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Goiânia
2015
SUSANE CAMPOS MOTA ANGELIM
Área de Concentração:
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
Orientador:
Professor Dr. Paulo Sérgio Scalize
Goiânia
2015
Ficha catalográfica elaborada automaticamente
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação do Sibi/UFG.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida; pelo consentimento de que eu pudesse cumprir esta tarefa.
Aos meus pais, Elias e Aldenora, pelo amor, orações, doação e trabalho que
empenharam para a educação dos filhos.
Aos meus irmãos, Solange, Sandra e Sérgio, pelo carinho e torcida.
Ao Renato, que me acompanhou de perto em cada etapa deste trabalho, sempre
me dando força e motivando a não desistir; pela ajuda, especialmente nos trabalhos de campo;
À UFG, ao PPGEMA e aos meus professores, pela oportunidade de adquirir
conhecimento.
Ao meu orientador, professor Paulo Sérgio Scalize, pelo nobre gesto de dedicação
ao me orientar, mesmo após grande lapso de tempo.
À banca examinadora, pelas contribuições valiosas.
Ao amigo Eriberto, que foi meu anjo da guarda ao me impulsionar na luta pelo
direito de defender a minha dissertação.
Ao professor José Alexandre Felizola Diniz Filho, Pró-Reitor de Pós-Graduação,
pela sensibilidade ao meu pedido de defesa extemporânea, e à Câmara de Pesquisa e
Pós-Graduação, por concedê-la. Tenho a satisfação de apresentar aqui o produto do meu
trabalho e espero que ele seja de utilidade ao meio técnico e à sociedade.
À FAPEG, pela bolsa de pesquisa.
À SANEAGO, empresa de relevante papel social no estado de Goiás, onde
trabalho, pelo apoio logístico necessário para a realização da pesquisa em escala real - setores
de compras, transporte, fábrica de fibra de vidro, gerências regionais de Itumbiara e Rio
Verde e pelo apoio fundamental do laboratório de esgoto; em especial aos superintendentes
engenheiros Eli Baieta de Melo e Mário Cézar Guerino e à bióloga Maura Francisca da Silva.
À engenheira Ana Lúcia Colares Lopes Rocha, pelo apoio e incentivo à pesquisa,
colaborando inclusive na seleção da estação de estudo.
Aos meus colegas de Piracanjuba - gerente Joaquim Neto, equipe operacional da
ETA e Ricardo, operador da ETE, pela colaboração, presteza e amizade.
À Tecnobombas, em nome do seu diretor Gilberto Richard de Oliveira, por ceder
e instalar equipamento motobomba de forma tão ágil e solícita.
vi
SUMÁRIO
ABSTRACT ............................................................................................................................. xv
2 OBJETIVO...................................................................................................................... 003
E) Ensaios em escala piloto realizados por Rosario (2007) com resíduo de ETA que
utiliza sulfato de alumínio como coagulante.......................................................................... 021
F) Ensaios de laboratório realizados por Lombardi (2009) com resíduo de ETA que
utiliza cloreto férrico como coagulante.................................................................................. 022
G) Estudo em escala real realizado por Cornwell et al. (1987) com lodo de sulfato de
alumínio.................................................................................................................................. 022
H) Estudos em escala real realizados por Melo et al. (2003) e Bueno et al. (2007) com
resíduo de ETA que utiliza sulfato férrico como coagulante na ETE Franca ........................ 022
3.7 Lagoas de estabilização ................................................................................................ 023
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Lagoa de desaguamento de lodo - ETA Meia Ponte, em diferentes estágios:
a) Desaguamento; b) Lodo seco e c) Detalhe do lodo seco (Fotografias cedidas pelo engº.
Emilsom Ponciano Trevenzol). ................................................................................................ 07
Figura 3.2 - Leitos de drenagem do lodo - ETA Rio Verde, em diferentes estágios:
a) Carregamento; b) Desaguamento e c) Lodo seco (Fotografias cedidas pela Saneago). ...... 08
Figura 4.23 – Procedimento realizado para batimetria (na sequência: marcação das
seções, estaqueamento, ancoragem da corda guia, medição da altura do lodo e medição da
profundidade da lagoa)............................................................................................................. 53
Figura 4.24 - Procedimento de coleta das amostras do esgoto bruto. ...................................... 56
Figura 4.25 - Procedimento de amostragem do esgoto ao longo do comprimento das
lagoas........................................................................................................................................ 58
Figura 4.26 – Procedimento de coleta do efluente das lagoas na caixa de saída. .................... 59
Figura 4.27 - Fases de aplicação do resíduo e de monitoramento das lagoas. ......................... 60
Figura 4.28 - Coleta do lodo de fundo utilizando a draga de Eckman..................................... 62
Figura 5.22 - Sólidos sedimentáveis do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................... 95
Figura 5.23 - Comportamento de SST do afluente e efluente na Fase 2.................................. 96
Figura 5.24 - NTK do efluente .na saída das lagoas teste e de referência durante o período
de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................................................ 97
Figura 5.25 - Nitrogênio amoniacal do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................... 97
Figura 5.26 - Linhas de tendências do nitrogênio amoniacal do efluente na Fase 1................ 98
Figura 5.27 - Linhas de tendências do nitrogênio amoniacal do efluente na Fase 2................ 98
Figura 5.28 - Condutividade do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante
o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................................ 99
Figura 5.29 - Linhas de tendências da condutividade do efluente na Fase 1. ........................ 100
Figura 5.30 - Linhas de tendências da condutividade do efluente na Fase 2. ........................ 100
Figura 5.31 - Correlações entre condutividade e nitrogênio amoniacal obtidas na Fase 2. ... 101
Figura 5.32 - Fósforo total do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................................. 102
Figura 5.33 - Oxigênio dissolvido do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................. 103
Figura 5.34 - Clorofila "a" do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase. ............................................................................. 104
Figura 5.35 - E.coli do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o período
de monitoramento na 1ª e 2ª fase. .......................................................................................... 105
Figura 5.36 – Teores de alumínio detectados......................................................................... 114
Figura 5.37 – Teores de ferro detectados. .............................................................................. 114
Figura 5.38 – Teores de manganês detectados....................................................................... 115
Figura 5.39 – Curvas de níveis do lodo na lagoa de teste - antes (à esq.) e depois (à dir.),
sendo o fluxo de esgoto da lagoa na direção longitudinal e no sentido da numeração
crescente. ................................................................................................................................ 116
Figura 5.40 – Curvas de níveis do lodo na lagoa de referência - antes (à esq.) e depois (à
dir.), sendo o fluxo de esgoto da lagoa na direção longitudinal e no sentido da numeração
crescente. ................................................................................................................................ 116
Figura 5.41 – Superfície de lodo da lagoa de teste (antes), dimensões em metro.................. 117
Figura 5.42 – Superfície de lodo da lagoa de teste (depois), dimensões em metro. .............. 117
Figura 5.43 – Superfície de lodo da lagoa de referência (antes). ........................................... 118
Figura 5.44 – Superfície de lodo da lagoa de referência (depois).......................................... 118
xii
LISTA DE TABELAS
RESUMO
A realidade brasileira atual é de que a grande maioria dos resíduos de ETA são
lançados diretamente em cursos d'água, com impactos negativos sobre a qualidade das águas,
biota aquática e sedimentos, podendo também representar riscos à saúde humana. O trabalho
apresenta um estudo em escala real da disposição do resíduo do decantador da ETA do tipo
convencional (ou de ciclo completo) da cidade de Piracanjuba-GO, cujo coagulante utilizado
é o sulfato de alumínio, na lagoa facultativa primária da ETE Piracanjuba, visando contribuir
como alternativa adequada para a gestão dos resíduos sólidos de sistemas de saneamento. O
trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da disposição do resíduo no desempenho da
lagoa quanto à qualidade do efluente líquido e ao volume do lodo de fundo acumulado.
