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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS – DCET


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

EDSON DA SILVA SADALA


VITOR AFONSO PACHECO DE LIMA

SOFTWARE DE ESTUDO DE SELETIVIDADE E COORDENAÇÃO DE


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

MACAPÁ
2021
EDSON DA SILVA SADALA
VITOR AFONSO PACHECO DE LIMA

SOFTWARE DE ESTUDO DE SELETIVIDADE E COORDENAÇÃO DE


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao colegiado de
Engenharia Elétrica da Universidade
Federal do Amapá como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Werbeston Douglas


de Oliveira.

MACAPÁ
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá
Elaborada por Cristina Fernandes– CRB-2/1569

Sadala, Edson da Silva.


Software de estudo de seletividade e coordenação de
dispositivos de proteção. / Edson da Silva Sadala, Vitor Afonso
Pacheco de Lima; orientador, Werbeston Douglas de Oliveira. –
Macapá, 2021.
114 f.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Fundação


Universidade Federal do Amapá, Coordenação do Curso de
Bacharelado em Engenharia Elétrica.

1. Energia elétrica - Distribuição. 2. Software –


Desenvolvimento. 3. KProtec - Software. I. Lima, Vitor Afonso
Pacheco de. II. Oliveira, Werbeston Douglas de, orientador. III.
Fundação Universidade Federal do Amapá. IV. Título.
621.37 S161s
CDD. 22 ed.
Dedicamos este trabalho a Deus e às
nossas famílias, que são a razão para
seguirmos em frente e onde
encontramos forças para superar os
obstáculos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que sempre iluminou meu caminho. A fé que tenho no


Senhor me ajudou a vencer as dificuldades.
Aos meus pais Roberto Sadala e Edna Sadala que foram os meus maiores
incentivadores. Saibam que eu os amo muito e sou grato por tudo que fizeram e
fazem por mim.
À minha esposa Carolina Sadala que foi minha grande companheira e
apoiadora nessa caminhada árdua.
À minha querida Tia Rai (In Memorian), que foi minha segunda mãe e com a
sua fé inabalável e amor sempre torceu pelo meu sucesso. Te amarei para sempre!
Aos meus irmãos Marcelo, Márcia, Talita e Josiney. Que sempre torceram
por mim, saibam que os sonhos são possíveis de alcançar.
Aos meus amigos Vitor Afonso e Sergio Murilo que, sem dúvida nenhuma,
foram os meus grandes parceiros nessa jornada, compartilhando momentos de
alegrias e tristezas, mas também de muito aprendizado. Nossa caminhada juntos
está apenas começando meus amigos.
A todos os meus professores do curso de engenharia elétrica pela excelência
da qualidade técnica de cada um, em especial ao meu amigo e orientador Prof. Dr.
Werbeston Douglas de Oliveira pela sua dedicação e paciência para que
conseguíssemos finalizar este trabalho.
Ao querido Professor Coracy da Silva Fonseca (In Memorian), “Mestre Cora”,
como nós carinhosamente o chamávamos, pela imensa contribuição em nossa
jornada acadêmica.
E, aos meus filhos João Gabriel, Gustavo José e Pedro Sadala, que embora
não tendo consciência plena disto, sempre iluminaram e incentivaram de maneira
especial meus pensamentos, conduzindo-me a buscar mais conhecimentos e
conquistar um futuro melhor para eles.

Edson da Silva Sadala


Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me proporcionar saúde e força para
seguir em frente, superar as dificuldades e por colocar em meu caminho pessoas
que me ajudaram a chegar até aqui.
À minha mãe, que foi quem mais lutou para permitir que hoje eu concluísse
essa importante etapa da minha vida. Sou grato por tudo que sempre fez e faz por
mim.
À minha avó materna, Dona Maria, e minhas tias Ailce e Lenilda que sempre
cuidaram e acreditaram em mim.
À minha namorada, Laiane Castilho, que, no último ano, esteve sempre
presente no dia a dia de estudo e dedicação e foi fundamental para a conclusão
deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Werbeston Douglas de Oliveira pela imensa contribuição,
paciência e por não medir esforços para ajudar na construção deste trabalho.
A todos os professores do colegiado de Engenharia Elétrica, pela dedicação
e comprometimento na transmissão do conhecimento e, em especial, ao Prof. Dr.
José Reinaldo Cardoso Nery pelos valiosos ensinamentos durante a graduação,
que certamente levo para a vida, e pela oportunidade de trabalhar como bolsista de
iniciação científica em uma de suas pesquisas.
Ao querido Professor Coracy da Silva Fonseca (In Memorian), “Mestre Cora”,
como nós carinhosamente o chamávamos, pela imensa contribuição em nossa
jornada acadêmica.
Ao meu amigo Edson Sadala pela parceria, amizade e por toda ajuda que
vem me dando desde o início da graduação.
Ao meu amigo Sérgio Murilo pela ajuda na construção do software e pela
amizade e parceria.
Obrigado a todos, que, de alguma forma, contribuíram e ajudaram durante a
graduação.

Vitor Afonso Pacheco de Lima


“Concentre todos seus pensamentos na
tarefa que está realizando. Os raios de
sol não queimam até que sejam
colocados em foco”.
(Alexander Graham Bell)
RESUMO

Diante da necessidade que se tem em aprimorar e otimizar a proteção dos


sistemas de distribuição de energia elétrica e da importância que essa área tem na
formação de um engenheiro eletricista, este trabalho teve como objetivo
desenvolver um software de estudo de seletividade e coordenação dos dispositivos
de proteção utilizados contra sobrecorrentes nas redes de distribuição,
disponibilizando, assim, uma ferramenta que incentive um aprendizado efetivo e
uma melhor compreensão dos fenômenos envolvidos. Este software foi intitulado
por seus desenvolvedores como KProtec e tem o intuito de auxiliar na compreensão
dos estudos de seletividade e coordenação através da análise gráfica dos
coordenogramas gerados em casos de estudo específicos. Ele foi concebido como
uma aplicação web, de maneira que pode ser acessado de qualquer dispositivo com
acesso à internet através do endereço eletrônico https://kprotec.web.app/. Para o
seu desenvolvimento foram utilizadas ferramentas de código-aberto (open source),
com a intenção de permitir que sejam feitas modificações e melhoramentos de
acordo com as necessidades acadêmicas dentro do contexto de proteção de
sistemas de distribuição de energia e, a partir disso, e da disponibilidade de sua
documentação, é possível a inserção de, por exemplo, novas funções de proteção
e arranjos de dispositivos. O estudo foi feito a partir de topologias pré-definidas e
que foram criadas a partir de modificações em sistemas-exemplos presentes na
literatura que trata do tema, de modo a facilitar o entendimento de conceitos
relacionados à seletividade e coordenação. Os resultados obtidos são apresentados
a partir da utilização do software KProtec para os casos de seletividade entre elos
fusíveis e coordenação entre religador e elo, além de demostrarem diversas
análises que podem ser feitas utilizando esta ferramenta. O KProtec funcionou
corretamente, sendo capaz de gerar coordenogramas de proteção e possibilitando
ao seu usuário meios para se analisar diversos aspectos de seletividade e
coordenação.

Palavras-Chave: Software. Proteção. Seletividade. Coordenação.


ABSTRACT

Faced with the need that has to improve and optimize the protection of
electricity distribution systems and the importance that this area has in the formation
of an electrical engineer, this study aimed to develop a selectivity study software and
coordination of devices protection used against overcurrents in the distribution
networks. Providing thus a tool to encourage effective learning and better
understanding of the phenomena involved. This software is called by its developers
as KProtec and is intended to assist in understanding the selectivity and coordination
studies through the graphical analysis of coordination charts generated in specific
case studies. It was designed as a web application, so that can be accessed from
any device with internet access through the electronic adress
https://kprotec.web.app/. For its development, open source tools were used, with the
intention of allowing modifications and improvements to be made according to
academic needs within the context of protecting energy distribution systems. From
this, and the availability of its documentation, it is possible to insert, for example,
new protection functions and device arrangements. The study is made from
predefined topologies that were created from modifications in sample systems
present in the literature dealing with the topic, in order to facilitate the understanding
of concepts related to selectivity and coordination. The results obtained are
presented from the use of the KProtec software for the cases of selectivity between
utility fuses and coordination between recloser and utility fuses, in addition to
showing several analyzes that can be made using this tool. The KProtec worked
properly, being able to generate protection coordination charts and enabling its user
means to analyze various aspects of selectivity and coordination.

Keywords: Software. Protection. Selectivity. Coordination


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ideia básica de um sistema de proteção. ............................................. 23


Figura 2 – Diagrama unifilar simplificado de um sistema de distribuição. ............. 24
Figura 3 – Configuração radial de um SDE. .......................................................... 25
Figura 4 – Estrutura básica de um TC. .................................................................. 28
Figura 5 – TC modelo RCI 11 do fabricante Rehtom. ........................................... 28
Figura 6 – Chave fusível. ...................................................................................... 29
Figura 7 – Elo fusível. ............................................................................................ 30
Figura 8 – Esquema de ligação dos relés de sobrecorrente. ................................ 34
Figura 9 – Características tempo x corrente: a) instantâneo; b) inverso; c) definido;
d) inversa com unidade instantânea. ..................................................................... 34
Figura 10 – Curvas características de tempo inverso: NI, MI, EI........................... 35
Figura 11 – Curvas características NI. .................................................................. 37
Figura 12 – Relé microprocessado tipo SEL 751A. ............................................... 37
Figura 13 – Disjuntor a vácuo de média tensão WEG. .......................................... 38
Figura 14 – Religador ABB. ................................................................................... 40
Figura 15 – Curvas dos religadores. ..................................................................... 41
Figura 16 – Sequência de operação de um religador. ........................................... 41
Figura 17 – Dispositivos protetor e protegido. ....................................................... 43
Figura 18 – Sistema-exemplo de proteção seletiva e coordenada. ....................... 43
Figura 19 – Exemplo de seletividade e coordenação. ........................................... 45
Figura 20 – Exemplo de seletividade entre elos fusíveis. ...................................... 49
Figura 21 – Critério de seletividade entre elos fusíveis. ........................................ 50
Figura 22 – Corrente mínima de atuação temporizada. ........................................ 51
Figura 23 – Exemplo de aplicação de religador e elo fusível. ............................... 55
Figura 24 – Coordenação entre religador e elo fusível. ......................................... 57
Figura 25 – Topologia de estudo de seletividade entre elos fusíveis no KProtec. 59
Figura 26 – Etapas do MDS XP. ........................................................................... 61
Figura 27 – Modelo cliente-servidor de desenvolvimento web. ............................. 63
Figura 28 – Plano de hospedagem do KProtec. .................................................... 66
Figura 29 – Visão geral da implementação do software KProtec. ......................... 67
Figura 30 – Tela inicial do KProtec. ....................................................................... 68
Figura 31 – Tela de seleção de caso de estudo do KProtec. ................................ 69
Figura 32 – Tela de Coordenogramas do KProtec. ............................................... 69
Figura 33 – Interação entre as ferramentas utilizadas para o desenvolvimento do
KProtec. ................................................................................................................ 71
Figura 34 – Painéis com estatísticas do serviço de Hosting do firebase para o
KProtec. ................................................................................................................ 72
Figura 35 – Estrutura dos arquivos padrões de um projeto Angular visualizada no
VsCode. ................................................................................................................ 73
Figura 36 – Representação dos CP’s e CG’s. ....................................................... 76
Figura 37 – Exemplo de CP nível 1 (/Estudo) e CP nível 2 (/Estudo/EloElo). ....... 77
Figura 38 – CG barra de navegação principal disponível globalmente para
navegação entre as partes da aplicação. .............................................................. 77
Figura 39 – CG de plotagem de coordenogramas reutilizado em vários casos de
estudo e na página de coordenogramas. .............................................................. 78
Figura 40 – Exemplo da estrutura do arquivo CSV. Estrutura de real do arquivo
(cima) e estrutura estilizada por editor gráfico de planilhas (baixo). ...................... 80
Figura 41 – Processo de tratamento dos dados usados para os elos fusíveis na
aplicação. .............................................................................................................. 80
Figura 42 – Processo de criação dos vetores corrente x tempo............................ 81
Figura 43 – Tela inicial do KProtec. ....................................................................... 84
Figura 44 – Tela da aba “Estudo” do KProtec. ...................................................... 85
Figura 45 – Tela do KProtec justificando a importância do estudo de seletividade
entre elos............................................................................................................... 86
Figura 46 – Tela inicial do estudo de seletividade entre elos. ............................... 87
Figura 47 – Tela de seleção do tipo de elo fusível. ............................................... 89
Figura 48 – Tela de seleção da corrente nominal do elo fusível. .......................... 89
Figura 49 – Dados da zona de seletividade. ......................................................... 90
Figura 50 – Manual de ajuda ao usuário: elos utilizados em transformadores. ..... 91
Figura 51 – Tela de seleção de um elo tipo H com corrente nominal 5 A. ............ 91
Figura 52 – Tela inicial após a escolha do elo 5H para o ponto 1. ........................ 92
Figura 53 – Manual de ajuda: critérios de dimensionamento de elos de ramais. .. 92
Figura 54 – Manual de ajuda: elos possíveis de serem utilizados no ponto 3. ...... 93
Figura 55 – Tela de seleção do elo tipo K com 20 A de corrente nominal. ........... 94
Figura 56 – Destaque da seleção dos elos fusíveis. ............................................. 95
Figura 57 – Coordenograma dos elos 5H e 20K. .................................................. 95
Figura 58 – Valor limite de sobrecarga contínua que o elo 5H suporta. ................ 97
Figura 59 – Valor limite de corrente transitória que o elo 5H suporta sem fundir. . 98
Figura 60 – Tela de resumo de estudo. ................................................................. 98
Figura 61 – Tela do KProtec com a justificativa da importância do estudo de
coordenação entre religador e elo fusível. ............................................................ 99
Figura 62 – Tela inicial de estudos de coordenação entre religador e elo. ......... 100
Figura 63 – Dados da zona de coordenação. ..................................................... 102
Figura 64 – Elos fusíveis possíveis de serem utilizados de acordo com o primeiro
critério. ................................................................................................................ 103
Figura 65 – Coordenograma para uma análise preliminar do estudo. ................. 106
Figura 66 – Comparação entre os valores do fator k. ......................................... 107
Figura 67 – Comparação de TMS igual a 0,01 e 0,05. ........................................ 108
Figura 68 – Comparação entre os tipos de curva................................................ 109
Figura 69 – Comparação modificando a corrente de partida do religador. .......... 110
Figura 70 – Parâmetros para uma coordenação satisfatória do religador com o elo
30K. ..................................................................................................................... 111
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipos de elos mais utilizados em SDE. ............................................... 31


Tabela 2 – Constantes que definem o tipo de curva do relé. ................................ 36
Tabela 3 – Elos fusíveis para proteção de transformadores. ................................ 47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

50F Função de atuação Instantânea de Fase


50N Função de atuação Instantânea de Neutro
51F Função de atuação Temporizada de Fase
51N Função de atuação Temporizada de Neutro
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANSI American National Standards Institute
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
CG’s Componentes Genéricos
CP’s Componentes de Páginas
EI Extremamente Inversa
HTML HiperText Markup
HTTP Hypertext Transfer Protocol.
IEC International Electrotechnical Commission
MDS Modelo de Desenvolvimento de Software
MI Muito Inversa
MVC Model-View-Controller
NBR Norma Técnica Brasileira
NI Normalmente Inversa
RTC Relação de Transformação do Transformador de Corrente
SDE Sistema de Distribuição de Energia
SEP Sistema Elétrico de Potência
TC’s Transformadores de Corrente
TMS Múltiplo de tempo das curvas dos relés e religadores
TP’s Transformadores de Potencial
XP Extreme Programming
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17
2 PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS ....................................................... 21
2.1 FUNÇÕES DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO .............................. 21

2.1.1 Propriedades de um sistema de proteção ........................... 22

2.1.2 Níveis de atuação de um sistema de proteção .................... 23

2.1.3 Ideia básica de um sistema de proteção.............................. 23

2.2 PROTEÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ..... 24

2.3 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES


MAIS UTILIZADOS EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO .............. 26

2.3.1 Transformadores de medidas ............................................... 27

2.3.2 Chave fusível/Elo fusível ....................................................... 29

2.3.3 Relé de sobrecorrente ........................................................... 32

2.3.4 Disjuntor ................................................................................. 38

2.3.5 Religador automático ............................................................ 39

2.4 SELETIVIDADE E COORDENAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE


PROTEÇÃO DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO ............................. 42

2.5 CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO, SELETIVIDADE E


COORDENAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO DOS
SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO..................................................... 45

2.5.1 Transformadores de Corrente (TC’s) ................................... 46

2.5.2 Elos fusíveis ........................................................................... 47

2.5.2.1 Para proteção de transformadores ...................................... 47

2.5.2.2 Para a proteção de ramais de distribuição .......................... 48

2.5.2.3 Seletividade entre elos fusíveis ........................................... 48

2.5.3 Relés de sobrecorrente ......................................................... 50

2.5.3.1 Ajuste da corrente mínima de atuação da unidade temporizada


de fase (51F) ....................................................................... 51
2.5.3.2 Ajuste da corrente mínima de atuação da unidade temporizada
de neutro (51N) ................................................................... 52

2.5.3.3 TMS – Múltiplo de tempo das curvas .................................. 53

2.5.3.4 Coordenação relé x elo fusível ............................................ 53

2.5.3.5 Coordenação relé x relé ...................................................... 54

2.5.4 Religador automático ............................................................ 54

2.5.4.1 Coordenação religador x elo fusível .................................... 55

3 IMPLEMENTAÇÃO DO SOFTWARE DE ESTUDO DE SELETIVIDADE E


COORDENAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO KPROTEC ............... 58
3.1 DESCRIÇÃO GERAL DO SOFTWARE ......................................... 58

3.2 CONSTRUÇÃO DO SOFTWARE .................................................. 60

3.2.1 Modelo de Desenvolvimento de Software (MDS) ................ 60

3.2.2 Planejamento e projeto .......................................................... 61

3.2.2.1 Requisitos ............................................................................ 61

3.2.2.2 Visão geral da implementação do software ......................... 66

3.2.3 Codificação ............................................................................. 70

3.2.3.1 Visão geral da interação entre as ferramentas utilizadas .... 70

3.2.3.2 Estrutura de um projeto no Angular ..................................... 73

3.2.3.3 Implementação da lógica do software ................................. 75

3.2.3.4 Aquisição dos dados usados para a plotagem dos


coordenogramas .................................................................. 78

3.2.4 Testes...................................................................................... 81

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................... 83
4.1 VISÃO GERAL DO SOFTWARE KPROTEC ................................. 83

