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Etiologia da Patologia Pulpar

Polpa Dental

A polpa dental é constituída por inúmeras células de


defesa, vasto suprimento sanguíneo, fibras nervosas e
substância intercelular. Esse tecido conjuntivo que
compõe a polpa apresenta grande capacidade de
reparação, porém essa resposta pode ser modificada se
alterado seu suprimento sanguíneo.

Fonte: http://perdizesodontointegrada.com.br/oque-e-endodontia
Etiologia da Patologia Pulpar
Inflamação Pulpar

O diagnóstico da inflamação da polpa é observado através de respostas a fatores com etiologias e


intensidades diferentes, que devem ser analisados conforme sua extensão, pois irão determinar sinais e
sintomas referentes à patologia.

O correto diagnóstico das alterações pulpares deve ser analisado através de exames radiográficos, testes de
vitalidade e características da dor que o paciente relata antes ou durante o atendimento. Porém somente
essas análises não nos permite verificar a extensão da inflamação ou infecção do dente.
Etiologia da Patologia Pulpar
Fatores Etiológicos da Inflamação Pulpar

FATORES
FATOR FÍSICO: calor PATOLÓGICOS: atrição,
gerado através do FATORES MECÂNICOS:
abrasão
preparo cavitário sem preparo de cavidades
irrigação

FATOR MICROBIANO:
bactérias

FATORES QUÍMICOS: FATORES


ácidos do TRAUMÁTICOS: fratura
condicionamento das dentinárias ou fraturas
restaurações, materiais de restaurações
empregados nas
restaurações
Etiologia da Patologia Pulpar

Fatores Etiológicos da Inflamação Pulpar

Exemplo de fator etiológico físico: calor gerado pela


Exemplo de fator traumático: fratura dentinária
broca durante a remoção de cáries e restaurações

Fonte: https://www.tuasaude.com/dente-quebrado/
Fonte: https://www.leomunizodonto.com.br/exposicao-pulpar-e-zonas-de-risco/
Etiologia da Patologia Pulpar

Tratamentos

Como opções de tratamento para a inflamação pulpar, temos:

- Tratamentos conservadores: proteção pulpar direta,


pulpotomia

- Tratamento radical: biopulpectomia

Fonte: https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/
Biopulpectomia
Biopulpectomia

A biopulpectomia é indicada em casos onde o dente


apresenta elevado processo inflamatório, com alteração
da coloração e alto suprimento sanguíneo. Também
pode ser indicado quando é necessária a retenção
protética através de núcleos intra-radiculares.

Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rsbo/v8n4/a19v8n4.pdf
Biopulpectomia

Sucesso da Biopulpectomia

O sucesso no tratamento endodôntico em dentes com vitalidade pulpar é alto pois consiste na
ausência de microrganismos que geram patologias periapicais. Para tal também se faz necessário
um correto isolamento e assepsia durante o procedimento em si para manter uma cadeia limpa e
livre de microrganismos, instrumentação no limite de trabalho adequado, correto emprego de
substâncias irrigantes, medicação intracanal e obturação do canal radicular.
Biopulpectomia

Sucesso da Biopulpectomia

Atualmente o tratamento de canal em sessão único se tornou corriqueiro nos consultórios,


pois apresenta vantagens como economia de tempo, maior produtividade e inicio rápido dos
procedimentos restauradores. Porém, podem existir algumas situações clínicas onde o
dentista não consegue realizar o tratamento em sessão única, podem ser elas: pulpite aguda
e sintomatologia periapical, canais atresiados e/ou calcificados ou raízes com grandes
curvaturas.

Fonte: https://www.novaendovita.com/category/especialistas/
Biopulpectomia

Sequência de Preparo

1. Radiografia Inicial
2. Diagnóstico
3. Anestesia, isolamento absoluto

Fonte: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191006_210122.pdf Fonte: https://sorridents.com.br/blog/saiba-tudo-sobre-a-anestesia-dentaria/ Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=MlyZEiijeyI


Biopulpectomia

Sequência de Preparo

4. Abertura coronária com brocas esféricas e tronco-cônicas


5. Irrigação com hipoclorito de sódio 2,5%
6. Exploração com lima #10 e #15

endodontico-manual-e-mecanizado/
Fonte: https://www.academiadaodontologia.com.br/tratamento-
https://wp.ufpel.edu.br/pecos/files/2015/12/princ_trat_end_
mol_2015_12_14.pdf
Fonte:
Biopulpectomia

Sequência de Preparo

7. Preparo do canal com limas


8. Medicação intracanal em casos que não seja possível concluir
em apenas uma sessão
9. Obturação

Fonte: https://www-dentalspeed-com.s3.amazonaws.com/pdfs/nap13464a-livro-
aspectos-de-interesse-da-endodontia-contemporanea.pdf
Fonte: https://rgo.com.br/motores-para-endodontia-mecanizada-com-movimentos-rotatorios-e-reciprocantes/
Necropulpectomia
Necropulpectomia

Fonte:https://institutokopp.com.br/especialidades/endodontia-em-curitiba/
O tratamento de dentes com necrose pulpar ocorre principalmente
quando o tecido conjuntivo pulpar é agredido por fatores externos
tornando-se necrosada. Isso ocorre principalmente quando a lesão
cariosa chega até a polpa, levando bactérias que antes não
atingiam a polpa e por isso não conseguem se defender do avanço
da infecção colonizando todo o sistema de canais radiculares.
Necropulpectomia

Necropulpectomia

Para tal torna-se necessário um combate eficaz a essas bactérias que atingiram o sistema de
canais radiculares, reparando as estruturas com o tratamento endodôntico e o uso correto de
materiais e medicações intracanais para que não ocorra a indução de lesões e sintomatologia
dolorosa.

Em dentes sem vitalidade pulpar e que apresentam infecção, as bactérias colonizam os canais
radiculares e atingem os tecidos perirradiculares, que se não tratada causam destruição óssea.
Quando essa destruição óssea ocorre podemos dizer que ela é de longa duração pois bactérias já
colonizaram além dos canais radiculares, canais acessórios, istmo e túbulos dentinários. Por isso,
para o sucesso do tratamento endodôntico em dentes com necrose pulpar é necessária a
prevenção da infecção, como diminuir ou eliminar o máximo de bactérias presente nos condutos
radiculares.
Necropulpectomia
Necropulpectomia

Desde 1894 quando Miller questionou se existiam remédios disponíveis para tornar a infecção pulpar
inofensiva para o organismo, vários estudos são realizados para encontrar um meio eficaz de controlar a
infecção pulpar e não torna-la prejudicial para todo o organismo. Um dente que apresenta polpa
necrosada torna-se um meio altamente colonizador de bactérias e seus produtos.

A ação de antibióticos administrados via sistêmica é pouco eficiente em casos de necrose pulpar, pois
não há circulação sanguínea no interior da polpa, por isso faz-se necessário o uso associado a
medicações intracanais para que o agente infeccioso seja eliminado.

Para tal as etapas necessárias para o sucesso e combate à infecção são (Siqueira, 1997):
- Preparo químico-mecânico
- Medicação intracanal
- Obturação dos canais radiculares
Necropulpectomia

Medicação Intracanal

Na fase da medicação intracanal em necropulpectomia e biopulpectomia, caso não seja possível realizar
o tratamento endodôntico em apenas uma sessão, são utilizadas medicações nos canais radiculares que
iremos abordar nos próximos capítulos. As seguintes situações podem ocorrer e para tal recomenda-se o
uso das medicações intracanal:

• Falta de habilidade do profissional impedindo a realização em sessão única.


• Sobre instrumentação dos tecidos, agredindo tecidos apicais e periapicais.
• Uso de soluções irrigadores irritantes que impedem uma melhoria na inflamação apical e periapical.
• Paciente não colaborativo que impede que o profissional finalize o procedimento.
Necropulpectomia

Sequência de Preparo

1. Radiografia Inicial
2. Diagnóstico
3. Anestesia, isolamento absoluto

Fonte: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191006_210122.pdf Fonte: https://sorridents.com.br/blog/saiba-tudo-sobre-a-anestesia-dentaria/ Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=MlyZEiijeyI


Necropulpectomia
Sequência de Preparo
4. Abertura coronária com brocas esféricas e tronco-cônicas
5. Irrigação com hipoclorito de sódio 2,5%
6. Exploração com lima #10 e #15

Fonte: https://wp.ufpel.edu.br/pecos/files/2015/12/princ_trat_end_mol_2015_12_14.pdf Fonte: https://www.academiadaodontologia.com.br/tratamento-endodontico-manual-e-mecanizado/


Necropulpectomia
Sequência de Preparo
7. Preparo do canal com limas
8. Medicação intracanal em casos que não seja possível concluir
em apenas uma sessão
9. Esvaziamento no CRD com limas #10 e #15

Fonte: https://www-dentalspeed-com.s3.amazonaws.com/pdfs/nap13464a-livro-
10. Obturação

aspectos-de-interesse-da-endodontia-contemporanea.pdf
Fonte: https://rgo.com.br/motores-para-endodontia-mecanizada-com-movimentos-rotatorios-e-reciprocantes/
Testes de Diagnóstico – parte I
Necropulpectomia

Antes de realizar o tratamento endodôntico necessitamos fazer testes que identifiquem a vitalidade ou
necrose pulpar. O paciente pode nos relatar alguns sintomas que não necessariamente precisa realizar tais
testes, porém para um diagnóstico preciso recomenda-se a verificação.

Fonte: https://fieldcontrol.com.br/blog/como-gerenciar-uma-equipe/
Testes de Diagnóstico – parte I
Teste de vitalidade com gás refrigerante – Endo Ice

Fazer isolamento relativo da área, secar o


dente e com uma bolinha de algodão em
um tamanho compatível com a superfície
do dente. Com essa bolinha gelada, aplicar
na superfície vestibular de dentes
anteriores e na oclusal de dentes
posteriores.

Fonte: Próprio autor


Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de vitalidade com gás refrigerante – Endo Ice

Resultado normal (Positivo): Quando o paciente sentir sensibilidade ao colocar a bolinha de algodão, e
passar ASSIM que o estímulo for removido.

Resultado alterado (Positivo): O paciente irá sentir dor ao colocar a bolinha de algodão e ao remover o
estímulo, a dor continuará. A intensidade da dor e o tempo para a dor diminuir irá indicar qual o grau de
inflamação que a polpa encontra-se.

Resultado negativo: Quando o paciente não apresenta nenhuma resposta ao teste térmico, o que sugere
necrose pulpar. O teste térmico também deve ser realizado no dente adjacente para ter parâmetro de
comparação.
Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de aplicação de Guta Percha

Para o teste pulpar com guta percha, os seguintes passos


devem ser seguidos:

- isolamento relativo do dente


- aplicar vaselina no dente para que a guta percha não
fique aderida ao dente
- aquecer o bastão de guta percha em uma lamparina
- aplicar sobre a superfície do dente

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de aplicação de Guta Percha

Orientar o paciente a levantar a mão assim que sentir o estímulo e abaixar gradativamente na medida que
em que a dor/estímulo for passando.

Resultado positivo: quando o paciente rapidamente abaixa a mão, conotando normalidade pulpar

Resultado negativo: Quando o paciente demora a abaixar a mão quando o estímulo é retirado, conotando
comprometimento pulpar – pulpites e necrose
Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de percussão vertical

Realizar leves toques com o cabo do espelho (ou espátula de


madeira) quando paciente relata dor intensa ao mastigar,
posicionando verticalmente à incisal ou oclusal do dente suspeito
e também em dentes vizinhos para comparação.

Presença de dor a este teste, sugere alteração patológica


periapical, ou seja, de origem endodôntica.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de percussão horizontal

Realizar leves toques com o cabo do espelho (ou espátula de


madeira), posicionando horizontalmente na vestibular do dente
em questão e também em dentes vizinhos para comparação.

Presença de dor a este teste sugere alteração patológica de


origem periodontal.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte I

Palpação Apical

Palpar a região de fundo de vestíbulo e palatina na região do


dente suspeito.

Presença de dor a este teste sugere alteração patológica


periapical, ou seja, de origem endodôntica.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de Mobilidade Dentária

A avaliação da mobilidade dentária é um


procedimento simples que requer o uso de dois
instrumentos metálicos ou um instrumento metálico
e um dedo, apoiados com firmeza na superfície
dentária. Uma força é aplicada na tentativa de
movimentar o dente. A mobilidade é dividida em:

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte I

Teste de Mobilidade Dentária

Grau 1: ligeiramente maior que a normal


Grau 2: moderadamente maior que a normal
Grau 3: mobilidade grave vestibulolingual e mesiodistal, com
deslocamento vertical

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte II

Testes de Diagnóstico

Antes de realizar o tratamento endodôntico necessitamos fazer testes que identifiquem a vitalidade ou
necrose pulpar. O paciente pode nos relatar alguns sintomas que não necessariamente precisa realizar tais
testes, porém para um diagnóstico preciso recomenda-se a verificação.

Fonte: https://fieldcontrol.com.br/blog/como-gerenciar-uma-equipe/
Testes de Diagnóstico – parte II
Exames de Imagem

Exames radiográficos auxiliam no diagnóstico na endodontia e são rotineiramente solicitados para


verificar presença de aumento do espaço periodontal apical, interrupção da lâmina dura periapical,
presença de lesão periapical visível radiograficamente, presença de cáries e/ou restaurações com
proximidade da câmara pulpar. Para verificar proximidade de cárie e/ou restauração à câmara
pulpar, realizar radiografia interproximal (bite-wing).

Radiografias panorâmicas possuem uma visão ampla, podendo auxiliar na averiguação de lesões
periapicais e cistos, tem uma visão mais ampla de estruturas anexas como seio maxilar e canal
mandibular.
Testes de Diagnóstico – parte II
Exames de Imagem

A radiografia periapical além de dar uma visão panorâmica do dente, pode-se observar largura,
comprimento e raio de curvatura das raízes, quantidade de raízes e canais, além de mostrar
alterações ósseas periapicais resultantes do comprometimento da polpa dental.

Com o advento da tecnologia, a endodontia se beneficiou com aparelhos digitais que não
utilizam substâncias químicas para revelação, obtenção das imagens com maior rapidez e
nitidez, possibilidade de um arquivamento rápido e seguro sem danificar a imagem,
comparações de imagens por reproduzir as imagens na mesma posição e também pela menor
exposição do paciente às incidências radiográficas.
Testes de Diagnóstico – parte II

Exames de Imagem

Radiografia inicial do dente 15 que apresentava Tomografia computadorizada revela a existência


um abscesso periapical agudo de um canal radicular vestibular

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Fonte: Lopes & Siqueira, 2015
Testes de Diagnóstico – parte II

Exames de Imagem

Radiografia final do caso concluído

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Testes de Diagnóstico – parte II

Rastreamento de Fístula

A fístula é um sinal patológico característico de abscesso periapical que geralmente se


encontra acima ou ao lado do dente acometido. Quando o paciente apresenta uma
fístula, pode-se introduzir um cone de guta-percha delicadamente para que o trajeto
seja rastreado e finalize no dente ou região acometida. Uma radiografia é então
realizada para que o dente responsável seja detectado, identificando também sua causa.
Testes de Diagnóstico – parte II

Rastreamento de Fístula

Fístula rastreada que apontou para o dente pré- Rastreamento de uma fístula que direcionou
molar tratado endodonticamente e com a para a lateral da raiz, comprovando um fratura
prrsença de um abscesso apical radicular transversal.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Fonte: Lopes & Siqueira, 2015
Alterações Pulpares – parte I
Pulpite Aguda Reversível

Sintomas: Dor provocada, suportável, localizada. Aumentada com ingestão de açúcares e a


mastigação.

Sinais clínicos: Resposta ao teste de vitalidade: positiva e levemente alterada ausência de


dor à percussão horizontal, vertical e à palpação apical. Observar presença de cárie na
região ou restauração recente.
Alterações Pulpares – parte I
Pulpite Aguda Reversível

Radiograficamente : Ausência de lesão periapical visível radiograficamente.

Tratamento Local : Remoção do agente agressor. Se for cárie: remover cárie, observar a necessidade de
proteção pulpar e restaurar. Se for restauração recente: Ajuste oclusal.
Alterações Pulpares – parte I

Pulpite Aguda Reversível - Caso

a) dentina profunda

a) imagem radiográfica do caso

a) aplicação de protetor pulpar


com MTA

a) cimento fotopolimerizado

Fonte: http://kdentalcases.blogspot.com/search?updated-max=2015-07-20T07:51:00-07:00&max-results=7
Alterações Pulpares – parte I
Pulpite Aguda Irreversível

Sintomas : Em processo irreversível inicial: dor espontânea, difusa, exacerbada ao frio demorando
a passar, exacerbada ao decúbito, dor contínua, de longa duração e pode não ser aliviada com
uso de analgésicos comuns. Em processos mais avançados, todos os sintomas citados acima,
porém dor exacerbada ao calor e aliviada com o frio.
Alterações Pulpares – parte I
Pulpite Aguda Irreversível

Sinais clínicos: Resposta ao teste de vitalidade: positiva e alterada;


Dor à percussão vertical: em alguns casos (principalmente em pulpite aguda irreversível mais avançada);
Ausência de dor à percussão horizontal e à palpação apical.
Alterações Pulpares – parte I
Pulpite Aguda Irreversível

Radiograficamente : Ausência de lesão periapical visível radiograficamente.

