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FACULDADE DE TEOLOGIA DE SÃO PAULO

IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO BRASIL

BRUNO VELOSO DOS SANTOS

RESENHA TEXTO 12: OUÇA O ESPÍRITO OUÇA


O MUNDO

São Paulo
2023
BRUNO VELOSO DOS SANTOS

RESENHA TEXTO 12: OUÇA O ESPÍRITO OUÇA


O MUNDO

Leitura obrigatória – Evangelização

São Paulo
2023
PARTE QUATRO – A IGREJA

O John Wesley afirmou que o cristianismo é fundamentalmente "social,"


destacando que torná-lo "solitário" seria prejudicial. Embora salvação individual
seja parte dele, a igreja é central para o propósito divino. Cristo se entregou
para purificar um povo zeloso por boas obras. Contudo, há tensão entre o ideal
e a realidade da igreja. No ideal, é amada por Deus, mas na realidade,
frequentemente é composta por indivíduos falhos. Isso leva a diversas opiniões
sobre a igreja. O autor busca enfatizar o ideal enquanto reconhece a realidade,
visando a mudança. Os capítulos seguintes exploram o desafio e a missão da
igreja no mundo, além da renovação necessária em todas as áreas da vida da
igreja, incluindo ministros pastorais.

OS DESAFIOS DA SOCIEDADE SECULAR

A igreja deve ter sensibilidade para o mundo ao seu redor, como Jesus
teve, estando atenta às necessidades humanas e aos sofrimentos. No entanto,
isso não implica seguir servilmente o mundo ou perder sua autenticidade. A
igreja deve proclamar sua mensagem, mas também entender e ser sensível às
vozes da sociedade secular, chorando com os que choram. Ignorar isso pode
levar à irrelevância, como a igreja muitas vezes fez. O autor destaca a tríplice
busca dos homens modernos e secularizados, uma aspiração que Jesus
desperta nas pessoas e desafia a igreja a apresentar ao mundo de forma
completa.

A busca por transcendência

O texto fala sobre a evolução do conceito de transcendência e sua


busca na sociedade contemporânea. Antes restrita à teologia, a transcendência
agora é mais amplamente conhecida devido à popularização da "meditação
transcendental". A busca por transcendência é descrita como a busca pela
realidade suprema além do mundo material, uma reação à secularização e à
insatisfação do materialismo em satisfazer o espírito humano. Várias
evidências contemporâneas são apresentadas para essa busca:
1. O colapso do euromarxismo: O marxismo como substituto da fé religiosa
falhou em convencer e satisfazer as pessoas, enquanto a vida religiosa
persiste.
2. Insatisfação com o materialismo ocidental: O secularismo capitalista e
comunista não pode satisfazer o espírito humano, e críticas à ciência por não
abarcar o mistério da existência.
3. Epidemia do abuso de drogas: O uso de drogas é visto como uma busca por
uma consciência elevada e uma realidade transcendental, exemplificado por
Carlos Castañeda.
4. Proliferação de cultos religiosos: A emergência de novas religiões e o
interesse pela espiritualidade oriental refletem a busca por transcendência.
5. Movimento da Nova Era: Uma mistura complexa de crenças que procura um
renascimento do sagrado e transcende os limites do materialismo.
O autor destaca a importância da qualidade da adoração nas igrejas
como resposta a essa busca por transcendência. Ele critica a formalidade e
hipocrisia nos cultos religiosos e sugere que a leitura fiel da Palavra de Deus, a
administração reverente da Ceia do Senhor e uma atitude sincera de louvor e
oração podem oferecer uma experiência de verdadeira transcendência.
O autor lamenta que, em vez de buscar a igreja, muitas pessoas
recorram a outras formas de busca por transcendência, como drogas, sexo,
espiritualidades alternativas e ficção científica. Ele argumenta que a igreja
deveria ser o lugar onde a verdadeira transcendência é experimentada por
meio da adoração.

