experiência para ainda assim nos formarmos algum conceito
a respeito de civsas intetigíveis, das quais, em si, não> wmos « mínimo conheci­
mento. lá que nào aprendemos a cnflhcccr o contingente de outm modo que
medi a ale a experiência, mas que aqui o a&sunto gira cm torno de coisas que
de modo algum devem ser objetos <Ia experiência. teremos que derivar o conheci­
mento das mesmas a partir daquilo que cm si è necessário, a partir de conceitos
puros de coisas em geral. Por conseguinte, o primeiro passo que damos pura
jw além d« mundo sensível / nos constrange lauto a começar a busca cie novos
conhecimentos com a investiga^ 0 ào ente absolutamente neocs&ário quaruo a,
derivar dos seus conceitos os conceitos de todaft :is cokas na medida em que
são puramente inidigíveij;;^ « esta a temaiíva que pretendemos encetar no capilu*
to seguinte.

C a p ít u l o T i -r c k ik o í .h) L iv r o SfcGL*lwnr> im DiAi.PTif\\ T r a v s c h n d i -n r a i

O ideal da ra/á o pura

S tÇ Ã O P K IM b IR A

DO ID E A L EM G E R A L

Vimos acima que sem as condições da sensibilidade nenhum objeto absolu­


tamente pode ser representado mediante conceiics puros do etueridimemu. porque
faliam as condições da sua realidade objetiva e neles nào se encontra scnào a
simples forma do pensamento. Tais conceitos não ubsuintc. podem ser apresenta­
dos in concreto* quando são aplicados aos fenômenos; nestw, com efeiio eles
propriamente possuem a matéria para o conceito empírico que nào é senão um
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 287

uonceito íei. concreto do entendimcnLo. As idéias, pyrem. estào ainda mais afasta­
das du realidade objetiva do que as categ orias, pois nàu sc pode encontrar nu
nhum renômeno em que as idéias se ileufim representar in conereto_ Elas contêm
uma certa / completude que nenhum conhecimento empírico possível chega a.
alcançar e a razào visa nelas somente uma unidade sistemática. à qual procura
aproximar a unidade empírica possivçl sem jamais a alcançar inteiramente.
Entretanto, mais afastado ainda da realidade objetiva do que a idéia parece
eâtar aqgilo que denomino o id ea i e pelo qual entendo a ideia não simplesmctuc
in concreto mais ín indivíduo, isto é. como uma eoisn singular, determinável nu
mesmo determinada unieamente mediante a idéia.
Nu sua inteira perfeição a humanidade contém não comente a extensão de
todas as propriedades essenciai.s pertencentes ã natureza hurnuiiu (que constituem
o nosso conceito dessa naturraaj até a congruência completa com os seus fins,
0 que formaria a nossa idéia da humanidade perfeita, mas contem além disso
tudo o que fora desse conceito pertence à determinarão completa du idéia. De
fato, de todo:» os predicados. contrapostos um sorrtünte pode adaptar-se ã ideia
do homem perfeito. O que para nós c um ideal ura pura Ptaião uma idéia Uo
vn im d im e tu o tdvttto, um objeto singular na intuição pura desse entendimento,
o mais, perfeito dc toda espécie dc cnLes possíveis c o fundamento originário de
iodas as cópias dí> fenômeno.
/ Mas .sem no* ele varmo* um Lo tcmOh dc confessar que a razão humana
contém não apenas idéias mas Umbcm ideais que, na verdade, não possuem um:>
íorça criadora como as platônicas e, contudo, uma força prática (como princípios
rctuukilivosh subjazendo ã possibilidade da pârfcição de certas uçâcs. Os concei
tos morais não sáto conceito* totalmente puros da razão. porque a seu fundamen­
to encontra-se algo empSrico (pruzer ou dor). Todavia, com respeito ao princípio
pelo qual a razão põe barreiras ;i li herdade, que em si c alegai (portanto, se
ac con&idcru simplesmente a süü forma}, tais conceltnü podem b&m scrvtr como
exemplos de conceitos puros da ray.ao. A virtude e com cia n sabedoria humana
no sua inteira piírexa são idéias. O .sábio, porem (o estóico L é um ideal, krn
ê. um homem quá exlsLe merjimente nu pensamento. masque c Enceirameme cort
firuente com a idéia da sabedoria. Do mesmo modo como a idéia fornece a regra,
o id^al serve em tal caso dc urtfu{*tipo para a determinação compliE.it da còpia;
t nós não possuímos outra mtídidaorienladuradaí» nossas ações ^enaoo comp&r-
mmenio desse homem divino em nós. com o qual nos comparamos, nos julgamos
e pelo qual nos tumamos melhores, se bem que ninguém jamais possa alcançá-lo,
Conquanto nâú possa Conceder realidade objetiva (existência) a esses ideais,
nem por isso eles devem ser considerados quimeras, pois fornecem uma medida
indispensável à razão, que prema do conceito daquilo que / é totalmente perfeito
na sua espécie para avaJiar c medir com base nele o grau e os defeitos daquilo
que é imperfeito, Querer, todavia, realizar o ideal num exemplo, isio ê, no fenô­
meno - cmtii ou meno$ comu o sábio num romance — é impraticável e alem
disso possui algo absurdo e pouco edificante, enquanto barreiras naturais que
KANT

prejudicam continuamente a eompletude na ídéia íornem impossível ioda a ilusão


em lal tentativa, tornando deste modo suspeito e semelhante a uma simples ficção
o próprio bem que sc encontra na idéia.
Assim eslão as coisas com respeito ao ideal da razão+ijue sempre tem de
repousar sobre conceitos determinados e servir dc regra e de arquétipo, quer para
ber seguido quer para sc julgado. Rcm diverso é o caso daquelas criaturas da
capacidade da imagjnaçào. que ninguém pode explicar e sobre as quais ninguém
pode fornecer üm conceito compreensível: elas, por assim dizer, são monogra­
mas, traços isolados, que não sào determinados por nenhuma suposta regra e
que. por assim di/xr, constituem mais uma espécie de contorno va^o no meio de
experiências diversas do que uma imagem determinada, semelham* à que m pin­
tores £ fisíonomistas pretçrwJem ter em sua cabeça c devem ser um perfil incomu­
nicável dos seus produtos ou dos seus juízos. Essas vagas imagens podem ser
chamadas* se bem que sà impropriair^niç. ideais da sensibilidade, porque devem
ím ser o modelo tnaiingivei de mtuiçoes empíricas possíveis o nào / fornecem todii-
via nenhuma regra suscetível dc explicação ede exame,
O intuito da razão com o íveu ideal c a determinaçau compieia segundo
regras a priori. Por isso ela pertsa um objeto que deve ser completamente dcíermi
nâvet segundo princípios, se Wcm que nu experiência faliem as condições suíicien*
ti» para tanto c que o próprio conceito seja. portanto* transcendente.

SHÇ ÂÜ S tO U N D A DO C A P Í TULO T F.R C K IRO

DO ID E A L TR A N SCEN D EN TAL(PRO TO TYPO N TRA N SCF.N D F.N TALE)

Todo conceito é indeterminudo cem respeito ao que não está contido nele
e está subordinado aí» princípio da delerminahWdode, ou seja. que de cada dois
predicados oposioi contraditoriamente entre si somence um pode ser lhe atribuí
do. Fsie princípio repousa sobre o princípio de cumradiçâü e por isso é um
princípio meramente 1Ó£íco, que abstrai de lod» o conteúdo do conhecimento
para ter presente somente a forma lógica do mesmo.
Toda coisa quanto à sua possibilidade cstá> porém, subordinada ainda ao
princípio da detenmnaçào compiela. con formemente eio qual dc todos os prcdica-
«oo dos passíveis das / coisas, enquunto são comparados com os seus opostos., um
deles tem de convir-lhc. Tal predicado nào rcpuusa merameniç sobre o princípiu
de contradição, pois ele considera, além da relação de dois predicados conflimn-
les ertire st, ainda cada coisa cm rda^ão com a inteira possibilidade como b
conjunto de todos os predicados das co im em geral l\ enquanto pre^upòe tal
possibilidade tomo condido a priori, representa c&da coisa cama derivando a
sua própria possibilidade do seu grau de participação naquela inteira possíbilida-
C R ÍT IC A DA RAZÃO PU RA 289

dc.B1 Portanto, o principiuui da determinação completa refere-se ao conteúdo


e não simplesmente à forma lógica. Eli; c a princípio da síntese de todos 05 prcdi
cadosi que devem formar o Conceito completo de uma coisa e rtao simplesmente
a representação anal Ética medíame um dew* predicados opostos. e comém um
pressuposto transcende mal. a. saber, / a matéria para ioda a pmsihilidade, a qual
deve cunier a. priurí os dados para a possibilidade peculiar de cada coisa.
A proposição: todo o existente c compíeíumente deierminado não significa
somente que de cada par de predicados opostos dados am deve ser atribuído
à coisa exigente, mas significa isto também com respeito a totloa os predicados,
possíveis. Mediante assa proposição não somente os predicados são comparado^
logicamenLe entre si, mas íi própria coisa 6 comparada transccndentalmente com
o conjunlu dv Iodos os predicados possíveis. Tal proposição quer significar que,
paru se conhecer completamente umsi coisa, tem-se que conhecer todo o possível
e determiná-la atravòb dusLe, quer posüiva quçr negativamente. A determinação
completa, conseqüentemente,, é um conceko que jamais podemos aprescnUir irs
concreto na sua totalidade. Este concciío. portanto, sç Funda sobre uma idéia
com hiede exclustvamente na ra/an, íi qua] prescreve ao entendimento a regra
de seu inteiro uso.
Ora, í>í? bem que esta idéia do conjunto de ivdu a possibilidade— enquanto
tal conjunto Subjaz como condição à itaierminaçao completa dc dada cqími —
siya cia nie&nia aínda indeterminada com respeito aos predica dos que possum
constituir e$$e conjunto, c ée bem que mediante titi idéia não pensemos scnào
um conjunto dc todos os predicados possíveis em geral- numa investigação fnais
aprofundada encontramos que essa idéia como conceito originário elimina uma
rliullidfio de predicados que já sào dados como derivados através de / outros
ou que hão pttdcm ser compatíveis entre $i, encontramos ainda que se a mc$ma
idéia purifica-sc até o ponto dc um conceito determinado de m^do completamente
a priori, lomandosc assim o conceito de uni objeto singular que é completamente
determinado mediante ü simple:;, idéia eque. por conseguinte, tum de serdenomi
fiado ideal da ra*ào pura.
Se considerarmos ledos os predicados poswveis. nào upcna$ logicamente
mas transcendental mente. Shio e, segundo o seu conteúdo que pode ser pensadu
a priori, descobrimos, que através de alguns ê represemado um ser, e uiravés
de outros, um simples oãu-ser. A nega^ao lógtca, que é indicada exclusivamente
peJít particula nào, jamais é propriamente inerente a um conceito, mas somente
u uma relação dete cum um ouLro conceito no juiwi e nem de longe. pois. c
suficiente para designar um conceito com vistas ao seu cometido, A expressão
"não mortal1' de mudo algum pode tornar eogrtoücivel o fato de que através deJa
é representado um simples nao scr no objcLo. arnes^ddJta intato todo o conteúdo.

•1 M cJiam c este principio, ponamo, cnd;i coisa è reítrid» a um corrchtum comum, a saber, à pusiibitkdadi
com pjcii ^líu, ac f i“sCCc è, a mstcnXL de ilhÍus üi prftdícadm pmsívei.s) liiHiL- t;nctXiCiíín,ia nu idein de innn
única línisa, provaria uma afinidade d í lodo o pnswivel rnodiantt ik iiitfntitbdc do fundumarníi dn -sua deiirtri
nação completa. A díterminabUidcde dc todo conmto está subordinada à unm vsattdajf (tmiverjialitas)
■rio píinuipn) <ia cKílu^ãy de ura. rtvsio termo entre dois predicados opostos, mas a ■clclerminaçàu di; una
«>tsa à totalidade (univçnitas) ou ao conjurtLú de todus as predicadas i>osiiveií..
290 KANT

Uma negação transcendental. ao contrário, significa o não-scr em si mesmo, ao


qual é contraposta a afirmação transcendental: esta c um algo, cujo conceito
expressa já cm si mesmo um scr, dencminando-se, em virtude tliüso, rcslidadç
(coisultdade), pois unicamente através deía c somente até onde cia alcança são
w)3 ot; objetos um algo (coisas)* A negação a ela Cüntraposta, ao invés, j significa
uma simples carência e onde apenas esta Tor pensada represeníarse-á a supressão
dc Ioda a coisa,
Ora. ninguém pode pensar determinadamente uma ncg&ção sem que Lenha
posto como fundamento a afirmação oposta. O cego de nascença nào pode for
mar se a mínima representação das trevas porque nào possui uma representação
da luz; O líclvagem nao pode formar-se nenhuma reprc^cntaçàu da pobreza, pw
que nào conhece a abastança.* 1 O ignorante níio po«ui um conceito da sua
ignorância, porque não possui um conceito da ciência etc* Portanto* iodos os
conceitos de negação também são derivados, e as realidades contêm oy dados
por assim dizer, a matéria ou o conteúdo Lranscendefual para a possibilidade
e a determinação completa de rodas as coisas,
Se k base da determinação cnmpletü, porlunun é posto cm nossa raïào um
substratum trnnscertdénuil que ctnitcnha por as^im di/er a inteira provirão do
material donde todos os predicados possiveis das çoi-sa* podem scr tinidos, cniãn
hm eiu>e substratum nào ê ouiru coisa scnào a tdêia de um todo da / realidade (omni
ludo realkatis). Todas as verdadeiras, ncgaçucs nào suo. pois, scnào Utuitax; ülíts
nào poderiam scr chumada* assim su não eslives&cm fundadas no ilimitado (<>
codo>.
Com esta pmse uumpiçca da realidade, porém, c representado uimbém o
conceito do umu colsu em si mttwia como eumpleiamcmc determinado: e o eort
veitt> dc um ens rejilissimum ê o conceito de um ente singular, porque entre icKlm
o-s predicado.s contrapostos na sua determinação e encontrado um, a saber, aque
le que pertence ao ser de um mundo ahsoluto. Mi, portanto, um ideal transcen­
dental na base da dctcrrmnaçào completa que .se encomrn necessariamente em
tudo o que existe e que constitui a condição maicrúit suprema e completa da
sua possibil idade. A esta íondiç:‘n>deve ser reconduzido UhJü o pensamento do*
objeto* ím geral com respeito 11« seu conteúdo. Mas se traiu lambem do único
ideal verdadeiro e próprio de que è capa/ « razão humana, sumunte no^tcí
caso um eoneçito em si universal de uma coisa e determinado completamente
por «r mesmo e é conhecido como a representação de utn indivíduo.
A determinação lógica de um conceito pda roxào repousa sobre um níIouis-
mo disjuntivo, no qual a premissa maior contém uma divisáo lógica (a divisão
da cslera de um conceito universal}, u premissa mirnor limita es.síi esfera a uma
♦cs parte e / a conclusão determina o conceito mediante esta pari«;, O cunccito uni
v'Crsal de uma realidade em geral nào pode ^er dividido a pnori. porque sem

BJ As ob^ervaçuc*. c 04. cál<fuk\a das àí.irõniímfw «n^na/aiTi noa muitu coisa admirável, mas í>mais impor
tarns c que descobriram t>abismo il», nüaaa ignorância. o que sera esssw coihícimentps a ruzïo humana
jamais term podido st icprc^m ar comû tão g,runde; a refkvàú snòrc ewui ignurãncia lem qim; produzir
uma grande rnutianv-a nadctúrmrnaçjio tk\s objítivos último* da us<i üa ho:ssji raiàu-
C R ÍT JC A da razão pura 291

a experiência não íc conhece qualquer modo determinado de realidade que esti


ves se comido naquele jênex-. Portanto, a pren^sa niai.:-i transcendental da de
terminação completa de todas as coisas não é auira senão a representação do
cortjuntu de toda a realidade, não simplesmente um concciio que compreende
sob iv todos os predicados seguridu u seu conteúdo transcendenLal. ma^ um con­
ceito que compreende tais predicados em sL h a determinação completa dc cada
coisa repousa sobre a limitação desse foífoda realidade, na medida em que uma
píirlc dcLa é atribuída á coisa e o resto 3hc c excluído; i> que euneurda ram a
alternativa dai premissa maior disjuntiva e da determinação do objelo na premissa
menor mcdianic um dos membros dcisa dmsão. A^sim o uso da razão, mediante
o qual efa pôe o ideal transcendental como fundamento dc sua determinarão
de todas as coisas possiveis. é análogo ao uso segundo o qual ela procede nos
silogism os disjuntivos. Este foi o princípio qut acima pu& como fundamento da
(iívisüd sistemática de todas as idéias transcendentais e segunde* o qual tais tdéias
sào produzidas pafiilda c correspondtntemeruc aos três modos de silogismos.
Compreende-se por quç para esto seu Hm, a saber, piiru rcprcscntar-sc
unicamente a determinação cortipEcta e necessãria das coisas, a razão não / pres­ MXi
supõe a existência de um Lal ente que ê conlurriit; ao idcaE, mas emente í\ idéia
do mesma para denvar de uma totalidade irtcondidiirtada da determinarão com­
pleta a total idadt, condicionada, isiú e. íi toiulidade do que é Limilado* Para a
razüo, portanto. o ideal e o modelo (prototyponJ de tydas a:» coisas., as quais
em f;anjumo como cópias imperfeitas (eciypa) tiram dele a matéria para a sua
possibilidade c enquanto se aproximam mais ou menos, Jct« permanecem iempre
infinitamente di&tnntcK para alcançâ lo.
Dcsiv modo ioda a possibilidade das eoixas Ida síntese do múltiplo segundo
o SCU Címtíúdo) é considerada deriv;id;i c imicumcnic ;i possibilidade daquilo
que çnçcrra em si toda a realidíide é considerada originária. Com eleito, iodas
ai nega^òes (embora sejam os únieos predicados ptíos quitis tudo o mais pode
distirmiir-^c do eme realissímo) sào simples limUiiçòe;. de uma realidade maior
e„ enfim, da realidade suprema; por ciwwuuinu'. pressupõem a esta c quanto
ao conteúdo suo simplesmente derivada* dela. Toda a multiplicidade das coisas
é somente um mudo variado de Iirrrii:ir o conceno da realidade supremu. que
é o seu substrato comum, assim como iodas as llgura* somaue sào possíveis
como diversos modo* de limitar o espaço infinito. ConscquenLcmcjue, o objeto
do ideal du ravuío — ■o qual se encontra meramenic nela é lamhém o w jt
origiiwriti {ens ortginarium); enquaniu não possui nenhum ente aeima de si é
o twe supremo {cus summum}; t\ enquanm tudo como condicionado está subor
dinado a ele. ê denominado o enfe th* todos / q.í ente\ íens cniíuml. Tudo isto, rni7

porem, rtào significa a relação objetiva de um objeto real com ouras coíüííã e
àirn da idçia com conceitos, deixando-nos em completa ignorância acerca da exis­
tência dc um ente de íào excepcional preeminência.
V'iüto qge além dftoo nào se pode dix.er que um ente originário consLe de
muitos ontes J^rivados, enquantu cada uiti dclcs o pressupòc e iià y podc> poih.
CnntfituMíX a35im C\ ideai do ente Onganirio tem que ser também pensado como
simples.
KANT

Portanto, para falar com precisão, a derivação desse ente originário ■ÜCimda
â ulterior possibilidade não pode lampouco ser considerada uma limitação de
sua realidade suprema e. por assim di/.er. uma divisão dela. Em tal caAü. com
efeito, o ente originário seria considerado um simples agregado dc entes deriva
dos. o que pelo que foi dim anteriormente é impossível. conquanto inicialmente
no primeiro e rudimentar esbuço tenhamus repre:>çntado assim a quesLão. Antes,
a realidade suprema subjazeria s possibiJidade de todas as coisas como um fun­
damento c nào como um conjunto. I; a multiplicidade das coisas- nào repousaria
sobre a limitação do próprio ente originário, «Tias da sua completa conseqüência,
ã qual pertenceria tambem a nossa ínLeira senvibilidade. juntamente com toda
a realidade do fenómeno, que nào pude penencer como ingrediente â idéia do
ente supremo.
f.W) / Se Dra.. hiposLasiando a nossa idéia. continuamos a seguifca. então podere­
mos determinar o ente originário — mediante o simples conceito da realidade
suprema — comó um uníco simples* totalmente suficiente, eterno etc.: em uma
palavra» poderemos deccrmmá lo em sua çompletude incondicionada mediante
todos us predicamentos. O conceito de um tal ente e o de Deus, pensado em
scniido transcendental, e dejflc modo — como também mencionei acima *— o
ideal da razão pura é o objeto de uma teologia transcendental.
Tal üia da idéia transcendental, no entanto, ultrapassar ia jã os limites da
sua determinação c legitimidade. Com efeito,, a ra/.ào pós tuí idéia somente a
fundamento da determinação completa dns emita* em geral, cumo o cohccUo
de totla n realidade* sem pretender que toda esta realidade seja dada objetivamen
ic e con&iiiuu ela mesma uma coisa. Esui última é uma üimplcs ficçàp mediante
a quat nós rceoihemos e realí/.amos o múltiplo da nossa idéia cm um ideal como
um ente particular. Nilo temos puro isso nenhum direito, nem sequer o dc admitir
a poi.sibiiidndc de uma l;i| hipótese. Assim inmhem todas as consequências que
decorrem dc um tal ideal nào concernem de modo algum ã deicrminaçao comple
ta das coisas em gerat. para cuji> fim a idéia unicamente era necessária, e não
possuem a mínima influencia !>oljre ela.
/ Nào foitâtu descrever.u procedimento da nossa razão c a sua dialética;
& preciso procurar descobrir também as fonies dos r.a para poder explicar essa
ilusão menma como um fenômeno do entendimento, pois o ideal do qual falamos
funda-se Sübre uma idéia natural e rãtí meramente arbitrária. Por isso pergunto;
como cliuga a a considerar toda s, pos&íbilidadc das coisas como derivada
de uma única possihilidadc que a fundamenta, a saber, da possibilidade da reali­
dade suprema, c a pressupor depois esta camo contida cm um cKpeçjal cnie origi
nário?
A resposta ofcrcce-se espontaneamente a partir do desenvolvimento da
Analítica Transcendental, A possibilidade dos objetos dos sentidos ê u m a relaçao
dos mesmoü com o nossu pensamento. iu> qual aJguma coisa (a saber, a fnrma.
émpirica) pode ser pensada a priori: aquilo, porém, que constitui a matéria —
a realidade no fenómeno (o que corresponde â sensação) — tem que scr dado,
porque do contrário nào poderia dc modo algum ser pensado e, por conseguinte,
a üua possibilidade nao poderia ser representada. Ora, um objeto dos sentidos
C R ÍT IC A DA RA ZÃ O PURA 293

somente pode ser completamenie determinado se è comparado com todos os pre­


dicados do rcnõmeno e se c representado afirmativa ou negativamente
deles. Alem disso. visto que em li. objeto dos sentidos aquilo que constitui a
própria eoisa (no fenômeno), a saber, O reáL tem gue ser dado, sem u que tajnbêm
nào pode de modo algum sor pensado; e visto que aquilo em que / o real, de <
11
0
todos os fenômenos è dado é a experiência una e totalmente ah rangente; então
a maiéria para a possibilidade de todos os objeius dos sentidos tem 411c ser pres­
suposta como dada num conjunto., sobre cuja timitação somente podem rcpúus^r
toda a possibilidade dos objetos empíricos, a sua diferença entre si e a ^ua deter
T7iinoÇaç) Compkía. Oran nenhum outro objeto púde ác faio s,cr-no$ dado íi n&o
ser os objetos do ti sentidos, t: cm parle alguma podem eles ser dados n não ser
no cuntcptto dc uma cxperiência po^ivel; con^ücfdèniçrtlç nada c um objeto
para ;ió,ç sc não pressupõe 0 conjunto de toda a realidade empírica como cr>ndi
ção ds: sua possibilidade.. Com base numa ilusão natural consideramos um princi
pio, quii propriamente vale somenLe para as coisas que são dadas como objetos
dos nossos sentidos, eomü tendu d& valer para todas as coisas em £.erâl. Km
conscqücnciíi disso, tomamus o princípio empírico dos nossos coueciioü da possi
bilídade da& coisas como fonòmcrtos^ sí suprimimos uso limitação, como um
princípio Lranscefidi:tn.nl da po^ibilidudc das coisas cm tfcrál.
O lato. porem. de que íiípoüUüiatnos estia Ideia do conjunto dtí toda a ni ali­
dade provem de que transformamos djalecicamente n unidade disirlbtirívti do uso
empírico do entendimento na unidade cotetivé dc um todo dc eJípcricnda, c tjtic
ptrt iamos éste tftdo do fenòmerK) conui uma eoisu .singular que coMcm cm si
toda a realidade empírica. Tal üoí&íí ê, poiü, confundida / mediante a já refe ri­ ta I
da sub-repção transcendental — com o conceito de unia coisa que está no vértice
possibilidade de todas coisas, para cuja determinaçao eomp3cia fornece
as condições tüíiís. 83

S E Ç Ã O TR R C F.IR À D O C A P ÍT U L O T k R C E JR Q

DOS A R G U M E N T O S DA R A Z À O E S P E C U L A T IV A P A R A ÏN F E R JR
A E X IS T Ê N C IA D E UM HNTfc SUPRfcM O

A despeito dessa urgente riuces*idade du nizito Jc pressupor idtio que possa


servir iniet rumen te de fundam enta a*> crucndimciHO p&ra u determ inarão com p le
m dos seus conceitos, d a observa dem asiado facilm em e o que há dc Ldcal c dc

"J Fsce kícmJ íüii ente m:iij rt-al <!e ilhIoí. cpnfluanm uma üimpl^s ropresçnlaçiifi, ç primtt'arttcnic reniizado*
islu c, tQinudv objcia. d seg.uLr kipdsiaaitHÍiï c finalmtmt. igicdiiiruc um (ítii^reí^vj niiiurul du r;L;rÎLt>rumo
au ptirfeuujuiurnenLu -áa MdnJaJtf. atf pt-VSOftÿtíúdü. CHFTKf ü MptírtlTlúS «fît bWV£. Guírt crdífl, ü irtiidiitte
rcg.plaitvs Cil íMptriitlcia Itão ícjiaiif.íj sòtrc ts:; p-rúpritis ScnaTncnoii E.sí) da KÉniihilHitide). mai uit>r£ a arte-
ião du sej müLlàpb pelo aniPiufimtrrtio Irumo apercEjKân); por cíMSfta^ijiiníe, ? unidi^dn fftíllklaíc wjprínm
e a ciimpkta díKrmínabiIwiarii ^poft&ãhi clâ 1-odaíí as Cuites pariée r^iiiltr num entendimenHo niaprcmci,
].'i\
d;"i i"Jl'il"» .V
+^ .1 ^~ rij.
294 KANT

meramente ficiído e um ia] pressuposto pura unicamente através di^so persuadir-


fi 12 se a admitir como um ente rea] / uma simples criatura do próprio pensamento,
sc ela nao fosse impelida por alguma outra coisa a procurar cm alguma parte
o seu repouso, no regresso do condicionado, que é dado, ao tncondicionado, que
na verdade em sí c segundo o seu simples conceito não ê dady como real mas
que unicamente pode completar n série das condizes reconduzidas aos seus Fun­
damentos. Ora. este é o caminho natural que toma toda razão humana — mesmo
a mais comum — se bem que nem todas perseverem nele. Eis nào começa a
partir dc conceitos, mua da experiência comum c toma, portanto, como funda
menlu aJgo cxistenLc. Esse térreno, todavia, kc afunda quando nâo rçpousa sobre
a rocha imóvel do absolutamente necessário. F.sta própria rocha também vacila
sem apoio se fora c abaixo dela há um espaço vazio c se ela mesma nào preenche
tudo c nao deixa assim mais nenhum lugar para o porquê, isto é, se nào é infinita
quanto á realidade. •
Se alguma coisa — seja qual Ibr — cxisic, icm quç admitir se também que
alguma coisa existe tiecessuriameme. Com efeito, o contingente existe somenLe
sob a endição de uma oulra coisa como &ua causa; com rfispdto a esta a valida­
de da inferência prolonga s« até uma causa quo nâo é contingente e que precisa­
mente por isso existi necessariamente c sem condição. .Sobre este argumento a
ra*ào funda o seu progresso até o ente originário,
6i3 / Ora, a razão procura o conceito dc um ente. que convenha a uma tal
preeminência da existência como o da ncccssidadc incondicionada. não tanto
para emão inferir u priori do conccito dc um tal ente a sua existencial (pois,
se se atrevesse a isso* deveria em gerai investigar somente com simples conceitos
c não teria necessidade d« tomar como fundumenio uma existência dada), mas
somente para entre wdOh 05 conccitoa de coisas possíveis encontrar aquele que
nao contém em ú nada conflitante com n necessidade absoluta, Com efcíto, cjue
alguma coi$a Lenha de existir tic modo absolutamente necessário, cia jà após
a primeira inferência considera-0 como verto. Ora, sc a razia pode suprimir ludo
0 que não sc coaduna com essa necessidade, com exceção dc uma coisa só. erttao
se trata aqui do ente absolutamente necessário, nào importando sc se pode couce
ber í) sua necessidade, isu? c. inferi la unicamente a partir do seu conceito, ou
nào,
Ora. aquilo cujo conceito contém cm si a resposta para todo o porquê, que
nào ê defeituoso Cm nenhuma parte c sob nenhum ponto dc vista e que vale
como condição por ioda parte, precisamente por isso parece ser o <=nie mais ade­
quado á nccessidíulç absoluta, porque possuindo todas as condições para todo
o possível nào precisa de nenhuma condição, antes, não è apto à qualquer uma
e. cm conseqüência disso, satisfaz ao conceito da necessidade incondicionada
ew pdo menos em um pomo. em que nenhum ouim conccito pode imitá-lo. / Este.
por ser defeituoso e carente de complementação» não manifesta um tal caráter
de independência de rodüs as condições ulrcríores. P verdade que disso nâo se
pode ainda deduzir com segurança que o Que nào contcm em st a condição supre­
ma c completa sob todos os pontos dc vtsia tenha que ser condicionado cm sua
C R ÍT ÍC A da razão pura 295

CK.is.ttncia; trti Lod-u cj cujííj. nã.o possui cm si í>únic:o sinal caraaeriivíieü du exis­
tência incondicionada. do qual a razão dispõe para mediante üm conceito a priori
conhecer um ente qualquer como ineondicionadQ.
Entre iodos Os COrteeitüà ifc- CluSíIs pOüsívejs, ü liOrtOeUij üu: Lim l:hLi: dutadu
da realidade suprema adaptar-se-ia maximamente so conceito de uno ente tncon
dicionadamentc necessário; e àe ele Lampouco satisfaz inteiramente a este ccrncei
to, não possuímos ewtfa escolha- mas tios vemos obrigados a ater-n,e>s a ele. por­
que não podemos lançar ao vento a existência de um criL^ necessário; nuas, w a
admitirmos, ccmlüdo, rtãó podemos efkMnlrar nn campo inteiro dg, possibilidade
algo que pudesse reivindicar mais funda mentalmente uma cal prerrogativa à exis­
tência.
Tal ê. pois, o caminho naluraL da razão humana. Primeiramente ela se eon
vence ttj existência de um ente necessário qualquer* NeüLc clu rcconhtx:e uma
cjiisliêneía incond:cionadii, A seguir proeura o conraitu do que á independente
de toda condição, e encontra o / naquilo que è a condição suficiente de loda^ fiss
45 óütras cotias, tsts? é, contém todg a realidade. Mas o lodo sení barreiras é
unidade absoluta e comporta o conceito dc um ente único* a saber, do ente stipre
mo; e asiim a razãu Conclui que ú ente supremp enquanto fundamento originário
dc todas. as etiisas existe de modo absolutamente necessário.
Não üe pode coniesiar a esse conceím uma certa fundamental! Jade. guando
se trata dc rtifàluçocSt ü saber* quando se admite á existência dc quuíqucr tftttc
necessário e se está de aünrdo que se tem de tomnr a proprto partido, onde quer
que se pretenda põ-ki. Ivm tal caso, com efeito, nào st; pode cscolhcr de mudo
nlflis Conveniente k.íu, untes,. riãu se ponsui nenhum.fi çkcoIIih, mas. sç é constrang/í
do a dar o próprio voto à unidade afcsnÊufa da realidade completa enquanto fume
originária da pos&ibilidade- P&rém, se nada nos impele a Lomur uma resoluçíio
e preferimos deixar toda esta questão cm RtiRpcnwi até que sejamos coagidos
ao assemimemo pelo inteiro peso dos. argumentos i&iu L ac w ira la mira mente
da avaliação do quarnio sabemos sobre usac prt>b3ema e do que somente nos van
gloriumos de iaber, então u conelu&âo iitíima esiá lonpe efe aparecer-nos iw>h um»
dimensão tao vantajosa c iem necessidade de uma cena benyvolènéia paia substi­
tuir a deficiência da &it& reivindicação de le^Uim idade.
Com efeito, *e considerarmos bom tudo o que Lemos aqui diunie dc nós,
a aaber, cm primeiru lugar, que a pariír de quíilquer / eítiaiência dada (mesmo «ii>
qut; fosse simplesmeniti tia minha própria) realiza-se uEim corrdu snfCrcnda da
exiíténciai dc um ente Incondieionadamente necessário; em «efundo lug:m que
LCntio de considerar com o absolutamente tncondscionado um ente que possui toda
a realÈdadc e per conseguinte cambém iodai üü t;ondií;õe.s; conseqüentemente,
que deste modo è encontrado o concetro da coisa que convem à necessidade
ab&oluta; então não se pode absoJülamente concluir daí que o conceito de um
ente limitado — que nao possui a realidade suprema contradiga, por isso
neccssidadc ahíoEnta, Pois. conquanto no seu conceito eu não encontre omeondi
eiürtado,, que imporia a totalidade das condições, disso ítbsoÊtitamente nâo pode
resultar que q sua esistêncid tcnba de &cr por isso incondiciürtádü. l>o mesmo
296 KANT

modo em um silogíánio hipotético não posso dizer: onde não há uma certa condi­
ção (a saber, aqui a completude seg.undo conceitos), tampouco há o condiciona­
da. Atues, estaremos livres para considerar todos os restames emes limitados
igualmente como incondicionalmente nccessários, Conquanto nào possamos infe­
rir a sua necessidade a partir do conceito univcrstii que temos deles. Deste modo*
porém, o referido argumento não nos teria proporcionado o mínimo conceito
das propriedades de um snte necessário nem contribuído absolutamente para na
da.
Apesar disso, tal argumento mantém uma. certa relevância c uma reputação
(jue não lhe pode ser imediatamente tirad a por causa dessa insuficiência / objeti­
va. Suponde, com efeito, que na idéia da razào haja obrigações toUlmenlc corre­
tas. mas carentes de tod a a realidade na &ua aplicação a nos mesmos, istO c,
earenics de motivação quando nào se pressupíc um ente supremo que possa dar
eficácia c força às leis práticas; então leremos uma obrigação de seguir os concei­
tos que. conquanto não possam ser objetivamente suficicrucA. todavia segundo
o crkério da nossa razfio são preponderantes, não conhecendo nós em confronto
com ctes- nada melhor e mais convincente O dever tj-u escolher abalaria 0 caráter
inconciuso da especulação mediante um acréscimo prático; antci. a raz.ào não
encontraria nela, que é o jut/. mais indulgente, nenhuma justificação sc, persegui­
da por motivos urgentes e apesar do conhecimento defeituoso, não tivesse seguido
essas razões do ,\«u juizo. ajima das quais peio menos nâo conhecemos nenhum
melhor.
Este argumento, crnhofâ realmente transcendental enquanto repousa sobre
a insuficiência interna do contingente ê. todavia, tão simplório e natural que
se adapta ao mais comum senso humano, bastando que soja uinu só vez conduzi­
do ü ele. Nós vemos coisas transformarem sc, surgirem c perecerem: por isso
elas. ou pelo menos o seu estado, têm dc ler uma causa. A mesma questão repete
se Côm respeito a ioda coisa que alguma ves possa scr dada / na experiência.
Ora. para onde mais acertadamente devemos transladar a causaltdade superior
serão para lá onde a causalidade suprema também se encomra, iito c. para ai|U£*
k ente que contém oriftirarúimcntâ Cm si o que c suficiente para o efeito ptmível
e c«jo concciui muito f&cilmeníc emerge do únicu traço de uma perfeição que
tudo abrange. Tomamos, pois. a cau&a suprema por absolutamente necessária,
porque consideramos absolutamente necessário ascender até ela c não encontra­
mos nenhuma razão pími ainda ultrapassá-la, Por isso cm todos os povos vemos
O seu rtiEiis cego potiicísmo ser perpassado pnr algumas centelhas dé monfttcísmõ,
ao qual conduziu não a reflexão e profunda especulação, mas um caminho natu­
ral — tornado passo a passo compreensível — do entendimento comum»

Há somente três espécies possíveis de provas,


da (í.yi$tênciç de £k’us a partir da ruzâa especufatfaa

Todos os caminhos que com este objetivo se queiram empreender ou come­


çam com a expcricncia determinada e com o modo de ser do nosso mundo dos
C R ÍT IC A DA RAZÃO PU RA 291

sentidos conhecido através deliu dai ascendendo segundo leis da causalidade até
a causa suprema fora do mundo; ou pòem empiricamente como fundamento so­
mente urna experiência indeterminada, isto ê, uma existência quaJqucr; ou. ftnal-
meníe, abstraem de toda a experiência e de modo totalmente a priori inferem
de simples conceitns a existência de uma causa suprema. / A primeira prova si»
é a fisico-ieoiágica, a segunda c a casmüiógica, e a terceira é a otiiaJágíc<t. Não
há nem pode haver um número maior de provas.
Provarei que a raíàu Lrabatlia eun vào tanto numa direçao (acmpirica) coma
em outra (a transccndental), c que cia ínulitmcmc abre as suas asas para mediante
a simples força da especulação ultrapassar o mundo dos sentidos. A ordem em
que esses modos dc prova tem dc ser apresentados para exame, será exalamcntc
a inversa daquela adotada pela razão que se amplia pasça a passio é Umbérrt
daquela em que os colocamos inicialmente. Com dciLu. cunquanto experiência
de- azô ít ta], evidenciar-sc-a que ainda assim é simplesmente o ccnceiio rranxúÉn-
deniai que dirige a razão ricssn sua aspiração, e que nessâK tentativas todas deIU
mila o objetivo que cia se propôs. Portanto, começarei pelo exame da prova
transcendental, e depois verei com o que o acréscimo do empírico pode contribuir
para aumentar sua força demonstrativa,

/ S E Ç Ã O Q U A R T A DO C A P ÍT U L O T E R C E IR O m

D A IM P O S S rS tL ÍD A D E D E U M A P R O V A O N T O L Ó G íC A
DA E X IS T Ê N C IA D E D E U S

Do qtte ficou dilo utè aqui. vc-se facilmente que o conccilo de um eme abso
lutamcntc necessário é um conceito da ra/ão pura. isto é. uma simples ideia cuja
realidade objetiva nem de lon^e estã ainda provada pelo fau> da razão ncccssitar
dela, Tsl idéia, aliás, famecü só uma indicação subre uma certa compktudc,
ms bem que tnalcançãvel. e serve propriamente mais para limitar 0 entendimento

que para estendê-lo a novos objetes. Ora, aqui se cnoóniru o estranho e absurdo
dc que parece urgente c correio inferir uma existência absolutamente necessária
qualquer a partir dc uma existência dada cm geral, c que nâo obstante temos
contra nós todas as condiçòcs do eniertdimcnio p?ra nos formarmos «m conceito
dc tal ncccssidadc.
Em iodos os tempos falou se do eme absolutamente necessária, c nao $e
teve o mesmo empenho em compreender se c como Lima coisa dessa espécie pode
sequer ser pensada quanto cm provar a &ua exí&iência, Ora. cm verdade uma
explicação terminológica desse conceito é muito fácil, a saber, refere-se a algo
cujo nio-sír é impossível* Mas nem por isso nos lurnarnos mais / prudentes <^i
com respeito às condições, que tomam impossível considerar o não-ser de uma
coisa como simplesmente impensável e que são propriamente o que se quer saber,
ou seja, se mediante esse conceito pensamos dc algum modo alguma coisa ou
298 KAN T

nào. Com efeito, mediante a palavra incoruhciomdo lançar fora todas as condi-
çòes que o entendimento sempre necessita para considerar algo necessário nem
dc tonge rnc torna compreensível sc mediante o conceito de um incondicionada
mente necessário ainda penso alguma edsa* on se talvez não penso absolutamen
\v nada.
Mai$ ainda, acrcditou-se explicar esse ccmcdto, arriscado ao simples acaso
c finalmente tornado imeiramente familiar, mediante uma porção de exemplos,
dc mudo que ioda a informação ulterior sobre a âua compreens ibilidade pareceu
totalmente supérflua. Toda a proposição da Geometria* por exemplo, que um
triângulo tem três ângulos é absolutamente necessária; c assim sc falou de um
abjeto que sc oncontra lulalmeme fora da esfera dri nosso entendimento, como
se sc compreendesse perfeitamente o que se quer dizer com o seu conceito,
Todos os pretensos exemplos foram sem exceção tirados só dc juízos.
e nào dc colias e dc sua cxistèneia. A necessidade íncondicion.ida dos juíí.os,
porém, nâo ê uma necessidade absoluta das coisas. Com efeito, a necessidade
absoluta dojuíro é apenas uma necessidade condicionada da coisa, ou / do predi­
cado no juizo. A proposição anterior nàodisse que três àngutos são absolutamen­
te necessários, mas què. sob a condição dc existir (ser dado) um triângulo, tam­
bém cKíütcn necessariamente iiès ângulos (nehí). No entanio, essa necessidade
tógica demonstrou tao grande poder de ilusno qué em decorrência, ao üc formai
um conceito a priori dc uma coisa posto c.1e tal modo que segundo a opinião
corrente compreendia cm seu âmbito também a existência, acrcditou ue poder
seguramente inferir disso que. visío :i existência scr rmecjjgaríamcnu: inerente at>
objeto desse conceito. Isto é* sob a eondiçuo de eu por tal e m a como dady (cjsís
tcnie)r também sua existência é posta necessariamente (segundo a regra da identi
dadç), e que esse ente £ por isso ele mesmo absolutamente necessário porque
a sua existência é pensada jumo com ujií soncdtü admitido a frfil-prazer e íob
& condição de que eu ponha o seu objeto- Sc num juízo idemieo suprimo o predi­
cado e conservo o sujeito. &urgc uma contradição,, e por isso digo: aquele é neces-
sariamcnie athbuido a este. Mas se junto çom o predicado suprimo o sujeito»
nào surge contradirão ulg.uma, pois não iiá mais nada que possa scr contradito.
Contraditório ê pòr um triângulo e nào obstante suprimir ou seus três ângulos;
mas não constitui comradição alguma suprimir o tnsingulo junto com os sèiis
três ângulos. Rvatamente assim ocorre com o correeiro de um ente absolutamente
/ necessário. Se suprimis a sua existência, suprimis a própri* coisa com todos
os *eus predicados. Donde deve então derivar a contradição? Externameniç nào
há o que possa ser contradito, pois a coisa nao deve scr externamente necessária;
c internamente Lambêm nào, pois pela supressão da própria coisa suprimiste.?
ao mesmo tempo iodo o interno. Deus è onipotente: eis um juí?.o necessário.
A onipotência não pode ser supressa se pondes uma divindade, isto é. um ente
infinita, com cujo concciio aquele é idêntico. Se. porém, dizeis que Deus mio
é, então nâo sào dados nem a onipotência nem qualquer outro dos seus predica­
dos, pois tü-dos. sào supressos junto com o sujeito, rtesse pensamento nào sc mos­
trando nem a mínima contradição.
C R ÍT IC A DA R A Z Ã O P U R A 299

Portanto, vistes que, sc suprimo w predicado de um juízo junto com o sujíi-


tü. jamais p<>derá surgir uma contradição inicma. seja qual for a predicado. Ora,
n&o voa. resta nenhuma escapatória do que Ler que dizer: há sujeitos que n.àu
podem absolutamente ser supressoí>_ portamo têm que permanecer, Mas isto
equivaleria a dizer: há sujeitos absolutamente necessários, aliás, um pressuposto
sobre cuja correção duvidei e cuja possibilidade queríeis mostrar me, Com efeito,
não posso formar o mínimo concctto dc uma coisa que, sc supressa com todos
os seus predicados, / deixasse uma contradição. E sem a contradição, mtdianlc wía
simples conceitos puros n priori, não po&suo nota alguma dn impossibilidade.
Contra todas essas inferências universais (às quais nenhum homem pode
recusar se J, desafiai s-nie com um caso que apresentais comii uma prova pela
ação. ou seja, de que não obstante há um conceito, c na verdade só este único,
em que o não-ser ou a supressão de uni objeto seja um si mesma contraditória,
e este e o conceito dc enltí realíssimo. Dízcís que pos&ui Loda a realidade c que
estais autorizados a admitir uni tal cme como possível (com n que por enquanto
consinto, se bem que o conceito cm si não eomradilório nem dc lotl£c prove
a possibilidade do objeto).“ 4 Ora, entre toda a realidade está também compreen
dida a existência; logo. a existência também ja/ no conceito de um possível.
Se / ora essa coisa e supressa, também ê supressa a possibilidade interna da h,í í
eoístu u t|ue c contraditório,
Eu respondo: cometestes já uma contradição ao introduzirdes no conceito
dc uma uoisfL que queríeis pensar unicamente segundo a sua possibilidade., seja
sob que nome oculto for, o conceito tia sua existência. Se se vos eonccde isso,
aparentemente vcncestcs o jogo, mas dc fato rtào dissestes nada. pois cometestes
uma simples tautologia. JKaço-vtw uma pergunta sobre a seguime proposição:
tfgtú ou vtjuvfo cuisa (que vos concedo como possivel, seja qual for) existe. |:,sia
proposição é analítica oit síncéiEo? Se analítica, então medi ante ;i existência da
ecfisa nao acrcscemaús nada ao vosso pensamento da mesma- Km tal caso, porem,
nu o pensamento que está cm vós teria que ser a própria coisa au pressupusestes
uma existência conto pcrtencerue a possibilidade, e emão inferistes a existência
prcicn*.ameiue dü possibilidade interna, u que não püssa dc uma tautologia mise­
rável. A palavra realidade, que no conceito dc coisa soa diversamente, nàu tem
relevância alguma como existência no conceito do predicado. Com efeito, sc cha
mais a md;i :s posição (sem determinar o que pondes) de realidade, então já puses­
tes e admitistes como efetivamente real, nu conceito do sujeito, a coisa com rodos
os seus predicados, c no predicadu sõ o / repeti». Se ao contrário confessais, tib
convs ctim justiça icm que o fazer todo unte nicional. que ioda proposição exis­
tencial c siniéiica, como quereis pois allrmar que o predicado da existência pode

n* O crtnoeiro ê sfitrtprr possível « niut se tuiurimli/- Ejia c a not-u IÚjíícq da e put cia o
seu objeto di&hnguc-ac Ji> itihil nc^stiivuin Ma-, nau Ucixa menej. dc wii um cuncciro v-azm se ião for
JJAnkulanmwili: lietmmsirada íl rcatktade nhjctiua da. iiiilcse jtd:i ijikiI o cenceim £ produzida. M iu eorrii>
« í rriuatruu adiim. isiu repousa scrnptc subíc |3iincipii»s iJa «rxperièneist posiivd. c não sohrc o pnmcjpi«
da SulÁfiíT (<i prificÉpin dc ermtrutliiçftoj Rsla c uma aJvtrtP-nein. jwç*. n w í! íi Ju -. «jncciiot.
ÍLúgica) não sc Lnfíra lugn n [¥>ssífcilidínlc ua* frisai. Ireall
300 KA N T

ser supressa sem contradição? Esta prerragaúva convêm propriamente apenas


à proposição analítica. cujo caráter se funda precisamente nisso.
Na verdade, sem rodeio aJgum mediante uma determinação exata do concei­
to dc exi.sténcia eu esperaria reduzir a nada essa argúcia sutil sc não tivesse des­
coberto quç a iJusão de- confundir um predicado lógico com um rca] (isto cr da
determinação de uma coisa) recusa quase todo o ensinamento. Ao predicado Íâgi~
co pode servir tudo o que se quiser, aLÚ o sujeito pode ser predicado dc si mesmo,
pois a lógica absini de todo o conteúdo. Mas a determinação è um predicado
acrescido ao conceito do sujeito c o amplia. Portanto, nào tem que estar jã conti­
da neten
Ser evidentemente nài} ê um predicado real. isto ê, um conceito de qualquer
coisa que possa ser acrescido a« conceito de outra coisa. Ê simplesmente a pasi*
çào dc uma coisa, ou de certas determinações em si mesmas. No uso lúgico.
é unicamente a cópula de um juízo. A proposição: Deus è onipotente, contém
dois conceitos que possuem os seus objcíos; Deus c onipolcncáa. Dc mais u mais.
<ví7 a partícula è nüo k airtda um predicado, niiiíi / só aquilo que pòe o predicado
com referência ao sujeito. O r^ &c tomo o sujeito (Dcun) junto com todos os
seus predicados (enire os quais se inclui também a onipotência) c digo que Deus
é ou que há um Deus. então não ponho um predicado novo para o conceito
de Deus. m:is apenas o sujeito em si mesmo com iodos os seus predicadas* ç
na verdade ponho o obj&o cm referencia íkj meu conceito. Ambos lêm que conter
exatamente a mesma coisa, e por isso ao conceito, que expressa meramente a
possibilidade, não pode ser acrescido tnai* nado pelo lato dc eu pensar o seu
objeto como absolutamente dado (mediante a cxpre&ào; ele é). £ assim o real
nada mais contêm que o üimpJesmcnte possível. Cem tâkres reais »eula mais
comem que cem lálercs possíveis. Com efeito, visto que este* significam o concei­
to, aqueles porém o objeto e » sua posição cm si mesma» no caso dc fisle contcr
mais que aquele o meu coneeito não representaria o objeio inieiro. c. por conse­
guinte* também não seria o s£u conceito adequado, Mas para o csiado das minhas
posses há mais em cem táieres reais que no simples conceito deles (isto é, na
sua possibilidade). Com efeito, na. rcatidade o objeio nào esiá apenas contido
analiticamente no meu conceito, mas e -ícrcscenudo sinteticamente ao meu eon-
c c íío (que é uma determinação do meu estado) sem que mediante esse ser fora
do meu conceito os próprios cem tá feres pensados sejam aumentados um pouco
sequer.
/ Portanto* quando penso uma coisa, seja mediante quo ou quantos prcdicu
dos for (mesmo na determinação completa), o fato de eu ainda acrescentar que
essa coisa ê não acrescenta nem Um pouquinho â caisa. Do contrario, nela existi­
ria não precisamente o me^mo tanto, porém mais Cfo que eu pensara no conceito,
e eu não poderia djzer que exisLe precisamente o objeto do meu conceito. Se
numa coisa Chego a pcnáâr toda a realidade com eve^ção de uma só, então do
fato de et) dizer que uma tal coisa defeituosa existe resulta que a realidade em
fa]ia nào ê acrescentada, mas que ejtiste precisamente enquanto portadora da
mesma faka com que a |>ensci; do contrário, existiria algo divtrso do que pensei,
C lU T IC A DA RA ZÃ O PURA 301

Ora. se pcn^o um ente como a realidade suprema (sem defeito). erttào permanece
ainda sempre a questão SC ôle existe ou não. Com efeito, se bem que no meu
conceito do possível eomcúdo real de uma coisa em geral não falie nada. entre
lanto na relação com o estado toial do meu pensamento falta algo, ou seja. que
o conhccimentu daquele objeto também seja possível a posteriori* E aqui se rnani
festa também a causa da dificuldade atual Se se tratasse út um objeto dos senti­
dos. tu não cunfundirja a existência da coisa com o seu simples conceito. Com
efeito, através do conceito o objeto e pensado como adequado somente às condi­
ções universais de uma experiência empírica p-ossível: através da existência, po­
rém. c pensado oamo contido no contexto da experiência / total; mas se o concei­
to do objeto não c nem um pouco aumentado pela conexão com n conteúdo
da experiência total, mediante este o nosso pensamento nao ob&Lante obtém uma
percepção possível a mais. Ao contrário, se quisermos pensar a existência unica­
mente atravéy da categoria pura, então nàu constitui milagre algum o fato dc
nâo podermos indicar nenhuma noia que a distinga da simples possibilidade.
Nosso cunceúo de um objeto pode pois conter o que c o quanto quEser,
mas para conferir lhe a existência precisamos de qualquer maneira sair dele. Com
os objetos dos sentidos* isto acontece mediante a intereonexão enm qualquer uma
das minhas percepções segundo leis empíricas. Mas para conhecer a existência
do« objetos do pensamemo puro. nâo hú rrtdo algum, pois teria que ser conhecida
lütalmenLc a priori, ao passo que nossa consciência de toda a existência (quer
imediatamente através dc percepção ou através dc inferências que conectam aipo
à percepção) purtenee total c inteiramente â unidade da experiência: é claro que
uniu existência fora dcsic campo nâo pt>de absolutamente ser declarada impossí
vel, rn-ns c uma prcssupo*içâo que nào podemos justificar mediante Coisa alguma
O coriccito dc um ente supremo é uma idéia útil sob muitOi ponto* de vista.
Mas pelo faio de ser simplesmente ideia, é por si só toUdmentc incapaz de am
pliar o nosaü conhecimento com respeito ao que / existe. Não consegue sequer «r>
Instruir tios Licxrc# du possibilidade de yina pluratidade de coisa*. Claro que rtao
se pode negar a um tal conceito o caráter analítico da possibilidade* que consiste
no fato dc simples posiçoôs (realidades) nau gerarem contradição alguma. Toda­
via, a conexão de todas as propriedades reais numa coisa eonsliLui uma símess
sobre cuja possibilidade não podemos julgar a pfíori, pois as realidades não no*
sào especificamente dadas; e mesmo qye isto acontecesse, dc modo algum sc
verificaria aí um juízo, porque a nota da possibilidade de conhecimentos sinléti-
císis mm nemprx- que ser procurada sô na cxpenêEKici' á qual. porém. não pode
pcricnccr o ohjeto de uma idéia. Em virtude disso, o renomado Leibniz nem dc
long«: teve o êxiio dc que se vangloriou* ou seja. de pretender conhecer a priori
a possibilidade de um ente tão sublime.
Todu í) esforço e trabalho empregados no ião célehre argumento ontológico
(cartesiano) com respeito ã existência de Deus a partir de conceitos foram porutn
lo perdidos» e um homem tomar-se ia mais rico de conhecimentos com base em

íimples idéias tampouco quanu? um negociante enriqucceria se, para melhorar


o ícu estado, quise^e ajuntar alguns ?eros ao stni dinheiro em crdxn.
302 KA N T

M» / SHÇÃO QUINTA DO C A PIT U LO T ER C EIR O

D A IM P O S S IB IL ID A D E D E U M A PR O V A C O S M O L Ó G IC A
DA E X IS T Ê N C IA D E DEUS

Tratava*se de algo totalmente inatural, ç dc uma simpíes inovaçao da sutile­


za de escola, de uma idéia projetada dc modo totalmente arbitrário querer Eirar
a existência do objeto a ela correspondente, De fato, não sc teria jamais tentado
tomar esse caminho se não o tivesse precedido a necessidade da nossa razac
admitir, para a existência um geral, algo necessário (no qual pudéssemos deter
nos na ascensão) e se a razão, visto esta necessidade ter que ser incondieíonada
e certa a prion. não tivesse sido constrangida a procurar um conceito que na
medida do possível satisfizesse; uma tal exigência e desse a conhecer uma existen
Cia dc modo inteiramente a príorí, Ora, acredhou-sc cneurtirar u l conceito na
idéia de um ente reatissimo, e deste modo foi uwada só para o conhecimento
mais determinado daquilo acerca do qual já sc estava de outro modo convencido
ou persuadido que linha que existir, a saber* de um ente necessário- Entretanto*
dissimulou sc esse caminho natural da ra?ào e, ao invés de terminar nesse concoí
to, wntou se iniciar por ele para dele derivar a necessidade da existência que.
todavia, estava Ucstinadi) só a / complelar. Ora, disjio emergiu a malograda prova
ontológica.que nào apresentava algo salisfatóno nem para o sào e natural enten­
dimento n*m para o exame segundo ;ís exigências acadêmicas.
A prova ccsmoíógiça, yuc queremos investigar agora, mantem a conexão da
nece&sidade abwluia com :t realidade suprema. Mas ao invéi dc* como na prova
anterior, concluir d:i realidade suprema à necessidade na extsíièrtcia, concluí antes
da necessidade incondicionada dc algum ente qualquer, ciada previamente, à Mia
realidade ilimitada. Assim, esKa prova condu/ tudo pelos trilhos de um ecrio
modo de inferir, nào sei .se racional ou raeionaUzãntc. mas pelo menos natural,
que alcança a máxima persuasão nao só perante o etucndimcntu comurtu rrm
tamhcTn perante o especulativo, t-s.se modo de inferir traça ainda de maneira
evidente asi primeiras linhas fundamentais de todas provas da Wologia natural*
as quais sempre foram seguidas e se-fo-ao também sempre no futuro, seja de
que maneira se queira adorná-ia* c OCultá-las com arabescos e folhagens, Quere­
mos agora pór ante os olhos e submeter a escrutínio essa prova que keibniz
tombem chamou a coMingeníia mundL
Soa assim: se algo exísi<.\ também tem que existir um ente absolutamente
ntícesiárin. Ora. pelo menos eu existo. Logo, ckíscs um crtie absolutamente neces^
«3 sario, A premissa menor contém uma / experiência, a premissa maior a conclu­
são da existência do necessário a punir dc uma experiência em geral.** Portan

