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2.

Apresentação da Exortação à Ásia

A Exortação Apostólica Ecclesia in Asia é orientada para iniciar a nova evangelização na


Ásia1. A entrada para o terceiro milénio marca o a recolhimento dos frutos da missão que a
Igreja fez na Ásia2. O ano jubileu de 2000 foi considerado como o tempo inevitável da
proclamação do evangelho. Não só porque a maior parte da humanidade vivia sem o
reconhecimento de Cristo, mas também o mundo e a Igreja viam-se cada vez mais desafiados
com as diversas teorias e particularidades de moral que surgiam dela. A Ecclesia in Asia avisa
a tendência do homem para afastar de Deus3. Uma sociedade que não se preocupa com a
verdade fundamental do homem e relação com o seu Criador está sempre em perigo de
afastamento da verdade, amor e alegria da vida4. No surgimento dos vários problemas,
apontou o Papa João Paulo II, a nova evangelização é aquilo que dá esperança à humanidade5.
A Igreja como a protagonista desta nova evangelização tem a dever de transmitir a mensagem
de Cristo com a convicção para criar um futuro brilhante onde o homem não se pode perder a
esperança em Deus.

A relação da Igreja com o mundo do homem que procura as novidades em tudo ainda tem
que ser melhorado em várias situações. “Este mundo, que parece dispensar Deus e substituí-
Lo pelo progresso e bom estar, é também aquele que interpela a Igreja: implicitamente,
quando a convida a refletir sobre a si própria, a conhecer-se e a viver melhor, para oferecer ao
mundo a sua mensagem salvífica”6. A Igreja seguindo o caminho de bom Pastor sai sempre a
procura das suas ovelhas perdidas. Ela usa os meios disponíveis para alcançar esta
proximidade com mundo em que ela faz parte. As missões que ela faz nele são as provas do
seu empenho e da sua disponibilidade para chegar até as periferias do mundo. A Ecclesia in
Asia propõe que a Igreja persiga o caminho do diálogo para melhorar esta ralação entre as
duas entidades. A Igreja reconhece que ela por ser o pequeno rebanho no mundo, vá ter de
fazer um maior esforço para chegar até às periferias. Mas isto não se a impede da sua missão7.

1
Cf. João Paulo II, «Exortação Apostólica Pós-Sinodal Ecclesia In Asia», em Acta Apostolicae Sedis, 10 Junho
2000, 6 (Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1999), 498,
https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-92-2000-ocr.pdf.
2
Cf. João Paulo II, 450.
3
Federation of Asian Bishops’ Conferences, «Church in Asia in the 3rd Millennium. A Guide Book to the
Apostolic Exhortation The Church In Asia - Ecclesia in Asia.», FABC Papers, Ecclesia in Asia, n.o 98 (março de
2001): 31.
4
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 498.
5
João Paulo II, 498–99.
6
Maria Manuela Dias de Carvalho, «A relação Igreja-Mundo na obra de D. José Policarpo», Didaskalia 29, n.o
1–2 (1 de janeiro de 1999): 13, https://doi.org/10.34632/didaskalia.1999.1416.
7
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 498.
1
Edmund Kee-Fook Chia8, o antigo secretário do diálogo inter-religioso para conferência
episcopal da Ásia (1996 – 2004), apresentou a exortação como um manual para a
evangelização na ásia9. Cardeal Paul Shan10, o antigo presidente de serviço da comunicação
social da FABC11, apresentou a Ecclesia in Asia como a magna carta para a evangelização na
Ásia12. Edmund Chia confirmando a apresentação de Cardeal Shan disse que a exortação
sempre foi explicito sobre o assunto da evangelização13. Os primeiros números da exortação
afirmam esse mesmo objetivo: a “preparação de uma grande colheita da fé no terceiro milénio
na Ásia”14.

A exortação não se despreza as boas qualidades das religiões da Ásia, nem suas tradições
ou culturas. Respeitando as valores religiosas, a exortação procura de entrar em diálogo para
anunciar que Cristo é a plenitude de todos os valores.15 A evangelização na Ásia não se pode
realizar sem entrar em diálogo com as culturas e as sociedades, em que a Igreja encontra se
rodeada. O desafio da Igreja, quanto se entra em diálogo com as religiões, é para ser fiel
simultaneamente, aos seus ensinos e à ‘alma da Ásia’16.

O sínodo dos bispos para a Ásia foi um encontro de diálogo entre os bispos e o sucessor
de Pedro; e a exortação é o produto final feita dos frutos desses diálogos17. A exortação,
supostamente, era para a ser a voz do Papa juntamento com os dos bispos18. Infelizmente o
documento não nos apresenta essa sincronização das ideias dos bispos e do Papa. O autor
utiliza o artigo de teólogo John Mansford Prior19 (‘Unfinished Encounter’20) para afirmar o

8
Edmund Chia era o professor adjunto e presidente do departamento de estudos doutrinais na Catholic
Theological Union em Chicago. Desde 2011 ele faz parte da faculdade da Australian Catholic University em
Melbourne. Ele é natural da Malásia e o antigo secretário do diálogo inter-religioso para conferência episcopal
da Ásia Desde 1996 - 2004
9
Cf. Edmund Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in
Asia», Sedos 32, n.o 7 (julho de 2000): 200.
10
Cardeal Paul Shan Kuo-his, S.J foi o presidente de diálogo inter-religioso da Federação da Conferencias
Episcopais da Ásia desde 1983 a 1985. Desde 1985 a 1991 ele foi o presidente de comunicação social da FABC.
Em 1987 foi eleito como Presidente de Conferencia Episcopal Regional da China. Alem desses também ajudou,
decorando muitos cargos pela Santa Sé e FABC.
11
Federação das Conferências Episcopais da Ásia
12
Cf. Paul Shan Kuo-Hsi, «Presentation of Ecclesia in Asia», Boletin Eclesiastico de Filipinas 76, n.o 816
(fevereiro de 2000): 127.
13
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 200.
14
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 450.
15
Cf. Sebastian M Michael, «Evangelization as Dialogue as Seen in “Ecclesia in Asia”», Ucanews.Com, 9 de
setembro de 2022, sec. Ecclesia in Asia,
https://www.ucanews.com/story-archive/?post_name=/2002/09/10/evangelization-as-dialogue-as-seen-in-
ecclesia-in-asia&post_id=1175.
16
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 450.
17
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 201.
18
Cf. Chia, 201.
19
Padre John Mansford Prior, natural da Inglaterra, é professor de Instituto da Filosófica de Ledalero, Ilha das
flores, Indonésia, desde 1973.
20
Cf. John Mansford Prior, «Unfinished Encounter: A Note on the Voice and Tone of “Ecclesia in Asia”»,
Verbum SVD 41, n.o 3 (2000): 374–361.
2
mesmo. John Prior disse que a Ecclesia in Asia é um documento papal, a onde o papa
responde aos bispos da Ásia. Não podemos considerar esse documento como o resultado de
diálogo porque não aparece as vozes dos outros bispos, mas apenas do Papa21. John Prior
analisou que não houve nenhuma referência às intervenções dos bispos no sínodo 22 nem ao
FABC23. Ele no seu artigo24 elabora as intervenções dos bispos nas conferencias do sínodo.
Padre Michael Amaladoss, ex-assistente geral Jesuíta e participante na apresentação da
exortação em Nova Deli, apresentou-se a Exortação como um documento para a Ásia, mas
não ‘da’ Ásia25. Embora que a exortação usa as referências de propositiones26 no rodapé
mostrando a consideração às sugestões dos bispos no Sínodo para a Ásia, ainda deixou as
perguntas colocado, ao longo dos vinte e cinco anos - até a exortação, dos bispos e teólogos
asiáticos por responder27. As perguntas eram sobre o objetivo, foco, métodos da evangelização
e o reconhecimento do mistério de Cristo no contexto do pluralismo religioso asiático28. John
Prior, ao mesmo tempo, compara a exortação com uma chamada telefónica unilateral, isto é,
se dá orientações que se fecham o diálogo29. Embora o que se ouve é interessante, disse Prior,
seria bom se mudasse a perspetiva da conversa ‘de rádio’ para uma conversa ativa30. O
diálogo na Ecclesia in Asia não devia ter lido como algo isolado, mas duma conversa com a
sua origem nos tempos passados e obviamente focando para os melhoramentos no futuro.

Neste capítulo o nosso trabalho vai analisar como o diálogo foi promovido ao longo do
tempo desde a introdução da Ecclesia in Ásia. O capítulo também analisará o grau do sucesso
da parte da Igreja oriental em acompanhar da exortação.

21
O autor tenta explicar que o Papa sempre apoiava o diálogo entre as religiões. Explicando os encontros e
diálogos que o Papa fez com as diversas religiões e fés, o Chia apresenta-o como alguém que gosta de diálogos,
mas no mesmo tempo como o chefe de católicos não se capaz agir fora de uns certos limites.
22
Cf. John Mansford Prior, «A Tale of Two Synods: Observations on the Special Assembly for Asia», Sedos 30,
n.o 8–9 (setembro de 1998): 221.
Nos primeiros sete dias do sínodo em Roma houve 191 intervenções pelos participantes. Dos 191,
setenta e seis porcento era sobre quatro tópicos relacionados ao diálogo. Em primeiro lugar o diálogo com as
outras tradições da fé (43 intervenções, 22.5 %). Em segundo lugar vem o diálogo com as ‘culturas vivas’ da
Ásia (41intervenções, 21.4 %). Em terceiro lugar temos o diálogo das igrejas com os pobres e marginalizados
(33 intervenções, 17.2 %). E em quarto e último lugar vêm as intervenções que cateteriza a igreja da Ásia como
dos leigos (29 intervenções, 15.2 %).
Mansford admira que “é interessante, para os Bispos asiáticos e os restantes participantes, no centro da
agenda da missão, tiveram os três modos de diálogo: com as outras religiões, com as culturas e com os
marginalizados. Neste triplo diálogo, Cristo tornar-se-á tudo em todos, ‘para que tenham vida e a tenham em
abundância’ (Jo 10,10). Algumas frases das apresentações dão o sabor do todo.”
23
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 203.
24
Cf. Prior, «Unfinished Encounter: A Note on the Voice and Tone of “Ecclesia in Asia”».
25
Cf. «“Ecclesia in Asia” Affirms Tradition, Ignores Asian Search», Ucanews.Com, 14 de novembro de 1999,
sec. Ecclesia in Asia, https://www.ucanews.com/story-archive/?post_name=/1999/11/15/ecclesia-in-asia-affirms-
tradition-ignores-asian-search&post_id=509.
26
São os apontamentos da conferencia episcopal,
27
Cf. «“Ecclesia in Asia” Affirms Tradition, Ignores Asian Search».
28
Cf. «“Ecclesia in Asia” Affirms Tradition, Ignores Asian Search».
29
Cf. Prior, «Unfinished Encounter: A Note on the Voice and Tone of “Ecclesia in Asia”», 375.
30
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 201.
3
2.1. As configurações (dimensões) do diálogo

A qualidade do diálogo é calculada em relação da receção das informações pelo


recipiente31. Um diálogo bem planeado produz os resultados desejados. Isto não se indica que
o diálogo é formado para satisfazer a interesse de um lado da conversa. Alias, o diálogo surge
do anseio de homem para qual ele ainda não tem conhecimento. Se soubesse tudo não havia
de ter a necessidade do diálogo, mas apenas formar uma palestra32. A invocação da parte da
Igreja não é uma estratégia para aumentar o número dos seus seguidores nem para fazer uma
palestra. A igreja pela sua iniciativa de entrar em diálogo com os outros, disponibiliza-se para
escutar e conhecer o outro33. O diálogo é uma parte inevitável da sua missão.

