escrever essa carta aqui. Embora minha vida profissional já me faça passar horas e horas por dia escrevendo coisas que precisam vir da minha cabeça com a devida e correta inspiração, eu pouco escrevo sobre mim. Eu pouco falo de mim. Talvez seja agora o momento e vou, simplesmente, deixar as palavras fluírem de mim mesmo com um dia todo que vem pela frente já que o dia acaba de nascer e hoje ter acordado cedo. Que as palavras coloquem para fora um pouco do que tem em minha alma.
Quem olhar para mim nesta manhã, verá a mais
alegre das mulheres. É essa a imagem que eu externo. Um sorriso, uma luz, um encanto. É como a bela imagem do dia bonito logo cedo que se vê ao abrir a janela. Acordei hoje com uma sensação tão boa no peito. Sabe aquela felicidade que vem do nada e te faz querer sair pulando da cama? Pois é, é exatamente assim que eu me sinto agora. Por quê? Bom, se alguém me perguntar, eu tenho a resposta na ponta da língua: aos 35 anos, acho que finalmente consegui colocar as coisas nos eixos e estou conquistando tudo aquilo que sempre sonhei. Não foi fácil, mas consegui. Minha vida financeira, por exemplo, nunca esteve tão boa. Depois de anos economizando, consegui finalmente fazer uma viagem internacional e ainda sobra dinheiro na conta. Parece besteira, mas é uma sensação incrível de realização. Sempre fui aquela que na metade do mês a conta corrente já pedia socorro. Olhar a fatura do cartão de crédito? Eu fugia disso. Mas não, eu mudei! Onde havia falta, agora tem abundância. Não tanto como gostaria, mas tem.
Na minha família, as coisas também estão ótimas. Meus
pais estão saudáveis e felizes, meus irmãos também estão bem e temos nos falado com mais frequência do que nunca. Assim como com meus cunhados e meus sobrinhos. A minha fama de “tia distante” deve ter ficado no passado mesmo para eles.
E o melhor de tudo é que meu relacionamento com meu
marido está cada vez mais forte. Nós estamos nos entendendo melhor do que nunca e nossa vida sexual tem sido incrível. Eu poderia ficar horas e horas de como foi que chegamos a esse ponto. De todos os altos e baixos que passamos nesses oito anos juntos. Hoje, os pontos altos são muito mais frequentes e isso que importa.
No trabalho, eu também tenho conseguido grandes
conquistas. Fui promovida recentemente e agora tenho mais responsabilidades, mas também tenho mais reconhecimento. Isso nunca é fácil. Para uma mulher de pele escura como eu, a dificuldade aumenta muito mais. Não por acaso ainda sou a única pessoa negra, além de única mulher, em cargo de chefia. Mas eu olho para cada uma das outras meninas lá que são como eu e penso: quero ajudar a subir!
E, para completar, tenho feito novas amizades no meu
círculo social, o que tem me deixado muito feliz. Frequentar novos locais tem ajudado muito nesse sentido. Novos hábitos nos levam a novas pessoas. Novas pessoas ampliam esse leque. Agora, com todos os fatores anteriores juntos, o que eu vejo é surgirem cada vez mais oportunidades de não ficar trancada em casa vendo filmes na Netflix todo fim de semana. Agora só nos que eu quero realmente fazer isso.
Então, por que eu escrevi isso tudo? Expor uma vida
maravilhosa? Olha, eu disse: é apenas resposta na ponta de língua. E não, não menti em nada.
Mas será que eu sou feliz?
Ao mesmo tempo em que tudo isso me traz alegria, eu não
posso deixar de pensar em como eu estou me sentindo por dentro. Porque, para ser sincera, eu me sinto amargurada.
Não sei se você que está lendo já sentiu a sensação da
amargura. Mas é como um sabor amargo dentro de sua boca, que se espalha cada vez mais por todo o corpo.
Sabe quando você conquista tudo o que sempre quis,
mas ainda assim se sente insatisfeita? Pois é, é exatamente assim que eu me sinto. Às vezes me pergunto se tudo isso realmente é bom. Se todo o esforço que eu estou fazendo está valendo a pena.
Porque, apesar de todas essas conquistas, eu ainda me
sinto sozinha e incompleta em diversos momentos da minha vida. Tenho um marido incrível. Tenho uma família que não nunca me largou embora eu que fizesse o contrário. Tenho diversas outras pessoas ao meu redor que são insuperáveis e não as trocaria por ninguém! Mas eu também ainda tenho medo do futuro e me preocupo muito com o que pode acontecer. E às vezes eu me sinto tão perdida e confusa que não sei mais o que fazer.
Talvez isso seja um medo de tudo o que conquistei
simplesmente ruir. E se um dia eu chegar em casa e descobrir que meu marido não quer mais estar comigo? Ou pior: e se ele me der razões para não querer mais estar com ele?
E se minha família se afastar de mim e eu não ter mais
pessoas com extrema confiança para contar cada passo da minha vida? E se acharem que não sou uma boa presença para terem por perto?
E se não eu tiver mais emprego? Como seria toda a
dificuldade de me recolocar no mercado, alcançar novamente tudo o que alcance. Como seria para manter meu padrão de vida que, enfim, hoje tenho com a qualidade que sempre esperei ter, podendo pagar pelos meus hábitos que sempre sonhei?
Isso não era pra ser uma preocupação constante comigo,
já que tenho tudo muito bem estruturado. Meu diálogo com meu marido é totalmente aberto. Minha família entende como ninguém minhas imperfeições e sempre me acolheu assim. E meu networking e portfólio é bom o suficiente para manter minha vida profissional mesmo fora da empresa e não por acaso já tive convites para mudar, que por ora recusei.
Mas talvez pela dificuldade de enfim ter a vidinha quase
perfeita que tanto almejei, eu fique sempre insegura com o amanhã.
Mas, ao mesmo tempo, eu não quero parecer ingrata. Eu
sei que tenho muito a agradecer e sou grata por todas as bênçãos que recebi. Que conquistei. Sei as portas que me abriram. Mas eu também sei que preciso encontrar uma maneira de lidar com esses sentimentos e encontrar um equilíbrio entre minha vida externa e meu eu interno.
E, por isso, estou aqui, escrevendo essa carta. Porque
acho que é importante falar sobre essas coisas e não temer expor nossos sentimentos, angústias e aflições. Porque, no fim das contas, é isso que nos faz humanos. E é isso que nos ajuda a encontrar o nosso caminho na vida. E só de ter colocado para fora aqui todos esses medos, eu já sinto menos medo. Só de ter colocado para fora as razões de minhas amarguras, já sinto menos esse sabor e mais doçura em mim.
Obrigada por ter lido minhas palavras.
E espero que de alguma maneira, assim como foi bom para mim falar, tenha sido bom para você ouvir.
E, como me fez bem fazer isso, em breve escreverei mais.
Um abraço, Ane. Mensagem do autor.
às leitoras e leitores desta carta da Ane:
A história da Ane não acaba por aqui. Nós apenas lemos a
sua primeira forma de se expressar, de falar diretamente com cada um aqui que está lendo.
Mas a jornada de Ane que iremos acompanhar está
apenas começando.
Em breve, Ane está de volta às páginas para conhecermos
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