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Agrupamento de escolas de são joão da pesqueira

Literatura Portuguesa
Projeto Individual de Leitura (PIL)

Amor de perdição
De Camilo Castelo Branco

Trabalho de autoria de:


Rodrigo Balça Ribeiro
Nº18 10ºB
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Índice
1-Introdução................................................................................................................................3
2-O Autor.....................................................................................................................................3
2.1-Biobibliografia do autor.....................................................................................................3
2.1.1-Infância, Juventude, Vida amorosa.............................................................................3
2.1.2-Vida Académica...........................................................................................................4
2.1.3-Fase final da sua vida..................................................................................................5
2.1.4-Doença e morte...........................................................................................................6
2.2-Principais obras..................................................................................................................7
2.2.1-A Queda dum Anjo......................................................................................................7
2.2.2-A Brasileira de Prazins.................................................................................................7
2.2.3-Coração, Cabeça e Estômago......................................................................................7
.............................................................................................................................................8
2.2.4-Amor de salvação........................................................................................................8
3-A Obra.......................................................................................................................................8
3.1-Razão de Escolha................................................................................................................8
3.2-Modo, Género e corrente literária do livro........................................................................9
3.3-Resumo da Obra/ temática e Organização.........................................................................9
3.3.1-Resumo da Obra..........................................................................................................9
3.3.2-Temática e organização.............................................................................................13
3.4-Principais Episódios da obra.............................................................................................13
3.4.1-A fuga de Simão........................................................................................................14
3.4.2-A Prissão de Simão....................................................................................................14
3.4.3-O casamento forçado de teresa..............................................................................15
4-Características Estilísticas........................................................................................................15
4.1-Análise formal da obra e suas Características Estilíticas...................................................15
5-Apreciação Crítica...................................................................................................................17
6-Conclusão................................................................................................................................18

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1-Introdução

O Projeto Individual de Leitura é uma iniciativa valiosa para promover


a reflexão e a compreensão das grandes obras da literatura portuguesa. Neste
relatório em particular irei analisar uma das obras mais emblemáticas do
Romantismo português, Amor de perdição, escrita por Camilo Castelo Branco.
Através da minha própria experiência de leitura, irei analisar os aspectos
mais significativos desta obra, destacando suas características únicas,
importância histórica e literária, e os temas universais que ainda ressoam até os
dias de hoje. Com esta reflexão, espero não só compartilhar a minha
compreensão da obra, mas também inspirar outros a mergulhar nas ricas e
fascinantes páginas de Amor de perdição.

2-O Autor
2.1-Biobibliografia do autor
2.1.1-Infância, Juventude, Vida amorosa

Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa no dia 16 de março de 1825. Seu pai,
Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, era um homem de família modesta,
oriundo de uma pequena e recente burguesia trasmontana, no entanto a
identidade de sua mãe era desconhecida, provavelmente devido às origens
humildes da progenitora. Como resultado, Camilo foi registrado como filho de
mãe incógnita.

Infelizmente, a tragédia abateu-se sobre a vida de Camilo desde cedo. Aos dois
anos de idade, ele perdeu a mãe, e, pouco mais tarde, aos 10 anos, também
perdeu o pai. Então, por decisão do conselho de família, ele e sua irmã, Carolina,
foram morar em Vila Real, sob a guarda de sua tia paterna, Rita Emília.
Infelizmente, Rita não foi uma figura benévola para os dois órfãos, o que
contribuiu para uma infância triste, que mais tarde poderá explicar o desfecho
da vida de Camilo.

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Em 1839, a irmã de Camilo se casou com o futuro médico Francisco José de


Azevedo, e Camilo foi viver com eles em Vilarinho da Samardã. Lá, em meio aos
altos e baixos de uma adolescência nem sempre fácil, ele recebeu sua primeira
formação cultural com as lições do Padre António de Azevedo, irmão de seu
cunhado, que lhe ensinou doutrina cristã, latim, francês e língua portuguesa.

