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GLORIAS E PODER

DE
N. SENHORA DAS LAGRIMAS

Todos que transitaes por este


exilio, vinde a mim que desejo
,nostrar-vos a Fonte da vida.

).A EDIÇÃO - :'i MIL

INSTITUTO DAS MISSIONARIAS DE JESUS CRUCIFICADO


CAMPINAS
N. SENHO·RA DAS LAGRIMAS
( Seu significado)

·o ESTlNANDO-SE o presente livro a cantar as glorias, os


louvores e o poder de 1faria Santíssima em intima con­
nexão com o suggestivo titulo "Nossa Senhora das Lagrimas",
á guisa de prefacio damos a seguir a sua origem e o seu pie­
doso e real significado.

NOSSA Senhora das Lagrimas! Eis ahi um bello titulo e


titulo de gratidão para com Aquella, que, ao pé da Cruz,
nos gerou seus filhos, como fructo de suas dôres, em an­
gustiosa compaixão, acompanhando o Divino Redemptor da
humanidade em sua Paixão e santa :Morte no alto do Cal­
vario.
Abramos o Evangelho de S. João, e XIX, v 26. Ahi ve­
mos .Jesus, em seus ultimos momentos de vida, fazer como
que o · seu grande testamento.
Para testar é mister, que haja herança para deixar e
a quem deixar. Quaes os legados, porém, de que Jesus deve­
ria dispôr, ao sentir caridoso de sua missão divina e rea­
lisada no mundo?
.J csus, no generoso plano da redempção, depois da gran­
de graça àa salvação com que presenteou os homens, devia
legar um rico thcsouro, que era sua lVIãe, e tambem as Hl­
mas, como fructos de uma conquista, que lhe custou o san­
gue, a propria vida!
}Ias a quem legar?
O Divino Redemptor, que no Cenaculo, já se havia d�do
aos homens na divina Eucharistia, como fonte de amor e
santificação, a irradiar-se pelo mundo em busca dos cora-:
çõcs de bôa vontade, do alto da Cruz, aplacando a justiça
divina e no interesse da Igreja, que vciu fundar, ulti­
mou o sen testamento, legando os trophéos de sua vitoria,
os homens, ao cuidado de sua }lãe, quando lhe disse: Mu­
lher,
· eis ahi teu filho.
Se com o amor de Pae, Jesus não quiz deixar orph:los
os homens, entregando-os á :Maria, por outro lado, com amor
6 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

de filho,zeloso pelas glorias de sua Mãe, legou-a ao discipulo


dizendo: Eis ahi tua lvlãe.
Embora, nos primeiros tempos, muitos tomassem á le­
tra o significado dessas deixas, pouco mais tarde, entre os
padres da TgrP.ja, com felicidade, vingou o verdadeiro signi­
ficado dessas solennes palavras de Jesus na Cruz.
Era realmente o seu testamento espirHual, com vistas
ao seu plano salvador das almas.
Dizendo a Maria: Eis ahi o teu filho e ao Discipulo:
Eis ahi tua Mae, Jesus queria, no seu amor generoso, cons­
tituir os homens todos como filhos de sua santa l\'15.e, for­
mando essa grande familia, onde brotariam almas mimosas,
imitadoras das virtudes de Maria e herdeiras de seu Reino
eterno.
Soffrendo e morrendo para aplacar a justiça de seu
Pae, quiz Jesus crear um Thesouro de misericordia para,
apagando os peccados, attrahir os homens para o seu perdão.
Constituindo esse Thesouro em seu Coração, ardendo
em chammas de amor pela salvação das almas, certamente,
e como os factos comprovam, entrou no plano de Jesus, en­
tregar a chave do mesmo ás mãos de Maria Santissima.
Foi sem duvida nesse santo proposito que, Deus, depois
de pedir a cooperação de :Maria no mysterio da Incarnação,
quiz ainda a sua real participação na distribuição dos meri­
tos da Paixão e Morte do D. Redemptor. Por isso com as suas
palavras: Eis ahi o teu filho, quiz Jesus que, no meio das
grandes angustias de sua alma intimamente unida á Cruz,
Maria gerasse a todos os homens como seus filhos, o que
claramente se confirmou em seguida ao legal-A ao Disci­
pulo, quando disse: Eis ahi tua Mãe.
E assim, nova raça de filhos Maria acabava de receber
para seu maternal coração; pois, o Evangelho com muita ex­
pressão diz que Jesus não falou a João, mas, sim, ao Discí­
pulo: Eis ahi lua Mãe.
Na palavra Discipulo estavam certamente representados
todos os homens redemidos por Jesus; e se outra fosse a
intenção de Nosso Senhor, Elle á Nossa Senhora chamaria
Maria ou Mãe, e ao Discipulo João, o que ali não aconteceu.
Foi, pois, como ficou dito, quando junto á Cruz estava
Maria, que Jesus publicou o seu bello testamento.
Acompanhando os derradeiros momentos, de seu mi­
moso Filho, tão incomprehendido dos homens e tão feroz­
mente maltratado pelos seus algozes, vendo ainda como tan­
tas almas desprezariam o valor de seu Sangue tão precioso
e por ellas derramado; em tão graves circumstancias, negará
alguem que terriveis angustias hajam invadid o o coração
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 7

de i.\faria e qnP 11m oceano de dôres haja agitado sua alma,


tão nobre e tão rica do bello amor?
Foi a propria Virgem .i\:Iaria, que cm celeste visão em
1240 confiou aos fundadores da Ordem dos Servitas a pro­
pagação do culto de suas Dôrcs, certamente para sígnificar
e lembrar os momentos afflictivos e a grande pena de sua
alma ao pé da Cruz, soffrendo por Jesus em agonia e pelos
homens_ ingratos, que não aproveitariam da graça da re­
dempção!
Mas, passam-se os tempos, viram-se as paginas do.s se­
culos, e chegamos a uma época, em que podemos dizer que
o titulo de Nossa Senhora das Dôres não constituiu a ulti­
ma expressão de seu soffrer e de sua compaixão ao pé da
Cruz. Por santa e piedosa evolução, um novo titulo foi dado
á corredemptora da humanidade. Nossa Senhora das La­
grimas é o ultimo qualificativo que alcança uma maior ex­
tensão, para piedosamente comprehendermos e publicar-
mos as dôres e o amôr de Maria pelos homens.
Ha tantas dôres que se .supportam dentro de certo li­
mite; mas, quando ellas são excessivas, dá-se o seu trans­
bordamento pelas lagrimas, que, por isso mesmo, se cons­
tituem em imagem viva da dôr !
Assim como o simples açoite faz derramar sangue, as­
sim tambem o açoite da dôr faz verter lagrimas.
Ha tambem açoites amorosos que fazem derramar lagri­
mas, como aconteceu a Jesus, que açoitado pelo amor cho­
rou junto do tumulo de Lazaro !
Jesus chorou sobre Jerusalem, tão grande era a dôr de
sua alma, diante da ingratidão dos seus habitantes e dos
tremendos castigos, que estavam provocando!
• Se tão sensivel era a alma de Jesus junto ao tumulo de
seu amigo, como quando antevia a desgraça que pesaria so­
bre a cidade deicida, não devemos negar á sua gloriosa
Mãe essa mesma sensibilidade, negando-lhe o dom das lagri­
mas, signal de maxima dôr, como prova de seu singular
amor pelos homens.
Se todas as mães, com muita razão choram ao perder os
seus entes queridos, como negar que Maria haja. chorado ao
ver o seu Jesus, um pedaço de sua alma, tão maltratado, e
morrendo como um criminoso na Cruz!
Se Jesus, como obra divina, estava feito para amar e
soffrer mais que os outros homens, o mesmo diremos do
coração maternal de Maria, creado e afinado para maior
sensibilidade nas suas dôres e no seu amor.
E' por isso que, dando a Maria o titulo de Nossa Se­
nhora das Lagrimas, entendemos gravar, na corôa de seus
grandes privilegies e de seus meritos sem fim, a mais pre-
8 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

ciosa gemma, como symbolo mais expressivo de sua dôr e


de seu amor por Jesus e pelos homens.
Sim, Maria chorou vendo Jesus morto e desprezado,
chorou para merecer a conversão dos peccadores, chorou
para lhes abrir as portas do céo, chorou pela santificação
de todos.
A dôr e o amor de l\faria não podiam ser uma phanta'"
sia, mas, sim, uma grande realidade, por isso todos os ho­
mens devem bemdizer as lagrimas d'Aquella, a quem melhor
do que todas as creaturas, coube o maior elogio, que uma
vez sahiu da bocca de Jesus: Mais bemaventurado é quem
ouve, guarda e pratica a Palavra de Deus.
E quem, repitamos o pensamento, quem, melhor que
:.\faria, ouviu, guardou e praticou a Palavra de Deus?
Eis, porque, com toda razão, somos obrigados a reco­
nhecer mais esse titulo glorioso, Nossa Senhora das Lagrimas,
com que honramos a creatura mais perfeita e mais santa,
qüe sahiu das mão.s de Deus.
Nossa Senhora das Lagrimas quer dizer mãe de mise­
ricordia; Nossa Senhora das Lagrimas quer dizer mãe dos
que gemem e choram; Nossa Senhora das Lagrimas signifi­
ca mãe amorosa e que se compadece de todos que a Ella
recorrem; Nossa Senhora las Lagrima.s sig_nifica que aindn
hoje chora os desvarios dos pobres peccadores no coração
dos seus filhos e servos fieis.
Assim como as victimas puras continuam a soffrer a
Paixão de Jesus, assim os servos fieis de Maria chorarfi.o
até o fim a ingratidão de tantos seu.s filhos, que não a que­
rem por mãe!
Nossa Senhora das Lagrimas é ainda Aquella mulher
forte que na sua Soledade soube aconselhar os discipulos
de Jesus, fortificando a Igreja nascente, dando animo e as-"
sistencia aos [Jpostolos, para firmes na fé darem sua vida
por Jesus.
Como se deprehende do que acima ficou dito, abun­
dantemente está provado não só o bello significado do titµ­
lo - Nossa Senhora das Lagrimas, que demos á gloriosa
Mãe de D.eus, como ainda ficou demonstrado que esse titulo
se impõe á nossa devoção, como symbolo maximo da dôr <:
do amor aninhados no dulcissimo Coração de Maria.
Esse titulo, aliás tão suggestivo pelo seu piedoso signi­
ficado, mais que outros muitos nomes e devoções a Nossa
Senhora, tem ainda o seu fundamento na Corôa das Lagri­
mas piedosamente inspirada a uma digna l\Hssionaria de
Jesus Crucificado, como se fôra um desdobramento da
"Mãe lacrimosa e Fonte das lagrimas" tilulos esses da la­
dainha de Nossa Senhora das Dôrcs, composta por Pio VII
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrinias 9

ou um incentivo á devoção que em Bolonha se vota á Vir­


gem das Lagrimas.
E como prova da legitimidade deste titulo e dessa de­
voção ahi está a acceitação plena, expontanea e geral da
reza da sua Corôa e da procura de sua l\fodalha.
Para mais de quinhentos mil t1·xemplares da Corôa em
varos idiomas, para mais de duzentas mil medalhas e cf'rca
de quinhentos imagens sob o glorioso titulo de Nossa Se­
nhora das Lagrimas, em cerca de dois annos, já andam
correndo o mundo!
Milhares de familias em cadeia perpetua, diariamente,
e por amor a Maria, rezam em comrnurn a Corôa de Nossa
Senhora das Lagrimas !
E como se não bastasse tudo isso, temos ainda registra­
do centenas de graças espirituaes e temporaes alcançadas
de norte ao sul do Brasil, mediante a reza da Corôa e a
devoção á medalha de Nossa Senhora das Lagrimas e Jesus
Manietado, que, como symbolo da mansidão para salvação
do mundo, quer reinar em nossos corações, com as ben­
çams e o patrocinio de Maria, a Medianeira de todas a.s
graças.
E se, depois dessas considerações, ainda houvesse al­
gumas almas perplexas e timidas diante desse novo titulo e.
a devoção delle decorrente, accrescentariamos o parecer do
grande Doutor da Igreja, S. Affonso de Liguori que assim
fala: Quando alguma sentença e de algum modo honrosa á
S. Virgem e tem alg11m fundamento, sem se oppôr a Fé
nem aos decretos da Igreja, nem á verdade, não a seguir
e contradizei-a, pela razão que a sentença contraria pódc
ser verdadeira, denota pouca devoção para com a )'lãe de
Deus!
Do numero destes poucos devotos não quero en sPr,
nem quero que sejam os meus leitores; mas antes do nu­
mero daquelles, que tudo o que, sem erro, se pôde · crêr da
grandeza de Maria, tudo, plena e firmemente, cream. (Lou­
vores de Maria Santissima).
Ora, segundo a doutrina do granrle Doutor, no titulo de
Nossa Senhora das Lagrimas e na sua devoção nada se en­
contra que seja contrario á Fé ou aos decretos da Igreja.
Antes, esse novo nome, significando as virtudes, os
meritos e a compaixão de :Maria, em união com os meritos
e a paixão de J esüs, vem confirmar apenas a devoção já
secular e approvada na Igreja - a devoção de Nossa Se­
nhora das Dores, da qual elle é a sua maxima expressão.
20-2-34.
t FRANCISCO, Bispo de Campinas.
GLORIAS E PODER DE N. S. DAS LAGRIMAS, DO THE­
SOURO ESPIRITUAL DO INSTITUTO DAS MISSIONARIAS
DE JESUS CRUCIFICADO.

Maria, consoladora dos afflictos.

O' Mãe Dolorosíssima, na verdade sois a Mãe carinho­


sa, que sabe consolar os que choram! Por este motivo,
ó Mãe amada, é que hoje a vós recorro ... No meio tlesle
deserto em que me acho, venho implorar vossa maternal
bondade!. . . Quem me valerá, se vós me desamparardes?
O' querida Mãe, apiedai-vos de mim; vê de como minha alma
geme debaixo deste terrível peso! 0' Mãe querida, vós bem
sabeis que eu não quero fugir da cruz; o que vos peço
nesta hora de afflicção, é que não me abandoneis nas
mãos de meus inimigos infernaes. Como elles me rodeiam!
Como me querem tirar a paz e a tranquilidade de minha
alma!. . . O' Mãe queri da, como é terrivel o inferno! Si neste
mundo soffrer seus ataques é tão terrivel, o que não serão
os suplicias eternos?! Apiedai-vós de mim, vós, que sois a
fortaleza dos que lutam, vós que sois a Mãe de miscri­
cordia. Vêde, O' :Maria, que me faltam as forças, sou tão
fraquinha! Vós porém que sois tão poderosa, vós que es­
magastes a cabeça do inimigo, triumphai nesta hora, sacudi
este jugo terrivel, que me quer afastar da intimidade de
.-osso Divino Filho! Ah! vós bem sabeis como me tira da
oração, como me leva a fazer aquillo que eu não quero! A
minha vontade, vós bem a sabeis, é fazer a vontade de .Te­
sus representada por meus superiores, entretanto, se a von­
tade de Jesus fôr que eu deva suportar estas terríveis ten­
tações, até a hora de minha morte, direi, fiat! Mas si não
for vontade de Jesus, fazei que me larguem. Em tudo e sem­
pre direi: Para sempre seja louvada a santíssima vontade
de meu Deus.
O' Maria, sêde sempre meu refugio, O' Maria, jamais
me abandoneis para que um dia possa cantar as vossas !\ili-
12 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas

sericordias, proclamando mesmo neste exilio: Maria é meu


sustentaculo! Maria é minha força!
Amen.
2..1-1930.

Maria, Mãe das Missionarias

FILHINHA. Eu sou tua Mãe do Calvario. Meu nome é Ma-


ria, Mãe de Jesus Crucificado. Visto-Me com a alvura dos
lyrios, meu manto azul é tecido e preparado com os sacri­
ficios e as· dores, que passei na rua da amargura! Por isso,
filhinha, é que vos vesti com a cor das vestes de vossa Mãe,
por Ella confeccionadas com sacrificios e amarguras!
Fui Eu, filhinha, quem inspirou esta côr, pois a vossa
missão é a minha e a minha é a vossa. Vesti-vos, filhas mi­
mosas, com o manto real do sacrificio, pois foi com elle que
se vestiu vossa l\Iãe Maria, Mãe de Jesus do Calvario.
Maria, vossa Mãe.

Cantar eu quero, ó Maria, as tuas glorias


Q' Virgem, Mãe do bello amor, cantar eu quero cada dia
as tuas glorias até morrer; e depois da minha morte,
voltar á terra quero ainda, ó :\Iãe querida, para dizer á
todos que vós sois mãe, mãe carinhosa, mãe amavel, mãe
compassiva, que a todos acolheis sem excepção; e que aos
vossos servos daes, já neste mundo, parcellas do parajso.
Sim, ó Mãe querida, eu bem o sei, como aos vossos servos
beneficiaes. Oh! que :Mãe tão amavel! O' peccadores, recorrei
a esta l\Iãe ! Olhai como em suas mâos estão os thcsouros do
Coração de seu amado Filho Jesus! Vinde depressa, vós que
vos achais na dôr, recorrei a l\faria, que ella saber-vos-á
curar. Vinde sem demora que ella está anciosa por vos be�­
neficiar. O' Maria, :Mãe querida, se os homens vos conhe­
cessem! . . . Deixai · vossa pobr.e filha cantar vossas glorias.
Deixae-mc falar aos peccadores que a vós recorram, por­
que vós anciosa os esperaes para lhes mostrar o Coração
aberto do vosso amado Filho� Jesus. Vós. sap�is 1 ó Ma.ria,
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas 13

publicar o quanto é bom amar e soffrer pelo bem amado


Jesus!
Oh! quem me déra, Mãe querida, que todos os justos e
peccadores pudessem me ouvir! Dizer-lhes quero que sois
Mãe compassiva, que sabe amenizar a dor, que sabe mos­
trar o quanto Jesus é bom! Mas, ó Maria, vossa filha, tão
ignorante e obscura, nada pode fazer. Fica meu desejo
aqui aos vossos pés.
Sim, porque sou tão pequenina, devo contentar-me com
o desejo que tenho de fazer-vos conhecida!
Quando no céo estiver, Maria, hei de voltar; s im, hei
de voltar á terra e aos corações empedernidos, lhes hei de
segredar: Vinde a Maria, vinde a Maria, que ella é a escada
que conduz a Jesus!
Sim, isto hei de fazer; não é presumpção, porque eu
sei que nada posso, mas confiada cm vós, vossas glorias
hei de cantar!
Vossa filha pequenina!
16-7-1930.

O pharol á meia noite.

PERGUNTEI um dia ao bom Deus: Porque certas almas que


vivem no vosso ámôr temem a morte? Não é ella a porta de
Paraiso? E_is que o bom Deus me respondeu: Minha filha,
a morte é temivel porque ella é castigo do peccado; é temi­
vel em si, mas escuta o que te vou dizer: Eis que hu um
pharol que illumina: ":Minha Mãe!" No meio das vascas da
morte, quando o inimigo se levanta com mais ferocidade
para roubar-me estas almas queridas, eis que minha Mãe,
no meio deste mar encapelado, brilha, qual luzeiro lumi­
noso, e mostra-lhes que é mãe tambem dos peccadores l Mãe
d9s afflictos! :Mostra-lhes que ella é minha mãe, e que ha
de advogar sua causa ante o tribunal das contas!
Ah! filha, o que te quero explicar não é bem isto! O
que te quero dizer é que se meus filhos, quando rezam, re­
zassem bem, não temeriam a morte!
Quando recitam "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por
nós peccadores, agora e na hora de nossa morte", Ah! se
rezassem bem na vida, nã o temeriam a morte!
Ah! quem é verdadeiro devoto de minha Mãe, morre
com o sorriso nos labios, porque rlla assiste na hora da
morte a todos os meus filhos. Aos seus devotos ella sorri,
14 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

porque nesta hora suprema os verditdeiros devotos seus jó


tem a ventura de a ver; aos pobres pcccadorcs, porem, para
-não morrerem impenitentes, cJla vem assistir para ver se
ainda consegue abrandar seus corações empcrdcnidos, pois
estes pobres não tem a ventura de a ver, porque se acham
no peccado!
Ah! minha filha, quão bom é ser devoto de minha :Mãe!
Como me alegram os corações que nclla coo fiam, por­
que ainda tenho a esperança de os salvar! Sim, quem con­
fia cm minha Mãe não pode commctler o peccaclo, porque
quem ama a Mãe não quer desprezar o Filho. Alem disso,
quem confiar nella, já me ama, porque não se pode confiar
em quem não se conhece, e quem conhece as qualidades de
Maria tem de me dar honra e gloria, 11orquc tudo que per­
tence a Maria é men, fui eu que assim a preparei!
O' Mãe, que tanto amo e na qual acho minhas delicias.
Ah! como é bom conhecer minha Mãe 1
Quem conhecer esta Mãe amavcl e a invocar na vida
com confiança, no meio dos estertores da agonia, encontra­
rá este pharol luminoso, que . lhe mostrará as portas do
Paraizo.
Jesus, sempre Jesus amavel.
17-7-1930.

Maria conduzindo a alma· pela via dolorosa.

ESTAVA eu um dia aos pés do Divino Mestre, encerrado


no Sacrnrio, tendo a alma em grande aflição e, com os
olhos fitos no mesmo, pedi a Maria, mãe de Jesus, s e compa­
decesse de mim.· Então adormeci por meia hora e em espi­
rita vi Maria que se aproximava de mim e com ternura in­
dizivel me disse: Segue-!\h.•. Eu a seguindo, disst•-mc mais;
.quero-te mostrar o quando padeci no exilio! Que misterio !
Levou-me ao templo e disse-me: Vê, filha, aqui neste
templo, onde fui educada, comecei a sofrer! Desde tenra
idade, renunciei aos afagos de pais tão delicados!
Neste templo abençoado, quantas lutas tive de suportar!
Vendo minhas companheiras, que só Me dedicava á oração
e ao trabalho, o ciume começou a tomar conta daquclles co­
rações! Começaram as acusações; as mestras ao principio
não lhe deram ouvidos, mas, Eu, tendo grande desejo de
sofrer, pedi ao bom Deus que Me desse ocasião de ser hu-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 15

milhada. Prontamente foi ouvida minha oração. As mestras


lhe deram ouvidos e fui chamada á sua presença e Me re­
prenderam severamente! Que alegria indizivel experimen­
tei! Bemdisse ao Deus, tres vezes santo, e disse-lhe que, si
era de sua santissima vontade, continuasse a assim .Me
tratar.
As lutas foram terriveis por algum tempo, mas tudo re­
cebi com humildade profunda, reconhecendo-Me culpada,
e assim minhas algozes reconheceram seu erro, e um dia
ajoelhadas aos meus pés, Me pediram perdão; mas, Eu já lhe::;
tinha perdoado na affeição que lhes consagrava. As que
mais Me caluniaram foram as mais beneficiadas.
E' assim filha, que deves fazer, tu e todas as almas que,
á minha imitação, quizerem amar ao bom Deus.
Agora, filha, desejo-te mostrar como Eu trabalhava e re­
zava aqui no templo, aprendendo com grande alegria o que
as :mestras Me ensinavam, porque grande era minha ansie­
dade de tudo saber fazer para ao Deus bom compraser.
Quando as mestras eram doceis e amaveis para comi­
go, lembrava-Me da· docilidade e da bondade que reinada
no céu, que se achava fechado até a vinda do Messias, o que
Me fazia suspirar e chorar todos os dias para que á terra
vie�se quanto antes.
Se as mestras ralhavam comigo, lembrava-Me de pedir
ao Deus, tres vezes santo, que fizesse com que ellas se tornas­
sem cada dia mansas e humildes de coração. Tomando para
mim o castigo merecido, louvava a Deus por Me castigar e
pedia que jamais voltasse a ofende-lo e nisto experimentava
grande jubilo por ser humilhada.
Minha oração jamais foi interrompida pelo trabalho,
pois este era sempre o�casião de Me unir cada vez mais a
Deus, por que, por tudo que tomava em minhas mãos, lou­
vava e biemdizia ao Deus bom, por ter tudo criado para o
homem.
Quantas vezes, trabalhando, entrei em extases profun­
dos só por considerar que do nada tinha saído para l\le
tornar filha de Deus! Tambem neste abençoado templo,
tive grandes sofrimentos, suspirando pela vinda do Mes­
sias. Pensava Eu que era por meus peccados que Elle tanto
demorava, o que Me fazia chorar amargamente e humi­
lhar-Me em extremo 1
Na leitura das Escrituras Sagradas meu espirita ach::::.­
va repouso; porem quando lia as profecias chorava amar­
gamente, vendo o quanto o Messias tinha de sofrer para o
resgate de seu povo.
Vês aqui, filha, que desde a infancia sofri, sofri em ex­
tremo, mas com uma confiança indizivel esperava em Deus
16 Glorias e Poder de ]'v'. Senhora das Lagrimas

e no Messias prometido, do qual queria ter a 'ventura de


.oscular seus sagrados pés!
O' maravilha! Quando a Mãe bemdita assim falou, um
novo resplendor a cobriu, e eu vendo-me tão pequena dian­
te de tanta grandeza, exclamei: O' humildade, como elevas
a criatura!
Maria disse-me: Prosigamos, vê agora minha modesti:1,
meu porte ne.ste templo abençoado, sem jamais levantar
meus olhos a não ser para o céu e para meu trabalho; sem­
pre os trouxe em grande mortificação; fitando a luz do dia
ao levantar-Me, logo pensava na claridade da mansão ce­
leste! Ah! então entoava o cantico de louvor.
Quando pegava em minhas vestes. da mesma forma O
louvava por dar-Me roupa para Me cÓbrir, e assim prosse­
guia meü cantico de acção de graças.
Meu.s modos eram tão suaves e graves que faziam· as
mestras exclamar: onde esta criança aprendeu tais manei­
ras?! Ah! na oração as aprendi; contemplando meu Deus
e que aprendi a ser grave. Dizia-Me a mim mesma, para
folar com Deus era necessario gravidade e Eu que não O
perdia de vista, tinha de permanecer grave.
Agora, filha, quero-te dizer que para Me tornar assim
tive de luctar, porque, sinão luctasse, não teria merecimen­
to, pois, é na lucta que se o adquire.
Que merecimento teria Eu senão tivesse sofrimentos?
E' verdade que fui criada em estado de inocencia e em ino­
cencia Me conservei; Eva, tambem, como Eu, foi criada em
. inocencia, mas ella foi tentada e cahiu, Eu porém venci, lu­
ctando e 1We humilhando na lucta; por isso é que no começo
te disse: segue-Me pela via dolorosa. Sim, quem quizer en­
trar no reino do céu, mesmo os que tem a ventura de con­
servar sua inocencia, tem de sofrer e padecer.
Jesus, mesmo teve tão graves tentações que sou­
be repellir, mas teve de luctar, porque era homem. Eu
tambem tive grandes e grandes luctas a vencer, porque tam­
bem tinha um corpo humano, ainda que .sem macula.
Eva foi criada por Deus cm estado de inocencia e sem
· macula, porque saiu das mãos do proprio Deus, mas deu
ouvidos á serpente e caiu tão gravemente, que, por tal pe­
cado, um Deus desceu á terra e tomou corpo humano.
Agora, filha, vês que desde a infancia tive de soffrer,
soffrer para assim poder tornar mais candida a veste nup­
cial da graça, que dada Me fôra pelo Deus bom. Si não fosse
para soffrcr, para que Me teria dado Deus um corpo? Sim,
o corpo Me foi dado para luctar e vencer! Se fosse isenta de
,Iucta, que merecimento teria Eu? Como poderia dizer que
Glorias e Poder de 1\/. Senhora das Lagrirn.as 17

esmagára a cabeça da serpente, si não tivesse lucta e tudo l\Ie


fosse facil?! Ah! minhas luctas foram terríveis, mas- sempre
confiei em meu Deus, e na humildade_ profunda tive a ar­
ma que esmagou a cabeça infernal!
.Prosigamos a via dolorosa.
Vou-te mostrar mais alguma cousa, porque o que te
mostrei foi apenas uma pequena parcela do quanto padeci.
Tinha chegado á idade em que as jovens daquelle tem­
po costumavam tomar estado. Ah! só em pensar nisso que
afflicções de espirita, Eu que Me tinha a Deus consagrada
de alma e corpo, dando minha virgindad:e a Elle para
sempre!
Ah! quando tal Me propuzeram, não morri de dôr, por­
que era vontade do Altíssimo que assim padecesse, para
mostrar ás almas em que grande estima Eu tinha a virgin­
dade; mas nesta afflicção fui logo aliviada, porque então
conheci que era vontade do Altíssimo que Eu tomasse es­
poso, para ser meu guarda nesta tão cara virtude; que to­
masse esposo, porque o esposo que Me ia ser dado era taro­
bem virgem, e como Eu, permaneceria em minha compa­
nhia sem macular nossa tão querida virgindade!
Aceitei, mas que receios Me invadiram a alma! ....
Confiei e triumphei!
Digo-te agora, filha, se não tivesse tantas luctn�, .com­
preenderiam os homens hoje, como é cara a virgindade?
Ah! por certo que não. Pelo combate se conhece o valor
da cousa combatida, por isso que dirão ainda os homrns,
que, tendo Eu sido pura, não tive luctas? Oh! que erro! Se
nunca tiv1esse luctado, meu Filho não Me podia propôr
como modelo de pureza, de humildade, de generosidade,
de paciencia e de mansidão. Porventura o homem, que
acha um tesouro na rua, não tendo portanto merecimen­
to porque para se enriquecer nada lhe custou, póde cJ]c
dar-se como modelo áquelle que dia e noite trabalha para
ganhar seu sustento? O homem que trabalha pode dizer:
elle está rico porque nada lhe custou; porisso a mim que
trabalho dia e noite, elle não serve de modelo.
O mesmo as almas puras podiam exclamar! Se Eu
não tivesse grandes luctas a vencer, e se meu Filho lhes
dissesse: vêde vossa 1\lãe, imitai-A, sêde como Ella foi, O
que elas poderiam dizer? Ella é pura, porque não teve
luctas, é humilde, porque não foi tentada pelo orgulho;
é mansa, porque jamais teve tentações de revolta!
Vês agora, am2da filha, que se Eü não fosse tentada,
não poderia servir de exemplo e de modelo. A tentação
não macúla, ao contrario dá á alma um novo brilho, quan­
do a pessôa tentada .sabe confiar cm seu Deus e em ex-
18 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

tremo se humilhar. A tentação para ser vencida deve ser


aceita com grande humildade, lembrando-se a alma que,
por seus peccados, merece que assim se humilhe, vendo
suas miserias. Recorrer ao Deus das misericordias, é o
que Eu fiz e o que desejo que todas as almas façam: e
sabendo disso foi que o bom Deus deixou a tentação ba­
ter ás minhas portas.
Prosigamos na via dolorosa.
Depois de ter vencido neste ponto, agora dese.io te
mostrar o quanto padeci, quando o anjo anunciou a .José,
que tinhamos de partir para terras extranhas com o me­
nino Deus! Ah! que aflição! Pela calada da noite. com o
Filhinho nos braços, partimos em demanda da dôr e do
sacrifício! Que sustos passei naquella noite, pensando a to­
da a hora, que meu amado ia ser-Me tirado dos braços!
Que angustias jamais passadas por creatura alguma, por­
que á medida do amor assim é a da dôr. E quem amou
mais do que Eu?
Afinal chegamos sem cama, sem arrimo e com fome,
mas, sim, com uma grande confiança. Suportamos tão dura
provação e, com grande alegria, bendizíamos ao bom
Deus, por nos fazer participantes daquellas angustias sof­
fridas por seu sanfo amor!
E neste exilio, quantas Jagrimas derramei em alegria;
sim, porque minhas lagrimas jamais foram de contrarie­
dade, mas, sim, de santa resignação com a santa vontade
do Altíssimo.
Vês, filha, o quanto tua Mãe soffrcu ! E para que tanto
sofrimento? Ah! Eu t'o digo. Para mostrar aos homens o
valor de suas almas e a hediondez de seus crimes, por­
que foi por causa do peccado que a dor se implantou no
mundo, e é por meio da dôr que o homem tem de se pu­
rificar.
Foi na dôr que o homem foi resgatado, quando em
cruciantes angustia,; o Divino Salvador pronunciou: Tudo
esta consumado; querendo dizer: homens, ja estais resga­
tados, o meu Sangue abriu-vos as portas do Paraiso.
Eis, filha, porque Eu te disse: Segue-Me na via dolo­
rosa.
Prosigamos, filha amada.
Vou-te mostrar o quando padeci, quando por tre.s dias
perdi meu Filho amado, tres dias de verdadeira agonia!
Ao céu pedia que :M:e devolvesse o thesouro perdido, mas
o céu se conservou silencioso por tres dias! Só depois
de Me humilhar em extremo, é que o céu de mim se com­
padeceu?
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 19

Agora te pergunto; vendo tua Mãe que no exílio tanto


soffreu, não quererás tu seguir minhas pegádas? Ah! Ama­
vel rainha, Mãe do bello amor, quanto sofrestes por causa
de meus peccados e os de toda a humanidade!
Filha, prossigamos na via dolorosa; isto que te mos­
trei é apenas uma parcela da cruz. Subamos juntas a via
dolorosa do Calvaria, onde meu amante Coração foi tras­
passado por agudiRsimas espadas, mas antes de subir de­
sejo-te mostrar como ella é estreita e pedregosa, que é pre­
ciso grande generosidade e esquecimento completo de si
mesmo, para chegar ao seu cume!
Filha, apenas te estou mostrando as dôres mais agu­
das, deixando para outra vez as menores. Quero te mostrar
as angustias que padeci no encontro com meu amado
Filho, na rua da amargura. Foi tanta a minha dôr, que é
impossível a uma creatura poder compreende-la. Si Eu te
désse a experimentar por um instante, sucumbirias de dôr,
porque si resisti, foi porque grande era meu amor e a me­
di da do meu amor assim foi a da dôr. O' amor que Me deu
forças para suportar tanta dôr, quando vi meu Filho com
o grande madeiro aos hombros !
Parecia-Me impossivel que o meu doce e delicado Je­
sus fosse assim tratado tão barbaramente! Perguntei ao
cfo que mal tinha feito meu Jesus? Este Jesus tão doce,
tão meigo, tão delicado, levando aos seus homhros um
dnro madeiro! O' crueldade! Levantando meus olhos ao
céu, logo pronunciei o fiat. Resignando-Me, conheci que
esta era vontade de meu Deus, e na dôr em que Me acha­
va, bemdisse o Deus das misericordias, a meu doce e ter-
110 Jesus a quem tanto amava. Lembrei-Me que os céus
estavam fechados e que nreciso era que o innocentc Cor­
deiro fosse imolado, parã abrir para todos os homens as
portas da felicidade immortal!
Ah! filha amada, jamais cousa alguma neguei a meu
Deus, porém, isto não quer dizer que dei sem sacrifício!
Onanto mais sacrificio, mais agradavel é a dadiva. Pode
ella ser de pouca valor, mas se a quem offerece muito lhe
custa. mais ágradavel é ao bom Deus, isso, porém quando o
sacrifício é feito por amor, não amor sensivel, mas, sim, 11m
amor sincero, reconhecendo que contentamos a um Deus,
que nos criou, dando-nos uma alma immortal, para poder­
mos eternamente gozar!
O' almas que soffrei.s tribulações e dores, meditai e
vi:·de se ha dôr semelhante á minha dôr, tão grande, tão
esta immensa, que não foi em vão soffrida por mim! Hoje
vos pertence, fazendo della vossa riqueza e vossa consolação!
20 Glorias r Poder de N. Senhora das Lagrimas

Sim; almas amadas, ao contemplardes o quanto Eu so­


fri, tereis forças para carregar vossa cruz. Não só sofri
para ser o vosso lenitivo, mas tambem co1110 coredernto:­
ra de vossas almas. O peccado é um terrivel mal e por causa
dos vossos peccados fui affligida tão barbaramente! Vêde
quanto vos amo, almas minhas!
Prosigamos, subamos mais, vamos ao pé da Cruz, on­
de meu Coração materno recebeu a espada mais cruel!
Haverá dôr que .s e lhe possa igualar?! Ver meu Jesus pre­
gado. cm uma Cruz, amaldiçoado pelos homens como si
fosse um criminoso!
Filha amada, bem comprehendi naquella hora a hedion­
dez do peccado e a offensa feita a Deus! :Meu Coração e
minhas almas foram naquella hora innundados de um mar
de angustias!
Que espectaculo commovedor!
A natureza participou de minha dôr; escureceu-se o
sol! Sim, porque o sol da Jerusalém celeste, meu amado
Filho, era barbaramente atormentado e insultado por
aquella populaça infrene! Sim, sol se escureceu, imagem
dns almas que ali se achavam e que o eclipsaram com as
nuvens da sua incredulidade. O sol se escureceu para de-
monstrar aos homens a dôr de minha alma. .
Meu Filho, nas vascas da morte, sem lhe poder ao
menos dar uma gota de agua, ali em pé sem poder-lhe ao
menos apertai-o contra meu Coração, sem ao menos poder
enxugar-lhe suas lagrimas, nem poder-lhe dizer que O
amava, quando os homens O desprezavam, Eu ali estava
para lhe demonstrar que tinha uma Mãe a seu lado. Nada
Lhe pude fazer! O' dôr cruel e ao mesmo tempo bemdita,
porque foi a· que Me mereceu a ventura de ser Mãe dos
homens, para hoje de meu throno poder dizer: sou vossa
l\'Iãe, porque no throno da misericordiH, quando meu Filho
agonisava, proclamou-me vossa :Mãe, e portanto vejo
como Me sois caros, como um thesouro que tanto Me cus­
tastes! Sim, angustias indizíveis Me custastes, por isso ve­
jo o quanto sois caros a Jesus, porque foi na hora mais
tormentosa, que Me entregou legado tão precioso, vossas
almas, para que deJlas tomasse conta e sobre vós derramasse
os fructos da sacratíssima Paixão de Jesus!
Como sois felizes ó homens, por possuirdes tal Mãe!
Agora, filha, vês o quanto tua amadissima :Mãe sofreu!
Maria.
Outubro ele 1930.
Glorias 2
- -- --
Poder àe N. Senbora--das Lagrimas 21

A pureza de Maria.
Q' ::.\faria, Mãe Immaculada, eis-me aqui aos vossos san-
tissimos pés, para vós implorar no dia de hoje a graça
de ser uma verdadeira filha vossa e imitadora de vossas
virtudes. O' vós, que sois tão poderosa, bem podeis fazer­
me santa, pois, além de serdes tão poderosa, sois Mãe,
portanto, tendes um coração maternal. Que coração tão
terno deve ser o vosso, ó Mãe querida! ...
Ah! nada me podeis negar, porque sou miseravel, po­
bre, muito pobre, e a Mãe tem mais compaixão do filho
pobresinho do que do rico. Vêde, Mãe querida, que eu sou
a filha a mais pobre, a mais aleijadinha do vosso rebanho.
Compadecei-vós de mim no dia de hoje. Revesti-me com
as vossas virtudes, dac-me um novo vestido e entroduzi­
rnc hoje para sempre no vosso amavel Coração!...
O' l\faria, como sois formosa! Como brilham vossas
vestes! Que alvura é essa que pousa sobre vossa cabeça!
Que neve encantadora! Que tunica riquíssima! Que azul
celeste!! O' Maria, como estaes formosa! Donde vindes,
mnadissima e santissima l\1ãe Maria, donde vindes? Ah!
por piedade não vos conserveis por mais tempo nessa mu­
dcz1 que tanto me faz soffrer!
Amada filha, ouve altentamente tua dulcissima Mãe,
�faria. Sou a Mãe puríssima a escolhida pelo ab-Eterno
para ser vossa coredentora, a vossa advogada, a me­
dianeira de todas as graças; sou vossa Mãe solicita, prom­
pta a vos socorrer em todas as vossas necessidades, sou
portanto Mãe dos desamparados, dos afflictos, dos enfer­
mos; sou finalmente Mãe de todos os viandantes deste exi.­
lio, sou :Mãe que deseja dar e dar com abundancia, :Mãe
que acolhe com indizível carinho aos pequeninos e aos
desprotegidos da sorte! ...
Porque estaes tão formosa hoje, ó Mãe do bello amor?
Sóbe commigo, amada filha, afasta de tua mente e de
teu coração tudo que possa perturbar tua alma, vamos
conversar amigavelmente, familiarmente como uma filha
com sua mãe.
Minha filha, esquece todo o . creado e encosta tua ca­
heç a no meu Coração, porque vou-te mostrar por instan­
tes o que se passa no Céo no dia de hoje! ...
Que harmonias são estas que encantam os meus ou­
vidos?
Ouve, filha, são os anjos que entoam o hymno da
pnreza.
22 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Repara um pouco: não vês aquelles raios scintilan­


tes? - Sim, vejo, Mãe amadissima. - Esses raios são as
fulgurações de minha pureza, com que o Deus eterno, bom
e misericordioso se dignou mimosear a sua escrava, des­
de sua conceição. Desde minha conceição, me revestiu
desta pureza, que estás vendo. Esses hymnos, que estás es­
cutando agora, os anjos sempre cantaram ao redor de mim,
mesmo ainda quando no exilio Me achava. Os homens não
viam, porque Eu devia ser a violeta escondida até que che­
gasse a minha hora de ser exaltada pelo Deus das miseri­
cordias l
Ouve, filha, que harmonias!
Virgem Maria, se os homens pudessem ouvir? - Sim,
amada filha, os limpos de coração hão de ouvir um dia, e,
um dia, não só hão de ouvir, mas, ainda, hão de cantar.
Ah! filha, vês como é bella a pureza? Vês como é deli­
cioso estar nos braços de tua Mãe?
E porque, te pergunto Eu? Ah! Eu mesma te respondo,
porque sou pura e immaculada. Vês como de mim se des­
prende este perfume, que egual na terra não encontras?
Ah l como é bella a pureza l ...
Ouve como os anjos e santos do Paraiso cantam em
transportes de santa alegria: Bemdita e sempre bem dita a
pureza da Virgem Maria!
Oh I Bem ditas horas exclamam as virgens do Paraiso,
bemditas as horas em que, calcando aos pés as paixões da car­
ne, nos entregamos ás; mais rigorosas penitencias! Exclamam
os martyres: Bemdita e .sempre bemdita a hora em que por
causa da conservação da nossa pureza, fomos degolados e
derramamos nosso sangue! ...
Vê, amada filha, como louvam a santa pureza!
Ouve como todos os habitantes do Paraiso em enthu­
siasticos canticos louvam o Deus das misericordias, por lhes
ter dado como Mãe - a Pureza Immaculada. Ah! quantos
·estão aqui nesta mansão de paz e alegria, porque seguiram
as minhas pisadas! Ah! quantos na terra só por uma palavra
de um de meus servos em louvor á minha pureza, ah! quan­
tos abandonaram a vida peccaminosa que levavam e hoje,
neste dia bellissimo, entoam louvores á Pureza Immaculada!
- Porque, Virgem Maria, minha Mãe Santissima, não mos­
traes a todos a vossa pureza? Arrebatados ficariam e imitar­
-vos-iam.
Ah I filha, a maldade de muitos corações não lhes deixa
ver os encantos desta virtude tão bella! Não penses, que tua
Mãe não deseja a todos beneficiar. Ah! quem mais do que
Eu desejo que todos l\fo imitem! Mas a dureza de seus cora­
ções Me afastam para longe de suas almas, e ahi cegos
.
' cada
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 23

vez mais se precipitam no lodacal de suas asquerosas pai-


xões.
Vê, filha, como é bello o Paraiso! Vê, que harmonias ce­
lestes, onde os limpos de coração gozarão da beatitude do
Deus eterno, purissimo e sapientissimo, Senhor de todas as
cousas e autor da pureza, pois Elle é a propria pureza.
Amada filha, estas fulgurações, estas magnificencias,
c�tes adornos que vês em mim, tudo isto Me foi dado desde
o primeiro instante de minha conceição; tudo Me foi dado
gratuitamente pelo Deus eterno e creador de todas as cousas.
Vendo este Deus a minha nullidade, exaltou-Me acima de
todo o creado, revestiu-Me com a tunica de sua pureza.
Foi só depois que viu minha humildade, que Me elevou
a ser a Mãe de seu unigenito Filho.
Ouve mais uma vez os anjos e os. santos do Paraiso: Sal­
ve, ó Pureza Immaculada ! Salve! Cantemos e exultemos em
grande regosijo! Louvemos a Pureza Immaculada de nossa
Rainha, Mãe nossa!
Salve! Salve Immaculada Conceição! Salve!
Vou-te deixar; dou-te minha bençam de Mãe, não te es­
queças destes momentos que perpetuar-se-ão no Paraisa.
Maria, tua Mãe.
8-12-1930.

