Você está na página 1de 9

PRÉ-NOVICIADO SALESIANO SÃO JOÃO BOSCO – BRE

Coração Oratoriano – Paraguai 2007.


Palavras do Reitor- Mor em Ypacaraí durante os exercícios Espirituais para os
Inspetores das dias Regiões da América, em março de 2007.

Discente: Caio César Sales Silva


Docente: Pe. Ataíde
Disciplina: Salesianidade II

Juazeiro do Norte – CE
2022
Apreciação

O Pe. Pascal Chávez, IX sucessor de Dom Bosco, emprenhado em seu ministério, deixa
uma rica e vasta literatura sobre a identidade e vocação salesiana chamando cada salesiano ao
itinerário de formação permanente, a exemplo de seu fundador, viver e dedicar todas as suas
energias pela juventude.
Dom Bosco era um especialista em educar pela pedagogia da presença, da escuta, da
orientação, da amizade, de estar junto ao jovem para conduzi-lo a se tornar um bom cristão e
um honesto cidadão. Nesse caminho, o Pascal reflete sobre os diversos aspectos que Dom Bosco
utilizou na sua vida para ajudar os salesianos serem fiéis ao chamado original do carisma.
O livro coração oratoriano compõe essa vasta literatura. São as palavras do Pe. Pascal
durante os exercícios espirituais para os Inspetores de duas regiões da América, em março de
2007. Ele registra aos inspetores seu projeto ministerial, enquanto Reitor-Mor, conduzindo aos
salesianos a vivência clara e profunda da vocação.
No primeiro capítulo do livro, com o tema “Vida consagrada: uma vida samaritana”,
inicia sua reflexão afirmando que a “vida consagrada tem sua origem na experiência de Deus
que se torna serviço de caridade para o mundo”. (p. 10-11). Uma vida não fechada, mas doada,
oferta de amor ao Reino de Deus e ao próximo.
Ainda utilizando dois ícones significativos para a vida religiosa: a samaritana (Jo 4,1-
26) e o do bom samaritano (Lc 10,30-37). “A vida consagrada tem uma missão específica no
mundo, que é a de se aproximar de Deus e do ser humano ferido, maltratado e abandonado à
margem do caminho”. (p.11). Na época de Jesus, a Samaria era vista como um lugar pagão,
impura onde não adoravam o Deus verdadeiro. Jesus quebra as barreiras da divisão e vai ao
encontro dos samaritanos.
Pascal afirma “Definir a vida consagrada como uma vida samaritana implica […]
assumir a vida e a condição social de um grupo que vive à margem da sociedade e da Igreja.
Desse ponto de vista, ser samaritano significa acatar a rejeição do mundo e da sociedade. […]
Significa renunciar aos privilégios […] Significa assumir a pobreza […] e viver com a maior
humildade”. (p. 12-13). Esse exemplo é um sinal luminoso, porque a missão não é apenas para
a raça escolhida, mas para todos os povos. É retornar as fontes neotestamentárias, ser imitador
de Cristo na totalidade.
O convite a renovação é pertinente. Nesse tempo, é necessária a vida religiosa renova
suas motivações, repensar a sua ação evangelizadora. Esse convite é para cada salesiano, com
honestidade tocar “a falta de coerência, a falta de fidelidade ao seu Senhor e a busca de
segurança, mesmo com risco de perder a identidade e a relevância”. (p.15).
Olhar a samaritana, afirma o Pe. Pascal, “é a identificar os desejos que a motivam a
verificar a relação com Deus e com a humanidade, a reconhecer sua sede de felicidade e
autenticidade” (p.16). O Bom samaritano, “ilustra quem é o próximo, é chocante, especialmente
para nós, religiosos, porque põe à luz a atitude despreocupada e egoísta dos homens que por
profissão deveriam ser sensíveis às necessidades dos outros”. (p.18). Os dois ícones revelam a
gritante necessidade de uma profunda renovação pessoal e comunitária, de modo que se
configure a Cristo sem fazer recortes da sua mensagem, mas assumi-la na totalidade, caminho
de cruz e ressurreição.
No segundo capítulo o autor aprofunda a identidade da vida consagrada, relacionado
com a Eucaristia, centro do mistério da Igreja. A santidade é um chamado intrínseco na vida
religiosa. Ela torna concreto o seguimento a Cristo, suas palavras e testemunho, são radicados
na vida de cada consagrado, refletindo a beleza do ser cristão. A universalidade da santidade é
para todos os cristãos. No entanto, “as pessoas consagradas que abraçam os conselhos
