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DIVERSIDADE SEXUAL

PSICOLOGIA E SUAS QUESTÕES


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NESTE E-BOOK VOCÊ VAI
ENCONTRAR:

Capítulo 1
• ASSUMINDO A HOMOSSEXUALIDADE
Capítulo 2
• RECURSOS PARA TRABALHAR AS QUESTÕES DE
ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE GÊNERO
Capítulo 3
• ORIENTAÇÃO SEXUAL – O que todo psicólogo
precisa saber
Capítulo 4
• TRANSEXUALIDADE – Perguntas e respostas

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CAPITULO 1

ASSUMINDO A
HOMOSSEXUALIDADE

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ASSUMINDO A
HOMOSSEXUALIDADE
COMO O PSICÓLOGO PODE AJUDAR SEU PACIENTE
POR LUCIANA LEMOS

Assumir a homossexualidade pode


ser um parto!
Na maioria dos casos dói!

Até a paz chegar, muita turbulência interna


acontece, e nem sempre as pessoas que passam
por isso conseguem evitar o conflito relativo a auto
percepção, auto aceitação e adequação tranquila
no mundo que vivemos. Isto sem contar o stress do
assumir a homossexualidade perante a família,
amigos, ambiente de trabalho e sociedade.

Neste momento, muitas pessoas buscam ajuda


profissional, e o psicólogo deve estar preparado
para atender e ajudar seu paciente.

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Muitas dúvidas acontecem
neste momento

O terapeuta tem que primeiramente entender qual


o estágio de autoconhecimento está a pessoa.
Alguns chegam ao consultório com outras queixas,
e as mais comuns são ansiedade excessiva e
depressão.

A questão da homossexualidade muitas vezes surge


depois.

Algumas pessoas procuram ajuda psicológica na


fase da descoberta da sua homossexualidade,
outros já têm esta condição bastante conhecida,
mas ainda vivenciam uma vida social heterossexual.

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Outros estão em plena fase do assumir, com todos
os seus conflitos e circunstâncias peculiares de cada
vivência.

As dúvidas mais comuns são sobre assumir ou não,


para quem contar, como contar, e tudo isso com
todas os receios da rejeição, e das consequências
muitas vezes sérias e prejudiciais para a vida da
pessoa.

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O preconceito ainda
domina a sociedade
Mas temos que contribuir para a mudança
que queremos ver neste mundo!

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Uma coisa não podemos negar. Vivemos em um
mundo repleto de desconhecimento e
preconceito, onde as pessoas não aceitam as
outras como elas são por pura ignorância, por
não saberem que opção sexual não é escolha e
sim uma condição humana, que não é doença,
e muito menos deve ser julgada ou condenada.

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Mas a sociedade ainda tem muito que
evoluir para que esta condição humana
possa ser percebida e considerada como
uma coisa natural que

merece respeito e
aceitação.
Enquanto o tempo da compreensão e
empatia não chega, nós psicólogos temos
muito trabalho a fazer, ajudando nosso
paciente no enfrentamento deste desafio e
minimizando seu conflito interno e externo.

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Temos que agir com cautela
para proteger nosso paciente

Parece obvio que devemos incentivar estes


pacientes a assumir sua condição perante tudo e
todos, mas temos que ter muita sensibilidade para
conduzir o processo terapêutico ou o
aconselhamento psicológico.

Cada caso deve se analisado com critério, e o


contexto da vida de cada paciente deve ser
considerado. Muitas vezes é preciso um longo
trabalho de preparação do paciente e da família
para que este assumir aconteça da melhor forma
possível.

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Um caso clínico

Acompanhei um caso em que um adolescente


estava em conflito sobre se devia ou não assumir sua
homossexualidade perante sua família, mas
principalmente diante de seu pai, que sempre dizia
que expulsaria de casa um filho nesta condição.