Maria, a melhor conselheira e conselheira fiel.

ESCREVE, filha, Eu sou Maria, vossa Mãe, que deseja vos


dar em abimdancia os thesouros inexgotaveis do Cora­
ção de meu Filho amado. Sou, a distribuidora das finezas
elo Coração manso e humilde de meu Jesus ouerido.
O' vós todos habitantes deste exilio, aproximae-vos de
mim que Eu conduzir-vos-ei á morada sumptuosissima do
Coração bondoso de Jesus. Vinde a mim, todos os que estaes
em afflicção, porque Eu vos alliviarei. Eu sou a Mãe dos
afflictos, Eu sou a Mãe dos que choram por tão nobre ctlusa,
a salvação das almas.
Vem, filha amada, senta-te aqui a meu lado. Vou te en­
sinar como deves proceder nas aflicções de tua alma. Escu­
ta-me, porque Eu son a melhor conselheira e conselheira fiel.
Fala, ó Mãe querida, que· vossa indigna filha deseja vos
escutar com attenção e reverencia.
24 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri·nias

Minha filha, subamos juntas o Calvario; é ao pé do ma­


deiro sagrado, que vamos conversar, como devem conversar
uma filha com a sua :Mãe.
E que silencio reina aqui ao pé da Cruz! Sabes tu em
que monte estamos? Aos pés do tabcrnaculo, onde todos os
dias se renova a Paixão de Jesus! E' aqui que estamos con­
versando, é aqui que as almas amantes de .Jesus me encon-
1 ram, porque onde está .Jesus estou Eu tambem.
Disse-te, subamos o monte Calvario, porque para con­
versar commigo ou com meu Filho dilecto, necessario é que
a alma se eleve acima de todo o creado, que afaste tudo que
possa retel-a na terra, porisso é que te disse, subamos jun­
tas o monte Calvado. Minha filha, estás cansada de soffrer,
deita-te no meu regaço e escuta. Vou te perguntar em pri­
meiro lugar, porque soffrcs? Sabes porque soffres? Ah! se
não o sabes Eu t'o vou dizer.
E' por Jesus e pelo seu triumpho nas almas! Não és l\lis­
�:.ionaria? Comprehendestes bem o que quer dizer esta pa­
lavra - Missionaria de Jesus Crucificado?
Que bello titulo tens, alma :Missionaria! Para merecer
porém tão bello titulo é necessario que sejas triturada como
o grão de trigo! E sabes para que, alma querida? Para dar
de comer ao.s pobresinhos de Jesus! Ah!, Missionaria, são
tantos os pobresinhos.
Minha filha, Eu pura e innocente, padeci desde a meni­
nice e soffri tanto no exilio! Ah! se soubesses?! Não te con­
solam estas palavras, seres parecida com tua Mãe querida'!
Como deve uma alma se consolar com esta lembrança;
dizendo quando soffro sou parecida com a minha Mãe do céo l
:'-Tão queres ser parecida com tua Mãe querida, minha filha'?
Com todas as almas procedo como estou procedendo
comtigo; deito-as no meu regaço e lhes faço mil caricias,
quando estas têm confiança em mim e a mim recorrem.
Quando estiveres batida pela dôr, vem a meus braços,
Eu sou tua Mãe. Assim como sustentei os discípulos de Jesus,
qnando batidos pela perseguição dos impios, assim tambern
te sustento a ti, ó alma Missionaria. Vem sempre a meu re­
gaço, que está sempre prompto para te receber. Lembra-te
que Eu sou Mãe dos aflictos, sou a melhor conselheira nas
horas difficeis.
Oh! como é doce descansar no meu regaço de Mãe, por­
que Eu' me compadeço dos que choram, Eu que tambem cho­
rei e tambem soffri ! Portanto sei o que é o soffrimento, e
compadeço-me de mells filhos do exílio, os quaes foram con­
cc:bidos no alto do Calvario, quando o céo me provav� com
a mais cruciante pena, com a morte de meu amado Filho i
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas 25

Ah! como não me hei de compadecer de meus filhos que


soffrem?! Vinde, filhos queridos, vinde a meu regaço, Eu
sou vossa Mãe_, que sabe compadecer-se de vossas penas, por­
que Eu tambem passei por esta via da Cruz. Ah! não temaes
porque não sois orphãos, tendes uma Mãe tão compassiva!
Ah! Como é doce esta palavra :'Mãe"! Que palavra esta que
inspira tanta confiança! Portanto, filhos do exilio, que
soffreis, que deveis temer se tendes Mãe tão bôa e compas­
siva?! ... Ah!_ Se entrasseis no meu Coração e vísseis o amor
que vos consagro, as vossas penas não seriam mais penas!
Lembrae-vos, almas queridas, quando estiverdes na
aflicção, de recorrer a mim, Eu vos receberei com os braços
abertos, apertar-vos-ei contra meu Coração. Ainda que não
o sintaes, tende por certo que cada vez que me chamardes
com confiança, que vos aperto contra meu Coração e vos dou
o osculo de :Mãe, que muito vos ama.
O' almas queridas, quando necessitardes de conselho,
vinde, vinde aos meus pés, que Eu vos direi o que deveis
fozer, porque Eu sou a vossa melhor conselheira, Eu recebo
u toda hora, Eu sou toda vossa.
Jesus, meu querido Filho, deu-me toda inteira, para cada
uma de vós. Vinde com confiança, e sereis felizes! Vêde
como os meus servos são tão felizes, gosam de tanta paz, por­
que; sabem elles que têm uma Mãe na qual descansam e dor­
mem o somno tranquillo, que jamais creatura alguma pode
tirar.
Ah! Almas queridas. Eu sou Mãe e como tal vos dou meu
regaço para descansar. Vinde depressa repousar no meu doce
e amante Coração. Batidas pela dôr, ou alegres, fazei-me
sempre participante de todos os actos de vossa vida, e Eu
-vos digo, cm verdade gozareis de uma paz perfeita, sereis
felizes.
Ah! quem possue uma Mãe como Eu, não ha de sentir­
se feliz?! Ah! quantas almas choram porque, lhes parece que
estão orphans e sosinhas na lucta. Ah! não, estas almas que
assim falam é porque não puzeram sua confiança em mim;
se confiassem em mim, não <liriam: estamos orphans. Eu sou
:Mãe que não abandono, ainda mesmo que muitas vezes não
me faça sentir, para fazer a alma merecer maiores bençãos
do céo!
O' almas queridas, não fiqueis orphans, entregae-vos a
mim e Eu cuidarei de vós até a hora de entregar-vos nas
mãos de Jesus.
Ah! quem na vida teve tal Mãe, na hora das contas, Eu
advogarei sua causa. Quem confiou em mim na vida, Eu
mesma, apresentarei ao Deus das misericordia.s seus actos,
26 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

dizendo-lhe: esta alma sempre em mim confiou, ouvia meus


conselhos e eil-a que sempre vos foi fiel.
Sim, almas queridas, se vos exorto a em mim confiar­
des, é só porque desejo-vos beneficiar; porque sou Mãe e vós
sois meus filhos, legados na hora suprema da dôr, na hora
bemdicta, em que as portas do Paraiso se abriram para a
humanidade.
O' almas queridas, repousac no meu regaço e não temaes,
porque tendes Mãe, que vos ama tanto e que tem um unico
desejo, introduzir-vos no Paraiso.
12-12-1930.

Maria fala do amor, da humildade e da


mansidão de Jesus.

MIN'HA querida Mãe do céu, o dia de hontem já passou,


porém o meu coração e minha alma suspiram pela vossa
visita. Vê-de, querida Mãe, como estou abatida pela dôr ! Que
peso acabrunhador! Tende compaixão de mim! Sou tão
fraca que a toda hora desanimo; como hontem porém me
dissestes que recorresse sempre a vós, que sois Mãe, eis-me
de novo a vossos pés a implorar-vos misericordia. Vinde em
meu auxilio, sois minha Mãe, e como tal haveis de me valer.
Eu sou vossa filha, que em vós confia, porisso hei de sahir
daqui fortificada para a lucta.
Minha filha, estás de novo afflicta? Louvado seja Deus,
por Elle te visitar. Fica sabendo que as afflicções são
mimos que o bom Deus custuma dar aos filhos que­
ridos. Não estranho tua afflicção, porque as penas inte­
riores afligem a alma e o coração. Não extranhes de estares
assim aflicta e não tenhas receio de vir aos meus pés pedir
rnisericordia. Para que serve uma mãe senão para cuidar
hem de seus filhos e dar-lhes o alimento necessario a tempo
e hora?
Minha filha, jamais te approximes de mim com receio
de me incomodar. Ah! não, o meu gosto está cm beneficiar,
por tanto só me dás prazer quando vens chorar aqui a meu
lado. Vamos conversar amigavelmente como uma filha com
sua mãe. Aqui aos pés de Jesus Sacramentado está-se tão
bem, não é verdade? Como é delicioso estar-se aos pés de .Je­
sus! Vamos, filha amada, vamos conversar bem juntinhas.
Vamos falar de Jesus. Eu acho minhas delicias em conver-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 27

sar com Jesus, porisso de Jesus vamos falar um pouco, do


quanto' Elle ama os homens, de sua humildade e de sua man­
sidão!
Minha filha, como Jesus ama os homens a ponto de ficar
aqui encerrado neste tão pequenino Sacrario! Ah! como me
é doloroso que, apesar de meu filho fazer tanto pelos ho-
;nens, estes ainda são ingratos para com Elle 1 Como isto é
doloroso para uma mãe, que tem um coração tão afectuoso
e dedicado! Felizmente que, em troca de tantas ingratidões,
ainda ha almas bõas que sabem sacrificar-se e reconhecer
o quanto o meu bom Jesus fez por todos, ainda ha almas que
comprehendem as vaidades do mundo, as deixaram para se
darem inteiramente ao serviço de meu amado. Oh! estas al­
mas são a minha alegria. Quantas, dellas, quantas deixaram
o mundo, e ainda hão de deixal-o só para dar prazer a Jesus 1
Que almas puras e candidas têm Jesus no jardim florescente
de sua santa Egreja militante! Ah! que de almas abnegadas que
formam o cortejo do meu amado filho no mundo l Ahl isto
me contenta tanto, me dá tanto prazer, porque meu unico de­
�ejo é contentar a Jcsus, pelo qual no exilio tanto me sacri­
fiquei!
Ah! filha amada, quando uma donzela ouve o chamado
do meu bem amado, Je.sus, e despreza os bens caducos e se
entrega toda inteira ao serviço do Senhor, o céo rejubila-se
junto comigo! Ah! se soubesses o quanto Jesus é louvado por
uma destas almas que sabe corresponder ao seu chamado 1
Impossivel te e comprehender agora! Só no céo o compre­
henderás!
Falemos um pouco da humildade de Jesus. Vê-o aqui
encerrado em tão estreita prisão! Elle, o Rei dos céos e da
terra, aqui permanece para dar o exemplo e arrastar para
si os seus queridos filhos. Entra no coração do pecador e do
tihio sem fazer resistencia! A tanta humilhação se sujeita o
Rei dos exercitos! Sim, Elle é rei tão humilde, meu filho
Jesus! Filha, os homens não o conhecem I Ah se todos o
conhecessem, como correriam aqui a adoral-o! O' almas -mis­
sionarias, fazei o que Eu não posso fazer, fazei meu .Jesus
conhecido! Elle é tão bom, tão puro tão humilde e tão man­
�o ! Fazei as minhas vezes junto das almas t
Falemos um pouco de sua mansidão divina.
Ah! Jesus é tão manso que sua mansidão está bem pal­
pavel na sua dolorosissima Paixão! Vê os algozes coroart:m­
no de espinhos! Elle, o manso Cordeiro, não diz palavra na
sua crucifixão! Silencioso só pede perdão para os que o cru­
cificam! Que mansidão, a de meu filho amado! E aqui, neste
tabernaculo, como Elle exerce a mansidão! Se o recebem co­
rações sacrilegos se cala! Oh!, como Jesus é manso e como
28 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

dt•seja neste ponto_ tão importante ser imitado para a con­


quista dos peccadorcs !
Minha filha, a nossa conversação está agradando a Jesus.
Outra vez continuaremos. Vás alentada e com força para
continuar a tua vida de imolação pela gloria de teu bem
amado Jesus. Não temas, lembra-te que tens mãe, que sempre
está a teu lado. Sê bem generosa, não negando cousa alguma
do que te fôr pedido por Jesus. Lembra-te que a vida é cur­
ta. Deves te lembrar ainda que soffrer para espalhar o rei­
nado de Jesus é honra insigne, que uma criatura mortal não
merece.
Portanto, avante. Lembra-te de tua mãe querida; lem­
bra-te destes momentos felizes e terás coragem para prose­
guir. O que te foi dito a ti nesta hora o digo a todas as al­
mas de bôa vontade, que me procurarem com confiança.
Sim, a todas as almas abraço junto a meu coração maternal.
Sou Mãe, minha filha, sou ::\Iãe.
Pelas mão.s de Jesus
i\faria.

Maria ensina a soffrer com Jesus


MÃE amadissima, como agora conheço vosso coração, hoje',
outra vez abatida e acabrunhada pela dôr, voltei cheia
de confiança aos vossos pés para implorar-vos misericordia
e força, afim de carregar com alegria a cruz, com a qual
vosso santissimo filho se dignou mimosear-me. Venho aqui
para adquirir força, ó mãe querida, não para sahir conso­
lada, ah! isto não. O que vos suplico ardentemente-- é o dom
da fortaleza para sempre triumphar.
:Minha filha, ouvi os teus gemidos; eis-me aqui a teu la­
do prompta para te ajudrr a carregar a cruz, que o bom Deu.s
se dignou enviar-te! ... Pobre filha, como é dolorosa a cruz
do abandono! Jesus está aparentemente escondido, para que
teu soffrimento seja mais amargo, mas não temas, pois tens
uma mãe dedicada, que jamais te abandonará. Vem comigo
ao Gethesemani, que te vou mostrar o quanto meu divino
filho sofreu! Pobre filho, Elle nem ao menos tinha sua mãe
para o consolar e tu me tens, amada filha. Vamos meditar
juntas as angustias de Jesus, e ahi terás força para supor­
tares as tuas, porque os soffrimcntos de Jesus dão alento á
nlma batida pelas penas de um abandono cruel!. . . Sen­
temo-nos aqui, onde o Amado de nossas almas com tanta
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrinias 29

[1hundancia suou sangue, regando com elle a terra. l\linha


filha, quando meu filho adorado viu seu Pae do céo ultra­
jado, sua alma de filho estremoso encheu-se de uma tris­
tesa de morte, começou então a sua angustia, começou a
sua oração, pedindo ao céo se compadecesse dos filhos
desvairados, e ahi fez seu offerecimento; mas logo outro
quadro terrivel lhe veio encher novamente a alma de an­
gustia mortal. Viu elle, amada filha, que sua imolação não
ia ser aproveitada por muitos! Oh! que dôr lhe transpas­
sou a alma! Disse-me um dia Jesus: O' Mãe querida, a
dôr, que me feriu na hora em que vi que muitos dos meus
filhos não iam aproveitar de minha imolação, foi tal que
teria ocasionado a morte a todos os viventes da terra! Foi
tão grande esta tristeza, que me fez suar copiosissimo
sangue. São estas, amada filha, as palavras de Jesus, quan­
do me fala de sna agonia no Gethf'.sf'm::rni ! Amada filhi1,
paremos um pouco aqui. Não és tu, :\Hssionaria, que dese­
jas dar almas a Jesus? ... Vê quantas almas ha a salvar,
entretanto, por desgraça um numero limitado ama vcrda­
deiramente a .Jesus! .T csus soffreu, morreu de morte Hio
cruel, e os homens continuam a sua vertiginosa carreira
no pecado! E' preciso que a Paixão do filho amado con­
tj nuc nos seus membros, que sois vós almas escolhidas
pelo Deus das misericordias para padecerdes nos vossos
membros, no vosso coração e principalmente na vossa al­
ma, soffrendo abandono e angustias á imitação do filho
amado e de vossa dolorosissima Mãe!
Filha amada, não te· dá isto coragem, lembrando-te o
quanto teu Jesus soffreu por ti e por todos os pecadores?
Sim, a lembrança dos sofrimentos de meu dilecto filho tC'm
feito exclamar a rn uitas almas eleitas: soffrer! soffrer!
Oh! o exilio é tão curto e dia virá em que me has de
dizer: oh! :Mãe querida, que pouco soffri para tanto
gozar.
Filha, lembra-te que sou tua mãe. Vem sempre a mim
com confiança de filha, que Eu te consolarei, mostrando­
te o quanto o dilecto Jesus soffreu, e daqui sahirás fortifi­
cada para carrr-gar a cruz, que o bom Deus se dignou mi-•
mosear-te. Filha, vou-te deixar apenas com . este pensa­
mento. Grava-o bem na tua alma:
"Sou de .T esus e de Maria e é pela sua gloria que me
fiz missionária".
14-12-1930.
30 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Consoladora dos afflictos.

MÃE querida do céu, volto 1ioje aos vossos pés cansada


e abatida pela cruz! O' Mãe querida, ouvi os gemidos
de minha alma afflicta.
Lembro-vos, ó Mãe amavel, que sois minha Mãe e que
tendes um coração em extremo delicado. Ouvi, ó Mãe que­
rida, ouvi os meus gemidos.
Vinde, ajudae-me por piedade; vêde minha fraqueza
e della compadecei-vos, porque sem o vo.sso aúxilio, ah!
bem o sabeis, perecerei, sim, perecerei!
Minha filha, aqui a teu lado estou. Porque estás tão
··ajflicta? Não sabes que ao lado do filho afflicto Eu sem­
pre estou? Não sou Eu a Mãe dos afflictos? Porque então
alma querida te affliges? Mãe querida, porque eu sou cria­
tura fraca . . . Sim, filha, bem o comprehendo. Sei que os
pobres filhos do exilio têm necessidade dos conselhos da
Mãe do céo, é por isso que o doce e meigo Jesus na hora
derradeira me deu por mãe a todos. Vendo o quanto Elle
soffreu, sentiu que os filhos do exílio tinham necessida­
de de ter uma mãe, por isso naquella hora de angustias
me deu por mãe de todos.
Vem aqui filha ao meu regaço, vem que eu sou tua
mãe, mãe que por ti soffreu. Ouve-me com atenção e da•
qui sahirás com força para suportares as agruras da vida
na exilio. Vamos juntinhas aos pés do amado Jesus, vamos
aos pés do sacrario, onde· por teu amor está Elle encerra­
do. Eu vou lhe dizer que por amor tudo soffres, tudo para
(for-lhe almas. Jesus contente ficará, e que ventura, alma
qnerida, contentar a Jesus! Não ha maior ventura que pos­
sa contentar a meu filho querido. Que nobreza, alma que­
rida! Jesus, tua mãe, com esta alma saturada de dôr,
aqui, a teus pés, vimos dizer-te que te amamos.
Filho dileto, suas dôres te entrego, tu que gostas tan­
to de receber pelas minhas mãos, aqui seus soffrimentos
e suas angustias Eu t'os dou, filho querido, todas ellas são
por amor.
Filha amada, Jesus aqui está, e estou Eu tambem. Que
ventura viver no meio de nós dous. Jesus e Maria, ó Pa­
raíso na Cruz! Sim, estás na cruz e no Paraíso, porque
soffrer ao lado de Jesus e de Maria não é soffrer, mas, sim,
gozar.
Feliz a alma que, no meio de suas cruzes, a mim re­
correr, porque eu a conduzo a Jesus, Eu sou o caminho
que leva a Jesus. A cruz eu não a tiro, porque então iria
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 3I

contra os planos de Jesus, mas Eu dou força para cada


dia carregai-a com amor. Não vês, filha, o que faço con­
tigo? Faço o mesmo com todas as almas que confiam em
mim. Soffrer, filha, é honra insigne para uma criatura
mortal. O soffrimento são delicadezas do amado Jesus.
Quando urna alma é visitada pela dôr pode exclamar: Oh!
meu Deus, não sou digna de tanta finezas. Poucas, muito
poucas são as almas que comprehendem os soffrimentos,
pois pensam que na hora do soffrimento são esquecidas
cte seu Deus! Aquellas que assim pensam, as convido a me­
ditar em minha vida.
Eu, a mãe do filho unigenito Jesus, que tanto me ama, fui
por isso a creatura depois d'Elle, que mais soffreu na ter­
ra! Oh! almas queridas, convido vos a meditar, na minha
vida. Oh! quando Eu soffri! Aprendei de mim, vos posso di­
zer; aprendei de mim, que no exílio tanto soffri, e sempre
soffrendo, na dôr sempre louvei a meu Deus.
Louvae a Deus, louvae ó almas, que sois mimoseadas
pela dôr louvae porque grande mercê vos fez Deus.
Vou te deixar alma querida, vae com coragem. Lem­
bra-te que Eu estou sempre prompta para te ajudar. Lem­
hra-te que sou tua :Mãe. Lembra-te dos momentos que pas­
sastes no meu regaço, ao lado de Jesus Sacramentado.
Tua Mãe, Maria, que jamais te esquece.
17-12-1930.

Com Maria Santis;ima aos pés do Tabernaculo-.


A's Madres.

A PóS um longo silencio, ouvi que minha mãe do céo me


chama com sua vóz suave.
Vem, filha, vem aqui bem junto de tua mãe, que quer
no dia de hoje te ensinar como deseja as Missionarias per­
feitas, e em primeiro logar as Madres. Quero no dia de hoje
deixar uma lembrança para que possam ser minhas fieis
imitadoras.
l\finhas filhas queridas, ser madre é ser mãe. Qual é o
papel que deve desempenhar uma mãe? Eu vol-o digo. O
papel mais importante de uma Madre é levar as suas filhas
pela senda da virtude. Ma.s se um cégo não pode guiar outro
32 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

cégo, é preciso, queridas filhas, que os que tem o nobre e


sublime titulo de mãe, na realidade o sejam.
Vou-vos, amadas filhas, ensinar com os meus exem­
plos! Eu mesma sou o vosso modelo, e não vos convido a
praticar o que Eu não pratiquei. Sim, são os meus exemplos
<1ne vos falarão a cada uina de vós. Amadissimas filhas,
vara ser madre ncccssario é que com o exemplo que derdes
ás vossas filhas, as arrasteis a praticar a virtude. A pri­
meira condição para ser uma bôa :Madre é que seja toda in­
terior -- viva de oração; em segundo lagar deve cumprir á
risca as santas Constituições; em terceiro logar deve ser
mansa, humilde, carido.sa e delicada.
Vou agora, amadissimas filhas, provar-vos como Eu pra­
tiquei estas virtudes com grande perfeição. Querendo meu
divino filho deixar-me como modelo ás almas, quiz que Eu
fosse perfeita, porisso tratei de cumprir com cxactidão a
vontade do Deus bom e misericordioso.
Agora vos pergunto; Não fostes vós, madres, as esco­
lhidas por Deus para servirdes de modelo para as vossas
filhas, essas almas confiadas ao vosso zelo e piedade? Sim,
mas para as conduzirdes pela vereda indicada á perfeição,
a primeira condição é de terdes vós uma vida toda inte­
rior, sem a qual todos os vossos esforços serão infrutiferos
e não dareis a gloria que deveis dar ao bom Deus! As vos­
sas admoestações não produzirão o effeito desejado. Amadas
filhas, vou ensinar-vos como minha vida foi toda interior:
No mundo passei sem nelle reparar; minha alma e meu co­
ração viviam mergulhados na santa oração, passei minha vi­
da, sem um instante me desviar: da santa conversação com o
Deus eterno! Meus trabalhos jamais foram causa de me
dc•sviar, nem por instante, desta santa intimidade com o
meu Deus, porque Eu tudo fazia com calma e sem precipita­
ção. O que faz perder a vida de oração é a precipitação!
Ha tempo para tudo, quando se. sabe aproveital-o bem. A
precipitação é um grande inimigo da perfeição. Oh! amadas
filhas, que fostes chamadas para serdes perfeitas, jamais
vos precipiteis! Eu sempre fui tão grave, amadas filhas!
.fomais uma palavra precipitada! Sêde sempre doces e deh­
C3das. Sim, amadas filhas, sem estas qualidades não cor­
respondereis ás delicadezas de .T esus, que vos chamou com
predilecção, dando-vos ainda o cargo nohilissimo de serdes
o exemplo e por clle conduzirdes vossas filhas pela vereda
da perfeição.
O predicado especial, que desejo que minhas filhas Mis­
.sionarjas tenham, é a mansidão. Para isto chamo a vossa
attenção de um modo particular; porém, para que possais
levar r guiar vossas filhas, necessario é que primeiro vos in-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 33

truduzaes no Coração mansissimo de Jesus aberto no allo dn


cruz. Vêdc como Elle, apesar de ser tão injuriado, continúa
com a sua mansidão!
Convido-vos porisso a entrardes no coração deste filho
querido, para vos falar de sua doçura. Ah! só no céo a
comprehendcreis, no emtanto aqui alguma cousa percebe­
reis dessa doçura. Ah! meu filho é tão doce que sua do­
cura faz a felicidade dos habitante.s do Paraíso, e vós, que
sois as suas coadjutoras, deveis ser della uma copia per­
feita. Mas não vos illudaes, para se ser manso não é só
quando tudo Yae bem. A mansidão se mostra na hora do
soffrimento, assim como .Jesus a mostrou no alto da �rui:!
Para ser manso não se deve deixar de corrigir os q1ú: er­
ram; ah! isto nunca; corrigir e corrigir com mansidão é
firmeza, assim como Je.sus mostrava os erros, mas com ian­
ta doçura que a peccadora se converteu. Uma Madre jairnü:;
deve deixar passar um erro em uma sua filhà, mas pJra
corrigil-a é necessario que ella em tudo dê o exemplo.
O' amadas filhas, sou o vosso modelo, sêdc tambcm vós
o modelo de vossas filhas. Sêde exactas no cumprimento de
Yosso dever, mas este dever por amor, este dever com nrnn­
sidão, este dever cumprido, como Eu sempre o cumpri c0111
os olhos voltados para o céo. Ah! se assim fizerdes, qui�nta
gloria dareis a Deus. Cumprireis a vontade do bom Dc:ns
c·m vós, chamadas por Elle para serdes perfeitas.
Amadas filhas, não percais tempo em dcsafogos do •'O­
ração, que isto acontece muito cm communidadcs relig;,)­
�as, ah! isto jamais! Os vossos desafogas sejam com J c::c;us
e commigo, porque com as criaturas será perder o tempo, que
não vós pertence e que é de Jesus e das almas. Vivei da fo
e não do coração. Que a fé seja vosso pharol, e se assim 1wo­
ceclerde.s, sereis fortes nas horas, em que o bom Deus vos
tirar as consolações.
Amadissimas madres, pela fé encaminhac as almas a
YÓS confiadas, e não pelo coração.
::\Iaria, vossa amadissima Jiãe que vos abençôa.
27-12-1930.

Maria, é força nas tentações.


Q' :Mãe dolorissima, sim, sois na verdade, a :Mãe cari­
nhosa, que sabe consolar os que choram! Por éstc
motivo, é que hoje a vós recorro. No me10 <leste
34 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

deserto em que me acho, venho implorar vossa ma­


ternal bondade. Quem me valerá, se vós me desam­
parardes'? O' querida Mãe, apiedai-vos de mim, vêde
como minha alma geme debaixo deste terrivel peso! \ié,s
bem sabeis que eu não quero fugir da cruz, pois o que pe­
co nesta hora de afflicção, é que não me abandoneis nas
mãos de meus inimigos infrrnaes. Como elles me rodeiam,
como me tiram a paz e a tranquillidade de minha alma! ...
O' Mãe querida, como é terrível o inferno! Si neste
mundo soffrer seus ataques é tão terrivel, o que não serão
os supplicios elcrnos? ! Apiedai-vos de mim, vós, que sois a
fortaleza dos que luctam, vós que sois a Mãe das Misericor­
dias. Vêde, ó Maria, que me faltam as forças, sou tão fra­
quinha! Vós, porém, que sois tão poderosa, vós, que esma­
gastes a cabeça do inimigo, triumphai nec;;ta hora, saccudi
este jugq terrível, que me faz tirar da intimidade de vosso
Divino Filho. Ah! vós bem sabeis como elle me tira da ora­
ção, como me leva a fazer aquillo que eu não quero [ A
minha vontade, vós bem a conheceis, é fazer a vontade de
Jesus representada por meus superiores; mas, si a vontade
de Jesus fôr, que eu deva supportar estas terriveis ten­
tações, até a hora de minha morte, direi. Fiat ! Mas si não
for vontade de Jesus, fazei que elles me larguem. Em tudo
e sempre direi: Para sempre seja louvada a santissima von­
tade de meu Deus.
O J Maria, sêde sempre meu refugio. O' Maria, jamais
me abandoneis, para que um dia possa cantar as vossas .MJ.­
sericordias, dizendo mesmo neste exilio: Maria é meu sus­
tcntaculo ! Maria é minha força.
2-1-1930.

rv'Iaria, á uma alma em trevas e abandono,


fala da Paixão.
MINHA celeste Mãe, Mãe querida, olhae por piedade para
esta vossa filha. Vinde, ó Mãe querida, vinde em meu
auxilio, vós sois Mãe. Que palavra doce é esta "Mãe" ! \T êde
como minha alma geme, débaixo desta cruz! Que tormento
é este Mãe querida? Explicae-Me por piedade 1
Minha filha, responde Maria, aqui estou para te dar
força. Vem, lança-te no meu regaço, escuta o que te vou
dizer: Os dias do exílio são poucos, um dia has de louvar
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 35

a teu Deus por assim te tratar. Vamos, filha, ao Calvario,


ao monte dos amantes. Minha filha, quando Jesus aqui che­
gou extenuado, sem forças, sentou-se em uma dura pedra
e ao céo voltou seus olhares. O céo, filha amada, surdo não
se manifestou á sua alma amargurada 1 Vê, filha, o que o
doce e meigo Jesus pronunciou: Meu Pae, vou ser prega­
do neste duro madeiro, minha alma está em angustia de
morte, porque muitos dos filhos amados não hão de apro­
veitar de minha crucifixão! O' Pae, quantas almas indif­
ferentes!. .. Que dôrl Compadecei-vos de mim, ó Pael
Filha, qual foi a resposta do Pae? Silencio, trevas na
alma bemdita de Jesus! Agora Eu te pergunto: Não queres,
á imitação de Jesus, soffrer trevas e abandono?
Ah! filha, é aos pés da cruz que se aprende a soffrer 1
:Meu querido Filho Jesus, naquella hora, estava vendo pre­
parar a cruz, na qual ia ser pregado! Que ancias de morte,
filha, quando no chão viu aquelle madeiro, no qual ia ser
pregado; porém, maior foi sua dôr quando chamou por seu
Pae e este se conservou em silencio! Ahl se pudesse com­
prehender o quanto Jesus .soffreu nesta hora! Lembrou-se
Elle, nesta hora, dos beneficias que tinha derramado cm
abundancia e porque só fizera o bem, ia ser morto! Oh! que
dôr é fazer- o bem e depois ser calcado aos pés pelos bene­
ficiados!
Porém, filha, quantos hoje continuam a crucificar este
Deus de amor! Crucificam a Jesus esses ingratos, que pas­
sam indifferentes, sem se lembrar do quanto Jesus soffreu
por seu amor. Ah! filha, grande foi a dôr de Jesus! E
agora vou-te dar a experimentar uma só gotta do calix da
ingratidão, para que muitos ingratos se voltem para Jesus.
Não temas; has de ser triturada, mas lembra-te que salvar
uma alma é diffundir o reinado de Jesus.
Avante, filha, avante! Estás no collo de tua Mãe. Vou
te deixar aqui aos pés deste duro madeiro.
3-1-1931.

A resignação de Maria.
O SEGREDO DAS ALMAS GENEROSAS.

N OJesus
meu coração se aninham dous amores: o amor de
e o amor de Maria que me fizeram desprez9.r o
mundo com suas vaidades e me obrigaram a procurar a
36 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagri11tas

solidão do Calvario, onde todos os dias minha alma expe­


rimenta as amarguras do Salvador.
O' bemdito amargor! O' doces penas que um dia no
céo hão de me fazer exclamar: quão pouco padeci para
gozar tanto?
O' almas queridas, não temais quando o bom Deus vos
chamar para galgar o Calvario. As penas e as agruras que
se experimentam neste monte santo são doces, são suaves,
porque ao nosso lado está o Divino Crucificado, com seu
exemplo, a nos dizer: Soffrei, filhas amadas, soffrei, por meu
amor; quanto maiores forem as vossas penas, maior será a
vossa recompensa no Paraíso. Oh! amadas filhas, que sois
convidadas a habitar a solidão do Calvario, contcmplae por
instantes o que Eu nesta dura Cruz soffri! Coroado de agu­
dos espinhos, de pés e mãos cravados, volvi ao Céo os meus
olhos amortecidos pela dôr; mas, para poder fital-o, os es­
pinhos mais e mais se cn1.varam na minha delicada cab<.'ça,
onde só se aninham pensamentos de caridade para poder
beneficiar aos homens.
Olhando para a terra, os espinhos que circundavam a
minha fronte mais e mais se cravaram, para ver a popu­
laça que vomitava contra minha mansidão as mais vis b]as­
phemias. Cheia de odi� e não satisfeila por me ver tão man­
so, sem proferir palavras contra sua selvageria, queria tirar­
me a calma habitual, que nenhuma creatura humana <le
perdel-a me pode imputar, porisso sereno, sempre calmo,
deixei o inferno vomitar blasphemias que aqui não vos
quero relatar, O que quero dizer a todas vós, almas convida­
das a galgar o Calvaria, é que aprendaes de mim a sof­
frer com mansidão, sem jamais proferirdes queixa mesmo
contra áqucllc.s que se constituem vossos algozes gratuitos,
Em vez disso, eu vos convido a entoardes em vosso coração
o cantico ele acção de graças, porque o Deus Eterno de vós
se lembrou, dando-vos a experimentar o que seu Filho
amantíssimo soffreu no alto ela Cruz. Oh! almas queridas
que ainda prolestaes na hora da dôr, contemplae por ins­
tantes o que eu vou dizer: O céo fechado, meu Pae não res­
pondia á minha voz que o chamava. Nas trcs horas de tor­
mentosa agonia disse a meu · Pae: "Tende compaixão de
vosso Filho aqui nesta dura cruz, coroado de espinhos,
apupado pela populaça; ao meu lado afflicta está a Mãe
que me déstes, sem poder si quer dar-Me uma gotta de
agua; as lagrimas de seus olhos purissimos correm em
abundancia; estas lagrimas, ó Pae, são espadas que dilace­
ram minha alma! O' Pae, cu amo minha Mãe e não posso
vel-a soffrer !" O' almas queridas, contemplae e mcditae
qual foi a minha dôr vendo que o Pae se conservava em si-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri-mas 37

Jencio. Mas, olhando para a Mãe afflicta e conhecendo a sua


resignação com à vontade do Altissimo, minha alma rea­
r:imou-se; exemplo para vós todas, almas que soffreis; a
minha vontade deve ser sempre a vossa força nas horas de
tribulação; esta minha vontade manifestada por aquelles
que fazem as minhas vezes junto á vossa alma.
O' almas que temeis o sacrificio, Eu vos convido a me­
ditardes quotidianamente o drama sanguinolento do· Cal­
Yario. Quem será capaz de se queixar contemplando as mi­
nhas dôres, as minhas penas e as minhas humilhações?
Superioras, por piedade, quando alguma de vossas fi­
lhas tiver medo da cruz, convidae-a ao menos por um quar­
to de hora a contemplar o que eu soffri no lenho da Cruz.
Zombarias, blasphemias as mais repugnantes, minha Mãe
que chorava sem poder dar-me nem uma gotta de agua, cra­
,ado de pés e mãos e ao menor movimento as carnes a se ras­
garem mais, coroado de pungentes espinhos que transpas­
sa,am de lado a lado minha delicada cabeça, minha alma
em angustias mortais, pelo bandono do Pae. . . E na con­
templação deste drama, que jamais será presenciado no
orbe, quem terá a coragem de negar-se a soffrer com alegria
por meu amor? Por accaso será o discipulo mais que o
Jlestre? Si eu, por vossos peccados, fui assim tratado, por­
que então vós não haveis de soffrer com alegria, vendo o
,osso Mestre dar-vos o exemplo, com tanta resignação, sem
proferir palavra contra os algozes voluntarios?! .... Oh! em
Yerdade Eu vos digo, quem meditar ao menos por um quar­
to de hora neste drama sanguinolento, este saberá soffrer
e chegará um dia a soffrer com alegria, si não f ôr infiel ás
inspirações da graça.
Eis o segredo das almas generosas. As minhas dores, as
minhas penas são a vossa força, almas queridas; são a vossa
luz que vos ha de conduzir aos páramos celestes, onde b.em­
dizer-me-eis por toda a eternidade.
O' almas queridas, que por qualquer cousa vos abateis,
não vos esqueçaes de subir o Calvario, Meditae o que já vos
foi dito, não sejaes pusilanimes, porque todas as vossas
penas o que são em comparação de um espinho, que trans­
passou minha delicada cabeça! Si a tentação do desanimo
bater á porta do vosso coração, contemplae minha ama­
díssima Mãe e vede-a em pé, em seu coração dizendo essas
palavras: "E' doloroso ver nm filho pendente de um duro
madeiro sem· poder refrigerar seus labios ressequidos pela
força tla dôr ! . . . Mas, é vontade de Deus, que ella se cum­
pra; que eu seja triturada e esmagada, porém que ella seja
a minha força e a força de todas as almas nos seculos vin-
àouros". ·
38 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Eis, almas queridas, a vossa força, está na meditação


destas palavras: Minha Mãe foi sustentada na sua dôr pela
vontade do Eterno. Mais uma vez exclamou, eis aqui a es­
crava do Senhor, faça'-se em mim, tudo o que for de sua
santíssima vontade.
Eis o que tambem deveis fazer. Em vez de recrimina­
ções, exclamae com Maria: Ecce ancilla Domini.
Maria não se abateu vendo o seu Filho, a quem tanto
amava, blasphemado e pregado em duro madeiro, e sof­
frendo as dores as mais cruciantes, porque em seu coração
estavam escriptas essas palavras: Vontade de Deus - Deus
o quer - eu sou a escrava do Senhor. Deus, como pae, não
póde me dar o que não seja salutar para minha alma. São
estas palavras que deveis gravar no vosso coração, todos
vós que quereis ser santos e perfeitos, para um dia estardes
ao meu lado no Paraíso.
Eis, almas Missionarias, o que deveis escrever no vosso
coração: Deus o quer - eu sou a escrava do Senhor -
Deus me governa - Deus é meu Pae - Maria é minha
Mãe.
Se vos lembrardes dessas palavras curtas, mas de um
valor infinito, nas horas de soffrimento não reclamareis.
Na hora em que a obediencia vos impuzer sacrificio dizei:
Eis aqui a escrava do Senhor, que a vossa vontade seja
feita, ó meu Deus.
Oh! se assim procederdes que fonte de merecimentos!
De vosso peito brotará a agua mysteriosa que servirá de
balsamo aos afflictos; aos peccadores dareis desta agua que
beberão, sua efficacia será maravilhosa, pois suas almas rege­
neradas Me louvarão por toda a eternidade na mansão ce­
leste.
O' almas queridas, jamais vus esqueçais destes conse­
lhos, que são fontes de bençams que continuarão na vida
eterna.
Vosso Jesus Crucificado porque vos ama é que assim
vós falla.
E' o amor deste Deus, que vos creou e vos remiu, que
ha de ser a vossa recompensa.
Tudo faço por amor, fazei vós o mesmo, e um dia, l!l
meu lado, cantareis, cantareis: amor I amor! amor!
Pelas mãos de Maria.
21-1-1931.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 39

Jesus dando--nos Maria como nossa mensageira.


