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Índice

Meio título
Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Autor
Conteú do
Dedicaçã o
Oraçã o Preparató ria
PREPARAÇÃ O PARA A MORTE
I. Retrato de um homem que recentemente passou para o outro mundo
II. Com a morte tudo acaba
III. A brevidade da vida
4. Certeza da Morte
V. Incerteza da Hora da Morte
VI. Morte de um pecador
VII. Sentimentos de um cristã o negligente moribundo, que pensou
pouco na morte
VIII. A morte do justo
IX. Paz dos justos na hora da morte
X. Meios de Preparaçã o para a Morte
XI. Sobre a vida infeliz do pecador e a vida feliz daquele que ama a Deus
XII. Sobre o há bito do pecado
XIII. As ilusõ es que o diabo sugere à s mentes dos pecadores
XIV. Sobre o Julgamento Particular
XV. Sobre o julgamento geral
XVI. Nas dores do inferno
XVII. Na eternidade do inferno
XVIII. O remorso dos condenados
XIX. Sobre perseverança
Contracapa
UMA COLEÇÃ O DE ARTE CLÁ SSICA
CONFISSÃ O SUA PRÁTICA FRUTA
Capa
Metade da pá gina de título
Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Conteú do
1. As Bênçã os da Confissã o
2. As cinco coisas necessá rias para uma boa confissã o
Exame de Consciência
Falsas consciências e seus remédios
A consciência frouxa
A Consciência Escrupulosa
A consciência duvidosa
Como fazer um bom exame de consciência.
Contriçã o
As qualidades da contriçã o
Contriçã o Interior
Contriçã o Sobrenatural
Contriçã o Perfeita e Imperfeita
Contriçã o Universal
Contriçã o Soberana
Recaídas em pecados anteriores.
Objetivo da Alteraçã o
Ocasiõ es de pecado
A finalidade da alteraçã o deve ser específica.
Confissã o e absolviçã o
A confissã o dos pecados
Qualidades de uma boa confissã o
Confissã o dos pecados veniais
Confissõ es sacrílegas
Confissã o Geral
Confissã o frequente
A Absolviçã o do Sacerdote.
Satisfaçã o
A Penitência Sacramental
Penitências Voluntá rias
Indulgências.
3. Como fazer uma boa confissã o
O exame de consciência
Oraçã o inicial
Pontos para o Exame de Consciência
Os dez mandamentos de Deus
Os Seis Preceitos da Igreja
Os sete pecados capitais
Deveres de estados particulares de vida
Obras de Misericó rdia Corporais e Espirituais.
Consideraçõ es para excitar a contriçã o
A enormidade do pecado
Benefícios de Deus para mim
O Amor de Jesus Cristo.
Oraçõ es antes da confissã o
Ato de Contriçã o e Propó sito da Alteraçã o
Oraçã o antes de um crucifixo
Oraçã o de Santa Gertrudes
Um Ato de Contriçã o Curto e Eficaz.
Um método fá cil de ir à confissã o
Oraçõ es apó s a confissã o
Salmo 102
Oraçã o de açã o de graças
Oraçã o antes de realizar a penitência sacramental.
Contracapa
Clá ssicos do bronzeado
Torne-se um missioná rio Tan!
Compartilhe a fé com livros Tan!
Livros bronzeados
N. Cartã o. Wiseman

  
  1 de maio de 1867
Imprimatur:

Originalmente publicado em 1857 por Burns, Oates e Washbourne, Ltd.,


Londres, Inglaterra. Reimpresso em 1972 por Marian Publications,
South Bend, Indiana.
Copyright © 1972 Marian Publications
Copyright © 1982 TAN Books.
ISBN: 978-0-89555-174-0
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser
reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio,
eletrô nico ou mecâ nico, incluindo fotocó pia, gravaçã o ou por qualquer
sistema de armazenamento ou recuperaçã o de informaçõ es, sem
permissã o por escrito do editor.
Design da capa por Milographics, milo.persic@gmail.com.
Impresso e encadernado nos Estados Unidos da América.

TAN Books

Charlotte, Carolina do Norte

www.TANBooks.com
1982
ESCRITURA DE SUA SANTIDADE PIO IX (Traduçã o)
“SANTÍSSIMO PAI,
“O Bispo de Southwark, na Inglaterra, ao apresentar a Vossa
Santidade como os Padres Redentoristas tiveram o consolo de ver um
imenso bom resultado da condescendência com que Vossa Santidade se
agradou de louvar o Alemão ediçã o das obras de Santo Afonso,
humildemente pede autorizaçã o para abençoar, em nome de Vossa
Santidade, a traduçã o já iniciada, e em parte publicada, das obras pias
de Santo Afonso em Inglês."
“ Em audiência com Sua Santidade no dia 13 de novembro de 1853,
nosso Santíssimo Senhor, pela Divina Providência, o Papa Pio IX, a
pedido de mim, abaixo assinado, Secretá rio da Sagrada Congregaçã o
para a Propagaçã o da Fé, foi graciosamente satisfeito deferir a petiçã o
acima; cobrando, no entanto, a consciência do peticioná rio pela
fidelidade na traduçã o.
“Dado em Roma, do Palá cio da Sagrada Congregaçã o, no dia e no
ano acima.
“Grá tis, etc. &c.
-UMA. B ARNABO , Secretá rio.”
Conteúdo
Objeto do Trabalho
I. Retrato de um homem que recentemente passou para o outro mundo
II. Com a morte tudo acaba
III. A brevidade da vida
4. Certeza da Morte
V. Incerteza da Hora da Morte
VI. Morte de um pecador
VII. Sentimentos de um cristã o negligente moribundo, que pensou
pouco na morte
VIII. A morte do justo
IX. Paz dos justos na hora da morte
X. Meios de Preparaçã o para a Morte
XI. Sobre a vida infeliz do pecador e a vida feliz daquele que ama a Deus
XII. Sobre o há bito do pecado
XIII. As ilusõ es que o diabo sugere à s mentes dos pecadores
XIV. Sobre o Julgamento Particular
XV. Sobre o julgamento geral
XVI. Nas dores do inferno
XVII. Na eternidade do inferno
XVIII. O remorso dos condenados
XIX. Sobre perseverança
Uma coleção de obras de arte clássicas
CONFISSÃO SUA PRÁTICA FRUTA
1. As Bênçãos da Confissão
2. As cinco coisas necessárias para uma boa confissão
Exame de Consciência
falsas consciências e seus remédios — A consciência relaxada — A
consciência escrupulosa — A consciência duvidosa — Como fazer
um bom exame de consciência.
Contriçã o
As qualidades da contriçã o - Contriçã o interior - Contriçã o
sobrenatural - Contriçã o perfeita e imperfeita - Contriçã o universal -
Contriçã o soberana - Recaídas em pecados anteriores.
Objetivo da Alteraçã o
Ocasiõ es de Pecado — O Propó sito da Alteraçã o Deve Ser Específico.
Confissã o e absolviçã o
A Confissã o dos Pecados — Qualidades de uma Boa Confissã o —
Confissã o dos Pecados Veniais — Confissõ es Sacrilégios — Confissã o
Geral — Confissã o Frequente — A Absolviçã o do Sacerdote.
Satisfaçã o
A Penitência Sacramental – Penitências Voluntá rias – Indulgências.
3. Como fazer uma boa confissão
O exame de consciência
Oraçã o Inicial — Pontos para o Exame de Consciência — Os Dez
Mandamentos de Deus — Os Seis Preceitos da Igreja — Os Sete
Pecados Capitais — Deveres de Estados Particulares de Vida —
Obras de Misericó rdia Corporais e Espirituais.
Consideraçõ es para excitar a contriçã o
A enormidade do pecado — os benefícios de Deus para mim — o
amor de Jesus Cristo.
Oraçõ es antes da confissã o
Ato de Contriçã o e Propó sito de Emenda — Oraçã o diante de um
Crucifixo — Oraçã o de Santa Gertrudes — Um Breve e Eficaz Ato de
Contriçã o.
Um método fá cil de ir à confissã o
Oraçõ es apó s a confissã o
Salmo 102 – Oraçã o de Açã o de Graças – Oraçã o antes da Penitência
Sacramental.
PARA

MARY,
IMACULADA E SEMPRE VIRGEM,

CHEIA DE GRAÇA, E ABENÇOADA SOBRE TODOS OS FILHOS DE ADÃ O,


A POMBA, A TARTARUGA, O AMADO DE DEUS

A HONRA DA RAÇA HUMANA, O DELEITE DE


TRINDADE:

CASA DO AMOR, MODELO DE HUMILDADE,


ESPELHO DE TODAS AS VIRTUDES:

MÃ E DO JUSTO AMOR, MÃ E DA ESPERANÇA,

MÃ E DA MISERICÓ RDIA:

ADVOGADA DOS PECADORES, DEFESA CONTRA OS DEMÔ NIOS,

LUZ DOS CEGOS, MÉ DICO DOS DOENTES:

 NCORA DA CONFIANÇA, CIDADE DO REFÚ GIO,

PORTA DO PARAÍSO:

ARCA DA VIDA, ARCO-ÍRIS DA PAZ,

ABRIGO DA SALVAÇÃ O:

ESTRELA DO MAR E MAR DA DOÇURA

PACIFICADOR DOS PECADORES, ESPERANÇA DOS DESESPEROSOS,


SOCORRO

DOS ABANDONADOS:

CONSOLADOR DOS AFLITOS, CONSOLAÇÃ O DOS MORTOS

E ALEGRIA DO MUNDO,
SUA AFETIVA E AMOROSA,

embora vil e indigna SERVA,

HUMILDE CONSAGRA ESTA OBRA


Oração Preparatória
OME, Espírito Santo, enche os coraçõ es dos Teus fiéis e acende

C
neles o fogo do Teu amor.
V. Envia Teu Espírito, e eles serã o criados;

R. E renovará s a face da terra.

Rezemos.
Ó Deus, que ensinaste os coraçõ es de Teu povo fiel, enviando-lhes a
luz do Teu Espírito Santo, concede-nos pelo mesmo Espírito ter um
julgamento correto em todas as coisas, e sempre nos regozijarmos em
Seu santo consolo. Por Cristo nosso Senhor. Um homem
PREPARAÇÃO PARA A MORTE
Objeto do trabalho: Necessário ser lido
Algumas pessoas desejavam de mim um livro de consideraçõ es
sobre as verdades eternas para as almas que desejam estabelecer-se
mais firmemente e progredir na vida espiritual; outras exigiram de mim
uma coleçã o de assuntos adaptados para missõ es e exercícios
espirituais. Para nã o multiplicar livros, trabalho e despesas, decidi
escrever o presente trabalho de acordo com o seguinte método, para
que possa servir a ambos os propó sitos. Para torná -lo ú til à meditaçã o
para aqueles que vivem no mundo, dividi essas consideraçõ es em três
pontos. Cada ponto formará uma meditaçã o; e depois de cada ponto,
portanto, acrescentei afeiçõ es e oraçõ es. Peço ao leitor que nã o se
canse, se nestas oraçõ es ele sempre encontra petiçõ es pela graça da
perseverança e pelo amor de Deus, pois estas sã o as duas graças mais
necessá rias para obter a salvaçã o eterna. “A graça do amor divino é
aquela graça”, diz Sã o Francisco de Sales, “que contém em si toda graça,
porque a virtude da caridade para com Deus traz consigo todas as
outras virtudes”. “Todas as coisas boas vieram para mim junto com ela.”
( Sab. 7:11). Quem ama a Deus é humilde, casto, obediente, mortificado
e, enfim, possui todas as virtudes. Santo Agostinho diz: “Ame a Deus e
faça o que quiser;” sim, porque quem ama a Deus procurará evitar tudo
o que Lhe desagrada e procurará apenas agradá -lo em todas as coisas.
A outra graça, da perseverança, é aquela que nos permite obter a
vida eterna. Sã o Bernardo diz, “que o cé u é prometido para aqueles que
começam uma boa vida; mas só é dado à queles que perseveram.” 1 Mas
esta perseverança, segundo os santos Padres, é dada apenas a quem a
pede. Por isso, Sã o Tomá s afirma que “para entrar no cé u, é necessá rio
que um homem depois do batismo reze continuamente”. 2 E nosso
Salvador já havia dito: “Devemos orar sempre e nã o desmaiar”. ( Lucas
18:1). Negligenciando isso, muitos pecadores miseráveis, depois de
receberem o perdã o, nã o continuam na graça de Deus; sã o dados, mas
porque se omitem de pedir a Deus a graça da perseverança,
especialmente na hora da tentaçã o, voltam a cair. Por outro lado,
embora a graça da perseverança seja inteiramente gratuita e nã o possa
ser merecida por nenhuma boa obra nossa, Pe. Suá rez declara, no
entanto, que ela é infalivelmente obtida pela oraçã o; Santo Agostinho já
tendo dito “que o dom da perseverança pode ser merecido pela sú plica,
isto é , pode ser obtido pela oraçã o”. 3 Provaremos longamente esta
necessidade de oraçã o em outro pequeno trabalho, que já está no prelo,
e em breve será publicado, intitulado Sobre a oração, como grande meio,
etc. * — um trabalho que, embora curto e, portanto, nã o caro, me
custou muito trabalho, e considero muito ú til para todo tipo de pessoa:
digo, alé m disso, sem hesitaçã o, que entre em todos os tratados
espirituais nã o há , nem pode haver, um que seja mais ú til ou mais
necessá rio do que este sobre a oraçã o como meio para obter a salvaçã o
eterna.
Para que as presentes Consideraçõ es possam ser ú teis também aos
sacerdotes que têm poucos livros, ou que nã o têm tempo para ler,
acrescentei textos da Escritura e passagens dos santos Padres; curtos
de fato, mas fortes - como deveriam ser para sermõ es. Devo observar
que cada consideraçã o, com os três pontos, forma um sermã o. Para isso
tenho Retrato de um homem que faleceu recentemente esforcei-me para
coletar de vá rios autores sentimentos tã o marcantes que me pareceram
mais calculados para tocar o coraçã o; e eu inseri vá rios desses em
resumo, para que o leitor possa selecionar aqueles que o agradam e
ampliar sobre eles depois a seu prazer. Que tudo redunde para a gló ria
de Deus! Rogo aos meus leitores que me recomendem a Jesus Cristo,
esteja eu morto ou vivo, quando lerem este livro; e prometo fazer o
mesmo por todos aqueles que me fizerem esta caridade. Viva Jesus
nosso amor, e Maria nossa esperança.
* No v. Virtudes Cristãs da presente traduçã o.—Editor
CONSIDERAÇÃO I
Retrato de um homem que recentemente passou para o
outro mundo

“Tu és pó, e ao pó voltarás.”


Gênesis 3:19

PRIMEIRO PONTO _ _
Considera que és pó , e ao pó voltará s. Chegará o dia em que você
morrerá e apodrecerá em uma sepultura, onde “vermes serã o sua
cobertura”. ( Isaías 14:11). O mesmo destino aguarda todos, altos e
baixos, o príncipe e o camponês. Assim que a alma deixar o corpo, com
o ú ltimo suspiro ela irá para a eternidade, e o corpo voltará ao pó . “Tu
lhes tirará s o fô lego, e eles voltarã o ao pó”. ( Salmos 103:29). Imagine
uma pessoa que expirou recentemente. Eis aquele cadáver deitado na
cama, a cabeça caída sobre o peito, os cabelos desordenados e
banhados no suor da morte, os olhos fundos, as bochechas encovadas, o
rosto de um tom acinzentado, a língua e os lá bios cor de chumbo , o
corpo frio e pesado. Os observadores empalidecem e estremecem.
Quantos, ao ver um pai ou amigo falecido, mudaram de vida e deixaram
o mundo! Mas ainda mais horrível é quando o corpo começa a se
decompor. Vinte e quatro horas nã o se passaram desde a morte daquele
jovem, e um odor desagradável já é perceptível. As janelas devem ser
abertas, e incenso deve ser queimado, e apressar-se a transferir o corpo
para a igreja e enterrá -lo, para que toda a casa nã o seja infectada. “E se”,
diz um autor, “esse corpo pertenceu a um dos grandes ou dos ricos da
terra, ele apenas emitirá um fedor mais intolerável”.
Eis que veio aquele homem orgulhoso, aquele homem voluptuoso!
O favorito, o desejado da sociedade, torna-se agora o horror e a
abominaçã o de todos os que o contemplam. Seus parentes apressam-se
a removê-lo da casa, e as pessoas sã o contratadas para levá -lo embora,
para que, encerrado em um caixã o, possam lançá -lo em uma cova.
Antigamente ele era famoso por seus talentos, sua elegâ ncia, suas
maneiras graciosas e sua inteligência; mas tã o logo ele está morto, ele é
esquecido. “Sua memó ria pereceu com um barulho.” ( Salmos 9:7). Ao
ouvir a notícia de sua morte, alguns dizem que ele foi uma honra para
sua família; outros, ele proveu bem para sua família; outros se afligem
porque os falecidos lhes prestaram algum serviço; alguns se alegram
porque sua morte lhes traz alguma vantagem. No entanto, em pouco
tempo ninguém mais o nomeará ; e mesmo desde o início seus amigos
mais queridos nã o o ouvirã o ser mencionado, para que sua dor nã o seja
renovada. Nas visitas de condolências se fala de outras coisas; e se
alguém por acaso se referir ao falecido, os parentes exclamam: “Por
misericó rdia, nunca o nomeie para mim.”
Considere que, como você fez com a morte de seus amigos e
parentes, outros farã o por você. Os vivos aparecem no palco para
ocupar a riqueza e os lugares dos mortos, e dos mortos pouca ou
nenhuma estima ou mençã o é feita. A princípio as relaçõ es ficam aflitas
por alguns dias; mas eles rapidamente se consolam com a parte da
propriedade que lhes cabe, para que em pouco tempo se regozijem com
sua morte, e naquele mesmo quarto onde você respirou sua alma e foi
julgado por Jesus Cristo, eles vai dançar, comer, brincar e rir, como
antes. E sua alma, onde estará entã o?

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Jesus, meu Redentor, eu te rendo graças por nã o ter me tirado
desta vida enquanto eu era teu inimigo. Quantos anos se passaram
desde que eu merecia estar no Inferno! Se eu tivesse morrido em tal
dia, ou em tal noite, o que teria sido de mim por toda a eternidade? Meu
Deus, eu te retribuo graças. Aceito a morte como uma satisfaçã o pelos
meus pecados, e aceito-a da maneira que possa agradar-Te enviá -la a
mim; mas desde que me esperaste até agora, oh, espera por mim ainda
um pouco mais. “Deixe-me, portanto, que eu possa lamentar um pouco
minha tristeza.” ( Trabalho 10:20). Dê-me tempo para chorar sobre
minhas ofensas contra Ti, antes que Tu venhas me julgar.
Nã o resistirei mais aos Teus chamados. Quem sabe se estas palavras
que acabei de ler nã o sã o o Teu ú ltimo chamado para mim? Reconheço
que nã o mereço misericó rdia: Tu me perdoaste tantas vezes, e eu
novamente te ofendi ingrata. “Um coraçã o contrito e humilde, ó Deus,
nã o desprezará s.” ( Salmos 4:19). Ah, Senhor, já que nã o podes
desprezar um coraçã o humilde e penitente, eis o traidor que,
humilhado e arrependido, recorre a ti. “Nã o me lances longe da tua
face.” ( Salmos 1:13). Tu disseste: “Aquele que vem a mim, nã o o lançarei
fora”. ( João 6:37). É verdade que te ofendi mais do que os outros,
porque fui favorecido mais do que os outros com luz e graça; mas o
Sangue que derramaste por mim me dá coragem e me oferece perdã o
se eu me arrepender. Sim, ó meu Soberano Bem, eu me arrependo de
toda a minha alma por ter te insultado. Perdoe-me e dê-me a graça de
Te amar para o futuro. Já Te ofendi por muito tempo. Quanto ao resto da
minha vida, nã o, meu Jesus, nã o a gastarei ofendendo-te; Vou gastá -lo
todo chorando pelo desgosto que Vos dei, e Vos amando com todo meu
coraçã o, ó Deus, digno de amor infinito. Ó Maria, minha esperança,
rogai a Jesus por mim.

SEGUNDO PONTO _ _

Mas, para que você possa ver mais claramente o que você é, ó alma
cristã , diz Sã o Joã o Crisó stomo, “vá para um sepulcro; contemple
poeira, cinzas, vermes – e suspire!” Veja como aquele cadáver primeiro
se torna amarelo e depois preto. Depois, todo o corpo é coberto com um
mofo branco e repugnante. Entã o sai um lodo pegajoso e fétido, que flui
para a terra. Nessa corrupçã o é gerada uma multidã o de vermes, que se
alimentam da carne. Os ratos se deleitam com o corpo; alguns do lado
de fora, outros entram na boca e intestinos. As bochechas, os lá bios e os
cabelos caem em pedaços; as costelas sã o expostas primeiro, depois os
braços e as pernas. Os vermes, depois de terem consumido toda a
carne, devoram-se uns aos outros; e por fim nada resta daquele corpo
senã o um esqueleto fétido, que com o tempo se desfaz em pedaços; os
ossos se separam e a cabeça cai do tronco. “Tornaram-se como a palha
da eira de um verã o, e foram levados pelo vento.” ( Dan. 2:35). Veja,
entã o, o que é o homem – um pouco de poeira no chã o do celeiro, que é
levada pelo vento.
Veja aquele nobre, que foi chamado a vida e a alma da sociedade -
onde ele está ? Entre em seu quarto; ele nã o está lá . Se você procura a
cama dele, ela pertence a outros; se por suas roupas, ou seus braços,
outros já as tomaram e as dividiram entre si. Se você quiser vê-lo, vá
para aquela sepultura, onde ele é transformado em corrupçã o e ossos
sem carne. Ó Deus, aquele corpo, alimentado com tantas iguarias,
vestido com tanta pompa, servido por tantos atendentes - a que agora
está reduzido! Ó santos, vó s sabestes mortificar vossos corpos pelo
amor daquele Deus que somente vó s amais nesta terra; e agora seus
ossos sã o preservados e valorizados como relíquias sagradas em
santuá rios de ouro, e suas belas almas estã o no gozo de Deus, na
expectativa do ú ltimo dia, no qual seus corpos também serã o feitos
companheiros na gló ria como foram participantes da Cruz nesta vida.
Este é o verdadeiro amor ao corpo, carregá -lo de mortificaçõ es aqui,
para que seja feliz na eternidade; e negar-lhe os prazeres que a
tornarã o infeliz na eternidade.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Veja, entã o, ó meu Deus, a que meu corpo será reduzido – aquele
corpo que tanto Te ofendeu! – a vermes e podridã o. Mas isso nã o me
aflige, ó meu Senhor; pelo contrá rio, regozijo-me porque esta minha
carne, que me fez perder a Ti, meu Soberano Bem, apodrecerá e será
destruída; o que me aflige é que por causa de prazeres miseráveis eu
tanto Te desagrado. Mas nã o vou desconfiar de Tua misericó rdia. Tu me
esperaste, para me perdoares. “Por isso o Senhor espera, para ter
misericó rdia de vó s.” ( Isaías 30:18). E Tu me perdoará s se eu me
arrepender. Sim, arrependo-me de todo o coraçã o, ó Infinita Bondade,
de Vos ter desprezado. Direi a Ti, com Santa Catarina de Gênova: “Meu
Jesus, chega de pecados, chega de pecados”. Nã o, nã o vou mais abusar
da Tua paciência. Nem, ó meu amor crucificado, esperarei para te
abraçar até que sejas colocado por meu confessor em minhas mã os na
hora da morte: a partir deste momento eu te abraço, a partir deste
momento eu recomendo minha alma a ti. Minha alma esteve tantos
anos no mundo sem Te amar; dá -me luz e força para que eu possa Te
amar durante o resto de minha vida. Nã o esperarei até a hora da morte
para Te amar; a partir deste momento eu Te amo, eu Te abraço, eu me
uno a Ti, e prometo nunca mais te deixar. Ó Virgem santíssima, liga-me
a Jesus Cristo; e obtém para mim que eu nunca mais O perca!

TERCEIRO PONTO _ _

Meu irmã o, nesta imagem da morte, veja a si mesmo e o que você


um dia se tornará : “Lembre-se de que você é pó e ao pó retornará”.
Considere que em poucos anos, talvez meses ou dias, você se tornará
podridã o e vermes. Este pensamento fez de Jó um santo: “Eu disse à
podridã o, tu és meu pai; aos vermes, minha mã e e minha irmã .” (
Trabalho 17:14).
Tudo deve chegar ao fim; e se quando você morre sua alma está
perdida, tudo está perdido para você . “Considere-se como já morto”, diz
Sã o Lourenço Justiniano, “sabendo que você deve necessariamente
morrer”. 4 Se você já estivesse morto, o que você nã o gostaria de ter
feito? Agora que você está vivo, reflita que um dia você deve morrer. Diz
Sã o Boaventura, “que para guiar bem a embarcaçã o, o piloto deve
colocar-se ao leme; assim, para levar uma boa vida, um homem deve
sempre imaginar-se na morte”. Por isso, Sã o Bernardo diz: “Olhe para
os pecados da juventude e enrubesça; olhe para os pecados da
masculinidade e chore; olhe para as atuais desordens de sua vida, e
trema e corrija. Quando Sã o Camilo de Lellis contemplou as sepulturas
dos mortos, disse a si mesmo: “Se estes pudessem viver novamente, o
que eles nã o fariam pela vida eterna? E eu que tenho tempo, o que faço
pela minha alma?” No entanto, o Santo disse isso com humildade. Mas
quanto a você , meu irmã o, talvez tenha motivos para temer que você
seja aquela figueira esté ril da qual nosso Senhor disse: “Eis que há trê s
anos venho buscar frutos nesta figueira e nã o encontro”. ( Lucas 13:7).
Você , que está no mundo há mais de trê s anos, que fruto tem dado?
“Refletem”, diz Sã o Bernardo, “que o Senhor nã o busca apenas flores,
mas també m frutos; isto é , nã o apenas bons desejos e boas resoluçõ es,
mas també m boas obras.” Aprenda, entã o, como aproveitar este tempo
que Deus em Sua misericó rdia lhe dá ; nã o espere para desejar o tempo
para fazer o bem quando nã o haverá mais tempo, e será dito a você :
“Nã o haverá mais tempo: parta”. Apresse-se, agora é hora de deixar
este mundo; apresse-se, o que está feito está feito.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Eis-me, ó meu Deus; Eu sou aquela á rvore que por tantos anos
mereceu ouvir estas palavras: “Derrube-a; por que atrapalha o solo?” (
Lucas 13:7). Sim, porque durante todos os anos em que estive no
mundo nã o produzi nenhum outro fruto além das sarças e espinhos do
pecado. Mas, ó Senhor, Tu nã o me deixará s desesperar. Tu disseste a
todos que quem Te busca encontra a Ti: “Buscai e achareis”. Eu Te
busco, ó meu Deus, e desejo Tua graça. Sofro de todo o coraçã o por
todas as ofensas que cometi contra Ti, e gostaria de poder morrer de
tristeza por elas. Até agora eu fugi de Ti; mas valorizo mais a tua
amizade do que a posse de todos os reinos da terra. Nã o resistirei mais
aos Teus chamados. Tu queres-me todo Teu; Eu me entrego totalmente
a Ti, sem qualquer reserva. Tu te entregaste inteiramente a mim na
Cruz; Eu me entrego inteiramente a Ti.
Tu disseste: “Se você me pedir alguma coisa em meu nome, eu farei”.
( João 14:14). Meu Jesus, confiando nesta grande promessa, em Teu
Nome e por Teus méritos, peço Tua graça e Teu amor. Que Tua graça e
Teu santo amor abundem em minha alma, onde o pecado abundou, eu
Te retribuo graças por ter me dado graça para fazer esta petiçã o; uma
vez que é inspirado por Ti, é um sinal de que Tu me ouvirá s. Ouvi-me
favoravelmente, meu Jesus; dá -me um grande amor por Ti, dá -me um
grande desejo de Te agradar, e a graça de realizar este desejo. Ó minha
poderosa advogada Maria, ouça-me também; ore a Jesus por mim.
CONSIDERAÇÃO II
Com a morte tudo acaba

“Chegou o fim, chegou o fim.”


Ezequiel 7:2
PRIMEIRO PONTO _ _
Entre os mundanos, só sã o considerados felizes aqueles que
desfrutam dos bens, dos prazeres, das riquezas e das pompas deste
mundo; mas a morte põ e fim a todas essas alegrias da terra. "Para que
serve sua vida? é um vapor que aparece por pouco tempo”. ( James
4:15). Os vapores que sã o exalados da terra, quando elevados no ar e
revestidos com a luz do sol, fazem uma bela aparência; mas quanto
tempo dura essa beleza? Um sopro de vento o dispersa. Veja aquele
nobre, cortejado até hoje, temido e quase adorado; amanhã , quando
estiver morto, será desprezado, injuriado e pisoteado. Quando a morte
chegar, devemos deixar tudo. O irmã o daquele grande servo de Deus,
Thomas à Kempis, orgulhava-se de ter construído uma bela casa; mas
um amigo lhe disse que tinha um grande defeito. Ele perguntou o que
era. “O defeito”, respondeu o outro, “é que você fez uma porta nela”. "O
que!" exclamou ele; “uma porta é um defeito?” “Sim”, disse seu amigo;
“pois daquela porta você um dia terá que nascer morto e, assim, sair de
casa e tudo mais.”
A morte, enfim, priva o homem de todos os bens deste mundo. Ah,
que espetá culo é ver um príncipe expulso de seu palá cio, para nunca
mais entrar nele, e outros tomarem posse de seus mó veis, seu dinheiro
e todos os seus outros bens! Os servos o deixam em seu tú mulo com
apenas uma roupa para cobrir seu corpo; nã o há mais ninguém para
estimá -lo ou bajulá -lo; nem seus ú ltimos comandos sã o atendidos.
Saladino, que havia adquirido muitos reinos na Á sia, deu ordens, ao
expirar, que quando seu corpo fosse levado para o tú mulo, um homem
deveria precedê-lo com a camisa pendurada em um poste, gritando:
“Isto é tudo o que Saladino leva para a sepultura”.
Quando o corpo daquele príncipe é colocado na sepultura, a carne
cai, e eis que seu esqueleto nã o pode mais ser distinguido de outros
esqueletos. “Vá para a sepultura”, diz Basílio, “e veja se você pode
descobrir quem foi servo e quem amo”. Dió genes foi um dia visto por
Alexandre, o Grande, procurando ansiosamente por algo entre os
crâ nios dos mortos. “O que você procura?” perguntou Alexandre, com
curiosidade. “Procuro”, ele respondeu, “o crâ nio do rei Filipe, teu pai, e
nã o consigo distingui-lo do resto; se você puder encontrá -lo, mostre-o
para mim”. “Nesta terra”, observou Sêneca, “os homens nascem
desiguais; mas depois da morte todos se tornam iguais.” E Horá cio
disse: “A morte nivela o cetro com a pá”. Enfim, quando a morte chega,
“vem o fim” — tudo acaba, e temos que deixar tudo; de todas as coisas
deste mundo, nada levamos para a sepultura.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu Senhor, já que me deste luz para saber que o que o mundo
estima é mero vapor e loucura, dá -me forças para me desapegar dele
antes que a morte me separe. Infeliz que fui, quantas vezes Te ofendi e
Te perdi, o Bem Infinito, pelos miseráveis prazeres e posses desta terra!
Ó meu Jesus, ó meu Médico Celestial, lance Teus olhos sobre minha
pobre alma, veja as muitas feridas que me infligi por meus pecados, e
tenha piedade de mim. Eu sei que Tu podes e me curas; mas para ser
curado Tu desejas que eu me arrependa das injú rias que te fiz. Sim, eu
me arrependo deles de todo o meu coraçã o: cure-me, entã o, agora que
Tu podes me curar. “Cura a minha alma, pois pequei contra ti”. ( Salmos
40:5). Eu esqueci de Ti, mas Tu nã o me esqueceste; e agora Tu me fazes
sentir que também esquecerá s minhas ofensas passadas contra Ti, se
eu as detesto. “Mas se os ímpios fizerem penitência, nã o me lembrarei
de todas as suas iniqü idades.” ( Ez. 18:21). Eis que agora eu os detesto e
abomino acima de todo mal; esquece, entã o, ó meu Redentor, toda a dor
que te causei. No futuro, perderei tudo, até a pró pria vida, em vez da
Tua graça. E de que me servem todos os bens deste mundo sem a Tua
graça?
Ah, me ajude; pois Tu sabes quã o fraco eu sou! O inferno nã o
deixará de me tentar; já me prepara mil assaltos, para me fazer mais
uma vez seu escravo. Nã o, meu Jesus, nã o me abandones. Deste dia em
diante serei escravo do Teu amor. Tu és meu ú nico Senhor, Tu me
criaste, Tu me redimiste, Tu me amaste acima de todos os outros; Só tu
mereces ser amado, só a ti amarei.

SEGUNDO PONTO _ _

Filipe II, rei da Espanha, estando perto de seu fim, mandou buscar
seu filho; e jogando fora o manto real, mostrou-lhe o peito roído pelos
vermes, e entã o lhe disse: “Príncipe, eis como morremos e como
terminam todas as grandezas deste mundo!” Foi bem dito por
Teodoreto que “a morte nã o teme nem riquezas, nem guardas, nem a
pú rpura”; e que “podridã o e corrupçã o fluem dos corpos dos príncipes,
bem como dos vassalos”. De modo que todo aquele que morre, mesmo
sendo um príncipe, nada leva consigo para o tú mulo; toda a sua gló ria
permanece na cama em que ele expira: “Pois quando ele morrer, ele nã o
levará nada, nem sua gló ria descerá com ele”. ( Salmos 48:18). Santo
Antonino relata que, quando Alexandre, o Grande, estava morto, um
certo filó sofo exclamou: “Eis que aquele que ontem pisoteou a terra
agora está coberto pela terra. Ontem o mundo inteiro nã o era suficiente
para ele, e agora sete palmos dele sã o suficientes. Ontem ele liderou
seus exércitos sobre a terra, e agora ele é transportado por alguns
carregadores sob ela.” Mas, antes, ouçamos o que Deus diz: “Por que a
terra e as cinzas se orgulham?” ( Eclus. 10:9). Homem, nã o vês que és pó
e cinza? De que você se orgulha? Por que você desperdiça seus
pensamentos e anos em se engrandecer neste mundo? A morte virá , e
entã o toda a sua grandeza e todos os seus projetos terminarã o:
“Naquele dia todos os seus pensamentos perecerã o”. ( Salmos 145:4).
Oh, quã o mais feliz foi a morte de Sã o Paulo, o Eremita, que viveu
sessenta anos encerrado em uma caverna, do que a de Nero, que viveu
imperador de Roma! Quã o mais feliz foi a morte de Sã o Félix, irmã o
leigo capuchinho, do que a de Henrique VIII, que viveu em esplendor
régio, mas inimigo de Deus! Devemos refletir, porém, que para obter tal
morte os santos deixaram todas as coisas—país, prazeres, as
esperanças que o mundo lhes oferecia—e abraçaram uma vida pobre e
desprezada. Sepultaram-se vivos nesta terra, para nã o serem
enterrados no inferno quando mortos. Mas como podem os mundanos,
vivendo em pecado, entre prazeres terrenos e ocasiõ es perigosas, como
podem esperar uma morte feliz? Deus avisa os pecadores que na morte
eles O buscarã o e nã o O encontrarã o: “Vocês me buscarã o e nã o me
acharã o”. ( João 7:34). Ele diz que entã o será a hora da vingança, nã o da
misericó rdia: “Eu os recompensarei no devido tempo”. ( Deut. 32:15). A
razã o nos diz o mesmo, pois na hora da morte um homem do mundo se
achará fraco de espírito, seu coraçã o obscurecido e endurecido por
maus há bitos, as tentaçõ es serã o mais fortes; e como ele poderá resistir
na hora da morte, que durante a vida foi tã o freqü entemente e tã o
facilmente conquistada? Seria necessá rio entã o uma medida maior de
graça divina para mudar seu coraçã o; mas Deus é obrigado a dar-lhe
esta graça? O pecador o mereceu pela vida desordenada que levou? E,
no entanto, é uma questã o de felicidade eterna ou miséria eterna. Como
é possível que, refletindo sobre isso, aquele que crê nas verdades da fé
nã o deixe tudo para se entregar inteiramente a Deus, que nos julgará
segundo as nossas obras?

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, Senhor, infeliz que sou, quantas noites me deitei para dormir em
inimizade contigo! Ó Deus, em que estado miserável estava entã o
minha alma! Foi odiado por Ti, e escolheu Teu ó dio. Já estava
condenado ao Inferno; nada faltava senã o a execuçã o da sentença. Mas
Tu, ó meu Deus, nunca deixaste de me buscar e de me oferecer Teu
perdã o. Mas quem pode me assegurar que Tu ainda me perdoaste?
Devo eu, meu Jesus, viver neste medo até que Tu me julgues? Ah, a dor
que sinto por Vos ter ofendido! O desejo que tenho de Vos amar,
sobretudo Vossa Paixã o! Ó meu caríssimo Redentor, faze-me esperar
que estou em Tua graça! Lamento ter ofendido a Ti, ó meu Soberano
Bem; e eu Te amo acima de todas as coisas. Resolvo perder tudo ao
invés de perder Tua graça e Teu amor. Tu desejas que o coraçã o que Te
busca se regozije: “Alegre-se o coraçã o dos que buscam ao Senhor”. ( 1
Par. 16:10). Senhor, detesto todas as minhas ofensas contra Ti, dá -me
coragem e confiança; nã o me repreenda mais com minha gratidã o, pois
eu mesmo a conheço e a detesto. Tu disseste que “nã o queres a morte
de um pecador, mas que ele se converta e viva”. ( Ez . 33:11). Sim, meu
Deus, deixo tudo e volto-me para Ti; Procuro-te, desejo-te e amo-te
acima de todas as coisas. Dá -me o Teu amor, e nada mais peço. Ó Maria,
tu és minha esperança; obtenha para mim a santa perseverança.

TERCEIRO PONTO _ _

David chama a felicidade desta vida presente de sonho de um


despertar: “Como o sonho dos que despertam”. ( Salmos 72:20). Um
certo autor comenta assim sobre estas palavras: “Um sonho, porque
quando os sentidos estã o em repouso as coisas parecem grandes; e eles
nã o sã o, e logo desaparecem.” Os bens deste mundo parecem grandes,
mas na verdade nã o sã o nada; como o sono, eles duram apenas um
pouco, e entã o tudo desaparece. Esta reflexã o, que com a morte tudo
acaba, fez com que Sã o Francisco Bó rgia resolvesse entregar-se
totalmente a Deus. A Santa teve que acompanhar o corpo da Imperatriz
Isabel a Granada. Quando o caixã o foi aberto, todos fugiram da horrível
visã o e odor; mas Sã o Francisco, tocado pela luz divina, ficou para
contemplar naquele cadáver a vaidade do mundo; e olhando para ela,
exclamou: “É s tu, entã o, minha imperatriz? Você é aquela diante de
quem tantos grandes se ajoelharam em reverência? Ó minha senhora
Isabel, onde está tua majestade, onde está tua beleza? Assim entã o”,
concluiu ele consigo mesmo, “acabar com as grandezas e as coroas
deste mundo! Portanto, de hoje em diante, servirei a um Mestre que
nunca pode morrer”. A partir dessa hora dedicou-se inteiramente ao
amor de Jesus crucificado; e ele entã o fez um voto de se tornar um
religioso, caso sua esposa morresse; voto que ele depois cumpriu ao
entrar na Companhia de Jesus.
Verdadeiramente, entã o, um desiludido do mundo escreveu estas
palavras em uma caveira: Cogitanti vilescunt omnia. Aquele que pensa
na morte nã o pode amar o mundo. E, oh, por que existem tantos
amantes infelizes deste mundo? Porque eles nã o pensam na morte: “Ó
filhos dos homens, até quando ficareis embotados de coraçã o? Por que
você ama a vaidade e busca a mentira?” ( Salmos 4:3). Miseráveis filhos
de Adã o, diz o Espírito Santo, por que nã o banais de vossos coraçõ es
esses muitos afetos terrenos que vos fazem amar a vaidade e a mentira?
O que aconteceu com seus antepassados também acontecerá com você;
eles habitaram seu palá cio, dormiram naquela mesma cama, mas agora
nã o estã o mais lá : o mesmo acontecerá com você. Portanto, ó meu
irmã o, entregue-se rapidamente a Deus, antes que a morte venha:
“Tudo o que a tua mã o puder fazer, faça-o com seriedade”. ( Ecles. 9:10).
O que você pode fazer hoje, nã o espere para fazer amanhã ; pois hoje
passa e nã o volta mais; e amanhã a morte pode vir sobre você, para que
você nã o possa mais fazer nada. Afaste-se rapidamente de tudo o que o
mantém ou pode mantê-lo longe de Deus. Renunciemos sem demora a
toda afeiçã o por esses bens terrenos antes que a morte os roube à
força: “Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor”. ( Apoc.
14:13). Bem-aventurados aqueles que ao morrer já estã o mortos em
afeiçã o a este mundo. Eles nã o temem a morte; eles desejam; eles a
abraçam com alegria; pois entã o, em vez de separá -los dos objetos de
seu amor, os une ao Soberano Bem, que é o ú nico amado por eles e que
os tornará eternamente felizes.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu querido Redentor, eu Te agradeço por ter esperado por mim. O
que seria de mim se tivesse morrido longe de Ti? Bendita para sempre a
Tua misericó rdia e a Tua paciência comigo durante tantos anos.
Agradeço-Te pela luz e pela graça com que agora me assistes. Nã o Te
amei entã o, nem me importei muito em ser amado por Ti. Agora eu te
amo com todo o meu coraçã o, e minha maior dor é ter desagradado um
Deus tã o bom. Essa dor me atormenta; mas doce é o tormento, pois
essa dor me dá a confiança de que já me perdoaste. Meu doce Salvador,
oh, que eu tenha morrido mil vezes antes de ter ofendido a Ti! Eu tremo
para que no futuro eu volte a ofender-te. Ah, antes, deixe-me morrer a
morte mais dolorosa do que perder novamente Tua graça! Fui escravo
do Inferno; mas agora, agora sou teu servo, ó Deus da minha alma. Tu
disseste que Tu amas aqueles que Te amam: eu Te amo; entã o eu sou
Teu, e Tu és meu. Eu posso te perder no futuro; mas esta graça vos peço,
que eu prefira morrer a perder-vos outra vez. Tu me concedeste sem
pedir tantas graças, que nã o posso temer ser recusada a graça que
agora te peço. Nã o permita que eu nunca mais te perca; dá -me o Teu
amor, e nada mais desejo. Maria, minha esperança, intercede por mim.
CONSIDERAÇÃO III
A brevidade da vida

"Qual é a sua vida? É um vapor que aparece por pouco


tempo.”
Tiago 4:15
PRIMEIRO PONTO _ _
Qual é a sua vida? É como um vapor, que é disperso por um sopro de
vento, e nã o existe mais. Todos sabem que devem morrer; mas muitos
sã o enganados por imaginarem a morte a uma distâ ncia tã o grande
como se ela nunca pudesse chegar perto deles. Jó , no entanto, nos
convida a lembrar que a vida do homem é curta: “A vida do homem é
curta: ele brota como uma flor e é destruído”. ( Trabalho 14:1, 2). O
Senhor ordenou a Isaías que pregasse esta mesma verdade: “Clame”,
disse-lhe Ele, “toda carne é erva... na verdade, o povo é erva. A grama
murchou e a flor caiu”. ( Isaías 40:6, 7). A vida do homem é como a vida
de uma folha de grama. A morte vem, a grama murcha, e eis que a vida
termina, e cai a flor de toda grandeza e todos os bens mundanos.
“Meus dias foram mais rá pidos que um poste.” ( Trabalho 9:25). A
morte vem ao nosso encontro mais rapidamente do que um poste, e
avançamos a cada momento em direçã o à morte. A cada passo, a cada
respiraçã o que damos, nos aproximamos mais da morte. Mesmo
enquanto escrevo, diz Sã o Jerô nimo, aproximo-me mais da morte: “O
que escrevo é muito tirado da minha vida”. "Todos nó s morremos; e
como as á guas que nã o voltam mais, caímos na terra”. ( 2 Reis 14:14).
Vede como a corrente corre para o mar, e as á guas correntes nã o
voltarã o mais; assim, meu irmã o, seus dias passam e você se aproxima
da morte; os prazeres passam, os divertimentos passam, a pompa, os
louvores, as aclamaçõ es passam; e o que resta? “Somente a sepultura
permanece para mim.” ( Trabalho 17:1). Seremos lançados em uma
cova, e lá teremos que permanecer, privados de tudo. Na hora da morte,
a lembrança de todos os prazeres que desfrutamos nesta vida e de
todas as honras que adquirimos servirá apenas para aumentar nossa
desconfiança quanto à obtençã o da salvaçã o eterna. Entã o o pobre
mundano exclamará : “Ai! minha casa, meus jardins, esses mó veis
elegantes, esses quadros, essas roupas, em breve nã o serã o mais meus:
só a sepultura me resta.” Infelizmente, os bens desta terra só sã o vistos
com dor por aqueles que os amaram com apego; e essa dor colocará
ainda mais em risco sua salvaçã o, pois descobrimos por experiência
que as pessoas ligadas ao mundo nã o permitirã o que nada seja
mencionado além de suas doenças, os médicos que podem ser
chamados e os remédios que podem aliviá -los; e quando o estado de
suas almas é mencionado, logo eles se cansam e pedem que você os
deixe descansar - pois suas cabeças doem e eles nã o suportam ouvir
falar, e se à s vezes eles respondem, eles ficam confusos e nã o sabem o
que dizer. Muitas vezes o confessor concede a absolviçã o, nã o porque
saiba que estã o dispostos a isso, mas porque nã o há tempo para
demora. Assim morrem aqueles que pensam pouco sobre a morte.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, e Senhor de infinita majestade! Tenho vergonha de
aparecer diante de Ti. Quantas vezes te desonrei, preferindo à tua graça
um prazer imundo, uma efusã o de có lera, um capricho, um pouco de
terra, um vapor! Eu adoro e abraço, ó meu Redentor, aquelas santas
chagas que eu mesmo te infligi por meus pecados; mas através dessas
mesmas feridas espero perdã o e salvaçã o. Faze-me compreender, ó meu
Jesus, o grande mal que te fiz ao deixar-te, a Fonte de todo o bem, para
beber de á guas pú tridas e venenosas. O que eu colho agora de todas as
minhas muitas ofensas contra Ti, senã o tristezas, remorso de
consciência e frutos para o inferno? “Pai, nã o sou digno de ser chamado
Teu filho”. ( Lucas 15:21). Meu Pai, nã o me afastes de Ti. Na verdade, já
nã o mereço Tua graça, para me tornar Teu filho; mas Tu morreste para
que eu pudesse ser perdoado. Tu disseste: “Voltai-vos para mim, e eu
voltarei para vó s”. ( Zach. 1:3). Deixo toda gratificaçã o, renuncio a todos
os prazeres que o mundo pode me dar, e volto-me para Ti. Oh, perdoe-
me pelo sangue que derramaste por mim, pois me arrependo de todo o
coraçã o de todas as minhas ofensas contra Ti. Eu me arrependo e te
amo acima de todas as coisas. Nã o sou digno de Te amar, mas Tu és
digno de ser amado; aceita que eu te ame; nã o desprezes o amor
daquele coraçã o que uma vez Te desprezou. Tu me poupou quando eu
vivia em pecado, para que eu pudesse te amar. Sim; Eu Te amarei pelo
resto de minha vida, e Te amarei somente. Assiste-me, dá -me a santa
perseverança e o Teu santo amor. Maria, meu refú gio, recomenda-me a
Jesus Cristo.

SEGUNDO PONTO _ _

O rei Ezequias disse com lá grimas: “Minha vida é cortada como por
um tecelã o; enquanto eu ainda estava começando, ele me cortou.” (
Isaías 38:12). Oh, quantos, enquanto estã o ocupados tecendo - isto é,
preparando e executando os projetos mundanos que eles planejaram
com tanto cuidado - sã o surpreendidos pela morte, que interrompe
tudo! À luz dessa ú ltima vela * todas as coisas deste mundo
desaparecem; aplausos, diversõ es, pompas e grandezas. Grande
segredo da morte, que nos faz ver o que os amantes deste mundo nã o
veem! As fortunas mais invejáveis, as dignidades mais exaltadas, os
triunfos mais orgulhosos, perdem todo o seu esplendor quando sã o
vistos do leito da morte. As idéias de certa falsa felicidade, que
formamos para nó s mesmos, transformam-se entã o em indignaçã o
contra nossa pró pria loucura. As sombras escuras e sombrias da morte
cobrem e obscurecem todas as dignidades, mesmo as reais.
Atualmente, nossas paixõ es fazem com que as coisas desta terra
pareçam diferentes do que realmente sã o; a morte rasga o véu e os
mostra em sua verdadeira luz, como nada mais que fumaça, sujeira,
vaidade e miséria. Ó Deus, de que servem as riquezas, posses ou reinos,
na morte, quando nada é necessá rio além de um caixã o e uma simples
roupa para cobrir o corpo? De que servem as honras, quando delas
nada resta senã o um cortejo fú nebre e exéquias pomposas, que de nada
servirã o à alma se for perdida? De que serve a beleza, se dela nã o resta
senã o vermes, fedor e horror, mesmo antes da morte, e depois dela um
pouco de pó fétido?
“Ele me fez como que um provérbio do povo e um exemplo diante
deles.” ( Trabalho 17:6). Aquele homem rico, aquele ministro, aquele
general morre, e entã o ele será falado em todos os lugares: mas se ele
levou uma vida ruim, ele se tornará um sinô nimo do povo; e, como
aviso aos outros, ele será considerado um exemplo da vaidade do
mundo e também da justiça divina. Na sepultura seu corpo será
misturado com os cadáveres dos pobres: “Os pequenos e os grandes
estã o lá”. ( Trabalho 3:19). De que lhe valeu a bela conformaçã o de seu
corpo, já que agora é apenas um monte de vermes? De que lhe valeu a
autoridade que possuía, já que agora seu corpo foi lançado em uma
sepultura para apodrecer e sua alma foi lançada no inferno para
queimar? Oh, que infelicidade servir para os outros como sujeito dessas
reflexõ es, e nã o tê-las feito em seu pró prio benefício! Convençamo-nos,
pois, de que o tempo pró prio para reparar uma consciência
desordenada nã o é a hora da morte, mas durante a vida. Apressemo-
nos a fazer agora o que nã o podemos fazer entã o. Tudo passa rá pido e
acaba. “O tempo é curto;” portanto, ajamos para que tudo nos sirva para
alcançar a vida eterna.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Deus da minha alma, ó Infinita Bondade, tende piedade de mim,
que tanto Vos ofendi. Eu já sabia que ao pecar perderia Tua graça, e
escolhi perdê-la. Oh, diga-me o que devo fazer para recuperá -lo. Se Tu
desejas que eu me arrependa de meus pecados, eu realmente me
arrependo de todo o meu coraçã o, e gostaria de morrer de tristeza. Se
queres que espero o perdã o, eis que o espero pelos méritos do Teu
sangue. Se queres que eu te ame acima de todas as coisas, deixo tudo,
renuncio a todos os prazeres e riquezas que o mundo pode me dar, e te
amo acima de qualquer outro bem, ó meu amável Salvador. Se, enfim,
desejas que eu te exija graças, peço-te duas: permite-me nã o te ofender
mais e concede que eu te ame; e entã o faça comigo como quiser. Maria,
minha esperança, alcança-me estas duas graças; Eu espero por eles
através de ti.
TERCEIRO PONTO _ _

Que loucura, entã o, pelos prazeres miseráveis e breves desta curta


vida, correr o risco de uma morte infeliz, e com ela começar uma
eternidade miserável! Oh, quã o importante é esse ú ltimo momento,
esse ú ltimo suspiro, esse fechamento final da cena! Uma eternidade de
cada alegria, ou de cada tormento, está em jogo — uma vida para
sempre feliz, ou para sempre infeliz. Consideremos que Jesus Cristo
sofreu a morte mais amarga e ignominiosa para obter para nó s uma
morte feliz; e que Ele nos envia tantos chamados, nos concede tantas
luzes e nos admoesta com tantas ameaças, que finalmente podemos ser
induzidos a concluir esse ú ltimo momento na graça de Deus.
Mesmo um pagã o (Antístenes), quando perguntado sobre o que era
mais desejado neste mundo, respondeu: “Uma boa morte”. E o que dirá
um cristã o que sabe pela fé que no momento de sua morte começa a
eternidade; para que nesse momento ele agarre uma das duas rodas
que arrasta consigo a felicidade eterna ou o sofrimento eterno? Se
houvesse dois bilhetes em uma loteria, em um dos quais estava escrito
Inferno e no outro Céu, que cuidado você nã o teria para descobrir como
desenhar o do Céu! Ó Deus, como estremecem os infelizes que estã o
condenados a lançar os dados dos quais depende sua vida ou sua
morte! Quais serã o suas lá grimas quando você se aproximar desse
ú ltimo momento, no qual você dirá : “Deste instante, que está pró ximo,
minha vida eterna, ou morte eterna, depende. Agora será decidido se
serei para sempre feliz ou para sempre em desespero.” Sã o Bernardino
de Siena relata de um certo príncipe que, morrendo de grande terror,
exclamou: “Eis que tenho muitas propriedades e muitos palá cios neste
mundo; mas se eu morrer esta noite, nã o sei qual será o meu
alojamento.
Meu irmã o, se você acredita que deve morrer, e que há uma
eternidade, e que você só pode morrer uma vez, de modo que se você
cometer um erro, esse erro é para sempre e irremediável, como é que
você nã o resolve começar a partir deste exato momento, em que você lê
estas palavras, fazer tudo o que puder para garantir para si mesmo uma
morte feliz? Um Santo André Avellino disse, trêmulo: “Quem sabe o que
será de mim no outro mundo? Se serei salvo ou condenado?” Um St.
Louis Bertrand também estremeceu, a ponto de nã o conseguir dormir
durante a noite, quando este pensamento surgiu: “Quem sabe se você
nã o estará perdido?” E você, que cometeu tantos pecados, nã o treme?
Apresse-se e corrija-se a tempo; resolva entregar-se verdadeiramente a
Deus e começar a partir deste momento pelo menos uma vida que nã o
pode ser uma afliçã o, mas um consolo para você na hora da morte.
Entregue-se à oraçã o; freqü entar os Sacramentos; saia de ocasiõ es
perigosas e, se necessá rio, deixe até o mundo; assegure sua salvaçã o
eterna; e esteja convencido de que, para garantir isso, nenhuma
precauçã o pode ser grande demais.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó meu querido Salvador, quã o grandes sã o minhas obrigaçõ es para
contigo! E como Tu podes conceder tantas graças a um tã o ingrato, a
um traidor como eu fui para Ti? Tu me criaste, e ao me criar Tu previste
todas as ofensas que eu cometeria contra Ti. Tu me redimiste morrendo
por mim; e mesmo entã o Tu previste a ingratidã o que eu deveria
mostrar a Ti. Quando colocado neste mundo, eu me afastei de Ti; e
assim eu estava morto, até que por Tua graça a vida me foi restaurada.
Eu estava cego, e Tu me iluminaste. Eu Te perdi, e Tu me capacitaste a
Te encontrar. Eu era Teu inimigo, e Tu me fizeste Teu amigo. Ó Deus de
misericó rdia, concede-me conhecer minhas obrigaçõ es para contigo e
chorar por minhas ofensas contra ti. Ah, vinga-te de mim, dando-me
uma grande tristeza por meus pecados; mas nã o me castigue privando-
me de Tua graça e Teu amor. Ó Pai Eterno, abomino e detesto acima de
todo mal as injú rias que te fiz. Tenha piedade de mim, pelo amor de
Jesus Cristo. Olha para o Teu Filho, que morreu na Cruz. “Seu Sangue
esteja sobre mim.” Que esse Sangue Divino desça sobre minha alma
para purificá -la. Ó Rei do meu coraçã o, “Venha o teu reino”. Estou
decidido a banir toda afeiçã o que nã o seja por Ti. Eu Te amo acima de
todas as coisas; venha e reine sozinho em minha alma; concede que eu
te ame, e que eu nã o ame nada além de ti. Desejo agradar-Te em tudo o
que puder, e dar-Te total satisfaçã o durante o resto da minha vida.
Abençoa, ó meu Pai, este meu desejo, e dá -me a graça de me manter
sempre unido a Ti. A Vó s consagro todas as minhas afeiçõ es, e deste dia
em diante pertencerei apenas a Vó s, meu Tesouro, minha Paz, minha
Esperança, meu Amor, meu Tudo; Tudo espero de Ti, pelos méritos de
Teu Filho. Minha Rainha e minha Mã e Maria, ajudai-me por vossa
intercessã o. Mã e de Deus, rogai por mim.
* Nos países cató licos, uma vela de cera abençoada geralmente é acesa e
colocada na mã o ou ao lado da cama do moribundo. — Editor.
CONSIDERAÇÃO IV
Certeza da Morte

“Aos homens está ordenado morrer uma vez.”