Trabalhou-se com duas lagoas idênticas em paralelo, uma de teste, onde foi aplicado o
resíduo, e outra de referência, sem aplicação, para servir de comparação dos resultados. O
estudo foi realizado em duas fases de aplicação do resíduo e monitoramento das lagoas, com
dosagem de 37 mgSTresíduo (bs)/Lesgoto na Fase 1 e 44 mgSTresíduo (bs)/Lesgoto na Fase 2,
totalizando 125 dias de aplicação e 191 dias de monitoramento. Foram avaliados diversos
parâmetros físico-químicos do efluente, tais como DBO, SST, Namoniacal, fósforo total, E.coli,
metais, dentre outros. Os volumes de lodo nas lagoas foram obtidos a partir de levantamento
batimétrico com uso de medidor de óptico de lodo (Sludge Gun) e calculados por modelagem
matemática pelo programa Surfer 8.0. A adição do resíduo de ETA não prejudicou o
desempenho da lagoa facultativa de teste, com discreta redução de DBO e Namoniacal. Não foi
possível apontar nenhuma influência do resíduo de ETA sobre a remoção de fósforo total do
esgoto, o que foi atribuído a fatores como elevado pH e baixa dosagem. Na análise estatística
dos resultados do efluente, ao nível de confiança de 95%, não foram verificadas diferenças
estatísticas entre as médias dos 15 parâmetros avaliados nas duas fases, exceto para Namoniacal.
Não houve diferença entre os acréscimos de volume de lodo de fundo acumulado nas lagoas,
sendo que concentração de sólidos totais do lodo de fundo foi maior na lagoa de teste. Esse
comportamento foi associado a características granulométricas do material. O estudo indica a
viabilidade técnica da disposição do resíduo da ETA nas lagoas facultativas da ETE
Piracanjuba, mostrando-se como uma alternativa ambientalmente adequada para a gestão do
resíduo, que pode ser aplicada também em outros sistemas de mesmas tipologias, desde que
avaliadas as condições específicas de cada caso.
ABSTRACT
In Brazil water treatment plants (WTP) residuals are usually discharged into
waterways, with negative impacts on water quality, aquatic biota and sediments, which may
also pose risks to human health. This paper presents a study on real scale disposal of
aluminum sludge from the settling of a WTP in a primary facultative pond, both located in
Piracanjuba-GO, wishing to contribute as an alternative for residuals management. The study
aimed to evaluate the effects of WTP residuals (WTPR) in the performance of the wastewater
stabilization pond (WSP), in terms of quality of the effluent and volume of bottom sludge
accumulated. Worked up in two identical parallel ponds, one in which WTPR was applied
(test pond) and another without application (control pond) to serve as comparison of results.
The study was carried out in two stages, with dosage of 37 mg TS/L in Phase 1 and
44 mg TS/L in Phase 2, totaling 125 days of application and 191 days of monitoring. It was
evaluated several effluent parameters such as BOD, solids, nitrogen, total phosphorus,
Escherichia coli, metals, among others. Sludge volumes in the ponds were obtained from
bathymetric survey using a sludge depth meter (sludge gun) and modeling by Surfer 8.0
software. The addition of the WTPR did not impair the performance of the test pond, with
minimal reduction of BOD and nitrogen. It was not possible to identify any influence of
WTPR for the removal of total phosphorus of the sewage, which was attributed to high pH
and low dosage. There was no statistical difference (95% confidence level) between the
means of 15 parameters evaluated in two phases, except for nitrogen ammonia. There was no
difference between the increases of sludge volume accumulated in the bottom of the ponds,
although total solids content was higher in the test pond. This behavior was associated with
particle size characteristics of the material. The study indicates technical feasibility of WTP
residuals disposal in the WSP studied, revealing an alternative for its management that can
also be applied in other same type systems if evaluated the specific conditions in each case.
Keywords: residuals management, water treatment plant residuals, alum sludge, wastewater
treatment, wastewater stabilization pond.
1
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo geral avaliar em escala real, na cidade de
Piracanjuba-GO, os efeitos da disposição do resíduo do decantador da ETA, que utiliza
sulfato de alumínio como coagulante, no desempenho de uma lagoa de estabilização de esgoto
tipo facultativa primária.
São ainda objetivos específicos:
• Comparar, por meio de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos, a qualidade do
efluente líquido da lagoa facultativa com introdução do resíduo da ETA (lagoa de teste) e
da lagoa facultativa sem introdução do resíduo da ETA (lagoa de referência);
• Avaliar a influência da aplicação do resíduo na variação do volume do lodo de fundo
acumulado na lagoa de teste em comparação com a lagoa de referência.
4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Boscov (2008), resíduo pode ser definido como qualquer matéria que é
descartada ou abandonada ao longo de atividades industriais, comerciais, domésticas ou
quaisquer outras; ou, ainda, como produtos secundários para os quais ainda não há demanda
econômica, sendo necessária sua disposição.
Nesse contexto, a produção de água tratada para fins de abastecimento público
possui características que a identifica como qualquer indústria que, por meio de processos e
operações com introdução de produtos químicos, transforma água bruta, inadequada para o
consumo humano, em um produto que esteja de acordo com o padrão de potabilidade e que
também gera resíduos, também conhecidos como lodos.
No final da década de 1990, Cordeiro (1999) já estimava que cerca de 7.500
ETAs de ciclo completo, ou convencionais, existentes no Brasil lançavam em cursos d’água
em torno de 2 mil toneladas de resíduo por dia. Um índice mais recente, de Hoppen et al.
(2005), indica que somente no estado do Paraná são produzidas mensalmente 4 mil toneladas
de lodo de ETA em matéria seca.
Barbosa et al. (1999) afirmam que a disposição in natura dos resíduos de ETAs
prejudica a biota aquática, comprometendo a qualidade da água e do sedimento dos corpos
receptores, o que é preocupante tendo em vista o elevado número de ETAs e o fato desses
resíduos serem, via de regra, lançados em corpos d’água adjacentes.
Scalize e Di Bernardo (1999) alertam que além do impacto nos corpos receptores,
os resíduos de ETAs podem causar riscos à saúde humana devido à presença de patogênicos.
Já Barroso e Cordeiro (2001) chamam a atenção pela presença de metais pesados. Cabe
salientar que a solubilização do metais presentes no resíduo pode ocorrer em condições
anaeróbias, favorecidas em caso de cursos d'água de baixa velocidade.
Outro efeito desses resíduos, é a habilidade do íon Al3+ de se ligar fortemente aos
fosfatos, o que afeta o ciclo do fósforo, nutriente essencial para a vegetação aquática, plâncton
e outros organismos (KAGGWA et al.1, 2001 apud DI BERNARDO E SABOGAL PAZ,
2008).
