Você está na página 1de 67
634-0:8 (629-9) _ *#Gon Era Z- 86 © ARG Ww ° AW onwversioae EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL “| (CARACTERIZAGAO DA INDUSTRIA MADEIREIRA NA PROVINCIA DE MAPUTO (2001 - 2003) Projecto Final Candidata: Yolanda Milena Mangore Gongalves / i Supervisor: Dr. Mario Michaque Alberto h, = Maputo, Agosto de 2004 Eng. J- SE Caracterizagdo da Indéstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) RESUMO O presente trabalho visa essencialmente caracterizar a indistria madeireira na provincia de Maputo no periodo de 200! & 2003 (apés a realizagdo do ultimo inquérito a industria madeireira a nivel nacional publicado pela Eureka em 2001, ¢ da aprovago do novo regulamento florestal em 2002) em aspectos referentes ao abastecimento de matéria prima, proceso de produgdo, principais produtos ¢ 0 respectivo mercado, Para o efeito, a recolha de informagao foi realizada com base na revisio bibliogréfica, realizagaio de um inquérito a 19 Serragdes registadas, com e sem Carpintaria, (de acordo com a lista fornecida pelos SPFFB de Maputo) e realizacao de entrevistas semi-estruturadas, a informantes . na DNFFB e nos SPFFB. Verificou-se que as principias espécies serradas nas serragdes da provincia séo: a Afzelia quanzensis (Chanfuta), Pterocarpus angolensis (Umbila) ¢ a Millettia sthulmannii (Jambire)-E a forma mais comum de obtengo do recurso florestal, nestas empresas, é através de fornecedores intermediérios. Por outro lado, verificou-se que capacidade actual de produgio de madeira serrada é inferior a instalada, situagfo que deriva principalmente, da falta de clientes, matéria- prima, avatias da maquinaria, toros com defeito que dificultam o processo de serragem e levam a interrupgdes, entre outros. Constatou-se também, que no se realizaram investimentos nas serragdes inquiridas em maquinaria desde 0 estudo feito ¢ publicado pela Eureka em 2001, continuando assim a inddstria a caracterizar-se por possuir maquinaria antiga e obsoleta. Os Principais produtos da serrago identificados foram tébuas, vigas, barrotes, madeira para produgao de portas, aros de portas e janelas, para carteiras escolares e parquet, e destinam-se quase que exclusivamente ao mercado nacional. Yolanda M. M. Gongalves Caracterizago da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) ‘Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagéo da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) AGRADECIMENTOS A Deus por estar sempre presente em minha vida. ‘Ao Dr. Mario Michaque Alberto, pela supervisdo, sugestiio do tema, disponibilizagdo de literatura, conhecimentos e tempo; pelas criticas, esclarecimentos sugestdes que foram indispensiveis para a realizagdo do presente trabalho. ‘Ao engenheiro Nhamucho e 20 Sr. Plinio pelas valiosas sugestées e criticas para o melhoramento do trabalho, Ao Dr. Bila pelo acompanhamento do presente trabalho ao longo das disciplinas de Preparagdo do Projecto Final e Projecto Final. A todos os professores da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal em especial aos do Departamento de Engenharia Florestal pelo ensinamento transmitido ao longo dos anos de formagao. Ao pessoal dos SPFFB de Maputo, em especial a eng* Argentina pelo fomecimento de informagao e auxilio na localizagao da serragdes. As empresas (serrag6es) inquiridas, pela disponibilidade de tempo e a informago cedida durante a recolha de dados que foi fundamental para realizagdo do presente trabalho. Aos colegas de turma, em especial a Rosta Mate, Claudio Afonso e Wetimane Junior pelo convivio maravilhoso durante os 5 anos, troca de conhecimentos ¢ pela amizade. ‘Aos meus pais Maria Alice Mangore ¢ Gabriel Gongalves pelo esforgo feito para que nunca nada me faltasse; aos meus irm&os Ana, Xavier e Pedro; pelo amor, incentivo ¢ amizade em todos momentos de minha vida. Ao Erasmo pelo apoio ao longo do curso, amor, carinho, presenca e compreensio nas horas mais dificeis. A Dila, Nordine, a Amélia, a Lara e a Ancha pela amizade e carinho de sempre. A todos aqueles que de forma directa ou indirecta contribuiram para que fosse possivel a realizagdo deste trabalho, o meu sincero agradecimento. ‘Yolanda M. M. Goncalves Caracterizagdo da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) INDICE Conteido RESUMO.... DEDICATORIA AGRADECIMENTOS INDICE... LISTA DE TABELAS E FIGURAS. LISTA DE ANEXOS. LISTA DE ABREVIATURAS USADAS. 1. INTRODUGAO. 2. OBJECTIVOS 3. REVISAO BIBLIOGRAFICA .. 3.1 Recurso florestal e sua exploragdo... 3.2 Indiistria madeireira.. 3.2.1 Generalidades. 3.2.2 Caracterizagio geral da Industria Madei 3.3 Comercializagdo dos produtos madeireiros 4, METODOLOGIA... 4.1 Preparacdo do protocolo do Projecto final e elaboragio do inquérito 4.2 Recolha de Informagao 4.3 Processamento, Anélise e Elaboragao do relatério 5, RESULTADOS E DISCUSSAO... 5.1 Indistria madeireira (serrages com e sem carpintaria) existentes na Provincia de Maputo de 2001 4 2003 .. 5.2 Abastecimento da matéria prima a i 5.2.1 Principais espécies usadas 5.2.2 Formas de obtencio de matéria prima.. 5.3 Produgdo 5.3.1 Classificagao das serragdes.. 5.3.2 Capacidade de producdo das serragées... Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagao da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 5.3.3 Processo produti 5.3.4 Mao de obra........ 5.4 Principais produtos e mercad 6. CONCLUSOES E RECOMENDACOES 6.1 Conclusées......... 6.2 Recomendagdes 7. BILIOGRAFIA ANEXOS....... Yolanda M, M. Gongalves me Caracterizagio da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) LISTA DE TABELAS Tabela 1. Cobertura florestal produtiva e volumes de madeira por provinci Tabela 2. Niimero de empresas por provinei Tabela 3. Capacidade estimada e actual das serragdes de produgo por provincia Tabela 4. Indistria madeireira (serragdes) da Provincia de Maputo Tabela 5. Produgdo didria média de madeira serrada nas serrages. Tabela 6. Capacidade de produgdio das serragdes instalada e actual Tabela 7. Valores de capacidade de produgdo instalada e actual (m’/ano) das serragdes obtidos no inquérito publicado em 2001 pela Eureka e no presente trabalho . Tabela 8. Nimero de trabalhadores nas serragdes com e sem carpintaria, LISTA DE FIGURAS Figura 1. Espécies mais serradas na provincia de Maputo. Figura 2. Produgdo anual de madeira serrada (m°) de 2001 a 2003 Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagto da Industria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) LISTA DE ANEXOS ANEXO 1. Formutério do Inquérito a industria Madeireira na Provincia de Maputo ANEXO 2. Serragdes existentes na provincia de Maputo 2001 - 2003 ANEXO 3. Localizagao das Serragdes Inquiridas ANEXO 4. Espécies usadas na serragbes ANEXO 5, Pregos de compra da Matéria Prima (Mum?) ANEXO 6. Fomecimento de Matéria Prima ANEXO 7. Produgio anual de madeira serrada (m°) de 2001 a 2003 ANEXO 8. Maquinaria existente nas serragdes 2003/4 ANEXO 9. Layout mais frequente nas serragSes ANEXO 10. Maquinaria existente nas serragdes em 2001 Yolanda M. M. Goncalves Caracterizagiio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) LISTA DE ABREVIATURAS DNFFB DPADR FAEF FAO IPEX MADEMO, m SPFFB Vv Direcgio Nacional de Florestas e Fauna Bravia Direcgdo Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal Organizagao das Nagdes Unidas para Agricultura e Alimentago Instituto para Promogao de Exportagdes Madeiras de Mogambique Metros citbicos Servigos Provinciais de Floresta ¢ Fauna Bravia Volume Yolanda M, M. Gongalves Caracterizagtio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 1, INTRODUCAO Segundo Carvalho (1989), a madeira foi um dos primeiros materiais a ser utilizado pelo Homem para varios fins e, sem divida, continua Hoje a ocupar um papel importante em varios dominios. Desde os primérdios da civitizago a técnica e a arte de trabalhar a madeira tem evoluido, desde 0 processo manual ¢ primitivo até & actual vasta e engenhosa industria moderna. ‘A evolugdo traz novos materiais, contudo a madeira e seus detivados continuam a ser usados em larga escala, Como matéria-prima em processos industriais de produgdo ¢ através do seu processamento em indistrias madeireiras, a madeira d4 origem a varios produtos e a diversos insumos para a indistria quimica, além de ser e ter sido sempre, a matéria-prima renovavel para a geragdio de energia (http://www remade.com.br). ‘A madeira embora seja renovével, é um recurso finito, e requer para garantia da sua continuidade que se faga uma administragdo racional do recurso de modo a permitir 0 seu uso pelas gerages futuras e sua disponibilidade como matéria-prima para a industri A indistria madsireira tem como desafio a gestfio sustentével do recurso florestal ¢ 0 desenvolvimento rural. A sustentabilidade da industria depende da capacidade de manter uma floresta. saudivel ‘com madeira de boa qualidade para a exploragio (DNFFB, 1999). Deste modo, tora-se importante que a indistria madeireira contribua para a garantia da sustentabilidade do recurso florestal através do uso de tecnologias apropriadas que permitam um uso integral com 0 minimo de desperdicio. * Nos paises em vias de desenvolvimento, tal como Mogambique, a indistria florestal constitui uma chave de ligagdo entre o melhoramento da economia ¢ da vida social das comunidades rurais. A. produgio de madeira serrada pode beneficiar o pais em termos de abastecimento locaby. substituig&o das importagdes, aumento de empregos nas zonas rurais ¢ possiveis ganhos com as exportagdes. Contudo para o desenvolvimento desta indistria é necessério que o recurso florestal seja disponivel, que haja um vasto mercado bem desenvolvido, mao de obra especializada € capital (FAO, 1982). ‘Yolanda M. M. Gongalves H 1 I I i i i i i i I i i i 1 i i i i i Caracterizagio da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) A