Dois anos depois, com apenas 16 anos, Camilo se casou com Joaquina Pereira
da França, uma camponesa temporariamente encarregada das funções de
amanuense na cidade de Friúme, concelho de Ribeira de Pena. Infelizmente, o
casal lutava com frequência e se desentendeu, e menos de um ano após o
casamento, Camilo deixou a esposa grávida de uma filha para retornar à casa da
irmã.

Infelizmente, a jovem mãe de sua filha morreu a 25 de novembro de 1847, não


muit mais tarde disso a própria filha de Camilo vai falecer a 10 de março de
1848. Essas perdas dolorosas contribuíram ainda mais para a tristeza que já
assombrava a vida de Camilo.

No entanto, Camilo era volúvel e rapidamente encontrou outra mulher para


substituir sua primeira esposa. Isso levou a uma longa cadeia de amores, que o
levou sucessivamente aos braços de Patrícia Emília, que também teve uma filha
com ele, Bernardina Amélia, nascida em 25 de junho de 1848. Por fim, ele se
envolveu com Isabel Cândida Mourão, religiosa do Convento da Avé Maria, e,
finalmente, com Ana Plácido, a mulher fatal de sua vida

2.1.2-Vida Académica

Camilo Castelo Branco começou sua vida acadêmica em 1842, quando se


matriculou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, incentivado por seu sogro. Ele
frequentou o curso durante três anos, mas se deixou levar pela boemia e não
conseguiu concluí-lo. Camilo se entregou a um estilo de vida não convencional,
alegre, simples e despreocupado, muitas vezes na companhia de pessoas afins.

Apesar de não ter se formado em medicina, Camilo encontrou outra paixão: a


literatura. Em 1845, publicou seus primeiros trabalhos literários e, no ano
seguinte, começou a colaborar com o jornal O Povo. Em 1846, fugiu com uma
jovem chamada Patrícia Emília, mas a abandonou. Camilo então se mudou para
Coimbra, possivelmente para estudar Direito, mas nem chegou a começar o
curso.

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De volta a Vila Real, Camilo não desistiu de encontrar seu caminho. A partir de
1848, estabeleceu-se no Porto com o objetivo de ganhar a vida como jornalista.

Começou a escrever regularmente para jornais e revistas, e sua carreira literária


começou a desenhar-se.

Mas Camilo não era apenas um escritor talentoso. Ele também era um homem
de paixões intensas e muitas vezes tumultuosas. Em um momento de fervor
religioso passageiro, ele se matriculou no Seminário da diocese com a intenção
de se ordenar em 1850, mas essa suposta vocação se apagou poucos meses
depois. Camilo voltou à sua vida aventureira como um romântico boêmio,
frequentando cafés, teatros, salões da nova burguesia do Porto e redações de
jornais.

Foi durante esse período que ele conheceu Ana Augusta Plácido, a mulher fatal
da sua vida, casada com o comerciante Manuel Pinheiro Alves, que retornou do
Brasil. Ana se tornou o objeto de uma paixão romântica desordenada de Camilo.
Seduzida e também apaixonada, Ana depois abandonou o marido e fugiu com
Camilo.

2.1.3-Fase final da sua vida

Em julho de 1859, a esposa adúltera foi colocada em reclusão no Convento da


Conceição de Braga após o escândalo ter vindo à tona. No entanto, ela fugiu
depois de pouco mais de um mês e retomou a convivência com Camilo de
Castelo Branco, seu amante. Mais tarde o processo por adultério foi instaurado e
ela foi presa na Cadeia da Relação do Porto. Camilo de Castelo Branco vagueou
pelo Minho e Trás-os-Montes antes de se entregar em 1º de outubro de 1859. No
final, ambos foram absolvidos e mudaram-se para Lisboa, onde nasceu seu filho
Jorge em 28 de junho de 1863.

Depois da morte de Pinheiro Alves, Marido de sua amante, em 15 de julho de


1863, eles se instalaram em São Miguel de Ceide, na casa que havia pertencido a
ele e que passou por herança a Manuel Plácido, seu pretenso filho, mas, segundo
tudo indica, filho de Camilo de Castelo Branco com uma família para sustentar e
sem outros recursos além do seu trabalho, Camilo de Castelo Branco fez da
escrita sua única fonte de renda, numa ansiosa e febril necessidade de escrever
para sobreviver. Assim, seus últimos 25 anos de vida foram passados em uma
casa triste, cercada por uma paisagem triste.

