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Juazeiro do Norte - CE
2022
Referência Bibliográfica
CHÁVEZ, V., Pascual. Coração Oratoriano – Paraguai 2007. Palavras do Reitor- Mor em
Ypacaraí durante os exercícios Espirituais para os Inspetores das dias Regiões da América, em
março de 2007. São Paulo: Editora Salesiana, 2008.
Assunto: I. Vida consagrada: uma vida samaritana: A renovação da Ficha nº 01
vida religiosa a partir de dois ícones: a samaritana e o bom
samaritano.
“Na Exortação Apostólica pós-sinodal sobre a Vida Consagrada, João Paulo II escolheu como
ícone a cena da Transfiguração para indicar que a vida consagrada, hoje, deve se caracterizar
pela subida ao monte para estar com Jesus”. (p. 10)
[...] “a vida consagrada tem sua origem na experiência de Deus que se torna serviço de caridade
para o mundo”. (p. 10-11)
“Desse ponto de vista, tanto a mulher samaritana, com seu itinerário espiritual e pastoral,
como o bom samaritano, com seu itinerário pastoral e espiritual, nos propõem como pontos
comuns de referência para a nossa vida salesiana, chamada a se renovar para ser mais
conforme ao "sonho de Deus", as necessidades do mundo e as expectativas dos jovens de
hoje. ”. (p. 11-12)
1. O conotativo "samaritano"
“Definir a vida consagrada como uma vida samaritana implica [...] assumir a vida e a condição
social de um "grupo" que vive à margem da sociedade e da Igreja”. (p. 12)
“Desse ponto de vista, ser samaritano significa acatar a rejeição do mundo e da sociedade. [...]
Significa renunciar aos privilégios [...] Significa assumir a pobreza [...] e viver com a maior
humildade”. (p. 13)
“À luz deste texto, a vida religiosa necessita fazer uma séria revisão de vida, para tocar com as
mãos, com honestidade e valor, mesmo com sofrimento e humilhação, a falta de coerência, a
falta de fidelidade ao seu Senhor e a busca de segurança, mesmo com risco de perder a
identidade e a relevância, como o sal que perde seu sabor e não serve mais para nada a não ser
para ser jogado fora”. (p. 15)
“Como a samaritana, a vida religiosa deve encontrar Jesus, fonte de água viva, para reencontrar
o sentido da vida”. (p. 16)
“Hoje, a mulher samaritana pode ser, com toda razão, um ícone da vida consagrada, convidada
a uma revisão muito profunda, a identificar os desejos que a motivam, a verificar a relação com
Deus e com a humanidade, a reconhecer sua sede de felicidade e autenticidade [...] a vida
consagrada irá recobrar o prazer e o encanto, a vitalidade e a paixão somente no seu Senhor”.
(p. 16)
“Não basta trabalhar para o Reino de Deus ou pelos valores do Reino, é necessário reconhecer-
nos a serviço do Reino, sentir-nos servos e servas do único Senhor”. (p. 16)
“À vida consagrada pode acontecer o mesmo que ao escriba; ela também tem um conhecimento
teórico de Deus e de Jesus e pode achar que basta isso para conseguir a salvação, sem perceber
— ou sem querer aceitar — que a salvação não é uma realidade extrínseca[...] mas ela é uma
realidade intrínseca”. (p. 17-18)
“A parábola do bom samaritano, com a qual Jesus ilustra quem é o próximo, é chocante,
especialmente para nós, religiosos, porque põe à luz a atitude despreocupada e egoísta dos
homens que por profissão deveriam ser sensíveis às necessidades dos outros”. (p.18)
“Diante desse relato é obvio quem seja o próximo. Qualquer pessoa que se encontre em situação
de necessidade de, espera de qualquer um — com razão ou sem ela — a ajuda necessária,
chamando-nos assim a sermos seu próximo. Qualquer um que se coloque a caminho para
prestar”. (p.18)
“Tanto hoje como ontem, a vida consagrada é chamada a ser sinal da aproximação de Deus, de
sua autêntica encarnação, de sua radical solidariedade para com a pessoa humana até a sua
morte na cruz, sinal de sua graça, de seu amor”. (p.18)
“Hoje a vida consagrada se tornaria irrelevante, e seu testemunho, invisível, se não assumisse
com seriedade o mandato de fazer-se próxima do necessitado”. (p.20)
“Temos de recuperar a paixão do "Da mihi animas" que caracterizou a vida de Dom Bosco e
de Maria Mazzarello, uma paixão que tem sua fonte no coração de Cristo e que implica a
capacidade de padecer (paixão como sofrimento por amor) e de estar enamorado (paixão com