indastria madeireira no pais € formada basicamente por serragdes. A maioria destas unidades de produgdo florestal apresentam niveis de aproveitamento baixos (cerca de 30%), situagdo esta que, entre outros, deriva do estado obsoleto do equipamento (DNFFB, 1999). Por outro lado, os baixos rendimentos verificados na transformago mecénica da madeira devem-se, em alguns casos, & baixa qualidade da matéria-prima ¢ ao uso de tecnologias ultrapassadas (Alberto et. al, 2003). © presente trabalho surge como mais uma contribuiggo com vista a conhecer e fornecer informagdo da situago real e dos principais aspectos que influenciam positiva e negativamente o desenvolvimento da indistria madeireira, de modo a contribuir no acompanhamento do desempenho do sector. Por outro lado, um inquérito realizado pela Eureka em 2001, caracteriza a indistria madeireira ‘em todo 0 Pais. Contudo, com a aprovago do novo Regulamento de Florestas e Fauna Bravia em Outubro de 2002, 0 qual restringe a exportagdo de espécies de madeira de primeira classe em toros, promovendo o seu processamento local e a exportagdo de produtos com maior valor acrescentado, toma-se nevessério conhecer o impacto causado por esta mudanga, na indistria madeireira. £ neste contexto que se julgou pertinente a realizagdo do presente trabalho de modo a abter-se uma visto geral das principais caracteristicas actuais da inddstria madeireira na Provincia de Maputo, dois anos apés a realizagdo do Gltimo inquérito a indéstria madeireira nacional. 2. OBJECTIVOS presente trabalho tem como objectivo geral caracterizar a indistria madeireira na Provincia de Maputo, Para alcancar este objectivo foram definidos os seguintes objectivos especificos: a) Descrever o abastecimento da matéria-prima a indistria b) Identificar e descrever o tipo de industria madeireira existente ©) Identificar os diferentes tipos de produtos, assim como o respectivo mercado ‘Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagio da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 3, REVISAO BIBLIOGRAFICA 3.1 Recurso florestal e sua exploragio Para poder planificar com efectividade a produgio de madeira em toros e serrada, € necessério ow conhecimento dos recursos florestais existentes, ¢ da situago destes em geral, pois 6 asshay 8 possive! planificar racionalmente o corte, a extracgo, o transporte, a transformacao industrial ¢ a sua comercializagao (Horsten, 1983). As florestas cobrem cerca de 3500 milhdes de hectares, ou seja, 27 % da superficie total do globo terrestre ', ¢ estima-se que a floresta em Africa ocupa cerca de um quarto (1/4) da superficie total apresenta uma composi¢ao muito variada (FAO,1992). Mogambique possui uma area de cerca de 62 milhdes de hectares (78% da sua ‘superficie total) coberta de formagées florestais de diferentes tipos de composigdo ¢ densidade. Estima-se que a rea com potencial para produgdo de madeira ¢ de 19 milhdes de hectares © 0 corte anual admissivel € de cerca de 500 mil m? considerando todas espécies com potencial de utilizago industrial. Porém, apenas 10 a 15 % do volume existente é constituido por espécies com boa aceitagdo no mercado internacional (DNFFB, 1999). De um modo geral, no pais encontram-se trés tipos de cobertura vegetal: a floresta densa, a floresta aberta ¢ a savana. As duas iltimas ocupam cerca de dois tergos da superficie (2/3) de Mogambique ¢ predominam no Sul. As florestas densas prevalecem nas terras altas do Norte ¢ Centro. No litoral, em especial nas zonas sujeitas a alagamento pelas éguas do mar, é predominante o mangal (www.terraportugal.com/Mocambique). .. Na zona norte do pais, a Provincia de Niassa apresenta o maior volume total de madeira, seguida das provincias de Sofala e Zambézia na zona centro, Os maiores valores de volume de madeira comercial ocorrem na Provincia de Sofala. A Provincia de Maputo regista a maior Area " Comunicagio da Comissfo ao Conselho e a0 Parlamento Europeu sobre uma Estratégia Florestal para a Unio pdf Carncterizagiio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) superficial de floresta produtiva do pafs, contudo & a provincia com menor volume total de madeira comercial (Tabela 1). Tabela 1. Cobertura florestal produtiva e volumes de madeira por provincia (Citaputo 4881 8240 621 Gaza Provinclas: ‘Superficie Florestal Volume total Volume totalda Volume total da Madeira produtiva da Madeira Madeira comercial comercial DAP2 40 cm (1000 ha) (1000 m*) (1000 m*) (1000 m*) 83. —j 1437 16977 1631 377 Inhambane 1752 19311 2360 761 Sofela 2168 92326 17271 5620 Manica 1046 42784 3964 1395 Tete 1135 33460 4892 1063 Zambézia 3074 83555 10857 3761 ‘Nampula 1822 46912 7102 2161 ‘Cabo Delgado 2958 65394 6818 2464 Niassa 3851 94034 12780 4457 Total 19735 502969, 68102 2147 Fonte : Saket (1994) A floresta nativa em Mogambique constitui a principal fonte de madeira da industria nacional, de materiais de construgao rural, lenha, carvéo, animais do bravio, produtos medicinais e outros (Chitara, 2003). A exploracdo da floresta nativa é baseada no corte selectivo de algumas espécies e dimensdes dé acordo com a preferéncia do mercado ¢ o regulamento florestal. As exigéncias do mercado constituem o factor determinante uma vez que as dimensdes minimas de corte nem sempre sio respeitadas (Pereira et al., 2002), A exploragio florestal compreende um conjunto de medidas e operagGes ligadas a extracgio de produtos florestais para a satisfagdo das necessidades humanas. De acordo com a legisla¢o em vigor no pais, a exploragdo florestal deve ser feita mediante dois regimes: 0 regime de licenga simples ¢ 0 regime de concessao florestal. regime de licenga simples destina-se apenas a cidadaos nacionais singulares ou colectivos ¢ as comunidades locais que queiram explorar os recursos florestais para fins comerciais, industriais e energéticos. Esta licenga é valida por um ano e limita-se a um volume méximo de 500 m’/ano ou equivalente, para qualquer espécie (DNFFB, 2002). ‘Yolanda M. M. Gonaives Caracteriza¢o da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) = A concess&o florestal corresponde @ uma area de dominio piblico delimitada, concedida a um operador através de contrato de concessao florestal, destinado & exploragdo florestal para 0 abastecimento a indistria, mediante um plano de maneio previamente aprovado. Este contrato tem a duragdo de 50 anos renovaveis e é permitido a qualquer pessoa interessada em explorar os recursos florestais para fins comerciais, industriais ou energéticos (DNFEB, 2002). Segundo Sitoe et al.(2003), a maior parte do volume de madeira no pais é explorado através de licenga simples. Sendo esta realizada por empresas organizadas e por operadores (“madeireiros”) ‘que geralmente operam com tecnologia de baixo rendimento € que n&o permitem maximizar a utilizago adequada da matéria prima (Eureka, 2001). Pereira et al.(2002) acrescenta que a explorago nao esté necessariamente vinculada a existéncia de uma industria florestal, pois 58 % dos operadores em regime de licenga simples correspondem a operadores sem industria que se dedicam apenas ao corte, sendo as provincias de Sofala e Cabo Delegado as de maior incidéncia de casos. Na Provincia de Maputo a exploragio florestal no regime de licenga simples é a predominante déstina-se produg&o de combustivel lenhoso (lenha e carvio), onde atingiram-se cerca de 84% do total de licengas de exploragao florestal emitidas em 2002 € 87 % no ano 2003 (SPFFB, 2003 € 2004). Sendo principalmente em dreas de Matutuine, Magude ¢ Moamba (SPFFB, 2004). ‘Segundo Chitaré (2003), com a excepgo da Provincia de Maputo, a maioria das provincias usa seus préprios recursos florestais para satisfazer a procura interna de madeira. Neves (2002) acrescenta que a nivel da provincia, nenhuma das serragdes e carpintarias existentes possui uma rea de explorago dentro da provincia, pelo facto desta nfo ser rica em espécies madeireiras. ‘A espécie que tem sido explorada em Maputo para fins industrias ¢ a Afzelia quanzensis (Chanfuta) (Eureka, 2001). Contudo, no ano de 2003, contrariamente a 2001/2, nao se emitiram licengas de corte para Chanfuta (espécie mais explorada) devido escassez do recurso na provincia (SPFFB, 2004). Yolanda M. M. Gongalves a Caracterizagao da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) © movimento interprovincial de madeira é feito no sentido Norte-Sul e destina-se a abastecer & Provincia de Maputo, onde as espécies preferidas so: Perocarpus angolensis (Umbila) Millestia sthulmannii (Jambire), Androstachys johnsonii (Mecruse) ¢ Khaya nyasica (Umbaua) (Eureka, 2001). 