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Escola de Música
Licenciatura em Música
Natal/RN
Junho/2022
Catalogação de Publicação na Fonte
Biblioteca Setorial Pe. Jaime Diniz - Escola de Música da UFRN
Banca Examinadora:
________________________________________________________________________
Orientador
________________________________________________________________
________________________________________________________________
À Deus, autor e consumador da minha fé, gratidão pelo dom da vida. Por me sustentar a
cada dia e me permitir sonhar.
Aos meus pais, Marivaldo e Elisabeth, por acreditarem em meus sonhos. Por confiarem
em meu propósito e investirem em mim. Sem seu amor e apoio, eu nada seria. Devo tudo
o que sou a vocês.
À minha irmã Marília por ser minha fiel companheira, amiga e confidente.
Aos meus avós José Cirino, Zulmira, Elza e José Pereira (in memoriam) e toda minha
família, muito obrigada por suas orações.
Ao meu orientador Prof. Dr. Tarcísio Gomes Filho por estar presente em toda a minha
trajetória sendo meu primeiro professor de piano e por não medir esforços para que esse
trabalho fosse realizado. Obrigada por toda a dedicação e por desempenhar essa função
com muito amor.
Ao Prof. Ms. Guilherme Rodrigues por toda inspiração, cuidado e dedicação em minha
caminhada pianística. Sua confiança em meu potencial e seus ensinamentos foram
imprescindíveis.
Às professoras Maria Helena Maranhão, Amélia Martins Dias Santa Rosa e Nan Qi por
seus ensinamentos valiosos e sem igual que levarei comigo.
Agradeço aos meus amigos, colegas de curso e todos que de alguma forma me
incentivaram, ajudaram e apoiaram durante esta caminhada. Muito obrigada a todos vocês!
RESUMO
This paper presents the results of a study on the state of knowledge related to piano pedagogy
in Brazil, analyzing its current implications, characteristics and developments in articles
published in the annals of the national congresses of the Brazilian Association of Music
Education and the National Association of Research and Graduate Studies in Music, with a
time frame comprising the years 2017 to 2021. Forty-nine papers were selected that met the
criteria of this review, being divided into ten thematic categories after reading their abstracts
and markers: remote/online teaching; higher, technical, and vocational education;
performance studies; repertoire studies; inclusion; piano initiation; collaborative piano;
collective/group piano; piano and teaching, and finally, piano technique. In addition to the
qualitative data, reflections on piano teaching in Brazil are presented. It was concluded that
piano pedagogy in Brazil has been addressed in different contexts, some with more
recurrence than others, being possible to identify the main difficulties and possibilities of
piano teaching in the country.
1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………..10
2 CAPÍTULO 1: Um histórico sobre a Pedagogia do Piano no Brasil………………….12
3 CAPÍTULO 2: Metodologia……………………………………………………………..16
3.1 Definições introdutórias…………………………………………………………………16
3.2 Metodização e tabulação……………………………………………………………..…..17
3.3 Análise………………………………………………………………………………...….18
4 CAPÍTULO 3: O estado do conhecimento……………………………………………...19
4.1 Apreciação…………………...…………………………………………………………...29
4.2 Categorias e objetivos gerais…………………………………………………...………...29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………….…...40
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….43
10
1 INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo sobre a pedagogia do piano no
Brasil no século XXI, buscando entender as principais implicações, características e
desdobramentos desta área por meio da análise da produção acadêmica divulgada
publicamente.
Para isso, foi realizado um mapeamento dos trabalhos acadêmicos publicados nos
anais dos congressos da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM) com o recorte
temporal que compreende os últimos cinco anos (2017 a 2021). A pesquisa é de natureza
qualitativa, exploratória e busca entender o estado do conhecimento por meio de revisão
bibliográfica.
O interesse pelo tema partiu da própria trajetória de formação musical da autora
como pianista e professora de piano, atuando em diversas perspectivas como no ensino de
piano para crianças a partir dos 4 anos de idade, nas aulas de piano em inglês, aulas de
piano em grupo e aulas remotas no período da pandemia da Covid-19.
