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Curso Básico de

Gestão de
Energia
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI ELETROBRAS
José da Costa Carvalho Neto
Robson Braga de Andrade Presidente
Presidente Renata Leite Falcão
Superintendente de Eficiência Energética
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DIRETORIA EXECUTIVA – DIREX Chefe do Departamento de Projetos de Eficiência Energética
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José Augusto Coelho Fernandes Chefe da Divisão de Eficiência Energética no Setor Privado
Diretor Executivo
Revisão Técnica
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Diretor de Operações PROCEL INDÚSTRIA
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Mônica Messenberg Guimarães Braulio Romano Motta
Diretora de Relações Institucionais Carlos Aparecido Ferreira
Carlos Henrique Moya
Luis Felipe Gomes Barbosa
INSTITUTO EUVALDO LODI - IEL Samuel Moreira Duarte Santos
Conselho Superior
Revisão Gráfica
Robson Braga de Andrade Kelli Mondaini
Presidente
Elektro – Eletricidade e Serviços S/A
IEL – Núcleo Central
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Paulo Afonso Ferreira Diretor Executivo Comercial e de Suprimento de Energia
Diretor-Geral
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Carlos Roberto Rocha Cavalcante Gerente Executivo de Mercado e Suprimento de Energia
Superintendente
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ELETROBRAS Coordenador de Projetos de Eficiência Energética da
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003, Rio de Janeiro RJ, Caixa Postal 1639
Tel 21 2514–5151 FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
www.eletrobras.com – FIESC
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Alcantaro Corrêa
PROCEL Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Catarina
Av. Rio Branco, 53, 14º, 15º, 19º e 20º andares, Centro,
20090-004 Rio de Janeiro - RJ Sérgio Roberto Arruda
www.eletrobras.com/procel Diretor Regional do SENAI/SC
procel@eletrobras.com
Antônio José Carradore
PROCEL INDÚSTRIA Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC
Eficiência Energética Industrial
Av. Rio Branco, 53, 15º andar, Centro, 20090-004, Rio de Marco Antônio Dociatti
Janeiro-RJ Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Fax 21 2514-5767
www.eletrobras.com/procel João Roberto Lorenzett
procel@eletrobras.com Diretor do SENAI/SC – Florianópolis
R E D E

SENAI
DE EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA

Confederação Nacional da Indústria


Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso Básico de

Gestão de
Energia

Adamastor Rangel Kammler


Eliana de Matos Rosenhaim
Guilherme de Oliveira Camargo
Ismar Henriques Silveira
Katherine Helena Oliveira de Matos
Luis Fabiano Celestrino
Marcio Silva Viana Araújo
Wenilton Rubens de Souza

Florianópolis, 2013
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o
prévio consentimento do editor.

Autores
Adamastor Rangel Kammler
Eliana de Matos Rosenhaim
Guilherme de Oliveira Camargo
Ismar Henriques Silveira
Katherine Helena Oliveira de Matos
Luis Fabiano Celestrino
Marcio Silva Viana Araújo
Wenilton Rubens de Souza

Fotografias
CNI | STOCK.XCHNG | Morguefile | Microsoft | Senai/SC

Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting Takiuchi CRB14/937 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis

C977
Curso básico de gestão de energia / Adamastor Rangel Kammler ... [et al.].
– Florianópolis : SENAI/SC/DR, 2013.
265 p. : il. color ; 28 cm.

Inclui bibliografias.

1. Energia. 2. Energia - Consumo. 3. Energia – Medição. 4. Ferramentas


de gestão. 5. Liderança. I. Kammler, Adamastor Rangel. II. SENAI.
Departamento Regional de Santa Catarina.

CDU 620.9

SENAI/SC* — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Faculdade de Tecnologia SENAI/SC — Florianópolis
Rodovia SC 401 n°. 3730, Saco Grande,
Florianópolis/SC CEP 88032-005
Fone: (48) 3239 5800 — Fax: (48) 3239 5802
www.sc.senai.br
Sumário

Apresentação .......................................................................................................... 07

Plano de estudos .................................................................................................... 09

Etapa Introdutória

Unidade 1 – Tarifas e Faturas de Energia Elétrica ............................................ 13

Etapa P

Unidade 1 – Balanço Energético da Planta/Linha de Produção/Centro de


Custo ........................................................................................................................ 39

Unidade 2 – Ferramentas de Gestão .................................................................. 57

Unidade 3 – Sistemas de Gestão ........................................................................ 95

Etapa D

Unidade 1 – Conversão de Energia .................................................................. 115

Etapa C e A

Unidade 1 – Eficiência Energética .................................................................... 137

Unidade 2 – Medição e Verificação (M & V) .................................................... 149


Etapa Conclusiva

Unidade 1 – Economia .........................................................................................173

Unidade 2 – Série Uniformes e Pagamentos ................................................... 183

Unidade 3 – Análise de Investimentos ............................................................. 189

Unidade 4 – Ferramentas de Análise de Investimentos ................................ 201

Unidade 5 – Comportamental ........................................................................... 227

Glossário ................................................................................................................ 251

Sobre os autores ................................................................................................... 253

Referências ........................................................................................................... 257


Apresentação

Olá! Seja bem-vindo ao Curso Básico de Gestão de Energia. Este curso


foi construído com o objetivo de permitir aos alunos o conhecimento, as
atitudes e as práticas de gestão necessárias para a área de eficiência
energética nas indústrias, identificando os desperdícios (elétricos e térmicos)
e os outros insumos dos processos industriais, e comunicando a alta
gerência de forma eficaz.

Para iniciar, você conhecerá as tarifas e faturas dos insumos energéticos.


Somente conhecendo as faturas você poderá identificar onde está o
maior gasto de energia de sua empresa, e até mesmo de sua casa. Para
complementar os seus estudos, você encontrará um material na sessão
Saiba Mais sobre os principais equipamentos e sistemas, para que possa
identificar possíveis gastos de energia indevidos. Esta unidade tem um total
de 4 horas de estudo.

Será utilizado o Ciclo PDCA (Figura 1) para apresentar os conceitos


necessários para a formação de um bom gestor de energia. O PDCA é um
ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua e é aplicado
para atingir resultados dentro de um sistema de gestão, objetivando o
sucesso. Começa pelo planejamento (Plan), em seguida vem a execução
(Do), depois a verificação (Check) e, por fim, a ação (Act) sobre o sistema
para melhorá-lo. Quando concluído, inicia-se novamente o ciclo com o
planejamento de mais melhorias.

Na etapa P você estudará sobre balanço energético da planta/linha de


produção/centro de custo, ferramentas de gestão e sistemas de gestão.
Serão 30 horas de estudo. Na etapa D, você estudará a conversão de
energia e terá leituras complementares no Saiba Mais sobre processos de
manutenção e de suprimentos, e serão 6 horas de estudo. Já na Etapa C e A
você acompanhará 12 horas de estudo sobre eficiência energética, incluindo
Medição & Verificação e Soma Cumulativa. Para concluir, você terá quatro
unidades de 3 horas cada: na unidade Economia, você aprenderá como
calcular Custos, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Payback;
na Unidade Comportamental, você estudará sobre liderança. Nas unidades
Comunicação e Trabalho em Equipe, você estudará sobre comunicação e
relacionamento interpessoal. Essas unidades também acompanham leitura
complementar sobre Gestão de Projetos, o que lhe dará uma base para
elaborar, no fim do curso, um Diagnóstico de Gestão de Energia da empresa
onde trabalha. Com certeza, será um grande aprendizado.

Você tem muito a ganhar com este curso, portanto, faça bom proveito e
mãos a obra!

SENAI/SC em Florianópolis

Figura 1: Ciclo PDCA


Plano
de estudos

Carga horária de dedicação


64 horas de atividades.

Ementa

Tarifas e Faturas de Energia Elétrica, Principais equipamentos e sistemas,


Balanço energético da planta/linha de produção/centro de custo, Ferra-
mentas de gestão, Sistemas de gestão, Conversão de energia, Processos de
manutenção e de suprimentos, Eficiência energética, Economia, Comporta-
mental.

Objetivo geral

Permitir aos alunos o conhecimento, as atitudes e as práticas de gestão


necessárias para a área de eficiência energética nas indústrias, identificando
os desperdícios (elétricos e térmicos) e outros insumos dos processos indus-
triais, comunicando a alta gerência de forma eficaz, e também:

Objetivos específicos

˜˜ Conhecer detalhadamente sua fatura de energia elétrica.


˜˜ Identificar os desperdícios energéticos (elétricos e térmicos).
˜˜ Diagnosticar oportunidades de eficiência energética, comunicando a alta
gerência e demais colaboradores de forma eficaz.
˜˜ Interpretar e gerar indicadores/relatórios de viabilidade técnico-financei-
ra.
˜˜ Identificar e correlacionar o conjunto dos aspectos técnicos, econômicos,
culturais e éticos envolvidos nas questões de eficiência energética dentro
da organização.
˜˜ Interagir com equipes nas diversas fases de diagnóstico e implementa-
ção de trabalhos envolvendo os assuntos abordados no curso.
Curso Básico de Gestão de Energia 10

Unidades de estudo

Etapa Introdutória

˜˜ Unidade 1 – Tarifas e Faturas de Energia Elétrica

Etapa P

˜˜ Unidade 1 – Balanço Energético da Planta/Linha de Produção/Centro de


Custo
˜˜ Unidade 2 – Ferramentas de Gestão
˜˜ Unidade 3 – Sistemas de Gestão

Etapa D

˜˜ Unidade 1 – Conversão de Energia

Etapas C e A

˜˜ Unidade 1 – Eficiência Energética


˜˜ Unidade 2 – Medição e Verificação (M & V)

Etapa Conclusiva

˜˜ Unidade 1 – Economia
˜˜ Unidade 2 – Série Uniformes e Pagamentos
˜˜ Unidade 3 – Análise de Investimentos
˜˜ Unidade 4 – Ferramentas de Análise de Investimentos
˜˜ Unidade 5 – Comportamental
Etapa
Introdutória
Unidade
Tarifas e Faturas
de Energia Elétrica
1
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ Conhecer as modalidades tarifárias que integram o


sistema de fornecimento de energia elétrica.

˜˜ Compreender as diferenças entre os elementos que


constituem a tarifa de energia elétrica.

Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudos:

˜˜ Seção 1: Consumo e demanda de energia elétrica.

˜˜ Seção 2: Fator de potência.

˜˜ Seção 3: Modalidades tarifárias.

˜˜ Seção 4: Conhecendo a fatura de energia elétrica.


Curso Básico de Gestão de Energia 14

Para Iniciar

Você já parou para pensar na importância de conhecer


as modalidades tarifárias e as faturas de energia? Pode
não parecer importante, mas o conhecimento e a correta
compreensão dos mecanismos de cobrança das tarifas de
energia elétrica proporcionam às empresas reais condi-
ções para atingirem melhores níveis de excelência em sua
gestão energética. A apresentação das modalidades tarifá-
rias possibilitará uma reflexão sobre a situação atual das
empresas como consumidoras de energia elétrica.

Seção 1

Consumo e demanda de
energia elétrica

O faturamento da energia elétrica apresenta peculiaridades de acordo com


o horário, o período do ano e, também, o grupo consumidor. Conhecendo
esses elementos, torna-se possível adequá-los à rotina da indústria e obter
melhores resultados financeiros.

Para isso, é necessário conhecer os conceitos de consumo e demanda de


energia elétrica, descritos na Figura 2: Conceitos de consumo e demanda.
Confira!
Curso Básico de Gestão de Energia 15

Consumo Demanda
Refere-se ao registro É a média das potências
da quantidade de energia elétrica elétricas ativas, solicitadas ao
que foi consumida durante sistema elétrico pela parcela
determinado período. É expresso da carga instalada em
em kWh (quilowatts hora). operação na unidade
consumidora durante um
intervalo de tempo
especificado. É expressa em kW
(quilowatts).

Figura 2: Conceitos de consumo e demanda

Para o consumo, as concessionárias adotam o período mensal para fins de


faturamento. Já para a demanda, a medição é realizada e integrada em in-
tervalos de 15 minutos. No entanto a demanda a ser faturada no respectivo
mês será a maior entre as demandas medida e contratada.

Segundo a ANEEL (2012), a demanda contratada é a demanda de potência


ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela concessionária,
no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência fixados em contra-
to, e que deve ser paga integralmente, mesmo que não tenha sido utilizada
durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW).

Já a demanda medida é a maior demanda de potência ativa, verificada por


medição e integralizada em intervalos de quinze minutos durante o período
de faturamento, também expressa em quilowatts (kW).
Curso Básico de Gestão de Energia 16

Atenção

De acordo com a resolução n. 414/2010, não haverá


cobrança de ultrapassagem se a medição não superar em
até 5% o valor da demanda contratada. Ainda segundo os
artigos 93 e 104 da Res. n. 414/2010, o faturamento de
clientes com ultrapassagem ocorre da seguinte forma:

Total Medido x Tarifa + (Valor medido – Valor contratado) x 2 x Tarifa (0)

Para melhor exemplificar, observe a Figura 3: Regra atual.

Figura 3: Regra atual

A demanda representa um valor significativo nas despesas com energia


elétrica das indústrias ligadas em tensão igual ou superior a 13,8 kV, princi-
palmente aquelas faturadas pela estrutura horossazonal.

Operacionalizar uma indústria com a menor demanda possível, sem preju-


dicar a produção, representa um dos principais objetivos na utilização eficaz
da energia elétrica.
Curso Básico de Gestão de Energia 17

Dicas

Para utilizar a demanda com maior eficiência, ela deve ser


supervisionada e controlada. Existem, no mercado, equipa-
mentos que controlam a demanda para que ela não ultra-
passe os valores predeterminados, desligando algumas
cargas previamente selecionadas.

Lembre-se de que:

˜˜ a demanda medida é a máxima verificada ao longo do mês. Basta deixar


todos os equipamentos ligados por 15 minutos que você pagará pelo
mesmo valor de demanda como se eles permanecessem ligados o mês
inteiro;
˜˜ em todas as modalidades tarifárias, sobre a soma das parcelas incide o
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços),
com alíquotas variando entre 20 e 30%, dependendo do Estado;
˜˜ as tarifas são diferenciadas por concessionária e os reajustes tarifários
são anualmente homologados pela ANEEL.

Na próxima seção, você acompanhará o estudo do fator de potência e verá


o que acontece quando se corrige um fator de potência de uma instalação.
Então, prossiga com os estudos.

Seção 2

Fator de Potência

A energia elétrica é a capacidade da corrente elétrica em realizar trabalho.


Curso Básico de Gestão de Energia 18

A energia instantânea utilizada pelos consumidores pode ser dividida em


duas partes: energia ativa e energia reativa.

A energia ativa é a que realmente realiza trabalho, isto é, ela transfor-


ma a energia elétrica em outras formas de energia, tais como: energia
luminosa(lâmpadas), energia mecânica (motores) e energia térmica (fornos).
O suprimento à energia ativa só pode ser feito por meio de usinas ou gerado-
res.

Já a energia reativa é responsável pela criação de campos magnéticos


necessários ao funcionamento de equipamentos industriais, tais como mo-
tores, transformadores e reatores, e de campos elétricos em capacitores. Es-
sas formas de energia não executam trabalho, apenas trocam energia com a
fonte de suprimento. As energias reativas ‘indutiva’ e ‘capacitiva’ trabalham
em oposição entre si, tendendo a se anularem. Por esta razão, o capacitor é
utilizado para corrigir o fator de potência.
Curso Básico de Gestão de Energia 19

O suprimento da maior parte da energia reativa também é realizado por


meio das usinas. No entanto, uma parcela desse suprimento é compensada
mediante a instalação de capacitores junto ao consumidor final.

Atenção

O ideal seria que toda carga reativa fosse compensada o


mais próximo possível das cargas instaladas no parque
fabril. Observe, na Figura 4, a representação da correção
do fator de potência.

Figura 4: Representação da correção do fator de potência

Fonte: Adaptado de WEG (2009)

Onde:

˜˜ P: é a potência ativa, ou potência útil, que é efetivamente transformada


no trabalho esperado no processo;
˜˜ Q: potência reativa.Representa a energia que oscila entre os componen-
tes do sistema, sem ser consumida ou transformada em outro tipo de
energia, durante um período de tempo;
Curso Básico de Gestão de Energia 20

˜˜ S: potência aparente é a composição da potência ativa e a potência rea-


tiva. Por intermédio da potência aparente são dimensionados os elemen-
tos de transmissão, comando e proteção do sistema elétrico;
˜˜ R e L: representam , respectivamente, a resistência elétrica e a indutân-
cia do motor.

O fator de potência é um índice que indica o quanto dessa energia foi utiliza-
da em trabalho e quanto foi utilizada na magnetização do motor do exemplo.
Trata-se, assim, do quociente da energia ativa (kW) pela energia aparente
(kVA).

Para melhor entender o assunto, veja o Triângulo de Potências – uma repre-


sentação na qual são evidenciadas as potências que integram uma instala-
ção elétrica. O fator de potência (FP) corresponde ao cosseno do ângulo (φ).
Veja o Triângulo das potências, na Figura 5.

Q
S
)
(kVA
re nte Potência
a
ap reativa
cia
tên (kvar)
Po

Potência ativa (kW) P

Figura 5: Triângulo das potências

Fonte: Adaptado de WEG (2009)

É importante você lembrar sempre que:

˜˜ o fator de potência indica a eficiência do uso da energia;


˜˜ a legislação exige das unidades consumidoras um fator de potência de,
no mínimo, 0,92, para que não ocorra o pagamento de multas.

Quando a unidade consumidora opera com um baixo fator de potência, te-


mos as seguintes consequências:
Curso Básico de Gestão de Energia 21

˜˜ perdas de energia elétrica na instalação por aquecimento dos conduto-


res;
˜˜ necessidade de aumento da seção transversal dos condutores;
˜˜ quedas de tensão;
˜˜ subutilização da capacidade instalada (Tabela 1);
˜˜ acréscimo na fatura de energia elétrica por operar com baixo fator de
potência.

Os capacitores compensam a energia reativa somente nos trechos dos circui-


tos elétricos a montante, isso quer dizer que, tomando como base o ponto
de instalação dos capacitores, tem-se a compensação desse ponto para trás.
Observe a Tabela 1: Triângulo das potências, a seguir.

Tabela 1: Triângulo das potências

Potência útil absorvida – kW Fator de Potência Potência do trafo – kVA

0,50 1.600

0,80 1.000
800
1,00 800

Fonte: WEG (2009)

Considerando os aspectos técnicos, práticos e financeiros, é a melhor solu-


ção.

˜˜ Aplicação: sugerem-se à correção mista os seguintes critérios:


˜˜ instala-se um capacitor fixo diretamente no lado secundário do trans-
formador;
˜˜ motores de aproximadamente 10 cv, ou mais, corrigem-se localmen-
te;
˜˜ motores com potência inferior a 10 cv, corrigem-se por grupos;
˜˜ redes próprias para iluminação com lâmpadas de descarga, usando-
-se reatores de baixo fator de potência, corrigem-se na entrada da
rede;
˜˜ na entrada da energia, instala-se um banco automático de pequena
potência para equalização final.

Quando se corrige um fator de potência de uma instalação, consegue-se um


aumento de potência aparente disponível e também uma queda significativa
da corrente elétrica do circuito.
Curso Básico de Gestão de Energia 22

Na próxima seção, você verá o impacto de um baixo fator de potência e


como ele é apresentado nas faturas de energia. A correção do fator de
potência é uma das medidas mais baratas na redução das despesas com
energia elétrica nas indústrias.

Seção 3

Modalidades tarifárias

Para a adoção de estratégias que possibilitem a otimização do uso da ener-


gia elétrica nos processos fabris, é necessário ter um perfeito conhecimento
da sistemática de tarifação em vigor. A legislação brasileira permite que as
concessionárias de energia calculem as faturas de acordo com o consumo
de energia elétrica, da demanda e das diferentes modalidades tarifárias.

Segundo a ANEEL (2008), na aplicação das tarifas de energia elétrica, os


consumidores são classificados por grupos e subgrupos de consumo. Veja
esses grupos e subgrupos de consumo, na Figura 6.

Figura 6: Grupos e subgrupos de consumo


Curso Básico de Gestão de Energia 23

Cada classe tem uma estrutura tarifária distinta, de acordo com as peculiari-
dades de consumo de energia e de demanda de potência. A tabela 2: Classi-
ficação tarifária, retrata a classificação de tais consumidores. Confira!

Tabela 2: Classificação tarifária


Grupo A

A1 Tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kW

A2 Tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV

A3 Tensão de fornecimento de 69 kV

A3a Tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV

A4 Tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV

Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendida a partir de sistema


AS
subterrâneo de distribuição e faturada no Grupo A excepcionalmente

Grupo B

B1 Residencial e residencial baixa renda

B2 Rural, cooperativa de eletrificação rural e serviço público de irrigação

B3 Demais classes

B4 Iluminação pública

Fonte: Adaptado da ANEEL (n. 479, 2012)

Além disso, a tarifa de energia elétrica poderá ser monômia ou binômia,


apresentando as seguintes diferenças.

Tarifa monômia: aquela que é constituída por valor monetário aplicável


unicamente ao consumo de energia elétrica ativa, obtida pela conjunção do
componente de demanda de potência e de consumo de energia elétrica que
compõem a tarifa binômia.

Tarifa binômia: aquela que é constituída por valores monetários aplicáveis


ao consumo de energia elétrica ativa e à demanda faturável.

A estrutura tarifária possui ainda divisões ao longo do dia e também ao lon-


go do ano, apresentando custos diferenciados. Veja a seguir.
Curso Básico de Gestão de Energia 24

a. Divisão no Dia
˜˜ Posto tarifário ponta: período composto por três horas diárias con-
secutivas definidas pela distribuidora, considerando a curva de carga
de seu sistema elétrico, aprovado pela ANEEL para toda a área de
concessão ou permissão, com exceção feita aos sábados, domingos e
feriados nacionais.
˜˜ Posto tarifário intermediário: período de horas conjugado ao posto
tarifário ponta, sendo uma hora imediatamente anterior e outra
imediatamente posterior, aplicado para o Grupo B, e admitida sua
flexibilização, conforme Módulo 7 dos Procedimentos de Regulação
Tarifária.
˜˜ Posto tarifário fora de ponta: período composto pelo conjunto das
horas diárias consecutivas e complementares àquelas definidas nos
postos ponta e, para o Grupo B, intermediário.

b. Divisão no Ano
˜˜ Período seco – período de sete ciclos de faturamento (meses) conse-
cutivos, referente aos meses de maio a novembro.
˜˜ Período úmido –período de cinco ciclos de faturamento (meses)
consecutivos, referente aos meses de dezembro de um ano a abril do
ano seguinte.

Segundo a ANEEL (2012), as modalidades tarifárias estarão divididas das


seguintes formas:

˜˜ modalidade tarifária convencional monômia: aplicada às unidades


consumidoras do grupo B, caracterizada por tarifas de consumo de ener-
gia elétrica, independentemente das horas de utilização do dia;
˜˜ modalidade tarifária convencional binômia: aplicada às unidades
consumidoras do grupo A, caracterizada por tarifas de consumo de ener-
gia elétrica e demanda de potência, independentemente das horas de
utilização do dia. Veja a tabela 3: Modalidade tarifária horária azul.
˜˜ modalidade tarifária horária branca: aplicada às unidades consumi-
doras do grupo B, exceto para o subgrupo B4 e para as subclasses Baixa
Renda do subgrupo B1. É caracterizada por tarifas diferenciadas de con-
sumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia.
Também é segmentada em três postos tarifários, sendo uma tarifa para
o consumo de energia para o posto tarifário ponta, outra para o posto
tarifário intermediário e uma terceira para o posto tarifário fora de ponta;
˜˜ modalidade tarifária horária azul: aplicada às unidades consumidoras
do grupo A, caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de ener-
gia elétrica e de demanda de potência, de acordo com as horas de utiliza-
ção do dia;
Curso Básico de Gestão de Energia 25

Tabela 3: Modalidade tarifária horária azul


Faturamento único para período
Horários
seco e úmido

Posto tarifário Ponta 3 horas (por ex.: Consumo – ponta


18h às 21h) Demanda – ponta

Posto tarifário Fora de ponta (21h Consumo fora de ponta


restantes) Demanda fora de ponta

Fonte: Adaptado da ANEEL (2012)

˜˜ modalidade tarifária horária verde: aplicada às unidades consumi-


doras do grupo A, caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo
de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia, assim
como de uma única tarifa de demanda de potência. Veja a tabela 4: Mo-
dalidade tarifária horária verde.

Tabela 4: Modalidade tarifária horária verde


Faturamento único para período
Horários
seco e úmido
Posto tarifário Ponta 3 – horas (por Consumo ponta
ex.: 18h às 21h)
Posto tarifário Fora de ponta (21h Consumo fora de ponta
restantes)
Todo dia (24 horas) Demanda única

Fonte: ANEEL (2012)

Curiosidades

De modo geral, a fatura de energia elétrica inclui o


ressarcimento de três custos distintos, representados na
Figura 7: Custos de energia, a seguir.
Curso Básico de Gestão de Energia 26

Figura 7: Custos de energia

Fonte: Adaptado de ANEEL (2008)

Segundo a ANEEL (2008), quando a fatura de energia elétrica chega ao con-


sumidor, ele pagará pela compra da energia (remuneração do gerador), pela
transmissão (custos da empresa transmissora) e pela distribuição (serviço
prestado pela distribuidora), além dos encargos e tributos determinados por
lei, destinados ao poder público.

Tais custos possuem as distribuições apresentadas na Figura 8: Distribuição


dos custos. Observe.

Figura 8: Distribuição dos custos

Fonte: Adaptado de ANEEL (2008)


Curso Básico de Gestão de Energia 27

Pergunta

Mas, para fazer o cálculo das faturas é necessário seguir


algumas fórmulas. Quais são elas?

Confira, a seguir, as fórmulas que devem ser seguidas para o cálculo da mo-
dalidade tarifária horária convencional, modalidade tarifária horária verde e
modalidade tarifária horária azul.

Nota

Nota: as fórmulas apresentadas a seguir compreendem o


cálculo parcial das tarifas, pois a tarifa completa poderá
conter, em alguns casos, a cobrança de ultrapassagem
da demanda contratada, ou o faturamento do consumo
de energia reativa excedente à quantidade permitida pelo
fator de potência de referência no período de faturamento,
e ainda a taxa de ICMS. No entanto, este cálculo parcial é
suficiente para realizar a análise tarifária para enquadra-
mento e, por isso, será apresentado aqui.

Tarifa convencional

FT = Dfat x Td + C x Tc (1)

FT – valor da fatura, R$

Dfat – valor da demanda faturável, kW

Td – tarifa de demanda, R$/kW

C – consumo de energia elétrica medido no mês, kWh

Tc – tarifa de consumo, R$/kWh


Curso Básico de Gestão de Energia 28

Modalidade tarifária horária verde

FT = Dfat x Td+ Cp x Tcp + Cfp x Tcfp (2)

FT – valor da fatura, R$

Dfat – demanda faturada, kW

Td – tarifa da demanda, R$/kW

Cp – consumo medido no mês – horário de ponta, kWh

Tcp – tarifa de consumo no horário de ponta, R$/kWh

Cfp – consumo medido no mês – horário fora de ponta, kWh

Tcfp – tarifa de consumo no horário fora de ponta, R$/kWh

Modalidade tarifária horária azul

FT = Dfatp x Tdp + Dfatfp x Tdfp + Cp x Tcp + Cfp x Tcfp (3)

FT – valor da fatura, R$

Dfatp – demanda faturada no horário de ponta, kW

Tdp – tarifa de demanda de ponta, R$/kW

Dfatfp – demanda faturada no horário fora de ponta, kW

Tdfp – tarifa de demanda fora de ponta, R$/kW

Cp – consumo medido no mês – horário de ponta, kWh

Tcp – tarifa de consumo no horário de ponta, R$/kWh


Curso Básico de Gestão de Energia 29

Cfp – consumo medido no mês – horário fora de ponta, kWh

Tcfp – tarifa de consumo no horário fora de ponta, R$/kWh

Confira, essas modalidades de tarifa, na Tabela 5: Resumo do enquadramen-


to tarifário.

Tabela 5: Resumo do enquadramento tarifário


ULTRAPASSAGEM
TIPO DE TARIFA VALORES A SEREM FATURADOS
DE DEMANDA
CONVENCIONAL

Aplicada como
Valor da Fatura =
opção para
Demanda Faturada
consumidores
X Aplicável quando
com demanda
Tarifa de demanda a demanda
menor que 300
+ medida superar a
kW. A demanda
Consumo de energia medido no mês contratada em 5%.
contratada
x
mínima é de 30
Tarifa de consumo
kW.

Ver observação 1.
Curso Básico de Gestão de Energia 30

ULTRAPASSAGEM
TIPO DE TARIFA VALORES A SEREM FATURADOS
DE DEMANDA
No período seco:
Valor da Fatura =
Demanda Faturada
X
Tarifa da demanda +
Consumo medido no mês - horário de
ponta
X Tarifa de consumo no horário de
ponta SECO +
Consumo medido no mês - horário fora
de ponta
X
Tarifa de consumo no horário fora de
VERDE
ponta SECO
Aplicada como Aplicável quando
No período úmido:
opçãopara a demanda
Valor da Fatura =
consumidores medida superar a
Demanda Faturada
da MT(Média contratada em 5%.
X
Tensão).
Tarifa da demanda
Ver observação 2.
+
Consumo medido no mês - horário de
ponta
X
Tarifa de consumo no horário de ponta
ÚMIDO
+
Consumo medido no mês - horário fora
de ponta
X
Tarifa de consumo no horário fora de
ponta ÚMIDO
Curso Básico de Gestão de Energia 31

ULTRAPASSAGEM
TIPO DE TARIFA VALORES A SEREM FATURADOS
DE DEMANDA
No período seco:
Valor da fatura (PERÍODO SECO) =
Demanda faturada no horário de ponta
X
Tarifa de demanda de ponta
+
Demanda faturada no horário fora de
ponta
X
Tarifa de demanda fora de ponta
+
Consumo medido no mês – horário de
ponta
X
Tarifa de consumo no horário de ponta
SECO
+
Consumo medido no mês – horário
AZUL fora de ponta
X
Aplicada Tarifa de consumo no horário fora de
Aplicável quando
de forma ponta SECO
a demanda
compulsória
medida superar a
para clientes No período úmido:
contratada em 5%.
com demanda Valor da fatura(PERÍODO ÚMIDO) =
maior ou igual a Demanda faturada no horário de ponta
300kW. X
Tarifa de demanda de ponta
+
Demanda faturada no horário fora de
ponta
X
Tarifa de demanda fora de ponta
+
Consumo medido no mês – horário de
ponta
X
Tarifa de consumo no horário de ponta
ÚMIDO
+
Consumo medido no mês – horário
fora de ponta
X
Tarifa de consumo no horário fora de
ponta ÚMIDO

Fonte: Adaptado de ANEEL (Res. n.479, 2012)


Curso Básico de Gestão de Energia 32

Preste atenção nas seguintes observações1:

Observação 1 - Se uma unidade consumidora enquadrada na modalidade


tarifária horária apresentar nove registros de demanda medida menor que
300 kW, nos últimos onze ciclos de faturamento, pode-se optar por retornar
para a tarifa convencional.

Observação 2 - Quando a unidade consumidora for classificada como rural


ou reconhecida como sazonal, a demanda a ser faturada será enquadrada
como:

˜˜ modalidade tarifária convencional: demanda medida no ciclo de fatura-


mento ou 10% da maior demanda medida em qualquer dos onze ciclos
completos de faturamento anteriores;
˜˜ modalidade tarifária horária: demanda medida no ciclo de faturamento
ou 10% da demanda contratada.

A cada doze meses, a partir da data da assinatura do contrato de forne-


cimento, deverá ser verificada, por segmento horário, a ocorrência de de-
manda medida superior à demanda contratada em, no máximo, três ciclos
completos de faturamento. Caso contrário, a concessionária poderá cobrar,
complementarmente, na fatura referente ao décimo segundo ciclo, as dife-
renças positivas entre as três maiores demandas medidas e as respectivas
demandas contratadas.

A Tabela 6: Modalidades tarifárias – Grupo A, a seguir mostra, de forma resu-


mida, as modalidades tarifárias para clientes do Grupo A.

1  As observações apresentadas aqui estão referidas nas seguintes fontes:

Guia Técnico Gestão Energética. Publicação da ELETROBRÁS / PROCEL. Rio de


Janeiro, 2005. Página 53.

Manuais Elektro de Eficiência Energética Segmento Industrial, página 56.

MEDEIROS, Wagner Silva. Proposta de diretrizes para auditoria energética em


pequenas e médias empresas: ferramenta para a ecoeficiência em sistema produ-
tivos. Dissertação de Mestrado da Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2010.
Página 42.
Curso Básico de Gestão de Energia 33

Tabela 6: Modalidades tarifárias – Grupo A

Subgrupo MODALIDADE TARIFÁRIA


Tarifário Convencional THS – Azul THS – Verde
A1 Compulsório para
A2 Impedido qualquer valor de Impedido
A3 demanda contratada
Disponível Disponível para
A3a Disponível para
para contratos qualquer valor
A4 qualquer valor de
inferiores a 300 de demanda
As (subterrâneo) demanda contratada
kW contratada

Fonte: Adaptado de ELEKTRO (2010)

Dicas

Existem diferentes alternativas de enquadramento tari-


fário. Ao conhecer o perfil de carga da indústria, torna-se
possível escolher o mais adequado e o que representará o
menor desembolso financeiro para a empresa.

Agora que você já conferiu as informações sobre consumo e demanda, já


conheceu os impactos de um baixo fator de potência e as modalidades
tarifárias, é importante conhecer e entender a composição de uma fatura de
energia elétrica. Prepare-se, pois é o assunto da próxima seção.

Seção 4

Conhecendo a fatura de
energia elétrica

A fatura de energia elétrica é o instrumento utilizado pela concessionária


para apresentar aos consumidores uma síntese das informações sobre o
fornecimento da energia elétrica.
Curso Básico de Gestão de Energia 34

O acompanhamento das faturas mensais permite às empresas uma visua-


lização efetiva das relações entre a variabilidade do processo produtivo e o
consumo de energia. Além disso, o histórico dos dados consolida-se como
um importante instrumento de informação para a realização de estudos de
viabilidade econômica em projetos de eficiência energética.

Observe, na Figura 9, um exemplo de Fatura de energia elétrica - industrial,


e confira as informações importantes que devem ser observadas em uma
fatura.

Figura 9: Fatura de energia elétrica – Industrial

Fonte: ELEKTRO (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 35

˜˜ Conta do mês: informa o mês/ano da respectiva fatura de energia elétri-


ca.
˜˜ Dias do período: informa o número de dias pertencentes ao respectivo
faturamento, tendo como base o calendário de leituras da concessioná-
ria.
˜˜ Demanda contratada: representa a demanda de potência ativa, expres-
sa em quilowatts (kW), contratada junto à concessionária de energia.
˜˜ Demanda medida: representa a maior demanda de potência ativa, me-
dida e integralizada no intervalo de quinze minutos, ao longo do período
de faturamento. É expressa também em quilowatts (kW).
˜˜ Tarifa de ultrapassagem: tarifa a ser aplicada ao valor de demanda
registrada que superar o valor de demanda contratada, respeitada a
tolerância.
˜˜ Consumo reativo excedente: representa a quantidade de energia rea-
tiva consumida de forma excedente e, por consequência, o custo despen-
dido com a ineficiência do sistema de correção do fator de potência da
instalação.

Relembrando

Nesta unidade, você aprendeu como é importante fazer


um bom gerenciamento do enquadramento tarifário, da
demanda de energia elétrica e do fator de potência, pois
se eles não forem bem gerenciados, podem aumentar de
forma significativa os custos com a energia elétrica nas
indústrias.

Saiba Mais

Você pode obter mais informações sobre tais conceitos


consultando os sites das concessionárias de energia, dos
fabricantes de capacitores para a correção do fator de
potência e de controles de demandas.
Curso Básico de Gestão de Energia 36

Para obter maiores informações sobre as faturas de ener-


gia elétrica, consulte a cartilha elaborada pela ANEEL -
Por dentro da conta de luz. Além disso, a Resolução n.
456, da ANEEL, traz os conceitos estudados nesta unidade
demais condições para o fornecimento de energia elétrica.
Você encontra esses dois materiais disponíveis na biblio-
teca do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Ah! Lá
você encontra, também, informações das tarifas e faturas
de água, gás natural e óleo diesel. Confira!

Colocando em Prática

Que tal testar o que acabou de aprender nesta etapa?


Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e confi-
ra o desafio que foi preparado para você. Se achar neces-
sário, consulte novamente o material para resolvê-lo.
Etapa
“P”
Unidade
BALANÇO ENERGÉTICO
DA PLANTA/LINHA DE
PRODUÇÃO/CENTRO DE CUSTO
1
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ Entender o conceito de balanço de energia em


uma planta industrial ou mesmo em uma linha de
produção,como resultado das interações entre as diver-
sas energias utilizadas.

˜˜ Perceber a importância da definição do escopo (limites


do processo) para a realização do balanço de energia.

˜˜ Ser capaz de identificar entradas, saídas e perdas de


energia nos processos.

Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudos:

˜˜ Seção 1: Conceitos: energias primária, secundária e final, usos finais,


centros de transformação, perdas na transformação e nos usos finais.