1
KAGGWA, R. C; MLALELO, C. I.; DENNY, P.; OKURUT, T. O. (2001). The Impact of Alum Discharges on
a Natural Tropical Wetland in Uganda. Water Research, v.38, n.3, p. 795-807.
5
Para ser classificado, o resíduo deve ser amostrado de acordo com a norma
NBR 10.007 (ABNT, 2004) e submetido aos ensaios de lixiviação e solubilização segundo as
normas NBR 10.005 (ABNT, 2004) e NBR 10.006 (ABNT, 2004), respectivamente. Os
resultados das concentrações de uma série de espécies químicas nos extratos lixiviado e
dissolvido são comparados aos limites máximos estipulados na NBR 10.004. Valores
superiores aos limites no extrato lixiviado classificam o resíduo como Classe I - Perigoso;
valores superiores no extrato dissolvido como Classe IIA - Não inerte; nenhum valor superior
aos limites classificam o resíduo como Classe IIB - Inerte.
7
a) b) c)
Figura 3.1 - Lagoa de desaguamento de lodo - ETA Meia Ponte, em diferentes estágios:
a) Desaguamento; b) Lodo seco e c) Detalhe do lodo seco (Fotografias cedidas pelo engº.
Emilsom Ponciano Trevenzol).
8
Cabe salientar que a ETA Jaime Câmara, que teve início de operação em 1953,
será substituída pela ETA João Leite, em fase de implantação, que tratará a água captada no
reservatório de acumulação formado pela barragem do Ribeirão João Leite recentemente
construída. A geração de resíduos da ETA João Leite, de concepção do tipo convencional e
vazão de início de plano de 4,0 m3/s, ocorrerá principalmente em seus processos de
sedimentação e filtração e o seu projeto contempla a implantação de estação de tratamento do
lodo, incluindo o desaguamento mecânico por meio de centrífugas (FERREIRA FILHO,
2010).
Os resíduos da ETA Rio Verde são tratados em leitos de drenagem, como é
mostrado na Figura 3.2. A disposição do lodo seco é feita no aterro municipal. Nas demais
ETAs de ciclo completo do estado, os resíduos são lançados diretamente em cursos d'água.
a) b) c)
Figura 3.2 - Leitos de drenagem do lodo - ETA Rio Verde, em diferentes estágios:
a) Carregamento; b) Desaguamento e c) Lodo seco (Fotografias cedidas pela Saneago).
Os mananciais superficiais têm sido cada vez mais castigados com lançamentos
de despejos diversos, decorrentes do crescimento populacional e da ocupação desordenada
das áreas de proteção. Assim, a qualidade da água bruta piora, exigindo que maiores
concentrações de produtos químicos sejam aplicadas no tratamento e, como consequência,
observa-se o acréscimo na geração de resíduos nas ETAs. (CORDEIRO, 2001)
Demattos et al. (2001), em estudos realizados na região metropolitana de
Belorizonte-MG observaram que 92% do volume de lodo foi originário de coagulante e
somente 8% do volume foi considerado impurezas removidas da água. Porém, esses índices
são bastante variáveis em função da qualidade do coagulante.
9
A concentração de SST pode ser estimada a partir da turbidez da água bruta, por
meio da relação expressa na Equação 2.2.
O valor do coeficiente “a” pode variar entre 0,7 e 2,2 para água com baixa cor
verdadeira, e pode atingir valores de ordem de 20 para águas com baixa turbidez e quantidade
expressiva de COT. (DI BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008).
Cabe ressaltar que para quantificação dos resíduos de uma ETA é sempre
recomendável a realização de estudos de tratabilidade com amostras de água coletadas em
diferentes épocas do ano, sendo medidos o volume do lodo e a quantidade de sólidos
sedimentados. Outra forma preferível é a realização de análises de sólidos do próprio resíduo,
no caso de ETAs existentes, ou do resíduo obtido em simulações por meio de instalações
piloto ou de laboratório, quando ainda não implantadas. Na impossibilidade de realizar tais
ensaios, pode-se estimar a massa seca dos sólidos do lodo com o uso de equações empíricas
(DI BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008).
As reações que ocorrem com a adição do sulfato de alumínio à água podem ser
simplificadas como:
Al2(SO4)3 + 6 H2O → 2 Al (OH)3↓ + 6 H+ + 3 (SO4)-2
A forma que o lodo se apresenta varia de acordo com a concentração de sólidos,
conforme apresentado na Tabela 3.1.
2
CAMP, T. R. (1946) Sedimentation and design of settling tanks. Trans. Am. Soc. Civ. Eng. 111.
13
PORTELLA et al. (2003) citou que os valores obtidos nas amostras pontuais do
lodo de trêsDentre
ETA dos municípios
outros denecessários
parâmetros São Carlos, Araraquara e dos
à caracterização Rio lodos,
Claro onotamanho
Estado de
de
São Paulo
partícula, apresentaram
a resistência diferenças
específica acentuadas
e o coeficiente nos resultados,
de sedimentação ememvirtude
obtido ensaio das
de
diferentes operações
centrifugação de limpeza
são parâmetros dos decantadores.
importantes particularmente Na
paraETA Araraquara ou
o desaguamento o lodo era
filtração
removido com freqüência diária e nas demais ocorria o acúmulo em tanques. Os
por gravidade.
parâmetrosSegundo
analisados e os valores
Cordeiro (1999),observados estão
os lodos dos na Tabelaapresentam
decantadores 2.5. partículas de
Nos
pequeno períodos
tamanho, chuvososa remoção
dificultando os valores podem
de água livreaumentar, principalmente,
para redução do fato
de volume. Esse pH,
turbidez, sólidos, DQO, nitrogênio e fósforo em virtude do carreamento de
implica no aumento da resistência específica, que define a resistência oferecida pelo lodo à
contaminantes para os mananciais com o escoamento superficial, e no caso dos
passagem de água por ele. Assim, quanto maior a resistência específica, menor a capacidade
metais, principalmente o alumínio e ferro, pelo aumento da dosagem de coagulantes
de filtração da água.
primários.
14
De acordo com Cornwell3 et al. (2000) apud Achon et al. (2013), nos Estados
Unidos 25% das ETAs aplicam o lodo no solo, 24% lançam nos sistemas públicos de esgotos,
20% dispõem em aterro, 13% em aterro exclusivo e 7% realizam outras formas de disposição
final. Apenas 11% das ETAs lançam o lodo nos corpos d’água.
No Reino Unido, segundo Simpson et al.4 (2002) apud Achon et al. (2013),
apenas 2% das ETAs lançam o lodo nos corpos d’água e há uma predominância de disposição
final em aterros sanitários (52%), seguida de 29% que lançam nos sistemas públicos de18
Tabela 3.4
Quadro – Destino
4. Destino dosdos resíduos
resíduos de ETA
gerados nasnoETAs
Brasildos
emDistritos
2008, segundo as Grandes
Brasileiros, Regiões,as
considerando
em número de municípios (SOUZA, 2011, adaptada do IBGE, 2010).
Grandes Regiões.
