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A sinodalidade na Igreja e na Província Eclesiástica

de Pouso Alegre: memória e perspectivas


by Hiansen Vieira Franco1

O papa Bento XVI em discurso aos jovens em Sulmona (Itália), em 4 de julho de


2010, afirmava que “a memória histórica é, verdadeiramente, uma “marcha a mais” na vida, porque
sem memória não há futuro”. E dizia também que “a atual cultura consumista tende, ao contrário,
a reduzir o homem ao presente, a fazê-lo perder o sentido do passado, da história; mas, assim fazendo,
priva-o também da capacidade de compreender a si mesmo, de perceber os problemas e de construir o
amanhã”2.
Neste nosso tempo eclesial, em que a sinodalidade é o assunto cotidiano,
pensamos ser relevante fazer memória também, de modo resumido, do caminho sinodal
da Igreja, em geral, e do itinerário eclesial na nossa Província Eclesiástica de Pouso
Alegre, em particular. Para tal destacaremos os eventos mais significativos da história
eclesiástica, ao longo da sua história, como também da trajetória colegial das três Igrejas
Particulares sul-mineiras nesses 61 anos de existência da Província Eclesiástica.

1. A sinodalidade na história da Igreja

A comunhão, ou pelo menos a busca por ela, é uma marca da Igreja como povo
de Deus que é. Viver na unidade e trabalhar por ela foi sempre uma necessidade na
comunidade cristã, de modo que os sínodos “são antigos como a Igreja” (CIPOLLINI, 53).
O surgimento das reuniões sinodais se deu de modo natural, uma vez que, à
medida que as necessidades se apresentavam, os líderes das comunidades passavam a se
consultar uns aos outros.
A primeira reunião de lideranças eclesiásticas, para tratar de temas que visavam
salvaguardar a unidade na Igreja, nos remete aos Atos dos Apóstolos, ao chamado
Concílio de Jerusalém (cf.: At 15 e Gál. 2,1-9), por volta do ano 49 d.C. A partir de então,
essas assembleias seriam constantes, no Oriente, na Europa e especialmente no norte da
África.
O historiador Eusébio de Cesareia († 339) testemunha, pela primeira vez, o uso
técnico da palavra sínodo (cf.: HE, VII, 27,2). Mas o primeiro sínodo, contudo, parece ter
sido convocado em Roma, no ano de 155, pelo papa Aniceto, com a finalidade de tratar
da questão da data da Páscoa. Há quem afirme ainda que o primeiro possa ter sido o
sínodo convocado em 190, pelo papa Vítor, em Roma. Em ambos os casos, vê-se que já
no século II era praxe recorrer à instância sinodal (cf. BRAZ, N. Sinodalidade e a tomada de
decisões na Igreja, 1.1).
Também no século II os bispos se reuniram no Ponto, na Ásia, para deliberarem
sobre a questão da data da Páscoa a pedido do papa Vítor (193-203). Com o advento da
igreja constantiniana e a formação das estruturas da Igreja, apareceram os concílios

1 Presbítero da Diocese de Guaxupé, professor de História da Igreja e de Patrologia na Faculdade Católica de


Pouso Alegre e reitor do Seminário Diocesano Santo Antônio.
2 https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt.

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provinciais e gerais. O papel dos imperadores nos primeiros sínodos foi determinante. O
exemplo maior foi Constantino, que convocou e presidiu o primeiro concílio ecumênico
da Igreja, na cidade de Niceia, em 325.
O documento A sinodalidade na vida e na missão da Igreja, de 2018, da Comissão
Teológica Internacional, nos oferece importantes informações históricas acerca da
trajetória sinodal. Vejamos alguns aspectos:

No início do século II o testemunho de Inácio de Antioquia († 107) descreve a consciência


sinodal das diversas Igrejas locais que solidamente se reconhecem expressão da única Igreja. Na
carta que dirige à comunidade de Éfeso, ele afirma que todos os seus membros são σύνοδοι,
companheiros de viagem, em virtude da dignidade batismal e da amizade com Cristo (Cf.:
ANTIOQUIA, Inácio de. Ad Ephesios, IX, 2). Cipriano de Cartago († 258), herdeiro e intérprete,
na metade do século III, dessa Tradição, formula o princípio episcopal e sinodal que deve reger
a sua vida e missão a nível local e a nível universal: se é verdade que na Igreja local não deve ser
feito nihil sine episcopo, da mesma forma é verdade que não deve ser feito nihil sine consilio
vestro (dos Presbíteros e Diáconos) et sine consensu plebis (Cf.: CIPRIANO. Epistula, 14, 4).
A partir do século IV, formam-se províncias eclesiásticas que manifestam e promovem a
comunhão entre as Igrejas locais e que são presididas por um Metropolita. Em vista de
deliberações comuns, realizam-se sínodos provinciais como instrumentos específicos de
exercício da sinodalidade eclesial (A SINODALIDADE NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA, 25-26).

Quando ao primeiro sínodo diocesano de que se tem notícia aconteceu em


Auxerre, na França, pelo ano 585, tendo reunido 7 abades, 34 presbíteros e 3 diáconos,
em torno do bispo Aunachario. Promulgou-se, nesse sínodo, 45 cânones, a maioria
referente a questões litúrgicas (cf. BRAZ, N. Sinodalidade e a tomada de decisões na Igreja, 1.2).
Em todas as regiões onde o cristianismo estava bem difundido aconteceram
diversos sínodos, como no Oriente, no norte da África, em Roma, na região da
Alemanha, bem como na região da Gália, atual França, e na Espanha. Os numerosos
sínodos africanos atestavam, sobretudo, o estado de grande vitalidade da Igreja naquela
região, sobretudo em Cartago, que sediou diversas assembleais episcopais regionais.
O espírito sinodal marcava a vida da Igreja por toda parte, de modo que ela
progrediu justamente a partir dos diversos entendimentos e acordos tomados nessas
assembleias (Cf.: IDEM, 54). É, portanto, legítimo afirmar que a sinodalidade é parte da
dimensão que constitui a própria Igreja. Ela é essencial e não apenas acessória.
Apesar de a sinodalidade ter sido uma prática típica da Igreja no primeiro milênio
do cristianismo, ela se enfraqueceu, mas não desapareceu, a partir do segundo milênio.
No mundo ortodoxo, porém, continuou sendo forte também no segundo milênio e até o
tempo presente.

No primeiro milênio, “caminhar juntos”, ou seja, praticar a sinodalidade, era a maneira habitual
de proceder da Igreja (...) Àqueles que dividiam o corpo eclesial, os Padres da Igreja opuseram a
comunhão das Igrejas espalhadas pelo mundo, que Santo Agostinho descrevia como
concordissima fidei conspiratio, isto é, o acordo na fé entre todos os Batizados. É aqui que se arraiga
o amplo desenvolvimento de uma prática sinodal a todos os níveis da vida da Igreja – local,
provincial, universal – que encontrou a sua mais excelsa manifestação no concílio ecumênico
(DOCUMENTO PREPARATÓRIO, 12).
.

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Já no século XIX algumas vozes proféticas se levantaram, fazendo perceber a
necessidade de se retomar a prática sinodal na Igreja. Dentre essas vozes se pode citar
Johann Adam Möhler (1796-1838), Antônio Rosmini (1797-1855) e John Henry
Newman (1801-1890). Tudo isso ajudou a preparar o caminho para que, com o advento
do Concílio Vaticano II (1962/65), o princípio sinodal foi revalorizado, sobretudo a
partir da criação, em 1965, do Sínodo dos Bispos, como conselho permanente, por obra
do papa São Paulo VI. Eis o que, sobre isso, afirmou o papa Francisco:

A sinodalidade (...) não é um caminho novo. É um caminho que a Igreja seguiu no início e
depois perdeu; e foi São Paulo VI que o retomou no final do Concílio, quando criou a
Secretaria do Sínodo dos Bispos para recuperar a sinodalidade. Nas Igrejas orientais foi sempre
preservado, a Igreja latina tinha-o perdido (FRANCISCO, Vídeo-Mensagem à PCAL, Maio 2022).

E, ainda sobre a retomada da via sinodal pelo Vaticano II, lemos no Documento
Preparatório ao Sínodo 2021-2024 que a salvação não é tarefa individualista, mas
relacional, portanto, de comunhão:
O Concílio Vaticano II ancorou-se neste dinamismo da Tradição. Ele põe em evidência que
“aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação
entre eles, mas constituindo-os em povo que o conhecesse na verdade e o servisse santamente”
(LG, n. 9) (DOCUMENTO PREPARATÓRIO, 12).

Sabe-se que os sínodos ou concílios não são todos da mesma natureza. Existem
os particulares, que podem ser gerais, plenários, nacionais, provinciais, etc, e que
representam territórios limitados, e o concílio ecumênico, que expressa a universalidade
da Igreja (cf.: CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO, Cânônes 439-446).
Três funções se sobressaem na maioria dos sínodos: dogmática (questões de fé,
litúrgica (regulamento dos ritos) e canônica (sobre a disciplina eclesiástica). Naturalmente,
nem todos os sínodos se ocupam profundamente das três funções. Às vezes se ocupam
mais de uma ou de outra (MUNIER, in DI BERARDINO, 319).
Acerca da concordância e/ou distinção no uso dos termos sínodo e concílio, assim se
expressa o supracitado texto da Comissão Teológica Internacional:

“Sínodo” é uma palavra antiga e veneranda na Tradição da Igreja, cujo significado recorda os
conteúdos mais profundos da Revelação (...) A palavra grega σύνoδος (synodos) é traduzida em
latim como sýnodus ou concilium (...) Na Igreja Católica, a distinção no uso das palavras “concílio”
e “sínodo” é recente. No Vaticano II, são dois sinônimos para designar a assembleia conciliar.
O Codex Iuris Canonici (Código de Direito Canônico) da Igreja latina (1983) introduziu um
esclarecimento, estabelecendo a distinção entre Concílio Particular (plenário ou provincial) e
Concílio Ecumênico, por um lado, e Sínodo dos Bispos e Sínodo Diocesano, por outro lado (A
SINODALIDADE NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA, 3-4).

2. Sínodo é o nome da Igreja (Ἐκκλεσία συνόδου ἐστὶν ὄνομα)

É São João Crisóstomo († 407) que afirma que “sínodo é o nome da Igreja”,
sendo, portanto, correto considerá-lo como termo sinônimo de Igreja.

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Com efeito, no comentário que Crisóstomo (= “boca de ouro”) faz do Salmo 149,
procurando o sentido do final do versículo 1, que diz: “Que o seu louvor ressoe na assembleia
dos santos”, ele escreve:
Há aqui um outro ensinamento: vemos nesta palavra que é necessário louvar a Deus dum modo
perfeitamente concorde; porque a Igreja é uma reunião em que reina a mais completa harmonia (JOÃO
CRISÓSTOMO, Exp. in Psalm. 149,1).

Esta última afirmação – colocada em itálico por nós – aparece, em grego, da


seguinte forma: “Ἐκκλησία γὰρ συστήματος καὶ συνόδου ἐστὶν ὄνομα”. Daí, traduzindo
ao pé da letra, temos a frase: “A Igreja é uma assembleia, e sínodo é o seu nome”.

