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Francisco Lopes de Aguiar


Mestre em Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Pro-
fessor do curso de Biblioteconomia das Faculdades Integradas Coração de Jesus (FAINC).
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Talámo
Doutora e Mestre em Ciências das Comunicações
pela Universidade de São Paulo (ECA-USP).

O Controle de Vocabulário da
Linguagem Orgânico-Funcional
Concepção e princípios teórico-metodológicos

INTRODUÇÃO e uso da informação orgânico-funcional

A
mediada por uma linguagem consistente.
o considerar que as práticas
documentárias no contexto Do ponto de vista do ciclo documentário
arquivístico se desenvolvem arquivístico, pode-se dizer que a utilização
no universo da linguagem – a questão da de uma linguagem normalizada de acordo
linguagem percorre todo o ciclo documen- com o contexto e a cultura organizacional
tário (produção, registro, organização,
de uma instituição é um dos fatores de-
disseminação, recuperação e assimilação),
terminantes para garantir a dinâmica e a
observa-se a importância do controle de
totalidade do ciclo documentário (produ-
vocabulário como um recurso normativo
ção, organização, disseminação).
para nomear as atividades, os procedimen-
tos funcionais, os tipos documentais e os A complexidade da estrutura orgânico-
órgãos produtores que compõem a estrutu- funcional (departamentos e setores) de
ra organizacional de uma instituição, com uma instituição, aliada às características e
a função de assegurar o compartilhamento especificidades funcionais de cada um dos

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órgãos produtores de informação, acaba, – podem contribuir para potencializar a


por vezes, refletida em linguagens especí- racionalização e o compartilhamento dos
ficas, o que dificulta o compartilhamento fluxos da informação orgânico-funcional,
da informação orgânico-funcional. ao propor a implementação de um plano
de gestão e organização da informação,
Assim, nomeiam-se procedimentos e ati-
incluindo a preocupação com normaliza-
vidades funcionais e tipos documentais
ção/padronização da linguagem orgânico-
utilizando-se da linguagem natural que
funcional, com a finalidade de assegurar
acaba ocasionando dispersão terminoló-
a racionalização e univocidade termino-
gica e dificultando o compartilhamento da
lógica na nomeação dos procedimentos e
informação orgânico-funcional. Para agra-
atividades funcionais, órgãos produtores
var ainda mais a questão da linguagem,
e tipos documentais.
temos a influência e às vezes a imposição
das linguagens especializadas das áreas Para garantir a institucionalização de
jurídica, fiscal-financeira e administrativa, uma linguagem nor malizada, precisa-
técnicas, dentre outras. se da elaboração de nor mas e proce-
dimentos para subsidiar as atividades
Mesmo considerando que as práticas ins-
documentárias abrangendo todo o ciclo
titucionais perpassam pela linguagem, a
arquivístico (produção, organização e
questão é pouco percebida pelas institui-
disseminação).
ções. Os ruídos e as inconsistências ocor-
ridas nos processos de compartilhamento, A normalização com base terminológica,

recuperação e transferência da informa- rara vezes, só ocorre na fase permanente

ção, na maioria das vezes, são atribuídos dos arquivos, no momento da elaboração

a falhas das tecnologias de informação e de um plano ou quadro de classificação.

comunicação, ignorando-se a questão da Em síntese, um sistema de normalização


linguagem. com base terminológica para nomear as

As questões enunciadas acima dificultam funções, atividades, procedimentos e ór-

as atividades de produção, acesso, recu- gãos produtores pode contribuir para: a

peração e uso da informação orgânico-fun- racionalização dos fluxos da informação

cional pela ausência de uma terminologia orgânico-funcional; a eficácia nos proces-

institucionalizada. sos de controle de uso da informação; a


eficácia nas atividades de recuperação
Desse modo, a importância de uma lingua-
da informação orgânico-funcional; evitar
gem comum a todos é imprescindível para
dispersão de documentos produzidos por
garantir a comunicação compartilhada da
um mesmo órgão e pela mesma atividade;
informação orgânico-funcional.
a eficácia nos processos de gestão e ava-
Nessa perspectiva, as instituições arqui- liação de documentos; garantir a memória
vísticas – num contexto organizacional documentária arquivística.

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Nessa perspectiva, apontamos como pro- relações que estabelecem a partir da orga-
posta para subsidiar a normalização e ga- nização sintagmática dos elementos e, de
rantir a univocidade na linguagem orgâni- certo modo, a morfologia que, sintetizando
co-funcional nos sistemas de recuperação parcialmente aspectos da semântica e da
da informação arquivística os princípios sintaxe, se encarrega da identificação das
teórico-metodológicos da terminologia. partes da palavra e de suas condições de
Ao oferecer aportes metodológicos e prag- ocorrência” (Cintra, 1983, p. 7). Ou seja,
máticos para retificar as dissonâncias de o processo de controle de vocabulário
linguagem ocorridas durante as etapas de pressupõe intervenções no: controle da
produção, organização, representação, normalização gramatical – a forma dos
acesso e recuperação da infor mação, termos; controle semântico dos termos
utiliza-se como recurso nor mativo o ou controle do significado.
princípio da univocidade terminológica Ao nor malizar a linguagem or gânico-
e conceitual de um objeto, processo ou funcional, tem-se a oportunidade de mini-
atividade funcional. Nesse sentido, “este mizar as ambiguidades e a plurivocidade
princípio estabelece uma correspondên- dos termos na nomeação das atividades,
cia única entre o significante/significado, procedimentos funcionais e tipologias
impedindo deste modo a ocorrência de documentais, permitindo o compartilha-
ambiguidades” (Ferreira, 1999). mento eficaz e atendendo uma diversidade

A terminologia como área interdisciplinar de usuários.

serve de apoio às atividades de indexação Segundo Hagen (1998), a norma ISAAR


e recuperação e à construção de lingua- (CPF) – Norma Internacional de Autoridade
gens controladas. Entretanto, é pertinen- Arquivística para Entidades Coletivas, Pes-
te fazer um recorte, a fim de atender ao soas e Famílias – enuncia a necessidade
interesse documentário. Neste trabalho, do controle de vocabulário nos arquivos:
interessa-nos compreender as implicações
o objetivo da norma é assegurar que haja
impostas pela linguagem e a importância
uma lista controlada com os nomes das
do controle de vocabulário (processo) e
instituições, pessoas e famílias produto-
do vocabulário controlado (instrumento
ras de arquivos, ou seja, assegurar que
documentário), para materializar e gerir
não sejam utilizados diversos nomes ao
o controle de vocabulário no contexto da
mesmo temo para a mesma entidade,
organização e recuperação da informação
dificultando o acesso do pesquisador
orgânico-funcional.
que faz a busca. Além do nome, a norma
Assim, interessa-nos os aspectos da também estrutura um campo com dados
semântica, “disciplina que se ocupa do contextuais: localização, área geográfica
sentido ou da significação dos elementos, de atuação, nacionalidade, situação

a sintaxe, disciplina que se ocupa das legal, área de atuação, atribuições,

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estrutura administrativa, relações com Na construção de uma linguagem interlo-


outras pessoas, famílias e instituições, cutora capaz de provocar a comunicação
entre outros (para cada um dos tipos de documentária, devem-se identificar as inter-
entidade descrita aplica-se um conjunto veniências linguísticas e terminológicas, isto
de infor mações específicas) (Hagen, é, a diversidade de significações das unida-
1998, p. 297). des lexicais e sua variação terminológica.