Com geração de lodo no processo de tratamento da água
Grandes Total de Destino dos resíduos gerados nas ETAs
Regiões municípios Total Aterro
Rio Mar Terreno Incineração Reaproveitamento Outro
Sanitário
Norte 449 84 46 - 14 2 - 3 23
Nordeste 1.793 537 231 5 261 14 1 24 61
Sudeste 1.668 896 703 - 105 53 - 10 94
Sul 1.188 442 330 2 59 11 - 11 54
Centro-Oeste 466 139 105 - 24 3 - 2 15
¨Goiás 246 83 68 - 14 - - 1 6
Brasil 5.564 2.098 1.415 7 463 83 1 50 247
Nota: O município pode dar mais de um destino ao lodo gerado no processo de tratamento da água.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa
Nacional deSegundo
Saneamento Básico (2010),
o IBGE 2008 (adaptado).
a maioria das ETAs do estado de São Paulo lança os
lodos nos corpos d’água.
Os valores apresentados nessa pesquisa podem não indicar a realidade nas regiões.
No estado de Minas Gerais 87% das ETAs dos 175 municípios avaliados lançam o
Atualmente, não se tem conhecimento de ETAs no estado de Goiás que fazem a disposição do
lodo em corpos d’água sem tratamento, 6% não informaram, 3% possuem unidades de
resíduo em indústrias de fabricação de tijolos, telhas e gesso ou agricultura. Sabe-se que a
tratamento de resíduos, 2% lançam na rede pluvial, 1% em ETE e 1% no solo (MINISTÉRIO
grande maioria das ETAs destina os resíduos diretamente aos corpos d’água, e mais raramente
PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS5, 2009, apud ACHON et al., 2013).
em solo, como no caso da ETA Engenheiro Rodolfo, em Goiânia.
Segundo Silva Júnior (2003), a disposição nos corpos d’água pode causar sérios
3 impactos físicos, químicos e biológicos no corpo receptor, conforme as características do
CORNWELL, D. A.; MUTTER, R,N; VANDERMEYDEN, C. (2000) Commercial Application and Marketing
ofresíduo,
Water Plant Residuals.
como: Denver:
aumento naAmerican Waterde
quantidade Works Association.
sólidos em suspensão; assoreamento do leito;
4
SIMPSON, A.; BURGESS, P.; COLEMAN, S. J. (2002) The Management of Portable Water Treatment
alterações
Sludge: naSituation
Present cor dainágua;
the UK.aumento das concentrações
In: Management of Wastes from de alumínio
Drinking ouTreatment.
Wather ferro; aumento da
Proceedings.
London: The Chartered Instituition of Water and Environmental Management, p. 29-36.
5 demanda de oxigênio; inibição da atividade biológica; influência negativa em áreas de criação
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS (2009). Parecer Técnico-Ref.: Ofício
1139/2008
e desova (CAO-MA)
de peixes. – Informações técnicas referentes aos danos ambientais decorrentes do lançamento de
lodo in natura, pelas Estações de Tratamento de Água, no ambiente. Belo Horizonte: Procuradoria Geral de
Justiça, 32p. A legislação ambiental brasileira vem se tornando cada vez mais restritiva quanto
Um método alternativo de disposição dos resíduos gerados nas ETAs, que tem
sido observado em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, é o lançamento dos
resíduos de ETAs em ETEs. Este método de disposição é bastante atraente, visto que elimina
a implantação de sistemas de tratamento de resíduos nas ETAs. O transporte dos resíduos
pode ser feito via rede coletora de esgoto, através de sistemas de recalques, ou através de
caminhões-tanque, sendo que a mais utilizada é o lançamento na rede coletora de esgoto, pois
é a mais econômica. Um dos fatores que determina o modo pelo qual os resíduos de uma ETA
serão lançados na ETE é a distância entre elas. (SCALIZE, 2003)
No entanto, não se deve esquecer que nessa alternativa está sendo transferido o
gerenciamento da disposição do lodo para a administração da ETE. (DI BERNARDO,
CARVALHO E SCALIZE, 1999)
De acordo com Di Bernardo e Sabogal Paz (2008), a disposição dos resíduos de
ETA em ETEs pode ser uma excelente opção para ETAs existentes que não possuem
tratamento do lodo. Entretanto, esta solução possui vantagens e desvantagens, conforme
elencado na Tabela 3.5.
Há sempre que se considerar a especificidade da ETA, pois em muitos casos
tem-se descarga semi-contínua dos decantadores e, em outros, os decantadores são limpos
após um ou mais meses de funcionamento (DI BERNARDO, CARVALHO E SCALIZE,
1999). Por outro lado, deve-se também verificar as condições da ETE, tais como os processos
de tratamento e a capacidade de receber o aporte do resíduo de ETA.
Neste tipo de solução, via de regra, a regularização da vazão do lodo de ETA é
necessária no sentido de minimizar o dimensionamento das unidades de transporte e os
impactos na ETE, uma vez que as vazões decorrentes das lavagens de filtros e das limpezas
de decantadores convencionais são elevadas. Isso pode ser feito por meio de tanques de
equalização ou pela regulagem do sistema de descarte, quando mecanizado.
18
6
GALARNEAU, E; GEHR, R (1999) Phosphorus removal from wastewaters: Experimental and theoretical
support for alternative mechanisms. Water Research Volume 31, Issue 2 , February 1997, Pages 328-338
20
A) Ensaios de laboratório realizados por Carvalho (1999) com resíduo de ETA que
utiliza cloreto férrico como coagulante simulando lançamento em ETE
B) Ensaios de laboratório realizados por Scalize (2003) com resíduo de ETA que utiliza
sulfato de alumínio como coagulante simulando lançamento em ETE
outro lado, houve reduções acima de 18% na atividade metanogênica do lodo sedimentado,
porém sem prejuízo à remoção de DQO do sobrenadante.
C) Ensaios em escala piloto realizados por Scalize (2003) com resíduo de ETA que
utiliza cloreto férrico como coagulante simulando lançamento na ETE Araraquara
D) Ensaios de laboratório realizados por Chao (2006) com resíduo de ETA que utiliza
sulfato de alumínio como coagulante
E) Ensaios em escala piloto realizados por Rosario (2007) com resíduo de ETA que
utiliza sulfato de alumínio como coagulante
Avaliando dois reatores em escala piloto com volume útil de 400 L, altura total de
4 m e tempo de detenção hidráulica de 8 horas, durante aproximadamente 200 dias,
verificou-se que o reator que recebeu resíduo de ETA nas dosagens de 50 e 75 mg SST/L não
teve seu desempenho afetado em termos de remoção de DQO, DBO e fósforo.
22
F) Ensaios de laboratório realizados por Lombardi (2009) com resíduo de ETA que
utiliza cloreto férrico como coagulante
G) Estudo em escala real realizado por Cornwell et al. (1987) com lodo de sulfato de
alumínio
H) Estudos em escala real realizados por Melo et al. (2003) e Bueno et al. (2007) com
resíduo de ETA que utiliza sulfato férrico como coagulante na ETE Franca
7
ARCEIVALA, S. J. (1973). Simple waste treatment methods, aerated lagoons, oxiddation ditches, stabilization
ponds in warm and temperate climates, Middle East Technical University, Ankara, Turquia.