Hebraico 9:27
PRIMEIRO PONTO _ _
A sentença de morte está escrita contra todos os homens: Tu é s
homem e morrerá s. “Só a morte é certa”, disse Santo Agostinho; “todos
os outros bens ou males sã o incertos”. É incerto se o recé m-nascido
será pobre ou rico; se terá boa ou má saú de; se morrerá jovem ou velho
— tudo é incerto; mas é certo que morrerá . Nobres, monarcas, todos
serã o cortados pela morte; e quando a morte chega, nenhum poder
pode resistir a ela. “Podemos resistir ao fogo, à á gua, à espada;
podemos resistir ao poder dos príncipes; a morte vem – quem pode
resistir a ela?” 5 Belluacensis relata que um certo rei da França,
chegando o fim de sua vida, disse: “Veja, com todo o meu poder, nã o
posso induzir a morte a esperar por mim nem uma hora mais”. Quando
chega o fim da vida, nã o pode ser adiado, nem por um instante: “Tu
fixaste os seus limites, que nã o podem ser ultrapassados”. ( Trabalho
14:5).
Se entã o, caro leitor, você viver todos os anos que você conta, ainda
deve chegar um dia, e desse dia uma hora, que será a ú ltima para você:
para mim que agora escrevo, para você que lê este livrinho , já está
decretado o dia e o momento, em que nã o escreverei mais, nem lereis:
“Quem é o homem que viverá e nã o verá a morte?” ( Salmos 88:49). A
sentença é passada. Nunca houve um homem tã o louco a ponto de se
gabar de que nunca deveria morrer. O que aconteceu com seus
ancestrais acontecerá com você também. De todos aqueles que, no
início do século passado, viviam em seu país, eis que nenhum está vivo.
Até os príncipes e monarcas da terra mudaram de morada; deles nã o
resta nada além de um mausoléu de má rmore, com uma grande
inscriçã o, que agora serve apenas para nos ensinar que tudo o que resta
dos grandes deste mundo é um pouco de pó encerrado em uma tumba.
Sã o Bernardo pergunta: “Diga-me, onde estã o os amantes deste
mundo?” e ele responde: “Nada resta deles, a nã o ser cinzas e vermes”.
Portanto, uma vez que nossas almas sã o imortais, devemos nos
esforçar, nã o por um ganho temporal, mas por um ganho eterno. De que
adiantaria ser feliz aqui (se fosse possível uma alma possuir a
verdadeira felicidade sem Deus), se depois fosse infeliz por toda a
eternidade? Você construiu aquela casa para sua total satisfaçã o; mas
reflita que em breve você deve deixá -lo apodrecer em uma cova. Você
obteve aquela dignidade que o coloca acima dos outros; mas a morte
virá , o que o reduzirá ao nível do camponês mais mesquinho da terra.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, miserável que sou, que por tantos anos nã o fez nada além de
ofender a Ti, ó Deus da minha alma? Eis que esses anos já passaram; a
morte talvez já esteja pró xima; e o que encontro em mim senã o
problemas e remorsos de consciência? Oh, que eu sempre tenha servido
a Ti, meu Senhor! Tolo que fui, já vivi tantos anos nesta terra e, em vez
de adquirir méritos para outro mundo, me carreguei de dívidas para
com a Justiça Divina. Meu querido Redentor, dê-me luz e força agora
para acertar minhas contas. A morte, talvez, nã o está longe de mim.
Desejo me preparar para aquele grande momento que decidirá minha
eterna felicidade ou minha eterna miséria. Eu Te agradeço por ter
esperado por mim até agora; e já que Tu me dá s tempo para reparar o
que fiz de errado, olhe para mim, ó meu Deus, e diga-me o que devo
fazer por Ti. Desejas que eu chore por minhas ofensas contra Ti? Eu
choro e lamento por eles com toda a minha alma. Desejas que eu gaste
os anos ou dias que restam de minha vida amando-te? Eu vou fazer isso.
Ó Deus, muitas vezes antes fiz a mesma resoluçã o; mas minhas
promessas foram enganosas. Nã o, meu Jesus, nã o serei mais ingrato
pelas muitas graças que me concedeste. Se agora, pelo menos, nã o
mudo minha vida, como posso na morte esperar o perdã o e o céu? Eis
que agora estou firmemente decidido a começar a Te servir com
seriedade. Mas dá -me força e nã o me desampares. Tu nã o me
abandonaste quando te ofendi; portanto confio confiantemente em Tua
ajuda agora que pretendo deixar tudo para Te agradar. Aceita-me,
entã o, para Te amar, ó Deus, digno de amor infinito. Aceite o traidor que
agora arrependido abraça Teus pés, e Te ama, e implora por
misericó rdia. Amo-Vos, meu Jesus, amo-Vos com todo o meu coraçã o,
amo-Vos mais do que a mim mesmo. Eis-me, eu sou Teu. Disponha de
mim e de tudo o que me pertence, de acordo com Teu prazer; dá -me
perseverança em Te obedecer, dá -me Teu amor, e entã o faz comigo o
que Tu queres. Maria, minha Mã e, minha esperança, meu refú gio, a ti
me recomendo; a ti entrego minha alma. Ore a Jesus por mim.

SEGUNDO PONTO _ _

“Está designado.” É , entã o, certo que estamos todos condenados à


morte. “Todos nó s nascemos com o cabresto no pescoço”, diz Sã o
Cipriano; “e cada passo que damos nos aproxima da morte.” Meu irmã o,
como seu nome foi registrado um dia no livro do Batismo, um dia será
registrado no livro da morte. Como você agora fala de seus
antepassados - a memó ria abençoada de meu pai, de meu tio, de meu
irmã o - seus sucessores também falarã o de você. Assim como muitas
vezes você ouviu o sino dobrar para os outros, os outros também
ouvirã o o sino dobrar para você.
O que você diria se visse um homem condenado à morte indo para o
cadafalso brincando, rindo, olhando em volta e pensando em peças,
festas e diversõ es? E você nã o está agora a caminho da morte? E no que
você está pensando? Contemple aqueles naquele tú mulo, aqueles
amigos e parentes, sobre os quais o julgamento já foi executado. Que
terror causa à queles que estã o condenados a ver seus companheiros
suspensos na forca! Olhe, entã o, para aqueles cadáveres, cada um dos
quais diz a você: “Ontem para mim, hoje para você”. ( Eclus. 38:23). O
mesmo é dito a você pelos retratos de seus parentes falecidos, seus
livros de memorandos, suas casas, suas camas, as roupas que deixaram
para trá s.
Que loucura maior, entã o, pode haver, do que saber que devemos
morrer, e que apó s a morte uma eternidade de alegria ou uma
eternidade de dor nos espera - pensar que desse momento depende
nossa felicidade eterna ou nossa miséria eterna - e mas nã o pensar em
acertar nossas contas e tomar todas as medidas para garantir uma
morte feliz! Temos pena daqueles que morrem repentinamente e nã o
estã o preparados para a morte; e por que, entã o, nã o nos esforçamos
para nos mantermos preparados, já que o mesmo pode acontecer
conosco? Mas, mais cedo ou mais tarde, com ou sem aviso, quer
pensemos ou nã o, devemos morrer; e a cada hora, a cada momento, nos
aproximamos mais de nossa forca, isto é, daquela ú ltima doença que
nos mandará para fora do mundo.
Em todas as épocas, casas, ruas e cidades enchem-se de gente nova,
e as antigas sã o levadas para serem encerradas no tú mulo. Quanto a
esses, os dias de sua vida terminaram; assim chegará o tempo em que
nem eu, nem você, nem ninguém que agora vive, existirá mais nesta
terra: “Dias serã o formados, e ninguém neles”. ( Salmos 138:16).
Estaremos entã o todos na eternidade, que será para nó s um dia eterno
de delícias ou uma noite eterna de tormentos. Nã o há meio-termo; é
certo e de fé, que uma ou outra sorte será nossa.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu amado Redentor, eu nã o teria coragem de aparecer diante de Ti
se nã o Te contemplasse pendurado nesta Cruz, ferido, ridicularizado e
morto por minha causa. Minha ingratidã o foi grande; mas Tua
misericó rdia é ainda maior. Minha esperança está em Tuas feridas, Teu
sangue, Tua morte. Eu mereci o inferno desde o momento em que
cometi meu primeiro pecado; desde entã o, quantas vezes te ofendi
novamente; e nã o somente Tu preservaste minha vida, mas em Tua
grande misericó rdia e terno amor Tu me ofereceste perdã o e paz: como,
entã o, posso temer ser rejeitado por Ti, agora que eu Te amo e nã o
desejo nada além de Tua graça? Sim, eu Vos amo com todo o meu
coraçã o, ó meu querido Senhor, e nã o desejo nada além de Vos amar. Eu
te amo; e me arrependo de ter Te desprezado, nã o tanto por causa do
Inferno que mereci, mas porque Te ofendi, meu Deus, que tanto me
amou. Vem, ó meu Jesus, mostra-me a ternura do Teu Coraçã o, e
acrescenta misericó rdia à misericó rdia. Fazei que eu nunca mais seja
ingrato a Ti; e mudar completamente meu coraçã o. Concede que este
coraçã o, que outrora nã o valorizou o Teu amor, e o trocou pelos
miseráveis prazeres desta terra, possa agora ser todo Teu, e queimar
sem cessar com as chamas do Teu amor. Espero ganhar o Céu, para Te
amar para sempre; Nã o posso, de fato, ter um lugar ali entre os
inocentes, meu lugar será com o penitente; mas entre esses eu Te
amarei mais do que os inocentes. Para a gló ria da Tua misericó rdia, que
o Céu contemple um pecador, que tanto Te ofendeu, ardendo de imenso
amor. De agora em diante, decido ser todo Teu e nã o pensar em nada
além de Te amar. Assiste-me, pois, com Tua luz e Tua graça, que me dará
forças para realizar este desejo, que Tu mesmo me concedes em Tua
bondade. Ó Maria, tu que és a Mã e da perseverança, consegue que eu
seja fiel a esta minha promessa.

TERCEIRO PONTO _ _

A morte é certa. Mas, ó Deus, os cristã os já sabem disso; eles


acreditam nisso, eles veem isso; e como, entã o, tantos vivem tã o
esquecidos da morte como se nunca fossem morrer? Se, depois desta
vida, nã o houvesse nem inferno nem cé u, poderiam pensar menos
nisso do que agora? E, portanto, eles levam uma vida tã o ruim. Meu
irmã o, se você deseja viver bem, esforce-se para viver o resto de sua
vida na presença da morte. “Ó morte, teu julgamento é bom.” ( Eclus.
41:3). Oh, quã o verdadeiramente julga as coisas, e quã o bem regula
suas açõ es, quem as julga e as regula com a morte diante de seus olhos!
A lembrança da morte nos faz perder todo o afeto pelas coisas desta
vida. “Reflete sobre o fim da vida e nã o haverá nada neste mundo para
amar”, 6 diz Sã o Lourenço Justiniano. “Tudo o que há no mundo é a
concupiscê ncia da carne, e a concupiscê ncia dos olhos, e a soberba da
vida”. ( 1 João 2:16). Todos os bens do mundo estã o contidos nos
prazeres dos sentidos, nas riquezas e nas honras; mas ele despreza
completamente todos os que refletem que em breve ele nã o será nada
alé m de cinzas e enterrado sob a terra para ser alimento para vermes.
E, na verdade, com a morte presente para eles, os santos
desprezaram todos os prazeres deste mundo. Sã o Carlos Borromeo
mantinha sempre sobre sua mesa uma caveira, para que pudesse
contemplá -la continuamente. O Cardeal Baronius tinha estas palavras
inscritas em seu anel: “Lembre-se de que você morre – Memento mori. ”
O venerável padre Juvenal Ancina, bispo de Saluzzo, tinha escrito em
uma caveira este lema: “O que tu és eu fui; o que eu sou tu será s.” Outro
santo, um eremita, ao ser perguntado na hora da morte por que estava
tã o alegre, respondeu: “Sempre mantive a morte diante de meus olhos;
e, portanto, agora que chegou, nã o vejo nele nada de novo”.
Que loucura nã o seria de um viajante se, durante a viagem,
pensasse em se engrandecer naquele país por onde passou, sem se
importar em ser reduzido depois a viver miseravelmente naquele em
que deve passar todos os seus vida! E nã o é louco quem procura ser
feliz neste mundo, onde deve permanecer apenas alguns dias, e corre o
risco de ser infeliz no pró ximo, onde terá que viver por toda a
eternidade? Aquele que possui bens emprestados nã o deposita seus
afetos neles, porque sabe que em breve terã o de ser devolvidos. Todos
os bens deste mundo sã o apenas emprestados; é tolice colocar nossas
afeiçõ es neles, já que devemos deixá -los tã o cedo. A morte nos privará
de tudo. Todos os ganhos e riquezas deste mundo terminam em um
suspiro moribundo, um funeral e uma descida ao tú mulo. A casa que
você construiu deve em breve ser entregue a outros; o sepulcro será a
habitaçã o de seu corpo até o dia do julgamento, e de lá passará para o
céu ou o inferno, onde a alma já o precedeu.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Na morte, entã o, tudo terminará para mim. Só encontrarei, ó meu
Deus, o pouco que fiz por amor a Ti. E o que eu espero? Espero que a
morte venha e me encontre miserável e contaminado pelo pecado,
como estou agora? Se eu morresse agora, morreria mais inquieto e
insatisfeito com minha vida passada. Nã o, meu Jesus, nã o morrerei
assim insatisfeito. Agradeço-Te por ter me dado tempo para chorar
pelos meus pecados e Te amar. Vou começar a partir deste momento. Eu
lamento ter ofendido a Ti, acima de todo mal, ó meu Soberano Bem, e
amo-Te acima de todas as coisas, mais do que a minha vida. Eu me
entrego totalmente a Ti; meu Jesus, desde esta hora eu Te abraço, Te
aperto no meu coraçã o; e a partir deste momento entrego toda a minha
alma a Ti: “Nas tuas mã os entrego o meu espírito”. Eu nã o esperarei
para dar a Ti até que sua partida deste mundo seja anunciada a ele, com
aquele Proficiscere – Parta, ó alma. Nã o esperarei até lá para implorar a
Ti que me salve. “Ó Jesus, seja um Jesus para mim!” Meu Salvador, salva-
me agora, perdoando-me e dando-me a graça de Teu santo amor. Quem
sabe se esta consideraçã o, que eu li neste dia, pode ser a ú ltima
chamada que Tu me enviará s, e a ú ltima misericó rdia que Tu me
mostrará s? Estende Tua mã o para mim, ó meu Amado, e livra-me da
lama da minha tepidez; dê-me fervor; concede-me que te obedeça com
grande amor em tudo o que me pedes. Pai Eterno, pelo amor de Jesus
Cristo, dá -me a santa perseverança e a graça de Te amar e Te amar
muito durante o resto de minha vida. Ó Maria, Mã e de misericó rdia,
pelo amor que tendes a vosso Jesus, alcançai-me estas duas graças: a
perseverança e o amor.
CONSIDERAÇÃO V
Incerteza da hora da morte

“Esteja você também pronto; porque à hora em que


não pensais, virá o Filho do Homem”.
Lucas 12:40
PRIMEIRO PONTO _ _
É certo que todos morreremos; mas quando é incerto. “Nada” (diz o
autor que se autodenominou Idiota) “é mais certo que a morte; e nada é
mais incerto do que a hora da morte.” Meu irmã o, já é o ano, o mês, o
dia, a hora e o momento fixados em que você e eu devemos deixar este
mundo e entrar na eternidade; mas desta vez é desconhecido para nó s.
Para que estejamos sempre preparados, Jesus Cristo agora nos diz que a
morte “virá furtivamente, como um ladrã o de noite”. ( 1 Tes. 5:2). Agora
Ele nos diz para vigiar, porque ele virá para nos julgar quando menos
esperamos. ( Lucas 12:40). Deus, para o nosso bem, oculta-nos a hora
da nossa morte, disse Sã o Gregó rio, para que estejamos sempre
preparados para morrer: “Temos certeza da morte, para que sempre
nos encontremos preparados para ela”. Uma vez que a morte, entã o,
pode a qualquer momento, ou em qualquer lugar, nos roubar a vida,
devemos, diz Sã o Bernardo, se quisermos morrer bem e salvar nossas
almas, esperá -lo em todos os momentos e em todos os lugares. : “A
morte espera por ti em todos os lugares; em todos os lugares espere
por isso.”
Todos sabem que devem morrer; mas o mal é que muitos
consideram a morte tã o distante que a perdem de vista. Mesmo os
velhos mais decrépitos e as pessoas mais doentes se gabam de que
ainda podem ter mais três ou quatro anos de vida. Mas eu, por outro
lado, digo, quantos conhecemos, mesmo em nossos dias, que morreram
repentinamente; alguns sentados, alguns andando, alguns dormindo
em suas camas! É certo que nenhum deles pensou morrer tã o
repentinamente, nem naquele dia em que morreram. Digo, além disso,
que dos muitos que neste mesmo ano passaram para o outro mundo,
morrendo em suas camas, ninguém imaginou que seus dias
terminariam este ano. Poucas sã o as mortes que nã o chegam
inesperadamente.
Portanto, querido cristã o, quando o diabo te tentar a pecar, dizendo
que amanhã você irá se confessar, responda a ele: E como eu sei que
este pode nã o ser o ú ltimo dia da minha vida? Se aquela hora, aquele
momento, em que dei as costas a Deus, fosse o ú ltimo para mim, de
modo que nã o me restasse tempo para reparaçã o, o que seria de mim
na eternidade? A quantos pobres pecadores aconteceu que, no exato
momento em que se alimentavam de alguma isca envenenada, foram
surpreendidos pela morte e enviados ao inferno: “Como os peixes sã o
apanhados com o anzol, os homens sã o levados no Tempo." ( Eclus.
9:12). O tempo mau é justamente aquele em que o pecador realmente
ofende a Deus. O diabo diz que este infortú nio nã o acontecerá com
você, mas você deve dizer: E se acontecer comigo, o que será de mim
por toda a eternidade?

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Senhor, o lugar em que neste momento devo estar nã o é onde
estou agora, mas naquele inferno que meus pecados tantas vezes
mereceram. “O inferno é a minha casa.” Mas Sã o Pedro declara que “o
Senhor espera pacientemente por vó s, nã o querendo que ninguém se
perca, senã o que todos voltem à penitência”. ( 2 Pedro 3:9). Tu, pois,
tiveste tanta paciência comigo, e esperaste por mim, porque nã o
querias que eu me perdesse, mas que eu voltasse e fizesse penitência.
Sim, meu Deus, eu volto para Ti; Lanço-me aos Teus pés e imploro a Tua
misericó rdia: “Tem misericó rdia de mim, ó Deus, segundo a Tua grande
misericó rdia”. Senhor, é preciso uma grande e extraordiná ria
misericó rdia para me perdoar, porque Vos ofendi no meio da luz. Outros
pecadores também Te ofenderam; mas eles nã o tiveram a luz que Tu me
deste. No entanto, Tu me ordenas que me arrependa de meus pecados e
espere o perdã o de Ti. Sim, meu querido Redentor, eu me arrependo de
todo o meu coraçã o de ter ofendido a Ti; e espero o perdã o pelos
méritos de Tua paixã o. Tu, meu Jesus, sendo inocente, escolheste
morrer como um criminoso na cruz e derramar todo o Teu sangue para
lavar meus pecados. “Ó sangue do Inocente, lava os pecados do
penitente!” Ó eterno Pai, perdoa-me pelo amor de Jesus Cristo; ouça
Suas oraçõ es, agora que Ele intercede por mim, e se faz meu advogado!
Mas nã o me basta ser perdoado, ó Deus, digno de amor infinito; Eu
desejo também te amar. Eu te amo, ó Soberano Bom; e deste dia em
diante eu Vos ofereço meu corpo, minha alma, minha vontade, minha
liberdade. A partir deste dia evitarei nã o apenas ofensas graves, mas até
mesmo leves contra Ti. Eu voarei em todas as ocasiõ es perigosas. "Nã o
nos deixes cair em tentaçã o." Livra-me, pelo amor de Jesus Cristo,
daquelas ocasiõ es em que eu possa te defender. "Mas livrai-nos do mal."
Livra-me do pecado; e depois castiga-me como quiseres. Aceito todas as
enfermidades, dores e perdas que possa agradar-Te enviar-me; basta-
me nã o perder Tua graça e Teu amor. Tu prometes conceder tudo o que
Te for pedido. “Peça, e você receberá .” Peço-Te estas duas graças: a
santa perseverança e a graça de Te amar. Ó Maria, Mã e de misericó rdia,
rogai por mim; em ti confio.

SEGUNDO PONTO _ _

O Senhor nã o deseja que nos percamos e, portanto, Ele nã o cessa de


nos exortar a mudar nossa vida pela ameaça de puniçã o. “A menos que
você se converta, ele brandirá sua espada.” ( Salmos 7:13). Eis que Ele
diz em outro lugar, quantos, porque nã o desistiram do pecado, foram
surpreendidos pela morte quando menos esperavam, e estavam
vivendo em paz, seguros de muitos anos por vir: “Porque quando
disserem , paz e segurança, entã o a destruiçã o repentina virá sobre
eles.” ( 1 Tes. 5:3). Em outro lugar, Ele diz: “A menos que você faça
penitência, todos vocês também perecerã o”. ( Lucas 13:3). Por que
tantos avisos de puniçã o antes que Ele permita que ela caia sobre nó s?
Ora, mas porque Ele deseja nossa emenda, e assim devemos evitar uma
morte infeliz. Quem diz: Cuidado! nã o quer te matar, diz Santo
Agostinho: “Ele nã o quer te golpear, quem te clama, toma cuidado”.
Devemos, entã o, preparar nossas contas antes que chegue o dia do
acerto de contas. Caro cristã o, se você morresse hoje antes da noite, e o
assunto de sua vida eterna fosse decidido, o que você diria? Você
encontraria suas contas preparadas? Ou melhor, quanto você pagaria
para obter de Deus mais um ano, um mês, ou pelo menos mais um dia?
E por que, agora que Deus lhe dá este tempo, você nã o acalma sua
consciência? Será que este dia nã o pode ser o ú ltimo para você? “Nã o
demore para se converter ao Senhor, e nã o o adie dia a dia; pois a sua
ira virá de repente, e no tempo da vingança ele te destruirá . ( Eclus.
5:9). Para ser salvo, meu irmã o, o pecado deve ser deixado. “Se, entã o,
você deve deixá -lo em algum momento, por que nã o deixá -lo agora?”
diz Santo Agostinho. Você por acaso espera a chegada da morte; mas
para a morte obstinada nã o é tempo de perdã o, mas de vingança: “No
tempo da vingança Ele te destruirá”.
Se alguém lhe deve uma grande quantia, você rapidamente toma o
cuidado de fornecer uma garantia por escrito, dizendo: Quem sabe o
que pode acontecer? E por que, entã o, você nã o toma a mesma
precauçã o para sua alma, que é muito mais importante do que essa
soma? Por que nã o dizer o mesmo, Quem sabe o que pode acontecer?
Se você perder essa soma, nã o perde tudo; e mesmo que ao perdê-lo
você perdesse todo o seu patrimô nio, ainda restaria a esperança de
recuperá -lo; mas se na morte você perder sua alma, entã o realmente
terá perdido tudo, e nã o haverá mais esperança de recuperá -la. Você é
tã o cuidadoso em manter as contas de suas posses, para que elas nã o
sejam perdidas se uma morte repentina acontecer com você; e se por
acaso esta morte repentina acontecesse com você, e você estivesse em
inimizade com Deus, o que seria de sua alma por toda a eternidade?

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Redentor, Tu derramaste todo Teu Sangue, Tu deste Tua
Vida para salvar minha alma; e tantas vezes a perdi, esperando em Tua
misericó rdia: e assim muitas vezes fiz uso de Tua bondade, para quê?
Para te ofender mais. Eu merecia ser morto por isso, e ser lançado no
inferno. Em suma, eu me envolvi em uma competiçã o contigo: Tu me
mostrando misericó rdia, eu te ofendendo; Tu ao vires atrá s de mim, eu
ao fugir de Ti; Tu, ao me dar tempo para reparar o mal feito, eu ao fazer
uso dele para adicionar dano a dano. Ó Senhor, fazei-me compreender o
grande mal que vos fiz, e a obrigaçã o que agora tenho de vos amar. Ah,
meu Jesus, como pude ser tã o querido por Ti, para que Tu me
procurasses tã o ansiosamente, quando Te afastei de mim? Como Tu
podes conceder tantas graças a alguém que tantas vezes Te
desagradou? Vejo por tudo isso como desejas que eu nã o me perca.
Arrependo-me de todo o coraçã o por Vos ter ofendido, ó Infinita
Bondade. Ah, recebe esta ovelha ingrata do Teu rebanho, voltando
penitente aos Teus pés; receba-o e amarre-o em Teus ombros, para que
nunca mais voe de Ti. Nã o, nã o mais Te abandonarei; Eu Te amarei; Eu
serei todo Teu; e, desde que eu seja Teu, estou contente em suportar
toda dor. E que dor maior pode me acontecer do que viver sem Tua
graça, separado de Ti que és meu Deus, que me criaste e morreste por
mim? Ah, malditos pecados, o que você fez? Você me fez ofender meu
Salvador, que tanto me amou. Ah, meu Jesus, como Tu morreste por
mim, também devo morrer por Ti; Tu morreste por amor; Eu deveria
morrer de tristeza por ter desagradado a Ti. Aceito a morte da maneira
e na hora que Te agrada; mas até agora nã o Te amei, ou Te amei muito
pouco: nã o morrerei assim. Oh, conceda-me um pouco mais de tempo,
para que eu possa te amar antes de morrer; muda, portanto, meu
coraçã o; feri-o, inflama-o com o Teu santo amor: concede-o por aquele
amor caridoso que te fez morrer por mim. Eu Te amo com toda a minha
alma. Minha alma está apaixonada por Ti. Nã o permita que ela te perca
mais. Dá -me santa perseverança; dá -me o Teu amor. Maria Santíssima,
meu refú gio e minha Mã e, oh, sê minha advogada.

TERCEIRO PONTO _ _

“Estejam prontos.” O Senhor nã o diz que devemos nos preparar


quando a morte chegar, mas que a morte deve nos encontrar
preparados. Quando a morte vier, será quase impossível acalmar uma
consciê ncia perturbada naquela tempestade e confusã o. Assim nos diz
a razã o. Assim Deus ameaça, dizendo que Ele nã o virá entã o para
perdoar, mas para vingar o desprezo demonstrado por Suas graças: “A
vingança é minha, eu retribuirei, diz o Senhor”. ( Rom. 12:19). “Um
castigo justo”, diz Santo Agostinho, “será para aquele que, sendo capaz,
nã o quis se salvar, que quando quiser, nã o poderá”. 7 Mas alguns dirã o:
Quem sabe? É possível que eu possa ser convertido e salvo. Mas você se
jogaria em um poço, dizendo: Quem sabe? Pode ser que me jogando
nele eu possa viver, e nã o ser morto. Ó Deus, como é isso? Como o
pecado escurece a mente, que priva até mesmo da razã o! Quando se
trata do corpo, os homens falam como sá bios; quando se trata da alma,
como loucos.
Meu irmã o, quem sabe, mas este ponto que você lê pode ser o
ú ltimo aviso que Deus lhe envia? Preparemo-nos rapidamente para a
morte, para que ela nã o nos alcance de repente. Santo Agostinho diz
que o Senhor esconde de nó s o ú ltimo dia de nossa vida, para que todos
os dias estejamos preparados para morrer: “O ú ltimo dia está oculto,
para que possamos vigiar todos os dias”. 8 Sã o Paulo declara que
devemos nã o apenas trabalhar nossa salvaçã o com medo, mas com
tremor: “Trabalhe a sua salvaçã o com temor e tremor”. ( Fil. 2:12).
Conta Santo Antonino que um certo rei da Sicília, para fazer
compreender a um dos seus sú ditos com que temor ocupava o trono, o
fez sentar-se à mesa com uma espada pendurada na cabeça por um fio
fino, de modo que este o homem assim situado dificilmente poderia
saborear qualquer alimento. Estamos todos em perigo semelhante,
pois a cada momento a espada da morte pode cair sobre nó s, e dela
depende nossa salvaçã o eterna.
A eternidade está em jogo. “Se a á rvore cair para o sul ou para o
norte, onde quer que ela caia, ali estará .” ( Eclus. 11:3). Se quando a
morte vem nó s somos achados na graça de Deus, oh, que alegria para a
alma poder entã o dizer: Eu garanti tudo, nunca mais poderei perder
meu Deus, serei eternamente feliz! Mas se a alma for apanhada pela
morte em pecado, com que desespero ela exclamará : Assim eu errei; e
meu erro nunca pode ser reparado durante toda a eternidade! Esse
medo fez com que o venerável padre Á vila, apó stolo da Espanha,
dissesse, quando a morte lhe foi anunciada: “Ah, se eu tivesse um pouco
mais de tempo para me preparar para morrer!” Esse medo fez o abade
Agatho dizer, embora morto depois de tantos anos de penitência: “O
que será de mim? Quem conhece os juízos de Deus?” Santo Arsênio
também estremeceu na hora da morte e, quando perguntado por seus
discípulos por que ele estava com tanto medo, ele respondeu: “Meus
filhos, esse medo nã o é novo para mim; Eu tive isso durante toda a
minha vida.” Mais do que todos tremeu o santo Jó , dizendo: “Que farei
quando Deus se levantar para julgar? E quando ele examinar, que lhe
responderei?” ( Trabalho 31:14).

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, quem me amou mais do que Tu, e a quem desprezei e
insultei mais? Ó Sangue, ó Chagas do meu Jesus! Você é minha
esperança. Pai eterno, nã o considere meus pecados; olhe para as
Chagas de Jesus Cristo; olha para o Teu Filho amado, morrendo de
tristeza por mim, e suplicando-Te que me perdoes. Eu me arrependo, ó
meu Criador, por ter Te ofendido; me entristece além de qualquer outro
mal. Tu me criaste para Te amar, e vivi como se Tu me tivesses criado
para Te defender. Pelo amor de Jesus Cristo, perdoe-me e dê-me a graça
de Te amar. Antigamente eu resisti à Tua vontade; agora nã o resistirei
mais, farei tudo o que Tu ordenares. Tu me ordenas a detestar as
ofensas que cometi contra Ti; eis que eu os detesto de todo o meu
coraçã o. Tu me ordenas a nunca mais te ofender; eis que resolvo perder
a minha vida mil vezes em vez da Tua graça. Tu me ordenas amar-te
com todo o meu coraçã o; sim, de todo o meu coraçã o eu te amo, e só a ti
amarei: de hoje em diante, tu será s meu ú nico amado, meu ú nico amor.
Peço a Ti, e espero de Ti, o dom da perseverança. Pelo amor de Jesus
Cristo, fazei que eu seja fiel a Vó s, e que, com Sã o Boaventura, eu
sempre Vos diga: “Meu amado é um; um só é o meu amor.” Nã o, estou
decidido que a vida nã o será mais gasta em desagradar a Ti; Desejo
empregá -lo apenas chorando pelo desprazer que Te dei e Te amando.
Maria, minha Mã e, tu rezas por todos aqueles que se recomendam a ti:
rogai também a Jesus por mim.
CONSIDERAÇÃO VI
Morte do pecador

“Quando a angústia vier sobre eles, eles buscarão a


paz, e não haverá. O problema virá sobre o problema.”
Ezequiel 7:25, 26
PRIMEIRO PONTO _ _
Atualmente, os pecadores banem a lembrança e o pensamento da
morte e, assim, buscam a paz (embora nunca a encontrem) levando
uma vida de pecado; mas quando eles estiverem nas agonias da morte,
prestes a entrar na eternidade, “quando a angú stia os sobrevier, eles
buscarã o a paz, e nã o haverá nenhuma”, entã o eles nã o poderã o mais
fugir de sua má consciência; eles buscarã o a paz, mas que paz pode ser
encontrada por uma alma carregada de pecados, que a picam como
tantas víboras? Que paz, quando ele reflete que em alguns momentos
deve comparecer diante de Jesus Cristo, seu Juiz, cuja lei e amizade ele
até entã o desprezou? “Problemas virã o sobre problemas.” O anú ncio da
morte que acaba de receber por ele, o pensamento de despedir-se de
todas as coisas deste mundo, o remorso de sua consciência pelo tempo
perdido, o tempo que falta, o rigor da justiça divina, a eternidade
miserável que espera os pecadores ; todas essas coisas levantarã o uma
terrível tempestade, que confundirá sua mente, aumentará suas
apreensõ es; e assim confuso e temeroso, o moribundo passará para o
outro mundo.
Abraã o, com grande mérito, esperou em Deus contra toda a
esperança humana, crendo na promessa divina: “contra a esperança,
creu na esperança”. ( Rom. 4:18). Mas os pecadores, com grande
demérito e falsamente, para sua pró pria ruína, esperam nã o apenas
contra a esperança, mas também contra a fé, enquanto desprezam até
as ameaças de Deus contra os obstinados. Eles temem uma morte ruim,
mas nã o temem levar uma vida má . No entanto, quem lhes garante que
nã o morrerã o repentinamente, por relâ mpago, apoplexia ou ruptura de
um vaso sanguíneo? E mesmo que tenham tempo de morrer para se
converter, quem lhes garante que serã o verdadeiramente convertidos?
Santo Agostinho teve que lutar por doze anos para superar seus maus
há bitos; é provável, entã o, que um moribundo, que sempre teve a
consciência manchada pelo pecado, seja verdadeiramente convertido
em meio a dores, distraçã o da mente e em toda a confusã o da morte?
digo verdadeiramente, porque nã o basta dizer e prometer, é preciso
dizer e prometer de coraçã o. Ó Deus, com que terror o miserável
sofredor cuja consciência foi negligenciada será apreendido e
confundido, quando ele se encontra sobrecarregado com pecados e
temores de julgamento, inferno e eternidade! Em que confusã o ele será
lançado por esses pensamentos, quando achar sua cabeça fraca, sua
mente obscurecida e assaltada pelas dores da morte que se aproxima!
Ele confessará , prometerá , chorará ; ele buscará misericó rdia de Deus,
mas sem saber o que faz. E nesta tempestade de agitaçã o, remorso,
tristeza e terror, ele passará para o outro mundo: “O povo será
perturbado e passará”. ( Trabalho 34:20). É bem dito por um certo
autor, que as oraçõ es, lá grimas e promessas do pecador moribundo sã o
como as lá grimas e promessas de um homem atacado por seu inimigo,
que segura um punhal em sua garganta para roubar sua vida. Infeliz
aquele que se deita em sua cama sob o desagrado de Deus e daí passa
para a eternidade.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Chagas de Jesus, sois a minha esperança! Desesperaria do perdã o
dos meus pecados e da minha salvaçã o eterna, se nã o olhasse para
vocês, as fontes de misericó rdia e graça, através das quais um Deus
derramou todo o Seu Sangue para lavar minha alma dos muitos
pecados que cometi. Eu vos adoro, entã o, ó Santas Chagas, e confio em
vó s. Detesto mil vezes e amaldiçoo aqueles prazeres indignos pelos
quais desagrado meu Redentor e perdi miseravelmente Sua amizade.
Olhando, entã o, para você, elevo minhas esperanças e dirijo meus afetos
para você, meu querido Jesus. Tu mereces que todos os homens Te
amem e Te amem de todo o coraçã o; mas tanto Te ofendi e desprezei
Teu amor; e Tu, nã o obstante, me suportaste por tanto tempo, e com
tanta misericó rdia me convidaste a perdoar. Ah, meu Salvador, nã o
permita que eu te ofenda mais e perca minha alma. Ó Deus, que
tormento devo suportar no Inferno à vista de Teu Sangue e das muitas
misericó rdias que Tu me mostraste! Eu Te amo, e sempre Te amarei.
Dá -me santa perseverança. Separe meu coraçã o de todo amor que nã o é
por Ti, e estabeleça em mim um verdadeiro desejo e resoluçã o de agora
em diante para amar somente a Ti, meu Soberano Bem.
Ó Maria, minha Mã e, atraí-me para Deus e fazei-me inteiramente
Dele antes que eu morra.

SEGUNDO PONTO _ _

Nã o um, mas muitos serã o os tormentos do pecador moribundo.


Por um lado, ele será atormentado por demô nios. Na hora da morte,
esses horríveis inimigos empregam todas as suas forças para causar a
perda daquela alma que está prestes a deixar esta vida; eles sabem que
pouco tempo lhes resta para ganhá -lo, e que se o perderem entã o, eles o
perderã o para sempre: “O diabo desceu a vó s, tendo grande ira,
sabendo que tem pouco tempo. ” ( Apoc. 12:12). E nã o um, mas
inumeráveis, serã o os demô nios que cercam o moribundo, para tentá -lo
e levá -lo à perdiçã o: “Suas casas se encherã o de serpentes”. ( Isaías
13:21). Alguém lhe dirá : “Nã o tenha medo, você se recuperará”. Outro
dirá : “Como é isso? Por tantos anos você ficou surdo à voz de Deus, e
agora espera que Ele mostre misericó rdia para você?” Outro: “Como
você pode agora reparar os danos causados, as reputaçõ es que você
arruinou?” Outro: “Você nã o percebe que todas as suas confissõ es
foram nulas, sem verdadeira tristeza, sem propó sito de emenda? Como
podes agora repará -los?”
Por outro lado, o moribundo se verá cercado por seus pecados: “Os
males levarã o o homem injusto à destruiçã o”. ( Salmos 139:12). “Esses
pecados”, diz Sã o Bernardo, “como guardas vigilantes, o segurarã o em
suas mã os e lhe dirã o: Nó s somos tua obra, nã o te deixaremos; nó s te
acompanharemos na pró xima vida e nos apresentaremos contigo ao
Juiz Eterno”. O moribundo desejará entã o livrar-se de tais inimigos; mas
para isso ele deve detestá -los. Ele deve ser convertido de todo o coraçã o
a Deus; ao passo que sua mente está obscurecida e seu coraçã o
endurecido: “Um coraçã o duro acabará mal; e aquele que ama o perigo
perecerá nele.” ( Eclus. 3:27). Sã o Bernardo diz que o coraçã o que foi
obstinado no pecado durante a vida usará seus maiores esforços para
escapar da condenaçã o, mas nã o terá sucesso, e oprimido por sua
pró pria malícia terminará a vida no mesmo estado. Tendo até entã o
amado o pecado, o pecador também amou o perigo de ser condenado;
com justiça, portanto, o Senhor permitirá que ele pereça no perigo em
que escolheu viver até o momento de sua morte. Santo Agostinho diz
que aquele que é abandonado pelo pecado, antes que ele mesmo o
abandone, dificilmente o detestará na hora da morte como deveria,
porque o que ele faz entã o será feito por necessidade: pecado antes que
ele mesmo o deixe, nã o o condena por sua pró pria vontade, mas por
necessidade”.
Infeliz, entã o, o pecador endurecido que resiste aos chamados de
Deus. Em vez de ceder e ser abrandado pela voz de Deus, ele se torna
ingrato mais obstinado, pois a bigorna é endurecida pelos golpes do
martelo: “Seu coraçã o será duro como uma pedra e firme como a
bigorna de um ferreiro. ” ( Trabalho 41:15). Seu castigo será encontrar-
se o mesmo na morte, embora a ponto de passar para a eternidade:
“Um coraçã o duro fará o mal no final”. “Pecadores”, diz o Senhor, “se
afastaram de mim por amor à s criaturas”: “eles viraram as costas para
mim, e nã o o rosto; e no tempo da sua afliçã o, eles dirã o: Levanta-te, e
livra-nos. Onde estã o os deuses que fizeste para ti? Que eles se
levantem e te libertem.” ( Jr. 2:27, 28). Os infelizes recorrerã o a Deus na
morte, e Deus lhes dirá : “Agora vens a mim? Invoque as criaturas para
ajudá -lo, pois elas foram seus deuses.” Assim dirá o Senhor, porque
recorrerã o a Ele, mas sem intençã o sincera de se converter. Sã o
Jerô nimo declara que tem certeza, e aprendeu com a experiê ncia, que
nunca terá um bom fim quem levou uma vida ruim até o fim: será um
fim mau quem sempre levou uma vida má .” 9

A FEIÇÃ O E ORAÇÃ O
Meu querido Salvador, ajuda-me, nã o me abandones; Vejo minha
alma toda coberta pelas feridas do pecado, minhas paixõ es me
violentam, maus há bitos me oprimem; Lanço-me aos Teus pés, tem
piedade de mim e livra-me de tantos males: “Em Ti, Senhor, esperei;
nã o me deixes confundido para sempre”. Nã o permita que uma alma
que confia em Ti se perca. Arrependo-me de Vos ter ofendido, ó Infinita
Bondade; fiz o mal e o confesso; custe o que custar, desejo emendar;
mas a menos que Tu me ajudes com Tua graça, estou perdido. Recebe, ó
meu Jesus, este rebelde, que tã o gravemente te ofendeu. Lembra-te de
que te custei Teu sangue e Tua vida. Pelos méritos, pois, de Tua paixã o e
morte, recebe-me em Teus braços e dá -me a santa perseverança. Eu já
estava perdido; Tu me chamaste: eis que nã o resistirei mais; Eu me
consagro a Ti; liga-me ao Teu amor e nã o me permitas mais me perder,
perdendo novamente a Tua graça. Meu Jesus, nã o o permitas, Maria,
minha Rainha, nã o o permitas; antes obter a morte para mim, e mil
mortes, do que eu perder novamente a graça de teu Filho.
TERCEIRO PONTO _ _

É maravilhoso dizer que Deus nã o faz nada alé m de ameaçar os


pecadores com uma morte infeliz: “Entã o eles me invocarã o, e eu nã o
ouvirei”. ( Prov. 1:28). “Será que Deus ouvirá seu clamor quando a
afliçã o vier sobre ele?” ( Trabalho 27:9). “També m eu rirei da sua
destruiçã o e zombarei.” ( Prov. 1:26). Deus ri quando nã o mostra
misericó rdia. 10 “A vingança é minha, e eu os recompensarei no devido
tempo, para que seus pé s deslizem.” ( Deut. 32:35). Em tantos outros
lugares Ele ameaça o mesmo; e, no entanto, os pecadores vivem em
paz, tã o seguros como se Deus certamente lhes tivesse prometido
perdã o e paraíso. É verdade que, em qualquer hora em que o pecador
se converta, Deus prometeu perdoá -lo; mas Ele nã o disse que na morte
o pecador será convertido; pelo contrá rio, Ele muitas vezes declarou
que aquele que vive em pecado morrerá em pecado: “Você morrerá em
seu pecado”. ( João 8:21). Ele disse que aquele que O busca na hora da
morte nã o O encontrará : “Você s me buscarã o e nã o me acharã o”. ( João
7:34). Devemos, entã o, buscar a Deus quando ele pode ser encontrado:
“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar”. ( Isaías 55:6). Sim; porque
chegará um tempo em que Ele nã o será encontrado. Pobres pecadores!
pobres cegos! que esperam ser convertidos até a hora da morte,
quando nã o haverá mais tempo para conversã o. “Os ímpios”, diz
Oleaster, “nã o aprenderã o a fazer o mal ou o bem até que nã o haja mais
tempo para fazê -lo”. Deus deseja salvar a todos, mas castiga os
obstinados.
Se por acaso algum infeliz pecador fosse tomado de apoplexia e
privado de seus sentidos, que compaixã o nã o excitaria em todos vê-lo
morrer sem os sacramentos e sem sinal de arrependimento! E que
alegria todos sentiriam se ele voltasse a si, implorasse por absolviçã o e
fizesse atos de contriçã o! Mas nã o é louco aquele que, tendo tempo para
fazer isso, continua no pecado, ou volta ao pecado, e corre o risco de ser
surpreendido pela morte, quando pode ou nã o fazê-lo? É terrível ver
alguém morrer de repente; e, no entanto, quantos voluntariamente
incorrem no perigo de morrer assim e de morrer em pecado!
“Peso e equilíbrio sã o juízos do Senhor.” ( Prov. 16:11). Nã o levamos
em conta as graças que Deus nos concede; mas o Senhor os conta e os
mede; e quando Ele os vê desprezados até certo ponto, Ele deixa o
pecador em seu pecado, e neste estado permite que ele morra. De fato,
miserável é aquele que adia seu arrependimento até a morte. “O
arrependimento exigido dos doentes també m é doentio em si mesmo”,
diz Santo Agostinho. 11 Sã o Jerô nimo diz que “de cem mil pecadores
que continuam em pecado até a morte, dificilmente um merece
indulgê ncia de Deus na morte”. 12 Sã o Vicente Ferrer diz que “seria um
milagre maior se os maus fígados habituais tivessem um bom fim do
que ressuscitar os mortos à vida”. 13 Que tristeza, que arrependimento
pode conceber na hora da morte quem até entã o amou o pecado?
Belarmino relata que, tendo ido socorrer certo moribundo, e
exortando-o a fazer um ato de contriçã o, respondeu que nã o sabia o
que era contriçã o. Belarmino tentou explicar-lhe; mas o enfermo disse:
“Pai, nã o te entendo; Eu nã o sou capaz dessas coisas.” E assim ele
morreu, “deixando claros sinais de sua condenaçã o”, como está
registrado nos escritos de Belarmino. A puniçã o justa do pecador, diz
Santo Agostinho, será que, tendo esquecido Deus em sua vida, ele se
esqueça de si mesmo na morte: “É muito justamente atingido aquele
que, tendo esquecido Deus em sua vida, morre esquecido de si mesmo.
” 14 “Nã o vos enganeis”, diz o Apó stolo, “Deus nã o se deixa escarnecer;
porque o que o homem semear, isso també m ceifará . Porque o que
semeia na sua carne, da carne també m ceifará a corrupçã o”. ( Gal. 6:7).
Seria zombar de Deus viver desprezando Suas leis, e entã o receber uma
recompensa e gló ria eterna; mas “Deus nã o se deixa escarnecer”. O que
semeamos nesta vida, colheremos na pró xima. Aquele que semeia os
prazeres proibidos da carne nã o colherá nada alé m de corrupçã o,
misé ria e morte eterna.
Caro cristã o, o que é dito para os outros é dito da mesma forma para
você. Diga-me, se você estivesse agora à beira da morte, entregue por
seus médicos, privado de seus sentidos e em sua ú ltima agonia, você
nã o oraria fervorosamente a Deus para lhe conceder mais um mês, mais
uma semana, para resolver o problema? contas de sua consciência?
Deus lhe dá agora desta vez. Devolva-Lhe graças, repare rapidamente o
mal que você fez, e tome todos os meios para restaurar-se a um estado
de graça, e ser assim encontrado quando a morte vier; pois entã o nã o
haverá mais tempo para remediar o passado.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, quem teria tido tanta paciência comigo como Tu
tiveste! Se Tua bondade nã o fosse infinita, eu me desesperaria do
perdã o. Mas tenho que lidar com um Deus que morreu para obter meu
perdã o e minha salvaçã o. Tu me ordenas a esperar, e eu esperarei. Se
meus pecados me alarmam e me condenam, Teus méritos e Tuas
promessas me dã o coragem. Tu prometeste Tua graça a quem sempre
volta a Ti: “Voltai e vivei”. ( Ez. 18:32). Tu prometeste abraçar quem
quer que se volte para Ti: “Volte-se para mim, e eu me voltarei para
você”. ( Zach. 1:3). Tu disseste que nã o podes desprezar um coraçã o
humilde e contrito. ( Salmos 1). Eis-me, Senhor; Eu venho novamente a
Ti; Eu me volto para Ti; Reconheço que mereço mil infernos; e me
arrependo de ter ofendido a Ti. Prometo com firmeza nunca mais Te
ofender e sempre Te amar. Ah, nã o permita que eu viva mais
desagradecido a tanta bondade. Eterno Pai, pelos méritos da obediência
de Jesus Cristo, que morreu para Te obedecer, fazei que eu obedeça a
Tua vontade até a morte. Eu Te amo, ó meu Soberano Bem; e pelo amor
que tenho por Ti, obedecerei a Ti em todas as coisas. Dá -me santa
perseverança; dá -me o Teu amor, e nada mais peço a Ti. Maria, minha
Mã e, intercedei por mim.
CONSIDERAÇÃO VII
Sentimentos de um cristão negligente moribundo, que
pensou pouco na morte

“Tome ordens com a sua casa: porque você morrerá e


não viverá.”
Isaías 38:1
PRIMEIRO PONTO _ _
Imagine-se com uma pessoa doente que tem apenas algumas horas
de vida. Pobre sofredor, vejo como ele é oprimido por dores, desmaios,
sufocamento, falta de ar, suores frios e fraqueza de cabeça, a tal ponto
que ele mal pode ouvir, entender ou falar. Entre suas misérias, a maior é
que a morte se aproxima e, em vez de pensar em sua alma e se preparar
para a eternidade, só pensa em médicos e remédios para libertá -lo das
doenças e dores que o estã o matando. “Eles sã o incapazes de ter outro
pensamento além de si mesmos”, diz Sã o Lourenço Justiniano, falando
de tais mortes. Se, pelo menos, seus parentes e amigos avisassem o
moribundo de seu perigo; mas nã o, nã o há um entre todos que tenha a
coragem de anunciar-lhe o seu fim pró ximo e aconselhá -lo a receber os
ú ltimos sacramentos; todos se recusam a contar a ele por medo de
irritá -lo. Ó meu Deus, desde já vos agradeço porque na morte me fará s
ser assistido pelos queridos irmã os da minha Congregaçã o, que entã o
nã o terã o outro interesse senã o o da minha salvaçã o eterna, e todos me
ajudarã o a morrer bem. .
Mas enquanto isso, embora nã o lhe seja dado nenhum aviso de sua
morte, o moribundo, no entanto, vendo toda a família em desordem, as
frequentes consultas médicas e os inumeráveis e violentos remédios
que sã o adotados, enche-se de confusã o e terror, e em meio a ataques
contínuos de medo, remorso e desconfiança, diz consigo mesmo. “Ai,
quem sabe, mas o fim dos meus dias chegou!” Quais serã o, entã o, seus
sentimentos quando ele realmente receber o anú ncio de sua morte!
“Toma ordem com a tua casa, porque morrerá s e nã o viverá s.” ( Isaías
38:1). Que afliçã o quando ele ouve essas palavras! “Senhor, sua doença
é mortal; você deve receber os sacramentos, fazer as pazes com Deus e
se despedir do mundo”. Despedir-se do mundo? O que! devo me
despedir de todos? Para aquela casa, aquela vila, aquelas relaçõ es,
amigos, conversas, jogos, divertimentos? Sim para tudo. O advogado já
chegou; e ele escreve esta despedida: “Eu lego, eu lego”. E o que ele
carrega consigo? Nada além de um trapo miserável, que logo
apodrecerá com ele no tú mulo.
Oh, que tristeza e perturbaçã o causará ao moribundo perceber as
lá grimas de seus servos e o silêncio de seus amigos, que nã o têm
coragem de falar, em sua presença! Mas a maior de suas dores será o
remorso de consciência, que só se fará ouvir mais claramente naquela
tempestade - pela vida desordenada que ele levou até aquele momento,
depois de tantos chamados e luzes divinas, tantos avisos de seus pais
espirituais, e tantas resoluçõ es feitas, mas nunca executadas ou depois
negligenciadas. Ele entã o dirá : Ah, infeliz que sou; Tive tantas luzes de
Deus, tanto tempo para acalmar minha consciência, e nã o fiz isso; e eis
que agora cheguei à hora da morte! O que me custaria fugir daquela
ocasiã o, separar-me dessa amizade, confessar-me todas as semanas? E
mesmo que isso tivesse me custado muito, eu deveria ter feito tudo
para salvar minha alma, o que era muito importante. Oh, se eu tivesse
realizado aquela boa resoluçã o que fiz; oh, se eu tivesse continuado
como comecei, quã o feliz eu deveria estar agora! Mas nã o o fiz; e agora
nã o há tempo. Os sentimentos dos moribundos que, durante a vida,
menosprezaram sua consciência, assemelham-se aos dos condenados,
que no inferno também lamentam seus pecados como causa de sua dor,
mas sem fruto e sem remédio.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Senhor, se, neste momento, o anú ncio da minha morte pró xima
me fosse trazido, tais seriam meus sentimentos de dor. Eu Te agradeço
por me dar esta luz e tempo para corrigir. Nã o, meu Deus, nã o fugirei
mais de Ti. Tu me procuraste suficientemente. Tenho motivos justos
para temer que, se agora resistir e nã o voltar a Ti, Tu me abandonará s.
Tu me deste um coraçã o para Te amar, e eu fiz um mau uso dele; Amei
as criaturas e nã o amei a Ti, meu Criador e meu Redentor, que deste a
Tua vida por mim. Em vez de Vos amar, quantas vezes Vos ofendi, Vos
desprezei, Vos dei as costas! Eu sei que Te desagrado por aquele
pecado, e ainda assim eu o cometi. Meu Jesus, eu me arrependo disso,
sinto muito por isso de todo o meu coraçã o; Eu vou mudar minha vida.
Eu renuncio a todos os prazeres do mundo, para que eu possa amar e
agradar a Ti, ó Deus da minha alma. Tu me deste grandes provas de Teu
amor; se eu também pudesse te dar alguma prova minha antes de
morrer! A partir deste momento aceito todas as doenças, cruzes,
desprezos e aborrecimentos, que possa receber dos homens; dá -me
força para sofrê-los em paz, porque eu os suportarei a todos por amor
de Ti. Eu te amo, ó bondade infinita, eu te amo acima de qualquer outro
bem. Dá -me mais amor e dá -me santa perseverança. Maria, minha
esperança, rogai a Jesus por mim.