fascinação) ”. (p.21)
À maneira de conclusão
“A vida consagrada terá "nova fundação" e voltará a ser iluminadora, radiante, fascinante se
voltar a Deus e à pessoa humana como dois polos nos quais se concentra sua vida: Deus como
fonte e clímax do ser e do nosso agir que nos consagra para nos enviar ao ser humano, e o ser
humano como destinatário e "lugar teológico" que nos remete uma e outra vez a Deus”. (p.21)
[...] “padre Juan Vecchi, constatava o mal-estar, em certas ocasiões até uma crise, no qual se
encontravam pessoas e comunidades em razão da aparente perda de identidade da vida
consagrada no campo da missão apostólica”. (p.25)
"Com muita frequência, não conseguimos fazer uma síntese satisfatória da vida espiritual e da
atividade apostólica". (p.26)
[...] “o capítulo V, da Lumen Gentium, que trata da vocação universal à santidade, termina
falando dos conselhos evangélicos". (p.26)
[...] “Presbyterorum Ordinis menciona esses conselhos evangélicos ao falar das "peculiares
exigências espirituais da vida do presbítero". (p.26)
[...] “Christifideles Laici[...]:Todo aquele que foi regenerado em Cristo é chamado a viver,
pela força que lhe vem do dom do Espírito, a castidade própria do seu estado de vida, a
obediência a Deus e à Igreja, e um razoável desapego dos bens materiais". (p.27)
“Todo estado de vida cristã se constitui numa vocação à santidade; ". (p.27)
“A santidade cristã consiste na perfeição do amor- caridade, que torna concreto o seguimento
e a imitação de Jesus Cristo; ". (p.27)
"As pessoas consagradas, que abraçam os conselhos evangélicos, recebem uma nova e especial
consagração que, apesar de não ser sacramental, compromete-as a assumirem — no celibato,
na pobreza e na obediência — a forma de vida praticada pessoalmente por Jesus, e por ele
proposta aos discípulos". (p.29)
“Assim, as mesmas atitudes que todo cristão deve viver, se desejar crescer na perfeição da
caridade no seguimento e imitação de Cristo, o consagrado assume-as na forma concreta como
as viveu Jesus". (p.29)
[...] “a Eucaristia ocupa o centro da vida consagrada, pessoal e comunitária"16. Ainda mais,
poderíamos dizer que a vida consagrada tem uma forma de ser eucarística". (p.29)
[...] “mediante uma imagem simples e sugestiva: o coração. A profissão dos conselhos
evangélicos, como coração da vida consagrada, vibra o duplo movimento da fraternidade
(sístole) e da missão (diástole) ". (p.30)
"A vida consagrada é memorial vivente do modo de existir e de atuar de Jesus". (p.31)
[...] “A vida consagrada só pode ser memorial de Jesus Cristo se continua fazendo presente,
em todos os tempos e lugares, sua mesma forma de vida. E isso, precisamente, se constitui no
núcleo da obediência consagrada". (p.32)
“Uma leitura atenta de Vita Consecrata ajuda a descobrir que o centro dos conselhos
evangélicos é a obediência: realidade que apenas reflete o testemunho da tradição bíblica".
(p.32)
[...] “Em Vita Consecrata, tanto a virgindade como a pobreza são, de certa maneira,
consequências da obediência". (p.32)
“Joachim Jeremias sintetiza os testemunhos bíblicos: Jesus estabeleceu uma comparação entre
o pão partido e seu próprio corpo; o vinho tinto e seu próprio sangue; a presença da expressão
por, quer dizer, nos cinco textos se diz por quem é entregue o corpo ou derramado o sangue".
(p.33-34)
[...] “não é o sofrimento, mas o amor, o centro da redenção como obra do Pai por meio do
Cristo no Espírito Santo: Jesus não dá a vida porque a rejeita, [...] dar a vida como expressão
máxima do seu amor". (p.34)
[...] o "sacrifício sem violência" (por amor) precede ao "sacrifício violento" (a morte de Jesus
na cruz) ". (p.35)
“O ser humano é chamado a se realizar no amor, e nele a expressão plena da entrega implica a
doação total do corpo. [...] A entrega sexual não é, contudo, a única maneira de entregar o
corpo como expressão do amor. [...] Encontramos em Jesus a entrega eucarística como a mais
profunda expressão do amor. [...] Jesus não vive seu amor e a entrega total de si mesmo em
"chave sexual", [...] ele vive tudo no contexto eucarístico". (p.36)
“O perigo "simétrico" da entrega sexual: pode-se entregar o corpo sem a entrega da pessoa".