Sua infância foi rodeada por música instrumental, tendo crescido em um ambiente
musical no qual o pai tocava acordeon e saxofone e a mãe clarinete, sendo os dois os seus
primeiros e principais influenciadores. O primeiro contato formal com aulas de música se
deu aos sete anos de idade, participando de projeto social da igreja. Desde então, o
interesse pela música aumentou e mais tarde, aos 8 anos, ingressou na Escola de Música
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN). Entre cursos de extensão,
técnico em piano erudito e licenciatura, contam mais de dez anos de estudos na EMUFRN.
Nesta trajetória, a autora sentiu um interesse particular em ministrar aulas de piano
ainda nova. Foi então que, aos 17 anos, iniciou a jornada como professora em uma escola
especializada na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Desde então, percebeu o conjunto
de possibilidades que este meio oferece e trouxe a reflexão de como o profissional precisa
estar preparado, devidamente capacitado e atualizado para atuar nesta área.
Acredita-se que ser professor de instrumento vai além de dominar técnicas e
repertórios, mas também implica na sensibilidade e busca por estar a par do olhar
pedagógico. É por esta razão que se considerou importante complementar a formação
com leituras sobre o ensino do piano na busca por entender o que tem sido pauta neste
campo de atuação, e com isso, pensar sobre uma continuidade de pesquisa nesta área.
Desta preocupação, surgiram algumas questões que definiram o norte do trabalho e
11
que se configuraram como problema de pesquisa, que segundo Gomides (2002) consiste
em uma maneira compreensível, clara e explícita de encontrar qual a dificuldade e o que
pretende-se resolver. Uma vez que o problema está formulado, pretende-se uma resposta
suposta, provável e provisória. Assim, algumas questões foram definidas como guia para
este trabalho;
● Quais as vertentes, ou quais os temas mais explorados na pedagogia do piano
recentemente no Brasil?
● Quais os principais desafios enfrentados pelos professores de piano no
momento atual, considerando inclusive as questões relacionadas a pandemia
da Covid-19?
● Quais os principais recursos pedagógicos adotados pelos professores
atualmente?
● Quais aspectos do ensino do piano foram pouco abordados em pesquisas nos
últimos anos?
Todas essas questões conduziram à reflexão que se propõe neste trabalho, bem
como a análise dos textos encontrados a partir de um olhar crítico, buscando soluções,
respostas e possibilidades novas a partir do que se tem registrado no ensino do piano no
Brasil durante os últimos 5 anos. Através deste olhar panorâmico investigativo, é possível
notar quais são os pontos que devem receber mais atenção de pesquisa tendo em vista que
este trabalho visa trazer relevância a valorização da Pedagogia do Piano e suas diversas
categorias.
O trabalho é apresentado em três capítulos e considerações finais: o primeiro
capítulo compreende um histórico do percurso da pedagogia do piano no Brasil, sua
importância, desafios e possibilidades; o segundo capítulo relata o percurso da
metodologia utilizada; o terceiro capítulo apresenta a apreciação dos artigos/comunicações
obtida por meio da leitura e categorização dos mesmos e, por fim, nas considerações finais
constam os resultados da pesquisa que irão descrever o estado do conhecimento sobre o
objeto estudado e as respostas das questões formuladas no decorrer do trabalho.
Espera-se que este trabalho possa contribuir para um melhor entendimento sobre o
que tem se produzido nesta temática no Brasil, bem como inspirar novas pesquisas.
12
O Rio de Janeiro de 1856 era chamado de “a cidade dos pianos” e conta-se que havia
nesta época uns quarenta professores particulares de piano na cidade.
(ABREU; GUEDES, 1992, p. 11)
instrumento popular no Rio de Janeiro entre as residências dos membros da Corte, mas
não como caráter artístico. Abreu e Guedes ressaltam essa questão quando concluem que:
(...) nosso maior problema se deve ao fato de que pedagogia do piano como
disciplina tem crescido muito rápido sem ainda formar seu caráter e personalidade.
Ela é cercada pelo tipo de confusão e temor que sempre acompanha o crescimento.
(CHRONISTER, 1989, p. 78)
Para isso, é necessário tratar a área com clareza e buscar compreender como esta
tem sido suprida ao longo dos anos.
