Você está na página 1de 46

COMO:

LER A BÍBLIA
E REALMENTE
ENTENDER
POR TARCISIO SALOMÃO FILHO

COMO:

LER A BÍBLIA
E REALMENTE
ENTENDER
POR TARCISIO SALOMÃO FILHO

INTRODUÇÃO
Desde que me converti
verdadeiramente a Jesus, sempre
fui obcecado e apaixonado pela
Bíblia. Acho incrível como um livro
que foi escrito a mais de dois mil
anos consegue ser mais atual que
muitos jornais e revistas, além de
conseguir nos ajudar nos melhores
e piores momentos da nossa vida.

A Bíblia é um livro incrível,


independente se você acredita ou
não no que está escrito ali, ela é o
livro mais incrível e fascinante que
existe no planeta terra.

Nesse ebook quero mostrar pra


vocês como eu faço pra entender
melhor esse livro que eu acredito

que seja a palavra de Deus e


inspirado pelo Espírito Santo. Quero
dar dicas, contar segredos e
curiosidades que talvez você não
saiba, que vai fazer você uir
bastante na sua leitura bíblica e
consequentemente na sua vida
com deus.

Entender verdadeiramente a
Bíblia é algo urgente pra nós
cristão, principalmente nos dias de
hoje. Existem várias pessoas que
infelizmente usam o texto bíblico
para controlar e manipular cristãos
genuínos para conseguir dinheiro,
poder, etc.… Principalmente hoje
com essa polarização politica,
entender a Bíblia não é algo
somente importante, mas algo
também necessário para que você
fl
não seja manipulado por discursos
políticos e ideológicos

Se você não me conhece, meu


nome é Tarcisio, tenho 27 anos e
produzo ha 5 anos conteúdo gospel
em varias redes sociais, tenho
orgulho de dizer que Jesus
realmente mudou minha vida em
todas as áreas e sinto orgulho de
poder te ajudar de alguma forma
nesse livro. Tenha uma boa leitura!

1.
O QUE É A BÍBLIA?

A Bíblia é um conjunto de 66
livros, que foram escritos entre
1500-1400 a.C e 100 d.C. A Bíblia
Sagrada é dividida em duas
grandes partes: o Antigo
Testamento - ou Velho Testamento
- composto por 39 livros e o Novo
Testamento que reúne 27 livros.
Ter uma Bíblia é ter uma
biblioteca nas suas mãos!

A palavra 'bíblia' é o plural da


palavra grega biblos que signi ca
'livro'. A palavra também remete a
cidade do Líbano chamada Biblos -
que atualmente se chama Jbeil -

fi
local onde eram produzidos os
papiros comercializados na Grécia
Antiga.

Todos os textos bíblicos foram


escritos originalmente em hebraico
e grego, com poucas partes em
aramaico. Cada livro foi elaborado
em épocas distintas, sendo
reunidos nos primeiros séculos da
igreja cristã.

Apesar de ser um livro inspirado


por Deus, a Bíblia não surgiu do
nada. Ela é fruto de mais de 1000
anos de escrita, escritos esses que
foram feitos por diversas pessoas,
em varias épocas diferentes, nesse
primeiro tópico quero contar pra
vocês um pouco como a Bíblia foi
formada.

A primeira coisa que você


precisa entender é que a Bíblia não
foi organizada integralmente em
ordem cronológica, os livros foram
organizados priorizando uma ordem
narrativa. Se os livros fossem
organizados apenas em ordem
cronológica, o Livro de Jó, por
exemplo, estaria a frente do Livro
de Gênesis - o que não seria tão
harmônico.

A Bíblia é dividida em 2 grandes


blocos: o Antigo Testamento e o
Novo Testamento. A palavra
'testamento' signi ca 'aliança'.

O primeiro bloco fala da primeira


aliança que Deus fez com os
homens, as origens da
humanidade, a história do povo de
fi
Israel e a promessa da vinda do
Messias.

Já o Novo Testamento faz parte da


nova aliança cumprida em Jesus, a
expansão do Evangelho e a
profecia dos m dos tempos com a
volta de Cristo. Desta forma, o
Novo Testamento é uma conclusão
do Velho Testamento. É importante
você entender isso pois muitas
pessoas acham que o antigo
testamento noa é tão importante.
(Ele é extremamente importante!)