Nessa perspectiva, destaca-se o controle Faulstich (2002) aponta dois grupos de


de vocabulário e o vocabulário controlado variantes terminológicas: concorrentes e
como dispositivos para garantir o acesso coocorrentes. As variantes concorrentes
e o uso da informação orgânico-funcional, relacionam-se com o discurso de um do-
e atender às necessidades informacionais mínio especializado e competem entre si
de um grupo heterogêneo de usuários. até que uma das variantes se consolide
na área. As variantes coocorrentes são
INTERVENIÊNCIAS LINGUÍSTICAS aquelas referentes às ocorrências de si-
NOS SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO nonímias no discurso especializado, isto
DA INFORMAÇÃO é, um conceito pode ser representado por

P
ara construir um sistema de in- vários termos e um termo pode se referir

formação arquivística capaz de a mais de um conceito.

responder às necessidades de As variantes terminológicas linguísticas


informação dos usuários e das institui- classificam-se em: a) variante terminoló-
ções é necessário considerar a linguagem gica fonética – o registro pode ser feito de
como componente central nos processos acordo com a norma falada; b) variante
da organização da informação. Isso, por- terminológica morfológica – há alternân-
que “a informação, para ser organizada cia de estrutura de ordem morfológica;
no arquivo, recorre a termos retirados c) variante terminológica sintática – duas
da linguagem natural”. “Assim sendo, a construções sintagmáticas alternam-se
informação, para ser reconhecida e com- com a função de predicação de uma
partilhada, precisa ser enunciada por meio UTC (unidade terminológica conceitual);
de uma linguagem (um código)” (Smit, d) variante terminológica lexical – há o
2005, p. 15). apagamento de algum item da estrutura
lexical sem alterar o conceito; e) variante
No entanto, para que um sistema de recu-
terminológica gráfica – o termo é registra-
peração cumpra sua função com eficácia
do sob mais de uma forma.
é preciso adotar uma linguagem única que
seja capaz de compatibilizar as diversas Já as variantes terminológicas de registro no
linguagens: sistema de informação; do plano horizontal, no plano vertical e no pla-
profissional da informação; do documento no temporal classificam-se em: a) variante
e do(s) usuário(s). terminológica geográfica – são expressões

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para designar um mesmo conceito utilizado conceito como o termo mais adequado

por falantes de uma mesma língua em re- para o uso; a opção pelo singular ou

giões diferentes; b) variante terminológica plural dos conceitos e suas exceções

de discurso – são expressões utilizadas para devem ser registradas claramente nesse

um mesmo conceito nos diferentes níveis de vocabulário, visando à consistência da

discurso: nível científico, técnico ou de di- indexação, sua fidedignidade e posterior

vulgação científica; c) variante terminológica uso na recuperação (Austin, 1986, p. 8

temporal – são designações para um mesmo apud Lopes, 2002, p. 6).

conceito que concorrem simultaneamente Svenonious (1976 apud Lopes, 2002, p.


durante um período de tempo, firmando-se a 3) aponta as seguintes duas etapas nas
preferência por uma substituição a anterior atividades de controle de vocabulário:
e deixando-a em desuso.
A primeira refere-se à classificação de
Para proceder a um processo de normali- variantes gramaticais do mesmo termo e/
zação, com vistas a garantir a univocidade ou conceito, significado singular e plural,
terminológica de um sistema documentá- variantes gramaticais e diferentes flexões
rio, é imprescindível mapear as variantes dos tempos verbais. Em segunda etapa,
gramaticais do mesmo termo e/ou con- os termos e/ou conceitos são agrupados
ceito, as formas do singular e plural e por descreverem o mesmo conceito ou um
diferentes flexões dos tempos verbais. E, similar, isto, é, sinônimos ou palavras que
por outro lado, os termos e/ou conceitos são equivalentes em seus significados.
são agrupados diante de um mesmo con-
Smit e Kobashi (2003, p. 22) apontam
ceito ou um similar, isto é, sinônimos ou
como procedimentos de controle de voca-
palavras que são equivalentes.
bulário, seis aspectos: normalização grama-
Em relação à normalização gramatical e tical; opções de grafia; alterações nos no-
terminológica, Austin (1986) “relembrou mes de pessoas ou topônimos; controle de
que o uso de vocabulário controlado [...] sinonímia, homonímia e quase sinonímia;
e o seu respectivo uso na recuperação adoção de termos compostos; e introdução
da informação vão requerer o estabele- de notas de escopo e notas de uso.
cimento de certas regras terminológicas
Polissemia, homonímia, sinonímia e an-
recomendadas”, tais como:
tonímia destacam-se como os principais
Conceitos devem ser representados elementos que interferem significativa-
consistentemente para os propósitos mente nos processos de representação e
de recuperação, por substantivos ou recuperação da informação arquivística.
frases substantivadas; os indexadores Para solucionar os possíveis impactos e
devem trabalhar com um vocabulário ruídos que ocorrem no âmbito da repre-
de ter mos preferidos, designando-se sentação e recuperação, o vocabulário
um dos sinônimos de um determinado controlado apresenta como uma de suas

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características principais a possibilidade de nomear as atividades/funções, gerando


