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Este capítulo analisa os efeitos que a Ecclesia in Asia teve nas Igrejas da Ásia e as
transformações que a missão.
Pulus Budi Kleden, sdesdeuperior geral de SVD (Missionários de Verbo Divino) desde
2018, no seu artigo publicado no jornal de Vidyajyoti Journal of Theological Reflections
partilhou algumas ideias sobre a receção da exortação Ecclesia in Asia na Indonésia.1 O autor
apontou que a assembleia da Igreja católica de Indonésia de ano 2000 não fez referência
nenhuma sobre a exortação.2 Embora que o foco da assembleia do sínodo dos bispos era sobre
as pequenas comunidades cristãs, nenhuma referência é encontrada sobre o número 243 da
exortação, o que se indica sobre as comunidades básicas na Igreja.4
John M Prior no seu artigo apresenta um dos bispos que comenta sobre a sínodo como:
“Sim, eles filtraram nossas propostas, mas qual é a necessidade de ser preocupado sobre o
assunto? Quando voltarmos para casa, continuaremos a filtrar as deles”.8 Na realidade, tal
como os bispos da Indonésia, maioria dos bispos da Ásia não fizeram grandes anúncios sobre
a exortação ou sínodo para ajudar na revitalização da missão e evangelização na Ásia.9 Ao
contrario da exortação os documentos de FABC sempre foram aceitos e divulgados entre as
Igreja locais da Ásia.
O diálogo apontado pela exortação não tem a sua história nas Igrejas locais da Ásia.
Desde a sua fundação em 197011 a FABC sempre preocupou com a importância de diálogo
na Ásia. O encontro dos bispos da Ásia com o Papa Paulo VI, na ocasião da sua visita à Ásia,
tomou-se a resolução para entrar em diálogo com os irmãos das outras religiões da Ásia.
Além disto também ajudou para aprender com uns aos outros e enriquecer mutuamente na
espiritualidade com o objetivo de trabalhar juntos para alcançar o progresso humano.12
6
Kleden, 63.
7
Kleden, 64.
8
John Mansford Prior, «A Tale of Two Synods: Observations on the Special Assembly for Asia»,
Sedos 30, n.o 8–9 (setembro de 1998): 222.
9
Cf. Kleden, «20 Years after Ecclesia in Asia - Part I», 64.
10
Jonathan Yun-Ka Tan, «Towards Asian Liturgical Inculturation. Investigating the Resources in the Documents
of the Federation of Asian Bishop´s Conferences (FABC) for Developing an Asian Theology of Liturgical
Inculturation», FABC Papers, n.o 89 (dezembro de 1999): 29.
11
«History of FABC», 2022, https://fabc.org/history/. “In 1970, 180 Roman Catholic Bishops of Asia gathered
at a meeting in Manila for a week and Saint Pope Paul VI was present for the latter part of that meeting. It is at
this meeting that the FABC was born”.
12
Cf. Tan, «Towards an Asian Inculturation», 29–30.
sociedade (Culturas asiáticas,13 religiões14 e a grande população dos pobres15) e assim surgiu o
termo Diálogo Triplo.16 O apelo para o diálogo triplo, mais uma vez é destacado na quinta
assembleia plenária da FABC em Bandung, na Indonésia no ano de 1990:
Neste sentido a Igreja torna-se um parceiro dos participantes do diálogo que exclua a
possibilidade de competição e promova o respeito mútuo.18
O diálogo com as culturas ajuda a compreender bem a sociedade em a Igreja faz a sua
missão e ajuda na integração com a sua volta. “Nossas Igrejas devem estar em sintonia com o
ritmo da sociedade em geral, sabendo o que está a acontecer, conhecendo os valores, ideias e
conceições da sociedade”.27 A Igreja inculturada consegue apresentar as suas opiniões sem ser
criticada. Ao mesmo tempo ela consegue estar mais próxima dos povos que partilham a
mesma linguagem da cultura. “Como asiática, ela não é ameaçadora, mas desafiadora em seu
testemunho dos valores do Evangelho. Nesse sentido, interculturação significa comunicação
20
Tirimanna, 4–5.
21
Cf. Tirimanna, 15.
22
Cf. Tirimanna, 15.
23
Cf. Tirimanna, 26.
24
Cf. Federation of Asian Bishops’ Conferences, «Conclusion of the Theological Consultation of the FABC
Office of Evangelization, November 3-10, 1991, Hua Hin, Thailand», FABC Papers, The primacy of
proclamation in FABC statements, n.o 64 (dezembro de 1992): 28.
25
Federation of Asian Bishops’ Conferences, 28–29.