Além de respeitar uma narrativa


'livro a livro', a Bíblia foi agrupada
por estilos literários, são eles: o
Pentateuco, os Livros Históricos,
os Livros Poéticos, os Profetas
Maiores, os Profetas Menores, os
Evangelhos, a História da Igreja
Primitiva, as Epístolas - ou Cartas
fi
- e Revelação ou Apocalipse.
Vamos entender cada um deles:

1. PENTATEUCO
O Pentateuco - do grego
pentateuchos, que signi ca 'livro de
cinco volumes' - é composto pelos
5 primeiros livros da Bíblia. Estes
fazem parte da Torá, o Livro da Lei
para os judeus. Todos estão
dispostos em ordem cronológica.
São eles: Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e
Deuteronômio.

2. LIVROS HISTÓRICOS
Este conjunto é formado por 12
livros que contam a história do
povo de Israel desde a conquista
da Terra Prometida até o exílio
babilônico. Os 12 livros também

fi
estão em ordem cronológica:
Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel,
I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras,
Neemias e Ester.

3. LIVROS POÉTICOS
5 livros fazem parte deste grupo.
São poesias, sabedorias,
provérbios e cânticos. Estes estão
organizados por ordem de
relevância, são eles: Jó, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes,
Cantares.

4. PROFETAS MAIORES
Os livros proféticos - num total
de 17 - são registros dos profetas
sobre o Povo de Israel. Neste grupo
há uma sub-divisão - profetas
maiores e menores - organizados
por ordem de relevância. Fazem

parte dos profetas maiores 5 livros:


Isaías, Jeremias, Lamentações,
Ezequiel e Daniel.

5. PROFETAS MENORES
Neste grupo estão organizados
12 livros proféticos. A nomenclatura
não quer dizer que um profeta era
"maior do que o outro", na verdade,
a de nição está relacionada a
extensão da obra literária. Os livros
dos profetas menores tem menos
capítulos do que os livros dos
profetas maiores, são eles: Oseias,
Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miqueias, Naum, Habacuque,
Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
fi

6. PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO (OU


INTERBÍBLICO)
Este período remete ao que não
foi escrito, é justamente o espaço
de tempo em que nada foi
profetizado entre o Antigo e o
Novo Testamento. Os "anos de
silêncio" durou aproximadamente
400 anos.

7. EVANGELHOS
Os 4 Evangelhos relatam o
nascimento, o ministério, a morte, a
ressurreição e a ascensão de
Jesus. Destes, 3 evangelhos são
denominados como sinóticos - que
tem a mesma visão - pois
respeitam a mesma sequência de
fatos. Apenas o Evangelho de João
se difere dos demais por ter

diferenças em vários detalhes, na


ênfase e no vocabulário. São os 4
livros: Mateus, Marcos, Lucas e
João.

8. A HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA


É composto por apenas um livro
histórico. O livro aborda sobre a
implementação da Igreja Primitiva
depois do derramar do Espírito
Santo e a expansão do Evangelho.
O livro é conhecido como Atos dos
Apóstolos.

9. EPÍSTOLAS OU CARTAS
APOSTÓLICAS
São cartas apostólicas direcionadas
às primeiras igrejas espalhadas no
mundo antigo, são um total de 21
cartas. Todas as cartas estão

organizadas cronologicamente,
sendo que as 13 primeiras cartas
são de autoria do Apóstolo Paulo,
são elas: Romanos, I e II
Coríntios, Gálatas, Efésios,
Felipenses, Colossenses, I e II
Tessalonicenses, I e II Timóteo,
Tito e Filemon. Já as 8 cartas
restantes foram escritas por outros
autores, são elas: Hebreus, Tiago,
I e II Pedro, I, II e III João e Judas.

10. APOCALIPSE OU REVELAÇÃO


No caso, apenas o Livro de
Apocalipse - escrito por João
Evangelista - faz parte desta
categoria.

2.
CONTEXTO

A Bíblia faz parte de um


contexto mais amplo pois se trata
de textos que foram escritos numa
época muito distante da nossa.