estabelecer relações entre os termos que confiança no sistema”.
o compõem, por meio do estabelecimento
De acordo com Cintra et al. (1994, p. 55), o
de relações de equivalência para delimitar
controle de vocabulário em um sistema do-
o repertório do vocabulário controlado de
cumentário pode ser compreendido como:
um determinado contexto arquivístico.
a existência de mecanismos interpretativos
Em suma, pode-se afirmar que a contri- próprios, uma vez que não se pode utilizar
buição da terminologia no processo de o mecanismo interpretativo da linguagem
controle de vocabulário no âmbito da natural para determinar significados das
arquivística é indicar medidas normativas unidades destinadas à representação da
para o estabelecimento do princípio da informação; a possibilidade de produzir
univocidade nas nomeações dos órgãos linguagens de natureza monossêmica que
produtores: as funções, atividades e proce- participam da elaboração de linguagens do-
dimentos funcionais e os tipos documentais cumentárias; a existência de um vocabulário
(normalização terminológica e conceitual), controlado próprio de uma linguagem docu-
além de fundamentar as relações entre os mentária que comporta, preferencialmente,
conceitos orgânico-funcionais (significação unidades de linguagens de especialidade.
através das relações lógico-semânticas,
Segundo Calderon (2003, p. 84), “existem
contemplando os sinônimos e homôni-
diferentes níveis de controle de vocabu-
mos). É um recurso teórico e pragmático
lário a serem empregados, que vão desde
para ativar a consistência no controle de
uma normalização pura e simples, na qual
vocabulário, este compreendido como um
se estabelecem regras para a forma escrita
processo para a construção de vocabulários
dos termos que irão compor as linguagens
controlados, os quais são compreendidos
documentárias, até o estabelecimento
como instrumento para subsidiar a recupe-
de relações (hierárquicas, associativas e
ração da informação orgânico-funcional em
equivalentes) entre os termos”.
conjunto com os tradicionais instrumentos
Em um sistema documentário, o controle
de pesquisa e de gestão arquivística.
de vocabulário pressupõe um conjunto
O VOCABULÁRIO CONTROLADO organizado de descritores padronizados,
COMO DISPOSITIVO PARA ASSEGURAR isto é, normalizado e unívoco.
O CONTROLE DE VOCABULÁRIO
Para Le Guern (1989), “o termo é a unida-

S
mit e Kobashi (2003, p. 20) de básica da terminologia e distingue-se
afir mam que o “controle de da palavra do léxico geral. O termo é a
vocabulário é processo para palavra efetivamente usada no discurso.
um objetivo que se deseja atingir”, já O léxico é um estoque de palavras inde-
o vocabulário controlado é resultado pendente das coisas, sendo resultado de
desse processo, é “um instrumento para convenções arbitrárias”.

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Segundo Lara (2005, p. 6), a terminologia arquivístico (a sua função) e não o que ele
“assume funções de comunicação e de contém (assunto/temática). O tratamento
representação, procura consenso e pro- temático, deste modo, cumpre uma função
põe formas de controle da diversidade de complementar.
significação”.
Somente assim as LDs poderão subsidiar
As linguagens controladas com base na ter- os processos que envolvem as etapas de
minologia propõem múltiplas representações organização, representação e recuperação
de um conjunto de documentos ou de um da informação arquivística.
documento arquivístico de modo a contem-
As LDs atuam com os conceitos expressos
plar diferentes demandas de informação.
nos documentos, ou seja, a unidade que
Segundo Canalejo (1998, p. 116 apud compõe a sua estrutura é um conceito
Calderon, 2003, p. 102) a normalização representado por um ter mo/descritor,
terminológica como recurso para o controle independentemente de o conceito evocar
de vocabulário “procede das linguagens de um assunto/temática ou uma função/ativi-
indexação e supõe a seleção dos termos dade. Assim, o processo de construção de
que representam o documento em si, seu vocabulários controlados na arquivística,
conteúdo e seu contexto para proporcionar ao lidar com o conceito, deve considerar,
qualidade de informação que se pede atual- no momento da análise dos conjuntos do-
mente aos arquivos, inseridos num sistema cumentais, a rede conceitual das funções,
de informação e por isso cada dia frequen- atividades, processos e procedimentos
tados por um público muito heterogêneo”. orgânico-funcionais para designar os ter-
mos com precisão e consistência, além
Tradicionalmente, a aplicação das linguagens
do estabelecimento de relações entre si.
de indexação, ou simplesmente LDs (lingua-
gens documentárias), tem sido muito utiliza- Os fundamentos teóricos, conceituais e
da na área da biblioteconomia para subsidiar metodológicos para construção, desen-
as atividades de organização, representação volvimento, implementação, gestão e uti-
e recuperação temática de conteúdos docu- lização de vocabulários controlados como
mentais. No entanto, é importante salientar instrumento para organizar e representar
que a aplicabilidade das LDs no âmbito da informações demarcam suas origens na bi-
arquivística somente cumpre o seu papel blioteconomia, na documentação e, poste-
documentário, caso considere as caracte- riormente, tornou-se uma especialidade de
rísticas das atividades orgânico-funcionais e estudo também da ciência da informação.
contextuais do órgão produtor.
De acordo com Dodebei (2002, p. 39),
As LDs, nesse contexto, precisam consi- “os conceitos de linguagem documentária
derar para fins de organização e repre- encontrados na literatura reduzem, por
sentação a razão de ser do documento vezes, todas as formas de representação

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documentária à linguagem documentária, Nesse sentido, Tristão, Fachin e Alarcon


igualando, assim, os dois conceitos”. (2004, p. 162) afirmam que a linguagem
documentária é o termo genérico atribuído
Segundo Wanderley (1973, p. 176 apud
aos sistemas artificiais de signos normaliza-
Dodebei, 2002, p. 40),
dos que permitem a representação de forma
as linguagens documentárias recebem
mais efetiva do conteúdo de um documento.
denominações diversas, tais como lin-
O vocabulário controlado na perspectiva
guagens de indexação (MELTON, J.);
da recuperação da informação é um ins-
linguagens descritoras (VICKERY, B.); co-
trumento de controle terminológico. Ao
dificações documentárias (GROLIER, E.);
aliar-se com as contribuições da termino-
linguagens de informação (SOERGEL);
logia, teoria do conceito e teoria da clas-
vocabulários controlados (LANCASTER,
sificação, ele permite a compatibilização
F. W.); lista de assuntos autorizados
das diversas linguagens (do produtor, do
(MONTGOMERY, C.); e, ainda linguagens
profissional da informação e do usuário),
de recuperação da informação, lingua-
além de oferecer uma interface amigável
gens de descrição da informação. [...].
através de (índices) e de recursos de
De um modo geral, poder-se-ia afirmar
relacionamentos (relações associativas
que nas expressões, tanto os substanti-
e de equivalência) entre os descritores,
vos como os adjetivos são sinônimos. As
possibilitando retificar as inconsistências
escolhas deixam transparecer as orien-
terminológicas no momento da recupera-
tações teórico-metodológicas adotadas
ção da informação num sistema documen-
pelos autores, refletidas no binômio [...]
tário. Assim, vale destacar que as bases
informação/documentação.
metodológicas da terminologia aliadas aos
As designações: vocabulário controlado,
recursos oferecidos pelas linguagens con-
linguagem controlada, linguagem documen-
troladas, em especial os tesauros, podem
tária, linguagem documental, linguagens
contribuir para a materialização e opera-
de indexação e tesauros apresentadas na
cionalização de controle de vocabulários.
literatura enunciam uma dispersão termino-
No âmbito da arquivística, a recuperação
lógica para representar um mesmo objeto
da informação orgânico-funcional é media-
– um instrumento documentário. Também
da pelos instrumentos de pesquisa (guias,
é comum evidenciar certa confusão em
inventários, catálogos etc.) e instrumentos
relação aos termos controle de vocabulário
de gestão (quadro/plano de classificação,
e vocabulário controlado, o primeiro signifi-
tabela de temporalidade).
cando um processo e o segundo o resultado
desse processo. Talvez, seja pelo fato da No entanto, a preocupação com a questão
área privilegiar muito mais o resultado – o terminológica, muitas vezes é ignorada
produto documentário em detrimento do no momento da nomeação das ativida-
processo. des, funções, órgãos produtores, tipos de

