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“A MAÇONARIA E O ESCOTISMO”

Grau Companheiro

Francis Marcel Post


Confederação Maçônica do Brasil – COMAD
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC
A. R. L. S. Milênio da Paz nº 95
Chapecó(SC), 23 de outubro de 2018

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1. INTRODUÇÃO

Na condição de Companheiro Maçom nos foi proposta a confecção de peça de arquitetura


sobre diversos temas.
O tema escolhido tem haver com dois assuntos que a muito tempo me traz curiosidade e ela
aflorou a partir do momento em que iniciei na Ordem maçônica pois fui escoteiro como membro
juvenil por 15 anos e já a 4 participo como adulto voluntário atuando como escotista e diretor junto
ao Grupo Escoteiro Xapecó 86/SC em Chapecó/SC.
Quando fui “convidado” para a Ordem meu padrinho, sabendo de minha ligação para com o
Escotismo, me alertou que ele era uma instituição paramaçônica e que os princípios se fundiam.
O tema não está diretamente ligado as sugestões do GOSC mas segui a orientação de meu
Primeiro Vigilante que dissertou: “O Grau de companheiro pressupõe exatamente a busca de novos
estudos e temas que faz a diferenciação dos irmãos pelo estudo próprio e dos mais diversos temas, a
verdadeira preparação para o homem livre! O caminho para se tornar “mestre”.
Através da metodologia de pesquisa bibliográfica busquei definições, origem histórica,
características construtivas que visam a elucidar o tema e fornecer luz para futuros estudos.
O objetivo geral é absorver o conhecimento sobre a ligação entre as duas “instituições”,
coletar fatos históricos que comprovam tais semelhanças e suas origens inclusive estabelecendo um
paralelo entre ambos e confirmar se Robert Baden-Powell, fundador do escotismo, era ou não maçom.
Como trabalho de companheiro traremos o tema de forma simples e objetiva, visando uma
noção clara e sintética, apesar de acreditarmos que a busca nos levará a dúvidas que exigirão mais
dedicação e estudos para aprimoramento de nosso conhecimento em momento futuro.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Conceito da Maçonaria e do Escotismo.

2.1.1 Maçonaria
Conforme consta nos Princípios Gerais da Maçonaria, Pag. 5, ela é uma escola de
conhecimentos e de aperfeiçoamento que o homem, em seu percurso histórico, produziu. É,
complementar e subsidiariamente, uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica,
educativa e progressista, adogmática e apartidária, que tem por finalidade oferecer instrumentos para
formar homens que propugnem por uma sociedade alicerçada na tríada da liberdade, igualdade e
fraternidade.
Na “Regra em 12 Pontos” que segundo Rui Bandeira (2016), listada pela Grande Loja
Nacional Francesa que define os princípios da Maçonaria Regular, o primeiro ponto define Maçonaria
como “uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande
Arquiteto do Universo”.
O Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC) em seu site define Maçonaria como uma
organização fraternal que tem como princípio básico o amor fraterno, a prática da caridade e a busca
da Verdade,
Maçonaria é uma sociedade discreta, onde suas ações são reservadas e interessa apenas
àqueles que dela participam. A Maçonaria é uma sociedade universal, cujos membros cultivam o
aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e
aperfeiçoamento intelectual segundo o site de significados.
Segundo o Dicionário Michaelis, a Maçonaria é uma sociedade semissecreta com o objetivo
de praticar a fraternidade e a filantropia entre seus membros. Divide-se em grupos, denominados
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lojas, que usam sinais e emblemas para se reconhecerem; seus membros se classificam como
aprendizes, companheiros e mestres, que obedecem ao venerável.

2.1.1.1 Objetivos da Maçonaria.


A Maçonaria é, conforme consta no nosso Rito Brasileiro, ao ser questionado pelo seu
Venerável Mestre, nosso irmão 1ª Experto responde: “Uma instituição que tem como objetivo tornar
feliz a humanidade, aperfeiçoando pelo amor os costumes, pela tolerância a razão e pelo dever o
caráter. Glorifica o Trabalho, liberaliza a Fraternidade e proscreve a violência.”
Logo na sequência o irmão orador proclama que os pontos cardeais de nossa doutrina é a
obediência a lei, o amor à família, o devotamento à Pátria e a crença em Deus.

2.1.1.2 Entidades Paramaçônicas


Segundo o Portal da Maçonaria toda instituição, associação, entidade ou grupo de pessoas
que seja formado, incentivado, patrocinado ou apoiado pela Maçonaria e que se dedique a trabalhar
dentro dos princípios morais, éticos e libertários da Maçonaria é Paramaçônica.
O escotismo é uma delas além da Ordem Demolay, Estrela do Oriente, as Filhas de Jó, entre
outros.

2.1.2 Escotismo

O Escotismo, segundo a União dos Escoteiros do Brasil - UEB através de seu


P.O.R.(Princípio, Organização e Regras), é um movimento educacional de jovens, sem vínculo a
partidos políticos, voluntário, que conta com a colaboração de adultos, e valoriza a participação de
pessoas de todas as origens sociais, etnias e credos, de acordo com seu Propósito, seus Princípios e o
Método Escoteiro, concebidos pelo Fundador Baden-Powell e adotados pela União dos Escoteiros do
Brasil.