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O destino dos filhos trouxe para a alma de Camilo de Castelo Branco nuvens
negras de funestos presságios: Manuel entregou-se aos excessos de uma vida de
boemia e morreu prematuramente em 17 de setembro de 1877, após uma
falhada aventura comercial em Angola. Nuno seguiu-lhe o exemplo, numa
sucessão ininterrupta de aventuras, jogos e degradação, a que nem um
casamento de escândalo, patrocinado pelo pai, conseguiu pôr termo. Jorge, que
desde cedo dera inequívocos sinais de perturbação mental, mergulhou pouco a
pouco num estado de demência irrecuperável.

Em 1858, por proposta de Alexandre Herculano, Camilo de Castelo Branco foi


eleito para a Academia das Ciências e, em 18 de junho de 1885, foi agraciado por
D. Luís com o título de visconde de Correia Botelho. No entanto, as honrarias
longe de lhe afagarem a vaidade, apenas podiam dar-lhe a vaga esperança de
acautelar para a família um futuro menos ameaçado de indigência. É talvez por
isso que concorda em regularizar sua situação conjugal com Ana Plácido. Em 9
de março de 1888, quando há muito havia apagado o encanto e o fogo
romântico daquela ligação amorosa, nos atritos mesquinhos de um quotidiano
onde a poesia havia dado progressivo lugar à tragédia, celebra-se finalmente o
casamento.

2.1.4-Doença e morte

Atormentado pela doença, mergulhado em insanável tristeza, contra a qual


apenas reage com a lâmina fina da ironia ou o látego terrível do sarcasmo,
joguete permanente da sua alucinante instabilidade psíquica, ameaçado pela
cegueira, julgando caminhar para a loucura que a tradição da família dava como
estigma fatal de muitos dos seus, Camilo afunda-se no pessimismo e arrasta
penosamente a cruz da sua expiação até que, vencido, se suicida.

Camilo Castelo Branco viveu cercado de problemas e no fim da vida estava


quase cego (em consequência de uma sífilis) e os dois filhos que tivera com Ana
Palácios, um tinha problemas mentais e o outro era rebelde, que lhe causaram
muitos sofrimentos. Tendo não suportando todos esses abatimentos

Camilo Castelo Branco morreu em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão,
no dia 01 de junho de 1890, com 65 anos, causa de morte suicídio.

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2.2-Principais obras

2.2.1-A Queda dum Anjo

A Queda dum Anjo é o título de um romance satírico de Camilo Castelo Branco,


escrito em 1866.

Nele o autor descreve a corrupção de Calisto Elói de Silos e Benevides de


Barbuda, morgado da Agra de Freimas, um fidalgo transmontano camiliano e
o anjo do título, quando se desloca da província para Lisboa.

2.2.2-A Brasileira de Prazins

A Brasileira de Prazins é o título de um romance de Camilo Castelo


Branco concluído em 1882 e iniciado três anos antes.

É considerado o último grande romance do autor, já profundamente


influenciado pelo realismo, mas sem o intuito satírico que existe em Eusébio
Macário. Teve uma única edição vida do autor, publicado por Ernesto Chardron.

2.2.3-Coração, Cabeça e Estômago

Coração, Cabeça e Estômago é o título de um romance de Camilo Castelo


Branco, publicado em 1862. Cada palavra do título refere-se a uma época da
vida do personagem principal até sua morte, cada qual sendo regida pelo
coração, pela cabeça e até que finalmente pelo estômago.

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2.2.4-Amor de salvação

Amor de Salvação, obra de Camilo Castelo Branco, publicada em 1863, é uma


novela passional, considerada pela crítica uma das obras mais bem acabadas do
autor. Um romance sobre emoções perturbadoras, que resistem ao tempo e
sobrevivem a todos os obstáculos de uma época extremamente conservadora

3-A Obra
3.1-Razão de Escolha

Escolhi o livro Amor de Perdição pois é, de fato, uma das obras mais
reconhecidas da literatura portuguesa e o livro mais conhecido da carreira de
Camilo Castelo Branco. É um romance considerado um dos marcos do
romantismo em Portugal.