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documentos. Além disso, não oferecem si, ajuda o usuário a identificar todos os
mecanismos para o estabelecimento de termos que seriam necessários para rea-
relações associativas, partitivas e de equi- lizar uma busca completa”.
valência entre as unidades terminológicas.
Pode-se observar que o vocabulário con-
Pode-se dizer que, na maioria dos casos,
trolado é constituído por termos que são
a organização e a estrutura desses instru-
utilizados como descritores ou outros não
mentos arquivísticos utilizam a palavra
descritores, já o plano de classificação
como ponto de acesso, sendo raras as ve-
arquivístico raramente apresenta a preo-
zes em que possuem base terminológica.
cupação em estabelecer essas relações.
Não é comum os planos de classificação,
Sob o ponto de vista da linguagem, um
quando recorrem aos índices, se preocupa-
vocabulário controlado pode ser compre-
rem com o controle de vocabulário (padroni-
endido como um instrumento interlocutor
zação de termos), por não introduzirem em
entre as linguagens utilizadas pelos produ-
sua estrutura os componentes relacionais
tores da informação, os organizadores da
para gerar uma estrutura significante. Vale
informação em sistemas de recuperação e
ressaltar que padronização não é sinônimo
os utilizadores da informação. Nele tenta-
de normalização com base terminológica.
se repertoriar e compatibilizar as diversas
Do ponto de vista da recuperação da infor- linguagens (dos produtores, organizadores
mação e da interface entre usuário e siste- e usuários) através de uma linguagem ar-
ma, arriscamos afirmar que os tradicionais tificial (documentária) intermediada pelos
instrumentos de pesquisa e de gestão da pontos de acesso (descritores) normaliza-
informação arquivística não são flexíveis dos. Nesse sentido, Cintra et al. (2002, p.
e dinâmicos por restringir a eficiência na 43) assinalam que o vocabulário tem por
recuperação através de índices. objetivo

Já as linguagens controladas apresentam reunir unidades depuradas de tudo

algumas peculiaridades sob a perspectiva aquilo que possa obscurecer o sentido:

da organização e da recuperação da infor- ambiguidade de vocábulo ou de cons-

mação – é uma linguagem dinâmica, pois trução, sinonímia, pobreza informativa,

atua com mecanismos para a elaboração redundância etc. Além disso, ele é

de relações associativas, hierárquicas e de fixado de tal forma que seu uso, bem

equivalência com base na terminologia, como suas relações estruturais são co-

sendo sua principal unidade o descritor. dificadas e não podem mudar ao sabor

dos usuários.
Para Lancaster (1993, p. 207) “o vocabu-
lário controlado reduz a diversidade da Sendo o vocabulário controlado um produ-
terminologia. Além disso, ao ligar semanti- to documentário e por vez uma linguagem
camente termos que tenham relação entre documentária, é importante apontar os

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três elementos básicos que compõem a As relações hierárquicas são um dos


sua estrutura: um léxico ou lista de ele- componentes da rede paradigmática, pois
mentos descritores devidamente filtrados cumprem a função de operacionalizar as
e depurados; uma rede paradigmática relações lógico-semânticas para a organi-
para traduzir certas relações essenciais zação dos descritores. Existem quando um
e, geralmente estáveis, entre descritores termo pode ser mais específico que outro
(rede lógico-semântica que corresponderia termo mais geral. Por exemplo: “educação
ao que, lato sensu, poderíamos chamar de para o trabalho” é um termo mais especí-
classificação); e uma rede sintagmática, fico que “educação”.
para expressar as relações contingentes As relações associativas integram a rede
entre os descritores, relações essas que, sintagmática de uma LD e existem quando
diferentemente das relações paradigmáti- há um vínculo e/ou aproximação concei-
cas, são válidas apenas no contexto parti- tual entre os termos. Têm a finalidade de
cular onde aparecem (Gardin et al., 1968). expressar as relações contingentes entre

No processo de construção de um vocabu- descritores de um sistema documentário.

lário controlado, devem-se identificar os Vale ressaltar que essas relações e asso-

indícios linguísticos que poderão provocar ciações sintagmáticas somente são válidas

desvios e inconsistências nos processos no contexto documentário em que perten-

da representação, busca e recuperação da cem. Por exemplo: “educação popular”

informação e retificá-los. Ao se mapear as é um termo relacionado com “educação

diversas acepções da linguagem utilizadas comunitária” e vice-versa.

por produtores, organizadores e utilizado- Já as relações de equivalência, que tam-


res da informação, temos a possibilidade bém fazem parte da rede sintagmática de
de fazer correspondências/relações entre uma LD, permitem o relacionamento entre
um e outro termo. Esse procedimento ex- descritores, e existem quando dois termos
pande as possibilidades de acesso, busca têm o mesmo significado ou significado
e recuperação, por contemplar diversas semelhante, isto é, são utilizados para
linguagens numa estrutura que permite operar no nível da polissemia, homonímia,
relacionar e hierarquizar os termos. sinonímia e antonímia.

No vocabulário controlado, existem três A polissemia “é o nome dado à pluralidade


tipos de relacionamentos entre os termos: de sentidos de uma mesma forma. Estuda
as relações hierárquicas (termos gerais as várias significações de significação lin-
e específicos); as relações associativas guística, significações essas que se definem
(termos que estão associados entre si, e precisam num determinado contexto”
porém não são gerais nem específicos); (Cintra, 1983, p. 11-12). Ela pode se dar
as relações de equivalência (termos que por: extensão (ex.: “estação” que pode sig-
têm o mesmo significado). nificar: parada, épocas do ano, temporadas

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da moda etc.); metáfora (atua como compo- mas variantes para conceitos emergentes:
nente analógico. Ex: serra, em que o signifi- contêineres ou contentores, containers (ou
cado de montes decorreu da analogia com ainda, cofres de carga); e) grafias diversas,
“serra”); restrição (purgativo na linguagem inclusive com variantes no radical: cator-
médica e beberete na linguagem comum). ze ou quatorze; quociente ou cociente;
quota ou cota; f) palavras favorecidas, ou
A homonímia “corresponde à igualdade
de uso corrente, versus palavras antigas:
entre significantes de significados dife-
deontologia ou ética; energia atômica ou
rentes”. É, pois, o estudo das formas que
energia nuclear; corpo discente ou aluna-
apenas se diferenciam pela significação
do; g) siglas ou nomes por extenso: USP
ou função, já que a estrutura fonológica
ou Universidade de São Paulo.
é a mesma. A homonímia pode ser: to-
tal – como fiar, que tanto significa tecer, A antonímia “decorre de significações con-
quanto confiar; ou parcial – como em trárias de dois vocábulos ditos autônomos.