Assim, a leitura se torna um pouco


mais complexa, e até as vezes
incompreensível por causa de uma
distância temporal, linguística e
cultural existente entre o texto
bíblico e a interpretação que
fazemos hoje. E, por isso,
chamamos a atenção para a
necessidade de uma leitura mais
cuidadosa; não tão rápida e
super cial, para que não ocorra
uma interpretação equivocada e

fi

arriscada. Porque, é natural


entendermos o que lemos a partir
de conceitos e da ideia que temos
do mundo moderno em que
vivemos, esquecendo-nos de que a
Sagrada Escritura é formada por
textos antigos, construídos num
mundo diferente do nosso.

Dessa maneira, precisamos


buscar o máximo de informações
sobre o texto que iremos estudar.
Tudo que o cerca, de modo
especial o período em que foi
escrito, e o contexto histórico que
in uenciou na produção desse
texto.

fl
3.
REPETIÇÃO

Qualquer pessoa que estude a


Bíblia com profundidade, mais cedo
ou mais tarde descobrirá que a
repetição é uma das principais
formas de comunicação dos
escritores bíblicos. O fascinante é
que não é usado apenas de uma,
mas de várias maneiras. Na
verdade, existem pelo menos
quatro tipos de repetição na Bíblia
que você deve estar ciente se
quiser estudar este livro de uma
forma mais profunda e descobrir
que obra-prima ele realmente é, são
eles:

1. PALAVRAS E FRASES
Este é provavelmente o tipo de
repetição mais comum e mais óbvio
encontrado na Bíblia. Depois de
estar ciente de como a repetição é
importante e usar uma tradução
precisa, você pode encontrar
palavras e frases repetidas em
praticamente todos os textos da
Bíblia.

Em alguns casos, essas


repetições nos ajudam a ver qual é
o assunto principal de uma
passagem – como em Gênesis 17,
onde a palavra “aliança” é repetida
13 vezes ou em Romanos 4, onde a
palavra “justiça” é repetida 8 vezes,
a palavra “Fé” 10 vezes e a palavra
“acreditar” 6 vezes. Ou no Salmo
136, onde a frase “porque a sua

misericórdia dura para sempre” é


repetida não menos do que 26
vezes.

Às vezes, as palavras ou frases


repetidas também nos ajudam a ver
como uma passagem ou mesmo
um livro inteiro é organizado ou
estruturado – como os termos
“imediatamente”, “ensino”,
“autoridade” e “espírito impuro”
que nos ajudam a ver a estrutura
quiástica da história da cura de um
endemoninhado em Marcos 1:
21-28 ou a frase “estas são as
gerações” que ocorre
repetidamente no livro de Gênesis e
divide o livro em diferentes seções.
E às vezes as palavras ou frases
repetidas também podem nos
ajudar a ver conexões entre
diferentes partes de um texto ou
entre certos personagens – como
em Marcos 5 onde o termo “ lha” e
a frase “12 anos” estão ligados
tanto à mulher com o uxo de
sangue e a lha de Jairo ou os
termos “nome” e “construir” que
destacam o contraste entre os
construtores de torres em Gênesis
11 e Abrão em Gênesis 12.

2. FRASES E PARÁGRAFOS
Não são apenas elementos
muito curtos, como palavras e
frases, que são repetidos na Bíblia,
mas também elementos mais
longos, como frases e parágrafos
inteiros. Tal como acontece com
palavras e frases, às vezes a
repetição é palavra por palavra, às
vezes há variações leves, mas
signi cativas.

fi
fi
fl

fi
Exemplos da primeira categoria
seriam a declaração “houve tarde
e manhã” que ocorre seis vezes no
relato da criação, mas que está
faltando signi cativamente nos
versículos sobre o sétimo dia. Ou a
observação de que “naquela
época não havia rei em Israel”,
que serve como refrão temático no
nal do livro de Juízes e fornece
uma conexão com os livros de
Samuel, onde a realeza é
obviamente um tópico chave. Na
história da vinha de Nabote em 1
Reis 21, por outro lado, temos
repetição com variação: no
versículo 3, Nabote diz ao rei
Acabe: O Senhor me livre de que eu
te dê a herança de meus pais, mas
depois no versículo 6 Acabe diz a
sua esposa Jezabel que Nabote
disse: Eu não vou te dar minha
fi
fi
vinha – fazendo parecer que Nabote
recusou uma oferta muito generosa
do rei, mas omitiu qualquer menção
de que a vinha foi uma herança dos
pais e, portanto, de acordo com a
divina a lei não deveria ser vendida!

