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Luminotécnica

Aplicada ao Projeto
Prof. Me. Flávio Augusto Carraro
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
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C313L Carraro, Flávio Augusto


Luminotécnica aplicada ao projeto / Flávio Augusto Carraro.
Paranavaí: EduFatecie, 2022.
119 p. : il. Color.

1. Conforto humano. 2. Edifícios – Engenharia ambiental. 3.


Habitações – Aspectos ambiental. 4. Engenharia humana -
Ergonomia. 5. Iluminação de interiores. I. Centro Universitário
Unifatecie. II. Núcleo de educação a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 620.82


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Revisão Textual
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Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTOR

Professor Flávio Augusto Carraro


● Graduação em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Estadual de Londrina,
UEL (2003).
● Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho formado pela
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2011).
● Mestrado em Eng. de Edificações e Saneamento na Universidade Estadual de
Londrina, UEL (2012).
● Graduação em Engenharia Civil na Faculdade de Tecnologia Pitágoras - Unidade
Londrina, FATEC (2019).
● Especialização em Avaliação e Perícia na Construção Civil na Universidade
Pitágoras de Londrina (2019).
● MBA em Gestão Estratégica da Inovação e Propriedade Intelectual na Universidade
Pitágoras de Londrina (2020).

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9197764081353285


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Meu querido (a) aluno (a)

Quando se chega a este nível de conteúdo no desenvolver de nossa formação, já


passou por um bom percurso acadêmico percorrido, não é!? É a parte de nossa formação
em que começamos ver aplicabilidade, e inclusive começamos a ficar mais analítico sobre
a realidade de que nos rodeia.
Não se assunte se ao entrar em um ambiente como trabalhos de iluminação, comece
a reparar nos efeitos, nas cores de iluminação, temperatura de quantos lux, lumens e tantas
outras características que vermos a respeito do projeto luminotécnico. Agora pode não
parecer fazer sentido, mas ao final constatará exatamente o que falei. Então preparamos
um percurso didático para que se sinta realmente se aprofundando no conteúdo à medida
que estuda. Neste sentido preparamos o conteúdo da seguinte forma:
Na Unidade I abordaremos a relação do corpo humano com o conforto ambiental
lumínico, tomando por ponto de partida a influência que tinha sobre nossos ancestrais e de
como isto influenciou nossa relação com a luz, e aproveitamos para entender a relação do
conforto ambiental e conforto lumínico, e para trabalharemos a noção de Ciclo-circadiano,
que é o comportamento de como nosso corpo reage em relação à Luz, e de como é influente
sobre atividades cognitivas básicas.
Na Unidade II abordaremos as noções de física aplicada ao conforto lumínico,
falaremos sobre como a física faz o estudo da luz assim como as variáveis que devemos
considerar para o desenvolvimento do projeto luminotécnico.
Na Unidade III entenderemos quais são as possíveis estratégia para o consumo
energético assim como conceito e definições relacionadas a mesma. Para tanto teremos que
estudar a relação dos projetos de iluminação artificial, considerando critérios de desempenho
luminotécnico e desempenho energético e por vezes, por força normativa deveremos associar
também a iluminação natural para fins de promover estes com segurança e conforto. É
relevante ressaltar que conceitos de eficiência energética e certificações ambientais possuem
uma estreita relação, e por conta disto dedicamos alguns trechos deste livro ao assunto.
Na Unidade IV desenvolveremos nosso estudo direcionado ao projeto luminotécnico
e de como concebê-lo, tomando por base as principais normas relacionadas ao projeto
luminotécnico, para que quando formos estudar os tipos de iluminação e o próprio
desenvolvimento do projeto luminotécnico, consigamos associar aspectos da técnica
luminotécnica com parâmetros normativos de saúde, segurança e conforto.

BONS ESTUDOS!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico

UNIDADE II.................................................................................................... 29
Noções de Física Aplicada ao Conforto Lumínico

UNIDADE III................................................................................................... 50
Consumo Energético e Estratégias

UNIDADE IV................................................................................................... 81
O Projeto Luminotécnico
UNIDADE I
A Relação do Corpo com o
Conforto Ambiental Lumínico
Prof. Me. Flávio Augusto Carraro

Plano de Estudo:
● A luz e o ser humano;
● Definições de Conforto Ambiental e Conforto Lumínico;
● Ciclo-circadiano e a relação com a Luz;
● A iluminação e atividades cognitivas básicas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a luz na
evolução da espécie humana;
● Compreender o conceito de iluminação;
● Estabelecer a importância da iluminação na
rotina diária e nas atividades cognitivas básicas.

4
INTRODUÇÃO

Prezado aluno (a)

Iremos embarcar no estudo do conforto ambiental lumínico, e neste primeiro capítulo


faremos o estudo de como a luz é influente sobre a qualidade de vida dos seres humanos,
representou fonte de vida, de desenvolvimento e ainda contribui para manutenção da saúde.
Para isto recorreremos a buscar explicação em nossos ancestrais, sim os “homens
das cavernas”, e entender a relação dele e importância de nosso corpo ter recebido uma
memória, “memória ancestral” da forma com que se relacionavam luz em suas rotinas diárias.
Mas aí você me pergunta, mas não existia energia elétrica, logo não existia lâmpada! Você
está certo, mas não podemos deixar de considerar que o sol é também uma fonte de luz e
calor, também temos que considerar que o fogo também é emissor de luz e calor.
Parece até meio estranho o nome que vou dizer, mas a memória ancestral chegou
aos dias atuais por meio do que é chamado “ciclo circadiano”, ficou curioso? O único spoiler
que eu posso dar é que todo mundo tem!
Direcionaremos a discussão de como a luz é capaz de moldar nossos comportamentos,
influindo nas nossas decisões, na nossa percepção e nos processos cognitivos mais
elementares. A ideia deste capítulo é que lançar aspecto elementares teóricos da relação
do conforto ambiental lumínico, para que além das variáveis da luz e iluminação, atente-se
para variáveis tão importantes quanto, ou seja, a variáveis relacionada ao ser humano.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 5


1. A LUZ E O SER HUMANO

Olá, aluno (a)


Vamos iniciar nossos estudos sobre iluminação, mas primeiramente temos que
entender o quão essencial foi a luz na evolução da espécie humana.
A primeira fonte de luz e calor com certeza foi o sol, que estabelecia o ritmo dos
homens primitivos, como fonte natural, e com o tempo, este mesmo homem primitivo
começa a fazer uso do fogo e com isto artificializa a “fonte de luz e calor”.
O fato é que ao longo de milênios o homem sempre fez uso da luz, mas somente com
a energia elétrica, boa parte da sociedade se moldará para o atual estágio de evolução, que
em a iluminação se fará presente em vários momentos de nossa vida. Hoje conseguimos
ter os mais diversos tipos de mecanismos para nos auxiliares no uso da luz e com isto
atender nossas diferentes atividades em nosso dia a dia.
Deste modo a “luz” exerceu e continua exercendo um papel essencial para evolução
da espécie humana. O sol foi o principal motivo para a existência de vida na terra, logo é
fonte de vida, de desenvolvimento e ainda contribui para manutenção da saúde. Mas por
onde começar a estudar a luz?
Para entender a relação do nosso corpo e com a luz, vamos voltar nos primórdios
da humanidade, sim tomaremos o homem das cavernas como ponto de partida, e ao final
do capítulo entenderá o motivo.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 6


Se o homem, na busca da sobrevivência, se abriga em um local para se proteger
das condições adversas do meio, a caverna se torna suficientemente protetora, porém
restrita na chegada do sol ao seu interior. Outra condição é que o homem tinha que
aproveitar a luz do dia para o desenvolvimento de atividades como a caça, a pesca, a
coleta, e depois de um dia cheio de desafios, retorna à caverna para proceder com a
armazenagem dos resultados do dia.
Como a condição de sair para estas ações sempre esteve vinculada a presença
do sol, o corpo humano vai se acostumando a tal condição, inclusive influindo em aspectos
fisiológicos essenciais como cardiovascular e endocrinológico, para fazer frente a uma
busca da caça, com o menor gasto de energia possível, ou seja, sendo eficiente na
atividade que se propõe.
Se durante o dia o gasto energético é relativo ao esforço físico, que era intenso,
no período noturno, buscava-se o resguardo que o seu corpo se recuperasse, e aqueles
aspectos fisiológicos essenciais trabalham durante o repouso no sentido de recuperar as
forças para o próximo dia.
Em algum momento da evolução do homem das cavernas, o sol não será a única
fonte de iluminação e calor. A fogueira assim começa também como fonte luminosa e de
calor, com isto parte das rotinas que eram somente feitas de dia, em especial dentro da
caverna, também poderão ser desenvolvidas em meio a escuridão, da noite.
Parece ser pouca esta evolução, mas existe assim adaptação da fonte de luz
do sol, que é natural, para a artificialização por meio da fogueira. E como vermos mais
adiante, será determinante para alteração de alguns ciclos hormonais submetendo outras
rotinas do ponto de vista fisiológico. Estamos falando de cronobiologia que é uma adap-
tação de um organismo vivo aos ritmos das atividades sol e lua. Para Almondes (2013),
a cronobiologia é uma área da ciência que estuda a organização temporal biológica, que
pode ser expressa por unidade de tempo (horas, dias, meses e anos) na qual existe a
“correlação com as funções fisiológicas e comportamentais, e estabelece o ritmo biológico
e mecanismo gerais dos seres vivos”.
Se o fogo, embora seja uma reação exotérmica e luminosa, podemos considerar
quase que um fenômeno natural, mas como o homem conseguiu a manipular, adequando-a
à sua conveniência, tomaremos ela para fins didáticos, como sendo uma fonte artificial de
iluminação. O sol, por sua vez, é uma fonte natural de iluminação e calor, e foi segundo
estudiosos da evolução da vida, um dos principais motivos para que existisse vida na terra,
logo uma fonte de vida.

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A inserção da fogueira como fonte luminosa e térmica, vai estabelecer trocas de calor
do corpo com o meio, e as rotinas que em outros momentos estavam diretamente ligadas
a luz solar, agora é influenciada artificialmente, tendo alterações em níveis fisiológicos e
psíquicos. Estas alterações acontecem por meio da mudança de sinestesia com o meio
ambiente, porém a visão, foi um dos principais sentidos impactados com esta artificialização
da fonte luminoso, no caso o fogo.

FIGURA 1 - SINESTESIA

Fonte: O autor (2022).

Como a iluminação é de certo modo influente sobre a condição da visão, pois é por
meio desta que, boa parte das informações chegarão ao cérebro, e este acionará uma série
respostas cognitivas em relação ao meio.
Após esta breve discussão acerca da importância da luz em nossas vidas,
direcionaremos das correlações do corpo humano com a iluminação, e de como ela pode
influir nos nossos hábitos, nossos comportamentos e mesmo nossas reações em relação
ao meio que nos circunda e o ambiente construído.

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2. DEFINIÇÕES DE CONFORTO AMBIENTAL E CONFORTO LUMÍNICO

Para definirmos o que é conforto ambiental e conforto ambiental lumínico, deve-se


primeiro entender que estamos lidando com variáveis ambientais como a própria luz (seja
natural ou artificial), mas também estamos tentando entender principalmente variáveis
subjetivas, e com isto a definição de conforto, pode ser relativizada de indivíduo para indivíduo.
Estamos falando de percepção individual de conforto, logo sua definição não é
simples, mas usaremos a etimologia da palavra. Ela vem do Latim confortus, particípio
passado de confortare, “fortalecer, conferir força”, de com-, “junto”, mais fortis, “forte,
intenso, robusto”. (Origem da Palavra 2022).
Neste sentido, a palavra tem forte relação ao que vimos na primeira parte de nosso
estudo, na qual o homem primitivo, após sair à caça, repousa a condição para que seu
corpo se fortaleça ou recupere. Se pararmos para analisar, conforto tem relação direta de
que depois de tirar nossos sentidos da zona de “conforto” para uma ação, ele tentar voltar
a um estado de pouco esforço.
Mas neste sentido o que seria conforto ambiental? E conforto lumínico?
Deste modo, o conforto ambiental pode ser o modo com que o ser humano se
relaciona com seu meio e que nele sente-se satisfeito em um determinado espaço dentro
das variáveis ambientais que exijam o menos esforço para execução de suas atividades, e
que este meio lhe apresente boas condições hidrotérmicas, acústicas, visuais, de qualidade
do ar, ergonômicas e psicológicas, para qualquer tipo de atividades que se pretende
desenvolver, seja ela de lazer, trabalho, estudo ou descanso.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 9


Na arquitetura seria a síntese de estabelecer condições satisfatórias e que permitam
a melhor relação com o espaço e o homem.
Partindo deste pressuposto, conforto ambiental lumínico, seria assim prover o
ambiente de condições de iluminação, seja natural ou artificial, e pelas quais sejam atendidos
todos os parâmetros anteriormente citados considerando a variável luz, ou por meio da
iluminação. Para definirmos o conforto ambiental lumínico, em específico, seria a capacidade
de direcionar aspectos da iluminação na quantidade, qualidade, intensidade entre outras
variáveis físicas que sejam influentes sobre a visão e a forma com a qual a luz é percebida e
sentida no ambiente, e atenda as expectativas dos usuários ou da atividade que desenvolvem.
Adiante estudaremos o que luz, sua natureza, e aspectos essenciais de sua
composição, do ponto de vista da Física, mas por hora, o que precisamos saber que ela
é uma variável de natureza física, e pode ser obtida por fontes naturais e artificiais, logo é
uma variável ambiental, que interage diretamente com a nossa visão.
É por meio da luz que conseguimos identificar o mundo que nos circunda, e nos
permite interpretar nosso meio percebendo variações da intensidade, cor entre outras
características desta. Esta interação de luz e nossa visão, nos dará experiência para
perceber as paisagens, as construções, os ambientes, e os objetos e com enriquecer nossa
experiência de mundo e influir processos cognitivos essenciais a nossa sobrevivência. A
visão, influenciada pela luz, será a catalizadora, pela qual a “mensagem” do mundo exterior,
chegará em nosso cérebro, e este por sua vez ativará os demais sentidos.
Se o olho é o responsável por grande parte da recepção da mensagem, precisamos
minimamente entender como acontece a recepção da luz, e como os componentes
deste serão influenciados. Uma boa iluminação assim deve apresentar intensidade e
direcionamento alinhados com a atividade que desenvolveremos, não é possível assim
dizer que existe um “estado ótimo de iluminação” para todos os seres humanos, mas sim a
precisa ser parametrizada de acordo com as atividades as quais irá dar suporte.
Para exemplificar, em atividades que existem detalhes na execução, como um
dentista, um relojoeiro, ou mesmo um desenhista, provavelmente a iluminação deve ser
pensada para que sejam ressaltados os detalhes. Para profissionais que trabalham com
vendas e atendimento a pessoas, por exemplo, uma vendedora ou garçom este a iluminação
terá pouca influência sobre a sua atividade, mas talvez para o seu produto não.
Estudaremos mais adiante a natureza da luz, mas por hora, o que precisamos
entender que o que vemos como cor pela nossa visão é um comprimento de onda, que está
sendo absorvido pelo objeto, dentro do espectro luminoso.

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Ao Identificarmos uma cor no objeto, é a retransmissão daquele comprimento de
onda e interpretação do nosso olho daquele comprimento de onda que compõe a cor do
objeto. De imediato tomaremos a diferenciação de fontes primárias e fontes secundárias,
para entender relação de luz, objeto e o olhos, que segundo Helerbrock (2019):

TABELA 1 – FONTES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS


Tipos de fontes Características das fontes
também chamadas de corpos luminosos, possuem a
As fontes primárias: capacidade de produzir a sua própria luz, como por
exemplo: uma lâmpada acesa, uma vela acesa e o Sol
também chamadas de corpos iluminados, apenas
possuem a capacidade de refletir a luz que incide
As fontes secundárias:
sobre elas, por exemplo: as nuvens, a lua, paredes
iluminadas e, até mesmo, as pessoas.

Fonte: Adaptado de Helerbrock (2019).

Especificamente na nossa visão, no globo ocular, terá uma série de componentes


deste que atuarão para formar a imagem do objeto e transmitir para nosso cérebro. Vamos
entender como?
Não pretendemos esmiuçar a biologia do olho, apenas as partes que nos interessa
e que interagem com a luz. Quando observamos um objeto, provável que tenhamos a
impressão da definição de sua forma, de sua cor, da sua diferenciação com o seu fundo,
mas todos os estes são pontos que nada mais são do que a interação dos comprimentos
de onda que incidem sobre ele e refletem aos nossos olhos.
O que que é luz? visto que esta é a base do conforto lumínico e da luminotécnica:
É possível definir a luz como uma radiação visível ao olho humano, sendo
uma onda eletromagnética cujo comprimento de onda perceptível pela
visão humana está contido em uma faixa entre 380nm e 780nm (PEREIRA
e SOUZA, 2005, p.8).

A cor por exemplo, e absorção de um determinado comprimento de onda que


é retransmitida para nossa visão. Ao entrar em nosso olho, a intepretação das cores
acontecerá por um conjunto de elementos celulares especializados para cada comprimento
de onda (cor), que as direcionará a imagem do objeto por nossa córnea e chegará a íris. A
regulação da quantidade de luz que receberemos acontece por meio da abertura da pupila.
Assim sendo maior ou menor esta abertura da pupila é que luz entrará no olho.
A produção da imagem propriamente dita, acontecerá após a pupila, quando chega
ao cristalino e é projetada pela retina. É na retina que o processo de interpretação da
imagem começa ser traduzido para o cérebro.

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A lente do olho assim produzirá uma imagem invertida, e o cérebro assim, por meio dos
nervos oculares, chegará ao cérebro com a mensagem invertida, ficando a cargo deste colocar
na posição tal como vemos no mundo real. Especificamente na retina temos um conjunto de
células fotorreceptoras, tendo especializações quanto a função e comprimento de onda a ser
decodificadas que por meio de impulsos eletroquímicos, serão decodificados pelo cérebro.
Caso esteja muito abstrata esta informação, podemos fazer a correlação com a
máquina fotográfica, em que a córnea seria a lente da câmera, e na qual existe o diafragma
que controla a quantidade de luz, e a depender do tempo e da forma com que entra esta
informação. As antigas máquinas de fotografia possuíam o “filme” na qual a imagem ficada
registrada, tal como no olho.
Desta forma a pupila é o principal músculo que controla a entrada e quantidade
de luz no olho, e a depender da intensidade, da fonte e da forma com que é interpretada
haverá movimento da íris para captar mais ou menos luz e a partir deste fenômeno proceder
com a intepretação do fenômeno luminoso, considerando em conjunto com outros aspectos
sensoriais do corpo humano.
Façamos a seguinte experiência: ao chegar em casa tarde da noite, e ao abrir a
porta de sua casa, o ambiente encontra-se escuro, e assim que acende a luz, é perceptível
um “momento” de adaptação da visão, e a definição dos objetos fica um pouco embraçada,
até que o olho consiga ter o controle exato da entrada de luz.
Esta condição acontece dada repentina mudança da quantidade de luz que entra no
olho, ou seja, em ambiente com muita luz a pupila fecha-se, e em locais escuros a pupila se
dilata, com intuito de captar uma quantidade de luz suficiente para formar a imagem. Nesta
experiência que fizemos há um comando repentino por meio da disponibilidade abrupta de luz.

FIGURA 2 - COMPONENTES DO OLHO

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Das partes citadas, no texto e que temos que ter noção de suas funções, constam
na tabela abaixo.

TABELA 2 - COMPONENTES DO OLHO HUMANO


Parte do olho Composição / Função
É composta por um tecido transparente que cobrirá
a pupila, a abertura da íris. Em conjunto com o
Córnea
cristalino, a córnea ajusta trabalhará o ajuste do
foco da imagem no olho.
Espécie de Lente transparente e flexível, que está
localizado atrás da pupila. Tem a função de uma
Cristalino lente com ajuste que funciona para focar objetos
que podem estar a diferentes distâncias, fazendo
acomodação da condição do olho.
Tecido muscular fino, ao centro com uma abertura
Íris
circular ajustável chamada de pupila.
Tem por função transmitir a imagem capturada
pela retina ao cérebro e é uma estrutura formada
Nervo Óptico
pelos prolongamentos das células nervosas que
formam a retina.
Responsável pela entrada de luz, pela contração e
dilatação a depender da intensidade de luz, sendo
que se dilata para ambientes de pouca iluminação
Pupila e contrai-se para ambientes que a iluminação seja
maior. Mecanismo pode ser ajustado por exemplo
a noite para que a pessoa enxergue melhor e na
condição que acha luz mais forte evitar danos à retina.
Responsável pela recepção das ondas luminosos
Retina e convertê-las em impulsos nervosos, os quais são
transformados em nossas percepções visuais.

Fonte: Adaptado de COMO funciona o olho humano. Hospital de olhos Blumenau. Disponível em: https://
hob.med.br/como-funciona-o-olho-humano/ acesso em 02 mar. 2022.

Como podemos perceber, existe por meio de uma condição física do meio, o dispa-
ro de um conjunto de processos biológicos, desta interação da luz com o nosso olho, e que
vai por sua vez influenciar nos processos cognitivos, muitos dos quais serão manifestadas
pela sinestesia de nossos sentidos ao meio. Mas a relação da iluminação com o corpo
humano é mais impactante quando a depender da condição de iluminação do ambiente
também poderemos ter influência sobre processos cognitivos elementares e mesmo sobre
a condição psicológica que se manifestará a depender dos estímulos do meio.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 13


3. CICLO-CIRCADIANO E A RELAÇÃO COM A LUZ

Mas você deve estar perguntando como a iluminação é possível influenciar nos
nossos aspectos fisiológicos e psicológicos?
Voltemos ao nosso homem das cavernas. A simples condição de não possuir o fogo
sendo controlado por ele, e tendo somente a luz do sol e da luz da lua, para o direcionamento
do seu relógio biológico fez com que o corpo do ser humano fosse também se adaptando
na produção dos hormônios para fazer frente as suas atividades diárias de sobrevivência e
necessidades fisiológicas essenciais como por exemplo ao sono.
A cronobiologia refere-se o processo pelo qual os organismos cronometram seu
comportamento e fisiologia para tudo se comporte ritmicamente, tempo biológico, como
acordar, alimentar-se, exercer atividades laborais e de estudo, dormir, entre outros da qual
cada indivíduo irá estabelecer para seus padrões de vida.
Mas a ciência somente foi entender isto mais tarde por meio de um conjunto de
experiências, e somente entendeu como sendo um processo multifatorial a partir de 1960,
neste sentido cabe a seguinte curiosidade sobre o assunto:
Em 1729 – Jean-Jacques D´ortuos de Mairan observa isto por meio das plantas
que se manifestavam em ciclos.
Em 1751 – Carolous Linnaeus – propõe a partir do estudo anterior propõe o conceito
de “horologium florae” (relógio das flores) por meio de sua publicação Phiolosophia botânica.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 14


Mais recentemente em 1960 existe uma convergência de várias ciências para
o estudo deste conceito dentre elas a biologia, psicologia, neurologia, endocrinologia e
genética época que foi cunhado o termo ciclo circadiano, que é proveniente do latim (circa:
aproximadamente / diem: dia) e correlacionou isto de modo multidisciplinar em que a luz
é uma das principais influências juntamente com outras variáveis como calor, umidade e
outras variáveis ambientais.
A esta rotina foi dado o nome de ciclo circadiano ou ritmo circadiano, que nada mais é do
que adaptação do corpo ao período de 24 horas do dia, e de como a fisiologia do corpo humano
e a ação dos hormônios direcionam as atividades e processo biológico como por exemplo o
metabolismo, o sono, a vigília, a depender dos diferentes tipos de luminosidade ao longo do dia.