SEGUNDO PONTO _ _

Oh, quã o claramente no momento da morte sã o percebidas as


verdades da fé! Mas para maior tormento do moribundo que levou uma
vida ruim, e principalmente se foi uma pessoa consagrada a Deus, de
modo que teve mais facilidades para servi-lo, mais lazer, mais bons
exemplos, mais inspiraçõ es. Ó Deus, com que pesar ele pensará e dirá :
“Admoestei outros e, no entanto, fiz pior do que eles; Abandonei o
mundo e, no entanto, vivi apegado aos prazeres, à s vaidades e ao amor
ao mundo”. Com que remorso refletirá , que com as luzes que recebeu de
Deus, até um pagã o teria se tornado um santo! Com que dor ele se
lembrará de ter desprezado as prá ticas piedosas dos outros como prova
de fraqueza mental; e ter aplaudido certas má ximas mundanas de auto-
estima, ou amor-pró prio, como nã o permitir que os outros tenham
precedência sobre nó s, evitar o sofrimento e aproveitar todas as
oportunidades de nos divertir!
“O desejo dos ímpios perecerá”. ( Salmos 111:9). Como cobiçaremos
na morte aquele tempo que agora desperdiçamos! Sã o Gregó rio relata,
em seus diá logos, que um certo homem rico de mau cará ter, chamado
Crisâ ncio, gritou quando estava morrendo contra os demô nios que
visivelmente lhe apareceram para prendê-lo: “Dê-me tempo, dê-me
tempo, até amanhã !” E estes responderam: “Tolo, agora pedes tempo?
Você teve tanto dele, e o perdeu, gastando-o em pecado; e agora o
pedes? Nã o há mais tempo agora.” O desgraçado continuou a gritar e
implorar por ajuda. Um filho seu, chamado Massimo, que era monge,
estando com ele, o moribundo disse: “Meu filho, me ajude; meu caro
Massimo, ajude-me! E enquanto isso, com o rosto em chamas, lançava-
se furiosamente de um lado da cama para o outro, e assim, agitado e
com gritos de desespero, exalava sua alma infeliz.
Infelizmente, esses loucos em vida amam sua loucura, mas na morte
eles abrem os olhos e confessam sua loucura; mas isso só serve para
aumentar seus temores de poderem reparar o mal feito; e morrendo
assim, deixam grande incerteza quanto à sua salvaçã o. Meu irmã o,
enquanto você está lendo este ponto, imagino que você também diga:
“Assim é”. Mas se for assim, muito maior seria sua loucura e infortú nio,
se conhecendo essas verdades em vida, você nã o corrigiu a tempo. O
que você leu agora será uma espada de tristeza para você na morte.
Coragem, pois, e como ainda tens tempo para evitar uma morte tã o
pavorosa, apressa-te a reparar o passado; nã o espere por esse tempo
que nã o será mais adequado para reparaçã o. Nã o espere mais um mês,
nem mais uma semana. Quem sabe senã o esta luz, que Deus em Sua
misericó rdia agora lhe dá , pode ser a ú ltima luz e o ú ltimo chamado
para você? É tolice nã o pensar na morte, que é certa e da qual depende
a eternidade; mas é ainda maior tolice pensar nisso e nã o se preparar
para isso. Faça agora as reflexõ es e resoluçõ es que você faria entã o -
agora com proveito, mas depois inutilmente - agora com a confiança de
ser salvo, depois com grande desconfiança quanto à sua salvaçã o. Um
cavalheiro, que estava prestes a se despedir da corte de Carlos V, para
viver apenas para Deus, sendo questionado pelo imperador por que a
deixou, respondeu: “É necessá rio, se queremos ser salvos, que alguns
período de penitência deve intervir entre uma vida de desordem e a
morte”.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Nã o, meu Deus, nã o abusarei mais da Tua misericó rdia. Eu Te
agradeço pela luz que Tu agora me dá s, e te prometo mudar minha vida.
Eu vejo que Tu nã o podes mais me suportar. E devo esperar até que Tu
realmente me mandes para o Inferno? ou até que me abandones a uma
vida perversa, que seria um castigo maior do que a pró pria morte? Eis
que me lancei aos Teus pés; recebe-me em Teu favor. Eu nã o mereço;
mas Tu disseste: “A maldade do ímpio nã o o prejudicará , em qualquer
dia em que ele se converter da sua maldade”. ( Ez. 33:12). Se, pois, meu
Jesus, ofendi em dias passados a Tua Infinita Bondade, agora me
arrependo de todo o coraçã o e espero Teu perdã o. Direi a Ti, com Santo
Anselmo: “Ah, nã o permitas que minha alma se perca por seus pecados,
pois Tu a redimiste com Teu Sangue”. Nã o considere minha ingratidã o,
mas aquele amor que te fez morrer por mim. Se perdi Tua graça, Tu nã o
perdeste o poder de restaurá -la para mim. Tenha piedade, entã o, de
mim, ó meu querido Redentor. Perdoa-me e dá -me a graça de Te amar;
enquanto deste dia em diante eu prometo amar somente a Ti. Tu me
escolheste entre tantas outras criaturas possíveis, para Te amar; Eu
escolho a Ti, meu Soberano Bem, para te amar acima de qualquer outro
bem. Tu vais diante de mim com Tua Cruz; Eu Te seguirei
continuamente com aquela cruz que Tu me deste para carregar. Eu
abraço quaisquer mortificaçõ es e dores que possam vir de Ti para mim.
Enquanto eu nã o for privado de Tua graça, estou contente. Maria, minha
esperança, alcança-me a perseverança de Deus e a graça de amá -lo, e
nada mais te peço.
TERCEIRO PONTO _ _

O moribundo que durante sua vida foi descuidado quanto ao bem-


estar de sua alma, encontrará espinhos em tudo; espinhos na
lembrança dos divertimentos passados, das rivalidades superadas e da
pompa exibida; espinhos nos amigos que vêm visitá -lo, com todas as
lembranças que trazem consigo; espinhos nos pais espirituais, que por
sua vez o ajudarã o; espinhos nos sacramentos da confissã o, comunhã o
e extrema-unçã o, que ele deve receber; um espinho também se tornará
aquele Crucifixo que será colocado diante dele, pois ele lê naquela
imagem quã o mal correspondeu ao amor de um Deus que morreu para
salvá -lo.
“Oh, tolo que eu fui!” o pobre sofredor entã o dirá . “Eu poderia ter
me tornado um santo, com todas as luzes e oportunidades que Deus me
deu; Eu poderia ter levado uma vida de felicidade na graça de Deus; e
agora o que me resta dos muitos anos que passei, senã o tormentos,
desconfianças, medos, remorsos de consciência e contas a prestar a
Deus? E dificilmente posso esperar salvar minha alma.” E quando ele vai
dizer isso? Quando o ó leo da lâ mpada estiver quase consumido, e a
cena deste mundo estiver prestes a se encerrar; quando já está à vista
das duas eternidades, feliz e infeliz; quando ele está perto daquele
ú ltimo suspiro, do qual depende sua felicidade ou desespero para
sempre, desde que Deus seja Deus. Quanto ele entã o daria para ter mais
um ano, ou mês, ou pelo menos mais uma semana de tempo, com o uso
de seus sentidos; pois trabalhando entã o sob aquela distraçã o da
cabeça, opressã o do peito e dificuldade de respirar, ele nã o pode fazer
nada; ele nã o pode refletir, ele nã o pode aplicar sua mente a um ú nico
ato bom: ele se encontra, por assim dizer, encerrado em um poço
escuro de confusã o, onde ele nã o pode conceber nada além de uma
grande ruína iminente sobre ela, e que ele é impotente para evitar.
Portanto, ele desejaria tempo; mas dir-se-á a ele: “ Proficiscere, partir;
apresse-se, acerte suas contas da melhor maneira possível durante este
curto espaço de tempo e vá embora; nã o sabeis que a morte nã o espera
nem respeita ninguém?”
Oh, que terror será para ele pensar e dizer: “Esta manhã estou vivo;
esta noite provavelmente estarei morto! Hoje estou nesta sala; amanhã
estarei na sepultura! E minha alma, onde estará ?” Que terror ao ver a
vela preparada! Quando ele percebe que o suor frio da morte aparece!
Quando ele ouve seus parentes ordenados a se retirar de seu quarto
para nã o voltar mais! Quando sua visã o começa a falhar e seus olhos
escurecem! Que terror, finalmente, quando a vela é acesa, pois a morte
já se aproxima! Ó vela, vela, quantas verdades tua luz entã o descobrirá !
Oh, quã o diferente tu entã o mostrará s que as coisas sã o do que elas
agora aparecem! Quã o claramente você nos mostrará que todos os bens
deste mundo sã o apenas vaidade, loucura e engano! Mas de que nos
valerá entender essas verdades, quando já passou o tempo de lucrar
com elas?

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, nã o desejas a minha morte, mas que eu me converta
e viva. Eu Te agradeço por ter esperado por mim até agora, e Te
agradeço pela luz que Tu agora me dá s. Reconheço o erro que cometi ao
preferir à Tua amizade os prazeres vis e miseráveis pelos quais Te
desprezei. Eu me arrependo e lamento, de todo o meu coraçã o, por ter
te feito um mal tã o grande. Ah, nã o cesse durante o resto de minha vida
de me ajudar com Tua luz e Tua graça a saber e fazer o que devo para
minha emenda. De que me valerá conhecer a verdade, quando me for
tirado o tempo da reparaçã o? “Nã o entregue à s bestas as almas que
confiam em Ti.” Quando o demô nio me tentar para ofender-te
novamente, ah, suplico-te, meu Jesus, pelos méritos da tua paixã o, que
estendas a tua mã o e me preserves de cair no pecado e tornar-me
novamente escravo de meus inimigos. Fazei que eu possa sempre
recorrer a Vó s e nunca deixar de recomendar-me a Vó s enquanto durar
a tentaçã o. Teu Sangue é minha esperança, e Tua bondade é meu amor.
Eu Vos amo, ó meu Deus, digno de um amor infinito; concede-me que
eu te ame sempre. Faze-me saber de que coisas devo me desapegar,
para que eu possa pertencer totalmente a Ti, pois este é o meu desejo;
mas Tu me dá s força para executá -lo. Ó Rainha do Céu, ó Mã e de Deus,
rogai por mim, pecador; concede que, em todas as tentaçõ es, eu possa
sempre recorrer a Jesus e a ti, que por tua intercessã o preserva da
queda aqueles que recorrem a ti.
CONSIDERAÇÃO VIII
A morte do justo

“Preciosa aos olhos do Senhor é a morte dos Seus


santos.”
Salmos 115:15
PRIMEIRO PONTO _ _
A morte vista de acordo com os sentidos aterroriza e causa medo;
mas quando visto com os olhos da fé , consola e torna-se desejável.
Parece terrível para os pecadores, mas adorável e precioso para os
santos. “Precioso”, diz Sã o Bernardo, “como o fim de nossos trabalhos,
a consumaçã o da vitó ria, o portã o da vida”. 15 Sim, a morte é o fim do
trabalho e da labuta. “O homem nascido de mulher, vivendo por pouco
tempo, está cheio de muitas misé rias.” ( Trabalho 14:1). Assim é a
nossa vida, curta e cheia de misé rias, enfermidades, medos e paixõ es.
“O que”, diz Sê neca, “procuram os mundanos que desejam uma vida
longa, mas um tormento prolongado?” 16 “O que”, diz Santo Agostinho,
“é uma continuaçã o da vida, mas uma continuaçã o do sofrimento?” 17
Sim, porque, como nos diz Santo Ambro, nossa vida presente nã o nos é
dada para repouso, mas para trabalho, e pelo trabalho para merecer a
vida eterna: “Esta vida nã o é dada ao homem para descanso, mas para
trabalhar”. Por isso , Tertuliano observa com justiça que quando Deus
encurta a vida de algué m, Ele encurta sua dor: “Deus tira um longo
tormento quando dá uma vida curta”. Portanto, embora a morte tenha
sido infligida ao homem como puniçã o do pecado, mas nã o com pé , tais
sã o as misé rias desta vida, como observa Santo Ambró sio, “que a
morte pareceria ser dada a nó s como um alívio e nã o como um castigo.
” Deus chama bem-aventurados os que morrem em Sua graça, porque
seus labores terminaram e eles vã o descansar: “Bem-aventurados os
mortos que morrem no Senhor. Desde agora, diz o Espírito, para que
descansem de seus trabalhos”. ( Apoc. 14:13).
Os tormentos que afligem os pecadores na hora da morte nã o
afligem os santos: “As almas dos justos estã o nas mã os de Deus, e o
tormento da morte nã o os tocará”. ( Sab. 3:1). Os santos nã o se afligem
quando ouvem isso Proficiscere, que tanto aterroriza o mundano. Os
santos nã o sã o afligidos por deixar os bens deste mundo, pois
mantiveram seus coraçõ es separados deles: “Deus do meu coraçã o”,
assim eles diziam incessantemente, “e Deus é minha porçã o na
eternidade”. Bem-aventurados sois vó s, disse o Apó stolo aos seus
discípulos, que foram despojados de todos os seus bens por Jesus
Cristo: “Recebeis com alegria a pilhagem dos vossos bens, sabendo que
tendes uma substâ ncia melhor e permanente”. ( Heb. 10:34). Eles nã o
sã o afligidos por deixar honras, porque já as detestavam e as
consideravam como realmente sã o, mas como fumaça e vaidade; eles
estimavam apenas a honra de amar e ser amado por Deus. Eles nã o sã o
afligidos por deixar suas relaçõ es, porque os amaram apenas em Deus;
ao morrer, eles os deixam sob os cuidados daquele Pai celestial que os
ama mais do que eles; e esperando serem salvos, eles pensam que
podem ajudá -los melhor no Céu do que neste mundo. Enfim, o que
sempre disseram em sua vida: “Meu Deus e meu tudo”, continuam a
repetir na morte com ainda maior consolo e ternura.
Aquele que morre amando a Deus nã o se incomoda com as dores
que acompanham a morte, mas, ao contrá rio, sente-se complacente
nelas, refletindo que a vida está prestes a terminar, e que nã o lhe resta
mais tempo para sofrer por Deus, e dar-lhe outras provas de seu amor;
por isso, com amor e paz, oferece-lhe estes ú ltimos momentos da sua
vida, e consola-se unindo o sacrifício da sua morte com o sacrifício que
Jesus Cristo ofereceu por ele na cruz ao seu eterno Pai. E assim ele
expira feliz, dizendo: “Nele dormirei e descansarei em paz”. ( Salmos
4:8). Oh, que paz morrer repousando nos braços de Jesus Cristo, que
nos amou até a morte e sofreu amargamente para obter para nó s uma
morte doce e consoladora!
A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu amado Jesus, que para obter para mim uma morte feliz
escolheu morrer uma morte tã o amarga no Calvá rio, quando te
contemplarei? A primeira vez que Te verei será como meu juiz no
pró prio lugar onde eu morrerei. O que direi entã o a Ti? O que Tu me
dirá s? Nã o vou esperar até esse momento para pensar nisso, agora vou
antecipá -lo. Direi a Ti: Meu querido Redentor, Tu és entã o Aquele que
morreu por mim. Certa vez, ofendi-te e fui ingrato para contigo; Eu nã o
merecia o Teu perdã o, mas depois, assistido pela Tua graça, entrei em
mim mesmo, e durante o resto da minha vida chorei pelos meus
pecados, e Tu me perdoaste. Perdoa-me novamente, agora que estou a
teus pés, e dá -me a absolviçã o geral de meus pecados, eu nã o merecia
mais te amar, pois desprezei o teu amor; mas Tu em Tua misericó rdia
atraíste meu coraçã o para Ti; e se nã o Te amou como Tu mereces, pelo
menos Te amou acima de todas as coisas, deixando tudo para Te
agradar. Agora, o que Tu me dizes? Eu sei que o Céu e a posse de Ti em
Teu reino é uma bênçã o grande demais para mim; mas nã o ouso confiar
em mim mesmo para viver longe de Ti, especialmente agora que Tu me
mostraste o Teu rosto amável e belo. Peço ao céu, entã o, a ti, nã o para
que eu possa me divertir mais, mas para que eu possa te amar mais.
Envia-me para o purgató rio enquanto Te agradar. Nã o, nem mesmo
desejo entrar nessa terra de pureza e encontrar-me entre essas almas
puras, maculada como estou atualmente com manchas. Envia-me para
me purificar, mas nã o me expulses para sempre de Tua face; é suficiente
para mim se um dia, em Teu pró prio tempo, Tu me chamares para
cantar Tuas misericó rdias por toda a eternidade no paraíso. E agora, ó
meu amado Juiz, venha e levante Tua mã o para me abençoar, e me diga
que sou Teu, e que Tu és e sempre será s meu. Eu sempre Te amarei; Tu
sempre me amará s. Eis que vou para longe de Ti, vou para o fogo; mas
vou contente, porque vou te amar, meu Redentor, meu Deus e meu tudo.
vou contente; sim, mas saiba que, enquanto estou longe de Ti, esta
ausência de Ti será a maior de minhas dores. Vou, ó Senhor, contar os
momentos até que Tu me chames. Tem piedade de uma alma que Te
ama com todas as suas forças, e suspira por Te contemplar, para que Te
ame melhor.
Assim, ó meu Jesus, espero entã o falar-te. Enquanto isso, peço a Ti
que me dê a graça de viver de tal maneira que eu possa entã o dizer a Ti
o que pensei agora. Dá -me a santa perseverança, dá -me o Teu amor. E
ajuda-me, ó Maria, Mã e de Deus; ore a Jesus por mim.

SEGUNDO PONTO _ _

“Deus enxugará de seus olhos toda lá grima, e a morte nã o existirá


mais”. ( Apoc. 21:4). O Senhor, entã o, na morte, enxugará dos olhos de
Seus servos as lá grimas derramadas nesta vida, vivendo, como eles, em
dores, medos, perigos e combates com o Inferno. O maior consolo para
uma alma que amou a Deus, quando a morte lhe for anunciada, será o
pensamento de que ela logo será libertada dos muitos perigos que
existem nesta vida de ofender a Deus, dos muitos problemas de
consciência e dos muitos tentaçõ es do diabo. A vida presente é uma
guerra contínua com o Inferno, na qual estamos em constante perigo de
perder nosso Senhor e Deus. Santo Ambró sio diz que neste mundo
“andamos sempre entre as armadilhas dos inimigos”, que estã o à
espreita para nos roubar a vida da graça. Este perigo fez com que Sã o
Pedro de Alcâ ntara dissesse, quando estava a morrer, a um religioso
que, ao ajudá -lo, o tocava: “Meu irmã o, afasta-te de mim, porque ainda
vivo e corro perigo de ser condenado”. Este perigo também fazia com
que Santa Teresa se consolasse cada vez que ouvia o reló gio bater,
regozijando-se por ter passado mais uma hora de combate, pois dizia:
“Em cada momento da vida posso pecar e perder Deus”. Por isso os
santos estã o cheios de consolo quando a morte lhes é anunciada,
refletindo que suas batalhas e perigos estã o no fim, e que eles logo
estarã o seguros daquele estado feliz quando nunca mais poderã o
perder Deus.
Conta-se na vida dos Padres que um velho Padre morrendo na Cítia
riu enquanto os outros choravam. Ao ser perguntado por que ria, ele
respondeu: “E você, por que chora, vendo que vou descansar? Eu passo
do trabalho para o descanso, e você chora?” Assim também Santa
Catarina de Siena, ao morrer, disse: “Alegrai-vos comigo, porque deixo a
terra das dores e vou para um lugar de paz”. “Se alguém”, diz Sã o
Cipriano, “habitasse uma casa cujas paredes estivessem caindo e cujos
pisos e telhados tremessem, de modo que tudo ameaçasse a destruiçã o,
quanto ele desejaria sair dela!” Nesta vida tudo ameaça a ruína da alma;
o mundo, o inferno, as paixõ es, os sentidos rebeldes, tudo nos atrai para
o pecado e para a morte eterna. “Quem me livrará”, diz o Apó stolo, “do
corpo desta morte?” ( Rom. 7:24). Oh, quã o grande será a alegria da
alma ao ouvir estas palavras: “Vem do Líbano, minha esposa; vem das
covas dos leõ es”. ( Can. 4:8). Vem, minha esposa, parte da terra das
lá grimas e das covas dos leõ es, que procuram devorar-te e fazer-te
perder a graça divina. Por isso Sã o Paulo, suspirando pela morte, disse
que Jesus Cristo era sua ú nica vida: e, portanto, ele considerava a morte
como seu maior ganho, porque pela morte ele obteve aquela vida que
nunca termina: “Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” ( Fil.
1:21).
Deus confere um grande favor a uma alma que está em estado de
graça quando Ele a tira deste mundo, onde ela pode mudar e perder Sua
amizade. “Ele foi levado, para que a maldade nã o alterasse o seu
entendimento.” ( Sab. 4:7). Feliz aquele que nesta vida vive unido a
Deus; mas como o marinheiro nã o pode ser chamado de seguro até que
tenha entrado no porto e escapado da tempestade, uma alma nã o pode
ser chamada de completamente feliz até que ela tenha deixado esta
vida na graça de Deus. “Louvado seja a boa sorte do marinheiro”, diz
Santo Ambró sio; “mas nã o até que ele tenha entrado no porto.” Agora,
se o ganho se regozija quando, depois de tantos perigos, ele quase
alcançou o porto, quanto mais ele deve se alegrar quem está a ponto de
garantir a salvaçã o eterna!
Alé m disso, nesta vida é impossível viver sem pecado, pelo menos
venial: “O justo cairá sete vezes”. ( Prov. 24:16). Quem deixa esta vida
deixa de ofender a Deus. “O que é a morte”, diz Santo Ambró sio, “se nã o
o sepulcro do pecado?” 19 Isso també m faz com que aqueles que amam
a Deus desejem tanto a morte. Isso encheu de consolo o venerável
padre Vincent Caraffa na hora da morte; de modo que ele disse:
“Deixando de viver, deixo de ofender a Deus”. Santo Ambró sio, també m:
“Por que desejamos esta vida, na qual quanto mais tempo
permanecemos, mais estamos carregados de pecados?” Aquele que
morre na graça de Deus é colocado em um estado em que nã o pode
mais nem sabe ofender a Deus. “Os mortos nã o podem pecar”, diz o
mesmo Santo. Por isso, o Senhor louva os mortos mais do que qualquer
homem vivo, embora seja um santo: “Louvei mais os mortos do que os
vivos”. ( Eclus. 4:2). Certo homem virtuoso ordenou que quem devesse
anunciar sua morte a ele dissesse: “Consola-te, porque é chegado o
tempo em que nã o ofenderá s mais a Deus”.

A FETOS E ORAÇÕ ES
“Nas tuas mã os entrego o meu espírito; Tu me redimiste, ó Senhor,
Deus da verdade”. Ah, meu doce Redentor, o que teria sido de mim, se
tivesse morrido enquanto morasse longe de Ti, estaria agora no
Inferno, onde nunca mais poderia Te amar. Agradeço-Te por nã o ter me
abandonado e por ter me concedido tantas graças para ganhar meu
coraçã o para Ti. Eu me arrependo de ter ofendido a Ti. Eu Te amo acima
de todas as coisas. Ah, imploro-Te que me faças cada vez mais sensível
ao mal que cometi ao desprezar-Te, e ao amor que merece Tua infinita
bondade. Eu Vos amo e desejo morrer rapidamente, se tal for a Vossa
vontade, para que eu possa ser livrado do perigo de perder novamente
a Vossa santa graça, e estar seguro de Vos amar para sempre. Ah, meu
amado Jesus, durante os anos restantes da minha vida, dá -me força
para fazer algo por Ti, antes que a morte me sobrevenha. Dá -me força
contra minhas tentaçõ es e paixõ es, especialmente contra aquela paixã o
que no passado mais me fez desagradar a Ti. Dá -me paciência nas
enfermidades e nas injú rias que eu possa receber dos homens, agora
perdô o, por amor de Ti, a todos os que me desprezaram, e te suplico
que lhes concedas as graças que desejam. Dá -me força para ser mais
diligente em evitar até os pecados veniais, em relaçã o aos quais eu sei
que sou descuidado. Meu Salvador, ajuda-me; Eu espero por todos por
Teus méritos; e confio tudo à tua intercessã o, ó Maria, minha Mã e e
minha esperança.

TERCEIRO PONTO _ _

“A morte nã o é apenas o fim dos trabalhos, mas também a porta da


vida”, diz Sã o Bernardo. Aquele que deseja ver Deus deve
necessariamente passar por esta porta: “Esta é a porta do Senhor; o
justo entrará nela”. ( Salmos 117:20). Sã o Jerô nimo invocou a morte e
disse: “Abra-me, minha irmã”. Morte, minha irmã , se nã o abrires o
portã o, nã o posso ir desfrutar do meu Senhor. Sã o Carlos Borromeu,
vendo em sua casa um quadro que representava um esqueleto com uma
foice na mã o, mandou chamar o pintor, e ordenou-lhe que apagasse a
foice e pintasse uma chave de ouro, para que assim pudesse ficar cada
vez mais inflamado com o desejo de morte, pois é a morte que nos
admite no céu para contemplar Deus.
Se um rei, diz Sã o Joã o Crisó stomo, tivesse preparado apartamentos
para alguém em seu palá cio, mas por enquanto o obrigasse a habitar
uma choupana, quanto essa pessoa desejaria deixar a choupana e ir
para o palá cio! A alma nesta vida estando no corpo é como se estivesse
em uma prisã o, da qual ela deve sair para entrar no reino dos céus; por
isso Davi orou: “Tira a minha alma da prisã o.” ( Salmos 141:10). E o
santo Simeã o, quando segurava o Menino Jesus nos braços, nã o pediu
outro favor senã o a morte, para que fosse liberto da prisã o da vida
presente: “Agora, Senhor, dispensas o teu servo”. ( Lucas 2:29). Santo
Ambró sio observa: “Ele implora para ser dispensado, como se estivesse
detido por necessidade”. O apó stolo desejou o mesmo favor quando
disse: “Desejo ser dissolvido e estar com Cristo”. ( Fil. 1:23).
Quã o grande foi a alegria do copeiro de Faraó quando ouviu de José
que ele deveria sair em breve de sua prisã o e retornar ao seu posto! E
uma alma que ama a Deus nã o se alegrará ao ouvir que ela em breve
será libertada desta terra e irá desfrutar de Deus? “Enquanto estamos
no corpo, estamos ausentes do Senhor”. ( 2Cor. 5:6). Enquanto
estivermos unidos ao corpo, estamos distantes da vista de Deus, em
terra estranha, e excluídos de nosso pró prio país: “e, portanto”, diz Sã o
Bruno, “nossa morte nã o deve ser chamado morte, mas princípio da
vida”. Por isso, a morte dos santos é chamada de nascimento; sim,
porque em sua morte eles nascem para aquela vida abençoada que nã o
terá fim. Santo Ataná sio diz: “Os justos nã o morrem, mas sã o
trasladados”. A morte para o justo é apenas uma passagem para a vida
eterna. “Ó morte amável”, disse Santo Agostinho, “quem é aquele que
nã o te deseja, já que tu és o fim dos problemas, o fim do trabalho, o
começo do repouso eterno?” Por isso o santo orou fervorosamente:
“Que eu morra, ó Senhor, para que eu possa ver-te!”
Bem pode o pecador temer a morte, diz Sã o Cipriano, que Da morte
temporal passará para a morte eterna: “Teme morrer aquele que
passará desta morte para a segunda morte”; mas nã o aquele que,
estando na graça de Deus, passará da morte para a vida. Na vida de Sã o
Joã o, o Esmoleiro, conta-se que um certo homem rico recomendou seu
ú nico filho à s oraçõ es do Santo, e deu-lhe grandes esmolas, para que
ele pudesse obter uma longa vida para ele de Deus; mas ele morreu
logo depois. Enquanto o pai lamentava a morte de seu filho, Deus lhe
enviou um anjo, que disse: “Tu buscaste longa vida para teu filho; saiba
que ele já desfruta disso eternamente no cé u”. Esta é a graça que Jesus
Cristo obteve para nó s, como foi prometido por Osee: “Ó Morte, eu
serei a tua morte”. (Over 13:14). Jesus, ao morrer por nó s, fez com que
nossa morte se tornasse vida. Quando Pionius, o má rtir, foi levado à
execuçã o, foi perguntado por aqueles que o conduziram, como ele
poderia ir tã o alegremente para a morte. O Santo respondeu: “Você s se
enganam; Nã o vou para a morte, mas para a vida.” 20 Assim també m o
jovem Sã o Sinforiano foi encorajado por sua mã e, quando o tempo de
seu martírio se aproximava: “Ó meu filho, a vida nã o te é tirada, mas
transformada em uma melhor”.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Deus da minha alma, até agora Te desonrei ao voltar as costas a
Ti; mas Teu Filho Te honrou sacrificando Sua vida a Ti na Cruz. Pela
honra, pois, prestada a Vó s por Vosso Filho amado, perdoai-me por Vos
ter desonrado, arrependo-me, ó meu Soberano Bem, de Vos ter
ofendido, e prometo desde hoje amar somente a Vó s. De Ti espero
minha salvaçã o. Tudo o que atualmente possuo de bom é por Tua
misericó rdia e graça; Reconheço que tudo vem de Ti: “Pela graça de
Deus, sou o que sou”. Se no passado te desonrei, espero honrar-te na
eternidade, abençoando a tua misericó rdia. Sinto em mim um grande
desejo de Te amar: este é o Teu dom; Eu Te agradeço por isso, ó meu
Amor. Continua, oh, continua a ajudar-me como começaste; e espero a
partir deste dia ser Teu, e totalmente Teu. Renuncio a todos os prazeres
do mundo. E que prazer maior posso ter do que agradar-te, meu amável
Senhor, que tanto me amaste, peço apenas amor, ó meu Deus, amor,
amor, e espero sempre pedir-te amor, amor; até morrer em Teu amor,
chego ao reino do amor, onde, sem mais pedir, serei cheio de amor, e
nã o deixarei nem por um momento de Te amar por toda a eternidade
com todas as minhas forças, Maria, minha Mã e, tu que tanto amas o teu
Deus, e tanto desejas vê-lo amado, concede que eu o ame muito nesta
vida, para que eu possa amá -lo muito na pró xima para sempre.
CONSIDERAÇÃO IX
Paz dos justos na hora da morte

“As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e o


tormento da morte não as tocará. Aos olhos dos
insensatos, eles pareciam morrer; … mas eles estão em
paz.”
Sabedoria 3:1
PRIMEIRO PONTO _ _
“As almas dos justos estã o nas mã os de Deus.” Se Deus segura as
almas dos justos em Suas mã os, quem poderá arrebatá -las Dele? É
verdade que o Inferno nã o deixa de tentar e insultar até os santos na
hora de sua morte; mas Deus deixa de nã o ajudá -los e, como observa
Santo Ambró sio, aumenta Suas ajudas a Seus servos fié is à medida que
seus perigos aumentam: “Há maior ajuda onde há maior perigo; pois
Deus é nosso ajudador no momento da necessidade”. 21 Quando o servo
de Eliseu viu a cidade cercada de inimigos, ficou apavorado; mas o
santo a encorajou, dizendo: “Nã o temas, porque há mais conosco do
que com eles”. ( 4 Reis 6:16). E ele entã o lhe mostrou um exé rcito de
anjos enviados por Deus para defender a cidade. O diabo certamente
virá para tentar o moribundo, mas seu anjo da guarda també m virá
para consolá -lo; os santos, seus santos advogados, virã o; Sã o Miguel,
que é designado por Deus para defender Seus servos fié is em seu
ú ltimo combate com o Inferno, virá . Nossa santa Mã e virá para
afugentar todos os inimigos colocando seu servo sob o manto de sua
proteçã o. Acima de tudo, Jesus Cristo virá para resguardar das
tentaçõ es Suas ovelhas inocentes ou penitentes, por cuja salvaçã o Ele
deu Sua vida. Ele dará a confiança e a força de que a alma necessita em
tal luta, para que, cheia de coragem, ela diga: “O Senhor se tornou meu
ajudador”. ( Salmos 29:10). “O Senhor é minha luz e minha salvaçã o; a
quem temerei?” ( Salmos 26:1). Deus, diz Orígenes, é mais solícito por
nossa salvaçã o do que o diabo por nossa perdiçã o; pois Deus nos ama
muito mais do que o diabo nos odeia: “Ele tem maior cuidado em nos
levar à salvaçã o do que o diabo em nos levar à condenaçã o”. 22
Deus é fiel, diz o Apó stolo; Ele nã o permite que sejamos tentados
acima de nossas forças: “Quem nã o permitirá que vocês sejam tentados
acima do que podem.” ( 1Cor. 10:13). Mas você dirá : Muitos santos
morreram com grande temor por sua salvaçã o. Eu respondo que lemos
apenas alguns exemplos daqueles que, tendo levado uma boa vida,
morreram com esse medo. Belluacensis diz que o Senhor permite em
alguns, purificá -los na morte de algum defeito: “Os justos à s vezes sã o
purificados neste mundo por uma luta severa na hora da morte”. No
entanto, lemos sobre quase todos os servos de Deus, que morreram
com um sorriso nos lá bios. Os julgamentos de Deus excitam o medo em
todos; mas onde os pecadores passam do medo ao desespero, os santos
passam do medo à confiança. Santo Antonino relata que Sã o Bernardo
estava doente, estava com medo e tentado a falta de confiança; mas
refletindo sobre os méritos de Jesus Cristo, ele baniu todo medo,
dizendo: “Tuas feridas sã o meus méritos”. St. Hilarion temeu, mas
depois disse alegremente: “Vá em frente, minha alma; do que você tem
medo? Por quase setenta anos você serviu a Cristo e agora teme a
morte?” Como se dissesse: Minha alma, que temes tu, servindo a um
Deus que é fiel e que nunca abandona aqueles que lhe foram fiéis em
vida? O padre Joseph Scamacca, da Companhia de Jesus, ao ser
questionado se morreu com confiança, respondeu: “O quê! Servi a
Maomé, para que agora duvide da bondade do meu Deus, que Ele nã o
me salvará ?”
Se, na morte, formos atormentados pelo pensamento de ter em
algum momento ofendido a Deus, sabemos que o Senhor declarou que
esquecerá os pecados do penitente: “Se o ímpio se arrepender de todos
os pecados que cometeu, Nã o me lembrarei de todas as suas
iniqü idades.” ( Ez. 18:21). Mas, pode-se dizer, como podemos ter
certeza de que Deus nos perdoou? Sã o Basílio faz a mesma pergunta e
responde: “Desde que possamos dizer, odeio e abomino minhas
iniquidades”. 23 Aquele que odeia o pecado pode ter certeza de que
Deus o perdoou. O coraçã o do homem nã o pode existir sem amor: ou
ama as criaturas, ou ama a Deus; se nã o ama as criaturas, entã o ama a
Deus. E quem ama a Deus? Aquele que observa Seus mandamentos:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me
ama”. ( João 14:21). Ele, entã o, que morre na observâ ncia de Seus
mandamentos, morre amando a Deus; e quem ama a Deus nã o teme. “A
caridade lança fora o medo.” ( 1João 4:8).

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Jesus, quando chegará o dia em que posso dizer-te: meu
Deus, nunca mais posso perder-te? Aquele dia em que Te contemplarei
face a face e estarei seguro de Te amar com todas as minhas forças por
toda a eternidade? Ah, meu Soberano Bem, meu ú nico Amor, enquanto
eu viver estarei sempre em perigo de ofender-Te e perder Tua amável
graça. Houve um tempo infeliz em que nã o te amei e em que desprezei o
teu amor: agora me arrependo de toda a minha alma, e espero que já
me tenhas perdoado; e agora eu Te amo com todo o meu coraçã o, e
desejo fazer tudo que posso para amar e agradar a Ti. Mas ainda estou
em perigo de recusar meu amor a Ti e de voltar novamente as costas a
Ti. Ah, meu Jesus, minha Vida, meu Tesouro, nã o permita isso. Em vez
de permitir que este maior dos infortú nios me aconteça, deixe-me
morrer neste momento a morte mais cruel que possa agradar a Ti
enviar-me: estou contente e oro por isso. Pai Eterno, pelo amor de Jesus
Cristo, nã o me abandones nesta ruína total. Castigue-me como quiser;
Eu mereço e aceito isso: mas livra-me do castigo de ser privado de Tua
graça e Teu amor. Meu Jesus, recomenda-me a Teu Pai. Maria, minha
Mã e, recomenda-me ao teu Filho; obtenha para mim a perseverança em
sua amizade, e a graça de amá -lo, e entã o ele pode fazer comigo de
acordo com sua vontade.
SEGUNDO PONTO _ _

“As almas dos justos estã o nas mã os de Deus, e o tormento da


morte nã o as tocará . Aos olhos dos insensatos, pareciam morrer... mas
estã o em paz”. ( Sab. 3:1). À vista dos insensatos, os servos de Deus
parecem morrer aflitos e relutantes, como os mundanos; mas nã o,
Deus sabe muito bem como consolar Seus filhos na morte; e mesmo em
meio à s dores da morte, Ele os faz sentir uma certa doçura
incomparável, como uma antecipaçã o daquele paraíso que Ele está
prestes a conceder a eles. Assim como aqueles que morrem em pecado
começam em seu leito de morte a experimentar certos antegostos do
Inferno – remorso, terror e desespero – assim, por outro lado, os santos
– por atos de amor de Deus, que eles fazem com mais frequê ncia, por o
desejo e a esperança que eles possuem de desfrutá -Lo em breve -
comecem mesmo antes da morte a experimentar aquela paz que
depois desfrutarã o plenamente no Cé u. Para eles a morte nã o é um
castigo, mas uma recompensa: “Quando ele der o sono ao seu amado:
eis a herança do Senhor”. ( Salmos 126:4). A morte daquele que amou a
Deus nã o se chama morte, mas sono; para que ele possa
verdadeiramente dizer: “Em paz no mesmo eu dormirei e descansarei”.
( Salmos 4:8). O padre Suá rez morreu em tal paz, que no momento da
morte ele pô de até dizer: “Eu nunca poderia imaginar que a morte seria
para mim tã o doce”. O cardeal Baronius, aconselhado por seu mé dico a
nã o pensar tanto na morte, respondeu: “E por quê ? É por isso que eu
temo? Nã o tenho medo, mas adoro.” Quando o Cardeal Fisher, Bispo de
Rochester, ia morrer pela fé , vestiu-se com as melhores roupas que
tinha, dizendo, como conta Saunders, que ia a um casamento. Quando
avistou o cadafalso, jogou fora seu cajado e disse: “Meus pé s, apressem-
se, pois nã o estamos longe do paraíso”. Antes de morrer, entoe-se o Te
Deum, em açã o de graças a Deus por permitir que ele morresse como
má rtir da santa fé ; e assim, cheio de alegria, inclinou a cabeça sob o
machado. Sã o Francisco de Assis cantou quando estava morrendo e
convidou os outros a cantar. “Pai”, disse o irmã o Elias, “devemos chorar
e nã o cantar quando morrermos”. “Mas nã o posso deixar de cantar”,
respondeu o santo, “quando penso que em breve irei desfrutar de
Deus”. Uma freira teresiana, que morreu jovem, disse à s outras freiras,
que choravam ao seu redor: “Ó Deus, por que choras? Vou encontrar o
meu Jesus: alegrai-vos comigo, se me amais”. 24
O padre Granada relata que um certo caçador encontrou um leproso
solitá rio cantando enquanto ele estava morrendo. “Como”, disse ele,
“você pode cantar em tal estado?” O eremita respondeu: “Irmã o, entre
mim e Deus há apenas a parede deste meu corpo; Eu agora a vejo
caindo aos pedaços, a prisã o está prestes a ser destruída, e eu vejo
Deus; por isso me alegro e canto”. Esse desejo de ver Deus fez com que
Santo Iná cio, o má rtir, dissesse que, se os animais selvagens nã o lhe
tirassem a vida, ele os provocaria a devorá -lo. Santa Catarina de Gê nova
nã o podia suportar que algué m considerasse a morte como uma
desgraça, e ela disse: “Ó querida morte, em que falsa luz você é vista!
Por que, entã o, você nã o vem a mim, que clama por você dia e noite?” 25
Santa Teresa desejava tanto a morte, que considerava morte nã o
morrer; e nesses sentimentos ela compô s seu cé lebre hino: “Morro,
porque nã o morro”. Tal é a morte para os santos.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Soberano Bem, meu Deus, se com o tempo nã o Vos amei,
agora me volto inteiramente para Vó s. Despeço-me de todas as
criaturas e escolho amar apenas a Ti, meu Senhor mais amável. Diga-me
o que deseja de mim, e eu o farei. Eu te ofendi o suficiente. Vou passar
todo o resto da minha vida em agradar a Ti. Dá -me força para que eu
possa expiar pelo meu amor pela gratidã o que até agora Te mostrei. Eu
mereci por tantos anos estar queimando no fogo do Inferno, e Tu me
buscaste até que Tu me atraiste para Ti; concede que agora eu possa
queimar com o fogo do Teu santo amor, eu Te amo, ó Infinita Bondade.
Tu desejas que eu te ame somente; e com razã o, pois Tu me amaste
acima de tudo, e somente Tu mereces ser amado, e eu amarei somente a
Ti; Farei tudo o que puder para Te agradar. Faça comigo o que quiser.
Basta-me que te ame e que me ames. Maria, minha Mã e, ajuda-me; ore a
Jesus por mim.

TERCEIRO PONTO _ _

E como ele pode temer a morte, diz Sã o Cipriano, que espera depois
da morte ser coroado no céu: “Nã o tenhamos medo de ser condenados
à morte, de quem é certo que seremos coroados apó s a morte”. Como
pode temer morrer quem sabe que morrendo em estado de graça seu
corpo se tornará imortal? “Este mortal deve vestir a imortalidade.” (
1Cor. 15:53). Quem ama a Deus e deseja vê-lo considera a vida como um
castigo, diz Santo Agostinho, e a morte como um deleite: “Ele vive com
paciência, ele morre com prazer”. E Sã o Tomá s de Villanova diz que se a
morte encontra um homem dormindo, ela vem como um ladrã o, rouba-
o, mata-o e lança-o no poço do Inferno; mas se o encontrar assistindo,
como embaixador de Deus, o saú da e diz: “O Senhor te espera na festa
nupcial; vem, e eu te conduzirei ao reino abençoado que tu desejas: O
Senhor te chama para as bodas; vem, eu te conduzirei aonde desejas”.
Oh, com que alegria aguarda a morte aquele que está na graça de
Deus, esperando em breve ver Jesus Cristo e ouvir estas palavras: “Bem
está , servo bom e fiel; porque foste fiel no pouco, sobre o muito te
colocarei!” ( Mat. 15:21). Oh, como será conhecido o valor da
penitê ncia, da oraçã o, do desapego dos bens mundanos e de tudo o que
foi feito para Deus! “Diga ao justo: está bem; porque comerá do fruto
das suas obras.” ( Isaías 3:10). Entã o aquele que amou a Deus provará o
fruto de todas as suas obras santas. Por isso o padre Hipó lito Durazzo,
da Companhia de Jesus, se alegrou em vez de chorar quando um amigo
seu, um religioso, morreu com todos os sinais de salvaçã o. Mas quã o
absurdo, disse Sã o Joã o Chry sostom, seria acreditar em um cé u eterno,
e ainda ter compaixã o daqueles que vã o para ele: “Acreditar no cé u e
chorar por aqueles que vã o para ele”. 26 Que consolaçã o especial será
entã o recordar as honras prestadas à Mã e de Deus, os rosá rios
recitados, as visitas aos seus altares, os jejuns aos sá bados, a
frequê ncia à s suas confrarias! Maria é chamada a Virgem mais fiel; oh,
quã o grande é sua fidelidade em consolar seus fié is servos na hora da
morte! Certa pessoa, devota da Santíssima Virgem, disse, ao morrer, ao
Padre Binetti: “Padre, você nã o pode conceber que consolo na hora da
morte é o pensamento de ter servido a Nossa Senhora. Oh, meu Pai, se
pudesses saber que felicidade sinto por ter servido a esta querida Mã e!
Eu nã o sei como expressar isso.” Quã o grande será a alegria daquele
que amou Jesus Cristo, que muitas vezes O visitou no Santíssimo
Sacramento, e que muitas vezes O recebeu na Sagrada Comunhã o, ao
ver o seu Senhor entrar no seu quarto no Santíssimo Viá tico, para
acompanhá -lo em sua passagem para o outro mundo! Feliz aquele que
pode dizer a Ele entã o, com Sã o Filipe Neri: “Eis o meu amor, eis o meu
amor; me dê meu amor.”
Mas alguns dirã o: Quem pode dizer qual será o meu destino? Quem
sabe, afinal de contas, terei um final infeliz? Mas eu pergunto a você que
fala assim: O que torna a morte infeliz? Apenas pecado; apenas o
pecado, entã o, precisamos temer, e nã o a morte. “É claro”, diz Santo
Ambró sio, “que nã o é a morte que é amarga, mas o pecado: nossos
medos nã o devem ser da morte, mas da vida. ” 27 Você deseja, entã o,
nã o temer a morte? Viva Bem. “Com aquele que teme ao Senhor, tudo
irá bem no ú ltimo fim.”
O padre Colombière considerava moralmente impossível que
alguém que foi fiel a Deus durante a vida tivesse um fim ruim ou infeliz.
E Santo Agostinho antes dele havia dito: “Nã o pode morrer mal quem
viveu bem”. Aquele que está preparado para morrer nã o teme nenhuma
morte, mesmo que seja repentina. “Mas o justo, se for impedido com a
morte, descansará”. ( Sab. 4:7). E como nã o podemos desfrutar de Deus
senã o pela morte, Sã o Joã o Crisó stomo assim nos exorta: “Ofereçamos a
Deus o que somos obrigados a dar-lhe”. E estejamos certos de que
aquele que oferece sua morte a Deus faz o ato de amor mais perfeito de
que é capaz para com Ele; pois, ao abraçar voluntariamente aquela
morte que agrada a Deus enviá -lo, e no tempo e da maneira que Deus
deseja, ele imita os santos má rtires. Aquele que ama a Deus deve
desejar e suspirar pela morte, porque a morte nos une eternamente a
Deus e nos livra do perigo de perdê-lo. É sinal de pouco amor a Deus
nã o querer ir logo vê-lo, com a certeza de nunca mais poder perdê-lo.
Enquanto isso, vamos amá -lo tanto quanto pudermos nesta vida.
Devemos fazer uso da vida apenas para avançar no amor Divino. O grau
de amor em que a morte nos encontrará será a medida de nosso amor
por Deus em uma eternidade feliz.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ata-me, ó meu Jesus, a Ti, para que nunca mais me separe de Ti.
Concede que eu possa pertencer totalmente a Ti antes que eu morra;
para que quando eu te contemplar pela primeira vez, ó meu Redentor,
eu possa ver-te apaziguado. Tu me procuraste quando fugi de Ti. Ah,
nã o me afastes de Ti agora que Te procuro. Perdoa-me todo o desprazer
que te dei. Deste dia em diante pensarei apenas em servir e amar a Ti.
Minhas obrigaçõ es para contigo sã o muito grandes. Tu nã o recusaste
dar Teu sangue e Tua vida por amor a mim. Eu gostaria, portanto, de ser
totalmente consumido por Ti, ó meu Jesus, como Tu foste totalmente
consumido por mim. Ó Deus da minha alma, desejo muito Vos amar
nesta vida, para Vos amar muito na pró xima. Pai Eterno, ah, atraia todo
meu coraçã o a Ti; separa-o das afeiçõ es terrenas, feri-o, inflama-o com
Teu santo amor. Ouça-me, pelos méritos de Jesus Cristo. Dá -me santa
perseverança; e dá -me a graça de te pedir sempre. Maria, minha Mã e,
assisti-me e alcançai-me esta graça; pedir incessantemente de teu Filho
santa perseverança.
CONSIDERAÇÃO X
Meios de preparação para a morte

“Lembra-te do teu último fim, e nunca pecarás.”


Eclesiá stico 7:40

PRIMEIRO PONTO _ _
Todos reconhecem que devem morrer, e morrer apenas uma vez; e
que nã o há nada de maior importâ ncia do que isso, pois no momento da
morte depende nossa felicidade eterna ou desespero eterno. Todos
sabem, além disso, que esta morte será boa ou má , conforme tenham
vivido bem ou mal. E, no entanto, como é que a maior parte dos cristã os
vive como se nunca fosse morrer, ou como se pouco importasse se eles
morressem doentes ou bem? Nossa vida é má , porque nã o pensamos na
morte: “Lembra-te do teu ú ltimo fim, e nunca pecará s”. Devemos estar
convencidos de que a hora da morte nã o é a hora de acertar nossas
contas, a fim de garantir o grande assunto de nossa salvaçã o eterna.
Nos assuntos temporais, os prudentes do mundo tomam no devido
tempo todas as medidas para obter esse ganho, esse posto de honra,
esse casamento; e quanto à saú de do corpo, eles nã o adiam um
momento em aplicar os remédios necessá rios. O que você diria de um
homem que, tendo empreendido um concurso acadêmico, adiou a
preparaçã o para ele até que chegasse a hora? Nã o seria considerado
louco aquele general que adiasse o armazenamento de provisõ es e
armas até ser sitiado? Aquele piloto maluco que negligenciou se munir
de â ncoras e cabos até ser ultrapassado pela tempestade? Tal é
precisamente o cristã o que espera resolver os assuntos de sua
consciência até que a morte esteja realmente à sua porta: pró prio
caminho." ( Prov. 1:27, 31). A hora da morte é a hora da tempestade e da
confusã o; entã o os pecadores clamam a Deus para ajudá -los, mas
apenas pelo medo do inferno, ao qual se encontram pró ximos, e sem
nenhuma verdadeira conversã o do coraçã o; e, portanto, Deus nã o os
ouve: “O homem colherá o que semeou”. Ah, entã o nã o será suficiente
receber os Sacramentos: devemos morrer detestando o pecado e
amando a Deus acima de todas as coisas. Mas como ele pode detestar os
prazeres proibidos que até entã o os amou? Como pode entã o amar a
Deus acima de todas as coisas, que até aquele momento amou mais as
criaturas do que a Deus? Aquelas virgens foram verdadeiramente
chamadas de tolas por nosso Senhor, que atrasou a preparaçã o de suas
lâ mpadas até que o Esposo estivesse pró ximo. Todos nó s tememos a
morte sú bita, porque nã o há tempo para acertar nossas contas. Todos
reconhecem que os santos foram verdadeiramente sá bios, porque se
prepararam para a morte antes que ela chegasse. E o que vamos fazer?
Devemos nos expor ao risco de ter que nos preparar para morrer bem
quando a morte está pró xima? Devemos fazer agora o que desejamos
ter feito quando morrermos. Oh, quã o dolorosa para nó s será a
lembrança do tempo perdido, e ainda mais do tempo mal gasto! tempo
dado a nó s por Deus para merecer, mas tempo passado para nã o voltar
mais. Com que angú stia ouviremos entã o: “Você nã o pode mais ser
mordomo!” Nã o há mais tempo para fazer penitência, para frequentar
os Sacramentos, para ouvir sermõ es, para visitar Jesus Cristo nas
igrejas, para oraçõ es. O que está feito está feito. Precisamos, entã o, de
uma mente mais sã , de um tempo mais tranquilo para fazer nossa
confissã o como deve ser feita, para resolver vá rios pontos de sério
escrú pulo e, assim, tranqü ilizar nossa consciência; mas “nã o haverá
mais tempo”.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, se eu tivesse morrido em uma dessas noites que Tu
conheces, onde eu deveria estar agora? Eu Te agradeço por ter
esperado por mim; e eu Te agradeço por todos aqueles momentos que
eu deveria ter passado no Inferno, desde aquele primeiro instante em
que Te ofendi. Ah, dá -me luz e concede-me conhecer o grande mal que
te fiz ao perder voluntariamente a tua graça, que mereceste por mim,
sacrificando-te por mim na cruz. Ah, meu Jesus, perdoa-me, porque
sofro de todo o coraçã o, e acima de todo mal, por ter desprezado a Tua
infinita bondade, e espero que já me tenhas perdoado. Ajuda-me, ó meu
Salvador, para que eu nunca mais Te perca. Ah, meu Senhor, se eu te
ofender novamente, depois de ter recebido tantas luzes e tantas graças
de ti, nã o deveria eu merecer um inferno feito expressamente para
mim? Pelos méritos daquele Sangue que derramaste por meu amor, nã o
o permitas. Dá -me santa perseverança; dá -me o Teu amor. Eu te amo,
meu Soberano Bem; e eu nunca deixarei de Te amar até que eu morra.
Meu Deus, tem piedade de mim, pelo amor de Jesus Cristo. E tu
também, Maria, minha esperança, tem piedade de mim, recomenda-me
a Deus; tuas recomendaçõ es nunca sã o rejeitadas por aquele Senhor
que tanto te ama.

