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Índice

O Bebê do Xeique

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

OUTRA HISTÓRIA QUE TALVEZ VOCÊ APRECIE

O Sequestro da Noiva do Xeique

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete
O Bebê do Xeique

Por Sophia Lynn

Todos os Direitos Reservados. Copyright 2015-2016 Sophia Lynn.

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Capítulo Um

Abby se recusou a deixar-se olhar para cima. Ela sabia que ele estava em pé na porta,
observando-a com aqueles olhos da cor do café preto, um leve sorriso em sua bela boca. Ela

sabia que ele estaria olhando para ela como se ela fosse algo bom de comer, faminto por ela de
uma forma que fazia seu coração cantar. Ainda assim, ela não olhou para cima.
Ela sabia que se olhasse para cima, ela perderia.
Em vez disso, ela enterrou o nariz em seu livro. Era um material realmente fascinante sobre

as pinturas rupestres que estavam sendo descobertas em todos os Emirados Árabes Unidos e o
Oriente Médio. Eram registros de um povo perdido há muito tempo, a sua única mensagem para um
futuro que eles não poderiam imaginar.
Ela estava, na verdade, começando a entrar nos trabalhos, que combinavam bem com o
curso de graduação que ela escolhera, quando sentiu um sussurro de respiração contra a parte de
trás de seu pescoço.
"Sempre tão estudiosa," disse Adir al-Omari. "Certamente você pode separar um momento
para alguém que quer levá-la para jantar?"
"Eu não sei," disse Abby, sem levantar os olhos de seu livro. "Você vai a algum lugar

bacana?"
Era divertido flertar, mas ela percebeu que não poderia continuar. As palavras frias como
gelo saíram da boca dela, mas ela não conseguiu resistir, fechando seu livro e olhando para o
rosto de cabeça para baixo de Adir, que a observava.
Adir tinha apenas quatro anos a mais que seus dezoito, um homem lindo que parecia ter
saído das páginas de uma revista de moda. Ele era alto e largo como todos os homens da dinastia
governante de Hayal, mas havia uma facilidade em seus gestos e sua doçura que desvelavam suas
raízes reais.
Ali nos salões da Embaixada dos Emirados Árabes Unidos, em Washington, D.C., ele era uma

lufada de ar fresco, e muitas vezes ele disse a ela o quanto preferia a América à formalidade

entojada de Hayal.
"Mas é a sua casa," ela lhe disse durante uma de suas primeiras conversas à tarde da noite.

"Certamente você sente um pouco de saudades?"


"É difícil sentir falta um lugar onde você não é muito mais que um sobressalente," disse ele
criteriosamente. Quando ela estremeceu por ele, ele pegou a mão dela, apertando-a suavemente.
"Não fique tão chateada," disse ele gentilmente. "Há muitas vantagens em ser o terceiro filho

da família al-Omari. Entre outras coisas, eu estou geralmente autorizado a ir muito longe, e, se
ninguém lembra que eu existo, ninguém me faz ficar em casa para aprender todos os ridículos
protocolos."
Ele fez uma pausa, um leve sorriso no rosto. Talvez tenha sido naquele momento que ela
começou a se apaixonar por ele.
"Além disso, ninguém me diz de quem eu posso gostar."
Foi um início bastante auspicioso em alguns aspectos. Ele era o filho do xeique que regia a
cidade-estado de Hayal. Ela era a filha da faxineira da embaixada, e muitas vezes aparecia
para dar a sua mãe uma carona do trabalho até sua casa.

Ele a tinha encontrado lendo seu livro favorito da arte em Gizé, no Egito; depois disso, o
resto foi história.
"Você é tão mercenária assim?" ele perguntou provocativamente, plantando um beijo na testa
dela. "Será que você não vai dizer olá a menos que eu lhe dê vinho e janta no melhor restaurante
na capital?"
"Talvez," disse ela com dignidade. "Eu sou uma garota de valores e de família. Eu não vou
reconhecê-lo, a menos que você me pague um hambúrguer, batatas fritas e um milk-shake."
Longe de ter saudades dos alimentos de sua infância, Amir mergulhara na culinária dos
Estados Unidos. Ele tinha uma fraqueza especial quanto ao fast food americano, e ela nunca
resistia à oportunidade de provocá-lo por isso.

"Ah? E o que tudo isso e um saco de rosquinhas me dará?" ele perguntou, flertando

escandalosamente. Então, sua voz caiu. "Ganharei o mesmo que na quinta-feira?"


Abby riu, mas agora havia um tom rosado em suas bochechas.

"Aquilo... aquilo não foi pelos donuts," ela gaguejou, e Adir passou os braços em volta dela
com mais força.
"Eu sei," ele sussurrou. "Claro que eu sei. Seu respeito é mais precioso que rubis, o mínimo
toque da sua mão é mais inestimável que pérolas."

Deveria ter soado ridículo. Deveria ter soado falso, piegas e artificial. Se ela tivesse ouvido
as palavras de qualquer outra pessoa, ela teria assumido que estava sendo enganada de alguma
maneira, forma ou circunstância.
No entanto, partindo de Adir, havia um cavalheirismo do velho mundo ali. Quando eles
começaram seu romance, ele tinha olhado para ela seriamente e lhe disse que nunca brincaria com
ela.
"O que eu digo é pra valer."
Abby olhou para ele, seus olhos verdes sérios.
"Qualquer um pode dizer isso," disse ela.

"Por minha honra como o filho do xeique," disse ele ferozmente. "Pela honra de minha
família, eu juro que eu não faço isto jocosamente."
Naquele momento, seu coração se encheu de amor por ele. Ela tinha acreditado nele,
completamente, e, a partir dali, o caso deles tinha crescido.
"Eu acredito em você," ela disse enquanto Adir sentava-se na cadeira ao lado dela. "Eu
estou só brincando."
"Há jogos melhores que poderíamos estar jogando," disse ele com uma piscadela.
Ela começou a responder, mas, em seguida, sua atenção foi atraída pelo livro dela. Ele
folheou-o com curiosidade.
"Eles ainda não mapearam a caverna de Hayal."

Ela piscou. "Há uma caverna em Hayal?"

"Eles a descobriram há um ano. Supostamente, uma das maiores na região. No entanto, eu


não sei muito sobre ela. Talvez possamos ir lá algum dia."

Abby mordeu o lábio. Ela sabia que ele tinha boas intenções. Ela sabia que seu coração era
tão grande quanto o céu. No entanto, uma parte dela sabia que ele nunca estaria ciente da
diferença entre os dois ao oferecer viagens cruzando todo o mundo, sem pensar sobre isso,
enquanto que e ela só poderia se dar ao luxo de, vez ou outra, pagar o almoço deles em algum

fast food.
"Talvez um dia," disse ela, por sua vez. "Olha, eu preciso levar minha mãe para casa esta
noite. Depois disso, você quer sair? Eu tenho um longo fim de semana."
"Eu gostaria de sair," Adir concordou, colocando o livro de lado, "mas, depois disso, eu
realmente quero ficar dentro de casa. O que tem a dizer sobre isso?"
Abby sentiu uma onda de calor se propagando por seu corpo. Eles só eram amantes no
sentido físico por algumas semanas, mas já havia uma parte dela que respondia a ele. Ele foi seu
primeiro amante, mas ela sabia que havia mais do que isso. Havia algo carente sobre a forma
como eles se tocavam, algo que parecia profundo.

"Eu digo que isso soa incrível."


***
Naquela noite, ela levou sua mãe para casa a partir da embaixada, ouvindo com metade
de um ouvido até que escutou um nome que fez uma careta surgir em seu rosto.
"Ele é terrível, ele aterroriza a equipe até que ceda a suas exigências ridículas, e ele fica
tão irritado que duas das melhores funcionárias desistiram."
Sua mãe balançou a cabeça em desgosto, e Abby mordeu o lábio. Sua mãe era uma mulher
perspicaz, e ela olhou para sua filha.
"Você cruzou com Abdul al-Omari, querida?"
"Não, mãe," disse ela o mais honestamente que pôde.

Sua mãe assentiu com alívio. "Que bom. Mantenha a distância, especialmente quando você

estiver trabalhando junto com aquele cara. Aquele homem traz más vibrações."
Abdul al-Omari era tio de Adir, e sempre Adir tinha algo de ruim a dizer sobre a sua terra

natal, ele poderia usar seu tio como exemplo.


"Amargo, racista, irritado e furioso ao ser enviado tão longe de casa," disse ele, balançando
a cabeça. "Ele é o irmão mais novo de meu pai, e se é isso que me espera, eu vou começar a pedir
carona para o Canadá sob um nome falso."

Ela rira naquele momento, mas, mais de uma vez, ela sentira o olhar de Abdul ao esperar
por ele ou ao realizar uma tarefa para sua mãe. Havia algo perturbador no olhar penetrante
daquele homem, e ela sabia que o conselho de sua mãe era muito bom.
Quando ela deixou sua mãe, ela se dirigiu para o Phoenix, a boate onde ela havia
combinado encontrar Adir.
No carro, ela despiu-se do casaco de lã, revelando uma camiseta preta apertada com a
parte de trás amarrada em volta de suas costas e uma calça jeans agarrada de modo que
parecia pintada nela. Ela tinha menos curvas do que gostaria, mas ela pensou que a roupa, pelo
menos, chamaria a atenção de Adir, especialmente o dorso nu que estivera escondido pelo casaco.

Ela ajeitou seu cabelo curto preto e ondulado, desejando que tivesse tido tempo para fazer a
maquiagem ou pelo menos colocar algumas joias. Bem, ela estava vindo direto da escola, então isto
bastaria.
O estacionamento estava cheio, por isso ela sabia que estava atrasada. Quando ela entrou
na boate, ela pensou que ela ainda tinha chegando antes de Adir lá, até que ela o viu em um
grupo de pessoas. Quando ela se aproximou, sentiu-se mais simples ainda. Ele estava cercada de
lindas mulheres que estavam vestidas de forma muito mais impressionante que ela, e ele parecia
estar entretendo-as com algum tipo de jogo de bebidas.
No momento em que pôs os olhos em Abby, no entanto, seu olhar se iluminou e ele deixou o
jogo de lado.

"Eu acho que vocês podem descobrir o resto," disse ele gentilmente ao se levantar para

encontrá-la. "Você está maravilhosa, linda. Eu estava esperando por você."


Abby riu de puro deleite. "Me desculpe, fiz você esperar," ela disse, "mas agora que estou

aqui, temos toda a noite para passar juntos."


"Mais do que isso," disse ele misteriosamente, mas quando ela lhe lançou um olhar confuso,
ele sacudiu a cabeça com um sorriso. "Mais tarde." Deixe-me pegar uma bebida."
Ela ainda tinha dezoito anos, então ela simplesmente bebeu um virgin mary enquanto Adir

pegou um gin tônico. Um pouco mais tarde, escondidos em uma das cabines escuras na parte de
trás, ele a puxou para o seu colo, beijando-a profundamente, e ela pôde provar o sabor de pinho
selvagem do gin em seu hálito.
"Você não tem ideia de quão linda você está," disse ele. "Em algum momento, quero trazê-la
para casa e apresentá-la aos meus irmãos e suas esposas."
"Ah? Para que eles possam rir de seu gosto por americanas esquisitas?"
"Não, para que eles possam ver a sua beleza e se invejarem. Meus irmãos se casaram com
mulheres encantadoras, mas elas são do tipo padrão da sociedade - têm a ver com a próxima
função ou o próximo levantamento de fundos. Você é diferente."

Ela riu, mas havia algo estranho sobre a forma como ele estava falando. Esta foi a segunda
vez que ele mencionava ela voltar para os Emirados Árabes Unidos com ele.
"Bem, nós dois sabemos que minha mãe acha que você é bonito," disse ela, tentando fazê-lo
perder o interesse. "Então, há bastante aprovação da família."
"Sim, eu estou feliz que ela aprove. Embora, honestamente, se ela não aprovasse um al-
Omari, eu acharia seus padrões um pouco altos."
Abby o beijou na boca, saboreando o gosto de gin em seus lábios e o calor de sua pele.
Havia tanto o que admirar nele, mas ela sabia que aquilo estava se transformando em outra coisa.
Ela sabia que ela estava atraída por Adir, mas ela temia que fossem apenas hormônios e sua
própria juventude. Ela havia visto vários de seus amigos casando, e ela já podia ver as rachaduras

em seus relacionamentos. O que poderia acontecer se ela se deixasse apaixonar por um membro

de verdade da realeza a fazia estremecer.


"Eu vou pegar um pouco de água para nós," disse ela, de repente nervosa. "eu volto já."

Adir pareceu um pouco desapontado, mas ele assentiu. "Muito bem. Mas volte depressa. Há
algo sobre o qual temos de falar."
Sob aquelas palavras ameaçadoras, ela abaixou-se para fora da cabine, perguntando-se o
que diabos estava acontecendo. Abby ajeitou os ombros. O que quer que estivesse por vir, ela

encararia de frente. Ela sabia quais eram seus sentimentos por Adir. Ela sabia o que ele significava
para ela. Ela estava pronta.
***
Vários homens observavam a esguia garota de cabelos escuros passando em frente ao bar,
mas um homem a olhara sem interesse romântico ou sexual.
Quando Abdul al-Omari viu Abigail Langston, o que ele viu era uma atrocidade. Ele viu a
herdeira bruta de camponeses americanos que ousara levantar os olhos para um filho do clã al-
Omari, primogênito de um dos descendentes mais qualificados do profeta. Ele viu uma pequena
cadela sebosa que seduzira um jovem que estava longe de casa com promessas de amor e

bondade, e ele sabia que o problema teria de ser cortado pela raiz.
Ele havia tentado orientar delicadamente seu sobrinho a se distanciar, mas Adir podia ser
extraordinariamente teimoso. Quando Abdul pressionou, Adir se manteve firme como um touro,
olhos piscando.
"Ela é muito querida para mim, tio, e você não vai fazer nada para machucá-la."
Naquele momento, Adir lembrou-lhe de que Abdul era o irmão mais novo esquecido do
xeique anterior enquanto que o próprio Adir era o filho mais novo do xeique atual.
Abdul poderia ter dito que Adir aprenderia um dia que pílula amarga de se engolir aquela
posição poderia ser, mas ele segurou a língua. Nesta noite, ele estava feliz por tê-lo feito.
Abdul sabia que tudo poderia mudar em um instante, e ele apreciava a oportunidade de

fazer esta mudança por Adir. Quando ele entrou na boate, ele viu a garota maldita deixar a

cabine de Adir, o que era perfeito. Ele caminhou em direção à cabine, pronto para mudar a vida
de seu sobrinho.

***
Adir franziu a testa quando viu seu tio na mesa. Abdul, amargo e ranzinza como um corvo
velho, era a última pessoa que ele queria ver. Ainda assim, ele lutou para manter uma expressão
educada.

"Tio Abdul, o que você está-"


"Questões urgentes, sobrinho," disse Abdul com aquela voz que ele imaginava ser grave, mas
que era apenas pomposa. "Dias sombrios para a linhagem al-Omari."
As palavras eram ridículas, mas Adir sentiu um arrepio escuro atravessar sua coluna
vertebral.
"Tio..."
"Sua família está morta. Um incêndio aconteceu nas áreas de alojamento apenas uma hora
atrás."
"Mortos..."

Adir não conseguia sentir nada. Ele estava apenas frio, tão frio. Ele sabia que seu coração
ainda estava batendo porque ele não capotou, mas, além disso, não havia nada que ele
entendesse.
"Sua honorável mãe e pai, seus irmãos e suas esposas. O fogo ardeu quente e..."
"Eles não podem estar mortos..." Adir disse inexpressivamente. No fundo de sua mente, ele
estava gritando, mas, por fora, ele estava perfeitamente calmo.
"Eu lhe asseguro de que eles estejam. É meu dever voltar com você para Hayal
imediatamente. O jato está esperando."
"Eu não posso... Abby..."
Sua mente não podia lidar com sua família. Em vez disso, agarrou-se à verdade que

conhecia.

No curto período de semanas durante o qual ele a tinha conhecido, ele se apaixonou
perdidamente com a menina estudiosa que ele encontrara na embaixada. Ele passara de

impressionado com o jeito acadêmico dela a incapaz de imaginar a vida sem ela. Ele pensava que
a amava, mas, neste momento, ele sabia que amor era um termo muito raso. Ele precisava dela do
jeito que precisava de oxigênio.
"Não há tempo para sua namoradinha agora," Abdul disse, impaciente. "Sua cidade está

esperando por você..."


Mesmo nas profundezas do seu pânico, Adir sabia que seu tio estava certo. Se ele era
verdadeiramente o xeique, ele precisava tomar o seu lugar imediatamente. Relutantemente, ele se
levantou, examinando a multidão por ela.
"Não. Não há tempo. Venha."
Adir vacilou, mas então ele percebeu que poderia facilmente enviar-lhe uma mensagem. Este
não era um adeus. Era apenas uma curta ausência.
Adir disse a si mesmo que nada tinha mudado. Ele ainda podia trazê-la para Hayal. Eles
ainda poderiam ficar juntos.

No entanto, quando ele deixara o Phoenix na noite passada, um tremor estranho correu por
sua espinha. As coisas nunca mais seriam as mesmas, e ele sabia disso.
***
Abby ficou acordada até as quatro da manhã, tentando descobrir o que aconteceu com
Adir. Ela soube que ele tinha deixado a boate com alguém que parecia ser seu tio, mas quando ela
ligou para a embaixada, ela descobriu que estava bloqueada. Eles insistiram em ser
educadamente teimosos, e, finalmente, ela desistiu.
Sua mãe estava adormecida há muito tempo quando ela chegou em casa, mas Abby não
teve coragem de ir para a cama. Em vez disso, ela se deitou no sofá, assistindo a filmes antigos
que piscavam na televisão, o celular em sua mão. Sempre que ela fechava os olhos, seus sonhos

traziam Adir passando por ela como se ele a procurasse no nevoeiro. Não importava o quão alto

ela o chamasse, ela não podia fazê-lo ouvir.


Ela despertou com um susto quando houve uma batida rápida na porta. Poderia ter sido

qualquer um, mas o seu coração insistiu que deveria ser Adir. Ela abriu a porta, uma recepção
alegre em seus lábios, que morreu quando ela viu Abdul.
Vestido com seu preto usual, ele olhou para ela gravemente, mas havia um brilho sádico em
seus olhos.

"Olá, senhor," disse ela com cautela, mas ele falou em linha reta sobre ela como se ela
tivesse permanecido respeitosamente em silêncio na presença dele.
"Eu vim para que você saiba que seus serviços não são mais necessários, e que o novo
xeique de Hayal deseja assegurar-se de que o assunto está resolvido com você."
"Meus serviços..."
Por um momento, Abby pensou que sua mãe estava sendo desligada da embaixada e que,
por algum motivo, eles tinham enviado Abdul fazer a dispensa. Então ela viu o envelope que ele
estava lhe entregando, e os fatos se encaixaram.
"Eu... não, não pode ser- Adir nunca..."

Por um momento, verdadeira fúria de Abdul por ela brilhou completamente. Ela pensou que
ele iria bater nela, mas depois ele recuperou a compostura.
"Posso lhe assegurar, o xeique pode e o fez. As coisas mudaram, senhorita Langston. Ele
agora é o xeique, e ele não pode mais brincar de ser boêmio na América. Ele está voltando para
casa para tomar o seu lugar no mundo dele, e ele pede que você faça o mesmo aqui."
Com as mãos trêmulas, ela pegou o envelope dos dedos enluvados de Abdul. Ela ficou
olhando-o atordoada quando ele se virou e foi embora. Sentindo como se seu rosto estivesse
flutuando a trinta centímetros na frente de onde deveria estar, ela foi até o sofá.
Ela abriu o envelope para ver um cheque dentro. Ela o segurou por um longo momento antes
de olhar para ele.

Perguntou-se, entorpecida, quanto seus serviços valiam. Quando ela viu o número, lágrimas

encheram seus olhos, ainda que com um riso sufocado sua garganta. Era quatro vezes o que sua
mãe ganhava em um ano. Se ela era uma prostituta, era muito bem paga. Hilaridade deu lugar às

lágrimas, e foi assim que sua mãe a encontrou, chorando no sofá como se seu coração fosse se
desmanchar.
Ela passou a maior parte da semana seguinte chorando, ainda que dizendo a si mesma que
era isso que ela estava esperando. Claro que não tinha sido real. Claro que tinha sido apenas um

jogo.
Em algum momento, ela conseguiu colocar seus sentimentos sob controle. Ela conseguiria
passar o dia sem cair em soluços. Ela conseguiria até mesmo sorrir um pouco. Claro, foi quando ela
começou a se sentir enjoada do estômago na parte da manhã. Foi quando ela fez um pouco de
matemática, em silêncio, e percebeu com uma sensação profunda que o legado de Adir seria muito
mais do que o dinheiro que ele lhe dera.
***
O sol nascia sobre o Oceano Atlântico conforme o avião de Adir voava para o leste,
pintando a água abaixo de um terrivelmente belo dourado. Apesar da dor em seu coração e da

maneira como seus olhos estavam quentes de lágrimas não derramadas, Adir achou a paisagem
gloriosa de se ver.
Disse a si mesmo que, em algum momento, ele mostraria tudo isso para Abby. O pensamento
de sua linda menina fez sua dor suportável.
As vidas de sua família tinham terminado. Não havia nada que pudesse fazer sobre isso
exceto lamentar. No entanto, sua vida com Abigail Langston estava apenas começando. Até mesmo
pensar nela aliviava seu coração, preparava-o com força para os dias sombrios à frente. Ele
sabia que poderia demorar um tempo antes que ele pudesse entrar em contato com ela, até
mesmo ouvir sua voz, mas ele aguentaria. Ele esperaria por ela.
Capítulo Dois

Cinco Anos Depois


Azahra esteve absolutamente aterrorizada durante toda a viagem. Ela chorou

incontrolavelmente após se despedir de sua avó, e quando o avião começou sua ascensão, as
lágrimas se transformaram em gemidos suaves quando seus ouvidos estalaram.
Durante tudo isso, Abby tentou confortar sua filha, entretê-la e, finalmente, simplesmente
mantê-la quieta diante dos olhares das pessoas ao redor delas. Era um voo de vinte horas até os

Emirados Árabes Unidos, e quase todo mundo ficou aliviado quando a pequena menina caiu em um
sono profundo e infeliz.
Pela milionésima vez, Abby se perguntou se estava fazendo a coisa certa. Ela tinha discutido
isto com a mãe, sempre sua mais ferrenha defensora, e a resposta de sua mãe tinha sido severa.
"Se você não aproveitar esta oportunidade, de que adiantaram esses últimos cinco anos,
hein? Você recebeu esta graduação só para se tornar secretária de alguém?"
"Pelo menos secretárias têm algum tipo de segurança no emprego," ela respondeu. "Pelo
menos elas sabem onde estarão no próximo semestre."
No final do dia, no entanto, a oportunidade era boa demais para perder.

Contra todas as probabilidades e com uma grande ajuda de sua mãe, Abby completou a
faculdade e, ao mesmo tempo, criou sua filha. O cheque que Adir tinha enviado para ela, para o
qual ela se recusou a olhar por semanas, foi finalmente posto em bom uso ao pagar por sua
educação universitária. Em mais de uma longa noite, estudando na cama com uma bebê ao seu
lado, ela teve motivos para simplesmente admirar o estranho caminho que sua vida tinha tomado.
O dinheiro tinha picado. Ela desejou estar em posição de simplesmente queimá-lo, como ela
queria fazer. No entanto, quando ela descobriu que estava grávida, a ideia de qualquer gesto
arrogante tinha ido direto pela janela. Por conta própria, ela poderia ter lutado e batalhado com
três postos de trabalho e desbravado o caminho obscuro, exausta, pela faculdade.

Com uma pequenina que dependia dela, no entanto, as coisas eram diferentes. Abby

poderia estar disposta a sacrificar tudo ao forçar seu caminho na faculdade, mas ela não podia
fazer sua filha a passar por isso. O dinheiro tinha pago sua escolaridade, gravidez e exames

regulares de Azahra com alguma sobra. Sua mãe protestou, mas, em sua graduação, Abby fez
com que o resto do dinheiro fosse direto para a conta bancária de sua mãe. Era simplesmente
melhor do que tê-lo lá, disposto a lembrá-la de um dos momentos mais sombrios de sua vida.
Mesmo que aquela época escura tenha me dado uma das melhores coisas da minha vida, ela

pensou, olhando para sua filha, agora adormecida. Ela tinha tentado, ao longo do primeiro ano,
avisar Adir sobre sua filha. Ela vasculhou seu cérebro por cada método de contatá-lo, mas ela foi
recebida com um muro de silêncio, seja tentando o telefone, correio, ou simplesmente aparecendo
na embaixada. Finalmente, quando seus últimos esforços foram recebidos com um silêncio de pedra,
ela desistiu. Ela não tentaria se injetar aonde ela não era desejada, e ela com certeza não iria
expor Azahra a alguém que fosse tão descuidado com as pessoas que se preocupavam com ele.
A maternidade tinha despertado algo feroz dentro dela. Ela não era mais a solitária e
rebelde estudiosa. Ela se formara no topo da sua turma com uma licenciatura em história da arte.
Seu foco no Oriente Médio chamou a atenção de um professor visitante, e, de lá, ela havia

conseguido um semestre pago como contato do professor em Hayal.


Claro que, no momento em que ouviu aonde o professor queria que ela fosse, o mundo
começara a girar. Tudo voltou para ela- Adir, seu amor, seu coração partido. A única maneira de
ela ter passado pela reunião foi lembrando-se de que era pura tolice achar que iria encontrá-lo
lá. Ele era o xeique agora. Ela vivera em Washington, D.C. por toda a sua vida e nunca tinha
encontrado o presidente.
Lembrando-se desse fato, ela se manteve a calma durante os preparativos que a levariam a
se mudar para outro país, junto de sua filha, por meio ano. Azahra iria começar na escola
americana em Hayal, e ela mesma poderia começar a trabalhar imediatamente.
Como se ciente de que sua mãe estava pensando nela, ela se mexeu em seu sono inquieto.

Ela era uma menina pequena, robusta, com olhos castanhos profundos, e cabelos escuros selvagens

e incontroláveis. Ela olhava para o mundo com uma espécie de seriedade que fez sua avó chamá-
la de uma alma antiga.

"Mamãe, estaremos lá logo?"


"Não, não mesmo, querida. Você pode dormir mais, se quiser, ou eu posso deixá-lo jogar com
o meu tablet. Que tal?"
Azahra gostou da ideia, mas antes de tomar o tablet de sua mãe, ela olhou para ela com

aquela expressão séria que teve durante a maior parte de sua vida.
"Mamãe... vamos ficar bem?" Havia uma ansiedade sob aquela simples pergunta que partiu
o coração de Abby. Azahra gemeu um pouco quando sua mãe a puxou para um abraço apertado.
"Claro que vai, querida. Vai ser emocionante, eu prometo. Quando chegarmos lá, vai ser
incrível."
Quando Azahra se acomodou no assento, Abby se perguntou mais uma vez se ela estava
fazendo a escolha certa. Hayal tinha sido a fonte de uma das melhores coisas de sua vida, mas
também era difícil olhar para ela sem algum receio. Ela balançou a cabeça. Ela tinha que se
lembrar por que ela estava indo. Ela estava lá pela arte, ela estava lá pela experiência, e ela

estava lá para proporcionar um futuro tão brilhante quanto pudesse para sua querida garotinha.
Além disso, não havia mais nada para se pensar.
***
A primeira semana depois de terem desembarcado foi um turbilhão, um período contínuo de
atividades que a mantinha tão ocupada que mal foi capaz de parar para respirar. Arranjos tinham
sido feitos para abrigá-las no distrito universitário, numa zona tranquila que era deliciosamente
confortável e tradicional. O apartamento delas ficava no terceiro andar, sem elevador, com uma
grande sala central, dois quartos pequenos, um lavabo e uma pequena quitinete.
Azahra estava mais intrigada é com o playground compartilhado no quintal, onde parecia
que ela faria muitos amiguinhos. Abby estava aliviada. Ela estava com medo de que sua filha fosse

condenada à solidão enquanto elas estivessem em Hayal.

A pré-escola americana era um pouco mais desorganizada do que lhe disseram, mas
parecia boa o suficiente. Abby se lembrou de que era apenas por um semestre mesmo.

Ela passou algum tempo conhecendo seus vizinhos e ficou encantada ao descobrir que Allie,
a mulher ao lado, era esposa de um dos professores. Ela fazia um pouco de dinheiro sendo babá
dos filhos do pessoal do edifício, e isso resolveu algumas das preocupações de Abby sobre onde
ela deixaria Azahra durante suas noites no trabalho.

Entre situar Azahra e se encontrar, Abby sentiu como se estivesse voando em um furacão
durante dias a fio. Finalmente, porém, a semana terminou e ela não tinha nada mais para resolver,
apenas sair com sua filha e talvez explorar sua vizinhança um pouco.
Pelo menos, foi o que pensou até que recebeu um e-mail do seu professor. Azahra olhou
para cima, olhos arregalados, quando ouviu a palavra que sua mãe usou.
"Bem, essa não é uma boa palavra para usar em público," disse ela em tom de desculpa. "Eu
não deveria tê-la usado, sinto muito."
Azahra assentiu com cautela e voltou a brincar enquanto Abby continuou lendo.
Aparentemente, não era suficiente ela estar em Hayal para investigar a história da arte local. De

acordo com o e-mail, também havia um evento de caridade de que ela precisava participar,
representando o professor e a universidade.
Abby começou a bolar um e-mail furioso dizendo que ela absolutamente não estava
interessada em fazer papel de socialite, mas, em seguida, o cansaço a derrotou. Afinal de contas,
estaria tão cheio de pessoas que ninguém notaria se ela saísse um pouco mais cedo. Ela iria, e
talvez ela acabasse afanando um pouco de comida de festa em sua bolsa para Azahra.
Parecia o caminho da menor resistência, que era o que ela precisava no momento.
***
Do outro lado da cidade, em um dos mais altos arranha-céus de Hayal, Adir não conseguia
entender o que havia acontecido.

"Deixe-me ver se entendi," disse ele para seu secretário, que estava tremendo. "De alguma

forma, alguém da universidade conseguiu me agendar para uma noite de palestras de história da
arte?"

O outro homem assentiu nervosamente.


"Não temos certeza de como isso acabou acontecendo, senhor," disse ele. "Eles fizeram com
que isso passasse por um número de assessores de imprensa, que só passaram para frente, e na
hora que chegou até mim, eu assumi que era simplesmente... mais importante do que é."

Adir estava à beira de perder a paciência, mas, em vez disso, ele suspirou, passando as
mãos pelos cabelos grossos.
"Bem, eu não gostaria de decepcionar a comunidade acadêmica," disse ele com um sorriso
irônico. "Tio Abdul esteve no meu pé para que eu mostrasse um lado um pouco mais cerebral para
o país, e suponho que esta é uma maneira de fazê-lo."
O secretário pareceu aliviado, mas, em seguida, Adir apontou o dedo para ele.
"Não cometa este erro novamente. Estou vou, mas não vou ficar muito tempo. Eu tenho coisas
melhores para fazer antes de uma grande reunião do que sentar no escuro vendo transparências."
Cerca de vinte e quatro horas depois, ele teve de admitir que as transparências não foram

ruins. Elas contaram o progresso da escavação em Kadzl, onde as pinturas rupestres da aurora da
história humana estavam sendo escavadas. Ele estava ouvindo à palestra com interesse quando, de
repente, algo cutucou sua memória.
Ele conhecia a pontada antes mesmo de sua mente registrar o que era. De repente, ele não
estava em um dos salões de universidade mais antigos do mundo. Em vez disso, ele estava em um
pequeno restaurante fast-food nos Estados Unidos ouvindo com interesse enquanto uma garota de
vivos olhos verdes lhe explicava por que marcadores antigos da história humana eram tão
importantes.
Ele pensou com uma certa quantidade de amarga distração que há um bom tempo ele não
tinha um desses momentos. Depois de voltar para Hayal, ele passou por um mês cheio de rituais e

de planejamentos para o futuro. Ele tinha dois irmãos na fila para a posição de xeique na frente

dele. Ele teve de aprender tudo que eles tinham aprendido em apenas poucas semanas para que
pudesse tomar o lugar deles.

Quando tudo se acalmou, ele fez o seu melhor para tentar entrar em contato com Abby, mas
ele foi impedido. Finalmente, depois de meses sem resposta, ele tinha desistira. Houve mulheres
depois dela, mas, às vezes, parecia que sua mente e seu coração não sabiam que ele tinha que
desistir dela. Lembranças dela apareciam em momentos aleatórios, quando ele cheirava o chá

favorito dela, ou quando a luz atingia o vidro verde da maneira certa, lembrando-lhe dos olhos
dela. Eles se lembrava menos por volta do último ano. Algum dia, pode ser que elas desapareçam
por completo, mas ele ficava triste só de pensar nisso.
As transparências terminaram, e Adir foi cercado por uma multidão de acadêmicos que mal
podiam acreditar que ele tinha realmente aparecido. Ele sorriu tão encantadoramente quanto
pôde, descartando a ideia de voltar para a série de palestras completas, e ele finalmente
conseguiu se desembaraçar quando a galeria foi declarada aberta.
Ele entrou na alcova que fornecia refrescos, a fim de recuperar o fôlego. A noite tinha sido
mais divertida do que ele pensou que seria, mas se ele fosse embora agora, ainda poderia haver

tempo suficiente para curtir em outro lugar.


Adir estava prestes a ir em direção da porta quando uma mulher pequena chamou sua
atenção. Ela era pequena, com cabelo escuro puxado para trás em um coque. Seu vestido era uma
sem graça peça cor de oliva e ela não usava joias. Ela era normal em todos os sentidos, e ele não
entendeu por que ela chamou sua atenção daquela maneira.
Ele estava pronto para se virar novamente quando ele a viu empurrar um pouco de cabelo
atrás da orelha. Aquele gesto era estranhamente familiar, e então tudo se encaixou. Ele não teve
de ver o rosto dela para saber que estava certo. Seu coração começou a bater tão rápido quanto
um tambor, e ele deu um aperto a mais em seu copo.
***

As transparências não tinham sido tão terríveis quanto ela temia, e agora que a sala estava

um pouco mais vazia, Abby sabia que poderia recolher alguns aperitivos que certamente
deliciariam sua filha. Às vezes, ela se preocupava sobre o quão tímida sua filha era, e quão

nervosa ela poderia ficar perto das pessoas. Então ela pensou no quão maçantes muitos dos
eventos sociais que ela tinha ido eram, e ela teve de refletir se Azahra não estava certa.
Ela estava só colocando algo que parecia frágeis amêndoas doces em um guardanapo para
deslizar em sua bolsa quando sentiu uma presença do seu lado. Sem virar a cabeça, ela podia

dizer que ele era um homem alto, e ela se assustou não por sua reação, mas por sua falta de
reação. Normalmente, quando alguém aparecia inesperadamente assim, sua primeira reação era
nervosismo ou medo. Em vez disso, ela se sentiu confortável e calma.
Quando ela levantou os olhos para ver quem tinha chegado tão perto, seu queixo caiu. O
que quer que ela fosse dizer desapareceu de sua cabeça.
"Bem," disse Adir, "essa é a melhor reação que eu acho que poderia ter esperado."
Ela piscou várias vezes rapidamente. Parecia que seu coração era uma profusão de
emoções que não podiam se acalmar. Amor e raiva e medo guerreavam dentro dela, e nenhum
deles iria ceder. Finalmente, ela encontrou sua voz, e tudo o que ela conseguiu foi uma espécie de

malícia.
"Bem, se eu engasgando como uma caipira na cidade grande foi o melhor que você estava
esperando, eu realmente estou com medo de ouvir o que o pior poderia ser..."
Algo escuro cintilou no rosto de Adir antes de sorrir com um encolher de ombros elegante. Ela
pôde dizer imediatamente que ele não era o homem que ela tinha conhecido antes. Nos últimos
cinco anos, ele crescera um pouco, enrobustecendo o corpo que tinha, que, quando ela o
conhecera, ainda tinha alguns ângulos desajeitados de um adolescente. Agora, quase aos trinta,
havia uma calma nele que não estivera lá antes, uma graça que o fazia parecer, centímetro por
centímetro, como um sheik.
"Olha, você tem um pouco de grisalho em seu cabelo," ela murmurou. Sem pensar, ela esticou

a mão para tocá-lo. No último momento, ela percebeu o que estava fazendo e puxou a mão,

culpada.
"Eu… Eu sinto muito, eu não quis..."

Adir riu suavemente, e uma emoção erótica correu pela coluna dela, pois ela sabia o que
aquele som significava.
"Eu certamente espero que você tenha querido..." disse ele.
Ela sabia que ela deveria ficar furiosa. Este era o homem que a tinha abandonado sem

nenhuma palavra, há tantos anos. No entanto, aquela fúria parecia muda agora, muito menos
importante do que simplesmente olhar para ele, aprendendo como ele tinha mudado na última meia
década.
"Fica bem em você," ela disse um pouco timidamente. "Eu não pensei que você ficaria
grisalho tão jovem."
"Um pouco do legado da família, suponho. Todos nós acinzentamos cedo, todos nós temos um
pouco de sardas na base dos nossos pescoços. Todos nós gostamos de conseguir aquilo que
desejamos. Falando nisso…"
Ele olhou em volta, e havia algo tão familiar sobre a maneira como ele se movia que fez seu

coração doer. Ela estava se recuperando do choque em vê-lo, e o que a estava inundando era
uma onda de arrependimento. Este era o homem para quem ela tinha dado seu coração e seu
corpo cinco anos atrás. Ele a rejeitara com nada mais do que um cheque, e agora lá estava ele
novamente.
"Você está tão interessada na arte neolítica do deserto?"
Ela piscou os olhos, porque de todas as perguntas que ela pensou que ele fosse perguntar,
essa não era a que ela esperava.
"Bem, esse não é mesmo o meu foco..."
Ele gargalhou. "Não, você era mais interessada em períodos posteriores, né?"
Ela ficou chocada que ele tivesse lembrado, mas ele já emendou.

"Você realmente precisa ver o resto da exposição?"

"Não, não mesmo... Estou aqui mais como uma cortesia para o meu professor do que
qualquer outra coisa..."

"Bom," disse ele. Quando ele se virou para ela agora, havia um olhar sombrio e faminto em
seus olhos. Na esteira desse olhar, era como se os últimos cinco anos tivessem se derretido. Ela era
uma menina lendo na embaixada novamente. Ele era o homem misterioso que tinha capturado seu
coração.

"Por que bom?" ela respirou.


"Porque nós temos muitas coisas para colocar em dia," disse ele, em voz baixa. "A maior
parte não deve ser feita em público. Eu acho que o que queremos fazer juntos escandalizaria a
maior parte da comunidade acadêmica, e bem, com o seu consentimento, pretendo fazer essas
coisas com você a noite toda."
O coração dela estava batendo mais rápido. Sentia o corpo muito quente, a pele muito
apertada, como sempre acontecia quando ela sabia que ele ia tocá-la. Não houve passagem de
tempo entre eles, nada tinha mudado...
Então suas palavras se repetiram em sua mente.

Toda noite?
Quente vergonha inundou sua mente. Azahra estava em casa. Ela gostava da babá o
suficiente, mas ela estava ansiosa para saber quando sua mãe iria voltar. Ela se lembrou da forma
como sua filha tinha se agarrado à sua mão, e como ela tinha extraído uma promessa de que
Abby viria vê-la, não importava o quão tarde ficasse.
Aquela vergonha finalmente conseguiu desvelar a raiva que estava escondida dentro dela.
Este era o homem que a tinha ignorado. Este era o homem que a tinha deixado sozinha para criar
a menina mais bonita do mundo.
Não importavam as coisas estranhas que ele fazia com seu coração, ela não podia deixar
um homem como esse entrar de novo em sua vida, não quando ela tinha uma filha para proteger.

"Vamos lá, acho que devemos-"

Naquele momento terrível, Adir cometeu o erro de colocar a mão em seu braço. Foi
simplesmente demais, e Abby agiu por instinto. Havia uma mesa cheia de taças de champanhe à

direita, ao alcance de sua mão. Sem pensar nas consequências do que ela estava fazendo, ela
pegou uma das taças e jogou seu conteúdo no rosto do xeique.
O olhar que ele deu a ela, espantado, e pingando champanhe, ajudou bastante em curar um
pouco da dor que tinha sido aberta quando ela o viu.

"Não, acho que eu devo ir para casa," disse ela com a voz perfeitamente nivelada e calma.
"Eu não preciso de você me conduza para fora."
Ela virou-se, sem olhar para trás para ver a reação de Adir. Ela não parou para examinar
as emoções que estavam brotando nela. Havia triunfo, mas também havia tristeza, confusão e
pesar.
Abby as ignorou. Ela tinha que chegar em casa para ver Azahra, enfim.
***
Por um longo momento, Adir só ficou olhando o champanhe fresco embebendo em suas
roupas. Ele não tinha certeza se podia sentir algo. Ele não sabia muito bem como deveria se sentir.

Ver repentinamente a mulher que ele suspeitava ter sido o grande amor de sua vida tinha
sido um choque, seguido por um tumulto que não podia ser preterido. Talvez ele não tenha tido
uma mente tão calma quanto devesse, mas ele estava bastante certo de que ele não merecia ter
uma bebida lançada sobre si.
"Oh senhor, você... parece... ter..."
A voz do garçom sumiu quando ele percebeu com quem exatamente ele estava falando.
Adir pensou que talvez deveria ter ficado furioso, mas, em vez disso, sentiu-se admirado . Ele sorriu
levemente, balançando a cabeça.
"Apenas uma toalha," disse ele. E, em seguida, entregando ao homem um pouco de dinheiro,
"E, talvez, não mencione isso, certo?"

O garçom pegou o dinheiro dele, os olhos arregalados. Adir suspirou. Ele pensou que

poderia confiar na discrição do homem. Isso teria de ser o bastante. Ele tinha coisas mais
importantes em que pensar agora.

A primeira entre elas era como fazer Abby falar com ele.
Capítulo Três

O dia seguinte foi meio que um desastre. Abby chegou em casa a tempo de ver Azahra
antes de dormir, o que era algo muito bom, pois pesadelos atormentavam Azahra. Partiu o coração

de Abby ver sua pequena menina se revirando, e, finalmente, por volta do amanhecer, ela
simplesmente carregou sua filha para a cama. Isso a manteve, de qualquer forma, parada, e as
duas finalmente conseguiram algumas horas de um sono exausto antes de acordar no meio da
manhã.

Sua filha estava irritadiça e mal-humorada, e ela não queria nada mais do que para sair e
brincar. Abby olhou ansiosamente para as traduções que ela queria terminar antes do final do fim
de semana, mas foi salva no último minuto por Allie, que apareceu e se ofereceu para levar
Azahra para o playground por algumas horas.
"Oh, graças a Deus," disse Abby com alívio. "Ou melhor, obrigada. Eu não sei por quanto
tempo eu conseguiria ficar com ela..."
A outra mulher foi gentil o bastante, mas Abby se perguntou se ela detectara alguma
desaprovação ali. Ela estava ciente de que ela era a única mãe solteira no edifício e, embora
ninguém tivera sido cruel, ela sabia que havia, no mínimo, um pouco de fofoca.

Abby tinha acabado de sentar com seus livros quando houve uma batida na porta.
Perguntando-se se Allie tinha esquecido alguma coisa, ela se levantou e abriu a porta sem pensar.
Quando ela viu quem era, ela quase bateu a porta novamente.
"Ah, é você," disse ela em silêncio, olhando para o rosto do xeique Adir al-Omari.
"É," disse ele com um sorriso encantador. "E se você observar, orquestrei o nosso encontro de
modo que não houvessem taças de champanhe perigosas dando sopa."
Abby sentiu seu rosto corar. "Você está muito bravo comigo?" ela perguntou.
Ele balançou a cabeça. "Você tem um motivo para o que fez," disse ele. "Eu compreendo."
Ela não tinha certeza se que ele compreendia. Ele tinha essencialmente a transformado em

uma prostituta, e agora ele estava de pé à sua porta perguntando se eles poderiam ser amigos

novamente. Ela não tinha certeza de como ela deveria reagir àquilo. Ela o olhou com cautela, como
se ele fosse uma cobra pronta para atacar.

"Hoje, eu venho a você com uma proposta," continuou ele. "Hoje eu quero deixar o passado
no passado."
Abby olhou para ele duramente. Parecia que não haveria trégua da parte dele.
"Tudo bem, você precisa entrar porque eu não estou disposta a ter esta conversa onde todos

os meus vizinhos possam ouvir."