Portanto, neste caso, a variação


nos dá uma visão mais profunda do
caráter de Acabe.

Um exemplo clássico de um
parágrafo inteiro sendo repetido é
encontrado em Números 7, onde os
líderes das doze tribos de Israel
trazem exatamente as mesmas
ofertas para a dedicação do altar
no santuário.

Agora, se escrevêssemos este


texto hoje, provavelmente daríamos
a lista de ofertas uma vez e então
diríamos algo como: os outros onze
líderes trouxeram exatamente as
mesmas coisas que o primeiro. Mas
o autor bíblico descreve
exatamente a mesma lista de
ofertas doze vezes. Isso não só dá
à história um certo tipo de ritmo e
solenidade – também enfatiza a
completa unidade e harmonia das
tribos, bem como o apoio total e
idêntico para o santuário e para o
Deus que habitava ali por todo
Israel. Mas você só percebe isso
quando lê o texto inteiro. Então,
experimente algum dia!

3. CENAS E HISTÓRIAS
Talvez você tenha notado que às
vezes cenas inteiras ou mesmo
histórias são repetidas uma ou até
várias vezes em outros lugares da
Bíblia. Isso acontece bastante em
livros como Samuel, Reis e

Crônicas ou em certos capítulos


do livro de Isaías. E, claro, nos
evangelhos. Na maioria desses
casos, há pequenas variações entre
as diferentes versões da cena ou
história, geralmente porque cada
autor deseja destacar certas coisas
que sublinham a mensagem
especí ca que ele está tentando
transmitir.

É por isso que é tão importante


olhar para cada versão em seu
contexto particular. Mas há também
outra variante desse tipo de
repetição, onde, em vez de a
mesma história ser contada várias
vezes, várias histórias descrevendo
eventos diferentes, mas muito
semelhantes, são mencionadas.
Por exemplo, em Gênesis 12, 20 e
26 encontramos três histórias que
fi
apresentam um patriarca, que mora
em um país estrangeiro e a rma
que sua esposa é sua irmã porque
ele tem medo que o povo do país o
matará se descobrirem que ela é
sua esposa. Nos três casos o
governante do país descobre a
verdade e confronta o patriarca,
dizendo: o que você fez conosco?
Ou considere a anunciação da cena
do nascimento de um lho ou o
encontro com a futura esposa em
uma cena de poço, os quais
ocorrem várias vezes no Antigo e
no Novo Testamento. A grande
questão obviamente é: por que os
autores bíblicos fazem isso? Bem,
por um lado, eles querem nos
conscientizar, como leitores, de
certos temas importantes. E eles
querem que conectemos diferentes
partes e diferentes personagens da
fi
fi
Bíblia para que possamos
compará-los, mas também para
que reconheçamos que todos eles
pertencem à mesma grande história
que culmina na história de Jesus,
onde muitos desses cenas e
histórias reaparecem de alguma
forma.

3. MOTIVOS E TEMAS
Além da repetição baseada em
palavras, também ocorre a
repetição de certas imagens ou
ideias – ou seja, de motivos e
temas.

No livro do Gênesis, por


exemplo, há várias histórias sobre
engano: começa com o engano de
Eva no jardim, então temos Abraão
que engana Faraó e Abimeleque,
Jacó engana seu irmão Esaú e seu

pai Isaque, Labão engana Jacó,


Jacó engana Labão, os lhos de
Jacó enganam o povo de Siquém e
seu pai Jacó e, nalmente, José
engana seus irmãos. Então,
claramente, o engano desempenha
um papel proeminente em Gênesis
– assim como irmãos ou mulheres
estéreis ou o conceito de bênção.
Ou fogo nas histórias sobre Sansão
no livro de Juízes, o redentor no
livro de Rute, o envio de
mensageiros em 2 Sam 8-15 ou
água nos primeiros cinco capítulos
do evangelho de João.