O que também me cativou foi o método de escrita de Camilo Castelo Branco em


Amor de Perdição que é caracterizado por sua habilidade em construir
personagens complexos e cheios de contradições, que refletem os valores e
costumes da sociedade portuguesa da época.

O autor retrata com realismo a vida das classes média e alta, mostrando as
diferenças sociais e os preconceitos que permeavam a época, portanto ao ler a
obra vou aprimorar o meu conhecimento sobre a sociedade do século XIX

Amor de Perdição também é considerado uma das principais obras da literatura


portuguesa, e é frequentemente estudado nas escolas e universidades do país.
Ler o livro pode ser uma maneira de se aprofundar no conhecimento da história
literária de Portugal e compreender melhor as tendências literárias do século
XIX.

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3.2-Modo, Género e corrente literária do livro

O livro Amor de Perdição é um romance, pertencente ao gênero literário


narrativo, e foi escrito no século XIX, período marcado pelo movimento
romântico em Portugal. A obra é considerada um marco desse movimento
literário em Portugal, que valorizava a emoção, o sentimento e o individualismo.

O livro apresenta características típicas do romantismo, como a presença de um


amor intenso e impossível, a valorização da subjetividade dos personagens e a
descrição das emoções e dos sentimentos. Além disso, o autor utiliza uma
linguagem poética e emotiva para descrever os dramas e conflitos que envolvem
os personagens.

Em suma, Amor de Perdição é um romance com características típicas da


segunda fase do romantismo, que representa uma das principais obras do
movimento literário romântico em Portugal, e é um exemplo clássico do estilo
de escrita característico do período.

3.3-Resumo da Obra/ temática e Organização

3.3.1-Resumo da Obra

A história de Amor de Perdição circunda-se na cidade portuguesa chamada


Viseu, mas o enredo não se centra absolutamente em tal cidade, pois a
alternância de cidades se faz presente à medida que o enredo da ficção avança
deliberadamente.

Domingos José Correia Botelho era um fidalgo não muito rico que teve a
prerrogativa e sorte última de se casar com a ilustríssima e formosa Rita Teresa
Margarida Preciosa. Esta senhora era a Dama da rainha de Portugal (a rainha D.
Maria, também conhecida no Brasil como Maria, a louca) vigente na época em
que começou a narrativa de Castelo Branco, por volta aproximadamente de
1779, seguindo, pois, suas respetivas sucessões temporais.

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É justamente perto desta data apontada acima que Domingos Correia era juiz de
fora da cidade de Cascais, mas posteriormente conseguiu transferência para Vila
Real, cidade onde nasceu. Seria bom e gratificante exercer o ofício na terra onde
foi concebido à vida, não fosse as incessantes e inoportunas reclamações de Rita
Teresa, ainda saudosa de seus luxos monárquicos da corte de Lisboa, luxos estes
que toda Dama do Paço usufrui e, estando em sincronia com suas perfeitas
sanidades mentais, jamais quer abdicar.

Apesar dos queixumes de Rita Teresa, o casal ainda conseguiu ter cinco filhos:
Manuel, Simão, Maria, Ana e Rita. Manuel era o mais velho dentre os meninos,
e Rita a mais nova dentre os rebentos femininos.

Foi-se feita mais uma transferência do casal, agora para a cidade de Viseu, mas
desta vez acrescida a uma promoção: Domingos Botelho tornou-se corregedor
desta cidade.

Ambos filhos de Botelho eram universitários em Coimbra: Manuel estudava


direito; já o encapetado Simão, que espezinhava a vida do Reitor e das
autoridades da Universidade com seu gênio infantil e desordeiro, andava num
curso de Humanidades.

