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TESTES DE AVALIAÇÃO

TESTE DE AVALIAÇÃO 3

GRUPO I
A. Lê o texto que se segue e responde às questões.

Ao anoitecer, Simão, como estivesse sozinho, escreveu uma longa carta, da qual extratamos os
seguintes períodos:
“Considero-te perdida, Teresa. O sol de amanhã pode ser que eu o não veja. Tudo, em volta de
mim, tem uma cor de morte. Parece que o frio da minha sepultura me está passando o sangue e os
5 ossos.
Não posso ser o que tu querias que eu fosse. A minha paixão não se conforma com a desgraça.
Eras a minha vida: tinha a certeza de que as contrariedades não me privavam de ti. Só o receio de
perder-te me mata. O que me resta do passado é a coragem de ir buscar uma morte digna de mim e
de ti. Se tens força para uma agonia lenta, eu não posso com ela.
10 Poderia viver com a paixão infeliz; mas este rancor sem vingança é um inferno. Não hei de dar
barata a vida, não. Ficarás sem mim, Teresa; mas não haverá aí um infame que te persiga depois da
minha morte. Tenho ciúmes de todas as tuas horas. Hás de pensar com muita saudade no teu
esposo do céu, e nunca tirarás de mim os olhos da tua alma para veres ao pé de ti o miserável que
nos matou a realidade de tantas esperanças formosas.
15 Tu verás esta carta quando eu já estiver num outro mundo, esperando as orações das tuas
lágrimas. As orações! Admiro-me desta faísca de fé que me alumia nas minhas trevas!... Tu deras-me
com o amor a religião, Teresa. Ainda creio; não se apaga a luz que é tua; mas a providência divina
desamparou-me.
Lembra-te de mim. Vive para explicares ao mundo, com a tua lealdade a uma sombra, a razão por
20 que me atraíste a um abismo. Escutarás com glória a voz do mundo, dizendo que eras digna de mim.
À hora em que leres esta carta…”
Não o deixaram continuar as lágrimas, nem depois a presença de Mariana. Vinha ela pôr a mesa
para a ceia, e, quando desdobrava a toalha, disse em voz abafada, como se a si mesma somente o
dissesse:
20 – É a última vez que ponho a mesa ao senhor Simão em minha casa!
– Porque diz isso, Mariana?
– Porque mo diz o coração.
Desta vez, o académico ponderou supersticiosamente os ditames do coração da moça, com o
silêncio meditativo deu-lhe a ela a evidência antecipada do vaticínio.
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, Lisboa: INCM, 2012 [Cap. X], pp.104-105.

1. A partir de expressões do texto, apresenta duas características da personagem Simão reveladoras dos valores
que norteiam a sua conduta.

2. “Hás de pensar com muita saudade no teu esposo do céu”. Caracteriza o conceito de amor que esta expressão
pressupõe.

3. Explicita como a presença de Mariana se vai tornando, no decorrer da ação, fator condicionante da vida de
Simão.

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4. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Regista
apenas a letra e o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Esta carta escrita por Simão, que _a)_, é reveladora de um ser emotivo, que centra o seu discurso em si próprio.
Assim, o uso de formas verbais na 1.ª pessoa do singular bem como a recorrente repetição de pronomes pessoais
traduzem um estado de espírito perturbado pelo _b)_, que se move pelo seu amor por Teresa. Pressente-se que esta
decisão de agir em nome de um _c)_vai conduzir Simão a uma desgraça, vai levá-lo à sua perdição.

a) b) c)
1. comunica as suas indecisões 1. desejo de vingança 1. ímpeto

2. procura persuadir Teresa 2. desejo de resgatar Teresa 2. ato revolucionário

3. autojustifica os seus atos 3. desejo de fugir à justiça 3. amor-paixão

B.

5. Escreve uma exposição de 100 a 200 palavras na qual mostres de que forma Simão Botelho protagoniza o ideal de
herói romântico.

A tua exposição deve incluir:

• uma introdução ao tema;


• um desenvolvimento no qual refiras três características do herói romântico visíveis em Simão Botelho;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II
Lê o texto e seleciona a única opção correta.