4.2 ESTUDO DE SELETIVIDADE ENTRE ELOS FUSÍVEIS ............... 86

4.3 ESTUDO DE COORDENAÇÃO RELIGADOR x ELO FUSÍVEL .... 99

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 113


BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 115
17

1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica é um dos recursos de maior necessidade do homem na


atualidade, pois possibilita diversas facilidades em seu cotidiano, além de permitir o
desenvolvimento tecnológico e econômico de uma sociedade. A Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da Norma Técnica Brasileira (NBR)
5460 de 1992, descreve, de maneira ampla, o conjunto de todas as instalações e
equipamentos destinados a gerar, transmitir e distribuir a energia elétrica,
denominado Sistema Elétrico de Potência (SEP).
De maneira simplória, pode-se resumir seu funcionamento como se segue: a
geração transforma algum tipo de energia, dita primária, em energia elétrica; a
transmissão é responsável pelo transporte da energia das usinas geradoras até os
centros de consumo; já a distribuição consiste em disponibilizar a energia elétrica
aos consumidores de maneira individualizada, conforme a demanda de cada
cliente.
Durante a operação do SEP, frequentemente, ocorrem falhas que podem
gerar interrupções indesejadas no fornecimento da energia elétrica aos
consumidores, o que, consequentemente, leva à diminuição da qualidade do serviço
prestado (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). Estas falhas são inerentes ao seu
funcionamento e surgem diante da enorme complexidade de sua operação.
A condição mais severa e mais frequente de falha no SEP é o curto-circuito,
também conhecido como sobrecorrente. Este fenômeno, geralmente, ocorre devido
a ruptura da isolação dos condutores da rede. Os curtos-circuitos podem ter
consequências irrelevantes ou desastrosas, dependendo do sistema de proteção
preparado para aquela instalação em particular.
A proteção de um sistema elétrico tem como função básica identificar falhas,
impedir sua propagação e isolar a região com defeito, a fim de garantir que as
demais unidades consumidoras sofram o menor impacto possível e, assim, que não
sejam acometidas por interrupções indesejadas (MAMEDE FILHO; MAMEDE,
2011).
As interrupções no fornecimento da eletricidade causam prejuízos para as
concessionárias, devido ao não faturamento pela energia que deixou de ser
vendida, perda de credibilidade e degradação da imagem da empresa perante os
18

clientes, além de transtornos financeiros e materiais que, eventualmente, podem ser


causados aos consumidores.
Assim, a proteção desempenha um importante papel nos sistemas de
energia elétrica, visto que a sociedade atual impõe um fornecimento de energia com
alta confiabilidade e menos sujeito a interrupções.
A região do SEP mais suscetível à presença de falhas que podem gerar
interrupções no fornecimento aos consumidores é o Sistema de Distribuição de
Energia (SDE). Isto se deve, na maioria dos casos, pelo fato da proximidade que
este sistema tem com os consumidores finais, além da grande dimensão dos
alimentadores (CARDOSO JUNIOR; FERREIRA, 2009).
Assim, é necessário que, cada vez mais, sejam feitos estudos no sentido do
aprimoramento e da otimização da proteção do SDE, a fim de que se consiga
atenuar os efeitos das falhas a que estes sistemas estão sujeitos, além de
assegurar, da maneira mais eficiente e econômica possível, a manutenção da
continuidade do fornecimento da energia elétrica aos consumidores e aumentar a
integridade e a segurança das instalações elétricas.
Para atender a esta necessidade, além do uso de equipamentos de
qualidade e investimentos em novas tecnologias, um ponto de extrema relevância
é a capacitação de profissionais que possam projetar, operar e interpretar os
sistemas de proteção das redes de distribuição. Deste modo, é preciso investir em
treinamento e qualificação técnica que proporcione tais habilidades.
Assim, diante desta perspectiva, estudos relacionados à proteção do SDE na
formação acadêmica de engenheiros eletricistas são essenciais, visto que estes
profissionais estarão aptos a atuar diretamente com o projeto, o planejamento e a
operação desses sistemas de proteção.
Neste sentido, é essencial que as universidades ofereçam, em ambiente
acadêmico, alternativas de estudo, análise e de compreensão dos processos que
os futuros profissionais encontrarão no ambiente de trabalho.
Para este fim, é comum o uso de ferramentas concebidas utilizando-se o
próprio conhecimento acadêmico. Programas computacionais de estudo e
simulação são exemplos destes instrumentos. Estas ferramentas são importantes
no meio acadêmico, pois, como garante Anderle (2017), são uma base importante
para estudos e pesquisas, visto que a engenharia sempre necessitou testar os mais
variados cenários de aplicações de equipamentos dentro de determinado sistema.
19

Ainda, tais recursos possuem a vantagem de não serem sistemas fechados, isto é,
os alunos conseguem interagir diretamente com o projeto.
Este trabalho de conclusão de curso propõe o desenvolvimento de um
software de estudo de seletividade e coordenação dos dispositivos utilizados para
a proteção contra sobrecorrentes dos sistemas de distribuição de energia elétrica.
Ele é uma aplicação web que busca auxiliar na compreensão dos estudos de
seletividade e coordenação destes equipamentos através de análises gráficas de
seus coordenogramas em estudos específicos de proteção. Este software foi
intitulado por seus desenvolvedores como KProtec.
Para o desenvolvimento do software foi feito uso de ferramentas livres e de
código aberto. A ideia é utilizar metodologias open source, a fim de permitir
modificações e adaptações, de acordo com as necessidades acadêmicas dentro do
contexto de proteção de sistemas elétricos. A partir da utilização desses recursos e
da documentação deste software, é possível a adição de novas funções de proteção
e configurações de arranjos de dispositivos para o estudo de coordenação e
seletividade.
Diante da importância que a área de proteção de sistemas de distribuição de
energia elétrica tem na formação de um engenheiro eletricista, é essencial que, para
um aprendizado efetivo, sejam disponibilizadas ferramentas que incentivem os
acadêmicos na compreensão dos fenômenos envolvidos nesta área.
Além disso, um projeto idealizado dentro do ambiente acadêmico, em
parceria entre discentes e docentes, dá origem a uma ferramenta de manutenção
facilitada, personalizada para uma dada finalidade, e constitui uma oportunidade
singular para os acadêmicos sedimentarem grande parte do conhecimento teórico
adquirido em sala de aula (CARMO et al. 2008 apud SOUZA, N., 2013).
A elaboração deste trabalho tem como objetivo desenvolver um software de
estudo de seletividade e coordenação de dispositivos de proteção de sistemas de
distribuição de energia elétrica contra sobrecorrentes. Para tanto, foram
estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
a) Realizar estudos dos principais equipamentos de proteção utilizados contra
sobrecorrentes em redes de distribuição;
b) Implementar as curvas de atuação destes equipamentos em uma rotina
computacional;
20

c) Criar uma interface amigável que auxilie no estudo e na análise de


seletividade e coordenação destes dispositivos;
d) Verificar a funcionalidade do software concebido através de estudos dos
arranjos de dispositivos mais encontrados em sistemas de distribuição.
Além da introdução, este trabalho está estruturado em três capítulos. A
pesquisa se inicia com uma breve fundamentação teórica acerca da proteção dos
sistemas elétricos, principalmente sobre a proteção contra sobrecorrentes do
sistema de distribuição. Além de apresentar os principais dispositivos utilizados e
seus critérios de dimensionamento, seletividade e coordenação.
No terceiro capítulo, aborda-se as etapas para a implementação do software
KProtec. Será explicado como foi feita sua idealização e apresentadas, de forma
geral, algumas de suas funcionalidades.
Já o quarto capítulo expõe os resultados obtidos com a realização deste
trabalho, através da demonstração de exemplos de estudo. Além disso, faz uso das
funcionalidades do software a partir destes exemplos e demonstra algumas análises
de seletividade e coordenação que podem ser feitas com esta ferramenta.
Por fim, são feitas as considerações finais do trabalho através de uma visão
geral da pesquisa e das contribuições e possibilidades de desenvolvimento de
trabalhos futuros que a idealização deste projeto vislumbra.
21

2 PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Em conflito ao objetivo de assegurar a qualidade do serviço prestado ao


consumidor e à integridade dos equipamentos e das instalações elétricas do
sistema e dos próprios clientes, as empresas concessionárias encaram diversas
perturbações e anomalias durante a operação dos sistemas elétricos (CAMINHA,
1977). Como o SEP está sujeito à presença de fatores internos e externos, inerentes
ao seu funcionamento, é impossível fazer com que ele seja imune a distúrbios.
Uma maneira de atenuar os efeitos destes distúrbios e garantir uma maior
segurança a operadores e usuários, além da manutenção da continuidade do
fornecimento de energia elétrica, é assegurar que todo sistema elétrico tenha a ele
associado um sistema de proteção.
Pode-se definir o sistema de proteção como o conjunto de equipamentos que
estão associados com o intuito de detectar, localizar e comandar a eliminação de
um curto-circuito ou qualquer condição anormal de operação em um sistema
elétrico, minimizando os danos aos equipamentos, com a consequente redução do
tempo de indisponibilidade do serviço e o menor custo de reparo (ARAÚJO et al.,
2005). Ou seja, a proteção de determinado sistema elétrico é responsável pela ação
automática de isolar certa região deste sistema frente à sensibilização advinda de
alguma situação fora dos padrões aceitáveis de operação.
Dispositivos de proteção consistem em elementos que têm a finalidade de
verificar as condições atuais em que o sistema está operando, analisar a
normalidade dos parâmetros observados e tomar as medidas cabíveis
(ANDERSON, 1999).
Assim como qualquer outro projeto de engenharia em sistemas elétricos, o
sistema de proteção deve atender às necessidades, especificações, critérios de
confiabilidade, segurança, além de ser o mais econômico possível.

2.1 FUNÇÕES DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

A proteção tem duas funções básicas, a principal delas é garantir a


desconexão da região submetida a qualquer anormalidade que possa fazer com
que o sistema elétrico opere fora dos limites previstos. Em segundo lugar, ela deve
disponibilizar aos encarregados da operação informações que possibilitem o
22

reconhecimento dos defeitos, facilitando assim o reestabelecimento da operação


normal e segura do sistema (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011).
Além destas, os sistemas de proteção também possuem outras atribuições
que contribuem para o funcionamento seguro e adequado do SEP em geral:
● Minimizar os danos a materiais e equipamentos e seus consequentes custos
de reposição;
● Melhorar os índices de confiabilidade do sistema;
● Garantir a integridade física de operadores, usuários e animais;
● Contribuir positivamente com os indicadores de continuidade do sistema;
● Racionalizar as despesas com manutenção corretiva.

2.1.1 Propriedades de um sistema de proteção

No estudo de proteção de sistemas elétricos, existem alguns princípios


básicos que devem ser atendidos para um melhor desempenho dos mesmos, os
principais são:
Velocidade: é a capacidade do sistema de proteção atuar em um tempo pré-
determinado, atendendo às especificações do sistema elétrico (ARAÚJO et al.,
2005). Em determinadas situações, quanto mais rápido a proteção atuar, menor
será o tempo em que o equipamento estará exposto ao distúrbio, menores também
serão os efeitos defeituosos, o tempo de indisponibilidade e o custo para reparos;
Sensibilidade: é a capacidade que a proteção tem de responder às
anormalidades eventualmente impostas ao sistema elétrico durante sua operação
e aos curtos-circuitos para os quais ela foi projetada (CAMINHA, 1977). A proteção
deve operar diante de defeitos com a menor margem possível de tolerância entre a
atuação e a não atuação;
Confiabilidade: o esquema de proteção deve atuar de maneira correta e
precisa somente diante da ocorrência de condições críticas para as quais ele foi
projetado, não devendo operar em caso de quaisquer outras condições (ARAÚJO
et al., 2005). A confiabilidade diz respeito à probabilidade do equipamento ou
esquema de proteção atuar de maneira adequada, diante da circunstância para qual
ele foi projetado.
23

2.1.2 Níveis de atuação de um sistema de proteção

De maneira geral, a atuação dos equipamentos de um sistema de proteção


é dividida em níveis. Estes níveis são definidos tendo-se como referência as
chamadas zonas de proteção, que são as regiões do sistema que são protegidas
por um determinado equipamento e são limitadas pelo menor valor de sobrecorrente
que esse dispositivo pode detectar. Os níveis de atuação, de acordo com Almeida
(2000), são:
Principal: Neste nível, o dispositivo deverá atuar sempre que ocorrer uma
falta dentro de sua zona de proteção.
Retaguarda: O equipamento que atua neste nível deverá atuar apenas se o
dispositivo presente na zona de proteção principal falhar.
Auxiliar: Os equipamentos deste nível têm o objetivo de sinalização, alarme,
temporização etc.

2.1.3 Ideia básica de um sistema de proteção

A Figura 1 ilustra o esquema básico da proteção de um sistema elétrico.


Neste caso, um determinado sistema elétrico está sujeito a diversas interferências
em seu funcionamento e, ao mesmo tempo, ele envia informações aos seus
operadores.

Figura 1 – Ideia básica de um sistema de proteção.

Fonte: Adaptado de Cardoso Junior e Ferreira (2009).

A todo instante, os Transformadores de Corrente (TC’s) e os


Transformadores de Potencial (TP’s) estão recebendo informações das correntes e
tensões presentes no sistema (e combinações destas grandezas). Eles adaptam os
níveis destas grandezas para que os relés de proteção possam monitorar alterações
24

ou anormalidades na operação normal do sistema. Os relés comparam o valor


medido com o valor previamente ajustado. A operação do relé ocorrerá sempre que
valor medido exceder o valor ajustado, atuando sobre um disjuntor. Os disjuntores
têm a capacidade de interromper correntes de curtos-circuitos, isolando a parte sob
falta do restante do sistema (CARDOSO JUNIOR; FERREIRA, 2009).

2.2 PROTEÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

O SDE é o segmento do SEP destinado a realizar o fornecimento da energia


elétrica aos consumidores finais. Ele é composto, basicamente, pelas redes
primárias (média tensão), redes secundárias (baixa tensão), transformadores,
equipamentos de controle e proteção, entre outros dispositivos.
As redes de distribuição são conectadas aos sistemas de subtransmissão ou
transmissão através das subestações de distribuição. Um diagrama simplificado do
sistema de distribuição é mostrado na Figura 2, onde é possível ver a conexão deste
sistema com a rede de subtransmissão e os principais equipamentos elétricos
utilizados (LEDESMA, 2012).

Figura 2 – Diagrama unifilar simplificado de um sistema de distribuição.

Fonte: Ledesma (2012).

O SDE, de modo geral, é formado por circuitos individuais, denominados


alimentadores. Eles podem ser configurados para operarem em forma radial ou em
anel. No modo de operação em anel, o alimentador sai do barramento da
25

subestação, alimenta determinada região e retorna de onde partiu. Esta


configuração é fechada, ou seja, há pelo menos dois alimentadores em paralelo.
Já a configuração radial tem característica ramificada, onde há um tronco
principal e suas ramificações, conforme mostra a Figura 3.

Figura 3 – Configuração radial de um SDE.

Fonte: Adaptada de Kindermann (2018).

O fluxo de corrente acontece em apenas um sentido, da subestação para as


cargas. Apesar de menos confiável, a escolha por essa configuração justifica-se
pela relativa facilidade de idealização dos sistemas de proteção contra
sobrecorrentes, controle de tensão e menores custos de implementação e operação
(SHORT, 2004). Atualmente, a maioria das redes de distribuição é concebida para
operar no modo de operação radial, sendo esta forma a considerada neste trabalho.
Em se tratando de interrupções do fornecimento de energia elétrica, o SDE
é o que é mais vulnerável à presença de distúrbios geradores de paradas no
provimento de energia às cargas consumidoras (CARDOSO JUNIOR; FERREIRA,
2009). Um dos principais desafios encontrados pelas concessionárias de
distribuição de energia é assegurar um fornecimento confiável, seguro e ao mesmo
tempo que atenda às suas necessidades financeiras de retorno de investimento.
A confiabilidade do fornecimento é diretamente influenciada pela duração e
frequência das interrupções. Estas são analisadas rigorosamente pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), órgão responsável pela regulação e
fiscalização do setor elétrico nacional, de acordo com os padrões e normas
estabelecidos dentro do setor de energia.
26

Existem resoluções e métricas específicas que impõem metas de


continuidade e qualidade às concessionárias, sendo que em caso de violação, elas
são penalizadas com multas e outras imposições. Uma operação adequada do
sistema de proteção das redes de distribuição contribui significativamente para uma
boa confiabilidade e segurança durante a operação do sistema elétrico.
A proteção das redes de distribuição deve dar ênfase ao aspecto da
continuidade do suprimento, fazendo com que uma falha tenha o menor impacto
possível em termos de carga e consumidores atingidos, além de procurar reduzir os
tempos de localização desta falha e de reposição do sistema em serviço
(ELETROBRAS, 1982).
A falha mais comum e mais severa em um sistema elétrico é o curto-circuito,
este fenômeno dá origem a correntes elevadas que, ao percorrerem os
equipamentos, causam graves danos nos níveis de tensão ao longo de todo o
sistema, ocasionando, muitas vezes, estragos e prejuízos insanáveis (MAMEDE
FILHO; MAMEDE, 2011).
O SDE é acometido por faltas que podem ser classificadas como
permanentes e temporárias. As faltas temporárias são aquelas em que o tempo
para o reestabelecimento da energia elétrica é delimitado pelo tempo de operação
automática do dispositivo de proteção que desligou o circuito em questão. Já as
faltas permanentes são todas as interrupções não classificadas como temporárias
ou programadas.
Em estudos de proteção de sistemas de distribuição que envolvem
seletividade e coordenação dos dispositivos de proteção, o escopo principal é tornar
mínimo o efeito que a corrente de curto-circuito pode causar ao sistema elétrico com
o número mínimo de equipamentos de proteção (LEDESMA, 2012; SILVA, 2002).

2.3 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES MAIS


UTILIZADOS EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

Os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes mais utilizados em


sistemas de distribuição são: o relé em conjunto com o disjuntor, religadores e as
chaves e elos fusíveis. A operação destes equipamentos de proteção deve ser
precisa e rápida. A confiabilidade de qualquer sistema de potência requer a
continuidade do serviço em meio a condições críticas de faltas. Assim, é necessário
27

que haja uma operação rápida e confiável do sistema de proteção (ANDERSON,


1999).
Os dispositivos de proteção previnem ou minimizam os riscos que os
equipamentos do sistema estão expostos, melhoram a confiabilidade e a qualidade
do serviço prestado aos consumidores e, consequentemente, ajudam a aumentar o
faturamento para as concessionárias de energia elétrica.

2.3.1 Transformadores de medidas

“Como é inviável economicamente o uso de dispositivos que meçam


diretamente as tensões e correntes de linha, utilizam-se os transformadores de
medidas” (ARAÚJO et al., 2005, p. 1). Eles reduzem os níveis de tensão e corrente,
com o objetivo de possibilitar a leitura e a interpretação das grandezas elétricas para
os demais equipamentos dos sistemas de proteção e controle.
Os transformadores de medida devem reduzir os níveis de tensão e corrente
de acordo com uma relação especificada, de modo que as quantidades em seu
secundário sejam proporcionais às correntes primárias (na linha do sistema).
De acordo com Araújo et al. (2005), os transformadores de instrumentos têm
os seguintes objetivos:
a) Alimentar o sistema de proteção e medição com tensão e corrente reduzidas,
mas proporcionais às grandezas dos circuitos de força;
b) Proporcionar isolamento entre o circuito de alta tensão e os demais
equipamentos de proteção e, com isso, segurança pessoal;
c) Padronizar a fabricação dos instrumentos.

Neste trabalho, como é dada ênfase à proteção de redes de distribuição


contra sobrecorrentes, o enfoque é dado somente ao dispositivo que trabalha para
a transformação dos níveis de corrente, ou seja, o Transformador de Corrente (TC).
Conforme ilustra a Figura 4, adiante, o princípio de funcionamento do TC é
baseado na conversão eletromagnética através da corrente (Is) de menor magnitude
que surge em seu secundário (N2), cujo valor depende da Relação de
Transformação do TC (RTC) e é adequada à necessidade dos equipamentos de
proteção (CONCEIÇÃO, 2012).
28

Basicamente, o TC é um núcleo de ferro, com enrolamento primário (N 1) e


secundário (N2). O enrolamento primário tem geralmente poucas espiras e bitola
grossa, onde passa a corrente primária (Ip), enquanto o enrolamento secundário tem
maior número de espiras e bitola mais fina (CAMINHA, 1977).

Figura 4 – Estrutura básica de um TC.

Fonte: Adaptada de Kindermann (2018).

“O TC deve reproduzir, em seu secundário, uma corrente que é uma réplica


em escala da corrente do primário do sistema elétrico” (KINDERMANN, 2018, p. 2).
A RTC do TC é dada da mesma forma que para os transformadores de potência,
ou seja, definida pela equação (1).

N2 (1)
RTC =
N1

A corrente no secundário de um TC é padronizada em 5 A (ABNT NBR 6856,


2015). A Figura 5 mostra um TC real da fabricante Rethom.

Figura 5 – TC modelo RCI 11 do fabricante Rehtom.

Fonte: http://www.rehtom.com.br/rehtom-produtos-transformadores-de-corrente-rci-11. Acesso em


16 jul. 2020.
29

2.3.2 Chave fusível/Elo fusível

Chaves e elos fusíveis são os equipamentos mais utilizados em redes de


distribuição por apresentarem preços reduzidos e desempenho satisfatório para o
nível de proteção que se deseja (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). A chave
fusível é um dispositivo monofásico que protege os circuitos elétricos contra
sobrecargas e curtos-circuitos. A Figura 6 mostra uma chave fusível, indicando suas
principais partes.