Só existe uma coisa na vida que é capaz de transfigurar a compleição congênita


de um rapaz rebelde como Simão o era: esta coisa (embora este substantivo seja
tanto quanto pobre e deficiente suficientemente para demarcar graficamente
toda a extensão significativa da palavra a seguir) é o AMOR. Um sentimento
totalmente inefável, inesperado, indescritível à guisa de meras palavras de
qualquer língua, teve a façanha de arrebatar o coração sanguinário, rebelde e
revolucionário de Simão, pois o filho mais novo do corregedor se apaixonara
fervorosamente por uma vizinha chamada Teresa, uma menina de quinze anos
de idade.

Infelizmente, a paixão entre os dois jamais pôde se materializar, pois tanto a


família de Simão quanto a de Teresa se opunha rigorosamente contra o
firmamento de qualquer casamento entre os dois. O motivo disso era de ter
havido entre os pais do casal uma antiga rixa e divergência jurídica entre ambos,
fazendo permear assim entre as duas famílias uma rivalidade mais caprichosa
que aquela do cão e gato.

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Simão e Teresa se comunicavam e trocavam suas afeições sentimentais unica e


exclusivamente através de cartas. E foi por causa de sua comunicação similar –
tão eficiente que poder-se-ia dizer que fazia inveja aos modernos e-mails de hoje
– que Simão decidiu fugir de Coimbra, interrompendo assim seus estudos
acadêmicos, para ir a Viseu se encontrar às espreitas com Teresa.

O pai viúvo de Teresa, Tadeu Albuquerque, tinha um sobrinho fidalgo oriundo


da cidade de Castro Daire chamado Baltasar Coutinho. Tadeu Albuquerque por
motivos ambiciosos queria a todo custo o casamento de Teresa com fidalgo, mas
sua filha recusava-o convencidamente, chegando a declarar explicitamente, para
a raiva e descontentamento de seu pai, seu amor por Simão.

Se o romance de Teresa e Simão ainda persistisse, mesmo sendo por cartas,


Tadeu estava convencido de mandá-la a um convento Sabendo disso – através
de uma carta -, Simão teve a resolução  de se hospedar na casa de um conhecido
seu, o ferreiro João da Cruz, este que se mostrou a todo momento sempre
prestativo e disposto a ajudar Simão em qualquer coisa, já que, há tempos atrás,
o ferreiro conseguiu se livrar da cadeia graças à intervenção jurídica do pai de
Simão.

O ferreiro tinha uma filha chamada Mariana, “moça de vinte e quatro anos,
formas bonitas, um rosto belo e triste”. Ela demonstrou, desde o início, total
disposição para ajudar Simão no que fosse preciso, passando, além de ajudar
Simão, também a admirá-lo e amá-lo. Mariana tinha um rosto melancólico
porque predizia tristezas que aconteceriam com Simão caso ele continuasse com
seu amor por Teresa, amor este obstruído por egoísmo e orgulho dos pais do
casal:

“Não sei o que me adivinha o coração a respeito de vossa senhoria. Alguma


desgraça está para lhe suceder…” Mariana ao fidalgo.

Baltasar Coutinho passa a atormentar a vida de Teresa, querendo a todo custo


seu consentimento para o casamento arranjado. Através de ameaças e com o
aval de Tadeu, Baltasar se transforma em um estorvo na consolidação do amor
do sofredor casal.

Depois de algumas tentativas não bem-sucedidas de encontro com Teresa, certa


vez Simão viu-se cara-a-cara com o fidalgo Baltasar Coutinho. Ambos
discutiram, e Simão – com o intuito nobre e extremamente passional de livrar o
estorvo da vida de Teresa – atirara contra o fidalgo de Castro Daire, matando-o
instantaneamente.

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Como consequência óbvia e imediata, Simão fora preso em Viseu após o fato, e
Teresa transferida para o convento de Monchique, na cidade do Porto.

O pai de Simão nada fazia para tentar tirar o filho da reclusão. Era bem possível
que se quisesse fazê-lo conseguiria relativo êxito, pois detinha o ofício de
corregedor, profissão essa de significativo estatuto e influência persuasiva nos
meios jurídicos da época. Mas, a despeito de tudo isso, Domingos Botelho
sempre negava e limitava-se sempre a dizer isso:

“─ Eu não determino nada. Faça de conta que o preso Simão não tem aqui
parente algum.”