Tratamento Local de Urgência : Anestesia + isolamento absoluto + abertura coronária + remoção da polpa
coronária + colocação de bolinha de algodão esterilizada embebida em Otosporin na entrada do canal
radicular + selamento coronário provisório.

Tratamento Sistêmico: Anti-inflamatório


Alterações Pulpares – parte II
Pulpite Crônica Hiperplásica – Pólipo Pulpar

Acomete geralmente dentes jovens, ou seja, com ápice incompleto, verificar a possibilidade de realizar
a pulpotomia.

Se necessário realizar a pulpotomia (técnica imediata):


Anestesia + isolamento absoluto + abertura coronária + corte da polpa coronária com cureta afiada;
irrigação com solução de hipoclorito de sódio 2,5% + Otosporin em bolinha de algodão na entrada do
canal radicular por 10 minutos, remoção da bolinha de algodão, proteção da polpa radicular com pasta
de hidróxido de cálcio + cimento de hidróxido de cálcio + CIV(Cimento ionômero de vidro).
Alterações Pulpares – parte II

Pulpite Crônica Hiperplásica – Pólipo Pulpar

Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rsbo/v8n4/a19v8n4.pdf
Alterações Pulpares – parte II

Necrose Pulpar

Sintomas : Ausência de sintomatologia dolorosa.

Sinais clínicos: A resposta ao teste de vitalidade


pulpar é negativa.

Sinais radiográficos : Não há sinais radiográficos.

Tratamento local: Necropulpectomia.


Abertura coronária + preparo biomecânico + obturação.

Fonte: https://hugomadeira.com/necrose-pulpar-reabilitacao-anterior-com-faceta-dentaria-no-incisivo-central-superior/
Alterações Pulpares – parte II
Pulpite Aguda Irreversível

Sinais clínicos: Resposta ao teste de vitalidade: positiva e alterada;


Dor à percussão vertical: em alguns casos (principalmente em pulpite aguda irreversível mais
avançada); Ausência de dor à percussão horizontal e à palpação apical.
Alterações Pulpares – parte II

Pulpite Aguda Irreversível

Radiograficamente : Ausência de lesão periapical visível radiograficamente.

Tratamento Local de Urgência : Anestesia + isolamento absoluto + abertura coronária + remoção da


polpa coronária + colocação de bolinha de algodão esterilizada embebida em Otosporin na entrada
do canal radicular + selamento coronário provisório.

Tratamento Sistêmico: Anti-inflamatório


Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar I

Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Inicial

Sintomas: Dor espontânea e exacerbada durante a mastigação; dor localizada; dor pulsátil.

Sinais clínicos : Resposta ao teste de vitalidade: negativo; Dor à percussão vertical e à palpação apical;
Ausência de dor à percussão horizontal.

Radiograficamente: Ausência de lesão periapical visível radiograficamente; Ausência de edema.


Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar I

Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Inicial

Tratamento Local de Urgência: Anestesia + isolamento absoluto + abertura Coronária + esvaziamento do


conteúdo séptico/tóxico com limas #10 e #15 no CRD associado à irrigação/aspiração com solução de
hipoclorito de sódio a 2,5% + Tricresol Formalina (bolinha de algodão umedecida no medicamento, remoção
do excesso do medicamento apertando 3 vezes com gaze esterilizada e colocação na entrada do canal
radicular).

Tratamento Sistêmico : Antibiótico + anti-inflamatório.


Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar I

Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Em Evolução

Sintomas: Dor espontânea e exacerbada durante a mastigação; dor difusa e pulsátil.

Sinais clínicos e radiográficos


Resposta ao teste de vitalidade: negativo; Dor à percussão vertical e a palpação apical;
Ausência de dor à percussão horizontal.

Radiograficamente: Ausência de lesão periapical visível radiograficamente;


Presença de edema sem ponto de flutuação.
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar I

Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Em Evolução

Tratamento Local de Urgência: Anestesia + isolamento absoluto + abertura coronária + esvaziamento do


conteúdo séptico/tóxico com limas #10 e #15 no comprimento real do dente associado à irrigação/aspiração
com solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (até parar de drenar pus via canal radicular) + Tricresol Formalina
(bolinha de algodão umedecida no medicamento, remoção do excesso do medicamento apertando 3 vezes
com gaze esterilizada e colocação na entrada do canal radicular).

Tratamento Sistêmico : Antibiótico + anti-inflamatório



Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar I

Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Em Evolução

Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rsbo/v8n4/a19v8n4.pdf
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar
Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Evoluída

Sintomas: Dor espontânea e pode ser exacerbada durante a mastigação; dor difusa e menos intensa do
que na Fase Inicial e Em Evolução.

Sinais clínicos : Resposta ao teste de vitalidade: negativo; Dor à percussão vertical e a palpação apical;
Ausência de dor à percussão horizontal.

Radiograficamente : Ausência de lesão periapical visível radiograficamente;


Presença de edema com ponto de flutuação.
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Evoluída

Tratamento Local de Urgência: Anestesia + isolamento absoluto + abertura coronária + esvaziamento do


conteúdo séptico/tóxico com limas #10 e #15 no comprimento real do dente associado à irrigação/aspiração
com solução de hipoclorito de sódio a 2,5% + Tricresol Formalina (bolinha de algodão umedecida no
medicamento, remoção do excesso do medicamento apertando 3 vezes com gaze esterilizada e colocação na
entrada do canal radicular). Drenagem cirúrgica no ponto de flutuação + colocação de dreno.

Tratamento Sistêmico: Antibiótico + anti-inflamatório


Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar
Abcesso Dento-Alveolar Agudo – Fase Evoluída

Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rsbo/v8n4/a19v8n4.pdf
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abscesso Periapical Agudo

Fonte:https://www.facebook.com/cao.xxvdeoutubro/posts/920967078069298/
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abscesso Periapical Agudo

Fonte: Estrela, 2009


Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abcesso Crônico

Sintomas : Assintomático.

Sinais clínicos: Ausência de vitalidade pulpar, escurecimento coronário, presença ou não de fístula

Radiograficamente: Presença de lesão periapical difusa

Tratamento local: Necropulpectomia


Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abcesso Crônico

Incisivo central superior com escurecimento dentário e lesão periapical visível radiograficamente

Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rsbo/v8n4/a19v8n4.pdf
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abcesso Fênix – Abscesso Crônico Reagudizado

Sintomas:
Os sintomas equivalem àqueles apresentados em cada fase do Abcesso Dento-Alveolar Agudo. Diagnóstico
Diferencial entre A.D.A. Fênix e ADAA: no A.D.A. Fênix há a presença de lesão periapical visível
radiograficamente.

Tratamento Local de Urgência:


O mesmo realizado para cada fase do ADAA
Anestesia + isolamento absoluto + abertura Coronária + esvaziamento do conteúdo séptico/tóxico com limas
#10 e #15 no CRD associado à irrigação/aspiração com solução de hipoclorito de sódio a 2,5% + Tricresol
Formalina (bolinha de algodão umedecida no medicamento, remoção do excesso do medicamento
apertando 3 vezes com gaze esterilizada e colocação na entrada do canal radicular).
Alterações Pulpares – Abscesso Dento-Alveolar

Abcesso Fênix – Abscesso Crônico Reagudizado

Tratamento Sistêmico:
Antibiótico + anti-inflamatório (de preferência o antibiótico, neste caso, deve ser uma associação entre
Amoxicilina 500mg + Clavulanato de Potássio 500mg).
Medicação Intracanal

Conceito

A medicação intracanal baseia-se na colocação de medicamentos no interior dos canais radiculares a


fim de permanecer ativa e realizando suas funções no período entre as sessões do tratamento
endodôntico.
Medicação Intracanal

Conceito

Os objetivos para a realização dessa etapa são diversos:

ELIMINAÇÃO DE BACTÉRIAS
A medicação intracanal deve possuir ação antimicrobiana com o objetivo de promover a eliminação de
microrganismos que possam ter sobrevivido após o preparo químico-mecânico.
A medicação atinge áreas que o preparo não alcança como canais secundários, istmos e túbulos dentinários,
assim consegue uma melhor reparação dos tecidos periapicais promovendo maior sucesso no tratamento
endodôntico.
Medicação Intracanal

Conceito

IMPEDIR A PROLIFERAÇÃO DE BACTÉRIAS


Bactérias que permanecem nos canais após o preparo biomecânico podem se proliferar rapidamente dentro
dos canais radiculares.

A medicação intracanal pode agir como barreira química destruindo bactérias remanescentes e impedindo sua
proliferação e como barreira física quando aplicados em toda a extensão do canal radicular impedindo o
suprimento dos substratos na forma de fluido e limitando o espaço para a multiplicação bacteriana
Medicação Intracanal
Conceito

BARREIRA FÍSICO-QUÍMICO
Entre as sessões do tratamento endodôntico, os canais podem ser infectados e contaminados por
diferentes meios como infiltração através do selador temporário, fratura da estrutura dental ou quando
o material temporário cai, por isso as medicações intracanais podem impedir a penetração de bactérias
da saliva por duas formas:

- Barreira química: por possuírem efeito antibacteriano atuam como barreira química impedindo a
proliferação bacteriana. Produtos como tricresol formalina agem dessa maneira e a contaminação dos
canais só ocorre novamente quando o número de células bacterianas excederam a atividade
antibacteriana do medicamento

- Barreira física: medicamentos que preenchem todo a extensão do canal radicular funcionam como
barreira física e só ocorre a contaminação quando a saliva solubiliza ou permeabiliza o medicamento ou
pela interface entre o medicamento e as paredes do canal
Medicação Intracanal

Conceito

REDUZIR INFLAMAÇÃO PERIRRADICULAR


Para diminuir a intensidade da resposta inflamatória após o preparo mecânico do dente é necessário
prevenir, reduzir ou modificar essa inflamação. Medicações intracanais que realizam a inibição ou
redução da resposta inflamatória tem um efeito analgésico, considerando que a dor é um dos sinais da
inflamação.

SOLUBILIZAR MATÉRIA ORGÂNICA


A permanência de conteúdo orgânico dentro dos canais após o preparo biomecânico podem
comprometer o sucesso do tratamento endodôntico. Para isso são utilizados irrigantes que auxiliam no
preparo, pois as limas apenas agem no canal principal, não conseguindo atingir canais laterais,
ramificações e áreas de reabsorção.

Além da solução irrigadora, as medicações intracanais auxiliam para a total remoção e solubilização de
matéria orgânica.
Medicação Intracanal

Conceito

NEUTRALIZAR PRODUTOS TÓXICOS


Dentes necrosados podem apresentar complicações pós-operatórias pois os materiais
remanescentes favorecem a proliferação de microrganismos e seus produtos tóxicos e podem
permanecer na região periapical, ocasionando manifestações dolorosas no dente tratado.

A neutralização mediata das toxinas e redução de bactérias podem ser obtidas através do uso de
medicações intracanais. Compostos como tricresol formalina e o hidróxido de cálcio podem agir
em determinadas substâncias causando a neutralização das mesmas.
Medicação Intracanal

Conceito

CONTROLAR EXSUDAÇÃO
Em alguns casos clínicos podem ocorrer a persistência de exsudato no canal como consequência
de reação inflamatória dos tecidos. Esse exsudato impede um adequado selamento dos canais
quando realizada a obturação.

A presença desses exsudatos indica que bactérias continuam agindo sobre os tecidos periapicais e
um medicamento intracanal pode agir controlando esse exsudato através da:
- atividade antibacteriana
- inibição da resposta inflamatória
- ação física de preenchimento
- ação higroscópica, absorvendo o exsudato
Medicação Intracanal
Conceito

CONTROLAR REABSORÇÃO INFLAMATÓRIA EXTERNA


Após luxações e avulsões dentárias podemos ter a presença de reabsorções dentárias, além de injúrias
no tecido periodontal que também podem causar reabsorções, que acabam se comunicando com a
polpa necrosada e realizando a contaminação através das bactérias.

Após casos como esse, a medicação intracanal é importante auxiliar com sua atividade antibacteriana e
barreira física, preenchendo os canais.

ESTIMULAR A REPARAÇÃO TECIDUAL


A medicação intracanal tem como objetivo favorecer o reparo e selamento biológico em situações onde
o tratamento é realizado em duas sessões ou mais. Em casos de perfurações e reabsorções e dentes com
rizogênese incompleta as medicações são utilizadas com o objetivo de favorecer a reparação através da
deposição de tecido mineralizado.
Medicação Intracanal

Conceito

EFETIVIDADE ANTIMICROBIANA
A principal atividade de um material intracanal é sua efetiva atividade antimicrobiana, que depende
de fatores como contato direto, seu estado físico, concentração e tempo de ação dentro do canal
radicular.

A ação química e terapêutica dos medicamentos necessita do contato direto com os microrganismos
no interior do canal para que ocorra sua eliminação, que são facilitadas pelo medicação em seu
estado líquido e que possuem baixa tensão superficial e baixa viscosidade.

Além do seu estado, a concentração da medicação tem influência sobre o efeito antimicrobiano.
Quanto maior a concentração, maior sua efetividade, que também aumenta sua toxicidade em
relação aos tecidos periapicais.
Medicação Intracanal
Conceito

Pela presença de túbulos dentinários e ramificações, precisamos levar em conta que assim como a
medicação age em bactérias, ela também age em tecidos sadios do organismos que não precisam
de sua ação. Por isso, devemos utilizar uma medicação que tenha boa biocompatibilidade para que
não seja prejudicial aos demais tecidos.

Outro ponto importante é duração da efetividade da medicação no interior do canal, que deve ser
ativa durante o período entre as sessões do tratamento, e isso depende basicamente de
concentração e quantidade do medicamento, condição histopatológica do tecido periapical,
diâmetro do forame apical, presença de exsudato e, principalmente, da capacidade seladora da
restauração provisória.
Classificação Química - Medicação Intracanal
Classificação Química

DERIVADOS FENÓLICOS
São compostos com potente agente
antibacteriano que exercem efeito
além do contato direto, através da Fonte: https://www.utilidadesclinicas.com.br/eugenol-biodinamica-bio3619a.html

liberação de vapores.

Medicamentos endodônticos mais


utilizados: eugenol,
paramonoclorofenol, cresol e timol

Fonte: https://www.dentalcremer.com.br/paramonoclorofenol-canforado-biodinamica-
214499.html?gclid=EAIaIQobChMI4ai936HW8AIVFQaICR1SqgQUEAQYASABEgIVl_D_BwE
Classificação Química - Medicação Intracanal

Classificação Química

BwE
214512.html?gclid=EAIaIQobChMIk5qb9KHW8AIVbxitBh2DKgZ1EAQYASABEgI00PD_
Fonte: https://www.dentalcremer.com.br/tricresol-formalina-biodinamica-
ALDEÍDOS
São compostos orgânicos que são fixadores teciduais de
alta eficácia. São representados pelo formaldeído que
em combinação com o cresol formal o tricresol
formalina, principal substância utilizada desse grupo.

São potentes agentes antimicrobianos que exercem sua


função pelo contato direto ou pela liberação de vapores
ativos.

Medicamentos endodônticos mais


utilizados: tricresol formalina
Classificação Química - Medicação Intracanal

Classificação Química
HALÓIDES
São compostos que possuem cloro ou iodo em sua composição que tem efeito destrutivo sobre vírus e
bactéria.

Medicamentos endodônticos mais


utilizados: hipoclorito de sódio, iodofórmio

Fonte: https://www.utilidadesclinicas.com.br/desinfetante-cloro-rio-2-5-1l-rioquimica-
Fonte: rio19820a.html?gclid=EAIaIQobChMIk7-kpqLW8AIVxPbICh2YhQfEEAQYAiABEgLqn_D_BwE
https://www.americanas.com.br/produto/2828259442?WT.srch=1&opn=YSMESP&sellerid=18552346000168&epar=bp_pl_00_go_bs_t
odas_geral_gmv&acc=e789ea56094489dffd798f86ff51c7a9&i=56f30ab2eec3dfb1f8ebb847&o=601343f6f8e95eac3dbe236e&gclid=EAIa
IQobChMIifuOjqLW8AIViYeRCh0kFAGKEAQYAiABEgKbk_D_BwE
Classificação Química - Medicação Intracanal

Classificação Química

BASES OU HIDRÓXIDOS
São compostos inorgânicos que na

biodinamica.html?gclid=EAIaIQobChMI9u2nvqLW8AIVxpyzCh31sQgtEAQYBiABEgLsCfD_BwE
Fonte: https://www.distriodonto.com.br/hidroxido-de-calcio-pa-
odontologia é representado principalmente
pelo hidróxido de cálcio. O hidróxido de cálcio
é um pó branco, alcalino, inodoro e pouco
solúvel em água. É uma base que pode ser
usada isoladamente ou associada a outras
substâncias.