14 F31A eoncliuuo r d ím *iia d * LjisrvhccKla jiiin i nctcasiiar exjui-la aqui pormenorizadamente. Ruseia-se
nu le» iiutural díf ««uiuM atte sufKKStaiiiçriEC irartNCcndental. de que i« iiv o conljnp.íritê tem que rrr 4 wia
causa qu.-, íjuiunJu tuiiun^tnic^ injnbi.na tcni quí pUàSUií [KV KUã iie í uma causa, aié que a sirie da* ea.11 sjk
suhviidmailss umas ái utiLras lertninc fru^anicm ç num* tim » Htwluianiwili: ncoessâría, fiCm a qual Ft
íé ric não posüuiflíi compleiudc alguma.
C R ÍT IC A DA RA ZÃ O PU R A 303

Lo. a prova começa propriamente com a experiência, por eonsegumic. nào proce
de totalmente a priori ou ontolo^icanrerue- e visto que o objeto de toda a espe-
ricncia possível dcnomina-ÇiC mundo, a prova è denominada cosmológica. Já que
também abstrai dc todas as propriedades particulares dos objetos da experiência
pelas quaiw este mundo pode se distinguir de iodo mundo possível, é então já
cm sua denominarão distinta da prova físico-teológica, que requer como argu­
mentos observações sobre a natureza parUcular deste iiusso mundo dos sentidas.
Ora. a prova infcrí; ulteriormente que o ente necessário só pode ser determi­
nado de um único modo. bto é. através de um nó de todos os predicados eonira-
poslos possíveis; conseqüentemente, tem que ser determinado ttimpleLameftte pe­
lo seu cünccito. Oriu so ê possível um único conceito d# umacwsaque a determ
ntí a priori ç comptetamunte. a .saber, o dc ens realissimum. Lago. o conceito
do ente reaEÚ&ima c o / único pelo qual utn ente necessário pode ser pensadu. «w
isto 6. existe netessariameniç urn ente supremo*
Neste argumento co.snioi6gicojuiHunn .se tantos princípios rutionalizames
que a razào especulativa parece ler nele empregado ioda u sua arte diaEêiica
pura levar a efeito a maior i]usào iranüecndcmat possível. Queremos* todavia,
deixar o seu exame de lado por algum tempo, upenas para tornar manifcsUf uma
astúcia com st qual propòe um argumenio antigo soh as vestes de um novo e
recorre ao consenso de dois lesiemunha*. a saber, de um tcsicmiinho puro tia
raüão ç de ouiro confirmado empirie;) mente. vtsto que apenas o primeiro muda
sua vestimenta c sua vuic paro ücr tortludu pelo segundo. Para ítíiwmTar a sua
baçe de modtí verdadeiramente sefturo* a prova cm questão funda-sc no5>rc a expe
ricncía e assim a^ume ares de diverso da prova ontológica, que deposita a sua
inteira confiança em meros conceito.? puros a priori. A prova oosmológica, entre-
tamo. scrve*íé dessa expertenein para dar um único pysso. ou seja. até a existèn
cia dc um ente necessário cm geral. O argumento cnipírico não pode ensinur
que propriedade* este ente possui. Em virtude disso, u razào despede-se inteira­
mente dclc e perquire. por detrás dc meros conceitos, que propriedades icm que
possuir um eme / absoluuimcntc nccvssúrio «m gorai, isto é. qual dentre as a vi- aí*
sas possivms contém as condieòes requeridas írequcsittií para uma necessidade
absoluta. Ora. :i ríií.ào a c cneuntrar csscs requisitos unicamente no conceito de
um eme realíssimo, ç conclui cntào; ta! ente é o eme absolutamçmu nccessãria
É claro, lodavia, que com isso se pressupõe que o conceito de um ente dotado
di> realidade suprema satisfaçu imeirumcnic u conceito da necessidade absoluta
na «MhtJncta, isto è, que daquele se possa inferir çsie. fcsia c uma proposição
que foi deftsndida pelo prgunieniu ontuüógico, que, portanto, e assumida e posta
como fundamento peta pmva cnsmolóyiea, ü que, aliás, se quisera evitar, Com
efeito* a ruxeividade absoluta é uma extstènçia a partir de s-imples conceitos.
Portanto, ae digo que o conceito do eus rcalissimum ê o único próprio e adequado
ã existência necessária, entítu tenho que conceder também que esta pude ser infe
rida dele. Portanto, c prupriumente só a prova ontológicn a partir de puros con
ceitos que contém ioda a força demonstrativa na assim chamada prova cosmoló-
gtea. e a pretensa experiência é totalmente inútil, e taJvc?. podendo nos conduzir
ao conceiro da necessidade absoluu, mas d* uxaimenic inútil para. demonsirar
KANT

a mesma em alguma coisa determinada. Com efeito, tào logo tenhamos tal objeti
vo-, temos que abandonar Éogo Ioda a experiência c procurar, dcntfe conceitos
p.iift puros, qual deles oontôm as / eondiçoes da possibilidade de um ente absoluta­
mente necessário, Mas sc desta maneira é compreendida só a possibilidade de
um tal ente. entao lambém está demonstrada a sua existência. De Tato. issoequi'
vale a dizer que dentre todo o possível há um único que tra£ consigo uma ncces&i*
dade absoluta, isuj c, q«« tal eme existe de modo absolutamente necessário.
Todas as inferências sofísticas descobrem se da maneira mais fácil quando
postas escolastieamenie ante os olhos. Segue-se aqui uma ejtposição desse tipo.
Sc Á correta a proposição de que todo o ente absolutamente nece&sário é
ay mesmo Lcrnpo o ente re a l isstmo (c i^u constitui o nervus pro bandi da prova
cosmológica). como todos os juizos afirmativos ela tem então que permitir a
conversão pelo menos per acculcns; logo. alguns dcmrc os entes rculísssimos são
ao mesmo lümpo absolutamente ntícessirios, Na verdade, porém, um ens rcalissi-
muni não se distingue de um outro cm nenhuma de suas partem e o que vale
para afguas entes contidos soh esses conceitos lambem vale para todos. Por con­
seguinte* poderei também (nesie caso) simplesmente converter a proposição, isto
ê. lodo ente mats real dentre todos é um ente rtecessáriõ. Ora, visto que estia
proposição é determinada a priori meramente a partir de seus conceitos* o sim­
ples conceito do ente mais real precisa implicar também a necessidade absoluta
do mesmo. Precisamente isto foi afirmado peia prova ontológica e não unis ser
MT reconhecido / pela coimiolòfiica. conquanto esia f>pusessi. embora ocultamente,
à hase das &ua$ inferências.
Deste modo, com efeito, o segundo caminho seguido pela rasào especulativa
para provar a existência dy ínie supremo é nàü só ião enganoso quanto 0 primei*
ttO, mas além disso ainda possui de censurável o fato de comcicr uma ignoratio
dcnchi na medida cm que. prometendo Rmar-nos por um novo caminho, após
uma breve volta nos reconduz ao caminho antigo que abandonáramos por sua
causa.
Eu disse pouco airás que nesse argumento cosmoJógieo ocultava se todo
um ninho de presunções dialéticas que a crítica transcendemal podia facilmente
descobrir c destruir Quero agora só mencioná-las. deixando ao habt! leitor a
tarefa de continuar rastreando e suprimir os princípio*, enganosos.
Entre esses efetivamente se encontram, por ewmpJo: 1) o princípio transcen
dental de inferir do contingente a uma causa« que possui significação apenas
no mundo sensivet e fora do dual não tem sentido algum- Com cfciio, o simples
conceito íntdcesual dc catulngentc nào pode de mudo algum prflduíir uma pro*
posição sintética, como o faz o conceito de causnlídâdc, nào possuindo o princí­
pio desta última absolutamente nenhuma significação e nenhum sinal caracterís­
tico do seu uso, n não ser no mundo dos Mentidos; aqui, porém, deveria prestar-se
ms precisamente para ultrapassar o murtdo dos sentidos, 3) O / principio8" de, a

"• Pelo Í3to de ncsla pflSSSgtm o icrmu originário ■


'‘Schluss" ™ « micIuhéLo cancca de sentida, n» tradução
ofoumos a sua subMiluíçao par “ Onintlsnfr“ * princípio, Feíia pela ccti^io da Ac^Jçmiu -dc Bcrljin, <IS.
dos T )
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 305

partir da impossibilidade de uma séfit infinita de causas dadas conio sobrepostas


uma à OULra no mundo dos senlidoç, inferir uma causa primeira, para o que
nâo nos autufiiam os princípios do próprio uso da razão na experiência e muito
menos podem estender tal princípio acima desta <até onde essa série nào pode
absolutamente ser prolongada), 3} A falsa aukvsatisfação da rà^ao com rcs-pcitu
à completude dessa séríc pelo fato dc finahnctue se eliminar toda a condição,
sem a qual, todavia, não pode haver conceito algum de necessidade; e visto que
cm tal ca^o não sc pode compreender mais nada. toma-se isto por um pleno
acabamento do seu conceito. 4) Confundir a possibilidade lógica dc um conceito
de toda a realidade reunida (sem contradição interna) com a sua possibilidade
transcfindcmaJ, que necessita dc um princípio da factibilidade de uma tal sintesc,
o qual por sua vez rõ pode referir se ao campo de experiências possíveis, e assim
por dÈantc.
O artifício da prova dosmológica visa apenas tentar esquiv^r-se da prova
a priori, mediante simples conceitos, da existência de um ente necessário; cal
prova teriíi que ser conduzida de modo ontológico, mas nos sentimos totalmente
incapar.es para tanto. Com esse objetivo, de uma exí.sténcía real (de uma expe
rtènçia em geral) subjacente Inferimos, da melhor maneira possível, alguma con
dição absolutamente necessária dessa existência. Êm tal cas.0 . nãn precisatriox
explicar a sua possibilidade, pois se / foi proviido que ela existe, a pergunta
pôr sua possibilidade torna se totalmente supérflua. Ora. se queremos determinar
mais de perto a natureza desse ente necessário, entào não procuramos aquilo
que £>suficiente para compreender a necessidade da extenua a panir do contei
lo de um tal ente. Sc pudéssemos fazer isso. não necessitaríamos de nenhum
pressuposto empírico^ Ao contrario, procuramos apenas n condição negativa
(conditio sinc qua rton) sem a qual um eme nao seria necessário de modo absolu­
to. Ora. isi>o seria válido cm qualquer outn> mcxlo de, a partir de uma consequên­
cia dada. inferir o sçru fundamento. Mas aqui ocorre infelizmente que u condição
requerida para a necessidade absoluta pode encontrar se só num único ente. que,
por conseguinte, tçria que conter cm wu conceito tudo o que é preciso para a
necessidade absoluta c que, portanto, torna possível inferi-la a priori, Isto 6. eu
também deveria poder inferir inversamente que aquilo ao qual se refere çste cor
ceiio (da realidade suprema) é absulutamente necessário, Se não p^sso fazfir c.sta
espécie dc inferência ío que devo. aliás. confessar se quero cviinr a prova ontol*’
gicaK então fracassei no meu novo caminho e encontro-me de novo lá de onde
parii. O conceito de ente supre-mo satisfaz cenamente a rodaut asqueitõeü a priori
que podem ser levantadas com respeito às deierminaçò^ internas de uma coisa
e por isso é lambem um ideal impar, / visto que o conceito universal o destaca, MO
dentre todas as coisas possíveis, como um indivíduo. Tal conceito, entretanto,
não satisfaz de modo algum a questão quanto à existência própria de um tai
ente, coisa unicamente da qyal se tnuavíi; í à inquirição dmqucic que admitiu
a ex istên cia dc um ente necessário e queria saber só qual dentre todas as coisas
tem que ser considerada com o Lal, nào se pôde responder: este uqui é o ente
necessário-
306 KANT

Para facilitaj à raxãu a sua procura da unidade de fundamentos explicativos,


talvez seja lícito admirir a existência de um eme sumamente .suficiente como cau­
sa de todos os cfciLos possiveis- Todavia, tomar a liberdade de até diyer que
um (ai irníe existe itecea:,ur / n à o ê mais a rnodesta exterioniaçãu de uma
hipõíes,e licita, mas a atrevida presunção dc uma certeza apodíttca Com efeito,
o conhecimento dyquilo que se pretende conhecer dc modo absolutamente neces­
sário também tem que implicar a nccessidade absoluta.

Todo o problema do ideal transcendental consiste ein encontrar ou um con­


ceito para a necessidade absoluta ou n neces&ídade absoluta para o conceito de
uma coisa qualquer. Sc se pode uma coisa, tem que se poder também a outra,
pois a ra/.âo reconhece como absolutameme necessário só aquilo que é ncccssário
mi i\ partir do seu conceito. Mas am has / as coisas transcendem completamente
Lodas as extrema* a.-spEru^òes dc nesse ponto satisfazer a miisso entendimento,
bem como iodas as ten tal ivas dt: apazigua lo por essa sua incapacidade.

A necessidade incondicionuda, que ião imprcscindivdmünte necessitamos


como suporte última de todas ü.m coisas, c o verdadeiro abismo paru a raxâo
liumana. Mcsmn a eternidade, por mais terrivelmente subUirrie que um
Hállcr a descreva, nem cie longe produz idêntica impressão dé vertigem na
m^nte. pois só mciie a duraçtiü düs coisas. mas nãu as poria. Nào podemos nem
evitar nem tampouco suportar o pensamento de que um ente. qtte nós rcpre>«erUa
mos Lüirsbvni cumn o supremo dc todos os possíveis, por assim di/er, «xpresse
a si próprio; cu wu de eLcrnidade a eternidade, fura de mim nào há nada senão
aquilg que é algo apenas por minha vontade: mus dv ondt* mu twtâo? Aqui tudo
se alunda sob nossos pé*, o tanto a máxima quanto a mmimu perfeição pairam
sem apoio simplesmente diante da ra/aü especulativa, à qual nao cu&ta nadü
f;i/,er desaparecer, sem o menor empecilho, tanto uma como a nurni.

M uita* forçns dn natureza que externam s.ua existência mfídiwmc curtos efei
ioí: pcrmanucem nos inescrutáveis, pois nào p ie m o s icyui las. sul'tdcniemiinte
longe peia obseitação, O objeto Iransccnduntul subjacente aos fenímientps, e com
ele o fundamento pelo quu! u nossa sensibilidade possui esta condição suprema
ra? ao invés de / outras, são e pernumeccm para nós inescrutáveis, conquanto a Coííll
mesma seju de resto dada, mas apenas nào compreendida. Um ideal da razão
pura nao pode, cntreianio. eharrmr se inf.xrruíftveí. pois nào pode apresentar ulte
riormeme nenhum atestado da smi reulidudc senào a. necessidade da razão de,
mediante esse ideal, rcaJizar plennmcntc a sua unidade sintética. Visto, pois, que
não foi jam ais dado sequer eomo objeto pertsáveJ. tampouco c inescrutável como
U l; como simples idéia, tem antes que encnnirar a sua sede c soluvào na natureza
da razüo. e. portanto, deve poder ser mvcsügaüo. Com efeito, a rayãn consisie
precisam ente no fato de poderm os prestar contas dc todos os nossos conceitos,
opiniòcs e asserções, qucf a partir de fundamentos objetivos quer, quando são
sim ptes ilusüo. :i p artir dc fundam entos subjen vos.
D ESC O BERTA E E X P L IC A Ç Ã O DA ILU SÀ O D IA LÉT IC A
EM TODAS AS PRO VAS TR A N SC EN D EN T A IS
DA EXISTfcNCIA D E UM EN TE N ECESSÁRIO

Ambas as provai até aqui desenvolvidas eram transcendentais* isto é. tenta­


das indcpcnderUc de princípios empírico*. Com efeito, se bem que a prova cosixio-
iogica tome como fundamento uma cjípcricncta cm geral, não c todavia desenvol­
vida a panir de alguma disposição qualquer d& mesma* mas de princípios puros,
da razàoj, com referência a uma existência dada pcía consciência empírica em
geral. / chegando até a abandonar a in^Lrução desta para apoíar-sc cm meros M.'
conceitos puro», Mas qual é, nessas provas transcendentais, a causa da ilusão
dialética mas natural que conecta o* conceitos dc necessidade t; realidade supre­
ma? E o Que rentija c hipostasia nquilo que, nào obstante* pode scr apenas idéia?
Qual a causa que turna inevitável admitir algo dentre as coisas existentes como
em si necessário, e dc apesar disso rccuar diante da existência íle um lal ente
como diante de urri abismo? E como chega a razào a entender s* sobre esle portt»
c alcançar a Lranqüila comprvensâo a partir do estado vacilante de uma tímida
e sempre novamente revogada aprovação?
É sumamente estranho o fato dt!. quando alguém pressupõe que alguma coi
sa exista, não poder csquivar-sc da conseqüência de que algo Lambem existe de
modü necessário. O argumemo casmológico repousa sobri essa inferência total­
mente natural (conquanto nem por isso segura), Ao contrário. que cu admita
o conceito dc uma coisa, vejo que a sua existência jamai« pode ser representada
pur mim como- absolutamente necessária c que. txista nela o que sc quiser, de
iuid.a me tmípcdê dc pensar o sm não ser; por conscguiruc, lenho que admitir
algo neeessário entre o que cxisic cm geral, mas nSo posso pensar uma única
Cóisa como necessári« am aí mcMiua. Isto / significa que jamais posso completar f«44
o retrocesso às condiçõcs da existência nem admiiir um eruc necessário, mas
que por outr« lado jamais pusso eomvçar polo mesmo
S i tenho que pensar aigu nccessíirio para a* coisas cxtsutfEcü cm geral sem
estar uuiorizudo a peuyyr qualquer coisa em si mesma como necessária, disso
resulta inevitavelmente que a necessidade c a contingência nào precisam dizer
respeito às próprias coisas, poi* do contrário ocurreria uma contradição: porto,n
to, nenhum desses dois princípios ç objetivo, mas itmbos píxicm quando muito
ser apenas principies subjetivos da raròo. Por um ludo, para tudo o que c dado
como existente a fa/.eni procurar al^o necessário. isto c, nào cessar cm parte
alguma senão numa tjxpUcaçao completada a príori* e* por outro, jamais esperar
esse pleno acabamento, isto C. nàü admitir nenhuma coisa empírica como tncou-
dicionada e medianw tal exceüer sc numa derivação mais remota. Em tal sígnifi’
caçàú, ambos os princípios podem perfeitamente coexistir como princípios sim-
ptesmenxc heurísticos e rcKuimlVús que nào cuidam de nadit mais xenào do inte­
resse formal da razào. Com efeito, um díz que deveis filosofar sobre a natureza
çarno se para Ludo u que peruince a existência houvesse vim primeiro fundamento
necessário, unicamente para levar unidade sisit_*máliçü ao vosso conhecimento
308 KAN T

na medida em que seguig uma tal idéia, ou seja, um fundamento supremo imagi-
643 nárió; o outro, por sua vez, vos adverEe a não tomar ! determinação alauma
concernente à cxisiência das coisas como um tal Fundamento supremo, üít» è,
como absolutamente necessária, mus a manter o caminho iA:mpre aberto para
uma ulterior derivação e por isso ei tratar tal determinação sempre como condi
cionada. Todavia, se temos quií considerar tudo o que percebemos níis coisas
como condicionadamente necessário, então nenhuma Caba (que possa ser dada
empiricamente) pode ser tomada como absolutamente necessária.
Dísso ütgiic se, porém, que tendes que admitir o absolutamente necessário
Jo t a do mundo. Com efeito este deve servir apenas como um princípio da máxi
ma unidade possível dos fenômenos c como o seu fundamento supremo; no mun­
do jamais o atingireis, pois a sugunda regra rçrdena vos a sempre encarar iodas
as causai empíricas da unidade como derivadas.
Os filósofos dçi antiguidade encaram toda a forma dít naiureza como contin­
gente, mas segundo o juízo da ra?ão comum consideram n matéria conui origina
ria e necessária. Se não livesseiti cunsiderado a matéria como subsirato do& fenò
menos. mafi como vrn si mesma segundo a sua existência, untâo a ideia da neces­
sidade absoluta teria imediatamente desaparecido. De faio* não há nada que de
modo íibüoluto vincule a raí.5o a eSaa existência, mas a raiâü pode sempre e
sem contradição suprimir tat existência pelo pensumento. Mia, tamhém a nece^si
dade abírduia residia unlcameme no pensamento. / Portanto» um eejto principio
rcgulativo tinha que suhjar.Gr a csuu persuasão. Na verdade, também a extensão
e a impenetrabilidade (que constituem juntas o conceito de mméria) formam o
principio empírico supremo da unidade dos fenômenos c na medida cm que este
é empiricamente incondicioriado posüucm cm si uma propriedade de princípio
rcgulativo. Entretanto, viàto que toda determinação constitutiva da realidade dn
maicria. por conseguinte, tambim íi impenetrabilidade, c um efeito fuma ação)
que tem que possuir tt sua causa e que em virtude disso é sempre derivada, assim
a matéria <te modo algum sc presta para a idéia de um cme necessário cnquuntu
princípio de toda a unidade dorivadq. Com «feito* e:idn uma dus propriedades
rcaLs da matéria, enquamo derivada, é apenas condicioíiadartientc necessária c
portanto pode ser em ú suprimida. Em uil caso, poremh a existência lotai da
matéria seria supressa; e se isto não acontecesse, teríamos alcançado cmpirica
mente o fundamento supremo da, unidade, o que é proibido pdt> segundo princi­
pio re^ulativo. Disso resulta que a matéria, e em geral tudo o que peri&nce ao
mundo, não se adapin à ideia de um eníe neces&drio e originário como simples
princípio da máxima unidade empírica. ma& que aquele tem que ser posto fora
do mundo, já que sempre podemos sem maiores preoeupaçoes derivar o&fenòme
nos do mundo e a sua exisiênda de outros fenômenos çomo ac nào houvesse
nenhum ente necessário, e não obstante podemos aspirar incessantemente ukun
647 çar a completude da derivação í como sc fosse pressuposta como um fundamento
supremo.
De acordo com essas considerações, o ideal do ente supremo não b mais
que um princípio regufativo da razão para considerar toda a ligação no rttundo
MV

taC como se surgisse da causa necessária mais sufi ciente dc Lndas. a íim de na
expífcação dos fenômenos fundar sobrti cia a fegra dc uma unidade Msiemátíca
e necessária segundo leis universais, e. portanto, não é uma afirmaçào de uma
cxísténeia necessária cm si. Tudavia. ê ao mesmo tempo inevitável reprcsentar-se.
mediante uma sub-repção transcendentaE esse princípio íormal como constitutivo
e pensar hipostaticamente essa unidade. Com efeíio. pelo fato de tornar origina-
riamenLC possíveis todas as figuras que são unicamente diversas limitações suas.
embora seja somente uaíi princípio da *cnHÍbilidadc o espaço è. nào obstante,
precisamente por isso considerado um algo absolutamente necessário subsistente
par si t! um objeto diido a priori e em si mesmo- Do mesmo modo. visto que
a unidade sistemática da natureza de maneira alguma pode ser proposta com o
princípio de uso empírico da nossa razão, a rrjo scr na medida em que thc ponha­
mos como fundamento a idéia dc um ente realissimo como cau»a suprema, hcoa-
icee de modo loíalmenie natural que csxa ideia ê mediante tal representada como
um objeto real, e pelo faio de ser a causa suprema este è por sua vez represcniado
como necessário, por conseguinte, que um princípio regula tivo / è transformado MÍ<
num princípio consíúurivo. Esta substituição revela-sc pelo Tato de, se esse ente
suprema que com respeito ao mundo era absolutamente (incondicionadamcnie)
necessário agora considero como coisa por \u tal necessidade não scr capai: tte
conctnio algum. c. portanto, tem que ter sido encontrada em minha razàu apenas
como condi^ào formal du pensamento, nao, porém, Como condição material c
hipnstáuca da existência*

S E Ç Ã O S K X T A D O C A P ÍT U L O T E R C E I R O

DA IM PO SSIBILID A D E DA PROVA FÍSIC O TEO LÓ G ICA

Com efeito* se nem o conceito de coisas em geral nem a experiência de


qualquer e x ts iê n c ia cm geraf podem rculi/.ur àquilo que ú requerido, resta ainda
um meio para tentar se uma vxperiJncia tíulvrmmaikt, por conseguinte u cKpcricn
cia dás coisas do mundo presente, sua natureza t sua ordem, nio fornece um
argumento que possa auxíliar-nos seguramente na convicção a respeito da exis
tència de um onie supremo. Chamamos a uma tal prova dc jístco-teolágica. Sc
rambem esta for impossível, emào partindo da simples razão especulativa em
parte alguma seri possível uma prova satisfatória da exi&iência dc uni ente que
corresponda à nossa idéia transcendcnud-
i Após todas as obscrv&çôes antecedentes. comprex-rvicr-se á em seguida quetiV*
j respeito dessa queuiào pode espcrar-se uma solução bastante fácil c concluden­
te. Pois como pode alguma ve/. ser dada uma experiência que devesse adequar-se
a uma idéia"! A peculiaridade da idéia consiste precisamente no fniu de nenhuma
experiência jamais poder congruir com ela. A idéia transcendental de um enw
originário, necessário e totalmente sulidenlc, c tãrt exalladamente grande, tão
310 KANT

elevadamente superior a todo o empírico, mie é sempre condicionado, que por


um lado jamais se pode cnconirar ita experiência matéria suficiente para preen
cher um tal conceito, e por outro anda se sempre às apalpadelas sob o condicio­
nado e procurar se-ii constantemente em vão o incondieíonado. com respyiio ao
quíiJ nenhuma lei de qualquer síntese cmpírica fornecc-nos um exemplo ou a
mínima urieruaçào para Lal.
Su o ente supremo sc encontrasse nessa cadeia das condições. então ele mes­
mo seria um membro da *ua série c, como ocorre com os membros inferiores
aos quais se antepõe, requereria uma investigação ainda mais remota a respeito
do seu fundamento superior- Sc. ao contrário, .se quiser separá-lo dc lai cadeia
e enquanto ente meramente inteligível não se quiser oompreertdê lo na serie das
causus da natureza. ciitão que ponle a razão poderá lançar para chegar até ele?
Com efeito, todas as leis dü. passagem dc efeitos a causas, até mesmo Lüda a
síntese y ampliação do nosso conhecimento em geral nào se fundam senão sobre
a experiência possível, por conseguinte, apenas sobre / objvios do mundo dos
sentidos e só Com respeito a eles podem ter uma síg.mfleíiçào.
O mundo presente manifesta nos uma cena lio imensa de multiplicidade,
ordem. Rn alidade e beleza — quer se es&ca atributos no inftrmmle do espaço
ou na divisão ilimitada deste — que nào obstante os conhecimentos que o nosso
fraco «lUcndimçnto pòdc adquirir daí, toda a linguagem sobre taniiiS e Tâo inabar-
cávds maravilhas perde a ssuti ènfuse. todos os números perdem a sua força de
mcnsuraçiu c musmo os nossos pen:»atnuruos perdem toda n limitação a ponto
dc o nosso juízo sobre o lodo tef í[ue se reduzir a admiração muda, mas pür
ümso mesmo tanw rnsis persuadida. Por toda a parte vemos uma cudeia dc efeito*
e causai dc fins c meio«, dc regularidade no surgir ou perecer, e na medida
Cm que nada passou esporumíimeiuc para o estado cm que .se encontra, aponta
írcniprc adiume para uma outra coisa como sua causa que toma necessária exata*
mente a mesma perquirição ulterior. Dcsic modo. o universo inteiro leria que
íc afundar n<i abismo do nada caso não se admitisse algo que o sustentasse sub­
sistindo originária e independentemente por si. c que como causa da sua origem
ao mesmo Lcmpo assefturasMc & suu continuação* Quão grande devemos pensar
essa causa suprema (em coníroruo com tcxlas as coisas do mundoI? Nào conhe­
cemos o mundo segundo iodo o veu conteúdo; / menos ainda sabemos avaliar
a sua grandeza pela comparação com tudo o que i possível. Já que para a causa­
lidade necessitamos um eme último c supremo, entâo que eoisa nos impede que,
de acordo Com o ftrau de perfeição, o pnnhanum ao maerno tempo acima dc
toda outra coisa posstvei? Podemos rçatuai isto facilmente, conquanto certamen­
te só através do tênue contorno de um conceito abstraiu, se representarmos toda
a perfeição possível reunida nele como numa úniea substância. Tul conccito é
favorável & exigência da nossa razão na economia dos princípios, não estando
em si mesmo submetido a nenhuma contradição, è pela direção que uma tal idéia
dá á ardem e finalidade,, é compatível mesmo com a ampliaçao do uso da ra7 ão
à experiência, em parte alguma, porém, decisivamente contrário a uma experiên­
cia.
lista prova merece sempre ser citada com respeito- Trata-se da mais antiga,
mais ciara e mais conforme com a razão humana comum. Estimula o estudo
da natureza do mesmo modo como cia mesma adquire desta a sua existencia.
e mediante a mesma recebe sempre nova Torça. Faz surgir rins e objetivos lá
onde a nossa observação não os teria descoberto por si, e amplia o nosso conheci­
mento da natureza mediante o Ho condutor de uma uníd;id<? peculiar cujo princí
pio se enccmira fora da natureza. Por sua vez. estes conhecimentos atuam sobre
a sua causa, a saher, sobre :i / idéia t^ue a ocasiona, e aumenLam a fé num auior
supremo até uma convicção irresistível
Rm virtude disso, seria nào só desconsoiador. mas também totalmente inútil
querer subtrair algo do bom nome dessa prova. Fdevada incessantemente por
argumentos tào vigorosos e sempre crescentes sob suas mãos. conquanto se trate
só de argumentos empíricos, a razão nào pode ser oprimida por nenhuma dúvida
de uma cspcculaçâo abstrata e sulil ü ponto de ser arrancada, como que de um
sonho, daquela elucubradura indecisão mediante um olhar que lança sobre as
maravilhas da natureza e da majestade do sistema do mundo, para dc magnitude
em magnitude clcvar-ac até s, magnitude suprema e de condicionado a condição,
até ü autor supremo e íncondtcionado.
Todavia, embora não tenhamos objeção alguma contra a racionalidade c
utilidade desse procedimento, maa tenhamos nrUes motivo para feçpmendá-lo c
ínceiUivá lo, apesar disso não podemos permitir que çsse tipo de prova rcivindi*
que certçca apodíticu v, um aplauso que não precisa absolutamente de qualquer
favor ou apoio estranho. E moderar a linguagem dogmática dc um sofista qut
zomba do tom de sobriedade e discrição dc uma Fé. suficiente para a tranquilida­
de embora não ordene uma submissão incondicional, uàtí pode dc modo aignm
prejudicar a f ha a causa. rVfirmo, portanto, que a prova rísico-tcológica jamais
pode demonstrar $<?£itihu a cxisLcnciâ dc um ente supreniu. mas tem que deixar
sempre pítrsi a prova ontológica (à qual sorve só como introdução) u tarefa dc
cornplctar essa deficiência; por conseguinte, afirmo que n prova ontológica conti
nua contendo o único argutueiUo pvssívd (coiuamo que ápenas. uma prova espe
culativa tenha lu&ar) que nenhuma razão humana pode passar pw alto.
Os principais momentos da referidu prova físico-leológiea sàn o*; seguintes:
1) Por toda ít paru no mundo encontram-se sinais claros d<? uma ordem secundo
um prupósilo determinado reaJimla com grande sabedoria, e dentro de um todo
trtnto com inde&critivcl multiplicidade de conteúdo quanto também ilimiiadamen
te grande na vxicnsüo. 2) Esla ordem finalista è completamente estranha às coisas
do mundo e lhes íneru só de modo contingente; isto c, a natureza de coisas diver­
sas não poderia, com a reunião dc meios tào diversos, concordar espontaneamen­
te com fins últimos determinado* se estes nào tivessem sido escolhidos e dispos­
tos parxi tal de modo bem apropriado por um principio racional ordenaúur segun­
do ideias a eles subjaceiues. 3) Logo, existe uma causa sublime e sábia (ou mais
de uma} que tem que icr a causa do mundo não simplesmente como uma nature­
za unipoceme que üpere cegamente mediante ãfecundidade, mas como uma inte­
ligência que atue mediante a Uberdade. 4i A unidade desta causa pode ser inferida
312 KANT

f,54 com certeza. tio tocante aquilo /' ate onde alcança a nossa observação, a partir
da uniUa.dc da referência recíproca das partes do mundo enquanto membros dc
um edifício construído com anc, c além deste campo inferida só com probabilida
de segundo todos os princípios da analogia.
Sem pretender aqui chicanear a razão naturat sobre a sua inferência, que
a partir da analogia de alguns produtos naturais com a arie humana - - ao violen
lar a natureza e a constranger a não proceder segundo os seus frns. mas a se
ajustar aos nossos (em virtude da semelhança dc certos produtos naturais com
casas* navios, relógios) — conclui que à natureia aubja?. uma La3causalidade,
a saber, entendimento e vontade, quando a razão deriva a. possibilidade tmerna
da natureza livremente operanve (a qual torn.ii pela primeira vcví possível toda
a arie e talvez mesmo a própria razão) dc uma outra arte ainda, qui; c. todavia,
sobre humana. Embora este modo de »iTerír não possa talvez resistir à critica
transcendental mais severa, temos que confessor que. sc quisermos uma ve/, indi­
car uma causa, não poderemos proceder de modo mais seguro do que cm analo­
gia com tais produtos conformes a um fim. que são os únicos dos quais conhece­
mos inteiramente as causas e ys efeitos. A ra^iiu nào poderia juüliflcar se perante
si própria ac da causalidade que da Conhece quisesse passar a obscuras e inde-
monnráveis razões t-xplicativas que nao conhccc,
Dc acordo com essa inferência, a finalidade e a harmonia de tantas ohros
-,ü n:ttjrais teriam simplesmente que provar a coniin / gcncia <!a forma, mas não
a da matéria, isto é. da substancia no mundo. Para provar «sto* de Puto. requerer
se ia ainda puder provar que as coisas do mundo seriam em si mesmas meapaíces
dc uma ial ordem e de um tal acordo secundo leis naturais sc mesmo xeguflitn
a sua substância não fossem o produto de uma sabedoria suprema, Para este
fim requerer se iam, contudo, argumenu»* totalmente diversos daqueles baseados
nu analogia tom a arie liumaiiq. Portanto, a prova poderia no máximo evidenciar
um arquiteto no mwufo que seria sempre bastante limitado pela plasmabilídade
da matéria prtr elo elaborada, mas nào um criador do mundo a cuja idéia tudú
está subordinado. Isto não é nem de tonge suficiente para o grande objetivo que
se tem di;inte das olhos, ct saber* de provar a existência do um eme originário
louilmente suficiente. Se quinássemos provnr a contingônda da própria matéria,
teríamos que nus refugiar num ar&unicniu transccndentaL o que, porém, teve pre
cisamente que ser evitado aqui,
A inferência parte, pois, da ordem e finalidnde tão completamente observá­
veis no mundo, como uma organi/.ução imeirameiUs: contingente, aíc a existência
de uma causa propnmrmada às mesmas. Todavia, o conceito dessa causa tem
que nos dar a coohcccr algo totalmente determinado íi respeito dela. não podendo
por isso ser outro senào o conceito de um eme que. como um ente totalmente
<ijt. suficiente, possua todo o poder, toda a sabedoria, etc.. numa palavra / luda a
perfeição. Com üfciío, os predicados de puder e excelência grandíssimos, admirá­
veis e incomensuráveis, não fornecem absolutamente concdto determinado al­
gum e propriamente nào dizem o que seja a coisa em st mesmn, mas são aperm
representações de relação sobre a magnitude do objeto que o observador {do
C R ÍT IC A DA RAZÀO PU R A 3J3

mundo) compara consigo mesmo e com a sua própria capacidade de compreen


são. e que sc tornam igualmente cnaltecedores quer se aumente o objeto. quer
com ffilação ao mesmo sc tòrne menor o sujeito que observa. Onde sc trata da
magnitude (da peiTdção) de uma coisa cm geral, nào há nenhum conceito deter­
minado senão aqufile que compreende ioda a perfeição poüsívd« e somente o todo
lomnuudo)da realidade ç determinado completamente no conceilo,
Ora. quero esperar que ninguém presuma compreender a relação da inagni
ludc da mundo por ele observada (tanto segundo a extensão cotno segundo o
conteúdo) com a onipotência, da ordem do mundo com a sabedoria suprema,
da unidade do mundo com a unidade absoluta do autor, etc„ Logo. a ÍÍ wco-lcoío-
gia não pode fornecer nenhutn conceito determinado da causa suprema do mundo
e por isso não pode ser suficiente para um princípio da Teologia- que. por sua
vez, deve conütituir o fundamento da rdigiào.
O passo à totalidade absoluta é inteiramente impossível por via empírica.
Na prova físico-teológica. não ohstamc, £ dado. Que / meio 5, pois. utilizado IUÍ
para saltar p»r sobre um líw Jargo abismo?
Depois que se atingiu a admirar a magnitude da sabedoria* dtí poder, ele,*
do autor do mundo* e que nãü se pode ir adiante, ab and onai dc uma vez por
todas esse argumento conduzido por fundamentos demonstraíivos empíricos e
parte-se para a contingência do mundo logo dc início inferida a partir da ordem
c fínulidade do niesmu. Somente desta contingência se passa, pois^ unicamente
mcdr.inte conceitos transcendentais, à existência de um eme absolutamente neces­
sário, e do conceito dá necessidade absoluta da causa primeira ao conceito com
plctHificcite determinado ou determinante da mesma existência, a saber* de umo
realidade que tudo compreende. Logo. a prova físico-teológica estacionou cm
seu empreendimento, nesse embaraço suttou dc repente para a prova cosmológica.
e assim. visto que esta é $6 uma prova oniolõgioíx camuflada, realizou efetivamen­
te u seu objetivo meramente através da m ã o pura, se bem que tenha inicinlmcnLe
negado toda a afinidade com esta e tenha cjipo.sio mdo com base cm provas
tvbvías a partir da experiência.
Q* físico*-teólogo» nào vem por is?>u motivo pura comportar-se tão desde­
nhosamente dianio do modu transcendental dc provar c para oJíiâ-to do alto d
baíxo com arrogância de clürividcntcs conhecedores da natureza, como se se tra­
tasse de uma teia de aranha tecida por clueubradores, Com cíeiio, se quisessem
eles mesmos submeier*se a uma prova, após terem progredido uni bom trecho
sobre o / terreno da natureza c da tjKpcriencia e de. nao obstante, verem-se sempre fiSS
ainda tão distantes do ohjcto. que parece ser oposto à nossa razào* descobririam
que repentinamcnití ab8Liidona.rn c&rc terreno e transferem-se para o reino das sim
pies possibilidades, onde esperam apjoximar-vosT nas asas das idéias, daquilo
que se subtraíra a toda a sua Investigação empírica. Enfjm, depois que com um
salto tào puderoio supõem ter poíito o pé sobre terreno Hrme, disseminam o con­
ceito doravante determinado (a Cuja posse chegaram sem saber como) .sobre o
campo imeiro da criação e elucidam peia espcriència o ideal que era meramente
um produto da razão pura. elucidação bastante pobre e inferior à dignidade do
KANT

seu objcLO, sem. todavia, quererem confessar que chegaram a esse conhecimento
ou pressuposto por um atalho diverso daquele da cxperiêncãa.
Deste modo. portanto, à prova física teológica suhjaz a cosmológica. a esta
porem a prova ontológica da exísLcncia de um ente originário uno como ente
supremo. F. visco que fora desse« tres caminhos maís nenhum está aberto à razào
c&peciilativa, assim a prova omològica a partir dc meros conceitos puros da ra­
zào è a única possível, sò pode considerar-se possível qualquer prova de uma
proposição que sc eleva a tal ponio acima de toda o uso empírico do entendimen
to.

tö'j / S EÇ Ã O S É T IM A DO C A P ÍT U L O T ER C FT R O

C R ÍT IC A D E TO D A A T E O L O G IA A P A R T IR DE PRIN C ÍPTO S
E S P E C U L A T IV O S DA R A Z Ã O

Se por Teologia entendo o conhecimento do finte originário, entao é um


conhecimento ou a punir da simples raüiío fteologia rationalis) ou da revclaçio
(rcvelataK Qra^ a primeira pensa o seu nhjcto ou simplesmente pela raxàtí pura
mcdianLc meros conceitos transcendentais (ens enginarium. reaHssimum, ens en
tium) c chama-se teologh transcendcniaif ou através de um conceito tomado cm
prestutiü da natureza (da nossa alma) como a inteiigêncin suprema, c teria que
sc chamar teologia natural, Aquele que conccdc unicamente uma leoJogb trans
ccndcntal é chamado deísla: aquele que atém disso admite uma teologia natural
ú çhumado lúfoia. O primeiro conccdc que podemos conhecer a existência de
um ente originário quamfo muito pela timples ruxãni. ma& c|uc o nosso conceito
sobre ele è meramente transcendental, ou sejn. somente enquanto conceito dc
um ente que possuí toda a realidade. a qual. cornudo, nao pode ser determinada
maís de peno. 0 segundo afirm a que a razào é capaz dc determinar mnis de
perto o objeto segundo a analogia com a natureza, ou .seja, com um eme qtte
mediante entendimento c liberdade contenha o Fundamento origmáriu dc todas
as ouircis coisas. Aquele, ponanio, sc representa por um tal objeto simplesmente
#wi> uma cama dc mundo (permanecendo / irrcjjolvidt) òc através da necessidade da
sua naturczA ou atfiavês da liberdade), e este representa.se ym criador do mundo.
A teologia transcendental é ou aquda que supõe derivar a existência de
um ente originário a partir dc uma experiência cm geral (sem determinar mais
dc perto algo sobre o mundo ao qual esta pertence) e denomina se cosmoteohgia,
ou aquela que crê conhecer a ;.ua existência mediante simples conceitos sem o
auxilio da menor experiência, e denomina-se ontateologia.
A teologia natural infere as propriedades e a existência de um criador do
mundo A panir da disposição da ordem e da unidade encontradas neste mundo,
no qual têm que se admitir duas espécies de causalidade e a sua regra, a saber,
naturcía e liberdade. Por isso, ascende deste mundo ate a inteligência suprema,
C R ÍT IC A D À R A Z Ã O P U R A 315

enquanto princípio ou de toda a ordem c perfetçàu natural ou de toda a ordem


e perfeição moral, No primeiro caso denomina-se fís ic v -leologia, no segundo.
teologia moral.*'1
Visio que pelo conccito de. Deus íiãu se costuma entender simplesmente uma
natureza eterna que opera cegameníc com» origem das coiwis. mas sirn um ciiic
supremo que pelo entendimento / e pela liberdade deve ser o autor das coisas,
c visto ainda que unicamento uste conccito nos interessa, poder-se-ia a rigor negar
aos detstas toda a le em Deus e conceder lhes meramente a afirmaçao de um
ente originário como causa suprema. Todavia, já que nin&ucm deve scr inculpado
dc querer negar algo pelo fato dc não aireverse a afirmá-lo, eniàa c mais indul­
gente v justo dizer que o detsía crê num Peus. mas que o ttísia crè num Detts
Viva ísummaw inteUigeni.iamV Agora queremos procurar as fontes pt>ssivei.s dtí
lodas L-süits tentativas da ratão.
Satisfaço-mc aqui com explicar o conhecimento teórico como aquele pelo
qual eiuihcço o que exisie. e o conhecimento prático por sua vez como aquele
pck> qual mu represento o que ileve existir. Dc acordo cóm isto. o u.so teórica
da razão é aquele pelo qual conheço a priori (como necessário) que algo existe,
c o uso príaico, aquele pelo qual é conhecido a priori o que deve acontecer.
Ora. sc é indubitavelmente certo que algo existe ou deve existir, mas isto dc modo
apenas condicionado, então uma certá eonòiçào determinada ptxJk- ser tanto ab­
solutamente necessária para isso quanto a mesma ser somente pressuposta como
arbitrária e contingente. No primeiro caso* a condição é postulada (per tbcsinj,
no segundo suposta (per htpoLhesinJ, Visto que hâ leis práticas absolutamente
necessárias (as morais) emuio / quando pressupõem qualquer existência como a
Condição da possibilidade da sua forç;i compromissante. tnt existência tem que
ser postulaiia peio fido de o condicionado, do qtuil procede a inferência n eàfta
condição determinada, ser dt* mesmo conhecido a priori como absofuuimciHc
necessário. Mostraremos futuramente que as leis nirrois não só pressupõem a
existência de um enu supremo» mas enquanto sob oulro pomo dc vista são abso­
lutamente necessária* também com justiça postulam tal exigência, embora claro
que apenas praticamente. Por ora pomos dc lado este modo de inferir.
Se se trata simplesmente daquilo que existe (não daquilo que deve ser)t emão
0 condicionado que nos ti dado na experiência é sím pre pensado também como
contingente. Fm tal cíims, a condição pcrtenctnLc a d c nàü pode ser conhecida
eomo absolutamente necessária, mas sterve apenas cotno um prcssupoãLo relativa
menx* nçeíRsúriü ou anu^ requerido para u conlictMmertca racional do condicio­
nado, sendo, todavia, cm sí mesme* e ji priort, arbiirúrío- Logo. fie ti necessidade
ab&oluia dc uma coisa devesse ser conhecida teoricamente, isto poderia acontecer
unicamente a partir de conceitos u priori. mas jam ais eomo uma causa com refe­
rencia a uma existência etadà peJa experiência,
Um conhcciincnto teórico é cspecutaiivti y: se refere a um objeto, ou ao

“ '•Não moral ta tló iy «. píias esta címitíT" leis m w aií que pr^vupòctn a cmsicnciu dt um gúVciimnur uiprc-
mo do mundn, go passo que a teologia ijw a í ú um* conrkfâo m Ijíc a c*istênçia tíc um raie supremo,
coíu ivfão que sefundo íobr-c leis morai!.
316 KANT

conccíto de um objeu>, que não se pode atingir em nenhuma / experiência. Con


trapòc-sí ao conhechuenio nníitrtrf, que nào se r^ferç a nenhum outro objeto ou
predicado do mesmo além dos que podem scr dados numa experiètieiA po&sívd.
O principio peio qual daquilo que acomecc (o empiricamente contingente)
como efeito inferc-sc uma causa, c um princípio do conheci mento natural, mas
não do especulativo. Com eleito, se se abstrai de um tal princípio enquanto con­
tém a condição da experiência possívçl em geral, e se ao se abandonar iodo o
empírico se quer afirmá-lo aesrea do contingente em geral, então nào resta a
míni ma justificação para uma Lal proposição sintética para daí depreender como.
de algo que existe, posso passar a algo totalmente diferente dele (chamado causa);
ajiUò. cm ta] uso meramente especulativo tanto o conceito de causa quanto o
de contingente perdem ioda a. significação cuja realidade objetiva pode ser com­
preendida tn concreto*
O ra, se da cHÍstcnei;i das coisas rio mundo infcre-se a iua causa, então este
procedimento perténce ao u*o especulaii\r> t nào ao uso natural da raxào; este
últtmo, com yfeitu. não refere a uina causâ qualquer as própria?» coisas, mas
só aquilo que acanfecc. logo os seufc èstados enquanto empiricamente contingen­
tes, ao passo que a própria substancio (a matéria) ser cotitmgcnte em sua existên­
cia teria quç scr um conhecimento meramente especulativo da / ra?.âo. Se por
outro lado se tratasse aperta* da forma do mundo, do modo da sua ligação c
da sua, variação e se eu. contudo, quisesse inferir dm’ uma causa que fosse total­
mente distinta do mundo, enlào este seria novamente um juízo tia rctí.ào mera­
mente especulativa, pois o objeto de que se trata aqui não c ataoluUimçntC o
de uma experiência possível. Mas cm tal caso o princípio da causalidade* que
só vale no campo d:w axperiencins c fora dule não possui nenhum uso nem mes­
mo uma significação, desviar-üe ia coiHfmomeda sua d&iLinaçàn.
Ora. afirmo què todas as temsitivas de um uso meramente especulativo da
ruyào na Teologia, sãu totalmente infecundas c, pela sua nature/a íntima, nulas
e vãs; que, porem, us princípios do seu uso natural de modo algum levam a
uma Teologia, eorts*iqüeMírmínU\ sc nào sc põem como fundamento princípios
morais ou nào sc 05» usa como Tio condutor, nào ptxle haver em parte alguma
uma teologia dn r:wao, Com efeito» totios os princípios ainiõücos cio entendimen­
to concernem a um üso imanente. ao passo <|uc o conhecimento de um ente supre­
mo requer um uso transcendente dos mesmos, para o qual o nosso entendimento
oao e.stã absolutamente equipado. Se 4 lei empiricamcnic válida dc causalidade
devesse conduí.ir ao ente originário, então eüie teria que copertencer à cadela
dos objetos da experiência; cm tal caso. porem, seria por sua vc1 condicionado
tal como todos OS fínômenos. Se além disso / se permitisse saltar para além
dos limites da experiência mcdlarnc; a lei dinúmica da referência dos efeito* às
suas e&usas, que conceito poderia nos ser proporcionado por um Uil procedimen­
to? Nem de longe um eonecito de um ente supremo, pois a experiência jamais
nos aprcAOríto o maior de ukIos o\ «eu* efeitos possíveis (que dçvc dar testemunho
da sua caqsa). Sc apenas para nào deixar nenhum lugar vazio em nossa razao
nos For permitida preencher essa dçficiêncta de dcLerminfiçàE» plena mediante uma
C R ÍT IC A D A R A 2 A O P U R A 317

simples idéia da perfeição suprema c da necessidade originária, então isso pode


na verdade ser concedido com um favor mas nào cxigidtj a partir do direito
de uma prova irresistível. Portanto, ao conectar especulação com intuição a pro
va fisico-teôlogica pode ri íi laUçjr dar enfase a outras provas (caso sejam obtení­
veis): mas por si mesma prepara o entendimento para o conhecimento teológico,
dando lhe uma direção rela t natural para laruo- maá Mzinha nào pode comple­
tar a sua tarefa.
Disso rebulia cluro que ás questões transcendentais permitem só respostas
transcendentais. isto é, a partir de puros conceitos a pnurí Mim a mínima interfe­
rência empírica. O problema é aqui evidentemente sintético, e requer uma amplia
çík> do nosso conhecimento pura além dc todos os limites da csperíèncêa. a saber,
ate íi existência de um ente que deve corres ' ptindcr à nossa ^implc.s ideia, à
qual nenhuma cxperiência pCH.li: igualar-se. Ora. dtí acordo com as nossas dc
monstraçÒL-s precedentes, todo o conhecimento sintético a priori c possível sc>en­
quanto expressa ah condiçoes formais de uma experiência possível, c todoi ds
princípios possuem por isso apenas validade imanente, isco é. refcrem-sc unica
mente a objetos do conhecimento Empírico r>u fenômenos. Logo, tampouco se
consegue algum rcsuhado mediante o procedimento transcendental com vísta*
a teologia de uma raxâo meramente dipceululiva.
Sc. a sc deixar roubar a persuasão do peso dos argumentos usados por tao
longo tempo, sc preferisse pór em dúvida todas as provas precedentes da Analíti­
ca. não se poderia, contudo* esquivar sc dc satisfazer a exortação dc eu exibir
que sc deveria pelo menos justificar çomo e mediante que iluminação nlguém
si atreve a sobrevoar toda a cxpcricnciu possível com a força de simples idéia&.
Eu pediria que mc poupassem de-novas provas ou da melhoria dc provas antigii^
De lato. se bem que aqui não haja muiui a escolher n;i medida em que afinal
todaft as provas meramente especulativas desembocam nu mo única de caráter
ontológico, e que eu nao precise pois reecnr ser particularmente molestado pela
fecundidade do* dcrcnsore>> dogmáticos daquela razão isenta dos sentido*: bem
que de mais a mais. mesmo sem coiuidcrar-mu por isso muito combali vo. cu
não recuse / o desafio dc deseobrir o sofisma em toda a tentativa desse tipo.
para destarte frustrar a sua presunção: jamats se suprimirá inteiramente ;i espo
rsinça de melhor sorte por parte daqueles que foram uma vc? acostumados n
persuasões dogmáticas. Por is^o a tenho me à únicíi exi^éneia jusia, ou seja, L]ue
se justifique universalmente e a partir da natureza do entendimento humano,jun-
io com todas as demais fontes de conhecimento como sc quer iniciar a ampJiar
absolutamente a priori o seu conhecimento e estendêlo ate o ponto inatingido
por qualquer expericncia possível, e, portanto, por nenhum meio capa? de nsxcgu
rar n realidade objetiva n qualquer um dos conceitos ideados por nós mesmos.
Seja dc que modo o entendimento possa ter chegado a essç corteeiío, o sxistèneia
de .<eu objeto nào pode ner eneomradu analjticamente iitly. pois. o conhecimento
da ejçislência do objeto conskie exatamente no lato dc çste *cr cm .st mesmo
posto Jorct do pensamento, Entretanto, é inteirameme impossível partir esponta­
neamente tlc um conceito e, wím que se siga a cortcxão cmpírica {pela qual são
318 KANT

sempre dados unicamente fenômenos), ehes,ar ao descobrimento de novos obje­


tos e dc entes sobrenaturais.
No çrttanty, se bem que no seu uso meramente especulativo a razão nem
de longe baste para esse tio grande objetivo- a saber, alcançar a existência de
i.ri« um ente supremo, possui, ttao obstante. muíto granife / proveito çorrigind-u o
conhecimento dc uma Lal existência no caso em que pudesse ser haurido de algum
outro [ugar. ra?.endo-o concordar consigo mesmo e com todo o propósito inteÊi&í-
vel v purifieando-o de tudo 0 que pudessC ser contrário ao conceito de um ente
originário e dc toda a m istura de limitações empíricas.
Portanto, apesar de toda a sua deficiência a teologia Lrunscendcnial cunscr-
va um importante uso negativo, c c uma constante censura da nossa razão, quan
do essa se ocupã simplesmente com idéias puraat que precisamente por í^o não
admitem outro critério alem do transcendental. Com efeito,, se à pressuposição
de um ente üupremo c totalmente suficiente. enquanto inteligência suprema, li ma
vez afirmasse a sua validade sem réplica desde um outro ponto de vista, tulvcz
prático, então seria da maior importância Ueierminar exatamente o aspecto trans
cendental desse conceito enquanto conceito de um ente ncee^ârio e realíssímo,
bem como remover o que é contrário à realidade mais ckrvnda u o que pertence
ao simples fenòmerto (ao aniroppmoYfiümo em bctltido mais ampio) e ao mesmo
tempo tirar do caminho loday as assefçòfcs contrapostas a tal conceito, quer se­
jam ora autistas* ora ttetslax, ora uníropomorflstat. Nu til a tal abordagem crítica,
tudo isto é muito fácil, na medida em que as mesmas razoes, pelas quais e posta
diaMc dos olhos a incapacidade da ra/âo burniknfi c&m respeito » afírmaçao da
i>tti existência de semelhante / ente. neccssariamentc bastam também para provar
a inutilidade de qualquer contra-afirmação- Pois de onde pode alguém querer
extrair, mediante a especulação pura du ray.ao. o conhecimento dc que não liá
um eme supremo como fundamento originário dc tudo» ou dc que não lhe inerc
nenhuma da* propriedades que pelas suas conseqüências nos represem amos eo
mo análogas às ruulidades dinâmicas dc um eiue pensítnic. ou. em último caso»
de que elas teriam lamlwm que estar xutameiida* n todas a.s limitu^õcs que u
sensibilidade impõe às jmdígéncias, por nós Conhecidas através da experiência?
Para o uso meramente especuíativo da ra/Jo, portanto, o ente supremo per­
manece um simples ideal, embora sem difoifos, um conceito que conclui c corou
o inteiro conhecimento humano e cuja realidade objetiva por essa via não pode
na verdade ser provada. mas tampouco relutada, Sc além disso houver uma teolu'
gia moral capnz de coinplciar p.ssa defieiênvia. então a precedente e meramente
problemática teologia transcendental provará a sua imprescindibilidade através
díi determinação do seu conceito e da censura incessante de uma razào com
freqüência suficiente enganada pela sensibilidade, e nem Sempre concorde com
as- sua?» idéiui. A necessidade, a infinitude, a unidade, a existência foru do mundo
ínào como alma do mundo), ft eternidade, sem condições do tempo, onipresença
i/ra sem condições / do espaço» a onipotência, etc., sao puros predicados transeenden-
tíiis. Por isso, o conceito purificado cios mesmos que toda teoiogia tanto necessi­
ta. só pode ser tirado da teologia transcendental.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A