E a lista poderia continuar


inde nidamente, porque existem
literalmente milhares desses tipos
de motivos na Bíblia e todos eles
estão esperando para serem
descobertos por ninguém menos
fi
fi
fi
que você! Portanto, se você não
percebeu os motivos e temas que
acabei de mencionar, certi que-se
de procurá-los na próxima vez que
estudar esses livros!

Então, talvez neste ponto você


esteja dizendo: bem, isso é bom,
mas e daí? Por que devo prestar
atenção a essas coisas? Duas
coisas: número um, ajuda você a
ver a beleza e o design intencional
da Bíblia muito melhor e número
dois, ajuda você a descobrir o que
o autor está tentando comunicar. E
as duas coisas juntas tornam o
estudo da Bíblia muito mais
agradável!

fi
5.
O REINO DE DEUS

O Reino de Deus é basicamente


o domínio, o reinado ou a soberania
de Deus sobre tudo. A doutrina
acerca do Reino de Deus permeia a
Bíblia como um todo. Por isso é
preciso entender que a expressão
“Reino de Deus” traz um conceito
bastante amplo, cujo signi cado e
sentido devem ser compreendidos
à luz do contexto de toda Escritura.

As profecias acerca do Reino de


Deus estão presentes desde o
Antigo Testamento. Mas é no Novo
Testamento que a mensagem sobre
o Reino de Deus se desenvolve de

fi
uma forma ainda mais clara,
principalmente sendo o tema mais
frequente da pregação de Jesus.

No Sermão do Monte, por exemplo,


Jesus tratou explicitamente sobre a
ética do Reino de Deus; bem como
em suas parábolas ele ensinou
sobre os princípios que
caracterizam a natureza desse
reino.

Grande parte das parábolas de


Jesus é introduzida com o objetivo
de revelar algum aspecto do Reino
de Deus.

REINO DE DEUS OU REINO DOS CÉUS?


Algumas pessoas tentam aplicar
signi cados diferentes às
designações “Reino de Deus” e
“Reino dos Céus”. Mas um estudo
fi

bíblico básico sobre o tema mostra


claramente que não há qualquer
diferença entre essas duas
expressões.

A expressão “Reino dos Céus”


aparece trinta e quatro vezes no
Evangelho de Mateus; enquanto
que a expressão “Reino de Deus”
aparece somente cinco vezes. Já
os outros três Evangelhos fazem
uso frequente da expressão “Reino
de Deus”.

Além disso, em várias


passagens que Mateus usa a
designação “Reino dos Céus”, os
textos paralelos de Marcos, Lucas e
João usam a designação “Reino de
Deus”. O próprio Mateus usou as
duas expressões juntas de forma
intercambiável (Mateus 19:23,24).
Portanto, as designações “Reino de
Deus”, “Reino dos Céus” ou
simplesmente “Reino” são
sinônimas (Mateus 5:3; Lucas 6:20).

Há uma sugestão muito usada


para explicar o motivo pelo qual
Mateus usa “Reino dos Céus” em
preferência a “Reino de Deus”.
Essa explicação diz que Mateus
usa a expressão “Reino dos Céus”
porque ele era um judeu
escrevendo para judeus. Os judeus
tinham por costume usar o nome
de Deus o menos possível, por tê-lo
como muito sagrado. Então Mateus
respeitou essa tradição e falou do
“Reino dos Céus”.

Por outro lado, a expressão


“Reino dos Céus” talvez não fosse
tão inteligível para os gentios
quanto “Reino de Deus”. Então
pode ser por isso que Marcos,
Lucas e João usam essa expressão
ao invés de “Reino dos Céus”.