As propriedades mais significantes desse


material é ação antibacteriana e formação de
barreira mineralizada

Medicamentos endodônticos mais


utilizados: hidróxido de cálcio
Classificação Química - Medicação Intracanal

Classificação Química
CORTICOSTERÓIDES
São medicamentos que atuam no processo
inflamatório, inibindo a ação de enzimas que são
mediadoras da inflamação. Inibem a exsudação, a
vasodilatação e a proliferação celular.

Na Endodontia são empregadas como aplicações


tópicas para controle da reação inflamatória e em
casos de biopulpectomia onde a obturação não é
realizada na mesma sessão.

Medicamentos endodônticos mais


utilizados: hidrocortisona, prednisolona
e dexametasona Fonte: https://pt.pngtree.com/freepng/medicine_4356760.html
Classificação Química - Medicação Intracanal

Classificação Química

ANTIBIÓTICOS
São substâncias produzidas por microrganismos que inibem o desenvolvimento ou
destroem as bactérias. São pouco empregadas como medicação intracanal devido ao
risco do paciente ser sensível ao medicamento ou de ocorrer resistência bacteriana.

Porém a combinação de três antibióticos – ciprofloxacin, metronidazol e minocilina –


tem sido recomendado como medicação intracanal em casos de revascularização e
rizogênese incompleta.
Medicamentos Intracanais – parte I

Paramonoclorofenol ou Paraclorofenol (PMC)

Sua principal função é por sua atividade anti-séptica, atribuída ao fenol e ao cloro. A combinação com outras
substâncias (cânfora ou furacin) ou sua diluição, tem o objetivo de potencializar a atividade antibacteriana e
reduzir a citoxicidade desse medicamento.
Medicamentos Intracanais – parte I

Paramonoclorofenol ou Paraclorofenol (PMC)

CÂNFORA

É uma substância que apresenta-se em forma de cristais incolores ou massas cristalinas friáveis e translúcidas,
que são pouco solúveis à água.

Quando combinado com o paramonoclorofenol em forma líquida, temos o paramonoclorofenol canforado


(PMCC), que tem o poder germinicida e reduzindo o potencial de irritação.
Apresenta elevanda atividade antibacteriana contra bactérias anaeróbias estritas.

O PMCC desempenha sua função quando em contato direto com os microrganismos ou pela liberação de
vapores. Comercialmente, a proporção utilizada é 3,5 partes de PMC para 6,5 de cânfora.
Medicamentos Intracanais – parte I

Paramonoclorofenol ou Paraclorofenol (PMC)

214499.html?gclid=EAIaIQobChMI4ai936HW8AIVFQaICR1SqgQUEAQYASABEgIVl_D_BwE
Fonte: https://www.dentalcremer.com.br/paramonoclorofenol-canforado-biodinamica-
CÂNFORA
O uso isolado do PMCC como medicação intracanal
não tem sido mais recomendado em virtude da
elevada toxicidade da substância, o que não
permite preencher o canal com esta substância. No
entanto, é utilizado como veículo biologicamente
ativo e oleoso para o hidróxido de cálcio.
Medicamentos Intracanais – parte I

Paramonoclorofenol ou Paraclorofenol (PMC)

FURACIN

A associação desses dois componentes


aumenta o espectro antibacteriano pelo uso
do furacin e diminui o potencial de irritação,
apresentando maiores áreas de inibição de
crescimento bacteriano.

Essa fórmula apresenta grande poder de


penetração na dentina por ser hidrossolúvel.

Fonte: https://dentalcoimbra.com.br/15816-000438-Paramonoclorofenol-com-Furacin-20ml-Biodinamica
Medicamentos Intracanais – parte I

Tricresol Formalina ou Formocresol

São o mesmo medicamento quanto à composição química,


porém apresentam concentrações diferentes de formalina:

214512.html?gclid=EAIaIQobChMIsMevnqTW8AIVzJ6zCh1bFAABEAQYASABEgIRaPD_BwE
Fonte: https://www.dentalcremer.com.br/tricresol-formalina-biodinamica-
tricresol formalina em torno de 90% e o formocresol em torno
de 19 a 43%.

São compostos a base de formaldeído e cresol. É um potente


agente bactericida que age por contato e por meio de vapores e
inativa produtos originados da necrose pulpar.

Sua tríplice ação conta como agente antibacteriano,


neutralizador e de fixação celular. E assim como todos
os medicamentes, ele não é seletivo, podendo agir em
tecidos sadios como os periapicais.
Medicamentos Intracanais – parte I

Tricresol Formalina ou Formocresol

bChMIsKDmrqTW8AIV1f6zCh2__gVhEAYYASABEgJDhPD_BwE
https://www.dentalecia.com.br/frmcresl10mlmaquira/p?idsku=2890&gclid=EAIaIQo
Fonte:
O formocresol é um fixador de polpas vivas,
mantendo-as inertes e possibilitando sua
conservação até a exfoliação do dente
decíduo. É um potente agente
antimicrobiano que neutraliza toxinas do
canal radicular.
Medicamentos Intracanais – parte I

Associação Corticosteróide - Antibiótico

O uso de corticosteroide com antibiótico ajuda a diminuir a reação inflamatória provocada pelo ato cirúrgico,
uso de medicações e irrigantes e a ação mecânica, fazendo diminuir a dor pós operatória e ajudando na
reparação de tecidos.

Por isso, com o uso dos corticosteroides, espera-se minimizar reações inflamatórias iniciais para que não
evoluam para lesões mais sérias.

O Otosporin é a medicação mais utilizada como terapia intracanal, sua composição contém hidrocortisona com
antibióticos em um veículo aquoso. A hidrocortisona possui potencial antiinflamatório moderados e os
antibióticos utilizados são eficazes contra várias bactérias aeróbias e anaeróbias e bactérias Gram-negativas.
Medicamentos Intracanais – parte I

Associação Corticosteróide - Antibiótico

O Otosporin preserva a integridade e a


neoformação do coto pulpar, quando
lesionado, e dos tecidos periapicais. Por
ser líquido, tem alto poder de
penetração tendo sua ação mais rápida.

Fonte: https://www.promodental.com.br/014390/otosporin-10ml.html
Medicamentos Intracanais – parte I

Clorexidina

A clorexidina é uma susbstância antimicrobiana altamente eficaz contra espécies orais de


bactérias Gram-positivas e Gram-negativs, além de fungos. O pH fica em torno de 5,5 a 7, sendo
bastante reduzida ou mesmo abolida na presença de matéria orgânica.

A clorexidina é um agente entimicrobiano amplamente utilizado e que tem sido recentemente


proposto para uso endodôntico como substância química auxiliar ou como medicação intracanl.
Na irrigação, a clorexidina tem revelado resultados antimicrobianos similares aos do NaCl em
vários estudos clínicos e laboratoriais, embora existam controvérsias.
Medicamentos Intracanais – parte I

Clorexidina

rio5796f.html?gclid=EAIaIQobChMI0sOs0qTW8AIVtNSzCh010AySEAQYASABEgLQRfD_BwE
Fonte: https://www.utilidadesclinicas.com.br/clorexidina-riohex-2-com-tenso-ativo-30ml-rioquimica-
Além dos efeitos antimicrobianos, a clorexidina apresenta baixa
toxicidade e propriedade de substantividade à dentina, o que
resulta em efeitos antimicrobianos residuais mantidos por dias a
semanas.

Como medicação intracanal, a clorexidina tem sido recomendada


isolamente ou em combinação com o hidróxido de cálcio.
Hidróxido de Cálcio

Conceito

O hidróxido de cálcio começou a ser usado como curativo em dentes necrosados em 1975 por
Heithersay e Stewart. E mais tarde observou-se que o hidróxido de cálcio era superior ao fenol e
paramonoclorofenol diante a situações clínicas.

É um pó branco, alcalino, que quando dissociado em íons cálcio e íons hidroxila apresenta ótimas
propriedades biológicas e antimicrobianas sobre os tecidos.

Como é um pó, ele precisa ser associado a uma substância que permita sua inserção e ação sobre os
canais e tecidos. Os veículos de dissociação com atividade antimicrobiana podem ser classificados em
inertes e biologicamente ativos. O veículo inerte (água destilada, soro fisiológico, glicerina,
propilenoglicol, soluções anestésicas) é geralmente biocompatível sem alterar as propriedades do
hidróxido de cálcio, enquanto os biologicamente ativos (PMCC e clorexidina) adicionam propriedades
ao hidróxido de cálcio.
Hidróxido de Cálcio

Conceito

Também podem ser classificados quanto a características físico-químicas em oleosos e hidrossolúveis


– que subdividem-se em aquosos e viscosos.

Os veículos aquosos tem uma dissociação rápida permitindo alta diluição da pasta nos canais e são
usados em casos de necrose pulpar e lesão periapical sendo necessárias trocas constantes para
resultados efetivos. Como exemplo temos a água destilada, soro fisiológico e soluções anestésicas.

Os veículos viscosos tornam a dissociação do hidróxido de cálcio mais lenta por seu elevado peso
molecular. Como exemplo temos a glicerina, polietilenoglicol (Calen e Calen PMCC) e propilenoglicol.
Hidróxido de Cálcio

Veículos de Dissociação

GLICERINA
Líquido viscoso, higroscópico, incolor e transparente e com odor característico.

POLIETILENOGLICOL
Líquido viscoso, incolor e odor fraco, miscível em água e glicóis.

PROPILENOGLICOL
Líquido viscoso, incolor e inodoro. Por ser um veículo oleoso tem pouca solubilidade e fusão
pelos tecidos.
Hidróxido de Cálcio
Veículos de Dissociação

PARAMONOCLOROFENOL CANFORADO (PMCC)


Apresenta elevada atividade antimicrobiana contra bactérias anaeróbias estritas e
consegue destruir microrganismos.

É recomendado seu uso somente associado a outras substâncias, como o hidróxido de


cálcio, sendo um veículo biologicamente ativo e oleoso. Por sua baixa tensão superficial
consegue penetrar pelos canais radiculares aumentando sua ação.
Hidróxido de Cálcio

Veículos de Dissociação

CLOREXIDINA
Substância antimicrobiana eficaz contra fungos e bactérias Gram-negativas e Gram-
positivas. Por ser muito eficaz é proposta na Endodontia como substância química auxiliar
e como medicação intracanal.

Possui baixa toxicidade e propriedade de substantividade à dentina, resultando no efeito


antimicrobiano por dias a semanas.
Fonte: https://www.dentaleletro.com.br/hidroxido-de-calcio-calen-
pmcc.html?gclid=EAIaIQobChMIt6DT8KTW8AIVAfezCh3VSgxVEAQYAiABEgIOV_D_BwE
Pasta Calen PMCC – Hidróxido de Cálcio associado a um veículo oleoso.
Hidróxido de Cálcio

Calen PMCC
Hidróxido de Cálcio
UltraCal XS

UltraCal XS da Ultradent, hidróxido de cálcio associado a veículo aquoso. Permite a aplicação


da pasta de hidróxido de cálcio com uma ponta diretamente dentro do canal facilitando a
penetração da pasta por todo o comprimento de trabalho do dente

Fonte: https://www.ultradent.com.br/products/categories/endodontics/irrigants-lubricants-medicaments/ultracal-xs
Fonte: https://www.suryadental.com.br/hidroxido-de-calcio-calen-sem-pmcc-ss-
white.html?gclid=EAIaIQobChMIgZ6iqKXW8AIVTMqzCh07awUVEAQYAyABEgIplvD_BwE
Pasta Calen – Hidróxido de Cálcio associado a um veículo viscoso
Hidróxido de Cálcio

Pasta Calen
Hidróxido de Cálcio

Seringa ML

Seringa ML, utilizada para a colação da pasta Calen dentro dos canais radiculares e com o auxílio de
agulha longa.

Fonte: https://www.dentalmaster.com.br/seringa-p--calen-duflex---ss-white/p
Hidróxido de Cálcio e associações

Hidróxido de Cálcio e Associações

Como vimos no vídeo anterior,

O Hidróxido de cálcio é um pó e precisa ser associado a uma substância que permita sua inserção
e ação sobre os canais e tecidos.

Os veículos de dissociação com atividade antimicrobiana podem ser classificados em inertes e


biologicamente ativos. O veículo inerte (água destilada, soro fisiológico, glicerina, propilenoglicol,
soluções anestésicas) é geralmente biocompatível sem alterar as propriedades do hidróxido de
cálcio, enquanto os biologicamente ativos (PMCC e clorexidina) adicionam propriedades ao
hidróxido de cálcio.
Hidróxido de Cálcio e associações

Hidróxido de Cálcio e Associações

Também podem ser classificados quanto a características físico-químicas em oleosos e hidrossolúveis –


que subdividem-se em aquosos e viscosos.

Os veículos aquosos tem uma dissociação rápida permitindo alta diluição da pasta nos canais e são
usados em casos de necrose pulpar e lesão periapical sendo necessárias trocas constantes para
resultados efetivos. Como exemplo temos a água destilada, soro fisiológico e soluções anestésicas.

Os veículos viscosos tornam a dissociação do hidróxido de cálcio mais lenta por seu elevado peso
molecular. Como exemplo temos a glicerina, polietilenoglicol (Calen e Calen PMCC) e propilenoglicol.
Hidróxido de Cálcio e associações

Hidróxido de Cálcio e PMCCC

A associação do PMCC ao hidróxido de cálcio aumenta o espectro de ação do medicamento por


possuir maior atividade antimicrobiana, principalmente sobre o E. Fecalis.

Além disso, essa associação demonstrou melhor efeito antibacteriano e antifúngico pela amplitude
de seu raio de ação se comparadas a outras pastas com outros veículos.

Estudos avaliaram a reparação em tecidos periapicais em dentes com necrose e lesão periapical e
verificaram a eficácia do tratamento com a pasta de hidróxido de cálcio e PMCC se comparado com
dentes tratados em sessão única.
Hidróxido de Cálcio e associações

Hidróxido de Cálcio e PMCCC

A biocompatibilidade da pasta de hidróxido de cálcio associada ao paramonoclorofenal canforado deve-


se a:
- pequena concentração de PMC liberado que não provoca efeito citotóxico
- pH alcalino servindo coo barreira física para maior difusão e penetrabilidade tecidual
- irritação baixa por curto período, sendo que quando a pasta é removida dos canais não há persistência
na agressão aos tecidos periapicais

É uma pasta com grande atividade antimicrobiana, maior raio de atuação e menos afetada por tecido
necrosado se compara às pastas associadas com veículos inertes.

Estudos clínicas provam que a realização do tratamento endodôntico em duas sessões, utilizando a pasta
de hidróxido de cálcio com PMCC por 7 dias associada a irrigação com hipoclorito de sódio entre 2 e 3%
tiveram bom resultados quando a eliminação de bactérias e sucesso a longo prazo.
Hidróxido de Cálcio e associações

Hidróxido de Cálcio e PMCCC


Dente com lesão periapical tratado utilizando pasta de hidróxido de cálcio com
paramonoclorofenol canforado. A. Radiografia inicial. B. Radiografia de preservação após 1 ano de
conclusão do tratamento observando reparo nos tecidos e paralisação de reabsorção.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015 .


Hidróxido de Cálcio e associações

Hidróxido de Cálcio e clorexidina

Associação do Hidróxido de Cálcio com Clorexidina

Até o momento estudos mostram que a associação da clorexidina faz com que os efeitos
antimicrobianos do hidróxido de cálcio aumentem. Os estudos são bem recentes e não há um
consenso em estudos in vivo.

Apesar disso, a pasta com clorexidina torna-se uma boa alternativa para substituir a pasta com
PMCC e obter resultados semelhantes em tratamentos e retratamentos de dentes com lesão
periapical.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Atividades e Limitações do Hidróxido de Cálcio

As pastas de hidróxido de cálcio desempenham funções biológicas, químicas e físicas, que podem ser
influenciadas pelo veículo que está associado ao hidróxido de cálcio.

Tem o poder de reduzir o edema, que é um sinal de inflamação, além do seu poder antimicrobiano participar
na eliminação da causa do processo inflamatório, isto é, a infecção.

O alto pH do hidróxido de cálcio faz com que as bactérias presentes nos canais sejam sensíveis aos seus
efeitos, sendo eliminadas quando em contato direto com o medicamento.

Vários estudos confirmam o efeito letal do hidróxido de cálcio, porém quando em contato direto com os
microrganismos. Bactérias que estão nos túbulos dentinários são difíceis de serem eliminadas e estudos
comprovam que o hidróxido de cálcio levou até 10 dias para desinfetar os túbulos e ainda assim era resistente
a algumas bactérias.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Atividades e Limitações do Hidróxido de Cálcio

Uma base pouco solúvel como o hidróxido de cálcio pode levar muito tempo para realizar a capacidade de
tampão que promove o controle das alterações do pH, por isso quando deixada por longos períodos
teoricamente teria mais chances de desinfetar os túbulos dentinários.