3.2 Indistria madeireira 3.2.1 Generalidades ‘Ao longo do século pasado, registaram-se no mundo progressos considerdveis nas técnicas de processamento da madeira, permitindo hoje utilizago de um maior nimero de espécies florestais, resultantes da investigagtio conduzida sobre propriedades da madeira das diferentes espécies € as técnicas fabris de secagem e de conservagao da madeira (FAO, 1992). Segundo Ribeiro (1992), 0 processo de produgio de madeira cobre uma série de actividades planificadas para converter érvores em toros, madeira serrada ou outro produto florestal que pode set comercializado, Este processo € dividido essencialmente em 3 actividades: corte de drvores € produgo de toros, transporte e, por fim, © processamento. De acordo com o mesmo autor, durante © processamento os toros séo cortados © convertidos em produtos florestais como madeira serrada, vigas, barrotes, laminas e folheados. Em Mogambique, 0 processamento de madeira é confinado a transformagio mecdnica de madeira e o produto mais comum ¢ a madeira serrada. Eureka (2001) acrescenta que indistria madeireira em Mogambique é formada basicamente por serragdes a nivel de transformagdo primédria de madeira. A nivel de transformagdo secundaria a indastria € composta por carpintarias que geralmente esto acopladas a serragdes como unidades de aproveitamento. As carpintarias normalmente adquirem madeira de terceiros, com excepgio daguclas que sdo interligadas as serragées. Estas dedicam-se principalmente & produgio de mobilidrio, caixilharia, portas, janelas geralmente por encomenda de particulares ou empresas. Segundo Egas (2000), as serragdes podem ser definidas como indistrias de transformagio de madeira redonda (toros) em madeira serrada a partir de méquinas cujos elementos principais de trabalho sdo serras. (Braz, sd) acrescenta que estas so constituidas basicamente pelo depésito de 4 Yolanda M. M. Gongalves ° 6 Caracteriznglo da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) toros, local da maquinaria, local para a classificagio da madeira serrada e pelo depésito de madeira serrada. As serragdes podem ser classificadas de diferentes formas. Braz (sd) e Egas (2000) classificam as serragdes em fungo da sua capacidade de produgo em: Serragdes pequenas, médias e grandes. ‘Sao consideradas pequenas as que processam até 50 m’/dia, médias as que processam entre 50 m> 100 m’/dia e, por fim, serragdes grandes as que processam mais de 100 m°/dia. As serragdes pequenas devem ter no minimo uma méquina para o desdobro ¢ duas méquinas auxiliares (uma para cortes longitudinais ¢ outra para cortes transversais), as serragdes médias caracterizam-se por possuirem uma tinica maquina para o desdobro € méquinas auxiliares para cortes longitudinais uma outra para cortes transversais, as serragdes grandes devem ter uma ou mais méquinas de desdobro e varias auxiliares (Braz, sd). Egas (2000) acrescenta que factores como o volume, dimensio e distribuigio dos recursos madeirciros, bem como a disponibilidade de recursos financeiros para a operagdo na serragio podem afectar no tamanho da serrago. Assim, as serragdes grandes s#o normalmente instaladas onde existem grandes volumes de madeira em éreas extensas ¢ as pequenas onde a floresta é muito pouco densa, com baixo rendimento por hectare de madeira extrafda. Por outro lado, tomando em consideragio 0s recursos financeiros disponiveis, verifica-se normalmente que em situages de recursos financeiros eseassos, predominam serragdes pequenas mesmo que tenham uma grande reserva de madeira. Para ACFI? (1986) existem 2 tipos principais de serragdes: Temporirias e Permanentes. S30 consideradas temporérias aquelas que fazem exploragdo de recurso madeireiro nos arredores € podem ser transferidas de um lugar para outro (méveis), ¢ possuem normalmente capacidade de produgdo de 8-23 m'/dia. Por outro lado, as serragdes permanentes podem apresentar grandes volumes de produgio e consequentemente precisam de uma boa infraestrutura, facil acesso a0 recurso florestal e saida de produtos, patios para empilhamento e secagem. 2 Apostils do Colégio Florestal de Irati Yolanda M. M. Gongalves Caracterizago da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) As serragdes sfo também classificadas com base na sua méquina principal de corte e de acordo ‘com o carécter da sua instalagdo. Quanto & maquina principal de corte podem ser serragdes de serra miiltipla alternativa, de serra circular e de serra fita em fungdo do tipo de serra que ¢ usada na maquina principal (Egas, 2000). Um dos principais desafios no processamento mecinico das madeiras encontra-se nos préprios processos produtivos, muitas vezes carentes de planejamento e programagio de produgso, de sistemas de classificagdo, do emprego de equipamentos apropriados para o tipo e as dimensBes do material produzido, falta de layouts adequados ao esquema de produgao. Uma contribuigio especialmente valiosa seri o redesenho do processo de produgao, visando reduzir 0 desperdicio de madeira e 0s residuos de processo (hitp://www.remade.com.br/ed60uso_racional.asp). FAO (1985) acrescenta que 0 ambiente da indistria num pais pode ser muito afectado pelo sistema social ¢ politico existente. Leis ¢ regulamentos podem inibir ou restringir 0 desenvolvimento da Industria tomando o processo com muitos custos de operagiio e tomado-se ‘economicamente invidvel, mas por outro lado estes instrumentos podem ser encorajadores através de varios incentivos. 3.2.2 Caracterizagdo geral da indistria madeireira em Mocambique Segundo a FAO (1988), os principais problemas que geralmente afectam as indistrias em Africa sto 0 uso de tecnologias inapropriadas ¢ ultrapassadas, escassez de pessoal capacitado, baixa produtividade e fraco mercado para os produtos madeireiros. ‘Uma das tarefas do sector florestal em Mocambique é expandir a produgdo industrial de madeira a fim de proporcionar a matéria prima necesséria para as actividades de desenvolvimento € contribuir para entrada de divisas através da exportagio de madeira ¢ produtos transformados (Adam, 1984). De acordo com 0 estudo realizado pela Eureka (2001), a maioria das empresas florestais no pais & antiga ¢ resultou da privatizago da MADEMO nos finais da década de 80, com a exceppo de algumas serragdes nas provincias de Maputo, Manica, Cabo Delgado. De acordo com o mesmo estudo, observou-se no pais a existéncia de 133 unidades de produgdo, sendo 40 serraptes, 69° Yolanda M. M. Gongalves 8 Caracterizago da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) serragSes com carpintarias, 22 carpintarias, 1 fabrica de contraplacados ¢ | fabrica de aglomerados (Tabela 2). Tabela 2. Niimero de empresas por provincia Fabrica de Provincia Serragles Serragoe Carpintaria Contraplacados Total Carpintaria e Painéis 9 23 5 19 16 12 5 17 18 6 12 [Maputo Gaza Inhambane Sofala Manica Tete Zambézia Nampula Niassa Cabo Delgado Total Fonte: Eureka, 2001 Blew ew cas colu| A Provincia de Maputo apresenta a maior concentragao de indistrias madeireiras, seguindo-se as provincias de Inhambane, Zambézia e Nampula. A Provincia de Sofala apresenta a tnica fabrica de folheados ¢ contraplacados e a de Manica a dnica fabrica de painéis de particulas no pais (Eureka,2001). Este elevado mimero de empresas de transformagio de madeira na Provincia de Maputo, em relagdo as restantes provincias do pals, apesar da sua grande distancia em retagdo as fontes de matéria prima, deve-se ao mercado local existente ¢ as relativas facilidades de exportagdo existentes (Chitar4, 2003). Neves (2002) acrescenta que estas empresas (em Maputo) so na sua totalidade privadas e a maioria delas foram alienadas do estado (ex-MADEMO), durante 0 processo de privatizagio. ‘Actualmente encontram-se com niveis baixos de produgio, devido ao estado de degradagtio das ‘maquinas, as quais possuem mais de trinta anos. ‘Nas indistrias madeireiras de transformago primaria (serragdes) do pais a capacidade estimada ¢ actual de produgdo das serracdes ¢ de aproximadamente 120.000 m’/ano ¢ 65.000 m’/ano de ‘Yolanda M. M. Goncalves 9 Caracterizagio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) madeira serrada/ano, respectivamente. Em que as provincias de Manica, Sofala e Zambézia constituem as provincias com maior capacidade de produgio (Tabela 3). Tabela 3. Capacidade de produgao estimada ¢ actual das serragées por provincia C.estimada C. actual C. actual Provincia mano mano % [Maputo 14.160 7.246 nm Gaza 3.360 1.000 2 Inhambane 12.260 3.646 6 Sofala 16.860 11.455 18 Manica. 29.600 12.520, 2 Tete 5.280 1.400 2 Zambézia 16.992 9.637 16 Nampula 10.625 5.826 10 Niassa 4.800 2.388 3 Cabo Delgado 7.680 7.162 i Total 121.617 62,280 100 Fonte: Eureka (2001) u ooo Na transformagiio mecénica verificam-se rendimentos baixos devido & baixa qualidade da matéria prima, maquinaria obsoleta © uso de tecnologia ultrapassada (Alberto ef. al, 2003), Eureka (2001) considera que a indistria madeireira no pais enfrenta dificuldades como baixos niveis de aproveitamento (cerca de 30%), elevada burocracia na obtencdo das licengas e concessdes, abastecimento irregular de matéria prima as indiistrias, baixa qualidade dos produtos acabados, estradas de acesso em péssimas condi¢6es, entre outros. © parque industrial nacional é dominado por serragdes que possuem como maquina principal um charriot de fita ¢ geralmente as maquinas mais & jusante so re-serteadoras de fita, alinhadeiras € topejadoras ¢ serras de bancada (circular e de fita), e a maior parte das empresas possui uma unidade de afiagdio e manutengo das serras (Eureka, 2001). Segundo Eureka (2001), avaliando-se de uma maneira geral 0 contributo do sector florestal na geragio © manutengao de emprego, tendo em conta que o emprego formal no Pais é muito reduzido, pode-se considerar que o sector florestal constitui um potencial empregador no meio rural, Estima-se que a industria de base florestal gera aproximadamente 10 mil empregos no pals. Yolanda M. M. Gongalves 10 Caracterizacio da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) A forga de trabalho varia bastante entre provincias, em fungdo das empresas ¢ do tipo de actividades que desempenham. As provincias que apresentam 0 maior nimero de trabalhadores a nivel nacional sfo: Zambézia com 21%, Sofala com 19%, Nampula com 18%, Manica com 13% € Maputo com 11% do numero total de trabalhadores. nimero de técnicos basicos, médios ou superior é insignificante, porém existem trabalhadores com alguma formagio ou especializago nos sectores de transporte, operago de méquinas ¢ escritério. Os salérios variam em fungdo da localizagao da unidade de produgo (mais altos nas ‘empresas localizadas nas vilas e cidades) e do sector de actividade (Eureka, 2001). 