25
tempo mínimo de até 6 dias. O último parâmetro está comprovado para lagoas
facultativas secundárias do estado da Paraíba, com profundidades entre 1,25 e 2,20 m,
onde foi verificado que o ganho de eficiência é mínimo ao se aumentar o tempo de
detenção além de 6 dias, para o qual foi verificada redução de DBO da ordem de 40%
(ATHAYDE JÚNIOR; ATHAYDE; SILVA, S., 2001).
A taxa de aplicação superficial, relação entre a carga orgânica afluente e a
área da lagoa, está relacionada com a exposição à luz solar e a atividade das algas,
fatores essenciais para que ocorra a fotossíntese. A taxa ideal para cada sistema varia
principalmente com a insolação e a temperatura local, sendo que estes aspectos são
favoráveis à utilização de taxas mais elevadas. (VON SPERLING, 1996).
Diversos autores apresentam relações empíricas entre a taxa de aplicação e
a temperatura, apontando valores situados em uma ampla faixa entre 150 e
400 kgDBO/ha.d para lagoas facultativas em regiões de clima quente e insolação
moderada a elevada (PESSÔA e JORDÃO, 1982; MENDONÇA, 2000; VON
SPERLING, 1996). Estes autores não especificam a posição da lagoa no sistema,
primária ou secundária, mas Yánez (1993), explica que para lagoas facultativas
precedidas por lagoa anaeróbia a taxa de aplicação superficial deve ser da ordem de
20% menor que a máxima permitida para lagoas facultativas primárias devido ao
incremento de amoníaco no processo anaeróbio.
Estudando lagoas facultativas localizadas no Distrito Federal e com
tratamento anaeróbio prévio, Soares e Bernardes (2001) deduziram uma faixa
considerada ótima para a taxa de aplicação superficial, entre 350 e 450 kgDQO/ha.d, a
qual pode ser expressa, em termos de DBO, entre aproximadamente 210 e 270
kgDBO/ha.d.
A remoção de DBO em lagoas de estabilização processa-se segundo uma
reação de primeira ordem, na qual a taxa de reação é diretamente proporcional à
concentração do substrato. Nestas condições, o regime hidráulico no reator tem grande
influência sobre a eficiência do sistema. No estudo do tratamento de esgotos por
lagoas de estabilização, os modelos hidráulicos de Mistura Completa, Fluxo em Pistão
e Fluxo Disperso destacam-se como os mais freqüentemente utilizados.
O fluxo em pistão é reproduzido em tanques longos, com elevada relação
26
4a⋅ e1 2d
Fluxo disperso - S = S0 ⋅ (3.5)
(1+ a) 2 . e a 2d − (1 − a) 2 ⋅ e −a 2d
a = 1 + 4k⋅ t⋅ d (3.6)
€
onde:
€
27
8
ARCEIVALA, S. J. (1981). Wastewater treatment and disposal. Marcel Dekker, New York. 892p.
9
EPA (1983). Design manual. Municipal wastewater stabilization ponds. United States Enviromental Protection
Agency. 327p.
10
VIDAL W.L. (1983). Aperfeiçoamentos hidráulicos no projeto de lagoas de estabilização, visando redução da
área de tratamento: uma aplicação prática. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 12,
Camboriú, 20-25 novembro, ABES.
28
onde:
KT = coeficiente de remoção de DBO para uma temperatura qualquer do líquido (d-1);
K20 = coeficiente de remoção de DBO para temperatura do líquido de 20°C (d-1);
θ = coeficiente de temperatura (adimensional);
T = temperatura do líquido (°C).
d=
( L B)
2
−0,261 + 0,254⋅ ( L B) + 1,014⋅ ( L B) (3.8)
4 MATERIAL E MÉTODOS
foi coletada da parte superior de um filtro no dia 09/06/11, durante a limpeza de rotina feita
com água em fluxo ascendente. Tal amostra foi extraída de uma amostra composta de volume
de 8 litros, coletados por meio de alíquotas de aproximadamente 200 mL a cada 10 segundos
durante 7 minutos, correspondentes ao tempo de lavagem da rotina operacional. As Figuras
4.5 e 4.6 mostram a coleta da água de lavagem do filtro e o amostrador utilizado.
Todo o esgoto da cidade escoa por gravidade até o tratamento preliminar da ETE,
após o qual é bombeado para a entrada das lagoas. O tratamento preliminar é dotado de grade
de barras paralelas com limpeza manual e desarenador convencional com duas células. A
calha Parshall possui garganta de 6" e leitura de vazão manual. A elevatória de esgoto possui
três bombas submersíveis, sendo uma reserva. Cada lagoa possui três entradas apoiadas no
fundo, a 13 m de distância da borda, e três saídas com vertedor na borda de saída.
37
As Figuras 4.8 a 4.10 mostram as unidades da ETE Piracanjuba. Nas Tabelas 4.4
e 4.5 são apresentadas as características dimensionais das lagoas.
Figura 4.10 – ETE Piracanjuba - calha Parshall (à esquerda) e elevatória de esgoto (à direita).
38
Para efeito deste estudo, considerou-se a média do volume útil das duas lagoas
facultativas de 16.031 m3 como o volume de cada lagoa facultativa.
Figura 4.11 – Lagoas da ETE Piracanjuba, indicando as lagoas utilizadas do estudo (teste e
referência).
Aplicação 39 dias
Período 45 dias
07.11.11 1 8
14.11.11 2 15
21.11.11 3 21.11.11 22
28.11.11 4 29
05.12.11 5 36
Monitoramento
12.12.11 6 14.12.11 43
19.12.11 7 50
71 dias
26.12.11 8 57
Fase 1 02.01.12 9 64
09.01.12 10 71
16.01.12 11 78
23.01.12 12 85
30.01.12 13 30.01.12 92
06.02.12 14 99
13.02.12 15 106
20.02.12 16 113
27.02.12 17 120
05.03.12 18 127
12.03.12 19 14.03.12 134
19.03.12 20 19.03.12 141
26.03.12 21 148
02.04.12 22 155
Aplicação 70 dias
Período 80 dias
09.04.12 23 162
16.04.12 24 169
23.04.12 25 176
30.04.12 26 183
Monitoramento
07.05.12 27 190
120 dias
Figura 4.13 – Tanques de lodo – Tanques de aplicação TQ1e TQ2 na área da ETE (à
esquerda) e tanques de armazenamento TQ3 e TQ4 na área da ETA (à direita).
Figura 4.15 – Bomba usada para recirculação e mistura do lodo antes de cada aplicação.
44
Foram feitas duas coletas do resíduo, uma para cada fase do experimento. A
coleta da primeira fase foi realizada no dia 11/09/11, durante a limpeza do decantador, por
meio de caminhões-tanques. Foram utilizados:
• 1 caminhão com sucção a vácuo, tipo limpa-fossa, capacidade de 8 m3;
• 1 caminhão com sucção a vácuo, tipo hidrojato, capacidade de 7 m3;
• mangotes de diâmetro 75 mm (10 m e 20 m);
• 1 bomba submersível de rotor aberto, marca Lowara, modelo Domo 156 (Q = 24 m3/h;
AMT = 6 mca; P = 1,5 CV), com chave de acionamento;
• mangote de diâmetro 50 mm (20 m).
