Silke Kapp e Ana Baltazar (eds.

Moradia e
outras margens
volume 1
 [2012] Além da representação
Ana Paula Baltazar

O artigo foi escrito para a revista V!rus, respondendo à chamada temática

“re: pre: sentar”. Ele distingue entre representação na arquitetura (arquite-
tura que representa significados) e representação da arquitetura (con-
cepção do projeto separado do trabalho de construção e uso), e aponta
a consolidação da representação como paradigma informacional na era
moderna. A promessa de superação do paradigma perspectívico com o
paradigma informacional é discutida a partir dos limites de três tendên-
cias do uso de computadores na arquitetura, apostando na possibilidade
de que a arquitetura como interface supere o paradigma perspectívico,
mudando o foco da representação para a interatividade.1

No processo de produção da arquitetura convencional, podemos dizer

ńňĸŅĸѓ‫ׇ‬ŃŅĸѓ‫ׇ‬ņĸŁŇĴŅŅĸļŇĸŅĴĴĿĺłĶłŁĶĸĵļķłĴŁŇĸņҎŃŅłĽĸŇłҏёŅĸŀĸŇĸĴĴĿĺł
que estaria por vir (espaço construído) e estabelece um estado de per-
ŀĴŁŴŁĶļĴҎĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴŃŅłŁŇĴёĴĶĴĵĴķĴҏєłŁŇňķłёŇĴĿŃŅłĶĸņņłķĸʼnĸ
ser questionado, uma vez que podemos imaginar uma arquitetura que
Łőłņĸ֍ŋĸĸŀĸņŇĴķłŃĸŅŀĴŁĸŁŇĸĸĶňĽĴŃŅłķňŬőłŁőłņĸĽĴŃĴňŇĴķĴ
pela reiteração do espaço concebido com sua separação clara da cons-
ŇŅňŬőłĸķłňņłє ŴŁĹĴņĸŁłĸņŃĴŬłʼnļʼnļķłĸņĶĴŃĴŎŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłє ņ
novas mídias, principalmente a computação física (analógico-digital),
apontam para a possibilidade de superação da representação no pro-
ĶĸņņłķĸŃŅłķňŬőłķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴєłŁŇňķłёŇĴĿņňŃĸŅĴŬőłŁőłųŇĴŅĸĹĴ
ĹŏĶļĿєĻļņŇƷŅļĶłķĴŅĸĿĴŬőłĸŁŇŅĸŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłĸĴŅńňļŇĸŇňŅĴŁőłŃłķĸ

1 Primeira publicação: Além da representação: possibilidades das novas mídias na

arquitetura. V!RUS, v. 8, 2012, on-line.
Os termos da chamada de contribuições para o volume 8 da revista V!rus eram: “A
palavra vem do latim repraesentare e contém dois prefixos. O primeiro é re-, que
significa ‘para trás’, sugerindo a reiteração de algo, e o segundo é prae-, que sig-
nifica adiante, antes de, e remete a algo que ainda estaria por vir. Os dois prefixos
encontram-se ligados ao verbo sedere, cujo significado de assentar, sentar, designa
o que se estabelece, o que se define. Desse ponto de vista, re: pre: sentar envolve,
ao mesmo tempo, um gesto relacionado à pré-existência, ao que já havia ou que já
foi (re-), associa-o a um olhar sobre o que ainda não é, ao que pode vir a ser (pre-),
e transforma o ato de definição, de estabelecimento, de permanência (sentar)”.