SENHOR, que felicidade a minha! Hoje tenho a ventura de
ver-vos outra vez no vosso throno de humildade! Ape­
nas vejo uma Hostia branca! Um modesto ostensorio! Um
throno simples! Umas flôres! E umas velas accesas a bruxo­
learem: de vez em quando! Um silencio reina em torno desta
Hostia branca! De vez em quando umas alminhas, vestidas
de purpura levantam a vóz, para offertar-vos ao Pae das
misericordias!
Mas a minha curiosidade não está satisfeita com este
quadro tão simples para quem não tem fé, porém, tão su­
blime para quem tem a ventura de crer. Minha curiosidade
não está satisfeita com este bellissimo quadro.
Desejo, ó meu Jesus, escondido nesta Hostia Santa, que
me faleis um pouco. Eu sei que não mereço sêr por vós
instruida, mas este é o vosso desejo. Dissestes: "Pedi e re­
cebereis'',· eis, meu Divinal Esposo, que vos peço sempre
que tenho a ventura de estar junto de vós. Vós um dia me
dissestes: Eu sou o teu livro e não desejo que leias outro, a
não ser neste que contem duas paginas tão bellas e que ja­
mais acabarás de aprender! Tenho sêde, meu Jesus, sêde
de vos amar; tenho sêde de salvar almas, porque é salvan­
do almas que vos dou prazer; minha alma agoniza por vêr,
ó meu Jesus escondido, que faço tão pouco por vós que
tanto fizestes por meu amôrl
Minha filha, deixei desafôgar teu coração, agora sou
Eu que vou desafôgar o meu Coração no teu.
As minhas esposas são as minhas caras confidentes.
Como te disse hontem; vós formaes minha côrte, não Me
importando com a vossa pobresa, porque Eu não preciso
de vossas riquezas, mas sim, da vossa hôa vontade.
Desejo-te falar hoje como pódes repartir minhas rique­
zas com os mendigos, com os famintos, emfim com os que
não sabem vir a mim.
Agora Me vês aqui nesta Hostia Santa, mas será que
estou assim immovel na realidade? Ah! não, filha, Eu estou
rlando em abundancia os the.souros do meu Coração ás mi­
nhas rainhas, ás tuas irmãs que estão aos meus pés pedin­
do misericordia para os pobres peccadores. Eis o que estão
fazendo as tuas irmãzinhas: não vês esta chuva benefica
que desce do céo?
E esta chuva de bençans é que vae cahir sobre os po­
bres peccadores.
Que hella missão! Que Divino Officio! Porém, hoje,
quero te dar mais uma licção, que se a puzeres em pratica,
40 Glorias e Poder de N. Senbora das LagriJnas

será de grande proveito para os pobres peccadores. Quero­


te ensinar como has de repartir estas riquezas com pro­
veito. Dissestes, hontem, que és senhora de todos os meus
thesouro.s, por tanto é pr&ciso que saibas dar e que não te
canses de dar; mas, como constitui minha querida Mãe
thesoureira de todos os meus thesouros, é preciso que, quan­
do Me pedires alguma cousa, seja para ti ou para os pobrrs
peccadore.s, que fales sempre· assim: Dae-Me, .Jesus, pelas
mãos de Maria, e do mesmo modo quando Me offertares al­
guma cousa, seja sempre por seu intermedio.
Para melhor comprehenderes: Quando te dispuzerrs
para rezar, apresenta-te a ::.Vfaria e diz-lhe: lvlãe querida, de­
sejo tal graça. Seja para ti, ou para os peccadores, au al­
guma offerta de qualquer fórma, jamais te esqueças que
has de Me falar sempre em primeiro lugar de minha :\Iãe;
e digo-te, em verdade, que assim fazendo serás na realida­
de grande benemerita dos p0bresinhos pcccadores e as tuas
preces xle serão mais agradaveis.
Porém deves falar com Maria com toda a simplicida­
de de filha, com toda a confiança. Ella vos ama tanto, tanto, e
deseja dar-vos todos os meus thesouros ! Em verdacie, te
dig o que do céo não sae cousa alguma sem passar pelas
mãos de :i\faria; mas quantos filhos se esquecem deste de-­
ver sagrado de Me pedir por Maria! E Ella, vossa Mãe, e
Mãe tão carinhosa, tão solicita em attender-vos, encontra
felicidade em poder beneficiar-vos. Agora, em se tratando
de esposas minhas, qual não é o carinho desta Mãe bem­
dieta? Ah! EUa vos aperta contra seu coração! vos cobre
de osculos, e vós não vêdes, mas é uma realidade, vos ama
tanto! Quando vos contempla diz: vós, espo.sas de meu Filho,
Filhas minhas duplamente, vós deixastes tudo para seguir­
des meu Jesus, como vos amo, candidas pombas t
Desprezastes os bens falazes para buscar e abraçar o
eterno, o immortal !
O' lyrios de meu .T esus, como vos amo! Que quereis que
eu faça por vós? Pedi-me tudo que é .Jesus, Eu vol-0 darei.
Elle já é vosso, ma.s gosto de vol-0 dar mais uma vez! Que­
reis ç,onverter os peccadores '! Eu mesma sou vossa Mensa­
geira, dizei-me, que Eu faço as vossas vezes!
Alma querida, Eu vou, por ti, levar o Sangue de Jesu.s
ao coração do peccador. Que queres que Eu lhe diga? Fal­
la-me, filha, desejo te ouvir. Eu vou segredar a seu ouvido
que deixe os prazeres, que ouça a graça, que venha a Jesus.
Faze-me tua mensageira, desejo tanto; não temas, és esposa
de Jesus, desejo tanto servir as esposas de .T esus ! Dize-me
assim: :\Unha Mãe, desejo que aquellc pcccador se conver­
ta, quereis Vós ir atraz delle? Ide, minha :\'lãe, ide á minha
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 41

frente, falac com elle, a vossa vóz, a vossa qualidade o lia


de converter. E' assim, querida filha, que desejo que fales
com minha Mãe. Ah! então saberás repartir os meus the­
souros inexgotaveis.
Nada faças sem }faria, Ella é que sabe abrandar os co­
rações, e dar reparação ao Pae. Pede-lhe, une-te a ella,
e tua vóz unida á sua, que bella melodia, que doce con­
vivia!
Minha filha, este é o 5egredo da conversão dos pobres
peccadores. Quem resistirá a ).faria? l\ilas, com bastante dôr
le digo que é preciso, para realizar este programma, con­
fiança e amôr filial nesta }Iãe querida. Como te ia dizendo,
com bastante dôr para meu Coração de Filho extremoso,
muitas são as almas que não confiam e não comprehcn­
dem esta intimidade, achando que ter uma intimidade as­
sim é falta de confiança. Qrn:mta ignorancia! Quem não con­
fia em sua Mãe, em quem póde confiar? E se com a :Mãe
que tendes por natureza tendes tanta confiança, muito mais
deveis confiar na Mãe do céo, que vos consagra mais amôr
do que o amôr reunido de todas as mães do orbe.
O' cegueira a do homem que só ama o que vê com os
olhos! Quanta falta de fé! Ao menos vós, por piedade, não
procedaes assim. Confiae, e muito, nesta Mãe bemdicta, se
quereis contentar-Me, e salvar almas. Fazei, desta Mãe, vossa
l\iiensageira, pois ella tanto deseja servir-vos. Não temaes,
porque ella é 1'1ãe e uma Mãe só deseja beneficiar os seus
filhos.
).linha filha, a tua curiosidade foi satisfeita, ensinei­
te hoje mais uma cousa, ensinei-te que minha Mãe deseja
ardentemente que todas vós, sem excepção, a façaes vossa
confidente e vossa mensageira! Fazei assim, almas todas
que Me lêdes, e as vossas preces serão logo ouvidas e os
seus fructos serão de vida eterna.
Lembrai-vos que sois rainhas, filhas de Rei, esposadas
de Rei e filhas de Maria, que ha de ser a vossa- alegria!
Confiae nella, porque assim, Me dareis prazer.
Lembrai-vos que sois nobres. Filha, não te esqueças, no
dia de hoje, de enviar Maria aos salões de bailes, para di­
zer aos peccadorcs que se convertam.
}faria os converterá, porém envia as tuas preces jun­
tas com as della, molhadas n o meu Sangue Divino_! ...
J csus, vosso tudo, pelas mãos de Maria.
16-2-1931.
42 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Maria conversando com um seminarista.


MARIA - Meu querido filho, queres ger ministro do
Senhor?
Seminarista - Sim, minha Mãe, quero; este é meu de­
sejo :;trdente: um dia fazer descer Jesus ás minhas mãos!
O' ventura!! l
Maria - Meu querido filho, é preciso que desde agora
comeces a comprehender a tua grande ventura! Ser minis­
tro do Senhor é honra insigne! Ventura inegualavel! Sabes
meu filho, ser sacerdote do Senhor é ser santo, e ai do que
não chegar a sel-o! Sim, meu filho, é preciso que quem
se dispõe a ser ministro do Senhor se compenetre bem desta
verdade: Preciso ser santo! Que ventura ser santo l E quem
não chegar a ser santo não corresponde á sua sublime vo­
cação!
Meu filho, quem sabe és um tanto timido, não desejas
quem te auxilie?
Não Me queres a mim como cooperadora na tua santi­
ficação? Prompta estou, meu filho, para te ajudar, diz-.Me
em que desejas que te ajude?
Quaes as virtudes mais difficeis para cumprires? Diz­
Me que Eu te ajudarei. Amo tanto os seminaristas, gosto
tanto de estar a seu lado!
Meu filho, não desejas salvar um dia muitas almas?
Não desejas ser imitador de Jesus? Não desejas ser um gran­
de apostolo, salvar milhões de almas? Como agradam a Je­
sus os que desejam salvar os peccadores do mundo in­
teiro!
Não queres tu dar esta consolação a Jesus?
Sim, meu filho, deseja muito porque muito te será
dado!
Meu querido filho, não queres ser um grande conver­
tedor de corações? Não queres possuir este grande dom da
persuazão? De certo que desejas, então vou te contar onde
encontrarás este dom preciosissimo : Sê devoto, meu filho,
das Chagas de Jesus e de sua dolorosissima Paixão, que é o
grande segredo pelo qual levarás as almas a Jesus; faze a
tua morada nas Chagas bemditas de meu querido Filho, ah!
então serás grande convertedor de corações.
Meu querido filho, sê meu filho dedicado e o dom da
persuazão será completo.
Não queres estar sempre debaixo de meu manto?
Não queres ter uma Mãe ante o throno do Altissimo?
Sim, filho, eu bem sei que isso desejas; portanto, sou
tua; porém já mais te esqueças de a mim recorrer.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 43

Meu querido filho, todos os sacerdotes, que foram meus


yerdadeiros discipulos, foram grandes, grandes! Levaram
o nome de Jesus a tantos corações!
Sim, filho, foram exemplos de santidade e não queres
tu ser do numero delles?
Meu filho, não queres ser propagador das minhas vir­
tudes, um dia?
Sim, meu filho, deseja ser, á imitação de Jesus, meu fi­
lho dedicado e serás grande no reino dos Céos.
Tua Mãe, Maria, que muito te ama e vela constante­
mente por ti.
Do Reino da Misericordia.
17-2,-1931.

Offerta das lagrimas de Maria a Jesus Sacramen­


tado para a santificação dos Ministros do Senhor.

D ULCISSIMO Jesus, presente nesta Hostia Santa, desejoso


como estáes da santificação dos vossos queridos minis­
tros, vos offertamo.s as lagrimas de vossa Mãe bemdicta, der­
ramadas quando a vóz do eterno Pae lhe pediu o grande sacri­
fício da separação de seus queridos paes. Grande foi a sua
generosidade em deixal-os em cdade avançada, mas, fiel ao
chamamento divino, tudo sacrificou. Sim, ó Jesus, este sa­
crifício, as lagrimas desta hora bemdicta vos offertamos
para que os que têm a ventura de serem por vós chama­
. dos para vossos ministro.s, generosamente deixem tudo,
ainda que com as lagrimas nos olhos.
Dulcíssimo Jesus Sacramentado, as lagrimas de Maria
vós offertamo.s derramadas no templo, quando as suas com­
panheiras, vendo seu santo procedimento, cheias de inve­
ja, lhe levantaram calumnias, indispondo assim as mestras
contra a candida Maria, que soube chorar cm silencio e
pronunciar o Fiat da resignação, dizendo a seu Deus: Mais,
Meu Deus, mais humilhações! Sim, estas lagrimas bemdictas
vos offertamos pelos seminaristas, para que saibam receber
as reprehensões de seus professores, e muitas vezes até as
invejas de seus companheiros. Sim, ó Jesus, fazei que, por
estas lagrimas bemdictas, saibam elles desejar, como Maria,
as calumnias, as humilhações, para se prepararem para a
sublime missão a que são chamados!
44 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Dulcissimo Jesus, vós offertamos as lagrimas de Maria,


derramadas, quando, apresentando-vós no templo, ouviu
Simeão prophetisar que uma espada de dôr ia atravessar o
seu coração! Estas lagrimas, vertidas em silencio, vos offe­
recemos para que os vossos ministros sejam obedientissi­
rnos a seus legitimas Pastores.
Dulcissimo Jesus Sacramentado, as ]agrima,s de l\faria,
derramadas quando vos apresentou para ser circumcida­
do, vos offerlamos, pelos vossos queridos ministros, para
que generosamente saibam se sacrificar por vosso amôr,
como vós vos sacrificastes por seu amôr.
Dulcissimo .Jesus Sacramentado vos offertamos as Ja­
grimas de :Maria, derramadas, quando São José, obediente
á luz do céo, lhe disse: Partamos para o Egypto, para sal­
var o nosso thesouro. As lagrimas derramadas nesta hora,
por vêr que queriam matar seu ditoso Filho vos offerece­
mos, para que os vossos caros ministros saibam fugir das
occasiões do peccado. Sim, ó Deus de amôr, estas lagrimas
hemdictas hão de dar forças a estes vossos filhos, que são
a menina de vossos olhos.
Dulcissimo Jesus Sacramentado, vos offertamos as la­
grimas de vossa lWãe berndicla, derramadas, quando ao che­
gar ao exilio, não tinha pão para matar a vossa fome. Sim,
ó Deus de arnôr, estas lagrimas então derramadas, vos en­
tregamos pelos vossos caros ministros, que não sabem mor­
tificar seus appetitcs, dando assim expansão á tentação d::t
gula.
Du1cissimo Jesus Sacramentado, pelos vossos caros mi­
nistros vos offertamos as lagrimas de l\Iaria, derramadas em
silencio, quando obedecendo ao Pae, por muitos dias esti­
vestes longe della, pregando a divina doutrina. Sim. ó Je­
sus, estas lagrimas derramadas não por pusilanimidade, mas
por se vêr longe de vós, vos offerecemos por estes cntrs
queridos, para que saibam sacrificar-se generosamente pela
salvação das almas.
Dulcíssimo Jesus Sacramentado vos offertamos as la­
grimas de l\faria derramadas, quando vos encontrou no ca­
minho do Calvario, carregando pesada cruz ás costas, para
que os vossos queridos ministros saibam, com generosidade,
abraçar alegremente as cruzes de cada dia, que o sagrado
rninisterio lhes impõe. Sim, ó Deus de amôr, que elles sai­
bam, á vossa imitação, sacrificar-se pelas almas. As lagri­
mas de vossa querida :Mãe serão a sua força nas horas díf­
ficeis, em que o mundo, com suas maldades, se levantar
contra elles, calumniando-os injustamente.
Dulcissimo Jesus Sacramentado vos offertamos as lagd­
mas de Maria derramadas, quando vos viu pregado na cruz,
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagri·mas 45

rjara que os vossos queridos ministros saibam morrer para


o mundo, com todos os seus convites, ainda que licitos a nm
mortal.
O' Deus de amôr, estas lagrimas bcmdictas, derramadas
em hora tão cruel, sejam o eslimulo e a força dos vossos
caros ministros, que ainda não morrenim uara o mundo. Oh!
que dôr elles vos causam! - Sim, Jesus, a-s lagrimas precio­
sas dessa hora bemdicta vos offertamos, para que de hoje
cm diante jamais um delles Yos offendam com uma falta
voluntaria. Oh! não, Jesus, elles com a meditação desse dra­
ma sanguinolento do Calvario, á vista de uma Jiãe Dolorosa
terão a coragem de não ceder aos convites do mundo en­
ganador.
Dulcíssimo Jesus Sacramentado, vo.s offertamos as la­
grimas da desolada Virgem :Maria, derramadas na sua sole­
dadc, para que vossos queridos ministros sejam amantes da
Divina Eucharistia e exemplo vivo das almas a elles entre­
gues pela confiança que nelles depositastes. Sim, Jesus, as
lagrimas derramadas por Maria, em hora tão angustiosa,
sejam o estimulo de tantos ministros que, as vezes, se e<;­
quecem de fazer a sua morada aos pés do vosso altar! O'
Lagrima.s bemdictas, sêde a força destes filhos mimosos,
que cscolhe'stcs para darem exemplos de virtn,fo P ele san­
tidade.
Fazei, ó Deus de amôr, pelas lagrimas de vossa Santís­
sima ::\Iãc, que nenhum destes se perca, que todos elles sir­
vam de pharol á humanidade decahida.
E Vós, ó Virgem :\Iaria, qne por nós chorastes lagrimas
tão preciosas, fazei que os ministros do Senhor sejam todos
exemplos de virtude, conduzindo assim a.s almas a Jesus.
De vós, ó Mãe querida; esperamos tal mercê. Sêde final­
mente nossa guia, para que um dia juntamente comvoscD
possamos exaltar as vossas lagrimas bemdictas.
Louvor e honra para sempre sejam dadas á Augustís­
sima e Santíssima Trindade. Amen.
17-2-1931.

Delicadezas de Maria.
Eu sou Maria, :Mãe de Jesus, Riqueza - da humilde Congre­
gação das }lissionarias de Jesus Crucificado.

Sou vossa Riqueza. Que rica sois, ó Pombas amadas!


46 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Eu possúo os the.souros de Jesus. Que me dareis er:1


troca? Sim, Eu vos digo o que me haveis de dar: uma con­
fiança ilimitada na minha protecção especial.
Meu manto vos dou por tecto; por alimento vos dou Je­
sus. Dai-me, filhas amadas, as vossas preoccup,ações, pois nãc.
quero mais ver-vos em affliéção.
Dai-me, sem demora, tudo o que possa tirar vossa paz.
Maria, eu vos amo, sois minha Riqueza, porque a Jesus
me conduzis.
Dai-me, ó filhas deste Pombal, vossas dividas para Eü
pagar; sou muito rica, Jesus, cumulou-me de seus thesouros.
Tudo tenho cm minhas mãos, dai-me depressa tudo qu,.:­
tendes a pagar; vêde que sou vosso thesouro e não quero
que tenhais dividas!
Não quereis enriquecer a vossa alma? Vinde a mim,
vinde com sêde e fome. Ah! se conheces.seis meu Coraçãc,
- como exultarieis de santa alegria 1

Bemaventuranças do homem feliz.


1 Bemaventurado o homem, que a Maria, minha celeste
Mãe recorre.
2 Bemavcnturado o homem, que tem Maria, minha doce
Mãe, por Mãe.
3 - Bemaventurado o homem, que tem confiança em Ma­
ria, minha candida Mãe.
4 Bemaventurado o homem, que tem Maria, minha doce
Mãe, por conselheira.
5 Bemaventurado o homem, que l\fo dá tudo por Maria,
minha celeste Mãe.
6 Bemaventurado o homem, que faz tudo em união com
Maria, minha Mãe.
7 - Bemaventurado o homem, que saúda a :Maria com a
"Ave Maria".
8 - Bemaventurado o homem, que antes de Me saudar,
saúda a Maria.
9 Bemaventurado o homem, que saúda a Maria, minha
celeste Mãe, tres vezes ao dia com o "Angelus".
10 Bemavcnturado o homem, que Me offerta as Lagri­
mas de :Maria.
11 - Bemaventurada a Congregacão·· que tem Maria, minha
Mãe, como Riqueza.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 47

LADAINHA DAS MISSIONARIAS EM FAVOR DOS


PECCADORES.
Doce lvlaria, Mãe de Jesus, dai-nos o Coração Manso e
humilde de Jesus, para conduzir ao Paraiso os corações
impedernidos dos pourcs peccadores.
Doce Maria, dai-nos a vossa paciencia, para os pecca­
dores salvar.
Doce Maria, dai-nos a vossa humildade, para os pec­
cadores salvar.
Doce Maria, dai-nos a vossa delicadeza, para os cora­
ções iracundos conduzir a Jesus.
Doce :Maria, dai-nos as vossas maneiras delicadas, para
os -iraciveis edificar.
Doce Maria, dai-nos a vossa vóz melodiosa, para os
corações cheios de ira salvar.
Doce l\Iaria, dai-nos a vossa indulgente caridade, para
a todos os que nos offenderem com palavras aspcras, res­
pondermos com um doce sorriso.
Doce Maria, .dai-nos os vossos desejos de a todos bene­
ficiar, para que nós, como vós, desejemos a todos fazer
o bem.
Doce Maria, dai-nos a vossa generosidade, para nós nos
sacrificarmos, como vós, em favor dos pobres peccadore.s.

O "MAGNIFICAT" DA ALMA MISSIONARIA.


:Minha alma engrahde.ce ao Senhor, porque, grandes
cousas em mim operou.
Por Mãe nos deu Maria no alto da Cruz, e, não contente
com isto, o Senhor legou-nos em testamento, tão rico the­
souro.
Minha alma exulta de alegria, vendo que tal thesouro
possúo.
O' Senhor, que vos darei em troca?
Sim, ó Deus, tres vezes Santo, minha alma não cessará
de vos louvar; este é meu desejo ardente, louvar-vos, agora
e sempre!
Bem o mereceis; recebei minha humilde gratidão.
O' Deus de Amor, saiba eu vos corresponder, e das vos­
sas finezas saiba eu aproveitar.
Se tal thesouro á minha alma legastes, é para as por­
tas do purgatorio não transpôr.
48 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

O' sim, :Maria, meu thcsouro, és minha Riqueza, louvai,


louvai a Jesus por mim!
Louvai, ó Anjos do Paraíso, louvai, louvai a .Jesus e
l\faria.
O' vos todos habitantes do Paraíso, louvai, louvai a
Jesus, que por thesouro nos deu tal Mãe!

O demonio proclama o poder de Maria


Medianeira.
Q' Mulher, tu me esmagaste a cabeça! O' Mulher, onde tu
entras eu tenho de sahir! O' :Mulher, ao,s teus devotos
mal não lhes posso fazer! O' Mulher, tu me derrotaste quan­
do pronunciaste o fiat: Ecce ancilla Dominum, e continúas a
derrotar-me com a tua protecção aos viandantes deste exi­
lio! O' :Mulher, grande, grande és no Céo! Acima de todos
os Santos e anjos do Paraisa ten,s o teu throno para minha
derrota! Para minha derrota és a thcsoureira dos divinos
favores! Aos que te são fieis, para minha derrota, nada me
deixas fazer! Para minha derrota, aos que te invocam,
ainda em peccado, na hora da morte me roubas! Para mi­
nha derrota teu Filho quer que sejas proclamada "l\:1edia­
neira de todas as graças"! Obrigas-me a canlar as tuas gran­
dezas! Como teu braço é portentoso! Até os demonios têm
de render-te homenagem! Grande, grande é o teu poder
diante do Altíssimo, e tenho de confessar que são bemaven­
turados os que têm a ventura de te possuir como thcsonro !
A' familia que te deste como Riqueza não posso roubar nem
um membro! Meu trabalho é inutil em tal familia, porque
tu, ó l\Iulher, com os teus merecimentos os sustentas e en­
corajas de forma que aos meus coJ1vites não podem ceder!
Quando me acerco de um membro desta familia, logo vens
tu e me dizes: Dou-te só licença de perturbar para merecer
os meus carinhos, e assim é que me affastas dos membros
desta familia, que amaldiçoarei sempre por possuir um tal
thesouro!
28-2-1913.
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrhnas ..f.9

João, o discipulo amado foi meu anjo consolador


na minha immensa dôr !
A Ll\I.AS minhas, como Deus é bom! Elle jamais desampa-­
ra aquelles que por seu amor se sacrificam. Vêde a vos­
sa Mãe Dolorosa sustentada pelo apostolo amado.
Oh! que dedicação a de João para commigo! Quanto
elle não fez para confortar-Me em minha immensa dôr!
Dizia-:'.\Ie elle: :Maria não chores, võ que agora eu sou teu
filho, lembra-te das palavras de Jesus "Mulher, eis ahi teu
filho", "filho eis ahi tua 1'1ãe". Agora Eu sou teu, tu és
minha!
:Mãe, hei de fazer o teu Filho conhecido. Ah! :Mãe, quan­
do perscrutei o Coração de Jesus na noite da ceia, ah! se
soubesses, :Mãe amavel, que horizontes se desvendaram! Ah!
que maravilhas, quando este Coração fôr verdadeiramente
conhecido!
Fala-}Ie, João, fala-Me de meu Filho. O que ouv.iste
quando reclinaste a cabeça no seu Coração? Como - todas as
mães, gosto de ouvir falar bem de meu Filho!
Oh! :Mãe querida, não tenho palavras para descrever­
te o Coração de teu Filho amado! Tu, melhor do que En
conheces os .segredos de seu Coração! Sim, filho amado, na
verdade Eu conheço os reconditos de seu Coração, porque
Eu O trouxe no meu seio; porém, nesta hora, a dôr de meu
Coração e de minha alma puzeram um negro véo no conhe­
cimento que Eu tenho! Fala-:'.\:Ie João, fala-l\:le do Coração
do Filho amado!
Oh! :\Iãe do Bello Amor, quando, em meu coração de
apostolo e de filho agradecido, presenti que um dos nossos
O ia trahir, percebi que o Mestre estava com o Coração di­
lacerado pela ingratidão. Ah! eu então, sem mais demora
abracei-O com tanto amor, e vi como Elle foi amavel; não
Me afastou, ao contrario deu-me occasião de deitar minha
cabeça bem em cima de seu Coração manso! Oh! o que se.
pas.sou, :Mãe amavel?! Abriu-me seu Coração e vi o reinado
deste Coração! Que prodigios, :.\Iãe querida! Quantas almas
conquistadas! Quantas virgens prudentes, aos convites deste
Coração amoroso, vão deixar as vaidades do mundo! Que
bello reinado, Mãe- querida, quando este Coração fôr bem
conhecido no seu infinito amor!
Fala mais, meu filho, o que vistes mais? Ah! Mãe que­
rida, vi o Coração de teu adorado Filho, com sua mansidão
50 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

divina, arrebatar o mundo das garras infernaes, quando


parecer aos homens que tudo está perdido!
Oh! Mãe, que doce repouso é o Coração de teu Filho l
Elle ha de ser o repouso de todas as almas de boa vontade!
:Mãe querida, vi mais; vi o Coração de teu amado Filho
a espalhar chammas sobre os corações de boa vontade e a
difundir nestes o amor generoso e estes a urdirem sacrificios
para contemplai-O, isto é, para aproveitar para si e arre­
banhar almas, muitas almas para o céo, que Elle nos abriu
com a sua ignominiosa morte!
Mãe amavel, vi mais. Vi aproveitado o sangue derrama­
do na Paixão. Vi que Jesus não soffreu em vão, vi milhões e
milhões de corações a receberem este sangue divino e a se
purificarem com elle! Mais ainda, Mãe bondosa, este Cora­
ção que perscn1tei, o qual tu trouxeste no teu seio virginal,
vi ser nosso alimento e o alimento de todas as almas até
o fim dos seculos.
Sim, não ficamos orphãos, Jesus ficou comnosco, Jesus
me descortinou como Elle vae ser o nosso sustentaculo com
a sua propria carne, alma e divindade. Eu, Maria, posso te
dar Jesus. Tu serás a primeira afortunada, depois de nós
na sublime ceia em que vaes ter a ventura de receber o
Corpo Santissimo de Jesus, não morto, mas vivo! Sim, Mãe
amavel, no Coração Santissimo de Jesus te vi a comer seu
Divinal Corpo! Eu, :Mãe amavel, te posso dar este Corpo,
porque. Jesus nos deu estes poderes na ultima ceia! Como
és feliz, Maria, vaes receber de novo o Amado de tua alma,
tão realmente como quando o vias com teus olhos! Agora
não chores mais, não es1ás sósinha. podes alegrar-te.
Fala-Me mais, meu filho, fala-Me da bondade de Jesus.
Elle era tão amavel, tão caritativo. Diz-Me o que perscru­
taste a este respeito?
Oh! Mãe querida, como Eu poderei te falar da bondade
e misericordia do Coração de teu Filho amado! Que lingua
haverá que possa falar desta encantadora bondade e miseri­
cordia?!
Oh! não ha lingua humana que possa cantar o quanto
e, Coração de Jesus é bom! Mas ao menos fala-!\'.[e o quanto
tu pódes.
Oh! Mãe querida, vi milhões e milhões de almas fas­
cinadas por sua doçura e bondade a sugar o mel dulçuroso
de seu amavel Coração; e nesta escola de mansidão, vi mi­
lhões de candidas virgens se prepararem para espalhar seu
reinado sobre a face da terra, isto para os ultimas tempos.
Vi a misericordia deste Coração a perdoar, sempre per­
doar! Vi tantos peccadores perdoados, tantos aíflictos con­
solados, tantos infelizes confortados! Vi tantas almas ge­
nerosas a beber o mel dulçuroso deste Coração, e depois,
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 5I

com este mesmo mel, consolar os desvalidos, os orphãos, as


viuYas; emfim, Mãe amavel, vi a face da terra renovada.
O temor não reinava mais sobre a terra! Ah! não, os tremen­
dos castigos não mais visitarão os filhos de Adão, porque o
novo Adão, teu amado Filho, trouxe á terra a misericordia !
A misericordia reinará de hoje em diante e tu, ó Mãe
do Bello Amor, serás a distribuidora desta mesma miseri­
cordia.
Vê, Mãe bemdita entre todas as mulheres, como somos
felizes, Jesus morrendo em um patibulo !
Oh! filhas amadas, João tudo isto Me falou; tudo isto
e mais do que isto Ell( o sabia. Quem mais do que Eu conhe­
cia o Coração de meu Filho? Foi para mostrar-vos minha
grande dôr que assim vos falei, para vêrdes como até a lem­
brança de quem era meu Filho perdi no meio de minha tão
grande dôr! Vêde, almas minhas, como o bom Deus Me fez
soffrer deixando-Me em tanta dôr, porém Elle não desam­
parando ninguem, deu-Me João, como anjo consolador, o
que na verdade elle o. foi.
Agora, almas minhas, que de um modo todo especial
Me pertences, não quereis vós ser para mim o que João foi?
Hoje tambem vos posso dizer: Gosto tanto que :rvie faleis da
bondade e misericordia de meu Filho e que della faleis a
todos! Primeiramente deveis commentar esta bondade de
.Tesus, que, de um modo todo especial tendes obrigação de
falar, deveis . commental-a primeiramente commigo como rez
João, e si vós não estiverdes bem aptas para dizer o quanto
Jesus é bom, Eu vos direi como Jesus é amavel e cheio de
misericordia! Sim, amadas de meu Coração, Eu tenh<:> ne­
cessidade de vós para que faleis de Jesus, para que O fa­
çaes conhecido. Reclinae vossa cabeça como fez João no
Coração de Jesus, e perscrutae seus reconditos, e Elle vos
ha de descortinar sua bondade e misedcordia. Se vos sen­
tirdes sem coragem, vinde a mim e Eu· vos introduzirei no
seu amorosíssimo Coração. Não vos foi dado Elle em testa"."
mento? Para que vos foi <lado senão para que O mandu­
queis' e o saborieis. Sim,, snborae-0 e dae então aos outros.
Sim, amadas de meu Coração, pela minha immensa dôr
cm ·minha soledade, Eu vos peço que façaes a bondade de
.Tesus conhecida, primeiramente ás vossas almas e em se­
gundo aos vossos irmãos.
Filhas Missionarias, muita cousa tenho ainda de vos
dizer. Dir-vos-ei mais tarde. Como em minha soledade fos­
tes minha consolação, sêde meus an.ios neste exilio, como
João o foi, dando aos homens o Coração de meu Filho.
Vossa Mãe que vos abençôa na sua soledade.
Maria, Mãe das Lagrimas.
4-4-1931.
52 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Maria a todos quer dar Jesus.

AMADOS de minha alma, todos os que passae.s por este


exilio! Eu sou Maria, a :Mãe do bello amor!
Eu sou :Maria que quer dizer mãe! Sim, Eu sou l\.fãe do
rio caudaloso da Divina Misericordia! O' vós todos que pas­
saes não tendes necessidade de mãe? Vinde pois a mim, de­
sejo tanto saciar-vos com a agua da vida!
O Coração misericordioso do Divino Filho Jesus, onde
se gera a misericordia, me foi dado! O' filhos que lutaes,
não tendes necessidade de meu auxilio?
Vinde e vossas lutas serão dulcificadas com o meu
soccorro espontaneo.
Ah! disto não duvideis, porque cm meu seio trouxe a
divina miscricordia!
Ah! como desejo que venhaes a mün para fazer-vos f e­
lizes para curar vossos males!
Tenho necessidade de fazer o bem, assim como o de­
monio tem necessidade de fazer o mal!
Eu tenho necessidade de dar-vos o proprio Bem que é
.T esus! Jesus é o bem infinito, porem Elle poz-se á minha
disposição para que vol-o entregue!
Queres ser felizes? Vinde, que vos dou a propria feli­
cidade!
Eu só é que tenho direito de vos dar Jesus. Errados
estão os que procuram Jesus sem m'o pedir; pobres são os
que assim procedem!.
E' vontade de meu Filho, e esta irrevogavel, que todos
os thesouros de Paraizo passem pelas minhas mão.s! Isto é
para lembrar-vos que tendes uma ::Vlãe, á qual Jesus deu as
chaves de seu Coração.
E para que isto? Só para que ninguem se perca pelo te­
mor. Quem terá temor de uma mãe como Eu?! Vêdc a divina
misericordia em acção, dando-vos a mim como vossa Mãe,
para fazer o bem e ardentemente distribuir sua infinita mi­
sericordia, conforme apprendi de Jesus.
O' vós que transitaes pelo mundo, não quereis a.iurlar­
me a fazer o bem, isto é, a fazer o proprio Bem cqnhecido?
Não ha melhor obra de caridade do que esta - fazer o Bem
conhecido.
Dizei a todos, almas que . me quereis ajudar em obra
tão meritoria, que o Bem se acha nas minhas mãos, Jesus
está commigo. Eu sei conduzir a todos que vem a mim ao
tribunal da penitencia, ao Sacrario!
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 53

Eu sei mostrar o Coração de .Jesus em chamas de amor,


querendo a todo.s ,incendiar; Eu sei dizer que Jesus ama a
todos sem excepção de classes; Eu sei dizer que Jesus é o
bom Samaritano, que sabe curar as feridas de todos; mais
ainda, Eu sei dizer que Jesus é o bom Pastor que sabe le­
var a.s suas ovelhas cm seus hombros, quando estas não tem
força de caminhar para a patria amada!
Sim, Eu sei dizer que Elle é o Pae que sabe alimentar
seus filhos no Banquete da vida, onde a.s viandas servidas
por Elle são saborosíssimas!
Sim, Eu sei dizer que Elle é o Esposo amorosíssimo,
que sabe recompensar .suas esposas, cingindo-as com a co­
rôa de rainha!
Oh! sim, todos os que transitaes por este exílio, vinde
a mim, qu<' desejo mostrar-vos a Fonte da vida! Não pas­
seis sêde, bebei desta agua crystalina, e o vosso peregrinar
será doce e suave. Porque haveis de caminhar com sêde?
Bebei na Fonte inexgotavel do amor eterno, que por vós se
fez homem e ficou em humilde prisão, só para dar-vos oc­
casião de beber! Ah! por piedade, não passeis sêde, não
posso ver-vos com sêde, vinde a mim e Eu mesma vos con­
duzirei á Fonte, dando-vos uma taça de ouro para poder­
des tirar a agua de que necessitaes! Mais ainda farei: Eu
mesma porei esta agua no.s vossos labios, dizendo-vos: Be­
bei e saboreai para poderdes caminhar até chegardes ú
terra da Promissão, onde sereis alimentados com favos de
mel!
Sim, amados de meu Coração, quem a mim recorre não
passa sêde, porque Eu sou Mãe solicita.
Não procureis outra cousa a não ser Jesus e este pelas
minhas mãos. Ai do que beber nas fontes deste mundo se­
ductor, este não viverá eternamente!
Sim, amados de meu Coração, Jesus morreu por todos
e todos tem direito de vir a mim, peccadores e justos, todos
tem uma mãe. Vinde e vereis si Eu não sou verdadeira
mãe!
Sim, sou mãe que vos ha de dar a verdadeira fclicida­
dc que é .T esus !
:Maria, :i\Iãe de todos o.s filhos de Adão, ainda que pec­
cadores.
5-4-1931.
-54-_____ Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Maria, conduzindo as almas a Jesus.


Q' filhos, que pelo vida transitae.s, não tendes necessida­
de de ouvir aquella que com Jesus cooperou na vossa
redempção?
Sou Eu, Maria, que vos desejo falar, amados filhos,
filhos dados em hora tão bemdita, quando o meu Divino
Filho por vosso amor, expirava no duro madeiro da cruz.
Não desejaes ouvir-Me?
Eu sou tão doce, minha linguagem é tão agradavel 1
O' vós todos que perdeis tempo em conversas inuteis,
vinde Me ouvir. Eu vos falo cousas tão lindas. Eu só sei
falar do Paraiso, o que lá se goza e do que lá ha de mais
precioso!
Vêde, filhinhos meus, que tantas lagrimas Me custastes!
O que é mais precioso no Paraíso? E' Jesus, o meu caro
Filho. Vós não quereis Jesus para vossa felicidade?
Vinde a mim, tenho tanta satisfação em vol-0 dar, E.llc
é tão bom... Jesus é a propria felicidade ... Vós que de­
sejaes tanto a felicidade e que atraz della correis, vinde a
mim, qu Eu vos darei esta felicidade, que consiste em pos­
suir a Jesus.
Perguntar-Me-ão muitos: como faremos para possuir­
mos tal felicidade? Eu vos respondo: -- apresentae-vos ao mi­
nistro do Senhor, o qual tem nas suas mãos o poder de
perdoar, e depois ide á mesa Eucharistica, recebei a Jesus
no vosso coração, para della sahirdes com a firme resolu­
ção de amar muito e muito o nosso Jesus. E' só isto? Ah!
não, amados de meu Coração, aos pés de meu altar, cantae
os meus louvores, entregando-vos a mim por uma confiança
filial, lembrando-vos durante o dia que tendes uma Mãe soli­
cita, que é a Mãe de Jesus, Mãe portanto da divina miseri­
cordia e cujos thesouros se acham á sua disposição.
Não desejaes vós serdes santos, amados meus? Eu de­
sejo tanto que todos os meus devotos sejam santos! E que
facilidade têm os meus devotos para serem santos!
Eu sou a dona dos thesouros do Céo. Como ninguem
pode ser santo por .sua propria virtude, precisam todos, os
que por esta via transitam, dos soccorros celestes; portanto
Eu, sendo a thesoureira de Jesus, aos meus devotos dou
tudo o que Me pedirem; dou a mansidão, a pureza, a hu­
mildade, a generosidade, tudo amados de meu Coração,
tudo o que é necessario para ser santo!
Sabeis o que quer dizer ser santo? E' ser amigo de Je­
sus. Não quereis ser amigos deste Jesus, que tanto vos ama
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 55

e que por vosso amor morreu na cruz e vos tem um throno


preparado para descansardes de vossas fadigas e gozardes de·
sua propria felicidade'?!
Isto, amados de minha alma, é que quer dizer ser san­
to : amar a Jesus, gozar de Jesus depois desta vida cheia d e
espinhos e de dores! Vêde, filhinhos, que esta vida é só de
dôres e afflicções; a vossa patria é o Céo; não vos illudaes.
Oh! pobres e infelizes, os que esperam alguma cousa desta
vida! Que decepção na hora da morte I Sim, não espereis
neste valle de lagrimas, a não ser dôr e afflicção, esperae
antes o gozo eterno e a felicidade immoredoura. E' isto que
desejo contar aos que ainda transitam por esta via.
Vinde, amados de minha alma, vinde Me ouvir, Eu de­
sejo fazer-vos felizes e isso não a numero limitado, pois é a
todos que Eu quero beneficiar, principalmente a vós, po­
bres peccadores, que longe estaes dos carinhos de Jesus.
Vinde amados de Jesus, vinde, Jesus é a vossa felici­
dade; abandonae o passado, abandonae as vossas paixões.
Vêde que o verdadeiro gozo só o encontrareis na amizade
de Jesus. Jesus é a verdadeira felicidade, experimentae, e
depois Me direis si não é verdade o que vos estou falando.
Oh! filhos amados, Eu, vossa Mãe, tenho tanto desejo de le­
var-vos a Jesus. Não penseis que é para felicidade de Je­
sus, Elle é a sua propria felicidade, não precisa de vós. Eu
desejo levar-vos a Jesus para fazer-vos felizes. Não quereis
sel-o, amados meus?
E' por amor que vos falo. Sim, pela vossa felicidade
immortal é que tanto chorei por vós! Não quereis aprovei­
tar de minhas lagrimas bemditas'?
Aproveitae dellas, vêde que estão á vossa disposição.
Vinde a mim, Eu vos conduzirei á propria felicidade, a
Jesus!
Jesus vos ama infinitamente e deseja inebriar-vos de
gozo, no festim da vida!
Vossa Mãe solicita vos abençôa, dizendo-vos com todo
o amor:
Sou vossa, sou vossa, vinde e vereis!
12-4-1931.

As Perolas do Calvario.
VINDE, filhos do exilio, vinde subir as escarpadas do
monte Calvaria, onde vos desejo mostrar as perolas pre­
ciosas, com tanto preço adquiridas para vossas almas! Sim,
56 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

ellas custaram-Me dôr infinita, quando no alto da cruz pre­


gado l\fo achava!
Como não Me haviam de custar <lôr infinita, vendo a
Mãe, que tanto amava, derramar lagrimas e com tanta an­
gustia!
Sim, amados meus, as lagrimas dC:; minha querida Mãt
l\,fo custaram tanto preço!! Qual é o filho que vendo sua
mãe chorar não fica tambem torturado?
Eis, amados meus, porque vos disse: Vinde buscar as
perolas preciosas, estas perolas são as lagrimas de minha
Mãe, deramadas cm horas tão bemditas !
Disse-vos: Subi as escarpadas do monte Calvario para
huscal-as; sim, amados de meu Coração, é preciso sllbir, o
que quer dizer desprezar o mundo com suas mentirosas
promessas; mais ainda, é preciso subir acima de suas in­
clinações e vontades, para de;pois poder recolher cm sua
alma as perolas preciosas, que são as lagrimas de minha
:\'lãe.
Falo-vos aqui espiritualmente, porque meu reino é todo
espiritual. As lagrimas de Maria não é a simples agua der­
ramada de seus olhos puris.simos, mas sim o fruto desta.-..
lagrimas; o que desejo que recolhais não é a agua aue .sahiu
de seus olhos, ah! não; o que desejo que recolhais é o fruto
de suas angustias, porque foi a dôr de sua alma e de seu
Coração maternal, que lhe fez derramar tantas lagrimas,
quando aos pés da cruz se achava.
Vêde, amados de meu Coração, que il'laria chorou não
por simples desabafo, mas, sim, porque a dôr de sua can­
dida alma, tinha chegado ao ponto de tirar-lhe a vida do
corpo, porque a slla dôr foi á medida de seu amor por mim
e por vós e na sua alma já se aninhava este grande amor por
todos os filhos, pelos quais Eu padecia no alto da cruz!
Amados de meu Coração, quando contemplardes :Maria
facrimosa, entrai no amago de sua alma e vereis qZLe vós ali
estaveis e que, por todos vós, chorou! Sim, Ela chorou pe­
los justos e peccadores; pelos peccadores porque endureci­
dos, não queriam se converter, apesar de l\fo verem pre­
gado cm uma cruz, pelos justos para mostrar-lhes a ternura
de sell Coração em seu favor.
Vêde, amados de meu Coração, porque vos tenho dito
que as lagrinrns de Maria Me são tão caras e por ellas ob­
tereis o qZLe desejais, porque estas lagrimas foram derrama­
das por tão nobre causa!
Agora desejo falar-vos como deveis fazer para aprovei­
tardes destas lagrimas bemditas, para a reforma e santifi­
cação de vossa vida. Vêdc que vos disse que são perolas,
sim, perolas, quer dizer preciosas; portanto, Eu, o vo,5so
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 57

Esposo amantíssimo, desejo que não esperdiceis nenhum


favor que com tanta solicitude vos foi dado.
O que fazer, direis vós, para aproveitarmos e sabermos
recolher estas perolas nas nossas almas?
Primeiramente, corno já vos disse, é preciso desprendi­
mento de si e de todos; segundo, é preciso meditar qllal c1
callsa porque estas lagrimas foram derramadas.
Porque foram derramadas estas lagrimas, já vos disse,
pelos peccadores e justos; porém, o que vos desejo falar
neste momento para que bem aproveiteis, é que Maria cho­
rou por vossas almas dizendo-vos: O' filhas amadas, com­
prei vossas almas com minhas lagrimas, cooperando com
o Divino Filho na vossa redempção, Elle derramou seu san­
gue e Eu derramei minhas lagrimas. Sim, vou deixar Ma­
ria vos falar, aproveitai de suas santas licçõcs; não des­
perdiceis suas palavras amorosas!
Amadas de meu Coração, Jesus, sempre bom e infini­
tamente generoso, deseja que fale ás vossas almas, que vos
mostre porque Eu choro por vós, para que, ollvindo-Me.
aprendais a serdes generosas, correspondendo assim á sua
bondade infinita.
Filhas amadas que me ouvis, estamos no temp_o acei­
tavel da misericordia, portanto vou vos falar, por-çao que­
rida, como chorando no alto do monte Calvario, chorei por
por vossas almas. Vendo, amadas minhas, que apesar de
Jesus estar estendido em patíbulo de infamia para mostrar
aos homens seu infinito amor, muitos não o comprehende­
riam e cegos passariam por este vale de lagrimas, sem
aproveitar de seu sangue divino, olhando para os seculo.s
vindouros, vi almas apostolas, cheias de santo zelo, dize­
rem aos homens: Vamos ao Calvaria, vamos ver como Jesus
nos ama.
Vendo isto chorei não de tristeza, mas sim, de santo
gozo, por ver que a misericordia de meu Filho ia ser com­
prehendida e proclamada. Vêde, como tenho razão de di­
zer-vos que chorei por vós. Sim, chorei por vos, vendo
que vós haveis de falar da bondade infinita de meu Filho
no seu sempre perdoar, no seu eternamente amar!
Como deveis aproveitar de minhas lagrimas, lembrando­
vos que Maria por vós chorou não de tristeza, mas de santo
gozo; portanto, chorando ele gozo, deveis com mais entusias­
mo trabalhar para serdes verdadeiramente apostolas da di­
vina misericordia. Ah! por piedade, que Eu não tenha de
chorar porque vós não lVIe quereis ouvir e não vos quereis
amoldar aos meus ensinamentos.
Que Eu não tenha a grande decepção de dever bater
cm outra porta, como quando procurava uma estalagem
58 Glorias e Poder de N. Senhora das lagrimas

para o Menino nascer 1 Sim, não me deram pousada, e tive


de dar a luz ao Menino Deus em meio de animais 1 Que isto
não aconteça comvosco.
Vêde bem, aproveitai de minhas lagrimas, lembrando­
vos de praticar os santos conselhos desta escola de mansi­
dão e infinito perdão. Esta escola, ou melhor, este noviciado
é todo de amor e infinito perdão.
Sêde primeiramente umas para com as outras o que
nós somos uns para com os outros no Paraiso, caridade e
sempre caridade, perdão e sempre perdão 1
E' esta a escola do Divino Crucificado; o Mestre exige
isto de vós para depois levardes a hôa nova por toda a
parte.
Vêde que é Jesus Crucificado, o Esposo amantíssimo de
vossas almas, que assim Me diz para vos falar. Minhas la­
grimas bemditas vos obrigam, por amor, a serdes genero­
sas, matando tudo que é vos.so, para Jesus e Jesus Crucifi­
cado viver em vós, mas não crucificado por vossas imper­
feições, ah! isto não! Dizendo-vos; Jesus Crucificado viver
cm vós quero com isto significar que é Jesus Crucificado
que deveis pregar, isto é, Jesus misericordioso e infinita­
mente bondoso.
Sim, amadas de meu Coração, quando olhardes para
o vosso Esposo na cruz, lembrai-vos que Elle vos diz; Vê
como sou misericordioso e como deveis falar de minha
misericordia! Por amor Me deixei pregar neste duro ma­
deiro.
Sim, amadas de meu Coração, as perolas do Calvario
por amor vos obrigam a falar da misericordia do Divino
Crucificado.
Aproveitai bem dcllas e lembrai-vos que cada vez que
olhardes para mim aos pés da cruz, que minhas lagrimas
vos dizem: Vê, filha, o Divino Crucificado que te pede,
fala do meu sempre perdoar e eternamente amar!
Não vos esqueçais destas minhas palavras :
Aproveitai das Perolas do Calvaria e Eu vos abençoa­
rei eternamente. Maria, Mãe de Jesus e Thesouro vosso.
Do reino da misericordia.
25-4-1931.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 59

As fibras do meu manto azul.