A P Ê N D IC E À D IA L É T IC A T R A N S C E N D E N T A L

De uso regulaiiw das id é ia s da razão pura

O ponic de partida dc todas as tentativas dialéticas da razão pura não so


mente confirma n que jã provamos na Analítica Transccndcm tal, a saber, que
Iodas as nossas inferências que querem conduzir-nos para aJém do campo da
experiência possível são enganosas e infundadas, mas no& ensina ao mesmo tem­
po a peculiaridade de que a razão humana possui cima propensão natural a ultra­
passar esse* limites e dc que as idéias iranseçndenLais lhe são exatamente tão
naturais quanto as categorias ao entendimento. az bem que com u diferença de
que, enquanto as últimas levam â verdade, isto é. ã concordância dc nossos con­
ceitos com o objeto, as primeiras produzem uma simples mas irresistível ilusão,
cujo engano não se pode impedir riem através da maíç aguda crítica.
Tudo o que se funda no nature/.# das nossas Torvas tem que ser üdequado
a um fim e concordar com o correto uso dessys forças, contanto que queiramos
impedir um ceno / equívoco e descobrir a sua direção verdadeira e própria, Por
tanto. tudo faz crer que as idéias transcendentais tenham a sua utilidade e. por
conseguinte, um uso iiTtaíicnie, se bem que possam ter uma aplicação trançecn
denie e justamente por isso ser enganosas quando a &ua significação é ignorada
e elas são tomadas por conceitos de coisas reais. Com efeito, jamais as idéias
mesmas, mas simplesmente o seu liso pode scr sobrevoaiite (transcendente) ou
doméstico (imanente) cum respeito a toda experiência possível, dc acordo com
a direção que se de a tais idéias, quer orientando as diretamente para um objeto
pretensamente correspondente u cias uti orientando-as só para o uso do entendi­
mento em geral com vistas, aos objetos com que tem a ver, E todos os erros
da sub repção devem scr atribuídos sempre a uma deficiência da capacidade dc
julgar, jamnis, porém, ao entendimento «u à ra/.âo.
A ra/ao jamais, se refere diretamente a um objeto, mas unicamente ao enten
dtmento e através deU* ao seu próprio uso empírico; portanto, nm produz concei­
tos (de objetos), mas apenas os onitma e dá-lhe$ aqucEa unidade que podem ler
na sua máxima exiensão possivet. ifito é, com referênen à totalidade das séries,
a qual nâo é absolutamente considerada pek> entendimento, que se ocupa só com
a conexão pela qual por ioda a parte as séries das co n d irei são produzida*
segundo conceitos. Lojau, a ra/.fto propriamente tem / por objeto só o eniendímen-
to e o seu emprego adequado; e assim como o entendimento reúne o mútnpfn
no cibjeto mediante eoncciiuí, a razão por sua vez reúne o múliíplo dos conceitos
mediante idéias ao pór uma cena unidade coletiva como objetivo das açòes dr>
entendimento, que do contrário só seociipam com uma unidade distributiva.
Por isso, afirmo que a* idéias transcendentais jamaià possuem um uso cons­
titutivo dc m:ineíra que através delas sejam dados conceitos dc certos objetos,
No caso em l|«c forem comprícndidius desse mndn. não pagarão du simples con­
ceitos racionaliza ntes (dialéticos). Ao contrário, possuem um uso exceCeme e im-
preseindivçlmente neeessáno. ou seja, o uso rcgulativo que consiste em dirigir
320 KANT

n ertlertdimento para um determinado übjetivo com vistas ao qual as linhas de


orientação de todas as suai regras confluem para um única ponm. Embora na
verdade seja apenas uma Idéia (íbeus imaginarius).. isto c, um ponto do qual real­
mente não parlem us conceitos de entendimento na medida em que kc situa total
mente fura dos liinii.es da experiência possível. no enLanu> ele serve para propiciar
a tais conceitos a máxima unidade ao lado da máxima extensão-. Disso, ò verdade,
surge ent nós a ilusão de que essas Unhas de orientação sejam traçadas a partir
de um objeto que sc encoruarc Tora do campo do cí»rjhecímcntçi ■empiricamente
possível (do mesmo modo coma os objetos são vistos atrás da superfície do espe­
lho), Todavia, esm ilusão (cujo efeito ludibríador é perfeitamente evitável) será.
não obstante, absoluta 1 mente neccssiina se além dc>5 objetos que estau d ian te
doij ttoasoa olhos titmbém quisermos ao mesmo tempo ver aqueles que se situam
longe às nossas costas, isto é. em nosso caso guando quisermos exercitar o enten­
dimento para alem de uxla experiência dada {enquanto parte dc ioda experiência
possível). por conseguinte, com vistu também à nia extrema c máxima ampliarão
possível.
Sc temos presentes o* conhecimentos de nosso entendimento em todo 0 seu
âmbito, eritíio descobrimos que aquilo de que a rãzSo dispõe de minjo loialmcmc
peculiar, e que procura realizar, e o sistemático du conhecimento. isto ê. sua
inmrconexão a pantr de um princípio» Esta unidade du razão pressupõe sumpre
umu ideia. a sat>er, da forma de um indo do conhecimento que precede o conheci
mento dcLcrniinado dns partas e contém as condiçòos par:« determinar a priori
ü lugar de cada parte e a sua relação com as demais. Tal idéia postula por isso
unia unidade completa du conhecimento do entendimento; graças a essa unidade,
o conhecimento não sc torna simplesmente um agregudo contitijicmtí. mas um
sistema imerconGCLado segundo leis necessárias. Nao se pode propriamente dizer
que essa idéia seja um comxito do objeto. mas stm da unidude porleita desses
cunceilos na medida em que esta serve dc regra ao entendimento. Tais conceitos
da r<uão não sâo lormados a partir da nattireza, antes nós interrogamos □ nature­
za segundo essíts idótus e consideramos o vunheumento defeituoso enquan­
to / Jiào llje*. for adequado. Ccnlcssa-se que dificilmente se encontra uma (erra
p u ra „ uma água pura. um ar puro. Apç>ar disso. ieni’4v necessidade dos conceitos
respectivos (cuja purc/.a. rodavta. possui a sua origem somente na rA/.ão) paru
determinar convcnicmemenic a participação que cad;i uma düssas causas natu
rais possui no fenómeno. E d-este mcxlo reduz se enfim todas as muiêrias â terra
(por assim dizer* o simples peso), sais e substâncias. combustíveis (empiamo for
çah â ag.ua e ao ar como veículos ípar assim dizer, maquinas mecftanie as quais
3S anteriores operam), para segundo um mecanismo explicar as interações quími
cas das matérias entre si. Com efeito, conquanto em realidade não nos expresse
ffios deste modo, uma tal influência c3íl razàu sobre divisòcs dos pesquisadores
da natureza pode ser muito facilmente descoberta,
Sc a razão é uma faculdade de derivar o partioulur du uri iversa L então ou
o universal é jà cm Sl cerlo e dado. c cm tal caso requer somente Capacidade
d v jt ifg a r para n sub&un^üu, c o particular é necessariumcniâ determinado através
C R ÍT IC A DA R A Z Ã O P U R A 3-21

da mesma. Chamo a este de usu apodíucu da raxào. Ou. num segundo caso.
o universal ê admitido só problematicamcnte c é uma simples idéia, o purlictilar
é emào certo, mas a universalidade da regra para esta conseqüência e ainda um
problema; deste modo, sâo experimentados na regra diversos casos particulares
que sào lodo?; certos para ver se decorrem d.ela e neste u w , quando sc tem
a impressão de que todos! os, casos particulares indicáveis resultam dela. inferir.- r. 75

í»C-ã a universalidade da regra c desta inferir se ãu ulteriormente lambem todos


os casos que cm si mesmos nau sào dados. Chamo a este de uso hipotético da
razáo,
O uso hipotético d;i razão a partir de ideias subjacentes cornu conceitos
problcmáuci» não ò propriamente C fm s itililiY O . ou titja, disposto dc modo tal
que. ao $e querer julgar com todo o rig.or. a verdade resulte da regra universal
admitida cornu hipoiesü. Com efeito, como se pode querer conhecer iodas as
consequências possíveis ijue. iu> resultarem do mesmo princípio admittdo, pro
vem a universalidade desse princípio? Este uso ê. pois, apenas rcgulalivo para,
na medida do possível, ira/.cr unidade aos conhecimentos particulares e a&sirn
levar a regra a se aproximar du universalidade.
O USO hipolelíco da rs/.ao refere-se. portanto, 3 unidade sistemática dos co
flhüeimentos do entendimento, c esta ê por sua ve?, ü pedra de fnque da verdade
das regras. ínm*amentc. a unidade sisiemáiica (enquanto uimplcs ideia) é unica
mertte uma unidade projvmda que precisa ser considerada em si rtno eomo dada.
mas só como problema; serve. todavia* paru encontrar um princípio para o múlti*
pio c para o uso particular da urttcndimemo, e para mediante tal prmeipium diri
$ir bhcc u,st> e lorná 3o inicrwjuccLudo menino com respdto aos casos qu4 nift
são dados,
/ Disso, contudo, resulta evidente que â unidade sistemática ou racional íiTtí
do conhecimento variado do entendimento é só uin princípio (àgico visando, nos
casos em que o emendimenu» sozinho não ctogu a estubclecer regra*. ajudá*lo
com idéias c ao mesmo tempo conseiiuir, pura a diversidade das suas, regras,
unidade (siMcmâiicai sob um princípio c assim lumbcm coesão, na medida em
que faCLivirK Todvvju, se o modo dc s<cr dos objetos nu a natureza do entendimen
to que os. conhece como tais sno em $i mcsmou destinados :i unidade sistemática,
c se em ccru medida csia pode ser postulada a priori mesmo sem tnmar em
consideração um tal interesse da razão, de maneira a se poder dizer que mdos
os conhecimentos possíveis do entendimento (entre eles, o* empíricos» posiuem
unidade da ra/.âu c estão sob prifldpios comuns dos qu^is ptniem ser derivados
sem levar em coma sua diversidade, então isio seria um principio transeendenrai
da raüâo que tornaria a unidade susicmãttca neces&áriu nào só subjetiva c logica­
mente. enquanto nieuxio. mas larrtbcm objetivamente.
Queremos ilustrar ísst> com um caso de u&o da raiao. Entre as diversas
espécies de unidade segundo conceitos do cnrenrfimcrtn, inclui-se lambém a da
causaJidaite de uma subsiincaa. denuminada. força. Num primeiro coniato com
uma substância, os seus diversos fenômenos mostram uma tal heterogeneidade
que. cm consequência disso, icm ^ue se admitir iniciâliilcntc nela quase tantas
122 KAN T

forças quanto* efeitos ie apresentam, como. por exempio, na/monte do homem


n sensação, a consciência. n imaginaçüo-, a recordação, o humor, a capacidade
de distinguir, o prazer, o desejo, eric. De início, uma máxima lógica ordena mie
■jt: diminua o quanto for pn^sível e^a. aparente diversidade, descobrindo mediante
comparaçàiT a identidade oculta c examinando a questão se imaginação c cons­
ciência nãy estão lidadas, se recordação, humor e capacidade de distinguir não
são talvez e prupríamente cníendimento e razão. A idéia de i\m<xforçafundamen­
tai, cuja existência a I..ófiica dc modo algum poete descobrir, é pelo menos o
problema de uma representação sistemática da multiplicidade das forças. O
principio lógico da razão requer realizar tanto quanto possível esta unidade: e
quanLu mais as fenômenos de uma ou outra torça forem encontrados como idênti­
cas entre si. tanto mais provavelmente nada mais constituirão que expressões
diversas, de uma e mesma força, qui» (comparativamente! pode denominar se sua
forçafundameuíu!* Do mesmo modo proceder-se-ã com as forças restantes.
As forças fundamentais comparativas, pur sua vt:/., tem que ser confronta­
das emrc si para. mediante o descobrimento da xua unidade, aproximá-la* de
utnu única furça fundamental radical* ihto é. absoluta. Esta unidade da razào
c. todavia, simplesmente hipoiclica. Nào se afirma que uma tal unidade tem que
ser encontrada de fala, mas qui; se tem que a procurar cm beneficio da ràzâo,
nu seja. para erigir certo* princípios para as divorsaA regras / que a experiência
nos fornece. e onde factível introduzir deste modo uma un idade sistemática no
eonhccimcnux
Todavia. se st? presta ütençào ao usr» transcendental do entendimento. nioS
tru-íc que ey.su idéia dc uma força fundamental cm geral está dcslinada ao uso
hipotético nào meramente como problema, ma* pretende ter uma realidade objeti­
va pela qual é postulada, ü unidade sistemática dav diversa* força* de uma subs­
tância c é estabelecido utn princípio apoditjcu da ra/ào. Com efeito, sem que
tenhamos uma só ve? remado encontrar a unidade da* várias forças c descobrir
aíé guando, apó*. todas âs tentativas, falhamos em descobri la. pressupomos, não
obstante, <|uedeve ser possível encontrar urrsít tal unidade; ia^o dá se nào unica­
mente em virtude da unidade da NubSlându tnl como no cãso indicado, mas mes
mo onde sãu encontrados vários casos embora em certo grau congêneres, tal
Como na inaténa em geral i\ ra/ão pressupõe uma unidade sí.sitematica de forças
diversas, uma vez que lei* parüculares da natureza estão sob leis mai* parais
e que a economia de princípios torna se simplesmente não um princípio econômi­
co da razào, mas lei interna da natureza.
De falo, tampouco sc pode compreender como poderia existir um princípio
lógico da unidade racion:il das regras se nào se pressupusesse um princípio trans­
cendental mediante o qual uma tal unidade sistemática fosse admitida a priori
como necessári:i ü como inerente aos próprios / objetos. Com efeito, eom que
direito a razão no seu uso lógico poderia pretender rraiar como uma unidade
meramínic dissimulada a multiplicidade daa lorças que a namreza nos. dá a co
rthecer ê ccmo pudería na medida do passive! preiender derivar tal unidade de
alguma forc;a fundamental qualquer se fosse livre para admitir como igualmente
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 323

possível que iodas as força* sejaurhEtcrogêneaí; c que a unidude «ãstcinmica da


$.ua derivação nào seja conforme a natureza"? Em tal caso.dt rato, a razão procc
deria diretamente contra a sua própria <testinaç5o, propondo-se como objetivo
unia idéia tjuc contradiz totalmente a constituição da nature/a. E nem se pode
dizer que a razão tenha antecipadamente abstraído, segundo os próprios príncí
pios, es*a unidade da consiiuiição comingentc da nalure/.a. Com efeito, a lei
da ra/ào pe!a qual procura tal unídâds ? necessária, pois sem e w j lei não teria
mos absolutamente razão alguma, sem esla, porém, nenhum uso ímcrconecusdo
do entendimento e. na fulta deste, nenhum sinal suficientemente característico
da verdade empiríca: é com respeito a este último, portanto, que temos que pres­
supor a unidiidc sistcmâtic» da naiumza como objetivamente válido e necessária,
Encontramos ainda esse pressuposto transcendental admiravelmente oculto
nos princípios düs filósofos,. conquanto nem sempre o tenhám reconhecido uu
confesando para si mesmo®. Que toda a multiplicidade de coisas singulares nào
exclui a identidade da espécie; que as várias espécies têm que ser consideradas
apenas / diferentes dctcrminaçõçs dü poucos f^êilfíúst estes, porém, como determi «*<>
rtaçõtjs de estirpes ainda mais sjIuk; que, poi*, ac tem qme procurar uma certa
unidade üibtcmãtica de Iodos os conceitos empírico«: possíveis na medidu cm que
piuicm ser derivados de concciioü mais* alios e mais gerais: eis uma regra escolás­
tica ou uni princípio lógico sem t>qual não ocorreria uso algum da razão, poiii
só podemos concluir do gera] ao particuiar na medida cm que forem tomada«
como Fundamento propriedades universais das coisa* sob as quais estejam âs
particulares.
Mas que também na naiuraa se encontre um lal acordo ê pressuposta pdra
filósofos na conhecida regra escolástica de que os começos (principias) não dc
vem s,cr muUiplicúdos sem necessidade (cniaa praeler nccessitaiem non esse muhi
plicandai, Com isso se diz que a própria natureza das coisas oferece o material
paru a umdodt: da ra/üo.. £ pue a aparente variedade infimia, não deveria nos
tmpGdir de supor através dela uma unidade das propriedades fundamentais, da*
quais u multiplicidade pode «cr derivada apenas mediante uma dek-rminaçSo
sempre maior. Sc bem que uma simples idéia* essa unidade fot cm todos os tem­
pos perseguida com tanto empenho que antes se encontrou motivo para moderar
o desejo dela que para estimulá-lo. Já era muito que os químico* pudessem redu
iir todos os saí«; a dois géneros principais; ácidos e alcalinos; tentam até encarar
essa diferença simplesmente como uma variedade / ou uma munífe&iaçSo diversa fi?ti
de umn e mesma rnuteriaprima. Procurou-se reduzir as diversas espécies de terra
(a matéria das pedras c inclusive dos metais) flradualmertie a ires c finalmente
a duas espécies; contudo, nãoüatisfcitos com isso, os químicos não podem livrar-
íoe do pensamento dc Nupor um único gênero aLrãü dessa variedade ou, antes,
<je *upor um prtncipio comum para l-Iu e para o* sais. Poder ^v-ia talvez crer
que este seja um expediente simplesmente econômico da razão para poupar todo
o esforço possivet, e uma tentativa hipotética que, &e úver êxito, através dessa
unidade fornece probabilidade ao fundamento explicativo pressuposto. Todavia,
um objetivo egoísia como case pode faeíímenLe diilinguir sc da idéia wgundo
324 KANT

a qual todo mundo pressupõe que tal unidade da razão concorde com 3 própria
natureza* e que a razão em tal caso não esmole, ma* ordene, embora &em poder
determinar os limites dessa unidade.
Se entre os fenômenos que se nos oferecem houvesse uma tào grande diversi­
dade não quanro à força (pois com respeito a cata podem ser semelhantes entre
si), mas quamo ao cwnieúdu, isto é. à multiplicidade de entes existentes, que nem
o mais agudo entendimento humano pudesse mediante comparação de um com
o outro encontrar a menor semelhança (um caso que bem pode ser pensado h
então não haveria absolutamente a Ecí Jógica dos gêneros nem haveria / sequer
urri conceito de gênero ou qualquer conceito universal, nem mesmo um entendi­
mento que unicamente Lem a ver QOm esses conceitos. Logo, sc deve ser aplicado
à natureza (pela qual entendo aqui só os objetos que nos .são dados), o princípio
lógico dos géneros pressupõe uni princípio transcendental:. De acordo com um
tal princípio, o muliíplo de uma experiência possível pressupõe necessariamente
a homogeneidade (embora não posamos determinar a priori o seu grau), pois
sem esta não seria possível conceito empírico algum, por conseguinte, nenhuma
experiência.
Ao princípio lógico dos gêneros que postula a identidade contrapõe-se um
outro, a saber, o das espécies, que roquer multiplicidade e diversidade das coisas
sem levar em conta sua concordância sob o mesmo gênero, e que prescreve ao
entendimento não prestar atenção menor a um do que a outro, Este princípio
(da perspicácia ou da faculdade de distinguir) limita muito n leviandade do pri
meiro (do espírito), c a razão manifesta aqui um duplo interesse conflttãnie um
com o outro. ou seja, por um lado o interesse da «jusosão (da universalidade)
com respeito cos gêneros* por outro ü dc conteúdo (da determinidade) com vUta
à multiplicidade das espécies, pote no primeiro ca&o o entendimento pensa muitas
coisas .sob os seus conceitos, mas no segundo ainda mais coisa* nos
A mesma duplicidade se exlcrna / no modo de pensar muito diferente dos pesqui­
sadores da natureza, alguns dos quais (que são sobretudo especulativos), por as­
sim dizer, adversos s‘i heterogeneidade, tendem sempre ã unidade da espécie; os
outros (que .são sobretudo cérebros empíricos) procuram inccssantâtacnic dividir
a naturexa a um tal grau de multiplicidade que quase se tem que abandonar
a esperança de julgar os seus fenômenos segundo princípios universais.
A este último modo de pensar subjuz também evidentemente um princípio
ló&ico, que tem por objetivo a compleíudc sistemática de todos os conhecimentos
quando eti, partindu do gênero, desço ao múltiplo que posss estar contido sob
o mesmo e desce modo procuro dar ao sistema extensão, como no primeiro caso
simplicidade quando me devo ao género. Com efeito, nem a partir da esfera
do conceito que designa um gênero, nem a partir da esfera do espaço que p*xlc
reeeber uma matéria, é possível depreender até onde pode ir a divisão dà mesma.
Par isso, todo o gênero nsquer diversas espécies, a espécie por sua vez requer
diversas subespécies; e visto que nenhuma destqs se realiza sem que por sua
vez tivessç uma oucra esfera (extensão como conceptus ccwnmunis), assim em
tnda sua ampliação a ra-tuo exi^c que nenhuma espécie seja cm si mesma encara.
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 325

da como a íntima. Com efeito, já que a espécie è sempre um conceito que contém
só aquilo que é comum a coisas diferentes o conccilo nào pode ser determinado
completamente e nem, pois. / referir-se antes de tudo a. um indivíduo, conseqíicn- asa
temente tem sempre que conicr soh >i outros eonccilQí. i^ín é. subespécies. F^tíi
lei da cspedfieação poderia ser expressa do ^guinte modo; emium varieiaies
non temerc esse minue/idas.8“
Todavia sc vê facilmente que também esta [d lógica não leria sentido e
aplicação sc nào subjaz.csstí uma (ei transcendental da especificação. Tal lei em
verdade nàú requer uma injiniiude real com respeito às divcrsidadcs das coifas
que poMiam tornar-st objetos nossos: para tamo. efetivamente, nãu dá lugar o
princípio tógieo que afirma unicamente a ináutêrminidade da esfera lógica com
respeito à divisão possível; nào obstante Lal lei, impõe ao entendimento íi tarefa
dc procurar subespécies sab cada espécie que nas apar-ecc c diversidades menores
para cada diversidade. Com efeito, si não houvesse conceitos inferiores, não ha
veria tampouco superiores* Ora, o entendimento conhece tudo só mediante eon
teiLús; logo, na medida do alcance da divisão jamais conhece medianura simples
intuição, mas sempre rciiçradamente mediante conceitos inferiores. Na sua deter­
minação completa ípossivel somenur pçfo entendi mcnioK o conhecimento dos fe­
nômenos cjtige utno especificação incessantemente progressiva dos hcu1; conceitos
e uma progressão rumo a diversidades sempre ainda rçmancüccnte$, das quais
se abstraiu no conceito dc espécie e mais ainda no de gênero.
/ T a l lei d ci espccificação tampouco pode icr tirada da experiência. pois
esta não pode! fornecer perspectivas ião vasta*. A especificação empírica dçiòm
sc logo nu distinção do múltiplo, caso pela jã precedeuic lei transcendental da
especificação enquanto principio da razâo nào tenha sido guinda u procurar es&a
distinção c u supô-la sempre de novo. mesmo que não se revtfte aos sentidos,
Para descobrir que as terra* absorventes suo de diferentes espécies (terras calcá­
rias e muriiUicas), precisou se dc uma regra precedente da ra^ào que impusesse
ao entendimento a tarefa de procurar a diversidade ao mesmo tempo em que
pressupusesse n naiureya tão rica que levasse a supô la. Pois nós poswjímos en­
tendimento apenaj* sob a pressuposição da diversidade na natureza, como sob
n condição de que os objetos da masma possuam cm si homogeneidade, pois
precisamente a mulliplicidadc daquilo que pmJe ser reunido .sob um conceito per
faz o uso desse eoricdio e a ocupação do entendimento.
PorraiUu, a râzão prepara o campo do enicndiiruMito. em primeiro lugar
mediante um principio da fairnojtvneidatfe de múltiplo sob gêneros superiores,
em segundo lugar mediante um princípio da variedade do homogéneo sot> espé-
cíca inferiores; e para completar a unidade sistemática, em terceiro lug^r» acres
ccmn ainda uniu lei da afinidade dc iodos os conceitos. que ordena uma p a ra ­
gem continua de cada / espécie a toda outra mediante um crescimento gradual «8'i
da diversidade. Podemos denominá-los princípios da homôSfineidade. da espeeijt-
Cúção e da continuidade das. formas. O última princípio surge da reunião dos.
dois primeiros depois que se completou a ínterconcxão sistemática na idéia, tanto

** As vuríedadM <)<Kent-esr nã* dsvfeiiT ser dipiínuídjit icrTKTariftnKrtlc. (N. ilus T.)
m KANT

no ascender a gêneros superiores quanio no descer a espécies inferiores» Com


efeito, todas as multiplicidade* sao reciprocamente afins, pois são todas oriundas
de um único gênero supremo mediam;: todos oj e^raus da deLerminaçào ampliada.
Podemos representar sensivelmente a unidade sistemática sob os très prineí
pios lãgicui du seguinte maneira. Cada conceito pode ser considerado um ponto
que desde o ponto de vista do observsidor tem o seu horizonte, ou seja. um con­
junto de coisas que a partir des.se pontü podem ser representadas e por assim
dizer abarcadas. Dentro desse horizortie. lem que scr possível indicar Urtl número
infinito de ponro*_ cada um dos quais tenha pnr sua ve* um campo visual mais
restrko; blo é, segundo o principia da especificação toda espécie contém subespé­
cies, e o horizonte tógico consta só de horizontes menores (subespécies), mas
não de pomos que não possuem extensão {indivíduos). No entanto, para horizon­
tes diferentes, isto é. para gêneros determinados pelo mesmo tanto de conceitos*
pode-se pensar o iraçamento de um horiconte comum a pgrtír do qual. como
de um ccntro. os horizontes podem ser todos abarcado^, / ê que e o gênero «jpe
rior até que firtalinenle o genero supremo seja o húrizantu universal e verdadeiro,
determinado desde o ponto de vi.su Uo tonceiio supremo c compreendendo sob
si toda a multiplicidade, ou .seja. os gêneros, as espécie;> ç rs subespécies,
Á esse ponto de vhin supnítno sou conduzido pela lei du homogeneidade;
a todos us inferiores c à sua máxima variedade, pula Lei da especificação. Toda­
via. visto que de*te modo nâo há nada v:i£Ío no inteiro âmbito de lodob oseoncei-
tu& po,ssiveis e que fora dele nada pode ser encontrado, da pressuposição daquele
campo visual universfil e da sua divisão eomptalü surge u.s*sim o mesmo princípio;
non daiur vacuum lormanim: isto c, não há diferentes gencros universais c prâ-
cneiroíi que estejam pur assim dizer imolados e reparados enire si por um espaçci
intermediário vazio, mos todos os múltiplos géneros sào somente compartimentos
de um único gencro supremo e universal. H desse principio decorre a sua conse
qüèncía imediata: datur continuum formarum; isio 6* todas as diversidades dc es­
pécies limiuim se cnlfÈ si c nno permitem nenhuma passagem de uma às outras
mediante um salto, mo« só mediame iodos os graus menores da diferença pelos
quais w pode possar de uma à ontr;t Numa palavra, oãu há tspêeies ou subespé­
cies que entre si <no conceito da razão) sejam ns mais próximas, mas sempre
uirtda sào possível«. tíspécies; imejTnediárias nas quais a diferença enrre a primeira
/ c a segunda è menor que a dessas espécies cmre *i
A primeira lei. portnnLo. impede u dispersão «a multiplicidade üe diversos
géneros originários e recomenda a homojjccneidnrie; ;* «^gunda, »t> coiurário, limí
ta por v;/, esta inclinação ú unidade e ordena a distinção das suti£üpécie&.
antes. que com nossos conceitos universais nos volvamos aos indivíduos. A tercei*
ra lei reúne aquelas duas. prescrevendo a homogeneidade na extrema muEtiplici
dade medianre a passagem gradual dtí uma espcçíe a omra. u t|ue acena a uma
espécie de afinidade emre os diversos ramos na medida em que Uxios brotaram
dc um mesmo tronco.
tssa lei lógica do coniinuum speeicrum (formarum lo^icaruiii) pressupõe
porém uma lei transcendental ítex continui in naturai i£n\ a qual o uso do enten
dimenro só seria desencaminhado por aquela prescrição na medida cm que talvez
C R ÍT IC A DA R.AZÂO PU RA 327

Lomasse um caminho exatamente opüsLo au da natureza. Logo. essa lei tem ^ue
repousar sobre fundamentos puros transcendentais. e nào sobre fundamentos ern-
piricos. Pots senão, rto último caso, viria dcpoii dos sistemas, mas foi própria
mente ela que prtxíuíiu o cará ter sisiemálico do conhecimento da natureza. Atrás
dessas leis nào se encontram eventualmente ocultos propósitos de realizar um
tesie com as mesmas como se fossem simples tetitativas, conquanto certamente
gssa / íntercortexào. quando se v e rifica , fornece Lim poderu so argum ento para
considerar fundada aquela unidade pensada hipoteticamente. c sob este ponto
de visia Lais leis lambem possuem poríanLo a sua utilidade, mas se vc ctarametUc
que julgam ;i parcimônia da.1 , cauüas- fundamentais, a rrujÍLsplieSdiidc doa efeitos
e daí procedente a afinidade dos membros da natureza como em si mesmas racio­
nais e conformes à natureza, e yuc estes princípios recomendam sc pois diretamen­
te e não apenas come» uma ajuda ao método.

Vc sc porem fa cilm en le que essa continuidade daü form as é um a sim ples


idéia ã q u al de m odo algum pode ser apresentado um objeto congruem e na expe
riêrtcia. não apeaas p d o fato das espéties serem realm ente divid id as na natureza,
tendo por isso que perfn/cr um quantum discretum . ao passo que 5c a progressão
g rad u al nu afinidade entre elas fosse corttinua. a natureza leria que conter ram
btm um a verdadeira infinidade de m em bros in tercalad as que íc siumsscrrt dentro
do d uas espécies dadas 4) quL’ à im po ssível; max tatnhrm porque nüo poderíam os
la/.cr absolutam ente nenhum uso e m p írico determ inado de um a tül lei na m edida
em que airaves disso nao se m anifesta o m ín im o traço de afinidade se g u id o o
q u al e até que ponto devem os pro curar a sucessão gradual dn sua diversidade,
m as som ente um indício jjcral dc que devem o* procura la.

/ Se mudarmoí. a ordem dos principsos ora referidos p:irn dkp Êos confor­
me 0 «.w da experiência. então os princípio* da uuidáUv sistemática situar se iam
do seguinte modo: multiplicidade, afinidade a unidade; mas enquanto idéias, cada
um deles seria Loxmido no mais alio grau da sua compleiu.de. A ra/iio pressupõe
os conhecimentos do eniciHÍtmciUn. inicialmente aplicados à experiência, e segun­
do idéias procura sua unidade que vai muito mats longe do que a experiência
pode alcançar- Sem prejuízo da sua diversidade. a afinidade do múltiplo «tofo um
princípio da unidmde concerne nao simplesmente Ãs coisas. mas bem mais uinda
às simptes propriedades e forças das coisas. Èm conseqüência disso, se por e*cnv
pio o curso dos planeias nos c dado com» circular por uma cxpericncia (ainda
riào inteirítmente cnrriftidaj 1; noK encontramos diversidade*. então as. <?upotno<í
naquilo que através dc todos os influiiu:. graus intermediários pode alterar segun
do uma lei constante, o movimento eircular pnra um movimento dele divergente,
isio c, os movimentos dos planeias, que nào sào cirs^Lili^s, aproximam-se mais
ou mfmis *Jas propriedades destes e eacm assim nu movimento elíptico. Os come
las manifesiarn uma diversidade ainda mator em sua* Irajetórias. já que (até onde
alcança a nossa observação | não regressam uma vez. soquer ao movimento eircu
lar: nôs todavia conjeiurumos que se trate da um movimento parabólico afim
ao elíptico, e se o longo eixo deste último Idr muito extenso, em todas as nossas
/ abservaçcks nào se poderá distinguir enire ambos. Assina Com bahe naqueles
328 KANT

princípios, chegamos à unidade dos gêneros dessas trajetõrias quanto à figura


das mesmas, e através dela à unidade da causa de todas as leis do seu movimento
{a gravitação), A partir daí estendemos posteriormente as nossas conquistas, pro­
curando explicar também, a partir do mestrsu princípio, iodas as variedades e
os aparentei desvios daquelas regra*; e enfim aré acrescentamos mais do que
a experiência pode chegar a confirmar, ou seja, segundo as próprias regras da
afinidade pensamos trajetórias hiperbólicas de cometas nas quaís estes corpos
abandonam totalmente o nosso sistema solar e, so irem de stM a sol. unificam
em «Leu curso as partes mais remotas dc um sistema do mundu, para nós ilimitado,
que se iiUerconecta mediante uma e mesma farça motora.
O que nestes princípios ê digne de nota c também a única coisa que nos
ocupa é o fato de parecerem transcendentais c dc, conquanto contenham simples
idéias para se buscar o uso empiríco da razão que podem ser seguida» por este
apenas, assinicitcamcnie. é. só aproximativamente. apesar disso enquanto
proposições sintéticas íerem uma valid:ide objetiva mas indeterminada, e de servi­
rem tomo regra para a experiência possível, sendo ilfêm disso realmente usados
com cuito como princípios heurístico:-. pur« a elaboração da experiência. Nàü
obstante, níiu st pocít chegar a efetuar uma dedução transcendental / deísci
princípio^ :i qual e sempre impossível com respeito ás idéias, eomn ficou prova
do acima,
Na Atuiliiica Irunwcriduncal. dentre os princípios do entendimento distín
guimns os dinâmicos, como princípios meramente rc^ulativos <Ja irttuiçãu. dos
rnaiamíUCDa, corrio princípios constitutivos du mesma. Apesar diífco. as moneiu
nadas leis dinâmicas são coimiiutivas com respciio it experiência na medida cm
que tornam possíveis 3 prion os ffltfivf/ov, sem os quais niu> ocorre nenhumu
experiência, O i princípios da r;uào pura. ao contrário. jamais podem ser consti
rui.ivo\ com respeiro nos enncvffm- empíricos, pois ruio pode lhes ser dado nc
nliLim esquema correspondente d:i sensibilidade. e portanto, nrio podem possuir
in concreto nenhum objeio. Or;i. se desislo de um uso empírico dc tais princípios
enquanto constitui ivos, como posso ainda querer assegurar lhe* um uso rt£uláü
w» c. com ele. uma ccrtu validade objcüva. c t|ue significação pode ter CMC uso?
ü entendimento conscinn um objeui para a razao du mesmo modo como
a sensibilidade para O entendimento. Tornar sistemática a unidade de iodas as
possíveis a^ões empíricas do entendimento c uma tarefa da razão, assini como
o entendimento conecta mediante conceitos c submete a [eis empíricas o múIt-ipCo
dos fçnómcnos. Mus» sem esguemus d 51 sensibilidade, as ações dn entendimentu
são iitdetrrminadax; nssitn também a unidade / da razão c cm si mesma indeier
mittadü com respeito às condições sob as quais. e aí> grau axé que ponto o eniendi
monto deve ligar sistematicamente os míus conceito*. No entanto, se bem que
na intufçâi* nào possa ser descoberto esquema algum parsi a completa unidade
sistemática dc todos ok conceito?, do entendimento, apesar disso P<k1<? e tem que
ser dado um unatagon da um ml esquema que seja ;i ideia do rnaximum da dlvi-
sào c da reunião do conhecimento do eniendi mento num princípio- Cem efeito,
é pns.sível ponsar üe modo determinado aquile que é l> mais extenso ç o absoluta
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 329

mente completo, puis foram eliminadas toáas. as condições restritivas que forne-
ccm uma mukiplicidade indeEcrminada. Logo, a idéia da razão é nm analogon
de um esquema de sensibilidade, mas com a diferença de que â aplicação dos
conceitos do entendifíitínüo ao esquema da razãü não è do mesmo modo um co
nhecimenío do próprio objeto (coma no casa da aplicação das categorias aos
seus esquema;» sensíveis;}, mas sò uma regra ou um princípio da unidade sistemá­
tica de todo t>uso do entendimento* Ora, visto que lüdo princípio que estabelece
a prfori a unidade completa do uso do entendimento também vale. se bem que
só indiretamente, para o objeto da experiência, assim os princípios da razão pura
possuem também realidade objetiva com vistas a este último, só que não para
determinar algo a este respeito, mas para indicar o prneedi menio segundo o qual
o usu empírico e determinado / do entendimento com respetto á cxpcricncia pude
tornar-se completamente concorde consie-o mesmo mcdiaruc o Tato de. lantn
quanto possível. ser tmerconeciadcr com d princípio da unidade completa c deri­
vado do mesmo.
Todos os princípios subjetivos inferidos rtào da constituição do objeto* mas
do interesse da raiàu por uma Certa perfeição possível do conhecimento desse
objeto, são por mim chamados máximas da razão. Deste motk). há máximas
da raaà« c% spccul;uivai> que repousam unicamente sobre o seu inlercsse especulali
vo, embora em verdade possam parecer princípios objetivos.
Quando principios meramente regulativos forem considerados constitutivos,
entào enquanto princípios objetivos poderão conflítuar enire si; mas se forem
considerados simplesmente máximas, cmâo já não Jui um verdadeiro conflito,
mas yimplcstnentc um interesse diverso da rrtjcào, o qual causa uma scpaiaçuo
no modo de pensar. De fato. a raxão possui um único interesse, e o conflito
das suas mnximas ê só uma diferença c {imiiiiçào recíproca do> métodos para
sattsfoiccf esse ínterissse.
Deste modo. n ew racional r/mlor pode prevalewr o interesse pela m ulliplin
daüe (segundo o princípio da especificação). ik> ouim porem 0 interesse piífa
unidade (scg.undo o princípio da agregação). Cnda um dos. f dois cré ttrar o seu
juizo da compreensão do objeto. e Fundão contudo unicamente sobre a maior
ou menor afeição 3 um dos dois princípio«: estes não repousam sobre fundamtrn-
tos ohjetivos, mas apenas sobre o ínteresseda razão, t por isso poderiam chamar
se antes máximas do que princípios. Quando vejo pessoas inteligentes em conflito
entre si por causa dá característica cios homens, dos animais úu das planta*,
até mesmo dos corpos do reino mineral — na medida em cjue alguns admitem»
por exemplo, earacurcs nacionais particulares fundados sobre a. descendência,
ou também distinções precisas c hereditárias entre famílias. raça*. eic,t enqtirmt»
outros, ao contrário, fundam a *t«n atenção *abrc o fato de que a natureza por
toda a parte di&pòã as coisas identicamente e que tnda a distinção repousa somen-
lc sobre contingências externas — . emão devo tomar em consideração só 3 cons­
tituição do objeto a ftm de compreender que para ambas as partes cie jaz oculio
profundamente demais para que possam falar u partir da compreensão d.n naturt
za do ohjeio. Nãõ se trata de outra coisa senão do duplo interesse da razão
m KANT

em que uma parte toma a peito um interesse. ou aparenta fazc-luTc outra parte
outro; por conseguinte. não se traia senão da ilwersida.de das máximas da multi­
plicidade da natureza ou da unidade da natureza, que podem muito bem concor­
dar entre si. mas enquanto forem tomadas por conhecimentos objetivos, propor­
cionam nau $6 conflito, mas também dificuldades que por longo tempo retardam
a verdade, até que seja encontrado um meio quii / faça concordar interesses con
fiilatues e satisfazer a razão a esse respeito.
O menino se passa com 3 afirmação ou a negação daquela famosa lei intro­
duzida por Letbnlz c admiravelmente sustentada por Bonnet. â d a escafa continua
das criaiuras. Esta lei nào c mais que uma aplicação do principio da afinidade
fundado vibre u interesse da razão. Com efeito, a observação e o eonheci mento
da constituição dsi natureza nao poderíant absolutamente fornecer tal lei como
uma afirmação objeliva. Os dc^rauR dessa escola. Iei! como pívdtírn ser mostrados
pdu experiência* sSs distamos dumais cnlrc si. e as nossas supostas pequenas
diferenças, comumenlc são abismos trio largas nq naturc/.a que de nu^do algum
se deve cortar com tais observnçõcs para conheeer os propósitos <ia naiure/y
(sobretudo em Face dc uma tãi> grande muliipliudüde de coisas, onde sempre
será fácil encontrar cenas semelhanças e aproximiiçòes). Gm contrapartida, o
método dv procurar a ordem iva natureza secundo um tal principio c a máxima
de considenVln fundada nimui natureza tfm lícra]* embora fique indeterminado
urtdc e alé que ponto, constituem nâo obstante um legitimo t cfccdentc princípio
reguLuivo du razào. Um princípio como csie vai lyduviu longe demais para que
a observação ou a experiência ptKO se lhe equiparar: e « m dtfternjinmr qunlqucr
coisa, só iriiçu pura a ra^ão o cítininlio uirno à unidade sistemática.

' 'T / Da propósrfo útthrw iítt Uiaíôlica nfífuràl da razdo pura

As ideiam da ftuâo purn jamai* podem ser em si mcsnms dialéticas. mas


tem que svr o seu simples abuso que Hw com que dela* surja uma aparência
enganosa. Com de tio. nos síio dadus pela natureza da nossa ru/.ao. c c impossível
que este tribunal Supremo de todos os direitos e pretensões dn nossa espeewlíiçào
contenha enganos e ilusões originários. Presumivelmente terão também a sua dc
temiirtaçào boa e iidequnda na disposição naiurai da nossa razão, A mussa dos
ractoiiaUziyJures. porém, como de costume grita contra os absurdos e as contradi
ções. e insulta o p.fwerno cm cujos planoç secretos nào pode penetrai c ii cujas
inlluc*ncias benéficas cia mesma deveria agradecer a sua conservação c mesmo
a iruliura, que íi pòe em condi çoes dc censurú-Eo c condcná-ln.
Ninguém pode ícrvir se com segurança d* um c o n ccilu a p riori it m ter Itrvu
do a efeito a sua deduçào transcendental. As idéias da ra/ào pura, na verdade,
não permitem uma. dedução c^mo a que foi levada a cfciui com a.s cmcRorias.
Mas se devem icr pelo menos alguma validade objetiva, mesmo que &ó indeiermi
nada. c se nào devem representar meramente vaiios çiucíi dc pensamento (entia
íi'i-K raiionis raifocinantrs). / entào uma dedução de tuia idéias iem que inteiramen-
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 33]

te possível, mesmo 5upondo que divirja bastante da deduçào que se pode em­
preender cum as categorias. EsLa é a realização plena da rareFa crítica da razão
pufeu e é elíi. que queremos agora empreender.
Há uma grande diferença entre se algo c dado à. minha razão como um
abjeto pura e simplesmente ou se só como um objeto na idéia. No primeiro caso*
os meus conceitos dirigem-se ã determinação do objeto; no segundo, trata se ape
nas de um esquema ao qual não c conferido objeto algum, nem sequer hipotetica­
mente. Tal esquema serve somente para representar os outros objetos mediante
a referência a essa idéia., por conseguinte, indiretamente, segundo a sua unidade
sistemática. Assim, digo que o conceito de uma inteligência suprema é uma sim­
ples ideia, isto c, quC a sua realidade objetiva não deve consistir no faio dele
precisamente se referir a um objcío (pois com esta significação não poderíamos
justificar a sua validade objetiva)* mas que é só um esquema ordenada segundo
as condições òa máxtma unidade da ra^ào e relativo ao conceito de uma coisa
em geral. servindo somente para manter a máxima umdade sistemática no uso
cmpíríeo da tiosua razão na modiòa em que o objeto díi experiência c pur assim
dizer derivado do objeto fictício dessa tdèla enquanto seu fundamento ou sua
causa. Em tal caso. diz-se por exemplo, que as coisas do mundu têm que ser
/ Ct»niidiírada>; como se obtivessem a sua existência de uma inteligência suprema. r.'W
Deste modo, a Idéia é propriamente s6 um conceito heurísEico e rtâo um conceito
ostensivo, c indica não como um objeto é constituído, mas como sob a sua dirc-
■çãti nós devemos procurar a constituição e a cortexào dos õbjetos da experiência
cm geral. Ora, se for possível que, embora as três espécies de ideias iranscenden
tais (psicológica, cosmo lógica e feolégica) nào sejam dtrctnmçnte referidas a ne
nhum objeto a cias correspondente e a nenhuma determinação do mesmo, sob
a pressuposição dç um tal abjeto uã ideia possam coniudo condu?tr todas» as
regras do nsc empírico da ra?.ào ã unidade sitfemálica í ampliar permanéntcmen
te o eonhedmecuo da experiência, mas sem jamais ser contrárias ã mesma, entàú
proceder segundo tais idéiíts constituirá uma máxirmi ncecssAria da razão. E csia
è a deduçào transcendental de todas a$ idéias da razào especulativa não enquanto
princípios. cnnsftfuftvo,f da nmpliíiçno do nosso conhcçimcruo a um número de
objetas maior do que a experiência pode fornecer, mas enquanto princípios rt>gv-
ioíivos da unidade sisiemtuiciL dü múltiplo do conhecimcruu cmpírico cm gerai,
que deste modo é mais consolidado e retificado do que aconteceria.. sem tais
idéias, mediante o simples uso dos princípios do entendimento.
/ Quero tornar mais claro este ponto, Em primeiro lugari seguindo as referi­ 71X1
das idéias como princípios, prclfínítamn«? conectar (na Psicologia) todot os fenô­
menos. ações e receptividade da nossa mente com o fia condutor da experiência
interna como w fo^se uma substância simpies existindo pcnrnaneníemfinte (pelo
rrvenoa na vidaj com a sua identidade pessoal, í.o passo que variam coniinuitmen'
te os seus estados, aos quais os do corpo pertencem só como condições externas.
Em segundo lugar (na Cosmologia), temos que perseguir as condições tanio dos
fcnutrrôrtoá internos quanto dos fenómenos externos da naiurcza numa investiga­
ção jamais tcrminável como se uil serie fosse em si infinita e carente dy um
332 KANT

cio primeiro ou supremo, apesar de nào negarmos que com isso os seus funda­
mentos primeiros Tora dos fenômenos sejam meramente inteligíveis: nào obstante,
jamais devemos inseri ias no contexto das explicações da natureza. poisde modo
algum os conhecemos. Finalmente. e em terceiro lugar, temos que considerar
(com respeito à Teologia* tudo o que possa pertencer ao coniexto da experiência
possível como se esta constituísse uma unidade absoluta, mas compleiamcmc
dependente e sempre ainda condicionada ao mundo sensíveE, c não obstante ao
mesmu tempo como se o conjunto de todos os fenômenos {o próprio mundo sensí­
vel >lívcíssc Fora do seu âmbito um único fundamento supremo e totalmente sufi­
ciente. a saber, uma razào por assim dizer autónoma, originária u criadora com
referência ã quál / dirigimos o u&o empírico da nossa razão, na máxima amptia-
çâo daquele ust\ como se os próprios objetos surgissem daquele arquétipo dc
toda íazào. Isto significa que nào derivamos c>s fenómenos internos da alma a
partir dc uma substância simples e pensante, mas uns dos outroA segundo :i idéia
dc um ente simples: c que nào derivamos a ordem <Jo mundo e a sua unidlade
sistemática a panir de uma inteligência suprema, rttíis que da idéiá dc urna causa
sumamente sábia extraímos a regra segundo a qual a razào possa ser uiilíy.ada
da melhor maneira possivcl. purn o seu próprio apaziguamento na conexão enlre
causas e efeitos nu mundo.
Ora, não há o mínimo obstáculo que nos impeça admitir essas idéias tam­
bém como objetivas e hipastáticas, com exeeçào unicamente da cosmológica,
na qual a r:i^ao. do querer rçaliiá tu. cneutttra umia anunomia que as idéias psíco
lógicas c teológicas ahsoiutameruc não contêm. De fato, não Ivá nelas nenhuma
contradição. Como poderia então alguém contestar nos a sua realidade objetiva
se, para negá-la, sabe tào pouco sobre a auü possibilidade quanto nós para afir*
má-ta? Todavia, para admitir alguma coisa não basta ainda que nüü haja um
obstáculo positivo cm conirúrio; t nãu nos c permitido inirtxluzir como objetos
reaLs e determinados, enics dc pensamento que ultrapassam todos os no&soa con-
ceuus, conquanto nào contradigam nenhum, com ba.se no simples crédiio der uma
raitáo especulativa que aspira ver ptenumenu concluída a sua tarefa. / Logo,
tais cnicri nào dtvcm icr itdmhtílos em si mesmns, mas n sua realidade deve
valer &ó como e. dc um esquemu du princípio rcgulaiivo da uriídadc sistemática
de iodo o conhcctmento da natureza: por conseguinte, devem servir de fundamen­
to apenas como emes análogo* a coisa.«) renis. mas nào como cafcns reais cm
si mesmas. Do objeto da idéia suprimimos ai contdiçõcs que limitam ü conceito
do nosso ecuendimenti), mas que tombem nos possibilitam ier um conccito deter­
minado dc qualquer coisa, E agora pensamos um algo do qual não possuímos
absolutamente conceito algum sobre o que seja cm si mesmp, mas do qual contu­
do pensamos uma rd ação com o conjunto dos fenômenos análoga àquela que
Os fenómenos possuem entre si.
Dc acordo com isso. quando admitimos iais emes ideats, não ampliamos
propriamente o nosso conhecimemo além dos objetos da cxperiértcia possívei,
mas só a unidade empírica desta mediante y unidade sistemática; c o esquema
para ela nas c fornecido pela idéia que por isso valo nãa como principio con&iitu
C R ÍT IC A DA R A Z Ã O PU R A 333

Levo. mas re£iilati\o. Pois com o falo de pofirtas um íilgoTou um ente real. como
correspondente à idéia, nâo fica dito que quiséssemos ampliar a nosso conheci­
mento das coisas com conceitos transcendentes. Com efeito, um tal eme e posto
como fundamento só na idéia e nào cm si mesmo, por conseguinte, só para cx
pressar a unidade / sistemática que deve servir de norma para o uso empírico
da ra2ào, sem contudo decidir algo sobre qual seja o fundamento dessa unidade
ou sobre a propriedade intrínseca de um tal entt: sobre o quaE. cotno sua causa,
essa unidade repouse.
Assim, o conceito transcendental e o único conceito determinado de Deus
que a ra7ão meramente espteulativa nos oferece, è deístico no sentido mais exato.
Isto é, a razão jamais apresenta a vaEidade objetiva de um tal conecito. mas
so a itiéia de algo sobre o qual toda a realidade empírica funda a íiua unidade
suprema e necessária* c o qua] não pode ser pensado por nós senâo em analogia
com uma substância real que segundo leis da ra iio seja a causa de todas as
coisas. Nós, ao invés, por toda a parte preferimos tentar pensar es.se algo como
um objeto particular, nc lugar de, satisfeitos com a simples idéia do principio
regailaiivõ da razão, pormos a plena realização de todas as condSçócs do pensa­
mento de lado como transcendentes ao entendimento humano. Uma tal preten­
são, íúdavia. não pode suhsistir junta com o propósito de uma unidade sisiernáu.
ca perfeita em nosso canhccimemij. â qual pelo menos a razao não poe nenhum
limite.
Ora* cm vista disso ocorre que, quando admito um eme divino, na verdade
não possuo d menor conceito nem da possibilidade intrínseca da sua mais alia
perfeição nem da nucessidndt da sua existência; í mas em compensação posso
em tal caso resolver iodas as demais ctueslões concernentes ao contingente e con­
seguir o perfeito upuziguamemo da rasâo com respeito u investigação da máxima
unidade em seu usn empírico, enihora nào possa consegui lo com respeito a esse
próprio pressuposto. Este fato prova que é o interesse üüpeculíituo da razão*
e nao o seu conhecimento, que a autoris-a a sair dc um ponto que jaz tfst? acima
da sua esfera para daí contemplar os seus objetos num lodo completo.
Ora, num c mesm» pressuposto mosiru w aqui umu ttíícrcnça no modo dc
pensar que é bastante surii e n5f> obstíinte dc grande importância na filosofia
transcendental. Posso tçr fundamento suficicntc para admitir algo relativamente
(suposkia relativa) sem ser por isso autorizado & admiti lo Absolutamente (supo
sitio absoluta), Essa disimçãü ê correia quando se trata simplesmente de um
princípio regulativo; em tal easo, na verdade, conhecemos em si mesma a necessi­
dade deste principio, mas náo a foníc desta nfnewriadf1. Fsrt vísm disso, admiti­
mos um fundamento supremo simplesmente com o propósito de pensar tanto
mais determinadamente a universalidade do princípio como por exemplo quando
penso como existente um ente que corresponde a uma simples idéia, e precisa
mente a um:i transcendental. Com efeito, cm tal caso jamais poderei admiLÍr em
si mestria a cmtenciu dessa coisa, pois nenhum conceito pelo qual posso pensar
determinadamente / qualquer objeto atinge isio, sendo as condições da validade
objetiva dois meus eoncíitos excluídas pela própria idéia. Os conceitos de reaíida-
334 KANT

de, ite substância, de causaJidade e mesmo o da necessidade na cxislência nâo


possuem, fora do uso pelo qual possibilitam o conhecimento empírico de um
objeto* absolutamente significação alguma qut determine qualquer objeto Por­
tanto, podem dc faiü sur usados para explicar a possibilidade das coisas no mun^
do dos sentidos, mas nào a possibilidade tio própriu universo, pois este funda­
mento explicativo teria que estar Fora do mundo c* por conseguinte, não poderia
scr um objeto de uma e*pyriênç\a possivel. Ora. apesar di&so posso admitir, rela­
tivamente âo mundo dos sentidos, conquanto não em ii mesmo, um tal ente in­
compreensível como objeto de uma simples idéta. Com efeito, se ao máximo uso
empírico pos-sível da minha razão subjaz uma idéia (da unidade sistemática com­
pleta. à Qual em breve me referirai mais determinadamente* que cm si mesma
jamais pode ser cjpusta adequadamente na experiência, embora seja incontesta­
velmente necessária para aproximar a untdâdc empírico ao seu mais alto grau
pQSftivej, eiuào sou não só autorizado, mas também coagido a realizar essa ideia,
isio c, conferir lhe um objeto rcaK mas só como um algo em geral, que em st
mesmo nao conheço de modo algum: c só enquanto sc traiu dc um fundamento
daquela unidade sistemática, com referencia a esta última outorgo-lhe aquelas
propriedades / que são anaksgas aos eontckos dc enienUinictuo no uso empírico»
Portanto» cm anabgia com as realidades do mundo, Com as substâncias, com
a causalidade c com a necessidade pensarei um ente que possui tudo isto na
miais aítâ perfeição*, e na medida em que esta idéia repousa simplesmente sobre
a minha razão, puderei pensar esse ente como uma rãzãúpor si subsistem? que,
mediante idéias dc máxima harmonia c unidade, ê a causa do universo. Diste
modo* abandono iodas as condições que limiLnm a idéia uni ca mente para« sob
a proteção dc um tal fundamciuo originário, tornar pQS&ívçl a unidade sistemática
do múltiplo no universo através dela. o máximo uso empírico possível da razão
na, medida cm que encaro codas uj> li^açues como sefasxtm disposições de uma
razào suprema da qual a nossn é uma fraca cópia. Portanto, penso esse ente
supremo por puros conceitos que propriamente têm a Sun itpficaçilo só no mundo
dos sentidos. 'lõdavEa, visto que também aquote pressuposto transcendental ê
possuído por mim somente para um uso relauvo, a saber, para que forneça o
substrato da máxima unidade passível da experiência, assim posso muito bem,
mediante propriedades que pertencem unicamente ao mundo dos sentidos, pensar
um ente que distinge do mundo. De fato. dc modo algum exijo e tampouco estou
autoriiado a exigir conhecer esàc objeto da minha idéia segundo 0 que possa
ser em si mesmo, pois nào possuo conceitos / para isso* e mesmn n* c&nceiios
de realtdadc, dc substância, de causalidade e aié mesmo dc necessidade na exis­
tência perdem toda a significação e sao título * vazios para conceitos ucm qual­
quer conteúdo Quando com eles ouso sair para forâ do campo dos sentidos. Penso
apenas a relação de um ente em si totalmente desconhecido a mim com a máxima
unidade sistemática do universo* unicamente para fa2c lo esquema do princípio
regulativíi do maior uso empírico possível da minha razão.
Ora, se lançamos o nosso olhar sobre o objeLo transcendental da nossa idéia,
tfUãú vemos que nâo podemos pres&upoir em si mesma a sua realidade efetiva
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 335