10 de junho de 2021
Portugueses,
Viver este 10 de Junho de 2021 no Funchal, na Madeira, é uma experiência singular.
No meio do Atlântico.
5 Numa terra feita por tantas e tantos que aqui chegaram e aqui viveram, ou vivem, desde há
seiscentos anos.
Onde tantas ou tantos aqui regressam, em busca do horizonte de vida que lhes faltou onde se
fixaram, elas e eles ou seus antepassados.
No fim, ou quase no fim, de uma pandemia tão longa e dolorosa.
10 Isto é o 10 de Junho de 2021.
Isto é o Funchal.
Isto é a Madeira – Madeira, Porto Santo, Ilhas Desertas e Ilhas Selvagens.
Isto é Portugal.
O Atlântico – os Oceanos, o Mar, um desafio nosso do futuro, mais ainda do que do passado e do
15 presente.
Que faz crescer o nosso espaço físico.
Que faz crescer o nosso espaço geoestratégico.
Que faz crescer o nosso universalismo – Nação que somos o que somos por sermos universais.
(…)
20 Este 10 de Junho de 2021 é um dia apropriado para agradecermos aos nossos irmãos na

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nacionalidade, que por esse globo criam Portugais, para agradecermos a esses outros irmãos de
Humanidade, que nos são tão úteis para o que queremos pronto, mas não pelas nossas mãos, aquilo
que realizam em Portugal.
Portugueses,
25 Ainda mais aposta no Mar.
Ainda mais vontade de não desperdiçar um cêntimo que nos chegue à nossa Terra.
Ainda mais sentido nacional lembrando e apoiando os nossos compatriotas que vivem no nosso
território espiritual, na nossa alma, que é muito maior do que o nosso território físico.
Ainda mais sentido humano, a receber os nossos irmãos de nacionalidade, que nos chegam por
30 uns tempos regressados para partirem, bem como os não portugueses, uns e outros tantas vezes
esquecidos nesse mundo subterrâneo que serve à nossa vida e que fazemos de conta que não existe
ou existe pouco.
Resta uma palavra, nestes anos de pandemia.
Longos e dolorosos.
35 Para com os milhares e milhares e milhares de todos os portugueses que estiveram, mês a mês,
semana a semana, dia a dia, hora a hora, segundo a segundo, a cuidar de todos nós.
(…)
Homenagear esses heróis – tenho repetido – não é apenas condecorar, como eu fiz há um ano,
os primeiros no embate da pandemia. É condecorá-los a todos, recordando-os, agradecendo-lhes e
40 continuando a proporcionar-lhes no futuro, ainda mais recursos e condições para servirem a
comunidade nacional que somos todos nós.
É esse, tem de ser esse, o nosso propósito neste dia memorável.
Um dia tão diferente do 10 de Junho de 2020.
No 10 de Junho de 2020, éramos oito, oito, naquele Claustro do Mosteiro dos Jerónimos.
45 Saídos de uma vaga desejando que outras não viessem prolongar dor e adiamento.
Hoje, somos aqui, dezenas, centenas, milhares, ao longo destas avenidas, destas ruas, deste
Funchal, desta Madeira, deste Portugal, a querer dizer que a vida continua.
A nossa vida continua. A nossa vida recomeça. A nossa vida reconstrói-se, olhando para o futuro.
Fiéis a quase nove séculos de História, sempre sob o signo da eternidade.
https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2021/06/
intervencao-na-cerimonia-militar-comemorativa-do-dia-de-portugal-de-camoes-e-das-comunidades-portuguesas-2021/

1. O texto é um excerto de um discurso político porque apresenta

(A) um caráter meramente expositivo

(B) dimensão ética e social.

(C) pouca eficácia argumentativa.

(D) contra-argumentos fortes.

2. A repetição de palavras ou de expressões está ao serviço

(A) de um estilo individual.

(B) de um tema difícil de argumentar.

(C) de uma perspetiva banal.

(D) da persuasão e da eloquência.

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3. A expressão “criam Portugais” (l. 21) expressa o valor

(A) da portugalidade.

(B) da imigração portuguesa.

(C) dos países que acolhem os Portugueses.

(D) do território português.

4. A comparação entre o 10 de Junho de 2020 e o 10 de Junho de 2021 pretende

(A) louvar a melhoria da situação pandémica.

(B) homenagear todos os heróis portugueses.

(C) destacar a importância desta efeméride.

(D) desvalorizar a situação pandémica.

5. O segmento “É esse, tem de ser esse, o nosso propósito” (l. 42) expressa a modalidade

(A) epistémica com valor de certeza.

(B) apreciativa.

(C) deôntica com valor de obrigação.

(D) epistémica com valor de probabilidade.

6. Classifica a oração “que serve à nossa vida” (l. 31).

7. Indica a função sintática da expressão “de todos nós” (l. 36).

GRUPO III

“No espaço de três meses fez-se maravilhosa mudança nos costumes de Simão. (…) Simão Botelho
amava.”
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, cap. II.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre o poder transformador dos sentimentos.

No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

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