A confiança.
AMADOS de meu Coração, a paz seja convosco.
Saudando-vos com a paz de Jesus, vos convido a l\lc
escutar
· por amor, porque é por amor que vos falo.
Desejo hoje, amados meus, mostrar-vos _de que é teci­
do o meu manto azul, de que são feitas suas fibras 1
Suas fibras, são feitas de confiança e esperança, por­
que Eu vossa Mãe jamais desconfiei, ainda que tudo pare­
cesse se levantar contra mim. Meu manto é nq_u1ssuno,
porisso vos chamo bemaventurados todos os que estais por
elle guardados. Sim, bemaventurados todos os que têm por
tecto o meu manto azul; tendes que ser bemaventurados
vós que seguindo uma inspiracão divina, envergais a sua
cô�
Amados de minha alma, desejo falar-vos hoje da con­
fiança que sempre depositei em Deus e foi por este motivo
que o Deus eternamente bom, l\:Ie revestiu com este manto
real e Me disse: Em troca da confian�'.a que em mim de­
positaste, cubro-te com este manto de realeza, e bemaven­
turados serão os que sob este manto se abrigarem. Pela
confiança que sempre tiveste em nós, te proclamamos
Rainha de todos os anjos e homens e portadora dos thesou­
ros do Paraiso.
A confiança é necessaria para a salvação da almal
Quem é que não soffre e não tem contradições na vida'?
Ah! não ha nenhum mortal; portanto, a confiança é ne­
cessaria nas horas difficeis para não succumbir e não dar
ouvidos á tentação do desespero, que sempre vem nas ho­
ras de tribulação, quando a confiança falta.
Amados de meu Coração, porque vos falei fibras de
meu manto? Porque manto quer dizer protecção. Falo-vos
nssim tão simplesmente para que todos me possais com­
prehender. Sim, Eu vos falo a linguagem simples do Evan­
gelho para que, me comprehendendo, possais pôr em pra­
tica os meus ensinamentos, que são todos de misericordia.
Prosigamos na confiança, da qual é feito meu manto
de realeza.
Amados meus, desejo tanto que Me copieis em todas
as virtudes, para ver-vos felizes. O movei de todas as mi­
nhas acções é o desejo que tenho de ver-vos felizes e só
sereis felizes quando comprehenderdes a santidade. Eis o
motivo de minhas exhortações: a vontade immensa que tenho
60 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrinias

de ver-vos santos, usufruindo das delicias do Coração San­


tissimo de vosso Esposo, que tanto deseja a vossa santifi­
caç�o. Sim, Elle deseja ardentemente ver-vos santas, por­
que sendo santas sereis felizes por toda a eternichtde. Este
é tambcm- o movel de suas obras: fazer-vos felizes. Esta fe­
licidade porém, só a adquirireis, quando comprehenderdes
bem como deveis praticar a virtude, porque almas ha que se
debatem em vão. Por isto eu vos convido, almas minhas, a vos
agasalhardes sob o meu manto, para adquirirdes a confian­
ça necessaria e assim vencerdes nas horas difficeis. Ser­
vos-á custoso permanecerdes á sombra benefica de meu
manto? Ah! não, uma só cousa é necessaria; é ver-).fe como
:Mãe. Quem :Me tem como ::\Iãe, jamais sae da sombra be­
nefica de meu manto protector.
Qual é a mãe que em tempo de frio nega agazalho a seu
filho, que está tiritando? E' preciso não ter coração para
uma mãe se negar a isso. Se as mãc.s da terra são boas, come;
não o será a :Mãe do céu, que é :Mãe de Jesus, que em seu
seio trouxe o perdão, a caridade infinita! Vêde, amados
filhos, que, dizendo-vos que são bemaventurados os que :?vle
consideram como �Iãe, não vos digo uma mentira, mas sim
uma realidade, porque Eu sendo :\-Iãe da divina caridade,
certamente por vós, que Me fostes dados como filhos, hei de
velar como tal, como Mãe solicita. Portanto, a condição
necessaria é considerar-Me como Mãe e já vos provei que
sou vossa i.Vlãc!
Agora vou falar-vos como adquirireis a minha con­
fiança para a.s vossas almas. Certamente que vivendo de­
baixo de meu manto, levar-vos-ei pela via da confiança,
pela qual Eu sempre andei no exilio. Se Eu, vossa Mãe,
sempre trilhei esta via, por outro caminho não hei de le­
var-vos a vós, que confiados estais aos meus cuidados.
A confiança é a via segura que conduz ao Coraçüo
Santissimo de Jesus e não ha outra para lá chegar. Sem­
pre trilhei esta e por esta é que desejo conduzir a todos
os que Me consideram como Mãe e qne a mim recorrem
para Me pedir conselho.
Vêde, Eu quantas vezes tive ocasião de desanimar
quando passei por este exílio! Quantas vezes em prova­
ções tão penosas, se não fosse a confiança, teria sucum­
bido! E' que a confiança que se aninhava no meu Cora­
ção sempre foi a minha couraça para resistir a tantas pro­
vações, que o bom Deu.s se dignou en viar-1\íe emquanto de
passagem estav& neste exilio.
Confiando cm Deus, o cxilio torna-se suave. Eis por­
que chamando-vos para esta abençoada familia, vestis a côr
de meu manto. E porque será isto? Muitas de vós quem
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrirrzas ó]

sabe ainda não o percebestes. E' porque tendes a nobre e


encantadora missão de propagar a mjsericordia e a con­
fiança. A confiança é fructo da misericordia.
Vêde, almas minhas, qual o significado da côr do vos•­
so habito: A confiança. Sim, cada vez que olhardes para
vo.sso santo habito, direis esta côr me lembra que devo
ser muito confiante na minha }Iãe do céu e em seu Divino
Filho e que devo a todos levar pela via da confiança.
Vêde que, falando-vos das fibras de meu manto feitas pc]a
confiança ilimitada que En sempre depositei em Deus, por
amor vos convido a entrardes debaixo deste manto tão
perfumado com este aroma tão delicioso para Jesus, a con­
fiança. Sim, Elle pc,r amor vos ha de obrigar a transitar
esta via, na qual se conhecem os atributos de Deus, eterna­
mente misericordioso.
Amados meus, eis porque desejo ardentemente ver-vos
todos debaixo deste manto protector tecido pela confiança,
que sempre tive em Deus.
Agora desejo falar-vos mais alguma cousa, desejo que
vós teçais um manto. Eu é que vou dar-vos as fibras, po­
rém, isto exige de vós um pouco de esforço e de boa von­
tade. Desejo que urdaes um manto, fazendo, debaixo de meu,
um pacto todo de amor. Vêde que a mestra sou eu mesma.
As fibras do manto que deveis urdir com todo o capricho
são do meu. Vêde que deve s. er consolador para vós saberdes
que teceis um manto com as mesmas fibras do meu.
Como, direis vós, adquiriremos estas fibras? Já vos dis­
se, vendo-Me como vossa }Iãe solicita prompta a socorrer­
vos e a beneficiar-vos não com enfado, mas com muita
alegria.
Amadas de meu Coração, como esposas que sois do Rei
dos reis, deveis ter o vo.sso manto de realeza e este
deve ser por vós urdido no cxercicio de confiança, neste
noviciado todo de misericordia. Depois de o terdes bem
confeccionado, Eu mesma vou cobrir-vos com elle dizendo­
vos: .sois na verdade rainhas, podeis cobrir os peccadores,
podeis agazalhal-os.
Oh! almas minhas, que sêde tenho de ver-vos cobertas
com este manto de verdadeira· e inabalavel confiança no
vosso Esposo, que por amor Me obriga a dar-vos estas lições
todas de misericordia. Sim, é a sua infinita misericordia
que deseja ver-vos revestidas com este manto de realeza.
Alguma de vós, quem sabe, pode ficar um tanto assus­
tada dizendo: Eu não sei fazer o que minha Mãe l\fo pede.
Não vos assusteis, já vos disse, Eu sou Mãe e uma Mãe faz
tudo pelo filho que é um tanto tímido. Entregai-vos aos
meus braços, que Eu farei por vós o que não soulierdes
62 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri-mas

fazer, porém, nada farei pela s que tiverem má vontade. Ah!


isto não, tudo faço pelos que põem sua boa vontade, em
acção; porém, pelos que, para se poupar de qualquer sacri­
fício, não põem mãos a obra, nada farei.
Portanto, boa vontade e Eu vossa :Mãe carinhosa tudo
farei em vosso favor, para ajudar-vos a confeccionar o vos­
so manto de realeza.
2-5-1931.

As fibras de meu manto azul.


A esperança.

AMADAS de meu Coração, continuemos a meditar o me11


manto azul.
Vamos agora ver as fibras feitas de esperança.
Falei-vos já da confiança, agora desejo falar-vos da es-
perança, que é fruto da confiança. Quem confia certamente
espera.
Sim, Eu sempre esperei em Deus meu Creador e Elle
jamais Me enganou. Suas promessas são eternas e imutaveis.
Elle sempre foi e ha de ser o Deus bom, cuja caridade não
tem fim. Convido-vos portanto, amados de minha alma, a
meditardes nestas palavras de misericordia para que, com­
prehendendo-as, possais tecer o vosso manto com estas fi­
bras tão delicadas: a esperança! Amadas filhas, esperar o
que, direis vós? Esperar ver a Deus vosso Esposo, Esposo
amantíssimo; esperar poder um dia ouvil-o.
Ah! sua voz é tão encantadora e melodiosa! Não ha
melodia comparavel á voz do amado de vossa alma; esta
voz enche os céos de tanto gozo! Ah! se neste mundo vos
fosse dado ouvir sua doce voz tal qual ella é, alegremente
darieis mil vidas se vos fosse possível para ouvil-o uma só
vez. Elle fala ao vosso coração, porém, de um modo velado
que não vos permttte perceber seus encantos, porque só no
céu vos é dado esta ventura.
Filhos de meu Coração, como é doce esperar o Pnrniso,
onde se acha o amado de vossas almas, sem véus, para vos
cumular de favores e de mimos!
Sim, a esperança é um doce lenitivo para as horas cU­
ficeis da vida. Para quem não possue esta esperança como
deve ser duro1 o exilio! Vêde, o que Me deu tanta força foi ·a
62 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri-mas

fazer, porém, nada farei pela s que tiverem má vontade. Ah!


isto não, tudo faço pelos que põem sua boa vontade, em
acção; porém, pelos que, para se poupar de qualquer sacri­
fício, não põem mãos a obra, nada farei.
Portanto, boa vontade e Eu vossa :Mãe carinhosa tudo
farei em vosso favor, para ajudar-vos a confeccionar o vos­
so manto de realeza.
2-5-1931.

As fibras de meu manto azul.


A esperança.

AMADAS de meu Coração, continuemos a meditar o me11


manto azul.
Vamos agora ver as fibras feitas de esperança.
Falei-vos já da confiança, agora desejo falar-vos da es-
perança, que é fruto da confiança. Quem confia certamente
espera.
Sim, Eu sempre esperei em Deus meu Creador e Elle
jamais Me enganou. Suas promessas são eternas e imutaveis.
Elle sempre foi e ha de ser o Deus bom, cuja caridade não
tem fim. Convido-vos portanto, amados de minha alma, a
meditardes nestas palavras de misericordia para que, com­
prehendendo-as, possais tecer o vosso manto com estas fi­
bras tão delicadas: a esperança! Amadas filhas, esperar o
que, direis vós? Esperar ver a Deus vosso Esposo, Esposo
amantíssimo; esperar poder um dia ouvil-o.
Ah! sua voz é tão encantadora e melodiosa! Não ha
melodia comparavel á voz do amado de vossa alma; esta
voz enche os céos de tanto gozo! Ah! se neste mundo vos
fosse dado ouvir sua doce voz tal qual ella é, alegremente
darieis mil vidas se vos fosse possível para ouvil-o uma só
vez. Elle fala ao vosso coração, porém, de um modo velado
que não vos permttte perceber seus encantos, porque só no
céu vos é dado esta ventura.
Filhos de meu Coração, como é doce esperar o Pnrniso,
onde se acha o amado de vossas almas, sem véus, para vos
cumular de favores e de mimos!
Sim, a esperança é um doce lenitivo para as horas cU­
ficeis da vida. Para quem não possue esta esperança como
deve ser duro1 o exilio! Vêde, o que Me deu tanta força foi ·a
Glorias e Poder de N. Senhora dat • Lagrimas ó3

esperança. Quando sósinha fiquei, sem o Filho querido, a es­


perança Me transportava ao Paraiso, onde em espírito, con­
templava o Filho amado á minha espera para coroar-Me como
sua Mãe e Mãe que soube esperar, fazendo tal sacrifício por
amor. Vêde que a esperança é necessaria para a vida da alma.
Sem esperança a alma não resiste aos combates, que muitas
vezes o demonio ou a carne lhe levanta.
Almas minhas, aproveitai de minhas palavras de Mãe
solicita, que deseja tanto ver-vos perfeitas. Porisso vos con­
vido por amor,_ a seguirdes meus exemplos e a aprender­
des neste noviciado de misericordia a serdes almas espe­
rançosas nas promessas de Jesus e de vossa Mãe.
Almas boas, o vosso manto deve ser, como já vos
disse, tecido por vós com as fibras do meu, fibras de con­
fiança e de esperança.
Çomo já vos dis_se, vós sois esposas do Rei dos reis e
deveis portanto., envergar o mànto de realeza. Que alegria
dareis ao meu Coração no dia . eqi · que vos vir com este
manto real Ir , _
Amadas filhas, itãó -é isto difficl porque Eu, vossa Mãe,
estou prompta em vos ajudar com amor e alegria. ·
Vós Me diteis, como faremos para sermos almas cheias
de santa esperança?
Ah I filhas amadas, esperar é tão suave, tão doce! Vêde,
quando esperais em alfn]ma promessa bõa que os homens
vos fazem, como vos alegrais! Qual não deve ser a vossa
Alegria esperar nas promessas do FMposo de ·vossas almas?!
Por piedade, jamais deixeis de esperar, de ter esta con­
�oladora esperança: um dia estarei ao lado de meu Divinal
F.sposo e jamais dahi sahirei. Por toda a parte aonde
Elle fõr eu estarei ao seu lado. Não é isto consolador, ama­
dos meus? Direis vós, nós temos muitas imperfeições, não
podemos ter esta esperança! Ah! por piedade, vós que
r�lnis nesta escola de misericordia, onde vos.�a mestra é
Mnria. por piedade, não faleis assim, porque se assim falar­
d<'!I, dais-Me uma triste prova que não tendes aproveitado
d<' meus ensinamentos, todos de misericordia!
Amadas de meu Coração, apezar �e serdes imperfeitas,
F.u vos pergunto: não desejais ardentemente ser perfeitas,
Sim. pois si desejais, porque então não haveis de ter esta
doe<' esperança que dá tanto alento, tanta força á alma
Cftl<' �e acha na luta?
Sim, a esperança é neeessaría, Eu vo-lo digo por ex-
1wrf Pnr.ia propria, porque ella Me alentou nos duros dias
dn <'Xiliô. Quantas vezes, com o coração amargurado pelas
,umdndes do Filho amado, sahi vito�iosa quando fiz uso da
fl!lperança. Levantando meu espírito ao céu, Me reanimei
64 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

e criei novas forças para continuar meu exílio doloroso, não


forçadamente, mas por amor!
Amados meus, que bella é a esperança!
Que delicioso perfume della .se desprende! Fazei uso
della e vereis se o que vos falo não é uma realidade. Sim, a
esperança dulcifica o exilio, dá á alma força e vigor, para
Dlegremente prosseguir na subida do monte da perfeição.
Oh! almas minhas, dai-Me almas esperançosas e Eu vos
darei almas generosas. Sim, porque quem possue a verda­
deira esperança está sempre prompto a fazer qualquer sacri­
ficio. Ah! quem se negará a um sacrifício, quando se lem­
brar que um dia servir-lhe-á de grande alegria?
Quem se negará a um sacrificio se tiver a esperança
de com elle salvar uma alma!
Vêde como a esperança é necessaria e como ella dá vida
e vigor! Alm9s pias, á minha imitação, desejo-vos ver
transbordantes de santa esperança no Esposo amantíssimo
de vossas almas, que jamais enganou nem póde enganar.
Esperai e sereis fortes, envergareis o manto de realeza
que Eu envergo e abrigarei a tantos pobresinhos debaixo de
vosso manto.
Esperai e sereis as consoladoras · do Senhor, que em vós
pôz seus olhares complacentes! Esperai e sereis as mulheres
fortes do Calvario! Esperai e sereis as minhas fieis imita­
doras! Eu muito esperei e não estou arrependida, ao con­
trario minha alma está submersa em gozo por muito ter es­
perado em meu Deus, que tanto Me ama.
O' esperança, como és bella, como és formosa, mostra
a tua belleza ás minhas caras filhas, para que ellas possam
tecer seu manto real com as tuas fibras tão delicadas!
Eu te bemdigo esperança, que no exilio tanto bem fi­
zeste á minha alma.
E vós, amadas de meu Coração, sereis bemdictas se
esperardes, como Eu, no Deus das misericordias, no Espo­
so, que por vós morreu no alto da cruz, dizendo-vos: Eu
vos amo e porque vos amo morro nesta dura cruz.
Vossa terna Mãe, que deseja cobrir-vos com o mantn
real da confiapça e da esperança, confeccionado pelas vos­
sas mãos.
2-5-1931.
Glorias e P,oder de :V. Senhora das Lagrimas 65

As qualidades de Maria devem ser imitadas


pelas minhas esposas.
A. MINHA paz dou a quem fôr fiel imitador de minha que•
rida Mãe.
Amadas esposas, hoje desejo falar-vos de minha Mãe,
para que, conhecendo-a, a possaes imitar.
Quantas vezes tendes de vos examinar para ver se es­
taes · progredindo na virtude! Hoje vou dar-vos um rico es­
pelho, onde vereis as vossas imperfeições, porque conhe­
cendo minha Mãe, vereis como ainda sois imperfeitas.
Direis vós, Maria nasceu isenta de culpa. Isto é verda­
de, porém, ella se esforçou para conservar-se pura e imma­
culada em todos os seus actos.
Sendo isenta de culpa, a sua carne jamais experimen­
tou revolta, porém o inimigo nunca deixou de armar-lhe
ciladas, as quaes sempre esmagou com sua heroica virtude,
porque ella estava em continua oração, ainda que muitas
vezes nella não achasse consolação.
Amadas esposas, o que vou falar-vos servirá para fa­
zerdes um retiro bem feito, examinando-vos nas virtudes
de Maria.
Eu vos desejo fieis imitadoras de.sta Mãe que por mo­
delo vos deixei no mundo.
Primeiramente, vamos ver como Maria rezava, em se­
gundo logar como ella se mortificava, em terceiro como ella
trabalhava e em quarto logar como ella era gentil e cari­
dosa com todos que a procuravam.
Depois veremos sua obediencia, sua humildade, sua
mansidão, sua generosidade.
Amadas esposas, poucas, por infelicidade, são as pes­
soas que sabem rezar bem; como Maria rezou.
Quando ella se dispunha a falar com seu Deus, prepa­
rava-se dizendo: "Agora vou conversar com o Altissimo''.
Retirava de sua mente qualquer cousa que pudesse im­
pedir sua união com Deus e, em silencio profundo, tanto
exterior como interior, apresentava-se n seu Deus. Quaes os
pensamentos que se aninhavam nesta alma candida? Uma
profunda humildade! Achava-se ella indigna de estar na
presença de seu Deus, porém, uma confiança filial a ani­
mava a conversar com o seu l
Creador.
Em recolhimento profl ndo sem se distrahir com cousa
alguma deste mundo, passava as horas de que podia dis­
pôr, tratando, como ella dizia, de sua santificação.
66 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Santa e Immaculada já tinha nascido; porém, ella sou­


be se conservar neste estado pela oração e vigilancia, que
teve para comsigo. Esta candida Maria sempre soube dar a
seu Deus as primicias dos dias que passou no exilio.
Ao romper da aurora ja ella se achava de joelhos, medi­
tando as Sagradas Escripturas e rendendo ao seu Creador
graç� por lhe ter concedido mais um dia de vida, dizendo:
Hei de passar este dia tão santamente e morrer se fôr pre­
ciso, antes de que offender a meu Deus. Tinha um grande
horror ao peccado, por isso evitava as imperfeições as mais
insignificantes. Tudo fez com perfeição. Na sua conversa­
ção com o Altissimo pedia muito a vinda do Messias pro­
mettido e derramava muitas lagrimas,. quando considerava
o· quanto Elle ia soffrer por não ser comprehendido!
Vêde, esposas amadas, como Maria rezava.
Agora Eu vos convido a passar um exame na vossa ru­
ma. Como é que vós rezaes? Rezae.s como l\faria?
Ah! quantas distrações voluntarias, quantas irreveren­
cias, quanta imortificação nos olhos, quantos pensamentos
inuteis na oração que, se vós a soubesseis preparar como
Maria, os teríeis evitado!
Pensais tudo, menos no que vossos labios estão di­
zendo!. ..
Ah! porque assim agis? E' porque vosso coração ainda
está cheio de terra, cheio de preoccupações; ainda não sa­
beis entregar vossos cuidados a Maria, para que ella faça
por vós o que vos está preoccupando. Como isto é dol.oroso
para mim, procurar almas amantes ás quaes Eu possa me
revelar e não as encontrar, porque ás almas que assim re­
zam não posso me revelar, visto seus corações estarem pre­
occupados não com a minha gloria, mas, sim, com um bem
estar e com mil cousas, que nesta hora não desejo repetir!
A solicitude demasiada prejudica a alma, não a dei­
xando ouvir a minha voz, que só fala na calma.
Quando l\fartha estava preoccupada em preparar-me
uma bôa refeição, a censurei, dizendo-lhe: Martha, porque
andas tão solicita, uma só cousa é necessaria! Tambem a
vós, almas que viveis tão preoccupadas na oração, podeis
- me ouvir: Porque andaes tão preoccupadas? Não sabeis que
sois esposas d'Aquelle que tudo pode? Portanto é a Elle q1,1c
deveis entregar a.s vossas preoccupações, porque Elle, me­
lhor do que vós, sabe do que precisaes, e, se muitas vezes
não vos dá certas cousas, é porque Elle sabe melhor do que
vós o que vos é necessario.
Por piedade, esposas amadas, imitae a Maria na vossa
oração; como Ella, afastae de vosso pensamento todas as
preoccupações e lembrae-vos, a seu exemplo, que estaes con-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 67

versando com o vosso Tudo, com o Esposo de vossas almas,


que merece attençao poss1vel e toda a reverencia e con­
fiança. Sim, Maria foi muito reverente, porém, muito confian­
te. !sua alma não duvidava d'Aquelle que a tinha criado. H.e­
sava com todo o respeito, porem, com toda a familiaridade
e sem constrangimento. Fazei vós o mesmo, rezae e rezac
bem, se quereis ser verdadeiras filhas de Maria e esposas
dedicadas. O proveito será vosso, porque, se souberdes rezar,
muito vos será dado, porém, se fordes negligentes pouco vos
será dado. Isto vae da vossa correspondencia.
Agora, vou falar-vos como Maria foi mortificada. A mor­
tificação dos sentidos é necessaria para o recolhimento inter­
no da alma. Se não fordes mortificadas no vosso exterior,
lambem não o sereis no vosso interior. E' preciso fechar as
portas dos sentidos para poder ouvir as inspirações da graça.
Maria comprehendeu isto, porisso é que Ella teve uma se­
vera vigilancia com todo seu exterior, pasmando até os pro­
prios anjos, vendo sua gravidade e seu recolhimento externo.
Jamais teve um olhar de curiosidade, jamais quiz comer uma
cousa porque lhe fosse agradavel ao paladar! Comia, sim,
porem para alimentar-se, nunca por gulodice, jamais deixou
de comer cousa que lhe repugnasse. Meditando as Sagradas
Escripturas comprehendeu que um dia o Messias prometti-•
do ia beber fel e vinagre, quando pronunciasse a palavra
"Tenho sede". Maria, amadas esposas, foi tão severa com­
sigo mesma que jamais deu a seu corpo um prazer, mesmo
que lhe fosse licito. Sentada estava sempre com gravidade,
sem procurar posição mais agradavel; deitada, a mesma
cousa; rezando, sempre de joelhos, - emfim, sua compos­
tura exterior maravilhava a todos que tiveram a ventura de
a conhecer. Suas doces maneiras encantavam os anjos <lo
Paraíso; com seu andar grave, parecia mais um anjo do que
uma creatura deste mundo!
Almas minhas, esposas amadas, posso dizer de vós o que
disse de Maria? Examinae-vos neste ponto.
Tendes sêde de mortificação? Os v9ssos olhos não estão
em todos os lados á procura de novidades? A vossa língua
sabe calar-se nas horas de silencio e falar só quando a cari­
dade exige? Sois mortificadas no vos� o sentar, no vosso an­
dar? Não daes muitas vezes cxpansãi, á tentação da gula?
Sabeis mortificar o vosso paladar, quando vos apresentam
qualquer cousa que o desagrada? Poss J dizer de vós o que
disse de Maria?
Por piedade, esposas amadas, se quereis corresponder
ao chamado divino, sêde mortificadas; vêde que o que vos
falo não é difficil. Maria não fez nada de impossivel.
Tudo que ella fez, tambem podeis frzer. -Os meus cami­
nhos não são difficeis, porque se o fossern, Eu não seria Pae,
68 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

mandando-vos porventura fazer o impossível? O meu jugo é


doce e suave, e Maria bem o comprehendendo, com tanta
perfeição, soube pôr ·em pratica os meus conselhos de per­
feição.
Sêde, portanto, esposas amadas, fieis imitadoras da Vir­
gem Maria, se desejaes corresponder á vossa vocação.
Agora vou falar-vos como Maria trabalhou.
Maria não somente rezou, porem, sua vida foi de contí­
nuos trabalhos. Não penseis que Maria foi ociosa. Ah! não,
Maria trabalhou e trabalhou muito, e de suas mãos sahimn
trabalhos perfeitos. No templo Ella aprendeu a trabalhar;
Ella sabia bordar, costurar, lavar roupa, cosinhar e tecer. O
seu dia Ella o sabia dividir entre o trabalho e a oração.
Rezou sempre porque. o trabalho não impede a união da
alma com seu Deus. Trabalhou Maria sem preoccupação. E'
isto que Eu desejo vos ensinar em ponto tão importante:
trabalhar sem preoccupação. Quando Maria começava seu
trabalho, levantava seu espírito ao seu Creador e offertava­
lhe seu trabalho. Depois pedia sua bençam e tranquilla tra­
balhava em perfeita união com o Deus de sua alma, como
Ella dizia: ''O Deus de minha alma". Que queria :Maria di­
zer com isto? Que Deus habitava na sua candida alma.
Amadas esposas, quantas vezes ouço dizer: Este traba­
lho me distrahe, estou tão longe da união com Deus. Ah! as
que assim falam não comprehendern o que seja união com­
migo. União é estar a alma de posse de seu Deus, portanto,
si o trabalho requer vossa attenção, nem por isto deixaes de
estar em união commigo. Quem não está commigo é quem
commette o peccado, não porem quem trabalha por meu
amor. Ha nisto muito erro. Pensam certas almas que ter in­
timidade commigo é estar sempre em oração! Ah! não, Ma­
ria trabalhou e jamais deixou de estar com seu Deus. Uma
cousa é conversar com Deus, a outra é estar a Elle unido.
Para conversar commigo tereis as vossas horas, que devem
ser respeitadas, e com todo o escrupulo de quem, por negli­
gencia ou com o trabalho, as transgridisse ! Porem f óra destas
horas, deveis trabalhar com a certeza de que estacs unidas a
mim pelo trabalho, seja elle o mais humilde, como Maria,
que, lavando roupa, cosinhando, corno bordando ou tecendo,
jamais deixou de estar unida a seu Deus, ao qual Ella amava
sobre todas as cousas.
Vêde, portanto, que o trabalho feito sem preoccupação
não diminue a união da alma com o seu Deus, sendo feito co­
mo fez Tufaria, primeiramente offertado a mim para que Eu
o abençoe.
Sim, esposas amadas, o trabalho ennobrece, o trabalho
foi santificado por mim e por Maria, o trabalho feito cm
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas · 69

umao commigo e por meu amor adquire para as vossas al­


mas muitos merecimentos.
Trabalhae conrn Maria, se quereis ser minhas esposas
dedicadas. Mostrei-vos como ella trabalhava, agora vou mos­
trar-vos sua gentileza e delicadeza para com todos que a pro­
curavam. (CV.:\.i ·, . ;
Sempré amavel e bondosa, jamais repelliu ou offendeu
aos que tiveram a ventura de com ella falar. Tinha ella tra­
zido em seu seio virginal o perdão, a misericordia, e Elia
disso soube aproveitar, pondo em pratica a delicadeza que
em seu seio trouxera por nove mezes. Delicada em extremo,
jamais o demonio poude lhe imputar uma minima indelica­
deza!
Amadas esposas, posso dizer de vós o mesmo?
Exàminae-vos·. Quem sabe descubrireis algumas indeli­
cadezas ·improprias a uma esposa do infinito perdão e da
Divina Caridade?!
Quantas desattenções o demonio vos póde imputar?
Quantas vezes certas almas por serem indelicadas, afas­
tam de mim tantas outras! Oh! vós, por piedade, jamais fa­
çaes o mesmo! A rispidez é propriedade dos demonios, a de­
licadeza é propriedade de Deus.
Amadas esposas, vós que tendes a bella e encantadora
missão de me dar almas, jamais façaes um acto indelicado
com quem quer que seja, pobre ou rico ou comvosco m,'.:)s­
mas! Lembra e-vos destas palavras que devem fazer éco nas
vossas almas: a rispidez é propriedade dos demonios, a de­
licadeza é propriedade de Deus!
Sêde, portanto, generosas. Aprendei de Maria a serdes
delicadas, se desejaes ser esposas generosas.
Agóra vou vo.s falar das suas virtudes, para que possaes
ser suas fieis imitadoras.
Falemos em primeiro Jogar de sua obediencia.
Maria pasmou os anjos com a sua heroica obediencia,
apezar desta lhe impor grandes sacrificios!
Amadas esposas, como obedeceis vós, quando a obedien­
cia vos impõe sacrificios?
Quantas vezes obedeceis, mas com tão pouca generosi­
dade, que não aproveitaes dos merecimentos que tal virtude
,os podia dar, porque obedeceis á força e não por amor!
)faria obedeceu por amor e sua obediencia foi agradavel ao
Altissimo e diante d'Ellc achou graça.
Quizera Eu poder dizer a cada uma de vós: A vossa
ebediencia achou graça diante de mim. Esposas amadas sê­
de obedientes á imitação de Maria. Obedecei com alegria
nas minimas cousas, sêde exactas neste ponto tão importan­
te da vida de uma esposa minha. Além de Maria vos dar tal
70 Glorias ,· Poder de N. Senhora das Lagrimas

exemplo, Eu tar, 1.bem vol-o dei obedecendo até aos meus al­
gozes por amor de vós. Examinae-vos bem. Vede se vós obe­
deceis com alegria áquellcs que fazem as minhas vezes, não
creando obstar, i1os, para não fazerdes o que elles vos man­
dam.
Amadas C's_posas, se não forde·s exactas na santa obe­
diencia, daes- -·e uma triste prova de que não me amaes. Obe­
1

decei e cbcdt...:ei por amor, que é por amor que vos falo,
mostrando-vos que l\1aria soube, por amor, obedecer a seu
Deus.
Vou agora ·falar.:.vos de sua humildade, virtude que sou­
be praticar at1� o heroísmo.
Foi esta , irtude a escada pela qual desci á terra.
Se Maria 1 ião fosse tão· humilde, Eu não vos teria aberto
as portas do l 1araiso, porque Eu não teria descido á terra.
No conhecimeúto de sua nullidade, toda honra e glpria da•
va a seu Deus, sem jamais se esquecer que tudo o que pos­
suía lhe era <lado gratuitamente!
Amadas e::posas, fazeis vós o mesmo? Examinae-vos at-•
tentamente, perscrutae até o intimo de vossa alma, dizei-me
o que pensaes de vós? Desejaes ser louvadas? Desejaes que
vos admirem? Quando fazeis um trabalho não gostaes de
receber um louvor? Não vos agastaes quando os superiores
vos parecem j ndifferentes?
Oh! alma:� minhas, se assim pensaes, ainda sois bem
carnaes ! Sim, ainda tendes o amor proprio vivo e que gosta
de ser louvado e engrandecido!
Por piedr de, imitae a Maria, gostae da humilhação co:::no
Ella gostou, , ivcndo na obscuridade de Nazarcth, sem mos­
trar sua virtede ao mundo. Só Deus foi testemunha de suas
heroicas virt1 ides. Fazei vós o mesmo? Sêde santas, perfeitas,
não para que os homens vos louvem, mas somente para agra­
dar-me, porque ser louvado pelos homens é loucura, ser lou­
vado por Deus é sabedoria.
Sêde humildes á imitação de Maria, se quereis corres-
ponder ás finezas de vosso esposo que tanto vos ama.
Vamos ver agora sua mansidão.
A mansidão captiva o proprio Deus.
Sim, Eu .sou obrigado a olhar com predilecção p�ua os
corações mansos.
Maria •�omprehendeu, isto é, captivou o proprio Deus
com seu co racão mansissimo.
A man: :ida.o, almas queridas, ·é propriedade minha. Vêde
como disse aos apostolos: Aprendei de mim que sou manso
de coracão.
Maria 1 oi quem mais me imitou neste ponto. Ella foi toda
doçura, toda bondade para comsigo e para com seu Deus e
seu prQximo. Disto tendes provas. Quanta doçura Ella não
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 7I

tem usado para comvosco. Quantas lições Ella não vos tem
dado. Ella é incansavel, sempre bondosa, pro, npta em soe-
correr aos que a Ella recorrem. .. ..:.:'. ,, �-1.'
Comprchendeu l\Iaria que é pela dóçura qm se captivam
os corações, porisso eil-a por toda a parte a fazer o bem com
a sua suave doutrina que tira de meu Coração.
Quando no exilio esteve, jamais proferiu palavr!l que
não fosse repassada de bondade. Aos algozes, 1 rue a impe­
diam de chegar até a mim no caminho do Calvai io, não lhes
respondeu com severidade, nem tão pouco deh ou mostrar
enfado em sua doce physionomia. Ah! não, l\farh foi doce,
porque foi humilde.
Almas minhas, examinae-vos: Sois vós doces como Ma­
ria? Examinae-vos bem: Quantas vezes daes respo� tas cheias
de amor proprio, que vão ferir o vosso proximo?!
Ah! por piedade, não deis expansão á propri �dade do
demonio que é a rispidez, dae expansão á mansid·fo que é
propriedade de vosso Esposo e de vossa :Vlãe, :Mar.: a.
Sêde mansas á imitação' de Maria, se desejaes ser minhas
esposas, porque é pela mansidão que vos conhecerei no ulti­
mo dia!
A generosidade de l\faria vós já a conheceis. Elia foi
chamada a mulher forte do Calvario. Ella, na verdad, ', soube
pedir o dom da fortaleza, e eil-a forte como um roch,!do, es­
magando com sua fortaleza inaudita a serpente infe1 nal.
O desanimo jamais teve entrada na sua alma. Ellii soube
combater como um bom soldado e ganhou a victori 1.
Hoje sentada a meu lado, diz a todos: Vinde a mim que
Eu vos ensinarei a serdes generosas!
Amadas esposas, Maria foi generosa poris.so hoje v,)S que­
ro falar: Sêde, á sua imitação, sêde. fortes, esmagando o ten­
tador com a fortaleza propria de uma esposa minha. Exami­
nae-vos, e se não tendes esta generosidade, pedi-a a Maria
que Ella está prompta para vos ajudar; Ella deseja ver-vos
santas.
Sêde santas, custe-vos isto a vida. Que importa a vida
material se não ha vida sobrenatural?
Sêde fortes, não por força, mas por amor.
Confiae em mim e em Maria que tereis a victoria com­
pleta. Quem vos falou foi o Esposo de vossas almas ((Ue de•
seja ver-vos perfeitas para serdes felizes por toda a eter­
nidade.
No noviciado da misericordia pelas mãos de M&.ria.
Jesus, Esposo de infinita misericordia.
4-5-1931.
72 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Os ideaes das esposas de Jesus Crucificado.


A PAZ de Jesus seja o pão quotidiano de vossas almas.
Hoje, amadas filhas, vou mostrar-vos quaes devem
ser os vossos ideaes como esposas de Jesus, e de Jesus Cru­
cificado, que quer dizer misericordia.
Jesus í:norr'eu na cruz, porque quiz ser bom para com­
vosco, eis porque vossa Mãe copiando sua caridade, vem
hoje ensinar-vos como deveis fazer para serdes bôas, cum-­
prindo a vontade de Deus com perfeição e como deveis fa­
zer para serdes boas para com Deus, para comvosco · e para
com o proximo.
Amadas filhas, Jesus vos amou tanto que deu sua viJa
por vós, o que quer dizer que Elle foi bom, deixando-8e
matar para mostrar o seu amor pelas vossas almas. E ago­
ra, tanta bondade de Jesus para comvosco não merece ser
retribuida? Sim, merece, mas como lh'a retribuireis?
Sendo bôas para com Elle. Mas como, faremos direis
vós, para sermos bôas para com Jesus?
Eu, vossa Mãe, é quem vol-o vae dizer! A palavra bom
quer dizer perfeito, porque tudo que se denomina bom, ha
de ser perfeito. Porisso se quereis ser bôas para com Jesus,
sêde per.feitas, porém para cumprir com perfeição o que
Jesus vos ordena, deveis conhecer primeiramente por quem
trabalhaes, e então podeis cumprir com amor e exactidão
sua vontade Divina.
Amadas filhas, fazer a vontade de Deus com perfeição
deve ser o ideal mais precioso de vossa alma, portanto se
tendes este ideal, sereis bôas para com Jesus. Fazer a
vontade de Deus em tudo e com perfeição deve ser para
vosso coração a maior consolação. Fazer a vontade de Deus.,
ainda que vos custe a propria vida, se fordes almas destes
ideaes, sereis fortes e bôas para com Deus.
Como saberemos, direis vos, que estamos agradando a
Deus? Fazendo sua vontade. E como saberemos que esta­
mos fazendo a vontade de Deus? Quando fazeis as cousas
que os vossos superiores ·vos ordenam, ainda que com sa­
crificio !
Amadas filhas, fazei a vontade de Deus e sêde bôas
para com Deus, porém neste ponto infelizmente ha muito
a desejar! Quando a vontade de Deus vos pede sacrifícios,
eis tudo por terra! Ainda que obedeçais, obedeceis de rná
vontade e censurando os actos dos superiores, que, melhor
do que vós sabem o que vos estão mandando, porque elles
são illuminados pelo Divino Paraclito.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 73

Quantas vezes, amadas filhas, muitas almas dizem as•


sim: que farei para ser bôa para Jesus? Eu digo a estas
almas, fazei com perfeição a vontade de Deus, manifestada·
esta nos vossos superiores. Muitas almas neste ponto estão
muito erradas! Pensam, porque vêm certas imperfeições nos
seus superiores, são obrigadas a corrigil-os e a não obede­
cel-os, isto é um grave erro que por infelicidade se vê em
muitas almas, que se dizem muito amantes de Jesus. Ah!
não, minhas amadas filhas, assim não procedaes; sêde bôas
para com Deus fazendo sua santíssima vontade em tudo
manifestada pelos vossos superiores, os quaes têm as luzes
necessarias para vos guiarem no caminho da vossa santi­
ficação.
Como deveis fazer a vontade de Deus com perfeição?
Esforçando-vos cm pôr toda a vossa bôa vontade em
fazerdes bem o que vossos superiores vos ordenam. Deus
fez tudo perfeito e· exige, por amor, de vós que façaes, á
sua imitação, tudo com a perfeição po.ssivel ao vosso ta­
lento e ás vossas forças.
Jesus, o vosso Esposo, é infinitamente misericordioso
e não exige de vós aquillo que vos é impossível, mas, sim, o
que vos é possivel; porisso se vossos superiores vos man­
dassem o impossivel, elles não seriam instrumentos da di­
vina misericordia.
A perfeição consiste na vossa hôa vontade; tendo bôa
vontade tudo vos é possivel, porém faltando a boa vontade
tudo é difficil; e dahi vem que fazeis as cousas imperfei­
tas. A bôa vontade é o cume da perfeição; a alma de bôa
vontade faz tudo bem feito.
Foi a bôa vontade, que sempre Me deu forças para fa­
zer com perfeição o que Deus de mim exigia. Sêde, almas
minhas, almas de ideaes, e destes ideaes que vos levam á
pratica da perfeição.
Sendo bôas para com Deus, sereis bôas para com­
vosco. Vou mostrar-vos como deveis exercer está caridade
para comvosco, pois ha tanto erro neste ponto! Certas al­
mas são seus proprios algozes e sem merecimento algum;
e porque será? Ah! é porque não tem caridade para comsigo
mesmas!
Como deveis ter esta caridade que Jesus deseja que
exerçaes comvosco?
Deus é todo bondade, o que Elle · vos mostrou no seu
Filho unigenito, formando um corpo e uma alma nas mi­
nhas purissimas entranhas; satisfazendo os vossos crimes
com seu sangue divino e ficando comvosco até a consuma­
ção dos seculos
74 Glorias e Poder de .N. Senhora das J,agrimas

Vêde a bondade de Deus, mandando seu Filho ao mun­


do para mostrar-vos seu grande amor!
Agora vos pergunto: Quantas almas cm vez de verem
esta bondade infinita de Deus, vivem a chorar e a dizer
que Deus não olha para suas almas, porque são peccadoras.
O que veio Jesus fazer a e.ste mundo? Não foi buscar os pec­
cadores? Porque então duvidar de sua bondade e de sua
misericordia, depois de estar tão claramente patenteada na
Encarnação, na Paixão e na Eucharistia? Oh! almas que
assim procedeis, sois algozes da misericordia de Deus e de
vós mesmas!
As que assim pensaes .sois mesquinhas! Porque Jesus
derramou todo o seu sangue? Não foi para apagar vossos
peccados no sacramento da penitencia? Porque Jesus dei-­
xou abrir seu Coração? Não foi para vos introduzir nelle'?
Porque então duvidaes, almas de pouca fé e ainda mes­
quinhas? Porque Jesus ficou na Eucharistia? Não foi para
vos abrasar nas chammas sagradas de seu amor'! Porque
então estaes a dizer que Deus não olha para vós? Oh! por
piedade, sêde bôa.s para comvosco, comprehendei o amor
de Jesus para com as vossas almas. Não amesquinheis a sua
infinita caridade! Não vos queixeis, porque queixar-vos de
Deus, de que Elle não olha para vossas almas, é offender sua
caridade infinita, que tantas provas tem dado de que está
sempre prompto em perdoar; Elle que é todo perdão.
Sêde bôas para comvosco. Tende este ideal. Jesus me
ama apesar de O offender, porque Elle está sempre prom­
pto em me perdoar, sempre que eu me dispuser a lhe pedir
perdão.
Sim, amadas esposas, jamais duvideis da caridade de
vosso Esposo, ainda que vós tivesseis peccados como grãos
de areias possue o mar, Elle é todo perdão, sempre que vós
arrependidas a Elle vos apresentardes no tribunal da peni­
tencia!
A bondade, como já tantas vezes Jesus vos tem falado, é
propriedade ae Deus, e como deveis exercei-a com o vosso
proximo?
Assim como a exerceis comvosco, interessando-vos pela
sua salvação, assim deveis exercel-a com o vosso proximo,
e- isto deve constituir um ideal para vossas almas.
Como deveis ser bôas á imitação de vosso Divino Es­
poso?
Ensinando as almas o quanto Jesus é bom, e mostrando
seus divinos attributos.
Então sereis bôa na realidade, porque isto é que impor­
ta a Jesus, salvar as almas, que precisam conhecel-o pela
sua bondade, para a Elle correr.
Glorias e Poder de· N. Senhora das Lagrimas 75

Quando uma pessôa é muito bôa, todos gostam de estar


perto della, eis porque, mostrando ao vosso proximo
a bondade de Jesus, as almas correrão para junto d'Elle.
Sim, mostrae-lhes sua ternura, seu sempre perdoar e a re­
compensa que lhes está reservada n o Paraiso, se · nesta vida
amarem a Deus cumprindo sua Divina Lei.
Amadas filhas, alimentae estes ideaes nas vossas almas
bôas para com Deus, para comvosco e para com o vosso
proximo. Se isto fizerdes amareis e sereis amadas por Deus,
e, um dia de seu amor inebriadas sereis na mansão da gloria.
Vossa Mãe, Maria, que vos abençôa no noviciado da
misericordia.
6-5-1931.