FIGURA 3 - PRODUÇÃO DE HORMÔNIO CORTISOL E MELATONINA E SUA RELAÇÃO


COM A TEMPERATURA

Isto quer dizer que o homem das cavernas nos condicionou pela evolução humana
por meio da produção dos hormônios como cortisol (hormônio da ação) e a melatonina
(hormônio do sono) a desenvolver determinados padrões fisiológico para sobrevivermos
influenciando aspectos cardiovasculares e respiratórios, termorreguladores e metabólicos
para condições de ação ou para descanso.
Em suma representa a nossa relação com as mudanças físicas do meio e
comportamentais, muitas deles regidas pela luz no ritmo de um dia, e persistem na escuridão
e a depender das condições de iluminação pode ter seu ritmo alterado. Não podemos
descartar que existe correlação direta com a ingestão de alimentos, líquidos entre, perda e
retenção de calor, que fazer parte da nossa base termorreguladora.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 15


FIGURA 4 - CICLO CIRCADIANO

Fonte: Adaptado de CICLO Cicardiano: o que é e qual sua relação com a luz azul? Lenscope - São Paulo,
2020. Disponível em: https://lenscope.com.br/blog/ciclo-circadiano-o-que-e-e-qual-sua-relacao-com-a-luz-
-azul/ acesso em: 02 mar. 2022.

Deste modo há uma correlação direta entre a fisiologia do ciclo circadiano com uma
região do cérebro denominada hipotálamo, esta parte do cérebro será ativada por meio da
visão, ou mais especificamente, por meio da retina, através da presença ou ausência da luz.
O fato é que durante milênios o homem recebeu esta herança ancestral, e no atual
estágio de nossa evolução, a iluminação natural embora ainda representativa em nossas
vidas, está fortemente influenciada pelo que iremos chamar de iluminação artificial, ou seja
aquela proveniente de fontes criadas pelo homem.
Hoje em dia temos forte influência não só da iluminação que nossas casas e nossos
trabalhos possuem, mas estamos com uma infinidade de aparelhos eletrônicos que tem
influenciado de maneira não tão benéfica, como o caso dos aparelhos eletrônicos, e a
iluminação emitida por eles tem sidos talvez tenha gerado ainda mais impactos sobre este
ciclo circadiano.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 16


4. A ILUMINAÇÃO E ATIVIDADES COGNITIVAS BÁSICAS

Como vimos existe uma relação direta entre a luz, natural e artificial, nossa visão
e as atividades fisiológicas produzidas pelo corpo, e também a forma como nosso cérebro
irá recepcionar as mensagens que são emitidas pelo meio, e sobretudo a forma como nos
ciclos hormonais vai ser ativados.
Por este motivo é imprescindível que como futuro profissional conheça estas
correlações, e direcione corretamente as decisões no momento do projeto luminotécnico.
Deste modo, dominar assim os parâmetros de iluminação, tomar decisões corretas sobre
e direcionamento para atividades para quais os ambientes estão sendo projetados, poderá
além de conferir ao ambiente maior ou menor nível de conforto, já que, será também
responsável por influenciar os mecanismos fisiológicos de nossa memória ancestral e
coordenar a um certo grau de sinestesia entre o corpo e a iluminação.
Como existe a ação do cérebro, em decorrência do projeto luminotécnico proposto,
é interessante que também levemos em consideração que a iluminação tem influência
direta sobre aspectos psicológicos também, direcionando habilidades cognitivas.
Entenda por habilidade cognitiva, conjunto de faculdades mentais ou mesmo
aptidões obtidas por experiências anteriores, já experienciadas usuário. Como se de uma
maneira ou outra ativássemos aquilo que estava armazenado, ou será ou novo registro, tal
como a memória de um computador, e com isto ativar respostas conscientes e inconscientes,
adequadas ao momento e entorno.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 17


Por habilidades cognitivas entenda, por exemplo, a compreensão, a atenção, a
memória, entre outras e estas não são somente obtidas pela visão, mas em associação
com outros sentidos (visão, olfato, tato, paladar e audição).
Para exemplificar isto: no exato momento que está lendo este texto, como está seu
ambiente? Bem iluminado em silêncio, se sim provavelmente seu grau de atenção é maior,
e se ele estive pouco iluminado em com silêncio, provavelmente suas pálpebras já estão
indicando um grau de sonolência, e se a iluminação estivesse ausente e com ruídos ao
fundo (da própria cidade), estaria concentrado? Provavelmente não neste último.
Outro exemplo, quando você pega para assistir aquela série no canal de streaming e
está sozinho em casa, provável que ao reduzir a luz do ambiente tenha maior relaxamento e
com isto consiga direcionar suas energias para deixar sua visão e audição mais “antenada”
o que está assistindo. E se nesta mesma condição, por algum motivo, tivesse que dividir o
mesmo ambiente com algum familiar, e este estivesse fazendo uso do computador ao seu
lado, mesmo nas condições anteriores, a luz do computador da outra pessoa, inseriria uma
nova variável que cognitivamente lhe forçaria, às vezes, e não por acaso, desviar parte
de sua atenção a tela do mesmo, e sua compreensão sobre a sequência do que estava
assistindo pode ser comprometida.
Deste modo é necessário que se entenda que a iluminação por menor que seja, da
tela de um computador ou de um celular, por exemplo, tem influência nas nossas habilidades
cognitivas e podem influir na nossa capacidade intelectual.
Os seres humanos, em sua evolução, transformaram os famosos “instintos de
sobrevivência”, nestas habilidades, e ainda por meio do intelecto que obtiverem foram
capazes de direcionar determinados estímulos a seu favor, no sentido de preservá-los
diante do meio, e na qual estes estímulos são transformados em informação, processados,
em alguns momentos guardados e em outros transformados em resposta ao meio.
Quando falamos de iluminação, precisamos ter consciência que uso correto pode
potencializar alguns processos cognitivos e potencializar outros, inclusive sendo possível
manipulá-los.
Exemplo de manipulação veremos mais adiante, mas é por exemplo, a estratégia
que os shoppings centers fazem, não permitindo qualquer contato com exterior iluminação
natural, somente artificial no interior, fazem com que as pessoas percam a noção do tempo
quando estão dentro destes estabelecimentos.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 18


Na essência do ser humano, a habilidade cognitiva tem muita relação com a formação
de um corpus de conhecimento, tal como um repertório, e à medida que envelhecemos
tomamos mais consciência dele, ao mesmo tempo determinados estímulos precisam ser mais
bem trabalhados, para que seja tenha efetividade. Uma situação é desenvolver um projeto
luminotécnico para uma escola, com criança em idade escolar, na qual os estímulos são mais
interessantes do que um ambiente cujo projeto luminotécnico seja direcionado por exemplo
a idosos. Estamos falando de públicos, com experiências diferentes por isto o cuidado em
entender o público para qual se direciona, tem a ver com este com a vivência de cada público.
Mas independente da fase na qual o público esteja é essencial o entendimento
das habilidades cognitivas pode e deve ser observado pelo profissional responsável pelo
projeto luminotécnico, e o uso incorreto podem influir negativamente em nossas faculdades
mentais por meio das habilidades cognitivas mais básicas, sendo assim tente entender
quais destas habilidades é desejada nos ambientes que estará projetando:

TABELA 3 - HABILIDADES COGNITIVAS BÁSICAS


Habilidades cognitivas básicas Conceito
Habilidade responsável por armazenar uma
informação e assim processar, de modo a
Memorização
compreendê-la e elaborar um pensamento
estruturado, podendo ser de curto e longo prazo.
É uma faculdade cognitiva primária e essencial,
e por meio dela que o cérebro é influenciado,
Percepção
motivando-o a processar as informações por meio
de nossos sentidos, dentre eles a visão.
É uma capacidade cognitiva com a qual podemos
Atenção dirigir o pensamento em direção a um estímulo ou
ação concreta. (reunião / aula)
Já é uma habilidade que ajuda a entender o que é
percebido, e nos leva a gerar ideias, observando
Compreensão os meios e os fenômenos que ocorrem neles, e
está entre as habilidades cognitivas básicas mais
importantes.
Está associado ao nosso processo comunicativo, e
está entre as capacidades mentais mais elementares,
eu diferencio o homem dos demais animais.
Linguagem Existe um comunicador e um receptor que pode ser
direcionado por um sistema de sinais, do meio com
o indivíduo, ou entre indivíduos.

Fonte: Adaptado de Smith (2008).

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 19


Existem também outros processos cognitivos que podem ser acionados através da
iluminação, e as estratégias podem ser as mais diversas, podendo ser obtidas por meio de um
bom projeto de iluminação, muitas dos quais ficarão mais claras na evolução do nosso estudo:
Motivação, Emoção, Aprendizagem, Raciocínio, Previsão afetiva, Pensamento Lateral,
Inteligência emocional, Planejamento, Autorregulação, Discernimento, Reorganização,
Antecipação, Capacidade criativa, Capacidade de abstração, Metacognição.

FIGURA 5 – HABILIDADES COGNITIVAS

Fonte: O autor (2022).

Como visto existe uma correlação entre evolução do ser humano, com o ciclo
circadiano, a condição de presença ou ausência de luz, determina a relação de estímulo-
resposta, e é influente também em aspectos psicológicos que também influirão em todo
nosso processo cognitivo. Agora sabendo disto tente correlacionar o que estudamos até o
momento com os exemplos que daremos a seguir.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 20


FIGURA 6 – HABILIDADES COGNITIVAS

Fonte: GALLARDO, C.P. Habilidades cognitivas: o que são, tipos, lista e exemplos. Psicologia-online,
2020. Disponível em: https://br.psicologia-online.com/habilidades-cognitivas-o-que-sao-tipos-lista-e-
exemplos-557.html acesso em: 15 fev. 2022.

Quando está estudando para uma prova ou concurso, e se depara com um tópico
que eventualmente tenha alguma dificuldade. Já parou para pensar como se organiza
para estudar, uma escrivaninha confortável, logo abaixo de uma janela ou com uma luz
direcionada, e um dos motivos disto é que a luz, ao incidir sobre o livro ou apostila, irá criar
um contraste entre a letra e a folha de papel, e por uma questão de definição ao detalhe,
seu cérebro entenderá que esta condição lhe é favorável a memorização.
Outro exemplo, depois de ter estudado a semana inteira, alguns amigos seus lhe
convidam para um encontro em num bar que desconhece, e ao chegar lá, a iluminação,
normalmente trabalhada com aspectos cenográficos diferenciados, e não presente em sua
memória, ativará uma faculdade cognitiva primária e essencial, que é a percepção, e por
meio dela que o cérebro é influenciado, motivando-o a primeiro coletar as informações
e processá-las, de modo a criar a experiência de estar vivendo aquele momento, para
somente num segundo momento buscar por seus amigos.
É comum que em determinados momentos do nosso dia, seja na faculdade ou no
trabalho, que um aula ou um reunião nos obrigue a trabalhar a nossa capacidade cognitiva
chamada atenção, muito disto se dá pela própria importância do conteúdo, mas outra parte
se dá pela condição do próprio ambiente, como uma sala de aula ou sala de reunião, pela
formalidade do mobiliário, mas em muitos caso pela condição de iluminação que foi colocada
ali, que via de regra vai lhe estimular a uma ação concreta, tão logo o assunto esgote-se.

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Se a reunião e a aula foram bastante intensas no exemplo anterior, a próxima
habilidade cognitiva a ser acionada, seja para análise de um relatório, ou mesmo anotações
desenvolvidas durante a aula, provavelmente será a compreensão, e de maneira quase que
inconsciente, buscará por um ambiente ao mesmo tempo reservado, e que as condições de
iluminação sejam propícias para manter sua atenção durante esta fase de processamento,
pois a depender das ações que desenvolverá, está conjugado com sua capacidade de
memorização, exigindo ambiente, do ponto de vista da iluminação de igual condição, luz
direcionada que dê o devido contraste.
Depois ter passado pelas reuniões ou sala de aula, e já ter analisado dados ou
anotações, você foi solicitado para expor suas análises e conclusões, e além disto providenciar
uma apresentação na qual precisa da máxima atenção dos presentes. Então além dos
slides com recursos gráficos para comunicar, deverá também providenciar condições
ambientais de iluminação para que garanta a máxima aderência dos presentes em sua
defesa. Ao chegar no ambiente, entre outras providências, posicionamento dos assentos,
o funcionamento dos equipamentos como o projetor e o computador, provável que entenda
ser mais proveitoso para todos os presentes se deixar a iluminação geral “baixa”, para que
o foco seja exclusivamente a tela de projeção. Neste sentido a iluminação funcionará como
suporte à linguagem que adotará, pois está associado ao nosso processo comunicativo,
e está entre as capacidades mentais mais elementares, que diferencia o homem dos
demais animais. A iluminação do ambiente e o foco na iluminação da apresentação estão
sendo catalizadores entre você (comunicador) e os indivíduos presentes (receptores) e a
apresentação em si, configura um sistema de sinais potencializados pelo projetor.
Não sei se notou, mas em todos os processos cognitivos podemos ter influência da
condição de iluminação. Mas aí deve estar fazendo a seguinte afirmação? Não consigo ver
aplicabilidade pois os exemplos são muito distantes de minha realidade! Então vamos lá!
Nada mais reconfortante que ao chegar do trabalho ou da faculdade, depois de um
dia estressante, e ficar deitado a “meia luz” para começar a desativar os sentidos. Outra
situação que já deve ter passado, como por exemplo a execução de um trabalho manual,
por exemplo desenho de um projeto, (deduzindo que já projetou a mão!), ou mesmo um
trabalho de artesanato, com a iluminação mais direcionada à mão, provável que os detalhes
venham ser mais bem percebidos.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 22


Provável que já tenha participado de algum diálogo, em que você ou alguma pessoa
do seu ciclo pessoal de amizade tenha reclamado de não conseguiu dormir, e fizeram o
seguinte comentário, “antes de dormir dou uma olhada nas redes sociais ou se tem algum
e-mail que deixei de responder”, e na sequência complementam, e “não consegui pegar no
sono”. O que está acontecendo com estas pessoas que o estimulo não está condizendo com
o momento do ciclo circadiano, pois como já é sabido, a luz proveniente da tela do celular
tem mudado vários comportamentos no ser humano, mas dentro os mais elementares,
aquela luz azulada ativa a produção de serotonina, hormônio da ação.
Preciso te explicar mais?! Faça uma pesquisa com colegas de trabalho ou amigos
da faculdade, e pergunte quanto tempo eles ficam na frente destas telas de computador ou
celular e quantos deles possuem problemas de insônia.
Vamos ver outras situações típicas em que o conforto lumínico que podem ser
influentes sobre nossos processos decisórios. Para exemplificar, tomemos um simples
passeio ao shopping, e você foi determinado e crente que não vai olhar nenhuma vitrine!
Esta promessa fez antes mesmo de sair de casa, que não procederá com nenhum
consumo, mas ao chegar lá, vez por outra, acaba parando em frente a uma loja ou outra.
Isto acontece pois são trabalhados por meio de técnicas de iluminação, para
atração de “pontos de interesse”, e muitas destas técnicas associadas ao vitrinismo
(disposição de produtos na vitrine).
Por algum motivo, o produto exposto lhe chamou a atenção, seja pela cor, pelo
formato, ou pela famosa “promoção”, ou “desconto”, e isto ativa algumas de suas habilidades
cognitivas, e você decide entrar. Ao entrar, sem perceber, seu olhar está sendo direcionado,
seja pela iluminação, ou pela disposição dos produtos, e quase de modo passivo, você
está sendo influenciado para um afunilamento de tomada de decisão, e isto se dá por uma
possibilidade de experiência de compra, que além da visão envolve os outros sentidos.
E aí vem aquela tentação, tenho saldo no banco, já paguei minhas contas,
experimentar não me dará nenhum problema, e resolve pegar aquela peça de roupa, e
se direciona ao provador. No provador também é trabalhado estratégias de iluminação
para que os detalhes das roupas sejam ressaltados e juntamente com o espelho você
se direcionado, depois de provar de efetivar a compra. Bingo! A loja conseguiu te tirar do
corredor e te direcionar para um funil de decisão da qual, usando somente a iluminação e
disposição dos produtos.
Conseguiu se ver nesta situação como consumidor!? E agora como profissional de
projeto de iluminação, sua visão é outra!?

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 23


Não se preocupe ao que faremos ao longo deste estudo é lhe fomentar com as
principais informações para o direcionamento de futuros trabalhos com iluminação, e parte
destas estratégias serão abordadas para que lhe de os fundamentos e assim como você foi
“vítima” de uma iluminação bem direcionada, você conseguirá atingir os mesmos objetivos,
porém é importante que tenha a responsabilidade, pois as varáveis que trabalhará tem
relação com a física da iluminação, mas como vimos são influentes sobre as condições
mais elementares da cognição do ser humano, estado psicológico e com isto, eu e você
somos responsáveis por esta influência quando propomos um projeto luminotécnico. Tente
sempre usar o conhecimento que obterá aqui para a boa prática profissional.

SAIBA MAIS

É interessante relacionar sempre o conhecimento do ambiente construído, como demais


áreas do conforto, e no presente artigo o conjunto de autores mostra uma metodologia,
para uma das principais vertentes que é a sustentabilidade, e está em relação ao
ambiente escolar, espaço este que é capaz de influenciar em aspectos cognitivos e
influenciar no processo de ensino e aprendizagem. Também é interessante pelo fato
de dar uma breve noção dos instrumentos de avaliação do conforto ambiental e como
por exemplo a avaliação das condições dos ambientes utilizando equipamentos de
medição como: luxímetro, decibelímetro, termo-higrômetro e radiômetro a laser. o uso
de aplicativos para esta ação.

Fonte: ABADIÉ, V.D.M; BASTOS, I.A; CARVALHO, R.K.A; SANCHES, J.C.M. Análise e adequação do
conforto térmico, acústico e lumínico de duas salas da unemat – campus renê barbour. Universidade
do Estado de Mato Grosso. Disponível em https://revistamdc.files.wordpress.com/2009/07/
victordanielmurilloabadie_cicau.pdf acesso em: 02 mar.2022.

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REFLITA

A partir da descoberta do fogo, o homem buscou uma forma de tornar aquilo que era
escuro, mais claro. Até que Thomas Edson inventou a lâmpada elétrica e a iluminação
natural se tornou algo distante da humanidade, tornando a vida muito mais fácil a partir
do momento em que o sol se põe e dá lugar à lua.
Estamos acostumados a viver sob a luz artificial e temos a comodidade de escolher
exatamente a intensidade, cores e formatos da iluminação e, se for pensar em termos
técnicos e até mesmo de saúde, isso é um avanço e tanto para a humanidade. Mas,
pensamos que as lâmpadas e objetos de iluminação não passam disso, iluminadores. É aí
que nos enganamos, pois a luz consegue interferir diretamente em nosso comportamento.
O fato de sermos “manipulados” pela iluminação modifica o nosso humor e intensifica
ações que podemos tomar, sejam elas boas ou ruins. Por esse motivo, é importante
escolher com carinho e atenção toda a iluminação da sua casa, escritório ou empresa. (...)

Fonte: A Iluminação e o Ser humano. EUROLUME BLOG - Iluminando ideias para você. Disponível em:
https://eurolume.wordpress.com/2017/06/02/a-iluminacao-e-o-ser-humano/ acesso em: 02 mar.2022.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que vimos nesta unidade é que a iluminação, é uma das maneiras pela qual
o organismo se estimula ou entra em repouso, e sobre o qual boa parte dos processos
hormonais acontecem, por meio do ciclo circadiano. O que vemos agora no atual estágio de
evolução da espécie humana é que existem outros estímulos que como projetistas temos
que tomar cuidado, e que as variáveis envolventes nos ambientes de trabalho, de estudo ou
mesmo em nossas casas consigamos atingir uma boa iluminação para o fim que se destina.
São influentes sobre nosso estado psicológico as cores do ambiente, das paredes,
piso, teto, até mesmo os materiais dos quais os móveis são produzidos, e todos eles têm
interação direta com o tipo de iluminação que está no ambiente.
Deste modo a luz como genericamente chamamos é a matéria prima para produção
do conforto lumínico, que teremos a missão, enquanto profissionais entender estas variáveis
humanas que são afetadas para se consiga desenvolver um bom projeto luminotécnico.
A boa iluminação é sempre aquela que amplia o conforto e dota o ambiente aspectos
sensoriais elementares, por isto a arte de iluminar, é essencialmente também a arte de
moldar comportamentos humanos.

UNIDADE I A Relação do Corpo com o Conforto Ambiental Lumínico 26


LEITURA COMPLEMENTAR

Os impactos da iluminação: visão, cognição e comportamento

O presente artigo mostra que a iluminação pode ser usada como agente biológico
terapêutico fundamental para a vida em nosso planeta. Por meio dele é possível constatar a
relação em dos seres vivos com a energia solar, e depois ficará mais fácil de entender qual a
relação de iluminação com as radiações visíveis, que em essência estão relacionadas a luz.
Segundo a própria autora, entende que efeitos! Da iluminação natural quanto os da iluminação
artificial influenciarão na interação do indivíduo com o ambiente construído. Vargas (2009)
Hoje com as descobertas recentes de um novo sistema sensório no olho que
detecta os efeitos da luz e age na atividade neurocomportamental humana,
procura-se estabelecer parâmetros, no que se refere às relações da arqui-
tetura e da iluminação de ambientes, que impliquem na saúde e bem-estar
dos usuários, envolvendo, ainda, os aspectos da performance e do conforto
visual e da apreciação estética do espaço. (VARGAS, 2009, p.86)

Fonte: VARGAS, C.A. Os impactos da iluminação: visão, cognição e comportamento:


O impacto da iluminação no comportamento humano - Caderno de Iluminação. Universidade
Estadual de Campinas. Disponível em: https://hosting.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/
artigos/o_impacto_da_iluminacao_no_comportamento_humano.pdf Acesso em: 02 mar.2022.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Edifício Ambiental
Autor: Joana Carla Soares Gonçalves e Klaus Bode.
Editora: Editora oficina de textos. 1 edição.
Sinopse: de repetir a narrativa desgastada e superficial do discurso
mercadológico do edifício sustentável, verde ou ecológico, o livro
convida o leitor a uma análise crítica e com fundamentos técnicos
sobre aspectos essenciais do projeto, da avaliação e da ocupação
de edifícios, abordando questões de desempenho, qualidade e
impacto ambiental das edificações.