(Wirklichkeit) com base nos conceitos dc realidade (Retilitàt.) substância, causali­


dade, a c., pyis estes conceitos não possuem a mínima aplicação a algo totalmen­
te distinto do mundo dos sentidos. Logo, a suposição, feita pda razão, do ente
mais alto ernre (udos como causa suprema, é Simplesmente relativa c pensada
com vista â unidade sistemática do mundo do sentido* ç ç um simples a!go na
idéia com respeito ao qual não po&suímos nenhum conceito sobre o que seja
em si. Com isso, explica-^c Lambém porque necessitamos com referência àquilo
que ê dado existindo aos sentidos, a ideia de um ente originário em si necessário,
mas sem jam ais poder ter o mínimo canccito dele e da sua necessidade absoluta.
Doravante podemos pôr claramcntc ante os olhos o resultado de toda a
dialética transcendental, e j determinar exatamente n intenção última da? idéias ia*
da razão pura, que se tornam dialéticas apenas por equivoco c imprudência. De
fato, a raião pura não está QCtipada com nada mais senão consigo mçsma, e
não pode tampouco ter qualquer outro oficio, pois lhe sao dados não 1*5 ohjetoíí
para a unidade do conceito de razão, isto é, da sua interconcxão em um princípio.
A unidade da razão é a única do sistema, e csia unidade sistemática serve à
razão nâo objetivamente como um princípio para. disseminá-la sobre os objetos,
mas subjetivamente como máxima para disseminá-la sobre lodo 0 conhecimento
empírico possível dos objetos Apesar disso, a interconexao sistemática, que a
razão pode fornecer ao uso cmpírico do entendímtnLO^ nào só promove a difusào
deste uso, mas lamhcm garante ao mesmo tempo a &ua correção. E o principio
dc uma tai unidade sistemática lambem c objetivo, mas dc modo indeterminado
(princípíum vagum), não como princípio constitutivo para determinar algo com
vistas ao seu direto objeto, mas como simples principio rcgulativo c como máxi­
ma para promover c consolidar até o infinito (indeterminado) o uso empírico
da ra/ao, mediante a abertura de caminhos novos, que o entendimento désconhc
cc, sem com isso jamais conLraitizer nem um pouco 3 S leis do uso empírica,
/ A razào, contudo, não pode ptnsár e&sa unidade sistemática sciwki enquan- "to
to ao mesmo tempo dá á sua idéia um objcio. que todavia não pode ser dado
por nenhuma cxpcriíncia. pois cau\ jamai*. fornecc um exemplo de perfeita unida­
de sistemática. Ora» tal ent« de razão (ents rationís ratioesnataç) c na verdade
uma simples ideia, c portanto nào c admitido, absolutamente e em si mesmo
como algo reaí, mas é po&to apenas problematicamentc como fundamento (por­
que não podemos alcançá-lo por meio de nenhum conceito do entendimento),
para considerar toda a conexão das coisas, no mundo dus sentidos como se tives
sem o seu fundamento nesse ente de razào. Contudo, isto ocorre unicamente com
o propósito de fundar sobre ele a unidade sistemática indispensável â razào. mas
que promove sob todos os aspectos o conhecimento empíriçc do entendimento
e nào obstante jamais pode obstaculizá-lo.
Deixa se de comprccndcr a significação dessa tdeia. ião logo seja tomada
pela afirmação, ou mesmo apenas pdn pres&upostç, de um» coisa real, â qual
5c tencionasse atribuir 0 fundamento da constituição sistemática do mundo; dei­
xa-se ames. totalmente em suspenso que naiureza possui cm si mesmo esse funda­
mento, que se subtrai aos nossos conceitos, e como ponto de vista põe-sc só
336 KANT

um a idéia a partir do qua) unicamente se pode difundir aquela unidade tão essen-
7ic cíêl! à razàc c tão saiuíar ao entendimento. Numa palavra, / tal coisa transcen­
dental é simplesmente o esquema daquele principio regai ativo pek> qual a razão,
na medida d&s suas Forças, estende a unidade ststetnãlica sobre toda a eKpertén
cia.
O primeiro objeto de nina la.1 ideia sou eu mesmo considerado simplesmente
como natureia. pensante (aims.). Se quero investigar as propriedades com que
um ente pensante existe em sí, tctiho que interrogar a experiência, e nao posso
aplicar a ease objeto nenhuma denm: todas as categorias senão na medida em
que tí seu esquema seja dad-o na iiuuiçio sensível. Deate modo* contudo, jamais
alcanço a unidade sistemática de todos os fenómertos do sentido interno. P o r t a n ­
to, ao invés, do concciu» de experieneia (daquily que a alma realmente è) que
nào pode levar-nos adiante, a razão toma o conceito da unidade empírica de
todo o pensameniy c, pelo lato de pensar esta unidade de modo incondíeionado
e originário, faz do seu conceito um eonceko racional (idéia) de uma sutalància
simples. que eswjaem si mesma, fora de ama tal unidade «mpírica, cm comumdív
de corn outras eoísii.s reals; em oulras palavras, fat dele um conceito dC uma
inteligência simples e subsistente por si. Com isso. a razào não tem em visLa
senão princípius da unidade sistemática na explicação dos fenômenos dn alma.
ou seja, considerar todas as determinações como existindo num sujeito uno, na
medida do possível Eod^s as tbrças comó derivadas de uma força fundamental
7i i una, toda a variação como pertencente aos estados / dc um e mesmo ente perma
nencc, e representar todos os fenornpnox no espaço como totalmente distintos
das açòes do pensar. Aquela simplicidade da substância. ctcP, deferia ser só o
esquema para esse principio regulaüvo, e nâo é pressuposta como o fundamento
real das propriedades da alma, E&las, com efeito, podem repousar também sobre
fundíimcntcs totalmente diverse que de modo algum conhecemos* Do mesmo
rnodo. não poderíamos propriamente conhecer am si mesma a alma mediante
esses predicados adotados, mesmo que quiséssemos fazê-los valer absolutamente
com respeito a ela, na medida em que perfazem uma .simple* idéia, quede modo
algAun pode ser representada in eonercio. Ora* uma tal Idéia psicológica só pode
produzir vantagem, contando apenas que se evite fazc-la valer por algo mais
que uma simple* idéia, isto è, que se a façn valer apenas rclativamente ao uso
sistemático da razâc» com vistas aos fenômenos da nossa alma. Com efeito, na
explicação daquilo que pertence meramente ao senfido interna não se imiscui
qualquer let empírica de lenômcnos corpóreos, os quais sào de naiure/a totalmen­
te diveisn; nela nào é admitida qualquer hipmesc leviana sobre a geração, destrui­
ção e paliginc&e das almaj. etc,; logo, a consideração desse objeto do sentido
interno é disposta dc modo xotalmente puroe sem mescla de propriedades hetero­
gêneas, além de dirigír a investigação da raròc no sentid« du na Tticdida do possi-
71? vcl levar os fundamentos explicativos nesse sujeito até um principio único. / Isto
tudo é produzido do melhor modo, até mesmo do únieo modo possível, por um
tal esquema mmo se fttese um ente reaL Tampouco a idéia psicológica pode
significar outra coisa a não ser o esquema de um conceiro rcgulativo. Pois basta-
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 337

ria cu querer perguntar, se a alma não possui em st uma natureza espirUuai,


para tíEla pergunta já não ter sentido algum. Com efeito, mediante um tal concd-
Lo dimino não simpiesmcnte a natureza corpórea, mas em geral toda a natureza,
isto ê. todus os predicados de qualquer experiência possíveJ, por conseguinte,
todas as condições para pensar um objeto para semelhante concoito, o que uníca*
menu; faz com que se diga: tal conceilü tem uir. sentido.
A segundn idéia reguíativa da nazâo Mmplesmeme especulativa é o conceito
de mundo em j*cral, Com efeito, a natureza c propriamente o único objeto dado.
com vistas ao qual u rasao necessita princípios reguiativos. Essa natureza ê de
duas cspccies: ou natureza pensante. ou natureza corpórea. Todavia, para pensar*
mos a úttrma, segundo a sua possibilidade interna, ou scjar para determinarmos
a aplicação das categorias a ela, não ncecssitamoís qualquer idéia. isto c, uma
representação transcendente ã experiência; e nem .stquer é possível uma idéia
com respeito á natureza corpórea, pois nesLe caso somos dirigidas simple&mcnlc
pela ínuiiçào sensível e nâo como no caso do conceito psicológico fondamental
feu), o qual contêm a priori uma certa forma do pensamento, a saber, a sua
unidade. Logo. para a rar.ão pura nítu nos / rebía nada a não ült a natureza
em geral e a complcttidc das condições nela segundo aigum princípio qualquer.
A tvialtdüdé absoluta da serie deüias. condiçòes na derivação dos sêur membros-,
é uma idéia, que cm verdade jamais pode reali/.ar-sc inteiramente no um? empírico
da razão, mas que não o v a n te serve dc re^ra sobre como devemos proceder
üom respeito a tais derivações, ou seja. na explicação de fenômenos dados (no
regresso ou progresso) com o w .1 série fosse em si infinita. íslo é* in itidcfinitum.
Mas, onde a própriii ra/ão for considerada a cauia determinante (»a ILbcrdadeK
portanto nos pnncípios práticos, devemos proceder cvmo sc Livésücmob anie 1165
nào um objciü dos sentidos, ma« do cnlcndimento pura; onde us condições njiü
podem mitis *cr postas na série dos fenômeno:* mas podem ser portas fora deJá.
a série dos estados poclç sor considerada com o xit imciíiísé de modo absoluto
ímudianit; uma causa inteligível). Tudo isso prova que as idéias cosmológicas
nada mais são que princípios rcgulativos estando muito distamos de estabelecer,
por a&sdm diícr cotistiLulivamcnlc, umr. totalidade real dc tais séries* O resume
pode áer procurado eu? seu devido lugar, sob o titulo da antinomia da ratão
pura,
A teredra idéia da ritvüü pura, que contém uma suposição merameme relati­
ve de um ente* como causa una 0 totalmente suficicmc de iodas ab series cosmoió
gicas. è 0 conceito racional de Deus. Não temos 0 mínimo J fundamento para
admitir absolutamente (supor em íí> o objeto dessa Idéia. De faio, qite coisa pode
capacitar nos* ou sequer dar noi ú direita de, a panir do simples conceuu cm
si mesmo de um eme da mais alta perfeição e absolutamente necessário em sua
natureza, erer nele ou afirmú lo, scnào o mundo unicamcnie com referência ao
qual pode ser necessária essa supnsição? Assim como ocorre com iodas as idéias
especulativas, aqui mosirg. sc clítramente, que a idéia de um tal ente nüda mais
quer expre&sar que o fato de que 11 razào ordena considerar toda a conexâü do
mundo segundo princípios de uma unidade sistemática, por conseguinte com o
338 KANT

se esses princípios tivessem todos surgida de um única cate universalmente com­


preensivo, como causa suprema e totalmente suficiente. Disto resulta claramente
quç na ampliação do stu uso empírico a razão não pode ter como propósito
senão a sua própria regra formal, jamais uma ampliação açbna de todos os
limites tfo hsq cmptrico, consequentemente que sob essa idéia não se oculta ne­
nhum princípio consdtüLivo do seu uso dirigido à experiência possível.
A mais alta unidade formal, que repousa unicamente sobre conceitos da
razáo, é a unidade das coisas vvnforme a um fim ; c o interesse especulativo
da razão toma necessário encarar toda a ordem no mundo como sc brotasse
da intenção de uma. ra£íio mais elevada que todas. Um tal princípio / abre pers­
pectivas totalmente novas â nossa ra ílo aplicada ao campo da experícnçia, ou
seja, de conectar as coisas do mundo segundo leis leleológícas e deste modo
alcançar a sua máxima unidade sistemática. O pressuposto de uma inteligência
suprema como Causa única do universo, mas certamente apenas na idéia, pode
pois sempre beneficiar a razão e mesmo assim jamais prejudicâ-la, Com efeito,
se com respeito à figura da terra Arredondada, contudo um tatuo achatada),**
das montanhas ç dos mares, etc., de antemão admitimos puramente propósitos
sábios de um criador, entio podemos por essa via fazer uma porção dedescober
tas. Desde que nos atenhamos apenas a este pressuposto, com princípio pura­
mente ragulativo nem õ erro poderá prejudicar-nos. Pois disso pode quando mui­
to resultar que. onde esperávamos uma intcrccinexão teológica {nexus Hnaiis),
seja encontrada uma intcrconexâo meramente mecânica nu física (nexus efTecti-
vus). / Em tal caso, damos somente pela falta de mais uma unidadí, mas nâo
viciamos & unidade da razào no rcu ubo empírico. Mias mesmo este cálculo erra­
do não pode afetar a própria lei no seu fim universal e teleolõ&ic». Com efeito,
embora um anatomista possa estar persuadido de um erro ao referir a um fim
qualquer yrgSo de um corpo animal do qua] pode mostrar claramente que nao
resuttô da rcfcrcncia àquele fim, é todavia inteiramente impossível provar que
uma estrutura natural, seja qual for. nâo tenha absolutamente fim algum. Por
isso, também a Fisiologia (dos médicos) amplia o seu muito limitado conheci­
mento empírico dõ$ Uns da estrutura articulada de um corpo orgânico mediante
um princípio sugerido simplesmente pela razáo pura. a ponto de cm tal ciência
admitir-se francamente, e ao mesmo tempo com a aprovação de todos os compe
lentes, que no animal tudo tem a sua utilidade c uma intenção boa. Se Ibsse
constitutivo este pressuposto iria muito mais além do que pode ser justificado
pela ob&ervaçào até aqui rcaliiada. Dí*íhj se pode afetivamente depreender que
não passa de um princípio regulaiivo da razão para alcançar a mais alta unidade

11 A vgnuRCfl] produzida por umji forma esférica da lerra è bastante conhecida. Todavia, poucos «bem
que t uflicaironie o seu actliUm cnto conw> ttm Eíftrcid t que imped*; as prambçrVieiiis do atntmenrt. eu
mesmn etc miHllfcihss menores que se elevarsim iaIve^ por terremoto, ili deslocarem cormnua t consulcraJ
velmcníc ti -eixo <U terra cm pouCú tempo, A protubcrifLeis da urra no tquãdúf. ludavia, forma um monié
tão poderoso que a ímpeio de qualquer autra montenhíi jainais poderá íleslocar pãr£epliu«lnfv*nle a khsü
posição tum rQspciio ao eixo. E não obstante se eiptíCA sem hesitação esta sabiít disposição a panir d«
equilíbrio da massa a,citcriíjrmeruc fluida dai ccrra.
sistemática atravéa da idéia da causalidade, conforme a um fim. tia suprema cau­
sa do mundo, e como se esia enquanto inteligência suprema* fosse a causa de
iodas as coisas segundo a mais sábia intenção.
/ Todavia, se prescindirmos dessa restrição da idéia ao uso meramenteespe- tit
culativo. a razào caí em erros de diversas espécies* Em tal caso. abandona o
terreno da experiência que não obstante lem que conter os marcos d& sua passa­
gem. e pOT sobre ele tenta alcançar o incomprwnsivel e o insondável. A tal aliura
a razão é necessari&lttcnte colhida por vertigen*, pois desde essa perspectiva vé-se
totalmente isolada dc todo o uso concordante com a experiência.
Do fato de se usar a idéia de um eme supremo nào apenas regutativamenie
mas (o que é corurário à natureza de uma idéia) também constitutivamente. o
primeiro derdto a surgir c o d a razào indolente (ignavaraúol.*0 Pode-sc chamar
assim todo o princípio que faça com que alguém encare a sua mvesscigação da
natureza* &ej3 onde for, como / absolutamente concluída, e que a razão se entre 7sa
gue pois ao descanso, como se tivesse executado inteírameme o seu ofício. Por
isso. quando usada como um princípio constitutivo para efcplicar os fenômenos
da nossa alma c a scg.uir também para ampliar 0 nosso conhecimento deste sujei
to para além dc toda u experiência (o seu estado depois da morte), a própria
idéia psicológica torna cm verdade bastante cômoda para a ra/âo, mas cm
tal caso é pervertido c destruído todo 0 uso naturgl da razão segundo a gu.it
das experiências Deste modo. o espiritualista dogmático explica a unidade da
pessoa, que subsiste inalterada utravé* de toda a variação do*, catados, mediante
a umdadc; da substância pensante que de crê perceber imediatamente no eu: ou
explica o interesse por coisan. que deverão acontecer pda primeira ve?_ após a
nossa morte, a partir da consciência da natureza imaterial do nosso sujeito pen­
sante, etc. Furta se a todo a investigação natural da causa desses nossos fenòme
nos internos a pariír de fundamentos explicativos físico» na medida cm que, por
iissim di/xr, através da decisão autoritária dc uma razão transcendente, para fins
da sua comodidade deixa dc lado as fornes imanentes do conliecimcnto da expe
riencia. mas isto com perda de todo o conhccimcmo. Estas conseqüências preju
diciais dào mais claramente na vista ainda no dogmatismo da nossa idéia dc
uma inteligência suprema e no sistema teológico da natureza (físico* / teologia) tw
falsamente fundado sobre a mesma. De faio. neste caso. todos o$ fins que se
moitram nu natureza, e frequentemente lyitos tais só por nóü mesmos, servem
para tornar bem cómoda a nossa invçsiiga^ào das causas, a saber, ao invés de
as procurar nas íeis universais do mecanismo da matéria, recorremos dirciameniç
ao decreto imperscrutável da sabedoria suprema c consideramos enrâó conclui*
dos os esforços da rayào ao prescindirmos do seu uso. Este nào encontra, contu
do, um &uta icnào o ibrnectdo a nó* pela ordem da n&iuraza t pela série das

Assim ü í ftnugos diaiciwus irtutuJavain «m paralogismo que stjava da se&uintí maneira: se o teu déstino
Ji/ que deve* ser cura4r dCHJ doeoçii. emão isto actinlfcerâ Cjuir rew rrai a um mêchert. <yjer nào. Cjotro
diZ ijue ctfcr modo de raciucínw posiui o « u wnnc Jn Faio dç que. quaruJc è sCfcuwjo, nào resia n rãzyo
fthsrtluiiiTrtíntc >tenhum a«« na vidn: |»r i-isti Jcspfcrwi peio rticamu norne o argumento sod^ttcú ila cAíão
pura.
340 KANT

mudanças segundo as suas leis Internas e universais* Este dcfciLo pode ser evita­
do. se nâo só considerarmos algumas partes da natureza dèsde £t perspectiva
dos fins, cumopor exemplo a distribuição da [erra firme, a sua estrutura, e a
constituição e súuaçàt> das montanhas* ou mesmo só a organização nos reinos
vegetal e animal, mas se lambem tornarmos lolaímente universal esta unidade
sistemática da natureza com referência à idéia de uma inteligência suprema. Pois
então pomos como fundamento da natureza uma finalidade segudo leis universais
das quais nenhuma esínutura particular da natureza é excluída, mas apenas dis­
tinguida de modo maior ou menor pür nós. Assim possuímos um principio regu­
lativo da unidade sistemática de uma conexão teleolõgicaque não devemos deter­
minar antecipadamente. mas só na expectativa da / mesma, seguir a conexão
físico-mccànica segundo leis universais. Com efetlo, unicamente deste modo o
princípio da unidade conforme um fim pode sempre ampliar o uso da ra?.ão eoin
respeito à experiência, sem causar-lhe prejuízo em nenhum caso,
O segundo defeito, que surge da interpretação errônea do referido princípio
da unidade distemdtica, é o da raíâo às avessas (.perversa raiío, vütépov rpórepoi'
rationis). Como princípio regulativo, a idéia da unidade sistemática deveria apt^
nas servir para procuraria] unidade na ligação das coisas segundo leis universais
da naiurisza; conseqüentemente. quanto mais ligações puderem ser encontradas
por vía empírica, tanto mais nos creremos próximos da eompletude do uso de
lal ideia, conquanto esta certamente jamais seja alcançada. AO invés disso inver-
ic*sc o modo de proceder, e desde o início coloca-se hipostaticamcme como fufl
damcnlo a realidade de um princípio da unidade conforme um fim, determina se
nntrepomornearnente o conceito dc uma tal intcligèrieki suprema pürquc em si
é inteiramente insondável, e :i saguir Sí impÕc fins à natureza dc modo violento
e diiaturiul ao invés de procura-los, cíjitio seria justo, via invcsLayação física.
Deste modo, nao só a LsdogKi. que deveria servir simplesmente para compEctar
a unidade da natureza .segundo Leis universais, antes atua para destruir tal unida­
de» / mas a própria razão ainda se priva do seu fim, ou seja, de a partir da
natureza e segunda tais leis provar a existência de uma tal causa suprema inteli­
gente. Com deito, se íi finalidade suprema não pode str pressuposta a priorí
na nature?.a. isto é. como pertencente à sua essência, então como se pode estar
instruído para procurá-la c para aproximar-ss. seguindo a gradualmente, da pcf-
leição suprema dc um criador enquanto perfeição absolutamente necessária c.
por conscgumte, cofcnoscível a pnori? O princípio regulativo exige que a unidade
sistemática seja pressuposta como wustade da natureza de um modo absoluto,
por consegninrí:, íNimn w r^sultai*-" da c* senei a das uoic&ã- Esta uni Jade, aliáa,
não ê conhecida só empiricamente, mas pressuposta a priori. se bem que de um
modo ainda indeterminado. Todavia, se antes ponho como fundamento um ente
supremo ordenador, então a unidade da natureza é na verdade supressa, Dc fato,,
tí touümcnie estranha e conEingcme. c tampouco pode ser conhecida a, panir de
leis universais Em virtude dis&o. na prova surge um círculo vicioso, já i^ue se
pressupõe aquitoque propriamente devia ter sido provado.
Tomar o princípio regulativo da unidade sistemática da natureza por um
princípio constitutivo. C presstipor hipostaücamcnte como causa aquilo que só
íta idéia subjaz o uso coerente da razão, / significa confundir a razão. A invcsii
gação da natureza percorrt o seu curso unicamente ao longo da cadeia das cau
;>£ls naturais, segundo leis universais das mesma*;; claro que procede assim, segun­
do a idéia de um criador, mas não para derivar dele a finalidade que persegue
por toda a parte, c sim para conhecer a sua existência a partir de tal finalidade
procurada na csscncia das coisas da natureza e, sempre que possível, também
ria essência de todas as coisas em geral, por conseguinic, para conbcccr tal exis
tcncia como absolutamente nece&sãria. Quer esta última tentativa tenha êxito ou
não, a idéia permaneec sempre correta c do mesmo modo também o seu uso,
desde que tenha sido restringido às condições de um prtnctpio meramente regula
L tv y .
Uma completa unidade conforme um fim é perfeição (absolutamente consi­
derada). Já que não encontramos esta perfeição na essência das coisas que perfa
ZÉíTTi o objcio total da experiência. isto ê, de todo o nosso conhecimeuto objetiva­
mente válido, e que, por conseguinte, encontramos nas leis universais e necessá­
rias da natureza, como pudemos entâo querer dela iaferir a idéia dc uma perfei­
ção suprema e absolutamente necessária de um ente originário que seja a fonte
dc toda a causalidade? A máxima unidade sistemática, e, por conseguinte, iam
bêm a unidade conforme um fim, c ü cscola e mesmo 0 ruridarnento da possibili­
dade do iisíJ máximo ds razão humana. A idéia de tal unidade liga-se pois indis­
soluvelmente á esrcftcia / da nossa razão. E precisamente a mesma ídêia è portan-
(o legisladora para nós. sendo com isso muito natural admitir uma razão legisla­
dora íintelíecius areheiypmO que lhe Corresponda, e da qual possa ser derivada
toda a unidade sistemática da natureza enquanto objeto da nossa razão,
Ao tratarmos da antinomia da razào pura, dissemos que rodas as questões
levantadas pela razão pura têm que poder ser inteiramente respondidas, £ que
a desculpa das barreiras do nosso conhecimento, que em muitas questots da na
turc^u é tanto inevitável quanm justa, não pôde ser permitida no presente caso.
Com efeito, aqui não se trata da natureza das çsoisas, mas üó dc que:siòcs p^siau
pela natureza da raxào c unicamente acerca da sua constituição interna. Agora
podemos oonfirmur esta i primeira vtsia ousada asservào com respeito aos dois
problemas pelos quais n ra?âo pura tem o máximo interesse, e deste modo levar
a nossa consideração sobre a dialêlica da razào pura ao seu pleno acabamento.
Portanto, à perguma (com vistas a uma teologia transcendental)5', e/n prj-
metro ÍUgar. se há al£í> distinto / do mundo que contenha o fundamento da ordem
cósmica c da sua intcrconexâo segundo leis universais, deve-se responder: sem
duvida. Com deito, sendo o mundn uma soma.de fenômenos, tem que existir
alfcum fundamento iransceridemaJ, isto é. pensável simplesmente pelo entcndl-
menu» puro. Mas quando íl pergunta c, etn segundo lugar. se a suh.sràneia de

81 A^uito que eu j j i djsw- ontcriernuiMe sobre a iáti-n p^ietilígica c a aun. d c ít ln ú ç Ã t j prupria enqu&ntQ
pmcipio / d<i usü meiiíinfnie íçguiniwo tfa razão, jj-jfwnsa mc da prolixidade de discutir ainda cípcciaimiii-
li í ilusão íraniLcnjc^CjiÊ. segundo a c|tLâJ u^ucilu unidade íjà-iernáusa Je iihda a muEiipli cidade da s£n<kki
iniçrno c rcprtientâdà hipoitatJcarriMHí. 0 JHfiWetlimrnin t aqui muito semelham* ao observado pela Crítica
ccm rççperw ao ideal línlõfiiea
342 KANT

ura Lal ente da máxima realidade c necessária, clc.. então respOfldo: esta questão
não possui absolutamente significação alguma. Pois todas as categorias^ pelas
quais tento formar um conceito de um tal objeto. não possuem outro uso a não
ser o cmplrico, ^ não possuem pois mentido algum quando nau apüicad&s a objetos
da experiência possível, isto t, ao mundo dos sentidos. Fora deste campo são
simplesmente títulos para coneçUos que podem ser admitidos, mas mediante os
quais nada pode ser compreendido. Enfim, quando a pergunta é, rm terceiro lu­
gar, se não podemos compreender tal ente dístinio do mundo pelo menos através
dc uma analogia com os objetos da experiência, então a resposta é: cenamente
125 o podemos, mas apenas como objeto na / idéia & nào na realidade* a saber* so­
mente na medida cm que é um substrato desconhecido da unidade.ordem e finali­
dade sistemáticas da disposição do mundo, que a razào lem que adutar como
princípio regulativo da sua investigação da natureza. Mais aindy, setn qualquer
temor dc censura podemos permitir nessa idéia CerLos antropomorfismo que pro­
movam o referido princípio regulativo. Com efeito, se traia sempre c apenas dc
uma idéia dc modo algum referida diretamente a um ente distinto do mundo,
mas só ao principio rcgulativo da unidade sistemática do mundo, e isto contudo
»mente através dc um esquema de tal unidade, a saber, de uma inteligência
supre mu que cria o mundo segundo planos sábios. Com isso não se procurou
pensar o que seja cm si mesmo <ísse nào fundamemu92 da unidade do mundo,
mas como aquele ou ames a sua idéia deve ser por nòs, utilizado relativamente
ao uso sistemático da ra?âo no tocante às coisas do mundo.
Todavia, podemos tieste modo (perguntar-se-;i adiante) admitir um criador
do mundo, sábio c onipotente? Sem dúvida algum a; e não só isto* mas nós temos
que pressupor um tal criador. Km lal caso* porém, estendemos o nosso conheci
mento acima do campo da experiência possível? De modo algum . Com efeito,
m só pressupusemos um algo / sem contudo possuir qualquer conceito sobre o que
seja em si mesmo (um nhjeio meramente transcendental}. Por outro lado, com
referencia à ordem sisicnuUtça c finalista do universo, 3 qual lem que ser pressu­
posta por nòs ao estudarmos n natureza, pensamos aquele ente desconhecido
y nós, somente segunda ii unatogia com uma inteligência {um conceito empírico);
isto é, com respeito aos fins e u perfeição, que se fundam sobre taJ ente. dotamo-lo
precisamente com aqueEas propriedades que. dc acordo com as condições da nos
sa razão, podem conter o fundamento dc uma tal unidade sistemática. Logo,
esta idéia e totalmente fundada quanto ao uso da nossa razào com respeito ao
mundo. Todavia, sc quiséssemos conferir lhe uma validade absolutamente objeti­
va, entao esqueceríamos que se traia unicamente de um ente na idéia pensado
por nós e que. na medida em que iniciássemos por Ltm fundamento absolutamente
indeiürminável pela consideração do mundo, ver-nos íamos incapacitados parn
aplicar adequadamente essa princípio ao uso empírico da razào.
No entanto (perguntar se-à ulteriormente), na consideração racional do
mundo posso deste modo fazer uso do conceito e da pressuposição de um ente

11? A «hção A traj.ia, Sú invçj dc L'U n ^ r n n íi'\ o lírmu " t ir g m m i” - furklíimciiio originária. (N. tk»s T,)
supremo1} £im. foi propriamente para lamo que es&a ideia da razão tambòrn f<jí
posta como fundamento. Todavia, tenho o direito de cQEisiderítr intencionais tor­
tos ordenamentos que se parcccm com fins ito / derivá-los, da vontade divina,
se bem que mediante certas disposiçòc?: particulares posta* para tal no murttio?
Sim. Lambem isio podeis lazer, mas com a condição dc que vos seja indiferente
alguém dizer que a sabedoria divina ordenou tudo de^te modo para os seus fins
supremos, ou dizer que u idéia da sabedoria suprema é um demento rcgulativa
na investigação da natureza e um princípio da unidade sisícmálica e finalista
da mesma segundo leia gerais da natureza, mesmo que nâo nos demos conta
de LaI unidade. Isto é, onde a perceberdes, tem que vos scr inteiramente indiferen­
te dizer t|ue Deu.s quis isto sabiamente assim ou que a. natureza ordenou isto
sabiamente assim. Com efeito* a máxima unidade sistemática c finalista que. co­
ma princípio regulativo, a vossa ra^ãu exigia pôr como fundamento de toda a
investigação da natureza, foi exatamente o que vos autorb^m a pôr como íurida-
mento a ídeía dc uma inMigcncia suprema como um esquema do princípio regu-
Jalivo; e na mesma proporção em que. segundo esse princípio encontrais finalida
de no muntlo, pOüsuireiç uma confirmação da Iepi ti midade da vossa idéia. Entre
tanto, visto que o referido principio não lem senão o propósito de procurar a
unidade necessária e maior possivel da natureza, asaim devemos agradecer esta
unidade, tu medida em que n alcançamos, ã idéia de um ente supremo. Mas
nio podemos deixar dc lado as leis universais da natureza unicamente (com vistam
â qual a ideia foi poüiu como fundamento) sem cair cm contradição eom nos
mesmos / a fim de considerar cssvü finalidade da naLurcza como eontingenic e
hiperfisíca quanto a sua origem, poi* não estávamos autorizados a admitir acima
da natureza ucncruc com as, referidas propriedades, mas sõa pôr COrtlO fundamçmo
a idéta dc um tal eme para, segundo a analogia com uma determinação Causal
dos fenômenos. eonsidcrá-lns como conectados. &iíiTemHlieamentcemre si.
Justamente por taso também estamos autori/.ados a pensar na idéia a causa
do mundo. não só secundo um antropomorfismo mais íiitil Uem o qcial absoluta­
mente nadu poderia ser pensado a respeito de urn iat eme), a saber, como um
ente que possua entendimento, que &inta prazer c desprazer l- que atêm di^o
possua correspondentes dtrscjo e vontade, ctt., mas Liimhém dc aíribuir ao mesmo
ente uma perfeição infinita que portanto transcende dc longe aquela à qual possa­
mos ser autorizados medianlü o eanhácimento empírico da ordem do mundo.
Com efeito, a lei rcgulaiivada unidade sistemática quer que estudemos a nature­
za como se fosse encontrada por toda a parte, até o infinito* unto unidade siste­
mática c finalista na máxima multiplicidade possívcJ. De fato. por menos que
observemos» nu alcancemos essa pcrfciçào do mundo, pertence não obstante ã
Legislação da nossa razão procurá-la e supô-la por toda a parte, e tem que nos
■ser .sempre vamajoüo e jamais prejudicial regular a consideração da, natureza
/ por tal principio, Sob essa representação subjacente da ideia de um criador
supremo, fica tainhêrn claro que ponho como fundamento não a existência e o
conhecimento de um tal ente. mas somente a sua ideia, c que pois rtão derivo
propriamente nada dc um tal ente. mas simplesmente da idéia do mesmo, isto
é, da natureza, das coisas do mundo segundo urna tal idéia. Parece lamtérn que
foi uma certa consciência, embora não desenvolvida, dn uso correto de&e nosso
cynceilo de razão que deu ensejo à linguagem discreta c justa dos filósolbs de
iodos os tempos, já que faiam da sabedoria c previdência da natureza* e da sabe
doria divina mm expressões sinônimas, tia medida em que se trata siniple&mente
da razao especulativa preferindo antes a primeira expressão, pois impede a pre­
tensão de uma afirmação maior do que aquela a que estamos autorizados c ao
mesmo tempo remete a razão a seu campo verdadeiro c próprio, a natureza.
Deste modo a razão pura que de início pareceu prometer-nos nada menos
que uma ampliação dos conhecimentos acima de todos os limites da experiência,
se a compreendemos bem não contêm senào principies rcgulaiivos que na verda­
de ordenam uma unidade mator do que o uso empírico do entendimento pode
alcançar, mas que, precisamente pdo fato de extrapolarem a tal ponto a meta
a que converge / tal uso* através da unidade sistemática levam ao mais ahu grau
a concordância de um tal uso consigo mesmo. Todavia, sc compreendemos mal
tais princípios tomando-os por constitutivos de conhecimentos transcendentes,
entãn mediante uma aparência na verdade brilhante, porém enganosa, produzem
persuasão c pretenso conhecimento, mas com isso lambem eternas contradições
e desavenças.

* * «.

Deste modo, iodo cj conhecimento humano inicia com iniuições, parte delas
para conceitos e termina com ideias. Se bem que com respeito & todos os ires
elementos possua fontes a pripri dç conhedmento que a primeira vista parecem
desprezar os limites de ioda u, csípcriênda. contudo unia crítica plenamente reali
zada convencc^nos de que nn uso especulativo toda a razào jamais pode. com
esses elementos, ultrapassar o campu da experiência possível, c que o verdadeiro
destino desta faculdade suprema dc conheci mento c o de servir-sc de todos os
métodos e principiou da razão somente para perseguir a natureza ate o seu imo
tcgunJo todos o prineípk>& po&i»ívd^ da unidade, dentre os quais a dos fins t
o mais importante, mas jamais para sobrevoar os seus limttes. fora dos quais
nada há paru nós a n5o ser c&paçu vazio- Na verdade, a investigação crítica
rii de iodas as proposiçòes que possam ampliar v nosso / conhecimento para aÊçm
de ioda experiência real convenceu^ o$ suficientemente, na Analítica Transcen
dentai, do fato de jamais poderem nos dirigir para algo mais duque uma expçriçn*
cia possível, ti. se não desconfiássemos mesmo de todas as mais claras doulri
nas abstraias e universais sc perspectiva* tentadoras e ilusórias não nos seduzis­
sem a repelir a coação de tais doutrinas então teríamos podido çcriumcnrc dis-
pen^ítr-tios do cansativo interrogatório de todas as testemunhas dialéticas que
uma razão rramcedenic faz comparecer çm bcncfício das suas pretensões. Com
efeito, desde o Lnicití sabíamos Já que com inteira eerteía que toda a pretensão
da razão é talvez bem Intencionada* mas cem que resultar vã porque concerne
a um Conhecimento que nenhum homem pode jamais alcançar. S'o entanto, não
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 345

se terminará jamais de disnutír senão sc retroceder à verdadeira causa da ilusão,


pela qual mesmo a pessoa mais racional pode ser enganada. Por ouLro ía<lo,
resolver todo o nosso eontoeciménto transcendental nos rcus elementos {com o
um estudo da nossa natureza intenrn) não possui cm si mesmo qualquer diminuto
valor, mas não obstante eon.síilui até um dever dos filósofos Em virtude disso-
cra não só necessário rastrear detalhadamente esUt inteira mas vã dabpra^ão
da razão especulativa até as suas fontes primeiras, mas visto que a apajêíicia
dialética c a que não apenas enganadora quanto ao juízn, e sim / também tenta­
dora c sempre natural, quanto ao interesse que no çaso Stí mma pelo juízo (e
tal permanecerá para todo o futuro), era tão aconsdhávcí como que redigir minu­
ciosamente as atas deste prçcesso com o fito de deposirá las no arquivo da razão
humana c coffl isto prtvenir Futuros erros dc semelhante espccie.
i ]

DOUTRINA TRANSCENDENTAL
DO MÉTODO
/ Se ertcaro e Lunjumo dc iodo o conhecimcnto da raiàu pura ç e&pccuJ ativa ns
como um edifício para o qual temos pelo menos a idíria em nós* entào posso
afirmar que na Doutrina Tran*>eemJental dos Elementos avaltamos os materiais
e determinamos para que tipo de edifício, bem como dc que altura e solidei suo
suficientes. Na verdade vimos que. apesar de lermos em meme uma torre que de­
vesse se elevar até o ecu, o suprimento de materiais só permiLia a construção dc
uma moradia mal e mal espaçosa e alta o suficiente para que abarquemos os nos
sos nctrócios no plano da nxperií-nctal mas aquela empreitada Urmcrárta que pre­
tendíamos ccrtíi que fracassar em virtude da cscasscz de material, e isto j>eni cors
lar ainda com as ixjntusocs de linguagem que teriam que dividir meviiavelmente
os trabalhadores quanLo ati plano e espalhá-los pur t.odo o mundu a fim dc que
egdft um erigisse uma construção diversa de acordo eom o seu projsio. Agora es­
tamos ás voltas não tanto com os materiais. mas antes com o plano; e mesmo
que estejamos advertidos para não arriscarmos a sua concretização segundo um
projeto cego e qualquer que possa talvez ultrapassar toda nossa capacidade
(Vermüuenh mas que por outro lado rrão podemos nos abster dc construir uma
moradia firme, devemos encerai1 a effiçãfr de um edifício de acordo com o supri­
mento <tuc nos é dado t que seja, ao mesmo tempo, conforme âs nossas necessi­
dades.
Compreendo por Doutrina Transcendental do Métoito. puis. a determinação
ítas condições formeib dt; um / sistema completo da rum i pura^ Tendo em visia ratv
tal propíSsito, teremos que nos haver com uma díaciplàta, um cânon, uma arquite­
tônica e finalmente uma hisiúria da razão pura. No tocanto a um propósito trans­
cendental, teremos que realizar aquilo que, sob o nome de uma iógieu prática,
as escotas procuraram, mas realizaram insatisfatoríamenTC, com respeito ao u*n
do entendimento em geud; pois jã que a lógiça £cral não se limita nem a qualquer
tipo especial do conhecimento do entendimento fpor evemplo nào ao puro) nem
a certus objetos, nada maii pude fazer, a nâo «;er que recona a conhecimentos
oriundos de outras ciências, do que apresentar os títulos doa método* possíveis
e dc termos técnicos utilizados no tocante à sislematr/açao em todas as espécies
de ciências, c que familiarizam previamente o aprendiz com nomes cujü significa
do e uso deverá aprendir tão-somente m.-us tarde.
C a p í t u l o P r im f .ir ó r>,\ D o p t r in .n T r a n s c e n d i n t a l d o M í to p o

A disciplina da ra/,ào pura

Os juízos que são negativos nàú sô quanto à sua meta forma lógica, mas
também quanto ao seu conteúdo, não desfrutam Je muita consideração por parte
da nnsia humana dc saber. Chega-se a cncarâ-los como inimigos invejosos dc
nosso impulso / que aspira a uma ampliação incessante do conhecimento: [orna^
sc necessária quase uma apologia para que sejam tão-somente tolerados, e mais
ainda para lhes conquistar o Tavor e alta estima.
Logicamente, é bem po&sívd expressar de um modo negativo todas as pro­
posições qui se queira: mas com respeito ao cnrtieudo do nosso conhecimento
em gorai, se é ampliado ou limitado por um juízo, quando negativo este último
tem como atribuição peculiar simplesmente prevenir coutra 0 erro. É por isu%
também, que as proposições negativas que nus devem prevenir contra um conhe­
cimento falso lá onde jamais é possível um erro* ape^ur dc bom verdadeiras são
vadias, isto c. inadequadas ao yeu fim. e por isso mesmo Frcqíientcmentç ridículas;
tal ocorre com a proposiçà« daquele escolástico que dizia que. sem possuir um
exercito, teria sido impossível a Alexandre conquistar quaisquar territórios
Entretanto, quando sào assaz estreitos os limites de nosso conhecimento
possível, grandes os estímulos para julgar, muito ■enganadoras as aparências que
se nus apresentam c consideráveis Os prejuízos que resultam do erro. o caráter
negativo dos ensinamentos. que serve unicamente para nos resguardar conira o.s
erros, é ainda muÉs importante do que muito ensinamento positivo mediame o
qual poder se ia uercsceruar algo ao nosso conhecimento* Denomina-se disciplina
à compulsão medianie a qual se limita, e finalmenLC se extirpa, aquela propensão
constunic a divergir dc Cerias regras* Dislin^uc-sc da Cuilura, íi qual deve fornecer
unicamente uma hükiïidade sem com isto suprírmr uma outra já cxistcnie. A
disciplina, pois, ftportfirit uma contribuição / noiaiiva*4 ao pr^so q11« a culium
e a doutrina contribuirão positivamente para a 1'orniuçHu clí um taknto que já
traz consigo um impulso n £Kiern!ir-s<;T
Qualquer um há dc reconhecer lucilmemc que Umto o temperamento quanto
os talentos* que de bom grado se permitem un» movimento livre e setn barreiras
(cnquynio imaginação c senso de humor), sob muiio» aspectos necessitam uma
disciplina Por outro tudo, pode paieccr estranho que tambem a razão, à qual
compete propriamente prescrever a sua disciplina a todos os demais esforços*
tenha nccesüKlade de uma tal disciplina; c de (ato, até agoríi. se esquivou a umn
tal humilhação em virtude de que. tendo em m ta o caráter Süteno e 0 dcctiro
impor dc sua conduta, jamais úl^ucm pôde nem dc leve suspeitar que ela incorria

** Bem set que na UaauJifiCiníiwlástici .seruviuni» nar qí t-çfifmdiitíptliu: c fi*l:wv~w'«*>nw'sincnimci.


-SÓque frente 3 ivtu hã lantíis C.1«IV em ^ue mpnnHvír:i «rxprcshàa. L-iüJa na .scftEidij <le r-egímç M Ofiierti,
c ciiiíliulnMínwnii* dírtinguídu. Jo wBundu, u»iO« m» ventidii ite ensinamento, a própna natureza das Cüisüü
umbám rrchnianijo * niiuiuUnçâú Ias únicas txpreysrjci convenientes para esmdisilnçio. qus dcMj«i jei
mais síjá permitiijtj empregai a prlmeiiu palavra corn umourro fignifceíu-Josenwo onegativu.
num jogo leviano que sc munia de ilusões; em luar dc conceitos c dc palavras
erti lugar de coisas.
Toma-se desnecessária uma crítica da raiü« em seu uso empírico, pois 05
seus princípios são submetidos a um tesie contínuo na pedra de toque da expe
riência; / esta crítica também £ dispensável na Matcmática, onde os seus concei­
tos têm que ser imediatamente apresentados Iti concreto na intuição pura, ficando
deste modo patente em seguida qualquer coisa infundada e arbitrária nos mes
[nos. Onde, porém, nem a intuição empírica nem a imuiçau pura manièm ü razüo
em trilhos visíveis, a saber* cm seu u&o transcendental segundo meros concekos,
cia tanto nece^ita de uma disciplina que dome a aua Lendêiicia de estender-se
para alem dos estreitos limites da experiência posáível, mantendo-a afastada de
extravagâncias e du erru. que também ttxla a filosofia da razão pura se ocupa
unicamente desta utilidade negativa. Erras MnguÊarcs pwlum ser remediadys pela
censura e as causas dos inesmos pela crítica. No entanto, tmde se encontra, como
cia razão purar todo um sistema de engodos e de Falácias bem íigadas enlre si
c unificadas secundo princípios Comuns, parecc ser ruquerida uma legislação bem
própria qut:. apesar de negativa. s>u>b a nome de uma disciplina erija, a p:irtír
da natureza da razào e dos objetos do seu u$t> puro, como que um sistema de
precaução t de auto-exame diante do qu&l não ptí.wa subsistir qualquer aparência
fíitsa c racicínulizaiuc. mas sim que esta dc imediato sc ddaic não obstante todos
os argumentos do que mc sírva paru rrusetmir sc.
/ Convém observar* todavia, que ne&ta segunda divisão principal da eríttca
transcendental dc modo algum diriju a disciplina da razâo pura ao conteúdo,
mas sím tão-somente ao método do conhecimento a pnrtir da raífíO pura, O pri­
meiro ca&o já foi Lraiado na Doutrina Elementos. O uno da ra/.iiu. entretanto,
possui (amas semelhanças nao obstante o objeto sobre o qual inctda. mas ao
mesmo tempo também C. 11a medida e>u que deve ser iranüomderual, essencial*
menie tão diverso de iodos os demais, que, sem a doutrina ncgaúva e admoesxa-
dora de uma disciplina especialmente voltada para tal é impossível evitar os
erros que têm necessariamente que se ifftainar do fato dc sc perseguir inconve­
nientemente tnift métodos ekcerln ndapudos ã nmio cm outrus s«Ujrc&, nms iiÜü
aquí no Lransieendental.

S E Ç A O P U IM E JR A DO C A P ÍT U L O P R IM U IR O

A D IS C IP L IN A D A R A Z Ã O P U R A NO USO D O G M Á T IC O

a Maurrnáttea fornece o exemplo mais brilhanic de uma razào pura bem su­
cedida que se estende espentaneqmente sem r auxílio da cxpcriênüu Os exem­
plos são contagiou, princípaliTKnic quando se refere â nmroa faculdade que.
lisonjeada, espera ter em outros casos a mesma sorte com a qual foi brindada
num dos mesmos. Devido a kiev. a fâzào pura tem a esperança / de poder esten-
352 KANT

der-sç eitl seu uso transccndentai de um modo igualmente feliz c radical ao Que
conseguiu cm *cu uso matemãLico. especialmente desde o momento em que. no
primeiro caso. empregue um método idêntico ao que. rto úllimn caso, lhe foi
de tão ôbvja utilidade. importa-nos muito saber, portanto. sc o método para atin­
gir uma certeza ApodÍLica. e que na última ciência acima mencionada denomina
se matemãiico, c idêmico àquele com o qual se procura exatamente a mesma
certe/.a na hitosofía, o que neste campo Leria que ser chamado de dogmático.
O conhecimento filosófico é o cvn.hcçimctuo raciotiaí a partir de conceitos:
ü tronhecimémo matemático é n conhecimento a partir da construção de concei­
tos. Construir urn conceito significa apresentar a priori & intuição que lhe corres­
ponde. Para a consiru-çao de um conceito xcquer-sc. pois. uma intuição não em­
pírica; conscqueutemcnte enquanto intuição esta última c um objeto singular.
mas enquanto consiruçào dc um c«ncüiiu (uma representação universal) nem por
Isto deve deixar de expressaf. na rcprçsentaçào, uma validade universal para Io­
das as IiUuiçòo po&sivdï que sc siihsurtiêm no mesmo conceito. Desvie modo.
construo uiti triângulo ao representar o objeto correspondente a CMC conceito
ou mediante u pura imaginação na intuição pura. ou dc acordo com a mesma
também sobre o papel nn intuição empírica, ú cm amhoK í*i ca.sos de um modo
touümente a pnnri, sem me valer de um modelo retirado dc qualquer experiência.
A Hgura singular que desenhei / c empirtea. servindo tamhém para expressar
o concdio sem vir em prejuízo dc sua univcrsaíklade. Pais nc&ta inluiçào emprri
ca atentamos unicamente para a ação construtora rio conceito, ao qual sÜu indife
rentes vária» determinaç«}« que jsc referem. por exemplo, â mngrmudc dos lados
é <joS ângulos; abttrai-sc. pommo. destas diferenças que tiào alteram o conceito
de triângulo.
Assim, o conheciincnio filosófico considera o particular somente r><» univer­
sal, ao passo que o conhecimento matemático considera ç>universal no particular
c até mesmo no singular, c nao obstante a priori e mediante a razão. Isto ocorre
de forma tal que, assim tomo este singular está determinado por ecria» condições
universais dc construção, usüim também o objet o do conceito, ao qual fcsic singu
lar corresponde somente como o wu osquvma, tem que w:r penado como univer­
salmente determinado.
listes dois tipos de conhecimenlo rucioiinl dHcrendrm^se üs.sencinlmente
quumo a liste aspectn forrmil. e não quanto à sua maicria ou objetos. Aqueles
que penavam puder diitiriguír a Filosofia da Matemática ao afirmarem que n
primeira poisui como objeio tão-somente a tjualUIuUc c a segunda unicamente
u tomaram o ei'ciuv eornu «tendo n eauwa. A forma do coriheeimeruo
matemático é a causa que c constrange a se limitar c.uJusivamínte ás quantida­
des. Com efeito* só o conucito de quantidades i passível do ser utvrvstruido, hio
è, apresenífido a priori na intuição; as qualidades. / no entanto, n.ãn podem ser
apresentadas em nenhuma outra intuição que não a empíriça. Em decorrência
disto, gm conhecimento racional das qualidades xô c possivd através <k; concei­
tos. Deste mndo, ninguém pode obter uinu irUuiçáo correspondente ao conceito
da realidade senão a partir da evperiêncla. £jamais í possiveí que dela nos apode­
remos a priori a partir dc nós mesmos ames de possuirmos uma consciência
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 251

empírica da mésma. F. possível Formar intuitivamente a figura dc um cone sim


plesmente segundo o conceito e sem qualquer auxílio empírico, mas a cor dcsLc
Geme tem qye estar previamente dada numa ou noutra expcriência. Dc modo al­
gum posso representar o concerto de uma cauüa. em geral na intuição. exceto
num exemplo qtu: mc c fornecido pela ejiperiünciaT c assim por diante. Alem
do mais, a Filosofia Irata de magnitude* — como por exemplo da totalidade,
da mímiLudc:, etc. — tanlo quariLu a Matemática. A Matemática lambem í*e ocu­
pa da diferença entre linhas e planos, enquanto espaços dc quulidadc diversa,
e da continuidade da exlcnsàu enquanto uma de suas qualidades. Apesar de que
neste* casos possuam um objeto comum, o modo de se traiá-lü medíanie a íqíSo
é totatmente diverso na Filosofia e tiu Matemática. Aquela se atém unicamente
a concchos universais, ao passo que esta. sem nada poder fazer com simples
cortceitoS, se apresia em con&uliar & intuição rta qual considera in concreto o
conceito, não empiricamente, m a s stm tào somente numa / intuição que apresen- ‘ a-\
tou a priori, isto v* construiu, e tiy qual aquilo que se&uc das condições universais
da construção também tem que valer universalmente para a objeto do conceito
construído.
Dé-sc o co n ccito de um triân g u lo u um filó so fo c per mi La sc que descubra,
à sua maneira, como a soma de seus ângulos se relaciona com o ângulo reto.
Nada muE& (cm do que o concdlo dc uma figura encerrada cm tres tinhas retas,
bem como o conceito de um número de ângulos igual ao de linhas. Que reflita
o qgfmio quiser sobre este conceito: a partir do mesmo nada produzirá dc novo.
Pode desmembrar c íomar claro o conceito de linha reta. de um ângulo ou do
numero três, mas nào aiin&ir ouiras pmpnedndcs que netn hc encontram nestes
conceitos, Que o gcómcira sc dedique a esta questão. Imediatamente eomeça
Construindo um triângulo. Por saber que a soma de dois nngulos retos perfaz
exatamente lanto quanto it òoma de todos os ângulos adj&ixmes que podem SCr
traçados a partir de um pnnto pertencente a uma linha rela, proíonjga um dos
ladusde seu triângulo c obtém assim dois. ângulos adjacentes que somam o mes­
ma que dois retos. Passa cnlào n dividir o ângulo exteriiu traçando uma J in ha
paralela ao iatlo oposto do triângulo, e vc que íujlií surg,c um ângulo adjacente
externo que é igual a um ângulo interno, e assim por diante. Deste modo. median­
te uma / cadeia dc inferências e sempre guiado peia intuição, ç>gcòmctra alinhe f**
a solução totalmente elucidativa e ac rncsmo tempo umversai do problema.
Todavia, a MUtcmátíca nao constrói só quantidades (quanta), como na geo­
metria. mas também a pura quantidade (quantitatem), como na âlfi.ebra: neste
caso, íib&irai completamente du natureza do objeto que deve wir pensado segundo
um tal conceito de quantidade. Fntão escolhe uma certa notação para todas as
construções de quantidades cm geral (números, tais como a adição, subtração,
etc.) extração dc raízesT94 c após cambem ter adotado uma. notação para O con
ceiio gerat das quantidades segundo a* rdaçoes diversas das mes-mas, segundo