evangélicos recebem uma nova e especial consagração que, apesar de não ser sacramental,
compromete-as a assumirem — no celibato, na pobreza e na obediência — a forma de vida
praticada pessoalmente por Jesus, e por ele proposta aos discípulos”. (p.29). Assume com mais
radicalidade a vivência da santidade.
Nesse sentido, a vida consagrada torna-se uma maneira de ser eucarística no mundo. O
Pe. pascal relaciona três características da eucaristia com os conselhos evangélicos na vida
consagrada: memorial mediante a obediência; sacrifício mediante a castidade; banquete
mediante a pobreza. Essa relação estabelecida pelo autor é uma contribuição para a
compreensão da vida religiosa como oferta de amor a humanidade.
No que tange o memorial mediante a obediência, “a vida consagrada só pode ser
memorial de Jesus Cristo se continua fazendo presente, em todos os tempos e lugares, sua
mesma forma de vida. E isso, precisamente, se constitui no núcleo da obediência consagrada”.
(p.32). Memorial, não é uma recordação, mas atualização, vivência concreta, torna-se presente
no mundo, na dimensão pessoal a obediência plena, transformadora e libertadora de Jesus.
O sacrífico de Jesus inicia na ceia com seus discípulos, o “sacrifício sem violência (por
amor), que chega o ápice no sacrifício violento (a morte de Jesus na cruz)”. (p.35). Portanto,
“não é o sofrimento, mas o amor, o centro da redenção como obra do Pai por meio do Cristo no
Espírito Santo: Jesus não dá a vida porque a rejeita, […] dar a vida como expressão máxima do
seu amor”. (p.34). Nesse sentido, a entrega de cada consagrado na castidade não é apenas uma
abstinência sexual, é doação total de si, ser amor, expressar o amor, agir pelo amor, é ter um
coração indiviso, é oferta da pessoa em todas as dimensões de sua existência. Ser dom
eucarístico na castidade realiza, pois, “a dupla dimensão da castidade consagrada, a sístole da
vida fraterna e a diástole da entrega total na realização da missão”. (p.37)
No último tópico, banquete mediante a pobreza, “Jesus, é a absoluta gratuidade de Deus
no convite ao banquete”. (p.38). Jesus é o pão da vida, deseja intimidade, faz refeição junto aos
irmãos, dá-se como refeição, alimento de vida eterna. Assim, essa “dimensão do banquete, na
vida religiosa, reflete-se na vida de pobreza em seu sentido mais autêntico, não como escassez
natural ou privação voluntária, mas como partilha daquilo que se é e do que se tem como algo
total mente gratuito”. (p.39). Não significa renúncia dos bens e sim oblação de si, desapego,
confiança, partilha comum.
Aqui constatamos um grande desafio: transformação o que celebramos na eucaristia
uma praxe na vida cotidiana. A eucaristia é projeto de vida, não termina com a benção final na
celebração, mas se funde na vida do crente. “O consagrado é chamado a viver em plenitude
essa comunhão espiritual, que constitui o cume de sua vida pessoal, comunitária e apostólica”.
(p.44). Ser dom eucarístico, portanto, é ser memorial, sacrífico e banquete de Cristo no mundo.
No terceiro capítulo, Chavéz trata dos desafios antropológicos para a formação, os quais
consideram necessários uma compreensão dos aspectos da existência humana, para a vivência
terna na vida religiosa. Nesse sentido, olhando a experiência pessoal e comunitária do Deus de
Jesus Cristo, como o homem pode se relacionar com esse Deus e como na história a
compreensão humana foi sendo construindo. Ademais, temos uma imagem nova, como
resquícios de um cultural anterior, mas como se reflete de maneira diversa no contexto social e
humano, apresenta uma face totalmente nova.
Partindo do conceito de historicidade humana como compreensão de que o homem não
está na história, mas é um ser histórico, pois se realiza na história, Pe. Pascal, reconhece que
sem a historicidade humana, não existiriam a revelação de Deus, a liberdade humana, o
pecado ou a conversão”. (p.53). Deus agi na história, no tempo Chronos, iluminado
pelo Kaíros1 . Assim, como afirma Heidegger, não existe um rompimento entre passado e futuro,
mas a fluidez do homem como ser histórico, que se ocorre no presente, no acontecer, no agora.
Chavéz considera que a

