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RESUMO
O programa Autodesk Revit, utilizado para o desenvolvimento de modelos BIM, permite a extração
de quantitativos dos insumos de um projeto. Com estes dados é gerado um comparativo orçamentário
na etapa de estrutura entre dois métodos construtivos, um em estrutura de concreto armado e outro
em estrutura pré-moldada. Ambos métodos foram adaptados ao mesmo projeto de arquitetura, um
edifício de 5 pavimentos, com 6 apartamentos por andar, térreo/área comum e cobertura técnica. O
artigo apresenta as vantagens e práticas de utilização do BIM para orçamentos de obra objetivando
a definição de qual o melhor método construtivo em quesito de orçamento de estrutura.
Palavras-chave: BIM. Comparativo método construtivo. Orçamento.
USE OF BIM
ABSTRACT
The Autodesk Revit program, used for the development of BIM models, allows the extraction
of quantitative inputs for a project. With this data, a budget comparison is generated in the structure
stage between two construction methods, one in a reinforced concrete structure and the other in a
precast structure. Both methods were adapted to the same architectural project, a 5-storey building,
with 6 apartments per floor, ground floor/common area and technical coverage. The article presents
the advantages and practices of using BIM for construction budgets, aiming to define the best
construction method in terms of structure budgeting.
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente existem várias possibilidades de projetos estruturais, para atender o mesmo tipo
de edificação. Estes diferentes tipos apresentam características que podem possuir diferentes
vantagens como no setor econômico, tempo de execução ou geração de resíduos. Ao fazer a
concepção estrutural, o responsável deve considerar aspectos, como: manter a estética e a
funcionalidade do projeto arquitetônico, ter uma ideia aproximada dos esforços atuantes na estrutura,
métodos construtivos e custos (ALBUQUERQUE, 1999). Nesta pesquisa, foram selecionados 2 tipos:
O concreto armado é um tipo de estrutura que utiliza armações feitas com barras de aço. Essas
ferragens são inseridas no concreto, sendo o primeiro resistindo aos esforços de tração e o segundo
aos de compressão (CARVALHO, 2014). Esse sistema construtivo é bastante comum e pouco
oneroso economicamente, não exigindo uma mão de obra específica, tendo fácil disponibilidade no
mercado.
“As estruturas de concreto são comuns em todos os países do mundo, caracterizando-se pela
estrutura preponderante no Brasil. Comparada a estruturas com outros materiais, a disponibilidade
dos materiais constituintes (concreto e aço) e a facilidade de aplicação, explicam a larga utilização
das estruturas de concreto, nos mais variados tipos de construção, como edifícios de pavimentos,
pontes e viadutos, reservatórios, barragens, pisos industriais, pavimentos rodoviários e de aeroportos,
paredes de contenção, obras portuárias, canais, etc.” (BASTOS, 2019, p.1).
Os pré-fabricados são estruturas de concreto produzidos em uma fábrica, fora do canteiro de
obras, com intuito de serem utilizadas posteriormente (ORDONEZ, 1974). Para a sua produção são
seguidas normas rígidas e controle tecnológico para atendimento a todas as normas de desempenho e
cargas que serão recebidas, utilizando mão de obra especializada e máquinas específicas. O uso de
estruturas pré-fabricadas de concreto na construção civil tem contribuído para a industrialização do
setor, proporcionando maior velocidade de execução e maior qualidade de produção. Neste método
mais industrializado, as peças podem ser produzidas e entregues na metade do tempo, se
compararmos ao convencional moldado in loco. (ACKER, 2002).
Nos últimos anos, as peças pré-fabricadas vem ganhando cada vez mais espaço, sendo muitas
vezes combinadas com outros métodos construtivos e isso se deve principalmente a esta
industrialização. “A industrialização da construção civil, através da utilização de peças de concreto
pré-fabricados, promoveu um salto de qualidade nos canteiros de obras, pois através de componentes
industrializados com alto controle ao longo de sua produção, com materiais de boa qualidade,
fornecedores selecionados e mão-de-obra treinada e qualificada, as obras tornaram-se mais
organizadas e seguras” (SERRA, 2004).
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No mercado atual, encontramos a construção civil como uma indústria atrasada, com baixa
produtividade, grande desperdício de material, morosidade e baixo controle de qualidade (EL DEBS,
2000).
“O termo “industrialização” é entendido como processo evolutivo que, através de ações
organizacionais e da implementação de inovações tecnológicas, métodos de trabalho, técnicas de
planejamento e controle objetiva incrementar a produtividade e o nível de produção e aprimorar o
desempenho da atividade construtiva” (FRANCO, 1992).
