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Grau Companheiro
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1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
2.1.1 Maçonaria
Conforme consta nos Princípios Gerais da Maçonaria, Pag. 5, ela é uma escola de
conhecimentos e de aperfeiçoamento que o homem, em seu percurso histórico, produziu. É,
complementar e subsidiariamente, uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica,
educativa e progressista, adogmática e apartidária, que tem por finalidade oferecer instrumentos para
formar homens que propugnem por uma sociedade alicerçada na tríada da liberdade, igualdade e
fraternidade.
Na “Regra em 12 Pontos” que segundo Rui Bandeira (2016), listada pela Grande Loja
Nacional Francesa que define os princípios da Maçonaria Regular, o primeiro ponto define Maçonaria
como “uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande
Arquiteto do Universo”.
O Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC) em seu site define Maçonaria como uma
organização fraternal que tem como princípio básico o amor fraterno, a prática da caridade e a busca
da Verdade,
Maçonaria é uma sociedade discreta, onde suas ações são reservadas e interessa apenas
àqueles que dela participam. A Maçonaria é uma sociedade universal, cujos membros cultivam o
aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e
aperfeiçoamento intelectual segundo o site de significados.
Segundo o Dicionário Michaelis, a Maçonaria é uma sociedade semissecreta com o objetivo
de praticar a fraternidade e a filantropia entre seus membros. Divide-se em grupos, denominados
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lojas, que usam sinais e emblemas para se reconhecerem; seus membros se classificam como
aprendizes, companheiros e mestres, que obedecem ao venerável.
2.1.2 Escotismo
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Foto 1 - Lord Baden-Powell of Gilwell - Fundador do Escotismo
Segundo o Manual do Escotista da União dos Escoteiros do Brasil, B-P tinha como objetivo
tirar do ócio, do vício do cigarro e da bebida os jovens da Inglaterra, este seria o cenário que ele
encontrou ao retornar da guerra como herói nacional no início do século 20.
Lembrou da experiência de utilizar os jovens durante a guerra de Transvaal onde defendeu
a cidade de Mafeking, um importante entroncamento ferroviário que, com pouco mais de 700
soldados resistiu por 217 dias contra aproximadamente 6.000 Boers treinados até a chegada de
reforços. Os jovens realizavam tarefas simples como mensageiros, entregas de correspondências,
auxiliares de cozinha, escribas, sentinelas, intendentes, etc. não precisando retirar do fronte de batalha
seus poucos soldados. B-P em toda sua vida disse que se pode confiar nos jovens.
Ao encontrar os jovens em situação difícil, agravada pela crise e desemprego, e percebendo
que muitos jovens utilizavam seu livro escrito para oficiais do exército britânico, “Aids to Scouting”,
que continha ensinamentos sobre como acampar e sobreviver em regiões selvagens, escreveu
inicialmente em 6 fascículos que depois foi encadernado e se tornou o livro “Scouting for Boys” que
hoje é considerado o terceiro livro mais vendido no mundo levando em conta todas suas traduções.
Com o sucesso do livro organizou um acampamento na ilha de Brownsea com 21 jovens durante 7
dias para colocar em prática o que durante 6 anos ficou estudando. O sucesso foi comprovado e nascia
ali o Escotismo.
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Escoteira. Participação no desenvolvimento da sociedade com reconhecimento e respeito à dignidade
do ser humano e ao equilíbrio do meio ambiente;
c) Deveres para consigo mesmo – responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento.
Segundo Mario Sérgio em seu blog, “Os escoteiros surgiram da Maçonaria, porque Baden-
Powell era maçon. Sonhou, segundo ele, fazer com harmonia a convivência entre os filhos de duques
e filhos de empregados”.
Está no rito brasileiro que um maçom deve desbastar a Pedra Bruta, cavar masmorras ao
vício e erguer Templos à Virtude.
O que seria mais nobre para um maçom em relação as crianças?