(p.37)
“Desse modo se realiza, pois, a dupla dimensão da castidade consagrada, a sístole da vida
fraterna e a diástole da entrega total na realização da missão". (p.37)
“Um dos aspectos mais característicos do ministério de Jesus foi, precisamente, ter realizado
a prática do comer juntos, especialmente com os pequenos, os pobres, os marginalizados e,
sobretudo, os "publicanos e pecadores". (p.38)
“A dimensão do banquete, na vida religiosa, reflete-se na vida de pobreza em seu sentido mais
autêntico, não como escassez natural ou privação voluntária, mas como partilha daquilo que
se é e do que se tem como algo total mente gratuito". (p.39)
“A pobreza do consagrado e da consagrada não expressa nenhum tipo de rejeição dos bens
materiais, mas [...] saiba partilhar como expressão de seu amor em um duplo movimento: ao
interior da comunidade fraterna, na partilha total de todos os seus bens, e para fora, no convite
a participar desse "Banquete do Reino". (p.39)
“Uma das dimensões mais enriquecedoras da relação entre Eucaristia e vida consagrada é, sem
dúvida, a pneumatológica. Porém, para falar da ação do Espírito Santo na Eucaristia, é
indispensável fazê-lo antes de sua ação em relação ao Senhor Jesus". (p.40)
“Na Eucaristia, a ação do Espírito Santo na consagração, [...] epiclese (invocação) para
designar não apenas o momento pontual da celebração, mas a dimensão pneumatológica de
toda a Eucaristia [...] Consagração, aqui, [...] significa, antes de tudo, a "assunção" das espécies
sacramentais da parte do Pai para nos comunicar, nelas, seu próprio Filho, como aconteceu na
Encarnação". (p.41)
“Um dos documentos eclesiais que melhor delinearam a ação do Espírito Santo na vida
consagrada é Mutuae Relationes, que afirma: O mesmo carisma dos Fundadores se revela
como uma experiência do Espírito, transmitida aos seus discípulos para que eles vivam,
cuidem, aprofundem e constantemente desenvolvam, em sintonia com o Corpo de Cristo em
perene crescimento". (p.42)
“Instrução Partir de Cristo: A mesma consagração religiosa assume uma estrutura eucarística:
é total oblação de si mesmo estritamente associada ao sacrifício eucarístico". (p.42)
“O Corpo de Cristo "é vivo" porque quem o anima é o Espírito Santo". (p.43)
“Nos primeiros séculos da Igreja, o Corpo de Cristo era o "princeps analogatum"; e ao falar
dele, pensava-se, em primeiro lugar, na Igreja". (p.43)
“A vivência dos conselhos evangélicos não tem apenas uma dimensão comunitária[...], pede-
se às pessoas consagradas que sejam verdadeiramente expertas em comunhão". (p.44)
“O consagrado é chamado a viver em plenitude essa comunhão espiritual, que constitui o cume
de sua vida pessoal, comunitária e apostólica". (p.44)
“O desafio está em como fazer para que o rito que celebramos todos os dias não se reduza a
simples mimese". (p.46)
“A comunhão nasce dessa realidade mais perfeita, a que une a fé e o amor de duas pessoas, de
quem entrega sua vida e de quem sabe recebê-la". (p.47)
“É uma comunhão que conduz ao desejo de responder com o mesmo amor e produz como fruto
a transformação da pessoa". (p.47)
“Poderá surpreender que termine propondo Maria como modelo de espiritual idade eucarística
Maria é a mulher "eucarística" com toda a sua vida.45 É essa atitude interior, cultivada durante
toda a vida, que pode fazer de um consagrado em nossos dias uma “pessoa eucarística". (p.49)
1.Introdução
“Dito de forma simbólica, a cultura atual, sobretudo a juvenil, deu um giro total no
caleidoscópio antropológico: contempla-se uma imagem totalmente nova, na qual podemos
reconhecer, no entanto, os mesmos fatores estruturais que, na cultura anterior, refletiam
à luz de uma maneira muito diversa e, por isso, também projetavam uma imagem
distinta”. (p.52-53 )
“Sem dúvida, entre os muitos fatores que configuram a cultura atual, o "descobrimento" da
historicidade humana constitui um dos mais relevantes . [...]Sem a historicidade humana, não
existiriam a revelação de Deus, a liberdade humana, o pecado ou a conversão”. (p.53 )
“Não se diz apenas que o ser humano vive na história, [...]. A questão é evidente; pois, mais
intrinsecamente, se pretende afirmar que o homem é um "ser histórico" enquanto se realiza (ou
se destrói) na história: tanto na dimensão pessoal como comunitária, inclusive em escala
mundial”. (p.54-55 )
“Não se trata somente de uma importância quantitativa, um "mais", mas sobretudo de uma
relevância qualitativa, visto que a historicidade se constitui num paradigma”. (p.55 )
“Isso traz consigo uma mudança radical na forma de tratar a "formação inicial", inclusive a
