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DAS
CABEÇAS
por Jr. Black
O caso era que sua filha mais velha, Madalena, vinha en-
doidando, segundo uma das tias. A mãe ainda não tinha
dado conta do fato, mas os vizinhos já falavam às claras
pelas ruas do bairro.
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Agora, meio solitário, mais para lá do que para cá, em
franca decadência do corpo, buscava juntar os cacos de
sua passagem neste planeta e começava pelos meninos a
tomar postura de reconquistá-los e botar as duas mãos
sobre a terra para “se alevantar”. Pedido de madrinha.
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cio sabia dessa lição como ninguém, mas agora estava
disposto a correr atrás do tempo perdido numa corrida
louca e sem chegada.
E emendou.
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A filha tinha um brilho nos olhos e confirmou tudo ba-
lançando a cabeça.
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O homem deu uma folheada no livreto segurando a capa
roída pelo tempo e pela traça com todo cuidado. Tentou
ler uma ou outra passagem, mas com a luz fraquinha do
interior do automóvel ficou bastante difícil seguir. Ele
então devolveu-o para a filha que se aparentava mais
leve e mais tranquila ainda.
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- Eu sei, Madalena. Sei como é que é.
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do tio Eduardo lhe ensinando, ainda criança, que não
havia Deus tão certo que habitasse apenas uma morada,
que carregasse um único nome ou vestisse somente um
traje, enquanto levava a mão à cabeça, sempre molhando
-a com água salgada.