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0 Santo

Sacrifício.
A Missa
Católica

E D IT O R A VO ZES LTDA.
Missa "como de costume"
no mundo inteiro
Era vários dias antes escutar. Não sou um pre­
da Páscoa. Um repórter gador eloquente, e o nos­
de jornal estava visitan­ so côro não pode compe­
do, nos Estados Unidos, tir com os que êles podem
os pastores de várias ouvir pelo rádio”, respon­
Igrejas, colhendo notícias deu o padre. “Vêm pa­
sobre o tipo de cerimónia ra oferecerem sacrifício a
religiosa que cada Pastor Deus, para oferecerem co­
planejara para o Domin­ migo o sacrifício que Cris­
go de Páscoa na sua to mandou que oferecêsse­
igreja. mos. Não posso variar ês-
Mas, quando êle se sen­ se programa.
tou no gabinete do padre cató­ “Mas isto evidentemente soa
lico, parou tomando notas. Em como novidade para o senhor.
resposta à sua pergunta: “Que Por que não vem à Missa algu­
programa está o sr. planejando mas vêzes? Qualquer um é bem
para a Páscoa?”, o padre lhe dis­ recebido”.
se: “O mesmo programa que Je­ “Obrigado, Padre”, respondeu o
sus Cristo nos deu há quase 2.000 repórter, “penso vir”.
uios — o Sacrifício da Missa. “Bem, — disse o padre, entre­
\ mesma cerimónia religiosa a gando ao repórter um folheto, —
jue o sr. pode assistir tôdas as se vier, leia isto. Obterá mais da
nanhãs na Igreja Católica no Missa se souber o que esperar
nundo inteiro. Êle tem prosse­ dela”.
guido desde a Última Ceia”. E’ êste um bom conselho pa­
“Por isto pode o sr. pôr no ra qualquer acatólico que assiste
seu jornal: Na Igreja Católica à Missa pela primeira vez. Por­
laverá Missa como de costume”. quanto êle achará essa cerimónia
“Mas — perguntou o repór­ religiosa diferente de qualquer
ter — como é que o Sr. man­ coisa com que êle esteja fami­
tém o seu povo vindo Domingo
liarizado ou que já tenha ob­
após Domingo, se o sr. não va­
servado.
ria o programa?”
O ser ela chamada “a Missa”
O Santo Sacrifício será de pouco auxílio. Esta for­
ma do vocábulo latino “missa”
“Êles não vêm apenas para me não é descritiva da cerimónia, que
VOZES N. 40 - 1
sempre ficou sendo substancial­ O acatólico achará a resposta
mente a mesma. Os cristãos pri­ na sua Escritura, pois nela po­
mitivos usavam outros nomes: a de ler o que Cristo fêz na ú l­
Fração do Pão, a Ceia do Se­ tima Ceia e o que nos mandou
nhor, a Eucaristia (ação de gra­ fazer (Mt 26, 26-28; Mc 14,
ças), ou simplesmente: o Sacri­ 22-24; e Lc 22, 19-20).
fício. O têrmo “Missa” foi usa­ Foi na Última Ceia que Cris­
do desde o século quarto, e gra­ to começou a Missa. Depois de
dualmente suplantou êsses ou­ comer com seus Apóstolos, to­
tros nomes. Foi tirado das pa­ mou nas mãos o pão, benzeu-o
lavras com que o sacerdote des­ e disse: “Isto é meu corpo”. De­
pede o povo no encerramento da pois tomou uma taça de vinho,
cerimónia: “Ite, missa est”, que­ benzeu-a e disse: “Isto é meu
rendo dizer: “Ide, é a despedida”. sangue do Nôvo Testamento que
E a cerimonia tôda veio a ser será derramado por amor de mui­
chamada “Missa”. tos, para a remissão dos pecados”.
Que significa ela? Para além do poder humano
Quer assista à Missa numa ca­ Ora, quando Cristo disse essas
tedral quer numa pequena igre­ coisas, quis dizer precisamente o
ja, quer a Missa seja oferecida que dizia. Tomou pão da mesa
num altar arranjado num apo­ e disse: “Isto é meu corpo”; e,
sento particular, quer no passa­ quando acabou de dizer estas pa­
diço de um cruzador no mar, a lavras, aquilo que tinha sido pão
média dos acatólicos acha a ceri­ já não era mais pão, e sim o
mónia desconcertante. A sua curio­ seu corpo. Foi o seu poder divino
sidade é geralmente despertada. que, enquanto êle dizia essas pa­
Por que razão usa o sacerdote lavras, converteu o pão no seu
as vestes que usa? Por que ra­ corpo. E, quando êle tomou a ta­
zão dá as costas para o povo ça de vinho e disse: “Isto é meu
durante tão grande parte da ce­ sangue”, converteu o vinho no seu
rimónia? Que é que êle está di­ sangue.
zendo? Para que velas? Que livro Com as palavras: “Fazei isto
é aquêle onde êle lê e que é le­ em memória de mim”, êle man­
vado de um lado para outro do dou que os Apóstolos fizessem e
altar várias vêzes? continuassem fazendo o que êle
Estas e muitas outras pergun­ acabava de fazer. Para qualquer
tas embaraçam o acatólico, e ca­ poder humano isso é impossível.