etapa seguinte, inadequadamente chamada de "formação permanente", com o se fosse posterior
à inicial”. (p.55 )
“se lermos com atenção o Evangelho, nunca encontraremos uma rejeição, por parte de Jesus,
dessa pretensão: o que faz o Senhor é indicar o caminho autêntico para essa realização. Não é
significativo que temos esquecido muitas vezes que as bem-aventuranças não são normas
morais ou religiosas, mas promessas de felicidade?”. (p.57 )
“a liberdade adquire importância decisiva, precisamente porque o ser humano se percebe não
como alguém "programado" de antemão, como um computador (por mais sofisticado que seja),
mas como alguém que tem a vida nas próprias mãos”. (p.58)
“Jean-Paul Sartre: "A existência precede a essência”. Por trás dessa atitude podemos encontrar
a expressão de um "promoteísmo" mais ou menos ateu”. (p.58)
“analisar mais a fundo a liberdade como dimensão essencial do ser humano. Sem dúvida, não
podemos aceitar a absolutização da liberdade que se coloca acima de qualquer instância ou
valor, porém não seria válido rejeitá-la ou pregar contra ela”. (p.58-59)
[...] “Como afirmávamos antes, não se trata somente de uma avaliação quantitativa (exagerada)
da liberdade, mas que seja considerada, qualitativamente, como paradigma da realização
humana. Diante disso, é preciso dizer: a liberdade não constitui um paradigma, não é um valor
fundamental que permite a realização da pessoa humana, mas a característica que deve
acompanhar todo valor humano, para que o seja de fato”. (p.60)
“Em outras palavras: a liberdade, como adjetivo, deve acompanhar todo substantivo, sob pena
de perder este último seu caráter de valor. Por outro lado, quando o adjetivo quer ser
substantivo, absolutiza a liberdade, se autodestruindo e eliminando o próprio sujeito”. (p.60)
[...]”Raskolnikov, de Crime e castigo, a quem parece ser lícito, aos "homens superiores", fazer
de tudo. [...]Kirillov, em Os demônios, que encarna a radicalização teológica da liberdade. [...]
e sobretudo Stavroguin, na mesma novela, da perspectiva ontológica, [...] Luigi Pareyson,
comenta: Sua liberdade (de Stavroguin) é puro arbítrio que, não tendo diante de si nenhuma
norma para transgredir, não tem nenhuma finalidade e gira, portanto, no vazio”. (p.61)
“A liberdade é o inusitado terminus a quo da realização humana, sob o qual colocamos nossa
dignidade humana, e nos convertemos na manada que segue o Grande Inquisidor [...]: porém
de nenhuma maneira constitui o terminus ad quem dessa realização”. (p.62)
“em praticamente todas as culturas tradicionais existem "ritos de iniciação" que tornam
possível a passagem de uma etapa a outra da vida, caracterizados por experiências que
englobam toda a pessoa, e não só sua capacidade intelectual ou afetiva, mas as duas dimensões
de uma vez”. (p.63)
[...] “diante de uma realidade muito rica a discernir e assumir, superando, sem dúvida, os
perigos que implica:
Entre os perigos encontramos, em primeiro lugar, seu caráter formal. [...]Temos a
impressão de que toda experiência se justifica por si mesma. [...] Falando da experiência
da formação, constatei [...] privar-se da experiência. Parece-me o extremo formalismo do
valor da experiência enquanto tal”. (p.64)
[...] “fato de passar, do singular "da" experiência, como expressão da sabedoria de quem
sabe aprender da vida, a partir do habitual e cotidiano, ao plural "das" experiências como
momentos extraordinários e excepcionais, desloca o acento da atitude ao ato”. (p.65)
[...] “dois grandes perigos para a vida consagrada atual: o individualismo, precisamente
porque ninguém pode me substituir na aprendizagem da vida, é a "minha" experiência; e
com ele o relativismo, "cada um opina segundo a própria experiência", fora dela, todo o
resto é aberração”. (p.65)
“Com o intuito de superar esse formalismo, temos de sublinhar que o mais importante não é
somente fazer a experiência, mas saber qual é o valor daquilo que fazemos como experiência,
ou seja, o conteúdo real”. (p.66)
[...] “Nas Constituições dos salesianos, o artigo central que caracteriza a formação como um
processo permanente tem como título: ''A experiência formativa", e a descreve: "faz
experiência dos valores da vocação salesiana nos diferentes momentos de sua existência e
aceita a ascese que esse caminho implica" (C 98)”. (p.66)
“Ao contrário, é indispensável redescobrir o valor humano e cristão da autêntica renúncia, para
poder viver uma experiência enriquecedora”. (p.68)
“Na pequena parábola evangélica [...] (Mt 13,45-46) [...] encontramos alguns elementos [...]