26
Cf. Federation of Asian Bishops’ Conferences, 29.
27
Federation of Asian Bishops’ Conferences, 29.
criativa usando os símbolos vivos disponíveis”.28 Assim mais uma vez o diálogo torna-se o
condutor principal de na integração da Igreja na cultura asiática.
A importância de entrar em diálogo com as religiões da Ásia foi reconhecido pela FABC
no início de 1970.29 O encontro dos bispos do mesmo ano tornou isto muito claro. Os planos
para constituir o Bishop’s Institutes for Interreligious Affairs (BIRA)30 iniciou em outubro de
1978, depois da reunião executiva de Office of Ecumenical and Interreligious Affairs (OEIA)
no início do mesmo ano para analisar o estado de diálogo inter-religioso nas Igrejas locais.31 A
resposta do questionário feito pelo OEIA apontou a falta de interesse geral ao diálogo inter-
religioso entre as Igrejas, especialmente nos níveis básicos da hierarquia. As duas razões
principais que causaram esta falta de interesse foram a falta de motivação e a falta de
investimento do recuso humano na área respetiva. O resultado ajudou a BIRA para realizar as
atividades pastorais concretas do diálogo na Ásia.32
No início as conferências de BIRA foram organizadas para ajudar os bispos que tinham
influências de Budismo e Islamismo. E ainda foi planeado mais uma conferência para os
bispos dos países que tinham uma maior influência de Hinduísmo. A aproximação ao diálogo
foi tomada numa maneira geral, mas os focos das assembleias sempre foram colocados no
diálogo inter-religioso, que seja ligada diretamente com cada uma das principais religiões.33
Não só as primeiras, mas todas as assembleias plenárias têm referências que se mostra a
importância do diálogo com as outras religiões.34É importante a apontar a inclusão dos
28
Federation of Asian Bishops’ Conferences, 29.
29
Cf. Tan, «Towards an Asian Inculturation», 32.
30
Federation of Asian Bishops’ Conferences, «Office of Ecumenical and Interreligious Affairs – FABC», FABC
(blog), 2022, https://fabc.org/oeia/.
The Bishops’ Institute for Interreligious Affairs (BIRA) were in the main programs which brought together
groups of bishops for the purpose of instructing them on the key issues which interreligious dialogue entails.
There were discussions on the Church’s documents, input on the theological issues, and study-sessions on how
to understand other religions. Each of these BIRA programs focused on one religion as the starting point for
reflections. Thus, BIRA I looked at Buddhist-Christian dialogue, while BIRA II looked at Muslim-Christian
dialogue and BIRA III at Hindu-Christian dialogue. These sessions were generally delivered by one or two
resource persons, most of whom were Catholic bishops or priests who were themselves scholars or theologians
in the religions and fields under discussion. They were attended by mostly bishops, but some bishops also
brought along with them their vicars, secretaries for the dialogue commissions, or some other keypersons from
their diocese or national conference. In general, most of the participants of the BIRA series were in leadership,
positions in the Church.
31
Cf. FABC Office of Ecumenical & Interreligious Affairs (OEIA), «A Glimpse at Dialogue in Asia», 11.
32
Cf. FABC Office of Ecumenical & Interreligious Affairs (OEIA), 12.
33
Cf. FABC Office of Ecumenical & Interreligious Affairs (OEIA), 12.
34
FABC I, 14-18, in FAPA I, 14-15; FABC II, 34-36, in FAPA I, 35; FABC III, 8.2, 17.4, in FAPA I, 57, 61 ;
FABC IV, 3.1.11, in FAPA I, 181; FABC V, 4.1-4.6, 7.3.2.3, in FAPA I, 281-82, 286; FABC VI, 14.2, in FAPA
II, 8; and FABC VII in FAPA III, 4, 12; FABC VIII, 95-98, in FAPA IV, 36-37.
Hindus, Muçulmanos, Budistas, Taoistas e Confucianos35 no workshop de BIRA V, 36 e assim
introduzir uma experiência viva com as religiões e com os seus representantes, dialogando
com eles no nível teológico e produzir os documentos inter-religiosos fieis à sua essência.37
“Ao longo dos séculos, as antigas religiões do oriente deram luz e força aos nossos
ancestrais. Expressaram os mais nobres anseios do coração de nosso povo, nossas mais
profundas alegrias e tristezas. Seus templos tenham sido os lares de contemplação e
oração. Moldaram nossa história e nossa maneira de pensar. Fazem parte da nossa cultura.
Para nós na Ásia, eles tenham sido a porta de entrada para Deus”.39
35
BIRA V/1 included Muslim representatives, BIRA V/2 Buddhists, BIRA V/3 Hindus, BIRA V/4 Taoists and
Confucians, and BIRA V/5 Muslims, Buddhist, Hindus, Taoists, and Confucians.
