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CATEQUESE I ─ Infância (1ª etapa)

I – INTRODUÇÃO: APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.»


«Não tenhais medo. Isto não é fazer proselitismo, é anunciar o Evangelho que nos desafia.
Nesta imagem tão bela de Jesus – ser pescadores de homens –, Jesus confia aos discípulos a
missão de se fazerem ao largo no mar do mundo.

Muitas vezes, na Sagrada Escritura, o mar simboliza o lugar do mal e das forças adversas que os
homens não conseguem dominar. Por isso pescar as pessoas e tirá-las para fora da água
significa ajudá-las a voltar a subir de onde afundaram, salvá-las do mal que ameaça afogá-las,
ressuscitá-las de todas as formas de morte. Isto, porém, sem proselitismo, mas com amor. […]

Com efeito, o Evangelho é um anúncio de vida no mar da morte, de liberdade nas voragens da
escravidão, de luz no abismo das trevas. Como afirma Santo Ambrósio, «os instrumentos da
pesca apostólica são como as redes: de facto, as redes não fazem morrer quem fica preso
nelas, mas conserva-o em vida, arrasta-o dos abismos para a luz» (Exp. Lc. IV, 68-79).

Não faltam trevas na sociedade atual, inclusive aqui em Portugal... por toda a parte! Fica-se
com a sensação de que terá diminuído o entusiasmo, a coragem de sonhar, a força para
enfrentar os desafios, a confiança no futuro; entretanto, vamos navegando nas incertezas, na
precariedade – sobretudo económica – na pobreza de amizade social, na falta de esperança.

A nós, como Igreja, cabe a tarefa de nos fazermos ao largo nas águas deste mar, lançando a
rede do Evangelho, sem apontar, sem acusar ninguém, mas levando às pessoas do nosso
tempo uma proposta de vida, a de Jesus: levar o acolhimento do Evangelho, convidar para a
festa uma sociedade multicultural; levar a proximidade do Pai às situações de precariedade, de
pobreza, que crescem sobretudo entre os jovens; levar o amor de Cristo onde é frágil a família
e se encontram feridas as relações; transmitir a alegria do Espírito onde reinam o desânimo e o
fatalismo.

Assim se exprime um escritor vosso: «Para se chegar ao infinito, e julgo que se pode lá chegar,
é preciso termos um porto, um só, firme, e partir dali para Indefinido» (F. Pessoa, Livro do
Desassossego, Lisboa 1998, 247). Queremos sonhar a Igreja Portuguesa como um «porto
seguro» para quem enfrenta as travessias, os naufrágios e as tempestades da vida.» (Papa
Francisco, Lisboa, Jerónimos, 02/08/2023)

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2. A vida como vocação

a. O chamamento é uma iniciativa de Deus que precisamos de aprender a escutar. O


chamamento é um caminho aberto por construir, a partir dos apelos de Deus e das respostas
livres e progressivas daquele que é chamado. Deus não tem tudo predeterminado, como se
quem é chamado apenas tivesse de descobrir e acertar (ou errar). O plano de Deus deixa
espaço para ser preenchido com as diferentes decisões de quem é chamado.

b. O chamamento é uma aliança de bem, de vida e de amor. A iniciativa de Deus espera e


convoca a uma resposta consciente e decidida, em aliança. Quem responde precisa também de
chamar por Deus, invocá-Lo numa relação de amizade e confiança para construir em sintonia e
dar frutos de vida e de bem.

c. O chamamento é uma “gravidez”. Precisa de “pai e mãe”, que se manifestam nos apelos
semeados por Deus no coração de alguém e na configuração trabalhada pela Igreja na
personalidade daquele que quer responder. Quando ambos os dinamismos se harmonizam
numa resposta, então nasce uma vocação. Antes há indícios ou sementes que podem vir a
confirmar-se, ou até acabar por apontar para outra vocação.

d. Responder SIM é a realização da liberdade. A possibilidade de escolha é uma dimensão


necessária para uma vocação em liberdade. Mas não chega, se não for libertada do medo ou
da ilusão de que possa haver maior felicidade numa alternativa que não esteja assente na
solidez da autoria de Deus. É preciso libertar a liberdade para que ela possa decidir as várias
possibilidades em sintonia com o Autor da vida. Dizer não a Deus é construir sobre a areia. A
sabedoria é aprender a querer com Deus, o que Deus quer.