1,4 Traduiimiís cau passagem baseados no texto ongtnal <Jft Etíiçãode 1787. A Edição da Academia, scgoiin
do Erdmann,, modifica a passagem da seguinte rmncira: "ínúmcra.s) uiin camo a adiçàís, sjiblraçio. «ura;**»
de fíuzes., etc." Não é demais r«cordac qjc durunts .i vida ds KJtnl hwu-vc cinco tdíiftii;-. ilji Crítica e todas
cliL*; TnjirLtiveram a primem IY>rn.i.-t, jmr nóa oüütuii^ crtiKotct Questionável. {N . iJur. 'I'. >
354 KANT

certas regras universais apresenta na intuição todas as operações produzidas e


mQdãfuriidas pela quantidade. Onde uma quantidade deve ser dividida por outra,
a Matemática compòc <35 caracteres referentes a ambas SCgundo a forma de\%na-
dara de divisão, e assim por diante. Assim como a £cometria o consegue por
InLcrmédio dtf uma conMrinçào ostensiva t>u geométrica (dos próprios objetos),
através de uma conMruçàu simbólica a Matemática atinge paragens jamais
acessíveis ao conhecimento discursivo mediante simples conceitos,
Qual seria a causa desta snuaçào tão diversa em í|Lie se encontram dois
virtuoses d:t razao. dos quais um segue o caminho dos conceitos enquanto que
o outro se embrenha pela iriEha das inUiíçòes. npresentadas a priori e dc acordo
1,U, com 05. conceitos’.' / Segundo as douirírtus transcendentais fmidíimcniíiis acima
expostas. esU causa é clarít. Nao se irata aqui de proposições analítica que
possam scr geradas por uma simpleü unàlii.se dos conceitos ineste caso 0 filósofo
teria indubitavelmente vantagem wbre o icu rival), mas sim dc proposições Rinic
tieas e daquelas que devem ser conhecidas a priorL Com efeito, não devo atentar
para aquilo que reainieiue penso em meu conceito de ifíitnguk) (isto nada mais
é do que a simples d^firiiçãok mim dtíto ume*. ullrapasválo paru itungir proprie­
dades que nào estão contidas neste conceito. apesar de atticfa assim lhe pertence
rem. Ora, a não ser que eu determine 0 meu objeto segundo as condições òu
da intuição empírieü ou da intuição pura. isto não tí possível. A primeira alterna
uva mj nos forníceria umn propo&içãu cmpfricü (.mediante a mínsuraçno dú seus
án^ulos) que não conteria qualquer universal idade 1? muita menos netc^ídade:
isto de modo algum é de nosso interesse. O segundo procedimento, no encanto.
consEsie na construção maLcmáiica, e aqui especineametuc na geométrica, me­
diante a qtml junto numa intuição pura, lamo qiinmto Jiuma intuição empírica,
o múltiplo que pertence ao esquema de um irtángulo em peral e portanto ao
s*cu conceiiu; í' claro que secundo etae modo da proceder tèm que ser construídas
proposições sintéticas universais.
Lottíx seria graiuito filosofar sobre o Lriú-n^ulo. ou seja. refletir discursiva
mente sobre o mesmo sern com isto uvnnçar ■ ' um palmo sequer pítra ufèm dc
&ua niera definíçc»*, u qunl lt>í altas tvadíi mais do que u meu ponW> dc p:irtída.
K claro Mue existe uma sínte.se transcendental u ponir du puros conceito* e que*
por sua ve?, só é acessível ao filôviofov tt naüa mais concerne, todavia, dc que
a uma coisa cm yeral sob cujas condições a sua percepção pode pertencer q.
experiência possível, Mas nas tareias matetnaticaft de modo algum se pergunta
por insfj ou pcln existência em jseral. mas siin pelas propriedades dos ohjeto*
em si ffle.snws unicamente na medida em que as primeiras estão ligadas ao con
ceilo dos últimos.
No exemplo acima «íposin só lentainos tornar dam a grande diferença « in ­
tente enire os dois usos iia razão, a saber, o discursivo segundo cóncciiu;, e o
intuitivo mediante a construção dc concdioy É natural que agora se purquira
pdu causa qui: torna ncccssàrm um tal uso duplo da razão c pela* condições
que nos permitam reconhecer se unicamente o primeiro ou também o segundo
tem lugar.
Em última análise, todo o nosso conhecimento sc refere a iinuiçaes possí­
veis, pois c exclusivamente através destas que um objeio é daüu. Ora. um concei­
to a priori (um conceito não empírico) ou jã contêm em si uma intuição pura.
c neste caso pode ser construído. ou nada mais comem do que a simesc de intui-
ÇÕC5 possíveis que não sào dadas a priori, e neste caso* apesar de se poder / ?*1K
utilizâ-lo para emitir juízos sintéticos a priori, tal só é possível discursívamente
5egUJidü conceitos e jamais intuitivamente mediante a construção do conceito.
De toda a intuição, apenas a sim pies forma dos fenômenos* n espaço e o
tempo, ê dada a priori. Um conceito do espaço e de tempo, como quanta, pode
ser apresentado dc um modo a prtori na intuição, isto é, construído* ou concomi-
tantemente à qualid«de do mesmo (a sua Hgura) ou também unicamente em sua
quantidade (a mera síntese do homogeneamente múltiplo) mediante um número-
A matéria dos fenómenos, contudo, mediante a qual nos sào dadas coisas no
espaço e no tempo. sõ pode .scr repregentuda na percepção. c portanto a posterio­
ri. O euncctto dc cuLw cm geral é o unico que representa a priori este coiueúdo
empírico dos fenômenos. O conhecimento sintético a priori desla coisa em geral
nada mais pode fornecer do que a simples rc^ra da síntese daquilo que a porcep-
çáo possa dar a posteriori; entretanto, jamaK pode fornecer a priori a intuição
do objeto real. já que esta tem que str necessariamente empírica.
As propostçòes smiçiicas que concernem a coíxas em geral cuja intuição
não pode absolutamente .ser dada n priori sào transcendentais. Conseqüente meai*
te, us proposições transcendentais jiamsís podem $er dada?, mediante uma cons­
trução dc conceito», mas sim unicamente segundo conceitos a priori. Só contém
a regra segundo a qual deve scr procurada empiricamente uirui ccna unidade
sintética daquilo que nàc pode ser represí macEo inctiitsvatmcncc e s\ priori / (as - Jí
pcrccpçòcs). tim esso algum, no entanto, conseguem apresentar a priori um único
dc seus conceitos: só o fazem a posteriori, mediante a cxpcricnci«, a qual se
corna primeiramente pussivcl em virtude daquetes principiou .sintéticos.
Sc devemos (julgar mmeticamente sobre um conceito) enuki temos que ultra­
passar este conceito para atingirmos u rntuiçao na qual é dado. Com efeito* se
noü confinássemos ao que e$iâ contido no conceito, o juí/,0 seria meramente
analítico e cotisíttuiria uma e*plicaçiin do pensamento segundo aquilo que já
cstiá de faio nele contido Do conceito, todavia, posso passar à intuição pura
ou empirtea que lhe corresponde a Hm de considera lo in concreiu na mesma
c de conhecer, a priori ou a posteriori, o que convim no objeto deste concciio.
O procedimento a priori constitui o eonhedmcruo ruuiunal i matemático median
lc u construção do conceito, ao passo que o procedimemo a posteriori çimiMHUí
o mero conhecimento empírico (mecânico) incapaz de nos conduzir a propusii
çòcs necessárias c âpodilicax, Desta Forma, eu poderia dissecar o meu conceito
empírico de ouro c com Isto nada mais obter tio que uma enumeração de trnio
o que realmente penso com csie termo: atruves diüto bem que se processa um
aperfeiçoamento lógico em meu conheeímento. m as este não rsc beneficia com
qualquer ampliação ou acréscimo. Por aturo lado. tomando a matéria rotulada
com este rvome, obtenho pereepçtícs que me fornecerão diversas proposiçòes sin­
KANT

téticas. / se bem que empíricas. Eu constituiria, isto è. daria a priori na intuição,


o concdto matemáLico de um Lriânêulo. e por esta via ulcdnçíiria um conhecimen­
to í.inléítc::, porém racional. Inversamente. guando mc é dado o conceito trans­
cendental de uma realidade, üubsumcÊa. força, ete., entãc não designa nem uma
intuição empírica nem uma intuição pura. mas simplesmente a síntese de intui-
ções empíricas (e que porlünto não podem scr dadas a priori); devido aq tato
da síntese ser incapaz de p r o g r e d i r a priort para a intuição que lhe corresponde,
segue-se que deste conceito transcendental também não pode se originar qualquer
proposição sintética dtiterntinamc. mas sim unicamctUi um principio da sín­
tese*35 de intuições cm pinças possíveis. Logo, uma proposição transcendental
6 um conhecimento sintético da razão segundo meros conceitos, c portanto dis-
cursivo^ pois é unicamente por seu intermédio que se torna primeiramente possí­
vel toda a unidade sintética do conhecimento empírico. ma,s „^m que com ista
seja dada a priori qualquer intuição,
/ A^im . pois, há deis módod dc se u&ar a raziio. Sem levar em cama a
universalidade do conhecimento e a suti produção -a priori. eoisn comum a am­
bos. estes dois usos da razão muito sc diferenciam cm sua progre&são- Isto ocorre
porque no fenómeno, segundo o qual nos sao dados todos og objetos, há dois
componentes; a forma da intuição (espaço C tempo), determinável e cogrinscívcl
compjctamente a priori. c a matériu (o físieo) ou o conteúdo, que significa um
at£o encontrado nü espaço c no tempo e que porisinto contém uma existência
tf corresponde à sensação* Com respeito ;j este elemento minerial, cujo único
modo determinado ric ser dado é ü empirico. nada podemos. ter a priori a não
ser conceitos indeterminados da síntese dc sensações possíveis na mediria em
qtie c&iíih pertencem ri unidade da apcrcepção (numa c*pcriêncta possfvell. Com
respeito ao elemento Ibrmal, podemos determinar a priori os nossos conceitos
na intuiçào na medida em que nos criamos, nu espaço c no tempo e mediante
uma sinte^e uniforme, os próprios ohjetos eonudírudos í>impk&mcnte coma
quama, Aquele é denominado o uso da razão segundo conceitos ra medida em
que com ele mída mais pudemos fazer do que subsumir os fenómenos, segundo
o seu conteúdo real, a conceitos que não podem, em conseqüência, ser determina
dos senão empiricamente, isto ê. a posienuri (embora conforme àqueles conceitos
enquanto regras de uma síntese empírica). O segundo é o uso da ra*ão mediante
a construção dos conceitos ( nu medida ern que cstcís. por já se referirem 3 priori
a uma jnmição. também na sntuiçào pura podem ser determinadamente dados
a priori e sem o auxilio de quatsqucr dado* empirieúÃ. Ponderar» a respeito de
tudo o que existe (uma coisa no espaço ou no tempo), se e em que medida se
trata ou ttão de um quanium,, se neste último temos, que representar unia exisien
cia ou a falta da mesma. ati que pomo este algo (que preenche um espaço ou

as Por meio do tttitgftiio dc cauM*. saio 4 Gelív Amante d o cnuecito e.mpír>i.\i dc urri eventú {Cm tj^c ílIçuth»
ciiiiít AcontewJ. mas nitu cm dii^wjj i intmçào çu« represem^ in cnncícu) o cnncciiu tle çaiiía. e sim
cm direçãn às tiondíçO« LccEtpuroiki> cm g^wl yuc pu4cri.yjTl Sí r CP.CiMÍ radas na tupcrêncis enftfcirrrie o com-
ceiiú dc cimsu.. Prccído pots iimpLe-^mcnic sc^iífulo cnnceíios, c nào po^so proceder pdn cúnslnição Jt?&
p o r q u e o C ü i ie e i iL » c u m n r e p .r a { l a S s r t r è w ; d a p c r c c - p v « - 1».. r j u a f i & a jí 3 u m c u í ; u < u p u r ^ u e n ã n p o d e m
portanto M f dada'; n pnori
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 357

um tempo) constitui um primeiro substrato ou uma simples determinação. se há


uma referência da existência de.ste algo a yutra coisa enquanto Causa ou efeito,
e finalmente se COiti referencia à Sua existência se encontra iwolado ou numa
dependência recíproca. con> outras coisas, bem como ponderar a possibilidade
desta existência. a sua realidade e necessidade ou o oposta destas últimas —
todas estas questões pertencem ao cotiftccnnetitn da razão a partir dc conceitos
c o qual é denominado JÍIo s ó JÍç q . Pur outro lado. determinar & pricri uma intui­
ção no espado (figura), dividir o tempo (duração) ou simplesmente conhecer tan­
to u mui c universal na síntese dc uma e da mesma coisa no tempo e no espaço
quanto a quantidade daí resultante de uma intuição cm geral (numero)» eb uma
ocupação da razào mediante a construção dos conceitos e que se intitula m ate­
m ática.
O grande sucesso que a ra^áo obtem por intermédio da iVtaiimáiicy trai; à
balia, de um mudo bastante natural, a suposição de que ü mesmo sucesso um-
bérn seria obtido fora do campo das quantidades, sc nàu pur cia jue:sma ao menos
por seu método, na medida em que a rá/.íio ne*te uso matemático reíure tndo*
OS ScüS conceitos a iniuiçòcs / que pode fornecer a priori. procedimento mediante
o qual se torna por assim dizer mestre sobre: w natureza; a Filosofia pura, eu »
contrário, labuta desordenada e desíijeitadameme com concertos discursivos a
prtori em torno da naturéia, sem poder Eorrtnr intuitiva a prtori e, exatamente
devido u lito, aiesuida a realidade da mesma. O que dc modo algum parece faltar
aos meslres nexia arte é confiança cni si m^mos* t se iem a impresãn que por
parte do vulgo sobejam as expectativas quanto à habilidade do.*, anteriores caso
pretendessem sc dcdicar a este projeto. Com eFcíio, já quu qunse minca filosofa
ram sobre a &u:i Matemática (uma árdua empreitada!), não chegam nem a ter
cm mente nem a refletir xnhre a diferença cspeeíftca existente entre mu c o antro
uso da raííio* Regra* correntes e empiricamente usadas que tumam dc emprèsii
mi) à iíi/àu comum s£ú cruâo aceitas em lugar de asiomus. Dc modo algum
se importam com a proveniência dos conceitos de eapyço c de tumpo, emboni
se ocupem do» mesmos {coiíío os único* qurmia originário#); du me^ma fornia
lhes parétíü inútil investigar tanto a origem dos conceitos puros do entendimento
quanto também, com isto, a extensão dc „sua validade. pois sõ sc preocupam
em utilizá-los. Em tudo isto agem assaz corretamente, desde que nao ultrapassem
05 ItmjEcs que lhe* sat> indicador, a saber, os da m iureza. Sem se darem conta,
no entanto, passam du campo da sensibilidade para o terreno inseguro dos con­
ceitos puros c mesmo transcendentais, cuja base (insiabilis tcllus. Ennubilíg unda)
nào Ibcs permite neni ficar de pé / nem nadyr, c onde so £ possivel dar pasmos for­
tuitos dos quais o tempo rtào guarda nem os mais leves vestígios; ao contrário
dísto. a sua caminhada na Matemática abre uma estrada ampla que ainda a mais
remota posteridade pode trilhar confiantemente.
Já que tornamos nossa obrigação determinar, com precisão a certe/a. os
limites da razão pura no uso Erantícundcntíii - ma:> que a a,ypiraçàu a este conhe­
cimento transcendental apresenta a particularidade. não obstante an mais enfáti­
cas c L-laras advertências, de ainda deixar se entreter por esperanças ames de
abandonar completamente a tentativa de -Atingir, para rdém dos linuics da e^pc
riência. as encantadoras paragens do mundo intelcctual — torna-se necessário
retirar como que a última âncora que sustenta uma esperança fantástica c mos­
trar que see.uír o método matemático neste tipo de conhecimento não poderia
trazer sequer a menor vantagem, a nào scr reveiar tanto mais claramente as defi­
ciências deste mesmo método e patentear que a Geometria íMcssfcunst) e a Filo­
sofia, apesar de se darem as mãos n&s ciências naturais, são coisas [OUlmenLt
diversas e que a procedimento de ama jamaís pode ser imitado pela outra.
A rigorosa esaiLdão da matem ática repousa sobre definições, axiomas e de­
monstrações. Contentar-me-ei em mostrar que nenhum desces três itens pode ssr
í5S aLingido ou imitado pela FtlcsoEla / no semido cm que sào tomadas pelo matemá-
líc o . Poii. o gcõmetra (Nfe^skünstler). segundo o seu método, nada mais pode

erigir em Filosofia de que meros castelos dc carias, ao passo que o filósofo,


segundo 0 seu método, 5Ô podé provocar uma simples tagarelice no que diz res*
peiLo à Matemática. A Filosofia consiste exatamente em conhecer os seus timiLes.
e nem mesmo o matemático, caso o seu talento já nüo seja especializado por
natureza e confinado ao seu campo própno. pode recusar as advertências da
Filosofia e passar por cima da musmiu
I. Sobre as definições- - Como indica a própria palavra, definir só deve
propriamente significar LílíiIlj quanta apresentar originariamente, dentro dc seus
limites, o conceito minucioso de uma coisa.9* Segundo uma tal exigência, um
conceito empírico de modo algum pode ser definido, mas sim unicamente cxplíci­
tado. Com efeito, já que nele possuímos lao-somente algumas notas de uma certa
espécie de objetos dos Mn tidos, jamais se cem certeza sc com n palavra que desig­
na o rrie^mo objeto não pendamos às vezes mais e nutras vezes menos notas
is* / do mesmo. Deste modo. no conedio da úuro alguém ainda putic pensar, exce*
tuando o peso. a cor c a dureta. í» propriedade dc que nào enrerrujn, ao passo
que um outro talvez nada saiba a respeito disto. Utilizam-sc certas notas somente
enquanto suficientes para estabelecer distinções; novas observações ramovem 5I
&umas propriedades c acrescentam outras, de forma que o conceito jamais se
situa entre limites scfjuros, fc: para que também deveria servir uma definição dc
um tíd conceito, já que. quando se fala por exemplo dn água e de suas proprieda­
des. nào nos detemos naquilo que é pensado com a palavra água* mas iniciamos
restes, e já que com as parcas notas que lhe sSo inerentes a palavra deve consumir
apenas uma designação c não um conceito da coisa, e que portanto a pretensa
definição nada mais e do que uma determinação verbal? Em segundo lugar, ne­
nhum conceito dado a príori. Como por exemplo o de substância, causa. direito,
equidade, ac., pode. rigorosjimenic falando* ser definido. Com dei lo. jamais pos­
so estar seguro que a representação clara de um conceito dado {ainda que confijsa'
mente) foi minuciosamente desenvolvida a nãn wr qrn? eu saiba que a dita repre­
sentação é adequada ao objeto. Mas já que o conceito desce úldmo. cal qual

"* Miniiciosiáatie sigr-trica cl&rt;?.» c suficiência de noiau; ítmiias n preciíác^ dc ethxH? quí niU> h^ra outrai
■noisjs s4<m dAi pertcnccnteí ao conccKo cSetiiihjdo; wigtnána, porém, qui essa deiÊrmmaçüo dc Jiniiies
nào foi derivada dc sJguma outru coisa c não precisa «ioda de utna píüva. o nuc ineapaeiíann a preunsji
explicijàú dt estar a lesta de iodos os. j mios s * W um objeto-.
CRÍTICA DA RAZÃO PURA 359

é dado. pode conter muitas representa^5 obscuras das quais nào nos damos
conta em nossa análise, apesar de sempre as utilizarmos na aplicação deste con­
ceito, cmào a minueiosiduüe da anãtiüi; de nuu conceito é sempre duvidoso; m e­
diante uma / grande variedade de exemplos apropriados, só podemos tomar
vável. mas jamais apodUicamenie cerlo esla mtnuctosidadií. Ao invús de defint
çào. eu preferiria empregar o termo exposição: pois além de ainda continuar
sendo cautelosa, esta exprcsslo permite que o crútóo lhe cunecda um ceno grau
de validade «m abrir tnào de iuas dúvidas quanto â minucíosidade da anáJise.
Já que nem os conceitos dados empiricamente nem us dados a prían sâí> passíveis
dc definição. sõ st: pode tentar realizar esta operação mental nos conceitos restan­
tes. quais stíjam aquetes que sãt> arbitrariamente penados, Neste caso. stímpfc
é possível definir o meu conceito, pois tôtiho que saber o que eu quis pensar
com u díts> conceito,, já que eu mesmo o tbrmcí deliberadamente sem que me
tivesse sido dado nem pela natureza do cnlcudimcmo nem pela experiência: o
que não posso dizer c que pur seu intermédio uu tenha d« tinido um verdadeiro
objeto. Com efeiio, sc o curwcito, por exemplo o de um relógio de navio. repousa
sobre cnndiçcHSs empíricas, eniào nem o objeto nem a $uy possibilidade tnc sào
dados mediante este conceito arbitrária; ü pártir desce último, nem mesmo sei
se chega a possuir um objeto, e a minha cxplitaçào pode ser melhor denominada
uma declaração (de meu projeto) do que uma definição de um objcLo. Logo* nSU)
rcsiam quaisquer outros conceitos aptos a serem definidos do que aqueles que
contêm uma síntese arbitrária que possa ser construída u priorí; cortMiqiiunterriün
te» só a Matemática possui definições. Com eleito, r> objeto pensado por esta
ciência (ambüm « por ela apresentado a privri na intuição. e este objeto não
pode seguramente conter / nem mais nem menos dt» que u conccito. |X»is foi
mediíinuí a vxplieavao que o conceito do objeio ít>i originar ia mente dado. isto
c, dado sem derivar a explicação de qualquer outra coisa, Para as expressões
exposição, expftcaçSu, declaroçâa c dçfmçao, a lingua alemã nào possui ouira
palavra scnào "ErkJãrung''; em dccuriêticiadisto. já temos que nhrandar um pou­
co a rtoisa exigência de rigor, a qunl hok levou a recusar âscxplieaçõo filosóficas
o líuily honorífico de defiihçuu. Prciendsmos limitar a presçnie observação ao
seguinte: as definições filosóficas sào unicamcmc exposições de conceitosdados,
ao passo que as definições matemáticas são construções de conceitos originaria­
mente forjados pdo entendimento: enquanto ai primeiras só sãü obtidas analiti­
camente através de um trabalha de desmembramento (cuja completudc niio ê
apoditicameiue eeria), as últimas são constituídas wmelicatneme. Log.o. os defini
çòes matemáticas forjam o próprio conceito, «io passo que as filosóficas somente
o explicam, Dísia decorre ü se&uinte:
a) Na Filosofia nào sc deve imitar a Matemática no que üinge a iniciar
com as definições, a não ser i{Lie assim se proceda a tímU) du mera tentaiiva.
Com efeito, já que as defmiçòes são análises de conceitos dados, estes último*
as precedem ainda que de modo tão-somcrue eunfuso: além disto* y exposição
incompleta preccde a completa de tal forma qiies a partir de algumas notas obú
das mediante uma análise ainda incompleta, podemos inferir muitas coisas antes
36Ö KANT

de atingirmos a exposição completa, ou seja, a. definição. Numa palavra, na f


Filosofia a definição, enquanto uma dare/.a precisa, deve ames concluir cfo que
com oíar o nosso labor.3 ’ Frente a isio. na M atem ática não p o lu ím o s qualquer
coneciío anterior ã definição. pois aquele é prtmçíríimente dudo mediante esta.
ultima: consequentemente. esta ciência também pode e tem que iniciar sempre
com a d efin id o.
b) Definições maiemáticas jamais podem incorrer cm erro. Com efeito, devi­
do ao fala do conceito ser primeiramente dado atuivés da definição, só cnmém
exatamenLe aquilo que a dcfiniçfto pretende pensar por seu intermédio. Mas em­
bora nada de incorreto powa ser incluído em seu conteúdo, e possível às veze^.
se bem que raramente, ocorrer uma íalha na forma da qual sc trncontra revestido,,
ou seja. nu que se refere n prccifião. Deste trunJ^, a explicação comum do círculo,
u de que consiste numa linha ciíjt« cujos ponros rodos eqüidistam de um / único
ponto (o ecrtiro). é ddçituosa na medida cm que st fa/ desnecessariamente pre
sente a determinação de rrm!fl. Com efeito, tem que haver um woramn particular
ujue seja deduzido da definição c que possa facilmente ser demonstrado: a saber,
que mela :i linha cujos pontos (odus cqüidistaiti dc um único ponto é curva
(nenhum dos seus segmentos é reto). Definições analíticas, no contrário, podem
incorrer cm erro de múltiplas maneiras: ou ao introduzirem nuias que em realiüa
dc não se encontravum no conceito ou ao cnrçcerem da minuciosídade que perfaz
o csscncinl de uiníi ddlmçãu. O último destes defeitos se deve ao fato de nào
se poder est:ir tào certo assim wéerçrn da completude da análise do conceito,
por estas raíões que. no nue Stí refere à ddimçjk), o m^iodo da Matem ntica nào
é passível de imiiaçâo pur p.irte úi\ FUoàofia,
2, 5>ol>re O* axiomas. - Na medidn em que siio imediatamente certos, os
íuiomas mo princípios siméiiecís a prlori. Ora. um conceito nào pode scr ligjido
simõiiea tí ainda asstm imediatamente a um outro, pois para podermos ir alem
deste conceito é necessário um terectro cúnhccimcmo mediador. Já que :i Filoso­
fia consiste simplesmente num conhecimento racional ^ j n d o conceitos, nào sC
pode encontrar neto principio algiurn quü mereça o nome ác wxLomii. A matemáti
cu, ao eonlnirio. c capa?, de po>suir axiomas, pois mediante a construção dos
conceito* na intuição do objeUi c Iil pode coneetsir os predieados dtisie último
dc um modo tanto a prmri quanto imediaio. como por exemplo na proposição
/ dc que irús pimios sempre se sÍLuarn num plano. Frente a isto, um princípio
simêlico derivado simplesmente a pariir de conceitos jamais pode ser imediata­
mente eerio; ciicmos como exemplo a pmpusiçao dc que tuiio o que ocorre; possui
;i sua eiiLisa. NesLe caso* tenho que me põr a procura de um tcreeliu elemento,

A 1-ilostMia frsrrri>B(t <^c ii«.rnityuvj'4. subrçuitki dc que nu verdtKlr ccinifm crcuvumcntt


íkiTiejiicib fmra 4 «JcimiçiL»_i-k piat, niio ik um iruxJo «m plciu. Ora, se niits se rnJílesKç faier absotiUurmíriií
natía línni um cançciiu anfiçN que tivenssi: ísíiJci definido, cncün ns wisas nndariam mnl iwa «kIo
0 fikisofar. No írttílnln. vtsirt que lin rartíKdMrnLè qiiamo aleriçam os-clenn,'nii>v fáu dc«n«p<jiiç3iii pode
sempre scr feito um emprego lum c jt-eguro dai mtsnw:-., ns-.itri lambem us ikr<i«i;àcs dlelTcíciue^ iilo ç,
proptosí^uçi. que [»raprcamçnuc n4ií SDú a in Jj dLfinuüJS ma*: Jc resto ião veedatoras e pCuT^dlo apraxírtía
çõe.í Jíla i. st.T ur.ítiias m jiw utilrticnii:, Mj Maicmácjca a Jcfiníçàti cnnctmc ad « w . na Filosofia
a(l mclíus CSSí. Ê h ík . mas Ireqütntcjnmie muito ítifíciS. chíiiar a ík w . O-n jurí^Laí: Hindi ^mcurnir um*
deftrtiçiilí pflra ri Sfu cunççittj dt d licil:'
CRITICA DA RAZÃO PURA 361

qual seja. a condição da determinação icmporat numa experiência. po*s um taJ


princípio eu não poderia conhecer, de modo direto e imediato, exclusivamente
a punir de conceitos. Princípios discursivos, pois, diferem totaJmence de princí­
pios mluitrvos, cm seja. de axiomas; aqueles exibem sempre uma deduçào. ao
passo que 05 últimos podem perfeitamente dispensá-la- E já que por esta mesma
razão os axiomas. são evidentes, evidência que os princípios filosóficos, por mais
certos que sejanv jamais pociem pretender, falta infinitamente muito para que
uma proposiçuo sintética da razão pura e transcendental seja tão evidente (como
obstinadamente é co&íume expressar se} quaniu a proposição de que duas l*ezeic
dois são iitiuiro, fc bem verdade que na tabela dos princípios do entendimento
puro exposta na Auulíúca também pensei cm certos axiomas da intuição: só que
0 principio introduzido naquela ocasiàu nSo foi propriamente um axioma, mas
serviu unicamente pura indicar t> principium da possibilidade- dos axiomas em
geral. consistindo a ri^or somente num princípio a partir de conceitos, pois ate
a possibilidade da Matemática, tem que sér moslrada na filosofia transcendental,
A Filosofia nào poasu 1, portanto, axioma algum e jamais pode prescrever, de
modo tão abseduto. os seus princípios a prim*i; ao contrário* tem que / se conten­
tar cm justificar, através tlt uma, dedução acurada, a autoridade desces princípios
cum respeiro aos axiomas,.
3, Sobre as efFM&itxlrffCries. — Só uma prova apodítica, na medida em que
ê intuitiva, pode scr denominada demunsiraçiio. A experténda hem que nos ensi
iitíi o que existe« mas nno que isto poderíu ser Jt; uina outra maneira qualquer.
Conseqüentemente, os argumentos empíricos não podem proporcionar uma pru-
va apodíiica. A partir dc conceitos a priori (no conhecimento discursivo)* no
ciítanio, jamate pode se originar uma certeza iniuiiivíu ou seja. um* evidência,
por mais que 0 juízo também possa ser dc uma certe/.a apodiiíca. Portanto, só
a M atem ática contém demonstraçòes, pois deriva o seu conhecimento não dc
conceitos. mas sim da con.mruçãu dos mesmos, isto ê. da miuição, a qual pode
Kcr dada h príori e oorrcüpondcniL: aos conceitos. Mesmo 0 procedimento da ãlgc
br» com as suas equações* 11 pariir das quais a verdude e produzida juniameme
com u sua prova mediante um*L redução, não chega a ser geométrico; trata se.
contudo, dc urna conxrruçito cnracrerístícn na qual se apresenta 11a intuição os
conceitos inerentes aos sinais, principalmente aqueles que se referem ú relação
das quantidades — e que, nem nos determos em suas vantagens heurísticas, asse­
gura iodas as infcrèncias contra erros pelo simples lato de pô-los à nossa vista.
Em eontrapauida. o conhecimento filosófico se vê privado desta vantagem na
medida em que tem que considerar o universal sempre in abstracto (mediante
conceitos}, ao passo que a Muiemálica pode ponderar o universal in concreto
(na intuição singular) e ítinda assim mediante uma reprçscrtiaçao pura / a príori.
procedimento Que torna vi&ivel qualquer passo em falso. Em conseqüência disto,
eu preferiria chamar as primeiras de provas acromátican (ri iseurs ivas K pois. só
podem ser efetuadas através de puras putavrus (o ubjeto etn pensamenLo). üo
qite denominá-las demonstrações, as quai* progridem na intuição da objeto, tal
qual a expressão Já o indica,
De ludo isto se segue, emfio, que dc modo algum é adequado à naiurez#
da Filosofia, principalmente no terrena da razão pura, se eupandir orgulhosamen
te numa senda dogmática c se ornar com os LÍUilos e as insígnias da Matemática
sem pertencer às lllciras da mesma, apesar de possuir todos os motivos para
esperar uma união fraternal com esta ciência. Trata-se de pretensões arrogantes
que jamais podem se concrctúar, e que antes fazem com que a Filosofia rctroce-
da em seu prupôsíLO de revelar as ilysòes de uma razão desconhecedor a de seus
limít-Ls e de reconduzir mediante uma clarificação suficiente de nossos conceitos,
a presunção da especulação a um modesto, porém acurado autoconhecímento.
Em suas tentativas transcendental, pois. a razão não poderá encarar com tanta
confiança o caminho a trilhar, como se o trajeto já percorrido venha a conduzir
tão diretamente ao aJvu: também não poderá contar com as premissas que lhe
subjazem tüo corajosamente que nào ae uimam necessários freqüentes retrospec­
tos e cuidados para examinar se não sc manifestam na progressão das inferências*
iw erros nüo percebidos / nos princípios e que imponham ou íl maior determinação
dos mí.smo.s ou a sua completa alteração.
Oi vido iodas as pmposições apodíiicas (sejam demonstráveis ou lambem
iffltidiatamcniv certas) em dogmatu e maíhemata. Uma proposição sintética dire­
tamente derivada de conceitos é um dogma: inversamente, uma proposição siiltc
tica diretamente derivada da conntruçfto de conceitos é um nmhema. Os juízos
analíticos propriamente nada mais nos ensinam acerca dc um objeto do que aqui­
lo que o conceito que dele possuímos já contém em si. pois nào íirnplíam o conhc*
cimento acerca do conceito do sujeiio. mas tão-somente o elucidam. Em decor­
rência diüto, não podem aer corretamente cognominados dc dogmas (termos que
poder-.se-ia laJvez traduzir por sentença doutrina fh Mas denlre as duas espécies
referidas de proposições sintéticas a prtori somente aquelas pcrienceriUSS ao co*
nhecimcmo fllOSÓfiCü podem, secundo o uso corriqueiro da linguagem. f ia ­
doras dc^tc nome. c diíTcilmcnte denominar-se-ia as proposições; da ariiméiicu
ou da geometria dc dogmntn, Logo, este uso costumeiro ratifica a explicação
que domas: só os juixos a partir de conceitos podem ser chamados dogmáticos,
nS» ocorrendo t> mesmo com os juizos derivados íiá confitruçâo de conceitos.
Km seu uso meramente espeeulativo* a razão pura cm suu totulidade nao
contém um único jui/.o sequar ciretamer.e derivado dc conceitos, pois mediante
idéias é incapaz de produzir juízos sintéticos com validade objetiva, pomo que
7<* aliás já mostramos. Através de conceitos do entendimento* I por outro lado,
a raa.v> pura chega a erigir princípios seguros sern contudo faze-lo diretamente
a partir dc conceitos. nus sempre só indiretamente mediante referência destes
conceitos a algo louJirnouc contingente, a saber, a experiência po$íive!: quando
esta experiência <algo enquanto objeto de experiência* possíveis) è pressuposta,
c bem verdade que cucs principiou sâo apoditicameme certos, mas cm si mesmos
(dirctameme) de modo ylgum podem clrcgar a ser conhecidos a priori. Desta
maneira, ninguém pode conceber precisa e acuradamentc a proposição de que
toda a ocorrência possui a sua causa i;xc!usivamente a partir deites conceitos
díldos Conseqüentemente, nào se trata de um dogma* embora esta proposição
possa ser muito bem demonstrada apoditicamente sob um outro ponto de visra.
C RÍT IC A DA RAZÃO PU RA

qual seja o dá experiência, aíínul o únicn campo de $.eu uso possível. Apesar
dc necessitar ser provado, denomina-se o principio c não teorema devido ao Jato
possuir a propriedade peculiar de tornar primeiramente possível o seu funda
memo demonstrativo, a saber, a experiência, e de ter sempre que ser pressupostu
ng mç&ma.
Sc também a líLulo de comeiído o uâü especulativo da razão pura não possui
Quaisquer dogmas. entÜo todo u método dogmático c por si inadequada. quer
seja tornado de empréstimo à Matemática quer seja de lavra própria. Com efeito,
só oculta eis defeitos c os erros e burla a filosofia, cujo propósito específico con­
siste em pôr todos os passos da ra?.ão ã luz mais clara possível. Não obstante
isto. o método pode sempre ser sistemático. Pois a nossa razão / (subjetivamente I t«m
e ela mesma um sistema; em seu uso puro. no entanto- mediante simples concei-
.Ujs. d;i só consistc num stüiema de investigação segundo princípios da unidade,
e para a qual exclusivamente a experiência pode fornecer o matertal. Nada pude
aqui ser dito a respeito do método peculiar à filosoim transcendental, já que
só estamos envoltos numa críiicii às cireuttstãneíaç <Ja* nossas faculdades; de
um modo ícral se podemos construir, e atê que altursis podemos elevar o cdifkio.
levando em conta o material de que dispomos (os. cortccilos puros a priori)*

SRÇ À O S E G U N D A DO C A P ÍT U L O P W IM niR O

A D ISC IP LIN A DA RAZÂG PU R A COM RESPfvHO


AO SEU USO PO LÊM ICO

Em todas seus empreendimentos a razão tem que sc suhmcter ii critica* e


não pude limitar a liberdade da mesma por uma proibição sem que isto a prcjudi
que e lhe acarreie uma suspeita deNVaniajiwa. Nn que tange à sua utilidade, nada
é tão importante nem tíio sagrsdo que lhe sejrt permitido esquivar-sc a esta inspe
çào aicnia e examinadora que desconhece qualquer respeito pelíi pessoa. Sobre
esta liberdade repousa aié a existência da razão; t> verediu» desta última. longe
de possuir uma autoridade ditatorial, consiste sempre cm nada mais do que no
consenso de cidadàoK livrcb dos quais cada um tem que poder externar. / sem Tf.?
constrangimento nlgum, as suas ohjeçòes c ate o seu veto.
Mas embora a razlo jamais pnss.i rprniar ã cfílicíí, nem sempre iem uma
causa para teme la. A rnzàopura cm seu usg dogmático fnao maLcmímco). toda­
via. nãü está tão consciente assim dn observância mais exaia dc suas leis supre
mas que não tenham qme apresentar, diante do olho critico dc uma ra?ã<>
superEor e judicial, eom acanhamento e ate pondo intçiramenie de lado toda a
autoridade dogmática que se arrogou.
Algo bem diverso f»eo«re quando a razao tsià às voltas não com a censura
do juiz, mits sim com as reivindicações de seus concidadãos devendo unicamente
dcifcnder-se contra ai mei.ruati. Cnni efeito. já que estas pretendem ser exatamente
364 KANT

ião dogmáticas cm negarem quanto eia ê cm afirmar, ocorre uma jnstiflcaLiva


xctr' wtfpwiTW que assegura contra todos prejuízos e que providencia um ntulo
consigíiador de uma possessão que assim não precisa Lemer quaisquer usurpaçòcs
por parte de estranhos. apesar deJa mesma não poder ser suficientemente de
rnonaírada ««r1aXii&euxu-
Sob o uso pulümico da razao pura compreendo, então. a defesa cie suas
proposições Contra íis negações dogmáticas das mesmas, Não sc ira la aqui dc
saber sc as iufifc afirmações porventura nào são também falsas, mas sim unica­
mente que niniuiém jamais ps>dt* afirmar o contrário com ccncza apodítica Inern
7fiW mesmo / com maior verossimilhança), Pois no casa de termos em mãos um título,
sc bem que insuficiente, que no* assegure uma posse, torna-se claro que não
a ternos por força de uma concessão tolerante, e c totalmente seguro que jamais
alguém pudera provar a ilegitimidade desta nossa possessão.
Causa preocupação e acabrunhumenU) o fato de chegar a liaver uma aniite*
licu da rây.ãcj pura c que cst;j. mesrmi representando o tribunal suprem o sobre
todos ok conflitos deva cindir-sc numa desavença consigo mesma. Anteriormente
estivemos frente a uma tal antitêtica aparente da razão pura; evideneicHi-se. cun
iudv, que repousava sobre um mal-entendido, a saber, que de acordo com t>pre­
conceito comum se tomava fenômenos por coisas cm si mesmas, exigindo se en
:5o de um modo ou de uurro {sendo. no entanto. ambos os modos igualmente
impossíveis) um;i eompÈetude alnoluta, de sua sírtLesfi. o que de modo algum pode
ser esperado de fenómenos. No tocanu' íis proposiçoes de que a .série de funòmc*
nus dados em *■# possui irm começo absnlulnmenií primeiro e que esta série é
absolutamente e tw a/ fn&fnw sem qualquer começo. nau nos deparávamos com
unta real contradição da razão consigo mesma: coin efeito* ambas as proposições
eocKistcm sem maiores probfetms, pois segundo a sua existíneia (enquanto Ibnô
menos) os fenómenos nada silo cm si mesmos, istu ç. são uí£0 contraditório,
e portonu) pressupò-los coiruo algo em si tem naturalmente que acarretar conse
qüénms contraditórias.
’ii'i / U m tíil mal-entendido não podaria ser alegado nem o conflito da razào
aplacado caso sc afirmasse Lci^tcanicntt que exisfe um ente mpremo e a lal as
SCrçÃO sc contrapusesse. atcisTicumente. íi de que nàc existe u>n ente supremo;
o me.smo ocorreria na Psicologia caüo a afirmação de quô tudo o que pensa
é dc uma unidade permanenie e absoluta e, portanto, distinto dc ioda a unidade
material e passadeira sc defrontasse com a oposui, qual seja, a de que a alma
nào C- uma unidade imaterial e não pode ser cxcluída da transitoriedade. Com
deito, aqui o objeto úa perfuma está livre dc todo o eicrrtenUj estranho que ton-
iradiga u sua natureza, e o emendimemo está unicamente às. volus com cuisas
cm si mesmas e nào com fenómenos. í bem verdade, pois. quC cnconirar-se-ia
neste caso um verdadeiro conflito, contanto que a razão pura em seu aspecto
negativo tivesse algo a di/cr que chegasse próximo a fundamento de uma afirma
çio ; pois no que toca à crítica proveniente dos argumentos daquetes que fazem
afirmações dugmáücas, é bem possível concedê-la sem com isto renunciar a estas
proposições que lèm a seu favur pelo menos o interesse da razào. interesse an
Qurtl o adversário de modo algum pode se rcporiar.
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 365

Na verdade nàu píirtillio a opiniãu làu freqüentemente externada por exce-


fciitós pensadores (por exemplo Sulzer), devido ao fato dc sentirem a debilidade
dua pravas até agora em voga. Jc que aindíi Haveria umn espera.nç3 dc- se vir
a descobrir demonstrações evidentes para íis duas proposições cardinais de rmKsa
razão pura: a de que exíste um Deus e a d e que há uma. vida finura. ■ ' Pelo m
contrário, estou certo que íüLo jamais acontecerá. Pois dc onde pretende a razão
romar o fundamento para aítrmaçòüs sinLctieas utis que mao sc referem nem aus
objetos da experiência nem à sua possibilidade interna? Por outro lado, também
é apoditicumcntc certo que jamais alguém scrâ capaz de afirmar o oposto sequer
com it mínima verossimilhança, e isto «cm falarmos çm asserções dogmáticas,
Com cfçitu. já que su poderia realizar isto através da razão pura, a empreitada
a a$>tumir seria a de provar a impossihiiidade dc um ente supremo e do sujeito
pensante em nós, enquanto inteligência puni. De onde, no entanto, pretenderá
retirar os» conhecimentos. que justificassem os .seuâ juízos sintéticos acercsi das
coisas que ulLrapíLssam toda a experiência possível? Portanto. pudemos ftear to­
talmente tranqüilos quanto a que alguém nos venha atfyjm dia a provar o
contrário* Dcvído n isin, também não icmoa necessidade de pensar cm provas
escolásticas; pelo Ctinlrãrin. podemos sempre aceitar aquelas proposições que se
intcrcuncctitm muiio bem com o inierc&se especulativo de nossa razão em seu
uso empírico, e que além disto são os únicos meros Jc unir este iniercwc especula­
tivo ao prático, Para o oponente (que não deve aqui ser considerado exclusiva
mente como uni critico). temos :t disposição o nos*o iton liquet. o Qual infalível
mente <1 desconcertará; enquanto isuj. não nos importamos com u fntu dc revor
qüir CSLC argumemo eorura ntk. já que sempre temos como suporte ;i máxima
subjetiva da razão, / a qunl falta necessariamente ao adversário e sob cuja prole- T'i
Vão podemos encurar com tranqüilidade e indiferença rodos a* suas peripécias
olen^twn.s.
Oeste modo não há. propriamente, qualquer antitctica da maíu* pura. Com
crcito, 5 suu única arena poderia ser procurada rio çampo díl Teologia pura c
da Psicolo&ia: csie terreno, todavia. não comporta nem combatentes equipado*
irticpríilmenie com a sua armadura num armjK que poisam causar temor. O cam
poàu só pívderá munir se do troça c da jactância, do qut; se poderá rir como
se ,se "iraiasse de uma brincadeira infantil. Eis uma atacrvoção cnnsoladora que
dá novo ânimo à nutâo: pois cm que mais a rayüo haveria de confiar se eta
própria, convocada exclusivamente paia remover iodos os erros, estivesse abala­
da cm si mesma sem quaisquer esperanças de paz e posse* tranquilas?
Tudo aquilo que o própriu uatureza dispõe c bom para algum propósito.
Mesmo os venenos servem para suhjugar outros vcneneis que se gerum em nossos,
próprios humures, e por isco não podem faltar numa larmacopéia compleu. As
Objeções. contra as persuasões e a presunção de nossa razão merameme especula­
tiva süo impostas pela própria natureza desta razão, e têm poib que possuir as
suas boas determinações e propósitos que não devem .^er jogados ao vemo. Por
que tantos objeins, apesar tie interíronemdos com o nosso interc^e supremo,
íbram dc tal modo puatos fora de nosso alcíiiice pela providência que .quase / :::
só nos é 'concetlidn enconirã-fos numa pcrccpção obscura c duvidosa para nos
3(j6 KA N T

mesmos, perccpção mediante a qual os ncwcrc olhares cspreitantessàt» mais esti­


mulado« do que satisfeitos* E peio menos duvidosa. c quem sabe prçjudiciaU
a mitidade de avcniurar-sc a determinações alrevidas com respeito a tais perspec­
tivas. Mas sempre e sem qualquer sombra de dúvida c útii colocar a razão, tanto
a ijuc investiga como a que examina, em complcia liberdade a fim de que não
seja obsíaciiJizada na consecução de seu próprio interesse: este uEitmo tambern
e promovido tamo peio fato dela KmitaF quamo esttndcr as suas conclusões,
o que sempre padece quando mãos estranhas $e imiscucm para conduzi-la, de
um modo contrário â sua trilha natural, segundo proposkos forçados.
Fm conseqüência disto* permiti a vosso oponente falar em nume da razão,
u combatei-o exdusivamcuLu com as armas da razão. De resto, estejai despreocu­
pado* quanto u boa c&usa do inlcre&>c prátccot* pois ela jamais entra em jogo
no conflito meramente especulai ivo. A disputa nada mais descobre, emao* do
que uma etrruv antinomia da ra/ào que. por repousar hobre a natureza desta mes*
ma razão, tem que ser necessariamente ouvida e testada. A desavença cultiva
a raíàu mediante a consideração vlo seu objeto sob dois a&pccunt» « corrige o
juiMT desta mesma ra^ào limitando o. O que aqui se torna objeto da lula c não
■dcoisti (bíiche), mas sim o Seu low. Com efeito- mesmo que fostes constrangidos
•i abandonar a du rcsia vos ainda o suficiente para faiar a linguagem <lc
1:t uma/«5 f firme, linguagem justificada duinw da mais rigoroia razão.
Que resposta se obteria de David Humv, pensador sereno e propriamente
titlh&do para o equilíbrio de julgamento, caso sc llie perguntasse: i^ue o levou
a minar, mcüiatittí dúvidas e hcsiiiiçòts íào laboriosamente obtidas por reflexão,
a pcrsuítsâo iSc confortadora e útil aos homem de que a sua razão ê eapn?. de
atingir a afirmação c 0 conceito determinado dc um ente supremo? Cerlumcmç
responderia que nada mais do mue o propósito dti fazer a mzàú avançar cm seu
.uitoeonhceimeiUo. ao mesmo tempo uma cerni indignação sobre a violência que
pretendemos inflljíir ã ríiíào ao nos jactarmos. com ela c c^neomitanicmentc a
impedirmos de ad*njiir, numu c*>nn«íâü sincera, as- stuis Traqueza.s. as quais se
lhe tornam patentes cm seu próprio auto-e*ainK. Por nuiro lado. se pcrgunuirmo*
a Priesitley. voltado exclusivamente aos princípios do uso empírica da raíâó e
avesso a ioda a especulação transcendental, que motivos 0 levaram, mesmo sen­
do um piedoso e zeloso pregador da relipíão. n pòr abaixo estes dois pilares
fundamentais de ioda a religião, ã saber, a liberdade c a imortalidade dc nossa
alma ta espertmça por uma vida futura é para de somente a «pcetativa por
um ntilüjíre da ressurreição), nnda mais poderia ní^nruir- do que o »eguinte-:
o interesse da rnzào. o qual perde pelo fino de se pretender subtrair ceruiy. objetos
Tu ãü íeis da naiure?.a material, as únicas i|ue podemos eontieeer c determinar /
com preeisào. Pareceria intolerante execrar o último, que sabe combinar a sua
asserção paradoxzi com propósitos refigiosos, t ofender um homem que sabe pen­
sar simplcsmeíme porque nào c eapaí de achar seu cammho tão logo ce distancie
do campo da Ciência Niuuríit. Mas n mesmo favor Lem que se estender a um
homem não menos bcm^nicncionátlo e irrspreertsívd em seu caráter moral como
Hume, o qual nao pode abandonai a sua espcculaçào sutil devido ao fato de
C R íT IC A DA RAZÃO PU R A 3d7

achar, com justiça, que o seu objeto se situa na terreno ííhk ideias puras, toial-
iTienLt: fora dos limites da Ciência Naturat.
Que y* deve então faier. principalmente eendo cm vista ti perigy que a parlir
üístü parece ameaçai os melhores interesses <ie todos os homens? Nada rnais
natural, nadu mais permitido do ijue a dcdsâú que tereis que tomar jitjr causa
disto. Deixar estas pessoas agir: se demonstram talento, ss exibem novas c pro­
fundas investigações numa palavra, mc mostram razão, c esta última que sempre
sairá lucrando, Sc lançardes mâo de outrob meios que não os de uma razào íncoa-
gidíL se gritardes sobre alta traição, se conclamardes o vulgo, que nada entende
de elaborações tão iutís, a por assim üizer apagar o incêndio, então vos exporeis
ao fisco. Com efeito, aqui não se Irau absolutamente de aaber o que ê vaiUajóso
OM dcsvant«juso para os melhores imere&scs dçi comum dóH mortais, mas sim
unicamente saber até que ponto a razão pode ir em sua especulação capa? de
abstrair } de iodos os interessei se é possível requer contar com e^tu especulação
ou sec melhor que a abandonemos cm prol do prálico. Portantn. ao invés de
vos imiscuírdcs com u uspada na mào desde o aisentu seguro da crítica, contem­
plai ames calmamente esia contenda cstafartie para o* combulcnccs c divertida
para vós, e no caso de um descnlacü que cena mente nào scrà sangrento. cia
terá que resultar benéfica para o& vossos conhecimento:*. Pois é muito ineon*
grueiitc esp-erar um esclarecimento da razão e ainda assim lhe prcsurove*r com
antecedência por qual lado tem necessariamente que optar. Alèm disto, a ru/.ão
já é por itt iào bem coarctada e mantida deniro dos limitas pda própria razào.
que nàô tendes absolutamente necessidade de convocar a jiuarda com o intuito
de antepor uma resistência civil Aquela parte cuja prepotência inquiviantc vos
parece perigosa* Nesta dialética 11H0 há uma vitoria sobre íi qual pudésseis ter
motivo de preocupação.
A razào Lítmbém necessita, e muito, dc um tal confluo* e teria sido de&ejãvel
que houvesse sc desenrolado já bem aiilcs e com uma irrestrita permissão pública.
Com efeitn, ião mais. uedo tur-sc-ia estabelecido uma crítica madura com cujo
apaiecimenio todas «tas disputas cessariam esnoniíuteamcnie na medida cm que
os tu.3tirertdoies aprendu^m a, reconhecer a cc^u^ira c os. preconceiios t]üé os
desuniram.
Md uma cerca Insinceridade na natureza humana quê. ao fim. e ao cabo,
tem que conter uma disposição para fins borb, como aliás tudo o que provém
/ da Natureza: a .íâbcr, uma inclinação a dissimular o$ seus verdadeiros traço*
dc caráter e a oütenUr certos iraçoü assumidos de caráter que se julgam bom
c afamados. lista inclinação tanto de sc ocultar quanto também dc assumir uma
aparência vantajosa cym certeza levou OS seres humanos nào só a se civiUsarcm,
mas cm ccna medida também a se moralizarem paut-so a passo; isto ocorreu por
que ninguém era capaz de penetrar a maquiagem de honestidade, honorabilidade
e modéstia, cada um cnconiranrfo pois uma escola de auto-aperfeiçoarnento no*
exemplos supostamente autêntica de bondado que via cm tofn*i dc ±\. Ma* esta
disposição de nos fazermos tndhurcs do que siimo& c de esternnrmm tragos dc
caráter que não potòuímoi teve uma função lao-somenic pruvisôria, por assim
KANT

dizer, com o fito de retirar o homem de sua rudeza c de primeiro ücíxá-lü aceitar
peio mcn.os as mtuieims do bem que ele conhece: mas depois,, quartdu os princí
piüs genuíno* jã estiio desenvolvidos c incorporados ao modo de pensar, aquela
falsidade tem que ser vigorosamente combatida palmo a palmo, pevis du contrário
corrornpg o eoração c nào permite que os bons traços de caráter medrem em
meiD ás ervas da minha beía aparência.
Cavsa.-mc pesar detectar exatamente a mesma invinccrídade. Jissimulaçào
e hipocrisia até nas manifestações dc pensameruo especulaüvm neste último, ao
lado de nio auferirem vanlagem aígumu. os humens st deparam com um número
bem menor dc ob^táculuh I que o» impedem de confessar, como convém, franca
e after1.amentt: os seus pen,sarnentos. Com efeilu, que pode ser mais prejudicial
aos nossos conhecimentos do que comunicarmos ate os nossos meros pensamen­
tos ião falsamente uns uos outro*. ouukarmos as dúvidas que sentimos ame as
mossas próprias afirmações ou conferirmos arcs dc evidóncía aos argumentos que
nào satisfazem nem 11 nós mesmos? Enquanio tão-somente a. vaidade pessoal
instiga estas inirigas secrcias; lo que ê epmumentc o c&so tom o& jufcos especula­
tivos. us quais nào possuem um interesse «.pecwsl c nào são facilmente capuzes
dc fornecer uma ccricta apodmcaK iü vaidade dos outros resiste ás mcwmas com
a crwserttimttfro púbhco. c as cotsaç ac* yncíiminham finalmente no mesmo desCi
no que llie* st‘ría dado, embora bem mais cedo. pelo mais puro caráter c pela
franqueza, Mas quando o povo ««mum c de opitiiào que aqueles, que sào dados
a sofismarem sutiimentc a nada mais se dedicam do que fazer com que vacilem
Os fundamentos do bem estar públiçy. purccc nào só prudente, mas também per*
miiido e quem sabe elogiâvcl. anies vir em socorro da boa causa mediante sofis­
mai do que concedei aos pretensos oponemes dn mesma sequer a vantagem dc
nos levarem ú diminuição Uc nosso tom dc vp/ até atingirmos a moderação de
uma convicção meramente prática, e de rtos compelirem a confessarmos a missa
faltn dc certòza apodítica e espcculaLtva. Com o propósito de \t manter um*
boa causa, deveria eu pensar no entamo, nào se pode aliar nada pior no imitido
do que a perfídia, a dis$imulação è a fraude. Que na pesagem dos argumemos
/ racionais du uma pura especulado ludo tcnlta que se dar lionc^taiticmc é o
mínimo yue sc pode exigir. Mas se pud&^cmus contar seguramente mesmo com
este puucü. o conflito da raiiio eypeculíuiva cm torno das importantes questões
sobre Deus. a imortalidade da Alma e u liberdade ou estaria há muito decidido
ou seria em seguida levado a um desfecho. Assim. freqiifirnemente a pureza do
caráter estü numa razão inversa à benignidade da própria causa, e esia üliima
possui udvez mais adversários honestos « honrados do que tlefensorcs que pos
iam assim ser denominados.
Pressuponho, pois. ter leitores que nào querem ver uma eau*a jusia *er de­
fendida de mudo injusto* Com re&peito a cies pode-se nomar como decidido que:,
rujgundo dü nossos princípios da critica, nào tem que haver propriamerwc uma
polemica da raíào pura quando se atenta nào para aquilo que acontece, mas
sim para aquilo que com justiça devem aconiccer, Cum efciio, etimo podem
duas pessoas porfiar a respeíio de uma cuisa cujo rcalidadu nenhuma daü duíts
C R ÍT IC A DA RAZÃO PU K A 369

pode apresentar numa cxpericiícia real ou tão-somente possível, uma disputa na


qual cada uma cisma unteumeme sobre a idéia dei>u eoi&a a Fim de exi.ra.ir dela
algo mais do que ü idéia, a saber, a realidade do próprio objeto? Através de
que meios esiss pessoas pretendem se desvencilhar do conlliío se nenhuma d«s
duas consegue tornar a sua causa Francamente wmpFccnstvel ^ ccrta. potfendo
unicamenic atacar a do oponente t; refULá-laJ* Pois este á o destino ác todas as
afirmações da razaco / pucaijà quá ultrapassam as. condiqoes de uxla a experiên­
cia possível fora da qual em parte al&uma é possível encontrar qualquer doeu
mento de verdade, mas que nàt? obstante sây forçadas a utilizarem as leis cin
entendimento determinadas exclusivamente ao uso empírico, sem as quais a>ntu
do é impossível dar um passo sequer no pen>amento sintático, enda um:» delas
Sempre expõe os seus pontos fracos ao adversário c amba* podem aproveiiarse
mutuamente das fraquezas de seu oponente.
Pode $e encarar a Crítica da Ra/;ão Pur;i como o verdadeiro tribuna] pura
uxlos os conílUos da raüão. Com efeito. nào está envolvida nestas díàpulas en
quanto voltadas imediatamente para objelos. mas foi posta para determinar v
julgar os rltreitOK da ra/_ao cm geral segundo us pririeípios de sua primeira insti­
tuição.
Sem eMa crítica a razão csiá como que um estado de natureza, nào podendo
nem fuíer valer nem assegurar aw suas c rtivindita^òcs .senao median­
te a gutrra. Em eontraparuda, a crítica, que clKga 3 iodas as decJsòe& partindo
dc ragras fundíirncntaiü dc sua própria inçnittüvãu c cuja autoridade ninguém pode
pôr cm dúvida. not> proporciona a paz de um esiadfi legül cm que níwi devemus
conduzir a? nossas desavenças senâo mediante um proçcxso. O que apj,nca a dis­
puta no primeiro estado e uma vitória d» qttaJ ambas us parto st' vangloriam.
C à qual sc segue uma pa? na maior parte das ve/es t3i>*somciiLe inse^uru. ínuau
rada por um^ autoridade mediadora; / nu segundo estado, contudo, a eorttenda
« tcrmiiutda pur uma sentença que icm que garantir uma paa eterna, visto que
aqui atinge a própria fome das querelas. As. intermináveis contendas de uma
razão meramente dogmática também nos compelem iuvalmcme a proeurur a paz
em alguma crítica desta Juvsrnw r&iao e ruima legislação que neta SC fundamenta,
Co mu ü atlrmfiu Hofrbes. o estado de naiurezu é um estado dc injusíiçíl e de
violéiicta, sindo necessário que o abandonemos pnra nos submetormus à cumpul
são da ler; esta ultima límiia a nossa liberdade exclusivamente com o fuo de
que possa coexistir com a liberdade dc todos os demais e, exatamente devido
a isto, com o bem comum.
Desta liberdade Lambem fax parte n de expormos uo julgamento público
os nossos pensamentos c aquelas dúvid.is que não podemos solver sozíjiIuís, e
(me los sem com isto sermoü tachados de cidadáos HRÍtíidos e perigosos, Islu
já é um dos direitos Originários da razão hurnansu a qual por s,uu vez nào reco’
z\liccc qualquer «utru jui2 que não a própria ra7.íi<i humana universal na ^u.il
caílsi um possui voz íitiva; t.-já que desta última wm que provir tixl» a melhora
dc ijue POiSü esiado ê capaz, um tal direito é sagrado e niiü pode wr ditrtíiucídc.
Também é muito pouco sábio censurar como perigosas certas raserções ousadas
370 KANT

nu ccrtos ataques atrevida dirigidos contra aquelas opiniões que já têm du seu
lado a aprovação da maior e melhor pane do povo. pois isto significa conferir-
Ihcs uma importância í que dc modo algum deveriam possuir. Quando ouço que
uma mente incomum demonstrou que a liberdade da vontade humana, a esperan
ça por uma vida futura c Deus nâo existem, estou ávido píira ler o m;u livro, pnis
espero que o seu talento seja capaz de me fazer progredir em meus conhcetrtícn-
toü. Já dc antemão Lenho certeza de que não fui bem-sucedido na resolução de
nenhuma destas questões não porque acredito já estar de po&se de provas irrefutá
veis destíts import^ntCi proposições mas sim porque a critica transcendental,
que me revdou todos os recursos de «ossíi razàu pura, me convenceu integral
mente de que do mesmo modo que a razão e totalmente inepta paru cheyar 2
asserções afirmativa*; neste campo tampouco e menos ainda é capa?, de saber
0 suficiente para poder concluir negaLi vamente a respeito destas perguntas. Com
efeito, de onde o preLenso livre pensador pretende tirar o conhecimento de que,
por exemplo. não extsLe um ente supremo? lista proposição situa-se fora do cam­
po dc uma experiência possível, e portanto também fora dos limites, de lodo o
conliecinicrilo humano, hu de modo algum kria aquele qué detende dogmatica­
mente a boa causa contra este inimigo, pois já sei previamente que atauará os
argumentos aparentas do outro unicamente com o intuito de introduzir cs seus
próprios; além disto. uma aparência cotidiana Jlao fornece tanto material para
novas observaçoes qunnio uma que eause estranheza e .seja engenhosamente ela
borada. Frente a isto, ü oponente da religião, que também c dogmático / a^seu
modo, dariíi à minha crítica uma ocupação que ela deseja e um ensejo para vária*
correções de seus principias, sem que com isto haja sequer mínimo purígo para
estes últimos.
Mas nao deve pelo menos a juventude, a qual cíui confiada ao ensino aeade
mico, ser posta cm guarda contra tais escritos c mantida afastada du conhccimen
to prematuro dc proposições tão perigosas utê o dia em que amadureça a sua
capacidade de julgar, ou ;inies só radique firmememe cm sua mente a doutrina
que nela se pretende fundar, a fim de que esteja apta a resistir vígormamanie
a todas as tentativas de persuadi la do contrário, venham de onde vierem?
Se se tivesse que manter u proccdimemo dogmático nos assuntos relcrentes
à fii/no pura bem como ifespctthnr o adversário de um modo propriamente pole
mieo. ou seja. aceitando o combate e se munindo de argumentos que sustentas
sem a* afirmações oposias. entào nada seria mais recomendável ti curio prazo,
mas ao mesmo tempo nada maus váo e infrutífero Lendo em vista um fo/tgo lypso
ih’ tempo, do que tutelar por algum tempo a razão da juventude e assim resguar­
da h pela menoí; temp&ruriumtntt; contra a pcrvcibãu. fotaí» quando maí.K tâidc
a curiosidade ou a moda da época Ehe abre as. portas a semelhante* cscritos,
resistirá uinda aquela convicção juvenil? Aquele que nada mais ira?, consigo do
que armas dogmáticas para resistir aos ataques de seu adversário, e que nào
sabe desenvolver aquela dialética que ye oculta ern seu próprio seio nfio menos
/ que no do oponente, ve sofismas que possuem a vantagem da novidade aporem-
se a sofismas que não maas a po\sutm. e que antes suscitam a suspeita de que
C R ÍT IC A DA R A ZÃ O PU R A 371

pretenderam sc aproveitar du sua credulidade juvenil. Acredita não poder mos


trar melhor a sua emancipação da disciplina infantil du que transpondo aquelas
íwlvertcíieiíià- bem intencionadas. ü acosiumatlo ao dogmatismo. ingere cm targas
sorvidas o vcnuno que arruina dogmaticamente us seus principieis.
Exatamente Q Contrário cio que aquilo que .se aconselha aqui é o que icm
que ooonrer no ensino acadêmico, c claro que pressupondo uma in.slrução porme­
norizada ii respeito da crítica da. ra/.ão pura. Com efeito, para levar os princípios
desta razào a se exercitarem tão cedo quanto pnssível e mostrar a sua suficitnçia
mesmo frente á maior tíusrio dialética, mma se absolu tameme necessário dirigir
os ataques. que parecem ião Ltrriveis no dogmático, comm :\ razão ainda débil
do néófíto* m«*. jú esclarecida fH:la eriLicít c perrnUír que ancorado naqueles
princípios tente testar cada uma das afirmações infuadudus do oponente. De mo
do algum *cr-lhe-á difícil fater com que desvaneçam cm névoa, e assim já cedo
o discípulo sente a sua própria capacidade dc se põf a aulvu contra tais ilusòes
perniciosas. as quais têm que perder iLfin.il todo o síu irnráter ilusório para de-
Kmbora os mesmos / golpes nuc abalem a. construção <Jo InimifLo ltm que ser
igualmente desastrosos para o seu próprio edifício especulativo caso pense cm
erigir um. o faio dc ny.o necessitar absolutamente residir no meum-u é capa? dc
detxá-lo completamenie despreocupado quanto a isto, visto que diante dele ainda
sC deseuutrui y perspeema do campo prático, unde pode l'undladumente esperar
encontrar um terreno mais sólido sobre o qual erguer o sei) sistema racional
C Sijlulüil.
líiti decorrência disco, não existe própria même uma polemica nocampu da
razão pura. Ambas as pnrj.es stb gladiadores que esgrimem nu ar e com ;ts
suas próprias sombra*, pois ultrapassando a Natureza atingem regiões onde nau
há nada que possti ser apreendido c conservado por suas-prcsîis dogmruicus Por
mais que lutem, as sombras por eles despedaçadas jú se recompõem num instante,
com» u s heróis d o WdliaUa. u Hm de ^uu possam novamente se dtvvriir na c»n
lenda incruenm.
Por ou iro lado. uimhèm não è possivd admitir a oKiaiiôrlc-i» dc um uso célico
da ruvivn pura. *» ^ual k« pude^e denominar o j.n incipio tle iwuftfíftifatíe em todas
un Mias dispu Las. Incitar a ra/ào contra mesma c fornecer armas a ambas
as partas para emàtt ussídeíj tranquila e Mimbtudríiiriente ac sclt acalorado com
bate nao c al^o muiio convcnfcme de um puniu dc vista du&rraiuiœ. revetando
anu-!» uniu indolc niatóvota C tniiçodra. No cmanto, «e considerarmos a incurável
cegueira e a gabolice dos >ofi.M:as, / os quais recuam ser moderados por qualquer
crítica, eniào reahneine não resta ouirn recurso sçnâo cuntrupor ã fanfamee de
um lado uma idêntica de outro ladu, c que repouse exut.imcrrro sobre os mesmos
direitos; o que se visa com isto é qui; « m/,àu fique peio menos perplexa com
a resistência de um inimigo, justamente para lhe despertar algumas dúvidas quan
to às .suas presurtçocs e levâ-la a dar ouvidos à crítica só que díir se completa
muniC por sáLisiciio œm estas dúvidas o ^ restringir à inLcnvüo dc recomendar
a convicção e a confissão de suh ignorância não só como um remédio que possa
cisrnr n presunção dogcnúüca. mas ao mesmo LL‘mpO também como o motlü de
372 KANT

se term inar t> conflito da razào consigo mesma, c urna tentativa totalmente inútil
e que de modo algum pode servir para proporcionai um repouso para a razão;
na melhor das hipóteses, trata sc de um meiu capaz de tiespenã-la de seu doce
sonho dogmático e dc levã-Ja a examinar mais detidamente o seu próprio estado.
Por uutro lado. já que esui maneira eética de nns desembaraçarmos de uma abor­
recedora querela da razào parece Cumo que o cam in ho mais ccrio para se cliegar
a urna paz permanente na Filosolia, ou pelo menos a estrada real que costuma
ser irilhada por aqueles que pensam puder assumir uma respeitabilidade filosóií-
ea at> desprezarem e zombarem de todaj; as inveaLi^çòcí; de.iUt natureza, julgo
nece>sárií> apresentar este modo de pensar na sua luz própria.