O nível d’água no decantador foi baixado abrindo-se a descarga de fundo do
compartimento maior até a altura de aproximadamente 0,75 m, altura do batente da abertura
da parede entre os dois compartimentos. A coleta foi iniciada pelo compartimento menor do
decantador. Utilizou-se a bomba submersível para mistura do lodo. Após a entrada dos
operadores dentro do decantador foi feita também a mistura manual. Os dois caminhões
efetivaram a sucção simultaneamente, posicionando-se os mangotes em diferentes pontos e
alturas. As descargas foram efetuadas primeiro nos tanques da ETA (TQ3 e TQ4), até o
completo enchimento. Posteriormente, foi feito o carregamento, transporte e descarga nos
tanques da ETE (TQ1 e TQ2), complementando-se com o lodo do compartimento maior do
decantador. O último tanque não ficou completamente cheio por não haver tempo para mais
uma viagem. O tempo total da operação foi de cerca de 4 horas. Após a coleta do resíduo,
deu-se prosseguimento à limpeza do decantador, conforme descrito no item 4.5.
As Figuras 4.16 e 4.17 ilustram a coleta do resíduos.
Figura 4.16 – Coleta do resíduo do decantador por meio de caminhões com sucção a vácuo.
45
TQ2, foram utilizadas alíquotas iguais de amostras compostas de cada tanque. Estas amostras
foram destinadas às análises de metais e as demais às análises físico-químicas.
A cada carregamento, os tanques TQ1 e TQ2 foram previamente lavados com
purga para a lagoa de teste, de modo que não houve sobra de resíduo do carregamento
anterior para o seguinte. Este cuidado foi tomado no sentido de garantir o controle da
concentração de sólidos do resíduo aplicado.
Os parâmetros analisados constam nas Tabelas 4.8 e 4.9. As análises
físico-químicas foram realizadas pelo Laboratório de Esgoto da Saneago e as análises de
metais foram feitas por laboratório particular. A metodologia utilizada está conforme
APHA et al. (2005).
Tabela 4.10 - Volumes de lodo e cargas de sólidos totais aplicados no período de estudo.
Tanque Vol. Carga
Aplicação Fase Coleta Origem Transporte Aplic. lodo ST lodo
(m3) (mg/L) (kg ST)
1 1ª 11/09/2011 Dec 11/09/2011 TQ1 8,80 8.000 70
2 1ª 11/09/2011 Dec 11/09/2011 TQ2 6,93 8.000 55
3 1ª 11/09/2011 TQ3* 19/11/2011 TQ1 5,69 19.000 108
4 1ª 11/09/2011 TQ4* e TB 19/11/2011 TQ2 6,17 23.000 142
5 2ª 11/03/2012 Dec 11/03/2012 TQ2 10,04 44.000 442
6 2ª 11/03/2012 Dec 11/03/2012 TQ1 8,80 24.000 211
7 2ª 11/03/2012 TQ3 15/04/2012 TQ1 9,76 20.000 195
8 2ª 11/03/2012 TQ3 15/04/2012 TQ2 4,88 48.000 234
9 2ª 11/03/2012 TQ4 17/05/2012 TQ2 5,37 31.000 166
10 2ª 11/03/2012 TQ4 17/05/2012 TQ1 7,16 28.000 201
a
Total da 1 Fase - - - - 27,58 - 376
Total da 2a Fase - - - - 46,02 - 1.450
Total - - - - 73,59 - 1.825
50
* Material sedimentado.
Notas: TQ = tanque; TB = tambor.
Tabela 4.11 - Volumes de lodo e cargas de sólidos totais aplicados diariamente.
Aplicação Fase Início Fim Nº h* diária Vol. diário Carga ST diária
dias (cm) (m3) (kg ST/d)
1 1ª 31/10/2011 08/11/2011 9 31,1 0,98 7,8
2 1ª 09/11/2011 14/11/2011 6 33,3 1,15 9,2
3 1ª 21/11/2011 02/12/2011 12 15,1 0,47 9,0
4 1ª 03/12/2011 14/12/2011 12 14,8 0,51 11,8
5 2ª 14/03/2012 01/04/2012 19 15,3 0,53 23,3
6 2ª 02/04/2012 11/04/2012 10 28,0 0,88 21,1
7 2ª 15/04/2012 30/04/2012 16 19,4 0,61 12,2
8 2ª 01/05/2012 10/05/2012 10 14,1 0,49 23,4
9 2ª 18/05/2012 24/05/2012 7 22,1 0,77 23,8
10 2ª 25/05/2012 01/06/2012 8 28,5 0,90 25,1
a
Total da 1 Fase - - 39 - - -
Total da 2a Fase - - 70 - - -
Total - - 109 - - -
* Altura de lodo aplicada diariamente, referente ao tanque de aplicação.
Figura 4.20 – ADCP testado sem sucesso na batimetria do decantador da ETA Piracanjuba.
Figura 4.21 - Pistola de medição de lodo utilizada para batimetria das lagoas do estudo (à
esquerda) e detalhe do sensor óptico (à direita).
A primeira batimetria das lagoas foi feita nos dias 07 e 08/10/11, antes da
aplicação do resíduo do decantador na lagoa de teste. A segunda batimetria foi realizada após
52
Fluxo
Figura 4.22 – Malha de locação dos pontos da batimetria das lagoas de teste e de
referência (os eixos referem-se à distância, em metro, em relação ao canto inferior
esquerdo de cada lagoa).
Figura 4.23 – Procedimento realizado para batimetria (na sequência: marcação das seções,
estaqueamento, ancoragem da corda guia, medição da altura do lodo e medição da
profundidade da lagoa).
54
A medição da vazão de esgoto afluente à ETE foi feita por leitura manual da
altura da lâmina d'água na calha Parshall.
Entendendo que o ideal para determinação da vazão média seria a execução de
leituras horárias continuamente e na indisponibilidade de um sistema automatizado de
medição e aquisição de dados, foram feitas duas campanhas de medição durante 24 horas,
com leituras a cada uma hora, nos dias 30 a 31/03/12 e 06 a 07/06/12, para fim de
determinação da curva completa de vazão.
As demais leituras foram feitas a cada 2 horas e em horário diurno, coincidindo
com o período de maior contribuição de vazão, para se compatibilizar com a jornada de
trabalho e as atividades de rotina do operador.
Na primeira fase, as medições diurnas foram feitas de outubro a fevereiro, uma
vez por mês, nos horários de 7 h, 9 h, 11 h, 13 h, 15 h e 17 h.
Na segunda fase, as medições diurnas foram feitas de março a julho, de segunda a
sexta-feira nos horários de 7 h, 9 h, 11 h, 13 h, 15 h e 17 h, e aos sábados, nos horários de 7 h,
9 h e 11 h.
Inicialmente as vazões mensais foram tomadas pela vazão média afluente no
período de 12 horas (Qm12), correspondente às leituras diurnas realizadas das 7 h às17 h.
Posteriormente, a fim de estimar a vazão média para o período de 24 horas (Qm24), diferente
de Qm12 em virtude das variações de vazão entre os horários diurnos e noturnos, foi
determinado um fator "K", com base na curva completa de vazão, qual seja:
55
(4.1)
Na primeira fase, cada lagoa do estudo (teste e referência) recebeu 25% da vazão
afluente à ETE. Os outros 50% eram direcionados à terceira lagoa facultativa da ETE.