Enquanto a Teresa, sua vida tornara-se terrivelmente obscura e lastimosa


também. Seu único entretenimento dentro do convento eram as cartas que
escrevia ao detento Simão. A única atividade da rapariga dentro do convento era
chorar. Sua tia Constança, a única companhia que tinha no convento,
lamentava-se ao ver diariamente sua sobrinha aos prantos por causa de um
amor impossível de se materializar.

Graças à ternura e solidariedade de Mariana, Simão tinha com quem contar


dentro da prisão. E também se deve a Mariana o título de ser a intermediadora
entre o romance muito similar do casal.

Enfim, foi graças a um tio-avô de Simão, Antônio da Veiga, que o pai deste pôde
repensar sua atitude de não ajudar o filho a se livrar da prisão, este que
ameaçou se matar caso o pai não “mexesse seus pauzinhos” para tirar o filho da
forca. Infelizmente, tudo que o corregedor conseguiu foi a substituição do
cárcere pela deportação de dez anos do filho para o exílio na Índia.

Mariana decidiu ir com o amado ao exílio. Para ela não restava mais nada na
vida a não se o amor que sentia por Simão, já que o pai desta rapariga morrera
assassinado por um almocreve. Quanto a Teresa, ao saber da resolução do exílio,
enlouquecera. Não poderia imaginar Simão exilado por dez anos.

Enfim, a 17 de março de 1807, sai do cais de Ribeirinha o navio com os 75


degredados, entre eles Simão e Mariana. Teresa, vendo do convento o navio
transportando os exilados, suicidara-se.

Simão, consentindo e consciente do destino nefasto que o aguardara, aceita


complacentemente seu fado. Após o suicídio de Teresa, chega às mãos de Simão
sua derradeira carta com o seguinte parágrafo inicial:

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“─ É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre
Teresa, à hora em que leres esta carta, se me Deus não engana, está em
descanso”.

Simão, tempos depois de ler a carta, e já com bastante febre provocada pelo
enjoo do mar, falecera no navio pedindo antes que Mariana atirasse todas as
cartas que recebera de Teresa ao mar.

É claro que Mariana fez tudo isso conforme seu amado pediu. Só um detalhe:
Mariana atirou ao mar algo mais que as cartas. Atirou ao mar si própria,
tentando desesperadamente encontrar ali o corpo cadavérico de Simão que lá
estava, arremessado pelos almirantes do navio às ondas do mar.
Mariana morrera, pois, abraçada com o corpo do fidalgo em alto mar.

É com este final trágico que Camilo Castelo Branco rematou Amor de Perdição

3.3.2-Temática e organização

A obra é composta por Introdução, vinte capítulos e conclusão, na introdução o


narrador relata a história, assumindo ser protagonista: utiliza a primeira pessoa
como suporte da verdade que vai ser narrada, nos vinte capítulos da obra o
narrador narra a história em que não participa como personagem: utiliza a
terceira pessoa e a veracidade dos factos é confirmada pelas datas, antecedentes
familiares e circunstâncias das personagens.

Na obra o tempo é cronológico e contínuo. Não há praticamente ações


secundárias, o que contribui para a concentração temporal da ação principal
com sucessivas peripécias. Os diálogos apresentados são concisos e há poucas
descrições

3.4-Principais Episódios da obra


Na Obra Amor de perdição houve e episódios que me chamaram mais a
atenção: a fuga de Simão, o do Velho do Restelo e o do Gigante Adamastor

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3.4.1-A fuga de Simão

Este evento ocorre no início da história, quando Simão descobre que seu pai
planeja forçá-lo a se casar com Mariana, uma mulher que ele não ama. Simão se
sente sufocado pelas obrigações familiares e, ao mesmo tempo, sofre com a
paixão que sente por Teresa, uma jovem de uma família rival.