Ela o levou para o apartamento, apontando para ele tomasse um lugar na mesa pequena na
cozinha. Ela estava agradecida por não haver brinquedos espalhados. Azahra geralmente
mantinha as coisas em seu quarto.
Havia algo estranho em ver alguém tão bem vestido como Adir em sua pequena cozinha. Ela
sacudiu o pensamento e foi se sentar em frente a ele.
"Parece que você tem um plano," disse ela, e ele concordou.
"Eu tenho, na verdade," ele respondeu. "Nós... nós deixamos as coisas inacabadas, você e
eu"

Ela assentiu com cautela. "Nisso eu sei que podemos concordar."


"Sim. E se as coisas tivessem terminado de uma forma ou de outra, nós saberíamos como nos
sentir. Agora mesmo... Sinto muitas coisas por você. Eu acho que você sente o mesmo por mim."
"E como você sabe disso?"
Seu sorriso era doce e fácil, tão bonito e encantador quanto ela se lembrava.
"Você quase me tocou na noite passada. Você esticou a sua mão como se quisesse tocar o
meu cabelo, e então você jogou champanhe em mim. Esses são dois instintos muito diferentes, Abby."
Algo sobre ouvir seu nome da boca dele a fez estremecer. Parecia muito, como uma
intimidade que ela não deveria permitir. Então ela percebeu que cada parte dela queria ouvi-lo
novamente, queria ouvir mais e mais.

"Eu acho que você está certo," disse ela com um estremecimento. "Eu não consigo decidir

como me sentir."
"Certo, então aqui está a minha proposta. Eu digo que nós simplesmente... continuamos como

estamos."
Ela piscou. "Você quer dizer como duas pessoas que vivem vidas completamente separadas
nas duas metades diferentes do mundo?"
"Não... nós simplesmente cortamos o passado como se fosse algo com que não sabemos como

lidar e conhecemos um ao outro no presente. Nós começamos agora, e nós fazemos como
quisermos. Em algum ponto, vamos voltar ao passado, mas talvez... não hoje."
Sua primeira resposta instintiva era de que a ideia soava como um desastre. Como ela podia
olhar para ele sem pensar sobre a terrível maneira como ela se sentira há cinco anos?
Então seu estômago ficou frio. Azahra. Ela se perguntou por um momento, se ele soubesse
sobre ela, ele ia querer levá-la embora se de fato soubesse? De repente, não falar sobre o
passado pareceu uma ideia muito inteligente mesmo.
"Abby? Você está pálida..."
Ela sorriu para esconder seu pensamento, sacudindo a cabeça. "É muita coisa de uma vez,"

disse ela. "Já se passaram cinco anos."


"Sim, mas quando eu olho para você, é como se o tempo não tivesse passado."
Ela sorriu um pouco. "Isso é o que se sente, não é? Certo. Vamos tentar essa coisa louca. Nós
somos o que somos, a partir de agora. Sem questões sobre o passado, e eu vou dizer para não
falarmos sobre o futuro. Eu quero... Quero este momento. Eu quero o presente. Você acha que
podemos fazer isso?"
Ele balançou a cabeça, e se havia algo triste em seus olhos, ele escondeu bem. Ele se
levantou, chegando a ficar na frente dela. Ele ofereceu-lhe a mão e, com uma estranha sensação
de alívio e expectativa, ela a tomou.
Abby pensou que ele queria cumprimentá-la, mas então ele a puxou para um abraço

apertado, a linha de seu corpo aconchegando-se contra o dele.

"Adir-!"
"Empurre-me se você quiser que eu pare," ele sussurrou. "Caso contrário, eu não tenho

nenhuma intenção de postergar algo que nós dois tão obviamente queremos."
Ele estava falando a verdade. Não havia absolutamente nada nela que quisesse que ele
parasse. Cada parte dela ansiava por ele. Quando ele inclinou a cabeça para roçar os lábios nos
dela, era como se a chuva tivesse finalmente chegado a um deserto ressequido. Ela abriu a boca

avidamente, puxando a língua dele para dentro. Ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo, e seu
primeiro pensamento foi uma alegria vingativa. Foi a prova de que ele a queria tanto quanto ela o
queria.
Ela sentiu os braços fortes dele em torno dela, quase levantando-a do chão. Ela sabia o
quão forte ele fora cinco anos atrás. Agora, parecia que ele era ainda mais forte.
Ela pôde sentir o início do fogo que sempre existiu entre eles. Desde o primeiro momento em
que se tocaram, sempre houve um risco de que eles simplesmente queimariam. Era uma sensação
aterradora, a erradicação de tudo no mundo, exceto este exato momento, e Abby o aceitara.
Havia tanta beleza em ser tudo um para o outro, em viver inteiramente no momento.

O beijo deles foi uma coisa desesperada. Havia algo terrivelmente selvagem nele. Poderia
chegar a qualquer lugar, e, no momento, Abby estava disposta a deixá-lo. Ela sentiu as mãos de
Adir percorrendo seu corpo como tigres, apertando e tocando e dando prazer. Seu corpo se
lembrava dele, e agora ela poderia se entregar.
"Eu senti sua falta," ele respirou. "Eu senti tanto sua falta, linda, linda Abby..."
Sua única resposta foi um suspiro suave conforme a mão dele encontrava seu peito redondo,
apertando suavemente através do tecido macio de seu vestido. Ele poderia ser tão gentil com ela
quanto uma primeira queda de neve, mas ela não queria isso agora.
"Mais forte," ela murmurou. "Por favor..."
Ele ouviu o apelo fraco em sua voz. Houve um arrepio que percorreu o corpo dele ao

responder a ela. Suas mãos ficaram mais ásperas, fazendo-a precisar de ainda mais. Em seguida,

ele a apertou contra a parede, seu corpo mais pesado imobilizando-a de jeito.
"Você pode sentir o quanto eu te quero?" ele rosnou. "Você pode sentir o quanto eu preciso

de você?"
Ela podia. Havia algo de animalesco sobre a necessidade um do um outro, sobre a maneira
que eles se desejavam. Por um momento, ela se perguntou se ele iria levantar sua saia e tomá-la ali
mesmo, mas, em seguida, suas mãos subiram para tocar seu rosto. Perto assim, com seus corpos

pressionados um contra o outro, a doçura com a qual ele tocou seu rosto parecia quase estranha.
Havia uma espécie de beleza naquilo, porém, que a deixou sem fôlego.
"Eu quero esse momento com você," disse ele. "Não quero com nenhuma outra pessoa no
mundo. Só com você."
Ele a beijou novamente, e, desta vez, o beijo pareceu durar para sempre. Ela estava
perdida nele, perdida nas contradições desse homem que havia encontrado seu caminho de volta
para sua vida. A vida era complicada, mas esse prazer, esse carinho, eram muito simples.
Eles poderiam ficar se beijando por horas se não surgisse o som da porta da frente do
apartamento se abrindo.

Com um som que era quase um grunhido, ele se virou em direção à porta, mas Abby foi mais
rápida que ele. Ela se apertou na frente dele, aparecendo para cumprimentar sua filha, que tinha
acabado de entrar depois do playground.
"Ninguém quer me deixar balançar, então eu vim para dentro," disse Azahra, sua voz
indignada com o ataque que sofrera.
"Ah não, isso soa horrível. Você avisou Allie que você estava entrando?"
"Sim, ela me acompanhou até a porta. Posso tomar um pouco de suco, mamãe?"
Lá estava. Não havia como ela escapar desta. Ela disse a si mesma que isso precisaria
realmente acontecer em algum momento. Ela levou a filha pela mão até a cozinha, onde Adir as
observou com os olhos assustados.

Quando Azahra viu o estranho, ela foi para trás, pressionando-se contra o lado de sua mãe.

Ela olhou para Abby, à espera de uma explicação, e Abby pensou por um momento.
"Azahra, este é meu velho amigo, Adir. Nós nos conhecemos há muito tempo, antes de você

nascer."
Azahra pensou por um momento enquanto Abby mordia o lábio. Azahra ia notoriamente mal
com estranhos, por vezes precisando se esconder por horas ou mais antes de recuperar o
equilíbrio.

"Isso significa que ele é meu amigo também?"


"Eu certamente espero que nos tornemos amigos," Adir disse gravemente. "Acho que, em
geral, amigos são aqueles que você mesmo faz."
"Você fala engraçado," disse Azahra, mas havia uma curiosidade aberta em sua voz que
Abby muito raramente vira.
"Eu falo," Adir concordou com um sorriso caloroso. "Talvez eu aprenda a falar melhor se eu
passar um tempo com você e sua mãe."
Azahra assentiu gravemente. "Talvez," ela permitiu.
Adir estendeu a mão para ela apertar, e depois de um momento, Azahra apertou. Surgiu a

Abby como um raio que este era o primeiro encontro entre pai e filha, duas pessoas intimamente
ligadas, mas sem nenhuma ideia de sua conexão. A percepção foi tão poderosa que ela sentiu
como se tivesse se tornado deslocada do mundo por um momento.
Seu primeiro instinto foi dizer a eles, deixá-los ver este momento como ele realmente era,
mas, em seguida, o senso comum se sobrepôs. Aquilo era algo do passado. Talvez ela pudesse
revelar o parentesco de Azahra mais tarde, mas não agora. Não quando ela não sabia o que Adir
pretendia ou até mesmo o que ela realmente queria.
Era simplesmente demais. Tudo que podia fazer era esperar em silêncio enquanto as duas
pessoas - uma das quais era a pessoa mais importante em sua vida agora, e a outra, que tinha
sido antes - observavam-se com curiosidade.

De repente, do jeito que faziam crianças pequenas em todos os lugares, Azahra perdeu o

interesse, voltando-se para a mãe.


"Posso ler a minha história?"

"Sim, claro que você pode…"


Abby encontrou seu tablet e abriu a história de que sua filha estava lendo. Ela a deu para
Azahra, e a menina, satisfeita, foi para o seu quarto ler.
Ela podia ver que Adir estava intensamente curioso sobre a menina. Ela se preparou para

uma dúzia de perguntas, mas o que saiu primeiro não era o que ela esperava.
"Ela pode ler? Quantos anos ela tem?"
"Ela está se preparando para começar o jardim de infância em breve, ou, pelo menos, para
quando voltar para os Estados Unidos. Ela tem apenas um pouco mais que quatro anos, mas eles
acham que conseguem deixá-la iniciar com antecedência, se tudo correr bem."
"Eu não sei muito sobre crianças," Adir admitiu. "Era para ela estar lendo nessa idade?"
Um toque de orgulho entrou voz de Abby. "Não, mas ela ama tanto. Ela costumava seguir
junto com os livros que minha mãe e eu líamos para ela, e, eventualmente, ela estava os contando
junto com a gente. Algum tempo depois, ela estava lendo-os para nós, e então, de repente, ela

estava lendo. Foi incrível."


"Parece incrível," disse ele, olhando para menina. "Então... ela ainda não tem quatro anos...
isso significa que você deve ter encontrado o pai dela..."
Abby ficou tensa, esperando a pergunta inevitável. Se viesse, ela não teria escolha a não ser
responder honestamente. No entanto, parecia que Adir tinha todas as intenções de manter sua
palavra.
"Isso não é da minha conta, não é?" ele perguntou. Havia uma verdadeira questão lá, e,
depois de um momento, ela balançou a cabeça. Talvez, em algum momento, quando ela saiba mais
sobre a situação e o quão permanente poderia ser, ela iria dizer-lhe a verdade. Agora, ela tinha
que cuidar de sua filha, e a tristeza de um pai que aparecesse brevemente apenas para

desaparecer como ele fizera seria desastrosa.

"Ela é a estrela da minha vida," Abby disse calmamente. "Ela é minha primeira prioridade. Eu
preciso que você entenda isso. Nada pode ficar no caminho do meu cuidado por ela, nem mesmo..."

"Nem mesmo o que temos juntos, eu entendo," disse Adir. Ela ficou surpresa ao ouvir um toque
de admiração na voz dele. "Ela é uma bela menina, e a última coisa no mundo que eu quero é
interferir no que vocês duas têm juntas."
Ele se levantou. Abby não pôde deixar de sentir uma pontada de decepção. Ela tinha

tentado namorar ao longo dos últimos anos. Toda vez que algo parecia promissor, via-se
confrontada com mais uma educada recusa que correspondia diretamente ao fato que ela tinha
uma garota que ela se recusava a colocar em segundo lugar.
"Obrigada por entender isso," ela murmurou, mantendo a aparência de decepção fora do
rosto.
"Eu posso ver que você está ocupada no momento, mas você consegue me ver amanhã?"
Ela piscou, olhando para cima de repente. "Eu... o quê?"
"Bem, você está ocupada agora, e parece que a pequena Azahra vai querer um pouco do
seu tempo esta noite. Talvez eu possa roubar um pouco de sua noite amanhã?"

Ela mordeu o lábio, hesitando. "Normalmente Allie, uma das minhas vizinhas, cuida dela. É
com ela que estava hoje..."
Adir já estava assentindo, pensativo. "Eu posso tomar providências para que alguém cuide
dela aqui, se você quiser."
"Alguém... de sua escolha?"
Adir riu. "Sim. A mulher que cuidou de mim e meus irmãos ainda vive no palácio. Ela está em
uma aposentadoria muito merecida agora, mas tenho a sensação de que ela agarraria a chance
de cuidar de uma criança, especialmente se for apenas por um dia e não por, digamos, dez anos."
"Se você me deixar falar com ela primeiro, diria... que é um encontro."
Quando ela concordou, o rosto de Adir se partiu em um largo sorriso. Era um sorriso em que

você poderia aquecer as mãos, como sua mãe tinha dito uma vez, e ela se viu sorrindo em troca.

"Bom. Eu prometo que você não vai se arrepender. Vejo você às nove amanhã?"
Ela assentiu. Se ela parasse para pensar sobre isso por muito tempo, ela ficaria surpresa

com o quão rápido as coisas estavam indo.


Adir tomou a mão dela, trazendo-a aos lábios para um beijo suave. Quando ela encontrou
seus olhos, ela pensou que ela poderia se afogar na doçura ali.
"Tudo bem, até amanhã, bela Abby."
Capítulo Quatro

A velha mulher que Adir trouxe à sua porta mal alcançava o queixo de Abby. Ela era
enrugada como uma uva passa com os dois olhos escuros de nitidez incrível, e ela usava um vestido

preto simples que varria o chão. Sua cabeça estava coberta com um lenço florido que parecia ter
vindo dos anos setenta, mas realmente não havia nada da moda antiga em seu sorriso caloroso.
Quaisquer dúvidas que Abby possa ter tido sobre deixar sua filha com uma estranha
desapareceu assim que a velha Meera e sua filha se viram. Azahra, que sempre fora tímida com

estranhos, acolheu Meera de uma só vez, vindo em sua direção timidamente com um livro nas mãos.
Em questão de momentos, as duas estavam enroladas no sofá, com Azahra lendo com
confiança para a velha, que estava encantada.
"Devemos ir, parece que não somos bem-vindos aqui," Adir sussurrou com um sorriso.
Abby lutou contra uma pequena pontada de ciúme na fácil afeição de sua filha pela velha,
mas ela assentiu. Pensando nisso, ela ficaria feliz em ter uma filha que ficasse mais à vontade com
estranhos.
"Isso é incrível," disse ela, seguindo Adir para fora do prédio. "Ela nunca é tão calma com
alguém que acabou de conhecer."

Adir riu. "Bem, essa mulher cuidou de mim, meus irmãos, e da maioria dos meus primos mais
jovens em um momento ou outro. Sabe, quando eu fui perguntar se ela cuidaria de Azahra hoje, ela
agarrou a oportunidade? Eu acho que a aposentadoria tem sido um pouco chata para ela."
Abby começou a responder, mas então ela piscou quando viu o carro esperando por eles lá
fora.
"Sabe, eu esperava que você dirigisse um carro esportivo ou talvez um sedan de algum
tipo..."
Em vez disso, havia um veículo 4X4 estacionado no meio-fio, uma coisa robusta com uma
estrutura de aço que era, obviamente, feita para lidar com todos os tipos de terrenos. Abby olhou

para seu vestido leve de verão com tristeza.

"Preciso me trocar?"
Adir balançou a cabeça. "Nada disso. Onde quer que eu te leve, suas roupas combinarão

muito bem, eu juro."


"Tudo bem, mas se eu acabar com minhas roupas rasgadas em pedaços, eu te envio a
conta."
Havia um brilho claro e diabólico no olho de Adir quando ele ligou o carro.

"E se eu simplesmente rasgar as roupas de seu corpo? Se o pior que eu tenho de lidar é
comprar para você mais roupas lindas..."
"Basta ir em frente e dirigir," disse ela, mais divertida que ela queria ser. "Quanto a rasgar
minhas roupas... bem, vamos ver como será o dia de hoje."
Enquanto dirigiam pelas ruas de Hayal, Abby teve uma repentina pontada por quanto tempo
tinha passado desde que ela tinha feito isso. A vida apenas parecia ficar mais agitada conforme
Azahra crescia. Tudo o que ela esteve fazendo durante a última meia década era relacionado a
cuidados infantis ou obter seu diploma. Depois disso, se tivesse sorte, poderia haver tempo para
comer alguma coisa ou dormir, mas, em geral, simplesmente não havia espaço para o lazer. Agora,

saltando ao longo de estradas cada vez mais velhas com um homem risonho que fazia seu coração
apertar, ela se perguntou o que diabos estava acontecendo com ela.
Adir habilmente dirigiu pela cidade e, em seguida, para fora dela. Em um
surpreendentemente curto espaço de tempo, eles estavam dirigindo sobre estradas de terra e
cascalho. O território em torno da cidade de Hayal era mais deserto que montanha, mas o chão
parecia duro e implacável. Mesmo com a cobertura do 4X4 para proporcionar sombra, era quase
insuportavelmente quente. Ela observou que havia galões de água na parte traseira, e ela se
perguntou mais uma vez o que Adir pretendia. Quando ela lhe perguntou, no entanto, ele só deu
de ombros.
"Sabe, eu pensei que simplesmente daríamos um passeio e veríamos o que iria acontecer.

Você viu muito pouco de Hayal, e pensei que você poderia desfrutar de um lembrete de que não é

só arranha-céus e gastronomia molecular."


Ela riu de suas palavras. "Eu sei muito bem que Hayal tem uma história profunda e variada,"

brincou ela. "Eu estou aqui, em parte, por isso, lembra? "Mas... você não está errado. Hayal é muito
bonito, mas há algo muito novo sobre os lugares que tenho visto até agora."
O olhar de Adir era de diversão. "De certa forma, as peças modernas de Hayal estão bem
aqui hoje e desaparecem amanhã. Nós amamos e abraçamos o novo, e, uma vez introduzido, tudo

o que veio antes é inferior. Nem sempre é a coisa mais lisonjeira no mundo. No entanto, eu queria
mostrar-lhe uma parte de minha cultura que tem permanecido a mesma ao longo dos anos, que não
mudou em nada."
Ela não tinha ideia do que ele estava falando até dirigirem um pouco mais longe. O terreno
tornou-se mais pedregoso, e, aqui e ali, ela viu pequenas árvores verdes empurrando-se através
do solo áspero, fazendo o seu melhor para prosperar. Estava tudo começando a parecer muito
familiar, e, quando ela descobriu onde estavam, ela engasgou em voz alta.
"Oh, Adir, você não pode estar falando sério!"
Ele sorriu para ela, estacionando ao lado de uma grande boca de caverna. Havia um brilho

de excitação em seus olhos que ela percebeu que não tinha nada a ver com sexo. Ele apenas tinha
o prazer de dar-lhe algo que ela sempre quis.
"Eu tive que falar com a universidade e alguns curadores muito protetores para fazer isso
acontecer," disse ele com orgulho. "Essas cavernas não estão abertas aos turistas, e elas nem
sempre estão abertas até mesmo para estudiosos visitantes. Eu tive que jurar de pés juntos que nós
não lascaríamos nossas iniciais nas rochas ou tiraríamos quaisquer lembranças."
"Este deve ser o sistema de cavernas 893," disse ela, olhando tão longe quanto podia
enxergar na boca da caverna. "Não há nem fotos delas, tudo o que eu vi foram esboços a lápis.
Oh, Adir, podemos realmente entrar?"
Em resposta, ele tirou uma lanterna e içou um dos galões de água sobre seu ombro. O

sorriso no rosto dele a fez lembrar do selvagem garoto que ele tinha sido, mas o ligeiro tom de

prata em suas têmporas disse a ela que este era, na verdade, um homem.
Abby lembrou-se de ter cuidado, porque, quando ela pensava nisso, seu coração ainda doía

muito. Ele nunca tinha se curado adequadamente, mas agora... talvez pudessem seguir em frente.
Ela tomou a lanterna de Adir, e entrou na escuridão, liderando. Esta caverna não tinha sido
cavado para habitação humana, ela se lembrou. Em vez disso, os antropólogos sugeriram que,
graças à forma como os túneis foram escavados e às extensões incrivelmente detalhadas de

pinturas, a caverna, na realidade, tinha sido usada para fins cerimoniais.


Abby caminhou com cuidado, segurando a lanterna elétrica para que ela pudesse ver as
pinturas em detalhe. Havia grandes cenas de caçadas, em que figuras humanas perseguiam
inúmeras gazelas ao longo das paredes. Quando ela olhou mais de perto, viu com prazer que
havia caninos misturados com as figuras, cães que, pela primeira vez na história, ajudaram os seres
humanos a caçar e manterem-se alimentados.
A frieza da caverna lembrou um museu. Debaixo da luz da lanterna, ela pôde imaginar
como deve ter sido para os pintores antigos que estiveram onde ela estava agora. Suas vidas
eram tão estranhas para ela quanto a dela teria sido para eles. Eles estavam separados por muito

mais do que a distância, e não havia passagem neste oceano de tempo. No entanto, ela podia
estar onde eles estiveram, e podia admirar o trabalho que tinham deixado para trás, seu legado
para um mundo que nunca iriam ver.
"É tão lindo," ela sussurrou, examinando uma figura curvilínea com seios pesados cuidando
do que parecia ser um bebê. "Tudo o que eles eram, tudo o que queriam, eles colocavam aqui
nestas paredes."
"Eu me pergunto se eles sabiam que iria durar tanto tempo?" Adir meditou, vindo por trás
dela.
Ela estremeceu quando sentiu o calor de seu corpo apertado contra suas costas.
"Eles sabiam que estavam fazendo algo que iria durar, eu acho. Suas preocupações eram

diferentes das nossas. Seu conceito de arte devia ser tão mágico quanto qualquer outra coisa, ou,

talvez, tecnologia avançada para nós. Eles sabiam que estavam colocando a sua vontade no
mundo para os outros verem. Isso por si só deve ter sido o suficiente."

Eles continuaram em silêncio, passando por cenas de seres humanos que pescavam em rios
cheios de vegetação, pássaros voando acima das figuras pontudas. Abby tremeu com uma
estranha figura de uma mulher com a cabeça de um touro, e depois sentiu-se estranhamente
tocada por uma parede que estava coberta de mãos.

"Eles devem ter mergulhado as mãos em uma mistura de ocre e gordura antes de pressioná-
las contra a parede," ela meditou.
Adir levantou a mão em comparação. "Estes homens eram bem pequenos," observou ele, e
Abby riu.
Ela estendeu a mão e segurou-a ao lado dele. Quando vista assim, sua mão era apenas um
pouco maior do que as impressões de mãos na parede.
"Equívoco comum," disse ela. "As pessoas que pintaram estas paredes não eram tão
diferentes de nós. Com o palmo menor e a altura também, em comparação com as sepulturas que
temos encontrado... a conclusão inevitável é que os pintores eram, na maioria das vezes, mulheres."

Adir levantou uma sobrancelha, olhando para a arte que pela qual passaram. "Um belo
legado," disse ele com respeito.
Abby fez uma pausa diante de uma série de pinturas que não retratavam caça ou animais.
Em vez disso, eram duas figuras sentadas em ambos os lados de uma fogueira. Seus rostos em
branco e posturas rígidas poderiam ter significado qualquer coisa, mas, em seguida, ela se viu
piscando ao ver que os dois entravam no que parecia ser uma tenda, e, depois, para o que eles
estavam fazendo.
Adir inclinou a cabeça. "Então... sou extremamente sem tato se eu achar que esses dois
estão..."
"De fato, eu tenho quase certeza de que eles estão," disse Abby, um leve rubor nas

bochechas. "Pinturas rupestres deste tipo são conhecidas por retratar muitos aspectos da vida, e

bem, este é um deles."


Ela esperava Adir fazer uma piada. Ele teria feito cinco anos atrás. Conforme Abby olhava

para as figuras na parede, ela o ouviu falar com uma espécie de solenidade que tocou seu
coração.
"Isso é algo que eu poderia me ver querendo manter contra a marcha do tempo," disse ele
calmamente. "Quando você se junta a alguém, e quando a adesão é... incandescente, talvez você

queira deixar um pouco dessa luz brilhando para as pessoas que vêm depois de você."
Ela se virou para encará-lo completamente, e, para sua surpresa, ela encontrou seus olhos
imediatamente. Quando ele estava falando, manteve o olhar nela. Havia uma confusão de emoções
em seu rosto. Ela viu anseio lá e necessidade, bem como algo mais profundo e talvez mais triste.
Ela estava repentinamente e dolorosamente consciente do tempo que tinha passado entre
eles, e, subitamente, ela não queria desperdiçar outro momento.
Na penumbra da caverna, Abby se viu incapaz de desviar o olhar dos olhos de Adir. Eles
eram escuros, mas estavam em chamas. Ela se lembrou das histórias que tinha ouvido sobre os
djinns, o povo de fogo que fora criado em primeiro lugar na ordem natural. Eles eram poderosos e

misteriosos, vagando pelo deserto, amaldiçoando e abençoando como quisessem.


"Eu não sei o que estou fazendo aqui," ela disse suavemente.
"Sim, você sabe," disse Adir. Havia uma determinação calma em sua voz que a chamava, que
a puxava para mais perto. Ela colocou a lanterna no chão. Ele colocou de lado o cantil de água.
Ele se aproximou dela, estendendo a mão para ela para tocar seu rosto. Sem pensar no que
estava fazendo, Abby se inclinou em seu toque. Ela pôde sentir a eletricidade que percorria entre
eles. Ela pôde sentir a necessidade que tinha por esse homem levantar-se como uma cobra dentro
dela. Quando atacasse, ela seria envenenada?
"Eu não sei se posso fazer isso..."
"Eu não estou pedindo que você faça nada que você não queira fazer," disse Adir. "Mas, de

alguma forma, eu acho que não é contra mim que você está lutando. Eu acho que é contra si

mesma."
Abby assentiu, incapaz de confiar em si mesma para falar. Ela estava sendo puxada em uma

dúzia de direções diferentes. Ela pôde se sentir puxada para trás e para a frente, mas no final,
ela não conseguia fazer nenhum movimento.
"Você confia em mim, amorzinho? Você vai permitir que eu escolha por você?"
As palavras pareciam vir de muito longe. Tudo que ela sabia era que ela podia confiar

nelas. Ela podia entendê-las. Ela podia confiar nelas. Depois disso, tudo o que importava era seu
sim, e ela deu a ele, sem outro momento de hesitação.
"Sim. Sim, por favor."
Ele cruzou a distância final entre eles. Então era como se não houvesse nada que pudesse
separá-los mais, nada que pudesse movê-los.
Seus lábios estavam nos dela, mas não era o beijo desesperado e esmagador que ela
esperava. Em vez disso, era suave e macio, algo doce que lhe tirou o fôlego. Seu beijo lhe disse
que ele não estava com pressa. Ele não tinha a intenção de avançar sem o seu consentimento.
Agora, Adir estava explorando-a, aprendendo suas respostas ao seu toque.

Quando ela sentiu as mãos dele deslizarem por suas costas, ela sentiu como se ela pudesse
entrar em colapso nele. Havia uma espécie de prazer em estar tão cercada. Em outro mundo, com
outro homem, ela poderia ter se sentido presa. Em vez disso, havia um tipo de beleza aqui que só
a fez se sentir realizada e segura.
"Eu nunca quis prejudicá-la," Adir sussurrou. "Especialmente não agora, com isso. Lembre-se:
se você quiser acabar com isso, é só falar. Eu escutarei. Eu sempre te escutarei."
Abby lambeu os lábios. Ela notou a forma como a respiração dele falhara ao vê-la. Seu
poder sobre ele era mais profundo que ela jamais pensara. A ideia de alguém tão poderoso, tão
forte e tão autossuficiente como Adir sendo encantado com ela fazendo algo tão simples a atraía
de uma forma que ela não conseguia explicar.

"E se eu não quiser?"

Ele olhou para ela sem expressão. “Como assim?”


"E se eu não quiser que você pare?"

A expressão dele passou de afetiva a feroz em um piscar de olhos. Na penumbra, ela pôde
ver o brilho branco de seus dentes e uma espécie de calor se emanou dele como se ele fosse um
animal de caça que capturara o cheiro de sua presa.
"Então eu não vou parar. Então eu vou usar meu corpo para fazer você se sentir como nunca

se sentiu. Então eu vou fazer você uivar de prazer até que eles possam nos ouvir a meio mundo de
distância."
Ela choramingou quando ouviu suas palavras. Naquele momento, ela sabia que ela estava
entregando algo. Ela estava se entregando a ele de uma maneira que ela nunca tinha antes. A
ideia deveria ter aterrorizante, mas, em vez disso, foi emocionante. Isso acordou algo profundo
dentro dela que poderia ter estado dormente durante toda sua vida. Agora que estava acordado,
era capaz nunca dormir novamente.
Com os lábios ainda pressionado aos dela, beijando-a uma e outra vez até que ela pensou
que ficaria louca de desejo, ele caminhou com ela para trás até que ela encostou em uma parede

áspera, felizmente, inteiramente livre de pinturas. Ela pôde sentir a fria superfície se aquecer
relutantemente com sua carne, enquanto, na sua frente, Adir parecia ser feito de fogo.
"Eu tenho pensado tanto em você," ele sussurrou, dando beijos ao longo da mandíbula e
garganta dela. "Eu sonhei sobre isso..."
Ela não pôde se conter. Abby estendeu a mão para ele, tocando seu peito, seu cabelo,
querendo mais e mais dele.
Adir fez um suave som asfixiado quando ela passou a mão levemente na parte mais baixa
das costas dele, colocando uma palma quente sobre a crescente protuberância entre suas pernas.
"Eu não vou durar se você continuar com isso," ele rosnou com um sorriso na voz.
"Talvez eu goste da ideia de você impotente," ela ronronou, encantada com sua própria

coragem.

Seu humor durou apenas por um breve momento. Em vez de tolerar sua insolência, ele
envolveu uma mão grande em torno de ambos os pulsos finos dela. Ela tentou puxar, mas era como

se Adir fosse feito de pedra. Seu sorriso era muito afiado.


"Quer que eu te mostre o que acontece com lindas mulheres que tentar tornar os homens
indefesos?"
"Sim," ela sussurrou, fazendo-o rir.

Ele beijou suas mãos ternamente, fazendo-a tremer quando ele passou a língua sobre a
ponta dos dedos e sobre a pele delicada da palma da mão dela. Então, ele prendeu as mãos dela
sobre sua cabeça. Quando ela lutou, ele só riu dela.
"Pronto. Agora vamos ver o que vou fazer com o meu prêmio."
Vagarosamente, ele trouxe sua mão para os botões que corriam pela frente do vestido leve
dela. Com um cuidado indiferente, ele começou a desabotoá-los um após o outro. Com cada botão
que se desfazia, outro pedaço de carne era revelado. A cada botão, ele preenchia aquele
pedaço de carne com um beijo suave que deixava a pele dela em chamas.
Abby já estava se contorcendo quando ele beijou sua garganta. Em seguida, ele estava

beijando o topo de seus seios, e ela não conseguiu mais ficar parada.
"Ah, por favor, por favor, mais," ela sussurrou, apertando-se contra ele o melhor que pôde.
"Por favor, Adir!"
Ele riu de suas palavras desesperadas.
"Certo. Eu não confio que você seja tão boa quanto possa ser, no entanto, então tenhamos
uma precaução."
Ela começou a perguntar o que ele queria dizer, mas então ele a virou para a parede. Ele
colocou as mãos dela na parede acima de sua cabeça, parando para beijar a coroa de sua
cabeça antes de falar novamente.
"Mantenha as mãos aí," disse ele com firmeza. "Você pode dizer o que quiser. Você pode se

mover da maneira que quiser, contanto que você esteja disposta a manter suas mãos exatamente

onde elas devem ficar."


"E o que acontece se eu não conseguir?"

"Então, querida, eu vou parar."


Ela conseguia ouvir a verdade em suas palavras, o que a fez choramingar. Abby levou as
mãos à parede com mais firmeza, pronta para ser tão boa quanto ela podia ser.
Ela logo percebeu que poderia não ser boa o suficiente.

Adir veio ficar atrás dela, suas mãos correndo suas laterais possessivamente antes de
retomar sua tarefa de desabotoar o vestido. Cada pedaço de carne revelada foi completamente
acariciado, completamente amado.
Logo, toda a frente de seu vestido estava aberta, e Adir foi pressionado contra ela, suas
mãos percorrendo as curvas dela. Uma mão apertou os seios dela firmemente enquanto a outra
brincava em seu púbis com uma leveza agonizante. Por cima da lisa calcinha branca, seu toque era
irritantemente provocador. Toda vez que ela tentava pressionar seu corpo contra a mão dele, ele
se afastava.
"Eu acho que eu quero vê-la completamente nua," Adir disse, pensativo. "Vire-se. Tire suas

roupas para mim."


Ele deu um passo para trás. O ar estava frio onde ele estava, dando um arrepio em Abby.
Ela se sentiu nervosa quando ela se virou. Ela sabia que ele a achava atraente, mas uma parte
dela estava preocupada se ele veria seu corpo como de segunda depois de todas as modelos e
atrizes com quem ele tinha, sem dúvida, transado. Ela não conseguiu encontrar os olhos dele
conforme ela tirava o vestido por seus ombros e descalçava seus sapatos. Suas mãos esguias
vacilaram quando ela alcançou seu sutiã. Parecia que sua pele estava em chamas numa vergonha
misturada com necessidade. Finalmente, o sutiã saiu, caindo sobre seu vestido. Com um gesto que
era tanto um desafio quanto sensualidade, ela tirou sua calcinha, jogando-a longe.
Seu queixo se inclinou para cima, ela ergueu os olhos para Adir, desafiando-o a dizer

qualquer coisa indelicada.

Ela não precisava ter se preocupado.


Os olhos dele ardiam ao olhar para ela. Era como se ele fosse um homem se afogando e

ela, terra à vista. Ele parecia, ao mesmo tempo, admirado e desesperado, e, no final, foi o
desespero que ganhou.
Adir a esmagou contra seu corpo, beijando-a ferozmente. Ela pôde sentir a textura áspera
da roupa dele pressionado contra sua pele suave, excitando-a ao mesmo tempo que lembrando-a

de quão nua ela estava, se comparada a ele. Ela podia sentir o quão duro ele estava através de
suas roupas, e a necessidade dela por ele cresceu ainda mais.
Por um momento, ela pensou que ele iria simplesmente jogá-la no chão e possuí-la ali mesmo.
Então, ele se afastou por um momento, balançando a cabeça.
"Eu não quero violentar você," ele disse. “Isso seria muito rápido. Não, eu tinha uma agonia
diferente em mente para você..."
Ela começou a se perguntar o que ele quis dizer, mas então ele a apoiou contra a parede
novamente. Um pé veio para a frente para separar os dela. Surpreendeu-a o quão vulnerável ela
se sentiu assim.

"Você é o desejo encarnado," ele sussurrou, passando a mão pelo corpo dela. Ele parou por
um momento em sua barriga, e, em seguida, continuou para tomar a quente carne secreta entre as
pernas dela. O cabelo claro que cobria seu púbis não lhe ofereceu nenhuma resistência quando
ele deslizou seus dedos ao longo de sua fenda. Ela conseguia sentir o quão gentil ele estava
sendo. Ela relaxou em seu toque, tremendo toda vez que ele vinha para levemente esfregar contra
seu clitóris.
"Eu estive pensando sobre isso tantas vezes," disse ele. "Como você seria, como isto seria..."
"E agora você sabe," ela murmurou. Ela arqueou quando ele pressionou a ponta de seu
dedo contra o clitóris um pouco mais firmemente, mas ela ficou ofegante no momento em que ele
deslizou os dedos mais abaixo.

"Eu não diria isso," ele hesitou. Eu diria que estou apenas começando a aprender."

Ele acariciou-a até que ela estivesse quase que se contorcendo de desejo, suas mãos
plantadas nos ombros dele e agarrando-se desesperadamente. Ela podia sentir o quão molhada

estava ficando, e agora o aroma de seu sexo estava pesadamente pendente no ar. Ela sabia que
Adir podia sentir o cheiro também, e ela gemeu de necessidade.
Ele deslizou um dedo e depois dois dentro dela, bombeando brevemente até que estivessem
completamente molhados. Então ele os recolheu, melados com sua necessidade, até seu clitóris,

esfregando duramente. Não houve provocação agora. Havia apenas a sua força e sua vontade
jogando com seu desejo, como se ela fosse uma marionete.
Ela não conseguia parar de empurrar para trás e para frente em sua mão.
Ela sentiu como se estivesse sendo tensionada, esticada até seu ponto de ruptura. Os
tremores de prazer que corriam por seu corpo não tinham mais misericórdia do que o vento do
deserto. Ela estava ofegante, ela estava espavorida, ela estava chamando o nome dele como se
ele pudesse salvá-la das coisas tumultuosos ela estava sentindo.
Ela cravou as unhas em seus ombros largos, apertando tão forte quanto pôde, como se para
impedir o inevitável. Finalmente, não havia nada que pudesse fazer além de explodir.

Seu clímax não teve piedade dela, não lhe deu a chance de dizer não ou esperar. Ele a
rasgou como um incêndio, fazendo todo seu corpo convulsionar conforme um prazer ardente a
rasgava, e deixou-a gemendo sua descarga no ombro de Adir.
Abby se sentiu como se tivesse sido arrancada de seu corpo e enviada para o alto, leve
como uma pena ao lentamente cair. Por fim, o prazer diminuiu para o ponto onde ela poderia
sentir mais. Ela podia sentir a maneira como suas pernas tremiam, ela podia sentir o quão seca sua
garganta estava de seus gritos de necessidade.
"Tudo bem, venha aqui, querida..."
Ela se perguntou aonde ele iria levá-la, mas então ele resolveu essa questão. Ele
simplesmente se sentou no chão, levando-a a se sentar transversalmente em seu colo. Isso lhe

pareceu um pouco absurdo, que um homem com poder e dinheiro de Adir consentiria em ser

utilizado como mobília, mas, em seguida, ele passou os braços em volta dela e ela mal se
importava mais.

"Você foi incrível," disse ele, acariciando seus cabelos.


Abby riu fracamente. "Na verdade, eu acho que eu que deveria dizer isso," ela murmurou.
"Eu estou surpresa por não ter derrubado a caverna de tanto gritar."
"Estas paredes são muito antigas, eu sinceramente duvido que somos a pior coisa que já

ouviram."
Abby se moveu, e depois percebeu tardiamente que Amir ainda estava bem duro debaixo
dela.
"Ah! Você ainda está..."
Ele riu um pouco. "Acredite em mim quando digo que isto não estava planejado. Eu tinha
toda a intenção de possuí-la contra a parede mesmo. Então eu percebi o quão verdadeiramente
linda você estava lá, contorcendo-se de necessidade, enquanto eu pôde vê-la com os olhos nítidos.
Eu não consegui tirar os olhos de você. Não consegui parar."
"Não foi possível parar por tempo suficiente para..."

"Não."
Abby estava balançando a cabeça, ao mesmo tempo virando-se em seu colo.
"Eu não vou permitir isso," disse ela. "Não quando você me fez sentir daquele jeito."
Adir olhou-a com uma sobrancelha arqueada, mas, por baixo disso, havia uma fome que
nunca tinha diminuído, não mesmo. Ela podia sentir a necessidade surgindo através do corpo dele
assim como do dela, e agora, mais do que tudo, ela precisava dar a ele o que ele lhe oferecera
tão livremente.
"Deixe-me," ela disse suavemente. "Deixe-me tê-lo."
Adir assentiu, porque agora ela estava montada em seu colo, suas mãos apoiadas sobre
seus ombros. Eles se mexeram um pouco para que ele pudesse retirar o preservativo do bolso.

Quando ele tirou seu pênis da calça, ela lambeu os lábios. Ela pensava que ela sabia o que era

desejo há cinco anos. Estava enganada. Ela observou com olhos extasiados enquanto ele rasgou a
embalagem e deslizou a capa fina sobre seu pênis.

No momento em que o preservativo estava firmado, ela se moveu para cima dele,
precisando de nada mais do que tê-lo dentro dela.
As mãos de Adir estavam firmes nos quadris dela, segurando-a e fazendo-a gemer. Ela
pensou que ele estava brincando com ela novamente, mas havia algo desesperado em seus olhos.

"Tem certeza?" ele perguntou. "Você tem certeza que quer mesmo isto? Eu?"
"Sim," ela disse, e não havia nenhum vestígio de dúvida em sua mente ou em sua voz. Não
havia mais nada em sua mente além da união com este homem.
Adir não tinha o poder de resistir a ela por mais tempo. Com um gemido profundo, ele
trouxe-a diretamente sobre seu pinto, enchendo-a com um impulso certeiro. Ambos gritaram com a
imensa sensação de plenitude e desejo entre eles, com a forma como eles se encaixaram
perfeitamente um no outro.
Por um momento, eles ficaram completamente imóveis, a testa dela pressionada contra a
dele. Ela olhou nos olhos dele, e, de repente, ela viu por que ele tinha tanto medo. Isso era mais do

que sexo. Era uma junção profunda e primal, algo que marcaria os dois. Isto quase a coibiu, mas
depois lembrou-se de quem ele era, e ela precisou dele ainda mais.
Abby pôde sentir o momento em que Adir cedeu ao desejo que ambos estavam sentindo. Seu
corpo ficou tenso, e então ele estava levantando-a para cima e para baixo tão facilmente quanto
se ela fosse uma boneca. Ele estava metendo dentro dela, preenchendo-a com cada movimento.
Tudo o que podia fazer era agarrar nele, gritando seu nome, e dizer-lhe o quão bom ele a fazia
se sentir.
Os caminhos de desejo em seu corpo, deixados por seu último clímax, começaram a brilhar
novamente, para sua descrença. Abby mal teve tempo de perceber o que estava acontecendo
quando sua estrutura começou a tremer. Seu segundo clímax foi mais fraco do que o primeiro, mas,

ainda assim, balançou seu núcleo. Ela se agarrou a Adir, soluçando na curva do pescoço dele

conforme ele agarrava seus quadris com uma força selvagem. Ele enfiou nela uma última vez,
rosnando seu nome ao se derramar dentro dela.

Ela se afastou para olhar para ele, saboreando a visão dele de olhos fechados e seus
cabelos pretos pendurado como trapos nos olhos. Impulsivamente, ela inclinou-se para beijá-lo na
testa, amando de uma maneira que parecia correta, mas nova.
"Como se sente?" ela perguntou suavemente.

O sorriso dele era suave e gentil como o amanhecer. "Perfeito. Feliz," disse ele.
Tão naturalmente quanto se eles fizessem isso todos os dias, ele levou os braços ao redor de
seus quadris.
"Eu acho que eu posso ter te machucado um pouco," disse ele, olhando para onde suas mãos
estiveram."
Desculpe-me, não fiz de propósito."
"Eu provavelmente deveria me importar mais," disse Abby, abraçando um pouco mais
apertado. "Neste momento, o pensamento de você me marcando... tem um certo apelo."
Adir riu, balançando a cabeça.

"Você era uma linda menina, e agora você é uma mulher incrível," disse ele.
Eventualmente, eles tiveram que se separar, embora todos os ossos do corpo de Abby não
queriam nada mais do que ficar tão intimamente unidos a ele. Com relutância, ela se levantou,
permitindo-lhe limpar a si mesmo, e, em seguida, limpá-la com um pano molhado dos jarros de
água na parte de trás do 4X4. Quando ele a apoiou na parede de novo, ele a beijou docemente
e abriu suas pernas para lavar entre elas.
A doçura e a delicadeza do gesto fizeram seus olhos se fecharem de prazer. Ela não
começou a se mover novamente até Adir oferecer-lhe suas roupa.
"Devemos voltar," disse ele, e ela concordou com relutância.
Quando saíram da caverna, ela ficou chocada com quanto tempo tinha se passado. O sol

começava sua descida em direção ao horizonte, e ela teve uma súbita pontada de culpa por

quanto tempo ela esteve longe.


