1. Lê texto sobre a vida e obra de Camilo Castelo Branco.
Camilo Castelo Branco [Lisboa, 1825 – São Miguel de Ceide, 1890] Filho natural de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, oriundo de uma família da pe- quena e recente burguesia trasmontana, perde a mãe aos dois anos e o pai aos dez. […] Aos 16 anos (em 18-08-1841), casa com Joaquina Pereira da França, camponesa do lugar de Friúme, concelho de Ribeira de Pena, onde temporariamente exercia as funções de ama- 5 nuense1; depressa, porém, a abandonaria. A adolescente, que lhe dera uma filha, nascida a 25-10-1841, morreria em 25-11-1847, poucos meses antes dessa filha, falecida a 10-03-1848. A sua volubilidade2 não tardaria em substituí-la, numa longa cadeia de amores que o levará su- cessivamente aos braços de Patrícia Emília, que dele teve também uma filha, Bernardina Amélia, nascida a 25-06-1848; de Isabel Cândida Mourão, religiosa do Convento da Avé Maria; 10 e, por fim, aos de Ana Plácido, a mulher fatal da sua vida. Estimulado a princípio pelo sogro, pensa formar-se em Medicina e matricula-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, que frequenta de 1842 a 1845. Em 1846, porém, já está em Coim- bra, provavelmente para estudar Direito, curso que nem sequer iniciou. Volta a Vila Real, mas, a partir de 1848, fixa-se no Porto, decidido a ganhar a vida como jorna- 15 lista. Num momento de fugaz exaltação religiosa, matricula-se no Seminário daquela diocese, com a intenção de se ordenar (1850), mas a pretensa vocação apagava-se escassos meses depois. Logo retoma a vida aventurosa de estroina “leão” romântico, dividida entre os cafés, os teatros, os salões da burguesia portuense de fresca data e as redações dos jornais. É neste período que conhece Ana Augusta Plácido, casada com o comerciante regressado do Brasil, Manuel Pinheiro Alves, fazendo 20 dela o objeto de uma desordenada paixão romântica. Seduzida e igualmente apaixonada, Ana abandona o marido e foge com Camilo para Lisboa. Conhecido o escândalo, a esposa adúltera é posta em reclusão no Convento da Conceição de Braga (julho de 1859), mas ao fim de pouco mais de um mês foge, retomando a convivência com Camilo. Instaurado o processo por adultério, é presa na Cadeia da Relação do Porto e Camilo, depois de vaguear pelo Minho e Trás-os-Montes, ali 25 se entrega também a 01-10-1859. Absolvidos, vão viver para Lisboa, onde lhes nasceria o filho Jorge (28-06-1863), até que, em 1864, falecido Pinheiro Alves (15-07-1863), se instalam em São Mi- guel de Ceide, na casa que lhe pertencera e passara por herança a Manuel Plácido, seu pretenso filho, mas, ao que tudo leva a crer, filho de Camilo. Com uma família a sustentar (o filho Nuno nascera nesse mesmo ano de 1864) e sem outros recursos além dos do seu trabalho, Camilo faz 30 da pena o ganha-pão único numa ansiosa e febril necessidade de escrever para viver. […] Atormentado pela doença, mergulhado em insanável3 tristeza, […], ameaçado pela ce- gueira, julgando caminhar para a loucura que a tradição da família dava como estigma fatal de muitos dos seus, Camilo afunda-se no pessimismo e arrasta penosamente a cruz da sua expia- ção4 até que, vencido, se suicida. Casa de Camilo [em linha, consult. 12-08-2015, com supressões]
1. amanuense: empregado/escrevente de repartição pública. 2. volubilidade: tendência para mudar. 3. insanável: incurável. 4. expiação: cumprimento da pena ou castigo.
2. Constrói, a partir do texto, um friso cronológico da vida de Camilo Castelo Branco.