Para escapar de suas obrigações e tentar esquecer Teresa, Simão decide fugir
para o Brasil. Essa fuga pode ser interpretada como uma forma de Simão tentar
se livrar de uma realidade que o oprime e buscar um novo começo em um lugar
distante.

É também uma forma de se rebelar contra as expectativas de sua família e da


sociedade em que vive, que esperam que ele siga um determinado caminho na
vida.

3.4.2-A Prisão de Simão

Depois de retornar a Portugal, Simão se envolve em uma luta com os homens da


família de Teresa, sua amada, e é condenado a seis anos de prisão.

A prisão de Simão é um evento crucial na história, pois marca o início de sua


separação de Teresa e o início de uma série de eventos trágicos que levam à
morte de ambos.

A prisão de Simão pode ser vista como uma consequência de suas ações
impulsivas e apaixonadas. Ele se envolve em uma briga sem pensar nas
consequências e acaba sendo condenado à prisão.

Além disso, a prisão também pode ser interpretada como uma metáfora para a
prisão emocional em que Simão se encontra, preso em seu amor por Teresa e
incapaz de se libertar dessa paixão proibida.

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3.4.3-O casamento forçado de teresa

Depois que Simão foi preso, Teresa é forçada a se casar com um homem rico e
importante, que representa a estabilidade financeira e social que sua família
busca.

Esse casamento foi arranjado para garantir a segurança financeira de Teresa e


de sua família, mas acaba sendo uma escolha infeliz, pois o marido de Teresa é
um homem desagradável e abusivo.

O casamento de Teresa com outro homem marca o fim das esperanças de um


futuro juntos para Simão e Teresa, e representa uma das principais barreiras
que os amantes enfrentam.

Além disso, esse casamento também é uma crítica à sociedade conservadora do


século XIX em Portugal, que impõe restrições sociais e culturais aos jovens
apaixonados, em detrimento do amor verdadeiro.

4-Características Estilísticas

4.1-Análise formal da obra e suas Características Estilísticas

Amor de Perdição É um romance de estilo romântico que aborda o tema do


amor trágico e impossível entre dois jovens.

A narrativa é dividida em três partes e é contada em terceira pessoa. O estilo de


escrita é caracterizado por uma linguagem rica e poética, que transmite emoção
e sentimento. A obra apresenta uma estrutura complexa, com diversos
flashbacks e interrupções na narrativa, o que confere à história um tom de
mistério e suspense.

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A caracterização das personagens é uma das características estilísticas mais


marcantes de Amor de Perdição. As personagens principais, Simão e Teresa, são
apresentadas de forma detalhada e complexa, com suas emoções, pensamentos
e desejos minuciosamente descritos. Camilo Castelo Branco utiliza a técnica da
focalização interna para nos aproximar das personagens e permitir que o leitor
conheça suas motivações e anseios.

Um dos recursos mais marcantes do estilo de escrita de Camilo Castelo Branco


em Amor de Perdição é a utilização de períodos longos e complexos, que se
estendem por várias linhas e que muitas vezes incluem diversas subordinações.
Esses períodos elaborados criam um ritmo musical na prosa e permitem que o
autor explore as emoções e sentimentos das personagens de forma minuciosa e
detalhada.

Além disso, a linguagem poética de Camilo Castelo Branco é rica em figuras de


linguagem, como metáforas, comparações e personificações. Essas figuras são
utilizadas para descrever as emoções das personagens e transmitir a atmosfera
romântica e trágica da história

Na novela passional Amor de Perdição, o amor funciona como uma espécie de


destino e de fatalidade que domina e orienta tanto o a vida quanto a morte das
personagens que passam a seguir cegamente os seus impulsos amorosos. Não
podemos esquecer que a novela se enquadra no período literário do
Romantismo apresentando-se como ótimo exemplo de literatura da época.

O amor é o tema central. Apresenta-se desenfreado, profundo, além das forças e


dos limites, trazendo consigo o sofrimento por chocar-se frontalmente com as
necessidades e convenções sociais.