Os sínodos continentais para o grande jubileu do ano 2000, que deu origem às várias
exortações, tiveram o tema comum: a Nova Evangelização34. A nova evangelização,
claramente, introduz novas estratégias para a coexistência dos povos. Ao mesmo tempo, o
diálogo não se limita numa estratégia que aponta só para essa coexistência; o objetivo foi a
transmissão do diálogo amoroso entre Deus e a humanidade por Cristo35. Como é certo a
Igreja não tem dúvida sobre o conteúdo da sua transmissão aos homens e mulheres do mundo
novo. “A questão não é saber se a Igreja tem algo de essencial a dizer aos homens e mulheres
do nosso tempo, mas como será possível dizê-lo clara e convictamente”36.

A curta-metragem Dimensões de Diálogo37 (1982), de artista Checo Jan Svankmajer,


apresenta três dimensões de diálogo: Conversação eterna (Eternal conversation), Discurso
apaixonado (Passionate discourse) e Discussão exaustivo (exhaustive discussion)38. O diálogo

31
Cf. Leonard Swidler, «What Is Dialogue?», em Dialogue for Interreligious Understanding: Strategies for the
Transformation of Culture-Shaping Institutions, ed. Leonard Swidler, Interreligious Studies in Theory and
Practice (New York: Palgrave Macmillan US, 2014), 19, https://doi.org/10.1057/9781137470690_4.
32
Cf. Swidler, 19.
33
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 498.
34
Cf. João Paulo II, 498.
35
Cf. João Paulo II, 499.
36
Cf. João Paulo II, 499.
37
Dimensões do diálogo (Completo) - Jan Švankmajer, 2017, https://www.youtube.com/watch?v=dveN164nkaI.
O primeiro segmento apresenta 3 cabeças humana que se consomem/destroem mutuamente. É possível observar
diferenças entre elas, e interpretá-las como hierárquicas, étnicas, religiosas, etc. Com o tempo, as diferenças vão
sumindo e todas vão ficando mais humanas. Serve tanto de crítica ao extermínio de culturas, quanto de exaltação
da construção de uma identidade planetária. Ainda que violenta, é só na relação com o outro que eu afirmo a
minha identidade.
A segunda parte mostra um casal que primeiro se ama e depois se odeia e se destrói, usando como disparador do
conflito o produto de seu amor, quer seja um filho ou, numa leitura mais abstrata, a terceira pessoa que passa a
existir quando um casal se forma – o NÓS.
Na última parte, duas cabeças travam um diálogo apresentando cada um seu argumento. Primeiro, argumentos
diferentes, mas que se completam. Depois argumentos diferentes que se estranham, e por último, argumentos
iguais que se destroem, destruindo inclusive as cabeças que dialogavam. (PAMPEDIA, «As dimensões do
diálogo», Blog Universidade Livre Pampédia (blog), 7 de abril de 2016,
https://bloguniversidadelivrepampedia.wordpress.com/2016/04/06/as-dimensoes-do-dialogo/.)
38
Cf. «Dimensions of Dialogue», em Wikipedia, 9 de julho de 2022, https://en.wikipedia.org/w/index.php?
title=Dimensions_of_Dialogue&oldid=1097264169.
4
na Igreja é divulgado pelas suas missões e documentos. O diálogo na Igreja pode ser
comparado com a Eternal conversation que o Jan Svankmajer proponha na sua arte. Não tanto
como o consumidor do outro, mais pelo lado da transformação dos participantes. No diálogo
as pessoas compenetram-se e integram-se mutualmente tal como na comunhão eclesial39.

O quinto capítulo da exortação apostólica Ecclesia in Asia apresenta o tema de comunhão


e o diálogo ao serviço da missão. O mesmo capítulo também fala sobre a comunhão com
Cristo e com os outros como as partes importantes do diálogo40. Tal como a comunhão é
importante numa cultura diversificada, o diálogo também se serve como mediador entre as
comunidades41 diversas42.As várias dimensões de diálogo introduzem mais luz na
interpretação do diálogo em relação das suas funções numa sociedade. O diálogo, na
exortação Ecclesia in Asia, é mais inclinado para uma nova evangelização na Ásia43.

2.1.1. O significado do diálogo

O diálogo no mundo contemporâneo, onde coexiste diversas religiões e ideologias,


distintamente aponta para uma comunicação bidirecional44. Contudo, existem várias formas de
comunicação bidirecionais, por exemplo: lutas, debate, querela etc., mas nenhuma dessas
pode ser considerado como diálogo45. O Concílio Mundial das Igrejas46 explica que o diálogo
é “a orientação de esforço positivo utilizando a convicção e testemunho dos ambos para
alcançar o sentido mais profundo da verdade […] com a disponibilidade de ser mudado e a
influenciar os outros”47.

Entre os diversos sentidos de diálogo a FABC acrescenta uma nota que serve se para
esclarecer o que ela se alcança por diálogo no âmbito religioso. Que “o diálogo não exige
ninguém para renunciar o compromisso próprio, colocá-lo entre parênteses ou entrar em
compromissos fáceis. Pelo contrário, para um diálogo mais profundo e frutífero, é necessário
até que cada parceiro esteja firmemente comprometido com a sua fé”48. Assim o diálogo é a

39
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 491.
40
Cf. João Paulo II, 491.
41
Como na Ásia, onde existem muitas tensões, divisões e conflitos, provocados por diferenças étnicas, sociais,
culturais, linguísticas, económicas e religiosas (cf. João Paulo II, 24.).
42
Cf. João Paulo II, 491.
43
Cf. João Paulo II, 498.
44
Cf. Swidler, «What Is Dialogue?», 19.
45
Cf. Swidler, 19.
46
The World Council of Churches: O Concílio Mundial das Igrejas, é uma união das Igrejas mais de 120 países
de mundo inteiro e representa a cerca de 580 milhões de cristãos das várias denominações como: Igrejas
ortodoxas, Anglicanas, Batistas, Luteranas, metodistas e igrejas reformadas etc. – oikoumene.org
47
The World Council of Churches, Study encounter, Vol. III, No. 2, 1967. (Dialogue means a positive effort to
attain a deeper understanding of the truth through mutual awareness of one another's convictions and witness....
Dialogue implies readiness to be changed as well as to be influence by others.)
48
UCA News, «UCAN Document: Statement of FABC BIRA IV/7 on the Theology of Dialogue»,
Ucanews.Com, 15 de novembro de 1988, sec. Dialogue, 10.
5
melhor forma que alguém se consiga expressar perante o outro e escutá-lo sem prejuízo ou
preconceito e intolerâncias.

2.1.2. A razão do diálogo

“O diálogo que a Igreja propõe, fundamenta-se na lógica da Encarnação”49. O amor zeloso


e a solidariedade desinteressada movem a Igreja nesse seu diálogo com os homens que
procuram a verdade no amor50. O papa João Paulo II no Vº capítulo fala da importância de
produtividade em comunhão. Ele citou o evangelho de são João 15,5 (“Quem está em mim e
Eu nele, esse dá muito fruto”) mostrando da pessoa que produz frutos permanece na
comunhão com a Igreja e Cristo. O diálogo é a razão que se serve como base para as missões
da Igreja e ajuda para colher frutos e continuar em plena comunhão51. O diálogo é uma forma
de conversação onde as pessoas procuram genuinamente para aceder perspetivas diferentes
para lhes permitem de surgir novas ideias. Ao contrário de debate, o diálogo busca um novo
sentido que ainda não tenha apresentado pelos participantes anteriormente52.

O diálogo é a troca de mensagens entre os que nele participam53 e não seria um debate54. A
intenção do diálogo não é para convencer ou implementar as ideias próprias nos outros. Num
diálogo ideal, nenhum dos participantes tem o conhecimento absoluto sobre a verdade, mas
todos procuram para um melhor resultado pela troca das informações que possuam55.

2.1.3. A inevitabilidade do diálogo

No seu discurso inaugural da IV conferencia de Bishops’ Institute for Interreligious


Affairs sobre a teologia do diálogo o arcebispo emérito de Nova Deli Angelo Fernandes
destacou que os fiéis das outras religiões na Ásia não se deverá ser considerado como objetos
de missão cristã, mas sim, com quem partilha a vida social pelos testemunhos mútuos56. Ele
explicou que o diálogo entre as Igrejas locais e os povos da Ásia devia ter visto como a
expressão da vida cristã experimentada e vivida pelos fiéis, que os leva até ao reino de Deus57.
A opinião do arcebispo amostra o entendimento profundo de FABC sobre o diálogo como o

49
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 499.
50
Cf. João Paulo II, 499.
51
Cf. João Paulo II, 490.
52
Cf. Antonio Jovanovski, «Effective Dialogue», Trainers Library (blog), 28 de março de 2020,
https://www.trainerslibrary.org/effective-dialogue/.
53
Cf. Dirk Bühler e Wolfgang Minker, «Fundamentals of Dialogue Systems», em Domain-Level Reasoning for
Spoken Dialogue Systems, ed. Dirk Bühler e Wolfgang Minker (New York, NY: Springer, 2011), 16,
https://doi.org/10.1007/978-1-4419-9728-9_2.
54
No debate os participantes estão a tentar a convencer e implementar as suas ideias sobre o assunto sobre o
outro.
55
Cf. Swidler, «What Is Dialogue?», 20.
56
Cf. Archbishop Angelo Fernandes, «Dialogue in the Context of Asian Realities», Vidyajyoti Journal of
Theological Reflection 55 (1991): 548.
57
Cf. Fernandes, 548.
6
‘diálogo da vida’, que pede uma experiência genuíno e compreensão mutual, que possa ser
alcançada não por trabalhar para o outro, mas trabalhar com o outro58. A primeira assembleia
plenária de FABC explica claramente que as Igrejas locais da Ásia têm muito para aprender
das comunidades e culturas da Ásia. Assim o diálogo é fundamental para descobrir os
caminhos que a Igreja pode o usar para chegar os povos da Ásia59.