da uma dessas perguntas tem Portanto, aparente é que, quando
uma resposta razoável — uma res­ lhes deu êsse claro mandamento,
posta simples. Porém a questão Cristo também lhes deu o poder
mais importante é: Para que aqui de obedecerem a êsse mandamen­
estão o sacerdote e o povo? — to. Deu aos Apóstolos e aos seus
que é que estão fazendo? — por sucessores êsse misterioso poder
que o estão fazendo? de converterem pão e vinho no
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seu corpo e no seu sangue. Assim, A última Ceia
quando um sacerdote diz Missa, Quando as palavras de Cristo
dc acordo com o que Nosso Se­ na Última Ceia são repetidas
nhor mandou, ele simplesmente pelo sacerdote na Missa, o pró­
repete o que Nosso Senhor disse
prio Cristo está presente — ofe-
e fêz na Última Ceia. E, quan­
rece-se então a si mesmo como
do êle repete as palavras “Isto
um sacrifício, com o mesmo ofe­
é meu corpo”. . . “Isto é meu
recimento que êle fêz de si na
san gue”, o pão e o vinho são
cruz. Isto verdadeiramente está
transformados, pelo poder divino
além do poder humano de com­
de Cristo, no corpo e no sangue
preensão, mas os fatos são sim­
de Cristo. Quando essas palavras
ples. A Missa é o sacrifício do
são ditas, já não há mais pão e
Calvário renovado por Cristo por
vinho no altar, e sim somente o
mediação do ministério dos seus
corpo e o sangue de Cristo. Isto
sacerdotes escolhidos, oferecido no
é feito não mediante o poder do
nosso meio, e oferecido de tal mo­
sacerdote, porém mediante o po­
do que nós podemos tomar par­
der de Deus.
te nêle e oferecê-lo a Deus como
O corpo de Cristo, ora tornado
nosso próprio sacrifício.
imortal, é um corpo vivo; por isto,
deve ser no seu corpo vivo que E* isto o que os católicos, sa­
o pão é transformado. E, onde cerdotes e povo, fazem na Missa.
está o seu corpo vivo, está tam­ E é por isto que os católicos es­
bém a sua alma humana e a tão sempre “correndo para a igre­
Pessoa divina a que ela perten­ ja”. Êste é o programa de cul­
ce. De fato, é Cristo todo e in­ to católico que nunca muda.
teiro, verdadeiro Deus e verdadei­ A pregação, que explica a ver­
ro homem, que está presente sob dade de Deus, é necessária. O
a aparência do pão. Não pode ha­ canto de hinos e a música religio­
v er separação real do seu corpo sa honram a Deus e inspiram o
imortal com o seu sangue. Êle culto. Mas êstes são secundários
derramou o seu sangue uma vez no culto católico. Mesmo sem ser­
n a cruz, mas isso nunca pode ser mão ou sem côro, os católicos
repetido. Portanto, Cristo todo oferecem a Deus o culto mais
e inteiro, corpo e sangue, alma aceitável quando lhe oferecem,
e divindade, está presente tam­ com Cristo, o Sacrifício da Missa.
bém sob a aparência do vinho.

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^^oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
Todo dia é Dia de Comemoração
na Igreja Católica

Surpreendeu ao repórter o sa­ mim”. Fazei isto como uma co­


ber que havia Missa todos os memoração de mim — como uma
dias na Igreja C atólica.. . que comemoração da minha morte.
ela é celebrada em cada igreja Os católicos fazem na Missa o
que tem' pastor residente.. . que que Cristo fêz na última Ceia. Re­
a Missa é oferecida cada minuto produzem, proclamam e repre­
do dia e da noite no mundo in­ sentam a morte do Senhor, con­
teiro. forme êle mandou. Isto conti­
Êle não podia compreender por nuará para sempre “até que êle
que razão os católicos tomavam venha” a julgar o mundo — até
tão a sério êste assunto da Úl­ o fim dos tempos.
tima Ceia. Mas logo o descobriu.
De acordo com o dicionário,
No seu Nôvo Testamento, achou uma comemoração ou memorial
S. Paulo dizendo: “Pois eu mes­ é algo que serve para preservar
mo recebi do Senhor (o que tam­ a memória de uma pessoa ou de
bém vos transmiti) que o Senhor um acontecimento. Pode ser um
Jesus, na noite em que era traí­ monumento ou uma prática. N a
do, tomou o pão e, dando gra­
Última Ceia, Cristo claramente
ças, partiu-o e disse: “Recebei e
instituiu uma prática que evo­
comei: isto é meu corpo que será
casse e preservasse a memória
entregue por amor de vós; fazei
da sua morte em todos os tempos.
isto em memória de mim”. Se­
melhantemente também o cálice Tomando pão, disse: Isto é
depois de haver ceado, dizendo: meu corpo que será entregue (à
“Êste cálice é o nôvo testamen­ m orte) por amor de v ó s . . . ” e,
to em meu sangue; fazei isto, tomando o cálice de vinho: “Isto
todas as vêzes que o beberdes, é meu sangue que será derraman­
em memória de mim. Porquan­ do por amor de vós”. Na véspe­
to, todas as vêzes que comerdes ra da sua morte, êle estava re­
êste pão e beberdes o cálice, presentando o seu corpo e o seu
anunciareis a morte do Senhor, sangue como já separados na
até que êle venha” (1 Cor 11, morte, e as suas palavras e fe ­
23-26). tuaram aquilo que tão claramente
exprimiam. A Deus nada é im ­
Como Cristo manda possível.