˜˜ Seção 2: Estabelecer os limites do processo a ser avaliado e as rotas


percorridas.

˜˜ Seção 3: Avaliar as entradas, saídas e perdas energéticas por transforma-


ção.
Curso Básico de Gestão de Energia 40

˜˜ Seção 4: Estabelecer índices energéticos (MJ/planta/linha de produção/


centro de custo).

˜˜ Seção 5: Diagrama de Sankey.

Para Iniciar

Segundo Antoine Lavoisier, químico francês do século


XVIII, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma.” Essa máxima resume o princípio básico da
conservação/transformação de energia que rege o princí-
pio do balanço energético. A ideia é conseguir identificar,
dentro de uma planta industrial ou processo produtivo, não
só o fluxo de energia existente (entradas e saídas), mas
também as perdas, para que,com base nelas, seja possível
determinar a relação entre a energia útil (aquela que efe-
tivamente conseguimos transformar em produtos e, con-
sequentemente, em resultados), e a energia que é usada
para suprir as perdas do processo, ou seja, a energia que é
desperdiçada de alguma forma.

Durante o estudo, você perceberá que tal análise (energia


que entra/energia que sai) está intimamente relacionada
com os limites estabelecidos para identificar o fluxo de
energia, ou seja, a energia que é consumida e a energia
que efetivamente é utilizada para gerar resultados. Essa
relação é de suma importância, pois é com base nela
que se podem definir os custos associados e, por conse-
quência, os pontos de melhoria, que geralmente estarão
relacionados aos custos mais elevados. Assim sendo, co-
nhecer os custos é a base para identificar e, quando neces-
sário, priorizar as oportunidades de melhoria, além de ser
possível avaliar o retorno financeiro para os investimentos
feitos nessas melhorias.

Bons estudos!
Curso Básico de Gestão de Energia 41

Seção 1

Conceitos: energias
primária, secundária e final,
usos finais, centros de
transformação, perdas na
transformação e nos usos
finais

Pode-se definir energia como a capacidade de realizar trabalho; portanto, é


possível assumir que ter energia disponível é pré-requisito para a realização
de qualquer atividade, seja dentro de um processo produtivo, seja quando
nós mesmos nos deslocamos de um local para outro. Segundo a Norma
ISO 50001 (2011), uma definição de energia mais direcionada é “energia =
eletricidade, combustíveis, vapor, calor, ar comprimido, renováveis e outras
formas análogas”.

Nota

1 – Para os efeitos desta Norma, energia se refere às


diversas formas de energia primária ou secundária que
possam ser compradas, armazenadas, tratadas ou usadas
sem equipamentos ou em um processo, ou que possam
ser recuperadas.

2 – Energia é a capacidade de um sistema de produzir


atividade externa ou de realizar um trabalho.
Curso Básico de Gestão de Energia 42

Saindo de um conceito mais amplo de energia (capacidade de realizar tra-


balho) para um enfoque mais específico, como o estabelecido na ISO 50001
(2011), classifica-se energia em primária e secundária. A energia primária
é a energia na forma de recursos naturais, tais como: madeira, carvão, petró-
leo, gás natural, urânio, ventos, recursos hídricos e energia solar. A energia
secundária é a energia nas formas para as quais a energia primária pode ser
convertida, tais como: eletricidade, combustíveis, vapor, etc. A energia primá-
ria, por sua vez, pode ser classificada em duas categorias: renovável e não-
-renovável. O Anexo I apresenta as principais fontes de energia primária.

Como você viu, a energia primária é convertida em secundária, para então


ser destinada ao uso final, como no caso da transformação de energia hi-
dráulica em elétrica nas hidroelétricas (centro gerador). No início do estudo
deste material, você conferiu algumas formas de conversão de energia e
estudou que em todo processo de transformação acontecerão perdas, como
é possível observar na Figura 10: Perdas de energia.

Figura 10: Perdas de energia

Para entender melhor, considere a queima de combustível na fornalha de


uma caldeira. Algo em torno de 80% do calor gerado pela queima do com-
bustível é efetivamente transferido para a água no interior do equipamento,
o restante são perdas que ocorrem por meio dos gases na saída da chaminé,
do aquecimento de toda a estrutura da caldeira, entre outros fatores. Após
a transformação da água em vapor, este será conduzido por tubulações até
seu local de consumo. Durante o trajeto, novas perdas acontecem (perdas
pelo isolamento, por vazamento). Observando o processo de transformação
da água em vapor, desde o seu início na caldeira até a sua utilização final
no ponto de consumo, onde a energia disponível no vapor será efetivamente
utilizada para gerar trabalho, tem-se, no primeiro momento (fornalha/água
no interior da caldeira), a transformação de energia primária em secundária
e, na sequência, outras transformações (porém todas como energia secun-
dária), que serão as perdas no uso final, como ilustrado na Figura 11: Tipos
de perdas, a seguir.
Curso Básico de Gestão de Energia 43

Energia
Secundária
Energia Consumo
Primária Final

Perda Perda
Figura 11: Tipos de perdas

Nesta seção, você acompanhou um exemplo de perda de energia. Na próxi-


ma, você aprenderá a estabelecer os limites do processo a ser avaliado e as
rotas percorridas. Acompanhe!

Seção 2

Estabelecer os limites do
processo a ser avaliado e as
rotas percorridas

Como você estudou na seção anterior, a energia primária é aquela que entra
no sistema. No entanto, você deve estar se perguntando: o que é um siste-
ma? Este conceito deve ser bem definido, pois, em virtude da definição dos
limites do sistema, a percepção do que é energia primária pode mudar. Para
uma fábrica, a energia elétrica que chega ao transformador geral pode ser
percebida como uma energia primária em relação ao “sistema” fábrica. A
energia elétrica que chega ao motor elétrico de uma máquina também pode
ser percebida como energia primária para o “sistema” máquina.

Do ponto de vista do balanço energético, para a análise de um processo, é


necessário o estabelecimento de limites que definam onde o processo inicia
e onde ele termina. Isso se faz necessário porque alguns processos podem
ser muito extensos, com diversas transformações de energia ao longo dele.
Por exemplo, o processo de geração e consumo de energia elétrica pode ini-
ciar na hidroelétrica e terminar no eletrodoméstico do consumidor, que está
ligado na tomada. Mesmo uma planta industrial pode ser vista como um
grande processo, no qual entram diversas formas de energia, como energia
elétrica, biomassa, óleo combustível e outras.
Curso Básico de Gestão de Energia 44

Para a definição dos limites do processo, com base na ISO 50001 (2011),
tem-se:

˜˜ fronteiras – limites físicos ou locais, e/ou limites organizacionais defi-


nidos pela organização. Exemplo: um processo, um grupo de processos,
uma fábrica inteira ou múltiplos locais sob o controle de uma organiza-
ção.
˜˜ escopo – abrangência de atividades, instalações e decisões que a orga-
nização utiliza por meio de um Sistema de Gestão Energética (SGE), que
podem incluir diversas fronteiras.

De acordo com as conceituações anteriores, ao se definir as fronteiras do


processo, está-se delimitando o escopo. Veja as figuras 12 (Planta baixa de
uma instalação industrial (genérica) e 13 (Fluxograma básico de uma parte
de instalação de resfriamento (Cervejaria), a seguir.

Figura 12: Planta baixa de uma instalação industrial (genérica)


Curso Básico de Gestão de Energia 45

Figura 13: Fluxograma básico de uma parte de instalação de resfriamento (Cervejaria)

Observe que o escopo corresponde ao “espaço” existente entre a fronteira do


processo, o que pode compreender uma planta industrial na sua totalidade,
uma área dessa planta, um conjunto de equipamentos dentro da área ou um
único equipamento.

Definir os limites do processo é o primeiro passo para o estabelecimento das


rotas (caminhos) de energia. Somente após essa etapa é que podemos ini-
ciar a análise do processo do ponto de vista da eficiência energética/balanço
de energia. Na Figura 14: Fluxograma básico de uma parte de instalação
de resfriamento (Cervejaria) com rota de energia, você poderá observar as
possíveis rotas de energia.
Curso Básico de Gestão de Energia 46

Figura 14: Fluxograma básico de uma parte de instalação de resfriamento


(Cervejaria) com rota de energia

É preciso cuidado ao definir os limites do processo e, consequentemente, o


escopo, pois alguns dos fluxos de energia existentes podem ser internos ao
escopo, enquanto outros iniciam ou terminam no mesmo, cruzando as fron-
teiras do processo.

Nesta seção, você pôde perceber como a atenção é importante na hora de


estabelecer os limites do processo a ser avaliado. Também conheceu as
rotas percorridas. Na próxima seção, veja como avaliar as entradas, saídas e
perdas energéticas. Esse é outro assunto muito importante na sua área.

Seção 3

Avaliar as entradas, saídas


e perdas energéticas por
transformação

Uma vez definidas as rotas percorridas (fluxos de energia), é possível identifi-


car as entradas e saídas do processo do ponto de vista energético. Considere
que, para um mesmo escopo, pode-se ter mais de um tipo de energia envol-
vida, assim, a análise pode ser feita para um determinado fluxo de energia
ou para um conjunto de fluxos.
Curso Básico de Gestão de Energia 47

Nessa análise, é preciso muita atenção para não esquecer que, mesmo
analisando um único fluxo, ele poderá ser influenciado por outro(s) fluxo(s),
sendo necessário avaliar se ocorre ou não interação entre os fluxos de ener-
gia, e, caso ocorra, qual a magnitude dessa interação.

Nota

Quando a interação for baixa, o fluxo pode ser analisado


como se ocorresse de forma isolada, caso contrário, as in-
terações terão de ser consideradas, o que pode complicar
um pouco a análise.

Outro ponto já destacado é que, durante as transformações de energia e


durante o próprio fluxo de energia ao longo do processo, ocorrem perdas que
devem ser quantificadas, pois, para alguns processos, elas podem represen-
tar uma parte significativa do fluxo de energia (você poderá conferir melhor
esse assunto na seção 5 – Diagrama de Sankey). Para fazer uma análise de
fluxos de energia elétrica, as medições são geralmente realizadas nos pon-
tos de entrada e saída em termos de tensão e/ou corrente. Essas medições
são geralmente de fácil realização e são suficientes para avaliação do de-
sempenho energético.

Para uma análise de fluxos de energia térmica, as medições mais comuns


são as de temperatura, que geralmente não são suficientes para a análise
do desempenho energético. No caso em questão, é preciso considerar que o
fluxo de energia térmica está associado a um fluxo de massa, que transporta
o calor (energia térmica) e será por meio desse fluxo de massa que a análise
de desempenho será feita. Para isso, é necessário aplicar uma metodologia
de Balanço de Massa para que, por meio dela, seja quantificado o fluxo de
energia e o desempenho do sistema definido pelo escopo.

Agora que você já viu como avaliar as entradas, saídas e perdas energéti-
cas por transformação, confira, na seção a seguir, como estabelecer índices
energéticos.
Curso Básico de Gestão de Energia 48

Seção 4

Estabelecer índices
energéticos (MJ/planta/
linha de produção/centro de
custo)

Uma vez definidas as fronteiras do sistema e estabelecido o fluxo de energia,


considerando-se energia primária, secundária e as perdas, pode-se, então,
estabelecer o desempenho do sistema (planta ou processo) do ponto de
vista da eficiência energética. Para isso, serão necessárias a medição e a
definição de parâmetros, que possam estabelecer o desempenho energético,
como você poderá ver a seguir.

O que é um “índice energético”?

Vamos iniciar alinhando alguns conceitos. Para isso, serão apresentadas


algumas definições preliminares, de acordo com a Norma ISO 50001 (2011),
que servirá como uma referência quantitativa, fornecendo a base para o
estabelecimento do conceito de índice energético. Confira!

Consumo de energia
Quantidade de energia utilizada.

Linha de base
Referência quantitativa fornecendo uma base para comparação do desem-
penho energético.
Curso Básico de Gestão de Energia 49

Nota

1 – Uma linha de base pode refletir um ponto no tempo ou


um período de tempo.

2 – Uma linha de base pode ser normatizada por fatores


de ajuste (variáveis relevantes afetando o uso e/ou o con-
sumo de energia), como nível de produção, grau dia (tem-
peratura externa), etc.

Eficiência energética
Razão ou outra relação quantitativa entre uma saída de desempenho, servi-
ço, mercadorias ou energia e uma entrada de energia.

Nota

1 – Exemplos: eficiência de conversão, energia requerida/


energia usada, entrada/saída, energia teórica usada para
operar/energia usada para operar.

2 – Tanto a entrada como a saída devem ser claramente


especificadas em quantidade e qualidade, e devem ser
mensuráveis.

Desempenho energético
Resultados mensuráveis relacionados ao uso da energia e ao consumo de
energia.
Curso Básico de Gestão de Energia 50

Nota

1 – No contexto de sistemas de gestão da energia, os


resultados podem ser medidos e demonstrar que a política
energética da organização não está sendo efetiva, nem
seus objetivos, metas e outros requisitos de desempenho
energético; ou pelo contrário, pode atestar que as ações
propostas pela política energética são eficazes e demons-
tram resultados positivos.

2 – O desempenho energético é um componente do siste-


ma de gestão da energia.

Pergunta

Então, o que é “índice energético”?

Pode-se então dizer que um índice energético será um indicador associado


ao desempenho energético de uma planta, processo ou equipamento.

Obviamente, o desempenho energético é consequência direta da eficiên-


cia energética da planta, processo ou equipamento em análise, de forma
que, quanto maior essa eficiência, maior o desempenho energético.

A medida da eficiência energética para um determinado desempenho ener-


gético deve levar em conta uma linha de base, a partir da qual se pode
constatar (ou não) uma melhoria no desempenho. E, por fim, tanto desempe-
nho como eficiência possuem relação direta com consumo de energia!

Com base no que foi apresentado, pode-se dizer que índice energético é uma
medida do desempenho energético que pode ser estratificado por planta,
processo (centro de custo) ou por equipamento (linha de produção).
Curso Básico de Gestão de Energia 51

Considere o exemplo a seguir: Em uma planta industrial há três linhas de


produção. Para alimentar a linha de produção 1, há uma caldeira com ca-
pacidade de produção de 16 t vapor/h e, para as linhas 2 e 3, há uma única
caldeira com capacidade de 8 t vapor/h. Seguem, na tabela 7, demais dados
para definição do índice energético da planta.

Tabela 7: Dados para definição do índice energético da planta


Linha 1
Caldeira
Capacidade (m) 16 Ton vapor/h 16.000 kg vapor/h
Pressão de trabalho 10 kgf/cm2(bar)
Temperatura de
180 ºC
saturação
Entalpia específica da
762 kJ/kg
água (hl)
Entalpia específica do
2778,1 kJ/kg
vapor (hv)
Energia necessária da
Q̇ 1útil=( hv-hl) × mc (4)
caldeira 1 ( Q̇ 1útil )

kj
Q̇ 1útil=32.257.600
h

Óleo
Combustível
BPF
Poder calorífico (PCI) 8.100 kcal/l
Consumo (mc) 1348 l/h

Q̇ 1combustível=PCI ×mc (5)

Energia disponível no kJ
combustível Q̇ 1combustível=10.918.800
h
( Q̇ 1combustível)=PCI ×mc (5)
kJ
Q̇ 1combustível=45.749.772
h

Sabendo que 1 kcal = Q̇ 1útil


4,19 kJ, então η1cald= ̇Q1
(6)
combustível

Eficiência na caldeira 1
( ηcald ) η1cald =70,51%
Curso Básico de Gestão de Energia 52

Linhas 2 e 3

Caldeira
Capacidade
20,00 Ton vapor/h 20.000 kgvapor/h

Pressão de trabalho 10 kgf/cm2(bar)


Temperatura de saturação 180 ºC
Entalpia específica da água 762
Entalpia específica do vapor 2778,1 kJ/kg
Q̇ 2útil=h( hv-hl) ×ṁ c como em (4)
Energia necessária para aquecer a
água e gerar o vapor ( Q̇ 2útil=h
) ( hv-hl) ×m ̇ como em (4) kJ
Q̇ 2cútil =40.322.000
h
Óleo
Combustível
BPF
Poder calorífico (PCI) 8.100 kcal/l
Consumo (mc) 1717 l/h
Energia disponível no combustível Q̇ 2combustível =PCI ×mc como em (5)
(Q̇ 2combustível)=PCI ×mc como em (5)̇ kcal
Q2combustível =13.907.700
h
Sabendo que 1 kcal = 4,19 kJ, kJ
então Q̇ 2combustível =58.273.263
h
Q̇ 2útil
η2cald = ̇
Q̇ 2útil como em (6)
Eficiência da caldeira 2 (η2cald)= Q̇ 2 como em (6)
Q2combustível
η2=69,19%
combustível

Observe que, nos cálculos anteriores, foi definido o rendimento (eficiência)


de cada equipamento (caldeira) com base nas condições de operação de
cada um. Para a definição do Índice de Desempenho Energético (IDE), com
base no conceito anterior, é preciso unificar o rendimento e associá-lo a uma
medida de desempenho. Considere que o vapor gerado nas caldeiras pode
ser associado a um volume de produção, o qual pode ser expresso em ter-
mos de unidade de produção (peça, kg), então, veja na tabela 8, que tere-
mos:
Curso Básico de Gestão de Energia 53

Tabela 8: Vapor gerado nas caldeiras associado a um volume de produção

DADOS DA CALDEIRA E DA PRODUÇÃO

Eficiência média 69,85%

Consumo total de óleo 3.065 l/h

Energia gerada pela queima


24.826.500 kcal/h
do combustível ( Q̇ COMBUSTÍVEL )
IDE1COMBUSTÍVEL = (7)
UP

72.579.600 kJ/h (calor


Energia útil (calor gerado nas
ou transferido
caldeiras) ( Q̇ ÚTIL )
IDE2CALDEIRA = UP (8) 17.322.100,24 kcal/h ao processo)

Perda 7.504.399,76 kcal/h

Produção hora 3.200 UP(*)

ÍNDICES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO (IDEs) DA CALDEIRA


Calor transferido por UP

Q̇ COMBUSTÍVEL
IDE1COMBUSTÍVEL = (7)
UP
IDE1COMBUSTIVEL
kcal
IDE1COMBUSTÍVEL =7.758,28
UP

Q̇ ÚTIL
IDE2CALDEIRA = (8)
UP
IDE2CALDEIRA kcal
IDE2CALDEIRA =5.413,16
UP

(*)UP = Unidade de produção (peça, kg)

O monitoramento desses índices permitirá verificar a variação do desempe-


nho energético das caldeiras. Por exemplo, se o IDE2CALDEIRA aumentar, o ges-
tor de energia deverá verificar os fatores que influenciam este índice (quali-
dade do combustível, eficiência da caldeira, alguma mudança no processo
que está consumindo mais energia, etc).

Qualquer melhoria que seja implementada, deverá afetar estes índices po-
sitivamente (deverá diminuí-los) para convencer o gestor de energia de que
será uma boa estratégia para economia de energia.
Curso Básico de Gestão de Energia 54

Confira algumas considerações importantes:

˜˜ não pretendemos estabelecer um conceito final, de caráter acadêmico,


de índice energético, apenas mostrar uma linha de pensamento que
pode ser seguida e associada ao consumo de diversos energéticos;
˜˜ essa linha de pensamento busca relacionar três elementos que influen-
ciam qualquer índice que busca estabelecer uma medida do desempe-
nho energético: rendimento (eficiência), consumo de energia e produção
gerada a partir desse consumo;
˜˜ os cálculos realizados são aproximações! Não é o propósito desse mate-
rial entrar em considerações teóricas mais aprofundadas sobre o tema, a
ideia é apresentar ordens de grandeza que permitam comparações;
˜˜ para finalizar, entendemos que o consumo de energia por Unidade de
Produção é um bom índice de desempenho energético, pois pode ser
facilmente transformado em custo (R$) por Unidade de Produção, permi-
tindo a comparação direta com outros energéticos.

Nesta seção, você estudou o que é e como estabelecer índices energéticos,


além de ter conferido exemplos comparativos de seus cálculos. Na próxima
seção, você vai conferir o Diagrama de Sankey. Confira!

Seção 5

Diagrama de Sankey

O diagrama de Sankey é um fluxograma direcional no qual a largura das


setas corresponde à quantidade de fluxo, sendo um modo fácil de visualizar
fluxos de materiais, energia, despesas e outros fatores. A Figura 14 apresen-
ta um exemplo de diagrama de Sankey ilustrando as perdas que ocorrem em
um motor de combustão interna. A sua interpretação é simples.

A direção dos fluxos é definida pelo sentido das setas e as quantidades de


fluxo, pela largura de cada uma delas. Veja a demonstração na Figura 15:
Perda de energia em motor de combustão interna.
Curso Básico de Gestão de Energia 55

Típica separação de energia na combustão de motores


25% Poder de
movimento efetivo
100% e acessórios
Energia de
5% Fricção e
combustível
Perdas parasitas
aplicada
(Combustão)

30% Refrigerador

40% Gás exaustor

Figura 15: Perda de Energia em motor de combustão interna

Fonte: Adaptado de GREEN CAR CONGRESS (2005)

É possível identificar visualmente que de 100% da energia disponível em um


motor de combustão, 75% é perdida nos gases de exaustão, na refrigeração
do motor ou sob a forma de atrito interno. Somente 25% é transformada em
energia útil.

A construção do diagrama de Sankey é simples, e hoje há diversos softwares


no mercado com esta finalidade. A maior dificuldade está na quantificação
dos fluxos para dimensionamento da largura das setas, já que esse cálculo
dependerá do tipo de fluxo que se pretende representar. Em alguns casos,
os dados podem ser obtidos por meio de medições diretas das quantidades
envolvidas.
Curso Básico de Gestão de Energia 56

Relembrando

Nesta unidade, você aprendeu que a percepção de energia


primária é função da definição dos limites do sistema, ou
seja, esta percepção pode mudar quando seus limites são
alterados e isso influencia também na definição do fluxo
de energia primária, energia secundária e perdas. Já para
a definição do desempenho do sistema do ponto de vista
da eficiência energética, é preciso realizar uma série de
medições, que estão diretamente relacionadas às inte-
rações e transformações de energia que acontecem no
processo/sistema.
Unidade
FERRAMENTAS DE GESTÃO 2
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ Conhecer as ferramentas de gestão que auxiliam as or-


ganizações a buscar melhoria contínua de desempenho
nos processos que envolvem energia.

˜˜ Compreender a importância da definição da linha de


base, do conhecimento dos históricos de consumo e da
utilização de indicadores de desempenho na gestão da
energia.

Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudos:

˜˜ Seção 1: Medição setorizada.

˜˜ Seção 2: Automação dos sistemas.

˜˜ Seção 3: Linhas de base.

˜˜ Seção 4: Indicadores de desempenho.

˜˜ Seção 5: Histórico do consumo.

˜˜ Seção 6: Relatório de gestão.


Curso Básico de Gestão de Energia 58

Para Iniciar

O aumento da competitividade da indústria, entre outros


fatores, passa pelo gerenciamento eficaz da energia.
Atualmente, em virtude do aumento dos custos, da escas-
sez de fornecimento e dos impactos ambientais, a energia
é pauta de discussões em todo o mundo. O conhecimento
técnico e a adoção de uma política de gestão de energia
proporcionarão às organizações vantagens competitivas
no cenário internacional atual.

Seção 1

Medição setorizada

Toda política de controle de energia se apoia na seguinte premissa: a energia


precisa ser controlada como qualquer outro elemento de custo na organiza-
ção. Já dizia Ishikawa (1993, p. 221): “quem não mede não gerencia”.

Neste contexto, a medição setorizada da energia e o acompanhamento de


indicadores de desempenho se tornam itens primordiais na busca pela exce-
lência operacional nas organizações.

A norma ISO 50001:2011 destaca que a organização deve garantir que as


características principais de suas operações (as quais determinam o desem-
penho de energia) sejam monitoradas, medidas e analisadas em intervalos
planejados.
Curso Básico de Gestão de Energia 59

Pergunta

Mas você deve estar pensando: quais são as principais


vantagens de um sistema de medição setorizada?

Acompanhe!

a. Aumento da transparência – A implantação de um sistema de medição


de energia de forma setorizada proporciona aos gestores um aumento
significativo na transparência do consumo dos energéticos na organiza-
ção. Assim, torna-se possível a realização de análises mais criteriosas,
já que a medição se restringe a um setor ou a uma linha de produção,
na qual os equipamentos e as rotinas operacionais são, ou podem ser,
facilmente conhecidos.
b. Segmentação do consumo – Com o sistema implantado, os profissionais
da organização passam a analisar os dados históricos e os referenciais
de benchmarking sob um olhar mais específico, pois não estarão mais
analisando a energia consumida por toda a indústria, e sim segmentan-
do-a pelos diversos setores da organização.
c. Facilidade na sensibilização dos envolvidos – Quando os envolvidos estão
próximos aos processos, as ações para a manutenção dos indicadores,
ou mesmo as ações que buscam a melhoria de desempenho energético
da organização, tornam-se de fácil compreensão e implantação.

Essas vantagens resultam em uma melhor quantificação das metas e, desta


maneira, em uma melhor gestão por parte dos membros da equipe. Na práti-
ca, ocorrerá um aumento no número e na qualidade das ações vinculadas à
eficiência dos processos, gerando um círculo virtuoso, uma vez que os resul-
tados começam a aparecer e novas pessoas se sentem motivadas a partici-
par. Observe as possíveis vantagens da implantação de medição setorizadas,
na Figura 16.
Curso Básico de Gestão de Energia 60

Figura 16: Possíveis vantagens da implantação de medições setorizadas

No entanto, destaca-se que a existência de um sistema de medição setoriza-


da de energia funcional não garante um ótimo desempenho energético por
parte das organizações. Esse sistema caracteriza-se como um importante
meio para se atingir melhores resultados em termos de conservação de
energia. Trata-se, portanto, de uma ferramenta para “auxiliar” os gestores
de energia.

Muitas vezes, as organizações possuem diferentes sistemas de gestão imple-


mentados. O sistema de gestão de energia, inclusive, pode ser compreendi-
do por um conjunto de subsistemas, como: energia elétrica, água e gás.
Curso Básico de Gestão de Energia 61

Neste contexto, o fator crítico de sucesso para a organização é a necessidade


de utilização de um banco de dados único. Esta medida garante a utilização
de informações e referenciais comparativos confiáveis que conduzirão a aná-
lises gerenciais corretas. Veja a representação de um banco de dados único
na Figura 17.

Figura 17: Representação de um banco de dados único

Fonte: Adaptado de StrataFrame (2011)

O banco de dados único garante também a análise das informações com


base em períodos corretos, pois, muitas vezes, os gestores dispõem dos
dados energéticos “descompassados” dos dados da produção. Caso o siste-
ma implementado na organização seja um sistema web, os gestores terão
todas as facilidades que esse sistema oferece, como acesso remoto, perfil
de acesso e aviso de alarmes. Veja a representação de um sistema web na
Figura 18.
Curso Básico de Gestão de Energia 62

Figura 18: Representação de um sistema web

Fonte: Adaptado de Kron (2010)

A transparência alcançada pelo gestor, quando é feita a instalação da medi-


ção setorizada, permite a ele conhecer a variabilidade do processo mediante
o levantamento da curva de carga de um dia útil num determinado setor ou
linha de produção. Observe o exemplo de curva de carga no gráfico represen-
tado na Figura 19, a seguir.

Figura 19: Curva de carga


Curso Básico de Gestão de Energia 63

O gráfico apresenta a demanda de energia elétrica do setor ao longo do dia,


proporcionando informações importantes para a tomada de decisões em
âmbito gerencial. Além disso, com um sistema de gestão de energia implan-
tado, o gestor poderá analisar, facilmente, outros aspectos relevantes, desta-
cando os itens a seguir.

˜˜ Demanda de pico – tempo, magnitude e duração da demanda de pico


podem ser determinadas.
˜˜ Carga noturna – a demanda à noite (ou durante horas de desocupação)
será claramente identificada.
˜˜ Inicialização – o efeito da inicialização dos processos sobre a demanda
pode ser determinado.
˜˜ Desligamento – a quantidade de cargas desligadas e o respectivo horá-
rio podem ser identificados pelo sistema de controle de demanda.
˜˜ Efeitos do clima – o efeito das condições climáticas na demanda por
eletricidade pode ser identificado do dia para a noite (com a modifica-
ção da temperatura), e de estação para estação (comparando o perfil da
demanda em cada estação).
˜˜ Cargas cíclicas – o ciclo de trabalho dessas cargas pode ser visto no
perfil da demanda. Pode também ser comparado ao que é esperado pelo
responsável pela gestão da energia.
˜˜ Efeitos da produção – o efeito da maior carga no equipamento de pro-
dução deve estar evidente no perfil da demanda, na qual a possível falta
de dados pode ser um indicativo de problemas.
˜˜ Áreas problemáticas – A indicação do perfil de consumo de energia de
um compressor com ciclo de trabalho muito curto, por exemplo, repre-
senta um desperdício de energia ocasionado por vazamentos.

Basicamente, para implantar um sistema de gestão de energia, são neces-


sários equipamentos que realizem as medições (hardware), e sistemas que
armazenem e tratem os dados coletados (software) para transformá-los em
informações úteis à organização.

Sabe-se que, embora os conceitos sejam gerais, os processos e os equipa-


mentos não são. Isso significa que eles possuem especificidades que reque-
rem análises individuais para cada situação. Desta forma, cada processo
demanda uma análise específica por parte dos gestores, com o intuito de
definir os equipamentos que melhor se adaptam às necessidades da organi-
zação.
Curso Básico de Gestão de Energia 64

Dicas

A ISO 50001 (2011) destaca que:

˜˜ as organizações deverão definir e revisar periodicamen-


te suas necessidades de medição;
˜˜ as organizações deverão garantir que os equipamentos
utilizados no monitoramento e na medição das caracte-
rísticas principais forneçam dados precisos e repetíveis;
˜˜ os registros de calibração deverão ser mantidos confor-
me o plano de calibração;
˜˜ as organizações deverão investigar os desvios significa-
tivos no desempenho energético dos processos anali-
sados e responder a eles, armazenando os resultados
dessas atividades para criar um histórico desse desem-
penho.

Nesta seção, você conferiu o que é e como é feita uma medição setorizada.
Que tal, agora, integrar esse assunto com a automação de sistemas? Na pró-
xima seção, você verá que a medição setorizada, em conjunto com a auto-
mação, poderá auxiliar na redução de custos operacionais e no controle das
atividades do cotidiano relacionado à energia na organização.

Seção 2

Automação dos sistemas

A automação caracteriza-se pela utilização de meios técnicos para assegurar


um desenvolvimento ou um funcionamento no qual a intervenção humana
seja reduzida ou eliminada.
Curso Básico de Gestão de Energia 65

Reflita

Nesse contexto, é fácil imaginar que existam vantagens


interessantes na implantação de sistemas automatizados
nas organizações, certo?

Com certeza! A automação traz na sua origem a intenção de:

˜˜ aumentar a produtividade por meio da padronização das atividades;


˜˜ melhorar a qualidade mediante a repetibilidade dos processos;
˜˜ permitir alterações mais rápidas nas linhas de produção (flexibilidade);
˜˜ diminuir os custos operacionais.

Você já deve ter mantido contato com diversos conceitos de sistemas ao lon-
go de sua carreira profissional, não é mesmo? Neste material, será adotado
o conceito definido por Oliveira (1992), no qual um “Sistema” é um conjunto
de partes interagentes e interdependentes que, juntas, formam um todo com
determinado objetivo, e efetuam uma função específica.

Assim, a Automação de Sistemas visa o monitoramento e o controle do


funcionamento dos vários sistemas produtivos, de medição ou de gestão de
informação da organização, de forma segura, rápida e automática. O monito-
ramento busca automatizar o registro de ocorrências do sistema, bem como
alertar o gestor em caso de situações excepcionais. Já o controle procura
automatizar as tarefas rotineiras, como os processos nas plantas fabris.

Existem inúmeros exemplos de sistemas de automação com os mais varia-


dos graus de complexidade. Todos eles, entretanto, possuem alguns pontos
em comum que os caracterizam.

Segundo Fialho (1999), um sistema de automação deverá ser capaz de per-


ceber o ambiente que o cerca, e atuar nele de modo previsível. Para isso, são
necessários sensores e atuadores. Além desses componentes, também é
essencial a utilização de um controlador inteligente e, possivelmente, de um
meio pelo qual diferentes unidades do sistema possam comunicar-se entre
si e com o ambiente externo. Para entender melhor, observe na Figura 20 a
representação de um sistema automatizado.
Curso Básico de Gestão de Energia 66

Figura 20: Representação de um sistema automatizado

Os sistemas poderão ser controlados por meio de lógicas conhecidas como


malha aberta e malha fechada. No controle em malha aberta, o sinal de
entrada é pré-programado, e os estados atuais do sistema não influenciam
o comportamento do controle. Já no controle em malha fechada, o sistema
trabalha com realimentação e segue a seguinte sequência:

˜˜ mede o estado atual da planta, sistema ou processo;


˜˜ estabelece um estado desejado;
˜˜ calcula a diferença entre o estado atual e o desejado;
˜˜ gera um sinal de controle proporcional a essa diferença;
˜˜ com o tempo, a diferença entre o estado atual e o desejado deve ir para
um valor constante – de preferência próxima a zero.

Veja uma representação de sistemas de controle na Figura 21.


Curso Básico de Gestão de Energia 67

Figura 21: Representação dos sistemas de controle

Automação também é sinônimo de integração, ou seja, da função mais


simples à mais complexa, existem sistemas que permitem que um disposi-
tivo seja controlado de modo inteligente, tanto individualmente, quanto em
conjunto.

A integração pode visar o alcance de maior conforto, maior segurança ou


mesmo melhoria na eficiência de um sistema. No estudo deste material, o
foco será a abordagem sob a ótica da eficiência, com a intenção de usá-la
para reduzir custos com energia.

Um dos sistemas de automação mais utilizados pelas organizações para


o controle da energia é o sistema de controle de demanda. A demanda de
energia elétrica é o consumo de energia de uma instalação dividido pelo
tempo no qual esse consumo foi verificado. Para o faturamento da energia
elétrica pela concessionária, utilizam-se intervalos de tempo de 15 minutos,
denominados intervalos de integração.
Curso Básico de Gestão de Energia 68

Pergunta

Mas por que automatizar o controle da demanda?

Como você já viu, independente do enquadramento tarifário dentro do Gru-


po A, a demanda registrada (para fins de faturamento) será, a cada mês,
a maior demanda de cada um dos intervalos de integração de 15 minutos
ao longo do mês. Esses valores, quando superados os limites contratados
(levando em conta a respectiva tolerância), podem ocasionar pesados acrés-
cimos à fatura de energia. Veja uma fatura de energia com multa por ultra-
passagem de demanda na Figura 22.

Figura 22: Fatura de energia com multa por ultrapassagem de demanda

Fonte: ELEKTRO (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 69

Você também deve estar pensando no controle automatizado de correção do


fator de potência, certo? Assim como a automação presente nos sistemas
de controle da demanda, o controle automatizado do fator de potência evita-
rá acréscimos na fatura de energia.

Veja na Figura 23, o exemplo de um sistema automatizado para o controle


do fator de potência.

Figura 23: Exemplo de um sistema automatizado para o controle do fator de potência.

Fonte: SIBRATEC (2011).

Desta forma, um sistema automatizado auxiliará o gestor de energia da


organização a diminuir os custos operacionais, pois permitirá:

˜˜ monitorar o comportamento da demanda e do fator de potência


continuamente, fornecendo relatórios diários com tabelas e gráficos para
análise posterior;
˜˜ tomar as medidas corretivas cabíveis;
˜˜ controlar automaticamente as cargas e os capacitores, impedindo a ocor-
rência de multas.

Veja, na Figura 24, a representação de um sistema automatizado para o con-


trole de demanda do fator potência.
Curso Básico de Gestão de Energia 70

Figura 24: Representação de um sistema automatizado para o controle da


demanda e do fator de potência

Fonte: Adaptado de Engecomp (2011)

A automação, por meio da utilização de um sistema de controle de demanda


contribui também para a otimização da demanda utilizada pela organização.

Após a realização de uma análise detalhada das instalações (medições in


loco e conhecimento dos procedimentos operacionais), o gestor de energia
conhecerá o perfil de carga mais adequado para a operacionalização da
empresa.

Confira o gráfico de otimização do perfil de carga, representado na Figura


25.

Figura 25: Otimização do perfil de carga.

Fonte: Adaptado de Siemens (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 71

As medidas corretivas para a realização dessa otimização passam pelo esca-


lonamento das cargas e pela distribuição oportuna dos processos.

Essa distribuição deverá ser analisada e defendida pelos gestores, indepen-


dente da dificuldade em operacionalizá-la. Além do mais, ela trará resulta-
dos significativos também quando aplicada na transferência de cargas para
os horários conhecidos como “fora ponta” que, como você viu em “Tarifas e
Faturas de Energia Elétrica”, possuem custos significativamente menores.