A pasta de hidróxido de cálcio também promove o preenchimento dos canais, atuando como barreira física e
química, impedindo a infecção ou reinfecção (nos casos de necropulpectomia) dos canais por microrganismos
da cavidade oral quando o tratamento endodôntico é realizado em mais de uma sessão.

A ação de preenchimento pela pasta também diminui a penetração de fluidos provenientes da região apical,
dificultando o suprimento do substrato para microrganismos que não foram eliminados pela ação química-
mecânica do tratamento.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Indução do reparo por tecido mineralizado

A capacidade do hidróxido de cálcio em realizar a neoformação de dentina ou cemento quando em


contato direto com um tecido conjuntivo com memória genética para formação de tecido
mineralizado, faz desse material uma ótima escolha como medicamento intracanal.

Por essa propriedade, ele também é escolha em outros tratamentos como capeamento pulpar
direto, curetagem pulpar, pulpotomia, apicificação, tratamento de perfurações e reabsorções
radiculares – esses tratamentos serão abordados na próxima unidade.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Indução do reparo por tecido mineralizado

A ação do mecanismo de indução do reparo ainda não é completamente certa, porém duas explicações são
expostas para explicar esse efeito:

- Ativação de enzimas envolvidas no processo de reparo


Acredita-se que o cálcio presente no hidróxido de cálcio ative e induza a enzima adenosina trifosfatase que está
envolvida na produção de tecido duro.
- Trauma químico
Quando polpa e ligamento periodontal são acometidos por algum trauma, na ausência de infecção, os
mecanismos de reparação são desencadeados induzindo a reparação por deposição de tecido mineralizado. O
processo químico de reparação induzido pelo hidróxido de cálcio sobre polpa e ligamento é superficial graças a
baixa solubilidade do material, impedindo que avance para maiores profundidades.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Solvente de Matéria Orgânica

Por possuir pH muito alcalino, o hidróxido de cálcio pode promover a quebra de ligações iônicas que deixam as
proteínas mais suscetíveis a dissolução pelo hipoclorito de sódio.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Inibição de Reabsorção Radicular Externa

A perda da matriz orgânica que reveste um tecido mineralizado inicia um processo de reabsorção, esse tecido é
então exposto e destruído por substâncias de células clásticas. Ácidos ajudam na dissolução da hidroxiapatita e
posteriormente enzimas degradam a matriz orgânica do tecido.

Estudos mostram que o uso do hidróxido de cálcio como medicação intracanal faz com que o pH do meio se
eleve, neutralizando ácidos e inibindo a atividade enzimática da reabsorção.

A reabsorção inflamatória é consequência de uma infecção instalada nos canais radiculares, por isso os
microrganismos presentes nos canais devem ser combativos para que a reabsorção cesse.
Propriedades do Hidróxido de Cálcio

Inibição de Reabsorção Radicular Externa

Porém ele só será eficaz se várias trocas de medicações forem realizadas para exceder a capacidade de tampão
da hidroxiapatita, obtendo alcalinização da dentina e então que a infecção intratubular seja eliminada.

A associação do hidróxido de cálcio com veículos ativos como o PMCC e a clorexidina para o controle da
reabsorção externa apresentam maior efetividade na capacidade de desinfecção dos túbulos dentinários.
Uso do Hidróxido de Cálcio

Preenchimento do Canal Radicular

O preenchimento do canal radicular com pasta de hidróxido de cálcio depende da anatomia do dente e
também do veículo associado. Os veículos viscosos e oleosos favorecem a colocação pois são mais lubrificantes,
penetrando com maior facilidade.

São preferíveis os instrumentos endodônticos manuais ou a Lentulo para colocação do material dentro dos
canais.

A) INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS MANUAIS


Para a colocação do material, uma lima com um ou dois diâmetros menores que a última lima utilizada para a
instrumentação é selecionada, carregando a lima com pasta e colocando até o comprimento de trabalho. A lima
deve ser pincelada contra as paredes girando-a no sentido anti-horário e realizando esse procedimento até que
todo o canal seja preenchido com material.
Uso do Hidróxido de Cálcio

Preenchimento do Canal Radicular


B) ESPIRAL DE LENTULO

Instrumentos que permitem a aplicação da pasta de hidróxido de cálcio dentro dos canais por meio de
acionamento do micro motor. Um instrumento menor do que o calibre final do canal deve ser escolhido e deve
ser introduzido dentro do canal em profundidade de 2 a 3mm aquém do comprimento de trabalho, acionando
o micro motor com velocidade constante e com giro à direita, e com movimentos suaves e lentos de
penetração e remoção até que toda a cavidade seja completada pelo material. O instrumento deve ser retirado
do canal ainda em movimento.

Fonte: https://www.dentalspeed.com/modelo/broca-lentulo-25mm-n-25-40-medin-15433
Uso do Hidróxido de Cálcio

Preenchimento do Canal Radicular

A) Espiral de Lentulo para aplicação de hidróxido


de cálcio no canal.

B) Aplicação clínica com a espiral acoplada ao motor.

C) Desenho representando o preenchimento do canal.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Uso do Hidróxido de Cálcio

Preenchimento do Canal Radicular

A seringa ML é utilizada para a colocação das pastas Calen, que são acompanhadas por um tubete de glicerina e
outro tubete com a medicação em si. Uma agulha longa deve ser acoplada na seringa e a glicerina deve ser o
primeiro tubete utilizado para que lubrifique a agulha, dispensando a glicerina fora do canal. Depois, colocar o
tubete com a medicação e dispensar a primeira gota que sair para que não venha acompanhada da glicerina.
Calibrar a agulha 2mm aquém do comprimento real do dente e dispensar o medicamento por todo o
comprimento do canal de apical para cervical.

Fonte: https://www.dentalmaster.com.br/seringa-p--calen-duflex---ss-white/p
Uso do Hidróxido de Cálcio

Preenchimento do Canal Radicular

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=_pL6jURh5rY
Indicação e Emprego de Medicamentos

Biopulpectomia

Quando o dente encontra-se com vitalidade pulpar, geralmente a parte coronária apresenta-se infeccionada,
enquanto a parte radicular está inflamada. Por isso após a eliminação da parte infectada com irrigação
abundante de hipoclorito de sódio, o ambiente de trabalho mantem-se sem infecção.

Em casos de biopulpectomia sugere-se a obturação dos canais em uma única sessão. Porém, caso isso não seja
possível, uma medicação intracanal deve ser colocada para que não ocorra contaminação dos canais entre as
sessões do tratamento.

Os medicamentos indicados para esse caso são:


- solução de corticosteroide/antibiótico (Otosporin, Decadron colírio)
- pasta de hidróxido de cálcio
Indicação e Emprego de Medicamentos

Biopulpectomia

Fonte: https://sabemuito.club/melhores-colirios-para-inflamacao-nos-olhos/
O uso Otosporin (FQM, Rio de Janeiro, RJ) foi
estudado por Holland et al. e tem como
corticosteroide a hidrocortisona, que é um anti-
inflamatório com poder moderado. O Decadron
colírio (Aché Laboratório Farmacêutico,
Guarulhos, SP) possui a dexametosona como
corticosteroide que é de 25 a 30 vezes mais
potente que a hidrocortisona, tornando-se um
ótimo medicamento para uso em
biopulpectomias. Fonte:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5136780/mod_resource/c
ontent/0/Medica%C3%A7%C3%A3o%20intra%20canal.pdf
Indicação e Emprego de Medicamentos

Biopulpectomia

CANAL INSTRUMENTADO

HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

Utiliza-se o hidróxido de cálcio em associação com veículo inerte (água, soro, glicerina, propilenoglicol), por não
conter infecção.

Todo o volume do canal deve ser preenchido para que esteja em contato com as paredes dos canais e porção
periapical, porém sem ocorrer extravasamento. As pastas evitam a contaminação dos canais por
microinfiltração.

O medicamento pode permanecer no canal entre 7 e 30 dias.


Indicação e Emprego de Medicamentos

Biopulpectomia

CANAL NÃO INSTRUMENTADO

SOLUÇÃO DE CORTICOSTEROIDE-ANTIBIÓTICO

Reduzem a inflamação remanescente para que não ocorra sintomatologia até o retorno do paciente na
próxima consulta. Podem ser acondicionados em tubetes vazios para facilitar sua aplicação com o auxílio de
carpule e agulhas longas ou curtas.
Indicação e Emprego de Medicamentos

Biopulpectomia

CANAL NÃO INSTRUMENTADO

SOLUÇÃO DE CORTICOSTEROIDE-ANTIBIÓTICO

São utilizados nos seguintes casos:

- São empregadas quando o dente foi aberto e parte coronária da polpa foi retirada, porém não foi realizada a
instrumentação. Colocar uma gota do medicamento em uma bolinha de algodão esterilizada na câmara pulpar.
- Quando o canal foi instrumentado parcialmente. Coloca a solução dentro do canal, levando a medicação para
o interior dos condutos com a ajuda de instrumentos de pequeno calibre.
- Casos de sobreinstrumentação em dentes com vitalidade pulpar
- Casos de periodontite apical aguda traumática, mas que não tem infecção.
Indicação e Emprego de Medicamentos

Necropulpectomia
Quando o dente encontra-se com necrose pulpar impõe-se o emprego de uma medicação intracanal para que
microrganismos sejam parcialmente ou totalmente eliminados do interior dos canais.

CANAL INSTRUMENTADO

PASTA DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO COM PARAMONOCLOROFENOL CANFORADO

Após instrumentação do canal, é imprescindível que a smear layer seja removida para que a medicação penetre
pelos túbulos dentinários, facilitando sua propagação e ação. Para tal, deve-se preencher o canal com EDTA a
17% por 3 minutos, proceder com 5 a 10mL de hipoclorito a 2,5% para retirar o EDTA e secar o canal.

Todo o interior dos canais devem ser preenchidos e uma radiografia deve ser realizada para verificar se os
mesmos estão totalmente preenchidos.

O tempo mínimo de permanência deve ser de 7 dias.


Indicação e Emprego de Medicamentos

Necropulpectomia

CANAL NÃO INSTRUMENTADO

TRICRESOL FORMALINA

São potentes agentes antimicrobianos que agem pelo contato direto ou pela liberação de vapores.

Deve-se pingar uma gota da medicação em uma bolinha de algodão esterilizada e “limpar” essa bolinha e uma
gaze por três vezes para que o produto não fique em excesso e colocar na câmara pulpar.
Indicação e Emprego de Medicamentos

Selamento Coronário

O selamento coronário do dente é realizado por um selador temporário que preenche a parte coronária da
câmara pulpar durante as sessões do tratamento e após seu término.

Evita que a saliva penetre e microrganismos acessem os canais radiculares, impedindo que ocorram infecções e
recontaminações. Porém é importante que as paredes do dente estejam íntegras ou em boas condições para
que ocorra um bom selamento do material e que ele não quebre ou saia.

Como características dos materiais seladores, eles devem ter estabilidade dimensional, boa adesividade às
estruturas do dente e grande resistência mecânica.

Os materiais mais utilizados são os cimentos a base de óxido de zinco e eugenol (IRM) que possuem tempo de
presa baixa e maior resistência a compressão e materiais prontos, como o Coltosol, que possuem maior
capacidade seladora.
Indicação e Emprego de Medicamentos

Selamento Coronário

CAVIDADES SIMPLES
Cavidades que apresentam todos as paredes dentárias. Em dentes anteriores e posteriores uma bolinha de
algodão seca deve ser colocada no interior do canal e então o material provisório inserido em cima.

CAVIDADES COMPLEXAS
São cavidades que não possuem uma ou mais paredes dentárias. Antes da realização do tratamento e após a
abertura da cavidade, pode ser realizada uma restauração com o auxílio de bandas metálicas e resina
composta que irão deixar a estrutura adequada para a realização do tratamento e facilitar a colocação do
material selador provisório após o tratamento ou durante as sessões.

Seladores mais resistentes podem ser utilizados caso a medicação precise permanecer por um período maior
de 7 a 14 dias. IRM e Cimento de Ionômero de Vidro são ótimas opções nesses casos.
Indicação e Emprego de Medicamentos

Selamento Coronário

Fonte: https://www.dentalmaconequi.com.br/kit-cimento-restaurador-intermediario-irm-dentsply/p Fonte: https://www.distriodonto.com.br/restaurador-provisorio-coltosol-20gr-coltene.html


Indicação e Emprego de Medicamentos

Selamento Coronário

Fonte: https://www.dentalcremer.com.br/ionomero-de-vidro-restaurador-maxxion-r-fgm-dc10612.html
Reabsorções Dentárias – parte I

Reabsorções Dentárias

A reabsorção dentária é um processo patológico determinado pela atividade dentinoclástica e cementoclástica


que resulta na perda de tecidos dentinários. São alterações que promovem destruições dentárias visíveis
radiograficamente e que não são causadas por lesões cariosas (Trope e Chivian 1994).Várias hipóteses são
estudadas para explicar o porque de tecidos duros como cemento e dentina são reabsorvidos enquanto o osso
é remodelado.

O trauma é um dos principais fatores para que a reabsorção ocorra, assim como necrose pulpar associada a
lesões periapicais e movimentos ortodônticos intensos.

Dentre alguns casos, o uso de medicação intracanal é indicado para controle e eliminação de bactérias que
permanecem dentro dos canais radiculares após a retirada do processo inflamatório.
Reabsorções Dentárias – parte I

Reabsorções Dentárias

As reabsorções podem ser classificadas de acordo com a origem do processo inflamatório, sendo externas
quando tem inicio na superfície radicular externa; e internas quando iniciam a partir das paredes da cavidade
pulpar. Também podem ser classificadas quanto à natureza do processo, sendo inflamatórias quando uma
inflamação ocorre subsequente a um trauma ou agente lesivo, progredindo até a retirada do estímulo
inflamatório; e a reabsorção por substituição quando tecido dentário é substituído por osso, levando a fusão
do dente ao seu alvéolo.

Fuss, Tsesis e Lin (2003) estudaram que as reabsorções podem ser classificadas de acordo com os agentes que a
causam: reabsorção por infecção pulpar, por infecção periodontal, pelos movimentos da ortodontia, por
dentes impactados ou tumores e por anquilose.
Alguns casos de reabsorções podem ser utilizados medicações intracanais como forma de tratamento, onde a
medicação é mantida por um período dentro dos canais radiculares para eliminar bactérias que estão causando
a reabsorção. Podem ocorrer trocas das mesmas durante um período ou manter até que a melhora seja
observada radiograficamente.
Reabsorções Dentárias – parte I

Reabsorção Inflamatória

A reabsorção inflamatória é causada pela presença de tecido necrótico pulpar e infectado dentro do canal
radicular. Possui como fatores contribuintes para o desenvolvimento a lesão do ligamento periodontal,
reabsorções superficiais, comunicação com tecido necrótico e inflamado e permeabilidade dos túbulos
dentinários onde túbulos com diâmetro sofrem uma reabsorção maior e mais rápida. As reabsorções
inflamatórias são classificadas de acordo com sua localização: apical, lateral ou cervical.

Na maioria dos casos é realizado o tratamento endodôntico desses dentes, com preparo químico-mecânico e
uso de medicações intracanais para posterior obturação dos canais radiculares.

O uso de medicações intracanais é essencial pois tem como objetivo eliminar bactérias que estão no interior
dos canais radiculares e não conseguiram ser removidas com o preparo quimico-mecânico. Como medicação é
utilizado a pasta de hidróxido de cálcio.
Reabsorções Dentárias – parte I

Reabsorção Inflamatória

O medicamento deve preencher todo o canal radicular e deve ser renovado a cada sete dias sempre com o
acompanhamento radiográfico. A partir da finalidade antibacteriana, a medicação é retirada após a melhora
dos sintomas clínicos e realizada a obturação em seguida. Com a finalidade de uma obturação temporária, o
medicamento é colocado para que entre em contato com o tecido conjuntivo favorecendo a reparação dessa
área com a deposição de tecido mineralizado.

No caso do tratamento reparador, radiografias devem ser realizadas a cada 30 dias para o acompanhamento da
evolução do processo, onde só é realizada a troca da medicação intracanal se no controle radiográfico for
observada a reabsorção da pasta de hidróxido de cálcio. Quando o selamento apical é observado
radiograficamente, a medicação é retirada e em seguida o canal obturado.
Reabsorções Dentárias – parte I

Reabsorção por Substituição

A reabsorção por substituição ocorre quando a estrutura dental é substituída por osso, geralmente após os
dentes sofrerem significativa injúria como luxação ou avulsão. Após o trauma ocorrer, a invasão óssea causa
uma anquilose na região que dependendo do dano ao ligamento periodontal pode ser transitória e parar ou
ocorrer uma reabsorção progressiva.

O dente anquilosado pode permanecer em função por vários anos dependendo do metabolismo do paciente,
onde geralmente dentes em pacientes jovens permanecem em função menos tempo que em dentes de
pacientes adultos.