O Escotismo tem como objetivo principal, segundo a União dos Escoteiros do Brasil,
contribuir para que o jovem assume seu próprio desenvolvimento.
Segundo consta nos Princípios Gerais do GOSC, 2010, os maçons devem obediência aos
Landmarks. Landmarks são considerados como as mais antigas leis que regem a Maçonaria
Universal, estabelecem preceitos fundamentais, eternos e imutáveis.
Os 25 landmaks redigidos por Mackey e citados por Vanildo de Senna (1981, p.18) segundo
Cardoso dos Santos, 2017, são:
1. Os modos de reconhecimento.
2. A divisão da Maçonaria simbólica em três graus.
3. A lenda do Terceiro Grau.
4. O Governo da Fraternidade por funcionário que a presida, denominado de Grão Mestre,
eleito pelo corpo da Ordem.
5. A prerrogativa do Grão Mestre para presidir as Assembleias da Fraternidade.
6. A prerrogativa do Grão Mestre em dispensar prazos para a concessão de graus.
7. A prerrogativa do Grão Mestre para conceder dispensas a fim de abrir e manter Lojas.
8. A prerrogativa do Grão Mestre para iniciar maçons com dispensa de cerimônia.
9. A necessidade dos maçons congregarem-se em Loja.
10. O Governo da Fraternidade, quando a Loja está reunida, por um Mestre e dois
Vigilantes.
11. A necessidade de que cada Loja, quando reunida esteja devidamente guardada.
12. O direito de cada maçom de ser representado em todas as reuniões da Fraternidade e
de instruir os seus representantes.
13. O direito de cada maçom de apelar das decisões de seus irmãos em Loja aberta à
Grande Loja ou Assembleia Geral dos Maçons.
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14. O direito de cada maçom visitar e sentar-se em toda Loja regular.
15. Nenhum visitante, desconhecido dos irmãos presentes, ou de alguns deles, como
maçom, pode entrar em Loja, sem sofrer antes um exame de conformidade com os usos
antigos.
16. Nenhuma Loja poderá interferir nos assuntos de outra Loja.
17. Cada maçom está sujeito às Leis e Regulamentos da Jurisdição Maçônica onde atua.
18. Que os candidatos tenham estas qualificações: serem homens, não mutilados, de
nascimento livre e de idade madura.
19. A crença na existência de Deus como Grande Arquiteto do Universo.
20. Subsidiária à essa crença em Deus, a crença na ressurreição e numa vida futura.
21. Um "Livro da Lei" como parte indispensável no ornamento de Loja.
22. Igualdade entre todos os Maçons.
23. O segredo dentro da Instituição.
24. A função de uma ciência especulativa sobre uma arte operativa e o uso simbólico e
explicação dos termos da arte, com a finalidade do ensino moral e religioso.
25. Que os "limites" sejam inalterados.
No escotismo Baden-Powell estabeleceu uma única lei com 10 artigos. O que seria um
resumo do que pregamos na Maçonaria para um entendimento facilitado para os jovens. Conforme a
regra 008 do P.O.R. os artigos são:
26. O escoteiro tem uma só palavra, sua honra vale mais que sua própria vida;
27. O escoteiro é leal;
28. O escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa
ação;
29. O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros;
30. O escoteiro é cortês;
31. O escoteiro é bom para os animais e as plantas;
32. O escoteiro é obediente e disciplinado;
33. O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades;
34. O escoteiro é econômico e respeita o bem alheio;
35. O escoteiro é limpo de corpo e alma.
Percebam, pois, que os artigos têm a lista do que se deve fazer ou ser e não o que não deve.
Esta visão positivista não poderia estar atribuída a uma pessoa que não fosse, ao menos de
pensamento, um maçom nato.