/ S O B R F A IM P O S S IB IL ID A D E Dfc U M A P A Z IG U A M E N T O C É T IC O
DA R A Z Ã O P U R A FM D ES A C O R D O C O N S IG O M E SM A

A cunscícncra de minha ignorância (quando esta úllírna não é concomitante-


mente reconlieeida eomo necessária), ay irtvcs de por um (ermo âs minhas investi
gaçoO*, é antes a prôpriri causa de seu despertar. Tuda a ignorância é ignorância
ou dan eoisa.s da dcEcrminuvào *-* dos limitei do meu conhccimciUo. Ora, quando
o ignorância á contingente leni que mc impelir, no primeiro caso* a investigar
liojfmaifcüitwrtU1 as coisas (objetos) e. no segundo caso, a investigar críticamend'
os limites de meu conhecimento powsível. Que a minha ignorância stíja Comudo
absolutamente necessária e me liHero portanto dc toda e qualquer perquirição
ulterior, eis algo que não pode sír tístnhcleeido empiricamente n prmir da obser­
vação. mas stm i3o só dc um i‘fcclii*tvumcnK critico mediante a svndagrm.
dus primeira* lomcs de nosw conhecimento. Lo^o, a determinação dos limites
de razão só pode ocorrer segundo íundamemo* a pricrii por ouiro latiu,
aquclil limitação dú razão que consiste rum conhecimento,. embora irulçtcímiiui
do. de uma ignoriincia jamais a ser completa mente suprimida. utmbcm pode xer
Conhecida ;t posteriori mediante oquilo que ainda nos revLa saber, nào obstante
tudo ii que sabemo.s. Aquele primeiro conliccimentu de nossa ignorância, possível
exclusivamente mediante a próprio, critica du ra / la é purismin ciência, ao [Tasso
que o segundo nada mais è dn que nmn pvrcúpçàa, e não ■é possível d im até
que ponio possam aicunçar as inferêndíiti que cicia partem. Se me represento
superfície terrestre (de acurdo cum a aparência sensível) como um pratto. eniâo
não pesse áaber até onde \c estende. No imanto, ft experiência mc ensina que.
onde quer qm> eu vá. sempre mc vcjti rodeadu |«or um espado no qual ainda
poderia continuar progredindo: portanto conheço hmiius do conhçctmcmo real
que possuo da Terra a cada momento, mas nao os limites de toda a descrição
ptvssivel da lerra, Mas se progredi o suficiente para saber que a ierra é uma
esfera e a sua superfície -ç esférica, então posso conhecer determinadamente e
segundo princípios a priori c diâmetro c. mediante este. a delimitação completa
da Terra* isto tí. a sua superllciti, mesmo que para tanto l-u paria tào-iomeruc
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA

de uma pequena. parte sua. por exemplo da magnitude de uiti grau; c embora
cu seja ignorante quanto aos objcKis que esta Miperfície possu coincr. não o sou
curn respeito nem ã extcnsàn num à mngníiude c aos limites desta superfície.
O conjunto de todo,1 » os objetos possivtíi.s para o nosso conhecimento nos
parece ser uma superficie plana 411c po.ssui o seu horiítintc aparente: 3 saber,
aquilo que compreendo ioda íi sua extensão e que foi por nós denominado o
conceito raciona t da totalidade meondidunada. È impossível atingir cmpirica
mente este último, e todas as tentativas de determina lo a priori sc^undn um
eerlu princípio furam em vào. N5o nhslante. / todas as perguntas de nossa razào
ptira R-c voltam para « que está fora desie horiionte ou. cm todOs os casos. para
o que se situa em sua linha siemarcatôna.
O famoMi Davîd Hume fui uni demis geógrafos da razâo humana que juJgoti
ter dadn suficientemente conta de toda* aquelas questòcs ao remcié-las para fora
do liurifiunti; da ra/.iiu humana, c» quül não pôde todavia dcisrminar. Detcve-sc
prccipuamcnle no princípio de causalidade, e a seu respeito observou assaz corrc-
taincnte que a sua verdude (c nem mesmo a validade objetiva do conceiio de
ntn:i ciuisa efïeienu cm gera!) nào repousa subre qualquer vjxâtï. isio û. conhec*
mciiio a priori: em ducorrèneia disto. toda a autoridade dcsia Ici nùo c de modo
algum constituída por mjü necessidade. nias sim por sua simples utilidade geral
no deeurso da experiência e eonseqü ente mente pur unia nccessidade Subjetiva
dui ürt£ináda c que ele chuma dé cnsiume. A partir dû incupacidude que a hos-su
ra/ào puijÿui de uaaroste princípio para ;t!ém de toda a experiência. Hume inferiu
3 nulidade dû tndits as pretensões dn fuicào um geraí que visam ultrapassar 0
empírico.
Um procedimento desie ûpo. submeter os f:uos da nr/ùo :i 1.1m exame e con•
forme o uaso il repreensão, pode ser intitulado censura da ra/.ào. I*. indubitável
que cïiu cctisur.i tondtu inevFlüvcîmcnic 3 dûvidtii, canina todo o uw transoeu
dental dç prrncipitis. / Sô que este? 6 uuieunicme o segunde; passo. o puai csin
longe de eoinplciitr a utreFa. O primeiro passo em a&sumos da ra/.ão puni, c
que Caractcri/ii a infância dc$tü üllima. e dnÿpmJh’ü. O iüpundo p.iîa«. hh pw«uep
mcu^kMuidu, é céfhut. lesiemunhHndo a cautcîa de umii capuddudc de julgar já
cscaldada pela cxpcricncia. Mas agora ainda se l’a? necessário um tereeiri* passo.
0 qual só pode «ir daJo por uma capacidàdc amadurecidîi c adulta de jul&itr
que lunUu cm máximas Hrmcs e île Comprovada universalidade: irata se de
submetar a urna úvaliaçao nao us Iatos da ra/àc. mas sim a propri» ra^ào sejun
do UHla $ua faculdade c aptidao p,^râ eonhccirripnios pu rus a priori. consntui
nâo a ctinnura. ma^ stni a críiicu da razão, mediante n qual são provados a partir
de principio1;, e não .simplesmente presumidos iiaiï somente as barreiras, mas
sim os limites determinados da razão, n^o n ignorârtcia rcfcrçntc a uni ou
outro ponto, mus sim a ignorância reterenie u todûs a\ questões possíveis de unta
ceru espétic^ nesie modo, para è à razào hum;ma o cciieisjiao é um local de des-
ennso no qual podu refletir sobre a <un pertjiírinuçàiO dogmáiiea e fa?er um esboço
üa região cm que se encontra, a fim de no futuro poder eleger corn maior segiiMn
Va o seu t.ijiiinho; de modo alyum çe traia de uma residência declinada a uma
estadia permanentes. Com efeito* ama Ml residência só pode ser encontrada onde
há plena certeza* seja quanto ao conhecimento dos próprios, objetos. seja qtianto
7>m í aos limites dentro dos / quais 5e encerra rodo o nosso conhecimento de objetos.
A nossa ração não é um plano que se estende indetcnritnúvdmente. cujíis
barreiras são conhecidas só assim de um modo geral; lera antes que sér compara'
da a uma Csíera cujü raio pode ser estabelecido a partir da curvatura do arco
de sua superficie (da natureza das proposições simêtícas a priori), modo pelo
qual também ê pussived indicar com cerLcza o $uu volume c a sua ddimttaçào.
Fora desta esfera {o campo da experiência! nào há nada que possa ser objeto
para a imào. c mesmn as perguntas sobre tais auposiüi objetos referem-se unica-
monte a princípios subjetivos de uma determinação completa daquelas relações
que podem se apresentar ^ob os con^eitob do entendimento e dentro desta esfera.
listamos realmente de posse dc conhecimentos sintéticto a priori. tal qual
o evidenciam oa princípios do enttnüimento que antecipam a experiência- Sc ai
guém não consegue absolutamente compreender a possibilidade destes princípios,
emào pode de inicin duvidar que nos sejam inerentes realmente a priori; mas
nào pode apresentar üsLs» eorno uma impossibilidade de se atingí lo$ mediante
ai simples forçai do entendimento, nem declarar nulos todos o,s passos que a
rüxão dá guiada pefos mesmos- Só pnde dizer que. Cí»so compreendêssemos a
sua origem e a sua autenticidade, poderíamos. dcierrmnar a excen&ào c os limitei:
?'íi ide nossa ra^ào: mas ames que isto aconteça, i unias as iifirmamões desta última
üào arriscíida.s às cegus. t: dcsic modo seria perfeitamente fundada uma dúvida
compléta quanto a toda a filosofia dogmática que segue o j,cu caminho sem uma
crítica da pr6pri;i razão; só que por causa di>t;> nâo se poderia negar ictalmemc
a razão o direito a unrj tal progresso, desde que preparado e assegurado mediante
uma melhor fundamentação* Com efeito. todos oa conceitos e íué todas as per
gumas que a raxuo pura nos apresenta situam-se não na expcriêncía* mas sim
tão somente na razão. e em virtude disto túm que poder ser resolvidos e concebi
do» se&undo a sua validade ou a sufí nulid.'idc. Também não temo« o direito
dc rejeitar, alegando xi no^sa inenpaeidade, estas tarefas como se a .su:» solução
estivesse realmente na muurcfcn das coisas, o recusar levar a cabo a sua investiga­
ção ulterior; pois por ser a única responsável pela geração destas mesmas idéias,
a ru/ao esná nu obrigação de prestar comas quanto à s-uu validade ou à sua
Ílu*do dialética.
Toda a polêmica cética eslá propriamente voliada sò contra o dogmático
c icm üorrto único objetivo desconcertá-lo e conduzi-lo ao iLLUoconhecimeuto,
pois o dogmático trilha sulencmeme o seu cariiinlio sem desconfiar de seus princi­
pes objetivos originários, ou seja. sem crítica. Em si esta polêmica não tenu se­
quer it mínima importância com. respeito ao que jsahcmos e, em contrapartida,
ru ao que não podemos sat>er. Iodas as LentaLiva* dORmátieais fracassadas f da ra­
zão sào fatos* e é sempre tki! submetè'los’ h censura. Isto, contudo, nada pode
decidir sohre as expectativas que levam a razão a espçrar e íi reivindicar um
resutuuio melhor de seus futuros esforços: a mera censura, pois, jamais pode
levar a cabo o conflito cm Lomo dos direitos da razão humana,
Já que Hume é„ talvez, o mais hrilhanie demre todos os céticos c sem dúvida
o mais importante com referenda à influência que o procedimento cético pode
exercer sobre o despertar de um exame minucioso da razão* vale a pena elarifi-
carrnunos. na medida em que c conveniente parn o nosso propósito, (» çurso
de suas inferências e os erros dc um homem lâo penetrante c digno de apreço,
erros dc uni percurso qtie certamente: romeçou seguindo &x peludas da verdade.
Hume tinha talvez presente, embora nunca o lenha desenvolvido integral­
mente, que cm jujV.y* dc eerla espccic ultrapassamos 0 nosso conceito do objclo.
Denominei sintético.* os juízos desia espécie. Como passo mediante a experiência
ir além do conceito que até então possuía, eis algo que não está submetido a
qualquer dificuldade. A própria experiência ê uma síntese de perccpçòes tal que:
o conceito que possuo através dc uma percepção è aumentado peia adiçào de
outras percepções. Sy que acreditamos ser possível ultrapassar Urnibém a priori
o nosso conccilo, e / deste modo ampliar o nosso conhecimento.. Tentemos, isto
ou mediante o cntendlmeruu puro com respeito ao ijue pode peio menos ser um
nhjpta da experiência, ou até mediante a razão pura com respeito a tais proprie­
dades das coisas, ou também da existência de tais objetos, que jamais pjMJL-m
ocorrer na experiêneiíu O nósso célica não distinguiu estes dois tipos de juízos,
coisa que deveria ter Feilo. e conr.ider«m diretamente impossível esta ampliação
doà conceitos a partir dc si mesmüs e por assim dizer a geração espomânen de
nosso entendimento (inclusive da rniào) **mi ler sidv> fecundado pela experiência.
Por conseguinte. tachou todos os supostos princípios a prtori do entendimento
e da raitão como imaginários, considerando-os nada mais dó ijuc um costume
que se origina na experiência e nas suas UHst encarava os, portanto. unicamente
como regras empíricas. isto é, contingente cm si ás quais imputamos uma supos
ta ncecüsidadc c universalidade. Mas m Fim de ler uma base para afirmar estü
üüCranha proposição, rcportou-sc ao principio universafmeme recon-hecidu da rc
lação entre a caufca c o efeito. Pois já que nenhuma faculdade do entendimento
pode conduzir-nos do conceito de uma coisa ã existência de uma outra coisa
que mediante tal resulta universal e necessariamente dada, acreditou píxler con
duir disto que sem n experiência niida temfts que possa umpliur y nt>sso curKeiio
c autorizar-nos a propor uni uit juízo que amplia a prÍ4íri a kí mesmo. Que a
luz solar,, ao iluminá lüs, / derreie a ccra ao mesmo tempo que solidifica u arjiila.
ds 0 Quí entendimento alRum pode adivinhar, e muilo menos inferir dc acordo
com uma lei, a partir dc conceitos que já tínhamos previamente destas coisas:
SÓ Et experiência pode nos ensinar uma tal lei, Rui contrapartida. vimos riu Lógica
Transecndemal que, embora jamais possamos ultrapassar imedUncmentv o con
teúdo do conceito que nos c dado, podemos cuuiluxcr luialmctuc a prtori a lei
da conexão com outras coisas, claro que em relação a uma terceira coisa, a
saber, a experiênciaposshd, logo de um modo ainda assim a priori. Logo. quan­
do a cera anteriormenie s.ólida derrete, posso saber a pfiõrí que tem que ter prece­
dido algo (por exemplo, o calor do sol) ao L|ua| sçguiu estederrcnmento seguir
do uma lei constante, embora me seja impossívd conhecer a priori c áei^rniitmda-
menic. nem a causa a partir do efeito nem o efüito n partir do eitusu sem ítpdar
376 k a n t

para os ensinamentos da cxperiênda. A partir da contingência dc nossa determi­


nação segundo a ífi, Home inferiu falüamenLe a contingência da própria ki. e
ao ultrapassar o cuneeilu de uma coisa para aiing.tr uma cxpcricncia possível
(t> que ocorre a priort c constitui a realidade objetiva deste conceito) ele confun­
diu com a síntese dos objetos de uma eípcriêncía real, a qual dc fato é sempre
empírica. Através tlLsio, no entamo. transformou um princípio de afinidade, cuji:
sílíft é o entendimento c que exprime uma cunexao necessária, numa regra de
associação que 50 é encontrada na cnpacidadc de imaginnção imiíaiiva / e só p<j
dc apresenta.r ligações unicamente contingentes e de modo algum objetiva«-
Os wrfls célicos deste pensador de nutro rru>dt> cMremamentc lúcido ini^ina-
ram sc preponçtcraiHcmente de uma dcficicncia ^Lie possuía cm comum com 10
dos os doernãtteos, zí saber, que nào abrangem MijLemaliçarnCJMe codas as cvpõck'«*
dc sinicse^ a prfori do entendimento. t om ufcíio. teria cruuo ncconhccidií, por
e\emplo e sem aqui menciojiurmos os demais, n princípio dtj pprnwiiiwcia tomo
um princípio que* uinto quunto o da çauNafidadt:. ameeipa j experiência. AiraviS*
disio lambem eslariit apto a. traçur limites determinadas à ra?ào pura c ;u> crucr»
dímento quií se amplia a priori. Mus. dc >ó restringe u nosso emenüimetlio sem
o imitar, c precisamente ao príklijítir uma descoiiíiúnva ircnctuJUadn não lomece
yuulitucr conhcei morno determinado dc nossa mcviinvd ignofãm*i:i, ví^ro que
submcie à censura nlgMjns princípio* do cínicmli mento sein o Fevarjiu lutai idade
de sua faculdade. a w;r icsiado pela balança da enlien: n;i medida cm que neg.u
uo entendimento aquilo ^uc este dc Tam tuto pode realiftif. nvançu. contesiftmio
lhe uxlo n poder de se nmpliíir :i prior í. apesar de em um avali^ão nào o ict
Jevndo cm coni:i uni sua totalidade, lío ic modo. succde fhe nejuilo que %omprç
abiltc i>ceticismo: será sempre posto em duvida na medida cm que as iuas obje
ções pcpyu^am tào sonienic sobre íaios, os quais sào oontinv.enies- c nào vobre
princípios / capa/cs dc provocar um» neçcssâria rcnüneia ao dtreiio dc Or/fr
allr ruaçõcb dugmátiç a.v
Já quü ülc t;unlxim nào conlmtv: quíilqu^r disiinçito ciUíl1 rccIapmHs fnntia
Jc:n dii cjilciidirTicnCò c as preiensóes dialciicns dr r;i/;io. poit» C uontrn ísius tjLic
modiri&cm pnmordiítimcnic as suan invcciivas. pelo fau> tk1 sev tmpclo earaciem
litlo nfjo ter sido abalado nem um pouco, mas tfn« .só temporariamente obsUiculi
zado. a ra/ão aente que n espaço para expandir **c nao está cerrado. senJu pois
impossível dissuadi-la compJcííimcntc dc suai ttniativíis, n3t> obsiante seju im
poriunada aqui ou ali. Com efeiro* contra ataques armamo-noi para a dçfcsa.
e crcsce a obstinação para fazermo* triunfar as nossas cxigências. Uina revi.^<v
cornpfcía de toda n faculdade dsi r;i/.ao. c a convicção düi rcsuliaiitc, tanto da
ccrtc/.a dc uma pequíma possessão qnanio dn vniduOc dc reivindicações mais
elevada«, suprime u.vjii n cuntotidu c a move a conicmar sC pacífiCAmvntc com
uma propriedade re.stnia. porém inconicsuu-el.
Para u dogmático acriúCü ijUé mio mediu a esf^rn dq sfu emeudiiTicnto e
nào determinou secundo prmçipios os líiniics de kcu conhecimento possível c
que porutriu» nào sabe antecipadameme o quanio pode. miLs pen^a deseobn lo
por jrrermêdiü de menis tencauvai. tíHtc-. .iiaquex cétic«is sào r^ãn pongosos.
mus cliejííim a ser laiais. t’om efeito, sc tífe c íiLin^ídi» numa única das suas as-ncr
C R ÍT IC A D A R A Z A O P U R A 377

çòca nuc nàu pixli: ju^tificíir / c cuja aparência lambém niiu ptxltí desenvolver
a partir de princípios, então as suspeitas recaem sobre iodas as suas afirmaçC^s*
por muía cunvinccmes que pí>ssítm *er.
Deste modo, o célico é o mestre que disciplina o raeionalirador ^ u n d o
uma saudável crítica do entendimento c da própria razão. Quundo chega u esLC
ponlu, nsão precisa temer qualquer ataque. pois pah,s3 a distinguir a sua posse
daquilo que se sÍLua totalmente fora da mesma: nada reivindicando deAie último
setor. também nào se envolverá em contendas por sua causa. Para ati quesloes
da razão, o procedimento célico não é em si mesmo satrsfatnrio; serve. coniudo.
como um cxcrcício prdirmnar para despertar a prudènua da rav.ão e mdicyr-lhe
Os meios rigorosos que lhe podem assegurar as suas legitimas possessòes.

SKÇ Â O í fíkC H IK A DO C A P ÍT U L O P R I MHJ RO

A D IS C IP L IN A DA R A Z Ã O P U R A COM RfiSPfcH ü AS H IP Ó T E SE S

I?i que a crítien dç nossa rai no finulmcnie nus Icz. ?v£iht:r 411c de falo nada
podemos saber em seu uso puro û especulativo. nào deveria nos ahrir um campo
tão mais vnsto para hipóteses? I*. já que não podemos allrmar. rtào nos ê pelo
menos permitido conjeturar e opiruir?
/ Quando a capacidade dc imaginação deve nào devanear, mas sim conjetu
far sob a rigtifoMi Mípcrvisão da ruzilo. emão Lurn que sempre pavuxislir :it&o
que ê dc todo çerto c nào 0 resiiUado dc uma invenção ou de uma *iinpte>. cjpí
niui>. e tal è, a pvssibiíidudtt do próprio objeto. Nu que concerne à realidade
deste objem. ê eniào perfeitamente permitido refugiar se na opimiào: ma* paru
nào ser infundada, esta optnião lem que ser conectada com aquilo que é de faio
dado e eonNequeniemenie certo enqunmu fundamento explicativo. Neste caso
cli.nna-st* hipàwxe.
Jã que não podemos formar-nos a priori sequer n mínimo cuncciio a respeito
da possibilidade da cuncxão dinâmica 1: jã que u categoria do entendimento puro
nân possui qualquer serventia para excuguur uma La! couexàu. mas si nu uniea
mente paru eompreendê-ia quando encontrada 11*1 Experiência, de acordo com
estiis categorias nào podemos idew originariamente üm único objeio sequer dota
do de uma nalureza nova e nào indicável empiricamente, Por conseguinte. mtu
podemos tomá-lo como fundamento para uma hipótese admissível: com efeito,
isto ^r£rtin<;aria prever a ra?ão dc ujuimerus vazias ao jnvçí. de fornecer-lhe con
ceitos de coisas Deste modo, nào é permitido cxenyitar quaisquer mtvas. cnpací-
íiades originárias» por exemplo um cmendimemo capa/ dc intuir os seus ohjctoü
sem n concurso dos scnctdos, ou uma i'orça de atraçào,u «m qualquer conisuu,

•" A lidição da Academia incorpora » subsiiiuiçío, prúpúda jw Hrdmarm em swts. ftdições da CnVfo,
de “ forças. Je &traçïc.r (Aruietmniíçlírsr!] por "força de uxtensiïfl^ (Aijulchnun^ti nfi). i N. dí>sT 3
373 KANT

nem quaisquer novas espécies de subslãneins. por exemplo uma que esüvesse
preseme nu espaçu prescindindo tSü impenetrabilidade: não t* admitido invcntnr.
conse^uentementc. qualquer comunidade dus suhstãiictaü diversa / de todas aque­
las que a experiência fortteee. nom uma presença outra que ruu> a no c^pa^u
nem oma durnçàu diversa da que há m.» tempo. Numa palavra: a nos«i ra7.áo
só c possível usar as condições do uma cxpcricncia possível como condt^òo da
possibilidade du^i coisa v. dc muKi alpum. Lodavja, pode por a„ssim dizer criar
semelhantes coneeiaos paru si mesma indépendant destas condiçues. fcmlwra
não umiradítôrios. estes conceitos ainda assim seriam «m nbjctu.
Como dissemo*. oh uunceiu» da ra/ào sãi.i meras idéias não possuindo em
vcrditde objeto algum nuni:i experiírneÚL muniquer: nem pur isto. coniüUu. desig-
nain (tbjcius imaginários e :u* mesmo lempo supostos com o possiveiv Os coneei
los d:i rizâo só são pensados pToblcmudeairicme a fim de que iuncícmos* en
referencia n des (cnquíinio freçòcs heurísticas). os princípios recreativos do List»
sistemático do entendimento no campn dit ex |>criertei;j. Sc desistirmos deste pro
póitUi. .são simples enlcs da ra/ío çyja possibilidade nào é dumormrãvel. e 4ue
em conKuqíicncia disto lambem nào podem ser lomadus.. através dc urna hipótese,
como fundamento parn CNpfiçsr fenômenos reais, f perfeitamente licilo pensar
;i alma tomo simples a fim Jl' lumnr. sç!g.umlo esm ítiéht umu uni Jade Compléta
e neecssnrin dc todus as iapiicUlude.s da mente. embora níio kc possa compreendê-
las in concreto, comei o principio secundo o qual jul^amo* os ItíJiõniüPos inii-cno^
d4L flhna. Ma?, ttíftor que it iilma à umu -*nb?rtânci:t simples Cum eortevilo tr^nscai
um demo! seria umíi prnposiçào 4111; nào só é índernonsi nível / (assim como o são
várias lii|H)lL"st‘\ físicas*. mas Ifltnbèm arriscada dc modo louilmeme arbitrário
c às ee^as: isto decorre du Tatu do simples nào poder dc inodn iilgum ocorrer
num;t cxpericneí;i. c se nqui entendermos por sabscâneiii u objeto permanente
tia mtuivà‘1 sensível. nào dà abxuluinmcmo purn compreender a possibilidade Ue
ucri JietuuiwH) simples. \ ra/.iio ndo povsui uuivtri/.ação alguma para suptir. como
«piriiau. emus piuamcntü intclijJ:ivcis 011 propriedades piiramcmc inteligíveis dc
CõiMis do mundo sensível. emboriL {por não >e ia eortceilu al^urn dc miíi possihili
dadü «u impossibilidade) também não possam scr doçmaticaneniu4 nc^adt»s com
hflse num ^upmli' melhor dkeernimeitto.
Para explicar fenômenos dados nào s« pode adu/ir oucr;is coisas c funda
Tnenios explicativos sc nào aqudes que Ibram conectados a estes f<;nómcno.s dit
dos segundo Ici* já conhecidas das fenômenos. Uma fiipôiese rramcertdrnrait na
qual urna simples idéia da rnzào fosse usada parn n espliençao das co't*»a^ dü
natureza. nfii> ütria. por conseguinte, uma explicação na m ^ida cm que aquilo
qtie nào &c compreende suficienremenie u panír dc principio* empíricos conhed
dos seria explieado através de algo do qua} nada se compreende. O principio
dc tima tal Hipótese rambèm só serviria propriamenie para ^aIisfaül;r íi razão,
e não para promover 0 uso do entendimento cúm rcspdtn aos objeioü. A ordem
t a eorforintclade a fins que impcíuin nu nímircia tèm ptir sua ve?, que ser explica
soi das a partir de fundamentos naturais e seeundo kis nalurai.s. e / aqui mexmo
as mais faniasUcas hipÓEescs. desde que físicas* sào mais lülcrávcis do que uma
hipótese hiperríska, isto é, o apelar para um criador divino que se pressupõe
com esta finalidade dc explicação. Com efçilo. seria um princípio da ríttào indo­
lente (ignava ratio) deixar de líido todas as causas, cuja realidade objeliva pode
ser conhecida no curso dq cxperiíncia, ptily menos secundo a sua possibilidade,
a Hm de descansar numa sim pks idéia, aíiás muito cómoda para a razão. Mas
a totalidade absoluta dos fundamentos explicativos na série das causa* não pode
cont,tilmr-se num obstáculo com respeite aos objetos d<j>mundo, puis ia qi £ estes
nada mai.s sâo do que fenômenos* defes jamais se pcxle espersir :dgo completo
na síntese dü sóric de condições.
De modo algum ê permitido nem o apelo a hipóteses transcendentais do
usg especulativo da raiSo nem 11 liberdade de recorrer a fundamentos hiperlísieos
de explicação com o fito dc suprir a falta dos físicos, em parte porque este procedi­
mento de modo al^um faz. avançar a ra7ão, interrompendo antes todo o progresso
de seu uso. e cm parle porque esla licença acaba por privá Ja de lexios o*; fruios
rcsullantes tio cultivo de seu terreno próprio, a saber. 3 experiência, Com efeito,
quando aqui e ali a explicação da natureza su torna difícil, lemos sempre n mà»
um fundamento transcendente dc explicação que nos d tspensa. daquela investiga-
çâo. / t i nossa pesquisa conclui não com 3i compreensão, mus sim com a total
incompreensibilidade dc um princípio que já foi previamente ideado de modo
a conter por necessidade o conceito do absolutamente primeiro.
O segundo requisito para a admissibilidade <le urna hipótese é a sua sufkién
cia para determinar a príori a panir dela as conseqüencias que ■»ão dadas. Se
para esta Imaiidude somos constrangidos a invocar hipóteses auxiliares. L-ntào
provocam suspeitas dc serem meras fímçôc*. pois cada uma dd&s requer ern si
a mesma justificativa que o pensamento subjueisme necessitava. e cm consequín
cia nenhuma delas pode dar um icxteirmnho dijinn de confiança. Caso se pressu
ponha uma causa infinitamente perfeita. n!k>faliam fiindamcmoH explicativos pa
ra toda a conformidade a fins. ordem e grandeza que siio encontrados no mundo:
mas quanto às anomaliun u males patentes neste último pelo menos segundo os
nossos conceitos siío necessáriav novas hipóteses para salvar aquela primeira das
t>hj«ç5c« cntaimudas poi esio?> males e anomuliiis. Se íi aiitiv suficiência simplev
dü alma humana. a qual foi tomada como fundamento dti seus fenômenos, é
euntestada pelas dificuldades deiidas àqueles dos seus fenômenos que *e as\ümc
Ihnm a mudímçxte *)c umn matéria <£mj crescimento c íi dccadènuu). então tiüniüS
que pedir ajuda 3 hipóteses que, embora nào dcsuiuTitas de vcrossimitíun
ça, nâo possuem wwas credenciais senão aquelas í fornecidas pela opiniào aceita xm
como hipótese fundamental, opinião segundo cujo enunciado terão que aluar
Se os exemplos aqui citados de afirmações da razào (a unidade incorpórea
da alma e n existência dc um ente supremo} devem valer nào como hipóteses,
mas sim como dogmas provados a priorú cmào nS» c deles que falamos aqui.
Nes^e enso* no entamu. devemos cuidar para que a prova lenha a etnoaa apodíti
ca de uma demonstração. Com efeito, pretender tornar meramente prmwvei a
realidade dc mia ideias c um inicnui lào absurdo quanio pensar cm demonstrar
tão somente como provúveí üjtui proposição da Geometria. Apartada de ioda
KA N T

a experiência., a razão pode ou conhecer tudo tào somente a priort e como neces­
sário ou nada pode conhecer; conseqüentemente, o seu juizo jamais <1 opinião,
mas sim ou abstinência de toda o Juíza ou certeza apodítica. A,s opiniões c os
juiV-os prováveis a respeito do que pertence às coisas só podem ocorrer como
fundamentos explicativos daquilo que é realmente dado ou como conseqüências,
segundo leis empíricas, daquilo que é Subjacente enquanto real: portanto, só po
dem apresentar-se na série dos objetos da experiência. Fora deste campo, opinar
equivale a brincar com pensamentos, a não ser que tivéssemos mo-somente h
opinião dc poder talvez chegar à verdade seguindo uma vereda insegura para
julgar.
um / M ai embora nas micstões meramente especulativas da ra/ão purq não
ocorram quaisquer hipóteses para servirem dc fundamento a proposições. ainda
assim são perfeitamente admissiveiS para defendê-las, na verdade nfio para o u$t>
dogmático, mas para o polêmico. Por defesa entendo não a multiplicação dos
argumentos da nossa afirmação, mas sim o ato dc fazer malograrem os conheci*
mentos ilusórios medi ame os quais o oponente pretende invalidar a nossa asser­
ção, Por outro lado» todas as proposições sintéticas derivadas da razão pura pos
suem a sejiuinte peculiaridade: quando aquele que afirmu a realidade de certas
idéias jamsiN saho o suficiente parti dar certeza a esta sua proposição. i> seu
adversário pode -saber ião pouco quanto ele pjra afirmar o oposto. Lista iguakta«
de dc destino du razão pura nfn> frmmscc a nenhum dos dois: no conhecimento
especulativo, (ornando-se assim o eampo de batalha adequadt) para rixas intermi­
náveis, Nu seqüência mostrar-se-» que, eoffl respeito ao uxtt prátiçQt a ra?-UO pos
sui o direito de admitir algo que de modo alttum estaria auiorixada a pressupor
sem argumentos suficierticft no campo du pura cspcculaçãv; pois todas as pressu
posições deste tipo maculam a perfeição da especulação, ao passo que o interesse
prático ubso luta mente nao sc preocupa com a mesma, No uso prático, pnnnnm,
;i razão tem posses cuja legitimidade não the ê permitido provar c a qual de
M,r falo também f' não csiariu em condições de provar. Logo« a ônus d i prova rceai
sobrt o opoftente. Mas jà que a respeito do objeto posto em dúvida este último
■sabe tào pouco parti evidenciar ü sua inexistência quamo ts primeiro para afirmar
a sua realidade, patenteia-se aqui um;i vantagem cm lavor daquele que afirma
uigo como um pressuposto praticamente necessário Imclier est eonditio pos«dcn-
iis).99 Fica a seu critério utilizarem prol de sua bou causa, como que em legítima
defesa, ematnente os mesmos meios que o adversário emprega para combatera,
a saber„ hipóteses: estas últimas tiào devem fth^olmnmentc wrvir para reforçar
a prova d;i própria boa causa, mus sim para mostrar que o oponente emende
muito pouco ü respeiLO do objeto do conflito para que powsa ufanar-se de uma
vantagem «obre nós no toeanie ao conhecimento especulativo.
Nu campo da razào pura, portaniy, as hipóteses só sào permitidas como
armas dc guerra e para defender um direito, mas nào para Itie servirem de funda
menu). Aqui sempre temos que procurar o npivience em nós mesmos, pois a ra/.ào

M tlhof c VUllílivSi» ÜU pDSfiCSSOt. (N- dos l -i


C R ÍT IC A DA R A ZÃ O PURA

especulativa cm xca uso transcendental é em si dialética. As objcçõeb que ícmos


que temer estão em nós mesmas. Parit fundarmos uma pix eicrna sobre sua ani
quilaçào* icuwi 4uc buscâ tas cumu sc fossem velhas. p<jrcrn jamais prescrita1 ;
reivindicações. A calmn estiiriur i apenas ilusória. O germe Jils contestações
ínsiio na rtatureza da razão humana tem que ser exterminado. Mas como / ÇKier sw
rtiiná Lo se não lhe damos nem a liberdade nem a nutrição de que necessita para
que hrote c assim se no* revete a fim dc que depesís possamos; eliminá-lo peia
raiz? Em dewrrcncia disui, pensai em objeções que ainda nào vieram â mente
de inimigo algum, e ale: cedeilhe arma» ou lhe concedei o espaço mais favorável
que possa desejar. Neste caso nâo há nada a temer, mas antes íi esperar que
obtereis uma possessão que no fatura jamais vos será contestada.
A vossa completa íirmadura lambém perleneern as hipóteses tia razuo pura:
embora arntas plúmbeas Ipuis não foram aceiradas por lei alguma da experien
Cia), ainda asstrn podem tanLo quanto as que qualquer inimigo queira lançar con­
tra tós. Pois se (soh qualquer nutro aspecto que não o especulativo) a vossa
suposição de que a naturfirü da alma é imaterial c não submeiida a qualquer
alteração corpórea sc depara não obstante com a dificuldade de que a experiência
parece provar que Utfitü ffexaUaçíiu quanto a perturbação de nossas forças espiri
luais nadst mais são quí diversas modificações de nossos órtsàas. então podeis
enfraquecer a força dcâta prova sc presumirdes que o nosso corpo nada mais
e que um tenômeno fundamcrtuil m qual. enquanto condição, toda nossa faculda
de da sensibilidade c com isio todo o pensamento referem sc no caiado atuul
(na vkla}* A sçparaçào du corpo constitui y Um deste uso sensível dc nossa capa
cidade cognitiva e o início /dt* seu usn intelcctual. CímequCttLemenie, n enrpo *n
seria não a causa, irias sim uma condição merameniti restritiva do pensamento*
e portanto na verdade deveria ser encarado como uin promotor tia vida scnsivd
e animal, mas ainda mais como um obstáculo à vida pura e aspirtiiuil:, o lato
da primeira depender da nauirc/a corpórea de modo algum provaria nlgo a lavor
de que a vida como um todo dependi; du tismdü de nossos cVjiüos. Mas podeis
ir aíndu mais longe c até descobrir dúvidas novas que rtão foram levrimadas oti
não foram suficientemente aprofundadas,
A acidenialidade das gerações, que umiu no homem quanto nas criaturas
trraeionais depende da oportunidade e. riliim disto, frequentemente também dos
suprimentos, do httmor e do capricho dos governantes e ate dos vícios, antepõe
uma grande dificuldade à opinião de que uma criatura cuja vida teve primeira
mente início em meio a circunstâncias tão triviais e completamente -entregues
â nossa liberdade possn perdurar Cvisiando por toda a eternidade. No que liin^e
k continuidade de toda a espécie (aqui ng Terra K esta dificuldade pode muito
bem ser desconsiderada, pois o que c acidental no caso singular nem por jato
csiá menos submetido H uma rej.ua no caso geral: no qui uinae a cada indivíduo,
no emanio, hem que parece duvidoso esperar um eleito tào imponente ü partir
dc caudas tão insignificantes. Contra estas objeçòes podeis mobilizar uma hipótc
sc craiiiccndcniaj: que toda a vida é propriamente apenas i inteligível. de modo nr»
algum submetida às mudanças do tempo ^ que nem inicia com o nascimento
382 KANT

nem cessa com a morte; que est a. vida nada mais c que uut simples fenômenex
isto é, unta representação sensível de uma vida espiritual para, e que todo €
mundo sensível não passa.de um simples quadrn que paira diante de nosso atual
modo de conhecimento, destituído cm si, como um sonho, de qualquer realidade
objetiva; que se devêsiemos intuir tanto as misas quanto a nós meamos fai como
são. ver nos íamos cm meio a um muitdo dc naturezas espirituais* e neste caso
a nossa única verdadeira comunidade com o mesmo nào comúçou com o nasci
mento nem cessou com a morte eurpura] (consistindo ambos em pums fenôme­
nos); e assim por diante.
Embora nada saibamos, nçm 0 declaremos com seriedade, a respeito de Ucdo
o quv prctcMamos hipoteticamente contra « ataque. c que nâo chegue a .se tratar
nem de uma idéia da raxfio* mas sim unicamente de um conceito excogífMto
com objetivos dc defesa, prueedemos aqui de um modo perfeitamente racinnaK
Fayemos isto enquanto ao oponente., que acredita iqr csgoUido todas as possibili
dades ao fyzur com que a feita dc suas condições empíricas passe falsamente
comu rnnp prova da total impossibilidade daquilo que aereditamo.s. mostramos
que mediante simples leis da experiência eis; pode abarcar cm si mc^ma a total Ida
de do campy dus coisas possíveis tampouco quanto nns podemos, fora da expe
riçncia. adquirir fundadamente algo para a nos&a rajfúo. Aquefe que dirige tais
Hov meios hipotéticas contnt / as pretensões de um oponente arrogantemente negíidor
nfio daví ser considerado como alguém que pretende fa/êdas passar por suns
verdadeiras opiniões: abandona a& tão logo tenha dado toma dits prcsunçòes
doemáiieas da adversário. Com efeito. por mai.s modesta e moderada que possa
pa-cccr uma conduta unicamente negativa c de recusa díanLc das nfirmiiçOes
alheias, pretender validar csuis c*bjeçòes como provas em lavor do lado oposíc
torna se uma reivindicação nau menos orgulhosa e presunçosa dü que seria caso
houvesse tomado ò partido dí>s que afirmam e íidouido n$ suas afirmações.
Vê-sc disio, pois. que no uso especulativo da ráStão as hipóteses nào pos
suem uma validade como opiníoe$ em si mesmas, m&s tào-somente cm relayiu
às pretensões transcendentes da pane oposta. C^rn eleito, estender os princípio*
i!a exp^riéneiu possível ã possibilidade das coisas cru ytral ê tão transwndCFUC
quanto afirmar ã reaLidads objetiva daqueks conceitos que não podem enc<mtrar
os seus objetos senão fora dos limites dc toda a experiência possiveL O que a
razao pura julga asscrtoíicamenit; tem que ser (como tudo o que a razào conhccc)
necessário, ou entào não é nada. Por conseguinte. a ra?àn purn de fato nào con­
têm opinião alguma. As referidas hipóteses c:onsistem unicamente um juízos pro
blcmâticos que pelo menos nào podem ser refutados, embora também nada çonsi
Hiu ga prová los; / nâo são pois. M,& opiniões privadas, mas apesar distn nào podem
ser dispensadas çomo recursos contra escrúpulos, passíveis dc ocorrer. sendo ne
cessarias inclusive para a nossa tranqüilidade interna. Neçta sur quatidade temos
que conserva-las, bem comu impedir cuidadosamente que aflorem enm uma suiio-

,0ir Hanenítein ( I Kí SJ «uNtilui - no qn-e í sL-guido pcl^i Ediçàc da Academia — “ k tin t" pfií "'rime'4,
d-íL-íand,- cdlSo i.i ;radução a^iru; ‘"Sã;}, puts, paras Ofilniis« pnvadú:;", ( ÏS\ düí T.i
C R ÍT IC A DA RA ZÃ O PU R A

ridaik em si mesmas £■ com uma e m a validade abaolutü. afogando a razão em


fieçòes e Fani^fimagonas-

SEÇ Ã O Q U A R T A DO C A P IT U L O P R IM E IR O

A D IS C IP L IN A D A R A Z Ã O P U R A COM R E S P E IT O ÀS S U A S P R O V A S

Dcnirc todas as provas de um conheci mento sintético a priorí, a característi­


ca. em si peculiar d«is provas de proposições sintéticas e Lrartscendentaís é
que neste caso a ra íiy não pode vokar se dirsiam unte para o objeto mediante
üs seus conceitos, n m Um antes evidenciar a priori a validade objetiva dm
üanctíitOb e a po&S-ibilidade dc sua síntese. IsUj nãu eontiiiuii meramente uma
necessária regra dê prudência., itias concerne ri própria crkcíicíji c possibilidade
das provai St devo ultrapassar a priniri n conceito de um objeto. eritâo isto è
injpijsüívi;! íjt:m o trt>MCur»o dc uni Ho condutor particular que se situe Fora desic
conceito, faa Matemáctca. a minha síntese ti conduzida peta intuição a priori.
c ntsEe caso Lodas as eiiridusõe.N podem ser derivadas inficdiísEamente da intuirão
pura. / Na medida cm que esiá k» vdIlílí Lão-súmeme com conceitos dc entendi- *n
rnento. o eonliccimcnLu transtCiWcriial tíffi o sâu fio condutor na ajíper iene ia
posai vol. A prova não mosir* que o concito düdo d«quilo (qvc aconiece, por
exemplo) cnndu?. dirs ta mente a um ouiro conceito (o dc uma causa)* poife uma
[j] passagem constituiria um *aUode mudo ulguni Justificável; aocomrário, mos­
tra que a própria experiência, e portamo o objeto da experiência. sma impos^vel
sem uma tal Conejjãy. Lo^q. a prova [em oyncumil amem ente que indicar a possi-
bilídade dc sü atingir, de modo sintético e a priori. um cena conhecimento das
coisas íjne n5n c^íivíi conliflii no eortccilo das mesmas. Sc nno conccnIrarmos
nossa utuni;uo m.ski. as prova». luE como água?. l|llc. Lrtinabordando as suas mar
pens* correm sei veemente pelas campas »fora, dirigem-sc para onde são casual
mcnlc a tr a id p e ta tendência ã associação oculta, A aparência de convicção,
que repousa sobre eciusa* subjetivas de associação e t^ue ê considerada como
o conhecimento de umn afinidade natural, não cnnscpue ahsníuíamcntc enniraha-
Ijin^ur as apreensões <$ue itrag com jg üliç-a que $£ fazer presentes acerca dc taÊ£
passos Lemcrsirioft. F.m decorrência diuio. iodas aa LentLiúvui de provtiru principio
da iÉL/.ãu sullcieiuc Unam cm vâo. vegundo a confTss-ao generalizada dos conhece­
dores; c ames do- apaieeimeiuo da críiica ironsccndcntal ■proferiu-sc, já ejue nào
se podia atundonur cs-te princípio, rteorrer üb.íLÍíiadamenle ao bürn senso íum
cxpciiieinç i|iae / pryva w:nipre o desespera em que se encontra a causa da razào) bi:
a tentar arquiçclar novas provas dogmáticas.
Se. tio ensanto, a proposição a provar ê uma asserção da razão pura e sc
pretendo ate ultrapagar os meus conesiios da experiência ni^díaiue puras ideias,
entslo e bfiTn mais neoe&tário que esia proua contenha an si. camo tema condição
nccessáriíi dc sua for^a demonstrativa, a justiíleaiivü tic um ya\ passo da simese
KAN T

<caso sqja possível >. Conseqüentemente. por mnis verossímil que lambém possa
parecer ú suposta prova da natureza simples de nossa sLihMímeta pcnsnme a par
tir tfa unidade da apercepção. delronFa-se inevitavelmente com a seguinte dificul­
dade: já que a simplicidade absoluta nàii ê um conceito que possa ser imediata­
mente rderido a uma percepção. mas que tem que ser tãy-bomente inferidactimo
uma idéia. iuio se p^níc absoluíamente compreender como ;i mciü consciência
que esiã ou pelo menos pode estar coniida etn tudo o pensamento, embora seja
nesta medida uma rtpreseruu^ào simples, deva tiHmJLi/.rr-mc i eonseiüncia e ítft
conhccimcnict de uma cui^ji tta quai tào-somente u pensamento pode eslar eunti-
do. Cíim deiiu. quando me represento ^ força dc um corpt» cm movimento, nesla
medula ole é uma unidadç absoluta para mim e a representação que deJe possuo
é stitipies; por uodstíjnujnic, também po.Vi« expressar tsia representação pelo mo
vimentv dc um ponto, pwi o volume do corpo riiio entra. em consideração aqui.
podendo-, sefli se diminuir n lorya. ser peimdo i.io pequeno quanto ,mí *4 uuàr:i.
vak di^un» / até mesmo como Mtuado num ponlo. Di-Stn. no entanto. nã<) conclui­
rei que» easo rtaii;t mars mu scj:i «.lado du que a íV»r«ço- muloru dc utu ourpti. esie
último possa ser incisado comii uma substância simples | tào somgnlcj porque
a sua rçprcfWiuação. abstraindo dc lodo o seu volume. c simples, Hescubro um
pynilogismn nesta argumenuiçíio ps lo fnUí do simples na übstfação wr eompleta
menu: diverso do simples tui objeto» e dc; "cu'\ quu no primeiro sentido não com
prcciute tv>í si multiplicidade alguma, poder ser um e<mcdu> altamente complexo,
a sabor. coJiler e designar uiuitiis coisas sob cj seu romlo. quando «ugnificu a
própria alma. Só qu< paira premem irmos Chlt- puralujiismo (pois sem umti ml
suposição prévia de modo al^um se '•us^cilaria dc;,cn provui ê ataoluianicntc
necessário ter ;t mào um critério sempre viytínie da possibilidade ik tai* pmpofti
ções sintéiicas que devem prjjvar mais do que u experiência pode dar. hste erité
rio consiste cirt dirigir a prova no predicado requerido »riu dircumenic. mas sim
ia^ somciuc medianic um principio da possibilidade de estendermos A priori o<s
nussos coneciuvs d:tdos a ideias, e dc rvivVi/.am-io.s çst;^ iilünraí>. He usarmos fecm
pre dcsia eaumla. w antcb de anuirmos 11 pruva uonsullarmos snhiiirtiéiite
pwra saber cinnu v com que íwidaincilUi se pode esperar uma tal cimpJiaçiio atra
viii da ra/iiii pura. e de imde preieiidemt^ nesjc taso retirar esiex eonhccimcnii:«
/ í^ue iw> podem -str iti:ni desenvolviJu:í u parijr dc amcçiuis nem jiiileeipTukJS
com rdvreiKia a uma experiência possiveí, pinlemo^ poupar nos inuhoü esforços
pe^ftdti!» e ainda a^sim infrijLÍÍeroh da rticiJidLi em que ou não exigicnus da ru/So
xtlyo quí* 3 olhos vinio« ulirapn^n u n u » faculdade 011 a *jubine[cmi>s li disciplina
da fibsimOneiy qmmdo nàu quiser üe bom grado se limitar nus sua* veleidades de
ve estender ávida c impuUivJimcme na especuEavào.
A primeira re^rst é, porumto, a Ni^uinle: nno icniar provai Lianseendentaisi
sem untes ler rtilciido. c su justificado quanto a isti>, acerca da origem dos prineí
piõs si»Pro quais se pensa crjgi-lus. e com que direito se pode deles esperai
sermos bem sucedido;» cm nossws irtferéneias. Casn irate de princípios do en-
tenJm5eniu (o da causalidade, por c\cinplo), prtx:ur;jr-sc; â dchahlc ^hej»Hr ás
idciiis d’4 razão Tuim por ít*u intermédio, pois utii* prtneípiua valem ajHr‘Uiis píira
C R ÍT IC A DA RAZÃO PU RA

os objetos de uma experiência possível. Caso só trale de princípios da razão pura,


iodo o labor coniinua sendo em vão, pois embora a razão os possua, estes princí­
pios enquanto objetivos são dialéticos em suü tolalidn.de. c ejn todos Ob ca^OS
só podem ler a validade de princípios rcgulatívos do uso sistematicamente inter
conectado da experiência. Mas m: já atilem lais supostas provas;, emão podeis
corUrupor à persuasào enganosa que deLas emana o iion Siquct de vossa amadure
cida capacidade de julgar. / bmbora não podeis penetrar a ilusão que as anima. sjjs
tendes pleno direito de exigir & dedução das princípios usados nus mesmas; se
estes príndpins sc originam da simples rurao, esta dedução jiimaís pçvderã
i£f fornecida, Deste modo. nem c ncccssário vos ocupardes* do desdobramento
e da refutação cie cada uma dcsUm ilusões infundadas* pois podeis dc uma só
ve?, rejeitar nu mieRra esta dialclica com iodos 05 seus inelutáveis artifícios
sc a submeterdes do tribunaf dc uma razão crítica c cxigjdorade 3eit>.
A segunda peculiaridade das provai Eríuiscendcntais é a seguime: psira cada
proposição transcendental pode ser encontrada apenas uma única prova, Sc devo
inferir nuo a parlir de cunceitos. mas sim a punir dy irtluiyão que corresponde
a um eonceiio, seja uma ínmiçào pura como na Matcrrtãtic:i ou seja uma empírí
ca como na Ciência NaiuruJ. entào ã intuição que me serve de fundamento para
tal infcrcnciíi me fornece um mulcriul víiriesado pura proposiçòes sítiLélictis: pos
so, de um lado, eoneciar cmc material de mais d^ unia maneira c. dc outro, atingir
a mesma, proposição por diversos caminhos na medida cm que me c facultado
pamr de m&is de um pwuo.
Por ouiro lado* cada proposição iransccndcnud parte c*clusivam cnic de um
único conceito»e exprim i a condirão simêUca dii possibüidade do objeto segundo
este conceito. Portanto o argumento só pode se:r um único, puis fora dcsíc concei
Lo nadí» mais existe air.ivés do i^ue o / objulo po:&u ser determinado; cm dccorrirt * 1c,
cia disto, a prova nada mais pode comer do que a determmíHíão de um objeto
em geral segundo este conceito. u qual é um único, N a A n alílica Transcendental,
por exemplo. derivamos 0 principio de que Loda a ocorrência possui uma causa
da única condição da possibilidade objetiva dc um conceito daquilo que ocorre
cm geral, n síiher, que y i&icrm inução dc um nvento no iciupo. c poriamo Ucüíü
evento enquamo pcrvencenie à experiência. seria impostsive] sem ejunr subsumida
.1 uma luI regra dinâmica. Este também é o único argumento possível, pois so­
mem« mediante n faio de que. através d;i lei da causalidade, se determina um
objeto para o conceito c que o evento represe nuido possui validade objetiva, isto
é, verdade. Tentog-sc proviir eüte princípio de diverso^ outros modos, por exem­
plo íi parLÍT d;i eoniigerLCia; só que ao examinar esm pm va nào podemos desco­
brir outra marca distintiva de contingência du que 0 acontecer, isio é. a existência
precedida de uma inexistência do objeto, e em conseqüência retornamos sempre
novamente 110 meímo argumento, Quando devemífe provar a propo^çào de que
mdn o que pen^a é simples, não ni>s detemos lw múltipJu do pensamento, mas
sim unicamente no coneciito de cu, o qual ê simples e ao qual é referido todo
o pensamento, lixaiamamc o mesmo ojorre com a prova transcendental da exis
tencia dc Deus, a quul repausa cxclustvamcntc aubre a reciprocidade / dtw con sn
KANT

