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Guia básico

da formação
do leigo na
Igreja
INTRODUÇÃO

Formar os leigos é criar cristãos comprometidos com


sua missão evangelizadora. São João Paulo II indicou na
Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifideles Laici
que “a tarefa que espera todos os fiéis leigos, todos os
cristãos, é conhecer cada vez mais as riquezas da fé e do
Batismo e vivê-las em plenitude crescente” (CL, 58).

O batizado é parte do Corpo Místico de Cristo – a Igreja


– e nela é convidado a viver sua fé, a respeitar suas
doutrinas e levar o amor de Deus a todos. Para isso, o
leigo necessita do conhecimento. Afinal, amamos o que
conhecemos e ensinamos o que aprendemos.
Para quem
é este e-book?

Este Guia básico da formação do leigo na Igreja pretende


trazer luz à missão de promover o conhecimento dos
discípulos de Cristo dos nossos tempos. É indicado para
sacerdotes e coordenadores de pastorais e movimentos
que desejam incentivar o conhecimento espiritual e
doutrinal. Por meio deste guia, é possível organizar os
primeiros passos para começar a promover a formação
desta parcela especial do povo de Deus.
Sumário

Capítulo 1 - Ser leigo é ser Igreja


Despertando no leigo a consciência de que ele é Igreja

Capítulo 2 - Formar os leigos é criar cristãos comprometidos


Por onde começar
Quais eventos promover para oferecer formação aos leigos
Subsídios que podem ajudar a promover a formação do leigo

Bônus - Trechos da Apostolicam Actuositatem, sobre o que é necessário


abordar na formação do leigo

Conclusão
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CAPÍTULO 1

S er leigo é ser Igreja


Nesse âmbito, nos anos 1940 o Papa Pio XII ex-
pressou: “Os fiéis, e mais propriamente os leigos,
encontram-se na linha mais avançada da vida da
Igreja; para eles, a Igreja é o princípio vital da
sociedade humana. Por isso, eles, e sobretudo
eles, devem ter uma consciência, cada vez mais
clara, não só de pertencerem à Igreja, mas de ser a
Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra
sob a guia do chefe comum, o papa, e dos bispos
em comunhão com ele. Eles são a Igreja...”
(Discurso aos novos cardeais, em 20 de fevereiro
de 1946)
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CAPÍTULO 1 Despertando no leigo


a consciência de que ele é Igreja

O leigo precisa compreender que ele não deve ser um


mero expectador na sua paróquia. Sua participação na
Igreja deve ir muito além do sentar-se no banco para parti-
cipar da Missa. O leigo precisa ser recordado de que a sua
missão é ser Igreja levando o Evangelho àqueles onde a
Igreja não consegue chegar.

“Mas os leigos são especialmente chamados a tornarem a


Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que
só por meio deles ela pode ser o sal da terra. Deste modo, todo
e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao O Documento de Aparecida ( 2007)
mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da expressou que “para cumprir sua
própria Igreja” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 33). missão com responsabilidade
pessoal, os leigos necessitam de
sólida formação doutrinal, pastoral,
O grande desafio da Igreja é, portanto, conseguir que o espiritual e adequado acompanha-
leigo não apenas compreenda o que é ser Igreja, mas mento para darem testemunho de
motivá-lo a isso. De que maneira? Certamente, o caminho Cristo e dos valores do Reino no
mais rápido para esse fim é a formação, é dar ao leigo o âmbito da vida social, econômica,
conhecimento. Há tempos, a Igreja vem sinalizando a política e cultural” (n. 212). Depois
necessidade de dar formação para o leigo. desse relato que traz luz sobre a
ação do leigo como Igreja,
passamos à prática.
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F ormar os leigos é criar cristãos comprometidos


CAPÍTULO 2
O Papa João Paulo II, em 1988, ressaltou “a formação dos
fiéis leigos tem como objetivo fundamental a descoberta
cada vez mais clara da própria vocação e a
disponibilidade cada vez maior para vivê-la no cumprimento
da própria missão” (Exortação Apostólica Pós-Sinodal
Christifideles Laici, n. 58).

A missão do leigo é semear a fé naqueles com quem


convive, é incentivar a confiança no amor e na misericórdia
Divina. Mas para que o leigo possa cumprir com eficiência a
sua missão, ele primeiro tem que experienciar esse mesmo
amor e essa misericórdia, necessita do conhecimento. O leigo
precisa ser instruído para saber instruir.

Essa tarefa primordial cabe à Igreja. Sacerdotes, religiosos,


coordenadores de pastorais e movimentos devem empe-
nhar-se em formar cristão que, na vivência máxima de sua fé,
tornem-se comprometidos com ela.
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CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 2 Por onde começar

Para viver plenamente sua vocação e testemunhar Cristo


a todos, o leigo necessita de conhecimentos pastorais,
bíblicos, éticos, teológicos, filosófico e humanos, além de
viver uma autêntica espiritualidade cristã.

O leigo precisa compreender a beleza e os motivos da


liturgia, saber interpretar e compreender as Sagradas
Escrituras. A teologia, estudada pelos sacerdotes, pode
ajudar o leigo a compreender a história da Igreja e o Direito
Canônico, assim como a filosofia pode levar o leigo a um
olhar mais atento ao ser humano e a sua relação com Deus.

Contudo, não é possível transmitir toda essa gama de


conhecimento ao leigo apenas por meio das homilias das
Missas. É necessário organizar eventos que permitam essa
formação aprofundada.
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Existem variados modelos de eventos, por
Quais eventos promover para
CAPÍTULO oferecer formação aos leigos?
meio dos quais a Igreja desempenha sua
função de formar o leigo. São eles:

Retiros espirituais: os retiros podem durar entre um e dois dias. É possível abordar temas sobre a
espiritualidade e promover momentos de oração e reconciliação com Deus por meio da confissão.