3.3 Comercializacao dos produtos madeireiros Os recursos florestais e faunisticos tém sido considerados como um capital disponivel que, com baixos niveis de investimento, poderio gerar divisas através da exporta¢do. Contudo, a contribuigo do Sector Florestal e Faunistico na economia de subsisténcia ¢ muito maior que 0 seu papel na economia formal (DNFFB, 1999). As actividades de exploragdo florestal processamento de madeira compreendem uma série de produtos tanto para 0 consumo proprio (combustiveis lenhosos e materiais de construgo) assim como para a comercializagiio, nomeadamente: i) Produgio de lenha, carvao, estacas e posts, ii) produgio de toros ii) produgdo de madeira serrada, processada e de maior valor agregado (Alberto, 2004). Segundo (FAO, 1985), as industrias geralmente so estabelecidas para o abastecimento do mercado, a maioria destas nos paises em vias de desenvolvimento enfrentam dificuldades na comercializagao dos seus produtos. Os produtos madeireiros em Mogambique so comercializados no mercado nacional € intemacional. Segundo Eureka (2001), os produtos de madeira que dominam o mercado nacional sdo madeiras para a construgdo civil (produtos de cofragem, réguas de parquet, ¢ outros), ©. Yolanda M. M. Gongalves WW Caracterizacio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) madeiras para a construgao de mobilidrio diverso (méveis para uso doméstico © em pequena escala méveis de escritério). Grande parte das indiistrias do pais caracterizam-se por possuirem fracas condigBes tecnoldgicas para produzir com a qualidade desejada para o mercado intemo e intemacional, devido principalmente ao estado absoleto do equipamento e acompanhada de uma fraca manutengao (Eureka, 2001). De acordo com 0 mesmo autor, a comercializagio da madeira em toro no pais é realizada no sentido norte — sul onde existe o maior mercado nacional, a Provincia de Maputo. O prego varia, no sentido de aumentar & medida que o produto se afasta das fontes de abastecimento de matéria- prima. Os pregos de madeira em toros e processada varia muito entre provincias e entre empresas na mesma provincia. Segundo IPEX (2003), 0 mercado doméstico absorve cerca de 90% da produgfo nacional de madeira serrada e é caracterizado por ter pregos elevados € uma cadcia de distribuigdo pouco estruturada. No pais ¢ feita a importagio e a exportagilo de produtos madeireiros. A maioria das importagées no pals so de produtos de maior valor acrescentado (48% sto méveis de madeira). Os produtos madeireiros mais importados sto mOveis, madeira serrada, postes, embalagens ¢ paingis de madeira. A Africa do Sul é 0 maior parceiro comercial do pais, onde ¢ adquirida grande parte dos produtos madeireiros; outro importante parceiro comercial na érea de madeiras € Portugal, principalmente na area de méveis (IPEX, 2003), Quanto & exportagdo, verifica-se que os principais produtos madeireiros exportados @ os seus principais importadores no pais sao: a Africa do sul, Malawi ¢ Zimbabwe que importam travessas, madeira em toros ¢ serrada de Umbila, Umbaua, e Chanfuta. A nivel da Europa temos a Alemanha, Iilia e Portugal que importam madeira serrada e réguas de parquet ¢, por fim, no continente asiético temos a Matésia, Hong Kong e Japio que compram madeiras em toro de pau~ ferro, Pau-preto e Monzo (Eureka 2001). Yolanda M. M. Gonaives p I i i i i i i i i i i i i i i i i i I Caracterizago da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Os volumes de madeira exportados sZo baixos ¢ a maioria das empresas opta pela exportagdo.da madeira em torus uma vex que a produto da madeira serada € de beixa quilideds pare exportaro como resultado das indistrias serem absoletas, uso de equipamento’ (ag bia tecnologia, falta de pessoal qualificado na gestdo e operagio, ¢ outros factores (IPEX,, ge: Assim, o artigo 12 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia aprovado em 2002 (da Lei n° 10/99) restringe a exportagiio de madeira em toros de espécies de primeira classe seja esta obtida em regime de licenga simples ou em concessdio florestal. A lei considera que s6 € possivel 1a exportagdo destas espécies depois de processada, ou seja em forma de tébuas, pranchas, travessas, barrotes, réguas de parquete e folheado. Esta medida visa incentivar a redugio progressiva da exportago de toros de espécies nativas favorecendo 0 processamento local ¢ a exportacdo de produtos semi-acabados e acabados com vista a contribuir para o desenvolvimento sécio-economico do pais. IPEX (2003) considera que com a existéncia de um recurso florestal sustentivel ¢ de um parque industrial para a sua transformagao, espera-se que o sector como a sua revitalizagdo, vé aumentar a produgo de produtos com qualidade para exportagio. Consequentemente, novos mercados setdo abertos ¢ os tradicionais reforgados. ‘Yolanda M. M. Gongalves 1 i J I I I i i i I i i i i I i i i i I Caracterizago da Indéstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 4, METODOLOGIA Para elaboragiio do presente trabalho seguiram-se quatro fuses : 1 fase: Preparagiio do protocolo do Projecto final ¢ elaboragdo do formulério para realizagdio de um inquérito a indiistria madeireira (serragées). 2° fase: Recolha de informagio 3° fase: Processamento e andlise dos dados 4° fase: Elaboragdo do relatério final 4.1 Preparagio do protocolo do Projecto final e elaborago do inquérito (Fase 1) Para a elaboragdo do protocolo fez-se consulta a bibliografia (livros, relatérios, revistas, artigos) disponivel ¢ relacionada com 0 tema a desenvolver em diferentes instituigdes, na Internet ¢ consulta a estudos semethantes anteriormente realizados com vista a auxiliar na definigiio de objectivos, metodologia a usar na elaborago de um formuldrio para realizagdo de inquérito as serragSes com e sem carpintarias. 4.2 Recolha de Informagio (Fase 2) A recolha de informagao foi realizada com vista a obter dados referentes ao fomecimemto da matéria-prima a indistria, classificagao do tipo de indéstria madeircira existente ¢ identificagio dos diferentes tipos de produtos assim como 0 seu respectivo mercado, A recolha de informagio consistiu em: i) revisio bibliogréfica, ii) realizagdo de entrevistas semi- estruturadas as serragées, a informantes na Direc¢do Nacional de Floresta e Fauna Bravia (DNFFB) e nos Servigos Provinciais de Floresta e Fauna Bravia (SPFFB), iii) Visita acompanhada pelos encarregados as serracbes. A revisio bibliografica baseou-se em consultas 4 documentagio da DNFFB, SPFFB, registos das ‘empresas madeireiras, consultas a informagao disponivel (livros, revistas, artigos) nas bibliotecas da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF), FAO, Instituto Nacional de investigagaio Agronémica (INIA), Instituto Nacional de Estatistica (INE), ¢ por fim consulta & Internet. ‘Yolanda M. M. Gongalves “4 Caracterizago da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Consultou-se também 0 Relatério Final do Inquérito realizado A indistria madeireira nacional, publicado pela Eureka em 2001. A partir deste foi possivel obter informagao relacionada com o parque industrial madeireiro na Provincia de Maputo que serviu de base para a realizagdo do, presente trabalho. Realizou-se um inguérito as empresas madeirciras (serragdes com € sem carpintarjas) formalmente registadas da Provincia de Maputo de acordo com a informagio dos SPFFB da provincia (Anexo 1) por forma a obter informagdo referente a: 7 4) Fomecimento da matéria-prima, b) Tipo de serragio, seu funcionamento ¢ os principais constrangimentos, ©) Principais produtos, subprodutos e mercado. As entrevistas para o preenchimento do formutirio do inquérito foram realizadas nas empresas madeireiras em forma semi-estruturada aos Directores Gerais ou aos “Encarregados”. As entrevistas foram marcadas com antecedéncia, onde explicou-se o objectivo da entrevista ¢ 0 tipo de informago que se pretendia obter ¢ deixou-se um exemplar do formulério do inquérito para a sua familiarizagio assim como para facilitar o processo de recolha de informagao. Para complementar a informacio obtida das entrevistas, realizaram-se visitas as serragies acompanhadas pelos respectivos Encarregados por forma a observar todo 0 processo de producao. Estrutura do inquérito as indistrias madeireiras © formulitio do inquérito foi organizado em 4 partes (A, B, Ce D), que compreendiam a seguinte informagao: A- Dados gerais da empresa, B- Caracterizagio do fornecimento da matéria-prima a indéstria, C- Caracterizagdo da indistria de transformagao, D- Caracterizagio dos produtos madeirciros e seu respectivo mercado. ‘Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagdio da Industria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) A parte A foi constitu(da por questdes que visavam recolher a informago geral das empresas, tal como: o enderego, a principal actividade desenvolvida tipo de empresa. A parte B incluiu questdes com objectivo de identificar as espécies mais usadas como matéria-prima assim como a ‘sua proveniéncia; tipo de licenga de exploragaio florestal, a quantidade de toros recebida e a sua frequéncia, o tipo de transporte e seus custos, o armazenamento ¢ os principais constrangimentos: verificados ao longo deste processo. ‘A parte C foi formada por questdes que permitiram caracterizar a indéstria, de modo a conhecer 0 tipo de equipamento usado ¢ seu estado de manutengdo, a conhecer a capacidade instalada ¢ actual, saber o niimero de trabalhadores e sua formacio, e as principais dificuldades existentes. E na iltima parte do inquérito (parte D) pretendeu-se recolher informagdo referente ao tipo de produtos e subprodutos da industria; 0 mercado destes produtos ¢ os principais constrangimentos no processo de comercializagao. 