“[…] A Igreja permanece estrangeira em seu estilo de vida, em suas estruturas


institucionais, em sua adoração, em sua liderança treinada no Ocidente e em sua teologia.
Os rituais cristãos geralmente permanecem formais, nem espontâneos nem
particularmente asiáticos. Existe uma lacuna entre os líderes e os crentes comuns na
Igreja, a fortiori com os membros de outras religiões. A Igreja criou uma poderosa classe
sacerdotal, com pouca participação dos leigos. A formação no seminário muitas vezes
afasta o seminarista do povo. A teologia bíblica, sistemática e histórica, conforme
ensinada, muitas vezes não é pastoral e não é asiática.”60.

Por isso, o diálogo é necessário para reparar os estragos perpetrados por séculos de
dominação da colonial era, que resultou numa cautela na qualquer tentativa de evangelização
que cheira a instrumentalização. O diálogo permite que duas partes diferentes, com suas
visões diferentes de mundo, entrem na perspetiva uma da outra em termos iguais61.

A inevitabilidade de diálogo vem dos seus objetivos. Todas as missões, seja religiosa ou
laical, são orientadas para o alcanço de melhor estado da vida humana. O que é que a Igreja
está a tentar a mostrar o mundo das suas missões da Ásia? Sem dúvida a exortação apresenta a
resposta: a comunhão. A comunhão no contexto asiático tem um valor muito mais elevado do
que qualquer outro contexto ou cultura do mundo. A diversidade que existe na Ásia é
provocada por diferenças étnicas, socias, culturais, linguísticas, económicas e religiosas. É
neste contexto, “as Igrejas locais da Ásia, em comunhão com o Sucessor de Pedro, têm a
necessidade de fomentar uma maior comunhão de mente e coração, através duma estreita
colaboração entre elas próprias”62. A relação com as outras Igrejas cristãs e não cristãs é vital
para as missões.

58
Jonathan Yun-Ka Tan, «Towards Asian Liturgical Inculturation. Investigating the Resources in the Documents
of the Federation of Asian Bishop´s Conferences (FABC) for Developing an Asian Theology of Liturgical
Inculturation», FABC Papers, n.o 89 (dezembro de 1999): 26.
59
Cf. Tan, 27–29.
60
Federation of Asian Bishops’ Conferences, «Conclusion of the Theological Consultation of the FABC Office
of Evangelization, November 3-10, 1991, Hua Hin, Thailand», FABC Papers, The primacy of proclamation in
FABC statements, n.o 64 (dezembro de 1992): 26.
61
Cf. Tan, «Towards an Asian Inculturation», 29.
62
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 491.
7
“Por isso, o Sínodo renovou o compromisso da Igreja da Ásia na sua missão de
aperfeiçoar quer as relações ecuménicas quer o diálogo inter-religioso, reconhecendo que
edificar a unidade, trabalhar pela reconciliação, forjar laços de solidariedade, promover o
diálogo entre religiões e culturas, extirpar preconceitos e gerar confiança entre as pessoas
pertence à essência da missão evangelizadora da Igreja no continente”63.

A FABC proponha o diálogo como o meio principal do processo da inculturação na


Ásia64: “Nos percebemos o diálogo como a condição necessária e a ferramenta inevitável para
a inculturação”65. Por ter a acolhedora das várias culturas, crenças diversificadas e situações
distintas de sociopolíticas, a Ásia precisa do diálogo para servir o propósito da união onde se
atua66. Na sua missão na Ásia as Igrejas locais não se conseguiriam avançar mais sem o apoio
do diálogo, uma vez que a abordagem dialógica é a única via para aproximar a realidade
diversificada da Ásia67. E por ser acolhedor da metodologia do diálogo a Igreja local também
se reduz o risco da auto centralismo.

2.1.4. Companheiros do diálogo

As pessoas que tenham precisamente a mesma opinião sobre um assunto não pode ser
considerado como bons companheiros de diálogo68. No fundo do diálogo, segundo o Swidler,
os interlocutores quando têm conhecimento suficiente sobre o assunto procuram a encorajar e
reforçar uns aos outros para permanecer no assunto69. O diálogo para manter a integridade tem
de cumprir regras especificas. E a maioria desses erros podem ser evitado controlando a
qualidade dos companheiros do diálogo. Quando um dos participantes da conversação possua
o conhecimento superior no tema, há uma probabilidade maior de o diálogo transformar se
para uma lição ou palestra70. Se os participantes forem demasiado rígidos nas suas
perspetivas, pode ter dificuldades de abrir a um âmbito de diálogo. A colaboração entre os
participantes é necessário para identificar a melhor resposta e estratégias para resolver os
problemas a qual o diálogo é orientado. Num diálogo ideal os participantes serão mais
flexíveis com o tema de conversação e aceitam as perspetivas diversas para analisar e explorar
as sintonias e divergências.71.
63
João Paulo II, 491.
64
Cf. James H Kroeger, «Dialogue: Interpretive Key for the Life of the Church in Asia», FABC Papers, n.o 130
(maio de 2010): 12.
65
Gaudencio B. Rosales e Catalino G. Arevalo, For All the Peoples of Asia: FABC Documents from 1970 to
1991 (Orbis Books, 1992), 249.
66
Cf. Rosales e Arevalo, 281–82.
67
Cf. Rosales e Arevalo, 332.
68
Cf. Swidler, «What Is Dialogue?», 19.
69
Cf. Swidler, 19.
70
Cf. Swidler, 19–20.
71
Cf. «Dialogue Participants», Food Systems Summit Dialogues (blog), acedido 21 de setembro de 2022,
https://summitdialogues.org/engage/dialogue-participants/.
8
No Food Systems’ Summit organizado pela Nações Unidas em 2001, apontou os possíveis
benefícios que os participantes podem adquirir do diálogo ativo: a melhor capacidade de
escutar o outro; acolher as perspetivas diferentes; buscar alianças novas que ajude no diálogo;
abertura aos sintonias e divergências e explorá-los. A capacidade de colaborar com
participantes de diálogo para encontrar o melhor procedimento. E no fim cria a abertura ao
debate positivo procurando a os possíveis impactos das estratégias72. As qualidades
apresentadas nesse encontro de Nações Unidas têm uma caraterística universal. O diálogo
assim abrange todos os povos, sem ter o critério das divisões em base de dinheiro, situação
social, fé, opiniões políticas, idade ou experiência da vida.

Papa Francisco na exortação Evangelii gaudium implora para estar abertos aos todos
aqueles que, mesmo não se reconhecendo parte de qualquer tradição religiosa, buscam
sinceramente a verdade, a bondade e a beleza, porque eles têm a sua máxima expressão e a
sua fonte em Deus73. Eles também são os bons companheiros de diálogo. O diálogo melhora a
vida humana, é a finalidade do qualquer diálogo. Eles são considerados como aliados no
compromisso pela defesa da dignidade humana, na construção duma convivência pacífica
entre os povos e na guarda da criação. Assim os crentes e não-crentes podem dialogar sobre
os vários temas fundamentais da ética, da arte e ciência e sobre a busca da transcendência.
Também este é um caminho de paz para o nosso mundo ferido; conclua o Papa74. Esta mesma
ideia pode ser encontrada noutras palavras na exortação apostólica Ecclesia in Asia de Papa
João Paulo II. Aplicando o conceito do Concílio Vaticano II, a Igreja é o povo peregrino de
Deus. Amplificando a mesma ideia de povo peregrino, todos os povos da Ásia, e do mundo
inteiro, incorporam neste grupo de peregrinos para Deus. A Igreja pela sua missão da
evangelização entra em diálogo com os povos e torna se um bom companheiro do diálogo75.

2.1.5. O lugar / Locus e tempo do diálogo

No ponto da vista cristã, o local do diálogo é a Igreja. A Igreja é o núcleo da comunhão76.


Assim todas as pessoas fazem parte da Igreja, porque a Ela é o sacramento da união da raça
humana77. Assim a comunhão dos povos torna-se o lugar do diálogo. Esta comunhão até pode
ser o encontro de apenas duas pessoas ou das várias povoações.

72
«Dialogue Participants».
73
Cf. Papa Francisco, «Evangelii Gaudium», em Acta Apostolicae Sedis, 06 dezembro 2013, vol. 105, 12 (Città
del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2013), 1123, https://www.vatican.va/archive/aas/documents/2013/acta-
dicembre2013.pdf.
74
Cf. Papa Francisco, 1123.
75
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 491.
76
Cf. João Paulo II, 490. “[…] a Igreja deve ser vista como o lugar privilegiado de encontro entre Deus e o
homem […]”
77
Cf. João Paulo II, 490.
9
Em 1970 os bispos asiáticos dedicaram-se em desenvolver a teologia indígena, para que a
alma e o significado do evangelho possam ser incorporado a melhor maneira na rica cultura
da Ásia. Isto também vai ajudar o cristianismo no apoio que dá para promover a autenticidade
humana nas culturas que o encontra78. A inculturação não é a mera adaptação dum
cristianismo prefeito a qualquer situação cultural. É um processo de vários passos, desde a
receção da Palavra e a tornar como a regra da vida até a incorporação da Igreja local. É a
culminação da transformação, onde o povo torna-se o Corpo de Cristo e o lugar sagrado do
diálogo79. E é importante que exista a Igreja local como a pedra angular para continuar o
progresso da missão e inculturação da Igreja. A comunidade em prosseguimento da
transformação como a Igreja local descubra uma nova identidade, salvaguardando as riquezas
culturais que ela sempre tinha consigo, e integrando-as para a nova evolução como o
sacramento de amor ativo de Deus80.

Uma vez que a Igreja local está enraizada e imersa na realidade local do povo asiático
com suas culturas, tradições religiosas, lutas e aspirações por um futuro melhor, a tarefa de
construir qualquer teologia asiática de inculturação litúrgica é a tarefa desta Igreja local81.
Assim como cada Igreja local asiática deve ser verdadeiramente asiática, embora chamada ao
mesmo tempo a ser também verdadeiramente católica, isto é, em comunhão, harmonia e
unidade com outras igrejas locais asiáticas, assim como a Sé de Pedro na igreja local de
Roma82, a liturgia de cada igreja local asiática também deve ser verdadeiramente asiática,
apropriando-se criativamente ao mesmo tempo do ordo recebido da tradição litúrgica católica
que está na raiz da catolicidade da igreja local e da comunhão com outras igrejas locais em
todo o mundo83.