que nos permitem delinear a "fenomenologia da renúncia”. (p.68)
“A renúncia é real quando se deixa pedras de verdade, com dor e alegria, porque encontrou "a
pedra definitiva [...] Se nossa vida consagrada, fundamentada no seguimento e na imitação do
Senhor, não se tornar fascinante, tornará injusta e desumanizadora a renúncia em si mesma”.
(p.68)
“O prazer de possuir a "pedra preciosa" não elimina jamais o temor de que ela não seja
autêntica: no caso de ser falsa, errou-se na decisão e arruinou-se a própria vida [...]No dia em
que, em qualquer vertente da vida consagrada, se possa dizer: "minha vida está plenamente
realizada mesmo que não seja verdadeiro aquilo em que eu creio", estaremos convertendo
nosso carisma numa ONG”. (p.69)
[...] “não basta só a experiência, mas também, em muitos casos, é necessária a renúncia da
experiência”. [...] A pessoa assuma com maturidade a decisão tomada (palavra que contém em
sua etimologia o termo "cortar") e não fique se lamentando pelo que não experimentou”. (p.69-
70).
“Sem dúvida aqui não falamos de uma absoluta "novidade", pois seria ignorar que temos uma
homogeneidade de base que se manifesta em todas as épocas”. (p.70)
“Essa ameaça se manifesta duplamente. Por um lado, sobre o que J. Moltmann chamou "a
perda da inocência atômica" desde Hiroshima. [...]existe a possibilidade real (que depende
sempre da ação de algumas pessoas) de que toda a humanidade desapareça, por causa de uma
guerra nuclear”. (p.71)
“Por outro lado, [...]encontramos também essa ameaça na deterioração ecológica, universal e
aparentemente irreversível”. (p.72)
7."Quero tudo"
“Somente à medida que centrarmos todo nosso ser no amor a Deus e ao próximo, e que
propiciarmos que toda formação, ao longo da vida, tenha bem clara essa finalidade,
conseguiremos o que pareceria impossível: obteremos o todo no fragmento (evocando Von
Balthasar)”. (p.75)
“Tudo que descrevemos antes, no fundo, trata de dar direção e consistência à nossa fidelidade
consagrada. [...] A palavra hebraica que geralmente se traduz como "fidelidade", hésed, evoca
[...]a solidez, a força, a persistência no tempo, contrastando com a fragilidade das promessas
humanas”. (p.75)
“Existem dois salmos que, de forma especial, cantam essa fidelidade do amor de Deus: o Salmo
117 (116). [...]vida consagrada é, em sua essência mais profunda, aliança nupcial com Deus”.
(p.76)
[...] “um problema ao qual a geração atual é: [...]o mais difícil é um compromisso definitivo,
pronunciar o “para sempre”, renunciar por princípio a outra possibilidade alternativa. [...]é
necessário sublinhar, em todas as etapas da formação, até a morte, que a autêntica fidelidade
não depende do "que possa acontecer", mas daquilo que eu decidi, e que cada dia sou capaz de
renovar: minha entrega total ao Senhor, na entrega total aos meus irmãos particularmente
sensível”. (p.77)
“A fidelidade tem uma característica típica, que a distingue de outras virtudes. [...]
“indispensável seu desdobramento no tempo, sua "historicidade"... Igualmente, a fidelidade
não pode "realizar-se" se não se "desdobra" como experiência histórica”. (p.78)
"Que valor terá, em último caso, para você está questão jurídica e todos os prognósticos
jurídicos para o futuro, se você se mantém fiel a si mesmo e às suas decisões fundamentais?
No fundo, nenhum. Permita-me que me expresse de forma ampla e com clareza? Eu não
aguardo o "futuro" como aquele grande mascarão da catedral de Friburgo, que apresenta uma
idosa monja mostrando seu último dente para dar a entender que ainda estaria em tempo de se
casar. Eu já escolhi [...] sou padre. Não me lamento desta escolha”. (p.78)
1.Onde estamos?