"Ah, pobre Azahra e Meera, eu nem sequer pensei sobre o que elas comeriam..."

Adir sacudiu a cabeça, tocando sua mão delicadamente. "Sua preocupação é bem-vinda
mas Meera tem um cartão de crédito que ela pode usar para comprá-las o que quiser."
"Eu não quero que ela use seu próprio dinheiro para alimentar minha filha..."
A risada de Adir era de um som divertido que causou arrepios agradáveis pela espinha

dela.
"Acredite em mim quando digo que Meera nunca vê uma única conta daquele cartão de
crédito. Vigiar toda uma geração de garotos, todos achando que sabiam mais do que ela sem
matar nenhum deles tem suas vantagens, isso eu posso dizer."
Enquanto dirigiam de volta para Hayal, havia um estranho e silencioso conforto entre eles.
Ela deixou sua mão sobre a coxa dele enquanto ele dirigia pela estrada esburacada. De tempos
em tempos, ele levantava a mão até sua boca para beijá-la.
Ela se perguntou se havia uma maneira de ter este dia de novo, mesmo sabendo em seu
coração que não havia jeito de voltar no tempo. Ela sabia que havia apenas este momento, apenas

o que eles tinham aqui juntos.


Eles haviam feito um acordo para deixar o passado onde ele estava, mas hoje eles estavam
percorrendo um pouco da história humana mais antiga do mundo. O passado nunca fora embora,
ela pensou com um arrepio. Você só podia escolher se iria ou não olhar para ele.
Conforme os arranha-céus e edifícios de Hayal surgiam na frente deles, Abby só sabia que
tudo o que acontecesse em seguida definiria o resto de sua vida. Mesmo que seu encontro não
continuasse após esse único dia solitário, haveria uma parte dela que sempre viveu ali com Adir.
"Às vezes eu sinto como se eu te conhecesse por toda a minha vida," Adir disse suavemente.
"Todo o tempo que passei sem você foi um estranho e inquietante sonho. Você é a realidade, e eu
só sou real quando estou com você."

Abby ia desconversar, mas aquilo foi tão perto de seus próprios pensamentos que ela só

conseguiu concordar com a cabeça.


"Eu sei como você se sente," disse ela. "Azahra tem sido meu alívio ao longo dos últimos anos,

mas, aqui em Hayal, parece que tudo é real, de uma forma que nunca foi antes. Eu me sinto real
aqui."
"Você acha que há uma chance de que você esteja disposta a ficar?"
Adir se concentrou na estrada como se estivesse com medo de encontrar seus olhos. O

pensamento a assustou, o fato que havia algo sobre a situação que era simplesmente aterrador
para ele.
"Eu não sei," ela admitiu. "Eu realmente não sei. Azahra e eu somos cidadãs americanas, a
minha mãe está na América, que é onde o meu patrão está..."
"Mas não o seu trabalho."
Quando Abby olhou, surpresa, Adir continuou.
"Eu fiz alguma pesquisa sobre você, assim como sobre as cavernas ontem à noite, Abby. Eu vi
o que você estudou. Não vou perguntar por quê. Isso é o passado, e deve permanecer lá. No
entanto, eu vi aonde os estudos estão te levando, e eles estão levando-a aqui para Hayal."

"Há muitos lugares onde-"


"Há alguns," disse ele. "A menos que você queira pegar um emprego em uma faculdade de
terceira categoria nos Estados Unidos ensinando estudos do Oriente Médio para um bando de
calouros entediados, este é o lugar onde você deve estar."
Ela sabia que ele estava certo. Sua pesquisa e aonde esta a tinha levado não era uma
surpresa. Ela era atraída pela região, e, neste momento, ela não tinha ideia do quanto isto era por
causa de sua associação com o homem que estava sentado ao lado dela.
"Há muita coisa a considerar," disse ela finalmente. "Eu não descartaria a ideia."
Por um momento, ela viu um pouco do menino impaciente que ele fora. Ela sabia que ele
queria que ela tomasse uma decisão ali mesmo. No entanto, felizmente para ela, ela tinha muito

sentido residual para tomar uma decisão como esta.

Então o momento passou, e ele concordou. "Se você viesse para Hayal para ficar... bem, eu
diria que há mais para você aqui do que uma carreira."

Havia algo tão humilde na maneira como ele disse aquelas palavras que seu coração bateu
um pouco mais rápido. Ela sabia muito bem o quão exigente e dominante ele poderia ser. Havia
momentos em que parecia ser exatamente o que ela precisava. O fato de que havia algo nele que
estava disposto a ceder também era novo.

"Obrigada," disse ela, apertando sua coxa um pouco mais forte. "Isso é o que eu preciso
saber. Vou te dizer assim que eu souber minha resposta."
"Eu posso esperar," disse ele, com um sorriso um pouco melancólico. "Afinal de contas, eu
tenho esperado por... bem, não importa."
Lá estava novamente outra referência àquele lugar de que eles se recusaram a falar. Ainda
havia uma parte dela que a fazia lembrar que este era o homem que a tinha deixado de lado
como se fosse lixo, que rejeitou todas suas tentativas de contar a ele sobre sua filha. Essa voz
estava ficando cada vez mais silenciosa, no entanto.
Era difícil olhar para Adir e ver um homem que poderia fazer aquilo. Abruptamente, ela

balançou a cabeça. Eles haviam feito um acordo, e ela estava começando a perceber que talvez
fosse a coisa mais sábia que poderiam ter feito. Se eles estivessem mergulhados no passado, nunca
poderiam ter tido o dia que acabaram de ter.
Já era o suficiente Ela iria se certificar de que era o suficiente.
***
Adir lembrou a si mesmo que as coisas ainda eram quase que dolorosamente novas entre ele
e Abby. Ele sabia que havia uma grande quantidade de coisas sobre as quais eles não tinham
conversado, e que, eventualmente, algumas delas teriam de vir à tona.
No momento, no entanto, era tudo o que ele podia fazer para não se declarar
imediatamente para ela na mesa.

Quando chegaram de volta à cidade, Abby chamou Meera, que alegremente informou que

ela e Azahra estavam se divertindo. Azahra até mesmo pegou o telefone para perguntar à mãe se
Meera poderia ficar um pouco mais.

Abby riu, sacudindo a cabeça. "Sabe, havia dias em que eu queria que Azahra fosse um
pouco mais independente, e agora que ela é, eu não sei como me sentir sobre isso..."
"Aproveite enquanto dura?" ele sugeriu, fazendo-a rir.
Ele sugeriu um jantar, e, como uma surpresa, ele a levou para um dos restaurantes japoneses

mais exclusivos da cidade. Suas roupas levemente sujas atraíram alguns olhares da anfitriã, mas, no
momento em que foi reconhecido, eles foram levados para sua sala privativa, toalhas quentes
trazidas para suas mãos e sopa de missô colocadas na frente deles.
"Eu acho que estamos aqui atrás para que ninguém nos veja," disse Abby, franzindo o nariz
da maneira mais adorável.
"Bem, algo assim," disse Adir. "Honestamente, estou só feliz de estar fora do caminho da
imprensa nesta noite."
Ela o olhou com curiosidade. Ele achou, por um momento, que seus olhos nunca tinham
parecido mais verdes.

"Às vezes, é fácil esquecer que você é um xeique."


Adir bufou. "Isso é para ser um elogio?"
"Não sei, talvez mais uma observação mesmo. Eu não te vejo vivendo na alta roda. Não vejo
dinheiro sendo jogado para todos os lados. Eu não vejo... a extravagância, eu acho."
"Você está desapontada?" ele perguntou, meio que provocando, mas a resposta dela foi
rápida e séria.
"Não. Se eu estivesse saindo com alguém que fosse rico e famoso e não pudesse deixar o
mundo se esquecer disso, eu poderia pensar que fosse apenas mais uma coisa que pode ser
comprada e vendida."
Por alguma razão, ela estava olhando para ele de perto quando ela disse isso.

"Eu nunca pensaria isso," ele disse levemente. "Eu sei que você é uma pérola de valor

inestimável."
O estremecimento dela foi tão rápido que ele pensou que era sua imaginação. Depois,

quando ela falou, havia uma leveza determinada em sua voz.


"Embora eu não vá dizer que você ainda é o mesmo que antes, este lugar é incrível, mas eu
não consigo pensar que esta seja a versão de um restaurante fast food de Hayal."
"Bem, eu definitivamente tinha de mudar, e eu gosto de pensar que a maior parte da

mudança foi para melhor. Aqui, deixe-me pedir para você, e vamos ver se consigo convencê-la de
que isto é tão bom quanto um hambúrguer servido em estranhamente deliciosos pães feitos de
quase puro açúcar..."
Havia um olhar divertido em seu rosto enquanto ela o observava fazer o pedido, e, depois
que o fez, ela aplaudiu seu japonês. Conforme o papo foi e veio, ele percebeu que havia algo
diferente nela. Ela não era a garota dos olhos arregalados que ele conhecera anos atrás. Se ele
cometeu um erro no evento de arte, era este. Ela não era mais aquela menina, assim como ele não
era mais aquele rapaz. Ele tinha mudado e ela também.
Uma coisa que não mudou, no entanto, eram seus sentimentos. Eles ainda estavam lá. Eles

ainda eram tão importantes para ele, muito perto da superfície.


Quando ela duvidosamente comeu um pedaço de sashimi de cavala, e depois, quando seu
rosto se iluminou com quão delicioso tinha sido, foi como ver o nascer do sol. Ele queria dar a ela o
mundo apenas para que ele pudesse ver suas expressões de prazer e alegria.
Quando ele caminhou com ela até a porta, Adir pensou que ele teria, de fato, de ser muito
cuidadoso. Ele era um homem que se destacava em tudo o que ele determinava mentalmente, mas
havia um risco aqui maior do que quase qualquer outro que ele tinha encontrado.
Ele a tinha perdido uma vez. Ele não iria perdê-la novamente.
***
Abby, na ponta dos pés, foi até o quarto de sua filha, apenas o suficiente para se certificar

de que Azahra estava dormindo profundamente. Sua filha tinha sono leve, no entanto, e, quando

Abby estava se virando para sair, ela se mexeu.


"Mamãe? É você?"

Abby suspirou, voltando. "Sim, querida, sou eu. Você tem que voltar a dormir. Eu estava
apenas verificando se você estava aí."
Azahra sorriu, sentado na cama.
"Não, venha se sentar comigo."

Quando Abby hesitou, os olhos de Azahra ficaram grandes como pires e tão tristes quanto
um gatinho órfão.
"Por favor, mamãe? Só por dois minutos!"
"Você é uma criança difícil de resistir," Zahra. Certo. Só por dois minutos." Você quer me
falar sobre o seu dia?"
Abby ouviu Azahra contar a ela sobre fazer biscoitos com Meera, a caminhada que fizeram
e as histórias que Meera tinha contado.
"Havia essas pessoas que estavam vindo através do deserto para fazer uma casa, e se
depararam com algumas outras pessoas, e houve uma grande batalha, e depois disso, a cal-cal ...

califa atingiu o chão com o pé para fazer a água sair e todos tinham o suficiente para comer e
beber, finalmente ... "
Abby sorriu. "Ela está te contando as velhas histórias sobre Hayal e como ela foi fundada,"
disse ela. "Talvez quando você crescer, você possa ler alguns livros que tenham todas essas
histórias neles."
Os olhos de Azahra se alargaram. "Há livros com histórias de Meera neles? Eu quero lê-los
agora!"
Abby sacudiu a cabeça. "Desculpe, querida, eu não tenho nenhum. Mas eu vou te dizer que,
se você dormir agora, eu vou ver o que posso fazer em relação a encontrá-los para você. Agora,
lembre-se de que eles podem ser muito difíceis para você, mas não há nenhuma razão para você

não tentar, certo?"

Azahra assentiu com tanta força que sua cabeça parecia uma bola em uma corda.
Imediatamente, ela caiu na cama, puxando as cobertas e fingindo roncar.

Abby riu, acariciando o cabelo escuro de sua filha antes de beijá-la na cabeça e saiu na
ponta dos pés. Ela conhecia Azahra suficientemente bem para saber que mais cedo ou mais tarde,
os falsos roncos se transformariam em verdadeiros.
Conforme se preparava para dormir, ela pensou novamente sobre a realidade da herança

de sua filha. Se Adir sabia sobre ela ou não, metade dela era de Hayal. Metade de sua herança
estava nos Estados Unidos, mas a outra metade estava aqui, nos arranha-céus e desertos, nas
histórias e na arte.
O pensamento já lhe tinha ocorrido antes, mas agora que ela estava realmente em Hayal,
havia uma nova urgência nele. Sua filha merecia saber sobre sua herança e de onde ela veio.
Mais cedo ou mais tarde, ela não estaria satisfeita com livros, mesmo os que foram escritos para
adultos.
Ela e Adir poderiam ter feito um pacto para deixar o passado no passado, mas o que
aconteceria quando sua filha começasse a fazer perguntas? Azahra merecia mais.

Quando Abby se deitou entre os lençóis, sentiu um desejo quase primal de sentir Adir
deitado ao lado dela. Era estranho o quão rapidamente seu corpo e seu coração tinham se
acostumado a ele.
Conforme adormecia em um sono profundo e sem sonhos, ela se perguntou de novo aonde
esta estrada iria levar os três.
Capítulo Cinco

Adir estava de bom humor quando ele se sentou para tomar café. Assuntos de negócios
exigiram que estivesse longe por alguns dias, mas agora ele estava de volta. Ele veria Abby hoje,

pela primeira vez desde a sua viagem para o deserto.


Eles se comunicaram via mensagens quase constantemente desde que ele se foi, e veio a
conhecer uma versão adulta dela que ele nunca tinha conhecido antes. Ele a viu responder com
ímpeto e profissionalismo para os acadêmicos pomposos que não sentiam que ela merecesse seu

lugar, e viu sua compaixão quando ela falou sobre uma tarde que passou ajudando uma velha a
se orientar no agitado centro de Hayal.
Ela parecia igualmente fascinada por seu dia e as coisas que ele fazia para manter seu país
andando. Ela pareceu um pouco surpresa que ele tivesse um papel tão ativo na governança de
Hayal, então ele a enviou artigos sobre algumas das realizações que Hayal tinha conquistado sob
sua liderança.
Houve uma longa pausa depois daqueles artigos. Ele sabia que ela estava lendo, mas, de
repente, ele ficou com medo de ela achar aquilo arrebatador. Ele esperou de forma tensa, sem
vontade de atormentá-la por uma resposta, mas quando ela finalmente respondeu, ele quase

quebrou seu telefone tentando ler o texto.


Muito bem, o texto disse. Se é que minha opinião é importante, estou muito orgulhosa de você!
Outra pessoa poderia ter zombado de pensar que a opinião de uma jovem mulher da
América significaria algo para o xeique de Hayal. Ele a conhecia, no entanto, e os elogios
aqueceram-no de dentro para fora.
Ele estava terminando seu café da manhã quando a porta para a copa se abriu. Havia
apenas uma pessoa que interromperia seu café da manhã com tal talento para a desaprovação e
desprezo, e essa pessoa era seu tio Abdul.
Nos últimos cinco anos, Abdul se tornara ainda mais magro, ainda mais amargo. Ele tinha

voltado para casa com Adir quando a família de Adir morreu. Na época, Adir fora grato pelo

apoio, mas a cada ano que seu tio permaneceu em Hayal, mais Adir percebia por que ele era tão
frequentemente enviado para embaixadas estrangeiras.

Agora Abdul veio se sentar de frente a ele na mesa, cruzando os braços sobre o peito que
fora, uma vez, amplo e era, agora, apenas afundado.
"Eu ouvi de sua secretária que está passando o dia longe do palácio."
"Você ouviu corretamente," disse Adir de forma neutra. "Eu vou me afastar por todo o dia.

Depois disso, se tudo correr como eu planejei, eu provavelmente estarei dormindo em minha
cobertura no centro em vez de voltar para o palácio."
A boca de Abdul se enrugou como se tivesse mordido um limão. Realmente, seu tio era
impressionantemente expressivo em alguns aspectos.
"É que a menina que está de volta, não é?"
Adir desistiu de qualquer pretensão de se esconder de seu tio. Se seu tio ia bisbilhotar, que
ele conseguisse a informação que procurava.
"Sim. Seu nome é Abby, e você pode usá-lo, ou você pode se referir a ela como Senhorita
Langston. Chamá-la de 'aquela garota' não é algo que eu vou tolerar."

Abdul parecia que se dobraria ao meio com o poder da sua própria indignação. Por um
momento, Adir pensou que ele se daria bem. Talvez seu tio fosse simplesmente sair raivoso,
deixando-o continuar seu dia em paz. No entanto, realmente não parecia que ele se daria bem.
"Muito bem. Se você deseja. A Senhorita Langston dificilmente é uma companheira adequada
para você. Já passou da hora de você encontrar uma parceira apropriada para você."
Adir rangeu os dentes e lembrou-se de que, como seu parente vivo mais velho, Abdul
merecia o seu respeito e sua consideração. Em seguida, Abdul falou novamente.
"Há muitas mulheres aqui que estariam além de honradas em ter os seus filhos, aliviar o seu
corpo..."
"Isso é o suficiente, Abdul."

Por um momento, seu temperamento levou a melhor e ele considerou enviar Abdul para fora

em qualquer posto diplomático que o mantivesse o mais distante de Hayal. Ele se conteve. Só
porque ele não queria exilar velho em seus últimos anos não significava que ele tinha que ouvi-lo,

no entanto.
"Eu aprecio a bondade e a sabedoria que você me mostrou," disse ele, "mas acredite em
mim quando eu digo que, nesta área, elas simplesmente não são necessárias. Com quem eu opto
por passar meu tempo não é da sua conta, nem da conta de qualquer cidadão de Hayal, enquanto

eu fizer o meu dever para com o país. Irei aonde eu desejo e verei quem eu desejo. Fui claro?"
Seu tio ainda parecia rebelde, por isso Adir colocou um pouco mais de pressão sobre ele.
"Está claro, tio?"
Mastigando o lábio por causa de sua fúria, seu tio assentiu rigidamente antes de se levantar
para ir embora.
Adir suspirou quando a porta se fechou atrás dele suavemente. Ele poderia ter batido, mas
aquela suavidade por si só foi uma reprimenda.
Estou começando a ver por que meu pai mandou-o tão longe. Caso contrário, ele teria feito a
vida extremamente desagradável para quase todos.

Por mais frustrante que seu tio fosse, Adir decidiu expurgá-lo de sua mente. Afinal, havia
questões muito mais interessantes com as quais se ocupar. Entre elas, a primeira vez que ele veria
Abby após o que pareceu ser uma eternidade. Sua filha estaria na pré-escola local e Abby lhe
prometera o dia inteiro.
Assoviando, ele dirigiu até o distrito acadêmico em tempo recorde. Para ser totalmente
honesto consigo mesmo, ele tinha de admitir que sua mente estava cheia de visões de Abby, vestida
com rendas ou chiffon, ou talvez, melhor ainda, absolutamente nada.
No entanto, a realidade foi bem diferente quando ela abriu a porta. Em vez de
cumprimentá-lo com um sorriso, o olhar em seu rosto era de culpa e desespero.
"Eu sinto muito, mas houve um incidente na escola..."

Adir franziu a testa. "Está tudo bem? Azahra está bem?"

Abby lançou-lhe um olhar um pouco aliviado e puxou-o para dentro.


"Eu levei Azahra à pré-escola, como de costume, mas, menos de vinte minutos depois, eles me

chamaram para ir buscá-la. Eles disseram que ela teve uma briga com outro aluno, mas ela não
quer falar sobre isso de jeito nenhum."
Adir espiou por cima do ombro de Abby, olhando para a sala. Ele sempre teve uma vaga
ideia de Azahra como uma criança dócil, mas agora ela se sentava no sofá, olhando para longe

com os braços cruzados sobre o peito. O olhar em seu rosto era de pura provocação, e ele queria
rir.
"Ela parece tão teimosa quanto uma mula agora," observou ele, e Abby assentiu.
"Eu tentei tudo o que consigo imaginar para tentar fazê-la falar," disse ela. "Se vou corrigir
isso para ela, se vou levá-la de volta para a pré-escola, ela precisa entender o que ela fez e por
que ela não deve fazê-lo novamente. Ela está simplesmente se fechando para mim, e ela nunca fez
isso antes..."
Adir percebeu duas coisas naquele momento. A primeira era que Abby estava no limite. No
momento, ela parecia perigosamente perto de tombar ou explodir em lágrimas. A segunda coisa

era que Azahra normalmente era uma criança doce, e se ela se encontrou em uma briga, devia ter
um motivo.
"Tudo bem," Adir disse com firmeza. "Você não está fazendo progresso com a situação,
então vou pedir-lhe para fazer uma pausa. Você tem chá na casa? Leite e açúcar?"
Após seu aceno de cabeça, ele continuou. "Bom. Então o que eu quero que você faça é ir lá
e nos fazer um pouco de chá. Algo muito quente, muito forte, e muito doce seria ótimo. Leve o seu
tempo que quiser. Cheire o chá, realmente aproveite-o..."
"Eu não posso fazer isso," Abby protestou. "Você não sabe o que é ser uma mulher solteira,
nunca ter tempo suficiente para..."
"Você tem tempo suficiente hoje," Adir disse com firmeza. "Afinal de contas, eu estou aqui.

Faça como eu digo, por favor? E eu prometo a você que as coisas vão melhorar."

Por um momento, parecia que Abby ia discutir com ele. Em seguida, um olhar especulativo
tremulou em seu rosto, e ela pareceu, então, curiosa.

"Tudo bem," ela disse, "Obrigada pela pausa."


Ela foi para a cozinha, mas ele se admirou ao descobrir que ela deixara a porta aberta
para que ela pudesse ouvir e ver tudo o que acontecia. Ele realmente não se importava com isso.
Adir entrou na sala de estar, tomando um assento na cadeira ao lado do sofá. Ele sabia que

Azahra tinha registrado sua entrada imediatamente. Seus olhos escuros e inteligentes seguiram-no,
mas ele não disse nada. Ela parecia cautelosa, como se ele estivesse lá para obter uma confissão
dela de uma forma ou de outra.
Ocorreu a Adir que ele não tinha ideia de como realmente falar com uma criança; nenhuma
ideia de como fazê-la se sentir confortável ou se certificar de que ele estava falando em um nível
que ela pudesse entender. Ele tinha chegado até ali, no entanto, e ele percebeu que pelo bem de
ambos, ele deveria prosseguir.
"Quando eu era muito jovem, apenas um pouco mais velho do que você é agora, eu consegui
me perder na cidade. Eu não deveria sair sozinho, mas suponho que naquele dia, quando minha

família estava no centro histórico, absorvendo todas as belas roupas e artesanatos tradicionais,
não pude resistir. Havia homens com couro e papel de todas as partes do mundo, vendedores que
podiam ler o seu futuro ou dizer-lhe quando o seu verdadeiro amor surgiria."
Um rápido olhar sobre Azahra lhe dizia que ele não a tinha perdido ainda. Ela ainda
mantinha o rosto virado, mas havia algo sobre sua postura que lhe dizia que ela estava ouvindo.
"Eventualmente, eu tive de admitir que eu estava perdido, e ah, eu estava apavorado. Eu
não conseguia ver alguém familiar, nem minha família ou nossos guardas ou assistentes,
absolutamente ninguém. Tentei manter a calma, mas eu estava tão assustado que era difícil. Eu
estava com muito medo de pedir orientações, ou até mesmo ir a um policial. Em vez disso, eu fiquei
ali completamente imóvel como se fosse uma estátua. Acho que devo ter pensado que se eu me

perdesse, eu teria de viver no bairro histórico para sempre. Talvez eu teria que viver da pipoca

que as pessoas jogam em todos os lugares..."


Ele ficou satisfeito ao ouvir um riso suave de Azahra. Ele decidiu que era um bom sinal. Ela

era uma criança séria, tranquila por natureza, e o presente de sua risada era uma coisa
maravilhosa, de fato.
"Mas eu estava ali, triste e com medo, quando finalmente ouvi uma voz familiar. Agora, eu
estava um pouco assustado, pois senti que esta era uma voz que me intimidara muito injustamente

por toda a minha vida curta. No entanto, era uma voz familiar dizendo uma coisa estranha."
Ele fez uma pausa. Quase imediatamente, Azahra voltou seus olhos escuros para ele.
"O que ela disse?" "”
"Ela disse, 'aí está você, todo mundo está te procurando!' Erai o meu irmão, Adnan. Ele era
apenas dois anos mais velho que eu, e parecia que, por vezes, ele fazia questão de tornar minha
vida tão frustrante quanto possível. Mas agora, ali estava ele, irritado e chateado porque tinha me
perdido."
Azahra considerou a história por um momento. "E então ele te levou de volta para casa?"
Adir bufou. "Não. O pobre Adnan tinha se perdido também, mas ao segurar minha mão com

força, ele disse que pelo menos agora estávamos perdidos juntos."
Azahra sorriu, como o sol saindo de trás de uma nuvem.
"Você sabe por que eu te contei esta história?"
Azahra sacudiu a cabeça, e ele sorriu para ela.
"Eu só quero que você entenda que às vezes, quando você vê algo dar errado, não tem
problema em você corrigi-lo. Às vezes, porque você é muito pequena e, sobretudo, muito nova
para o mundo, você não vai corrigi-lo corretamente. Não tem problema, no entanto. Quando você
vê um problema que precisa ser corrigido, você sempre pode falar com o seu professor, sua mãe..."
"Ou para você?"
Adir ficou um pouco assustado com a intensidade do olhar da pequena menina, mas, depois

de um momento, ele acenou com a cabeça.

"Sim, você pode sempre falar comigo."


Ela suspirou como se ela tivesse o peso do mundo em seus ombros e concordou. Por um

momento, ele pensou que ela iria manter o seu silêncio, mas então ela começou a falar.
"Há uma menina na escola. Ela é mais velha do que nós, mas ela é meio que como a gente,
eu acho. Às vezes ela ri quando ela não deveria, e uma vez que ela começou a chorar porque o
volume das sirenes do lado de fora eram muito alto. No entanto, ela é legal. Ela é bacana. Mas às

vezes os outros alunos a atormentam. Eles a colocam em um círculo e ficam empurrando ela. Dizem
que é um jogo, mas ela não parece gostar muito."
Azahra fez uma pausa, olhando como se ela estivesse pensando muito. Adir sabia que Abby
tinha chegado mais perto, suas orelhas tão afiadas como as de uma loba.
"Eles estavam jogando muito pesado com ela hoje. Mandy tentou dizer-lhes para parar, mas
ninguém ouviu. Então eu pensei que talvez se eu os empurrasse, eles veriam como ela se sentia e
então parassem."
"Mas eles não pararam?"
Azahra encontrou o olhar de Adir diretamente. Naquele momento, ele soube que o que quer

que Azahra decidisse fazer com sua vida, ela seria formidável.
"Não. Então eu continuei a fazê-lo."
"E então eles começaram a te empurrar, e você decidiu continuar dando a esses valentões
um gosto de seu próprio veneno."
Ela assentiu com a cabeça, observando-o atentamente para o menor sinal de desaprovação.
Felizmente para ambos, ele não deu nenhum.
"Há melhores maneiras de se lidar com a injustiça," disse ele solenemente. "Você poderia
dizer a um professor ou sua mãe ou a mim. Nós somos adultos, e é nosso trabalho endireitar as
coisas para você."
"E nós nunca iríamos puni-la por fazer a coisa certa," disse Abby, saindo da cozinha. Ela veio

se sentar no sofá com a filha. Azahra se aconchegou perto de Abby, e ocorreu a Adir que ela

estava bastante assustada. Ela teve a coragem de lutar contra outras crianças que estavam sendo
rudes e cruéis, mas a ideia de desaprovação de sua mãe fez sua boca virar de cabeça para

baixo.
"Eu fiz a coisa certa?" ela perguntou suavemente.
Abby assentiu decisivamente. "Absolutamente, querida. Você viu algo errado, e você fez o
que pôde para corrigir. Agora, você sabe o que você poderia ter feito para tornar as coisas mais

fáceis para nós, você, e até mesmo seu professor?"


Azahra mordeu o lábio, olhando para baixo. "Eu poderia ir chamar um professor. Eu poderia
falar com vocês sobre o que fazer. Eu poderia ter falado com Adir também."
"Isso mesmo," Abby disse com firmeza. "Todos nós queremos ouvi-la, e todos nós queremos
ajudá-la. Quando você se cala, torna-se mais difícil para todos. Eu posso pedir-lhe para não fazer
isso no futuro, amendoim?"
Azahra assentiu seriamente. Abby deu um beijo em sua testa.
"Eu acho que você já fez o suficiente sentando e pensando sobre o que você fez. Por que
você não veste suas roupas de lazer agora? Você precisa de alguma ajuda?"

Adir se admirou ao ver Azahra franzir a testa e sacudir a cabeça decisivamente. A menina
correu para o seu quarto, determinada a provar sua independência, e Abby se virou para Adir
com um leve sorriso.
"Muito obrigada. Não me ocorreu que ela estivesse protegendo outra criança, e isso lança
em uma luz diferente toda a situação."
"Tenho certeza que você teria chegado lá eventualmente," disse Adir com um encolher de
ombros. "Eu nunca vi uma família tão próxima quanto a sua."
"É uma família muito pequena," Abby disse com pesar, "mas nós sobrevivemos. Olha, eu não
sabia que Azahra estaria fora da escola. Isso muda nossos planos para o dia, então eu estava
pensando que eu precisaria reagendar..."

Algo em Adir rebelou-se contra a ideia de apenas vê-la tão brevemente.

"Eu não me importaria em sair com você e Azahra," ele disse com firmeza. "Ela é uma
doçura, e gostaria de aproveitar para conhecê-la melhor."

Abby mordeu o lábio. Até mesmo aquele gesto o fazia querer tomá-la em seus braços e
beijá-la.
"Tudo bem," ela disse finalmente. "Mas vai ser por sua conta e risco. Ela geralmente queimar
um pouco de seu excesso de energia na escola, e ela nem sequer teve recesso hoje."

"Obrigado," ele disse suavemente.


Abby pareceu assustada.
"Por que?"
"Por me deixar visitar a sua família," disse ele. De alguma forma, ambos sabiam que ele não
estava agradecendo-lhe pela visita. Ele estava agradecendo-lhe por lhe devolver algo que ele
realmente não tinha tido em cinco anos. Sua família estava morta há muito tempo, mas isso não
significava que ele não pensasse sobre eles ocasionalmente. Hoje, a história de seu irmão tornou
ele, Abby e Azahra mais próximos. Era a doçura da memória sem a dor.
Quando Azahra voltou, ela estava vestida com roupas velhas e um pouco surradas que

estavam manchadas com tinta brilhante. Havia uma molecagem adorável nela, algo que o fez
querer pegá-la e ter certeza de que ela nunca passaria fome ou precisasse de nada.
"Bem, você parece bastante marcial," brincou Abby. "Nós vamos brincar de exército hoje?"
"Não," Azahra disse decisivamente. "Generais não podem brincar com as coisas em suas
mãos, mas os artistas podem!"
Adir assistiu com fascinação enquanto Abby pegava alguns materiais para sua filha,
incluindo lápis de cera e blocos que a menina parecia pensar serem permutáveis em termos de
construção. Eles a deixaram brincando, feliz, na sala de estar e se retiraram para a cozinha.
"Ela é incrível," disse Adir, observando-a desenhar na grande porção de papel pardo.
"Ela definitivamente é, mas você também. Obrigada pela ajuda. Eu estava no final da minha

paciência tentando descobrir o que fazer."

"Não foi nada," disse Adir com um sorriso. "Eu acho que eu sou tão maduro quanto ela, por
isso faz sentido que eu seja capaz de falar com ela com facilidade."

Abby riu, mas havia uma nota de arrependimento naquele riso. "Eu não acho que Allie esteja
por perto, e, mesmo assim, após uma virada como ser mandada para casa pela escola, eu
realmente não quero deixá-la. Eu realmente sinto muito, mas eu acho que eu não poderei sair com
você hoje."

Adir sentiu uma pontada de decepção, e, em seguida, ele considerou as coisas por um
momento.
"Isso quer dizer que você não quer mesmo me ver?"
Abby pareceu assustada.
"Nada disso! Eu adoraria ter você por perto, mas não podemos fazer nada, bem -adulto -
de verdade. Este vai ser o meu dia, eu acho."
Adir riu.
"Por mais que eu goste de fazer as coisas 'adultas' com você, acredite em mim quando eu
digo que isso não é tudo o que eu gosto de fazer com você. Contanto que você não se oponha, eu

certamente gostaria de ficar. Talvez pudéssemos levar Azahra para uma caminhada ou para um
museu mais tarde, ou talvez possamos simplesmente ficar em casa e pedir algo para comer."
Quebrou seu coração um pouco a maneira como Abby franziu a testa. Era como se ela não
pudesse imaginar alguém querendo passar tempo com ela quando ela era mãe tanto quanto
quando ela estava livre.
"Eu não vou ser muito interessante," ela disse em advertência. "Quero dizer, a coisa mais
interessante que eu posso prometer é talvez um filme da Disney em algum momento para relaxar
mais tarde."
Adir atravessou a sala e tomou-a nos braços. Ele sempre soube que era bom estar com ela,
mas havia algo belamente normal sobre o momento. Ela se sentiu bem ali, e não por causa do que

eles estavam prestes a fazer ou tinham feito. Em vez disso, ele apenas se sentiu bem em segurá-la

e acalmá-la.
"Não há absolutamente nenhum problema," disse ele com firmeza. "Nenhum. Limpei meu dia

para passar o tempo com você, e é isso que eu quero fazer. Eu certamente gostaria de conhecer
Azahra também. Ela é uma parte importante de você, e... se ela é importante para você, ela é
importante para mim também."
O sorriso que Abby lhe deu era ofuscante. Havia esperança e felicidade lá, mas havia algo

mais também. Havia mais do que uma sugestão daquele amor que ela tinha por ele há cinco anos,
e ele se perguntou se havia uma chance de voltar àquilo, ter aquele amor novamente.
"Tudo bem," disse ela. "Vamos, então, xeique al-Omari. Vamos colorir."
***
Sempre que ela olhava para Adir, tinha vontade de sorrir. Havia algo hilariante sobre ver
um dos homens mais poderosos dos Emirados Árabes Unidos no chão, discutindo seriamente as
melhores cores para usar em uma casa que tinham desenhado com uma garota de quatro anos de
idade, mas era mais do que isso.
Abby tinha, na verdade, namorado uma ou duas vezes após Azahra nascer e antes de ir

para Hayal. Os homens ficavam todos vidrados quando ela falava sobre a filha, e, mais cedo ou
mais tarde, desapareciam. Nenhum deles tinha ficado tão interessado em sua filha, essa intenção
sobre seus sentimentos ou seu bem-estar.
Ela lembrou que este era apenas um único dia. Embora já houvesse uma parte traidora dela
que estava me perguntando como poderia ser ter Adir como parte das suas vidas, disse a si
mesma que aquilo não era algo para ficar planejando. Este era um único dia.
Abby olhou para baixo e ficou surpresa ao ver que ela estava rabiscando uma pequena
família. Havia um homem alto, uma mulher mais baixa, e uma menina pequena no vestido favorito
de Azahra. Apressadamente, ela rasurou sobre ele antes de qualquer um dos outros pudesse ver.
Ela pediu para sair. Em vez disso, ela e Adir passaram um tempo na cozinha, montando um

pequeno prato de quitutes. O queijo, uvas e delicadas fatias de carne foram colocados em cima da

tábua de corte limpa, e, na frente do filme da Disney favorito de Azahra, os três comeram o
conteúdo do prato, felizes.

Sentada ao lado de Adir com sua filha espremida entre eles, Abby sentiu uma profunda
felicidade dentro dela. Com um choque repentino, ela lembrou que Adir era pai de Azahra
também. Eles poderiam ter passado por isso há anos, e uma parte dela queria chorar.
Por que você não quis a gente? Abby queria perguntar, mas isso era o passado novamente,

um território não explorado que eles não atravessariam.


No entanto, conforme ela assistia Azahra cutucando o peito de Adir para fazê-lo prestar
atenção a alguma coisa na tela, ela sabia que a hora de fazer aquela pergunta chegaria. Ela
teria de contar a Adir quem Azahra era e o que tudo isso significava.
Estava na ponta da língua dela dizer-lhes aquilo agora, mas algo a deteve. A felicidade
que os três estavam compartilhando parecia tão frágil. Ela não queria quebrá-la agora, então
ficou em silêncio.
Ela deixou Adir na sala de estar na hora de dar banho em Azahra, mas quando ela estava
colocando sua filha para dormir, a menina parou.

"O Adir pode vir me pôr para dormir também?"


Abby hesitou por um momento, mas depois assentiu. Adir parecia honrado em ser convidado,
e quando ele apareceu na porta, Azahra sorriu.
"É melhor não ser uma manobra para ficar acordada um pouco mais," Abby disse em
advertência. "Apenas uma música ou uma história, entendeu?"
"Quero que Adir cante," Azahra disse suplicante. "Por favor, Adir?"
Adir sorriu, pensando por um momento, e então ele começou a cantar em árabe.
"Wa al-ka'aka fi al-makhzan, wa al-makhzan yih'taj muftah… "
Abby sentiu seus olhos derivantes fecharem enquanto ele cantava a velhíssima canção sobre
o carpinteiro e o bolo e a chave. Quando ele terminou, os olhos de Azahra estavam quase

fechados. Embora ela protestasse, dizendo que ainda não estava com sono, Abby firmemente a

beijou na cabeça e conduziu Adir para fora da sala. Da maneira melancólica que Adir olhou para
a filha de Abby, ela suspeitava que o xeique ficaria mais do que feliz em continuar cantando até

ficar rouco, o que era doce, mas dificilmente ideal para uma criança que precisava estar de pé
para a pré-escola novamente pela manhã.
Quando ela fechou a porta atrás dela, respirou fundo, suspirando um pouco.
"E essa foi Azahra," disse ela com um sorriso. "Venha, vamos deixá-la dormir."

Eles encontraram-se na sala de estar, onde parecia que apenas o instinto e nada mais os
guiou para o sofá. Era a coisa mais natural do mundo terminar aconchegados, um ao lado do
outro. O frio da noite havia chegado, e Adir espalhou o cobertor que Abby mantivera dobrado
sobre o sofá justamente para essa finalidade.
"Foi tudo o que você imaginou que seria?" Abby brincou. "Foi o período glamoroso que você
imaginou passar quando decidiu vir me ver hoje?"
"Nem um pouco, mas acho que isso foi melhor," disse Adir, envolvendo o braço ao redor dela.
Havia um calor em seu corpo que a fez sorrir e querer aconchegar-se ainda mais perto.
"Você está brincando. Você só está dizendo isso para me fazer sentir melhor."

"Realmente não. Abby, você sabe quanto tempo faz desde que eu fiz qualquer coisa com
uma família?"
Abby piscou, tardiamente lembrando o que tinha acontecido com seus pais e seus irmãos. A
culpa inundou sua mente quando ela percebeu que, apesar de sua vida muito pública, Adir era
realmente muito solitário.
"Oh Deus, me desculpe, eu não quis dizer..."
"Se você tivesse me dito o que ia acontecer, eu poderia duvidar," admitiu. "Às vezes, penso
em minha família, e só sinto dor. Hoje, com você e Azahra... Eu retomei algo, e não foi nada mais
que a alegria. Então, muito obrigado."
"Eu estou contente que nós pudemos lhe dar isso," ela murmurou. "Foi... foi bom para mim. Eu

sei que foi bom para Azahra. Ela é tão tímida na maioria das vezes. O fato de que ela tenha

gostado de você tão rapidamente é verdadeiramente incrível."


"Ela é uma garotinha maravilhosa. Se ela continuar a proteger aqueles que não podem se

proteger, ela vai longe."


"Sim, talvez nós tenhamos de conversar com ela sobre como pode ser adequado ser uma
super-heroína no futuro, mas quando ouvi a história real... Adir, eu fiquei tão orgulhosa dela."
"Bom. Você tem uma menina de quem você deve estar muito orgulhosa, e não há nada de

errado em reconhecer e apreciar isso."


Abby deu um beijo rápido na bochecha Adir, ou pelo menos é o que ela pretendia fazer. Em
vez disso, seu beijo demorou um pouco, descendo até o queixo dele e, depois, o canto de sua boca
até que ela se afastou.
"Será que ela vai acordar?" Adir sussurrou.
"Não, ela dorme como um pequeno tijolo. Eu só... Eu acho que eu simplesmente não acredito
que qualquer um possa me achar atraente depois de me ver fazer o papel de mãe o dia todo..."
"Eu não sou qualquer um," disse ele com firmeza, "e eu sempre vou achá-la atraente, mesmo
se você estiver nadando através da lama."

Ela ia responder, mas, em seguida, ela suspirou quando ele trocou de posição com ela.
Agora ela estava sentada com as costas contra o peito dele, entre suas pernas enquanto ele
passava os braços em volta dela. O cobertor escondeu o que as mãos dele estavam fazendo, mas
ela podia senti-las começar a trabalhar pelo corpo dela, puxando suavemente na cauda de sua
camisa para tirá-la de suas calças. Agora ele estava acariciando sua barriga, deslizando as mãos
ao longo de seus flancos, até que pegou os seios sobre seu sutiã.
"Você não tem ideia de quão atraente você é e quanto eu quero você," ele murmurou. "Você
não tem ideia do que você faz comigo. Às vezes, eu acho que eu ficaria louco durante a noite sem
você. Nestes últimos dias, as suas mensagens têm sido a única coisa que me manteve são."
"Eu acho que você pode estar exagerando um pouco," Abby riu.

"Eu não acho que estou. Aqui, você pode sentir o quanto eu senti sua falta..."

Ele se mexeu um pouco, e agora ela podia sentir seu pênis empurrar contra a base de sua
espinha. Ele já estava duro, e ela corou, sentindo resposta elemental de seu próprio corpo a ele.

"Eu quero fazer você se sentir bem," ele sussurrou. "Não se preocupe com nada, bela Abby.
Basta deitar quieta e deixar-me dar-lhe prazer... "
Os olhos dela se fecharam enquanto as mãos dele moviam-se livres até sua calça,
desabotoando-a habilmente e deslizando-a para baixo de suas coxas. Depois disso, era uma

questão fácil simplesmente puxar a calcinha para fora, revelando sua carne mais secreta aos seus
dedos espertos.
Quando ele começou a acariciar e passar a mão em seus lugares mais íntimos, ela olhou
para baixo para ver que eles estavam totalmente cobertos. Algo sobre fazer aquilo no espaço
comum de sua sala de estar a deixava ainda mais excitada. Ela resistiu contra a mão dele,
fazendo-o rir um pouco.
"Você gosta de sentir isso?" ele sussurrou em seu ouvido. "Você gosta quando eu toco em
você?"
"Sempre," Abby sussurrou, "ah, Deus, sempre, eu amo, eu amo cada momento disso."

"Bom..."
Debaixo do cobertor, a mão dele ficou mais firme enquanto ela se debatia e se contorcia
contra ele. Havia algo maliciosamente bonito sobre estar coberta com apenas um cobertor
enquanto ele ficava fazendo essas coisas deliciosas com ela.
Seus dedos deslizaram ao longo de sua abertura, abrindo-a com o cuidado mais delicado.
Ele esperou até que ela estivesse incrivelmente excitada, incrivelmente molhada, antes de partir
para o clitóris, acariciando-o com uma garantia que prometia a ela todo o prazer que ela estava
disposta a tomar para si mesma. Fixada como ela estava contra o corpo de Adir, tudo o que podia
fazer era sentir o prazer, sentindo ele percorrê-la como se fosse eletricidade.
Ela se entregou aos sentimentos que ele estava criando nela. Quando ela finalmente se

arqueou em triunfo e prazer, ela mordeu o lábio para manter-se em silêncio contra seus próprios

gritos. Ela flutuou em uma neblina sensual por um tempo curto, mas quando ela se recuperou, ela
endireitou suas roupas, levantou-se do sofá e pegou na mão dele.