Sou vossa Mãe.

EU sou Mãe de Deus, portanto sou a Mãe da Santa Madre


Egreja Catholica Apostolica Romana, e só são meus
filhos os que se abrigam á sombra desta arvore bemfaze.ia.
Amados filhos, tenho direito de dizer-vos que sou Mãe
desta tão cara Egre.fa, desta sociedaae cujos membros Me
custaram tantas lagrimas.
Se uma mãe, tendo direito sobre seus filhos, fructos de
suas entranhas, póde dizer; sou Mãe: como tal, posso tam­
bem dizer, com todo o direito natural, sou Mãe.
Sim, posso dizer-vos com todo u direito sou vossa Mãe,
porque sendo Mãe da Santa Egreja, sou tambem vossa, por­
que vós a: ella estaes unidos: mas se por infelicidade estiver­
des desligados desta Santa Egreja, em verdade vos digo não
sou vossa Mãe f
Amados filhos, porque tenho direito de dizer-vos que
sois meus filhos e que Eu sou vossa Mãe? Porque vós fostes
gerados nas minhas entranhas. Vêde o Esoirito Santo for­
mando o corpo sacrosanto de Jesus nas minhas ourissimns
rntranhas! Qual foi o motivo desta geração? Não fostes vós?
Xão foi o amor pelas vossas almas, que obrigou o oroprio
Deus a dPscer á terra e formar um corpo nas minhas en••
tranhas? Sim, foi por vos.so amor, que o verbo se fez carne
e onde? Nas minhas entranhas. Agora vos per�unto, não
tenho razão de dizer-vos que sou Mãe da Santa Egreja, por­
tanto vossa?
Qual a mulher capaz de dizer que um tal não é seu
filho, se na realidade o é?! Jesus é meu filho, e por ser
Elle meu filho, Eu sou vossa Mãe.
76 Glorias e Poder de ?\1 • Senhora das Lagrimas

Vêde, carissimos filhos, quantas lagrimas :'.\Ie custas­


tes! Eu vos posso dizer que Me custastes bem caro, por­
tanto tenho direito de vos dizer: Sou vossa Mãe e vós que
estaes dentro desta arca bemdita: a Santa Egreja, podeis Me
chamar, com todo o direito, de Mãe.
Quando Jesus se despediu de mim para dar começo a
sua dolorosa Paixão e Morte, fez Elle o que tantos paes fa­
zem, partindo para longinquas terras, a procura de um
meio, pàra subsistencia de seus queridos filhos. Porém, o
que acontece então? A esposa fica com o coração dilacera­
do, em ver que seu amado vae enfrentar muitos perigos e
vae ficar longe daquella que tanto o ama.
Jesus, amadissimos filhos, foi á procura do pão para
vossas almas no Gethsemani, nas prisões, no caminho do
Calvaria e na cruz, para que? Para matar vossa fome, para
saciar-vos no reino immortal da gloria, porém a sua Mã�
ficou chorando, como é natural a uma mãe; mas, Eu chorei
vendo que o meu amado ia dar sua vida, pelos seus caros
filhos, dos quaes infelizmente muitos não lhe pagariam a
não ser com ingratidões.
Como l\Iãe chorei; e vos pergunto, não tive razão de
1

chorar, vendo tantos filhos ingratos se levantarem contra


esta cara Egreja, para ridicularisal-a e atirar-lhe pedr;1s?
O' ingratos, quanto :Me fizestes chorar, quando o bom
Deus Me mostrou as vossas apostasias, as vossas perfidias !
O' ingratos, quanto Me fizestes chorar, quando vos vi a ca­
lumniar as meninas dos olhos de Jesus, que são os principes
desta cara filha, a Santa Egreja.
Como Mãe que, sou desta Egreja, a qual tem o direito de
abrir as portas do Paraiso, como Mãe que sou, digo isto aos
impios que flammejam contra esta mesma Egrcja: Podeis
bramir, que Eu, com o poder que Me foi dado como Mãe,
tudo vos será baldado, porque esmaguei a cabeça da ser­
pente e hei de esmagar sempre pelas lagrimas que derra­
mei! Como l\1ãe vos posso dizer, em váo trar.,alham os im­
pios. Eu sou sempre a esmagadora do dragão infernal!
Amados filhos, homens ha, que se Ie-vantaram nos se­
culos passados, para tirar-Me o direito que tenho de Mãe
de Deus, portanto de vossa Mãe, pois se não fosse Mãe de
Deus, não o seria vossa. Pergunto-vos, estes homens que se
levantaram com suas perfídias, o que fizeram? Pobres in­
felizes, para si o mal e para a Santa Egreja só fizeram o
bem, porque meus dilectos filhos vendo o mal se levantar,
redobraram de amor, e eis que sr unem e com todo o amor
Me chamam, Santa Maria, l\1ãe de Deus, portanto sou vossa
:Mãe!
Sou vossa, vó,s sois meus filhos, que l\Ie custastes tanto
preço, porém, bemdigo minhas Iagrimas, quando vejo tan-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 77

tos filhos aproveitarem da Paixão e Morte do amado filho


Jesus.
Sou vossa Mãe, porque sou :Mãe de Deus, e por este mo­
tivo vós Me podeis chamar, Santa Maria, Mãe de Deus, ro­
gae por nós peccadores, agora e na hora de nossa morte.
Sim, hei de velar sempre por vós todos, que á sombra
desta arvore bemdita, a Santa Egreja Catholica Apostolica
e Romana, se abrigarem, porque fóra desta Egreja não ha
salvação.
Com todo o amor vos digo, .sou vossa Mãe, Maria.
23-5-1931.

As lagrimas de Maria serão exaltadas.


FILHOS do exilio, vinde a Maria que ella é vossa Mãe.
Todos os que tendes necessidades, vinde a Maria que
ella é vossa Mãe.
Quando no alto da cruz, suspenso entre o Céo e a
terra agonisava no meio de dois ladrões, l\Iaria, a Mãe que­
rida, chorava, Eu lhe disse: Maria eis ahi teu filho, como se
nellc visse toda a humanidade. Chora, minha Mãe, chora
por muitos, chora pelos ingratos que não me hão de amar!
Um dia, ó Mãe querida, as tuas lagrimas bemditas hão de
beneficiar o mundo, e a todos que pronunciarem esta pa­
lavra consoladora. "l\leu Jesus, ouvi os nossos rogos pelas
lagrimas de vossa :Mãe Santissima", hei de abrir o meu Co­
ração como abrigo seguro. O' Maria, ó minha Mãe querida,
não choraste em vão, tuas lagrimas bemditas ao mundo hã0
de beneficiar! Quantas mães, quantos orphãos hão de con­
solar! Quantas viuvas, quantos pobres deserdados da sorte
hão de r;_eceber conforto ao pronunciarem esta bella e en­
cantadora palavra: "Meu Jesus ouvi os nossos rogos, pelas
lagrimas de vossa Mãe Santissima". Quantas donzellas cus­
tas e puras, cm perigo de se perderem, ao pronunciariem
esta tão bella e encantadora palavra: "Pelas lagrimas de
vossa :Mãe Santíssima, tende compaixão de nós; estas don­
zellas adquidirão forças para não cahirern, para não succum­
bircm ás armadilhas do tentador. Quantas religiosas, esposas
amadas, prestes a perderem seu fervor primitivo, ao pronun­
ciarem, esta bella e encantadora palavra "l\ileu Jesus, pelas
lagrima.s de nossa Mãe Santissima, sentir-se-ão fortalecidas.
Em verdade vos digo a todos vós que invocardes meu au­
xilio pelas lagrimas de minha Mãe, cousa alguma vos posso
78 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

negar, porque as lagrimas de minha Mãe tocam a fibra mais


intima de meu Coração. O' vós todos que soffreis, vinde a
Maria, vinde a Maria, vinde a l\faria que ella é vossa Mãe.
Por vós ella chorou e suas lagrimas bemditas h.ei de exaltar
1

com grande confusão para o inferno e para seus sequases


neste mundo. Hei de exaltar, hei de exaltar as lagrimas de
Maria, custe o que custar. O zelo de muitos apostolas certa­
mente muito ha de custar para maior brilho destas lagri­
mas bemditas! O inferno se ha de revoltar! Ô' Maria, minha
Mãe querida, bemditas sejam tuas lagrimas. O' Maria, mi­
nha Mãe querida, bemdita entre todas as mulheres, bem­
ditas são as tuas lagrimas, porque ellas esmagaram a cabeça
infernal. e a hão de esmagar sempre que ella se Levantar
para amofinar os meus eleitos, os meus amados! Tu te en­
ganas, ó inimigo, jamais pudeste vencer Maria. Ciladas lhe
armaste sem conta, ella sempre te soube esmagar e até o
fim te ha de esmagar ...
O' filhos amados os que luctaes, vinde a Maria qu·e
ella é vossa Mãe; nas mãos tem rico thesouro e com elle vos
ha de enriquecer. Vinde a Maria e não temaes. Maria é vos­
sa Mãe. As chaves do meu Coração lhe pertencem, portanto
vinde a Maria e não temaes. O' vos todos os que sois perse­
guidos pela minha gloria, vinde a Maria, com o mere­
cimento de suas lagrimas bemditas sereis fortes e jamais
creatura alguma vos vencerá. Vinde a Maria, vinde a Ma­
ria que ella é vossa Mãe, ó vós todos que tendes necessi­
dade de Mãe.

Conheçamos Maria para imital--a.

AMADAS filhas, vinde aos pés do sa:crario, onde o vosso


Esposo amantis.simo se acha. Figurae-vos que estaes no
monte Calvaria. Vêde Jesus a derramar sangue por todas as
partes de seu sacratissimo corpo! Contemplae-o com os la­
bios resequidos a vos dizer: Tenho sêdc de vossas almas;
tenho sêde _de ver minha celeste Mãe conhecida para ser
imitada.
Jesus deseja immenso ver-me conhecida por todos o·s
homens, para que possam me imitar.
Emmudeçam vossos corações á vista de minhas cru­
ciantes angustias! Acompanh:ae-me por piedade, lançae para
longe de vós tudo o que é terreno para poderdes me ouvir
com fructo.
Glorias e Poder de N. Senhora das lagrimas 79

Desde o Fiat da Incarnação até a hora v.enturosa de


minha morte, minha alma foi sempre o alvo de uma an­
gustia mortal I O' amadas esposas de meu Filho Crucifi­
cado, não vos é possivel comprehender o quanto Eu soffri
neste valle de lagrimas! Vossas penas e vossas dores são
como uma gotta de agua em comparação com o oceano de
dores que soffri l
Quem poderá medir minhas angustias l
Não penseis, amadas de meu coração, que meu cami­
nho foi semeado de rosas. Ah! não; foi elle semeado de
pungentes espinhos, que me fizeram derramar copiosas la­
grimas.
Por ser Mãe de Deus, fui Eu quem mais se assemelhou a
Elle nos seus padecimentos. No meu coração de Mãe soffri
e que nenhuma mãe jamais soffreu, porque a dôr é a me­
dida do amor.
Uma espada cruel constantemente minha alma atraves­
sava, por ver que meu adoravel Filho não era comprehen­
dido, Elle que tanto soffria por ver a ingratidão de seus
filhos! Vêde, amadissimas filhas, quantas angustias minha
alma experimentou, e que me fizeram derramar lagrimas
tão dolorosas! Eis o motivo porque estas lagrimas hoje tem
tanto valor diante do throno do Altíssimo. Minhas lagrimas
não foram de fraqueza, mas sim de dôr, por ver que o Filho
a_mado não era comprehendido na sua sublime missão!
Chorei pelas vossas almas, quando as vi não aprovei­
tando do Sangue do Cordeiro sem mancha, Jesus Crucifi­
cado!
Oh! filhas de meu coração, desejo levar-vos neste ins­
tante á minha solidão, onde, fechada e de joelhos, me lem­
brava do candido e meigo Jesus. Levantava meus olhos ao
Céo, marejados de lagrimas e, com a alma traspassada de
angustias, perguntava a mim mesmo: O' minha alma, não
foram os teus peccados que deram a morte a meu adoravel
filho? O' quantas angustias!! E Jesus conserva-se mudo, não
me consolando nestes momentos de tanta ang1J.$tia. Eu pro­
curava lavar-me no Sangue derramado de Jesus. Parecia­
me ver minha alma cheia de peccados ! Vós bem sabeis que
minha alma não teve mancha, foi concebida sem a culpa
original, porém, vos falo que me parecia ver minha alma
cheia de iniquidades!
Como Jesus no Gethsemani, o.s peccados que via na mi­
nha alma eram os vossos peccados, que pezavam sobre mi­
nha candida alma, como pezaram a Jesus na sua dolorosa
paixão!
Jesus me fez participante na vossa redempção, e com
isto me alegrei, apezar de minha alma e meu coração sen­
tirem as consequencias deste pezo esmagador - a dôr!
80 Glorias e Poder de N. Senhora das tagrimas

Ainda que a alma, se alegre na dôr, não deixa por isso


de ser dôr, e eis porque, alegrando-me não deixei de cho­
rar!
Amadas filhas, na minha solidão depois da morte do
Filho amado, nem um dia deixei de meditar a Paixão de
Jesus; e no meu pensar, bemdizia e louvava a Deus, por ter
mandado ao mundo seu Unigenito Filho para resgatal-o do
seu doloroso captiveiro. Nestas meditações minha alma se
gloriava e pedia constantemente que os homens soubessem
aproveitar de seu Sangue Divino, para se libertarem de suas
paixões, das quaes eram escravos!
No silencio da noite, quando todos dormiam, vossa
Mãe velava até altas horas, offertando ao Pae da.s miseri­
cordias os padecimentos do Filho amado, juntamente com
as minhas penas. Nem um só dia deixei de offertar ao Pae seu
Sangue, e suas dores, unidas ás minhas penas, o que mui­
to lhe agradou, porque ambos somos victimas immacula­
das. Vêdc que minhas lagrimas não foram derramadas por
simples desabafo ou sem motivo. Pergunto-vos: Se alguma
de vós tem um pouco de amor a Jesus, não sentirá dôr ao
nieditar que Jesus não é amado, antes é calcado aos pés?
Certamente que sim, e se possuir um coração sensivel
ha de chorar! Pergunto-vos: Estas lagrimas são de fra­
queza? Ah! não; são ellas de dôr e de amor por ver que o
Amado de sua alma não é amado dos homens!
Queridas filhas, aos que pensam que Eu não chorei,
digo que não conhecem meu coração, no qual se aninhou o
amor de condolencia; e não podia ser o contrario, sendo
como sou, l\-Iãe de Deus!
Jesus tambem chorou e suas lagrimas foram de sangue,
porque na sua alma pezavam os crimes de todos os homens!
Minhas lagrimas não foram de sangue, porque minha alma
não podia experimentar o que Jesus experimentou; a tanto
Eu não resistiria!
Quereis- me contentar, meditae nas minhas dores e se­
reis fortes, terei.s coragem para soffrer todas as penas que
o bom Deus vos enviar; mais ainda, tereis palavras na vossa
bocca para confortar os que soffrem.
Não vos esqueçaes que a meditação do quanto Eu sof­
fri, muito agrada a Jesus.
Oh! vós que vos lastimaes, que sois pobres e que não
· tendes virtude alguma, recorrei a mim e Eu vos darei o
fructo de minhas dores, que podeis apresentar a Jesus,
pois á vista desta moeda nada vos poderá negar, porque
deseja honrar sua Mãe, que com Elle soube chorar neste
exílio, para hoje vos beneficiar.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas S1

l\Hnhas amadas filhas, entrae dentro de meu Coracão.


perscrutae o quanto vos ama e confia,e, porque Elle é a
porta que vos conduzirá a Jesus Crucificado, que se acha
com o Coração rasgado para vos receber.
Vinde, vinde todas a mim, não tenhaes medo, porque
Eu sou Mãe, e como tal vos darei tudo de que precisardes
para a vossa santificação.
Não vos esqueçaes do que já vos foi dito: Eu vos fui
dada para criar santos, isto é, para que sejaes santos, se­
gundo a vontade de Deus.
Sêde santas porque esta é a vossa vocação; formae san­
tos porque .este é o desejo de Jesus. Ha tão poucos santos
hoje, entretanto, Jesus tem sêde de almas que aspirem :.10
mais perfeito. Quanta frieza reina nesse mundo! E' preciso
que o fogo se accenda no meio de tanto indifferentismo !
Oh! vós, amadas filhas, vós tendes-me a mim como rique­
za!! Por piedade, accendei o lume sagrado do santo zelo no
meio de tantos christãos indifferentes!
Eu .sou vossa, leva.e-me por toda a parte e o lume se
r,ccenderá.
Levae-me co·m as minhas dores, porque o merecimento
destas dores bemditas, transbordado em minhas lagrimas,
c1ccenderá nos corações o lume do divino amor.
Eu vos abençôo pelas mãos chagadas de Jesus Cruci­
ficado, que continuamente vos estão abençoando.
Nossa Senhora das Lagrimas.
Do Tabernaculo Santo.
14-6-1931.

Meditação das sete dores da Mãe de Deus para


todas as almas que desejam crescer no carninho
da virtude.

� EDITAI
� muitas vezes estas minhas penas e Eu vos digo
em verdade muito adiantareis na virtude. Maria.

AS DôRES DE NOSSA SENHORA


Quem quizer consolar meu coração medite nas minhas
Dôres,
82 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

O' almas que soffreis, vinde junto de meu coração,


aprendei commigo a soffrer. E' junto de meu coração tras­
passado por sete espadas que achareis consolacão !
Mães afflictas, esposas amarguradas , do�zelas aban­
donadas ao vendaval de vossas paixões, meditando nas mi­
nhas dores tereis força para atraversardes este vale de la­
grimas.
O' mães que choraes a perda de um filho, vinde vos
consolar ao pé da Cruz, é aqui que achareis, pois aqui
vos posso dizer: Sêde fortes, sêde generosas, olhae como Eu
estou em pé para mostrar-vos qu.e não vos deveis deixar
abater, quando a mão carinhosa de Deus se fizer sentir no
vosso lar.
Donzellas, que não tendes coragem de deixar o mundo
e suas vaidades, meditae nas minhas Dores e tudo vos será
facil deixar. Oh! donzellas amadas, as que sois chamadas
para a insigne graça de esposas do Cordeiro Immaculndo,
meditae nas minhas Dores e tereis força para affrontar to­
dos os obstaculos, que se vos apresentarem.
Vou agora mostrar-vos as minhas penas,. e, ao lei-as,
tenho a certeza que vos hão de commover o coração, im­
pulsionando-vos para a pratica do bem.

1.ª Dôr de Nossa Senhora.


Apresentação de meu Filho n o templo.
Neste primeira dor, vereis como meu coração foi tras­
passado por uma terrível espada, quando Simeão me p]'O­
phetisou que meu adoravel filho seria a salvação de muitos,
mas tambem serviria para ruina de muitos; isto é, todos os
que abusassem de seu Sangue adoravel se perderiam para
sempre! A virtude que aprendereis nesta primeira dor é a
da santa obediencia. Sêde obedientes aos vossos superio­
res, porque são elles que fazem as vezes de Deus.
Meus filhos, é a obediencia que faz as almas felizes já
neste mundo.
Nunca ouvistes dizer que um obediente se perdesse.
A alma obediente galgará os mais altos gráos de perfeição t
Olhae para toda a minha vida e vereis como nella só en­
contrareis obediencia e sempre obediencial
Aos tres annos, já me entreguei totalmente á santa obe­
diencia.
O que foi a minha vida no templo? Obediencia e oração.
Depois de terminar este tempo feliz, quizeram-me dar um es­
poso e eu o acceitei, e porque? Porque sabia que, obede­
cendo, não erraria!
Glorias e Pioder de N. Senhora das Lagrimas 83

Mas como estamos meditando nas minhas dores, con­


tinuemos. A obediencia não deixa de ter seus espinhos, fe­
lizes espinhos que tanta gloria dão á alma!
Como já vos foi dito, quando apresentei meu amado
Filho no templo, Simeão m,e annunciou que uma espada
cruel attravessaria minha alma! Desde aquelle instante ex­
perimentei sempre uma grande dôr, porém olhei para o
Céo e disse a Deus: Em vós confio, e nesta confiança des­
cancei. Lembrei-me que quem confia em Deus jamais será
confundido.
O' almas que ainda estaes neste valle de lagrimas, fa­
zei como Eu fiz. Nas vossas penas, nas vossas angustias
confiae em Deus e jamais vos arrependereis de uma tal
confiança.
Quando a obediencia vos trouxer cprnlqner sacrificio,
fazei o que Eu fiz, confiae em Deus e a Elle entregaie vos­
sas penas, vossas aprehensões, e diz:endo-lhe: Meu Deus,
em vós confio e por vosso amor soffrerei tudo de bom gr�­
do. Ainda que vos. fosse preciso dar todo o vosso sangue por
causa da santa obediencia, por piedade jamais deixeis de
obedecer, porque lembro-vos aqui que não deveis obedecer
por motivos humanos, mas, somente pelo amor daquelle que
por vosso amor se fez obediente até a morte de Cruz.

2.ª Dôr de Nossa Senhora.


Amados filhos vou mostrar-vos a minha segunda dôr,
auando tive que fugir para o Egypto, para livrar meu rico
Th)esouro das mãos dos algozes que m'o queriam matar.
Oh! filhos amados, quão grande foi a minha dôr, quan­
clo soube que dcscfavam dar a morte a meu querido filho!
::\Iinha alma ficou immersa na dôr quando me,Htei que <le­
se,iavam matar aquelle que trazia a salvação. Não me aJfli­
gi por ter de passar provações Pm terras longinauas; minha
rlôr foi nor ver meu adoravel filho innocente, já. desde tão
tenr:i idade, perse�uido por causa d'Ellc ser o RedPmptor.
Oh! almas queridas, quanto não soffri neste exilio, po­
rém tudo supportei com amor e santa alegria por Deus me
fazer soffrer tanto nela causa da salvação das almas. Se fui
obria�<la a este exilio. foi só por causa de guardar o ama­
do fi1ho! Almas queridas, quando meditava estar no exilio.
soffrendo provações tantas para guardar aquelle que um dia
ia ser a chave da mansão da paz, minha alma, apesar de
se achar em dôr por ver que não podia dar conforto ao
filho amado, alegrava-se porque dizia, ah! um dia estas pe-
84 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas

nas se converterão em sorrisos e em força para as almas,


porque guardando o amado filho, Elle abrirá as portas da
Jerusalem Celeste a todas ellas !
Amados meus, vêde como no meio das maiores prova­
ções se póde exultar, quando tudo se soffre para agradar
a Deus e tudo por seu amor. Eu no meio de tantas prova­
ções em terras extranhas, muitas vezes sem agazalho, nem
pão para matar a fome, exultava por poder soffr'er com
Jesus, meu adoravel filho!
O' vós que soffreis, procurae soffrcr com Jesus,
porque então vossos soffrimentos, ainda que amargos, fa­
rão vossas almas exultar de gozo, assim como a minha
exultou.
Soffrer com Jesus, isto é, na sua santa amizade e tudo
por seu amor, não se chama a isto soffrer senão gozar! No
meio da dôr soffrem os infelizes, que vivem long·e de Deus ...
os que estão na sua inimizade, estes é que soffrem! Pobres in­
felizes, entregam-se ao desespero, porque não tem o con­
forto da amizade de Deus, que dá á alma soffredora tanta
paz, tanta confiança, pois bréves são os padecimentos e
eternas as recompensas!
O' almas, que soffreis por amor de vosso Deus, r.xultae
de alegria porque grande é vossa ventura, sendo parecid:1s
com a Victima Immaculada, Jesus Crucificado, que tanto
soffreu por amor de vossas almas!
Exultae todos os que, como Eu, sois chamados para
longe da vossa patria defender o vosso .Tesus. Exultae,
grande será a vossa recompensa, se como Eu, ainda que
co:rp. a alma em angustia, alegremente pronunciardes o
FIAT.
Aprendei aqui, almas todas, a não medir sacrifícios,
quando se trata da gloria e dos interesses de Jesus. Vêde
que Eu não medi distancias, nem sacrifícios. A' primeira
palavra de José, promptamente e sem nenhuma relutancia,
segui em procura do sacrifício!
Por piedade, almas queridas, não sejaes pusillanimcs,
porque se o fordes o prejuiso será vosso. Contra si tra­
balha o pusillanime, emquanto que o generoso nos sacrifí­
cios para si armazena riqueza; portanto, avante, aprendei
nesta minha segunda dôr a · não medir sacrificios, quando
se tratar dos interesses de Jesus, que tambem não mediu
sacrifícios para vos abrir as portas da mansão da paz.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 85

3.ª Dôr de Nossa Senhora.


Amados filhos do exilio, vou mo.strar-vos minha .tércci­
ra dôr, quando perdi meu adoravel filho por trc�_ dias. Que
penas indiziv-cis e incomprchcnsivcis a um mortal!
O' almas que soffrcis, procurac comprehender minha
immensa dôr, pois, á vista desta minha dôr as vossas serão
leves! Mães afflictas que choraes a perda de um filho
amado, meditae o quanto Eu soffri por tres dias a perda de
meu unico amado filho!
Sabia que meu adoravel filho era o Messias prometti­
do, o qual me fôra confiado pelo Deus eterno. Que contas
daria então a meu Dens do thesouro que me tinha entre­
gue? , E apesar de tanta dôr e de tanta afflicção, nem os
anjos, nem o proprio Deus me confortaram! Deixaram-me
na dôr por tres dias e sem esperanças de encontrai-o!
Vêde como os queridos de Deus são tratados! Por ser
Eu sua Mãe, fui a creatura que mais tortura soffreu neste
exilio, depois de Jesus!
Vêde, amados meus, depois de tres dias O achei no
templo, no meio dos doutores, e lhe falei: O' filho, me
deixaste tres dias em afflicção! Eis a sua resposta divina:
Eu ·vim ao mundo para cuidar dos interess·es de meu Pae,
que está no Céo.
A esta resposta do meigo Jesus, emmudeci e comprc­
hendi que sendo o Redemptor do genero humano, assim de­
via proceder, fazendo sua Mãe já, desde aquelle instante,
tomar parte na sua missão redemptora, fazendo-me soffrer
por tão nobre causa, a H.edempção do genero humano!
O' almas todas que soffreis, aprendei aqui nesta mi­
nha grande dôr a submetter-vos á vontade de Deus, que
muitas vezes vos fére para vosso proprio proveito ou para
proveito de um de vossos entes queridos.
Jesus me deixou por tres dias cm tanta angustia para
proveito vosso, para hoje vos poder dizer: Aprendei com
Maria a soffrer e a preferir a vontade de Deus á vossa. Mães
venturosas que choraes, ao virdes os vossos filhos genero­
sos ouvirem o chammamcnto divino, por piedade, aprendei
commigo a sacrificar o vosso amor natural. Oh! si
vossos filhos têm esta dita de serem : chamados para
trabalhar na vinha do Senhor, por piedade, não se­
jaes algozes de sua tão nobre aspiração, como é a vocação
religiosa. Mães e paes extremosos, ainda que vosso coração
sangre de dôr, deixae-os partir, deixae-os corresponder ás
finezas de seu Deus, que usa para com elles de tanta pre-
86 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

dilecção. Felizes paes que soffreis por tão nobre causa: offer­
tae a Deus as penas da separação, para que vossos filhos, que
têm a ventura de serem chamados, possam ser na realidade
bons filhos daquelle que os chamou. Oh! se assim fizerdes,
fareis o que Eu fiz! Lembrae-vos que vossos filhos a Deus
pertencem e não a vós.
Deus vol-os entregou para que os crieis para o ser­
vir e amar neste mundo, para um dia no Céo o louvarem
por toda a eternidade.
Portanto cegos são aquelles que querem prender seus
filhos, abafando-lhes a vocação! Os paes, que assim proce­
dem, são algozes de seus filhos, levando-os á perdição eter­
na, e ainda são algozes de si proprios, porque que contas
darão a Deus no ultimo dia? Triste será a sentença destes
paes!I
Porém, se, em vez de serem algozes, fossem anjos de
suas vocações, encaminhando-os para tão nobre fim; oh 1
que bella recompensa esperam estes paes afortunados! No
Céo terão um lugar de honra. Ainda que chorem de sauda­
des, ainda que a separação lhes custe muitas lagrimas, se
forem todas derramadas como Eu as derramei, só por amor
de Deus, serão elles bemaventurados ! O' entes queridos
que sois chamados por Deus, a vós tambem desejo falar-vos
nesta minha terceira dôr. Procedei como J csus procedeu
commigo; primeiramente obedecei á vontade de Deus, que
vos chamou para habitar na sua casa, onde deseja vos di­
zer: Quem ama seu pae e sua mãe mais do que a mim não
é digno de mim, portanto vêde bem, se, por causa de um
amor natural, deixaes de corresponder ao chamado divino!
Não penseis que sois vós que vos offerecestes para vi­
ver na casa do Senhor. Ah I não. Quem não f ôr chamado
não ficará na casa deste Senhor, que exige tudo por1 amor
e não por força. Portanto, aquelles que não têm força de
obedecer por amor não foram chamados, mas, sim, ellcs
mesmos que se offereceram, dahi vem que elles são a cruz
de seus superiores e do proprio Deus!!
Oh! meninas dos meus olhos, almas de eleição, as que
fostes chamadas, tudo sacrificastes: as affeições as mais
caras, a vossa propria vontade para servirdes a Deus!
Grande é vossa ventura, portanto, sêde generosas em
tudo e louvae a Deus por terdes sido escolhidas para - tão
nobre fim.
Oh r vós que choraes, paes, irmãos, regozijae-vos porque
vossas lagrimas um dia converter-se-ão em perolas, como
as minhas se converteram em favor da humanidade.
Emfim todos os que soffreis, vinde a mim que Eu vos
consolarei, porque Eu tambem soffri e sei consolar a todos
os que choram.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 87

4.ª Dôr de Nossa Senhora.


Amados filhos, vou boje mostrar-vos minha quarta dôr,
quando me encontrei com o divino Filho no caminho do
Calvario.
O' todos os que choraes neste exilio, contemplae e vê­
de se ha dôr semelhante a minha dôr. Ver o Filho amado
cm tão lastimoso estado, carregado com uma pezada cruz,
insultado como si Elle fosse um criminoso!
Oh! filhas minhas, qual não foi a dôr de minha alma,
quando parei por um instante e meditei meu Filho que é
Deus, desta forma tratado! Elle que é o salvador, a carida­
de infinita que só faz o bem, porque assim o tratam?!!
Amados filhos, lembrei-me de suas Divinas Palavras,
quando disse: E' preciso que o Filho de Deus .seja calcado
aos pés, para abrir as portas da mansão da paz!
Oh! Sempre a vontade do Altissimo foi a minha força
em horas tão crueis como esta, vendo o Filho que tanto
amava em tão lastimoso estado!
Ao encontrai-o nesta via da amargura, seus olhos di­
vinos, amortecidos pela dôr dos espinhos, me fitaram e me
fizeram comprehender a dôr que Lhe ia na alma, por não me
poder dizer palavra, porém me fizeram tambem compre­
hender que era necessario que unisse minha dôr á sua gran­
de dôr, para que esta nossa dôr fosse mais tarde a força de
tantas mães e de tantos filhos, que haviam de soffrer, uns
e martyrio do corpo, outros o martyrio do coração.
Sim, uns a derramar todo o seu sangue nas mãos dos
algozes e outros a soffrer o martyrio do coração por ver
seus filhos, irmãos ou pacs soffrerem os golpes dos algozes!
Amados meus, a nossa grande dôr neste encontro tem
sido a força de tantos martyres e de tantas mães afflic.tas!
Oh! almas que temeis o sacrificio, aprendei aqui neste
encontro a submetter-vos á vontade de Deus, como En e
meu adoravel Filho nos submettemos!
Aprendei a calar-vos nas vossas penas. Vêde como na
minha grande dôr não me desabafei, a não ser com a Pae
do céo, dizendo: Meu Deus que a vossa vontade se cumpra:
dae-rne força, isto é, o que preciso para acceitar esta dura
cruz, de ver o Filho, que me déste tão humilhado e calcado
aos pés pelos seus beneficiados!
No nosso silencio, nesta dôr immensa armazenamos
para vós riquezas incommensuraveis ! Os vossos olhos não
vêm, mas as vossas almas hão de sentir a eficacia desta ri­
queza na hora, em que, batidos pelas vossas penas, recor­
rerdes a mim, meditando neste encontro dolorossimo. E'
88 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas

nestas horas difficeis que podeis experimentar o valor do


nosso silencio, o qual se converte em força para vossas al­
mas amarguradas. Oh! sim, o nosso silencio na dôr ha de
ser a força das almas afflictas, que souberem recorrer á
meditação desta minha dôr !
Amados filhos, como é precioso o silencio nas horas de
soffrimentos ! Almas ha que não sabem soffrer uma dôr phy­
sica, uma tortura de alma em silencio; desejam contar a
todos para que todos os lastimem! Como este procedimen­
to é differente do no.sso, pois tudo suportámos em silencio
por amor de Deus e de vossas almas!
Almas minhas, aprendei a soffrer por ani,or de Deus e
de vossas almas, que tanto precisam da dôr e das penas
para vos purificar da vaidade deste mundo corruptor! Lem­
brae-vos aqui que as penas e dores vos são essencialmente
necessarias para poderdes amar a Deus e. progredir no ca­
minho da virtude. Sem a dôr e sem as penas, correreis o
risco de perder vossas almas, porque a dôr humilha, e é na
santa humildade que Deus edifica, e se a vossa casa não
fôr edificada por Deus, virá o vento e a lançará por terra!
Sim, filhos meus, sem a humildade, trabalhareis em vão, por­
tanto vêde como a dôr é neccssaria para a vossa santifi­
cação.
Aprendei a soffrcr cm silencio, como Eu e Jesus soffre­
mos neste doloroso encontro no caminho do Calvado.

5. ª Dôr de Nossa Senhora.


Amados filhos, vou mostrar-vos a minha quinta dôr, e
na sua meditação encontrareis lenitivo e força para vossas
almas, que ainda luctam contra mil tentações e difficul­
dades que é proprio dos mortaes!
Nesta minha quinta dôr aprendereis a serdes fortes em
todos os combates de vossa vida.
· Vêde-me aos pés da Cruz, assistindo á ignominiosa mor­
te de Jesus, com a alma e meu coração traspassados com
a espada das mais crueis dores! Ah! filhos amados, nesta
hora, seria para duvidar até da divindade do proprio Jesus,
si Eu não tivesse aprendido nas Sagradas Escripturas qne
o Messias promettido havia de ser crucificado como um
malfeitor!
Oh! não vos escandnliseis com o que fizeram os ,iudeus !
Os judeus diziam: Si Ellc fosse Deus, como anunciava,
porque não desce da Cruz e se livra a si proprio? 1 Pobres
,iudeus, ignorantes uns, de ma fé outros, não quizeram crêr que
Elle era o Messias, porque si não o fosse não se deixaria
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas 89

matar! Pobres e infelizes, cheios de orgulho, não podiam


comprehender que um Deus se humilhasse tanto; não sa­
biam que a sua divina doutrina prégava a humildad,e e que
só aos humildes será dada a entrada no Paraiso; por­
tanto, se esta era sua doutrina, Jesus precisava dar o exem­
plo, porque sem o seu exemplo seus filhos não teriam a
força de praticar uma virtude, que tanto custa aos filhos
deste mundo, que nas proprias veias têm por herança o
orgulho.
Por isso os pobres judeus, que estavam cheios de or-,
gulho, não podendo comprehender a Jesus, diziam que Ellc
era um louco, pregava esta encantadora doutrina que é a hu­
mildade que de homens faz anjos!
Oh! não, elles não comprehenderam, porque nos seus
coraçôes criara raizes este terrível mal - o orgulho, e por
este motivo morreram no seu peccado! Infelizes, os que, á
imitação dos que crucificaram a Jesus, ainda hoje não sa­
bem se humilhar!
Depois de tres horas de tormentosa agonia, meu adora­
vel Filho morre, deixando-me a alma na mais negra es­
curidão! Sem duvidar um só instante, pronunciei o Fiai da
resignação, e no meu silencio doloroso, entreguei ao Pae
minha acerba dôr, pedindo, como Jesus, perdão pelos cri­
minosos, que acabavam de dar a morte ao Filho cte minhas
castas entranhas!
Entretanto quem me confortou nesta hora angustiosa?
A vontade de Deus foi o meu conforto; o Céo aberto para
todos os filhos foi meu lenitivo! A caridade de Jesus foi
lambem a minha força, lembrando-me dos doentes que tinha
sarado, das almas que tinha consolado.
Oh! Como é bella a caridade, como ella conforta quan­
do, nas horas de dôr, nos lembramos que soffremos por
havermos praticado o bem.
Jesus morreu na Cruz somente por ter feito o bem!
Oh! Que força isto deu á minha alma em trevas, por­
que Eu tambem no Calvaria fui provada com o abandono
de toda consolação!
Como já vos disse, minha força foi a vontade de Dens,
que se achava impressa no meu coração e que sempre foi
o movel de todas as minhas acções!
O lcnitivo para meu coração despedaçado foi, como já
vos disse, a lembrança do quanto Jesus tinha feito de borT1
neste valle de lagrimas !
Amados filhos, quão bom é soffrer, mormente em
união com os soffrimentos de Jesus; mais ainda, quão
bom é soffrer por ter feito o bem neste mundo, não d:ese­
jando outra recompensa, a não ser desprezos e humilha­
ções como Eu e Jesus soffremos. Tanto soffremos e a tanta
90 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

humilhação os homens nos sujeitaram, sómente porque Je­


sus sempre perdoou, consolou os tristes, resuscitou os mor­
tos, sómente porque no seu Coração e na sua alma estavam
impressas estas palavras: Eternamente vos amei e sempre
perdoarei! !
Descjaes soffrer por tão nobre causa, porque no vosso
coração eslão e:scrivtas estas palavras: Amo a meu Deus de
todo o coração e por este amor aborreço tudo o que f ôr
falta voluntaria; amo a humilhação e detesto todas as vai­
dades deste mundo!!
Oh! Filhos amados, que gloria um dia para vossas al­
mas, se, por sêrdes bons cumpridores de vosso sagrado <le­
ver de amar a Deus com todo o vos.so coração, fordes per­
seguidos!!
Amadissimos filhos, aprendei a meditar muitas vezes
nesta minha dôr, que vos dará força para serdes humildes
- virtude amada de Deus e dos homens de boa vontade.

6. ª Dôr de Maria.
Amados filhos, vou hoje mostrar-vos minha sexta dór, ·
quando na Cruz vi uma lança atravessar o Coração Santís­
simo ele meu adoravel Filho. Depois o depositaram nos
meus braços, não candido e bello como em Belem. . . ah!
não!!
Tive de o receber morto e todo chagado, parecendo-me
mais um leproso do que aquelle adoravel e encantador me­
nino, o qual tantas vezes o tinha apertado contra meu co­
ração r !
Vêde se ha dôr semelhante a esta dôr?! ·
Com a minha alma immcrsa na mais profunda dôr, vi
Longuinho atravessar o peito sagrado do Filho, que tanto
amava, e sem poder dizer palavra! O martyrio de meu co­
ração e de minha alma fizeram-me derramar copiosas lagri­
mas, por ver tanta ignomínia e tanta perfídia contra a Bon­
dade infinita l
Quem poderá medir o martyrio desta hora? Não
ha creatura capaz de comprehender o que então soffri I Só
Deus póde comprehender o martyrio, que nesta hora me ia
na alma e no coração 1
Amados filhos, se Eu tanto soffri, não serei capaz de
comprehender vossos soffrimentos? Ah! certamente que
sim. Porque, então, em vez de recorrerdes a mim com mais
confiança, esquecidos de mim, andaes atraz só de quem tem
menos valor do que Eu diante do Altíssimo? 1
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 91

Oh! filhos meus, porque muito soffri, muito me foi da­


do! Vêde como é precioso o soffrimento! Si Eu não tivesse
soffrido tanto, digo-vos que em verdade não teria os lhc-
souros do Paraisa em minhas mãos.
Esta immensa dór, por ver traspassar o Coração de
Jesus por uma lança, conferiu-me o poder de introduzir a
lodos que a mim recorrerem neste amave1 Coraçao. All: e
si tanto não houvesse soffrido, não poderia hoje dizer-vos
esta consoladora palavra: Vinde a mim, porque Eu posso
vos intr_oduzir no Coração Santissimo de Jesus Crucificado!
Vêde que consoladora palavra! Porém para isso, foi
preciso que Eu tanto soffresse ao pé da Cruz!
Vêde como o soffrimento é sempre um bem para a al­
ma. O' almas que soffreis, regozijae-vos commigo, Eu que
fui a segunda martyr do Calvario! A minha alma e meu
coração participaram das penas do Salvador, conforme a
vontade do Altissimo, para reparar o que a primeira mu­
lher tinha feito! Jesus foi o novo Adão e Eu a nova Eva,
livrando assim a humanidade do captiveiro no qual se acha­
va presa.
Filhos meus, bemdizei minhas penas, porque ellas ar­
mazenaram para vossas almas riquezas incommensuraveis.
Posso vos dizer agora, sou vossa Mãe, porque me cus­
tastes muitas penas ...
Sou vossa Mãe, porque soffrendo por vós, posso-vos in­
troduzir no Coração de Jesus, morada ele amor e de e1erna
felicidade 1
Como sois bemaventurados, filhos meus, por terdes
uma Mãe, que vos possa introduzir no Coração Santíssimo
de Jesus Crucificado 1
Para corresponderdes porém a tanto amor, sêde muito
confiante em mim, não vos affligindo nas contrariedades de
vossa vida; ao contrario confiae-me todos os vossos receios,
temores, e penas, porque Eu sou vossa Mãe, e como tal sei
consolar os afflictos, sei dar em abundancia os thesouros
do Coração Santíssimo de Jesus Crucificado, que a todos de­
seja beneficiar! Portanto todos vós que choraes, não mais
vos afflijaes, porque não sois orphãos, tendes uma Mãe que
sabe ser Mãe!
Não vos esqueçaes, Filhos meus, de meditardes nesta
minha immensa dôr, quando estiverdes sem força para car­
regar vossa cruz. Em verdade vos declaro que si nella me­
ditardes, achareis força para tudo soffrer por amor daquel­
le que, por vosso amor, soffreu em uma dura Cruz a mais
ignominiosa das mortes.
92 Glorias e Poder de N. Senhora das J,agrimas

7. ª Dôr de Nossa Senhora.