2.2. Modelos/áreas do diálogo

A Exoração Ecclesia in Asia aponta para a importância da presença da Igreja no meio das
diversas cultuas e religiões em relação a favor da unidade entre eles. Ela é capaz de promover
a comunhão entre as Igrejas e os bispos com o sucessor de Pedro com o objetivo de ser o meio
da comunicação entre as várias comunidades asiáticas. No início de V capítulo o Papa refere a
teologia de comunhão do Concílio Vaticano II e descreve que todos os povos estão

78
Cf. Kroeger, «Dialogue: Interpretive Key for the Life of the Church in Asia», 10.
79
Cf. Kroeger, 10.
80
Cf. Kroeger, 10.
81
Cf. Vimal Tirimanna, ed., Fifty Years of Asian Pastoral Guidance: Collection of the Statements of the Asian
Bishops’ Meeting and the Plenary Assemblies of the Federation of Asian Bishops’ Conference (FABC) : (1970-
2020), 1.a ed. (Bangkok, Thailand: Hemmarus Prepress Co., 2020), 4.
82
Cf. Tirimanna, 4.
83
Cf. Tan, «Towards an Asian Inculturation», 59.
10
relacionados uns com os outros84. Ele também aponta os diversos meios e diálogos (dentro e
fora da Igreja) em que a Igreja possa participar.

No início deste capítulo o Papa amostra mais uma vez a interesse no diálogo (à troca de
ideias). Edmund Chia, mencionando os números dois85, três86 e quatro87 da exortação pós-
sinodal, apresenta o Papa como quem apoia e gosta do diálogo88. Segundo Edmund Chia, João
Paulo II vê o sínodo dos bispos como ‘o encontro em diálogo’ e a exortação, como os frutos
desse mesmo encontro89. Contudo, ele mais tarde avalia, utilizando as várias ideias dos
autores como Prior90 e Amaladoss91, que a exortação não se volveu como devia ter sido: que
uma troca de ideias entre o Papa e os bispos da Ásia92. E ainda no início de capítulo V o Papa
volta a esforçar sobre o empenho que cada um dos membros da Igreja para entrar em diálogo
com os outros “cuidadosamente por servir a causa da unidade em todas as suas dimensões”:

“No meio de povos, culturas e religiões tão diversos, ‘a vida da Igreja como comunhão
assume ainda maior importância’. Com efeito, o serviço da Igreja a favor da unidade tem
uma relevância específica na Ásia, onde existem muitas tensões, divisões e conflitos,
provocados por diferenças étnicas, sociais, culturais, linguísticas, económicas e religiosas.
Num contexto assim, as Igrejas locais da Ásia, em comunhão com o Sucessor de Pedro,
têm necessidade de fomentar uma maior comunhão de mente e coração, através duma
estreita colaboração entre elas próprias. De importância vital para a sua missão
evangelizadora, são também as suas relações com as outras Igrejas Cristãs e Comunidades
Eclesiais, e com os seguidores de outras religiões. Por isso, o Sínodo renovou o
compromisso da Igreja da Ásia na sua missão de aperfeiçoar quer as relações ecuménicas
quer o diálogo inter-religioso, reconhecendo que edificar a unidade, trabalhar pela
reconciliação, forjar laços de solidariedade, promover o diálogo entre religiões e culturas,
extirpar preconceitos e gerar confiança entre as pessoas pertence à essência da missão
evangelizadora da Igreja no Continente. Tudo isto exige, por parte da Comunidade
Católica, um sincero exame de consciência, a coragem para buscar a reconciliação e um

84
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 490.
85
“[…] pretendi que o Sínodo pudesse ilustrar e aprofundar a verdade sobre Cristo como único Mediador entre
Deus e os homens e único Redentor do mundo, distinguindo-O bem dos fundadores de outras grandes religiões”
86
“[…] os Padres Sinodais e outros participantes, reunidos à volta do Sucessor de Pedro e partilhando o dom da
comunhão hierárquica, deram voz e rosto à Igreja da Ásia. Foi realmente um momento de graça especial!”
87
“Através desta Exortação Apostólica Pós-Sinodal, desejo partilhar com a Igreja presente na Ásia e no mundo
inteiro os frutos desta Assembleia Especial.”
88
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 201.
89
Cf. Chia, 201.
90
Cf. Prior, «Unfinished Encounter: A Note on the Voice and Tone of “Ecclesia in Asia”».
91
Cf. Michael Amaladoss, «The Mystery of Christ and Other Religions: An Indian Perspective», Vidyajyoti
Journal of Teological Reflection 63, n.o 5 (maio de 1999): 327.
92
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 201.
“[…] Ecclesia in Asia is supposed to be the voice of the Pope in dialogue with the voice of the Bishops of Asia”.
11
renovado compromisso a favor do diálogo. No limiar do terceiro milénio, é evidente que a
eficácia evangelizadora da Igreja exige que ela se esforce cuidadosamente por servir a
causa da unidade em todas as suas dimensões”93.

Segundo ao James Kroeger a visita do papa Paulo VI à Ásia em novembro de 1970 teve
um impacto significativo na missão e diálogo da Igreja na Ásia ao longo das quatro décadas
passadas94. O sínodo para a Ásia e a exortação que o seguiu dá continuação para esta missão
iniciado pelo Paulo VI. O primeiro assembleia planária da FABC em 1974 confirmou o seu
interesse e obrigação para seguir a missão da evangelização construindo as Igrejas locais em
diálogo como os povos da Ásia, dando atenção especial para os pobres (povos Asiáticos),
Culturas e Religiões. Depois de quatro décadas o arcebispo Orlando Quevedo, secretario geral
da FABC na altura, em introdução da nona assembleia plenária de FABC em Manila em
2009, explicou sobre a visão de FABC para a Igreja da Ásia como o triplo diálogo – diálogo
com os pobres, culturas e religiões95.

Considerando as circunstâncias reais da Ásia: multirracial, multilingue, multirreligiosa e


multicultural, a abordagem dialógica é a forma mais viável que leva a Igreja aos povos da
Ásia. Esta mesma metodologia não seria algo exterior da Igreja da Ásia, não algo que ela
adapta para alcançar alguns objetivos, mas a Igreja em si torna-se como uma comunidade de
diálogo96. O modelo de diálogo assim é a nova maneira ser a Igreja97.

2.2.1. Diálogo Social

A Igreja preocupa se com a sociedade. As doutras sociais da Igreja surgiram em relação


aos seus deveres à sociedade em que ela existe.

“A doutrina social da Igreja desenvolveu-se no século XIX aquando do confronto do


Evangelho com a sociedade industrial moderna, as suas novas estruturas para a produção
de bens de consumo, o seu novo conceito de sociedade, de Estado e de autoridade, as suas
novas formas de trabalho e de propriedade. O desenvolvimento da doutrina da Igreja em
matéria económica e social comprova o valor permanente da doutrina da mesma Igreja, ao
mesmo tempo que o verdadeiro sentido da sua Tradição, sempre viva e ativa”98.

O surgimento da sociedade industrial e as consequências seguidas obrigaram a


modificação do contexto social da época. Antigas estruturas sociais foram desmontadas e
93
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 491.
94
Cf. Kroeger, «Dialogue: Interpretive Key for the Life of the Church in Asia», 1.
95
Cf. Kroeger, 2.
96
Cf. Rosales e Arevalo, For All the Peoples of Asia, 332.
97
Cf. Kroeger, «Dialogue: Interpretive Key for the Life of the Church in Asia», 12.
98
João Paulo II, «Catecismo da Igreja Católica» (Libreria Editrice Vaticana, 1992), 2421,
https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html.
12
surgiu um novo objetivo com base numa justa estrutura social. Desde o oitocentos houve
objeção contra a atividade caritativa da Igreja, explanada depois com insistência, sobretudo
com pensamento marxista. O argumento era sobre a desnecessidade de obras de caridade para
os pobres, supondo que eles precisam mais a justiça99. “Em vez de contribuir com as diversas
obras de caridade para a manutenção das condições existentes, seria necessário criar uma
ordem justa, na qual todos receberiam a dua respetiva parte de bens da terra e por
conseguinte, já não teriam necessidade das obras caridade”100. Embora que exista algo
verdade nesta argumentação, também há erros. “É verdade que a norma fundamental do
estado deve ser a prossecução da justiça e que a finalidade de uma justa ordem social é
garantir cada um, no respeito do princípio da subsidiariedade, a própria parte nos bens
comuns”101. E isto é sempre sublinhado na doutrina cristã sobre o estado e a doutrina social da
Igreja. olhando para história, a questão da justa ordem da coletividade entrou na sociedade em
Oitocentos. Consequentemente a produção e o capital tornaram-se o novo poder, colocando
nas mãos dos poucos, que resultava em privação dos direitos, contra o qual era preciso
revoltar-se. Papa Bento XVI aponta para o Bispo Ketteler de Mogúncia (+1877), como um
dos pioneiros que davam os primeiros passos de que se colocava em moldes novos o
problema da justa estrutura da sociedade102.

A revolução do século XVIII103 foi mais efetivo no mundo europeu/ocidental. Ao mesmo


tempo ela também teve os seus efeitos nas sociedades orientais, talvez não tanto como no seu
lugar da origem, mas numa forma mais discreta. Embora que só em século XX a Ásia
começou a abrir mais para ocidental104, economicamente e socialmente, ela aceitou as
mudanças bastante rápido, tornando a economia mais crescida na quarta revolução
industrial105. Esta abertura ao capitalismo também lhe trouxe os problemas do mundo novo.
Na difícil situação em que hoje o mundo encontra se também por causa da globalização
economia, a doutrina social da Igreja e abertura da Igreja ao diálogo tornam-se uma indicação
fundamental, que propõe válidas orientações muito para além das fronteiras nacionais. Estas
orientações devem ser analisadas me diálogo com todos aqueles que se preocupam seriamente
do homem e do seu mundo106.

99
Cf. Bento XVI, «Deus Caritas Est», em Acta Apostolicae Sedis, 03 março 2006, vol. 98, 3 (Città del Vaticano:
Libreria Editrice Vaticana, 2005), 237, https://www.vatican.va/archive/aas/documents/2006/marzo%202006.pdf.
100
Cf. Bento XVI, 237.
101
Bento XVI, 237.
102
Cf. Bento XVI, 238.
103
A primeira revolução industrial começou em Grã Britânia em 1764 com a famosa máquina Spinning Jenny.
104
Com a exceção do Japão, que começou a participar na primeira revolução industrial.
105
Mousumi Roy, «Asia’s Role in the Four Industrial Revolutions», Association for Asian Studies, História
economica, 23, n.o 1 (2018), https://www.asianstudies.org/publications/eaa/archives/asias-role-in-the-four-
industrial-revolutions/.
106
Cf. Bento XVI, «Deus Caritas Est», 238.
13
A essência da comunicação na Igreja tem a sua origem no conceito trinitária entre o Pai,
Filho e Espírito Santo na Igreja. Uma vez os homens são criados na semelhança de Deus, o
poder de comunicação, o fator unificador da trindade, é transferido aos homens para facilitar a
comunicação107. Deus comunica com os homens na revelação. E esta revelação é feita pelos
meios da comunicação humana. O ponto mais alto desta revelação é Jesus Cristo. A Igreja na
sua essência é a comunicação, o transmissor de Cristo nas suas palavras e ações108.