As indústrias hoje se encontram em constante evolução, e para isso, precisam estar sempre se
reinventando e se atualizando com o surgimento de novas tecnologias. A indústria da construção civil
é hoje, a indústria que menos inova quando em comparação com as outras, é um dos motivos para a
produtividade deste setor ter evoluído tão pouco nos últimos anos (figuras 1 e 2). Quantidades
necessárias para a construção, os gastos com mão de obra
Figura I: Produtividade na construção civil
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Fonte: Site Mckinsey 6
A construção civil teve durante décadas a produção estrutural in loco como método
construtivo amplamente utilizado, se tornando praticamente um padrão, porém, dado o contexto atual
de inovação, métodos construtivos como os pré-moldados e estruturas metálicas vem ganhando
espaço, prometendo maior velocidade, maior precisão de execução e canteiros de obra com mais
espaço e mais limpos.
Figura III: Produtividade na construção civil em comparação à outros países
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Analisando a figura III, podemos verificar que os investimentos do Brasil com construção é
maior que o de outros países subdesenvolvidos, porém, é um dos países com menor produtividade e
baixo crescimento de produtividade entre os anos de 1995 e 2015, o que mostra que, com o alto
investimento feito no setor de construção civil, poderíamos ter tido um retorno muito maior sobre o
investimento se tivéssemos melhor produtividade.
Utilizando a opção de um software BIM para fazer um estudo comparativo entre métodos
construtivos, esperamos ter uma análise fundamentada de como seria a estrutura, quais os materiais
e as suas quantidades necessárias para a construção.
2 REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Khemlani (2006), a estimativa de custos é muito mais complexa que simples
obtenção de uma lista de materiais e suas dimensões, para ele, se trata de análise de edificações,
agrupamento de itens que se conectem em um grupo construtivo, pensamento e possíveis variáveis.
Para Wu et al (2014) ainda existem poucos estudos que colocam BIM como associação para
orçamentos. É chamada a atenção para os profissionais que realizam orçamentos e quantitativos
para o BIM e as suas vantagens.
Vitásek & Matějka (2017) estudou como uma das vantagens para o profissional orçamentista a não
realização de levantamentos, mas sim, apenas a verificação dos dados extraídos através de
Software. Isso pouparia o tempo de conferências em desenhos e aplicaria melhor nas estimativas de
custos com preços dos insumos.
Segundo Kymmel (2008), “outra dificuldade na elaboração de um orçamento é a
visualização incorreta de informações contidas no projeto”, visto que na modelagem 3D e 4D isso
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não aconteceria, por conta das riquezas de detalhes contidas nos projetos, diminuindo em muito os
erros de informações contidas em projetos.
Eastman et al (2008) apresenta no The BIM Handbook (2008), 3 métodos onde o
profissional orçamentista pode utilizar o BIM como ferramenta de orçamento, seriam elas:
1. Exportar quantitativos de objetos da edificação para um software de orçamentação
O profissional pode enviar os quantitativos para uma outra ferramenta ou banco de
dados, o mais usual é o próprio MS Excel
2. Conectar a ferramenta BIM diretamente ao software de orçamentação
A instalação de plug-in, que seriam extensões, seria umas das melhores opções,
dados que com certas informações, tais como, quais passos e recursos são necessários para a
construção do mesmo, além de informações de mão de obra, equipamentos, tempos e gastos com
materiais.
3. Usar uma ferramenta BIM de levantamento de quantitativos
Segundo o autor, é a opção que mais pouparia tempo do orçamentista, visto que ele não
precisaria dominar várias ferramentas, apenas a de extração, além de permitir verificações manuais
e conferências.
Forgues (2012, apud MOREIRA, 2018, p.30) realizou um estudo em um escritório de projetos,
para a implantação do BIM. No artigo, de início foi analisado o processo de orçamento tradicional,
isto é, retirando o quantitativo através do Autodesk AutoCad, em seguida colocando em Softwares
específicos de estimativas de custo, para assim, gerar um orçamento.
Em seguida, ainda neste mesmo estudo, foi elaborado um modelo no D-Profiler, um software
que integra modelagem 3D com estimativas de custos, também foi elaborado um modelo em
Autodesk Revit, onde foram extraídos os dados do projeto.
No final, foram apresentadas diversas mudanças no procedimento de orçamentação da
empresa, porque através do estudo, notaram-se oportunidades de melhorias com a aplicação do BIM.
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Fonte: Jesus et al (2020)
Já no Autodesk Revit, após a modelagem foi realizada uma revisão com relação aos detalhes,
medidas e acabamentos, pois estes, interferem diretamente nas tabelas geradas. No Software foram
extraídos dois tipos de planilhas, uma de quantidade, que apenas contabiliza os itens, e a outra seria
o levantamento, que apresenta as informações que compõem o item.
Assim como o levantamento do Autodesk Autocad, neste as quantidades foram colocadas com
o seu custo unitário, retirado da tabela SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil) para geração do custo total, assim como na Figura X.