A busca por Significância

Nesse trecho o autor ressalta que o mundo moderno confronta três


tendências que diminuem nosso senso de transcendência e reduzem nosso
senso de significância pessoal e propósito. A primeira é o impacto ambíguo da
tecnologia, que pode tanto liberar as pessoas das tarefas monótonas quanto
desumanizá-las ao tratá-las como objetos. A segunda é o reducionismo
científico, que define os seres humanos de maneira limitada, ignorando sua
complexidade emocional e espiritual. A terceira é o existencialismo, que nega
valores e significado na ausência de Deus, levando à perda de significância
pessoal. Viktor Frankl, criador da logoterapia, enfatiza que encontrar significado
é essencial para a sobrevivência. A falta de significado pode levar a problemas
como o suicídio. O ensinamento cristão sobre a dignidade humana é crucial,
pois valorizar as pessoas tem efeitos positivos na sociedade. Reconhecer o
valor intrínseco de cada indivíduo contribui para a dignidade, respeito e bem-
estar geral.

A busca por Comunhão

O texto aborda a sociedade tecnocrata contemporânea que mina a


transcendência, significado e comunhão. Mostra como as pessoas têm
dificuldade em se conectar, buscando amor num mundo carente dele. Três
figuras ilustram essa busca universal: Madre Teresa, testemunhando a
carência de amor no Ocidente; Bertrand Russell, buscando amor,
conhecimento e compaixão; Woody Allen, com sua comédia mascarando uma
busca trágica por amor. O autor enfatiza a importância crucial do amor na vida
humana e como as pessoas buscam genuína comunhão e amor. A igreja é
mencionada como possível fonte, porém, muitas vezes, não atende essa
necessidade. O desafio é a igreja se renovar para oferecer transcendência,
significado e comunhão, atraindo as pessoas em busca de amor e sentido.

A EVANGELIZAÇÃO ATRAVÉS DA IGREJA LOCAL

O autor expressa sua gratidão aos líderes anglicanos por proporem a


criação da "Década de Evangelização" nos últimos dez anos do século XX. Ele
destaca a importância da evangelização na agenda da comunidade e discute
diferentes formas de evangelizar, como o evangelismo pessoal, a
evangelização de massas e a evangelização através da igreja local. Ele
defende que a igreja local é o agente primordial da evangelização e explica que
ela deve preencher quatro pré-requisitos: compreender-se, organizar-se,
expressar-se e ser ela mesma.
No compreender-se, o texto destaca a necessidade de a igreja
compreender sua identidade e vocação. Ele aborda duas falsas imagens: a da
igreja como um clube religioso, focado em benefícios internos, e a do
cristianismo sem religião, concentrado apenas na missão. A abordagem ideal é
a "dupla identidade" da igreja, onde ela é chamada a adorar a Deus e servir ao
mundo. Essa identidade é expressa na ideia de "santa mundanidade", como
exemplificado por Jesus, que encarnou no mundo sem comprometer sua
unicidade. A igreja deve participar dos pensamentos, sentimentos e vida das
pessoas, mas sem perder sua integridade cristã. A missão da igreja surge da
compreensão de estar no mundo, mantendo tanto a santidade quanto o
envolvimento profundo com a vida das pessoas. Essa eclesiologia equilibrada é
essencial para cumprir sua missão.
Já em organizar-se, o texto enfoca a necessidade de a igreja
reorganizar-se para expressar sua identidade e missão de maneira mais eficaz.
As estruturas da igreja devem refletir sua teologia e dupla identidade, ao invés
de focar apenas na "santidade" interna. O relatório "A Igreja para os Outros" de
1968 destaca a importância de estruturas voltadas para a missão em vez de
centradas em si mesmas.
A ênfase é dada na transformação de igrejas de "espera", que esperam
que as pessoas venham até elas, para igrejas "de ida", que saem em missão.
Estruturas estáticas são consideradas "heréticas", pois não refletem a
verdadeira identidade da igreja. O autor sugere que os membros se encontrem
principalmente aos domingos para adoração e ensino, permitindo que se
envolvam com a comunidade o restante da semana.
O autor propõe a realização periódica de pesquisas para avaliar se as
estruturas da igreja estão alinhadas com sua identidade e missão. Duas
pesquisas são sugeridas: uma sobre a comunidade local para entender suas
necessidades e uma sobre a igreja local para analisar como ela se relaciona
com a comunidade. Isso levaria a uma estratégia de missão que poderia incluir
reestruturação física, mudanças nos cultos e programas, e ações direcionadas
à comunidade para expressar a missão da igreja de forma mais autêntica.
No expressar-se, o autor defende que a igreja deve expressar a
mensagem do evangelho centrado em Jesus. Evitar extremos: não rigidamente
fixo nem contextualização total. Equilíbrio entre fidelidade à Escritura e
sensibilidade às pessoas é crucial.
E por último, no ser ela mesma, o autor defende que o propósito da
igreja é ser a encarnação viva do evangelho, mostrando a nova sociedade de
Deus e o amor através de ação e palavra. Sua vida deve refletir a
transformação do evangelho, e sua autenticidade é fundamental para a
evangelização. A invisibilidade de Deus desafiou os judeus no passado e é
relevante hoje, especialmente para os jovens céticos. Deus resolveu esse
problema enviando Jesus, a imagem do Deus invisível. A invisibilidade de Deus
é superada pelo amor dos cristãos uns pelos outros, tornando Deus visível. A
igreja precisa compreender sua identidade, organizar-se estrategicamente,
expressar o evangelho de maneira relevante e ser uma comunidade de amor
para cumprir sua missão de evangelização.