“Nos dias de hoje, [...] fé se tornou uma opção subjetiva, fruto de um descobrimento e decisão
pessoal. [...] Essa situação de secularização, indiferença e desconfiança está presente sobretudo
no mundo ocidental”. (p.83)
[...] “o que se percebe é que existe um grupo considerável de jovens que desejam aprofundar
a dimensão a espiritualidade para encontrar o equilíbrio e a harmonia pessoal neste mundo
frenético, fragmentado e em rápida transformação”. (p.84)
“A dimensão religiosa tem a tendência a ser deixada para o âmbito do privado e a ser absorvida
na lógica da satisfação das necessidades individuais. [...] uma religião de consolação e não de
responsabilidade”. (p.84)
“Trata-se de uma religiosidade não institucional, mas privada, com a presença de crenças
heterogêneas e às vezes formalmente incompatíveis. [...] cada opção logo é abandonada
quando surge o momento de assumir um compromisso, diante da comunidade ou diante da fé
em seu cotidiano”. (p.84)
“Uma religiosidade, ademais, desvinculada da ética, [...] nos dias de hoje se relaciona com a
estética e o espírito de convivência e de comunhão[...] é urgente renovar a proposta religiosa
das Igrejas: superar uma racionalidade instrumental, desenvolver a dimensão estética e mística
da fé, romper com uma burocratização alienante, promovendo a dimensão da comunidade e do
encontro pessoal, enfrentar a ausência de coração e de experiência com maior desenvolvimento
da linguagem simbólica e afetiva, e maior presença de experiências de vida partilhada”. (p.84)
1.2 Os jovens e a fé
“O jovem está sempre aberto à fé porque está aberto ao futuro, à busca de sua própria
identidade, à vida e aos valores”. (p.85)
[...] “necessitam que alguém, em nome de Jesus, desperte neles o desejo profundo de salvação
e de felicidade que se oculta nas expectativas imediatas de prazer”. (p.86)
Entre as dificuldades dos jovens para viver uma experiência de fé e fazer a opção pela vida
cristã, podemos destacar:”. (p.86)
“um estilo de vida que entorpece ou cega o desejo profundo de sentido, de verdade, de
Deus”. (p.86)
“apresentada pela Igreja e pelas comunidades cristãs, uma forma de viver a fé muito
distante de como os jovens veem e vivem a realidade: certa ruptura cultural”. (p.86-87 )
2.Pela educação da fé
[...] “aqueles que desejam comprometer-se na educação da fé devem se aproximar dos jovens
usando a Palavra de Deus e sua pedagogia”. (p.87)
“A vocação dos primeiros discípulos de Jesus, de acordo com o quarto Evangelho, começa
com a indicação feita por João Batista, que aponta Jesus para seus discípulos; eles o seguem e
lhe perguntam: "Onde moras?". (cf Jo 1,35-42)”. (p.88)
“O encontro de Jesus com Nicodemos (cf Jo 3,1- 21) ou com a samaritana (cf Jo 4,5-42)”.
(p.88)
“A conversão de Paulo, pelo contrário, se realiza diretamente, com uma intervenção de Deus
no momento exato em que ele perseguia a Igreja. (cf Gl 1,13-24; F13,3-9; At 9,1-20) ”.
(p.88)
“Outra modalidade de aceitação é aquela do jovem que se aproxima e pergunta sobre o que
deve fazer para conseguir a vida eterna (cf Mc 10,17-23)”. (p.89)
“Outra cena que ilumina muito é o caminho de fé dos discípulos de Emaús, desencantados
diante da não realização de suas esperanças — destruídas pela morte de Jesus na cruz — e que
chegam de novo à fé ao encontrar um peregrino (cf Lc 24,13-35). [...] nos recorda os elementos
básicos da experiência de fé: a Palavra que ilumina e aquece, o Sacramento que alimenta e
reforça, o Testemunho que torna evangelizadores, a Comunidade que nasce da fé comum”.
(p.89)
Tipo de Fichamento – Fichamento de Citação
Biblioteca onde se encontra a Obra - Na pasta fichamentos salesianos no notebook
Assunto: IV - Chegar à fé -Os caminhos da fé para os jovens de hoje Ficha nº 18
2.2 Caminhos paradigmáticos de acesso pessoal à fé
“Na tradição bíblica, o protótipo do crente tem sido Abraão, aquele que é chamado, com razão,
de "pai da fé" ou "pai dos crentes", primeiro porque com ele começa a história da salvação e
depois porque ele encarna a abertura mais humana ao plano de Deus”. (p.90)
“Maria como modelo de crente. Assim aparece desde o primeiro momento no Evangelho de
Lucas, que no relato da Anunciação a apresenta aberta de modo incondicional à vontade de
Deus, ainda que essa vontade não coincidisse com seu projeto pessoal e ainda que a
compreendesse inteiramente (cf. Lc 1,26-38; 2,19.50.51)”. (p.90)
“Apesar de tudo, aquele que aperfeiçoa e é também o autor da nossa fé. [...]Acredito que, na
Sagrada Escritura, o caminho privilegiado para chegar à fé é o encontro pessoal com Deus,
simplesmente porque — como dizia um grande teólogo — a única coisa digna de fé é o Amor”.