Além disso para o ramo Pioneiro, que é composto no Brasil por jovens de idade entre 18 a
21 anos, atribuísse uma Virtude a cada artigo da Lei Escoteira. Conforme consta no Escotistas em
Ação – Ramo Pioneiro, pág. 25 as virtudes são:
1. Verdade
2. Lealdade
3. Altruísmo
4. Fraternidade
5. Perfeição
6. Bondade
7. Consciência
8. Felicidade
9. Eficiência
10. Pureza
A Lei escoteira apresenta a todos os membros do movimento escoteiro um código de valores,
bastante abrangente, e os convida a incorporá-lo em suas vidas. É um código positivo, que promove
a ação de “ser alguma coisa”, e que idealmente se transformará de algo externo em forma de conduta
de cada um, internalizada e presente.
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Se define Virtude, ainda na obra Escotistas em Ação – Ramo Pioneiro, como referência a
uma qualidade moral e pessoal. É o hábito de praticar o bem e o que é justo, e que mostra uma conduta
constante e intencional.
As virtudes, os artigos da Lei e da Promessa Escoteira estão intimamente ligados as seguintes
passagens do nosso rito brasileiro onde o orador responde ao Venerável Mestre sobre o que é preciso
para um maçom seja eficiente, ou seja, suas características e suas qualidades:
Características:
- Ter capacidade Civil;
- Moral ilibada;
- Sentimento Cívico;
- Compreender os fins Maçônicos e querer executá-los.
Qualidades:
- Educado;
- Ativo;
- Estudioso;
- Verdadeiro;
- Firme;
- Possuir Espírito Público.
Quando, pela primeira vez me foi retirada a venda, em meu ritual de iniciação, onde estava
na Câmara de Reflexão me foi entregue um questionário com as seguintes perguntas:
· Quais os deveres do Homem para com Deus?
· Quais os deveres do Homem para com a Humanidade?
· Quais os deveres do Homem para com a Pátria?
· Quais os deveres do Homem para com a Família?
· Quais os deveres do Homem para com consigo mesmo?
Naquele momento tive a primeira certeza sobre a relação entre o Escotismo e a Maçonaria.
Deus, humanidade, Pátria, família e o “eu” são amplamente trabalhados nos princípios, conceitos e
objetivos do movimento escoteiro.
Destaco aqui a promessa escoteira que também é realizada dentro de um ritual/cerimônia
própria que tem relacionamento direto a cada uma das perguntas:
“Prometo, pela minha honra, fazer o melhor possível para: cumprir meus
deveres para com Deus e minha Pátria; ajudar o próximo em toda e qualquer
ocasião; e, obedecer à Lei Escoteira.”
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Figura 3 - Distintivo de Promessa Escoteira
O círculo azul no centro do símbolo nacional do Escotismo (Figura 2) durante 61 anos foi
atribuído a homenagem a um irmão maçom ligado ao escotismo que foi Benjamim Sodré que em
1922 escrevia na revista infantil “O Tico-Tico” sob o pseudônimo “Velho Lobo” uma coluna sobre
escotismo de muita influência na formação moral da juventude da época. Antigo marinheiro, durante
a guerra comandou o petroleiro Marajó. Suas atuações na vida profanas lhe valeram inúmeras
comendas e diplomas e na vida maçônica era filiado à loja “Regeneração Catarinense” sendo
conhecido como “Impoluto Maçom”. Foi deputado da Assembleia Legislativa do Grande Oriente do
Brasil e veio a exercer o cargo de Grão Mestre.
Ascendeu ao Oriente Eterno aos 90 anos de idade e recebeu justa homenagem emprestando
seu nome à A:.R:.L:.S:. “Benjamin Sodré” nº 143 do Oriente de Niterói – RJ. A referida oficina
apresenta em sua chancela sobre o fundo azul uma ancora símbolo da Marinha, sobre ela o Compasso
e o Esquadro e entrelaçada ao compasso a Flor de Liz símbolo do Escotismo e no meio da flor de Liz
temos o escudo nacional em azul com círculo de estrelas rodeando a constelação do Cruzeiro do Sul
e representando os grandes amores do irmão Benjamin: A Pátria, O escotismo, a Maçonaria e a
Marinha. Até hoje o símbolo também é usado no distintivo de Promessa Escoteira. (Figura 3) Também
é visto a relação do cruzeiro do sul também no símbolo do Rito Brasileiro (Figura 1).