248 249
 ser simplesmente desprezado, mas entendido para que seja possível
superar suas limitações e vislumbrar a possibilidade de apropriação
das novas mídias além da reprodução do processo convencional de pro-
ĽĸŇłĵĴņĸĴķłŁĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶĴє ŃĴŅŇļŅķłĸŁŇĸŁķļŀĸŁŇł
da representação na e da arquitetura, é possível questionar o que vem
sendo tomado como mudança de paradigma na era informacional e
apontar uma possibilidade real de mudança de paradigma no processo
ķĸŃŅłķňŬőłķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴєŅļĿĻĴŁķłĸņņĸĶĴŀļŁĻłĶŅƓŇļĶłķĴŅĸŃŅĸ-
sentação e das novas mídias, a interatividade passa a ser valorizada
por meio da possibilidade de se pensar arquitetura como interface, um
processo que tem continuidade durante o uso, e não mais arquitetura
ĶłŀłŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłёĸņŃĴŬłĶłŁĶĸĵļķłёŃŅłŁŇłёĴĶĴĵĴķłє
ĸʼnĸŅĿŌ
łňĿĸʼnĴŅķёĸŀłĿĿŌŊłłķё
ĿĴĶľёķĸӄӌӆӋє
Sobre a representação na e da arquitetura
ĴŅĴłĿĴŁķ
ĴŅŇĻĸņёĴŃĴĿĴʼnŅĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłŇĸŅļĴķłļņņļĺŁļ֍ĶĴķłņѓ tura a representação da arquitetura, ou seja, a maneira como o objeto
ѢĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłķĸņļĺŁĴňŀĴĶƷŃļĴёňŀĴļĿňņőłёňŀĴ֍ĺňŅĴĴŁĴĿƷĺļĶĴё
ňŀŃŅłķňŇłņĸŀĸĿĻĴŁŇĸђŀĴņёŁłņĸŁŇļķłĸŇļŀłĿƷĺļĶłёĴŅĸіŃŅĸņĸŁŇĴ-
ŬőłųĴʼnłĿŇĴķĴńňļĿłńňĸņĸĴŃŅĸņĸŁŇłňѣє2 Representação pode ser lida,
assim, em seu sentido misto, como o que presenta o objeto novamente
ŃłŅŀĸļłķĸņĸňŃŅłķňŇłіņĸŀĸĿĻĴŁŬĴёŁőłĴŃĸŁĴņpresentando o próprio
objeto de novo, mas presentando-o ĴŇŅĴʼnųņķĸłňŇŅłŀĸļłє ņņļŀёŇĸŀ-
-se a representação na arquitetura e a representação da ĴŅńňļŇĸŇňŅĴє
No caso da representação na arquitetura, é a arquitetura que deve
ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŅєňŀĴĴŁĴĿłĺļĴĶłŀĴĿļŁĺňĴĺĸŀёĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴņĸŅļĴł
ķļņĶňŅņłёłĻĴĵļŇĴŅńňĸķĸŃĸŁķĸķĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłєĴŅĴ ĿĵĸŅŇłųŅĸōі
ƷŀĸōĸłňļņĸĸĿĿĸŇļĸŅёѢňŀĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴņļŀĵƷĿļĶĴųĴńňĸĿĴńňĸ
ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴёĴńňĸĿĴńňĸŃłķĸņĸŅŅĸĶłŁĻĸĶļķĴĶłŀłŃĴŅŇĸķĸŁłņņłņ
ņłŁĻłņĶłĿĸŇļʼnłņёĶłŀłňŀĿňĺĴŅķĸŃĿĸŁłĻĴĵļŇĴŅєҒєєєғ ņņļŀёĴĶŅļĴŬőł
ĸŁńňĴŁŇłŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłķĸʼnĸņĸŅłłĵĽĸŇļʼnł֍ŀķłŇŅĴĵĴĿĻłĴŅńňļŇĸŇƸ-
ŁļĶłņĸųńňĸĴŁłņņĴŃŅł֍ņņőłŇĸŀĴĿĺňŀņļĺŁļ֍ĶĴķłņłĶļĴĿѣє3
Na visão desses autores, os elementos da arquitetura devem expres-
ņĴŅłņļŀĵłĿļņŀłńňĸŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŀє ĴŅńňļŇĸŇňŅĴųĶĴŅŅĸĺĴķĴķĸņļĺŁļ-
֍ĶĴŬőłŃłŅŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŅňŀĴļŁŇĸŁŬőłёňŀĶĴŅŏŇĸŅёĴĿųŀķĴņŅĸĹĸŅŴŁĶļĴņ
ņłĶļłĶňĿŇňŅĴļņє ĴŅńňļŇĸŇňŅĴųёĸŁŇőłёłŀĸļłŃĸĿłńňĴĿķļʼnĸŅņĴņŅĸĿĴŬƹĸņ
2 barthes, Réquichot e seu corpo, [1973] 1990, p. 206.
3 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation beyond perspectivism, 1992,
p. 34, nota 40.
250
ņőłŅĸŃŅĸņĸŁŇĴķĴņņļŀĵłĿļĶĴŀĸŁŇĸєѢ ĴŅńňļŇĸŇňŅĴŇŅĴķļĶļłŁĴĿĶłŁņŇŅƷļ
ĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłѣє4
Na passagem do Medievo para o Renascimento, com o advento
da imprensa de Gutenberg, foi pela primeira vez questionado o papel
ķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴĶłŀłŀĸļłŃĴŅĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŅņļĺŁļ֍ĶĴķłєļĶŇłŅňĺł
ĸņĶŅĸʼnĸňńňĸłĿļʼnŅłŀĴŇĴŅļĴłĸķļĹƓĶļłє5 Contudo, o questionamento
provou-se vão, pois o livro não só não matou o edifício, como o edifí-
cio vem reinventando, ao longo da idade moderna, diferentes formas
ķĸŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŅņļĺŁļ֍ĶĴķłєłŃƷņіŀłķĸŅŁļņŀłёŃłŅĸŋĸŀŃĿłёłĵĸŅŇ
ĸŁŇňŅļĶĻĸĺłňĴłĿļŀļŇĸķĸĸŋĴĿŇĴŅĸķļĹƓĶļłņĶłŀĸŅĶļĴļņńňĸŅĸŃŅĸ-
sentavam literalmente os produtos que vendiam, como o quiosque de
ĶĴĶĻłŅŅłіńňĸŁŇĸńňĸŅĸŃŅłķňōĴŇųŀĸņŀłĴŀłņŇĴŅķĴĸŀņňĴĴŃĴŅŴŁĶļĴё
ĶłŁņŇŅňƓķłłŅļĺļŁĴĿŀĸŁŇĸĸŀӄӌӇӈёŁł
ĴŃĴŅŇļŅķłŃŅłĽĸŇłķłĴŅńňļŇĸŇłļĿŇłŁ
Contudo, prevalece na discussão sobre representação e arquite-
ĴŅńňļŇĸŇƸŁļĶłųŅĸķňōļķłĸŀņňĴķļŀĸŁņőłŃĸŅĶĸŃŇļʼnĴĸķĴķłŎĿĸļŇňŅĴє
ņķĸņĸŁĻłņķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴņĸŅőłĶłŁņļķĸŅĴķłņņňĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłё
ĶłŀłŇĴŀĵųŀłņĸŅőłĴųҳĺŅĴ֍ĴёłʼnƓķĸłёłņŀłķĸĿłņёĸŁ֍ŀёŇňķł
que guarde uma relação de aparência com o objeto, mas que não faça
ʼnĸŅłłĵĽĸŇłĶłŀłĹĸŁƸŀĸŁłёņĸŁőłŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłķłĹĸŁƸŀĸŁłє6
Numa analogia da arquitetura com a linguagem, a representação
da arquitetura é sua escrita, e sua língua, seu código, funda-se no para-
ķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłёĶłŀłĴŃłŁŇĴķłŃłŅłņųķłņĴŁŇłņĴĵŅĴĿļĿĻłѓ
ŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴŁőłļŁ֓ňĸŁĶļłňĴŃĸŁĴņĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴĸĴņķļņĶļŃĿļŁĴņĴŅŇƓņ-
ŇļĶĴņёŀĴņŇĴŀĵųŀķĸňłŅļĺĸŀĴłŃĸŁņĴŀĸŁŇłĶļĸŁŇƓ֍ĶłŀłķĸŅŁłє ŇųĶ-
ŁļĶĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶĴĹłļňŀļŁņŇŅňŀĸŁŇłĶłŁĶĸļŇňĴĿŃĴŅĴĴĵłŅķĴŅłŀňŁķłє
O aparato perspectívico estrutura o mundo e torna-o um ambiente pas-
sivo, de uma descrição precisa, uma representação verdadeira e, portanto,
ĴĵĸŅŇĴŎĴŁŏĿļņĸĶļĸŁŇƓ֍ĶĴє ŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴŇłŅŁĴіņĸňŀŃĴŅĴķļĺŀĴŃĴŅĴĴ
ĶĸŅŇĸōĴёŅĴĶļłŁĴĿļķĴķĸĸĶłŁĻĸĶļŀĸŁŇłłĵĽĸŇļʼnłє7