Figura 6 – Chave fusível.

Fonte: Mamede Filho e Mamede (2011).

A chave fusível “é um dispositivo constituído de um porta fusível e demais


partes reservadas a receber um elo fusível” (ELETROBRAS, 1982). Este dispositivo
tem como função básica interromper o circuito quando ocorrer a fusão do elo.
A parte ativa da chave fusível é o elo fusível, ilustrado na Figura 7.
Basicamente, ele trabalha como um sensor de detecção de sobrecorrentes, não
podendo haver a fusão do elo diante da circulação de correntes de carga.
Este dispositivo tem construção flexível e deve manter a chave fusível
fechada, quando em operação com valores normais de corrente e provocar sua
abertura automática quando houver a presença de sobrecorrentes, mediante sua
fusão de acordo com suas características de tempo x corrente (ABNT NBR 5459,
1987).
30

Figura 7 – Elo fusível.

Fonte: Santos (2012).

Comumente, é utilizado junto ao elo um fio de alta resistência mecânica e


elétrica, com o objetivo de evitar o alongamento ou rompimento do elo devido a
esforços de tração.
O elo fusível é fabricado e utilizado em função de sua curva tempo x corrente,
fornecida em gráficos, que são úteis na elaboração de projetos de proteção. Os
gráficos são fornecidos com as curvas para tempo mínimo de fusão e para tempo
máximo de interrupção, específico para cada tipo de elo fusível (CONCEIÇÃO,
2012).
Quando há a circulação de uma sobrecorrente em uma chave fusível, por
causa do efeito térmico, o elo fusível se funde. Isto não é, necessariamente, o que
garante a interrupção de circulação de corrente elétrica, visto que nos sistemas de
média tensão o arco elétrico continua fluindo entre os terminais do elo fusível devido
ao ambiente fortemente ionizado. O elo fusível tem um tubo que, ao ser queimado
pelo arco elétrico, gera uma substância que, quando aquecida, gera gases
desionizantes, fazendo com que haja a extinção do arco e a consequente
interrupção do circuito (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). Para o
reestabelecimento do fluxo de energia, o elo deve ser reposto manualmente.
Estes dispositivos têm curvas que possuem uma faixa de tolerância,
delimitada pelas correntes mínima de fusão e máxima de interrupção. Deste modo,
os elos fusíveis usados em redes de distribuição são classificados em três tipos, de
acordo com sua velocidade de atuação (ABNT NBR 7282, 2011):
a) Tipo H: São elos ditos de alto surto (high surge), de ação lenta e foram
projetados para proteção de transformadores de distribuição. Desse modo, os elos
31

tipo H não queimam para surtos transitórios, quando da energização de


transformadores (suportam 80 A – 100 A em 0,1 segundo). Comumente, este tipo
de elo é utilizado para a proteção de pequenos transformadores de distribuição (até
75 kVA) e pequenos bancos de capacitores.
b) Tipo K: os elos tipo K possuem tempo de atuação rápido. Geralmente, são
utilizados para protegerem ramais de alimentadores ou até mesmo dispostos ao
longo destes, porém em sua trajetória final.
c) Tipo T: os elos do tipo T têm um longo tempo de atuação, ou seja, são lentos,
eles têm por finalidade realizar a proteção de alimentadores e seus ramais.
Os elos-fusíveis K e T, geralmente, admitem correntes 50% acima da nominal
(corrente admissível). Por exemplo, o elo de 10K admite uma corrente de 15 A.
Para a especificação e dimensionamento de elos fusíveis para redes de
distribuição, utiliza-se mais comumente os elos dos tipos e correntes nominais
apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Tipos de elos mais utilizados em SDE.


CORRENTE CORRENTE
TIPO DO
NOMINAL ADMISSÍVEL
ELO
(A) (A)
1H 1 1
2H 2 2
3H 3 3
5H 5 5
6K 6 9
8K 8 12
10K 10 15
12K 12 18
15K 15 22,5
20K 20 30
25K 25 37,5
30K 30 45
40K 40 60
50K 50 75
65K 65 97,5
80K 80 120
100K 100 150
140K 140 190
240K 240 200
Fonte: Almeida (2000).
32

2.3.3 Relé de sobrecorrente

Os relés de proteção são os equipamentos responsáveis por gerenciar e


monitorar as grandezas elétricas em um determinado sistema elétrico. Estes
equipamentos são empregados diante de diversas perturbações e têm várias
formas construtivas e de aplicação.
Um relé é definido como sendo o dispositivo sensor que comanda a abertura
do disjuntor quando surgem, no sistema elétrico protegido, condições anormais de
funcionamento (ALMEIDA, 2000). Portanto, o relé é o equipamento responsável por
detectar anormalidades em um sistema elétrico, atuando sobre um outro
equipamento de proteção, isolando a região defeituosa e, além disso, em algumas
situações, deve sinalizar tal ocorrência através do disparo de circuitos de alarme.
“Os relés constituem uma ampla gama de dispositivos que oferecem
proteção aos sistemas elétricos nas mais diversas formas: sobrecorrente,
sobrecarga, sobretensão, subtensão etc.” (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). O
relé de sobrecorrente, foco deste estudo, como o próprio nome indica, tem como
grandeza que o sensibiliza a corrente elétrica, ou seja, ele atua para uma corrente
maior que a do seu ajuste, conhecida como corrente de pick-up ou corrente mínima
de atuação.
De modo geral, os relés são dispositivos de proteção empregados na maioria
dos equipamentos de proteção, como exemplo, disjuntores e religadores. Na
proteção do SDE, em geral, eles são instalados em conjunto com os disjuntores de
potência (CONCEIÇÃO, 2012).
São funções dos relés, de acordo com Araújo et al. (2005):
● Medir as grandezas atuantes;
● Comparar os valores medidos com os valores dos ajustes aplicados;
● Operar (ou não) em função do resultado dessa comparação;
● Acionar a operação de disjuntores ou relés auxiliares;
● Sinalizar sua atuação via indicador de operação visual e/ou sonoro.

De acordo com Almeida (2000), a atuação de um relé se dá da seguinte


maneira:
33

1) O relé encontra-se permanentemente recebendo informações da situação


elétrica do sistema protegido sob a forma de corrente, tensão, frequência ou uma
combinação dessas grandezas (potência, impedância, ângulo de fase etc.);
2) Se, em um dado momento, surgirem condições anormais de funcionamento
do sistema protegido tais que venham a sensibilizar o relé, este deverá atuar de
acordo com a maneira que lhe for própria;
3) A atuação do relé é caracterizada pelo envio de um sinal que resultará em
uma ação de sinalização (alarme), bloqueio ou abertura de um disjuntor ou outro
equipamento;
4) A abertura ou disparo do disjuntor, comandada pelo relé, irá isolar a parte
defeituosa do sistema.
As funções que os equipamentos de proteção desempenham são
caracterizadas por um código numérico que indica sua finalidade dentro do
esquema de proteção. Com o objetivo de padronizar e universalizar os vários tipos
de funções de proteção, foi criada uma tabela pela American National Standards
Institute (ANSI) com a descrição da função de proteção e do código numérico
correspondente (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011).
As funções de proteção que são mais comumente implementadas, no que se
refere aos relés de sobrecorrente, nos sistemas de distribuição de energia, são as
funções 50 (relé de sobrecorrente instantâneo) e 51 (relé de sobrecorrente
temporizado), ambos para proteção de fase (50F/51F) e de neutro (50N/51N)
(CARDOSO JUNIOR; FERREIRA, 2009). Neste trabalho é implementada a função
51 para a proteção de fases e neutro.
O relé de sobrecorrente instantâneo (função 50) atua instantaneamente ou
segundo um tempo previamente definido para qualquer valor de corrente que esteja
acima de seu ajuste (corrente de pick-up).
Já o relé de sobrecorrente temporizado (função 51) tem um tempo de atraso
de atuação intencional diante de sua corrente de pick-up.
A Figura 8 traz o esquema básico de ligação de relés ao sistema de
distribuição, onde são alocados relés monofásicos 50F/51F, um em cada fase, e o
relé 50N/51N instalado no ponto de interligação entre a saída dos relés de fase e a
terra.
34

Figura 8 – Esquema de ligação dos relés de sobrecorrente.

Fonte: Conceição (2012).

Os relés são fabricados em unidades monofásicas e são alimentados por


TC’s conectados ao circuito alimentador. Sua principal aplicação é na proteção da
subestação da concessionária. Os relés de sobrecorrente recebem o sinal
proveniente dos TC’s, que são instalados logo após o barramento de saída da
subestação.
Cada sistema elétrico tem suas peculiaridades, que são levadas em
consideração na proteção com relés através de ajustes na operação destes
equipamentos. A escolha de determinado relé é feita levando-se, principalmente,
em conta as características operacionais da carga.
A atuação dos relés de sobrecorrente ocorre conforme o estado de
funcionamento da carga e a presença de distúrbios na rede, e pode se dar das
seguintes formas: a) instantâneo; b) tempo inverso; c) tempo definido; d)
temporização inversa com unidade instantânea, conforme ilustra a Figura 9.

Figura 9 – Características tempo x corrente: a) instantâneo; b) inverso; c) definido; d) inversa com


unidade instantânea.

Fonte: Adaptada de Gers e Holmes (2004).


35

Os relés instantâneos (função 50) atuam de imediato, no instante em que a


falta atinge a corrente de pick-up ou segundo um tempo previamente estabelecido,
conforme mostra a Figura 9a.
Já os relés temporizados (função 51) podem ser classificados como de tempo
inverso e tempo definido. A característica de tempo inverso tem a temporização
inversamente proporcional à magnitude da corrente (Figura 9b). Quanto maior for o
valor de corrente, mais rápida é a atuação do relé, e vice-versa.
No relé de tempo definido, uma vez ajustados o tempo de atuação e a
corrente mínima de atuação o relé irá atuar neste tempo para qualquer valor de
corrente igual ou maior do que o mínimo ajustado (Figura 9c).
Além destes, há ainda relés com característica de tempo inverso que
incorporam um componente instantâneo (Figura 9d).
Nos dias atuais, os relés digitais incorporam todas as funcionalidades dos
quatro tipos de curvas em apenas um relé que realiza as funções 50 e 51 de fase e
neutro. Além destas, desempenham funções de medição, registro de dados, registro
de perturbações etc. Estes relés são conhecidos como relés de sobrecorrente
multifunções.
As curvas dos relés mais utilizadas para proteção contra sobrecorrente são
as com características de tempo inverso. Elas podem ter diferentes inclinações. As
mais conhecidas são a Normalmente Inversa (NI), Muito Inversa (MI) e
Extremamente Inversa (EI) e estão representadas na Figura 10.

Figura 10 – Curvas características de tempo inverso: NI, MI, EI.

Fonte: Almeida (2000).


36

As curvas de tempo inverso são representadas, de acordo com a norma


International Electrotechnical Commission (IEC) 60255-3 - Eletrical Relays, por uma
função do tipo apresentada na equação (2).

β × TMS
t atuação do relé (I) =
I α (2)
(I ) − 1
S

onde:
• t atuação do relé – Tempo de atuação do relé, em segundos (tempo de
trip);
• TMS – Múltiplo de tempo das curvas do relé. Os valores numéricos
atribuídos a TMS fazem as curvas se deslocarem ao longo do eixo dos
tempos. Estes valores geralmente variam de 0,01 a 1.
• I – Corrente que passa através do relé;
• IS – Corrente de ajuste do relé;
• 𝛼 𝑒 𝛽 – São constantes que definem o tipo de curva de tempo inverso.
A Tabela 2 apresenta os valores de 𝛼 𝑒 𝛽 que determinam se as curvas do
relé são normalmente inversa (NI), muito inversa (MI) ou extremamente inversa (EI).

Tabela 2 – Constantes que definem o tipo de curva do relé.


Norma Tipo de Curva 𝛽 𝛼
Normalmente inversa 0,14 0,02
Moderadamente inversa 0,05 0,04
IEC Muito inversa 13,5 1
Extremamente inversa 80 2
Inversa longa 120 1
Fonte: Adaptado de Kindermann (2018).

Comumente, os catálogos dos fabricantes fornecem dez curvas por grupo.


Conforme exemplo mostrado na Figura 11, tem-se curvas NI de um determinado
relé, cuja equação é:

0,14 × 𝑇𝑀𝑆
𝑡𝑎𝑡𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑙é (𝐼) = 0,02
𝐼 (3)
( ) − 1
𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒
37

Os relés digitais são relés eletrônicos gerenciados por microprocessadores.


São microcomputadores providos de chips de alta velocidade de processamento.
Eles funcionam através de programas que processam as informações que chegam
dos TC’s. Há, basicamente, um processo de avaliação microprocessado do relé,
onde, por meio de seus contatos são efetuados comandos para a atuação ou não
de outros equipamentos de proteção (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011;
KINDERMANN, 2018).

Figura 11 – Curvas características NI.

Fonte: Adaptado de Almeida (2000).

A Figura 12 mostra um relé digital modelo tipo SEL 751A do fabricante


Schweitzer.

Figura 12 – Relé microprocessado tipo SEL 751A.

Fonte: https://selinc.com/pt/products/751A/. Acesso em: 30 ago. 2020.


38

Os relés atuais oferecem, além das funções disponibilizadas pelos seus


antecessores, novas funções que agregam mais velocidade, melhor sensibilidade,
interface amigável, acesso remoto, armazenamento de informações em tempo real
etc. (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). Eles surgiram diante da expansão do SEP
e a consequente necessidade de uma proteção mais confiável, segura e com
atuação mais rápida.

2.3.4 Disjuntor

“O disjuntor é o dispositivo destinado a fechar ou interromper um circuito de


corrente alternada sob condições normais, anormais ou de emergência”
(ELETROBRAS, 1982). Classicamente, os disjuntores são dispositivos de manobra
que são capazes de interromper as correntes de carga e de curto-circuito. Para
atuarem como equipamentos de proteção, em condições de falta, eles devem
receber o comando de abertura vindo dos relés de sobrecorrente. A Figura 13
mostra um disjuntor de sobrecorrente da fabricante WEG.

Figura 13 – Disjuntor a vácuo de média tensão WEG.

Fonte: https://bit.ly/2K0LCFv. Acesso em: 30 ago. 2020.

O disjuntor necessita, para sua atuação, de um sinal de comando. Caso um


disjuntor seja instalado em uma determinada rede elétrica, sem um dispositivo que
faça o monitoramento das grandezas elétricas do sistema (como por exemplo o
relé), o equipamento ficará inativo e, em caso de falta, não seccionará o circuito.
Todo alimentador de distribuição deve ser protegido na sua origem, ou seja,
logo na saída da subestação. Essa proteção pode ser feita por meio do disjuntor de
39

média tensão, associado a relés de sobrecorrente. Alternativamente, podem ser


utilizados religadores quando o alimentador apresentar características para tal, de
acordo com os critérios operacionais da concessionária (MAMEDE FILHO;
MAMEDE, 2011).
Ao receber um comando de abertura, o contato móvel do disjuntor começa a
se separar do contato fixo. Neste momento, a condução de corrente ocorre através
dos contatos de arco, até o momento que eles se separam e há o surgimento do
arco elétrico entre eles. A interrupção deste arco deverá ser feita rapidamente e o
dielétrico utilizado deverá desionizar o meio logo após a passagem da corrente pelo
valor zero, e garantir a rigidez dielétrica suficiente entre os contatos de arco, para
evitar uma reignição (PARADELO JUNIOR, 2006).
Os disjuntores podem abrir repetidamente com correntes anormais. De
acordo com a tabela de funções de proteção ANSI, o disjuntor tem como código a
função 52 – Disjuntor de corrente alternada.

2.3.5 Religador automático

“O religador é um dispositivo interruptor automático que abre e fecha seus


contatos repetidas vezes na eventualidade de uma falha do circuito por ele
protegido” (ELETROBRAS, 1982). Ele é o equipamento de proteção mais
sofisticado e de maior custo que é empregado ao longo de sistemas de distribuição
e é essencial para o fornecimento de energia elétrica em condições seguras e
confiáveis.
O religador veio para sanar as dificuldades dos elos fusíveis, visto que estes
equipamentos têm alguns inconvenientes e limitações que, por vezes, aumentam
os índices de interrupções permanentes do fornecimento. Os fusíveis podem causar
interrupções prolongadas, embora desnecessárias, pois estes dispositivos não têm
a capacidade de distinguir entre defeitos permanentes e transitórios.
O religador foi desenvolvido para realizar, automaticamente, uma sequência
de desligamentos (ou disparos) e religamentos, a fim de testar se o defeito é
permanente ou transitório (ALMEIDA, 2000). Basicamente, este dispositivo faz
interromper o circuito quando detecta uma sobrecorrente, religando-o após um
pequeno intervalo de tempo, fazendo com que, em caso de faltas transitórias, haja
alta chance de o defeito desaparecer. Caso o curto-circuito permaneça, a sequência
40

de abertura e fechamento do circuito é repetida até três vezes. Depois da quarta


abertura, o circuito é permanentemente aberto e travado e um novo fechamento só
poderá ser feito manualmente ou por telecontrole.
A repetição da sequência “disparo x religamento”, permite que o religador
teste repetidamente se o defeito desapareceu, possibilitando diferenciar um defeito
transitório de um defeito permanente.
A larga aplicação dos religadores nos sistemas de distribuição de energia
ocorre devido à possibilidade de eliminação dos defeitos transitórios sem a
necessidade de deslocamento de equipes de manutenção para percorrer o
alimentador em falta. Estes equipamentos não devem ser aplicados em instalações
elétricas comerciais ou industriais, pois nestes locais as faltas são quase sempre de
natureza permanente, diferentemente das redes de distribuição aéreas urbanas e
rurais (MAMEDE FILHO, 2013). A função de proteção realizada pelo religador,
definida pela ANSI, é a função 79 – função de religamento. A Figura 14 mostra um
religador da fabricante ABB.

Figura 14 – Religador ABB.

Fonte: https://bit.ly/36BuKPk. Acesso em: 30 ago. 2020.

A característica de operação rápida reduz ao mínimo as possibilidades de


danos ao sistema, evitando ao mesmo tempo a queima de fusíveis entre o local de
defeito e o religador. O religamento se dá dentro de poucos segundos ou frações
destes, o que representa uma interrupção mínima do serviço (CARDOSO JUNIOR;
FERREIRA, 2009).
Os religadores são compostos por mecanismos capazes de abrir e fechar
circuitos em carga ou em curto-circuito, comandados por relés. Nos dias atuais, os
41

dispositivos que fazem o papel dos sensores e de controle em um religador são


microprocessadores dedicados que realizam as funções 50, 51, 79 e muitas outras.
São os chamados religadores microprocessados ou numéricos de multifunção
(ALMEIDA, 2000).
As operações dos religadores podem ser rápidas (instantâneas) ou lentas
(temporizadas), como ilustra a Figura 15.

Figura 15 – Curvas dos religadores.

Fonte: Cardoso Júnior e Ferreira (2009).

Para o melhor entendimento do funcionamento deste dispositivo de proteção,


tem-se um religador que é ajustado para realizar quatro disparos, dois rápidos e
dois lentos, conforme Figura 16 .

Figura 16 – Sequência de operação de um religador.

Fonte: Adaptado de Ferreira (2009).

No momento em que o religador detecta a ocorrência de uma sobrecorrente,


seus contatos são abertos depois de um intervalo de tempo Δt1, que é definido pela
característica de tempo x corrente da curva rápida (instantânea) de atuação. Seus
contatos permanecem abertos durante um intervalo de tempo Δt2, conhecido como
42

tempo de religamento (geralmente 2 segundos), após o qual os contatos são


novamente fechados. Caso a falta persista, o processo se repete, e mais uma vez
há a atuação segundo sua curva rápida, seguido de duas atuações segundo a curva
temporizada (tempo de atuação Δt3) definido pela característica tempo x corrente
da curva temporizada. Se as tentativas de eliminar a falta não forem bem-sucedidas,
ocorre o bloqueio dos contatos do religador na posição aberta (FERREIRA, 2009).
A curva A na Figura 15 representa a primeira e a segunda operação do
religador (Δt1 na Figura 16), já a curva B representa a terceira e a quarta operação
(Δt3 na Figura 16).
Os religadores microprocessados possibilitam ajustes independentes das
correntes de atuação tanto para a curva instantânea quanto temporizada. Desta
forma, além das curvas tradicionais, é possível implementar vários outros tipos de
curvas, tais como as de tempo definido e de tempo inverso (NI, MI e EI).