2.1.2.1 Origem do Movimento Escoteiro


O movimento escoteiro foi idealizado por Robert Stephenson Smith Baden-Powell (Foto 1),
carinhosamente chamado de B-P pelos escoteiros do mundo todo, em 1907 na Inglaterra e visava,
segundo o site Maçonaria Capixaba, a convivência harmoniosa e pacífica entre os filhos dos duques
(nobres) e os filhos dos seus empregados. Liberdade, Igualdade e Fraternidade foram os princípios
que levaram Baden-Powell dar início ao movimento. Segundo Baden-Powell jovens de origens
diferentes (fidalgos e plebeus) poderiam conviver em harmonia, se auxiliando, se compreendendo e
crescendo juntos. Seu primeiro trabalho foi organizar um acampamento com um grupo de rapazes na
Ilha de Brownsea, localizada na costa inglesa. Estes rapazes foram deixados na ilha com suprimentos,
ferramentas e utensílios suficientes para sua sobrevivência e se apoiando mutuamente, estabeleceram
as primeiras normas que deram origem ao movimento escoteiro. Todas as diretrizes partiram de Lorde
Baden-Powell que em 1907 fundou o movimento escoteiro na Inglaterra.

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Foto 1 - Lord Baden-Powell of Gilwell - Fundador do Escotismo

Segundo o Manual do Escotista da União dos Escoteiros do Brasil, B-P tinha como objetivo
tirar do ócio, do vício do cigarro e da bebida os jovens da Inglaterra, este seria o cenário que ele
encontrou ao retornar da guerra como herói nacional no início do século 20.
Lembrou da experiência de utilizar os jovens durante a guerra de Transvaal onde defendeu
a cidade de Mafeking, um importante entroncamento ferroviário que, com pouco mais de 700
soldados resistiu por 217 dias contra aproximadamente 6.000 Boers treinados até a chegada de
reforços. Os jovens realizavam tarefas simples como mensageiros, entregas de correspondências,
auxiliares de cozinha, escribas, sentinelas, intendentes, etc. não precisando retirar do fronte de batalha
seus poucos soldados. B-P em toda sua vida disse que se pode confiar nos jovens.
Ao encontrar os jovens em situação difícil, agravada pela crise e desemprego, e percebendo
que muitos jovens utilizavam seu livro escrito para oficiais do exército britânico, “Aids to Scouting”,
que continha ensinamentos sobre como acampar e sobreviver em regiões selvagens, escreveu
inicialmente em 6 fascículos que depois foi encadernado e se tornou o livro “Scouting for Boys” que
hoje é considerado o terceiro livro mais vendido no mundo levando em conta todas suas traduções.
Com o sucesso do livro organizou um acampamento na ilha de Brownsea com 21 jovens durante 7
dias para colocar em prática o que durante 6 anos ficou estudando. O sucesso foi comprovado e nascia
ali o Escotismo.

2.1.2.2 Propósito do Movimento Escoteiro


Ainda segundo a União dos Escoteiros do Brasil - UEB através de seu P.O.R.(Princípio,
Organização e Regras), o propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que os jovens assumam
seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas
potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis,
participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu Projeto Educativo.

2.1.2.3 Princípios do Movimento Escoteiro


Conforme consta na regra 003 da União dos Escoteiros do Brasil, em seu P.O.R.(Princípio,
Organização e Regras): Os princípios do Escotismo são definidos na sua Promessa e Lei Escoteira,
base moral que ajusta-se aos progressivos graus de maturidade do indivíduo. São eles:
a) Deveres para com Deus – adesão a princípios espirituais e vivência ou busca da religião
que os expresse, respeitando as demais;
b) Deveres para com o próximo – lealdade ao nosso País, em harmonia com a promoção da
paz, compreensão e cooperação local, nacional e internacional, exercitadas pela Fraternidade

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Escoteira. Participação no desenvolvimento da sociedade com reconhecimento e respeito à dignidade
do ser humano e ao equilíbrio do meio ambiente;
c) Deveres para consigo mesmo – responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento.

2.1.2.4 Ramos do Movimento Escoteiro no Brasil


No Brasil, segundo regra 013 do P.O.R., o Escotismo está organizado em Ramos, de acordo
com as faixas etárias:
a) Ramo Lobinho, para meninos e meninas de 6 anos e meio (desde que alfabetizados) a 10
anos, denominados Lobinhos (meninos) ou Lobinhas (meninas). ÊNFASE: Socialização.
b) Ramo Escoteiro, para rapazes e moças de 11 a 14 anos, denominados Escoteiros (rapazes)
e Escoteiras (moças). ÊNFASE: Autonomia;
c) Ramo Sênior, para rapazes e moças de 15 a 17 anos, denominados Seniores (rapazes) e
Guias (moças). ÊNFASE: Identidade; e
d) Ramo Pioneiro, para rapazes e moças de 18 a 21 anos (incompletos), denominados
Pioneiros (rapazes) e Pioneiras (moças). ÊNFASE: Projeto de Vida.

2.2. A semelhança entre o Escotismo e a Maçonaria

Segundo Mario Sérgio em seu blog, “Os escoteiros surgiram da Maçonaria, porque Baden-
Powell era maçon. Sonhou, segundo ele, fazer com harmonia a convivência entre os filhos de duques
e filhos de empregados”.
Está no rito brasileiro que um maçom deve desbastar a Pedra Bruta, cavar masmorras ao
vício e erguer Templos à Virtude.
O que seria mais nobre para um maçom em relação as crianças?
O Escotismo tem como objetivo principal, segundo a União dos Escoteiros do Brasil,
contribuir para que o jovem assume seu próprio desenvolvimento.
Segundo consta nos Princípios Gerais do GOSC, 2010, os maçons devem obediência aos
Landmarks. Landmarks são considerados como as mais antigas leis que regem a Maçonaria
Universal, estabelecem preceitos fundamentais, eternos e imutáveis.
Os 25 landmaks redigidos por Mackey e citados por Vanildo de Senna (1981, p.18) segundo
Cardoso dos Santos, 2017, são:

1. Os modos de reconhecimento.
2. A divisão da Maçonaria simbólica em três graus.
3. A lenda do Terceiro Grau.
4. O Governo da Fraternidade por funcionário que a presida, denominado de Grão Mestre,
eleito pelo corpo da Ordem.
5. A prerrogativa do Grão Mestre para presidir as Assembleias da Fraternidade.
6. A prerrogativa do Grão Mestre em dispensar prazos para a concessão de graus.
7. A prerrogativa do Grão Mestre para conceder dispensas a fim de abrir e manter Lojas.
8. A prerrogativa do Grão Mestre para iniciar maçons com dispensa de cerimônia.
9. A necessidade dos maçons congregarem-se em Loja.
10. O Governo da Fraternidade, quando a Loja está reunida, por um Mestre e dois
Vigilantes.
11. A necessidade de que cada Loja, quando reunida esteja devidamente guardada.
12. O direito de cada maçom de ser representado em todas as reuniões da Fraternidade e
de instruir os seus representantes.
13. O direito de cada maçom de apelar das decisões de seus irmãos em Loja aberta à
Grande Loja ou Assembleia Geral dos Maçons.

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14. O direito de cada maçom visitar e sentar-se em toda Loja regular.
15. Nenhum visitante, desconhecido dos irmãos presentes, ou de alguns deles, como
maçom, pode entrar em Loja, sem sofrer antes um exame de conformidade com os usos
antigos.
16. Nenhuma Loja poderá interferir nos assuntos de outra Loja.
17. Cada maçom está sujeito às Leis e Regulamentos da Jurisdição Maçônica onde atua.
18. Que os candidatos tenham estas qualificações: serem homens, não mutilados, de
nascimento livre e de idade madura.
19. A crença na existência de Deus como Grande Arquiteto do Universo.
20. Subsidiária à essa crença em Deus, a crença na ressurreição e numa vida futura.
21. Um "Livro da Lei" como parte indispensável no ornamento de Loja.
22. Igualdade entre todos os Maçons.
23. O segredo dentro da Instituição.
24. A função de uma ciência especulativa sobre uma arte operativa e o uso simbólico e
explicação dos termos da arte, com a finalidade do ensino moral e religioso.
25. Que os "limites" sejam inalterados.

No escotismo Baden-Powell estabeleceu uma única lei com 10 artigos. O que seria um
resumo do que pregamos na Maçonaria para um entendimento facilitado para os jovens. Conforme a
regra 008 do P.O.R. os artigos são:
26. O escoteiro tem uma só palavra, sua honra vale mais que sua própria vida;
27. O escoteiro é leal;
28. O escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa
ação;
29. O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros;
30. O escoteiro é cortês;
31. O escoteiro é bom para os animais e as plantas;
32. O escoteiro é obediente e disciplinado;
33. O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades;
34. O escoteiro é econômico e respeita o bem alheio;
35. O escoteiro é limpo de corpo e alma.
Percebam, pois, que os artigos têm a lista do que se deve fazer ou ser e não o que não deve.
Esta visão positivista não poderia estar atribuída a uma pessoa que não fosse, ao menos de
pensamento, um maçom nato.
Além disso para o ramo Pioneiro, que é composto no Brasil por jovens de idade entre 18 a
21 anos, atribuísse uma Virtude a cada artigo da Lei Escoteira. Conforme consta no Escotistas em
Ação – Ramo Pioneiro, pág. 25 as virtudes são:
1. Verdade
2. Lealdade
3. Altruísmo
4. Fraternidade
5. Perfeição
6. Bondade
7. Consciência
8. Felicidade
9. Eficiência
10. Pureza
A Lei escoteira apresenta a todos os membros do movimento escoteiro um código de valores,
bastante abrangente, e os convida a incorporá-lo em suas vidas. É um código positivo, que promove
a ação de “ser alguma coisa”, e que idealmente se transformará de algo externo em forma de conduta
de cada um, internalizada e presente.

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Se define Virtude, ainda na obra Escotistas em Ação – Ramo Pioneiro, como referência a
uma qualidade moral e pessoal. É o hábito de praticar o bem e o que é justo, e que mostra uma conduta
constante e intencional.
As virtudes, os artigos da Lei e da Promessa Escoteira estão intimamente ligados as seguintes
passagens do nosso rito brasileiro onde o orador responde ao Venerável Mestre sobre o que é preciso
para um maçom seja eficiente, ou seja, suas características e suas qualidades:
Características:
- Ter capacidade Civil;
- Moral ilibada;
- Sentimento Cívico;
- Compreender os fins Maçônicos e querer executá-los.
Qualidades:
- Educado;
- Ativo;
- Estudioso;
- Verdadeiro;
- Firme;
- Possuir Espírito Público.

Quando, pela primeira vez me foi retirada a venda, em meu ritual de iniciação, onde estava
na Câmara de Reflexão me foi entregue um questionário com as seguintes perguntas:
· Quais os deveres do Homem para com Deus?
· Quais os deveres do Homem para com a Humanidade?
· Quais os deveres do Homem para com a Pátria?
· Quais os deveres do Homem para com a Família?
· Quais os deveres do Homem para com consigo mesmo?
Naquele momento tive a primeira certeza sobre a relação entre o Escotismo e a Maçonaria.
Deus, humanidade, Pátria, família e o “eu” são amplamente trabalhados nos princípios, conceitos e
objetivos do movimento escoteiro.
Destaco aqui a promessa escoteira que também é realizada dentro de um ritual/cerimônia
própria que tem relacionamento direto a cada uma das perguntas:
“Prometo, pela minha honra, fazer o melhor possível para: cumprir meus
deveres para com Deus e minha Pátria; ajudar o próximo em toda e qualquer
ocasião; e, obedecer à Lei Escoteira.”