coser e cozer. Neste caso, Smit e Kobashi É o estudo de palavras com significações

(2003, p. 27) apontam como recursos opostas, como amor/ódio, bom/mal, mo-

para individualizar o termo no sistema ral/imoral, progrediu/regrediu”.

documentário o uso de especificadores De fato, nos sistemas de recuperação da


(também conhecidos como qualificadores informação arquivística, coexistem diver-
e modificadores). Como, por exemplo, São sas linguagens que abrangem documentos,
Paulo (cidade); São Paulo (estado). usuários, profissionais da informação, e

A sinonímia “decorre de coincidência de isso dificulta a comunicação entre esses

significado entre diversas palavras”. É o grupos. Nesse sentido, o vocabulário con-

estudo da substituição de termos, sem trolado oferece mecanismos para gerir o

prejuízo da comunicação. Exemplos: o processo de comunicação entre termos

significado de “mar” pode ser expresso através do estabelecimento das relações

através dos termos: mar, oceano, pélago, e de equivalência para operacionalizar ao

de “ser alado”, por ave, pássaro. Segundo nível da polissemia, sinonímia, homoní-

Gomes (1990, p. 47-48) as sinonímias po- mia, e antonímia.

dem se manifestar de diversas formas: a) As diversas variáveis ocorrem quando um


descritores de origem linguística diferente, mesmo conceito é representado por um
como por exemplo: poliglota ou multilín- ou mais termos. Assim, no contexto do-
gue; antídoto ou contraveneno; b) nomes cumentário, elege-se um termo descritor
populares e nomes científicos, como: (preferido) e os termos não descritores
alergia ou hipersensibilidade; borracha (não preferidos). O vocabulário controla-
sintética ou elastômero; c) substantivos do indicará uma remissiva que orientará
comuns e nomes comerciais: Giletes ou os indexadores e os usuários quanto ao
lâminas de barbear; Zorba ou cueca; d) for- termo preferido e utilizado no sistema de

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A C E

recuperação da informação arquivística. toda organização contribuirá com eficácia


Por exemplo: “doenças ocupacionais” para assegurar o compartilhamento, a
pode ser o termo preferido para nomear disseminação, a preservação, o acesso e
“enfermidades ocupacionais” e aparece- a recuperação de conteúdos arquivísticos.
rá no vocabulário da seguinte maneira:
Sob o ponto de vista da arquivística, qual
enfermidades ocupacionais USE doenças
seria a definição eficaz para vocabulário
ocupacionais.
controlado?
Recomenda-se, também, que após o es-
Tradicionalmente, na biblioteconomia e
tabelecimento terminológico, a adoção na documentação, as LDs lidam com o
dos termos adotados e dos não adotados tratamento e a indexação temática (uni-
deve ordenar tais termos de modo que dades temáticas). É de suma importância
reflita as atividades orgânico-funcionais, salientar que no contexto dos sistemas de
tendo como base o plano/quadro de clas- recuperação da informação arquivística,
sificação de documentos. E, por fim, para elas pressupõem refletir as atividades or-
atingir sua completitude, o vocabulário gânico-funcionais contidas nos documen-
controlado deve apresentar um índice tos ou conjuntos documentais. Em síntese,
alfabético e sistemático. um vocabulário controlado configura-se
numa lista de termos (descritores) com
O VOCABULÁRIO CONTROLADO
a finalidade de orientar com precisão a
SOB A ÓTICA DA ARQUIVÍSTICA
organização e a recuperação da informa-

O
compartilhamento de infor- ção arquivística, remetendo às séries ou
mações orgânicas é uma das conjuntos de documentos.
condições para a autossustenta-
Qual a função do vocabulário controlado
ção das organizações. Nesse sentido, os
no âmbito da organização e da recuperação
sistemas de recuperação da informação
da informação arquivística? Dispositivo me-
arquivística assumem papel adjuvante
todológico para organização de termos, e
nesse processo. No entanto, para que
estabelecimento de vínculos entre si, com o
as instituições arquivísticas cumpram a
propósito de otimizar o processo de busca
função de um verdadeiro sistema de infor-
da informação arquivística, possuindo base
mação é necessário utilizar instrumentos
terminológica como pontos de acesso.
documentários capazes de comportar o
Por que necessitamos usá-los? Para supe-
controle de vocabulário. Assim, destaca-
rar as dificuldades terminológicas provoca-
se o vocabulário controlado como uma
das pelo uso indiscriminado da linguagem
interface documentária capaz de reunir a
(linguagem natural).
linguagem dos colaboradores. A linguagem
formal (organização), ou seja, o desen- Quem os usa? Podem ser utilizados por
volvimento de uma linguagem comum a uma gama de usuários, além dos profis-

pág. 128, jan./jun. 2012


R V O

sionais da informação, que os utilizam nos Complementam dizendo que o “ideal é


processos de indexação e recuperação da que o vocabulário controlado reflita a lin-
informação. guagem da instituição, aproximando-se o
máximo possível da linguagem do usuário”
Como são usados? São utilizados para a
(Smit; Kobashi, 2003, p. 20-21).
indexação e a recuperação da informação
arquivística, e criação de índices. No processo de construção de um vocabu-
lário controlado no âmbito da arquivística
Segundo Smit e Kobashi (2003, p. 42), um
deve-se considerar:
vocabulário controlado no âmbito da arqui-
vística deve: 1. hierarquizar as funções e 1 - O estabelecimento de uma linguagem
respectivas atividades: esta hierarquia pode documentária controlada com base em
ser mais ou menos detalhada, mas é neces- estruturas hierárquicas e de relações re-
sária por duas razões: para dar uma ideia ferentes a uma determinada atividade fun-
do universo funcional abrangido (a visão cional, estrutural e de assunto/temática,
do todo), incluindo os termos num sistema cujos elementos serão representados pela
significante; e para orientar a organização terminologia que reflita não propriamente
física das séries documentais; 2. orientar uma temática, mas as ações, funções e
o controle de vocabulário, particularmen- atividades orgânicas desenvolvidas pelo
te no que diz respeito à sinonímia, pela orgão produtor responsável pelos docu-
inclusão de remissivas na lista alfabética. mentos arquivísticos;
As remissivas têm por função orientar a
2 – A compreensão holística do âmbito
nomeação dos documentos (em sua gera-
organizacional, funcional e estrutural do
ção e no momento de sua busca) de [des-
orgão produtor, com a finalidade de apre-
critores] ou expressões não adotadas para
ender as características das atividades e
[descritores] ou expressões adotadas pelo
suas ações;
sistema; 3. relacionar [descritores] presen-
3 – A partir da análise funcional e das
tes em categorias diferentes; 4. conceituar
atividades, estabelecer os termos poten-
os [descritores] e as condições de seu uso.
ciais para representar e servir de ponto
Smit e Kobashi (2003) advertem que no
de acesso na recuperação da informação
processo de construção de controle de vo-
arquivística;
cabulário no âmbito institucional, deve-se
4 – A política de descrição arquivística –
observar os seguintes aspectos: o tamanho
opções quanto aos níveis de descrição de
do arquivo e a projeção de crescimento, no
modo a contemplar a exaustividade e/ou
que diz respeito à variedade de atividades
especificidade para descrição dos fundos
e tipos documentais nele presentes; a área
documentais;
de atuação da instituição; os objetivos da
instituição e a determinação de priorida- 5 – Identificar os termos genéricos e es-
des no atendimento por parte do arquivo. pecíficos e estabelecer relações entre os