2.4 SELETIVIDADE E COORDENAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO


DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO

O projeto de qualquer sistema de proteção deve priorizar dois requisitos


essenciais. São eles a seletividade e a coordenação.
A seletividade é a característica que um sistema de proteção deve ter para
que, ao ser submetido a correntes anormais, os dispositivos atuem de modo que
seja desenergizada somente a região do circuito que foi afetada pela falta
(MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). Um esquema de proteção deste tipo é
projetado para realizar, de certa forma, a seleção da atuação apenas do dispositivo
mais próximo da falta, de modo que este equipamento atue e elimine a falta somente
na região diretamente afetada pela anomalia.
Já a coordenação, que é uma característica que deve existir juntamente com
a seletividade, diz respeito a uma atuação temporal, de modo que o dispositivo
incialmente selecionado para a região em que está ocorrendo a falta tenha a chance
de atuar e isolar a região defeituosa, mas, ao mesmo tempo, conte com uma
proteção de retaguarda por parte de outros equipamentos de proteção em caso de
não atuação, após um tempo de ajuste preestabelecido (ARAGÃO FILHO, 2014).
Em outras palavras, a coordenação trabalha com a determinação de
prioridades de atuação dos dispositivos de proteção, respeitando a preferência de
43

atuação do equipamento mais próximo da falta e, em caso de não atuação deste,


outro dispositivo deve estar na proteção de retaguarda e sanar a falha.
Em uma rede de distribuição radial, quando se apresentam dois ou mais
dispositivos de proteção, o equipamento mais próximo da carga é denominado de
dispositivo protetor, ele deve desempenhar a função de mitigar uma falta
permanente antes que o dispositivo protegido (ou dispositivo de retaguarda)
interrompa o circuito, conforme ilustra a Figura 17 (CONCEIÇÃO, 2012; LEDESMA,
2012). Nesta figura, tem-se o conjunto relé/disjuntor e um elo fusível, porém todos
os equipamentos de proteção podem ser identificados segundo estes conceitos.

Figura 17 – Dispositivos protetor e protegido.

Fonte: Ledesma (2012).

O dispositivo protegido é aquele alocado mais ao lado da fonte, fazendo a


proteção secundária (ou de retaguarda), e deve atuar apenas caso o dispositivo
protetor não elimine a falta (ELETROBRÁS, 1982).
A proteção seletiva é aquela em que o esquema de proteção é projetado para
que, diante de qualquer tipo de falta, apenas o dispositivo mais próximo do local da
falta atue, ou seja, o dispositivo protetor atue (ELETROBRÁS, 1982).
Para este tipo de proteção, conforme ilustra a Figura 18, para uma falta no
ramal 1, o elo que protege o ramal deve isolar este trecho antes que o religador
atue.

Figura 18 – Sistema-exemplo de proteção seletiva e coordenada.

Fonte: Ledesma (2012).


44

Já uma proteção coordenada é aquela que deve ser projetada para atuar de
modo parcial, ou seja, abrindo e religando o circuito, quando ocorrer um defeito
momentâneo e abrindo permanentemente em caso de defeito permanente (isolando
o trecho defeituoso).
Deste modo, uma proteção coordenada possibilita o reestabelecimento
automático da rede para faltas temporárias, já uma proteção seletiva atua através
do dispositivo mais próximo para faltas permanentes. Neste aspecto, é importante
observar que toda a proteção coordenada apresenta seletividade, mas nem toda
proteção seletiva é coordenada (LEDESMA, 2012).
Examinando-se novamente a Figura 18, para o caso de uma falta no ramal
1, o religador irá atuar através de suas curvas rápidas na tentativa de verificar se a
falta é momentânea ou permanente e assim tentar saná-la. Caso a falta seja
permanente, quem deverá atuar será o elo fusível, evitando assim a interrupção de
energia a uma região maior do que a necessária. Se, por algum motivo, o elo deixar
de atuar, a curva lenta do religador fará a proteção de retaguarda e irá sanar a falta
desconectando uma maior região do sistema.
Os estudos de coordenação e seletividade dos equipamentos de proteção
são feitos através das superposições das curvas características de atuação destes
equipamentos. Os gráficos onde são feitos estes estudos são conhecidos como
coordenogramas, eles são dados em escala logarítmica tempo x corrente. Deve-se
definir os tempos de atuação e as correntes de pick-up mais adequados para cada
equipamento de proteção.
A Figura 19, a seguir, ilustra um exemplo de estudo de seletividade e
coordenação, onde o fusível deverá atuar antes que o relé.
O principal objetivo do estudo de seletividade e coordenação da proteção é
determinar os ajustes dos dispositivos que possibilitem uma maior segurança dos
operadores, a preservação dos equipamentos da instalação, mantendo-se a área
do sistema afetada pela anomalia a menor possível, maximizando o tempo de
continuidade do serviço (SOUZA, T., 2013).
Além disso, o estudo adequado de seletividade e coordenação em projetos
de proteção contribui com a qualidade da energia elétrica oferecida aos
consumidores, uma vez que, quando o dispositivo mais próximo da falha atua, evita
45

que consumidores que não estão conectados ao circuito atingido sofram interrupção
no fornecimento.

Figura 19 – Exemplo de seletividade e coordenação.

Fonte: CPFL (2016).

Em estudos de seletividade e coordenação de sistemas de proteção, os


dispositivos de proteção são combinados dois a dois, formando o que se denomina
zona de proteção primária (dispositivo protetor) e zona de proteção de retaguarda
(dispositivo protegido) (PEREIRA, 2007).

2.5 CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO, SELETIVIDADE E COORDENAÇÃO DOS


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

A aplicação dos diversos equipamentos de proteção, bem como os ajustes


para um funcionamento adequado dos mesmos, em sistemas de distribuição, leva
em consideração alguns critérios básicos. Esta seção contempla o estudo dos
critérios para dimensionamento, seletividade e coordenação destes dispositivos.
Até o presente momento, não há, por parte das diversas empresas
concessionárias de energia elétrica, nas diversas regiões do país, um procedimento
de práticas e padrões únicos para a utilização dos dispositivos de proteção nas
redes de distribuição. Ou seja, os esquemas e a definição dos critérios adotados
variam de empresa para empresa (SILVA, 2002).
Portanto, os projetistas de sistemas de proteção para redes de distribuição
têm certa “liberdade” para optarem em adotar este ou aquele critério de
dimensionamento, seletividade e coordenação que melhor se adapte às condições
presentes em sua rede, de maneira específica.
46

2.5.1 Transformadores de Corrente (TC’s)

Os TC’s devem ser dimensionados para atenderem, de maneira adequada,


às características dos equipamentos de proteção que serão conectados em seu
secundário. Um exemplo disto é o fato da dependência que existe entre a corrente
de ajuste dos relés e a relação de transformação dos TC’s. Essa relação, neste
caso, é necessária para adequar os valores de tap, de modo que o relé possa atuar
com rapidez e segurança em casos de falta.
De acordo com Kindermann (2018), são dois os principais critérios utilizados
para a escolha do TC:
a) A corrente nominal no primário do TC deve ser maior que a razão entre a
corrente de curto-circuito máxima, no ponto onde o TC será instalado, e o fator de
sobrecorrente;

ICC MÁX
IP NOMINAL ≥ (4)
FS

onde:
- 𝐼𝑃 𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 – é a corrente nominal no primário do TC;
- 𝐼𝐶𝐶 𝑀Á𝑋 – é a corrente máxima de curto-circuito no ponto onde o TC será
instalado;
- 𝐹𝑆 – Fator de Sobrecorrente – é a corrente máxima de curto-circuito que o
TC suporta durante 1 segundo. Em TC’s destinados à proteção FS = 20.

b) A corrente nominal no primário do TC deve ser maior que máxima corrente


de carga no circuito principal multiplicada por um fator de crescimento de carga (𝐹𝐶 ).

IP NOMINAL ≥ FC x ICARGA MÁX (5)

onde:
- 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 – é a corrente de carga máxima no trecho;
- 𝐹𝐶 – é o fator de crescimento de carga. Ele é utilizado para levar em conta
situações de planejamento de crescimento de carga no sistema em determinado
período. Este fator pode ser obtido por:
47

𝐹𝐶 = (1 + 𝑎)𝑛 (6)

onde:
- 𝑎 é a taxa anual de crescimento;

- 𝑛 é o número de anos de planejamento.

2.5.2 Elos fusíveis

2.5.2.1 Para proteção de transformadores

Os seguintes critérios devem ser obedecidos, de acordo com Almeida (2000):


a) O elo que protege um transformador deve suportar continuamente, sem
fundir, a sobrecarga permissível ao transformador. Para transformadores de
distribuição, admite-se uma sobrecarga de pelo menos duas vezes a sua carga
nominal.
b) O elo que protege um transformador não deve fundir para a corrente
transitória de energização do transformador, estimada em 8 a 12 vezes a sua
corrente nominal. Considera-se este transitório com duração em torno de 0,1
segundos.
A fim de facilitar a aplicação dos elos fusíveis para proteção de
transformadores de distribuição, os fabricantes fornecem tabelas com os
equipamentos que atendem aos critérios acima citados baseados na corrente
nominal de cada transformador e de acordo com sua potência (Tabela 3).

Tabela 3 – Elos fusíveis para proteção de transformadores.

Potência do 13,8 kV
Transformado Corrente Elo
r(kVA) (A) fusível
15 0,63 1H
30 1,26 2H
45 1,88 3H
75 3,14 5H
112,5 4,71 6K
150 6,28 8K
225 9,41 10K
300 12,55 15K
Fonte: Almeida (2000).
48

2.5.2.2 Para a proteção de ramais de distribuição

a) É necessário que a corrente nominal do elo fusível seja superior ou igual a


150% da corrente máxima da carga prevista no projeto no ponto de instalação da
chave fusível, ou seja:

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 ≥ 1,5 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 (7)

Onde:
- 𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 – corrente nominal do elo;
- 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 – corrente nominal máxima no ponto de instalação.

b) A capacidade nominal do elo fusível deverá ser, no máximo, um quarto (1/4)


da corrente de curto-circuito fase terra mínimo no fim do trecho protegido por ele.
Portanto:

1
𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 ≤ × 𝐼𝐶𝐶 1∅ 𝑀Í𝑁 𝐹𝐼𝑀 𝐷𝑂 𝑇𝑅𝐸𝐶𝐻𝑂 (8)
4

onde:
- 𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 – corrente nominal do elo;
- 𝐼𝐶𝐶 1∅ 𝑀Í𝑁 𝐹𝐼𝑀 𝐷𝑂 𝑇𝑅𝐸𝐶𝐻𝑂 – corrente de curto-circuito fase terra mínima no fim
do trecho protegido pelo elo.

2.5.2.3 Seletividade entre elos fusíveis

A Figura 20 ilustra a seletividade entre elos fusíveis. A disposição dos


equipamentos de proteção é feita de maneira estratégica, a fim de permitir a
seletividade entre os dispositivos.
O dispositivo A é a proteção principal da subestação. Os dispositivos C e H
protegem o alimentador principal. Já o dispositivo B protege um ramal do
alimentador principal. O dispositivo D faz a proteção no lado primário do
transformador de distribuição e os dispositivos E, F e G são fusíveis relacionados à
carga no lado secundário do transformador de distribuição.
49

Figura 20 – Exemplo de seletividade entre elos fusíveis.

Fonte: Adaptado de Fritzen (2017).

Em relação ao dispositivo H, o dispositivo C é o dispositivo protegido. Para


uma falta no ponto 1, o dispositivo C não deve abrir e o dispositivo H deve
interromper a corrente de falta. Já em relação ao dispositivo A, o dispositivo C é o
dispositivo protetor e deve interromper a corrente para uma falta permanente no
ponto 2 antes que o dispositivo A opere desligando o circuito. O dispositivo B
também é o dispositivo protetor para A e deve operar similarmente a C para uma
falta no ponto 3. O dispositivo A só opera quando a falta ocorre entre os dispositivos
A e C ou A e B, tal como no ponto 4. Para uma falta no ponto 5, o dispositivo D
opera, excluindo esse trecho faltoso do sistema. Para uma sobrecarga no lado
secundário do transformador de distribuição, no ponto 6, o dispositivo E deve
interromper a corrente no trecho por ele protegido, permitindo desse modo que o
transformador continue a alimentar os consumidores conectados a outros sub-
ramais, protegidos por F e G, no seu lado secundário (FRITZEN, 2017).
Para se obter uma seletividade satisfatória entre elos fusíveis, os seguintes
critérios básicos devem ser levados em consideração:
1. O dispositivo protetor deve eliminar a falta, temporária ou
permanente, antes que o dispositivo protegido interrompa o circuito ou
haja um desligamento permanente (por religador ou disjuntor) do circuito.
2. Desligamentos causados por faltas permanentes devem se restringir a
menor região possível e no menor tempo possível.
50

3. O elo protegido deverá ser seletivo com o elo protetor, pelo menos, para o
valor da corrente de curto-circuito fase-terra mínimo no ponto de instalação
do elo protetor.
A seletividade entre elos é considerada satisfatória quando o tempo total de
interrupção do fusível protetor não exceder 75% do mínimo tempo de fusão do
fusível protegido (Figura 21) (CEMIG, 2017). Ou seja:

t INTERR.DO ELO PROTET. ≤ 0,75 × t MÍNIMO DE FUSÃO DO ELO PROTEG. (9)

onde:
- 𝑡𝐼𝑁𝑇𝐸𝑅𝑅.𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 𝑃𝑅𝑂𝑇𝐸𝑇. – é o tempo de interrupção do elo protetor;
- 𝑡𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝑂 𝐷𝐸 𝐹𝑈𝑆Ã𝑂 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 𝑃𝑅𝑂𝑇𝐸𝐺. – é o tempo de fusão do elo protegido.

Figura 21 – Critério de seletividade entre elos fusíveis.

Fonte: Adaptado de CEMIG (2017).

2.5.3 Relés de sobrecorrente

Basicamente, os ajustes efetuados nos relés de sobrecorrente para


dimensioná-los são a determinação das correntes mínimas de atuação das curvas
temporizadas (51) de fase e neutro, além da escolha dos múltiplos de tempo das
curvas do relé (TMS) e dos tipos de curvas a serem empregados a fim possibilitarem
a coordenação com os demais equipamentos de proteção.
A corrente mínima de atuação das unidades temporizada e instantânea de
fase e neutro é o valor mínimo de corrente que deve sensibilizar o relé, corrente de
pick-up, conforme Figura 22.
51

Figura 22 – Corrente mínima de atuação temporizada.

Fonte: Cardoso Júnior e Ferreira (2009).

2.5.3.1 Ajuste da corrente mínima de atuação da unidade temporizada de fase


(51F)

a) A curva temporizada de fase deve ser ajustada para admitir que o


alimentador conduza a sua corrente de carga mais uma certa tolerância para
correntes de sobrecarga. Assim, a corrente mínima de atuação deverá ser maior
que a corrente de carga máxima multiplicada pelo fator de crescimento de carga 𝐹𝐶
e dividida pela respectiva RTC (CPFL, 2016).

𝐹𝐶 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋
𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝐹 ≥ (10)
𝑅𝑇𝐶

onde:
- 𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝐹 é a corrente mínima de atuação da unidade 51 de
fase;
- 𝐹𝐶 é o fator de crescimento de carga;
- 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 é a corrente de carga máxima no trecho onde o relé será
instalado;
- 𝑅𝑇𝐶 é a Relação de Transformação do TC.

b) Se o circuito estiver sob a ação de uma corrente de curto-circuito, o relé


deverá atuar para a menor corrente de curto-circuito no trecho em que é a proteção.
Para relés de proteção de fase, a menor corrente de curto-circuito que não envolve
a terra é a corrente bifásica. Portanto, o relé deve ser sensível para a corrente de
52

curto-circuito bifásica no trecho sob sua proteção (ALMEIDA, 2000; CONCEIÇÃO,


2012). Ou seja:

ICC 2Φ NO FIM DO TRECHO


IMÍNIMA DE ATUAÇÃO 51F ≤ (11)
RTC

onde:
- 𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝐹 é a corrente mínima de atuação da unidade 51 de
fase;
- 𝐼𝐶𝐶 2𝛷 𝑁𝑂 𝐹𝐼𝑀 𝐷𝑂 𝑇𝑅𝐸𝐶𝐻𝑂 – é a corrente de curto-circuito bifásica no fim do trecho
que deve ser protegido pelo relé;
- 𝑅𝑇𝐶 é a Relação de Transformação do TC.

2.5.3.2 Ajuste da corrente mínima de atuação da unidade temporizada de neutro


(51N)

a) A curva temporizada de neutro deve ser ajustada para admitir que o


alimentador conduza a sua corrente de carga mais uma certa tolerância para
correntes de sobrecarga. Assim, a corrente mínima de atuação deverá ser maior
que a corrente de carga máxima multiplicada pelo fator de crescimento de carga 𝐹𝐶 .

(0,1 𝑎 0,3) × 𝐹𝐶 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋𝐼𝑀𝐴


𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝑁 ≥ (12)
𝑅𝑇𝐶

onde:
- 𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝑁 é a corrente mínima de atuação da unidade 51 de
neutro;
- 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋𝐼𝑀𝐴 é a corrente de carga máxima no trecho onde o relé será
instalado;
- 𝐹𝐶 – é o fator de crescimento de carga.
- 𝑅𝑇𝐶 é a Relação de Transformação do TC.

b) O relé ou religador deve ser sensível para a menor corrente de curto-


circuito entre fase e neutro, ou seja, a corrente de curto-circuito monofásica no
trecho sob sua proteção. Portanto:
53

𝐼𝐶𝐶 1𝛷
𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝑁 < (13)
𝑅𝑇𝐶

onde:
- 𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂51𝑁 é a corrente mínima de atuação da unidade 51 de
neutro;
- 𝐼𝐶𝐶1𝛷 é a corrente de curto-circuito monofásica no trecho que deve ser
protegido pelo relé ou religador;
- 𝑅𝑇𝐶 é a Relação de Transformação do TC

2.5.3.3 TMS – Múltiplo de tempo das curvas

Com o objetivo de minimizar o efeito das correntes de curto-circuito, a curva


da unidade temporizada de fase deve ser a mais baixa possível, com a condição de
que permita a seletividade do relé com os demais equipamentos de proteção (CPFL,
2016).
A escolha das curvas deve levar, também, em consideração que os tempos
de atuação devem ser inferiores a curva de danos dos equipamentos, porém,
superiores aos tempos de atuação dos fusíveis e religadores instalados à jusante.
Em resumo, na verificação gráfica, as curvas de atuação dos dispositivos de
proteção não devem se sobrepor, devendo haver um intervalo de seletividade
adequado para cada combinação protetor – protegido existente entre os dispositivos
de proteção (PEREIRA, 2007).

2.5.3.4 Coordenação relé x elo fusível

De acordo Mamede Filho e Mamede (2011), a coordenação entre relé e elo


fusível estará garantida, para o todo o trecho protegido pelo elo fusível, quando as
curvas de tempo dos relés de fase e neutro estiverem, no ponto mais crítico, no
mínimo 0,2 segundos acima da curva de tempo total de interrupção do elo, para as
correntes de curtos-circuitos de fase e terra, ou seja:

t ATUAÇÃO RELÉ ≥ t INTERRUPÇÃO DO ELO + 0,2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 (14)


54

2.5.3.5 Coordenação relé x relé

A coordenação entre relés é satisfatória, de acordo com Almeida (2000),


quando a curva de tempo do relé principal estiver acima da curva do relé de
retaguarda no mínimo 0,4 segundos no ponto mais crítico em todo o trecho
protegido pelo relé principal.

t RELÉ RETAGUARDA ≥ t RELÉ PRINCIPAL + 0,4 segundos (15)

2.5.4 Religador automático

Os religadores atuais, em sua maioria, possuem TC’s em seus interiores.