Além destas inúmeras semelhanças listadas acima relaciono:


- O escoteiro noviço depois de aprovado seu ingresso no grupo passa por uma iniciação, que
é a fase introdutória e faz seu juramento, que se chama “Promessa Escoteira” como acontece com o
profano;
- O número três no escotismo tem ele grande simbolismo; no início do escotismo os membros
eram divididos em três faixas de idade: lobinhos, escoteiros e seniores e dentro destas faixas existiam
três graus de adestramento (noviço, 2ª Classe e 1ª Classe), na Maçonaria temos aprendizes,
companheiros e mestres; Hoje cada país possui divisões diferente, no Brasil foi incluído o ramo
Pioneiro dividindo em 4 os ramos escoteiros. Além disso o termo adestramento foi abolido do
movimento e se criou um sistema de progressão adequada a cada faixa etária que também mudou a
forma utilizada antigamente.
- Para um escoteiro ascender de um grau para outros – avançar em sua progressão - deve
passar por provas de conhecimento, habilidade e merecimento enquanto que na Maçonaria a ascensão
é feita mediante apresentação de trabalhos e provas de conhecimento;
- Aos escoteiros menores é dado o nome de lobos ou lobinhos e no antigo Egito os iniciados
nos mistérios de Isis eram chamados de chacais ou lobos; O ramo lobinho compreende crianças de
6,5 anos – desde que alfabetizadas – até 10 anos;
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- O serviço comunitário também é muito difundido entre os escoteiros assim como na
Maçonaria.
- Os escoteiros e os maçons se reconhecem através de sinais, toque e palavras;
- No escotismo, assim como na Maçonaria, é utilizado uma infinidade de símbolos;
- Ao escoteiro que atinge a idade limite chamamos escotista e então caso permaneça no
movimento é chamado de chefe e de acordo com seu grau de conhecimentos e adestramento também
é chamado de Mestre; O mestre também é a nomenclatura do adulto que trabalha com os jovens no
Ramo Pioneiro.
- O movimento escoteiro é mundial e existe em todas as nações e um escoteiro vê no outro
escoteiro um irmão independente de cor, nacionalidade ou credo e isto também é um dos dogmas da
Maçonaria.
- B-P inicialmente não tinha pretensões mundiais, mas logo após 3 anos do primeiro
acampamento, o escotismo havia se espalhado espontaneamente pelo globo, inclusive chegando no
Brasil em 1910, apoiado por diversas personalidades e a realeza da Inglaterra decidiu se afastar do
exército e se dedicar única e exclusivamente ao escotismo.
A muito tempo o escotismo é considerado uma grande fraternidade mundial, assim como a
Maçonaria; a maior ONG de jovens do mundo com mais de 50 milhões de membros no mundo, 100
mil no Brasil e 10.000 em Santa Catarina. Fonte UEB – Relatório Anual 2018.
Uma das mais impressionantes semelhanças na minha opinião é que no escotismo também
encontramos a cerimônia da Cadeia de União ou Cadeia da Fraternidade que ocorrem em ocasiões
especiais, a única diferença na formação da cadeia é que os pés não estão “interligados”. Além disso
os escoteiros e os maçons apertam a mão de uma maneira especial e simbólica e tem sinais sendo os
maçons realizados somente dentre de lojas e os escoteiros diferentemente é de conhecimento de todos
e nenhum segredo.
Outra semelhança muito forte é que o tratamento entre escoteiros também é de “irmão” assim
como na Maçonaria não fazendo esquecer da grande fraternidade entre os membros do escotismo.

Figura 1 - Símbolo do Rito Brasileiro

Figura 2 - Símbolo do Escotismo no Brasil de 1950 a 2011.

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Figura 3 - Distintivo de Promessa Escoteira

Figura 4 - Símbolo atual do Escotismo no Brasil

O círculo azul no centro do símbolo nacional do Escotismo (Figura 2) durante 61 anos foi
atribuído a homenagem a um irmão maçom ligado ao escotismo que foi Benjamim Sodré que em
1922 escrevia na revista infantil “O Tico-Tico” sob o pseudônimo “Velho Lobo” uma coluna sobre
escotismo de muita influência na formação moral da juventude da época. Antigo marinheiro, durante
a guerra comandou o petroleiro Marajó. Suas atuações na vida profanas lhe valeram inúmeras
comendas e diplomas e na vida maçônica era filiado à loja “Regeneração Catarinense” sendo
conhecido como “Impoluto Maçom”. Foi deputado da Assembleia Legislativa do Grande Oriente do
Brasil e veio a exercer o cargo de Grão Mestre.
Ascendeu ao Oriente Eterno aos 90 anos de idade e recebeu justa homenagem emprestando
seu nome à A:.R:.L:.S:. “Benjamin Sodré” nº 143 do Oriente de Niterói – RJ. A referida oficina
apresenta em sua chancela sobre o fundo azul uma ancora símbolo da Marinha, sobre ela o Compasso
e o Esquadro e entrelaçada ao compasso a Flor de Liz símbolo do Escotismo e no meio da flor de Liz
temos o escudo nacional em azul com círculo de estrelas rodeando a constelação do Cruzeiro do Sul
e representando os grandes amores do irmão Benjamin: A Pátria, O escotismo, a Maçonaria e a
Marinha. Até hoje o símbolo também é usado no distintivo de Promessa Escoteira. (Figura 3) Também
é visto a relação do cruzeiro do sul também no símbolo do Rito Brasileiro (Figura 1).
Além disso podemos observar na Figura 2 e Figura 3 que existe um nó na parte inferior que
também faria referência a Maçonaria representando a fraternidade escoteira e sua corda de 81 nós que
circula o templo (Castellani, 1990).