A comunicação social abrange vários modos de comunicação humana. Todas as


comunicações, desde a comunicação interpessoal até os vários meios tecnológicos da
comunicação fazem parte deste diálogo social. Todas essas comunicações têm a finalidade de
construir e manter a relação ativa entre as culturas da Ásia e a Igreja109.

A importância de diálogo social é focada no facto obrigatória da existência da


humanidade. Homem como um animal social110 não se pode afastar da comunicação. Uma vez
é a mesma que lhe ajuda a manter ligado com a sociedade. A Igreja enquanto fala sobre a
sobre a comunicação, é sempre baseada nas pessoas, porque o amor pela humanidade é a
razão do diálogo111.

Segundo a FABC o diálogo inter-religioso está a interligado com a comunicação humana.


Por isso mesmo a primeira fase do diálogo inicia-se com as pessoas que vivem a sua volta.
Mais uma vez a sociedade torna-se o fator mais importante em diálogo112. A exortação reforça
o objetivo da FABC em relação ao estender a missão da Igreja não só com os que partilham a
mesma fé, mas também com todo povo de bom coração:

“Na sua qualidade de sacramento da unidade de toda a humanidade, a Igreja não pode
deixar de entrar em diálogo com todos os povos, em todo o tempo e lugar. De acordo com
a missão que recebeu, ela aventura-se pelo mundo ao encontro dos vários povos, ciente de
ser um ‘pequenino rebanho’ dentro da multidão imensa da humanidade (cf. Lc 12, 32),
mas também de ser fermento na massa do mundo (cf. Mt 13, 33). Os seus esforços em
dialogar são dirigidos primeiramente àqueles que partilham a sua fé em Jesus Cristo,
Senhor e Salvador. Mas alargam-se, para além do mundo cristão, aos seguidores de outras
tradições religiosas, tendo por base os anseios religiosos presentes em todo o coração
107
Cf. The Federation of Asian Bishops’ Conferences office of social communication, «Church and Social
Communicartion in Asia», FABC Papers, Workshop discussion guide, n.o 92a (janeiro de 2000): 3.
108
Cf. The Federation of Asian Bishops’ Conferences office of social communication, 3–4.
109
Cf. The Federation of Asian Bishops’ Conferences office of social communication, 5.
110
Cf. «Man as a Social Animal», The Hindu, 12 de março de 2012, sec. Research,
https://www.thehindu.com/features/education/research/man-as-a-social-animal/article2988145.ece.
111
Cf. The Federation of Asian Bishops’ Conferences office of social communication, «Church and Social
Communicartion in Asia», 5.
112
Cf. Federation of Asian Bishops’ Conferences, «Conclusion of the Theological Consultation of the FABC
Office of Evangelization», 29.
14
humano. O diálogo ecuménico e o diálogo inter-religioso constituem uma verdadeira
vocação para a Igreja.113”

2.2.2. Diálogo ecuménico

As palavras ‘ecumenismo’ e ‘ecuménico’ pode não ser definido na mesma maneira.


Simon Oxley, ex-executivo114 da educação e formação ecuménica da Conselho Mundial das
Igrejas, na sua tese defina ‘ecuménico’ como uma área da qual o limite muda em relação ao
contexto. Para alguns, continua Oxley, especialmente nas igrejas tradicionais da Europa, essa
periferia é cercada pela comunhão da Igreja. Mas, para o resto de mundo isso abrange toda a
humanidade e da ordem natureza115. Alem disso também há pessoas que consideram o
ecumenismo como a construção da relação e trabalhar com as pessoas diferentes, seja na fé ou
na cultura116.

Embora que haja muitos padrões que apresentam o ecumenismo como algo em busca da
unidade entre as igrejas Cristãs, há outros que não concordam com o mesmo fim. Para alguns,
disse Oxley, o ecumenismo é um perigo ou ameaça para a fé Cristã. Pode também ser
comparada com uma estrutura criada com o objetivo de criar uma Igreja global contrariado a
opinião popular117. E o ecumenismo aos mais outros é uma forma de corrigir ou melhorar a fé
errada ou deficiente dos outros118. Assim percebe-se que exista opiniões diferente sobre o
mesmo tanto dentro quanto fora da Igreja.

O conceito de Ecumenismo tem que ser aceito pela maioria para produzir o resultado
desejado por ele119. Para o tal fim o conceito tem de ter uma regularidade nas conversas
ecuménicas. A importância de diálogo ecuménico surge do contexto social e religiosa do
tempo e local. Consequentemente, serve para chegar ao acordo entre os companheiros do
diálogo alargando perspetiva ecuménica. A consciência ecuménica pode ser definida segundo
ao ponto de vista de cada pessoa. A tese de Oxley120 apresenta vairas tentativas de Concílio

113
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 498.
114
Desde Maio 1996 até novembro 2008.
115
Cf. Simon John Oxley, «The World Council of Churches and ‘Ecumenical Consciousness’: How the
Constitutional Responsibility of Fostering ‘Ecumenical Consciousness’ Has Been Reflected in the World
Council of Churches’ Educational and Formational Activities from 1948-2006.» (PhD, Manchester, University
of Manchester, 2010), 16, https://www.research.manchester.ac.uk/portal/files/54593666/FULL_TEXT.PDF.
116
Cf. Oxley, 16.
117
O autor compara essa forma de movimento como comunismo, maçónico ou algo similar. Alem disso ele
apresenta uma experiência pessoal da ‘Conferência sobre o missão e evangelização mundial’ na Atenas em 2005,
onde um protesto acusou o World Council of Churches de maçonismo.
118
Cf. Oxley, «The World Council of Churches and ‘Ecumenical Consciousness’», 16.
119
Cf. Proposed World Council of Churches, Utrecht Conference, May 1938, Memorandum No 7, p1, WCC
Archives box 23.1.003 (An ecumenical outlook can only become an integral part of the thinking and daily life of
the Churches when ecumenical education has permeated the whole Christian community. Without this it will
remain a specialised interest limited to a few, without any real influence on the present generation.)
120
Cf. Oxley, «The World Council of Churches and ‘Ecumenical Consciousness’».
15
Mundial das Igrejas em relação ao aumentar a consciência de ecumenismo dentro das Igrejas,
mas a maioria delas não foram sucessos121. A consciência ecuménica segundo o livreto
‘Ecumenical consciousness’122 é explicado como “A recognição dos nós mesmos e os
restantes cristãos à nossa volta, dos membros duma só família onde se partilha a herança e a
responsabilidade comum”123. A responsabilidade de ser ecuménico assim está posto na
consciência de cada membro da Igreja.

O decreto Unitatis Redintegratio sobre o ecumenismo do Vaticano II introduziu a frase da


ordem ou hierarquia das verdades da doutrina católica124. John P. Meier no seu artigo
apresenta várias opiniões dos teólogos à cerca de Hierarquia das verdades: ‘os numerosos
comentários feitos sobre a frase não foram suficientes para esclarecer o conceito ou aproveitá-
lo para o bem do diálogo ecuménico’125. Em 1990 o ‘Joint work Group of the Roman Catholic
Church’ e ‘World Council of Churches’ publicaram o documento com o título ‘The notion of
Hierarchy of Truths – An Ecumenical Interpretation’126. Esse documento tentou a interpretar a
ordem da hierarquia das verdades como umas metáforas127. O mesmo também foi apresentado
numa ordem da importância, que seja aplicada como uma estrutura graduada em que cada
hierarquia serve para as funções diferentes128. O conceito da ‘hierarquia das verdades’, se for
utilizado corretamente, pode ajudar se abrir mais e entrar na comunhão da fé em Cristo,
quando se entra no diálogo ecuménico129.
121
Cf. Oxley, 28.
122
O livreto foi encontrado numa coleção dos panfletos dos Estados Unidos de 1930 – 40 na biblioteca de
Concílio Mundial, intitulado ‘Ecuemenical Consciousness’, produzido pela comissão de estudo da unidade de
cristã na federação dos concílios das Igrejas de Cristo na América.
123
Oxley, «The World Council of Churches and ‘Ecumenical Consciousness’», 31.
124
Cf. Paulo VI e Sacrosancti Concilii Patribus, «Decreto Unitatis redintegratio sobre o Ecumenismo», em Acta
Apostolicae Sedis, 30 Janeiro 1965, 1 (Città del Vaticano: Vatican, 1964), 99,
https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-57-1965-ocr.pdf.
125
Cf. John P. Meier, «The Brothers and Sisters of Jesus In Ecumenical Perspective», The Catholic Biblical
Quarterly 54, n.o 1 (1992): 2.
126
Cf. Joint Work Group, ed., «The Notion of “Hierarchy of Truths” an Ecumenical Interpretation. A Study
Document Commissioned and Received by the Joint Working Group», em Appendix B, vol. 74, III/1990 (6th
Official Report, Rome, Italy: Infromation Service, 1990), 85–90,
https://www.prounione.urbe.it/dia-int/jwg/doc/e_jwg-n6_7.html.
127
Cf. 17.
128
Cf. 17. “The Decree on Ecumenism uses "hierarchy of truths" as a metaphor (and places "hierarchy" between
quotation marks. This indicates an order of importance (a) which implies a graded structure (b) in which the
different degrees serve different functions. The Decree applies this to Christian doctrine in two ways. First, there
is an order between propositional truths of doctrine and the realities which are known by means of the
propositions. Propositional truths of doctrine which articulate the faith, such as the Marian dogmas, refer
ultimately to the divine mystery and guide the life of the people of God. Secondly, "neither in the life nor the
teaching of the whole Church is everything presented on the same level. Certainly, all revealed truths demand the
same acceptance of faith, but according to the greater or lesser proximity that they have to the basis of the
revealed mystery, they are variously placed regarding one another and have varying connections among
themselves" (The Secretariat for Promoting Christian Unity, "Reflections and Suggestions concerning
Ecumenical Dialogue [1970]" IV, 4 b). Some truths lean on more principal truths and are illumined by them (cf.
Congregation for the Clergy, General Catechetical Directory [11 April 1971], No. 43; Congregation for the
Doctrine of the Faith, Mysterium Ecclesiae [24 June, 1973], No. 4)”.
129
Cf. 35–40.
16
2.2.2.1. As dificuldades do diálogo ecuménico

É possível a identificar os vários elementos que dificultam a relação entre as comunidades


cristãs, na Ásia e no resto do mundo. A lista dos problemas inclui dos preconceitos herdados
do passado até a indiferença aos costumes pelas comunidades. Todos esses podem ser os
obstáculos neste caminho do diálogo130.