Porém, quando não for este o caso, os mesmos critérios utilizados para dimensionar
os TC’s para relés de sobrecorrente são aplicados aos religadores (Equações (4) e
(5)).
Além disso, para determinar as correntes mínimas de disparo do religador
usam-se, também, os mesmos critérios aplicados aos relés de sobrecorrente. A
diferença é que, as correntes mínimas dos relés são ajustadas com base nas
correntes indiretas (correntes secundárias de TC’s). Já os religadores, devido ao
fato de terem os TC’s já em seu interior, necessitam que as correntes sejam
ajustadas com base nas correntes diretas das fases e neutro (ALMEIDA, 2000).
Além das correntes mínimas de atuação, os religadores permitem os
seguintes ajustes: sequência de operação, curvas características, intervalo de
religamento e tempo de rearme.
a) Curvas rápidas de fase e neutro: alguns religadores apresentam um catálogo
de curvas rápidas e, assim, sempre que possível, deve ser escolhida a curva mais
rápida entre elas, fazendo, assim, que haja uma maior faixa de coordenação com
elos fusíveis (CPFL, 2016);
b) Curvas lentas de fase e neutro: deve-se dar preferência à curva lenta que
esteja mais próxima da curva rápida, sempre observando a seletividade com os
demais equipamentos de proteção (CPFL, 2016);
c) Sequência de operação do religador: deve se adequar às necessidades do
circuito. As operações rápidas deverão eliminar os curtos-circuitos transitórios sem
55

que haja queima do elo-fusível protetor. As operações temporizadas permitirão a


fusão do elo fusível quando ocorrer um curto-circuito permanente no trecho
protegido (ALMEIDA, 2000).
d) Tempos de religamentos: deverão ser definidos em função da coordenação
com as demais proteções instaladas a montante e a jusante (ALMEIDA, 2000).

2.5.4.1 Coordenação religador x elo fusível

A coordenação entre um religador e um elo fusível é considerada satisfatória


quando o elo não funde enquanto o religador realiza as suas operações rápidas.
Entretanto, caso estas operações rápidas do religador não eliminem a falta, o elo
deve fundir durante a primeira operação temporizada (CARDOSO JUNIOR;
FERREIRA, 2009).
A coordenação entre esses equipamentos de proteção geralmente é obtida
utilizando-se métodos baseados em suas curvas características ajustadas por um
fator multiplicativo k.
Normalmente, a primeira abertura do religador possibilita que cerca de 80%
das faltas temporárias sejam eliminadas e na segunda, em torno de 10%. Se a falta
persistir, o que caracteriza uma falta permanente, o fusível deve fundir-se antes da
terceira abertura do religador, abrindo de maneira permanente o circuito e
interrompendo assim a falta permanente (FRITZEN, 2017).
A Figura 23 ilustra o caso em que uma subestação é protegida por um
religador e um elo fusível protege o início de um pequeno ramal derivado do
alimentador principal.

Figura 23 – Exemplo de aplicação de religador e elo fusível.

Fonte: Adaptado de Fritzen (2017).


56

Para que haja coordenação entre o religador e o elo fusível, em caso de uma
falta no ponto 1, o religador deve atuar com sua curva rápida a fim de verificar se a
falta é transitória ou permanente.
Caso seja transitória ele próprio irá eliminá-la através da atuação de sua
curva rápida. Já, caso a falta seja permanente, o elo deverá atuar antes que a curva
lenta do religador bloqueie seus contatos e interrompa o fluxo de energia a uma
maior região do sistema.
Para que a coordenação entre esses equipamentos seja satisfatória, os
seguintes critérios devem ser obedecidos (ALMEIDA, 2000):
a) Para todos os valores de defeitos possíveis no trecho do circuito protegido
pelo elo fusível, o tempo de interrupção do elo fusível deve ser menor que o tempo
mínimo de abertura do religador na curva retardada (temporizada).

𝑇𝐼𝑁𝑇𝐸𝑅𝑅𝑈𝑃ÇÃ𝑂 𝐸𝐿𝑂 < 𝑇𝐴𝐵𝐸𝑅𝑇𝑈𝑅𝐴 𝑁𝐴 𝑂𝑃𝐸𝑅𝐴ÇÃ𝑂 𝑅𝐸𝑇𝐴𝑅𝐷𝐴𝐷𝐴 (16)

b) Para todos os valores de curto-circuito possíveis no trecho do circuito


protegido pelo elo fusível, o tempo mínimo de fusão do elo fusível deve ser maior
do que o tempo de abertura do religador na curva rápida (instantânea) multiplicada
por um fator k.

𝑇𝐹𝑈𝑆Ã𝑂 𝐸𝐿𝑂 > 𝑘 𝑥 𝑇𝐴𝐵𝐸𝑅𝑇𝑈𝑅𝐴 𝑁𝐴 𝑂𝑃𝐸𝑅𝐴ÇÃ𝑂 𝑅Á𝑃𝐼𝐷𝐴 (17)

Onde k é o fator que leva em conta a elevação da temperatura do elo fusível


durante os intervalos de tempos de abertura rápida do religador. A maioria das
concessionárias considera:
k = 1,2 para uma operação rápida;
k = 1,5 para duas operações rápidas.
A faixa de coordenação entre o religador e o elo fusível é determinada por
essas duas regras. A regra (b) determina o limite máximo (corrente ib), enquanto a
regra (a) estabelece o limite mínimo (corrente ia), conforme se pode observar na
Figura 24. Onde a curva A é a curva rápida, k x A é a curva deslocada (multiplicada
por k) e B é a curva retardada.
57

Figura 24 – Coordenação entre religador e elo fusível.

Fonte: Adaptado de Almeida (2000).

Em caso de uma falta temporária, a operação rápida do religador protegerá


o fusível de qualquer dano (interrupção). Isto pode ser observado pelo fato da curva
rápida (curva A) do religador estar abaixo da curva do fusível para correntes
menores que a corrente máxima de curto-circuito que pode ocorrer na região de
proteção do elo (corrente ib).
Entretanto, se a falta for permanente, o fusível irá eliminar a falta enquanto
religador caminha para a nova sequência de operação (temporizada B). Isto pode
ser observado pelo fato da curva temporizada do religador estar acima da curva de
tempo total de interrupção do fusível para correntes maiores que a menor corrente
de curto-circuito possível na região de proteção do elo (corrente ia).
58

3 IMPLEMENTAÇÃO DO SOFTWARE DE ESTUDO DE SELETIVIDADE E


COORDENAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO KPROTEC

3.1 DESCRIÇÃO GERAL DO SOFTWARE

O KProtec é um software que foi criado com o intuito de auxiliar na


compreensão de estudos de seletividade e coordenação dos principais dispositivos
de proteção utilizados contra sobrecorrentes em sistemas de distribuição de energia
elétrica, através da análise gráfica de coordenogramas. Este programa foi
concebido como uma aplicação web, de modo a possibilitar seu acesso de qualquer
dispositivo que tenha acesso à internet através de um navegador (browser),
independente de compatibilidade de sistema operacional.
Ele tem como resultado a superposição das curvas características de
atuação tempo x corrente dos dispositivos de proteção (coordenogramas)
envolvidos no estudo. Através da análise dos coordenogramas é possível verificar
se o dimensionamento e diversos aspectos relacionados à seletividade e
coordenação entre estes dispositivos são satisfeitos.
O usuário tem a possibilidade de definir os ajustes de cada dispositivo e
estabelecer variáveis que determinam o comportamento das curvas de atuação
destes equipamentos, como, por exemplo, ajustes dos TMS’s e correntes de pick-
up de relés e religadores e os tipos de elos fusíveis (K, H ou T) e suas correntes
nominais.
São disponibilizados alguns cenários de estudo, cada um baseado em uma
topologia pré-definida. Estes cenários são os arranjos de dispositivos que mais
ocorrem na proteção dos sistemas de distribuição. São eles:
• Seletividade elo fusível x elo fusível
• Coordenação religador x elo fusível
• Coordenação relé x elo fusível
• Coordenação relé x relé
As topologias de cada caso de estudo foram definidas a partir de adaptações
feitas em topologias de sistemas de distribuição que são usados como exemplo de
estudo e aplicação na literatura de proteção de sistemas elétricos, de modo a
facilitar o entendimento de conceitos relacionados à seletividade e coordenação dos
equipamentos de proteção. Elas consistem em diagramas unifilares sistêmicos, que
59

contêm a representação unifilar simplificada do sistema de distribuição juntamente


com seus principais componentes de proteção e demais elementos necessários ao
estudo.
Basicamente, o usuário pode configurar o sistema através da determinação
dos ajustes e dos parâmetros dos equipamentos de proteção. A título de
demonstração, a Figura 25 ilustra a representação da topologia para o estudo de
seletividade entre elos fusíveis. Os pontos com as numerações são os locais onde
o usuário pode clicar para escolher os tipos e correntes nominais dos elos fusíveis
e editar seus parâmetros. Os valores nos quadros são os curtos-circuitos trifásico,
bifásico e monofásico em cada ponto. Também são apresentados os valores das
correntes nominais em cada ramo.

Figura 25 – Topologia de estudo de seletividade entre elos fusíveis no KProtec.

Fonte: Autores.

As informações contidas na topologia (valores de curtos-circuitos, correntes


nominais nos ramos, potência de transformadores e cargas) são essenciais para o
desenvolvimento do estudo de seletividade e coordenação.
O usuário pode escolher entre os cenários de seletividade e coordenação
disponíveis e, assim, selecionar os dispositivos de proteção desejados e determinar
seus respectivos parâmetros. A partir disso, o programa gera os coordenogramas,
60

auxiliando o usuário na análise a partir dos critérios de seletividade e coordenação


para cada arranjo de estudo.

3.2 CONSTRUÇÃO DO SOFTWARE

3.2.1 Modelo de Desenvolvimento de Software (MDS)

O primeiro passo para a construção do software KProtec, em si, foi escolher


qual seria o seu Modelo de Desenvolvimento de Software (MDS). Este conceito,
dentro do contexto de criação de aplicações computacionais, nada mais é do que a
forma de organização e gerenciamento do desenvolvimento do programa
computacional. A escolha por determinado modelo implica diretamente na
qualidade do software.
Pelo fato de esse ser um programa de pequeno porte, com, possivelmente,
usuários pertencentes a um grupo restrito e concebida por iniciantes em
desenvolvimento, optou-se por uma das metodologias mais simples de se trabalhar,
que é o modelo Extreme Programming (XP). Ele é leve e progressivo e usa métodos
ágeis de desenvolvimento. Este modelo tem como ideia central o uso de um
conjunto de valores, princípios e práticas para o rápido desenvolvimento de
softwares fornecendo alto valor agregado para o usuário da forma mais rápida
possível. O MDS XP é amplamente utilizado em projetos de pequeno porte e sua
principal vantagem é a rápida adaptação a mudanças nos requerimentos do usuário.
O XP utiliza-se de quatro etapas para o desenvolvimento de um software,
conforme ilustra a seguir a Figura 26. Estas etapas (ou processos) foram aplicadas
ao projeto de maneira iterativa e são descritas a seguir.
• Planejamento: nesta etapa foram levantados os requisitos, características,
funcionalidades e resultados que se esperam do software a ser concebido;
• Projeto: é um guia simples para a implementação onde é feito um esboço da
estrutura geral da aplicação. Utilizando o MDS XP esta etapa preza mais pela
simplicidade do que por uma representação mais complexa;
• Codificação: é onde ocorre a implementação do software;
• Teste: processo realizado ao fim de cada iteração.
61

Figura 26 – Etapas do MDS XP.

Fonte: Pressman (2011).

Uma vez finalizada uma iteração, o ciclo de desenvolvimento se reinicia até


a versão final do programa.

3.2.2 Planejamento e projeto

3.2.2.1 Requisitos

Primeiramente, foram definidos quais seriam os requisitos mínimos que o


software deveria satisfazer, o que se espera que ele tenha como resultado e as
funcionalidades que devem ser disponibilizadas aos usuários. Esses requisitos
foram todos estabelecidos tendo como base o estudo de seletividade e coordenação
dos dispositivos de proteção e considerando como compilar esse conhecimento em
uma ferramenta com interface amigável e que facilite o entendimento dos conceitos
envolvidos.
A partir disso foram elencados alguns requisitos e funcionalidades que o
programa deveria ter, eles são descritos a seguir:
A. Esta ferramenta deve ter seu acesso facilitado, deve poder ser acessível
independente de sistema operacional ou outra forma de restrição de
compatibilidade;
B. Deve utilizar, em sua construção e suporte, ferramentas de código-aberto,
permitindo e facilitando, assim, futuros aprimoramentos, extensões ou adaptações;
C. Deve permitir o estudo de cenários ou arranjos de seletividade/coordenação
que contemplem os dispositivos de proteção mais utilizados nas redes de
distribuição;
62

D. Deve possibilitar ajustes de parâmetros desses dispositivos de proteção e


que esses ajustes possam ser visualizados em suas curvas de atuação;
E. Deve ter uma topologia personalizada de rede para cada arranjo de estudo
de dispositivos de proteção;
F. Disponibilizar uma prévia do coordenogramas antes de finalizar o estudo;
G. Possibilitar salvar o estudo através de um título e uma descrição;
H. Possibilitar a visualização dos estudos na sessão de trabalho;
Em seguida, o próximo passo para a construção do KProtec foi, a partir de
seu objetivo e dos critérios e funcionalidades que foram definidos, estabelecer as
ferramentas a serem utilizadas para a codificação do programa.
A seguir são descritas, brevemente, as ferramentas escolhidas e quais
aspectos favoreceram sua escolha. Para atender aos requisitos A e B, chegou-se à
conclusão de que a melhor abordagem para a implementação do software seria
através do uso de tecnologias de desenvolvimento web. Softwares concebidos
como aplicação web podem ser acessados através de qualquer dispositivo com um
navegador e acesso à internet. Além disso, independem do sistema operacional
usado e há diversas ferramentas de código aberto que auxiliam na produção desses
aplicativos disponíveis atualmente.
Aplicação web é um software que roda a partir de um servidor web e é
apresentado ao usuário (cliente) através do navegador com acesso à internet. Essa
abordagem difere da tradicional em que o software roda localmente no sistema
operacional do dispositivo.
Essas aplicações são programadas usando o modelo estruturado Cliente-
Servidor, conforme ilustra a Figura 27.
Esse modelo descreve como cliente e servidor interagem entre si através do
protocolo HTTP (do inglês, Hypertext Transfer Protocol – que é o protocolo que
determina os padrões e define as regras de troca de informações entre eles).
Resumidamente, essa interação ocorre da seguinte forma:
• O cliente interage com a aplicação (abrindo-a, clicando em botões,
preenchendo formulários etc.) através de seu navegador. Essa interação resulta
numa requisição (request) para o servidor da aplicação.
63

Figura 27 – Modelo cliente-servidor de desenvolvimento web.

Fonte: Hazem e Nikos (2009).

• O servidor sempre está à espera de requisições para servir o que foi pedido
pelo cliente. Uma vez que uma requisição válida chega ao servidor, ele enviará uma
resposta (response) com todos os arquivos necessários para que o cliente possa
continuar sua interação com a aplicação.
No mundo do desenvolvimento das aplicações web, o cliente e o servidor são
denominados, respectivamente, lados frontend e backend da aplicação. Essa
denominação é feita para separar as etapas de desenvolvimento da aplicação, que
geralmente são feitas por profissionais especializados naquele campo.
O frontend é responsável por apresentar os elementos visuais que compõem
a interface gráfica na qual o cliente fará a interação ao longo uso da aplicação.
Geralmente, este lado da aplicação utiliza linguagens que são interpretadas
diretamente pelo browser, como por exemplo o HTML (HiperText Markup
Language), o CSS (Cascading Style Sheets) e JavaScript, além de frameworks e
bibliotecas como, por exemplo, React e Angular.
Já o backend é responsável por implementar as regras da aplicação: banco
de dados, segurança, escalabilidade, etc. Esse lado da aplicação, fica “escondido”
do cliente e é onde toda a implementação da lógica do programa é feita. As
linguagens normalmente usadas são: PHP, Ruby, Java, C#, Javascript e Python.
A seguir são apresentadas as ferramentas que foram utilizadas para o
desenvolvimento do KProtec e seus aspectos diferenciais que justificam a escolha
para o atual trabalho:
64

Framework Angular
Um framework é um conjunto de ferramentas que agrupa diversas etapas de
desenvolvimento de uma aplicação web, de modo a facilitar esse processo. Nele,
são desenvolvidas, ao mesmo tempo, as lógicas frontend e backend com recursos
facilitados para “subir” a aplicação para o servidor web. Além disso, também, há
diversos códigos e funções que já foram desenvolvidas e utilizadas por outros
desenvolvedores e estão disponíveis para a realização de diversas tarefas.
Algumas características diferenciais do angular são:
• Ele é uma ferramenta de código aberto e com alta documentação para um
desenvolvimento de aplicações web facilitado;
• Tem a possibilidade de a aplicação ser executada em diversas plataformas
(Windows, Linux, Mac, Android) através de um navegador de internet;
• Por ser um framework de desenvolvimento de aplicações web, é composto
por um conjunto de ferramentas que abrange todas as etapas do desenvolvimento
da aplicação;
• Tem a possibilidade de se programar em uma linguagem mais flexível, o
Typescript, com tradução automática para o Javascript da aplicação final.

VsCode
O VsCode é um editor de código fonte desenvolvido pela Microsoft. Possui
versão para Linux, MacOs e Windows e é um software livre e de código aberto. Ele
possui diversas ferramentas para aprimorar o desenvolvimento de projetos como:
realce de sintaxe, snippets, refatoração de código e complementação inteligente do
código. Além das características citadas anteriormente, o editor foi escolhido por
estar de acordo com os requisitos A e B uma vez que o VsCode é multiplataforma
e de código aberto.

Biblioteca Plotly
A partir da necessidade que se tem de plotar e visualizar as curvas de
atuação dos dispositivos de proteção e de seus coordenogramas através do
KProtec, foi necessário a utilização de uma ferramenta que seja possível de ser
aplicada em desenvolvimento web e que favoreça a visualização e, principalmente,
a interação do usuário com os dados.
65

Para este fim, foi utilizada a biblioteca Plotly. Ela é uma biblioteca de código
aberto para a visualização de dados em Javascript e é quem permite a plotagem
dos coordenogramas. O motivo principal para a escolha dessa ferramenta foi a
interatividade disponibilizada por ela, possibilitando uma análise precisa do usuário
em relação ao coordenograma, podendo, assim, verificar os diversos critérios que
regem seletividade e coordenação.
A partir da utilização da biblioteca Plotly neste projeto, foi possível
disponibilizar aos usuários do programa diversas funções para análise gráfica dos
coordenogramas, tais como:
• Interatividade com o usuário: seleção individual de pontos de dados, zoom e
botão “pam” na área do gráfico;
• Possibilidade de salvar o gráfico em formato de imagem padrão “png”;
• Documentação de fácil acesso com diversas opções de gráficos;

Firebase Hosting
Firebase é uma plataforma desenvolvida pelo Google para a criação de
aplicações web e mobile. A plataforma oferece serviços facilitados e gratuitos (até
determinada faixa de uso) voltados para o lado backend de desenvolvimento. Os
principais produtos ofertados são: Hospedagem (Hosting), CloudStorage,
Autenticação, dentre outros.
No atual trabalho foi usado o serviço de Hosting do firebase, responsável pelo
backend da aplicação. Ou seja, é no firebase que está o servidor web responsável
por “responder” com os arquivos da aplicação para o cliente. O KProtec utiliza-se
do plano gratuito de hospedagem oferecido pelo firebase. A Figura 28, a seguir,
apresenta as características do servidor que este plano gratuito oferece.
Da Figura 28, storage é o armazenamento máximo de todos os projetos que
determinado desenvolvedor tem disponível neste plano gratuito do Firebase. Data
transfer (Transferência de Dados) é a quantidade diária de tráfego de dados que
determinado desenvolvedor pode transferir para o servidor ou quanto o servidor
entrega para os clientes. Já o termo Custom domain & SSL (Domínio personalizado
e SSL) refere-se à questão de o endereço do software poder ser personalizado e
SSL indica que é utilizado um protocolo seguro de comunicação.
66

Figura 28 – Plano de hospedagem do KProtec.