4 peixoto, O olhar do estrangeiro, [1988] 1993, p. 362.
5 hugo, O corcunda de Notre Dame, [1831] 2015, p. 226.
6 heidegger, Ser e tempo, [1927] 2005, pp. 58–62 (O conceito de fenômeno).
7 cabral filho, Formal games and interactive design, 1996, p. 26.
251
 Podemos encarar a perspectiva como o paradigma da representação
ķĸņķĸłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłёńňĴŁķłķłĶłŀĸŬłķĸņňĴňŇļĿļōĴŬőłє ŃĸŅņŃĸĶ-
ŇļʼnĴņňŅĺĸĻļņŇłŅļĶĴŀĸŁŇĸŁłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłёĸŀĵłŅĴķļʼnĸŅņłņĴňŇłŅĸņ
ŀĵłŅĴłņŃļŁŇłŅĸņ֍ōĸņņĸŀňņł
ķĸĹĸŁķĴŀńňĸļŇŅňʼnļňņĽŏĴŃŅĸņĸŁŇĴʼnĴłņŃŅļŁĶƓŃļłņķĴŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴĸŀ
ņĸňŇŅĴŇĴķłņłĵŅĸĴŅńňļŇĸŇňŅĴє8 Mas é no Renascimento que começa a ser
ĴŇŇļņŇĴ ĿĵĸŅŇļļŁŇŅłķňōļňĸŀņĸňŇŅĴŇĴķłDe pictura a perspectiva
discutida a questão da representação da arquitetura e nele são levanta-
ķĴņńňĸņŇƹĸņŅĸĿĴĶļłŁĴķĴņѢŎņķļ֍ĶňĿķĴķĸņĸŁʼnłĿʼnļķĴņŁĴĶłŁĶĸŃŬőłķĴ
ĴŅńňļŇĸŇňŅĴĸŀŇĸŅŀłņķĸňŀĶłŁĽňŁŇłķĸŃŅłĽĸŬƹĸņĵļķļŀĸŁņļłŁĴļņѣє9
A alteração do processo de produção da arquitetura tem início com a
ŃłņņļĵļĿļķĴķĸķĸŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłĸĴĶŅļĴŬőłķĴŃŅł֍ņņőłķłĴŅńňļŇĸŇł
ŃĴŅĴļņņłє ņņļŀёĴŃŅŏŇļĶĴĴŅńňļŇĸŇƸŁļĶĴĶłŀĸŬĴĴņłĹŅĸŅŀłķļ֍ĶĴŬőłĴ
ŃĴŅŇļŅķłĸņŇĴĵĸĿĸĶļŀĸŁŇłķłŃĴŅĴķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłŁłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłє
Na verdade, a representação perspectívica da arquitetura encontrou
maior divulgação nas pinturas do século ʎʌ, que procuravam represen-
ŇĴŅłĴŀĵļĸŁŇĸĶłŀŀĴļłŅŃŅĸĶļņőłє
ķĴŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴёĴļŁķĴŁőłĻĴʼnļĴŁĸŁĻňŀĴņļņŇĸŀĴŇļōĴŬőłĺĸłŀųŇŅļĶĴє
ĸłŁ
ĶłŀłĹňŁķĴŀĸŁŇłŃĴŅĴłķĸņĸŁĻłĴŅŇƓņŇļĶłєŀųŇłķłŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶł
começou, então, a ser delimitado, reduzindo-se a visão binocular a um
ŃłŁŇłķĸʼnļņŇĴĴŃĸŁĴņёńňĸёŃłŅĴŁĴĿłĺļĴёņĸŅļĴłʼnųŅŇļĶĸķłĶłŁĸķĸʼnļņőłє
Apenas no século ʎʌɿ é que os tratados sobre perspectiva come-
ŬĴŅĴŀĴņļņŇĸŀĴŇļōĴŅłŀųŇłķłĸŀŃƓŅļĶłєļ壳ĿĴĹňŁķłňłŀųŇłķłķł
ŃłŁŇłķĸķļņŇŐŁĶļĴёļŁŇŅłķňōļŁķłĶłŀłńňĸŁĴĿļŁĻĴķłĻłŅļōłŁŇĸňŀ
segundo observador com a mesma distância do ponto central, permi-
ĴŅńňļŇĸŇňŅĴŀĸķļĸʼnĴĿŁőłĿļķĴʼnĴĶłŀķĸņĸŁĻłņķĴĹłŅŀĴĶłŀł ŇļŁķłĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłķĴŃŅłĹňŁķļķĴķĸђǵŅĸŅĹĸōňņłķĸĸńňļŃĴŀĸŁŇłņ
ĹĴōĸŀłņĻłĽĸёĸłņĶłŁņŇŅňŇłŅĸņŁőłĶłŁĶĸĵļĴŀłĸķļĹƓĶļłĶłŀłňŀŇłķłё perspectívicos que permitiam um método rigoroso para representar os
era um processo coletivo in loco que geralmente durava mais que uma
geração, ou seja, quem começava a obra não estava mais vivo quando
ķĸņĸňŇųŅŀļŁłє ŁŇĸņķłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłёĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴķĸņĶłŁĻĸĶļĴĴ
ĸņĶĴĿĴĺŅŏ֍ĶĴёńňĸņƷĺĴŁĻłňļŀŃłŅŇŐŁĶļĴńňĴŁķłķĴŃłņņļĵļĿļķĴķĸķĸ
ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłёķĸʼnļķłŎŁĸĶĸņņļķĴķĸķĸŃŅĸĶļņőłŁĴŅĸķňŬőłёŃĴŅĴĴ
ŃŅłĽĸŇĴŬőłķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴє
ļŁķĴńňĸłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłņĸĽĴłĺŅĴŁķĸŀĴŅĶłĻļņŇƷŅļĶłķĴĴĿŇĸŅĴ-
ção do modo de produção da arquitetura, caracteriza-se como transição
entre as soluções arquitetônicas pré-renascentistas e a arquitetura a
ŃĴŅŇļŅķłŀłķĸŅŁļņŀłє ĴŅńňļŇĸŇňŅĴŅĸŁĴņĶĸŁŇļņŇĴĸŀņļŁőłĸŋŃŅĸņņĴ
grande parte das vantagens da representação arquitetônica sobre o
ŀłķłķĸŃŅłķňŬőłļŁĿłĶłє ŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴĸŅĴĴļŁķĴĸŁŇĸŁķļķĴĶłŀłĴ
ĶļŴŁĶļĴƷŇļĶĴёĶłŀłŇŅĴŁņŀļņņőłķĸŅĴļłņķĸĿňōє
A pirâmide de visão, noção na qual se baseava a ideia renascentista da
ļŀĴĺĸŀĶłŀłňŀĴĽĴŁĸĿĴŁłŀňŁķłёĹłļĻĸŅķĴķĴķĴŁłŬőłĸňĶĿļķļĴŁĴķł
ĶłŁĸķĸʼnļņőłєҒєєєғ
ŅĴļŀŃłņņƓʼnĸĿŃĴŅĴłĴŅńňļŇĸŇłŅĸŁĴņĶĸŁŇļņŇĴĶłŁĶĸĵĸŅ não eram ainda sistematicamente coordenados dentro dos padrões da geo-
ńňĸĴʼnĸŅķĴķĸķłŀňŁķłŃňķĸņņĸņĸŅŅĸķňōļķĴŎņňĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłʼnļņňĴĿё
ňŀĴņĸŬőłĵļķļŀĸŁņļłŁĴĿķĴŃļŅŐŀļķĸķĸʼnļņőłє 10
8 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation and the perspective hinge,
1997, pp. 45–46. Pérez-Gómez e Pelletier apontam a polêmica em torno das tradu-
ções de Vitruvius, mostrando que ele não se referia à perspectiva em seu tratado.
9 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation beyond perspectivism, 1992, p. 28.
10 Ibidem, pp. 23–24.
252
łĵĽĸŇłņђĸņĴŅĺňĸņĸņŇĴĵĸĿĸĶĸňłŃłŁŇłŁłļŁ֍ŁļŇłĶłŀłĸŁĶłŁŇŅłķĸ
ķňĴņŅĸŇĴņŃĴŅĴĿĸĿĴņёĴłĶłŁŇŅŏŅļłķĸņĸňņĴŁŇĸŃĴņņĴķłņёńňĸĴĶŅĸķļŇĴ-
vam que o vértice do cone de visão era o ponto de convergência de duas
retas paralelas, tornando possível a sistematização do método perspec-
ŇƓʼnļĶłĶłŀłňŀņļņŇĸŀĴĺĸłŀųŇŅļĶłĴŁŏĿłĺłĴłķĸŅĸŇĴņĶłŁĶłŅŅĸŁŇĸņё
fundando, em sua teoria, as bases da geometria descritiva elaborada no
֍ŀķłņųĶňĿłʎʌɿɿɿŃłŅĴņŃĴŅłŁĺĸє11 Assim, a representação pers-
pectívica foi sendo sistematizada, e lentamente foi se estabelecendo a
possibilidade da utilização da geometria, da bidimensionalidade e das
ŃŅłĽĸŬƹĸņłŅҳ峣ĴļņŁĴĶłŁĶĸŃŬőłķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴє
Por muito tempo, podemos dizer até o modernismo, a represen-
tação arquitetônica não foi levada ao limite, não foi amplamente uti-
ĿļōĴķĴĸŀņĸňŃłŇĸŁĶļĴĿє
ņķĸņĸŁĻłņŅĸŁĴņĶĸŁŇļņŇĴņŁőłņőłņļŀŃĿĸņŀĸŁŇĸłŀĸņŀłńňĸłņķĸņĸ-
ŁĻłņŀłķĸŅŁłņĸŀņňĴŅĸĿĴŬőłĶłŀłĿňĺĴŅĶłŁņŇŅňƓķłєĿĴŁłņĸĸĿĸʼnĴŬƹĸņ
ŀĸŇŅļĴķĸņĶŅļŇļʼnĴєĴļņķĸņĸŁĻłņŁőłĸŅĴŀļŁņŇŅňŀĸŁŇĴļņёĸŀĴŁŇļŁĻĴŀ