A relação mantida entre as Igrejas locais cria uma base sólida para continuar o diálogo
ecuménico131. O sínodo propõe que ‘as conferências Episcopais Nacionais da Ásia convidam
outras Igrejas cristãs a tomar parte num processo, feito de oração e deliberação, que sonde as
possibilidades de novas estruturas e associações ecuménicas para promover a unidade cristã.
Também há sugestões sobre a semana de oração pela unidade, que seja frutuosamente
celebrada e proveitosa para fortificar a tal relação entre os cristãos. Uma outra proposta tem a
ver com os Bispos serem animados pelos centros da oração e diálogo; a necessidade de incluir
no currículo dos seminários, casas de formação e instituições educativas, uma adequada
formação para o diálogo ecuménico132.

Viver preso na consciência paroquiana num mundo universal não se ajuda desenvolver o
diálogo ecuménico no mundo. A Igreja com uma mentalidade paroquiana é muito limitado e
não se consegue aceitar o outro como ele é. A dificuldade para admitir o outro na sua
totalidade pode causar conflitos. Na conclusão de Theological Consultation of the FABC
Office of Evangelization a Conferência fala sobre uma Igreja que é a serva133. Segundo a
FABC uma Igreja tem que ser a serva de Deus, Cristo, do seu plano da salvação; também a
serva dos povos asiáticos, das suas esperanças, anseios e ambições; uma serva dos seguidores
das outras religiões, das mulheres e homens, e de todos com quem ela cruza o seu caminho134.
A Igreja como serva é humilde e não tem medo para diminuir para a minoria. Ela é aberta
para o diálogo porque o único objetivo dela é ser o rosto de Cristo para os seus irmãos no
mundo. É a Igreja sonhado pela FABC para a Ásia135.

2.2.2.2. Diálogo ecuménico na Ásia

O diálogo ecuménico é um desafio e um apelo lançado a toda a Igreja, e de modo especial


à Igreja da Ásia136. A Ásia tem o número de cristãos proporcionalmente pequeno137. A divisão
130
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 450.
131
Cf. João Paulo II, 450.
132
Cf. João Paulo II, 450.
133
Cf. Federation of Asian Bishops’ Conferences, «Conclusion of the Theological Consultation of the FABC
Office of Evangelization», 29.
134
Cf. Federation of Asian Bishops’ Conferences, 29.
135
Cf. Federation of Asian Bishops’ Conferences, 29–30.
136
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 499.
137
Cf. Número dos fiéis das várias religiões.
17
entre os cristãos também se dificulta ainda mais o trabalho missionária que a Igreja tenha de
fazer. A unidade entre os cristãos é esperada, especialmente na Ásia onde existe harmonia e
unidade através das religiões e fés que pessoas possuem138. A divisão entre os que seguem
Cristo é vista como contratestemunho de O próprio. Os padres sinodais apontaram que o
escândalo do cristianismo dividido é um grande obstáculo para a evangelização na Igreja139. A
divisão é ultrapassada com a união. A Igreja católica como a imagem da unidade tem a certa
obrigação de trabalhar pela unidade entre os cristãos. A comunhão plena requer, de cada um
que participa, caridade, discernimento, coragem e esperança140. O primeiro passo para essa
comunhão é o diálogo entre as respetivas comunidades. Antes de mais começar pelo facto
comum: Cristo. O diálogo guia nos para a caridade, à fidelidade, ao espírito de discernimento
e à vontade da renovação.

2.2.3. Diálogo intra-ecclesiam

O diálogo dentro da Igreja, comparado com os diálogos referidos neste nosso trabalho, é
mais importante . Porque um reino se dividir contra si mesmo não pode perdurar; e se uma
casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir141. Sem de entender entre um ao
outro dentro da mesma comunidade, a possibilidade de alcançar outros diálogos e
comunidades vai diminuir muito. Neste sentido a transformação tenha de começar
especificamente dentro da Igreja. O apelo pela paz e comunhão iniciam-se no diálogo. O
próprio poder do Papa é evidenciado mais claramente na perspetiva de comunhão eclesial142.
A inadaptabilidade ao diálogo dentro da Igreja não se ajuda melhorar a relação interno.
Quanto mais está a aberta ao diálogo, tanto mais unida fica a Igreja. A FABC em IV Faith
Encounters In Social Action (FIESA) anota se a importância do diálogo dentro da Igreja. É
esta prontidão para dialogar que levará a Igreja a respeitar os outros e a entender a
evangelização como um processo de escuta daquilo que os povos expressam através de suas
vidas. É claro que o diálogo não é para a conversão143.

A comunicação dentro da Igreja ajuda na solidariedade entre as Igrejas144. E a comunhão


entre as Igrejas é o primeiro passo da comunhão com a Igreja universal. A “[…] comunhão
exige que as Igrejas particulares permaneçam abertas umas às outras e colaborem
reciprocamente, de maneira que, na sua diversidade, saibam defender e manifestar claramente

138
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 450.
139
Cf. João Paulo II, 450.
140
Cf. João Paulo II, 450.
141
Cf. Mc 4, 24-25.
142
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 25.
143
Cf. Kroeger, «Dialogue: Interpretive Key for the Life of the Church in Asia», 43.
144
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 26.
18
o vínculo de comunhão […]”145. As diferenças culturais que a Ásia tem nem sempre ajudam a
manter a união entre as Igrejas. As divisões ainda existem dentro e fora da Igreja (Diferenças
em língua, ritual, ideologia etc.). Os padres sinodais bem sabiam sobre essas divisões, e
propuseram vários passos concretos para fortalecer as relações entre as Igrejas locais146.

A exortação e o sínodo abriram a oportunidade de um novo diálogo entre as Igrejas. A


presença do Papa “nas Sessões Gerais do Sínodo foi uma feliz oportunidade de partilhar as
alegrias, esperanças, dificuldades e ânsias dos Bispos”147. “Dentro da perspetiva da comunhão
eclesial que a autoridade do Sucessor de Pedro se evidencia claramente, não tanto nem
primariamente como poder jurídico sobre as Igrejas locais, como sobretudo uma primazia
pastoral ao serviço da unidade de fé e de vida de todo o Povo de Deus”148. O Papa amplifica a
essencialidade de manter o respeito e sensibilidade que as Igrejas mostram pelas diversidades
culturais e eclesiais na Ásia149. A Igreja é uma união da diversidade. A Ásia talvez seja o
maior exemplo dessa teoria de unidade em diversidade. Assim a Igreja tem mais obrigação de
continuar a ser o modelo para o mundo a sua volta.

O sínodo era uma ocasião da partilha das preocupações pelos bispos sobre a falta de
comunicação entre as igrejas, especialmente entre as igrejas da Ásia e a Roma150. O autor
Edmund Chia referindo ao VII assembleia plenária de FABC apresenta a importância de ter
mais interações entre as Igrejas na Ásia e também entre o oriente e ocidente151. Chia incentiva
os leitores da Ecclesia in Asia a procurar sobre a participação dos bispos da Ásia na versão
final do documento, que possivelmente complementa a leitura do mesmo para ter uma melhor
perceção da relação entre o Ocidente e do Oriente152. A comparação das ideias dos dois
continentes e culturas diferentes pode criar confusões sobre os temas que cada uma das
Igrejas apresentam. Mas, o objetivo é o mesmo: servir o povo e que tenham vida e a tenham
em abundância153. A FABC baseado neste aspeto foca mais no diálogo entre as religiões e
antes mais entre as comunidades da mesma fé154. Segundo o Edmund Chia o possível causa da

145
João Paulo II, 494.
146
Cf. A necessidade de gestos espirituais de apoio e estímulo, sugeriram uma distribuição mais equitativa de
sacerdotes, uma solidariedade financeira mais efetiva, intercâmbios culturais e teológicos, e oportunidades
sempre crescentes de consórcio entre dioceses. As associações continentais de bispos também ajudado fomentar
a união entre as Igrejas locais e proporcionando encontros de cooperação para se resolverem problemas
pastorais. – EA26
147
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 492.
148
João Paulo II, 492.
149
Cf. João Paulo II, 492.
150
Cf. Prior, «A Tale of Two Synods: Observations on the Special Assembly for Asia», 219.
151
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 203.
152
Cf. Chia, 201.
153
Cf. Jo. 10, 10
154
Cf. Edmund Chia, «Interreligious Dialogue in Persuit of Fullness of Life in Asia», FABC Papers, Workshop
discussion guide, n.o 92k (janeiro de 2000): 17.
19
confusão é a diferença nas perspetivas sobre a evangelização que cada uma das Igrejas
possuem155.

A diocese no diálogo da comunhão é o sustentáculo principal. Os padres sinodais, como


esclarecido na exortação, optaram por descrever a diocese como a comunhão de comunidades
reunidos à volta do pastor156. A diocese é o lugar próprio e a principiante onde se concretiza a
comunhão das várias realidades sociais complexas. É a base das relações numa comunidade
social, ela aumenta a importância do diálogo entre as igrejas e ajuda a criar e melhorar a
relação forte entre elas. O diálogo convoca as Igrejas locais para se tornar como ‘Igrejas
participativas’157. O objetivo do diálogo assim é aplicado como qualquer outro: partilhar as
ideias e construir/melhorar as relações concretas entre as duas entidades.

O outro aspeto de diálogo entre as Igrejas asiáticas, apontado por padres sinodais, é para
partilhar os sofrimentos e esperanças das Igrejas que tentam a reconstruir dos tempos difíceis
da sua história158. Esse diálogo é uma versão de extensão da mão de ajuda aos necessitados e a
manifestação da preocupação e solitude pelos membros da Igreja que sofram nesses países e
regiões. A santa Sé pelo Papa também se apresenta a solidariedade com o povo de sofre e
encoraja a resistência do sofrimento apontando para a o sofrimento de Cristo e a sua cruz159.
Neste aspeto, obviamente, a Igreja da China também foi referida. Os bispos da China não se
conseguiram a marcar a sua presença no sínodo dos bispos por causa doas situações políticas
do país160. Alem disso o sínodo também se mostrou a solidariedade com os católicos de
Coreia de Norte e os seus esforços para dar o apoio ao povo de Coreia de Norte161. Juntamento
com as Igrejas referidas também foi levantado a questão da Igreja de Jerusalém. Ela sempre
foi um sítio da reconciliação entre os homens e Deus. Ao mesmo tempo também foi o lugar
de conflito entre os homens ao longo dos séculos162. É a região, talvez mais do que outros,
onde o diálogo possa fazer maravilhas.

A comunhão dentro e entre as Igrejas locais é a parte mais importante na missão da Igreja
universal. Esta comunhão é alcançada pelo diálogo entre essas Igrejas e com o coração aberto
ao escutar o outro. O diálogo nasce se dentro e radiado fora da Igreja e chegue até aos confins
da sociedade. Assim a primeira dimensão do diálogo é a Igreja local.