A mãe, apoiava a posição do pai que era provedor


único da casa, e pertencente a uma família
tradicional na pequena cidade que moravam. Por
mais que o desejo de assumir estivesse presente
neste rapaz, este fato seria devastador para a vida
dele naquele momento.

O desafio foi preparar a família para que esta


notícia fosse assimilada da melhor maneira possível,
minimizando o estrago que ela poderia causar se
fosse feita de maneira precipitada e inadequada.
A mãe foi trazida para a psicoterapia por causa de
uma depressão, e o trabalho familiar começou por
ela. O pai era arrogante e autossuficiente demais
para procurar uma ajuda psicológica para os
desajustes familiares que eram muitos. Porém
acabou indo por indicação médica, por causa de
um problema psicossomático que não melhorava
com tratamento medicamentoso.
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Levar a família a um trabalho em grupo foi um passo
que ainda demorou bastante, mas um dia
aconteceu. Paralelamente aos conflitos de cada
um, muitos outros aspectos foram trabalhados,
ampliando a capacidade de percepção de mundo
deste pai e desta mãe, e potencializando a
autoestima e segurança do filho.

O assumir aconteceu um dia, e o pai, ao contrário


do que o filho esperava, teve uma reação
surpreendente, apoiando-o com um abraço em
silêncio. As muitas lágrimas de ambos foi um sinal de
paz, amor e aceitação. Um tempo depois o pai disse
que sempre soube, mas que foi muito difícil para ele
aceitar.

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Parece que foi fácil,
mas não foi

Contando assim de forma resumida parece que o caminho


terapêutico foi fácil, porém foi bastante complexo!

Entre a primeira consulta do rapaz e o abraço do pai


passaram-se 3 anos. Algumas crises aconteceram depois
disto, e muitas adaptações tiveram que acontecer, para hoje
a família estar em paz.

O rapaz atualmente está em um relacionamento sério, seu


parceiro frequenta normalmente a sua casa e convive
harmoniosamente com toda a família. Uma situação
inimaginável há alguns anos!
Nem sempre as coisas acontecem assim. Na maioria das
vezes enfrentamos junto com nosso paciente uma dura
batalha de assumir a homossexualidade.

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O terapeuta tem que olhar para
dentro de si e procurar suas
próprias travas e preconceitos
Podem ter muitas feridas e muito sofrimento neste processo, mas é importante
ressaltar que temos que sempre procurar dentro de nós os nossos próprios
preconceitos e nossas travas culturais para que, conhecendo-as podermos
questioná-las e superá-las, no propósito de minimizar o sofrimento das pessoas
que nos procuram profissionalmente com este objetivo.

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Existem muitos recursos que
podem ser usados na
psicoterapia
Outro ponto importante é estarmos dispostos a fazer muita
reflexão sobre estas questões, e também nos
capacitarmos com recursos terapêuticos para conduzir a
psicoterapia ou o aconselhamento, pois existem muitas
formas de reduzir a ansiedade, minimizar o stress, promover
a transformação de crenças disfuncionais, ampliar o
repertório de enfrentamento, e diversos outros instrumentos
terapêuticos que podem ser usados para fortalecer o
paciente.

Criar um relacionamento de confiança é essencial para


que o paciente se solte, e crie um vínculo terapêutico
sólido. Este vínculo é inclusive mais importante que as
técnicas utilizadas no transcorrer da terapia.
Cada abordagem terapêutica tem uma escuta e
métodos diferentes, mas no encontro verdadeiro do
terapeuta e do paciente que a transformação acontece.
Temos que estar bem conscientes do nosso papel
transformador do mundo em que vivemos, e exercer a
psicologia conscientes do caminho que queremos trilhar.
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CAPITULO 2

RECURSOS PARA
TRABALHAR AS
QUESTÕES DE
ORIENTAÇÃO SEXUAL E
IDENTIDADE DE GÊNERO
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Temos que estar preparados
para atender uma das maiores
demandas no consultório
Ao atender clinicamente um paciente com conflitos
sobre orientação sexual e identidade de gênero,
temos que primeiramente fazer um
autoquestionamento sobre nossa posição pessoal
em relação a estas questões, para decidir com
segurança se podemos ajudar esta pessoa com
imparcialidade e verdade.