muito mais autonomia com relação ao edifício do que os que resultam da
ŃŅŏŇļĶĴĶłŁŇĸŀŃłŅŐŁĸĴє12
11 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation and the perspective hinge,
1997, pp. 32–34, 69, 71.
12 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation beyond perspectivism,
1992, p. 26.
253
 O Movimento Moderno, pregando racionalização e objetividade, levou
ao limite a utilização da representação arquitetônica, racionalizando
os espaços, resolvendo em projeto as possibilidades de otimização da
ĴŅńňļŇĸŇňŅĴёŀňļŇĴņʼnĸōĸņŁĸĺĿļĺĸŁĶļĴŁķłĶłŁĻĸĶļŀĸŁŇłņĶłŁņŇŅňŇļʼnłņє
Como apontaram Pérez-Gómez e Pelletier, a separação entre projeto
e construção é consagrada no século ʎʌɿɿɿ, tendo como referência o
ĴŅńňļŇĸŇłĸĴŁіĴňŅĸŁŇĸĺĸĴŌҎӄӊӄӃ҂ӄӊӋӉҏёńňĸѢŃŅĸĶłŁļōĴʼnĴĴʼnļŅŇňł-
ņļķĴķĸķĸňŀĴļķĸļĴņłĵŅĸņĸňŃłŇĸŁĶļĴĿĶłŁņŇŅňŇļʼnłѣє13 A tradição ini-
ciada nessa época foi a da predominância da imagem global do edifício
para sua visualização, permitida com a perspectiva, “implicitamente
ņňĺĸŅļŁķłńňĸłĶłŁĻĸĶļŀĸŁŇłķĸĶłŁņŇŅňŬőłŁőłņĸŅļĴŅĸņŃłŁņĴĵļĿļ-
ķĴķĸķłĴŅńňļŇĸŇłѣє14 O modernismo, de certa forma, coroou o modo de
produção da arquitetura via representação e deu continuidade a esse
ŃŅłĶĸņņłķĸņĸŃĴŅĴŬőłĸŁŇŅĸŃŅłĽĸŇłĸĶłŁņŇŅňŬőłńňĸĽŏņĸĸŁĶłŁŇŅĴʼnĴ
ļŁĶłŅŃłŅĴķłŁĴŃŅŏŇļĶĴĴŅńňļŇĸŇƸŁļĶĴє
A grande contribuição do estabelecimento do paradigma perspec-
ŃŅłĹňŁķļķĴķĸņĸŇłŅŁĴņņĸŀĸŅĴŀĸŁŇĸňŀĴķĸŁŇŅĸĴņŇŅŴņķļŀĸŁņƹĸņє 
redução da importância da profundidade afetou a relação espaço-tempo
por causar a perda do valor da imagem — a imagem que vemos, como
ŃĸŅĶĸĵĸŀłņłŀňŁķłєĴŁŇłĴųҳĺŅĴ֍ĴńňĴŁŇłłʼnƓķĸłёĶłŁņļķĸŅĴķłņ
representação perspectívica,17 assim como a própria perspectiva, não
ņőłņň֍ĶļĸŁŇĸņŃĴŅĴĴĸŋŃĸŅļŴŁĶļĴķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴёŃłļņĴĵĴŁķłŁĴŀĴ
profundidade, apenas representando-a, e com isso contribui para que
ņĸŃĸŅĶĴĴŅĸĿĴŬőłĸņŃĴŬłіŇĸŀŃłє
ňĴŁķłŁłņĶłĿłĶĴŀłņķļĴŁŇĸķĸňŀĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłŃĸŅņŃĸĶŇƓ-
ʼnļĶĴёŁőłņłŀłņŁƷņńňĸʼnĸŀłņłŀňŁķłёŀĴņłņłĿĻłņķĸňŀłňŇŅłє 
ļŀĴĺĸŀńňĸŁłņĶĻĸĺĴųĴļŀĴĺĸŀķĸňŀķłņłĿĻłņķĸņņĸłňŇŅłєŏŁőł
temos mais referência do momento como possibilidade de apreensão
espacial e temporal, nem mesmo somos capazes de dizer da duração,
ĶłŀłĸņŃĴŬłĸŇĸŀŃłʼnļʼnļķłņєńňĸŇĸŀłņųňŀĴļŀĴĺĸŀёĴĵņłĿňŇĴё
ńňĸņĸĸŁĶĸŅŅĴŁňŀĴĽĴŁĸĿĴĹłŅĴķĸņĸňĶłŁŇĸŋŇłĸņŃĴŬłіŇĸŀŃłŅĴĿєĴĿ
janela não mais se abre para o mundo, apenas representa um instante
tívico para a arquitetura foi a instituição da representação, alterando
ĶłŀŃĿĸŇĴŀĸŁŇĸłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłķňŬőłє ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłŃłņņļĵļĿļŇłň
a previsão na arquitetura, por permitir a redução do objeto arquite-
ŇƸŁļĶłŎĵļķļŀĸŁņļłŁĴĿļķĴķĸķłŀĸļłłŁķĸųŇŅĴĵĴĿĻĴķłє ņņļŀĶłŀł
a perspectiva, outras formas de representar o objeto foram surgindo
baseadas no mesmo princípio de um ponto de vista, no mesmo para-
ķļĺŀĴҎĶłŀłĴųҳĺŅĴ֍ĴёńňĸĹłļļŁʼnĸŁŇĴķĴĸŀӄӋӆӌёĸёŃłņŇĸŅļłŅŀĸŁŇĸё
ķłŀňŁķłŃĴŅĴłńňĴĿņĸĴĵŅļňєŀĴĺŅĴʼnňŅĴķĸǵŅĸŅёňŀŃļŁŇłŅĸņŇň-
ķĴŁķłĴņĿĸļņķĴŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴŃłŅŀĸļłķĸ֍łņĸňŀĴŀłĿķňŅĴё18 revela
ĴņļŀŃĿļ֍ĶĴŬőłńňĸĴŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴļŀŃƹĸĴłłĵĽĸŇłєłķĴņĴņĿļŁĻĴņķĸ
profundidade do objeto são reduzidas a um esquema de pontos plani-
֍ĶĴķłŁňŀĴĽĴŁĸĿĴёŁňŀĴŀłĿķňŅĴє
A perspectiva tem sido encarada como a “possibilidade de represen-
tar precisamente um ambiente tridimensional em um plano bidimensio-
łʼnƓķĸłҏєѢQuando um artista emprega a perspectiva geométrica, ele não
desenha o que vê: ele representa sua imagem retiniana”.15
ņņĴŁőłųĴļŀĴ- ķĸņņĴķļŇĴŃŅĸĶļņőłє ĺŅĴʼnňŅĴļĿňņŇŅĴĴņķļʼnĸŅņĴņĶłŁĶĸņņƹĸņŃĸŅĶĸŃŇļʼnĴņ
ĺĸŀļŁŇĸŅŃŅĸŇĴķĴŃĸĿłĶųŅĸĵŅłє ŅĸŇļŁĴņĸŅļĴłŀĸļłĵļķļŀĸŁņļłŁĴĿŁł
ńňĴĿĴļŀĴĺĸŀʼnļņŇĴųŅĸŃŅĸņĸŁŇĴķĴђĸłĶųŅĸĵŅłļŁŇĸŅŃŅĸŇĴĴņķňĴņļŀĴ-
ĺĸŁņķĴņŅĸŇļŁĴņёĹňŁķļŁķłіĴņŁňŀĴŁłʼnĴķļŀĸŁņőłє ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőł
perspectívica faz com que se perca a dimensão da profundidade, que
ųŃŅĸņĸŁŇĸŁĴļŀĴĺĸŀķłŀňŁķłёĶłŁĹłŅŀĸĴŃĸŅĶĸĵĸŀłņє
Pérez-Gómez argumentou que a profundidade era a primeira dimen-
ņőłĴŁŇĸņķłķłŀƓŁļłķłŃĴŅĴķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłє16 Posteriormente, as
łňŇŅĴņķňĴņķļŀĸŁņƹĸņ҆ĶłŀŃŅļŀĸŁŇłĸĿĴŅĺňŅĴ҆֍ōĸŅĴŀĶłŀńňĸĴ
13 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation and the perspective hinge,
1997, p. 220.
14 Ibidem, p. 221.
15 gregory, Olho e cérebro: psicologia da visão, [1966] 1979, p. 172.
16 pérez-gÓmez, The space of architecture: meaning as presence and representa-
tion, 1994.
254
ŁĴĿѣє19ĵņĸŅʼnĴŁķłĴĺŅĴʼnňŅĴķĸǵŅĸŅёŃłķĸіņĸĿĸʼnĴŁŇĴŅķDzʼnļķĴĴĶĸŅĶĴ
ńňĸņőłĹĸļŇĴņŃĴŅĴĴĽňņŇĴŅĴĶĸŁĴŎņňĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłєłĵņĸŅʼnĴķłŅų
ŅĸķňōļķłĴňŀłĿĻłёĴĿųŀķĸņňĴŃłņļŬőłņĸŅ֍ŋĴĸłłĵĽĸŇłņĸŅĸņŇŏ-
ŇļĶłє ŃŅĸĶļņőłŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶĴųĴŃŅĸĶļņőłķĴĶļŴŁĶļĴёķĴŀĴŇĸŀŏŇļĶĴё
ńňĸŇŅĴŁņĹłŅŀĴĴŅĸĴĿļķĴķĸĸŀŀłķĸĿłņŃĴŅĴńňĸŃłņņĴņĸŅĴŁĴĿļņĴķĴє
Assim, podemos considerar uma possível precisão da perspectiva e da
17 gregory (Olho e cérebro: a psicologia da visão, [1966] 1979) argumentou que a câ-
mera reproduz o objeto como uma perspectiva geométrica, porém nós não vemos o
mundo como a imagem perspectívica, o que faz com que a fotografia ou o desenho