SEGUNDO PONTO _ _

Meu irmã o, já que é certo que você deve morrer, lance-se


rapidamente aos pés de seu Redentor crucificado; agradeça a Ele pelo
tempo que Ele lhe concede em Sua misericó rdia para resolver os
assuntos de sua consciência e depois reveja todas as desordens de sua
vida passada, especialmente as de sua juventude. Dê uma olhada nos
preceitos divinos, examine suas ocupaçõ es, a sociedade que frequentou,
anote por escrito suas falhas, faça uma confissã o geral de toda a sua
vida, se ainda nã o o fez. Oh, quã o ú til é uma boa confissã o geral para
regular a vida de um cristã o! Reflita que essas sã o contas para a
eternidade; e, portanto, resolva-os como se estivesse prestes a entregá -
los a Jesus Cristo, seu Juiz. Afaste de seu coraçã o toda afeiçã o maligna,
todo sentimento rancoroso; remova todos os motivos de escrú pulo em
relaçã o à propriedade dos outros, personagens destruídos, escâ ndalos
dados, e resolva fugir daquelas ocasiõ es em que você pode perder Deus.
Reflita que o que agora parece difícil, no momento da morte lhe
parecerá impossível.
O que é mais importante é resolver praticar os meios para se
preservar na graça de Deus. Esses meios sã o: missa todos os dias,
meditaçõ es sobre as verdades eternas, freqü entar a confissã o e a
comunhã o pelo menos a cada oito dias, uma visita diá ria ao Santíssimo
Sacramento e à Divina Mã e, pertencer a uma confraria, leitura
espiritual, exame de consciência todas as noites, alguma devoçã o
especial a Nossa Senhora - como o jejum de sá bado - e sobretudo
propor-te recomendar-te muitas vezes a Deus e à Santíssima Virgem,
invocando com frequência, e sobretudo em tempo de tentaçã o, os
santíssimos nomes de Jesus e Maria: estes sã o os meios pelos quais
você pode obter uma morte feliz e a salvaçã o eterna.
A prá tica destes será um grande marco do seu pré destino. E quanto
ao passado, confie no Sangue de Jesus Cristo, que agora lhe dá essas
luzes porque deseja salvá -lo; e confie na intercessã o de Maria, que
obtém essas luzes para você. Com tal regra de vida e confiança em Jesus
e Maria, oh, como Deus nos ajuda, e que força a alma adquire! Depressa,
entã o, caro leitor, entregue-se inteiramente a Deus, que o chama, e
comece a gozar daquela paz, da qual você foi privado até agora por sua
culpa. E que maior paz pode sentir uma alma do que poder dizer
deitada à noite: Se a morte vier esta noite, espero morrer na graça de
Deus. Que consolaçã o é ouvir o trovã o, sentir a terra tremer e esperar a
morte com resignaçã o, se Deus assim o ordenar!

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Senhor, quanto Te agradeço pela luz que me deste! tantas
vezes te deixei, voltei as costas para ti; mas nã o me abandonaste. Se Tu
me tivesses abandonado, eu teria permanecido cego, como até agora
escolhi ser; Eu deveria ter sido obstinado em meu pecado, e eu nã o
deveria ter a vontade de abandoná -lo nem a vontade de Te amar. Agora
sinto uma grande tristeza por ter ofendido a Ti e um grande desejo de
estar em Tua graça: abomino os prazeres malditos que me fizeram
perder a Tua amizade: todas essas sã o graças que vêm de Ti, e me
fazem esperar que Tu perdoe-me e salve-me. Desde entã o, com todos os
meus muitos pecados, Tu nã o me abandonaste, e desejas me salvar, eis
que, Senhor, eu me entrego totalmente a Ti; Eu lamento ter ofendido a
Ti acima de todo mal; e eu resolvo perder minha vida mil vezes ao invés
de Tua graça. Eu te amo, meu Soberano Bem; Eu te amo, meu Jesus, que
morreste por mim; e espero em Teu Sangue que Tu nã o permitas que
eu nunca mais me separe de Ti. Nã o, meu Jesus, nunca mais Te perderei.
Eu Te amarei sempre na vida; Eu Te amarei na morte; Eu Te amarei por
toda a eternidade. Preserva-me, pois, sempre, e aumenta em mim o
meu amor por Ti, peço-o por Teus méritos. Maria, minha esperança,
rogai a Jesus por mim.

TERCEIRO PONTO _ _

Além disso, devemos nos esforçar para ser sempre como desejamos
ser encontrados na hora da morte: “Bem-aventurados os mortos que
morrem no Senhor”. ( Apoc. 14:13). Santo Ambró sio diz que morrem
bem aqueles que no momento da morte já estã o mortos para o mundo,
isto é, separados daqueles bens dos quais a morte nos separará à força.
De modo que a partir deste momento devemos aceitar a perda de nossa
propriedade, a separaçã o de nossas relaçõ es e de todas as coisas desta
terra. A menos que façamos isso voluntariamente na vida, teremos que
fazê-lo necessariamente na morte; mas entã o com grande tristeza e
com perigo para nossa salvaçã o eterna. Por isso Santo Agostinho nos
adverte que, para morrer em paz, cabe a nó s resolver nossos interesses
temporais durante a vida, fazendo agora a devida disposiçã o dos bens
que temos que deixar; para que na morte estejamos ocupados
unicamente em nos unir a Deus. Nosso discurso deve entã o ser somente
de Deus e do Céu. Preciosos demais sã o esses ú ltimos momentos para
serem desperdiçados em pensamentos sobre a terra. A coroa dos
eleitos se aperfeiçoa na morte, pois é entã o, talvez, que colhemos a
maior colheita de méritos, abraçando essas dores e essa morte com
resignaçã o e amor.
Mas nã o pode ter esses bons sentimentos na morte quem nã o os
exerceu durante a vida. Por isso, alguns devotos, com grande proveito
para si mesmos, costumam renovar todos os meses, apó s a confissã o e a
comunhã o, o protesto pela morte, com os atos cristã os, imaginando-se
no leito de morte e prestes a deixar esta vida. (Este protesto e os atos
estã o contidos em nosso livrinho de Visitas ao Santíssimo Sacramento;
e sendo breve, pode ser lido em breve. * ) O que nã o se faz em vida é
muito difícil de se fazer na morte. Aquela grande serva de Deus, irmã
Catarina de Santo Alberto, uma teresiana, quando estava morrendo,
suspirou e disse: Minhas irmã s, nã o suspiro de medo da morte, porque
há vinte e cinco anos a espero. ; Suspiro ver tantos se enganarem,
levando uma vida de pecado, e reduzidos a fazer as pazes com Deus no
momento da morte, em que mal consigo pronunciar o nome de Jesus.
Examine, entã o, meu irmã o, se seu coraçã o está agora ligado a
qualquer coisa nesta terra - a essa pessoa, a essa honra, a essa casa, a
esse dinheiro, a essas conversas, a esses divertimentos; e lembre-se que
você nã o é imortal. Você terá que deixar tudo um dia, e talvez em breve.
Por que, entã o, nutrir um apego a eles e correr o risco de uma morte
inquieta? Ofereça tudo a partir deste momento a Deus; esteja pronto
para desistir de tudo quando Lhe agradar. Se você deseja morrer
resignado, você deve a partir de agora resignar -se a todos os eventos
adversos que podem acontecer com você, e despojar-se de toda afeiçã o
pelas coisas terrenas. Coloque diante de seus olhos o momento da
morte e despreze tudo. “Ele”, diz Sã o Jerô nimo, “facilmente despreza
todas as coisas que continuamente se lembra de que deve morrer”.
Se você ainda nã o decidiu sobre um estado de vida, escolha aquele
estado que você gostaria de ter escolhido quando estiver expirando, e
que lhe dará mais satisfaçã o ao morrer. Se, no entanto, você já fez sua
eleiçã o, faça o que você gostaria de ter feito naquele estado. Aja como se
cada dia fosse o ú ltimo de sua vida, e cada açã o a ú ltima; cada oraçã o,
cada confissã o, cada comunhã o a ú ltima. Imagine-se a cada hora como
se estivesse expirando, estirado em uma cama e ouvindo aquela ú ltima
intimaçã o: “Afaste-se deste mundo”. Oh, como esse pensamento o
ajudará a andar bem por este mundo e a separá -lo dele: “Bem-
aventurado aquele servo que, quando seu Senhor vier, ele o achará
fazendo isso”. ( Mat. 24:46). Aquele que espera a morte a cada hora
morrerá bem, mesmo que morra de repente.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Todo cristã o deve estar preparado para dizer no momento em que a
morte lhe for anunciada: Entã o, meu Deus, restam-me apenas algumas
horas. Vou, durante estas poucas horas, te amar tanto quanto puder
nesta vida, para que eu possa te amar mais na pró xima. Mas pouco me
resta para Te oferecer; Eu Vos ofereço estas dores e o sacrifício da
minha vida em uniã o com o sacrifício que Jesus Cristo fez por mim na
Cruz. Ó Senhor, as dores que suporto sã o poucas e leves em comparaçã o
com o que mereci. Como eles sã o, eu os abraço em sinal do amor que
tenho por Ti. Resigno-me a todos os castigos que Vos agrade infligir-me
nesta e na outra vida: contanto que Vos ame na eternidade, castigue-me
como quiseres, mas nã o me prives de teu amor. Sei que nã o mereço
amar-Te, pois tantas vezes desprezei o Teu amor; mas Tu nã o podes
rejeitar uma alma penitente. Sinto muito, ó meu Soberano Bem, por ter
ofendido a Ti. Eu Te amo com todo o meu coraçã o, e coloco toda a
minha confiança em Ti. Tua morte, meu Redentor, é minha esperança.
Em Tuas mã os feridas entrego meu espírito. Ó meu Jesus, deste o Teu
Sangue para me salvar; nã o permita que eu me separe de Ti. Eu Te amo,
ó Deus eterno; e espero amar-te na eternidade, Maria, minha Mã e,
assiste-me no terrível momento da minha morte. Eu agora recomendo
meu espírito a ti; diz a teu Filho que tenha piedade de mim. Eu me
recomendo a ti; oh, livra-me do inferno.
* Na presente ediçã o está no volume da Virtudes Cristãs , pá g. 369.—
Editor
CONSIDERAÇÃO XI
Sobre a vida infeliz do pecador e a vida feliz daquele que
ama a Deus

“Não há paz para os ímpios, diz o Senhor."


Isaías 48:22

“Muita paz têm os que amam a tua lei”.


Salmos 118:165

PRIMEIRO PONTO _ _
Todos os homens nesta vida trabalham para encontrar a paz. O
mercador, o soldado, aquele que tem um processo trabalha, esperando
por esse ganho, por essa dignidade, por esse processo vencido, fazer
fortuna. e assim encontrar a paz - mas pobres mundanos, que buscam a
paz no mundo que nã o pode dá -la! Só Deus pode nos dar a paz: “Dá aos
teus servos (reza a santa Igreja) aquela paz que o mundo nã o pode dar”.
Nã o, o mundo, com todas as suas riquezas, nã o pode satisfazer o
coraçã o do homem, porque o homem nã o foi criado para essas coisas,
mas somente para Deus, para que somente Deus possa satisfazê-lo. Os
animais sã o criados para os prazeres dos sentidos e encontram paz nas
coisas boas desta terra. Dê a um cavalo um feixe de grama, ou a um
cachorro um pedaço de carne, e eis que eles se contentam; nã o desejam
mais nada. Mas a alma, que é criada apenas para amar e estar unida a
Deus, nunca pode encontrar paz, embora no gozo de todo prazer
sensual; Só Deus pode satisfazê-la plenamente.
O homem rico, mencionado em Lucas (12:19), tendo colhido uma
colheita abundante de seus campos, disse a si mesmo: “Alma, tens em
depó sito muitos bens para muitos anos; descanse, coma, beba, alegre-
se”. Mas o infeliz foi chamado de tolo; e com razã o, diz Sã o Basílio:
“Miserável miserável (diz o santo para ele), por acaso você tem a alma
de algum porco, algum bruto, que você acha para satisfazer sua alma
comendo, bebendo e prazeres sensuais?” Um homem, diz Sã o Bernardo,
pode estar cheio das coisas boas deste mundo, mas nã o estar satisfeito:
“Ele pode estar inchado, mas nã o pode estar satisfeito”. E o mesmo
santo, escrevendo sobre esta passagem do Evangelho: “Eis que
deixamos todas as coisas”, observa que ele viu diversos loucos afligidos
de vá rias maneiras. Todos estes, diz ele, sofriam de uma grande fome:
mas alguns se fartaram de terra, que é uma figura dos avarentos; alguns
com ar, que é uma figura daqueles que aspiram a honras; alguns, ao
redor de uma fornalha, engoliram as faíscas que voaram dela, que é
uma figura do zangado; outros, enfim, ao redor de um lago fétido,
bebiam de suas á guas pú tridas, que é uma figura do impuro. Entã o,
voltando-se para eles, o santo exclama: Ó tolos, vocês nã o percebem
que essas coisas mais aumentam do que saciam sua fome? Os bens do
mundo sã o apenas bens aparentes e, portanto, nã o podem satisfazer o
coraçã o do homem: “Você comeu, mas nã o comeu o suficiente”. ( Ag.
1:6). Quanto mais, portanto, um homem avarento adquire, mais ele se
esforça para adquirir. Santo Agostinho diz: “A acumulaçã o de dinheiro
nã o fecha, mas alarga, as garras da avareza”. Quanto mais o impuro
chafurda na imundície, mais ele fica ao mesmo tempo nauseado e ao
mesmo tempo faminto; e como, de fato, o esterco e a sujeira sensual
podem contentar o coraçã o? O mesmo acontece com os ambiciosos, que
procuram satisfazer seus desejos com mera fumaça, pois olham mais
para o que querem do que para o que têm. Alexandre, o Grande, depois
de ter conquistado tantos reinos, chorou porque nã o tinha mais a
conquistar. Se os bens deste mundo pudessem contentar o homem, os
ricos, os monarcas da terra, seriam plenamente felizes; mas a
experiência prova o contrá rio. Solomon o declara, que afirma que nã o
negou nada aos seus sentidos: “Tudo o que meus olhos desejaram, eu
nã o os recusei”. ( Eclus. 2:10). Mas por tudo isso, o que ele diz? “Vaidade
das vaidades, e tudo é vaidade.” ( Eclus. 1:2). Com o que ele quer dizer:
Tudo o que há no mundo é mera vaidade, uma mera mentira, mera
loucura.
A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, o que me resta agora de todas as minhas ofensas
contra Ti, senã o dores, amargura e méritos para o Inferno? Nã o me
arrependo da amargura que agora sinto; pelo contrá rio, consola-me,
porque é dom da Tua graça, e dá -me motivo para esperar (já que és Tu
que me concedes) que Tu me perdoará s. O que me aflige é a dor que te
causei, meu Redentor, que tanto me amou. Eu merecia, ó meu Senhor,
que Tu me abandonasses entã o; mas em vez disso, Tu me ofereces
perdã o, ou melhor, Tu és o primeiro a buscar uma reconciliaçã o. Sim,
meu Jesus, anseio pela paz e desejo a Tua graça acima de todas as
outras bênçã os. Eu sofro por ter ofendido a Ti, ó Infinita Bondade, e de
boa vontade morreria de tristeza. Oh, por aquele amor que me deste ao
morrer por mim na cruz, perdoe-me e receba-me em seu coraçã o; e
mude meu coraçã o para que eu possa no futuro Te agradar tanto
quanto até agora Te desagrado. Por Teu amor renuncio agora a todos os
prazeres que o mundo pode me dar, e resolvo perder minha vida antes
que Tua graça. Diga-me o que devo fazer para Te agradar, e eu o farei.
Que me importa os prazeres, as honras, as riquezas! Desejo somente a
Ti, meu Deus, minha alegria, minha gló ria, meu tesouro, minha vida,
meu amor, meu tudo.
Dá -me, Senhor, Tua ajuda, para que eu possa ser fiel a Ti. Concede
que eu te ame e faça comigo o que tu queres. Maria, minha Mã e e minha
esperança depois de Jesus, toma-me sob a tua proteçã o e faze-me
pertencer totalmente a Deus.

SEGUNDO PONTO _ _

Nã o apenas Salomã o diz que os prazeres e as riquezas deste mundo


sã o apenas vaidades que nã o podem satisfazer o coraçã o, mas que sã o
dores que afligem o espírito: “Eis que tudo é vaidade e afliçã o de
espírito”. ( Ecles. 1:14). Pobres pecadores! eles pensam em obter
felicidade por seus pecados, mas encontram apenas amargura e
remorso: “Destruiçã o e infelicidade em seus caminhos, e o caminho da
paz eles nã o conheceram”. ( Salmos 13:3). Paz! Que paz? Nã o, diz Deus:
“Nã o há paz para os ímpios.” ( Isaías 48:22). Em primeiro lugar, o
pecado traz consigo o terror da vingança divina. Se alguém tem um
inimigo poderoso, nã o pode comer nem dormir em paz; e aquele que
tem Deus por inimigo pode descansar em paz? “Temei os que praticam
o mal.” ( Prov. 10:29). Se houver um terremoto, ou se trovejar, como
treme aquele que vive em pecado? Cada folha que se move o alarma: “O
som do pavor está sempre em seus ouvidos”. ( Trabalho 15:21). Ele está
sempre voando, embora nã o veja quem o persegue: “O ímpio foge
quando ninguém o persegue”. ( Prov. 28:1). E quem o persegue? Seu
pró prio pecado. Caim, depois de ter matado seu irmã o Abel, disse:
“Todo aquele, pois, que me achar, me matará”. ( Gên. 4:14). E embora o
Senhor lhe assegurasse que ninguém o machucaria – “Nã o, nã o será
assim” – ainda assim, diz a Escritura, Caim sempre foi um fugitivo de
um lugar para outro: “Ele habitou como um fugitivo na terra .” ( Gên.
4:16). Quem perseguiu Caim senã o o seu pró prio pecado?
Além disso, o pecado traz consigo remorso de consciência; aquele
verme cruel que ró i sem cessar. O miserável pecador vai à peça, ao
baile, ao banquete; mas, diz sua consciência, você está em inimizade
com Deus; e se você morresse para onde iria? O remorso de consciência
é um tormento tã o grande mesmo nesta vida, que para se livrar dele,
alguns até se destruíram deliberadamente. Um deles, como todos
sabemos, foi Judas, que se enforcou em desespero. Conta-se de outro,
que tendo matado uma criança, tornou-se religioso, para fugir da dor
do remorso da consciência; mas nã o tendo encontrado paz nem mesmo
na religiã o, ele foi e confessou seu crime ao juiz, e fez com que fosse
condenado à morte.
O que é uma alma que vive sem Deus? O Espírito Santo compara-o a
um mar tempestuoso: “Os ímpios sã o como o mar revolto, que nã o pode
descansar”. ( Isaías 57:20). Eu lhe pergunto, se alguém fosse levado a
um festival de mú sica, ou a um baile ou festa, e ali fosse pendurado
pelos pés, com a cabeça para baixo, poderia desfrutar dessa diversã o?
Tal é o homem que vive com a alma virada de cabeça para baixo,
estando no meio dos prazeres deste mundo, mas sem Deus. Ele pode
comer, beber e dançar; ele pode usar com grande vantagem esse
vestido rico, receber essas honras, obter essa dignidade ou essas
posses; mas paz ele nunca terá : “Nã o há paz para os ímpios”. A paz vem
somente de Deus; e Deus a dá a Seus amigos, nã o a Seus inimigos.
Os prazeres desta terra, diz Sã o Vicente Ferrer, esgotam-se; nã o
entram no coraçã o: “Sã o á guas que nã o penetram onde há sede”. O
pecador pode usar uma rica tú nica bordada ou um esplêndido
diamante em seu dedo; ele pode satisfazer o paladar de acordo com sua
inclinaçã o; mas seu pobre coraçã o permanecerá cheio de espinhos e
amargura; por isso a verá s, com todas as suas riquezas, prazeres e
diversõ es, sempre inquieta, e a cada contradiçã o enfurecida e zangada,
como um cã o raivoso. Aquele que ama a Deus se resigna sob os eventos
adversos à Vontade Divina e encontra a paz; mas nã o pode fazer isso
quem é inimigo da vontade de Deus e, portanto, nã o tem como se
tranquilizar. O homem infeliz serve ao diabo - serve a um tirano, que o
retribui com dor e amargura. Ah, a palavra de Deus nã o pode falhar, que
diz: “Porque nã o serviste ao Senhor teu Deus com gozo e alegria,
servirá s ao teu inimigo com fome e sede e nudez, e com falta de tudo”. (
Deut. 28:48). O que nã o sofre esse homem vingativo quando se vingou!
Aquele homem impuro quando ele alcançou seu objetivo! Aquele
ambicioso, aquele homem avarento! Oh, quantos, se sofressem por
Deus o que sofrem para se condenar, seriam grandes santos!

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó minha vida perdida! Ó meu Deus, se eu tivesse sofrido para Vos
servir as dores que sofri para Vos ofender, quantos méritos eu teria
agora reservado para o Céu! Ah, meu Senhor, por que te deixei e perdi a
tua graça? Por prazeres breves e envenenados, que desapareceram
quase tã o logo possuídos, e que deixaram meu coraçã o cheio de
espinhos e amargura. Ah, meus pecados, eu detesto e amaldiçoo mil
vezes; e bendigo a tua misericó rdia, ó meu Deus, que me suportaste tã o
pacientemente. Amo-Te, ó meu Criador e Redentor, que deste a Tua vida
por mim; e porque Vos amo, arrependo-me de todo o coraçã o por Vos
ter ofendido. Meu Deus, meu Deus, por que te perdi; e por que te
troquei? Agora sei o mal que fiz; e resolvo perder tudo, até a pró pria
vida, em vez do Teu amor. Dá -me luz, Pai Eterno, pelo amor de Jesus
Cristo; faze-me saber quã o grande és Tu e quã o vis sã o os prazeres que
o diabo me oferece para me fazer perder a Tua graça. Eu te amo; mas
desejo amar-Te mais. Conceda que Tu sejas meu ú nico pensamento,
meu ú nico desejo, meu ú nico amor. Tudo espero de Tua bondade, pelos
méritos de Teu Filho, Maria, minha Mã e, pelo amor que tens a Jesus
Cristo, imploro-te que me obtenhas luz e força para servi-lo e amá -lo
até a morte.

TERCEIRO PONTO _ _

Já que, entã o, todos os bens e prazeres do mundo nã o podem


satisfazer o coraçã o do homem, o que pode satisfazê-lo? Somente Deus:
“Deleita-te no Senhor, e ele te concederá os pedidos do teu coraçã o”. (
Salmos 36:4). O coraçã o do homem está sempre em busca daquele bem
que pode satisfazê-lo. Obtém riquezas, prazeres, honras, e nã o se
contenta, porque sã o bens finitos, e é criado para um bem infinito: que
encontre Deus, que se una a Deus, e eis que se contenta, nã o deseja
mais nada. : “Deleita-te no Senhor, e ele atenderá aos pedidos do teu
coraçã o.” Santo Agostinho nã o encontrou paz durante todos os anos que
passou entre os prazeres dos sentidos. Quando ele depois se entregou a
Deus, ele entã o confessou e disse ao Senhor: “Nosso coraçã o está
inquieto até que encontre seu descanso em Ti”. Meu Deus, agora sei que
tudo é vaidade e afliçã o, e que somente Tu és a verdadeira paz da alma:
“Todas as coisas estã o cheias de problemas; Só tu és repouso.” E assim,
tendo aprendido a seu pró prio custo, ele escreve: “O que você procura,
ó homem miserável, em busca de coisas boas? Busque o ú nico bem, no
qual estã o todos os bens.” Davi, quando era rei, recorreu enquanto
estava em pecado à caça, aos seus jardins, à mesa e a todos os outros
prazeres reais; mas a mesa, os jardins e todas as outras criaturas que
ele apreciava, diziam-lhe: “David, pensas ser feliz por nó s?” Nã o, nã o
podemos te satisfazer. “Onde está o teu Deus?” Vá e encontre o seu
Deus, pois somente Ele pode te satisfazer. Portanto, em meio a todos os
seus prazeres, Davi nã o fez nada além de chorar: “Minhas lá grimas
foram meu pã o dia e noite, enquanto me é dito diariamente: Onde está
o teu Deus?” ( Salmos 41:4).
Mas, oh, quã o feliz, por outro lado, Deus faz aquelas almas fiéis que
O amam! Sã o Francisco de Assis, tendo deixado tudo por Deus, embora
seus pés estivessem descalços, sua coberta fosse um trapo, e ele
semimorto de frio e fome, experimentou as alegrias do paraíso,
dizendo: “Meu Deus e meu tudo”. Sã o Francisco Bó rgia, depois que se
tornou religioso, e foi obrigado em suas viagens a deitar na palha,
recebeu tã o grandes consolaçõ es que nã o conseguia dormir. Assim
também Sã o Filipe Neri, tendo deixado todas as coisas, Deus lhe deu tal
consolaçã o quando foi descansar, que até exclamou: “Mas, meu Jesus,
deixa-me dormir”. O padre Carlos de Lorena, um jesuíta, dos príncipes
de Lorena, quando se encontrava em sua pobre cela, à s vezes começava
a dançar de alegria. Sã o Francisco Xavier, nas planícies da Índia,
descobriu o peito, dizendo: “Basta, ó Senhor; nã o há mais consolo, pois
meu coraçã o nã o é capaz de suportá -lo”. Santa Teresa disse que uma
gota de consolaçã o celestial dá mais felicidade do que todos os prazeres
e diversõ es do mundo. Ah, Deus nã o pode falhar em Suas promessas de
dar à quele que deixa os bens deste mundo por amor a Ele cem vezes
mais, mesmo nesta vida, de paz e contentamento: “Todo aquele que
deixou casa, ou irmã os, ou irmã s , ou pai, ou mã e, ou filhos, ou terras,
por amor do meu nome, receberã o cem vezes mais, e possuirã o a vida
eterna”. ( Mat. 19:29).
O que, entã o, buscamos? Vamos a Jesus Cristo, que nos chama e diz:
“Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
reanimarei.” ( Mat. 11:28). Ah, a alma que ama a Deus encontra aquela
paz que supera todos os prazeres e gratificaçõ es que os sentidos e o
mundo podem dar: “A paz de Deus, que excede todo o entendimento”. (
Fil. 4:7). É verdade que nesta vida também os santos sofrem, porque
esta terra é o lugar dos méritos, e nã o podemos merecer sem sofrer;
mas, diz Sã o Boaventura, o amor divino é como o mel, que torna doces e
amáveis as coisas mais amargas. Aquele que ama a Deus ama a sua
vontade e, portanto, se alegra em espírito mesmo no meio das afliçõ es,
porque ao abraçá -las sabe que lhe agrada e lhe dá prazer. Ó Deus, os
pecadores desprezam uma vida espiritual; mas nã o o experimentam:
vêem a cruz, mas nã o vêem a sua unçã o. Eles olham apenas, diz Sã o
Bernardo, para as mortificaçõ es sofridas pelos amantes de Deus e os
prazeres dos quais eles se privam; mas nã o percebem os deleites
espirituais com que o Senhor os acaricia. Oh, que os pecadores
experimentem a paz que desfruta uma alma que nã o deseja nada além
de Deus! “Prove e veja (diz Davi) que o Senhor é doce.” ( Salmos 33:9).
Meu irmã o, começa agora a fazer a meditaçã o diá ria, a comunicar com
frequência, a visitar o Santíssimo Sacramento; comece a deixar o
mundo e a se reconciliar com Deus; e você descobrirá que o Senhor lhe
dará mais consolo nesse curto tempo que você passa com Ele do que o
mundo lhe deu com todos os seus divertimentos: “Prove e veja”. Quem
nã o prova, nã o pode compreender a felicidade que Deus concede a uma
alma que O ama.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu querido Redentor, como fui até agora tã o cego a ponto de
deixar a Ti, o Bem infinito, a Fonte de todas as consolaçõ es, pelas
miseráveis e breves gratificaçõ es dos sentidos! Estou espantado com a
minha cegueira; mas estou ainda mais maravilhado com a tua
misericó rdia, que me suportou com tanta bondade, agradeço-te por me
fazeres agora perceber minha loucura e minha obrigaçã o de te amar, eu
te amo, ó meu Jesus, com toda a minha alma ; e desejo amar-Te mais.
Aumenta este desejo e este amor. Enamore minha alma de Ti, que és
infinitamente amável, que nã o deixou nada por fazer para me inspirar
com amor por Ti, e que tanto deseja meu amor. “Se quiseres, podes
purificar-me.” Ah, meu querido Redentor, purifica meu coraçã o dessas
muitas afeiçõ es impuras que me impedem de Te amar como eu poderia
desejar. Nã o está em meu poder fazer meu coraçã o arder com Teu amor,
e nã o amar nada além de Ti; deve ser pelo poder de Tua graça, que
pode fazer tudo o que quer. Afasta-me de todas as coisas, expulsa da
minha alma toda afeiçã o que nã o seja por Ti e torna-me totalmente Teu,
sofro, acima de todos os outros males, pelo desprazer que Te dei, e
resolvo consagrar o resto da minha vida. inteiramente ao Teu santo
amor. Mas Tu deves me capacitar a fazer isso. Fazei-o por aquele
Sangue que derramastes por mim com tanta dor e tanto amor. Que seja
a gló ria do Teu poder, que meu coraçã o, que antes estava cheio de
afeiçõ es terrenas, seja agora todo inflamado com o amor de Ti, meu
Infinito Bem. Ó Mã e de belo amor, faça-me, por tuas oraçõ es, ser, como
sempre foste, todo em chamas com o amor de Deus.
CONSIDERAÇÃO XII
Sobre o hábito do pecado

“O ímpio, quando entra nas profundezas dos pecados,


despreza.”
Provérbios 18:3
PRIMEIRO PONTO _ _
Um dos maiores males que o pecado de Adã o trouxe sobre nó s foi a
má inclinaçã o ao pecado. Isso fez o Apó stolo chorar quando se viu
impelido pela concupiscência para aqueles mesmos pecados que ele
abominava: “Vejo outra lei em meus membros… me cativando na lei do
pecado”. ( Rom. 7:23). Por isso é tã o difícil para nó s, infectados como
estamos por essa concupiscência, e com tantos inimigos nos impelindo
para o mal, chegar sem pecado à nossa pá tria celeste. Ora, sendo tal a
nossa fragilidade, pergunto, o que dizer de um viajante que, tendo que
atravessar o mar em uma grande tempestade, em uma barca quebrada,
o carregasse de maneira que fosse suficiente para afundá -lo mesmo que
estivesse lá ? nenhuma tempestade e o navio forte? O que você predizia
sobre a vida daquele homem? Agora podemos dizer o mesmo do
pecador habitual, que, tendo que passar o mar desta vida - um mar
tempestuoso, no qual tantos se perdem - em uma casca frá gil e
quebrada, como é a nossa carne à qual estamos unidos , ainda o
sobrecarrega com pecados habituais. Tal pessoa dificilmente pode ser
salva, porque um mau há bito cega o entendimento, endurece o coraçã o
e assim o torna obstinado até o fim.
Em primeiro lugar, um mau há bito produz cegueira. E por que, de
fato, os santos sempre imploram por luz de Deus, tremendo para que
nã o se tornem os piores pecadores do mundo? Porque eles sabem que,
se por um momento perderem essa luz, nã o há enormidade que nã o
possam cometer. Como é que tantos cristã os viveram obstinadamente
em pecado até que finalmente se condenaram? “Sua pró pria malícia os
cegou.” ( Sab. 2:21). O pecado os privou da visã o, e assim eles foram
perdidos. Todo pecado produz cegueira; e à medida que o pecado
aumenta, também aumenta a cegueira. Deus é nossa luz; tanto,
portanto, quanto a alma se afasta de Deus, tanto mais cega ela se torna:
“Seus ossos serã o preenchidos com os vícios de sua juventude”. (
Trabalho 20:11). Como em um vaso cheio de terra a luz do sol nã o pode
penetrar, assim em um coraçã o cheio de vícios a luz divina nã o pode
entrar. Por isso, vemos certos pecadores reincidentes perderem toda a
luz e passarem de pecado em pecado, sem mais pensar em emenda: “Os
ímpios andam ao redor”. ( Salmos 11:9). Tendo caído naquele poço
escuro, os infelizes nã o podem fazer nada além de pecar; eles falam
apenas de pecado; eles pensam apenas no pecado; e mal percebem
finalmente o mal que há no pecado. O pró prio há bito de pecar (diz
Santo Agostinho) impede que os pecadores percebam o mal que fazem.
Para que vivam como se nã o acreditassem mais em Deus, no céu, no
inferno ou na eternidade.
E eis que aquele pecado que a princípio feriu com terror, por mau
há bito, nã o causa mais horror: “Faça-os como uma roda e como o
restolho diante do vento”. ( Salmos 82:14). Veja, diz Sã o Gregó rio, com
que facilidade uma palha é agitada pelo menor vento; assim també m
você verá aquele que antes de cair resistiu, pelo menos por algum
tempo, e combateu a tentaçã o, quando o mau há bito é contraído cair
instantaneamente em toda tentaçã o e em toda ocasiã o que se
apresenta de pecado. E porque? Porque o mau há bito o privou de luz.
Santo Anselmo diz que o diabo age com alguns pecadores como quem
segura um pá ssaro amarrado por uma corda; ele permite que ele voe,
mas, quando ele quer, ele o arrasta novamente para a terra. Assim é , diz
o santo, com os pecadores habituais: “Enredados por um mau há bito,
estã o presos pelo inimigo; e embora voando, eles sã o lançados nos
mesmos vícios.” 43 Alguns, acrescenta Sã o Bernardino de Siena,
continuam a pecar, mesmo sem ocasiã o. 44 O santo compara os
pecadores habituais a moinhos de vento, que giram a cada sopro de ar;
e, alé m disso, dê a volta, mesmo que nã o haja um grã o de milho para
moer, e o mestre deseje que eles parem. Você verá um pecador habitual
sem ocasiã o se entregando a maus pensamentos, sem prazer e quase
sem vontade, atraído à força pelo mau há bito. Como observa Sã o Joã o
Crisó stomo: “O há bito é uma coisa impiedosa; força os homens, à s
vezes mesmo contra sua vontade, a cometer atos ilícitos”. Sim, porque
(segundo Santo Agostinho) o mau há bito torna-se finalmente uma
espé cie de necessidade: “Quando nã o se resiste a um há bito, torna-se
uma necessidade”. E, como acrescenta Sã o Bernardino: “O há bito se
transforma em natureza”. Portanto, como é necessá rio que um homem
respire, para os pecadores habituais, que se tornaram escravos do
pecado, parece quase necessá rio que eles pequem. Usei a expressã o de
escravos; há servos que servem por pagamento, mas escravos servem à
força e sem pagamento: para isso vê m alguns pobres miseráveis, que
por fim pecam sem prazer.
“O ímpio, quando chega à s profundezas dos pecados, despreza.” (
Prov. 18:3). Sã o Crisó stomo explica isso do pecador habitual, que,
mergulhado naquele poço de escuridã o, despreza correçõ es, sermõ es,
censuras, inferno, Deus – despreza tudo e se torna como o abutre, que,
em vez de deixar o corpo morto, se permite ser morto nele. O padre
Recupito relata que um criminoso a caminho da execuçã o levantou os
olhos, viu uma jovem e consentiu com um mau pensamento. Conta
ainda padre Gisolfo que um blasfemo, igualmente condenado à morte,
proferiu uma blasfêmia ao ser atirado da escada. Sã o Bernardo chega a
dizer que nã o adianta orar pelos pecadores habituais, mas devemos
chorar por eles como perdidos. Como eles podem, de fato, evitar o
precipício se nã o vêem mais? Requer um milagre da graça. Esses seres
infelizes abrirã o seus olhos no inferno, quando nã o adiantará abri-los, a
nã o ser para chorar mais amargamente sua loucura.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu Deus, Tu me concedeste bênçã os de sinal, favorecendo-me
acima dos outros; e eu claramente te defendi por te ultrajar mais do que
qualquer outra pessoa conhecida por mim. Ó Coraçã o dolorido do meu
Redentor, aflito e atormentado na cruz pela visã o dos meus pecados,
dai-me, por vossos méritos, uma viva percepçã o das minhas ofensas e
dor por elas. Ah, meu Jesus, estou cheio de vícios; mas Tu és onipotente,
Tu podes facilmente encher minha alma com Teu santo amor. Em Ti,
entã o, eu confio; Tu que és infinita bondade e infinita misericó rdia. Eu
me arrependo, ó meu Soberano Bem, por ter Te ofendido. Oh, que eu
preferisse morrer e nunca Te tivesse causado nenhum desprazer! Eu te
esqueci; mas nã o me desamparaste; Eu o percebo pela luz que Tu agora
me dá s. Já que Tu me dá s luz, dá -me também forças para ser fiel a Ti. Eu
prometo a Ti morrer mil vezes mais do que nunca mais voltar as costas
para Ti. Mas todas as minhas esperanças estã o em Tua assistência: “Em
Ti, ó Senhor, esperei; que eu nã o seja confundido para sempre.” Espero
em Ti, meu Jesus, nunca mais me encontrar enredado em iniqü idade e
privado de Tua graça. A ti também me dirijo, ó Maria, minha bendita
Senhora: “Em ti, ó Senhora, esperei; que eu nã o seja confundido para
sempre.” Ó minha esperança, confio por tua intercessã o que nunca mais
me encontrarei em inimizade com teu Filho. Ah, implore-lhe que me
deixe morrer do que que me abandone a este maior dos infortú nios.

SEGUNDO PONTO _ _

Alé m disso, um mau há bito endurece o coração: “O há bito do pecado


endurece o coraçã o”; 45 e Deus justamente o permite como puniçã o
pela resistê ncia aos Seus chamados. O Apó stolo diz que o Senhor “tem
misericó rdia de quem quer; e a quem quer endurece”. ( Rom. 9:18).
Santo Agostinho explica assim: Nã o é que Deus endureça o pecador
habitual; mas Ele retira Sua graça em puniçã o à sua em gratidã o pelas
graças passadas, e assim seu coraçã o se torna duro e como uma pedra:
“Seu coraçã o será tã o duro quanto uma pedra e tã o firme quanto a
bigorna de um ferreiro”. ( Trabalho 41:15). Por isso, quando outros se
comovem e choram ao ouvir sermõ es sobre os rigores da justiça divina,
as dores dos condenados e a paixã o de Jesus Cristo, o pecador habitual
nã o é afetado de forma alguma; ele falará dessas coisas e as ouvirá com
indiferença, como se fossem coisas que nã o lhe dizem respeito; e ele só
ficará mais endurecido: “Ele será tã o firme quanto a bigorna de um
ferreiro”. Mesmo mortes repentinas, terremotos, raios e relâ mpagos
nã o o aterrorizarã o mais; em vez de despertá -lo e fazê -lo entrar em si
mesmo, eles produzirã o nele aquele estupor de morte em que ele
dorme desesperadamente: “À tua repreensã o, ó Deus de Jacó , todos eles
dormiram”. ( Salmos 75:7). Um mau há bito aos poucos destró i até
mesmo o remorso de consciê ncia. Para o pecador habitual, os pecados
mais enormes parecem nada, diz Santo Agostinho: “Os pecados, por
mais horríveis que sejam, uma vez habituais, parecem pouco ou
nenhum pecado”. A prá tica do pecado naturalmente traz consigo uma
certa vergonha; mas, diz Sã o Jerô nimo, “os pecadores habituais perdem
até a vergonha de pecar”. Sã o Pedro compara o pecador habitual ao
porco que chafurda na lama. ( 2 Pedro 2:22). Como o porco que rola na
lama nã o percebe o mau cheiro, assim é com o pecador habitual; esse
fedor, que é percebido por todos os outros, é despercebido apenas por
ele. E, supondo que a lama o tenha privado també m da visã o, que
maravilha é , diz Sã o Bernardino, que ele nã o corrija nem mesmo
quando Deus o castiga! “O povo chafurda no pecado, como a porca num
tanque de imundície; que maravilha é se eles nã o percebem os
julgamentos vindouros de um Deus vingador!” 46 Por isso, em vez de
lamentar seus pecados, ele se alegra com eles, ri deles, se gaba deles:
“Eles se alegram quando fazem o mal”. “Um tolo faz o mal, por assim
dizer, por esporte.” ( Prov. 2:14; 10:23). Que sinais nã o sã o estes de
obstinaçã o diabó lica! Sã o todos sinais de condenaçã o, diz Sã o Tomá s
de Villanova: “A dureza do coraçã o é o sinal da condenaçã o”. Meu irmã o,
trema para que o mesmo nã o aconteça com você . Se por acaso você
tem algum mau há bito, esforce-se para quebrá -lo rapidamente, agora
que Deus o chama. E enquanto sua consciê ncia o ferir, regozije-se; pois
é um sinal de que Deus ainda nã o o abandonou. Mas corrija e deixe-o
rapidamente; pois se nã o, a ferida se tornará gangrenada e você estará
perdido.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Como posso agradecer-te, ó Senhor, como devo pelas muitas graças
que me concedeste? Quantas vezes Tu me chamaste, e eu resisti! Em
vez de Te agradecer e Te amar por ter me livrado do Inferno, e me
chamado com tanto amor, continuei a provocar Tua ira retribuindo-Te
com insultos Nã o, meu Deus, nã o vou mais ultrajar Tua paciência; Eu te
ofendi o suficiente. Só tu, que és amor infinito, poderias ter me
suportado até agora. Mas agora vejo que Tu nã o podes mais me
suportar; e com razã o. Perdoe, entã o, meu Senhor e meu Soberano Bem,
todas as minhas ofensas contra Ti; do qual me arrependo de todo o
coraçã o, pois pretendo no futuro nunca mais Te ofender. O que! Devo
continuar sempre a provocar-te? Ah, apazigua-te comigo, ó Deus da
minha alma; nã o por meus méritos, para os quais só a vingança e o
inferno estã o reservados, mas pelos méritos de Teu Filho e meu
Redentor, em que coloco minha esperança. Pelo amor, pois, de Jesus
Cristo, recebe-me na Tua graça e dá -me perseverança no Teu amor.
Afasta-me de todas as afeiçõ es impuras e atrai-me inteiramente a Ti. Eu
Vos amo, ó grande Deus, ó Supremo Amante das almas, digno de amor
infinito. Oh, que eu sempre tenha Te amado! Ó Maria, minha Mã e, fazei
que o resto da minha vida seja gasto, nã o ofendendo a vosso Filho, mas
somente amando-O e chorando o desgosto que Lhe causei.
TERCEIRO PONTO _ _

Quando a luz se perde e o coraçã o se endurece, a consequê ncia


provável será que o pecador terá um fim ruim e morrerá obstinado em
seu pecado: “ Um coraçã o duro acabará mal”. ( Eclus. 3:27). Os justos
continuam a andar no caminho reto: “O caminho dos justos é reto para
andar”. ( Isaías 26:7). Os pecadores habituais, ao contrá rio, andam
sempre em círculo: “Os ímpios andam ao redor”. ( Salmos 11:9). Eles
deixam o pecado por um tempo, e entã o retornam a ele. A esses, Sã o
Bernardo anuncia a condenaçã o: “Ai do homem que segue este círculo!”
Tal pessoa dirá : Eu me emendarei antes de morrer. Mas a dificuldade
está nisto, que um pecador habitual deve se emendar mesmo que atinja
a velhice. O Espírito Santo diz: “Um jovem segundo o seu caminho ,
mesmo quando for velho, nã o se desviará dela”. ( Prov. 22:6). A razã o é ,
de acordo com Sã o Tomá s de Villanova, que nossa força é muito fraca:
“Sua força será como as cinzas do reboque”. ( Isaías 1:31). Disso se
segue, como observa o santo, que a alma, privada da graça, nã o pode
evitar cometer novos pecados: “Assim acontece que a alma, destituída
de graça, nã o pode escapar de novos pecados”. 48 Mas , alé m disso, que
loucura seria uma pessoa jogar e perder voluntariamente tudo o que
possuía, na esperança de reconquistá -lo na ú ltima aposta! Tal é a
loucura daqueles que continuam a viver em pecado e esperam no
ú ltimo momento de suas vidas reparar tudo. O etíope ou o leopardo
podem mudar a cor de sua pele? E como pode levar uma vida boa quem
contraiu um longo há bito de pecado? “Se o etíope pode mudar sua pele,
ou o leopardo suas manchas, você també m pode fazer bem quando
aprendeu o mal.” ( Jr. 13:23). Daí acontece que o pecador habitual se
abandona finalmente ao desespero, e assim termina sua vida. ( Prov.
14:28).
Sã o Gregó rio, naquela passagem de Jó , “Ele me rasgou com ferida
sobre ferida, ele se lançou sobre mim como um gigante”. ( Trabalho
16:15), comenta: “Se uma pessoa é atacada por um inimigo, talvez seja
capaz de se defender ao primeiro ferimento que recebe; mas quanto
mais feridas sã o infligidas a ela, mais força ele perde, até que
finalmente seja vencido e morto”. Assim é com o pecado: apó s a
primeira, apó s a segunda vez, o pecador ainda tem alguma força
(sempre, entenda-se, por meio da graça, que o assiste); mas se ele
continua a pecar, o pecado se torna um gigante: “Ele se precipita sobre
ele como um gigante”. Por outro lado, sendo o pecador mais fraco e
coberto de feridas, como ele pode escapar da morte? O pecado, segundo
Jeremias, é como uma pedra pesada que pesa sobre a alma: “Pedram-
me uma pedra”. ( Lam. 3:53). Agora Sã o Bernardo diz que é tã o difícil
para um pecador habitual se levantar, quanto para quem caiu sob uma
pedra pesada e nã o tem força suficiente para removê-la, para se libertar
dela; “Levanta-se com dificuldade quem é pressionado pela massa de
um mau há bito.”
Mas o pecador habitual exclamará : Entã o meu caso é
desesperador? Nã o, nã o desesperado, se você deseja corrigir. Mas bem
observa certo autor, que grandes males exigem grandes remé dios: “É
bom em doenças graves começar a cura por remé dios severos”. 49 Se
um mé dico dissesse a um doente em perigo de morte, que se recusasse
a aplicar os remé dios adequados, ignorando a gravidade de sua doença:
“Meu amigo, você é um homem morto a menos que tome tal remé dio;”
como o doente responderia? “Eis-me”, dizia ele, “pronto para receber
qualquer coisa; minha vida está em jogo.” Caro cristã o, digo-te o
mesmo: se contraíste o há bito de algum pecado, está s mal, e do
nú mero daqueles doentes que “raramente se curam”, segundo Sã o
Tomá s de Villanova. Você está à beira da perdiçã o. Se, no entanto, você
deseja se recuperar, há um remé dio: mas você nã o deve esperar um
milagre da graça; você deve, por sua vez, fazer violê ncia a si mesmo,
deve fugir das ocasiõ es perigosas, evitar as má s companhias e resistir
quando for tentado, recomendando-se a Deus. Deves fazer uso dos
meios adequados, confessando-te frequentemente, lendo todos os dias
um livro espiritual, praticando a devoçã o à Santíssima Virgem, orando
constantemente a Ela para que te obtenha forças para nã o recair. Você
deve fazer violê ncia a si mesmo, caso contrá rio a ameaça do Senhor
contra o obstinado será cumprida em seu respeito: “Você morrerá em
seu pecado”. ( João 8:21). E se você nã o corrigir agora que Deus lhe dá
luz, será mais difícil fazê -lo mais tarde. Ouça Deus, que te chama:
“Lá zaro, vem para fora”. Pobre pecador, já morto, saia da sepultura
escura de sua vida ruim. Responda rapidamente, entregue-se a Deus e
trema para que este nã o seja seu ú ltimo chamado.
A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, devo, entã o, esperar até que você me abandone
absolutamente e me mande para o inferno? Ah, Senhor, espera por
mim; pois estou decidido a mudar minha vida e me entregar a Ti. Diga-
me o que devo fazer, e o farei, ó Sangue de Jesus, socorre-me. Ó Maria,
Advogada dos pecadores, socorre-me; e Tu, Pai Eterno, pelos méritos de
Jesus e Maria, tem piedade de mim. Arrependo-me, ó Deus de infinita
bondade, de Vos ter ofendido; e eu Te amo acima de todas as coisas.
Perdoe-me, pelo amor de Jesus Cristo, e dê-me o Teu amor. Dá -me
também um grande temor de minha perdiçã o eterna se eu te ofender
novamente. Luz, ó meu Deus, luz e força! Espero por todos por Tua
misericó rdia. Tu me concedeste tantas graças quando vaguei longe de
Ti; quanto mais, entã o, posso esperar agora que volto para Ti, decidido
a te amar somente. Eu te amo, meu Deus, minha vida, meu tudo. Eu
também te amo, ó Maria, minha Mã e; a ti entrego minha alma;
preserva-o por tua intercessã o de cair novamente em desgraça com
Deus.
CONSIDERAÇÃO XIII
As ilusões que o diabo sugere às mentes dos pecadores

(Embora muitos dos sentimentos contidos nesta


Consideração se encontrem nas anteriores, é, no
entanto, útil reuni-los, a fim de superar as habituais
ilusões de que o diabo se serve para induzir os
pecadores à recaída).
PRIMEIRO PONTO _ _
Imaginemos um jovem que caiu em pecados graves, os confessou e
recuperou a graça divina. O diabo novamente o tenta a cair: ele ainda
resiste, mas já vacila pelos enganos sugeridos a ele pelo inimigo. Jovem,
eu digo, me diga, o que você vai fazer? Você vai agora perder a graça de
Deus, que você recuperou, e que é de mais valor do que o mundo
inteiro, por esta gratificaçã o miserável? Você escreverá sua pró pria
sentença de morte eterna e se condenará a queimar para sempre no
inferno? “Nã o”, você diz, “nã o desejo me condenar, desejo ser salvo; se
eu cometer este pecado, depois o confessarei”. Eis a primeira ilusã o do
tentador. Você me diz, entã o, que depois confessará ? Mas nesse meio
tempo você já perde sua alma. Diga-me, se você tivesse em sua mã o
uma jó ia que vale mil dutos, você a jogaria no rio, dizendo: Depois vou
procurar diligentemente, e espero encontrá -la? Você segura em sua
mã o aquela jó ia preciosa de sua alma, que Jesus Cristo comprou por Seu
Sangue; e você o lança voluntariamente no inferno (porque ao pecar
você está , de acordo com a justiça presente, já condenado), e diz: Mas
espero recuperá -lo pela confissã o. Mas supondo que você nã o deve
recuperá -lo? Para recuperá -lo, você deve ter o verdadeiro
arrependimento, que é dom de Deus; e se Deus nã o lhe der esse
arrependimento? e se a morte viesse e tirasse de você o tempo para a
confissã o?
Você diz que nã o deixará passar uma semana sem confissã o; e quem
te promete esta semana? Você diz que vai se confessar amanhã ; e quem
te promete isso amanhã ? Santo Agostinho diz: “Deus nã o te prometeu
amanhã ; talvez Ele o dê a você, e talvez Ele o negue a você”, como Ele
negou a tantos, que foram para a cama vivos à noite e foram
encontrados mortos pela manhã . Quantos Deus matou e enviou ao
inferno no pró prio ato de pecar!
E se Ele fizer o mesmo com você, como você pode reparar sua ruína
eterna? Saiba que através desta ilusã o, “eu confessarei depois,” o diabo
levou milhares e milhares de cristã os para o inferno; já que dificilmente
encontraremos um pecador tã o desesperado a ponto de resolver
positivamente se condenar: todos, mesmo quando cometem pecado, o
fazem na esperança de futura confissã o. Mas, assim, tantas pobres
almas se perderam, e agora nã o podem mais reparar o passado.
Mas você diz: “No momento, nã o sinto forças para resistir a essa
tentaçã o”. Eis a segunda ilusã o do diabo, que te faz parecer impossível
resistir à presente paixã o. Em primeiro lugar, deves saber que Deus,
como diz o Apó stolo, é fiel e nunca permite que sejamos tentados
acima das nossas forças: «Fiel é Deus, que nã o vos deixará tentar acima
do que podeis. ” ( 1Cor. 10:13). Alé m disso, pergunto a você , se você nã o
está confiante agora de ser capaz de resistir, como você pode esperar
resistir no futuro? Daqui por diante o diabo nã o deixará de tentá -lo a
outros pecados; e entã o ele se tornará muito mais forte contra você , e
você ficará mais fraco. Se, entã o, você sente que nã o pode extinguir
essa chama, como você pode esperar fazê -lo onde ela será
infinitamente maior? Você diz, Deus vai me ajudar. Mas Deus o ajuda
agora; por que, entã o, com esta ajuda você nã o resistirá ? Você espera
que Deus aumente Suas ajudas e Suas graças depois que você
aumentou o nú mero de seus pecados? E se você agora precisa de maior
ajuda e força, por que nã o pede isso a Deus? Você por acaso duvida da
fidelidade de Deus, que prometeu dar tudo o que Lhe é pedido? “Pedi, e
dar-se-vos-á .” ( Mat. 7:7). Deus nã o pode falhar; recorra a Ele, e Ele lhe
dará a força que você precisa para resistir. “Deus nã o ordena
impossibilidades”, diz o Concílio de Trento; “mas ordenando tanto te
admoesta a fazer o que você é capaz, e orar pelo que você nã o é capaz
(de fazer), e te ajuda para que você seja capaz”. 50 Deus nã o nos ordena
o que é impossível; mas ao nos impor Seus preceitos, Ele nos admoesta
a fazer o que pudermos com a ajuda real que Ele nos concede; e se essa
ajuda for insuficiente para resistirmos, Ele nos exorta a pedir mais
ajuda; e se pedirmos corretamente, Ele certamente nos dará .