4.3 Processamento, Analise e Elaboragiio do relatério Apés a recolha da informagio necesséria, fez-se 0 processamento dos dados usando programa informatico Microsoft Excel para a produgiio de tabelas e grificos. Posteriormente fez-se andlise da informagao de modo a permitir a caracterizago da indistria madeireira na Provincia de Maputo para elaborago do relatério final. Determinacdo da capacidade instalada e actual de producAo das serracdes ’) Capacidade instalada ‘A capacidade instalada foi estimada considerando a produgdo que a maquinaria poderia fornecer anualmente, operando continuamente na condigdes actuais (no condigées originals de instalago). Assim, a capacitada instalada foi calculada a partir da produg4o didria declarada nas indistrias (considerando nao haver restrigéo de matéria prima ¢ interrupgdes devido as avarias da maquinaria). Este valor foi multiplicado por 160 dias que correspondem ao nimero aproximado de dias de trabalho por ano (formula 1). Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagio da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Ci= Pax Dt (1) Onde : Cl- capacidade instalada de produgao (m"/ano) Pad- produgilo didria (m*) Dt- ndimero de dias de trabalho por ano ii) Capacidade actual ‘A capacidade actual foi considerada como a produgdo real por ano da serragdo. Esta capacidade de produgdo das serraydes foi obtida através do célculo da média das produgdes anuais de 2001 a 2003 (formula 2).A. produgao total de cada ano foi obtida através da soma das produpdes anuais das empresas inquiridas, nos respeetivos anos (2001, 2002 ¢ 2003). Para as empresas onde no foi possivel obter os registos de produgao estimou-se a produgdo anual com base na capacidade de produgdo real/dia declarada nas entrevistas (com restrigGes de matéria prima, avaria do equipamento) e multiplicou-se este valor pelo nimero de dias de trabalho/ano (160 dias), usado a formula 3. P LE Q Onde: CA —capacidade actual de produgdo (m’/ano) PI - Produgio de 2001 (m*) P2 - Produgio de 2002 (m’) P3 - Produgio de 2003 (m°) CA=pxdt 8) ‘Onde: CA - capacidade actual de produgdo (m’/ano) p - produgiio didria (m*) dt nlimero de dias de trabalho por ano No presente trabalho seguiu-se a mesma metodologia para o cAlculo das capacidades de produgdo usada no inquérito realizado pela Eureka (2001) para efeitos de comparagdo. ‘Yolanda M. M. Gongalves uv Caracterizagao da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 5, RESULTADOS E DISCUSSAO Neste capitulo seré feita a apresentagio dos resultados. Estes apresentam-se estruturados em 4 partes principais. A primeira apresenta as serragdes existentes na Provincia de Maputo (200! a 2003), a segunda as principais espécies usadas e as formas de abastecimento as serragbes, a terceira o processo de transformagao ¢ a quarta e altima os principais produtos € o respectivo mercado. 5.1 Indistria madeireira (serragées com e sem carpintaria) existentes na Provincia de Maputo de 2001 a 2003 De acordo com os dados dos SPFFB ¢ Eureka (2001), 0 parque industrial em 2001 era constituido por 17 serragBes; € nos anos 2002/3 por 22 serragdes ( SPFFB 2003 ¢ 2004) (Anexo 2). Esta diferenga deve-se ao “acréscimo” de 5 serragdes, nomeadamente: Novarte; Serragdo da Morfeu; Serful, Lda; Madeiras Ali Ossene e a Lodato Parquet, Lda. Estas 5 serrages nd representam propriamente um aumento (quantitative) ao parque industrial na provincia, mais sim trata-se de serrages que j4 existiam aquando da realizaglo do inquérito pela Eureka, mas que ndo foram incluidas por diferentes razdes. As empresas apenas mudaram de nome (mudanga de proprietétio) ou provavelmente por estas pertencem ao grupo de serragées que segundo Eureka (2001) se encontravam paralisadas ou os inquiridores no encontraram 0 interlocutor durante as entrevistas. Assim, no se trata de investimentos novos (maquinaria € infraestruturas novas) como se poderia supor. ‘As serragSes Serful ¢ Morfeu ja existiam mas no foram inclufdas em 2001 provavelmente por pertencerem ao grupo em que durante a recotha de dados (entrevistas) realizada pela Eureka cencontravam-se paralisadas ou sem interlocutor, Por outro lado, a empresa Novarte existia mas ‘operava apenas como carpintaria na altura, optando por manter a serragdo inoperacional; porém, nos anos subsequentes ao estudo realizado pela Eureka esta passou a operar como serragdo € carpintaria como resultado de mudanga de proprietério. Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) A Lodato Parquet ¢ a Madeiras Ali Ossene resultaram de mudanca de proprietirios € nome, continuando a trabalhar com a infraestrutura ja existente dos antigos proprictirios. Estas nio constam da lista publicada em 2001 com os nomes dos antigos proprietarios pois, & semethanga“~_ da Serful ¢ Morfeu, estas provavelmente nfo foram inquiridas por falta de interlocutor oupse cencontrarem paralisadas durante o periodo de recolha de dados pela Eureka. A serragdo da Construtora Regional Sul mudou de proprietério e de nome, pasando a chamar-se serragio Diamantino, assim esta consta da lista de 2001 como Construtora Regional Sul ¢ em 2002/3 como serragao Diamantino. Durante 0 periodo de recolha de dados verificou-se que das 22 serragdes existentes, 3 encontravam-se inoperacionais, ou seja, as serragdes de Malhazine, Novarte e Morfeu por razies desconhecidas, sabendo-se apenas que a serragio de Malhazine tem actualmente um novo proprietirio e que iré reiniciar as suas actividades ainda este ano (2004). Assim, 0 inquérito para a realizagdo do presente trabalho foi realizado em 19 serragdes, das quais 10 localizam-se nos arredores da Cidade de Maputo, 7 na Matola, uma na Vila da Manhiga e uma ‘em Boane (Anexo 3). Todas as empresas so privadas. Seis destas tem a serrago como principal € ‘nica actividade, as restantes, para além da serragem da madeira, desenvolvem outras actividades como carpintaria, construgio civil, serratharia, fabrico de umas ou Parquet (Tabela 4). Yolanda M. M. Gongaives Caracterizagiio da Indiistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Tabela 4 Industria madeireira (serragdes) da Provincia de Maputo ‘Nome da empresa Localizasio ‘Actividade Casa do Gaiato Boane Serragao e Carpintaria Custédio & Irmo, Lda (Cil, Lda) Cidade de Maputo | Serragio e Carpintaria Contraplacados ¢ Industria Madeira _ | Cidade de Maputo _| Serragio DUC-Duarte Construtores Matola ‘Serr. e Carp e Construgao civil Fersol, Lda Cidade de Maputo _| Serragao e Carpintaria Grupo Salema ‘Machava Serragio, ‘J.Macamo engenharia e construgées | Machava ‘Serragao ¢ Serralharia Lodato Parquet Cidade de Maputo _| Serragao e fabrica de Parquet Madeira Ali Ossene Cidade de Maputo __| Serracao_ Madeiras Comercio e industria Cidade de Maputo _| Serracao_ Padilha Construgdes, Lda Machava Serr. ¢ Carp e Construgio civil Prolar Cidade de Maputo _| Serragao ¢ Carpintaria ‘Secama, Lda Machava ‘Serragdo ¢ Carpintaria Serful, Lda Machava_ Serragdo e fabrica de Umas ‘Serrago Diamantino (ex Construtora | Cidade de Maputo | Serragio Regional Sul) Serragio da Manhiga ‘Manhiga Serrago e Carpintaria Serragdio do Lhanguene Cidade de Maputo | Serragao e Carpintaria Serragiio Tsalala ‘Machava Serragio Serragiio Simbine Cidade de Maputo | Serrago e Carpintaria As serragdes apresentadas na tabela 4 possivelmente ndo representam a totalidade de serragdes existentes na provincia, pois para além destas podem existir algumas serragdes pequenas ou informais que n&o constam da lista dos SPFFB da Provincia de Maputo. 5.2 Abastecimento de matéria prima a indistria 5.2.1 Principais espécies usadas A Figura 1 ilustra as principias espécies usadas nas serragdes da Provincia de Maputo. Dos resultados obtidos, verificou-se que as espécies mais usadas nas empresas inquiridas so: a Afvelia quanzensis (Chanfuta) (95%), Pterocarpus angolensis (Umbila) (79%), Millettia sthulmannii (Jambire) (63%), Androstachys johnsonii (Mecruse) (16%), € por fim Pinus sp. (Pinho) e Eucalyptus sp.(Eucalipto) ambas com 11%. Destas espécies, a Chanfuta é a mais serrada sendo proveniente maioritariamente da Provincia de Inhambane (38%), seguindo-se a Provincia de Sofala (19%) e 43% de fonte variével (Zambézia, Yolanda M. M. Gongalves 20 Caracterizagdo da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Nampula, Maputo, Gaza e Tete). A Umbila € a segunda espécie mais serrada provém principalmente das provincias de Inhambane (25%), Sofala (19%) ¢ Zambézia (19%); a madeira de Jambire tem fonte varidvel (Inhambane, Zambézia, Manica), mas obtém-se principalmente em Sofala (31%). © Mecrusse provém de Inhambane e Gaza, € quanto ao Eucalipto e ao Pinho sio em Maputo e Swazilindia respectivamente (Anexo 4). etc en Figura | Espécies mais serradas na Provincia de Maputo principal factor identificado como determinante do uso preferencial destas espécies foi a sua procura no mercado. Por outro lado, a madeira de Chanfuta foi.gque apresentou maior frequéncia de uso nas serragdes eventualmente por esta ser uma das espécies mais exploradas a nivel da Provincia de Maputo, ser muito usada na construgdo (para aros ¢ portas) ¢ ser relativamente mais, barata que a Umbila, a segunda espécie mais usada (Anexo 5) 5.2.2 Formas de obtenciio de matéria prima {As principais formas de obtengao de matéria prima identificadas nas serragdes foram: 1) através de fornecedores intermedirios; ji) fonte propria (Area de explorago); iii) compra directa na area de exploragdo; ¢ iv) clientes (prestagio de servigos). Yolanda M. M. Gongalves Caracterizacio da Indéstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) ‘A maior parte das empresas (exceptuando a Casa Gaiato e a Contraplacados e Indistria de Madeira), nao possui apenas uma nica forma de obter a matéria prima, estas normalmente combinam duas ou mais das quatro formas referidas para satisfazer as suas necessidades em matéria prima (Anexo 6). i) através de fornecedores intermediérios ‘A obtengdo através de fornecedores intermediérios consiste na compra da madeira em toros aos operadores (“madeireiros”) que vendem por encomenda porta da serragio. Esta constitui a forma mais comum (68%) entre as empresas para ober matéria prima em relag3o as outras formas (Anexo 6). Esta matéria prima provém principalmente da Provincia de Inhambane ¢ da Zona centro do pais (Sofala, Zambézia e Manica) ¢ em alguns casos (raramente) obtém-se Jocalmente. A firequéncia ¢ a quantidade de matéria prima fornecida & indéstria é muito varidvel, depende das necessidades da empresa. Nas serragdes acopladas as carpintarias, o fornecimento ¢ em fungdo do niimero de encomendas existeites nessas carpintarias. ii) fonte prépria (Grea de exploracdo) Para além dos fornecedores intermedifrios, a matéria prima pode ser obtida através de fonte propria, ou seja, através da posse de uma licenga de exploragdo numa determinada rea, seja em regime de licenga simples ou concessio florestal. Esta alternativa de obtengo da matéria prima no é comum a nivel da Provincia de Maputo ¢ observou-se esta pritica em duas serrapdes, nomeadamente a serragiio Simbine e a Madeiras Ali Ossene. Ambas serragdes operam em regime de licenga simples, a serragdo Simbine explora Chanfuta na Provincia de Inhambane e usa meios proprio para o transporte da madeira em toros para a serragdo, por outro lado a Madeiras Ali Osssenc tem licenga de corte de Chanfuta, Umbila ¢ Mecrusse na Provincia da Zambézia, usa normalmente meios préprios e em alguns casos recorre a0 aluguer para o transporte dos toros para a serragiio. Estas empresas, por vezes, enfrentam dificuldade no transporte devido ao estado das vias de acesso e das avarias frequentes dos camides. Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagao da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) A nfo adesio a esta forma de obtengdo de matéria prima por parte das outras indistrias, prende- se ao facto da provincia (Maputo) nao possuir muitos recursos madeireiros para o processamento Industrial. Outros factores que contribuem para esta situagdo nas serragdes sito: ‘Nao possuirem equipamento/maquinaria de exploragdo € transporte, ¢ a sua aquisigéo envolver valores elevados (falta de condigées financeiras); © facto das areas com maior quantidade € qualidade de recurso florestal localizarem-se fora da provincia, requer a existéncia de uma delegagao com pessoal de confianga na area de exploragdo, o que toma necesséria a expanstio da empresa, resultando no envolvimento de custos elevados; Por considerarem que © proceso de licenciamento de explorago florestal € muito burocratico e onerdso. Por outro lado, a existéncia de uma grande quantidade de matéria prima para 0 abastecimento da indistria requer a existéncia de indastria com capacidade para serrar € mercado para absorvet a produgao. iti) Compra directa na érea de exploracto © Grupo Salema e a Lodato Parquet optaram por comprar directamente a madeira em toros aos “madeireiros” na rea de explorago. Estas empresas compram na Provincia de Sofala e para 0 transporte da madeira em toros para Maputo estas usam meios (camiges) proprios, porém tém enfrentado dificuldades ao longo deste processo devido a avarias dos camides, condigdes das vias de acesso ¢ desvios por parte dos motoristas dos camides. is) Clientes (prestagao de servicos) Algumas empresas optaram por manter a serragdo operacional apenas para a prestaglo de servigos, ou seja, os clientes trazem os seus proprios toros para serrar (os toros ndo pertencem a serragdio). Importa referir que a opgdo de prestagdo de servigos é uma pratica muito comum nas serrag6es da provincia de Maputo (mesmo pelas que tem outra forma de aquisigao de madeira em toros) (Anexo 6). ‘Yolanda M. M. Gongalves i I I I I i I i i I I i i i i I I I I I \ Caracterizagio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) A serrago Contraplacados ¢ Indistria de Madeira & uma empresa exclusivamente de prestago de servigos. Algumas serragdes como a Madeiras Comércio ¢ Indéstria (a cerca de 3 anos) € a Custédio € Inmaos Lda (desde meados de 2003) que tem carpintaria optaram por manter a serrago operacional para prestagdo de servigos a terceiros ¢ a madeira para uso na carpintaria € adquirida em forma de madeira serrada. Esta pritica foi adoptada como forma de minimizar os custos da empresa através da redugio dos custos de transporte de toros e serragem. 53 Produgio ‘A maioria das empresas no se dedica exclusivamente 4 produgdo para o consumo proprio, mas sim, grande parte delas fazem prestagdo de servigos de serragem a particulares ou a outras empresas, Das empresis inquiridas, a Casa Gaiato constitui excepglo pois produz apenas para 0 consumo intemo. Por outro lado, a Contraplacados e Industria de Madeira ndo produz. para consumo proprio, mas sim trata-se de uma empresa exclusivamente de prestago de servigos. ‘Antes de apresentar os valores de produgdo de madeira serrada das empresas inquiridas, importa referir que durante a recolha de dados nfo foi possivel obter informacao completa referente aos valores de produgdo anual das empresas em 2001 € 2003 pelo facto dos registos das empresas encontrarem-se incompletos ou nao existirem. Por outro lado, alguns valores de produgio foram obtidos em entrevistas sem ter acesso aos registos ¢ de forma muito generalizada (Anexo 7).. Assim, as lacunas existentes (nos valores de produgio) dificultam a andlise e a comparagao da dindmica da produgdo, podendo, deste modo, levar-nos a valores de producdo anual irrealisticos (subestimados) devido a falta de registos. Contudo, a figura 2 representa aproximagées dos volumes totais de produgo de madeira serrada de 2002 e 2003. De acordo com os valores de volume de produgao obtidos, o ano 2003 registou 0 maior volume de produgdo com cerca de 14491 m* em relago ao ano 2002 que registou uma producdo de aproximadamente 11660 m?. ‘Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Importa referir que na figura 2 ndo esta representado 0 periodo de estudo completo do presente trabalho (2001 a 2003), pois no se incluiu a produgio do ano 2001 uma vez que nao foi possivel obter dados de volume de producdo anual de todas empresas, apenas cerca de 50% das empresas inquiridas é que apresentaram os valores de produgio (Anexo 7). Figura 2 Produgdo anual de madeira serrada (m?) de 2002 ¢ 2003 na provincia de Maputo A partir do anexo 7 € possivel verificar que no ano 2002 foi possivel obter 0 volume de produgio anual de todas empresas inquiridas, contrariamente ao ano de 2003 onde 3 das empresas nfo < [pe [oe |>< >< Joe [>< Lodato Parquet 3 Madeiras Ali Ossene 7 22 Madeiras Comercio e Industria, Lda 9 34 Padilha construgdes 30 40 Protar 22. 39 Secama 32. 40 Serful - 51 Serragdo Diamantina 16 27. Serragio de Manhiga 9 14 Serragio de Tsalala 9 20 Serragio de Lhanguene 26 67 Serrago Moveis Simbine 7 25 total 228 | 534 Em praticamente todas as empresas, o nivel académico dos trabalhadores € primadrio (os que* trabalham directamente no processo de serragem). Os trabalhadores com nivel secundério ¢ ‘Yolanda M. M. Gongalves 35 Carncterizagao da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) médio trabalham normalmente no escritério, bem como técnicos de informatica, contabilistas € escriturarios. Entre outros factores € fundamental que a forga de trabalho tanto a nivel de gesto como de coperasio seja capacitada por forma a contribuir para o aumento de produgdo nas indéstrias. Os trabalhadores do processo de serragem apesar de no terem nenhuma formagio académica ou priméria, sfo trabalhadores que tém muita experiéncia no ramo adquirida ao longo de varios anos de trabalho, experiéncia esta que é transmitida aos outros trabalhadores por forma a tomar o processo 0 mais produtivo possivel. Trabalham normalmente de segunda a sexta-feira durante 8 a 9 horas/dia, com o salério médio a variar de 1.000.000,00 a 1.800.000,00 Mts 5.4 Principais produtos e mercado Os principais produtos da serragdo identificados foram: tébuas, vigas, barrotes, madeira para produgio de portas © aros na carpintaria, carteiras escolares e parquet. A Serful (Serragao Fabrica de umas) tem como principais produtos pegas de madeira para 0 fabrico de unas, uma ver. que esta serrago surgiu com esse objectivo. A produgo em todas as serragdes destina-se quase que exclusivamente ao mercado nacional, pois das serragées inquiridas apenas a Lodato Parquet, Lda produz para o mercado internacional. ‘As empresas ndo fazem a exportagio do seu produto, argumentando que: i) © mereado internacional muito exigente em termos de qualidade e eles nfo possuem condigdes para oferecer produtos com a qualidade desejada, ii) 0 facto do mercado internacional ser muito competitivo toma necessério ter sempre a produgo em dia e no prazo estabelecido, € como o fomecimento da matéria prima é irregular ndo se tora possivel (sem matéria prima a prazo também torna-se impossivel ter 0 produto dentro do prazo estabelecido), outra razio importante apresentada, ii) sfo os custos do processo produtivo local que encarecem o produto, fazendo com que estes percam a competitividade com outros produtos a nivel internacional que ‘so produzidos com menores custos de produgao. ‘Yolanda M. M. Gonaives i I 1 I i I I i i I i i i i i i I i i i . Caracterizagio da Indéstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Por outro lado para entrar e manter no mercado intemacional implica necessariamente investir em maior qualidade dos produtos oferecidos, seja acrescentando valor ao produto ou através de um diferencial para superar a concorréncia, Para tal, necessita-se de equipamento capaz de produzir com qualidade e com tecnologias adequadas. ‘A Lodato Parquet, a tinica das empresas inquiridas que realiza exportagdo dos seus produtos tem como principal objectivo exportar réguas de Parquet para a Itélia, Porém, actualmente no esté a produzir principalmente devido a dificuldades relacionadas com a aquisigiio de matéria prima. Esta falta de matéria prima cria dificuldades na produgo e no cumprimento de prazos de entrega ‘que tem como consequéncia a perda de competitividade no mercado Italiano uma vez. que este é muito exigente, Por outro lado factores como avarias de