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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LINGUAGENS E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS/INGLÊS
CARAÚBAS/RN
2022
LETICIA MARIA FORTE
CARAÚBAS/RN
2022
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da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
LETICIA MARIA FORTE
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Dr. Jeová Araújo Rosa Filho
Presidente
_____________________________________________
Prof.ª Dra. Priscila Fabiane Farias
Membro Examinador
______________________________________________
Prof.ª Dra. Renata Gomes Luis
Membro Examinador
_______________________________________________
Prof.ª Dra. Silvia Cristina Barros de Souza Hall
Membro Examinador
AGRADECIMENTOS
Aos meus avós, as razões pelas quais existo. "Odinho", que foi morar no
plano espiritual quando eu ainda era uma criança, mas sempre esteve muito vivo e
presente em minha vida. Ele me mostrou o verdadeiro significado de amor paterno e
graças a ele me tornei uma mulher Forte em sobrenome e resiliência. E “Odinha”,
que ainda conseguiu acompanhar o início da minha vida acadêmica, mas não vai
estar presente fisicamente para comemorar comigo essa conquista. Dizem que por
trás de toda mulher forte existe outra mulher forte a ajudando nos momentos mais
difíceis, e ela sem dúvidas é o maior exemplo de força que eu tive. Minha mais
profunda gratidão aos meus dois anjos que de onde estão sempre me deram a
motivação necessária para continuar resistindo.
Paulo Freire
RESUMO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 28
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 65
12
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
cor azul é de menino e a cor rosa é de menina? Por que certo nível de nudez é
permitido para o homem e é mau visto na mulher? Por que a expressão “like a
girl” (como uma garota, em português) já foi sinônimo de ofensa para meninos
que fazem algo mal feito como praticar algum esporte, por exemplo? E por que
nós continuamos a reproduzir muitos desses discursos? Essas são algumas
das questões através das quais podemos exemplificar como os discursos são
ideologicamente marcados.
Cada um desses discursos é construído com alguma intenção e são
reproduzidos por meio da língua através dos textos. Ao falar em textos estamos
falando em materialidades multissemióticas e multimodais (ROJO, 2019) que
carregam consigo traços de parcialidade (JANKS, 2016). Entendendo a
semiótica como a produção e interpretação de signos (PIMENTA, 2001), um
texto pode ser formado por um ou por vários modos semióticos que podem ser
palavras e imagens, por exemplo, e isso nos leva ao que conhecemos como
multimodalidade (KRESS, 1989). Os textos também são produzidos de formas
particulares e em contextos específicos, sempre com a intenção de comunicar
algo a alguém. Com isso, podemos afirmar que “textos não são neutros”
(JANKS, 2016, p. 21), pois estão sempre representando um ponto de vista e
buscando posicionar o leitor através da interpretação pessoal de quem produz.
De acordo com Kress et. al. (1995), a compreensão da multimodalidade
é essencial para a leitura crítica de um texto, ou seja, a leitura crítica não deve
considerar apenas a linguagem escrita em detrimento de outros elementos do
texto. A interpretação de um texto deve se dar primeiramente pela
interpretação do contexto considerando outros modos semióticos além da
escrita. As propagandas analisadas durante a implementação do projeto
pedagógico apresentado posteriormente nesta pesquisa são exemplos de
textos multimodais e multissemióticos, pois se materializam através de
discursos que foram construídos socialmente e levam em conta diversos
aspectos além do texto escrito e da imagem, como a cultura, o contexto
histórico, a subjetividade da mensagem transmitida ao interlocutor, a
parcialidade, além do efeito que tal mensagem causa nos sentimentos do
público leitor.
Com base nessa perspectiva, percebemos que até mesmo a
organização da sala de aula é discursivamente construída e reflete relações de
19
das nossas alunas e alunos e que podem ser considerados polêmicos por
muitos adeptos da pedagogia tradicional, como a abordagem do racismo,
machismo, identidades de gênero, lgbtfobia, entre outros. Esses são os temas
geradores que englobam os temas transversais (BRASIL,1998) podendo ser
abordados de diversas formas, seja através de leituras, rodas de conversa,
análises de textos, sempre mediados através do diálogo e do exercício da
empatia.