ORAÇÃ O _
É , entã o, ó meu Deus, porque Tu tens sido tã o bom para mim, que eu
tenho sido tã o ingrato a Ti? Estamos envolvidos em uma competiçã o –
eu para fugir de Ti e Tu para me perseguir; Tu para me fazer o bem, e
eu para te devolver o mal. Ah, meu Senhor, se nã o houvesse outro
motivo, somente Tua bondade para comigo deveria me enamorar de Ti,
pois enquanto eu aumentei meus pecados, Tu aumentaste Tuas graças.
E como eu mereci a luz que Tu agora me dá s? Meu Senhor, eu Te
agradeço por isso de todo o meu coraçã o; e espero Te agradecer por
isso por toda a eternidade no Céu. Espero ser salvo pelo Teu Sangue; e
espero-o com certeza, pois Tu me mostraste tã o grande misericó rdia.
Enquanto isso, espero que Tu me dês forças para nunca mais te trair.
Proponho, com Tua graça, (mentir mil vezes ao invés de te ofender
mais. Já te ofendi o suficiente; durante o resto de minha vida eu te
amarei. E como posso amar um Deus, que, depois de ter morreu por
mim, suportou-me com tanta paciência, apesar das muitas injú rias que
Lhe fiz! Ó Deus da minha alma, arrependo-me de todo o coraçã o;
gostaria de poder morrer de tristeza. Mas se no passado dei as costas a
Vó s, agora Vos amo sobre todas as coisas, Vos amo mais do que a mim
mesmo. Eterno Pai, pelos méritos de Jesus Cristo, socorre um miserável
pecador, que deseja Vos amar. Maria, minha esperança, socorre-me;
obtém-me a graça de recorrer sempre a teu Filho e a ti sempre que o
demô nio me tentar para ofendê-la novamente.
SEGUNDO PONTO _ _

O pecador diz: “Deus é misericordioso”. Veja a terceira ilusã o


comum dos pecadores, pela qual grandes nú meros sã o perdidos. Um
erudito autor declara que a misericó rdia de Deus envia mais almas ao
inferno do que Sua justiça; porque esses infelizes, confiando
precipitadamente em Sua misericó rdia, continuam no pecado e assim
estã o perdidos. Deus é misericordioso. Quem nega? No entanto,
quantos Ele envia diariamente para o Inferno? Ele é misericordioso;
mas Ele também é justo e, portanto, é obrigado a punir aqueles que O
ofendem. Ele mostra misericó rdia; mas para quem? À quele que O teme:
“Sua misericó rdia é para com os que a temem”. “O Senhor se compadece
dos que o temem”. ( Salmos 102:11, 13).
Mas quanto à queles que o desprezam e abusam de sua misericó rdia
apenas para desprezá -lo ainda mais, ele exerce justiça em relaçã o a
eles. E com razã o. Deus perdoa o pecado; mas Ele nã o pode perdoar a
determinaçã o de pecar. Santo Agostinho diz que aquele que peca com a
intençã o de se arrepender depois, nã o é um penitente, mas um
zombador de Deus. Por outro lado, o Apó stolo nos diz que Deus nã o se
deixa escarnecer: “Nã o se enganem, Deus nã o se deixa escarnecer”. (
Gálatas 6:7). Seria zombar de Deus ofendê-lo como quisermos e quando
quisermos, e depois esperar o céu.
“Mas, como Deus até agora me mostrou tantas misericó rdias e nã o
me puniu, espero que Ele me mostre misericó rdia no futuro.” Eis a
quarta ilusã o. Porque, entã o, Deus teve compaixã o de você, portanto,
Ele sempre deve mostrar compaixã o por você e nunca castigá -lo? Pelo
contrá rio, quanto maiores as misericó rdias que Ele mostrou a você,
tanto mais você deve tremer para que Ele nã o mais o perdoe e o
castigue se você O ofender novamente. “Nã o digas”, nos é dito em
Eclesiá stico – “Nã o digas, eu pequei, e que mal me aconteceu? pois o
Altíssimo é um recompensador paciente.” ( Eclus. 5:4); Eu pequei e nã o
fui punido, porque Deus persevera; mas Ele nã o dura para sempre.
Quando o limite fixado por Ele para as misericó rdias que Ele pretende
mostrar a um pecador é atingido, Ele entã o pune todos os seus pecados
juntos. E quanto mais Ele esperou por seu arrependimento, tanto mais
severo será seu castigo; como diz Sã o Gregó rio: “Aqueles a quem Ele
mais espera, Ele pune mais severamente”.
Se, entã o, você percebe, meu irmã o, que muitas vezes ofendeu a
Deus, e Deus nã o o lançou no inferno, você deve dizer: “As misericó rdias
do Senhor que nã o somos consumidos”. ( Lam. 3:22). Senhor, eu Te
agradeço porque Tu nã o me enviaste para o Inferno, como eu merecia.
Considere quantos foram condenados por menos pecados do que você
cometeu e, lembrando-se disso, esforce-se para expiar suas ofensas
contra Deus por penitência e outras boas obras. A paciência que Deus
teve com você deve animar você nã o para desagradá -lo ainda mais, mas
para amá -lo e servi-lo melhor do que você tem feito; considerando que
Ele mostrou a você tantas misericó rdias, que Ele nã o mostrou aos
outros.

ORAÇÃ O _
Meu Jesus crucificado, meu Redentor e meu Deus, eis um traidor a
Teus pés. Tenho vergonha de aparecer diante de Ti. Quantas vezes
zombei de Ti, quantas vezes prometi nunca mais ofender-te! Mas
minhas promessas foram todas traiçoeiras; desde que, quando a
ocasiã o se apresentou, eu esqueci de Ti, e novamente virei as costas
para Ti. Agradeço-Te que minha morada neste momento nã o é no
Inferno; mas que, em vez disso, permites que eu esteja aos Teus pés, e
me ilumines, e me chames ao Teu amor. Sim, estou decidido a Te amar,
meu Salvador e meu Deus, e nunca mais Te desprezar. Você me
suportou por tempo suficiente. Percebo que Tu nã o podes mais me
suportar. Infeliz de mim, se depois de tantas graças vos ofender outra
vez! Senhor, determino-me resolutamente a mudar minha vida e a Te
amar tanto quanto Te ofendi. Alegro-me por ter que lidar com bondade
infinita como a Tua. Arrependo-me acima de todas as coisas de ter
desprezado a Ti como fiz, e prometo a Ti todo o meu amor no futuro.
Perdoa-me pelos méritos de Tua paixã o; esqueça as injú rias que te fiz; e
me dê forças para ser fiel a Ti durante o resto de minha vida. Eu Te amo,
ó meu Soberano Bem; e espero te amar sempre. Meu querido Senhor,
nã o Te deixarei mais. Ó Maria, Mã e de Deus, liga-me a Jesus Cristo; e
obtenha para mim a graça de nunca mais me afastar de Seus pés. Em ti
confio.

TERCEIRO PONTO _ _

“Mas eu sou jovem; Deus tem compaixã o dos jovens; aqui depois me
entregarei a Deus”. Chegamos agora à quinta ilusã o. Você é jovem. Mas
você nã o sabe que Deus nã o conta os anos, mas os pecados de cada um?
Você é jovem. Mas em quantos pecados você caiu? Pode haver muitos
idosos que nã o foram culpados nem mesmo da décima parte dos
pecados que você cometeu. E você nã o sabe que Deus fixou o nú mero e
a medida dos pecados que Ele perdoará em cada um? “O Senhor espera
pacientemente (diz a Escritura), para que, quando o dia do julgamento
vier, Ele possa puni-los (as naçõ es) na plenitude de seus pecados”. ( 2
Mach. 6:14). Ou seja, Deus tem paciência e espera até certo ponto; mas
quando a medida dos pecados que Ele determinou perdoar está cheia,
Ele nã o perdoa mais, mas castiga o pecador, seja por uma morte sú bita
no estado de condenaçã o em que ele está , ou abandonando-o ao seu
pecado – um castigo pior do que a morte: “Vou tirar a sua cerca, e será
desperdiçada”. ( Isaías 5:5). Se você tem um pedaço de terra que você
tem cercado com uma cerca de espinhos, cultivado por muitos anos e
gastou muito dinheiro, e você vê que afinal nã o dá frutos, o que você
faz? Você tira a cerca e a deixa à desolaçã o. Treme para que Deus nã o
faça o mesmo com você. Se você continuar a pecar, gradualmente
deixará de sentir remorso de consciência; você nã o pensará mais na
eternidade nem em sua alma; você perderá quase toda a luz; você
perderá todo o medo. Eis que a cerca foi tirada, eis que Deus já te
abandonou.
Vamos agora à ú ltima ilusã o. Você diz: “É verdade que por este
pecado eu perco a graça de Deus, e me condeno ao inferno; pode ser
que por este pecado seja condenado; mas também pode ser que eu
depois confesse e seja salvo. Verdade, eu admito que você ainda pode
ser salvo; pois, afinal, nã o sou profeta e nã o posso dizer com certeza
que depois desse pecado Deus nã o terá mais misericó rdia de você. Mas
você nã o pode negar que, depois de tantas graças que o Senhor lhe
concedeu, muito provavelmente você estará perdido se agora voltar a
ofendê-lo. É dito nas Escrituras: “Um coraçã o duro chegará ao mal no
final”. ( Eclus. 3:27); “Os malfeitores serã o exterminados”. ( Salmos
36:9): os malfeitores serã o finalmente eliminados pela justiça divina. “O
que o homem semear, isso também colherá .” ( Gálatas 6:8): quem
semeia em pecados, no final colherá apenas dores e tormentos. "Eu
liguei, e você se recusou... Eu vou rir de sua destruiçã o e zombar de
você." ( Prov. 1:24, 26): Eu te chamei, diz Deus, e tu zombou de mim;
mas zombarei de ti na hora da morte. “A vingança é minha, e eu
retribuirei no devido tempo.” ( Deut. 32:35): a vingança é Minha, e eu
retribuirei quando chegar a hora. Assim, entã o, as Escrituras falam de
pecadores obstinados; tal é o que a razã o e a justiça exigem. Você me
diz: “Mas talvez, afinal, eu seja salvo”. E repito, sim, talvez; mas que
loucura, eu também digo, repousar a salvaçã o eterna em um talvez, e
sobre um talvez tã o incerto! Este é um caso para ser colocado em tal
perigo?

ORAÇÃ O _
Meu querido Redentor, prostrado aos Teus pés, agradeço-Te por nã o
ter me abandonado depois de tantos pecados. Que nú meros, que Te
ofenderam menos do que eu, nunca receberã o a luz que Tu agora me
dá s! Percebo que verdadeiramente Tu desejas minha salvaçã o; e desejo
ser salvo principalmente para agradar a Ti. Desejo cantar as muitas
misericó rdias que Tu me mostraste por toda a eternidade no Céu.
Espero que agora, a esta hora, já me tenhas perdoado; mas mesmo que
eu esteja em desgraça contigo, porque nã o soube como me arrepender
de minhas ofensas contra ti como deveria, agora me arrependo delas
com toda a minha alma e sofro por elas acima de todos os outros males.
Perdoa-me em tua misericó rdia e aumenta em mim cada vez mais
tristeza por ter ofendido a ti, meu Deus, que és tã o bom. Dá -me tristeza,
e dá -me amor. Eu Vos amo acima de todas as coisas, mas ainda Vos amo
muito pouco; Desejo muito Te amar; e eu peço este amor de Ti, e espero
por isso de Ti. Ouve-me, meu Jesus; pois Tu prometeste ouvir aqueles
que Te invocam. Ó Maria, Mã e de Deus, todos me assegurem que nunca
mandas embora desconsolados aqueles que se recomendam a ti. Ó
minha esperança depois de Jesus, eu voo para ti, e em ti confio;
recomenda-me a teu Filho e salva-me.
CONSIDERAÇÃO XIV
Sobre o Julgamento Particular

“Todos nós devemos ser manifestados perante o


tribunal de Cristo.”
2 Coríntios 5:10
PRIMEIRO PONTO _ _
Consideremos a aparência da alma diante de Deus - a acusaçã o, o
exame e a sentença. E em primeiro lugar, no que diz respeito ao
comparecimento da alma perante o Juiz: é opiniã o comum entre os
teó logos que o julgamento particular ocorre no exato momento em que
um homem expira; e que no mesmo lugar onde a alma está separada do
corpo, ela é julgada por Jesus Cristo, que nã o enviará , mas virá Ele
mesmo para julgar sua causa: “A que hora nã o pensais que virá o filho
do homem. ” ( Lucas 12:40). “Para o justo Ele virá em amor”, diz Santo
Agostinho; “para os ímpios aterrorizados”. Oh, que terror sentirá aquele
que contempla seu Redentor pela primeira vez, e O contempla em Sua
ira! “Quem estará diante da face de Sua indignaçã o?” ( Naum 1:6).
Refletindo sobre isso, o padre Luís da Ponte estremeceu a ponto de
sacudir sua cela. O venerável padre Juvenal Ancina, ao ouvir o Dies iræ
cantado, ao pensar no terror que a alma sentirá ao ser apresentada
diante do tribunal, resolveu deixar o mundo; qual resoluçã o ele pô s em
vigor. A visã o da ira do Juiz será o precursor da condenaçã o: “A ira de
um rei é como mensageiros da morte.” ( Prov. 16:14). Sã o Bernardo diz
que a alma sofrerá mais do que ver a indignaçã o de Jesus do que estar
no inferno em si: “Ela preferiria estar no inferno”. presença de um juiz
terreno. Piso sentiu tanta confusã o ao comparecer perante o Senado
vestido de criminoso, que se suicidou. Que dor é para uma criança ou
para um sú dito ver um pai ou um príncipe seriamente ofendido! Mas
oh, quã o maior dor será para aquela alma contemplar Jesus Cristo, a
quem ela desprezou durante a vida! “Olharã o para aquele a quem
traspassaram”. ( João 19:37). Aquele Cordeiro que em vida teve tanta
paciência, a alma o verá enfurecido, sem qualquer esperança de
apaziguá -lo; ela entã o chamará as montanhas para que caiam sobre ela,
e assim a esconderá da fú ria do Cordeiro irado: “Caia sobre nó s e nos
esconda da ira do cordeiro”. ( Apoc. 6:16). Sã o Lucas, falando do
julgamento, diz: “Entã o verã o o Filho do Homem”. ( Lucas 21:27). Oh,
que tormento será para o pecador contemplar o Juiz na forma de
homem! Porque a visã o daquele que como homem morreu por sua
salvaçã o o repreenderá com mais força com sua ingratidã o. Quando o
Salvador subiu ao céu, os anjos disseram aos discípulos: “Este Jesus,
que dentre vó s foi elevado ao céu, virá como o vistes subir ao céu”. (
Atos 1:2). O Juiz virá entã o com as mesmas feridas com que deixou a
terra: “Grande alegria para quem vê, grande terror para quem está na
expectativa”, diz o abade Rupert. Essas feridas consolarã o os justos e
aterrorizarã o os ímpios. Quando José disse a seus irmã os: “Eu sou José,
a quem você vendeu”, as Escrituras dizem que, por medo, eles ficaram
em silêncio e incapazes de falar: “Seus irmã os nã o puderam responder-
lhe, sendo tomados de grande medo”. ( Gên. 45:3). Como, entã o, o
pecador responderá a Jesus Cristo? Ele ousará pedir misericó rdia,
quando primeiro deve prestar contas de seu abuso de misericó rdias
passadas? “Com que rosto”, diz Eusébio Emisseno, “você pedirá
misericó rdia, quando primeiro deve ser julgado pelo desprezo da
misericó rdia?” “O que, entã o, ele fará”, diz Santo Agostinho? Para onde
ele voará quando vir seu Juiz irado acima, Inferno aberto abaixo, de um
lado seus pecados o acusando, do outro demô nios preparados para
executar a sentença, e dentro dele uma consciência arrependida?
“Acima dele estará o juiz indignado, abaixo do terrível Inferno, à sua
direita seus pecados para acusá -lo, à sua esquerda demô nios para
arrastá -lo para o local de tortura, dentro dele uma consciência ardente:
para onde, quando assim endireitado, pecador voar?”

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó meu Jesus, sempre te chamarei Jesus; Teu nome me consola, me
anima, me lembrando que Tu és meu Salvador, que morreste para
minha salvaçã o. Eis-me aos Teus pés. Reconheço que mereci o Inferno
tantas vezes quanto Te ofendi pelo pecado mortal. sou indigno de
perdã o; mas Tu morreste para obter meu perdã o. Recordare, Jesu pie,
quod sum causa tuæ viae. Apressa-te, pois, meu Jesus, a perdoar-me
antes que venhas julgar-me. Nã o posso mais pedir misericó rdia; mas
agora posso pedi-la e espero obtê-la. Tuas feridas me encherã o de
terror; mas agora eles me dã o confiança. Meu querido Redentor,
lamento acima de todos os outros males por ter ofendido Tua infinita
bondade. Resolvo aceitar cada dor e cada perda em vez de perder Tua
graça. Eu Te amo com todo meu coraçã o. Tem piedade de mim: “Tem
misericó rdia de mim segundo a tua grande misericó rdia”. Ó Maria, Mã e
de Misericó rdia, Advogada dos pecadores, obtende-me grande dor
pelos meus pecados, perdã o e perseverança no amor divino. Eu te amo,
ó minha Rainha, e confio em ti.

SEGUNDO PONTO _ _

Considere a acusaçã o e o exame: “O julgamento foi feito e os livros


foram abertos”. ( Dan. 7:10). Haverá dois livros; o Evangelho e a
consciê ncia. No Evangelho será lido o que o culpado deveria ter feito, e
na consciê ncia o que ele fez. Na balança da justiça divina, nem riquezas,
nem dignidades, nem nobreza, mas apenas obras, serã o pesadas:
“Pesado na balança fostes”, disse Daniel ao rei Balthassar, “e foi achado
em falta”. ( Dan. 5:27). “Nem seu ouro, nem suas riquezas, mas apenas o
rei, foram pesados”, diz o padre Alvarez. Entã o virã o os acusadores; e
antes de tudo o diabo. Santo Agostinho diz: “O diabo estará diante do
tribunal de Cristo e recitará as palavras de tua profissã o. Ele nos
acusará na cara de tudo o que fizemos, o dia e a hora em que pecamos”.
51 “Ele recitará as palavras da tua profissã o;” isto é , ele apresentará

nossas pró prias promessas, nas quais depois falhamos, e nos acusará
de todos os nossos pecados, apontando para o dia e a hora em que os
cometemos. Entã o ele dirá ao Juiz, segundo Sã o Cipriano: “Nã o
suportei golpes e açoites por isso”. Senhor, nada sofri por este culpado;
mas ele te deixou, que morreu para salvá -lo, e se fez meu escravo;
portanto, ele pertence a mim. Os anjos da guarda també m serã o
acusadores, segundo Orígenes: “Cada anjo dará testemunho do nú mero
de anos que trabalhou para ele; mas ele desprezou todo aviso.” 52 Para
que entã o “todos os seus amigos o desprezem”. ( Lam. 1:2). As paredes
dentro das quais o ofensor pecou irã o acusá -lo. “A pedra clamará da
parede”. ( Hab. 2:11). Sua pró pria consciê ncia o acusará : “A sua
consciê ncia lhes dará testemunho no dia em que Deus os julgar”. ( Rom.
2:15). Seus pró prios pecados, diz Sã o Bernardo, falarã o e dirã o: “Tu nos
fizeste, somos tuas obras; nã o te abandonaremos.” Finalmente,
segundo Sã o Crisó stomo, as chagas de Jesus Cristo serã o acusadoras:
“Os pregos reclamarã o de ti; as feridas falarã o contra ti; a Cruz de
Cristo pregará contra ti”. Em seguida, o exame terá início.
O Senhor diz: “Naquele tempo vasculharei Jerusalém com
lâ mpadas”. ( Sof. 1:12). “A lâ mpada”, diz Mendozza, “penetra em todos
os cantos” da casa. E Cornélio à Lapide, explicando estas palavras, “com
lâ mpadas”, diz que Deus entã o colocará diante do culpado os exemplos
dos santos, e todas as luzes e inspiraçõ es que Ele lhe deu durante a
vida, como também todos os anos concedeu-lhe para fazer o bem: "Ele
chamou contra mim o tempo." ( Lam. 1:15). De modo que ele terá que
prestar contas de cada relance do olho: “Uma conta será exigida de ti,
mesmo a um relance do olho”, diz Santo Anselmo. “Ele purificará os
filhos de Levi”. ( Mal. 3:3). Assim como o ouro é purificado separando-o
da escó ria, da mesma maneira serã o peneiradas nossas boas obras,
nossas confissõ es, nossas comunhõ es, etc. “Quando eu tiver um tempo,
julgarei as justiças”. ( Salmos 74:3). Em suma, Sã o Pedro nos diz que, no
julgamento, o justo dificilmente será salvo: “E se o justo dificilmente
será salvo, onde aparecerã o os ímpios e pecadores?” ( Pedro 4:18). Se
tivermos que responder por cada palavra ociosa, que contas teremos
que prestar por tantos maus pensamentos consentidos! Quantas
palavras impró prias! “Se por uma palavra ociosa for exigida uma conta,
o que será para uma palavra de impureza!” diz Sã o Gregó rio. O Senhor
diz especificamente (falando de pecadores escandalosos, que Lhe
roubaram almas): “Eu os encontrarei como uma ursa roubada de seus
filhotes”. ( Osee 13:8). Falando em obras, o Juiz dirá : “Dá -lhe do fruto
das suas mã os”. ( Prov. 31:31). Recompense-o de acordo com as obras
que ele fez.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Jesus, se Tu agora me recompensasses de acordo com as
obras que fiz, o inferno seria meu destino! Ó Deus, quantas vezes eu
mesmo escrevi a sentença de minha condenaçã o à quele lugar de
tormentos! Retribuo-Te graças pela paciência com que há tanto tempo
me suportaste. Ó Deus, se eu neste momento me apresentasse perante
o Teu tribunal, que contas te poderia prestar da minha vida? Ah, Senhor,
espere por mim ainda um pouco mais; nã o me julgue ainda. Se Tu agora
me julgasses, o que seria de mim? Espere por mim; já que Tu me
mostraste tantas misericó rdias até agora, concede-me mais esta: dá -me
uma grande tristeza por meus pecados. Arrependo-me, ó meu Soberano
Bem, por ter Te desprezado tantas vezes. Eu Te amo acima de todas as
coisas. Pai Eterno, perdoe-me pelo amor de Jesus Cristo; e por Seus
méritos, conceda-me a santa perseverança. Meu Jesus, tudo espero pelo
Vosso sangue, Maria Santíssima, em Vó s confio. “Volte, portanto,
gracioso Advogado, seus olhos de misericó rdia para nó s.” Olhe para as
minhas misérias e tenha piedade de mim.
TERCEIRO PONTO _ _

Em conclusã o, para obter a salvaçã o eterna, a alma deve ser


encontrada no juízo final, tendo levado uma vida conforme a vida de
Jesus Cristo: “A quem de antemã o conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho”. ( Rom. 8:29). Foi isso que
fez Jó tremer: “Que farei quando Deus se levantar para me julgar? E
quando ele examinar, que lhe responderei?” ( Trabalho 31:14). Filipe II,
repreendendo um servo que lhe contara uma mentira, disse: “É assim
que me enganas?” O infeliz voltou para casa e morreu de desgosto. O
que o pecador fará ? O que ele pode responder a Jesus Cristo, seu Juiz?
Ele, como o homem do Evangelho que veio à festa sem o traje nupcial,
ficará calado, sem saber o que responder: “Mas ele ficou calado”. ( Mat.
12:12). Seus pró prios pecados fecharã o sua boca: “Toda iniqü idade
fechará sua boca”. ( Salmos 106:42). Sã o Basílio diz que o pecador será
entã o mais atormentado pela vergonha do que pelo pró prio fogo do
Inferno. “A vergonha será mais terrível que o fogo.”
Eis que, finalmente, o Juiz pronunciará a sentença; “Afastem-se de
mim, malditos, para o fogo eterno”. Oh, que terrível trovã o será essa
frase! “Quã o terrivelmente ressoará aquele trovã o!” diz o cartuxo.
Santo Anselmo diz: “Aquele que nã o treme com tal trovã o nã o dorme,
mas está morto”. E Eusé bio acrescenta que tal será o terror dos
pecadores ao ouvir a sentença pronunciada, que se fosse possível eles
morreriam novamente: morrer de novo.” Nã o há mais tempo entã o
para a oraçã o, diz Sã o Tomá s de Villanova; nã o há mais intercessores a
quem recorrer: “Nã o há lugar para oraçã o: ningué m está à mã o para
interceder, nem amigo, nem pai”. Para quem, entã o, eles podem voar?
Talvez a Deus, a quem eles tanto desprezaram? “Quem te livrará ? será
aquele Deus a quem desprezaste?” 55 Para os Santos? Para Maria? Nã o,
pois entã o “as estrelas (isto é , seus santos advogados) cairã o do cé u; e
a lua (que é Maria) nã o dará a sua luz”. ( Mat. 24:29). Santo Agostinho
diz: “Maria voará da porta do paraíso”. 56
Ó Deus, exclama Sã o Tomá s de Villanova, com que indiferença
ouvimos falar do julgamento! Como se a sentença de condenaçã o nã o
pudesse nos tocar, ou como se nã o fô ssemos julgados: “Ai, com que
segurança falamos e ouvimos dessas coisas! como se esta frase nã o nos
afetasse, ou como se esse dia nunca chegasse.” 57 E que loucura,
acrescenta o mesmo santo, descansar seguro em um assunto tã o
perigoso! Nã o digas, meu irmã o, Santo Agostinho te adverte, Ah, Deus
certamente nã o me mandará para o inferno! Nã o digas, exclama o
santo; pois os judeus també m nã o podiam se convencer de que seriam
exterminados; assim, muitos dos condenados nã o acreditariam que
seriam enviados para o Inferno; mas ainda assim o castigo finalmente
veio: “Chegou o fim, chegou o fim … agora cumprirei minha ira em ti e
te julgarei”. ( Ez. 7:6). E assim també m, diz Santo Agostinho, acontecerá
a ti: “O dia do julgamento virá , e você encontrará o que Deus ameaçou
ser verdade”. Agora cabe a nó s escolher nossa pró pria sentença. "Agora
está em nosso pró prio poder a sentença que teremos", diz St. Eligius. O
que, entã o, devemos fazer? Acerte nossas contas antes do julgamento:
“Antes do julgamento, prepara-te a justiça”. (Eclus. 18:19). Sã o
Boaventura diz que, para evitar o fracasso, os comerciantes prudentes
constantemente examinam e acertam suas contas. “O juiz pode ser
apaziguado antes do julgamento, mas nã o durante o julgamento”, diz
Santo Agostinho. Digamos, entã o, com Sã o Bernardo ao Senhor:
“Desejo apresentar-me diante de Ti já julgado, e nã o ser julgado”. Meu
Juiz, desejo ser julgado e punido por Ti em vida, agora que é a hora da
misericó rdia, e que Tu podes me perdoar; pois depois da morte será a
hora da justiça.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu Deus, se eu nã o Vos agradar agora, entã o nã o haverá mais
tempo para Vos apaziguar. Mas como devo apaziguar-te - eu que tantas
vezes desprezei a tua amizade por prazeres miseráveis e brutais?
Retribuí com ingratidã o Teu imenso amor. Que satisfaçã o digna uma
criatura pode dar por ofensas cometidas contra seu Criador? Ah, meu
Senhor, eu Te agradeço por ter me dado em Tua misericó rdia os meios
de apaziguar e satisfazer Tua justiça. Eu Vos ofereço o Sangue e a morte
de Jesus, vosso Filho; e eis que já vejo a Tua justiça aplacada e
superabundantemente satisfeita. Para isso, meu arrependimento é
igualmente necessá rio. Sim, meu Deus, me arrependo de todo o coraçã o
de todas as injú rias que te fiz. Julgue-me agora, entã o, meu Redentor. Eu
detesto acima de todo mal todo o desprazer que te dei. Eu te amo acima
de todas as coisas com todo o meu coraçã o; e pretendo sempre Te amar,
e preferir morrer a Te ofender. Tu prometeste perdoar a quem se
arrepende; ah, julga-me entã o, agora, e absolve-me dos meus pecados.
Aceito o castigo que mereço; mas restaura-me à Tua graça, e preserva-
me nela até que eu morra. Assim espero. Ó Maria, minha Mã e, agradeço-
te as muitas misericó rdias que obtiveste para mim; ah, continue me
protegendo até o fim.
CONSIDERAÇÃO XV
Sobre o julgamento geral

“O Senhor será conhecido quando executar juízos.”


Salmos 9:11
PRIMEIRO PONTO _ _
Atualmente, se considerarmos bem, nã o há ninguém mais
desprezado do que Jesus Cristo. Damos mais conta de um camponês do
que de Deus; porque se insultamos um camponês, tememos que, sendo
ofendido além do suportável, ele possa se vingar; mas quanto a Deus,
nó s O insultamos e acumulamos insultos livremente sobre Ele, como se
Ele nã o pudesse se vingar quando Ele queria: “Eles olhavam para o
Todo-Poderoso como se Ele nã o pudesse fazer nada”. ( Trabalho 22:17).
O Redentor, portanto, designou um dia, que será o dia do juízo geral
(chamado enfaticamente nas Escrituras “o dia do Senhor”), no qual
Jesus Cristo se dará a conhecer como o Senhor todo-poderoso que Ele é:
“O Senhor será conhecido quando executar juízos”. ( Salmos 9:17).
Portanto, aquele dia nã o é mais chamado de dia de misericó rdia e de
perdã o, mas de “dia de ira, dia de tribulaçã o e angú stia, dia de
calamidade e miséria”. ( Sof. 1:15). Sim, porque o Senhor entã o
retribuirá com justiça a honra que os pecadores tentaram roubá -Lo
neste mundo. Consideremos como ocorrerá o julgamento daquele
grande dia.
Antes da vinda do Juiz “um fogo irá adiante dele”. ( Salmos 96:3).
Descerá fogo do cé u, que queimará a terra e todas as coisas desta terra:
“A terra e as obras que nela há ele queimará”. ( 2 Pedro 3:10). Para que
igrejas, palá cios, aldeias, cidades, reinos, tudo se torne um monte de
cinzas. Esta casa, corrompida pelo pecado, deve ser purificada pelo
fogo. Veja o fim para o qual todas as riquezas, pompas e prazeres desta
terra devem chegar. Quando todos os homens estiverem mortos, a
trombeta soará e todos se levantarã o: “A trombeta soará , e os mortos
ressuscitarã o”. ( 1Cor. 15:52). Sã o Jerô nimo exclamou: “Eu tremo
sempre que considero o dia do julgamento: parece que sempre ouço
aquela trombeta soando em meus ouvidos – 'Levantai-vos, mortos, e
vinde a julgamento.'” 58 Ao som desta trombeta, as belas almas dos
justos descerã o para unir-se aos corpos com os quais serviram a Deus
nesta vida; e as almas infelizes dos condenados subirã o do Inferno para
se unirem aos corpos malditos com os quais ofenderam a Deus.
Oh, que diferença haverá entã o entre os corpos dos justos e os dos
condenados! O justo parecerá belo, formoso, mais resplandecente que o
sol: “Entã o o justo brilhará como o sol”. ( Mat. 13:43). Feliz aquele que
nesta vida sabe mortificar sua carne recusando-lhe os prazeres
proibidos; e quem, para mantê-lo mais sob controle, nega até mesmo os
prazeres legítimos dos sentidos, e o maltrata como fizeram os santos,
Oh, como ele entã o se alegrará , como Sã o Pedro de Alcâ ntara, que
depois de sua morte disse a Santa Teresa: “Ó feliz penitência, que me
mereceu tanta gló ria!” Por outro lado, os corpos dos réprobos
aparecerã o deformados, pretos e fedorentos. Oh, que tormento será
para os condenados unirem-se aos seus corpos! Corpo maldito, dirá a
alma, para te gratificar estou perdido. E o corpo dirá : Alma maldita; e
tu, que tinhas o uso da razã o, por que me permitiste esses prazeres que
condenaram a ti e a mim por toda a eternidade?

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Jesus e meu Redentor, que um dia será meu Juiz, perdoa-me
antes que chegue esse dia. “Nã o desvie de mim o Teu rosto.” Agora Tu és
um Pai para mim; e como um pai recebe em Teu favor um filho que
volta arrependido aos Teus pés. Meu Pai, peço-Te perdã o. Eu te ofendi
injustamente, eu te deixei injustamente. Você nã o merecia tal
tratamento de mim. Eu me arrependo disso, sofro de todo o meu
coraçã o; perdoe-me, nã o se afaste de mim, nã o me bana como eu
mereço. Lembra-te do Sangue que derramaste por mim, e tem piedade
de mim. Meu Jesus. Nã o desejo outro juiz além de Ti. Sã o Tomá s de
Villanova disse: “Submeto-me de bom grado a ser julgado por Aquele
que morreu por mim; e quem, para que eu nã o fosse condenado,
escolheu ser ele mesmo condenado à cruz”. E Sã o Paulo havia dito o
mesmo antes dele: “Quem é Aquele que deve condenar? Cristo Jesus,
que morreu por nó s”. ( Rom. 8:34). Meu Pai, eu amo “A Ti; e no futuro
nunca mais deixarei Teus pés. Esquece minhas ofensas contra Ti, e dá -
me um grande amor por Tua bondade. Desejo amar-te mais do que te
ofendi; mas sem Tua ajuda nã o posso te amar. Assiste-me, meu Jesus,
faze-me viver grato ao Teu amor, para que no ú ltimo dia eu seja
encontrado no vale entre o nú mero de Teus amantes. Ó Maria, minha
Rainha e minha Advogada, assiste-me agora; pois se eu estiver perdido,
naquele dia você nã o poderá mais me ajudar. Tu rezas por todos; ora
também por mim, que me glorio em ser teu servo devotado, e confio
tanto em ti.

SEGUNDO PONTO _ _

Quando todos os homens se levantarem, os anjos lhes dirã o que vã o


ao vale de Josafá , para serem julgados: “Naçõ es, naçõ es, no vale da
destruiçã o, porque o dia do Senhor está pró ximo”. ( Joel 3:14). Assim
que estiverem reunidos, os anjos virã o e separarã o os ré probos dos
eleitos: “Os anjos sairã o e separarã o os ímpios dos justos”. ( Mat.
13:49). O justo estará à direita, e os ímpios serã o rechaçados à
esquerda. Quã o grande seria a dor de algué m se ver banido da
sociedade, ou expulso da Igreja! Mas quã o maior será a dor de ser
banido da sociedade dos santos! “Como os ímpios serã o confundidos
quando, separados dos justos, se encontrarem abandonados!” 59 Sã o
Crisó stomo diz, “que se os condenados nã o tivessem outra dor, esta
confusã o por si só seria suficiente para constituir o seu inferno”. 60 O
filho será separado do pai, o marido da esposa, o senhor do servo: “Um
será tomado, e o outro será deixado”. ( Mat. 24:40). Diga-me, meu
irmã o, qual lugar, você pensa, cairá em seu destino! Você gostaria de
ser encontrado à direita? Saia, entã o, da vida que o leva para a
esquerda.
Neste mundo, os grandes e os ricos sã o considerados afortunados; e
os santos, que vivem na pobreza e na humilhaçã o, sã o desprezados. Oh,
almas fiéis que amam a Deus, nã o se preocupem por se sentirem
desprezados e afligidos nesta terra: “Sua tristeza se transformará em
alegria”. ( João 16:20). Entã o você será considerado verdadeiramente
afortunado e terá a honra de ser declarado pertencente à corte de Jesus
Cristo. Oh, quã o grande aparecerá entã o Sã o Pedro de Alcâ ntara, que foi
desprezado como se fosse um apó stata! Sã o Joã o de Deus, que foi
tratado como um louco! Sã o Pedro Celestino, que, tendo renunciado ao
trono papal, morreu na prisã o! Oh, que honras serã o concedidas a
tantos má rtires que foram atormentados por seus algozes! “Entã o todo
homem terá louvor da parte de Deus.” ( 1Cor. 4:5). E oh, quã o horríveis
aparecerã o Herodes, Pilatos, Nero e tantos outros grandes da terra, mas
condenados ao inferno! Ó amantes do mundo, no vale, no vale, eu os
espero. Lá você, sem dú vida, mudará suas opiniõ es. Lá você vai chorar
por sua loucura. Os miseráveis, que por uma questã o de fazer uma
figura por um curto período de tempo no teatro deste mundo, daqui
por diante terã o que desempenhar o papel de réprobos na tragédia do
julgamento. Os eleitos serã o entã o colocados à direita; antes, segundo o
Apó stolo, eles serã o, para sua maior gló ria, elevados no ar acima das
nuvens, para ir com os anjos ao encontro de Jesus Cristo, que descerá
do céu: “Seremos arrebatados para juntamente com eles nas nuvens
para encontrar Cristo nos ares”. ( 1 Tes. 4:16). E os condenados, como
tantos bodes destinados ao matadouro, serã o confinados à esquerda
para aguardar o seu Juiz, que pronunciará a condenaçã o pú blica de
todos os Seus inimigos.
Mas eis que os cé us se abrem, e os anjos vê m assistir ao
julgamento, levando, segundo Sã o Tomé , os símbolos da paixã o de
Jesus Cristo: símbolos da paixã o, serã o vistos:” 61 A cruz aparecerá
especialmente: “E entã o aparecerá o sinal do filho do homem no cé u, e
entã o todas as tribos da terra se lamentarã o”. ( Mat. 24:30). Cornelius à
Lapide diz: “Oh, como entã o, à vista da cruz, chorarã o os pecadores,
que durante a vida nã o prestaram conta de sua salvaçã o eterna, que
tanto custou ao Filho de Deus!” Entã o, diz Sã o Crisó stomo, “os pregos
reclamarã o de ti, as feridas falarã o contra ti, a cruz de Cristo pregará
contra ti”. 62 Os santos Apó stolos e todos os seus imitadores també m
assistirã o como assessores neste julgamento e, juntamente com Jesus
Cristo, julgarã o as naçõ es: “Os justos brilharã o, eles julgarã o as naçõ es”.
( Sab. 3:7, 8), Maria, a Rainha dos Santos e dos Anjos, virá para ajudar; e,
finalmente, o Juiz Eterno virá sentado em um trono de majestade e luz:
“E verã o o Filho do homem vindo nas nuvens do cé u com muito poder e
majestade”. ( Mat. 24:40): “Na presença deles o povo sofrerá grandes
dores.” ( Joel 2:6). A luz de Jesus Cristo consolará os eleitos; mas para os
ré probos será um tormento maior do que o pró prio Inferno. Sã o
Jerô nimo diz: “Era mais fá cil para os condenados suportar as dores do
inferno do que a presença do Senhor”. Santa Teresa disse: “Meu Jesus,
aflige-me com toda dor; mas nã o me deixe ver o Teu semblante
enfurecido contra mim naquele dia”. E Sã o Basílio: “Esta confusã o
supera todas as dores”. Entã o acontecerá o que Sã o Joã o predisse, que
os condenados chamarã o as montanhas para cair sobre eles e escondê -
los da vista de seu Juiz irado: “Eles dizem à s montanhas e à s rochas: Caí
sobre nó s, e esconde-nos da face daquele que está assentado no trono e
do Cordeiro”. ( Apoc. 4:16).

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó meu querido Redentor, ó Cordeiro de Deus, que vieste ao mundo,
nã o para castigar, mas para perdoar pecados - ah, perdoa-me depressa,
antes que chegue o dia em que terá s de me julgar. Entã o a visã o do
Cordeiro, que me suportou com tanta paciência, seria para mim o
Inferno dos Infernos, caso eu me perdesse. Novamente digo: Ah,
perdoe-me rapidamente; tira-me por Tua mã o misericordiosa do
precipício em que caí por causa de meus pecados. Repito, ó Soberano
Bom, de ter Te ofendido, e tanto Te ofendido. Eu Te amo, ó meu Juiz, que
tanto me amaste. Ah, pelos méritos de Tua morte, dá -me uma grande
graça, que me transforme de pecador em santo. Tu prometeste ouvir
aqueles que oram a Ti: “Clama a mim, e eu te ouvirei”. ( Jr. 33:3). Nã o
peço bens terrenos; Peço Tua graça, Teu amor e nada mais. Ouve-me,
meu Jesus, por aquele amor que me deste ao morrer por mim na cruz.
Meu amado Juiz, sou um criminoso; mas um criminoso que te ama mais
do que a si mesmo. Tenha pena de mim. Maria, minha Mã e, apresse-se,
apresse-se em me ajudar agora que há tempo para você me ajudar. Tu
nã o me abandonaste quando eu vivia esquecido de ti e de Deus; ajuda-
me agora que estou decidido a servir-te sempre, e nunca mais ofender
meu Senhor. Ó Maria, tu és a minha esperança.

TERCEIRO PONTO _ _

Mas eis que o julgamento agora começa. Os livros sã o abertos; isto


é , a consciê ncia de cada um: “O julgamento se fez, e os livros foram
abertos”. ( Dan. 7:10). As testemunhas contra os ré probos serã o, em
primeiro lugar, os demô nios, que dirã o, segundo Santo Agostinho:
“Justíssimo Juiz, declara ser nosso aquele que nã o seria Teu”. Em
segundo lugar, sua pró pria consciê ncia: “Sua consciê ncia lhes dá
testemunho”. ( Rom. 2:15). Alé m disso, as pró prias paredes da casa em
que eles ofenderam a Deus testemunharã o contra eles e clamarã o por
vingança: “As pedras clamarã o da parede”. ( Hab. 2:11). Finalmente, o
pró prio Juiz, que esteve presente em todas as ofensas cometidas contra
Ele, será uma testemunha: “Eu sou o Juiz e a testemunha, diz o Senhor”.
( Jr. 29:23). Sã o Paulo diz que o Senhor entã o “trará à luz as coisas
ocultas das trevas”. ( 1Cor. 4:5). Ele dará a conhecer a todos os homens
os pecados mais secretos e vergonhosos dos ré probos, que em sua vida
foram ocultos até mesmo de seus confessores: “Descobrirei a tua
vergonha na tua face”. ( Naum 3:5). O Mestre das Sentenças, assim
como outros, é de opiniã o que os pecados dos eleitos nã o serã o
manifestados, mas serã o ocultados; de acordo com as palavras de Davi:
“Bem-aventurados aqueles cujas iniqü idades sã o perdoadas e cujos
pecados sã o cobertos”. ( Salmos 31:1). Por outro lado, diz Sã o Basílio,
“os pecados dos ré probos serã o vistos por todos de relance, como em
uma imagem”. 63 Sã o Tomé diz: Se no jardim de Getsê mani, quando
Jesus Cristo disse: “ Ego sum ” (eu sou Ele), todos os soldados que
vieram para prendê -lo caíram prostrados no chã o, o que sentirã o os
condenados quando, sentados como Juiz, Ele lhes dirá : Eis que eu sou
aquele a quem tanto desprezastes “O que fará Ele quando estiver
prestes a julgar, quem fez isso quando está prestes a ser julgado?” 64
Mas vamos prosseguir. Agora vem a frase. Jesus Cristo se voltará
primeiro para os eleitos e dirigirá a eles essas palavras consoladoras:
“Vinde, benditos de meu pai, possuí o reino que vos está preparado
desde a fundaçã o do mundo”. ( Mat. 25:34). Quando foi revelado a Sã o
Francisco de Assis que ele estava entre os eleitos, ele ficou fora de si de
alegria. Que alegria será , entã o, ouvir o Juiz dizer: Vinde, filhos
abençoados, vinde ao reino preparado para vó s; para você nã o há mais
dores, nã o há mais medos; você está e estará seguro para sempre. Eu
abençoo o Sangue que derramei por você; e abençô o as lá grimas que
derramaste por teus pecados: subamos ao paraíso, onde estaremos
juntos por toda a eternidade. Maria também abençoará seus servos e os
convidará a acompanhá -la ao céu; e assim, cantando Aleluia, Aleluia, os
eleitos entrarã o no Céu em triunfo, para possuir, louvar e amar a Deus
para todo o sempre.
Por outro lado, os ré probos, voltando-se para Jesus Cristo, dirã o a
Ele: “E nó s, miseráveis, que será de nó s?” O eterno Juiz dirá : Quanto a
você , já que renunciou e desprezou a Minha graça, “afaste-se de mim,
maldito, para o fogo eterno”. ( Mat. 25:41). Afasta-te de Mim, pois nã o te
verei nem te ouvirei mais. Vai; e vai com a minha maldiçã o sobre ti,
visto que desprezaste a minha bê nçã o. E para onde, ó Senhor, vã o esses
miseráveis? "Dentro do fogo." Para o inferno, para queimar o corpo e a
alma. E por quantos anos, ou por quantas idades? Anos! Eras! “Para o
fogo eterno.” Por toda a eternidade, enquanto Deus for Deus. Depois
desta sentença, o ré probo, diz Santo Efré m, se despedirá dos anjos, dos
santos, de seus parentes e da Mã e Divina: “Adeus, justos; adeus, ó Cruz;
adeus, cé u. Adeus, pais e filhos, pois nunca mais os veremos. Adeus
també m, ó Maria, Mã e de Deus”. 65 E assim no meio do vale será aberto
um grande poço, no qual os demô nios e os condenados cairã o juntos; e
eles ouvirã o – ó Deus! – aqueles portõ es se fecharem depois deles e
nunca mais serã o abertos, nunca, nunca, por toda a eternidade. Ó
maldito pecado, a que fim miserável conduzirá s um dia tantas pobres
almas! Ó almas infelizes, para quem este fim lamentável está
reservado!

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Salvador e meu Deus, qual será a minha sentença naquele
dia? Se agora, meu Jesus, me pedisses contas da minha vida, que te
responderia senã o que merecia mil infernos? Sim, é verdade, meu caro
Redentor, eu mereço mil Infernos: mas saiba que eu Vos amo, e Vos amo
mais do que a mim mesmo; e quanto à s ofensas que cometi contra Ti,
sinto uma dor tã o grande por elas, que me contentaria em ter sofrido
todo o mal do que ter ofendido a Ti. Ó meu Jesus, Tu condenas os
pecadores obstinados, mas nã o os que se arrependem e desejam Te
amar. Eis-me arrependido aos Teus pés; faze-me sentir que Tu me
perdoas. Mas Tu já me fazes sentir com as palavras de Teu Profeta:
“Volte-se para mim, e eu me voltarei para você”. ( Zach. 1:3). deixo tudo,
renuncio a todos os prazeres e riquezas do mundo; e voltar-se para Ti, e
abraçar-Te, meu amado Redentor. Ah, recebe-me em Teu Coraçã o, e ali
me inflama com Teu santo amor; inflama-me para que eu nunca mais
pense em me separar de Ti. Meu Jesus, salva-me; e que minha salvaçã o
seja amar-Te sempre, e sempre louvar Tuas misericó rdias. “As
misericó rdias do Senhor cantarei para sempre.” Maria, minha
esperança, meu refú gio e minha Mã e, socorrei-me e alcançai-me a santa
perseverança. Nunca se perdeu ninguém que recorreu a ti. Eu me
recomendo a ti; tenha pena de mim.
CONSIDERAÇÃO XVI
Nas dores do inferno

“E estes irão para o castigo eterno.”


Mateus 25:46

PRIMEIRO PONTO _ _
O pecador comete dois males quando peca; ele deixa Deus, seu bem
soberano, e se volta para as criaturas: “Porque o meu povo fez dois
males: a mim me deixaram, a fonte de á gua viva, e cavaram para si
cisternas, cisternas quebradas, que nã o retêm á gua .” ( Jr. 2:13). Porque,
entã o, o pecador se volta para as criaturas, com aversã o a Deus, ele será
justamente atormentado no inferno por essas mesmas criaturas, pelo
fogo e pelos demô nios; e esta é a dor do sentido. Mas porque sua maior
culpa, e aquela em que consiste o pecado, é o afastamento de Deus,
portanto o principal tormento, e que constituirá o inferno, será a dor da
perda, isto é, a dor de ter perdido Deus.
Consideremos primeiro a dor do sentido. É da fé que existe um
Inferno. No meio da terra está esta prisã o, reservada para o castigo
daqueles que se rebelam contra Deus. O que é esse inferno? É um lugar
de tormentos; assim o inferno foi chamado pelo glutã o que foi
condenado ( Lucas 16:28): um lugar de tormentos onde todos os
sentidos e os poderes dos condenados terã o seu tormento apropriado;
e quanto mais uma pessoa ofendeu a Deus em qualquer sentido
particular, tanto mais ela será atormentada nesse sentido: “Por quais
coisas o homem peca, por isso també m é atormentado”. ( Sab. 11:17):
“Tanto quanto ela esteve em guloseimas, tanto tormento e tristeza lhe
dã o”. ( Apoc. 18:7). A visã o será atormentada pela escuridã o: “Uma
terra escura e coberta com a névoa da morte”. ( Trabalho 10:21). Com
que compaixã o devemos ouvir que um homem pobre foi encerrado em
um poço escuro por toda a sua vida, ou por quarenta ou cinquenta
anos! O inferno é um poço fechado por todos os lados, onde nenhum
raio de sol ou qualquer outra luz jamais entra: “Ele nunca verá a luz”. (
Salmos 48:20). O fogo, que na terra ilumina, no inferno será escuro: “A
voz do Senhor que separa a chama do fogo”. ( Salmos 28:7). Sã o Basílio
explica: “O Senhor separará o fogo da luz, para que este fogo cumpra
apenas o ofício de queimar, e nã o de iluminar”. E ainda mais
brevemente Albertus Magnus explica isso: “Ele dividirá o esplendor do
calor”. A mesma fumaça que sai deste fogo formará aquela tempestade
de trevas de que fala Sã o Judas, que cegará os olhos dos condenados: “A
quem a tempestade de trevas está reservada para sempre”. ( Judas 13).
Sã o Tomá s diz que só haverá luz suficiente aos condenados para
atormentá -los ainda mais: “Basta ver as coisas que podem atormentá -
los”. 66 Nesse crepú sculo eles verã o a hediondez dos outros ré probos e
dos demô nios, que assumirã o formas horríveis para aterrorizá -los
ainda mais.
O olfato será atormentado. Que tormento seria encontrar-se
encerrado em um quarto com um cadáver pú trido! “Das suas carcaças
subirá um fedor.” (Isaías 34:3). Os condenados devem permanecer no
meio de tantos milhõ es de outros ré probos, que estã o vivos para a dor,
mas cadáveres pelo fedor que exalam. Sã o Boaventura diz que, se o
corpo de um dos condenados fosse expulso do Inferno, o fedor seria
suficiente para destruir todos os homens. E, no entanto, alguns tolos
dizem: Se eu for para o inferno, nã o estarei sozinho. Seres miseráveis!
Quanto mais há no Inferno, mais sofrem: “Lá (diz Sã o Tomá s) a
sociedade dos miseráveis nã o diminuirá , mas aumentará a misé ria”. 67
Sofrem mais, digo, com o cheiro, os gritos e a estreiteza do lugar; alé m
disso, no inferno eles serã o uns sobre os outros, amontoados como
ovelhas no inverno: “Eles sã o colocados no inferno como ovelhas”. (
Salmos 48:15). Mais ainda, serã o como uvas esmagadas sob o lagar da
ira de Deus: “Ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira de Deus, o
Todo-Poderoso”. ( Apoc. 19:15). Disto també m virá a dor da
imobilidade: “Que se tornem imó veis como uma pedra”. ( Ex. 15:16).
Assim, como os condenados caem no inferno no ú ltimo dia, assim terã o
que permanecer, sem nunca mudar de posiçã o, e sem mover a mã o ou o
pé , enquanto Deus for Deus.
A audiência será atormentada pelos contínuos uivos e lamentos
daqueles miseráveis desesperados. Os demô nios farã o ruídos
perpétuos: “O som do pavor está sempre em seus ouvidos”. ( Trabalho
15:21). Quã o doloroso é para quem deseja dormir, ouvir o gemido
contínuo de um doente, o latido de um cachorro ou o choro de uma
criança! Almas infelizes, condenadas a ouvir continuamente por toda a
eternidade os gritos e uivos desses miseráveis torturados! O apetite
será atormentado pela fome: os condenados sofrerã o de uma fome
voraz: “Eles sofrerã o fome como cã es”. ( Salmos 58:15); mas nunca
provarã o nem mesmo uma migalha de pã o. Tã o grande será sua sede,
que a á gua do oceano nã o seria suficiente para saciá -la; e, no entanto,
eles nunca obterã o nem mesmo uma gota de á gua. O glutã o pediu uma
ú nica gota; mas ele ainda nã o o obteve, e nunca, nunca o terá .