3. Um olhar sobre os eventos sinodais na história da Igreja3

Muitas foram as assembleias sinodais ao longo da história da Igreja. Talvez seja


impossível catalogá-las todas, devido a perdas de documentação ao longo dos séculos.
Elencamos, a seguir, aquelas mais representativas dentre os sínodos regionais,
particulares, concílios ecumênicos (que estão em itálico), concílios plenários,
conferências gerais e assembleias ordinárias, extraordinárias e especiais.
Após o elenco, transcrevemos algumas decisões e acordos interessantes e até
mesmo curiosos tomados nessas reuniões sinodais. Isso evidencia que, não obstante a
mudança dos tempos e suas circunstâncias, muitos problemas de ontem continuam
sendo também de hoje, enquanto outros desapareceram completamente.

a) Elenco de sínodos, concílios, assembleias, conferências gerais, etc.

Sínodos/Concílios do século IV

Concílio de Elvira (305), Concílio de Arles (314), Concílio de Niceia I (325), Concílio
de Sérdica (343), Concílio de Valência (374), Concílio de Icônio (376), Concílio de
Laodiceia (380), Concílio de Saragoça (380), Concílio de Constantinopla I (381), Concílio de
Hipona (393), Concílio de Cartago (395), Concílio de Nimes (396), Concílio de Cartago
(397) e Concílio de Turim (398).

Sínodos/Concílios do século V

I Concílio de Toledo (400), Concílio de Cartago (401), Concílio de Cartago (407),


Sínodo de Selêucia-Ctésiphon (410), Concílio de Milevo (412), Concílio de Cartago
(418), Concílio de Cartago (419), Concílio de África, Concílio de Éfeso (431), Concílio de
Riez (439), Concílio de Orange (441), Concílio de Vaison (442), Concílio de Arles (442),
Concílio de Calcedônia (451), Concílio de Angers (453) e Concílio de Vannes (465).

Sínodos/Concílios do século VI

3
Cf.: CORDEIRO, J.L., Antologia Litúrgica, 550, 1046, 1236, 13,52, 1439, 1479 e 1498 e LABOA, J.M, Atlante dei
Concili e dei Sinodi nella Storia della Chiesa, 12-13.
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Concílio de Agde (506), I Concílio de Orleães (511), Concílio de Tarragona (516),
Concílio de Épaone (517), Concílio de Girona (517), Concílio de Lião (518-523),
Concílio de Lérida (523), Concílio de Carpentras (527), II Concílio de Vaison (529), II,
Concílio de Orleães (533), Concílio de Clermont (535), III Concílio de Orleães (538), IV
Concílio de Orleães (541), V Concílio de Orleães (549), Concílio de Eauze (551), Concílio
de Constantinopla II (553), V Concílio de Arles (554), Sínodo Nestoriano (554), I Concílio
de Braga (561), II Concílio de Tours (567), II Concílio de Braga (572), I Concílio de
Mâcon (581-583), II Concílio de Mâcon (585), Concílio de Narbona (589), III Concílio
de Toledo (589), Concílio de Auxerre (entre 561-605) e Concílio de Roma (595).

Sínodos/Concílios do século VII

Concílio de Paris (614), Concílio de Sevilha (618), Concílio de Sevilha (619), IV


Concílio de Toledo (633), Concílio de Chalon-sur-Saône (647/653), Concílio de Ruão
(650), VIII Concílio de Toledo (653), IX Concílio de Toledo (656), Concílio de Nantes
(658), Concílio de Mérida (666), Concílio de Losne (673-675), III Concílio de Braga
(675), Sínodo de Catar (676), Concílio de Constantinopla III (680-681), Sínodo anglo-
saxônico de Wessex (690), Concílio Quinisexto (692) e XVI Concílio de Toledo (693).

Sínodos/Concílios do século VIII

Sínodo Romano (721), Concílio de Austrásia (742), Sínodo Romano (743),


Concílio de Cloveshoe (747), Concílio de Niceia II (787), Concílio de Mogúncia,
Assembleia episcopal das margens do Danúbio (796)

Sínodos/Concílios do século IX

Concílio de Arles (813), Concílio de Chalon-sur-Saône (813), Concílio de


Mogúncia (813), Concordia episcoporum (813) em Aix-la-Chapelle, Concílio de Reims
(813), Concílio de Tours (813), Concílio de Paris (829), Concílio de Meaux (845),
Concílio de Pavia (850), Concílio de Constantinopla IV (869-870), Concílio de Ruão (878) e
Concílio de Nantes.

Sínodos/Concílios do século X

Concilio de Ravena (967), Concílio de Milão (969) e Concílio de Ravena (998).

Sínodos/Concílios do século XI

Concílio de Verona (1014), Concílio de Roma (1049), Concílio de Reims (1049),


Concílio de Mogúncia (1049), Concílio de Reims (1049), Concílio de Augusto (1050),
Concílio de Roma (1050), Concílio de Vercelli (1050), Concílio de Paris (1051), Concílio
de Tours (1054), Concílio de Milão (1059), Concílio de Roma (1074), Concílio de Melfi
(1091), Concílio de Troia (1093), Concílio de Clermont (1095), Concílio de Placência
(1095) e Concílio de Milão (1098).

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Sínodos/Concílios do século XII

Concílio de Reims (1119), Concílio Lateranense I (1123), Concílio de Reims (1131),


Concílio de Pisa (1135), Concílio Lateranense II (1139), Concílio de Reims (1148), Concílio
Lateranense III (1179) e Concílio de Verona (1184).

Sínodos/Concílios do século XIII

Concílio Lateranense IV (1215), Concílio de Lião I (1245), Concílio de Ravena (1261),


Concílio de Lião II (1274), Concílio de Milão (1287), Concílio de Reims (1287), Concílio de
Milão (1287) e Concílio de Grado (1296).

Sínodos/Concílios do século XIV

Concílio de Vienne (1311-1312) e Concílio de Bolonha (1317)

Sínodos/Concílios do século XV

Concílio de Pisa (1409), Concílio de Constança (1414-1418), Concílio de Basileia-Ferrara-


Florença-Roma (1431-1445), Concílio de Aranda (1473) e Concílio de Sevilha (1478).

Sínodos/Concílios do século XVI

Concílio Lateranense V (1512-1517), Concílio de Trento (1545-1563), Concílio de Lima


(1551), Concílio do México (1555), Concílio do México (1564), Concílio de Milão (1565),
Concílio de Lima (1567-1568), Concílio de Lima (1582-1583), Concílio do México (1585)
e Concílio de Lima (1592).

Sínodos/Concílios do século XVII

Concílio de Lima (1601).

Sínodos/Concílios do século XVIII

Sínodo da Bahia (1707), Concílio de Lima (1772), Concílio de Pistóia (1786) e


Concílio de Baltimore (1791).

Sínodos/Concílios do século XIX

Concílio de Baltimore (1852), Concílio de Baltimore (1866), Concílio Vaticano I


(1869-1870), Concílio de Baltimore (1884), Concílio de Roma (1898), Concílio Plenário
Latino Americano (1899).

Sínodos/Concílios/Conferências Gerais do século XX

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Concílio Plenário Brasileiro (1939) / Conferências Gerais do CELAM (Rio de
Janeiro, 1955, Medellín, 1968, Puebla, 1979, Santo Domingo, 1992) / Concílio Vaticano II
(1962-1965) / Assembleias Gerais Ordinárias, Gerais Extraordinárias e Especiais do
Sínodo dos Bispos, em Roma: 1967 (Preservação da fé católica), 1969 (Conferências Episcopais e
colegialidade), 1971 (Sacerdócio e justiça), 1974 (Evangelização e modernidade), 1977 (Catequese),
1980 (Para a Holanda), 1983 (Penitência e reconciliação), 1985 (XX aniversário do Vaticano II),
1987 (Vocação e missão dos leigos), 1990 (Formação sacerdotal), 1991 (I para a Europa), 1994
(Vida consagrada), 1995 (Para o Líbano), 1997 (Para a América), 1998 (Para a Ásia) e 1999 (II
para a Europa).

Sínodos/Conferências Gerais do século XXI

V Conferência Geral do CELAM (Aparecida, 2007) / Assembleias Gerais


Ordinárias, Gerais Extraordinárias e Especiais do Sínodo dos Bispos, em Roma: 2001
(Bispos), 2005 (Eucaristia), 2008 (Palavra de Deus), 2009 (Para a África), 2010 (Para o Oriente
Médio), 2012 (Nova evangelização), 2014 (Família), 2015 (Família), 2018 (Jovens), 2019 (Para a
Amazônia) e 2023-2024 (Sinodalidade).

b) Algumas determinações sinodais interessantes

Concílio de Elvira (305):


“Se vier a descobrir que algum bispo, presbítero ou diácono, quando constituído
no seu ministério, cometeu adultério, decidimos, por causa do escândalo e do enorme
crime, que nem sequer no fim da vida deve receber a comunhão”;
“Decidimos proibir absolutamente aos bispos, presbíteros e diáconos e a todos os
clérigos que exerçam um ministério, terem relações conjugais com as suas esposas e
gerarem filhos. O que proceder em contrário deverá ser deposto da dignidade clerical”;
“Decidimos que não deve haver pinturas na igreja. Aquele a que nós honramos e
adoramos não deve ser pintado nas paredes”;
“Decidimos emendar o uso estabelecido de os neófitos lançarem dinheiro dentro
da concha do batistério, a fim de não parecer que o sacerdote recebe um preço pelo
sacramento que recebeu gratuitamente”.

Concílio de Arles (314)


“Quanto àqueles que pretendem ter o direito de ordenar sozinho um bispo, foi
decidido que ninguém se arrogue um tal direito, mas que o faça somente depois de ter
associado a si sete bispos; contudo, se não puder reunir sete, que ninguém tenha a
ousadia de ordenar sem pelo menos três”.

Concílio de Niceia I (325)


“Este grande Concílio proíbe absolutamente aos bispos, aos presbíteros e aos
diáconos e em geral a qualquer membro do clero, que vivam em companhia de
mulheres, a não ser que se trate da própria mãe, de uma irmã, de uma tia ou de pessoas
que estejam acima de toda a suspeita”;
“É muito conveniente que o bispo seja estabelecido por todos os bispos da
província. Mas, se isto for difícil, quer por premente necessidade ou pela distância do
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caminho, reúnam-se necessariamente três, e todos os ausentes deem o seu
consentimento por meio de cartas, e então imponham-lhe as mãos, mas a validade de
todo o ato há de atribuir-se, em cada província, ao metropolita”;
“Deve ser absolutamente proibido que os bispos, os presbíteros e os diáconos
sejam transferidos de uma Igreja para a outra, para corrigir o abuso de se passar das mais
pobres para as mais ricas”;
“Os diáconos permaneçam nos seus próprios limites, considerando que são
ministros do bispo e inferiores aos presbíteros. Recebam a Eucaristia, como o exige a
ordem, depois dos sacerdotes e pelas mãos do bispo ou do presbítero. Também não é
lícito aos diáconos sentar-se no meio dos presbíteros”.

Concílio de Laodiceia (380)


“Na Igreja só devem cantar salmos os cantores que os saibam cantar”;
“Os cristãos não devem judaizar e ficar inativos no dia de sábado, mas devem
trabalhar nesse dia; honrem o dia do Senhor e abstenham-se, na medida do possível e na
sua qualidade de cristãos, de trabalhar nesse dia”.

Concílio de Hipona (393)


“Fora das Escrituras canônicas, não se leia nada na igreja sob o nome de divinas
Escrituras. Mas também é permitido ler as paixões daqueles mártires cujos dias
aniversários celebramos”.