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A C E

termos (associativas, equivalência, hierár- informações arquivísticas pode contribuir


quicas e não hierárquicas); para evitar a dispersão e despersonaliza-
ção da informação orgânico-funcional,
6 – Com o auxílio da terminologia normali-
ou seja, para evitar que uma informação
zar as entradas dos termos (normalização
orgânico-funcional similar seja classificada
gramatical; opções de grafia e controle de
ou indexada de maneiras distintas.
sinonímia e homonímia);

7 – O estabelecimento das relações entre TESAURO FUNCIONAL :


os termos (de modo que reflitam as fun- EM BUSCA DE UMA METODOLOGIA
ções e atividades); PARA SUA ELABORAÇÃO

C
8 – Incluir os termos preferidos (descrito- onsiderando-se que a sustenta-
res) e fazer relações de equivalências (use ção de toda a prática de organiza-
e usado para) dos termos não preferidos; ção e tratamento da informação

9 – Descrever nas notas de escopo uma bre- arquivística é orientada pelo princípio da

ve explicação do termo e do seu propósito. proveniência, e que todos os instrumentos


documentários desenvolvidos no âmbito
Do ponto de vista da recuperação da infor-
da arquivística devam refletir as caracte-
mação centrado no usuário, pressupomos
rísticas e especificidades orgânico-fun-
que o vocabulário controlado seja o instru-
cionais do órgão produtor da informação
mento mais apropriado para o(s) usuário(s)
arquivística, a presença e utilização desse
em potencial de um sistema arquivístico,
princípio nos arquivos permanentes são
por ter como base o controle terminológico
determinantes para assegurar a sua função
e a possibilidade de ampliar a linguagem
institucional e, principalmente, assegurar
com a inclusão de sinônimos e homônimos,
que os vínculos orgânico-funcionais não
e o estabelecimento das relações associati-
se percam de vista, pois são recebidos
vas e de equivalência entre os termos. Um
conjuntos documentais provenientes de
vocabulário controlado utiliza-se de uma
diferentes órgãos produtores.
lista controlada de termos normalizados
de pessoas, organizações, geográficos, No que se refere ao estoque informacio-
temáticos/assuntos como ponto de acesso nal de um arquivo permanente, ele só
no processo de recuperação da informação pode revelar seu potencial informativo
arquivística, que atuam como se fossem caso detenha recursos de organização e
mapas ao orientar com precisão a aloca- recuperação da informação capazes de
ção de informações orgânico-funcionais e garantir a individualidade do documento
tópicos/assuntos de um sistema de recupe- e dos fundos documentais.
ração da informação arquivística.
O tratamento e a recuperação da infor-
O uso de um vocabulário controlado para mação orgânico-funcional na fase per-
orientar a organização e tratamento de manente baseiam-se na classificação e

pág. 130, jan./jun. 2012


R V O

na descrição. Como resultado desses associativas, hierárquica e de equivalência


processos, são elaborados os instrumen- com base na terminologia.
tos de pesquisa (resultado do processo
Sob a ótica da recuperação da informação,
de descrição arquivística) e os planos ou
os planos de classificação apresentam
quadros de classificação, considerados
algumas restrições por não comportar
instrumentos de gestão (resultado do pro-
recursos para explicitar as relações en-
cesso de classificação).
tre os termos, além de não ser possível
Os planos ou quadros de classificação recepcionar em sua estrutura categorias
têm a função de organizar e hierarquizar temáticas. Já o tesauro funcional oferece
a estrutura orgânica, pois sua estrutura mecanismos para o relacionamento entre
não comporta base temática. De acordo os termos (hierarquia, associativa e de
com Gonçalves (1998, p. 12), a função da equivalência), permitindo a apresentação
classificação é “dar visibilidade às funções de um repertório hierárquico da informa-
e às atividades do organismo produtor do ção orgânico-funcional de uma forma mais
arquivo, deixando claras as ligações entre detalhada e aprofundada, além de possuir
os documentos”. O autor afirma também recursos para subsidiar o controle de vo-
que o plano de classificação “tem a finali- cabulário. Na prática, ele servirá de índice
dade de traduzir visualmente as relações para o plano de classificação. Em síntese,
hierárquicas e orgânicas entre as classes” um complementa o outro.
(Gonçalves, 1998, p. 14).
Para melhor exemplificar o enunciado aci-
Para a elaboração de um tesauro funcional, ma, Smit e Kobashi (2003, p. 36) sistemati-
é altamente recomendável ter como base zam de maneira didática “as características,
o plano de classificação de documentos virtudes e desvantagens dos planos de clas-
arquivísticos (estrutura funcional). sificação e tesauros”, utilizando-se como
metáfora o deslocamento de um ponto da
Convém lembrar que um plano de classi-
cidade para outro: “esse deslocamento en-
ficação de documentos arquivísticos tem
tre dois pontos pode ser enfocado a partir
objetivo e emprego de aplicação diferente
de dois paradigmas: o roteiro das linhas
de um vocabulário controlado, pois agrupa
regulares de ônibus e o percurso realizado
classes de documentos, representado por
com uma bicicleta ou um carro”.
uma notação (codificação) para subsidiar
o arranjo físico e sua posterior localização Os autores complementam afirmando que
através de uma representação notacional, “os planos de classificação e tesauros ofe-
já que sua preocupação central não é o recem duas formas distintas, mas não opos-
controle de vocabulário. No entanto, em tas – de apresentação dos termos, dispondo
alguns planos de classificação, quando se os tesauros de mais recursos para explicitar
recorrem aos índices, não são introduzidos a modalidade e relação estabelecida entre
mecanismos para a elaboração de relações termos” (Smit; Kobashi, 2003, p. 40).