Para Tilio (2019), a aprendizagem de línguas adicionais permite aos
sujeitos o exercício do autoconhecimento através da consciência em relação
aos outros, o que contribui também para a autopercepção, para a tolerância às
diferenças e a desconstrução de estereótipos e preconceitos. Nesse sentido, a
língua é utilizada para formar sujeitos críticos através da percepção de si e dos
outros. Contudo, além da concepção de língua como prática social, para um
ensino de línguas com foco na pedagogia crítica, levamos em consideração
também a compreensão de inglês como língua adicional em contraposição ao
inglês como língua estrangeira, termo comumente adotado no senso comum
para se referir ao ensino e aprendizagem de línguas onde o falante nativo é
visto como um modelo para ser atingido.
Quando trazemos para a sala de aula temas que fazem sentido para
nossas alunas, como a desconstrução de preconceitos, questões de gênero,
raça e classe para a sala de aula, passamos a dar voz àquelas que têm o seu
lugar de fala e com isso estamos abrindo as portas para a transformação, pois
“nenhuma ‘ordem’ opressora suportaria que os oprimidos todos passassem a
dizer ‘por que’?” (FREIRE, 2020, p. 107). Como professoras e professores,
temos o papel de permitir que a voz de nossas alunas seja ouvida e de
transformar o espaço de sala de aula em um espaço de diálogo, de doação e
compartilhamento de ideias possibilitando assim uma prática pedagógica
engajada.
3. METODOLOGIA
Implementação do projeto em sala de aula Análise das interações com base nos
objetivos e problematização da pesquisa
CICLO DE
REDESIGN PRÁTICAS DESENHO DESENVOLVIMENTO
(JANKS, 2010) METODOLÓGICO CRÍTICO
DESIGN
O potencial de analisar
Prática 02 Problematização sobre criticamente propagandas
Thinking Critically as representações que reproduzem discursos
femininas em machistas ao longo dos
What is it like to propagandas. anos e refletir sobre como
essas propagandas
be represented as
refletem nossa sociedade
a girl? atual.
Símbolo Convenção
P1 Professora – Pesquisadora
D Discente
… Pausa curta
4. ANÁLISE E RESULTADOS
Fonte: Google.
1
Apesar de utilizar o termo Task, não foram levadas em consideração as fundamentações
teóricas relacionadas ao Task Based Approach - Ensino de línguas baseado em tarefas
44
foram projetadas uma por vez nos slides para que fizéssemos a discussão
dialogada analisando cada uma delas e compartilhando os pontos de vista das
discentes sobre as imagens.
Ao final da discussão sobre a tarefa, as propagandas foram projetadas
em um só slide, como mostra a figura abaixo, para que pudéssemos analisar
de maneira geral o que elas tinham em comum.
Figura 5 - Task 01: Seleção de propagandas dos anos 50
Fonte: Google.
Logo abaixo, destaco o episódio referente à interação sobre esta
análise:
Episódio 03 - Representações femininas em propagandas dos
anos 50
58. P1: What do all those ads have in common?
59. D. Júlio: submissão, a mulher inferiorizada
60. D. Fernando: local de subordinação, ela está ali posta a servir
61. de bom grado e achando bom, rindo
62. P2: todas tem relação com o contexto doméstico
63. D. Marcela: sempre servindo a casa, a família, feliz por estar
64. servindo a casa é triste quando não consegue agradar em
65. todos os aspectos né, não pode errar em nada ,ela tem que
66. ser perfeitas, uma máquina
67. D. Fernando: as duas únicas imagens que não trouxe muito
68. para o âmbito doméstico… foi essa do sapato e a do ketchup…
69. a primeira mostrando a mulher explícita, vulgar, pra época né,
70. uma mulher que está com o ombro de fora, mostrando o
71. volume dos seios, ta com esse olhar promíscuo pra época, não
72. ta como uma dona de casa … e a outra, a do ketchup… sem
73. palavras…
Fonte: Google.
escrito, uma frase por vez. As frases eram: “Look like a girl”, “Act like a lady”,
“Think like a man” e “Work like a boss”. Ao projetar cada frase eu perguntava
para as discentes o que significava para elas, por exemplo: “What does it mean
to think like a man?”. Destaco abaixo o diálogo onde as discentes expressaram
suas opiniões a respeito desta frase:
Episódio 05 - O que significa pensar como um homem?
94. D. Júlio: Existe aquela pressão de que o homem não
95. pode ter seus sentimentos, o homem não pode chorar,
96. não pode demonstrar afeto porque se você demonstrar
97. afeto você tá agindo contra a natureza do homem né,
98. que é algo mais agressivo, forte…
99. P.2: like a girl (risos)
100. P.1: So, by this context we can say that to think like a man
101. means to think in a strong way, and to think like a girl
102. means to think in a more emotional way… do you agree
103. with this?
104. (...)