Ctítioí do trUe mais real e dc» cntc ncccsüário. í1ik> podendo ser cncoturada alhures.
Cum esta advertência. a critica (ias allrrn ações da r,?/ãn torna slc hasLante
redu/ida. Onde a razão conduz o.s seus ncsòcíos através dc meros conceitos
so resia a possibilidade de uma única. prova. *c ê que alguma é possível. Em
dccurrència disiç, quando se vê o dogmálícn entrar cm cena cum dra provas,
pode-se crer com segurança que n;lc> possui nenhuma. Com efcliu, se livesse unut
que (como tem que ocorrer nos assuntos da razào pura) provasse apodictcamente,
para que necessitaria dai restanLe.s? O seu único propósito c o dc dirigir, tal
como aquete advogado parlamentar, uru argumento para cad a interlocutor: pre
tende com sstu aproveitar-jn: da dehitidude dos jiii/cn que. sem dclcrcm mais
demoradamente. escolhem a primeira coisa que thes cai í>ob íís uthOi-, decidindo
de acordo com n mesma sò para se verem rapidamente livres d;» questão.
A icrectra rep.ru peculiar da ru ià u pura. toando se submete a uma disciplina
rcfcremc ãs provas iranscendcniids. ô a sctuiinre: as suas demonstrações tem que
hlt nunca apttgvgicax, mas sim sempre ■rjsreiMfrui’. Hrn Loda espécie de conheci
mcnlü. a prova direta ou ostensiva é aquela que combina ao momo tempo íl
convicção da verdade cóm o conhecimento tlc suas fontes: a apagó&icD. ao con
trano, pude produzir a certeza. mas não n eumpreensibi lidado da verdade no
locanic a sua imerciinexào com oa fundnm^rups dc sua possibilidade. / Consc
qícntcmcnic. íis provas upagógicas constituem untes um auxílio de emergência
do q w um procedimento capai dc Miiisfazer todos os prupósilos da ra/ào. Quart
lü á cvidcncía que proporcionam, possuem nfio obstante uma vamagem frente
uh pMvu* Jiro ius; nu represu iia^ao a contradirão senipn: Ir. 1/ consigo urna ckirtf
/a niíiior do que ;i melhor cnnexáo. c dejfte modo se npronimu mais tio caráter
intuitivo dc uena dem onstrado.
A causa propriamente do uso dc pmvuh npugógicus em divcrMiS Ciências
c provavelmente a sc^uinie: quaildo aj» ra/,ôcs das quais ?a deve derivar um cerni
conhecimento sào demasiado numéricas ou esüiu muilo profundamente ocultas,
tenui ve ver se è possível nk.in^ar este conheci mento jn/avi* das consequências.
Ofa. o modus ponetis dc sc mferir a verdade de um conhecimento a pnrtir da
verdade dc »na« ctin.seqiiciicias só seria pcfmíikU> «os casos em quC todas as
suas possíveis conseqüências Ibsscm verdadeiras: poinentão é possível uma única
ra/.ân par?j que i^to suja a*sim. e portanuj lambem c a verdadeira. No emanio.
este procedimento é impraticável, pois eomprcendej iodas as conseqüências
possíveis de qualquer pruposivào aceiia e aJeo que ultrapassa as nossas lorça*;.
Nào obstante, utiliza sc L-sx<y modo de inferir, se f-M^n que cura uma ccria íudul^én
eiu. qiiand<» ±>c trat^ de provar aljio unitaineiUtr c«nio hipótese. Neste caso. a
mforènctít e eoncctliib por analogia; quando lanias cònscquêjicias quanias
as por nós examinadâs concordam com uma razão ncciia, t^idas üemais cnn^e
qiicncias possiveis hão de concardar com a mesma. f. por isto que. por este /
camaiho. jamais será poüüivel iranujtbrmur uma hipótese numa verdade demons­
trada. O irkídui lüllens dos siloe;Í3i[nuj( que concluem dus conseqíienebs às suas
ra^i>es prova dc um niudd nâo só eompletamentc rigoroso, mas lambèm e.xírema
mente fiiciJ. Com eíeitu. se se pt<de tirar uma única consequência falsa dc uma
C R ÍT IC A D A R A Z Ã O P U R A 587

proposição, então íaLa üJlinia é falsa. Ao in víi Uc percorrer, numa prova, oatcrisi-
va, ioda, a síric tta razoes que podt: conduzir n verdatte de ueti conhecimento
mediante a compreensão completa de sua possibilidade, basta dcscobrir mm úni-
conseqütn^iü dciiire aquelas que fluem do oposto deste conhecimento
para evidenciar que eüic opúsio Lambém é fulso. c portanto verdíideico 0 conheci­
mento ljüí; linhamús que provar.
O modo apajjugi.ee. dc provar, nu émiiííciiía sõ e admissível i~ijís ciências em
que é impossível que aquilo que ê subjclivo cm nossas representações sílbsiitüa
etigwwsaftwtui: aquilo quu é uhj^iivu, uu üeja. o coaihecimeiUü daquilo que è no
objeto. Mas onde predomina esta subsliluição. Lcm que ocorrer freqüentemente
que ou 0 oposto de uma cena proposição coniradíz tão somente as cumliçocs
subjetivas do pensittflüiHúi m&i, não ao objeto, ou que ambas as proposíçoesi sís
cõnLradfztím uma ã ouUa cum base numa condição subjcüvti fâlsamefitcr cnnside­
rada ■ubjeiiva: pelo Fato da uondiçào ser falua nesie último cano. ambas as propo
siçoes podem ser falsas, sem que Síjíi possível concluir án falsidade dc uma para
a vurdade da outra.
/ Na Maiem átiea £sta sub^repçâo é impossivet; e nesta ciência, porta tuo, jí:g
que íis p rovia üpagògicas p o lu e m o seu lugar própríc). Pelu fnln de ludo fundar
se inmtçüeit em píricas na C icncia Natural, c aqui na m a b r paric üus ví-í«
possível evitar jquela sub repção medi anu; muita* ubservaçõc* comparada:*; cate
tipo de prova no entanto ü quase sempre irrck van lc ticsic douuruu. As icm auvas
;r^r‘5.i:ciWiínLaÍ> da, ruzão pur&. lodíiviii. s;I<j iodas futta* duntro do médium pró
prio da ilusão dinlíl3C£, rtu soja. do Subjülivo. qui: cm p r e m i a s só oferede
uu itte sv impõe curruíobjutívu à ru^fiD- N o que sv rdere ã* proposições sintéticas
nâo pode ;ihsolutumente ger permitido aqui jystifujyr suí* afirmações íUMvcs
da refutação do oposLu. Com eleiiu. ou cs Lu refutução nada rtni ts é do qu i j
simples reprcscntaçao do confia lo da opinião opo&Lü corri ;ls condi çoes vubjcüvas
de comprcensiibiliditde através d« nossíi razão. em nada contribuindo p;ira a rojei-
çào da própriiL coisa — aswm como. por exemplo, a neetrssidadc íncondíeiíHiradiL
na c5iisictn:ia dc um en(c nâo pode [shsniuumientc sor contprcendida por nós,
o q ijl: to n i fu/im sü opõe nubj^livafntfíit* a ioda prova espteuhjiivji de um tiite
supremo e rtece&sário. mas também s=e opòe sem ra/âo ã possibilidade dc um
tul ente originítrui em si mesmo Lou então ambílí as partis, rímto íi q w aFlrnu
quimU> u que ncgü. lomain como fundamento um conceito inifnissrvel do ubjclü
ao. í.crern kidibri;idos pL'|g. ilusão transcendonui], ./ N cslc cíiso vtik :i seguinte p?i
r^nra; tton ^iuis nuU« íu h l p ra c d ic a u ;,ín uu .seja* ultuu cj yuc sc ynuncia itUrma*
li vãmente quamo o que sc eiiuncioti negíii.i:Vi.LEne-iHC ú^crLit do nbjctu é iriciirrctii«
c nao üü p^nJe uhcgíir apatosicam t;ntt, meüianie a refutação do oposto, ao conlie-
cimentü da verdade. Deste moda. quando se pressupõe, por cNempío. qutr o mun­
do üCnsiv^l è díido em si mesmo ^cgundü a sua íoiaEidiade. è falso qye lenha
que i^r ou jn finito mt llniío í; limitado quanto ao espaço, c \m> pnrquc a ehbas
as íitiernativíis. são Ijilsâ^. Cnitt eilti ií"i, Ibnõiiicno-s (CnquísriLo mertíü reprcbjnla

' N ilo Tisl p re ^ ica d íi ü jj (lãn- ciiM'. [ N . Ltüh ] J


m K.ANT

ções) que fossem não obstante dados em si mesmos (enquanto objetos) seriam
algo inipo.y>ível; a infinEuide üuatc tudu imaginário cmamemc seria íncondicio-
naJii. rna-s contradiria (já que tios fcnõmcnoa tudo é eorididonado) a determina­
ção inccmdicionada da magnitude, a qual é porem pressuposta iw conceito-
O mudo apagògico de provar também c propriamente 3 ilusão que sempre
entreteve os admiradores da mêtíeLiEosâdade dob nossas pensadores dogmáticos.
Ele ê coinu que o campeão que pretende provar a honra e o direito incontestável
da partido que adotou oferecendo-se para brigur com Lodü aquele que queira
pôr cm d Dvida esta honrü e este direito: apesar disto. tais lanfarrices nào rcwl
Vem nada quumo à coisa, mas lão-somerue quanlo ã resp-ectivu força adver­
sários, c 1-Sto aínda usuim só no que d ii rcspciio aos agressores. Na medida cm
ui: que vêem que cada um / c ora vcnccdur ora derrotado, os expeetadores tomam
ir>içi frçqücntemente conto um motivo pmn* ceticamente. purem cm dúvida o pró*
priu objcio da disputa. Não hã. todavia, razão para canto, o basta bradar lhes:
non defensortbus islis tempus cget.,ü:' Cada combatente tem que consolidar o
seu ponctf de vIsLa diresíimcntc, isLo C. através. du uma prova IcgEiimu Condu/Jda
mediante uma dedução transcendental dos argumentos. a fim dc que se veja o
que a.s suas pré tensões. racionais podem alcear a seu favpr. Com efeito, caro
o seu oponcruc se bastln sobre ranõ« sybjctiv:is, ccíWauenU; é fáei.1 refutá lo.
Isto. no entanto, nào constitui uma vantagem pura o dogmático, pois eomumente
este também adere a> causas subjetiva* do juízo, podendo iki mesma forma sur
acuado por seu adversário. Míis se ambas as panes procederem apcníis dirern
mcntií, iiritSo ou perccb-erào eüpojHnncaniünçç: a dificuldade e íitê a impossibilida
de dc descobrirem o título que Legitima ns s.uas íisscrçocs, podendo cifina! repor
«ur se unicanicnic à pream^ào cum« instfinció dcciüória. ou a crítica descubrirú
facitmcmc a ilusão dogniaLica. cortsuangendu a ra;caw pura a abrir inüu de ümüíi
prcicnsõcs demituiado elevadas no uso especulativo e a se retrair para dc.itro
dos limite;» dc seu território prõprio.a saber, o dos princípios práticos.

/C a í '11 11 <>S j í .L NIM i lí.v l> n t KIM \ T k AM.NÍ I.NUI N I AI DC» M t|O L> í)

O cãntm da riuuo purst

C Iiumilhante para a ru/ào humana que nydy, constgíi em seu uso puro*
t; 14uc ate ncoütôíte ainda dc uma disciplina para reprimir os *.etis excessos e ^uar
dá I« fuiitra as ilusões que disto resultam. Só que. por outro lado* 3 ra?,àu ê
enaltecida c reßohrn a iua uiu<iconfiança pelo fato dc que ela mesma pode c
íçm tyje excreer Cila disciplina sem admitir uma outra instãncin censora que
lhe seja superior^ altirn diwto, 0.5 limites que foi construntilda a impor ao jícu u.so
ciptícul-ativn rcitringem, ao mesmo tempo, as pretensões üofísttcas de todo opo-
ucriLe. podendo porwntü assegurar contra quíu.squer ataques tudí> t> que ainda

t113' Nàn faltu Ismpi'i pari ííit-.s Je tensores. <M. dn*. i>
C R ÍT IC A DA RAZÃO PURA 3B4

possa restar lhe de suas exigências anteriormente exageradas. O maior e talvez


único provei Lo de unia a filosoiia da razão pura, c. ptvis. tào somenie negativo:
serve não como um órganon p;tra ;i ampliação. mas tim como uma disciplina
para a determinação de limita, é em ve/ de dCMiobrir verdade só possui o silcn-
cioso mérito dc impedir erros. ■
Ainda <±ssim Lem que haver. em algum lugar, uma fonte de eotihedrnenios
positivos pertencentes ao dominioda rav.ão pura; tuhez ó só por um mal-enLcndi
do que / dão azn a erros, perfa/endo dc faio. ny entariiii. o objetivo dos eslorçoi
züUjsiw da razão. Com efeúo. a que Câusa dever se ia imputar dc outro modo
a ansía indomável dc tomar pé ílrmc em e&feras que ultrapassam dc todo ou
limites da experiência? A razão pressente objetos ijue kg rcwstem dc um grande
iniüreüíítí para elti. Httceisí o caminho da MtitpÊes especularão sc aproíitmar
destes objetos; estes últimos, no enlanio, se esquivam dela, Presumivelmente po­
derá esperar melhor sorte n:i única stíiida que a mela lhe rcslü.. a sabür. ã do uso
prático.
For uni cánon entendo o conjunto dos princípios a priori do uso correio
dc certas íiicuIdades dc conhecimento em ^cr;il. I>c;sic modo. a lógica g.erat em
suíi parle analiticii constitui um L-ãnori paru n çmcúditnaUo e ;i tu/.àn cm jicral:
mas >õ è quanto à JufUia- poas abstrai dc todu o conteúdo Assim, a Analítica
I ninseendcnml cm o cânon do wtHttieíttufrtto puío, pois cxclusivamcmc este úUi
mo é capaz de obier cunhueimenios sintéticos a pnori verdadeiros. Mas onde
nào é possível o uso correto de uniu capacidade de conhecimento, não há cânvn.
Ora. todn o conhccimcnio simciico da razão pura em seu uso especulativo c.
setLundo todas ai provas aie agora levad:is a cabo, (oialmcnic impossível. Logo,
iuto exi%Le qualquer cãiton do uao cspecuhuivo da razão l.poih c*ttf ê triLciru mente
dialético);, üob esie aspecto, ioda j Lógica I runsecndcncal nada mais c do que
uinu disciplina. CunscqúciUcnicmc* se liã / aljíuin uso correto itu razão pura.
caso Sm que lambem deverá haver um crinnn da mesmíi-. <*sic último relcrir se u
não ao uso especulativo, mas sim ao uw pruitco tíu m :àa. fi portanto este que
passaremos a investigar a^oru,

SüÇÃO lJ R IM H K A DO C ÂN O N DA K A Z à O P U R A

DO HIM Ú LT IM O [>í> USO PU R O D E NOSSA R A Z À O

A raz;So é impelida por uni pendor cjç sua natureza a ultrapassar o uso
da cxpciiiirioia e a sc aventurar, num uso puro c mediante simplc. idéias, ati
ns limiics extrunios dti todo o conlieesmenLO. bem cromo ã rtfio encorurar pa/.
antes de atingir a amjpleiude de seu círculo nurri uulo sísLcmáiico e iiuío suhüis
tente. Esie empcnlio lunda se eío sumcEitc Mbrc o seu interesse cspceulaiivo nu
anicí; única c excIusivamcntc sohre o seu interesse prático'1
Quero agora pôr de la(3o o sucesso que u razão pura obtém em « u í proposi
590 KA N T

tos especulativos c perguntar só por aquelas questões cujas soluções perfa?.em


0 seu Hm ultimo, quer o alinjn ou nic, e rti> toeante ao qual iodas a& dcimais
km» só possuem o valor de meios. Secundo a natureza da razào / estes Fins suprumns
terão por sua ve* que possuir unidade, a fim de puderem conjuntamente promo­
ver aquele interesse da humanidade que não se subordina a nenhum ouc.ro supc
rior,
O propósito último para o qual conflui, enfim, a especulação da razão em
5cu uso transcendental çimuerne a trê? objetos: a liberdade da vontade, a imortaJi
dade* da alma e a existência de Deus. Nu que seVdere a Iodos oí irês. o interesse
meramente especulativo da fflírác c bastante diminuto: tendo-o em vista, dificil­
mente arear-se ia com o trabalho de uma investigação transcendental, trabalho
fatigante a lutar com obstáculos incessantes, pois de tudo o que fosse po*.sívq|
descobrir a este respeito níio poderíamos fazer um uso capa? de provar se a sua
utilidade ín concreto, isu> é. na ínvesLigayão dit natureza. Mesmo que a nossa
vontade seja Eivi*^ isto só pode dizer respeito à causa ímdieívd d« nosso Ljuercr»
Com efeito, tio que se refere aos fenómenos em que se exterioriza* ou stja» às
suas açoes, ternos; qtie explicá-los* .secundo uma máxima fundamental e inviolável
sem a qual nàu p ie m o s empregar a razão cm seu liso empírico, da mçsma forma
como explicamos tmios os demais ienômetios da natureza, a üaber, secundo as
leis imutáveis da mesmíL, Km segundo lugar, mesmo que lambem possamos dis­
cernir a natureza espiritual da alma (e com esta a sua imorudidade). nào podemos
nr disto lançar mão como um fundamento vxplicaijvo nem / com respeito aos feno*
meu oi íicsin vida nem acerca d:i natureza específica do es:adn futuro ; isto oeorre
porque o nosso conceito de uma iiaLurcia ttioctrporca e meramente negativo, nào
podendo nem amplisir no inínimn o nosso conhecimento num fornecer algum Cfr
tofo prestável píira a extração Je outras conseqüência.s. n nãa ser aquelas que
só podem ter o valor de fievoe.s e que portanto não sào admitidas rtíi Hlnsofia<
£m terceiro luiutr. mesmo que a existência de uma inteligência suprema fosse
provada, % partir disto poderíamos tornar muito bem compreensíveis, de um mo­
do geraJ. o finulismn na disposição c n;t Ordem do mundo, mas dc modo ídgum
estaríamos autorizados a derivai* de^lu eXEStência qualquer arranjo ou ordem par
ticular. nem a inferi-la temerurúiTneiue onde não é percebida; pois 0 uma ret?ra
neeesiiáliü do u.so especulativo da razào nàu desconsiderar as causas naturais
para. rertunciandu àquilo a rcspcilu do que podemos ser insuuiíios pela cxperieiv
cia., derivar algo qtte conhecemos daquilo que ultrapassa totalmcnie o nosso eo
nliedmenuv Numa palavra, estas íris proposiçíie*. serão sempre transcendentes
para a raxào especulativa* e nao possuem qualquer uso imanente, isto é, admissi
vcl para os objeíos da experiência» e portanto proveitoso de algum modo para
nús; consideradas em si, nãó passam de esforços rotalmenic ociosos de nossa
ràzSo. c que além disto lhe sào exlremíimcnte onerosos.
lim dccuirenda disiu, Jte CStâs três proposições cardinais nao nos sao abso­
lutamente necessárias para o saber, e se noss são nüu obstai:te insistentanetue
Jib. recomendadas pela nossa razão, a sua / importune ta tem que di/.ci propriamente
TcspeitL) só iio prático.
c r ít ic a d a r a z ã o p u r a 391

Prático c tudo aquilo que é possível através da liberdade. Mas sc as condi­


ções para o cxercício de nosso livre-íirbátrio são empíricas, emão neste caso a
razão ntto pode ter um ou iro uso que o rcjjutativa. servindo unicamente para
efetivar a unidade das leis empíricas. Assim, por exemplo, rm doutrina da prudên­
cia toda a ocupação da razão consisti; em unificar todos os fins que nos são
impostos por nossas Inclinações num único fim. o da feíicidadc. e ein ca ordenar
os meios de alcançá-ki, Neste setor, pois, a razào não pode nos fornecer senão
leis pragmáticas da comportamento livre pura atingirmos os fins que nos sào
recomendados pelos sentidcis: de maneira alguma pode, pois., munir-nos de lei?
juiah determinada* complelimiente a prrori. Em contrapartida, as leis práticas
puras, cujo fim fosse dado completamente a priori pela razão c que nos coman­
dassem de maneira absoluta t não empiricamente condicionada, scriítm um pró
duto da razào puni, Tais sào as leis morais, e portanto só estas pertencem ao
uso prático da raxão pura 6 admilem um cânon.
tm conseqiié])d±u na elaboração daquilo que poderia denominar se Filoso­
fia pura. Lodo o equipamento da razão está de fato unicamcnte dirigido para
□a irás problemas referido*. Fslcs mesmos no entanto. po.^nem por sua ve? tim
propósito mais remoto, qual seja: o que :>v deve fazer caso a vontade seja livre,
caso exisLit um Deus c um mundo iuiuro. Ora, já que isto se rcfcrí / ao nosw
cumporta mento com visus ao llm supremo, então o propósito último da sábia
o próvideme naturc*íi nu constituição de nossa razão estii propriamente voltado
só para o morai.
J;i que Cocamos a nosw atenção sobre urn ohjeto estranho ;i Filosofia trans
cendíitital.1C3 impòem-sc cuidados para que rtjic nos desencaminhemos em epi
sódios c com isto firamos a unidade do sistema; por uutru lado, também devemus
te los. comra a fatui de clareza e de força persuasiva resultantes dt> lato de se
dizer muito pouen a respeito de uma matéria nova. Rsparo evitar ambos os peri
gos mamcmlo me o mais próximo possível do transcendental * pondo inteiramen­
te de líido tudo o que ntísta questão c de caráter psicológico, isto é, ctnpírico.
Cumpre primeiramente observar que doravante empregarei o eonçeito dc
liberdade kú cm seu scniidu prático; na medidu cm que loi tratado acima, porei
de lado aqui esse conceito cm scll significado íranscendental, o qual nao pode
ser empiricamente pressuposto como um fundamento explicativo dos fenómenos,
mas / consiitLLí ele mesmo um proMcma pitra a razão. Um arbítrio ii puramente
anim al (arbíu ium briuum) quando não pode svr determinado senão mediante im-
puUoi sensíveis, ou seja, pafofagic-amenfc. Um íirkíirio. porém, que pede ser dtr-
termiiiado independente de impulsos sensíveis, e porran&o por motivações que
só podern ser represenuidas peEa razão, (;hama-se iivre-arbiiria íarbítrium libe-

iC! Todo«, í » tunceiüiü práiicoi icm a ver com objetos dü jy a ílú ou do desagrado, isio é. tfu p m e r <
do desprazer. par CúitMgutnte,, pdo mciiüi índirçamenie eam <>bjeTOS dú nosso Mrniimenia. Entrc^rtío. v.isto
l|ll£ csle não é iirns capacidade de rcp'ív*ri<3CÉt-' dâs cnims, m ai as fiva J 31 inteira capj^iJajür* cogmciva.
lassim todos os íIõh ífU íb dos noisús juizos, pa mcdtda cm que kc referem ao prazer ou 4u d « p ra iíf <
p<lrLanto á filnsíiriji prácici nS«i pírtçncHm ao corijmiiü cíji fllc>$ofia Lrutiacífldci.iiil, ijue tem n vee apenas
ci>m conbccimcntoí purcjs a prion.
KANT

rum), c tudu o que hc intertionccta cum este uliimu. .seja como Funtlamenio ou
seja eornci conseqüência, é denominada prático. A liberdade prática pode ser pro­
vada por expcrrcncia, Com efeito, o arhúriu humano não c determinado só por
aquilrk que estimula, isto c, afeta imediatamente os nossos sen lidos. puis temoi»
o poder ÍVcrmy^tnj de daminar as impresseves que incidem sobre a noasa facul-
dilide sensível dc desejar mediante representações daquilo que. mesmo dc um mo­
do mnís remoto, c útil ou prejudicial. Estas reflexões acerca daquilo que no tocan­
te a todo u novso estado é dcsejavul, ou seja. bom e útil. repousam nohre a ra/à<x
Em conseQüêncií± disto, esta ultima também fomcce leis que são imperuuvi>&,
isto é. teis objetivai» da liberdade, e que dizem o que deve acontecer, embora
lalve? jamais acunieça: nisu> di^Lmgucnivse das leis naturais, as quais só Lratam
dutfuifo que acnnteoí. e é por isto que também são cognominadas leis práticas.
/ iVfab se mesmo naquelas ações mediante a.v quais prescreve Icís a razào
não é por sua ve/ determinada por outras influênciur». d .se isto que, Com respeito
aos impulsas sensíveis, se chama fibçrdade não consiste, no que se refere a causas
eficiente?. iirnis elevadas e m:us remotas, por mju vcz em natureza, não nos interes­
sa mo campo prático. Aqui perquirimos a razáo inicialmente eum vistasá prescri­
ção do comportamento e aquela quescao c de caráter meramente especulativa,
podendo ser posta de lado na medida em que o nosso propósito sí dirige para
o fazer ou o deixar de fa^cr. Conhecemos, pois. a liberdade prática pela experiên
cia como sendo uma das causas naturais, a saber, uma causalidade tia r;i?,ào
na deierminação da vonuide*. enquanto isto, a liberdade iransa-ndetUal esi&c uma
independência tkbUi filüMna razão (com referência à suíi causalidade ao comoçur
uma .série dc fenômenos) frui te u iodas as>ca tina» determinantes do mundo sensí­
vel. parecendo nesta medida contrária y iei da naturwa e portanto ã csperiencia
possível, c pcrmancccndu pois um prublema. Só que cate problema nâo pertence
á r.i/ào em seu uso prático. Portanto num earton da razão prática üó «mios que
nus haver com duas perguntas que locum u interesse prátiçn da ra*ào pura ç
com respeiio ;i* quaia lem que ser pusüivel uni cânon do uso desia mesma ruzà®.
a saher; rjxisEe um l>ous? Eviste uma vida futura? A questão em torno da tibtrrdn
dc rrmisiícndenuil concerne unjcaJiKnLtí ao saber Cspcculalivo, e podemos pn-la
dti lado como .' totalmente indiferente quando cütamo* às vnlias com o prático;
além disto, explanações suficientes a Sfiu respeito podem ser cncnmradas na Anii
nomia da Razão Pura.

SHÇÃO S E G U N D A DO C Ã N O N DA Rr\ZÀO P U R A

DO 1D K A L DO BEM S U P R E M O COM O UM F U N D A M E N T O
D E T E R M IN A N T E DO F IM Ú L T IM O D A R A Z Ã O P U R A

Lm seu uso espccLLlaiivtv a razão conduziu-ntis pelo campo da experiência


e.por ja m a is poder encontrar urna satisfação cabal em tal âmbilo. dat ás idéias
especulativas: ao fim e ao cixbo. entrirtanto. esias últimas reconduziram nos &
C RÍT IC A DA RAZÃO PURA

experiência, realizando portanto o seu propósito de um modo proveitoso, se bem


que de modo alburn conforme as nossas expectativas. Agora resta-nos ainda uma
alternativa: se também é possível encontrar a razào pura num uso prático, se
de acordo com este último ela conduz jdéias que atingem os fms supremos
da razào pura há pouco mencionados* e !>e sob o ponto de vista de seu interesse
prático a razào não nos pode conceder aquilo que noa declinou completamente
com respeito ao interesse especulativo.
Todo interesse de minha ra/.ão (tanto o especulativo quariLoo prático) con­
centra-se nas Lrès se&uirues perguntas:
/ L Que pt/s'yo saber?
2. Que devo f a ie r ?
3. Que me é permitido esperar'/
A primeira pergunta é puramente especulativa, Esguiamos (como me ulano)
todas aç respoitas possíveis à mesma, c finalmente encontramos aquela com a
qud a razão tem. c certo, que sc satisfazer e, quando nâo tem. em mira 0 prático,
com a qual tem motivos para estar satisfeila, Mas dos dois grandes fins aos
quais a razâo pura dirigia propriamente Lodos csics seus esforços, ficamos tão
afastadus como se. por comodidade, desde o início no^ tivéssemos recusado u
este labor. Portanto, quando se trata do saber, pelo menos o seguinte ficou certo
c decidido: com respeito aqueSa* duas questões, jamais poderemos saber algo.
A segunda pergunta é pummenlc prática. Embora enquanto tal possa per
tcficer à ntüãu pura. mesmo assim não è transcendental. mas yim moral; ítn si
mesma. porisimo, nào pode ocupar a nussa crítica.
A terceira pergunta — a saber, quando faço cr que devo. que me é enuto
permitido esperar? c concomitantemcnie prática c teórica, c um modo tal
que 0 prático serve unicrimcntc como um Ho condutor poro se responder à ques
tau Leóricae. no caso destü elevar-se, a ciuesiào captíCulatLvíi. Pois ioda a vxpcrarj
Ca está voltada para a facilidade: visando o prático c a lei moral, elac exatamente
a mesmíL coisa que D saher e a lei díl natureza sào cnm respeito ao conhecimento
teórico / das coisas. No primeiro caso, che^a-w finalmente à c&nclusíio de qtic
algo ê (que determina o último Hm possível) porque algo deva {tcoutecer; nu se
gundo caso. que algo ê (que fiiua cumo causa suprema) porque aign aewueee*
A felicidade consiste nu satisfação de todas a* nossas inclinações (tanto
extensivo, no que sc refere â sua multiplicidade, quanto intensivo, no que tange
ao seu grau, e tambem procemivo, com respeito ã sua duração). Denomino prag,
mática (rçjjra de prudcneiu) n lei prática derivada da motivação da felicidade;
por outro lado, imiiulo moral (lei da moralidade) acuidíi lei, sc c que existe, que
nada m3 is possui como motivação do que o merecimento d? serfeliz* A primeira
aconselha o que devemos lazer w pretendemos participar da felicidade; a segun
da ordena, eumo devemos comportar-nos para tãc-somente nos tornarmos digtios
da felicidade. A primetra lundamenta se em princípios empíricos; pois d£ outro
modo que nãw mediante a experiência nào pusso nem saher quais aa inclinações
existentes que pretendem *er satisfeitas nem quais as causas naturais que podem
etelliar a sua satisfação. A segunda abstrai das inclinações e dos meios naturais
dc siuisfitacê-las, considerando unicaincnU; u Jibcrdadc de um eme racional em
3V4 KANT

gtral e as condições necessária unicamente sob as quais esta mesma libyrda.de


hannoniíii com a distribuição da felicidade segundo princípios; portanto, esta
lei pode pelo menos repousar sobre meras idéias da razão pura c ser conhecida
a pri&ri.
wí / Suponho que realmente existern leis morais puras que determinam plena-
menre a pnori (sem atender a mmivaçiks empíricas, isto é, à feltcidadc) o fazer
c o deixar de Ta^cr, ou seja. o uso da liberdade de um ente racional em geral;
estas Itíis comandam nos dá um modo absoluto (não só hipoteticamente. pressu­
pondo outros fins empíricos). c em todos os sentidos são portanto necessárias.
Posso com ju&íiça pressupor eiia proposição nüo sõ mc reportando ás provas
de>s mais esclarecidos rmondisMs- mus também ac» juízo moral de catla ser huma­
no, desde que pretenda petvsar claramente uma ml lei,
PorLunto- íl razâo pura conicm. não em seu uso espccu.1ativo» maí» sim num
Certo USfl prâltcn, a saber, o uso moral, princípios da possibilidade da experien
cto, ou seja, de utis ações <|uc de acordo com os preceitos morais, poderiam
scr encontradas na história do ser humano. Com efeito, já que a razão ordena
que tais açòes devem ocorrer, cia.s tambern tém que poder ocorrer^ e. por conse­
guinte, têm que ser possível um lipo particular dc unidade sistemática, a saber,
a moriiE: inquítnio »sto. n unidade Kistmnáticu da natureza nao podir ser provada
segundo princípios especultifiros du razão, pois lista última bem que possui uma
causalidade com respetto à liberdade em geral, ma:i não com respeito 55 Loda
h natureza, c os princípios morais da raicào podem, é eerto. produzir açoes livres,
mas nao leis du / miiure/;j. I:m conseqüência dijjU). os prmcipiõü da ra/.ão pura
possuem uma realidade ohjiMiva cm seu uso prático, nomeadamente cm seu uso
moral,
Denommo mmtdt> tnorttl o mundo na medida tm que conforme a todas as
leis morai* (comu pode <«r secundo a tiherdade df>* emes racionais e dove ser
secundo m fds necessárias da warülidade)* Nesta medida. este mundo é pensado
Urticamcnte como inicligivd. pois nele fie atolrsti <fc Uxhs ;is condiçòes iTiivs)
e mesmo de lodm os obstáculos da moralidade (fr«t|LiCía ou impureza da nalurc^
?Xi liuinaniO. Nesta medida, poi*, v uma simples idéia, se bem que prática, que
realmente pode c deve exercer o seu influxo sobre o mundo sensívd a fim de
tòrnà \o. tanto (luanLo possível, conforme n esiu ideia. Conseqüentemente. a ideia
de um mundo mom6 possui uma realidade objetiva, nàü como se referindo a
um objeto de uma intuição irucliíífvel (não podemos absolutamente pensnr um
tal objeto), mas sim como w. rpr«*rindo a« mundo rson&ívcl enquanto um objeto
d;t razão pura e seu uao prático e um corpus mysticum dos entes racionais
que nele se encontram* rui medida em que o livre-arbitrío de e.nJa eme. submetido
a leis morais, está cm numa complm unidade sisiemáitcn canto cansi^o mes
nu» quanu.» com a liberdade de cada outro ente.
A resposta á primeira da* duas perguntas dn raxào pura que se referiam
ao interesse praLico é 11 sefvjtmc:: faze aquito airiwés di> que 10 tornarás digno
vm / de ser feliz . A segunda indagação c a M^tiirue: se mc componn dc modo tal
que cu não seja indigno da felicidade, como posso esperar poder, medianic este
eomportamcntcv, parilcipur da felicidade? Na rcsptista a esta pue^rão, irata sc
CRÍTTCA DA RA ZA O PU RA m

de saber se os princípios da razão pura* Os- quais prescrevem a prior! a lei, iam
bém conectam necessariamente esta espürarfcça com tal lei.
Por conseguinte, digo ^uc assim tumo os principius murais são necessário;,
segundo a ra^âo esm seu uso prático, assim também é necessário supor, segundo
a rastão eni seu uso teórico, que Eudos têm motivos para esperar a ícliddadt:
na mesma medida cm que dcLa se Lornuram dignos com o seu comportamento,
e Que portantu o sistema da moral idade está indbÉOluvelmeíue lidado, se bem
que só na idéia da razão pura. ao da felicidade
Ora, num mundo ínldigivel. isto é. morai, em cujò conceito abstraímos de
Lüdos os empecilhos à moralidade (mdInações), pode se também pensar como
ncccssário um tal sistema tlc uma felicidade pruporcional ligada à moraltdade,
pois a própria liberdade, em partü movida e em parLe restringida por ]fiis morais,
serta a causa da feíicidüdc universal: conduzidos pür luia principiou os próprios
entes racionais seriam os autores de seu próprio bem esLar duradouro ao mesmo
lornpt» em qge seriam os &ulures do bem-cs Ur dos ouiros. Mas esle sisiema da
moralidade que se recompensa a si mesma ê &ô / uma idéia euja realização repou­
sa sobre a Condição de que cada um l>ç& o que deve* ou seja, que todas as
açtkí. dos times racionais uCurtiim como st; ie originassem du uma vunuidc supre
ma compreendendo cm si. ou sob si. lodo ta- arbítrio privado. Mas desde que
a obrigatoriedade da lei mor ui permanece válida para cada uso particular da
liberdade embora outros nào st comportem em epntVmidaçiç com cata Içi, neiíi
a partir da nalureza das coíkuk do mundo nem a partir da causalidade das, pró
prias açoes c da sua relação com a mo ml idade é determinado como ay conse­
qüências destas ações rei:icu>nam se com & feUcidade, A mencionada conexào
necessária entre a esperança de ser feliz e a incessante aspiriição de tornar-se
digno da felie idade não pode wr conhecida pclii ra^au caso kc Lome unicamente
a naturcKíL como fundamento; uma tal conexão sô pode ser esperada se uma
razão suprema, que comanda segundo leis moTaiü. 6 posta ao mesmo tempo como
fundamenlíi-cníjuímtü causa da natureza.
A idéia de uma u i imcli&cncia cm que a vunfade moralmente mais perfeita
c, ligíidív à bem íivcníurartçn suprema, u caus;i d« todu a fclieidade no mundo
na medida em que esta úiLimaeMà mima rdaçào precisa com a moralidade teomo
o merecimento dc ser feliz), 6 por mim intilulada o ideai úü hem supremo. Porian
to. é SÓ no ideal do bem Suprefnú nriginárin que a razão pura pode encomrar
o fundamento da conexão praijeameme necessária dc ambos / os elementos do
bem supremo derivado, a Sfiber, de um mundo inleLig.íveL isto ê, m orai Já que
somosi necessar Lamente eonsL rangidos pel:i raz:iü a nos representarmos como per
teneentes a um tal mundo, embora os sentidos nada muis rios apresentem do
que um mundo de fcnòmengs, remos que admiiir aquele mundo moral como uma
conseqüência de nosso comportamento no mundo sensível g„jâ qu.ç eale último
nao nos exibe uma tal cpnexào entre a rrturnl idade e a felieidítde, çtmití um mun
do futura para ru>s< Portanto. Deus e uma vida fulura são duas pressuposições
inseparãvcÊâ, iegundo principbs da razão pura» da obrigatortedade que exata
mente a mesma razão nos impõe.
A moralidade em si m^ma perfaz um sistema; ial nao ocorre com a felicida-
KANT

dc, a nâo !vc!r na medida cm que é distribuída de modo exatamente: proporcional


à moralidade. Isto, no encarno, só é possívç] no mundo inteligível, sob a tutela
de um sábio Aulor e Regente. A razão é forçada ou a admitir um tal Regente,
juntamente com a vida num mundü tal. que temos que encarar como luturo.
ou a considerar as lei* morais como quimeras vadias, pois sem este pressuposto
as conseqüências necessárias que a razão conccta. com tais Jeis estariam fadadas
a não se realizarem. É por isto ciu.tr todo mundo vê as leis morais como manda­
mentos, coisa que não poderiam scr se não conectassem a príori conseqüências
adtíquadas com íi sua regra c se não portassem conçi^o- pois, processas c amea
èj-ju ças. Mas isto tias / também nào podem fazer se nào sê situam num tinte necessá­
rio enquanto o bem supremo, unicamente o qual pode tornar possível uma laJ
unidade fin&lística.
Leibniz denominou o mundo de rtfinu da graça na medida em que nele sc
leva em conta somente os entes radonaiA e a sua int.crConcx.iiu segundo leis mo­
rais. sob o governo do t>em supremo; distinguiu o do reino da natureza, no qual
estes entes ractonaiis. embora também submetidos às leis morais, não esperam
outras conseqüências de seu comportamento senão ;is que decorrem segundo d
curso da natureza do nosso mundo sensíveJ. Vcr-nos- no reino da graçs, onde
toda a Felicidade nos aguarda a nâo scr na medida em que nós mesmos limita­
mos a nossa participação na mesma :u> nos tornarmos indignos dc ser tetixe^ ç
portanto uma ideia praticamente necessária da raz.áo>
Na medida em que se torram ao mesmo tempo fundamentos subjetivos dc
açòes, isto ú, princípios subjetivos, as Jeis práticas chamam-se máximas, A
avaliação da moralidade segundo sun pureza e consequências c feita de acordo
com itíêfas* a observância dc suas leis ocorre dc acordo com máxima!:.
É necessário que todo o curso de nossa vida seja subordinado a máximas
mnrais; por outro lado. è simultaneamente rinipos&ível que íhu* aconteça sc □ rn
zÒunuu conectar com a lei moral, a qual é uma simples idéia, uma causa eficiente
que determine ao comportamento conforme àquela lei um êxito exatamente cor-
.■ui respondento aos nossos fins supremos, seja nesta vida. seja numa omra, / Ponan
to, sem um Deus e sem um unmdo por ora invtsível para nó*), porém esperado,
as magnificas idéias da moralidade são. é certo, objetos dc aprovação c admira
V‘ào. mas não molíts propulsoras de propósitos c de ações* pois não preenchem
integralmente o fim que é rt;uurul a cada ente racional c que é determinado a
priori. c tornado necessário, por aquela mesma razão pura.
A felicidade sozinha está longe de constituir o hem perfeito para a nossa
razào. Esta ultima nào aprova a felicidade (por mais que as inclinações também
queiram desejá-la) a nlo ser que esteja unida com o merecimento de ser feliz,
isto i. com a conduta moral boa. Mü.s ix moralidade sozinha, e com esta o simples
merecimento de ser feli/.. também está longe ainda de ser o bem perfeito. Para
tornar perfeito este bem. é preciso que aquele que sc comportou de modo á nào
se tornar indigno da felicidade possa esperar participar dc. mesma. Mesmo a ra­
zão liberta dc todo propósito privado não poderia julgar diversamente a partir
do momento em quensem levar cm consideração o seu próprio interesse, se puses­
se no lugar de um ente que teria que dijdrihuir ioda a felicidade aos outros; pois
na ideia prática ambos ou elementos estão essencialmente ligados. embora de
modo tal que a disposição moral enquanto condição torne primeiramente possí­
vel a participação na felicidade, e nào o contrário. ou seja. que a perspectiva
dc felicidade possibilite a disposição moral. Com efeito, no último caso a disposi­
ção não serta moral e portanto / também não seria digna de toda a felicidade,
a qual, ÉVenLc ã razào* nào reconhece qualquer oulra limiLação exceio a que pro
vêm de nosso próprio comportamento imoral.
Por conseguinte, a felicidade — na proporção exala com a moralidade dos
entes racionais,, a qual os torna dignos da Tcliddadc — perfaz sozinha o bem
supremo de um mundo ao qual temos que nos Lrasladar segundo os preceitos
da razão pura, poixtn prática. Trata-se. é bem verdade, unicamente de um mundo
ínieügivel. já que o imsndo sensível nâo nok promete uma semelhante unidade
sistemática dos fins que parta da natureza das coisas. A realidade deste mundo
inteligível pode Tundar-se exclusivamente subre a pressuposição dc um bem su
premo e originário, no qual umíi razào aulo-suficientc equipada com toda a sufi­
ciência de uma causa suprema funda, mantém e realiza, segundo a mais perfeita
conformidade a fins, a ordem universal das coisas, embora esta última nos esteja
assaz oeulLa no mundo dos sentidos.
Diante da teologia especulativa, esta teologia moraE possui a vantagem pe
culiardc nos. conduzir incessantemente ao conceito dc um ente originário único,
sumarrurtHe perfeito e raciutial; a teologia especulativa não pode nem nos indicar
um Lal ente a partir de ra/òes objetivas, muito mendtí curtveticer-nos de sua
existência. Com efeito, por íinais que a razão possa levar-nos adiante neste cam
po, nem na teologia transcendental nem n:i natural encontramos. qualquer razão
significativa para admitir um eme uno / que estivéssemos amornados tunto a
antepor a todas as causai nííLuráis quanto a fazer, ao mesmo tempo, estas últimas
dependentes dele sob iodos os aspectos. Em contrapartida, se do ponto dc vista
da unidade moral enquanto uma lei necessária do mundo consideramos a causa
que pode unicamente dar a esta lei o seu efeito adequado, e portanto também
a força que noj obriga, eruãõ tem Que haver uma vontade suprema una que com­
preenda cm si iodai csias leis». Com efeito, como pretenderíamos detectar, soh
vontades diversas, uma perfeita unidade dt>s fins? Esta vontade tem que ser oni­
potente, a fim de que toda a natureza e íi sufi referência ã moralidade no mundo
lhe seja subordinada; onisciente, a fim dc que conheça o mais intimo da* disposi­
ções c o seu valor moral: onipresenie, a fim de que esteja pronto a satisfazer
imediatamente todas as necessidadcs exigidas peto bem supremo do mundo: eter­
na, a fim de que em momento algum falhe esta concordârteia entre a naiurczu
c a liberdade, etc.
Entretanto, esta unidade stsLemática dos fim neste mundo de intelijí.êneiask
que enquanto mera natureza pode ser chamado lâc-somente de mundo sensível,
mas que enquanto um sistema da liberdade pode ser denominado mundo inteligí­
vel, isto é, mora! {regnum ^rmiat:). também nos conduz inevitavelmente à unidade
finalística de todas as coisas que consumem este grande iodo segundo leis univer­
sais da nmur^a (LaI como a primeira eslú de acordo com as leis universan; e
necessárias da moralidade), unindo a ra/ãc prática com a especulativa. O mundo
KANT

um lértfi que íc í representado como originado / de uma idéia caso deva estar m
con&oftãntia Com aqueíe uso da razão sem 0 quaí nós meamos nos cunsideraría­
mos indignos da razão, a saber, o uso mora!, o qual repousa inteÍTaflleiUí sobre
a idéia do bem supremo- Desta maneira. toda a investigação da natureza tende
a essumir a forma de um sistema de fins, e em sua extensão mibrima lor03-5e
físíco-tftologia, Mas na medida em que esta última teve início na ordem moral
enquanto uma unidade fundada na eüsèricia da Liberdade ír não instíTuida casual
meflte por mandamentos externai reparta p çonformídíide u fina da nalur^a
a fundamentos que cêm que estar inseparavelmente conectados a prion com ít
possibilidade interna das coisas, conduzindo assim a uma lenhgia iratiscetidejj
/ai; ÉElrt úkínin tortia t>iiieal da suprema perEciçükli unloEtigicã COrtIO Uffl pfirtCipio
d A unidade sistemàticaque conecta iodas ascoUassegundn iej& universais nece^
sáría^ da natureza, pois todas possuem a sua origem na necessidade absoluta
de um en te nrig.m ilriõ un-ri.
Que uso podemos fazer de nuüüo entendimeruo, mesmo com respeitõ à expe­
riência, se não nos propomos íltis? Qü fins supremos, por ssu lurno, são os da
moralidade. tr só a ra/.jio pura pode dá-lo.s ao nosso conhecimento. Ora. providos
destes Fins c ssguindo o seu fio condutor, onde a natureza nào depositou ela
«a; mesma uma unidade (inaJtslica / não podemos usar final i^iicamcntc, com respei­
to aü conhecimento. o conhed mento d;j própria natLire/a: pniü sem esta unidade
não possuiríamos nem a própria rítzào, j i que nào terí;imo.i uina t^eolíi para
a mesma, nem uma Cultura oriunda de objetos, uk quais fornecem o material
para tais ccncdlos. Aquela unidade finalísüca, contudo, é necessária o fundada
na própria essònda da íirbúrío u con soquem< 2menti tatnbém o tem que ,wr e^a
segunda, a tjUàl coruém a condição da aplicação in concreto da primeira. Déüia
forma, a ampJiaçào transcendental de nosüo conhecimento racional ücná nào a
causa, mas sim unicamente o efeCío da conformidade prática a fins que u râzâo
pura noa impue.
£m conseqüência disto, pode mo ri notar na história da razão humana que,
antes de se ter suticicnLcmentc purificado c determinado os conceitos morais c
<lc sc KV eomprecn<Jkto, scgyiide uis «mççitps c y punLr <Jc prínçípií?s riícií^ú
rios, 3 unidade sistcmáúca dos Í~lns, o conhecimento da natureza, c num grau
noiiWel até ine.àim> a cultura da rü^ãu em várias o uiras ciências em paris sé
pode produzir conceitos toscos. c vagos acerca da divindade, em parte re s to u ,
cm geral, uma espantosa indiferença para esta questão. Uma maior elaboração
das ídêias morais, tornada necessária pela lei moral mrempmente pura de nossa
religião, aguçou a atenção da razão sobre este objeto devido ao imeresüe que
íut feirada a Ler no mesmt>; sem que nem conhecimentos ampliados da naiurç^a
nem eognições (r^rtfteendemais corretas e lidedi&nas (as quais faltaram em todas
m i as épocas) çoiitribuíssem para tatua, estas idéias morais constituíram um con-
üdlo do ente divino que hojç consideramos o correto, nào porque a rasào uspe^u
Iativa nos convence acerca de sua correçan, maa íim porque Kartnoni?íi pfiHeica
mente :om os princípios morais da ra^ào. E deste modo é enfim sempre a razàü
por», se bem que só cm sen uso priUio.*, que possui o mémo de coneciar cíím
o nosso interessí supremo um conhectmsntD que a simples espectilaçào só pode
C R ÍT IC A DA R A Z Ã O PU R A 399

presumir* mas nào fazer valer: as sim o Lransíorma não num dogma demonstrado,
mis sim num pressuposto íibsolutamçmc nçemsário para os seus fins muâs essên-
ciais.
Mas quando a raiàu p riika atingiu esae ponto eÈevadov a saber, o cunuL-iu)
de um linLc originária uno enquanto ü bem supremo, de modo aigum deve presu­
mir Lijr-sjC erguido acima de todas as eondiçiks empíricas de sua aplicação e
de ter-sc alçado au conhecimento imediato di_* rmvus objetos de modo a poder*
pari indo deste conceito dele derivar a.s próprias leis morais, Com efeito* foi pre
risamente a neeess idade prática i/rfertta de^Las ulLímas que nos conduziu a pres­
suposição de uma causa auto-sulteiciHc ulí dc um sábio Regente do mundo &
fim de dar cfdLo ãqui;lits kis; ürn decorrência diiLu. nào podemos criará-las U
seguir comu con ti lí^ertE^s^ derivados da mera vontade deste kcgcnEü. empecia Iman­
te par sc tratar dc uma vontade da qual / de modo algum teríamos um concebo sjí
*e iiãtn o lirófcsemos formado conforme aquelas leis. Na medida cm que a r&tão
prática íem o dirtíitfj dtí nos guiar. n.ào considersremus as açoes cnirnj obrigató­
rias polo fato de serem mandamentos de Deus; ao contrario, encaradas-Emos
como mandíimciung divinos por csiarmos internamente obrigados a cumpri Làs.
Estudaremos a liberdade de acordo com a unidade íínalisticp segundo prmCtpios.
da ra/.ãü> k iiercdi taremos estar cm cá nforniidade com a vontade divina sorneme
nn medida cm que considerarmos satítadu ;i tei moral quií n razào rtíH ensina
a partir da própria naiure^ das a;otís; ertremos. atám disto. servir & esta vontadü
divina üxclu&ivaniciut: tinquamo promovermos, em nós e nus wuLras u melhor
qu^ hâ no mundo. A teologia moral ò portanto só de leso imanente. a sahür,
para cumprir moa u nuas-u missíu» aqui m> inundo. Isw deve ucorrcr adaptando-
1105 íto sk udos os Hn*, e riao abandonando, de nsodo fanático e ^ucm
sabe aíé sacrílego, o lio condutor que uma razão moralmente Icgislamc indica
para unia vida boa a fim dc então li£á-Lo imediam mente á idôiadoente supremo.
Ncseü caso. teríamos um uso transcendente :í ;l teolufciíi moral que. exatamente
da mesma forma o u-w; transcende nu: dm pura especulação, perverteria e
frugcrarSia os fins líkimes da razão.

/ S F Ç Ã O T R R C F J R A D O C Ã N O N D A ft A Z Â O PU R A kia

DO O P IN A R , DO S A B E R E 0 0 C R E R

0 cunsitlcríir-aíÊ^-vcrdadeiro iFürvvahrhaLlen) é um evenio em nemo etueti”


d i mento gut;, embora pudendu repousar sobre fundamentos ubjcUvos, também
exige causas subjetivas na mente daquüSe que julga- Se este jtiízo à válido para
qualquçr pessoa na medida em que seja dotada út razão, o seu fundamento é
objetivamente sullciente e o considera lo verdadeiro chama ^e então convicção.
St1 po^ui ei seu rundamenlí) tão-stimente na naturey.a parlicular do íujeitt), então
o conüiderã lo verdadeiro denomina-sepersuasâa.
À p e r f i l f l ç à e i í u m a ü ím p l& í; i l u ç ã t J . p o i s n fundamenlfi d n ju Í2 t> T q u e s ç e n
KANT

contra simplesmente no sujeilo. è kunado como objeíivo. Conseqüentemente. inn


tal jui£0 também só possui uma validade p riv a d a e ü LH-nsiJtíEá-to-verdadeiro
nai> pode stír c o m u n ic a d o . A vCrdade, rJO emam-ü, fCptfu^S. tiOlvre a concordância
com o objeto. com respeiio ao qual. em conseqüência. os juízos de cada entendi­
mento tem t}uc estarem concordância (-cunseniicruia um terdo. consentiunL inter
çe).,|í,il A pedra de loque para decidir se o considerar-algo-verdadeim ii uma ^on-
vievau ou um ei simples persuasão é purvanLci. eãiLcmitmoTUL:. ;• p írn ib ilid a Je de
comunica-iu u de c“ con:rú-l-:i valido para a razao de qualquer ser humano. Con
efeito, neste caso há pelo .menus ;t üupüyiçào tfe que ü lYmdamentú díí coneordan-
íh* cia / de ttídí>s os juízos. desconsiderando a diversidade dos sujeitos entre $i, re
pous^ sobfê n fundamento comu m. r. saber sabre o objeto. cm decorrência disto
todos. oü juízos txmcrordíindo t;om u mesmo mediante tal provando a verdade
do j ui7.0,
Em conseqüência disto, a persuasão não pode ser subjetivamente distinguida
d;i convicção quundu o sujeito tem o eoniíiifcrar-al^u-verdadeiro diante dt: seus
oEhns unicamente enquanto um fenômeno dn sua própria merue, Por ourra ladn.
u, icmutivíL m^diame a. qual testamos, no cruéndimemu dos oum». us lundarnen
los vülidoü para nos dos juizos para vgr st têm exatamente o mesmo cfeilO sebre
j razão alheia que sobre & nossa è um meio. sie bem que cãn somente subjetivo,
certamente não para produzir uma convicção, míis sim para descobrir urrui sim
pies víiIidade prev^da do juí^o, isto ú. de nele encontrar alfio que ê mera pmuít
sàu.
Além disio. se é ptvswvGl um causas subjetivas do juízo, its quais tomamos
CiMnoybfí/üm^jrfíí: Abjeiiv^ do mesmo, e portíimo explicar eue enganoso c:>nsi­
dera ralgo verdadeiro efnno um evento em rtflssa mente sem preeisar para lüiícp
recorrer :i natureza do objeto. cmao desnudamos a ilusão e nrio somos mais eng;i
nados pela mesma, embora sempre üintla tentados em curto gríiu se a causa suhje
uva de&ia ilusào incre n nossa rmure&a.
Nada pussu qftrmar, isto ê, declarar romu um juizo necessariamente váiido
hjmj paru quak|uur pesüoa, sonão / que lem wino efetLo u m u convici;ãí>H Possw
guardar uma persuasão para mim no caso dc me sentir bem :tssim. mas não
posi,ti nem devoprticnder iornú'la vútidu Igru dc mim.
O con&iderarnlgO'verdadeiro, ou validade subjetiva do juízo com referência
à eonvicç-io (a qual ao mesme tempo vale objelivamentú). possui os seguintes
tròs graus: opinar, ctrârm£ sab$r. Opinar é um úonstderir álgO-verdadeiro quis
com consciência, é muw subjetiva quamo objetivãmente insuficiente. Se o consi-
dtrar-^ljgy-verdadeirg é üó üubjelivãmente MJÍkicntc, sendy ao meamo tempe to­
mado como objetivamente insuficiente, então sc denomina crer. Finalmumc. o
co nsiderar algo-verdacteiru. que é tanto subjetiva como objetivamente sufideme,
t h á m a -ü c stibvr, A s u f w iS n e ia S u b jcL iva in U L u lu -w cvnvicçàv ( p a r u m im m esm o)*
a objetiva denomina-üé cérieza [para qualquer indivíduo), Não me deterei na du
cidaçfto de conceitos tâo conrtprcensíveii.