Percebeu-se que nesta fase os parâmetros operacionais das lagoas estavam fora da faixa usual
encontrada na literatura. Assim, com a finalidade de reduzir o tempo detenção hidráulica e
aumentar a taxa de aplicação superficial das lagoas do estudo, na segunda fase a terceira lagoa
facultativa foi propositadamente isolada e cada lagoa do estudo recebeu 50% da vazão de
entrada à ETE.
Observa-se que, para a segunda fase, também foi feito um ajuste fino dos
vertedores das caixas de entrada de cada lagoa, no intuito de garantir a mesma vazão para
cada tubulação de entrada.
4.18 Coleta das amostras e caracterização do esgoto efluente das lagoas do estudo
placa defletora
termômetro
1ª#fase#(#71#dias#
Atividade Realizada
2ª#fase#(#120#dias#
1ª#fase#(#45#dias# 2ª#fase#(#80#dias#
0
0
40
80
120
160
200
240
280
Período (dias)
Aplicação Monitoramento
Figura 4.27 - Fases de aplicação do resíduo e de monitoramento das lagoas.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nas Tabelas 5.1 e 5.2 são apresentadas as características da água bruta, cujas
análises foram realizadas a partir de amostras bimestrais. De acordo com os valores
apresentados, os dois mananciais que abastecem a ETA Piracanjuba são enquadrados como
Classe 2 (CONAMA, 2005). Em operação normal, a captação de água do rio Piracanjuba
ocorre somente na estação seca para complemento da vazão do córrego São Mateus, nos
períodos ou dias mais críticos.
A turbidez dos dois cursos hídricos é maior na estação chuvosa (novembro a abril)
do que na estação seca (maio a outubro). Embora os dados sejam pontuais, nota-se que a água
do rio Piracanjuba, possui maior concentração de sólidos dissolvidos totais do que córrego
São Mateus.
O volume de água bruta e o consumo de produtos químicos da ETA Piracanjuba
constam na Tabela 5.3, cujos valores foram obtidos a partir de medições diárias. Observa-se,
no histórico apresentado, que os maiores volumes de água tratada e maiores consumos de
coagulante ocorreram nos meses de setembro e outubro.
Os volumes de água gastos durante a lavagem dos filtros foram estimados como
mostrado na Tabela 5.5, variando durante o ano de 2% a 4% do volume tratado pela ETA
diariamente. Em geral a maior frequência de limpeza e a consequente maior geração de
resíduo ocorrem nos dias de maior volume de água tratada e maior consumo de coagulante.
Os índices percentuais dos resíduos gerados pela ETA Piracanjuba estão dentro
dos intervalos citados pela AWWA (1999) para estações de ciclo completo, entre 0,1 e 3,0%
para o lodo de decantador e entre 1 e 5% para água de lavagem dos filtros.
100
90
80
70
% que passa
60
50
40
30
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10
Dimensão das partículas (mm)
S/ defloculante C/ defloculante
300
DBO (mgO2/L)
250
200
150
100
50 16 10 11 13 18 10 22 24 13
7 7 7
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Afluente Efluente Eficiência (%)
Tabela 5.10 – Parâmetros operacionais das lagoas facultativas B e C em 2010, que apresentam
as mesmas dimensões e vazão de alimentação.
Mês Vazão ETE Vazão lagoa TDH TAS
(L/s) (L/s) (d) (kgDBO/ha.d)
Janeiro 16,58 4,15 44,8 127
Fevereiro 29,47 7,37 25,2 140
Março 17,89 4,47 41,5 111
Abril 12,16 3,04 61,0 53
Maio 9,92 2,48 74,9 87
Junho 14,78 3,69 50,2 140
Julho 12,82 3,20 57,9 126
Agosto 12,12 3,03 61,2 80
Setembro 11,10 2,78 66,9 81
Outubro 10,55 2,64 70,3 139
Novembro 18,88 4,72 39,3 206
Dezembro 9,33 2,33 79,6 -
Média 14,63 3,66 56,1 117
NOTA: 1) Valores médios mensais; 2) Parâmetros de cada lagoa, exceto vazão da ETE.
Nas Figuras 5.3 e 5.4 são apresentadas as curvas de vazão de esgoto das lagoas,
obtidos a partir de duas séries de medições realizadas a cada hora durante um período de 24
horas, uma em 30/03/12 e a outra em 06/06/12.
75
10,0
9,0
8,0 7,58
7,0 6,23
Vazão (L/s)
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
6h 8h 10h 12h 14h 16h 18h 20h 22h 24h 2h 4h
Horário
Figura 5.3 – Curva de variação horária de vazão de esgoto com vazões médias para cálculo do
fator de correção-(medição em 30/03/12).
10,0
9,0
8,0
7,0 6,54
Vazão (L/s)
6,0 5,43
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
6h 8h 10h 12h 14h 16h 18h 20h 22h 24h 2h 4h
Horário
Figura 5.4 – Curva de variação horária de vazão de esgoto com vazões médias para cálculo do
fator de correção-(medição em 06/06/12).
77
16
14
12
Vazão (L/s)
10
8
6
4
2
0
Tabela 5.12 - Vazão e TDH no período de estudo, sendo a 1ª fase com 25% da vazão e a
2ª fase com 50% da vazão, diminuindo o TDH.
Mês Vazão ETE (L/s) Vazão lagoa(L/s) TDH (d)
out/2011 9,13 2,28 81,3
nov/2011 9,21 2,30 80,6
dez/2011 12,81 3,20 57,9
Fase 1
jan/2012 15,08 3,77 49,2
fev/2012 14,95 3,74 49,6
Média 12,24 3,06 63,7
mar/2012 11,68 5,84 31,8
abr/2012 11,30 5,65 32,8
mai/2012 11,14 5,57 33,3
Fase 2
jun/2012 10,54 5,27 35,2
jul/2012 10,26 5,13 36,2
Média 10,98 5,49 33,9
78
500
450
400
350
DBO (mg O2/L)
300
250 Ref - 3ªsemana
200 Teste - 3ªsemana
150 Ref - 4ªsemana
100 Teste - 4ªsemana
50
0
0 38,5 78,5 118,5 154,5
Comprimento da lagoa (m)
Nas Figuras 5.7 e 5.8 também observa-se um decaimento acentuado de sólidos até
25% do comprimento da lagoa (~40 m), cerca de 30% para ST e 50% para SST, e valores
mínimos na metade da lagoa (~80 m), crescendo até a saída. Esse comportamento também foi
atribuído ao regime hidráulico das lagoas, conforme discutido para o parâmetro anterior.
De modo geral as concentrações de sólidos (ST e SST) na lagoa de teste foram
maiores do que na de referência, o que foi atribuído ao aporte adicional de sólidos proveniente
do resíduo do decantador. O resíduo de ETA apresenta elevado teor de material fino em sua
composição, proveniente da fração argila do solo com dimensões de partículas inferiores a
2 µm (0,002 mm), conforme discutido no item 5.4.2.