Leu outra vez as palavras de Quando êle falou, a tragédia da
Cristo na Última Ceia (Lc 22, sua morte na cruz já começara.
1 9 ): “Fazei isto em memória de Lá fora, o traidor Judas estava
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tramando a sua traição, e esta­ Temos também uma comemo­
va-se formando a companhia que ração dos seus sofrimentos, que
em breve devia marchar para ir acompanharam a efusão do seu
prendê-lo. Era um fato real que sangue. Os seus sofrimentos men­
a sua paixão e morte estavam tais êle os tornou conhecidos pe­
iminentes. E' impossível crer que las palavras: “Minha alma está
ele tenha falado do pão como de triste até à morte”. Os seus so­
uma figura do seu corpo. Não frimentos físicos, provenientes da
foi uma figura do seu corpo que flagelação, dos espinhos enfiados
foi oferecida na cruz pela Re­ na cabeça, dos cravos enterrados
denção do mundo, mas sim o seu nas mãos e pés, da sua dolorosa
corpo real. E êle declarou en- posição na cruz — todos êles sig­
fàticamente que aquilo que êle nificavam tormento físico e dor
dava aos Apóstolos era o seu intensa. Êsses sofrimentos tam­
mesmo e idêntico corpo. O seu bém são rememorados quando
ato de sacrifício era efetuado por “anunciamos a morte do Senhor,
meio do seu corpo, e estava à até que êle venha”.
mão a hora em que o seu corpo
e o seu sangue seriam separados O amor de Cristo
na cruz. Para capacitar a mente Quando estamos presentes à
dos Apóstolos do grande valor Missa, e quando então a morte
que para êles tinham o seu corpo e os sofrimentos de Cristo são
e o seu sangue, Jesus falou do representados para nós, somos
sacrifício em que êsse corpo e ês- lembrados não só das circunstân­
se sangue teriam parte tão im­ cias exteriores da sua morte, co­
portante. mo também do amor que a mo­
tivou e a explica. Recordamos o
O Corpo e o Sangue seu amor a seu Pai Celestial,
Convertendo separadamente o amor que era a mola principal
pão em seu corpo e o vinho em de tôda a sua atividade, e es­
seu sangue, êle vivamente repre­ pecialmente da aceitação da sua
sentou a sua morte iminente. morte: “Para que o mundo saiba
Jesus morreu de perda de san­ que eu amo o Pai, e, assim como
gue e da exaustão que se lhe o Pai me mandou, assim eu faço”.
seguiu. Literalmente êle sangrou Semelhantemente, o seu amor à
até à morte, na cruz. E, por oca­ humanidade — aos homens peca­
sião da morte, seu sangue foi se­ dores. Disse êle: “Maior amor do
parado do seu corpo. que êste ninguém tem, do que
Quando estas palavras são re­ dar a sua vida pelo seu amigo”.
petidas na Missa, e o pão e o Êsse desconcertante amor a nós
vinho são separadamente conver­ é que nós proclamamos quando
tidos no corpo e no sangue do Se­ a morte do Senhor é representa­
nhor, nós também temos uma vi­ da na Missa.
va representação e comemoração O católico, na Missa, remonta,
da sua miorte. em espírito, até ao Calvário, cuja
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Zodos nós precisamos de religião. . .
e de um Sacrifício
- "!s
w
Quando viu que os ca­ animais, e até mesmo sê-
tólicos se reúnem na Mis- „ Ri 'l;' i! res humanos. Tais cerimô-
sa para um fim outro nias, êle o sabia, eram
que o de escutar um ser­ pagãs.
mão, cantar hinos e re­ J íílS fâ '-' Mas não havia nada
citar orações juntos, o § ® s de mágico ou de gros-
repórter deu-se conta de seiro no caso dos católi-
que a Missa não era me­ cos que êle via na igre­
ramente uma reunião de ja — e, no entanto, eles
oração. ali estavam para ofere­
Ficou também sabendo cerem um sacrifício.
|ue a Missa não era mera- Razão para o Sacrifício
nente uma cerimónia de Co­
O repórter tinha razão: os ca­
munhão. .. que havia nela mais
tólicos oferecem realmente um
do que simplesmente receber a
sacrifício como o mais alto tri­
Sagrada Comunhão. Por isto
buto que possam prestar a Deus.
decidiu examinar o que era que
E boa razão têm para assim fa­
os católicos entendiam por “sa­
zerem: crêem em Deus — seu
crifício”. E de repente verifi­
Criador.