perspectívico pareçam errados. Para algumas culturas que não têm conhecimento
da perspectiva, como os Zulus, uma perspectiva é entendida como uma composição
bidimensional.
18 Cf. Albrecht Dürer, Underweysung der Messung, mit dem Zirckel und Richtscheyt,
in Linien, Ebenen unnd gantzen corporen (Instrução na medição, com o compasso
e o esquadro, em linhas, planos e corpos inteiros), 1525.
19 cabral filho, Formal games and interactive design, 1996, p. 26.
255
 ĺĸłŀĸŇŅļĴķĸņĶŅļŇļʼnĴĶļĸŁŇļ֍ĶĴŀĸŁŇĸёĽŏńňĸŃĸŅŀļŇĸňŀĴĴʼnĴĿļĴŬőłķł
łĵĽĸŇłŅĸŃŅĸņĸŁŇĴķłёĸĴņĿļŀļŇĴŬƹĸņķłŀųŇłķłņőłĶłŁĻĸĶļķĴņŃĸĿłņ
ĶļĸŁŇļņŇĴņєłŁŇňķłёķĴŀĸņŀĴŀĴŁĸļŅĴńňĸłņŀłķĸĿłņŀĴŇĸŀŏŇļĶłņŁőł
ņőłĸŁŇĸŁķļķłņŃłŅńňĸŀŁőłĶłŁĻĸĶĸłŀųŇłķłĸŁʼnłĿʼnļķłёĴŅĸŃŅĸņĸŁ-
tação perspectívica ou geométrica também não é entendida por quem
ŁőłĶłŁĻĸĶĸłŀųŇłķłŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłє ņņļŀёĴŃŅĸĶļņőłķĴŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴ
ņƷųʼnŏĿļķĴŎĿňōķĴĶĴŃĴĶļķĴķĸķĸļŀĴĺļŁĴŅĴĻļŃłŇųŇļĶĴŃŅłĹňŁķļķĴķĸё
ńňĸņĸĸŁĶłŁŇŅĴķĸņĸŁĻĴķĴĸŀĶłŀŃŅļŀĸŁŇłņĸķļņŇŐŁĶļĴņє
ŃŅłĶĸņņłķĸŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłŅĸņňŀĸіņĸŎŅĸķňŬőłķłłĵĽĸŇłŇŅļķļ-
mensional a um meio bidimensional para tornar possível sua re-presen-
tação. No caso da representação da arquitetura, não se trata apenas de
ŇłŅŁĴŅĴŃŅĸņĸŁŇĴŅňŀłĵĽĸŇłŇŅļķļŀĸŁņļłŁĴĿŁňŀŀĸļłĵļķļŀĸŁņļłŁĴĿє
A defasagem entre a arquitetura e sua representação bidimensional
ŁőłųĴŃĸŁĴņķĸňŀĴķļŀĸŁņőłєőłŃłķĸŀłņĶłŁņļķĸŅĴŅĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴ
um objeto tridimensional, temos a certeza de pelo menos mais duas
dimensões — tempo e comportamento — e, portanto, a representação
ŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶĴĸņŇŏŇŅŴņķļŀĸŁņƹĸņĴńňųŀķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴє
A primeira dimensão que se perde na representação perspectívica
ųĴŃŅłĹňŁķļķĴķĸє ŀĴŁĸļŅĴĶłŀłŃĸŅĶĸĵĸŀłņłŀňŁķłёĸņŇĸŅĸłņĶł-
ŃļĶĴŀĸŁŇĸёųŅĸķňōļķĴŎĵļķļŀĸŁņļłŁĴĿļķĴķĸķłĶłŀŃŅļŀĸŁŇłĸķĴĿĴŅ-
ĺňŅĴє ņĸĺňŁķĴķļŀĸŁņőłŃĸŅķļķĴųĴķłŇĸŀŃłє ņņļŀĶłŀłĴĸņĶŅļŇĴё
a perspectiva é uma busca de inscrição do discurso, permanecendo como
ŀʼnĸōķĸŃŅłŀłʼnĸŅĸŀłʼnĴĿłŅķĸňņłĶłŀŴŁĹĴņĸŁł
um fragmento de um instante do evento (acontecimento) inscrito fora
ķłŇĸŀŃłє ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłųňŀĴļŀĴĺĸŀĴĵņłĿňŇĴńňĸŃłķĸņĸŅĿļķĴ
ŅĸŁŇĸķĸņňĴłĵŅĴĶłŁņŇŅňƓķĴёŁĸŁĻňŀĴĴĿŇĸŅŁĴŇļʼnĴųņĸŅļĴŀĸŁŇĸĶłŁņļķĸ-
ŅĴķĴĹłŅĴķłķłŀƓŁļłķłŃĸŅņŃĸĶŇļʼnļņŀłŀłķĸŅŁłёńňĸŇĸŀļŁ֓ňĸŁĶļĴķł
ŃŅłĹňŁķĴŀĸŁŇĸŁłņņłĶłŁĻĸĶļŀĸŁŇłĸŁłņņĴŃĸŅĶĸŃŬőłє20
Atualmente, em plena cultura informacional, a perspectiva ainda é o
ŃĴŅĴķļĺŀĴŃĴŅĴĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴĸņňĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłєĴŅĴńňĸņĸĴĿŇĸŅĸł
paradigma, não basta recuperar as dimensões perdidas ou empreender
ńňĴĿńňĸŅłňŇŅłŇļŃłķĸĸņŇŅĴŇųĺļĴŅĸĹłŅŀļņŇĴŁłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇłє
Além dos problemas apontados acima, o paradigma perspectívico é fun-
damentalmente perverso por promover o modo de produção capitalista
do espaço, que implica a reprodução das relações sociais de produção,
ĴņĸŃĴŅĴŬőłĸŁŇŅĸŇŅĴĵĴĿĻłļŁŇĸĿĸĶŇňĴĿĸŀĴŁňĴĿёĴĶłŁņĸńňĸŁŇĸņĸŃĴ-
ração entre projeto, construção e uso, e a transformação do espaço em
mercadoria com ênfase no valor de troca em detrimento do valor de
ňņłєHŃŅĸĶļņłńňĸņĸĴĿŇĸŅĸłŀłķłķĸŃŅłķňŬőłёŃłļņёĶłŀłĴ֍ŅŀĴķł
ŃłŅųŅĺļłĸŅŅłёłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇłĵĴņĸĴķłŁĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłʼnļĴ
ķĸņĸŁĻłņĸŋļņŇĸĸŁłņĶĻĸĺĴŃŅłŁŇłёŃłŅńňĸŁĴĿƷĺļĶĴĶĴŃļŇĴĿļņŇĴłĶĴŁ-
ŇĸļŅłķĸłĵŅĴņķĸʼnĸņĸŅĻĸŇĸŅƸŁłŀłєķĸņĸŁĻłĴŅńňļŇĸŇƸŁļĶłĴĶĴĵĴ
sendo a forma obrigatória para a extração de mais-valor, sendo assim
ňŀļŁņŇŅňŀĸŁŇłķĸķłŀļŁĴŬőłńňĸʼnļņĴŎŃŅłķňŬőłķĸŀĸŅĶĴķłŅļĴņє21 O
uso de computadores na arquitetura ainda não escapou do paradigma
ŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłє
espaço vivido, os computadores contribuem para reforçar a produção
ķĸŀĸŅĶĴķłŅļĴņĶłŀŴŁĹĴņĸŁłĸņŃĴŬłĶłŁĶĸĵļķłє
ĸŀńňĴĿńňĸŅŇĸŀŃłĸŁőłŇŅĴōĴŇĸŀŃłŅĴĿļķĴķĸķłłĵĽĸŇłєĸŀĴŁķĴ
ňŀŇĸŀŃłŃĴŅĴņĸŅĿļķĴёĸŀĵłŅĴŁőłĺňĴŅķĸŁĸŁĻňŀĴŅĸĿĴŬőłŇĸŀŃłŅĴĿ
Novas mídias na arquitetura e a falsa mudança de paradigma
ĶłŀłķļņĶňŅņłє ŇĸŅĶĸļŅĴķļŀĸŁņőłńňĸņĸŃĸŅķĸųĴĶłŀŃłŅŇĴŀĸŁ-
ŇĴĿёńňĸŃĸŅŀļŇĸĴļŁŇĸŅĴŬőłє ŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴёŃłŅņĸŅļŁņĶŅļŬőłёĽŏŁőłų ĴōіņĸŁĸĶĸņņŏŅļłĸŁŇĸŁķĸŅĶłŀłĴļŁĹłŅŀŏŇļĶĴĸŁŇŅĴŁĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴё
ŀĴļņňŀĸʼnĸŁŇłёĸĴņļĺŁļ֍ĶĴŬőłķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴŁőłņĸŅĸʼnĸĿĴŁłĴŇł pela porta dos fundos, para então entender o motivo de seu atrela-
ķĸĻĴĵļŇĴŅҎĹŅňļŅҏёŀĴņĸņŇŏŅĸņŇŅļŇĴŎŃłņņļĵļĿļķĴķĸķĸļŁŇĸŅŃŅĸŇĴŬőłķł ŀĸŁŇłńňĴņĸļŁńňĸņŇļłŁĴķłĴłŃĴŅĴķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłєĸĺňŁķł
ĹŅĴĺŀĸŁŇł҆ļŀĴĺĸŀĴĵņłĿňŇĴ҆ńňĸĹłļļŁņĶŅļŇłєőłĻŏļŁŇĸŅĴŬőłё łĵĸŅŇ
ŅňĸĺŀĴŁŁёŁłņĴŁłņӄӌӈӃĴĿĺňŁņĸņĶŅļŇƷŅļłņķĸĴŅńňļŇĸŇňŅĴ
łĸņŃĴŬłĸłŇĸŀŃłŁőłņőłʼnļʼnļķłņє Łłņ
ņŇĴķłņŁļķłņĽŏňņĴʼnĴŀĶłŀŃňŇĴķłŅĸņŃĴŅĴĹĴōĸŅŃĿĴŁļĿĻĴņĸ
ļņĴŁķłņňŃĸŅĴŅĴķĸĹĴņĴĺĸŀĸŁŇŅĸłĹĸŁƸŀĸŁłĸĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőł ĴňŋļĿļĴŅŁłņĶŏĿĶňĿłņĸņŇŅňŇňŅĴļņє22 Contudo, só a partir de meados dos
do fenômeno, devemos entender a limitação do paradigma perspectí- ĴŁłņӄӌӉӃņňŅĺļňňŀĴļŁŇĸŅĹĴĶĸĺŅŏ֍ĶĴļŁŇĸŅĴŇļʼnĴŃĸŅŀļŇļŁķłłķĸņĸŁĻłє
ʼnļĶłĸʼnļņĿňŀĵŅĴŅĴŃłņņļĵļĿļķĴķĸķĸŁłʼnĴņĴĿŇĸŅŁĴŇļʼnĴņє

