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TEMÁRIO

MOTE:

«Enfim a terceira opção: tornar-se pescadores de homens. Não tenhais medo. Isto não é fazer
proselitismo, é anunciar o Evangelho que nos desafia. Nesta imagem tão bela de Jesus – ser
pescadores de homens –, Jesus confia aos discípulos a missão de se fazerem ao largo no mar
do mundo. Muitas vezes, na Sagrada Escritura, o mar simboliza o lugar do mal e das forças
adversas que os homens não conseguem dominar. Por isso pescar as pessoas e tirá-las para
fora da água significa ajudá-las a voltar a subir de onde afundaram, salvá-las do mal que
ameaça afogá-las, ressuscitá-las de todas as formas de morte. Isto, porém, sem proselitismo,
mas com amor. […] Com efeito, o Evangelho é um anúncio de vida no mar da morte, de
liberdade nas voragens da escravidão, de luz no abismo das trevas. Como afirma Santo
Ambrósio, «os instrumentos da pesca apostólica são como as redes: de facto, as redes não
fazem morrer quem fica preso nelas, mas conserva-o em vida, arrasta-o dos abismos para a
luz» (Exp. Luc. IV, 68-79). Não faltam trevas na sociedade atual, inclusive aqui em Portugal...
por toda a parte! Fica-se com a sensação de que tenha diminuído o entusiasmo, a coragem de
sonhar, a força para enfrentar os desafios, a confiança no futuro; entretanto, vamos
navegando nas incertezas, na precariedade sobretudo económica, na pobreza de amizade
social, na falta de esperança. A nós, como Igreja, cabe a tarefa de nos fazermos ao largo nas
águas deste mar, lançando a rede do Evangelho, sem apontar, sem acusar ninguém, mas
levando às pessoas do nosso tempo uma proposta de vida, a de Jesus: levar o acolhimento do
Evangelho, convidar para a festa uma sociedade multicultural; levar a proximidade do Pai às
situações de precariedade, de pobreza, que crescem sobretudo entre os jovens; levar o amor de
Cristo onde é frágil a família e se encontram feridas as relações; transmitir a alegria do Espírito
onde reinam o desânimo e o fatalismo. Assim se exprime um escritor vosso: «Para se chegar ao
infinito, e julgo que se pode lá chegar, é preciso termos um porto, um só, firme, e partir dali
para Indefinido» (F. Pessoa, Livro do Desassossego, Lisboa 1998, 247). Queremos sonhar a
Igreja Portuguesa como um «porto seguro» para quem enfrenta as travessias, os naufrágios e
as tempestades da vida.» (Papa Francisco, Jerónimos, 02/08/2023)

Pistas catequeses e vigília:

I. Sobre a vida como vocação


a. O chamamento é uma iniciativa de Deus que precisa de ser aprendida a escutar. O
chamamento é um caminho aberto por construir, a partir dos apelos de Deus e das
respostas livres e progressivas do chamado. Deus não tem tudo predeterminado, como
se o chamado apenas tivesse de descobrir e acertar (ou errar). O plano de Deus deixa
espaço para ser preenchido com as diferentes decisões de quem é chamado.

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b. O chamamento é uma aliança de bem, de vida e de amor. A iniciativa de Deus espera e
convoca a uma resposta consciente e decidida, em aliança. Quem responde precisa
também de chamar por Deus, invocá-Lo numa relação de amizade e confiança para
construir em sintonia e dar frutos de vida e de bem.
c. O chamamento é uma “gravidez”. Precisa de pai e mãe. Que se manifestam nos apelos
semeados por Deus no coração de alguém e na configuração trabalhada pela Igreja na
personalidade daquele que quer responder. Quando ambos os dinamismos se
harmonizam numa resposta, então nasce uma vocação. Antes há indícios ou sementes
que podem vir a confirmar-se, ou até acabar por apontar para outra vocação.
d. Responder SIM é a realização da liberdade. A possibilidade de escolha é uma dimensão
necessária para uma vocação em liberdade. Mas não chega, se não for libertada do
medo ou da ilusão de que possa haver maior felicidade numa alternativa que não
esteja assente na solidez da autoria de Deus. É preciso libertar a liberdade para que ela
possa decidir as várias possibilidades em sintonia com o Autor da vida. Dizer não a
Deus é construir sobre a areia. A sabedoria é aprender a querer com Deus, o que Deus
quer.

II. Sobre a vocação sacerdotal.


a. Há uma vocação cristã fundamental e universal – a santidade ou filiação batismal – que
se aprofunda em duas grandes dinâmicas vocacionais: 1) a “imitação” de Cristo nos
vários caminhos vocacionais de santificação pessoal, que abre para o cuidado dos
outros e do Reino – vocações de “sequela Christi”; 2) a participação com Cristo no
cuidado das várias necessidade dos outros e do Reino, que abre para a “imitação” de
Cristo e a santificação pessoal – vocações ministeriais (o sacerdócio ministerial
pertence a esta; não assenta no desejo pessoal de ser padre, mas na capacitação por
Deus através da comunidade eclesial para assumir as necessidades do ministério
pastoral).
b. A vocação batismal aprofunda-se por meio da Graça e de carismas adequados a
diferentes vocações. Algumas são mesmo configuradas pela Graça de um novo
sacramento (Ordem e Matrimónio), para tornarem presente alguma dimensão
específica do mistério de Cristo: no caso do sacerdócio ministerial, o padre torna visível
a condição de Jesus como Cabeça-Servo e Pastor-Esposo (não é um simples serviço
funcional comunitário, mas um ministério sacramental). [no matrimónio a união dos
esposos (amor e missão) torna visível a aliança de Cristo com a Igreja].
c. A vocação ao ministério sacerdotal é uma forma específica de pescar Homens: “pescar
as pessoas e tirá-las para fora da água significa ajudá-las a voltar a subir de onde
afundaram, salvá-las do mal que ameaça afogá-las, ressuscitá-las de todas as formas
de morte.” Que se concretiza por meio da pregação, do acompanhamento espiritual, da
guia comunitária, da administração dos sacramentos, da promoção da comunhão e
participação de todos e da animação da caridade.

III. Sobre os Seminários

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a. São fraternidades geradas na fé, que alargam para a capacidade de amar os diferentes,
aceitando como próximos aqueles que a vida cruza e junta e não apenas os que cada
um escolhe.
b. São lugares de profundidade espiritual-pascal, capazes de preparar para edificar
comunidades cristãs que sejam portos seguros, de densidade e profundidade, no meio
dos ritmos acelerados e das feridas e procuras das pessoas do nosso tempo.
c. São comunidades simultaneamente de recolhimento e de envio missionário a outras
comunidades, partilhando as angústias e esperanças do mundo de hoje e procurando
caminhos a partir da escuta e acolhimento dos apelos de Deus.

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