Concílio de Nimes (396)


“Igualmente foi assinalado por alguns que, ao contrário da disciplina apostólica,
coisa até agora nunca ouvida, havia, não sei onde, mulheres elevadas ao ministério dos
diáconos, coisa que a disciplina eclesiástica não admite, por não ser conveniente. Tal
ordenação, que é irregular, deve ser anulada, e deve velar-se para que, no futuro,
ninguém tenha a ousadia de agir do mesmo modo”.

Concílio de Cartago (397)


“Os leitores não devem saudar o povo... Durante os soleníssimos dias pascais não
se deem os sacramentos aos catecúmenos, salvo o sal, como é costume... Não deve dar-
se a Eucaristia aos defuntos. Os filhos dos bispos ou de qualquer outro clérigo não
devem casar com pagãos, hereges e cismáticos”;
“O bispo da primeira sede não deve chamar-se príncipe dos sacerdotes, nem
sumo sacerdote, nem coisa alguma deste gênero, mas apenas bispo da primeira sede”.

Concílio de Toledo (400)


“Apesar de em quase toda a parte se observar que ninguém, exceto o bispo,
consagra o crisma, no entanto, uma vez que, segundo dizem, nalgumas partes ou
províncias os presbíteros o consagram, decidiu-se que, de agora em diante, ninguém,
exceto o bispo, consagre o crisma e o destine à diocese”.

Concílio de Cartago (407)


“Ao altar, todos os bispos devem dizer orações que tenham sido aprovadas em
concílio”.
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Concílio de Milevo (412)
“Também foi decidido que todos utilizem as preces e orações, (as palavras do)
prefácios, as encomendações, e as imposições das mãos na Missa que forem aprovadas
em concílio”.

Concílio de Vannes (465)


“Também foi decidido que, dentro da nossa província, haja um só modo de
celebrar os ritos sagrados e de salmodiar. Tal como é uma só a fé com que confessamos
a Trindade, também observamos uma só regra nos ofícios”.

Concílio de Agde (506)


“Os leigos que não comungarem no Natal do Senhor, na Páscoa e no Pentecostes
não pensem que são católicos nem sejam tidos como católicos”;
“Se alguém, fora das igrejas paroquiais nas quais é legítimo reunir a assembleia
cristã, quiser ter uma capela na sua propriedade para aí se poder celebrar a missa, a fim
de evitar uma viagem cansativa às suas gentes, fora das grandes festas, permitimo-lo,
desde que no Natal, na Epifania, na Páscoa, na Ascensão, no Pentecostes e no dia de São
João Batista, eles venham às cidades ou às suas igrejas paroquiais”.

I Concílio de Orleães (511)


“Se uma mulher, viúva de um presbítero ou de um diácono, se casar com alguém
em segundas núpcias, ambos sejam punidos e separados; ou então, se persistirem na sua
obstinação criminosa, sejam fulminados por uma excomunhão igual”;
“Foi decidido por todos os bispos que antes da solenidade da Páscoa se observe,
não uma cinquentena, mas uma quarentena (de dias de jejum”.

Concílio de Épaone (517)


“Anulamos totalmente em todo o nosso território a consagração das viúvas a
quem chamam diaconisas. Só lhes será dada a bênção penitencial, se desejarem a
conversão”;
“Só os altares de pedra podem ser consagrados com a unção do crisma”.

Concílio de Girona (517)


“Relativamente à celebração da liturgia, tal como se faz na Igreja metropolitana,
assim se deve proceder, em nome de Deus, em toda a província Tarraconense, quanto
aos ritos da missa, do ofício e à forma de ministrar”.
“Quanto às crianças recém-nascidas, pareceu bem determinar que, se estiverem
doentes, com é frequente, e recusarem o seio, sejam batizadas no próprio dia do
nascimento, se o pedido for feito”.

II Concílio de Orleães (533)


“Em caso algum se deve ordenar um presbítero ou um diácono que não saiba ler
ou que ignore o rito do batismo”.

III Concílio de Orleães (538)


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“Nenhum leigo deixe a missa antes de ser dita a Oração dominical (Pai nosso), e,
se o bispo estiver presente, espere-se pela sua bênção”.

IV Concílio de Orleães (541)


“Os presbíteros e os diáconos não devem ter leito comum nem quarto comum
com as suas esposas, para que a honra da religião não seja manchada pela desconfiança
das relações carnais”.

I Concílio de Braga (561)


“Aprove também que os bispos não saúdem o povo de um modo e os presbíteros
de outro, mas todos digam igualmente: Dominus sit vobiscum, como se lê no livro de Rute e
se responda: Et cum spiritu tuo, como o mantém todo o Oriente, segundo a tradição dos
Apóstolos, e não como o mudou a perversidade prisciliana”;
“Aprouve também que ninguém suba de leigo ao grau do sacerdócio, sem que
primeiro aprenda, por um ano inteiro, a disciplina eclesiástica no ofício do leitorado ou
do subdiaconado, e, assim, pelos diferentes graus, chegue ao sacerdócio, porque é muito
repreensível que aquele que ainda não aprendeu presuma já ensinar”.

II Concílio de Tours (567)


“O povo desconfia que os presbíteros rurais, bem como os diáconos e os
subdiáconos, não todos, mas muitos deles, vivem em companhia das suas esposas. Por
isso foi decidido observar que, sempre que o arquipresbítero fique no burgo, ou vá para
a sua propriedade, um dos leitores ligados à sua igreja ou ao menos algum dos clérigos
vá com ele e tenha uma cama num quarto onde ele próprio dorme, para lhe servir de
testemunha”.

Concílio de Auxerre (entre 561-605, não se sabe a data exata)


“Não é permitido dizer duas missas no mesmo altar, no mesmo dia. E num altar
onde o bispo disser missa, não diga missa um presbítero no mesmo dia”;
“Não é permitido ao diácono cobrir as costas com as toalhas do altar”;
“Não é permitido ao presbítero, depois de receber a bênção (ordenação), dormir
na cama com a sua presbítera, nem ter relações carnais com ela, nem ao diácono (com a
sua diácona), nem ao subdiácono (com a sua subdiácona)”;
“Não é permitido à viúva do presbítero, nem à viúva do diácono nem do
subdiácono voltar a casar depois da morte deles”;
“Não é permitido a uma mulher receber a Eucaristia na mão nua”;
“Não é permitido a uma mulher tocar com a mão a toalha do Senhor”;
“Toda a mulher, quando comunga, deve ter o seu véu. Se alguma o não tiver,
espere pelo domingo seguinte para comungar”.

IV Concílio de Toledo (633)


“O Aleluia deve ser cantado, não antes, mas depois do Evangelho”;
“Alguns diáconos têm tanto orgulho, que se antecipam aos presbíteros e pensam
que devem ser os primeiros no primeiro coro e os presbíteros no segundo”;

10 | P á g i n a
“Todos os clérigos ou leitores, do mesmo modo que os diáconos e os sacerdotes,
devem rapar completamente o cimo da cabeça, deixando apenas, por baixo, uma coroa
em círculo”.

Concílio de Ruão (650)


“Doravante, a Eucaristia não será deposta nas mãos dos leigos, mas ser-lhes-á
dada na boca”.

Concílio de Losne (673)


“Para a instituição de um bispo, de acordo com os decretos canônicos, além da
idade legítima e da eleição, também é preciso o consentimento do povo”.

III Concílio de Braga (675)


“Ouvimos dizer que alguns, persistindo em atitude cismática contra as divinas
ordenações e instituições apostólicas, oferecem no divino Sacrifício leite em vez de
vinho; que outros administram aos fiéis a Eucaristia molhada no vinho para
complemento da comunhão; que alguns há que não oferecem no sacramento do cálice
do Senhor o vinho espremido, mas dão a comunhão aos fiéis com uvas que foram
oferecidas”;
“Alguns sacerdotes, levados por sacrílega temeridade, se servem dos vasos
sagrados para os seus usos pessoais e os utilizam para neles colocar as iguarias que hão
de comer. É com pasmo e com lágrimas que deploramos tal maldade”;
“Constou-nos que alguns bispos, ao irem para a igreja, na solenidade dos mártires,
levam as relíquias ao pescoço e, para se vangloriarem com maior fausto diante dos
homens (como se eles mesmos fossem a arca das relíquias), são levados em cadeiras por
diáconos revestidos de alvas (...) Se o bispo decidir que é ele próprio que irá transportar
as relíquias, não seja levado em cadeira pelos diáconos, mas antes, o próprio bispo irá a
pé, em procissão com o povo, levando as sagradas relíquias de Deus, até às sagradas
igrejas do ajuntamento”.

Concílio Quinisexto (592)


“Quando alguém é promovido ao episcopado, a sua esposa deve separar-se dele
por consentimento mútuo. E, quando ele for consagrado bispo, ela retirar-se-á para um
mosteiro afastado da habitação do seu marido, que proverá às suas necessidades. Ela
será até, no caso de se mostrar digna, elevada à dignidade do diaconado”.

II Concílio de Niceia (787)


“Devem expor-se as venerandas imagens sacras, manufaturadas com tintas, com
mosaico e com outras matérias idôneas, nas igrejas consagradas a Deus, nos vasos e
paramentos sagrados, nas paredes e nos retábulos, nas casas e ao longo dos caminhos: e
isto aplica-se tanto à imagens de nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo, como
também às de nossa Imaculada Senhora Santa Mãe de Deus, a santa Teotókos, e também
às imagens dos veneráveis Anjos e de todos os homens santos e piedosos (...) Quanto
mais o expectador olhar as imagens de Cristo, de Maria, dos Anjos e dos Santos, tanto
mais se recordará daquele que está representado, e se esforçará por imitá-lo”;

11 | P á g i n a
“As vestes refinadas do corpo são alheias ao estado sacerdotal, pelo que os bispos
e os clérigos que se vestem com vestes luxuosas e vistosas, devem eliminá-las. Se o não
fizerem devem ser punidos. O mesmo se diga dos que usam perfumes...”.

Concílio de Ruão (878)


“Não se ponha a Eucaristia nas mãos de nenhum leigo, homem ou mulher, mas
somente na boca”.

Concílio de Nantes (séc. IX, mas ignora-se o ano)


“Antes da missa do domingo, o presbítero deve perguntar se não há na assembleia
pessoas estranhas à paróquia, vindas por desprezo pelo seu pároco próprio, ou se
alguém guarda rancor de outrem. Todas essas pessoas devem ser mandadas embora. Em
geral ninguém deve participar na liturgia numa paróquia diferente da sua, salvo se for de
viagem”.

Concílio de Aranda (1473)


“Que os bispos celebrem a missa pelo menos três vezes por ano e os padres
quatro vezes”.

4. América Latina colonial: Juntas, Sínodos e Concílios

No contexto da colonização da América Latina, existiam as Juntas Apostólicas e


Eclesiásticas. Eram reuniões de padres e algumas autoridades civis para buscar a melhor
forma de implantar a Igreja nas novas terras. Elas foram constantes nos primórdios da
igreja mexicana. Só no século 16 aconteceram cinco dessas Juntas.
Quantos aos concílios, no México foram três no século 16. A finalidade desses
concílios era revisar a legislação eclesiástica sobre vários pontos e analisar a aplicação do
Concílio Tridentino e a postura coletiva em favor da justiça na guerra chichimeca,
reconhecendo o direito dos naturais se defenderem. Esses três concílios fortaleceram a
instituição eclesial. O quarto concílio, em 1772, expressou o conflito do clero pela
expulsão dos jesuítas. Não foi aceito por Roma pelo seu excesso de regalismo.
No Peru, mais precisamente na Cidade dos Reis (atual Lima), foram celebrados
vários concílios, sendo o mais importante deles o de 1582/83, sob a liderança do bispo
São Turíbio de Mogrovejo que, em 1983, por disposição de São João Paulo II, foi
declarado patrono do episcopado latino-americano.