"Vem comigo," ela disse suavemente. "Há uma tranca em minha porta, e eu acho que eu
quero mostrar-lhe exatamente o quão bem você fez eu me sentir..."
Ela o levou para o quarto, fechando a porta atrás dela e girando a trava. Quando se virou,
viu a silhueta dele de pé no quarto escuro, seus olhos fixos firmemente sobre ela. Ela sabia que ela

tinha toda sua atenção enquanto ela lenta e sensualmente se despia.


"Você é linda," ele murmurou, e havia uma fome que corria através de sua voz. Isso a dizia
exatamente o quanto ele a queria.
"Obrigada," disse ela com voz rouca. "Diga-me... diga-me exatamente como você me quer.
Diga-me como você mais me quer."
Adir riu um pouco, balançando a cabeça.
"Eu nunca conseguiria decidir," disse ele. "De todo jeito é melhor. Quanto mais perto eu
estiver de você, mais feliz eu estarei e mais prazer tirarei de você..."
Por um momento, ela pensou que ele não diria nada, mas, em seguida, um arrepio percorreu

a estrutura dele. Ele poderia ter querido se segurar aguentar, mas alguma imagem deles juntos foi
gravada em sua mente, marcada nele.
"Suba na cama," disse ele com voz rouca. "Fique de quatro. Olhe para a frente."
Havia um tom profundo de comando em sua voz que enviou um pico renovado de excitação
através do corpo dela. Ela pensou em provocá-lo, sobre passear pelo outro lado da sala, mas ela
descobriu que não podia. Nesse momento, ela precisava dele, e ela não faria nada para retardar
isso.
Ela assumiu sua posição na cama, tremendo deliciosamente com o quão vulnerável ela ficara.
Havia algo terrivelmente sensual sobre não estar permitida a olhar de volta para ele. A única
indicação do que ele estava fazendo era o som suave de sua roupa batendo no chão, o mergulho

da cama velha conforme ele subiu atrás dela.

Abby sabia que ele estava desesperado por ela, mas não havia nada que pudesse fazer
para apressá-lo. Em vez disso, ela sentiu as mãos dele deslizando ao longo de seus flancos, suas

costas. Ele estendeu a mão para apertar seus seios suaves, e, em seguida, passou as mãos por suas
coxas.
"Tão perfeita para mim," ele murmurou. "Você parece ter sido feita só para mim... "
Seus olhos se fecharam quando ele passou a mão entre suas pernas. Ele ainda podia sentir

como ela estava molhada. Ela havia sido saciada uma vez, mas agora ela sentiu um puxão
profundo dentro dela de necessidade e desejo renovados.
"Eu preciso de você," ela disse claramente. "Eu sempre precisei, mas agora, por favor, Adir,
não me provoque por mais tempo... "
Ela ouviu o som que ele fez, meio riso, meio gemido.
"Eu nunca poderia negar-lhe algo, querida."
Ela ouviu o som minúsculo de rasgar quando ele abriu o pacote de preservativos. Depois de
rolar o látex fino sobre seu pênis, ele ajoelhou-se atrás dela. Imagens passaram pela mente dela
sobre heróis conquistadores tomando seus prêmios. Em seguida, as mãos dele estavam em seus

quadris, mantendo-a imóvel enquanto pressionava sua ereção dura contra sua carne macia e
molhada. Por vários longos momentos, ele só brincou com ela, quase entrando antes de se afastar.
Ela podia se contorcer o quanto quisesse, mas as mãos dele eram fortes o suficiente para mantê-la
exatamente como ela estava.
Finalmente, ele deslizou seu comprimento inteiro profundamente dentro dela, um lento impulso
certeiro que a fez ofegar. Ele ficou parado, e, no silêncio, ela podia ouvir suas respirações
profundas. Ele estava enterrado dentro dela, tão fundo quanto ele conseguia.
Quando ele começou a se mover, ele enviou faíscas de prazer dançando através de seu
corpo, fazendo-a gemer de necessidade e desejo. Ele começou com estocadas lentas, mas, em
questão de momentos, ele apressou o passo. Ela sabia que ele tinha mantido seu desejo contido por

muito tempo, que ele não podia mais esperar. Incrivelmente, seu próprio desejo começou a crescer

também, balançando seu corpo enquanto ele a embalava com seus impulsos.
Seu prazer cresceu exponencialmente até que ela soube que chegaria ao clímax novamente.

Ela pegou nos lençóis, preparando-se e empurrando de volta contra o seu corpo poderoso. Cada
impulso parecia atravessá-la até seu núcleo, abanando o fogo que a consumia.
Ela pôde ouvir a respiração dele ficar baixa e rápida enquanto empurrava dentro dela,
usando-a para seu prazer e dando-lhe, ao mesmo tempo, tanto prazer em troca.

Finalmente, Abby não aguentou mais. Ela abafou seus gritos nos cobertores enquanto tremia.
Seu orgasmo foi menos intenso que antes, mas parecia estender-se para sempre, deixando-a fraca
e indefesa como um gatinho enquanto Adir encontrava seu próprio prazer.
Ela choramingou um pouco quando ele tirou dela. Ele acariciou seu corpo suavemente por um
momento antes de descartar o preservativo e voltar para segurá-la.
"Você tem tudo de mim," ela encontrou-se dizendo. Ela não sabia bem o que ela queria dizer
com aquelas palavras, mas havia uma verdade lá que ela não podia negar.
Ela o ouviu rir suavemente enquanto ele pressionou contra suas costas.
"Obrigado," ele sussurrou. "Eu nunca dei um presente tão fino. Da minha parte, você tem meu

coração, minha mente, cada parte de mim que você possa desejar."
Era um voto estranho, uma promessa estranha, mas havia algo sobre isso que simplesmente
parecia correto. Embalada pela forte batida do coração dele, e o movimento suave da mão dele
acariciando seus cabelos, ela se retirou em um sono profundo e reparador.
Capítulo Seis

As próximas duas semanas passaram-se como um borrão. Eles não puderam estar juntos
todos os dias, não importava o quanto quiseram. O trabalho dela a manteve ocupada, e a posição

de Adir como xeique exigia sua presença em todos os Emirados Árabes Unidos. Quando eles não
podiam se ver, trocavam mensagens, e agora que Azahra estava ficando mais confortável com
Adir, ela pediu para vê-lo no tablet e falar com ele no celular de sua mãe.
Abby ficava profundamente feliz em ver sua filha conversando como uma pombinha com

Adir, mas havia uma preocupação mais profunda lá também. O espectro de quando e o que ela
diria a Adir pairava sobre ela, mas ela sempre conseguia afastá-lo. Era sempre algo que poderia
esperar até um outro dia. Sempre poderia esperar até amanhã ou o dia seguinte.
Em uma noite, depois Azahra desligar o celular, ela se virou para sua mãe, seus grandes
olhos escuros pensativos.
"Mamãe, Adir é seu amigo, certo?"
"Bem, sim. Ele é um bom amigo meu. Nós nos conhecemos desde antes de você nascer."
"Você acha que você vai ficar perto do Adir para todo o sempre?"
Abby se perguntou aonde sua filha estava indo com essa linha de questionamento.

"Assim espero. Ele é alguém que é muito importante para mim. Eu gosto muito dele."
Azahra ficou em silêncio por um momento. Abby sabia que sua filha tinha algo muito sério em
sua mente, então ela esperou pacientemente.
"Você não conversou com Adir nem um pouco antes de virmos para Hayal."
"Não... coisas aconteceram, e perdemos contato."
"Vamos parar de vê-lo quando deixarmos Hayal?"
A questão direta e conseguiu atingir a ferida. Havia algo profundamente importante para
sua filha sobre estas questões, e Abby sentiu uma pontada profunda dentro dela com a forma
como as questões estavam indo.

"Essa é uma pergunta muito complicada," Abby se defendeu. "Eu não sei. Espero que não.

Adir é muito divertido, não é? Ele se tornou muito importante para você."
Azahra assentiu, mas seu olhar estava focado diretamente sobre sua mãe. "Ele é importante

para você, também," ela disse sem rodeios. "Você está feliz agora."
"Eu sempre fui feliz," disse Abby com surpresa, mas Azahra sacudiu a cabeça.
"Não, não desta maneira. Você está realmente feliz agora. Você ri e sorri mais. Eu gosto."
Sobrecarregada de emoções, Abby abraçou sua filha apertado. Às vezes, era fácil

esquecer que crianças pequenas eram tão perspicazes, e que elas podiam observar tanto.
"Eu gosto quando você está feliz também, querida," disse ela. "Obrigada por perceber."
Era verdade. A presença de Adir em sua vida era uma coisa maravilhosa. Azahra nunca
tinha se aberto tanto com um adulto que não era sua mãe ou sua avó, mas isso não era tudo. Ela
tinha razão. Abby se viu cantarolando ou cantando baixinho para si mesma durante todo o dia.
Quando ela soube que veria Adir, ela sentiu seu coração voar.
***
Eu não posso esconder isso dele por mais tempo, ela pensou uma noite. Eu tenho que dizer a
ele. Eu tenho que dizer a ele amanhã.

Ela se determinou a fazer exatamente isso, mas Adir tinha outra ideia. Ele veio para pegar a
mãe e a filha em seu carro, prometendo-lhes que ele as levaria para um local surpresa especial
para o almoço. Abby estava esperando ver, talvez, um café temático ou um dos restaurantes ao ar
livre que se tornaram tão populares na cidade, mas ela ficou surpresa quando, em vez daquilo, ele
encostou perto de um belo arenito antigo em uma zona calma da cidade.
"Que lugar é este?" ela perguntou, olhando ao redor.
"Vamos subir ali, eu acho que vocês duas vão gostar."
Eles tomaram um elegante elevador em forma de gaiola até o quarto andar, e eles foram
recebidos gentilmente por uma mulher mais velha na recepção. Todos os três receberam emblemas
de visitantes e puderam vagar aonde quisessem.

A primeira sala era um enorme espaço aberto onde algumas crianças pequenas não maiores

que Azahra praticavam cambalhotas e quedas sob o olhar atento de um instrutor de dança. Em
outra sala estavam crianças assistindo a uma aula de leitura que Abby ficou interessada em ver,

pois estava sendo dada em Inglês e árabe. Em uma terceira sala, vários jovens trabalhavam
diligentemente com argila, moldando o liso material cinza sob suas mãos conforme um instrutor os
ajudava a alcançar seus objetivos.
Esta foi a sala que chamou a atenção de Azahra. Ela olhou para sua mãe com uma súplica

sem palavras, mas Abby estava preocupada.


"Nós somos apenas hóspedes aqui, querida. Lembre-se que quando somos convidados, nós
olhamos, mas não tocamos."
"Na verdade, não tem problema. Temos crachás de visitantes para que possamos fazer o
que os estudantes estão fazendo. Vá em frente, Azahra, divirta-se."
Quando Azahra gritou e foi direto para a argila, Abby se virou para Adir com um sorriso
irônico.
"Eu espero que você esteja pronto para lavar a argila do vestido dela. Sério, agora, isto é
lindo. É um serviço de babysitting ou algum tipo de grupo comunitário de brincadeiras?"

Adir balançou a cabeça.


"Nada disso. Esta é uma pré-escola. É uma para a qual meus irmãos estavam pensando em
enviar seus filhos quando os tivessem, e me lembrei de sua existência outro dia. Eu pensei que
talvez Azahra pudesse gostar de ir à escola aqui durante o dia. Há um serviço de transporte que
a escola usa que a buscaria e traria..."
Abby olhou em volta para o luxo da tranquila pré-escola, sentindo-se apenas um pouco
desesperada.
"Adir, eu não quanto você pensa que eu ganhe, mas isso é muito além do meu orçamento,"
ela disse com tristeza. "A única razão pela qual eu posso pagar a que ela está indo é que faz
parte do programa da universidade. Está longe de ser perfeita, e, às vezes, eu me preocupo com

as coisas que ela está aprendendo com as outras crianças lá, mas isso é o que temos. Eu não estou

ponta para ensinar a minha filha que podemos viver acima das nossas possibilidades... "
Ela foi interrompida quando Adir pegou o rosto dela entre as mãos.

"Tudo bem, Abby, só por um momento, pare e olhe para mim, tudo bem? Você pode fazer
isso por favor?"
Ela piscou para a seriedade de suas palavras. Quando ela parou, olhou-o nos olhos. Eles
eram tão escuros quanto a meia-noite, e ela pensou que nunca o tinha visto parecer tão sério.

“O que? Qual é o problema?"


"Querida, você realmente acha que eu iria trazê-las aqui sem me oferecer para pagar por
tudo isso? Azahra é uma menina muito especial, e ela merece o melhor. Isso é algo que eu posso
dar a ela. Além disso, é muito fácil para mim dar a ela, e eu quero."
"Ah... meu deus, Adir, eu não posso aceitar isso! Isso é demais, é demais..."
"Ouça. Não é. Eu me importo com você profundamente, na verdade, eu... bem, isso pode
esperar para quando não estivermos cercados por crianças pequenas, talvez. Mas isso é algo que
eu quero muito lhes dar. Eu quero ter certeza de que Azahra tenha o melhor. Por favor. Eu não vou
forçá-la a aceitar se você sente isso fortemente, mas tenha certeza, isso é algo que eu quero fazer

e que eu posso fazer muito facilmente."


Desamparada, Abby virou-se para onde a filha estava brincando com o barro. Seu vestido
já era um caso perdido, mas ela parecia profundamente feliz por estar criando algo. Ela pensou
na pré-escola em que Azahra estava, que estava lotada e que tinha tão pouco espaço para tantos
corpos minúsculos. No final, não tinha muita opção, de fato.
"Obrigada," ela sussurrou, jogando-se nos braços de Adir. "Obrigada, muito obrigada."
Adir deu um enorme sorriso, como se fosse quem recebera o presente.
"Não há de que. Ela pode começar amanhã, se quiser. Eu acho que ela vai realmente
apreciar este lugar. Ele tem um forte interesse pelas artes e o que você pode fazer com um número
de diferentes mídias. Eles até vão introduzi-la a um instrumento se ela estiver interessada."

"Ah, ela é interessada por tudo. Eu... Eu acho que eu sempre tive medo do que aconteceria

quando ela quisesse fazer algo que eu não pudesse pagar. Quer dizer, eu sei que você foi muito
generoso, mas aquele dinheiro não durou para sempre... "

"Dinheiro?"
Abby encolheu, ciente de que ela tinha tropeçado em um tópico proibido novamente.
"Desculpe, não é algo que nós... "
"Abby, do que você está falando?"

Relutante, ela começou a responder, mas depois Azahra correu para eles, as mãos cheias de
algo cinza e mole.
"Eu fiz este para Adir! Adir, olha isso!"
"Ah, impressionante, pequena artista. É muito... impressionante." "
"É um cavalo," Azahra disse com orgulho. "Você não pode tê-lo ainda, no entanto. O
professor diz que vamos queimá-lo de modo que fique duro e, em seguida, não vai escorrer
quando eu carregá-lo."
Adir riu. "Que maravilha. Eu tinha certeza que ele ia escorrer enquanto eu tentava levá-lo
para o trabalho. Azahra, se você tiver terminado, devolva-o ao seu professor. Você pode voltar

amanhã e ver se ele foi queimado, tudo bem? Agora, eu quero levar você e sua mãe para
almoçar. Depois disso, talvez possamos ir nadar. Isso não seria bom?"
Azahra aplaudiu, correndo de volta para o professor, e Abby se virou para Adir, um leve
sorriso no rosto.
"Você realmente gosta de fazer isso, não é?" ela perguntou.
Adir estava cuidando de Azahra, e, por um momento, ele não se virou para olhar para ela.
"Fazer o que?"
"Interceder. Dar a ela as coisas de que ela precisa. Cuidar dela."
"Claro que sim," disse Adir, como se fosse a coisa mais natural do mundo. "Eu vou admitir, no
começo era só porque ela era sua. Eu estaria inclinado a me preocupar com qualquer criança que

a tivesse como mãe. No entanto, conforme vou conhecendo ela... é como assistir ao nascer do sol.

Há um universo inteiro em seus olhos. Ela está apenas começando, e ela é tão destemida, mesmo
sendo pequena e delicada ao mesmo tempo. Eu quero protegê-la."

"Você tem bons instintos," Abby disse suavemente.


Ela se decidira. Naquela noite, quando estivessem sozinhos, depois de Azahra ir dormir, ela
iria contar a ele. Depois disso, o que quer que acontecesse, eles poderiam avançar sabendo a
verdade.

***
Azahra tinha estado em piscinas antes, mas ela nunca esteve nas suaves águas azuis de um
spa fechado de luxo. Havia uma dúzia de outros grupos lá, dando-lhe uma atmosfera que era
quase como a de um parque aquático. Azahra correu e gritou com prazer, juntando-se às outras
crianças em suas brincadeiras.
Adir assistiu com carinho, sentindo seu coração inchar como um balão. Quando ele estava
com Abby e Azahra, sentia coisas que nunca tinha sentido antes. Havia uma calma paz e
contentamento dentro dele que o faziam se sentir como se nada mais no mundo importasse. Era um
momento em que ele não se importava consigo mesmo, quando tudo o que importava era a

felicidade desses dois outros seres humanos.


Quando ele olhou para elas, tudo pareceu correto em seu mundo. Mesmo quando ele não
estava com elas, uma parte dele estava sempre pensando sobre elas e perguntando o que elas
estavam fazendo. Se alguém lhe tivesse perguntado um mês atrás o que ele teria pensado de ver
Abby com uma criança pequena, ele não saberia o que dizer. Agora ele sabia que Azahra era
uma parte de Abby, e ele nunca iria querer separá-las.
Quando Abby foi buscar algumas toalhas, ele pensou sobre como poderia ser ter as duas
como parte permanente de sua vida. Isso não seria apenas um interlúdio maravilhoso, um lugar
para ficar longe de sua vida real. Elas seriam a sua vida real, e o pensamento encheu-o com um
calor que não pôde esconder.

Ele tinha pensado antes sobre se propor para Abby, mas agora ele sabia que não havia

outras opções abertas para ele. Ele queria manter as duas, e tudo o que podia fazer era
perguntar se elas queriam mantê-lo também.

Rapidamente, ele se perguntou sobre o pai de Azahra. Aquilo era parte do passado, um
livro fechado, mas quem quer que tivesse abandonado uma menina tão doce e gentil como Azahra
e uma mulher tão bonita e apaixonada como Abby era claramente um homem que não as merecia.
Ele sabia que havia uma chance de Abby dizer que não, mas ele tinha que perguntar. Ele

estava planejando encontrar um joalheiro para o anel de noivado quando percebeu que Azahra
estava tentando alcançar algo.
Havia uma fonte com água correndo, e agora que ele estava olhando, percebeu que havia
torneiras ali que controlavam as correntes de água. Azahra desesperadamente queria brincar com
elas, mas ela era muito pequena para fazê-lo.
Com um sorriso, Adir foi até lá, levantando-a facilmente.
"Obrigada, Adir!" ela disse, olhando por cima do ombro para ele.
"É claro, brinque como quiser, pequena."
Ele sorriu enquanto ela brincava com as torneiras. Um dia, ela seria uma linda mulher. Ele

esperava que ela fosse capaz de sentir essa alegria por toda sua vida.
Abby tinha amarrado o cabelo de Azahra naquele dia, deixando a nuca aberta e exposta.
Por um momento, ele pensou que ela tinha, de alguma forma, manchado sua nuca com alimentos ou
sujeira, mas quando ele olhou mais de perto, ele pôde ver que era um tipo de marca de nascença.
Não era escura, e não era perceptível; seria completamente coberta pelos cabelos.
De repente, o sangue de Adir gelou.
Ele olhou para a marca de nascença um pouco mais de perto, observando como estava
escura em comparação com o resto de sua pele, notando as pequenas sardas que ficavam
espalhadas nela. Ele conhecia aquela marca de nascença muito bem. Seu pai tinha uma igual.
Ambos os seus irmãos tinham. Ele tinha.

E agora, ao que parecia, sua filha tinha.

Alheia ao choque dele, Azahra continuou a brincar com as torneiras, rindo em silêncio
enquanto fazia a água espirrar. Ele olhou para ela, surpreendido com a forma como o mundo tinha

mudado no curso de apenas alguns segundos.


Alguns momentos antes, ela tinha sido uma menina doce que ele queria adotar para
proteger e amar. Toda aquela emoção ainda estava lá, mas agora estava sendo inundada também
com uma intensa confusão e raiva.

Esta era sua filha, o sangue de seu sangue, a carne de sua carne. Ela era sua de uma
maneira que nenhuma outra pessoa no mundo era, e, até poucas semanas atrás, ele não tinha ideia
de que ela existia.
Ele começou a se sentir trêmulo, e, de repente, ele teve que colocá-la para baixo.
"Adir? Você está bem?"
"Claro. Eu estou bem, só estou um pouco cansado. Você está ficando grande, afinal de
contas."
Ele conseguiu se recompor bem o suficiente para fingir um sorriso. Ela era uma criança
perceptiva, e ainda parecia preocupada.

"Devemos ir para casa?" ela perguntou. "Se você está se sentindo mal, não vai ser divertido
para você ficar aqui."
Ela soava como Abby quando dizia isso, algo que o fez recuar.
"Eu gostaria que você tivesse mais tempo para brincar, mas talvez fosse bom se nós fomos
para casa, sim."
Azahra assentiu bruscamente, desinteressada em brincar se alguém com quem se importava
estivesse sofrendo. Ela tomou sua mão e levou-o de volta para Abby, que estava sentado na beira
da piscina com uma pilha de toalhas brancas macias.
"Adir não está se sentindo bem. Devemos levá-lo para casa e fazer ele se sentir melhor."
"Ah, não, isso não é bom," disse Abby, olhando para Adir. "Vamos voltar para a minha casa?"

Era difícil olhar para Abby naquele momento. Ela era a mulher que ele amava, mas ela

também era a mulher que o havia impedido de ver sua filha por toda a sua vida. Ele queria gritar
com ela, exigir respostas, fazê-la entender o que ele tinha perdido.

Em vez disso, ele conseguiu manter seu temperamento sob controle e assentiu. Deve ter
parecido mesmo que ele estava doente, pois ela simplesmente entregou-lhes as suas toalhas e
começou a secar, ela mesma.
Terei minhas respostas, ele pensou.
Capítulo Sete

Abby estava preocupada. Adir não tinha sido ele mesmo desde que tinha voltado da piscina.
Ele disse que não se sentia bem, ou, pelo menos, Azahra disse que ele não se sentia bem. Ele tinha

ficado quieto durante todo o caminho de casa. Azahra compensou conversando sobre sua nova
escola e o spa que tinham visitado. Adir respondeu à menina, mas quando Abby falou com ele, ele
respondeu calmamente e sem inflexão.
De alguma forma, ela tinha ficado durante o jantar sem perguntar o que estava

acontecendo, mas havia ali uma nuvem negra que pairava sobre o ambiente. Eles assistiram a dois
desenhos animados antes de chegar a hora de Azahra deitar.
Havia se tornado um ritual noturno para Adir ajudar colocando-a para dormir enquanto ele
esteve lá. À noite, Azahra o abraçou ferozmente quando ele se abaixou para beijar o topo da
cabeça dela.
"Fique conosco para sempre," disse ela, sonolenta. "Eu não quero que você vá.
"Eu não vou," disse ele. "Eu me importo tanto com você, Azahra."
Abby pensou que as palavras a emocionariam, mas havia algo ali que fez arrepios correrem
por sua espinha. Ela não sabia o que poderia ser, mas ela sabia que era algo escuro.

Depois que ela fechou a porta do quarto de Azahra, ela encontrou Adir esperando por ela
na sala de estar. Em vez de sentar no sofá, ele estava de pé no centro da sala. Seus ombros
estavam tensos, como se esperasse uma luta, e seus olhos eram tão escuros quanto a meia-noite.
"Adir-" Ela não sabia como começar, mas ele foi direto ao ponto.
"Quem é o pai de Azahra?"
Abby queria dizer para Adir a verdade nesta noite, mas sua declaração acusatória a
empalideceu.
"Adir, por favor-"
"Não. Não, por favor Sem protestos, sem mais jogos e mentiras. Diga-me quem é o pai de

Azahra, ou eu vou marchar para fora daqui direto para os meus advogados. Vou fazer um teste

de sangue legal, e depois vou saber com certeza, independentemente do que você tem a dizer
sobre o assunto."

Ele olhou para ela com o fogo do inferno em seu olhar, e, diante daquele calor, ela se
dobrou.
"É você," ela sussurrou, sentindo como se algo dentro dela tinha quebrado e nunca seria
reparado.

"Quando você ia me dizer?" ele exigiu. "Você ia esperar até que ela fosse adulta e eu
tivesse perdido toda a sua vida? você estava planejando evitar o assunto para sempre? Será que
ela mesma sabe?"
As perguntas tamborilavam contra ela como impiedosos golpes de martelo. Ela colocou as
mãos sobre o rosto, incapaz de enfrentar sua fúria.
"Adir, não, por favor, eu ia te dizer, eu juro, eu ia te dizer nesta noite..."
"Você deveria ter me dito há cinco anos!" ele rosnou. "Não importa o que você pensasse de
mim, você deveria ter tido alguma misericórdia. Mesmo que você estivesse pronta para me pôr de
lado no momento em que eu estivesse fora de vista, você deveria ter tido a decência e senso

comum de me dizer que eu tinha uma filha!"


Suas palavras duras penetraram em sua confusão, e sua cabeça se levantou.
"Pôr de lado-?"
"Eu respeitei sua vontade. Eu era um homem de luto, e eu achei que as coisas tinham mudado,
mas certamente você me conhecia bem o suficiente para saber que eu gostaria de saber que eu
tinha uma criança! Certamente você sabia que isso teria mudado tudo... "
"Adir… Azahra foi uma surpresa, e, então... então, quando você foi embora..."
Ele balançou a cabeça como se fosse um animal enfurecido. Ela nunca tinha realmente
percebido antes o quão grande ele era, quanto espaço ele poderia ocupar quando estava com
raiva.

"Você a manteve longe de mim," disse ele, como se ele continuasse sendo surpreendido pelo

fato de uma e outra vez. "Você a manteve longe de mim por cinco anos, não se importando com o
que eu perdi ou o que eu poderia ter querido ver..."

"Eu me preocupei sim," ela sussurrou.


"O suficiente para vir a Hayal quando seu dinheiro acabou?" ele exigiu. "O que você ia
fazer, Abby? Você queria que eu me aproximasse de Azahra para que você pudesse me
chantagear? É esse seu jogo?"

A pura injustiça monumental de suas palavras a atingiu em cheio. Ela olhou para ele como um
coelho diante de um lobo, sentindo como se estivesse prestes a ser comida e incapaz de impedi-lo.
"Adir, pare, por favor, pare..."
"Funcionou, Abby," ele disse cortante. "Agora que eu sei, não há nenhuma maneira de eu
deixar minha filha passar alguma necessidade. Ela vai ter toda a parte do mundo que eu puder
lhe dar. Graças a Deus, Abby, que eu vi que você é uma excelente mãe ou eu teria tomado ela de
você em um piscar de olhos."
Abby se sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Nunca, em um milhão de anos,
ela pensaria que Adir pudesse tomar Azahra dela, mas agora ela percebeu que ele poderia fazê-

lo. Ele era o xeique de Hayal, e ela não era ninguém.


Ele deve ter visto o olhar de puro terror em seu rosto, porque ele cedeu um pouco.
"Eu não vou," ele rosnou. "Ela te ama, e eu nunca tomaria ela de você. Você vai ter tudo o
que quiser, contanto que eu tenha um tempo para vê-la, mas agora eu juro, você nunca vai me ver
novamente. Eu quero a minha filha, eu não quero você..."
Ela abriu a boca para dizer algo em sua própria defesa, para explicar o que ela tinha
atravessado e o que ele tinha feito com ela, mas ela estava em colapso. Ela não podia falar, e as
lágrimas que corriam pelo seu rosto eram tão quentes quanto ferro fundido.
Então, terrível no silêncio entre eles, veio um alto e assustado grito. Ambos giraram para
olhar para a porta, onde Azahra estava. Ela parecia um pequeno fantasma com sua camisola

branca, ou ela pareceria se fantasmas tivessem cabelos que ficassem presos descontroladamente

em todas as direções.
"Ah, querida!" Abby disse, caminhando para buscá-la.

Sua filha era pequena para sua idade e magra também. Ela parecia ar nos braços de
Abby, mas ela estava tão dura quanto uma tábua.
"Mamãe, mamãe, por que você e Adir estão com tanta raiva? O que aconteceu?"
Abby não sabia se havia palavras suficientes no idioma português para explicar. Bem

quando ela abriu a boca para tentar explicar de qualquer maneira, houve um estrondo alto na
porta da frente. Quando ela virou a cabeça ao redor para ver, seu coração afundou quando
percebeu que seus piores medos foram confirmados.
Adir havia saído, e seu silêncio pairava no apartamento como uma névoa escura.
"Sinto muito, querida," ela continuou dizendo. "Tudo ficará bem."
***
Adir descolou do meio-fio com uma velocidade feroz que fez os carros ao seu redor
buzinarem de indignação. Ele não se importava mesmo. A raiva estava desaparecendo, deixando
para trás uma profunda tristeza e uma dor que parecia que nunca iria acabar.

Agora que o confronto com Abby acabou, ele podia sentir coisas que ele não queria sentir
antes. Ou seja, ele precisava saber por que Abby nunca lhe dissera.
Será que ela o queria fora de sua vida tanto assim? Será que ela decidiu que ele não seria
um pai apto?
Ele era o xeique que nunca deveria ter sido. Ele estava ciente do fato que, se não fosse a
tragédia que se abateu sobre sua família, ele nunca teria sido o xeique. Deveria ter sido um de
seus irmãos, não ele.
Adir sabia que ele tinha se tornado xeique por acidente, algo que ele nunca mereceu ou
procurou. Agora, ele estava desesperadamente com medo de ter se tornado pai da mesma
maneira.

Quando pensou em Azahra naquela porta escura, seu pequeno rosto contraído de medo e

as lágrimas em seu rosto, ele só conseguia pensar em como ele a tinha assustado. Quão terrível
deve ter sido para uma criança tão jovem vê-lo berrando daquela forma, ouvi-lo acusando a mãe

de tais coisas terríveis.


Por mais que ele quisesse fazer de Abby uma vilã, ele sabia que não podia fazer isso. Ela
era a mulher que tinha motivos para tudo o que fazia. Ela era ferozmente protetora de sua filha.
Ela nunca teria feito algo que ela achasse que prejudicaria Azahra.

Isso significava que, em algum momento, ela decidiu que ele não deveria estar na vida de
Azahra. O pensamento era como uma lança viajando em linha reta através de seu coração, tirando
a vida dele.
Ele estacionou na garagem do palácio, deixando o seu carro com o manobrista.
Ele foi para seus aposentos privativos, batendo a porta atrás de si. Na escuridão de seus
aposentos, ponderou a vida e como ela mudou diante dele. Em menos de vinte e quatro horas, ele
tinha ganho mais do que ele jamais pensara, mas também perdeu tudo.
Adir pensou sobre o calor que ele tinha experimentado com Abby e Azahra, e como aquilo
desaparecera agora.

O sentimento de perda o eviscerou, e agora ele não tinha ideia de como avançar.
Capítulo Oito

De alguma forma, ela conseguiu colocar Azahra de volta na cama naquela noite. A menina
não tinha entendido o que tinha sido dito. Em vez disso, tudo o que ela sabia era que dois dos

adultos mais importantes na sua vida estiveram brigando, e um deles tinha saído.
"Ele se foi para sempre?" Azahra perguntou, impotente.
"Não, querida, não para sempre, eu prometo. Ele se preocupa muito com você, e ele não iria
deixá-la para sempre..."

A resposta não tinha satisfeito Azahra, que só chorou mais. Em algum momento, ela
finalmente chorou até dormir, aninhada na cama de Abby debaixo de seu braço.
Por sua vez, Abby queria chorar, mas então descobriu que não conseguia. Era como se todas
as emoções das últimas vinte e quatro horas tivessem sido drenadas diretamente dela, deixando-a
terrivelmente dormente. Neste estado, tudo o que ela pôde fazer era remoer as coisas terríveis que
Adir tinha dito a ela, as coisas terríveis de que ele a acusara.
Ela caiu em um sono leve e inquieto. Parecia que ela acordava a cada poucos minutos até
que finalmente, ao amanhecer, ela se levantou para se fazer um chá. Poucas horas depois, um
mensageiro apareceu com um conjunto de lindas roupas para Azahra, e uma nota anexa, que dizia

que ela deveria usá-las em seu primeiro dia na sua nova escola. Abby sabia como era a escrita de
Adir, e ela sabia que essa não era sua nota. Seu coração doía até mesmo quando ela acordou
Azahra para seu primeiro dia.
Azahra estava ansiosa para seu primeiro dia, mas ela estava tranquila, apenas comendo um
pouco de seu café da manhã. Várias vezes, ela perguntou a sua mãe se ela devia ficar em casa
para ver se Adir voltaria, mas Abby disse-lhe firmemente que ela precisava ir.
"Vai ficar tudo bem," ela mentiu. "Você vai vê-lo novamente em breve."
Ela ficou aliviada quando Azahra não perguntou quando. Ela levou a filha até o ônibus, e
então ela ficou sozinha com seus pensamentos.

De alguma forma, as lágrimas ainda não vinham. Ela sentiu como se tivesse sido atropelada

por um caminhão, mas ainda havia trabalho a ser feito, afinal. Ela sentou-se para se corresponder
com a universidade, e, em seguida, havia imagens que precisavam ser ordenadas. O trabalho não

a fez feliz, mas pelo menos manteve sua mente fora da confusão diante dela.
As coisas entraram em um padrão nos próximos dias. Ela levava Azahra para a escola. Ela
trabalhava. Obrigava-se a comer quando precisava. Ela existiu em uma espécie de limbo cinza.
Finalmente, na tarde de uma noite, ela começou a chorar, e ela não conseguia parar. As

lágrimas foram um alívio no início, e então ela ficou aterrorizada quando elas não pararam. Ela
continuou a soluçar até mesmo depois de as lágrimas acabarem, seu corpo convulsionando de tanto
lamentar. Ela fechou a porta de seu quarto e colocou o cobertor sobre a cabeça para que Azahra
não a ouvisse. Ela não se acalmou até perto da manhã, e foi então que ela percebeu que
precisava de ajuda.
Abby ligou para sua mãe, que prometeu estar no próximo avião para Hayal. Quando ela
chegou, ela não perguntou nada para sua filha, mas em vez disso começou a trabalhar colocar a
casa em ordem e cuidar de sua neta.
Abby pôde finalmente ver um fim ao sofrimento, ou pelo menos um começo do fim. A pior

parte era que ela se lembrava disso. Lembrou-se de como se sentira pela primeira vez Adir a
havia abandonado, e ela tinha sobrevivido àquilo. Desta vez era pior, mas agora ela sabia que
também sobreviveria.
***
Adir finalmente descobriu que ele sobreviveria ao que tinha acontecido com ele quando ele
se levantou uma manhã e não sentiu raiva ou mágoa, mas apenas vazio. Ele se levantou, fez a
barba, fez o seu trabalho, ele conversou com as pessoas que precisava, e ele participou dos
eventos que ele precisava participar. Em todas as coisas, ele foi como era antes, exceto pelo fato
de que a vida tinha saído dele.
Após sua raiva inicial, ele tinha chegado a algumas conclusões sobre a situação. Ele veria

Azahra em algum momento, mas agora, ele pensou que sua presença só iria confundi-la. Talvez,

quando ela fosse um pouco mais velha, ele pudesse ver como Abby se sentiria sobre longas visitas
com ele no palácio. Neste ponto, era como se a melhor coisa que ele pudesse fazer para sua

menina... era não estar em sua vida.


Abby tinha suas razões. Ele sabia disso agora. Mesmo depois de toda a raiva e toda a
fúria, ele ainda a amava, e ele respeitava seu julgamento, especialmente quando se tratava de sua
filha. Era a única maneira de ele compreender as coisas. Ele se perguntou se sempre se sentiria

dormente assim, se talvez ele começaria a melhorar quando Abby lhe permitisse ver Azahra
novamente.
Ele ficou dormente, de forma confortável, até Abdul vir procurá-lo. Ele estava olhando alguns
documentos em seu escritório quando seu tio entrou. Por um breve momento, pensou que seu tio
pudesse ter algo a dizer que era útil, ou talvez até mesmo simpático, mas, em seguida, ele abriu a
boca.
"Bem, agora que lidamos com aquele desconforto, você pode começar o negócio sério de
procurar uma esposa."
O que normalmente teria sido uma torrente de ira se esmaeceu em aborrecimento. Adir nem

sequer olhou por cima de seu trabalho.


"Não estou interessado, tio. Estou ocupado agora."
Às vezes, isso era o suficiente para afastar seu tio, mas não hoje. Hoje, Abdul ficou
confortável na poltrona ao lado da mesa e se inclinou para frente.
"Você escapou por pouco na última vez que se enroscou com a menina americana," disse ele
em advertência. "Estou ficando velho, e estou muito satisfeito por ver que você não exigiu a minha
ajuda desta vez. Desta vez você foi capaz de se livrar, mesmo parecendo ter saído machucado."
Adir estava disposto a ignorar seu tio, mas algo que ele disse mexeu com sua mente. "Sua
ajuda? Desta vez?"
Abdul assentiu, parecendo surpreendentemente presunçoso. "Quando você esteve em luto

sobre a nossa família. Você não podia ser sobrecarregado com tal mulher enquanto estava a

tomar o seu lugar no mundo. Eu me certifiquei de que ela fosse compensada e dispensada."
A raiva que estava desaparecida antes finalmente apareceu. Adir segurou seu

temperamento com força, porque de outra forma, ele iria perdê-lo completamente. Então, ele
poderia, na verdade, matar seu tio, e até mesmo o xeique de Hayal não conseguiria se safar de
algo assim. Em vez disso, ele manteve a voz baixa e razoável ao fazer sua próxima pergunta.
"E que compensação seria essa?"

"Um cheque," Abdul disse com desdém. "Uma ninharia, mas foi o suficiente para afastá-la.
Ela não estava acostumada com nossos círculos, meu sobrinho, e ela foi facilmente comprada."
Ele se lembrou das estranhas menções que Abby tinha feito sobre dinheiro, coisas que o
fizeram recuar agora. Ele não sabia o que estava fazendo quando disse que deveriam evitar
falar do passado. Ele tinha sido um tolo, e ambos tinham pago por isso.
"Você a subornou," disse ele, seu coração batendo forte no peito. "Você a pagou para me
deixar em paz."
"É isso mesmo," disse seu tio, aparentemente ainda desconhecendo o gelo fino sobre o qual
ele pisava. "E então, quando ela teve a ousadia de tentar contatá-lo novamente, eu a coloquei na

lista negra de todos os canais de comunicação que estavam disponíveis para ela. Ninguém podia
falar com ela. Ninguém daria sequer uma palavra. Fiz com que ela eventualmente parasse, mas
levou um ano."
Um ano.
Era tempo suficiente para ela ter a sua filha. Foi tempo suficiente para Azahra ver a luz do
dia. Teria ela chegado à embaixada com Azahra em seus braços para ser rejeitada? Ele estava
enojado com seu tio, mas mais do que isso, ele estava enojado consigo mesmo.
Abdul ainda estava falando sobre uma coisa ou outra, mas, em seguida, Adir levantou-se
como um redemoinho do deserto. Ele agora entendia a fúria dos xeiques antigos, que poderiam
atacar um homem assim que o julgamento fosse pronunciado. Deve ter havido algo terrível em seu

rosto, porque seu tio gaguejou e parou.

"Arrume suas malas," disse ele, sua voz ainda mantendo o mesmo tom razoável.
"O que?"

"Arrume suas malas. Suas habilidades foram tão valiosas para mim que eu sinto que não
posso mantê-las só para mim. Estou enviando-lhe para trabalhar em uma de nossas embaixadas, e
estou certo de que você será tão útil lá que serão necessários muitos anos antes de retornar para
Hayal, se, de fato, você retornar..."

O rosto de Abdul empalideceu quando percebeu o que era que Adir realmente estava
dizendo. Ele estava falando sobre exílio de sua terra natal, uma ordem para nunca mais ser
revogada.
"Sobrinho."
"Saia!" Adir berrou. "Saia e reze para que eu não perca qualquer fragmento de
misericórdia que me resta por você, velho!"
Abdul fugiu da sala tão depressa quanto suas pernas trêmulas permitiram, deixando Adir
sozinho no quarto. Ele respirou fundo, tentando conter a raiva que o havia tomado. Por um
momento, ele estava realmente com medo de que fosse atacar seu tio.

Ele colocou a raiva de lado. Ele não podia se dar ao luxo de ficar com raiva agora. Em vez
disso, ele tinha que ir resolver um assunto, o tanto quanto podia. Ele só rezou para que não fosse
tarde demais. Se fosse... se fosse, ele aceitaria, mas ele se recusou a aceitar isso como uma opção.
Ainda não.
Ele pegou o telefone e começou a fazer chamadas. Em vez de dirigir para a casa de Abby,
ele ligou para um motorista. Levaria vinte minutos para chegar lá, e tinha a intenção de fazer cada
minuto contar.
***
"Tem certeza de que você não vai vir conosco, querida? O parque é muito lindo."
Abby sorriu, sacudindo a cabeça.

"Não, vocês duas vão. Tenham uma boa caminhada. Talvez hoje à noite possamos

encomendar alguma coisa para comer."


Antes de encontrar sua neta, a mãe de Abby segurou o rosto da filha com a mão.

"Eu espero que você venha com a gente em algum momento," disse ela. "Você esteve enfiada
aqui tanto tempo. Não pode ser bom para você."
"É bom para o trabalho," Abby disse com firmeza. "Meu professor está falando sobre isso, e
isso significa que há uma melhor chance de que ele queira que eu continue a trabalhar para ele.

Eu poderia ser capaz de me mudar de volta para os Estados Unidos assim que o semestre
terminar."
Ela tinha chegado a essa decisão em algum momento nos últimos dias. Ela sempre se sentiria
em casa em Hayal, mas havia um aspecto assombrado ali. Em todos os lugares que ela fosse e
tudo o que fizesse estaria à sombra de suas memórias de Adir. No final, era simplesmente muito
difícil. Ela sabia que ele iria continuar com seu apoio a sua filha, e, além daquilo, era tudo o que
poderia esperar.
Ela viu a mãe e filha indo embora, e ela se sentou para começar a trabalhar. Abby estava
apenas começando a engrenar quando houve uma batida na porta.

Ah, será que elas se esqueceram de alguma coisa, ela pensou. Foi por isso que ela abriu sem
olhar, e ela olhou em choque para quem era.
Era Adir, mas como ela nunca o tinha visto. Ele parecia selvagem, seu cabelo despenteado e
os olhos escuros. Ele parecia um homem que acabara de escapar por pouco de um destino escuro,
ou talvez um homem que estava caminhando para um.
"Qual é o problema?" ela perguntou em choque. "Está tudo bem?"
Adir olhou para ela por um momento, e então ele soltou uma risada áspera. Ela se encolheu,
mas ele balançou a cabeça.
"Não," ele disse. "Por favor, Abby, posso entrar?"
Ela assentiu com a cabeça, instintivamente, perguntando-se o que diabos ele poderia querer.

Uma pequena parte dela esperava que ele a tivesse perdoado por sua apunhalada, mas ela

esmagou essa parte. Ela teve uma grande quantidade de prática em fazer isso nas últimas
semanas.

"Onde está Azahra?"


"Ela foi ao parque com minha mãe... Adir, por favor, diga-me o que está acontecendo."
Ele se virou para ela, e, em seguida, para sua surpresa, ele caiu sobre um joelho. Quando
ele olhou para ela, seus olhos estavam implorando.

"Eu tenho várias coisas que eu preciso dizer. você vai ouvir?"
"Sim, claro que vou, Adir."
"Eu não sabia," disse ele, entrecortado. "Eu não sabia que a porcaria do meu tio tinha pago
a você. Se eu tivesse sabido, eu teria torcido o pescoço do velho. Por favor, eu nunca teria feito
algo assim com você. Nunca. Eu teria cortado meu próprio braço antes de eu deixar ele fazer isso,
se eu soubesse, mas eu não..."
O coração de Abby começou a bater mais rápido conforme as peças se encaixavam. "Você
não... então depois..."
"Sim. Depois, quando você tentou me contar sobre Azahra, eu não sabia. É claro que eu não

sabia. Ele me manteve cego enquanto eu estava tentando aprender a governar o país. Ele te
bloqueou, de forma que você não conseguia me atingir, e ele me impediu de entrar em contato com
você. Eu fui um tolo. Eu deveria ter retornado. Eu deveria ter voltado para vê-la com meus próprios
olhos."
"Adir, não-"
"Por favor, deixe-me terminar. Meus crimes contra você foram imensos, começando há cinco
anos, culminando com o que eu disse, nesta mesma sala, apenas algumas semanas atrás. Eu nunca
conseguiria remediá-los, mas eu te juro, Abby, que vou passar o resto da minha vida tentando
fazer isso. Se você se casar comigo, se você me deixar entrar em sua vida, eu serei o melhor
marido e pai, na medida de minha capacidade."