FILME/VÍDEO
Título: O impacto da iluminação na sua qualidade de vida | Cristhian
Nascimento | TEDxRioVermelho
Ano: 2018.
Sinopse: Já parou para perceber que, mesmo acostumados com
sua presença, não questionamos a importância da iluminação em
nossas vidas? A luz está conectada diretamente com as nossas mais
íntimas emoções e sentimentos. Inclusive em lugares fechados,
com iluminação artificial, é possível tornar a nossa exposição de
forma mais saudável e com experiências que despertam os mais
variados sentidos. Será que estamos escolhendo corretamente a
luz à que nos expomos nos espaços.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Ehn3vWSUTxg

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UNIDADE II
Noções de Física Aplicada
ao Conforto Lumínico
Prof. Me. Flávio Augusto Carraro

Plano de Estudo:
● Breve histórico da Física no estudo da Luz;
● Como a física entende a Luz;
● Variáveis da Luz e o Projeto Luminotécnico – parte I;
● Variáveis da Luz e o Projeto Luminotécnico – parte II.

Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar na história o estudo da Luz;
● Compreender o comportamento do fenômeno da física a luz;
● Entender quais variáveis da luz são importantes
para o desenvolvimento do projeto luminotécnico.

29
INTRODUÇÃO

Nesta unidade veremos um breve histórico do estudo da luz e como ela foi influente
sobre e evolução da vida da terra, e como ela começou a ser percebida dentro dos fenôme-
nos naturais e de que forma os gregos, forma os primeiros povos a questionar a natureza
da luz e sua relação com nossa visão. E com isto toda a evolução para perceber que a
evolução do estudo da luz pela ciência que hoje conhecemos com física.
Para começarmos entender a relação da luz com o projeto de iluminação, é neces-
sário primeiro entender como a física entende a luz, em suas características mais essen-
ciais, como o espectro visível, comprimentos de onda entre outros aspectos, que devem ser
de domínio de que desenvolverá o projeto luminotécnico.
Foram separados dois tópicos para entender as variáveis relacionadas a luz e
suas relações com o projeto luminotécnico, sendo a primeira parte o entendimento corre-
lacionando a fonte, o meio e as superfícies, ou seja, aspectos quantitativos, e a segunda
relacionando variáveis que podem influir sobremaneira em aspectos qualitativos.

UNIDADE II
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1. BREVE HISTÓRICO DA FÍSICA NO ESTUDO DA LUZ

Olá Aluno (a)


Na unidade anterior, foi observado a estreita relação entre a luz, nossos olhos, o
ciclo de atividades que desenvolvemos, mas iremos agora entender um pouco com se deu
este entendimento do ponto de vista da história da luz propriamente dita e seu entendimento
da ciência Física, área do conhecimento que nos fornecerá grande parte dos subsídios para
a formulação do nosso projeto.
Vamos assim entender um pouco da História da Luz Segundo o olhar do homem, e
sem dar spoiler, vai se surpreender.
Este processo de como a luz é assimilada por nossa visão não é de hoje, tanto
que os antigos filósofos buscavam se questionar, pois não diferenciavam luz e visão.
Parece absurdo né!? Sim eles não diferenciavam como a física da luz e a sensações
ocasionadas por ela dentro do nosso cérebro. Ao se sentarem nas fogueiras, os animais
que os acompanhavam, os cachorros, tinham este fogo dentro do olho (reflexo da fogueira),
sabiam que a luz era proveniente de uma fonte luminosa, mas que estes reflexos era uma
“tênue chama dentro dos olhos” e para eles era equivalente ao tato. Absurdo pois qualquer
tipo de contato com o fogo “queimaria”.
Mas de uma forma ou de outra, a teoria do tato, era como se os olhos emitissem
raios que até o objeto e “tateavam” suas características, e retornaria aos olhos trazendo
consigo informações, que após interpretadas seriam direcionadas ao cérebro, (visão raio-
laser? Não né), e que causariam a sensação visual.

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Muito destas crendices começaram a cair por terra, pois no período noturno, o
homem era desprovido de tais habilidade e os animais não, e com a evolução da fisiologia
pelos gregos mostrou que esta teoria de “fogo nos olhos” era absurda.
Aristóteles, vai por meio de experimentos, opinar, pregando que a luz batia
nos objetos, retirava deles uma camada superficial de átomos, que ao serem emitidos
para o meio, acabavam se direcionando aos nossos olhos, e como isto acontecendo a
visualização das características do objeto. Na teoria de Aristóteles havia uma explicação
para diferenciação do tamanho do objeto, pois quando estando mais perto seriamos mais
intensamente “bombardeados” pelos átomos que desgrudam do objeto, sendo a recíproca
também verdadeira quando nos afastamos do objeto. Mas neste momento ainda não existia
discernimento entre luz e visão, e as teorias propostas pelos gregos a luz e objetos interagem.
Esta teoria seria desqualificada por não explicar problemas sobre o suposto
desgaste do objeto devido ao desprendimento destes átomos ao serem iluminados, assim
como possível embaralhamento dos átomos quando dois objetos forem colocados juntos.
Aristóteles tentou inclusive argumentar que este problema seria resolvido por uma espécie
de filtro, nos nossos olhos, e eventuais imagens irreais não seriam percebidas por nosso
cérebro, e “alma humana” somente receberia as imagens corretas e repassaria para o
cérebro, transferindo o furo de sua teoria para um problema “parafísico”. Engraçado né, mas
foi com estes questionamentos que filosofia vai ajudar o surgimento de uma série de ciências.
Aristóteles transferiu assim um furo de sua teoria para um problema “parafísico”.
Hoje parece piada, mas é história da ciência!
Mas os gregos darão os fundamentos das do que conhecemos com Ciências, e
dentre elas.
Estudando a história das especulações que dizem respeito ao estudo da luz,
certamente poderemos nos surpreender. É mesmo de admirar as teorias que buscavam
explicar os fenômenos envolvidos no processo da visão.
Os antigos filósofos gregos não faziam discernimento entre a luz e a visão. Eles não
viam como duas coisas separadas a física da luz e a nossa sensação, ou a interpretação
que nosso cérebro acaba tendo dessa física (visão). Observando os olhos de cães, pessoas
etc..., à noite, que estivessem próximas ao fogo, os gregos observaram que dos olhos dos
seres vivos saia luz. Como sabiam que a luz provém de uma fonte luminosa, e a única
fonte conhecida era o fogo, concluíram que “os seres vivos têm uma tênue chama dentro
dos olhos”. Para eles a visão era explicada com uma teoria, segundo a qual a visão estava
intimamente ligada ao tato.

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Acreditavam que de dentro dos olhos projetavam-se raios de luminosos que
tateavam os objetos e retornavam aos olhos trazendo consigo informações que, ao serem
interpretadas pelo cérebro, acabavam gerando a sensação visual. Acreditavam ainda que
cachorros viam mais à noite do que os homens, pois a chama de seus olhos era mais
intensa que a dos humanos. Argumentavam que os homens não têm boa visão noturna
porque, sendo a chama de seus olhos muito tênue, a luz em seu caminho de ida e volta
acaba por se perder, ao passo que, durante o dia, a luz projetada dos olhos somava-se à
do ambiente podendo assim cumprir seu caminho de ida e volta.
Com o passar do tempo e estudando a fisiologia dos olhos foi possível concluir
que a ideia do “fogo dentro dos olhos” era mesmo absurda. Foi então que Aristóteles
experimentou opinar. Ele pregava que a luz, ao bater nos objetos, retirava deles uma
microscópica camada superficial de átomos que, ao serem projetados, acabavam atingindo
nossos olhos permitindo assim que víssemos o mesmo. Note-se que ainda não existe
discernimento entre luz e visão. Nas teorias propostas a luz e os objetos ainda interagem.
A teoria de Aristóteles sobre a luz explicava ainda a sensação de diferenciação de tamanho
de um mesmo objeto à medida que nos aproximamos ou nos afastamos dele.
Para ele, quando estamos perto de um objeto o ‘enxergamos maior’, pois mais
átomos atingem nossos olhos do que quando estamos afastados. Sua teoria, no entanto,
acaba caindo por terra por não explicar problemas como o suposto desgaste que os objetos
sofreriam ao serem iluminados, bem como as imagens embaralhadas que deveríamos
formar devido às colisões de átomos de dois objetos, etc. Sobre o segundo problema,
Aristóteles até tentou se defender alegando que, o que ocorria fora do corpo, era exatamente
o que sua hipótese sugeria e que tais imagens irreais não eram percebidas pelas pessoas
pois, quando a luz entrava por nossos olhos, a “alma humana” a recebia e só repassava
ao cérebro as imagens corretas. Aristóteles transferiu assim um furo de sua teoria para um
problema “parafísico”. Hoje parece piada, mas é história da ciência, pois os gregos tinham
a característica de observar os fenômenos naturais de modo racional, sem misticismo ou
divindade. Esta Filosofia Natural dará origem a um conjunto de ciências, como a Matemática,
a Biologia, a Química e Física dos tempos modernos, esta última é a área que estudo a Luz.
Diversos foram os nomes que se destacariam na evolução dos estudos de Física
ao longo dos séculos, mas foi especificamente no entendimento da física quântica final
do século XIX, que outras subáreas aparecerem para tentar correlacionar fenômenos
microscópicos e macroscópicos, a termodinâmica, física cinética, a geometria ótica e as
ondas eletromagnéticas, conservação de energia. Algumas destas são interessantes para
nosso estudo, por isto entender, por exemplo a correlação entre luz e ondas eletromagnéticas
dentre outros conceitos que abordaremos no decorrer deste capítulo.

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2. COMO A FÍSICA ENTENDE A LUZ

Alguma vez já parou para se perguntar qual é a natureza da luz?


Peço um minuto de sua abstração, e tome a imagem como referência, e suponha
que o farolete fosse capaz de emitir um único feixe de luz, representado pela seta, este
feixe teria comportamento de campo elétrico (vertical) e de campo magnético (horizontal)
ao mesmo tempo, na qual seriam dotados de frequência e comprimento, características
que determinarão o espectro onde ela está situada.
A ótica ondulatória permite a compreensão de fenômenos que não podem ser
explicadas, pela ótica geométrica, mas ambas são importantes para os conceitos que
iremos abordar na sequência do nosso estudo.

FIGURA 1 – COMPORTAMENTO ELETROMAGNÉTICO DA LUZ

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A Luz, que genericamente e para fins didáticos, que chamaremos de luz branca,
é na verdade composta por um espectro de cores, que vão da cor vermelha, sendo de
maior comprimento de onda (780 nm) e à medida que seu comprimento diminui vai também
diminuindo vai adotando outras cores como laranja, amarela, verde, azul, anil e violeta
sendo está de menor dimensão (400 nm). Mas existe um conjunto de frequências acima
da faixa visível temos ondas eletromagnéticas não visíveis, como a radiação infra violeta,
as micro-ondas e as ondas de rádio ao passo que também existem abaixo da faixa visível
temos a radiação ultravioleta, o raio X e os raios cósmicos.

FIGURA 2 - DECOMPOSIÇÃO DA LUZ BRANCA

Fonte: VIEIRA, L. Luz - Diagrama da dispersão da luz através de um prisma. Wikipedia, 2020. Disponível
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Luz Acesso em: 10 fev. 2022.

Logo esta luz que vemos do sol ou de uma lâmpada nada mais é que união das
diferentes cores dessa faixa visível, ou seja, a soma desses comprimentos de onda, originam
a luz branca. A luz branca, ao ser decomposta, origina as cores dessa faixa visível.

FIGURA 3 - FREQUÊNCIA DE ONDAS VISÍVEIS E OUTRAS FAIXAS DE ONDA

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Como abordamos, no capítulo anterior, segundo Helerbrock (2019), temos as fontes
primárias, que possuem a capacidade de produzir a própria luz, o sol, uma vela, ou uma
lâmpada ao passo que as fontes secundárias, recebem o nome de corpos iluminados, nes-
te aspecto, entram a luz, as nuvens, mas os que acabam nos importando são os objetos,
paredes e demais componentes de uma construção, pois pode, contribuir para definições
do projeto luminotécnico, pois a depender de sua natureza e características.
Uma outra situação que devemos também nos atentar é a interação com os meios
de propagação. É comum vermos nos livros especializados dados sobre a velocidade
da luz no vácuo (299.792.458 m/s), mas esta informação pouco nos interessa para fins
de desenvolvimento do projeto luminotécnico, o que precisamos saber que existem
comportamento diferentes a depender dos meios de propagação, ou seja, o material que
usamos na construção também são meios de propagação e interação e podem interferir na
forma com que os raios de luz se direcionam dentro do ambiente.
Primeiro ponto é entender que superfícies brancas estão na verdade refletindo
todos os comprimentos de onda, ao passo que uma superfície preta está absorvendo todos
os comprimentos de onda dentro da faixa de espectro visível, e a cor, quando manifestada
por um objeto é na verdade a faixa de onda da qual está absorvendo. Mas tempo também
objetos que podem ser transparentes e translúcidos que permite que a onda ultrapasse o
material, havendo a transmissão.

FIGURA 4 - MATERIAIS TRANSPARENTES, TRANSLÚCIDOS E OPACOS

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Deste modo podemos ter-me nossos ambientes os seguintes meios: transparentes,
translúcidos e opacos. O transparente em tese, não alteraria o comportamento dos raios, ao
passo que o translucido, pela própria condição do material pode interferir no comportamento
dos raios de iluminação e assim após passar pelo material ter comportamento diferente da
incidência. Os meios opacos são na verdade materiais sólidos que não permitem que a luz
atravesse por este. Pelos menos duas formas de interação nos interessam para o projeto
luminotécnico conhecendo a natureza da luz e dos materiais a reflexão e a refração.

FIGURA 5 – RAIO INCIDENTE, REFLETIDO E REFRATADO

Fonte: O autor (2022).

Para fins didáticos tomemos a figura anterior, perceba que o raio incide apresenta
uma angulação sobre uma superfície, que neste caso é a água, mas poderia ser um vidro
por exemplo, e sobre o qual o mesmo ângulo de incidência, é o mesmo do raio refletido
(A = B). A refração somente vai acontecer se o material for transparente ou translucido,
e neste caso a angulação A e C não necessariamente são iguais. Para materiais opacos
não existe a refração.

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Existe um fenômeno que precisamos entender também para qualificar o projeto
luminotécnico, que a sombra e a penumbra, que favorecem ainda mais o contraste entre
os objetos e seu meio. A sombra acontecerá quando o objeto de certo modo “bloqueia” os
raios, tal como um obstáculo, mais comuns em objeto opacos, ao passo que a penumbra
consiste em uma seção de parte da fração da intensidade luz emitida pela fonte passe para
além do objeto, sendo normalmente uma projeção gradativa entre a luz para a sombra,
geralmente isto acontece quando temos mais de uma fonte de luz.
Agora que entendemos como a Física encara o fenômeno da luz, vamos nos
direcionar a alguns parâmetros que nos ajudarão para produção de um projeto lumínico,
e que as variáveis que aqui estudaremos nos auxilie na produção do conforto ambiental
lumínico, pois agora precisamos entender que a quantidade, qualidade e a forma como
que a luz pode ser proposta e sentida nos ambientes, de modo a produzir as sensações
de satisfação aos usuários.

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3. VARIÁVEIS DA LUZ E O PROJETO LUMINOTÉCNICO – PARTE I

Portanto, agora que você já consegue entender um pouco mais sobre o que é o
conforto lumínico, e aspecto essenciais da luz, você já dever ter lido sobre o termo sobre,
mas o que seria a luminotécnica?
Cabe lembrar que o conforto lumínico envolve ao mesmo tempo luz natural e luz
artificial, a primeira estando relacionada ao condições de iluminação solar, a segunda,
será é o objeto de estudo desta disciplina. A iluminação artificial pode ser considerada
em ambientes internos e externos e é produzida pela energia elétrica, e por meio de
lâmpadas e outros dispositivos geradores de luz, e com isto conseguimos promover a
iluminação de forma artificial.
Para começarmos o desenvolvimento de um projeto de luminotécnica, primeiro
precisamos entender qual o tipo de ambiente, perfil do cliente, tipo de atividade e permanência
no local, orçamentos, além das correlações entre luz artificial e natural, entre outros. Deste
modo, o desempenho do projeto luminotécnico está diretamente ligado a estes fatores,
podendo melhorar ou comprometer o desempenho. Estas variáveis dependem muito de
sua prática profissional, mas o que abordaremos daqui por diante serão os parâmetros
principais para o desenvolvimento do conforto lumínico e da luminotécnica estão por meio
das grandezas fotométricas.

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Mas o que são grandezas fotométricas?
As grandezas fotométricas são medias características da luz, as quais faremos
uso para realização dos cálculos e nos embasar para as decisões projetuais. Dentre as
grandezas fotométricas que abordaremos serão:
● Fluxo radiante (P) (Joule (J), watt-hora (Wh), quilowatt-hora (kWh));
● Fluxo luminoso (Unidade SI: lúmen);
● Intensidade luminosa (Unidade SI: candela);
● Brilho, medida em watt/cm²;
● Iluminância (Unidade SI: lux);
● luminância;
● Temperatura de cor;
● Índice de Representação de Cor – IRC.

A quantidade de energia transportada a partir da fonte luminoso, em uma


determinada porção de área do espaço dá-se o nome de Fluxo radiante (P), e pode ser
medida por diferentes unidades de energia, como Joule (J), watt-hora (Wh), quilowatt-hora
(kWh) (MOREIRA, 2015). Imagine que a fonte de iluminação estivesse no meio do ambiente
de modo que nada interferisse neste fluxo, e a fonte fosse o centro de uma grande esfera,
e à medida que se afasta da fonte as porções de áreas irão aumentando, e esta porção de
área dará a intensidade, à medida que se afasta da fonte.

FIGURA 6 - FLUXO RADIANTE E INTENSIDADE RADIANTE

É essencial este entendimento pois o Fluxo luminoso (ϕ), que é uma grandeza
derivada do fluxo radiante, e a partir de uma fonte (lâmpada) é que fazemos a avaliação da
radiação de acordo com a ação do observador (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1991) a partir da radiação da fonte. Desta formam devemos entender essa
grandeza como a quantidade de luz emitida por uma fonte e sua unidade de medida é
dada em lúmens (lm).

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FIGURA 7 - RELAÇÃO ENTRE LÚMEN, CANDELA E LUX E O FLUXO LUMINOSO (Φ)

Fonte: O autor (2022).

O Fluxo luminoso (ϕ), é um importante parâmetro na hora da escolha de lâmpadas,


as quais integrarão a iluminação dos ambientes projetados, e para isto devemos fazer a
consulta nos catálogos, mas normalmente esta informação já vem vinculada à embalagem
da lâmpada. É medido em lúmens (lm) e está diretamente ligado a fonte.
A Intensidade luminosa (I), que pode ser entendida como o Fluxo luminoso emitido
em uma determinada direção. Para exemplificar, tome duas fontes luminosos distintas e
cujos formatos sejam geometricamente variados, mesmo que possuam o mesmo fluxo
luminoso, a mesma quantidade de luz, haverá direcionamento energético diferente em
função da geometria da fonte luminosa, logo em uma determinada parte do espaço se
pegarmos a quantidade de raios que passam por uma determinada área, é correlação do
que é emitido e a porção do espaço pela quantidade de raios que por ali passam, logo
intensidade luminosa dessa fonte. Essa grandeza é dada em candela (cd).
A Iluminância (E), e dentre as grandezas dos parâmetros de iluminação mais
importantes, pois serve para analisar o conforto lumínico nos ambientes construídos, e
deve ser entendido como o fluxo luminoso incidente sobre uma determinada de área de
uma superfície. A unidade de medida é o Lux. Para fazer este tipo de medição utilizamos
o equipamento denominado luxímetro, ao realizar a mediação por este aparelho temos
a quantidade de iluminância (lux) que poder ser observado pela seguinte fórmula
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1991):

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Em que:
E = Iluminância (lux)
Φ = Fluxo luminoso (lm)
A = área da superfície (m²)

Além da iluminância, nós temos também a Luminância que, de uma forma


simplificada, podemos entender como uma grandeza que exprime a quantidade de
luz refletida por uma superfície, o que popularmente chamamos de “brilho”, logo é uma
grandeza “visível”, pois, é a parte da luz que será percebida pelos nossos olhos. Para
exemplificar seria a maneira com a qual os objetos e partes constituintes do ambiente nos
devolve, e quanto maior o valor de luminância, teremos a sensação de mais claridade. Com
normalmente correlacionamos a uma área, sua unidade é (cd/m2)

No qual:
L = Luminância (cd/m²)
I = Intensidade luminosa (cd)
A = Área da superfície (m²)
α = Ângulo entre a normal da seção e a direção feixe de luz

O que vimos até agora é que as grandezas fotométricas que geralmente tem relação
direta com a fonte da qual a luz está sendo emitida, sendo o Fluxo Radiante praticamente
uma grandeza genérica que pode ser medidas relacionada a quantidade de potência que
é transferida no meio. Já o fluxo luminoso e a intensidade luminosa já são diretamente
ligadas a fonte, e à medida que se propagam no espaço, logo geralmente se associação da
ideia de “porção”, “quantidade” por unidade de área.
A iluminância é uma relação entre a emissão e o meio, ao passo que luminância é
uma relação entre superfície e o que olho humano recepciona.

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4. VARIÁVEIS DA LUZ E O PROJETO LUMINOTÉCNICO – PARTE II

Existe outras grandezas fotométricas, que embora tenham correlação com a física,
estão mais relacionadas a percepção, por isto abordaremos elas em tópico a parte.
A noção de “calor” ou de “frio” que podemos imprimir em nossos projetos
luminotécnicos estão relacionados o que em luminotécnica chamamos de temperatura de
cor, que é uma grandeza cuja unidade de medida faz referência a Kelvin (K), desta forma
é aparência de cor de uma luz. (MOREIRA, 2015).
Desta maneira correlacionamos a temperatura de cor quanto mais amarela
direcionamos a uma cor “quente”, “aconchegante” ficando na facha de 1000K a 3000K,
as de 4000K a 7000K, geralmente nesta faixa são direcionadas a ambientes de trabalho
e que necessitam de estímulo, atenção e segurança, seriam a faixa de cor em que teriam
semelhanças com a luz diurna, e as de 8000K a 10000K seriam aquelas que seriam
consideradas de cor “fria” e “detalhista”.