Figura 5 - Símbolo Mundial do Escotismo


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O símbolo do escotismo mundial (Figura 5) possui em sua base a Flor de Liz, Baden-Powell
a escolheu pois ela sempre representou o norte nos mapas de navegação referindo-se que cada
escoteiro deveria dar um sentido a sua vida. Além disso possui 3 pétalas que representam os 3
princípios do movimento e da promessa escoteira, ou seja, Deus, Pátria e Próximo. Esta escolha
estaria também relacionada ao número 3 presente fortemente na Maçonaria. Além disso traz
finalizando a corda que circula o símbolo um nó, o direito, trazendo duas referências, a corda com 81
nós e a grande fraternidade mundial representando a união dos irmãos.
Outra grande semelhança é relacionada aos rituais. Para o GOSC, em seu site, os rituais são
conceituados como um corpo de normas que regem os trabalhos de uma Loja, quando em reunião
regular. No escotismo são tratados como cerimônias que tem objetivo de padronizar algumas
situações frequentes no movimento escoteiro. B-P sempre deixou claro (Escotistas em Ação, 2012)
que as quais envolvessem o jovem deveriam ser simples, sinceras e de pouca duração.
Outra importante referência é relacionada ao número 3. 3 são os princípios: Deveres para
com Deus, Pátria e para consigo mesmo. 3 são os pilares da promessa escoteira: Deveres para com
Deus, Pátria e para com o Próximo também representados no sinal escoteiro (Figura 6).

Figura 6 - Sinal Escoteiro

Durante uma das cerimônias escoteiras, o IBOA, que é realizada ao início e final de qualquer
atividade escoteira há o momento em que se homenageia a pátria com o hasteamento ou arriamento
da Bandeira Nacional. A bandeira sobe/desce ao/do topo do mastro através da adriça, com o apoio de
dois escoteiros, em formato de triângulo (Figura 7). Para o Escotismo este triângulo representa os três
pilares da promessa escoteira: Deus, Pátria e Próximo bem como o seu sinal. Os três princípios
estariam relacionados a várias citações na Maçonaria inclusive as 3 luzes.

Figura 7 - Hasteamento/arreamento da Bandeira no Escotismo

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O triângulo também está presente no formato do lenço escoteiro (Figura 8). O lenço é
utilizado por escoteiros do mundo inteiro para diferenciar a região ou grupo ao qual o escoteiro
pertence. Após enrolado ele é usado ao redor do pescoço com as pontas para frente e para baixo e
prezo por um “arganel” com símbolo do ramo ao qual ele está no momento. Para escotistas e
dirigentes podem representar o grau de formação e capacitação.

Figura 8 - Exemplo de Lenço Escoteiro

2.3. Lord Baden-Powell maçom?


Os escoteiros do mundo inteiro e a muito tempo fazem este questionamento: “Nosso
fundador, Lord Baden-Powell de Gilwell foi maçom?”
Não seria possível, na concepção de maçons que também participam do escotismo baseado
nas incríveis e óbvias semelhanças, que B-P não tenha participado da Ordem Maçônica.
Na fotografia abaixo (Foto 2) atribui-se prova de que B-P participava de um grupo de
maçons. O terceiro homem da esquerda para a direita na primeira fileira onde constam, teoricamente,
maçons sentados presume-se que seja Baden-Powell.

Foto 2 - Grupo de Maçons

Infelizmente a identidade de Baden-Powell não é confirmada nesta foto, mesmo com toda a
semelhança, a opinião dos pesquisadores é muito controversa.
Segundo a pesquisa realizada por Oliveira, 2013, O duque de Connaught (Foto 3) foi quem
iniciou Baden-Powell nos mistérios da Irmandade maçônica, já que ele era Grão Mestre da Grande
Loja Unida da Inglaterra. Havia sido iniciado em 1874 na Loja “Príncipe de Gales” nº 259 e em 1886
se converteu no Grão Mestre provincial de Sussez.
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Foto 3 - Duque de Commanght com Traje de Gala do Exército e com Paramentos Maçônicos

Dentro da família real britânica, o duque de Connaught foi quem mais influenciou na
personalidade do fundador do escotismo. Este príncipe era o terceiro filho da Rainha Victória
(Príncipe Arthur) e conheceu Baden-Powell em 1883 na Índia, onde praticaram juntos a caça ao javali
com lança. Poucos anos mais tarde, B-P, dedicaria seu “Pigsticking or hoghunting” ao duque, o
“primeiro príncipe de sangue real que havia recebido uma “primeira lança”. Em 1906, o duque de
Connaught era inspetor Geral do Exército inglês e neste posto nomeou Baden-Powell como Inspetor
Geral da Cavalaria na África do Sul.
A amizade de ambos aumentou depois da criação do Movimento Escoteiro, B-P nomeia em
1913 o duque como Presidente da Associação Escoteira da Grã-Bretanha. É conhecida a fotografia
destes velhos amigos dando início ao terceiro Jamboree Escoteiro Mundial, em Arrowe Park (1929).
(Foto 4)

Foto 4 - B-P e o Duque de Connaught na Abertura do Jamboree Mundial 1929.