20 pérez-gÓmez & pelletier, Architectural representation beyond perspectivism,

ŀĵłŅĴŀĸņŀłĴŀĴļłŅļĴķłņĴŅńňļŇĸŇłņŀĴļņĵĸŀļŁĹłŅŀĴķłņŅĸĶłŁĻĸŬĴ 1992, p. 21.
as limitações dos instrumentos de projeção, tais como plantas, seções e 21 ferro, O canteiro e o desenho, [1976] 2006, p. 108.
ĸĿĸʼnĴŬƹĸņёĸķłŃĿĴŁĸĽĴŀĸŁŇłŃŅłņŃĸĶŇļʼnłĶłŀŅĸĿĴŬőłĴłņļĺŁļ֍ĶĴķłĶłŅ- 22 bruegmann, The pencil and the electronic sketchboard, 1989, p. 139.

256 257
 No início dos anos 1970, o computador parecia promissor, mas a limita-
Ŭőłķĸņł֕ŊĴŅĸĸĴŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴķĸĺĸŅĴŬőłķĸŃŅłķňŇłņĸŋŇŅĸŀĴŀĸŁŇĸ
ŅĴĶļłŁĴļņĴĶĴĵĴŅĴŀķĴŁķłłŅļĺĸŀĴňŀĴĶŅƓŇļĶĴĹĸŅŅĸŁĻĴŎŅĴĶļłŁĴĿļ-
ņņĸŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇłĶłŁʼnĸŁĶļłŁĴĿĴķłŇĴķłŃĸĿłņĴŅńňļŇĸŇłņĸ
zação, proposta pelo próprio modernismo e que poderia ser levada ao
ĸŋŇŅĸŀłĶłŀłňņłķłĶłŀŃňŇĴķłŅєƷŁł֍ŀķłņĴŁłņӄӌӋӃёĽŏĶłŀ
ɹɷɺҎŃŅłĽĸŇłĴňŋļĿļĴķłŃĸĿłĶłŀŃňŇĴķłŅҏёųńňĸĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴ֍ŁĴĿŀĸŁŇĸ
deu as boas-vindas ao computador, que se consolidou nos anos 1990
ĶłŀłĹĸŅŅĴŀĸŁŇĴļŁķļņŃĸŁņŏʼnĸĿŁłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇłĶłŁʼnĸŁĶļłŁĴĿє
Ainda nos anos 1990, com a informatização quase global dos escritórios
ĸĸņĶłĿĴņķĸ ŅńňļŇĸŇňŅĴёŃŅļŁĶļŃĴĿŀĸŁŇĸŁĴ
ňŅłŃĴĸŁĴ ŀųŅļĶĴķł pretensão de representar a totalidade do edifício, apenas serviam para
łŅŇĸёĶłŀĸŬĴŅĴŀĴņňŅĺļŅʼnŏŅļĴņķļņĶňņņƹĸņĴĶĸŅĶĴķĴļŁņŇĴňŅĴŬőłķĸ
ňŀŁłʼnłŃĴŅĴķļĺŀĴŁłĶĴŀŃłєĴĿŃĴŅĴķļĺŀĴņĸŅļĴłļŁĹłŅŀĴĶļłŁĴĿĸё
ĸŀĵłŅĴņĸĽĴŅĸĴĿŀĸŁŇĸňŀĴŃŅłŀĸņņĴёĴļŁķĴŁőłņĸŇłŅŁłňŅĸĴĿļķĴķĸє
Mesmo com o building information modelling (ɸɿʃ) e as possibilidades
de parametrização do projeto no século ʎʎɿ, o paradigma representa-
ĶļłŁĴĿĶłŁŇļŁňĴŃŅĸʼnĴĿĸĶĸŁķłєŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłķňŬőłķĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴ
ainda é fortemente baseado no espaço concebido, com as tecnologias
da informação ainda a serviço da representação, e não voltadas para o
ŅňŁĸĿĿĸņĶĻļ
espaço vivido, para a continuidade do projeto e da construção durante o
ňņłєHļŁŇĸŅĸņņĴŁŇĸŁłŇĴŅńňĸłŇƓŇňĿłķłĴŅŇļĺłķĸ
ŅňĸĺŀĴŁŁ҆ѢĻĸ ŇĴňŅĴŁķłňŀĴŃŅŏŇļĶĴĻļĸŅĴŅńňļōĴķĴёņļņŇĸŀĴŇļōĴŁķłĴņĸŃĴŅĴŬőłĸŁŇŅĸ
ŃĸŁĶļĿĴŁķŇĻĸĸĿĸĶŇŅłŁļĶņľĸŇĶĻĵłĴŅķѣ҆ёĸņĶŅļŇłŁł֍ŀķłņĴŁłņӄӌӋӃё
ĽŏĴŃłŁŇĴʼnĴŃĴŅĴĴŅĸŃŅłķňŬőłķłŀĸņŀłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇłŅĸŃŅĸ-
ņĸŁŇĴĶļłŁļņŇĴňņĴŁķłłŀĸļłĸĿĸŇŅƸŁļĶłє
łķĸŀłņļķĸŁŇļ֍ĶĴŅŇŅŴņŇĸŁķŴŁĶļĴņķĴļŁĹłŅŀŏŇļĶĴŁłĶĴŀŃłķĴ
arquitetura: o uso dos tradicionais programas de ɹɷɺ (predominante-
mente ɷʋʊʅɹɷɺpara representação e ʈɻʌɿʊ para parametrização dos
elementos representados e compatibilização das representações dos
ŃŅłĽĸŇłņķļŇłņĶłŀŃĿĸŀĸŁŇĴŅĸņҏђĴļŁʼnĸņŇļĺĴŬőłĸłňņłķĸļŁŇĸĿļĺŴŁĶļĴ
ĴŅŇļ֍ĶļĴĿŃĴŅĴĺĸŅĴŬőłķĸķĸņĸŁĻłņĵļіĸŇŅļķļŀĸŁņļłŁĴļņҎshape grammar
e genetic algorithms)ёĸĴŃĴŅĴŀĸŇŅļōĴŬőłŃĴŅĴĴĹĴĵŅļĶĴŬőłķļĺļŇĴĿђĸňŀĴ
ŇĸŅĶĸļŅĴёńňĸŃłķĸņĸŅĶĻĴŀĴķĴķĸĶļĵĸŅŁųŇļĶĴёŃŅłĴŇļʼnĴёŅĸņŃłŁņļʼnĴłň
ĴŅńňļŇĸŇňŅĴļŁŇĸŅĴŇļʼnĴёŁĴńňĴĿĴļŁĹłŅŀŏŇļĶĴųŃĴŅŇĸķłĸņŃĴŬłёĸŁőł
ĴŃĸŁĴņĹĸŅŅĴŀĸŁŇĴķĸŃŅłĽĸŇłҎĹĴĶļĿļŇĴķĴŃĸĿĴĶłŀŃňŇĴŬőłĹƓņļĶĴҏє
Na maioria dos casos, prevalece o que Pérez-Gómez e Pelletier
ĶĻĴŀĴŅĴŀķĸŃĴŅĴķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłĸŁőłĻŏķĸĹĴŇłňŀĴŀňķĴŁŬĴ
ŁĸŀķłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇłĶłŁʼnĸŁĶļłŁĴĿёŁĸŀķłņŃŅłķňŇłņє ļŁķĴ
que os produtos sejam formalmente (ou volumetricamente) distintos
ķĴņĴŅńňļŇĸŇňŅĴņķĸłňŇŅłņŇĸŀŃłņёĴ֍ŁĴĿļķĴķĸķłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłĽĸŇł
continua sendo, predominantemente, a produção de outros produtos
258
ĴĶĴĵĴķłņёłňёĶłŀłķļņņĸĸĵĵĸňņłłķņёѢňŀŀĸļłķĸĶłŁŇŅłĿĴŅł
ĶłŀŃłŅŇĴŀĸŁŇłĻňŀĴŁłĸķĸŀĴŁŇĸŅĸņņĸĶłŁŇŅłĿĸŁłĹňŇňŅłѣє23
ĸŁņļŁĴķłŁĴņĸņĶłĿĴņųёĶłŀłĽŏķļŇłёĹňŁķĴķłŁłŃĴŅĴķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶł
estabelecido no Renascimento e pressupõe a separação entre sujeito e
ĸņŃĴŬłҎĶłŁņļķĸŅĴķłňŀłĵĽĸŇłĴņĸŅŅĸŃŅĸņĸŁŇĴķłʼnļņňĴĿŀĸŁŇĸҏєĸĺňŁķł
Pérez-Gómez, a representação que se instaurou no Renascimento foi
ĵĴņŇĴŁŇĸķļņŇļŁŇĴķĴńňĸĸŅĴňņĴķĴŁłņĶĴŁŇĸļŅłņŀĸķļĸʼnĴļņє24 Ainda
ńňĸŁłĸķļĸʼnłłņķĸņĸŁĻłņŇĴŀĵųŀĹłņņĸŀňņĴķłņёĽĴŀĴļņŇļŁĻĴŀĴ
comunicar informações relevantes do processo construtivo entre seus
ķļʼnĸŅņłņŃĴŅŇļĶļŃĴŁŇĸņĸŃĴŅĴĴĸĿĴĵłŅĴŬőłķĸņłĿňŬƹĸņĶłŁņŇŅňŇļʼnĴņє
A diferença fundamental dos dois processos de produção do espaço
pode ser resumida pela distinção entre um processo medieval, baseado
ŁłńňĸĸŁŅļĸĹĸĵʼnŅĸĶĻĴŀłňķĸĸņŃĴŬłʼnļʼnļķłё25 e o renascentista,
ĵĴņĸĴķłŁłńňĸłĴňŇłŅĶĻĴŀłňķĸĸņŃĴŬłĶłŁĶĸĵļķłҎłňŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőł
ķłĸņŃĴŬłҏєĴĿķļņŇļŁŬőłĿĸʼnĴĴłńňĸņŇļłŁĴŀĸŁŇłķłŃŅłĶĸņņłķĸŃŅłķň-
ŬőłļŁņŇĴňŅĴķłŁłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłєĸĺňŁķłųŅĺļłĸŅŅłё
mudou radicalmente as relações de produção no canteiro de obras, ins-
ŇŅĴĵĴĿĻłļŁŇĸĿĸĶŇňĴĿҎŃŅłĽĸŇłʼnļĴķĸņĸŁĻłņĶłķļ֍ĶĴķłņҏĸŀĴŁňĴĿҎĶłŁņ-
ŇŅňŬőłʼnļĴŇŅĴĵĴĿĻłĴĿļĸŁĴķłҏёĸĸŋŃĿłŅĴŁķłłŇŅĴĵĴĿĻłŃĴŅĴĸŋŇŅĴŬőłķĸ
ŀĴļņіʼnĴĿłŅє26 ĿĵĸŅŇļŇĸłŅļōłňŇĴĿŃŅŏŇļĶĴĸŀņĸňŇŅĴŇĴķłєĵʼnļĴŀĸŁŇĸё
ķĸņķĸłĸŁĴņĶļŀĸŁŇłĴŇųłņķļĴņķĸĻłĽĸёłņŃŅłĶĸņņłņķĸŃŅłĽĸŇłĸ
construção não se mantiveram inalterados, como mostrado por Pérez-
ƷŀĸōĸĸĿĿĸŇļĸŅєłŁŇňķłёłņĹňŁķĴŀĸŁŇłņņĸŀĴŁŇŴŀŃŅĸņĸŅʼnĴķłņѓ
processo de projeto baseado na representação e separação entre pro-
ĽĸŇłёĶłŁņŇŅňŬőłĸňņłє
ĴĿŃĴŅĴķļĺŀĴŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶłųŇĴŀĵųŀĴĵĴņĸķĴņŇŅŴņŇĸŁķŴŁĶļĴņ
ķĴļŁĹłŅŀŏŇļĶĴŁĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴĴŃłŁŇĴķĴņĴĶļŀĴєņŃŅłĺŅĴŀĴņķĸɹɷɺ
reproduzem em sua lógica estrutural o processo de construção perspec-