Ele puxou uma caixinha de veludo do bolso, abrindo antes de apresentar a ela.

"Isto é seu, não importa o que você disser," ele disse suavemente. "Você sempre será minha
estrela brilhante."

Ela engasgou com o anel de diamante aninhado no veludo. Um diamante rosa central era
cercado por diamantes minúsculos em torno de seu perímetro. Sem dizer nada, ela ofereceu-lhe a
mão e ele colocou o anel em seu dedo.
"Quer se casar comigo, Abigail Langston?"

"Sim," ela sussurrou, porque para ela, nunca houve qualquer outra escolha. "Sim, sim, sim…"
Ele se levantou, varrendo-a em seus braços e dando-lhe um beijo apaixonado que lhe tirou o
fôlego. Ela colocou os braços ao redor dele, maravilhada que isso era para sempre, que aquilo
pelo qual ansiava por todos esses anos tinha se tornado realidade.
"Nós vamos fazer isso?" ela perguntou.
"Fazer o que?"
"Será que vamos viver felizes para sempre? Você, eu, e Azahra?"
Seu sorriso rivalizava com a luz do sol.
"Claro que sim."

FIM!

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Capítulo Um

Irene respirou profundamente duas vezes. Não importava quantas respirações tomasse,
tampouco importava o número de vezes que tentasse visualizar uma luz pura e branca ou contar

deliberada e cuidadosamente até dez, ela não conseguia fazer com quem os batimentos de seu
coração desacelerassem.
Ao invés, tudo o que ela poderia fazer era plantar os pés no piso do aeroporto, segurando
apertadamente a sua bolsa, e refletir sobre o que havia acontecido dois dias atrás.

Dois dias atrás, ela era apenas mais uma estudante de graduação da Universidade de
Khanour, indo para a aula, enviando mensagens para seus amigos e aproveitando a oportunidade
de pesquisa numa universidade estrangeira. Khanour, um dos abastados, porém isolado membro
dos Emirados Árabes Unidos, era um valioso tesouro para seu estudo sobre a arte pré-islâmica, e
ela sabia que deixaria o país bem preparada para terminar sua tese.
Dois dias atrás, ela estava refletindo sobre o simbolismo da água em certas civilizações
antigas, quando repentinamente, dois homens grandes apareceram em ambos seus lados. Eles
estavam vestidos de formas simples, mas havia algo de ameaçador sobre eles, algo intensamente
assustador sobre a maneira como eles a observavam.

“Você é Irene Bellingham?” um deles perguntou.


Antes mesmo de pensar que pudesse mentir, ela fez que sim com a cabeça, e eles se
aproximaram ainda mais. Um rápido olhar pela rua revelou que ela estava sozinha, e lhe ocorreu
que os homens sabiam das circunstâncias antes mesmo de se aproximarem dela.
“Certo, você precisa vir com a gente,” um deles disse, e moveu sua jaqueta para o lado,
apenas o suficiente para que ela visse a coronha da arma que ele carregava escondida num
coldre axilar.
Irene paralisou. Não havia escolha, nada que ela pudesse fazer. Ela permitiu ser levada
para dentro do carro, imaginando o que seria dela. Ela havia escutado sobre garotas serem

sequestradas em outras partes do mundo, mas Khanour era conhecida por ser relativamente

segura. Eles a haviam questionado usando seu nome – o que isso significava?
Ela obteve sua resposta meia hora depois, quando os homens as levaram para uma pequena

casa no que aparentava ser uma boa localidade. Os homens pareciam ser gentis, mas não
admitiriam disparates. Eles a conduziram para um pequeno escritório com uma única janela no alto
de uma das paredes e apontaram para uma cadeira.
Ela aguardou por quase quinze minutos antes que um homem de estatura baixa e com

apenas uma pequena franja de cabelo ao redor da cabeça aparecesse. Ele se parecia como um
contador ansioso, mas havia alguma coisa nele que lhe causava arrepios.
“O que estou fazendo aqui?” ela perguntou.
O homem enrugou a testa cinicamente para ela. E ao invés de responder, ele gesticulou para
um dos homens de pé atrás dela. Antes mesmo que Irene pudesse reagir, as mãos do homem
agarraram com força uma de suas orelhas e a torceu vigorosamente. Ela chorou em choque e dor,
segurando a orelha latejante quando ele a soltou. Estava quente ao toque, e ela olhou para o
pequeno homem do outro lado da mesa, com seus olhos arregalados e cheios de lágrimas.
“Isto foi para te ensinar uma lição,” o homem falou suavemente. “Mas talvez, também possa

servir como uma introdução. Nós somos sabemos muito bem como machucar você, mas também
sabemos como fazê-lo sem que ninguém nunca perceba. Eu poderia ter deixado meu colega
tentando arrancar sua orelha fora e machucaria como se tivesse arrancado e ninguém
perceberia.”
“Agora, eu vou falar e você vai escutar, sim?”
A respiração de Irene tornou-se ofegante. Ela sabia que tinha que sair dali o mais rápido
que pudesse. Concordando com seus raptores, temerosamente ela fez que sim com a cabeça.
A face do homem rompeu num sorriso, e ela sentiu algo mais aterrorizante que anteriormente
diante de sua carranca.
“Bom. Agora aos negócios. Nós somos empresários e temos uma demanda, e o melhor é que

você nos ajude. O ideal seria que você nos ajudasse, e depois você nunca mais nos verá. Isso não

seria uma coisa agradável?”


Ela engoliu a seco. Haveria de ter mais tramas naquela história do que ela estava escutando.

Por que eles haviam ido até a universidade para encontrá-la? Como eles sabiam seu nome?
“Claro que, se você nos ajudar com o que precisamos, nós seremos muito gentis e amigáveis,”
disse o homem, com sua voz disfarçadamente calma. “Afinal de contas, um amigo é um amigo. Nós
não machucamos nossos amigos.”

Por um instante, o homem a confundiu manipulando seu celular. Logo em seguida, obviamente
após encontrar o que procurava, ele o virou para ela.
Havia um vídeo em espera na tela, e com seu dedo trêmulo, ela pressionou para que ele
fosse exibido.
A câmera focou no que parecia ser um cômodo de cimento branco com um homem no centro,
preso a uma cadeira. A pessoa que filmava aproximou-se, e Irene arfou quando se deu conta que
reconhecia o homem na cadeira.
Seu irmão gêmeo, que assim como ela tinha os cabelos ondulados, a pele clara, e olhos azuis,
olhou para ela com um sorriso cansado.

Peter tentou sorrir para ela, mas aquilo pareceu romper com algo dentro dele.
“Por favor, Irene. Ajude-me. Por favor. Eu preciso de sua ajuda...”
O vídeo foi interrompido, e o homem por trás da mesa chacoalhou sua cabeça com tristeza.
“É uma coisa terrível quando um familiar se perde,” ele disse com todo o jeito de
arrependimento. “Ele disse que vocês são gêmeos, mas com certeza um de vocês deve ser o mais
velho...”
“Essa seria eu,” ela disse, com a boca seca. Ela queria alcançar o telefone novamente, para
ver o vídeo mais uma vez, permitindo que verificasse que seu irmão estava vivo.
“Ah, é claro. Neste caso o irmão mais novo é sua responsabilidade,” falou o homem,
balançando a cabeça com compreensão. “Você está bem acostumada com isso.”

Ela poderia ter dito que ele estava precisamente correto. Ela vinha socorrendo Peter durante

toda sua vida fosse quando ele estava escondendo evidência de que havia se metido em confusão
ou simplesmente levando a culpa sempre que ele havia cometido um erro. Entretanto, aqueles

incidentes envolviam tortas roubadas e janelas quebradas, nada do que estava acontecendo ali.
“O que você vai fazer com meu irmão?” ela perguntou, com a voz embargada. Ela estava
preparada para ter sua orelha torcida novamente, mas ela precisava saber. Ao invés, o homem
por trás da mesa sorriu animadamente, como se ela o tivesse agradado.

“Se você nos ajudar, nós não faremos nada a ele. Nós e levaremos de volta para seu
apartamento e diremos a ele que deverá começar uma nova e bela vida, agradecendo sua irmã
mais velha todos os dias por sua contribuição em ajudá-lo a sobreviver.”
O homem pausou, e quando continuou, franziu o rosto, como se ela tivesse dito que aquela
era uma péssima ideia e tivesse pedido por mais opções.
Ela emitiu um pequeno barulho diante daquilo. Ela não queria nada além do que retornar a
ser a mulher que era há algumas horas atrás quando nada, além do trabalho que tinha que fazer
a pressionava.
Peter e esse homem tinham mudado tudo. Ela não poderia voltar. Tudo o que podia fazer

era caminhar adiante, e era dessa forma que ela iria proceder.
Ela respirou profundamente. Quando falou, sua voz estava equilibrada, quase um pouco
agressiva.
“O que eu preciso fazer?” ela finalmente perguntou.
O homem resplandeceu diante dela.
“É bom ver a família unida,” ele falou.
Agora, dois dias mais tarde, ela estava sentada no aeroporto de Khanour, sua pequena
bagagem de mão inofensivamente sobre seu colo. Dentro havia roupas, algumas lembranças para
os membros da família que sequer existiam e um pacote cuidadosamente embrulhado com papel.
O homem garantiu a ela que não drogas no pacote. Ele disse que era uma peça de arte que

estava destinada a mãos americanas. Uma coisa pequena, algo trivial, mas Irene podia ler nas

entrelinhas. Ela estava muito receosa.


O mercado de antiguidades mundial estava muito aquecido naquele momento. O homem que

recentemente havia se tornado sheik de Khanour havia colocado um ponto final no contrabando e
até mesmo no comércio legal de artefatos provenientes de Khanour, declarando que os tesouros
nacionais deveriam permanecer no país. Claro que aquilo havia despertado um interesse
exorbitante na arte local, do país onde ela estava. Este homem parecia estar interessado em tirar

vantagem desta tendência, e ele precisava de alguém relativamente despretensioso e confiável


para levar o artefato para os Estados Unidos.
Agora Irene continuava a contar de um até cem pela oitava vez. Ela já havia perdido a
conta de quantas vezes recomeçava a contar, mas talvez agora fosse diferente.
Ela já estava desistindo quando avistou um belo e jovem homem de Khanour em um terno
azul, bem cortado e de estilo ocidental, a observando. Ela sabia que havia cometido um erro assim
que ele sorriu e aproximou-se dela. Ela havia sido orientada a não chamar atenção, e agora ela
não estava certa se deveria mudar de lugar ou simplesmente sorrir e despachar o homem o mais
rápido que pudesse.

“Você vai embarcar logo?” o homem perguntou, acomodando-se no assento ao lado dela.
Irene sorriu timidamente para ele. Apesar da medonha situação em que se encontrava, ela
não pôde evitar em notar o quão belo era aquele homem. Como muitos homens de Khanour, ele
tinha pele cor de oliva e cabelos pretos, mas ao invés de olhos castanhos como ela havia visto
durante sua estada, seus olhos eram de um surpreendente e cativante tom de verde. Ele era alto e
movia-se graciosamente como um atleta nato... ou um predador nato. Alguma coisa em sua
aparência atraia sua mente, como se ele fosse alguém que ela já havia conhecido anteriormente,
mas ela logo espantou os pensamentos.
“E vou,” ela disse. “Meu avião vai decolar em menos de uma hora.”
Irene esperava que fosse o suficiente para ele, mas ele apenas fez que sim com a cabeça.

“Ah, e para onde você embarca?”

“Para os Estados Unidos,” ela respondeu, e quando aquilo ainda não parecia suficiente, ela
acrescentou, “Estou indo para casa, na Pensilvânia”.

Ele sorriu um pouco.


“Casa soa muito bem, não é mesmo? Eu mesmo acabei de chegar em casa.”
Contrariando a si própria, ela olhou com curiosidade para ele. O homem que havia lhe
entregado o pacote a havia advertido para que agisse naturalmente acima de tudo. Talvez isso

fosse natural? Conversar com alguém que não estivesse envolvido em toda essa confusão era pelo
menos um pouco tranquilizador.
“Se você acabou de pousar em casa, você não parece estar com pressa de chegar lá,” ela
observou. “A não ser que você more no aeroporto?”
Ele deu um riso com pesar, balançando a cabeça.
“Felizmente para mim, eu não estou,” ele disse. “Eu não gostaria de morar aqui. As filas para
o falafel são simplesmente longas demais.”
Ela sorria um pouco de sua piada.
“Perdoe-me,” ela disse encolhendo levemente os ombros. “Eu tenho certeza que não é da

minha conta o que você faz ou para onde vai..”


“Eu não ligo,” ele disse, a para sua surpresa, ele parecia estar se acomodando no assento
ao lado do dela. “Se você não se importar que eu pergunte, você também não parece ansiosa
para chegar em casa. Ou eu estou errado e você simplesmente está com medo de voar?”
Irene sabia que ela deveria ter aproveitado o gancho. Ela tinha medo de voar, e ela
precisava concentrar-se e se acalmar antes de decolar. Você pode ir embora, por favor? Aquilo
seria algo natural a se dizer, mas ao invés, uma estranha versão da verdade veio à tona.
“Meu irmão está em apuros,” ela disse, sua voz suave apenas para os ouvidos dele. “Ele...
ele é meu irmão gêmeo, e ele sempre foi o que não conseguia não se meter em problemas, e eu
acho que agora ele está metido em um novamente. Eu preciso voar de volta para casa e ver se

posso ajuda-lo.”

As sobrancelhas do homem levantaram, e ele a encarou com curiosidade.


“Isto soa ser sério,” ele observou.

“É terrivelmente sério,” ela disse, e depois colocou para fora, em alto e bom tom o seu maior
medo. “E eu receio que mesmo que eu faça tudo isso, ainda não o levará para um lugar melhor. Ele
se colocou em situações sérias antes, mas essa parece ser diferente. E como se dessa vez fosse
muito pior, e eu não sei se posso ajudar.”

Para o horror de Irene, ela sentia lágrimas encherem os seus olhos. E ela não conseguiu as
esconder, piscando e as limpando rapidamente.
“Desculpe-me,” ela disse. “Eu sei que você não veio até aqui para confortar uma mulher que
deve estar parecendo louca.”
Ele sorriu para ela, puxando um limpo e bem passado lenço de tecido branco e entregando
para ela.
“Fui eu quem invadiu seus pensamentos, e por isso peço desculpas. Eu estava observando
você através do saguão, sabe, e quando eu te vi, algo me parou no caminho. Havia uma garota
que parecia dever ter tudo para ela. Mas ao invés disso, ela senta e olha como se o mundo tivesse

acabado.”
“Meu mundo não acabou,” ela disse, com um leve sorriso em seu rosto. “Não ainda, pelo
menos.”
“Sim, porque você ainda tem que voar para o resgate de seu irmão e bancar a super
heroína,” ele disse com uma risada.
“Eu não sou uma super heroína tão terrível assim,” ela protestou. “Eu não posso voar, mas
posso entrar num avião, e eu não tenho super poderes, mas eu sou super teimosa.”
Ele riu dela, mas havia uma bondade em seu sorriso, e uma parte dela sorriu para ele, como
um girassol se virando para o sol.
“Eu não duvido disto,” ele respondeu. “Eu tenho toda a fé que você ira tirar seu irmão de

qualquer situação em que ele tenha se envolvido.”

De alguma forma a conversa estava ajudando. O estranho tinha razão; esta era apenas
mais uma situação em que Peter havia se envolvido. Ela o salvou tantas vezes no passado. Ela o

salvaria novamente.
“Você disse que eu era uma garota que deveria ter tudo para mim,” ela disse. “O que você
quis dizer?”
“Talvez soe superficial, dizer isso agora, mas eu simplesmente quis dizer que você parecia

tão adorável sentada aqui. Você é uma bela mulher, pequena heroína, com o cabelo formoso e
pele clara, e esses seus olhos azuis poderiam imobilizar um touro voraz e fazê-lo cair de joelhos. O
que poderia chatear uma mulher tão bonita?”
Irene balançou sua cabeça para ele, meio entretida e meio frustrada.
“Você alguma vez já conversou com mulheres?” ela replicou. “Mulheres, independente de
serem bonitas ou não, têm muitos problemas.”
“Diga-me um,” ele a desafiou, e foi um argumento tão absurdo que ela simplesmente disse a
primeira coisa que veio na sua cabeça.
“A maioria deles, começam e terminam com homens,” ela disse, e depois para a sua surpresa,

os dois caíram na gargalhada.


“Tudo bem, tudo bem, eu mereço isso,” ele disse. “Ao menos, quando eu contar para as
minhas primas e tias no final dessa semana, é isso que elas dirão. E quando elas perguntarem, a
quem devo conceder a autoria dessa particular pérola de sabedoria?”
“Irene Bellingham,” ela disse com um sorriso discreto. “De Kingston, Pensilvânia. E quando eu
estiver contando essa história para as minhas amigas, diante de quem eu fiz papel de tola quando
havia tomado muito café e dormido pouco?”
“Você pode me chamar de Raheem,” ele disse e ofereceu sua mão.
Ela pensou que ele iria apertar sua mão, mas ao invés disso ele virou sua palma para baixo
e beijou gentilmente a articulação.

De alguma forma, apenas aquele simples toque enviaram calafrios através dela. A sensação

de pele dele, tocando a dela, sua boca roçando em sua articulação, foi o suficiente para que ela
prendesse a respiração.

Ele recuou, e o olhar em sua face estava tão surpreso quanto o dela, embora ele
rapidamente o escondeu.
“Parece que nós temos uma conexão e tanto, senhorita Bellingham. Você acha que é possível
explorarmos essa conexão mais tarde, quando retornar ao meu país?”

Por um momento, era tudo o que ela queria. Havia algo sobre esse homem, que se chamava
Raheem. Quando ela estava com ele, ela não sentia medo ou preocupação com outros problemas.
Ela não havia esquecido sua missão, mas de alguma forma, durante os últimos minutos, ela não
havia pensado sobre isso.
“Desculpe-me,” disse Irene com genuíno pesar. “Eu não acho que irei retornar a Khanour
após isso.”
Mesmo como ela havia dito, alguma coisa partiu seu coração. Esta foi uma terra onde ela
havia passado mais de seis meses pesquisando, e a arte, a cultura, e as pessoas a conquistaram,
despertando algo dentro dela como nunca antes. Entretanto, após completar sua perigosa tarefa,

era muito provável que ela tivesse que permanecer nos Estados Unidos, e nunca retornasse.
“Ah, uma pena então. Bem, se eu algum dia estiver em Kingston, Pensilvânia, eu sei que
alguém que eu quero muito conhecer melhor vive lá.”
Ela sorriu e depois se distraiu um pouco como se estivessem anunciando seu embarque.
“Eu devo ir,” ela disse, se levantando e agarrando sua bagagem. “Eu... agradeço por vir
conversar comigo.”
Ele sorriu, e havia ali um misto de lamento e melancolia.
“Eu estou contente que decidi vir falar com você também,” ele disse suavemente. “Tempo
gasto com alguém tão adorável nunca é desperdiçado.”
Ela sorriu, palidamente.

“Vá para casa,” ela disse. “Você já adiou por tempo suficiente.”

Ele riu, e em seguida ele teria se virado e desaparecido na multidão se alguém não tivesse
arrancado à bagagem das mãos dela.

Irene estava tão surpresa que apenas pôde gritar, mas no último segundo, ela passou seu
braço pela alça e tentou segurá-la. A única coisa que conseguiu, porém, foi ser derrubada de lado
enquanto o ladrão retomava seu passo e fugia.
Em seguida, para sua surpresa, Raheem entrou em ação, correndo atrás do ladrão e o

agarrando por trás, pela jaqueta, antes mesmo que ele conseguisse correr uns 3 metros. Uma
multidão se reuniu para lhe aplaudir enquanto ele chacoalhava tenazmente o esguio larápio.
“Devolva,” ele disse, sua voz com num grave tom de comando. “Vamos, seu pequeno
insolente...”
O ladrão, amuado e bravo com a sua captura, jogou a bolsa no chão, e para o horror de
Irene, o embrulho de papel foi arremessado e rolou uma curta distância antes de parar próximo a
um corrimão. Ela tentou alcança-lo, mas Raheem, após entregar o gatuno as autoridades do
aeroporto, o alcançou primeiro. Ele o segurou em suas mãos, mas quando estava prestes a
entrega-lo para ela, ele parou.

Em meio ao tumultuo, um dos cantos do embrulho se descascou, revelando um inigualável


brilho de puro ouro amarelo.
Ao invés de devolver a ela, ele ergueu-se e de pé, rasgou o papel expondo o que estava
dentro.
Irene não fazia ideia do que estava carregando, e quando ela viu, seu coração bateu forte.
Era uma estátua dourada de um belíssimo cabrito-montês, enrolado, com suas pernas enfiadas por
baixo e seus delicados chifres encurvados sobre sua cabeça. Sua bem treinada mente de
historiadora lhe disse que aquilo era um fino exemplar do período inicial da arte Islâmica, um
tempo em que o Oriente Médio liderou o mundo das artes e da ciência. O cabrito foi
delicadamente esculpido pelas mãos de um talentoso artista, um para um olho bem treinado não

havia como não reconhecer do que se tratava. Era nada menos que um tesouro nacional, um

tesouro de valor inestimável no que se tratava de importância histórica.


Quando Irene olhou para Raheem, a fúria em seus olhos fez com que ela tomasse um passo

para trás. Ela queria correr, e queria se esconder, mas ela não podia fazer nada além de ficar ali
como um cabrito atordoado, esperando que os lobos viessem e acabassem de vez com ela.
“Você sabe o que é isso?” ele perguntou, sua voz vibrando em fúria. “Você tem alguma
ideia?”

Ela não pôde responder. Sua garganta estava fechada com culpa e medo e dor. Estava
acabado. Sua vida estava acabada. A vida de seu irmão estava acabada. Tudo o que ela podia
fazer agora era manter-se em silêncio.

Ele olhou fixamente para ela, e por um momento, ela temeu que ele viesse e a chacoalhasse,
talvez até mesmo a atacasse. O homem que veio e pegou pelo braço foi quase que uma
consideração a ela. Eles não ofereciam o mesmo tipo de medo e terror que Raheem causava. Ele a
olhou como se ela tivesse pessoalmente traído seu país, insultado seus compatriotas. E de certa
forma, ela insultou.

“O que você quer que a gente faça com ela, sua Alteza?” um dos guardas questionou
cerimonioso, e por um momento, Irene não tinha ideia com quem ele estava falando ou se dirigindo.
Em seguida ela percebeu que todos os olhares estavam dirigidos para Raheem, que supervisionava
a situação como um homem que possuía controle soberano sobre o mundo.

Uma infinidade de emoções oscilava sob a face de Raheem. Ela não podia acompanhar
todas elas. Em meio ao que era um dos piores momentos de sua vida, tudo o que podia fazer era
assistir a face de Raheem, como se tudo o que pudesse ver o seu destino e o de Peter estampado
ali.
“Leve-a para a delegacia,” ele finalmente ordenou. “Eu entrarei em contato com o delegado

de polícia e o departamento de crime internacional.”

Quando ele falou daquela forma, um pedaço do quebra cabeça se encaixou. Ele havia dito
a ela que o chamasse de Raheem, mas aquilo era apenas o começo. Ela havia achado ele bonito,

mas havia ignorado a parte de si que insistia já o ter visto antes.

Na realidade, ela já o havia visto nos jornais, na Internet, e até mesmo nas revistas expostas
nas bancas durante o seu caminho para o aeroporto. O homem que a estava confortando,

flertando com ela, enxugando suas lágrimas, e a fazendo sorrir, era ninguém mais nem menos que
o Sheik Raheem bem Ali, o lorde de Khanour e governante do país de onde ela estava
contrabandeando.

Conforme os guardas começaram a conduzi-la dali, ela virou a cabeça e deu uma última
olhada para Raheem, que parecia ser um homem esculpido de pedra. Ele olhou para ela com um
olhar superior e austero, mas havia algo suave ali, algo que estivesse apenas em sua imaginação.

Perdoe-me, ela murmurou com a boca para ele antes que a levassem. Eu sinto muito.
***

Aquele deveria ter sido um bom dia para Raheem. Ele havia fechado negócios em Dubai
mais cedo, e embora pensasse que ninguém havia conseguido exatamente o que gostariam ao
menos todos haviam deixado a mesa de reuniões satisfeitos.

Tudo o que ele queria ter feito era chegar em casa, tirar a poeira dos sapatos bem polidos,
e passar algum tempo sem pensar em nada.

Claro que, os confortos de casa significam o calor do acolhimento de sua família, e aquela
família, embora amorosa, definitivamente possuía sua própria agenda. Quando seu pai faleceu, há
três anos, Raheem jurou a si mesmo que ele seria feliz assumindo a tarefa de cuidar de sua mãe e
tias. Elas o amavam, eram agradecidas a ele, e elas eram as que sabiam o que era melhor para
ele. É claro, que o que era melhor para ele estava precisamente alinhado com as tradições que se

originaram há quinhentos anos em meio ao deserto, e elas não compreendiam que um homem
moderno, deixado sozinho como um governante moderno de moderno emirado, não poderia tomar

as mesmas ações que um lorde cavaleiro tomaria a séculos atrás.

Ele estava se dirigindo para casa, pronto para tomar os desafios diante de suas familiares
mulheres, mas então alguma coisa a respeito da pequena loira sentada no saguão do aeroporto
chamou sua atenção. Até agora, ele não pôde dizer o que foi. Ele sabia o que os oficiais de

polícia teriam dito. Eles teriam dito que ele havia reconhecido uma criminosa com os seus aguçados
instintos herdados de seus ferozes ancestrais. Eles teriam dito que ele orientou-se pelas mil pistas
subjetivas de um malfeitor e entrou em ação com a intenção de capturar e coibir.

Ele sabia que não havia sido isso.

Havia algo sobre a garota – Irene Bellingham, ele se lembrou, se aquele era seu verdadeiro
nome – que capturou seus olhos, o quando ela os teve, ela não o deixaria partir. Ele havia
conhecido muitas mulheres que eram de longe muito mais atraentes, muitas mulheres muito mais
educadas e refinadas, mas alguma coisa sobre essa mulher o prendeu e o manteve.

Se o ladrão não tivesse surgido como a mão certa da providência divina, ele teria
simplesmente dito adeus e pensaria nela de tempos em tempos. Mas o ladrão interviu, e quando
aquilo ocorreu, acabou revelando um crime muito mais grave.

Ele sabia o que era a estátua no momento em que a viu, e quando ele pensou sobre aquele
tesouro perdido deixando seus pais, ele viu sangue. Foi o trabalho, de um líder artesão Qebbi bem
Faddir, que havia produzido apenas quatro daquelas estátuas há trezentos anos. Apenas uma foi
recuperada, e acreditava-se que esta segunda havia sido destruída há décadas.
Ele chegou de suas conversas com a polícia e agentes encarregados de assuntos

internacionais. Ele passou por seus parentes e foi direto para seus aposentos no palácio. Quando a

pessoa responsável por assuntos médicos do palácio tentou bater em sua porta, Raheem rugiu com
raiva e arremessou uma valiosa taça de vidro cortante contra a porta. O vidro despedaçado

havia sido suficiente, mas apenas por um momento.

Seu povo contava histórias de espíritos demoníacos que podiam rondá-lo por dias. Um
momento de descuido, e de repente, um desses espíritos apareceriam, o seguindo e o obsediariam
de tal forma que você nunca teria um momento de paz ou descanso.

Ele nunca havia imaginado como um desses monstros poderia se parecer, mas agora ele
começava a acreditar que teria cabelos loiros e olhos azuis que eram como mergulhar na parte
mais azul de uma piscina num oásis.

Apesar de sua fúria, seu olhar azul o havia golpeado bem no coração. A polícia estava a
estava levando para confrontar seus crimes, e quando ela se virou para ele, ela não implorou por
sua vida. Ela não falou mal ou piscou, nenhum dos dois que ao menos fariam sentido.

Não, ela havia olhado para ele, e ela desculpou-se. Havia pesar e sofrimento em seu

coração, mas nada disso parecia ter a haver com ter sido pega ou perdido um tesouro valioso. Ao
invés disso, Irene queria desculpar-se com ele, aquilo atingiu profundamente seu coração, o
deixando perplexo.

Até agora, horas depois, ele não podia entender.

Ele caminhou até a varanda e deixou aberta, permitindo que a brisa fresca da noite
adentrasse. O sol havia se posto horas atrás mas agora o brilho da cidade de Khanour podia ser
visto. Uma das cidades mais ricas dos emirados, e uma das mais modernas, uma estrela por si
própria, lançando um brilho tão vivo que poderia fazer alguém acreditar que a cidade havia
transformado noite em dia.

Em Khanour, Raheem governava sem questionamentos. Havia um parlamento para governar


a cidade, mas quando ele decidia intervir em questões cívicas, sua palavra era literalmente lei.

Porque agora ele se sentia tão enfraquecido? O que havia acontecido no aeroporto,
naquelas poucas horas, que o transformara.

Ele havia mudado agora, não importava o quanto tentava negar isso. Ele sentia-se como um
animal selvagem trazido para a enseada, alguma coisa mudava sem sequer haver um jeito de

questionar ou impedir.

Raheem admirou seu reino do alto, e ele sabia qual era a resposta. Está guardada com uma
bela garota, confinada num dos lugares mais obscuros de Khanour, e ele precisava tê-la.
Capítulo Dois

Assim que ela foi capturada, Irene calou sua boca. Ela não sabia o que estava acontecendo,
ela sabia que as coisas estavam muito ruins, e sabia que ela não poderia torná-las melhor,

advogando em sua própria defesa.

Ela foi tratada com gentileza suficiente, conforme tudo ocorria. Irene sabia que poderia ter
sido muito pior. As guardas femininas que a detiam, a enfiaram bruscamente dentro da van a
caminho da prisão, mas ela não poderia pedir por algo melhor quando havia, literalmente, sido

pega roubando um patrimônio cultural.

Na prisão, eles a levaram até o homem que deveria ser seu advogado, mas ele rapidamente
se frustrou quando ela se recusou a falar qualquer coisa.

“Eu não posso ajudá-la se você não se pronunciar,” ele disse mais de uma vez. “Nós
investigamos seu histórico, e sabemos que você não é uma criminosa, ou ao menos, nunca foi antes.
Quem está forcando você a fazer isso? Quem está por trás? Você não precisa ser condenada por
crimes de terceiros!”

Ele apelou e argumentou, intimidou e instigou, mas após tudo, ela permaneceu em silêncio.
Mais de uma vez, ela ficou tentada em falar, em contar-lhes tudo. Mas então se recordava do
vídeo de seu irmão, naquele quarto horrível, o som de sua voz implorando a ela que o ajudasse.
Não importava o que fizessem com ela, ela não poderia contar com os homens que capturam Peter
fazendo algo doze vezes pior com ele se ela desistisse deles.

Ela permaneceu calada. Vinte e quatro horas depois, Irene descobriu que havia feito à
escolha certa. Em sua cela estreita, comida foi entregue através de um compartimento na porta. Ela
cutucou a comida com falta de interesse até levantar a pequena garrafa de água e encontrar por
debaixo um cacho de cabelo que era exatamente da cor do seu. A mensagem foi clara. Ela havia

de se manter em silêncio, ou seu irmão iria morrer.

No dia seguinte, os interrogadores da polícia vieram vê-la. Ela sentou-se na cadeira


enquanto eles gritavam a empurravam, batiam seus punhos pesados contra a mesa na frente dela.

Ela despontou das oito horas seguidas diante deles, assustada e choramingando, mas ainda assim
não falou. Em seus sonhos febris aquela noite, ela imaginou nunca mais falando novamente, como a
princesa num conto de fadas que ganhou a liberdade de seu irmão ganso após sete anos de
silêncio. Se ela se mantivesse firme, algum dia, ela e Peter sairiam disso de mãos dadas, inteiros e

fortalecidos.

No segundo dia, os interrogadores tentaram mais da mesma tática, e desta vez, quando ela
retornou de volta para sua cela à noite, seus pulsos estavam com hematomas causados pelas
algemas apertadas.

No terceiro dia havia algo diferente.

Eles a levaram para uma cela diferente, e a primeira coisa que ela notou foi que não havia
nada ali a não ser um par de grilhões presos na parede. Ela ficou só pelo o que pareceu uma

eternidade, quando uma mulher com uniforme da unidade correcional entrou. Em suas mãos havia
um longo chicote e Irene começou a tremer.

“O mundo é muito diferente aqui do que é na América,” a mulher começou. “Por exemplo, eu
acredito que na América, vocês devem ter desistido da ideia de castigos físicos para crimes de
estado. Senhorita Bellingham, o que você cometeu foi um crime de estado, e a repercussão pode
ser severa. Por exemplo, a punição que pode ser aplicada para o que você fez é de cem
chibatadas com um chicote de camelo.”

“Esta é uma antiga ferramenta de correção. O chicote é utilizado para dirigir camelos, para
fazê-los irem onde nós desejamos. Quando utilizado contra a pele de uma mulher que é de longe
mais frágil que o couro do camelo, bem, os resultados podem ser aterrorizantes, você não acha?”

Irene pôde sentir as lágrimas brotarem em seus olhos conforme a realidade da situação se
configurava para ela. Eles poderiam fazer o que quisessem com ela. Ela não poderia detê-los.

“Considerando que aplicadas cem chibatadas de uma só vez poderia matar um homem
robusto, e a intenção não e que isso seja uma execução, senhorita Bellingham. Nós temos um médico
que virá para confirmar que você pode aguentar a dor e o choque, e tempo subsequente para

recuperação. Em seguida dez chibatadas são aplicadas. Vagarosamente.”

Irene recuava enquanto a mulher tocava a parte trançada do chicote contra seu ombro. A
mulher curvou-se.

“Após isso, você será levada de volta para sua cela para descansar e se recuperar. Quando
as feridas estiveram de alguma forma curadas, você será trazida novamente, só que desta vez,
você saberá que tipo de dor a estará aguardando. Homens fortes que foram submetidos a
chibata, quebraram o silencia quando foram trazidos para sua segunda sessão. Alguns ainda
resistem, mas todos uivam quando são trazidos de volta para sua terceira sessão.”

Ela pausou.

“Dez chibatadas, senhorita Bellingham. Isto não a matará, mas muitos que recebem esta
punição nunca voltam a ser quem eram novamente. Eles se... quebram, mentalmente quando não,
fisicamente.”

As lágrimas corriam soltas pela face de Irene. Um profundo desespero a tomou. Ela sabia
agora o que iria acontecer, e sabia que não havia nada que podia fazer a respeito.

“Nós não temos permissão para lhe dar as chibatadas pelo seu crime agora. Isso é
ordenado apenas pelo tribunal de justiça.”

Ela aguardou até que Irene relaxasse levemente antes de continuar.

“Entretanto, nós estamos autorizados a corrigir prisioneiros que vêm sendo indisciplinados e

pouco cooperativos em nossa unidade.”

Irene levantou a cabeça, e a mulher exprimiu um leve sorriso.

“O que você pensa que desafiar seus guardas com silêncio significa?” ela perguntou. “Eu
não posso utilizar o chicote para camelo, mas eu posso usar o cassetete, e acredite quando eu digo

que um não é muito diferente do outro.”

A mulher pendurou cuidadosamente o chicote para camelos na porta, e em seguida surgiu


com um grosso cassetete que mais parecia um taco. Quando ela abanou o cassetete no ar, ele fez
um barulho cortante que fez com que Irene recuasse.

“Tire suas roupas.”

Irene congelou. Ele não podia. Ela não iria.

A mulher olhou para ela calmamente.

“Tire suas roupas, ou irei chamar dois guardas para que as retire por você.”

A mente de Irene estava em pânico. Ela não podia imaginar tirar suas roupas, e submeter-se
a brutalidade com a qual a mulher lhe disse que se seguiria. Toda a cela pareceu estar longe. Ela
sentia que se estivesse movendo-se em meio à lama, mas por baixo dela, havia uma camada de
pânico movediça tomando conta de seu corpo.

“Hoje!”

A mulher repentinamente golpeou com o cassetete, passando muito próximo ao braço de


Irene. Ela pôde sentir a forma como o taco rasgou através do ar, fazendo-a ofegar.

Ela rapidamente começou a despir-se, mas seus dedos estavam atrapalhados com os botões
enquanto a guarda esperava impacientemente. Ela manteve sua mente concisamente vazia,
tentando evitar pensar sobre o que viria depois.

Uma gélida sensação de desânimo tomou conta de si. Ela havia perdido a esperança. Não
havia nada que pudesse fazer. Ela hesitou quando alcançou suas roupas de baixo, mas um olhar
impaciente da mulher com o cassetete, fez com que ela os removesse também. Agora ela estava

nua dentro da cela fria, e sabia que teria que suportar o que viria a seguir. Ela não podia permitir
que seu silêncio fosse violado. Ela tinha que proteger seu irmão. Não havia outra escolha.

“Vire-se contra a parede.”

Ela se pôs de pé, trêmula, enquanto a mulher a algemava na parede, puxando uma
alavanca que a mantinha esticada. A parede estava gelada contra seus seios e barriga. Ela tentou
ir para algum outro lugar em sua mente.

Por trás dela, a mulher abanou o cassetete duas ou três vezes no ar, fazendo com que Irene
recuasse a cada som e movimento.

“Muito bem. Seis para começarmos, e depois veremos o quão teimosa você continuará sendo,
sim?”

Irene tinha lágrimas nos olhos. Ela os fechou com força e apertou os punhos no alto onde se
encontravam acima de sua cabeça.

Por favor, não posso falar.

O cassetete começou a descer através do ar. De repente, houve um estrondo conforme a


porta movia-se sobre suas dobradiças, abrindo rapidamente. Havia pouquíssima corrente livre par
que Irene pudesse virar-se, mas quando ela o fez, começou a ver um rosto familiar sombreado

pela luz da porta.

Era Raheem o belo estranho do aeroporto que havia se tornado ninguém menos que o sheik
de Khanour. Agora ele estava vestido com o tradicional robe de seu povo, o drapeado escuro de

tecido o faziam parecer ainda mais imponente. Foi como se ele tivesse sugado todo o ar da cela;
todos os olhares estavam nele, dela e da guarda até o homem por trás dele.

Por um momento, ele observou ao redor, analisando a cena. Seu olhar brilhou, quando fitou

sua forma nua, e em seguida ele estava formal novamente.

“Desamarrem-na,” ele disse, sua voz profunda e imponente.

A guarda apressou-se para fazer como o sheik havia comandado, e quando ela o fez, se
afastou. Irene, no entanto, só pôde tentar esconder o melhor que podia seu corpo nu com as mãos,
tremendo conforme ele avançava em sua direção.

“Você sabe quem eu sou?” ele perguntou, seus olhos escuros e sua face austera.

Irene não fazia ideia do que estava acontecendo agora, mas ela sabia que tudo o que não

poderia fazer era desafiar este homem.

Ela curvou-se desastradamente, como se sua cabeça fosse uma bola num cordão. Ele a
alcançou, suspendendo sua cabeça com sua mão em seu queixo. Quando ela olhou para ele, ele
estava ainda mais assustador. Este era um homem que detinha o poder de vida e morte sobre seu
povo. Ela havia sido pega roubando dele.

“Diga meu nome.” Sua voz era puro comando, algo que ela não poderia desafiar.

“Raheem,” ela sussurrou. “Raheem ben Ali, sheik de Khanour.”


Para surpresa dela, ele irrompeu num sorriso que era luminoso e cruel.

“Foi ouvido, e foi testemunhado,” ele disse, sua voz estridente para que as pessoas na porta
pudessem ouvir. Irene olhou para cima surpresa.

“Ela me reconheceu por quem eu sou, e, portanto na maneira antiga, eu declaro esta mulher
minha esposa.”

As pessoas por trás dele romperam num murmúrio de excitação, e a guarda assistia a eles
com os olhos arregalados, mas Irene sentiu-se como se tivesse sido golpeada pelo cassetete. O

mundo estava flutuando, e as coisas acontecendo muito rapidamente para que ela pudesse
processar oq eu estava acontecendo.

A guarda falou.

“Alteza... o que isso significa?”

“Significa guarda, que esta prisioneira não mais é sua responsabilidade. Eu estou optando
por me casar com ela da maneira antiga, e, portanto seus crimes são meus para puni-los e agora é
minha responsabilidade fazer justiça. Seu crime contra o país de Khanour, e como eu sou Khanour, e

assumirei sua custódia.”

Com uma mão pouco cuidadosa ele jogou em Irene uma sacola com roupas.

“Cubra-se,” ele disse, ele disse com sua voz vigorosa. “Nós sairemos assim que você
terminar,”

Por um momento, Irene imaginou se ela estava saltando direto da panela fervente para o
fogo. Na prisão, ela sabia exatamente o que esperar, mas com Raheem... quem poderia saber que
tipo de torturas ela havia planejado. E casar-se? Não deveria ser legal, mas de acordo com suas
pesquisas, ela sabia que era. O casamento que ele havia declarado vinha da história ancestral de
Khanour, uma lei que era válida apenas para o sheik, quem talvez tomasse uma mulher como

esposa por somente uma semana. Sob aquela lei, ela era sua propriedade, e ele poderia fazer

com ela o que desejasse.

Quando ele fez um som impaciente, ela apressou-se em abrir a sacola. Dentro, ela encontrou

um robe largo e calças pantalonas que se abotoavam na cintura. As roupas eram similares com o
que as mulheres mais tradicionais vestiam no interior de Khanour. Os outros itens eram mais
enigmáticos.

Havia um par de delicados braceletes de ouro, cravejados com pequenas gemas vermelhas
que ela suspeitava serem rubis e um par de brincos de ouro detalhadamente trabalhados, mas o
grande prêmio era obviamente a gargantilha. Não, não uma gargantilha; era mais uma coleira.
Era uma peça que remetia a algum passado distante, uma pesada peça de metal que servia
perfeitamente ao redor de seu pescoço com uma vistosa pedra da lua no centro.

Raheem a observou de cima a baixo com um olhar crítico antes de curvar-se rapidamente.

“Bom,” ele disse, sua voz seca e imperativa. “Agora você irá me seguir. Você não tentará
escapar, ou eu lhe mostrarei que posso ser tão selvagem quanto em qualquer prisão. Curve-se se

você compreendeu.”

Ela curvou-se, sentindo-se vacilante como em meio a um terremoto. As coisas estavam


acontecendo tão rápido que ela não fazia ideia sobre o que viria a seguir ou o que poderia fazer
a respeito. Ao invés, ela seguiu o sheik em torpor. Ele a levou para fora do prédio, passaram os
guardas e os portões e as grades, e em seguida ela foi entregue para um dos carros escuros que
estavam parados do lado de fora.

Eu não estou com meu passaporte, ela pensou de repente. Não houve nenhum procedimento
registrando minha saída da prisão, nada que eu possa contar às pessoas que eu estive aqui...
Ela se deu conta, sentada sozinha no carro onde estava separada do motorista por uma

vidraça ou vidro de segurança, garantindo que estava verdadeiramente só. Ninguém sabia onde

ela estava ou para onde estava indo. Ao invés, sua vida estava inteiramente nas mãos de um
homem que não tinha motivos para amá-la, que a via como uma traidora de sua gente e uma

ladra asquerosa.

Conforme o carro movia-se pelo entardecer, Irene imaginava o que iria acontecer com ela.
Capítulo Três

A viagem seguiu-se em silêncio. O motorista nunca se dirigiu a ela, e seu ele estava com
rádio ligado, estava tão suave que ela não pôde ouvir através do vidro. Sentada no banco macio,

e mesmo enquanto se perguntava o que no mundo seria dela, ela pôde notar o quão luxuoso era.
Ela havia passado dias na prisão de ferro e cimento. Ela provavelmente estive em outro mundo.

De alguma forma, Irene acabou dormindo. Em seus sonhos, ela estava de volta a sua cela.
Tudo ao seu redor era barulho de prisão, mas por cima de todos eles, ela podia ouvir um ágil,

convicto passo. Ela sabia que era Raheem ante mesmo que ele aparecesse na porta de sua cela, e
quando ele a abriu, ela pôde ver que ele segurava um cassetete em sua mão.