Amados filhos, vou mostrar-vos a minha sétima dôr,
quando tive de deixar sepultado meu adoravel Filho.
A quanta humilhação meu adoravel Filho se sujeitou,
deixando-se sepultar, sendo Elle, o mesmo Deus!
i\'linha alma immersa em clôr profunda contemplava
naquelle momento lugubre a mais humilhante scena, · que
poude existir para um Deus! --
Vêde, até que ponto chegou a humildade de Jesus, sub­
mettendo-se, á propria .sepultura, embora para depois glo­
rioso ressuscitar dentre os mortos!
Sim, depois de ter-se humilhado ao extremo, ensinando
ás almas, com o seu exemplo, o caminho seguro da san�a
humildade; eis que não se poupou a Si, nem tão pouco a
Mim, para vos ensinar esta vereda de humildade pela qual
se sóbe ao Paraiso.
Bem sabia Jesus o quanto Eu ia soffrer vendo-o sepul­
tado; porém, não me poupou, quiz que Eu tamb,em fosse
participante na sua infinita humilhação! Oh! almas que te­
meis a humilhação, vêde até que ponto chegou a humilha­
ção de vosso Deus e a de sua Mãe! Sim, nós a tanto nos
humilhámos, porque este é o caminho seguro que conduz
á Patria. Emquanto o caminho das honras e dos prazeres
conduz ao inferno , o caminho da santa humildade conduz
á morada de Deus. Vêde como Deus amou a. humilhação,
vêde-o no sepulchro dos santos Tabernaculos até o fim do
mundo a esconder sua magestade e seu esplendor!
Na verdade o que vêdes nestes sepulchros? Apenas urna
Hostia Branca e nada mais! Sim, Elle ahi esconde seus
fulgores debaixo desta lousa branca, as especies de pão!
O' maravilhai O' sublimidade encantadora da santa
humildade, que tanto eleva o coração do homem!
Em verdade vos digo que se Jesus a tanto não se hu­
milhasse até o fim dos seculos, não O admirarieis tanto!
Vêde, como a humildade não rebaixa o homem, pois
Deus se humilhou até á sepultura e não deixou de ser Deus;
ao contrario deu ao seu Coração um novo titulo "Bom". Sim,
foi a sua bondade em favor dos horrí:ens que o f cz assim
se humilhar, para mostrar-nos com o seu exemplo o ca­
minho seguro de nossa salvação eterna!
O' bemditas humilhações de Jesus! O' bemditas ho­
ras ·em que Eu, vossa :Mãe, ao lado do Filho amado, pude
contemplar o quanto Elle vos amava, porque muito se hu­
milhou!!
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 93

Amados filhos, amor com amor se paga. Se quereis


corresponder ás finezas de Jesus, mostrae-lhe que o amacs,
não com os Iabios, mas, sim, desejando serdes humilhados
por seu amor, como Elle e Eu o fomos por vosso amor! E'
nas humilhações que mostrareis a Jesus o vosso amor.
Se desejardes as humilhações realmente amaes a Deus,
mas se com ellas vos entristecerdes, em verdade estais ainda
muito fracos no amor de Jesus.
Pelas minhas penas vos supplico, desejae a humilha­
ção, porque esta vos purifica de toda e qualquer imperfei­
ção, e, desprendendo-vos deste mundo, vos faz desejar o
Paraiso.
Vêde o que me aconteceu depois que meu adoravel
Filho subiu ao Céo. Suspirava por este mesmo Céo, onde O
pudesse ver sem véos, elle o mesmo Deus, até que um dia
meu coração, não podendo mais conter o amor que nelle se
achava, voou para o Paraiso, porque a terra era muito di­
minuta para conter o amor de meu coração!
Amados filhos, mostrei-vos minhas Dôres não para quei­
xar-me, mas somente para mostrar-vos nellas as virtudes
que deveis. praticar, para um dia ao meu lado e ao lado de
Jesus gozardes para sempre desta gloria immortal, recom­
pensa das almas generosas, que, neste mundo á minha imi­
tação, souberam morrer para si, vivendo só para Deus!
Vossa Mãe, que vos abençôa. e vos convida a muitas
vezes meditardes nestas palavras ditadas somente porque
vos amo.

As bellezas da "Ave Maria"


A:MADOS filhos, filhos dilectos os que todos os dias repe­
tis com amor esta encantadora saudação á Virgem Maria,
minha celeste Mãe "Ave Maria".
Eu sou Jesus, o doce Jesus filho desta Mãe amavel, da
qual vou falar-vos, explicando-vos a Ave Maria.
Desejo-vos explicar a Ave Maria, porque muitos sau­
dam minha Santíssima :Mãe em rotina, sem saberem o que
estão dizendo. Desejando que aproveiteis desta bellissima
oração, eis o motivo porque desejo hoje explicar-vos quão
hella é esta oração composta pelo Pae.
Amados de meu Coração, o mundo jazia nas trevas do
paganismo, o demonio com seus sequazes estavam tomando
posse dos corações que foram crjados por nós, porisso foi
94 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

necessario que o Verbo se fizesse carne no seio de uma


purissima Virgem.
Chegando esta hora bemdita, foi enviado o anjo a Ma­
ria, como vós sabeis, e que por nossa ordem saúda esta
Flor escondida na sua ramagem de virtudes as mais ele­
vadas.
Ao anjo lhe foi dito: saúda nossa Pomba, nossa Amada.
Ave Maria, gratia plena!
Oh! palavras sublimes, que encerram tanta grandeza e
sublimidade, compostas por nós, para saudarmos aquella
que ia ser mais tarde a derrota do inimigo infernal.
Ave Maria gratia plena. Eu te saúdo, ó :Maria, porque
foste a escolhida para seres o vaso puríssimo, onde vae re­
pousar o Verbo I De graças estaes repleta! Eis porque o nos­
so Deus a ti me enviou para anunciar-te que foste a esco­
lhida para seres a Mãe do Messias prommettido. O anjo as­
sim falou, e Maria turbou-se na sua grande humildade, po­
rém, sempre obediente ás inspirações do céu, pronunciou
o Fiat. Eis o anjo lhe anunciando, bemdicta sois entre to­
das as mulheres, porque bcmdito e sagrado será o fructo
de tuas puríssimas entranhas!
Amados filhos, quantas vezes não repetis estas tão hel­
las e sublimes palavras compostas por nós, sem saberdes o
que estaes dizendo! Ah! se os vossos olhos se abrissem e
pudessem ver como os anjos saúdam a Maria no céu? I Re­
verentes e em transportes de santa alegria, saúdam a nossa
amada: Ave Maria! Nós vos saudamos, 6 Maria, Mãe ama­
vel, Mãe puríssima, amabilíssima!! Nós vos saudamos com
amor e aqui aos vossos santíssimos pés nos achamos reve­
rentes para cumprirmos vossas ordens de Mãe amavel. Eis
que o Coração de Maria se abre e diz· a seus anjos: Vêde,
anjos puríssimos, meu Coração que vos diz, amo os homen.s.
Maria quando recebe de seus anjos veneração e homenagem,
immediatamente olha para vós que ainda estaes neste cxi­
Ho, e diz: Ah! . .se todos os meus filhos do exilio me lou­
vassem com a Ave l\faria, nenhum delles se perderia! Sim,
porque quem saúda a Maria com a Ave l\fari�. nrNlispõc o
seu coração para receber as enchentes de minhas graças.
Filhos amados, saúdae a Maria com amor, como os an­
jos a saúdam.
Lembrae-vos que Ella é vossa Mãe, Mãe solicita e cari­
nhosa sempre prompta em vos socorrer.
"Grafia plena", Maria vossa Mãe, é cheia de graça. Eis
como o anjo a saudou: "Ave Maria, r,ratia p 1 ena".
Agora vos pergunto, quando a saudaes reflectis no que
es1aes dizendo? Ah! quantos dos que me ouvis, a saudam
pensando em si, nos filhos e amigos, emfim em tudo,
menos em Maria. Esta saudação póde ser agradavel a
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 95

Maria? Ah I não. Como um filho póde contentar a sua mãe,


quando este vae falar não como filho agradecido, mas, sim,
como um extrangeiro que jamais a viu? Que dôr para esta
mãe que ama seu filho, ver que não é reconhecida como
tal!
Se rezardes sem attenção, sois filhos ingratos e daes a
Maria, que é vossa Mãe, uma espada para seu Coração tão
delicado, que tanto deseja ver-vos attentos, para poderdes
aproveitar de seus divinos favores.
Maria é cheia de graça, porque foi escolhida para ser
minha Mãe, portanto tem nas suas mãos os thesouros do
Paraisa, dos quaes póde dispôr em vosso beneficio. Mas
porque motivo receeis tão pouco, quando dizeis Ave Maria
cheia de graça? O motivo é porque rezais mal, sem atten­
ção, machinalmente. Passaes as contas de vosso rosario e
quando chegastes ao fim, tudo perdido! Ah! mais vos vale­
ria que rezasseis só uma Ave l\faria bem rezada do que um
rosario inteiro sem nenhum fructo. Não é a quantidade que
agrada a Maria, mas sim a qualidade.
Luiz de Gonzaga, quando rezava esta saudação encan­
tadora, nu_nca chegava ao fim, porque mergulhava-se na
contemplação destas admiraveis palavras que encerram
tanta sublimidade!
"Ave Maria grafia plena". O' l\faria, eu te saúdo
porque o Céu te cumulou de graças. E's ó }faria. O vaso de
eleição do Senhor! E cm transportes de amor, ficava eJle
dias e dias contemplando as maravilhas operadas por nós
ueste vaso de eleição, para beneficiar aos homens como
:Mãe carinhosa.
Ah! que dôr para Maria ver-vos tão distrahidos na ora­
ção, pensando em tudo menos no que estais dizendo. Per­
gunto-vos: os que assim fazem, poderão chegar a aprovei­
tar de seus carinhos de Mãe? Só um milagre será capaz de
tirar-vos desta rotina, que faz tanto mal ás almas, privan­
do-as das doçuras e dos carinhos de nossos corações, que
tanto <lese.iam beneficiar-vos.
O' filhos meus, se souberdes piedosamente saudar ::i.
Maria, garantida está a vossa salvação. Jamais se ouviu di­
zer que um .seu devoto se pcrrlesse. Ah! não, jamais vi des­
cer um devoto de Maria ao inferno.
l\faria, minha Mãe amadissima, repleta de caridade,
achando-me em seu spjo, foi visitar sua prima Izabel
e esta sem saber por criatura o que em Maria -se tinha ope­
rado, ao recebei-a, por inspiracão divina, a saúda dizendo­
lhe: Quem sou eu para que a Mãe do meu Senhor venha me
visitar?! O' Maria, bemdicta és entre todas as mulheres,
porque bemdicto é o fructo de tuas purissimas entranhas.
Amados filhos, quem revelou estas cousas a Izabel? Não a
96 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

carne, mas, sim, o céu, porisso, sem ella saber, disse a Ma­
ria o que o anjo lhe tinha dito "bemdita sois, O' Maria,
porque bemdicto e sagrado é o fructo de tuas castas en­
tranhas.
Amados filhos, bem podeis avaliar quanto esta oração
ou melhor esta saudação é agradavel ao Coração d'e Maria
e ao meu. Ave Maria, eu te saúdo, ó Maria cheia de graça!
Sim, és um vaso cheio de perfume inebriante. O Senhor é
contigo. Sim, ó Maria, a Trindade angustissima te escolheu
para seres a portadora de seu divino favor. Bemdita és
l:ntre todas a.s mulheres. Sim, ó Maria, entre todas fostes a
escolhida para seres a :Mãe de Deus. Portanto, bemdita és,
e serás sempre proclamada por todos os anjos e santos
bemdicta ! Bemdicto é o fructo de tuas 'entranhas. Só tu,
Maria, tens esta honra de ter sido a escolhida para habitaç.ão,
onde o Verbo se fez Carne para viver no meio dos homens!
Amados filhos, eis como d'eveis rezar a saudação an­
gelica, que poderia se chamar saudação divina, porque toda
ella foi dictada pelo nosso amor.
Oh! filhos que me ouvis, se pudes.seis compreh'cnder o
valor desta saudação bem rezada, como serieis felizes! Ap­
proveitai, não ·csperdiccis vosso tempo em rezar mal e ás
pressas. Prestai attenção com quem estais falando e o que
ertais falando. Se assim fizerdes, na hora da vossa morte
estareis repletos de graças, para poderdes entrar na vossa
patria, que é o Paraíso.
Quando saudais a Maria com a Ave Maria accreseentaes:
Santa �faria, :Mãe de Deus, ro�ac por nós peccadores, agora
e na hora de nossa morte. Amen.
Esta bella supplica, foi composta por um servo fiel de
Maria, quando o demonio se levantou querendo tirar a mi­
nha amada Mãe o titulo mais bello. que lhe ocrtencc. ":\.Iãe
de Deus". Sim, o meu servo, divinamente inspirado pelo
céu em enthusiasmo proprio dos verdadeiros servos de :Ma­
ria, prorompe em enthusiastica prece: Santa :Maria. l\Iãe de
Deus, rogae por nós pcccadorcs, a-gora e na hora de nossa
morte. Vêdc que a Ave Maria e Santa }\,faria não são invenções
humanas, mas, sim, divinas, porque foram dictadas pelo
céu para que assim possaes conversar com Maria, pedindo­
lhe tudo de qt�e estaes precisando. Na verdade, Ella tudo
póde, porque tem nas suas mãos os thesouros de meu Co­
ração. Ella é a dispensadora de meus divinos favores. Se
algucm desejar receber promptamcntc. pt'ça-mr por Maria,
porque é por meio della que dou em abundm1cia meus the­
souros. Foi por meio de l\'faria que desci ao mundo e as­
sim vos abri as portas do Paraisa. E' por Maria one dispen­
so ás almas de bôa vontade o que me pedem. Vinde, por­
tanto, a Maria, porque Elia vos conduzirá � mim.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 97

Amados filhos, exorto-vos a bem rezar a oração ange­


lical. Vinde a Maria com confiança e amor, por meio desta
bellissima oração composta pelo nosso amor, para saudar a
nossa amada, a nossa Pomba, Maria.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogae por nós peccadores,
agora e na hora de nossa morte. Repeti, esta bella supplica
e na hora da morte vereis a Maria vos dizer: Aqui estou
filho meu, para te assistir nos ultimos momentos. Sim, tu
que tanto chamaste por mim na vida, aqui . estou para te
ajudar na morte. Vem nos meus braços, vem descançar para
sempre. Oh! meus filhos, esta será a vossa morte nos braços
de Maria, Sim, se com Maria souberdes viver na vida, na
morte com Maria vos encontrareis.
Rezae, filhos meus, rezae com amor e alegria, rezae
com confiança filial a oração angelical e tereis tudo, que
sou Eu mesmo.
Sim, tereis o meu amor nos vossos corações.
Jesus, o vosso tudo que vos abençoará eternamente, se
souberdes saudar a Maria.
Via a confianca.
Do Reino da Misericordia.
19-8-1931.

Presente de nupcias de vossa Mãe María .


. Humildade.
MINHAS amadas filhas, aproxima-se o grande dia das
nupcias, dia de grande regozijo para vossa Mãe, que se
deu a vós como riqueza.
Eu como Mãe de Jesus, portanto, vossa Mãe tambem,
desejo dar-vos os meus presentes neste dia tão bello, dia
que vos será lembrado por toda a eternidade!
Deveis nell.e começar vida nova, vivendo neste exílio
tão attentas, para poderdes ouvir o vosso Esposo adorave1,
que se faz neste dia vosso para todo o sempre!
Amadas minhas, vós ja sabeis que sou vossa carinhosa
Yãe, Mãe que vos foi dada por Jesus no alto da Cruz, Mãe
que vos foi dada por Jesus como vossa riqueza; porém não
contente, com tudo isto, desejo que sintaes meus carinhos.
Oh! se pudesseis ver o quanto amo as almas, que tudo d-ei­
xam para seguir a Jesus e por Elle se sacrificarem!
Uma mãe tem um coração delicado e affectuoso, por­
isso sente-se feliz em a mostrar seus filhos, seus carinhos.
98 Glorias e Poder de N. Senhora das /,agrir,ws

Eis porque desejo dar-vos os meus presentes de nup­


cias, para poderdes dignamente obsequiar o meu dilecto
Filho, vosso Esposo adoravel.
O primeiro presente que desejo vos dar, é o perfume
delicado e inebriante da santa humildade. Este perfume o
tenho guardado no meu coração, desde os dias que por e.s­
sc exílio passei; pois, foi quando perfumei meu coração,
com a pratica da santa humildade.
O perfume desta bella virtud�, alicerce de toda a san­
tidade, acha-se no meu coração, para neste dia vos mimo­
sear, fazendo vosso este perfume, qlfe tanto agrada a ,Je.sus.
Quantas vezes, amadas minhas, abatidas pelas tenta­
ções, sentireis a necessidade de fortificar vosso coração
com este delicado perfume!
Quantas vezes vos apresentareis a Jesus, dizendo-lhe:
ó meu Deus, esposo de minha alma, hoje nada tenho a vos
offerecer!
Ah! si vos lembrardes dos meus presentes, direis a J e­
sus: Sim, meu Deus, nada tenho de bom no meu coração
para vos obsequiar, porém, tenho a humildade de Maria,
vossa Mãe, que tanto vos agrada, para vol-a offerecer. Ah!
se disto vos lembrardes, não cahireis no desanimo, no qual
vejo tantas almas, por se acharem pobres e sem mereci­
mentos.
Vós bem sabeis, que tudo o que pertence á mãe perten­
ce ao filho; portanto si vós lembrardes que Eu vos dei mi­
nha humildade para obsequiar a Jesus, não desanimareis.
Vós, amadas filhas, emquanto estaes no exilio, só vereis
cm vós imperfeições, pois se vísseis ao contrario, poderici�
cahir no terrivel peccado de orgulho! Portanto se só vêdes
em vós impcrfcições, tendes necessidade de receber pre­
sentes para poderdes dignamente hospedar vosso Esposo
na vossa casa.
Os santos, não desanimavam á vista de suas fraquezas,
porque diziam elles: Temos l\íaria que é nossa Mãe, que nos
dá tudo; e confiantes passaram os dias do exilio e apre­
sentaram-se na morada santa, revestidos com as minhas
qualidades.
Porém, para receberdes meus presentes, exijo de vós
confiança, amor filial e fé. Como vos poderei dar, si não
confiardes em mim? Como vos poderei enriquecer, si não
Me amardes como Mãe? Sim, amadas minhas, para receber­
des, é necessario que coopereis comigo. Não exijo grandes
cousas de vós. Será difficil confiardes em mim e amar-:\fo
com amor filial e crêr nas minhas promessas amorosas?
Si á vossa mãe carnal dedicaes tanto affecto e credes
que ella vos ama com ternura, porque não haveis de crêr
em mim, que tanto fiz por vós? E' verdade que para crêr-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 99

des em vossa mãe carnal não precisaes de fé, porque a vis­


tes vos alentar e vos aconchegar ao coração; mas para
crêrdes nos meus carinhos, pr.ecisaes de fé, sem a qual não
vos é possivel crêr. Bemditas as que tiverem fé como um
grão de areia, sentirão ellas os meus carinhos, crerão em
mim e Me amarão com amor filial; é a ellas, amadas filhas,
que dou os meus presentes. Portanto vós que tudo deixastes,
crêde no meu immenso amor por vós e sereis dotadas com
,este perfume inebriante, a humildade, que vos ha de dar a
perseverança final.
Jamais se ouviu dizer que um humilde se perdesse. E
se Eu vos dér este rico pres:ente de minha santa humildade,
como vôs podereis perder, si todos os dias perfumardes
vossa alma com esta bella virtude?
Ah! não, amadas minhas, não vos perdereis, si todos
os dias pela manhã meditardes na minha santa humildade,
porque é meditando na minha humildade que perfumareis
vossas almas para receb:erdes o vosso Esposo, que só fala
aos corações, que se acham impregnados desta bella qua­
lidade.
Oh! minhas amadas, como desejo dar-vos este perfu­
me delicado; para isso sêde minhas filhas attenciosas e
amorosas. Dar-vos-ei em abundancia este delicado perfume,
dando-vos horror de tudo que de longe possa macular esta
bella virtude, tão querida de Jesus.
Eis que Elle disse: aprendei de mim, que sou humilde
de Coração. Sim, foi nesta hora bemdita, que mostrou a
todos, como esta virtude é predilecta de seu Coração; por­
tanto, vós que tanto ides ganhar neste dia memoravel, ne­
cessario é que tenhaes os vossos corações e todo o vosso ser
embalsamados com estes perfumes, que vossa Mãe vos dá
por amor.
Do Reino do amor, via a confiança.
12-9-1931.

Presente de nupc1as de vossa Mãe Maria.


A Pureza.
AMADAS filhas, dei-vos o primeiro presente - a minha
Humildade; desejo hoje dar-vos a minha Pureza, pela
qual vereis a Dteus nas vossas obras e na vossa alma.
Bemaventurados os limpos de coração, porque elles ve­
rão a Deus.
100 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas

Vós sois destes bemaventurados, porque o vosso cora­


ção é puro e todo consagrado ao autor de toda a pureza;_
porém esta vossa pureza não poderá ser augmentada? Sim,
ella póde ser augmentada pela lVIãe desta mesma pureza.
Eu sou a Rainha dos lyrios, Eu sou aquella que no seu
seio trouxe a Pureza infinita, portanto bem vos posso en­
riquecer de pureza, o que somente depende de vossa von­
tade.
As disposições que deveis ter para poderdes ser esta
bella amphora de perfume tão inebriante, consistem em
viverdes intimas commigo, como uma bôa filha déve ser
·com a sua verdadeira mãe. Não sou Eu esta bôa Mãe? Bem
patente está meu amor materno; não é necessario que mais
vos fale e vos mostre esse amor, portanto, amadas minhas,
como filhas mimosas, convidadas por meu amado Filho ás
nupcias, desejo como Mãe de Jesus, augmentar a vossa pu­
reza, para poder-vos apresentar ao vosso Esposo perfuma­
das, não somente com a vossa pureza adquirida pelos vos­
sos esforços na pratica de tão bella virtude, mas tambcm
repletas de minhas virtudes, as quaes desejo dar-vos como
presentes de nupcias.
Amadas filhas, é nas occasiões das nupcias que os ho­
mens costumam se presentear; pois os habitantes da Cida­
de, Santa dão tambem os seus presentes e estes são mais pre­
ciosos, pois a ferrugem deste mundo não os podem corroer,
são eternos. Eis porque a vossa Mãe deseja dar-vos um aug­
mento de pureza, pela qual comprehendereis melhor o vosso
Esposo, vendo-o em vós e nas vossas obras, e finalmente
tornando-vos para Elle Santuario de castas delicias.
O' minhas amadas filhas, Jesus acha suas delicias no
coração puro, nelle se acha plenamente, e por elle se irra­
dia, fazendo assim produzir fructos em abundancia para a
Cidade Santa. Oh! como Deus ama os puros! Elles têm no
céu uma morada tão bella, tão rica, junto ao seu throno de
amor; portanto, quanto mais ricas fôrdes desta virtude,
mais junto de Deus repousareis por toda a eternidade!
Esta pureza, que desejo vos dar no dia de vossas nnp­
cias, é de um perfume tão agradavel, que faz o proprio
Deus entoar um cantico de amor!
Quando o proprio Deus sentiu este perfume na terra,
em um surto amoroso, desceu a ella para usufruil-o I Eil-o
feito carne no meu seio virginal! E neste seio de pu­
reza, Elle continuou por nove mezes seu cantico de amor;
neste seio virginal, este Lyrio, · escondido aos olhos da hu­
manidade, não o foi aos olhos de Deus; este perfume, que
encantou e fascinou o proprio Deus, o faco vosso, fa­
zendo-vos fascinadoras do proprio Deus, escondidas aos
olhos da humanidade, porém, não aos olhos de Deus!
Glorias e Foder de N. Senhora das Lagrimas 101

Oh! minhas amadas filhas, se vos fosse dado experi­


mentar .este bello perfume, não poderieis mais passar um
só dia neste exilio, porque vossa alma desprender-se-ia de
sua prisão, para voar á região da infinita pureza!
Agora vos pergunto, amadas m'inhas, em que hora se
dará esta infusão? Na hora sagrada e bemdita em que, aos
pés de meu altar Me pedirdes com amor esta bella virtude,
dizendo-Me: Q' minha Mãe, daqui ha poucos dias, em ho­
ras ou minutos, vou pronunciar para todo o sempre o meu
voto de castidade, e como sou tão pobre, desejando apre­
sentar-me a meu Divino Esposo com a roupagem nupcial,
apresento-me a vós para que me deis, como m'o prome­
testes, a vossa propria Pureza!! O' minhas amadas, todas
as vezes que a mim Me pedirdes, dar-vos-ei em abundancia
este bello perfume, fazendo-vos fascinadoras do proprio
Deus, mais ainda fascinadoras das almas, atrahindo-as para
Deus.
Oh! quão bom é deixar tudo e a si mesma para correr
atraz deste Deus, que, não contente de se dar todo inteiro,
Se me dá a mim para ser a consolação das almas generosas,
das almas puras, das almas amantes!
Como sois felizes, por terdes correspondido ao cha­
mamento divino! Alegrai-vos e rejubilai commigo, porque
meu contentamento é immen.so, quando contemplo meus
amados filhos correspondendo ao chamado divino.
Sêde finalmente agradecidas, e não vos esqueçaes de
lVIc pedir a minha Pureza, cada vez que vos sentirdes fracas
nesta virtude, pois ella vos fará Santuario de castas delicias
do vosso Esposo.
E se nesta Pureza morrerdes não morrereis, mas, sim,
nos meus braços vos apresentarei ao juízo particular, o qual
não se efectuará, porque, estando nos meus braços, o que o
vosso Esposo vos póde dizer? Póde dizer-vos: entra amada
minha na tua morada; não te julgo, porque nos braços de
minha l\Iãe ja estás julgada.
Vossa Mãe que vos abênçoa eternamente, :Maria.
Do Reino· da pureza infinita.
Via a confiança.
Pelas mãos de Jesus.
17-10-1913.
102 Glorias e Poder de N. Sen.hora das Lagrimas

Presente de nupcias de vossa Mãe, Maria.


A Obediencia.
A MADISSIMAS filhas, Eu sou rica em virtudes e tambem
desejo que vós o sejaes, eis porque, no dia de vossas
Nupcias, com ellas vos desejo enriquecer, o que porém,
depende somente de vossa vontade.
Dei-vos minha humildade, minha pureza, desejo hoje
dar-vos a minha obediencia, pela qual sereis agradaveis a
Deus. Sem obediencia não podereis contentar o vosso Es­
poso, que se fez obediente até a morte de Cruz! Jamais se
ouviu dizer que um obediente se perdesse.
Aos pés do altar promettereis ao vosso Esposo praticar
a santa obediencia, porém, na pratica desta virtude, quan­
tas falhas, quantas faltas de generosidade, quando a santa
obediencia vos é apresentada rodeada de pungentes espi­
nhos!. . . Digo assim porque na verdade a obediencia mui­
tas vezes se apresenta rodeada de espinhos!
O' filhas minhas, sei que muitas vezes esta virtude
vos custa! Sois fracas Eu bem o sei, eis porque desejo dar­
vos como presente de Nupcias minha obediencia, para vos
tornardes agradaveis a vosso Esposo.
Disse-vos, acima, que para receberdes tal presente, de­
pende somente de vossa vontade, da vossa liberdade, a qual
entretanto o proprio Deus respeita. Si Elle respeita vossa
liberdade, Eu, como sua Mãe, tambem não vos quero cons­
tranger, antes o que vos obrigará a receberdes é meu amor
maternal, desejoso de cumular-vos de riqueza. Por isso
amadas filhas, recebereis, as que fôrem de bôa vontade, e
as que mais Me pedirem, serão as mais beneficiadas. Sim,
as que tiverem por mim um amor confiante, ficarão de
posse destes presentes, os quaes vos tornarão esposas per­
feitas, fazendo assim as delicias do Esposo. Não vos illu­
daes porem, Jesus só acha suas delicias nas esposas humil­
des, puras, obedientes, mansas, só nestes corações Jesus des­
cança; por isso sêde sequiosas destas virtudes, que sempre
ornaram minha alma e que attrahiram os olhares de Deus,
descendo assim á terra e fazendo em mim sua morada, on­
de tomou um corpo para nelle poder patentear-vos a sua
grande misericordia.
Apezar de viver escondida, fui exaltada acima de todas
as creaturas; toda s as gerações Me chamarão bem aven­
turada, porque dando minha vontade a meu Deus, Elle rm
mim operou grandes cousa�,
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 103

Se fordes como Eu obedientes, dando vossa vontade ao


vosso Esposo pelas mãos de vossos superiores, Jesus taru­
bem em vós obrará grandes cousas. Sim, no coração obe­
diente, Jesus opera maravilhas, transformando corações
corruptos e cheios de paixões, em corações semelhantes ao
seu.
Amadas filhas, quem fez meu Coração puro, obediente
e humilde foi Deus, principio de todo o bem.
Quando no seio de minha mãe fui gerada, deu-Me to­
das estas qualidades, as quaes, em quanto vivi no exílio,
procurei guardar, andando sempre em vigilancia, porque o
demonio não deixou de tentar-Me, pois elle tentou o pro­
prio Deus! Sempre com a lampada accesa , i suas negras
armadilhas, mas com o auxilio divino e a obediencia o
venci, esmagando sua cabeça.
Eis, amadas, a necessidade de se estar sempre com a lam­
pada accesa. Esta lampada é a da santa oração,· principal­
mente da oração mental, onde Deus se revela á alma de
um modo mais completo.
Deus em mim fez grandes cousas, como ja vos ficou
dito, porque sempre procurei andar segundo sua santis­
sima vontade.
Dando-vos este rico presente de minha obedienda,
andareis sempre segundo a vontade de vosso Esposo, e Elle
comvosco grandes cousas fará em favor dos pobres pecca­
dores.
Dando-Me como Mãe do genero humano, depositou em
minhas mãos todas as suas riquezas; assim tambem em vos­
sDs mãos o Divino Esposo deseja depositar os thesouros de
sua caridade, porém é necessario que vos torneis semelhan­
tes a mim, para, alem de esposas, onde· Jesus ache suas de­
licias, serdes mães das pobres almas, que não têm a felici­
dade de conhecer Aquelle, que as criou para uma felicida­
de eterna.
Eis, dois grandes ideaes, que vos devem impulsionar
a receber meus presentes: o primeiro para vos tornardes
santuario das delicias do Senhor, o segundo para vos tor­
nardes beneficiadoras da pobre. humanidade, que lucta e
geme sob o peso de suas paixões.
Vêde como sou ·Mãe carinhosa que alem de beneficiar­
Yos, não contente com isto, deseja ainda que todos apro­
,eitem de vossos beneficias. Oh! o amor de Deus torna o
nosso amor liberal e sequioso de a todos communicar o
bem.
Vinde, portanto, amadas filhas, que fostes chamadas ás
�upcias, vinde receber meus presentes e fareis minhas ve­
zes junto dos pobres peccadores, os quaes Me causam tanta
104 Glorias � Poder de 1\/. Senbora das Lagrimas

compaixão. Sim, elles tambem foram redimidos pelo San­


gue do Cordeiro, portanto todos elles têm direito á salvação.
Vinde, filhas amadas, porque estou com pressa de vos
ver semelhantes a mim, para que o vosso Divinal Esposo
possa operar, por meio de vós, grandes cousas cm favor da
pobre humanidade, que geme e chora sob o peso esmaga•
dor de suas culpas.
Vossa sempre Mãe, Maria, que vos abençôa sempre pelas
mãos de Jesus.
Do Reino, onde os verdadeiros obedientes cantarão
victoria.
Via a confiança.
12-11-1931.

O meu manto azul.


MISSIONARIA que Me fitas, já comprehendeste bem o
significado das côres como a ti :Me apresentei? Se não
comprehendeste bem, desejo que bem o comprehendas; por­
isso vou hoje te mostrar o que deves pensar, quando diante
de minha imagem estiveres.
Porque Me apre.sentei a ti com um manto azul?
Para que, cada vez que lle fitares, quando exausta pelos
trabalhos e carregada com a cruz das tribulações, te lembres
do céo, recompensa infinita que te dará gozo eterno. Lem­
bre-te o meu manto que um bello céo te espera, onde serás
envolta com elle, o que te dará gozo indizível.
O' Missionario, o meu manto azul deve dar á tua alma
coragem e a teu coração alegria, porque elle te lembra que
é o teu agazalho nos dias do inverno deste peregrinar!
Quando o teu coração sentir necessidade de càlor e de
carinho como os que na tua infancia recebias de tua mãe,
envolve-te no meu manto azul e sentirás o calor de meus
afagos, afagos de Mãe, a mai.s carinhosa de todas as mães.
Que te lembre, ó Missionaria, o meu manto azul qne
não és orphã. Sim, Jesus deseja que suas esposas sintam
os carinhos de uma mãe solicita; porisso, quando batida
p'elas tentações, lembra-te que o meu manto já não é meu
somente, mas, sim, que uma parte dclle é tua e, pertencen­
do-te duplamente, porque, alem de Jesus Me ter dado como
l\1ãe no alto da cruz, deu-lhe a ti um testamento e de que
forma!!
O' Missionaria, o meu manto azul seja, Pª:ª ti uma
grande consolação. Sim, quando aos meus pes vieres e ao
contemplares minha imagem, não te esqueças do que quer
Glorias e Poder de .N. Senhora das Lagrimas 105

àizer o meu manto azul para ti; lembre-te elle sempre o


céo, e nesta doce esperança recobrarás força para conti­
:::aiares a lucta até o fim.
Desejar, amada minha, o céo é uma doe.e consolação,
que darás a Jesus, porque com isso desejas a Jesus, por­
que Ellc é que faz a felicidade dos eleitos.
A alma foi creada para gozar desta felicidade, portan­
to, deve-se lembrar della e desejal-a. Errados estão os que
àizem que não se deve desejar o céo. Ah! não, Missionaria,
o céo é a doce esperança dos que gemem e choram por
amor da justiça. Ah?· o céo foi quem deu a tantos Santos,
que hoje se acham nelle a fortaleza para a lucta.
Deus creou o céo para seus filhos e como os filhos não
hão de pensar neste céo?
O que é este céo?
Este céo é Deus mesmo, portanto desejar o céo é de­
sejar a Deus. Vê, alma que Me ouves, como desejar o céo é
salutar.
:Missionaria, desejando dar-te coragem q.este exilio,
apresentei-Me a ti revestida do céo. O céo o meu manto,
sim, meu manto azul que te lembra o céo neste exílio é ape­
nas uma imagem, porque a realidade deste céo gosarás só
depois deste peregrinar. Portanto, quando Me contemplares
com o meu manto azul, lembra-te, minha Mãe do céo com o
seu manto azul me diz: Avante, filha, porque o céo se ap­
proxima.
Sim, quando fitares o meu manto, lembra-te que te di­
go não temas, porque elJe é teu; não temas o frio, porque o
meu manto o fiz teu, elle te aquecerá e tle dará energias
para enfrentar 0.s perigos e os assaltos do inimigo.
Missionaria, não mais te apresentes ante a minha ima­
gem, sem a firme resolução de aproveitares das lições, que
ella te proporciona. Sabe d,e junto de minha imagem, con ..
fartada com a esperança de breve poderes estar ao meu
lado no céo, onde serás afagada por minhas proprias mãos.
Não sejas egoísta, quando trouxeres alguma pessoa aos pés
de minha imagem, conta-lhe o que a ti te contei, para que
todos tenham a consolação de se lembrarem do céo. Ao \fo
fitarem conta-lhes que Eu sou iWãe de toclo.s os homens e os
m::lis pobrcsinhos é que mais tem necessidade de mãe, por­
tanto o maior dos criminosos norle-�Ie chamar de sua lVIãe,
porque na reali dadc o sou. Só o chamar-me de Mãe, pre­
dispõe a sua alma para o arrependimento, :portanto todos
tem direito de Me chamar de Mãe: na realidade sou Mãe de
todos, porque por todos os homens Jesus expirou na cruz.
Alma Missionaria. não te esqueças do . significado do
manto azul <le tua l\Iãe lacrimosa. Aproveita delle e dá a
todos os homens de boa vontade.
106 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

A minha tunica roxa.

Q UEM sabe ainda não comprehendeste bem o significauo


da minha tunica roxo-violeta?
Desejando que bem aproveites do significado destas e-o-
. res, pelas quaes Me apresentei a ti, vou hoje explicar-te
bem o que te deve lembrar, quando aos me11s pés vieres e
Me fitares. Nas cores com que Me apresentei no Pombal, o roxo
significa dôr. Depois de terem golpeado barbaramente o
corpo Santissimo de Jesus, ficou todo arroxeado, o qual
causava dôr.
Meu coração de Mãe, vendo Jesus, o Divino Filho, e,m
tão lastimoso estado, tambem ficou roxo de dôr, e minha al­
ma dilacerada pela dôr !
Portanto, amada Missionaria, a minha tunica roxa de­
ve-te lembrar, o quanto Eu soffri e qual a causa d.e meus
soffrimentos ! Alem disto, deves tambem te lembrar que a
minha tunica roxa côr de violeta te diz o quanto ame. i a
virtude, alicerce de toda a santidade, a humildade. A hu­
mildade, alma Missionaria, é a base de toda a santidade e
não se póde chegar á santidade sem se ser verdadeiramente
humilde.
Aprendei de mim que sou manso e humilde, disse o Di­
vino Filho. Sim, sem :1 humiJif::.idP., debalde trabalhareis na
importante obra de vossa santificação. Eis porque ao Me
apresentar no Pombal querido, dei esta côr á minha tunira.
Sim, quando aos meus pés te apresentares, fitando minha
tunica, lembra-te primeiramente que ella te diz o quanto
Eu soffri, e, na meditação de minhas angustias, ganharás
um grande premio para tua alma, pois ellas te darão força.
Alem disto, merecerás o previlegio que a ellas foi conce­
dido, que é o livramente das penas . do purgatorio.
Meditar no quanto Eu soffri por teu amor, é um de­
ver de gratidão. Qual é a filha extremosa que não se lem­
bra dos sacrificios que sua Mãe fez por si? Eu sendo :Mãe
tão solicita e tão amorosa para com todos os meus filhos,
por amor tendes um dever sagrado de meditar no quanto
Eu .soffri em favor de vossas almas. E para não vos esque­
cerdes deste dever sagrado, apresentei-Me no querido Pom­
bal vestida de roxo, e por toda a parte onde a Missionaria
fôr por amor, tem um sagrado dever de Me levar vesticb
como Me apresentei na casa-mãe. Portanto, Missionaria,
creio que comprehendeste o significado de minha tunica
roxa. Grava bem no teu coração estas lições, não as esque­
ças, porque ellas são salutares á tua alma, dar-te-ão força
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 107

e coragem neste exilio para que um dia possas sahir deste


mundo nos meus braços de Mãe, a qual te introduzirá nos
celeiros do Amado.
O' morte feliz a da Missionaria, que souber neste exi­
lio viver, segundo o espirita do caro Pombal!
Feliz, mil vezes feliz, a Missionaria que souber apro­
Yeitar do quanto Eu tenho uauo a este caro Pombal.

O meu véo branco.


MISSIONARIA, mostrei-te o significado do meu manto
azul e de minha tunica roxa; vou hoje contar-te por­
que Me apresentei no caro Pombal com o véo branco, en­
Yolvendo-Me o peito e cubrindo-1\fo a cabeça.
Branco significa pureza, e, .sendo Eu a branca açucena
da Santissima Trindade, não podia deixar de Me apresen­
tar sem esta alvura que extasia o proprio Deus, pelo que
os anjos Me chamam predilecta açucena da Santissima Trin­
dade.
A pureza transforma o homem em anjo, e esta virtude
é tão querida de Deus, de modo que a quem a pratica é
dada a grande ventura de ver a Deus mesmo neste mundo,
não com os olhos do corpo, mas com os olhos da fé.
Chamou Jesus aos puros de bemaventurados; sim, na
realidade elles são bemaventurados neste mundo e no ou­
tro. Vêde como Deus ama os corações puros. Por ser pura
�Ie escolheu corno Mãe, por ser puro escolheu a José como
Pae adotivo, o qual teve a ventura de o afagar tantas ve­
zes. Oh! quantas caricias, quantos amplexos José deu ao
menino Deus! João por ser puro reclinou sua cabeça no
peito sagrado de Jesus!
Vê, alma Missionaria, as prerogativas dos puros! E'-lhes
dado reclinar no peito sagrado d\e Jesus!
Eu sendo esta bella açucena da Santissima Trindade,
quiz assim Me apresentar ao Pombal querido, revestida
com o véo branco da pureza, virtude amada de Deus, qua­
l idade de Deus, porque em Deus tudo é puro. Sim, em Deus
tudo é branco, Elle é o autor da brancura desta bella vir­
tude.
· Missionaria, comprehendeste bem a alvura de meu véo
branco? O que te diz elle? Elle te diz que deves tambem
ser uma branca açucena, a, qual deve encantar o teu Esposo,
para poderes no seu peito reclinar.
108 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrzmas

Apresentei-Me ao Pombal não somente com a cabeça


coberta de branco, mas, sim, tambem o peito, Que quer isi:o
dizer? Quer isto dizer que no peito reside o coração, do
qual nascem as paixões depravadas! Portanto apresent:rn­
do-Me com o peito envolvido em tal brancura, te digo que
o teu coração d/eve estar sempre envolvido desta brancura
celeste, que te dará a felicidade de seres a morada da San­
tíssima Trindade. Vê, alma Missionaria, como, ao te apre­
sentares ante minha imagem, deves aproveitar das côrcs
das quacs a revesti, para sempre te lembrares de ser pura
como os anjos e humilde como os santos.
Missionaria, grava bem na tua alma estas lições. Não
a.s esqueças mais, porque ellas servir-te-ão de luz e força
para _poderes subir o Calvaria e chegares á porta da Jcru­
salem celeste nos meus braços de Mãe, os quaes serão sem­
p1�e teus, se sempre fores branca como as açucenas, fazen­
do assim as delicias de teu amado Jesus neste mundo; pois
se assim fizeres Eu te abençoarei eternamente.

A corôa de brancas perolas.