A FETOS E ORAÇÕ ES
Todos, meu Senhor, contemplem a Teus pés aquele que fez pouco
caso de Tua graça e Teus castigos. Nã o estou feliz; se Tu, meu Jesus, nã o
tivesses piedade de mim, quantos anos eu deveria estar agora naquela
fornalha fedorenta, onde tantos como eu já estã o queimando! Ah, meu
Redentor, como é que, refletindo sobre isso, eu nã o ardo com Teu amor?
Como posso no futuro pensar em ofender-te novamente? Ah, que nunca
seja, meu Jesus! Deixe-me morrer mil vezes. Desde que você começou,
complete o trabalho. Tu me livraste da lama de meus muitos pecados, e
com tanto amor me chamaste para te amar. Ah, conceda agora que eu
possa gastar totalmente para Ti todo o tempo que Tu me dá s. Como
desejaria o maldito um dia, uma hora do tempo que Tu me concedes! E
o que, entã o, devo fazer? Devo continuar a gastá -lo em desagradar a Ti?
Nã o, meu Jesus, nã o o permita, pelos méritos daquele Sangue que até
agora me livrou do Inferno. Eu Te amo, ó meu Soberano Bem; e porque
Te amo, me arrependo de ter Te ofendido. Nã o Te ofenderei mais, mas
sempre Te amarei. Minha Rainha e minha Mã e Maria, rogai a Jesus por
mim; e obtenha para mim o dom da perseverança e do Seu santo amor.
SEGUNDO PONTO _ _

O sofrimento mais cruel para os sentidos dos condenados é o fogo


do Inferno, que atormenta o toque: “A vingança sobre a carne do ímpio
é fogo e vermes”. ( Eclus. 7:19). Por isso, no julgamento, o Senhor faz
mençã o especial a isso: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno”. ( Mat. 25:41). Mesmo nesta vida a dor do fogo é a maior de
todas as dores; mas a diferença entre o nosso fogo e o do Inferno é tal
que, segundo Santo Agostinho, o nosso aparece apenas como fogo
pintado: “Em comparaçã o com o qual nosso fogo aqui é como fogo
pintado”. E St. Vincent Ferrer diz que, em comparaçã o com ele, nosso
fogo é frio. A razã o disso é porque nosso fogo é criado para nosso uso;
mas o fogo do inferno é criado por Deus expressamente para
atormentar, “Fogo”, diz Tertuliano, “que é feito para o uso do homem
neste mundo, é muito diferente daquele que é usado para a justiça de
Deus”. A ira de Deus acende este fogo vingador: “Um fogo se acendeu no
meu furor”. ( Jr. 15:14). Por isso, o profeta Isaías chama o fogo do
inferno de espírito de calor: “Se o Senhor lavar a imundície … pelo
espírito de queima”. ( Isaías 4:4). Os condenados serã o enviados nã o
para o fogo, mas em o fogo: “Afasta-te de mim, malditos, para fogo
eterno”. Para que o infeliz seja cercado pelo fogo como lenha na
fornalha. Ele encontrará um abismo de fogo abaixo, um abismo acima e
um abismo por todos os lados. Se ele toca, se ele vê, se ele respira, ele
toca, ele vê, ele só respira fogo. Ele estará no fogo como um peixe na
á gua. Este fogo nã o apenas cercará o condenado, mas entrará em suas
entranhas para atormentá -lo. Seu corpo se tornará todo fogo; de modo
que as entranhas dentro dele arderã o, seu coraçã o arderá em seu seio,
seus miolos em sua cabeça, seu sangue em suas veias, até mesmo a
medula em seus ossos: cada réprobo se tornará em si mesmo uma
fornalha de fogo: “Tu os fará como um forno de fogo.” ( Salmos 20:10).
Alguns nã o suportam andar por uma estrada queimada pelo sol,
ficar em um quarto fechado com um braseiro, nem suportam uma
faísca que voa de uma vela; e, no entanto, eles nã o temem aquele fogo
que devora, como Isaías diz: “Qual de você s pode habitar com fogo
devorador?” ( Isaías 33:14). Como uma fera devora um cabrito, assim o
fogo do Inferno devora os condenados; devora sem jamais destruí-lo.
Continua, ó tolo, diz Sã o Pedro Damiã o (falando aos impuros), continua
a gratificar tua carne; pois chegará o dia em que tuas impurezas se
tornarã o como piche em tuas entranhas, para aumentar e agravar os
tormentos da chama que te queimará no inferno: “Virá o dia, sim, a
noite, em que tua luxú ria se transformará em piche, para alimentar em
tuas entranhas o fogo eterno”. 68 Sã o Jerô nimo acrescenta que esse fogo
trará consigo todos os tormentos e dores que sofremos nesta terra;
dores nas laterais, na cabeça, nas entranhas, nos nervos: “Neste fogo os
pecadores do inferno suportam todos os tormentos”. Nesse fogo haverá
até a dor do frio: “Deixe-o passar das á guas da neve para o calor
excessivo”. ( Trabalho 24:19). Mas devemos sempre ter em mente que
todas as dores desta terra sã o apenas uma sombra de acordo com Sã o
Crisó stomo, em comparaçã o com as dores do Inferno: “Imagine o fogo,
imagine a faca; o que sã o essas sombras em comparaçã o com esses
tormentos!” Os poderes da alma també m terã o seu tormento
apropriado. O condenado será atormentado em sua memó ria, pela
lembrança do tempo que lhe foi dado nesta vida para salvar sua alma, e
que ele gastou para perdê -la; e das graças que recebeu de Deus e das
quais nã o aproveitou. Ele será atormentado no entendimento ao
recordar o grande bem que perdeu — o Cé u e Deus; e que essa perda
nunca pode ser reparada. Na vontade, percebendo que tudo o que ele
pede sempre lhe será negado: “O desejo do pecador perecerá”. ( Salmos
111:10). O infeliz infeliz nunca terá tudo o que deseja, e sempre terá
tudo o que abomina, que serã o seus sofrimentos eternos. Ele desejaria
escapar de seus tormentos e encontrar a paz; mas ele sempre será
atormentado e nunca encontrará paz.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Jesus, Teu sangue e Tua morte sã o minha esperança. Tu
morreste para me livrar da morte eterna. Ah, meu Senhor, e quem
participou mais dos méritos de Tua paixã o do que eu, miserável que
sou, que tantas vezes mereceu o Inferno? Ah, deixe-me nã o mais viver
ingrato pelas muitas graças que Tu me concedeste. Tu me livraste do
fogo do Inferno, porque Tu nã o desejas que eu queime naquele fogo de
tormento, mas com o doce fogo de Teu amor. Ajuda-me, entã o, para que
eu possa cumprir Teu desejo. Se eu estivesse agora no inferno, nunca
mais poderia te amar; mas como sou capaz de Vos amar, Vos amarei,
Vos amo, ó Infinita Bondade; Eu te amo, meu Redentor, que tanto me
amou. Como pude viver tanto tempo esquecido de Ti! Eu Te agradeço
por nã o ter me esquecido. Se Tu tivesses esquecido de mim, ou eu
estaria agora no inferno, ou nã o teria pena dos meus pecados. Esta dor
de Vos ter ofendido, que sinto em meu coraçã o, e este desejo que sinto
de Vos amar muito, sã o dá divas de Vossa graça, que ainda me assiste. Eu
Te agradeço, meu Jesus. Espero no futuro dedicar a Ti o resto de minha
vida. eu renuncio a tudo. Pensarei apenas em servir e agradar a Ti.
Recorda-me sempre o Inferno que mereci e as graças que me
concedeste; e nã o permitas que eu volte novamente as costas a Ti e me
condene a esse poço de tormentos. Ó Mã e de Deus, rogai por mim
pecador. Tua intercessã o me livrou do inferno; que ele me preserve
novamente, minha Mã e, do pecado, o ú nico que pode me condenar
novamente ao inferno.

TERCEIRO PONTO _ _

Mas todas essas dores nã o sã o nada em comparaçã o com a dor da


perda. Nã o é a escuridã o, nem o fedor, nem os gritos, nem o fogo, que
faz o Inferno; a dor que faz o inferno é a dor de ter perdido Deus. Sã o
Bruno diz: “Acrescentem-se tormentos aos tormentos, desde que nã o
sejam privados de Deus”. 69 E Sã o Joã o Crisó stomo: “Se você nomear
mil infernos, nã o terá dito nada que possa se comparar a tal dor”. 70 E
Santo Agostinho acrescenta que, se os condenados pudessem desfrutar
da visã o de Deus “nã o sentiriam dor, e o pró prio inferno se
transformaria em paraíso”: 71 Para ter uma ideia dessa dor, considere
que se (por exemplo) uma pessoa perde uma gema que vale cem
coroas, ela sente uma grande dor; mas se valer duzentos, ele sente uma
dor dupla; se quatrocentos, ainda mais: em uma palavra, quanto maior
o valor da coisa perdida, maior a dor. Agora, qual é o bem que os
condenados perderam? Eles perderam Deus, que é um bem infinito; por
isso, diz Sã o Tomá s, sua dor é de certa maneira infinita: “A dor dos
condenados é infinita, porque é a perda de um bem infinito”. 72
Esta é a ú nica dor temida pelos santos. Santo Agostinho diz: “Esta é
a dor para quem ama, nã o para quem despreza”. Santo Iná cio de Loyola
disse: “Senhor, posso suportar todas as dores; mas ser privado de Ti,
nã o, isso eu nã o posso suportar”. Mas esta dor nã o é de modo algum
temida pelos pecadores, que se contentam em viver meses e anos sem
Deus, porque, infelizes que sejam, vivem em meio à s trevas. Na morte,
poré m, descobrirã o o grande bem que perdem. A alma, ao deixar esta
vida, compreende instantaneamente que foi criada para Deus, segundo
Santo Antonino: Dele." Por isso ela de repente se apressa para abraçar
seu bem soberano; mas estando em pecado, Deus a baniu Dele. Se um
cã o vê uma lebre e é retido por uma corrente, como ele luta para
quebrar a corrente e ir e agarrar a presa! A alma, ao deixar o corpo, é
naturalmente atraída para Deus; mas o pecado o separa de Deus e o
envia para longe no inferno: “Suas iniqü idades se dividiram entre você
e seu Deus”. ( Isaías 59:2). O inferno, entã o, consiste inteiramente
naquela primeira palavra da condenaçã o: “Afasta-te de mim, maldito”.
Vá , Jesus Cristo dirá ; nunca mais verá s a minha face. “Mil infernos nã o
podem ser comparados à dor de ser odioso a Cristo.” 73 Quando Davi
condenou Absalã o a nunca mais aparecer diante dele, tã o grande foi
esse castigo para Absalã o que ele respondeu: “Diga a meu pai que me
permita ver seu rosto ou me mate.” ( 2 Reis 14:32). Filipe II disse a um
nobre cujo comportamento ele observou ser irreverente na igreja:
“Nunca mais apareça na minha presença”. Tã o grande foi a afliçã o
daquele nobre, que ao voltar para casa ele morreu de desgosto. O que
será , entã o, quando Deus disser aos ré probos: Parta, nunca mais te
verei? “Escondirei deles o meu rosto, e todos os males e afliçõ es os
encontrarã o”. ( Deut. 31:17). Você (Jesus Cristo dirá aos ré probos no
ú ltimo dia) nã o é mais Meu; Nã o sou mais seu: “Chame o nome dele,
nã o o meu povo; pois você s nã o sã o meu povo, e eu nã o serei seu”. (
Osee 1:9). Que dor é para um filho que perde um pai, ou para uma
esposa que perde um marido, dizer: Meu pai (ou meu marido), nã o te
verei mais! Ah, se agora pudé ssemos ouvir as lamentaçõ es de uma
alma perdida e perguntá ssemos: Alma, por que choras tanto? sua ú nica
resposta seria: eu choro porque perdi Deus e nunca mais o verei. Se ao
menos a alma miserável pudesse amar seu Deus no inferno e se
resignar à Sua vontade! Mas nã o; se pudesse fazer isso, o Inferno nã o
seria o Inferno; a alma infeliz nã o pode resignar-se à vontade de Deus,
porque se tornou inimiga da vontade divina. Nem pode mais amar seu
Deus; mas ela O odeia e O odiará para sempre; e este será o seu inferno,
saber que Deus é um bem supremo, e encontrar-se constrangido a
odiá -lo ao mesmo tempo em que sabe que ele é digno de amor infinito.
“Eu sou aquele pé rfido privado do amor de Deus”, tal foi a resposta
daquele demô nio interrogado por Santa Catarina de Gê nova sobre
quem ele era. Os condenados odiarã o e amaldiçoarã o a Deus; e
amaldiçoando a Deus, amaldiçoarã o també m os benefícios que Ele lhes
concedeu: a criaçã o, a redençã o, os Sacramentos, especialmente os do
batismo, da penitê ncia e, sobretudo, do Santíssimo Sacramento do
altar. Eles odiarã o todos os anjos e santos, mas especialmente seus
anjos da guarda e seus santos advogados; e mais do que tudo, a Mã e
Divina. Mas principalmente eles amaldiçoarã o as trê s Pessoas Divinas;
e destes, especialmente o Filho de Deus, que uma vez morreu por sua
salvaçã o; eles amaldiçoarã o Suas feridas, Seu sangue, Suas dores e Sua
morte.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, Tu és, entã o, meu Soberano Bem, Infinito Bem; e
tantas vezes te perdi voluntariamente! Eu bem sabia que por meu
pecado Te causei grande desagrado, e que perdi Tua graça; e ainda
assim eu cometi. Ah, se eu nã o te visse pregado na cruz, ó Filho de Deus,
morrendo por mim, nã o teria mais coragem de pedir e esperar teu
perdã o. Eterno Pai, nã o olhe para mim, olhe para este Filho amado, que
implora de Ti misericó rdia para mim; ouça-o e perdoe-me. Eu deveria
estar há anos no inferno, sem qualquer esperança de poder te amar
novamente e recuperar a tua graça perdida. Meu Deus, lamento acima
de todos os outros males por esta injú ria que vos fiz, de renunciar a
vossa amizade e desprezar vosso amor pelos miseráveis prazeres desta
terra. Oh, que eu preferisse morrer mil vezes! Como posso ter sido tã o
cego e tã o louco! Agradeço a Ti, meu Senhor, por me dar tempo para
reparar o mal que fiz. Já que por Tua misericó rdia nã o estou no Inferno,
e ainda posso Te amar, meu Deus, eu Te amarei. Nã o adiarei mais toda a
minha conversã o a Ti. Eu Te amo, ó Infinita Bondade; Eu Te amo, minha
vida, meu tesouro, meu amor, meu tudo. Recorda-me sempre, ó Senhor,
o amor que me deste, e o inferno onde devo estar agora, para que este
pensamento possa sempre inflamar-me para fazer atos de amor a ti, e
dizer sempre a ti: Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Ó Maria, minha
Rainha, minha Esperança e minha Mã e, se eu estivesse no Inferno
também nã o te poderia amar mais. Eu te amo, minha Mã e; e eu confio
em ti para nunca mais deixar de amar a ti e ao meu Deus. Ajude-me; ore
a Jesus por mim.
CONSIDERAÇÃO XVII
Na eternidade do inferno

“E estes irão para o castigo eterno.”


Marcos 25:40
PRIMEIRO PONTO _ _
Se o inferno nã o fosse eterno, nã o seria o inferno. Essa dor que nã o
dura muito nã o é uma grande dor. Uma pessoa se submete a ter um
câ ncer extirpado, outra a ter uma gangrena cauterizada; a dor é forte,
mas como passa logo, o sofrimento nã o é muito. Quã o grande, porém,
seria a agonia, se aquela incisã o, ou aquela operaçã o de cauterizaçã o,
durasse uma semana ou um mês inteiro! Quando a dor dura muito,
mesmo que leve, como uma dor nos olhos ou um inchaço, torna-se
insuportável. Mas por que falar de dor? Mesmo uma peça, ou um
concerto, que durasse muito, fosse um dia inteiro, seria
insuportavelmente tedioso. E se durar um mês, um ano? O que, entã o,
será o Inferno? Nã o há dú vida de ouvir sempre a mesma peça, ou a
mesma mú sica; nada de uma mera dor nos olhos, apenas um inchaço;
nada da tortura de uma incisã o, ou de um ferro em brasa: mas de todos
os tormentos, todos os sofrimentos. E por quanto tempo? Por toda a
eternidade: “E serã o atormentados dia e noite para todo o sempre”. (
Apoc. 20:10).
Esta eternidade é de fé ; nã o é uma simples opiniã o, mas uma
verdade atestada por Deus em tantos lugares nas Escrituras: “Afasta-te
de mim, malditos, para o fogo eterno”. “E estes irã o para o castigo
eterno.” “Quem sofrerá o castigo eterno na destruiçã o.” “Cada um será
salgado com fogo”. ( Mat. 25:41; Ibid. 46; 2 Tess. 1:9; Marca 9:48). Assim
como o sal preserva as coisas, o fogo do inferno, enquanto atormenta
os condenados, atua como sal preservando suas vidas. “Ali o fogo
consome”, diz Sã o Bernardo, “para que sempre preserve”. 74
Que loucura haveria em um homem que, para desfrutar de um dia
de diversã o, se condenasse a ser encerrado em uma cova por vinte ou
trinta anos! Se o inferno durasse cem anos, nã o, apenas dois ou três
anos, ainda assim seria uma grande loucura condenar-se por um
momento de prazer vil a dois ou três anos de fogo. Mas nã o se trata de
trinta, de cem, de mil, nem de cem mil anos; é uma questã o de
eternidade, de sofrer para sempre os mesmos tormentos, que nunca
terã o fim, nem serã o aliviados por um momento. Os santos, entã o,
tiveram motivos para chorar e tremer enquanto estavam nesta vida, e
ainda em perigo de se perder. O bem-aventurado Isaías também,
embora vivendo no deserto em meio a jejum e penitência, chorou,
dizendo: “Infeliz de mim, pois ainda nã o estou livre do perigo do fogo
do inferno”.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, se me tivesses enviado ao inferno, como muitas vezes
mereci, e depois em tua misericó rdia me tivesses livrado dele, quã o
grandes seriam minhas obrigaçõ es para contigo! E a partir desse
momento que vida santa eu deveria ter começado a levar! E agora que,
com misericó rdia ainda maior, Tu me preservaste de cair nele, o que
devo fazer? Devo ofender-te novamente e provocar-te à ira, para que
possas precisamente enviar-me para queimar naquela prisã o de
rebeldes, onde tantos já estã o queimando por menos pecados do que os
meus? Ah, meu Redentor, assim agi no passado; em vez de usar o tempo
que me deste para chorar por meus pecados, gastei-o em provocar-te
ainda mais. Agradeço a Tua infinita bondade por ter me suportado por
tanto tempo. Nã o fosse infinito, como poderia ter me suportado?
Agradeço-Te, entã o, por ter esperado por mim até agora com tanta
paciência; e agradeço-te especialmente pela luz que agora me dá s, pela
qual me fazes perceber minha loucura, e o mal que te fiz ao insultar-te
por meus muitos pecados. Meu Jesus, eu os detesto e deles me
arrependo de todo o coraçã o; perdoa-me pela tua Paixã o e assiste-me
pela Tua graça, para que nunca mais Te ofenda. Posso agora temer que,
se cometer outro pecado mortal, Tu me abandones. Ah, meu Senhor, eu
te suplico, coloque diante de meus olhos este medo justo quando o
diabo me tentar novamente para te ofender. Meu Deus, eu Vos amo,
nem Vos perderei mais; ajuda-me por Tua graça. Ajuda-me, ó Virgem
santíssima; concede que eu possa sempre recorrer a ti em minhas
tentaçõ es, para que eu nunca mais perca meu Deus. Maria, tu és a
minha esperança.

SEGUNDO PONTO _ _

Quem uma vez entrar no inferno nunca mais sairá dele por toda a
eternidade. Este pensamento fez com que Davi estremecesse, dizendo:
“Nã o me engula o abismo, e nã o deixe a cova fechar a sua boca sobre
mim.” ( Salmos 68:16). O condenado uma vez caído naquele poço de
tormentos, sua boca está fechada, para nunca mais ser aberta. No
inferno há um portã o para entrar, mas nã o há nenhum para sair:
“Haverá um caminho para descer”, diz Eusébio Emissenus, “mas
nenhum para subir”. E assim explica as palavras do salmista: “Nã o feche
a boca a cova, porque depois de ter recebido o réprobo, ela será fechada
em cima e aberta em baixo”. Enquanto o pecador viver, ele sempre pode
esperar por um remédio; mas uma vez vencido pela morte em pecado,
toda a esperança terminará para ele: “Quando o ímpio estiver morto,
nã o haverá mais esperança”. ( Prov. 11:7). Se pelo menos os condenados
pudessem se gabar com falsas esperanças e assim encontrar algum
alívio para seu desespero! Aquele pobre ferido confinado em sua cama,
e desesperado pelo médico, ainda se lisonjeia e se conforta, dizendo:
“Quem sabe, se eu ainda nã o encontrar algum médico e algum remédio
que possa me curar?” Aquele pobre coitado condenado à s galés por
toda a vida, também se consola, dizendo: “Quem sabe o que pode
acontecer, e eu posso me libertar dessas correntes?” Se (eu digo) o
maldito pudesse ao menos falar assim também: “Quem sabe se um dia
eu possa escapar desta prisã o?” e poderiam assim iludir-se com esta
falsa esperança! Mas nã o, no Inferno nã o há esperança, nem verdadeira
nem falsa; nã o existe quem sabe? O infeliz infeliz sempre terá escrito
diante de seus olhos sua condenaçã o, para chorar para sempre naquele
poço de tormentos: “Alguns para a vida eterna, e outros para o
opró brio, para vê-la sempre”. ( Dan. 12:2). Por isso os condenados nã o
só sofrem o que sofrem a cada momento, mas sofrem a cada momento a
dor da eternidade, dizendo: “O que agora sofro, terei de sofrer para
sempre”. “Eles carregam o peso da eternidade”, diz Tertuliano.
Rezemos, pois, ao Senhor, segundo a oraçã o de Santo Agostinho:
“Aqui queima, aqui corta, aqui nã o poupas, para que poupes na
eternidade!” Os castigos desta vida passam: “As tuas flechas passam: a
voz do teu trovã o numa roda”. ( Salmos 76:19). Mas os castigos da outra
vida nunca passam. Vamos temê-los; temamos aquele trovã o de
condenaçã o eterna, que sairá da boca do Juiz, quando Ele julgar os
réprobos: “Afasta-te de mim, malditos, para o fogo eterno”. Ele diz: “em
uma roda”; uma roda sendo uma figura da eternidade, para a qual nã o
há fim: “Eu tirei minha espada de sua bainha, para nã o voltar atrá s”. (
Ez. 21:5). O castigo do Inferno será grande; mas o que mais deve nos
aterrorizar é que será irrevogável.
Mas que justiça é essa, exclamará o incré dulo, para punir um
pecado que dura apenas um momento com dor eterna? Mas, eu
respondo, como pode um pecador ter a coragem de ofender por um
prazer momentâ neo um Deus de majestade finita? Mesmo pela regra
da justiça humana (diz Sã o Tomá s), a pena nã o é medida de acordo
com a duraçã o do tempo, mas de acordo com a natureza do crere: uma
dor momentâ nea.” 75
O inferno é pouco para um pecado mortal. Uma ofensa contra a
Majestade Infinita merece um castigo infinito, diz Sã o Bernardino de
Siena: “Por todo pecado mortal é feito um dano infinito a Deus; e a um
dano infinito é devido um castigo infinito.” Mas porque, diz o doutor
angelical, a criatura nã o é capaz de dores infinitas quanto à intensidade,
Deus justamente ordena que seja infinita quanto à extensã o.
Alé m disso, essa dor deve necessariamente ser eterna: primeiro,
porque os condenados nã o podem mais satisfazer por seus pecados.
Nesta vida, o pecador penitente pode satisfazer seus pecados na
medida em que os mé ritos de Jesus Cristo sã o aplicados a ele; mas a
alma condenada é excluída desses mé ritos, de modo que nã o podendo
mais apaziguar a Deus, e seu pecado sendo eterno, eterno també m
deve ser seu castigo: “Nã o dará a Deus o seu resgate, e trabalhará para
sempre. ” ( Salmos 48:8, 9). Daí Belluacensis diz: “Lá o pecado pode ser
punido para sempre e nunca expiado;” pois, segundo Santo Agostinho,
“lá o pecador nã o pode se arrepender”; portanto, o Senhor se ira para
sempre contra ele: “O povo contra quem o Senhor está zangado para
sempre”. ( Mal. 1:4). Alé m disso, ainda que Deus deseje perdoar os
condenados, eles nã o serã o perdoados, porque sua vontade é obstinada
e confirmada no ó dio contra Deus. Inocê ncio III diz: “Os ré probos nã o
se humilharã o, mas a malignidade do ó dio continuará crescendo neles”.
76 E Sã o Jerô nimo: “Eles sã o insaciáveis no desejo de pecar”. 77

Portanto, as feridas dos condenados sã o desesperadas, pois recusam-


se até mesmo a serem curadas: “Sua tristeza se tornou perpé tua e a
ferida desesperada, para se recusar a ser curada”. ( Jr. 15:18).

A FETOS E ORAÇÕ ES
Entã o, meu Redentor, se eu estivesse agora no inferno, de acordo
com meus merecimentos, eu te odiaria obstinadamente, meu Deus, que
morreste por mim! Ó Deus, e que inferno seria odiar a Ti, que tanto me
amaste, e que és infinitamente bom e digno de amor infinito! Se eu
estivesse agora no inferno, também estaria em um estado tã o infeliz
que nem mesmo desejaria o perdã o que Tu agora me ofereces. Meu
Jesus, agradeço-vos a misericó rdia que me mostrastes; e como agora
posso obter perdã o e posso amar-te, desejo ser perdoado e desejo
amar-te. Tu me ofereces o perdã o, e eu te peço, e espero por teus
méritos. Eu me arrependo de todas as minhas ofensas contra Ti, ó Em
finita bondade, e Tu me perdoas. Eu Te amo com toda a minha alma. Ah,
Senhor, e que mal me fizeste, para que eu te odeie como meu inimigo
para sempre. E que amigo eu já tive, que fez e sofreu por mim o que Tu
tens, ó meu Jesus? Ah, nã o me permita novamente incorrer em Teu
desagrado e perder Teu amor; antes, deixe-me morrer do que permitir
que esta ruína total me sobrevenha! Ó Maria, abriga-me sob o manto de
tua proteçã o e nunca me deixes sair dele, para que eu me rebele
novamente contra Deus e contra ti!

TERCEIRO PONTO _ _

A morte nesta vida é temida acima de tudo pelos pecadores, mas no


Inferno ela será acima de tudo desejada: “Eles buscarã o a morte, e nã o
a acharã o; e desejarã o morrer, e a morte fugirá deles”. ( Apoc. 9:6). Por
isso, Sã o Jerô nimo disse: “Ó morte, quã o grata serias para aqueles a
quem foste tã o amarga!” 78 Davi diz que a morte se alimentará dos
condenados. ( Salmos 48:15). Sã o Bernardo, explicando isso, observa
que, como a ovelha, alimentando-se da grama, come as lâ minas e deixa
as raízes, assim a morte se alimenta dos condenados, mata-os a cada
momento e ainda lhes deixa a vida, para que possa continuar. para
matá -los por tormentos por toda a eternidade. Para que, segundo Sã o
Gregó rio, os condenados morram a cada momento, sem jamais morrer:
“Entregue à s chamas vingadoras, morrerá para sempre”. Se um homem
morre de dor, todos se compadecem dele. Tinha os malditos, pelo
menos, mas algué m para compadecer-se deles! Mas nã o, os infelizes
morrem a cada instante de dor, e nã o tê m, nem nunca terã o, ningué m
que tenha pena deles. O imperador Zenã o, encerrado em uma
masmorra, gritou em voz alta: “Liberte-me por misericó rdia”. Ningué m
o ouviu, e ele foi encontrado morto, tendo morrido em desespero; pois
ele havia comido a pró pria carne de seus braços. Os malditos clamam
do poço do inferno, diz Sã o Cirilo de Alexandria, mas ningué m vem para
livrá -los dele, e ningué m se compadece deles.
E quanto tempo durará essa miséria deles? Para sempre e sempre.
Conta-se nos Exercícios Espirituais do Padre Segneri o jovem (escritos
por Muratori), que, em Roma, o demô nio, que habitava em um
obcecado, ao ser perguntado quanto tempo ele teria que permanecer
no inferno, respondeu, enfurecido: batendo a mã o contra uma cadeira,
"Para sempre, para sempre." Tã o grande foi o terror assim inspirado,
que muitos jovens do Seminá rio Romano, que estavam lá presentes,
fizeram uma confissã o geral e mudaram suas vidas com este grande
sermã o de duas palavras – “para sempre, para sempre”. Pobre Judas!
mais de mil e setecentos anos se passaram desde que ele esteve no
Inferno, e seu Inferno ainda está apenas começando. Pobre Caim! ele
está queimando em chamas por mais de cinco mil e setecentos anos, e
seu inferno ainda está apenas começando. Outro diabo foi perguntado,
desde quando ele estava no inferno; e ele respondeu: "Ontem - ontem!"
Eles exclamaram: “Você foi condenado por mais de cinco mil anos, e
você disse ontem!” Novamente ele respondeu: “Oh, se você soubesse o
que a eternidade significa, você entenderia muito bem que cinco mil
anos sã o, em comparaçã o, nem mesmo um momento.” Se um anjo
dissesse a um dos condenados: Você deve deixar o inferno, mas quando
tantas eras se passaram quantas gotas de á gua, folhas nas á rvores e
grã os de areia na praia, ele se alegraria mais do que um mendigo ao
saber que foi feito rei. Sim, porque todas essas eras passarã o; mesmo
que se multipliquem um nú mero infinito de vezes, e o inferno ainda
estará apenas começando. Cada um dos condenados faria este acordo
com Deus: “Senhor, aumenta minha dor o quanto quiseres; faça-o durar
o tempo que quiser; coloque apenas um limite para isso, e eu estou
contente.” Mas nã o, esse limite nunca será . A trombeta da justiça divina
soará no inferno nada além de: “Para sempre para sempre! Nunca!
Nunca!"
Os condenados perguntarã o aos demô nios: “Que hora da noite é?
(Isaías 21:11). Quando isso vai acabar? Quando essas trombetas, esses
gritos, esse fedor, essas chamas, esses tormentos vã o acabar?” E a
resposta será : “Nunca! Nunca!" “E quanto tempo eles vã o durar?” "Para
todo sempre! para todo sempre!" Ah, Senhor, dê luz a tantos cegos que,
quando implorados para nã o perderem suas almas, respondem: “Se eu
for para o inferno no final, bem, devo ter paciência!” Ó Deus, eles nã o
têm paciência para suportar um pouco de frio, para permanecer em um
quarto quente, para suportar um golpe; e ainda terã o paciência para
viver em um mar de fogo, pisoteado por demô nios e abandonado por
Deus e por todos, por toda a eternidade!
A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Pai de Misericó rdias, Tu nã o abandonas aqueles que Te buscam! (
Salmos 9:11). Em tempos passados, tantas vezes dei as costas a Ti, e Tu
nã o me abandonaste; nã o me abandones agora que te procuro.
Arrependo-me, ó Soberano Bem, por ter dado tã o pouca importâ ncia à
Tua graça que a troquei por um mero nada. Contemple as feridas de Teu
Filho; ouve o seu clamor, suplicando-Te que me perdoes; e me perdoe. E
Tu, meu Redentor, traz sempre à minha memó ria os tormentos que
sofreste por mim, o amor que me suportaste e minha ingratidã o, pela
qual tantas vezes mereci o inferno, para que eu possa lamentar sem
cessar minhas ofensas contra ti. , e viva sempre inflamado com Teu
amor. Ah, meu Jesus, como nã o arderei de amor por Ti, quando
considero que mereço ter ardido no Inferno há muito tempo, para arder
por toda a eternidade; e que Tu morreste para me livrar dela, e com
tanta misericó rdia me livraste. Se eu estivesse no inferno, agora eu te
odiaria e seria obrigado a te odiar para sempre; mas eu te amo, e te
amarei para sempre. Espero por isso pelos méritos do Teu sangue. Tu
me amas, e eu também Te amo. Tu sempre me amará s, se eu nã o te
deixar. Ah, meu Salvador, salva-me do infortú nio de te deixar, e entã o faz
comigo o que Tu queres. Eu devo servir todo castigo; e eu aceito isso,
para que Tu possas me livrar do castigo de ser privado de Teu amor. Ó
Maria, meu refú gio, quantas vezes me condenei ao inferno e dele me
livraste! Ah, livra-me do pecado, o ú nico que pode me privar da graça
de Deus e me condenar ao inferno!
CONSIDERAÇÃO XVIII
O remorso dos condenados

“Seus vermes não morrem.”


Marcos 9:47
PRIMEIRO PONTO _ _
Por este verme que nã o morre, entende-se remorso de consciência,
diz Sã o Tomá s, pelo qual os condenados serã o eternamente
atormentados no inferno. De muitas maneiras a consciência ró i o
coraçã o dos réprobos; mas as três coisas mais dolorosas serã o refletir
sobre as ninharias pelas quais eles perderam suas almas; o pouco que
eles precisavam fazer para serem salvos; e, finalmente, o grande bem
que eles perderam. A primeira picada, entã o, dos condenados será
pensar por que ninharias perderam suas almas. Depois que Esaú comeu
do caldo de lentilhas, pelo qual ele havia vendido seu direito de
primogenitura, as Escrituras nos dizem que, por pesar e remorso por
sua perda, ele gritou em voz alta: “Ele rugiu com grande clamor.” ( Gên.
27:34). Oh, como os condenados chorarã o e rugirã o em voz alta,
quando refletirem que, por algumas gratificaçõ es momentâ neas e
venenosas, perderam um reino eterno de alegrias e estã o para sempre
condenados a uma morte contínua! Portanto, chorarã o muito mais
amargamente do que Jô natas chorou, quando se viu condenado à morte
por seu pai Saul por ter comido um pouco de mel ( 1 Reis 14:43). Ó
Deus, que tormento será para os condenados ver entã o a causa de sua
condenaçã o! Mesmo no presente, o que nossa vida passada nos parece
senã o um sonho, um momento? E o que os cinquenta ou sessenta anos
que eles viveram nesta terra parecerã o para aqueles que estã o no
inferno, quando eles se encontrarem no abismo da eternidade; em que,
depois de cem ou mil milhõ es de anos, sua eternidade ainda estará
apenas começando? Mas por que digo cinquenta anos de vida?
Cinquenta anos talvez todos passados no prazer? E por acaso o pecador,
que vive sem Deus, sempre se diverte em seus pecados? Quanto tempo
duram os prazeres do pecado? Duram alguns momentos; e todo o resto
do tempo daquele homem que vive em desacordo com Deus é um
tempo de dor e amargura. Agora, o que esses momentos de prazer
parecerã o à pobre alma perdida? E, especialmente, o que aparecerá
aquele ú ltimo pecado que foi a causa de sua condenaçã o? Entã o ela
exclamará : Por um prazer miserável e brutal, que durou apenas um
momento, e desapareceu como o ar quase tã o logo possuído, terei que
permanecer para queimar neste fogo, desesperado e abandonado por
todos, enquanto Deus seja Deus, por toda a eternidade.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ó Senhor, ilumina-me, para que eu conheça a injustiça que te fiz, e o
castigo eterno que mereci por te ofender. Meu Deus, sinto uma grande
dor por Vos ter ofendido; mas essa dor me consola. Se Tu me tivesses
enviado ao Inferno, como eu merecia, este remorso seria o Inferno do
meu Inferno, considerando por que ninharias perdi a minha alma; mas
agora esse remorso (repito) me consola, porque me anima a esperar
meu perdã o; pois Tu o prometeste a todos os que se arrependem. Sim, ó
meu Senhor, eu me arrependo de ter te ultrajado; Eu abraço esta doce
dor; nã o, rogo-te que o aumentes e o preserves em mim até a hora da
morte, para que eu possa sempre chorar amargamente pelo desprazer
que te causei. Meu Jesus, perdoe-me. Ó meu Redentor, que, por piedade
de mim, nã o tiveste piedade de ti mesmo, condenando-te a morrer em
tormentos para me livrar do inferno, tem piedade de mim. Concede,
entã o, que enquanto meu remorso me mantém sempre aflito por ter
ofendido a Ti, possa ao mesmo tempo inflamar toda a minha alma com
o amor de Ti, que tanto me amaste e tã o pacientemente me suportaste;
e que agora, em vez de me castigar, me enriquece com luzes e graças. Eu
Vos agradeço, ó meu Jesus, e Vos amo; Eu Te amo mais do que a mim
mesmo; Eu Te amo com todo o meu coraçã o. Nã o podes desprezar
quem te ama; Eu te amo; nã o me banais da Tua presença. Receba-me,
entã o, em Teu favor, e nunca mais permita que eu Te perca. Maria,
minha Mã e, aceita-me como tua serva e liga-me ao teu Filho Jesus.
Rogai a Ele que me perdoe e me dê o Seu amor e a graça da
perseverança até a morte.

SEGUNDO PONTO _ _

Sã o Tomá s diz que a principal dor dos condenados será ver que eles
perderam suas almas por nada, e que poderiam tã o facilmente ganhar a
gló ria do céu, se tivessem escolhido. Sua principal dor será que eles
estã o condenados por nada, enquanto eles poderiam ter obtido mais
facilmente a vida eterna. O segundo aguilhã o da consciência, entã o, será
refletir sobre o pouco que eles tiveram que fazer para serem salvos.
Uma alma perdida apareceu a Sã o Humberto, e disse-lhe que esta era
precisamente a maior dor pela qual ele foi atormentado no Inferno,
pensar por que ninharias ele havia se condenado e quã o pouco ele
tinha que fazer para ser salvo. Entã o a alma miserável dirá : Se eu me
tivesse mortificado por nã o olhar para tal objeto, se tivesse conquistado
aquele respeito humano, se tivesse evitado aquela ocasiã o, aquele
companheiro, aquela conversa, nã o estaria agora perdido. Se tivesse me
confessado todas as semanas, se tivesse sido assiduo no cumprimento
dos deveres da minha confraria, se tivesse lido todos os dias um livro
tã o espiritual, se tivesse me recomendado a Jesus Cristo e a Maria, nã o
teria caído novamente em pecado. . Muitas vezes resolvi fazer essas
coisas, mas nã o cumpri minhas resoluçõ es; ou comecei a guardá -los e
depois os negligenciei; e, portanto, estou perdido.
A dor desse remorso será agravada nos condenados pelos exemplos
que tiveram diante deles de amigos e companheiros virtuosos, e ainda
mais pelos dons que Deus lhes concedeu para salvar suas almas: dons
da natureza, como boa saú de; dons de fortuna, talentos que o Senhor
lhes deu, para fazer bom uso e, assim, tornar-se santos; dons, aliá s, de
graça, tantas luzes, inspiraçõ es, apelos e tantos anos concedidos para
reparar o que fizeram de errado: mas naquele estado miserável a que
estã o reduzidos, verã o que nã o há mais tempo para reparaçã o . Eles
ouvirã o o anjo do Senhor clamar e jurar “por aquele que vive para todo
o sempre, que nã o haverá mais tempo”. ( Apoc. 10:5-6). Oh, que punhais
cruéis serã o todas as graças que recebeu no coraçã o da pobre alma
condenada, quando ela vir que o tempo de reparar sua ruína eterna já
passou! Dirá entã o, chorando com os companheiros de seu desespero:
“A colheita passou, o verã o terminou e nã o estamos salvos”. ( Jr. 8:20).
Ai, vai gritar, se eu tivesse trabalhado para Deus tanto quanto trabalhei
para minha condenaçã o, eu teria me tornado um grande santo! E agora
o que me resta senã o remorsos e dores, que me atormentarã o por toda
a eternidade?” Ah, esse pensamento atormentará os condenados mais
do que o fogo e todas as outras torturas do Inferno: eu poderia ter sido
eternamente feliz, e agora devo ser miserável para todo o sempre.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Jesus, como pudeste suportar-me tanto tempo? Muitas
vezes dei as costas a Ti, e Tu nã o deixaste de me buscar. tantas vezes Te
ofendi, e Tu me perdoaste; e novamente eu Te ofendi, e Tu novamente
me perdoaste. Ah, dá -me uma parte daquela tristeza, que Tu sentiste no
jardim do Getsêmani por meus pecados, que te fizeram suar sangue!
Arrependo-me, meu querido Redentor, por ter retribuído tã o mal o Teu
amor. Ai, prazeres malditos, eu detesto e amaldiçoo vocês! Por ti perdi a
graça do meu Senhor. Meu amado Jesus, agora eu Vos amo sobre todas
as coisas: renuncio a todas as gratificaçõ es ilícitas; e prefiro morrer mil
vezes a ofender-te novamente. Ah, por aquela terna afeiçã o com que me
amaste na cruz e ofereceste a tua vida divina por mim, dá -me luz e força
para resistir à s tentaçõ es e recorrer a tua ajuda, sempre que for
tentado. Ó Maria, minha esperança, tu és todo-poderoso com Deus;
obtenha para mim a santa perseverança e a graça de nunca mais me
separar de Seu santo amor.
TERCEIRO PONTO _ _

O terceiro remorso dos condenados será ver o grande bem que eles
perderam. Sã o Joã o Crisó stomo diz que eles serã o mais atormentados
pela perda do Céu do que pelas pró prias dores do Inferno: “Eles sã o
atormentados mais pelo Céu do que pelo Inferno”. A infeliz Elizabeth,
rainha da Inglaterra, disse: “Deus me dê quarenta anos para reinar, e eu
renuncio ao Paraíso”. A desgraçada teve seus quarenta anos; mas agora
que sua alma deixou este mundo, o que ela diz? Ela certamente nã o tem
mais a mesma opiniã o. Ah, agora, como ela nã o deve se sentir aflita e
em desespero ao pensar que, por esses quarenta anos de reinado
terrestre, acompanhados de muitos medos e perplexidades, ela perdeu
por toda a eternidade o reino dos céus! Mas o que mais os afligirá por
toda a eternidade será saber que eles perderam o Céu e Deus seu
soberano bem, nã o por má sorte ou maldade de outros, mas por sua
pró pria culpa. Eles verã o que foram criados para o Paraíso; que Deus
colocou em suas mã os a escolha de obter para si a vida ou a morte
eterna: “Antes que o homem seja vida e morte, bem e mal: o que ele
escolher ser-lhe-á dado”. ( Eclus. 15:18). Assim eles verã o que estava em
seu pró prio poder, se quisessem, tornar-se eternamente felizes; e eles
verã o que eles mesmos, por sua pró pria escolha, escolheram se lançar
naquele poço de tormentos, do qual nunca poderã o escapar e do qual
ninguém jamais se esforçará para livrá -los. Eles verã o entre os salvos
tantos de seus companheiros, que foram colocados nos mesmos, e
talvez ainda maiores, perigos do pecado; mas porque souberam conter-
se e recomendar-se a Deus, ou, se caíssem, souberam levantar-se e
entregar-se a Deus, salvaram as suas almas: mas eles, os condenados,
porque nã o quiseram pô r um fim ao pecado, eles vieram ao inferno
para acabar com ele naquele mar de tormentos, sem esperança de
poder aplicar um remédio.
Meu irmã o, se no passado você também foi tã o tolo a ponto de
escolher perder o Céu e Deus por causa de algum prazer miserável,
esforce-se, agora que ainda há tempo, para aplicar rapidamente um
remédio. Nã o continue na sua loucura. Treme para nã o ter que
lamentar seus infortú nios na eternidade. Quem sabe se esta
consideraçã o que você está lendo agora pode ser o ú ltimo chamado que
Deus lhe dará ? Quem sabe, se você nã o mudar agora sua vida, se o
pró ximo pecado mortal que você cometer, Deus nã o o abandonará , e
por isso o enviará para sofrer por toda a eternidade em meio a essa
multidã o de tolos que agora estã o no inferno confessando seu erro?
“Portanto, erramos;” mas eles confessam em desespero, vendo que é
sem remédio. Quando o diabo tentar você a pecar novamente, pense no
inferno; recorre a Deus, à Santíssima Virgem: o pensamento do Inferno
te livrará do Inferno: “Lembra-te do teu ú ltimo fim, e nunca pecará s”. (
Eclus. 7:40); porque o pensamento do inferno fará você recorrer a Deus.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Soberano Bem, quantas vezes te perdi por um mero nada, e
mereci perder-te para sempre! Mas as palavras do Profeta me
consolam: “Alegre-se o coraçã o dos que buscam ao Senhor”. ( Salmos
104:3). Nã o devo, portanto, me desesperar em recuperar-Te, meu Deus,
se Te busco com todo o meu coraçã o. Sim, meu Senhor, agora eu suspiro
por Tua graça acima de qualquer outro bem. Contento-me em ser
privado de tudo, até da vida, em vez de me ver privado de Teu amor. Eu
Te amo, meu Criador, acima de todas as coisas; e porque Te amo, me
arrependo de ter Te ofendido. Ó meu Deus, uma vez perdido e
desprezado por mim, perdoe-me rapidamente; e concede-me que te
encontre, pois nunca mais desejo perder-te. Se Tu me receberes
novamente em Tua amizade, deixarei todas as coisas e me entregarei
somente ao teu amor. Isto eu espero por Tua misericó rdia. Pai Eterno,
ouve-me pelo amor de Jesus Cristo; perdoe-me e dê-me a graça de
nunca mais me separar de Ti, pois se eu te perder deliberadamente de
novo, devo temer com justiça que Tu me abandones. Ó Maria, ó
pacificadora dos pecadores, leva-me à paz com Deus; e entã o me segure
firme sob o manto de sua proteçã o, para que eu nunca mais O perca.
CONSIDERAÇÃO XIX
Sobre perseverança

“Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo”.


Mateus 24:13
PRIMEIRO PONTO _ _
Sã o Jerô nimo diz: “que muitos começam bem, mas poucos sã o os
que perseveram”. 96 Saulo, Judas, Tertuliano, começaram bem; mas
terminaram mal, porque nã o perseveraram na virtude: “Nos cristã os
nã o é o começo, mas o fim, que é necessá rio”. 97 O Senhor, continua o
santo, nã o requer apenas o começo de uma vida boa, mas també m o
fim; é o fim que obterá a recompensa. Sã o Boaventura diz que a coroa é
dada apenas à perseverança: “Somente a perseverança é coroada”. Por
esta razã o, Sã o Lourenço Justiniano chama a perseverança de “a porta
do cé u”. Aquele, entã o, que nã o encontra a porta nã o pode entrar no
Paraíso Meu irmã o, agora você abandonou o pecado, e justamente
espera que você tenha sido perdoado. Você é , entã o, o amigo de Deus;
mas saiba que você ainda nã o está salvo. E quando você será salvo?
Quando você perseverou até o fim: “Aquele que perseverar até o fim,
esse será salvo”. Você começou uma boa vida; Agradeça a Deus por isso:
mas Sã o Bernardo avisa que a recompensa, embora prometida a quem
começa, só é dada a quem persevera: “O prê mio, prometido aos
iniciantes, é dado aos que perseveram”. 98 Nã o basta concorrer ao
prê mio; mas devemos correr até conseguir: “Corra para conseguires”,
diz o Apó stolo.
Você já colocou a mã o no arado, começou uma boa vida; mas agora,
mais do que nunca, tema e trema: “Com temor e tremor, opera a tua
salvaçã o”. ( Fil. 2:12). E porque? Porque se (o que Deus proíbe) você
olhar para trá s e voltar para uma vida ruim, Deus irá declarar que você
está excluído do Paraíso: “Ninguém que põ e a mã o no arado e olha para
trá s é apto para o reino de Deus .” ( Lucas 9:62). Agora, pela graça de
Deus, você evita as ocasiõ es de pecado, você freqü enta os sacramentos,
você faz sua meditaçã o todos os dias: feliz é você, se continuar a fazê-lo,
e se Jesus, quando Ele vier para julgá -lo, achará você fazendo isso:
“Bem-aventurado aquele servo a quem, quando o seu Senhor vier, ele
achará fazendo isso”. ( Mat. 24:46). Mas nã o acredite que agora, porque
você se dispô s a servir a Deus, as tentaçõ es acabaram, ou vã o faltar.
Ouça o que o Espírito Santo lhe diz: “Filho, quando vieres ao serviço de
Deus, prepara a tua alma para a tentaçã o”. ( Eclus. 2:1). Saiba que agora
mais do que nunca você deve se preparar para a batalha; porque seus
inimigos - o mundo, o diabo e a carne - vã o se armar agora mais do que
nunca contra você para fazer você perder o que ganhou. Denis, o
Cartuxo, diz que quanto mais alguém se entrega a Deus, mais o Inferno
se esforça para vencê-lo: “Quanto mais bravamente um homem se
esforça para servir a Deus, tanto mais ferozmente o inimigo se enfurece
contra ele”. E isso é afirmado com bastante clareza no Evangelho de Sã o
Lucas: “Quando o espírito imundo sai de um homem, ele anda por
lugares sem á gua, buscando descanso; e nã o achando, disse: Voltarei
para minha casa de onde saí. Entã o ele vai e leva consigo outros sete
espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali. E o ú ltimo estado
daquele homem vem pior do que o primeiro.” ( Lucas 11:24-26). O
diabo, quando é expulso de uma alma, nã o encontra repouso e faz tudo
o que pode para entrar nela novamente; ele chama seus companheiros
em seu auxílio e, se conseguir entrar novamente, a segunda ruína dessa
alma será muito maior que a primeira.
Considere, entã o, que armas você deve usar para se defender desses
inimigos e manter-se na graça de Deus. Nã o há defesa a nã o ser oraçã o
contra ser vencido pelo diabo. Sã o Paulo nos diz que nã o devemos lutar
contra homens de carne e sangue como nó s, mas contra os poderes do
Inferno: “Nossa luta nã o é contra carne e sangue, mas contra
principados e potestades”. ( Ef. 6:12). E ele quer nos advertir que nã o
temos forças para resistir a inimigos tã o poderosos, mas que temos
necessidade da ajuda de Deus: podemos fazer todas as coisas com a
ajuda divina: “Tudo posso naquele que fortalece Eu." ( Fil. 4:13). Assim
falou Sã o Paulo, e assim cada um de nó s deve falar. Mas esta ajuda só é
dada à queles que a pedem por meio da oraçã o: “Pedi e recebereis”. Nã o
confiemos, entã o, em nossas resoluçõ es; se depositarmos nossa
confiança neles, estaremos perdidos. Quando formos tentados pelo
diabo, coloquemos toda a nossa confiança na ajuda de Deus;
recomendando-nos nessas ocasiõ es a Jesus Cristo e a Maria Santíssima.
E isso especialmente quando somos tentados contra a castidade;
porque esta é a mais terrível de todas as tentaçõ es, e é aquela pela qual
o diabo obtém mais vitó rias. Nã o temos força para preservar a
castidade; Deus deve nos dar. Salomã o disse: “E como eu sabia que nã o
poderia ser continente de outra forma, a menos que Deus o desse… fui
ao Senhor e implorei a ele”. ( Sab. 8:21). Em tais tentaçõ es, devemos
imediatamente recorrer a Jesus Cristo e à Sua Santa Mã e, e
frequentemente invocar seus santíssimos nomes. Aquele que assim
fizer, vencerá ; aquele que nã o o fizer, será perdido.

A FETOS E ORAÇÕ ES
“Nã o me lances da Tua face.” Ah, meu Deus, nã o me lances da Tua
face; Eu bem sei que Tu nunca me abandonará s, se eu nã o for o
primeiro a te abandonar: mas isso eu temo por experiência passada de
minha pró pria fraqueza. Ó Senhor, Tu deves me dar a força que eu
preciso contra o Inferno, que visa me ter novamente como seu escravo.
Peço-te pelo amor de Jesus Cristo. Estabelece, ó meu Salvador, uma paz
perpétua entre Ti e mim, que nunca será quebrada por toda a
eternidade; e, portanto, dá -me Teu santo amor. “Aquele que nã o ama,
permanece na morte; quem nã o te ama está morto”. Desta morte
miserável Tu deves me salvar, ó Deus da minha alma. Eu estava perdido,
Tu o sabes bem. Foi somente Tua bondade que me trouxe de volta ao
meu estado atual, e espero continuar em Tua graça. Ah, meu Jesus, por
essa morte amarga que suportaste por mim, nunca mais permitas que
eu voluntariamente perca a Tua graça novamente. Eu Te amo acima de
todas as coisas. Espero estar para sempre ligado a este amor santo, e
assim obrigado a morrer; e viver assim preso por toda a eternidade. Ó
Maria, tu és chamada Mã e da Perseverança: este grande dom é
dispensado por tuas mã os; Eu te peço, e por ti espero por isso.

SEGUNDO PONTO _ _

Vejamos agora como devemos conquistar o mundo. O diabo é um


grande inimigo, mas o mundo é pior. Se o diabo nã o fez uso do mundo e
dos homens maus (pelo que se entende o mundo), ele nã o obteria tais
vitó rias como ele faz. Nosso Redentor nã o nos adverte tanto para
estarmos em guarda contra os demô nios quanto contra os homens:
“Cuidado com os homens”. ( Mat. 10:17). Os homens sã o muitas vezes
piores que os demô nios, porque os demô nios sã o postos em fuga pela
oraçã o e pela invocaçã o dos santíssimos nomes de Jesus e Maria; mas
se maus companheiros tentam uma pessoa a pecar, e ela responde com
alguma palavra espiritual, eles nã o fogem, mas o tentam ainda mais;
eles riem dele, o chamam de homem miserável, sem educaçã o e sem
utilidade para nada; e quando eles nã o podem dizer mais nada, eles o
chamam de hipó crita que afeta a santidade. Para evitar tais repreensõ es
e escá rnios, certas almas fracas associam-se infelizmente com esses
ministros de Lú cifer e voltam ao vô mito. Meu irmã o, tenha certeza de
que, se você deseja levar uma vida boa, deve suportar as zombarias e o
desprezo dos ímpios: “Os ímpios detestam os que estã o no caminho
certo”. ( Prov. 29:27). Aquele que leva uma vida ruim nã o pode suportar
a visã o daqueles que vivem bem; e porque? Porque a vida deles é um
opró brio contínuo para ele; e, portanto, desejaria que todos o
imitassem, para que nã o sentisse a dor do remorso que a boa vida dos
outros lhe causa. Nã o há ajuda para isso (diz o Apó stolo); aquele que
serve a Deus deve ser perseguido pelo mundo: “Todos os que piamente
querem viver em Cristo Jesus serã o perseguidos”. ( 2Tm. 3:12). Todos os
santos foram perseguidos. Quem mais santo do que Jesus Cristo? e o
mundo o perseguiu, até mesmo para fazê-lo sangrar até a morte na
cruz.
Nã o há remédio para isso, porque as má ximas do mundo sã o todas
contrá rias à s de Jesus Cristo. Aquilo que o mundo estima, é chamado de
loucura por Jesus Cristo: “Porque a sabedoria deste mundo é loucura
diante de Deus”. ( 1Cor. 3:19). Pelo contrá rio, o mundo chama de
loucura aquilo que é estimado por Jesus Cristo – como cruzes,
sofrimentos e desprezo: “Porque a palavra da cruz para os que perecem
é loucura”. ( 1Cor. 1:18). Mas consolemo-nos; pois se os ímpios nos
amaldiçoam e nos culpam, o Deus Todo-Poderoso nos abençoa e nos
louva: “Eles amaldiçoarã o e tu abençoará s”. ( Salmos 108:28). Nã o basta
sermos louvados por Deus, por Maria, por todos os Anjos, pelos Santos
e por todos os homens de bem? Deixemos, entã o, os pecadores falarem
como quiserem, e continuemos a agradar a Deus, que é tã o grato e fiel
à queles que O servem. Quanto maior for a repugnâ ncia e a oposiçã o que
encontrarmos ao fazer o bem, tanto mais agradaremos a Deus, e maior
será o nosso mérito. Imaginemos que nã o há ninguém no mundo além
de Deus e nó s mesmos. Quando os ímpios zombam de nó s,
recomendemos-nos ao Senhor; e, por outro lado, agradeçamos a Deus
que Ele nos dá aquela luz que Ele retém desses homens infelizes, e
assim sigamos nosso caminho. Nã o tenhamos vergonha de parecer
cristã os; pois se nos envergonharmos de Jesus Cristo, Ele protesta que
se envergonhará de nó s e nos terá à sua direita no Dia do Juízo: “Pois
aquele que se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele o filho
do homem será envergonhado, quando vier na sua majestade”. ( Lucas
9:26).
Se desejamos ser salvos, devemos resolver sofrer, superar a nó s
mesmos, ou melhor, fazer violência a nó s mesmos: “Estreito é o
caminho que conduz à vida”. ( Mat. 7:14); “O reino dos céus sofre
violência, e os violentos o levam embora.” ( Mat. 11:12). Aquele que nã o
faz violência a si mesmo nã o será salvo. Nã o há como evitar, pois se
desejamos praticar a virtude, devemos agir em oposiçã o à nossa
natureza rebelde. Devemos nos violentar especialmente no início, para
erradicar os maus há bitos e adquirir os bons; porque, uma vez formado
um bom há bito, a observâ ncia da lei divina se torna fá cil, ou melhor, até
doce. O Senhor disse a Santa Brígida, que quem na prá tica da virtude
suportar com paciência e coragem as primeiras picadas dos espinhos,
verá que os espinhos se transformarã o em rosas. Tenha cuidado,
portanto, querido cristã o; Jesus Cristo diz agora a você o que disse ao
paralítico: “Eis que está s sã o; nã o peques mais, para que nã o te suceda
coisa pior”. ( João 5:14). Entenda, diz Sã o Bernardo, se você recair
infeliz, sua ruína será maior do que em todas as suas quedas anteriores:
“Você ouve que recair é pior do que cair”. Ai, diz o Senhor, para aqueles
que seguem o caminho de Deus e depois se afastam dele: “Ai de vocês,
filhos apó statas”. ( Isaías 30:1). Estes sã o punidos como rebeldes contra
a luz: “Eles foram rebeldes contra a luz”. ( Trabalho 24:13). E a puniçã o
desses rebeldes, que foram favorecidos por Deus com uma grande luz, e
depois sã o infiéis a Ele, é permanecer cegos, e assim acabar com sua
vida em seus pecados: “Mas, se o justo se desviar sua justiça... viverá ?
todas as suas justiças que praticou nã o serã o lembradas... em seu
pecado morrerá”. ( Ez. 18:24).