Os trabalhos publicados no Brasil a partir da segunda metade do século XX podem
ser considerados como pioneiros nesta área, como por exemplo: “Introdução à pedagogia
do piano” (PELAFSKY, 1954); “O Ensino do Piano” (FONTAINHA, 1956); “Normas
Pianísticas” (ALMEIDA, 1956); “O ensino moderno do piano” (SÁ PEREIRA, 1964); “O
estudo do piano” (ALIMONDA, 1967) seguidos por uma segunda leva mais
contemporânea na qual figuram os trabalhos “O piano - alguns problemas e possíveis
soluções” (HAZAN, 1984); “Teoria da aprendizagem pianística” (KAPLAN, 1987);
“Pedagogia e técnica pianística” (CAMPOS, 1987); “O Piano” (CIARLINI; RAFAEL,
1994) e “A técnica pianística - uma abordagem científica” (RICHERME, 1996). Estes
autores tratam do desenvolvimento da técnica pianística, do repertório, de estratégias de
14
Sabemos que a prática, exige prática. Porém, a leitura de trabalhos, ofertados por
pesquisadores/pianistas que se dedicaram à difícil tarefa de documentar seus
questionamentos, experiências e propostas, é extremamente importante. (ARAÚJO
FILHO, 2021, p. 2)
3 CAPÍTULO 2: Metodologia
V2. 2017 3
V3. 2019 3
V4. 2021 26
TOTAL = 32
Fonte: Dados do levantamento realizado pela autora.
Tabela 2: Artigos encontrados nos anais dos congressos da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação em Música (ANPPOM) dentro do recorte temporal.
2017 | VOLUME 27 3
2018 | VOLUME 28 3
2019 | VOLUME 29 5
2020 | VOLUME 30 2
2021 | VOLUME 31 4
TOTAL = 17
Fonte: Dados do levantamento realizado pela autora.
18
3.3 ANÁLISE
A presente fase se caracteriza por sua importância na construção de categorias
tendo como base os conhecimentos prévios do pesquisador, Moraes (2003) afirma que
“toda leitura é feita a partir de uma perspectiva teórica” (p. 193).
A análise abarcou as duas últimas etapas do processo: 6) organização e nova
tabulação dos dados, 7) análise crítica considerando os contextos de cada pesquisa, suas
semelhanças e particularidades.
A organização e nova tabulação de dados compreendeu a criação de outra tabela
que continha dez categorias de acordo com as temáticas dos artigos delimitados, separadas
por ordem alfabética: ensino remoto/on-line, ensino superior, técnico e profissionalizante,
estudos sobre performance, estudos sobre repertório, inclusão, iniciação ao piano, piano
colaborativo, piano coletivo/grupo, piano e docência e, por fim, técnica pianística. Os
artigos foram reorganizados e inseridos em suas respectivas categorias.
Por fim, a análise das categorias se deu por meio da leitura e reflexão dos textos,
extraindo suas ideias principais, pontos particulares seguindo as abordagens de sua área de
conhecimento.
19
Este capítulo trata da apreciação dos dados obtidos pela pesquisa de forma a
apresentar o que pode ser entendido como “estado do conhecimento”. Desta feita, o estado
do conhecimento transparece o resultado do levantamento da produção sobre as pesquisas
que envolvem as práticas pedagógicas do piano em diferentes contextos e publicadas entre
os anos de 2017 a 2021.
Na pesquisa sobre o estado do conhecimento, a revisão de literatura foi a
ferramenta utilizada como forma de viabilizar a coleta dos conhecimentos produzidos
nesta temática com o intuito de gerar os dados necessários à realização deste trabalho. O
estado do conhecimento beneficia tanto a leitura da realidade do que se discute na
comunidade acadêmica, quanto a formalização metodológica para desenvolvimento do
percurso investigativo. Para Ferreira (2002), as pesquisas definidas por estado do
conhecimento ou estado da arte permitem o mapeamento das produções científicas de um
determinado tema. Ainda segundo a mesma autora, sendo uma pesquisa de caráter
bibliográfico, esta modalidade visa:
Discutir uma certa produção acadêmica (...) tentando responder que aspectos e
dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de
que formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações de
mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais
de congressos e de seminários. (FERREIRA, 2002, p.257)
Tabela 3: Quantidade de trabalhos encontrados em cada edição dos congressos da ABEM e ANPPOM.