5. Sínodo da Bahia, o único do Brasil colonial (1707)

Nos primeiros tempos da colonização os bispados do Brasil seguiam o regimento


do Patriarcado de Lisboa. Contudo, em 1707, dom Sebastião Monteiro da Vide,
arcebispo da Bahia de 1702 a 1722, convocou um concílio, depois transformado em
sínodo, da sua província eclesiástica, a única então existente no Brasil. Mas apenas o
bispo de Angola – também seu sufragâneo – compareceu. O bispo do Rio de Janeiro
não pode participar. Havia ainda três outras dioceses sufragâneas, São Luís do Maranhão,
Olinda e São Tomé (na costa da África). O bispo de São Luís, doente, estava residindo
em Portugal e os outros dois bispados estavam vacantes. No término das reuniões
12 | P á g i n a
sinodais foram promulgadas as célebres Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia,
impressas em Lisboa, em 1719.
Esse documento jurídico, disposto em 5 livros e 1.318 constituições, era de uma
riqueza extraordinária e abrangia todos os aspectos da vida eclesial de então. Nenhum
aspecto eclesiástico escapava de uma consideração clara nessas Constituições Primeiras.
A importância dessas Constituições é enorme para a Igreja do Brasil, pois elas se
tornaram a legislação eclesiástica oficial da Igreja em nosso país até o final do século
XIX e mesmo início do XX.
Dom Sebastião Monteiro da Vide era homem progressista e queria um Brasil mais
independente de Portugal e uma legislação eclesiástica adaptada aos brasileiros. Por isso
que, mesmo com a presença de apenas um dos seus bispos sufragâneos, realizou o
sínodo em sua diocese (cf. MATOS, H.C.J., Nossa História..., volume I).

6. Os bispos do Brasil e a primeira Pastoral Coletiva (1890)

Proclamada a república brasileira (1889), Rui Barbosa, então ministro da fazenda


do governo provisório, apresentou o decreto 119-A, de 7 de Janeiro de 1890, que foi
aprovado no mesmo dia. Por ele se separava totalmente o Estado da Igreja em nosso
país. Os bispos reagiram com certa reserva, demonstrando medo quanto ao novo regime
e ao futuro da pátria. Por um lado, os bispos reclamavam muito da perda da tutela que
vinha de tantos anos, mas, por outro, reconheciam que, doravante, a Igreja poderia se
sentir mais livre para exercer a sua missão.
Em 19 de março de 1890, pela primeira vez na história do Brasil, os bispos
lançavam um documento comum: a Pastoral Coletiva, sobre a separação referida, fruto da
reunião do episcopado em São Paulo, sob a presidência de dom Antônio de Macedo
Costa, à época bispo do Pará. Esse documento é de grande relevância, não só por ser o
primeiro produzido pelo episcopado nacional, mas, sobretudo pela temática nele
abordada. Eram três os pontos enfocados na referida Pastoral: A) O que os católicos
haviam de pensar sobre a já consumada separação entre a Igreja e o Estado: deveria ela
ser aplaudida ou não?; B) Que posição deveriam tomar frente à liberdade concedida
doravante pelo governo a todos os cultos?; C) O que deveriam fazer os católicos face à
nova situação criada para a Igreja no país?
No mesmo ano de 1890, em 29 de junho, dom Macedo Costa foi nomeado
arcebispo-primaz do Brasil e tomou posse por procurador. Foi cogitado para ser o
primeiro cardeal do Brasil, mas morreu antes que isso acontecesse, em 1891.

7. Concílio Plenário Latino-americano (1899)

Em 1899, no pontificado de Leão XIII, realizou-se, em Roma, o Concílio Plenário


dos Bispos da América Latina. O desejo do Pontífice era reunir e consultar em conjunto o
episcopado latino-americano.
A sessão inaugural foi celebrada na capela do Colégio Pio Latino-Americano, em
28 de maio de 1899. Compareceram a esse Concílio 13 arcebispos e 40 bispos, dentre os
quais, 11 do Brasil. O evento conciliar durou 43 dias, nos quais foram realizadas nove
sessões e 24 reuniões plenárias (congregações gerais), tendo se encerrado no dia 9 de
julho.
13 | P á g i n a
No documento conclusivo desse Concílio fica muito claro que o objetivo dele era
alinhar a Igreja da América Latina às diretrizes romanas. Na verdade, era o ápice de um
processo de “romanização” que já vinha em curso desde meados do século 19. A Igreja
no Brasil, desse modo, ia se europeizando cada vez mais, com a chegada de numerosas
congregações religiosas e também de inúmeros imigrantes.

8. Conferências Episcopais Brasileiras e pastorais coletivas

Uma das determinações do Concílio Plenário Latino-Americano era que os bispos


se reunissem periodicamente para traçar normas eclesiásticas. Assim, de 1901 a 1915, o
episcopado brasileiro do Sul realizou cinco conferências episcopais. O resultado delas foi
a “Pastoral Coletiva dos Senhores Arcebispos e Bispos das Províncias Eclesiásticas de São Sebastião do
Rio de Janeiro, Mariana, São Paulo, Cuiabá e Porto Alegre”, que ia sendo aumentada e
atualizada a cada reunião. Também a Província Setentrional, na Bahia, fez o mesmo.
Evento sinodal importante também na história da Igreja no Brasil foram a
festividade ocorrida no Rio de Janeiro, em 1931, quando da proclamação de Nossa
Senhora Aparecida com padroeira do país. Na ocasião, os bispos brasileiros acorreram
todos à então capital federal para homenagearem a Virgem de Aparecida.

9. O Concílio Plenário Brasileiro (1939)

Em janeiro de 1939, o cardeal Eugênio Pacelli, secretário de Estado de Pio XI,


autorizou a realização de um Concílio Plenário Brasileiro e nomeou dom Sebastião Leme
como legado pontifício. Esse Concílio, que aconteceu na igreja da Candelária, no Rio de
Janeiro, reuniu 103 padres conciliares, 14 superiores religiosos e 15 representantes de
cabidos de cônegos. Quando da sua abertura Pio XI era falecido, tendo sido sucedido
pelo cardeal Pacelli (Pio XII). O documento final, aprovado pela Santa Sé, de caráter
romanizador, reservava pouco espaço para a pastoral específica no Brasil. É sintomático
que no referido concílio a língua oficial foi o latim e o documento final saiu também em
latim, sem que se conheça tradução para o português. Na ocasião, o presidente Getúlio
Vargas ofereceu um banquete ao episcopado nacional (cf.: MATOS, H.C.J., Idem, vol. 3)

10. CNBB, CRB e CELAM: a força da colegialidade

Até meados do século XIX não existiam conferências institucionais de bispos


como hoje. A primeira conferência episcopal a ser criada foi a dos bispos da Suíça, em
1863. Em nosso país, em 14 de outubro de 1952, foi criada a CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), tendo como primeiro presidente o cardeal Dom Carlos
Carmelo de Vasconcelos Mota, então arcebispo de São Paulo. Dom Hélder Câmara foi o
primeiro secretário, cargo que ocuparia por 12 anos.
Em 1954 os religiosos e religiosas também se organizaram e fundaram a CRB
(Conferência dos Religiosos do Brasil), que muito tem contribuído para a animação da
vida consagrada no país e para o crescimento da comunhão entre seus membros.
No ano de 1955, a pedido dos bispos latino-americanos, o papa Pio XII, criou o
CELAM (Conselho Episcopal Latino Americano), possibilitando, desse modo, o
progresso do espírito sinodal no continente americano. Sobre esse caminho que já vem
14 | P á g i n a
sendo trilhado há várias décadas, assim se pronunciou o papa Francisco em recente
mensagem à Pontifícia Comissão para a América Latina:

Estou convencido de que, antecipadamente, a Igreja na América Latina e no Caribe fez o


“caminho indo”, ou seja, mostrou que uma interpretação correta dos ensinamentos conciliares
implica uma reaprendizagem para caminhar juntos” (FRANCISCO, Vídeo-Mensagem à PCAL,
Maio 2022).

Desde a sua criação, o CELAM já realizou cinco conferências gerais (Rio de


Janeiro, 1955, Medellin, 1968, Puebla, 1979, Santo Domingo, 1992 e Aparecida, 2007).
Todas as conferências têm sido eventos que impactam positivamente a vida cristã
católica no continente, tendo os seus textos conclusivos se transformado em verdadeiros
marcos que sinalizaram e continuam a sinalizar as opções pastorais a serem assumidas
pela Igreja na América Latina e no Caribe.
A periodicidade dessas conferências tem girado em volta de 11 a 15 anos.
Desde algumas décadas, as atividades do CELAM abrangem também a região do
Caribe.

11. Memória de ações sinodais na Província Eclesiástica de Pouso Alegre

a) A criação da Província Eclesiástica (1962)

Por que existem as Arquidioceses ou Províncias Eclesiásticas? A razão de ser de


uma Província Eclesiástica é “promover uma ação pastoral comum às diversas dioceses vizinhas [...]
e fomentar as relações mútuas dos Bispos Diocesanos” (CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO, cânon
431).
Em 1962 – ano da criação do arcebispado de Pouso Alegre – em Minas Gerais
havia apenas três arquidioceses: Mariana (criada em 1906), Diamantina (1917) e Belo
Horizonte (1924). Atualmente, existem sete arquidioceses no território mineiro. Vivia-se,
na época, grandes expectativas na Igreja, sobretudo pela realização do Concílio Vaticano
II que estava para se iniciar em outubro de 1962. Foi nesse contexto eclesiástico que,
pela bula “Qui tanquam Petrus” (= Nós que, como Pedro), de 14 de Abril de 1962, o papa São
João XXIII houve por bem reestruturar a Igreja Católica em Minas Gerais, para torná-la
mais dinâmica. E, de fato, pela mesma citada bula ele duplicou o número de províncias
eclesiásticas no estado de Minas, criando três novas arquidioceses, que foram: Juiz de
Fora, Pouso Alegre e Uberaba.
A razão do estabelecimento das novas sedes metropolitanas era, segundo o Papa,
“para cuidar mais convenientemente do bem do povo e promover a disciplina eclesiástica” (JOÃO
XXIII, Qui tanquam Petrus, 1962).
A criação da Província Eclesiástica de Pouso Alegre constituiu-se um fator de
grande relevância para a Igreja no Sul de Minas, pois significou a sua plena emancipação
eclesiástica. Doravante, os bispos da região estavam congregados em um colégio que,
embora pequeno, muito haveria de oferecer ao florescimento do reino de Deus na região
sul-mineira.
A instalação da Província Eclesiástica de Pouso Alegre e a posse do seu primeiro
Arcebispo Metropolita aconteceram em 23 de setembro de 1962. Na ocasião a Igreja

