Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DA IGREJA NO BRASIL
Introdução
Antes, porém, de falar mais diretamente das atuais Diretrizes, é preciso lembrar que
a reforma litúrgica promovida pelo Concilio Vaticano II (SC, n. 1), ao falar da natureza
e da importância da Liturgia na vida da Igreja, tratou também da piedade popular (SC,
n. 13). Isto porque, segundo o Concilio, a vida e a espiritualidade cristã não se resumem
unicamente na participação na sagrada liturgia (cf. SC, n. 12), mesmo que ela seja
considerada cume de sua ação e fonte de sua força (cf. SC, n. 10). A vida e a
espiritualidade cristã estendem-se, expressam-se e manifestam-se de diversas maneiras,
como atesta o Livro dos Atos dos Apóstolos: “Eles eram perseverantes em ouvir o
1
Este texto foi publicado no subsidio Liturgia na ação evangelizadora: Uma leitura litúrgica das
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (CNBB, Brasília: Edições CNBB, 2015),
da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB.
2
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório
sobre Piedade Popular e Liturgia. Princípios e orientações. São Paulo: Paulinas, 2003, n. 9.
ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At
2, 42). Entre estas principais ações que marcam a vida dos cristãos, marcada pelo
seguimento de Cristo, coube um lugar peculiar às orações, também àquelas elevadas ao
Pai, individualmente, num lugar deserto (cf. Mc 1,14), numa montanha (Mc 6,46), no
Horto (Mc 14,35), no Santuário, em meio aos peregrinos (Lc 2,43) ou no silêncio de um
quarto (cf. Mt 6,6), ou ainda, no alto da Cruz (cf. Lc 23, 34.46).
Ao longo da história do cristianismo desenvolveram-se, influenciadas pelo tempo e
pelas culturas locais, diversas formas de oração e de piedade diferentes da liturgia
oficial. Elas passaram fazer parte das práticas religiosas do cristianismo, especialmente,
quando a liturgia ficou menos compreensível ao povo, e tornou-se cada vez mais
clericalizada e complicada. Desta maneira, durante muito tempo, a piedade popular
proporcionava o ambiente propício e privilegiado do encontro com o Senhor, não
obstante dos limites que apresentava, causados por uma catequese, por vezes, frágil e
superficial.
Como então entender o número 88 das atuais Diretrizes? O que a piedade popular
traz para o grande processo de ação evangelizadora no Brasil marcado pelas profundas
transformações e mudanças?
As Diretrizes sugerem que diante dos desafios e das urgências no campo da
evangelização:
Conclusão
Na Igreja “em saída”, que vive em estado de tensão permanente de missão (cf. DGAE,
n. 13), a piedade popular tem seu lugar preciso. Ela não pode mais ser vista hoje como
um fenômeno marginal ou pouco significativo liturgicamente e teologicamente. Ao
contrário, nas principais ações da Igreja, isto é, na ação evangelizadora, celebrativa e
caritativa deve ser dada a ela uma atenção maior. Isto, porque através de sua expressão
sócio religiosa e cultural, alimentada pela oração e ritualidade, sopro do Espírito, ela
contribui com a construção de um mundo para que todos tenham vida, enquanto rumam
ao Reino definitivo.
Bibliografia consultada