Palestras: com duração de pelo menos 1 hora, elas procuram esplanar sobre um único tema, escla-
recendo-o e aprofundando-o.

Seminário: evento caracterizado por duas ou mais palestras, de curta duração, cada uma conduzi-
da por uma pessoa que vai discorrer sobre um tema diferente do outro.

Congressos: Os congressos costumam ter a duração entre 1 e 3 dias. Geralmente, define-se um


tema geral, onde várias palestras, com diferentes assuntos, complementam o tema. Um congresso
sobre Maria pode apresentar palestras sobre a natividade, sua imaculada concepção, sua participa-
ção da redenção da humanidade, e tantos outros assuntos de mariologia.

Escolas de formação paroquial: com uma formação contínua, esse modelo de evento tem cresci-
do e se espalhado pelas comunidades do Brasil. As escolas de formação paroquial oferecem módu-
los de cursos sobre as mais diversas temáticas quanto à formação do leigo nos encontros que costu-
mam acontecer mensalmente.

Cursos de formação on-line: caso a paróquia possua um site, é viável oferecer cursos de forma-
ção. Em cada vídeo-aula o palestrante abordará um assunto. Para promover a interação, os alunos
podem enviar perguntas por e-mail ou por meio das redes sociais que serão respondidas posterior-
mente em outros vídeos.
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CAPÍTULO 2 Subsídios que podem ajudar a promover a formação do leigo


A Igreja possui um material vasto, denso e extraordinariamente rico, onde apresenta a sua
doutrina, os valores cristãos e tudo o que um leigo precisa conhecer para ser de fato
Sal na Terra e Luz no Mundo.

Veja alguns materiais que podem auxiliar na formação do leigo.

Anúncio Querigmático e Evangelização Fundamental. Subsídios doutrinais 4. Edições CNBB.

Teologia e ensino. Subsídios doutrinais 6. Edições CNBB.


As Razões da Fé na Ação Evangelizadora. Subsídios doutrinais 7. Edições CNBB.
Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade. Documentos da CNBB 105.
Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários. Documentos da CNBB 105.

Constituição Dogmática Lumen Gentium.

Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifideles Laici.

Catecismo da Igreja Católica.


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BÔNUS Trechos da Apostolicam Actuositatem

Sobre o que é necessário abordar na formação do leigo

A própria Igreja orienta por meio do decreto Apostolicam Actuositatem - que apesar de ter sido
promulgado em 1965 segue sendo atual em seu conteúdo - o que não pode deixar de ser abordado
na formação dos leigos, para que ele seja preparado, adequadamente, para cumprir com sua missão
de “Cristão, sujeito na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” - tema do Ano do Laicato.

Vejamos, portanto, resumidamente o que orienta o Papa Paulo VI por meio do decreto (n. 31):

“Devem os leigos receber uma formação especial para estabelecerem o diálogo com os outros,
quer crentes quer não crentes, e comunicarem a todos a mensagem de Cristo”.

“Sejam os leigos bem instruídos sobre o verdadeiro significado e valor dos bens temporais, quer
em si mesmos considerados, quer no que diz respeito a todos os fins da pessoa humana. Exercitem-
-se no reto uso das coisas e na organização das instituições, atendendo sempre ao bem comum
segundo os princípios da doutrina moral e social da Igreja”.

“Aprendam os leigos, antes de mais, os princípios da doutrina social e as suas conclusões, de modo
a tornarem-se aptos quer para prestarem o seu contributo ao progresso da doutrina quer para apli-
cá-los convenientemente aos casos particulares”.

“Visto que as obras de caridade e misericórdia dão um esplêndido testemunho de vida cristã, deve
também a formação apostólica levar ao seu exercício, para que os fiéis aprendam, logo desde a
infância, a compadecer-se dos pobres e necessitados e a ajudá-los com generosidade”.
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Conclusão
É mais do que urgente promover a formação do leigo como propõe o Ano do Laicato. É necessário
uma formação que ajude cada leigo a desenvolver a dimensão humano-afetiva, a comunicação
eficaz com o outro, o relacionamento de responsabilidade para com o próximo, a capacidade de
compreender, discernir e avaliar os vários contextos da sociedade, a perseverança na sua missão
dentro da Igreja e a fidelidade aos valores cristãos.

Na Exortação Evangelii Nuntiandi, escrita em 1975, o Papa Paulo VI, ao falar sobre a formação dos
cristãos-leigos, assegura: “Essa preparação séria fará aumentar neles a indispensável segurança,
como também o entusiasmo para anunciar nos dias de hoje Jesus Cristo” (n. 73).

Amparado pelas informações deste guia, é chegado o momento de planejar sua estratégia.
O primeiro passo é definir que tipo de evento é possível oferecer em sua paróquia. Se existe a
oportunidade de uma formação continuada, a longo prazo, a escola de formação paroquial é o ideal.
Se a possibilidade é de um evento curto, você pode optar entre retiro, palestras, seminário ou
congresso.

Tendo determinado o evento, faça uma lista dos assuntos que você deseja apresentar aos leigos.
Os passos seguintes são marcar a data, escolher os palestrantes e divulgar em sua comunidade.

O Ano do Laicato quer não apenas reconhecer a importância do leigo para a Igreja, mas fazê-lo
reconhecer sua missão evangelizadora e incentivá-lo a ação. Para isso, quem primeiro precisa agir é
a sua comunidade dando ao leigo a oportunidade de ser de fato “sal na terra e luz no mundo”. Seja
você também um incentivador!
www.edicoescnbb.com.br

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