Outros aspectos vantajosos que a automação oferece para a Gestão de Ener-


gia são:

˜˜ disponibilidade de controle do fluxo da energia por intermédio de senso-


res que acionam dispositivos interruptores como: sensores de presença
que ligam lâmpadas somente na presença de pessoas ou com o movi-
mento de objetos, termômetros ligados a aquecedores de água, sistemas
de iluminação dimerizados, em que o nível de iluminação é controlado
em função da luz natural, medida por sensores;
˜˜ monitoramento de distorções no fornecimento da energia elétrica, devido
aos harmônicos gerados tanto pela concessionária de energia quanto
pelos equipamentos da empresa;
˜˜ controle automático de velocidade de bombas e ventiladores por intermé-
dio dos inversores de frequência, que controlam a velocidade dos moto-
res que acionam esses sistemas conforme as necessidades da produção,
reduzindo assim o consumo de energia;
˜˜ uso de medidores de energia elétrica que permitem obter melhorias
consideráveis na gestão da manutenção de equipamentos ou mesmo na
indicação de sistemas que estejam consumindo mais do que o esperado.
Exemplo disso é o monitoramento da corrente de operação dos motores
conforme as cargas que eles acionam, permitindo avaliar quando um
motor apresenta alguma anomalia, se está operando sobrecarregado, ou
mesmo subdimensionado, possibilitando que a equipe de manutenção
ou o gestor atuem para repará-lo ou substituí-lo, além de intervirem em
outros componentes do sistema, melhorando assim a eficiência do pro-
cesso que o motor aciona. Essa é uma forma de medição “setorizada”;
˜˜ sistema de medição integrada e informatizada de insumos (energéticos e
demais insumos utilizados no processo), tais como combustíveis, energia
elétrica e água, que os relacionem com a produção da linha ou planta
analisada, permitindo um controle automático dos índices de desempe-
nho escolhidos pelo Sistema de Gestão de Energia.
Curso Básico de Gestão de Energia 72

É importante reforçar que os vários ramos da automação tenham em co-


mum os mesmos princípios de controle: utilizem softwares, controladores
lógicos e linguagens de programação, além dos mais diversos tipos de
dispositivos sensores e atuadores. Sob esse aspecto, o conceito de automa-
ção deve estabelecer condições para que todos os subsistemas envolvidos
no controle da energia (iluminação, ar-condicionado, geração de vapor, entre
outros) possam trabalhar em conjunto e de forma otimizada.

O mercado dispõe de diversos modelos e configurações de sistemas de au-


tomação para a gestão de energia. Caberá assim à organização, por inter-
médio do gestor ou mesmo da Comissão Interna de Conservação de Energia
(CICE) caso ela exista, e de sua área encarregada de automação e controle,
selecionar aquele que melhor atenda às necessidades da planta.

Saiba Mais

Sobre Acionamento de Motores, saiba que:

˜˜ a introdução de acionamentos de motores, com a


possibilidade de variação da velocidade de operação,
permite aumentar, em muitos casos, a eficiência da
produção devido à redução do consumo específico do
processo analisado;
˜˜ um recurso utilizado para reduzir o consumo de energia
é aumentar a eficiência do processo de transmissão
mecânica;
˜˜ “Para um sistema de bombeamento de grande capa-
cidade operando com velocidades variáveis, estima-se
que o tempo de recuperação do capital investido seja
da ordem de 3 a 5 anos no presente, enquanto a vida
do equipamento é de 20 anos. Isto corresponde a um
período de 15 a 17 anos de operação lucrativa e econo-
mia de energia com sistemas de velocidade variável”.1

1  Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica / UFU. Introdução a Sistemas


de Acionamento Estático (Apostila) - Prof. Darizon A. Andrade.
Curso Básico de Gestão de Energia 73

Saiba Mais

Você encontra mais informações sobre inversores e outros


métodos de acionamento de motores no site da WEG. Já
no site da Eletrobras/Procel, é possível ler dicas especiais
sobre acionamentos.

Quando a organização dispõe de um sistema de produção automatizado,


os ganhos de produtividade são, geralmente, grandes. Paralelamente ao
aumento da produtividade nos processos industriais, é possível também
alcançar ganhos no uso racional de energia. Isso se deve, principalmente, à
existência de controles precisos nos parâmetros operacionais.

Como comentado anteriormente, a automação das medições e da gestão


das informações, relacionadas com o uso de energia de uma organização,
permite uma atuação direta nos processos produtivos (como a organização
da produção para controle de demanda, ou o dimensionamento de equipa-
mentos) e também no sistema de manutenção dessa organização pois, em
muitos casos, percebem-se gastos desnecessários com equipamentos obso-
letos ou que apresentam mau funcionamento. Portanto, é fácil concluir que
o Sistema de Gestão de Energia deverá estar intimamente conectado com as
gerências de produção e de manutenção da organização.

Saiba Mais

É importante conhecer formas de programar a manuten-


ção com o objetivo de otimizar o uso de energia. Pesquise
informações valiosas nos seguintes materiais:

˜˜ “Gestao-de-reparo-de-motores-eletricos.pdf”: artigo da
WEG Motores sobre metodologia de manutenção em
motores. Veja nesta matéria a relação custo/benefício
entre rebobinamento de motores queimados e substi-
tuição por motores de alto rendimento;
Curso Básico de Gestão de Energia 74

˜˜ acesse o site da Associação Brasileira de Manutenção


(ABRAMAN) e pesquise o tema de seu interesse na
Biblioteca Virtual (eletrotécnica, eletrônica, caldeiraria,
mecânica, entre outros);
˜˜ manutenção corretiva, preventiva e preditiva no site da
Giben do Brasil e no vídeo da UNIMEP (Universidade
Metodista de Piracicaba);
˜˜ conheça softwares utilizados para a gestão da manu-
tenção:
˜˜ eManut X3;
˜˜ SE Maintenance;
˜˜ Sigma.
˜˜ “Como aumentar a disponibilidade das máquinas e re-
duzir custos de manutenção”: artigo da Revista MÁQUI-
NAS E METAIS (Abril 2003, p. 316 - 329) sobre análise
de custos em manutenção;
˜˜ conheça a Engenharia de Manutenção por meio de um
caso prático;
˜˜ se você quer se aprofundar neste tema, veja o Plano de
Manutenção da Klabin, elaborado junto à Universidade
Federal Tecnológica do Paraná.

Você já deve ter mentalizado alguns parâmetros importantes e que impac-


tam diretamente no custo de produção de sua organização, certo? Podemos
destacar:

˜˜ a pressão de trabalho em sistemas de ar comprimido;


˜˜ a vazão nos sistemas de bombeamento;
˜˜ a pressão de trabalho na geração de vapor,
˜˜ os regimes de trabalho na geração de frio;
˜˜ a rotação fixa de motores em sistemas de bombeamento e ventiladores;
˜˜ o sub ou superdimensionamento dos motores.
Curso Básico de Gestão de Energia 75

Saiba Mais

Você já percebeu que alguns equipamentos merecem uma


atenção especial do Gestor de Energia? Conheça alguns
mais detalhadamente:

˜˜ Bombas
˜˜ visite a Escola de Bombas da Omel (fabricante).
Tudo sobre bombas;
˜˜ para uma aplicação mais complexa de bombeamen-
to de água, baixe o programa Epanet (simulador de
sistemas de distribuição de água);
˜˜ na Biblioteca Virtual você verá um Manual de Eficiên-
cia Energética para Bombas, elaborado pelo Procel
Sanear (Livro Bombeamento.pdf).
˜˜ Ventiladores e exaustores
˜˜ a ABB (fabricante) dispõe de uma planilha para
comparar a eficiência energética de ventiladores
controlados por inversores de frequência com aque-
les com acionamento tradicional. O site original está
em inglês;
˜˜ no site do U.S. Department of Energy, você pode
baixar o FSAT - Fan System Assessment Tool, usado
para calcular a quantidade de energia utilizada por
um sistema de ventiladores, determinar a eficiência
do sistema e quantificar o potencial de economia
para uma determinada substituição do sistema. O
programa requer apenas informações básicas sobre
os ventiladores e seus motores, estimando o traba-
lho realizado pelo sistema. Utilizando características
de desempenho típicas para os ventiladores e moto-
res, ele determina os potenciais de economia. 
˜˜ Iluminação
˜˜ assista ao vídeo da Philips mostrando seu prédio em
Barueri (SP);
˜˜ o Procel Info dispõe de um excelente manual de
eficiência energética para iluminação.
Curso Básico de Gestão de Energia 76

˜˜ Transporte
˜˜ o site da Otis (fabricante) fornece informações inte-
ressantes sobre escadas rolantes e elevadores (veja
também o artigo sobre “elevadores verdes”);
˜˜ confira o artigo da Universidade Federal do Ceará,
que compara a eficiência de esteiras acionadas por
inversores e outras com acionamento tradicional.
˜˜ Compressores
˜˜ visite o site do fabricante Danfoss e vá na área de
downloads. Ali você encontra vários aplicativos que
podem ser utilizados com equipamentos de refri-
geração. Neste site há ainda o Foresee™, que é um
calculador e programa de seleção. Ele calcula a
capacidade de um compressor e pesquisa por com-
pressores que correspondem à capacidade de refri-
geração requerida. 
˜˜ Refrigeração e ar-condicionado:
˜˜ baixe o Manual Sistemas de ar-condicionado e re-
frigeração, do Procel Info. Ele apresenta conceitos
técnicos fundamentais para a avaliação de sistemas
de ar-condicionado e refrigeração, além das medi-
das de conservação de energia adequadas. Lembre-
-se de que para baixá-lo, é necessário cadastrar-se
no Procel Info;
˜˜ o www.refrigeracao.net é um site informativo sobre o
tema. Tem dicas, simuladores, artigos interessantes,
downloads úteis e cursos gratuitos.

Viu só como a automação de sistema auxilia nessa etapa de planejamento?


Na próxima seção, você verá a importância de definir e, principalmente, co-
nhecer a linha de base da organização. Ela é fundamental para que o gestor
saiba como anda o desempenho da organização em termos energéticos.

Confira!
Curso Básico de Gestão de Energia 77

Seção 3

Linhas de base

A linha de base é definida pela Norma ISO 50001 (2011) como uma referên-
cia quantitativa que fornece uma base para comparação do desempenho de
energia, e pode refletir um ponto ou um período no tempo. Além disso, uma
linha de base pode ser normalizada por fatores de ajuste (variáveis relevan-
tes afetando o uso e/ou o consumo de energia) como níveis de produção,
temperatura e sazonalidade.

Os “ajustes” podem ser positivos ou negativos. Eles têm por função trazer
o consumo de energia em dois períodos de tempo distintos para as mes-
mas condições. Portanto, representam de forma real a economia gerada
no processo após a implantação das melhorias, ou mesmo do aumento do
consumo caso tenhamos alterações inadequadas sob a ótica da eficiência
energética.

A linha de base deve ser estabelecida usando as informações coletadas no


diagnóstico inicial ou em um período que se deseja analisar, considerando
uma faixa de dados adequada à utilização da energia pela organização.

As alterações no desempenho de energia devem ser medidas pela linha de


base da organização ou de um setor específico em análise. Por exemplo:
uma determinada linha de produção consome, sob determinadas condições
e num certo período, “X” kWh. Nesse caso, “X” é a linha de base do setor.
Com a implantação de um projeto de eficientização energética, o consumo
passaria a ser “Y”. A diferença “X-Y” representa a redução do consumo de
energia e, por consequência, da energia economizada.

Confira um exemplo de histórico de energia na Figura 26, a seguir.


Curso Básico de Gestão de Energia 78

Figura 26: Exemplo de Histórico de Energia.

Fonte: Adaptado de Estrutura e Opções do PIMVP, pag. 28 – EVO 10.000 – 1:2007 (BR).

Pergunta

Certo, mas deverão ser realizados ajustes à base, não é


mesmo? Quando?

A norma ISO 50001 (2011) descreve que tais ajustes deverão acontecer,
caso:

˜˜ os Indicadores de Desempenho de Energia (Energy Performance Indica-


tors – EnPI em inglês) não reflitam mais o uso da energia pela organiza-
ção;
Curso Básico de Gestão de Energia 79

˜˜ hajam alterações significativas nos processos, padrões operacionais


ou sistemas de energia de acordo com um método predeterminado.
Exemplo: a organização define que, em sua política de gestão da ener-
gia, reavaliará a linha de base a cada dois anos, independentemente de
mudanças significativas.

Você deve estar curioso para conhecer um pouco mais sobre os indicadores
de desempenho, não é mesmo? Não se preocupe! A Seção 4 tratará desse
assunto.

Outro fator que merece a atenção dos gestores é que a linha de base deve
ser mantida e registrada pela organização. Recomenda-se, inclusive, que a
empresa divulgue essa informação para as pessoas envolvidas nos proces-
sos que possuem alto consumo de energia (energointensivos) e nos setores
que já estejam trabalhando com metas energéticas.

No momento em que a organização passa a divulgar a linha de base, os cola-


boradores envolvidos com os processos passam a:

˜˜ enxergar a energia como uma despesa gerenciável;


˜˜ analisar criticamente a forma com que a energia é utilizada;
˜˜ compreender como ações diárias afetam o consumo.

Esse procedimento, com o passar do tempo, proporciona às organizações


experiências valiosas, iniciando um círculo virtuoso que culminará no estabe-
lecimento de procedimentos corretos de mensuração e, principalmente, de
comunicação das melhorias feitas para as demais partes interessadas.

Não podemos deixar de afirmar que o sucesso desse trabalho passa, sem
sombra de dúvidas, pelo comprometimento da alta administração. As ações
vinculadas à gestão da energia não serão duradouras sem esse apoio institu-
cional.

A comunicação pode estar atrelada à utilização de indicadores de desempe-


nho, não é mesmo? Mediante o acompanhamento de indicadores de desem-
penho de energia, a comunicação é facilitada e melhor compreendida pelos
colaboradores da organização. Assunto da próxima seção!
Curso Básico de Gestão de Energia 80

Seção 4

Indicadores de desempenho

Os indicadores, também denominados de indicadores de desempenho, são


informações quantitativas ou fatos relevantes que expressam desempenho
de um produto ou processo, em termos de eficiência, eficácia ou nível de
satisfação. Geralmente permitem o acompanhamento de sua evolução ao
longo do tempo.

Veja alguns exemplos de indicadores:

˜˜ índice de lucratividade;
˜˜ índice de satisfação de clientes;
˜˜ consumo específico;
˜˜ demanda medida x demanda contratada.

A Norma ISO 50001 (2011) caracteriza os Indicadores de Desempenho de


energia (IDEs) como valores ou medidas quantitativas deste desempenho,
conforme definido pelas organizações. Eles são designados para alcançar o
aprimoramento contínuo na realização dos processos que envolvem energia.

Os métodos para a definição dos indicadores de desempenho de energia


serão diferentes e dependerão das operações e da complexidade da orga-
nização. Entretanto, eles deverão ser sólidos e de fácil compreensão, o que
auxiliará a utilização ao compartilhar informações e motivar a equipe na bus-
ca por melhorias.

Geralmente, os indicadores são agrupados num sistema de Medição de


Desempenho. Trata-se de um conjunto de indicadores organizados de forma
estruturada, e que devem demonstrar os principais resultados alcançados
(ou a serem alcançados) pela organização a partir de ações implementadas
nos diversos níveis organizacionais (estratégico, tático e operacional).

Como você também já deve ter percebido, a gestão da energia contribui para
o alcance dos resultados da organização de forma direta ou indireta, em
maior ou menor grau. E o que isto quer dizer? Quer dizer que os resultados
decorrentes da gestão da energia serão geralmente demonstrados por meio
de sua contribuição no alcance dos resultados globais da organização.
Curso Básico de Gestão de Energia 81

Assim, a medição do desempenho em relação à gestão da energia estará


vinculada à medição do desempenho da organização, demonstrando em que
grau contribui para as principais estratégias organizacionais.

Nota

Para entender melhor o que foi explicado, considere uma


organização que utilize uma estratégia de baixo preço para
expansão no mercado. Para esta organização, um bom
desempenho em questões de gestão da energia pode ser
vital, certo?

A proposta é estruturar um sistema de medição do de-


sempenho da gestão da energia conectado com o sistema
de medição do desempenho da organização, definindo
“como” e “quanto” a gestão da energia pode contribuir.

A Figura 27 representa, de forma esquemática, a estrutura de um sistema


de medição do desempenho no qual, para cada resultado, em cada um dos
três níveis (estratégico, tático e operacional), há um indicador de desempe-
nho que medirá o alcance (ou não) do resultado.

Figura 27: Representação esquemática de uma estrutura de um sistema de medição de


desempenho
Curso Básico de Gestão de Energia 82

A contribuição para a organização que implementa um sistema de gestão


da energia está diretamente atrelada à redução dos custos operacionais. Os
custos totais com a energia podem ser representados de forma simplificada,
por meio da área de um quadrado, conforme a representação na Figura 28:
Redução do custo devido a redução de preço da energia.

Figura 28: Redução do custo devido a redução de preço da energia e do consumo

O gestor de energia da organização buscará constantemente a redução des-


sa área, tanto em “preço”, geralmente por meio de condições contratuais,
como em “quantidade”, por meio da eficiência na distribuição, conversão e
utilização da energia.

Pergunta

Seria a redução de custos operacionais o único ganho de-


corrente da gestão da energia?
Curso Básico de Gestão de Energia 83

Pensamos que não! Para diversos segmentos de mercado, uma boa imagem
associada ao uso racional da energia pode ser um fator competitivo decisivo.

Nota

Até aqui você estudou que:

˜˜ a medição do desempenho da gestão da energia pode


ocorrer de forma direta ou indireta, por meio da medi-
ção da contribuição para o alcance dos objetivos gerais
da organização;
˜˜ para que esta medição ocorra, é preciso identificar em
quais objetivos esta contribuição será mais impactante;
˜˜ a maior contribuição da gestão da energia está na
redução dos custos operacionais, embora não necessa-
riamente fique restrita a eles.

Com base nos itens que você já estudou, pode-se dizer que os melhores indi-
cadores para a avaliação do desempenho da gestão da energia são indicado-
res de “eficiência”, já que por meio deles é possível medir de forma direta a
variação e o impacto causados nos custos com energia.

Atenção

No entanto, alguns cuidados são necessários, pois um


indicador de desempenho deve ser exatamente um “indi-
cador”, ou seja, deve ter a capacidade de direcionar o pro-
cesso decisório sem deixar dúvidas em relação ao desem-
penho que se deseja avaliar.

Considere o seguinte exemplo: uma organização utiliza como indicador de


desempenho o consumo de combustível, pois existe uma relação direta
entre o consumo de combustível e o custo (quanto maior o consumo, maior o
custo). Vamos analisar a situação.
Curso Básico de Gestão de Energia 84

Na Figura 29, pode-se observar a variação do consumo de combustível ao


longo do tempo. Percebe-se que o consumo cresce ao longo do tempo. A
pergunta é “isto é bom ou ruim?”.

Figura 29: Variação do consumo de combustível ao longo do tempo

Você certamente responderia que é ruim. E se você analisasse, juntamente


com o gráfico de consumo de combustível demonstrado na Figura 30, a cur-
va de variação da produção no mesmo período?

Figura 30: Variação da produção e do consumo de combustível em relação ao tempo

Bem, parece que a situação é um pouco diferente agora, não é mesmo?

O consumo aumentou porque a produção aumentou. Observe ainda que a


produção aumentou mais que o consumo, e isto é bom, afinal está se produ-
zindo mais e consumindo proporcionalmente menos combustível!
Curso Básico de Gestão de Energia 85

Muito bem, então a decisão está tomada: este é, sem dúvida, um bom de-
sempenho! Mas calma! Observe o gráfico da variação dos custos em relação
ao tempo, na Figura 31.

Custo por produto


Produção
Custo por Combustível
produto
Produção
Combustível

Tempo

Figura 31: Variação dos custos em relação ao tempo

Nele é possível ver que, embora a produção tenha aumentado mais do que o
consumo, o custo de produção por produto acabado aumentou ainda mais.
Então isto é ruim? Neste caso, sim!

Um crescimento no custo de produção sempre será ruim, independente da


causa. O que é preciso saber é: qual foi a contribuição do custo do combustí-
vel no custo de produção? Para indústrias, nas quais a produção depende do
consumo intensivo de energia, o aumento no custo com combustível decor-
rente de um maior consumo pode ser a causa principal do aumento do custo
de produção e, neste caso, teríamos que buscar alternativas para reduzir seu
impacto.

Quando se fala que um indicador não pode deixar dúvidas quanto ao desem-
penho que se deseja avaliar, é exatamente o que os gráficos mostraram, ou
seja, dificilmente se conseguirá tomar uma decisão considerando um único
indicador! Geralmente, é necessário um conjunto de indicadores, chamados
“direcionadores”, que permitem o direcionamento das informações até que
se chegue ao indicador “resultante” que, como o próprio nome diz, represen-
ta o resultado final.

Confira alguns exemplos de indicadores direcionadores:

˜˜ custo do combustível (R$);


˜˜ consumo de energia elétrica (kWh);
Curso Básico de Gestão de Energia 86

˜˜ custos de manutenção (R$/h de manutenção);


˜˜ custo por unidade de energia (R$/kcal);
˜˜ consumo de vapor (kg/h).

Existem outros indicadores importantes e que colaboram na gestão da ener-


gia, como o consumo específico e o custo médio da energia elétrica. Conhe-
ça melhor esses dois indicadores.

1. Consumo específico: retrata a quantidade de energia elétrica consumi-


da (kWh) em relação à produção ou ao serviço gerado.

Imaginando a fatura de energia elétrica de uma indústria de papel que pro-


duziu 300 toneladas de produto acabado (TPA) num respectivo mês e que,
para isso, consumiu 88.367 kWh, conclui-se que o consumo específico foi de
294,55 kWh/TPA.

Como você pode perceber, o indicador possibilita a comparação de desem-


penho por parte das organizações aos padrões estabelecidos para o setor
industrial ou para a linha de produção no país, e até mesmo no exterior.

Esse é um exemplo interessante de um indicador “resultante”.

Nota

É importante ressaltar que o consumo mensal de energia


deverá coincidir com o respectivo período de produção
pois, do contrário, o indicador gerado não contribuirá para
as análises comparativas de forma eficaz.

2. Custo médio da energia elétrica: trata-se do valor total da fatura (R$)


dividido pelo consumo total em kWh.

Esse custo médio de eletricidade é um parâmetro que reflete o impacto da


energia elétrica para uma unidade consumidora, resultando as tarifas aplica-
das e o regime de operação. Veja um exemplo:
Curso Básico de Gestão de Energia 87

A fatura de energia elétrica de uma determinada indústria representou


um custo total, incluindo impostos, de R$19.938,73, para um consumo de
88.367 kWh. Qual foi o custo médio da energia elétrica para essa organiza-
ção?

Resposta: O custo médio da energia no respectivo período foi de R$0,22/


kWh.

Algumas organizações utilizam esse valor para as análises iniciais sobre a


viabilidade de projetos que envolvem a área de eficiência energética. Lógi-
co que é necessário destacar que, como se trata do “custo médio”, não se
aconselha a utilização desse valor para a condução de análises finais, princi-
palmente quando está se tratando de investimentos.

Para as organizações que não possuem a medição setorizada, destaca-se


que planilhas eletrônicas podem ser uma excelente ferramenta gerencial. Na
Figura 32 (Acompanhamento de indicadores energéticos), é monitorada a
demanda de energia, no entanto, a organização poderá replicar essa plani-
lha para a gestão do consumo e da utilização dos demais energéticos, imple-
mentando um sistema de controle.

Figura 32: Acompanhamento de indicadores energéticos


Curso Básico de Gestão de Energia 88

Nessa seção você conheceu os indicadores de desempenho. A partir de ago-


ra, você verá a importância de conhecer o histórico de consumo da organiza-
ção, a fim de manter a excelência na gestão da energia. Siga em frente!

Seção 5

Histórico do consumo

Além de conhecer os maiores consumidores da planta industrial (lembra do


aumento da transparência citado na seção de medição setorizada? Pois é
isso mesmo), as organizações conseguirão analisar de forma mais aprofun-
dada e melhorar a gestão da energia quando possuírem o histórico do consu-
mo.

As informações históricas, relacionadas ao tema energia, representam a evo-


lução do consumo de energia na organização ao longo de um determinado
período. Assim, uma análise envolvendo uma série histórica de consumo e
as mudanças ocorridas nos processos fabris poderá representar informações
relevantes para a tomada de decisões gerenciais.

Reflita

Você já percebeu que muitas decisões gerenciais envolven-


do a gestão da energia têm sido tomadas sem levar em
consideração o histórico do consumo?

Pois é, mesmo sabendo que a tecnologia pode revolucionar uma área do


conhecimento e conduzir setores da indústria a uma revolução em termos
de utilização da energia, o conhecimento do histórico do consumo continua
sendo um importante elo na obtenção e na análise de dados pelos gestores.

Outro fato importante, citado anteriormente e que merece destaque, são os


registros das alterações realizadas nos processos fabris. Se você não ficar
atento para o apontamento desses registros, corre um sério risco de possuir,
na organização, um sistema de histórico (banco de dados) limitado, podendo
inclusive conduzir os gestores a análises equivocadas.
Curso Básico de Gestão de Energia 89

Veja na Figura 31, um exemplo demonstrativo referente ao histórico de con-


sumo de energia de uma organização. Nesse exemplo, o histórico diz respei-
to ao consumo, à demanda, ao fator de carga e aos custos envolvidos.

Você já deve estar imaginando quais indicadores do processo da sua orga-


nização deveriam possuir um sistema de armazenamento de dados para
possíveis análises gerenciais, certo? Então, veja o histórico de consumo na
Figura 33 e confira!

Figura 33: Histórico do consumo

Fonte: Adaptado de GERIAP (2011)

Assim sendo, o principal ganho em conhecer o histórico dos consumos está


na possibilidade da tomada de decisões futuras pautadas em números, ou
seja, em situações reais vivenciadas pela organização.
Curso Básico de Gestão de Energia 90

Essas decisões futuras poderão ter aspectos técnicos ou gerenciais, desta-


cando os itens a seguir.

Aspectos técnicos

˜˜ mudança nos processos;


˜˜ manutenção das instalações e dos equipamentos;
˜˜ substituição de combustíveis;
˜˜ incorporação de novas tecnologias.

Aspectos gerenciais

˜˜ definição adequada de metas de consumo;


˜˜ definição de indicadores comparativos;
˜˜ investigação de possíveis desvios no uso da energia em relação à linha
de base;
˜˜ alteração do contrato de fornecimento de energia.

A utilização dos históricos de consumo tem contribuído também para com-


provar e fortalecer algumas práticas de gestão, destacando o conhecimento
da linha de base e a definição de metas apropriadas para a organização.

Da mesma forma, os históricos não permitem que haja a proliferação de


ideias equivocadas em termos de eficiência energética ou soluções duvido-
sas, que prometem ganhos extraordinários sem comprovações.

Na próxima seção, você verá como são estruturadas as informações nos


Relatórios de Gestão, bem como a sua importância em relação à tomada de
decisão pelos gestores. Bom estudo!

Seção 6

Relatórios de gestão

Os relatórios de gestão são ferramentas utilizadas pelos gestores de energia


das organizações para:

˜˜ informar os desvios detectados;


˜˜ registrar as não conformidades;
˜˜ informar as ações tomadas;
˜˜ definir os responsáveis por corrigir os desvios.
Curso Básico de Gestão de Energia 91

Além disso, os relatórios destacam os indicadores, a estratégia utilizada e


os principais resultados alcançados pelas organizações em um determinado
período de tempo.

Esses relatórios poderão ter um caráter global, levando em consideração o


mercado de energia, os cenários e desafios mundiais, bem como as melho-
res práticas em termos de sustentabilidade. A abrangência e o foco do rela-
tório de gestão do nosso curso, no entanto, será limitado ao nível de atuação
da organização, ou seja, focaremos nas metas e nos desafios cotidianos da
própria empresa.

Partindo dessa premissa, os relatórios serão direcionados para o público


interno da organização. Assim, a linguagem a ser utilizada será muito seme-
lhante à linguagem já utilizada nos demais mecanismos e procedimentos de
comunicação interna da empresa, respeitando o formato, a periodicidade e o
estilo.

Nesse tipo de relatório, o mais importante é a sensibilização dos colaborado-


res para a gestão da energia. Geralmente, são publicadas informações dos
resultados alcançados no período, comparações com os períodos anteriores,
e o impacto no resultado da organização.

Além disso, as empresas que já acompanham os Indicadores de Desempe-


nho de Energia (IDEs) exibem, geralmente, o percentual atingido em relação
à meta do período, bem como o percentual (ou o valor absoluto) em relação
ao ano. O fator crítico de sucesso está na apresentação de possíveis desvios
em um ou mais indicadores (que podem expressar um aumento nos custos
da energia x produção realizada) e na rápida ação corretiva por parte dos
responsáveis.

Independente do formato, periodicidade ou público-alvo, o maior desafio de


um Relatório de Gestão é a sua utilização como instrumento para a melhoria
dos processos e, por consequência, dos resultados da organização.

Para isso, torna-se primordial a definição das responsabilidades pela análise,


implantação e acompanhamento das ações pautadas na gestão da energia.

Assim, pode-se afirmar que um bom Relatório de Gestão, além de um aspec-


to estético agradável, deverá subsidiar a tomada de decisão por parte dos
gestores.
Curso Básico de Gestão de Energia 92

Você deve estar pensando “possuir um Relatório de Gestão na empresa é


algo fundamental para alcançarmos o sucesso do nosso sistema de gestão
da energia!”. Porém, você deve estar certo também de que a tomada de de-
cisão e a implantação das ações caberão às pessoas, e elas necessitam de
conhecimento e de um ambiente organizacional (cultura) que valorize o sur-
gimento de novas ideias e o cuidado com a utilização e a gestão da energia.

Veja na Tabela 9, a seguir, um exemplo simples de Relatório de Gestão. Com


ele, você pode acompanhar a situação do setor/linha de fabricação e definir
ações e responsabilidades relacionadas à gestão da energia na organização.

Tabela 9: Exemplo de Relatório de Gestão

RELATÓRIO DE GESTÃO DA ENERGIA


Unidade Centro de
   
fabril custo
 
Responsável Mês/Ano  
 
SITUAÇÃO DO SETOR

PROBLEMAS ENFRENTADOS

Problema Ação Responsável Data final Situação


         
         
   
     
   

IMPACTO DO SUCESSO OU FALHA DAS ATIVIDADES SOBRE OS CUSTOS


ENERGÉTICOS

Fonte: Adaptado de SENAI/SC (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 93

Acredita-se que com a chegada da Norma ABNT NBR ISO 50001 e com os
desafios econômicos e de ordem ambiental que enfrentamos nos dias de
hoje, as organizações darão importância ainda maior para a gestão da ener-
gia.

Relembrando

Nesta unidade você aprendeu que as ferramentas de ges-


tão são importantes instrumentos no auxílio pela busca da
melhoria contínua de desempenho nos processos que en-
volvem energia. Compreendeu também a importância da
definição da linha de base, do conhecimento dos históricos
e da utilização de indicadores na gestão da energia.

Ao longo desta unidade, você verificou que o aumento da


competitividade da indústria, entre outros fatores, passa
pelo gerenciamento eficaz da energia. Acredita-se que
com a colaboração da tecnologia, por meio de medições
setorizadas e controles automatizados atrelados às boas
práticas de gestão e ao conhecimento técnico da força de
trabalho, a indústria nacional estará preparada para os
desafios energéticos dos próximos anos.

Saiba Mais

Acesse o Saiba Mais da biblioteca do Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA) e veja o artigo Fator Humano.pdf,
que trata da importância da qualificação das pessoas para
o sucesso de um programa de Gestão da Energia. Este arti-
go está disponível para download no site do PROCEL INFO.
Faça uma visita e cadastre-se! Você vai se surpreender
com a quantidade de informação sobre Eficiência Energéti-
ca disponível nessa biblioteca!
Curso Básico de Gestão de Energia 94

Você pode acessar em nossa Biblioteca mais alguns textos


interessantes: CICE Procel.pdf, um guia elaborado pelo
Procel para estruturação de uma CICE; o Cice Decreto.pdf,
Decreto Federal que estabeleceu legalmente a criação da
CICE; e um exemplo de CICE da Votorantim
(CICE VOTORANTIM.pdf).

A Universidade Federal de Lavras dispõe de um ótimo site


para sua CICE. Veja o que um grupo organizado pode fazer
em: CICE da UFLA.
Unidade
SISTEMAS DE GESTÃO 3
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ ter uma visão geral das práticas de gestão associadas


a Sistemas de Gestão de Energia (SGE), com base na
Norma ISO 50001.

Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudos:

˜˜ Seção 1: ABNT NBR ISO 50001 – Objetivo.

˜˜ Seção 2: ABNT NBR ISO 50001 – Procedimentos.

˜˜ Seção 3: ABNT NBR ISO 50001 – Análise.


Curso Básico de Gestão de Energia 96

Para Iniciar

Sistemas de gestão não são novidades no meio industrial.


A partir de 1980, surgiram no Brasil os Sistemas de Ges-
tão da Qualidade, alguns com base no modelo japonês
que ficou conhecido como TQC (Total Quality Control) ou
Controle de Qualidade Total, e outros com base na norma
NBR ISO 9001, que, por força de certificação, acabaram
se tornando mais comuns. Além da área da qualidade,
outras áreas foram também contempladas: ambiental
(ISO 14000), saúde e segurança do trabalho (BS 8800) e
responsabilidade social (OHSAS 18000). Recentemente,
o mundo tem dado muita atenção à questão energética,
com foco na gestão da energia e no estabelecimento de
mecanismos de redução de consumo. Assim, surgiu a
Norma ISO 50001 – Sistemas de Gestão da Energia – Re-
quisitos com orientações para uso, que, como as demais
normas direcionadas à implementação de Sistemas de
Gestão, traz requisitos que pretendem melhorar os proces-
sos do ponto de vista do consumo de energia.

Seção 1

NBR ISO 50001 - Objetivo

A ISO 50001 - Energy management systems - Requirements with guidance


for use (Sistemas de gestão da energia – Requisitos com orientações para
uso), é uma Norma Internacional voluntária, desenvolvida pela ISO. Ela é a
norma brasileira espelho da norma internacional.

A ISO 50001 oferece requisitos para sistemas de gestão da energia (SGE),


e pode beneficiar grandes e pequenas organizações nos setores público e
privado. Tem também influência na manufatura e nos serviços em todas as
regiões do mundo, e estabelece uma estrutura para que as indústrias, insta-
lações comerciais, institucionais e governamentais, e organizações inteiras
façam gestão da energia.
Curso Básico de Gestão de Energia 97

Com aplicação ampla pelos setores econômicos nacionais, estima-se que a


norma possa influenciar até 60% do uso de energia do mundo.

Por que ela é importante?


A energia é fundamental para as operações das organizações, e pode ter um
custo significativo, independente de suas atividades. Para ter uma ideia, bas-
ta considerar o uso de energia pela cadeia de fornecimento de um negócio,
desde a matéria-prima até a reciclagem.

Além dos custos econômicos para uma organização, a energia pode impor
custos ambientais e sociais, exaurindo recursos e contribuindo para proble-
mas como a alteração climática. O desenvolvimento e a implementação de
tecnologias tanto para as novas fontes energéticas quanto para fontes de
energia renováveis podem levar tempo.

As organizações não podem controlar os preços da energia, as políticas go-


vernamentais ou a economia mundial, mas podem melhorar o modo como
gerenciam a energia. A melhoria do desempenho energético pode proporcio-
nar benefícios imediatos para uma organização, pela maximização do uso
de suas fontes de energia e dos bens relacionados a ela, reduzindo tanto o
custo como o consumo. A organização contribuirá de modo positivo para a
redução do esgotamento de recursos energéticos e a mitigação dos efeitos
mundiais do uso de energia, bem como o aquecimento global.
Curso Básico de Gestão de Energia 98

A ISO 50001 está baseada no modelo de sistema de gestão que já é com-


preendido e implementado por organizações de todo o mundo. Em um futuro
muito próximo, ela pode fazer uma diferença positiva para organizações
de vários tipos, apoiando esforços de longo prazo para o aprimoramento de
tecnologias de energia.

O que a ISO 50001 pode fazer?


A ISO 50001 pode fornecer às organizações do setor público e privado es-
tratégias de gestão para aumentar a eficiência energética, reduzir custos e
melhorar o desempenho energético.

A norma tem como objetivo fornecer às organizações uma estrutura reco-


nhecida para a integração do desempenho energético em suas práticas de
gestão. Empresas multinacionais terão acesso a uma norma única para a
aplicação de uma metodologia lógica e consistente de identificação e imple-
mentação de melhorias.

A norma destina-se a:

˜˜ auxiliar as organizações a fazerem melhor uso de seus bens de consumo


de energia;
˜˜ criar transparência e facilitar a comunicação na gestão de recursos ener-
géticos;
˜˜ promover as melhores práticas de gestão de energia e reforçar os bons
comportamentos de gestão da energia;
˜˜ auxiliar as organizações na avaliação e priorização da implementação de
tecnologias eficazes de energia;
˜˜ fornecer uma estrutura para promover a eficiência energética em toda a
cadeia de fornecimento;
˜˜ facilitar a melhoria da gestão da energia para projetos de emissão de
gases do efeito estufa;
˜˜ permitir a integração com outros sistemas de gestão organizacional,
como ambiental, saúde e segurança.
Curso Básico de Gestão de Energia 99

Como ela funciona?


A ISO 50001 está baseada no modelo do sistema de gestão da ISO familiar.
Há mais de um milhão de organizações em todo o mundo que implemen-
tam normas, como a ISO 9001 (Gestão da qualidade) e ISO 14001 (Gestão
ambiental).