155
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 201.
156
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 493.
157
Cf. João Paulo II, 493.
158
Cf. João Paulo II, 496.
159
Cf. João Paulo II, 497.
160
Cf. João Paulo II, 497.
161
Cf. João Paulo II, 497.
162
Cf. João Paulo II, 497.
20
Assim como cada igreja local asiática tem plena autonomia nas suas atividades
missionárias, também deve ter plena autonomia para realizar seu programa de inculturação
litúrgica em diálogo com as religiões, culturas e os pobres de seu sitz-im-leben163 164. Isso lhe
permitiria moldar seu próprio ordo de culto litúrgico em parceria com seus parceiros de
diálogo e, ao mesmo tempo, cumprir a visão da FABC de que a Igreja é chamada a ser uma
comunidade de diálogo. Este modelo dialógico é de fato uma nova forma de ser Igreja165.

2.2.4. Diálogo inter-religioso

A Igreja no mundo é “o plano visível do amor de Deus pela humanidade, o sacramento da


salvação”166. Por essa mesma razão a Igreja não se pode funcionar meramente como ‘uma
organização social ou uma agência social de assistência social’. Ela é o lugar privilegiado
onde os homens se sentem a presença de Deus nas palavras e ações que ela transmite e onde
Deus realiza o plano da salvação do mundo167. O facto de que a Igreja não seja sozinha neste
mundo traz a necessidade de comunicar e trabalhar com as outras religiões de mundo para
alcançar o bem e paz do mundo. Assim transmitir o amor de Deus a todos os povos de mundo.

O diálogo inter-religioso é uma tentativa de procurar similaridades com as outras


religiões, aceitando as distinções nas áreas da fé e tradição. Na Ásia o cristianismo não é a
maioria. Entre as diversas tradições e crenças, a fé Cristã é apreciada como algo que vinha de
fora168. A conferência Episcopal japonesa no seu comentário sobre a relação que a Igreja da
Ásia tem de ter com as outras religiões, fala da importância de avaliação da relação atual com
as outras entidades religiosas, para ter uma visão mais concreta sobre a situação que nos ajude
para continuar e melhorar essa relação169. O papa na exortação apostólica refere-se à carta
apostólica de Tertio Millennio Adveniente para apresentar o desafio de encontro com as outras
religiões antiquas da Ásia170. Ao mesmo tempo o Chefe da Igreja também recorda a
163
Sitz im Leben é uma expressão alemã utilizada na exegese de textos bíblicos. Traduz-se comumente por
"contexto vital". De uma forma simples, o Sitz im Leben descreve em que ocasião uma determinada passagem
da Bíblia foi escrita, ou seja, qual foi o fato que motivou o surgimento de um determinado gênero literário
bíblico. Há dois tipos de sitz im Leben: o primário e o secundário. O primário se refere ao fato que promoveu a
elaboração do gênero literário. O secundário se refere ao local onde era utilizado este gênero (Ex. Templo,
Palácio, Portões da Cidade, etc).
164
Cf. Cássio Murilo Dias da Silva, Metodologia de exegese bíblica, 3a edição (São Paulo, Brasil: Editora
Paulinas, 2000).
165
Cf. UCA News, «BIRA IV/7», 12.
166
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 490.
167
Cf. João Paulo II, 490.
168
Cf. João Paulo II, 479.
169
Cf. Catholic Bishops’ Conference of Japan, «Asian Realities Must Set Agenda for the Synod for Asia», Sedos
30, n.o 1 (janeiro de 1998): 22.
170
Cf. Papa João Paulo II, «Tertio Millennio Adveniente», em Acta Apostolicae Sedis, 2 janeiro 1995, 1 (Città
del Vaticano: Librerìa Editrice Vaticana, 1994), 23–24, https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-87-
1995-ocr.pdf.
“Mais acentuada a questão do encontro do cristianismo com as antiquíssimas culturas e religiões locais. Grande
desafio, este, para a evangelização, dado que sistemas religiosos como o budismo ou o hinduísmo se propõem
21
importância de não esquecer a origem e fundamento da fé Cristã. Repete-se o que ele
escreveu para a V Assembleia Plenária da Federação das Conferencias Episcopais da Ásia:
“Ainda que a Igreja reconheça de bom grado quanto há de verdadeiro e de santo nas tradições
religiosas do budismo, do hinduísmo e do islamismo, como reflexo daquela verdade que
ilumina todos os homens, isto não diminui o seu dever e determinação de proclamar sem
hesitações Jesus Cristo, que é o ‘caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14, 6)”171. E para não se
tornar o diálogo inter-religioso um conflito entre as religiões o Papa sugere que “Apenas
cristãos imersos profundamente no mistério de Cristo e felizes na sua comunidade de fé
podem, sem riscos indevidos e com esperança de bons frutos, comprometer-se no diálogo
inter-religioso”172.

Não se pode suprimir a ‘religião’ do diálogo inter-religioso. A religião não é a posse


de ninguém173. Ela é a consciência da verdade que alguém acredita e proclama na sua vida. O
homem está a tentar a perceber esta grandeza da verdade oferecida pelas religiões. Por essa
mesma razão ele/ela não consegue afastar-se do diálogo inter-religioso, porque só por
partilhado esse conhecimento sobre a verdade174 podemos chegar a plena verdade175.

2.2.4.1. Formas de Diálogo inter-religioso

Arij Crollius no seu artigo176 sobre o diálogo inter-religioso apresenta certas formas de
diálogo inter-religioso. Esses vários temas ajudam o leitor a ter uma ideia vasta sobre o
diálogo entre as diferentes denominações de crenças.

2.2.4.1.1. Diálogo prático

O diálogo é orientado para alcançar um objetivo prático. O objetivo destes diálogos


varia muito, desde plantar uma árvore até construir uma cidade. Os participantes de um
diálogo inter-religioso são das várias crenças religiosas. Mas o diálogo prático ultrapassa este
limite de religião. É um diálogo para resolver os problemas e viver em harmonia. Este estilo
de diálogo faz parte da vida diária dos povos177.

com um claro carácter soteriológico”.


171
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 501.
172
João Paulo II, 501.
173
Arij A. Roest Crollius, «Interreligious Dialogue: Can It Be Sincere?», Sedos 32, n.o 7 (julho de 2000): 197.
174
Que cada um aprende da sua religião.
175
Cf. Crollius, «Interreligious Dialogue: Can It Be Sincere?», 197.
176
Crollius, «Interreligious Dialogue: Can It Be Sincere?»
177
Crollius, 195.
22
2.2.4.1.2. Diálogo diplomático

O termo ‘diplomacia’ é derivado de grego178. A diplomacia é uma certa prudência em


elóquio. Prudência nessa situação pode ser explicada como a habilidade de falar a palavra
correta no tempo certo. A mesma prudência, quando se utiliza no diálogo inter-religioso,
significa o respeito para as outras religiões e fés179. Assim, o diálogo diplomático na área da
inter-religiosidade não seria uma ferramenta para impor as ideias próprias, contudo para
‘concordar em desconcordar’ sem esquecer de respeitar o outro, a sua liberdade de
consciência e da escolha180.

2.2.4.1.3. Diálogo científico

O diálogo científico ajuda a melhorar o conhecimento sobre as outras religiões. Na


área de diálogo inter-religioso o diálogo científico é ‘essencial’. Infelizmente o mesmo não é
muito apreciado. Arij Roest apresenta várias possíveis causas para que ele não fosse um
sucesso. Os problemas como diferença cultural e na linguagem, impaciência de ouvir o outro,
considerar uma superior à outra e a falta de humildade são alguns que não ajuda a concretizar
essa forma de diálogo181. “A motivação das pessoas que entram no diálogo inter-religioso
devia ser tentar a perceber o outro na sua própria religião”182. As pessoas que vivam a sua fé
com fidelidade e simplicidade adaptam-se com mais facilidade ao este forma de diálogo183.
Neste sentido o diálogo vai ajudar para sermos mais abertos às pessoas e culturas e abre mais
para um bom diálogo entre as várias dimensões da fé.

2.2.4.1.4. Diálogo assertivo

O diálogo assertivo é utilizado para convencer alguém de fora sobre o valor a própria
religião. A mesma forma de diálogo pode ser utilizada para resolver os problemas sem entrar
em contacto físico184. Ao mesmo tempo a preocupação e concorrência de estabelecer a sua

178
Freeman, C. W. and Marks, Sally. "Diplomacy." Encyclopedia Britannica, December 14, 2020.
https://www.britannica.com/topic/diplomacy.
The term diplomacy is derived via French from the ancient Greek diplōma, composed of diplo, meaning “folded
in two,” and the suffix -ma, meaning “an object.” The folded document conferred a privilege—often a permit to
travel—on the bearer, and the term came to denote documents through which princes granted such favours. Later
it applied to all solemn documents issued by chancelleries, especially those containing agreements between
sovereigns. Diplomacy later became identified with international relations, and the direct tie to documents lapsed
(except in diplomatics, which is the science of authenticating old official documents). In the 18th century the
French term diplomate (“diplomat” or “diplomatist”) came to refer to a person authorized to negotiate on behalf
of a state.
179
Crollius, «Interreligious Dialogue: Can It Be Sincere?», 195.
180
Crollius, 195.
181
Crollius, 196.
182
Crollius, 196.
183
Crollius, 196.
184
Crollius, 196.
23
religião como o melhor pode se dificultar em produção dos bons frutos. O cuidado que tenha
de ter nesse diálogo é para não o tornar como um monologo185.

2.2.4.1.5. Diálogo espiritual

O diálogo espiritual tem a sua origem na liberdade interior do homem. Uma vez
transmitido, a verdade interior já não pertence somente a quem o transmite, mas a todos os
que a ouvir186. O diálogo é a transmissão da verdade interior, e a verdade sem vida e sem
diálogo seria algo sem sentido187. O diálogo espiritual é gratuito, por essa mesma razão só na
liberdade188 que alguém possa entrar nesse diálogo. Mais uma vez essa forma de diálogo
esforça que o amor e confiança são importantes no diálogo inter-religioso189.

2.2.4.1.6. Diálogo de amizade

O diálogo de amizade é uma partilha livre. Introduzir a amizade no diálogo inter-


religioso transforma-se o modo de diálogo. A diálogo fica autêntico, tal como entre os
amigos, quando é gratuito190.