(p.90)
“Existem, [...] encontros, [...] que podem constituir também caminhos para chegar à f, [...]por
exemplo, na participação dos discípulos nas bodas de Caná, onde a fé de Maria é causa da sua
fé; [...]o encontro de Jesus com a Samaritana, que provoca sua confissão de fé e a conversão
dos samaritanos em virtude do testemunho da mulher. Também no diálogo de Maria com Jesus
depois da morte de Lázaro, em que aparece a profissão de fé de Marta: "Sim, Senhor, eu creio
firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que deve vir ao mundo" (Jo 11,27)”.
(p.91)
“Uma pessoa que vive o compromisso diário, [...]competência, como resposta de amor ao
Senhor e de serviço ao próximo”. (p.95)
“Uma pessoa que sente e participa das grandes aspirações e perspectivas da humanidade e da
Igreja”. (p.95)
“Uma das pobrezas do nosso tempo é a incerteza e a suspeita dos ideais: ficamos contentes e
confiantes somente com projetos mínimos, de pouca perspectiva, pensamos somente nos fatos
imediatos e ordinários, excluindo a priori as ilusões, os sonhos de novos caminhos planetários”.
(p.95)
“Santidade significa seguir Jesus com todo o coração e com toda a vida. [...] A santidade cristã
é um dom, [...] deixar-se amar por Deus, entregar-se a Ele e segui-lo com toda a vida e com
todo o coração[...]não é medida pelo esforço para a perfeição moral, mas pela grandeza do
coração que ama e se entrega totalmente por amor. [...] Somente assim é possível superar uma
concepção da santidade destinada à elite de privilegiados, excluindo quase de princípio os mais
pobres e afastados”. (p.96)
“Evidentemente que a crença nisto nos compromete, como aconteceu com Dom Bosco, que
procurou um caminho educativo e pedagógico que abrisse aos jovens o encontro com Jesus,
que os animasse a entregar o coração a ele, que os acompanhasse no desenvolvimento da suas
próprias qualidades e recursos: um caminho de vida cristã apta para eles até a santidade”. (p.97)
“Mesmo que se sentir Igreja possa trazer certo incômodo e problemas ao jovem, [...] devemos
reivindicar a comunidade cristã como o lugar e instrumento para aprender a viver hoje como
jovem cristão. Ninguém, hoje em dia, sobretudo nenhum jovem, pode viver sozinho como
cristão”. (p.98)
Tipo de Fichamento – Fichamento de Citação
Biblioteca onde se encontra a Obra - Na pasta fichamentos salesianos no notebook
Assunto: IV - Chegar à fé -Os caminhos da fé para os jovens de hoje Ficha nº 20
“Os jovens que fazem um caminho de fé buscam grupos e comunidades com clara identidade
cristã. [...] Contudo, ao mesmo tempo, grupos e comunidades abertas, dialogantes que saibam
acolher os questionamentos”. (p.98)
“Um desafio importante para a Pastoral Juvenil é o de encontrar caminhos de sinergia entre os
jovens e a Igreja, entre a cultura juvenil e a riqueza da tradição da Igreja de Jesus; encontrar
caminhos que levem a uma convergência e aproximação cada vez mais cordial e fecunda”.
(p.98)
“Na mensagem aos jovens do Movimento Juvenil Salesiano do dia 31 de janeiro de 2005,
apresentei alguns passos desse caminho pedagógico: primeiro viver nas comunidades e grupos
juvenis a paixão de Deus que reúne a Igreja em Cristo por meio do Espírito Santo, a
fraternidade entre todos os batizados, o impulso missionário e evangelizador, a vontade de
serviço à sociedade, a prioridade para com os pobres”. (p.99-100)
“É preciso cuidar também dos pequenos sinais da Igreja vividos no cotidiano: o sinal da
acolhida cordial e evangelizadora,[...] o sinal da qualidade humana e cristã dos pequenos
serviços de assistência [...]o sinal da abertura sincera e criativa aos companheiros de trabalho”.