cou que êste implicava uma
Quando um escultor toma um
forte mudança na sua compre­
bloco de mármore e o transforma
ensão da religião.
numa bela estátua, produz algo de
A menção de “sacrifício” sem­ nôvo. Todavia êle não é um cria­
pre lhe despertara na mente ideias dor, porque o mármore que êle
de gente grosseira a oferecer aos usou já estava em existência. Se
seus deuses, com cerimonial mis­ êle fôsse capaz de produzir não
terioso, coisas tais como frutos, só a forma da estátua, mas tam-

lembrança a Missa preserva. va os fatos importantes que traz


Mas, assim como a Última Ceia à mente. Como sacrifício, nós to­
foi mais do que um memorial, mamos parte nêle, como o fize­
assim também a Missa não é ape­ ram os Apóstolos na Última
nas um memorial — é um sacri­ Ceia.
fício. Como memorial, ela preser­
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bém o próprio mármore, então ligião é para o homem matéria
a estátua seria verdadeiramente da mais estrita obrigação. Con­
criação sua. siste ela no livre e prático reco­
Nós somos as criaturas — a nhecimento, pelo homem, da sua
criação de Deus. Somos totalmen­ dependência para com Deus. Êste
te dependentes de Deus para tu­ reconhecimento da própria depen­
do o que somos ou esperamos dência é característico de todo
ser. Quase todos e cada um de ato religioso. Quer adoremos a
nós temos visto os frágeis come­ Deus, quer lhe agradeçamos os
ços da vida humana numa cri­ benefícios recebidos, quer implo­
ança recém-nascida. Introduzida remos o seu auxílio, quer peça­
na existência sem ter sido con­ mos o seu perdão, com isso esta­
sultada sôbre isso, ela começa a mos sempre reconhecendo-nos su­
sua carreira num estado de com­ jeitos à sua autoridade e depen­
pleta destituição e dependência. dentes da sua bondade.
Recebeu de outros a sua vida, e
de outros deve depender para Um homem só é verdadeira­
a continuação dela. E* tão de­ mente religioso na medida em que
pendente do amoroso cuidado de livremente submete a sua mente
seus pais, ou de outros que fa­ e a sua vontade à suprema au­
zem as vêzes dêstes, que, privada toridade de Deus. Em consequên­
dele, a sua tenra vida não tar­ cia desta submissão, êle põe
daria a extinguir-se. sua vida em acordo com o piai
De maneira algo semelhante, de Deus a seu respeito. E es
nós, como criaturas, dependemos submissão a Deus, submissão q
do nosso Criador. Mas a nossa acha expressão prática na vid
dependência é muito mais abso­ humana, é matéria da mais es­
luta e completa. E* uma depen­ trita obrigação. E* matéria de
dência que se estende a tudo o justiça, dando ao Criador aqui­
que somos e temos e somos ca­ lo que lhe é devido. Qualquer coisa
pazes de realizar. Somos devedo­ menos seria desonesto, desleal e
res a Deus da nossa existência, injusto. Porquanto, se Deus é o
do nosso corpo e da nossa mente, Criador do homem e nós depen­
das oportunidades de revigorar­ demos dêle para tudo o que so­
mos um e de melhorarmos a ou­ mos e temos, o senso comum exi­
tra, do fato de sermos sustenta­ ge que reconheçamos esta depen­
dos em todos os momentos da dência e guiemos a nossa con­
nossa vida e em cada ação que duta de acordo com a vontade
praticamos. Somos totalmente de­ de Deus.
pendentes do Deus que nos criou A dependência do homem para
— somos propriedade sua. com Deus necessàriamente dá ori­
gem a certos deveres que temos
Necessidade da religião para com êle. Dependendo de Deus
Por causa dessa completa e ab­ como do nosso soberano Senhor,
soluta dependência é que a re­ do nosso benfeitor, da fonte da
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nossa existência, devemos-lhe obe­ v e ito disso. Antes, o culto é ne­
diência, gratidão, amor e respei­ cessário porque Deus é digno
to. De nós é requerida um a cer­ d ê le e, daí, dever êle ser-lhe tri­
ta presteza em cumprirmos es­ butado pelas suas criaturas. “Sois
sas obrigações — uma disposição d ign o, ó Senhor nosso Deus”, es­
de mente e de coração que nos creveu S. João, “de receber gló­
prontifica a agir em acôrdo com r i a e honra e poder: pois crias­
as nossas várias relações com t e s tôdas as coisas, e para vós
Deus. e la s existem e foram criadas”.