Além disso podemos observar na Figura 2 e Figura 3 que existe um nó na parte inferior que
também faria referência a Maçonaria representando a fraternidade escoteira e sua corda de 81 nós que
circula o templo (Castellani, 1990).
Durante uma das cerimônias escoteiras, o IBOA, que é realizada ao início e final de qualquer
atividade escoteira há o momento em que se homenageia a pátria com o hasteamento ou arriamento
da Bandeira Nacional. A bandeira sobe/desce ao/do topo do mastro através da adriça, com o apoio de
dois escoteiros, em formato de triângulo (Figura 7). Para o Escotismo este triângulo representa os três
pilares da promessa escoteira: Deus, Pátria e Próximo bem como o seu sinal. Os três princípios
estariam relacionados a várias citações na Maçonaria inclusive as 3 luzes.
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O triângulo também está presente no formato do lenço escoteiro (Figura 8). O lenço é
utilizado por escoteiros do mundo inteiro para diferenciar a região ou grupo ao qual o escoteiro
pertence. Após enrolado ele é usado ao redor do pescoço com as pontas para frente e para baixo e
prezo por um “arganel” com símbolo do ramo ao qual ele está no momento. Para escotistas e
dirigentes podem representar o grau de formação e capacitação.
Infelizmente a identidade de Baden-Powell não é confirmada nesta foto, mesmo com toda a
semelhança, a opinião dos pesquisadores é muito controversa.
Segundo a pesquisa realizada por Oliveira, 2013, O duque de Connaught (Foto 3) foi quem
iniciou Baden-Powell nos mistérios da Irmandade maçônica, já que ele era Grão Mestre da Grande
Loja Unida da Inglaterra. Havia sido iniciado em 1874 na Loja “Príncipe de Gales” nº 259 e em 1886
se converteu no Grão Mestre provincial de Sussez.
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Foto 3 - Duque de Commanght com Traje de Gala do Exército e com Paramentos Maçônicos
Dentro da família real britânica, o duque de Connaught foi quem mais influenciou na
personalidade do fundador do escotismo. Este príncipe era o terceiro filho da Rainha Victória
(Príncipe Arthur) e conheceu Baden-Powell em 1883 na Índia, onde praticaram juntos a caça ao javali
com lança. Poucos anos mais tarde, B-P, dedicaria seu “Pigsticking or hoghunting” ao duque, o
“primeiro príncipe de sangue real que havia recebido uma “primeira lança”. Em 1906, o duque de
Connaught era inspetor Geral do Exército inglês e neste posto nomeou Baden-Powell como Inspetor
Geral da Cavalaria na África do Sul.
A amizade de ambos aumentou depois da criação do Movimento Escoteiro, B-P nomeia em
1913 o duque como Presidente da Associação Escoteira da Grã-Bretanha. É conhecida a fotografia
destes velhos amigos dando início ao terceiro Jamboree Escoteiro Mundial, em Arrowe Park (1929).
(Foto 4)
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A amizade de Baden-Powell ao duque foi tal, que colocou o nome de seu primeiro filho
Arthur Robert Peter (Arthur pelo duque, Robert pelo seu pai e Peter pelo personagem infantil “Peter
Pan”).
B-P, por ser herói de guerra e sempre servir ao Rei, possuía uma relação muito estreita com
a Monarquia. Tanto que em 1937 recebeu do Rei Jorge VI a condecoração Ordem do Mérito.