1 Chronos – É o tempo da humanidade. É uma realidade humana, pois nada se faz fora dele. Kaíros – O
tempo é momento oportuno em que Deus age e se manifesta para salvar a humanidade e, ao mesmo
tempo, oportunidade que Deus nos oferece para encontra-lo. É tempo de raça e salvação. [...] No
cristianismo, os termos Kaíros e chronos são antagônicos no sentido de um significar o tempo de Deus
e o outro o tempo da humanidade. (ARNOSO, Rodrigo. PARO, Thiago Faccini, 2021, p.15-16).
temática da historicidade humana nos trouxe consequências em todos os
campos da existência humana: basta recordar a revolução que provocou no
conceito de educação e formação, entendida como formação permanente,
referida em primeiro lugar não como a atualização específica ou ocasional
(como acontece ainda hoje), mas como a convicção de que toda a vida é um
estado de formação, um processo. (p.55)

Assim, a formação é um estado permanente de construção do ser. Nesse sentido, há um


entendimento equivocado do processo formativo na vida religiosa. A formação é permanente,
constante, sendo preciso compreender a formação inicial como uma divisão pedagógica para
inserir o formando na opção de vida. Não existe dois momentos na formação, mas apenas um,
com etapas, com a inserção progressiva na vida religiosa.
Corre-se o risco de privilegiar a formação inicial, como momento único e fundamental,
e tratar a formação permanente como um elemento agregativo nesse processo. Isso reflete na
prática onde encontramos religiosos frustrados, distante do carisma, sem uma compreensão
clara de sua vivência, em busca de poder, de status. A opção evangélica, o seguimento radical
a Cristo é um discurso para os fiéis.
Nesse horizonte, a autorealização humana não é uma ação individualista, mas essencial
da pessoa na vida religiosa. “Cristo nunca cogitou que o ser humano não se realizasse
pessoalmente, pelo contrário” faz é indicar o caminho autêntico para essa realização” (P.57).
Na vida consagrada, “somente é válida e plenificante, na vida consagrada, quando se
trata de uma realização em Cristo, unida de forma indissolúvel aos três aspectos: absolutização
de Deus, seguimento/imitação de Jesus Cristo-salvação do mundo”. (P. 57). Consagrados
realizados na sua opção vocacional, faz brilhar Cristo.
Nesse contexto, a liberdade adquire uma importância relevante, porque o ser humano
não é um computador programado, mas um ser capaz de escolhas, de decisão. Para Pe. Pascal
a “liberdade é uma dimensão essencial do ser humano, mas deve ser, analogicamente como
adjetivo, deve acompanhar todo substantivo, sob pena de perder este último seu caráter de
valor” (p. 60). Portanto, liberdade como qualificadora da realização humana, que dá sentido à
vivência plena do ser. Ela, sozinha, não proporciona a relação da pessoa, mas no conjunto torna
possível essa realidade na vida da pessoa.
Assim, “a liberdade é o inusitado terminus a quo da realização, sob a qual colocamos
nossa dignidade humana. [...] de nenhuma maneira constitui o terminus ad quem dessa
realização.” (p. 62). Ou seja, tem sentido no conjunto do ser, e não isoladamente.
Nesse quadro da historicidade, o homem como parte da história, vivendo sua plena
liberdade, a experiência propicia a realização humana. Pe. pascal “sublinha que o mais
importante não é somente fazer a experiência, mas saber qual é o valor daquilo que fazemos
como experiência, ou seja, o conteúdo real”. (p.66). A experiência é concreta, mistagógica,
encontro de amor com Cristo e consigo. Portanto, é preciso fugir do individualismo, do relativo,
do formalismo religioso que torna a experiência humana infértil. Nas constituições salesianas
o convite é fazer a “experiência dos valores da vocação salesiana nos diferentes momentos de
sua existência e aceita a ascese que esse caminho implica” (C 98). (p.66).
Chávez ainda afirma a necessidade “indispensável de redescobrir o valor humano e
cristão da autêntica renúncia, para poder viver uma experiência enriquecedora”. (p.68). Por
isso, se a “vida consagrada, fundamentada no seguimento e na imitação do Senhor, não se tornar
fascinante, tornará injusta e desumanizadora a renúncia”. (p.68). E experiência autêntica exige
no processo de configuração a Cristo uma atitude de renúncia. Ela não é uma ação punitiva,
pelo contrário, permite o indivíduo alcançar com clareza seu objetivo e deixar-se moldar pelo
Cristo.
Ademais, o autor apresenta um perigo: “no dia em que, em qualquer vertente da vida
consagrada, se possa dizer: minha vida está plenamente realizada mesmo que não seja
verdadeiro aquilo em que creio”, estaremos convertendo nosso carisma numa ONG”. (p.69). A
vida consagrada é precisa ser uma realização plena do homem que na história, responde com
liberdade, aceitando o projeto de Cristo, com as renúncias necessárias, para a vivência alegre e
fraterna da vocação.
Requer aqui a fidelidade definitiva ao compromisso assumido. “É necessário sublinhar,
em todas as etapas da formação, até a morte, que a autêntica fidelidade não depende do que
possa acontecer”, mas daquilo que eu decidi e que cada dia consigo renovar: minha entrega
total ao Senhor, na entrega total aos meus irmãos particularmente sensíveis”. (p.77). Em vez de
ficar se lamentando no contexto atual, é preciso viver com confiança em Deus e assumir com
radicalidade a vocação professada.
No quarto capítulo, chegar à fé — os caminhos da fé para os jovens de hoje, o autor em
princípio trata da perda do sagrado, um fenômeno presente no mundo ocidental, que atinge
diretamente aos jovens. Sobre isso o autor afirma:

A dimensão religiosa tem a tendência a ser deixada para o âmbito do privado


e a ser absorvida na lógica da satisfação das necessidades individuais.
[…] uma religião de consolação e não de responsabilidade. […] Trata-se de
uma religiosidade não institucional, mas privada, com a presença de crenças
heterogêneas e às vezes formalmente incompatíveis. […] cada opção logo é
abandonada quando surge o momento de assumir um compromisso, diante da
comunidade ou diante da fé em seu cotidiano”. (p.84)

A prática religiosa converge na busca de realização das vontades individuais, é uma


religião personalista, da oferta de da procura, da prosperidade. Não gera laços de fraternidade,
de compromisso com a missão evangelizadora, a oração é pessoal e nunca comunitária,
expressão do profundo individualismo, que faz do outro e de Deus um objeto de consumo. No
entanto, Pe. Pascal constata que “existe um grupo considerável de jovens que desejam
aprofundar a dimensão a espiritualidade […] neste mundo frenético, fragmentado e em rápida
transformação”. (p.84).
Eis o desafio: renovar a estruturas caducas e engessadas, sair de si, do fundamentalismo,
para oferecer aos jovens a um encontro autêntico com Cristo. O jovem que está disponível, tem
sede de Deus e necessita de alguém, que “em nome de Jesus, desperte neles o desejo profundo
de salvação e de felicidade que se oculta nas expectativas imediatas de prazer, […] que saibam
orientar esses caminhos à interioridade, ajudando os jovens a realizar experiências
significativas que cheguem ao coração”. (p.86). Educar o jovem na fé é levá-lo ao querigma, a
ter sentido na vida, próximos da Palavra, da comunidade fraterna, inserido na missão.
Alguns modelos bíblicos inspiram a ação evangelizadora com a juventude. A Palavra é
o início e fim, sempre lúdica e transparente, ação educativa e nos apresenta diversos caminhos
para que o jovem chegue a fé. Sua pedagógica revela que Cristo pode agir nas mais diversas
situações da existência humana. Citamos o “encontro de Jesus com Nicodemos (cf. Jo 3,1-21)
ou com a samaritana (cf. Jo 4,5-42); a vocação dos primeiros discípulos (cf. Jo 1,35-42); […] a
conversão de Paulo (cf. Gl 1,13-24; F13,3-9; At 9,1-20); […] o caminho de fé dos discípulos
de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Esses encontros manifestam a força transformadora de Cristo, sua
ação salvífica na história pessoal e comunitária do seu povo.
Assim, “chegar à fé é um percurso que abre a uma experiência, com elementos
significativos e peculiares que definem o cristão”. (p.92). Dessa forma, é importante perceber
que os caminhos para chegar aos jovens são diversos, não existe uma manual, uma cartilha, mas
deve-se acreditar na criatividade, na audácia e engenhosidade dos próprios jovens para a
educação na fé. “É nosso dever ajudar os jovens a sonhar”. (p.96) Conduzi-los à santidade
cristã, dom, uma graça para todos os batizados, não é “destinada à elite de privilegiados,
excluindo quase de princípio os mais pobres e afastados”. (p.96)
Dessa maneira, o jovem cresce seu sentimento de pertença à Igreja. Ele não está sozinho,
mas faz parte do corpo eclesial, é protagonista na educação da fé. Por isso, conforme Pe. Pascal
alerta:

um desafio importante para a Pastoral Juvenil é o de encontrar caminhos de


sinergia entre os jovens e a Igreja, entre a cultura juvenil e a riqueza da
tradição da Igreja de Jesus; encontrar caminhos que levem a uma convergência
e aproximação cada vez mais cordial e fecunda. […] Na mensagem aos jovens
do Movimento Juvenil Salesiano do dia 31 de janeiro de 2005, apresentei
alguns passos desse caminho pedagógico: primeiro viver nas comunidades e
grupos juvenis a paixão de Deus que reúne a Igreja em Cristo por meio do
Espírito Santo, a fraternidade entre todos os batizados, o impulso missionário
e evangelizador, a vontade de serviço à sociedade, a prioridade para com os
pobres. (p.98-100)

A Igreja é jovem, e é urgente assumir nos estilos e estratégicas na evangelização da


juventude. Isso se aplica a todas as vertentes da Igreja, inclusive a vida consagrada, em especial
aos salesianos, com conclama o Pe. Pascal. A opção pelos jovens, efetivada por Dom Bosco,
também é hoje a nossa opção. Como salesianos, transmitimos a fé no contexto educacional, por
isso, “devemos enriquecer esse modelo educativo com a convicção do valor profundamente
humanizador da fé cristã e logo realizar o anúncio explícito, sem esperar uma situação ideal
porque ela nunca chegará”. (p.102). Esse anúncio é o querigma, é a fé pascal, Cristo viveu a
paixão, morreu por nós e ressuscitou para reconciliar todas as coisas e sela a aliança definitiva
com a humanidade. Por amor, realiza a obra da redenção. Não possível omitir esse anúncio aos
jovens.
Maria é modelo, e nos inspira levar Cristo aos jovens. Ela é apresenta por Chàvez no
capítulo V, como “mulher de fé, plenamente evangelizada, a mais perfeita discípula e
evangelizadora. É o modelo de todos os discípulos pelo seu testemunho de oração, de escuta da
Palavra de Deus e disponível serviço ao Reino de Deus até a cruz”. (p.108). Maria é o caminho
seguro para chegar a Cristo, é cheia de graça porque Deus a fez assim. “Maria se reflete o rosto
autêntico do Deus vivo. A Maria do Evangelho é, neste sentido, ícone do nosso Deus: o que
Deus foi para Maria segue querendo ser para cada um de nós”. (p.117).
O Pe. Pascal traça um caminho de reflexão, passando por questões essências para a vida
religiosa e consequentemente a vocação salesiana. Dar razões aquilo que acreditamos e vivemos
é fundamental para a realização humana. Sem essa premissa encontraremos religiosos
frustrados e infelizes na vida religiosa, transparecendo uma opção falida de estado de vida.
Nesse sentido, o livro é eficaz para adentrarmos na identidade da vida religiosa, rever
conceitos e preconceitos, e inspirados em Cristo, construir pontes para a vivência alegre e
verdadeira da vocação.

Referência Bibliográfica

ARNOSO, Rodrigo. PARO, Thiago Faccini. Conhecer o ano Litúrgico que vivenciamos. Petrópolis, Rj:
Vozes, 2021

CHÁVEZ, V., Pascual. Coração Oratoriano – Paraguai 2007. Palavras do Reitor- Mor em
Ypacaraí durante os exercícios Espirituais para os Inspetores das dias Regiões da América, em
março de 2007. São Paulo: Editora Salesiana, 2008.

Você também pode gostar