DIMENSÕES DA RENOVAÇÃO DA IGREJA

Nos momentos finais de Seu ministério terreno, Jesus dirigiu uma


oração emocionante, na qual Ele expressou Seus desejos profundos para a
sua igreja. Ele almejou que a igreja fosse envolvida por princípios fundamentais
que transcendem o tempo e as fronteiras.
Primeiramente, Jesus aspirava pela Verdade. Ele desejava que Sua
igreja fosse um farol de verdade divina em um mundo muitas vezes
obscurecido por ilusões e falsidades. Ele orou para que os ensinamentos e a
mensagem da sua igreja fossem sempre enraizados na verdade libertadora.
Em segundo lugar, Jesus almejava a Santidade. Ele queria que Sua
igreja se destacasse como um exemplo de vida santificada, refletindo a Sua
própria pureza e amor. Ele rezou para que a sua igreja crescesse em pureza
espiritual e se afastasse das impurezas que tentam desviar a humanidade.
Além disso, Jesus orou pela Missão. Ele ansiava que Sua igreja não se
restringisse a quatro paredes, mas que se lançasse ativamente a cumprir o
grande propósito espiritual. A sua igreja deveria levar esperança, compaixão e
auxílio aos necessitados, seguindo o Seu exemplo de amor altruísta.
Por fim, Jesus ressaltou a Unidade. Ele desejava que Sua igreja fosse
um símbolo de união genuína entre diversas pessoas e grupos. A igreja deveria
ser um lugar onde as diferenças se dissolvessem em prol da fé compartilhada,
da comunhão e do apoio mútuo.
Em resumo, a oração de Jesus pela Sua igreja contempla desejos
atemporais: a busca pela verdade, a busca pela santidade, o cumprimento da
missão e a união entre os seres humanos. Essas aspirações continuam
relevantes, orientando os passos da igreja até os dias de hoje.

OS PASTORES DA IGREJA

O texto aborda a relevância dos ministros ordenados para a vida,


missão e revitalização da igreja, fundamentando-se nas intenções divinas
delineadas no Novo Testamento. Sublinha-se a conexão vital entre a qualidade
do ministério eclesiástico e o progresso da comunidade religiosa. No entanto,
nos dias atuais, há uma considerável ambiguidade sobre a natureza e o
propósito dos ministros ordenados, suscitando indagações sobre se eles
desempenham papéis de sacerdotes, pastores, facilitadores ou assistentes
sociais. O autor do texto apresenta uma série de personagens que encarnam
perspectivas distintas acerca do ministério, variando desde a aprendizagem por
meio da interação com as pessoas até o exercício de autoridade, passando
pela administração de rituais, a prevenção de conflitos e o intento de aproximar
os fiéis. A narrativa contextualiza a longa trajetória da igreja, caracterizada por
flutuações entre o clericalismo (a supremacia do clero sobre os leigos) e o
anticlericalismo (a desconsideração dos leigos pelo clero). No entanto, o Novo
Testamento admoesta contra ambos os extremos, incentivando o respeito e a
valorização dos líderes religiosos. O texto também explora dois paradigmas de
ministério: o sacerdotal, focalizado em Deus e no serviço ao povo, e o pastoral,
centrado na assistência ao povo em nome de Deus.