ABEM 2017 2 3
ABEM 2019 3 3
ABEM 2021 4 26
ANPPOM 2017 27 3
ANPPOM 2018 28 3
ANPPOM 2019 29 5
ANPPOM 2020 30 2
ANPPOM 2021 31 4
1. 2021 QI, Nan; MIRANDA, Piano na Pandemia: Relato de um curso on-line ANPPOM
21
6. 2021 CÂNDIDO, Neander; Aulas de piano para crianças de forma remota: ABEM
PARIZZI, Betânia. apontando caminhos
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
1. 2021 SILVA, Lívia Figueiredo Repertório brasileiro para piano no ensino ANPPOM
de Alencar e; VIEIRA, superior de música de uma universidade
Josélia Ramalho. brasileira: considerações de uma pesquisa em
andamento
Fonte: Autora.
1. 2021 ROSA, Helenice Scapol Aplicação do Método Suzuki em uma aluna de ABEM
Villar. piano com cegueira e rigidez em articulações:
desafios e conquistas
2. 2021 SALLES, Ana Maria Música e idosos, um estado da arte (2003-2020) ABEM
Janunzzi; REIS, Carla e a ausência da pedagogia do piano
Silva.
3. 2019 RODRIGUES, Marisa Ensino de piano para uma aluna surda: relato de ANPPOM
Nóbrega; GUIMARÃES, experiência
Aluska Danyelle Souto
de Souza;
ALBUQUERQUE,
Patrícia Belisário Souza.
Fonte: Autora.
3. 2021 SOUZA, Luciane A obra para piano de Moema Craveiro Campos: ABEM
Borges Xavier Gomes possibilidades de utilização em aulas de pianistas
de; SANTANA, iniciantes e intermediários
Fernando Vago.
7. 2017 SILVA, Glênio Vilas Carência do uso dos pentacordes e transposição ABEM
Boas da. de tonalidade na iniciação ao piano e teclado
eletrônico: um estudo sobre a experiência de
professores em escolas particulares de música
Silva.
Fonte: Autora.
3. 2021 SILVA, Rudson Ricelli Lima O uso do playback e o piano colaborativo: ANPPOM
da; YAMAGUCHI, Regiane uma reflexão crítica acerca do
Hiromi. desenvolvimento da criatividade do
músico-performer
Fonte: Autora.
1. 2021 ALVES, Matheus Viana; A composição como aporte didático nos ABEM
COSTA, Mirna Azevedo; processos de ensino e aprendizagem de piano:
VALADÃO, Patrícia; um relato de experiência
AZEVEDO, Aline.
2. 2021 CAMPITELLI, Juliana; Piano em grupo para quê? Reflexões sobre o ABEM
MENDES, Adriana. estudo de piano em grupo para educadores
musicais
5. 2019 TORRES, Sérgio Inácio. Avaliação da leitura à primeira vista no ensino ABEM
de piano complementar em grupo nas
Licenciaturas em Música
6. 2019 VIEIRA, Bruna. Piano em grupo sem fones de ouvido: uma ABEM
abordagem colaborativa
10. 2017 SILVA, Rosângela; Métodos de ensino coletivo de piano aplicado na ABEM
SOARES, Edna Andrade. escola de arte da UFAM
Fonte: Autora.
1. 2021 SILVA, Mariana Nascimento Atividades lúdicas no ensino de piano para ABEM
Bol da; DELTRÉGIA, crianças: uma proposta de escolha e aplicação
Cláudia Fernanda. conscientes
Fonte: Autora.
Fonte: Autora
29
4.1 Apreciação
Após a apresentação dos trabalhos encontrados, serão abordados e detalhados seus
enfoques de acordo com as suas categorias, objetivos e resultados obtidos.
compartilhamento de duas câmeras por ângulos diferentes, acionamento das teclas tocadas
através de cores, identificação e diferenciação das articulações ao piano e tutoriais
audiovisuais das peças que os alunos estavam estudando. Hamond consente que o uso das
tecnologias digitais no ensino têm o poder de tornar a relação professor-aluno mais
colaborativa em que “o aluno tem mais autonomia no seu processo de aprendizagem”.
(KING, apud HAMOND 2021)
O trabalho de Tanaka (2021) foca no termo “musicar” (musicking) de Christopher
Small e em como isto pôde ser adquirido durante as aulas de piano on-line para os alunos
de graduação e extensão universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A
autora pontua que a partir deste ensino remoto lhe foi permitido que a aprendizagem do
piano fosse repensada não somente do ponto de vista pianístico, como também da
educação musical proporcionando uma inovação pedagógica através do uso da
criatividade e ludicidade.