Em particular, a ISO 50001 segue o processo Planejar-Fazer-Verificar-Agir


para a melhoria contínua do sistema de gestão da energia. Essas caracterís-
ticas permitem que as organizações integrem a gestão da energia aos seus
esforços gerais, com o objetivo de melhorar a qualidade, a gestão ambiental,
e outros desafios que possam surgir em seus sistemas de gestão.

A ISO 50001 fornece uma estrutura de requisitos que permite que as organi-
zações:

˜˜ desenvolvam uma política mais eficaz de uso de energia;


˜˜ estabeleçam metas e objetivos para atender essa política;
˜˜ utilizem dados para compreender melhor e tomar decisões com relação
ao uso e consumo de energia;
˜˜ façam a medição dos resultados;
˜˜ revisem a eficácia de sua política;
˜˜ obtenham melhoria contínua na gestão da energia.

Essa norma pode ser implementada isoladamente ou de forma integrada a


outras normas de sistemas de gestão.

Quem pode se beneficiar com essa nor-


ma?
Como todas as normas de sistema de gestão da ISO, a ISO 50001 é proje-
tada para ser implementada por qualquer organização, independente de
seu tamanho ou atividade, seja do setor público ou privado, e em qualquer
localização geográfica.
Curso Básico de Gestão de Energia 100

A determinação de metas para a melhoria de desempenho energético fica


sob responsabilidade da organização ou das autoridades regulatórias, e não
a cargo da norma. Isso significa que qualquer organização, independente
de seu atual domínio de gestão da energia, pode implementar a ISO 50001
para estabelecer uma linha de base e melhorá-la em um ritmo adequado ao
seu contexto e capacidade.

Segundo a ISO 50001,o conteúdo é estruturado da seguinte forma:

Prefácio

A finalidade desta Norma Internacional é permitir que as


organizações estabeleçam sistemas e processos neces-
sários para melhorar o desempenho, a eficácia, o uso e
o consumo de energia. A implementação desta norma
pretende, por meio de gestão sistemática da energia,
gerar redução na emissão de gases do efeito estufa, dimi-
nuição no custo de energia e outros impactos ambientais
relacionados. Esta Norma Internacional é aplicável a to-
dos os tipos e tamanhos de organizações, independente
da localização geográfica, cultura ou condições sociais.
A implementação bem sucedida depende do comprome-
timento de todos os níveis e funções da organização e,
principalmente, da alta direção.

Esta Norma Internacional especifica os requisitos de um


Sistema de Gestão da Energia (SGE) para que uma orga-
nização desenvolva e implemente uma política energé-
tica e estabeleça objetivos, metas e planos de ação que
levem em conta requisitos legais e informações relacio-
nadas ao uso significativo da energia. Um SGE habilita
uma organização a cumprir o compromisso com a sua
política, a adotar ações necessárias para melhorar seu
desempenho energético e a demonstrar a conformidade
do sistema com os requisitos da Norma Internacional. A
aplicação desta Norma Internacional pode ser customi-
zada para se ajustar aos requisitos de uma organização
— incluindo a complexidade do sistema, o grau de docu-
mentação e os recursos, e se aplica às atividades sob o
controle da organização.
Curso Básico de Gestão de Energia 101

Ela está baseada na estrutura de melhoria contínua Pla-


nejar-Fazer-Verificar-Agir, e incorpora a gestão da energia
nas práticas organizacionais diárias.

Nota

Nota: Esta abordagem pode ser brevemente descrita da


seguinte forma:

Planejar: conduzir a revisão energética e estabelecer


linha de base, indicadores de desempenho energético,
objetivos, metas e planos de ações, necessários para pro-
duzir resultados de acordo com as oportunidades de me-
lhoria do desempenho energético e da política energética
da organização.

Fazer: implementar os planos de ação de gestão da ener-


gia.

Verificar: monitorar e mensurar os processos e as caracte-


rísticas principais de suas operações, que determinem os
objetivos, a relação entre desempenho energético e políti-
ca energética, e relatar os resultados.

Agir: adotar ações para a melhoria contínua do desempe-


nho energético e do SGE.

Confira um modelo de gestão de energia para a ISO 50001, na Figura 34.


Curso Básico de Gestão de Energia 102

Figura 34: Modelo de Gestão para a ISO 50001

A ISO 50001 também inclui anexos informativos que fornecem diretrizes de


como implementar os requisitos acima, além de uma tabela comparativa de
seus requisitos com os de outras normas de sistema de gestão da ISO.

Seção 2

ISO 50001 – Procedimentos

Na seção anterior, você viu que o objetivo da Norma pode ser entendido, em
sua essência, como o estabelecimento de sistemas e processos que permi-
tem a melhoria do desempenho energético, sendo então necessária a defini-
ção destes processos (ou práticas).
Curso Básico de Gestão de Energia 103

Leituras dos parâmetros para moni-


toração dos insumos utilizados nos
processos de interesse: consumo de
energia por equipamento/setor/linha/
unidade x produção
O próximo texto trata das questões relacionadas à verificação do desempe-
nho, associadas à medição e monitoramento, retirados da ISO 50001:

4.6 Verificação

4.6.1 Monitoramento, medição e análise

A organização deve garantir que as características-chave


das operações, que determinam o desempenho energéti-
co, são monitoradas, medidas e analisadas em intervalos
planejados. Características-chave devem incluir, no míni-
mo:

1. Usos significativos de energia e outros resultados da


revisão energética;

2. As variáveis relevantes relativas ao uso significativo


de energia;

3. IDEs;

4. A efetividade dos planos de ação para o cumprimento


de objetivos e metas;

5. A avaliação da relação do consumo energético real


com o esperado.

Os resultados de monitoramento e medição das caracte-


rísticas-chave devem ser registrados.
Curso Básico de Gestão de Energia 104

Um plano de medição de energia, apropriado à dimensão


e complexidades da organização, e aos seus equipamen-
tos de monitoramento e medição, deve ser definido e
implementado. NOTA - A medição pode abranger desde
medidores da concessionária para pequenas organiza-
ções até sistemas completos de monitoramento e me-
dição, conectados a um aplicativo de software capaz de
consolidar dados e disponibilizar análises automáticas. É
decisão da organização determinar meios e métodos de
medição.

A organização deve definir e revisar periodicamente suas


necessidades de medição. Ela deve garantir que os equi-
pamentos utilizados no monitoramento e medição das
características-chave forneçam dados que sejam preci-
sos e tenham repetitividade. Os registros de calibração e
outros meios de estabelecimento de precisão e repetibili-
dade devem ser mantidos.

A organização deve investigar e responder aos desvios


significativos no desempenho energético.

Os resultados destas atividades devem ser mantidos.

4.6.2 Avaliação da conformidade com requisitos


legais e com outros requisitos

Em intervalos planejados, a organização deve avaliar a


conformidade com requisitos legais e com outros requisi-
tos aos quais ela subscreve, relativos ao seu uso e consu-
mo de energia.

Registros dos resultados das avaliações de conformidade


devem ser mantidos.

4.6.3 Auditoria interna do SGE

A organização deve conduzir auditorias internas em inter-


valos planejados para garantir que o SGE:
Curso Básico de Gestão de Energia 105

˜˜ esteja em conformidade com ações planejadas para


a gestão da energia, incluindo os requisitos desta
Norma;

˜˜ esteja em conformidade com os objetivos e metas


energéticas estabelecidas;

˜˜ seja efetivamente implementado e mantido, gerando


a melhora no desempenho energético.

Um plano e um cronograma de auditoria devem ser de-


senvolvidos, considerando a situação e a importância dos
processos e das áreas a serem auditadas, assim como os
resultados de auditorias anteriores.

A seleção de auditores e a condução de auditorias devem


garantir objetividade e imparcialidade do processo. (ABNT
NBR ISO 50001, 2011).

Registros dos resultados de auditoria devem ser manti-


dos e relatados à alta direção.

Periodicidade das medições: diária, por


lote
No item anterior, chamou-se a atenção para a necessidade de definir as
medições de consumo de energia, que possam ser integradas a partir de
um equipamento até toda uma planta de produção. Agora, o destaque é a
necessidade de definir critérios que estabeleçam a frequência (tempo) com
que estas medições serão realizadas. Um bom ponto de partida é considerar
o ciclo de produção.

Para processos intermitentes, ou que operem por batelada (lotes de produ-


ção), o melhor critério será a medição de cada ciclo de produção ou lote,
pois cada um deles provavelmente terá características únicas, por mais que
se trate do mesmo produto. O resultado das medições deve demonstrar de
forma inequívoca essas características.
Curso Básico de Gestão de Energia 106

Para processos em fluxo de operação contínuo, mesmo que as medições


sejam realizadas de forma intermitente (a intervalos de tempo pré-determi-
nados), elas devem estar relacionadas a alguma variável crítica do processo,
cuja medição possa garantir o atendimento às especificações do produto.

Fluxo das informações e responsabili-


dades: coleta de dados pelos operado-
res e agentes da produção, formata-
ção dos dados pelos supervisores
Não há apenas uma regra para a definição do fluxo de informações em uma
organização. De forma geral, pode-se assumir que para a medida do desem-
penho em relação à questão da energia, os dados primários serão sempre
originados a partir dos equipamentos que a consomem. Para uma indús-
tria de manufatura, obviamente o maior consumo está na produção, o que
não significa a inexistência de consumo em outros equipamentos fora da
produção – como, por exemplo, os aparelhos de ar-condicionado das áreas
administrativas. Desta forma, é necessário fazer uma avaliação do impacto
destes outros gastos no consumo total, para que se determine o escopo e as
fronteiras do SGE.

Quanto à coleta de dados, ela pode ser realizada pelos próprios operadores
ou por um pessoal formalmente designado para isto. A decisão de quem fará
este trabalho passa por fatores como a frequência da coleta e sua comple-
xidade. Geralmente, para coleta de dados com frequência elevada, pode-se
optar por sistemas automatizados, o que reduz custos e aumenta a confiabi-
lidade da informação. Para coleta de dados com certo grau de complexidade
como, por exemplo, o uso de equipamentos de medição, é indispensável
considerar a necessidade de capacitação, independentemente de quem fará
a coleta.

Cabe ainda destacar que os dados coletados serão, em algum momento,


transformados em indicadores de desempenho para que os resultados pos-
sam ser comparados com as metas.
Curso Básico de Gestão de Energia 107

Indicadores de desempenho energético


A norma NBR ISO 50001 diz que os IDEs (Indicadores de Desempenho Ener-
gético) são designados para alcançar a melhoria do desempenho energético
e para atender outros critérios de desempenho. Existe uma variação de IDEs
de uma simples razão métrica até o modelo complexo. A organização deve
escolher os que informem o desempenho energético.

Os métodos para definir IDEs variam de acordo com as operações e a com-


plexidade da organização. Eles devem ser sólidos e fáceis de entender, o que
auxiliará na sua utilidade para compartilhar informações e motivar o pessoal
a realizar melhorias. Exemplos incluem:

˜˜ comparação do consumo de energia anual com o nível de consumo de


meta;
˜˜ razões simples de consumo de energia, divididas por níveis de produção
ou serviço;
˜˜ razões normalizadas de consumo de energia, divididas por níveis de pro-
dução ou serviço, para considerar outras variáveis de contribuição. Entre
elas, quantidade de produção, manutenção, temperatura sazonal real,
condições climáticas e extensão do tempo de serviço.

Métodos de normalização podem incluir regressão linear ou outros tipos de


modelos estatísticos.

Com base nos textos da norma apresentados, perceba que uma coleta de
dados adequada depende essencialmente da definição dos IDEs (Indicado-
res de Desempenho), e que uma vez estabelecidos, os indicadores devem
ser analisados, sendo necessária a definição da responsabilidade não só
pela análise, mas principalmente pela tomada de decisão. Considere que de
nada adiantará a coleta e o tratamento de dados se estes não servirem para
a tomada de decisão. Possibilitar este passo é o objetivo maior de qualquer
sistema de medição de desempenho.

Nessa seção você percebeu que o objetivo de qualquer sistema de medição


deve ser o de fornecer informação para a tomada de decisão. Na próxima
seção, você verá como é a análise, conforme a ISO 50001. Fique atento!
Curso Básico de Gestão de Energia 108

Seção 3

ABNT NBR ISO 50001 –


Análise

Você já sabe que o objetivo de qualquer sistema de medição deve ser o de


fornecer informação para a tomada de decisão. Esta informação aparece na
forma de indicadores de desempenho, que permitem (ou devem permitir) a
comparação entre o desempenho previsto (meta) e o realizado. A partir de
agora, você vai ver como é esse processo de comparação entre o desempe-
nho previsto e o realizado, e qual é a respectiva tomada de decisão.

Definição dos indicadores de desempe-


nho
Os critérios para a definição dos indicadores de desempenho, assim como
suas unidades, passam necessariamente pela análise do processo/equipa-
mento.

Para a energia elétrica, o mais usual é a utilização de W ou kW, enquanto


para a energia térmica, temos o J ou kJ, sendo ainda aplicado o kcal (qui-
localoria). Pode-se também usar estas unidades de forma associada a um
determinado fator. Assim, veja na Figura 35, que na definição dos indicado-
res pode-se ter:

Figura 35: Definição dos indicadores


Curso Básico de Gestão de Energia 109

Identificação dos desvios e suas


causas
Mais importante do que medir é usar a informação gerada para a tomada de
decisão. Isto vale para qualquer Sistema de Gestão. Medir é a forma que te-
mos de identificar onde estamos indo bem, e onde não estamos; Onde esta-
mos alcançando os resultados e onde não estamos. No entanto, se paramos
por aqui, nada acontece. Não adianta termos informação sobre o desempe-
nho de um equipamento, processo ou planta, se não fazemos as correções
necessárias para a melhoria do desempenho. Uma vez identificado o desvio,
o passo seguinte é encontrar as suas causas.

A análise de causas nem sempre é tarefa simples, pois muitos desvios não
ocorrem por um único motivo. Para complicar mais ainda, por vezes os des-
vios acontecem por uma série de razões, que podem ocorrer de forma con-
junta ou individualmente em momentos bem distintos, mas que, no somató-
rio final, resultam em um desempenho insatisfatório.

Tomada de decisões para correção dos


desvios e implementação de melhorias
Uma vez identificada a(s) causa(s) dos desvios (as referências serão as linhas
de base com seus respectivos IDEs. Um exemplo de desvio é o aumento
inesperado de consumo de energia quando se mantém a mesma produção),
novamente chega-se a um ponto-chave: a tomada de decisão. Tomar uma
decisão implica em estabelecer ações que levem, efetivamente, à remoção
da(s) causa(s) que pode(m) estar impedindo o alcance do resultado deseja-
do. Estas ações devem ser registradas de forma que possa ser acompanha-
da sua implementação e sua eficácia. Um pequeno plano de ação é reco-
mendado, no qual além das ações, ainda se estabelecem prazos e recursos
(humanos, físicos e financeiros) necessários.

Responsabilidades: analistas de pro-


dução, gerentes e gestores de ener-
gia
Segundo a norma ISO 50001, as responsabilidades no sistema de gestão
estão distribuídas em vários níveis, desde o estratégico até o operacional. No
nível estratégico e tático, temos como principais atribuições a disponibiliza-
ção dos recursos, o acompanhamento das ações e a verificação da eficácia
dessas ações. Veja o que diz a ISO 50001:
Curso Básico de Gestão de Energia 110

4.2 Responsabilidade da direção

4.2.1 Alta direção

A alta direção deve demonstrar seu comprometimento


em apoiar o SGE e melhorar continuamente sua efetivida-
de por meio de:

a. Definição, estabelecimento, implementação e manu-


tenção de uma política energética;

b. Designação de um representante e aprovação da for-


mação de uma equipe de gestão da energia;

c. Provisionamento de recursos para estabelecer, imple-


mentar, manter e melhorar o SGE e o desempenho
energético resultante;

d. NOTA Recursos incluem recursos humanos, habilida-


des especiais, tecnologia e recursos financeiros.

e. Identificação do escopo e das fronteiras a serem tra-


tadas pelo SGE;

f. Comunicação da importância da gestão da energia


para a organização;

g. Garantia de que objetivos e metas energética sejam


estabelecidas;

h. Garantia de que os IDE sejam apropriados à organiza-


ção;

i. Consideração do desempenho energético em planeja-


mento de longo prazo;

j. Garantia de que os resultados sejam medidos e co-


municados em intervalos determinados;

k. Condução de revisões gerenciais.


Curso Básico de Gestão de Energia 111

Além disto, em seu Anexo A, a norma ainda afirma:

A.2 Responsabilidade da direção

A.2.1 Alta direção

A alta direção ou seu representante, ao comunicar àque-


les da organização, pode sustentar a importância da
gestão da energia por meio de atividades de envolvimen-
to dos funcionários, tais como delegação de autoridade,
motivação, reconhecimento, treinamento, participação e
recompensa.

Organizações que conduzem planejamento de longo


prazo, podem incluir considerações de gestão da energia
tais como: fonte de energia, desempenho energético e
melhorias de desempenho energético nas atividades de
planejamento.

Desta forma, de acordo com a norma, compete à empresa a definição de pa-


péis claros dentro do Sistema de Gestão. Estes papéis ou responsabilidades
podem, muitas vezes, ser cumulativos, ou seja, um único membro poderá ter
mais de uma responsabilidade perante o sistema. Observe ainda que estas
atribuições são específicas para o Sistema de Gestão, não sendo aqui consi-
deradas as atribuições necessárias à operação da Empresa.

Relembrando

Nesta unidade, você conheceu as práticas de gestão as-


sociadas ao Sistema de Gestão de Energia, com base na
ISO 50001. Também conheceu papéis e responsabilidades
perante um sistema de gestão.
Curso Básico de Gestão de Energia 112

Colocando em Prática

A partir de agora, coloque mais uma vez em prática o que


estudou nessa unidade, acessando o Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) e realizando o Desafio que foi prepa-
rado, baseado em situações reais que você pode encontrar
no seu dia a dia como gestor.
Etapa
“D”
Unidade
Conversão de energia 1
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ Conhecer os diversos tipos de energia, as possibilida-


des de transformação de um tipo em outro e quais são
as possíveis perdas decorrentes do processo de trans-
formação.

Seções de estudo
Nesta unidade você acompanhará as seguintes seções de estudo:

˜˜ Seção 1: Conceito e tipos de energia.

˜˜ Seção 2: Conversão de energia.

˜˜ Seção 3: Perdas em processos de conversão de energia.


Curso Básico de Gestão de Energia 116

Para Iniciar

A energia não pode ser criada ou destruída, mas pode ser


transformada, convertida de um tipo para outro. A energia
está presente na natureza em diversas formas como o sol,
o movimento das marés, as quedas d’água, o carvão e o
petróleo.

Desde que o homem descobriu o fogo, estamos desenvol-


vendo, por meio de sucessivas transformações, processos
que permitem o uso destas energias, como a transforma-
ção de energia térmica (calor) em energia elétrica, e de
energia química (combustão) em energia cinética (movi-
mento).

No enfoque da conservação da energia o que devemos


buscar é minimizar estas perdas, seja por mecanismos
de redução, ou por reaproveitamento. Assim, o calor dos
gases decorrentes da queima de um combustível pode
servir para preaquecer o ar utilizado na combustão, melho-
rando a sua eficiência. Este será o nosso objetivo: entender
o processo de transformação de energia e tentar reduzir as
perdas decorrentes.

Seção 1

Conceito e tipos de energia

Para começar, é preciso entender o que é energia. Segundo a física, energia


é a capacidade de realizar trabalho. Esta definição traz, no entanto, certa
limitação, já que ao ver uma lâmpada acesa, é possível perceber facilmente
a existência de energia, mas não se pode perceber que trabalho está sen-
do feito. A proposta aqui é entender energia como a capacidade de gerar
“mudanças” como, por exemplo, a alteração de estado que ocorre quando a
água aquecida passa do estado líquido para o gasoso, ou quando se realiza
uma deformação mecânica em um material, causando uma mudança de for-
ma, ou ainda, quando ocorre uma mudança na velocidade de um fluido em
escoamento.
Curso Básico de Gestão de Energia 117

Agora que já foi definido o que é energia, serão apresentados alguns tipos.
Não será mostrada uma classificação formal ou acadêmica, com todos os
tipos possíveis de energia. O objetivo é mostrar a você que existem várias
formas de energia, e que elas podem ser convertidas entre si.

Confira alguns tipos de energia:

Energia cinética

A energia cinética é a energia do movimento. Tudo que está em movimen-


to possui energia cinética - a Terra, um avião, um automóvel, uma pessoa
andando ou correndo. A quantidade de energia cinética disponível depende
basicamente de dois fatores: massa e velocidade. Quanto maior a massa e/
ou a velocidade, maior a quantidade de energia cinética (Ec) existente. Veja a
equação (9), que explica esta relação. Considere “m” a massa e “v” a veloci-
dade.

Ec = ½m.v2 (9)

Observe nesta equação que, embora a energia cinética varie em função da


massa e da velocidade, a velocidade tem uma influência significativamente
maior (exponencial). Sendo assim, em uma colisão, por exemplo, a defor-
mação resultante será diretamente proporcional à energia cinética que, por
sua vez, será potencializada por velocidades mais altas. Nesta situação, a
energia cinética é usada para causar deformação e, quanto maior a energia
cinética, maior será a deformação. Veja um exemplo de energia cinética na
Figura 36.

Figura 36: Colisão de veículos com transformação de energia cinética (movimento) em


deformação mecânica
Curso Básico de Gestão de Energia 118

Por outro lado, ao acionar os freios de um automóvel, tem-se energia cinéti-


ca sendo transformada em energia térmica por meio do atrito.

Energia Potencial

Assim como a energia cinética é a energia do movimento, a energia poten-


cial é a energia disponível em uma determinada posição (estática). A figura
a seguir (37) apresenta uma caixa d’água posicionada a uma determinada
altura do solo. Com a válvula fechada, a água em seu interior está em re-
pouso. Ao abrir a válvula, o escoamento começa e a água passa a ganhar
velocidade à medida que avança pela tubulação, transformando energia
potencial em cinética. À medida que água desce, a energia potencial diminui
e a cinética aumenta.

Figura 37: Caixa d’água

Na linha inversa, uma bomba deverá fornecer energia cinética à água para
que esta possa chegar até a caixa. À medida que o fluido sobe pela tubula-
ção, a sua energia cinética diminui, chegando a zero na caixa d’água, quan-
do a velocidade do fluido será nula e a energia potencial será máxima.
Curso Básico de Gestão de Energia 119

A energia potencial pode ser definida pela equação (10), sendo “m” a massa,
“g” a aceleração da gravidade e “h” a altura da elevação:

Ep = mgh (10)

Outra forma de energia potencial pode ser associada a uma mola distendida,
ou comprimida, na qual a energia acumulada é proporcional à variação do
comprimento inicial (para menos ou para mais). Em geral, molas (Figura 38)
são utilizadas como mecanismos de amortecimento justamente pela sua
capacidade de deformação pela absorção da energia.

Figura 38: Mola

Energia térmica

A energia térmica é uma das formas de energia com maior aplicação não só
na indústria, como também em nosso dia a dia. Ela é geralmente associada
à temperatura, sendo esta a forma pela qual medimos a sua intensidade.
Quanto maior a temperatura, maior a energia disponível.

A energia térmica tem sua origem, na maioria dos casos, em processos de


combustão, envolvendo combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos. Mesmo o
sol (fonte de energia térmica), é um processo de combustão. Outras formas
de se obter energia térmica podem ser: o atrito, as reações químicas nas
quais ocorre a liberação de calor e os processos de deformação mecânica.

No caso específico de reações químicas, muitas vezes, além da geração de


calor, pode ocorrer a liberação de gases que, quando acumulados, causam
uma elevação de pressão no recipiente que os contêm. Esta pressão pode
ser usada para gerar movimento (energia cinética), quando sofre expansão.
Curso Básico de Gestão de Energia 120

Energia nuclear (ou atômica)

A energia nuclear, muito comentada nas décadas de 1960 e 1970 por conta
da “Guerra Fria” entre EUA e a antiga União Soviética, parece hoje um pouco
esquecida. Isso se deve ao fato de que, embora seja capaz de gerar altíssi-
mos níveis de energia, ela ainda não possui aplicação em larga escala devi-
do aos elevados custos operacionais e os riscos associados, sendo pratica-
mente restrita a usinas nucleares (Angra I, II e III, por exemplo) e aplicações
acadêmicas (como os aceleradores de partículas).

Figura 39: Large Hadron Collider

Fonte: Adaptado de Alves (2008)

A Figura 39 mostra o Large Hadron Collider (LHC), localizado em Genebra,


na Suíça. Ela permite avaliar a dimensão do maior acelerador de partículas
do mundo, onde um feixe de partículas subatômicas pode ser disparado por
meio de um túnel circular de quase 27 quilômetros de comprimento, e que
custou cerca de três bilhões de euros.
Curso Básico de Gestão de Energia 121

Embora a energia nuclear possa ser considerada uma forma de energia,


uma das suas principais utilizações é a geração de energia elétrica. Usinas
nucleares são usinas térmicas que usam o calor produzido na fissão para
gerar vapor de água, por sua vez, movimenta as turbinas nas quais se produz
a eletricidade. Como você pode ver, a energia nuclear como fonte de calor
(energia térmica) é transferida para a água que se transforma em vapor e
que, por sua vez, gera movimento (energia cinética), que gera energia elétri-
ca.

Energia elétrica

Como você viu, é possível obter energia elétrica a partir de energia nuclear,
por meio de uma série de processos que transformam (convertem) um tipo
de energia em outro. Além desta, outra forma bem mais comum de geração
de energia elétrica é a geração a partir de usinas hidrelétricas, como a da
Figura 40.

Figura 40: Usina hidrelétrica


Curso Básico de Gestão de Energia 122

Observe que no reservatório de uma usina hidroelétrica há uma situação


idêntica a de uma caixa d’água, só que bem maior. Da mesma forma, temos
água armazenada. Esta água possui energia potencial (estática) e, à medida
que desce pela tubulação em direção às turbinas, ganha velocidade (energia
cinética), com a qual uma turbina acoplada a um gerador gera a energia
elétrica. Atualmente, outras formas de geração de energia elétrica estão sen-
do desenvolvidas a partir da energia eólica (ventos) e da energia solar (com
placas fotovoltaicas), ilustradas na Figura 41.

Figura 41: Aerogeradores (esquerda) e placas fotovoltaicas (direita)

Seção 2

Conversão de energia

Como você já viu, é possível transformar um tipo de energia em outro. Embo-


ra tenhamos apresentado vários, serão considerados, para fins práticos de
conversão, três tipos de energia: mecânica (cinética ou potencial), térmica e
elétrica.

Conheça agora um pouco mais sobre esses tipos de conversão.


Curso Básico de Gestão de Energia 123

Conversão de energia térmica em elé-


trica
Você já viu como ocorre a conversão de energia térmica em elétrica em usi-
nas térmicas que utilizam a fissão nuclear (usinas nucleares) como fonte de
calor. Sabe-se que este processo ainda é restrito a um pequeno número de
usinas, e o mais comum é encontrar usinas termoelétricas utilizando, como
fonte de calor, um processo de combustão. O processo de transformação é
essencialmente o mesmo, e está representado de forma simplificada, con-
forme fluxograma para conversão de energia térmica em elétrica, mostrado
na Figura 42.

Tanque
(abastecimento água) Rede Elétrica

Turbina

Caldeira Gerador

Bomba 1 Condensador

Bomba 2

Figura 42: Fluxograma para conversão de energia térmica em elétrica

A partir de um tanque de abastecimento, a água é bombeada até a caldeira,


onde ocorre a formação de vapor superaquecido, que aciona uma turbina e,
por sua vez, liga um gerador onde então acontece a geração da energia elé-
trica. Como você pode perceber, a conversão de energia térmica em elétrica
não ocorre de forma direta, pois existe um processo de conversão interme-
diário. Nele, a energia térmica é convertida em energia mecânica (cinética)
na turbina, para que esta seja então transformada em energia elétrica. Ou
seja, o processo de conversão de energia em uma usina termoelétrica é, na
verdade, um processo termo-mecânico-elétrico.
Curso Básico de Gestão de Energia 124

Um processo de conversão direta de energia térmica em energia elétrica


pode ser observado quando se utiliza um termopar, que é um instrumento
para medição de temperatura, constituído por dois fios metálicos diferentes
unidos nas extremidades. Quando as duas extremidades estão em tempe-
raturas diferentes, é gerada uma força eletromotriz relacionada ao valor da
diferença das temperaturas. Assim, um termopar (representado na Figura
43), pode ser usado como um termômetro.

Fio Metálico A
União de dois
metais diferentes

Fio Metálico B

Fonte de calor

Voltímetro

Figura 43: Termopar

Fonte: Adaptado Hanna Instruments (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 125

Do ponto de vista de conversão de energia térmica em elétrica, encontra-


-se em vários processos industriais a aplicação de um princípio denominado
cogeração e ciclo combinado, que se caracteriza pela aplicação de mais de
um ciclo termodinâmico para a produção de energia elétrica, com o objeti-
vo de aumentar a eficiência do processo. A cogeração é definida como um
processo de produção e utilização combinada de calor e eletricidade, propor-
cionando o aproveitamento de mais de 70% da energia térmica proveniente
das fontes de calor utilizadas nesse processo. Isto permite racionalizar o
consumo dos combustíveis necessários à produção de energia e assegurar
um aproveitamento elevado da energia primária, respondendo favoravelmen-
te às políticas energéticas nacionais.

Conversão de energia térmica em me-


cânica
O processo de conversão de energia térmica em energia mecânica para
aplicação direta, como o acionamento de máquinas e equipamentos, por
exemplo, não é mais comum hoje em dia na indústria. A sua aplicação ocor-
re dentro de processos como o apresentado anteriormente, no qual a ener-
gia mecânica é utilizada no acionamento de equipamentos para a geração
de energia elétrica, sendo esta utilizada para o acionamento de máquinas e
outros equipamentos.

Em locais remotos onde não há energia elétrica ou esta não está disponível
na potência necessária, ainda é possível encontrar a aplicação de vapor para
o acionamento mecânico de máquinas, caso típico de serrarias.

Conversão de energia elétrica em tér-


mica
A utilização de energia elétrica para a geração de calor (energia térmica)
encontra aplicação em processos de diversos segmentos industriais, como
o metalúrgico e o de alimentos. Um alto rendimento durante a conversão, a
possibilidade de controle fino de temperatura e a ausência de contaminação
do material que está sendo aquecido, são as principais vantagens desse tipo
de conversão. O custo operacional associado ao consumo de energia elétrica
é uma desvantagem.
Curso Básico de Gestão de Energia 126

Os processos podem ser: resistivo, no qual o calor é gerado por circulação di-
reta da corrente elétrica; indutivo, no qual a corrente elétrica circula por uma
bobina elétrica e gera um campo magnético que induz o aquecimento.

Confira um breve detalhamento desses processos.

Aquecimento por resistência elétrica


Pode ser direto ou indireto. No aquecimento direto, a corrente elétrica circula
pelo próprio material a ser aquecido. Já no aquecimento indireto, os elemen-
tos resistivos cedem calor ao ambiente ou a um fluido. A Figura 44 mostra
um exemplo de resistência elétrica.

Figura 44: Resistência elétrica

Fonte: Solar Equipamentos (2011)

Aquecimento por indução eletromag-


nética
Este tipo de conversão baseia-se no princípio de que uma corrente alternada,
circulando por um condutor, gera um campo magnético também alternado
em volta do mesmo. Esse campo pode então ser utilizado para induzir uma
corrente elétrica no material a ser aquecido. A Figura 45 apresenta um forno
por indução, que tem como principal característica o aquecimento pela
corrente elétrica induzida no próprio material a ser aquecido. Uma das suas
principais características é permitir um controle fino da temperatura (com
maior precisão).
Curso Básico de Gestão de Energia 127

Figura 45: Forno por indução

Fonte: Monferrato (2011)

Aquecimento por arco elétrico


No setor metalúrgico, além do forno por indução, também são utilizados
fornos a arco elétrico, empregados essencialmente para a fusão de metais.
Neste tipo de forno, o calor é gerado a partir dos arcos elétricos formados
entre os eletrodos e a carga, ou então, entre eletrodos. Esse modelo de forno
não permite um controle de temperatura tão preciso como o forno por indu-
ção, porém, seu custo operacional é menor já que ele consegue processar
proporcionalmente uma quantidade maior de material. Confira na Figura 46,
um exemplo de forno de arco elétrico.

Figura 46: Forno de arco elétrico

Fonte: Made-in-China.com (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 128

Conversão de energia elétrica em me-


cânica
Sem dúvida, uma das formas de conversão de energia com maior aplicação
é a conversão de energia elétrica em energia mecânica com o uso de moto-
res elétricos. O princípio de funcionamento de um motor elétrico está no fato
de que, ao se colocar um ímã dentro de uma bobina pela qual circula ener-
gia elétrica, ele se move e acompanha as linhas de força da bobina. Sendo
assim, ao colocar uma bobina entre dois ímãs fixos (sem tocar neles), devido
aos pólos da bobina serem determinados pelo sentido da corrente que passa
pelo fio, ao invertê-los, os pólos também se invertem, o que faz com que a
bobina se mova novamente.

Se essa inversão da corrente for constante, ela irá girar. Então, para que o
movimento aconteça, é preciso que haja uma interação entre os campos
magnéticos de um estator (parte fixa do sistema) e um rotor (parte móvel).
Veja um exemplo de princípio de funcionamento do motor elétrico na Figura
47.

Figura 47: Princípio de funcionamento do motor elétrico

Os motores elétricos têm sua construção relativamente simples e podem ser


encontrados de baixas até altas potências, com rendimentos de até 95%.
Curso Básico de Gestão de Energia 129

Conversão de energia mecânica em elé-


trica
Na ponta inversa dos motores elétricos, mas partindo do mesmo princípio,
estão os equipamentos que transformam energia mecânica em energia elé-
trica. A aplicação dos geradores já foi apresentada (uma turbina sendo acio-
nada por vapor que, por sua vez, é acoplada a um gerador), está lembrado?
Além do acionamento exemplificado da turbina a vapor, geradores podem
ser acionados por motores de combustão interna nos quais, geralmente, são
empregados sistemas complementares de energia, que entram em opera-
ção no caso de falta de energia elétrica.

Veja na Figura 48 um gerador acionado por motor de combustão interna.

Figura 48: Gerador acionado por motor de combustão interna

Fonte: Pesa (2011)

O uso de geradores acionados por motores de combustão interna apresenta


baixo rendimento devido ao próprio rendimento do motor de combustão que,
em geral, não passa de 60%. Eles são usados somente em situações esporá-
dicas, ou quando não há outra forma de geração de energia elétrica.
Curso Básico de Gestão de Energia 130

Conversão de energia mecânica em


térmica
A principal forma de conversão de energia mecânica em térmica é o atrito.
Foi assim que os nossos ancestrais produziram fogo pela primeira vez – atri-
tando dois objetos para a produção de uma centelha ou calor suficiente para
iniciar um processo de combustão. Do ponto de vista da aplicação prática,
pode-se dizer que a preocupação maior está, justamente, no sentido inverso.
Ou seja, em reduzir o atrito e, consequentemente, o aquecimento gerado por
ele, já que está associado a perdas.

O calor gerado pelo atrito é geralmente baixo, e acaba sendo dissipado no


ambiente. Exemplo disso são processos de usinagem e conformação a frio,
nos quais pode ser necessário o uso de sistemas de resfriamento para a
remoção do calor gerado. Uma consequência direta do calor produzido pelo
atrito se dá quando as temperaturas mais altas podem ser facilmente perce-
bidas no desgaste mais acentuado de partes móveis de máquinas e equipa-
mentos.

Seção 3

Perdas em processos de
conversão de energia

Agora que você conhece os processos de conversão de energia, é preciso


tratar das perdas associadas a eles. Você já sabe que a energia não pode
ser criada ou destruída, apenas transformada, e que as perdas representam
uma parcela da energia fornecida a um sistema que não se utilizou para o
fim pretendido. Assim, o calor gerado pelo atrito e dissipado para o ambiente
é uma perda, como os vazamentos também representam perda de material
que, além de necessitarem de reposição, levam consigo uma parte da ener-
gia recebida. Há ainda a perda associada à energia gasta para colocar um
motor em movimento, já que até que a inércia seja vencida, a maior parte da
energia é usada para colocá-lo em movimento sem que haja transferência
de energia útil.
Curso Básico de Gestão de Energia 131

Com a questão da conservação da energia, vem a preocupação com a redu-


ção de perdas nos processos de conversão de energia (e em processos de
forma geral). Como exemplo, podemos citar sistemas de aquecimento que
incorporaram na sua concepção o princípio da recuperação de calor. Neles,
uma parcela do calor que seria perdida para o ambiente (energia não-útil)
é utilizada (recuperada) em processos ou equipamentos que operam com
menor temperatura.

As perdas inerentes aos processos de conversão de energia estão geralmen-


te associadas aos seguintes motivos:

Perda de eficiência do equipamento


Todo equipamento, mesmo quando novo, possui perdas que são inerentes à
sua operação: caldeiras operam com um rendimento de 70% a 80% (PERES,
1982). Até mesmo motores elétricos de alto desempenho possuem rendi-
mento de até 95%. A principal questão aqui é saber a condição de operação
do equipamento de forma que o seu rendimento possa ser estabelecido e, se
necessário, sofra uma manutenção.