A paixão passa a justificar toda sorte de condutas, até mesmo o


enlouquecimento num tom profundamente trágico e passional existe toda uma
luta por parte das personagens para alcançar a felicidade amorosa, que em
contrapartida apresenta-se em vão contra a sociedade injusta da época. A ideia
de que o sentimento deve sobrepor-se a razão é levada até as últimas
consequências nesta história

A presença de "martires do amor" demonstra a angustiosa procura pelo


sofrimento como razão de viver, característica marcadamente ultrarromântica.
O casal luta, sofre todo o tipo de provação onde permanece at ideia de que o
amor só será conquistado através do sofrimento e da morte.

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Em síntese, as características linguísticas e estilistas de maior destaque nesta


obra de Camilo Castelo Branco são, o recurso a Metáforas e comparações:
Camilo Castelo Branco utiliza metáforas e comparações para descrever as
emoções das personagens e transmitir a atmosfera do romance. Por exemplo,
ele descreve o amor de Simão e Teresa como "um fogo que os devorava" e
compara a solidão de Simão na prisão com "um abismo sem fundo".

5-Apreciação Crítica

O livro Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco é uma obra de ficção


baseada em fatos reais que conta a história de amor proibido entre Teresa e
Simão. O título e subtítulo da obra refletem a intensidade e dramaticidade da
narrativa, que é apresentada de forma realista.

Uma das características que tornam essa obra interessante é a abordagem de


temas universais, como o amor, a paixão, o ódio, a vingança e a morte, que são
explorados de maneira profunda e comovente. A trama envolve o leitor em uma
história de amor impossível, repleta de obstáculos, intrigas e dramas familiares.

Além disso, a obra traz uma mensagem importante sobre a perseverança e a


determinação em buscar aquilo que se deseja, mesmo que haja muitas
dificuldades pelo caminho. Isso fica evidente na relação entre Teresa e Simão,
que nunca desistem de seu amor, apesar das adversidades.

Outro ponto forte da obra é a caracterização dos personagens, que são


complexos e têm motivações profundas e reais. Simão, por exemplo, é um
personagem marcado pela paixão e pela intensidade, capaz de cometer crimes
em nome do amor. Teresa, por sua vez, é uma figura forte e decidida, que luta
pelo seu amor até o fim.

Por fim, a obra também é importante do ponto de vista histórico, já que retrata
a sociedade portuguesa do século XIX e seus valores, crenças e costumes. É um
retrato fiel da época e permite ao leitor compreender melhor o contexto
histórico em que a história se passa.

Em resumo, Amor de Perdição é uma obra literária rica e complexa, que aborda
temas universais e traz uma mensagem importante sobre perseverança e
determinação. É uma leitura interessante tanto do ponto de vista literário
quanto histórico, e que certamente irá cativar e emocionar os leitores.

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6-Conclusão

Compreendemos que o livro Amor de Perdição constitui um marco no


Romantismo Português tornando-se uma das suas expressões mais perfeitas,
principalmente ligadas a segunda fase romântica. podemos afirmar que se trata
de uma obra literária marcante e profunda, capaz de envolver o leitor em uma
trama emocionante e repleta de reviravoltas

O autor abusa de todos os recursos do período envolvendo-nos em uma trama


onde personagens vivem em eterno conflito com a sociedade, numa saga de
encontros e desencontros, alimentados por cartas carregadas de tristezas e
angústias numa apoteose de sentimentos de um amor impossível e no seu
destino trágico onde a morte sublima o amor no seu ideal romântico.

Além disso, a obra traz uma mensagem importante sobre a perseverança e a


determinação em buscar aquilo que se deseja, mesmo que o caminho seja difícil
e cheio de obstáculos. É um livro que nos faz refletir sobre os valores e crenças
da sociedade em que vivemos, e que nos convida a questionar as convenções e
os preconceitos que muitas vezes nos impedem de seguir nossos sonhos.

Permitiu-nos também observar através do estudo da obra o próprio


Romantismo marcado pela definitiva liberdade de expressão e do pensamento
repudiando as regras que até então eram impostas e já antecipando um novo
período que logo iria se firmar: o Modernismo.

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