Fonte: https://firebase.google.com/pricing. Acesso em: 03 jan. 2021.

O serviço de domínio personalizado que o firebase permitiu definir o seguinte


endereço personalizado para o KProtec: https://kprotec.web.app/, enfatizando o
nome que foi dado ao software. O KProtec pode ser acessado através de qualquer
dispositivo com acesso à internet.

3.2.2.2 Visão geral da implementação do software

A partir dos requisitos e funcionalidades que foram estabelecidos para o


KProtec, a fim de dar um melhor andamento para a implementação dessas
premissas, surgiu a necessidade de criar um esboço, ou projeto, de como seria
organizado, de forma ampla, o software. Para isso foi desenvolvido o esquema de
visão geral da implementação apresentado na Figura 29, a seguir.
Optou-se por dividir o software em três blocos principais, e trabalhar
separadamente na construção de cada bloco a partir das finalidades definidas a
cada um. Esses blocos foram nomeados como: Início, Estudo e Coordenogramas.
Cada bloco tem a função de:
• Início: Este bloco do software contempla sua página inicial (Home). Ele foi
pensado com o intuito de servir como interface de apresentação do projeto,
mostrando as informações referentes ao trabalho, como um breve resumo do
projeto e considerações acerca de seus idealizadores;
• Estudo: É o núcleo do software, onde devem estar disponíveis os arranjos
ou estudos específicos. Além disso, de acordo com os requisitos e funcionalidades
67

estabelecidos, é onde deverá ser possível que o usuário realize os estudos, pré-
visualize os coordenogramas e tenha acesso às topologias personalizadas de cada
caso de arranjo.

Figura 29 – Visão geral da implementação do software KProtec.

Fonte: Autores.

• Coordenogramas: O bloco coordenogramas foi criado para se ter um local


específico onde o usuário pode visualizar e interpretar os diagramas que foram
obtidos durante o estudo.
A partir de cada um desses blocos definidos, foram criadas interfaces. Na
Figura 30 tem-se a tela inicial do KProtec, ela contém as guias de navegação
principal que foram nomeadas de acordo com seus respectivos blocos: Home,
Estudos e Coordenogramas. Nesta tela, também, é disponibilizado ao usuário um
resumo do projeto e informações de seus idealizadores.
Além disso, com o intuito de dar um suporte para a utilização do programa,
foi disponibilizado um botão intitulado “Manual”, que dá acesso a dois manuais, um
que serve de auxílio ao usuário, ele contém um resumo da fundamentação teórica
dando ênfase aos critérios de dimensionamento, seletividade e coordenação. O
outro manual é de utilização, ele é uma compilação dos resultados apresentados
68

neste trabalho, orientando o usuário como utilizar e possíveis análises que o


KProtec pode realizar.

Figura 30 – Tela inicial do KProtec.

Fonte: Autores.

Já a Figura 31 apresenta a interface que foi criada para o bloco de Estudos,


contendo os botões que dão acesso a cada cenário de estudos. Dentro de cada
69

botão que representa um cenário de estudos foi criada uma lógica de acordo com
as especificidades de cada caso e de acordo com os cenários de seletividade e
coordenação.
Para um melhor entendimento do funcionamento e da utilização do KProtec,
exemplos de uso do programa explorando os arranjos de dispositivos foram
elaborados e são apresentados como resultados deste trabalho.

Figura 31 – Tela de seleção de caso de estudo do KProtec.

Fonte: Autores.

Por fim, a Figura 32 apresenta a interface que foi criada para o bloco
Coordenogramas, onde, após o usuário salvar o estudo que realizou, é feito um
resumo do mesmo, com um identificador para o usuário, um nome, uma descrição,
os dispositivos que o usuário utilizou, a data e hora em que o estudo foi criado e o
número de coordenogramas que esse estudo tem, além da possibilidade de apagá-
lo.

Figura 32 – Tela de Coordenogramas do KProtec.

Fonte: Autores.
70

3.2.3 Codificação

A codificação, em sentido amplo, é o conjunto de processos ou etapas


realizados a fim desenvolver uma aplicação através da "programação" ou
"codificação” do código-fonte dessa aplicação. O termo codificação se refere à
escrita de um texto (código) segundo uma linguagem de programação que possui
uma gramática específica com instruções para realizar as funções desempenhadas
por uma aplicação.
A etapa mais óbvia da codificação é a escrita de código-fonte, ou codificação
– num sentido mais estrito, seguindo uma gramática específica para o
desenvolvimento da aplicação. Contudo, como é inviável tratar do passo a passo
dessa codificação feita para o desenvolvimento do KProtec, devido à complexidade
e extensão do código-fonte, a codificação aqui apresentada busca enfatizar alguns
aspectos que circundam a codificação em si e que são importantes para o
entendimento e futuras modificações que eventualmente podem ser feitas no
KProtec, como por exemplo a interação entre as ferramentas que foram utilizadas
e como foi feita a emulação dos dados dos equipamentos de proteção para o
software.

3.2.3.1 Visão geral da interação entre as ferramentas utilizadas

Ao longo do desenvolvimento do KProtec foram utilizadas várias ferramentas,


comumente interagindo entre si de diversas maneiras. A Figura 33 apresenta o
diagrama que ilustra a interação entre estas ferramentas.
A ferramenta que abrangeu a maior parte do desenvolvimento do KProtec foi
o VsCode. Ele foi o espaço de trabalho onde foram integradas as ferramentas
essenciais e auxiliares ao processo de desenvolvimento. São elas:
• Área de edição de texto ou edição de código-fonte: onde foi realizada a
escrita dos códigos de programação usando as linguagens pertinentes;
• Terminal de comandos: é o canal de interação do VsCode com as outras
ferramentas. O VsCode possui um terminal de comandos integrado, utilizado em
todas as etapas do desenvolvimento. Foi através do terminal que houve a interação
com o framework angular, criando novos projetos, componentes e, até mesmo,
interagindo com o servidor web firebase para implantar as mudanças realizadas na
71

aplicação no servidor web. O momento em que lógica de programação é


incorporada ao servidor web é conhecido como deploy;

Figura 33 – Interação entre as ferramentas utilizadas para o desenvolvimento do KProtec.

Fonte: Autores.

• Ferramentas auxiliares: são ferramentas acessórias que facilitaram o


processo de desenvolvimento. São exemplos: função de navegação pelos arquivos
e diretórios do projeto, função de autocompletar o código-fonte, função de
checagem e realce de sintaxe de acordo com a linguagem de programação sendo
editada, etc.
Já o angular pode ser considerado uma biblioteca que utiliza várias outras
bibliotecas para compor o chamado framework angular, fazendo com que ele
consiga facilitar o processo de desenvolvimento através do agrupamento de
diversas etapas de desenvolvimento de uma aplicação web. É possível fazer uma
separação da utilização do angular, desde o início do projeto até o deploy da
aplicação para o servidor web:
1. Criação de projeto: foi feita a criação de um novo projeto angular através do
terminal. Ao se criar um novo projeto, o angular cria automaticamente uma estrutura
de diretórios e arquivos base que inclui: arquivos iniciais de configuração do projeto,
criação do ponto de entrada da aplicação, entre outros (explicados com mais
detalhes adiante);
2. Durante a codificação: aqui, houve uma maior interação dos
desenvolvedores com o framework pelo terminal criando, por exemplo, novos
72

componentes. Além disso, aqui foram implementadas todas as lógicas necessárias


na parte de frontend e backend de aplicação;
3. Comunicação com o servidor: O angular usa bibliotecas adicionais que
podem ou implementar novas funcionalidades na aplicação ou facilitar outras
interações importantes do framework. Assim, foi adicionada uma biblioteca que
facilita o processo de deploy da aplicação com a biblioteca firebase, sendo possível,
uma vez pronta para tal, atualizar o servidor de forma simplificada.
A biblioteca Plotly.js foi adicionada diretamente no componente gráfico da
aplicação no arquivo HTML e Typescript. Embora o Angular possibilite importar
bibliotecas internamente, aqui fez-se necessário adicionar manualmente (sem
utilizar o framework) a biblioteca Plotly.js por não haver suporte direto para ela
dentro do angular. Uma vez feito o link do Plotly.js com o projeto é possível usar
Typescript para alterar os comportamentos da biblioteca (que é feita em Javascript)
de acordo com o projeto. Isso é possível porque a linguagem Typescript oferece
uma compatibilidade completa ao Javascript por padrão.
Por fim, como citado anteriormente, foi usado o serviço de Hosting do
firebase que é responsável pelo backend da aplicação. A Figura 34 mostra uma
captura de tela com estatísticas de informações relacionadas à hospedagem do
KProtec.

Figura 34 – Painéis com estatísticas do serviço de Hosting do firebase para o KProtec.

Fonte: Autores.
73

Uma vez configurado o projeto firebase, para implantar a primeira versão da


aplicação basta rodar o comando “ng deploy”. Na primeira conexão entre o angular
e o firebase é feita uma autenticação entre o projeto criado e a aplicação
desenvolvida. Uma vez feita a autenticação não há necessidade de autenticação
para novos deploys da aplicação.

3.2.3.2 Estrutura de um projeto no Angular

Esta seção explora a estrutura de arquivos que o angular cria junto com o
projeto de uma aplicação web, isso ajuda a entender como foi trabalhado dentro
deste framework durante o desenvolvimento do KProtec.
Inicialmente, trabalhou-se na criação do projeto no framework angular. Isso
foi feito a partir da inicialização dos arquivos padrões que compõem o framework
através de comandos internos com o uso do terminal de comandos do editor de
código VsCode.
Quando uma aplicação web é criada no angular, são gerados
automaticamente diretórios (ou pastas) e arquivos por este framework com o intuito
de servir de base para a implementação da aplicação web. A Figura 35, adiante,
mostra os arquivos que foram gerados automaticamente pelo angular no VsCode
assim que o projeto do KProtec foi criado.

Figura 35 – Estrutura dos arquivos padrões de um projeto Angular visualizada no VsCode.

Fonte: Autores.
74

Essa estrutura de diretórios e arquivos pode ser dividida, de acordo com sua
função dentro do projeto, em arquivos que fazem a configuração do espaço de
trabalho e arquivos de projeto da aplicação.
Arquivos de configuração do espaço de trabalho: basicamente, são os
diretórios responsáveis pelas configurações, testes ou carregam bibliotecas para
serem utilizadas na aplicação, ou seja, dão suporte para que a aplicação possa
existir. Valem destaque para os seguintes diretórios:
• “e2e”: que é onde o angular guarda os arquivos necessários para testes,
principalmente à checagem do código;
• “node_modules”: que é responsável por armazenar as bibliotecas que
eventualmente são adicionadas ao projeto;
• “src” (src vem do inglês source, em português, fonte): é o diretório onde é
criada a aplicação em si, aqui estão os arquivos relacionados à aplicação nível raiz.
É o diretório que contém o código-fonte da aplicação, ou seja, é onde é feita a
codificação em si do software e onde ficam todo os códigos referentes a novos
componentes criados.
Arquivos de projeto da aplicação: contêm os arquivos do projeto usados
diretamente no desenvolvimento da aplicação (lógica do aplicativo, dados, parte
visual, recursos, etc.). Seus subdiretórios contêm arquivos mais específicos de
aplicações. Valem destaque para os seguintes diretórios e arquivos:
• “app/”: diretório que contém os arquivos de componentes nos quais a lógica
e os dados da aplicação são definidos;
• “app/app.component.html”: arquivo que define o modelo HTML associado ao
“AppComponent” raiz.
• “app/app.componente.css”: define a folha de estilo CSS básica para o
AppComponent raiz.
• “app/app.component.ts”: define a lógica para o componente raiz do
aplicativo, denominado “AppComponent”.
• “assets/”: diretório onde estão armazenados os recursos estáticos utilizados
na aplicação (geralmente gráficos e tabelas), é nesse diretório que estão
armazenadas, por exemplo, as imagens que identificam os autores e apresentam
os logos dos apoiadores do projeto, além das tabelas que definem as curvas dos
elos fusíveis.
75

Essa estrutura de arquivos criada pelo angular implementa a arquitetura


denominada Model-View-Controller (MVC), que faz a separação de
responsabilidade entre o que é visto pelo usuário (View) e da implementação da
lógica de programação (Controller). A principal vantagem nessa arquitetura é a
facilidade em estender e manter a aplicação devido a essa separação View-
Controller.
Por exemplo, no diretório “src/app” os arquivos que implementam a parte
visual da aplicação (View) são: “app.component.html” e “app.component.scss”,
nesses arquivos é feita a programação da parte visual que é apresentada ao
usuário, usando respectivamente as linguagens HTML e CSS. Para a parte que
implementa a lógica e as funções que o software disponibiliza (Controller), os
arquivos relacionados são: “app.component.ts”, “app.module.ts” e
“app.component.spec.ts”, onde é feita a programação usando a linguagem
TypeScript (TS).
O desenvolvedor pode criar diretórios dentro do projeto a fim de melhor
organizá-lo e facilitar a programação. Dentro dos diretórios estão os chamados
componentes, que são os blocos constitutivos fundamentais no angular e podem
representar desde uma página, formulário ou até mesmo um gráfico de plotagem.
Os componentes angular obrigatoriamente têm arquivos de estilo que usam as
linguagens de programação HTML e CSS, que são responsáveis por toda a parte
visual da aplicação e um arquivo que define o comportamento (ou lógica) do
componente onde a programação em Typescript é inserida (componentes com a
extensão .ts).

3.2.3.3 Implementação da lógica do software

A fim de melhor organizar e facilitar a implementação do KProtec, foi feita


uma abstração separando e classificando os componentes que foram criados em
seu desenvolvimento, baseados em critérios convenientes. O software foi dividido
em dois tipos de componentes. Os Componentes de Páginas (CP) e os
Componentes Genéricos (CG), conforme ilustra a Figura 36, a seguir. Eles têm
como núcleo o framework angular que faz todo o gerenciamento relacionado à
interação entre a aplicação e os componentes.
76

Figura 36 – Representação dos CP’s e CG’s.

Fonte: Autores.

Os CP’s são páginas que podem ou não possuir uma lógica de programação
diretamente relacionada ao objeto do trabalho e o usuário os percebe como áreas
navegáveis pela aplicação. Exemplos são: página de início, página de seleção
estudo, página dos coordenogramas.
Os CP’s são divididos em Nível 1 e Nível 2 e fazem uma referência direta ao
caminho, conforme destaca a Figura 37, a seguir, em que o usuário se encontra
num instante atual durante a interação com a aplicação. Ou seja, quando o usuário
está na página de Estudo (nível 1) o endereço será “kprotec.web.app/Estudo” e
quando o usuário estiver interagindo com um estudo específico (nível 2),
seletividade Elo x Elo – por exemplo, o endereço será
“kprotec.web.app/Estudo/EloElo”.
77

Figura 37 – Exemplo de CP nível 1 (/Estudo) e CP nível 2 (/Estudo/EloElo).

Fonte: Autores.

Já os componentes genéricos (CG’s) são componentes reutilizáveis ao longo


da utilização do programa, ou que podem ser acessados de qualquer lugar da
aplicação. Os principais exemplo são: a barra de navegação principal e o
componente gráfico para plotagem de coordenogramas, ilustrados na Figura 38 e
Figura 39.

Figura 38 – CG barra de navegação principal disponível globalmente para navegação entre as


partes da aplicação.

Fonte: Autores.
78

Figura 39 – CG de plotagem de coordenogramas reutilizado em vários casos de estudo e na


página de coordenogramas.

Fonte: Autores.

Os componentes genéricos receberam este nome por serem componentes


interativos do software que são usados pelos CP’s de acordo com a demanda. O
diferencial é justamente poder reutilizar esses componentes em vários lugares do
app e sob demanda.

3.2.3.4 Aquisição dos dados usados para a plotagem dos coordenogramas

Esta seção descreve como foi feita a aquisição dos dados utilizados para
emular as curvas de atuação dos dispositivos de proteção. Devido às características
distintas de atuação e funcionamento, a aquisição e a codificação de dados para as
curvas de atuação dos dispositivos de proteção que dão origem às plotagens dos
coordenogramas basearam-se em duas abordagens distintas.
A partir do objetivo de auxiliar os usuários na compreensão de estudos de
seletividade e coordenação através da análise gráfica de coordenogramas, o
KProtec deve ser capaz de plotar esses coordenogramas. Eles são gráficos
bidimensionais em escala logarítmica de tempo x corrente com unidades em
segundos e Ampère, respectivamente.
79

Na aplicação desenvolvida, o componente genérico gráfico (Figura 36) é


responsável pela plotagem dos coordenogramas. Para plotá-los, é necessário que
se tenha dados das coordenadas (x, y) na forma de dois vetores (X, Y). Dessa
forma, todos os dispositivos usados na plotagem devem entrar com dois vetores (I,
t) com os dados no componente que serão usados no coordenograma.
Para as curvas de atuação dos elos fusíveis K e T, utilizou-se as curvas
disponibilizadas por fabricantes destes equipamentos. Para os elos tipo H, como
não se tem acesso às equações das curvas, o método utilizado foi a interpolação
de pontos.
Já para as curvas de relés e religadores, fez-se uso da equação característica
que rege o comportamento de atuação tempo x corrente, onde foi feita a inserção
diretamente no código-fonte destas equações que regem o funcionamento destes
dispositivos.
Curvas dos elos fusíveis: As curvas dos elos tipo K e T foram retiradas
diretamente do site do fabricante S&C Electric Company (S&C)1. Já as curvas dos
elos tipo H foram coletadas através de uma amostragem dos pontos curvas
disponibilizadas pela Especificação Técnica Unificada (ETU) 127 (ENERGISA,
2019).
Foram utilizadas curvas no formato tabular (CSV2) como fonte de dados para
realização das plotagens das curvas dos elos fusíveis pelo software. A tabela que
representa um elo fusível tem quatro colunas: corrente mínima fusão (em Ampères),
tempo mínimo de fusão (em segundos), corrente máxima de interrupção (em
Ampères) e tempo máximo de interrupção (em segundos), respectivamente. O
software, então, busca nas tabelas os dados necessários para realizar a plotagem,
de acordo com a requisição do usuário. A Figura 40 mostra a estrutura dos dados
usados para o elo 6K.

1
Disponível em https://www.sandc.com/pt/suporte/curvas-caracteristicas-de-tempo-x-corrente/.
2
CSV ou Valores Separados Vírgula: É um arquivo de texto usado para armazenar dados na forma tabular.
Nesse arquivo, as linhas representam recorte e em cada recorte tem um ou mais campos separados por vírgula
que são os valores.
80

Figura 40 – Exemplo da estrutura do arquivo CSV. Estrutura de real do arquivo (cima) e estrutura
estilizada por editor gráfico de planilhas (baixo).

Fonte: Autores.

Quando o usuário interage com o KProtec, selecionando uma curva de elo


fusível, a aplicação irá buscar nas tabelas os dados necessários para realizar a
plotagem. Em seguida, as informações são tratadas e transformadas e dois vetores
(I, t) que servirão de entrada para o componente gráfico. A Figura 41 mostra um
diagrama dessa interação.

Figura 41 – Processo de tratamento dos dados usados para os elos fusíveis na aplicação.

Fonte: Autores.

Curvas de religadores e relés de sobrecorrente: As curvas dos relés e


religadores foram implementadas através da equação de tempo de atuação
característica destes dispositivos de proteção, equação (2). Tanto o relé como o
81

religador usam a mesma equação característica, a diferença é que o religador


possui alguns parâmetros adicionais implementados nos componentes equivalentes
a esses dispositivos.
De acordo com a seleção do usuário, o software gera os dados necessários
para a plotagem das curvas desses dispositivos através de uma função dedicada
em sua programação interna.
A aplicação realiza internamente os procedimentos para a criação dos dados.
Primeiramente, o usuário irá interagir com os componentes, religador ou relé,
através da aplicação e como resposta internamente a aplicação irá calcular um vetor
de referência para o eixo das correntes. Com o vetor de referência em mãos, a
aplicação continua com o cálculo de todos os pontos de tempo para a faixa de
corrente do vetor de referência (de 0.1 A até 10 kA, por exemplo). Finalmente, a
aplicação disponibiliza para o componente gráfico os vetores (X, Y) = (I, T) para a
realização da plotagem do coordenograma. Esse processo está descrito na Figura
42.