3. A vocação sacerdotal

a. Há uma vocação cristã fundamental e universal – a santidade ou filiação batismal.

b. A vocação batismal aprofunda-se por meio da Graça e de carismas adequados a diferentes


vocações. Algumas são vividas no mundo através de uma vida familiar e profissional,
contribuindo para a construção do Reino de Deus através de formas muito diversas. Outras
vocações passam pela consagração numa ordem ou congregação religiosa. Outras ainda são
mesmo configuradas pela Graça de um novo sacramento (Ordem e Matrimónio), para
tornarem presente alguma dimensão específica do mistério de Cristo: no caso do sacerdócio
ministerial, o padre torna visível a condição de Jesus como Cabeça-Servo e Pastor-Esposo (não
é um simples serviço funcional comunitário, mas um ministério sacramental). No matrimónio a
união dos esposos (amor e missão) torna visível a aliança de Cristo com a Igreja.

c. A vocação ao ministério sacerdotal é uma forma específica de pescar Homens, “pescar as


pessoas e tirá-las para fora da água significa ajudá-las a voltar a subir de onde afundaram,
salvá--las do mal que ameaça afogá-las, ressuscitá-las de todas as formas de morte.” Que se
concretiza por meio da pregação, do acompanhamento espiritual, a guia comunitária, a
administração dos sacramentos, a animação da caridade e da participação de cada um.

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4. Os Seminários

a. São fraternidades geradas na fé, que alargam para a capacidade de amar os diferentes,
aceitando como próximos aqueles que a vida cruza e junta e não apenas os que cada um
escolhe.

b. São lugares de profundidade espiritual-pascal, capazes de preparar para edificar


comunidades cristãs que sejam portos seguros, de densidade e profundidade, no meio dos
ritmos acelerados e das feridas e procura das pessoas do nosso tempo.

c. São comunidades simultaneamente de recolhimento e de envio missionário a outras


comunidades, partilhando as angústias e esperanças do mundo de hoje e procurando
caminhos a partir da escuta e acolhimento dos apelos de Deus.

OBJETIVOS

- Perceber que há uma vocação fundamental para todos os discípulos de Jesus, que resulta do
Batismo: todos somos membros do Povo de Deus, chamados a seguir Jesus e a integrar a
comunidade do Reino de Deus.

- Conhecer a vocação daqueles que são chamados a servirem o Povo de Deus como sacerdotes.

– Interrogar-se sobre o seu próprio papel e as tarefas que é chamado(a) a assumir no mundo e
na comunidade cristã.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS

1. Nesta catequese procurar-se-á despertar a vocação eclesial das crianças. Esta tarefa será
facilitada se as comunidades de fé aceitarem a integração das crianças na realização de várias
tarefas e serviços da comunidade: tarefas simples, que permitam alguma autonomia e que as
crianças sintam interesse em fazer.

2. Se esse interesse não for correspondido em acolhimento e oportunidade de participar,


dificilmente as crianças voltarão a estar tão disponíveis. Um desafio essencial da Nova
Evangelização é o de mostrar às crianças e adolescentes que a Igreja os ama e os considera,
segundo as suas próprias palavras, «importantes».

3. Para o 1º Catecismo, como as crianças não sabem ler, não se justificam os dísticos que
poderão ser substituídos por imagens (apenas de cristãos numa igreja, bispo e sacerdote). A
oração será recitada pelo catequista e as crianças só dirão o Ámen.

4. O catequista procurará simplificar todo o desenvolvimento da catequese, de acordo com a


idade dos seus catequizandos.

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MATERIAIS

– Fotografia de alguém a ser batizado;

– Imagem do chamamento dos discípulos, junto do Lago.

– Dísticos: VOCAÇÃO, LEIGOS, RELIGIOSO/A, BISPOS, SACERDOTES, DIÁCONOS;

– O texto da oração, ou em pequenos cartões a distribuir pelos catequizandos, ou escrito com


letra bastante grande para afixar na altura de a rezar.