FIGURA 8 - DIAGRAMA DA TEMPERATURA DA LUZ EM KELVINS

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O fato é que a tecnologia da lâmpada/luminária pode influir neste aspecto e existem
tecnologias mais específicas para este direcionamento no projeto, e por isto é necessário
também observação que não fique somente nos aspectos da cor (quente ou fria) mas se
efetivamente é dispendido calor ao meio. A grande maioria destas lâmpadas que usamos
na rotina diária de nossa casa quase sempre não possuem esta informação exposta
diretamente na embalagem, mas por isto o uso de catálogos, geralmente carrega de mais
informações desta natureza. Quando fazem uso da informação não especificam em Kelvin
(K) mas sim por uma escala de cores, que varia do laranja, passando pelo amarelo, branco
e finaliza na cor azul.
Se existe uma correlação de temperatura e a condição de conforto que se
pretende aplicar ao projeto luminotécnico, por meio da temperatura da cor, temos outro
parâmetro, muito importante associado a estas temperaturas, que é o chamado Índice de
Representação de Cor – IRC, de tal modo que “brilho” seja fidedigno a natureza da cor
do objeto no mundo real.
É uma grandeza que é medida pelos valores que variam de 0 a 100, e quantifica a
iluminação existente, permitindo que o olho humano perceba em maior ou menor realidade
a cor, sendo 100 a representação de fidelidade.
Usar este parâmetro é muito comum na área comercial, e para alguns fins na qual
pretende-se ressaltar as características do produto, para IRC abaixo de 80, já uma perda na
qualidade na representação das cores e isso pode interferir diretamente da representação,
e a forma como os indivíduos irão perceber os elementos ao seu redor.

TABELA 1 – REPRESENTAÇÃO DE COR - IRC


Classificação/nível Reprodução Aplicações
Testes de cor,
1a: 90<Ra<100 Excelente
Nível 1 floricultura, lojas,
1b: 80<Ra<90 Muito boa
shoppings, residências
2a: 70<Ra<80 Boa Escritórios, ginásios,
Nível 2
2b: 60<Ra<70 Razoável fábricas, oficinas
Depósitos, postos de
Nível 3 40<Ra<60 Regular
gasolina, pátios
Ruas, canteiros de
Nível 4 20<Ra<40 Insuficiente
obras, estacionamentos

Fonte: Adaptado de Moreira (2015).

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Todas estas são grandezas fotométricas, que serão úteis para o desenvolvimento
do projeto luminotécnico. A produção deste projeto considerando aspectos de conforto
ambiental lumínico, dependerá de sua análise das necessidades dos ambientes e dos
usuários. De imediato, ao sentar-se para projetar abordará as grandezas fotométricas,
fluxo luminoso, a iluminância e luminância.
De forma prática, ao escolher lâmpadas e luminárias, precisamos nos atentar ao
fluxo luminoso, a partir da fonte que a irá distribuir, por quantidade de lumens, base para
nosso cálculo da quantidade de luz que chegará às superfícies (iluminância) e nos olhos
dos usuários por meio do “brilho” (luminância).
Já a temperatura de cor (K) e o Índice de Reprodução de Cor (IRC) são de
fundamental importância, em especial para a geração da ambiência, conforto e percepção
dos usuários. Para exemplificar em uma condição de relaxamento, um bar por exemplo seria
mais interessante colocar cores “quentes” ao passo que em um hospital seria interessante
colocar cores frias pois forneceriam maior claridade e detalhe as ações que precisam de
visibilidade e segurança na ação.

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SAIBA MAIS

A relação da humanidade com o sol!

Que o sol é a fonte natural de luz todos sabemos por este presente na nossa vida e
foi sempre considerado uma fonte essencial de energia e por meio dele que a vida
se desenvolveu na terra, e por meio dele que diversos ciclos naturais acontecem, é
responsável pelo ciclo da água, fotossíntese, etc.
Mas as civilizações, cada qual a sua maneira, traçaram diferentes estratégias para
seu uso. Se no começo o aproveitamento da energia solar era passivo, depois tornou-
se uma forma de aproveitamento de energia térmica solar dos raios solares e mais
recentemente vemos despontar a energia fotovoltaica foi adicionada para obter energia
elétrica, como o discurso da sustentabilidade.

Fonte: PLANAS, O. História da Energia Solar. Pt Solar Energia, 2015. Disponível em: https://pt.solar-
energia.net/que-e-energia-solar/historia Acesso em: 10 jun. 2022.

REFLITA

A cor de um corpo não depende somente dele, mas da cor que o ilumina? Concorda
com isto!?
Se a luz visível é composta por uma série de ondas e cada qual é a manifestação de uma
cor, à luz branca em essência é a condição de que todas as cores são refletidas ao mesmo
tempo ao passo que preta é a absorção total de todos os comprimentos de onda, desta
forma o que vemos como cor em um objeto é tão somente o comprimento de onda da qual
ele está absorvendo, logo a emissão da luz é que determina, o objeto somente reproduz.

Fonte: JÚNIOR, J. S. S. Cores e a frequência da luz. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.
com.br/fisica/cores-2.htm. Acesso em: 28 jun. 2022.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos ao longo desta unidade o desenvolvimento de como a humanidade começa


a encarar a luz e de como ela foi aos poucos sendo desvendada por meio da observação
dos fenômenos naturais, e com o surgimento da ciência Física será mais bem estudada
para dar os fundamentos no entendimento do que é luz.
Num segundo momento entendemos qual é o comportamento da luz do ponto de
vista da física em seus atributos mais essenciais como composição, seus comprimentos de
onda, e a forma com que ela se interaciona com o meio.
Ao final dedicamos a entender atributos da luz que podem nos ajudar a desenvolver
o projeto luminotécnico, e de que variáveis devemos ter domínio na proposição de modo a
atender o conforto ambiental lumínico almejado pelo controle das variáveis que estudamos.

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LEITURA COMPLEMENTAR

Quando se depara com uma ação como a de ler esta unidade de livro, provável
que esteja em um ambiente propício ao estudo, e pode estar ou iluminado naturalmente
ou fechado com a luzes acesas. Mas ao mesmo tempo que as luzes artificiais trouxeram
infinitas possibilidades para melhorar nosso ambiente, ela pode ser motivo de causar certa
confusão, ao nosso corpo, principalmente por alterar nossa relação com a luz proveniente
de nosso ancestrais, o ciclo circadiano, o qual já estudamos. A ideia do artigo é entender
como isto afeta nosso comportamento diário.

Fonte: SOUZA, E. Como a iluminação afeta o humor? ArchDaily Brasil, 2021.


Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/922281/como-a-iluminacao-afeta-o-humor
Acesso em: 17 fev. 2022.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Psicodinâmica das cores em comunicação
Autor: Modesto Farina; Clotilde Perez e Dorinho Bastos.
Editora: Edgar Blucher ltda.
Sinopse: As cores influenciam o ser humano, e seus efeitos, tanto
de caráter fisiológico como psicológico, intervêm em nossa vida,
criando alegria ou tristeza, exaltação ou depressão, atividade ou
passividade, calor ou frio, equilíbrio ou desequilíbrio, ordem ou
desordem. Entender a dinâmica das cores associada ao projeto
de iluminação poder lhe ajudar nos estímulos sensórias e seus
respectivos reflexos quando estiver desenvolvendo um projeto
luminotécnico.


FILME/VÍDEO
Título: Cores
Ano: 2017.
Sinopse: O presente vídeo mostra a correlação entre a iluminação
e as cores dos objetos e da forma com que vemos, é diretamente
ligada a fonte de iluminação e não necessariamente do objeto.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=GDN8Uyw1uRI

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UNIDADE III
Consumo Energético
e Estratégias
Prof. Me. Flávio Augusto Carraro

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de Consumo Energético;
● Conhecimento sobre projetos de iluminação artificial considerando critérios de
desempenho luminotécnico e desempenho energético;
● A relação entre conceito de eficiência energética e as certificações ambientais;
● Tipos de certificação.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar o que é Eficiência Energética;
● Contextualizar a relação de Eficiência Energética e Consumo Energético;
● Compreender os tipos de Certificações relacionadas a questão energética;
● Estabelecer a importância do domínio de aspectos do
consumo energético relacionado ao projeto de iluminação.

50
INTRODUÇÃO

A presente unidade tem por objetivo situar a importância do bom desenvolvimento


do projeto luminotécnico e a correlação que este tem que ter com a eficiência energética
e consumo energético, dois conceitos, que a princípio parecem ser a mesmas coisas e
que normalmente os profissionais de primeira viagem confundem, e você já estará em
vantagem pois iremos elucidar esta dúvida.
Abordaremos a correlação entre iluminação artificial e natural, tomando por base
critérios de desempenho luminotécnico, e evoluiremos o conceito para diferenciá-lo em
relação ao desempenho energético da edificação, e de como ambos são vistos do prisma
do conforto ambiental lumínico.
Provavelmente pode estar se perguntando agora, para que dedicarmos parte do
conteúdo para a questão da eficiência energética, já que estamos abordando a conforto
ambiental lumínico?
Em tempos que há uma discussão sobre a sustentabilidade, a abordagem do projeto
lumínico dentro deste prisma, é crucial para a sobrevivência profissional, e uma maneira
de demonstrar aos profissionais projetistas de luminotécnica um meio de alinhar as últimas
práticas ambientais em relação ao ambiente construído.
As certificações ambientais têm se tornado tendência atual conjuntura do mercado
da construção civil, já que são referência qualidade e uma oportunidade de agregar mais
valor aos seus projetos.
Independente do projeto ser direcionado a uma certificação ambiental, é importante
que entendamos quais são os critérios e pesos, para fins de direcionar os esforços para
melhoramento de nossos projetos luminotécnicos e com isto tornar a prática do projeto
luminotécnico mais próximo de uma prática ambientalmente correto.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 51


1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE CONSUMO ENERGÉTICO

Desde os primórdios do tempo os homens utilizam a energia para fazer frente


as atividades diárias de modo a garantir a sobrevivência, e esta dependência tem se
intensificado nas mesmas medidas que inserimos novas tecnologias visando facilitar nossas
rotinas, muitas das quais são dependentes direta da energia, seja um simples acender a
luz, para preparar refeições ou nos locomover (patinetes elétricos por exemplo).
Esta dependência se intensificou depois da Revolução Industrial, pois foi a partir
da mesma que começamos a ter maior correlação da estrutura demanda e de oferta de
energia (eletrificação), porém de lá para cá a questão de demanda tem sido maior em relação
oferta, em que no atual estágio ainda procuramos meios de suprir estas necessidades. Neste
sentido a estruturação da matriz energética tem sido cada vez mais desafiadora, visto que as
fontes não renováveis começam a mostrar limitações (petróleo por exemplo) ao passo que o
direcionamento para uma matriz estruturada em energias de fontes renováveis tem sido cada
vez mais presente na discussão para nosso desenvolvimento socioeconômico, e com isto
equilibrar ou pelo menos dotar de sustentabilidade a relação da demanda e oferta de energia.
O atual desafio para humanidade, está em que cada país consiga desenvolver
uma matriz energética condizente com os seus recursos naturais frente a demanda de
energia que aumenta, e que o suprimento energético apresente o menor impacto possível,
já que as ações antrópicas, ao longo dos séculos tem causado serias consequências ao
equilíbrio do planeta.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 52


Desta forma, torna-se inevitável, quando falamos de um projeto luminotécnico, que
façamos referência ao consumo energético e eficiência energética, mas para entender o
que é consumo, precisamos entender o que é eficiência e Tolmasquim (1998), entende
que o “conceito básico de eficiência energética é a realização da mesma tarefa, utilizando
menos energia, mantendo o resultado, ou também, manter o mesmo consumo de energia e
melhorar o resultado final.” Na visão do autor seria o mesmo que aumentar o rendimento da
tarefa, com o uso racional de energia, sem perdas e desperdício, sem haver a redução dos
usos finais. Ao analisarmos esta definição de eficiência energética, temos que direcionar
para dois vieses, o primeiro de ordem técnica e o outro de ordem comportamental para
depois conseguirmos explicar o que é consumo energético.
Do ponto de vista técnico, se entende como os dispositivos, lâmpadas, luminárias,
assim como todos os acessórios que se relacionam com a instalação elétrica, são
consumidores de energia, e por este simples fato, já em suas composições existe uma
“perda” pelo próprio uso do material, nem toda a energia aplicada é necessariamente usada
para função de iluminação, e parte se perde pela resistência do próprio material (geração
e calor por exemplo), e assim especificação destes itens dever ser feita e ajustada para o
menor desperdício possível. Fica mais fácil quando a instalação é nova já que hoje temos
materiais já eficientemente verificados, mas por exemplo numa instalação existente é crucial
analisarmos itens obsoletos que ajudar na perda da eficiência, e atualizá-los.
Do ponto de vista comportamental é a maneira com os quais os usuários fazem
uso da energia disponibilizada, e com isto entram os hábitos dos usuários, atividades
que exigem iluminação artificial em detrimento à iluminação natural, além dos padrões de
comportamento, que podem se manifestar com a proposição de um projeto luminotécnico,
que não só influem em comportamentos individuais, mas também em comportamentos em
grupo. A decisão de colocar um temporizador em detrimento ao um sistema manual, é um
exemplo de como pode-se moldar o comportamento de um grupo no uso por exemplo de
uma sala de reunião.
Se eficiência é a otimização da iluminação, logo é um meio de qualificar o uso
dela, o consumo energético por sua vez é mensurável, logo quantitativa. Para melhor
entender é a energia dispendida para fazer frente ao todo projeto de iluminação, e pode
ser medida pela quantidade de horas de iluminação, consumo médio de energia elétrica
ao longo dos meses, ou mesmo dentro de um mês somente, é dotado de unidade de
medida, 120 horas/mês. 3,36 kWh/mês.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 53


Entenda que o consumo energético pode ser medido, e sua questão financeira
vem no sentido de custear todo o sistema de geração, transmissão e entrega desta energia
ao consumidor final. Além deste, temos que levar em consideração que existe um custo
também não monetário, que é do impacto gerado no ambiente natural, ou seja, atendimento
da necessidade do homem em detrimento do meio ambiente natural.
O Brasil tem enfrentado desafios grandes para se direcionar a uma matriz
ambientalmente mais sustentável ao mesmo tempo que durante muito tempo, o consumidor
também não tinha esta consciência em relação a eficiência energética e consumo
energético. Ainda na metade do século passado éramos bastante dependentes de uma
matriz energética poluidora ou impactantes, como por exemplo dos combustíveis fósseis
e principalmente pelo uso de hidrelétricas, que embora seja de um recurso natural, sua
utilização impacta na fauna e flora, e alterando inclusive a ciclo da água.
O ponto é que o mercado de eletricidade brasileiro demorou muito a se maturar e
não fez frente a esta demanda crescente, pois não tinha um sistema de gestão e legislação
que estimulasse a criação de uma matriz energética mais diversificada, ao ponto de ficar
dependente das hidrelétricas continuam sendo a maior fonte de energia brasileira, sendo
responsáveis por 70% da produção.
Soma-se a isto a falta de uma visão mais sustentável na adoção de novas e mais
eficientes tecnologias, seja por estímulo estatal ou por postura dos empreendedores de
produzirem edificações mais eficientes do ponto de vista energético, e hoje os consumidores
são obrigados a pagar “bandeiras” extras para conseguir fazer frente a demanda.
A questão da sustentabilidade assim, no Brasil, deixa de ser uma consciência, mas
sim uma obrigação, fruto de um conjunto de fatores, crises energéticas, gerou os famosos
“apagões”, comportamento do consumidor não consciente de sua responsabilidade, e uma
obsoleta estrutura de geração e transmissão, muito em função de aspectos regulatórios
ineficientes.
Toda esta crise energética segundo Jannuzzi (2001) “desencadeou a introdução de
esforços governamentais e incentivos para a substituição do petróleo por outras fontes de
energia, principalmente na consolidação do mercado brasileiro de energia elétrica”
Segundo dados da própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) existe a
distribuição de maior parte da matriz energética utilizando energia renováveis, por volta
de 82,9%, porém o dado deve ser observado com senso crítico, pois se temos 10,9% de
abastecimento por energia eólica, e 2% de energia solar, demonstra que pelo menos 70%
ainda podem ser referenciados na matriz energética por hidroelétricas entre outras.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 54


Outro ponto que devemos observar que existe ainda é a adoção de Usinas híbridas,
ou seja, ainda dependentes de recursos fósseis (termoelétricas) ou mesmo Usinas Nucleares
(17,1%) que são ativadas em caráter de emergência, principalmente quando há restrições
quanto aos níveis de água nos reservatórios, impedindo a produção por usinas hidrelétricas
equivalente a demanda, que utilizam mais de um tipo de fonte de geração de energia elétrica.
Esta condição tem gerado as famosas bandeiras de consumo, e tem direcionado um custo
extra aos consumidores, sendo os pequenos consumidores os mais impactados.

FIGURA 01: MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Fonte: Aneel (2022).

Mas você deve estar se perguntando a energia proveniente de hidrelétrica não


seria uma fonte renovável?
Sim, é, mas apesar de ser uma fonte de energia renovável, a questão ambiental é de
grande relevância quando se decide pela construção de uma usina hidrelétrica, já que além
do tempo de planejamento e instalação, traz danos ambientais irreversíveis, prejudicando
a fauna e a flora do local escolhido.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 55


FIGURA 02: MATRIZ ENERGÉTICA BASEADA EM ENERGIAS LIMPAS

Mas o que é energia renovável e quais seriam as outras opções de energias


renováveis?
Para fins de conceito, energia renovável é toda energia não proveniente de
combustíveis fósseis, que é recurso finito e que geram grande impactos negativos por meio
da emissão do CO2 (petróleo e carvão). Logo, podemos entender que é todo tipo de energia
100% limpa e que buscam compensar estas emissões de CO2, entrando aqui as fontes de
energia eólicas, solar entre outras. O quadro abaixo indica as principais fontes:

TABELA 01: FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL


FONTE RENOVÁVEIS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
É a energia já conhecida desde a antiguidade, e é produzida pela energia cinética
provocada pela ação dos ventos em relação a hélices ou turbinas, normalmente
Energia Eólica: associados a geradores, podendo receber o nome genérico de aerogeradores.
Geralmente relacionado as condições ambientais em que os ventos sejam
favoráveis a movimentação das pás. Hoje a representatividade no Brasil é de 3,5%.
A produzida por painéis fotovoltaicos que convertem os raios solares em eletri-
cidade, os quais irão captar as ondas eletromagnéticas, que ativam os elétrons,
e, por conseguinte a eletricidade. Além disto a energia térmica produzida pode
ser utilizada para aquecimento de reservatórios de águas e demais atividades
da edificação. Se mostra uma solução bastante viável para o território brasileiro,
já que as condições de emissão de raios solares são bastante abundantes.
Energia Solar: O custo associado ao painel fotovoltaico ainda é elevado e sua adoção ainda
está vinculado a estudos de viabilidade e retorno do investimento, sendo na
maioria das vezes viáveis apenas no médio e no longo prazo. Por questões de
regulamentação, ainda estão em discussão como se fazer aproveitamento do
excedente de produção interno das edificações e inserção no sistema público de
abastecimento de energia elétrica.
É uma das fontes renováveis mais antigas e conhecidas pelo homem, uma vez
que faz uso de material orgânico em decomposição, tais como madeira, restos
agrícolas e alimentícios, plantas, que sobre condições exatas é capaz de gerar
gases como alto potencial energético, sem ser nocivo a atmosfera terrestre.
Energia de É uma ótima alternativa em substituição aos combustíveis fósseis esgotáveis.
Biomassa: Hoje já representam 9% da energia produzida no Brasil e a terceira em uso,
podendo ser obtida por 4 processos: Combustão, co-combustão, pirolise (fogo) e
gaseificação. A atratividade econômica dependerá do desempenho da biomassa,
mas tem se mostrado viável pela exacerbada quantidade de material orgânico
disponível no território brasileiro.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 56


É perceptível pelas condições litorâneas brasileira, que este recurso é
abundante, mas a força das ondas ainda é bem pouco explorada no Brasil, e
ainda carece de muito investimento e pesquisa para desenvolvimento desta
tecnologia e inserção na matriz brasileira. A energia maremotriz pode ser obtido
por duas formas, pela alteração de nível das marés e pelas correntes marítima,
sendo operacionalmente distintos.
● Alteração do nível das marés: produzida por um sistema de barragem
e uma casa de força. A condição da maré alta, preencherá os diques,
Energia Maremotriz: que captarão e armazenarão a água, e quando a maré baixa, essa água
é liberada, ativando as turbinas e gerando eletricidade. Tendo assim
a questão do ponto geográfico muito relevância para a adoção deste
sistema, já que exigem variação de marés significativas de até superior a
7 metros e que isto aconteça diariamente para que seja viável.
● Correntes marítimas: este sistema é ativado por meio de energia cinética
proveniente do movimento das ondas, em que o sistema de módulos,
dotados de flutuadores vão descer e subir com a passagem da corrente
marítima, captando a energia cinética e a partir dela girando uma turbina,
que irá produzir eletricidade.
Pouco usado no Brasil, por conta de disponibilidade de fontes geotermais, e a
energia é produzida por meio das condições da existência de vapor e água quente,
que podem ativar geradores por meio de temperatura e pressão. É bastante
Energia geotérmica: utilizado em países como: Estados Unidos, Filipinas, Indonésia etc. que possuem
regiões de atividades magmáticas e que são acessadas por meio de perfurações
no solo e o calor é levado até a superfície por tubulações transformando energia
mecânica seguida de eletricidade por meio de um gerador.

Fonte: Adaptado de Salomão (2010).

Percebe-se também que a condição de alteração dos aspectos regulatórios no


cenário brasileiro não foi por um acaso, e a temática da sustentabilidade toma força, pois
teve, em especial por meio do protocolo de Kyoto, o qual foi assinado em dezembro de
1997, e por meio dele há uma conjunção de esforços dos países signatários, de modo que
as emissões de gases efeito estufa (GEE), e que se “comprometeram a reduzir em 5,2%
Reis (2009) os efeitos de gases estufas. O protocolo estabeleceu que parte desta redução
pudesse ser feita através de negociações de créditos de carbono junto aos países em
desenvolvimento, e o Brasil ficou entre eles.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 57


2. CONHECIMENTO SOBRE PROJETOS DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
CONSIDERANDO CRITÉRIOS DE DESEMPENHO LUMINOTÉCNICO
E DESEMPENHO ENERGÉTICO

Desenvolver um projeto luminotécnico não envolve somente conhecimento sobre


projetos de iluminação artificial considerando critérios de desempenho luminotécnico,
também não é somente a escolha dos tipos de lâmpadas, dispositivos que usamos
para acioná-las, na forma com que dispomos as luminárias e do controle das variáveis
fotométricas tão essenciais para um bom projeto. Desenvolver um projeto luminotécnico
envolve considerar o projeto a partir do contexto da edificação, e variáveis ambientais,
como por exemplo orientação solar.