ŇƓʼnļĶĴŅĸŁĴņĶĸŁŇļņŇĴє ļŁķĴńňĸłĹĴŬĴŀķĸĹłŅŀĴŀňļŇłŀĴļņŅŏŃļķĴĸ
permitam a manipulação em tempo real (como pode ser facilmente feito
no ʉʁɻʊɹɾʋʆёŃłŅĸŋĸŀŃĿłҏёŁőłĻŏŁĸŁĻňŀĴŀňķĴŁŬĴŁĴĿƷĺļĶĴķĸ
23 Woods, The question of space, 1996, p. 279.
24 pérez-gÓmez, Architecture and the crisis of modern science, 1983.
25 lefebvre, La production de l’espace, 1974.
26 ferro, O canteiro e o desenho, [1976] 2006, pp. 194–195.
259
 ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłєņŃŅłĺŅĴŀĴņĴĶĴĵĴŀņĸŁķłŀĴļņķĸĴňŋƓĿļłŎŅĸŃŅĸņĸŁ-
tação (ɹɷʈё computer aided representation) do que de auxílio ao projeto
(ɹɷɺё computer aided designҏєŃŅłĽĸŇłёĸŀŇĸŅŀłņĺĸŁųŅļĶłņёĶłŁŇļŁňĴł
mesmo, obedecendo a lógica renascentista de um processo fragmentado
ńňĸŇĸŀĶłŀłłĵĽĸŇļʼnłňŀŃŅłķňŇłĴĶĴĵĴķłńňĸņĸŅŏļŁŇĸĺŅĴĿŀĸŁŇĸĶłŁņ-
ŇŅňƓķłŎļŀĴĺĸŀĸņĸŀĸĿĻĴŁŬĴķĴŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłёŃĴŅĴĸŁŇőłņĸŅňņĴķłє
Ainda que aplicativos como o ʈɻʌɿʊpermitam a parametrização e
apontem possibilidades além da reprodução da lógica convencional de
projeto, seu uso ainda se restringe a auxiliar a representação conven-
ĶļłŁĴĿє ŀŃĿļĴŀіņĸĴņŃłņņļĵļĿļķĴķĸņķĸĶłŀŃĴŇļĵļĿļōĴŬőłķĸŃŅłĽĸŇłņ
complementares, por exemplo, mas não se altera em nada a separação
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estreitar a relação entre projeto e construção, principalmente no que
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Contudo, o foco na representação formal acaba mantendo a separa-
ção entre projeto, construção e uso, ainda que de maneira distinta dos
ŃŅłĶĸņņłņĶłŁʼnĸŁĶļłŁĴļņєĴŀĴļłŅļĴķĴņʼnĸōĸņёŇļŅĴіņĸŃĴŅŇļķłķĴŃĴŅĴ-
metrização para precisar o potencial do material numa forma predeter-
minada, mas a sua construção acaba sendo um processo industrializado
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ŇŅĴĵĴĿĻĴŁĴĶłŁņŇŅňŬőłҎłňŀłŁŇĴĺĸŀҏŇĸŀĴļŁķĴŀĸŁłņŃłņņļĵļĿļķĴķĸ
de intervir criativamente no processo do que em uma obra convencio-
ŁĴĿє ļŁķĴńňĸĻĴĽĴňŀĺŅĴŁķĸŃłŇĸŁĶļĴĿŃĴŅĴĴŃŅłķňŬőłķĸĸņŇŅňŇň-
ŅĴņŀƷʼnĸļņё֓ĸŋƓʼnĸļņĸĴķĴŃŇŏʼnĸļņňņĴŁķłŃĴŅĴŀĸŇŅļōĴŬőłёļņņłųŀňļŇł
pouco explorado, e o uso continua apartado do processo de projeto e
ĶłŁņŇŅňŬőłє ĿƷĺļĶĴķĴĸņŇŅňŇňŅĴŬőłŃĸŅņŃĸĶŇƓʼnļĶĴŃŅĸʼnĴĿĸĶĸє
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genetic algorithms, ķĸŁŇŅĸłňŇŅłņҏĴļŁķĴńňĸŁőłŇŅĴĵĴĿĻĸŀĿļŇĸŅĴĿŀĸŁŇĸ
com a estruturação perspectívica, pois usam regras forasteiras para a
geração de forma, acabam também levando a produtos que reprodu-
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desenvolvimento tem sido exatamente reproduzir o processo de com-
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gama maior de opções para tomada de decisão, tanto para arquitetos
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A arquitetura interativa começa a propor algumas alterações, ainda
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260
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aponta para uma possível mudança no processo de projeto, que não é
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que o ensino de arquitetura e urbanismo seja voltado para a produção
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produção atual de arquiteturas interativas segue a lógica da produção
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processos convencionais) e sobrepõem-se a eles aparatos interativos
para manipulação de imagens ou sons, ou mesmo sensores e atuadores,
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Interfaces para além do paradigma representacional
Ainda que a produção de interfaces possa soar como uma abordagem
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e solução de problemas, a abordagem da arquitetura como interface
tem como objetivo a problematização de situações, deixando-as abertas
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entre projeto, construção e uso, mas a proposição de um repertório
interativo, que pode tanto ser uma combinação de peças físicas, inter-
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sentar os interesses de seus clientes usando para isso outra representação,
ńňĸųĴĴŅńňļŇĸŇňŅĴє27 Nesse caso a representação da arquitetura estaria
a serviço da representação na arquitetura, explicitando a tradição de
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lumbrar interfaces como possibilidade de superação dos dois processos
27 bandeirinha, ‘Verfremdung’ vs. ‘mimicry’, 2010, p. 75.
261
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que a representação é uma ferramenta preciosa e não deve ser excluída
da produção da arquitetura como interface, mas deve ser vista como
ĹĸŅŅĴŀĸŁŇĴńňĸųёĸŁőłĶłŀłŃĴŅĴķļĺŀĴє
Atualmente, a computação física (microcontroladores, sensores,
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como produtor de interfaces que abram possibilidades para que os
ňņňŏŅļłņĶłŁ֍ĺňŅĸŀņĸňņĸņŃĴŬłņє ŃŅłķňŬőłķĸĴŅńňļŇĸŇňŅĴĶłŀł
interface indica uma possível mudança de paradigma, do perspectívico
(ou representacional) para o informacional, potencializando não só o
processo de produção baseado no espaço vivido (e não no concebido),
ŀĴņŇĴŀĵųŀĴļŁĹłŅŀŏŇļĶĴńňĸёņĸĺňŁķłłĻŁĻĴĶľĴŅĴёųĴŇňĴĿŀĸŁŇĸ
mais voltada para seu próprio desenvolvimento do que para acrescentar
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28
29
price, Life-conditioning, 1966, p. 483.
thackara, The design challenge of pervasive computing, [2000] 2001. interfaces
262