O que corrobora estas afirmações é exatamente o fato de que na 4ª semana de
monitoramento os valores de ST e SST a partir da metade da lagoa de teste foram maiores que
os valores da 3ª semana, pois com a aplicação contínua do lodo da ETA na lagoa facultativa a
concentração de sólidos aumentou, chegando a níveis próximos ao da entrada no caso de SST.
83
900
850
800
750
ST (mg/L)
700
650 Ref - 3ªsemana
600 Teste - 3ªsemana
550 Ref - 4ªsemana
500 Teste - 4ªsemana
450
400
0 38,5 78,5 118,5 154,5
Comprimento da lagoa (m)
500
450
400
350
SST (mg/L)
300
250 Ref - 3ªsemana
200 Teste - 3ªsemana
150 Ref - 4ªsemana
100 Teste - 4ªsemana
50
0
0 38,5 78,5 118,5 154,5
Comprimento da lagoa (m)
16
14
Fósforo Total (mg/L)
12
10
8 Ref - 3ªsemana
Teste - 3ªsemana
6
Ref - 4ªsemana
4
Teste - 4ªsemana
2
0
0 38,5 78,5 118,5 154,5
Comprimento da lagoa (m)
60
50
40
NTK (mg/L)
30 Ref - 3ªsemana
Teste - 3ªsemana
20 Ref - 4ªsemana
Teste - 4ªsemana
10
0
0 38,5 78,5 118,5 154,5
Comprimento da lagoa (m)
60
50
N Amoniacal (mg/L)
40
30 Ref - 3ªsemana
Teste - 3ªsemana
20 Ref - 4ªsemana
Teste - 4ªsemana
10
0
0 38,5 78,5 118,5 154,5
Comprimento da lagoa (m)
Neste item são apresentados nas Figuras 5.12 a 5.35 os resultados médios das
análises laboratoriais do efluente das fases 1 e 2, cujas amostras foram coletadas na saída das
lagoas (com e sem resíduo da ETA). Os parâmetros aqui apresentados são: temperatura, pH,
sólidos, DBO5, DQO, NTK, nitrogênio amoniacal, condutividade, fósforo total, OD, clorofila
e E. coli.
Os resultados obtidos são discutidos no sentido de avaliar o comportamento das
lagoas e o efeito da aplicação do resíduo da ETA na qualidade do efluente da lagoa de teste.
Os resultados de metais são tratados ao final do item.
Os períodos correspondentes a cada fase de aplicação do resíduo e de
monitoramento das lagoas foram descritos no item 4.9. As condições operacionais em cada
fase estão resumidas na Tabela 5.15.
5.9.1 Temperatura e pH
32
30
Temperatura (ºC)
28
26
24
22
20
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.12 - Temperatura do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
10
9
pH
6
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.13 - pH do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o período de
monitoramento na 1ª e 2ª fase.
120
100
DBO (mg O2/L)
80
60
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
120
100
80
R² = 0,54743
60
40
900
850
800
750
700
650
600
DQO mg O2 /L
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.16 - DQO do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o período de
monitoramento na 1ª e 2ª fase.
5.9.3 Sólidos
800
750
700
Sólidos Totais - ST (mg /L)
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.17 - Sólidos totais do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
93
Figura 5.18 - Sólidos totais voláteis do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
800
750
Sólidos Totais Fixos - STF (mg /L)
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.19 - Sólidos totais fixos do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante
o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
94
800
Sólidos Suspensos Totais - SST (mg /L)
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.20 - Sólidos suspensos totais do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
800
Sólidos Dissolvidos Totais - SDT (mg /L)
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.21 - Sólidos dissolvidos totais do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
95
4
Sólidos Sedimentáveis (mL /L)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.22 - Sólidos sedimentáveis do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
80
70
60
NTK (mg N /L)
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.24 - NTK do efluente .na saída das lagoas teste e de referência durante o período de
monitoramento na 1ª e 2ª fase.
80
Nitrogênio Amoniacal (mg N /L)
70
60
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.25 - Nitrogênio amoniacal do efluente na saída das lagoas teste e de referência
durante o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
98
30
Nitrogênio Amoniacal (mg N /L)
20
10
60,00
Nitrogênio Amoniacal (mg N /L)
y = 2,0361x - 23,614
50,00
R² = 0,84345
40,00
30,00
y = 1,5277x - 13,228
20,00 R² = 0,80588
10,00
0,00
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
1000
950
900
850
800
Condutividade (µS/cm)
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.28 - Condutividade do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
700
y = -3,465x2 + 35,15x + 474,72
650
R² = 0,88396
Condutividade (µS/cm)
600
550
500
450
400
y = -2,5216x2 + 23,277x + 465,56
350 R² = 0,8204
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Semana
1000
950
900
Condutividade (µS/cm)
Para os três parâmetros avaliados neste item, e como já observado para outros
anteriormente, percebeu-se um crescimento da concentração nas lagoas, tanto de teste como
referência, no decorrer da segunda fase, provavelmente devido à característica do afluente,
conforme demonstrado para SST.
Observando o comportamento linear apresentado pelo nitrogênio amoniacal
(Figura 5.27) e pela condutividade (Figura 5.30) na segunda fase, esses dois parâmetros foram
relacionados entre si. Constatou-se uma ótima correlação linear entre o nitrogênio amoniacal
e a condutividade, com coeficientes de determinação R2 de 0,95 para a lagoa de teste e de
0,94 para a lagoa de referência, conforme apresentado na Figura 5.31.
Uma vez que a condutividade depende do número e do tipo de espécies iônicas
dispersas no líquido, a correlação pode ser explicada pelo fato de que na faixa de pH abaixo
de 8, próxima à neutralidade, como é o caso em questão (ver Figura 5.13), a amônia presente
no esgoto apresenta-se praticamente toda na forma ionizada (NH4+) (VON SPERLING,
1996).
Isso mostra que a condutividade, parâmetro de mais simples determinação, pode
ser um ótimo indicador indireto da concentração de nitrogênio amoniacal, podendo ser obtido
com maior agilidade a partir de medições de condutividade em campo.
60,00
Nitrogênio Amoniacal (mg N /L)
10,00
0,00
400 500 600 700 800 900 1000
Condutividade (µS/cm)
10
9
8
Fósforo Total (mg /L)
7
6
5
4
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.32 - Fósforo total do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
103
5.9.6 OD e clorofila
10
9
Oxigênio Dissolvido - OD (mg /L)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.33 - Oxigênio dissolvido do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante
o período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
104
7000
6500
6000
5500
5000
Clorofila (µg/L)
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.34 - Clorofila "a" do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o
período de monitoramento na 1ª e 2ª fase.
1,0E+06
1,0E+05
1,0E+04
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Semana
Figura 5.35 - E.coli do efluente na saída das lagoas teste e de referência durante o período de
monitoramento na 1ª e 2ª fase.
Tais índices são relativamente baixos e próximos entre si, dentro da escala desse
parâmetro, porém compatíveis com os parâmetros hidráulicos, regime de fluxo e
principalmente com a tipologia das lagoas, não projetadas especificamente para a remoção de
patógenos. Vale ressaltar que a ETE Piracanjuba dispõe de lagoas de polimento a jusante com
essa finalidade. Desse modo, conclui-se que a aplicação do resíduo do decantador não exerceu
influência sobre a remoção de organismos patogênicos.
5.9.8 Metais