15 | P á g i n a
Particular de Pouso Alegre tinha 40 paróquias. Dom José D’Ângelo Neto, que à época
era o bispo de Pouso Alegre, ainda não fazia dois anos, foi elevado a à dignidade de
arcebispo da mesma, governando-a por 30 anos, até a sua morte, em 1990.
Criada a Arquidiocese de Pouso Alegre, lhe foram dadas por sufragâneas as
dioceses da Campanha e de Guaxupé. Assim, juntamente com Pouso Alegre, essas
dioceses passaram a compor a nova Província Eclesiástica. Até então o bispado da
Campanha era sufragâneo do de Mariana e o de Guaxupé pertencia à Arquidiocese de
Belo Horizonte. Na ocasião, era bispo da Diocese da Campanha dom Othon Motta e a
Diocese de Guaxupé era governada por dom frei Inácio João Dal Monte-OFMCap.
Foram esses, portanto, os dois primeiros bispos sufragâneos do arcebispado pouso-
alegrense.
Mais tarde, em 1968, passaria a fazer parte também da Província Eclesiástica de
Pouso Alegre a Abadia Territorial de Claraval, criada naquele ano, com território
desmembrado do bispado de Guaxupé. A Abadia Territorial de Claraval, no entanto,
seria suprimida no ano de 2002 – permanecendo apenas como abadia residencial –
sendo o seu território reincorporado à Diocese de Guaxupé.
Com a criação da Província Eclesiástica de Pouso Alegre o caminho sinodal das
Igrejas Particulares do Sul de Minas estava delineado. Doravante, com a existência de um
arcebispo na região sul-mineira havia um incentivo permanente para o exercício sinodal,
pois, como afirma o papa Francisco, o “ofício de chefia da Província eclesiástica, estável ao longo
dos séculos, é um sinal distintivo da sinodalidade na Igreja” (FRANCISCO, Motu Proprio Mitis Iudex
Dominus Iesus, Critérios, V).

b) I Encontro de Reitores de Seminários do Sul de Minas (1963)

Na sua edição de 3 de setembro de 1963 a Revista Eclesiástica Brasileira (REB) dava


a seguinte notícia acerca do encontro de reitores e superiores dos seminários sul-
mineiros promovido na Província Eclesiástica de Pouso Alegre e com o apoio dos seus
bispos:

“I Encontro de Reitores e Superiores de Seminários do Sul de Minas Gerais – Realizou-


se em Poços de Caldas, no Seminário Nossa Senhora da Esperança, dos Padres Oblatos de
Maria Imaculada, nos dias 2, 3 e 4 de julho último, a I Reunião dos Seminários do Sul de Minas.
Planejado pelos Revmos. Monsenhor Domingos Fonseca, reitor do Seminário Diocesano de
Campanha, e Padre Tomás Brown, recrutador vocacional dos O.M.I., o proveitoso Encontro
contou com os aplausos e as bênçãos dos Exmos. Ordinários: D. José d’Ângelo Neto, arcebispo
de Pouso Alegre, D. Othon Motta, bispo de Campanha e Monsenhor Marcos Noronha,
administrador apostólico de Guaxupé. Representando treze dos dezoito Seminários existentes
na região, ao Encontro compareceram quinze sacerdotes e quatros irmãos educadores. Os
temas expostos e discutidos durante o tríduo foram: Formação espiritual nos Seminários (tema do R.
Pe. Arnaldo Lemos Filho, reitor de Guaxupé); Disciplina nos Seminários (tema do R. Mons.
Domingos Fonseca, reitor de Campanha) e Problema da perseverança (tema do R. Pe. Jefferson
Ildefonso da Silva, SSS, reitor de Monte Santo). Além desses três temas centrais foram
estudados e discutidos outros, como: aplicação da lei das “Diretrizes e Bases” nos Seminários;
estudo experimental e estudo dirigido – seu proveito e sua aplicabilidade. A Reunião foi
precedida de um questionário, remetido a todos os Seminários da região. Das dezoito cartas-
respostas colheram-se muitos dados, dos quais aqui reproduzimos sinteticamente os mais
significativos: 1) Onze casas possuem curso de admissão; 2) 7 têm pré-seminários; 3) Média de

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anuidade: Cr$ 40.000,00; 4) Matrículas gratuitas: 120 – Anuidade integral: 245 – Anuidade
reduzida: 527; 5) Doze seminários possuem fazendas ou chácaras; 6) Catorze recebem alunos de
cor. Dois, não. 7) Onze mantêm trabalhos de recrutamento vocacional. Cinco, não. 8) Dez
adotam testes de seleção. Quatro, não. 9) Dois aceitam filhos naturais. Onze, não. 10) Casa de
férias: 2 sim, 14 não. Manutenção dos Seminários: sete com rendas de patrimônio, quatro com ajuda
da Província, três com taxas diocesanas, cinco com a OVS, dois com Cúria Provincialícia, oito
com esmolas, um com Ginásio, um com bolsas, um com trabalho dos Irmãos; 11) Doze
aceitam vocações tardias. Quatro, não; 12) Dezesseis possuem sociedade de antigos alunos; 13)
dez possuem grêmio literário; 14) Dezesseis têm biblioteca (total dos seminários – 21.810
livros); 15) Outras associações existentes: esportivas, clubes agrícolas, missionárias, recreativas,
clubes de leitura, clubes de iniciação ao cinema e trabalhos manuais, jornais, revistas, etc. 16)
Quatro mantêm obras apostólicas através de centros de catecismo e dois através de ação social
– Divisão do período de férias: 1º período – 30 dias (8 seminários), 21 dias (3), 15 dias (1), 25 dias
(1); 2º período – 60 dias (5), 89 dias (1), 77 dias (1), 45 dias (3), 21 dias (1), 65 dias (1), 40 dias
(1); – Experiências benéficas tentadas: equipes de trabalho; férias de Semana Santa em casa; equipes
de vida, sem regentes e sem notas de comportamento; apostolado semanal; apostolado, durante
a Semana Santa, nas paróquias; divisão de academias em setores de estudo; trabalho de
catequese e de ação social; método de iniciação à responsabilidade; ensino do latim pelo
“método natural”; dias das mães dos seminaristas. – Causas mais comuns da não perseverança: falta
de ideal, imaturidade, falta do verdadeiro conceito do Sacerdócio, falta de vontade, dificuldade
nos estudos, problemas de castidade, dificuldade de disciplina, crise de adolescência, atrativos
do mundo moderno, afetividade não controlada, falta de séria seleção, conforto do ambiente
familiar, extremo pauperismo da família, influência do espírito pagão em nossos dias, falta do
espírito autenticamente cristãos das famílias, falta de assistência espiritual durante as férias,
conhecimento de deficiências nos sacerdotes, etc. – Conclusões da reunião. Ao fim do Encontro
foram formuladas resoluções que, aprovadas pelos Exmos. Revmos. Srs. Ordinários
Diocesanos e Superiores de Congregações e submissas às instruções provenientes da Sagrada
Congregação dos Seminários, serão postas em prática segundo a ordem de valores e o que dita a
prudência. 1) Sugere-se a fundação de clubes vocacionais em todas as paróquias da Província
Eclesiástica; 2) Recomenda-se aos educadores ou promotores de vocações: unidade de
orientação nas exigências requeridas para a admissão aos Seminários; 3) O Seminário, embora
facilitando o ingresso dos alunos menos favorecidos, exigirá das famílias uma contribuição
mínima de cooperar com o Seminário no trabalho formativo de prevenir abusos do passado; 4)
Tenha-se em vista que o aprimoramento da formação implica necessariamente na renúncia da
preocupação quantitativa dos candidatos; 5) Convencidos da abertura do Seminário para a
realidade de hoje, recomendamos atitudes definidas neste sentido: antes de se aceitar um
método novo, refletir sobre o mesmo e procurar antes o entrosamento dos Superiores; 6) Para a
execução da abertura dos Seminários, sugerimos: a) participação discreta no que há de útil e
formativo na vida de sociedade; b) facilitar encontro entre seminaristas e grupos juvenis; c)
esclarecer as famílias como orientar os seminaristas, em férias, sobre o autêntico sentido de
liberdade; d) facilitar o contacto com a família nas oportunidades razoáveis; e) promover a
educação artística (cinema, teatro, literatura e música) para formar nos alunos a capacidade de
discernimento; f) para os cursos inferiores, admitir a colaboração de professoras, nelas
reconhecendo o valor substitutivo da presença materna; g) junto aos cursos adiantados,
incentivar o ideal do apostolado, através do catecismo e da assistência social, em bairros, etc. 7)
Convencidos da conveniência da atualização das estruturas do Seminário, sugerimos que esta
atualização seja iniciada pela organização disciplinar, através de equipes de vida e equipes de
trabalho; 8) O fundamento desta atualização consistiria em incrementar o espírito de família e
de caridade fraterna, o senso de responsabilidade e o espírito de iniciativa; 9) Reconhecida a
necessidade da diferenciação nas práticas de piedade, em virtude dos sentimentos religiosos
diversos do menino e do adolescente, sugerimos uma troca de experiências entre os Seminários;
10) A piedade deverá ser cristocêntrica. A pessoa de Cristo deverá ser apresentada ao
seminarista de acordo com a sua idade psicológica. Difundir-se-á o Novo Testamento fazendo

17 | P á g i n a
com que o Seminarista procure descobrir o sentido de vida cristã; 11) Insistir-se-á nas virtudes
naturais: sinceridade, fidelidade, sendo de responsabilidade, equilíbrio, sociabilidade, gratidão,
civilidade, e justiça como fundamento e base das virtudes sobrenaturais. A vivência de uma
caridade efetiva é um dos fatores positivos de vocação; 12) Para que haja participação mais
consciente nas orações comuns e litúrgicas, sugerimos que se façam variações nos atos de
piedade. Atenda-se a difusão de paraliturgias e vigílias bíblicas para o incremento da
espiritualidade litúrgica; 13) Recomenda-se a aplicação da lei das “Diretrizes e Bases da
Educação” nos Seminários; 14) Acha-se oportuno a criação de um secretariado arquidiocesano
dos Seminários (SAS), para difundir experiências, orientar e incentivar a renovação dos
Seminários (Fonte: REB, vol. 23, fasc. 3, Setembro de 1963, páginas 784-786).

c) Decisão sobre o uso de ordens no território da Província (1977)

Uma interessante ação sinodal da Província Eclesiástica de Pouso Alegre foi


também a decisão publicada no jornal Voz Diocesana, da Diocese da Campanha, na sua
edição de 10 de Outubro de 1977. Nele se lê o seguinte:

“AVISO AO REVMO. CLERO – De acordo com a Reunião da Província Eclesiástica,


realizada em Pouso Alegre, a 16.06.77, todos os sacerdotes deste Bispado têm Uso de
Ordens na Arquidiocese de Pouso Alegre e na Diocese de Guaxupé, bem assim os
sacerdotes daquelas Arquidiocese e Diocese igualmente têm uso de ordens nesta Diocese da
Campanha. Esta resolução tem em mira facilitar aos fiéis a procura para a vida sacramental.

Mons. José do Patrocínio Lefort


Chanceler do Bispado”.