Uma forma simples de se fazer este controle é associar o consumo de ener-


gia com a produção, relacionando medidas em kWh/unidade de produção
(peça, quilo). Havendo aumento do consumo de energia por unidade de pro-
dução, está na hora de programar a próxima manutenção.

Para energia elétrica, pode-se usar a própria fatura da concessionária e, para


outras fontes como o combustíveis, o próprio consumo pode ser usado como
referência (em quilos, litros ou mesmo R$).

Perdas no isolamento
Como em qualquer sistema energético, os sistemas de aquecimento tam-
bém são vulneráveis a perdas durante sua operação. Elas ocorrem pela au-
sência ou deficiência no isolamento, pela operação ou manutenção incorreta
e pela vida útil dos equipamentos.
Curso Básico de Gestão de Energia 132

A ausência do isolamento é bem perceptível, pois o calor perdido para o


ambiente fará com que a temperatura suba além do normal, havendo ainda
o risco de acidente por queimadura quando há contato direto com a super-
fície aquecida. Já as perdas por deficiência no isolamento nem sempre são
percebidas facilmente pois, embora haja perda de calor para o ambiente, ela
nem sempre será suficiente para elevar a temperatura a situações de des-
conforto térmico. As deficiências no isolamento podem ter origem em uma
espessura de isolamento insuficiente, na montagem incorreta ou no dano no
isolamento.

A espessura de isolamento insuficiente tem sua causa geralmente na ques-


tão “econômica”, já que espessuras maiores são mais caras. O que não se
avalia neste momento é o custo resultante da perda de energia, que será
constante ao longo de toda a vida útil do equipamento, com forte tendência
a aumentar, pois à medida que os anos passam, a eficiência do isolamento
diminui.

Perdas por vazamento


Como dito anteriormente, perdas por vazamento são perdas de material. Em
sistemas de aquecimento, como os que usam vapor ou óleo térmico, além
da perda em si, existe também o risco de acidentes como queimaduras.
Para sistemas com baixa temperatura e/ou com fluidos de baixa toxidade –
como ar comprimido, existe uma tendência de se conviver com as perdas, já
que estas não representam riscos se não forem levados em conta os custos
associados a um maior ciclo de operação do compressor.

A seguir, acompanhe uma análise de cada um dos processos de conversão


de energia do ponto de vista das perdas.

Conversão de energia térmica em elétrica

O processo de conversão de energia térmica em elétrica, em usinas ter-


moelétricas, é um processo de conversão de energia térmica em energia
mecânica, e de energia mecânica em energia elétrica. As maiores perdas
acontecem na conversão de energia térmica em mecânica, que começam na
eficiência da queima do combustível, passam pela eficácia de transferência
do calor gerado na queima para água e, por fim, na distribuição do vapor
para a turbina e seu acionamento.
Curso Básico de Gestão de Energia 133

É importante salientar que, além da caldeira em si, outros aspectos devem


ser verificados nos sistemas de vapor, pois possuem importância tão signifi-
cativa quanto a própria caldeira. Entre eles, a operação/gestão dos insumos
(combustível, água, vapor gerado), a qualidade da água, a manutenção do
sistema (seja ela corretiva, preventiva ou preditiva), as formas de utilização
do vapor e a recuperação de condensado.

O vapor que sai da turbina possui uma quantidade de energia, e pode ser
empregado em processos que utilizem vapor de baixa pressão, como um
sistema de recuperação de calor.

Conversão de energia térmica em mecânica

Processos de conversão de energia térmica em energia mecânica para apli-


cação direta no acionamento de máquinas não são mais comuns na indús-
tria hoje em dia. Os tópicos relacionados no item anterior também valem
para esses processos.

Conversão de energia elétrica em térmica

Processos de conversão de energia elétrica em térmica apresentam bom


rendimento, sejam por resistência elétrica ou por indução. Os dispositivos
que utilizam a indução elétrica, por exemplo, tais como as tochas de plas-
ma podem alcançar 95% de eficiência na conversão de energia elétrica em
térmica (COUTINHO, 2007). Como estes processos acontecem geralmente
em ambientes fechados - como fornos ou banhos de imersão, a eficiência
de todo o processo dependerá mais da eficiência do isolamento térmico do
ambiente do que da capacidade da conversão de energia elétrica em térmi-
ca, que é alta.

Conversão de energia elétrica em mecânica

O rendimento de motores elétricos varia em função das suas características


construtivas, da potência e do número de polos, podendo oscilar entre 80% e
95%. O motor elétrico por si só é uma máquina de alto rendimento. Seu de-
sempenho é diretamente afetado pelas condições operativas do sistema que
ele aciona. Sistemas mal dimensionados, perdas de carga em tubulações
com alta rugosidade, utilização de válvulas de estrangulamento e dampers e
operações deficientes contribuem para reduzir a eficiência do motor.
Curso Básico de Gestão de Energia 134

Conversão de energia mecânica em elétrica

Assim como nos motores elétricos, os geradores possuem alto rendimen-


to. Sua eficiência está diretamente relacionada à sua resistência ôhmica
interna, ao acoplamento com o seu acionamento e também à eficiência da
turbina ou do motor que irá acioná-lo.

Conversão de energia mecânica em térmica

A avaliação das perdas neste processo de conversão de energia não será


considerada devido a sua pouca ou nenhuma aplicação industrial, e também
ao fato de que o calor gerado por atrito é, por si só e dentro dos processos
conhecidos, considerado como perda.

Relembrando

Nessa unidade você conferiu as diversas formas de conver-


são de energia e viu que, a cada conversão, ocorrem per-
das. Perdas não significam que parte da energia deixou de
existir, mas que no trabalho realizado pelo total de energia
consumida por um equipamento ou sistema, parte dela foi
transformada em calor, atrito ou simplesmente foi trocada
com o meio ambiente. Da mesma forma, em uma caldei-
ra, o retorno do condensado não reutilizado corresponde a
uma perda de energia térmica.

Colocando em Prática

Hora de colocar em prática o que aprendeu! Acesse o AVA


e encontre uma solução correta para o Desafio que foi
desenvolvido com base no conteúdo desta unidade. Em
caso de dúvidas, consulte novamente o seu material. Bom
estudo!
Etapas
“C e A”
Unidade
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ saber o conceito de eficiência energética;

˜˜ entender como este conceito pode ser aplicado de for-


ma prática;

˜˜ perceber, dentro do conceito da eficiência energética,


a importância da definição de uma referência inicial
(linha de base) para análise do desempenho do ponto
de vista energético.

Seções de estudo
Nesta unidade você acompanhará as seguintes seções de estudo.

˜˜ Seção 1: Conceito de eficiência energética.

˜˜ Seção 2: Estabelecimento da linha base para referência.

˜˜ Seção 3: Levantamento dos dados de placa e das condições operacionais


do sistema ou equipamento a ser analisado.
Curso Básico de Gestão de Energia 138

Para Iniciar

O texto que segue foi retirado do site do Instituto Nacional


de Eficiência Energética (INEE)1, e apresenta, de forma
bem objetiva, a importância da medição e verificação
(M&V) na questão da eficiência energética e da sua ges-
tão, salientando ainda que, a existência de práticas sis-
tematizadas de medição e verificação são a base para a
comparação e a análise dos resultados de forma estru-
turada. Percebe-se, então, que somente a medição e a
verificação não são capazes, por si só, de demonstrar os
ganhos, pois não há a comparação, e que, mesmo quando
esta comparação ocorre, deverá acontecer de forma estru-
turada com referenciais claramente definidos, para que os
resultados possam ser analisados e validados a partir de
uma mesma base.

Para entender melhor esta questão, considere a situação


onde se compara o consumo de energia em dois períodos
sucessivos, e se constata que houve uma redução no con-
sumo. Esta redução pode ter sido resultado de medidas
de eficiência energética, ou simplesmente da queda nos
níveis de produção.

Para constatar se a eficiência energética é ou não obtida


por uma ação é preciso medir os resultados relacionados
com a redução de consumo de energia e com os ganhos
associados. Para se garantir que os resultados obtidos se
mantenham ao longo do prazo contratual, é preciso verifi-
car, por meio de monitoramento contínuo ou não, os seus
valores. (INEE, 2011).

1  O Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) tem como propósito estimu-


lar a troca de experiências e as discussões sobre M&V e mantém representante em
Fórum Internacional sobre o assunto.
Curso Básico de Gestão de Energia 139

Seção 1

Conceito de eficiência
energética

Embora o conceito de eficiência energética esteja sendo trabalhado ao longo


de todo o curso, é oportuno, para uniformidade da informação, apresentar a
definição de eficiência energética de acordo com o INEE (2011):

Eficiência Energética

Atividade técnico-econômica que tem como objetivo:

˜˜ proporcionar o melhor consumo de energia e água,


com redução de custos operacionais correlatos;

˜˜ minimizar contingenciamentos no suprimento desses


insumos;

˜˜ introduzir elementos e instrumentos necessários para


o gerenciamento energético e hídrico da empresa ou
empreendimento.

Para o conceito apresentado cabe destacar que, do ponto de vista do INEE, a


questão da eficiência energética não se restringe à redução do consumo de
energia, mas abrange também o consumo de água, que, sem dúvida, tem
sido um tema que vem preocupando não só a sociedade como um todo, mas
também a indústria, principalmente aquelas onde o processo produtivo re-
quer o consumo intensivo de água (como, por exemplo, indústrias de alimen-
tos e papeleiras). Isso sem falar na questão de geração de energia elétrica
por hidroelétricas, que apresentam forte dependência do recurso hídrico.

Nessa seção você conheceu o conceito de eficiência energética. Na próxima,


você verá como estabelecer a linha de base para referência. Bom estudo!
Curso Básico de Gestão de Energia 140

Seção 2

Estabelecimento da linha
base para referência

Pode-se dizer que a essência da eficiência energética está na identificação


de oportunidades de melhoria por meio de medições e verificações e na
definição de uma medida de racionalização de energia – MRE (ver anexo II
disponível na biblioteca), sendo que, após a implementação desta, será ne-
cessária a avaliação dos resultados alcançados e o estabelecimento de um
referencial comparativo, que, neste caso, recebe o nome de Linha de Base.

Segundo a ISO 50001 (2011), linha de base é a referência quantitativa que


fornece uma base para comparação do desempenho energético.

Nota

NOTA 1 - Uma linha de base pode refletir um ponto no


tempo ou um período de tempo.

NOTA 2 - Uma linha de base pode ser normalizada por


fatores de ajuste [variáveis relevantes afetando o uso e/ou
o consumo de energia], como nível de produção, grau dia
(temperatura externa), etc.

Assim, para que a economia gerada por ações de eficiência energética possa
ser determinada, é preciso comparar a demanda (consumo de energia) an-
tes e depois da implementação das ações de racionalização de energia.

Tem-se, então, a seguinte equação:

Economia de energia = Consumo de energia no ano-base – Consumo


de energia pós-melhorias (+/- ajustamentos)
Curso Básico de Gestão de Energia 141

Observe que, na equação o termo “ajustamentos” tem como função trazer o


consumo de energia em dois períodos de tempo para as mesmas condições.

As condições que geralmente afetam o consumo de energia são: o clima, a


ocupação, a produtividade total da planta e as operações dos equipamentos
requeridas por estas condições. Consequentemente, os “ajustamentos” po-
dem ser positivos ou negativos, então, eles são decorrentes de fatos físicos
identificáveis, como por exemplo, mudanças climáticas, adição de um segun-
do turno de trabalho (ocupação) ou aumento da utilização de equipamentos.

Segundo o Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Per-


formance (PIMVP) (ver Anexo I, disponível na biblioteca), para a seleção do
período de medição “deve-se selecionar cuidadosamente o período de tem-
po a ser utilizado, como o período do consumo de referência e o período de
Referência”.

O período de consumo de referência (linha de base) também deve ser deter-


minado para:

˜˜ representar todos os modos de funcionamento da instalação. Este


período deve cobrir um ciclo de funcionamento completo, desde o consu-
mo máximo de energia até o mínimo;
˜˜ representar relativamente bem todas as condições de funcionamento de
um ciclo de funcionamento normal;
˜˜ incluir apenas períodos de tempo para os quais todos os fatores, fixos e
variáveis, que regem a energia são conhecidos acerca da instalação.

Período de Referência

Com relação ao período de referência, o PIMVP diz que este “deve englobar
pelo menos um ciclo de funcionamento normal do equipamento ou instala-
ção, para caracterizar completamente a eficácia da economia em todos os
modos de funcionamento normais” e complementa que “este período pode
ser tão curto como uma medição instantânea durante a colocação em servi-
ço de uma medida de racionalização de energia (ver Anexo II, disponível na
biblioteca), ou tão longo quanto o tempo necessário para recuperar o custo
do investimento.”
Curso Básico de Gestão de Energia 142

Realização de ajustes
Independentemente dos critérios utilizados para a definição da linha de
base, alguns ajustes podem ser necessários. Os ajustes podem ser periódi-
cos para aqueles fatores que se sabe que terão alguma alteração, como por
exemplo, o clima ou o volume de produção, sendo que, para estes fatores
pode-se usar desde um simples fator de correção (com um valor constante)
ou algo mais complexo, como várias equações não-lineares. Já para aqueles
que não se espera que mudem (como o tamanho da instalação, o funcio-
namento do equipamento ou o número de turnos de produção), os ajustes
podem ser realizados por meio de fatores estáticos monitorados, para cons-
tatar se há alguma alteração durante o período de referência.

Seção 3

Levantamento dos dados


de placa e das condições
operacionais do sistema ou
equipamento a ser analisado

A maioria dos equipamentos possui placas de identificação a partir das


quais é possível obter informações sobre as suas condições nominais de
operação. É importante observar que o termo “condições nominais” indica
que nem sempre as condições estabelecidas serão verificadas durante a
operação, pois estão sujeitas a interferências externas que podem alterar
algum parâmetro operacional, por exemplo, um motor elétrico pode sofrer al-
terações de rendimento em função de variações ou desequilíbrio das tensões
da rede, uma caldeira pode variar o seu rendimento devido a perdas no seu
isolamento, etc.

Observe que, a partir dos dados de placa do equipamento se obtêm, não


somente informações das condições de operação do próprio equipamento
como também é possível inferir algumas condições da operação do sistema
no qual o equipamento está acoplado, por exemplo, uma caldeira cuja pres-
são de operação seja de 4,0 kgf/cm2 (dados de placa) deverá gerar na ins-
talação uma pressão de operação próxima ao seu valor nominal. Um motor
elétrico com potência nominal de ¼ cv (184W) somente terá como fornecer
esta potência se a tensão da rede for igual a nominal do motor, indicada na
placa.
Curso Básico de Gestão de Energia 143

Além das informações obtidas inicialmente, por meio dos dados da placa,
outras informações sobre as condições operacionais, tanto do equipamento
como do próprio sistema, podem ser necessárias. Assim, seguem alguns
passos básicos para que as medições sejam estabelecidas:

Passo 1 – Estabelecer os limites de medição

O que você quer medir? Um equipamento ou um conjunto de equipamentos


(sistema)? A resposta a esta pergunta deve estabelecer não só os limites
para as medições, mas também definir a entrada e a saída de energia, como
nas figuras 49 (Motor elétrico) e 50 (Usina nuclear) que seguem:

Figura 49: Motor elétrico

Fonte: Adaptado de Casa dos Motores (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 144

Figura 50: Usina Nuclear

Fonte: Adaptado de InfoEscola (2011)

Observe, a seguir, o destaque para as entradas e saídas de energia da fron-


teira selecionada na usina nuclear.
Curso Básico de Gestão de Energia 145

Figura 51: Destaque para entrada e saídas de energia de uma usina nuclear

Fonte: Adaptado de InfoEscola (2011)

No exemplo da usina nuclear foram inseridos na fronteira de gestão somente


a turbina e o condensador. Portanto serão analisadas as entradas e saídas
de energia do conjunto destes dois equipamentos, considerando também os
insumos que utilizam em seu funcionamento (vapor e água fria) e os produ-
tos que geram (água quente e energia mecânica).
Curso Básico de Gestão de Energia 146

Perceba que no exemplo da Figura 51, para uma análise simplificada é


possível delimitar somente a turbina e o condensador e fazer um balanço da
energia ali transferida. Neste caso, a energia que aciona a turbina, oriunda
do vapor gerado no circuito primário do reator, é transferida para seu eixo e o
restante vai para o condensador, retornando a caldeira. Uma pequena parce-
la dessa energia é perdida no processo.

Passo 2 – Estabelecer o que medir

Agora que já se tem os limites do sistema definidos já se pode passar para a


etapa seguinte, na qual é preciso estabelecer o que será medido. Esta defi-
nição, de forma conceitual, pode ser estabelecida com base nos seguintes
aspectos.

a. Energia na entrada e energia na saída do sistema

Esta medição permite a definição do rendimento do sistema por meio de


uma simples relação, como expresso na equação (11):

Energia na saída
Rendimento do sistema = (11)
Energia na entrada

É importante destacar que a energia na entrada nem sempre estará na mes-


ma unidade que a energia na saída, sendo necessária uma conversão das
unidades para a mesma base. Exemplo: a energia na entrada de um secador
pode ser definida em kWh e a energia na saída pode ser definida pelo calor
do ar de saída, definido em kJ, ou entalpia (energia passível de ser removida
na forma de calor), e que pode ser calculada pela equação Q = m x cp x Δt.
Onde Q é a energia, em kWh, m é a massa de ar, cp é o calor específico do
ar, e Δt é a variação de temperatura do ar no secador).

É importante destacar que a energia na entrada nem sempre estará na mes-


ma unidade que a energia na saída, sendo necessária uma conversão das
unidades para a mesma base. Exemplo: a energia na entrada de um secador
pode ser definida em kWh e a energia na saída pode ser definida pelo calor
do ar de saída, definido em kJ, ou entalpia (energia passível de ser removida
na forma de calor), e que pode ser calculada pela equação (12):

Q = m x cp x Δt. (12)

Onde Q é a energia, em kWh, m é a massa de ar, cp é o calor específico do


ar, e Δt é a variação de temperatura do ar no secador).
Curso Básico de Gestão de Energia 147

b. Energia de transformação/perdas

A energia pode ser energia útil, gasta para gerar trabalho, ou pode ser sim-
plesmente de perdas. As medições devem permitir estabelecer o que é ener-
gia útil e o que é perda de energia.

A forma de medição de energia útil e das perdas de energia varia em função


do sistema que está sendo medido e, muitas vezes, pode ser necessário rea-
lizar cálculos adicionais, onde as medições realizadas geram dados para que
os cálculos possam ser elaborados.

Passo 3 – Estabelecer como medir

O “como” medir inclui, necessariamente, a definição do “que” medir (etapa


anterior). Sabe-se que cada variável está diretamente associada ao sistema
em si e que, por isso, a medição a ser realizada irá variar de sistema para
sistema, mas, em linhas gerais, as medições mais comuns podem englobar
as seguintes varáveis:

˜˜ vazão (mássica ou volumétrica);


˜˜ tensão, corrente;
˜˜ temperatura;
˜˜ tempo (de ciclo, de turno, de parada);
˜˜ entre outras grandezas.

Para cada variável será necessária a seleção do equipamento mais adequa-


do, considerando aspectos que podem variar desde confiabilidade metroló-
gica até a disponibilidade do equipamento. Considere ainda que estas me-
dições (mesmo com o uso de instrumentos de alta capacidade de medição)
podem, por uma série de fatores, não traduzir fielmente a condição encon-
trada.

Nota

Fatores como dificuldades de acesso ao local de medição,


oscilações e fatores ambientais podem fazer com que os
resultados encontrados tragam embutidas alguma varia-
ção.
Curso Básico de Gestão de Energia 148

Considere isto na hora de selecionar os instrumentos de


medição, pois os instrumentos mais baratos tendem a
apresentar menores precisões nas leituras e possuem
menos recursos de medição, como capacidade de arma-
zenamento de dados reduzida, baixa capacidade de medir
corrente, entre outros.

Relembrando

Esta unidade apresentou a você o conceito de eficiência


energética e de algumas ferramentas para mensurá-la,
procurando destacar a importância não só do entendimen-
to, mas também da aplicação prática deste conceito.

Também chamou a sua atenção sobre a importância de


definir uma referência inicial (linha de base), pois, somen-
te com a definição deste referencial é possível fazer uma
análise do desempenho comparando os resultados do
antes e depois das ações de melhoria. Lembre-se de que a
análise de toda economia gerada por ações de eficiência
energética precisa de um referencial, um “marco zero” que
define as condições iniciais do processo.

Além deste referencial, é necessário, também, estabelecer


um período de tempo no qual as medidas iniciais e finais
serão realizadas. A definição deste período varia em fun-
ção do processo ou equipamento que está sendo analisa-
do. Outro ponto importante a ser considerado são as con-
dições de operação quando as medições iniciais e finais
forem iguais ou muito próximas, caso contrário, não será
possível uma comparação entre os resultados.
Unidade
MEDIÇÃO E
VERIFICAÇÃO (M & V)
2
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ Perceber a importância da realização das medições


(iniciais e finais) na avaliação dos resultados relativos à
implementação de medidas de economia de energia.

˜˜ Compreender os fundamentos para a realização de


cálculos de consumo e economia de energia.

Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudo:

˜˜ Seção 1: Medições iniciais e finais: instantâneas para sistemas de opera-


ção contínua e por período para aqueles variáveis ou intermitentes.

˜˜ Seção 2: Medições dos parâmetros ambientais.

˜˜ Seção 3: Cálculos iniciais: consumo, modificações a serem adotadas,


economias estimadas.

˜˜ Seção 4: Apuração final: consumo pós-implementação das modificações,


economias obtidas em kWh ou kJ e em R$.

˜˜ Seção 5: Soma Cumulativa – CUSUM (CUmulative SUM em inglês).


Curso Básico de Gestão de Energia 150

Para Iniciar

Nesta unidade você irá verificar a importância da realiza-


ção de medições na avaliação de resultados decorrentes
de ações de melhoria do desempenho e economia de
energia. Sem as medições iniciais não há a “fotografia” do
processo e, consequentemente, não será possível avaliar
os ganhos ao final de um determinado período. Também
será apresentada a influência dos fatores ambientais nes-
tas medições.

Na sequência, você estudará alguns princípios básicos


para a apuração final do consumo de energia após a im-
plementação de medidas de economia.

Mas lembre-se: o propósito deste material não é realizar os


cálculos. O objetivo é destacar questões importantes que
devem ser observadas na realização dos cálculos.

Seção 1

Medições

As medições realizadas dependem do tipo de equipamento ou sistema a ser


monitorado e do seu regime de operação, se é contínuo ou intermitente.

Cargas que não variam em potência durante seu ciclo de operação podem
ser avaliadas instantaneamente, com instrumentos de medição adequa-
dos, bastando saber o número de horas de operação de tais equipamentos
para estimar a energia consumida em determinado período. Pode-se usar,
por exemplo, um wattímetro trifásico para estimar a potência consumida
por um motor elétrico utilizado em uma bomba centrífuga num sistema de
vazão constante. Basta obter as medidas de potência para o motor e calcular
a energia consumida no ciclo de operação desse equipamento.
Curso Básico de Gestão de Energia 151

Em cargas variáveis é necessário utilizar instrumentos que possam acom-


panhar essas oscilações, permitindo quantificar o consumo de energia.
Utilizam-se dispositivos com memória de massa para registrar o ciclo de
operação do equipamento num determinado período de tempo. Um exemplo
é o analisador de energia utilizado para registrar o perfil energético de um
compressor de ar, acionado por um inversor de frequência. Além do registro
da energia consumida no período, é possível obter o perfil operacional des-
se compressor, ou seja, o número de vezes que ele operou ou permaneceu
desligado, dando uma informação bastante precisa sobre como as cargas
demandam por ar comprimido ao longo desse período.

Atenção

É preciso prestar atenção ao fato de que o registro do


consumo de energia nem sempre será realizado de for-
ma direta, salvo, em geral, para a energia elétrica. Para a
energia térmica, por exemplo, o registro geralmente ocor-
re por meio da temperatura, com o uso, por exemplo, de
equipamentos como o registrador contínuo de temperatu-
ra, demonstrado na Figura 52.

Figura 52: Registrador contínuo de temperatura

Fonte: Grupo ECIL (2011)


Curso Básico de Gestão de Energia 152

Para o caso de operação intermitente, as medições ocorrem dentro de cada


ciclo de operação. As medições podem ser feitas de forma manual ou tam-
bém automatizadas, que, neste caso, podem registrar dados de todo o ciclo.

Para medições manuais, em geral os registros são obtidos da leitura dire-


ta dos instrumentos, que podem ser anotados em planilhas pelos próprios
operadores. Independentemente do ciclo de operação, se contínuo ou inter-
mitente, toda a sistemática de medição deve ser estabelecida no Plano de
Medição e Verificação (Ver anexo III, disponível na biblioteca).

Na próxima seção, você verá algumas considerações sobre as medições dos


parâmetros ambientais.

Seção 2

Medições dos parâmetros


ambientais

Algumas medidas para avaliação das Medidas de Racionalização de Energia


(MREs) podem ser afetadas pelas condições climáticas, por isso é necessário
registrar estas informações durante a realização da medição. Por exemplo,
baixas temperaturas podem aumentar o consumo de combustível para a
geração de vapor e altas temperaturas podem elevar o consumo de energia
elétrica pelo uso intensivo de ar-condicionado.

A medição dos parâmetros ambientais visa avaliar o quanto a temperatura


ambiente influencia no consumo de energia, seja para aquecer ou resfriar
ambientes ou, até mesmo, os processos. Uma ferramenta bastante utiliza-
da para esse fim é a denominada “graus dia”, que calcula as necessidades
térmicas de um ambiente ou processo, baseado em uma temperatura de
referência. Desta forma, é estabelecida uma correlação entre o consumo de
energia e as temperaturas ao longo das estações do ano. Outros parâmetros
ambientais que devem ser avaliados são: a intensidade dos ventos e a radia-
ção solar.
Curso Básico de Gestão de Energia 153

Os parâmetros ambientais a serem monitorados dependem do tipo de equi-


pamento ou instalação sob avaliação, pois alguns equipamentos são mais
influenciados do que outros. Por exemplo: motores elétricos não têm o seu
desempenho afetado por condições climáticas, já os secadores podem ter
o seu desempenho fortemente influenciado pela temperatura e umidade
no ambiente. Em geral, parâmetros ambientais são avaliados em função de
temperatura e umidade, mas outros fatores como velocidade do ar e insola-
ção também podem interferir.

Como você pode ver, as medições dos parâmetros ambientais dependem


do tipo do equipamento ou instalação. Na próxima seção, você conhecerá
alguns cálculos iniciais de consumo e modificações a serem adotadas a fim
de garantir economias.

Seção 3

Cálculos iniciais: consumo,


modificações a serem
adotadas, economias
estimadas

Como você viu, para a análise do desempenho energético e definição das


Medidas de Racionalização de Energia (MREs), é preciso elaborar um Plano
de Medição e Verificação. A realização deste plano deverá gerar informações
que permitirão quantificar a economia de energia possível. Cada Plano de
Medição e Verificação será único, para uma determinada situação, porém, os
cálculos a serem realizados seguem uma rotina que podemos assumir como
padrão:

Coleta de dados

No exemplo que segue será considerada a análise do desempenho de uma


caldeira para geração de vapor.
Curso Básico de Gestão de Energia 154

˜˜ Dados de placa - Todo equipamento possui uma placa de identificação


onde estão disponíveis informações importantes sobre o seu funciona-
mento. No caso de uma caldeira, podem-se obter facilmente duas infor-
mações essenciais para a análise do desempenho: a pressão de trabalho
e a capacidade de produção (vazão) de vapor. Para o exemplo, considere
os seguintes valores: Pressão de trabalho: 4,0 kgf/cm². Vazão: 20,0 t
vapor/h e consumo de 2.500 l/h.
˜˜ Energia necessária para geração do vapor - Para a geração do vapor,
a caldeira recebe energia térmica de uma fonte de calor. Esta fonte é um
processo de combustão em que um combustível é queimado, assim, é
possível estabelecer uma relação entre a energia necessária para a gera-
ção do vapor e a energia liberada durante a queima do combustível. Para
determinar a energia necessária para a geração do vapor será utilizada
uma Tabela de Vapor Saturado. Veja a tabela 10, a seguir.

Tabela 10: Tabela de Vapor Saturado

Entalpia Entalpia Entalpia


Pressão Temperatura
específica específica específica
absoluta de saturação
da água vaporização vapor (kJ/
(bar) (°C)
(kJ/kg) (kJ/kg) kg)

1 99,6 417,5 2257,6 2675,2

2 120,2 504,8 2201,7 2706,6

3 133,6 561,6 2163,7 2725,3

4 143,6 604,9 2133,6 2738,6

5 151,9 640,4 2108,2 2748,7

Fonte: Adaptado de VPH Sistemas de Fluxo (2011)

˜˜ Temperatura de Saturação - É a temperatura de um líquido numa con-


dição em que qualquer calor adicional aplicado faça com que parte dele
se transforme em vapor (diz-se que o líquido está saturado). Esta tempe-
ratura também é o limiar para que o vapor se transforme em líquido.
˜˜ Entalpia específica - É a quantidade de calor necessária para elevar a
temperatura –neste caso, da água e do vapor– de uma dada temperatu-
ra para outra, à temperatura constante. A tabela demonstra que ela varia
com a pressão. Note que quanto maior for a pressão, é necessário menos
energia para vaporizar a água.
Curso Básico de Gestão de Energia 155

Observe que a entrada da tabela é por meio da pressão absoluta, que é a


soma da pressão manométrica (pressão de trabalho da caldeira) com a pres-
são atmosférica, que corresponde a 1 atm. expresso na equação (13).

Pressão absoluta = Pressão Manométrica + Pressão Atmosférica (13)

Pressão Manométrica = 4,0 bar

Pressão atmosférica = 1,0 bar

Pressão absoluta = 5,0 bar

Na Tabela de Vapor Saturado têm-se os seguintes dados:

Temperatura de saturação = 152oC

Entalpia específica do vapor = 2748,7 kJ/kg

Entalpia específica da água = 640,4 kJ/kg

Para calcular o rendimento da caldeira ( ηcald ) utilizamos a equação (14).

Q̇ útilṁ (hv -hl ) (14)


ηcald = =
mc PCI ṁ c PCI
Onde

Q útil é taxa de transferência de calor cedido à água dentro da caldeira;

mc PCI é o consumo de combustível.

mc é a vazão mássica de combustível;

PCI é o Poder Calorífico Interior.

A unidade de medida de energia é Joule (J). Será calculada a taxa de trans-


ferência de calor cedido à água dentro da caldeira (Qútil), que é dada pelo
produto da capacidade do equipamento (é a vazão mássica de vapor d’água)
pela diferença entre a entalpia específica do vapor saturado (hv) que sai da
caldeira e a entalpia específica da água líquida (hl) que alimenta a caldeira
(veja a equação 15). Essa taxa de transferência de calor é medida em kW.
Curso Básico de Gestão de Energia 156

˜˜ Taxa de transferência de calor cedido à água dentro da caldei-


ra (Q util ) = (capacidade) X (entalpia do vapor saturado – entalpia da
água líquida na temperatura e pressão de entrada correspondentes).
Q util= ((20.000/3.600)kg/s) x ((2.748,70 –640,4)kJ/kg) = (15)
11.712,78 kJ/s = 11.712,78 kW = 42.166.000 kJ/h
˜˜ Consumo de combustível (Mc PCI): para determinar o consumo de com-
bustível é preciso conhecer o poder calorífico do combustível, que corres-
ponde à quantidade de energia interna contida no combustível. Quanto
mais alto for o poder calorífico, maior a energia contida. Há dois tipos de
poder calorífico.
a. Poder calorífico superior - É a quantidade de calor produzida por
1kg de combustível, quando este entra em combustão, somada à
energia consumida na vaporização da água produzida durante a rea-
ção de combustão.
b. Poder calorífico inferior - É a quantidade de calor produzida por
1kg de combustível, quando este entra em combustão.

A quantidade de combustível irá variar de forma inversa ao poder calorífico.


Quanto maior o poder calorífico, menor a quantidade de combustível neces-
sária. Porém, para uma análise de viabilidade econômica deve-se considerar
o custo, pois um combustível com menor poder calorífico em relação a outro
pode ser, ainda assim, vantajoso em função da diferença de preço.
Continuando o exemplo, será usado o óleo BPF, que possui um poder calorífi-
co da ordem de 8.100 kcal/l = 33.913,08 kJ/l. (OIL BRASIL, 2011).

Calcular o calor liberado pela combustão por unidade de tempo (mc PCI) :

mc PCI = 2.437,95 l/h x 33.913,08 kJ/l = 82.678.393 kJ/h (16)

Observe que o consumo de combustível diminuirá com o aumento da efici-


ência da caldeira. Portanto, qualquer ponto percentual de melhoria na efici-
ência energética deste sistema pode acarretar em consideráveis ganhos na
economia de combustível.

Para isso, é necessário calcular o consumo mensal do combustível e o nú-


mero de horas de operação do equipamento para a definição do consumo
médio em litros por hora para um determinado período (linha de base). Na
sua análise, lembre-se de considerar fatores que possam alterar este núme-
ro, como variações bruscas de consumo, paradas para manutenção, entre
outras variáveis. Uma vez levantado o consumo real, você terá uma boa refe-
rência do rendimento do equipamento.
Curso Básico de Gestão de Energia 157

Uma vez levantado o consumo real, você terá uma boa referência do rendi-
mento do equipamento.

No caso de nosso exemplo podemos calcular o rendimento da caldeira como


apresentado anteriormente.


Qutil 42.166.000 kJ/h (17)
ηcald = = = 51%
mc PCI 82.678.393 kJ/h

Nota

Como regra, uma caldeira em boas condições de operação


tem um rendimento em torno de 70%. Valores bem abai-
xo disto são indicações de que o equipamento precisa de
alguma melhoria.

Nesta seção, você conferiu uma sistemática simples de cálculo de consumo


de combustível para uma caldeira. Na próxima seção, você acompanhará
informações sobre uma apuração final. Continue atento!

Seção 4

Apuração final: consumo


pós-implementação das
modificações, economias
obtidas em kWh ou kJ e em
R$

Os cálculos que você acompanhou na seção anterior são úteis para uma
análise inicial da viabilidade de Medidas Racionalização de Energia (MREs).
Geralmente estes cálculos não são precisos, por isso devem ser considera-
dos como uma primeira aproximação.
Curso Básico de Gestão de Energia 158

Uma vez decididas pela implementação da MRE, as medições devem ser


realizadas de acordo com o Plano de M&V previamente elaborado. Quando
necessário, as medições devem ser realizadas observando-se parâmetros e
condições iniciais de operação. Por exemplo: em empresas que apresentam
sazonalidade, ou variação da produção devido à época do ano (frio, calor,
produções expressivas em alguns meses e, em outros, baixa produção), ou
por fatores externos (crises econômicas, festejos natalinos, aumento de
consumo pela melhora de renda da população, entre outros), as medidas de
consumo de energia devem ser realizadas no mesmo período, considerando
o mesmo volume de produção da medição inicial.

Outro aspecto importante é que os resultados sejam reportados da forma


mais apropriada, destacando os benefícios gerados. Isso não significa apre-
sentar apenas os números puros de redução de consumos de energia, pois
nem sempre esta informação será percebida com a devida relevância.

Por exemplo, um consumo de óleo combustível da ordem de 200 toneladas/


mês, após a implantação de uma MRE, foi obtida uma redução da ordem de
20%. Considerando o preço do litro de óleo por R$ 0,95 e uma densidade de
949 Kg/m3, teremos os resultados mostrados na tabela 11, a seguir.

Tabela 11: Demonstração do exemplo


200,00 toneladas
Consumo
200.000,00 kg
Densidade 949,00 kg/m3
210,75 m3
Consumo
210.748,16 l
0,95 R$/l
Custo
200.210,75 R$/ano
Economia 40.042,10 R$

No exemplo você pode ver o consumo de óleo em toneladas e em quilos.


Para a densidade dada foi calculado o consumo equivalente em metros cú-
bicos (m3) e em litros. Em seguida, o custo correspondente e a economia ge-
rada, que refletem um valor da ordem de R$ 40.000/ano. Como você pode
perceber, os cálculos realizados são, de certa forma, simples e o objetivo é, a
partir destes cálculos, estabelecer uma ação.
Curso Básico de Gestão de Energia 159

Pergunta

E qual o melhor caminho a seguir para estabelecer uma


ação?

Confira algumas possibilidades:

Mudança do combustível
Além da relação custo do combustível e poder calorífico, é necessário con-
siderar os custos para as modificações do equipamento, de forma que ele
possa operar com o novo combustível e viabilizar o tempo de retorno deste
investimento considerado satisfatório. Em geral, mudanças drásticas de
combustível não são viáveis em função dos elevados custos para adaptação
do equipamento, mas, nos últimos anos, muitas empresas têm substituído o
óleo BPF por gás natural que, além de gerar economia, tem menor impacto
ambiental.