1n", As u-yasa* 4Lit ôiniüurttüm com (im&terGCiíit-Ciirtiardam enire si. ^N.^osT.]i


C R ÍT IC A DA RA ZÃ O PU RA 401

Jamais posso me aventurar u opinar sem pelo menos saber algo mediante
o qual o juí7-0 tão-someme problemático em si adquire uma conexão com a ver
dade, conexão que, embora não completa* £ mais do que uma ficção arbitrária.
Além disto, a lei de uma títl eonexào tem que ser certa. Com ^fciui. se com
respeito a e^La lei nada mais possuo de que uma optniio* então tudo não passa
de um jogo da imaginação sem a mínima referrneia a verdade. De modo algum
é permitido opinar em juízos derivados da razão para. Cnm efeito, a partir do
momento cm que tais juízos não são escorados por fundamentos da experiência,
/ devendo antes ser conhecido a prtori tudo aquilo que é necessário, o princípio
da conexão exige universalidade c necessidade, portanto certeza completa; caso
funtrârio, nao se pode encontrar guia alguma que H05 leve ã. verdade. E;m dccor
rcncia disio. é absurdo opinar na Matemática pura: temos que saber ou entào
nos abster de Lodo o juízo. Exatamente o mesmo ocorre com os principio* da
moralidade: não podcnvoK irriscar uma ação fundndo* na mera upiniào de que
algo é permitido* mas temusque subi-lo.
No uso transcendental da razão, em contrapartida* falur de opmiâoc sem
dúvida muíus pouco. mas falar do saber também ê demais, Num senttdo pura
mente especulativo* portanto, de modo uígum podemos julgar aqui. pois os furtüa-
menlos Subjetivo* para se considerar algo verdadeiro, tais como os que pwJcm
produ/ir u l'c, não merecem qualquer aprovação em questões especulativas, já
que nao se mantém índepcndeoLe de todo o üukÍI ío empírico nem podem ser to
municados na mesma medida a uma outra pessoa.
Em geral, contudo, ê somente com referência ã prática que o con$iderar*al-
go-verdadetro* teoricaineme inMillcienit:. pode ser ehtamndo de le. Ksto propósito
prático c ou o da habliuiutitr ou o du mora (idade, a primeira refere se a Uns
quaisquer e contingentes, a segunda, no eiitaru». a fins íJbsalutumentc ncevssá
rioi).
Uma vez propo^Lo um fim. as condiçõcs para aiiiigi-lo sao hipoieLicamentí
necessárias. Quando não corshiço quaisquer outras condiçou* s*»h as quâih, weja
possível aün^ir o fim, / esta necessidade c subjetivamente, se bem que tão só
comparativamente, suficiente; por outro lado, é sufteiente de um mudo nbsoluio
ü para qualquer pessoa quando sei com ecrieza que ninguém pode conhecer ou-
iras condições que conduzam ao Hm proposto. A minha pressuposição e o Consi
derar verdadeiras eerta.s condições:. constituem. no primeiro caso, uma fé mera
meme conLingeme, mas no segundo caso uma fé necessária* O médico tem que
1'azer alguma coisa por um doente em perigp, mas nao conhece a doença. Observa
os fenómenos e julga, por não saber nada melhor, tratar-se dc típica, Mesma
em ücu próprio ju íz o , a sua fé é unicamente contingente: um outro talvez serta
capaz de chegar a uma conclusão melhor, Uma semelhante fé contingente, mas
que constitui o fundamento do uso reaJ de meios para certas ações, é por mim
dertom inada f é pragnmiica-
A aposta c a pedra hiibíLual dc toque para se tesuir sé o que al&iiêm asseara
é uma simples persuasão ou peio menos uma convicção subjetiva, isto L uma
fé firme. Freqüentemente alguém anuncia as suas proposições com uma obstina
402 KANT

çào tão confiante e indómita que parece Lcr-^ 1 desvencilhado comptelamenie de


toda a preocupação dc errar. Uma apoyta deixa-o perplexo. Âs vezes se patenteia
que possui uma persuasão suficicnLc paia ser csiimada segundo o vákir dc um
ducadu. mus não segundo a quantia de dez ducados- Com efeito, arrisca de bom
PM grado o prirnciro ducado, mas dianu: dc dez / pela primeira vez se dá cortta
daquilo qui; nào percebera anteriormente. a saber, que: é bem possível que se
Lertlia enganado. St; nos represemarmos em pensamento que podemos perder a
felicidade de toda a nosja vida numa aponta contra alguma outra cutsa, desvarie^
ce a$$az rapidamente o nosso juízo triunfante: Lornamo-nos sobremaneira hesi-
tantCM c assim primeiramente dcscôbrimos que a nossa fé não ehéga a tanto.
Deste mudo. u fé pragmaLica admite uma gradação que pode ser grande ou tam­
bém pequena segundo a diversidade dos interesses cm jogo.
Embora naski pusiamos empreender com referêneia a um objeto* o conside­
rar algo verdadeiro ■íendo portanto meramente leónco.em muitos, casos podemus
conccber-ri(fss e imaginar um empreendimento para o qual nos consideraríamos
possuindo fundamcnLos sufteietues se houvesse um meio dc cslabdcecr a certeza
dii coisa. Em virtude disto, em juízos puramente teóricos eaiste um aitahgon
de juuos prâficos; ao sc considerar verdadeiros Laís jut/.cs teóricos é apropriada
a palavra fé, e íi qual podemos chamar defé doutrinai Se fosse possível resolver
a questão por urra experiência qualquer, estaria disposto a apostar tudo 0 que è
meu que çjtíslem habitantes cm pelo menos um dos planetas que vemos. Consc*
qüentcmcnce. digo que a existência de habitantes cm outros mundos nào é sim­
plesmente uma opinião* mas sim uma fé vigorusa (por cuja correção eu jã arris­
caria muitas vantagens tia vida).
UM / Ora, íemus que confessar que a doutrina da existência de Deus pertence
ã fé doutrinal. Com efeno. embora, com respeito ao conhecimento teórico do
mundo eu não possu ilinfu# de Coisri aliuimn qnií pressuponha, n e e e mente
este pensamento enquanto condição de minha explicação dos fenômenos do mun­
do. cstnndo antes ohripado a uuli/iir a, minha ra/.âo como se tudo fosse natureza*
niç^vit» assim a unidade fmalisijca constitui urna condição tão importante para
íi aplicação da ra^ào sobre a nniurc/a que de modo algum posso deíxA Ju de
ladu. ]à que além disco a experiência me fornece copiosos üxemplos desta mesma
unidade. Pnra ssiu última, no omamo. nào conheço outra condição que a torne
um fio condutor para que eu investigue a natureza do que pressupor que uma
inteligência suprema Lenha ordenado mdo deste modo segundo os fins mais sã
bio.s. Conseqüentemente. traLa se de uma condição para vim propósito contingen­
te* é verdade, mas nem por isio insígnificímiç, a saber, pressupor um sábio Autor
do mundu a fim de possuir uma guia na investigação da ruuurcza, O desfecho
de minhas, lenrativas lamtvm confirma com tanra freqüência a utilidade dem
pressuposaçãu, e nada lhe pode ser cururaposto de modo decisivo, que eu diria
muito pouco caso pretendesse denominar o meu considcrar^atg.o verdadeiro sim-
pliismeruc uma opinião. Mesmn nesie contexto teórico pode se dizer que creio
firmemente num Deus: em ücu significado rigoroso, no entanto* esta fé ainda
kjí assim l à í i í prática, mas tem que ser intitulada uma fé doutrinal que a / teologia
C R ÍT IC A D A R.AZÃO P U R A 403

da natureza (FtsicD-Teo]ogia} tem sempre e necessariamente que produzir. Com


respeito a esta mesma sabedoria, levando em consideração o modo excelente co­
mo a, natureza humaná está equipada e a brevidade de vída tão inadequada a
esie equipamento. podtí-se igualmente encoiurar um fundamento suHcieme para
uma fé doutrinal na vida futurado a3ma humana.
Nestes casos, a expressão de fé constitui uma espressão de modéstia a parctr
de um puniu üc vista übjeiivü. rna;> ao mesmo tempo uimbêm dü firmeza dc
nosK.li confiança a. partir de um pt>ntü de vista subjetivo. Se lambem aqui ítli
pretendesse denominar t>con sitier ar-a ígo verdadeiro. simplesmente teórico, dt; hi­
pótese que estivesse justificado cm aceitar, üntao com isto já me compro meierjà
n possuir, ficerç:i da ra tu re i ;1e uma causa do mundo e da natureza dc um
uutfo mundo* um üonccitü mais Completo do que realmente poüso apresentar.
Com efeito* tenho que conheces o suficiente, pdu nu nos qu^nm as suas proprie­
dades, daquilo que admito. íiinda que unicamente comfi hipóiesc. a fim dc que
possa invertUír nuo < >ikíw cuuceito, mas sim lâo-sortietttE íí situ existência, A. pala­
vra fé. tadavia. se refere unicamente a guia que uma ideia me dá c ao influxo
subjetivo sobre aquela promoção de minhas ações racionais que me confirma
t;m líil ídúíü, apesar du que eu n«0 esteja cm condições de prestar cyntas. num
surukto especulativa, sobre a mesma.
Mas a fé meramente iln-utrinal paj^^ui. um si al&umíi n^Ublhditde; riomos
freqüentemente afastados díi mesiiis. / dt-vidg às dtficuÊdades eil coiUn^das na cs- *S<i
peeuJiívãa su bem que inevitavelmente e sempre ík novo a eLa retornemos
Algo hem diverso dá-se eom :i fè morsí. Com nfeito, neste caso é absaSutu
mente necessário que lenliu que ocorrer algo, a saber, que eu obedeça ã lei moral
cm todos os seus pontos. Aqui o fim está inevitavelmente estahetecído, e segundo
todo o meu conhecimento sn é possível uma única condição sot> a tiual esie Hm
se inierconeuiü uoni iodos os oturos fins. tosidu assim validade prãiica; a salitir.
a de que existe um Deus e um mundo futuro, Também sei com toda a certezu
que ninguém conhice outras ciuidiçttes quif conduzam A mesma unidüdc dos fins
sob a lei moral. Mas já que puri aratu o preceito moral é goncornitamemente
3 minhs maütmü (pois a raaào untanu que üle o deve scr), então $rtrc\ inevitavel­
mente na csistérteia dc Deus t: nuni.ii vida luiura: iísuhji cerw que nada pode
íazer vacikir esta fê. pois neste ea^i Míriam pnsio^ pur terra os meus próprius
princípios morais, nos quais nào posso rtnm iciar sem me tornar abominável aos
muuü prúpricjs otllUS,
Deste modo* após ferem sido frustrados todos propósitos ambiciosos de
uma nizào a vaguear pjtra al cm dos ItmiUs dc loila u experiínda, resta nus ainda
o suficiente para termos moiivos de estar satisfeito^ stob li ponio de vista pratico.
£ claro que ninguém pode ufanar se de saber que exisie um Deus e uma vi tia
futura^ / puis süiha isto, irat»-^ t:,\atament^ du hom^m quy procuro há
muiío Límpiir Todo o saber (quando retere 3 um flhjqio da sitnplies ra/SO)
í passível de ser co mu meado, e portanto uu também poderia esperar que m heu1*
enstnametiEos e^Eendessem o meu saber numa medida cão digna de admiração.
Nâo. a conv icção nao é ttma certeza lógica mas sim mural; já que repousa Sühre
404 KANT

fundamentoä subjetivos. ío senti memo moral), não devo dizer que ê moralmente
certo que e*i&te um Deus. eec.. mas. sim que eu esiou mornlmeme wrto. etc- Isto
significa que a fê num E.'Jcu^ e num uuiry munüu eatá tãu crurcLecida com o
meu sentimento moral que. tanto quanto corro o perigo tk° perder a primeiFít.
exarameme f.mm me preocupo cm que algum i1ia me seja arrancado o iegundo-
O único ponto duvidoso encontrâvel aqui è que esta fé raciona] sc funda
sobre a pressuposição do sentimento moral. Se prescindirmos disto e tomarmos
alguém totalmente indiferente diante das leis morais. emío a per&unta que a ra­
zão propòe torna-se simplesmente uma tarda para a espceulaçao: neste caso,
pode ainda se apoiar em fortes argumento?, proferiií-ntüs da analogia m&s não
argumentos frente nos quaÊ^ devesse emergtr o mais acirrado ceticismo.1u*
ksk Quiintu a estas / questões contudo* nenhum ser humano livrtí dií todo o
intcrçss^ Com cfcilo. embora possa estar aparladó do moral devido a uma carên­
cia de boÊi* «£ntimcmt>s, tamhÓTn neyte uinda reslu, o suficiente para fazer
com que fema uma existência divina e uni fuiuroL Pois paru Isinto nudíi mais
se requer scnân pelo menos lhe seja impossível pretextar qualquer certeza de
que não sc; pode encontrar twm um tal ente Htim uma tal vidtL futura,; já t|Ue
seü\igc que is,io seja provacJo mediante s. Simples rasâo. é pOrCanto apodíticain-en
lç, clis teria que UNpi^r a impossibilidade dc ambas a;> eoisu.v tarefa que segura­
mente ser humana racional nl^um seria capaz dcs assumir. Uto constituiria uma
fé negativo que produziria ccrUimcnte não a moralidade c os bons strnúmentos*
mau ainda ajiaim a tftíu analojjflrt podí-riá, a ssibdr., dciür energicamente o
üHtrüVíiSnrtUSnlo <i0$ mäus SCnl imantas,
Mas iito t tudo, dir sc á. que a ra/.ào pura ia n q u e realizar quando ítescor
im:i ntivjia ptrspuerivaK para nlcm dos lim iie s da experiência? Nada mais do que
í*‘ j dois artigos dkí fé\! Tanto assim até o emendimento / comum teria podido realizar
sem necessitar aconselhar sc com os filósofos!
Não pretendo" aqui gabar r» mÉrico que a l: iloíolln ohieve no interesse da
rijv.ào humana mucLuinie &>& lahn.wrn>sos esfarço:; de $uu eróicH, ölnd« que turnbvm
*e devesse çon <â<lerá.-la, an fim c ao cabo. meramente negativo: a respciio disto
tratar se-á ainda um pouüo na i-úíàu subseqüente. Mas pedis emào que um ironlié-
cimcnio concernente a todos os homens deve ultrapassar o entendimeruo comum,
bom como vos ser umcumcnie revelado por filósofoR? Exatamente isto que ru
preendtíisi é ü melhor confiem ação dü eorrôçãu das afirmações feitas ntc aqui,
víülo que descobre; aquilo que inicialmente: nau se podia prever, a saber: naquilo
qutr $c r^fere a todos os hnmcnfi eem distinção, nào se pode acusar a nãiureia
de liitver distribuído cotn píirti:1
!.Itda.de íjs üuusdünât y com respeito yos tlns e^en-
ciats da niituríüa liumana a mais alia l-ilos-ollä náo podia ir mais longe do que
é pussíví! nom u guia qut; a nalurc/a conccdeu taimbém ao tnais comum dos.
enLentlim entnM ,

1Q^ A Fn&nte hjm^nii tom-i um iritcrcAKC nuutraL pela [Mi'jraliiAdii {^rtrrtíi Crcín que arninir-t;™ iii-rL's=.ariaincritL-
c(?m todo çnte racíorvial^ wnquatito tal inierc^e nãí> Mjja iriiüvi^y e pr^tteiHUínit príposHítraniÉ, Ü2 tíiralc*
CCL5 £ aiimcniím e^sç imtrey.L% ctin*it[icrard^. ji nßiiü muito docil. t mesma irttiis âlLíE^aiJa. juíta ruunir
cont a IncLTCSHC pràLicú laRitem a tspííulaiivn. Mas kh nàc cuwiais de ancei ftirinar pelrt menos nm^crjidn
m ín ií bnns, e>itggircis jíifHílis íl faw r ílelíS hoiflíns iinctíraincnr e i f e n d !
C R IT IC A D A R A Z Ã O P U R A

/ Capítui o T e rce iro ra\ D o utrina Tka^stfndiím ai m M étod o a*»

A arquitetônica d& razüo pura

Pof tirita arquitetônica entendi: a arte dos sistemas. Devido ao fato do que
n unidade sistemática é aquilo que primeiramerue toma o conhecimento comum
uma déncia, isto á, faz um sistema a partir de um mero agregado de taiscorvheci
mentos, a arquitetônica constitui a doutrina do elemento científico tm nosso co­
nhecimento em geral. pertencendo portanto necessariamente à doutrina do meto
dü.
Sob o governo da ra/ào^ de modo algum é admissível que os nossos conheci
mentos perfaçam uma rapsódia; ao comrário. têm que constituir um sistema uni
camcnte no qual ó possível sustentar c promover ui fins essenciais ctu razão.
Por um sistema, no íntanto. corrtprccruío a unidade «los conhecimentos múltiplos
sob uma idéia, Esta última é o conceito racional da íbrma de um todo na medida
em que tanto a extensão do múltiplo quanto as posições que as partes ocupam
umas em relação às outras são determinadas a priori por tal couccílo. O tonceito
científico da ra/âo conléíru pois, o fim e a forma daquele tudo que ê congruente
com o tal fim. A unidade do fim ao qual referem iodas ns parles» c que na
idélíi deste fim também se relacionam umas às outras, fa^ com que se possa
dar pela falta de cada umíi / das partes mediante o conhecimento das demais.
e que não ocorra uma adição ao acaso ou uma magnitude indeterminada dc com-
plcUtde que nat> possua os seus limites determinados a priori. O todo e portanto
articulado (cirticuIntio) é não amontoado (coacervatio), podendo, é verdade, cres­
cer interruimeruc <per intus suscepiionem). mas não externamente (per appo-diio
nem). ial como acontece com um corpo animal cujo crcsdrncnio uno leva a adi
çào de um membro. mas anies. sem alterar a proporção torna cada um dele*
mais forte e mais efietente para a sua finalidade.
Para a sua realização, a idéia requer um esquenta, ou seja. uma multiplicida
de c uma ordem emendais das panev amlis determinadas ü priori a partir do
princípio definido por seu fim. O esquema, que ntio é projetado segtmdo uma
idéía. iülü c. a parxír do fim capital da razão, mas sim empiricamente segunde
propósitos que se apresentam de um modo eoiuinjiciue {cujo numero não se pode
saber antedpadamcmcK fornece uma unidade (écnica: aquele esquema, no entan
to, que se origina unicamente em conseqüência de uma idéia <onde a razgo impoe
íi priori os fins. sem espera los empirirnmcnie) fundu uma unidade arquírctànica.
Isto que nós cognominamos dêrtcia — cujo esquema tem de um lado que conter
conforme à ideia, ou seja a priori, o coruorno (monograma) e a divisão do todo
em partem e. de outro lado. que disLirtguir, com segurança e segundo princípios,
este rodo de todos os demais não pode originar se de um modo técnico devido
à semelhança do múltiplo ou ao uso contingente da conhedrnento in concreto
para qualquer tipo de fins externos arbitrários, mas .sim de um modo / arquiteto h«
nico devido à afinidade Idas partcs| e à sua derivação a partir de um único fim
supremo e interno que primeiramente torna possível o Lt>do
Ninguém tema estabelecer uma eiciida sem que lhe subjaza uma idéia. Sõ
406 KAN T

que na elaboração dc uma tal ciência, o esquema, c até mesmo o definição que
da Sogo dc início aecrca de sua ciência, corresponde muito raramente á sua ideia;
pol-; esta últimii se encontra na razão como uni germe no qual todas as partes
estão o c u lta ainda muito pouco desenvolvidas e mal reconhecíveis a umaobser-
vâ^ãu microscópica. Em virtude disto, è mister explicar e determinar as ciências
não segundn a descrição que os seus autore* rorrtíecm das mesmas, mas sim se­
gundo a idéia que encontramos fundada na própria razão a partÈT da unidade
nntural das panes que o autor reuniu; deve-se proceder assim porque iodai, as
ciências são concebidas a panir do ponto de vista de um certo interesse univerüal.
Nos te caso. com efeito, achar-sc-ã que o autor e freqüentemente ainda os seus
maís póstcíON Múguidorcs erraram em tomo de uma ideia que não conseguiram
tornar claru paru si mesmos; em decorrência disto não puderam determinar o
conteúdo específico. a articulação (unidade üistemática) c as limilcs da ciência.
É um infortúnio que só apôs termos seguido por muito lempo as indicações
dc uma idéia oculta ern nys ao coletarmos rap&ydieamcnLc, como malcnal dc
construção, miittos conliecimcmos relativos a ésta mesma idéia, e só após termos
íw por um longo tempo / reunido tecnicamente oa mesmos. se nos tornou primeira­
mente possível vislumbrar a ideia cm meio a uma luí mais clara e esboçar ar<4ui
lelortiearnente um iodo segundo os finada t&jâ o . Qual vermes, os sistemas pare­
cem Ler sido formados., inicialmente de forrnu mutilada c com o lempo completa­
mente. por uma jteneratio uequivoea í« partir da simples confluência de conceitos
coletados. Apesar dislo, todos possuiam, corno um germe originário, o seu esque­
ma na razão, a quáH simplesmente sc desenvolve. Conseqüentemente, não só cada
sisiema esiâ por ?»i articulado segundo uma idéia, mas também todos estào por
Mja vez unidos finalisiicamente entre como membros dc um todo. num sistema
do conhecimento humano: ímo :tdmctír. pois, umu urquitciômca dú todo i> saber
humano que nos tempos dc hoje. cm que ou já se coligiu maiertal suficiente ou
c possível obic-lo dâs. ruínris dc velhos edifícios desmoronados, não só seria py&sí
vcU mas também não se revelaria ião difícil asteim, Contem ar-nos-emou nqui em
completar a nosia tarefa, a saber, simplesmente escoriar a arquiteuwicü de iodo
o conhecimento proveniente do razão pura; limimr-novcmos a começar partindo
do ponto em que a raiu. comum dc toda a noxua capacidade dc conhecimento
*0 bifurca cm dois troncos, Jqk quais um é a razão. Aqui, no entanto« entendo
por razão a inteira faculdade superior de conhecimenio, e poriamo contraponho
o racional ao empírico.
Se abstraio de U>do o conteúdo do conheeim^nií* cmwitlerMdo ítb-jcdvnmente.
então subjetivamente iodo o conhecimento / c oll histórico ou racional. O conhC'
cimento hisiórieo consisie em cognitio cx datis. u rucionnl tvn eygmtio ex princi-
piis, De onde quçrque um eonhccimcruo seja originariamente dado. naquele que
o possui ele será hisióríeu quando este indivíduo conhecr sc lamo e na medida
em que lhe foi dado de fora, seja mediante uma experiência imediata ou uma
narração, mcdianie uma instrução (dé conhecimentos gerais)- Em conseqüên­
cia disto, aquete que propriamente aprendeu um wistema de filosofia, o woljftanú,
por exemplo, nada mais possui do que um conhecimento histórico completo da
C R IT IC A DA RA ZA O PURA 407

filosofia wo imana* mesmo que tenha presente na me me e po&sa contar fios dedos
todos os princípios. explicaçò-es e provas junto com a divisào de todo o sistema;
de só satse e julga tanto quanto lhe foi dado. ConLestai lhe uma definição e já
rtâo s.abe de onde deve tirar outra. Formou-se secundo uma razào alheüa. mas
3 TacuIdade imitativa não ê a faculdade produtiva, cm seja. o conhecimento não
se !hc originou a partir da ra^âo; embora, é verdade, sc trate objcüv&mencc de
um conhecimento racional subjciivameníe não passa dc um conhecimento históri­
co, Compreendeu e guardou bem. \sio ê. aprendeu bem, constituindo-se numa
cópia de gessa dc um &cr humuno vivo* Os conhccimcmos racionais que o são
ôbjeliivamente (ou sêja Que só podem inicialmente sê originar da própria raiào
dos homens) podem portar Lambem subjetivamente c&te nome só quando prove­
niente* dc fontes imiversais / da ra/.5o, nu seja, dc princípios, fdnlc da* quais KfiS
Lambem pode emergir a critica e alé mesmo o repstdio daquilo que se aprende u^
Ora, iodo o conhecimento racional é ou :i panir de conceitos ou a pamr
da construção dos conceitos: o primeiro se Intílula Jllosófico. n segundo. matemá­
tico, Ho primeiro capítulo jú tratei da distinção interna dc ambos. Conseqüente­
mente. urtl eonlicciffiemo pode sir ohjciivamcnLtí filosófico íl ainda assim Mihjfü-
viimenfr histórico, ml como ocorre com a maioria dos dlsdpitLü* c com k)do.s
aqueles que nao veem adiante dc sua própria escola,, permanecendo neófitos
por toda. a vida. É ustranlio. iixlavía. que i>con linimento malemáiicu* do modo
to ui õ foi aprertdido* lambem pMs.sa vulur ^ubjc-tiviimente como um cunhedm^mo
racional. ncsEc caso não ocorrendo uma distinção iul quíil :i cjljl: uniioniramog.
no conheçimcino filosófico. A causa disto ti ^ut: sx l’onie& dc ctmhccimcnio ãs.
quais. o mcjítrí ppcW ^xck siva^ento recorrer mio se súuam sen ao noa princípios
essenciais c auièmicos da rs/Ãa. sendo porianlo impojixivd para o educando i:m-
to adquiri Usfc de qualquer outra fome quatui> comesi rVt»ís: i^to Jicomectv por sícu
turno, porque AC\ui < >u<o da ra/íso lem lugar sn in concreta —>sc hem Qucaintla
ussim a priori, ou stijii. na intuição pura. qual 6* cxauimcnu devido a isto. infalt-
vcÈ -, cxcluindo toda :i ílu$iUi e tíJdo 0 m o, Domrc todas ãs ciências racionais
(a priorH. pormim só é possível aprender Matemática, mus jamais FilnsoHa (a
não ser historiemniime): no que lange á rnzao. o máximo su pode é üprendur
a.fi{osafar.
A F ih m jla c, pois. o sistema dc todo o conhccímcmo filosofem, É ncctssá- Hffi
rio tomã-ia objetivíirrteiue caso sc compreenda por Filosofia o arquétipo para
sc juigar todas as leniattvas dt; nionofar; tste arquéiipo dtivti servir para julgar
U>dü â nioíofiii subj^civu. vdiíTcio c fre-4Íi.sntí3men[t: liVo Jivcrsinca.du c (.ao
mutavcl. Deste modo. a filosofia e uma simpEc?, ideiy dè umn dencin possíveS
que não é düda em pane alguma; seguindo diversos caminhos, procuramos aviii-
Tihar-nos desia idéia até descobrirmos a única ^enda^ ba^ianic obsuruída pela sen­
sibilidade, e conseguirmos no arqyíLipo igualar, tanLo quanio seja dado a seres
humanos, a cópia ace emào defeÊLUosa. A li emEio nüo k pos^ívíl aprender Ljual
quer filosofia: pois onde Lüua se enconirn. qiíem a possui e íepimdrt ljuísís cn.rac-
Eerísiicas se pode reconhecê-la? Só é possívd íipreiukT a filosofar, ou stja, oerti-
tar o talento da razão, fimjndo-a ác|juir os seus princípios universais eni certas
40« KANT

tentniLvaíi filosóficas js exlitentcs. mas sempre reservando à razão o direito do


investigar aqueles principies -aic mesmo cm suas Tomes, confirmando-os uu rejei
rando-OS-
Até aqui. tio entanto. ira Lava se lão-somente de uin conceito escolástico de
Filosofia, ou seja, o conceito de um sistema de conhecimtnto que só é procurado
como ciência, .sem que st* tenha por finalidade uign m^is que a. unidade sistemáti­
ca dchto saber c portanto a perfeição lógica do conhecimento. Mas ainda existe
um cmiceiln cósmico (concepius cosmícus) que sempre fni tomado como o funda
w.? mento ilo lermo Filosofia, principalmente quando por ussim dizer sc u / personifi­
cou c se o representou como um arquétipo no ideai tio Jitósftfo. Neãte sentido,
a Filusufia é a cièneãa da referência de todo o eonheeimenro aos Uns essenciais
da razão humana (teíeoLo^ia nuloms liumaiuicj. e u filósofo é rião um artista
da razâo. mas sim o legislador da razão humana. iVesie significado, seria assaz
vanglorioso ehamar >,e a si rnesmo de filósofo c armgar-sc uma identidade com
o arquétipo exisieme unicamciue na ideia.
O matemático. o estudioso da natureza e o lógico, por mai\ notável que
seja o progresso dos primeiros no conhecimento racional c o dos üe&undos parti­
cularmente no conhecimento filosófico! nüo passam dc animas d» ritzao. No ideal
ainda existe um meMre que *i todos impòe a sua tarefa e os utth/a como instru
mentos para promover os fins líssínciais da rnzão humana É comente a este
que devtino^ denominar o lllósoio: mas jã que eie mesmo não c cm.untríido em
parte alguma* ao passo que por ioda a parte nos deparamos com ;i idéia dc sua
legislação Crri cada razão humana. pretendemo* unicamente m>s ater 3 usta ükimíi
w»i» « deiurmmur mais precisamente / que Lipo dc unidade sisiemãitca a Filosofia
prescreve. segundo este conceito c ó s m i c o , a partir do ponto dc vi>ia dos
fins.
Fins emendais nem por is-us são os supremos; só pode Iravcr um únira fim
supremo íquando sc atinge um;i perlcicn unidade sistemática du ríi/:u>), Conse
qüciuenicnie. os fim essenciais sào ou o fim último ou os fins subalternos que
como me tos pcrlencem necessariamente àquele. O fim último não é outrn senito
a iiucira destinarão do homem, e :i filosofia a respeito deaa úliima chama se
Moral, Devido :i e*ui prerroçaiivu que a filmofia moral possui diante dc iodas
as. outras oeupaçóes da ra/ão. também íntre os amigos, se compreendeu soh o
nome de filòsulb sempre concomitante e preponderantemente 0 moralista: e mes
mo a aparência externa de uru autodomínio |adquiridt>| mediante u ra^ào íuz
com que ainda hoje. segundo uma certa annlop.ia. denomine mus alguém de filóso
fo, por mais limitado que poüsa *er o seu saber,
A legislação da razao humana (Filosofia) possui dois objetos, natureza
c liberdade: contém* pois.. Lunto a lei namral quanto tambem a lei moral, inicial
menie em dois üisiemas separados, mas finalmente num único sistema filusófico,
A filosofia da iiLiiurczu reFere-se a mdo o que <7 a filosofia dos cosi umes concerne
unicamente ao que d riv .w.

ia * Cwiceitn eósmicu üijuiLfiíiu WfUI um Cúnieito concernente ai> tjiie interesfsa nccoss^riitmenic a qualquar
um. Pot ksi>, diíEerfilinrt ^ nbjírivn d»* uma ciênria segundo irvnwifvs ts£ft{jà$u-cirs quEmdci t C^HÍücriUa
K(’>uma h^M!ii.t;ule mtr«.- j>Lwr?i6 pata etnoí. fnií, ^ibúrirlus.
C R ÍT IC A DA R A Z Ã G P U R A

Por üuU'0 lado. LOda a Filüsofia é ou um conhecimento a partir da razão


pura úu um conhecimento racional a partir de principiou cmpirico.s. A primeira
chama-se filosofia pura. a segunda filosofia empírica.
/ A filosofia, da razao pura ou c uma ptupcdcuãca (exercício preliminar)
qllí; investiga a faculdade da razão no tocante a Lodos oü conhecimentos puros
y priori c denomina ^ crítica, ou constitui em segundo lugar o sistema da razão
puni (csência), iodo o conhecimento filosófico (tanto o verdadeiro quanto o ;ipn
rente) a partir da raiàn pura apresentado em sua intercnnexàfl sistemática* e
chama-w kfeiqftsica. Este último nome. coniudo^ tombem pode ser daco a toda
a filosofia pura inclusive ã crítica, a fim de abarcar um to a investigação de tudo
aquilo que pode ser eonhcddo a priori quanto Lambem a exposição daquilo t|[ic
perfaz, um sistema de conhecimentos filosóficos, puros d cata espécie, porém distin
to dc Lodo o uso empíricu e dc todo o uso matemático da razão.
A Metafísica dividu-í-jc na do uso especulativo c no do uso prático da razão
pura. sendo pórtanto ou metq/Taiea th natureza ou metafísico dos cmtiumiis. A.
primeira contêm todos os princípios puros da razão derivados dc simples concci
tos (portanto excluindo il Matemática) e qu£ ?»c rerVrum ao conhecimento teórico
dt; todas as coU-asi a scyunda cgnuim oi princípios que determinam a priori c
tornam necessários o fazer c o deixar de fazer. Ora, a moral idüdg H y única con­
formidade das açòes a leis que pode ser derivada, de um modo completamente
ii priori.dc princípios. Línt decorrência dintu. a mcia física do*costumes é propria­
mente a moral pura. a qual nào se lunda sobre qualquer Antropologia (quaisquer
condições empiriças), / A metafísica da razào cspeculniiva é aquilo que, num
sentkh mais eslriía, costuma dcnoniiniir se Metafísica: mas na medida cm que
íi doutrina moral pura também pertence nào obstante a um tronco especial do
conhecimento humano, prccisíamcnie o filosófico, derivado da razàõ pura. quere
mos réter thç a denominarão dc Matafisica. embora a porluimo* dc lado aqui
por agora não a ternos cm mira.
Ê dc vxiriíma relevância isotur os eonhceimcMoS que >e distinguem dtí ou
tros segundo o seu género c origem, bem como eviutr cuidadosamente que con
tinam c se mesclem com outros »onhjcimcnu-v com os quais estão costumeira
mente ligados no uso que ddes fu/.emov O que fa/.em o químico ua análise da
matéria e o mutcmáiico na aua doutrina das magnitude!» puras é uma incumbèu
cia ainda maior para o filósofo, a fim dc que possa determinar com segurançy
a pane que um tipo especial dc conhecimento tem no uso variegado do entendi
menuj, bem conut n seu valor próprio c a sua influência. Conseqüentemente,
a partir do momento em qui; começou a pensar* ou antes a refletir* a razão huma­
na jamais pôde prescindir de uma metafísica- se bem que nào eauves.se apta a
expó-la suficientemente depurada de todo o elemento estranho, A idéia dc uma
tal ciência c exatamente ião velh:i quanto a razâci especulaliva do ser humuno;
e qual ra/.ào não especula. seja de um mudo escolástico, seja de um modo popu-
f;ir? Tem que sc admitir, contudo, que n distinção dos dois / elementos de nosso
conhecímemo. um dos quais está £m nosso poder completamente a priori. e o
outro só podu ser obtido a posteriori da experiência, permanccu assaz obscura
mesmo entre os pensadores profissionais: cm consequência disto* jamais sc ctHV
410 KANT

seguiu determirtílr os limites de um tipo especial tíe conhecimento. c punamo


nào se pôde eon&rituir a ideia autentica de unia ciência que tanto e por Lanto
téntpo ocupou a ríizâo humana. Quando se dizia que st Metafísica cra a ciência
dus primeiros princípios do conhecimento humano, acentuava sc com mo nao
um lipíi Inteiramente especial de conhecimento, mas sim tão-someme umíi certa
precedência cum respeiLu a gencraLidade. sendo que mediante tal, portanto,
conhecimento nao podia ser di&lincido do empírico com a, ciareza suficiente.
Com deito. também entre os princípios cmpiricos fcã uns que são mais gerais
c portanto mais elevüiJus do crulros» E jíb ?>êrLe de uma tal subordinação
Qk que não se distingue aquilo qtie è conhecido completnmeme a priori daquilo
que o t: tão-somenLc a posteriori), onde sí deve fee r a censura que di&tinpa a
primeira pane toü membros superiores da úitimu parle e dos membros subutdf
nadoi- Que ■bC diria se a cronologia pudesse designar as épocas de mundo
dc um modo tal que as dividisse cm primelim séculos c em séculos subseqüentes?
Perguntar-se-ia: o quinto sécuLo, o décimo, etc.. também pertencem aos primei
fos? Da mesma forma inda&or o conceito do extenso pertence à Metafísica? Res­
pondei que sim! Ah. fi o dc corpo também1? £im ! E o de corpo flutdo? Fkiais
/ perplexos, püis wü ü coisa comi nu a nesta toada, tudo pcricnccrã á Metafísica.
Disio se vç que u simpta jirau Je ^ubordinmíâv ío par t o Lar wb 0 universal}
nao pode clcicnminar os límitcp dc umo ciência; em nosso caso, ao contrário,
ia] determinação sò è d;tda peia total heterogeneidade e diversidade de origem.
Sob um ouirn aspecto, no emamo, & idéia fundamentai da nwiíifífcica foi obscuro*
cida peio tato de que esta. enqusmio cunhccimcnso ix priori* mas trava uma cerca,
homogeneidade com a Matemática, homogeneidade que ccruimcntc as torna afins
no que se refere à sua origem * priori. Mas no que diz rcspcko ao modo de
conhecer a partir dc enncehos caraciemiicns da pritneim comparada ao modo
de julgar et priãri unicamente medi&me a construção dos conceitos tal como é
próprio da üeftundau e p ort íl nto m que concerne á dístinçào entre o* conheci men­
tos filosófico e niüLemático. cvidencia-se uinu heterogeneidade ião decidida que.
ümlxira sempre se a tenha por a&sim dizer semi do, nào foi possível reduzi la
a critérios d aros. Ora. desie modo acomeceu que. dovi do ao faio de os próprios
filófiOÍOS. falharem na LOrCfa de desenvolver a idéia du s u í i ciência, a dabornção
da me,sma nau pôde aborur kc dc qualiiutir llm determinado e dc qualquer orien­
tação segura; conseqüentemente. diante de um projeto ;raçado Lào arbitrarianien
LC, i^norantes quanto ao caminho que teriam que seguir e sempre querelindo
ü respeite das descobertas que cada um pmertdiít ier Éeito ao lortflode cami­
nho. üü.ftlíiMofos levíiram a sua ciência a ser desprezada, prtmcim pelos outros
e final mente até por eles me*niOíy.
/ Todo o conhcdmcnio puro a priori perfaz, pois. uma unidade pariicu]íir
em v irtn d c d a faculdade especi:il dc conhecim ento exclusivamenEe na qual possui
a sua sede; & Metafísica é aquçta filosofia que deve apresam ar aquele conheci­
mento nesiít unidade sistem a^ca, A p^ric e^pccula.tivü d a M eDofisica. a que sc
apropriuu prEfereTUemenle tlesle nume — «li seja. a que denominamos metafísica
dü natureza, a qual consid era tudo. na m edida enj que é tnão o que deve ser),
a p a rtir de con ceitos a p rio ri — divide-we da seguinte m aneira.
C R ÍT IC A DA R AZÃO PU RA 411

A Metafísica- asssim chamada em seu sentido mais estrito. consisie na fiio-


sofia transcendental e nü/íiiologia da rüzãu pura, A primeira considera apena:-,
o entendimento e a p r ó p r ia razão num üisLcm a dc todos os c o n c e ito s e p r in c íp io s
que se rcrcrcm a objetos cm geral sem admitir objetos que sejam dadas (ontolo­
gia): a segunda considera a natureza, isto é. o conjunto doa objetos dados (sejam
dados aos sentidos, se ja m dsdos, se se q u is e r, a uma outra espécie de intuição),
e e portanto unia fisiologia (^c bem que tão- somente rationalis). Ora, o uso da
razão ae^ta consideração racional du naturg^íi c ou fi&icu ou bipcrfíiieo* melhor
3Índa, nu imanente ou transcendente. O p rim e iro voíia-sc para h n aELirc/a na
medida em que o seu conhecimento p o d e ser a p lic a d o na c x p c r ic n c ia (in c o n çrç-
loK o segundo para. aquüla. conexão dos objetos da experiência que ultrapassa
Lüda a / Capcriência. Conseqüentemente, esta fisiciogia transcendente possui eo- w
mo o seu objeto ou uma conexão interna ou uma externa, mas ítmbas ultrapas­
sando a experiência possível; aquela ê a fisiologia da natureza rnicira. ou seja.
o conhecimento transcendental do mundo, ao passo que a última constitui a fisio
logia da mierconexiío do natureza inteira com um ente superior à natureza, ou
seja. u conhecimento transcendental de Ueus.
A fisiologia imanente, em contrapartida, encaro u naturcty como o conjunto
dc todos os objetos dos sentidos, portanto la! como nos é dada, mas unicamente
segundo ns condições a priori sob a?> quats noa ptidc cm ycriil ser dada« 5ó há.
entretanto. dois tipos dc objetos da fisiologia imanente. I. Os dos sentidos extur
nos, ponamo o conjutuo de taís objetos» a natureza corpórea. 2. O objeto do
sentido interno, a alma, c dé uriv modo g.eral. secundo os nossos conceitos funda­
mentais da mesma, a natureza pensante. A metafistcíi da natureza corpórea chii
ma-sü Física* mas por dever conuir tàü somcnií os princípios do conhecimento
a priori da nMurcza./úuctf racionai. A mctaíTsica da natureza pensante denomi­
na se Pxtcoiügia* c devido ao mesmo motivo aduzido Mipra só se deve comprccn
der aqui o çonhçcimenw racional da natureza pensante.
Km conseqüência íli$to, o sittema inteiro dá Metafísica consiste cm quatro
partes principais: I. na otuntogiu, 2 . na fisiologia racional, 3, na cosmologia ra­
cional. 4. na teologia racional. A segunda parte, a saber, a domrina da naiure^u
mJvojj^da pela razão pura. coutem duàs subdivisões: / a phy.sica rationalis' ^1 tis
<í a psychólogia rationalís.
A idéia originária dc uma filosofia da razão pura prescreve ela mesma esta
divisão, Esia última è, piiis» arquitctónica em conformidade com os fins essen
ciais díi ra/ão. e não mtTfiment' técnica, traçada sc&undo afinidades acidental
mente pcrccbidas e csLabdeeidas comu que au acaso; exatamente por isto ela
também é imutável e legisladora. Quamu a isto existem alguns pontos que podt-rn

101 Kãa se penvc t|uç com CTli CXpíiisão entendo o que cttmuificntc üe denomina physJcu KcnerülL, ç que
è mais matemática do qut Filosofia dji naiurtza. C ti* cftiir., q mctufíska da n&iuíczí). iiparUrií tinaJmcnic
díi M atem iuca; c sc mmbem csü tonge de iimptiítr Oí ftossoi tunhctjmcntos tanto como St Maiemàtaca.
é coniuJü mutio iiupcrtánic cum respeito à crítica dt> etJtihccuTKnio iniebctuaJ e puio cm gerat a aplicar
a naiujíia- Na falia dc unii mciafísict da nstuiíia, ns próprios müiímaucos. aderindo a íertos concíimí
CftrtlLrtÉ q u í d c Fflío sãfi « ftn iu d a m ^ ia tísie o a, jra p tr ç ü iv tiv ítr tw n tf c i r r c g j ^ ^ n ii F í^ j(;a Jiifw ic íic s q u e
sc deifajtcrn anlc IIIDil ^rílíCB lititíi pritcuipj«^,
í[lc HIIl [stn prejudique nem UFEI pirmqijihJlO u UM*
da MA(emitÍca OCSlí Campofquee abâotuLaniçou: ãníispcn53VCl).
412 KANT

suscitar dúvidas c debilitar a nossa convicção acerca da legitimidade desta divi­


são.
Em primiirü lugar, como posso esperar um conhecimento a príoru pofianip
ama Metafísica. dc objetos na medida em que são dadOb aos nossas sentidos.
q portanto a posteriori’ E como c possível conhecer, segundo princípios a píiorí,
a natureza daí coisas / c chegar a uma fisioJoilia racional? A resposta ê a beguiii-
Le: da expericncaii nada mais tiramos do que o necessário para nos. darmos um
objeto do sentido tanto externo quanto interno. 0 objeto do sentido externo nos
é dndo pdo mçro conceito de matéria [extensão inanimada c impenetrável)„ o
do interno pelo conceito de ente pensante (na representação inferna empírica:
eu penso}. Uc resto, em toda a metafísica destes objetos leríamos que nos abster
trueíramente de todos os princípios empíricos que pretendessem acrescer ainda
uma outra experiência a estes üíinçtíitos. visando a partir disto pronunciar juí/nis
a respeito destes objeios.
l:m segundo lugar, onde fica a psicologia empírica, a qual sempre manlcvc
o seu lugar na Metafísica e da qual sc espero li. em nowos tempos tão grandes
coisas para o esclarecimento da mesma, isto depois dc .tc ter abandonado a espe
rança dc se realizar íi priori algo prestável'■ Respondo: pertence 30 mesmo sítio
no qual tem que ser colocada a doutrina própria (empírica) da naiure?a. ou seja,
aos domínios da filosofia aplicada: já que a filosofia pura comem o* princípios
a priori da filosofia aplicada, aquela lem portanto que ser ligada a esla úhínia.
se bem que não confundida com a musma. Conseqüentemente, a psicologia em
píricíí tem que ser complctamemc banida da Metafísica. estando já totalmente
excluída peia ideia da mesma, Nào obstante, de acordo com 0 uso escolástico
lerse-á sempre ísc bem que tfin Nomente como mti episódio) que lhe eoneed^r
uin lugar* inho na Metafísica. / e isto por motivos econômicos: de fato, não chega
a sír sufieieruemenie rica para perlazer Moinha um lobjeto dcl csiudu. rnas é
demasiado importante para que se deva renega la completamente e irasladá la
a outras purayens ahk quais provavelmente encontraria ainda menos afinidtidu
do que na Meufísíca. Trata-se, pois. só de um estranho lia muito aceito como
hóspede c para 0 qual se prorroga a estadia por mai» algum tempo, até o dia
em que possa encontrar o *cu próprio lar numa Antropologia detalhada <0 corres
po mi ente à doutrina empine:! da naturc/a),
Esta ê. pois* a idéia g.crai da Metafísica. Inicialmente dela se espera mais
do que pode com justiça ser exigido, e por algum tempo todos se deleitaram
com expeeimivas agradáveis; finalmente caiu no desprcv.o generalizado, pois, w-
dos vi ram--se logrados em sua esperança. O ínieiru curso de nossa crítica foi
suficiente para nos convencer que, embora não podendo ser a principal fonaleza
da relÍ£iao+a Metafísica tem que permanecer sCmpre comi» ;i defina da mesma:
convencer nos Lambem que a razão humana, dialética já pela orientação dc sua
natureza, jamais pode dispensar uma iat ciência que a rífreie e que impeça, iitra
vês de um autoconhccimcnio científico e completamente evidente, as devastações
que de outra maneira uma razào especulativa anárquica causaria assa?. infaJivel
mente tanto na moral quanto na religião. Conseqüentemente, por mais r-escrvnda
c r It ic a d a r a z ã o f u r a 413

OU desdenhosa que também / a atiíLidp daqueles que tamhém Mähern julgar &
uma ciência não segundo a sua natureza, mas sim unicamente a partir dos seus
efeÍEüK comingcntcK. peidemos csínr seguros que sempre retornaremos à MeLafísj-
ca como se se traLa^se de uma amada ram a qua] no* desaviéramos; isto é assim
porque a razão, devido íxo Fato de estarem em jogo aqui fins essenciais, tem qué
labutar intiMsavelmcnLc ou para atingir u.m eonhecimenfo profundo dos mesmos
o li para desmentir os conhecimentos jã existentes que a eles se referem.
Por conseguinte, a Metafísica tanta da natureza quanto dos costumes c prin­
cipalmente a critica diz uma razão qutr sc aventura a andar sobre os seus próprios
pés* crítica que prcccJe u lilulo Uc exercício preliminar (propedouticam^mej,
consLituem propriamente sozinhas aquilo que ruim .sentido atitênLiCo podemús
denominar FÈioKafla. Esta última rdere ludo ã siLbüdnrta. se hem que scgmndu
a frenda da ciência; esta e a única via qui!. umu vgü aberta. jamais e obstruída,
não dando azo a qus alguém se pcrca, A Maiemática. a Ciência Na Lurai e mesmo
ó nosso conhecimenLcj empírico acerca do homem possuem um aluo vulor eorriü
meios para sü atingir Hn-s da humanidade que na maior parte das ve/« sho con
lin^entes. mas. nu fím c ao cabo também para se alcantur fins n rosários e essan
Club, Por outro lado, çstas cióncias só podem cheçar a estès ultimei iUravés
da mediação de um cunhmmcnki racional a partir dc puros conceitos, conheci
mento que* ücnòmirtc sc çi ícunõ qui^r. prupi iamente nada niai* ü do que u
VI cl íillsieti.
F.xatnmente por kio & Meuifísica também çnnsmtui ri perfcàçAo de toda tt
cultura da razão human a; ir-iM « de uma di^iplina indi^peiiiáveL / rrte^tmi 411e
M2 ponha dc Indo o seu influxo, enquamo eiéndiu nobre certos llns determinadas.
Cum efeitu* cia uomidera a rttzàcT segundo aqueles dos seu eEemenios c mas imas
supremas quu tóm que ser tomadas comei o fundamento t:mm da possibilidade
dc algumas cièndas quanto iio itxu dü todas. Que a Meiüfistca. enquanto simples
cspcculaçao, ,sírva mais p;ira manter afastados oh erros do que para ampliar o
nosso conhecimento, eis ;il&o que não vcni cm detrimento dc seu valo ri confere
lhe antes dijuiidadc c autoridade airavcs daquele cargo de censura qui: a* segura
ü oixkm c :l Ivifmortis gafais, è rtiü »nósmo o büm Ls$|rir iki comurtidiidsr ciéntirica,
impedindo que t>s Iahoi cs eora;i?M?i c fruifíeitis desta últinut ?ie do fim
capital, a felicidade de UmJ os.

; C \r*iTr i n Quahtm n \ Dot t r i s a T is vnsi p^hs-mt ai no M fto d u híhq

A hislóriã du ruzão pur^

Csus u tulo só e^tá aqui para designar um lugar que ainda re&ia no sistema
s que leni que ser preenchido futuramente. A partir de um ponto de vista pura
mente transcendental, ou seja. a [w iird a namrcxu da razão pura. conicntar-me-ci
Cm lançar uma rápida olhada sobre a Lolalidade dos Lrabalho^ prcccdcntcs neste
setor: embora isto apresente edifícios aos meus olhos, só me faz vê-lodern ruínas.
KANT

Embora naLuralmeníe nào pudesse ocorrer dc outro modo, é hasiçmie digno


de nnta que na iníãncta da Filosofia os homens começaram no ponto cm que
agora preferiríamos terminar. ou seja, estudando inicialmente ü conhecimento de
Deus c a esperança ou quem sabe até a natureza dc um outro mundo. Por mais
que os velhos costumes, resíduos ainda de um estado bárbaro dos povos, houves­
sem introduzido conceitos religiosos grosseiros, isto de müdo algum impediu OS
indivíduos mais esclnrecidos de empenharem-se em investigações, livres acerca
deste objeto; compreendcu-se facilmente que não podia haver um modo mais
sólido e mais fidiií%no dc agradar o poder invisível que rege o mundo, com
SSL o fito de ser fehz pelo menos num outro / mundo, do que conduzir-se bem na
vida. f. por isto que ü Tcologis e a Moral foram as duas molas propulsoras.
Oü melhor. pontos de referência, de iodas as mvestigaçoes abstrata^ da ra?_ào
às quais o* homens sempre se devotaram posteriormente. A primeira foi. contu­
do, propriamente a que aos poucos atraiu a razão meramente especulativa para
as lidei que sc tornaram subseqüentemente tâo ren ornadas sob t>nome de Mciafí*
sicn.
Nin pretendo agora distinguir as épocas às quíiis correspondem estas ou
aquelas mudanças da Metafísica: ‘limii;-ir*me-ei a expor, num rápido esquema,
as diferenças de idéia que desencadearam as principais revelações. I- neste casú
detecto três quesitos segundo os quais se insmuiram as mudanças mais dignas
de menção que ocorreram neste palw de disputas.
1. Com respeito ao objeto dc todos os nossos conhecimentos racionais* al-
foram üímpJssmentc mtsualistas e outros simplesmente iniefectua-
iísiflS. Epicuro pode ser denominado a muii notável fsló^fw da sensibilidade.
Pluíãa o mais importante do eniíndtmento. Mn» por mais sutil que sejii. c^tsi
distinção da^ escolas j i dala dais mais prkeas eras. mantendo-se ininterrupta pur
muilo tempo. 0 * primeiros afirmaram que a realidade estava só nos objetos c
nos sentidos e que [udo o mais era Imaginação; os segundos, ao contrário, diziam
nu? que nos sentidos ! n;uh mais ha do que iiusào c que só o entendimento conhece
o verdíidtíinn Mas nem por isto os primeiros negavam a realidade dos conceitos
do entendimento; más enquanto a consideravam unicamente lógica, para os ínte-
[eauíilistas ela era mísiica. Os primeiros admitiam conceitos bitt’iectuaisr mas
íccitavum unicamente objeioa sertsíveis. O i últimos exigiam que os verdadeiros
ohjctos fossem puramente inteligíveis e afirmavam uma intuição efetuada mc
diante o entendimento puro desacompanhado de quaisquer .temidos* os quais*
em suuopinjào* só poderiam confundi lo.
2. Cõm respçito ò origem dos conhecimentos puros da razào. a quesLao
é se derivam da experiência ou ss. independente desta última possuem a sua
tome rta r^/io. Aristóieioa pòde ser visto como o líder dos etnpiri&las, PLaião
como o dos nnologistas. Locke. que em tempos recentes seguiu o primeiro, e
Leibaiz. que acompanhou o úUimotüe bem que mantendo uma distancia r^peitá
vel de seu sistema mtfitiüo). nào puderam todavia chegar r* nenhuma dccisãr> no
tocante a esta disputa. Pelo menos Epicuro procedeu, por seu turno, de um modo
bem mais conseqüente segundo o seu sistema scrusualJsca ípoii em suas inferén-
C RlT IC A DA RA ZÃ O PURA 415

cias jamais ultrapassou os íimitcs da expcncrtciã) do que Aristóteles e Locke.


Especiaimume Lucte* após Ler derivada da ^xpcriència LihJüü os conceitos e
pnncipiús, avan^íi iam« em ü*u uk.u que chega a sustcrtiar que o possível provar
a existência de Deus e a imortalidade da alma (apesar de que ambos os objetos
sc situam totalmente fora dos limiies / de uma experiência possível ) com a mesma RSJ
evidencia cam que se prova um teorema matemático qualquer.
3. Com respeito ao méiodo. Se existe algu t;uc merece o nume de métodix
<?ntão tem que &? tratar de um procedimento segunda prhictpios- Ora, pode sc
dividir o método hoje preva Lente neste ramo dc in ves Ligação em naturai/silca
e científica. O natumllstA da razão pura toma o seguinte Como princípio; no
toennte As mais sublimes qij«? fterfa£i?ffl n J ü Metafísica, 6 pw-sívd
realizar mais através da raião comum sem citricta [o que denomina razão sà)
do que através da especulação. Afirma, po-rianto* que 0 tamanho c a di&tânciíi
d3 Lua podem ser determinados com maior segurança pelo olho nu do que por
meio de rodeios matemáíicos. Isto ó mera. misulogiíi rudu/jdii a princípios: e o
que è m«is absurdo, descurar de todos os meios artificiais ê celebrado como
uni mélodu particular para estender o nosso cnnheci mento. Com efeito* nada
sc pode tmpuLar com r&xão fiquetes quo nui ur alistas por carência dc maior
discernimento. Seguem a razào comum sem se jaciarcm dc slli* ignorância uomo
sendo um me iodo qtio deva contef 0 s^rede qutf fhts permita cxEríiir £i verdittEc
do poço tundo de Demôcnio. Quod sapto naíis esi mihi: non ego curo. esse quod
Arccsilíis acrumnosiquc Soloncs., f*crs.,lí# eis. o lema segunde? 0 qual podem vi
ver alegres e dignos dtf aprovação» t sem sé prcoeupurem com a ciência c sem 'AA4
embaralharem os negócios dá mesma.
No que tangi; aos sequazes dc um metodu c'wtvjfico, possuam aqui a escolha
dü procederem ou dftpnàhçu cm ceticamente, mas cm todos oh casos n obri^açáo
de prytettcrcm aistematitratmitíer, Sc cito aqui o fnmaso W o lff com respeito ao
primeiro caso c David Humí' com referencia no segundo, de acordo com o meu
prcscnie propósiio posso emào deixar de clsncar os resumes. Somemeo caminho
crítica ainda está ubério. Sc o leitor teve a solicitude o a paciência Je pcrcorré-lo
em minha companhia. pode agora jitlçnr. casw> esteja disposto a tlnr n própria
contribuirão para transformar este atalhe rtuma esirad* principal. sc ainda nntes
do término da prose me centúria nào ê pog&ível atingir aquiÊn que imnios séculos
não conseguiram alcançar; a saber. sasisfazcr compiecameme a razão humana
quamu àquilo que sempre ocupuu, se bem que aié aguru em vílo* u swjl tmsía
de saber.

1Ba O qut: sei me bzm ; níkt mç preocupo em scr o ^ut fúrato ^rtcsiíao ç os Soioris aOitpfj, (|M_ deis
IV!

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