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Fonte: Jesus et al (2020)
Em outro tópico, os autores comparam os valores dados no serviço de alvenaria, tanto com
relação à metragem, quanto ao valor final orçado. Conforme figura IX.
Como conclusão, Jesus et al (2020) apontam que além de mais rápida, a utilização da
modelagem BIM se torna ainda mais precisa, além de uma facilidade caso de alteração do projeto.
3 METODOLOGIA
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Fonte: Próprios Autores desse projeto
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Fonte: Próprios Autores desse projeto
Com isso foi elaborado um projeto base, modelando em estrutura de concreto armado (figura
VI). Após a modelagem, executamos a quantificação de área e volumes através do Revit e exportação
para o Excel (Tabela I).
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Fonte: Próprios Autores desse projeto
Em seguida, os valores adotados dos mesmos insumos foram conforme a tabela SINAPI
sintética, desse modo, não foi necessária a consideração de coeficientes dos insumos nos itens, pois
a tabela já consta o valor final. Gerando o orçamento;
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Tabela V: Orçamento da estrutura em concreto armado
Os valores de aço foram obtidos através de uma conta com o volume de concreto da peça,
pilar, viga ou laje, com a taxa de aço. Essa taxa foi obtida através de uma pesquisa entre construtoras
presentes atualmente no mercado, onde seguiram os parâmetros da tabela a seguir:
3.2 PRÉ-MOLDADO:
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O início foi similar ao projeto de estrutura de concreto armado, tomando como base o projeto
arquitetônico, foi feita a modelagem da estrutura pré-moldada, através colunas retangulares com
mísulas, vigas apoiadas e lajes pré-moldadas com núcleo vazado.
Com isso foi extraído um quantitativo dos insumos através do Revit (tabela VII).
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Pilar Volume
1 0,30 m³
2 0,30 m³
3 0,30 m³
4 0,30 m³
5 0,30 m³
6 0,30 m³
7 0,30 m³
8 0,30 m³
9 0,30 m³
10 0,30 m³
Levantamento Viga
Vigas Volume
1 0,07 m³
2 0,07 m³
3 0,07 m³
4 0,07 m³
5 0,07 m³
6 0,07 m³
7 0,07 m³
8 0,07 m³
9 0,07 m³
10 0,07 m³
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Levantamento laje
Laje Volume
1 0,34 m³
2 0,34 m³
3 0,34 m³
4 0,34 m³
5 0,35 m³
6 0,35 m³
7 0,35 m³
8 0,35 m³
9 0,35 m³
10 0,35 m³
O passo seguinte foi a elaboração dos custos de grupo. Para isso foi utilizado o caderno técnico
de composição para pré-moldado da Caixa Econômica Federal, com eles retiramos as composições
de insumos dos itens de pilar, viga e laje, com os coeficientes desses insumos.
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Fonte: Caderno técnico de composição para pré-fabricados da Caixa Econômica Federal
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Com o preenchimento dos valores unitários completos, é preenchida a coluna de coeficientes,
este item é considerado de acordo com a tabela SINAPI. Em seguida é gerado um valor de cada item,
somando, tornando o custo total do grupo.
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Tabela XIV: Orçamento pré-molado
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após analisar os resultados, foi constatado que a estrutura pré-moldada é mais viável
economicamente. O valor da estrutura de concreto foi de R$285.555,96, já o valor de pré-moldado
R$241.546,21.
Foi constatado alguns pontos positivos e negativos em cada método construtivo, mas, vale
destacar os itens de escoramento e concretagem do orçamento de concreto armado, que fazem com
que o concreto armado seja mais caro, pois esses itens não são considerados no orçamento de pré-
moldado, visto que as peças são fabricadas e entregues prontas, sem necessidade de concretagem em
obra e escoramento para o tempo de resistência da peça.
Por fim, conclui-se que é mais vantajoso economicamente para o empreendimento estudado,
o tipo de estrutura de pré-fabricado, sendo R$ 44.009,75 mais barato, quase 15% mais vantajoso..
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa acaba chegando ao seu objetivo principal de destacar, em questão econômica,
qual a melhor alternativa de tipo estrutura para o empreendimento em questão.
Deixa-se como limitações e lacunas para serem preenchidas em futuras pesquisas, outras
etapas de obras que podem ser comparadas, tais como tipos de fundação, tipos de vedações internas
do empreendimento e tipos de acabamentos. Uma limitação desta pesquisa é que apenas foi estudado
o quesito econômico e não o cronograma da obra, tampouco outros quesitos como, geração de
resíduos e mão de obra.
Entende-se que o estudo elaborado pode ter um outro resultado caso o empreendimento
estudado seja de um porte maior, visto que as peças de pré-moldado teriam que ter uma maior
resistência de carga, tornando-a mais cara e o içamento dessas peças seriam com guindastes
específicos, tornando o item de “içamento” mais significativo por exemplo.
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