Melhoria da eficiência
A melhoria da eficiência (rendimento) do equipamento é uma boa prática
que pode, muitas vezes, ser obtida por simples ações de manutenção, como
a substituição de isolamentos danificados, limpeza e eliminação de vaza-
mentos. Outro aspecto a ser considerado e que muitas vezes é deixado de
lado diz respeito ao ciclo de operação. Equipamentos como fornos, secado-
res e caldeiras devem ter ciclos longos de operação, sendo interrompidos
somente para manutenção. Isto porque em cada início de ciclo de operação
será necessário o aquecimento do equipamento até a temperatura de ope-
ração, consumindo energia sem produção ou com a produção abaixo da
capacidade nominal desse equipamento. Veja algumas dicas de economia,
consagradas pelo uso na indústria (YWAMOTO et al, 2005 e MENDES, 2003).

Geração de Vapor

˜˜ Verifique se a temperatura dos gases de escape do equipamento (caldei-


ras, aquecedores, etc.), está próxima a valores usuais. Valores maiores
que 280°C indicam baixa eficiência.
Curso Básico de Gestão de Energia 160

˜˜ Mantenha a chama bem regulada. Chama azul é sinal de boa regulagem.


˜˜ Verifique a possibilidade de aumentar a temperatura da água de alimen-
tação da caldeira. Cada 5°C de aumento na temperatura leva a uma
redução de aproximadamente 1% no consumo de combustível.
˜˜ Estude a possibilidade de pré-aquecer o ar de combustão. O aquecimen-
to até 100°C resulta em uma redução do consumo de combustível
de, no mínimo, 2%.
˜˜ Elimine vazamentos no sistema de distribuição de vapor. A instalação
adequada de drenos, respiros, purgadores e os corretos diâmetros e in-
clinações das tubulações de vapor e condensado são fundamentais para
autilização eficiente do vapor.
˜˜ Mantenha em bom estado o isolamento de equipamentos e tubulações.
Cada metro de tubulação de 6” com vapor saturado a 7,0 kgf/cm2
sem isolamento perde o equivalente a 100 kg de óleo combustível
por mês.

Fornos

a. Programe a utilização contínua, evitando a perda do aquecimento


inicial do equipamento.
b. Desligue o equipamento imediatamente após o uso e mantenha as por-
tas ou tampas fechadas. Elimine as perdas por frestas.
c. Estime o consumo específico (kWh/unidade de produção) e compare
com os valores típicos para serviços semelhantes.
d. Opere o forno próximo da sua capacidade nominal. O consumo específico
aumenta com a redução da carga. Se um forno projetado para produzir
100kg/h, com consumo específico de 0,40 kWh/kg, produzir apenas
50kg/h, o consumo específico poderá se elevar para 0,56 kWh/kg. (EFI-
CIÊNCIA ENERGÉTICA. Geração de Vapor, 2011).

Substituição do equipamento
Mudar um equipamento nem sempre é simples e geralmente envolve investi-
mentos consideráveis, por isso esta é uma opção que deve ser bem avaliada.

Treinamento de operadores
Na maioria das vezes, o treinamento dos operadores/funcionários pode tra-
zer resultados muito vantajosos, considerando o baixo investimento necessá-
rio e as possibilidades de ganho decorrentes. Neste caso, é necessário que
se tenha bem claro o objetivo a ser alcançado com o treinamento, para que
a sua eficácia possa ser avaliada posteriormente.
Curso Básico de Gestão de Energia 161

Dicas

No Anexo IV (disponível na biblioteca) você encontra infor-


mações sobre um estudo de caso real sobre este assunto.
Não deixe de ler!

É interessante que você também conheça o que o Protoco-


lo Internacional de Medição e Verificação de Performance
apresenta como opções de medição.

Seção 5

Soma Cumulativa - CUSUM

CUSUM
Existe uma ferramenta muito útil na análise do desempenho energético
de um sistema que passa por um controle de eficiência: a técnica CUSUM,
abreviação de CUmulative SUM, ou Soma Cumulativa, em português. Leia
CUSUM como “Soma Cumulativa”.

CUSUM é uma técnica de análise sequencial atribuída a E. S. Page da Univer-


sidade de Cambridge, utilizada, geralmente, para monitorar mudanças de
padrão de comportamento de um processo.

Vamos entender esta técnica tão útil através de um exemplo:

Suponha que sejam coletadas informações sobre o consumo de energia de


uma fábrica, e também sua produção, durante 24 meses. No segundo ano
de monitoramento da energia e da produção, a empresa decidiu implemen-
tar um sistema mais eficiente de refrigeração.

Acompanhe os dados coletados na tabela 12:


Curso Básico de Gestão de Energia 162

Tabela 12: Controle de Produção e Consumo de Energia


Mês (Jan/2010 a Produção (toneladas/
Energia (kWh/mês)
Dez/2011) mês)
1 864 36
2 861 35
3 948 42
4 991 46
5 980 48
6 1041 51
7 1002 49
8 1004 50
9 986 47
10 1065 53
11 1061 52
12 1071 54
13 662 37
14 628 35
15 671 40
16 740 45
17 770 48
18 785 52
19 767 49
20 771 50
21 750 47
22 816 54
23 797 51
24 824 55

Para os dados coletados, a CUSUM cumprirá os seguintes passos:


Curso Básico de Gestão de Energia 163

Figura 53: Passos do CUSUM

Acompanhe alguns passos descritos no exemplo:

Consumo de Energia x Produção


1100
Consumo de Energia (kWh/mês)

1000

900

800
33 37 41 45 49 53
Produção (tonelada/mês)

Figura 54: Gráfico Energia x Produção para os primeiros 12 meses

Observe que a produção está relacionada com o consumo em ordem cres-


cente.
Curso Básico de Gestão de Energia 164

A reta que melhor representa o comportamento do Consumo x Produção é


mostrada a seguir.

Consumo de Energia x Produção


1100
Consumo de Energia (kWh/mês)

1000

900

800
33 37 41 45 49 53
Produção (tonelada/mês)

Figura 55: Reta que representa o comportamento do sistema

Para visualizar a equação da reta, utilize a ferramenta Excel. Acesse o menu


“Ferramentas de Gráfico”, acione o “Linhas de Tendência” com a opção de
“Linha de Tendência Linear”, ou ainda, em “Mais Opções de Linha de Ten-
dência”, escolha o Tipo de Tendência/Regressão “Linear” e marque a opção
“Exibir Equação no gráfico”. Marque, também, a opção “Exibir valor de
R-quadrado no gráfico”.

Após estes passos, você terá a equação, automaticamente, e o valor de R²


avalia quão bem nossa equação está representando o comportamento do
sistema.

Para R² com valor próximo de 1 terá uma boa representação, e para os valo-
res próximos de 0, perde-se a relação da variável dependente (neste caso, o
consumo) com a variável independente (neste caso, a produção), portanto, o
padrão estabelecido não se aproxima da realidade, causando erros significa-
tivos no cálculo do consumo de energia esperado.
Curso Básico de Gestão de Energia 165

Veja, a seguir, o gráfico de consumo de energia X produção.

Consumo de Energia x Produção


1100
Consumo de Energia (kWh/mês)

1000

900
y = 11,08x + 469,6

R² = 0,969

800
33 37 41 45 49 53
Produção (tonelada/mês)
Figura 56: Gráfico de Consumo de Energia X Produção

Depois de ter a equação da reta, segue-se com os passos 4, 5 e 6, produzin-


do a tabela 13. Veja:

4. calcule o consumo esperado de energia baseado na equação;


5. calcule a diferença entre os dados colhidos e o consumo de energia cal-
culado;
6. compute a CUSUM: são as somas acumuladas dos desvios em relação ao
valor-alvo ou valor nominal - ou seja, somaremos os resultados da dife-
rença entre os dados colhidos e o consumo de energia calculado (valor-
-alvo), sucessivamente. Este cálculo guarda a memória do que aconteceu,
permitindo avaliar as mudanças no que se considerava tendência de
comportamento do sistema.
Curso Básico de Gestão de Energia 166

Tabela 13: Controle de Produção e Consumo de Energia

Mês 5) (Consumo de
4) Consumo
Energia energia medido) -
(Jan/2010 [kWh/ Produção de energia (Consumo de energia 6) CUSUM
a [t/mês] estimado
mês] estimado)
Dez/2011) [kWh/mês]
[kWh/mês]
1 864 36 869 -5 -5
2 861 35 857 4 -1
3 948 42 935 13 12
4 991 46 979 12 24
5 980 48 1002 -22 2
6 1041 51 1035 6 8
7 1002 49 1013 -11 -2
8 1004 50 1024 -20 -22
9 986 47 990 -4 -26
10 1065 53 1057 8 -18
11 1061 52 1046 15 -3
12 1071 54 1068 3 0
13 662 37 880 -218 -218
14 628 35 857 -229 -447
15 671 40 913 -242 -689
16 740 45 968 -228 -917
17 770 48 1002 -232 -1149
18 785 52 1046 -261 -1410
19 767 49 1013 -246 -1655
20 771 50 1024 -253 -1908
21 750 47 990 -240 -2148
22 816 54 1068 -252 -2400
23 797 51 1035 -238 -2638
24 824 55 1079 -255 -2893
Curso Básico de Gestão de Energia 167

Em seguida, realiza-se o passo 7, que é plotar o gráfico CUSUM. Confira o


gráfico:

CUSUM (Soma cumulativa)


500
0
0 5 10 15 20 25 30
-500
-1000
CUSUM

-1500
-2000
-2500
-3000
-3500
Meses

Figura 57: Gráfico CUSUM do exemplo

O passo 8 estima a economia acumulada no uso do novo sistema de ar-con-


dicionado.

A CUSUM refere-se às diferenças entre o consumo real e o consumo espera-


do baseado em um padrão estabelecido. Se o consumo continua seguindo
o padrão estabelecido, as diferenças entre o consumo real e o padrão serão
pequenas e, aleatoriamente, positivas ou negativas, ficando a CUSUM em
torno de zero.
Curso Básico de Gestão de Energia 168

Ocorrendo alguma mudança no padrão devido à presença de uma falha ou


melhoria no processo monitorado, a distribuição das diferenças em torno de
zero ficará menos simétrica e a CUSUM aumentará ou diminuirá ao longo do
tempo.

Os pontos críticos no gráfico da soma cumulativa são as mudanças na incli-


nação da linha. Esta pode ser facilmente vista na Figura 57: Gráfico CUSUM
do exemplo. Assim, as inclinações são resultados de ações de eficiência
energética ou de falha no processo.

Com relação à economia, percebe-se uma mudança na inclinação do gráfico


a partir do mês 13 (janeiro de 2011), demonstrando que foi neste mês que a
ação de eficiência energética foi implementada. A partir deste mês, soman-
do as diferenças entre o consumo medido e consumo estimado, verifica-se
uma economia de 2.933 kWh, através da implantação do novo sistema de
ar-condicionado. Ao ser calculada a porcentagem de energia economizada,
em função da energia consumida neste período, como na equação (18), tem-
-se:

Economia % = 2.933 x 100 ≅ 33% (18)


8.981

Neste exemplo, você teve uma variação bastante grande, pois o sistema de
refrigeração desta empresa estava obsoleto e representava um consumo
excessivo, porém, deve-se verificar, por meio do método CUSUM, pequenas
variações no desempenho de eficiência energética. O uso regular destes
procedimentos permite ao Gestor de Energia detectar com antecedência as
tendências de desempenho do sistema que está acompanhando.

Resumindo a CUSUM
Como você viu, o CUSUM analisa a variação dos Índices de Desempenho
Energético (IDEs) e permite detectar as tendências de desempenho do siste-
ma acompanhado. Na Figura 58, a seguir, relembre o passo a passo dessa
metodologia de análise de desempenho energético.
Curso Básico de Gestão de Energia 169

Figura 58: Passo a passo do CUSUM


Curso Básico de Gestão de Energia 170

Relembrando

Como você pode observar, as questões relativas à medição


e verificação (M&V) são de suma importância na questão
de eficiência energética e da sua gestão, porém, deve-se
perceber que somente a medição e a verificação não serão
capazes de demonstrar os ganhos alcançados nas ações
de eficiência energética. É preciso analisar a situação dos
Índices de Desempenho Energéticos (IDEs) e dos objetivos
e metas planejados anteriormente.

Você também conferiu a importância da realização de me-


dições na avaliação de resultados e que, sem as medições
iniciais, não será possível avaliar os ganhos ao final. Além
disso, você viu como os fatores ambientais podem influen-
ciar estas medições.

Ainda nesta unidade você conheceu a técnica CUSUM


utilizada para monitorar mudanças de padrão de compor-
tamento de um processo.
Curso Básico de Gestão de Energia 171

Saiba Mais

Na biblioteca do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)


você encontrará mais informações sobre:

˜˜ Protocolo Internacional de Medição e Verificação de


Performance;
˜˜ Medida de racionalização de energia (MRE);
˜˜ Plano de Medição e Verificação (M&V);
˜˜ substituição de óleo BPF por gás natural;
˜˜ informações muito interessantes sobre a aplicação do
método “graus dia”, em pesquisa realizada pela COPEL
(Companhia Paranaense de Energia Elétrica). Consulte
o artigo “Determinação da Eficiência e da Aplicabilida-
de de Bombas de Calor em Clima Temperado Subtro-
pical – Típico da Região Sul do País - Primeira Fase”,
extraído da Revista Espaço Energia. Consulte outros
artigos desta revista técnica em <http://www.espacoe-
nergia.com.br>.
˜˜ Planilha eletrônica com os cálculos utilizados para os
exemplos de CUSUM usados aqui.

Acesse o ambiente e confira!


Etapa
Conclusiva
Unidade
ECONOMIA 1
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ entender operações com juros simples;

˜˜ compreender o processo de funcionamento de juros


compostos;

˜˜ precisar que valor deverá ser investido hoje à deter-


minada taxa de juros para se obter uma determinada
quantia após certo tempo;

˜˜ definir qual será a quantia obtida após “n” períodos,


investindo hoje uma determinada quantia;

˜˜ efetuar a transformação de taxas efetivas, relativas a


períodos distintos.

Seções de estudo
˜˜ Seção 1: Determinação de juros simples e compostos.

˜˜ Seção 2: Valor presente e valor futuro.

˜˜ Seção 3: Taxa de juros equivalentes.


Curso Básico de Gestão de Energia 176

Para Iniciar

Chegou a hora de entender como funciona a matemática


financeira aplicada à eficiência energética. Nesta unidade,
você estudará a definição de juros, identificará e determi-
nará os dois tipos de juros empregados no mercado e irá
compará-los. Aprenderá a calcular o valor futuro, o valor
presente, o período e a taxa de juros de um investimento,
bem como relacionar taxas de juros equivalentes.

Faça dos seus estudos um momento prazeroso de constru-


ção do conhecimento. Bons estudos!

Seção 1

Determinação de juros
simples e compostos

Definem-se juros como um pagamento pelo uso do dinheiro pertencente a


terceiros ou como a remuneração do capital empregado em atividades pro-
dutivas.

A existência de juros decorre de vários fatores, entre os quais se incluem:

a. o emprestador, por se privar do uso e da posse do seu capital, deseja


ganhar alguma coisa com isso;
b. o emprestador está correndo o risco de não receber o seu capital de vol-
ta, sendo remunerado por esse risco;
c. a existência do juro serve como incentivo para que o emprestador tenha
vontade de ceder o seu capital.

Veja um exemplo de gráfico demonstrativo a seguir, na Figura 59.


Curso Básico de Gestão de Energia 177

Figura 59: Gráfico demonstrativo – a taxa de juros cresce de acordo com o risco do negócio

Pode-se considerar essa taxa formada em duas partes: uma parcela de juro
puro, correspondente ao empréstimo com segurança plena, e um acréscimo,
que não é um aluguel do capital, mas um prêmio pelo risco assumido.

Agora, verifique como calcular juros simples.

Juros simples
Quando são cobrados juros simples, apenas o principal rende juros, isto é, os
juros são diretamente proporcionais ao capital emprestado.

O cálculo dos juros simples é feito por meio da seguinte equação (19)

j = P i n (19)

Sendo:

˜˜ j – juros;
˜˜ P – principal ou capital inicial;
˜˜ i – taxa de juros expressa como fração decimal (ex.: taxa de juros de 10%
i = 0,10);
˜˜ n – número de períodos de juros.
Curso Básico de Gestão de Energia 178

Nessa equação, a taxa de juros “i” e o número “n” de períodos devem se


referir sempre à mesma unidade de tempo, ou seja, se a taxa for mensal, o
tempo de capitalização deve ser expresso em meses.

A soma do capital inicial com os juros recebidos é denominada “montante”


(S), dada pela equação:

S = P + j = P + Pin ou S = P (1 + in) (20)

Assim, se emprestarmos uma quantia de R$ 5.000,00 durante um período


de três anos a juros simples de 10% ao ano, receberemos no final do período
R$ 6.500,00, pois:

˜˜ P = R$ 5.000,00
˜˜ i = 0,10 ao ano
˜˜ n = 3 anos
˜˜ S = 5.000 x (1 + 0,10 x 3) = R$ 6.500,00

Observe que:

a. a taxa de juros pode ser representada por duas formas equivalentes, 10%
ao ano (forma percentual) e 0,1 ao ano (forma unitária). Sempre que fala-
mos em juro relativo a um capital, estamos nos referindo à remuneração
desse capital durante um intervalo de tempo que denominamos “período
financeiro” ou “período de capitalização”;
b. quando empregamos, no cálculo do juro simples, 1 ano = 360 dias e
1 mês = 30 dias, estamos trabalhando com o que denominamos “juro
simples comercial” (ou juro simples ordinário). Entretanto, podemos obter
o juro fazendo uso do número exato de dias do ano, ou seja, 365 dias, ou
366 dias, se o ano for bissexto. Nesse caso, o resultado é denominado
“juro simples exato”.

A seguir, veja como calcular juros compostos.

Juros compostos
Juros compostos ou acumulados são os juros que, no fim de cada período,
somam-se ao capital para produzir novos juros no período seguinte. Assim,
após cada período, os juros são incorporados ao capital principal e passam,
por sua vez, a render novos juros.
Curso Básico de Gestão de Energia 179

Seja, a título de exemplo, o capital de R$ 100,00 aplicado durante cinco me-


ses à taxa de 10% ao mês.

A equação (21) é utilizada para o cálculo de juros compostos:

S = P (1+i)n (21)

Calculando os montantes obtidos em cada mês, considerando juros simples


e juros compostos. Veja o resultado na Tabela 14:

Tabela 14: Cálculo do montante utilizando juros simples e juros compostos


Montante – Juros simples
Montante – Juros compostos
Equação (20): S = P (1+ in)
Equação (21): S = P (1+ i)n
Sendo
Sendo
S – Montante;
S – Montante;
Mês P – principal ou capital inicial;
P – principal ou capital inicial;
i – taxa de juros expressa como
i – taxa de juros expressa como
fração decimal;
fração decimal;
n – número de períodos de
n – número de períodos de juros;
juros;
0 100,00 100,00
1 110,00 110,00
2 120,00 121,00
3 130,00 133,10
4 140,00 146,41
5 150,00 161,05

Observe que o crescimento do montante segundo juros simples é linear,


enquanto o crescimento segundo juros compostos é exponencial e, portanto,
muito mais “rápido”.

Nos estudos econômicos, só são considerados os juros compostos, ou seja,


após cada período de capitalização, os juros são incorporados ao capital e
reinvestidos, rendendo “juros sobre juros”.

Preparado para seguir em frente? Continue com atenção, pois você precisará
fazer muitos cálculos.
Curso Básico de Gestão de Energia 180

Seção 2

Valor presente e valor


futuro

Consideremos a quantia “P” investida hoje (período zero) à taxa de juros “i”.

O saldo ou montante “S” após “n” períodos de tempo é obtido pela equação
(21), que é uma expressão básica da matemática financeira:

S = P (1 + i) n (21)

A quantia “P” é denominada “valor presente” ou “valor atual”, enquanto “S” é


um valor futuro. A taxa de juros “i” deverá ser expressa na forma decimal.

O fluxo de caixa correspondente pode ser representado na Figura 60 (veja


mais sobre Fluxo de Caixa na Unidade 2 – Séries Uniformes e Pagamentos):

Figura 60: Diagrama de Fluxo de Caixa

Inversamente, dada uma quantia “S” a pagar ou a receber daqui a “n” perí-
odos de tempo, para determinar seu valor presente “P” na taxa de juros “i”,
basta aplicar a fórmula dada na equação (22):
S
P= -------------------- = S (1 + i ) –n (22)
( 1 + i) n
Curso Básico de Gestão de Energia 181

Acompanhe os exemplos:

Exemplo 1

Qual é o saldo de uma aplicação de R$ 1.000,00 em caderneta de poupança


após oito anos, admitindo que a taxa de juros seja 6% ao ano?

Pela equação (21), com P = R$ 1.000,00, n = 8 anos e i = 0,06:

S = 1.000 x (1 + 0,06)8 = R$ 1.593,85

Exemplo 2

Qual é o valor equivalente à vista (hoje) de um pagamento de R$ 10.000,00


que vencerá daqui a quatro meses, sabendo-se que a taxa de juros vigente
no mercado financeiro é de 8% ao mês?

Nesse caso, conhecemos o valor futuro (S = R$ 10.000,00) e queremos o


valor presente “P”.

Pela equação (22):

P = 10.000 / (1 + 0,08)4 = 7.350,30

Quando são conhecidos os valores de “P” e “S”, podem-se explicitar “n” e “i”
na fórmula básica (21), obtendo-se as expressões (23) e (24);

S
log _______
P
n= __________________ (23)
log ( 1 + i )

i = ( S / P ) 1/n – 1 (24)

Para o próximo assunto, você já está preparado para calcular juros simples
e compostos? Afinal, para o próximo assunto, você precisará relembrar os
conceitos estudados nesta aula. Preparado? Vamos juntos!
Curso Básico de Gestão de Energia 182

Seção 3

Taxa de juros equivalentes

Duas taxas de juros são chamadas de “equivalentes” quando, partindo do


mesmo valor presente “P”, chegam ao mesmo valor futuro “S”, ao fim do
mesmo período, capitalizando-se a intervalos de tempo diferentes.

Suponhamos que desejamos saber o juro equivalente anual (ia) correspon-


dente a um juro mensal (im).

No caso dos juros anuais (ia), uma quantia “P” atingirá no final do ano o valor
“S” dado por:

S1 = P (1 + ia)1. (25)

Se o juro fosse mensal (im), a mesma quantia “P” atingiria, no mesmo perío-
do (12 meses), o valor dado pela expressão (26):

S2 = P (1 + im)12 (26)

Para que ia e im sejam equivalentes, S1 = S2.

P (1 + ia)1 = P (1 + im)12 (27)

ou

(1 + ia)1 = (1 + im)12 (28)

Utilizando-se o mesmo raciocínio, pode-se mostrar que as taxas anuais, se-


mestrais, trimestrais, mensais e diárias estão inter-relacionadas pela expres-
são:

(1 + ia)1 = (1 + is)2 = (1 + it)4 = (1 + im)12 = (1 + id)360 (29)

Exemplo:

A taxa de 6% ao mês é equivalente à taxa de 19,1% ao trimestre ou à taxa


de 101,22% ao ano.
Curso Básico de Gestão de Energia 183

O cálculo é feito da seguinte forma:

1 + itrim = (1 + im)3 = (1,06)3 = 1,1910 -> itrim = 0,1910 ou 19,10% a. t.

1 + iano = (1 + im)12 = (1,06)12 = 2,0122 -> iano = 1,0122 ou 101,22 a. a.

Relembrando

Você pôde perceber que, quando são cobrados juros sim-


ples, apenas o principal rende juros, isto é, os juros são
diretamente proporcionais ao capital emprestado.

No caso de juros compostos, após cada período de capita-


lização, os juros são incorporados ao principal e passam a
render juros também.

Lembre-se de que a única fórmula que é necessário me-


morizar em matemática financeira foi dada pela expresão
(21) S = P (1 + i)n. A determinação do valor presente (P), da
taxa de juros (i), do período de aplicação (n) e a conversão
da taxa de juros efetiva são consequência de rearranjos
matemáticos realizados a partir dessa fórmula.

Saiba Mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre os assuntos,


os seguintes livros são boas sugestões de leitura:

˜˜ MARTINS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática financeira.


5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
˜˜ VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira. São
Paulo: Atlas, 1981.
Unidade
Séries Uniformes
e Pagamentos
2
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ calcular o valor presente equivalente, o valor futuro e as


prestações de uma série uniforme;

˜˜ resolver problemas de determinação de prestações


mensais, preços à vista ou a prazo.

Seções de estudo
˜˜ Seção 1: Série uniforme de pagamento: postecipada.

˜˜ Seção 2: Série uniforme de pagamento: antecipada.


Curso Básico de Gestão de Energia 186

Para Iniciar

A visualização de um problema envolvendo receitas e


despesas que ocorrem em instantes diferentes de tempo é
bastante facilitada por uma representação gráfica simples,
denominada “diagrama de fluxo de caixa”.

A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste


em uma escala horizontal, na qual são marcados os perío-
dos de tempo, representando-se as entradas de caixa com
setas para cima e as saídas com setas para baixo. A unida-
de de tempo – mês, semestre, ano – deve coincidir com o
período de capitalização dos juros considerados.

A série uniforme é um fluxo de caixa constituído de valores


“R” iguais em cada período de tempo, iniciando num perío-
do determinado.

Bons estudos!

Seção 1

Série uniforme de
pagamento: postecipada

A série uniforme de pagamento é dita “postecipada” quando o vencimento


do primeiro termo se dá no fim do primeiro período, a contar da data zero,
isto é, data da assinatura do contrato. Exemplo: compra de um bem a prazo,
em prestações mensais, pagando-se a primeira prestação um mês após a
assinatura do contrato.

Veja, na Figura 61, como esquematizar a série uniforme de pagamentos


postecipada, graficamente:
Curso Básico de Gestão de Energia 187

R R R R R

1 2 3 n-1 n

P
Figura 61: Diagrama de Fluxo de Caixa Representando uma
Série Uniforme de Pagamentos Postecipada

Valor presente de uma série uniforme


postecipada
Para calcular o valor presente “P” de uma série uniforme de “n” pagamentos
iguais a “R”, pode-se utilizar a equação (30):

P=Rx 1 – (–1 + i)–n (30)


i

Inversamente, o problema de estabelecer o valor das “n” prestações iguais a


“R”, equivalentes a uma quantia “P”, pode ser resolvido pela equação (31):

R=Px i (31)
1 – (–1 + i)–n

Atenção

É importante observar que, para a correta aplicação das


fórmulas (30) e (31), o primeiro pagamento “R” deve ser
feito no período 1, conforme indicado na Figura 61.
Curso Básico de Gestão de Energia 188

Outras situações terão tratamento específico, como você verá mais adiante.
Acompanhe, agora, o exemplo:

Uma loja financia a venda de uma mercadoria em quatro pagamentos men-


sais de R$ 300,00, iniciando o 1º pagamento 30 dias após a compra. Qual
seria o valor equivalente para pagamento à vista, sabendo que a nossa taxa
de atratividade é de 1% ao mês?

P = 300 [1 – (1 + 0,01)–4 / 0,01]

P = 300 x 3,90197 = R$ 1.170,59

Valor futuro de uma série uniforme


postecipada
Outro tipo de problema que você poderá encontrar é o de se conhecer o valor
futuro de uma série uniforme, conforme o diagrama representado na Figura
62 (Cálculo de “S” de uma série uniforme) a seguir:

R R R R R

0 1 2 3 n-1 n

(S)

Figura 62: Cálculo de “S” de uma série uniforme

O cálculo de “S”, dados “R”, “n” e “i”, é feito combinando-se as fórmulas (30)
e (22), que resulta na equação (32).

S=Rx (1 + i)n – 1 (32)


i

Inversamente, o cálculo de “R” em função de “S”, “n” e “i” é feito pela expres-
são (33):
Curso Básico de Gestão de Energia 189

R=Sx i (33)

(1 + i)n – 1

Exemplo:

Desejamos comprar um automóvel no valor de R$ 15.000,00 por meio de


depósitos mensais num fundo de investimento durante 36 meses. Sabendo-
-se que o fundo rende 1% a.m., qual deverá ser o valor do depósito?

Aplicando a fórmula (33) com n = 36 meses, i = 1% a.m. e S = R$


15.000,00, teremos:

R = 15.000 x (0,01 / [(1 + 0,01)36 – 1]) = R$ 348,21

Agora, você confere mais uma série uniforme. Siga em frente!

Seção 2

Série uniforme de
pagamento: antecipada

Na renda antecipada, depositamos, no início do período, “n” parcelas iguais


a “R”, a uma taxa unitária “i”, referida à mesma unidade do período constan-
te. Como, nesse caso, o depósito é feito no início do período, ao final o depó-
sito já dará origem a um montante. Então, utilizando um raciocínio análogo
ao empregado no pagamento imediato (renda postecipada), temos a expres-
são (34):

S = R× [ ( 1+i) n+1 -1
i
] (34)
Curso Básico de Gestão de Energia 190

No caso de uma renda antecipada de “n” termos, como a primeira prestação


é paga na assinatura do contrato (data zero), a fórmula do valor atual é dado
na expressão (35):

P = R x (1 + i)n - 1 (35)
i (1+i)(n-1)

Ao final desta unidade, você aprendeu um conjunto de fórmulas que facilita-


rão a compreensão sobre séries uniformes de pagamento e, consequente-
mente, o ajudarão a resolver as questões da próxima unidade. Em caso de
dúvidas, contate o professor tutor pelo AVA, por meio das ferramentas dispo-
níveis para interação.

Relembrando

Nesta unidade, você viu que as séries uniformes de paga-


mento ocorrem quando o fluxo financeiro é constituído por
uma série de valores iguais, distribuídos ao longo do tem-
po, sendo a distribuição uniforme e o intervalo de tempo
constante entre os valores consecutivos.

Lembre-se de que, quando a série é dita postecipada, o


primeiro pagamento ocorre a partir do primeiro período. A
série é reconhecida como antecipada quando o primeiro
pagamento ocorre no início do período.

Saiba Mais

Conheça melhor a temática abordada na unidade consul-


tando:

˜˜ MARTINS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática financeira.


5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Unidade
Análise
de Investimentos
3
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ elaborar modelos de fluxo de caixa utilizados para a


avaliação econômica de projetos;

˜˜ aprender a importância do Estudo de Viabilidade Eco-


nômica e do fluxo de caixa de um projeto de investi-
mentos;

˜˜ estabelecer a Taxa Mínima de Atratividade para a análi-


se de projetos.

Seções de estudo
˜˜ Seção 1: Estudos de viabilidade.

˜˜ Seção 2: Objetivo da análise econômica de projetos.

˜˜ Seção 3: Fluxo de caixa e Taxa Mínima de Atratividade.


Curso Básico de Gestão de Energia 192

Para Iniciar

No exercício de sua profissão, os engenheiros e técnicos


da área econômico-financeira frequentemente se depa-
ram com a escolha de alternativas que envolvem estudos
econômicos. Não raro, a escolha é feita sem que o custo
do capital empregado seja considerado adequadamente.
Somente um estudo econômico pode confirmar a viabilida-
de de projetos tecnicamente corretos.

A engenharia econômica objetiva a análise econômica de


decisões sobre investimentos e tem aplicações bastante
amplas, pois os investimentos podem ser tanto de empre-
sas privadas quanto de entidades governamentais.

Os diversos parâmetros necessários à montagem de um


fluxo de caixa de um projeto de investimento e que permi-
tem, desta forma, o cálculo dos seus índices de avaliação
econômica são:

˜˜ vida econômica;
˜˜ mercado;
˜˜ investimento fixo;
˜˜ capital de giro;
˜˜ custos fixos e variáveis;
˜˜ receita;
˜˜ depreciação.

Bons estudos!
Curso Básico de Gestão de Energia 193

SEÇÃO 1

Estudos de viabilidade

A identificação de uma nova oportunidade de investir com boa expectativa


de lucro leva o empresário a formular um projeto de investimento que, ao ser
explicitado em documento, constitui o que se denomina “estudo de viabilida-
de”.

Pode-se afirmar que, num sentido amplo, projeto de investimento é qualquer


modificação que se pretenda fazer, incluindo:

a. novas instalações;
b. ampliação de instalações já existentes;
c. alterações em processos operacionais;
d. programas de redução de custos;
e. alternativas de compra de novos equipamentos.

Todo projeto de investimento normalmente é analisado sob dois aspectos:

1. Viabilidade técnica
Neste estudo, são analisadas as diversas alternativas que permitirão respon-
der à pergunta “É possível fazer o projeto?”.

2. Viabilidade econômica
Considerando-se que o projeto seja tecnicamente possível, este estudo pro-
cura responder à pergunta “É vantajoso fazê-lo?”.

Pergunta

O que é e para que serve um estudo de viabilidade econô-


mica?
Curso Básico de Gestão de Energia 194

Um estudo de viabilidade econômica é um conjunto de informações que,


organizadas de modo sistemático, permitirão ao empresário saber:

a. quanto ele gastará no projeto, isto é, qual é o investimento necessário


para implantá-lo;
b. quando ele terá seu dinheiro de volta, ou seja, qual é a previsão de retor-
no do capital investido;
c. que lucro (ou redução de custos) obterá, isto é, quais são as receitas líqui-
das do projeto;
d. que fatores podem influenciar a rentabilidade do projeto.

A partir da elaboração do estudo de viabilidade econômica, o empresário po-


derá, então, verificar as vantagens e desvantagens de investir seus recursos
na realização do projeto, em comparação com alternativas de emprego do
seu capital, decidindo o destino do mesmo: implantação ou abandono.

É importante ressaltar que os estudos de viabilidade econômica sempre se


referem a fatos que podem ocorrer no futuro, tendo, por conseguinte, caráter
de previsão. Estão, portanto, sujeitos a incertezas e, por isso, as decisões
tomadas com base em seus resultados jamais deixam de conter risco, em
dose maior ou menor.

Além disso, os estudos de viabilidade econômica focalizam apenas os cha-


mados “aspectos tangíveis” do projeto, embora seja fato em que, algumas
vezes, seus aspectos intangíveis podem ter influência decisiva na sua aceita-
ção.

Fluxos de caixa de projetos de inves-


timentos
A expressão fluxo de caixa é usada para indicar as entradas e saídas de
recursos de caixa de uma empresa ao longo do tempo.

O fluxo de caixa de curto prazo é utilizado pelas empresas em seu plane-


jamento e seu controle do movimento diário ou mensal.

Nos estudos de viabilidade econômica de projetos de investimentos, são


utilizadas geralmente projeções de fluxos de caixa de longo prazo, nas quais
são explicitados, em cada período de tempo (trimestre, semestre ou ano), os
investimentos, custos e receitas gerados pelo projeto.
Curso Básico de Gestão de Energia 195

Consideremos, a título de exemplo, o fluxo de caixa a seguir, representando a


construção de uma nova fábrica de produtos químicos.

Os valores estão expressos em milhões, em moeda de hoje (R$). Observe, na


Figura 63 (fluxo de caixa), que as setas voltadas para cima indicam as recei-
tas geradas pelo projeto e as voltadas para baixo correspondem aos recursos
aplicados no projeto.

300 300 300 300 300 300 300 300 300 300

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
300 400
500

Figura 63: Fluxo de caixa

Veja que há dois períodos de tempo distintos.

1. A implantação da fábrica, que se estende por três anos (0, 1 e 2),


durante os quais são realizados investimentos de R$ 300, 500 e 400
milhões, respectivamente.
2. O período de operação da fábrica, ou vida econômica, que se estende
por dez anos (do ano 3 ao ano 12), durante os quais o projeto proporcio-
na um lucro líquido de R$ 300 milhões anuais.

Por meio deste exemplo apresentado, você compreenderá melhor a temáti-


ca a seguir. Preparado para continuar?

SEÇÃO 2

Objetivo da análise
econômica de projetos

Qualquer projeto de investimento é sempre avaliado em função do fluxo de


caixa que ele proporciona, ou seja, pela relação entre os investimentos rea-
lizados e as receitas geradas pelo investimento considerado. Por mais com-
plexo que seja o projeto a ser analisado, sempre poderá ser representado por
um fluxo de caixa, como o do exemplo apresentado.
Curso Básico de Gestão de Energia 196

Deve ser observado que o fluxo de caixa de um projeto é geralmente reali-


zado a preços constantes de uma determinada época, ou seja, considera-se
que a inflação atua igualmente sobre todos os parâmetros envolvidos (inves-
timentos, custos e receitas). Isso facilita muito os cálculos, porque os efeitos
da inflação passam a ser desconsiderados.

No exemplo anterior, o empresário estará interessado em saber se é vanta-


joso aplicar R$ 1.200 milhões (em três anos) para receber R$ 300 milhões
anuais durante dez anos (tudo em moeda de hoje) ou se é preferível em-
pregar o seu capital em outras alternativas. A avaliação econômica de um
projeto é, então, a seleção entre duas ou mais alternativas de investimento.
Mesmo que, aparentemente, só exista uma alternativa (como no exemplo
anterior), na realidade, existe a comparação entre fazer o projeto ou simples-
mente manter o status quo, ou seja, deixar o capital aplicado no âmbito em
que atualmente se encontra.

Vida econômica de um projeto de in-


vestimento
Denomina-se “vida econômica de um projeto de investimento” o período de
tempo durante o qual o projeto produz resultados econômicos. Por exemplo,
o estudo de viabilidade econômica da extração de minérios ou petróleo a
partir de uma jazida ou poço deve ser realizado até o término dos mesmos,
para que sejam avaliadas as vantagens de se investir em sua exploração.

No caso de projetos industriais, a vida econômica geralmente adotada nos


estudos de viabilidade é a vida útil média dos equipamentos, sendo comum
adotar o período de dez anos.