Figura 42 – Processo de criação dos vetores corrente x tempo.

Fonte: Autores.

3.2.4 Testes

Há diversos testes para a validação de um software, eles podem ser testes


estruturais, testes de usabilidade, testes funcionais, testes não-funcionais e testes
de regressão, etc.
Durante o processo de desenvolvimento do software KProtec, a cada
iteração, os testes realizados foram o teste funcional e o teste de usabilidade. No
teste funcional buscou-se verificar se as funcionalidades desempenhadas pelo
82

software condizem com os requisitos que foram estabelecidos, de acordo com os


estudos de seletividade e coordenação. Ou seja, o intuito foi analisar se o KProtec
realiza esses estudos de forma adequada. Já o teste de usabilidade diz respeito à
facilidade em manusear o programa, se o estudo utilizando esta ferramenta é
intuitivo e dinâmico. Basicamente, estes dois testes foram realizados pelos
idealizadores do software, interagindo com o programa e observando se tudo está
de acordo com o esperado.
A cada ciclo de desenvolvimento, foram feitos testes buscando avaliar,
principalmente, a plotagem dos coordenogramas gerados pelo software e
comparando-os com as curvas de atuação dos dispositivos encontrados nos sites
dos fabricantes.
83

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 VISÃO GERAL DO SOFTWARE KPROTEC

Os resultados obtidos através da realização deste trabalho são apresentados


a seguir. Primeiro, é exposta uma visão geral do software KProtec. Em seguida são
apresentados resultados a partir da utilização do programa utilizando como exemplo
os casos de estudo de seletividade entre elos fusíveis e coordenação entre religador
e elo fusível, além de algumas análises que podem ser feitas nestes cenários de
estudo.
Com o KProtec, o usuário tem uma ferramenta que o auxilia na compreensão
de estudos de seletividade e coordenação dos equipamentos de proteção dos
sistemas de distribuição através da análise gráfica dos coordenogramas gerados ao
fim de casos de estudo específicos.
Para se ter acesso ao programa, basta acessar o endereço eletrônico
https://kprotec.web.app/ em qualquer navegador web com acesso à internet (para
esta demonstração de resultados foi utilizada uma guia anônima do navegador
Google Chrome). Uma vez aberto, o usuário se depara com a tela inicial do projeto,
na qual são apresentadas informações como seu resumo e dados de seus
idealizadores, conforme ilustrado na Figura 43, a seguir.
Além de informações a respeito do projeto, a tela inicial de apresentação
também traz as abas nas quais o usuário pode navegar na aplicação (barra no canto
superior esquerdo), que são apresentadas a seguir:
Home – A aba “Home” é onde o software inicialmente chega ao abrir seu
endereço eletrônico. Em qualquer etapa do estudo o usuário tem acesso à tela
inicial, clicando na guia Home;
Estudo – Já a aba “Estudo” é onde o usuário encontra as opções de estudo
do software. A partir dela, pode ser selecionado o arranjo de dispositivos que se
deseja;
Coordenogramas – Por fim, a aba “Coordenogramas” é o local onde o
usuário pode visualizar os coordenogramas de proteção ao finalizar o estudo.
Na barra superior encontra-se, ainda, o botão “Manual”. Através dele podem
ser acessados dois manuais, um de utilização do programa e um manual para
84

ajudar no processo de estudo, que explora os critérios de dimensionamento,


seletividade e coordenação.

Figura 43 – Tela inicial do KProtec.

Fonte: Autores.
85

Após abrir a tela inicial do projeto, o usuário pode começar a utilizar o


programa pela aba “Estudo”, clicando nesta opção na tela inicial. A tela que surge
é apresentada na Figura 44.

Figura 44 – Tela da aba “Estudo” do KProtec.

Fonte: Autores.

Nesta página estão disponíveis os cenários de estudo de seletividade e


coordenação. Estes cenários são os arranjos de dispositivos nas situações que mais
ocorrem nas redes de distribuição de energia elétrica. Por exemplo, o cenário de
estudo de “Seletividade Elo Fusível x Elo Fusível” ocorre quando um elo fusível
protege o início de um ramal e o outro elo é responsável pela proteção de um
transformador de distribuição.
Uma vez selecionado o cenário, em seguida o usuário deve determinar os
parâmetros dos equipamentos envolvidos em cada caso de estudo particular, para
posteriormente serem gerados os coordenogramas de proteção.
Para cada caso tem-se ajustes e parâmetros característicos de cada
dispositivo e questões de seletividade e coordenação específicas. O processo de
estudo é intuitivo e o usuário deve inserir no programa as informações para que
sejam gerados os coordenogramas. Para fins de demonstração de como se utiliza
o programa, será apresentado como podem ser feitos o estudo e a análise de
seletividade e coordenação para os casos de estudo de seletividade entre elos
fusíveis e de coordenação entre religador e elo fusível.
O estudo dos outros dois casos de estudo disponíveis no KProtec é feito de
modo semelhante, visto que o relé opera da mesma maneira que o religador, porém,
sem a função de religamento, o que implica que o relé tem apenas uma curva
temporizada de atuação e não se usa o fator multiplicativo k. Com exceção a estes
86

ajustes e dos critérios de ajuste das curvas, o estudo é semelhante. Com isso, para
a demonstração dos resultados não ser redundante, optou-se por descrever apenas
os dois casos de estudo acima citados.

4.2 ESTUDO DE SELETIVIDADE ENTRE ELOS FUSÍVEIS

Ao clicar sobre a opção de “Seletividade Elo Fusível X Elo Fusível” o usuário


se depara com a tela apresentada na Figura 45.

Figura 45 – Tela do KProtec justificando a importância do estudo de seletividade entre elos.

Fonte: Autores.

Primeiramente, é feita, através de uma janela pop-up, uma justificativa da


relevância do estudo de seletividade entre elos fusíveis nos sistemas de distribuição
(para todos os casos, antes de ter acesso à tela da topologia, é feita uma justificativa
através deste tipo de janela sobre a relevância de se estudar determinado arranjo
de dispositivos).
Clicando em “Fechar” ou pressionando a tecla “Esc” em seu teclado, o
usuário tem, então, a tela de estudo deste caso apresentada na Figura 46.
Nesta tela, pode-se destacar as seguintes guias secundárias:
Zona de seletividade: é o intervalo de valores de corrente de curto-circuito
de maior interesse para a análise. Esse intervalo depende do caso em estudo. Por
exemplo, quando se trata da análise para a proteção das fases através de relés de
87

sobrecorrente, esta faixa vai do menor valor de curto-circuito bifásico ao maior valor
de curto-circuito trifásico na zona de proteção do relé.

Figura 46 – Tela inicial do estudo de seletividade entre elos.

Fonte: Autores.

Quando se analisa a proteção de neutro, utiliza-se o menor e o maior valor


de curtos-circuitos monofásicos. Já em estudos envolvendo elos fusíveis, a região
de seletividade vai do menor valor de curto-circuito monofásico ao maior valor de
curto-circuito trifásico. Esses valores devem ser informados ao programa para que
ele dê destaque a esta região no momento da plotagem do coordenograma.
Dispositivos Selecionados: Conforme o usuário vai escolhendo os
dispositivos e determinando seus parâmetros, eles ficam salvos nesta guia
secundária.
Topologia: A topologia para o estudo de seletividade entre elos fusíveis,
assim como todas as demais topologias para os outros casos de estudo, foi criada
a partir de adaptações realizadas em topologias típicas encontradas na literatura
que trata de proteção de sistemas elétricos de distribuição. O intuito foi facilitar ao
máximo o entendimento de conceitos relacionados à seletividade e coordenação.
Para o atual caso de estudo, o sistema tem uma subestação 13.8 kV, de onde
sai um alimentador protegido por um dispositivo de proteção qualquer (que para
esta situação de estudo não tem relevância) e, deste, deriva um ramal que é
88

protegido por um elo fusível. Há, ainda, uma ramificação que tem seu início
protegido por outro elo fusível e em seu fim há um transformador de 75 kVA e uma
carga qualquer de 140 kVA, ambos protegidos por elos fusíveis. Também, há
diversas cargas, alimentadores e derivações no sistema (que, também, para este
caso de estudo não tem relevância). Como indica a legenda junto à topologia, os
valores nos quadros são as correntes de curto-circuito trifásico, bifásico e
monofásico, respectivamente.
Pré-visualização do coordenograma: O usuário pode alternar entre a
topologia e a pré-visualização das curvas dos equipamentos de proteção. Além
disso, ele pode modificar os dispositivos e seus parâmetros e verificar o efeito
imediato dessas mudanças no coordenograma.
Nome do estudo: Aqui o usuário pode nomear o estudo que está realizando.
Descrição: Nesta guia o usuário pode realizar uma breve descrição do
estudo.
Finalizar Estudo: Este botão serve para que o usuário, após concluir o
estudo, possa finalizá-lo e, então, seguir para a aba coordenogramas para visualizá-
lo com maiores detalhes.
O usuário deve dimensionar e informar ao programa qual elo fusível ele julga
mais adequado a cada ponto do sistema. Para isso, ele deve clicar sobre cada ponto
numerado. Ao clicar em cada ponto onde está alocado um elo, ele deve informar o
tipo do elo que ele escolheu para ser alocado naquele ponto e sua corrente nominal,
conforme ilustram a Figura 47 e a Figura 48, a seguir.
A fim de exemplificar como pode ser feito o estudo para este sistema, será
demonstrada a análise para os elos dos pontos 1 e 3. Esta análise pode ser feita
para quaisquer outros dispositivos do sistema.
Em estudos de seletividade e coordenação de dispositivos de proteção, a
análise deve ser feita de modo que os dispositivos sejam combinados dois a dois,
levando em conta os conceitos de dispositivo protetor e dispositivo protegido.
Neste caso, o elo no ponto 1 é o dispositivo protetor e o elo do ponto 3 é o
dispositivo protegido. A região de seletividade vai do menor valor de curto-circuito
monofásico ao maior valor de curto-circuito trifásico na região do elo fusível protetor
(elo alocado no ponto 1).
89

Figura 47 – Tela de seleção do tipo de elo fusível.

Fonte: Autores.

Figura 48 – Tela de seleção da corrente nominal do elo fusível.

Fonte: Autores.

Observando-se a topologia de estudo apresentada na Figura 46, verifica-se


que esta região vai de 35 A – 270 A, pois para quaisquer valores de curtos-circuitos
nesta região o elo alocado no ponto 1 deve ser a proteção principal e o elo alocado
no ponto 3 deve ser a proteção de retaguarda. Para informar ao programa, basta
90

inserir esses valores na guia secundária “Zona de Seletividade”, conforme é


destacado na Figura 49.

Figura 49 – Dados da zona de seletividade.

Fonte: Autores.

No ponto 1, para dimensionar o elo fusível que irá proteger o transformador


de 75 kVA do sistema, o usuário deve recorrer diretamente às tabelas fornecidas
pelos fabricantes. Elas relacionam, de maneira simples, o elo que deve ser utilizado
de acordo com a potência nominal do transformador.
A qualquer momento durante a utilização do programa, é possível clicar sobre
o botão “Manual” e ter acesso a essa tabela e a todos os demais critérios de
dimensionamento, seletividade e coordenação de todos os casos de estudo
disponíveis no programa, conforme destaca a Figura 50.
91

Figura 50 – Manual de ajuda ao usuário: elos utilizados em transformadores.

Fonte: Autores.

Para informar ao programa que no ponto 1 deve-se alocar um elo tipo H, com
5 A de corrente nominal (5H), o usuário deve clicar sobre este ponto e selecioná-lo
dentre as opções, conforme ilustra a Figura 51.

Figura 51 – Tela de seleção de um elo tipo H com corrente nominal 5 A.

Fonte: Autores.

Em seguida o usuário deve clicar sobre o botão “Salvar” para informar a


escolha do dispositivo de proteção e de sua corrente nominal, o software retorna à
tela de estudo, como ilustra a Figura 52.
92

Figura 52 – Tela inicial após a escolha do elo 5H para o ponto 1.

Fonte: Autores.

Destaca-se o fato de o programa registrar o dispositivo que foi escolhido,


destacando o ponto onde ele se encontra, seu tipo e corrente nominal.
Em seguida, deve-se dimensionar o elo do ponto 3. Novamente, o usuário
pode acessar o manual de ajuda e consultar quais critérios são usados no
dimensionamento e seletividade dos elos, conforme ilustra a Figura 53.

Figura 53 – Manual de ajuda: critérios de dimensionamento de elos de ramais.

Fonte: Autores.
93

Por estes critérios tem-se que, primeiramente, é preciso que o elo alocado
em determinado ponto do sistema tenha corrente nominal igual ou superior a 150%
da corrente de carga máxima no ponto de instalação da chave fusível, ou seja:

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 ≥ 1,5 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 (18)

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂−𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 3 ≥ 1,5 × 12 (19)

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂−𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 3 ≥ 18 𝐴 (20)

Portanto, o primeiro critério impõe que a corrente nominal do elo fusível deve
ser maior ou igual a 18 A. Recorrendo à tabela com as correntes nominais dos elos
fusíveis presente no manual de ajuda, verifica-se que os elos “candidatos” a serem
utilizados são 20K, 25K, 30K, 40K,50K, ..., 240K, conforme ilustra a Figura 54.

Figura 54 – Manual de ajuda: elos possíveis de serem utilizados no ponto 3.

Fonte: Autores.

Em seguida, o segundo critério deve assegurar que capacidade nominal do


elo fusível deverá ser, no máximo, um quarto (1/4) da corrente de curto-circuito fase
terra mínimo no fim do trecho protegido por ele. Ou seja:
94

1
𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 ≤ × 𝐼𝐶𝐶 1∅ 𝑀Í𝑁 𝐹𝐼𝑀 𝐷𝑂 𝑇𝑅𝐸𝐶𝐻𝑂 (21)
4

1
𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂−𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 3 ≤ × 180 (22)
4

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂−𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 3 ≤ 45 𝐴 (23)

Portanto, o segundo critério impõe que o elo fusível que deve ser utilizado no
ponto 3 deve ter corrente nominal menor que 45 A. Deste modo, os elos que podem
ser utilizados ficam restritos a 20K, 25K, 30K e 40K. Sabendo disto, agora o usuário
deve, com o auxílio do KProtec, analisar qual destes elos é seletivo como elo 5H,
que é o elo que deve ser usado no ponto 1.
Levando em conta que, geralmente, em situações práticas, escolhe-se o elo
com o menor valor nominal de corrente devido ao seu menor custo. Logo, o usuário
deve começar pelo elo 20K. Para informar ao programa a escolha por este elo, o
usuário deve seguir o mesmo processo usado na escolha do elo 5H, conforme
ilustra a Figura 55.

Figura 55 – Tela de seleção do elo tipo K com 20 A de corrente nominal.

Fonte: Autores.

Vale destacar que o software já identifica que o elo alocado no ponto 3 é o


dispositivo protegido em relação ao elo do ponto 1 e já plota sua curva de 75% de
95

tempo de fusão, a fim de avaliar o critério de seletividade com o elo protetor, como
pode ser destacado na Figura 56.

Figura 56 – Destaque da seleção dos elos fusíveis.

Fonte: Autores.

Em seguida, o usuário pode verificar como ficou o coordenograma dos elos


escolhidos clicando sobre a guia “Pré-visualização de coordenograma”. Para estes
dois elos temos o coordenograma apresentado na Figura 57.

Figura 57 – Coordenograma dos elos 5H e 20K.

Fonte: Autores.
96

O usuário pode interagir com o coordenograma, selecionando


individualmente os pontos disponíveis nas curvas, usando o “zoom” e o botão “PAM”
para movimentar o gráfico. Além disso, pode salvar o coordenograma em formato
“png”.
A área destacada em verde é a região de seletividade do sistema. As curvas
em laranja são, de baixo para cima, as de fusão e interrupção do elo 20K,
respectivamente. A curva pontilhada em verde corresponde a 75% do tempo de
fusão do elo 20K (já que este é o elo protegido). Já a curva em azul é a curva de
interrupção do elo 5H.
Para todos os valores de correntes de curto-circuito nessa região o elo 5H irá
atuar antes do elo 20K. Em uma eventual falha de atuação do elo 5H, o elo 20K
está pronto para realizar a proteção de retaguarda em toda região.
O software KProtec já traça automaticamente a curva com os 75% do tempo
de fusão do elo protegido para observar se o critério de seletividade entre elos
fusíveis é ou não satisfeito.
Pode-se observar que os elos escolhidos são seletivos para toda região de
proteção de interesse. Ou seja, para todos os valores de curto-circuito que podem
acontecer na região de proteção do elo 5H, o elo 20K só irá atuar caso o 5H não
atue. Da Figura 57, pode-se observar, também, que os dois elos dimensionados
obedecem ao critério de que o tempo máximo de interrupção do elo fusível protetor
seja no máximo 75% do tempo mínimo de fusão do elo protegido, em toda a faixa
de seletividade.
Ainda, pode-se analisar outros aspectos com o programa. Como por
exemplo, verificar se a curva de atuação do elo 5H obedece aos critérios impostos
a elos de transformadores. Para realizar essa análise o usuário pode clicar sobre a
legenda de determinada curva para que ela seja ocultada, a fim de facilitar a análise
de outra curva. Clicando uma vez sobre a legenda das curvas do elo 20K e dos 75%
de seu tempo de fusão, elas são ocultadas do gráfico e pode-se então analisar
apenas a curva do elo 5H, separadamente.
Para os elos dos transformadores, a fim de avaliar sua seletividade, dois
critérios são usados com maior frequência, são eles:
a) O elo que protege um transformador deve suportar continuamente, sem
fundir, a sobrecarga permissível ao transformador. Para transformadores de
97

distribuição, admite-se uma sobrecarga de pelo menos duas vezes a sua carga
nominal.
A corrente nominal do transformador de 75 kVA que o elo 5H protege é de
3,14 A e a sobrecarga mínima a ser tolerada continuamente é de até cerca de 6,28
A. A Figura 58 mostra que o elo 5H admite uma sobrecarga máxima contínua de
até 7,4 A, obedecendo ao critério estabelecido.
b) O elo que protege um transformador não deve fundir para a corrente
transitória de energização do transformador, estimada em 8 a 12 vezes a sua
corrente nominal. Considera-se este transitório com duração em torno de 0,1
segundos.
O elo 5H não deve fundir para a corrente de magnetização do transformador,
que, neste caso, é estimada entre 25,12 A – 37,68 A. A Figura 59 mostra que este
elo funde para o tempo transitório de energização de 0,1 segundos apenas para
uma corrente de cerca de 88,16 A, obedecendo assim ao critério estabelecido.

Figura 58 – Valor limite de sobrecarga contínua que o elo 5H suporta.

Fonte: Autores.
98

Figura 59 – Valor limite de corrente transitória que o elo 5H suporta sem fundir.

Fonte: Autores.

Além da opção de pré-visualização do coordenograma, o usuário também


pode clicar sobre o botão “Finalizar Estudo” e, em seguida, acessar a guia
“Coordenogramas” e obter um resumo do estudo realizado, com informações como
o nome que ele designou, uma breve descrição, os dispositivos que foram
selecionados e a data em que ele foi finalizado, conforme pode-se observar na
Figura 60.

Figura 60 – Tela de resumo de estudo.

Fonte: Autores.

O usuário pode realizar o estudo de seletividade para todo o sistema,


combinando os dispositivos de acordo com o conceito de elo protegido e elo protetor
e verificar se eles são seletivos dentro de determinada região de interesse. Portanto,
dimensionando os elos que ele julga adequado para cada ponto da topologia, o
99

KProtec pode ser usado como ferramenta de auxílio à avaliação de diversos critérios
relacionados, neste caso específico, à seletividade de elos fusíveis.