36
Cf. FABC Office of Ecumenical & Interreligious Affairs (OEIA), «A Glimpse at Dialogue in Asia», 32–40.
37
Cf. Ruben C. Mendoza, «Assuming All That Is Asian: Becoming a Truly Local Church in Dialogue», East
Asian Pastoral Review 50, n.o 1 (2013): 12.
38
Cf. Papa Paulo VI, «Ad gentes», em Acta Apostolicae Sedis, Decretum de activitate missionali ecclesiae 14
(Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1965), 960, https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-58-1966-
ocr.pdf.
39
Cf. Tirimanna, Fifty Years of Asian Pastoral Guidance, 15–16.
40
Cf. Tirimanna, 16.
41
Cf. Tan, «Towards an Asian Inculturation», 33.
42
Cf. Tirimanna, Fifty Years of Asian Pastoral Guidance, 16.
“Neste diálogo, nós os aceitamos como elementos significativos e positivos na
economia do desígnio salvífico de Deus. Neles reconhecemos e respeitamos profundos
significados e valores espirituais e éticos. Ao longo de muitos séculos, eles foram o
tesouro da experiência religiosa dos nossos antepassados, da qual os nossos
contemporâneos não cessam de extrair luz e força. Foram (e continuam a ser) a expressão
autêntica dos nobres desejos dos seus corações, a morada da sua contemplação e oração.
Eles ajudaram a moldar as histórias e culturas de nossas nações”.43
43
Cf. Tirimanna, 5.
44
A I assembleia plenária de FABC número 19 explica o pobre como alguém seja pobre não em valores
humanos, qualidades, nem em potencial humano. Mas pobres, na medida em que são privados do acesso aos
bens e recursos materiais de que necessitam para criar para si uma vida verdadeiramente humana.
Desfavorecidos, porque vivem sob a opressão, ou seja, sob estruturas sociais, econômicas e políticas que
carregam a injustiça embutida neles(Tirimanna, 6.).
45
Cf. Tan, «Towards an Asian Inculturation», 35.
46
Cf. Tirimanna, Fifty Years of Asian Pastoral Guidance, 6–7.
47
Cf. Tirimanna, 121.
vida exige a comunhão com cada mulher e homem que busca e luta pela vida, no caminho
da solidariedade de Jesus com a humanidade.”48
A Ecclesia in Asia também segue a linha da FABC e os seus documentos sobre a o papel
da Igreja na vida dos povos oprimidos da sociedade asiática. “A Igreja, no caso da Ásia com a
sua multidão de pobres e oprimidos, é chamada a viver uma comunhão de vida tal que a
apresente particularmente comprometida num serviço de amor aos pobres e abandonados.”49
O diálogo que a Igreja da Ásia propõe com os pobres é concentrado no melhoramento da vida
daqueles que são marginalizados nas sociedades da Ásia. Os padres sinodais na assembleia
especial para a Ásia apresentaram o mesmo tema. A relação da Igreja com os podres é
transmitida desde Jesus pelos apóstolos ao longo do seu tempo da existência até aos dias de
hoje. Se a Igreja não se consegue dar atenção aos pobres que ‘jazem ao seu portão’, que
diferença tem ela com o rico da parábola do Lazaro e o rico.50
A vocação da Igreja é para assumir o rosto humano, imitando Cristo o primeiro Homem.
O rosto do pobre é assumido pela Igreja diariamente na sua missão. A Igreja não se pode fugir
das cruzes, mas aceitar com mais gosto. Ela não se fica para atras no tempo das perseguições
nem tem receio de esvaziá-la e tem coragem de ser a Igreja do pobre.51
O diálogo triplo para a FABC constitui uma essência única, cada um dos quais seria
distinguível, mas inseparável um do outro, se as Igrejas da Ásia deveriam ser verdadeiramente
servidores do Reino.52 Empenhar-se num só aspeto do diálogo exige um engajamento com os
outros dois, uma vez que a sociedade asiática é marcada pela diversidade cultural, pluralidade
religiosa e pobreza abjeta. Os pobres, na maioria das vezes, são membros de outra tradição
religiosa numa cultura muitas vezes que considera o cristianismo estrangeiro.53 O diálogo
implica uma escuta atenta e uma resposta criativa ao outro. Além disso, o diálogo triplo da
FABC deve ser entendido no contexto de desejo da Igreja asiática de ser verdadeiramente fiel
aos locais onde ela faz a sua missão, tanto ao evangelho quanto às suas respetivas culturas e
histórias.54 É uma expressão de seu compromisso de ser verdadeiramente asiática. Como
48
Tirimanna, 122.