Culto e Virtude O culto é natural
Assim a religião, retamente E* impossível divorciar as prá­
compreendida, não consiste me­ t ic a s religiosas externas das inter­
ramente em sentir, como tantos n a s . E 1contrário à nossa natureza,
falsamente o supõem, nem ex­ n a qual o corpo e o espírito estão
clusivamente em conhecer e crer, m isturados. Nós não podemos es­
nas envolve todos êsses elemen- t a r alegres ou tristes, amar ou
)s, e acha expressão própria od iar, sem darmos algum sinal
uma vida humana caracteriza- externo daquilo que se está pas­
£ pelo culto de Deus e pela sando no santuário dos nossos
irtude. __ corações. Um mero pensamento
Quando a verdadeira religião o u um simples desejo pode ser
toma forma na vida humana, é ocultado do ôlho humano, mas
determinada pelos deveres que todo ato interno que excita o afe­
temos para com Deus. Ê stes in­ t o humano recebe espontâneamen­
cluem a veneração de D eus como t e expressão externa. Os que di­
Ser Supremo, a oração n as suas zem que se satisfazem com o cul­
várias formas, a fé, a esperan­ t o do coração e do espírito não
ça e o amor para com D eu s, e aparentam prestar lá muito cul­
especialmente a adoração e o sa­ t o . E menosprezam os atos ex­
crifício. tern os de religião que o próprio
Ações tais podem ser os afetos D eu s indicou.
não falados do coração e os pen­
samentos da mente. Ora, podem Da mesma sorte, o homem vive
êles ser expressos externamente com os seus semelhantes, e na­
e traduzidos em várias ações re­ turalm ente adora a Deus com
ligiosas. fiste último ponto é im­ ê le s. Esta adoração pública exi­
portante, porque algumas pessoas g e , por sua própria natureza,
pensam que Deus se satisfaz com c e rta s cerimónias externas pelas
o coração, e não necessita ou q u a is todos podem agir juntos e
não faz caso da nossa m anifes­ assim prestar tributo ao seu Cria­
tação externa de sentimento re­ dor. A forma mais distintiva da
ligioso. adoração é o sacrifício. E o ho­
A necessidade do culto d e Deus m em escolhido para agir em nome
não significa que Deus tir e pro­ d e todos no oferecimento do sa­

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crifício é comumente chamado faremos, seremos obedientes” (Êx
sacerdote. 24, 7). Estas palavras indicam
Sacrifício é um ato pelo qual as disposições de mente e de co­
nós exprimimos a nossa suma ração que o povo exprimiu em
adoração a Deus. E* um ato re­ assistindo ao sacrifício imediata­
servado só para Deus. Não é ape­ mente após lhes haver Deus dado
nas uma oração interna do co­ a sua lei. O sacrifício dêles era
ração, é um ato pelo qual mani­ a expressão da sua disposição de
festamos públicamente a venera­ obedecer — era um sinal de obe­
ção de Deus que está no nos­ diência.
so coração. Uma oração pode ser
completada na mente e no co­ O Sacrifício perfeito
ração sem uma só palavra fa­ Em qualquer sacrifício, o ele­
lada; mas um sacrifício, realiza­ mento importante é a disposição
do por um ser composto de alma interior de dependência para com
e corpo, deve ser expresso num Deus, que nós reconhecemos como
ato externo. Assim, o ato do sa­ ente supremo. Sem esta disposi
crifício, e aquilo que êle exprime, ção interior a expressão extern*
é um ato de religião. seja qual fôr, é um gesto vazjl
Dai a Deus o que lhe é devido e uma mentira. ^ '
O sacrifício é o ato mais im­ A perfeita compreensão da na
portante da religião. Exprime a tureza fundamental do sacrifício
mais importante e mais funda­ é o passo mais importante na
mental de todas as verdades re­ compreensão do significado da
ligiosas — o nosso reconhecimen­ Cruz, da Última Ceia e da Missa.
to do supremo domínio de Deus O oferecimento de si mesmo
sôbre nós. E ’ o ato de religião feito por Nosso Senhor até mes­
m ais necessário porque, sem êle, mo para suportar a morte no
somos injustos para com Deus e Calvário foi um sacrifício per­
não lhe tributamos o culto ex­ feito. Foi uma perfeita expressão
clusivo que lhe é devido. do seu reconhecimento de que
Todo ato de sacrifício intenta Deus é supremo; foi a expres­
exprimir as disposições de reve­ são da sua voluntária e amante
rência, dependência e sujeição a sujeição, como homem, à infinita
'Deus que nós reconhecemos e sen­ supremacia de Deus; foi a ex­
timos no nosso coração. Quando pressão de dependência indica­
Deus deu a sua lei aos Israelitas, da pelo próprio Deus. Êle se fêz
Moisés, o chefe e dirigente dês- obediente por nós “até à morte”.
tes, ofereceu sacrifício em nome Com semelhantes disposições tam­
de todos. E o povo que nêle to­ bém nós devemos oferecer-nos a
mou parte clamou: “Todas as nós mesmos a Deus. E precisa­
coisas que o Senhor falou *nós mente aí está o sacrifício.