4.3 ESTUDO DE COORDENAÇÃO RELIGADOR X ELO FUSÍVEL

Agora, tratando sobre o estudo de coordenação entre religador e elo fusível,


pode ser feita a análise da seguinte forma utilizando o KProtec:
Para iniciar o estudo, deve-se clicar sobre a opção de “Coordenação
Religador x Elo Fusível”. O usuário se depara com a tela apresentada na Figura 61,
a seguir. Onde é feita uma justificativa da importância do estudo da coordenação
entre religador e elo fusível nos sistemas de distribuição.

Figura 61 – Tela do KProtec com a justificativa da importância do estudo de coordenação entre


religador e elo fusível.

Fonte: Autores.

O usuário deve clicar sobre a opção “Fechar” ou pressionar a tecla “Esc” em


seu teclado para prosseguir. A topologia e as opções de ajuste para este estudo
são apresentadas na Figura 62, adiante.
Nesta tela, merecem destaque as seguintes guias:
Zona de Coordenação: basicamente, é o mesmo intervalo de valores de
corrente de curto-circuito de interesse de estudo do caso anterior.
100

Dispositivos Selecionados: Conforme o usuário vai escolhendo os


dispositivos e determinando seus parâmetros, eles ficam salvos nesta área da tela.
Neste caso de estudo, já há um dispositivo previamente estabelecido, que é o
religador. E são feitos os ajustes separadamente para a curva rápida e a curva lenta.
Parâmetros do Religador A: é onde o usuário vai poder realizar os ajustes
nas curvas rápida e lenta do religador. Nesta aba o usuário pode editar os seguintes
parâmetros:
• Selecione o tipo de curva: o tipo de curva pode ser Normalmente Inversa
(NI), Muito Inversa (MI) e Extremamente Inversa (EI).
• Is: é a corrente de partida ou de pick-up do religador. É a corrente a partir da
qual ele inicia sua operação.

Figura 62 – Tela inicial de estudos de coordenação entre religador e elo.

Fonte: Autores.
101

• TMS: os valores numéricos atribuídos a TMS fazem as curvas se deslocarem


ao longo do eixo dos tempos. Estes valores geralmente variam de 0,01 a 1, com
passo de 0,01. Este fator também é conhecido como Dial de tempo, pois altera o
tempo de atuação do religador para um mesmo valor de corrente.
• Número de operações rápidas: representa o número de operações rápidas
que o religador irá realizar. O número de operações rápidas é levado em
consideração, pois influencia no fator k, que, para este caso de estudo, multiplica a
curva rápida do religador em 1,2 para uma operação rápida e 1,5 para duas
operações rápidas. O uso deste fator k é necessário para considerar a elevação da
temperatura do elo fusível durante os intervalos de tempos de abertura rápida do
religador.
Topologia: A topologia de estudo de coordenação entre religador e elo
fusível tem uma subestação 13.8 kV, de onde saem diversos alimentadores, onde
o de interesse para estudo tem seu início protegido por um religador e um ramal
que é protegido por um elo fusível.
As demais guias têm a mesma utilidade do caso de estudo anterior e para
todos os demais casos.
O estudo envolvendo religadores (e relés) deve ser feito tanto para fase
(envolvendo as correntes de curto-circuito bifásico e trifásico) quanto para o neutro
(envolvendo as correntes de curto-circuito monofásico).
O usuário deve dimensionar e informar ao programa qual elo fusível ele julga
adequado para o ponto 1 do sistema, assim como ele fez no caso de estudo de
seletividade entre elos, e os ajustes do religador de modo que ele coordene com o
elo escolhido.
Para os ajustes do religador, o usuário deve clicar sobre as caixas com as
opções disponíveis na guia secundária “Parâmetros do religador A” e ajustar
conforme seus conhecimentos. Em seguida, ele deve verificar o coordenograma
gerado e, caso necessário, pode realizar ajustes nos parâmetros e visualizar o
impacto que essa mudança tem nas curvas de atuação do religador.
Para exemplificar, será feita a análise para a proteção das fases do sistema.
Pode-se começar identificando qual a área de interesse para a coordenação.
Observando a topologia, a análise deve ser feita para a região de proteção
onde o elo fusível é a proteção principal e o religador é a proteção de retaguarda.
Portanto, como este estudo envolve um religador e está sendo feita a análise para
102

a proteção de fases, a região de coordenação vai do menor valor de curto-circuito


bifásico até o maior valor de curto-circuito trifásico, ou seja, 186 A – 400 A. Deve-
se informar estes valores ao programa, conforme ilustra a Figura 63, a seguir.
Em seguida, deve-se dimensionar o elo fusível de acordo com os dois
critérios já apresentados. Ou seja,

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 ≥ 1,5 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 (24)

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 1 ≥ 1,5 × 14 (25)

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 1 ≥ 21 𝐴 (26)

Figura 63 – Dados da zona de coordenação.

Fonte: Autores.

Logo, o primeiro critério impõe que a corrente nominal do elo fusível que deve
proteger o ponto 1 deve ser maior ou igual a 21 A. Recorrendo à tabela com as
correntes nominais dos elos fusíveis, verifica-se que os possíveis elos a serem
utilizados são 25K, 30K, 40K, 50K, ... , 240K, conforme ilustra a Figura 64.
Depois, de acordo com o segundo critério, tem-se que a capacidade nominal
do elo fusível deverá ser, no máximo, um quarto (1/4) da corrente de curto-circuito
fase terra mínimo no fim do trecho protegido por ele. Ou seja:
103

1
𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂 ≤ × 𝐼𝐶𝐶 1∅ 𝑀Í𝑁 𝐹𝐼𝑀 𝐷𝑂 𝑇𝑅𝐸𝐶𝐻𝑂 (27)
4

1
𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂−𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 1 ≤ × 120 (28)
4

𝐼𝑁𝑂𝑀𝐼𝑁𝐴𝐿 𝐷𝑂 𝐸𝐿𝑂−𝑃𝑂𝑁𝑇𝑂 1 ≤ 30 𝐴 (29)

Portanto, o segundo critério impõe que o elo fusível que deve ser utilizado no
ponto 1 deve ter corrente nominal menor ou igual a 30 A. Deste modo, os elos que
podem ser usados ficam restritos ao 25K e ao 30K. Opta-se, inicialmente, pelo elo
25K.

Figura 64 – Elos fusíveis possíveis de serem utilizados de acordo com o primeiro critério.

Fonte: Autores.

Partindo para o dimensionamento e os ajustes do religador, é possível


realizar quatro ajustes nas curvas de atuação dos religadores através do KProtec,
são eles:
• Quantidade de operações rápidas (uma ou duas – o que implica no fator
multiplicativo k);
• Tipo de curva (NI, MI, EI)
• TMS (de 0,01 a 1, com passo de 0,01)
104

• Is (Corrente de partida, corrente de pick-up ou corrente mínima de atuação)


Este último é determinado por critérios que são obtidos através de
inequações semelhantes aos critérios dos elos fusíveis, os demais são ajustados
com base nos critérios de coordenação, de acordo com a visualização gráfica.
Para determinar a corrente de partida do religador (Is) para a proteção de
fases, leva-se em consideração dois critérios:
O primeiro estabelece que essa corrente mínima de atuação deve levar em
consideração o crescimento da carga nesse alimentador. Ou seja:

𝐼𝑀Í𝑁𝐼𝑀𝐴 𝐷𝐸 𝐴𝑇𝑈𝐴ÇÃ𝑂 51𝐹 ≥ 𝐹𝐶 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 𝑀Á𝑋 (30)

Esse fator de crescimento de carga geralmente é igual a 1,3, pois leva em


conta uma taxa de crescimento de carga de 10% ao ano com um horizonte de
estudos de 3 anos. Portanto, para este caso de estudo, a corrente mínima de
atuação do religador deve ser:

IMÍNIMA DE ATUAÇÃO 51F ≥ 1,3 × 30 (31)

IMÍNIMA DE ATUAÇÃO 51F ≥ 39 A (32)

Pelo primeiro critério, portanto, a corrente de partida deve ser maior ou igual
a 39 A.
Já o segundo critério diz que essa corrente deve ser menor ou igual ao menor
valor de corrente de curto-circuito envolvendo as fases no fim do trecho que deve
ser protegido pelo religador, ou seja, o menor curto-circuito bifásico. Portanto:

IMÍNIMA DE ATUAÇÃO 51F ≤ ICC 2Φ NO FIM DO TRECHO (33)

IMÍNIMA DE ATUAÇÃO 51F ≤ 186 𝐴 (34)

Assim, tem-se a corrente de partida deste religador, para proteção de fases,


pode ser qualquer valor entre 39 A e 186 A.
Determinada a faixa de valores que podem ser definidos como corrente de
partida do religador, agora deve-se seguir para as questões relacionadas à
coordenação entre religador e elo.
105

Os critérios referentes à coordenação entre estes dispositivos podem ser


consultados através do manual de ajuda. O primeiro critério de coordenação
estabelece que, para todos os valores de defeitos possíveis no trecho do circuito
protegido pelo elo fusível, o tempo de interrupção do elo fusível deve ser menor que
o tempo mínimo de abertura do religador na curva retardada (lenta ou temporizada).
Ou seja:

𝑇𝐼𝑁𝑇𝐸𝑅𝑅𝑈𝑃ÇÃ𝑂 𝐸𝐿𝑂 < 𝑇𝐴𝐵𝐸𝑅𝑇𝑈𝑅𝐴 𝑁𝐴 𝑂𝑃𝐸𝑅𝐴ÇÃ𝑂 𝐿𝐸𝑁𝑇𝐴 (35)

Além disso, o segundo critério estabelece que para todos os valores de curto-
circuito possíveis no trecho do circuito protegido pelo elo fusível, o tempo mínimo
de fusão do elo deve ser maior do que o tempo de abertura do religador na curva
rápida multiplicada pelo fator k.

𝑇𝐹𝑈𝑆Ã𝑂 𝐸𝐿𝑂 > 𝑘 𝑥 𝑇𝐴𝐵𝐸𝑅𝑇𝑈𝑅𝐴 𝑁𝐴 𝑂𝑃𝐸𝑅𝐴ÇÃ𝑂 𝑅Á𝑃𝐼𝐷𝐴 (36)

O programa já leva em consideração o fator multiplicativo k quando o usuário


escolhe o número de operações rápidas em 1 ou 2, deslocando a curva 1,2 ou 1,5
vezes para cima, respectivamente.
A seguir será feita uma demonstração de como pode ser feita a análise de
coordenação e o impacto que a alteração dos ajustes do religador têm no
coordenograma.
Para uma análise inicial, define-se Is = 40 A, escolhe-se o tipo de curva NI
(Normalmente Inversa) para as curvas rápidas e lentas. Define-se, também, duas
operações rápidas (k=1,5). Além disso, como a curva rápida deve ficar abaixo da
curva de fusão do elo, escolhe-se o menor valor de TMS possível, que é 0,01. Já
para a curva lenta, como ela deve ficar acima (na retaguarda) da curva de
interrupção do elo, arbitra-se um TMS de 0,07 para uma primeira verificação,
juntamente com a escolha do elo 25K.
Uma boa estratégia para se avaliar a coordenação entre o religador e o elo
fusível no software KProtec é alternar entre a guia que apresenta a topologia e a
guia “Pré-visualização de coordenograma”. Isto, com o intuito de melhor visualizar
o impacto que a mudança de cada parâmetro tem na curva do religador e poder
ajustá-los até que se atenda aos critérios de coordenação.
106

Clicando-se sobre a guia de “Pré-visualização do coordenograma”, temos o


coordenograma apresentado na Figura 65, a seguir.
Com as escolhas iniciais para os parâmetros que regem as curvas do
religador que foram feitas, observa-se que a coordenação ainda não está adequada
pois, dentro de uma parte da região onde deve haver coordenação, a curva lenta do
religador (curva em azul) está abaixo da curva de interrupção do elo, ou seja, a
curva lenta do religador atua antes da curva do elo.

Figura 65 – Coordenograma para uma análise preliminar do estudo.

Fonte: Autores.

Isso quer dizer que para os valores de curto-circuito onde isso ocorre, o
religador iria atuar como se fosse proteção principal e não de retaguarda, como
deveria ser. Caso a falta fosse transitória, sua curva rápida iria eliminá-la. Porém,
em caso de falta permanente, a curva lenta do religador iria causar o desligamento
de uma região bem maior do que onde ocorre a falta.
O usuário pode modificar os valores de TMS, o tipo de curva, o número de
operações rápidas e a corrente de partida e visualizar diretamente como estas
mudanças impactam no coordenograma e quando estes valores estarão de acordo
com os critérios de coordenação. Para melhor visualização do efeito que cada
modificação de parâmetro tem no coordenograma, será demonstrado como pode
ser feito o ajuste de um parâmetro por vez.
107

A curva rápida do religador está coordenada com o elo fusível 25K, pois está
de acordo com a equação (36), ou seja, para toda a região de coordenação ela irá
atuar antes do elo.
Apenas para efeito de visualização, será feita uma comparação analisando a
curva rápida do religador com uma operação rápida (k=1,2) e duas operações
rápidas (k=1,5), conforme ilustra a Figura 66. Para enfatizar o deslocamento em
relação ao eixo do tempo que a curva tem com a modificação de k, são comparados
os tempos de atuação para a corrente de 289,3 A, que para k=1,5 atua em 0,052
segundos e para k=1,2 atua em 0,041 segundos.

Figura 66 – Comparação entre os valores do fator k.

Fonte: Autores.

Para visualizar os efeitos que TMS tem na curva rápida, modifica-se este
parâmetro de 0,01 para 0,05, mantendo os demais ajustes os mesmos, conforme
ilustra a Figura 67, a seguir.
Observa-se que, quando o usuário aumenta o valor de TMS, a curva desloca-
se para cima. Cabe ao usuário ajustar e verificar qual o valor de TMS satisfaz o
critério de coordenação dos dispositivos.
Neste exemplo, aumentando-se TMS de 0,01 para 0,05 faz com que se perca
coordenação. Pois no primeiro caso, para toda região de coordenação, a curva
108

rápida do religador multiplicada pelo fator k atua antes que a curva de fusão do elo,
conforme equação (36). Já no segundo, para quase toda a região onde deve haver
coordenação, o elo atua antes do religador, não permitindo, assim, que ele tente
verificar se a falta é transitória ou permanente e tente saná-la. Portanto, TMS igual
0,01 pode ser escolhido para o religador, pois coordena com o elo 25K para toda a
região de interesse.

Figura 67 – Comparação de TMS igual a 0,01 e 0,05.

Fonte: Autores.

Modificando, agora, os tipos de curva, tem-se uma comparação entre os três


tipos possíveis mantendo-se os demais parâmetros já ajustados em seus mesmos
valores. Isto é ilustrado na Figura 68. Onde observa-se que modificar o tipo de curva
influencia na inclinação da mesma.
A curva NI é a que tem menor inclinação menos acentuada e quando é
escolhida diminui a região de coordenação com o elo 25K. Já a curva MI tem
inclinação média entre as três e aumenta a região de coordenação entre os
dispositivos, possibilitando que seja escolhido um TMS maior a depender da
109

necessidade do projeto. Por fim, a EI é a que tem inclinação mais acentuada e a


que mais dá margem para a região de coordenação. A escolha por uma ou outra é
feita de acordo com o outro dispositivo que se está estudando a coordenação.
Geralmente, se escolhem curvas do mesmo tipo para ambas as curvas do religador.

Figura 68 – Comparação entre os tipos de curva.

Fonte: Autores.
110

Agora modificando a corrente de partida, que pode ser qualquer valor entre
39 A e 186 A, temos a Figura 69, a seguir. Alterando esta corrente de 40 A para 120
A observa-se que quanto maior este valor, mais a curva se desloca à direita. Além
disso, para valores de corrente de partida próximos ao valor do menor valor de curto-
circuito bifásico, a coordenação fica prejudicada com um TMS de 0,01, sendo que
devem ser testadas combinações de TMS e correntes de partida que satisfaçam os
critérios de coordenação.

Figura 69 – Comparação modificando a corrente de partida do religador.

Fonte: Autores.

Pode-se verificar como fica a coordenação com o elo 30K, pois ele também
está apto a proteger a região do elo.
Estes foram exemplos de como os ajustes dos parâmetros da curva do
religador influenciam no coordenograma e como o usuário pode interagir com o
111

KProtec. As mesmas modificações podem ser feitas para a curva lenta do religador
e as curvas dos relés, nos outros casos de estudo.
O usuário, de acordo com seus conhecimentos em dimensionamento,
seletividade e coordenação dos dispositivos de proteção, deve ajustar os
parâmetros até que se chegue a uma seletividade ou coordenação adequada, de
acordo com os critérios particulares de cada caso e com o auxílio do KProtec.
Para o atual caso de estudo, um cenário de coordenação aceitável seria onde
tem-se os seguintes parâmetros: curva rápida tipo NI, TMS = 0,01, com duas
operações rápidas (k = 1,5) e Is = 150 A e sua curva lenta tipo NI, TMS = 0,04 e Is =
150 A está coordenada com o elo 30K, pois para toda a região de coordenação o
tempo de interrupção do elo é menor que o tempo de atuação da curva lenta do
religador (equação (35)) e o tempo de fusão do elo 30K é maior que o tempo de
atuação da curva rápida do religador (equação (36)), como ilustra a Figura 70.

Figura 70 – Parâmetros para uma coordenação satisfatória do religador com o elo 30K.

Fonte: Autores.

Além de utilizar a topologia originalmente criada para cada caso de estudo,


o usuário pode e deve utilizar o programa para realizar o estudo de seletividade e/ou
coordenação de outros equipamentos e de outras redes. Bastando para isso utilizar
os valores de corrente nominal e de curto-circuito destes sistemas para o
112

dimensionamento dos equipamentos e em seguida plotar as curvas de atuação de


dos dispositivos disponíveis no KProtec.
113

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um software de


estudo de seletividade e coordenação de dispositivos de proteção. Sendo, assim,
disponibilizada uma ferramenta que auxilia na compreensão de estudos de
dimensionamento, seletividade e coordenação dos equipamentos de proteção
utilizados contra sobrecorrentes em sistemas de distribuição.
Este software foi intitulado KProtec e foi desenvolvido como uma aplicação
web, através do uso de ferramentas de código-aberto (open source) para facilitar
que sejam feitas modificações, adaptações e melhoramentos na aplicação, de
acordo com as necessidades de estudo dos sistemas de proteção de sistemas
elétricos.
Foi logrado êxito em relação ao objetivo definido e, para demonstrar a
funcionalidade do KProtec, foi apresentado como pode ser feito o estudo e a análise
dos cenários de seletividade entre elos fusíveis e coordenação entre religador e elo
fusível.
O KProtec funcionou corretamente, conforme foi apresentado através dos
dois arranjos de estudo. Possibilitando a geração dos coordenogramas e, assim,
auxiliando seus usuário na compreensão e na análise de diversos aspectos
relacionados à seletividade e coordenação dos equipamentos de proteção.
Para trabalhos futuros, melhoramentos podem ser acrescentados ao
programa, como por exemplo a inserção de novos equipamentos (como o
seccionalizador) e funções de proteção (como a função de proteção instantânea
(50) do relé de sobrecorrente), além da inclusão de cálculos de curtos-circuitos. No
KProtec, as correntes de curto-circuito foram fornecidas pela topologia
disponibilizada previamente pelo programa, porém elas poderiam ser calculadas
diretamente de dados de corrente e tensão dos consumidores na rede através de
um fluxo de potência.
A idealização deste projeto é um movimento inicial para o surgimento de
novos trabalhos que incentivem a compreensão e um aprendizado mais efetivo
dentro do contexto da proteção dos sistemas de energia elétrica. Pelo fato de ele
ter sido construído com ferramentas de fácil acesso e código aberto, espera-se que
os usuários possam modificá-lo e melhorá-lo cada vez mais, inserindo diversas
funcionalidades, topologias de estudo e arranjos de seletividade e coordenação.
114

Além da possiblidade de estender estes estudos, para, por exemplo, proteção de


sistemas de transmissão, proteção de equipamentos de geração de energia e
proteção de equipamentos elétricos específicos como motores e banco de
capacitores.
115

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