A FETOS E ORAÇÕ ES
Ah, meu Deus, muitas vezes eu mereci tal castigo, já que muitas
vezes abandonei o pecado pela luz que Tu me deste, e depois voltei
miseravelmente a ele! Agradeço a Tua infinita misericó rdia por nã o ter
me abandonado na minha cegueira, e me deixado totalmente privado
de luz, como eu merecia. Quã o grandes, entã o, ó meu Jesus, sã o minhas
obrigaçõ es para contigo; e quã o ingrato eu deveria ser, se eu voltasse
novamente as costas para Ti! Nã o, meu Redentor, “cantarei Tuas
misericó rdias para sempre”. Espero, durante o resto de minha vida e
por toda a eternidade, cantar para sempre e louvar Tuas grandes
misericó rdias, sempre Te amando, e nunca mais ser privado de Tua
graça. A grande gratidã o que até agora vos mostrei, e que agora detesto
e amaldiçoo acima de qualquer outro mal, servirá para me fazer chorar
sempre amargamente pelas injú rias que vos fiz, e para me inflamar com
amor a vó s, que, depois de minhas muitas ofensas contra Ti, me
concedeste tã o grandes graças. Sim, eu Te amo, ó meu Deus, digno de
amor finito. Deste dia em diante Tu será s meu ú nico amor, meu ú nico
bem. Ó Pai Eterno, pelos méritos de Jesus Cristo, peço-Te perseverança
final em Tua graça e em Teu amor. Eu sei, de fato, que Tu o concederá s
sempre que eu Te pedir. Mas quem pode me assegurar que terei o
cuidado de implorar esta perseverança de Ti? Por isso, meu Deus, peço-
te perseverança e a graça de sempre pedi-la. Ó Maria, minha advogada,
meu refú gio e minha esperança, alcançai-me, por vossa intercessã o,
constâ ncia em pedir sempre a Deus a graça da perseverança final. Pelo
amor que tens a Jesus Cristo. Rogo-te que a obtenhas para mim.

TERCEIRO PONTO _ _

Chegamos agora ao terceiro inimigo, que é o pior de todos, ou seja, a


carne; e vejamos como devemos nos defender contra isso. Em primeiro
lugar, pela oraçã o; mas isso já consideramos acima. Na segunda,
evitando as ocasiõ es de pecado; e isso vamos agora ponderar bem. Sã o
Bernardino de Siena diz que o maior de todos os conselhos, ou melhor,
como o fundamento da religiã o, é o conselho para evitar ocasiõ es
pecaminosas: “Entre os conselhos de Cristo há um mais célebre, e como
o fundamento da religiã o, para evitar as ocasiõ es de pecado”. O diabo
uma vez confessou, sendo compelido a fazê-lo por exorcismos, que de
todos os sermõ es o que mais lhe desagrada é o sermã o sobre evitar a
ocasiã o do pecado; e com razã o, pois o diabo ri das resoluçõ es e
promessas de um pecador arrependido se ele nã o desistir de ocasiõ es
perigosas. As ocasiõ es, especialmente em relaçã o aos prazeres sensuais,
sã o como um curativo sobre os olhos, que impede uma pessoa de ver as
resoluçõ es que tomou, ou as luzes que recebeu, ou as verdades eternas;
em suma, fazem-no esquecer tudo e, por assim dizer, cegá -lo. A causa da
ruína de nossos primeiros pais foi nã o evitar a ocasiã o do pecado. Deus
os havia proibido até mesmo de tocar no fruto: “Deus nos ordenou
(disse Eva à serpente) que nã o deveríamos comer, e que nã o
deveríamos tocá -lo”. ( Gên. 3:3). Mas ela descuidadamente “viu”, “pegou”
e “comeu”. Primeiro, ela começou a olhar para a maçã , depois a pegou
na mã o e depois comeu. Aquele que voluntariamente se coloca em
perigo perecerá nele: “Aquele que ama o perigo perecerá nele”. ( Eclus.
3:27). Sã o Pedro diz que o diabo “anda em busca de quem possa
devorar”. Por isso, diz Sã o Cipriano, o que ele faz para reentrar em uma
alma da qual foi banido? Ele vai e procura uma ocasiã o: “Ele explora se
há algum lado por cuja entrada ele possa penetrar em seu caminho”. Se
a alma se deixar induzir a se jogar na ocasiã o, o inimigo entrará
novamente nela e a devorará . O abade Guerric, além disso, observa que
Lá zaro ressuscitou dos mortos amarrados: “Ele saiu de pés e mã os
amarrados”; e ressuscitando assim, ele morreu novamente. Infeliz
aquele, este autor quer dizer, que ressuscitou do pecado, mas
ressuscitou vinculado à s ocasiõ es do pecado: tal pessoa, embora
ressuscite, voltará e morrerá . Aquele, entã o, que deseja ser salvo deve
deixar, nã o só o pecado, mas também as ocasiõ es do pecado, isto é, tal
companheiro, tal casa, tal vínculo.
Mas você dirá , agora mudei minha vida e nã o tenho mais má
intençã o com essa pessoa, nem mesmo uma tentaçã o. Eu respondo:
Conta-se que na Á frica existem certos ursos que perseguem os
macacos. Os macacos, ao verem os ursos, salvam-se subindo nas
á rvores; mas o que o urso? Ele se estica sob a á rvore e finge estar
morto; e quando ele vê os macacos descerem, ele se levanta, os carrega
e os devora. Assim como o diabo; ele faz a tentaçã o parecer morta; mas
quando a pessoa desce e se joga na ocasiã o, ela faz com que a tentaçã o
volte à vida, e ela a devora. Oh, quantas almas miseráveis que estavam
na prá tica da oraçã o, freqü entavam a Santa Comunhã o, e que poderiam
ser chamadas de santas, lançando-se nas ocasiõ es do pecado,
permaneceram presas do Inferno! É relatado na histó ria eclesiá stica
que uma santa matrona que se dedicou ao trabalho piedoso de enterrar
os má rtires, uma vez encontrou alguém que ainda nã o estava morto; ela
o levou para sua casa, ele se recuperou; Mas o que houve? Pela ocasiã o
pró xima, esses dois santos, como podem ser chamados, primeiro
perderam a graça de Deus e depois a fé.
O Senhor ordenou a Isaías que pregasse que todo homem é erva:
“Clame, toda carne é erva”. ( Isaías 40:6). Sobre o que Sã o Crisó stomo
faz esta reflexã o: “É possível que a erva nã o queime quando colocada
no fogo? “Coloque uma vela acesa no meio do feno e depois ouse dizer
que nã o será queimada.” E da mesma forma, diz Sã o Cipriano: “É
impossível estar cercado de chamas e nã o queimar”. 99 Nossa força, o
profeta nos adverte, é como a força da estopa colocada no fogo: “Sua
força será como as cinzas da estopa”. ( Isaías 1:31). Salomã o també m
diz que seria um tolo que fingisse andar sobre brasas vivas sem se
queimar: “Pode um homem andar sobre brasas quentes, e seus pé s nã o
se queimarem?” ( Prov. 6:28). Da mesma forma é louco aquele que finge
se colocar nas ocasiõ es do pecado sem cair. Devemos, portanto, fugir
do pecado como da face de uma serpente: “Fugi dos pecados como da
face de uma serpente”. ( Eclus. 21:2). Devemos evitar, diz Gualfridus,
nã o apenas a mordida, nã o apenas o toque, mas també m a
aproximaçã o de uma serpente: “Evite até mesmo seu toque, sua
pró pria aproximaçã o”. Mas essa casa, você diz, essa amizade, é do meu
interesse. Mas se você vê bem que aquela casa é o caminho para o
inferno para você (“A casa dela é o caminho para o inferno”, Prov. 7:27),
nã o há ajuda para isso - você deve abandoná -lo, se quiser ser salvo.
Mesmo que seja o seu olho direito, diz o Senhor, se você vê que é a
causa da sua condenaçã o, você deve arrancá -lo e lançá -lo para longe de
você : “Se o teu olho direito te escandaliza, arranca-o e lança-o de ti.” (
Mat. 5:29). E marque a expressã o abs te; você deve jogá -lo fora, nã o
perto de você , mas longe de você : o que é o mesmo que dizer, você deve
remover todas as ocasiõ es. Sã o Francisco de Assis disse que o diabo
tenta as pessoas espirituais que se entregaram a Deus de maneira
muito diferente da maneira pela qual ele tenta os ímpios: no início ele
nã o tenta prendê -los com um cordã o, ele se contenta com um fio de
cabelo ; entã o ele os amarra com um fio, depois com um barbante, e
finalmente com um cordã o, e assim por fim ele os atrai para o pecado.
Aquele, portanto, que deseja estar livre desse perigo deve desde o
início desprezar esses cabelos, essas ocasiõ es, essas saudaçõ es,
presentes, notas e coisas semelhantes. E especialmente para aqueles
que contraíram o há bito da impureza, nã o será suficiente evitar as
ocasiõ es pró ximas; se eles nã o evitarem nem mesmo o remoto, eles
cairã o novamente no pecado.
É necessá rio que todo aquele que realmente deseja salvar sua alma,
renove frequentemente sua resoluçã o de nunca se separar de Deus e
repita frequentemente com os santos: “Que tudo se perca, desde que
Deus nã o esteja perdido”. Mas nã o basta resolver nunca mais perdê -lo;
é preciso també m tomar os meios para nã o perdê -lo. A primeira delas é
evitar as ocasiõ es das quais já falamos; a segunda é freqü entar os
sacramentos da Confissã o e da Comunhã o. A sujeira nã o reina naquela
casa que muitas vezes é varrida. Pela Confissã o a alma é mantida pura,
e nã o só obté m a remissã o dos pecados, mas també m a força para
resistir à s tentaçõ es. A Comunhã o é chamada de pã o celestial, porque,
assim como o corpo nã o pode viver sem o terreno, a alma nã o pode
viver sem este alimento celestial: “A menos que você coma a carne do
filho do homem e beba seu sangue, você nã o terá vida em você s." ( João
6:54). Por outro lado, a vida eterna é prometida à quele que
frequentemente come deste pã o: “Se algué m comer deste pã o, viverá
para sempre”. ( Ibid. 5:52). Por isso, o Concílio de Trento chama a
Comunhã o “aquele remé dio pelo qual somos libertos de nossas faltas
diá rias e somos preservados do pecado mortal”. 100 O terceiro meio é ,
meditaçã o ou oraçã o mental: “Lembra-te do teu ú ltimo fim, e nunca
pecará s”. ( Eclus. 7:40). Aquele que manté m diante de seus olhos as
verdades eternas da morte, julgamento e eternidade, nã o cairá em
pecado. Na meditaçã o, Deus nos ilumina: “Vinde a ele e sede
iluminados”. ( Salmos 33:6). Lá Ele nos fala e nos faz entender o que
devemos evitar e o que fazer: “Eu a levarei à solidã o e lá falarei ao seu
coraçã o”. ( Osee 2:14). Alé m disso, a meditaçã o é aquela fornalha
abençoada na qual se acende o amor divino. “Na minha meditaçã o um
fogo se apagará .” ( Salmos 38:4). Alé m disso, como já observamos com
frequê ncia, se desejamos nos conservar na graça de Deus, é
absolutamente necessá rio estar sempre orando e pedindo as graças de
que necessitamos: aquele que nã o faz oraçã o mental, mal reza, e por
nã o orando, ele certamente estará perdido.
Devemos, portanto, fazer uso dos meios de salvaçã o e de levar uma
vida bem ordenada. De manhã , ao levantar, faça os atos cristã os de açã o
de graças, amor, oferta e boa resoluçã o, com oraçõ es a Jesus e Maria
para que eles nos preservem naquele dia do pecado. Apó s a meditaçã o,
ouça a Missa. Durante o dia, leitura espiritual – a Visita ao Santíssimo
Sacramento e à Mã e Divina. À noite, o Terço e o Exame de Consciência.
Vá à Comunhã o vá rias vezes na semana, de acordo com o conselho do
seu diretor, que você deve seguir constantemente. Também seria muito
lucrativo fazer um retiro em alguma casa religiosa. Você também deve
honrar a Santíssima Virgem com alguma devoçã o especial – jejuando,
por exemplo, no sá bado. Ela é chamada de Mã e da Perseverança, e ela
promete a quem a serve: “Aqueles que trabalham por mim nã o pecarã o”.
( Eclus. 24:30). Acima de tudo, peça sempre a Deus o dom da santa
perseverança, especialmente em tempos de tentaçã o, e invoque entã o
com mais frequência os santos nomes de Jesus e Maria enquanto durar
a tentaçã o. Se você fizer isso, certamente será salvo; se você nã o fizer
isso, você certamente estará perdido.

A FETOS E ORAÇÕ ES
Meu querido Redentor, eu Te agradeço por essas luzes e meios que
Tu me dá s para me conhecer e salvar minha alma. Prometo-te que farei
uso deles com perseverança. Dá -me Tua ajuda, para que eu seja fiel a Ti.
Vejo que Tu desejas salvar-me, e desejo ser salvo, principalmente para
gratificar Teu coraçã o, que tã o ardentemente deseja minha salvaçã o.
Nã o resistirei mais, ó meu Deus, ao Teu amor por mim. Foi esse amor
que te fez suportar-me com tanta paciência enquanto eu te ofendia. Tu
me convidas a Te amar; e nã o desejo mais nada. Eu Te amo, ó Infinito
Bem. Concede, peço-Te, pelos méritos de Jesus Cristo, que eu nunca
mais seja ingrato para Ti. Ou põ e fim à minha ingratidã o, ou deixa-me
morrer. Ó Senhor, Tu começaste a obra, aperfeiçoa-a agora: “Confirma, ó
Deus, o que operaste em nó s”. Dá -me luz, dá -me força, dá -me amor. Ó
Maria, que és a tesoureira das graças, ajuda-me. Proclame-me ser teu
servo, como desejo ser, e ore a Jesus por mim. Primeiro os méritos de
Jesus Cristo e depois as tuas oraçõ es devem me salvar.
COLETA DE
TRABALHO CLÁ SSICO _ _
Retorno do Filho Pró digo.
 

William J. Blacet, JCL

Nihil Obstat:  
Censor Librorum
    

    

John P. Cody,

Imprimatur: Bispo DST de Kansas City-St. José

29 de maio de 1957

Copyright © 2000 por TAN Books and Publishers, Inc.


Originalmente publicado pelo Convento Beneditino da Adoraçã o
Perpétua, Clyde, Missouri.
Revisado, expandido e republicado em 2000 pela TAN Books and
Publishers, Inc.
ISBN 978-0-89555-675-2
Cartã o de Catá logo da Biblioteca do Congresso Nº: 00-134503
Impresso e encadernado nos Estados Unidos da América.

TAN Books

Charlotte, Carolina do Norte

2000
“Disse-lhes, pois, novamente: Paz seja convosco. Assim como o
Pai me enviou, eu também vos envio. Quando ele disse isso, ele
soprou sobre eles; e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Cujos
pecados você deve perdoar, eles sã o perdoados; e cujos pecados você
deve reter, eles sã o retidos”.
—João 20:21-23
CONTEÚDO
1. As Bênçãos da Confissão
2. As cinco coisas necessárias para uma boa confissão
Exame de Consciência
falsas consciências e seus remédios — A consciência relaxada —
A consciência escrupulosa — A consciência duvidosa — Como
fazer um bom exame de consciência.
Contriçã o
As qualidades da contriçã o - Contriçã o interior - Contriçã o
sobrenatural - Contriçã o perfeita e imperfeita - Contriçã o
universal - Contriçã o soberana - Recaídas em pecados anteriores.
Objetivo da Alteraçã o
Ocasiõ es de Pecado — O Propó sito da Alteraçã o Deve Ser
Específico.
Confissã o e absolviçã o
A Confissã o dos Pecados — Qualidades de uma Boa Confissã o —
Confissã o dos Pecados Veniais — Confissõ es Sacrilégios —
Confissã o Geral — Confissã o Frequente — A Absolviçã o do
Sacerdote.
Satisfaçã o
A Penitência Sacramental – Penitências Voluntá rias –
Indulgências.
3. Como fazer uma boa confissão
O exame de consciência
Oraçã o Inicial — Pontos para o Exame de Consciência — Os Dez
Mandamentos de Deus — Os Seis Preceitos da Igreja — Os Sete
Pecados Capitais — Deveres de Estados Particulares de Vida —
Obras de Misericó rdia Corporais e Espirituais.
Consideraçõ es para excitar a contriçã o
A enormidade do pecado — os benefícios de Deus para mim — o
amor de Jesus Cristo.
Oraçõ es antes da confissã o
Ato de Contriçã o e Propó sito de Emenda — Oraçã o diante de um
Crucifixo — Oraçã o de Santa Gertrudes — Um Breve e Eficaz Ato
de Contriçã o.
Um método fá cil de ir à confissã o
Oraçõ es apó s a confissã o
Salmo 102 – Oraçã o de Açã o de Graças – Oraçã o antes da
Penitência Sacramental.
Capítulo 1
As Bênçãos da Confissão
MENOS sã o os que lavam as suas vestes no Sangue do Cordeiro”.
( Apoc. 22:14). Os cató licos realmente podem ser chamados de
“B “bem-aventurados” nos meios que possuem para lavar as vestes
manchadas de pecado de suas almas no Preciosíssimo Sangue
do Cordeiro de Deus no Sacramento da Penitência! Nã o há
dú vida de que a Confissã o – especialmente a Confissão frequente –
é uma bênçã o inestimável para a humanidade.
O homem nã o pode esperar nenhuma bênçã o maior nesta terra
do que a verdadeira paz da alma. O Sacramento da Penitência é uma
fonte perene de paz. É uma fonte de consolo incalculável para os
coraçõ es humanos.
Este Sacramento dá a todo e qualquer membro da Igreja Cató lica
que transgrediu as santas leis de Deus um meio fá cil e simples para
obter o perdã o total e ser restaurado à Sua amizade. Este é o seu
primeiro e principal efeito. Seu segundo efeito é anular o castigo
devido ao pecado: castigo eterno inteiramente e castigo temporal no
todo ou em parte, de acordo com as disposiçõ es do penitente.
Fecha as portas do Inferno, que se abrem para engolir no abismo
infernal as almas que deliberadamente se afastam de Deus pelo
pecado mortal e que rompem os laços que as unem a Ele, preferindo
suas pró prias vontades à Dele. Uma boa Confissã o abre de novo os
portais do Céu, que estã o vedados à s almas enquanto permanecerem
em estado de pecado mortal.
Veste as almas com a bela vestimenta nupcial da Graça
Santificante, ou torna essa vestimenta ainda mais bela se a alma já a
possui.
Ele restaura os méritos passados, que sã o perdidos até mesmo
por um ú nico pecado mortal.
Torna a alma capaz novamente de realizar atos meritó rios de
uma recompensa eterna, o que é impossível enquanto estiver em
estado de pecado mortal.
Confere graças sacramentais, isto é, poderosas ajudas
sobrenaturais para evitar o pecado no futuro e perseverar no serviço
de Deus.
Ele reivindica as graças especiais que a alma precisa para levar
uma vida agradável a Deus.
Finalmente, verifica as paixõ es pecaminosas e as inclinaçõ es
para o mal.
Para participar plenamente destas bênçã os do Sacramento da
Penitência, é necessá rio que o penitente saiba fazer uma boa
Confissã o. O presente livrinho é uma tentativa de ajudar as almas
neste assunto tã o importante, explicando os cinco requisitos de uma
boa Confissã o, além de vá rios pontos que sã o de vital importâ ncia
para a fecunda recepçã o deste Sacramento.
Capítulo 2

As cinco coisas necessárias para uma boa


confissão
Como todo cató lico bem instruído sabe, as cinco coisas
necessá rias para uma boa confissã o sã o: 1) Um exame de
UMA consciência, 2) Contriçã o (ou tristeza) pelo pecado, 3) Um
firme propó sito de emenda, 4) A confissã o de seus pecados a
um sacerdote, 5) Aceitaçã o da pró pria penitência (satisfaçã o
do pecado).
I. EXAME DE CONSCIÊNCIA
Ó , mostrem-se aos sacerdotes.” ( Lucas 17:14). Esta foi a ordem
dada por Nosso Senhor aos dez leprosos que Ele curou. Esta é
“G também a ordem que Deus dá à s almas que contraíram a doença
muito mais repugnante da lepra espiritual – a saber, o pecado. O
sacerdote foi nomeado por Nosso Senhor como médico
espiritual para curar as doenças da alma. Mas para isso, o padre,
como qualquer outro médico, deve conhecer a natureza da doença.
Em outras palavras, ele deve conhecer os pecados que foram
cometidos. O penitente, portanto, deve dar a conhecer a ele o estado
exato de sua alma. Para obter este autoconhecimento, é
indubitavelmente necessá rio que o penitente examine seriamente
sua vida desde o tempo de sua ú ltima Confissã o, refletindo sobre
seus pensamentos, palavras, atos e omissõ es. Este escrutínio interior
de si mesmo é chamado de Exame de Consciência. Deve ser realizado
com seriedade e cuidado, lembrando-se da advertência de Sã o Paulo:
“Mas, se quisermos julgar a nó s mesmos, nã o seremos julgados”. ( 1
Coríntios 11:31).
A. FALSO C ONCIÊNCIAS E O HERDEIRO REMÉDIOS _
Um diligente exame de consciência deve trazer claramente à
mente do penitente seus pecados de pensamento, palavra, ação,
desejo e omissão, de acordo com sua espécie, seu número e suas
circunstâncias relevantes.
Neste exame, duas faltas devem ser evitadas: 1) frouxidão (ou
omissã o) e 2) escrupulosidade.
1. A consciência relaxada
Uma consciência relaxada é uma consciência falsa . É errô neo
porque é fá cil de lidar e muito aberto. Ele passa por cima de pecados
graves como de pequena conseqü ência. Cristo censurou os fariseus
“cegos” por essa falta, dizendo que eles eram “guias cegos, que coam
um mosquito e engolem um camelo”. ( Mateus 23:24). A consciência
relaxada precisa do temor de Deus, que as Escrituras nos dizem que
“é o princípio da sabedoria”. ( Sal. 110:10). A alma nã o pensa na
onipotência e na justiça retributiva de Deus. Ele se engana de forma
presunçosa e deliberada. Finalmente, passa a considerar assuntos
graves como de pouca importâ ncia. Desta forma, coloca-se em
gravíssimo perigo de se perder eternamente.
Como todos devem e devem viva de acordo com um correto
consciência , é imperativo acabar com todas as atitudes erradas, a
fim de que este mentor dado por Deus possa ser um guia seguro na
vida espiritual. Uma pessoa que tem um la x A consciência deve
esforçar-se por remediá -la meditando com frequência na
enormidade do pecado e na brevidade da vida, na Paixã o de Nosso
Senhor e nos horríveis e intermináveis castigos do Inferno. Ele deve
orar ao Espírito Santo pelo dom do verdadeiro discernimento em
relaçã o ao pecado, por um santo e pró prio temor de Deus, por um
verdadeiro horror ao pecado, por uma sincera tristeza por seus
pecados e por uma permanente compunçã o de coraçã o.
2. A Consciência Escrupulosa
A consciência escrupulosa é tacanha e tímida . Está sempre num
estado de confusã o e perturbaçã o. Está obscurecido, por assim dizer,
por uma névoa e é incapaz de discernir entre o certo e o errado,
entre o pecado e a tentaçã o. Persiste em ver um grave mal moral
onde nã o existe. À s vezes a escrupulosidade é permitida como visita
ou provaçã o de Deus, que em Seus conselhos inescrutáveis o permite
para o bem da alma e para Sua pró pria maior gló ria. Mas Deus é o
Deus da paz e do amor e nã o quer que as almas sejam perturbadas
por muito tempo por tal provaçã o. Portanto, quando a
escrupulosidade vem de Deus, geralmente cessa depois de um
tempo - se a alma for humilde e obediente.
Os escrú pulos também podem ser uma tentaçã o do diabo. Na
maioria dos casos, no entanto, eles procedem de causas puramente
naturais. Certas condiçõ es da mente e do corpo — nervosismo,
saú de prejudicada, melancolia — podem produzir escrú pulos. Esta
doença da consciência pode atingir um grau em que a alma nã o é
mais capaz de emitir um julgamento calmo e razoável sobre certas
questõ es morais, ou mesmo sobre qualquer questã o de certo ou
errado. Uma pessoa escrupulosa nã o tem luz para ver as coisas em
seu verdadeiro aspecto. Muitas vezes ele nã o tem humildade e
submissã o ao seu guia espiritual e tende à auto-suficiência e à
vontade pró pria. Se assim for, ele enfrenta o perigo de cair no
primeiro erro, frouxidão , e eventualmente seu estado contínuo de
ansiedade pode afetar sua mente.
Um escrupuloso s pessoa f precisa cultivar uma confiança
amorosa e infantil em Deus e deve obedecer ao seu confessor sem
questionar. Os guias espirituais concordam que incondicional
obediência e para o confessor é o elemento mais necessá rio para
derrotar a escrupulosidade, e muitas vezes é o único significa s de
libertaçã o. A meditaçã o sobre os atributos de Bondade, Misericó rdia
e Amor de Deus ajudará a alma aflita com escrú pulos a obter
confiança e confiança em Deus. Tal pessoa deve evitar a ociosidade e
todas as circunstâ ncias externas que possam produzir ou aumentar
seus escrú pulos. Em vez de examinar minuciosamente cada pequena
falha - que ele tende a exagerar - a alma escrupulosa deve considerar
seus escrú pulos como uma criancinha que descansa nos braços de
seu pai amoroso olharia para um cachorro latindo ferozmente no
chã o abaixo, pois assim como o cã o nã o pode fazer mal à criança
enquanto ela permanecer nos braços do pai, assim como os
escrú pulos nã o podem prejudicar a alma enquanto ela procurar
honestamente agradar a Deus e confiar em Seu amor. Por atos de
amor e confiança em Deus, e pela completa obediência ao confessor
– o que deve ser enfatizado novamente – a alma geralmente pode
alcançar com o tempo a paz de uma verdadeira consciência.
3. A consciência duvidosa
Muitas vezes as pessoas se encontram em um estado de
incerteza sobre se um ato que pretendem realizar é ou nã o um
pecado. É um princípio moral que em eu sou não _ permissão d t o
agir _ quando n eu não estado e o f real _ dúvida . St. _ Paulo diz:
“Porque tudo o que nã o é de fé é pecado”. ( Rom. 14:23) . Se alguém
nã o tiver certeza se um determinado ato é pecaminoso ou nã o, é
pecaminoso realizar tal ato. A razã o é que tal pessoa mostra assim
que está tã o pronta para fazer o que é errado como para fazer o que
é certo. Algum grau de certeza moral – isto é, tal que seria
considerado suficiente por uma pessoa normalmente prudente – é
necessá rio.
Como exemplo, tomemos uma dú vida que possa surgir sobre o
jejum e a abstinência na vigília de uma festa. * A pessoa sabe que as
vigílias de certas grandes festas sã o dias de jejum e abstinência de
carne, mas a questã o surge em sua mente se o dia anterior à Festa da
Ascensã o é ou nã o um dia assim. Se ele comesse carne naquele dia,
supondo que o dia nã o era um dia de jejum e abstinência, mas ele
nã o se esforçou para descobrir com certeza, ele pecaria por isso,
mesmo que jejum e abstinência nã o fossem realmente prescritos
pela Igreja. . Seu dever é certificar-se, se puder, se é ou nã o um dia de
jejum e abstinência, e agir de acordo. Isso ele normalmente poderia
fazer por inquérito ou referindo-se a um calendá rio cató lico, embora
possam surgir circunstâ ncias em que seria impossível resolver a
dú vida no momento. Neste ú ltimo caso, ele deve abster-se de comer
carne.
B. COMO T O FAÇA UM BOM DIA E XAMINAÇÃO DE
CONSCIÊNCIA _

Aquele que se confessa com frequência nã o precisa gastar muito


tempo examinando sua consciência, cansando sua mente sem
propó sito e dando ao escrupulosidade uma chance de se firmar. O
exame deve ser calmo, mas sério.
O primeiro passo é uma oração fervorosa ao Espírito Santo para
pedir luz e graça para conhecer e detestar os próprios pecados. O
exame deve trazer à memó ria a hora da última boa Confissão e se a
penitência foi ou não realizada. Deve cobrir os pecados de
pensamento, palavra, ação, desejo e omissão:
1) Contra os Mandamentos de Deus,
2) Contra os Preceitos ou Leis da Igreja,
3) Com relaçã o aos Sete Pecados Capitais,
4) Quanto à negligência dos deveres do pró prio estado de vida, e
5) Sobre as Obras de Misericó rdia Espirituais e Corporais omitidas.
Aqueles que examinam sua consciência todas as noites e se
confessam com frequência se lembrarã o prontamente de quaisquer
pecados mortais que possam ter sido cometidos. Mas para aqueles
que se confessam raramente e sã o viciados em há bitos pecaminosos,
ou fizeram vá rias Confissõ es indignas, é necessá rio mais do que um
olhar passageiro em suas consciências. Tais pessoas devem começar
seu auto-exame alguns dias antes de ir à Confissã o, lembrando que
esta Confissã o pode talvez decidir o destino de sua alma para a
eternidade. Seria muito ú til para eles seguirem uma forma de exame
como a apresentada neste livreto .
II. CONTRIÇÃO
O exame de consciência SINCERO coloca a pessoa frente a
frente com as muitas doenças e fraquezas deploráveis de sua
UMA alma. Ele descobriu o nú mero, o tipo e a gravidade de seus
pecados, e isso deve enchê-lo de confusã o e fazê-lo exclamar
com o publicano: “Ó Deus, tem misericó rdia de mim,
pecador!” ( Lucas 18:13). Assim, ele passará do auto-exame à
contrição.
A contriçã o é a chave para a misericó rdia e o perdã o de Deus. É a
condição mais essencial para uma recepçã o digna do Sacramento da
Penitência. O pecado é um grande mal. Embora à s vezes possa afetar
o corpo, seu efeito principal é sobre a alma, pois separa a alma de
Deus, seja inteiramente (no caso do pecado mortal), ou parcialmente
(no caso do pecado venial), os laços de nossa amizade com Deus.
Para voltar ao favor de Deus pela Confissã o, o pecador deve se
arrepender sinceramente de sua transgressã o. Ele deve estar
verdadeiramente arrependido por um motivo sobrenatural e detestar
seus pecados de todo o coraçã o, decidindo firmemente nã o cometê-
los novamente.
Sem essa tristeza ou contriçã o, nã o pode haver perdã o para o
pecado. O padre nã o tem poder para absolver um pecador que nã o
tem verdadeira contriçã o. Se ele tentasse fazê-lo, a absolviçã o seria
inú til. O pró prio Deus nã o vai e nã o pode perdoar quem nã o está
arrependido de seus pecados e totalmente determinado a nã o
ofendê-lo novamente.
A contriçã o é definida pelo Concílio de Trento como uma dor da
alma e uma aversão pelos pecados cometidos, com a firme
determinação de não pecar novamente. (Sess. XIV, Cap. 4). Observe
que a contriçã o é uma tristeza da alma - nã o do corpo. Nã o consiste
em palavras, nem em lá grimas, nem em emoçã o, nem em bater no
peito, nem em meros sinais exteriores.
A. O ELE QUALIDADES DE C ONTRIÇÃO
A verdadeira contriçã o tem quatro qualidades . Deve ser 1) Interior,
2) Sobrenatural, 3) Universal e 4) Soberano.
1. Contrição Interior
contriçã o é interior quando n vem do coraçã o. Por isso, muitas
vezes é chamado de tristeza “sincera”. Nã o é necessá rio fazer
esforços violentos para excitar essa tristeza sincera, pois tais
esforços muitas vezes produzem ansiedade e resultam apenas em
exibiçã o externa. Nem estar profundamente arrependido pelos
pecados significa que alguém deva se preocupar com eles.
Arrependimento e contriçã o sã o um efeito do amor o f Deus ; a
ansiedade é um efeito do amor-pró prio. A verdadeira contriçã o é
calma m e humilde . _ À s vezes é uma dor sensível, isto é, uma dor
que se faz sentir ; mas isso nã o é nada essencial. A contriçã o é
essencialmente um n agir _ o f o _ vontade . Uma pessoa tem
contriçã o suficiente quando seus pecados a desagradam a tal ponto
que ela está decidida a nã o cometê-los novamente, se a ocasiã o se
apresentar novamente. Sã o Francisco de Sales diz que a capacidade
de desejar sou um grande poder com Deus, e a pessoa se contrita
pelo simples fato de desejar para tê -lo. Portanto, se a vontade se
desagrada acima de tudo por ter cometido pecado, e se se pode dizer
com o salmista: “Odiei e abominei a iniqü idade” ( Sl. 118:163) , a
contriçã o é boa e suficiente.
2. Contrição Sobrenatural
A verdadeira contriçã o é sobrenatural. É uma graça real do
Espírito Santo, e é despertada por motivos sobrenaturais. Os
principais motivos sobrenaturais sã o:
1) A infinita bondade de Deus.
2) O sofrimento e a morte de Cristo.
3) A repugnâ ncia do pecado.
4) A recompensa eterna perdida pelo pecado.
5) O castigo eterno ao qual o pecado torna a pessoa responsável.
Contrição Perfeita
Perfeito contrição _ é a dor que procede de um amor puro ou
perfeito de Deus, que é infinitamente bom e perfeito em si mesmo e
merecedor de todo o nosso amor. É tristeza pelo pecado porque o
pecado desagrada a Deus. Nosso Senhor disse: “Amará s o Senhor teu
Deus de todo o teu coraçã o, e de toda a tua alma, e de toda a tua
mente”. ( Mat. 22:37) . Estas palavras contêm a essência da contriçã o
perfeita, pois como declara o Concílio de Trento: “ Perfeita contrição
_ eu sou isso _ qual _ eu sou conceber d fora _ o fa motivo _ o f caridade
, ou seja , o _ amo _ o f Vá d um s H e eu sou eu n Ele mesmo , ou _ o n
conta _ o f Olá _ bondade. ”
Efeitos da Contrição Perfeita
A contriçã o perfeita limpa imediatamente a alma de toda culpa
do pecado e a reconcilia com Deus, mesmo sem o Sacramento da
Penitência. A contriçã o perfeita sempre inclui pelo menos um desejo
e intenção implícitos de receber o Sacramento da Penitência, e a
obrigação de confessar todos os pecados mortais ainda permanece,
mesmo depois de ter feito um ato ou atos de contriçã o perfeita.
Deve-se notar bem que, se alguém cometeu um pecado mortal,
só a contrição perfeita sem o Sacramento da Penitência não é
suficiente antes de receber a Sagrada Comunhão. A pessoa deve
primeiro ir à Confissão Sacramental; por outro lado, ele comete
um pecado mortal de sacrilégio.
A contriçã o perfeita é necessária como meio de salvação para os
pecadores moribundos (em estado de pecado mortal) que não
receberam e não podem receber o Sacramento do Batismo * e para os
pecadores moribundos que, embora batizados, não podem receber o
Sacramento da Penitência. A contrição perfeita é a último e só
chave do Céu para os pecadores na hora da morte (católicos ou
não católicos) que não podem recorrer às chaves de
misericórdia confiadas por Deus aos Seus sacerdotes nos
Sacramentos da Penitência e da Extrema Unção.
A contriçã o perfeita, porém, não é necessária para a recepção
válida do Sacramento da Penitência. Aqui, a contriçã o imperfeita
(também chamada à s vezes de atrito ) é suficiente. Deve-se, no
entanto, esforçar-se para ter uma contriçã o perfeita, pois quanto
maior a dor pelo pecado, mais agradável é a Deus e mais o castigo
temporal é remitido na recepçã o do Sacramento; maior também é o
mérito do penitente, cuja medida determina seu grau de gló ria
celestial.
Os teó logos concordam unanimemente que os méritos perdidos
pelo pecado mortal revivem na recepçã o do Sacramento da
Penitência. Nã o é certo, no entanto, se todos os méritos que uma
pessoa possuía antes de pecar sã o restaurados, ou se esses méritos
sã o aumentados ou diminuídos. Sã o Tomá s é da opiniã o que os
méritos sã o restaurados na proporção da disposição do penitente, de
modo que “à s vezes o penitente se levanta em maior graça do que
antes, à s vezes em menor graça”. Obviamente, entã o, quanto mais
perfeita for a contriçã o, maior será a medida de mérito restaurada.
No caso de uma pessoa que nã o cometeu pecados mortais, a
contriçã o perfeita (mesmo fora da Confissã o) aumenta e assegura
mais fortemente o estado de graça, perdoa os pecados veniais de que
se arrepende, cancela a pena temporal devida ao pecado e fortalece e
aumenta na alma um verdadeiro e constante amor a Deus.
Como fazer atos de contrição perfeita
A contriçã o perfeita é uma graça, uma grande graça , brotando do
amor e misericó rdia de Deus. Deve ser buscado com seriedade, nã o
apenas quando se prepara para a Confissã o, mas habitualmente. “Ó
meu Deus, dá -me a graça do verdadeiro arrependimento, uma
contriçã o perfeita pelos meus pecados”, deve ser uma de nossas
oraçõ es mais frequentes. Para dispor a alma à contriçã o perfeita,
deve-se colocar-se na realidade ou na imaginaçã o diante de um
Crucifixo e olhar para as Chagas de Jesus, refletindo seriamente por
um curto período de tempo sobre Quem é que sofre ali, sobre os
terríveis tormentos que Ele suporta , na vergonha e tristeza que
oprimem esta inocente Vítima do pecado, e no infinito amor com que
este misericordioso Redentor expiou esses pecados. Entã o, com o
coraçã o e os lá bios, ele pode repetir lenta e fervorosamente um ato
de contriçã o .
Contrição Imperfeita
Embora, como dito acima, seja melhor e mais proveitoso para a
alma ter a contriçã o perfeita ao receber o Sacramento da Penitência,
o segundo tipo de contriçã o sobrenatural, que chamamos de
imperfeita contrição , é suficiente para uma boa confissã o. A
contriçã o imperfeita, também chamada de atrito, é definida como
aquela sobrenatural tristeza e ódio por pecado que surge a partir de
reflexão sobre a hediondo do pecado, do medo da perda do céu, ou do
medo do inferno e seus tormentos. Portanto, o motivo da contriçã o
imperfeita é o medo do Deus e Seus julgamentos. Embora a contriçã o
imperfeita brote de um motivo sobrenatural, é inferior ao motivo da
contriçã o perfeita. No entanto, a contriçã o imperfeita procede da
graça de Deus e de motivos que brotam da fé . É , portanto, agradável
a Deus.
A contriçã o imperfeita é mais facilmente excitada na alma do que
a contriçã o perfeita porque é acessível a todos os que têm o menor
grau de fé. Mesmo os maiores pecadores podem fazer um ato de
contriçã o decorrente do temor de Deus ou do pavor do inferno. Com
tal contriçã o, o perdã o dos pecados pode ser obtido dentro do
Sacramento da Penitência.
3. Contrição Universal
O terceiro requisito para a contriçã o é que seja universal; isto é, é
devo ampliar para tudo mortal pecados sem exceção ou reserva . A
contriçã o nã o é genuína a menos que todo pecado mortal seja
detestado. É impossível que alguns pecados mortais sejam
perdoados e outros nã o sejam perdoados. Todos sã o perdoados, ou
nenhum é perdoado. É impossível que a luz e as trevas estejam no
mesmo lugar. Portanto, a Graça Santificante e o pecado mortal nã o
podem habitar juntos. Se há graça na alma, nã o pode haver pecado
mortal; e se há pecado mortal, nã o pode haver graça, pois mortal
pecado expulsa tudo graça. Se a Graça Santificante habita na alma, a
alma tem direito ao Céu. Se a alma está em estado de pecado mortal,
ela está indo para o Inferno. O pecador deve, portanto,
necessariamente se arrepender sinceramente de todos os pecados
mortais se deseja se reconciliar com Deus, pois é impossível
reivindicar simultaneamente o Céu e o Inferno; é impossível ser
amigo e inimigo de Deus ao mesmo tempo.
Em sua epístola, Sã o Tiago, o Apó stolo, declara o princípio assim:
“Todo aquele que guardar toda a lei, mas tropeçar em um ponto, será
culpado de todos”. ( Tiago 2:10). Um ú nico pecado mortal mantém a
alma no poder do diabo. E como nenhum pecado mortal é perdoado
sem dor, a contriçã o deve estender-se a todos os pecados mortais.
Isso, é claro, nã o significa que se deva fazer um ato especial de
contriçã o por cada pecado mortal individual. Basta que o ato de
contriçã o abranja todos os pecados mortais cometidos.
No caso dos pecados veniais, no entanto, a contriçã o nã o precisa
ser universal, embora naturalmente seja desejável que seja. O
pecado venial nã o torna a alma inimiga de Deus, mas apenas diminui
seu grau de amizade. Este fato, porém, nã o deve fazer com que se
minimize a gravidade do pecado venial. Uma pessoa pode fazer uma
boa Confissã o se estiver verdadeiramente arrependida de alguns
pecados veniais, embora ainda tenha apego a outros. Mas só serã o
perdoados aqueles pelos quais ele se arrepende. A Confissã o é vá lida
e boa, portanto, se houver tristeza pelos principais pecados veniais,
quando nã o houver pecados mortais a confessar. Mas se há pecados
mortais e pecados veniais, a Confissã o é boa, ainda que se tenha
tristeza apenas pelos pecados mortais. Se o penitente tiver apenas
pecados veniais a confessar e nã o se arrepender de nenhum deles, a
Confissã o é invá lida, isto é, os pecados nã o sã o perdoados - embora a
Confissã o nã o seja necessariamente sacrílega, pois a absolviçã o foi
dada sob a presunçã o do penitente está tendo tristeza, enquanto ele
nã o.
4. Contrição Soberana
Finalmente, a contriçã o deve ser suprema ou soberana, o que
significa que a contriçã o pelo pecado deve ser a maior de todas as
dores. Deve exceder a tristeza causada pela perda de todos os bens
ou amigos terrenos, porque o pecado é o maior de todos os males,
trazendo nã o uma perda temporal, mas eterna para a alma. No
entanto, como mencionado anteriormente, essa tristeza nã o precisa
ser sentida com as emoçõ es.
Destas consideraçõ es, fica claro que na preparaçã o para a
Confissã o deve-se dar atenção especial ao ato de contrição, que deve
ser feito sempre antes de entrar no confessioná rio para assegurar
que se tenha verdadeiro pesar por seus pecados, porque o
arrependimento por seus pecados é o principal requisito para
receber o perdã o de Deus. No confessioná rio, o ato de contriçã o deve
entã o ser renovado, em vez de feito pela primeira vez. Caso
contrá rio, o penitente correria o risco de possivelmente nã o ter
verdadeira tristeza pelo pecado, ou de ter apenas uma vaga sensaçã o
de tristeza e nã o um firme propó sito de emenda.
Recaídas em pecados anteriores
Nã o se deve concluir que uma pessoa faltou de verdadeira
contriçã o se ela novamente cair nas mesmas falhas apó s a Confissã o,
pois o pecado tende a se tornar habitual e muitas vezes está
profundamente enraizado no comportamento de uma pessoa. A
contriçã o é um ato momentâ neo, e é bem possível que maus há bitos
e uma certa afeiçã o pelo pecado possam causar uma recaída, ainda
que no momento da Confissã o se tenha decidido firmemente nã o
cometer pecado novamente.
Recaídas em mortal pecado este primavera de mãe perverso vai,
no entanto, devo não ser tolerado. Eles devem ser atacados em sua
raiz até serem conquistados. Elas posso ser inteiramente superado
pela persistência em receber dignamente os Sacramentos da
Confissã o e da Comunhã o e pela oraçã o persistente e fervorosa,
especialmente a oraçã o à Bem-Aventurada Virgem Maria, e
especialmente através do seu santo Rosá rio para esta intençã o. Esta
combinaçã o é garantida para funcionar se o penitente for
genuinamente sincero e for absolutamente persistente nessas
devoçõ es. eu n o _ caso _ o f impureza , eu _ maio _ b e necessário _
para r o _ penitente _ t o g o t o Confissão _ e d Comunhão _
diariamente _ eu n ordem r t o superar e isso é pecado . Nosso
pró prio Senhor divino nos deu a deixa para o sucesso em vencer o
pecado quando disse: “O Reino dos Céus sofre violência e os
violentos o levam embora”. ( Mat. 11:12) . Em outras palavras, é
preciso recorrer a todos os extremos para superar certos tipos de
pecado mortal, em um esforço para salvar sua alma. E é correto fazê-
lo! O confessor deve compreender prontamente e até aplaudir um
esforço tã o valente e determinado.
Depois dos pecados mortais, deve-se trabalhar para erradicar os
pecados veniais propositais. Mas as recaídas no pecado venial que
procedem da inadvertência, da surpresa, da enfermidade e
fragilidade da natureza humana, nunca podem ser totalmente
superadas, exceto por algum privilégio especial de Deus. (Concílio de
Trento, Sess. VI, câ n. 23). Sã o Francisco de Sales diz que se nos
livrarmos de tais faltas um quarto de hora antes da morte, nos
sairemos bem.
III. OBJETIVO DA ALTERAÇÃO
O terceiro requisito para uma boa Confissã o é um firme

T
propósito de emenda. Isso está intimamente ligado à contriçã o
sincera, sendo seu segundo elemento.
Um propó sito firme de emenda é uma resolução para evitar,
por a graça do Deus, não só pecado, mas também a perigoso
ocasiões do pecado. O propó sito da emenda deve ser firme, universal,
eficaz e durável. É firme quando o penitente está disposto a evitar o
pecado a qualquer custo. Como a contriçã o, um firme propó sito de
emenda é universal quando se estende a todos os pecados mortais; é
eficaz quando o penitente se esforça seriamente para corrigir seus
maus há bitos e evita tudo o que está próximo ou próximo . ocasiões
de pecado; é durável quando é duradouro e nã o é um mero
sentimento passageiro.
A. OCASIÕES DE ENTRADA _
Uma ocasião de pecado é qualquer pessoa, lugar ou coisa que
normalmente coloca uma pessoa em perigo de cometer pecado. A
Sagrada Escritura nos adverte: “Aquele que ama o perigo, nele
perecerá”. ( Eclus. 3:27). A ocasiã o leva a pessoa a pecar, ou a
pressiona a cometer pecado. Portanto, para evitar o pecado, a
ocasiã o deve ser evitada.
Existem quatro tipos de ocasiõ es de pecado: 1) ocasiõ es
próximas , nas quais geralmente se cai; 2) ocasiõ es remotas , em que
às vezes se cai; 3) ocasiõ es voluntárias , que podem ser evitadas se
assim o desejarem; e 4) ocasiõ es involuntárias , que nã o podem ser
evitadas. Uma pessoa que nã o está disposta a evitar uma ocasiã o
próxima ou voluntária de pecado nã o está devidamente preparada
para receber a absolviçã o e o perdã o de seus pecados. Se o padre
estiver ciente de suas disposiçõ es imperfeitas, ele recusará a
absolviçã o.
As pessoas que sã o ocasiõ es de pecado sã o aquelas em cuja
companhia se costuma cair em pecado. Lugares sã o aqueles lugares
onde se costuma cair em pecado, como tavernas, teatros de má
reputaçã o, praias pú blicas, salõ es de dança e todos os resorts
imorais de qualquer tipo, quer se cometa pecado neles ou nã o. Coisas
que sã o ocasiõ es de pecado sã o livros ruins, fotos indecentes, filmes
e vídeos imorais ou obscenos, e cançõ es sugestivas, piadas e coisas
do gênero. Nosso Salvador diz sobre ocasiõ es de pecado: “Se tua mã o
ou teu pé te escandalizam, corta-o e lança-o de ti. É melhor para ti
ires para a vida [eterna] aleijado ou coxo, do que tendo duas mã os ou
dois pés, ser lançado no fogo eterno.” ( Mat. 18:8) .
B. OBJETIVO DE UMA EMENDA DEVE _ B E ESPECÍFICO _
Embora um firme propó sito de levar uma vida melhor no futuro
seja suficiente para uma Confissã o digna, uma resoluçã o mais
específica será mais frutífera. Quanto mais uma pessoa resolve lutar
contra suas falhas de uma maneira positiva , mais provável é que ela
tenha sucesso. Sua resoluçã o será mais eficaz. Em vez de dizer: “Vou
evitar o pecado no futuro e praticar a virtude”, deve-se resolver ficar
um jeito a partir de isto ou este especial Lugar, colocar ou coisa que
conduziu dele em pecado. Entã o ele também deve tornar definitivo,
positivo esforços para superar seus pecados habituais, e até mesmo
impor a si mesmo uma pequena penitência a ser realizada quando
ele descobre que falhou em um determinado assunto. Outro meio
eficaz é resolver praticar o ato contrá rio de virtude um certo nú mero
de vezes ao dia, a fim de se estabelecer no há bito e diminuir a
possibilidade de ofender novamente naquele ponto.
oração - especialmente a oraçã o do Santo Rosá rio - deve sempre
acompanhar nossos esforços para superar nossas falhas, pois tudo
depende da graça de Deus, e a graça é obtida pela oraçã o. O pró prio
Deus nos diz: “Sem Mim, vocês nã o podem fazer nada”. ( João 15:5) .
Mesmo que uma pessoa possa ter dú vidas sobre uma recaída por
causa de sua fraqueza, ou mesmo se ela realmente cair, isso nã o é
uma indicaçã o de que seu propó sito de emenda nã o foi sincero.
Como contriçã o, isso depende, como dissemos, de sua boa vai. Um
firme propó sito de emenda nã o é um simples desejo nem um
conhecimento positivo, mas um sério determinação para Faz um 's
melhor para evitar pecado dentro a futuro. A firme confiança na
ajuda de Deus quando surgirem dificuldades será de imenso valor
para vencer as tentaçõ es com sucesso.
4. CONFISSÃO E ABSOLUÇÃO
A. O ELE C ONFISSÃO DE S INS
A OFESSÃ O é a quarta condiçã o exigida do penitente para o