MOSTREI-TE como Me apresentei ao Pombal, conheces o
si�nificado de meu manto azul, de meu véo branco e
de minha tunica roxa.
Vou neste momento explicar-te que nas minhas mãos
trazia umas contas mais alvas do que. a neve. Chamei-lhe
Eu corôa de minhas lagrimas bemditas.
Desejando, amada Missionaria, que - aproveites das li­
ções destas brancas perolas, vou-te explicar, o seu signi­
ficado.
Quando aos meus pés vieres, para receberes for�a r
1\le fitares, vendo em minhas mãos esta corôa, lembra-tP o
que ella te diz: Misericordia, amor e dôr! Misericordia.
porque Eu sou a :Mãe da divina misericordia e choro ante
o Filho os pecca<los de todos os homens. A meu Filho lH:
anrcsento, dizendo-lhe: meu Filho, tem compaixão destc­
filho, nortanto sou Mãe de misericordia, pois esta corôa
nas minh�s mãos te deve lembrar que sempre estou inter­
cedendo diante do throno do Altissimo pelos pobres pec­
cador<>s. Oh! Missionaria, quando um peccador fôr rebel­
de não qu�rendo-te dar ouvidos, vem aos meus pés e perle
pelas minhas lagrimas bemditas. Se elle fôr alma de bôa
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 109

...-ontade, alcançarás d'e Deus a graça desta alma não se


;:>erder.
:Missionaria, a minha corôa das lagrimas deve-te lem­
brar o meu grande amor pelos homens, portanto pela tua
propria alma, porque Eu não chorei somente de dôr de ver
meu filho em tão lastimoso estado, Eu tambem chorei de
amor pelos homens, quando_ endurecidos não queriam ou­
vir o Divino Filho, pois assim, não lhes dando ouvidos, s,e
precipitam no inferno.
Portanto sendo Mãe de todos os homens e vendo mui­
tos se perderem, chorei de amor, porisso qu\e esta corôa
nas minhas mãos te lembra que minhas lagrimas tambem
foram derramadas por amor.
A lagrima é transbordamento de dôr e de amor, por­
isso meu Coração, achando-se repleto de dôr, transbor­
dou em lagrimas ! Eis, amada Missionaria, o que te deve
lembrar a corôa que vês nas minhas mãos. Porque lhe dei
este nome de corôa? Porque minhas lagrimas foram coroa­
ras por meu Divino Filho com tantos prcvilegios, os quaes
já tenho revelado ao Pombal; coroadas estão minhas lagri­
mas, porque ellas são bemditas e muitas gerações as exal­
tarão pelos beneficias que receberão por seu intermedio.
Sim, o Divino Filho coroou-as com tantos previlegios e
como Jesus Me disse: Oh! Mãe, como ia deixar tuas 1agri­
mas no esquecimento sem lhes dar prerogativas?
Ah! não, não podia deixar na escuridão do esqueci­
mento lagrimas tão bemditas, porisso vou ao Pombal que­
rido dar estas perolas preciosas e que farão parte de seu
patrimonio.
Assim falou-Me o divino Filho; vê portanto, ::Vlissionaria,
o que te deve lembrar a branca corôa de minhas bemditas
lagrimas. O que ellas te dizem a ti, alma Missionaria? Dizem­
te que tua Mã'e te ama, que tua Mãe por ti chorou e que ,as
suas prerorogativas te pertencem, desde que a ellas recorras
com confiança e amor e depois saibas agradecer tão rico
thesouro.
Vê, alma Missionaria, como és feliz, aproveita lições e
jamais sahirás de meus pés sem ter meditado no signifi­
cado, de tua Mãe, Nossa Senhora das Lagrimas. Bem, Eu com
todo o amor digo: sou a :Mãe das Missionarias.

28-11-1931.
110 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Ouvi---me, sou vossa Mãe

DONZELAS tod::is, ouvi os meus chamados de amor.


Sou Maria, a l\'Iãe de Jesus, que desejo ver-vos um
dia felizes ao meu lado. Ouvi-me, por amor de vossa.s almas,
por amor vos peço, não arrasteis tantas almas para o inferno!
Oh! vosso modo de trajar, as vossas leviandades são a
causa de tantos males na sociedade!
Oh! donzelas, amadas filhas, ouvi-me para que um dia
não tenhaes que chorar! Sêde prudentes, olhae para mim,
pois de vós depende mais tarde o progresso e a paz no lar.
Oh! si hoje fordes prudentes, amanhã a sociedade será
sã, haverá harmonia, haverá felicidade. Assim como pela mu­
lher veiu o peccado, assim lambem por ella veiu a felici­
dade.
Eva trouxe o peccado, E, Maria trouxe a graça-Jesus.
Vinde ao perdão ... ainda é tempo, filhas minhas; ainda ha
tempo de vos emendardes, não deis mai.s ouvidos ao demo­
nio, vestindo-vos dessa forma e frequentando os cinemas e
bailes!
Por amor não deis mais ouvidos ao tentador, o qual ho­
je vos apresenta rosas para vo.s illudir e vos levar ao fogo
eterno!
Ouvi-me, sou vossa Mãe, que deseja cobrir-vos com o
:meu manto e fazer-vos felizes neste mundo e ainda depois por
toda a eternidade.

Sob o olhar de nossa Senhora das Lagrimas.


VIA-SACRA DO VERDADEIRO AMôR
1.º Estação.

MEU a1oravel Jesus, I?rostrada ne�ta pri�eira estação do


camrnho do Calvano, vos supphco cnsmar-me a verda­
deira sciencia.
Minha filha, neste primeiro quadro Me vês recebendo a
sentença de Pilatos, que lVIe condemnou á morte de cruz! O que
te diz este quadro no dia de hoje? Diz-te que as.sim como ten
Jesus foi condemnado á morte, tu tambem deves desejar ser
condemnada. Mas qual a condemnação que Eu desejo-te dar?
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrim,as 111

E' a de Me amares loucamente, assim como Eu te amo. Oh[


si não te amasse loucamente não Me sugeitaria á condenação
de meus subditos. E porque meu Amôr é infinito, permitti
que l\fo levassem nos tribunaes para nelles ser ju]gado como
um simples homem.
O' alma que i\Ie contemplas, grava no teu coração a
minha sentença de amôr, é isto que te peço, porque aman­
rlo-Me, poderás chegar á santidade.
Meu Senhor e Meu Deus, como agradecer-vos tanta bon­
dade, pobre como sou!! Oh! minha Mãe das Lagrirnas, gra­
vae no meu coração e na minha alma a sentença de amôr
de Jesus para que de hoje em diante ame a meu Deus de
todo o meu coração, só a Elle servindo e tudo lhe dando
pelas vossas santissimas mãos. Isto vos supplico pelo va­
lor de vossas santissimas Lagrimas.

2.0 Estação.
NO CAMINHO DO CALVARIO.
Adoro-te meu Jesus, que, pelo vosso santo Amôr, der­
ramastes vosso precioso Sangue por mim!
l\feu adoravel Jesus, nesta segunda estação vos vejo
abrindo os vossos .santissimos braços para receberdes uma
tremenda humilhação - A Cruz. Que me dizeis, ó meu Je­
sus, neste momento tão humilhante para Vós e tão pre­
cioso para mim?! Alma que Me contemplas, é o amôr que
te peço no dia de hoje, porque é o amôr que te dará forças
para abraçar cada dia as pequenas cruzes, que encontra­
res no desempenho de teus sagrados deveres! Se Me amares,
á minha imitação, abrirás os braços para as cruzes de
cada dia, e dirás como tantos disseram: Oh! Cruz bemdita,
sê bemvinda, porque tu és a portadora da felicidade.
Meu Jesus, recebendo a cruz, dae-Me a graça de hem
comprehender vossas licções de amôr, para que cada dia
saiba abraçar as cruzes que vossa paternal bondade Me
enviar.
E vós Virgem Santissima, minha Mãe das Lagrimas,
cnsinae-me a amar a cruz de cada dia, para que assim póssa
no futuro estar ao vosso lado, louvando a meu Deus, que é
todo Amôr.
3. º Estação.
1.ª QUÉDA.
Adoro-te, meu Jesus, que, pelo vosso santo Amôr, der­
ramastes vosso precioso Sangue por mim.
J 12 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Meu adoravel Jesus, nesta terceira estação vos vejo ca­


hido por terra! Oh! meu Deus, onde estão os anjos? Alma
que Me ouves, assim deixei minha humanidade por terra,
porque queria dar-te uma sublime licção ! Dizei-me, Senhor,
qual esta admiravel licção que me desejas dár.
Escuta, grava no teu coração e na tua alma.
O espirito está prompto, mas a carne é fraca! Exausto
pela perda de sangue na dura flagelação, já não tinha for--­
ças para carregar a pesada cruz, porém o Amôr que me
ia na alma deu-Me novas energias e levantei-Me, retoman­
do de novo a cruz. Eis a licção admiravel que hoje te de­
sejo dar. Quando estiveres exausta pelas fadigas do exilio,
procura no teu coração o amôr que Me consagras, será elle
a força para retomares a cruz e seguir-Me na via dolorosa.
Meu adoravel Jesus, que estas lições de vosso santo
Amôr fiquem gravadas na minha alma e no meu coração,
para que assim vos póssa imitar nesta vida, e um dia vos lou­
var eternamente. Virgem Santissima, minha :Mãe das Lagri­
mas, gravac no meu coração e na minha alma as licções de
.Jesus. Isto vos supplico pelas penas de vossa alma, as
quaes Vos fizeram derramar abundantes Lagrimas.

4. Estação.
0

JESUS ENCONTRA-SE COM A SUA MÃE


Adoro-te, meu Jesus, que, pelo vosso santo Amôr, dtr­
ramastes vosso Precioso Sangue por mim.
Meu adoravcl Jesus, vejo-Vos, nesta quarta estação, do
caminho doloroso do Calvaria, vergado sobre um madeiro
pesadissimo. Além deste enorme peso, neste quadro Vos
contemplo com o coração despedaçado por uma espada
cruel ao encontrardes vossa terna :Mãe com a alma angus­
tiada, por ver-vos assim tratado! Meu adoravel Jesus, qual
é a licção que devo aprender neste commovedor quadro?
Alma que Me ouves, é do amôr que estamos fatiando!
Nesta scena tocante, desejo dar-te uma licção admiravel,
licção que Eu pratiquei por primeiro. Ah! ao encontrar-
1\Ie com minha santa Mãe, podia ·como Deus largar a minha
cruz e ir ao seu encontro, lançar-Me nos seus braços mater­
nos, mas assim não fiz, deixei-A na sua grande dôr e con­
tinuei a minha tragetoria! Será que meu Coração foi insen­
sivel ás penas de tão bôa Mãe? Ah! não. Porque então as­
sim procedi? Foi porque a lei do Amôr é o Sacrificio.
Amando-te infinitamente não Me poupei, nem poupei
minha Mãe, porque suas penas irão mais tarde servir para
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas J !3

beneficiar seus pobres flihos. Vê, alma que Me ouves, a


Iicção admiravel que hoje te dou. Quando se ama tudo se
sacrifica pelo objecto amado. Quando Eu, que sou o teu
Amado, te pedir um sacrificio, se este te custar, lembra-te
desta admiravel licção de meu generoso Amôr, que não Me
deixou poupar-Me, nem poupar minha Mãe, a creatura que
mais amo.
Meu adoravel Jesus, gravae no meu coração e na minha
alma tão santas licções, para que tudo sacrifique aos dita­
mes de vosso santo Amôr; e Vós ó Virgem Santissima, mi­
nha Mãe das Lagrimas, vos supplico, pela dôr que experi­
mentastes neste doloroso encontro, que me deis a energia
necessaria para cumprir os ditames do amôr de meu ado­
ravel esposo, Jesus Crucificado.

5. º Estação.
CIRINEU AJUDA JESUS A LEVAR A CRUZ.
Adoro-Vos, meu Jesus, que, pelo vosso santo Amôr, der­
ramastes vosso precio�o Sangue por mim. Meu adoravel .Te­
sus, vejo-Vos nesta quinta estação, precisando do auxilio de
uma pobre creatura, Vós que sois o Deus dos exercitas!!
Que licção me dás aqui adoravel Jesus? Alma que Me ouves,
teu Jesus sugeitoti-se ao auxilio de uma pobre creaturn.,
para dar-te mais uma admiravel licção de Amôr ! Sim, foi
o Amôr que Me levou a este acto de humildade, de precisar
do auxilio de um pobre homem que Me ajudou a carregm·
a cruz, não por amôr, mas, sim, por força, pois foram os
soldados, que o obrigaram a Me ajudar!
Meu adoravel Jesus, que licção devo aprender á vista
desta scena tão humilhante e tão edificante? Alma que Me
ouves. A Iicção que aqui desejo que aprendas é que, quan­
do vergada sobre o peso de uma dura provação, acceites o
:lUXilio das creaturas por meu amôr, lembranderte que teu
Deus não se envergonhou de precisar de uma simples crea­
tura, e isto não por amôr, mas sim por força.
Meu adoravel Jesus, gravae no meu coração e na minha
alma tão santas Iicções, para que póssa Vos imitar, accei­
tando o auxilio das creaturas, para cada vez mais me ele­
"ªr até Vós.
Vin:tem Santissima, minha Mãe, supplicando-vos pcfo.s
-vossas bemditas Lagrimas, dae-me a graça de bem com­
prebender as licções de Jesus.
114 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

6.ª Estação
A VERONICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS
Adoro-te meu Jesus que, pelo vosso santo Amôr, derra­
mastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta sexta estação da trajectoria
de vosso Amôr, Vos contemplo com a face amortecida e
toda coberta com o vosso precioso Sangue, o qual não Vos
dei:x;a vêr o caminho! Mas, oh! meu Deus! uma santa mu­
lher, ao contemplar-Vos em tão lastimoso estado, vae ao
vosso encontro para limpar-Vos a face! Oh! meu Jesus que
licção aqui me daes? O amor que me levou a deixar que
os algozes desfigurassem a belleza de minha face, tam­
bem Me levou a dar permissão a uma mulher que limpasse
·esta mesma face, que é a alegria dos Anjos e dos Santos.
Estas Iicções de Amôr dizem-te que tambem por amôr lim­
pes a minha face até o dia de hoje ultrajada por tantos pec­
cadores e ingratos. Limpa, sim, minha face na alma dos
pobres peccadore.s, com o véo de teu generoso amôr, e em
troca dar-te-ei no Paraisa a felicidade de contemplares mi­
nha sagrada Face.
Meu adoravel Jesus, fazei que eu comprehenda vossas
licções de Amôr, para que neste mundo se.ia na realidade
voss-a Veronica por Amôr, para um dia póder contemplar
vossa Face adoravel.
Virgem Santissima, minha l\íãe, pedindo-vos pelo va­
lor de vossas bemditas Lagrimas, fazei-me semelhante a
Vós para alegria de nosso Jesus e meu adorav-el esposo.

7.ª Estação
2.ª QUEDA
Adoro-te meu Jesus, que, pelo vosso santo Amôr, der­
ramastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, segunda vez vos contemplo ver­
gado sob o peso esmagador do madeiro, que ides levando
para nelle serdes crucificado! Oh! meu Deus, como são pe­
sados os meus peccados e os de toda a humanidade, pois
elles Vos fazem cahir por terra! Ensinae-me, adoravel Es­
poso, ensinae-me o que devo evitar e como devo ser ge­
nerosa para Vos ajudar a levar almas ao vosso Divino Co­
ração. Fallae Senhor, dizei-me qual a licção que minha al­
ma está necessitando para cada dia mais Vos amar. Alma
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri-mas II 5

que l\Ie ouves e Me contemplas vergado sob o pesado ma­


deiro de todas as iniquidades da humanidade, o meu Co­
ração te diz: Ama-Me e, terás força de carregar a tua cruz
de cada dia, e quando cahida sob o peso della, lembra-te
que Eu por teu amôr Me levantei, retomando a cruz para
soffrer até o fim! Aprende a não desanimar no caminho do
Calvario, que é o caminho da tua perfeição. E se um dia
sentires o peso da Cruz lembra-te de teu esposo, que tres
vezes cahiu e tres vezes se levantou impulsionado pelo
Amôr que por ti Me ia no Coração. Meu adoravel Jesus, que
licções admiraveis me daes nesta .segunda quéda! Fazei que
as grave na minha alma e que ellas me produzam fructos
de vida eterna.
E Vós, ó Virgem Santissima, minha Mãe das Lagrimas,
dae-me o vosso auxilio para que dê cumprimento ás pa­
lavras de Jesus, que são palavras de Amôr. Isto vos supplico
pelo valor de vossas bemditas Lagrimas.

8.ª Estação
JESUS CONSOLA AS MULHERES DE JERUSALEM
Adoro-te, meu Jesus, que, pelo vosso santo Amôr, der­
ramastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta oitava estação, vos contemplo
consolando com a vossa caridade umas mulheres que chora­
vam, vendo-Vos em tão lastimoso estado. Oh! meu Jesus,
qual é a licção, que daes a minha alma á vista deste qua­
dro de vossa Vida? Alma que Me ouves. E' o meu Amôr que
aqui te ensina a seres compassiva para com todos, especial­
mente para os que soffrem! E' o amôr que torna o coração
scnsivel á vista dos soffrimentos do proximo. Além desta
admiravel licção de Amôr, nesta passagem de minha vida
deves aprender a te compadeceres dos pobres peccadores,
pois foram elles a causa de meus padecimentos e são elles
os meus interesses. Sim, foi para resgatar os captivos do
peccado que desci ao mundo para padecer e morrer em
uma dura cruz. Aprende a seres compassiva para com os
que soffrem e a amares as pobres almas, que vivem no pec­
cado, porque ellas Me custaram todo o meu Sangue 1.
Meu adoravcl Jesus, gravae na minha alma tão santas
licções, isto vol-o supplico pela tvossa infinita caridad�.
E Vós, ó Virgem Santíssima, minha Mãe das Lagrimas,
dae-me o vosso coração compassivo para que assim pôssa
ser uma alma agradavel a Jesus, fazendo em tudo sua San­
tissima Vontade, isto Vos supplico pelo vosso amavel Co­
ração.
116 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

9... Estação
::P QUEDA
Adoro-te, meu Jesus, pelo vosso santo Amôr, com qne
derramastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta nona estação Vos vejo pela
terceira vez cahido por terra! Oh! meu Deus, aqui Vos con­
templo osculando a terra sem proferirdes queixa alguma!
Dizei-me, Senhor, qual a lição que aqui devo aprender? Al­
md que Me ouves, é o meu Amôr que te vae dizer qual o mo­
tivo de Me veres cahido por terra. E' o meu infinito Amôr
pela tua alma que l\fo levou a tantos soffrimentos, a ponto
de seu peso lançar por terra minha humanidade! Sim, só
o Amôr é capaz de levar a tanta humilhação para mostrar
ao. objccto amado até onde chegam suas labaredas, que só
são saciadas no sacrificio.
l\fou adoravel .Tesus. Que licç.ão admiravel o vosso ar­
dente amôr aqui me proporciona! Fazei que eu a grave ua
minha alma e que de hoje em diante as labaredes de vosso
santo Amôr me levem a abraçar com alegria as humilha­
ções, que vos dignardes me enviar.
E vós, minha Mãe rlns Lagrim:is, dae-me o vosso auxi­
lio para que de hoje cm cliantc não tema tanto o sacrifício,
mas que, á imitação de Jesus, saiba abraçar com amôr tudo
que sua Santissima Vontade me enviar, o que vol-O sup­
plico pela vossa ternura de Mãe.

10.ª Estação
ARRANCAl\l AS VESTES DE JESUS
Adoro-te, meu Jesus, pelo santo Amôr, -com que derra­
mastes vos.se precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta decima estação de vosso ca­
minho de Amôr, Vos contemplo como um manso Cordeiro,
acceitando que os soldados Vo.s desnudem! Oh! meu Deus,
não sois Vós a pureza infinita?! E como permettis que mãos
sacrilegas profanem assim o vosso Corpo Santi.ssimo? Que
licção aqui me daes? Alma que Me ouves, é o meu ardente
Amôr que te vae dizer que isto permitti para te ensinar a
despojares-te de ti por meu Amôr. O amôr é um fôgo que
purifica, porisso te ha de queimar todas as tuas vontafles.
deixando-te pura para fazeres uma só cousa commigo. Por
amôr de ti lVIe deixei despojar de meus vestidos; por amor
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 117

de mim deixa o meu ardente Amôr te despojar de todas as


tuas vontades.
Meu adoravel Jesus, gravae no meu coração, com o fô­
go de vosso santo Amôr, vossas sagradas licções, para que
assim póssa um dia fazer uma só cousa comvosco.
E vós, Virgem Santíssima, minha Mãe das Lagrimas,
gravae na minha alma as licções que Jesus me dá á vista de
seu despojamento no caminho do Calvaria. Isto vol-O sup­
plico pelo quanto soffrestes nesta via dolorosa.

11.ª Estação
JESUS PREGADO NA CRUZ
Adoro-te, meu Jesus, pelo santo Amôr, com que derra­
mastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta decima primeira estação de
vossa trajectoria ao Calvario Vos contemplo nas mãos dos
algozes, os quaes Vos vão pregar em um duro madeiro! O'
meu Jesus, Vós, o Deus dos exercitas, assim Vos deixaes
tratar?! Que licção daes aqui á minha alma?
Alma que :Me ouves, o peccado assim :Me tratou, porque
commetti o crime de te amar com amôr infinito! Vê que
licção dou á tua alma, porque te amo infinitamente! Oh!
quando os homens ou o demonio um dia te desprezarem
por meu amôr, alegra-te porque nesta hora estás imitando­
:Me. Bemaventurados os que, por meu amôr, forem assim
tratados, porque estão no caminho do Paraíso.
Meu adoravel Jesus, gravae na minha alma o amôr á
cruz, e que outra cousa não aspire senão ser nella crucifi­
cad_a por vosso santo Amôr.
E Vós, Virgem Santíssima, minha lVlãe das Lagrimas,
dae-me a graça de ser uma verdadeira amante da cruz; isto
vol-o supplico pela dôr que experimentastes ao verdes vosso
Divino Filho prégado na Cruz.

12.ª Estação
JESUS l\.:IORRE NA CRUZ
Adoro-te, meu Jesus, pelo santo Amôr, com que derra­
mastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta decima .segunda estação, vos
contemplo nos estertores de uma dolorosíssima agonia! Meu
118 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas

bd.rn Jesus, Vós que suavizastes com a vossa presença a


morte de São José, não suavizastes a vossa! Alma que .Me
ouves, para mim os espinhos e para vós o perfume de mi­
nha infinita caridade! Para commigo usei de todos os ri­
gores imaginaveis e passiveis, para comvosco sou todo ca­
ridade! Vê alma que licção admiravel te dou nesta scena
de sangue! E' o meu amôr que te diz: Sou todo Amôr para
te mostrar este mesmo Amôr, permittindo que Me déssem
a morte a mais humilhante I
Meu ado:ravel Jesus, dae-me o vosso preciosíssimo San­
gue, para que, purificada de toda a mancha, póssa Eu bem
comprehender estas licções tão admiraveis.
E vó.s, minha bemdita Mãe das Lagrimas, dae-me o vos­
so entendimento para que comprehenda o amôr de Jesus
pela minha alma, e assim póssa tambem amal-o com a mes­
ma medida com que Elle :Me amou. Isto vol-o supplico pelo
quanto soffrestes aos pés da Cruz.

13.ª Estação
JESUS MORTO NOS BRAÇOS DE SUA MÃE
Adoro-te, meu Jesus, pelo santo Amôr, com que derra­
mastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta decima terceira estação Vos
contemplo nos braços puríssimos de vossa desolada Mãe,
que, ao ver-Vos em tão lastimoso estado, sente sua alma
traspassada de tanta dôr, o que lhe faz derramar copio­
sas lagrimas, banhando com ellas vosso Santissinio Rosto!
O' meu Jesus, que me dizeis neste quadro de tanta dôr?!
Alma que Me ouves, vê como se ama! E' o amôr que Me le­
vou a causar a minha Mãe tanta dôr! Oh! si tanto não te ti­
vesse amado, teria poupado o coração de tão terna Mãe,
mas o meu ardente amôr assim Me fez obrar. Oh! é assim
que se ama 1 !. ..
Meu adoravel Jesus, á vista deste quadro de dôr e arnôr,
que dizer-Vos? Quão fraco é ainda meu amôr ao contemplar
o vosso, o qual Vos levou a ferirdes a alma desta Mãe, que
tanto Vos ama! Gravae, meu Jesusª estas licções tão subli­
mes no meu coração, para que tudo sacrifique por voss0
santo amôr.
E Vós, ó Virgem Santissima, minha Mãe Lacrimosa,
pelo vosso silencio nesta grande dôr, dae-me a vossa for­
taleza para que jamais negue meu amôr a Quem deu todo
seu Sangue por mim.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 119

14.ª Estação
Adoro-te, meu Jesus, pelo santo Amôr com que derra­
mastes vosso precioso Sangue por mim.
Meu adoravel Jesus, nesta decima quarta estação Vos
contemplo nos braços de vossos piedosos amigos, que vos
levam á sepultura! O' meu Deus, é o Amôr pela minha alma,
que Vos leva a ficardes sepultado na terra! Vosso adoravel
Corpo, formado pelo Amôr, o deixaes por tres dias e.scon­
dido nesta tão grande humilhação só merecida pelos nossos
peccados! Meu Jesus, aqui os explendores de vossa Divin�
dade estão escondidos sob este véo da santa Humildade!
Que admiravel licção aqui me daes do quanto me amaes!
Oh! meu Jesus, que eu saiba, á vossa imitação, esconder-me
sempre neste véo do esquecimento, tudo dando a Vós e para
mim ficando sómente o conhecimento de meu nada!
E, Vós, ó Virgem Santissima, minha :Mãe das Lagrimas,
pelas dôres de vossa soledade, alcançai-me a graça de vi­
ver sempre envolta na santa humildade, virtude predileeta
do Coração Santissimo de Jesus.
23-12-1932.

Codigo Sagrado.
DICTADO POR MEU INFINITO AMõn, NO QUAL AS MADRES DF.VR"I\I
APRENDER A SCIENCIA DE SEREM MÃES.
JESUS CRUCIFICADO.

A MADRE QUE SAHIR FóRA DESTAS REGRAS NÃO COOPERARA' COl\l


AS DILECÇõES DE JESUS CRUCIFICADO PARA COM ESTA CONGREGA­
ÇÃO, QUE DESEJA VIVER SEGUNDO SEU DIVINO CORAÇÃO.

MATEH LACRIMOSA.

A PRESENTO-TE aqui, o Codigo Sagrado de meu ardente


amôr. Se o approvares darás ás Madres. de nossa humil­
de Congregação, para nellà1 beberem a minha vontade divina,
sobre o modo de agirem com as suas subditas.
Eu sou a Misericordia e não desejo outra cousa a não
ser que os que Me pertencem por laços tão fortes, não <li�-
pensem a não ser Misericorq.ia�
120 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Amado meu, bem sabes que esta nossa Congregação foi


suscitada por meu Coração Divino, e por este motivo é meu
ardente desejo que ella na pratica copie meu Divino Co­
ração.
Tenho dito muitas vezes que é o meu Divino Coração
que vae reinar nos ultimos tempos, e a Congregação destinada
para esta Missão sublime é esta; mas, para isto é necessario
que os Superiores sejam segundo meu Coração. O amôr deve
sêr o Codigo, onde todos os Superiores bebam a minha von­
tade divina, transformando assim cada uma das Communi­
dades em parai.sos de delicias para meu Coração. Por isso,
amado meu, não se deve admittir um membro á profissão qne
não tenha verdadeira vocação, porque um só destes mem­
bros póde trazer sérias consequencias ás outras religiosas,
que bebam nos seus exemplos o veneno, que aos poucos as
levará á di.:;:sipação, e até á perda do amôr á observancia. Si
estas não forem vigilantes em admittir á profissão um mem­
bro sem vocação, é o mesmo que cooperar para o deterio­
ramento do Instituto, onde todos os membros devem ser
exemplos uns dos outros.
A falta de vocação quer dizer que não é chamada para tal
vida, e não sendo chamada por mim é um perigo tanto para
a alma como para a Communidade, que possue tal membro
deslocado!
Si esta é minha vontade, que não sejam admittidas
á profissão membros quij não mostram serem chama­
dos por mim. E para evitar nas Communidades religiosas
o espirita do mundo, que infelizmente já entrou nestes jar­
dins,onde só deve reinar a paz e a caridade de meu Coração,
saia quem não pos.sue esta pedra preciosa do meu ch:::ima­
do, para só ficaram os chamados.
Os Superiores procedam segundo o Codigo de meu puro
Amôr, o qual lhes vou ditar, para que, agindo desta fórma,
Rs Communidades religiosas de nossa Congregação se.iam
Paraisa de caridade, e aquella, que não se achar disposta a
bem cumprir estas normas, não deve ter a mercê de: ser Mãe,
porque a palavra :\'Iãe encerra caridade, abnegação e amôr
que devem votar ás filhas, que. aos seus cuidados e exemplos
Eu lhes confio pela bocca dos que fazem as minhas vezes.
Amadas esposas, que meu Amôr vos escolheu para ser­
des l\Iães, ouvi o meu Coração e copiac-o na pratica e no lidar
de cada instante.
Quereis, amadas minhas, ser segundo o ineu Coração?
Necessario é que nas vossas obras procedais segundo Eu pro­
cedi.
O amôr que o vosso coração tem para commigo vos de­
ve levar á santidade, que é o primeiro passo para impulsio-
nardes as vossas filhas a Me amar.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 121

O Superior não é sómente para dar ordens, a Mãe deve


governar os seus filhos mais pelo exemplo do que por mui­
tas palavras.
A vossa santidade, amadas esposas, deve ser a luz de
vossas filhas, para o que deveis vos esforçar cm copiar todas
as qualidades de meu Coração.
Amadas minhas, a vos.sa Communidade não deve ser go­
verna_da pelo dever mas, sim, pelo amôr que leva após si o
dever. Porque si governardes pelo dever e não pelo amôr,
breve tereis na vossa Communidade o regímen do temor,
que leva os subditos a agirem sómente por medo, dahi aos
poucos elles agirão bem na vossa frente e ás escondidas se­
rão como os soldados que tudo fazem sómente, para agradar
seus superiores, e ás escondidas fazem o que Eu não quizéra
vêr em tantas Communidades, que tem o regímen do dever
e temor e não o do amôr, que eleva e faz com que as almas
cheguem; ao heroismo da santidade.
Infelizmente o meu Coração até hoje não foi compre­
hendido pelos que governam; pensam que governar é impôr­
se e levar ao cumprimento do dever pela força e pela humi­
lhação. Quem assim age leva seus subdito s não á santidade,
mas sim, á deterioração, endurecendo o coração de seus sub­
ditos, levando-os a exclamar: como é dura a religião! Sim,
esposas queridas, os culpados disto são os superiores, que
implantam nas suas communidades o regímen militar, o re­
gímen da paixão, porque não sendo obedecidos, castigam
seus subditos com humilhações que não levam á .santidade,
porque só o meu Amôr e a minha Caridade são capazes de
levar á santidade. Oh! Si Eu assim agisse com Pedro não o
converteria, e si Eu, cada vez um peccador viesse aos pés
de um meu ministro o humilhasse publicamente, poucos se­
riam os convertidos!
Amadas esposas, amadas Mães, é necessario que apren­
daes na minha escola, neste Codigo divino como deveis agir,
primeiramente, como já vos disse, com o vosso exemplo,
brilhando nos vossos actos. Fique bem claro aqui que não é
a humilhação que impondes aos vossos subditos que os fará
santos; ah! não, o desejo de humilhação deve ser espontaneo,
após cultivardes os seus corações com o meu Amôr, porque
se intempestivamente humilhardes vossos subditos, tiracs­
Jhes a força, com que devem abraçar a virtude. O vosso tra­
balho deve ser o de infundir-lhes o amôr, porque depois
desta vêm os fructos, que são o amôr á humilhação, ao des­
prezo, emfim todas as qualidades de meu Coração brotarão
tambem nas seus corações e serão modelos da santidade.
Amadas Mães, onde encontraes estas regras que ora vos
dou? Procurae onde quizerde.s e não as encontrareis, por-
122 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

que infelizmente até hoje não fui compreheudido nos dese­


jos de meu Coração! Quantas communidades religiosas vejo
em lastimoso estado, por causa de reinar a lei do temor e
do dever, que não sabe perdoar, que não sabe levar seus
subdito.s á virtude, porque os superiores estão impregnados
desta lei perniciosa, e assim seus pobres membros gemem
sobre um jugo pesado, por causa do superior não saber sua­
visar as suas cruzes com a caridade de meu Coração. Dizem
muitos ser necessario a humilhação, para provar as suas
virtudes! Insensatos os que assim fallam I Como querer pro­
var a virtude de seus sub ditos com o ferro de seus azedu­
mes?! Não foi para provai-os que Eu lhe entreguei estas al­
mas, mas, sim, para fazer destes corações, corações onde
reine o meu amôr e transborde a confiança em mim.
Fazer-Me amado á força não é a minha lei, mas sim
deteriorar a minha lei, que é a do Amor e l\fiscricordia.
O' cegueira a do homem querer fazer:-Me amado á for­
ça e a poder de descabidas humilhações! Quão cégos estão
estes que assim procedem! Amadas minhas, quereis que a
vossa Communidade seja um jardim odorifico, onde Eu
possa estar? Fazei que me amem pelo perfume de vossa
bondade, pelo balsamo de vossa caridade e pelo aroma de
vossa mansidão. Oh I Se possuirdes todas estas qualidades,
as vossas subditas serão heroinas no sacrificio amando-Me
acirra de todo e qualquer sacrificio, reinando a observancia
nos minimos pontos da regra, porque com os vossos per­
fumes as atrrahireis para meu Coração Divino, fazendo com
que as suas virtudes sejam heroicas.
Como já vos disse, este Codigo deve ser consultado to­
dos os dias, porém é nec.cssario que claramente vos diga
como deveis agir.
Disse-vos que em primeiro lugar deveis falar pelo exem­
plo, o que deve ser o sol de vossas filhas, pois o que não
quereis que ellas façam não a façais vós tambem. Depois
do exemplo vem a necessidade de agirdes para com ellas
como uma Mãe, que deseja que seu filho adquira um gran­
de thesouro. Para isto nunca deveis vos sentir superiores
a não ser na virtude, mas sim, Mães que têm filhas, que de­
vem adquirir uma grande sciencia, a sciencia de Me amar.
Para isto é necessario que a Mãe se revista de minhas qua­
lidades, para que as filhas não desanimem nos sacrifícios
quotidianos, que esta sciencia reclama.
Esta Mãe deve se lembrar qme suas filhinhas não sa-­
bem andar, nem falar, e que só com o calor de sua caridade
as deve criar fortes no meu Amor; porém, si em vez de
assim fazer, as joga daqui e dali, criam-se filhas rla.chiticas
e jamais serão fortes no meu Amor.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 123

Am�das esposas, como esla doutrina não é comprehen­


didal ! ! Porém como desejo ver-vos verdadeiras :Mães, que­
ro 'que vos lembreis que as v·ossas Irmãs entregues aos vos­
sos cuidados são como criancinhas, que precisam do calor
de vossa caridade, de vossos exemplos, de vossa mansidão,
de vossa paciencia, de vossa humildade, emfim, precisam
de meu Coração no vosso, para as levar a Me amarem no
heroísmo das virtudes, se vós souberdes, crial-as conforme
Elle.
Fique bem patente aqui que a que não fôr docil ao
amor deste Coração deve sahir, porque não possue a ver­
dadeira vocação.
Não quero sacrifícios forçados, por isso deves evitar
a humilhação ás vossas filhas, porque Eu só desejo o sa­
crificio expontaneo, nascido pelo amor qu� vós lhe depo­
sitaes nos corações.
Se algumas de vossas filhas não se render á vossa ca­
ridade, á vossa abnegação, á vossa humildade, dae parte
a quem fizer as minhas vezes, para que tal membro sáia
deste lugar, que não lhe pertence.
Como então procederia com as vossas filhas para fa­
zerdes dellas templos sagrados de meu Coração? Primei­
ro o exemplo e depois ajudando-as nas suas difficuldades.
Sabeis muito bem que são criancinhas cheias de defeitos a
se corrigirem, porque ainda que possuam a perola sagrada
da vocação, é necessario, fazer-lhes comprchenderem a
sublimidade desta graça, corrigindo seus defeitos não com
humilhações, mas, sim, com amor, mostrando-lhes a belleza
da virtude e a felicidade, que se possue cm se ser chama­
da para a vida perfeifa.
O Noviciado não é o sufficiente para uma alma conhe­
cer a belleza do seu thesouro, é necessario que as Madres
durante toda a vida cultivem o amor no coraçã-o de suas
filhas, porque o coração do homem é -fraco, eis porque
não devem pensar as religiosas que nã•o estão ellas sujeitas
a muitas fraquezas. Ah! não, ellas lambem são fracas e ne­
cessitam da caridade de suas :\fães, durante toda a sua vi­
da, os quaes devem ouvir com amor e reverencia, vendo
nellas a mim mesmo.
Amadas :Mães, não penseis que uma vossa filha por vir­
tuosa que vos pareça, que não a deveis cultivar. Ah! não,
deveis chamal-a e prescrutar o seu coração, e cada dia
afervoral-a mais no meu serviço. Além da fraqueza das
vossas filhas, ás quaes deveis ajudar a s'e corrigirem pelo
amor, ha nellas muitas vezes a tentação, que sem a vossa
caridade ellas não ficarão livres. Sabeis auc os demonios
trabalham mais com uma religiosa do qu�e com cem mil
124 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

habitantes de uma cidade! A vida religiosa é para o demo­


nio uma arma terrivel que lhe causa muitos males, porisso
se arremessam contra estas almas com o odio infernal, que­
rendo desanimar estas eleitas do meu coração, para assim
desanimadas, voltarem para o mundo. O que deveis fazer
em taes casos? Deveis ser os Anjos consolad-ores destas al­
mas, que o demonio atormenta, porque estas são preciosas
aos meus olhos, por isso o demo as persegue com mais
furor.
Sim, deveis com a caridade de meu Coração, ajudal-as
a sahirem de taes armadilhas e a vossa necompensa será
grande no céo.
A este respeito quantas alminhas puras o dem_onio per­
seguiu e por falta de caridade dos superiores, ellas sucum­
biram e tiveram que voltar para o mundo! No ;dizer dos
superiores ellas não tem vocação. Sim, não tem vocação,
porque lhes pedia um pouco de sua caridade e como nos
seus corações esta não existe, succumbiram e não puderam
merecer as dilecçõcs, · que dou a tacs almas, que soffrem
destas perseguições diabolicas.
Amadas esposas, quereis que as vossas communidades
sejam paraiso de delicias, é necessario que sejaes segundo
o meu Coração, ajudr:ndo as vossas filhas a se levantal'em,
quando ellas estiverem cahidas nas suas fraquezas� porém
não com a obediencia, mas, sim, com a vossa caridade,
que as deveis levantar, dando-lhes a força necessario para
obedecerem por meu amor.
Quem não sentirá a necessidade de alguem que lhe dê
a mão? Oh l toda a creatura, por forte que seja na virtude,
dias terá que necessite da caridade de suas Irmãs, por is­
so assim como Eu precisei do Anjo da caridade de meu
Pae no Gethésemani, assim todas as almas necessitam do
auxilio e da caridade materna, que as levantem no meio
de suas fraquezas.
Corrigir os defeit•os de vossas filhas é um dever sagra­
do de vosso ministerio materno, porém, é nccessario que sai­
bais corrigir com brandura, caridade e sabedoria a mais
aquilatada.
Como deveis fazer quando virdes uma vossa filha em
uma falta que commetteu pela sua fragilidade? Deveis,
amadas esposas, primeiramente rezar e depois chamai-a em
particular, e aos seus pés vos prostardes como para lhe
implorardes um grande favor, dizendo: Aqui estou minha
filha para pedir-lhe a caridade de sua generosidade neste
ponto que não cumpre e que eu a ajudarei a cumprir com
as minhas orações e penitencias e conselhos. Oh! que ef­
feitos maravilhosos conseguirão estes actos de humildade
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 125

da parte dos superiores! Não foi assim o meu modo de


agir? Não lavei Eu os pés dos discipulos? Nã 0 estou Eu
1

dia e noite na humilhação dos Tabernaculos para chamar


as almas ao sacrificio, ao amor? Porque vós não haveis
tambem de agir como Eu fiz? Se assim fizerdes, ah! então
as vossas Communidades serão paraísos de delicias e Eu se­
rei amado com virtudes heroicas.
A caridade será o vinculo sagrado destas almas, em­
fim, serão estas Communidades ante-camaras celestiaes.
Seja, pois, o Amor o vosso alimento, lembrando-vos
que com este amor, que :Me consagraes, precisaes alimen­
tar vossas filhas, cultivando em seus corações o amor á
virtude, não pelo temor, nem tão pouco pela lei servil. Ah!
não, o vosso trabalho deve ser sómente de fazer-Me conlw­
cido no amor, porque as virtudes Eu lhes infundirei na al­
ma, si vós fordes verdadeiras Mães, com vosso exemplo e
caridade, no quotidiano lidar com suas a�mas.
Por amor vos peço jamais deixeis de exercer este pa­
pel importantíssimo de Mães, cmquanto os vossos Superi'O­
rcs vos concederem esta mercê e fique bem claro aqui, que
aquella que se impuzer por dizer-se Superior, esta não es­
tá no meu coração, porque querer-Me agradar sem a ver­
dadeira caridade é impossível.
Sêdes, amadas esposas, o Sól de vossas filhas, que com
os raios de vossos exemplos e caridade, transforma a vo�­
sa Communidade em Paraíso, suavisando o jugo das vos­
sas filhas e fazendo-as exclamar: Se a nossa Mãe é tão
bôa, o que não será o Coração de nosso Divino Esposo!!!
Sim, Eu sou a Misericordia, o Amor, o Perdão, porisso
desejo que sejaes o mesmo e como já ficou dito, se o amor
não move o coração de vossas subditas, dizei-lhes como Eu
disse á Judas: Se tens de fazer o mal, faze-o já, vae.
Sim, o mesmo deveis fazer com vossas filhas rebeldes,
p�rque quem não se rende ao amor, não foi chamado por
num.
Vosso Esposo Jesus Crucificado, que vos apresenta es­
k Codigo, que em poucas palavras muito quer dizer, Me 4

ditae muitas vezes para serdes segundo o meu Coraçiío.


Ah! então realisareis os meus desejos que é de ter uma Con­
gregação capaz de executar os ditames de meu Amor, para
se r.ealisarem os meus desejos de l\1isericordia.
Pelas mãos de Maria. Via do Amor. Paraíso.
126 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

O Thesouro das Lagrimas de Maria.


Vou hoje, fallar-te um pouco das Lagrimas de minha
Mãe. Bem sabes que se passaram vinte seculos, e estas La-­
grimas ficaram guardadas no meu Divino Coração para t'as
entregar!
Co.m esta entrega constitui-te apostolo de Nossa Se­
nhora das Lagrimas, e bem o sei, estás prompto a dar a
vida pela diffusão de tão santa devoção!
Oh! ser Missionaria das Lagrimas de minha Mãe é
dar-me consolações inauditas, porque ás Lagrimas de Ma­
ria dei valor infinito, com o qual, os que se propuzerem
propagai-as, terão a felicidade de roubar peccadores ao
dragão infernal.
O demonio tem tanto odio ás Lagrimas de Maria,
porisso ha de pôr todos ,t)S obstaculos para que ellas não
sejam conhecidas no seu valor diante de mim.
O mundo, como se acha infectado, tem necessidade
destas perolas preciosas, para receber misericordia I E
quem será capaz de me apresentar dadiva mais preciosa:
e que mais me commova o Coração, do que as Lagrimas de
minha Mãe? As Iagrimas de uma mãe commovem o cora­
ção de um filho por mais rebelde que seja, e como não se
ha de commover o meu Coração, que tanto · ama esta Jiãe?!
Este thesouro, guardado vinte seculos, está em tuas
mãos, e com elle quantas almas já salvas das garras infer­
naes! Oh! quando almas generosas dizem: Meu Jesus ouvi
os meus rogos pelas Lagrimas de Yossa :Mãe Santissima, o
meu Coração se abre e faço jorrar sobre aquella alma as
torrentes de· minha misericordia 1
Todos os que se propuzerem propagar as Lagrimas
de minha l\ilãe, no céo terão um goso especial e aos seus
nomes ser-lhes-á accrescentado o de "dilectissimo".
Oh I Estes louvarão as horas em que passaram a can­
tar o poder das Lagrimas de Maria.
Todos os sacerdotes que se propuzerem propagar o
poder das Lagrimas de Maria, seus· trabalhos produzirão
fructos da vida eterna, serão grandes, porque grandes cousas
farão por meu amor.
Oh! quão precioso é ao meu Coração o thesouro das
Lagrimas de minha l\lãe, porque vae me dar milhões e mi­
lhões de a Imas !
Teu Jesus Crucificado, que em tuas mãos depositou
tão sagrado e poderoso thesouro, do qual és apostolo incan­
savel e capaz de por elle dar a vida,
Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas 127

O' felizes o.s que s-c fatigarem em falar das Lagrimas de


i\faria !