FIGURA 03: RELAÇÃO DOS EDIFÍCIOS COM O SOL

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 58


Neste sentido a concepção de eficiência energética está somente associado ao
conceito de eficiência energética pelo consumo de energia produzida por fontes externas,
mas sim a capacidade do edifício recepcionar a iluminação natural, ao mesmo tempo que
tem na conservação de energia um meio criar ambientes mais confortáveis ao ser humano.

FIGURA 04: ABÓBADA CELESTE E AS VARIAÇÕES DOS TIPOS BÁSICOS DE CÉU

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014).

Por este motivo, que a discussão da sustentabilidade é mais ampla na concepção


do projeto luminotécnico, e a busca por soluções tecnologicamente viáveis explorando ao
máximo os recursos naturais, e a iluminação tem relação com isto, por este motivo advém
das posturas e consciência dos profissionais na adoção destas estratégias.

FIGURA 05: FONTES DE LUZ NATURAL QUE ALCANÇAM O EDIFÍCIO

Fonte: NBR 15215-3 (2005).

Quando consideramos a iluminação natural é preciso também que o edifício tenha


a intenção e fazer isto acontecer, e alguns cuidados como por exemplo entendimento de
sua implantação, a orientação solar e como suas aberturas e componentes se interagirão
com a iluminação natural. Não basta somente entender as relações de Iluminância, mas
também de Luminância. Na figura acima vemos que a própria norma sugere a relação entre
as componentes do céu e interação com elementos de reflexo externo e interno.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 59


FIGURA 06: BRISES E PRATELEIRAS DE LUZ E CAPTAÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014).

Percebe-se que adoção de estratégias, muitas delas associadas o desenho do


edifício, precisam de uma análise bioclimatológica, como por exemplo o posicionamento
de elementos como brises e outros elementos horizontais, que quando bem posicionados
e estudados por máscaras solares, permite a penetração da luz dentro do ambiente, e com
isto o aproveitamento da luz solar se faz presente no ambiente interno. A representação
dos indivíduos na figura mostra estas interações, não tem a visão diretamente ofuscada,
ao mesmo tempo que conseguem direcionar este olhara para lado externo da edificação.
O benefício não é somente em relação a iluminação, mas também da quantidade de
iluminação que que adentra ao recinto.
As escolhas das esquadrias, assim como a sua área de iluminação associadas a
estratégias como a pintura são também importantes fatores para que a luz natural penetre
no ambiente.

FIGURA 07: EXEMPLO DE ILUMINAÇÃO NATURAL

Saidel (2005) levanta um questionamento de que forma pode-se atender as


necessidades energéticas dos países em desenvolvimento sem que as reservas de
recursos naturais sejam comprometidas. Uma das possibilidades é que os profissionais
se tornem conscientes de suas responsabilidades, ao conceber o projeto, no nosso caso,
o projeto luminotécnico, tendo por objetivo a eficiência energética para que demandem
menos energia, e com isto sejam contribuintes para sustentabilidade.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 60


Ainda segundo o autor a adoção da eficiência energética, dá margem para o
desenvolvimento de inovações tecnológicas, numa escala menor, nas práticas de projeto,
e reflete sobre o âmbito das cidades, já que direcionam seus recursos para outras frentes
mais interessantes para o desenvolvimento econômico-político-sociais em outros âmbitos,
no contexto local, mas que reflete no contexto de cada país e por conseguinte o global.
Para Costa (2006) “conservar energia é preservar o meio ambiente” e agrupa as
ações de economia de energia para sistemas de iluminação em quatro ações diretamente
na edificação, e a sugestão é conceber ou reformar considerando estas estratégias na hora
do desenvolvimento do projeto luminotécnico:

TABELA 02: ESTRATÉGIAS DO PROJETO LUMINOTÉCNICO


ESTRATÉGIAS NO PROJETO LUMINOTÉCNICO REFLEXO
ligadas essencialmente à operação e manutenção
do equipamento, podendo ser: apagar as luzes
Medidas zeladoras quando não há necessidade e ligá-las no caso
contrário; a utilização da iluminação natural sempre
que possível; limpeza periódica do sistema;
como a substituição de equipamentos e processos
Modificações em equipamentos
obsoletos;
este item pode ser alcançado com a divisão dos
Melhor atuação do equipamento, circuitos de iluminação; utilização de interruptores
individualizados; utilização de sistemas de automação;
implica em melhorias que contribuem para o melhor
desempenho do sistema como a redução da altura
Redução das perdas da instalação do sistema de iluminação, ou ainda a
utilização de iluminação localizada e a utilização de
acessórios tecnologicamente mais evoluídos.

Fonte: Adaptado de Costa (2006) apud Salomão (2010).

O que acontece muitas vezes, durante o processo de desenvolvimento de um projeto


luminotécnico, é que o profissional tendo em vista a necessidade de faturar, não tem a
consciência de prever um programa de eficiência energética, na qual parte dele sai do projeto,
mas a outra parte depende diretamente do comportamento dos usuários, para que haja a
manutenção da postura de eficiência derivada dos hábitos, e não somente da parte tecnológica.
Para Costa (2006) a estratégia de “economia em iluminação não significa não
ter iluminação ou que esta seja deficiente, é apenas a utilização correta das tecnologias
disponíveis produzindo mais luz com menor consumo de energia. A luminotécnica é uma
ciência multidisciplinar, onde é necessário avaliar uma série de fatores que serão os
definidores no processo visual, com o objetivo de aumentar a produtividade dos usuários,
atendendo não somente aspectos técnicos, mas também fatores comportamentais. Os
envolvidos nesta análise são os projetistas, os fabricantes e os usuários.” adaptado de
Costa (2006) apud Salomão (2010).

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 61


É fato que o projeto Luminotécnico, como vimos, não pode ser dissociado da
consideração de variáveis e condições climáticas locais, e deve haver uma otimização dos
elementos envolventes com a iluminação natural e a envoltória do espaço circundante à
edificação, e que participarão diretamente da qualidade de vida do usuário.
Deste modo cabe a arte de conceber o objeto da arquitetura, oferecer um desenho
ambientalmente integrado de modo as condições do interior dos edifícios apresentem
condições associando estratégias bioclimáticas (como temperatura, umidade relativa,
entre outros) em associação do partido arquitetônico, mas que a iluminação esteja em
níveis de conforto necessários para o ser humano. Mas se as condições externas, por
algum motivo não provirem a iluminação correta, a iluminação artificial seja suplementar
dentro dos níveis de conforto.
É importante que o entendimento e da dosagem do uso de iluminação natural e
artificial sejam percebidos, já que a ligação visual dos ambientes internos e externos podem
ser determinantes para o ritmo do ciclo circadiano, que opera considerando em especial a
variação da luz natural nas diferentes horas do dia, condições bioclimáticas e estações do
ano. (BERTOLOTTI, 2007 apud ROBBINS, 1986).
Para alguns autores como Porto (2009), há o entendimento que a utilização de
iluminação natural seja natural (lateral ou zenital) pode influir nos aspecto de sombreamento e
redirecionamento do fluxo luminoso, algo que é determinante para a iluminação ambiental, e
que também devem ser consideradas, as proporções dos ambientes, os materiais utilizados
para revestimento e o posicionamento do usuário na execução de suas tarefas em relação
a luz natural, mas que deve ser complementada por meio com a iluminação artificial.
Outro importante estudioso da iluminação, Lamberts et al. (1997), entende que o
“objetivo do projeto de iluminação é a busca do uso integrado da luz natural e artificial, formando
assim um único sistema de iluminação, tornando o sistema energeticamente mais eficiente.”

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 62


3. A RELAÇÃO ENTRE CONCEITO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
E AS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS

Quantas vezes ao entrar numa loja de departamento, especialmente naquelas que


vendem eletrodomésticos, e não se deparou com um selo colorido grudado à porta dela.
Este mesmo selo encontra-se também em outros equipamentos que consumem energia,
na verdade trata-se de uma iniciativa para medir a eficiência energética denominado Procel!
E para que serve este selo? Ele classifica a eficiência energética dos eletrodomésticos em
uma escala ficando a cargo do consumidor entender qual é a melhor opção dentre as
disponíveis. Mas você sabia que existe algo parecido que avalia esta mesma eficiência nas
edificações? Sim existe.

FIGURA 08: EXEMPLO DE ILUMINAÇÃO NATURAL

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 63


O selo vem no sentido de atender a discussões sobre o uso finito dos recursos
naturais, assim como premiar boas soluções técnicas que garantam o uso racional da
energia. Logo a realidade das construções brasileiras, desde a sua criação, especificamente
para edificações tem direcionado a uma cultura de construções mais sustentáveis, de
baixo impacto ambiental e que se direcionam para eficiência energética das mais diversas
maneiras, mas tem sido muito explorado pelo mercado imobiliário, principalmente no sentido
de agregar valor, reforçando inclusive argumentos de venda.
Se o selo objetivou o desenvolvimento de nova postura social em relação a eficiência
energética, no âmbito individual passa a ser sinônimo de economia, já que se configura para
um estímulo para a economia de recursos financeiros. Por isto o Brasil é um dos países
que tem um “Programa Brasileiro de Etiquetagem” (PBE), e tem por função verificar que
os produtos serviços estejam adequados a regulamentação de desempenho estabelecidos
para eles conforme regulamentação técnica específica para cada tipo de item etiquetado, e
nas edificações não poderia ser diferente, logo existem assim critérios a serem observados
para que o edifício receba este selo. A etiqueta que identifica a eficiência neste quesito
denomina-se ENCE – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia.
Retomando o conceito de eficiência energética, consiste em atingir em melhor grau
de utilização e aproveitamento de um equipamento ou construção, com o menor custo e
gasto de energia de fontes de geração, entendendo que existe um ponto de equilíbrio. Na
Iluminação seria conseguir suprir a edificação em condições de segurança e conforto sem
que haja elevado consumo de energia.

FIGURA 9: CONSUMO ELÉTRICO DAS EDIFICAÇÕES

Fonte: EPE (2014).

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 64


É importante destacarmos, que hoje no Brasil existe um panorama de que o
consumo das edificações representa pelo menos 48,5% de toda a energia consumida,
o que quer dizer os outros 51,5% estão diretamente ligados usos para outros fins e uso
público. Trabalhar a reforma e melhoramento do consumo energético nas edificações
poderia assim diminuir substancialmente a necessidade de geração, para um mesmo
aproveitamento se modernizássemos as instalações luminotécnicas das edificações
já existentes e ainda conseguíssemos melhorar com a proposição de novos projetos
edificações com edificações mais eficientes.
Segundo dados GBCBRASIL (2022) em escala mundial, temos o consumo de
36% da energia global destinado a edificações ao mesmo tempo que representa 38% das
emissões de carbono relacionados à energia. Se cada país fizer o seu papel, em relação a
este tipo de etiquetagem e ela consiga atingir os objetivos, é possível que posturas em nas
escalas locais reflitam sobre estes valores globais. O PBE edifica tem por objetivo trabalhar
ou reduzir este consumo e esta geração na realidade Brasileira.
Primordialmente o selo tem por intenção avaliar pelo menos 3 grandes grupos de
edificações:
1. Construções comerciais, de serviços e públicas;
2. Unidades habitacionais autônomas (casas); e
3. Edificações multifamiliares (edifícios de apartamentos);

Para as três situações é necessário que se adotem critérios direcionados aos seus
usos, mas por uma questão de adaptação mercadológica, verifica-se que as edificações
verticais (comerciais) acabam tendo maior utilização pelo apelo na argumentação de venda.
Mas qual a relevância de etiquetar as edificações? e que benefícios isto traria?
Se olharmos na nossa dinâmica diária, mais de 90% de nosso tempo passamos
dentro de ambientes construídos, e 10% em deslocamentos e outras atividades. Deste modo
as edificações, além de gasto energético, entre outras atividades antrópicas impactantes
(geração de CO2, resíduos, intervenção no meio), derivam do uso da edificação. Logo atuar
na edificação é um meio de prover o bem-estar dos usurários da edificação, mas também da
sociedade, já que indiretamente estamos ajudando a preservação da natureza. Faz sentido?
Há um consenso entre os profissionais que estão envolvidos com a certificação e
organismos internacionais que práticas de melhoria na economia e reformas de edificações
seria benéfica para mitigação das mudanças climáticas, uma vez que, edifícios e construções
são grandes responsáveis por estas mudanças.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 65


O fato é que a certificação tem sido mais solicitada por edificações novas, pois
nestes, ainda é possível, adotar posturas mitigadoras ainda na fase de projeto, dotando-
as de estratégias e programas para gerar condições que permitem o máximo eficiência
energética. Mas o profissional envolvido não pode ficar restrito à condição da iluminação e do
consumo energético em si, seu conhecimento precisar ser multidisciplinar, posicionamento
solar, zoneamento bioclimático, utilização de materiais com melhor desempenho energético
e baixo impacto, pois dentro os principais subsistemas analisados para etiquetagem da
edificação são:
● Envoltória, que são os elementos externos, que “vestem” a edificação (paredes
e estruturas);
● Iluminação (divisão de circuitos, aproveitamento da luz natural e desligamento
automático da iluminação);
● Sistema de condicionamento de ar;
Nas seguintes composições de importância:

FIGURA 10: PROPORÇÃO DOS SISTEMAS AVALIADOS, BONIFICAÇÕES E PRÉ-


REQUISITOS GERAIS

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Merece especial destaque que pelo menos 30% dos requisitos de iluminação são
considerados para fins de observação da eficiência energética. Mas não devemos ter um
olhar isolado já que outros 30% estão associados a envoltória do edifício, na qual podemos
também explorar aspectos do uso da iluminação natural. Ou seja, cuidar da iluminação
natural e artificial podem chegar em até 60% dos requisitos a serem atendidos.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 66


Mas como se operacionaliza esta avaliação para etiquetagem da edificação?
Toda avaliação é feita uma auditoria técnica por profissionais especializados
certificados ou empresas e entidades credenciadas ou acreditadas OIA (Organismos
de Inspeção Acreditados) que são empresas que após organizar a sua estrutura para
certificação recebem a atestação do INMETRO. Somente após esta validação pelo
INMETRO, os quais poderão desenvolver a avaliação da eficiência por meio de inspeção
do projeto, documentações e avaliação da própria avaliação da edificação in loco, fazendo
como se fosse uma comparação do que foi prometido no projeto, se efetivou, e ao mesmo
tempo que atendeu os parâmetros prometidos conforme instruções técnicas do INMETRO
e normas pertinentes indicadas por este.
Logo a etiqueta não é apenas um elemento visual, e sua importância dá-se pelos
conjuntos de protocolos que devem ser seguidos, documentados e comprovados, pelo
empreendedor e auditados conforme explicamos anteriormente. É um método prescritivo,
podendo a etiqueta ter pequenas variações, mas que em síntese devem conter:

FIGURA 11: VISUALIZAÇÃO ENCE COMPLETA

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Na Figura 12 que apresenta a Ence Geral vemos o cuidado da explicitação de


como cada parte funciona, a começar pelo cabeçalho, que indica projeto ou edificação. Na
parte inferior ao cabeçalho vemos a classificação propriamente dita, em níveis de eficiência
que pode ser apresentado numa escala cromática seguida do letras Maiúscula, sendo a A
(verde) a mais eficiente e o E (vermelha) menos eficiente.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 67


FIGURA 12: VISUALIZAÇÃO ENCE CABEÇALHO E RODAPÉ

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Há um cuidado especial para dotar a etiqueta de informações logo no cabeçalho e


também no rodapé quanto a identificação da edificação assim como seu respectivo registro
no INMETRO.

FIGURA 13: CORPO DO ENCE

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Perceba que no corpo da ENCE existe uma classificação, mas também a pontuação
referenciada na edificação de forma numérica assim como a necessidade de confirmação
da etiqueta com o que foi construído na edificação.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 68


FIGURA 14: VISUALIZAÇÃO PRÉ-REQUISITOS E BONIFICAÇÕES

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Existe também a definição dos pré-requisitos avaliados, como parte de energia e


água, mas também se ressalta as bonificações para eventualidade do projeto atender mais
itens considerados sustentáveis por posturas que possam ajudar no consumo energético da
edificação. Na análise dos sistemas individuais existe a análise em separada para cada um
dos itens de envoltória, iluminação e condicionamento de ar, podendo a edificação ser avaliada
em sua totalidade, ou em conjunto de subitens anteriores, ou mesmo um item individualmente.

FIGURA 15: SISTEMAS INDIVIDUAIS

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Agora me diz uma coisa, se fosse comprar um imóvel, e tivesse que analisar prós
e contras do e a questão financeira não fosse uma limitante na aquisição, mas sim na vida
útil do imóvel, o que compraria, o imóvel certificado ou o imóvel sem certificação? Qual dos
dois lhe dá mais previsibilidade no custo da manutenção durante a vida útil dele? Quem
procura imóvel certamente vai preferir adquirir aquele que tenha nível de eficiência A. Mas
este imóvel não seria mais caro? Sim seria, pois, a etiqueta tem esta capacidade de agregar
mais valor, gasta-se um pouco mais durante o projeto e obra, e aquisição do imóvel, para
economizar na vida útil do imóvel!

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 69


Existem outros tipos de etiquetagem da edificação?

FIGURA 16: TIPOS DE ETIQUETA PBE - EDIFICA

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Sim existe, pelo menos dois outros tipos, a completa na qual todo o processo
transcorre conforme relatamos anteriormente, e chega-se a ENCE completa, ou por meio
da etiquetagem parcial que pode avaliar um ou dois sistemas, sendo apenas referenciado
na etiqueta o que foi avaliado.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 70


4. TIPOS DE CERTIFICAÇÃO

Existem outros tipos de certificações, e muito do que foi adotado no Brasil deriva
destas certificações internacionais e que ditam assim as tendências das sustentabilidades
no contexto global, mas também existem outros tipos de certificação também no Brasil,
cada uma direcionada a um objetivo específico.
As construções “sustentáveis” têm grande poder de impactar o entorno na qual em
que acontece a sua implantação, e são capazes de influir na vida dos usuários e comunidade
ao redor, o meio ambiente. As certificações ambientais são de suma importância para
determinar a credibilidade quanto ao valor agregado, e conferem status de quão eficientes
as edificações podem ser ao longo de sua vida útil.
As Certificações Ambientais que apresentaremos a seguir são dotadas de
metodologias bem específicas, e para obtê-las o empreendedor deve, de forma voluntária
solicitá-las, e se aplicam em todas as partes do projeto e do processo construtivo, passando
por obra e operação da edificação. Assim como existe no selo Procel, os organismos
internacionais certificadores creditam instituições em solo brasileiro, os quais serão
responsáveis dos procedimentos de auditoria exigidos pelo órgão certificador, que estipula
o nível de excelência a ser avaliado.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 71


Dentre os principais selos podemos destacar:
1. BREEAM®;
2. LEED®;
3. Referencial GBC Brasil Casa®;
4. AQUA-HQE;
5. Selo Azul Caixa.

O que estas certificações possuem em comum, trabalham com critérios, cada qual
com um sistema de pontuação e à medida que os critérios são atendidos coloca-se a obra
em níveis de certificação. Vamos entender cada uma delas?
A BREEAM é dentre as certificações uma das mais antigas e sua sigla faz referência
à Building Research Establishment Environmental Assessment Method, ou seja, Método de
Análise Ambiental do BRE, e seu centro de pesquisa encontra-se próximo a Londres voltado
para área de construção civil, e sua metodologia serviu para as demais que veremos adiante.
Existe um direcionamento para certificação de alguns usos, como por exemplo:
Edifícios Comerciais, Edifícios Escolares, Lojas, Indústrias, Prisões, Cortes, Datacenters,
Hospitais, Edifício Residencial Multi-familiar, Casas.Seu sistema de pontuação leva em conta:

QUADRO 01: PONTUAÇÃO BREEAM


● Energia (Energia operacional e emissões de Carbono) – 31 pontos
● Gerenciamento (Políticas de gerenciamento da edificação e do terreno, comissionamentos e
aquisições necessárias) – 21 pontos
● Saúde e bem-estar Interior e Exterior (poluição sonora, iluminação, qualidade do ar, etc.)
– 21 pontos
● Transporte (localização e acesso a transporte) – 12 pontos
● Água (consumo e eficiência hídrica interna e externa) – 9 pontos
● Materiais (energia e emissão de carbono incorporada, ciclo de vida) – 14 pontos
● Resíduos (vindos da construção e da manutenção da edificação e terreno) – 9 pontos
● Uso do Terreno (tipo de terreno e ocupação da edificação) – 10 pontos
● Poluição (do ar externo e água) – 13 pontos
● Ecologia (valor ecológico e conservação do terreno) – 10 pontos

Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Todas as pontuações colocadas são em seu nível máximo no quadro acima, e o


total de ponto ou créditos obtidos, em cada uma das categorias avaliadas é multiplicado
por um fator de influência ambiental, o qual leva em consideração a importância relativa
de cada categoria.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 72


As pontuações parciais da seção produzirão uma pontuação geral que pode ser
traduzida nas seguintes escalas: PASS, GOOD, VERY GOOD, EXCELLENT, OUTSTANDING,
que respectivamente traduzidas em: “passa, bom, muito bom, excelente, excelente”.
Observe que dois pontos nos chamam atenção, para a temática que estamos
estudando, Energia (Energia operacional e emissões de Carbono) e Saúde e bem-
estar Interior e Exterior (poluição sonora, iluminação, qualidade do ar, etc.), os dois se
correlacionam direta ou indiretamente aspectos da eficiência energética e a iluminação,
demonstrando a relevância de se olhar sobre aspectos da sustentabilidade quanto
desenvolvermos o projeto luminotécnico, sendo a pontuação prevista pela certificação
significativa se comparada aos demais critérios.
A certificação LEED é a abreviação de Leadership in Energy and Environmental
Design, ou seja, Liderança em Projeto para Energia e Ambiente, fundada por volta dos anos
2000 pela USGBC (United State Green Building Council) e “é um sistema de ponta para a
certificação de edifícios de alto desempenho e bairros sustentáveis.” A cerificação LEED
avalia diversos fatores do projeto, dentre as categorias podemos verificar:

QUADRO 02: CATEGORIAS LEED


Localização e Transporte (Location and Transportation – LT);
Terrenos Sustentáveis (Sustainable Sites – SS);
Eficiência da Água (Water Efficiency – WE);
Energia e Atmosfera (Energy and Atmosphere – EA);
Materiais e Recursos (Materials and Resources – MR);
Qualidade do Ambiente Interno (Indoor Environmental Quality – EQ);
Inovação em Design (Innovation in Design – IN);
Prioridades Regionais (Regional Priorities – RP).
Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Cada uma das categorias acima possui pré-requisitos, que são itens que são
obrigatórios para o projeto atender em função disto são destinados créditos ao projeto que
serão dispostos em 4 níveis, de excelência, para se obter a certificação:
● 40 a 49 pontos – LEED Certified;
● 50 a 59 pontos – LEED Silver (Prata);
● 60 a 79 pontos – LEED Gold (Ouro);
● 80 a 110 pontos – LEED Platinum;