Temos que ter a consciência de que este não é um


problema que deve ser mascarado, evitado ou
revertido, mas sim compreendido como uma
condição humana, que apesar de ser revestida de
preconceitos pela sociedade, deve ser respeitada e
aceita como natural e normal. Atuamos em nome
de uma ciência que assim entende a diversidade
sexual.

As pessoas que procuram ajuda por que estão


vivenciando conflitos em relação a sua condição,
normalmente chegam ao consultório muito ansiosas,
apresentando muitas vezes depressão, ansiedade e 17
transtornos psicossomáticos.
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Antes de trabalhar as questões relativas ao
problema que o paciente traz, é sensato usar
algumas técnicas para diminuir a ansiedade e
ensiná-lo a usar algumas delas nos intervalos entre as
consultas.

Tenho observado que quanto maior o repertório de


recursos, mais o psicólogo amplia seu potencial de
ajuda dinamizando o processo psicoterapêutico.

Vou citar algumas que considero muito efetivas, mas


existem muitas outras que também são igualmente
adequadas para este contexto.

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Mindfullness
As técnicas de Mindfullness são
impressionantemente eficazes para diminuir a
ansiedade. Elas exercitam o “estar presente”
através de vários exercícios que “educam a
mente” e devem se tornar uma rotina,
independente da terapia. O Mindfullness além
de controlar a ansiedade promove a criação
de novas sinapses, melhorando a memória, o
sono e diversas outras funções cerebrais.

Diminuir a ansiedade vai ajudar bastante no


processo terapêutico que favorece o
autoconhecimento, consciência e auto
aceitação, que são recursos pessoais
fundamentais para o assumir a própria
condição.

Este estado menos ansioso favorece o equilíbrio


para o enfrentamento das possíveis situações
adversas que possam surgir, e facilita o acesso
a própria força para reestruturar a vida.

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Terapia Cognitiva e
Hipnose Cognitiva

crenças
A Terapia Cognitiva e especialmente a Hipnose
Cognitiva são também ferramentas muito
valiosas neste objetivo.
A Hipnose proporciona um relaxamento
profundo onde a pessoa pode mudar a sua
percepção da realidade pela condução do
pensamento e das emoções causadas por eles.
comportamento
O paciente normalmente traz uma pensamento
preocupação e foco no que ele sente. Porém
ele normalmente desconhece que o que ele
pensa é que provoca seus sentimentos.
Sustentando os pensamentos estão as crenças
que a pessoa formou ao longo da vida.

sentimento
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As crenças são frutos de uma construção
imaginária a partir da interpretação que a
pessoa fez das suas vivências, do que ela
ouviu sobre si e sobre o mundo, e são o
alicerce sobre o qual ela interpreta sua
realidade. Elas ajudam a traçar o mapa de
mundo da pessoa e se referem
principalmente à sua autoimagem, sua
percepção do seu contexto familiar e social,
e sua projeção sobre o que sua condição
pode causar na sua vida.

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Estas crenças são formadas ao longo da existência,
podem ser passíveis de transformação ou podem ser
mais cristalizadas, mais rígidas, porém mesmo assim
podem ser trabalhadas.

Quando o paciente começa a identificar os


pensamentos que causam sua ansiedade, o
terapeuta pode questionar estes pensamentos e
com isso chegar as crenças que estão sustentando
este quadro de ansiedade. No transe hipnótico o
paciente acessa mais facilmente estes conteúdos
psíquicos principalmente pelo relaxamento da
autocensura.

A Terapia Cognitiva aliada a Hipnose Cognitiva são


ferramentas que potencializam significativamente o
processo terapêutico, ampliando a percepção da
situação e das diversas possibilidades de
enfrentamento do conflito.