MÚSICA

– “Cristo Jesus, tu me chamaste”

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

Quando vamos à igreja para a catequese ou para a missa, encontramos pessoas que fazem
serviços diversos na nossa comunidade cristã… Encontramos o senhor Padre que preside e
anima esta família de fé da qual todos fazemos parte. Encontramos, também, os catequistas,
que orientam os encontros de catequese. Podemos, ainda, encontrar algumas pessoas a
enfeitar os altares da nossa igreja e, talvez, alguém que está a limpar os espaços onde a
comunidade se reúne. Depois, durante a missa, há aqueles que tocam e cantam, há os
“acólitos” que servem ao altar, há os leitores que proclamam a Palavra de Deus que todos
escutamos com muita atenção, há os ministros extraordinários da comunhão que ajudam o
senhor padre a distribuir a comunhão à comunidade… E, se nos demorarmos na igreja, vamos
ainda encontrar outras pessoas com outros serviços: aqueles ou aquelas que procuram estar
atentos às necessidades dos mais pobres e preparam encomendas para os ajudar, aqueles ou
aquelas que lavam as toalhas dos altares, ou que guardam os objetos que foram usados na
missa (como, por exemplo, o cálice, a patena, as galhetas da água e do vinho…), aqueles ou
aquelas que contam as ofertas em dinheiro deixadas pelas pessoas da comunidade, ou que
guardam o dinheiro da comunidade par as despesas que têm de ser feitas…

Quem é que chama algumas pessoas para cantar no coro e para animar a celebração da missa?
Quem é que chama algumas pessoas para ler e proclamar à nossa comunidade cristã a Palavra
de Deus? Quem é que me chamou a mim para vos dar catequese? Ou seja: Quem é que tem
feito com que surjam as pessoas necessárias para prestar determinados serviços à nossa
comunidade cristã? É sobre isto que vamos conversar nesta catequese de hoje.

II. PALAVRA DE DEUS

Em primeiro lugar podemos começar por perceber o que une todas estas pessoas.

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Todas são pessoas que foram batizadas. (Colocar no placard uma fotografia de alguém a ser
batizado). Uns foram batizados há mais tempo outros há menos tempo, mas no dia do Batismo
passamos a fazer parte do Povo de Deus, passamos a pertencer à comunidade dos discípulos
de Jesus. Dizemos até que essa é a vocação de todos os batizados. Mas o que quer dizer
vocação? (Deixar que as crianças se expressem). Significa “aquilo a que somos chamados por
Deus”. (Colocar no placard o dístico “Vocação”).

Nós também fomos batizados e isso quer dizer que também somos chamados a pertencer à
comunidade dos discípulos de Jesus por isso também temos uma vocação.

Vamos descobrir como é que Jesus chamou os primeiros que pertenceram à sua comunidade.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 5, 2-6.10b)

Jesus viu dois barcos que se encontravam junto do lago. Os pescadores tinham descido deles
e lavavam as redes. Entrou num dos barcos, que era de Simão, pediu-lhe que se afastasse um
pouco da terra e, sentando-se, dali se pôs a ensinar a multidão. Quando acabou de falar,
disse a Simão: «Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca.»

Simão respondeu: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos; mas,
porque Tu o dizes, lançarei as redes. Assim fizeram e apanharam uma grande quantidade de
peixe. (…) Jesus disse a Simão: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.»

Palavra da salvação.

R.: Glória a Vós, Senhor.

Silêncio

Afixar a imagem do chamamento dos primeiros discípulos

Diálogo cm os catequizandos:

O que quer dizer seguir Jesus?

Aqueles pescadores deixaram tudo para seguir Jesus e se tornarem “pescadores de homens”. O
que será ser “pescador de homens”?

Estes pescadores de homens são todas as pessoas que fazem parte da comunidade dos
discípulos de Jesus e que estão ao serviço da Igreja conforme já fomos falando.

Na nossa comunidade há pessoas que têm vidas diferentes e que desempenham funções
diferentes. A maior parte das pessoas adultas são casadas: dedicam-se à família, têm as suas
profissões. São os cristãos e cristãs leigos.

Depois há leigos que não se casam, vivem o Evangelho nas suas profissões e na sua vida e
ajudam os outros a conhecer Jesus. E há ainda, aqueles que não se casam, mas que pertencem
a comunidades religiosas e que se dedicam ao serviço de Deus. São aqueles que chamamos
religiosos ou religiosas, são os frades e as freiras.