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 73


A depender do tipo de edificação ele pode ser ainda colocado em novo sistema de
classificação (Rating Systems):
● LEED BD+C: Building Design + Construction (Novas construções ou grande
renovação);
● LEED ID+C: Interior Design + Construction (Interiores);
● LEED O+M: Operations and Maintenance (Prédios existentes);
● LEED ND: Neighborhood Development (Desenvolvimento de bairros e
comunidades)
● LEED HOMES: (para casas, pouco comum no Brasil pela diferença de
entendimento e dificuldades de adequação técnica às exigências)

Nesse último LEED HOMES, foi criada pelo GBC Brasil uma modalidade que leva
em consideração aspectos tecnológicos aplicados em território brasileiro.
Dentre as certificações internacionais, a certificação LEED esteja entra as mais
bem-conceituadas, e observemos que mais uma vez Energia e Atmosfera (Energy and
Atmosphere – EA) há a manifestação de critérios que se relacionam a questão energética
para determinação dos critérios.
O Referencial GBC Brasil Casa é uma certificação, criada em 2014 pelo GBC
Brasil, a fim de atender ao mercado residencial no Brasil. Destinando essencialmente para
certificação de casas, apartamentos e condomínios residenciais. Toma por base os critérios
de avaliação da Certificação LEED, e avalia as seguintes categorias:

QUADRO 03: CATEGORIAS GBC BRASIL CASA


Implantação;
Uso Racional da Água;
Energia e Atmosfera
Materiais e Recursos;
Qualidade Ambiental Interna
Requisitos Sociais;
Inovação em Projeto;
Créditos Regionais.
Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 74


Seguintes pontuações equivalentes ao da certificação LEED:
● 40 a 49 pontos – VERDE;
● 50 a 59 pontos –PRATA;
● 60 a 79 pontos – OURO;
● 80 ou + pontos – PLATINA;

O fato de ser uma certificação relativamente recente ainda são poucos os


projetos que passaram pela mesma dos quais 09 projetos pilotos de casa, 03 obtiveram a
certificação e as demais ainda estão em processo. Na área de condomínios, ainda foram
apresentados 13 projeto pilotos para condomínios residenciais, ainda com processo de
certificação em andamento.
Dois critérios chamam a atenção para aspecto que devemos entender como
relacionado a questão luminotécnica que a Energia e Atmosfera e Qualidade Ambiental
Interna, e por ser uma certificação considerando o cenário brasileiro, se faz presente que
todo projetista, deve entender quais são seus critérios para sugestão dos projetos, pois é
uma forma de agregar valor.
A AQUA-HQE é uma certificação Brasileira, tem por referência a certificação
Francesa HQE, lançada em 2008, e a versão brasileira encontra-se na sua 4 versão. Tem
sido muito aplicada na construção de condomínios residenciais, pela sua adaptação as
normas, legislações e regulamentações locais, inclusive fazendo frente a LEED homes que
tem se mostrado pouco viável ao nosso contexto. A sigla AQUA, não faz referência a água, e
sim a Alta Qualidade Ambiental e tem por dois grandes pilares de atuação o SGE – Sistema
de Gestão do Empreendimento e QAE – qualidade ambiental da edificação. Entram assim
no escopo para certificação: Empreendimentos Residenciais, comerciais e administrativos,
Escolas, Lojas, Projetos de Interiores, Bairros, Portos e Avalia as seguintes categorias:

QUADRO 4: CATEGORIAS AQUA-HQE


Relação do Edifício com seu entorno;
Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos;
Canteiro de obras com baixo impacto ambiental;
Gestão de Energia
Gestão de Água;
Gestão dos Resíduos de uso e operação do edifício;
Gestão da Manutenção;
Conforto Higrotérmico;
Conforto Acústico;
Conforto Visual
Conforto Olfativo;
Qualidade Sanitária dos Ambientes;
Qualidade Sanitária do Ar;
Qualidade Sanitária da Água.
Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 75


Ao se atender cada uma das categorias, receberá as seguintes siglas em seu selo:
● B- Base (atender 7 categorias)
● BP- Boas Práticas (atender 11 categorias)
● MP- Melhores Práticas (atender 14 categorias)

Pelo menos dois aspectos chamam atenção que podem ter influência sobre o
projeto luminotécnico, Gestão de Energia e Conforto Visual, o primeiro relacionado com a
questão energética a segunda muito relacionada aos parâmetros fotométricos, este sim de
grande relevância para o desenvolvimento do projeto luminotécnico.
O Selo Azul Caixa é dentre as certificações a única proposta por iniciativa do setor
público, e visa suporte ao financiamento de empreendimentos habitacionais sustentáveis.
Dentre as 6 categorias estão dispostos 53 critérios, e a depender dos critérios atendidos
receberá um selo correspondentes aos números de critérios atendidos.

QUADRO 05: CATEGORIAS DO SELO AZUL CAIXA


Qualidade Urbana (5 critérios)
Projeto e Conforto (11 critérios)
Eficiência Energética (8 critérios)
Conservação de Recursos Materiais (10 critérios)
Conservação da Água (8 critérios)
Práticas Sociais (11 critérios)
Fonte: Adaptado de Raoli e Gonçalves (2022).

Desta forma são lançados os selos considerando os seguintes números de critérios:


● Bronze: atende aos 19 itens obrigatórios;
● Prata: atende aos 19 itens obrigatórios, mais 6 opcionais;
● Ouro: atende aos 19 itens obrigatórios, mais, pelo menos, 12 opcionais.

Dos selos aqui apresentado, o Selo Azul Caixa tem a grande diferença de estimular
boas práticas para projetos de habitações, e isto é um diferencial, principalmente quando
o empreendedor pretende pleitear financiamento junto a esta entidade financiadora, e se
torna mais relevante para o estudo que estamos desenvolvendo pois dentre os critérios
estão colocados Projeto e Conforto e Eficiência Energética.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 76


SAIBA MAIS

A Procel juntamente como Centro Brasileiro de Eficiência Energética (CB3E), em 2017,


lançou uma nova proposta de método de avaliação de desempenho energético das
edificações com base consumo de energia primária. Para tanto fez uma consulta pública
para a proposta de Regulamento Técnico da Qualidade para a Classe de Eficiência
Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos, tendo oficialização por
meio de sua publicação em 12 de julho de 2018 no Diário Oficial da União, e recebeu
comentários até o dia 15/10/2018.
Os comentários assim foram analisados pela equipe do CB3E e enviados ao INMETRO,
órgão responsável no direcionamento das às articulações entre as entidades que se
manifestaram e à consolidação do texto final.

Fonte: LAMBERTS, R. Manual para etiquetagem de edificações públicas. [s.n. s.l]. Disponível em: http://www.
pbeedifica.com.br/sites/default/files/Manual_Etiquetagem_Edificacoes_Publicas.pdf acesso em: 22 fev. 2022.

REFLITA

Quando buscamos uma certificação, é porque queremos demonstrar que somo


competentes e aptos para adquirir uma notoriedade sobre o assunto ou atividade que
desenvolvemos. Para porque tem se tornado tão importante para o mercado e para os
consumidores ficarem mais exigentes em relação ao à certificação PBQP-H?

Fonte: PBQP-H - A importância da certificação PBQP-H na Construção Civil. Guia Civil, 2011. Disponível em:
https://guiacivil.com/a-importancia-da-certificacao-pbqp-h-na-construcao-civil/ acesso em: 02 mar. 2022.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 77


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudamos nesta unidade a relação dos conceitos de eficiência energética e


consumo energético e de como eles são direcionados por aspectos técnicos para também
comportamentais.
Também abordamos a necessidade de abordagem conjunta de iluminação artificial
e natural para o desenvolvimento do projeto luminotécnico para que ele atinja o seu
satisfatório desempenho luminotécnico e desempenho energético.
Mas toda a discussão destes conceitos vai no sentido de promover projeto mais
sustentáveis, que embora seja uma discussão já enraizada na consciência coletiva, há
por parte dos profissionais pouca consciência da importância não somente como discurso,
mas como postura projetual, e com isto ter o diferencial de agregar valor por meio das
certificações da PBQP-H, aos seus trabalhos.
A certificação da PBQP-H está alinhada com outros tipos de certificações nacionais e
internacionais, igualmente importantes, mas que pelos critérios qualitativos exposta em suas
metodologias, a iluminação direta ou indiretamente é fator de avaliação destas certificações.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 78


LEITURA COMPLEMENTAR

Atualmente monitorar os dados de consumo energético é uma ação necessária


principalmente em momento em que raramente a quantidade de energia disponível é
suficiente para uma gestão energética verdadeiramente útil. Por este motivo é legal entender
como acontece as “Métricas de performance energética e seus indicadores”.

Fonte: DIAS, R. Métricas de performance energética e seus indicadores. Cubi


Energia, 2020. Disponível em: https://www.cubienergia.com/metricas-performance-
energetica/ acesso em 22 fev. 2022.

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 79


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Eficiência energética
Autor: Paulo Sergio da Silva Seixas.
Editora: Contentus, Curitiba, PR. 1° Edição: (2020), 186 páginas.
Sinopse: O presente livro trabalhará aspectos gerais sobre a
eficiência energética, e por meio de uma busca histórica da
legislação no Brasil delineará os principais programas dos
governamentais, como por exemplo o selo Procel. “O autor
abordou a matriz energética mundial e a brasileira, as relações de
balanço energético, o sistema elétrico atual e traz dados sobre o
consumo médio de energia por setor e por uso final. A obra ainda
retrata a melhoria da eficiência energética em instalações elétricas
e sistemas de iluminação e de ar-condicionado, bem como o
gerenciamento energético e estudos de caso.”


FILME/VÍDEO
Título: Os Benefícios da Eficiência Energética
Ano: 2018.
Sinopse: Você sabe o que é eficiência energética? E quais sãos
seus benefícios? Sabia que ela é um importante recurso energético,
assim como a energia solar, a hidráulica e a eólica? Não?! Então
confira nosso vídeo e veja como é importante utilizar a energia
elétrica de forma consciente.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Nr7aL2KLZe4

UNIDADE III Consumo Energético e Estratégias 80


UNIDADE IV
O Projeto Luminotécnico
Prof. Me. Flávio Augusto Carraro

Plano de Estudo:
● O que é um projeto luminotécnico e como concebe;
● Normas relacionadas ao projeto luminotécnico;
● Tipos de iluminação e o desenvolvimento do projeto luminotécnico – parte I;
● Tipos de iluminação e o desenvolvimento do projeto luminotécnico – parte II.

Objetivos da Aprendizagem:
● Aplicar estratégias para o desenvolvimento do projeto luminotécnico;
● Compreender as normas relacionadas ao projeto luminotécnico;
● Entender as etapas do projeto luminotécnico.

81
INTRODUÇÃO

Já parou para pensar o que é um projeto luminotécnico? Provavelmente o que lhe


vem à cabeça é uma serie de especificações de detalhes técnicos como lâmpadas, luminária
entre outros dispositivos, pode até ser, mas a essência de qualquer projeto luminotécnico é
promover conforto lumínico antes de qualquer coisa, e para isto o profissional responsável
por desenvolver o projeto tem que ter a sensibilidade para conseguir atender os requisitos
do cliente, além dos requisitos normativos relacionados ao cliente.
Abordar o projeto luminotécnico somente levando em consideração as normas, é
de início um caminho, que pode garantir os parâmetros mínimos de condições de conforto,
mas não devem ser exclusivamente a única referência para o desenvolvimento do projeto
luminotécnico. O Projetista desta forma além de dominar os parâmetros fotométricos,
deve entender que cada projeto exige uma abordagem e sensibilidade para alinhar as
expectativas do cliente.
É importante sim conhecer todos os aspectos técnicos, especialmente em relação
aos tipos de lâmpadas, seus consumos energéticos, tecnologias envolvidas e ainda mais
hoje entender se conseguimos direcionar para projetos luminotécnicos mais sustentáveis
e aderentes ao atual estágio desta discussão. Por isto dedicamos duas partes deste
capítulo para entender quais são os tipos de iluminação e como devemos desenvolver o
projeto luminotécnico.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 82


1. O QUE É UM PROJETO LUMINOTÉCNICO E COMO CONCEBE

Prezado (a) aluno (a),


Vimos nas últimas unidades o conjunto de conceitos que demonstraram como a luz
foi influente sobre a evolução da percepção do homem, ao ponto de que a visão comunica
o cérebro, e este interpreta a presença ou ausência dela, e com isto direciona todas as
funções fisiológicas considerando o ciclo circadiano.
Viu a importância de seu trabalho em luminotécnica? Desta maneira o
desenvolvimento do projeto luminotécnico, não se restringe a mera a especificação técnica,
que por sinal é muito importante e veremos neste capítulo, mas decorre da responsabilidade
em especificar considerando os requisitos do cliente, aplicando os conforto e segurança.
As grandezas fotométricas são desta forma nossa matéria prima do projeto, e as
lâmpadas, luminárias e outras tecnologias são na verdade ferramentas para viabilizar o
conceito, efeito e características que precisamos imprimir no nosso projeto. Podemos então
partir do pressuposto que já tem tudo memorizado na sua cabeça!? Não tem? volte lá e dê
uma revisada! pois agora partiremos para a aplicabilidade.
Se vamos direcionar para o desenvolvimento de um projeto de iluminação, dois
conceitos devem estar muito claros neste momento, o que é gasto energético e eficiência
energética? Estão? O primeiro tem impacto financeiro e o segundo com o impacto ambiental,
logo é o que nos aproxima mais da questão da sustentabilidade.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 83


O projeto luminotécnico pode conjugar iluminação natural e artificial, inclusive por
força normativa é desejável que se faça isto, ela nos apoia muito bem nisto, mas por uma
questão didática, direcionaremos nosso conteúdo nesse capítulo para iluminação artificial.
Em termos prática profissional, o projeto luminotécnico desenvolve-se a partir
de entrevista com os clientes, análises funcionais dos ambientes, das atividades e das
principais atitudes dos usuários que farão uso do projeto de iluminação.
Se de início, em seu primeiro projeto, bater uma certa insegurança, podemos tomar
por base os parâmetros de referência normativos e ir incrementando como a nossa prática
profissional fazendo as variações que forem pertinentes ao momento de desenvolvimento
do projeto luminotécnico.
O fato é que precisamos ter consciência que a luz altera a percepção do espaço.
Segundo Barbosa (2010), “Se o espaço é vazio, a luz influência o espaço que define a forma.
A forma iluminada mostra os contornos, superfícies, texturas e cores. A relação entre luz e
espaço dita a nossa percepção visual do mundo que nos cerca e da maneira como o sentimos”.
Os espaços arquitetônicos desta forma são qualificados, conforme afirma Barbosa
das relações visuais que conseguimos explorar, das relações entre a iluminação, espaço
e objeto, ou mesmo da luz como estratégia da composição. A luz pode entrar como
coadjuvante ou como protagonista, e isto dependerá da nossa percepção de como o projeto
pode promover a harmonização com os objetos, acabamentos e cores, e da forma com que
conseguimos promover o conforto visual.
O projeto luminotécnico, em sua essência dificilmente consegue ser concebido com
regras estabelecidas ou com padrões que podemos repetir de um projeto para o outro, e a
sensibilidade do profissional é muito importante, neste sentido.
O corpo humano estabelece assim sinestesia com os ambientes, e cometer erros,
como ambientes exageradamente iluminados ou que haja distribuição de iluminação
insuficiente pode acarretar problemas na acuidade visual, interpretação errôneo do corpo
pela condição de iluminação, problemas de saúde (fatiga por exemplo), e ainda impactar na
eficiência energética e elevado custo de operação.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 84


2. NORMAS RELACIONADAS AO PROJETO LUMINOTÉCNICO

Para todos os efeitos, o olho é o “fiscal” do projeto luminotécnico, e é com ele


que que também sensibilizamos os outros sentidos. O que pretendemos atingir com nosso
projeto? Para qual fim destina-se? Temos um conceito envolvido?
A eficiência visual, em si não é um conceito, e sim o que objetivamos atingir em
cada projeto. O conceito é o argumento que usamos para que todas as partes do projeto se
justifiquem nas posturas adotadas. Exemplo: se no centro cirúrgico de um hospital luz tem
que ser “precisa”, no quarto com leitos ela precisa ser “acolhedora”, numa loja ela tem que
ser “destacada”, em um restaurante ela pode ser “intimista”, perceba que existe uma “alma”
ou “discurso” por trás do projeto.
E para cada uma das condições anteriormente colocadas existe os mais variados
tipos de iluminação, e a cada uma delas a mensagem será assimilada pelos olhos humano,
e explorar esta capacidade de adaptação, é trazer a percepção do cliente ao conceito que se
pretende. O projeto luminotécnico com eficiência visual é aquele que se adere as sensações
que queremos propor aos nossos clientes, e para Barbosa (2010) “Não necessariamente
isso significa a aplicação de altos níveis de iluminância, mas o máximo de acuidade visual
sem ter que submeter o mecanismo da visão a fatigantes esforços para ver, correndo-se
o risco de comprometer o conforto e o rendimento visual”. O fato é que discurso e postura
projetual são prerrogativas do projetista na especificação da correta quantidade de luz.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 85


Mas como observar a quantidade de luz necessária em um ambiente? Quais as formas
de se quantificar? E como definir a quantidade específica de luz para cada tipo de atividade?
Atentamos assim para as normas técnicas, para entender como se devem ser feitos
os métodos de medição, já que as normas são resultado de discussão de metodologias que
vários profissionais entenderam ser consensualmente “clássicas e certas” para a grande
maioria dos projetos.
Todo projetista de iluminação pode tomar por referência as Normas Brasileiras são
chamadas de NBRs, das ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). As normas
nos auxiliam no referenciamento, e nos ajuda a determinar critérios a serem seguidos
para equilibrar de modo competente a iluminação tanto artificial quanto natural para os
ambientes. São nossas auxiliares na busca de diretrizes e parâmetros na conjugação de
iluminação natural e artificial nos projetos de iluminação.
A norma NBR 15575 (2013), conhecida como Norma de Desempenho das
Edificações Habitacionais, está dentre as principais, desde o seu lançamento ao mercado,
é tida com um certo status de “código de defesa do consumidor”, porém direcionadas à
construção civil, em especial para projetos habitacionais. Ela tem sido muito citada em
discussões judiciais, logo é referência de jurisprudência, e por conta disto, muitos litígios
(discussões jurídicas) a tem tomado como tendo força de lei, principalmente quando seus
parâmetros não são observados.
Das partes que nos interessa, a principal é a quarta parte, de vedações verticais
apresenta entre outros, requisitos de conforto térmico, e também até certo ponto o uso da
iluminação natural já que por meio desta, boa parte das especificações de vedação de
fachada acabam influenciando no projeto luminotécnico, e faz também referência as oito
zonas bioclimáticas definidas para o Brasil.
É importante salientar que a norma de desempenho das edificações não é
exclusiva para iluminação, mas entende que todas as componentes da edificação tais
como, desempenho estrutural, segurança contra incêndio, desempenho térmico, acústico
e lumínico, durabilidade, entre outras, devem ser concebidas para que seu desempenho
seja pleno. Com isso, a norma traz algumas referências sobre desempenho lumínico que
precisamos conhecer e considerar.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 86


Além destas, quais são as outras normas que devemos consultar antes de começar
um projeto luminotécnico?

QUADRO 01: ABNT/NBRS UTILIZADAS PARA PROJETOS LUMINOTÉCNICOS


● ABNT / NBR 15215 (2005) – Parte 1 - Iluminação natural – Parte 1: conceitos
básicos e definições
● ABNT / NBR 15215 (2005) – Parte 2 - Iluminação natural – Parte 2: procedimentos
de cálculo para a estimativa da disponibilidade de luz natural
● ABNT / NBR 15215 (2005) – Parte 3 - Iluminação natural – Parte 3: procedimento
de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos
● ABNT / NBR 15215 (2005) – Parte 4 - Iluminação natural – Parte 4: verificação
experimental das condições de iluminação interna de edificações – Método de medição
● ABNT / NBR 5413 (2013) cuja tratativa faz referência a Iluminância de interiores,
substituída por ABNT / NBR/ISO 8995-1. Entretanto, A NBR/ISO 8995-1 é uma norma
que tem como foco os ambientes de trabalho;
● ABNT / NBR 5461 (1991) Iluminação: terminologia e Estabelece de forma geral
critérios de iluminação
● ABNT / NBR 5382 (2013) Verificação de iluminância de interiores
Fonte: O autor (2022).

O que abordaremos aqui é apenas os pontos cruciais, deste modo, é de


responsabilidade profissional, sempre que começar um projeto luminotécnico novo, fazer a
consulta a atualização delas. Vamos entender como cada uma delas podem contribuir para
elaboração e desenvolvimento do projeto luminotécnico?
A ABNT/NBR 15215 (2005) traz conceitos e definições em sua primeira parte, de
modo a embasar as discussões e diretrizes que são abordadas nas partes subsequentes.
Dedica boa parte de sua estrutura para procedimentos de cálculos e metodologias de
medição iluminação natural os quais podem fornecer os valores bases para uma possível
associação e complementação com a iluminação artificial no projeto luminotécnico. O passo
a passo dessa medição está descrito na NBR 15215 – Parte 4 (2005).
A metodologia descrita para a medição da iluminância, conforme descrita na NBR
15215-4, é um método de medição em ambientes reais (in loco) e o equipamento a ser
utilizado será um luxímetro, que possui uma fotocélula que captará a quantidade de
iluminância no ambiente.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 87


FIGURA 01: LUXÍMETRO

É por meio deste equipamento e seguindo a metodologia colocada a seguir que


serão mensuradas as quantidades de iluminação natural em ambientes construídos.
Podem ser assim obtidos por “método da luz incidente ou luz ambiente”, ou a luz refletida
pelos objetos – “método da luz refletida”. Os passos a seguir são para o método da luz
incidente ou luz ambiente:

QUADRO 02: OS PASSOS A SEGUIR SÃO PARA O MÉTODO DA LUZ


INCIDENTE OU LUZ AMBIENTE
1. A quantidade de luz extraída deve ser aquele incidente sobre o ponto ou plano
de trabalho da tarefa a ser executada, sendo inclinado, horizontal e vertical, que
denominaremos ponto de interesse.
2. O aparelho deve repousar sobre à superfície que será avaliada e na qual deseja-se
medir os níveis de iluminação, e o sensor do luxímetro precisa estar em paralelo ao
plano de tarefa.
3. Não é desejável que o equipamento fique na mão da pessoa que faz a medição já
que pode acarretar sombras sobre a fotocélula, e isto interferir na leitura dos níveis de
iluminância.
4. A metodologia prevê que se tenha a leitura dos níveis de iluminação da superfície
de trabalho, deste modo é interessante que se faça uma leitura com e outra sem a
pessoa, pois isto pode dar indicativo de mudança de layout numa posterior análise.
5. É necessário que a exposição da fotocélula fique aproximadamente 5 minutos
antes da primeira leitura, de modo a estabilizar o sensor ao mesmo tempo possa se
evitar exposição de fontes luminosas muito intensas, com por exemplo variação de
iluminação solar.
6. Quando a superfície de trabalho não é conhecida, sugere-se que se considera o
plano horizontal a 75 cm do piso, altura esta normalmente de superfície de trabalho
não é especificada ou conhecida.
Fonte: Adaptado de NBR 15215-4 (2005).