Já Costa (2021) se diferencia por relatar sua experiência no ensino remoto como
aluno do curso de bacharelado em piano na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e
assim como Tanaka (2021), ele conclui que o ensino através dos recursos tecnológicos
permitiu com que ele adquirisse mais autonomia em seu processo de aprendizagem.
Cândido e Parizzi (2021) apontam em seu artigo alguns caminhos didáticos que
podem ser percorridos por professores de instrumento que estão ministrando aulas on-line
para crianças. Os autores apresentam estratégias e diferentes recursos tecnológicos através
do relato de experiência sobre as aulas de piano em forma remota de crianças entre 6 e 12
anos de idade do Núcleo Villa-Lobos de Educação Musical. Este trabalho também acentua
a importância do uso da criatividade e ludicidade durante o preparo destas aulas, visto que
“são primordiais para motivar o aprendizado dos alunos, principalmente crianças”.
(CÂNDIDO; PARIZZI, p. 4)
O artigo de Martins, Silveira e Hamond (2021) traz em questão o uso pedagógico
do Shared Piano e de outros aplicativos do Chrome Music Lab durante as aulas de uma
aluna que não possuía teclado, portanto suas aulas e seu aprendizado foram através da
utilização destes recursos. As autoras concluem em seu trabalho que não deveria haver
tanta resistência por parte dos professores de instrumento sobre o uso dessas tecnologias
durante as aulas remotas, tendo em vista que apesar de seus desafios o ensino do piano
com a tecnologia “é um caminho sem volta, não há mais como negar essa
indissociabilidade”. (MARTINS; SILVEIRA; HAMOND, p. 12)
Categoria 2 - Ensino Superior, Técnico e Profissionalizante
31
discussão sobre quais são as peças brasileiras executadas no período compreendido entre
2015 a 2020 e como o antigo currículo privilegiava apenas o repertório europeu.
Sendo o repertório pianístico muito vasto e inovador, Mendes e Botelho (2021)
apresentam estratégias e caminhos para o primeiro contato com o repertório do piano
contemporâneo através de dez peças selecionadas de Játékok I, de G. Kurtág. As autoras
mencionam a presença das técnicas estendidas e questões performáticas do repertório
contemporâneo, tendo também peças que sugerem ao pianista estar de pé ou caminhando
pelo piano enquanto a executa. Com o intuito de apresentar um novo olhar sobre o ensino
e inserção deste repertório para os alunos, Mendes e Botelho ressaltam que a pesquisa
trouxe uma nova perspectiva sobre “a introdução do repertório contemporâneo,
desenvolvimento gestual e estímulo da criatividade, improvisação e imaginação na
construção da performance musical”. (MENDES; BOTELHO, p. 14)
Categoria 5 - Inclusão
O trabalho de Rosa (2021) apresenta um relato de experiência de uma aluna de
piano com cegueira e rigidez nas articulações, consequência de artrogripose. A autora traz
reflexões sobre os resultados que observou enquanto trabalhava com a aluna o Método
Suzuki em um espaço de educação musical. Rosa analisa em seu trabalho a superação de
desafios com relação a aluna citando o progresso referente as articulações das mãos,
juntamente com a execução de notas e a motivação gradativa da aluna perante as aulas. O
resultado positivo desta experiência também se deu pela participação e apoio dos pais da
aluna relatado pela autora, a mesma também enfatiza que o trabalho feito gradativamente
impulsiona o aluno a superar suas dificuldades, fazendo com que “sejam gradualmente
minimizadas e que as habilidades possam ser desenvolvidas”. (ROSA, p. 11)
Já Salles e Reis (2021) trazem o estado da arte com recorte temporal de 2003 a
2020 através do levantamento dos trabalhos publicados em anais de congressos e
encontros nacionais da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM) sobre o ensino
de música para idosos e a ausência da pedagogia do piano. Diante do pressuposto, as
autoras relatam que não houve a identificação de trabalhos que abordassem a pedagogia
do piano para idosos, atribuindo a isto a provável falta de motivação para o professor, por
aparentemente não “se sentir capacitado para lidar com esse novo público”. (SALLES;
REIS, p. 5)
Em Rodrigues, Guimarães e Albuquerque (2019), é abordada a experiência sobre o
33
ensino de piano para uma aluna surda. As autoras trazem como referencial teórico os
trabalhos de Guerreiro (2012), Schambeck (2016), Haguiara-Cervelline (2003) e Louro
(2018) apontando que é possível fazer com que a pessoa surda experimente música
significativamente através das vibrações que o corpo percebe. As autoras relatam que a
experiência foi positiva a ponto de estimular na aluna a vontade de prosseguir com aulas
de piano, desta vez em uma escola especializada. O trabalho permite com que haja a
compreensão de que é possível ensinar música para pessoas surdas “realizando adaptações
e modificando o nosso olhar sobre a forma de ouvir música”. (RODRIGUES;
GUIMARÃES; ALBUQUERQUE, p. 5)
Gomes e Souza (2017) relatam, a partir de um estudo de caso, como o protótipo
Professor Piano (PP) aplicado em uma estudante acadêmica deficiente visual pode tornar a
aprendizagem musical mais efetiva através das Tecnologias Assistivas (TA) e Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC). Os autores apresentam resultados positivos e falam
sobre a importância da utilização da tecnologia para ampliar a inclusão.