2.2.4.2. A influência papal no diálogo

O papa João Paulo II foi uma das figuras mais importantes que promoveu o diálogo na
Igreja. No caso de Diálogo inter-religioso João Paulo II conseguiu avançar muito mais do que
os seus predecessores191. Alias, quase todas as suas visitas oficiais incluíram um evento inter-
religioso192. Edmund Chia apresenta o papa João Paulo II como alguém que interessa para
escutar o outro e conversar sobre o que o outro pude partilhar com o mundo, que a fé dele o
ofereceu. O papa deu exemplo mais pelas suas ações do qua as palavras e concretizou o que
escreveu na exortação, “o homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos
mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos factos do que nas
teorias”193. Assim a Igreja na Ásia segue as palavras e ações do papa nessa caminhada dialogal
com as outras religiões. O exemplo de dia de oração de Assis de 1986, também nos mostra o
respeito que o papa dê às outras religiões do mundo194. O papa no início do encontro disse aos

185
Crollius, 196.
186
Crollius, 196.
187
Crollius, 196.
188
Que ninguém pode ser esforçado para esse diálogo.
189
Crollius, «Interreligious Dialogue: Can It Be Sincere?», 196.
190
Crollius, 197.
191
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 204.
192
Chia, 204.
193
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 515–16.
194
Cf. João Paulo II, «Address of Jihn Paul II to the Representatives of the Christian Churches and Ecclesial
Communities and of the World Religions.» (World day of prayer for peace, Assisi: Libreria Editrice Vaticana,
1986), 11, https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/en/speeches/1986/october/documents/hf_jp-
ii_spe_19861027_prayer-peace-assisi-final.html.
24
líderes das religiões e a média que não haverá diálogos inter-religiosos, mas o encontro aponta
para a oração que leva o mundo para a paz.

Na mesma linha do pensamento o autor coloca a curiosidade em que maneira o Papa


dialoga com às pessoas nos diálogos inter-religiosos. Ele argumenta que seja menos provável
para o papa a insistir ao quem dialoga que ‘Cristo é o único Redentor e a Igreja como o meio
dessa salvação’195. O diálogo inter-religioso não leva para o fim de converter o sujeito. Seguir
o exemplo do papa João Paulo II ajuda-nos a perceber bem esse objetivo. O objetivo do
diálogo inter-religioso, como qualquer outro diálogo, é o ‘desenvolvimento humano integral e
a defesa dos valores humanos e religiosos’. Alem disso também espera um resultado na
revitalização da oração e da contemplação196. O Papa volta de apresentar que o objetivo de
diálogo inter-religioso não deixar a própria fé e converter para o outro, mas estar firme na sua
fé aumentar a cooperação entre as religiões. Os numerosos diálogos que o papa participou são
as provas de bons diálogos inter-religiosos. Chia no seu artigo tenta a focar no mesmo
sentimento e no exemplo do papa, que as pessoas da Ásia prefeririam de seguir as ações do
papa do que propriamente as palavras escritas por ele197.

2.2.4.3. Diálogo no ponto de vista de FABC

Papa João Paulo II na Ecclesia in Asia disse que a evangelização só pode ser verdadeira
quando há um anúncio explicito de Jesus Cristo como Senhor198. Cardeal Julius
Darmaatmadja responde ao Papa: “Sim, é verdade que não há evangelização autêntica sem
anunciar Cristo, salvador de toda a humanidade. Mas, a Ásia não pode ter a evangelização
completa sem dialogar com as outras culturas e religiões. Não há evangelização completa sem
responder ao desejo ardente do povo asiático”199. FABC tem essa mesma opinião sobre o
diálogo com as outras culturas e religiões. Não foi o cardeal Darmaatmadja que introduziu o
tema, mas a FABC desde sempre preocupava com a relação que a Igreja da Ásia tem com as
culturas e religiões da sua volta. A ênfase da Igreja sempre foi colocada na missão de amor e
de serviço à Ásia200.

A evangelização à vista dos bispos asiáticos é uma atividade integral que envolva a toda
comunidade, todos os grupos e pessoas. Também tenha de ver o com o diálogo, inculturação,
justiça e asiatismo da Igreja, etc.201 Olhando para as várias assembleias plenárias de FABC, é

195
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 501–3.
196
Cf. João Paulo II, 501–3.
197
Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 204.
198
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 477–78.
199
Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 202.
200
Cf. Chia, 203.
201
Cf. VII Assembleia planaria de FABC
25
notável que há uma evolução no diálogo inter-religioso. Examinando as assembleias plenárias
antigas Edmund Chia avalia que, os documentos finais das primeiras (especialmente de 1970,
1974 e de 1978) assembleias tiveram parágrafos específicos sobre o diálogo inter-religioso,
mas quando chegar à sexta e sétima, ele nota que se desaparece o tema202. Isso não é uma
negligência da importância do tópico. Pelo contrário, a FABC está a trabalhar há trinta anos
para remodelar e transformar a identidade da Igreja na Ásia. A Igreja estava a concentrar nos
problemas como evangelização, inculturação, justiça, diálogo etc. Mas os tempos modernos
traz os desafios novos e diferentes. Chia interprete o desaparecimento do tema inter-religioso
como algo normal. Assim, todo o cristão da Ásia tem de saber a importância de diálogo inter-
religioso para a sua sociedade e fé progressiva sem nenhuma necessidade de introduzir
ensinamentos externos203. Na perspetiva dos bispos da Ásia, o diálogo inter-religioso faz parte
da vida normal da Igreja, e das missões asiáticas de amor e serviço204.

A analise das conferencias do sínodo dos bispos da Ásia introduze-nos à perspetiva das
restantes religiões. Viver fazendo as missões no meio das diversas religiões precisa de muitos
sacrifícios, esforços e dedicação. Especialmente quando o cristianismo ainda não seja a
maioria nessas terras. Ao mesmo tempo, não ser maior em número não se altera a preferência
de ser o rosto de Cristo nas suas missões205. Os padres sinodais apontaram para um diálogo de
vida e coração206, tal com Jesus: Manço e humilde207.

O bispo franciscano Leo Laba Ladjar, (Jayapura) fala de aprender a viver no meio da
comunidade muçulmana na Indonésia:

“É necessário que nós os aceitamos como a minoria. Nós não podemos caminhar
sozinhos nem consigamos a alcançamos os objetivos grandes confrontando à maioria. A
competição não nos ajuda a criar a paz nem a harmonia. Fazemos tudo para promover a
dignidade humana, é obrigatório fazemo-lo como um serviço transparente e honesto à
humanidade e não com o objetivo de fortalecer a nossa comunidade.”208

202
Cf. Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia», 203.
203
Cf. Chia, 203.
204
Cf. Chia, 204.
205
As relações inter-religiosas terão melhor êxito num contexto de sinceridade para com os outros crentes, de
prontidão em escutá-los e vontade de respeitar e compreender os outros nas suas diferenças. Para tudo isto, é
indispensável o amor aos outros. Daí resultaria colaboração, harmonia e mútuo enriquecimento – EA 31.
206
Cf. João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 31.
207
Mt.11,29
208
Prior, «A Tale of Two Synods: Observations on the Special Assembly for Asia», 221.
“We need to accept ourselves as a minority. We cannot walk alone or do big things alone while confronting the
majority. Competition does not help to create peace and harmony. Whatever we do to promote human dignity we
must do as an honest transparent service to humankind and not to gain strength and power for our own religious
group” – tradução pessoal.
26
Nostra Aetate exorta a todos os católicos “[…] que com prudência e caridade, pelo
diálogo e colaboração com os sequazes doutras religiões, dando testemunho da vida e fé
cristãs, reconheçam, conservem e promovam os bens espirituais e morais e os valores sócio
culturais que entre eles se encontram”209. Este é a prova que a Igreja dá quando se fala sobre a
tolerância pacifica e a coexistência polida o que significa é o cuidado dado pelo outro e tudo
que ele acredita210. Obviamente este cuidado e respeito surge da admiração e responsabilidade
de cada católico tem sobre a sua própria fé donde ele aprende de amar o seu próximo como a
si mesmo211. Se as outras religiões fossem meramente toleradas até ao momento em que
fossem obliteradas pelo cristianismo, não haveria necessidade de reconhecê-las, muito menos
preservar ou promover os seus ‘bens’. Por isso mesmo é significante que a Igreja mantenha a
obrigatoriedade do diálogo e da colaboração entre elas. Isto também se mostra a mudança na
orientação da Igreja sobre a perceção das outras religiões212.

Num dos guias preparados para o VII assembleia plenária da FABC, explica sobre a os
vários modos que a Igreja podaria assumir enquanto interagia com as outras religiões. Se a
Igreja percebesse as outras religiões como demoníacas ou no erro do falso, a sua atitude seria
de alguém que busca de conquistar, dominar e substituir, tal Igreja estaria orientada para o
modo 'Conquista'. Se, no entanto, ela percebe-se as outras religiões como verdadeiras, mas
apenas parcialmente e sem a plenitude dessa verdade, então a sua atitude seria de uma que
busca de curar, preencher, aperfeiçoar, iluminar, purificar e enobrecer. Nesse sentido a Igreja
seria orientada para o modo de 'Preenchimento'. Mas, se ela percebe as outras religiões como
genuínas, por direito próprio, e verdadeiras, assim como a própria Igreja é verdadeira e
gostaria que os outros reconhecessem isso, então a sua uma atitude seria de cooperar,
colaborar e estar em parceria com as outras. A Igreja seria então orientada para o modo
'Parceria'213.

Olhando para história da Igreja, é obvio que ela nem sempre considerar a opção de
assimilar-se com as outras religiões. Ao mesmo tempo, olhando para os modos já explicados,
até recentemente ela foi guiada pelo modo ‘Conquista’. Por isso mesmo a oportunidade de
diálogo nunca foi considerado como o fator importante na missão da Igreja214. Falar de
diálogo, a palavra /o conceito foi promulgada na sua amplitude no Vaticano II215. Nostra

209
Concílio Vaticano II, «Nostra Aetate», em Acta Apostolicae Sedis, vol. 58, 10 (Città del Vaticano: Libreria
Editrice Vaticana, 1965), 741–42, https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-58-1966-ocr.pdf.
210
Cf. Chia, «Interreligious Dialogue in Persuit of Fullness of Life in Asia», 11–12.
211
Cf. Mc. 12,31.
212
Cf. Chia, «Interreligious Dialogue in Persuit of Fullness of Life in Asia», 12.
213
Cf. Chia, 12.
214
Cf. Chia, 12.
215
Cf. Concílio Vaticano II, «Nostra Aetate», 740–44.
27
Aetate de facto trouxe a transição na Igreja de modo Conquista para o modo de Pareceria.
Claro que esta transição também incluiu o modo de Preenchimento, onde o diálogo foi
instrumentalizado para convencer ou outros que a só a Igreja podia ser verdadeira. A evolução
da Igreja do primeiro ao terceiro modo radical, dum ponto de vista onde nada além dela é boa
ao ponto onde o respeito mutual é valorizado.

O diálogo é frutuoso quando os elementos que participam no diálogo são dispostos para
transformar e ser transformado. O conceito mutual é muito importante no diálogo, uma vez o
que se torna uma conversa ao diálogo é a partilha. A FABC foca, especialmente na VII
assembleia plenária, neste diálogo que a Igreja tenha de manter com as outras religiões. O
diálogo é a ferramenta que ajuda a Igreja e as outras religiões para elevar os próprios não
apenas para uma conversão mutual, mas também o mandamento divino – amar o próximo216.

216
Cf. Chia, «Interreligious Dialogue in Persuit of Fullness of Life in Asia», 13.
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