“O que você vai fazer comigo?” ela perguntou em seu sonho, sua voz baixa e longe.

Ele gargalhou, de forma única.

“Eu vou lhe dar o que você merece,” ele respondeu.

Ela acordou com um arranque, e sentia lágrimas escorrendo em sua face. Por um momento,
ela não fazia ideia de onde estava. Ela estava convencida que ainda era na cela em Khanour. Ao

invés, o carro estava prestes a parar, e o motorista desceu, deu a volta para abrir a porta para
ela.

“Você está bem senhorita?” ele perguntou solícito, e ouve um momento antes que pudesse se
dar conta que era a ela a quem ele se referia tão gentilmente.

“Sim estou” ela disse, sua voz um pouco enferrujada. Foi como se aquela tivesse sido a
primeira vez em anos que ela desde que pôde falar tão claramente.

Irene olhou ao redor confusa.


Eles a levaram para um campo de aviação no meio do deserto. O sol estava começando a

se pôr, tingindo o céu com um tom de laranja vivo. O único avião na pista era uma coisa bem

pequena, que mais parecia um brinquedo perto diante do enorme céu. Havia algo de privativo
naquele lugar. Era obviamente um espaço que pertencia a um único homem, não ao mundo.

Outro carro chegou, e o próprio Raheem surgiu. Ele continuou a dar instruções para a mulher
vestida com um impecável terno de negócios ao seu lado, e em seguida se aproximaram de Irene,
ele balançou sua cabeça.

“É o suficiente, mas servirá por agora,” ele finalmente disse. “Se você precisar de alguma
coisa, me ligue, mas francamente eu prefiro que você evite me contatar.”

A mulher curvou-se, olhando curiosamente para Irene antes de continuar.

“Não, eu acredito que vai ficar tudo bem,” ela disse. “Você me deu o bastante para
trabalhar, e depois de tudo eu posso adivinhar. Você precisará de algo?”

Raheem balançou a cabeça.

“Não. Mas se algo surgir, eu entrarei em contato.”

“Como quiser, Vossa Alteza.”

Quando ela voltou ao carro para partir, Raheem voltou-se para Irene. Sem pensar, ela deu
um passo para trás. Havia algo tempestuoso na expressão dele, mas algo terrivelmente possessivo
ao mesmo tempo. Ele parecia como um homem que havia ganhado um prêmio, ou um que estava
prestes a reivindicar um. Ao invés, ele apenas curvou-se diante do avião.

“É para lá que estamos indo.” ele disse. “Venha.”

Ele a guiou através da escada e para dentro do avião. Por um momento o cérebro
atemorizado de Irene invocou viagens de avião que terminavam com uma pessoa atemorizada
sendo empurrada pela porta. Entretanto, conforme ela entrava na pequena, mas luxuosa cabine,

ela se deu conta que a maioria das execuções não se passava em aviões tão glamorosos.

Tudo parecia tão intenso e tão estranho. Ela não sabia para onde ir ou o que fazer. Raheem,

que se sentou num dos assentos ao redor de uma pequena mesa, olhou para ela.

“Não fique aí de pé,” ele disse, sua voz um pouco mais gentil do que antes. “Venha sentar-
se.”

Obediente, ela veio para sentar-se a mesa, de frente para ele. Ela estava alarmada quando
um adorável, jovem atendente de bordo surgiu com toalhas mornas para que eles lavassem suas
mãos. Por alguma razão, aquela pequena cortesia, oferecida sem hesitação ou coerção, disse a
Irene que ela não estava mais na prisão, pelo menos naquele momento. Ela piscou as lágrimas,
esperando que Raheem não as notasse.

Ele prendeu o fôlego enquanto o avião escalava os céus. O atendente de bordo retornou
para o seu próprio assento, e ela estava sozinha com Raheem. Do lado de fora, o pôr do sol exibia
um brilho alaranjado. Ela estava quase tentada a dormir novamente, mas não conseguia relaxar.

Finalmente, ela virou-se para Raheem, que estava passivamente lendo algo em seu computador.

“O que você fez?” ela perguntou, sua voz incomodada. Aquelas eram mais palavras do que
ela havia pronunciado em um longo tempo. Elas eram quase dolorosas, e ela imaginava se ele a
ridicularizaria por ter questionado.

Ao invés, ele olhou para ela com uma tranquilidade que a acalmou. Acima de tudo, este
homem era um que sabia seu lugar no mundo.

“Então você é capaz de falar,” ele disse casualmente. Foi como se ele fizesse viagens de
avião com mulheres, acusadas por delitos, todos os dias.
“Você deveria saber,” Irene respondeu. “Nós conversamos antes...”

Ela emudeceu quando o olhou, e o encontrou a assistindo com a ferocidade de um predador.

“Antes de eu me dar conta que você era uma ladra,” ele disse, e ela hesitou. Irene começou

a falar, para negar, mas no último segundo, ela recuou. Ela estava horrorizada como quão
rapidamente ela havia se permitido romper o silêncio diante uma mudança de cenário. As coisas
estavam acontecendo tão rapidamente para ela que de alguma forma, ela havia esquecido que
era a vida de Peter que estava em jogo. Se ela cometesse um deslize, havia toda a possibilidade

que ele encontrasse seu fim. Ela não poderia permitir que aquilo acontecesse.

Enquanto ela estava internamente se reprimindo, Raheem a observava com um olhar curioso.

“Você estava prestes a dizer alguma coisa,” ele disse suavemente. “Não se apresse em
negar, eu posso perceber muito bem...”

Ela sorriu com certo pesar.

“Eu acho que estava sim.” Irene sabia que a coisa mais sensata seria refugiar-se de volta no
silêncio. Não havia nada que ele poderia fazer com ela se ela se recusasse a falar. Entretanto, ela

havia ficado calada por um tempo tão longo que foi como se uma rolha tivesse sido estourada, e
depois perdida. Ela queria conversar com alguém; ela ansiava pelo contato humano que lhe foi
negado durante os últimos dias.

Ele encolheu os ombros, um leve e cruel sorriso em seu rosto.

“Não importa, você irá,” ele disse. “Eu intento chegar ao fundo disso, Irene Bellingham, e
cedo ou tarde, você irá descobrir que eu sempre consigo o que eu quero.”

“E o que você quer agora?” ela perguntou, consciente de que sua voz estava sutilmente
desafiadora. Era uma idéia ruim desafiar seu captor, mas uma parte dela não conseguia se conter.
“Eu quero saber para quem você estava contrabandeando a estátua.” ele disse. “Eu poderia

simplesmente ordenar que você fosse para a prisão pelos próximos vinte anos e não pensar nada

mais a respeito disso, mas a verdade é que se seu fizer isso, mais cedo ou mais tarde, simplesmente
vai haver outra garota bonita que irá perder a cabeça e tentar algo tão estúpido. Não, eu quero

saber quem enviou você, e em seguida quero acabar com eles. Eu quero ter certeza que eles
nunca mais serão capazes de causar danos ao meu país e a sua história novamente.”

Havia algo tão sério sobre a declaração de Raheem que Irene se viu admirada. Este era um
homem que acreditava no que estava dizendo com cada parte de seu ser.

“Perdoe-me,” ela se encontrou dizendo com pesar em sua voz. “Não posso ajudá-lo.”

Ele olhou para ela, e ao invés de ficar furioso, como ela parcialmente temia, ele apenas
sorriu.

“Mas é claro que você vai,” Raheem disse com absoluta certeza. “Você é minha esposa
agora, e irá seguir meus comandos.”

“O que você quer dizer?” Irene perguntou, sua voz vacilante. “Eu sei que nós... casamos na
prisão. Mas com certeza não é real? Com certeza você não me enxerga verdadeiramente como

sua esposa?”

Ele riu.

“De fato, isso foi exatamente o que eu quis dizer. Esta foi a maneira como te tirei da prisão,
bela ladra. Ainda que sheik, não estou acima da lei, e levei algum tempo para pensar em como
exatamente eu poderia obtê-la após a sua prisão. Finalmente, eu me deparei com esta lei
ancestral. VocÊ é minha agora, e eu posso fazer com você o que eu quiser. Isso significa que você
dirá a mim quem a contratou e o que você está fazendo para eles.”
“Eu não posso...” ela murmurou. “Por favor. Por favor, não me pergunte.”

Ele ficou em silêncio por um longo momento enquanto ela olhava para o chão. Finalmente, ele
bateu na mesa com dois dedos firmes.

“Levante-se. Venha até aqui.”

Por um instante, ela queria fazer e desastrosa escolha de desobedecer. Irene queria se
forçar a entrar numa redoma, ignorando tudo o que ele tinha a dizer. Ela queria se fechar, mas
quando ele olhou para ela que aqueles olhos de fogo, ela descobriu que não poderia.

Engolindo a seco, ela se levantou e andou ao redor da mesa para ele. Ele sentado a
observava com uma certa ameaça que fazia o coração de Irene bater mais rápido. Quando ela
estava perto, ele a atingiu como um raio. Suas mãos relampejaram, agarrando o pulso de Irene.
Ela já suficientemente aterrorizada sobre quão rapidamente ele se moveu quando ele a puxou
contra seu corpo.

Com uma cuidadosa força que ela nunca havia visto antes, ela a colocou sobre seu colo,
segurando a parte de trás de sua cabeça enquanto a mantinha imobilizada para um beijo bruto.

A absoluta sensualidade do beijo sobrecarregaram seus sentidos. De repente, foi como se


todo o barulho e o estresse com o qual ela vinha lidando durante as últimas semanas simplesmente
haviam desaparecido. Em sua mente havia espaço e tempo apensa para o beijo de Raheem. A
forma como o corpo dele tateava o seu, as linhas musculosas, a forma como sua língua dançada
provocando seus lábios inferiores com segurança. Seu toque era certo e firme, a mantendo quieta
sem machucá-la.

Quando ele finalmente permitiu que ela se movesse, ela afastou-se para longe dele, o
encarando com os olhos arregalados.
“Porque você...?”

“Por que você é minha esposa,” Raheem retrucou, seus olhos brilhando. “A não ser que as
coisas sejam muito diferentes na América, eu acredito que maridos e esposas fazem isso lá
também...”

“Você está me provocando,” ela murmurou, sua voz rouca com emoções que estavam
fervilhando através dela. Ela deveria estar revoltada e assustada, mas havia algo mais em sua
mente. Ao invés de sentir-se apavorada, tudo no que ela podia pensar era quanto deseja aquele

homem e o quanto queria não ter se afastado de seu colo.

“Talvez eu seja um pouco,” Raheem admitiu, “mas permita com que eu te diga outra coisa.”.

Seus olhos endureceram um pouco. Irene sentia calafrios. Apesar da temperatura agradável
da cabine e as vestes longas que ela vestia, repentinamente ela estava com frio.

“Em Khanour, nós estimamos nossas mulheres, e isso significa que nós valorizamos suas
escolhas também. Enquanto um sheik pode esposar-se de uma mulher não importa qual seja sua
situação, é escolha da mulher se ela permanece casada ou não.”

“Se você quiser divorciar-se de mim, apenas diga ‘eu me divorcio de você’ três vezes. Após
isso, está acabado.”

Ela parecia tão cética que ele sorriu um pouco.

“É claro que, se você não for mais minha esposa, você é uma ladra que pertence ao sistema
prisional. Eu não mais serei capaz de protegê-la dos que estão latindo por seu sangue. Se você
optar por ceifar nosso laço, eu não terei escolha a não ser colocá-la de volta na prisão, onde
muitos acreditam ser o seu lugar.”

“Mas seu eu sou sua esposa...”


“Aí, obviamente, sua pena e custódia pertencem a mim,” ele disse encolhendo os ombros. “Eu

me torno seu juiz e júri para todos os efeitos.”

Ela podia sentir a teia de sua armadilha enrolando-se ao seu redor, amarrando-a como
algemas ou uma camisa de força.

“Contanto que eu seja sua esposa, eu ficarei fora da cadeia,” ela disse suavemente.
“Quando eu não mais for sua esposa eu ficarei a mercê da sorte.”

“É tudo uma questão sobre a autoridade de quem você decidirá se submeter,” ele disse.

“Como eu expliquei, a escolha é sua.”

Irene mordeu seu lábio. Ela sabia qual era a escolha certa, a escolha de coragem. Ela teria
que demandar que ele virasse o avião e a levasse de volta para a prisão. Mesmo que a
carceragem fosse bruta, ela era conhecida por lá como a estudante americana que entrou em
conflito com a polícia local. As pessoas sabiam quem era ela e qual havia sido o seu crime.

Se ela fosse com Raheem... literalmente nada poderia acontecer. Mesmo assim, uma parte
dela, sabia que ela estava muito mais segura onde se encontrava.

“Por quê?” Irene questionou. Ela não percebeu que havia perguntado alto. Quando Raheem
inclinou sua cabeça para o lado, ela corou ciente de como sua voz soou. Quando ele respondeu
sua questão, entretanto, ele estava sério.

“Por que eu não pude tirá-la da minha cabeça,” ele simplesmente disse. “Por que eu já
estava encantado com você quando conversamos no aeroporto. Quando eu descobri que você
estava envolvida com uma façanha hedionda, eu fiquei furioso. Eu passei dias em meus aposentos
em Khanour, tentando ver como eu havia sido feito tão tolo. Eu sempre fui um bom juiz de caráter.
Eu tenho apostado minha posição e meu governo tais julgamentos, e eles sempre estiveram corretos.
Quando eu descobri que você estava roubando uma parte verdadeira da história do meu país, eu
quis saber apenas como eu pude me enganar tanto.”

Ele pausou, olhando para fora por um momento. Por apenas aquele instante, Irene pôde ver
o porquê Khanour o seguia com tanta disposição. Ela era um homem que sempre colocou seu país
em primeiro lugar, que lutaria até a morte por eles.

“E o que você resolveu?” ela perguntou delicadamente.

“Eu resolvi que não estava de forma alguma errado,” ele respondeu, e enquanto o fazia,
olhava dentro dos olhos dela. Naquele momento, parecia que ele podia olhar dentro da alma dela

e em seu espírito, encontrando os segredos que ela escondia ali. Ela resistiu ao impulso de cobrir os
olhos com as mãos, e continuou ali, de pé, o olhando de volta.

“Eu não ofereci nenhuma defesa,” ela disse, mas ele balançou sua cabeça.

“Você ofereceu muito pouco,” ele disse encolhendo os ombros. “Você está escondendo algo, e
a mulher com quem eu conversei antes de todo esse inferno acontecer, eu acho que ela teria uma
razão muito boa para esconder. Ela precisa se dar conta que está segura antes de desistir de seus
segredos.”

“Segura...” Ela ecoou a palavra docemente, surpresa em como aquilo despertava um desejo
dentro dela. Ela não havia se sentido segura por semanas... se ela fosse honesta, ela não tinha se
sentido segura por quase toda a sua vida adulta. Sempre havia mais um lobo para ser mantido
longe da porta, seu irmão para proteger.

“Sim. E eu juro a você como sheik de Khanour, que não há ninguém neste mundo que está
mais segura do que a pessoa ao meu lado. Você é minha esposa.”

“O que você quer de mim?” Irene perguntou, e desta vez, sua voz estava trêmula, algo que
estava muito próximo de se tornar lágrimas.
“Eu quero que você seja minha esposa por uma semana,” ele disse, como se fosse a coisa

mais simples do mundo.

“O quê?”

“Pelos próximos sete dias, você será minha esposa em todas as coisas. No final desse
período, nós iremos estar de acordo sobre o que você dirá a polícia e você os lhe entregará o que
eles querem antes de sair em liberdade...”

“Ou?” ela perguntou.

“Ou você terá decidido que você não confia em mim e eu a deixarei na Romênia, um país
com o qual nós não temos que nos preocupar com uma ameaça de extradição. Você sairá livre
daqui, senão liberta, e mais livre do que estaria se tivesse persistido com seu silêncio na prisão.”

“Por que você está fazendo isso por mim?” Irene questionou confusa. “Certamente não é um
hábito seu libertar mulheres, que acredita serem inocentes, da prisão para ajudá-las...”

“Quem está dizendo que não faço isso?” ele perguntou de modo provocador, mas quando
ela olhou para ele surpresa, ele balançou sua cabeça.

“Não. Eu não faria isso para qualquer um. Eu acho que foi o momento quando nossos olhos
se encontraram no aeroporto quando você estava sendo levada. Você queria me pedir desculpas.
Eu conheci muitos criminosos na minha vida Irene, mas acredite quando eu digo que nenhum ladrão
nunca me pediu desculpas, não da forma como você fez.”

Irene mordeu seu lábio, incerta do que dizer, mas ele continuou, seu tom leve e casual.

“Depois daquilo, eu simplesmente tinha que ter certeza que eu de fato poderia ajudá-la.”

Ela para baixo, para suas mãos. “Então eu preciso ser sua esposa durante a semana, e
depois disso, de um jeito ou de outro, eu serei livre.”

Ele fez que sim com a cabeça. Irene sabia que ela deveria manter o resto para ela, mas
alguma forma inata de honestidade recusava-se a fazê-lo.

“Eu... eu não vou te contar nada,” ela disse discretamente. “Eu não vou. Eu não posso...”

Para sua surpresa, ele não parecia estar bravo com suas palavras. Confusa, Irene tentou
novamente.

“Eu estou falando sério. Eu não tenho a intenção de lhe contar o que você quer saber.”

“Eu a escutei,” Raheem disse, com o tom gentil. “Eu apenas sei que isso vai mudar.”

Por um momento, ela queria rir dele, de sua confiança. Independente da situação que ela
tivesse aterrissado, ele sempre havia sido um pessoa de personalidade forte. Agora ele estava
inferindo que sua personalidade era mais forte que a sua. Ao invés, Irene curvou a cabeça.

“Tudo bem.”

“E eu espero que você compreenda que é minha esposa. Este não um acordo de nome

apenas, ou algo criado meramente para removê-la para minha custódia. Isso é algo real,
consagrado pela lei pela tradição.”

Sob o olhar quente de Raheem, ela podia sentir suas bochechas corarem. Ela sabia
exatamente sobre o que ele estava falando. Talvez outra mulher tivesse ficado com medo ou
horrorizada, mas ela, seu coração começou a bater mais rápido.

“Eu compreendo,” ela disse docemente. “E eu me submeto.”

Alguma coisa sobre a maneira como ela pronunciou aquelas palavras fez com que o desejo
nos olhos dele explodisse numa fogueira. Por um momento, ela pensou que ele simplesmente
arremeteria contra ela e a faria sua ali mesmo. Para sua surpresa, ela o viu segurar suas rédeas,
com um leve sorriso em seus lábios sensuais.

“Tudo bem. Bom. Então nós não teremos nenhum problema.”


***

O avião aterrissou próximo a um oásis em meio a quilômetros de deserto. Irene não podia
deixar de perceber em como a areia parecia pular por um momento, mergulhando na exuberante
floresta verde do oásis no meio do deserto inóspito.

“As areias parecem poder matar você,” ela murmurou, admirando por cima da paisagem
escura.

“Elas podem,” Raheem replicou, ficando de pé próximo a ela. Juntos, eles assistiam o avião
decolar na noite escura. Ele retornaria para eles no final da semana.

“Eu não sinto como se estivesse em perigo, no entanto,” Irene admirou. “Eu me sinto... mais
segura aqui do que já me senti em muito tempo.”

Para sua surpresa, ela a puxou para si, beijando o topo de sua testa. Foi um beijo diferente

do que eles haviam dividido no avião. Este foi terno, quase ordinário se não estivesse acontecendo
diante da mais extraordinária das consequências. Foi afetuoso, e embora ela soubesse que eles
estavam explorando um terreno desconhecido, uma parte dela ansiava por mais.

“Ótimo. É desta forma que quero que você se sinta.”

Ele a conduziu para uma luxuosa casa, localizada as margens de uma lagoa. Era uma casa
belíssima, uma preciosidade do design moderno, construída em meio a uma paisagem milenar. Lá
havia todas as conveniências modernas da cidade ainda que escondida num paraíso perdido
selvagem.
Ele foi acender a lareira numa cavidade de aço no centro da sala de estar, observando

Irene por cima de seu ombro.

“Você deveria ir se banhar. Há roupas no quarto pequeno à direita, se você desejar livrar-se
dessas vestes.”

“Você me deu essas roupas,” ela disse e ele ficou indiferente.

“Você pode vestir o que quiser. Essas roupas eram simplesmente convenientes e você sairia
da cidade sem grandes problemas.”

Ela não sabia ao certo o que dizer então se dirigiu até o banheiro, onde havia um chuveiro
dentro de um box de vidro com uma ducha saindo do teto como uma suave chuva. Por um longo
momento, ela simplesmente se deleitou sob a água, relembrando de sua liberdade.

Quando ela saiu, ela considerou vestir as roupas que estavam no quarto. Elas eram novas.
Alguém havia comprado roupas que eram praticamente seu número, as etiquetas ainda estavam
nelas. Irene imaginou se deveria preocupar-se em como Raheem havia planejado tudo aquilo, mas
ela deixou o pensamento de lado.

Ela encontrou um vestido simples com uma bela saia esvoaçante em azul escuro, com detalhes
em linha prateada. E após um momento de hesitação ela o vestiu.

Antes de Irene se dirigir de volta a sala de estar, ela se viu olhando para a pilha de joias
que havia descartado. Ela hesitou por um momento, e depois simplesmente resolveu seguir sua
intuição. Ela deixou os brincos e braceletes, mas pegou o colar. Algo a respeito do peso e frio da
peça a confortava, e quando ela o colocou ao redor do pescoço e olhou-se no espelho, a pedra
da lua parecia piscar para ela. Bom o suficiente, ela decidiu.

De volta a sala de estar, o fogo crepitava. Raheem havia tirado suas próprias vestes, e
agora ele vestia calças e túnica escuras. Embora fosse simples, o corte e a qualidade eram óbvios,

e ela por um instante pensou que ele parecia um modelo em uma deslumbrante sala de estar, o

fogo crepitando alegremente e lançando sombras vivas pela parede.

Quando os olhos dele iluminaram os dela, eles brilharam, e ele gesticulou para que ela

viesse e se sentasse ao lado dele. Embora ela se sentisse um pouco mais que apenas tímida, ela
veio e sentou-se no sofá. E em seguida pareceu como a coisa mais natural do mundo a fazer,
inclinar-se e apoiar seu peso em seu corpo, o pressionando contra si.

“Conte-me alguma coisa ao seu respeito,” ele disse, e ela riu um pouco.

“É um comando do meu lorde e mestre?”

“Um pedido do seu marido,” ele disse ao invés, e por aquela razão, ela aceitou por um
momento.

“Tudo bem,” ela disse suavemente. “O que você quer saber?”

“Qualquer coisa. Por que você estudou arte. Onde você nasceu. O que você pensa de
Khanour.”

Ela mordeu seu lábio. Falar sobre onde havia crescido e sobre Khanour parecia muito
arriscado, mas a outra pergunta...

“Eu nunca fui uma artista,” ela disse. “Muitas pessoas que ingressam na história da arte são
artistas, e surpreendentemente bons artistas, mas essa nunca fui eu. Eu sempre quis gastar todo o
meu tempo fascinada pela arte, permitindo que ela me cercasse e me englobasse. Era algo que eu
sempre quis, desde a primeira vez que eu vi um quadro de Matisse no museu de arte de Chicago.
Sempre houve algo a respeito de como era bom olhar para uma pintura tão bela, e que tinha uma
história por trás. Era... revigorante. Edificante.”
“Então você quis fazer disso sua carreira?”

“Eu teria sido feliz servindo mesas se isso pagasse meus ingressos para os museus da arte
pelo resto da minha vida,” Irene disse com um riso de pesar. “Mas eu ganhei uma bolsa de estudos
durante meu último ano de ensino médio, e pensei que eu própria simplesmente poderia ir e me

dedicar à arte.”

“Eu vi nos seus registros que você estava na universidade.” Ele disse cuidadosamente. “O que
você imaginou fazer com este diploma?”

“Trabalhar em museus,” ela respondeu prontamente. “Em conservação principalmente. Existe


tanta arte e beleza que poderiam voltar ao mundo se nós soubéssemos a forma correta de
conservá-las...”

Ela parou abruptamente. Que museu ou acervo estariam dispostos a contratá-la se isso
viesse à tona? Se até mesmo, ela teria um futuro após essa semana? Ela estremeceu, premendo um
pouco mais em Raheem. Seu braço apertou-se em torno dela, mas ele não fez nenhum comentário.

“Eu nunca tive uma escolha sobre o que eu iria fazer,” ele disse. “Na época em que eu ainda
era muito jovem, eu sabia que seria um sheik. Eu sabia que havia nascido para governar e tomar

conta de meu país.”

“Você se arrepende?” ela perguntou.

Não havia nada, mas, sinceridade na voz dela, mas ele riu.

“Você quer dizer se eu me arrependo da riqueza e do luxo?”

Ela inclinou sua cabeça para o lado, imaginando, se ele iria rir ou desdenharia dela.

“Sim,” ela disse. “Quando eu consegui aquela bolsa de estudos, eu pude sentir as portas do
mundo abertas para mim. Eu poderia ser o quisesse. Eu poderia ser uma enfermeira que ajudaria
as pessoas, ou eu poderia me tornar uma engenheira que construiria coisas. Eu poderia ser uma

bibliotecária ou uma advogada.”

“E você escolheu estudar arte.”

“Eu escolhi,” ela disse criteriosamente. “E eu não me arrependo nem um pouco. Aquele
momento de escolha... aquilo foi libertador.”

Ele riu, mas dessa vez, havia certo sufoco em seu riso.

“Eu não me arrependo,” ele disse com a tez suave. “Não exatamente. Eu sou bom no que
faço. Meu país prospera, e meu povo me ama. A riqueza e a fama não machucam. Mas essa
escolha. Você está certa. É uma liberdade que meu dinheiro e minha família não puderam comprar
para mim.”

Eles ficaram em silêncio por um instante, e depois ele falou novamente.

“Eu imagino o que teria sido se nossos lugares tivessem sido trocados,” ele refletiu.

“Você quer dizer se você fosse um pobre estudante da Pensilvânia e eu fosse a sheika de

Khanour?”

“Hum. Eu imagino que eu teria gostado de ir para a faculdade,” ele disse, “e talvez eu
tivesse estudado engenharia, mas eu imagino se história poderia ter chamado minha atenção.”

“História?”

Ele sorriu, um pouco arrependido.

“Sim. Onde você vê a beleza da arte, eu vejo a grande extensão da história humana. A
partir do momento em que pudemos escrever, nós começamos a registrar de onde viemos e o que
queríamos. Quem nós éramos e o que fizemos. Estas histórias... acima de tudo mais, elas são
preciosas. Nós não somos ninguém se não soubermos de onde viémos.”

“De onde viemos...” Irene repetiu.

Era um luxo imaginar o passado como história. Se era história, estava cuidadosamente
contido num livro. Não podia feri-la. Não pode ser usado para ferir as pessoas que a
compartilharam com ela. Uma memória surgiu em sua mente, e antes que pudesse freá-la, ela
começou a falar sobre aquilo.

“Quando eu era apenas uma garotinha na Pensilvânia, meu irmão Peter, e eu saímos para
brincar. Havia um lago atrás de nossa casa que havia congelado inteiramente. Porém, estava
esquentando, e nós bem sabíamos que o gelo estava derretendo... bem, talvez Peter não soubesse.”

“Ele era seu irmão mais novo?”

“Sim, mas como gêmeos isso importava menos do que você imagina,” ela disse com um sorriso
irônico. “Ele estava despreocupado correndo pelo gelo. Eu sabia melhor, mas após um terrível
instante, eu corri atrás dele. Houve uma rachadura, e como se fosse o fim do mundo, ele caiu
dentro.”

Ela pausou, relembrando o quão terrível havia sido. Como a água negra pareceu abrir por
baixo do gelo, pronta e capaz de engolir, algo pequeno e ingênuo como um garotinho.

“O que aconteceu com ele?”

“Se eu não o tivesse seguido até lá, ele teria morrido,” ela respondeu. “Ele teria se debatido
na água até que suas forças desistissem, e ele teria morrido. Ao invés disso, eu estava lá para
puxá-lo, gritando por socorro como eu fiz. Quando eu o puxei, eu estava exausta, mas felizmente
uma vizinha ouviu.”
O braço de Raheem apertou-se ao redor dela como se ele estivesse com medo pela

garotinha que ela havia sido.

“E o que aconteceu depois?”

“A vizinha nos levou para sua garagem, tirou nossas roupas encharcadas, e nos colocou
numa banheira quente. É um antigo truque para pessoas que sofreram um choque. Ela nos deu
chocolate quente, que pensando agora, eu tenho certeza que estava batizado com um pouco de
conhaque, e ela ligou para nossos pais.”

Irene riu de si mesma por um instante.

“Eles estavam furiosos. Nos dois ficamos de castigo por meses, até que a primavera
finalmente chegou. Terrível.”

“Mas você não havia feito nada de errado,” Raheem protestou, franzindo diante da injustiça.
“Você salvou seu irmão.”

“Não importa,” Irene disse sua voz um pouco embaçada. No calor do corpo de Raheem, e
limpa, e seca de uma forma que ela nunca havia estado pelo que pareciam anos, ela pode sentir-

se encolhendo.

“Eu penso que importa muito,” disse Raheem, que já parecia estar distante.

“Não importa,” ela insistiu. “Ele é meu irmão. Ele é minha família. Eu tenho que tomar conta
dele. Sempre.”

Ela tinha ideia que Raheem estava dizendo mais alguma coisa, mas não importava. Ao invés,
o mundo parecia estar desabando numa profunda e escura neblina. Ela estava segura agora, e
seu corpo precisava tanto que ela acabou dormindo sem pensar duas vezes.
***
Raheem assistiu sua esposa dormir por algum momento. Ela era um peso quente contra seu

corpo, linda, delicada e flexível como ele nunca havia visto antes. Ele precisou de toda sua força

de vontade para não tocá-la, para não beijá-la novamente. Não seria correto. Quando ele a
beijou, ele queria que ela o beijasse de volta, queria que ela soubesse o que estava acontecendo

e quisesse tanto quanto ele.

Não pela primeira vez, ele imaginou se havia comprado um tipo de problema que o
acompanharia pelo resto de seus dias. Ele podia sentir que ela havia tocado seu espírito e seu
coração crescia cada vez mais, mas ele deixou os pensamentos de lado. Aquelas considerações

ficariam para depois.

Neste momento, havia mais sobre o que pensar. Por um longo momento, ele simplesmente
pincelava seus cabelos claros, apreciando a forma como a luz do fogo brilhava em suas madeixas.
Ela dormiu em seus braços tão confiante que fez uma parte desconhecida de seu ser latejar. Ele
não era conhecido por ser um homem receptivo, ou mesmo, por sua compaixão, mas esta pequena
ladra despertou isso nele.

Se, afinal, era uma ladra.

A história que ela havia contado ecoava em sua cabeça até que percebeu o que ele tinha
que fazer. Com um toque gentil ela separou-se dela, deixando-a enrolada no sofá. Ela gemeu
algumas palavras de protesto antes de mergulhar num sono profundo, e ele sorriu um pouco.

Ele foi para outra sala rapidamente, com seu telefone em suas mãos.

“Sim, sou eu. Não, me desculpe por acordá-la, mas isso não pode esperar. Tudo bem. Eu
quero que você levante um dossiê sobre Peter Bellingham, irmão de Irene Bellingham. Sim, seu
irmão gêmeo. Tudo bem...”
Capítulo Quatro

Irene acordou vagarosamente, piscando seus olhos contra a luz clara da manhã. Por um
momento, ela pensou que os últimos meses haviam sido um sonho. Ela ainda estava no dormitório da

graduação em Khanour, e ela não tinha nada a sua frente, mas estudar para o que ela havia
devotado sua vida. Seu irmão estava bem, e tudo estava seguro.

Em seguida ela acordou, e apesar de não estar mais em sua cela na prisão, ela estava longe
de casa.

A cama em que Irene esteve dormindo era enorme, algodão branco em todas as direções.
Ela começou a pensar se aquela foi a cama que deu a ela uma das melhores noites de sono em
toda a sua vida, mas em seguida ela escutou a respiração de outra pessoa.

Ela finalmente acordou, quando viu que não estava sozinha. Dormindo ao seu lado estava
ninguém menos que o próprio Raheem. Contra o tecido de algodão branco dos lençóis que o
cobriam, a pele oliva de Raheem parecia brilhar. Pela primeira vez ela poderia simplesmente olhar
para ele, com sua mão apoiando o queixo, ela aproveitou a oportunidade para fazer apenas isso.

Seus cabelos eram negros e brilhosos como o pelo de uma pantera, e agora ele podia ver
que ele tinha cílios belíssimos, longos e compridos. Havia uma barba curta em seu maxilar, e
enquanto ele dormia, a mão que descansava ao lado de seu rosto sobre o travesseiro fechava e
abria, fazendo com que ela quisesse tocá-las para ver se ele entrelaçaria os dedos dela entre os
seus.

Mesmo desacordado, havia uma aura de comando ao redor dele, ela pensou. Esse era um
homem que mantinha seu país nas palmas de sua mão, o protegendo de todos os lados e se
colocando a frente na linha de defesa. Ao lado dele, o lugar dela no mundo parecia ser muito
pequeno.

Irene lembrou-se que contanto que passasse por essa semana, ela ficaria bem. Contanto que
fosse capaz de dançar conforme sua música, ela sairia livre, e então, teoricamente, Peter também.

Para começar, ela percebeu que ele a estava observando.

“Bom dia,” ela murmurou, e ele sorriu para ela.

“Em Khanour, é considerada tradição a mulher trazer para seu marido uma xícara de chá
antes deles levantarem.”

“Por que isso?” ela perguntou sem pensar.

“Mostra que ela coloca o conforto dele acima do dela, e que ela despertou mais cedo tendo
o seu conforto em mente. É algo comum nas casas mais requintadas as mais simples delas.”

“Mas eu aposto que as mulheres mais ricas têm cozinheiras que preparam o chá e o trazem
até a porta,” ela observou, e em seguida corou em quão conflituosa ela soou. Felizmente, Raheem
parecia apenas entretido diante de suas afirmações.

“Eu tenho certeza que você está certa. Pessoalmente, confio em meus próprios mecanismos, eu
prefiro meu ritual particular pela manha.”

“Qual é?” ela perguntou, e antes mesmo que pudesse pensar em outra coisa, ela estava
presa ao colchão e os lençóis e travesseiros ao seu redor.

“Isso,” Raheem disse, meio segundo antes de seus lábios chocarem-se nos dela.

Ela resistiu por um momento, mas o toque sensual dos seus lábios sobre os dela e levaram
para longe. O calor entre eles reacendeu-se, deixando-a agarrada ao seu corpo.
Desenfreadamente, ela correu suas mãos através de suas costas. A pele dele era macia e quente,
mas quando ela se deu conta que ele não estava vestindo nada em sua parte baixa, ela paralisou.

“Qual o problema?” ele perguntou, recuando, e ela o empurrou em choque.

“Você não está vestindo nada!” ela desabafou. Em seguida, após uma rápida checagem, ela

sentiu suas bochechas corarem de vergonha quando descobriu outra coisa.

“Eu não estou vestindo nada também!”

“Há roupas de dormir nos armários, mas eu geralmente prefiro dormir nu...”

“O que você fez comigo?” ela perguntou, alarmada e uma sombra aterrissou nos olhos dele.

Desta vez, quando ele a prendeu no colchão, ele olhou no fundo dos olhos dela. Havia um
fogo alia que era parte paixão e parte fúria, e ela imaginou se então deveria estar
verdadeiramente com medo.

“Nada,” ele respirou. “Eu não fiz nada com você. Não porque eu não a queria. Não porque
eu não pensei sobre isso, mas porque não teria sido correto."

Irene mal podia respirar, mas ela tomou ar suficiente antes de falar.

“Eu deveria lhe agradecer por isso?” ela questionou. “Por agir como um ser humano ao invés
de um selvagem?”

Por um momento, ela pensou que terrível havia sido desencadeado. Em seguida,
abruptamente, conforme a fúria desapareceu, aquilo passou. Ele recuou e se ali havia um traço de
decepção, havia sido dirigido a ele.

“Não,” ele admitiu, “mas acredite em mim quando eu digo que não tenho a intenção de
forçar você a fazer nada que não seja de seu interesse.”

Ela sentiu algo dentro de si, que estava tenso desde que eles haviam chegado ao oásis,
finalmente relaxar. Ela não conseguiria dizer o que a estava incomodando, mas agora ela podia
afirmar que era o medo de simplesmente ser pressionada, ou tomada sem seu consentimento.

“Estou aliviada,” ela disse, mas ela não pôde deixar de observá-lo com um pouco de
desconfiança. Agora ela sabia o quão rápido ele poderia ser, e ela pôde perceber que ele viu o

receio nos olhos dela. Raheem suspirou.

“Eu vou começar a preparar o café da manhã para nós.” ele disse. “Você deveria tomar um
banho, vestir umas roupas.” Ela sabia que a situação estacava acabada, mas por alguma razão,

ela precisa perguntar a ele algo que estava em sua mente.

“Você me despiu?” ela questionou, e um sorriso forçado surgiu rapidamente sobre os lábios
dele.

“Sim, eu despi. Mas eu juro que eu não olhei ou demorei-me mais do que era apropriado.”

“Mais do que apropriado para mim?” ela perguntou, e seu sorriso tornou-se malicioso.

“Mais do que é apropriado para um marido e sua esposa.”

Ela corou enquanto ele se levantava, vestia-se, e dirigia-se para a cozinha. Ela havia

verdadeiramente aterrissado em terras estranhas. Por que, então, ela ainda sentia-se tão segura?
***

O café da manhã era um delicioso prato com ovos, ardente e apimentado tanto quanto era
a comida em Khanour. Quando ela comentou sobre um sheik saber cozinhar, ele encolheu os
ombros.

“Eu gosto de ter as coisas feitas a minha maneira,” ele disse. “Faz sentido que eu assuma
pelo menos alguns aspectos de minha vida.”
“Bem, os resultados são incríveis,” ela murmurou, levando a boca o último pedaço de pão

fatiado crocante com molho de tomate. “Obrigada.”

“Bem, você deve se alimentar bem. Nós vamos fazer uma longa caminhada hoje.”

Irene olhou para ele, assustada.

“Nós vamos? Para onde vamos caminhar?”

“O oásis é muito maior do que você pensa,” ele explicou. “Ele é alimentado por uma série de
aquíferos subterrâneos, e a alguns quilômetros de distância, há uma cachoeira cortada pelas

pedras. Eu achei que seria interessante escalá-la.”

Apesar de sua situação, Irene não pôde evitar, mas animar-se com os planos. Embora morar
na cidade tenha sido uma memorável experiência em sua vida ela teve pouco tempo para
apreciar a natureza. Ela havia crescido, não mais que a meia hora de distância dos parques
nacionais, e a ideia de poder aproveitar algum tipo de contato com a natureza era o suficiente
para fazê-la sorrir.

Impulsivamente, ela envolveu os braços ao redor de Raheem, que estava colocando os pratos

na pia. Por um momento, ela pôde senti-lo rígido em seus braços, mas em seguida ele relaxou em
seu abraço inclinando as costas contra ela.

“Os planos te agradam?” ele perguntou docemente, e pela primeira vez, ela imaginou se sua
estima era importante para ele. Se o que ela dizia fazia alguma diferença.

“Sim, me agradam,” ela disse com um gracejo. “Agradam-me muito, obrigada!”

Após o café da manhã, ela encontrou um par de sandálias para caminhada no armário, mas
como Raheem lhe disse que não haviam risco na trilha, ela decidiu continuar com seu vestido leve. O
dia estava claro e nítido quando eles saíram, e eles entraram num ritmo único. Havia algo
estranhamente íntimo sobre caminhar juntos na floresta. Ocasionalmente soava um canto de

pássaro, mas em geral o mundo estava em silêncio exceto pelo escoar do pequeno riacho que

fluía.

De repente, Raheem parou, apontando para frente. Quando ela se juntou a ele, Irene estava

inicialmente confusa até que enxergou o contorno de um animal sentado silenciosamente na trilha.

“Um coelho!” ela suspirou, mas ele balançou a cabeça.

“Uma lebre. Eles ficam maiores, e vivem debaixo do solo, diferente de coelhos. Aquele é

enorme. Talvez seja o avô de um grande clã.”

Quando eles prosseguiram, a lebre saltou no ar e com uma impressionante manobra de seu
corpo correu para os arbustos.

“Ás vezes eu sinto falta de ver os animais,” ela disse conforme eles caminhavam. “Há muito
menos animais na cidade do que eu estou acostumada.”

“Eles estão lá se você souber onde procurar,” ele disse com um sorriso. “Lebres e coelhos vão
para a cidade regularmente. Talvez , eu devesse leva-la para ver os antílopes. Há um rebanho

aqui perto, eu acredito, que utiliza esse oásis.”

Raheem não estava exagerando quando ele disse longa caminhada. Já passava de meio dia
quando eles chegaram aos pés das pedras altas. Antes que ele permitisse que eles escalassem, ele
a fez beber água e comer carne seca, as duas coisas que a reestabeleceram mais do que ela
imaginou que iriam.

“Eu estava com mais sede e fome do que imaginei,” ela disse com surpresa, e ele concordou
com a cabeça.

“É sempre dessa forma aqui,” ele disse. “As coisas que machucam você andarão
sorrateiramente. Às vezes, se você não tiver muita sorte, você verá que elas estiveram

dissimulando-se em você durante anos.”

Havia algo na forma como ele disse aquilo que a espantou, mas por um momento, ela deixou
de lado. Ela havia feito trilhas regularmente quando era adolescente, mas desde o começo da

escola, o hobby havia sido deixado de lado mais do ela gostaria. Agora ela tinha que se
concentrar em subir o caminho íngreme, observando cuidadosamente onde colocava os pés e
ocasionalmente as mãos.

Para sua surpresa, ela acompanhou Raheem num mesmo ritmo que parecia a coisa mais
natural do mundo. Sem nem mesmo pedir ajuda, ele estava lá para impulsioná-la ou lhe dar a mão
quando ela precisava. Havia alguma coisa incrivelmente relaxante sobre simplesmente poder
confiar que ele estaria ali, em contar com ele quando ela precisasse.

A cachoeira que ele havia prometido era maravilhosa, correntes de água pura e cristalina
descendo sobre uma pedra para cair num lago muito abaixo. De onde eles estavam à luz atingia o
jato de água e criava um leve arco-íris, e era tão adorável que Irene não pode fazer nada a não
ser ficar ali, de pé admirada.

Quando ela sentiu os braços de Raheem ao seu redor ela se inclinou para ele.

“Obrigada,” ela sussurrou.

“Pelo que?”

“Por me dar isso, por me ajudar a subir até aqui... obrigada.”

Ele riu, beijando o topo de sua cabeça.

“Não, eu falo sério... por que você fez tudo isso?” ela perguntou, virando-se e olhando para
ele. “Eu... eu sei que você não fez com nenhuma motivação cruel ou pervertida, mas... por que você
me trouxe aqui? Salvou-me da prisão? Tudo isso?”

Por um momento, ela pensou que ele não iria dizer a ela, ou pelo menos iria desconversar.
Mas ao invés disso, Raheem ficou muito quieto por um instante, e em seguida ele fez que sim com a
cabeça. De sua mochila, ele tirou um pequeno cobertor que abriu no chão. Ele gesticulou para que

ela viesse e senta-se com ele, e curiosamente, ela foi.

“Há muitas razões,” ele disse brandamente. “Muitas delas. Algumas porque eu senti que você
entrou em meu sangue aquele dia. Quando nós nos conhecemos no aeroporto, aquilo pareceu como

o destino colocando as mãos em minha vida. Talvez fosse o destino que você voasse para longe de
mim também, mas bem, nenhum homem pode ver o futuro. Então a estátua foi descoberta...”

Ela recuou diante daquilo e talvez tivesse se afastado dele, mas ele pegou sua mão
gentilmente. Era surpreendente para ela o quão gentil ele podia ser quando desejava.

“... eu senti como se você tivesse sido erroneamente tirada de mim. Talvez eu estivesse
meramente furioso que minha imagem de você tivesse sido destruída, mas pareceu mais do que
isso. Eu senti que naquele momento eu não podia me permitir perdê-la. Então eu precisei trabalhar
e encontrar uma forma de me levar de volta para você.”