Há ainda os sucessores dos apóstolos, os Bispos e a sua missão é dirigir a Igreja, pregar e
ensinar a Palavra de Deus e ajudar o Povo de Deus a ser cada vez mais santo.

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Temos também os sacerdotes, que colaboram com os Bispos, por exemplo, na nossa paróquia
é o Senhor Padre N. Os padres não se casam e dedicam-se a tempo inteiro a Deus e à animação
da comunidade cristã.

Finalmente, temos os diáconos que trabalham com os Bispos e sacerdotes, ao serviço das
comunidades. Aqui na nossa paróquia temos o Sr. Diácono N.

Se for oportuno podemos ilustrar cada um destes momentos colocando no placard os dísticos
com a menção a cada uma destas vocações “LEIGOS”, “RELIGIOSO/A”, “BISPOS”, “SACERDOTES”
e “DIÁCONOS”.

Os homens e mulheres batizados são chamados a fazer parte dos discípulos de Jesus de formas
diversas e a executar tarefas dentro da comunidade cristã, conforme as diferentes “vocações”.

Uns são chamados a constituir famílias, outros a viverem mais dedicados a Deus.

O nosso papel na igreja, pode ser mais dedicado como o dos padres e freiras, ou outro, como
ser catequista, leitor, acólito. Mas foi Deus que nos chamou e convidou a assumir essas tarefas,
em benefício de toda a comunidade cristã; É o Espírito Santo que dá às pessoas a força para
que aceitem e desempenhem essas tarefas.

Então deem lá exemplos de pessoas que conhecem e que foram chamadas a servir na nossa
comunidade? (Deixar que as crianças se expressem até conduzir ao nome do próprio catequista
que também é exemplo deste serviço).

O catequista pode dar um pequeno testemunho do seu chamamento

Cada um de nós deve perceber a que é que Deus o chama, devemos perceber qual o nosso
papel no mundo e na sociedade e o que Deus nos chama a fazer para bem da comunidade
cristã. Deus não fala com uma voz que se ouve, põe no nosso coração e pensamento o
chamamento, a vocação que tem para nós.

Pode acontecer que Deus chame algum dos rapazes a servir a Igreja como Padre, ou Frade, ou
Monge, ou Consagrado no mundo; ou das meninas como Freira, ou Monja, ou Consagrada no
mundo.

E também, Deus há-de chamar muitos a constituir família, a transformar o mundo, e todos nós
somos chamados a servir, ou como catequistas, acólitos, leitores, ou com outro serviço. O mais
importante não é a tarefa que desempenhamos pois todas são importantes, o mais importante
é escutar Deus e aceitar a “vocação” que Ele nos aponta.

III. EXPRESSÃO DE FÉ

É muito importante para nós sabermos que temos, cada um e cada uma, uma vocação. E isto é
verdade ao longo de toda a nossa vida. Mesmo enquanto crianças, já Deus nos chama a
desempenhar diferentes tarefas; e depois vai-nos mostrando como responder ao seu
chamamento. Os rapazes que Ele chama a serem padres, preparam-se para isso, a partir de
certa idade, em casas onde vivem em conjunto e são formados para poderem assumir essa
responsabilidade.

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Vamos ficar um bocadinho em silêncio e, no nosso coração, pedir a Deus que nos faça sempre
compreender aquilo a que Ele nos chama. (Silêncio).

E agora, todos juntos, vamos pedir-lhe que nos ajude sempre a descobrir e seguir a nossa
vocação.

Oração

Senhor, nós Te agradecemos por chamares cada um e cada uma de nós a desempenhar uma
tarefa na grande família que é a Igreja, à qual pertencemos desde o nosso Batismo. Ajuda-nos a
dar muita atenção ao Teu chamamento e dá-nos um coração pronto para lhe corresponder. Por
Jesus Cristo, Teu Filho que contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo. Ámen.

Para terminar, podemos cantar: “Cristo Jesus, tu me chamaste”

Para guardar na memória e no coração


Deus tem uma vocação para cada um e cada uma de nós. Temos de dar atenção ao
que Ele nos chama a fazer, agora e no futuro, e procurar corresponder ao seu
chamamento.

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