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|A Cruz, a Última Ceia e ai
| Missa - tudo uma coisa sóiD
S
^Lqqqqqqcqqqqsccqqqcq
0 repórter sabia que o pelo seu sangue, a remis­
povo católico chamava ao são dos pecados” (Col 1,
seu pastor “sacerdote” . . . 14). “. . . deu-se em reden­
tinha ouvido falar do “al­ ção por todos” (1 Tim
tar” na Igreja Católica.. . 2 , 6 ).
mas não sabia por que e
o que era tudo isso. O Espírito Santo
Isso começou a ter mais
mentido quando êle leu o Na Epístola aos He­
Jôvo Testamento, espe- breus, Paulo formulou a
almente os Evangelhos verdade fundamental e in­
a Epístola de S. Pau- sistentemente repetida de
j aos Hebreus. que os múltiplos sacrifícios do
Pôde então ver que “sacrifício” Antigo Testamento eram meras
e “sacerdote” estavam necessà- preparações para o sacrifício da
riamente ligados. Um sacrifício cruz: “Se o sangue dos cabritos
só é oferecido por um sacerdote, e dos b o is... santifica os que
e um sacerdote é alguém que é estão manchados. . . quanto mais
chamado por Deus para oferecer o sangue de Cristo, que pelo Es­
sacrifícios em nome do povo. As­ pírito Santo se ofereceu imacu­
sim fazendo, êle é um mediador lado a Deus, purificará a nossa
— um “entre dois” — dirigindo- consciência” (Heb 9, 13-14).
se a Deus em nome de homens Examinando os fatos envolvi­
e mulheres, e dirigindo-se a ho­ dos na morte de Cristo, todos os
mens e mulheres em nome de elementos de um verdadeiro e per­
Deus. feito sacrifício podem ser acha­
O repórter viu que Jesus, na dos. Morrendo na cruz, Cristo foi
sua morte na cruz, oferecera um ao mesmo tempo sacerdote e ví­
sacrifício por todos os homens. tima, divinamente enviado ao
Cristo dissera que “tinha vindo mundo e designado para ser o
ao mundo para dar a sua vida único ofertante e o único ofere­
em redenção por muitos” (Mt cido. Ofereceu e entregou a sua
20, 28). “Entregou-se por nós”, vida a Deus para mostrar que
escreveu S. Paulo, “em oblação Deus tinha domínio supremo sô-
e em sacrifício a Deus” (E f 5, bre a sua vida perfeitíssima e
2 ). “ . . . no qual temos a redenção sôbre a vida de tôdas as cria­
10
tu r a s... para satisfazer as exi­ o pão e o vinho no seu corpo e
gências da justiça de Deus ofen­ no seu sangue, êle significou o
dida pelo pecado. . . para restau­ modo como naquele momento fazia
rar a graça de Deus perdida. . . a entrega da sua vida que em bre­
para louvar, agradecer e glorifi­ ve ia fazer na cruz. O ofereci­
car a Deus. mento era feito de modo público
Como vítima, êle deu a sua por aquêle a quem S. Paulo cha­
vida a Deus, e deu-a livremente. ma o nosso grande Sumo Pon­
“ . . . Eu deponho a minha vi­ tífice, o Mediador entre Deus e
d a ... ninguém ma tira, mas eu o homem. Oferecendo-se a Deus,
mesmo é que a d ep onh o...” (Jo Jesus exprimiu o seu reconheci­
10, 17-18). mento do domínio de Deus sôbre
E, como sacerdote, ofereceu es­ nós, como era feito Mpara a vida
sa vida. Foi perfeito e único sa­ do mundo” e Mpara a remissão
cerdote, sendo verdadeiro Deus e dos pecados” (Mt 6, 28). Como
verdadeiro homem. Participou das só Deus pode dar a vida ao mun­
coisas de Deus e das coisas dos do e só Deus pode perdoar o
homens, e foi perfeitamente ade­ pado, o oferecimento era feito
quado para ser o mediador entre Deus como o Dador da vida, of
Deus e os homens. A dignidade dido pelo pecado.
que Jesus conferiu às suas ações
como homem podia satisfazer as A Última Ceia continuada I
exigências da justiça infinita, e E, quando hoje há uma Missi
mover a infinita misericórdia de na Igreja Católica, o mesmo sa­
Deus de modo que os homens, crifício é continuado.
que êle representava, mais uma Quando as mesmas palavras
vez pudessem tornar-se filhos usadas na Última Ceia são repe­
adotivos de Deus. tidas, sabemos que Cristo está sô­
bre o altar — a vítima está pre­
Cristo o Sacerdote sente. A conversão separada do
Quando instituiu o memorial pão e do vinho no seu corpo e
da sua morte na Última Ceia, no seu sangue representa a en­
Cristo também agiu como sacer­ trega da sua vida. A vítima é
dote e ofereceu sacrifício. oferecida de modo externo por
Cumpriu a promessa que ti­ um sacerdote. Na Última Ceia,
nha feito quando dissera: "O pão era Cristo quem se oferecia a
que eu vos darei é a minha car­ si mesmo, e, na Missa, é Cristo
ne para a vida do mundo” (Jo quem se oferece através do mi­
6, 52). Sob a aparência de pão, nistério de um homem escolhido
o seu corpo seria oferecido em e designado para êsse fim.
sacrifício para salvar o mundo. Cristo presente no altar ofe-
Na Última Ceia, a vítima esta­ rece-se, na Missa, como se ofe­
va presente — o próprio Cristo receu na Última Ceia e na cruz
sob a aparência de pão e de vi­ — a vítima é oferecida a Deus.