Nesses casos o tratamento endodôntico não é indicado, e controles radiográficos devem ser frequentes para
avaliar a extensão e progressão da reabsorção.
Reabsorções Dentárias – parte I

Reabsorção - resumo

Fonte: https://seer.ufrgs.br/RevistadaFaculdadeOdontologia/article/viewFile/3000/1675
Reabsorções Dentárias – parte II

Reabsorção por Tratamento Ortodôntico

As reabsorções ocasionados pelo tratamento ortodôntico são classificadas por escore. Levander e Malmegren
em 1988 criaram o seguinte escore:
0) ausência de reabsorção; 1) reabsorção suave, contorno apical irregular; 2) reabsorção moderada, pequena
perda radicular, com ápice exibindo um contorno praticamente reto; 3) reabsorção acentuada, perda de quase
1/3 do comprimento radicular; 4) reabsorção externa, com perda de mais de 1/3 do comprimento radicular)

Fonte: https://www.scielo.br/pdf/dpress/v12n1/a08v12n1.pdf
Reabsorções Dentárias – parte II

Reabsorção por Tratamento Ortodôntico

Escore 0: ausência de reabsorção radicular Escore 1: reabsorção suave, contorno apical


irregular

Fonte das imagens: https://www.scielo.br/pdf/dpress/v12n1/a08v12n1.pdf


Reabsorções Dentárias – parte II

Reabsorção por Tratamento Ortodôntico

Escore 2: reabsorção moderada, pequena perda Escore 4: reabsorção com perda de 1/3 do
radicular, com ápice exibindo um contorno comprimento radicular
praticamente reto

Fonte das imagens: https://www.scielo.br/pdf/dpress/v12n1/a08v12n1.pdf


Reabsorções Dentárias – parte II

Reabsorção por Tratamento Ortodôntico

Radiogradia periapical inicial (A) e final (B) dos incisivos superiores de uma paciente do sexo feminino. Classe I
de Angle, tratada com aparelhos fixos e sem extrações dentárias. É possível observar uma significativa
reabsorção ao final do tratamento ortodôntico. Escore da reabsorção: 4.

Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rbo/v74n2/a10v74n2.pdf
Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna

A reabsorção dentária interna pode iniciar em qualquer ponto da superfície da cavidade pulpar. Podem ser
transitórias ou progressivas. As transitórias envolvem apenas a perda de odontoblastos e pré-dentina, sendo
autolimitantes e reparadas por novo tecido duro, que pode preencher a lacuna de reabsorção. As progressivas
continuam além do local em que a dentina foi exposta após a perda dos odontoblastos e da pré-dentina.
Quanto ao mecanismo do processo reabsortivo, as reabsorções internas progressivas são classificadas em
inflamatórias ou substitutivas.
Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna Inflamatória

A reabsorção interna inflamatória se caracteriza pela reabsorção da face interna da cavidade pulpar por
células clásticas adjacentes ao tecido de granulação da polpa. Resulta de uma inflamação crônica pulpar,
tendo como fatores etiológicos o trauma e a infecção. O trauma e superaquecimento do dente, pelo preparo
cavitário, são alguns fatores que podem gerar o início da reabsorção.

Histologicamente o tecido pulpar normal transforma-se em tecido de granulação, com células gigantes
multinucleadas reabsorvendo as paredes dentinarias da cavidade pulpar e avançando para o esmalte. A
polpa apresenta um tecido pulpar necrosado que torna-se um fator de manutenção do processo de
reabsorção.

Geralmente a reabsorção interna inflamatória é assintomática e descoberta por meio de exames


radiográficos de rotina. Ela pode acontecer em qualquer região da cavidade pulpar que apresente polpa viva
e quando ocorre na coroa do dente, pode ser vista atrvés do esmalte como um ponto róseo.
Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna Inflamatória

Podem ser divididas em perfurantes e não perfurantes.

NÃO PERFURANTES

Uma vez diagnosticada, o tratamento endodôntico é realizado rapidamente para paralisar o processo de
reabsorção. Este cessa quando ocorre a remoção da polpa, pois interrompe a circulação sanguínea que nutre as
células clásticas.
Se a lesão é extensa, geralmente não é possível remover todo o tecido patológico, então o uso de medicação
intracanal se faz necessário, como o hidróxido de cálcio + PMCC + glicerina.
Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna Inflamatória

NÃO PERFURANTES

Reabsorção interna inflamatória não perfurante. A) molar


inferior

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna Inflamatória

PERFURANTES

No caso de lesão perfurantes, o tratamento é um pouco mais complicado, podendo ser cirúrgico ou
não. O tratamento cirúrgico depende do tamanho e da localização da reabsorção e é realizado após o
tratamento do canal radicular.

Quando a reabsorçao está localizada na região apical é indicada a remoção apical. Em outros lugares
da raiz, quando acessível, fecha o defeito com materiais indicados para obturações retrógradas,como
o MTA, por exemplo.
Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna Inflamatória

PERFURANTES
Reabsorção interna inflamatória perfurante. A) Molar inferior,
raiz mesial, controle de 8 anos.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna de Substituição

Se caracteriza radiograficamente por um aumento irregular da cavidade pulpar, onde seu contorno não
é mantido. Histologicamente ocorre uma metaplasia do tecido pulpar normal por tecido ósseo
medular.

Tem como fator etiológico o trauma de baixa intensidade e geralmente acontecem na coroa dentária e
nas porções cervical e média da raiz radicular.
Reabsorções Dentárias – parte III

Reabsorção Radicular Interna de Substituição

Reabsorção interna de substituição. A) Canino inferior,


localizada na coroa dentária (câmara pulpar)

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte IV

Reabsorção Radicular Externa

A reabsorção dentária externa pode iniciar em


qualquer ponto da superfície radicular nos dentes
erupcionados completamente.

No exame radiográfico das reabsorções externas,


fica mantido o contorno pulpar, havendo
superposição
do canal radicular sobre a área irregular da
reabsorção externa

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte IV

Reabsorção Dentária Externa Substitutiva

É uma reabsorção dentária externa observada nos reimplantes, transplantes e luxações.

Assim, qualquer trauma dentário capaz de provocar um dano irreversível ao ligamento periodontal e/ou à
superfície radicular, pode desencadear uma reabsorção substitutiva também denominada reabsorção por
substituição.

A reabsorção substitutiva depende da destruição do ligamento periodontal. A polpa não está


envolvida no processo de reabsorção externa substitutiva.

A reabsorção substitutiva é assintomática. Clinicamente, o dente anquilosado mostra-se imóvel (sem


mobilidade fisiológica) e, frequentemente, em suboclusão.
Reabsorções Dentárias – parte IV

Reabsorção Dentária Externa Substitutiva

O processo de remodelação óssea (reabsorção e formação) determina através dos


osteoclastos a reabsorção dos tecidos dentários, enquanto os osteoblastos na fase de formação produzem osso
novo na área reabsorvida da raiz. Esta substituição progressiva dos
tecidos dentários pelo osso é denominada reabsorção substitutiva.

Radiograficamente, há o desaparecimento do espaço pericementário e uma substituição


contínua da raiz por osso, que se origina no segmento apical. As margens da reabsorção são irregulares. O osso
adjacente não é reabsorvido, por isso áreas radiolúcidas não são encontradas no osso junto à raiz reabsorvida
Reabsorções Dentárias – parte IV

Reabsorção Dentária Externa Substitutiva


Reabsorção Dentária Externa Substitutiva. A) Incisivo central
superior esquerdo. B) Incisicos centrais superiores.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte IV

Reabsorção Dentária Externa Substitutiva

Reabsorções substitutivas recentes apresentam poucos sinais radiográficos, sendo a sua identificação muito
difícil. Em reabsorções antigas, as evidências radiográficas são nítidas e a sua identificação torna-se fácil. A
reabsorção substitutiva é muito lenta e levará anos (3 a 10 anos) para substituir a raiz dentária.

O trauma, além do dano às estruturas periodontais, pode afetar o suprimento neurovascular apical para a
polpa dentária. Como consequência, pode ocorrer obliteração da cavidade pulpar ou necrose pulpar.

O tratamento endodôntico, geralmente, consegue conter o processo infeccioso, mas não a


reabsorção externa substitutiva.
Reabsorções Dentárias – parte IV

Reabsorção Dentária Externa Substitutiva

Em pacientes jovens, quando a anquilose é acompanhada de suboclusão, a exodontia deve ser levada em
consideração para prevenir a interferência no crescimento alveolar. Todavia, a exodontia é complicada e pode
acarretar perda vertical e horizontal do osso alveolar com graves comprometimentos estéticos. Nestes casos
pode-se remover a coroa dentária e deixar no alvéolo a raiz para ser paulatinamente substituída por osso. Este
procedimento atenua consideravelmente a perda óssea. O tratamento ortodôntico é contraindicado em
dentes anquilosados ou com reabsorções substitutivas.
Reabsorções Dentárias – parte V

Reabsorção Dentária Externa Transitória

Reabsorção dentária transitória ou de superfície é uma reabsorção externa que paralisa sem
qualquer intervenção. É autolimitante e prontamente reparada. Pode se estabelecer em qualquer ponto
situado ao longo da raiz dentária.

A reabsorção é paralisada porque:

• A área danificada da raiz e o processo inflamatório instalado não têm magnitude suficiente
para manter e dar continuidade à reabsorção.
• Um fator inibidor da reabsorção presente na dentina é maior do que o estimulo recebido pelas
células clásticas oriundo de pequenas agressões ao complexo protetor da raiz.
• A polpa não está envolvida.
Reabsorções Dentárias – parte V

Reabsorção Dentária Externa Transitória

Pela falta de estímulo para manter sua ação e/ou para vencer o fator inibidor de reabsorção presente na
dentina, as células clásticas cessam a atividade reabsortiva e as do ligamento promovem o reparo da área. Isto
caracteriza a reabsorção dentária externa
transitória.

A reabsorção dentária externa transitória é causada por agressões pouco significativas e de


pequeno tempo de ação. Havendo a sobrevivência de grande número de células vitais remanescentes do
ligamento periodontal, elas poderão reverter a anquilose inicialmente instalada, paralisando o processo
reabsortivo iniciado pelas células elásticas.
Reabsorções Dentárias – parte V

Reabsorção Dentária Externa por Pressão

É uma reabsorção dentária externa determinada por pressão. Pode ser provocada por tratamento ortodôntico,
dentes impactados, erupções dentárias, cistos, neoplasias e trauma oclusal, e cessa desde que removida a
causa, estando a polpa dentária hígida. Contudo, em determinadas circunstâncias, nas quais a remoção
cirúrgica da causa pode comprometer a integridade do feixe vasculonervoso pulpar, o tratamento endodôntico
se faz necessário.

A reabsorção está localizada com mais frequência na região apical dos dentes do que nas
paredes laterais.
Não há confirmação de que os dentes traumatizados sejam mais suscetíveis à reabsorção
por pressão. Porém, aqueles com sinais de reabsorção antes do tratamento ortodôntico podem
ser mais propensos a mesma.
Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Associada á Infecção da Cavidade Pulpar

Esta reabsorção progride continuamente e sua paralisação exige a intervenção do profissional,


que retira ou elimina o fator de manutenção presente no interior do canal radicular.4,10

As reabsorções dentárias externas associadas à infecção da cavidade pulpar podem ser


classificadas em: reabsorção dentária externa apical; reabsorção dentária externa lateral; e reabsorção dentária
externa cervical.
Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

É uma reabsorção dentária progressiva localizada no ápice radicular e ocorre em dentes portadores de necrose
pulpar e lesão perirradicular crônica.

O processo de reabsorção apical é progressivo, provocando desde pequenas perdas de substâncias,


imperceptíveis ao exame radiográfico, até grandes destruições que podem comprometer o sucesso do
tratamento endodôntico.

Também pode estar presente em dentes tratados endodonticamente portadores de lesão perirradicular
crônica.
Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

A reabsorção apical clinicamente é assintomática. Sintomas que podem levar a seu


diagnóstico estão associados à inflamação perirradicular.

Radiograficamente observam-se áreas radiotransparentes no ápice radicular e no osso adjacente. Geralmente,


há um encurtamento da raiz, representado por um plano perpendicular ao eixo radicular. Entretanto, a
reabsorção, na maioria das vezes, é irregular, podendo ser mais acentuada em uma das faces da raiz,
adquirindo o aspecto denominado bico de flauta. Outras vezes, além do encurtamento da raiz, a reabsorção
adentra o canal em sentido coronário.

A reabsorção do segmento apical, com manutenção da luz do canal intacta, também é observada.
Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

Reabsorção Dentária Externa Apical. A) encurtamento da raiz. B) reabsorção adentrando o canal. C)


manutenção da luz do canal. D) bico de flauta.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

O uso de um medicamento intracanal é imprescindível e tem como objetivo eliminar


microrganismos que permaneceram após o preparo químico mecânico no interior dos canais radiculares.

Como medicamento intracanal, utilizamos uma pasta de hidróxido de cálcio e iodofórmio (proporção de 3:1 em
volume), tendo como líquido uma gota de PMCC e uma gota
de glicerina .

O medicamento deve preencher o canal em toda a extensão, sendo recomendado um pequeno


extravasamento da pasta na região apical.

A pasta de hidróxido de cálcio, além da atividade antimicrobiana, atua como uma barreira físico-química,
impedindo a proliferação de microrganismos residuais, a reinfecção do canal radicular por microrganismos
oriundos da cavidade bucal e a invaginação de tecido de granulação da área reabsorvida à luz do canal
radicular.
Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

Reabsorção Dentária Externa Apical. A) inicial e preparo dos canais. B) após a obturação com tampão apical de
pasta de hidróxido de cálcio com veículo oleoso. Controle de 1 e 10 anos.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

Reabsorção Dentária Externa Apical. A) inicial B) após preparo e colocação de pasta HPG com agente
contrastante C) obturação com tampão apical. Controle de 1 ano D) controle de 2 anos.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015 .


Reabsorções Dentárias – parte VI

Reabsorção Dentária Externa Apical

Outra proposta terapêutica é a de que, além da finalidade antimicrobiana, a pasta de hidróxido de cálcio deve
funcionar como uma obturação temporária. O objetivo principal de tal proposta deve-se ao fato de que essa
pasta, ao entrar em contato com o tecido conjuntivo da área de reabsorção, favorece a reparação desta área, a
partir da deposição de um tecido mineralizado.

Radiograficamente, obtido o selamento apical, a pasta de hidróxido de cálcio é removida do


interior do canal radicular até o limite de barreira mineralizada. A seguir, o canal é obturado pela técnica de
compactação lateral ou guta-percha termoplastificada. Esta proposta terapêutica tem como inconveniente
retardar a restauração definitiva do dente. Isso pode favorecer a contaminação do canal radicular, a fratura do
dente e retardar o restabelecimento da função mastigatória e da estética.
Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Lateral

É uma reabsorção dentária externa progressiva


estabelecida nos segmentos médio e/ou apical da
superfície radicular. A face externa da raiz é,
normalmente, bem protegida pelo ligamento
periodontal e pelo cemento. Se o ligamento
periodontal for perdido, ocorrerá a anquilose.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Lateral

Injúrias traumáticas de baixa intensidade, como oclusão traumática, concussão e subluxação, geralmente, não
causam necrose pulpar. Assim, após o dano mecânico na superfície da raiz, o tecido lesado será eliminado pela
resposta inflamatória local e ocorrerá a reparação com novo cemento e ligamento periodontal, por causa da
ausência de estímulos para a continuação da resposta inflamatória (reabsorção dentária externa lateral
transitória).

Entretanto, injúrias mais severas, como luxações ou avulsões, determinam a ruptura dos
vasos sanguíneos do forame apical e, consequentemente, a necrose pulpar isquêmica.

Como medicamento intracanal, devemos usar a pasta HPG com contrastante (iodofórmio ou óxido de zinco).
Damos preferência ao uso dessa pasta, em função de a mesma, ao preencher o canal radicular, revelar,
radiograficamente, a presença ou não de possível comunicação com a área de reabsorção.
Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Lateral

Reabsorção dentária externa lateral não perfurante. A) inicial. B) após preparo e pasta HPG. C) após obturação
e controle de 2 anos.

Pasta HPG – proporções


iguais de PMCC e glicerina

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Lateral

Reabsorção dentária externa lateral perfurante. A) inicial. B) obturação convencional do segmento apical do
canal. Preenchimento da área de reabsorção com pasta de hidróxido de cálcio com veículo oleoso. Controle de
2 anos.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Cervical Invasiva

É uma reabsorção dentária externa progressiva que se localiza no segmento coronário da raiz, no
sentido coroa-ápice, além do epitélio juncional do dente.

É resultado de uma reação inflamatória do ligamento periodontal advinda de estímulo microbiano


oriundo do sulco gengival ou mesmo do canal radicular.

De modo geral, ela ocorre em dentes reimplantados e anquilosados, em infraoclusão, mas pode
ocorrer em dentes luxados. Pode ser consequência, também, de movimentos ortodônticos e cirurgia
ortognática.