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Psicodrama

Outra ferramenta muito interessante é o


Psicodrama. Através da dramatização, a
pessoa simula situações, experimenta os vários
papéis nas situações hipotéticas, e tem a
oportunidade de sentir previamente e vivenciar
diversas situações, que podem prepara-lo para
possíveis situações reais.

Quando o paciente percebe e simula


alternativas de enfrentamento ele fica mais
forte e preparado quando a situação
acontece na vida real. O Psicodrama pode ser
aplicado na terapia individual e em grupo.

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Constelação Familiar

A Constelação Familiar é também um instrumento


que pode ajudar bastante. Ela parte do pressuposto
de que repetimos histórias familiares, e nossos
conflitos ecoam pendências transgeracionais.

Ela baseia-se na premissa de que uma consciência


familiar rege nossa vida. O objetivo é identificar
muitos dos males que nos afligem, e através da
energia do amor, desatar nós e abrir novas
possibilidades para o futuro. Ela pode ser feita em
grupo ou individualmente através de bonecos.

A Constelação é um recurso muito útil no momento


em que a família está sendo o foco do conflito da
pessoa que está assumindo sua condição
homossexual.

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Psicoterapia Sistêmica

Os recursos da Psicoterapia Sistêmica são também


importantes instrumentos facilitadores.

A abordagem sistêmica parte do pensamento


sistêmico, que tem como premissa que tudo está
inserido em uma cadeia multirelacional em que
cada pessoa, fato ou situação tem influência direta
sobre tudo e todos a sua volta.

Esta linha terapêutica trabalha muito com metáforas,


tarefas e exercícios, e muitas vezes inclui outras
pessoas do contexto do paciente nas sessões de
psicoterapia.

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As tarefas terapêuticas, os jogos e os desafios têm
muito efeito prático no lidar com a própria condição.
A pessoa pode ir experimentando situações,
exercitando comportamentos e se preparando para
os desafios que podem vir.

Os atendimentos inclusivos, com membros do sistema


do paciente, como família, amigos e parceiros,
podem ser muito úteis para ampliar a percepção de
pertencimento do indivíduo, suas interações, e sua
importância neste complexo sistema social onde
tudo influencia tudo.

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Escuta e
intervenções
ricas

Independente da linha terapêutica de formação


básica do psicólogo, a escuta e as intervenções ricas
de recursos são catalizadoras, e promovem um
resultado mais rápido.

Enfim, quanto mais o psicólogo estiver preparado,


mais ele poderá ajudar seu paciente a encontrar
uma forma de assumir sua verdade com segurança e
paz interior.

TEXTO
LUCIANA LEMOS
Psicóloga e Diretora Geral do Ciclo CEAP
lucianalemos@cicloceap.com.br

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CAPITULO 3

ORIENTAÇÃO SEXUAL –
O que todo psicólogo
precisa saber

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Quais fatores condicionam a
orientação sexual de uma
pessoa?

Existem várias teorias sobre as origens da orientação


sexual: hoje, a maioria dos cientistas acredita que a
orientação sexual é provavelmente o resultado de
uma complexa interação de fatores ambientais,
cognitivos e biológicos.

Na maioria das pessoas, a orientação sexual é


determinada em uma idade muito jovem. Nos últimos
tempos, também foi descoberto que a biologia,
incluindo fatores genéticos ou hormonais inatos,
desempenha um papel importante na sexualidade
das pessoas.

Em resumo, é importante reconhecer que


provavelmente existem várias razões que explicam a
orientação sexual de uma pessoa e que elas são
diferentes em cada caso.

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A orientação sexual é
uma opção?

Não, os seres humanos não podem escolher


ser homossexuais ou heterossexuais. Para a
maioria das pessoas, a orientação sexual é
definida no início da adolescência, sem
necessariamente passar por uma
experiência sexual. Embora tenhamos a
opção de agir, ou não, em relação a esses
sentimentos, a psicologia não considera que
a orientação sexual seja um ato consciente
que podemos mudar à vontade.