Acervo, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 117-138, jan./jun. 2012 - pág. 131


A C E

Considerando que um plano de classifi- Categorização, em maior e menor grau, das


cação necessita de controle de vocabulá- atividades constantes na lista. Nomeação
rio, a função do tesauro nessa relação é das categorias maiores, novamente incor-
subsidiar a fim de garantir a uniformidade porando a preocupação com o controle de
terminológica das unidades que compõem vocabulário; 5. Análise das nomeações que
a estrutura do plano de classificação. Nes- podem gerar leituras diferentes e elabora-
se sentido, Aitchison e Gilchrist (1979, p. ção de notas de escopo ou notas de uso;
99) pontuam que “o tesauro e o sistema de 6. Inclusão de uma codificação (alfanumé-
classificação se complementam. O tesau- rica ou simplesmente numérica, mas que

ro, agindo como um índice da classificação permita futuras inserções de novas ativi-

controla a forma das palavras e sinônimos dades ou agrupamentos); 7. Submissão do

e mostra as relações que não podem ser vocabulário controlado (lista categorizada e

facilmente expostas no esquema”. alfabética) a testes, avaliação do resultado


dos testes, incorporação de ajustes e efeti-
Segundo Smit e Kobashi (2003, p. 45), na
va implantação do vocabulário controlado.
elaboração de um plano de classificação
que incorpore a preocupação com o con- Considerando que um tesauro no contexto

trole de vocabulário deve-se proceder da arquivístico deva assegurar a organização

seguinte maneira: 1. Levantamento de uma das atividades funcionais de uma institui-

lista livre de atividades/funções; 2. Análise ção, chega-se ao tesauro funcional. Como

crítica da lista, observando-se casos de o próprio nome indica, o objetivo de sua


apresentação e estruturação é refletir as ati-
sinonímias e a normalização gramatical;
vidades funcionais,1 visto que não se baseia
3. Elaboração de uma lista alfabética con-
na estrutura orgânica de uma instituição.
sistente das atividades, desdobradas nas
ações, caso pertinente, e acrescida das É importante ressaltar que a construção de
remissivas que se fizerem necessárias; 4. um tesauro funcional deve ter como base

Paradigma Características Conclusão

Roteiro de linhas regulares Menos opções de trajetos. Sistema menos flexível,


de ônibus (transporte Nenhuma adaptabilidade pois todas as variáveis (trajetos
coletivo). (os trajetos estão e paradas) devem ser previstas
previamente determinados). a priori.
(sistema de classificação) Os itinerários e as paradas foram
previstos a priori.

Percurso com carro ou Mais opções de trajetos. Sistema mais flexível,


bicicleta (transporte Adaptabilidade no caso pois as combinatórias
individual). de imprevistos. Itinerário não precisam ser previstas
variável e, portanto, menos a priori, mas podem ser
(tesauros/vocabulários previsível. estabelecidas de acordo
controlados) com a necessidade.

Fonte: Smit e Kobashi (2003, p. 35).

pág. 132, jan./jun. 2012


R V O

o plano de classificação, para que se possa ganização (National Archives of Austrália,


representar com mais fidedignidade a estru- 2000a, p. 2 apud Calderon, 2003, p. 104).
tura hierárquica funcional de uma instituição.
É oportuno pontuar que na definição de vo-
De acordo com o National Archives of cabulário funcional de Smit e Kobashi (2003)
Austrália, “um tesauro funcional é definido não é mencionada a possibilidade de este
como uma lista alfabética de todas as fun- instrumento gerir e recuperar conteúdos do-
ções autorizadas e termos descritivos de cumentais com base temática. Já a acepção
atividades do esquema de classificação de de tesauro funcional da National Archives
negócios” (National Archives of Austrália, of Austrália enuncia a preocupação no for-
2000a, p. 1 apud Calderon, 2003, p. 103). necimento de um índice para representar o

Segundo Smit e Kobashi (2003, p. 45), um conteúdo de alguns documentos que indicam

tesauro funcional opera como índice de um assunto/tema. Nesse sentido, Smit e Ko-

termos do plano de classificação; opera bashi (2003, p. 44) afirmam que “um tesauro

como índice para encontrar séries docu- funcional controla o vocabulário que designa

mentais a serem eliminadas; provê pontos a razão de ser do documento (sua função) e

de acesso ao usuário, permitindo navegar não o que ele contém (assunto)”.

de sinônimos e outros termos não adotados O Recordkeeping in Brief (Manual) do New


para a terminologia adotada pelo arquivo; South Wales Government aponta alguns
pode ser usado como ferramenta para aju- procedimentos para nortear a elaboração
dar o funcionário a encontrar documentos de um tesauro funcional: Primeira fase:
necessários para as tarefas do dia a dia. preparação, em que se estabelece quem

A atribuição do tesauro funcional no âm- estará envolvido no projeto (normalmente

bito do sistema arquivístico da National se cria um comitê) e também a metodolo-

Archives of Austrália é: funcionar como gia a ser aplicada; Segunda fase: exame

um índice para encontrar os termos cor- da documentação da instituição (relató-


retos em um esquema de classificação rios anuais, legislação etc.) e entrevistas
organizacional para rotular conjuntos do- com gerentes e demais funcionários para
cumentais; funcionar como um índice para identificação dos termos usados pela or-
tomada de decisão para encontrar uma ganização para descrever suas funções
disposição apropriada de classes para os e atividades; Terceira fase: análise das
documentos, especialmente aqueles que fontes documentárias identificadas na in-
convencionalmente são utilizados para vestigação preliminar a fim de identificar
denominar assunto ou texto livre; fornecer funções, atividades e as terminologias
outros pontos de acesso permitindo aos usadas para descrevê-las. Estas são colo-
usuários navegarem de sinônimos ou ou- cadas em uma hierarquia para dar forma
tros termos não preferidos à terminologia ao esquema de classificação; Quarta fase:
preferida na classificação adotada pela or- identificação dos termos preferidos e não

Acervo, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 117-138, jan./jun. 2012 - pág. 133


A C E

preferidos, organização dos termos em A função da representação da informação


uma hierarquia lógica, implementação arquivística é entendida numa natureza
de notas para descrição de cada termo eminentemente referencial, cumpre a sua
(escopo) e para dar esclarecimentos ne- finalidade através de um índice, e não tem a
cessários sobre como deve ser usado. É pretensão de substituir o conteúdo arquivísti-
nesta fase também que se verificam e se co. Diante do enunciado, podemos concluir
estabelecem todos os relacionamentos que o índice funciona como uma meta-
entre os termos (New South Wales Gover- representação das funções e atividades con-
nment, 2007). substanciadas no documento arquivístico.