Como a metodologia tem relação direta com os níveis de iluminância natural e


artificial ao mesmo tempo, é interessante, que em virtude de mudanças frequentes das
condições do céu ao longo do dia e do ano, e objetivando buscar níveis de iluminação
condizentes com a realidade, segundo metodologia sugerida pela norma, é de se fazer a
verificação em diferentes horas do dia, e se possível em diferentes épocas do ano.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 88


A norma também coloca algumas situações ao longo do ano em que podem interferir
em função da condição da abobada celeste e posicionamento do sol. Segundo a normas
estes períodos interessantes para o levantamento seriam: em um dia próximo ao solstício
de verão (22 de dezembro); em um dia próximo ao solstício de inverno (22 de junho); de
duas horas em duas horas a partir do início do expediente.
Na prática ficaria inviável esta coleta ao longo do ano, mas é interessante a
mensuração em mais de um horário seja efetivada e em uma quantidade de pontos que
representem a quantidade de iluminância natural incidente, e tome por referência os planos
de trabalho.

2.1 Método simplificado:


Desta forma, e partindo do pressuposto que temos várias estações de trabalho
em um mesmo ambiente, usaremos como exemplo uma sala de aula. Segundo a ABNT/
NBR 15215-4 (2005), para se determinar o número mínimo de pontos necessários para a
verificação do nível de iluminação natural, devemos primeiro determinar o índice de local
(K) pela expressão.

Em que:
L é a largura do ambiente, em metros [m];
C é o comprimento do ambiente, em metros [m];
Hm é a distância vertical em metros entre a superfícies de trabalho e o topo da
janela, em metros [m], conforme indica a Figura 02.

FIGURA 02: DETERMINAÇÃO DE HM

Fonte: NBR 15215-4 (2005).

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 89


Neste sentindo, se analisássemos uma sala de aula ou mesmo um escritório de
múltiplas estações, na qual a altura destas fosse de 0,75 m, e título de exemplificação
tomássemos o pé-direito de 3m metros e a altura do peitoril da janela de 1,10, e o vão da
janela de 1,5, a resultado para Hm será de 1,85.
Para ficar mais claro, vamos fazer o seguinte, tomemos por referências as mesmas
alturas do ambiente anterior, porém para fins do cálculo do Índice do Local (K), tomaremos
o ambiente da sala quadrada de 10 x 10 metros, logo, considerando C=10 m e L = 10 m
e a distância Hm=1,85 m (diferença a altura da estação e o topo da janela) e jogando na
fórmula, teremos.

K= (10*10)/(1,85*(10+10)) = 2,70 logo K = 2,72

Uma vez obtido o valor de K = 2,72, devermos consultar a própria a NBR 15215-4
(2005) e por meio do quadro, conseguimos perceber que K=2,72 está entre os intervalos
2 ≤ K < 3, e mostra que o total de pontos a serem analisados no ambiente seriam de 25
posições de mensuração.

QUADRO 03: QUANTIDADE MÍNIMA DE PONTOS A SEREM MEDIDOS


K Nº de Pontos
K<1 9
1≤K<2 16
2≤K<3 25
K≥3 36
Fonte: NBR 15215-4 (2005).

Se temos uma sala quadrada de 100 metros quadrados, como ficaria à disposição de
leitura destes 25 pontos, o raciocínio é simples, tirando 0,50 cm de cada lado, em relação as
paredes, teríamos que considerar o centro da sala, dividida em 25 partes iguais, e a medição
seria feita no centro de cada um. Mas aí deve estar se perguntando se cada um destes pontos
não teria medições diferentes? A resposta é sim por este motivo faríamos a apreciação da
Iluminância média (E) por meio de média aritmética de todos os pontos medidos.

Em que:
(E) = Iluminância média
n= número de pontos

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 90


2.2 Método dos Lúmens
O método dos lumens é utilizado para cálculo de Iluminação Geral, quando não é
necessário desenvolver nenhum tipo de iluminação especial, a não ser aquela de trabalho.
O Método dos Lumens é muito utilizado no dimensionamento de instalações em que se
adota o paradigma de que o plano de trabalho é horizontal e ocupa toda a área do ambiente.

QUADRO 04: MÉTODO DE LÚMENS

ABNT/NBR 15215-4 (2005), para


se determinar o número mínimo
de pontos necessários para a
Passo 01: determinação de K verificação do nível de iluminação
natural, devemos primeiro
determinar o índice de local (K)
pela expressão.
Refletância do teto, paredes e De posse das refletâncias e
pisos, padrão 3 números XYZ, o valor de K, procura-se no
Passo 2: K e REFLETÂNCIAS - sendo que: catálogo da luminária fazer o
Fator de utilização (h) X: teto cruzamento das informações de K
Y: parede com as refletâncias
Z: piso
Planejamento dos ambientes É uma informação que obtemos
(áreas), tarefas e atividades com diretamente da norma ABNT NBR
Passo 3 - NÍVEL ILUMINAÇÃO a especificação ISO/CIE 8995-1:2013, logo é um
ESTIPULADO Da iluminância, limitação de valor tabelado considerando tipo
ofuscamento e qualidade da cor de ambiente e respectiva tarefa
abnt nbr iso/cie 8995-1:2013 que é exercida no meio.
É essencial que o catálogo passe
as informações fluxo específico
Passo 4: ESCOLHA DA Busca direta em catálogos da luminária, iluminância,
LUMINÁRIA (ex.) das informações essenciais da em alguns casos existe uma
luminária correlação com a geometria do
ambiente e pé direito.
Φ: fluxo luminoso total (lm);
S: área do recinto (m²); - >(C*L)
Passo 5: determinação do fluxo Em: nível de iluminância mantida
luminoso (lx) - > (ABNT NBR ISO/CIE
8995-1:2013)
d: fator de manutenção (anexo D -
ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013)
É a relação do fluxo total do
Passo 6: Quantidade de
ambiente pelo fluxo da luminária
luminárias
escolhida
Distribuir luminária no ambiente
DISTRIBUIÇÃO GEOMÉTRICA considerando a seguinte
geometria.

Fonte: NBR 15215-4 (2005).

Mas mesma que se cumpra uma destas duas metodologias é necessário que se
faça a secagem de alguns aspectos normativos, para ver se não saíram dos parâmetros
mínimos exigidos em norma.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 91


Após se chegar o valor médio de iluminância para esse ambiente, levando em
consideração os planos de trabalhos determinados, na sequência é necessário que se faça
a consulta na ABNT/NBR 8995-1 (2013), na qual deveremos verificar o valor encontrado
encontra-se dentro do mínimo colocado por ela. Havendo valor menor do que está colocado
na norma para iluminação natural, a iluminação artificial deverá complementar. A norma
assim considera as dependências da edificação habitacional, no estabelecimento dos
parâmetros de iluminação natural conveniente, oriunda do exterior ou de forma indireta
dos recintos adjacente. As dependências da edificação habitacional, apresentadas no
Quadro 04, devem receber iluminação natural conveniente, oriunda diretamente do exterior
ou indiretamente, através de recintos adjacentes. Para o período noturno, o sistema de
iluminação artificial deve proporcionar condições internas satisfatórias para ocupação dos
recintos e circulação nos ambientes com conforto e segurança (NBR 15575-1, 2013).

QUADRO 05: NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA GERAL PARA ILUMINAÇÃO NATURAL


Iluminância geral (lux) para o nível mínimo de
Dependência
desempenho
Sala de estar;
Dormitório;
≥ 60
Copa / cozinha;
Área de serviço.
Banheiro;
Corredor ou escada interna à unidade;
Corredor de uso comum (prédios); Não exigido
Escadaria de uso comum (prédios);
Garagens/estacionamentos

Fonte: NBR 15575 – 1 (2013).

Ressalta-se que o parâmetro é mínimo para iluminação natural, e se mesmo assim


nas dependências anteriormente relatadas não conseguir chegar neste nível de 60 lux, a
ação do projetista é de trabalhar a complementação de iluminância por meio do projeto de
iluminação artificial, logo deve ser encarada apenas como uma diretriz. A partir do que foi
estabelecido para iluminação natural, a ABNT/NBR 15575-1 (2013), traz alguns parâmetros
mínimos para serem considerado em relação a iluminação artificial, em que os níveis gerais
de iluminação, tem relação direta com o tipo de função do ambiente e de como a iluminação
artificial deve ser complementada, com o objetivo de complementar de maneira satisfatória
os níveis de iluminância com conforto e segurança.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 92


QUADRO 06: NÍVEIS DE ILUMINAMENTO GERAL PARA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
Iluminamento geral para o nível mínimo de
Dependência
desempenho (lux)
Sala de estar
Dormitório ≥ 100
Banheiro
Área de serviço
Copa/cozinha ≥ 200
Corredor ou escada interna à unidade
Corredor de uso comum (prédios) ≥ 75
Escadaria de uso comum (prédios)
Garagens/estacionamentos internos e cobertos
Garagens/estacionamentos descobertos ≥ 20

Fonte: NBR 15575 – 1 (2013).

Deste modo, se temos 60 lux (es) como referência para iluminação natural, o
raciocínio será no sentido de complementar com a iluminação artificial, até chegar nos
níveis descritos no quadro anterior, mas lembrando que os mesmos níveis devem ser
garantidos no período noturno. Locais como sala de estar, dormitório, banheiro e área de
serviço, a iluminação artificial que garanta que todo o ambiente receba, no mínimo, 100
lux de iluminância. cozinha, por ser uma área de atividades com manuseio de utensílios e
maior necessidade de segurança na realização dessas tarefas, o mínimo exigido é de 200
lux. As áreas de circulação e estacionamento, esse valor mínimo irá oscilar de 20 a 75 lux.
Uma das normas que precisamos fazer consulta para iluminação interna de ambientes
de trabalho é a ABNT/NBR/ISO 8995-1, que apresenta diretrizes para uma boa iluminação e
visualização dos ambientes, e tem um forte apelo para o desenvolvimento de “tarefas visuais
de maneira precisa, eficiente e segura, sem gerar fadiga visual e desconforto, sendo que, essa
iluminação pode ser natural, artificial ou uma associação das duas” (NBR/ISO 8995-1, 2013).
Deste modo os parâmetros colocados por esta norma buscaram representar
um balanço razoável, respeitando os requisitos de segurança, saúde e um desempenho
eficiente do trabalho, devemos visar a utilização de soluções energeticamente eficientes.
Os parâmetros colocados nesta norma, em relação aos valores de iluminância, considerou
o desconforto que pode ser gerado pelo ofuscamento e o índice de reprodução de cor
mínimo da fonte de luz para os vários locais de trabalho e tipos de tarefas apresentados.
Mas qual a importância de se considerar o ofuscamento?
Segundo a NBR/ISO 8995-1 (2013), o ofuscamento é “a sensação visual produzida
por áreas brilhantes dentro do campo de visão, podendo ser do tipo desconfortável ou
inabilitador.” Mas quando ela considera isto faz referência tanto a iluminação natural como
artificial, e geralmente está associado a iluminação pontual ou fontes luminosas intensas,
como uma janela em um espaço relativamente pouco iluminado, ou a relação de Luminân-
cia que o objeto reflete ao olho por meio de uma fonte artificial.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 93


Segundo Lamberts, Dutra, Pereira, (2014) “Nas situações em que o processo de
adaptação da visão não acontece de forma natural, devido a uma variação muito grande
da iluminação e/ou uma exposição e mudança brusca de iluminação muito rapidamente,
pode-se experimentar uma perturbação, desconforto ou até perda na visibilidade, que é
chamada de ofuscamento”.
Mas podemos evitar o ofuscamento de que maneira?
Há de se tomar cuidado quanto a geometria de incidência da luz natural ou
artificial em relação ao olho ou destas em relação as superfícies que estejam no campo
de visão. Podemos a título de exemplificação, quando estamos dirigindo e a incidência do
sol acontece de forma repentina ao virarmos em uma curva na estrada, esta é a sensação
de ofuscamento. No campo de trabalho como se estivéssemos com o computador à frente
de uma janela, e em conjunto tanto a iluminação natural, como a tela do computador
refletisse direto à nossa visão.

FIGURA 03: OFUSCAMENTO

Os níveis de iluminância abordado pela ABNT NBR/ISO 8995 (2013) considera


diferente níveis de iluminância para diferentes tipos de locais de trabalho. Desta forma
valores de iluminância considerados na norma são as iluminâncias mantidas sobre o espaço
de trabalho, logo entendem que há plano de referência a ser considerado, podendo ser na
horizontal, vertical ou inclinado. Esta preocupação se dá em relação aos valores de iluminância
em específico nas áreas laborais, mas consideram o entorno imediato e eventuais mudanças
drásticas de iluminância, e que possam levar a um esforço visual estressante e desconfortável.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 94


O quadro a seguir toma assim os valores iluminância de tarefa e das referidas
iluminâncias do entorno imediato, mas que devemos considerar que iluminação
proporcionada no entorno imediato pode ser mais baixa que a existente na área de tarefa,
porém, não pode ser inferior aos valores apresentados:

QUADRO 07: ILUMINÂNCIA DE ENTORNO IMEDIATO


Iluminância da tarefa Iluminância do entorno imediato
(lux) (lux)
≥ 750 500
500 300
300 200
≤ 200 Mesma iluminância da área de tarefa

Fonte: NBR/ISO 8995– 1 (2013).

Ainda segundo ABNT NBR/ISO 8995 (2013) as luminâncias são determinadas pela
refletância e pela iluminância nas superfícies. Lembrando que as refletâncias se relacionam
à capacidade com as quais as superfícies possuem em refletir a luz no ambiente, logo são
valores importantes pra fins de cálculos luminotécnicos. As faixas de refletâncias úteis para
as superfícies internas mais importantes são:

QUADRO 08: FAIXAS DE REFLETÂNCIAS ÚTEIS PARA AS SUPERFÍCIES INTERNAS


Superfícies Faixa de refletância útil
Teto 0,6 – 0,9
Parede 0,3 – 0,8
Plano de trabalho 0,2 – 0,6
Piso 0,1 – 0,5
Fonte: NBR/ISO 8995– 1 (2013).

A ABNT/NBR/ISO 8995-1 (2013) considera para fins de destes cálculos as


temperaturas de cor, que como vimos é grandeza fotométrica de faixas de valores para
determinarmos a aparência de cor das fontes luminosas. Com isso, quando for especificar
em seu projeto qual a temperatura de cor que deverá ser aplicada em cada ambiente:

QUADRO 09: APARÊNCIA E TEMPERATURA DE COR


Aparência da cor Temperatura de cor correlata
Quente abaixo de 3300 K
Intermediária 3300 K a 5300K
Fria acima de 5300 K
Fonte: NBR/ISO 8995– 1 (2013).

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 95


Todos os valores de iluminância especificados na norma NBR/ISO 8995-1 (2013)
são iluminâncias que proporcionam a segurança visual no trabalho e as necessidades do
desempenho visual. A iluminância média para cada tarefa não pode estar abaixo dos valores
fornecidos pela norma, independentemente da idade e condições da instalação. O IRC por
sua vez tem relação ao nível de detalhe de cada atividade, logo como vimos o valor 80 é
tido como de conforto.

QUADRO 10: RELAÇÃO ENTRE TIPO DE AMBIENTE, TAREFA OU ATIVIDADE E AS


ILUMINÂNCIAS NA SUPERFÍCIE E IRC MÍNIMO
Iluminância na superfície IRC mínimo
Tipo de ambiente, tarefa ou atividade
(lux) (0 – 100)
Escrever, teclar, ler,
Escritórios

500 80
processar dados
Desenho técnico 750 80
Salas de reunião e
500 80
conferência
Varejo

Área de vendas pequena 300 80


Área de vendas grande 500 80
Área de caixa e
500 80
empacotador
Restaurantes e hotéis

Recepção/caixa/portaria 300 80
Cozinha 500 80
Restaurante, sala de
200 80
jantar, sala de eventos
Bufê 300 80
Berçário 300 80
Sala de aulas 300 80
Sala de aulas noturnas,
Construções educacionais

classes e educação de 500 80


adultos
Quadro negro 500 80
Salas de arte em escolas
750 80
de arte
Sala de desenho técnico 750 80
Salas de aplicação e
500 80
laboratórios
Sala dos professores 300 80

Fonte: Adaptado de NBR/ISO 8995– 1 (2013).

A ABNT/NBR 5413 (1992), embora substituída pela ABNT/NBR/ISO 8995-1 (2013),


possui valores de iluminâncias médias mínimas, especificamente para ambientes residenciais,
e apresenta três valores de iluminância para cada ambiente/atividade que apresenta: inferior,
média e superior, ao passo que ABNT/NBR/ISO 8995-1 (2013) tem seu foco em ambientes de
trabalho, ABNT/NBR/ISO 8995-1 (2013), que é a norma vigente atualmente.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 96


QUADRO 11: FATORES DETERMINANTES DA ILUMINÂNCIA ADEQUADA
Valores de iluminância - lux
Ambiente/atividade (inferior – médio – superior)
Residenciais (quartos de dormir)
Geral 100 – 150 – 200
Local (cama, penteadeira, espelho) 200 – 300 - 500
Fonte: NBR 5413 (1992).

Como foi visto as normas são importantes instrumentos de consulta e um ponto


de partida, mas devem ser encaradas apenas como parâmetros de referência quando não
temos o domínio, principalmente no início da prática profissional.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 97


3. TIPOS DE ILUMINAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO
DO PROJETO LUMINOTÉCNICO – PARTE I

Agora que entendemos a importância das normas para o início do processo do projeto
luminotécnico e as relações possível entre iluminação natural e iluminação artificial, faremos
o direcionamento do nosso estudo para os tipos de iluminação, considerando seus efeitos
cênicos, tipos de lâmpadas e outros dispositivos que podem contribuir para uma iluminação.
A luz natural é sempre bem-vinda em um projeto luminotécnico, mas a luz a artificial,
pela própria condição de ser adaptável ao nosso objetivo, e sendo a estrela para fins de
efeitos luminotécnicos, e ainda contribuir para boas práticas de iluminação no período
noturno acaba sendo a protagonista de nossos projetos luminotécnicos.
E para isto encontramos uma infinita gama de possibilidades e aplicabilidades e
por isto precisamos entender as tecnologias que estão envolvidas com as lâmpadas e
acessórios para conseguir especificar de forma coerente ao fim que se deseja, e ainda
garantir visibilidade, segurança e conforto aos usuários. Para Moreira (2015). “As fontes
artificiais são geralmente categorizadas de acordo com o fenômeno que é a causa e como
produtora do fluxo luminoso que pode ser de combustão, incandescência, descarga elétrica,
eletroluminescência etc., e são chamadas de “lâmpadas”. Essencialmente para edificações
residenciais e comerciais, as lâmpadas elétricas classificam-se em três tipos básicos: “In-
candescentes, de descarga e LED”. Vamos conhecer cada uma delas.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 98


A Lâmpadas Incandescentes, derivam das primeiras lâmpadas inventadas pelo
homem, e em essência o efeito de iluminação dá-se por conta de filamento de material
metálico, que diante de corrente elétrica, e apresentando resistência à mesma, se aquece
e com isto gera o efeito luminoso. Este foi o princípio que Humphy Davy aplicou em 1802,
mas por não conseguir manter o filamento intacto, queimava rapidamente em contato com
ar, e que em 1880 Thomas Alva Edison irá melhorar, fazendo o acréscimo de um bulbo
(vidro da lâmpada) melhorando sua vida útil e com isto conseguirá comercializar.
Com a evolução da tecnologia, a tecnologia aplicada a esta lâmpada foi melho-
rada, e é uma das opções que apresenta ótimo custo-benefício, tanto que tem amplo
custo até os dias atuais, porém a vida útil é bem limitada (aproximadamente 1000 horas)
além do fato de liberar calor ao meio em que é usada. Dentro das incandescentes temos
basicamente dois tipos:
1. Incandescentes comuns: Por sua baixa eficiência energética e produção de
calor, a lâmpada incandescente tem perdido mercado. Sousa (2011) descreve
como sendo uma lâmpada que apresenta o bulbo constituído por uma camada fina
de vidro e preenchido por um gás inerte (argônio e nitrogênio) ou vácuo, fazendo
que com isto seja preservado a condição de oxidação do filamento.

FIGURA 04: LÂMPADA INCANDESCENTE

2. Halógenas: são consideradas incandescentes, possuem o mesmo princípio de


funcionamento das comuns, porém ocorre a introdução de gases halógenos, que
potencializam o efeito luminosos, dentro do bulbo, se combinam com as partículas
de tungstênio do filamento.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 99


A simples inserção destes gases junto com a construção mais compacta, faz com que esta
lâmpada tenha vantagens adicionais se comparada a lâmpada comum, já que apresenta
iluminância mais efetiva e cores mais próximas do “branco”, que além de mais compacta,
tem maior vida útil, entre 2000 e 4000 horas (RODRIGUES, 2002). Pela condição de
coloração esbranquiçada tem grande utilidade quando se precisa condições ótimos de
IRC, Temperatura de cor mais baixa, e por conta disto acabam sendo diferenciais na
aplicação de formas arquitetônicas e ressalta as qualidades dos materiais empregados.
O princípio é o mesmo, mas existem diferentes tipos de “encapsulamento” em luminárias
e dispositivos potencializadores. Exemplos disto são os nomes que recebem para
diferenciar: dicróicas, minidicroicas, PAR 30, PAR 20, PAR 38, AR 70, AR 111.

FIGURA 05: LÂMPADA HALÓGENA

Fonte: LÂMPADA de halogêneo no seu encaixe sem vidro proteção. Wikipédia. Disponível em: https://
pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A2mpada_de_halog%C3%AAneo#/media/Ficheiro:Halogen_lamp_operating.
jpg acesso em: 02 mar. 2022.