A orientação sexual é diferente do


comportamento sexual porque está
relacionada a sentimentos e auto-
imagem. Em seu comportamento, as
pessoas decidem expressar ou não sua
orientação sexual.

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A orientação sexual
pode mudar com a
terapia?
Não. Enquanto a maioria dos homossexuais leva uma
vida bem-sucedida e feliz, alguns, muitas vezes sob
coerção de suas famílias ou grupos religiosos,
desejam mudar sua orientação sexual através da
terapia. No entanto, a realidade é que a
homossexualidade não é uma doença. Não requer
tratamento e não pode ser alterado.

No entanto, quando os homossexuais, lésbicas e


bissexuais procuram ajuda de um psicoterapeuta,
não é necessariamente para mudar sua orientação
sexual. Ocasionalmente, os homossexuais, lésbicas e
bissexuais procuram ajuda psicológica para assumir a
sua própria sexualidade, ou para buscar estratégias
para ajudá-los a lidar com o preconceito. No
entanto na maioria das vezes, quando eles precisam
de ajuda da psicoterapia é pelas mesmas razões
existencial do que heterossexuais.

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Lésbicas, homossexuais e
bissexuais podem ser
bons pais?
Sim. Estudos comparando filhos de pais gays
com pais heterossexuais não encontraram
diferença no desenvolvimento entre esses
dois grupos de crianças nas quatro áreas
críticas seguintes: inteligência, adaptação
psicológica, adaptação social e
popularidade com seus amigos. Também é
importante notar que a orientação sexual
dos pais não determina a de seus filhos.

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Por que é tão doloroso
para alguns homossexuais,
lésbicas ou bissexuais
assumir sua própria
identidade sexual?
Para alguns homossexuais, lésbicas e bissexuais, esse
processo de assumir sua própria identidade sexual é
relativamente doloroso, para outros não. Muitas vezes,
lésbicas, homossexuais e bissexuais, quando
percebem pela primeira vez que sua orientação
sexual é diferente da norma, sentem-se assustados,
diferentes ou sozinhos. Isso fica ainda mais evidente
quando as pessoas reconhecem sua orientação
sexual durante a infância ou adolescência, o que
ocorre com relativa frequência.

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De acordo com a conformação familiar e o ambiente
físico, eles terão que lutar contra o preconceito e a
desinformação em relação à homossexualidade. Crianças
e adolescentes são os mais vulneráveis a esses efeitos
prejudiciais de preconceitos e estereótipos. Além disso,
eles também temem ser rejeitados por suas famílias,
amigos, colegas de trabalho e instituições religiosas.

Alguns homossexuais temem que, se a sua orientação


sexual for conhecida, eles podem perder o emprego ou
ser assediados na escola. Infelizmente, os homossexuais,
lésbicas e bissexuais estão em maior risco de serem
agredidos fisicamente, ou de serem vítimas de violência,
do que os heterossexuais.

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Por que é tão importante
que a sociedade seja mais
bem informada sobre a
homossexualidade?
Se educarmos todas as pessoas sobre orientação sexual e
homossexualidade, reduziremos os preconceitos. Nesse
sentido, é particularmente importante educar os jovens que
estão descobrindo sua sexualidade - seja homossexual,
bissexual ou heterossexual.

Os medos expressos, segundo os quais o acesso a esse tipo de


informação aumentará o número de homossexuais, não têm
validade. Informações relacionadas à homossexualidade não
tornam as pessoas homossexuais ou heterossexuais.