Ocorre em dentes com polpa viva, assim como em dentes tratados endodonticamente. A polpa não
exerce um papel na reabsorção cervical e, na maioria das vezes, apresenta-se normal,
histologicamente. Devido à origem do estímulo (infecção) geralmente não ser da polpa, acredita-se
que a resposta inflamatória no periodonto seja causada e mantida por microrganismos do sulco
gengival.
Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Cervical Invasiva

A reabsorção cervical é assintomática e pode ser geralmente detectada através do exame radiográfico.
Usualmente, os dentes unirradiculares são afetados.

Em estados avançados, o tecido de granulação pode ser observado solapando o esmalte da coroa dentária,
dando-lhe uma aparência rosada. Esta mancha rósea é oriunda do ligamento periodontal, e não da polpa
dentária.

O aspecto radiográfico da reabsorção cervical é variável. Quando localizada nas faces


proximais da superfície radicular, é caracterizada por uma área radiotransparente no interior da raiz, que se
expande na dentina em sentidos coronário e apical. As imagens são similares às de cáries profundas.
Entretanto, a sondagem revela paredes amolecidas, enquanto nas reabsorções cervicais são duras e
resistentes.
Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Cervical Invasiva

Nas reabsorções cervicais, o tratamento endodôntico poderá ou não ser indicado em função da quantidade de
dentina que separa o assoalho da área reabsorvida da luz do canal radicular.

O material restaurador de escolha da área reabsorvida tem sido, tradicionalmente, os compósitos de


micropartículas face à possibilidade de se obter uma melhor lisura superficial, entretanto uma desvantagem
importante pode ser a sua radiolucidez.
Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Lateral

Reabsorção dentária externa cervical invasiva. A) abertura ampla da superfície radicular B) retratamento
endodontico C) tratamento cirúrgico da reabsorção.

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Reabsorções Dentárias – parte VII

Reabsorção Dentária Externa Lateral


Reabsorção dentária externa cervical invasiva. A) abertura pequena da superfície radicular e colocação de
pasta HPG com agente contrastante B) obturação do canal, corte dos cones de guta percha em toda a extensão
da reabsorção; preenchimento da área de reabsorção com MTA; controle de 3 ano

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015.


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico

Reabsorção radicular externa inflamatória: descrição de caso clínico utilizando pasta de hidróxido de cálcio.
Lamping R, Maekawa LE, Marcacci S, Nassri MRG
RSBO, 2005.

Paciente do sexo feminino com dor à percussão vertical e palpação apical no dente 11 que já estava tratado
endodonticamente. Observou-se reabsorção radicular externa e por esse quadro apresentava uma
sobreobturação.
Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico
Radiografia Inicial

Fonte: Lamping et al., 2005 .


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico

Primeira etapa do tratamento foi realizar a desobturação como forma de eliminar o provável fator etiológico
da reabsorção que provocou a instalaçãoo do processo inflamatório na região periapical. Depois de obter um
novo comprimento de trabalho e realizar a instrumentação foi colocado como medicação intracanal uma pasta
de hidróxido de cálcio p.a. com polietilenoglicol.
Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico
Primeiro curativo

Fonte: Lamping et al., 2005.


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico

Após 1 mês do primeiro curativo foi realizada uma nova radiografia e a medicação intracanal foi trocada.
Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico
Radiografia 30 dias após a inserção da medicação intracanal

Fonte: Lamping et al., 2005.


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico

Outras trocas de medicação foram realizadas com 3 e 6 meses após o início do tratamento.
Após 6 meses do início do tratamento foi comprovado clinicamente a formação de uma
barreira dentinária e então foi realizada a obturação através da técnica de condensação vertical
e cimento de óxido de zinco e eugenol.
Caso Clínico – Reabsorção Radicular Externa Inflamatória

Caso Clínico
Radiografia Final

Fonte: Lamping et al., 2005.


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Interna

Caso Clínico

Tratamento endodôntico de incisivos centrais superiores com reabsorção radicular interna – caso clínica.
Silveira CF, Silveira LFM, Martos J.
Revista de Endodontia Pesquisa e Ensino Online, 2008.

Paciente do sexo masculino com reabsorção radicular interna nos dentes 11 e 21, que foi encontrado através
de uma radiografia de rotina. O paciente não apresentava sintomatologia dolorosa, nas proximais desses
dentes haviam restaurações realizadas há muito tempo e no teste de sensibilidade térmica os dentes
encontravam-se sem vitalidade pulpar.
Caso Clínico – Reabsorção Radicular Interna

Caso Clínico

Radiograficamente os dentes exibiam espessamento do ligamento periodontal e presença de uma área


radiolúcida na apical dos dentes com áreas de reabsorção radicular interna no terço médio da raiz dos dentes.
Paciente não lembrava de nenhum trauma sofrido nesses dentes.

Após a abertura e preparo dos canais, os canais foram preenchidos com medicação intracanal de hidróxido de
cálcio com soro fisiológico, permanecendo por 30 dias no interior dos canais e com troca após 15 dias.

A obturação então foi realizada com cimento a base de hidróxido de cálcio (Sealapex). O controle radiográfico
foi realizado um ano após o início do tratamento.
Caso Clínico – Reabsorção Radicular Interna

Caso Clínico
Radiografia Inicial

Fonte: Silveira et al., 2008.


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Interna

Caso Clínico
Medicação Intracanal com hidróxido de cálcio

Fonte: Silveira et al., 2008.


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Interna

Caso Clínico
Obturação dos canais radiculares finalizada

Fonte: Silveira et al., 2008 .


Caso Clínico – Reabsorção Radicular Interna

Caso Clínico
Controle radiográfico após 1 ano

Fonte: Silveira et al., 2008.


Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental


Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following trauma to teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental


A reabsorção inflamatória externa é uma das consequências potenciais do trauma dental. Ocorre quando há
perda de cemento devido a danos na superfície externa da raiz do dente durante o trauma, além do sistema de
canal radicular ter sido infectado por bactérias. É caracterizada pelo aspecto radiográfico de perda de substância
dentária com radiolucidez no ligamento periodontal adjacente e osso. A perda do cemento permite que as
bactérias intracanais e/ou suas endotoxinas atinjam o ligamento periodontal mais prontamente e isso pode levar
ao desenvolvimento do processo inflamatório reabsortivo. A reabsorção inflamatória externa pode levar à perda
do dente se não for tratada em tempo hábil. Existem algumas lesões que têm grande probabilidade de
desenvolver este tipo de reabsorção e uma abordagem preventiva pode ser adotada iniciando o tratamento de
canal radicular imediatamente como parte do gerenciamento de emergência de tais casos. Nos casos em que o
processo de reabsorção já está estabelecido, o tratamento do canal radicular pode interromper a reabsorção e
estimular o reparo do tecido duro. O uso de um medicamento antibiótico corticosteroide intracanal tem se
mostrado particularmente útil na prevenção e tratamento da reabsorção inflamatória externa. O hidróxido de
cálcio não deve ser usado como medicamento imediato devido à sua toxicidade inerente e propriedades
irritantes, mas é valioso como medicamento subsequente para estimular a reparação de tecidos rígidos, quando
necessário. Esta revisão descreve o processo de reabsorção inflamatória externa e as estratégias de manejo que
podem ser empregadas para prevenir sua ocorrência e tratá-la se já estiver presente.
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental


A reabsorção inflamatória externa pode ocorrer logo após um incidente traumático ou pode ocorrer em algum
momento posterior. É caracterizada pelo aspecto radiográfico de perda de substância dentária juntamente com
uma radioluscência envolvendo o ligamento periodontal adjacente e o osso.

(a) Diagrama esquemático da reabsorção inflamatória


externa mostrando perda de estrutura dentária e
perda de osso adjacente na forma de radiolucidez. A
reabsorção inflamatória externa pode ocorrer na
superfície lateral da raiz ou no ápice da raiz. (b)
Radiografia mostrando reabsorção inflamatória lateral
externa na superfície mesial (indicada pela seta) da raiz
do incisivo central superior direito - isso foi evidente 6
meses após a avulsão e reimplante do dente. (c)
Radiografia mostrando reabsorção inflamatória apical
externa associada a um sistema de canal radicular
infectado de longa data.
Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following
trauma to teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

O dente não responderá ao teste de sensibilidade pulpar e pode ou não haver outros sintomas ou sinais
clínicos, dependendo do estado geral do dente e dos tecidos adjacentes. A maioria dos casos não apresenta
sintomas ou sinais. Geralmente, eles só estão presentes se o sistema de canal radicular infectado também
estiver causando periodontite apical aguda ou se um abscesso estiver presente.

(c) Radiografia mostrando reabsorção inflamatória


apical externa associada a um sistema de canal
radicular infectado de longa data.

Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption


following trauma to teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi:
10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Outra forma de reabsorção que pode se desenvolver após trauma nos dentes é a reabsorção por substituição
externa, também conhecida como reabsorção induzida por trauma - e essa reabsorção pode ocorrer em dentes
que também têm reabsorção inflamatória externa. Isso ocorre porque a reabsorção de substituição é uma
consequência das mesmas lesões que normalmente causam reabsorção inflamatória externa - como intrusão e
avulsão, onde há danos significativos à superfície radicular externa durante a lesão, bem como às vezes durante
o reposicionamento / reimplante de o dente. A reabsorção por substituição externa tem uma aparência
radiográfica diferente com a perda da estrutura do dente e sua substituição por osso sendo evidente.
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

(a) Diagrama esquemático da reabsorção por substituição


externa mostrando a perda da estrutura dentária e sua
substituição por osso. (b) Radiografia de um incisivo
central superior direito que foi avulsionado, reimplantado
e imobilizado. O dente havia saído da boca e armazenado
seco por três horas. O dentista realizou o tratamento do
canal radicular extraoral e colocou uma tala rígida.

Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following
trauma to teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

(c) O dente desenvolveu reabsorção de substituição


externa que progrediu lentamente. Esta radiografia foi
tirada 4 anos após a lesão e mostra extensa reabsorção e
anquilose. (d) O incisivo lateral superior direito tem
reabsorção inflamatória externa (na superfície distal) e
reabsorção de substituição externa (apicalmente) após
avulsão, 2 horas de armazenamento extraoral de solução
salina e reimplante. O tratamento de canal foi feito, mas
nenhuma medida específica foi tomada para prevenir a
reabsorção inflamatória.

Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following trauma to teeth.
Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

FATORES QUE AFETAM AS RESPOSTAS DO TECIDO À LESÃO

Existem vários fatores mecânicos e biológicos que afetam as respostas do tecido após o trauma nos dentes. Os
fatores mecânicos afetam indiretamente as respostas porque determinam o tipo de lesão e sua gravidade,
enquanto os fatores biológicos tendem a ter um efeito mais direto nas respostas do tecido. Os fatores biológicos
mais importantes são o estágio de desenvolvimento da raiz, se a polpa está envolvida, o grau de deslocamento
do dente (se houver) e a presença de lesões simultâneas. Todos esses fatores podem afetar o desenvolvimento
da reabsorção inflamatória externa. A presença ou ausência desses fatores deve ser determinada durante o
exame inicial após o trauma, que deve incluir radiografias adequadas (e geralmente múltiplas).
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

A capacidade da polpa de se recuperar após o tratamento é amplamente influenciada por fatores biológicos. Se
a raiz não estiver totalmente desenvolvida, então a revascularização da polpa é mais provável e, portanto, o
desenvolvimento da raiz pode prosseguir e é improvável que ocorra reabsorção inflamatória. Isso também
melhora o prognóstico de longo prazo do dente, criando mais dentina, resultando em um dente 'mais forte', o
que implica que é menos provável que ocorra uma fratura.

O grau de deslocamento (luxação) do dente é um fator importante que afeta a cura da polpa e do ligamento
periodontal. Dentes com pouco ou nenhum deslocamento têm um prognóstico muito melhor, pois há pouca ou
nenhuma redução do suprimento sanguíneo da polpa , e pouco ou nenhum dano ao cemento e ao LP. Assim, as
lesões por concussão ou subluxação têm prognóstico mais favorável, seguido em ordem decrescente por
extrusão, luxação lateral, intrusão e avulsão.
Analisando o Artigo – parte I

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Lesões simultâneas no mesmo dente implicam que mais tecidos estarão envolvidos do que se houvesse apenas
uma lesão. É relativamente comum que os dentes tenham lesões simultâneas - como fratura da coroa e lesão
por luxação ao mesmo tempo. Nesses casos, a polpa pode estar comprometida por causa da fratura da coroa e
possível contaminação bacteriana no momento crítico em que o suprimento de sangue da polpa é reduzido ou
interrompido pela lesão por luxação, resultando em maior chance de necrose pulpar e infecção do sistema de
canais radiculares. Isso, por sua vez, pode fazer com que o dente tenha maior probabilidade de desenvolver
reabsorção inflamatória externa, visto que também houve danos à superfície da raiz como resultado da lesão
de luxação e do reposicionamento / reimplante do dente. Assim, ambos os requisitos críticos necessários para
que ocorra a reabsorção inflamatória externa estão presentes com lesões concomitantes, como luxação e
fratura da coroa.
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental


Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following trauma to teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

REABSORÇÃO EXTERNA INFLAMATÓRIA

É possível evitar que a reabsorção inflamatória externa ocorra após o trauma, conforme demonstrado por vários
estudos. Também é possível interromper esse tipo de reabsorção se ela já estiver presente. Em ambas as
situações, os principais objetivos em controlar a reabsorção inflamatória externa é evitar que o sistema de
canais radiculares seja infectado ou, se já estiver infectado, destruir as bactérias presentes. Esses objetivos
podem ser alcançados realizando o tratamento de canal radicular usando os princípios gerais que são
usados ​para tal tratamento, com ênfase particular no uso de medicamentos intracanais específicos que podem
afetar as bactérias e a resposta do tecido no LP.

O início imediato do tratamento de canal radicular após o reposicionamento / reimplante e imobilização de


dentes luxados ou avulsionados deve ser considerado para dentes com as lesões. O objetivo do tratamento
imediato é prevenir o desenvolvimento de reabsorção inflamatória da raiz. Essa recomendação é baseada em
vários estudos que investigaram a reabsorção inflamatória e os efeitos de vários medicamentos intracanais
usados durante o tratamento de canal radicular. Alguns estudos também investigaram os efeitos dos
antibióticos sistêmicos na reabsorção inflamatória.
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Resumo das indicações e objetivos das abordagens preventivas e de interceptação para o manejo da
reabsorção radicular inflamatória externa

AÇÃO PREVENTIVA AÇÃO INTERCEPTIVA


Indicações: Imediatamente após as lesões listadas na Indicações: dentes onde a reabsorção externa já
Tabela 1 - para reduzir as chances de desenvolvimento esteja ocorrendo
de reabsorção inflamatória externa
Objetivos: Objetivos:
• Reduz a inflamação do LP • Reduz a inflamação do LP
• Inibe as células clásticas • Inibe as células clásticas
• Impedir a entrada de bactérias no sistema de canal • Matau todas as bactérias nosistema de canal
radicular radicular
• Matar todas as bactérias que entrarem no sistema • Incentivar a cura do LP e o reparo do tecido duro
de canal radicular durante a injúria/reposicionamento dos tecidos perirradiculares
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Caso Clínico 01

Tratamento preventivo de um dente avulsionado para evitar a reabsorção inflamatória externa. O incisivo
central superior direito foi avulsionado e reimplantado em 15 minutos pelo paciente. O paciente foi visto por
um dentista logo em seguida - o dentista imobilizou os dentes e iniciou o tratamento de canal radicular
imediatamente. Ledermix foi colocado no sistema de canal radicular.

Ledermix® é uma pasta composta de 3,21% de tetraciclina e 1% de triancinolona; esta suprime a inflamação
e inibe a ação dos osteoclastos, enquanto a tetraciclina tem efeito antimicrobiano e propriedades anti-
reabsorção.
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Caso Clínico 01

(a) Radiografia periapical 1 semana após o acidente.


(b) Radiografia feita 3 meses após o acidente e após
dois curativos com pasta de Ledermix por 6 semanas
cada - nenhuma reabsorção é evidente. Nota: os
dentes adjacentes tiveram tratamento de canal
iniciado por causa de necrose pulpar e infecção e
periodontite apical aguda. (c) Radiografia tirada 6
meses após o acidente.
Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following trauma to teeth. Aust. Dent. J.
2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental


Caso Clínico 01

(d) A obturação do canal radicular foi concluída 8


meses após o acidente. (e) Dois anos e meio após o
acidente, nenhuma reabsorção é evidente. (f) Cinco
anos após o acidente, não há evidências de reabsorção
inflamatória externa. Alguma anquilose é evidente na
superfície distal do terço coronal da raiz.

Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption following trauma to teeth. Aust. Dent. J.
2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Caso Clínico 02

Dente com reabsorção inflamatória lateral externa na superfície mesial foi tratado de acordo com o protocolo
de manejo interceptivo.

(a) Radiografia periapical feita após a pasta Ledermix ter sido


usada como medicamento para o canal radicular por dois
períodos de 6 semanas cada (ou seja, 3 meses no total). A
reabsorção cessou e o reparo do LP e do osso adjacente é
evidente. Uma mistura 50:50 de pasta Ledermix e Ca (OH) 2 foi
usada por 2 meses, seguida de três curativos com Ca (OH) 2
sozinho.