O Rei Jorge VI por sua parte, foi iniciado na Maçonaria em dezembro de 1919 dentro de
uma loja de oficiais da marinha. Após quatro anos de sua iniciação, ocupou o cargo de Venerável
Mestre. Em 25 de abril de 1925 o duque de Connaught o designa “Grão Primeiro Vigilante” da Loja
Unida da Inglaterra.
Outra grande influência maçônica no escotismo surge da amizade entre B-P e Rudyard
Kipling (Foto 5), desde que o conheceu em 1906 em uma de suas constantes viagens a África. B-P
deu uma importância muito grande a um personagem de Kipling chamado “Kim”, coincidência ou
não este personagem era filho de um maçom inglês.
Kipling foi iniciado na loja “Hope and Perseverance” nº 782 de Lahore, Punjab (India) e em
seu retorno a Inglaterra trabalhou na “Mother Lodge Nº 3861″ de Londres.
Em 1914, quando Baden-Powell tentava criar uma unidade para os irmãos menores dos
escoteiros, pois ele estava preocupado com a participação dos menores no escotismo não sendo visto
com bons olhos pelos próprios jovens que participavam de atividades em conjunto, decidiu utilizar o
livro de Kipling “Jungle Books” (O livro da selva) para modelar uma nova mística inspirada em
Mowgli. Pediu autorização ao autor e diz B-P que este “era um bom amigo do escotismo desde seus
primórdios, autor da canção oficial dos escoteiros e pai de um escoteiro. Fica interessante o nome
escolhido para estas crianças: “lobinhos”, sendo conhecido o nome dado na época pelos maçons às
crianças “adotadas” pela Irmandade.” Na obra de Kipling e também utilizado pelo B-P cita-se
participantes do ramo lobinho como povo-livre clara referência ao maçom que deve ser livre e de
bons costumes. Em 2016 oficialmente é criado o ramo lobinho crianças de até 10 anos.
Além destas amizades B-P sempre teve apoio de maçons influentes. e Na França, o barão
Pierre de Coubertin foi um dos principais gestores dos “Eclaireurs”, enquanto em nos EUA existiram
dois grandes homens que colaboraram na criação dos “Boy Scouts of America”: Ernest Thompson
Seton (Escoteiro Chefe Nacional) e Daniel Carver Beard (Comisionado Escoteiro Nacional), este
último reconhecido franco-maçom.
Segundo William Hillcourt, dois presidentes norte-americanos colaboraram ativamente com
a obra de Baden-Powell. Um deles, Theodore Roosevelt (Foto 6), é citado no livro “Escotismo para
Rapazes”. Roosevelt foi nomeado vice-presidente honorário dos “Boy Scouts of América” ao ser
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fundada a instituição. Em sua agitada vida maçônica, foi iniciado na Loja “Matinecock Nº 806″ de
Oyster Bay (Nova York), sendo um porta-voz maçônico em todo o mundo.
O outro presidente que lutou pela causa escoteira foi William Taft (Foto 7), que se encontrou
com o Escoteiro Chefe Mundial em 1912, prometendo-lhe total apoio na difusão da organização nos
Estados Unidos. Taft foi iniciado em 1909 na cidade de Cincinnati (Ohio) e foi fotografado em várias
oportunidades com o malhete maçônico que pertenceu a George Washington.
Lady Olave Baden-Powell que era esposa de Baden-Powell desde 1912, ano que o conheceu
e se cassou, tiveram 3 filhos e o acompanhou em sua jornada pelo mundo para promover o escotismo
afirmou várias vezes em que foi questionada sobre o assunto, inclusive depois da morte de B-P, que
ele não era maçom e não tinha ligação com a Ordem. Maçons atribuem a negação ao fato de que ela
realmente não sabia, que ele havia sido iniciado em alguma Loja da África onde passou muito tempo
principalmente em sua carreira militar entre os anos de 1876 e 1907, ou seja, 36 anos. Afirma-se que
na época em que teoricamente B-P havia participado da Maçonaria ele mantinha um segredo enorme
sobre o assunto por afirmar que seria ruim para a propagação do Escotismo se a Igreja Católica
soubesse.