Na ocasião era arcebispo de Pouso Alegre, dom José D’Ângelo Neto. Dom
Antônio Affonso de Miranda, SDN, era o administrador apostólico da Campanha e o
bispo de Guaxupé era dom José Alberto Lopes Castro Pinto.
d) Tabela de Emolumentos (1983)

Em 1º de novembro de 1983 o arcebispo pouso-alegrense, dom José D’Ângelo


Neto, na ocasião também Administrador Apostólico da Campanha, dom José Alberto
Lopes de Castro Pinto, bispo de Guaxupé e dom Carmelo Recchia, OCIST., abade de
Claraval, publicaram uma Tabela de Emolumentos, ad referendum Santae Sedis, para a
Província Eclesiástica de Pouso Alegre.

e) Instituto Teológico Interdiocesano São José (1996)

O maior evento sinodal da Província Eclesiástica de Pouso Alegre tornou-se


realidade com a fundação do Instituto Teológico Interdiocesano São José (ITISJ), com
sede em Pouso Alegre, anexo ao Seminário Arquidiocesano.
Com o apoio de muitas pessoas, sobretudo dos formadores e dos bispos da
Província, dom Aloísio Roque Oppermann, SCJ, da Campanha, dom José Geraldo
Oliveira do Valle, CSS, de Guaxupé e, de modo especial do arcebispo pouso-alegrense
dom João Bergese, foi que se deu a fundação do ITISJ. Sua inauguração se verificou em
21 de março de 1996, com uma solene cerimônia presidida pelo então núncio apostólico
no Brasil, dom Alfio Rapisarda, à qual assistiram todos os bispos da Província,e dom
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Spiridon Mattar, eparca greco-melquita, e cerca de 80 presbíteros, professores,
seminaristas, autoridades civis, benfeitores e amigos.
No dia da inauguração do estabelecimento o arcebispo dom João Bergese, que
estava em convalescença, pois havia se submetido a uma delicada cirurgia 20 dias antes,
sentiu-se mal numa das alas do Seminário, necessitando ser levado às pressas ao hospital.
Eram 10 horas da manhã. Assim ele não pode participar das solenidades e, no mesmo
dia, poucos minutos após as 16h, espalhava-se a infausta notícia do seu falecimento (cf.
DIOCESE CENTENÁRIA, pág. 28).
A aula inaugural do Instituto Teológico foi proferida pelo professor padre
Antônio Carlos Félix, atual bispo diocesano de Governador Valadares-MG.
O primeiro diretor do ITISJ foi o padre José Francisco Resende Dias, atualmente,
arcebispo de Niterói-RJ. O Instituto teve início com 9 seminaristas: 8 de Pouso Alegre e
1 do bispado da Campanha. Três anos depois, em 1999, o número de alunos do ITISJ
era de 44, sendo 15 de Guaxupé, 14 da Campanha e 15 de Pouso Alegre (cf.: O LEVITA,
1999, pág. 6). O “caminhar juntos” do clero da Província se tornara realidade!
Em 2002, o ITISJ estabeleceu um convênio com o Instituto Teológico São Paulo,
da capital paulista, de modo a garantir a obtenção de títulos acadêmicos em nome da
Santa Sé, através do sistema de agregação ao Pontifício Ateneu Santo Anselmo, de Roma
(Itália).
Depois de 10 anos de funcionamento e após formar dezenas de sacerdotes para a
Província Eclesiástica, o ITISJ deixou de existir em 2006, tendo passado a sua tarefa à
Faculdade Católica de Pouso Alegre, fundada naquele ano.

f) Faculdade Católica de Pouso Alegre (2006)

O novo arcebispo de Pouso Alegre, dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho,
OPRAEM, com o apoio dos bispos da Província, dom Diamantino Prata de Carvalho,
OFM, da Campanha, e dom José Geraldo Oliveira do Valle, CSS, de Guaxupé, decidiu
fundar uma instituição de ensino superior que tivesse o reconhecimento do Ministério
da Educação e Cultura (MEC) e que pudesse oferecer os cursos de filosofia e teologia,
sobretudo aos seminaristas da Província Eclesiástica. Para isso foi instituída a Fundação
Educacional Dom José D’Ângelo Neto (FEJAN), a mantenedora da nova instituição.
Na sequência, surgiu a Faculdade Católica de Pouso Alegre, que foi inaugurada no
dia 6 de fevereiro de 2006, com a presença do núncio apostólico no Brasil, dom Lorenzo
Baldisseri, de todos os bispos da Província, sacerdotes, seminaristas, religiosos,
autoridades políticas e militares, além de grande número de leigos e leigas.
Na oportunidade houve uma solene concelebração eucarística na vizinha igreja
paroquial de São José Operário, presidida pelo núncio apostólico, à qual se seguiram a
solenidade de descerramento da placa comemorativa, nas dependências da nova
Faculdade, e a sessão solene no salão nobre da instituição, com discursos do mesmo
núncio e de outras autoridades. Seu primeiro diretor foi o padre Marco Aurélio Gubiotti,
atual bispo da diocese de Itabira-Coronel Fabriciano-MG.
Quase duas décadas já passaram desde a fundação da FACAPA, instituição
conceituada e consolidada, que já formou dezenas de presbíteros para as Igrejas
Particulares que compõem a Província Eclesiástica de Pouso Alegre, além de capacitar

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profissionalmente também muitos leigos e leigas. Seu atual diretor é o padre Adriano São
João (Fonte: www.facapa.edu.br).

g) Pastoral Universitária: PUC-Minas e Província Eclesiástica (2017)4

“PUC MINAS POÇOS DE CALDAS E PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE POUSO


ALEGRE REALIZARAM CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES DA
PASTORAL UNIVERSITÁRIA - No dia 18 de novembro de 2017, a PUC Minas Poços de
Caldas e a Província Eclesiástica de Pouso Alegre, constituída pela Arquidiocese de Pouso
Alegre e as Dioceses de Campanha e Guaxupé, promoveram um Curso de Formação para
Agentes de Pastoral Universitária. Com a presença de 45 participantes, entre agentes de
pastoral, integrantes de movimentos que atuam no âmbito universitário, padres assessores e
também representantes de outras igrejas cristãs, o curso teve o objetivo de partilhar saberes
abrangentes sobre a missão evangelizadora no âmbito universitário para aqueles que já
exercem esse serviço e para quem se dispôs a iniciar esse trabalho em suas Instituições de
Ensino e Dioceses”.

h) Tempo de semear: catequese na Província Eclesiástica (2017/2018)


Atendendo a urgência da Igreja de repensar os itinerários catequéticos, sobretudo com
adultos, um grupo da Comissão Arquidiocesana de Iniciação Cristã, em conjunto com a
Província Eclesiástica de Pouso Alegre, elaborou a Coleção Viver em Cristo, que se destina à
catequese com Adultos de inspiração catecumenal, e compõe-se de quatro volumes: Tempo
de semear (O anúncio de Jesus Cristo); Tempo de cultivar (Aprofundamento da fé), livro do
catequista e livro das cartas para o iniciando; Tempo de colher e tempo de partilhar os frutos (A
vivência quaresmal e a vida nova em Cristo). Os volumes apresentam pistas para a
preparação do ambiente, dinamização dos encontros, estudo para a sua própria formação e
celebrações inspiradas no Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) para as etapas e
momentos mais significativos do processo de iniciação cristã. A coleção foi publicada pela
Paulus Editora em parceria com a Província Eclesiástica.

i) Mensagem dos Bispos da Província sobre as Eleições (2018)

“Graça e paz!
Nós, bispos da Província Eclesiástica de Pouso Alegre, formada pelas dioceses da
Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre, nos dirigimos a todas as pessoas, cristãs católicas e
aos homens e mulheres de boa vontade, para apresentar, como pastores à serviço do Povo
de Deus, nossas reflexões sobre o momento em que nos encontramos, em relação às
eleições que se realizarão neste ano de 2018. Trata-se de um grande desafio a toda a
sociedade que, esperamos, a partir das Sagradas Escrituras e do Ensino Social da Igreja,
colaborar para que seja enfrentado à luz da fé.
Primeiro, esclarecemos que a Igreja, enquanto instituição, não assume opções partidárias,
mas empenha-se na luta geral pela justiça, ajudando a iluminar a razão e a formar a
consciência das pessoas. Buscamos, assim, compreender as várias dimensões da vida
humana, pessoal, comunitária e social, em suas “alegrias e esperanças, tristezas e angústias”,
para contribuir na promoção da “vida plena para todos”, pois entendemos que esta é tarefa
integrante do ser cristão. A missão da Igreja é Evangelizar e quando ela fala de política é
porque reconhece que o Evangelho tem implicações sociais, ou seja, a Palavra de Deus deve

4As notícias apresentadas nesta e nas páginas seguintes foram tiradas de páginas da internet das três Igrejas
Particulares da Província Eclesiástica de Pouso Alegre.
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fazer eco na vida de todas as pessoas, em todas as dimensões, inclusive na dimensão
política.
(...)

Dom José Luiz Majella Delgado CSSR- Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre
Dom Pedro Cunha Cruz- Bispo da Diocese da Campanha
Dom José Lanza Neto- Bispo da Diocese de Guaxupé”.

j) Encontro com Educadores da Província na FACAPA (2019)

“As dioceses da Província Eclesiástica de Pouso Alegre (Campanha, Guaxupé e Pouso


Alegre) e a Faculdade Católica de Pouso Alegre promoveram na manhã de quinta-feira (21)
um encontro de formação para educadores dos seminários da província, envolvendo
formadores e professores. O palestrante foi o arcebispo de Montes Claros e presidente da
Comissão Episcopal pastoral para a Educação e Cultura, dom João Justino de Medeiros, que
falou sobre “os objetivos e desafios da dimensão intelectual na formação dos futuros
presbíteros, à luz da nova Ratio Fundamentalis”. O encontro ocorreu na sede da Faculdade
Católica. O arcebispo de Pouso Alegre, dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R., também
estava presente”.

k) Comunicado Provincial sobre o avanço do COVID-19 (2020)

“A Província Eclesiástica de Pouso Alegre, formada pela arquidiocese de Pouso Alegre, pela
diocese de Campanha e pela diocese de Guaxupé – Sul de Minas Gerais – em comunhão
com a Igreja em todo o mundo e, no Brasil, na vivência quaresmal de “ver, se compadecer e
cuidar” (CF 2020), está sempre comprometida com a defesa da vida – Dom e compromisso
– e com o bem estar de cada pessoa. A vida como dom precioso de Deus deve ser
preservada e promovida em todas as suas etapas, daí unirmo-nos ao combate na
disseminação do “Coronavírus”, uma ameaça à saúde de centenas de pessoas em várias
partes do mundo, tendo já chegado a nossa nação brasileira.
Como pastores preocupamo-nos e, assim, orientamos:
– que em nossas Missas e Celebrações evitemos o abraço da paz, mas busquemos
fortalecer, ainda mais, o sincero sentimento de bem-querer em relação ao próximo;
– que na oração do Pai-Nosso, não unamos nossas mãos, mas cultivemos com mais
intensidade o compromisso com a fraterna comunhão;
– que se receba a Sagrada Eucaristia nas mãos e não diretamente na boca, tendo todo o
cuidado de comungar, respeitosamente, diante do ministro e não se deslocar com a Hóstia
consagrada na mão;
– que seja suprimido o uso da água benta às portas das igrejas;
– que sejam arejados os locais de reuniões e celebrações, através do uso de ventiladores
e pela abertura de portas e janelas.
Solicitamos aos sacerdotes, aos diversos ministros e às nossas lideranças, que favoreçam ao
máximo em suas comunidades essas nossas orientações “para que todos tenham vida e a tenham
em abundância” (Jo 10,10). Que o Senhor Deus nos proteja e guarde a todos.
Pouso Alegre, 28 de fevereiro de 2020
Dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R.
Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre
Dom Pedro Cunha Cruz
Bispo diocesano de Campanha
Dom José Lanza Neto
Bispo diocesano de Guaxupé”.
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l) COMIPRO (Comissão Missionária da Província)

“No dia vinte e quatro de agosto de (?), no Salão Paroquial da Paróquia São João Batista, em
Pouso Alegre-MG, aconteceu a reunião da Comissão Missionária da Província
(COMIPRO), com a presença de representantes das Dioceses da Campanha, Guaxupé e da
Arquidiocese de Pouso Alegre, para avaliação do I Congresso Provincial Missionário
ocorrido no mês de maio, no Centro Diocesano de Pastoral, em Três Corações”.