Há casos, porém, em que a vida econômica escolhida é inferior à vida útil de


equipamentos e instalações. Isso ocorre, por exemplo, em áreas de tecnolo-
gia avançada, nas quais o processo produtivo pode se tornar completamente
obsoleto, enquanto os equipamentos ainda poderiam operar.

Nesses casos, ao final da vida econômica adotada, considera-se uma recupe-


ração do valor residual de equipamentos e instalações.

Por outro lado, muitas vezes, a vida econômica adotada é superior à vida útil
de equipamentos e instalações.

Por exemplo, os estudos de viabilidade econômica da construção de refina-


rias de petróleo ou oleodutos para transporte de petróleo e seus derivados
são geralmente elaborados considerando uma vida econômica de 20 anos.
Curso Básico de Gestão de Energia 197

Como a vida útil dos equipamentos é, em média, de dez anos, devem-se


incluir no projeto os reinvestimentos necessários à reposição desses equipa-
mentos. O mesmo raciocínio vale para o exemplo da extração de minérios ou
petróleo a partir de uma jazida.

Você pôde perceber que o projeto tem vida econômica, produzindo, assim,
resultados econômicos. Por conta disso, o fluxo de caixa precisa ser acompa-
nhado, assunto que você estudará na próxima seção.

SEÇÃO 3

Fluxo de caixa e Taxa Mínima


de Atratividade

As tabelas a seguir oferecem a você modelos para a montagem do fluxo


de caixa do projeto e o cálculo do valor presente, apresentado no próximo
capítulo, o qual é utilizado nos cálculos da maioria dos índices de avaliação
econômica. O primeiro modelo não apresenta a incidência do Imposto de
Renda. O segundo modelo, de aplicação geral, contempla as incidências
fiscais.

A elaboração do fluxo de caixa pressupõe algumas simplificações:

a. admite-se que os custos e os desembolsos ocorram no mesmo ano;


b. admite-se que a geração do lucro e o desembolso para pagamento do
respectivo Imposto de Renda ocorram no mesmo período;
c. considera-se que a produção e a venda ocorram no mesmo período, ou
seja, não há formação de estoques além do previsto pelo cálculo do capi-
tal de giro.

Em ambos os casos, considerou-se um projeto com três anos de implantação


e dez anos de operação.

Montagem do fluxo de caixa


Confira, na Tabela 15, o exemplo de um fluxo de caixa sem Imposto de Ren-
da. E na Tabela 16, o exemplo de um fluxo de caixa com Imposto de Renda.
Tabela 15: Exemplo de fluxo de caixa sem Imposto de Renda
Implantação Operação
Ano
0 1 2 3 4 5 a 11 12
1. Receita líquida
800,00 900,00 1.000,00 1.000,00
operacional
2. Custos fixos -100,00 -100,00 -100,00 -100,00
3. Custos variáveis -160,00 -180,00 -200,00 -200,00
4. Resultado
operacional (1 + 2 540,00 620,00 700,00 700,00
+ 3)
Curso Básico de Gestão de Energia

5. Investimento fixo -1.000,00 -2.000,00 -1.500,00 500,00


6. Capital de giro -300,00 300,00
7. Caixa líquido (4 +
-1.000,00 -2.000,00 -1.800,00 540,00 620,00 700,00 1.500,00
5 + 6)

Valor residual de investimento

Recuperação do capital de giro


198
Tabela 16: Exemplo de fluxo de caixa com Imposto de Renda
Implantação Operação
Ano
0 1 2 3 4 5 a 11 12
1. Receita líquida
800,00 900,00 1.000,00 1.000,00
operacional
2. Custos fixos -100,00 -100,00 -100,00 -100,00
3. Custos variáveis -160,00 -180,00 -200,00 -200,00
4. Depreciação -400,00 -400,00 -400,00 -400,00
5. Investimento
tributável (1 + 2 + 140,00 220,00 300,00 500,00
3 + 4)
6. Imposto de
-49,00 -77,00 -105,00 -105,00
Renda (35% x5)
Curso Básico de Gestão de Energia

7. Lucro líquido (5
91,00 143,00 195,00 195,00
+ 6)
8. Depreciação (4) 400,00 400,00 400,00 400,00
9. Caixa gerado (7
491,00 543,00 595,00 595,00
+ 8)
10. Investimento
-1.000,00 -2.000,00 -1.500,00 500,00
fixo
11. Capital de giro -300,00 300,00
12. Caixa líquido (9
-1.000,00 (2.000,00) -1.800,00 491,00 543,00 595,00 1395,00
+ 10 + 11)
199

Valor residual de investimento

Recuperação do capital de giro


Curso Básico de Gestão de Energia 200

Taxa Mínima de Atratividade (TMA)


É o índice fundamental de avaliação econômica em relação ao qual a maio-
ria dos índices é comparada. Ao se considerar uma nova proposta de investi-
mento, deve-se levar em conta que deslocará recursos disponíveis e, portan-
to, deixar-se-á de auferir retorno de outras possíveis fontes.

Em consequência, para ser atrativa, a nova proposta deve render, no mínimo,


a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de
pouco risco. Essa é, portanto, a taxa mínima atrativa de retorno ou TMA.

Toda empresa tem um índice mínimo de rentabilidade desejado, determina-


do em função de suas alternativas de emprego de dinheiro, em projetos ou
no mercado financeiro.

Para a empresa levar um projeto em consideração, sua rentabilidade deve


ser superior a essa TMA, pois, se for inferior, a empresa terá outras oportuni-
dades melhores de aplicar seu capital.

Relembrando

Você viu que todo projeto de investimento é analisado sob


dois aspectos: viabilidade técnica e viabilidade econômica.

O fluxo de caixa (designado, em inglês, por cash flow) é uti-


lizado no planejamento de projetos geralmente específicos
e se refere ao montante de caixa recebido e gasto por uma
empresa durante um período de tempo definido.

O fluxo de caixa é a previsão de entradas e saídas de


recursos monetários por um determinado período. O prin-
cipal objetivo dessa previsão é fornecer informações para
a tomada de decisões, tais como: prognosticar as necessi-
dades de captação de recursos, prever os períodos em que
haverá sobras ou necessidades de recursos e aplicar os
excedentes de caixa nas alternativas mais rentáveis para a
empresa, sem comprometer a liquidez.
Curso Básico de Gestão de Energia 201

Resumidamente, podemos afirmar que fluxo de caixa é a


demonstração visual das receitas e despesas distribuídas
pela linha do tempo futuro.

Para a montagem da projeção do fluxo de caixa, devemos


considerar os seguintes dados: custos fixos, custos variá-
veis, investimento fixo, capital de giro, depreciação e Im-
posto de Renda.

A análise de uma proposta de investimento deve conside-


rar o fato de se estar perdendo a oportunidade de auferir
retornos pela aplicação do mesmo capital em outros proje-
tos.

Saiba Mais

Quer saber mais sobre o assunto? Consulte:

˜˜ CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de in-


vestimentos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
˜˜ MARTINS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática financeira.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Unidade
Ferramentas de Análise
de Investimentos
4
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ determinar o Valor Presente Líquido (VPL) de projetos


para decidir aceitar ou rejeitar o projeto em questão;

˜˜ calcular a Taxa Interna de Retorno (TIR) de um projeto


e, depois, decidir aceitá-lo ou rejeitá-lo;

˜˜ determinar o tempo de retorno de um projeto.

Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudo:

˜˜ Seção 1: Valor Presente Líquido (VPL).

˜˜ Seção 2: Taxa Interna de Retorno (TIR).

˜˜ Seção 3: Determinação do Tempo de Retorno (payback).


Curso Básico de Gestão de Energia 204

Para Iniciar

A avaliação econômica de um projeto de investimento é,


basicamente, um problema de escolha entre duas ou mais
alternativas. Mesmo quando se tem uma única alternativa
em estudo, na realidade, está sendo avaliada a possibilida-
de de executar o projeto ou nada fazer, mantendo o capital
da empresa aplicado no âmbito em que estava anterior-
mente.

Serão apresentados os principais métodos de avaliação


econômica de projetos, que permitirão comparar alternati-
vas diferentes e, assim, selecionar a mais vantajosa.

Com todas essas informações, trilhar os caminhos do co-


nhecimento será muito interessante.

Bons estudos!

Seção 1

Valor Presente Líquido (VPL)

O método do Valor Presente Líquido (VPL) consiste em calcular a soma


algébrica de todos os valores de caixa do projeto, trazendo os mesmos para
o período zero por meio do desconto à TMA (Taxa Mínima de Atratividade1),
sendo, por isso, também conhecido como método do fluxo de caixa2 descon-
tado (Discounted Cash Flow ou DCF).

Considere, na Figura 64, um fluxo de caixa genérico, constituído por uma


saída de caixa (investimento) e várias entradas (receitas líquidas):

1  TMA é uma taxa de juros que representa o mínimo que um investidor se propõe
a ganhar quando faz um investimento ou o máximo que um tomador de dinheiro se
propõe a pagar quando faz um financiamento.
2  Fluxo de Caixa: refere-se ao montante de caixa recebido e gasto por uma em-
presa durante um período de tempo definido, eventualmente ligado a um projeto
específico.
Curso Básico de Gestão de Energia 205

Figura 64: Diagrama de Fluxo de Caixa Genérico

O VPL na taxa de atratividade “i” é calculado pela expressão (36):

St
VPL(i%)= -I+ ∑nt= 1 (1 + i)t (36)

Atenção

Observações importantes:

˜˜ note que o sinal negativo em I (investimento) significa


um valor retirado do caixa da organização;
˜˜ os St representam as receitas líquidas em cada perío-
do;
˜˜ os sinais positivos para S1 e S2 representam entradas
no caixa;
˜˜ a taxa de atratividade “i” deve estar em %;
˜˜ a taxa “i” deve ser compatível com os intervalos das
receitas líquidas, ou seja, se o período analisado for
anual, a taxa deve ser tomada ao ano e, para o período
de alguns meses, deve-se adotar uma taxa mensal.
Curso Básico de Gestão de Energia 206

Para o emprego desse método de avaliação econômica, é muito importan-


te interpretar corretamente seu resultado. Assim, um VPL positivo significa
que as receitas geradas pelo projeto (em moeda de hoje) são superiores
aos desembolsos que ele requer, configurando um projeto economicamente
interessante. Em outras palavras, um VPL positivo (muitas vezes, denomi-
nado “benefício do projeto”) corresponde ao excesso de lucro que se obtém
realizando o projeto, acima do que seria obtido caso o capital fosse aplicado
à taxa de atratividade.

Por outro lado, um VPL negativo mostra que a realização do projeto trará
resultados inferiores ao emprego do capital à taxa de atratividade, devendo-
-se, por isso, rejeitar o projeto.

Finalmente, quando o VPL é zero, o rendimento proporcionado pelo projeto é


idêntico ao obtido pela aplicação do capital à taxa de atratividade.

Nota

Resumindo:

VPL > 0: projeto aceito

VPL < 0: projeto rejeitado

VPL = 0: situação de indiferença

Confira o exemplo abaixo.

Analise a viabilidade de um projeto cujos parâmetros econômicos são os


seguintes relatos:

˜˜ Vida econômica = 5 anos


˜˜ Investimento = $ 100 milhões

Receitas líquidas (já descontados os custos operacionais):

˜˜ Ano 1 = $ 40 milhões
˜˜ Ano 2 = $ 80 milhões
Curso Básico de Gestão de Energia 207

˜˜ Ano 3 = $ 30 milhões (manutenção)


˜˜ Ano 4 = $ 80 milhões
˜˜ Ano 5 = $ 80 milhões

A resolução deste exemplo é a seguinte.

Inicialmente, você representará o projeto pelo fluxo de caixa. Veja a Figura


65:

Figura 65: Fluxo de caixa

Utilizando a fórmula (36) para o cálculo do VPL a 10%, você terá a expressão
(37):

40 80 30 80 80
VPL(10%)= -100+ + - + + (37)
(1+0,1)1 (1+0,1)2 (1+0,1)3 (1+0,1)4 (1+0,1)5

VPL (a10%) = +84,25 milhões

Como o VPL é positivo, conclui-se que o projeto é atrativo, proporcionando


um lucro (em moeda de hoje) de $ 84,25 milhões acima do que se o capital
de $ 100 milhões fosse aplicado à taxa de 10% ao ano.

Além da decisão entre fazer e não fazer, o método do VPL constitui um ex-
celente instrumento na escolha da melhor alternativa, calculando o VPL do
projeto na taxa de atratividade.
Curso Básico de Gestão de Energia 208

A vantagem do emprego do VPL nessa decisão é que os fluxos de caixa


representativos dos projetos podem ter características bem distintas. Acom-
panhe:

˜˜ os investimentos iniciais podem ser iguais ou diferentes, sendo que, nes-


te último caso, a diferença entre investimentos será aplicada à TMA até o
final da vida econômica;
˜˜ as vidas econômicas podem ser iguais ou diferentes, ou seja, um ou mais
projetos podem terminar antes dos outros. Neste caso, assumimos que
as quantias recebidas nos projetos mais curtos ficarão aplicadas à TMA
até o final do projeto mais longo.

Veja um exemplo de escolha entre as propostas de investimento A e B, am-


bas descritas a seguir.

Proposta A = investir $ 10 mil hoje para receber $ 2 mil anuais nos próxi-
mos dez anos;

Proposta B = investir $ 14 mil hoje para receber $ 3 mil anuais nos próxi-
mos dez anos.

A taxa de atratividade é de 10% ao ano.

Pergunta

E agora? Como resolver isso?

Veja a representação dos fluxos de caixa das propostas A e B, na Figura 66:


Curso Básico de Gestão de Energia 209

Figura 66: Fluxo de caixa das propostas A e B

Calculando-se os VPL de cada alternativa à taxa de 10% a.a., tem-se:

VPL (A) = + $ 2.289

VPL (B) = + $ 4.433

Por ter maior valor atual, a proposta B será escolhida. Nesta decisão, con-
vém não esquecer que já estão incluídas:

˜˜ a reaplicação à TMA de todas as quantias recebidas durante a vida útil


dos projetos (dez anos);
˜˜ a aplicação à TMA do saldo de $ 4.000 que sobrou do investimento no
Projeto A em relação ao Projeto B. Em outras palavras, se o empresário
tinha uma verba de $ 14 mil para investir, ao escolher B, ele a consumiria
por completo – mas, se escolhesse A, gastaria $ 10 mil e sobrariam $ 4
mil, que seriam aplicados à TMA.

Para comprovar que o método do VPL aponta diretamente a alternativa mais


vantajosa sem a necessidade de calcular a reaplicação dos saldos, veja o
montante que cada projeto terá ao final da vida econômica (dez anos).
Curso Básico de Gestão de Energia 210

No Projeto A, serão gastos $ 10.000, para os quais serão recebidos $ 2.000


anuais durante dez anos e, além disso, o saldo de $ 4.000 será aplicado
durante dez anos a 10% a.a.

No Projeto B, toda a verba de $ 14.000 é gasta e tem-se, em contrapartida, o


recebimento de $ 3.000 anuais durante dez anos, aplicados a 10% a.a.

Calculam-se os montantes acumulados (Mx) para os dois projetos utilizando-


-se as expressões (38) e (39):

MA = VPLA x (1 + i)n (38)

MB = VPLB x (1 + i)n + saldo x (1 + i)n (39)

MA = 2.289 x (1 + 0,1)10 = $ 5.937

MB = 4.433 x (1 + 0,1)10 + 4.000 x (1 + 0,1)10 = $ 11.499,88 + $ 10.374,97 =


$ 21.874,85

Fica assim demonstrado que a escolha do Projeto B pelo método VPL foi
acertada.

Relação VPL/investimento
Se dois projetos diferentes apresentam valores atuais semelhantes, pode-se
decidir entre eles calculando o quociente do VPL sobre o investimento inicial
e procurando escolher, então, os projetos com maiores valores. Por exemplo,
sejam os projetos C e D com as características apresentadas na tabela 17:

Tabela 17: Características dos projetos C e D


C D
Valor anual das receitas 1.000 300
Investimentos (900) (200)
VPL do projeto 100 100

Embora os dois projetos aparentem ser igualmente vantajosos, pode-se ve-


rificar que o Projeto D é nitidamente mais interessante, pois permite obter o
mesmo VPL com um investimento menor, conforme mostram as relações da
tabela 18:
Curso Básico de Gestão de Energia 211

Tabela 18: Relação VPL/investimento dos projetos C e D


C D
Relação [VPL/
100/900 = 0,11 100/200 = 0,50
investimento]

Nesta seção, você acompanhou o exemplo de como decidir entre duas


propostas e sua relação VPL. Na próxima, você conhecerá a taxa interna de
retorno. Confira!

Seção 2

Taxa Interna de Retorno


(TIR)

A taxa de retorno é a rentabilidade que o projeto apresenta para o capital


nele investido.

A TIR é um índice de economicidade de maior simpatia para os investidores


pela semelhança que apresenta com a maneira de avaliar os resultados de
investimentos em aplicações financeiras, fundos de investimento, rendimen-
to de outros projetos, etc., isto é, por meio de uma taxa de rendimento anual
ou mensal.

A utilização da TIR na aceitação ou na rejeição de um projeto de investimen-


to é feita comparando este índice com a TMA da empresa:

˜˜ TIR > TMA = o projeto pode ser aceito, pois será uma opção melhor que
as alternativas existentes no mercado financeiro;
˜˜ TIR < TMA = o projeto deve ser rejeitado, já que há opções mais vantajo-
sas de aplicação do capital.

Uma forma simples de se entender a TIR é considerar os investimentos reali-


zados como “empréstimos” da empresa ao projeto e as receitas líquidas au-
feridas como “pagamento” desses empréstimos pelo projeto. De acordo com
essa concepção, a TIR seria a taxa de juros que o projeto “pagaria” à empre-
sa pelo “empréstimo”, ou seja, a rentabilidade sobre o capital aplicado.
Curso Básico de Gestão de Energia 212

Acompanhe, a título de exemplo, o fluxo de caixa representativo de um proje-


to de investimento, na tabela 19:

Tabela 19: Fluxo de caixa de um projeto de investimento


Ano Fluxo de caixa ($)
0 (100.000)
1 30.000
2 40.000
3 50.000
4 50.000

A TIR calculada para esse fluxo de caixa é de 22,772% a.a. (ver método de
cálculo adiante).

Se elaborarmos um cronograma de amortização do “empréstimo” de


$ 100.000, ao longo dos quatro anos seguintes, utilizando como taxa de ju-
ros 22,772% a.a., a dívida ficará zerada, conforme a Tabela 20: Amortização
do empréstimo, a seguir:

Tabela 20: Amortização do empréstimo


Juros pagos
Pagamentos Amortização Saldo devedor
Ano (22,772% s/
(receitas) da dívida (100.000)
S.D.)
1 22.772 30.000 7,228 (92.772)
2 21.126 40.000 18.874 (73.808)
3 16.828 50.000 33.172 (40.726)
4 9.274 50.000 40.726 –

Cálculo da TIR
A TIR de um investimento, por definição, é a taxa de desconto que torna nulo
o VPL do seu fluxo de caixa. Em outras palavras, a TIR é a taxa de juros que
faz com que o valor atual das receitas geradas pelo projeto se iguale ao valor
atual dos desembolsos que ele requer.

Considere o fluxo de caixa genérico representado na Figura 67 a seguir:


Curso Básico de Gestão de Energia 213

Figura 67: Fluxo de Caixa Genérico

A TIR será, portanto, o valor da taxa de juros “i” que satisfaz a equação será
dada pela equação (40):

S
VPL(i%)= -I+ ∑nt= 1 (1 +t i)t = 0 VPL (40)

Fazendo 1/(1 + i) = x, o resultado é uma equação do grau “n” a ser resolvida:

- I + a . x + b . x2 + ... + z . xn = 0

Ou arrumando-se os termos de trás para frente, tem-se a equação (41)

z . xn + ... + b . x2 + a . x + I = 0 (41)

A resolução dessa equação nos dará o valor da TIR. Quando o grau “n” desta
equação for muito elevado, será necessário utilizar o método iterativo para
encontrar a solução. Para tanto, pode-se utilizar a função “Atingir meta” do
Excel (planilha eletrônica).

Veja um exemplo de aplicação.

Calcule a TIR para o fluxo de caixa representado na Figura 68:


Curso Básico de Gestão de Energia 214

Figura 68: Fluxo de caixa para cálculo de TIR

A equação (41), possui duas raízes:

x1 = 0,833

x2 = -1,66

Como não há sentido prático trabalhar com TIR negativa, desconsideramos o


resultado x2 (-1,66).

Como 1/(1 + i) = 0,833, então i = 0,20.

A TIR é, portanto, 20% a.a.

TIR de um fluxo de caixa genérico


No caso geral de um fluxo de caixa com maior número de termos, o cálculo
da TIR é feito por tentativas num processo iterativo cujo procedimento é o
seguinte:
Curso Básico de Gestão de Energia 215

˜˜ escolhe-se uma taxa de juros “i”;


˜˜ calcula-se o VPL do fluxo de caixa para essa taxa “i”;
˜˜ VPL positivo significa que, na taxa “i”, o valor presente das receitas é
maior do que o valor presente dos gastos. Nesse caso, deve-se efetuar o
cálculo do VPL com outras taxas de juros maiores, até que o VPL se torne
negativo;
˜˜ a TIR é calculada por interpolação entre as duas taxas de juros que cau-
saram a mudança de sinal no VPL, obtendo-se, então, a taxa para a qual
se tem VPL= 0;
˜˜ se o VPL da primeira taxa for negativo, procede-se do mesmo modo, mas
diminuindo-se as taxas.

Veja a representação gráfica na Figura 69, a seguir.

Figura 69: TIR de um fluxo de caixa genérico

Acompanhe alguns exemplos de aplicação.

Exemplo 1

Dado o fluxo de caixa na Figura 70, mostre a variação de seu VPL em função
da taxa de juros e calcule a TIR.
Curso Básico de Gestão de Energia 216

Figura 70: Fluxo de caixa para cálculo de TIR e variação de VPL

Veja como resolver esse exemplo.

Faça a taxa de juros variar de 0% a 15%, calculando, para cada taxa, o cor-
respondente VPL:

I = 0% → VPL = –10.000 + 8 x 2.000 = +6.000

I = 5% → VPL = –10.000 + 12.926 = +2.926

I = 10% → VPL = –10.000 + 10.670 = +670

I = 15% → VPL = –10.000 + 8.975 = –1.025

Fazendo o cálculo, por interpolação linear, entre 10% e 15%, a TIR resulta
em 11,97%

Nota

Acompanhe a automação destes cálculos pela planilha


eletrônica disponível na biblioteca, na pasta da Etapa
Conclusiva (Planilha Análise Econômica.xls). Neste arqui-
vo, você poderá perceber o método iterativo exemplificado
aqui e a função TIR do Excel.
Curso Básico de Gestão de Energia 217

TIR em Fluxos de Caixa Não Conven-


cionais
Você viu que o cálculo da TIR implica a resolução de uma equação de grau
“n“:

zxn + ... + bx2 + ax -I = 0 (42)

A solução matemática dessa equação apresenta “n” raízes, ou seja, você po-
deria, teoricamente, ter “n” valores para a TIR. Todavia, pode-se mostrar que
o número de raízes positivas num polinômio de grau “n” é, no máximo, igual
ao número de trocas de sinal dos coeficientes do polinômio.

Os fluxos de caixa apresentados até aqui são chamados de “convencionais”


por terem uma ou mais saídas de caixa (investimentos), seguidas por perío-
dos de entradas de caixa (receitas). Veja a Figura 71 (Fluxo de Caixa Conven-
cional).

Figura 71: Fluxo de Caixa Convencional

Esses fluxos convencionais têm apenas uma TIR, pois trocam de sinal uma
única vez. Existem, porém, fluxos de caixa nos quais ocorrem mais de uma
troca de sinal entre os coeficientes do polinômio: são os chamados “fluxos
não convencionais”, que podem, por esse motivo, apresentar mais de uma
TIR ou, até mesmo, não ter TIR (nenhuma raiz positiva).
Curso Básico de Gestão de Energia 218

Veja, por exemplo, o fluxo de caixa não convencional (em $ 1.000) represen-
tado na Figura 72.

Figura 72: Fluxo de caixa não convencional

Calculando-se o VPL para diversas taxas de desconto, resulta a Tabela 21:

Tabela 21: Resultado do cálculo do VPL


i (%) VPL
0 –30
10 –24
20 –20,9
30 –19,4
40 –19,4
50 –20
60 –21,1
70 –22,5

Ou seja, o fluxo de caixa não tem TIR, porque nenhuma taxa de desconto
anula seu VPL.

Confira outro exemplo de aplicação:

Exemplo 2

Calcule a TIR para o fluxo de caixa da Figura 73:


Curso Básico de Gestão de Energia 219

Figura 73: Fluxo de caixa não convencional para cálculo de VPL

Veja como resolver.

Calcule os VPL para diversas taxas de desconto, apresentando os resultados


na Tabela 22 a seguir:

Tabela 22: Cálculo de VPL


VPL (equação 40)
i 2400 1430
(%)
VPL(i)=-1000+ - Cálculos
(1+i)1 (1+i)2

0 –30,00 –1.000 + 2.400 – 1.430


10 0 –1.000 + 2.400/1,10 – 1430/1,21
20 +6,9 –1.000 + 2.400/1,20 – 1.430/1,44
30 0 –1.000 + 2.400/1,30 – 1.430/1,69
40 –15,3 –1.000 + 2.400/1,40 + 1.430/1,96
50 35,5 –1.000 + 2.400/1,50 – 1.430/2,25

Assim sendo, verificou-se que esse fluxo de caixa apresenta duas taxas de
retorno (TIR): 10% e 30%.

Esse tipo de problema é, em alguns casos, de difícil interpretação, pois a


TIR é apenas um conceito matemático: é a taxa de juros que anula o VPL do
fluxo de caixa. Em tais casos, recomenda-se utilizar, como critério de decisão
entre alternativas de investimento, o método do VPL.
Curso Básico de Gestão de Energia 220

Acompanhe um novo caso de aplicação.

Exemplo 3

Considerando-se que o fluxo de caixa é composto por apenas uma saída no


período 0 de R$ 100,00 e uma entrada no período 1 de R$ 120,00, calcule a
TIR.

Resolução:

Considerando a equação (40), temos:

VPL = - I + a/(1+i)+b/(1+i)^2 + ... + z/(1+i)^n (40)

VPL = 0 ...... (condição para determinar o valor da TIR)

I = 100,00

a = 120,00

0 = –100,00 + 120,00/(1 + i)

100,00 = 120,00/(1 + i)

(1 + i) = 120,00/100,00

(1 + i) = 1,2

I = 0,2 ... então TIR (%) = 20,00%

Nesta seção, você acompanhou vários exemplos que facilitaram a compre-


ensão sobre os assuntos abordados por esta unidade. Na próxima seção,
você aprenderá a calcular o tempo de retorno. Siga em frente!
Curso Básico de Gestão de Energia 221

Seção 3

Determinação do Tempo de
Retorno (payback)

O tempo de retorno do capital (conhecido em inglês por payback ou payout


time) é um importante índice de avaliação econômica de projetos de inves-
timento. Por definição, o tempo de retorno é o tempo necessário para que o
investimento efetuado no projeto seja totalmente recuperado com as recei-
tas líquidas geradas.

É basicamente um critério de liquidez do projeto, pois reflete o tempo em


que o capital investido está comprometido nele: quanto menor o tempo de
retorno, menor o risco envolvido.

Este método é aplicado de duas formas: payback simples e payback des-


contado. Os dois se diferenciam, principalmente, pelo fato de que o pay-
back descontado considera o valor temporal do dinheiro, ou seja, atualiza
os fluxos futuros de caixa a uma taxa de aplicação no mercado financeiro,
trazendo os fluxos a valor presente (VPL) para, depois, calcular o período de
recuperação.

A expressão (43) é frequentemente utilizada para o cálculo do tempo de


retorno:

Tempo de retorno = Investimento inicial (43)


Lucro médio anual

A expressão para o Lucro Total é apresentada na equação (44):

Lucro Total = Lucro médio anual x tempo de vida (44)

O emprego dessa expressão na decisão entre alternativas de investimento


pode, contudo, gerar graves distorções. Confira.
Curso Básico de Gestão de Energia 222

Exemplo 1

Suponha que você precisa escolher entre três projetos, A, B e C. Todos reque-
rem o mesmo investimento inicial ($ 10.000) e têm características listadas
na Tabela 23, a seguir:

Tabela 23: Características dos projetos de investimento – Payback simples


Projeto A Projeto B Projeto C
1. Investimento 10.000 10.000 10.000
2. Lucro médio anual 2.500 2.500 3.333
3. Tempo de vida 5 anos 8 anos 3 anos
4. Lucro total do projeto (Lucro médio
12.500 20.000 10.000
anual x Tempo de vida)
5. Payback simples (Investimento/
4 anos 4 anos 3 anos
Lucro médio anual)

O Projeto B aparece como o melhor dos três, uma vez que forneceria um lu-
cro total de $ 20.000 no período de oito anos. Mas, se tivéssemos de decidir
utilizando a expressão (43), escolheríamos o projeto C, embora o investimen-
to não produzisse um único centavo de lucro.

Pergunta

Certo, mas como determinar o tempo de retorno do Proje-


to A para TMA = 15%?

Observe o fluxo de caixa para cálculo de tempo de retorno (payback), repre-


sentado na Figura 74.
Curso Básico de Gestão de Energia 223

Figura 74: Fluxo de caixa para cálculo de tempo de retorno (payback)

Acompanhe a resolução desse exemplo:

A Tabela 24: Determinação do Tempo de Retorno, mostra os cálculos efetua-


dos.

Tabela 24: Determinação do Tempo de Retorno


Tempo Receitas P (Valor Presente) Fluxo Acumulado
0 –500 –500 –500
1 100 86,9 –413,1
2 300 226,8 –186,3
3 400 263,0 +76,7
4 500 285,9 362,6

O valor de “P” é calculado pela equação (45), retirada de (22):

P = Receita/(1 + i)^tempo (45)

Observando o quadro, você pôde verificar que o tempo de retorno está entre
os anos 2 e 3. Por interpolação linear, você chega a:
tempo de retorno = 2 + [186,3/(186,3 + 76,7)] = 2,71 anos
Curso Básico de Gestão de Energia 224

Tempo de Retorno de Fluxos de Caixa


Regulares
Nos fluxos regulares, o investimento é concentrado no instante zero e as
receitas líquidas são constantes, como indicado no esquema da Figura 75
(Fluxo Genérico de Caixa Regular), a seguir.

Figura 75: Fluxo Genérico de Caixa Regular

Nesse caso, o tempo de retorno é facilmente calculado pela fórmula da ma-


temática financeira (equação 46) que determina “n”, sendo dados “P”, “R” e
“i”

R
Log
R – P. i
n=
log (1 + i) (46)

Sendo:

P = investimento inicial;

R = receita líquida anual;


Curso Básico de Gestão de Energia 225

i = taxa de atratividade, utilizada na atualização das quantias envolvidas.

Nesta fórmula, você pôde observar que, se a receita líquida anual “R” for
igual ou inferior ao juro obtido pela aplicação do capital investido na TMA (=
P . i), o valor de “n” tende ao infinito, ou seja, o capital nunca retorna, como
visto no exemplo descrito anteriormente.

Confira outro.

Exemplo 2

Determine o tempo de retorno do Projeto B, cujo fluxo de caixa está repre-


sentado na Figura 76, sabendo que a taxa de atratividade é de 15% a.a.

Figura 76: Fluxo de caixa convencional para cálculo de tempo de retorno (payback)

Veja a resolução:

Utilizando-se a fórmula 15 com os valores P = 500, R = 250 e i = 0,15, resul-


ta o tempo de retorno de 2,55 anos

O método do tempo de retorno, mesmo com atualização das quantias envol-


vidas, intrinsecamente tem o problema de ignorar por completo as receitas
obtidas após a recuperação do capital investido, quando poderá gerar lucros
durante um período e, por isso, não deve ser um critério final na decisão
entre alternativas de investimento, tendo apenas um papel secundário ou
complementar.
Curso Básico de Gestão de Energia 226

Assim, na escolha entre dois projetos – A e B –, pode-se ter o Projeto B com


menor tempo de retorno que o Projeto A (por exigir menores investimentos
e/ou apresentar maiores receitas no início da vida econômica) e, no entanto,
não ser o mais indicado quando comparados os benefícios totais de ambos.

Observe na Figura 77, um comparativo entre os projetos A e B:

Figura 77: Comparativo entre os projetos A e B

Ao final da vida de ambos, o Projeto A apresenta um ganho real “y” em rela-


ção ao Projeto B, embora este tenha menos tempo de retorno. Ou seja, se o
tempo de retorno fosse o único critério de decisão, a escolha recairia no Pro-
jeto B. No entanto, os demais índices, como TIR e VPL, mostram claramente
que o Projeto A é o mais indicado, conforme a Tabela 25.

Tabela 25: Comparativo de critérios dos projetos A e B


Critério Projeto A Projeto B Decisão
TIR 40,0% 34,9% A
Valor Presente Líquido (a 15%) 363 214 A
Tempo de Retorno (a 15%) 2,71 2,55 B
Curso Básico de Gestão de Energia 227

É recomendável, portanto, nunca empregar esse método como elemento


principal da decisão entre alternativas de investimento. Na verdade, o tempo
de retorno não é um índice de rentabilidade, mas de liquidez, refletindo o
tempo em que o dinheiro da empresa investido no projeto estará em perigo.
Porém, é um índice importante, utilizado principalmente nas seguintes situa-
ções:

a. quando o risco ou a incerteza que envolve o projeto é grande. Muitas


empresas, para diminuir a possibilidade de sofrer perdas, costumam fixar
como padrão um tempo máximo para retorno de seus projetos, rejeitan-
do os que apresentam tempos de retorno maiores;
b. quando a empresa tem restrições orçamentárias de caixa. Neste caso,
ela dará prioridade aos projetos com retorno mais rápido (mesmo que
com menor rentabilidade), a fim de que possa recompor seus recursos o
mais brevemente possível;
c. quando a empresa vislumbra, num futuro próximo, um grande projeto
que exigirá vultosos recursos. Neste caso, ela pode investir em projetos
menores desde que o retorno do capital ocorra antes de o projeto maior
deslanchar, garantindo recursos para este.

Finalizando, lembramos que payback é o tempo transcorrido entre o inves-


timento inicial e o momento em que o lucro líquido acumulado se iguala ao
valor desse investimento. Há dois tipos:

˜˜ payback simples, calculado com base no fluxo de caixa com valores no-
minais;
˜˜ payback descontado, calculado com base no fluxo de caixa com valores
trazidos ao valor presente.

Relembrando

Nessa unidade, você aprendeu que o VPL é a fórmula


matemático-financeira de se determinar o valor presente
de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros
apropriada, menos o custo do investimento inicial. Viu que,
por definição, a taxa interna de retorno de um fluxo de cai-
xa é a taxa para a qual o valor presente líquido do fluxo é
nulo e que, como regra geral, existem alguns procedimen-
tos para a determinação de taxas de retorno.
Curso Básico de Gestão de Energia 228

Também conferiu que qualquer projeto de investimento


possui, de início, um período de despesas (em investi-
mento) e segue um período de receitas líquidas (líquidas
dos custos do exercício). Verificou ainda que o período de
tempo necessário para as receitas recuperarem a despesa
em investimento é o período de recuperação, que pode ser
considerado com ou sem o fluxo de caixa atualizado.

Também aprendeu que investimento implica saída ime-


diata de dinheiro e, em contrapartida, espera-se receber
fluxos de caixa que, ao longo do tempo, compensem essa
saída.

Saiba Mais

Para saber mais sobre o assunto estudado nessa unidade,


que tal uma leitura? Eis uma boa indicação:

˜˜ CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de in-


vestimentos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Unidade
COMPORTAMENTAL 5
Objetivos

Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

˜˜ Entender o papel da liderança pela busca da eficiência


energética na indústria.

˜˜ Compreender o processo de comunicação, suas barrei-


ras e interferências, utilizando-a de forma assertiva.

˜˜ Conhecer as vantagens e alguns aspectos importantes


para a formação e o desenvolvimento de equipes de
trabalho.

Seções de estudo
Nesta unidade você acompanhará as seguintes seções de estudos:

˜˜ Seção 1: Liderança.

˜˜ Seção 2: Comunicação e técnicas de apresentação.

˜˜ Seção 3: Trabalho em equipe e motivação.


Curso Básico de Gestão de Energia 230

Para Iniciar

Nesta unidade, você conhecerá as competências compor-


tamentais necessárias para o gestor que atua na indús-
tria em busca da eficiência energética. Como profissional
você, com certeza, já utilizou os conceitos e técnicas que
trabalhará nesta disciplina, ou já sentiu falta de conhecer
mais o assunto. Você também já deve ter percebido que
a gestão de eficiência energética vai muito além do co-
nhecimento técnico. Há um fator humano muito forte e
que precisa ser levado em conta no momento de realizar
mudanças nos sistemas e nas atitudes das pessoas. Essas
mudanças são, muitas vezes, essenciais para o sucesso de
todas as ações propostas e dependem muito do compro-
metimento de todos. Saber lidar com as pessoas é, portan-
to, um fator fundamental.