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A amizade de Baden-Powell ao duque foi tal, que colocou o nome de seu primeiro filho
Arthur Robert Peter (Arthur pelo duque, Robert pelo seu pai e Peter pelo personagem infantil “Peter
Pan”).
B-P, por ser herói de guerra e sempre servir ao Rei, possuía uma relação muito estreita com
a Monarquia. Tanto que em 1937 recebeu do Rei Jorge VI a condecoração Ordem do Mérito.
O Rei Jorge VI por sua parte, foi iniciado na Maçonaria em dezembro de 1919 dentro de
uma loja de oficiais da marinha. Após quatro anos de sua iniciação, ocupou o cargo de Venerável
Mestre. Em 25 de abril de 1925 o duque de Connaught o designa “Grão Primeiro Vigilante” da Loja
Unida da Inglaterra.
Outra grande influência maçônica no escotismo surge da amizade entre B-P e Rudyard
Kipling (Foto 5), desde que o conheceu em 1906 em uma de suas constantes viagens a África. B-P
deu uma importância muito grande a um personagem de Kipling chamado “Kim”, coincidência ou
não este personagem era filho de um maçom inglês.

Foto 5 - Rudyard Kipling

Kipling foi iniciado na loja “Hope and Perseverance” nº 782 de Lahore, Punjab (India) e em
seu retorno a Inglaterra trabalhou na “Mother Lodge Nº 3861″ de Londres.
Em 1914, quando Baden-Powell tentava criar uma unidade para os irmãos menores dos
escoteiros, pois ele estava preocupado com a participação dos menores no escotismo não sendo visto
com bons olhos pelos próprios jovens que participavam de atividades em conjunto, decidiu utilizar o
livro de Kipling “Jungle Books” (O livro da selva) para modelar uma nova mística inspirada em
Mowgli. Pediu autorização ao autor e diz B-P que este “era um bom amigo do escotismo desde seus
primórdios, autor da canção oficial dos escoteiros e pai de um escoteiro. Fica interessante o nome
escolhido para estas crianças: “lobinhos”, sendo conhecido o nome dado na época pelos maçons às
crianças “adotadas” pela Irmandade.” Na obra de Kipling e também utilizado pelo B-P cita-se
participantes do ramo lobinho como povo-livre clara referência ao maçom que deve ser livre e de
bons costumes. Em 2016 oficialmente é criado o ramo lobinho crianças de até 10 anos.
Além destas amizades B-P sempre teve apoio de maçons influentes. e Na França, o barão
Pierre de Coubertin foi um dos principais gestores dos “Eclaireurs”, enquanto em nos EUA existiram
dois grandes homens que colaboraram na criação dos “Boy Scouts of America”: Ernest Thompson
Seton (Escoteiro Chefe Nacional) e Daniel Carver Beard (Comisionado Escoteiro Nacional), este
último reconhecido franco-maçom.
Segundo William Hillcourt, dois presidentes norte-americanos colaboraram ativamente com
a obra de Baden-Powell. Um deles, Theodore Roosevelt (Foto 6), é citado no livro “Escotismo para
Rapazes”. Roosevelt foi nomeado vice-presidente honorário dos “Boy Scouts of América” ao ser
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fundada a instituição. Em sua agitada vida maçônica, foi iniciado na Loja “Matinecock Nº 806″ de
Oyster Bay (Nova York), sendo um porta-voz maçônico em todo o mundo.

Foto 6 - Presidente EUA - Theodore Roosevelt

O outro presidente que lutou pela causa escoteira foi William Taft (Foto 7), que se encontrou
com o Escoteiro Chefe Mundial em 1912, prometendo-lhe total apoio na difusão da organização nos
Estados Unidos. Taft foi iniciado em 1909 na cidade de Cincinnati (Ohio) e foi fotografado em várias
oportunidades com o malhete maçônico que pertenceu a George Washington.

Foto 7 - Presidente EUA - William Taft

Lady Olave Baden-Powell que era esposa de Baden-Powell desde 1912, ano que o conheceu
e se cassou, tiveram 3 filhos e o acompanhou em sua jornada pelo mundo para promover o escotismo
afirmou várias vezes em que foi questionada sobre o assunto, inclusive depois da morte de B-P, que
ele não era maçom e não tinha ligação com a Ordem. Maçons atribuem a negação ao fato de que ela
realmente não sabia, que ele havia sido iniciado em alguma Loja da África onde passou muito tempo
principalmente em sua carreira militar entre os anos de 1876 e 1907, ou seja, 36 anos. Afirma-se que
na época em que teoricamente B-P havia participado da Maçonaria ele mantinha um segredo enorme
sobre o assunto por afirmar que seria ruim para a propagação do Escotismo se a Igreja Católica
soubesse.
Em 1990, 39 anos após a morte de B-P o Bureau Mundial do Escotismo encaminhou ofício
para a Grande Loja da Inglaterra e obteve, pela primeira vez oficialmente, a seguinte resposta:
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09 de JULHO de 1990

Caro Srº,

Refiro-me ao seu inquérito sobre Lord Baden-Powell. Houve duas pesquisas completas
nos registros da Grande Loja para o nome de Lord Robert Baden-Powell, mas não houve nenhum
vestígio de ele ter sido iniciado ou ter sido membro de uma loja sob a Grande Loja Unida da
Inglaterra. Nem há qualquer registro de ele ter sido iniciado em uma Loja sob qualquer outra
Grande Loja.
No entanto, as seguintes informações podem ser úteis para você:
Lord Baden-Powell

Robert Stephenson Smyth Powell, Barão de Gilwell, fundador do movimento escoteiro


nasceu 22 de fevereiro de 1857 e morreu em 8 de janeiro de 1941. Apesar das semelhanças nas
filosofias da Maçonaria e do movimento Scouting, temos sido incapazes de localizar qualquer
evidência de que Lord Baden-Powell era maçom.
Neste país temos um número de lojas, cuja composição é predominantemente composta
de irmãos com conexões no Escotismo. Eles têm uma reunião anual em Londres a cada ano em
que um dos lodges realiza uma reunião neste edifício e convida os membros das lojas outros a
participar. Nesta ocasião particular os irmãos muitas vezes usam seus uniformes de Scout bem
como a sua regalia.
Lamento não poder ajudá-lo ainda mais.