Fonte: Abbott PV. Prevention and


management of external inflammatory
resorption following trauma to teeth. Aust.
Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi:
10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Caso Clínico 02

Dente com reabsorção inflamatória lateral externa na superfície mesial foi tratado de acordo com o
protocolo de manejo interceptivo.

(b) Radiografia periapical obtida após a conclusão da obturação


do canal radicular após 14 meses de curativos intracanal. Não
há sinais de reabsorção adicional e houve um bom reparo
ósseo e do LP. (c) Uma radiografia de acompanhamento de 4
anos não mostra nenhuma reabsorção em andamento.

Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external inflammatory resorption


following trauma to teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Caso Clínico 03

Tratamento interceptivo da reabsorção inflamatória externa estabelecida do incisivo central superior


esquerdo. Este dente foi traumatizado quando o paciente tinha cerca de 12 anos. O tratamento do canal
radicular e uma restauração composta foram feitos logo após o acidente. Dez anos depois, a restauração
quebrou levando a um sistema de canal radicular infectado com periodontite apical crônica e reabsorção
inflamatória apical externa.

(a) Radiografia periapical pré-operatória.


(b) Radiografia de 'comprimento de trabalho'
mostrando a extensão da reabsorção.

Fonte: Abbott PV. Prevention and management of external


inflammatory resorption following trauma to teeth. Aust. Dent. J.
2016;61(Suppl 1):82–94. doi: 10.1111/adj.12400
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

Caso Clínico 03

Nota: o incisivo lateral esquerdo


external inflammatory resorption following trauma to
Fonte: Abbott PV. Prevention and management of
teeth. Aust. Dent. J. 2016;61(Suppl 1):82–94. doi:

agora tem um sistema de canal


radicular infectado e periodontite
apical crônica e reabsorção
10.1111/adj.12400

inflamatória apical como resultado


da quebra da restauração composta
- este dente agora requer o mesmo
tratamento que o incisivo central
teve.

(c) Radiografia obtida após o preenchimento do terço apical do canal radicular com um ponto de guta percha
customizado e cimento - após 15 meses de medicação intracanal. A barreira apical de tecido duro é claramente
evidente. (d) Radiografia pós-operatória na conclusão da obturação do canal radicular. (e) Revisão da radiografia
tirada 4 anos após a conclusão da obturação do canal radicular.
Analisando o Artigo – parte II

Prevenção e manutenção da reabsorção externa inflamatória após trauma dental

CONCLUSÃO

A reabsorção inflamatória externa é uma consequência potencial de trauma nos dentes que pode ocorrer
quando a superfície externa da raiz foi danificada e o sistema de canais radiculares foi infectado. A
reabsorção inflamatória externa pode levar à perda do dente se não for tratada em tempo hábil. Algumas
lesões têm grande probabilidade de desenvolver essa reabsorção e uma abordagem preventiva pode ser
adotada, iniciando o tratamento de canal radicular imediatamente como parte do gerenciamento de
emergência da lesão. Nos casos em que o processo de reabsorção já está estabelecido, o tratamento do
canal radicular pode interromper a reabsorção e estimular o reparo do tecido duro. Um medicamento
intracanal com corticosteroide-antibiótico é particularmente útil na prevenção e no manejo da reabsorção
inflamatória externa. O hidróxido de cálcio não deve ser usado como medicamento imediato devido às suas
propriedades irritantes, mas é valioso como medicamento subsequente para encorajar a reparação do tecido
duro quando necessário.
Pulpotomia

Conceito

Pulpotomia é o tratamento conservador realizado em dentes com rizogênese incompleta e com vitalidade
pulpar. A permanência da polpa radicular realiza a formação de uma raiz mais estruturada e organizada.

Na pulpotomia realiza-se a remoção total da polpa coronária viva, que pode estar normal ou inflamada, e
mantem-se a polpa radicular.

Como características favoráveis à pulpotomia, temos:


Grande hemorragia quando remove-se a polpa coronária
Coloração vermelho forte do sangue
Remanescente pulpar com consistência firme e coloração rósea-avermelhada
Pulpotomia

Contra-indicações

- Presença de inflamação, abcesso ou fístula de origem pulpar nos tecidos moles adjacentes

- Presença de mobilidade patológica e presença de menos da maetade da longitude radicular

- Imagens radiológicas de lesão na furca ou no periápice e alargamento patológico do ligamento periodontal

- Reabsorção radicular patológica, interna ou externa

- Calcificações pulpares, ausência de sangramento da polpa ou excessivo sangramento após a amputação


pulpar sem possibilidade de controle da hemorragia

- Sensibilidade à percussão ou palpação e história de dor espontânea ou noturna


Pulpotomia

Técnica da Pulpotomia

• Anestesia
• Isolamento absoluto
• Abertura coronária com remoção completa da câmara pulpar
• Remoção da polpa coronária com curetas de dentina afiadas – para que não seja preciso ficar mexendo e
lesionando a polpa remanescente radicular
• Descompressão pulpar por 5 minutos
• Irrigação e aspiração com solução fisiológica
• Secagem com bolinhas de algodão absorventes esterilizadas
• Aplicação da medicação corticosteroide/antibiótico (Otosporin), deixando uma bolinha de algodão estéril
embebida com esse medicamento dentro da câmara pulpar
• Selamento duplo com guta-percha e cimento
Pulpotomia

Técnica da Pulpotomia

Após 2 a 7 dias, o selamento e o curativo são removidos, irrigando com solução fisiológica a câmara pulpar e
retirando qualquer coágulo presente.

Sobre o remanescente pulpar, coloca-se uma fina camada de hidróxido de cálcio P.A. com solução fisiológica.
Remove-se o excesso das paredes laterais e sobre essa medicação coloca-se uma fina camada de cimento com
hidróxido de cálcio (Dycal, por exemplo) para proteção.
Pulpotomia

Técnica da Pulpotomia

Realiza-se a restauração provisória com cimento de ionômero de vidro ou cimento de óxido de zinco e eugenol
ou realiza-se a restauração definitiva com resina composta, sempre checando a oclusão.

Em casos onde não e possível realizar esse tratamento em duas sessões, recomenda-se a realização até a etapa
5 previamente proposta e então deixar por 10 a 15 minutos uma bolinha de algodão embebida pela medicação
de corticosteroide/antibiótico sobre o remanescente pulpar. Então segue normalmente a colocação de
hidróxido de cálcio P.A., cimento de hidróxido de cálcio e restauração.
Pulpotomia

Técnica da Pulpotomia

Fonte: https://saberodonto.blogspot.com/2017/12/pulpotomia.html
Apicificação

Conceito

A apicificação consiste no tratamento de dentes com rizogênese incompleta e que estão necrosados.
Para esse tratamento é realizada a indução do fechamento apical com a utilização de pasta de
hidróxido de cálcio durante um longo período de tempo (9-24 meses) para posteriormente realizar o
tratamento endodôntico.

Como desvantagem desse tratamento, as paredes do canal radicular não aumentam de espessura,
tornando-o bastante friável, por consequência a amplitude da câmara pulpar fica bastante aumentada,
dificultando a modelagem do canal quando é realizado o tratamento mecânico.
Apicificação

Conceito

Outro método para realizar a apicificação e que o material obturador não seja extravasado pelo periápice é a
realização de uma barreira artificial, geralmente confeccionada com MTA. Primeiramente o canal é preparo,
então é realizado essa barreira com MTA, obturado e depois realizada a restauração final.

Esse método também não aumenta a espessura das paredes dos canais, porém é realizado praticamente em
duas sessões e uma barreira de tecido duro forma-se abaixo do MTA para complementar o ápice.
Fonte: Holden DT, Schwartz SA, Kirkpatrick TC, Schindler WG. Clinical Outcomes of Artificial
Root-end Barriers with Mineral Trioxide Aggregate in Teeth with Immature Apices. J Endod,
2008.
A) Radiografia Inicial
Caso Clínico
Apicificação
B) Radiografia no final da primeira consulta após colocação de medicação intracanal –

Fonte: Holden DT, Schwartz SA, Kirkpatrick TC, Schindler WG. Clinical Outcomes of Artificial Root-
end Barriers with Mineral Trioxide Aggregate in Teeth with Immature Apices. J Endod, 2008.
hidróxido de cálcio
Caso Clínico
Apicificação
C) Plug de MTA na região periapical colocado na segunda consulta

Fonte: Holden DT, Schwartz SA, Kirkpatrick TC, Schindler WG. Clinical Outcomes of Artificial
Root-end Barriers with Mineral Trioxide Aggregate in Teeth with Immature Apices. J Endod,
2008.
Caso Clínico
Apicificação
D) Radiografia final com restauração finalizada após 1 ano do início do tratamento

Fonte: Holden DT, Schwartz SA, Kirkpatrick TC, Schindler WG. Clinical Outcomes of
Artificial Root-end Barriers with Mineral Trioxide Aggregate in Teeth with Immature
Apices. J Endod, 2008.
Caso Clínico
Apicificação
Revascularização

Conceito

A revascularização pulpar é um tema muito recente e que cada vez mais os dentistas estão tomando
conhecimento para trazer essa possibilidade de tratamento dentro de seu consultório. Ela veio como
alternativa à apicificação pois nota-se o aumento das paredes dos canais radiculares, o fechamento apical e o
reparo na lesão periapical.

Revascularização pulpar é um conjunto de procedimentos de base biológica destinado a substituir


fisiologicamente estruturas dentárias danificadas, incluindo dentina e estruturas
radiculares, assim como células do complexo dentinopulpar.

Para a revascularização pulpar acontecer de forma correta e favorável é necessário ter um ambiente livre de
bactérias onde os canais radiculares estejam limpos e desinfetados. Além disso se faz necessária a presença de
alguns fatores, como a presença de células-tronco, fatores de crescimento e uma matriz de crescimento.
Revascularização

Conceito

A possibilidade de regeneração de uma polpa necrosada tem sido considerada principalmente em casos de
avulsão de dente permanente com rizogênese incompleta. A vantagem da revascularização pulpar em relação
aos métodos tradicionais de apicificação está no fato de se obter o completo desenvolvimento radicular, com
aumento da espessura das paredes do canal. Consequentemente, a raiz dentária se torna mais resistente à
fratura. A condição de um dente jovem com ápice aberto e raiz curta favorece a invaginação de um novo tecido
para o espaço pulpar. A polpa necrosada, porém não infectada, pode funcionar como uma matriz na qual um
novo tecido poderá se desenvolver.

A demonstração de um desenvolvimento radicular continuado não revela se o material radiopaco é dentina,


cemento ou osso, por causa da dependência já conhecida das células-tronco de ter um arcabouço e uma
combinação de fatores de crescimento apropriados. Além disso, não se pode afirmar que o novo tecido
formado no espaço pulpar seja realmente uma polpa dental.
Revascularização

Conceito

Como medicação intracanal, Hoshino et al avaliaram antibióticos simples e combinados para usar como
medicação intracanal para combater a infecção do sistema dos canais que é composta por diversas bactérias.
Foi observado que a utilização conjunta de três antibióticos (Metronidazol, Ciprofloxacina e Minociclina) foi
bastante eficaz para a remoção de bactérias em camadas profundas da dentina.
Revascularização

Conceito

As vantagens da revascularização pulpar se baseiam na possibilidade de um posterior desenvolvimento radicular e


do reforço das paredes dentinárias pela deposição de tecido duro, fortalecendo a raiz contra a fratura. Após o
reimplante de um dente imaturo avulsionado, existe um conjunto exclusivo de aspectos capaz de permitir que
ocorra regeneração. O dente jovem tem um ápice aberto e é curto, o que permite o crescimento relativamente
rápido de um novo tecido para o interior do espaço pulpar.

A polpa está necrosada, mas geralmente não está degenerada e infectada e, dessa forma, irá agir como uma matriz
dentro da qual o novo tecido pode crescer. Foi demonstrado experimentalmente que a porção apical de uma polpa
pode permanecer vital e proliferar coronariamente após o reimplante, substituindo a porção necrosada da polpa.
Revascularização

Conceito

Nos últimos anos, a pesquisa na área da Endodontia regeneradora tem apresentado avanços significativos,
principalmente com relação à importância da desinfecção do canal radicular e da perpetuação desse estado por
meio de um selamento coronário à prova de microinfiltrações. Segundo alguns autores, a revascularização em canais
previamente necrosados e infectados só é possível desde que haja uma eficaz desinfecção. Mesmo na presença de
ápice aberto, a revascularização pulpar necessita de uma adequada e criteriosa desinfecção do espaço pulpar antes
do procedimento regenerador propriamente dito. Essa desinfecção é realizada principalmente por meio de copiosa e
cuidadosa irrigação com solução de hipoclorito de sódio e pela ação de outras substâncias químicas. A ação
mecânica de instrumentos endodônticos é, na maioria das vezes, contraindicada, pois agravaria a fragilidade das
paredes dentinárias.
Revascularização

Conceito

Os procedimentos no campo da Endodontia regeneradora são terapias baseadas em células tronco. Para Diogenes et
al., o grande potencial desses procedimentos depende de uma perfeita interação entre a tríade da bioengenharia:
células-tronco, arcabouços e fatores de crescimento. Portanto, após o protocolo de desinfeção, é fundamental a
sobrevivência das células-tronco, uma vez que elas participam da regeneração tecidual. Esse deve ser um foco
importante em futuros estudos.
Revascularização

Conceito

Outro aspecto crítico que deve ser considerado na seleção de um caso para a terapia de revascularização pulpar
refere-se às dimensões do ápice e ao estágio de desenvolvimento radicular. Quanto menor a abertura apical, menor
será o suprimento sanguíneo para o interior do dente. Dentes com um fluxo sanguíneo restrito provavelmente terão
mais dificuldade em responder ao tratamento, influenciando no prognóstico.

A idade do paciente é outro fator que pode influenciar no prognóstico da revascularização pulpar, a terapia de
revascularização apresenta maior taxa de sucesso, quando realizada em pacientes jovens e saudáveis, entre oito e
dezesseis anos de idade.
Revascularização

Técnica – 1a consulta

• Anestesia
• Isolamento absoluto e limpeza do campo operatório com peróxido de hidrogênio a 3%, hipoclorito de sódio
a 2,5% ou clorexidina a 2%.
• Abertura
• Acesso endodôntico
• Irrigação com abundante com hipoclorito de sódio 2,5%
• Determinação do comprimento de trabalho com uma lima a 1mm do término radicular
• Irrigação dos canais com 20mL de hipoclorito de sódio a 1,5% por 5 minutos em cada canal
• Irrigação com 20mL de soro fisiológico por 5 minutos em cada canal
• Secagem com papel absorvente
• Preenchimento dos canais com pasta antibiótica ou pasta de hidróxido de cálcio com uma lima
• Selamento provisório da cavidade com IRM
Revascularização

Técnica – 2a consulta

A segunda consulta deve ser realizada de 2 a 4 semanas após a primeira consulta e após sinais e sintomas
cessarem.

• Exame clínico prévio para assegurar ausência de sinais e sintomas em palpação, percussão e dor. Caso
verifique-se alguma alteração, deve-se repetir os passos realizados na primeira consulta
• Anestesia local com mepivacaína a 3% sem vasoconstritor
• Isolamento, limpeza e descontaminação do campo operatório
• Acesso ao canal e remoção da medicação intracanal com 30mL de EDTA a 17% por 10 minutos em cada
canal
• Secagem com cones de papel estéreis
Revascularização

Técnica – 2a consulta

• Promover injúria dos tecidos periapicais - 2mm além do forame apical - com instrumento de calibre
pequeno para que ocorra sangramento e formação de coágulo
• Como opção pode-se colocar um material como matriz de crescimento – plasma rico em plaquetas
• Após a formação do coágulo, uma pequena camada de MTA é colocada sobre o coagulo
• Selamento com ionômero de vidro
• Restauração com resina composta
• Acompanhamento clínico e radiográfico
Revascularização

Técnica

A proservação deve ser realizada após 3 e 6 meses e, anualmente, por 4 anos para observar o crescimento
radicular, aumento da espessura das paredes radiculares e o fechamento do forame apical.

Caso nenhuma melhora seja observado durante os acompanhamentos e exames radiográficos, deve-se optar
pela realização da apicificação tradicional nesse dente.
Revascularização – parte 2

Conceito

Apesar de haver relatos na literatura que apontam altas taxas de resolução dos sinais e sintomas clínicos da
doença, o que aumenta o nível de confiança, ainda existem algumas lacunas com relação aos protocolos e
resultados.58,62 Diversos tipos de protocolo de desinfecção têm sido propostos para a revascularização pulpar,
na tentativa de se manter a viabilidade celular. As variações no preparo químico-mecânico, no número de
consultas, na medicação intracanal, além de fatores etiológicos distintos, demonstram a falta de padronização
no protocolo, o que dificulta a avaliação e a comparação dos resultados.