O SIGNIFICADO DO REINO DE DEUS NA


BÍBLIA
O conceito do Reino de Deus
pode ser trabalhado tanto de forma
mais ampla quanto mais restrita;
tanto em seu signi cado mais geral
quanto mais especí co. Como foi
dito, seu signi cado geral fala do
reinado eterno e soberano de Deus
sobre tudo. Do começo ao m a
Bíblia mostra Deus como o rei
supremo que governa todas as
coisas (Salmos 103:19; 113:5;
Daniel 4:34,35; Mateus 5:34;
Efésios 1:20; Colossenses 1:16;
Hebreus 12:2; Apocalipse 7:15;
etc.).

fi
fi
fi
fi
Já o Reino de Deus em seu
signi cado mais restrito fala de
tudo o que envolve a ação
soberana de Deus na redenção de
seu povo. Por isso inclui-se no
conceito de “Reino de Deus” a obra
de Cristo, a realidade presente da
Igreja e as bênçãos da salvação, e
a consumação de todas as
promessas na bem-aventurança
eterna no universo redimido.

Nesse sentido é impossível


dissociar a ideia de salvação do
conceito de Reino de Deus.

A entrada no Reino de Deus


expressa justamente a realidade de
ser redimido por Cristo e habitado
pelo Espírito Santo. Então ninguém
pode entrar no Reino de Deus por
seus próprios méritos.

fi
Os discípulos entenderam a
intima conexão entre salvação e
Reino de Deus. Quando Jesus
disse que é mais fácil um camelo
passar pelo fundo de uma agulha
do que um rico entrar no Reino de
Deus, eles logo questionaram:
“Então, quem pode ser salvo?”
(Marcos 10:25,26).

O DESENVOLVIMENTO DO REINO DE
DEUS
Apesar de Deus governar todo o
universo soberanamente de seu
trono, por causa do pecado a
humanidade caída se recusa a
reconhecer o governo de Deus.
Desde o início da história do mundo
os ímpios têm se levantado em
rebelião contra o Reino de Deus.
Mas isso um dia isso chegará ao

m. O Reino de Deus durará para


sempre e toda oposição a ele caíra
em ruína.

Mas segundo as Escrituras, tudo


isso envolve um longo processo
histórico. O compromisso com o
Reino de Deus foi primeiramente
guardado na linhagem piedosa de
Sete, que culminou na obediência
de Noé. Depois, num novo estágio,
ele foi mantido com Abraão e sua
descendência. Então é possível
dizer que no Antigo Testamento a
revelação do Reino de Deus
limitava-se ao povo de Israel.

Enquanto isso, as demais


nações estavam em trevas e em
completa rebelião contra Deus.

Mas havia um propósito muito mais


amplo; o Reino de Deus não haveria
fi
de car restrito apenas ao povo de
Israel. Aquele era somente um
estágio temporário que daria lugar a
um novo estágio, um estágio nal e
superior do Reino de Deus.

Por isso os profetas profetizaram


sobre a expansão do Reino de
Deus sobre toda a terra, onde
judeus e gentios haveriam de se
juntar em total rendição e
obediência a Deus, cujo reino
jamais teria m (cf. Gênesis
17:17-20; 18:18; 1 Crônicas
16:23-36; Salmo 67; 97; Isaías
52:7-15; Malaquias 4; Romanos
4:13-17).

Quando Cristo encarnou neste


mundo, Ele inaugurou o estágio
nal do Reino de Deus. Ele é o
Messias davídico, o Rei escolhido
fi
fi
fi
fi
que trouxe o Reino de Deus à terra
de uma forma inédita. Por isso João
Batista, o proclamador do Messias,
e o próprio Jesus, anunciaram
rmemente que o Reino dos Céus
havia chegado, trazendo graça e
juízo (Mateus 3:2-12; 4:17). Mas
como ca claro, o Reino de Deus se
desenvolve de tal forma a alcançar
seu cumprimento pleno na
consumação dos séculos.

OS ASPECTOS DO REINO DE DEUS


Considerando a ideia da
revelação e desenvolvimento
progressivo do Reino dos Céus ao
longo dos tempos, podemos dizer
que a Bíblia expõe o Reino de Deus
em dois aspectos: presente e
futuro. Vejamos melhor cada um
desses dois aspectos.

fi
fi

No aspecto presente, falamos


do Reino de Deus em seu
prosseguimento atual na Igreja.
Nesse aspecto, W. Hendriksen fala
do Reino de Deus como sendo o
domínio do Senhor reconhecido no
coração e ativo na vida do seu
povo. Então esse conceito envolve
as bênçãos da salvação para
aqueles que reconhecem o
senhorio de Cristo. Os cidadãos do
Reino são aqueles que foram
arrancados do reino das trevas para
o Reino de Cristo (Colossenses
1:13).