Fonte: APA – American Psychological Association

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CAPITULO 4

TRANSEXUALIDADE
Perguntas e respostas

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Qual é a relação entre
identidade de gênero e
orientação sexual?
Identidade de gênero e orientação sexual não
são a mesma coisa.
A orientação sexual refere-se à atração física,
romântica ou emocional duradoura de um
indivíduo por outra pessoa, ao passo que a
identidade de gênero se refere ao senso interno
de ser homem, mulher ou outra coisa.

As pessoas transexuais podem ser heterossexuais,


lésbicas, gays, bissexuais ou assexuadas, assim
como as pessoas sem trânsito podem ser.
Algumas pesquisas recentes mostraram que uma
mudança ou um novo período de exploração na
atração de parceiros pode ocorrer durante o
processo de transição.

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As pessoas transgêneros costumam rotular sua
orientação sexual usando seu gênero como
referência.

Por exemplo, uma mulher transgênero, ou uma


pessoa que é designada como homem ao
nascer e transita para uma mulher e é atraída por
outras mulheres seria identificada como lésbica
ou gay.

Da mesma forma, um homem transgênero, ou


uma pessoa que é designada como mulher ao
nascer e transita para o sexo masculino, que é
atraído por outros homens, seria identificado
como um homem gay.

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Quais são algumas
categorias ou tipos de
pessoas transgênero?
Muitas identidades estão sob o guarda-chuva
transgênero.
O termo transexual refere-se a pessoas cuja
identidade de gênero é diferente de seu sexo
atribuído.

Frequentemente, as pessoas transexuais alteram


ou desejam alterar seus corpos por meio de
hormônios, cirurgia e outros meios para tornar
seus corpos mais congruentes possível com suas
identidades de gênero.

Este processo de transição através da


intervenção médica é frequentemente referido
como sexo ou mudança de sexo, mas mais
recentemente é também referido como
afirmação de gênero.
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As pessoas que foram designadas como
femininas, mas se identificam e vivem como
masculinas e alteram ou desejam alterar seus
corpos por meio de intervenção médica para
se assemelharem mais a sua identidade de
gênero são conhecidas como homens
transexuais.

Por outro lado, as pessoas que foram


designadas do sexo masculino, mas
identificam-se e vivem como mulheres e
alteraram ou desejam alterar seus corpos por
meio de intervenção médica para se
assemelhar mais a sua identidade de gênero
são conhecidas como mulheres transexuais
ou transexuais.

Alguns indivíduos que fazem a transição de


um gênero para outro preferem ser referidos
como homem ou mulher, e não como
transgêneros.

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Cross-dressing
As pessoas que se vestem de modo cruzado usam
roupas tradicionalmente usadas por outro gênero em
sua cultura. Aqueles que se vestem de modo cruzado
geralmente se sentem confortáveis com o sexo que lhes
é atribuído e não desejam mudá-lo.

O cross-dressing é uma forma de expressão de gênero


e não está necessariamente ligado à atividade
erótica. O cross-dressing não é indicativo de
orientação sexual.

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Drag queens
O termo drag queens
geralmente se refere a
homens que se vestem como
mulheres com o propósito de
entreter os outros em bares,
clubes ou outros eventos.

Drag kings
O termo drag king refere-se
a mulheres que se vestem como
homens com o propósito de
entreter outras pessoas em
bares, clubes ou outros eventos.

42
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Por que algumas
pessoas são
transgêneros?
Não há uma explicação única para por
que algumas pessoas são transgênero.
A diversidade de expressões e
experiências transgênero argumenta
contra qualquer explicação simples ou
unitária.

Muitos especialistas acreditam que


fatores biológicos, como influências
genéticas e níveis hormonais pré-natais,
experiências precoces e experiências
posteriores na adolescência ou na vida
adulta, podem contribuir para o
desenvolvimento de identidades
transgêneros.

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Como uma pessoa
percebe que é
transgênero?
Pessoas transgêneros experimentam sua
identidade transgênero de várias maneiras e
podem se tornar conscientes de sua identidade
transgênero em qualquer idade.