camides, roubos frequentes tém levado a desmotivago em continuar a operar como serragdo. A nivel do mercado nacional, as empresas afirmam haver concorréncia alta no mercado com produtos substitutos e media com operadores informais. Este facto registou-se principalmente nas serragdes com carpintaria, As empresas que adquirem a madeira em toros para o abastecimento da serragdo consideram 0 prego de aquisigiio desta varidvel em fungio dos fornecedores, ¢ elevado, sendo em média 4.5 milhées de Meticais/m? para Chanfuta, 5 milhdes Meticais/m? para Umbila e 4 milhdes Meticais/m? para Jambire (Anexo 5). Em relagdo a0 Regulamento Florestal, as empresas afirmam no terem sentido nenhum impacto directo com a sua introdugio em 2002 no que refere a restrigdo da exportagdo de madeiras em toros de algumas espécies. Isto acontece pois nenhuma das empresas desenvolve a actividade de exportagio de toros, uma vez que nao existe recurso madeirciro na provincia para tal e por envolver muitos requisitos. ‘Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagiio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 6. CONCLUSOES E RECOMENDACOES 6.1 Conclusiio De acordo com os resultados obtidos das entrevistas e observagées no terreno pode-se concluir que: As principias espécies serradas nas serragdes da provincia so: a Afzelia quanzensis (Chanfuta), Pterocarpus angolensis (Umbila) ¢ Millettia sthulmannii (Jambire). A Chanfuta é a espécie mais serrada e provém principalmente da provincia de Inhambane seguida da provincia Sofala, A Umbila, a segunda espécie mais serrada provém principalmente das provincias de Inhambane ¢ Sofala; a madeira de Jambire tem fonte varidvel, mas obtém-se principalmente em Sofala. {As indistrias madeireiras de Maputo tém 4 principais formas de obten¢o da matéria prima para abastecer a serragdo: a maioria através de fornecedores (68%), através de clientes (prestagdo de servigos), por fonte prépria (Grea de exploragio)e compra directa na drea de exploragdo. Quanto a capacidade de produgto, as serragdes da Provincia de Maputo, classificam-se como serragées pequenas com capacidade de produgao média inferior a 10 m°/dia, quanto ao tipo de instalago so permanentes e quanto & serra principal de corte sio serragdes de Fita. © fluxo de produgiio comum seguido nas serragdes inquiridas ¢: Matéria prima, pétio de toros, deposito da serra principal, serra principal, alinhadeira, topejadora, armazenamento, Este processo de produgdo tem muitas vezes ocorrido com interrupgdes devido as avarias constantes na maquinaria. A capacidade actual de produgdo de madeira serrada é inferior a instalada, situagao que se deve principalmente a falta de clientes, matéria-prima, toros com defeito que dificultam 0 processo de serragem e levam a interrupe6es, a avarias frequentes da maquinaria, entre outros. ‘Yolanda M. M. Gongaives Caracteriza¢do da Indéstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Nao se realizaram investimentos em maquinaria desde o ultimo estudo feito e publicado pela Eureka em 2001, continuando assim a indistria a caracterizar-se por possuir maquinaria antiga e obsoleta, As serragSes com e sem carpintaria empregam cerca de 534 trabalhadores dos quais cerca de 306 na serragdio e 228 na carpintaria. Onde maioritariamente sfo trabalhadores com niveis académico primério, mas com muita experiéncia de trabalho no processo de serragem, e trabalhadores com nivel secundério, médio e com alguma formagaio técnica no escritério. ‘As principais limitagoes verificadas no ambito deste trabalho verificaram-se na auséncia de dados de produgiio completos ou sistematizados facto que influenciou no proceso de andlise € ‘comparagio, s principais produtos da serrago identificados foram tabuas, vigas, barrotes, madeira para produgo de portas e aros na carpintaria, carteiras escolares e parquet. Esta produgo destina-se quase que exclusivamente ao mercado nacional, com excepgdo da Lodato Parquet. Entre outros, factores tais como a falta de condigdes para oferecer produtos com qualidade para o mercado internacional ¢ fornecimento irregular de matéria prima, tém contribuido para que grande parte das serrages nfo produza para o mercado intemacional. © Regulamento Florestal ndo teve impacto directo como resultado da sua implementagao no que refere A exportagdo de madeiras de algumas espécies uma vez que nenhuma das serragdes inquiridas desenvolve a actividade de exportagdo de toros na Provincia de Maputo. 6.2 Recomendagées Que se fagam estudos periédicos com base em inquéritos (incluindo avaliagdo técnica pormenorizada da maquina) que pemitam o acompanhamento ands continue, por forma a compreender a dindmica da indistria, Pois #6 através desta compreensto podem-se propor novas estratégias e reformular as existentes, tanto a nivel da conservagio do recurso florestal, como do processamento industrial e mercado. ln XS Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagao da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Criagdo de mecanismos claros ¢ préticos por forma a garantir que as serragdes fornegam mensalmente aos SPFFB de Maputo informagdo referente & sua produgio ao longo do ano, permitindo deste modo que os SPFFB tenham meios que incentivem a colaborago das empresas, uma vez que esta informagio cumpre um papel essencial para um melhor acompanhamento da actividade da indistria. Promover encontros de capacitagdo em gestio de empresas ¢ de mio de obra nas empresas através de técnicos especializados nas areas de gestio e producdo de madcira serrada por forma a tornar mais eficiente o processo produtivo. Na medida do possivel, que haja retorno (“feed-back”) dos estudos (inquéritos) realizados a nivel das indistrias, pois os operadores compreenderiam melhor a finalidade e importincia do fomnecimento de informago completa e fidvel ¢ eventualmente se sentiriam mais motivados a colaborar. Yolanda M. M, Gongalves Caracterizagao da IndGstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) 7. BIBLIOGRAFIA ADAM, K (1984). Retrospectiva do sector florestal ¢ linhas gerais de desenvolvimento. Maputo. Sip. ALBERTO, M. ; FAQUIRA, N. ; MICHONGA, E. ¢ NAMBURETE, L.(2003) Avaliagio dos i antes da exploracdo florestal ica da madeira FAEF/ DEF. Maputo. 9p. ALBERTO, M. (2004). A Contribuigdo do Sector Florestal e Faunistico para a economia do Pais (Relatério preliminar). MADER\DNFFB.73p. BRAZ, M. Gualdo (sd). A Tecnologia da Madeira. 51p. Apostilas do Colégio Florestal de Irati, (1986) Manual do técnico Florestal. Parana. Vol 4. 364p. CHITARA, S. (2003). Instrumentos para a promogio do investimento privado na industria florestal Mocambicana. MADER\DNFFB. Maputo.55p. CARVALHO, A. (1989). Embalagens de madeira para produtos alimentares. Universidade de Trés-os-Montes. Portugal. 215p. DNFFB\MADER (1999). Lei de Florestas e Fauna Bravia. Maputo. 29p. DNFFB\MADER (2002). Regulamento da Lei Florestas e Fauna Bravia. Maputo.54p. EGAS, A. (2000). Nogdes Sobre a Produciio de Madeira Serrada. Maputo. DEF/FAEF/UEM.98p. EUREKA (2001). Inquérito 4 Indistria Madeireira. MADER. Maputo.60p. FAO (1982). Small and medium sawmills in developing countries.Rome. ‘Yolanda M. M. Goncalves Caracterizagio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) FAO (1992). Maneio das Florestas tropicais hiimidas em Africa.215p. FAO (1988) Forest industries advisory. Group for Africa.Rome.27p. HORSTEN, Fritz (1983). Madeira. Uma andlise da situacao actual. Angola. Ministério da Agricultura. 91p. IPEX (2003) Estratégia para desenvolvimento das exportacio de produtos processados de madeira de Mocambique. Maputo. 40p. NEVES, H (2001).Inguérito a indiistria madeireira na provincia de Maputo. DPADR\SPFFB. Maputo. 18p. PEREIRA, C.; MICHAQUE, M.; KANJI, F. (2002) Estratégia de Capacitagao na Area de Certificagtio Florestal. Maputo. 25p. RIBEIRO,A. (1992) Development of forest industry in Mozambique. University of Oxiford.186p SITOE, A.; BILA, A. ; MACQUEEN, D. (2003) Operacionalizacao das concessdes Florestais em Mocambique. MADER\DNFFB.64p. SAKET, M. (1994) Report on the updating of the exploratory nati forest inventory, Maputo. FAO/UNDL. Ministry of agriculture/National Directorate of forest and Wildlife. 61p. SPFFB (2003) Relatério Anual de 2002. DNFFB\DPADR Maputo. 8p. SPFFB (2004) Relatério Anual de 2003. DNFFB\DPADR.Maputo.22p. hitp:/Avww.remade.com.br hitp://europa.eu.in/comm/agriculture/fore/comm/649_pt.pdf www.terraportugal.com/Mocambique hutp/www.remade.com, br/ed6Quso_racional.asp Yolanda M. M. Gongalves Caracterizagio da Indistria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) Yolanda M. M. Gongaives ANEXO 1. Inquérito a Indéstria Madeireira na Provincia de Maputo (2001-2003) UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE, FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL INQUERITO A INDUSTRIA MADEIREIRA NA. PROVINCIA DE MAPUTO (2001-2003) PARTE ADOS GERAIS Data ‘Nome da empresa Endereco Telefone Fax. Entrevistado_ Cargo Principal Actividade: Serragdo___ Serrag#lo e Carpintaria___outro, Area ocupada pela empresa (tamanho) Area ocupada pela serragio Area ocupada pela carpintaria, Inicio de Funcionamento Observagao PARTE B - CARACTERIZACAO DO FORNECIMENTO DA MATERIA-PRIMA. 1+ Quais sdo as espécies mais usadas na serragSo ? E qual é a sua proveniéncia ? 2- Qual o valor de compra dos toros /espécie ? Proveniéncia Proveniéncia 3+ Porque usa mais essas espécies (mais barata, maior procura, facilidades) ? 4—Tem licenga de exploragdo florestal ? (Se tem) Que tipo de licenga & usado ? Onde? (se ndo tiver licenga) Porque ? 5 — Usa transporte proprio para o carregamento da matéria-prima ? Quais so os custos ? 6- Tem fornecedores de matéria-prima? Quem ? 7- Sio sempre os mesmos fornecedores ? 8- Com que frequéncia recebe os toros? E quais so quantidades adquiridas (més, ano)? 