105. P.2: why were you so reluctant when Leticia asked “do
106. you agree with this?” and everybody was just quiet. does it
107. bother you? Why is it so difficult for you to say that I
108. agree or I do not agree with this?
109. P1: How do you feel about this “think like a man”? Do you
110. feel that it is ok if we associate the man thinking …
111. D.Marcos: eu acho que não, eu acho que passa o
112. significado de que só o homem tem razão…
113. D. Beatriz: como se o homem ele pensasse com
114. firmeza, pensasse certo… não pensa com sentimento,
115. só pensa com a razão.
que o discurso por trás da frase era correto. Com isso, percebemos que elas se
sentiram mais encorajadas para se expressarem em relação ao tema (L.109 -
115). Ao analisar o episódio 05 (L. 94 - 115), identificamos uma prática com
base na educação problematizadora e dialógica a qual não há autoritarismo e o
papel da professora é de facilitadora do diálogo (FREIRE, 2020).
Observamos o oposto de uma educação como ato de depositar quando
as discentes ficaram relutantes em responder à pergunta, pois expressar suas
opiniões pode ser algo complexo de se fazer. Em uma educação bancária a
pergunta feita pela professora exigiria uma resposta correta. A falta de resposta
ou a uma resposta errada seria inadmissível e resultaria em uma punição para
as discentes. Mas em uma educação problematizadora que tem como foco o
pensamento crítico isso não ocorre porque não há imposição, mas sim o
incentivo para que as discentes possam expressar suas próprias opiniões
através do diálogo (FREIRE, 2020).
Após as discentes falarem sobre suas impressões em relação às
frases “Look like a girl”, “Act like a lady”, “Think like a man” e “Work like a boss”,
foi projetado o anúncio da campanha da “Bic” contendo todas as frases e outros
elementos visuais. Em seguida, a imagem de uma campanha da Always foi
projetada ao lado da anterior, como mostra a figura abaixo:
Fonte: Google.
Ao trazer essas duas materialidades multissemióticas uma ao lado da
outra, o intuito foi fazer com que as estudantes pudessem perceber o contraste
entre elas e identificar também os elementos intertextuais. Além disso, temos
na primeira imagem o exemplo de um texto sendo utilizado para propagar um
discurso que inferioriza as mulheres e que por muito tempo foi naturalizado pela
50
mesma maneira que uma mulher sente, por não compartilhar a mesma
experiência de vida.
Por meio das tarefas propostas durante a prática de Thinking Critically
podemos observar o desenvolvimento da criticidade em sala de aula de
formação de professoras de língua inglesa considerando vários aspectos. No
episódio 3 (L. 58 - 73), a criticidade pôde ser observada através das práticas de
análise de propagandas que levaram em consideração os elementos
multissemióticos do texto (KRESS et. al., 1995) contribuindo para que as
discentes realizassem uma leitura crítica. No episódio 4 (L. 74 - 93), as
discentes expressam suas opiniões a respeito do discurso machista presente
nas propagandas, isso se deu por meio da consciência crítica que gera
desconforto em relação à realidade e consequentemente leva à sua libertação
(FREIRE, 2020). No episódio 5 (L. 94 -115), percebemos como funciona na
prática a educação libertadora proposta por Freire (2020) através da facilitação
do diálogo.
uma, já que o propósito era que elas apresentassem uma propaganda que as
incomodam. Consoante a isso e em respeito às diferentes comunidades
discursivas (KRAMSCH, 1998), essa tarefa não poderia ficar restrita a apenas
um tipo de discurso.
Para o momento de culminância, foi orientado que as estudantes
apresentassem primeiramente a propaganda original apontando os motivos
pelos quais o discurso presente no texto gerou desconforto. Após isso, elas
deveriam apresentar as suas reformulações destacando os pontos de
convergência e divergência entre as duas materialidades. As apresentações
aconteceram de forma remota através da plataforma Google Meet devido
alguns casos de covid-19 na universidade. A seguir, analisaremos a primeira
produção discente destacada, a qual chamei de produção A:
Figura 9 - Fairy Soap Figura 8 - Fairy Protective
Produção A
língua como discurso pode sim ser usada para promover justiça social e
desafiar discursos de ódio.
Na figura abaixo foi destacada mais uma produção discente:
Figura 10 - Produção B
Produção B
Fonte: Google.
57
Produção C
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
ANEXOS
ANEXO I - Layout do projeto
68
69
70
71
72
73
74
ANEXO V - Tasks 01 e 02
112
113
ANEXO VI - Tasks 03 e 04
114
115