As Lâmpadas de descarga são as lâmpadas que não possuem filamento, e o fluxo


luminoso gerado por uma passagem de corrente elétrica através de um gás, mistura de gases
ou vapores. Segundo Cardoso (2008), dentro desse grupo existem lâmpadas de vapor de
mercúrio e sódio (a baixa e alta pressão), lâmpadas de iodetos metálicos e lâmpadas mistas.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 100


FIGURA 06: LÂMPADA FLUORESCENTE

As lâmpadas que popularmente são conhecidas como lâmpada fluorescentes são


lâmpada de vapor de mercúrio de baixa pressão, geralmente, de formato tubular, e o gás
é ativado por meio de um eletrodo em cada ponta, e a energia assim passará por meio do
gás, e elétrons do gás serão excitados, gerando o efeito luminoso. O reator tem a função
de criar picos de voltagem par dar o start e desencadear a descarga de corrente elétrica,
e a radiação ultravioleta, atingirá as paredes internas do bulbo (que estas sim possuem
substância fluorescente) e dará o efeito de luz que observamos.
Com evolução de microcircuitos, hoje também existem lâmpadas fluorescente com-
pactas, no mesmo formato das incandescente comuns, só que o reator embutido na estrutura.
A vantagem deste sistema de lâmpadas normalmente em relação as halógenas na
economia do consumo em média de 80%, e durabilidade 10 vezes maior, o que implica na
redução de custos, tanto para manutenção quanto para reposição, além de não produzirem
calor. IRC destas lâmpadas giram em torno de 85 e o mercado já apresentam opções de
design com modelos mais compactos.

FIGURA 07, 08, 09: TIPOS DE LÂMPADAS FLUORESCENTE

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 101


As Lâmpadas Fluorescente que vimos a pouco é de vapor de mercúrio de
baixa pressão, mas podemos destacar que existe as de mercúrio de alta pressão, que é
conseguido por um pequeno tubo em que contém alta concentração deste gás, sendo este
um tipo especial desta lâmpadas, capaz de produzir luz mista e consiste uma lâmpada de
bulbo fluorescente com o tubo de descarga ligado em série com um filamento de tungstênio,
ocorrendo a mistura harmoniosa da radiação das duas fonte e o filamento age como reator.

FIGURA 10: EXEMPLO DE LÂMPADAS DE VAPOR DE MERCÚRIO DE ALTA PRESSÃO

As Lâmpadas de vapor de sódio, são um outro tipo, que podem se de baixa ou alta
pressão. A diferença consiste em que as lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão são
constituídas por um tubo de descarga de vidro, que contêm um eletrodo para refletir a radiação
infravermelha quando se atinge o ponto de fusão do sódio, causando sua vaporização. Nas
lâmpadas de alta pressão, no interior do tubo existe sódio e um gás inerte que interfere
no “start” da lâmpada, e tem por característica básica dois eletrodos inserido no tudo de
descarga de óxido de alumínio sintetizado, e geralmente apresentam tonalidade alaranjada e
são bastante empregadas em iluminação externa e industrial, geralmente a grandes alturas.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 102


FIGURA 11: EXEMPLO DE LÂMPADAS DE VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO

As Lâmpadas LEDs (light emitting diode - diodo emissor de luz) compõe-se


basicamente por diodos, que em suma são dispositivos eletrônicos que permitem a
passagem de corrente elétrica, e a converte em luz visível. As principais vantagens, em
relação a incandescente e de descarga, é a substância redução de consumo de energia
elétrica, e ausência de metais pesados, e sua eficiência luminosa e vida útil é maior. Tem
se popularizado por seu baixo custo de manutenção, não emissão de calor e raios UV, e a
disponibilização no mercado de diversos designs, forma e tamanhos tem auxiliado bastante
os profissionais do projeto luminotécnico a conseguir bons resultados e ainda promover
a sustentabilidade pois a Lâmpada de LED não é nociva a ele tem maior durabilidade,
minimiza a quantidade de lâmpadas a serem descartadas.
A evolução das lâmpadas LED vem apresentando não só soluções de tamanhos
e modelos, mas quando aos seus formatos tem facilitado muito a aplicação nos projetos
luminotécnico, a exemplo disto são a fitas LEDs, LED tubulares, de bulbo, em fita, em perfil,
em painel, refletoras, com diferentes cores e temperaturas de cor.

FIGURA 12: EXEMPLO DE LÂMPADA LED

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 103


FIGURA 13: EXEMPLO DE LÂMPADA LED

Agora que temos domínio sobre os tipos de lâmpadas é interessante que conheçamos
um pouco mais sobre os tipos de iluminação e seus efeitos no ambiente de interiores.
A maioria dos fabricantes de lâmpadas tomam por referência que a eficiência
energética das lâmpadas segue a relação de Lumens/Watt e a depender do objetivo, a
decisão for ter a melhor relação de custo por watt e iluminância

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 104


4. TIPOS DE ILUMINAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
LUMINOTÉCNICO – PARTE II

Podemos dizer que existe mais um tipo de iluminação, mas podemos categorizá-las
de acordo com o efeito que pretendemos dentro as possibilidades de possíveis combinações?
Sim podemos, mas para realizar um projeto eficaz, entendo os parâmetros
fotométricos e tipos de lâmpadas, é interessante que a cada novo projeto tenha em mente
qual a “qualidade” que quer colocar em seu projeto por meio das opções que o mercado
tem disponível e da forma que quer impactar o cliente.
Mas também devemos ter a sensibilidade que a luz altera a percepção do espaço. Se
o espaço é vazio, a luz influencia o espaço que define a forma. Para Barbosa (2010) “A forma
iluminada mostra os contornos, superfícies, texturas e cores. A relação entre luz e espaço dita
a nossa percepção visual do mundo que nos cerca e da maneira como o sentimos”
● Iluminação geral;
● Iluminação de tarefa;
● Iluminação localizada;
● Iluminação Indireta/Luz decorativa/;
● Iluminação de destaque/Iluminação Direta;
● Iluminação Difusa.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 105


Dentre as primeiras técnicas para elaboração de um projeto luminotécnico temos
a Iluminação Geral, que é o tipo de iluminação considerada a mais básica para se
promover a luz artificial, e é usada quando os efeitos estéticos não são primordiais em
relação a funcionalidade do ambiente, e que temos que observar apenas os requisitos de
segurança e conforto, para isto podemos fazer usos dos parâmetros normativos para se
promover esta iluminação correta.
A iluminação geral assim é uma forma de trabalhar a luz de forma distribuída
nos ambientes, sem focar ou destacar nada em específico, e disponibilizada de maneira
disseminada, promovendo a iluminação uniforme em todo o espaço, isto não significa que
não tenhamos que fazer a observação do layout dos ambientes e eventuais flexibilizações
que este ambientes possam ter, logo podem ser previstas no espaço de maneira a atender
a múltiplos layouts, não se direcionando a uma função especifica ou atividades que exigem
níveis de iluminância diferenciados, elevados ou mais focalizados.

FIGURA 14: EXEMPLO DE ILUMINAÇÃO GERAL

A iluminação de tarefa, normalmente pode associar tanto luz natural como luz
artificial, porém tem o controle das condições de iluminação sobre uma determinada área
em que será, por exemplo, desenvolvida uma tarefa visual. Geralmente aplicada em
trabalhos que exigem minucias de detalhes, ou quando a iluminação geral não garantes
as condições de acuidade visual necessária para o desenvolvimento da tarefa. Quando
adotadas isoladamente, a iluminação de tarefa pode refletir na economia de energia, visto
que a iluminação é gerada por um ponto só ou até mesmo com o apoio da iluminação
natural. O objetivo dessa luz é auxiliar e promover uma boa e correta visibilidade para a
realização de uma atividade (tarefa) específica.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 106


FIGURA 15: EXEMPLO DE ILUMINAÇÃO DE TAREFA

Quando a iluminação geral for insuficiente para a realização de determinadas


tarefas desenvolvidas no ambiente, Lamberts, Dutra e Pereira (2014) sugerem que pode-se
acionar a iluminação de tarefa, o que também pode favorecer na economia de energia, visto
que, se o local possuir iluminação natural e de tarefa, a iluminação geral pode ser acionada
somente quando a luz natural não estiver mais presente.
Quanto a aplicabilidade, dependerá do nível de iluminância e luminância
necessária para ser aplicadas e trabalhada nos locais de trabalho, pois a atividade de um
dentista provavelmente necessitará de maior nível de detalhe do que uma pessoa que
está desenvolvendo estudo em um livro. Sua relação é direta com a atividade que será
executada e que maior segurança e qualidade visual.
É comum que tenhamos a ideias de iluminação de tarefa e iluminação localizada,
porém o fato de ser localizada não necessariamente a coloca como luz de tarefa. Vejamos
alguns exemplos de efeitos:
Geralmente a iluminação localizada tem por objetivo destacar um determinado ponto
do projeto, tem relação direta com a produção de um efeito lumínico que se aproveita da
geometria aplicada do tipo de lâmpada e luminária que se está utilizando. Logo é utilizado
um recurso visual como destaque de quadros, elementos decorativos entre outros, para fins
de chama o olhar do expectador para os pontos de interesse.
Para Pocztaruk (2020) pode ser entendida como luz de destaque que é um tipo
de iluminação direta, ou seja, direcionada exatamente sobre a superfície que se deseja
destacar, sendo uma iluminação que valoriza algum ponto específico, proporcionando
luz e sombra, tendo um facho de luz concentrado, criando um centro de interesse e
chamando a atenção do olhar.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 107


FIGURA 16: EXEMPLO DE LUZ DE DESTAQUE

Por este motivo a luz de destaque é normalmente mais empregada em arquitetura


de interiores ou paisagismo e visa criar destaque e gerar interesse ressaltando aspectos
visuais do acabamento, dos detalhes, das formas, das cores, voltando o olhar e a atenção
para esses elementos de composição do ambiente.
A luz de efeito é uma forma de utilizar a luz nos projetos luminotécnicos considerando
o efeito da luz em si na composição, com objetivo único de promover a visibilidade dela
ou em destaca elementos compositivos associados a mesma, a luz assim acaba sendo o
ponto de interesse.

FIGURA 17: EXEMPLO DE LUZ DE EFEITO

Desta forma a simples utilização da luz, traz a identidade e sofisticação ao projeto,


e com isto capaz de gerar geometrias, cores, formas como mais um elemento compositivo
que pode trazer identidade e sofisticação para o projeto, logo é um recurso de decoração.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 108


FIGURA 18: EXEMPLO DE LUZ DE EFEITO

Outro exemplo que pode ser trabalhado nos projetos luminotécnicos é a luz
decorativa. Neste tipo de iluminação, a função estética e decorativa é tão importante
quanto a luz gerada pela lâmpada. Com isso, o destaque está nas luminárias e lâmpadas
escolhidas, visto que estes elementos são utilizados não apenas para iluminar, como
também, para decorar (POCZTARUK, 2020).
A luz decorativa assim permite infinitas possibilidades, assim como o mercado
tem explorado alguns tipos de lâmpadas, como o próprio elemento decorativo, como por
exemplo a “luz de filamento” com diversas formas e cores, que se potencializam ainda
mais quando usadas com luminárias com design diferenciado, aumenta seu potencial de
destaque na decoração.
Para o desenvolvimento do projeto luminotécnico existe opções no mercado de
luminárias como por exemplo: pendentes, lustres, arandelas, luminárias de mesa e piso,
entre outras opções, que podem direcionar a adoção de linguagens mais específicas, e cuja
função é fornecer iluminação, mas sobretudo devem ser avaliadas conforme funcionalidade
e personalidade do projeto luminotécnico.
A luz indireta é outra técnica que tem ganhado destaque, que auxilia bastante
no efeito cênico, já que as tecnologias, em especial a do Led, além de opções de cores e
dimensão tem auxiliado bastante, pois podem ficar escondidas em sancas de gesso, atrás de
aplicações às paredes, e cujo efeito não é obtido diretamente da luz, mas sim do luminância
que ela proporciona a incidir sobre a superfície, e esta sim que fará o efeito acontecer em
relação ao ambiente. Através da reflexão dessa luz, encoberta por um anteparo, ela se difunde,
com isso, a luz que ilumina não é direta, e sim, refletida. Seu uso principal acontece quando
pretende-se desenvolver um ambiente agradável e aconchegante, quando se pretende
promover um ambiente aconchegante e íntimo, pela diminuição de contraste e sombras.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 109


FIGURA 19: EXEMPLO DE LUZ INDIRETA

Perceba que a iluminação indireta é assim a luz que não se reflete diretamente da
fonte luminosa, mas sim por meio da reflexão.
Como vimos não existe um tipo de iluminação certa, e sim aquela que seja aderente
ao conceito que se pretende aplicar, e que consiga manifestar o “clima” que se pretende
imprimir ao projeto, e a utilização desta palavra é no sentido de criar sensações, e iluminação
quando observada também como elemento compositivo, enriquece a arquitetura e em
especial o design de interiores, e pode ser um dos elementos de sucesso e de influência no
estado psicológico do usuário.

SAIBA MAIS

Você sabia que existe uma área do conforto ambiental que tem preocupação em relação
ao uso do edifício e por meio dela é possível identificar oportunidades de melhoria para
projetos futuros, o nome desta área do conforto chama-se Avaliação Pós Ocupação. Na
verdade, isto é recorrente ao longo da história, mas efetivamente se formalizou como
área do conhecimento dentro da arquitetura primeiros estudos foram realizados por volta
dos anos de 1950, nos Estados Unidos, e somente a partir de 1984, no Brasil, formaliza-
se como disciplina como “APO em Edificações” na FAUUSP.
Um dos principais autores brasileiros estudiosos do assunto é Ornstein, e a partir deste
autor podemos caracterizar melhor qual melhor definição de APO:
Avaliação Pós-ocupação (APO) – do inglês, Post-Occupancy Evaluation
(POE) – avaliação retrospectiva (no sentido de repensar o projeto após
sua utilização) de ambientes construídos. Adotada para diagnosticar e
recomendar, segundo uma visão sistêmica e realimentadora, modificações
e reformas no ambiente objeto da avaliação e para aprofundar o
conhecimento sobre este ambiente, tendo-se em vista futuros projetos
similares. É aplicada através de multimétodos e técnicas e leva em conta o
ponto de vista dos especialistas/avaliadores e dos usuários dos ambientes,
leigos ou não (ORNSTEIN,1995, p.7).

Fonte: ORNSTEIN (1995, p.7).

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 110


REFLITA

Já parou para pensar qual a objetivo de desenvolver um projeto luminotécnico e no que


consiste a metodologia de desenvolvimento deste? Quando devo começar a pensar o
projeto luminotécnico pensando no processo de projeto de arquitetura e como deve ser
a iluminação de cada ambiente?
São questionamentos que todo arquiteto (a) ou engenheiro (a) faz principalmente
quando estamos desenvolvendo um projeto seja na hora de construir ou de reformar,
ele deve ser pensado a partir do momento que o cliente começa a manifestar suas
intenções de uso do ambiente, sim, é isto mesmo, já na primeira entrevista com o
cliente é o momento de começar a pensar o projeto luminotécnico. Este pensamento
deve ser pelo menos em termos conceituais, qual qualidade quero imprimir, que
sensações quero causar em no cliente.

Fonte: COELHO, J. Projeto Luminotécnico: Como fazer? Projetou Blog. Disponível em: https://www.
projetou.com.br/posts/projeto-luminotecnico/ acesso em: 02 mar. 2022.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 111


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente capítulo abordou aspectos essenciais para a abordagem do cliente


e de como devemos coletar os requisitos para o começo do desenvolvimento do projeto
luminotécnico, inclusive dentro do aspecto conceitual, algo que muitos profissionais falham,
e não dotam o projeto de qualidades que são essenciais ao cliente. A ideia do capítulo foi
ajudar o profissional dar um “start” para o início do projeto, e dele sejam direcionadas as
ações e diretrizes relevantes para qualificar o projeto, além de direcionar a requisitos de
conforto e segurança essenciais a um projeto de iluminação.
Em um segundo momento foi feita uma abordagem dos requisitos normativos
mínimos, e que pela própria proposição das normas, dá um direcionamento quanto ao uso
conjunto de iluminação natural e artificial.
Optou-se por fazer as duas partes finais do capítulo vinculando-se aos aspectos mais
técnicos como os tipos de lâmpadas, em seus aspectos tecnológicos e suas eficiências do
ponto de vista energética. O mercado da iluminação é bem dinâmico, e cabe ao profissional,
a cada novo projeto, ver as oportunidades que lhe apresentam como novas tecnologias,
novos dispositivos e associação com luminárias, entre outros efeitos.
A parte final do capítulo direciona-se à alguns aspectos compositivos e dos tipos de
efeitos possíveis quando se fala de iluminação, e visa direcionar como estes efeitos podem
ser explorados. A ideia é criar repertório formal e estilístico, que com o tempo, o profissional
adquirirá no exercício do projeto, e será com o tempo refinada a capacidade de tomada das
melhores decisões em seus projetos luminotécnicos.
Desta maneira, é de consciência do profissional do projeto Luminotécnico buscar a
compreensão do projeto arquitetônico e disposição de cada um dos ambientes, entender o
projeto arquitetônico como um todo.
Lançar um projeto de iluminação assim é entender a disposição do mobiliário nos
ambientes, entender as particularidades para o tipo de instalação que se convergem para
aquela atividade do ambiente e isto somente com atenção aos pontos observados já nas
primeiras conversações com o cliente.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 112


O pensamento de iluminação não é um receituário pronto, logo tem ambientes que
exigirão mais aconchego e outros que exigirão iluminações mais uniformes, e somente
depois de definido o que o “ambiente que ser”, é que se parte para as escolhas de lâmpadas,
luminárias e outros itens.
Neste processo cabe a depender do tipo de iluminação desejada, tipo de projeto
olhar não somente normas técnicas de iluminação, mas também outras aderentes às
temáticas que cada ambiente aborda, especificas de acordo com os tipos de projetos.
Uma vez qualificado o projeto e concebido conceitualmente, e direcionadas as
tecnologias abordadas, é interessante que consiga não só quantificar os itens e valores
que serão usados no projeto, mas também o consumo energético.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 113


LEITURA COMPLEMENTAR

ARTIGO 1: Estratégias de conforto lumínico aplicadas em projetos residenciais


O presente artigo busca correlaciona aspectos da iluminação natural e artificial
com o projeto do edifício, em especial o uso da A incidência solar que é uma das variáveis
mais importantes a serem consideradas em projetos de arquitetura. Em arquitetura o sol,
como fonte natural de iluminação é um importante variável, sabendo seu comportamento
pode impactar uma série de decisões que vão desde a orientação da edificação no terreno
à especificação das esquadrias. Sendo assim é importantíssimo considerar e saber como
explorar sua incidência e trajetória pois pode contribuir para o conforto lumínico nos
ambientes internos de um edifício.

Fonte: Moreira, S. Estratégias de conforto lumínico aplicadas em projetos residenciais.


ArchDaily Brasil. 2021. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/958599/estrategias-
de-conforto-luminico-aplicadas-em-projetos-residenciais acesso em: 02 mar. 2022.

ARTIGO 2: Inserção Urbana e Avaliação Pós-Ocupação (APO) da Habitação


de Interesse Social
Outra leitura que é interessante para mostrar que existe uma preocupação por
parte dos órgãos financiadores como a caixa econômica, que estão olhando com mais
atenção para as necessidades dos ocupantes das habitações de interesse social, e com
isto está patrocinando cada vez mais avalições pós-ocupações.

Fonte: ABIKO, A. K; ORNSTEIN, S.W. Inserção Urbana e Avaliação Pós-Ocupação


(APO) da Habitação de Interesse Social. São Paulo: FAUUSP, p.373, 2002. Disponível
em https://www.caixa.gov.br/Downloads/desenvolvimento-urbano-habitacao/Coletanea_
Habitare_Volume_1.pdf Acesso em: 02 mar.2022.

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 114


  MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Avaliação pós-ocupação – da teoria à prática.
Autor: Rosaria Ono, Sheila Walbe Ornstein, Simone Barbosa Villa,
Ana Judite Galbiatti Limongi França.
Editora: Oficina de Textos.
Sinopse: A avaliação pós ocupação é uma das áreas do conforto
que aborda o ambiente construído e é uma subárea do conforto
ambiental, na qual são analisadas as variáveis influentes de
modo a aferir seu desempenho físico sobre a ótica do edifício já
em uso pelos usuários.


FILME/VÍDEO
Título: Iluminação / Qual lâmpada usar na sua casa?
Ano: 2020.
Sinopse: O profissional que expõe no vídeo vai recapitular alguns
conceitos para ajudar a lembrarmos do que estudamos quanto aos
tipos de iluminação.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=xJZaSVE4AzY

UNIDADE IV O Projeto Luminotécnico 115


REFERÊNCIAS

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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5382:


Verificação de iluminância de interiores. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1985.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5413:


Iluminância de Interiores. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1992.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/CIE


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Janeiro, 2013.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15215-4: Iluminação


Natural – Parte 4: verificação experimental das condições de iluminação interna de
edificações – Método de medição. Rio de Janeiro, 2005.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5461: Iluminação:


Terminologia. Rio de Janeiro, 1991.

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Interior. Rio de Janeiro, 2013.

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está mudando - Usinas híbridas, que utilizam mais de um tipo de fonte de geração de
energia elétrica, têm ganhado espaço”. Disponível em https://www.gov.br/pt-br/noticias/
energia-minerais-e-combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-
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Natural – Parte 3: Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em
ambientes internos. Rio de Janeiro, 2005.

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br/teses/disponiveis/3/3143/tde-30112010-150117/publico/Dissertacao_Thais_Maziotti_
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119
CONCLUSÃO GERAL

E aí o que achou do conteúdo?

Se transformará em um observador da iluminação? Não se preocupe, é normal.


A disposição dos conteúdos buscou lhe mostra a relação histórica que o homem teve
com a luz e com isto, por herança dos nossos ancestrais temos uma relação muito estreita
com a luz, ao ponto que nossa vista, é a porta de entrada e com isto influiu em toda nossa
rotina, e mexe inclusive com aspectos fisiológico e hormonais, formando o ciclo circadiano.
A luz assim tem influência sobre o nosso estado psicológico e atividades cognitivas básicas.
Uma vez entendida a relação do corpo com a luz, foi necessário entender com
a física conceitua e entende o fenômeno da luz, em sua manifestação e interação com
os objetos e outros aspectos essenciais para que quando estudássemos a sua aplicação
tivéssemos noção das variáveis.
A discussão que seguimos, na sequência sobre possíveis estratégia para o consumo
energético assim como conceito e definições relacionadas a mesma, além de entender
os conceitos de desempenho luminotécnico e desempenho energético, tão essenciais em
tempos de discussão sobre a sustentabilidade e certificação ambiental.
Fizemos este caminho para que ao final do conteúdo tivesse domínio de diversos
aspectos que possam auxiliar em sua tomada de decisão, mais especificamente no
desenvolvimento do projeto para que quando fosse aplicar os tipos de iluminação e o próprio
desenvolvimento do projeto, conseguisse entender o projeto luminotécnico, e associa-lo à
aspectos da técnica luminotécnica com parâmetros normativos de saúde, segurança e conforto.

120
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