(p.100)
“Jovens e adultos precisam partilhar do mesmo conhecimento sobre a Igreja, superando uma
imagem parcial da mesma, transmitida pelo ambiente ou por uma catequese e formação cristã
superficial e ocasional”. (p.100-101)
“[...] devemos enriquecer esse modelo educativo com a convicção do valor profundamente
humanizador da fé cristã e logo realizar o anúncio explícito, sem esperar uma situação ideal
porque ela nunca chegará”. (p.102)
“Hoje a Igreja se sente obrigada a realizar uma Nova Evangelização[...] "Somente uma Igreja
Evangelizada é capaz de evangelizar”. A santidade de vida é a prova evidente de uma
evangelização madura. [...]A santidade é, falando de outro modo, "a chave do ardor renovado
da nova evangelização”. (p.107)
“Maria é, sem dúvida, a mais concreta: ela, "mulher de fé, foi plenamente evangelizada, a mais
perfeita discípula e evangelizadora. É o modelo de todos os discípulos pelo seu testemunho de
oração, de escuta da Palavra de Deus e disponível serviço ao Reino de Deus até a cruz”. (p.108)
“A devoção à Mãe de Deus é característica de todo filho bem nascido de Deus”. (p.109)
“Maria é cheia de graça porque Deus a fez assim, e não porque nós, de forma generosa,
atribuímos graça a ela”. (p.110)
“Sendo coerente, podemos dizer que a única forma de contemplar Maria e de amá-la com
justiça é o modo como Deus a contemplou e a amou. [...] Somente a imagem evangélica de
Maria nos dá a garantia de encontrar a ideia que Deus tinha dela”. (p.111)
“Isso tem um grande valor: o Evangelho é, antes de tudo, revelação de Deus, também nos
episódios nos quais Maria está presente e adquire certo protagonismo. Tudo que a tradição
evangélica recorda como êxito mariano serve sempre para a manifestação divina: é Palavra de
Deus”. (p.111)
“A história evangélica de Maria vale não pelo que se fala dela, mas pelo que Deus nos revela
sobre ela; na versão evangélica de Maria se reflete o rosto autêntico do Deus vivo. A Maria do
Evangelho é, neste sentido, ícone do nosso Deus: o que Deus foi para Maria continua querendo
ser para nós”. (p.110)
“Com Maria, em primeiro lugar, sentimo-nos profundamente agradecidos por tanta obediência
que ela prestou a Deus e pelo tanto que conquistou para nós: tornar Deus homem, converter o
nosso Deus em um de nós”. (p.112-113)
[...] “Deus necessitava de alguém que acreditasse nele; [...] revelando a Maria sua vontade,
encontrou o que buscava: alguém que lhe deu atenção e lhe prestou obediência”. (p.113)
“O Deus de Maria continua hoje mantendo planos de salvação; segue hoje na busca de crentes
atentos à sua Palavra e dispostos a acolhê-la nas suas vidas”. (p.113)
“A nossa admiração por Maria deveria, pois, aumentar nossa admiração por Deus; o fervor tão
sincero que sentimos por ela teria de aumentar nosso fervor por Deus, que a fez tão grande. Se
Maria deve sua graça a Deus”. (p.114)
[...] “aprenderemos a estimar Maria pelas mesmas razões que Deus a estimou; e melhor ainda,
poderemos começar a imitá-la na escuta de Deus, que é a causa da sua bem-aventurança”.
(p.114)
“No diálogo que Maria teve com Deus, na relação que viveu com seu Filho, poderemos
identificar o que Deus pede a cada um de nós [...]com palavras de João Paulo II, "nestas
reflexões quero fazer referência, sobretudo, àquela peregrinação da fé que a Santíssima Virgem
avançou" (Rm 5; LG 58) recordar as etapas da sua viagem de fé hoje pode contribuir para
colocar em ordem a nossa vida”. (p.115)
Eis as etapas:
“Nazaré (Lc 1,26-38): a própria vocação, encontro com um Deus salvador”. (p.115)
“Belém (Lc, 2,1-20) Jerusalém (Lc 2,21-40): a contemplação, ver o coração das coisas
com os olhos do coração”. (p.116)
Tipo de Fichamento – Fichamento de Citação
Biblioteca onde se encontra a Obra - Na pasta fichamentos salesianos no notebook
Assunto: IV - Maria, Palavra de Deus Ficha nº 23
“Caná (Jn 2,1-11) — Jerusalém (]n 19,25-29): com Maria são possíveis a fé e a
fidelidade”. (p.117)
“Jerusalém (Atos 1,14): Maria, por fim, entre apóstolos que rezam”. (p.117)
“A "história" evangélica de Maria vale não por aquilo que se conta sobre ela, mas por aquilo
que de Deus se revela; na versão evangélica de Maria se reflete o rosto autêntico do Deus vivo.
A Maria do Evangelho é, neste sentido, ícone do nosso Deus: o que Deus foi para Maria segue
querendo ser para cada um de nós”. (p.117)