Segundo Diogenes et al.,o fator etiológico da necrose pulpar pode influenciar a taxa de sucesso da
revascularização pulpar. Isto porque a composição e a extensão de biofilmes bacterianos formados a partir de
um trauma associado ou não à fratura radicular podem ser diferentes daqueles biofilmes que se originaram de
uma lesão cariosa ou de uma anomalia de desenvolvimento. Portanto, esse achado sugere protocolos
diferentes para cada tipo de etiologia.
Revascularização – parte 2

Conceito

Outro aspecto crítico que deve ser considerado na seleção de um caso para a terapia de revascularização
pulpar refere-se às dimensões do ápice e ao estágio de desenvolvimento radicular. Quanto menor a abertura
apical, menor será o suprimento sanguíneo para o interior do dente. Dentes com um fluxo sanguíneo restrito
provavelmente terão mais dificuldade em responder ao tratamento, influenciando no prognóstico. Segundo
Kling et al. dentes com diâmetro apical igual a 1,1 mm, ou maior, são os melhores candidatos para os
procedimentos endodônticos regeneradores em dentes necrosados com rizogênese incompleta, pois o ápice
aberto permite a distribuição de células-tronco mesenquimais para dentro do espaço pulpar, assim como a
migração de células do hospedeiro para formar novos tecidos nesse espaço.

A idade do paciente é outro fator que pode influenciar no prognóstico da revascularização pulpar. A terapia de
revascularização apresenta maior taxa de sucesso, quando realizada em pacientes jovens e saudáveis, entre
oito e dezesseis anos de idade.
Revascularização – parte 2

Objetivo do Tratamento

• Promover o completo desenvolvimento radicular com evidências radiográficas de aumento da espessura da


parede do canal e fechamento do forame apical.

• Manutenção do dente, principalmente durante o desenvolvimento craniofacial.

• Tratar a lesão perirradicular.


Revascularização – parte 2

Seleção do Caso

• Dente permanente com necrose pulpar e ápice radicular aberto.

• Dente que não necessite de retentor intrarradicular.

• Paciente sem alergia a medicamentos e antibióticos utilizados no tratamento


.
• Paciente/responsável colaboradores.
Revascularização – parte 2

Esclarecimento ao paciente/responsável

• Consentimento livre e esclarecido.

• Número de consultas (duas ou mais).

• Necessidade do uso de antibióticos.

• Possíveis efeitos adversos: descoloração coronária/radicular, ausência de resposta ao tratamento e dor/infecção.

• Tratamentos alternativos: apicificação com MTA ou hidróxido de cálcio; nenhum tratamento; exodontia (quando
não aproveitável)
Revascularização – parte 2

Conceito

Após a desinfecção, o canal deve ser preenchido inicialmente com uma pasta à base da associação de
dois ou três antibióticos, a fim de promover a eliminação de microrganismos que sobreviveram à
desinfecção por meio de irrigação-aspiração. Após 4 semanas, constatado o desaparecimento de sinais e
sintomas clínicos de infecção, remove-se a pasta por meio de irrigação e estimula-se um sangramento a
partir dos tecidos perirradiculares apicais para o interior do canal, com o auxílio de uma lima ou uma
sonda endodôntica exploradora. Esse método de tratamento utiliza o coágulo sanguíneo como
substância de preenchimento do canal radicular. O coágulo atua como uma matriz (malha) para o
crescimento de um novo tecido dentro do espaço pulpar, similar à polpa necrosada de um dente
reimplantado após um trauma dental. O selamento coronário deve possuir dupla camada a fim de
assegurar um meio sem penetração microbiana. Em contato com o coágulo, apoia-se uma camada de
MTA e depois coloca-se uma bolinha de algodão estéril umedecida com água destilada e, por último, um
selador temporário com profundidade adequada. Duas semanas após, mantendo-se os sinais e sintomas
clínicos normais, substitui- se o algodão e o selador temporário por uma restauração de resina adesiva
Revascularização – parte 2

Formas da Zona Apical após fechamento do ápice

As condições histopatológicas dos tecidos pulpar e perirradicular, em relação à localização do processo


de reparação, parecem influenciar as características morfológicas do tecido duro depositado, o qual,
radiograficamente poderá apresentar as seguintes formas:

Em dentes portadores de tecido pulpar vivo no segmento apical do canal radicular

A) Selamento duplo: radiograficamente, há formação de barreira de tecido duro, alguns milímetros antes do ápice.
Histologicamente, nesses casos, a barreira é constituída de dentina, há deposição lateral desse tecido e selamento
apical com cemento, restando, todavia, comunicação entre o periodonto e o tecido conjuntivo semelhante à polpa
existente na região apical
Revascularização – parte 2

Formas da Zona Apical após fechamento do ápice

B) Selamento simples: radiograficamente, há formação de barreira de tecido duro, alguns milímetros
antes do ápice. Histologicamente, nestes casos, a barreira é constituída de cemento, há disposição lateral
desse tecido, e o ápice, inicialmente, permanece aberto, ocorrendo ampla comunicação entre o
periodonto e o tecido conjuntivo existente no interior das paredes radiculares. Com o tempo, o aspecto
radiográfico tende a assemelhar-se ao descrito em A.
C) Calcificação total da porção apical: observa-se o desenvolvimento radicular, porém ocorre a
calcificação maciça da porção terminal da raiz

A) Selamento Duplo
B) Selamento Simples
C) Calcificação total da
porção apical

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Revascularização – parte 2

Formas da Zona Apical após fechamento do ápice

Em dentes portadcom necrose pulpar total do conteúo pulpar

A) Fechamento em semicírculo: o ápice se calcifica, tomando a forma de semicírculo, porém o canal permanece com
a forma de bacamarte. Histologicamente, o selamento ocorre com cemento ou com tecido osteocementoide.
Radiograficamente, não há comunicação entre o canal e a área perirradicular

B) Calcificação tênue: não há evidência radiográfica do fechamento apical, porém uma delgada barreira cálcica pode
ser comprovada, junto ao ápice, pelo instrumental. Não há mudança na divergência das paredes do canal radicular

Estas duas últimas configurações morfológicas não promovem o alongamento radicular, permanecendo o dente mais
curto do que o seu homólogo. Entretanto, radiograficamente, em alguns casos, os padrões descritos podem não ser
encontrados, apresentando a região apical morfologia atípica.
Revascularização – parte 2

Formas da Zona Apical após fechamento do ápice

Em dentes portadcom necrose pulpar total do conteúo pulpar

A) Fechamento em semi círculo


B) Barreira tênue de tecido mineralizado

Fonte: Lopes & Siqueira, 2015


Caso Clínico - Revascularização
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

Management of a Nonvital Young Permanent Tooth by Pulp Revascularization – Tratamento de um dente


jovem permanente não vital por revascularização pulpar
Chandran V, Chacko V, Sivadas G
Int J of Clin Pediat Dent, 2014.

Um menino de 10 anos relatou queixa de fratura do dente anterior superior associado a dor leve e espontânea
ocasional nos últimos 4 a 6 meses. No exame clínico, o incisivo central superior direito apresentava uma fratura
coronária complicada e estava dolorido à percussão, sem mobilidade anormal. Observou-se uma fístula na
mucosa jugal em relação ao incisivo central superior direito. O dente não respondeu ao teste de frio e calor. O
exame radiográfico revelou que o dente tinha uma raiz incompleta com um ápice aberto, sem sinais de
quaisquer alterações periapicais. O histórico do paciente revelou que ele havia fraturado o dente após uma
queda em casa há 14 meses e não havia procurado tratamento para o mesmo até agora.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

Fratura da coroa do incisico central superior com fístula presente

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young Permanent Tooth by Pulp
Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico
Radiografia mostrando ápice aberto e paredes dos canais finas

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital


Young Permanent Tooth by Pulp Revascularization. Int J of Clin Pediat
Dent, 2014.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

Levando em consideração o desenvolvimento incompleto da raiz e o estado não vital da polpa, optou-se por
tentar a revascularização pulpar. Antes de prosseguir com o tratamento, os riscos e possíveis resultados do
tratamento foram amplamente discutidos com os pais e o consentimento foi obtido.

Foi seguida a técnica descrita por Banchs e Trope. Após administração de anestesia local (lidocaína a 2% com
adrenalina, 1: 200.000) e isolamento com dique de borracha, foi obtido acesso ao espaço pulpar. O canal não
foi instrumentado, mas foi desinfetado por irrigação abundante com hipoclorito de sódio 5,25%, seco com
pontas de papel estéreis e preenchido com uma pasta cremosa de metronidazol, ciprofloxacino e minociclina
misturada na proporção de 1: 1: 1 em propilenoglicol. A cavidade de acesso foi então selada com CIV
modificado com resina.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

Quando o paciente retornou após 4 semanas, o trato sinusal havia cicatrizado. Após administração de
anestesia local (lidocaína 2% com adrenalina, 1: 200.000), a pasta antibiótica foi removida por irrigação com
solução salina e hipoclorito 5,25%. O sangramento foi induzido no canal pela estimulação do tecido além do
ápice usando uma lima endodôntica estéril.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico
Formação do coágulo sanguíneo

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young Permanent Tooth by Pulp
Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

Foi aguardado aproximadamente 15 minutos, para permitir que o coágulo sanguíneo atingisse um nível
próximo à junção amelocementária , o MTA branco (Angelus) foi misturado e colocado sobre o coágulo. Uma
bolinha de algodão úmido foi colocado sobre o MTA e o acesso foi selado com ionômero de vidro modificado
por resina. Após 2 dias, a bolinha de algodão foi removida e o dente restaurado com CIV e resina composta.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico
Colocação de MTA

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young Permanent Tooth by Pulp
Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

O paciente foi solicitado a relatar para avaliações de acompanhamento em intervalos de 3 meses. Clinicamente,
o dente permaneceu assintomático, com resposta normal à percussão, profundidade de sondagem periodontal
normal e sem mobilidade anormal ao final de 3, 6 e 12 meses. No entanto, o dente não respondeu ao teste de
frio e calor. O exame radiográfico revelou estruturas perirradiculares normais com sinais de aumento do
comprimento da raiz e espessamento da parede da raiz.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico
Radiografia após 6 meses mostrando sinais de desenvolvimento radicular

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young


Permanent Tooth by Pulp Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico
Radiografia após 1 ano, mostrando o aumento do comprimento da raiz, da espessura da parede dentinária e
desenvolvimento da raiz apical

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young


Permanent Tooth by Pulp Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico - Revascularização

Caso Clínico

Após 1 ano, embora o dente não respondesse ao teste térmico, haviam sinais definidos de desenvolvimento da
raiz apical com estreitamento do canal e espessamento das paredes laterias na apical.
Obrigada!
Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 01

Caso clínico de um incisivo central superior. A) Tomografia computadorizada inicial B) Controle de 10 meses

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young Permanent Tooth by Pulp Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 02

A) Radiografia pré-operatória mostrando dente imaturo com lesão perirradicular depois de luxação severa 6 meses
antes. B) Radiografia de acompanhamento 4 meses depois do tratamento que incluiu aplicação da mistura de
ciprofloxacin, metronidazol e minociclina. C) 24 meses de acompanhamento revelando formação radicular
continuada tanto em comprimento quanto em espessura.

Fonte: Chandran V, Chacko V, Sivadas G. Management of a Nonvital Young Permanent Tooth by Pulp Revascularization. Int J of Clin Pediat Dent, 2014.
Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 03

Revascularization of immature permanent teeth with necrotic pulp by using platelet-rich plasma: case report
Aldakak M, Rekab MS, Shaar MBA, Alzoman HA
EDJ, 2013

Paciente do sexo masculino de 14 anos com lesão traumática nos dois incisivos centrais superiores. Em exame
clínico mostrou exposição pulpar e tecido necrótico, enquanto no exame radiográfico mostrou raízes com
ápices abertos.

Ambos os dentes foram abertos e irrigados com hipoclorito de sódio a 5,25% e secos com pontas de papel. A
pasta antibiótica foi colocada dentro do canal e após três semanas foi removido e irrigado com solução salina.
O plasma rico em plaquetas (PRP) foi introduzido nos dois canais até a junção cemento-esmalte e um plug de
MTA colocado sobre o gel de PRP e realizado uma restauração provisória. Após uma semana, sem sinais e
sintomas presentes, o dente foi restaurado definitivamente.
Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 03
Radiografia Inicial

Fonte: Aldakak et al., 2013


Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 03
Preparação do PRP

Fonte: Aldakak et al., 2013


Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 03
Radiografia após a aplicação de MTA em cima do PRP

Fonte: Aldakak et al., 2013


Caso Clínico – Revascularização – parte II

Caso Clínico 03
Radiografia após 06 meses

Fonte: Aldakak et al., 2013


Perfurações

Perfurações

As perfurações endodônticas podem ser causadas por instrumentos rotatórios ou manuais que relacionam o
endodonto com o tecidos de suporte dentários.

Acesso à cavidade, localização de canais, preparo mecânico, preparo para núcleos, desobturação de canais e
remoção de corpos estranhos são os principais causas da perfuração, além de processos degenerativos como
as reabsorções internas e externas, já abordadas no capítulo anterior.

Se descobertas e tratadas rapidamente, as perfurações possuem pequena chance de estabelecer um processo


infeccioso, melhorando o prognóstico e evitando extrações.
Perfurações

Perfurações

O reparo da lesão perfurada não ocorre se bactérias dos canais radiculares ou bactérias dos tecidos
periodontais contaminam a região, desencadeando uma reação inflamatória que leva a perda do suporte
dentário e perdas dentárias. Isso pode gerar dor, abscessos, fístulas e reabsorção óssea.

Além disso, com a progressão da inflamação e destruição da área da perfuração, podem ocorrer a formação de
bolsas periodontais e cistos (Bramante et al., 2003).

O prognóstico favorável das perfurações depende de fatores como tamanho e localização da comunicação,
facilidade de acesso à perfuração, ausência de comunicação periodontal, tempo entre a ocorrência e seu
fechamento, material utilizado e a não contaminação por agentes microbianos.
Perfurações

Perfurações

Uma barreira mecânica deve ser realizada na região da perfuração com materiais biocompatóveis e de fácil
manipulação para que promovam a osteogênese e cementogênese. Esses materiais podem ser hidróxido de
cálcio, MTA, osso liofilizado, entre outros.

O hidróxido de cálcio tornou-se uma boa opção para ser usado como matriz, prevenindo extravasamento de
materiais e melhorando o selamento do ionômero de vidro, por exemplo, se este é utilizando para fechar a
perfuração. Estudos também mostraram que é uma ótima opção pois induz a formação de tecidos.
Perfurações

Caso Clínico 01

Molar com perfuração no assoalho da furca, já indicado para extração, mas que foi salvo realizando o
retratamento e fechando a perfuração com hidróxido de cálcio.

Como opção de tratamento, a porção envolvida da furca foi curetada e o hidróxido de cálcio P.A. foi colocado
em toda a região, com o selamento de um material obturador.
Pode-se observar a formação de tecido mineralizado, fechando a região da perfuração.
Perfurações

Caso Clínico 01

Radiografia Inicial

Fonte: http://www.endodontiaclinica.odo.br/mta-ou-hidroxido-de-calcio-final/
Perfurações

Caso Clínico 01

Começo do retratamento dos canais, com desobturação e averiguação do comprimento de trabalho

Fonte: http://www.endodontiaclinica.odo.br/mta-ou-hidroxido-de-calcio-final/
Perfurações
Caso Clínico 01
Após a obturação dos canais, selamento da perfuração com hidróxido de cálcio, material obturador e guta
percha. Desobturação do canal distal para colocação de pino intracanal

Fonte: http://www.endodontiaclinica.odo.br/mta-ou-hidroxido-de-calcio-final/
Perfurações

Caso Clínico 01

Radiografia após 4 anos com prótese instalada

Fonte: http://www.endodontiaclinica.odo.br/mta-ou-hidroxido-de-calcio-final/
Para Relembrar

Relembrando

Para relembrarmos de forma rápida e fácil, esse esquema relata as medicações intracanais que devem ser
utilizadas em casos de biopulpectomia e necropulpectomia.
A primeira opção é quando somente a abertura é realizada, sem a instrumentação completa dos canais
(tratamento incompleto); e a segunda opção é quando a abertura e instrumentação são realizadas, porém a
obturação não foi feita na mesma sessão (tratamento completo).
Para Relembrar

Relembrando

Biopulpectomia

Tratamento incompleto: SOLUÇÃO DE CORTICOSTERÓIDE-ANTIBIÓTICO (OTOSPORIN/DECADRON)

Tratamento completo: PASTA DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO


Para Relembrar

Relembrando

Necropulpectomia

Tratamento incompleto: TRICRESOL

Tratamento completo: PASTA DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO


Para Relembrar

Relembrando

Somente o dentista que está realizando o tratamento endodôntico deve decidir qual a melhor maneira de
finalizar um caso, se em sessão única ou múltiplas sessões, pois isso depende de vários fatores envolvidos e ele
é o responsável por resolver o caso da melhor forma possível.

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