Atenciosamente,

J. MACDONALD, Secretário

K.A. McQuillan, Bibliotecário assistente.

Segundo o site maçônico Cavalheiros do Hermon, corroborando com a ideia de que BP


omitia o fato de ser maçom, primeiramente dizemos que não convém para os interesses da Igreja
Católica que Baden-Powell seja maçom e é justamente esta Igreja que tinha tentado monopolizar o
escotismo em muitos países e por volta de 1920 tentava incorporam em suas fileiras a fim de manter
e angariar mais fiéis.
Se fosse revelada a participação de Baden-Powell na antiga Irmandade, o que aconteceria?
O catolicismo tem sido o inimigo mais duro da Maçonaria e ainda hoje “não mudou o juízo negativo
da Igreja a respeito das associações maçônicas, porque seus princípios têm sido considerados
inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e os fiéis que pertencem a ela arrecadam pecado grave e não
podem chegar-se perto da santa comunhão”, segundo uma declaração da Congregação para a
Doutrina da Fé.
Outra frente dizia que a Igreja Católica que queria difundir o escotismo no mesmo período
(1920) pelo mesmo motivo acima citado ignorava o fato de B-P ser maçom, não aceitava e
principalmente negava.
Baden-Powell em um Congresso de Escotistas celebrado em Paris em 1922: "O Movimento
Escoteiro representa uma união mundial de socorro fraternal, uma associação universal de amizade
que não tem fronteiras. Educados na compreensão e que as nações são irmãs, de que formam parte de
uma grande família humana cujos membros devem ajudar-se e compreender-se mutuamente, os
jovens cidadãos e cidadãs de todas as nações cessarão de olhar-se como rivais e não alimentarão mais
que pensamentos de amizade e de estima mútuas."

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O certo é que ante a falta de documentação que valide o espírito maçônico de Baden-Powell,
devemos analisar a similaridade entre o escotismo e a Maçonaria.
Em 1991 foi lançado na Tanzânia um selo que homenageava o Cinquentenário da Morte de
Lord Baden-Powell”, fundador do Escotismo. A série mostra o logo do escotismo e a insígnia
maçônica: Esquadro e Compasso, com a letra G. (Figura 9)

Figura 9 - Selo Homenageando o Cinquentenário da Morte de B-P

Segundo Varrasquim, existem diversas Lojas Maçônicas que adotaram como sua designação
o nome desse profano ilustre Robert Baden-Powell.
Mesmo que talvez B-P não seja maçom considera-se prova que ele aprovou a Maçonaria,
em Ars Quatuor Coronatorum: Transactions of Quatuor Coronati Lodge No. 2076 se esclarece que
ele presenteou à primeira Loja identificada com o seu nome (n.º 488, Victoria) com o Volume do
Livro da Lei que nela ainda hoje é utilizado inclusive contando com sua dedicatória: "Com os
melhores votos para o sucesso da loja em seu bom trabalho, Baden-Powell de Gilwell. 12 de maio de
1931”. Seu neto, Hon. David Michael Baden-Powell foi iniciado nesta loja e permanece um membro
ativo". Os registros da loja mostram que ele é um mestre da loja.
A Loja citada acima, Baden-Powell Lodge nº 488 Freemasonry Victoria, Austrália foi
fundada em 22 de agosto de 1930 existe até hoje e possui um site que pode ser visitado:
http://www.badenpowelllodge.com/. Na parte histórica da Loja faz-se questão de mencionar que B-
P não era maçom, inclusive apontando dificuldades na época em colocar o nome dele no nome da
loja perante ao seu Grande Oriente por este motivo e por ser de uma pessoa ainda viva, mas cita que
ele prontamente aceitou quando lhe foi questionado sobre sua permissão.
Segundo George W. Kerr “A Maçonaria e o Movimento Escotista”, existem por todo o
Mundo Lojas maioritariamente formadas por antigos e atuais escoteiros, agrupadas numa associação
denominada Kindred Lodges Association, que promove reuniões bianuais.
Esta associação de Lojas de dupla filiação maçons /escoteiros compreende 28 lojas em
Inglaterra, 1 na Escócia, 1 na Irlanda, 2 no País de Gales, 10 na Austrália, 1 na Nova Zelândia e 1 na
Alemanha.
Existem seis Lojas maçônicas com o nome de Baden-Powell na Austrália. Destas, o sítio da
n.º 488, de Victoria é referenciada no texto e citações a Loja n.º 505, que publicou em 1982 o opúsculo
intitulado A Maçonaria e o Movimento Escotista. A Loja n.º 222 atribui anualmente o prêmio Ted
Whitworth, integrado no sistema de prêmios dos South Australian Rovers, uma organização escotista.
Existem Lojas com o nome de Baden-Powell na Irlanda, na Argentina e na África do Sul;
ainda referenciada a Loja Baden-Powell n.º 381, na Nova Zelândia.
Também a Respeitável Loja Baden-Powell, n.º 185 da Grande Loja Maçônica do Estado do
Rio Grande do Sul, Brasil, fundada em 4 de Novembro de 2004 e com sede no Oriente de Porto
Alegre, RS.
No Brasil existem ainda mais duas Lojas com o nome Baden-Powell, uma no Rio de Janeiro
e outra em São Paulo.
Segundo o site das Grande Loja Britânica Columbia & Yucon há algumas cartas trocadas
entre Baden-Powell e o maçom Coronel David Cossgrove que estava auxiliando na expansão do
escotismo. Nestas cartas, trocadas em 1919, aparentemente estavam montando modelos baseados na
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Maçonaria intitulado “Torres de Vigias” com 3 graus onde escoteiros com maior idade seriam
“sentinelas” divididos em oficiais: um Sentinela Chefe, uma Sentinela do Sul, uma Sentinela do
Oriente, uma Sentinela do Oeste, uma Guarda Interna, uma Guarda Exterior, um Vigilante Sênior,
um Vigilante Júnior, um Escriba e um Padre. As cartas detalhavam como deveriam funcionar as
reuniões e o comportamento dos membros. Notoriamente baseado nos cargos/luzes maçônicas.
Aparentemente este plano não foi adiante devido ao falecimento de Cossgrove. Segundo a fonte lojas
ligadas ao escotismo na Nova Zelândia realizam anualmente uma seção baseada nos escritos
existentes.