didática sobre o uso da ludicidade e criatividade no ensino do piano para crianças, como
também um repertório a ser utilizado durante a infância desenvolvido pelos próprios
autores que pontuam aspectos importantes a serem utilizados durante esta etapa. Os
autores também ressaltam a importância do uso do lúdico na iniciação ao piano para
crianças, pois “atua como elemento facilitador da experimentação musical”. (FELLER;
SBAFFI; REIS, p. 15)
Por fim, o trabalho de Longo e Moraes (2017) contribui no estudo das práticas
criativas como forma de aperfeiçoamento da técnica pianística de aluna iniciante, bem
como a ampliação de habilidades e compreensão no aprendizado da linguagem musical.
As autoras apresentam as peças estudadas pela aluna, aspectos a serem trabalhados e
resultados obtidos de acordo com o nível de dificuldade de cada uma das músicas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como observado no levantamento de trabalhos, as temáticas foram categorizadas
em dez grupos abordando diferentes aspectos relacionados ao piano e seu ensino. Na
categoria de ensino remoto/on-line, a autora pôde perceber que apesar desses trabalhos
abordarem os desafios enfrentados mediante a migração das aulas presenciais para as
aulas remotas em decorrência da pandemia da covid-19, esta categoria apresentou novos
recursos pedagógicos e outras possibilidades do continuamento das aulas de piano,
suprindo contudo a necessidade de novas ferramentas para os professores que enfrentam
os desafios das aulas remotas. Todas as leituras feitas levam a entender que, por mais
diversas realidades, os professores de piano enfrentam dificuldades semelhantes, bem
como: a ausência do contato físico para melhor correção de técnica, o despreparo relatado
pelos professores e a falta de estrutura domiciliar de alguns alunos que não possuíam
teclado em casa ou uma boa rede de internet.
Já a partir da análise feita na categoria ensino superior, técnico e profissionalizante
que continha apenas um trabalho, foi percebido que esta é uma área que poderia ter mais
produções voltadas ao tema, tendo em vista que o autor do texto traz abordagens
importantes de serem refletidas a respeito da grade curricular de cursos de música, pois há
comumente grades curriculares que não prevêem as necessidades da realidade musical do
ambiente em que o discente está inserido.
Os trabalhos que abordam estudos sobre a performance trazem informações válidas
tanto para o modo de pianistas compreenderem os aspectos norteadores de suas
performances e aspectos influenciadores, quanto para os professores/instrutores no quesito
de saber lidar com as inseguranças dos alunos e exercer com sabedoria seu papel de
orientador para auxiliá-los em suas performances.
Os dois textos da categoria estudos de repertório trouxeram informações novas
para a autora, assim como ela acredita serem textos muito importantes na divulgação e
valorização dos diferentes repertórios existentes disponíveis para o pianista explorar.
Já a leitura e análise da categoria inclusão mostram um conjunto de possibilidades
para trabalhar a música no piano em diferentes contextos e necessidades, especialmente
por relatar casos de estudantes com diferentes necessidades específicas e suas superações.
Esta categoria também leva a reflexão de que os espaços de ensino de música precisam
estar preparados para oferecer o ensino de maneira que inclua a todos.
Foi possível extrair desta pesquisa uma diversidade de materiais didáticos,
metodologias, possibilidades e jogos para utilizar em sala de aula. É através da categoria
41
REFERÊNCIAS
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