Também é verdade que o Reino


de Deus se desenvolve de forma
misteriosa durante a era do
Evangelho (Mateus 13:19-52;
Marcos 4:30). Ainda nesse aspecto
presente, Jesus diz que o Reino de
Deus não vem com aparência
exterior, “porque o Reino de Deus
está entre vós” (Lucas 17:20,21).
Aqui, através de sua vida e
testemunho, a Igreja é chamada a
tornar visível o Reino de Deus. Além
disso, os milagres de Jesus,
operados pelo poder do Espírito
Santo, serviram como evidência da
chegada do Reino de Deus (Mateus
12:28).

Portanto, o Reino de Deus nesse


último estágio, no aspecto
presente, foi inaugurado por Cristo
(Mateus 2:2; 4:23; 9:35; 27:11;
Marcos 15:2; Lucas 16:16; 23:3;
João 18:37). Agora ele está em
pleno andamento na Igreja (Mateus
24:14; Romanos 14:16,17; 1
Coríntios 4:19,20; Colossenses
4:11).

O Reino de Deus continuará em


progresso até que alcançará sua
manifestação nal e plena quando
Cristo voltar em glória. Sim, num
certo aspecto o Reino de Deus já
está aqui, mas, num outro aspecto,
ele ainda virá. Ele é algo presente,
mas também é algo futuro (Mateus
7:2-22; 25:34; 26:29). Por isso
Jesus Cristo fala do Reino como
uma herança que está preparada
para os santos (Mateus 25:34).

O Reino de Deus, que nesse


último estágio presente estende-se
a todos os povos e nações, em
breve será consumado (1 Coríntios
15:50-58; Apocalipse 11:15). O dia
em que isso acontecerá está
decretado pelo próprio Deus, mas é
desconhecido dos homens (Atos
1:7). Quando o Reino de Deus for
fi
consumado vindo em toda sua
plenitude, a vontade divina será
obedecida de forma perfeita no
universo redimido.

Nesse dia se dará o cumprimento


nal da oração ensina por Jesus:
“Venha a nós o vosso Reino; seja
feita a tua vontade, assim na terra
como no céu” (Mateus 6:10). Toda
oposição ao perfeito, sábio e santo
conselho de Deus desaparecerá.

CONCLUSÃO SOBRE O REINO DE DEUS


Falar do Reino de Deus é falar
da própria mensagem das
Escrituras. Então podemos falar
que:

O Reino de Deus é o domínio


ou a soberania reconhecida de
Deus (Mateus 6:10).
fi

O Reino de Deus envolve a


completa salvação. Em outras
palavras, o Reino de Deus inclui
todas as bênçãos materiais e
espirituais que acontecem quando
Deus é reconhecido e obedecido
como o Rei do nosso coração
(Mateus 10:25,26).

A Igreja é a comunidade de
pessoas em cujos corações Deus é
reconhecido como Rei e Senhor.
Então há um sentido especí co em
que o Reino de Deus e a Igreja são
expressões quase que equivalentes.
Isso explica a promessa de Jesus
ao falar sobre a liderança e o
fundamento apostólico na
edi cação da Igreja: “Dar-te-ei as
chaves do Reino dos Céus” (Mateus
16:19).
fi
fi
O Reino de Deus também fala
da bem-aventurança eterna; fala da
vida no novo céu e nova terra com
toda sua glória. Esse é o sentido
futuro do Reino que expressa a
realização nal do poder salvador
de Deus (Mateus 25:34).
fi
MUITO OBRIGADO!

Esses são uns dos pontos mais


importantes que eu acredito que
vão te ajudar bastante na sua
leitura bíblica! Obrigado por ler até
aqui e por con ar no meu trabalho.
Deus te abençoe!
fi

Você também pode gostar