“Na manhã do dia 14 de Março de 2020, o Conselho Missionário da Província Eclesiástica


de Pouso Alegre reuniu-se em Elói Mendes para dar continuidade às ações dos COMIDI’s
(Conselho Missionário Diocesano) e programar a missão provincial no mês de maio de
2020. Estavam presentes representantes das três dioceses da Província: Campanha, Pouso
Alegre e Guaxupé”.

m) FORMISE PROVINCIAL (Formação Missionária de Seminaristas)

I FORMISE (2017), Pouso Alegre

“PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE POUSO ALEGRE REALIZA FORMAÇÃO


MISSIONÁRIA DE SEMINARISTAS – 2017 - Atentos aos apelos da ação missionária no
Brasil, os seminaristas da Província Eclesiástica de Pouso Alegre participaram da 1ª
Formação Missionária de Seminaristas (FORMISE) Provincial, nos dias 26 a 28 de maio no
Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora. O encontro reuniu 120 seminaristas
da Arquidiocese de Pouso Alegre, Diocese de Guaxupé e Diocese da Campanha, que sob a
assessoria de padre Henrique Neveston, coordenador diocesano de pastoral da Diocese de
Guaxupé, tiveram oportunidade de aprofundar e realizar uma experiência missionária”.

II FORMISE (2019), Guaxupé

SEMINARISTAS DE MINAS GERAIS PARTICIPAM DE FORMAÇÃO


MISSIONÁRIA - Entre os dias 8 e 10 de março de 2019 aconteceu na cidade de Guaxupé
(MG) a 2ª Formação Missionária de Seminaristas (FORMISE) da Província Eclesiástica de
Pouso Alegre, formada pelas dioceses do sul do estado de Minas Gerais: Pouso Alegre,
Campanha e Guaxupé. O encontro, assessorado pelo Padre Antônio Niemiec - CSsR, tratou
do tema escolhido pelo Papa Francisco para o Mês Missionário Extraordinário, que
acontecerá em outubro próximo: Batizados e enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo. A
Formação contou com a participação de todos os seminaristas da província, entre
propedeutas e seminaristas das etapas de filosofia e teologia. Estiveram presentes no
encontro os reitores e formadores de todas as etapas além dos bispos de cada diocese.

III FORMISE (2023), Campanha

“Nesta sexta-feira, 25/08, iniciou em Campanha, no Seminário Diocesano Nossa Senhora


das Dores, o III FORMISE Provincial. Esse encontro é a reunião de todos os seminaristas
das três dioceses que compõe a Província Eclesiástica de Pouso Alegre, sendo a
Arquidiocese que dá nome à Província, a Diocese de Guaxupé e a Diocese da Campanha”.

n) Semanas Provinciais de Liturgia

I Semana Provincial de Liturgia (2017), Itajubá

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Na Comunidade Sol de Deus, em Itajubá (MG), de 24 a 28 de julho de 2017, aconteceu a I
Semana Provincial de Liturgia da Província Eclesiástica de Pouso Alegre (MG). O esforço
conjunto de nossas Dioceses (Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre) fundamentou-se na
firme convicção de que falar de liturgia é proclamar nossa certeza de que ela é a primeira e
mais significativa forma de transmissão de fé, que acompanha o cristão desde sua iniciação
até o final da vida.

II Semana Provincial de Liturgia (2018), Campanha


“Com a presença de 102 participantes, a Província Eclesiástica de Pouso Alegre (Diocese da
Campanha, Diocese de Guaxupé e Arquidiocese de Pouso Alegre) realizou sua II Semana
de Liturgia, com o tema “Sacramentos de Cura e Liturgia” e o lema “Hoje a salvação entrou nessa
casa!” (Lc 19,9). A Semana aconteceu no antigo Colégio Sion, na cidade de Campanha-MG,
de 23 a 27 de julho de 2018, e contou com a assessoria do bispo de Cornélio Procópio-PR,
dom Manoel João Francisco, que contagiou a todos com sua simplicidade, simpatia e
profundidade nas reflexões sobre o Sacramento da Reconciliação. Também o padre
Guilherme da Costa Vilela Gouvêa, da Diocese da Campanha, colaborou com a reflexão
sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos, além de outras pessoas da Equipe Provincial
de Liturgia”.

III Semana Provincial de Liturgia (2019), Passos

“Aconteceu, entre os dias 15 e 19 de julho, a III Semana Provincial de Liturgia, da província


eclesiástica de Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, que reúne a Arquidiocese de Pouso
Alegre e as Dioceses de Campanha e Guaxupé. A III Semana de Liturgia aconteceu na
cidade de Passos-MG, e teve como tema Sacramentos do Serviço da Comunhão e Liturgia,
abordando os Sacramentos do Matrimônio e da Ordem, partindo da perspectiva litúrgica e
pastoral. O lema que iluminou as reflexões, celebrações e vivências foi extraído da carta de
São Paulo aos Gálatas: “Fazei-vos servos uns dos outros pelo amor!” (Gl 5,13). O evento contou
com a participação de cerca de oitenta pessoas, provenientes das três dioceses e também da
Diocese de Oliveira-MG.
A III Semana de Liturgia foi intensa, promovendo atividades variadas como palestras,
vivências, grupos de discussão e observação participativa. O evento contou com a
participação especial da Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Centurião Padilha (Tininha, da
Arquidiocese de Pelotas-RS), que refletiu sobre aspectos teológicos, pastorais e litúrgicos do
Sacramento do Matrimônio”.

o) Live Provincial sobre o 56º Dia das Comunicações Sociais (2022)

No dia 19 de maio de 2022, a Pastoral da Comunicação (PASCOM) da arquidiocese de Pouso


Alegre e das dioceses da Campanha e Guaxupé promoveu uma Live sobre o 56º Dia
Mundial das Comunicações Sociais. O evento, que foi mediado pelo jornalista José Valmei
Bueno, contou com a participação de dom Gil Antônio Moreira, arcebispo de Juiz de Fora-
MG, e bispo referencial para a Comissão de Comunicação e Cultura do Regional Leste 2 da
CNBB), Lucas Magalhães Costa, professor e repórter da EPTV Sul de Minas e José
Eymard, jornalista e apresentador da TV Aparecida e TV Pai Eterno. O evento foi ao ar às
20h, pelo canal YouTube da PASCOM da Diocese da Campanha.

p) Comissão para o Laicato da Província Eclesiástica (2023)

No dia 20 de agosto de 2023 os leigos da Província Eclesiástica de Pouso Alegre realizaram


um encontro de formação, partilha e articulação de atividades da Comissão para o Laicato,
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que atua no território das Igrejas Particulares que formam a Província. O encontro foi
realizado no Centro de Pastoral Dom José D’Angelo Neto, na Paróquia Nossa Senhora de
Fátima, em Pouso Alegre, e foi assessorado pela senhora Leci Conceição do Nascimento,
Presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) do Regional Leste II da
CNBB.

12. Perspectivas: somos todos σύνoδοι, companheiros de viagem

Não há dúvida de que vivemos num tempo especial no que toca à sinodalidade,
quer pelo seu reaparecimento no pós-Vaticano II, quer pela nova modalidade que essa
prática tem adquirido, sobretudo com o papa Francisco, que busca alargá-la, de modo a
comportar mais e mais vozes. É essa, exatamente, a ideia expressa com um versículo
bíblico bastante usado no atual Sínodo, ou seja, “alarga a tua tenda” (Is. 54,2). A tenda,
nesse caso, significa o espaço de comunhão, participação e missão do qual ninguém é
excluído (cf.: DOCUMENTO DE TRABALHO, 10).
O caminho sinodal só pode se realizar com êxito verdadeiro a partir da dimensão
orante da Igreja, particularmente na abertura à ação do Espírito Santo e à celebração da
Eucaristia. A propósito, é relevante recordar, aqui, que o papa Francisco, na abertura do
atual Sínodo, fez distribuir a todos os participantes diversos textos patrísticos, sobretudo
de São Basílio Magno, acerca do papel do Espírito Santo na vida da Igreja. A ação
sinodal sem a oração não poderá ser eficaz. Sobre isso, assim se expressou o mesmo
Pontífice no ano passado:
A sinodalidade faz parte de uma eclesiologia pneumatológica, isto é, espiritual. Mas também faz
parte de uma teologia eucarística. A comunhão com o Corpo de Cristo é sinal e causa
instrumental de um dinamismo relacional que configura a Igreja. Só existe sinodalidade quando
celebramos a Eucaristia e entronizamos o Evangelho a fim de que a nossa participação não seja
um mero parlamentarismo, mas um gesto de comunhão eclesial que procura pôr-se em
movimento. Todos nós que somos batizados somos “synodoi”, amigos que acompanham o
Senhor, caminhando (FRANCISCO, Vídeo-Mensagem à PCAL, Maio 2022).

E, mais adiante, visando prevenir a todos contra os possíveis desvios na


compreensão do itinerário sinodal, o Papa esclarece:
“Sinodalidade” não designa um método mais ou menos democrático e menos ainda um método
“populista” de ser Igreja. Estes são desvios. A sinodalidade não é uma moda de se organizar
nem um projeto de reinvenção humana do povo de Deus. A sinodalidade é a dimensão
dinâmica e histórica da comunhão eclesial fundada na comunhão trinitária, que ao apreciar
simultaneamente o sensus fidei de todo o santo povo fiel de Deus, a colegialidade apostólica e a
unidade com o Sucessor de Pedro, deve animar a conversão e a reforma da Igreja em todos os
níveis” (IDEM).

13. O futuro da Igreja é sinodal


A nova modalidade com que o Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI,
está acontecendo talvez possa causar certa estranheza. Contudo, ela não tem nada de
estranho. O papa Francisco se expressou sobre essa mudança do seguinte modo,
evidenciando que ela já era prevista pelos pontífices que o precederam. Diz o Papa:

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Desde o início do meu ministério como Bispo de Roma, pretendi valorizar o Sínodo, que
constitui um dos legados mais preciosos da última sessão conciliar. Segundo o Beato Paulo VI,
o Sínodo dos Bispos devia repropor a imagem do Concílio Ecumênico e refletir o seu espírito e
o seu método. O mesmo Pontífice previa que o organismo sinodal, «com o passar do tempo,
poderia ser aperfeiçoado». Fazia-lhe eco, vinte anos depois, São João Paulo II ao afirmar que
«talvez este instrumento possa tornar-se ainda melhor. Talvez a responsabilidade colegial possa
expressar-se no Sínodo de uma forma ainda mais plena». Por fim, em 2006, Bento XVI
aprovava algumas variações no Ordo Synodi Episcoporum, à luz também das disposições do Código
de Direito Canônico e do Código dos Cânones das Igrejas Orientais, entretanto promulgados
(FRANCISCO, Comemoração do Cinquentenário da Instituição do Sínodo dos Bispos, 2015).