nho. Convertendo separadamente Êle é oferecido para o mesmo fim
11
que tinha em mente na Última quem delegou e deu poderes para
Ceia e na cruz: "para a vida do assim fazer.
mundo” e “para a remissão dos Cristo ofereceu-se uma vez só.
pecados”. Na Missa, êle não se oferece com
Assim, a Cruz, a Última Ceia oblação nova e diferente; antes,
e a Missa são um só e o mesmo a mesma oblação que êle fêz na
sacrifício. Última Ceia e na Cruz é que
Cristo ofereceu sacrifício na continua na Missa. Ao seu sa­
Última Ceia quando representou crifício não são aditados muitos
a sua morte iminente. Assim tam­ outros sacrifícios pelas muitas
bém, através do ministério dos Missas que são ditas no mundo
seus sacerdotes, êle oferece um inteiro. E* sempre o mesmo sa­
verdadeiro sacrifício comemora­ crifício e oblação que êle fêz
tivo, representando a sua morte, na cruz.
que agora já passou. Quando uma orquestra faz a
A Última Ceia foi um sacri­ gravação de uma famosa sinfo­
fício visando à sua morte futu­ nia, os discos são espalhados atra­
ra, enquanto que a Missa é um vés do país e tocados repetidas
sacrifício olhando à sua morte vêzes. Mas, sejam quantos forem
passada — é o memorial dela. os discos que tenham sido feitos,
ou sejam quantas forem as vê­
O único Sacrifício zes que êles sejam tocados, é sem­
Êsses três sacrifícios são um pre a mesma orquestra, a mes­
só e o mesmo sacrifício. Têm a ma sinfonia, a mesma reprodu­
mesma vítima, o mesmo sacerdo­ ção da música, que é ouvida. De
te e a mesma oblação. A sua maneira um tanto semelhante, o
diferença está somente em que o sacrifício que Cristo ofereceu na
sangue de Cristo foi realmente cruz foi representado no sacri­
derramado na cruz, ao passo que fício da Última Ceia, e êle or­
na Missa Cristo é oferecido de denou que o sacrifício da Última
maneira incruenta, agora que Ceia fôsse reproduzido até o fim
êle já não pode morrer. Na Úl­ dos tempos. Onde quer que a Úl­
tima Ceia e no Calvário êle es­ tima Ceia é reproduzida por aquê-
tava presente para todos verem. les que êle designou para o fa ­
N a Missa, êle não está visivel­ zerem, é sempre o mesmo sacri­
mente presente, mas oferece-se fício, a mesma oblação feita por
pela mediação do sacerdote, a Cristo, o nosso Sumo-Sacerdote.

* 12
O Único Sacrifício
completo
Mesmo depois de have­ tes visíveis. Não são seus
rem lido e estudado o sucessores, e são sacerdo­
Nôvo Testamento, espe­ tes somente como seus re­
cialmente a Epístola aos presentantes.
Hebreus, algumas pessoas
têm as suas dúvidas so­ Não «muitos» sacrifícios
bre a Missa. Ainda in­
sistem em que o único Êles não oferecem “mui­
e completo sacrifício de tos” sacrifícios, mas sim
Cristo na cruz torna des­ um só e o mesmo sacri­
necessária a Missa. fício que Cristo ofereceu
“Antes de Cristo”, di­ na Última Ceia e na cruz.
zem elas, “havia muitos sacrifí­ No Antigo Testamento, sumo sa­
cios oferecidos por uma sucessão cerdote sucedia a sumo sacerdote,
de sumos sacerdotes judeus, mas e a cada sacrifício uma nova ví­
agora, que Cristo veio, há um só tima era oferecida. Mas, no Nô­
sacrifício, um só Sumo Sacerdote, vo Testamento, no sacrifício da
não tendo êste sucessores. Por Missa, o próprio Cristo, o mes­
que então haveriam os sacerdo­ mo para sempre, exercita o ofí­
t e s católicos de oferecer muitos cio de sumo sacerdote e oferece
sacrifícios da Missa?” o mesmo sacrifício.
E 1 verdade que nós só temos “Mas”, dirá alguém, “na Epís­
u m único Sumo Sacerdote, Cris­ tola aos Hebreus lemos que Cris­
to , e que êle não tem sucessor. to, pelo seu único sacrifício, ex­
M as tem ministros e represen­ piou todos os pecados dos ho­
ta n tes que agem por delegação mens. Isto não parece deixar lu­
do seu poder e autoridade. Como gar para o Sacrifício da Missa”.