Escola de Arquitetura da UFMG
Rua Paraíba, 697
30.130-140 Belo Horizonte – MG
Tel. (55 31) 3409 8855
mom.editorial.eaufmg@gmail.com
[cc] Silke Kapp & Ana Paula Baltazar, 2021
[cc] Selo editorial MOM, 2021
[cc] Desenhos nas capas e entre temas, Louise Ganz, 2021
Você tem a liberdade de compartilhar, copiar, distribuir e transmitir
esta obra, desde que cite a autoria e não faça uso comercial.

Conselho editorial
Ana Paula Baltazar
João Marcos de Almeida Lopes
Margarete Maria de Araújo Silva
Roberto E. dos Santos
Silke Kapp
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tiago Castelo Branco Lourenço
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Projeto gráfico e diagramação

Moradia e outras margens : volume 1 / Silke Kapp ; Ana Paula Baltazar,
Isabela Izidoro
(eds.). -- 1. ed. -- Belo Horizonte : MOM, 2021.
Silke Kapp

Vários autores.
Capa
Bibliografia.
Louise Ganz
ISBN 978-65-88628-02-7
Isabela Izidoro

1. Arquitetura - Brasil 2. Comunidade - Brasil 3. Espaço urbano

Desenhos nas capas e entre temas
4. Favelas - Brasil 5. Habitações - Brasil 6. Mobilidade urbana
Louise Ganz
7. Moradias - Brasil 8. Política habitacional - Brasil I. Kapp, Silke.
II. Baltazar, Ana Paula.
Preparação
Isabela Izidoro
21-62566 CDD-728.0981
Silke Kapp
Ana Paula Baltazar
Índices para catálogo sistemático:
1. Brasil : Moradia : Espaços urbanos : Arquitetura 728.0981
Revisão
Alexandre Bomfim
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Colaboração
Foi feito o depósito legal.
Joana Vieira da Silva
Wellington Cançado

Fontes Spectral, Inter, Poppins

A publicação deste trabalho foi Papel Triplex 300g/m2 e Pólen bold 70g/m2
realizada com apoio da Financiadora Impressão Formato
de Estudos e Projetos, finep. Tiragem 500 exemplares