Por sua vez, o bispo de Santo André, SP, dom Pedro Carlos Cipollini afirma:
O tempo está maduro para uma participação mais ampla do povo de Deus num processo
decisório, que diz respeito a toda a Igreja e a todos na Igreja. O Sínodo como o temos até então,
transforma-se para dar espaço ao povo de Deus, para que todos possam fazer ouvir a própria
voz. O Sínodo sob a guia do papa Francisco transforma-se de evento em processo (CIPOLLINI,
55-56).
A Igreja vive, portanto, um Kairós da sinodalidade. “O caminho da sinodalidade é o
caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio” (FRANCISCO, Comemoração do
Cinquentenário da Instituição do Sínodo dos Bispos, 2015).
O estilo sinodal de viver e atuar haverá de contagiar sempre mais a Igreja de Jesus
Cristo, pois é parte essencial da sua existência. Não se trata apenas de algo passageiro,
mas duradouro. Vejamos, ainda, o seguinte trecho do Documento Preparatório ao Sínodo
atualmente em curso na Igreja:
A sinodalidade é muito mais do que a celebração de encontros eclesiais e assembleias de Bispos,
ou uma questão de simples administração interna da Igreja; ela “indica o específico modus vivendi
et operandi da Igreja, o Povo de Deus, que manifesta e realiza concretamente o ser comunhão no
caminhar juntos, no reunir-se em assembleia e no participar ativamente de todos os seus
membros na sua missão evangelizadora” (DOCUMENTO PREPARATÓRIO, 10).

14. Província Eclesiástica de Pouso Alegre: características e estatísticas

O Sul de Minas, território de abrangência da Província Eclesiástica de Pouso


Alegre, mesmo com os desafios existentes, pode-se considerar uma região abençoada. A
razão disso são os muitos recursos materiais e humanos de que as três Igrejas
Particulares da Província dispõem para continuar a sua missão. Recordemos algumas
características mais salientes dessa realidade:

A Arquidiocese de Pouso Alegre, com suas três circunscrições eclesiásticas, abrange uma
população geral de cerca de 2,6 milhões de habitantes, distribuídos em 134 municípios do Sul de
Minas Gerais. Embora seja uma região privilegiada em muitos aspectos, também não faltam os
desafios para que todos tenham vida em abundância, como é o desejo de Jesus. Felizmente, a
Província Eclesiástica de Pouso Alegre dispõe de uma multiplicidade de recursos para a
evangelização: no território de sua abrangência existem 228 paróquias (sendo 69 de Pouso
Alegre, 72 da Campanha e 87 de Guaxupé), existem vários Santuários e Basílicas, uma
Faculdade Católica de Filosofia e Teologia, Seminários Diocesanos e Regulares, dois Beatos
(Nhá Chica e Padre Vítor) e diversos processos de Beatificação em curso. Há um Clero
numeroso e majoritariamente jovem, Religiosos e Religiosas, Seminaristas, e um grande número
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do Povo de Deus, marcadamente devoto, ardoroso e consciente da sua vocação discipular e
missionária, sempre disposto a ser cada vez mais “sal da terra e luz do mundo” (Mat. 5,13). Existem
ainda, no âmbito católico, diversas emissoras de rádio, escolas, jornais, e tem crescido
notavelmente o uso das plataformas digitais para o serviço da missão eclesial. Também a
sociedade civil, no âmbito da Província Eclesiástica de Pouso Alegre, oferece inúmeros recursos
que podem ser utilizados [e muitos já o são], em sistema de parceria, para que a Igreja Católica
possa cumprir o seu papel evangelizador, promovendo os valores do Reino de Deus e
auxiliando na construção de um mundo mais justo e fraterno para todos nesta vasta e bela
região Sul-Mineira (FRANCO, H., Vídeo por ocasião dos 60 anos de criação da Província Eclesiástica de
Pouso Alegre, 2022).

Vejamos, agora, alguns dados estatísticos sobre as três circunscrições eclesiásticas


que compõem a Província Eclesiástica de Pouso Alegre, segundo consta no site:
www.catholic-hierarchy.org. Os dados apresentados não são exatos, mas servem para se
ter uma ideia aproximada da realidade das três Igrejas Particulares. Para alguns itens
colocamos também os números referentes ao ano de 1950, o que permite fazer uma
comparação com os dados mais recentes do mesmo site, datados de 2021.

ITENS POUSO ALEGRE CAMPANHA GUAXUPÉ

População em 1950 534.445 520.000 575.000


População atual 818.600 826.000 949.400
Católicos em 1950 529.445 500.000 572.000
Católicos hoje 619.000 807.330 682.500
Percentual de Católicos em 1950 99,1% 96,2% 99,5%
Percentual atual católicos 75,6% 97,7% 71,9%
Padres diocesanos 123 105 116
Padres religiosos 19 12 16
Total atual de padres 142 117 132
Diáconos permanentes 4 17 1
Freiras 176 65 74
Irmãos 55 25 28
Paróquias em 1950 34 55 49
Paróquias hoje 69 72 87
Fonte: www.catholic-hierarchy.org [consulta em 28.10.2023]

15. Questões para refletir nos grupos: (São 10 questões retiradas dos 10 núcleos
temáticos propostos pela Secretaria Geral do Sínodo/2021-2024. Cf.: Documento
Preparatório, nº. 30).
1) Quando dizemos “a nossa Igreja”, quem é que faz parte dela?
2) Com quem está a nossa Igreja particular “em dívida de escuta”?
3) Como são ouvidos os Leigos, de modo particular os jovens e as mulheres?
4) Como integramos a contribuição de Consagradas e Consagrados?
5) Que espaço ocupa a voz das minorias, dos descartados e dos excluídos?
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6) Quais são os lugares e as modalidades de diálogo no seio da nossa Igreja particular?
7) Como são enfrentadas as divergências de visão, os conflitos, as dificuldades?
8) Que relacionamentos mantemos com os irmãos e as irmãs das outras Confissões cristãs?
9) Como funcionam os organismos de sinodalidade a nível da Igreja particular?
10) Como formamos as pessoas inseridas no seio da comunidade cristã, a fim de as tornar mais
capazes de “caminhar juntas”, de se ouvir mutuamente e de dialogar?

16. Oração: Adsumus Sancte Spiritus

Com esta oração, atribuída a Santo Isidoro de Sevilha († 636), foram abertas todas
as sessões do Concílio Vaticano II, bem como foi usada também em muitos concílios,
sínodos e assembleias eclesiais ao longo de séculos. A versão abaixo é uma forma
simplificada, para facilitar o uso para todas as pessoas.
Rezemos, com fé, esta prece pelo êxito pelo Sínodo da Sinodalidade, iniciado em
2021 e que se concluirá em 2024, e também para que todos nós cresçamos na
consciência de que a sinodalidade é o estilo próprio de todos os discípulos e discípulas
de Cristo Jesus, nosso Senhor.

Aqui estamos, diante de Vós, Espírito Santo:


estamos todos reunidos no Vosso nome.
Vinde a nós,
assisti-nos,
descei aos nossos corações.
Ensinai-nos o que devemos fazer,
mostrai-nos o caminho a seguir, todos juntos.
Não permitais que a justiça seja lesada por nós pecadores,
que a ignorância nos desvie do caminho,
nem as simpatias humanas nos tornem parciais,
para que sejamos um em Vós
e nunca nos separemos da verdade.
Nós Vo-lo pedimos
a Vós que, sempre e em toda a parte,
agis em comunhão com o Pai e o Filho pelos séculos dos séculos.
Amém.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros/Jornais/Revistas

BRAZ, N., Sinodalidade e a tomada de decisões na Igreja: Conferência proferida na Reunião de Vigários,
Seminário dos Olivais, 30 de Setembro de 2014.
CIPOLLINI, P.C., Sinodalidade, tarefa de todos. São Paulo, Paulus, 2021.
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. Brasília, Edições CNBB, 2022.
CORDEIRO, J.L., Antologia Litúrgica: Textos Litúrgicos, Patrísticos e Canónicos Do Primeiro Milénio.
Fátima, SNL, 2003.
DUSSEL, E. (org.)., Historia Liberationis: 500 anos de história da Igreja na AL. São Paulo: Paulinas,
1992.
FRANCISCO, Comemoração do Cinquentenário da Instituição do Sínodo dos Bispos, Aula Paulo VI,
Sábado, 17 de Outubro de 2015.
FRANCISCO, Mensagem em vídeo do papa Francisco por ocasião da plenária da Pontifícia Comissão para a
América Latina, 24-27 de maio de 2022.
FRANCISCO, Motu Proprio Mitis Iudex Dominus Iesus, Critérios, V: AAS 107 [2015], 960).
FRANCO, H., Vídeo por ocasião dos 60 anos de criação da Província Eclesiástica de Pouso Alegre, 2022.
JOÃO CRISÓSTOMO, Exp. in Psalm., 149, 1: PG 55, 493.
LABOA, J.M, Atlante dei Concili e dei Sinodi nella Storia della Chiesa. Milano, Jaka Book, 2008.
MATOS, H.C.J., Nossa História: 500 anos de presença da Igreja Católica no Brasil. São Paulo: Paulinas,
2011, 3 volumes (Coleção Igreja na história).
O LEVITA, Órgão do Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre-MG, 1999. Edição Especial.
PERLATTO, J. (org.), Revista Diocese Centenária, Pouso Alegre, GrafCenter, 2000.
REVISTA ECLESIÁSTICA BRASILEIRA (REB), Petrópolis, Vozes, Set. 1963 (23), fasc. 3, 784-786.
VATICANO, Documento de Trabalho para a fase continental do Sínodo 2021-2023. 2021.
VATICANO, Documento Preparatório ao Sínodo 2021-2023, 21 Dezembro 2021.
VOZ DIOCESANA, Campanha-MG, 10 de Outubro de 1977, N. 962, Ano 39, Página 1.

Site
www.catholic-hierarchy.org
www.facapa.edu.br

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SUMÁRIO
1. A sinodalidade na história da Igreja
2. Sínodo é o nome da Igreja (Ἐκκλεσία συνόδου ἐστὶν ὄνομα)
3. Um olhar sobre os eventos sinodais na história da Igreja
a) Elenco de sínodos, concílios, assembleias, conferências gerais, etc
b) Algumas determinações sinodais interessantes
4. América Latina colonial: Juntas, Sínodos e Concílios
5. Sínodo da Bahia, o único do Brasil colonial (1707)
6. Os bispos do Brasil e a primeira Pastoral Coletiva (1890)
7. Concílio Plenário Latino-americano (1899)
8. Conferências Episcopais Brasileiras e pastorais coletivas
9. O Concílio Plenário Brasileiro (1939)
10. CNBB, CRB e CELAM: a força da colegialidade
11. Memória de ações sinodais na Província Eclesiástica de Pouso Alegre
a) A criação da Província Eclesiástica (1962)
b) I Encontro de Reitores de Seminários do Sul de Minas (1963)
c) Decisão sobre o uso de ordens no território da Província (1977)
d) Tabela de Emolumentos (1983)
e) Instituto Teológico Interdiocesano São José (1996)
f) Faculdade Católica de Pouso Alegre (2006)
g) Pastoral Universitária: PUC-Minas e Província Eclesiástica (2017)
h) Tempo de semear: catequese na Província Eclesiástica (2017/2018)
i) Mensagem dos Bispos da Província sobre as Eleições (2018)
j) Encontro com Educadores da Província na FACAPA (2019)
k) Comunicado Provincial sobre o avanço do COVID-19 (2020)
l) COMIPRO (Comissão Missionária da Província)
m) FORMISE PROVINCIAL (Formação Missionária de Seminaristas)
n) Semanas Provinciais de Liturgia
o) Live Provincial sobre o 56º Dia das Comunicações Sociais (2022)
p) Comissão para o Laicato da Província Eclesiástica (2023)
12. Perspectivas: somos todos σύνoδοι, companheiros de viagem
13. O futuro da Igreja é sinodal
14. Província Eclesiástica de Pouso Alegre: características e estatísticas
15. Questões para refletir em grupos
16. Oração: Adsumus Sancte Spiritus
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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