9 - Como ¢ feito 0 armazenamento dos toros ? 10- Como ¢ feito 0 carregamento e descarregamento da matéria-prima ? 11 - Tem tido dificuldades na obtengio da matéria-prima? Quais? 12 — (Se a resposta anterior for positiva)Como poderiam ser resolvidas essas dificuldades? PARTE C- CARACTERIZACAO DA INDUSTRIA DE TRANSFORMACAO 1g ‘ia / equipamento 1- Qual € tipo de (charriot) serra principal usado? Qual foi o ano de aquisig&o 2 2- Qual a é outro tipo de maquinaria disponivel na serragdo (topejadora, alinhadeira,etc) ? Ano de aquisigao? 3~ Tem se feito investimentos em maquinas/ equipamento ? Quando ? 4 (Se a resposta anterior for negativa) Porque no investe ? 5- Tem sido feita a manutengdo da maquinaria/equipamento ? Onde ?. Producio 6- Tem conhecimento do novo Regulamento Florestal ? 9 ~ Registado alguma mudanga ( aumento/diminuigo da produgao) ? 10- Qual a capacidade instalada ? E a actual 11 - Quais sao as principais dificuldades no processo produtivo? Produgdo anual de madeira serrada (2001-2003) ‘Ano 2008 ‘Produgio (m/ano) Mio de Obra 12- Quantos trabalhadores tem a empresa ? 13 - Como estéo distribuidos pelos diferentes sectores? Serrato___Carpintaria___-Administragio_ Outro, 14- Qual 0 nivel de formagao dos trabalhadores (Primaria, Secundério, médio, superior, outro)? 15 - (Se tiver técnicos de nivel superior ) Qual é 0 tipo de formago ? d i i I I i i i i i i I i i I I i i i i 16 — Tem funciondrios com formagao especializados ? Em que dreas 17 Quantas hora trabalham por dia ?. 18 - Qual o salério dos trabalhadores ? 19— Qual a idade dos trabalhadores (intervalo de idade)? Observacées_ PARTE D - CARACTERIZACAO DOS PRODUTOS MADEIREIROS E SEU RESPECTIVO MERCADO 1- Quais so os principais produtos ?E subprodutos? 2- Qual € 0 destino destes produtos ? Paises Mercado nacional 3+ Quais so as principais dificuldades na exportagdo ? 4- Qual é 0 volume de vendas ? 5- Como ¢ feita a venda ? E a distribuigao 2. 6- A venda dos produtos varia ao longo do ano? Como (Crescimento/decrescimento) ? 7- Existe competigao no mercado ? Alta , media ou Bai 8 Quais as principais dificuldades enftentadas na venda ? Quais julga serem as alternativas para supera-las 9- Onde se concentram os principais constrangimentos da empresa (Matéria-prima, produgio, venda) ? 10- Quais sto os produtos finais produzidos ? 11- Qual o volume de vendas ? E qual o destino ? 12- De onde provem a madeira usada (da serragio, clientes) ? Consideragaes finais (perspectivas para futuro, recomendagdes) ANEXO 2. Serragées existentes na Provincia de Maputo 2001 - 2003 Serragées existentes em 2001 Nome da Empresa Endereso Casa Gaiato Boane C.P. 591 Cil, Lda ‘Av. de Angola 2351 C.P 2966 Contraplacados e industria de Madeira ‘Av. de Mocambique 1.5 km DUC-Duarte construtores, Lda Av. Mouzinho de Albuquerque CP. 2319 Fersol, Lda Av. Julius Nyerere 8834 CP. 845 Grupo salema Av. das industrias J. Macamo engenharia e construgbes Rua Ismael Alves da Costa da Costa P803 Madeiras Comercio e Industria, Lda ‘Av, de Mogambique, Km 14 Padilha construgdes Rua Ismael Alves da Costa parcela 803 n° 1280/1290 10 | Prolar ‘Av. de Angola 2656 11 | Secama_ Rua da Machava 861/162, 12 | Construtora Regional Sul Rua Diamantino 13 | Serragdo Malhazine Av. Lurdes Mutola P.840/31 C.P. 14 | Serragiio de Manhiga Rua 3 Vila de Manhiga 15 | Serracao de Tsalala Av. das Indistrias. 16 | Serragio de Lhanguene ‘Av. da OUA CP. 470 17 | Serragéio Moveis Simbine R. Costa do sol n 772 Fonte: Eureka e SPFFB Serragées existentes em 2002/ 2003 Nome da Empresa Endereo Casa Gaiato Boane C.P. 591 Cil, Lda ‘Av. de Angola 2331 CP 2966 Contraplacados ¢ Industria de madeira ‘Av, de Mogambique 1.5 km DUC-Duarte construtores, Lda Av. Mouzinho de Albuquerque CP. 2319 Fersol, Lda Av. Julius Nyerere 8834 CP. 845 Grupo salema Av. das indistrias J. Macamo engenharia ¢ construgbes Rua Ismael Alves da Costa da Costa P803 Lodato Parquet, Lda ‘Av. de Mogambique km 6 Madeiras Ali Ossene ‘Av. de Angola n 44 10 | Madeiras Comercio ¢ Industria, Lda Av, de Mogambique, Km 14 11 | Novarte, Lda Av. das indistrias 12 | Paditha construgdes Rua Ismael Alves da Costa parcela 803 n° 1280/1290 13 | Prolar Av. de Angola 2656. 14 | Secama Rua da Machava 861/162 15 | Serful, Lda Av. das industrias Parcela 760, Talhdo 5587 16 | Serragao Diamantino Rua Diamantino 17 | Serrac&o Malhazine Av. Lurdes Mutola P.840/31 CP. T8 | Serrago de Manhica Rua 3 Vila de Manhica 19 | Serracdo da Morfeu ‘Av. de Angola 20 | Serragao de Tsalala Av. das Indistrias 21 | Serragao de Lhanguene Av. da QUA CP. 470 22 | Serragao Moveis Simbine R. Costa do sol n 772 Ponte: SPFFB SuIgUHIS BUGS ZLLU 108 OP SOD “Y BUIgUIg SehOW OBSELOG ‘@peweWLeEL INPaY ‘OLb dO WNO EP AV ‘SUShBUET ep OFSEIIg SUeATL upUY ‘SEMSNPUT SEP “AY BIRIES| ep ORSELIOS ‘SPUIGEUN OaIpUAL BBIGUEW SP EIA € en BSIUUEW ep OBSELES SquaL S117 ‘ounuewelg eng CUIUBUIEIG OBSELIEg osopIED eUIBEY L8GS CBYIEL ‘092 Bie0Jeq SELASNPU! SEP “AY PT INHES BAIS Ep OUUSIY ZOL/LO8 ERELDEN ep ery eueOaS OVI ‘9892 E]OBUY Sp “Ay Teo eypeg oosouely 9967 “dO 0621/0821 ol! €08 ejacued &1509 Ep sanly leewis| EY ‘SegSNASUOS EUTIPE SuEMINPAW OUlEpY bL Uly “enbiquiesow ap AY EPT CHISHPUL 8 CidlaWuOD SEIapEW ‘oueLeW PU BjOBuy 6p AY ‘BUBESO Tv SeAPEW ‘CIEPOT OWDEID ‘Quy eNbIqueso ep “AY PT enbieg OePOT ‘OWEDEW BjSSSOP BOBd E1SOD EP BIS0D Ep Saniy jeeUIs| eny ‘SEQ5RASUCD 2 eueyuebue owesey 'T OSSOBEW 9ST SEINSHPUL SEB AY eulajes odniy ‘O;nog OpuEUIeS SPB dO DERE SISIOAN SHAE AY epT 0884 ‘SOWUES [eNBIW 6lEz do enbianbndiy Sp oyurZnoW “AY eT ‘SaloinAsu0 SHENG-ONG JOPEAIES OLUGIUY Ub] Sg" SnbiquieSoW ep "AY eilpeus ap einsnpul @ sopese|denuod ihey oulned ‘9962 dO 1SEz BIOBUY Sp “AY epT TO BUEN 950F Supe 16S ‘dD eueOg ‘GIEIeD BSED ‘GBD Op OUION ‘obeiepug eserdwig ep CWON seprambuy sagsesiag sep ovsezyesoy] “f OXANV oyuid 9p wrougtuanoud , ‘ovdhyeong ap viougruaAodd OXINV, > TBAPUBA | [OApeA | _[SARHEA DUIGUITS SIOAOPY OFSELINg ‘000'00z71 = | 0007000°s | 00°00" | 000°000"S ‘SUONEUBIT] Op OPSELIOS 1000'000'r | /000'000'r | /000'000'r oo000sz |= don 00sz | B00'DO'S | OOoOOTF BLBLRSL OP OFDELIOS > TeApLeA Fe : TRARHBA IW 8P OBSBLI9g a 0007000'9 | 000°000'S ‘OURUBUIBIC OFFEHOS 7 Teayiea TRS 00g 00s Bures0§ Fl Pape Bold F Teaguex” | [eaypen SaQSTUNSUOS BUIP EI (000'000'S | 000°000'S | COOT00'S | FPI HNSHPUT 9 o1SsDWIOD seALOPEYN e 7 7 SURSSO HIV SHLOPEA, Teapuea = Papua epi yanbieg o7epO7 TABHEA |OOO'OOS'S | TeAgHEN SagSnAsw0o 2 BuByuasua OWRDEN 'f e Teayuea | 0007005 Bulsjes odrup TaApEA | [APA] TOAPLIER epi TOsIeg Teaysen | 000005" | 000°00s"s | 000°00S' > ep] saiomnnsuo auenG-ONG ap eunsnpu a sopeseidesiu0) = [pagan] Tompson |Teapnea | ~Toayinen 7 - [agua | 000°00S"S | 000°00S'b oidqeng | asnioow | smquies | srawin | emyueyD $ofopdso Sep TeIos9WI09 WON (sun) tunsd eigiem ap exdwoZ op 08944 “5 OXANV (mmm eee ee eee ee ee ANEXO 6. Fornecimento de Matéria Prima ‘Aquisigao de mp para a serragao Serracao forma principal Casa Gaiato Varios fornecedores: = Gil, Lda Clientes e fornecedores de MS = Contraplacados e Industria de madeira Clientes, = DUC-Duarte construtores, Lda Varios forecedores. Clientes Fersol, Lda Varios fomecedores Clientes: Grupo salema compra directa Clientes ‘J. Macamo engenharia e construgées Varios fomecedores Clientes Lodato Parquet compra directa Clientes Madeiras Ali Ossene Fonte propria Clientes Madeiras Comercio e Indistria, Lda Clientes ¢ fomecedores de MS = Padilha construcbes Fomecedor Clenies Prolar Varios fornecedores Clientes Secama Varios fomecedores Clientes Serful, Lda Varios fomecedores Clientes: Serragdo de Diamantino Varios fomecedores e Clientes. Serragdo de Manhica Varios fornecedores e Clientes Serrago de Tsalala Clientes e Varios fornecedores ‘Serrago de Lhanguene Varios fomecedores e Ciientes. Serrag4o Moveis Simbine Prépria, clientes [SB } joo |] Jon | Joo rs] |= iS ey = la 3 3 3 js ANEXO 7. Produgio anual de madeira serrada (m°) de 2001 a 2003 Empresa 2001 | 2002 Casa Gaiato S.inf 75 Cil, Lda 620 Contraplacados e indistria de madeira| S.inf | 400 DUC-Duarte construtores, Lda Fersol, Lda 783 Grupo salema 786 J. Macamo engenharia e construgdes S78 Lodato Parquet, Lda Madeiras Ali Ossene inf | 380 Madeiras Comercio e Indistria, Lda Padilha construgdes 559 Prolar 65 Secama Serful, Lda inf | 1667 Serragdo Diamantino 535 Serragao de Manhiga 36 Serragdo de Tsalala 237 Serragdo de Lhanguene 706 Serragao Moveis Simbine 560 Total Siinf = sem informagio, * inoperacional = 1S foo Joo [ws fo fen [a Joo [rv | [3 EVOL ‘BUIGUIS SISROW OFSELES “suenbueYT 8p OFseLaS Bees] Op ORSELES BSIGUEW 8p OFSELIES ‘GuRUEWEIG ORsELIES P71 InMes BuIESSS FeI01d ‘SOVONASUOS eUTIPEd | EPT EHISNDUT@ OISUIOD SEIODEW ‘BUBSSO Iv SEVIEDEW PT Tenbied OFePOT SOgERISUSS 6 eVEYUODUS OMIEDEW TF wuises odnig PT loses BPT "SaioyAASUOO BYENG-ONG IBPEUT ep eNISHpUT @ SopedeITeNUOD eu pT 1D ey oyeled eseD joy | exjopeyuie | esopeses-ey | odii ‘oreunu esaiduig ‘Sqigpundos oH65 yumEND. v =| =| os} eu) af ex] 2] =| feu 9} eu] 0] cx] 00] [10] 0 9 i le]-}-]-|-[o}-[olasfefesleu} -fofolo]]o}@ ‘gi t ‘ogseniesgO | ogdeye ep epepjun $/€007 sagSeasos sou ayu9\91x9 BLEUINEL\ “g OXANV (ejduxs seynowyo wares) earapeyuyy: | | siopefadoy: ~—— vig sueg : [] yedyousig Buiag : dg + @pug, sogde149s seu ayuanbaay spew n0A8T 6 OXINV #/€007 ap seunbew ap ayuasaytp osu 2] TOL BUIGWIS SIONOW OFSELIOS: ‘SuSTBUeTT 6p OFSENOS eieleS 6p ORDEES BBIYUEW Sp ORSELIES “OunUBLIEI OPSELES, BIESSS ey ey ey ey rayez: File ‘SegonjSUoS eUIPEd. PT EUSN PU] 6 ORIOLIOD SENOPEW, seosnTsuco 6 eveyuabue CURE T. euaes od) BpT Tose 2p7 SeIoIMASUSS eyENG-ONG ‘Bijepew ap elIsHpuj 8 sopese|denuod, SPT 10 eles esed -l-]-}-]-]-]-]-]-| =|] of] 2|-o}o]o]«/aJeo]-folo|olololo sees ses se sg L ‘ogdeye ep epepjun | eiopefedo; | eajepeyuye | eiop lb ‘Opgpunzes ooo YOWIEYD i im wadus 1007 wo sogSe.ias svn ayuaysyxa wsearnbeyy “O] OXANV

Você também pode gostar