Alguns podem traçar suas identidades e


sentimentos transgênero voltando às suas
primeiras lembranças. Eles podem ter
sentimentos vagos de “não se encaixar” com
pessoas de seu sexo designado ou desejos
específicos de serem algo diferente de seu sexo
designado.

Outros se tornam conscientes de suas


identidades transgênero ou começam a
explorar e experimentar atitudes e
comportamentos não-conformes ao gênero
durante a adolescência ou muito mais tarde na
vida.

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Alguns abraçam seus sentimentos transgêneros, enquanto
outros lutam com sentimentos de vergonha ou confusão.

Aqueles que fazem a transição mais tarde na vida podem


ter se esforçado para se adequar adequadamente ao sexo
designado para depois enfrentarem a insatisfação com
suas vidas.

Algumas pessoas transexuais, em particular, experimentam


intensa insatisfação com o sexo atribuído no nascimento,
características físicas do sexo ou o papel de gênero
associado a esse sexo.

Esses indivíduos geralmente buscam tratamentos de


afirmação de gênero.

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Como os transexuais
fazem uma transição
de gênero?
A transição de um gênero para outro é um processo
complexo e pode envolver a transição para um gênero
que não é tradicionalmente masculino nem feminino. As
pessoas que fazem a transição geralmente começam
expressando seu gênero preferido em situações em que se
sentem seguras.

Eles costumam trabalhar para viver em tempo integral


como membros de seu gênero preferido, fazendo muitas
mudanças, um pouco de cada vez.

Embora não exista um caminho “certo” para a transição


de gêneros, há algumas mudanças sociais comuns que
pessoas transgênero experimentam e que envolvem um
ou mais dos seguintes: adotando a aparência do sexo
desejado através de mudanças em roupas e cuidados,
adotando um novo nome, mudando a designação sexual
nos documentos de identidade (se possível), usando o
tratamento de terapia hormonal e / ou submetendo-se a
procedimentos médicos que modifiquem seu corpo para
se adequar à sua identidade de gênero. 46
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O processo ou transição de cada transgênero é
diferente. Por isso, muitos fatores podem
determinar como o indivíduo deseja viver e
expressar sua identidade de gênero.

Encontrar um profissional de saúde mental


qualificado com experiência no atendimento
afirmativo para pessoas transgênero é um primeiro
passo importante.

Um profissional qualificado pode fornecer


orientações e encaminhamentos para outros
profissionais de ajuda. Conectar-se com outras
pessoas trans através de grupos de apoio de
pares e organizações comunitárias transexuais
também é útil.

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Ser transgênero é um
transtorno mental?

Um estado psicológico é considerado um transtorno


mental apenas se causar sofrimento intenso ou
incapacidade significativa.

Muitas pessoas transexuais não sentem seu gênero


como angustiante ou incapacitante, o que implica que
a identificação como transgênero não constitui um
transtorno mental.

Para esses indivíduos, o problema significativo é


encontrar recursos acessíveis, como aconselhamento,
terapia hormonal, procedimentos médicos e o apoio
social necessário para expressar livremente sua
identidade de gênero e minimizar a discriminação.

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De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-5), pessoas que experimentam uma incongruência de
gênero intensa e persistente podem receber o diagnóstico de "disforia de
gênero".

Alguns afirmam que este diagnóstico dá conotação patológica a não-


congruência de gênero e deve ser eliminado. Outros argumentam que é
essencial manter o diagnóstico para garantir o acesso aos cuidados.

Fonte: APA – American Psychological Association


https://www.apa.org/topics/lgbt/transgender

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REFERÊNCIAS

LUCIANA LEMOS
Psicóloga e Diretora Geral do Ciclo CEAP
lucianalemos@cicloceap.com.br

Fonte: APA – American Psychological Association


www.apa.org/topics/lgbt/transgender

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www.cicloceap.com.br
https://materiais.cicloceap.com.br/live-diversidade-sexual-na-pratica-da-psicologia-clinica

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