Em 1990, 39 anos após a morte de B-P o Bureau Mundial do Escotismo encaminhou ofício
para a Grande Loja da Inglaterra e obteve, pela primeira vez oficialmente, a seguinte resposta:
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09 de JULHO de 1990
Caro Srº,
Refiro-me ao seu inquérito sobre Lord Baden-Powell. Houve duas pesquisas completas
nos registros da Grande Loja para o nome de Lord Robert Baden-Powell, mas não houve nenhum
vestígio de ele ter sido iniciado ou ter sido membro de uma loja sob a Grande Loja Unida da
Inglaterra. Nem há qualquer registro de ele ter sido iniciado em uma Loja sob qualquer outra
Grande Loja.
No entanto, as seguintes informações podem ser úteis para você:
Lord Baden-Powell
Atenciosamente,
J. MACDONALD, Secretário
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O certo é que ante a falta de documentação que valide o espírito maçônico de Baden-Powell,
devemos analisar a similaridade entre o escotismo e a Maçonaria.
Em 1991 foi lançado na Tanzânia um selo que homenageava o Cinquentenário da Morte de
Lord Baden-Powell”, fundador do Escotismo. A série mostra o logo do escotismo e a insígnia
maçônica: Esquadro e Compasso, com a letra G. (Figura 9)
Segundo Varrasquim, existem diversas Lojas Maçônicas que adotaram como sua designação
o nome desse profano ilustre Robert Baden-Powell.
Mesmo que talvez B-P não seja maçom considera-se prova que ele aprovou a Maçonaria,
em Ars Quatuor Coronatorum: Transactions of Quatuor Coronati Lodge No. 2076 se esclarece que
ele presenteou à primeira Loja identificada com o seu nome (n.º 488, Victoria) com o Volume do
Livro da Lei que nela ainda hoje é utilizado inclusive contando com sua dedicatória: "Com os
melhores votos para o sucesso da loja em seu bom trabalho, Baden-Powell de Gilwell. 12 de maio de
1931”. Seu neto, Hon. David Michael Baden-Powell foi iniciado nesta loja e permanece um membro
ativo". Os registros da loja mostram que ele é um mestre da loja.
A Loja citada acima, Baden-Powell Lodge nº 488 Freemasonry Victoria, Austrália foi
fundada em 22 de agosto de 1930 existe até hoje e possui um site que pode ser visitado:
http://www.badenpowelllodge.com/. Na parte histórica da Loja faz-se questão de mencionar que B-
P não era maçom, inclusive apontando dificuldades na época em colocar o nome dele no nome da
loja perante ao seu Grande Oriente por este motivo e por ser de uma pessoa ainda viva, mas cita que
ele prontamente aceitou quando lhe foi questionado sobre sua permissão.
Segundo George W. Kerr “A Maçonaria e o Movimento Escotista”, existem por todo o
Mundo Lojas maioritariamente formadas por antigos e atuais escoteiros, agrupadas numa associação
denominada Kindred Lodges Association, que promove reuniões bianuais.
Esta associação de Lojas de dupla filiação maçons /escoteiros compreende 28 lojas em
Inglaterra, 1 na Escócia, 1 na Irlanda, 2 no País de Gales, 10 na Austrália, 1 na Nova Zelândia e 1 na
Alemanha.
Existem seis Lojas maçônicas com o nome de Baden-Powell na Austrália. Destas, o sítio da
n.º 488, de Victoria é referenciada no texto e citações a Loja n.º 505, que publicou em 1982 o opúsculo
intitulado A Maçonaria e o Movimento Escotista. A Loja n.º 222 atribui anualmente o prêmio Ted
Whitworth, integrado no sistema de prêmios dos South Australian Rovers, uma organização escotista.