Smit e Kobashi (2003, p. 49) recomendam


C ONSIDERAÇÕES FINAIS

É
que se elabore num primeiro momento “um
importante destacar que o percurso
vocabulário controlado, incorporando-o
teórico-metodológico apresentado
ao plano de classificação e, num segundo
neste artigo para subsidiar a cons-
momento, elaborar um tesauro baseado no
trução de uma linguagem documentária
primeiro vocabulário, priorizando a organi-
no contexto arquivístico, operacionalizado
zação intelectual das funções/atividades
pelo tesauro funcional, é uma alternativa
geradoras de documentos”.
dentre outras propostas existentes para
Cabe destacar que do ponto de vista
fundamentar a elaboração de uma lingua-
da representação, organização e recu-
gem documentária verbal em sistemas de
peração da informação arquivística um
recuperação da informação arquivística.
tesauro funcional não representa nem
Deste modo, ressaltamos que a utilização
recupera conteúdos documentais, mas
conjunta do plano de classificação de ar-
sim as atividades, estruturas e funções
quivos (estrutura funcional), compreendi-
consubstanciadas nos documentos.
do enquanto uma linguagem documentária
Sua finalidade é representar as atividades,
verbal notacional, com o tesauro funcional
estruturas e funções dos documentos
importe em mais uma opção dentre outras
através de uma interface documentária
existentes para garantir a inteligibilidade
formada de termos (descritores). Convém
da informação arquivística.
lembrar que na arquivística, as práticas
No que se refere à aplicabilidade de me-
de organização, representação e recupe-
canismos de controle de vocabulário e ao
ração não são orientadas pelo conteúdo-
vocabulário controlado operacionalizado
assunto de um documento, mas sim pela
pelo tesauro funcional, é importante des-
compreensão do contexto em que está
tacar que depende do tipo de arquivo e do
inserido o documento arquivístico, por
contexto arquivístico.
sua relação com o órgão produtor e pelo
inter-relacionamento de um documento Diante dos enunciados expostos até o
com o outro. momento, pode-se afirmar que a utiliza-

pág. 134, jan./jun. 2012


R V O

ção do tesauro funcional, para nortear o portar: relacionamentos entre descritores


controle de vocabulário, a organização e (principalmente relações de equivalência);
a recuperação da informação arquivística, base temática; o controle de vocabulário,
contribuirá para assegurar o princípio da ao contrário dos planos de gestão (pla-
proveniência, ao materializar em sua estru- nos ou quadros de classificação) que são
tura relações hierárquicas, de associações, orientados (focados) no sistema documen-
de relacionamentos e de equivalências, por tal (nomeação estrutural ou funcional de
meio de descritores normalizados para re- unidades documentais).
presentar as atividades e funções contidas
Salientamos, ainda, que a proposta
nos documentos. Ao refletir a informação
teórico-metodológica para a elaboração
orgânico-funcional, ele estará assegurando
de linguagens documentárias para orga-
a memória documentária arquivística.
nização, representação e recuperação
Acreditamos que na busca por metodologias da informação arquivística apresentada
para a construção de tesauros funcionais nesta pesquisa é de natureza pragmática e
deva-se incluir também a preocupação com poderá ser aprofundada com as contribui-
a linguagem do(s) usuário(s) em potencial, ções advindas da linguística, teoria geral
não se limitando unicamente à linguagem de da terminologia, teoria da classificação e
um documento ou conjunto de documentos. teoria do conceito.

Vale ressaltar, também, que os tesauros Este artigo é resultado de um estudo ex-
funcionais possuem características que ploratório de natureza bibliográfico-docu-
se aproximam do paradigma do usuário mental e integra a dissertação de mestrado
(sistema focado no usuário, isto é, a pre- apresentada em 2008 à Pontifícia Univer-
ocupação com as linguagens), ao com- sidade Católica de Campinas por Aguiar.

N O T A S
1. No contexto arquivístico, o método funcional baseia-se nas funções, ações e atividades
do órgão produtor do documento. É utilizado para construir planos de classificação
de documentos de arquivos. Considerado por muitos autores como sendo o método
de classificação arquivístico mais estável, por levar em conta como elementos de
estruturação e representação o propósito e a razão de existir de uma organização
(funções, ações e atividades). Na prática, o método funcional é considerado mais
estável, pois caso haja mudanças estruturais e organizacionais no órgão produtor, as
funções provavelmente permanecerão as mesmas.

Acervo, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 117-138, jan./jun. 2012 - pág. 135


A C E

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Acesso em: 26 maio 2006.

R E S U M O
Sistematização dos princípios teóricos, conceituais e metodológicos acerca do controle de voca-
bulário (processo documentário) e do vocabulário controlado (instrumento documentário) sob
a ótica da arquivística. A importância de considerar a linguagem como componente central nas
práticas organizativas da arquivística e a necessidade de retificar os códigos linguísticos e termi-
nológicos ocorridos durante os processos de produção, organização e recuperação da informação
orgânico-funcional. O controle de vocabulário e o vocabulário controlado como dispositivos meto-
dológicos para a organização, tratamento e recuperação da informação arquivística. Procedimentos
metodológicos para a construção de um tesauro funcional para subsidiar e garantir a memória
orgânico-funcional, a organização, a representação e a recuperação da informação arquivística.

Palavras-chave: tesauro funcional; controle de vocabulário; vocabulário controlado; arqui-


vística; recuperação da informação.

Acervo, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 117-138, jan./jun. 2012 - pág. 137


A B S T R A C T
Systematization of theoretical, conceptual and methodological principles concerning the
control of vocabulary (documentary process) and the controlled vocabulary (documentary
instrument) from the perspective of the archivist. The text emphasizes the importance of
considering language as a central component in the organizational practices of archives and
the necessity of rectifying the linguistic and terminological codes used during the proces-
ses of producing, organizing and retrieval of organic and functional information. It is also
shown the control of vocabulary and the vocabulary controlled as methodological devices
for organizing, processing and retrieval of archival information. Finally, it is suggested
methodological procedures for the construction of a thesaurus on functions, in order to
support and ensure organic and functional memory and the organization, representation
and retrieval of archival information.

Keywords: functional thesaurus; control of vocabulary; controlled vocabulary; archival


science; information science; information retrieval.

R E S U M É N
Sistematización de principios teóricos, conceptuales y metodológicos relativos al control
del vocabulario (proceso documental) y el vocabulario controlado (instrumento documen-
tal) desde el punto de vista de la archivística. Enfatiza la importancia de la lengua como
un componente central en las prácticas de la organización de archivos y la necesidad de
rectificar los códigos lingüísticos y la terminología que se produjeron durante los procesos
de producción, organización y recuperación de información orgánica y funcional. Presen-
ta el control del vocabulario y el vocabulario como dispositivos metodológicos para la
organización, procesamiento y recuperación de información archivística. Por último, son
sugeridos procedimientos metodológicos para la construcción de un tesauro de funciones
para apoyar y asegurar la memoria orgánica y funcional y la organización, representación
y recuperación de la información archivística.

Palabras clave: tesauro funcional, control del vocabulario, vocabulario controlado, recu-
peración de la información; archivística.

Recebido em 15/4/2012
Aprovado em 9/6/2012

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