Seção 1

Liderança

Conceitos importantes –
quem é o líder?
Esta unidade iniciará o seu estudo com alguns conceitos importantes sobre
liderança. Pense um instante: você consegue identificar alguém que tenha
influenciado a sua vida?

Em caso afirmativo, como era essa pessoa? Quais suas características? O


que você mais valorizou nessa pessoa?
Curso Básico de Gestão de Energia 231

Reflita

Você sabia que um líder tem papel muito importante na


vida das pessoas? Os líderes influenciam comportamentos
e a vida de muita gente, assumindo diferentes estilos de
atuação. Nesta linha de pensamento, quando é necessária
a presença ou a influência de um líder? Qual o seu papel
dentro das equipes?

Cabe ao líder buscar o comprometimento e despertar a motivação neces-


sária para que as pessoas mudem o seu comportamento e busquem uma
atuação alinhada à proposta de determinada tarefa. Este papel é parte fun-
damental quando se fala em equipes e mudança de comportamento dentro
de uma organização.

Ao tratar de gestão de energia, está se falando em mudança de cultura, o


que, consequentemente, leva à mudança de comportamento ou, pelo me-
nos, à revisão de sua forma de agir. Sendo assim, o papel da liderança é o
desencadeador de todo o processo de implementação deste projeto.

Liderar é estar voltado para objetivos a longo prazo na empresa, estabele-


cendo metas, atingindo-as no dia a dia, de forma integrada e eficaz. O papel
do líder não está apenas no fato de ter autoridade relacionada a um cargo
de chefia, seja em nível de supervisão, gerência ou diretoria. O líder, além de
conhecimentos técnicos, precisa estar capacitado para lidar com comporta-
mentos e ter habilidade de influenciar a equipe que está gerenciando.

Desta forma, cabe destacar que a liderança:

é definida como a habilidade de influenciar outras


pessoas a tomar, de forma voluntária e rotineira, decisões
que aumentem a viabilidade, em longo prazo, da organi-
zação, ao mesmo tempo em que mantém a estabilidade
financeira em curto prazo. (ROWE, 2002, p. 10).
Curso Básico de Gestão de Energia 232

Para influenciar as pessoas, o líder precisa agir com legitimidade, ou seja,


suas ações devem estar apoiadas no reconhecimento do seu papel por sua
equipe. Desse modo, sua influência desenvolverá positivamente seus pares e
atingirá as metas almejadas pela empresa.

O exercício da liderança exige algumas características da pessoa que assu-


me esse papel. Confira algumas características que um líder deve ter, segun-
do Junqueira (2005).

˜˜ Motivador: um líder precisa estar motivado e passar isto para sua equipe.
Sua energia deve ser o combustível de sua atuação.
˜˜ Comprometido: precisa gostar e acreditar no que faz. Passar credibilida-
de e veracidade em suas informações.
˜˜ Perceptivo: precisa perceber a organização como um organismo vivo. A
interação entre as pessoas deve fazer parte de sua rotina.
˜˜ Estudante: um líder deve buscar o aprendizado contínuo, pois ele será a
base segura das informações e transformações dentro da organização.
˜˜ Professor: assim como aprende, um líder também ensina. Passa seu
conhecimento, é um aconselhador. Mostra o caminho.
˜˜ Inquieto: questionador em relação às mudanças e como estas interferem
no trabalho e desempenho da organização.
˜˜ Empreendedor: deve ser corajoso nas decisões e buscar a inovação, fazer
diferente em busca da melhoria e de resultados.
˜˜ Ético: saber que suas ações, atitudes e seus valores são vistos por todos,
será o espelho, o exemplo na organização.

O líder precisa, ainda, ter conhecimento não só sobre seus colaboradores,


como também sobre si mesmo. Este é um fator crucial quando se fala em
liderança. Você precisa saber não apenas quem você é para o desenvolvi-
mento de suas tarefas, mas, como está, pois suas decisões não podem estar
baseadas em seu humor ou valores pessoais.

Outro fator importante é conhecer a organização e o momento em que está,


qual a situação da organização em que atua, quais seus planos, sua estraté-
gia, seus objetivos, aonde quer chegar.

Parece difícil, não é mesmo? Realmente não é algo simples. Liderar exige
esforço e conhecimento não só técnico, mas de si e das pessoas com quem
trabalha.

Liderar exige competência interpessoal, significa que precisa gostar de


trabalhar com gente, não apenas ter colaboradores, mas entender que são
pessoas únicas com suas motivações e características individuais. Ser líder é
uma arte.
Curso Básico de Gestão de Energia 233

Dentro da literatura você encontrará muitos tipos de liderança, mas aqui,


serão destacados apenas três tipos, que você conhecerá agora. Confira!

˜˜ Liderança Democrática: na liderança democrática existe a participação


da equipe e da liderança na tomada de decisões, assim como na reali-
zação da tarefa. Este estilo deixa as pessoas mais confortáveis para o
trabalho junto com a equipe.
˜˜ Liderança Autocrática: neste estilo o líder determina o que e como as
tarefas precisam ser realizadas. A liderança autocrática também pode
ser utilizada quando um colaborador é novo e ainda não sabe realizar a
tarefa, ou quando se tem o prazo estabelecido ou não há possibilidade
de fazer de outra forma.
˜˜ Liderança Liberal: neste estilo a liderança deixa o trabalho da equipe
acontecer sozinho, não interfere na execução. Pode ser utilizado quan-
do você já tem uma equipe madura e capaz de desenvolver o trabalho
sozinha, ou até para avaliar como a equipe se sai em uma determinada
tarefa. Para este estilo de liderança o líder precisa ter muita confiança na
equipe e em sua competência.

Pergunta

Agora, pensando em gestão de energia, como deve ser


o líder? Qual o melhor estilo? Será que todos podem ser
utilizados?

Na Figura 78 você pode visualizar como acontece a distribuição das tarefas e


responsabilidades, tendo como parâmetro os estilos de liderança apresenta-
dos.
Curso Básico de Gestão de Energia 234

Figura 78: Estilos de liderança

Fonte: Adaptado de Rosenhaim (2010)

Nessa figura você pode ver que as responsabilidades estão distribuídas


conforme o estilo de liderança escolhido pelo líder. Esta responsabilidade
só pode ser vista desta forma perante a equipe, pois, perante a empresa, a
responsabilidade é sempre do líder, afinal a escolha foi dele com base em
objetivos e percepções. Então, cabe a ele esta definição.

Como você viu, a liderança pode circular entre os diversos estilos, quando
isto acontece chama-se liderança situacional e caracteriza-se por levar em
conta que o líder, ao atuar, deverá considerar, além da personalidade do lide-
rado, todos os aspectos da situação existentes no momento de sua atuação.

Pergunta

Você sabe o que deve ser considerado para a utilização de


um estilo de liderança?
Curso Básico de Gestão de Energia 235

Confira, na Figura 79, uma representação de liderança situacional.

Figura 79: Liderança situacional

Interpretando a figura, podem-se fazer os questionamentos a seguir.

˜˜ Quem são as pessoas que estão envolvidas na tarefa?


˜˜ Qual o contexto em que se está? O que está acontecendo?
˜˜ Quem sou eu como líder? Como atuo neste papel?

O papel da liderança na gestão de


energia
Como gestor de energia, você será líder de um grupo e precisa entender não
apenas sobre eficiência energética e o que compete a você nesta função,
mas também sobre trabalho em equipe, reconhecendo padrões de persona-
lidades e sabendo lidar com elas para a otimização de seu rendimento. Você
trabalhará com grupos para buscar um mesmo objetivo, cada um na sua
especialidade.
Curso Básico de Gestão de Energia 236

Para obter sucesso na liderança de equipes, um líder precisa ter, além das
competências técnicas, competências na área comportamental, para lidar
com a sinergia e o bom relacionamento da equipe. Entre as suas habilidades
e capacidades, cabe ao líder desempenhar atividades de mediação e motiva-
ção dos colaboradores que estão sob sua responsabilidade. Este é um traba-
lho de conscientização, mudança cultural dentro e fora das organizações.

As pessoas não estão acostumadas a pensar sobre a eficiência energética,


basta olhar para o lado, para seus vizinhos, seu bairro e, até mesmo, den-
tro de sua casa. Qual é o comportamento das pessoas, como elas reagem,
quando você fala sobre isso ou alerta sobre este assunto?

Portanto, seu trabalho é de disseminação, mudança comportamental, não


só no trabalho, mas na vida. Confira, na Figura 80, quais são as competên-
cias de um líder.

Figura 80: Competências do líder

Dentro dos itens mencionados, cada líder terá mais facilidade ou dificuldade
no desempenho. Cabe a ele desenvolver e aperfeiçoar seus pontos fracos e
continuar a crescer em seus pontos fortes. Coordenar equipes não é tarefa
fácil e deve ser realizada com muito cuidado, sabendo como lidar com as
diferentes personalidades e características pessoais dos membros.
Curso Básico de Gestão de Energia 237

Como gestor de uma empresa, você precisará conhecer essas nuances do


relacionamento interpessoal e lidar com as diferenças, promovendo uma
interligação entre os conhecimentos e as habilidades de cada membro da
equipe. Faz parte do seu papel, conhecer sua equipe de trabalho, como cada
um pensa e o que os motiva.

A liderança em projeto de eficiência energética inicia-se com a mudança de


um comportamento individual, de consciência sobre a importância deste
trabalho. Precisa iniciar com o exemplo e a busca do comprometimento indi-
vidual, a partir da prática de alguns para, então, buscar de toda a equipe, até
que todos acreditem.

Você deve lembrar-se de alguma situação onde algo precisava ser iniciado e
alguém disse: “Só vou fazer se o fulano fizer também” e, como consequên-
cia, nada foi feito. Isto acontece, às vezes, em função de um histórico dentro
da empresa, ou mesmo pela desmotivação ou descomprometimento de
algumas pessoas da equipe.

Reflita

Normalmente só olhamos para as outras pessoas, a fim de


observar o que elas fazem e esquecemos que nós também
somos exemplo para alguém, seja no trabalho ou na famí-
lia.

Você já pensou em qual é a sua responsabilidade em


relação ao trabalho que é realizado na sua indústria ou até
mesmo na sua casa? Este é o seu papel como líder: des-
pertar, sensibilizar as pessoas para esta preocupação ou
cuidado.

Falando de algo anterior ao trabalho em equipe, ou seja, sobre percepção


individual, sobre “o que é meu” e “como eu faço as coisas”, “como me com-
porto”, confira uma historinha que representa bem a forma como as pessoas,
muitas vezes, costumam agir.
Curso Básico de Gestão de Energia 238

Reflita

Não é comigo... não é comigo...

Esta é a história sobre quatro pessoas: Todo Mundo, Al-


guém, Qualquer Um e Ninguém.

Havia um importante trabalho a ser feito e Todo Mundo ti-


nha certeza que de Alguém o faria. Alguém se zangou, por-
que era um trabalho de Todo Mundo. Todo Mundo pensou
que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas Ninguém imaginou
que Todo Mundo deixasse de fazê-lo.

Ao final, Todo Mundo culpou Alguém, quando Ninguém fez


o que Qualquer Um poderia ter feito.

“Não é comigo” – história para equipes descompromissa-


das.

Fonte: UFRJ/ENSP (apud SOUZA, 2010)

Este é um exemplo sobre como certas pessoas agem ou pensam, muitas ve-
zes. Não significa que o fazem por querer, pois, nem sempre têm consciência
do fato. E, assim, acontece com a equipe de trabalho.

Você deve lembrar-se de alguma situação onde presenciou comentários


como:

˜˜ De novo?
˜˜ Isso não vai dar certo!
˜˜ Mais uma “inovação”!
˜˜ Até quando será que vai esta nova moda?!
˜˜ Vou esperar e ver no que dá!
˜˜ Sempre começam algo e nunca terminam!
Curso Básico de Gestão de Energia 239

Você pode estar se perguntando agora: “Tudo bem, mas sou responsável por
tudo sozinho? Este é meu papel como líder?”.

A resposta é SIM! Este é seu papel como líder, não só neste projeto como em
todos que exercer esta função. A liderança tem o papel de motivar, fazer com
que as pessoas acreditem e se comprometam com o que está sendo propos-
to.

Esperar que todos façam a sua parte, mesmo que demore um pouco ou que
comece com um e se vá conquistando os demais, é um trabalho de cons-
cientização de mudança e de crescimento não só individual como coletivo.

Pergunta

Mas, e se demorar em dar resultado?

Bem, você está fazendo a sua parte, e daqui a pouco todos começarão a
fazê-la também. Sempre se começa do individual e segue-se para a equipe.
Assim, o trabalho fica leve.

Modificar o comportamento envolve questionamento e mudança de valo-


res do que se acredita ser certo ou errado. Isso não é algo fácil, muito pelo
contrário, exige um trabalho interno, aprender a perceber como somos e a
realidade onde estamos inseridos.

Este é seu papel como líder, plantar a sementinha e regá-la para que as pes-
soas aprendam o quanto o papel delas é importante e os resultados que isto
traz, não só para a empresa, mas para todos os envolvidos.

Você pode pensar: será que isso vale a pena?

Leia a fábula das estrelas-do-mar e reflita a respeito.


Curso Básico de Gestão de Energia 240

Reflita

Havia um homem que morava numa bela praia, junto a


uma colônia de pescadores. Num dos seus passeios ma-
tinais, avistou um jovem jogando de volta ao oceano as
estrelas-do-mar que estavam na areia.

- Por que você faz isso? – perguntou o homem.

- Porque a maré está baixa, e elas vão morrer.

- Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praia por


este mundo, e centenas de milhares de estrelas-do-mar
espalhadas pela areia. Que diferença você pode fazer?

O jovem pegou mais uma estrela e atirou-a no oceano.

Depois, virou-se para o homem respondendo:

- Para esta, eu fiz uma grande diferença!

Fonte: Fé e missão (2010)

Após estas considerações, reflita sobre como você utiliza a energia em todos
os ambientes que participa e atua. Avalie também como as pessoas, que
estão à sua volta, fazem isso e de que forma pode contribuir para a melho-
ria do processo como um todo. Lembre-se de que seu papel na liderança é
fundamental.

Na próxima seção, você verá como é importante um líder ter uma boa comu-
nicação. Até lá!
Curso Básico de Gestão de Energia 241

Saiba Mais

Que tal uma dica para se distrair e ainda saber mais sobre
o tema estudado? Assista ao filme: “1492: A conquista
do paraíso.” Título original: “1492: Conquest of Paradise”,
ESP/FRA/ING 1992. Direção: Ridley Scott.

Sinopse: Vinte anos da vida de Colombo, desde quando


se convenceu de que o mundo era redondo, passando
pelo empenho em conseguir apoio financeiro da Coroa
Espanhola para sua expedição, o descobrimento em si da
América, o desastroso comportamento que os europeus
tiveram com os habitantes do Novo Mundo e a luta de Co-
lombo para colonizar um continente que ele descobriu por
acaso, além de sua decadência na velhice.

Assista a uma cena do filme! Acesse o portal <www.youtu-


be.com>, clique em vídeos e no espaço de “busca”, digite
“1492 – A conquista do paraíso” e veja o momento em
que Colombo avista, pela primeira vez, o “Novo Mundo”.

Seção 2

Comunicação

A importância da comunicação
Ao falar de comunicação, logo se pensa que ela acontece de forma simples.
Quantas vezes se diz para alguém: mas já te falei isso! Ou: já expliquei duas
vezes!

Se a comunicação fosse algo simples, não haveriam tantas distorções e dife-


rentes interpretações para determinados fatos ou imagens, não é mesmo?
Curso Básico de Gestão de Energia 242

Reflita

Pense: já aconteceram situações onde você percebeu uma


coisa e outra pessoa pensou e entendeu outra? Em um
filme, por exemplo?

É importante pensar que as pessoas aprendem de maneira diferente. Você já


parou para pensar na forma como você aprende? É da mesma forma que o
seu colega?

Um conceito para a palavra comunicação presente no dicionário FERREIRA


(1999) é: ato ou efeito de comunicar-se; de emitir, transmitir e receber men-
sagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer por meio
da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos,
quer de aparelhamento técnico ou especializado, sonoro e/ou visual.

Outro conceito diz que comunicação é um processo pelo qual informações


são trocadas entre indivíduos, por meio de um sistema comum de símbolos,
sinais ou comportamentos. É a transferência e compreensão de significados.

A comunicação pode ser:

˜˜ formal – tem a forte característica de que pode ser transmitida para mui-
tos funcionários em um mesmo aviso, diminuindo a margem de interpre-
tações diversas sobre o assunto;
˜˜ informal – se caracteriza por pertencer a uma rede de comunicação não
oficial. Esta pode ser percebida em corredores, por telefone, em portas
de banheiros, na hora do café, etc.

Pode-se dizer, ainda, que na comunicação são considerados aspectos verbais


ou não verbais. A comunicação verbal é a que se expressa, em palavras; e a
comunicação não-verbal é a que se percebe através dos gestos, postura, tom
de voz, expressão facial.
Curso Básico de Gestão de Energia 243

Todos estes componentes contribuem para o entendimento da comunicação.


Na Figura 81, você pode ver o impacto de cada um deles neste entendimen-
to.

Figura 81: Impacto da mensagem

Percebe como o seu papel é muito importante para a mudança de com-


portamento e o alcance dos objetivos? O líder é o mediador, o condutor e o
espelho da organização, por conseguinte a comunicação é sua aliada neste
processo.

Cabe ao líder repassar as informações para que todos os envolvidos na


tarefa saibam o que precisam fazer e como agir. É preciso manter a transpa-
rência e a atualização das informações importantes para os colaboradores,
assim como ensinar, e acompanhar o que foi ensinado.

Porém, a comunicação traz consigo algumas barreiras que, além do que foi
dito anteriormente, podem prejudicar o seu entendimento. Veja na Figura 82.
Curso Básico de Gestão de Energia 244

Figura 82: Barreiras da comunicação

Entenda essas barreiras.

˜˜ A sobrecarga de mensagem acontece quando são muitas as informações


sem que haja um tempo para a assimilação e a acomodação da mesma,
gerando um fluxo de dados muito grande e de difícil absorção.
˜˜ A complexidade da mensagem refere-se ao conteúdo da mesma, ou seja,
à forma como é escrita e o que está sendo transmitido e, se as pessoas
já têm conhecimento anterior ou a informação é nova.
˜˜ A desatenção é o que a própria palavra diz, quando a informação é
passada e o colaborador não está atento ou está prestando atenção em
outra coisa.
˜˜ A avaliação precipitada refere-se ao julgamento que as pessoas fazem
em relação ao que está sendo transmitido, muitas vezes, sem conheci-
mento prévio sobre o assunto, com base apenas no que acham ou na
necessidade de mudança que isto vai gerar.
˜˜ A falta de um vocabulário comum acontece quando, quem fala, muitas
vezes, não percebe que não é entendido pelos demais, seja por estar
falando termos técnicos ou por regionalismos que nem todas as pessoas
conhecem.
Curso Básico de Gestão de Energia 245

Reflita

Observe as pessoas que estão ao seu redor. Elas são do


mesmo lugar? Entendem as palavras da mesma forma?
Têm denominações diferentes para a mesma coisa? E
quanto à forma como fala, será que está sujeita a diversas
interpretações?

Só com estes questionamentos, você pode perceber que a comunicação não


é tão simples assim. Será que você está se comunicando de forma que todos
entendam claramente o que quer comunicar? Ou as pessoas dizem que en-
tenderam para não dizer o contrário com receio de algo?

A comunicação é uma das ferramentas essenciais em todo o programa aqui


proposto, pois é, por meio dela, que você trabalhará em equipe, fará o repas-
se de informações e de instruções necessárias para a realização das tarefas
propostas.

Confira algumas considerações sobre a comunicação.

˜˜ Comunicação é percepção: se alguém fala e o outro não ouve, não há


comunicação.
˜˜ Comunicação é interpessoal: a informação é lógica, é formal, desprovida
de sentido próprio.
˜˜ Comunicação é expectativa: pois, em regra, nós percebemos aquilo que
queremos perceber. O que não é esperado geralmente não é sequer rece-
bido, é desprezado ou mal compreendido.
˜˜ Comunicação faz exigências: exige que o receptor se torne alguém, faça
algo, acredite em alguma coisa. Apela para a motivação. Tenta se adap-
tar, entrar em sintonia com as aspirações, os valores e os objetivos do
receptor. Só há comunicação se algo provoca a “conversão”, isto é, uma
mudança na personalidade, nos valores, nas crenças e nas aspirações.
˜˜ Comunicar é gerar ações comuns: a nossa vida é um processo de doar...
receber... dar... Portanto, ofertar significa que você está disposto a se
comprometer em fazer alguma coisa pelo outro. E esse processo se
inicia no pensamento, na inteligência intrapessoal. O pensamento gera
sentimento, que gera comportamento e vice-versa. Também adotando
atitudes positivas, podemos mudar nossos sentimentos e pensamentos,
gerando ações de mudanças.
Curso Básico de Gestão de Energia 246

A comunicação é ferramenta essencial no processo de interação entre as


pessoas, e as barreiras podem ser minimizadas desde que se perceba como
está sua comunicação. Este é um grande desafio, mas que, com certeza,
será alcançado.

Nessa seção, você viu o quanto a comunicação é importante para que o tra-
balho flua corretamente, porém, a comunicação não é tudo, é preciso traba-
lhar em equipe. É isso que você verá na próxima seção. Preparado?

Seção 3

Trabalho em equipe

Você já se deu conta de como a natureza é uma biblioteca infinita de sabe-


doria? Não? Então pare para pensar nos pássaros.

Você já deve ter visto gansos ou outras espécies de pássaros voando em ban-
do, na forma de “V”. Você sabe por que eles voam dessa forma?

Confira algumas descobertas interessantes feitas pelos cientistas.

Primeiro fato
À medida que cada ave bate suas asas, ela desloca o ar adjacente às suas
asas reduzindo a resistência imposta pelo ar ao movimento da ave seguinte.
Dessa forma, voando em formação “V”, o grupo inteiro consegue voar com,
pelo menos, 71% a mais de aproveitamento do que cada ave, se voasse
isoladamente.

Verdade: pessoas que compartilham um objetivo comum, com sentido de


equipe, chegam ao seu destino mais depressa e mais facilmente do que se
o fizessem sozinhas, porque elas se apoiam na confiança e na solidariedade
da outra.

Segundo fato
Sempre que um dos gansos sai da formação, ele repentinamente sente a
resistência do ar e o atrito ao tentar voar só. Em seguida, retorna à formação
para tirar vantagem do poder de sustentação da ave imediatamente à sua
frente.
Curso Básico de Gestão de Energia 247

Verdade: existe mais força, segurança e coesão em grupo, quando as


pessoas, que vão na mesma direção, compartilham seu objetivo comum, do
que quando atuam isoladamente.

Terceiro fato
Quando o ganso líder se cansa, ele se muda para trás da formação, enquan-
to a ave seguinte assume a liderança, num perfeito revezamento.

Verdade: O revezamento é extremamente vantajoso, quando se tem um tra-


balho árduo e, mesmo, os líderes devem se revezar.

Quarto fato
Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo
e a velocidade.

Verdade: Cada integrante da equipe necessita ser reforçado com o apoio


ativo e o encorajamento para que o ritmo do trabalho não seja quebrado,
atingindo-se o objetivo comum mais rapidamente e, assim, todos saem ga-
nhando.

Quinto fato
Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos
saem da formação e o seguem para ajudá-lo e protegê-lo. Eles o acompa-
nham até a solução do problema e, então, os três reiniciam a jornada ou se
juntam à outra formação até que encontrem seu grupo original.

Verdade: É preciso ser solidário não só nas palavras, mas, principalmente,


nos atos. Sendo assim, quando se fala em trabalho em equipe, está se falan-
do de cooperação, de comprometimento, de estar por inteiro com sua equipe
de trabalho.

Quando se fala de trabalho em equipe, está-se falando de cooperação, com-


prometimento, estar por inteiro, como na história dos gansos.
Curso Básico de Gestão de Energia 248

Reflita

Agora, pare um instante e pense: como vocês trabalham


em sua empresa? Trabalham em equipe? Conhecem este
conceito?

Acompanhe, na Figura 83, o que é necessário para que o trabalho seja reali-
zado em equipe. Aliás, você sabe qual é a diferença entre trabalho em grupo
e trabalho em equipe?

Figura 83: Trabalho em grupo ou equipe

O respeito ao outro é essencial no trabalho em equipe, e as diferenças indi-


viduais são reconhecidas como pontos fortes nessa relação. Assim, pode-se
dizer que uma pessoa complementa a outra.

A visão de uma equipe é diferente da visão de um grupo.

Cada pessoa pode escolher o significado que dá a tudo o que faz, e isso re-
presenta uma grande diferença. Veja o exemplo a seguir:
Curso Básico de Gestão de Energia 249

Três operários trabalhavam em uma mesma obra e foram indagados sobre o


que estavam fazendo.

Operário 1 – Estou assentando pedras.

Operário 2 – Estou construindo uma escada.

Operário 3 – Estou colaborando para a construção de uma catedral.

Como você pôde perceber, mesmo trabalhando juntas, as pessoas podem


ter diferentes visões sobre a gestão da eficiência energética, dependendo
da forma como interagem, como percebem sua importância na equipe e de
como entendem a eficiência energética. Seu papel é trabalhar a sua equipe,
para que esta visão seja única e traga os melhores resultados e a fim de que
percebam a importância do trabalho que fazem.

O operário que disse estar construindo uma catedral não apenas vê ou se


sente parte nessa obra, ele percebe o todo e sabe da importância do seu
trabalho para a construção. Assim trabalham as equipes. Elas sabem que,
independentemente do tamanho do seu papel ou contribuição, são funda-
mentais para atingirem o objetivo.

Pergunta

E, quais são as vantagens do trabalho em equipe?

Segundo Fiorelli (2000), as principais vantagens do trabalho em equipe são:

˜˜ melhor tratamento das informações;


˜˜ redução de ansiedade nas situações de incertezas;
˜˜ maior geração de ideias;
˜˜ interpretação mais flexível dos fatos e das situações;
˜˜ maior probabilidade de evitar erros de julgamento;
˜˜ simplificação da supervisão;
˜˜ simplificação das comunicações interpessoais;
˜˜ fidelidade às decisões tomadas;
˜˜ maior aceitação às diferenças individuais;
˜˜ melhor aproveitamento das potencialidades individuais;
˜˜ maior chance de sucesso para as ações complexas.
Curso Básico de Gestão de Energia 250

Até agora, você viu que só tem vantagens em trabalhar em equipe, mas al-
guns acontecimentos podem fazer com que este trabalho seja abalado. Veja
o que pode interferir no desenvolvimento de um trabalho em equipe.

˜˜ A saída de um membro da equipe: quando uma equipe é muito unida e


um de seus membros tem de sair, pode provocar um desequilíbrio preju-
dicial à vida desta equipe.
˜˜ A chegada de um novo membro na equipe: existem equipes que pos-
suem barreiras que dificultam a entrada de novas pessoas. Muitas vezes,
a equipe está bem constituída e trabalha junto por muito tempo.
˜˜ O clima social: depende de todos os componentes de uma equipe. Quan-
do o clima é favorável, as pessoas tendem a realizar suas atividades
tranquilamente. Quando isso não ocorre, o clima torna-se “carregado”,
causando ansiedade e medo de errar.
˜˜ As rivalidades: podem ocorrer, quando não existe respeito entre os com-
ponentes da equipe, gerando limites e causando desentendimentos.
˜˜ As limitações da liberdade: muitos planos e resoluções de problemas
deixam de ter sugestões por medo de as pessoas colocarem suas ideias.
Ocorrem quando a liberdade de ação das equipes está limitada, inibindo
a criatividade e as ideias.
˜˜ As frustrações: estão presentes na vida, e é preciso aprender a lidar com
elas de forma satisfatória. Em algumas equipes, elas estão presentes, na
maior parte do tempo, o que pode afetar as relações.
˜˜ Relações entre os dois sexos: existe ainda a dificuldade de as pessoas
trabalharem com o sexo oposto. Pode ser por costume, educação, medo,
timidez, etc. Não acostumadas a isso, muitas prejudicam o trabalho e as
relações humanas.
˜˜ A pressão da equipe: isso faz com que as pessoas passem a adquirir,
sem perceber, os hábitos, costume e pensamentos da equipe. Alguns pro-
blemas surgem, quando, na equipe, uma pessoa revela que tem manei-
ras, hábitos, crenças e pensamentos diferentes da equipe em que vive.

Outro ponto muito importante, quando se fala de equipe e comprometimen-


to para o trabalho, é a motivação. Esse é o assunto da próxima seção!
Curso Básico de Gestão de Energia 251

Saiba Mais

No Ambiente Virtual de Aprendizagem, você tem espaço


destinado especialmente para assuntos complementares
sobre o que você vem estudando nesse material. Dê uma
passadinha na Biblioteca e leia os materiais que foram
separados para você. Eles serão de grande utilidade para a
realização do seu projeto final.

Lá consta um conteúdo especial sobre gestão de projetos


e um modelo de como deve ser realizado seu trabalho de
conclusão de curso (TCC). Não deixe de lê-los!

Relembrando

Nessa unidade, você estudou sobre a importância do líder


para a condução de um sistema de gestão de eficiência
energética, por meio de suas habilidades e conhecimen-
tos, não só em sistemas de gestão, mas, principalmente,
pela sua capacidade de lidar com pessoas. Aprendeu
sobre os estilos de liderança e quando utilizar cada um
deles.

Sabe que seu papel é fundamental para o sucesso deste


trabalho. Aprendeu sobre a comunicação e o quanto ela
é importante para o dia a dia da empresa. Viu também
como suas falhas podem interferir no desenvolvimento do
trabalho e nas relações, sejam elas profissionais ou pessoais.
Curso Básico de Gestão de Energia 252

Também aprendeu sobre o trabalho em equipe, sua im-


portância e como faz a diferença na realização de tarefas,
assim como a motivação está diretamente ligada aos re-
sultados esperados. Viu sobre a importância do seu papel,
como líder, em todo o momento da realização e da neces-
sidade de conhecer sua equipe para o desenvolvimento
das propostas.

Colocando em Prática

Agora, coloque em prática tudo o que aprendeu até aqui.


Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e rea-
lize o Desafio que foi preparado, especialmente, sobre os
temas abordados nesta etapa. Lembre-se de que todos os
desafios foram elaborados baseados em situações reais
que você pode encontrar no seu dia a dia.
Glossário

Concessionária ou permissionária: agente titular de concessão ou permissão


federal para prestar o serviço público de energia elétrica.

Estrutura tarifária: conjunto de tarifas aplicáveis às componentes de consu-


mo de energia elétrica e/ou demanda de potência ativas de acordo com a
modalidade de fornecimento.

Ponto de entrega: ponto de conexão do sistema elétrico da concessionária


com as instalações elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se
como o limite de responsabilidade do fornecimento.

Potência: quantidade de energia elétrica solicitada na unidade de tempo,


expressa em quilowatts (kW).

Tarifa: preço da unidade de energia elétrica e/ou da demanda de potência


ativa.

TMA: Taxa Mínima de Atratividade.

TPA: Tonelada de Produto Acabado.

Vapor superaquecido : é aquele que está a uma temperatura acima da


temperatura de saturação. A temperatura de saturação varia com a pressão.
Para água na pressão de 1,0 atm a temperatura de saturação é 100°C.
Curso Básico de Gestão de Energia 255

Sobre os
autores

Adamastor Rangel Kammler, é formado no Curso Técnico em Eletrotéc-


nica pelo SENAI/RS (1998), graduado em Tecnologia em Informática pela
UNOESC (2003) e tem formação pedagógica para educação profissional pela
UNISUL, em Florianópolis/SC (2005). Possui Especialização em Automação e
Sistemas pela UFSC, Florianópolis/SC, desde 2004, e Sistemas de Produção
pela UNOESC, de São Miguel do Oeste, desde 2006. Desenvolve trabalhos no
SENAI/SC desde 2004, em atividades de docência, consultoria e projetos de
pesquisa aplicada nas áreas de manutenção, eficiência energética e auto-
mação industrial. Atuou como professor da área de Automação Industrial
na UNOESC de São Miguel do Oeste SC (2007-2008) e como encarregado
de manutenção na Cooperativa Central Oeste Catarinense, durante 7 anos.
Atualmente, é coordenador do núcleo de Apoio aos Negócios do SENAI/SC,
em Florianópolis. No Projeto Curso Básico de Gestão de Energia atua como
conteudista e tutor, exercendo atividades de desenvolvimento dos conteúdos
da área de tarifas e faturas e ferramentas de gestão e tutoria das turmas
durante a realização do curso.

Eliana de Matos Rosenhaim é formada em Psicologia pela Pontifícia


Universidade Católica do Paraná desde 1991, realizou MBA em Desenvolvi-
mento em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas, tem formação
em Gestalt-Terapia pelo Centro de Gestalt Terapia do Paraná. Desenvolve
trabalhos de consultoria e instrutoria no SENAI/SC desde 2004, na área
comportamental, em temas como liderança, desenvolvimento de equipes,
administração do tempo, relacionamento interpessoal e comunicação em
empresas como Correios, Votorantim Metais, INPLAC, Olsen, Tribunal Regio-
nal do Trabalho e Justiça Federal. Atuou como professora na disciplina de
Interpessoal, no curso de Redes e Telecomunicações. Atualmente, é Profes-
sora/tutora em cursos de MBA nas disciplinas de Gestão de pessoas, Lide-
rança, Desenvolvimento de equipes e Comunicação.
Curso Básico de Gestão de Energia 256

Guilherme de Oliveira Camargo, possui curso Técnico em Manutenção


Mecânica pelo IFSC em Florianópolis (1987), graduação em Tecnólogo em
Automação Industrial (2004) e especialização em Automação Industrial
(2009), ambos pelo SENAI Florianópolis/SC. Desenvolve trabalhos de docên-
cia e consultoria no SENAI/SC, desde 1989, nas áreas de eficiência energéti-
ca e automação industrial.

Ismar Henriques Silveira é formado no Curso Técnico em Mecânica pela


Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca. Graduado em Engenharia
Mecânica pela Fundação Técnica Educacional Souza Marquez - FTESM/RJ.
Pós-Graduado em Tecnologia da Soldagem pela UFSC (Estricto Sensu). Atuou
na área de produção mecânica e calderaria, e acompanhou projetos na área
de equipamentos industriais e de refrigeração e processos industriais, e coor-
denação de programas na área de educação. Atualmente, desenvolve ativi-
dades de consultoria na área de gestão empresarial.

Katherine Helena Oliveira de Matos é Engenheira de Alimentos gradu-


ada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestra em Enge-
nharia de Alimentos e doutoranda em engenharia de Alimentos pela mesma
universidade. É Lead Assessor na ISO 22000:2005, consultora, auditora e
multiplicadora do Programa Alimentos Seguros (PAS) – Setor Indústria. Atua
como instrutora e consultora do SENAI/SC para implantação de Sistemas
de Gestão para a Segurança de Alimentos. Coordena cursos de qualificação
a distância na área de qualidade e segurança de alimentos e é docente do
curso de Pós-Graduação MBA em Gestão para Segurança de Alimentos, ofe-
recido pelo SENAI/SC.

Luis Fabiano Celestrino é especialista em Eletrônica de Potência pela


Universidade Federal de Santa Catarina e engenheiro eletricista por esta
mesma instituição. É colaborador do SENAI desde 2010, como coordenador
do Curso Técnico em Automação Industrial e de vários projetos envolvendo
consultoria e assessoria em Educação a Distância e cursos de qualificação e
aperfeiçoamento profissional. Participou em consultoria de eficiência ener-
gética por intermédio do SENAI Paraná e, atualmente, acompanha os proje-
tos desenvolvidos nesta área, no SENAI Santa Catarina.
Curso Básico de Gestão de Energia 257

Márcio Silva Viana Araújo é Engenheiro Civil graduado pela Universidade


Federal do Pará (UFPA) e Mestre em Engenharia de Produção – qualidade e
produtividade, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especia-
lista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade da Amazô-
nia (UNAMA). Especialista em Gerenciamento da Qualidade na Indústria da
Construção Civil pela UFPA. É Lead Assessor na ISO 9001 e OHSAS 18001 e
Examinador do Prêmio Nacional da Qualidade, nos ciclos 2005, 2007, 2008
e 2009. Atua como instrutor e consultor do SENAI/SC em Sistemas de Ges-
tão da Qualidade e de direcionamento estratégico. É docente dos cursos de
Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos, MBA em Gestão para Exce-
lência e MBA em Consultoria Empresarial, oferecidos pelo SENAI/SC.

Wenilton Rubens de Souza é mestre em Físico-química pela Universida-


de Federal de Santa Catarina, especialista em Cerâmica (IPT/JICA) e Distri-
buição e Utilização do Gás Natural pelo CTGÁS e engenheiro químico pela
Faculdade de Engenharia Química de Lorena. É colaborador do SENAI desde
1989, ministrando aulas de Matemática, Física, Química, Cerâmica, Cálculo
Diferencial e Integral, Estatística e Distribuição, Utilização e Medição do Gás
Natural e Análise de Investimentos nos cursos técnico, tecnológico e de espe-
cialização. Atuou como gerente de arrecadação do SENAI e representante da
Petrobras na fiscalização e medição do gás natural nos estados do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Atualmente, está locado no departa-
mento regional do SENAI, no núcleo de gestão estratégica.
Curso Básico de Gestão de Energia 259

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