C
perdã o de seus pecados. A palavra “confissã o” vem da palavra
latina confessio, que significa um reconhecimento, uma
manifestaçã o. A Confissã o Sacramental, portanto, é a
manifestaçã o ou o reconhecimento dos pró prios pecados a um
sacerdote, devidamente autorizado pelo bispo da diocese para
conceder o perdã o na Confissã o.
O Sacramento da Penitência é um Sacramento da Misericó rdia.
Deve ser abordado com confiança e paz de coraçã o. Ela tem duas
partes componentes: 1) a Confissão propriamente dita, ou seja, o
penitente narrando seus pecados; e 2) a absolvição ou perdã o
concedido pelo sacerdote.
1. Qualidades de uma boa confissão
Uma boa confissã o é humilde, sincera e completa.
Uma confissã o é humilde quando o penitente se acusa de seus
pecados com profundo sentimento de vergonha e tristeza, e com os
sentimentos de um culpado confuso e humilhado pela ofensa que fez
a Deus.
Uma confissã o é sincera quando o penitente conta seus pecados
com honestidade, verdade e simplicidade, como ele mesmo os vê,
sem exagerá -los ou escusá -los.
Uma confissã o é completa quando o penitente dá a conhecer
todas as a mortal pecados que ele recorda depois de um diligente
exame de consciência, juntamente com o seu número e quaisquer
circunstâncias que possam mudar a sua natureza. Isso significa que
ele deve contar quaisquer detalhes particulares que tornem um
pecado mais sério e que possam constituir um novo tipo de pecado.
Por exemplo, roubar é pecado, mas roubar de uma igreja é um roubo
sacrílego. Roubar dez dó lares de uma pessoa pobre é mais doloroso
do que roubar cem dó lares de uma pessoa rica. O falso testemunho e
a calú nia sã o muito mais graves do que uma simples mentira. As
açõ es impuras, embora sempre pecados mortais (quando praticadas
com pleno consentimento da vontade), assumem outro cará ter
quando cometidas com outros; e neste ú ltimo caso, sua gravidade é
medida pela condiçã o do cú mplice: se a pessoa era casada ou
solteira, do mesmo sexo ou do sexo oposto, e se era ou nã o parente.
Circunstâ ncias que agravam um pecado também devem ser
mencionadas, como se entregar ao ó dio contra o outro
repetidamente e por um tempo considerável. No caso de escâ ndalo,
deve-se mencionar se uma ou várias pessoas foram escandalizadas.
Se o dano foi feito a outro, deve-se declarar se foi muito ou pouco, se
foi feito por descuido ou propositalmente. Se uma ocasião de pecado
ainda persistir, esse fato deve ser mencionado; da mesma forma, se
um mau hábito foi muitas vezes confessado e nunca corrigido.
O penitente também deve ser prudente; isto é, ele deve abster-se
de tornar conhecida a identidade de qualquer pessoa envolvida em
seus pecados, deve evitar detalhes supérfluos e se expressar da
maneira mais modesta que a natureza do pecado permitir. Quando a
confissã o é bem feita, o padre geralmente nã o acha necessá rio fazer
perguntas; mas se ele perguntar alguma, ela deve ser respondida
com clareza e verdade. Se uma pessoa achar difícil mencionar um
pecado, ela deve simplesmente dizer isso ao sacerdote, que ficará
feliz em ajudá -lo.
Se um penitente honestamente se esquece de confessar um ou
mais pecados mortais, esses pecados sã o perdoados quando o
sacerdote dá a absolviçã o, e o penitente pode receber a Sagrada
Comunhã o. No entanto, ele deve confessar o(s) pecado(s) mortal(is)
esquecido(s) em sua pró xima Confissã o, se eles vierem à mente.
2. Confissão de pecados veniais
A confissã o dos pecados veniais nã o é exigida para a integridade
da Confissã o, porque eles podem ser perdoados de outras maneiras,
por exemplo, pela devota assistência na Santa Missa, por uma
fervorosa comunhã o ou por um ato de caridade; mas se um
penitente tem pecados mortais a confessar , é sempre Boa e útil
também mencionar pelo menos alguns pecados veniais. Confessá -los
mostra um ó dio por todo pecado. Além disso, isto é as vezes difícil por
a comum pessoa para distinguir entre mortal e venial pecado;
Portanto, dentro caso do dúvida, 1 deve menção eles. O Sacramento da
Penitência perdoa todos os pecados veniais por que 1 é
verdadeiramente desculpe, sejam eles mencionados ou nã o; também
retira, pelo menos em parte, a puniçã o temporal devida a eles; e dá ,
além disso, graça e força para resistir à s tentaçõ es. Por estas razõ es,
é aconselhável confessar os pecados veniais, juntamente com os
pecados mortais que se deve confessar.
No caso de pecados que são duvidosamente mortais, é melhor
confessá -los por causa da paz de consciência. Para alguém cuja
consciência está relaxada, é imperativo confessá -los porque
geralmente nã o está julgando seus pecados corretamente. Tais
pessoas podem enganar a si mesmas quanto à gravidade da questã o
dos pecados. Aqueles de consciência escrupulosa devem seguir
estritamente o que um bom confessor ortodoxo aconselha sobre
pecados que sã o duvidosamente mortais.
3. Confissões sacrílegas
Esconder deliberadamente (isto é, omitir da confissã o) um
pecado mortal - ou deturpá -lo e fazê-lo parecer menos grave do que
realmente é - é mentir ao Espírito Santo, cujo lugar o confessor
ocupa. Nã o apenas tal Confissã o seria invá lida e nenhum dos
pecados confessados seria perdoado, mas, além disso, a terrível
culpa do sacrilégio seria incorrida. Uma confissã o sacrílega é muitas
vezes seguida de uma comunhã o indigna, o que constitui um novo
sacrilégio. Outras Confissõ es e Comunhõ es sacrílegas podem entã o
seguir com muita facilidade. Uma pessoa em tal estado que continua
a receber a Comunhã o e/ou a fazer má s Confissõ es estaria
acumulando pecado sobre pecado e estaria em grave perigo de
incorrer na terrível penalidade da cegueira espiritual e na angú stia
mental indescritível de uma consciência torturada – mais, é claro,
condenaçã o eterna.
O único remédio para uma má Confissão, ou uma série de
más Confissões, é uma boa Confissão Geral, cobrindo todo o
período de tempo desde a última Confissão digna. Tal Confissão
deve incluir o pecado mortal ou pecados ocultos na Confissão
indigna, o fato de sua ocultação, quaisquer outros pecados
mortais que possam ter sido confessados naquela Confissão e
todas as más Confissões e Comunhões indignas mais quaisquer
outros pecados mortais cometidos desde a má Confissão
original. Se uma pessoa tem dificuldade com esta Confissã o Geral,
deve dizer ao padre: “Padre, fiz uma má Confissã o. Por favor me
ajude." O padre ajudará a pessoa a se lembrar de tudo o que for
necessá rio.
Além de sua gravidade, nã o há nada tã o tolo quanto ceder a uma
falsa vergonha e fazer uma má confissã o. Uma pessoa se colocaria
assim em certo perigo de condenaçã o eterna, pois se ela morresse
neste estado sem se arrepender de acordo com os requisitos da lei
de Deus, ela estaria eternamente perdida. Para obter o perdã o
sacramental de qualquer pecado mortal oculto, deve ser conhecido
mais cedo ou mais tarde na Confissã o. Além disso, será dado a
conhecer no Dia do Juízo ao mundo inteiro, para vergonha e
confusã o do pecador que está condenado. Por outro lado, se o
pecado foi humildemente confessado e a alma salva, essa humildade
redundará na gló ria da infinita misericó rdia de Deus e na
recompensa eterna da alma. Aqui na terra, a consciência da pessoa
ficará tranquila; A paz e a graça de Deus tomarã o posse de sua alma;
e ele pode novamente esperar com confiança a recompensa eterna
prometida aos que amam a Deus.
Na Confissã o, os pecados sã o
o representante de Deus, que está vinculado pelo selo inviolável do
segredo, e que em muitos casos ignora inteiramente a identidade do
pecador. Se um pecado mortal for ocultado por qualquer motivo, nã o
permitirá ao pecador paz de consciência; causa-lhe indizível
angú stia de alma, que por sua vez pode levar a distú rbios nervosos,
ao desespero, ao suicídio e à condenaçã o eterna. O que, entã o, é mais
tolo do que esconder os pecados mortais na Confissã o!
4. Confissão Geral
O assunto das Confissõ es indignas leva naturalmente a uma
consideraçã o das Confissõ es Gerais. Uma Confissão Geral pode
abranger toda a vida de alguém, ou apenas uma certa parte dela. A
realizaçã o de tal Confissã o pode ser obrigató ria, ú til ou prejudicial,
dependendo das circunstâ ncias.
A Confissã o Geral é necessária e obrigató ria para todos os que
fizeram uma ou mais Confissõ es sacrílegas, conforme explicado
acima; isto é, se, por medo, vergonha ou malícia, eles
voluntariamente oculto ou essencialmente deturpou um pecado
mortal ou pecados, ou o nú mero de seus pecados mortais. Uma
Confissã o Geral também é obrigató ria para qualquer um que tenha
feito conscientemente uma má Confissã o ou má s Confissõ es de outras
maneiras, como por exemplo confessando sem tristeza sobrenatural,
ou sem um propó sito firme de evitar o pecado e as ocasiõ es
pró ximas do pecado. No entanto, a pessoa deve ser claramente
consciente de ter falhado dessa maneira. Pois se ele se esforçou para
garantir as disposiçõ es adequadas, ele tem o direito de acreditar que
realmente possuía essas disposiçõ es, uma vez que Deus prometeu
dar Sua graça a todos que realmente a buscam.
Outras formas pelas quais podem ser feitas Confissõ es indignas
sã o as seguintes: quando o penitente nã o pretende sinceramente
reparar, na medida do possível, dano grave à propriedade ou ao bom
nome de outrem; quando ele nã o se reconcilia com um inimigo e o
perdoa sinceramente; quando ele nã o renunciar a ser membro de
sociedades secretas, ou desistir de prá ticas ou relacionamentos que
sã o uma ocasiã o de pecado mortal. Todos esses penitentes sã o
indignos de absolviçã o, e se o sacerdote estiver ciente de sua falta de
disposiçã o adequada, ele a recusará a eles. Se o padre for enganado,
no entanto, e conceder a absolviçã o a uma pessoa indigna de recebê-
la, essa absolviçã o é inú til, e o penitente é obrigado, sob pena de
condenaçã o, a reparar qualquer má confissã o por uma boa confissã o.
Se alguém precisar de uma Confissã o Geral, nã o deve adiá -la, pois a
morte pode chegar a qualquer momento e selar a condenaçã o eterna
da alma.
Uma Confissã o Geral é útil para aqueles que desejam começar
uma nova vida e servir a Deus com mais fidelidade e fervor. A
experiência ensina que muitas pessoas, depois de uma boa Confissã o
Geral, levam uma vida mais fervorosa e virtuosa. Sã o Francisco de
Sales diz sobre a Confissã o Geral: “Ela nos dá um conhecimento mais
completo de nó s mesmos; isso nos enche de uma vergonha saudável
ao ver nossos pecados; alivia nossa mente de muita ansiedade e dá
paz à nossa consciência; excita em nó s boas resoluçõ es; mostra-nos
a maravilhosa paciência e misericó rdia de Deus para conosco;
permite que o confessor nos dirija com mais segurança; e,
finalmente, dilata o nosso coraçã o, para que possamos sempre fazer
a nossa Confissã o com maior confiança”.
Uma Confissã o Geral é útil e recomendada para aqueles que
estã o prestes a se casar ou entrar no estado religioso ou eclesiá stico,
ou que estã o prestes a assumir um cargo importante, etc. . Muitos
bons cristã os fazem um retiro anual no qual fazem uma Confissã o
Geral cobrindo o ano anterior. Isso tende a aumentar a humildade da
alma e ajuda a evitar a repetiçã o das mesmas faltas durante o
pró ximo ano.
Uma Confissã o Geral pode ser prejudicial, no entanto, para
aqueles que sã o excessivamente escrupulosos. Tais pessoas nã o
devem fazer uma Confissã o Geral sem a expressa sançã o de seu
confessor, pois uma Confissã o Geral pode aumentar sua doença.
Devem simplesmente obedecer ao seu confessor e fazer frequentes
atos de contriçã o, amor e confiança em Deus.
5. Confissão Frequente
A Confissã o semanal, quinzenal ou mesmo mensal – mas nunca
por um período maior do que isso – é considerada uma Confissã o
frequente . O propó sito da Confissã o frequente é ajudar a alma a
atingir um alto grau de perfeiçã o e preservar e aumentar a Graça
Santificante. Isto implica a eliminaçã o das faltas que impediriam o
progresso na virtude. A questã o da confissã o frequente geralmente
nã o é pecado mortal, embora aqueles que confessam muitas vezes
possam e à s vezes caiam em pecado mortal. Normalmente, porém, a
Confissã o frequente diz respeito apenas aos pecados veniais,
portanto, pecados que nã o se deve confessar, a menos que se queira.
Como já foi dito, o pecado venial pode ser removido por meio de
um ato de amor, um ato de paciência, uma aspiraçã o fervorosa, etc.,
mas o Concílio de Trento ensina que os pecados veniais podem ser
confessados com proveito para a alma, pois o Sacramento da
Penitência contém o poder de Cristo para remetê-los. Este poder
sacramental nã o só apaga os pecados em si mesmos, mas também
cura a alma dos maus efeitos deixados por eles mais eficazmente do
que os meios nã o sacramentais. Ele faz isso, em primeiro lugar,
remetendo a maior parte da pena temporal.
Outras vantagens da Confissã o frequente sã o as seguintes: Dá à
alma um autoconhecimento mais completo. Purifica cada vez mais a
consciência. Cura a alma da fraqueza e da tepidez. Ele o afasta do
apego à s coisas terrenas. Ele subjuga e regula suas paixõ es e desejos,
e corrige maus há bitos. Tudo isso é de grande importâ ncia para uma
pessoa que está lutando pela perfeiçã o. Além disso, a confissã o
frequente dá à alma um novo vigor e um forte impulso para se
esforçar mais fervorosamente para se entregar a Cristo e à s coisas
sobrenaturais. A confissã o frequente fortalece a vontade e,
finalmente, confere à alma o direito à graça sacramental da
assistência, tã o necessá ria para vencer maus há bitos e tentaçõ es.
A Confissã o Freqü ente também dá ocasiõ es mais freqü entes para
provocar atos de tristeza e um propó sito de emenda, e isso com
maior fervor e meticulosidade do que em outras ocasiõ es. A
confissã o das pró prias falhas específicas é em si um ato de
satisfaçã o, que de outra forma nunca seria feito. Também dá ao
confessor mais e melhor informaçã o sobre como dirigir a alma.
A confissã o frequente supõ e um esforço sincero pela perfeiçã o e
pureza de coraçã o. Os mornos e indiferentes tiram pouco proveito da
confissã o frequente, mas onde quer que haja um sério esforço para
melhorar, seja o assunto mortal ou venial, a confissã o é sempre um
meio necessá rio e poderoso para esse fim. As almas que sã o
sensíveis à menor infidelidade para com Nosso Senhor sã o rá pidas e
ansiosas para aproveitar os benefícios da Confissã o frequente. Esta é
a razã o pela qual os santos confessaram com muita frequência. Sã o
Tomá s de Aquino (1225-1274) confessava-se diariamente, assim
como Sã o Vicente Ferrer (1350-1419); St. Anthony Mary Claret
(1807-1870) ia três ou quatro vezes por semana.
Problemas encontrados na confissão frequente
Há , no entanto, certos perigos e dificuldades a serem evitados na
Confissã o frequente, porque há sempre o perigo de desempenho
rotineiro . O penitente deve reconhecer sua incapacidade (sem a
ajuda de Deus) de levar uma vida em conformidade com a Vontade
de Deus e deve implorar a ajuda do Espírito Santo. Deve haver
sempre em seu coraçã o uma disposiçã o de ó dio ao pecado, uma
guerra constante contra o pecado, um espírito de penitência e
expiaçã o e um amor fervoroso por Deus.
No exame de consciência, o penitente deve procurar descobrir as
suas faltas habituais , aquelas que são mais voluntária e desagradável
a Deus e, portanto, um obstá culo maior ao seu crescimento
espiritual, em vez de tentar descobrir cada pequena falha ou falha.
Para uma Confissã o vá lida, deve haver tristeza real , como enfatizado
anteriormente, de modo que o penitente deve ter tristeza por pelo
menos um dos pecados veniais confessados. É sempre bom incluir
na Confissã o um pecado mortal de uma vida passada que já tenha
sido confessado e perdoado, a fim de assegurar a sinceridade de sua
contriçã o e certificar-se de que há matéria para a absolviçã o.
B. O ELE UMA SOLUÇÃO DO _ P RISE
A absolvição é a “forma” (uma palavra técnica em teologia para as
palavras essenciais de um sacramento) que o sacerdote pronuncia
sobre o penitente enquanto (ou depois) o penitente faz seu ato de
contriçã o. Pela absolviçã o pronunciada pelo sacerdote na Confissã o,
os pecados do penitente sã o perdoados e ele é restituído à amizade
de Deus. A forma essencial do Sacramento – normalmente usada
nesta forma curta apenas em caso de emergência – é a seguinte: “Eu
te absolvo de todas as censuras e pecados, em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo. Amém.” — Ego te absolvo ab omnibus
censuris, et peccatis, in nomine Patris, et Filii, e Spiritus Sancti. Um
homem. ( Roman Ritual. Weller, Bruce Publishing, 1950, p. 310).
Há também uma forma mais longa que foi ordenada pela Igreja e
que tem sido comumente usada no Rito Latino desde tempos
imemoriais, embora todas as palavras desta forma nã o sejam
essenciais para o Sacramento. Este formulá rio é:
Que o Deus Todo-Poderoso tenha misericó rdia de você, perdoe seus pecados e
o conduza à vida eterna. Um homem. Que o Senhor Todo-Poderoso e misericordioso
lhe conceda perdão, absolvição + e remissão de seus pecados. Um homem.
Que Nosso Senhor Jesus Cristo te absolva, e por Sua pró pria autoridade, eu te
absolvo de todo vínculo de excomunhão (suspensão [ usado na absolvição dos
sacerdotes ]) e interdição, na medida em que eu puder e você precisar. Finalmente,
Eu te absolvo de seus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Amém .
A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, os méritos da Bem-Aventurada Virgem
Maria e de todos os Santos, qualquer bem que tenhas feito e mal que tenhas sofrido,
vos sejam para a remissão dos pecados, o aumento da graça e a recompensa da vida
eterna. Um homem.

Esta bela forma contém a “forma” essencial do Sacramento, mais


muito do que a Igreja deseja ardentemente ver o penitente colocar
em prá tica. Tem, além disso, um valor sacramental , pois por ela “o
sacerdote dá aos nossos sofrimentos, aos nossos atos de satisfaçã o,
expiaçã o, mortificaçã o, reparaçã o e paciência – que ele une assim ao
Sacramento – uma eficá cia especial que nossa fé nã o deve deixar de
considerar.” (Dom Columba Marmion, OSB, em Cristo, a Vida do a
Alma. ) Somos ensinados por esta forma do Sacramento que Deus
aceita nã o só as obras expiató rias que nó s mesmos realizamos
voluntariamente, mas também, em virtude dos méritos de Cristo,
todas as provaçõ es, pobreza, infortú nios e sofrimentos que Ele nos
envia, desde que suportemos pacientemente eles. É por isso que os
escritores espirituais recomendam a prá tica de oferecer tais
aborrecimentos e sofrimentos em conexã o com a recepçã o do
Sacramento da Penitência.
Mas observemos também que nã o apenas essas provaçõ es, etc.,
sã o aceitáveis para a expiaçã o do castigo temporal, mas também
para “um aumento da graça”. Tã o generoso é Deus Todo-Poderoso
que Ele nã o pode perdoar nossos pecados no Sacramento da
Penitência sem nos dar ao mesmo tempo um aumento de graça!
Além disso, esses sofrimentos beneficiam a “recompensa da vida
eterna”, conforme indicam as palavras.
Assim que o sacerdote pronuncia as palavras de absolviçã o, o
Sacramento é cumprido, e por mais graves que sejam os pecados
confessados, todos os efeitos maravilhosos inerentes ao Sacramento,
enumerados no início deste livrinho, sã o produzidos na alma, desde
que o penitente esteja verdadeiramente contrito, pois naquele
momento Deus justifica o pecador pelo derramamento de Sua graça
e concede Sua bênçã o.

V. SATISFAÇÃO
AQUI continua a ser considerado o quinto requisito para uma

T
boa Confissã o, ou seja, a satisfação; isto é, a penitência a ser
realizada em expiaçã o do castigo temporal devido ao pecado.
Deve-se entender que em todo pecado há um duplo mal: 1) a
culpa e 2) a ofensa contra Deus. A culpa, como tal, adere ao
pecador como uma “mancha” em sua alma, mas ao mesmo tempo ele
incorre na obrigação de reparar sua ofensa contra Deus. Essa
obrigaçã o é, por assim dizer, uma dívida que ele contraiu e que deve
pagar, mesmo depois de a culpa ter sido perdoada.
A. O ELE S ACRAMENTAL P ENANCE
A justiça humana exige que um dano causado a outro seja
reparado. Aquele que rouba deve restituir a propriedade roubada ou
seu equivalente em valor; aquele que insulta o outro deve se
desculpar; aquele que infringir uma lei do país deve sofrer a pena
imposta pelo juiz. Assim é, também, quando alguém quebra uma lei
de Deus. No caso do pecado mortal, a pena é a condenaçã o eterna. A
digna recepçã o do Sacramento da Penitência remete inteiramente a
este castigo eterno ; mas muitas vezes falta cancelar um castigo
temporal (temporá rio), tanto para os pecados mortais como para os
veniais, porque o penitente comum raramente tem as disposiçõ es
perfeitas necessá rias para a remissã o completa desse castigo. O
sacerdote é, portanto, obrigado a impor penitência na administraçã o
do Sacramento, e o pecador é obrigado conscientemente a cumpri-lo.
Esta penitência ou “satisfaçã o sacramental”, que geralmente
consiste em algumas oraçõ es (ou boas obras a serem realizadas),
tem um triplo propó sito: 1) reparar a ofensa contra Deus, 2) expiar o
castigo temporal e 3) fornecer uma remédio para a emenda da vida
de alguém. Por seu cará ter sacramental, a penitência imposta pelo
sacerdote tem uma eficá cia especial nã o encontrada nas penitências
voluntá rias. As seguintes regras servirã o de guia em relaçã o a isso:
O penitente é obrigado a aceitar a penitência. Se acontecer que
pareça muito grave, tendo em conta a saú de ou ocupaçã o do
penitente, ou por qualquer outro motivo, pode explicar o assunto ao
confessor; ou, se necessá rio, se depois descobrir que nã o pode
cumprir a penitência, pode voltar ao confessor, ou mesmo consultar
outro sacerdote, mas deve entã o acatar o prudente julgamento desse
sacerdote.
Omitir voluntária e negligentemente a penitência imposta na
Confissã o é pecado mortal ou venial, conforme a importâ ncia do
assunto confessado. Negligenciar uma pequena penitência, ou omitir
parte de uma penitência maior, ou realizar a penitência
descuidadamente, é um pecado venial. Se houver falta venial em sua
execuçã o, a penitência nã o precisa ser repetida.
Se o penitente esquece qual penitência foi imposta e pensa que o
confessor provavelmente se lembrará dela, ele pode (embora isso
nã o seja obrigató rio) retornar ao confessioná rio e perguntar o que
foi. Ou ele pode pedir uma nova na pró xima Confissã o, ou realizar
alguma penitência de sua escolha, embora isso provavelmente nã o
seja tã o eficaz quanto a penitência sacramental, e ele deve
mencioná -la na pró xima Confissã o. Se o sacerdote se esquece de
fazer penitência, o penitente deve lembrá -lo ainda no confessioná rio.
A penitência deve ser realizada o mais rá pido possível, embora
nã o necessariamente antes de sair da igreja ou antes de ir à Sagrada
Comunhã o. Mas deve ser realizado antes da próxima Confissão . Se for
omitido, o Sacramento permanece incompleto, mas nã o invá lido.
Além de cumprir a penitência dada na Confissã o, o penitente, se
prejudicou injustamente alguém, seja em seus bens ou em sua
reputaçã o, ou dando escâ ndalo, deve também restituir o quanto
antes os bens, reparar o dano ou remediar o escâ ndalo. .
B. VOLUNTÁRIO P ENÇAS
O penitente, no entanto, nã o deve se contentar em apenas
realizar a penitência ordenada pelo padre. As almas zelosas anseiam
por empreender voluntariamente penitências para reparar o passado
e evitar a satisfaçã o inevitável que deve ser feita apó s a morte no
Purgató rio. Os principais meios voluntá rios de expiaçã o sã o: oração,
jejum, esmola, todo o espiritual e corporal funciona do misericórdia, e
o paciente resistência do a sofrimentos do vida, como explicado
acima.
C. I NDULGÊNCIAS
A Igreja também retira do seu tesouro de méritos e concede
indulgências, que retiram as penas temporais devidas aos pecados.
Podem ser plenárias , que remitem toda a pena, ou parciais, que
remitem tanto castigo quanto seria cancelado fazendo penitência
severa pelo tempo especificado pela indulgência. *
As indulgências sã o mais eficazes na satisfaçã o do castigo
temporal devido ao pecado. Eles geralmente sã o obtidos por meio de
certas oraçõ es, realizaçã o de obras piedosas específicas, uso de
certos artigos de devoçã o, visita a certos lugares ou associaçã o a
certas organizaçõ es religiosas. Muitas oraçõ es, de acordo com as
normas tradicionais para ganhar indulgências, sã o enriquecidas com
indulgências plená rias (quando acompanhadas dos outros requisitos
para obter uma indulgência plená ria, é claro, a Comunhã o naquele
dia, Confissã o uma semana antes ou depois, liberdade do apego ao
pecado e oraçõ es pelas intençõ es do Santo Padre). Se as obras
prescritas para obter indulgências sã o um tanto difíceis, tanto mais
sã o meritó rias.
* Este exemplo é baseado nas leis da Igreja pré-1960 de jejum e abstinência. — Editora , 2000.
* A salvação nestas circunstâncias pressupõ e o dom da fé e o Batismo de Desejo. — Editora ,
2000.
* As normas tradicionais para concessão de indulgências parciais costumavam indicar um
determinado nú mero de dias ou anos para várias oraçõ es ditas, etc. . — Editora , 2000.
Capítulo 3

Como fazer uma boa confissão


I. O EXAME DE CONSCIÊNCIA
A. INÍCIO ORAÇÃO _
DEUS, Pai da Luz, que iluminas a todos os que vêm a este

O
mundo, dá -me luz, amor e dor, para que eu descubra, deteste e
confesse todos os pecados que cometi.
Ó Espírito Santo, Espírito de Amor e Dispensador de todas
as graças, ajuda-me a receber dignamente este grande
Sacramento; dá -me Tua graça para que eu possa fazer um cuidadoso
exame de consciência e descobrir meus pecados; toque meu coraçã o
para que eu possa odiá -los e detestá -los, e me ajude a tomar uma
firme resoluçã o de evitar o pecado daqui em diante. Espírito de
Amor e Verdade, ajuda-me a fazer uma confissã o sincera, completa e
verdadeira ao Teu representante, o sacerdote, e assim obter Teu
perdã o, Tua graça e Teu amor.
Ó Jesus, meu Redentor, por vossos santíssimos méritos,
concedei-me a graça da contriçã o sincera e da emenda de vida. A Vó s
busco a graça de fazer bem esta Confissã o, para Vos glorificar.
Ó santíssima Virgem Maria, Mã e do meu Salvador, e minha
pró pria Mã e amantíssimo, tu que és tã o compassiva para com
aqueles que desejam se arrepender, ajuda-me a lembrar de todas as
minhas ofensas e a arrepender-me verdadeiramente por ter
ofendido a Deus.
Meu querido Anjo da Guarda, que foi testemunha de meus
pecados, ajude-me agora a lembrá -los e a sentir realmente por eles.
Todos vocês Santos e Anjos do Céu, rogai por mim para que eu possa
agora produzir frutos dignos de penitência. Um homem.
B. PONTOS PARA O E XAMINAÇÃO DE CONSCIÊNCIA _
Quando fiz minha ú ltima Confissã o? Eu tive uma tristeza
verdadeira? Ocultei algum pecado mortal e assim cometi um
sacrilégio? Recebi a Sagrada Comunhã o depois de uma má
confissã o? Recebi a Sagrada Comunhã o enquanto estava em estado
de pecado mortal? Quantas vezes recebi os Sacramentos
indignamente? Esqueci um pecado mortal na minha ú ltima
Confissã o? (Deve ser confessado nesta Confissã o.) Fiz minha
penitência? Fiz a restituiçã o necessá ria? Reparei danos causados ao
bom nome de outra pessoa? Tentei evitar as ocasiõ es pró ximas de
pecado?
1. Os Dez Mandamentos de Deus
1) Eu sou o Senhor teu Deus; não terás deuses estranhos
diante de mim.
Eu: Neguei minha religiã o? Falou contra ele ou seus ministros?
Duvidou de algum artigo de fé? Filiei-me a uma sociedade secreta
proibida? Participou de cultos nã o cató licos? Ler livros, jornais, etc.,
menosprezar a moral, zombar da virtude ou causar dú vidas sobre os
ensinamentos da Igreja? Desesperado ou presumido da misericó rdia
de Deus por continuar por muito tempo em pecado mortal? Teve
alguma coisa a ver com prá ticas supersticiosas: oraçõ es em cadeia,
adivinhaçã o, espiritismo, tabuleiro Ouija, etc.? Queixou-se ou
murmurou contra Deus ou Sua Providência? Recusou-se a resignar-
se à Sua Vontade? Oraçõ es diá rias negligenciadas? Ou as disse
descuidadamente, com distraçõ es intencionais? Mostrou
irreverência em relaçã o ao Santíssimo Sacramento, ou no uso dos
sacramentais: á gua benta, o sinal da cruz, etc.? Usou palavras da
Escritura em tom de brincadeira? Deixou de cumprir promessas ou
votos feitos a Deus?
2) Não tomarás o Nome do Senhor, teu Deus, em vão.
Eu: Usei o Nome de Deus ou de Jesus para amaldiçoar? em
juramento? Na brincadeira? Será que fiz isso por há bito? Fui culpado
de pensamentos, palavras ou escritos blasfemos? Desejou o mal para
os outros, ou os amaldiçoou? Pediu a Deus para amaldiçoá -los?
Encorajou outros a usar linguagem maligna ou profana?
3) Lembre-se de santificar o dia de sábado (domingo).
Eu: Faltei intencionalmente à missa aos domingos ou feriados de
guarda? * Chegou atrasado por minha culpa e perdeu uma parte
considerável da Missa? Comportou-se mal na igreja? Obrigou outros
a fazê-lo? Executou trabalho servil desnecessá rio por um tempo
considerável nesses dias (mais de 2 ou 3 horas)? Profanou-os
bebendo ou jogando em excesso, ou mantendo companhia
pecaminosa ou freqü entando diversõ es pecaminosas?
4) Honra teu Pai e tua Mãe.
Crianças
Eu: Fui desobediente, ingrato ou teimoso com meus pais, professores
ou pastores? Desejava causar sérios danos aos pais ou desejava que
eles estivessem mortos? Usou linguagem insultuosa para com eles?
Atingiu-os com ressentimento ou má vontade? Tornou-os infelizes
por má conduta? Desobedeceram quando proibiram ir com maus
companheiros, shows ruins ou outros lugares perigosos? Falharam
em ajudá -los quando eles precisavam de ajuda em
idade, doença ou pobreza? Nã o conseguiu realizar sua ú ltima
vontade? Negligenciados para orar pelo repouso de suas almas? Eu
quebrei alguma lei civil? Desobedeci a alguma autoridade legal?
Funcionários
Eu: Deixei de cumprir as ordens do meu empregador? Fomentou a
discó rdia? Falhou em respeito ou honestidade?
5) Não matarás. (Isso inclui também danos à alma e falta
de caridade.)
Eu: Por ato, participaçã o, instigaçã o, conselho ou consentimento, fui
culpado pela morte de alguém ou lesã o corporal? Ou de destruir a
vida do nascituro? Desejei a morte de outro, ou desejei infortú nio
para ele? Dado lugar à raiva e à paixã o? Outros maltratados? Já
esteve em inimizade com os outros? Recusou-se a falar com eles?
Deliberadamente nutriu pensamentos de ó dio, vingança, ciú me,
aversã o, ressentimento ou desprezo pelos outros? Provocou outros à
raiva? Prejudicou as almas dos outros, causando escâ ndalo ou
lançando tentaçõ es em seu caminho? Cedido a humores de mau
humor e melancolia? Mostrou sensibilidade e má goa sobre assuntos
insignificantes? Aprovou ou encorajou a raiva dos outros? Tentou
suicídio ou teve pensamentos sobre isso? Participou ou consentiu
em “morte por misericó rdia”? Pecou por comer e/ou beber em
excesso? Ficar embriagado? Pecou por abuso de drogas? Alguém por
minha culpa morreu sem ter o padre e as ministraçõ es religiosas?
Enviei ou aconselhei os pais a enviarem as crianças para uma escola
onde sua fé ou moral cató lica estaria em perigo?
6) Não cometerás adultério.
9) Não cobiçarás a mulher do teu próximo.
Eu: Cometi atos impuros? Sozinho ou com outro? Com uma pessoa
solteira ou casada? Do meu pró prio sexo ou do sexo oposto? Com um
parente? Viveu com prazer em pensamentos e imaginaçõ es impuras?
Ou consentiu com eles em meu coraçã o? Deliberadamente desejou
ver ou fazer algo impuro? Usou linguagem impura, alusõ es, palavras
de duplo sentido? Quantos estavam ouvindo? Ouvi com prazer
intencional a linguagem imodesta? Cantou ou ouviu mú sicas
impró prias? Pecou por toque ou açã o impura ou imodesta, comigo
mesmo ou com os outros? Gabava-se dos meus pecados? Ler livros
imorais? Emprestou ou vendeu para outros? Coisas impró prias
escritas? Contemplou com prazer intencional objetos ou imagens
impró prias, ou mostrou-os a outros? Voluntariamente me expus à
tentaçã o pela curiosidade? Frequentando empresas ou lugares
perigosos? Por diversõ es pecaminosas? Por danças imodestas? Ao
assistir a peças ou filmes indecentes? Foi culpado de familiaridades
indevidas ou beijos pecaminosos? Manteve companhia com uma
pessoa casada? Estou fazendo companhia pecaminosa agora? Vesti-
me imodestamente? Eu, por roupas imodestas ou liberdade de
expressã o ou boas maneiras, fui uma causa de tentaçã o à pureza dos
outros? Eu deliberadamente levei outros ao pecado? Ou tomou parte
em seus pecados? (As circunstâ ncias que alteram a natureza de um
pecado, como ser casado ou solteiro, sexo, se relacionado, etc.,
devem ser mencionadas na confissã o desses pecados.)
Fui culpado de pecados contrá rios à s obrigaçõ es matrimoniais?
Usei contraceptivos ou “contraceptivos” abortivos ou fui
esterilizada? Encorajou, aconselhou ou instruiu outros a cometer
tais pecados? Falharam em treinar meus filhos em questõ es de
castidade?
7) Não roubarás.
10) Não cobiçarás os bens do teu próximo.
Eu: Roubei dinheiro? Quantos? Roubaram outros bens? De quem
(pobres, ricos, Igreja, pais)? Devolvi os bens roubados ou o seu
valor? Comprou conscientemente ou aceitou bens roubados?
Danificou a propriedade de outra pessoa de alguma forma?
Negligenciado a pagar por tal dano? Recusou-se a devolver coisas
emprestadas? Guardaram coisas que foram encontradas sem fazer o
esforço suficiente para encontrar o dono? Enganado? Passou
dinheiro sem valor? Trabalho realizado de forma descuidada?
Perdeu tempo no trabalho? Desperdiçou minha propriedade?
Prejudicou minha família com gastos pró digos, como bebida
excessiva, jogos de azar, etc. Buscou as coisas deste mundo com
muita avidez? Desejava roubar ou cometer alguma injustiça?
Participou do roubo ou da injustiça de outra pessoa? Bens roubados
compartilhados ou escondidos?
8) Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Eu: Dei provas falsas em um tribunal de justiça? Deliberadamente
disse uma mentira para enganar o outro? Disse mentiras que
causaram danos à reputaçã o e ao bom nome de outra pessoa? (Este
é o pecado da calú nia.) Deu a conhecer as faltas verdadeiras, mas
secretas, dos outros sem necessidade? (Este é o pecado da
depreciaçã o.) Ouviu tal discurso? Causado mal-estar por contar
histó rias? Julgou os outros precipitadamente ou suspeitou deles
precipitadamente? Leu as cartas dos outros e violou seu direito a
certos segredos? Foi culpado de qualquer outra forma de discurso
pouco caridoso? Deixei de reparar o dano causado por minha fala
pecaminosa? Falei contra um padre ou alguém consagrado a Deus?
(Isso é um sacrilégio.) Tenho lisonjeado outros em seus pecados e
maus há bitos? Pequei por hipocrisia e fingimento de virtude?
Assinou papéis ou documentos falsos? Atribuí motivos ruins a
outros quando nã o podia ter certeza de seus motivos?
2. Os Seis Preceitos da Igreja
1. Assistir à Missa e abster-se do trabalho servil em todos os
domingos e feriados de guarda. 2. Jejuar e abster-se de carne nos
dias indicados pela Igreja. 3. Confessar os pecados pelo menos uma
vez por ano. 4. Receber dignamente a Santíssima Eucaristia no
tempo pascal ou no tempo indicado. 5. Contribuir para o sustento da
Igreja. 6. Nã o casar pessoas dentro dos graus de parentesco
proibidos ou de outra forma proibidos pela Igreja; nã o solenizar o
casamento nos horá rios proibidos; em geral, observar as leis da
Igreja relativas ao casamento.
Eu: Deixei de assistir à Missa aos domingos ou feriados de guarda, ou
o fiz sem a devida reverência e devoçã o? * Executou trabalho servil
desnecessá rio nesses dias? Deixou de ir à confissã o uma vez por
ano? Nã o recebeu a Sagrada Comunhã o durante o Tempo da Pá scoa
(Domingo da Septuagesima ao Domingo da Trindade, ou seja, do
terceiro domingo antes da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo
depois do Domingo de Pentecostes)? Recebeu a Sagrada Comunhã o
em estado de pecado mortal? Deixou de observar os preceitos de
jejum e abstinência sem motivos legais e dispensa adequada? Deixou
de contribuir para o sustento da Igreja de acordo com meus meios?
Planejava “casar” ou realmente fingia entrar no estado de casado
diante de um ministro ou magistrado civil? (Ou seja, entrou em um
chamado “casamento” invá lido fora da Igreja.) Aprovado que outros
cató licos façam isso? Agiu como testemunha para eles em tal
“casamento”? Casado dentro dos graus proibidos de parentesco?
3. Os Sete Pecados Capitais
Orgulho, Cobiça, Luxúria, Raiva, Gula, Inveja e Preguiça.
Eu: Deliberadamente nutri pensamentos orgulhosos ou fui vaidoso
com minha aparência, talentos, família, roupas, boas obras, etc? Se
gabava dessas coisas? Buscou a bajulaçã o e os aplausos dos outros?
Evitou fazer um bom trabalho por medo do que os outros possam
pensar? Repudiado pelo bem alheio, seja espiritual ou temporal?
Cometeu gula comendo ou bebendo em excesso? Ficar
excessivamente ou injustamente com raiva? Deu lugar à impaciência,
rabugice, mau humor ou descontentamento? Negligenciou meus
deveres (incluindo os espirituais) ou os executou com mornidã o e
indolência? Buscou demais minha pró pria facilidade? Levava uma
vida sem mortificaçã o, desperdiçando tempo na ociosidade ou em
ocupaçõ es inú teis? Teve algum prazer sexual ilegal (ou seja, impuro),
seja em pensamento ou açã o? Foi intencionalmente ciumento dos
outros? Permitiu que o ciú me de outra pessoa aparecesse em minha
conduta? Buscou os bens deste mundo com esforço desordenado?
Foi avarento para com os pobres?
4. Deveres de Estados de Vida Particulares
Para pessoas casadas
Eu: Vivi em paz e uniã o? Dado motivo para ciú mes? Observou as leis
de pureza de acordo com o estado de casado? Usou mal o estado
sagrado do Matrimô nio? Dado escâ ndalo por disputas raivosas?
Abandonou meu parceiro e viveu separadamente sem justa causa?
Negligenciou meus deveres de apoio ou cuidado para meus filhos e
família?
Para os pais
Eu : Negligenciei o treinamento religioso de meus filhos ? Deixou de
enviá -los para boas escolas cató licas quando eu poderia ter feito
isso? Mandou-os para uma escola onde sua fé ou moral cató lica
estaria em perigo? Negligenciado para zelar pela empresa que eles
mantêm? As coisas que eles lêem? Os programas que eles assistem?
Dado a eles escâ ndalo por xingamentos, brigas ou de outras
maneiras? Falha ao corrigi-los? Interferiu egoisticamente na vocaçã o
de um filho ou filha?
Para empregadores
Eu: Deixei de proporcionar à queles que trabalham para mim
oportunidades de cumprir seus deveres religiosos? Ordenou que
fizessem algo errado? Ser desonesto, trapacear, etc.? Paguei salá rios
injustos?
Para funcionários públicos
Eu: Fui fiel e exato no cumprimento de meus deveres? Traiu o
interesse pú blico por medo da opiniã o alheia, por desejo de
popularidade ou por interesse político ou financeiro? Sacrificou os
direitos de qualquer indivíduo? Permitiu que o crime e a desordem
ficassem impunes? De que forma e com que frequência? Recebi
subornos direta ou indiretamente? Deixei-me influenciar na
administraçã o da justiça ou nos deveres oficiais por promessas ou
ameaças? Foi culpado de desvio de fundos pú blicos? Enriqueci a
mim mesmo ou amigos por contratos injustos? Aplicou meu poder
oficial de vingança? Amigos injustamente favorecidos?
Para médicos
Eu: Cuidei de pessoas gravemente doentes sem conhecimento ou
experiência suficientes? Remédios perigosos precipitadamente
arriscados? Fez despesas desnecessá rias? Tirou intencionalmente a
vida de um nascituro? Ajudou, aprovou ou aconselhou alguém a
fazê-lo? Realizou ou aconselhou operaçõ es proibidas, por exemplo,
esterilizaçõ es? Recebeu prescriçõ es de anticoncepcionais ou
“anticoncepcionais” abortivos? Cooperou para que outros o
fizessem? Deixou de avisar aqueles em perigo de morte a tempo de
receber os Sacramentos? Por negligência, permitiu que crianças
morressem sem batismo? Tirou a vida de algum paciente, ou evitou
usar os meios ordiná rios para preservar a vida de algum paciente?
Para advogados
Eu: Defendi reivindicaçõ es que eu sabia que eram injustas?
Sustentou uma defesa injusta? Obtive assim uma decisã o injusta?
Prejudiquei a justa causa de um cliente por traiçã o, ignorâ ncia
grosseira, falta de estudo, negligência? Obteve declaraçõ es falsas por
artifício? Praticou engano na elaboraçã o de testamentos, escrituras,
etc.?
5. Obras de Misericórdia Corporais e Espirituais
Eu: Deixei de aliviar as necessidades temporais e espirituais de
outros quando estava em meu poder fazê-lo? Fiz o que pude para
ajudá -los na pobreza, na doença, na velhice ou em qualquer
necessidade espiritual?

II. CONSIDERAÇÕES PARA EXCITAR A CONTRIÇÃO


A. O ELE E NORMIDADE DE ENTRADA _
O pecado mortal é um grave insulto ao Deus Todo-Poderoso e um
desprezo formal de Sua santa lei. Nã o apenas ofendi a Deus e
desprezei Sua lei pelo pecado mortal, como também pequei na
pró pria presença daquele Deus santo que conhece todas as coisas,
que contempla meus pensamentos e açõ es mais secretos. Pelo
pecado mortal expulsei da minha alma a vida divina de Deus, a Graça
Santificante, tornei-me inimigo de Deus e mereço o castigo eterno.
Pelo pecado da rebeliã o, incontáveis Anjos foram justamente
lançados nos intermináveis tormentos do Inferno. Sem dú vida, nessa
morada de afliçã o há almas que nã o cometeram tantos pecados
quanto eu. A hora da minha morte pode nã o estar longe. Deus em
Sua misericó rdia agora me dá tempo para arrependimento. Deixe-
me arrepender de uma vez e de todo o meu coraçã o!
Que eu me arrependa também de meus muitos pecados veniais,
pois assim enfraqueci o amor de Deus em meu coraçã o e me dispus
ao pecado mortal. Além disso, por eles eu incorri na perda da graça
de Deus e me tornei merecedor de puniçã o temporal aqui na terra e
no pró ximo mundo no Purgató rio.
B. DEUS _ _ B BENEFÍCIOS PARA M E
O que mais Deus poderia fazer por mim do que o que Ele já fez?
Ele me criou do nada. Ele me fez à Sua pró pria imagem e
semelhança. Ele me destinou a compartilhar Sua pró pria felicidade
eternamente. Ele me redimiu com o Preciosíssimo Sangue de Seu
Divino Filho. Ao deixar milhõ es em infidelidade e heresia, Ele me fez
um cató lico. Ele me carregou com inú meros benefícios na ordem da
natureza e da graça. Apesar da minha ingratidã o, Ele me conferiu
muitos meios de salvaçã o. “Ouvi, ó céus”, Ele exclama pelo Profeta,
“criei filhos e os exaltei, mas eles me desprezaram”. ( Isaías 1:2).
C. T HE AMOR DE J ESUS C HRIST
Em espírito, contemplo meu amado Redentor pendurado na
Cruz. Suas mã os e pés sagrados sã o perfurados com pregos! Sua
cabeça está coroada de espinhos! Seu corpo virginal está todo
mutilado e sangrando! O que reduziu o Imaculado Cordeiro de Deus
a este triste estado? Meus pecados! Foi por mim que Ele se fez
Homem! Foi para expiar meus pecados que Ele teve uma morte
vergonhosa! Cada vez que pequei, renovei Sua Paixã o e morte,
“crucificando novamente . . . o Filho de Deus, e zombando dele”. ( Hb
6:6).
III. ORAÇÕES ANTES DA CONFISSÃO
Ato de Contrição e Propósito da Alteração
MEU DEUS, lamento profundamente ter-te ofendido e detesto

O
todos os meus pecados porque temo a perda do céu e as dores
do inferno; mas sobretudo porque te ofendem, meu Deus, que
és todo bom e merecedor de todo o meu amor. Resolvo
firmemente, com a ajuda de Tua graça, confessar meus
pecados, fazer penitência e emendar minha vida. Um homem.
Ó Deus, venha em meu auxílio. Ó Senhor, apresse-se em me
ajudar!
Oração diante de um Crucifixo ou Imagem de Jesus
Crucificado

PORÉ M, ó bom e dulcíssimo Jesus, ajoelho-me diante de Vó s, e

B
com o desejo mais fervoroso de minha alma, rogo e Vos suplico
que imprima em meu coraçã o sentimentos vivos de fé,
esperança e caridade, verdadeiro arrependimento por meus
pecados, e um firme propó sito de emenda, enquanto com
profundo afeto e dor de alma eu considero dentro de mim e
mentalmente contemplo Tuas cinco mais preciosas chagas; tendo
diante de meus olhos o que Davi, o profeta, há muito falou em tua
pessoa a respeito de ti, meu Jesus: “Traspassaram minhas mã os e
meus pés. Contaram todos os meus ossos”. ( Salmo 21:18) .
Oração de Santa Gertrudes
dulcíssimo Jesus, que em Vosso amoroso desejo de nossa salvaçã o
instituiu o Sacramento da Penitência para consolaçã o de todos os
pecadores, para que por sua virtude sejamos purificados de

O
nossas iniqü idades e recuperemos as graças que perdemos;
eis-me, miserável pecador, que Vos ofendi novamente com
muitos pecados e maculou minha alma com muitas manchas,
agora volto mais uma vez a Vó s, resolvendo receber este
munificável Sacramento com a firme esperança de que Vó s me
concedereis a remissã o de todos os meus pecados, e acusar-me com
profunda humildade e contriçã o de alma perante o sacerdote, Teu
representante, de todos e cada um dos meus pecados, na medida em
que os posso recordar; nem esconderei conscientemente nenhum
pecado mortal, por mais vil e vergonhoso que seja.
Desejo incluir nesta Confissã o todos os pecados que agora nã o
posso recordar à minha memó ria e todos os meus pecados veniais.
Confesso-os todos a Ti como ao meu grande Sumo Sacerdote; e na
presença de toda a corte do Céu, eu confesso e me proclamo um
pérfido miserável e traidor contra Vossa adorável Majestade.
Rogo-te, pois, ó Pai misericordioso, que te dignas olhar para mim,
miserável pecador, com aquele olhar de compaixã o com que olhaste
para o Teu Filho quando Ele caiu de bruços no Horto das Oliveiras,
esmagado em a terra pelos pecados de toda a humanidade, e
graciosamente me ouvir enquanto eu imploro Teu perdã o. E para
suprir o que falta à minha mais imperfeita contriçã o, ofereço-te
aquela dor avassaladora que o Teu Filho unigênito suportou durante
toda a Sua vida enquanto esteve na terra em Seu dulcíssimo Coraçã o
por causa dos pecados do mundo, e especialmente quando no Jardim
das Oliveiras a extremidade de Sua angú stia arrancou-Lhe o suor de
Sangue; suplicando-Te que purifiques minha alma de todas as suas
impurezas naquela santíssima corrente de Seu Precioso Sangue, e a
adornes com uma pureza mais branca que a neve. Um homem.
Um breve e eficaz ato de contrição de

Santa Mechtilde
DOCE Jesus, sofro pelos meus pecados! Concede-te a suprir o que
falta à minha verdadeira dor, e a oferecer por mim a Deus Pai toda a
dor que suportaste por causa dos meus pecados e dos do

O
mundo inteiro. Um homem.

4. UM MÉTODO FÁCIL DE IR À CONFISSÃO


Ao ajoelhar-se no confessioná rio, diga : “ Abençoe - me ,
Pai , porque pequei . Já faz uma semana _ _ _ _ _ _ (duas semanas,
um mês, um ano, 5 anos, etc. ) desde a minha última Confissão .
Fiz minha penitência e recebi a Santa Comunhão ” _ _ _ _ _ _ (ou
“recebi a Sagrada Comunhã o e fiz minha penitência”, ou “nã o fiz
minha penitência”, seja qual for o caso). Então continue : “ Confesso
a Deus Todo - Poderoso e a você , Pai , que eu . _ _ . . ” Aqui
relacione seus pecados, certificando-se de citar todos os pecados
mortais cometidos desde sua ú ltima Confissã o, o tipo e o nú mero
que você puder lembrar, além de quaisquer condiçõ es ou
circunstâ ncias importantes. Você nã o tem que confessar seus
pecados veniais, embora seja aconselhável fazê-lo. Então , termine
sua Confissão dizendo : “ Por estes e todos os outros pecados de
minha vida passada , eu estou sinceramente arrependido e peço
perdão a Deus e _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ penitência de você , _ _ Pai. ”
Entã o espere que o padre lhe faça qualquer pergunta que possa ter
e/ou lhe dê conselhos ou admoestaçõ es. Ouça a penitência que o
padre lhe dará . Quando ele começa a pronunciar as palavras de
absolviçã o, você diz a Lei de Contrição:
 

MEU DEUS, lamento profundamente ter-te ofendido e detesto


todos os meus pecados, porque temo a perda do céu e as dores
“O do inferno, mas principalmente porque te ofendem, meu Deus,
que és todo bom e merecedor de todo meu amor. Resolvo
firmemente, com a ajuda de Tua graça, confessar meus
pecados, fazer penitência e emendar minha vida. Um homem."
Quando o padre termina de dizer a absolviçã o, ele geralmente diz
algo como: “Vá em paz e nã o peques mais”. Entã o você diz:
“Obrigado, padre ” e sai do confessioná rio, ajoelha-se e diz a
penitência que o padre lhe deu no confessioná rio.
PONTOS PARA LEMBRE -SE
Você deve se lembrar que, para fazer uma Confissã o digna, é
necessá rio 1) examinar sua consciência, 2) se arrepender de seus
pecados, 3) ter um firme propó sito de emendar para nã o pecar mais,
4) confessar ao sacerdote todos os pecados mortais cometidos desde
sua ú ltima Confissã o que você é capaz de lembrar, e 5) estar disposto
a cumprir a penitência que o sacerdote lhe dá .
A dor pelo pecado (chamada “contriçã o”) pode ser “perfeita”
porque você ofendeu a Deus, que é todo bom e merecedor de todo o
seu amor, ou pode ser “imperfeita” porque você teme a perda do céu
e as dores do inferno . A Contriçã o Perfeita obterá o perdã o de seus
pecados sem Confissã o, embora você não possa receber a
Comunhão até que tenha confessado seus pecados mortais no
Sacramento da Penitência (Confissão). A Contrição Imperfeita
obterá o perdão de seus pecados somente em conjunto com a
Confissão.
V. ORAÇÕES APÓS A CONFISSÃO
Do Salmo 102
MENOS o Senhor, ó minha alma! E que tudo o que está dentro

B
de mim abençoe Seu santo Nome!
Bendizei ao Senhor, ó minha alma! E nunca se esqueça de
tudo o que Ele fez por você. que perdoa todas as tuas
iniqü idades; e cura todas as tuas doenças.
Quem redime tua vida da destruiçã o; e te coroa de misericó rdia e
compaixã o.
O Senhor é compassivo e misericordioso; longâ nime e abundante
em misericó rdia.
Ele nã o nos tratou de acordo com nossos pecados; nem nos
recompensou segundo as nossas iniqü idades.
Tanto quanto o leste é do oeste; até agora Ele removeu nossas
iniqü idades de nó s.
Como um pai se compadece de seus filhos; assim se compadece o
Senhor dos que o temem.
Pois Ele conhece nossa estrutura; Ele se lembra de que somos pó .
Bendizei ao Senhor, todos os Seus anjos! Vó s, ministros Dele que
fazem Sua vontade.
Bendizei ao Senhor, todas as Suas obras, em cada lugar do Seu
domínio; Ó minha alma, bendize ao Senhor.
Oração de Ação de Graças

por Santa Gertrudes


Onipotente e misericordioso Deus, cuja misericó rdia é

O
ilimitada, e cujas riquezas de bondade sã o infinitas, eu te dou
graças de toda a minha mente e coraçã o pela maravilhosa e
extraordiná ria bondade que agora me mostraste em tã o
graciosamente perdoando todos os meus pecados e
restaurando me à Tua graça e favor. Bendita seja a Tua Divina
compaixã o, ó meu Deus, e bendito seja o amor incompreensível de
Teu Filho amado, que O constrangeu a instituir tã o gentil e tã o
poderoso remédio para nossos pecados. Portanto, em uniã o com
todas as açõ es de graças que já subiram a Ti de coraçõ es
verdadeiramente penitentes, eu canto em voz alta Teus louvores
alegres em nome de todos no Céu, na terra e no Purgató rio, para
todo o sempre. Um homem.
Oração antes de realizar a penitência sacramental

por Santa Gertrudes


Uma vez que eu tã o gravemente Te insultei, ó Deus mais terno e

S
amoroso, por meus muitos pecados e negligências, estou agora
pronto para fazer a perfeita satisfaçã o à Tua Justiça Divina com o
má ximo de minha capacidade. Para este fim, cumprirei fiel e
reverentemente a penitência que me foi designada por meu
confessor em Teu Nome. Quem dera eu pudesse realizá -lo com tã o
grande devoçã o e amor a ponto de dar a Ti uma honra e prazer
maior do que o insulto e o ultraje de meus pecados! Para que assim
seja, uno e misturo minha penitência com todas as obras de
satisfaçã o que Teu amado Filho realizou durante os trinta e três anos
de Sua vida na terra; e em uniã o com Seus jejuns, Suas vigílias e Suas
oraçõ es, ofereço minha penitência e minha oraçã o. Olha, portanto, ó
Pai amantíssimo, para mim, Teu mais obrigado devedor, agora
prostrado diante de Teus pés, desejando fazer-Te a devida satisfaçã o
e reparaçã o por todos os insultos e injú rias que Te ofereci, e
concede-me a força e a graça dizer esta oraçã o de acordo com a tua
santíssima vontade. Um homem.
(Agora, faça sua penitência sacramental e depois diga:)
Amoroso Pai, eu Vos ofereço minha Confissã o e minha

O satisfaçã o em uniã o com todos os atos de penitência que já


foram oferecidos para a gló ria de Vosso santo Nome;
suplicando-te que a aceites e a tornes ú til pelos méritos da
Paixã o de Teu amado Filho e pela intercessã o da Bem-Aventurada
Virgem Maria e de todos os Santos Apó stolos, Má rtires, Confessores
e Virgens. Tudo o que me faltou na preparaçã o sincera e fervorosa,
na contriçã o perfeita, na confissã o franca e clara, eu entrego ao
amantíssimo Coraçã o de Teu Filho Unigênito, aquele Tesouro de
todo bem e de toda graça, de cuja abundâ ncia transbordante todas as
dívidas a Ti sã o totalmente absolvidas; que por meio dela todas as
minhas negligências e defeitos na recepçã o deste santíssimo
Sacramento possam ser completa e perfeitamente supridos, para teu
eterno louvor e gló ria, e que tu possas efetivamente me absolver no
céu, assim como teu ministro tem, com tua autoridade, me absolveu
aqui na terra, por Cristo nosso Senhor. Um homem.
* Os feriados de obrigação nos Estados Unidos são: A circuncisão de Nosso Senhor, 1º de
janeiro; A Ascensão de Nosso Senhor, quarenta dias depois da Páscoa; A Assunção da
Santíssima Virgem, 15 de agosto; Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro; A Imaculada
Conceição da Santíssima Virgem, 8 de dezembro; e Dia de Natal, 25 de dezembro.
* Os feriados de obrigação nos Estados Unidos são: A circuncisão de Nosso Senhor, 1º de
janeiro; A Ascensão de Nosso Senhor, quarenta dias depois da Páscoa; A Assunção da
Santíssima Virgem, 15 de agosto; Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro; A Imaculada
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