Houve um momento em que eles simplesmente admiraram bela paisagem a sua frente. Irene
sabia que ela poderia ter parado ali, mas algo dentro dela lhe disse para continuar. Ela estava
tão perto de algo, fosse algum tipo de verdade ou alguma revelação. Quando ela falou, sua voz
estava baixa o suficiente para que Raheem pudesse ignorar se ele desejasse.

“E o que acontece quando essa semana acabar, e eu puder escolher ir embora?”

Ela pôde ouvi-lo respirar profundamente e em seguida mais uma vez. Irene olhou fixamente
para a cachoeira, desejando que um pouco de sua paz viesse para ela.
“Eu vou permitir,” ele disse, sua voz rouca.

Irene respirou fundo, sentindo como se alguma coisa dentro dela tivesse sido libertada. Ele
veio a descobrir o que liberdade significava após seu período na prisão e ela nunca esteve mais
ciente do fato que a havia perdido. Ela sabia agora que sua liberdade era algo que ela nunca

mais iria subestimar novamente, e agora que ela a possuía, Irene pretendia valorizá-la.

“Obrigada,” ela sussurrou, tomando a mão dele.

Raheem olhou um pouco surpreso, mas ele apertou sua mão gentilmente, não dizendo nada

além. Eles sentaram-se próximos a cachoeira por algum tempo, e depois, começaram a conversar
sobre outras coisas. Havia uma naturalidade entre eles agora, que faltava anteriormente, algo que
era mais doce e gentil.

Confiança, Irene pensou. Nós confiamos um no outro agora.


***

Eles caminharam quase todo o percurso de volta para a casa sem nenhum contratempo, mas
então, quando estavam na trilha, o Irene escorregou em uma pedra deslocada, fazendo a grunhir
enquanto ela se contorcia, com um xingamento abafado, Raheem a pegou antes que caísse, mas

antes disso, seu tornozelo torceu debaixo dela.

“Oh... ai, ai...”

Irene estava apenas tentando recuperar seu fôlego quando ela grunhiu novamente. Raheem
a colocou em seus braços, erguendo-a completamente do chão.

“Raheem, o que você está fazendo?”

“Carregando você,” ele respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo. “A casa
não está longe, e você está longe de ser pesada.”
Ela sabia que deveria protestar. Parecia ser o auge do luxo, ser carregada uma pequena

distância por causa de uma torção que estaria curada pela manhã. Entretanto, quando ele e

abraçou um pouco mais perto, ela pôde sentir seu coração batendo em seu peito.

Ele está genuinamente preocupado, ela pensou, e aquilo disse a ela para segurar-se nele com

um pouco mais de força.

“Obrigada,” ela murmurou, e ele fez um som de satisfação.

Eles retornaram para a casa exatamente quando o sol estava se pondo. Raheem a sentou no

sofá para que pudesse dar uma olhada em seu tornozelo, e ambos estavam aliviados em ver que
não era de forma alguma um ferimento grave.

Quando ela se levantou e caminhou, a dor aliviou, embora ela pudesse perceber que ficaria
um pouco dolorido durante alguns poucos dias.

“Nada de mais mesmo,” ela disse com alívio, embora Raheem estive um pouco mais hesitante.

“Sério, vai ficar tudo bem. Eu estou mais preocupada com suas costas... você foi quem me
carregou por todo o caminho de volta por nada...”

Ele deu de ombros.

“Melhor a salvo do que arrependida. Se esse fosse um ferimento sério, continuar caminhando
apenas teria feito com que piorasse. Tem alguma coisa que você precise que talvez faça com que
se sinta melhor?”

Ela balançou sua cabeça, entretida com a preocupação estampada no rosto dele.

“Veja, eu posso mover quase como eu quiser, está vendo?”

Ela levantou-se e andou até ele, e sem pensar no que estava fazendo, ela envolveu seus
braços ao redor de seu pescoço, e abaixou seu rosto para um beijo leve. Ele retribuiu o beijo, mas
em seguida quando os braços dele a envolveram, ela pode sentir que mudou.

O que havia começado como um gesto inocente de agradecimento enviou ondas de prazer
através dela, prazer que ela estava certa que ele também estava sentindo. Ela pôde sentir o

momento em que seu abraço foi de carinho e conforto para paixão, e seu corpo respondendo a
altura. Ela gemeu quando as mãos dele varreram suas costas abaixo, até a parte de trás e suas
coxas antes de abrangerem suas costas novamente.

Irene perdeu para as chamas até que pôde sentir a prova do desejo dele pressionando
contra seu ventre, mostrando a ela de forma clara o quanto ele a desejava. Com um choramingo,
ela se afastou dele, quase caindo quando a mão segura dele a ajudou a se manter de pé.

“Raheem...”

A risada dele foi hostil.

“Às vezes, eu me pergunto se você é a minha punição por algum pecado desconhecido,” ele
rugiu, quase que para si próprio. “Às vezes, eu penso que eu devo ter feito algo errado para
querer uma mulher que não me quer...”

Estava na ponta de sua língua dizer a ele que ela o queria. Ela o queria mais que qualquer
outra coisa que pudesse imaginar, mas ele tomou seu silêncio como uma concordância.

“Eu fui sincero sobre o que disse a você antes,” ele disse. “Eu não tenho a intenção de forçá-
la de forma alguma. Mas talvez você devesse ser um pouco mais cuidadosa sobre a forma como
me toca e sobre o que diz, sim?”

“E se eu não quiser ser cuidadosa?”

Sua voz estava mais alta do que ela pensou que estaria, e ambos se entreolharam um pouco
surpresos.

“O que você está dizendo pequena americana?” ele questionou, e naquele momento, ele
pareceu mais alto, mais sombrio, mais como um deus do deserto do que como um homem. Irene
engoliu com dificuldade.

“E se eu tiver sido cuidadosa minha vida toda?” ela perguntou. “E se eu estiver cansada de
ser cuidadosa e precavida, e eu... apenas quiser me permitir?”

Raheem riu, e a escuridão ao seu redor enviou calafrios em sua espinha.

“Se você se permitir, então eu certamente irei apanhá-la, Irene,” ele disse, “mas talvez você
devesse estar muito certa disso antes de fazê-lo.”

Quando ela pareceu hesitar, ele balançou sua cabeça.

“Vá tomar seu banho,” ele disse. “Vai ser bom para o seu tornozelo, e vai lhe dar algum
tempo. Na hora que você sair, talvez você já tenha mudado totalmente de ideia. Eu não tenho
urgência em ser um grande erro que cometeu quando estava agitada.”

“Eu acho que conheço minha própria mente,” ela começou a dizer, mas ele a encarou.

“Vá!” ele disse, apontando.

Ela olhou para ele, este homem incrivelmente belo, e ela pode sentir seu ventre revirar. Seu
comando era intoxicante, fazendo com que ela quisesse desistir de todo o autocontrole, mas talvez
fosse sobre isso que ele a estava alertando.

Ela o olhou por uma vez mais e, em seguida, obedeceu.

Vamos ver o que a noite trás.


***
Raheem imaginava se ele estava de fato ficando louco.

A pequena americana uma tentação totalmente desconhecida. Ele pensou, um pouco, se toda
sua inocência e doçura eram uma atuação, mas quanto mais tempo ele passava com ela, mais
facilmente ele podia ver que não era. Ele estava completamente preparado para permitir que ela

negociasse sua liberdade, mas uma vez que ela a tinha em seu oásis, ele não podia imaginar fazer
uma coisa dessas com ela.

Irene era como um raio de sol, doce e quente, e que fazia sua necessidade de tê-la ainda

mais obscura. Ele talvez fosse capaz de pechinchar e aproveitar uma ladra que sabia sobre seu
próprio poder. Mas diante de Irene, inocente e meiga, ele sentia-se completamente impotente.

Que diabos eu vou fazer? Raheem pensava.

Ele podia ouvir a água do chuveiro, e involuntariamente, ele a imaginou nua entrando sob a
ducha. Ele havia dito a verdade a ela naquela manhã. Ele a havia despido para que ela dormisse
mais confortavelmente, e agora sua mente estava tomada pelo corpo que ele sabia estar despido
a apenas algumas portas a sua frente.

Raheem respirou fundo, acalmando-se um pouco. Ele sabia que essa semana talvez fosse

tudo o que ele fosse ter. Ele resolveu fazer o melhor que podia.

Ele tinha que fazer.


Capítulo Cinco

Irene não estava surpresa em ver Raheem esperando por ela quando saiu do chuveiro.
Enquanto estava sob a ducha quente, ela não podia parar de pensar sobre as mãos dele e a

forma como se moviam sobre sua pele. Ele era um homem que sabia seu lugar no mundo, sabia que
tudo nele estava sob seu comando. Uma parte dela, uma parte que ela nunca havia de fato antes
reconhecido, respondia a sua dominação, ao cuidado que ele tinha com ela e a sua natureza
completamente decidida.

Seria tão ruim assim me permitir? Irene pensava enquanto se lavava. Seria tão terrível...
permitir que ele entre, apenas por uma noite?

Outra parte mais sábia dela disse algo como que aquilo nunca seria por uma noite apenas.
Mesmo que ele nunca mais a procurasse, o que eles fizeram juntos estaria marcado em sua pele,
seu coração, e em seu espírito para o resto de sua vida. Raheem era um homem como os sheiks
fora de série. O que ele tocava ficaria marcado para sempre.

Ela tinha se secado lentamente, pensando em como deveria ser sábia, e em como havia mais

que apenas seu coração em jogo. O problema era que não importava o quanto ela pensasse, não
importava o quanto considerasse, ele estava ali, em sua mente: seu sorriso, suas mãos, sua boca
pecaminosa. Ela vestiu o roupão de seda, e andou até o quarto.

O sol estava se pondo, formando sombras através do quarto. Ele parecia como um homem
feito de sombras, sentado na poltrona de couro perto da lareira. Ele não falou. Ele se virou para
observá-la com uma expressão questionadora. Naquele momento, Irene sabia que aquela era, e
para sempre seria sua escolha. Ele não a forçaria. Ele não a coagiria. O que ela escolheu a seguir
foi porque ela quis, e por nenhuma outra razão.
Irene respirou profundamente, atravessando o quarto em sua direção. Em cada passo, ela

imaginava se era tão corajosa quanto imagina que fosse, se ela realmente possuía os nervos para

fazer o que desejava.

Em seguida ela parou de pé na frente dele, e seu tempo estava contando. Ele não disse

nada, apenas olhou para ela. Em seus olhos escuros, ela podia ver a mina de fogo de seu desejo,
clamando por uma resposta.

“Eu quero você,” Irene murmurou, olhando para baixo.

Ela não sabia o que esperar dele a seguir, mas não era sua mão gentil, segurando seu
queixo e a fazendo olhar para cima.

“Mais alto,” foi a única coisa que ele disse.

Ela arfou um pouco diante de sua ordem, mas ela tentou novamente.

“Eu quero você.”

“E eu quero ouvir você. Mais alto outra vez.”

“Eu quero você!” ela disse, e dessa vez, sua voz partiu-se um pouco enquanto ela repetia.
Sua face parecia flamejar, e ela pensou que morreria de humilhação. Seus olhos levantaram-se
para encontrar os dele, mas ao invés de parecer cruel, havia compaixão em seu olhar, até mesmo
um pouco de humor.

“Ótimo,” ele ronronou. “Ótimo, brilhante garota, minha doce Irene.”

Ela estava trêmula por ter sido forçada a expressar seu desejo, mas ele parecia sentir que
ela poderia fazer muito mais. Com um toque que era certeiro como o vento do deserto, ele desatou
o nó que mantinha seu roupão fechado. Lentamente, ele o puxou alcançado para deslizar o robe
pelos seus ombros abaixo. Ele escorregou no chão feito água, e agora não havia nada mais a
protegendo de seu olhar sombrio. Ele podia ver cada pedaço dela, e ela sentia como se seus olhos

varressem sobre sua pele. Quando ela tentou se cobrir, ele puxou suas mãos de volta para baixo.

“Eu sempre soube que você era linda,” ele disse, e a puxou para próximo dele.

Ela sorriu um pouco nervosa quando ele aconchegou-se em seu ventre, mas aquele sorriso
tornou-se um arfar quando ela sentiu sua língua macia lamber de seu umbigo abaixo, até a
primeira mecha de pelos que adornavam seu monte. As mãos dela repousaram sobre seus ombros,

mas ela não estava certa se queria empurrá-lo ou puxá-lo para ainda mais perto. Sua pele estava
quente onde a boca dele havia tocodo, fria onde restava.

Agora ele beijou o caminho de volta para o seu corpo, inclinando sua boca no primeiro
mamilo, e em seguida, no outro. Não havia pressa alguma em seus movimentos, nenhuma indicação
que ele queria fazer algo que já estivesse fazendo. Ele beijou seu corpo como se tivesse todo o
tempo do mundo, e ele estava pronto para ficar ali explorando. Ela arfou quando os dois
perceberam que a pele nas laterais de seus seios eram indecentemente sensíveis. Irene pôde sentir
Raheem sorrir enquanto varria sua pele ali, fazendo-a pressionar mais contra ele.

Ele ergueu seu pé num movimento fluido, e com o outro, ele recolheu. Ela nuca deixaria de se
surpreender sobre o quão vigoroso ele era, como ele podia movê-la ao seu redor como se seu
peso não representasse nada. Ele a carregou para a cama, e em seguida a deitou como se ela
fosse algo infinitamente precioso.

Ela assistia a ele, como seus olhos claros, enquanto ele removia suas próprias roupas. Com
cada peça de roupa que retirava, ele exibia mais de sua estrutura musculosa que ela havia sentido
antes. Ele era perfeito como uma estátua de mármore, e forte como um deus. Quando ele veio se
deitar com ela na cama, sua respiração foi capturada conforme ele a beijava, desta vez em sua
boca.
Quando os lábios dele tocaram os dela, todos os medos desaparecerem. Simplesmente não

havia espaço para o medo em sua mente quando havia tanto desejo, tanta ânsia e prazer. Ele era

tão paciente quando beijava sua boca quanto era com tudo o mais. Quando ele finalmente recuou,
a boca dela parecia úmida e inchada, ferroando de desejo, e o tudo o que ela queria era mais.

“Uma garota tão perfeita,” ele ronronou. “Vamos ver do que você mais gosta.”

Ele começou a beijá-la novamente, mas desta vez, ele deslizou sua mão pelo seu corpo
abaixo, sobre as curvas de seus seios e seu ventre, e até a carne sensível entre suas pernas.

Quando ela primeiro sentiu suas mãos pincelando entre suas coxas, ela as bloqueou e fechou, mas
com toques gentis, elas caíram abertas novamente para ele.

“Tudo o que estou fazendo, eu desejo fazer,” ele rosnou baixo. “Você não vai me negar a
não ser que eu a esteja machucando. Está entendido?”

“Si...sim” ela finalmente conseguiu gaguejar.

Seu prêmio foi outro beijo profundo, e quando ela suspirou ao primeiro toque de seus dedos
abruptos sobre sua abertura, ele a sorveu como se fosse vinho.

Ela nunca havia se sentindo tão sensibilizada ou tão preparada para o prazer. Por vários e
longos momentos, ele pincelou sua vulva, brincando gentilmente com seus pelos antes de deslizar um
dedo delicadamente dentro dela. Sua respiração veio um pouco mais intensa quando ele o fez.
Havia uma sensação de pressão, não dor; ela não havia tido um amante por algum tempo. Ela
imaginava se ele podia sentir, mas quando ele moveu os dedos sobre seu clitóris ela perdeu a
habilidade de se preocupar com qualquer coisa.

Ele pincelou seu clitóris com uma habilidade inquestionável, tocando-a da maneira certa para
que ela começasse a contorcer-se de prazer. Era tão intenso que ela por pouco não o empurrou,
mas então ela a beijou mais ferozmente, a fazendo gemer com desejo.
Não havia nada que Irene pudesse fazer exceto aceitar as intensas sensações que a estava

proporcionando, aceita-las e permití-las que alimentassem o fogo que percorria através dela. As

sensações se acumulavam, uma atrás da outra, até que ela choramingava de desejo. Ela sabia que
ele estava murmurando para ela, leves encorajamentos, palavras de amor, mas ela não podia

entendê-las, não enquanto o sangue estava trovejando em seus ouvidos e a levando a um clímax
que ela nunca havia ser imaginado possível atingir.

Ela não podia evitar. Quando o prazer aumentou, era impossível freia-lo, correndo em seu
corpo como fogo selvagem. Ela gritou, cobrindo sua face com as mãos enquanto seu corpo vibrava

em direção à concretização. Seu auge e deixou estremecida e consumida. Quando suas mãos
finalmente escorregaram de sua face, ela foi deixada olhando para o teto, com os olhos bem
abertos, sua respiração ofegante.

Irene gemeu um pouco enquanto Raheem deslocava-se para beijá-la novamente. Ela
respondeu o quanto podia, mas seu corpo estava pesado, como se seus ossos tivessem se
transformado em chumbo.

“Você fica tão linda exaurida pelo prazer,” ele sussurrou. “Eu poderia mantê-la assim
durante toda a noite, exausta, completa...”

De alguma forma, ela encontrou perspicácia para responder, entrelaçando os dedos em seus
cabelos negros.

“Não... não, eu quero você...”

“Oh?” ele disse, sua voz levemente provocativa, mas ela estava totalmente séria.

“Eu... eu disse que te queria. Era sério. Por favor...?

O fogo acumulado nos olhos dele se espalhou como uma enorme fogueira, e agora ela
podia ver o quanto ele havia segurado seu próprio desejo. Algo sobre ser tão desejada acendeu

seu próprio fogo novamente, e ela o alcançou puxando-o para um beijo.

Havia alguma coisa diferente nesse beijo. Havia fome ali, e havia uma profunda e
persistente ânsia por ela que nunca se acabava. Agora ela podia senti-lo pressionar sua ereção

contra ela, e ela sabia que ele lhe daria o que ela queria.

Irene fez um barulho de surpresa quando ela a rolou por cima dele. Ela nunca havia se
sentido tão pequena quando foi esparramada sobre seu contorno musculoso, tentando recuperar o

equilíbrio. Ele terminou com as pernas, uma em cada lado de suas coxas, e quando ela sentiu sua
masculinidade firme pressionar sua vulva, ela gemeu.

Quando ele tomou seus quadris em suas mãos, ela choramingou, mas cada parte sua
desejava esse tipo de intimidade com ele. Ela ascendeu como ele havia indicado, em seguida com
um choro leve, ela deslizou para baixo em seu corpo.

Por um momento eles estavam completamente unidos, ele a preenchendo, ela o revestindo
como se eles fossem feitos um para o outro. Em seguida com um som que era quase um gemido,
quase um rugido, ele começou e erguê-la, arqueando seus quadris para que pudesse penetrar

ainda mais fundo em seu corpo.

Quando ela se inclinou em direção a ele para apoiar suas mãos em seu peito, ela o ajudou
expandindo-se e ascendendo, gemendo enquanto ele a preenchia a cada movimento. Quando ela
olhou para ele sob ela, ela estava estarrecida em ver que seus olhos estavam bem abertos a
assistindo, uma expressão de intensidade, desejo e possessão em sua face.

“Eu quero você,” ela disse novamente, e com um rugido, os movimentos dele tornaram-se mais
fortes e rápidos. Ela agarrou-se a ele enquanto ele arremetia para dentro dela, o prazer dela
diante de seus movimentos a envolvia.
Quando ele bradou, investindo dentro ela com um último e alto som, ela enterrou suas unhas

em seu peito, de alguma forma sentindo a intensidade do orgasmo que o inundava. Ela pôde sentir

seu fluido quente jorrar dentro dela, e ela chorou realizada.

Quando Raheem estava finalmente imóvel, ela colapsou em seu peito, seus braços a

envolviam e mantinham próximo a ele. Ela nunca havia sentido nada tão assim íntimo antes, nunca
dividiu o tipo de prazer que havia sentido com alguém dessa forma. Ele ainda estava dentro dela,
mas abrandando-se agora, e o prazer sibilava através de seu corpo.

Raheem foi quem se moveu primeiro, erguendo a gentilmente para o lado retirando com
cuidado. Ela fez um barulho de protesto que suscitou um leve riso dele.

“Não se preocupe, eu não vou longe,” ele disse, estendendo-se para trazê-la de volta para
ele novamente. Eles deitaram juntos, enquanto seus corações desaceleravam, e o suar secava em
seus corpos. Irene estava quase adormecendo quando Raheem falou.

“Você está bem?” ele perguntou com doçura.

“Eu estou,” ela disse. “Eu me sinto... bem. Calma.”

Ele deu uma risadinha, abraçando-a ainda mais forte. Ela imaginava se algum dia se
cansaria de estar nos braços daquele homem.

“Ótimo. Eu queria ter certeza de que você não tem nenhum arrependimento. Tudo aconteceu
rápido...”

Ela balançou a cabeça.

“Não, nenhum arrependimento, apenas talvez sobre nós termos tomado uma via tão incomum
para chegar até aqui.”
O silêncio que baixou entre eles dessa vez era mais complexo. Irene esteve planando após a

intimidade entre eles, mas agora havia se lembrado do porque eles estavam naquele oásis, o que

ela havia feito, e o que estava em jogo.

Com uma pontada de culpa, ela se deu conta de que não havia pensado em Peter uma vez

sequer nos últimos dias. Ela não sabia se as pessoas que o mantinham o haviam deixado ir como
prometido, ou se eles agora estavam simplesmente furiosos diante de seu fracasso. Ela se segurou
ao ver seu chumaço de cabelo na prisão. Aquilo mostrou a ela que eles não o matariam e que ele
ainda estava vivo.

“Irene?”

“Sim?”

“Fale-me a respeito de Peter.”

Suas palavras passaram tão próximas de seus pensamentos que ela engasgou. Ela
contorceu-se em seus braços para olhar para ele, seus olhos arregalados e selvagens.

“Por que você está me perguntando sobre Peter?” ela questionou. Ela estava dolorosamente

consciente que sua reação intensa havia provavelmente indicado a ele mais do que gostaria do
gostaria que ele soubesse, mas ela não pôde evitar.

“Você o mencionou ontem anoite,” Raheem disse, acariciando seus cabelos calmamente. “Você
soou como se vocês dois dividissem algo muito grande.”

Ela respirou fundo, dizendo a si mesma que isso era apenas uma coincidência. Raheem
queria saber mais sobre ela, e não havia nada de errado com aquilo. Se falasse sobre Peter,
talvez aquilo a tranquilizaria um pouco mais, a ajudaria ficar em paz com a situação em que ela se
encontrava.
“Peter sempre foi um pouco desastrado,” ela disse suavemente. “Mesmo na época em que

éramos crianças. Ele estava sempre se metendo em confusão, e meus pais meio que me colocavam

para tomar conta dele. Ainda que sejamos gêmeos, eu sempre me senti mais como sua irmã mais
velha. Eu o protegia na escola, e assegurava que eu poderia conversar com seus professores para

lhe proporcionar o que ele precisasse.”

Raheem franziu, correndo sua mão em suas costas enquanto ela falava.

“Onde estava seus pais em tudo isso?” ele questionou. “Parece que essa deveria ter sido o

trabalho deles...”

Ela deu de ombros. A essa altura, ela estava filosófica a respeito disso, mas certamente
havia um momento que ela não deveria estar.

“Ele não estão mais no cenário,” ela disse. “Eles não estavam na verdade... presentes, eu
acho que posso dizer isso. Eles estavam mais que satisfeitos em deixar que eu assumisse o Peter.
Não que ele fosse um estorvo!”

Ela incluiu a última parte rapidamente porque, de repente, imaginou como aquilo devia ter
soado.

“Ele é uma ótima pessoa, apenas, talvez, alguém que precise de um pouco mais de apoio
aqui ou ali. Eu era tudo o que ele tinha.”

Raheem não falou nada, e por alguma razão, aquilo fez com que ela ficasse ainda mais
protetora.

“Soa ruim, mas não foi como se eu desistisse de minha vida pelo Peter ou algo assim,” ela
continuou. “Nós apenas éramos muito próximos. Ele era meu irmão e durante a maior parte de
nossa infância, nós apenas tínhamos um ou outro. Quando eu vim para Khanour estudar, ele me
seguiu até aqui...”

Ela paralisou por um instante, dando-se conta do que havia acabado de falar. Para seu
alívio, Raheem não pareceu perceber, Ele continuou a acariciar suas costas calmamente.

“Ele parece ser devotado a você,” Raheem disse e ela fez que sim com a cabeça aliviada.

“Ele realmente é. Sou eu com quem ele sempre conta. Ele me defendeu, protegeu-me quando
ele pôde.”

“Ele a faz sentir-se segura?”

Ela encolheu os ombros.

“Não exatamente. Ele é um pouco dramático às vezes, e para ser sincera, às vezes, ele é um
pouco turbulento.”

“Eu posso ver isso. Quando você é protetor, pode ser difícil abaixar sua guarda.”

Ela apertou seus lábios, sem saber ao certo o que deveria dizer diante daquilo. O que ele
estava dizendo estava certo, totalmente certo. Entretanto, parecia ser como uma traição ao seu

irmão se admitisse.

“Eu não acho que estou explicando corretamente,” Irene resmungou, e Raheem riu um pouco.

“Eu sou filho único, mas eu tenho primos, e eu cresci cercado por uma grande família,” ele
disse. “Eu entendo muito bem o que significa querer proteger alguém mesmo quando você não
pode, e eu sei como é difícil deixar esse incômodo de lado.”

“Você já passou por isso?” ela questionou, olhando para ele com curiosidade. “Você parece
ser um homem que vive para comandar, mas com certeza isso não é tudo.”

Agora foi a vez de Raheem virar e olhar com surpresa. Ela imaginava se alguém já havia lhe
perguntado aquilo antes.

“Eu gosto de estar no controle,” ele finalmente revelou. “Eu quero ter a certeza que as coisas
estão sendo feitas corretamente, e em muitos casos, isto é por si só uma recompensa. Eu tenho todo
o dinheiro que preciso ou que algum dia precisarei e tenho muitos serviçais que tomarão conta de

minhas necessidades...”

“Não foi isso que perguntei,” ela disse gentilmente. “O que eu queria saber é se alguma vez
você já quis ter alguém que se preocupasse com você?”

Por um momento, Irene pensou que Raheem iria simplesmente ignorar sua pergunta. Ela podia
entender. A necessidade de ser cuidado era uma vulnerabilidade assustadora. Ela poderia
compreender o porquê de um homem poderoso como Raheem se afastaria disso. Entretanto, ela
suspeitava que um homem poderoso como Raheem, era exatamente quem precisava disso.

Ele abriu sua boca, um olhar hesitante em sua face, e em seguida seu telefone tocou. Ele
pareceu tão aliviado que Irene gargalhou um pouco.

“Salvo pelo gongo,” ela provocou. “Vá em frente e atenda, mas saiba que eu tenho uma
memória muito boa.”

Ele rosnou de leve, puxando seus cabelos, brincalhão, antes de levantar-se para atender ao
telefone. Ela o assistiu afastar-se, surpresa mais uma vez pela exuberante beleza masculina que ele
personificava. Havia uma despreocupação e graça em sua nudez, como se ele estivesse, mais do
que nunca, em seu estado natural. Ele não estava envergonhado ou constrangido com seu corpo
mais que um leopardo estaria de suas manchas.

Ela sentou-se na cama, o observando atender a chamada. Ele estava falando muito baixo
para que ela o pudesse ouvir, mas ela podia perceber que se tratava de algo muito urgente pela
forma como ele falava, alguma coisa tensa na maneira como ele se comportava.
Quando ele desligou o telefone, ele ficou imóvel por um momento, simplesmente olhando para

o nada, e Irene começou a ficar preocupada.

“Raheem?”

Ele virou-se para ela e retornou para a cama, mas havia algo distante nele. Sair de um
lugar seguro e quente como o que eles estiveram tão próximos para isso era como se um balde de
água fria tivesse sido derramado. De repente Irene, se deu conta de uma forma que ainda não
havia que ela estava nua. Ela puxou o cobertor até cobrir os seus seios.

“Qual o problema?” ela perguntou, sua voz embargada.

Ele parecia inicialmente relutante em olhar para ela, mas quando ele o fez, havia uma
determinação em seus olhos que a fez morder os lábios. O que poderia ter acontecido?

“Irene, o que Peter fez enquanto esteve em Khanour?”

Ela sentiu seu coração parar. Seus olhos se arregalaram, e ela sabia que conforme havia
sido durante toda a sua vida, a sentença de culpa de Peter estava estampada em toda a sua face.

“Por que isso importa?” ela questionou, sua boca seca.

“Quando nós estávamos conversando ontem à noite, alguma coisa a respeito da forma como
você falou sobre Peter chamou minha atenção,” ele disse. Embora ele estivesse falando, havia algo
de relutante sobre aquilo.

“Pare,” ela disse, por alguma razão, ela sabia que o que ele diria a seguir arruinaria o que
eles haviam construído entre eles. Ela estava consciente no fundo de sua mente que de certa
maneira ela havia ficado com medo de perder o que ela e Raheem tinham entre eles assim como
de machucar Peter, mas que poderia esperar outro momento.
“Nós... nós não temos que conversar sobre isso, temos?” Irene perguntou, ciente de quão

queixosa parecia. “Não podemos falar sobre isso depois?”

Raheem balançou a cabeça. Quando ele se esticou para tocá-la , ela recuou, tremendo.
Repentinamente, ela sentiu frio, e embrulhou os braços ao redor de si, tentando desesperadamente

encontrar algum tipo de calor.

“Eu temo que não possamos,” ele respondeu. Sua voz ainda estava gentil, mas havia firmeza
ali.

“Eu pedi a alguns membros de minha equipe para que pesquisassem sobre seu irmão,” ele
disse, “e era um deles retornando para mim agora. Parece que em menos de vinte e quatro horas,
ele descobriu uma grande trama, e grande parte disso talvez seja relevante para você e sobre o
que aconteceu. Ele disse que seu irmão possuía débitos de apostas nos Estados Unidos, alguns pelos
qual você frequentemente se responsabilizou. Isso é verdade?”

Irene sentiu sua boca ficar seca. Ela sabia que seu coração estava batendo mais rápido, ela
não conseguia se concentrar e olhar para Raheem. Isto era como perder tudo. Isto era o que
significava quando ela finalmente traiu a pessoa em que sempre havia confiado nela para

protegê-lo.

Ela não podia responder Raheem. Ela apenas podia olhar para ele com grandes e
assustados olhos. Ele parecia consternado além de palavras que era isso que tinha que acontecer
entre eles, mas ele foi resoluto.

“Você não pode ficar em silêncio diante de mim,” ele disse tranquilamente. “Essa é a
informação que eu preciso, mas eu vou obtê-la mais cedo ou mais tarde. Isso não é algo que eu
possa perdoar. Será muito melhor se você simplesmente estiver disposta a me dizer o que eu
preciso saber.”
Ela não podia falar. Ela não iria. Aqui ela estava novamente, mas agora a diferença era que

seu interrogador era o homem que fez sentir-se como nenhum outro.

“Eu quero ajudá-la.” Ele disse, e havia um leve tremor em sua voz. “Que droga, Irene, por
que você não me deixa ajuda-la?”

Ela não podia mais aguentar. Ela se levantou, negligente a sua nudez. Quando ela tentou se
afastar, ela viu seu pulso foi preso solidamente como com faço.

“Não se afaste de mim,” ele disse no limite de sua voz.

Ela sentiu como se suas pernas tivessem sido cortadas debaixo dela. Com um som de
desesperança, ela caiu na cama como um boneco obediente. Por um momento, parecia que Raheem
continuaria, mas ele em seguida olhou bem de perto para ela, com sofrimento em seu olhar.

“Você está muito assustada, não está?” Embora as palavras pudessem ter sido agressivas,
havia arrependimento ali, uma compaixão que ela nunca havia visto nele antes. Mas ela sabia
melhor, do que deixar-se ter esperanças. Ela sabia que ele era implacável quando se tratava
desse assunto. Por seu país, Raheem não poderia ser menos que isso. No final das contas, ela era
sua inimiga, e de alguma forma, ambos haviam esquecido isso.

Ela confirmou, encurvando a cabeça, abaixando os olhos. O silêncio era o seu melhor
refúgio. Era a melhor chance de seu irmão sobreviver. O homem que o havia capturado era cruel,
terrivelmente poderoso e subversivo. Ela havia perdido a cabeça, e agora ele estava em mais
perigo do que nunca. Ela nunca devia ter se aberto. Ela jamais devia ter dormido com o homem
que jamais iria compreender o fato de que ela tinha que proteger a única família que lhe restava.

Irene não evitar que as lágrimas jorrassem. Ela tentou esconder sua face, mas Raheem
segurou seu queixo em sua mão, fazendo-a olhar para ele.
“Querida... por favor...”

Finalmente, ele balançou sua cabeça.

“Deite-se então. Não há mais nada a ser dito sobre isso essa noite. Descanse.”

Ela não queria deitar-se e dormir. Ela sabia que se quisesse ser esperta a respeito disso, ela
deveria ter recusado. Ela devia ter ido dormir no sofá, ou mesmo dormir na floresta se fosse
preciso. Mas ao invés disso, tudo o que Irene conseguia pensar era sobre como era agradável
ficar ao lado de Raheem, o quanto ela queria estar perto junto a ele.

Irene respirou fundo. Ela poderia imaginar o que o amanhã traria. Então, ela permitiu que
Raheem a deitasse na cama ao lado dele. Talvez por um momento a mais, ela poderia fingir que
tudo estava bem.

***

Raheem permaneceu acordado por um longo tempo após Irene adormecer. A cada vez que
ela se agitava, a cada vez que ela se lamuriava durante seu sono, ela sentia seu coração ser
arrancado. Após ouvir sua conversa, ainda que por um período curto, ele pôde sentir o quão

solitária sua infância havia sido e como frequentemente ela teve que assumir o papel dos pais.
Todo mundo mereciam mais do que aquilo, e alguém doce e gentil como Irene merecia em dobro.

Pelo o que pareceu a centésima vez, ele imaginou se havia alguma forma de deixa-la ir. Se
havia alguma exceção que ele poderia abrir, alguma desculpa que poderia dar. Não importava
quantas vezes ele repensasse, ele não conseguia encontrar uma saída.

“Eu sinto muito,” ele sussurrou, tocando gentilmente seus cabelos. Raheem desejava que ele
pudesse dizer isso enquanto ela estava acordada, mas ele sabia que não ajudaria em nada. Após,
a noite apaixonada que eles passaram juntos, parecia que eles haviam cruzado algum tipo de rio.
Não havia caminho de volta para o conforto que eles dividiram mais cedo. Eles apenas poderiam

seguir adiante.

Raheem rezava apenas para que se eles seguissem adiante, eles pudessem seguir lado a
lado. Mesmo após estarem juntos por um período tão curto de tempo, ele sabia que Irene havia

dado a ele algo que ele precisava, algo que ele nunca havia sentido antes.

“Por favor, por favor, fale comigo,” ele murmurava, mas apenas murmurava em seu sono,
pressionando seu corpo contra o dele. Ele pensou, por que ela dormia tão confiantemente ao lado

dele, mas por que ela não poderia confiar nele durante a luz clara do dia.

Raheem rolou para olhar o teto, e quando se moveu, ela o seguiu, pressionando sua face
contra seu peito. Já havia algo tão familiar sobre aquilo que ele não aguentava pensar que algum
ela talvez partisse.

Conforme ele iniciava sua vigília acordado, ele sabia que não poderia ceder. Não se ele
ainda quisesse ser o homem que o seu país necessitava que ele fosse. Ele apenas esperava que
Irene pudesse enxergar aquilo.

Que ela pudesse ver que o que eles tiverem foi muito além de especial para ser perdido.
Capítulo Seis

Irene sabia que havia feito errado quando começou a falar. Ela havia pensado que uma vez
fora da prisão, ela poderia simplesmente seguir adiante com a sua vida, ser quem ela

verdadeiramente era com Raheem. Agora ela sabia que aquele havia sido seu maior erro, e ela o
corrigiu da única maneira que ela conhecia.

Quando ela despertou na manhã seguinte, ela retornou ao silêncio ao silêncio que havia sido
sua fortaleza e sua prisão durante as últimas semanas. Quando Raheem a cumprimentou, ela

encurvou a cabeça, e quando ele questionou o que havia de errado, ela apenas esboçou um
sorriso triste. Se ela estava em silêncio, ela não poderia entregar nada. Era a única esperança de
seu irmão após o que ela já havia revelado. Era grave o suficiente que eles soubessem que ele
estava em Khanour. Quanto mais eles soubessem a respeito dele, em maior perigo ele estaria.

Raheem tolerou seu silêncio pela maior parte do dia. Ele estava silencioso também, exceto
quando ele foi para outro cômodo, conversar com o homem que ele tinha no rastro de seu irmão.
Quando ele fez isso, ela ficou tensa como se cada músculo de seu corpo tivesse se transformado
em concreto. Simplesmente não havia nada que ela pudesse fazer, e ela sentia profundamente a

impotência.

Finalmente, ao anoitecer, Raheem veio até ela. Ela estava sentada no sofá, admirando a
beleza do oásis ao lado de fora. Quando ele sentou-se ao seu lado, ela não se afastou. Embora
Irene soubesse que ela deveria manter distância, ainda havia algo nele que a atrai como a agulha
de uma bússola para o norte verdadeiro. Quando Raheem esticou-se para tocar sua face
delicadamente, ela se inclinou para ele.

“Era o meu homem na cidade,” ele disse calmamente. “Seu irmão desapareceu. Nós podemos
rastrear seu paradeiro até alguns meses atrás. Nós sabemos que provavelmente, ele não deixou
Khanour, a não ser que ele seja muito mais astuto do que você me levou a acreditar, mas meu

homem não consegue localizá-lo.”

Ela estava partida. Por um lado, se eles não podiam encontrar seu irmão, então eles não
poderiam prendê-lo. Entretanto, se eles não podiam encontrá-lo, aquilo significava que era mais do

que provável que os criminosos não o libertaram.

Peter, por favor... Eu sinto muito...

Raheem respirou profundamente.

“Você tem que nos dizer onde seu irmão está. A não ser que você diga, há criminosos que
estão movimentando-se livremente e deliberadamente infringindo a lei. Estes homens estão
roubando do meu país coisas que nos pertencem por direito, e que eu não possuirei.”

Ela olhou para baixo. Ele estava certo. Não havia argumento que ela poderia utilizar diante
disso. Não havia defesa a fazer pelos homens para quem ela havia trabalhado, e ela sabia que
foi apenas pela graça de Raheem que ela não havia sido condenada e mandada para a prisão.

“Ocorreu a você que esses homens são perigosos?” Raheem questionou. “Eles são brutais, e

se eles não hesitaram em usar uma garota como você, não há como prever o que eles farão com
um rapaz como ele. Toda a sua vida, você esteve lá para cuidar de Peter. O que você pensa que
ele está fazendo lá fora agora?”

Os olhos dela se ergueram para encontrar os dele, sua boca abriu com um som de dor. Ele a
havia procurado seu ponto mais fraco e agora o havia encontrado. Todos os piores medos de
Irene em relação ao seu irmão, que ele estava sofrendo, machucado, ou até mesmo morto, surgiram
em sua mente, e não havia nada que ela pudesse fazer para espantá-los, para fazê-los sumir.

Seus olhos cheios de lágrima, mas desta vez, Raheem não hesitou.
“Você ama seu irmão. Você o ama além do que seus ofereceram para vocês dois, a você

não pode afastar-se dele. Eu entendo isso. Mas Irene, me ouça. Agora não é mais o tempo em que

você, pode protegê-lo com seu silêncio. Isso não é meramente levar a culpa por estar fora do gelo
ou qualquer outra coisa que você tenha feito quando criança.”

“A vida de seu irmão está em jogo, e os homens que tem a vida dele nas mãos, são cruéis e
são engenhosos. Você sabe o que elas farão com Peter se ele for contra eles?”

Irene gemeu baixo com a garganta, cobrindo os ouvidos coma as mãos. Sim, ela sabia. Eles

avisaram a ela. Eles a avisaram com detalhes dolorosos e excruciantes o que fariam ao seu irmão,
se ela não fizesse exatamente o que eles lhe disseram.

Impiedosamente, Raheem puxou suas mãos de seus ouvidos. Quando ela olhou para ele
contestando, havia dor nos olhos dele, mas ele não parou.

“Está em seu poder derrubar esses homens,” ele disse. “Está em seu poder nos ajudar a tirar
Peter dessa situação.”

“Você pode conceder a ele anistia?”

Raheem olhou para ela como se surpreso que ela finalmente havia falado. Sua voz estava
rouca e baixa, como se fosse um instrumento que havia enferrujado por falta de uso. Agora era a
vez dele de recuar, e ela entrelaçou seus dedos nos dele.

“Você pode?” ela requereu. “Ele pode ser perdoado pelo o que talvez tenha feito?”

Ela podia ver nos olhos de Raheem o desejo de mentir para ela. Ele queria dizer a ela o que
ela queria escutar, e a pior parte era que não era sequer para conseguir o que ele queria. Ele
queria mentir para ela simplesmente para confortá-la.

“Eu não sei,” ele disse por fim. “Eu não posso dizer nem que sim, nem que não sem
compreender todo o cenário, sem entender o que seu irmão fez. O que ele fez Irene?”

E diante daquilo, Irene sabia que ela tinha que ficar em silêncio. Ela não fazia ideia alguma
do que seu irmão havia feito. Ela não poderia arriscar que o tribunal o considerasse culpado. Seu
período na prisão havia sido abençoadamente curto. Mas ela ainda podia se recordar vividamente

da visão do chicote de camelo, da brutalidade casual dos guardas.

Ela olhou dentro dos olhos escuros de Raheem, e mesmo com seu coração partido, ela
balanços sua cabeça. Ela puxou suas mãos das dele, e virou-se.

Ele estava falando novamente, mas desta vez, ela se forçou a não escutá-lo. Ela tinha que
ser forte. Ela tinha que sobreviver a essa semana. Ela sabia que Raheem era um homem de
palavra. Ele a deixaria partir, e depois ela nunca mais o veria novamente.

A difícil visão de ser afastada deste homem a lacerou. Com uma surpresa embotada, ela se
deu conta que os sentimentos que tinha por ele, tumultuosos e obscuros, haviam de alguma forma se
tornando em algo real e caloroso. Ela havia descoberto que ela era diferente de qualquer outro
homem que ela havia conhecido antes. O que Irene não sabia é que ela estava se apaixonando
por ele.

***

Irene tinha que dar crédito a Raheem. Ele havia tentando de todas as formas que podia
convencê-la a falar com ele. Ele gritou com ela, ele a instigou, ele tentou explicar o quanto seria
melhor se simplesmente falasse. Algumas vezes, Raheem ficava rouco, e os dois ficavam juntos em
silêncio.

Durante aqueles momentos de silêncio, era quase como antes de sua revelação. Ela podia
sentar-se junto a ele, contra seu corpo e admirando o oásis. Entretanto, ele sempre recomeçava. Ele
dizia a ela que Peter precisava de sua ajuda, que ela tinha o poder de salvá-lo, mas ela recusava
a acreditar nele. Ele havia dito a verdade anteriormente. Ele não poderia garantir sua segurança
a seu irmão, e, além disso, não havia mais nada para eles falarem.

Algumas vezes, parecia como se Raheem quisesse esquecer a coisa toda. Ele a provocava
por alguma palavra, qualquer uma, mas não importava. Seus afagos a faziam sorrir, mas ela não

se permitia o luxo de uma palavra sequer. Seu primeiro erro revelou o nome de seu irmão a
aquele perigoso homem. Ela não poderia permitir um segundo erro.

Apesar de seu silêncio, ele ainda queria estar com ela. Eles sentavam-se juntos, ele

preparava deliciosas refeições, e muitas vezes, ele oferecia a ela uma toalha e iam juntos para o
oásis. Na água pura e fresca, ela nadou nua como nunca havia feito antes. Ela estava inicialmente
tímida, mas a nudez de Raheem parecia ser seu estado natural, um lugar que não requeria
constrangimento ou pausa. Ele pacientemente espalhava protetor solar no corpo de Irene, e em
seguida ele a levava para a água, seus membros geminando juntos enquanto eles se beijavam
ardentemente. Logo quando ela podia sentir a excitação dele, e quando a sua estava crescendo
com mais e mais força, ele recuava. Por um instante, Irene imaginava se aquilo era porque ele não
queria macular a si mesmo com alguém como ela. Depois ela percebeu que era doloroso para ele
também. Talvez ele não a amasse da forma como ela insensatamente o amava, mas isso o

machucava também.