49
João Paulo II, «Ecclesia in Asia», 503.
50
Lucas 16: 19 – 31
51
Mendoza, «Assuming All That Is Asian», 13.
52
Cf. Mendoza, 13. O autor refere para os três livros de Peter Phan que ele dedica a cada um destes temas.
Peter C. Phan, Christianity With an Asian Face: Asian American Theology in the Making (Maryknoll, New
York: Orbis Books, 2003).
Peter C. Phan, In Our Own Tongues: Perspectives from Asia on Mission and Inculturation (Maryknoll, NY:
Orbis Books, 2003).
Peter C. Phan, Being Religious Interreligiously: Asian Perspectives on Interfaith Dialogue (Maryknoll, NY:
Orbis Books, 2004).
53
Cf. Mendoza, «Assuming All That Is Asian», 13. A mesma observação é feita pelos padres sinodais na
assembleia especial para a Ásia, Ecclesia in Asia Nº 20.
54
Cf. Tirimanna, Fifty Years of Asian Pastoral Guidance, 59–61.
afirma a Sétima Assembleia Plenária da FABC: “Estamos comprometidos com a emergência
da asianidade da Igreja na Ásia. Isso significa que a Igreja deve ser uma personificação com a
visão asiática e dos valores da vida, especialmente na integridade, harmonia, numa abordagem
holística e inclusiva para todas as áreas da vida”.55
O papa está a referir os documentos seus para apresentar os seus pensamentos. Mas na
realidade tudo o que dito na encíclica já foi dito por FABC ao longo dos anos, desde a sua
fundação.
One finds in the Pope a man who is very much pro-dialogue, but at the same time, one
who continues to make statements regarded as not in the service of dialogue. This reflects the
intra-personal tension the Holy Father goes through on account of his role as guardian of the
Catholic faith and that of Shepherd of the Catholic flock. As guardian his task is to
announce the privileged position of Christ and the Church, but as Shepherd his task is to
encourage greater dialogue between Catholics and persons of other religions. It is an
unenviable task, but John Paul II has managed a balance. He has learnt to accept both as
essential, necessary and complementary60.
55
Tirimanna, 138.
56
Tan, «Towards an Asian Inculturation», 48.
57
FABC All-Asia Conference on Evangelization, «Evanelization in Asia Today. The Statement of the FABC
All-Asia Conference on Evangelization, August 24-31 1988, Suwon, Korea.», FABC Papers, The primacy of
proclamation in FABC statements, n.o 64 (novembro de 1992): 20–23.
58
Tirimanna, Fifty Years of Asian Pastoral Guidance, 14–15.
59
Tirimanna, 15.
60
Edmund Chia, «Of Fork and Spoon or Fingers and Chopsticks: Interreligious Dialogue in Ecclesia in Asia»,
Sedos 32, n.o 7 (julho de 2000): 205.
3.6. O diálogo inter-religioso depois de Ecclesia in Asia
A superioridade de Cristo em relação às outras religiões: o povo Cristã pensa que tem
mais oportunidade de alcançar o céu do que as outras pessoas que acreditam nas diversas
religiões (é uma espécie de crença de superioridade)
“Noventa e nove per cento das pessoas religiosas – além do Filipinas – professem
religiões não cristãs. Logo, a possibilidade de diálogo inter-religioso pelo ‘Diálogo da
vida’ e ‘Diálogo de ação’ são muitos. Muitas congregações religiosas tomaram iniciativas
para continuar e iniciar os diálogos com as várias entidades de religiões. Exemplo: pelos
centros religiosos, espiritualidade e diálogo inter-religiosos, ou cursos baseados nessas
áreas que possibilita mais envolvimento das várias entidades religiosas etc. Embora que
exista as formações e intercâmbios das crenças religiosas, ainda precisa de ser promovidas
mais oportunidades de diálogo na Ásia. Por exemplo, é bom que haja oportunidades de
diálogo entre os religiosos das várias religiões e tradições da Ásia. Para criar isto é
necessário de uma nova visão sobre as religiões, o Reino de Deus, da Igreja e vida
religiosa na Ásia.”63
3.6.1. Atualidade
3.6.2. Futuro
61
FABC Office of Ecumenical & Interreligious Affairs (OEIA), «A Glimpse at Dialogue in Asia».
62
Cf. Sr. Julma C. Neo, «The Witness of Consecrated Life in Asia Today», FABC Papers, Workshop discussion
guide, n.o 92b (janeiro de 2000): 14.
63
Neo, 9.