REDE DOS ELEITOS DE .MARIA


ESCRAVIDÃO AMOROSA
Apresento-vos hoje para esclarecimento dos amados
membros de nossa geração o que significa ser Escravo de
Maria.
· Oh! antes de começar a narrar-vos tão salutar escra­
vidão, deixae-me dizer-vos: Eu sou o primeiro escravo de
Maria. O seu amor fortemente me prendeu ao seu Coração;
e, por esta Mãe inventaria todas as loucuras de amor, que
um filho póde inventar.
Amo tanto esta Mãe bemdita, que lhe dei os meus the­
souros; e ella, solicita, vive no meu infinito amor, dispen-
sando-os a todos que a· ella recorrem.
Geração tão querida, que significa ser escravo de Ma-
ria?
Ser escravo de Maria, é estar preso ao seu amor por­
que a sua delicadeza e fineza prendem os homens de tal
forma que apaixonando os corações, não é mais possivel
della se afastar. Dahi vem o captivciro.
Quando dois corações se anrnm apaixonadamente, fi­
cam estes corações escraYos. No seu ente querido só se
vêm as boas qualidades e não os defeitos; tudo parece bel­
lo no objecto amado, e além disto, pela pessôa amada fa­
zem tudo, ficam escravas, presas nas rêdes de seu amor!
Maria estende a sua rêde de amor e seus filhos ficam
captivos, ficam seus escravos. E' nesta :rêde, que desejo que
a nossa geração fique presa. Para isso pedi que todos o's
que entrarem em nosso Pombal amado, fiquem escravos dr­
Maria.
Oh! bexndita escravidão! Oh! felizes os que a ella se
prenderem, pois serão bemaventurados; salvarão muitas al­
mas, predestinando a sua propria e voarão para a patria
amada nos braços puríssimos de .Jfaria.
Amada geração que me lês, que ventura é ser escravo
de Maria, apaixonado de Maria! Haverá ventura seme­
lhante a esta, estar presa a esta :Mãe bemdita· que, J>or no­
ve mezes, me prendeu na sua rêde de amor, e por 33 annos
me prendeu com as correntes de sua solicitude maternal?
Si soubesse a ventura de ser escravo de Maria, pros­
trarias aos seus pés e lhe dirias: Prendei-me, Mãe querida,
com as correntes de vossa solicitude, fazei-me, captiva de_
vosso amor, porque dC>scjo ser vossa escravasi nha, vivendo
128 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

na vossa companhia, morrendo a cada instante, porque


ainda não vivo de vosso amor!
Oh! ser escravo do amor de Maria, é ser meu eleito!
Em verdade vos declaro que quem não fôr escravisado pelo
amor de I\Iaria, não poderá receber as minhas dilecções!
Sêde escravos do amor de Maria, como Eu o fui e 5ou,
pois ainda hoje ns correntes de seu amor me seduzem!
Oh! quantas vezes a justiça é adiada e os peccadores
são convertidos e perdoados pelo amor, que consagro a
Maria! Sim, ainda hoje, ella me segura os braços da justiça
com as fortes correntes de seu amor, que me prendem ao
seu compassivo coração. Como minha Nfãe me seduz 1
Um só olhar compassivo de Maria para um peccador,
me faz esquecer as ingratidões destes infelizes!
Vêde, como sou escravo de l\faria, escravo do seu Co­
ração amoroso e compassivo! Por isso, atirae-v•os ao seu
amor, ás suas rêdes; deixae-vos escravisar pelo seu amor,
e se assim fizerdes, imitar-me-eis, e imitando-me, ao seu
lado, nos seus aposentos particulares, na tenda dos seus
eleitos e dos seus escravos, cantareis commigo os triumphos
e as glorias da Mãe bemdita. Oh! como desejo que o numero
de seus escravos cresça e que esta phalange de missionarias
seja escravisada pelo seu amor e assim possa realizar os
meus ideaes diYinos.
Deixae, que Maria vos escravise a tal ponto, que vos
torneis loucos de amor, e assim na vossa escravidão e lou­
cura, ella vos mostre o hospício divino, onde vos deveis
encerrar.
Este hospicio divino é meu Coração, onde Maria cos­
tuma guardar os seus escravos.

O SITIO DE MARIA E' O MANTO DAS ALMAS


MISSIONARIAS
Vou hoje conceder á nossa amada geração uma gran­
de graça, graça que redundará em minha gloria.
Ha tempos disse em uma m·ensagem que as nossas pom­
bas deviam s_ e tornar outras Maria. Para isso que se pane­
cessem tanto com ella, de modo que fitando-as vissem nellas
minha Mãe. Sim, porque cllas fazendo uma só cousa com
:Maria, Maria viverá em seus corações vendo Eu nellas mi­
nha santa Mãe.
O que vou dar hoje á nossa geração é de immensa im­
portancia, constitue um thesouro bemdito : A sêde de Ma­
ria em salvar almas!
Glorias e Poder de N. Senhora das lagrim.as 129

Td foi a sua sêde, que a fez viver em continuo marty­


rio, e tantas sãos as espadas que feriram seu coração, quan­
tos foram os dias .que Ella viveu no exilio ! A sua sêd<:' de
almas me feriu o Coração de Amor, e desta ferida brotou
a m:::tcrnidade que lhe concedi.
Quando a contemplei abrazada com este ·zelo santo e
quasi infinito pela minha gloria, disse-lhe: No teu Coração
ardente de zelo, crio para os homens ·uma Mãe. Já estes
não serão orphãos; pois terão uma Mãe, que os guie e que
os proteja nos caminhos da vida.
O Sitio de :Maria estava guardado no meu Oontção.
Este Sitio, que foi a causa da maternidade de Maria, t'o
entrego hoje para que mais este dom sublime enriqueça os
celleiros de nossa geração.
Este Sitio foi a espada bemdita que, ferind·o-me o Co­
ração, brotou para a humanidade a mercê de ganhar uma
:Mãe!
Oh I Sitio de Maria, pronunciado tantas vezes pela sua
santa bocca!
E' necessario que nestes seculos vindouros formes pha­
langes que, saciando o teu Sitio, ó Mãe bemdita, Eu possa
reinar!
Dou-te hoje este rico presente, que constituirá para a
nossa geração, o �fanto de l\faria!
Sim, nes�e Sitio, os .nossos fructos têm o �fanfo de
l\faria, que quer dizer, para suas almas, enchente de ben­
çãos, e estas de alto preço! Este Manto envergado pelos
nossos fructos, dar-lhes-á a sêde de Maria pelas almas'
Sim_, tecei cDm o meu poder este :Manto. As sur.s fibras,
são do Sitio de Maria. Mas porque dei este nome ao Sitio
de Maria?
Porque a palavra manto, quer dizer protecção, e qm•m
com elle se cobre, é porque quer ficar protegicfo.
O Sitio de Maria deve ser o Manto de nossos fructos, e
quanto mais se agzsalharem com ellc, mais sêde terão das
almas, e quanto mais sêde tiverem das almas, mais ficarão
protegidos não só por Maria, mas tambem pelo meu Divino
Coração, que se constitue a defeza sagrada dos que têm sêde
das almas, dando-me estas pelo seu zelo!
Entrego-te, porisso o S.itio de �faria, como :\fanto des­
tinadD aos nossos amados fruc'.os.
Vou te dar uma formula que seria conveniente désses
no dia em que nossos fructos professam, fazendo seus san­
tos juramentos.
/30 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri-mas

"Recebe, filho ou filha, o Sitio de Maria em favor


dos pobres peccadores. Jesus deste Sitio fez um num­
to para te cobrir, para que, cobrindo-te, possas amar
as almas como Ella as amou. Se todos os dias te cobri­
res com este manto, cm nome de Jesus, te prometto
graças de alto preç-o para tua alma de :i\ilisericordia.
Vê quão immenso é o meu Coração! Quantas rique­
zas guardadas, tu, abrindo-me as mãos, nellas vaso sem
medida estes favores cujo valor no céo conhecerás.
Teu Jesus Crucificado, que hoje te envia esta da­
diva pelas mãos de Maria, a qual_ entregou a João �fa­
ria Vianney, o grande apostolo e amante de minha Mãe."

AS LAGRIMAS DE MARIA SÃO A RIQUEZA MAIS


SEDUCTORA DAS ALl\rfAS MISSIONARIAS
Vou hoje falar-te para que muitas .almas, mais tarde
comprehendam o valor das Lagrimas de minha �Iãe.
As Lagrimas de Maria são a riqueza mais seductora da
nossa geração, porém esta riqueza só poderá se expandir, uma
vez que seja conhecida e portanto amada.
As Lagrimas de minha :Mãe, são o archote, que illumina­
rá a vereda escabrosa da conquista das almrs.
São estas Lagrimas o precursor de meu reinado nas
almas. E porque isto? Porque a lagrima é a imi gem viva da
pacificação da dôr. O homem enraivecido não chora, ellc
blasphema e dos seus olhos não sae a agua de pacificação.
Oh! não! Os seus olhos queimnn de oclio e 'delles sahem
raios que parecem fulminar! ...
Porisso a lagrima · nos olhos daquclles, que soffrem por
meu amor, são a demonstração viva de sua dôr pacifica,
isto é, confiante.
Quando contemplei no Gethsemani a humanidade cul­
pada, chorei!. . . E que lagrimas foram estas? Lagrimas de
Sangue!. . . Chorei na Cruz, chorei muitas vezes na minha
intimidade, e estas lagrimas são a demonstrf ção de uma
grande dôr e de um grande amor!
· As lagrimas de l\faria, têm o mesmo significado: Iagri-
rnas de dôr ...
A'quelles que se cons!ituirem apostolos destas lagrimas
lhes desvendarei caminhos occultos. . . Farei destas Lagri­
mas um archote que lhes mostrará as hellezas do meu Cora­
ção, dando-lhes ainda o dom de persuadir os c•orações !
Quando ao Pombal amado, minha Mãe desceu com a Co­
rôa de suas Lagrimas, outro fim não teve a não ser _salvar
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 131

almas, fazendo destas Lagrimas o precursor de meu reina-


do de amor!
Salvar almas, eis o fim pelo qual desci á terra; salvar
almas, eis o fim pelo qual faço á humanidade tantos favo­
res, usando para isso de todos os meios ...
As Lagrimas de Maria, são o meio que dou ás almas
:\1issionarias, para que com este meio ellas possam fazer
prodigios, porque desejo exaltar as Lagrimas de minha Mãe.
Exaltei as prerogalivas que conce<li gratuitameüte a Maria,
isto é, sua Immaculada Conceição, suas Dôres, seus trium­
phos, porém isso ainda não tinha feito com as suas Lagrimas !
Chegou a hora propicia e fiz descer esta Mãe com este the­
souro, enriquecido pelo meu poder infinito!
E aquelles que se levantarem contra eile, contra si mes­
mos se levantam, porque a ninguem foi permittido reprimir
a Vontade Divina!
O homem é fr[,CO e na sua cegueira poderá querer des­
thronar a obra divina, porém, na sua nullidade, reconhece­
rá esta Vontade Divina, jamais anniquilada pelas creaturas !
As Lagrimas de minha .i\fãe são portanto o facho nobre
que illuminará os caminhos de nossa geração e de todas as
almas, que a nós. se quizerem associar. Que façam o que
com tanto amor, tenho pedido á esta geração.
O apostolo das Lagrimas ele Maria chegará a mercê de
ser do numero dos mansos, porque quem falar destas La­
grimas, ficará coberto com o manto de Maria e portanto apto
para ser do numero destes nobres! 0' nobreza infinita a da­
quelles que fizerem parte da geração mansa, pois brilharão
como o sol diante de mim!
Estas e-ousas fallo, porque o apostolo de Nossa Senhora
das Lagrimas mergulhar-se-á nestas relevações e conquista­
ril a humanidade, uma véz que seu coração, bebendo estas
minhas palavras, fica apto para fazer prodigios!...
Todas estas mensagens brilharão e farão milhares e mi­
llrnres de apostolas! ...
Oh! como brilhará a n>0ssn geração"_ por tantas rique­
zas!. ..
Jesus Crucificado te diz que as Lagrimas de �faria são
archotes luminosos.
132 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Os sorrisos de N. S. das Lagrimas.


Quando Maria desceu ao Pombal querido, trazia em
seus labios um doce sorriso, imagem esta da immensa ale­
gria de poder beneficiar aos homens com tão precioso
thesourol
Este sorriso é tambem a imagem do contentamento que as
almas experimentarão ao rezar tão consoladora corôa. O
sorriso é sempre o transbordamento de alegria e paz, porisso
Maria, descendo ao Pombal querido, quiz trazer nos seus la­
bios, não só o que ia na alma por poder entregar aos
seüs filhos tão rico thcsouro, mas tambem por primeiro quiz
clla fazer o que tantas almas experimentarão ao rezar tão
commoventes supplicas.
Oh! sim, Maria, beneficiando seus filhos sorri, eis por­
que ,a sua bemdita imagem deve trazer um doce sorriso, qu<'
será o balsamo ás chagas da pobre humanidade.
Entrego-te no dia de hoje este sorriso bemdito de nos­
sa grande Mãe Lacrimosa.
· Mas como?! Maria Lacrimosa com sorriso?! Sim, lacri­
mosa porque nas suas mãos entrega o que um dia chorou de
dôr e de amor, mas que, feliz e sorrindo, entrega como fructos
destas duas causas sublimes, a dôr e o amor, origem de tan-
tas lagrimas.
Recebe, portanto, o sorriso de Maria como patrimonio
da amada Geraçã-o, e com este patrimonio os fructos de nos­
so zelo embriagarão as almas, dando-lhes o gosto pela sua
perfeição, o que para ellas é uma necessidade. Sem este em-·
briagamcnto no desejo da propria santificação, a alma não
alcançará a perfeição.
O sorriso de Maria constituirá para a nossa geração
mais uma rêde, que apanhará as almas, que desejarem a san­
tidade. Recebe, portanto, em tuas mãos para a nossa gera­
ção o sorriso de Maria, que é mais doce do que o proprio
mél, mas embriagador do que os mais requintados narcoti­
cos I Sim, é elle urri narcotico que fascinará milhares e mi­
lhares de almas! O' doce sorriso de Maria, és tambem o
meu narcotico que me deixas embriagado de amor por ti!
O' doce Mãe de meu Coração!
Recebei, filhas, os sorrisos de ifaria, que estes sorrisos
sejam nos vossos labios uma realidade, para que, á im-ita­
ção de Maria, possaes mostrar aos homens que vos sentis fc_;­
lizes em poderdes trabalhar por amor de suas almas.
Isto é para os nossos fructos, e quando tal fizerem, quan­
do o sorriso nelles fôr uma realidade como o foi nos labios
Glorias e Poder de N .. Senhora das Lagrimas 133

de .Maria, as almas com quem trabalharem, isto é, pelos quaes


os nossos filhos se interessarem, ficarão seduzidas, porque
o sorriso de Maria a todos seduz!
Oh! quando o meus discipulos se aproximavam de Ma­
ria, e ella lhes sorria docemente, suas penas desapareciam
e os trabahos mais penosos tornavam-se-lhes leves!
Que este presente de immenso valôr seja aproveitado,
e que o sorriso de nossa Mãe Lacrimosa não seja esquecido
pela nossa Geração.
Teu doce Jesus, que hoje te entrega mais esta rica dadi­
va e joia riquissima na salva de minhas satisfações.

15 de Setembro.
Folhando o livro mais hello e sublime que existe para
o genero humano, deparou-se-me uma pagina tosca em seu
aspecto, ,o que me causou certa indifferença, porém, refle­
ctindo depois por instantes, comecei a ler esta pagina cha­
mada a pagina rubra, e finalmente o monte dos amantes,
onde estes se fazem fortes, tornando-se apostolos e almas no­
bres, pois neste monte receberam a nobreza rlaquelle, que
é o mais nobre de todos os homens, J esu15 Crucificado,
porque jamais poderemos encontrar nobreza superior a des­
te Deus do Calvario, que tanto se humilhou e nesta humi­
lhação tanto se elevou, elevando lambem a nós no seu Amor,
tornando-nos, neste monte, herdeiros do· Paraiso e filhos,
portanto, de seu Amor. Meditando esta pagina, na sua appa­
rencia obscura, encontrei o assumpto de minha rcflexã,o
neste mez em que commemoramos a festa de Nossa Senhora
do Calvario.
O Calvario é esta pagina obscura, que quem a souber
comprehender, nella encontrará lições divinas e portanto ad­
miraveis, merecendo dos santos este bellissimo nome "Monte
dos amantes", pagina sublime, onde o Redemptor pintou
com o seu proprio Sangue o quadro mais bello de seu Amor.
Sim, é nesta pagina a<lmiravel deste mez que encontro
urna extraordinaria criatura - Nossa Senhora do Calvario.
Eu a vejo com os olhos no seu Divino Filho, d'El­
le recebendo a mais nobre e mais bella mensagem para seu
Coração e para nós christãos, filhos da Santa Igreja.
Sim, eu a vejo a receber esta mensagem divina: "Fi­
lho eis ahi a tua Mãe, eis ahi o teu Filho". Haverá mens1a-
134 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

gem mais agradavcl para o coração da humanidade, que tan:..


to necessita de conforto do que esta na qual recebe por :Mãe
Aqnella que é a Mãe de um Deus! Creio não haver para o nos­
so coração palavras, que mais nos confortem do. que estas
que encontramos nesta pagina do Calvario.
Nossa Senhora no .Monte Calvaria recebeu a divina im­
cumhencia de Mãe! Oh! Como és sublime Calvario San­
to!. ..
Tu foste o solo sagrado, que sustentaste nesta hora o
Deus agonisante e a Mãe bemdita, que no seu Coração rece­
bia a humanidade por filha, antes já bem concebida nas suas
cruciantes angustias.
Commemoramos este anno 33 o decimo nono seculo des­
te admiravel acontecimento, e como Missionaria não podia
ficar no meu silencio!·
O' Mãe do Calvario, sim, egoísta seria e portanto ingra­
ta, si não me expandisse com as almas que tem fome e sêde
de Vos amar!
A l\faria, Mãe amadissima, tributemos nossas homena­
gens, almas que tanto já tendes recebido desta Mãe bemdita,
e como a melhor homenagem, que lhe podemos prestar é
confiar no seu amor, é atirar-se ao seu regaço materno; faça­
mol-o isso, sim, e com todo o amor, certos de que sahiremos de
seus braços com o nosso coração repleto de felicidade, fe­
licidade que as criaturas, com todos os seus dons, não nos
podem proporcionar, porque sendo ellas p,o.bres, o que pos­
suem tambem lhes veio do céo e pelo coração de nossa Mãe,
porque nada de lá sabe, no dizer de São Bernardo, que não
venha pelas mãos de Maria.
Para festejarmos em nosso coração este grande aconte­
cimento admiravel e sublime temos o mez todo.
O mez de Outubro lambem consagrado á nossa Mãe
serve para commemorarmos este grande acontecimento.
Entramos no anno Santo, portanto, anno de grandes gra­
ças; não nos esqueçam,o.s, não sejamos indifferentes a este
divino legado.
Sim, foi o nosso Rcdcmptor que na pessoa de São João
nos deu a sua l\fãe por nossa l\ilãie, e nesta mesma angelica
pessoa nos entregou a Ella por filhos. Por isso reconheça­
mos esta dadiva divina e neste Anno Santo façamos mais al­
guma cousa para crescermos no amor e na confiança para
com esta Mãe bemdita.
Marque este Anno Santo no livro de vossa existencia al­
guma cousa de extraordinario no amor e na confiança em
Maria!
Sejamos gratos para com o Divino Redemptor. Que El­
le jamais se arrependa de ter dado sua Mãe por nossa Mãe.
Glorias e Poder de .N. Senhora das J,agrinzas I 35

Sim, porque quando Elle vê tantos filhos que não amam


e.sla �me, certamente lhe ha de sangrar o Coração, dizendo:
Filhos ingratos, dei-vos uma Mãe e vós permaneceis na mes­
ma cegueira e ficaes orfãos !
Oh! quanta dôr isto lhe causará!
Não sejamos nós do numero destes infelizes orfãos e in­
gratos, ao contrario abracemos o divino legado e digamos,
como tantos santos disseram: "triste seria o céo se lá não
tivessemos o Amor de uma Mãe"
Sim, amemos a Maria com amor fiUal e Ella será a ga­
rantia mais forte de nossa perseverança final.
Uma pobre :Missionaria, que tudo deve ao Coração de
.Maria nossa Mãe, riqueza e guia.
20-8-1933.
Anno Santo.

Apologia de Nossa Senhora das Lagrimas.


Vou hoje apresentar-te, ou melhor entregar-te um tes­
temunho de meu grande amor ao commoventc titulo ele Nos­
so Senhora das Lagrimas. A este testemunho de men gran­
de· amor dou o nome de Ap,ologia de Nossa Senhora das La­
grimas.
Quem é esta que se apresentou a mim vestida de roxo,
coberta com um manto azul, mais a alvura de sua candura
a lhe cobrir o peito, trazendo nas mãos per-0las de alto pre­
ço? Esta, que assim se apresentou ornada com tão ricas rou­
pagens, trazia-me uma mensagem que Eu mesmo lhe ditára.
Filho, disse-me Ella sorrindo, vou entregar a um Pombal
amado de ti, o thesouro de minhas Lagrimas guardadas no
teu Divino Coração, para que, com a mansidão, as suas
pombas conquistem as turbas.
Maria desceu, e ao seu doce e m eigo sorriso dei o p'o­
dcr de fascinar as almas missionarias.
Quem é esta que appareceu em um simples altar vesti­
da de roxo coberta com um manto azul, tendo seu peito co­
berto com a alvura de sua propria pureza, e com um sorri­
so em seus labios, como que querendo a todos dizer: Vinde
buscar o thesouro e sereis felizes! Quem é esta? E' minha
:Mãe, é aquella que, p,or nove mezes, me trouxe no seu seió,
é aquella que com a sua pureza me alimentou e me guardou
na minha adolescenda.
/ 36 Glorias e Poder de N. Senbora das Lagrimas

E por que Ella se apresenta à uma Congregação nasci­


da hontem, quando existem tantas outras e tão ricas em
virtudes? Quaes as razões por que se dá este phenomeno di­
vino? A razão é porque Eu tenho sêde de almas e esta, abra­
zando-me o peito, me fez dizer a Margarida e tantas outras
almas amantes: Vêde como amo os homens e por elles sou
regeitado e ultrajado! Este é o motiv o porque fiz baixar 'ª
minha propria :Mãe a uma Congregação, que desde o berço
estava destinada á catechese do meu povo, deste povo, que
amo com tanto amor e amor infinito! Eis a razão de fazrr
baixar a este Pombal ainda em seu berço, minha Mãe que,
nas suas mãos, tem todos os meus thesouros, e mais os de
suas lagrimas de amor e de dôr, imagens vivas destes dois
élos que a fizeram viver e morrer.
Mas por- que fiz assim descer minha Mãe? Seria neces­
sario isto para o querido Pombal progredir? Não, porém
Eu, desejando exaltar minha Mãe e que todo o bem que eu
faço passe pelas suas mãos, não quiz que, nesta obra destina­
rla a fazer grandes cousas pela minha graça e por meu amor,
que minha Mãe deixasse de ser a portadora de meus favores a
esta geração bemdita, que destinada está, pela minha von ta­
de diviria, a fazer prodigios no meio das gentes e isto pela
minha graça e pelo meu amor.
Minha l\fãe assignalou a nossa obra com a sua presrn­
ça, dando-lhe a mercê de Eu poder chamar esta obra, obra
de predileção. Sim, i(mde Maria, minha Mãe se acha, ali
está o meu Coração de um mudo especial; purlaulo, esla ()}na
mariana é obra de predilccção de minha vontade divina.
que a idealisou e que minha Mãe, com a sua presença, a tor­
mm predilecta de meu Coração.
Minha Mãe, descendo ao Pombal querido, fez nelle um
throno, donde todos os dias chama os meus olhares com1)la­
centes, fazendo-me sobre elle derramar graças em profu­
são! Mas por que isto? Por que Ella assentando seu throno
nesta Congregação, ahi colloquei meu Coração. Mas porque
ahi Elia assentou o seu throno? Porque Ella, prescrutando o
meu ardente Coração, sentiu as suas palpitações, e viu que
ellas são aceleradas pela fome qu'e tenho de almas aposto­
las, de almas que, no seu esquecimento proprio, se ded:r­
quem á salvação de meu povo, que tanto necessita de luz
e conselho para trilhar o bom caminho. Eis, a causa pri­
mordial, pela qual minha Mãe desceu ao Pombal qu,erido.
Esta Mã.e acha-se no seu throno feito pela vossa correspon­
dencia, pois seus alicerces são feitos pela santa. humildade,
berço bemdito, onde as almas nascem para a santidade.
Maria, descendo ao Pombal, assegura, aos seus membros
e aos que a estes se associarem, graças de predilecção, por-
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 137

que como disse, onde está minha Mãe, está o meu Coração.
Porisso quem se abrigar aos muros deste Pombal, póde ficar
certo que terá por tecto o manto azul de Maria, que quer
dizer: protecção. Terá mais, terá como alimento os mereci­
mentos de suas grandes dores e como manjar de raro gosto
a sua pureza, que repartirá com amor, dando, como premio,
o thesouro bcmdito de suas lagrimas agraciadas com .valor
divino.
Sim, Maria descendo ao Pombal, garante aos seus mo­
radores e aos seus associados, isto é, aos seus cooperadores,
tudo quanto Ella trouxe de rico em sua missão. Ainda mais,
garante a essas felizes almas o meu Coração, dando-lhes o
seu proprio sorriso, que significa paz e alegria, o que nellas
fará germinar o desejo da santidade, para a qual chamo to­
dos os membros desta geração. E minha Mãe tendo o seu
throno nesta geração será cercada por esta phalange de al­
mas santas, que constituirão a sua mais tJella côrte, que
lhe entoará seus louvores, dizendo-lhe: "Salve, Mãe bemdita,
Nossa Senhora das Lagrimas; bemdita a hora em que des­
ceste ao Pombal querido, hora cm que lhe garantistes os
olhares complacentes 'do Divino Crucificado".
Sim, esla phalange de almas, cantará as glorias e os
triumphos daquella que chamais Nossa Senhora das La­
grimas, e que é minha 'Mãe amadissima.
Eis, a apologia simples e sublime de tua "Nossa Se­
nhora das Lagrimas".

O Cantico mais bello de minha Igreja é a


Vocacão
� Missionaria.

O Cantico mais bello.


Almas missionarias, vou hoje dizer-vos que não tenho
na minha Igreja cantico mais bello e que mais me encante
e me commova o Coração á compaixão do que a vossa vo­
. cação de apostolos !
Cantico sublime são as vossas fadigas em procura de al­
mas! Cantico sublime, quando deixas a sombra de vosso ni­
nho e ides á procura das almas, que vivem no mundo esque­
cidas de seus deveres religiosos! Cantico sublime é o officio
138 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrim,as

divino, quando recebeis por meu nome injurias, desprezos


e humilhações! Cantico sublime, quando vos despojaes de
vossas santas librés para envergardes outras, que vos faci­
litam a entrada nos lares, onde o santo Habito não póde en­
trar, porque é odiado do peccado!
O' Officio Divino, entre todos os que minha Igreja can­
ta, tu és o mais sublime, pois me arrebatas as almas do dra­
gão infernal! Oh I Cantico Divino, entoado por mim com
tanto amor, quando desci ao seio de Maria, Cantice Divino
cantado por minha vida de 33 annos, que no exílio passei,
e continuo hoje a receber estas melodias das almas missio­
narias, que na sua sêde, não se contentam com a oração é,
o sacrificio, mas percorrem as ruas e as cidades a procura
de corações para nelles Eu poder plenamente reinar!
Oh! Missionarias, o vosso cantico é o mais bello da San­
ta Igreja e em Yerdade vos digo que não ha officio mais di­
vino ·do que preparar-me corações, onde Eu possa reinar!
Amo as esposas que vivem nos claustros, porém as que
se entregam a Mim, como apostolas, diviniso seus actos,
e os seus claustros são as ternuras de meu Cor:ação, porque,
estas, não medindo sacrificos, se entregam a minha miscri­
cordia, a qual as toma para suas piedosas exigencias.
Missionarias, entoae os vossos Canticos de Amor, aman­
do a vossa vocação, porque ella é officio do proprio Deus.
Sim, o l\feu officio é salvar e santificar; é este tambem o
vosso, salvar e santificar-vos; pois em verdade vos declaro
que, á medida que entoardes o vosso Cantico, com esta mes­
ma medida vos darei o meu Coração, que cm vós confia pa­
ra salvar as almas.
Sublime, divino é o vosso Cantico, o voss•o officio, por­
que este é o meu officio, o meu Cantico - Salvar almas.
Oh! O Sitio divino seja por vós saciado pela vossa vo­
cação, que constituc na minha Igreja o Cantico mais nobre
.e mais dh ino, pois é este o meu Cantico: Sitio, Sitio .
1

Os meus olhos inclinados.

Vou hoje explicar-te qual o motivo porque me apresen­


tei ao Pombal amado com os meus olhos inclinados. Pinto­
res inspirados me gravaram nas telas, volvendo os meus olha­
res para o alto, quando desejaram cantar as glorias de minha
lmmaculada Conceição.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 139

As glorias de minha Immaculada Conceição pertencem


ao Altíssimo, que gratuitamente me favoreceu com tão glo­
riosas prerogativas, portanto, volvendo. Eu os meus olhares
para o alto significain o cantico de acção de graças, que,
todos o.s dias dou ao meu Deus, por ter-me enriquecido com
tal previlegio.
O que significará, porém, os meus olhares inclinados na
apparição, em que vos entreguei minhas lagrimas bemditas?
Estes olhares significam a minha compaixão sobre a
humanidade. trazendo nas mãos o thesouro de minhas La­
grimas. Inciinei-me sobre a humanidade para todos pode­
rem contemplar a minha imagem que, por meus olhos in­
clinados, lhes dirá que sempre Eu desci do céo para tra­
zer-lhe um lenitivo a seus males, pois os meus olho.s constan­
temente estão voltados para suas penas e afflicçõcs, umn
vez que saibam pedir ao meu Filho pelas Lagrimas que der­
ramei.
Quando o rico dá a esmola ao pobre e ao mesmo tem­
po lhe lança um olhar de compaixão e de carinho, este se,
retira confortado na sua dôr moral. Oh! Eu tambem sou a
rica dos favores celestiaes, os pobres são os peccadores e
os que querem a perfeição; portanto, quando, estes chegam
aos pés de minha imagem, vêm que os fito com olhares de
compaixão e de carinho.
Se os esculptores pudessem esculpir estes olhares, se­
riam elles os primeiros a morrer de amor. O homem não é
capaz de traduzir a compaixão e a suavidade de meus olha­
res, podem, porém, imital-os, ainda que de longe, para que
os homens se aproximando de minha imagem, tenham uma
p,allida idéa da realidade de minha maternal solicitude.
Quanto vale o olhar carinhoso e solicito de uma Mãe
sobre seus filhos! Estes olhares representam carinho, ahhe­
gação e solicitude. Olhando é que se vêm os erros dos fi­
lhos; olhando se lhes pode mostrar o amor e affeição, por­
que o olhar é o transmissor das alegrias e das tristezas. O
olhar de uma mãe sobre seus filhos representa o pbarol, que
conduz á patria amada. E se esta mãe os olha com os olhos da
alma e de uma alma pura, é ella norteada pelo amor divino.
Porisso os meus olhos inclinados, quando entreguei a mi­
nha Corôa, são o pharol de meus filhos e de todos que quize-.
rem honrar-me em minhas Lagrimas. Sim, onde se rezar a Co­
rôa de minhas Lagrimas, ahi estarão os meus olhos, como
a lhes apontar o céo, a patria querida.
Onde se recitar com amor estas jaculatorias de minha
Corôa, ahi estarei como Mãe solicita, a lhes apontar os er­
ros, a os convidar á virtude e a lhes mostrar o Coração de.
meu Filho amado.
110 Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas

Sim, onde reinar a minha imagem, onde fôr introduzida


esta imagem querida, que tem tão alto significado, os meus
olhares cabril-os-ão de graças de alto preço, dando-lhe já
nesta vida a experimentar a minha protecção consoladora.
Vê, como n a apparição, em que trazia o meu thesouro,
tudo tem significado.
A inclinação de meus olhos representa bem a mi­
nha compaixão pelos filhos do exi]io, que constantemente os
contemplo e os convido a virem a mim, dizendo-lhes: Vinde
buscar as minhas Lagrimas, porque ellas saciar-vos-ão a sê­
de e a fome, perfumando-vos e predispondo-vos para rece­
berdes as mercês de Jesus Crucificado.
Sim, os meus olhos inclinados são o chamar constante
de meus filhos ao meu regaço. São estes olhares a suavíssi­
ma harpa que convida, que fascina os peccadorcs e os con­
verte para' o Coração de Jesus Crucificado.
Ahi tens a explicação porque nesta apparição inclinei
meus olhos sobre a humanidade, que desejo se converta e se
salve attrahida pelos meus olhares, que são de Mãe com­
placente, doce e cheia de misericordia, que deseja arden­
temente agasalhar a todos debaixo de meu manto azul.

A MARIA, NOSS-A MÃE

Somos vossas filhas, ó Maria, por isso com prazer vos


chamamos Mãe, nossa Mãe.
Dae-nos, ó :Mãe querida, vossas lagrimas bemditas co­
mo orvalho preciosissimo, para vos entregarmos os nossos
corações, os quaes offertareis a Jesus, vosso Divino Filho,
que por nós morreu em dura Cruz.
O' Mãe bemdita, Senhora das Lagrimas, vossas filhas,
com amor, vos saúdam; neste dia, dae-nos o vosso amor pa­
ra podermos amar a Jesus.
Virgem Santa, lirio de pureza, dae-nos a vossc1 hençam,
e alegres cantaremos as vossas mercês.
Somos vossas filhas, com amor vos supplicamos, lcvae­
nos a .Tesus, que é todo amor e misericordia.
Cantemos todas com alegria, Maria é nossa Mãe, que é
todo 1amor.
Cantemos todas a porfia: l\faria é nossa Mãe.
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagri111as 141

As Lagrimas de Maria na Salva Divina.


Padre Eterno, no divino Rosto ele v-osso Filho, no
qual dissestes que tinheis posto as vossas complacencias,
vos apresento as Lagrimas de ·Maria 0 vossa dilectissima Fi­
lha.
Confiando nos inefaveis merecimentos dessas bemditas
Lagrimas de dôr e por amor, eu vos supplico: Recebei, Se­
nhor, esta valiosíssima offerta, que ora vos foço, pedindo­
vos humildemente, que, pelo seu immcnso valor, me conce­
daes a graça de ...
Tres vezes: Meu Senhor e meu Deus, velas Iagrimas de
Maria, derramadas sobre o vosso divino Bosto, ouvi os nos­
sos rogos.

ESCRAVAS DE MARlA
Offcrecimenfo

Dulcissima Rainha, Mãe nossa, hoje que temos a ven­


tura de vos corôar como Rainha e Soberan'.a de nossa hu-­
milde Congregação, prostrada ante o Yosso altar, vos que­
remos homenagear entregando-vos o que nos é mais caro:
� nossa liberdade. Queremos, ó Rainha dulcíssima, por nos­
sa livre e expontanea vontade nos entregar como escravas
vossas, porque sendo vossas, somos· de vosso amado Filho,
nosso Esposo, a quem juramos fidelidade eterna.
Sim, o dulcisima Rainha, Mãe amavel, bemdita entre
todas as mulheres, como escravas nada vos pedimos; podeis
dispôr de nós como vos agradar. Escravas qde somos, nós
não esperamos ser remuneradas: todo prazer para vós e na­
da para nós.
Sim, ó :Mãe dulcíssima, tudo o que é nosso é vosso: por
amor sómente é que vos desejamos servir.
Dia venturoso para as nossas almas este, em que temos
a felicidade inaudita de nos entregarmos a vós sem reserva,
sem nada esperarmos a não ser loncamenle amar-vos e por
amor de vós soffrer todas as contrariedades da vida e nun­
ca contarmos ser alliviadas neste valle de prantos, mas sim,
á vossa imitação, repetir: - As.sim como minha Mãe subiu
142 <rlorias e Poder de N. Sen.bora das Lagrimas

o caminho do Calvario, cu tambem devo subil-o com gene­


rosidade e sem nada esperar. Fazer tudo, ó minha :Mãe, por
amor, eis a perfeição á qual devo aspirar constantemente.
Quem consolação ainda espera, está no numero das almas
fracas!
O' minha Mãe, dae-me a loucura da Cruz! A' vossa imita­
ção quero subir o caminho do Calvario. Neste dia tão ventu­
roso, eu me entrego como vossa escrava, dae-me a graça de
vos amar sem medida e sem nada esperar.
Louvor e gloria sejam dados ao Deus das Misericordias.

OFFERECIMENTO DIA.RIO DAS ESCRAVAS DE l\IARIA

Lembrac-vos, ó 1\-Iãc querida, que sou vossa escrava, es­


crava que só aspira dar-vos prazer e contentar o vosso mag­
nanimo coração.
Renovando nesta hora o. meu offerecimento de escrava,
quero lembrar-me o dever que tenho de vos ser fiel até a
morte.

FOR�HJLA PARA 0<->VOTO HEnOICO E11 FAVOR DOS


AGONIZANTES

Dulcissimo Jesus Crucificado, que de vossa santissim.�


bocca deixastes sahir esta commovedora supplica - "Te­
nho sêde" - meditando profundamente nesta vossa sêde,
senti a necessidade de proporcionar-vos um refrigério pa­
ra vossos labios resequidos.
Porisso apesar da minha nullidadc, pelas mãos purissi­
mas de Maria e cm união com os merecimentos desta bem­
dita :Mãe, depois de purificar no vosso Sangue divino quan­
to possa fazer de meritorio neste exilio e quanto me derem,
tudo isso eu vol-o entrego em favor dos pobres peccadores
em sua ultima hora.
Recebe'i-a, c\ementissimo Jesus, minha pobre esmola
e dae-me vós os vossos merecimentos para a salvaçã,q <;le
Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas 143

minha alma, que de hoje cm tlianlc vol-a entrego, pelas mãos


de Maria!
Meu Jesus Crucificado, pelas lagrimas de vossa terna
Mãe, salvae os pobres peccadores em sua ultima hora, to­
cando-os com a vossa misericordia. Fazei com que eu seja
missionaria daquelles que agonizam para que nenhum del­
les se perca.
Acceitae minhas pobres esmolas por todos elles sem ex­
cepção, o que de coração vos supplico pelo amor que con-,
sagraes á vossa Mãe Santissima. Assim seja.

Oração pelo clero.

Deixae, ó Jesus, que em vosso Coração Eucharistico,


deposite as nossas mais ardentes preces pelo nosso clero.
Multiplicae as vocações sacerdotaes na nossa patria; at­
trahi ao vosso altar os filhos. do nosso Brasil; chama e-os
c-om insistencia para vosso ministerio.
Conservãe, na perfeita fidelidade ao vosso serviço, aquel­
les a quem já chamastes para tão alta dignidade; afervorae­
os, purificae-os, santificae-os, não permittindo que se afas­
tem do espírito da vossa Igreja.
Não consintaes, ó Jesus, nós vos supplicamos, que de­
baixo do céo brasileiro, sejam, por mãos indignas, profa­
nados os vossos mysterios de amor.
Tambem vos pedimos com instancia: deixae que a mi­
sericordia de vosso Coração vença a vossa justiça divina
em favor daquelles que recusaram a honra da vocação sa­
cerdotal, ou desertaram das fileiras sagradas!
Que os nossos sacerdotes, pela sua sciencia, sejam ver­
dadeira luz para as nossas almas, e que pelo seu zelo sejam
sal vivo para os nossos corações sequiosos de virtude.
Attendei, ó Jesus, a esta insistente oração que fazemos
cm favor do clero, apresentando para isso o valor das bem­
ditas Lagrimas de Maria Santissima, Mãe dos sacerdotes.
O' :Maria, ao vosso Coração confiam-os o nosso clero;
guiae-o, protegei-o, salvae-o para honra de vosso divino Fi­
lho e proveito das almas regeneradas pelo seu precioso san­
gue.
144 Glorias e Poder de N. Senbora das l,agrimas

O THESOt1HO DO INSTITUTO DAS MISSIONARIAS


DE JESUS CRUCIFICADO

A mais rica joia desse Thesouro é certamente a devo­


ção a N. Senhora das Lagrimas, de modo particular tradu­
zida na sua Corôa.
Innumeras graças espirituaes e temporaes têm sid0
alcançadas pelos devotos com a Corôa de N. Sra. das La­
grimas.
Podemos garantir que centenas de milhares de exem­
plares explicando a corôa já foram impressos e reimpressos
em sete línguas, distribuídos pelo mundo.
E' muito salutar a formação da Arca da Salvação, que
consiste em combinarem trinta familias, rezando, por amor,
cada uma a üorôa no seu dia escolhido no mez. sendo pos­
sivel ás 7 horas da noite, a Hora de Maria, hora de sua :�o ...
Ir d ade.
:Muitas graças alcançariio os devotos de N. Senhora,
que as.sim honrarem suas bemditas lagrimas.
Attestamos que milhares . de familias já estão nessa
Arca berndita, rezando pela sua santificação e salvação do
mundo.
Outra joia não menos preciosa possue. o Instituto em
sua milagrosa medalha de N. S. elas Lagrimas.
Em tres annos, cerca de 2-80 mil medalhas foram pro­
cur,: das pelos fieis. Attestados, com toda autoridade, es­
tão guardados no Instituto, narrando innumeras graças al­
cançadas tambem pelos que devotamente trazem essa me­
dalha.
Em vista <lo extraordinario desenvolvimento (kssas de­
voções_ -o Instituto organisou uma secção especial de pro­
paganda, onde se encontram crucifixos, as corôas brancas,
as medalhas, os cartões azues para inscripção na Arca, folhi­
nhas com jaculatorias da Corôa, Santinhos espcciaes e de N.
Sra. das Lagrimas, Imagens de tres tamanhos de N. S. das
Lagrimas e Jesus 1\fanietado, Manual de N. S. das Lagrimas
para. os seus devotos. Directorio para a visita domiciliaria
de N. S. das Lagrimas. Fachos de Luz, Licções de Jesus
Victima e Glorias e Poder de N. S. das Lagrimas, livros in­
tercsantes pela sua doutrina piedosa e instructiva.
Esses objeclos lodos, a preços de propaganda, são re­
rne'ttidos pela Irmã encaregada no Instituto.
Para quantidade ha grande reducção nos preços. Pe­
çam informações ao Instituto das Missionarias de Jesus
Glorias e Poder de N. Senbora das l.agrimas 145

Crucificado, que, fundado ha seis annos apenas, já conta


com 200 missionarias e onze casas todas em grande activi­
dade pelos interesses de Deus, pelas glorias de Maria e da
Igreja e pela conversão dos peccadores.
O Instituto publica a revista "Missionaria de .T csus
Crucificado" completa e unica no genero, cuidando da as­
cctica, da mystica, do catecismo: da historia, da apologia
e da acção catholica das missionarias.
Qualquer informação seja pedida á Madre da Casa :\fãc
elo Instituto. Campinas. Esla<lo de S. Paulo, sempre aberta
a receber piedosas jovens, que, com Jesus Crucificado e
N. S. das Lagrimas, queiram como Missionarias trabalhnr
no santo apostolado do mesmo.

Disponibilizado em:

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