3. CONCLUSÃO
Na condição de um eterno aprendiz, o trabalho só não atingiu seu objetivo pois ainda paira,
e esta dúvida permanecerá no tempo, a incerteza de que Baden-Powell realmente não era maçom.
Fica muito evidente a semelhança entre o movimento escoteiro e a Maçonaria. A dificuldade
característica na concepção do grau nos faz refletir sobre todas os ensinamentos decorridos através
da pesquisa e nos dá a mais absoluta certeza de que cada vez mais precisamos nos dedicar ao estudo,
não só maçônico, para almejar algum entendimento mínimo sobre qualquer assunto proposto.
Mesmo que Baden-Powell não tenha sido maçom credito a influência da Maçonaria na
montagem do que hoje é o escotismo praticado no mundo inteiro através de seus conhecidos, vários
maçons poderosos e influentes inclusive da realeza, da monarquia, que auxiliaram na formação dos
conceitos, princípios, cerimônias, etc.
Atento pelo fato de que o movimento escoteiro é para o jovem que compreende crianças,
adolescentes e que estão entrando na fase adulta, todos os conceitos da Maçonaria aplicado ao
escotismo foram simplificados para um melhor entendimento, a profundidade dos estudos tem como
objetivo moldar o caráter e prepara-lo para ser alguém útil na sociedade. A Maçonaria neste caso,
aplicado as crianças e jovens, seria realmente um período preparatório para que, na continuidade da
vida, ele deixe de ser um profano, como homem apto, livre e de bons costumes, para pertencer
também a Ordem Maçônica.
Me arrisco a afirmar que a Maçonaria, mesmo que B-P não tenha sido maçom, sempre esteve
por trás do escotismo, apoiando o escotismo com objetivos semelhantes sempre de forma discreta
atuando nos bastidores e envolvendo seus membros maçons em toda a história deste movimento.
Chego também a conclusão de que, um jovem que conclua sua passagem pelo escotismo dos
6,5 anos como lobinho até sua cerimônia de partida como Pioneiro ao completar 21 terá plena
condições de ser convidado para participar da Ordem e em absoluto será um maçom de valor.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: A Trolha,
2012.
APOSTILA CURSO PRELIMINAR - LINHAS DIRIGENTE INSTITUCIONAL E ESCOTISTA. União
dos Escoteiros do Brasil, Curitiba: Edição 2, 2014.
CARDOSO DOS SANTOS, Felipe. Landmarks. Chapecó/2017.
CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçônico. 1ª ed. Editora Maçônica A Trolha: 1990. n 8,
p. 132.
Código de Procedimentos. Grande Oriente de Santa Catarina. 2017.
Concepção de Ensino dos Graus Simbólicos, Grau 1 Aprendiz Maçom. Grande Oriente de Santa Catarina
– Secretaria de Educação. Edição revisada em fevereiro de 2014.
Constituição do Grande Oriente de Santa Catarina. Florianópolis/SC.
Dicionário Michaelis. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/. Acessado em: 23 outubro 2018.
Grande Oriente de Santa Catarina, https://gosc.org.br/maconaria. Acessado em: 18 outubro 2018.
KERR, George W. Maçonaria e o Movimento Escoteiro. Philalethes, 1995.
Maçonaria Capixaba, http://maconariacapixaba.blogspot.com/2013/03/baden-powell-foi-macom-qual-
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OLIVEIRA, Robson Rocha de. O Escotismo e a Maçonaria. Loja: Fenelon Barbosa & Alferes
Tiradentes 23/02/2013

P.O.R. - PRINCÍPIOS, ORGANIZAÇÃO E REGRAS – UEB. União dos Escoteiros do Brasil. Curitiba:
Edição 10 Alterações feitas em 08/01/2016, 11/2013
Portal da Maçonaria. Entidades Paramaçônicas. Disponível em
https://www.portaldamaconaria.com.br/. Acesso em: 21 outubro 2018.
Princípios Gerais – Maçonaria. Landmarks, Constituição – GOSC e os Antigos Deveres. GOSC.
Florianópolis: 2010.
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19 outubro 2018.
Site dos Significados https://www.significados.com.br/maconaria/. Acessado em: 17 outubro 2018.
Site Maçônico Cavaleiros do Hermon. http://cavaleirosdohermon.blogspot.com/2015/10/escotismo-e-
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Site MS Franco. http://msfranco.blogspot.com/2015/01/qual-relacao-do-escotismo-e-maconaria.html.
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RELATÓRIO ANUAL. União dos Escoteiros do Brasil. Curitiba: 2018.
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WIKIPÉDIA. Escotismo para Rapazes. Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escotismo_para_Rapazes. Acesso em: 23 outubro 2018.
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