Existem Lojas com o nome de Baden-Powell na Irlanda, na Argentina e na África do Sul;
ainda referenciada a Loja Baden-Powell n.º 381, na Nova Zelândia.
Também a Respeitável Loja Baden-Powell, n.º 185 da Grande Loja Maçônica do Estado do
Rio Grande do Sul, Brasil, fundada em 4 de Novembro de 2004 e com sede no Oriente de Porto
Alegre, RS.
No Brasil existem ainda mais duas Lojas com o nome Baden-Powell, uma no Rio de Janeiro
e outra em São Paulo.
Segundo o site das Grande Loja Britânica Columbia & Yucon há algumas cartas trocadas
entre Baden-Powell e o maçom Coronel David Cossgrove que estava auxiliando na expansão do
escotismo. Nestas cartas, trocadas em 1919, aparentemente estavam montando modelos baseados na
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Maçonaria intitulado “Torres de Vigias” com 3 graus onde escoteiros com maior idade seriam
“sentinelas” divididos em oficiais: um Sentinela Chefe, uma Sentinela do Sul, uma Sentinela do
Oriente, uma Sentinela do Oeste, uma Guarda Interna, uma Guarda Exterior, um Vigilante Sênior,
um Vigilante Júnior, um Escriba e um Padre. As cartas detalhavam como deveriam funcionar as
reuniões e o comportamento dos membros. Notoriamente baseado nos cargos/luzes maçônicas.
Aparentemente este plano não foi adiante devido ao falecimento de Cossgrove. Segundo a fonte lojas
ligadas ao escotismo na Nova Zelândia realizam anualmente uma seção baseada nos escritos
existentes.
3. CONCLUSÃO
Na condição de um eterno aprendiz, o trabalho só não atingiu seu objetivo pois ainda paira,
e esta dúvida permanecerá no tempo, a incerteza de que Baden-Powell realmente não era maçom.
Fica muito evidente a semelhança entre o movimento escoteiro e a Maçonaria. A dificuldade
característica na concepção do grau nos faz refletir sobre todas os ensinamentos decorridos através
da pesquisa e nos dá a mais absoluta certeza de que cada vez mais precisamos nos dedicar ao estudo,
não só maçônico, para almejar algum entendimento mínimo sobre qualquer assunto proposto.
Mesmo que Baden-Powell não tenha sido maçom credito a influência da Maçonaria na
montagem do que hoje é o escotismo praticado no mundo inteiro através de seus conhecidos, vários
maçons poderosos e influentes inclusive da realeza, da monarquia, que auxiliaram na formação dos
conceitos, princípios, cerimônias, etc.
Atento pelo fato de que o movimento escoteiro é para o jovem que compreende crianças,
adolescentes e que estão entrando na fase adulta, todos os conceitos da Maçonaria aplicado ao
escotismo foram simplificados para um melhor entendimento, a profundidade dos estudos tem como
objetivo moldar o caráter e prepara-lo para ser alguém útil na sociedade. A Maçonaria neste caso,
aplicado as crianças e jovens, seria realmente um período preparatório para que, na continuidade da
vida, ele deixe de ser um profano, como homem apto, livre e de bons costumes, para pertencer
também a Ordem Maçônica.
Me arrisco a afirmar que a Maçonaria, mesmo que B-P não tenha sido maçom, sempre esteve
por trás do escotismo, apoiando o escotismo com objetivos semelhantes sempre de forma discreta
atuando nos bastidores e envolvendo seus membros maçons em toda a história deste movimento.
Chego também a conclusão de que, um jovem que conclua sua passagem pelo escotismo dos
6,5 anos como lobinho até sua cerimônia de partida como Pioneiro ao completar 21 terá plena
condições de ser convidado para participar da Ordem e em absoluto será um maçom de valor.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APOSTILA CURSO PRELIMINAR - LINHAS DIRIGENTE INSTITUCIONAL E ESCOTISTA. União
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Edição 10 Alterações feitas em 08/01/2016, 11/2013
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