O modelo Sacerdotal

O modelo sacerdotal na Igreja Católica Romana, Igreja Ortodoxa e


algumas tradições anglicanas e luteranas enfoca os líderes religiosos como
sacerdotes com um papel central na Eucaristia e no oferecimento de
sacrifícios. Isso é baseado em ensinamentos conciliares que afirmam que os
sacerdotes representam Cristo em oferecer o sacrifício eucarístico. No entanto,
essa ideia é contestada pelos protestantes, que consideram que o Novo
Testamento nunca chama os líderes cristãos de "sacerdotes" e não descreve a
Eucaristia como um sacrifício oferecido por eles.
O sacerdócio, conforme entendido pelos protestantes, é compartilhado
por todos os crentes e não está ligado a um grupo específico de líderes. O
"sacerdócio de todos os crentes" é ressaltado como essencial e baseado nas
Escrituras. As discussões em torno da terminologia, como "sacerdote" versus
"presbítero", mostram que a linguagem sacerdotal nem sempre é apropriada
para os líderes cristãos. A confusão surge da falta de uma definição clara do
papel sacerdotal e de um entendimento preciso da relação entre o sacerdócio
de Cristo e o da comunidade cristã.
Nos tempos do Antigo Testamento, sacerdotes e profetas
complementavam-se, mas com a vinda de Jesus, ele se tornou o único
mediador entre Deus e as pessoas. No Novo Testamento, os líderes
eclesiásticos focam mais em funções pastorais, como cuidar do rebanho e
ensinar, do que em papéis estritamente sacerdotais. A ideia de um ministério
sacerdotal atual é debatida, pois muitos argumentam que o papel de pastor é
mais apropriado para os líderes da igreja. Portanto, a terminologia e o papel do
sacerdócio na igreja cristã têm sido temas de discussão entre várias tradições
e interpretações.

O modelo Pastoral

O conceito de "pastor" evoca a imagem de um cuidador de ovelhas, um


líder que guia e protege seu rebanho. No entanto, esse conceito pode parecer
distante das realidades urbanas contemporâneas. Muitas vezes, é sugerido
que o termo "pastor" precisa ser reinterpretado para se adequar às
comunidades urbanas modernas. O autor questiona se é necessário abandonar
a imagem de Jesus como o "bom pastor" que veio salvar as ovelhas perdidas e
explora como essa metáfora se aplica ao ministério pastoral. A relação entre
pastores e ovelhas, embora rural em sua origem, ainda mantém sua relevância
na vida contemporânea. Jesus sentia compaixão pelas multidões como ovelhas
sem pastor, uma preocupação que os pastores contemporâneos também
devem compartilhar. Embora Jesus seja o supremo pastor, ele compartilha sua
responsabilidade com líderes e mestres da igreja. O autor destaca que todo
ministério cristão deriva do ministério de Cristo, que veio para servir.
O bom pastor é caracterizado por sete atributos cruciais:
1. Conhecimento das ovelhas: O bom pastor conhece suas ovelhas
individualmente. Da mesma forma, líderes cristãos devem se envolver
pessoalmente com suas congregações, lembrando e usando seus nomes.
2. Serviço às ovelhas: Como Jesus, o bom pastor serve suas ovelhas, até
mesmo dando sua vida por elas. Pastores também devem servir com sacrifício,
guiando e protegendo o rebanho.
3. Orientação das ovelhas: Assim como o pastor orienta suas ovelhas, os
líderes da igreja devem liderar, servindo como modelos de fé e conduta.
4. Alimentação das ovelhas: O pastor proporciona pastagem nutritiva, assim
como o líder espiritual deve alimentar sua congregação com ensinamentos
bíblicos sólidos.
5. Proteção das ovelhas: O pastor protege suas ovelhas dos lobos. Da mesma
forma, os líderes devem enfrentar falsos ensinamentos e líderes enganosos,
garantindo a integridade doutrinária.
6. Autoridade sobre as ovelhas: A figura do pastor implica autoridade, que deve
ser exercida para edificação e proteção do rebanho.
7. Busca pelas ovelhas perdidas: Jesus menciona "outras ovelhas" que ele
precisa conduzir ao rebanho. Da mesma forma, líderes devem se empenhar
em buscar e trazer aqueles que estão afastados.
Esse modelo pastoral não é apenas uma abordagem da liderança
cristã, mas também tem implicações práticas. Os líderes da igreja devem nutrir,
guiar e proteger sua congregação, mantendo uma relação de confiança e
responsabilidade. Isso requer um equilíbrio entre o serviço humilde e a
autoridade, uma compreensão profunda das Escrituras e a coragem de
enfrentar desafios em prol do rebanho. Portanto, a figura do "bom pastor"
continua sendo uma metáfora inspiradora para o ministério pastoral em tempos
modernos.

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