Até que dois dias depois, numa noite, Raheem a deixou sozinha. Havia sido um dia
extenuante, e a casa ainda ecoava seus gritos. Ele havia sido mais enérgico do que nunca antes, e
dado que ela recusou-se a baixar a guarda, ela não pôde impedir de tremular como uma folha.
Cansado, Raheem parou, olhando para ela antes de balançar a cabeça e se retirar.

Enquanto ela o observa ainda tremendo, ele com passos largos deixou a casa em direção a
floresta. Foi como se as árvores do oásis o tivessem engolido. Ele se foi por mais de uma hora. Ela
começou a imaginar se ele voltaria. Depois de algum tempo, ela pensou se ele estava ferido.
Era muito fácil ver aquilo acontecer. O oásis era lindo, mas era isolado. Se ele tivesse sofrido

uma queda e desafortunadamente, tivesse fraturado alguma coisa. Ele talvez estivesse caído,

desamparado e impossibilitado de chegar até a casa. Talvez ele estivesse até mesmo...

Com um ofego, ela correu até a porta. Irene, não fazia ideia do que ela iria fazer se ele

estivesse seriamente ferido; tudo o que ela sabia é que não podia aguentar a ideia dele estar
perdido na escuridão, sozinho...

Assim que ela alcançou a porta, entretanto, ela abriu, e Raheem mal entrou. Com um leve som

de surpresa, ela começou a cair, mas ele a segurou, a ajudando a ficar de pé. Ao invés de deixa-
la ir, ele simplesmente a puxou para perto.

“Você estava temendo por mim, pequena americana?” ele perguntou suavemente. Não mais
havia vestígios da raiva em sua voz, e ela sentiu um calafrio de alívio percorrer sue corpo.

Ela fez que sim com a cabeça, olhando para baixo, ele deu um beijo gentil em sua cabeça.

“Eu peço desculpas por lhe causar preocupação,” ele disse. “Eu... eu peço desculpas por
tantas coisas. Eu sinto muito que não possamos ser quem realmente somos um com o outro.”

Ela ficou tensa, imaginando se a raiva dele cresceria novamente, mas ao invés disso, ela a
levantou em seus braços.

“Vamos ver se podemos lhe dar algo para distraí-la.”

Ele não havia tocado nela desde sua intensa conversa sobre seu irmão. Agora ela a
carregava para o quarto que eles dividiam e a despiu com a habilidade de um expert. Uma parte
dela queria protestar contra isso, sabendo que o mais próximo que eles ficavam mais ela iria se
machucar quando a semana acabasse. Mesmo assim, quando ele trilhou beijos quentes em seu
pescoço abaixo, ela pôde apenas suspirar de prazer e inclinou sua cabeça para o lado dando-lhe
mais acesso.

Aquela noite, ele a levou a beira do clímax várias vezes. Ele usou suas mãos e sua boca
para elevar as ondas de prazer mais e mais, parando no último momento e a fazendo chorar de
ânsia. Em seguida ela começava novamente, ignorando seus sons de súplica e o movimento

incansável de seu corpo.

Quando ele finalmente a levou ao prazer algumas horas mais tarde, ela estava encharcada
de suor e implorando pela misericórdia que ele recusava dar a ela. O prazer explodiu dentro dela

com a força de uma supernova, acendendo cada parte de sua alma, a desobstruindo de maneiras
que ela sequer compreendia. Ela estava aberta ao meio, cada parte sua em fogo, e ela não
conseguia impedir-se de gritar o nome dele repetidamente.

Em algum ponto, Irene perdeu a noção do que ela estava dizendo e até mesmo de quem ela
era. Não havia nada que podia fazer a não ser flutuar nas poderosas sensações que ele a havia
proporcionado. Quando seus olhos finalmente abriram-se, ela estava agarrada ao seu peito
enquanto ele murmurava suaves palavras para ela. Ela pôde sentir sua masculinidade rija
pressionando contra seu quadril, mas ele não fez nada para se aliviar.

“Tão bonita,” ele cantarolava. “Tão perfeita. Bela garota, você não vai ficar?”

Apesar do prazer ainda zunindo através de seus membros, ela sabia qual sua resposta
deveria ser. Levou cada pedaço de sua força para virar sua face, mesmo que um nó surgia em sua
garganta. Ela fechou seus olhos, rezando para que ele não prosseguisse. Ela não tinha certeza se
seu coração aguentaria.

Ela pôde sentir seus olhos nela. Finalmente, ele suspirou. Ele se deitou por trás dela,
envolvendo o braço em sua cintura e a beijando docemente no ombro, como se eles tivessem
dormido juntos todas as noites de suas vidas.
“Durma meu amor,” ele disse, sua voz palpitando com compaixão. “Durma. Isso vem sendo

demais para você.”

Naquele momento, ela passou o mais próximo que esteve de falar com ele. Aquela gentileza
fez com que sua esperança de que ele pudesse ser tão gentil com seu irmão como era com ela,

que talvez houvesse esperança para Peter. Em seguida ela lembrou-se que aquele homem que
dormia atrás dela não era quem iria negar um destino a Peter. Era o que havia olhado para ela
no aeroporto, sua face contorcida em choque conforme ele se dava conta do que ela havia feito.

Se ela quisesse a segurança d seu irmão, era disso que precisava se lembrar.

***

O dia seguinte começava luminoso e claro. Quando ela admirou o oásis, Irene enxergava
uma beleza cristalina e de tirar o folego. Ela sentou-se com segurando a xícara de chá que
Raheem havia preparado para ela e imaginou se alguma ela veria este lugar novamente quando
sua semana chegasse ao fim. Era quase uma dor bem vinda. Não era a dor de nunca mais ver
Raheem novamente, e por causa disso, era quase um alívio.

Raheem veio por trás dela, beijando sua cabeça.

“Termine seu chá e coloque algumas roupas resistentes,” ele disse. “Tem algo que eu quero
lhe mostrar.”

Quando ela se vestiu, ela a levou para a parte de trás da casa, onde havia um jipe
esperando por eles. O robusto e pequeno veículo os levou através das dunas, para o deserto
iluminado. O calor estava começando a afetá-la quando Raheem parou numa formação rochosa.
Irene olhou para aquilo, intrigada. Não parecia ser mais alto que sua cintura, e ela imaginou para
que Raheem os trouxe até esse deserto.
Ele riu diante de sua confusão, e deu a volta no jipe para ajuda-la e sair.

“Confie em mim quando digo que isso é muito mais impressionante de dentro,” ele prometeu.

Para sua surpresa, ele a guiou ao redor da rocha para revelar uma escura entrada por

debaixo dela. Alguma artimanha do vento e da pedra criou um portal para dentro das dunas, um
local que era de alguma forma livre de areia. Raheem sorriu e lhe entregou um capacete de
minerador, pacientemente mostrando a ela como o afivelar e ligar a lanterna. Ela olhou para ele
apreensiva, mas ele apertou sua mão.

“Confie em mim,” ele disse, e por que ela havia em todos os assuntos exceto um, ela permitiu
que ele e conduzisse para dentro da terra.

O terreno além da abertura escura era plano por um pequeno instante, em seguida, para
sua surpresa, havia escadas cortadas na pedra. Seu coração bateu mais rápido, ela seguiu
Raheem pela escada abaixo conforme eles penetravam fundo na terra. O ar, tão quente e seco
acima, tornou-se algo úmido e verde abaixo, e fresco abaixo, e ela imaginou quantos milhares de
anos haviam se passado desde que esse lugar havia se formado debaixo da areia.

Finalmente, eles chegaram num terreno plano novamente, e após através um curto túnel,

Raheem e Irene estavam numa enorme câmara que se estendia tão alto como um teto de uma
catedral. Quando Irene suspirou, olhando para cima, ela pôde ver os arcos distantes esculpidos
acima dela, e ela fez um som de reverência à determinação e habilidade dos escultores que
haviam arriscado suas vidas para criar algo tão belo.

“Existem muitos nomes para esse lugar, mas o que é mais comum é o Silêncio da Rocha. A
história diz que houve um tempo, em que espíritos perigosos a fantasmas do deserto vinham a este
lugar quando eles precisavam pensar. Nenhuma conversa era permitida, e mais de um demônio
desistiu da vida malévola neste local e resolveram praticar apenas o bem.”
Irene pensou que ela poderia compreender aquilo. Havia algo de solene a respeito desse

lugar, sobre a escuridão da abóbada que cobriam tão longe acima deles. Ela não poderia

imaginar como seria ser barulhento ou contencioso ali. Algo a respeito desse lugar despiu toda
pretensão, todo pensamento de conflito. Ela podia sentir a paz do local infiltra-se dentro dela como

água num substrato rochoso, e ela segurou a mão de Raheem, tentando transmitir seu
agradecimento através de seu toque.

Ele sorriu para ela, e ela pensou que ele havia compreendido o que ela quis dizer.

“Venha até aqui. Todo esse lugar é incrível, mas havia algo aqui que eu queria ter lhe
mostrado.”

Ele a guiou através das paredes, e a alguns cem pessoas adiante de onde eles estavam, ele
lhe mostrou um mural. Demorou um curto período de tempo para que os olhos dela se ajustassem a
luminosidade da lanterna de seu capacete, mas quando ela viu o que ele estava lhe mostrando, ela
suspirou.

O mural, no fundo da terra e em um dos lugares mais remotos do país, era de tirar o fôlego,
vívido e belíssimo como havia sido quando o artista tocou pincelou a parede de pedra lisa. Era

uma peça pintada em vermelhos e dourados, a cena de uma coleção de animais selvagens e
jardins em pleno florescer. Ela pôde ver o alaranjado e preto das listras de um tigre, as penas
brancas de uma garça e as graciosas antenas de um cabrito. Cada animal foi reproduzido
nitidamente, com cuidadosos detalhes, cercados pelo verde abundante das árvores e samambaias.

Era uma obra prima, e em todo o seu redor havia palavras em caligrafia árabe. “Ele conta
uma história,” Raheem disse. Ele sentou-se numa pedra frio no chão, e quando Irene pegou sua
mão, ela a guiou para que ela sentasse em seu colo. Poderia ter sido algo sexual, mas ela
percebeu que não havia nada de sexual naquilo. Ele meramente queria dar a ela um lugar para
que se sentasse que fosse confortável e próximo a ele.
“Certa vez, houve um grande lorde que mantinha uma coleção de animais como o mundo

nunca havia antes visto,” ele contou delicadamente. “Ele era um belo homem, abençoado em todos

os sentidos. Era um amante notório, um guerreiro temido, e um grande estadista, mas a única coisa
que tocava seu coração era sua coleção de animais. Sua obsessão era tamanha que ele tinha que

ter um fino exemplar de cada animal do mundo, e para isso, ele enviou seus homens para vasculhar
os fins do mundo. Eles trouxeram girafas muito altas de Cush, enormes lagartos de sangue frio dos
trópicos de oceanos distantes, gatos selvagens de uma terra chamada Fu Sang. Com cada animal
que foi trazido para sua coleção, sua ganância crescia e clamava por mais, enviando seus homens

para muito longe.”

“Um dia, enquanto ele estava vagando entre seus prêmios, ele notou um pequeno cabrito-
montês em uma das jaulas. Ela era pequena e delicada, perfeita em todos os sentidos, mas em uma
coleção de suntuosos pavões e poderosos rinocerontes, havia algo de especial a respeito dela. Ele
começou a seguir adiante em seu caminho, mas para a sua surpresa, ela o chamou de volta.”

“ ‘Por favor pare e me escute, ela disse, ‘eu sofre de uma terrível maldição. Meu pai é um
feiticeiro bom que disputou com um feiticeiro mal, e em sua batalha, eu fui transformada e enviada
para cá. Por favor, se você me ajudar, eu lhe concederei riqueza e vitória do tipo que você nunca

antes viu.’

“O lorde olhou para ela e deu de ombros. ‘Eu já possuo riqueza e vitória. Eu não preciso de
tais coisas, mas eu preciso de um perfeito cabrito-montês em minha coleção.’ ”

“Diante de suas palavras, o cabrito-montês estremeceu, mas finalmente ela fez sua última
oferta. ‘Se você me ajudar, eu o amarei como nunca nenhum homem foi amado.’ ”

“O lorde pausou, e pensou.”

Raheem parou ali, mas Irene estava tão envolvida na história que levou a ela um instante
para perceber que ele o tinha feito. Em seguida ela o cutucou sem pensar. A história era cativante.
Ela nunca a havia ouvido antes, mas alguém a havia adorado tanto, que veio até este lugar, na

Pedra Silenciosa, para pintá-la.

Raheem balançou sua cabeça, uma expressão solene em sua face.

“Meu pai me trouxe até esse lugar quando eu era apenas um garoto,” ele disse, “e ele me
mostrou este mural. Toda a minha vida, eu quis saber como a história acaba, o que aconteceu com
o cabrito-montês e ao homem a quem ela prometeu amar.”

Surpresa, Irene seguiu o dedo de Raheem que apontava para o mural que estava pouco a
frente de onde eles haviam se sentado. Para seu choque, havia um pedaço enorme de pedra que
foi arrancada dali. Sentindo-se levemente enojada, ela se levantou para investigar. Não havia sido
o trabalho da erosão ou um acidente, ela percebeu. Foi um ato deliberado de roubo. Alguém quis
subtrair um pedaço do mural, provavelmente para vender, e eles simplesmente o lascaram da
pedra onde estava pintado. O que restou foi um estrago de aparentemente muitas décadas atrás,
mas havia um horrível ar de algo recente naquilo, como se a ferida nunca fosse fechar.

Ela virou-se de volta para Raheem, que a assistia cuidadosamente.

“Isso aconteceu em 1920,” ele contou, “quando Khanour sofria sob as mãos da França. Nós
não tínhamos o dinheiro e a industrialização, e a França veio para levar metade de qualquer coisa
que fizemos e mais alguma coisa que pudessem levar. Foi um período negro para Khanour, muito
mais sombrio porque os franceses levaram mais que apenas nosso dinheiro. Eles também tomaram
nossos tesouros. Às vezes eles diziam que era porque não era verdadeiramente importante, e os
itens em questão poderiam ser comprados, mesmo que fosse apenas por uma ninharia. Às vezes,
eles diziam que era porque nós não sabíamos como cuidar de coisas tão bonitas, e eles as
manteriam seguras. Tudo o que sabíamos foi que ao final do regime colonial francês, nosso país
estava culturalmente empobrecido. Existe apenas o suficiente para que a tradição oral possa
manter viva. Essa história foi uma das coisas que perdemos.”

Irene sentiu-se enjoada quando ela pensou em tudo aquilo. Cada cultura do mundo possui um
legado, e ver Khanour desprovida da sua, pela qual Raheem estava desesperadamente tentando
preservar era brutal. Ela sentia-se vazia até mesmo para chorar. Ela sentiu como se tivesse sido

espremida e esgotada de qualquer emoção.

Pelo resto da tarde, ela e Raheem exploraram a igreja, admirando os pedaços de sua
história que restaram apesar dos invasores e ladrões. Irene estava constantemente impressionada

pelo quanto havia sobrevivido mesmo após tanto ser perdido. Alguns componentes haviam sido
restaurados e protegidos, enquanto outros haviam sobrevivido simplesmente pelo resultado de
terem sido feitos por pessoas com um olho na história e aqueles que vieram depois deles.

Raheem estava silencioso no caminho de volta. Enquanto ele dirigia com grande confiança
através das dunas, ela não evitar, mas vislumbrá-lo discretamente. Mesmo em repouso, havia algo
fatalmente sério sobre o olhar dele. Ele era um homem proveniente de uma linhagem de guerreiros.
Eles haviam protegido seu país como se fosse um dever sagrado. Agora que ela havia estado na
Pedra Silenciosa, ela tinha uma ideia do que ele estava tentando proteger.

Ela estava perdida em seus pensamentos quando eles retornaram para a casa. Ela tomou um
banho e vestiu um vestido leve, necessitando livrar-se da areia. Ele preparou uma refeição leve
para os dois, mas quando colocou na frente dela, ela recusou.

“Raheem.”

Ele olhou surpreso.

“Irene?”

“Eu tenho algo que quero dizer a você.”


Ela respirou profundamente e contou tudo a ele. Ela contou-lhe como havia sido recrutada, e

como eles ameaçaram seu irmão. Ela contou a ele onde havia ido, e com quem havia conversado.

Sua excelente memória permitiu que lhe fornecesse nomes, endereços, tudo o que ele precisava.
Irene falou até sua voz ficar rouca, mas então, finalmente, ela revelou tudo a ele, tudo que ele

precisava saber.

Na metade de sua fala, ele pegou seu telefone, e enviou uma mensagem contendo as
informações, que ela lhe forneceu, para seus homens. Pela forma engajada como ele parecia, ela
pôde perceber que eles estava absorvendo cada pedaço de conhecimento, tomando tudo o que

estava entregando a ele e transformando em ação que protegeria seu país.

Irene deliberadamente não pensou em seu irmão.

Quando ela havia terminado, ela recostou-se na cadeira. Ela sentia-se como se tivesse lutado
uma árdua batalha por semanas. De certa forma, ela lutou.

“Obrigada...” ele começou, mas o interrompeu.

“Não me agradeça,” ela suspirou. “Por favor, não. Apenas... apenas me deixe ser livre disso.
Eu não posso pensar sobre isso essa noite.”

Ele assistia conturbado a sua fala, mas concordou. Quando ela não pôde comer seu jantar,
ele não protestou, e apenas o retirou.

Aquela noite, ele a deixou no quarto principal enquanto foi para o quarto menor. Ela podia
ouvi-lo conversar com seus homens, levantando uma estratégia sobre o que queriam e como
poderiam fazer. Irene esvaziou sua cabeça de tudo aquilo. Tudo o que ela sabia era que cama
parecia muito grande, muito vazia. Quando as vozes do outro quarto aquietaram-se por um tempo,
ela se levantou e andou através do corredor para encontrar o homem que era por lei e direito
ancestral, seu marido.
“Você vai machucar meu irmão?” ela perguntou, sua voz despida e receosa.

Ele se importava muito com ela para mentir.

“Eu não sei,” ele disse.

Eles ficaram em silêncio. Irene achou que ela iria chorar que ela iria gritar, mas depois de
tudo esse tempo, havia apenas um vazio claro e cinzento. Era tão silencioso dentro dela que ela
pensou que ficaria maluca se não fosse preenchido.

“Faça amor comigo.”

Em qualquer outra situação, o olhar de surpresa de Raheem teria sido engraçado. Ele virou-
se para olhá-la, seus olhos arregalados.

“Irene...”

Apesar da preocupação ali, ela pôde ver o calor crescendo nele também. Na noite anterior,
ele não havia feito nada além de lhe dar prazer. A memória da última vez em que eles haviam
verdadeiramente se unido estava viva na mente dele, e ela pôde ver sua paixão tentando superar
a sua razão.

“Eu sei o que eu quero,” ela respirou. “Eu preciso... estar longe de mim mesma. É desta forma
que eu quero fazer isso.”

Raheem lambeu os lábios, seu olhar varrendo-a de cima a baixo enquanto ela pôde vê-lo
lutando contra o que era certo para ela.

“Eu não sei se você está em seu juízo correto...”

“Eu estava em meu juízo correto quando eu lhe entreguei o que você queria saber,” ela disse,
sua voz tranquila. “Dê-me o que eu quero agora.”
Um estremecimento o percorreu. Ela sabia que na batalha entre a emoção e razão dele, a

sua razão perderia. O ar entre eles tornou-se pesado com a expectativa de sexo. O espaço entre

eles estava tão carregado que uma simples fagulha teria levado a explosão.

Irene podia sentir os olhos de Raheem sobre ela, fazendo-a mais consciente de seu corpo

como nunca antes. Ela estava ciente do peso de suas roupas, da forma como seus cabelos tocavam
seus ombros nus, da maneira como sua saia leve roçava contra suas pernas nuas. Apesar de estar
inteiramente vestida, ela não estava certa se algum dia sentiu-se tão nua.

“Se você não quiser o que está acontecendo aqui, você deve me dizer agora,” Raheem disse,
sua voz baixa. Havia uma sugestão de perigo ali, algo quase selvagem. Deveria tê-la feito querer
correr, mas ao invés disso, ela sentiu-se atraída. Era como se tivesse sempre sido assim com Raheem.
Tudo a respeito daquele homem a puxava para próximo dele, fazia com que ela quisesse mais.

“Eu... eu quero,” ela disse suavemente.

Um fogo intenso que acendeu nos olhos dele despertou algo quente dentro dela, algo que
envolveu seu corpo e fez com que sua pele perecesse estar viva acesa com eletricidade.

“Esta é sua última chance Irene,” ele disse alertando-a. Quando ele deu um passo em sua

direção, ela pensou numa pantera afugentando sua presa, seus olhos iluminados para captar cada
movimento.

Irene teve que engolir duas vezes antes que pudesse falar.

“Eu não quero uma última chance,” ela disse claramente. “Eu quero você.”

Foi como jogar gasolina no fogo. Ela sentiu mais do que ouviu a respiração suave que ele
tomou. Em questão de segundos, ele havia cruzado o quarto até onde ela se encontrava, e a tomou
num abraço selvagem. Antes que ela pudesse pronunciar outra palavra, sua boca firme inclinou-se
sobre a dela. Ele estava quente, tão quente em todos os lugares, banhando seus sentidos com a

exuberante virilidade de seu corpo. Sua força, seu cheiro, a demanda de sua boca, a inundaram e

com um gemido de desejo, ela permitiu ser afogada. O contraste de seu corpo rijo contra a sua
maciez fez com que ela ficasse tonta de desejo e prazer.

O riso de Raheem era quase um rugido.

“Você poderia me arruinar com um simples abraço,” ele rosnou. “É esse o tipo de poder que
você possui sobre mim. É o quanto eu te quero.”

Ela riu um pouco sobre a ideia de alguém como ela ser capaz de controlar um homem como
Raheem. Havia alguma coisa além da imaginação naquilo, Raheem parecia absolutamente sério.

“Você poderia me fazer implorar,” ele falou a levantando com seus braços. “Você poderia
me fazer rastejar, se eu não tomasse cuidado.”

“Não é isso que eu quero que você faça,” ela sussurrou roucamente, e ele riu austeramente.

“Não, eu acho que sei do que você gostaria bela mulher...”

Ele a deitou na cama, onde um único raio da luz da lua iluminava os lençóis brancos. Por um

momento, ele simplesmente a admirou. Ela pensou como parecia, esparramada num abandono
selvagem sobre a cama. Ele esticou-se para alcançar seu vestido. Primeiro, ela pensou que ele
intencionava desabotoá-lo, mas quando ela tentou ajuda-lo, ele fechou os punhos ao redor do
tecido fino e o rasgou. Ela arfou diante de sua força e sua repentina exposição. Deitada sobre as
ruinas remanescentes de seu vestido, vestindo apenas um sutiã pêssego e calcinha combinando, ela
nunca se sentiu tão exposta. Com os olhos bem abertos, ela olhou para ele, e sua face estava
mordaz.

“Eu estava cansado de ser mantido longe de sua pele, de sua beleza,” ele disse, e desceu
para o resto de seu corpo em cima dela.

Ele começou a beijá-la, descansando seu peso sobre seus cotovelos. Com um aspecto de total
dominância e desejo, brincava com a boca dela, correndo a ponta de sua língua sobre seu lábio
de baixo antes de escorrega-la sobre a sua com uma intimidade insinuante. Ela nunca havia

pensado que beijar podia ser um ato incrivelmente erótico, apesar de íntimo, mas agora ela podia
sentir que apenas alimentava seu fogo. Quando ele pressionou sua língua entre os lábios dela, era
uma intimação dissimulada do que viria mais tarde, e seu corpo respondeu àquilo.

Irene correu sua mão ao longo de seu corpo, frustrada que ele ainda estava vestido. Ela
puxou inutilmente o tecido, desejando que pudesse arrancá-lo facilmente como ele rasgou o seu.
Ela deslizou suas mãos pela lateral de seu corpo, até suas coxas, e em seguida as subiu novamente
para apalpar seu desejo rígido entre as suas mãos. Seu toque íntimo fez com ele gemesse, e por
um momento, ela pensou que tivesse ultrapassado o seu controle de ferro. Mas ele retirou-se com
um riso suave.

“Garota esperta, mas esperta demais, eu acho.”

Ela começou e perguntar o que ele faria a respeito daquilo, mas então ele alcançou os restos

de seu vestido. Antes que Irene pudesse imaginar o que ele estava fazendo, ele capturou seus
pulsos, os entrelaçando juntos com o tecido antes de atar as pontas soltas nas barras da cabeceira
da cama. Agora ela estava esticada por debaixo dele, suas mãos incapazes por cima de sua
cabeça. Devia ter sido assustador, mas havia algo nela que sempre ansiou em estar assim tão
aberta, tão indefesa por baixo de um homem em que, ela estava prestes a descobrir, confiava tão
verdadeiramente.

“Bem, o que você vai fazer comigo agora?” ela perguntou, e de algum jeito, soou mais
quente que amedrontado.
“Exatamente o que eu quero fazer,” ele respondeu, e procedeu para deixá-la insana.

Ela podia sentir a eletricidade entre eles. Se ela fosse honesta, aquilo esteva ali, colorindo a
interação deles desde a primeira vez que colocaram os olhos um no outro. Apesar de aquela
eletricidade estar mais acessa do que nunca antes, Raheem agiu como se a tivesse notado. Como

um homem com todo o tempo do mundo, ele começou tocando sua pele nua gentilmente, primeiro
com as pontas dos dedos e em seguida, com as palmas das mãos. Ele corria as mãos acima e
abaixo de seu corpo, sensibilizando sua pela até formigar.

Com a mesma força que ele havia usado em seu vestido, ele partiu sua calcinha, deixando-a
sem ar diante da exposição. Raheem apenas ria enquanto apalpava a carne macia que havia ali,
saboreando seu calor e umidade.

“Você é tão saborosa aqui,” ele murmurou. “Como se você me quisesse. Como se você já
estivesse pronta para mim...”

Ela choramingou enquanto ele levava um dedo firme até sua abertura, deslizando contra a
pele delicada antes de separar suas dobras como uma leve pressão. Ela podia sentir o quão
escorregadia já estava, e isso foi logo antes de seus dedos moverem para cima e encontrarem seu

clitóris. Com um pouco mais de pressão, ela estava inclinando seus quadris para encontra-lo. Seus
calcanhares afundaram na cama por baixo dela enquanto ela choramingava, querendo mais.

“Veja como você está quente,” Raheem admirava-se. “Tão linda...”

Com um leve movimente, ele deslizou um dedo dentro de sua quentura, molhando-o e o
trazendo de volta até seu clitóris. O seu toque anterior a levou a loucura, mas agora ela estava
quase gritando de desespero. Ela podia sentir a pressão de seu próprio climáx crescendo dentro
dela. Ela sabia que ele apenas... continuasse...tocando-a da forma como estava, seria inevitável.

Somente quando ela estava trêmula, à beira da concretização, ele retirou sua mão, fazendo
com que ela se lamuriasse.

“Não, por favor, mais,” ela chorou, cheia de desejo para se preocupar em como soava. “Por
favor, Raheem, eu preciso!”

A risada dele era como um ronronado, e ele começou a tocá-la novamente. Ela fechou os
olhos com força, lutando para voltar ao lugar onde estava. Logo, seu corpo começou a vibrar, a
sentir e em seguida ele retirou sua mão novamente.

Ela estava sem palavras dessa vez, Irene apenas gemeu muito alto, seus olhos entreabertos e

encontrando os dele. Irene estava chocada que ao invés de rir dela, o olhar dele estava tão
desesperado quanto, com tanta ânsia como ela.

“Por favor,” ela sussurrou. “Vem comigo?”

Ele pareceu compreender exatamente o que ela quis dizer. Ele ascendeu na cama, despindo-
se rapidamente antes de alcançar o criado mudo. Ela o assistia com os olhos bem abertos enquanto
ele colocava um preservativo. Ela nunca soube o quão sensual era ver um homem tocar seu próprio
corpo, preparando-se para ela.

Quando ele retornou, ele esticou todo seu comprimento sobre ela.

“É isso que você quer?” ele perguntou. “De verdade?”

Com um choro leve, ela fez que sim com a cabeça. Se ela pudesse, ela teria jogado seus
braços ao redor dele. Mas ao invés disso, eles ainda estavam presos sobre sua cabeça, esticando-
a indefesa por baixo dele.

Ele deslocou-se até que as pernas dela estivessem totalmente afastadas, e deitou-se entre
elas. Agora ela podia sentir seu soberbo membro, rígido contra sua carne ardente. Ela o sentiu
pressionar seu membro contra sua abertura, e em seguida com um movimento suave, ele a
penetrou, sem parar até que eles estivessem unidos, próximos como jamais antes. A sensação de

ser preenchida após ser provocada ao máximo duas vezes era fora do comum, e por um momento,

Irene simplesmente fechou os olhos, respirando o mais absoluto prazer.

Ela não tinha muito tempo para desfrutar, entretanto. Com um profundo rugido que pareceu

ecoar através de ambos os corpos, ele começou a investir dentro dela, gemendo enquanto movia-
se sobre seu corpo. De alguma forma, ela apoiou os tornozelos por debaixo e podia mover-se
contra ele, aumento seu prazer e o tornando ainda mais selvagem.

Irene pôde sentir o prazer feroz crescer dentro dela novamente, ela sabia que não haveria
provocação, nenhum momento onde ele desistiria. Ao invés, as sensações que estavam balançando
seu corpo cresceram ainda mais e quando ela pensou que não aguentaria por mais um instante
sequer, ela desabou num orgasmo que rasgou um urro de seus lábios. Suas pernas entrelaçadas ao
redor de Raheem, enquanto a eletricidade dançava através de seu contorno, fazendo com que ela
chorasse mais e mais.

Quando a primeira onda de sensações tomou conta de Irene, ela pôde sentir Raheem
alcançar seu próprio prazer, suas investidas tornaram-se cada vez mais suaves e menos frenéticas.
Ele avançou contra ela ferozmente uma última vez, tremendo enquanto paralisava por cima dela.

Ocorreu a ela, perdida em meio ao prazer, como ele era belo, quanta beleza havia em cada linha
de seu corpo.

Finalmente, ele estava quieto, enfeitiçado sobre ela, seus cabelos negros cobriam seus olhos.
Irene desejava que naquele momento pudesse tocá-lo, pentear seus cabelos para trás para ver
como ele parecia enquanto estava tão tomado pelo prazer.

Ao invés, ele encurvou-se para beijá-la docemente antes de alcançar suas amarras. Ela se
ajeitou, gemendo um pouco enquanto a vida retornava as suas mãos e pulsos.
“Você está bem? Não estava muito apertado?” ele perguntou, e sorria para ele, tímida por

todo o tempo que passou expressando seu prazer tão alto que havia ecoado pelo quarto.

“Essa foi a primeira vez que eu fiz algo assim,” ela confessou. “Não eu não acho que estava
nem um pouco apertado.”

Uma leve sombra escureceu sua face, e Irene apressou-se em embrulhar seus braços ao
redor dele. Eles estavam ambos ligeiramente escorregadios de suor, estafados, mas ainda havia o
suficiente nela que queria tocá-lo, que queria confortá-lo.

“Eu não te machuquei?” ele perguntou.

“Nunca,” ela prometeu. “Aquilo foi... incrível. Foi lindo.”

Ele sorriu, jogando um braço pesado sobre os ombros dela.

“Eu nunca senti o que eu sinto por você antes,” ele confessou. “É... mais que um pouco
alarmante o quão rápido nós...”

Algo na forma como ele falou fez com que Irene olhasse para ele, mesmo estando cansada
até os ossos.

“Nós o quê?” ela perguntou, mas ele estava balançando a cabeça.

“Nada,” ele disse. “Haverá tempo para falarmos sobre isso mais tarde. Agora, você devia
dormir.”

“Estou com medo de dormir,” ela disse sem rodeios. “Estou com medo do que meus sonhos
possam me trazer.”
Raheem encolheu-se um pouco diante daquilo, mas a abraçou com mais força. Mesmo
quando o coração dela estava partido aos pedaços diante do que havia feito, ainda havia
conforto ali.

“Durma agora,” ele falou. “Eu manterei os sonhos afastados.”


Ela esboçou um sorriso leve, fechando os olhos. O sono já a estava alcançando, e dessa vez,

quando ela adormeceu, seus sonhos eram profundos e serenos.


Capítulo Sete

Irene despertou com o barulho de um homem conversando. Por um momento, ela simplesmente
deitou-se na cama, espantando os fragmentos de sonhos dos quais ela não podia recordar-se com

precisão. Em seguida, ela se deu conta que as vozes eram reais e não parte de seus sonhos, e ela
se endireitou. Calmamente, ela vestiu suas roupas e dirigiu-se até a sala de estar.
Raheem estava ali, conversando com dois homens vestidos de preto. Suas vozes eram baixas
e sérias, e quando eles a viram, eles se portaram de forma respeitosa. Raheem veio ficar ao lado

de Irene.
“Bom dia,” ele disse, e ela estava ao mesmo tempo aliviada e desapontada quando ele não
beijou como havia feito durante toda a semana.
“Bom dia,” ela disse, ciente de que sua voz estava apática. “O que está havendo?”
“Estes homens são parte de uma tarefa de força que foi criada para lidar com roubo
internacional. Logo, eu partirei com eles.”
“Você irá onde meu irmão está,” ela disse embotada. “Você está indo para procurá-lo.”
Ele hesitou por um momento, e em seguida fez que sim. “Eu estou. Irene, agora mesmo, você
tem uma escolha.”

Irene olhou para ele. Parecia que ela estava embrulhada em algodão, e suas palavras
estavam vindo de muito longe.
“Uma escolha?”
“Sim. Eu tenho um homem que a levará de volta para a cidade. Ele foi instruído para levá-la
pra um hotel, um dos que pertence a minha família. Todas as suas coisas estão esperando por você,
assim como uma passagem.”
Ela piscou. Ela sabia que ele havia dito que ela seria autorizada e deixar Khanour conforme
desejasse quando a semana chegasse ao fim, mas não havia de fato acreditado.
“A passagem é para a cidade de Nova Iorque,” ele disse. “e juntamente com ela, há uma

remessa em dinheiro que irá ajudá-la a manter-se onde quer que você vá em seguida. É o mínimo

que posso oferecê-la pela ajuda que você nos deu, ainda que de forma relutante.”
“Você mencionou uma escolha...”

“Sim.” Raheem levou um momento para se recompor, e quando ele falou, havia um tremor ali.
“Você também poderá ficar no hotel. Eu irei até lá, logo em seguida. Em seguida, nós poderemos
conversar sobre o eu acontecerá, sobre o que realmente existe entre nós dois. Se você estiver lá,
eu saberei que você quer algum tipo de futuro junto a mim. Se você partir... bem, é uma resposta.”

Ela olhou para ele ainda, se sentido sufocada pelo algodão. Seus pensamentos giravam
como imagens e medos sobre seu irmão, mas havia mais do que aquilo. Havia ainda o fantasma
das mãos de Raheem correndo sobre seu corpo, a forma como ele cuidou dele, a tocou, conversou
com ela. As imagens rodavam ao seu redor até que ela pensou que fosse desmair. Raheem tocou
seus cabelos, ela tremeu, mas não se afastou.
Raheem olhou para baixo como se estivesse com medo, e aquilo foi estranho e até ridículo.
Do que um homem como ele haveria de estar com medo?
“Eu espero que você esteja esperando por mim quando eu voltar para a cidade,” ele falou
solenemente. “Mas se você não estiver...”

Ele hesitou, e em seguida inclinou-se. Ela não fazia ideia do que iria fazer se ele quisesse
beijá-la, mas ele apenas se aproximou o suficiente para sussurrar em seu ouvido.
“Eu te amo. Por favor, espere.”
Ela paralisou, sem conseguir compreender as palavras que havia escutado. Um dos homens
chamou por Raheem e ele olhou para o outro lado. Ele parecia quere dizer mais alguma coisas
para ela, mas em seguida balançou a cabeça. Ele havia dito tudo o que havia para dizer.
Raheem e os outros homens da força tarefa partiram, e um outro homem veio, este vestido
com um uniforme de piloto.
“Senhorita, assim que estiver pronta, nós podemos retornar para a cidade.”
“Claro,” ela respondeu vagamente. “Eu estarei pronta em um instante.”

O restante do dia passou meio desfocado. Ela foi levada primeiro para o avião e em

seguida, de carro para o coração metropolitano de Khanour. Irene não conseguia impedir-se de
olhar para fora da janela, para o mundo que seguia enquanto ela esteve na prisão e no deserto.

Pareceu como se tudo, de alguma forma, tivesse mudado, ou talvez fosse ela quem havia mudado.
Na suíte luxuosa, Irene não conseguia parar de movimentar-se. A passagem que Raheem
havia prometido a ela estava numa carteira de couro sobre a mesa. Por duas vezes ela tentou
tocá-la, e por duas vezes desistiu. Ela sabia que deveria pegá-la, subir no avião, partir e criar uma

vida nos Estados Unidos. Em menos de um dia de viagem, Khanour poderia se tornar mais um
estranho capítulo na história de sua vida. Peter... talvez houvesse algo que ela pudesse fazer por
ele nos Estados Unidos, apelar para figuras políticas ou pessoas para manifestarem-se.
Finalmente, Irene apanhou as passagens. Parecia exótico ter o direito de ir para onde ela
desejasse, quando ela desejasse.
Ela tomou sua decisão e enfiou a passagem em sua bolsa.
***
Dois dias depois, Raheem despertou de um cochilo de duas horas e descobriu que a
operação foi bem sucedida e finalmente estava acabada. Os criminosos estabeleceram melhores

conexões do que eles haviam pensado, ocupando um sistema de cavernas próximo ao deserto. A
batalha havia sido inesperadamente árdua, e próximo ao fim, seu braço havia sido ferido por uma
arma de fogo. Não foi o suficiente para pará-lo, mas afetou o seu desempenho.
“Vossa Alteza, nós encontramos o americano que você nos pediu para procurar.”
“Ileso?”
“Sim, senhor.”
Raheem ficou de pé, seguindo para a tenda onde eles disseram que Peter Bellingham estava
sendo mantido. Ele pensou que estava firme de pé, mas quando ele viu a face de Peter, ele sentiu
uma pontada.
Eles não eram idênticos, mas não havia dúvidas que eram gêmeos. Ela tinha a pele sua pele

clara, seus olhos azuis, suas bochechas bem desenhadas e seus cabelos loiros. Agora, eles estavam

ambos exaustos e desconfiados.


Quando Raheem olhou mais de perto, ele pôde ver antigas cicatrizes em seus braços e

pernas, coisas que haviam acontecido muito antes do ataque de hoje.


Raheem sentou-se na frente do homem, e Peter o observava sem dizer uma palavra. Raheem
brevemente imaginou o que ele iria fazer se o irmão Bellingham também fosse um fã do tratamento
para silêncio.

“Você é um homem que têm sido motivo para uma grande dose de discussão ultimamente,
senhor Bellingham,” ele disse por fim. “Vamos falar sobre isso...”
Seis horas mais tarde, Raheem estava num carro sendo levado para a cidade. Seus homens
poderiam lidar com o resto da operação. Peter já havia sido manejado. Agora ele estava livre
para pensar em Irene.
Ele estava assustadoramente ciente de que talvez nunca mais a veria. Se ela tivesse decidido
que não queria ficar com ele, aquilo teria sido provavelmente pelo melhor, mas havia uma parte
dele que urrava contra isso. Se ela tivesse partido para Nova Iorque, ele não queria mais que
simplesmente ir atrás dela e trazê-la de volta. Ele queria confrontá-la e torná-la ciente de que uma

conexão como a que eles tiveram não se encontra em qualquer lugar, e não deveria ser jogada
fora tão precipitadamente.
Ele espantou aqueles pensamentos. Se Irene tivesse partido, ele respeitaria a sua decisão. Ele
tinha que respeitar.
Quando Raheem voltou para a cidade, ele parou em seu apartamento para tomar um banho
e barbear-se. Vestido em roupas civis novamente, ele pegou seu próprio carro e se dirigiu para o
hotel onde havia instruído seu motorista para levá-la.
Quando perguntou por ela, entretanto, o homem na recepção o informou que ela havia
partido. Raheem sentiu como se o chão tivesse aberto para engoli-lo. Não havia nada que pudesse
fazer, mas ficar ali, de pé, olhando para o além. Mas finalmente, ele moveu-se. Ele saiu até a luz

do anoitecer e imaginou o que viria a seguir.

“Raheem!”
A princípio, ele pensou que era um produto de seu cérebro febril, uma última estranha

alucinação antes de se permitir deixá-la partir inteiramente. Em seguida Raheem se deu conta de
que era Irene, e ele se virou.
Havia algo de diferente sobre ela quando se tornou uma mulher livre. Ela estava usando um
vestido preto de linho que fazia sua pele brilhar, e quando ela olhou para ele, ela estava

tranquila.
Ele andou até ela, mas antes que pudesse se render ao instinto de abraça-la, ele parou.
“Seu irmão, ele está livre,” ele disse.
Ela o encarou, seus olhos azuis bem abertos.
“O quê?”
“Eu o encontrei, e ele não está machucado. Pelo menos, não foi machucado pelos meus
homens. Os bandidos não foram gentis com ele. Mas, nós conversamos, e chegamos a um acordo.
Após um período numa casa de recuperação, ele ingressará na parte de recuperação de corpos
no museu. Ele terá um trabalho e um código de conduta. Se ele voltar a jogar, ele estará fora.”

Irene olhou para Raheem, suas mãos sobre sua boca. Ela não podia acreditar no que ele
estava dizendo, mas ela sabia que ele era um homem que simplesmente não mentiria.
“Você salvou meu irmão?” ela perguntou, sua voz se elevando.
Ele fez que sim com a cabeça, e pela primeira vez, ela viu a exaustão nos olhos dele. Ele
devia ter vindo direto do deserto.
“Eu salvei,” ele disse. “Eu conversei com ele, e ele foi uma vítima tanto quanto você foi. Não
foi correto aprisioná-lo assim como não foi certo aprisionar você. Mas você, você poderia ter
ouvido tudo isso numa ligação mais tarde. Você não deveria estar a caminho de Nova Iorque?”
Irene balançou a cabeça.
“Era a coisa mais certa a se fazer,” ela disse calmamente. “Eu sabia que era. Khanour me

trás lembranças muito ruins agora...”

Ela olhou para ele, um pouco tímida apesar de tudo o que haviam feitos juntos. Havia tanto
que ela não sabia sobre ele, mas ela pensou que as partes importantes, aquelas eram bem

conhecidas por ela agora.


“Aqui estou,” ela disse. “Eu me dei conta de que as melhores lembranças de vida que tenho
foram aqui também. Raheem, eu sinto muito que não pude lhe dizer isso três dias atrás. Eu já sabia,
mas eu não pude... não com tudo entre nós.”

“E agora que as coisas são diferentes?”


“Eu te amo,” ela disse, se jogando em seus braços. “Eu te amo. Eu te amo. E não ficar sem
você...”
De alguma maneira, ela se encontrou nos braços dele, e foi como se ali era onde ela queria
ter estado durante toda a sua vida. De alguma maneira, a vida, com todas as suas curvas
inesperadas a levou até esse homem, e agora que ela estava ao seu lado, ela nunca mais o
deixaria novamente.
“Você vai ficar?” ele murmurou. “Você vai ficar aqui comigo?”
“Eu vou,” Irene disse, seus olhos enchendo de lágrimas. “Por Deus, me perdoe, e sinto que

tenho chorado desde que conheci você...”


Deliberadamente, ele se inclinou e beijou suas lágrimas, fazendo ela sorrir e agarrando-se a
ele com ainda mais força.
“Isso é para sempre?” ela perguntou com doçura. “Você e eu...nós teremos isso para
sempre?”
Ele se afastou para olhar para ela, e ela não poderia imaginar um homem que poderia
fazer com que ela se sentisse melhor. Aquele homem era seu marido, era quem seria o pai de seus
filhos, era quem podia fazer seu coração bater mais rápido com apenas um olhar ou palavra.
“Sim,” Raheem disse, e quando ele disse a palavra, ali havia toda a força de um comando
imperial.

“Isso entre nós vai durar para sempre, e será escrito e registrado mil vezes assim nunca será

esquecido.”
Ela pensou no mural no deserto, no seu tempo no oásis, no seu irmão e em todo o medo e dor

pelo qual havia passado. Então uma risada de satisfação, Irene se jogou nos braços de Raheem,
porque seus pensamentos estavam repletos dos dois juntos.

FIM

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