nosso “Sumo Sacerdote que pas­ E* verdade que Cristo expiou
so u aos céus”, êle não é visto, todos os pecados dos homens me­
m a s ainda está conosco, porque diante o seu único sacrifício; po­
tem “compaixão das nossas en­ rém cada indivíduo hoje não re­
fermidades” (Heb 4, 14); ainda cebeu, por isso, uma remissão do
a g e como nosso Sumo Sacerdote. pecado. Pela sua morte na cruz,
O s seus dispensadores terrenos Cristo, por assim dizer, estabe­
dos mistérios de Deus são ape­ leceu um tesouro de mérito. Nós
n a s seus ministros — seus agen­ temos acesso a esse tesouro de

18
mérito por meio da Missa e dos sua disposição interior c os seus
Sacramentos de Cristo. Os cris­ atos exteriores estão cm jôgo. E
tãos obtêm o perdão do pecado imitamo-lo com respeito a ambas
indo a êsse tesouro mediante o essas coisas por meio do Sacri­
uso da Missa e dos Sacramen­ fício da Missa.
tos, especialmente do Sacramen­ A Missa de modo algum de­
to da Penitência. precia o sacrifício da Cruz. A
Missa e o sacrifício da Cruz são
A Graça de Deus a mesma coisa. A Última Ceia
Através da Missa é que nós não é rival do Calvário, e a
nos beneficiamos da intercessão Missa é o meio dado a nós por
de Cristo por nós. E através do Cristo para estarmos presentes
Sacramento da Penitência bene­ no Calvário e nos juntarmos a
ficiamo-nos da expiação que êle êle no seu oferecimento do sa­
fêz pelos nossos pecados. Deus é crifício mais aceitável a Deus.
movido a conceder-nos a graça da
O Dom Perfeito
contrição mediante o Sacrifício da
Missa, mas é através do Sacra­ Os católicos crêem que Jesus
mento da Penitência que êle nos Cristo, verdadeiro Deus e verda­
aplica a expiação e a remissão deiro homem, ofereceu-se na Cruz
da culpa possibilitadas por Cristo. pela humanidade como o Dom per­
“Mas”, dirão os não-católicos, feito, o Dom aceitável a Deus.
“vocês católicos crêem que nós Nada mais precisava ser feito.
somos obrigados a oferecer fre­ Nada poderia suprir o sacrifício
quente sacrifício a Deus, a ado­ do Calvário. Cristo verdadeira­
rar e louvar e agradecer a Deus mente morreu por nós. Mas não
e a lhe pedir as suas bênçãos. há nada automático na nossa
E dizem que a Missa é o sa­ salvação. Cada um de nós, agora
crifício pelo qual isso é feito. vivo, deve tomar o sacrifício de
Mas a morte de Cristo na cruz Cristo para si e fazê-lo seu.
fêz tudo isso para nós. Por que Nós pessoalmente devemos to­
então se requer a Missa?” mar êsse sacrifício e apresentá-
Também é verdade que Cristo lo — reapresentá-lo — a Deus.
orou por nós. Quer isto, porém, di­ E ’ como se Cristo dissesse: “Eu
zer que nós nunca precisamos dizer fiz tudo o que é necessário. O
uma oração? A disposição de Dom foi levado à sua perfeição;
Cristo na cruz que o moveu a meu Pai vê nêle o que é suficien­
adorar a Deus não nos isentou te para redimir tôda a humani­
da obrigação de adorarmos a Deus dade. Que ides vós fazer com êle?
noa nossos próprios corações. Nem Êle é vosso por apropriação”.
o ato externo de adoração de Assim nós, na nossa geração,
Cristo — o seu sacrifício — nos já perto de 2.000 anos depois do
livrou do dever de oferecermos Calvário, devemos dizer: “Senhor,
sacrifícios a Deus. Devemos imi­ graças vos damos pelo vosso Pre­
tar Cristo na medida em que a cioso Dom. Tomamo-lo e, como
14
milhões sôbre milhões de cristãos no oferecimento que é feito; mas,
durante os séculos passados, fa- aí como em todos os Sacramen­
zcmo-lo nosso e reapresentamo-lo tos, Cristo é o agente principal.
a vós. Aprcsentamo-lo mais uma E Deus, que recebe o Dom, é o
vez e aprcsentamo-lo por nós mesmo Deus que o recebeu de
mesmos”. Cristo na Cruz e de Cristo na
Última Ceia. Os fins para os
Aceitável a Deus quais o sacrifício é oferecido são
Os católicos creem que possuem os mesmos: adoração, ação de
na Sagrada Eucaristia a presen­ graças, satisfação pelo pecado e
ça real de Cristo Senhor Nosso, petição.
e que durante a Missa O ofere­ A única diferença entre o sa­
cem ao seu eterno Pai como o crifício da Missa e o sacrifício
Dom perfeito, certos de ser êle do Calvário é que na cruz o San­
aceito. gue de Cristo foi realmente der­
Êsse ato, portanto, não pode ramado; ao passo que na Missa
ser senão um sacrifício, e exa­ temos um sacrifício comemorati­
tamente o mesmo sacrifício que vo no qual a efusão do seu san­
foi oferecido no Calvário. O Úni­ gue é representada. No Calvário,
co oferecido — Jesus Cristo — Cristo fêz a sua parte uma vez
é o mesmo. O Único que faz a por todas e completamente. Na
oblação — Jesus Cristo — é o Missa, nós fazemos a nossa par
mesmo, porem usando o sacerdo­ te. Tomamos para nós a Morl
te humano como seu instrumento. Redentora e oferecemo-la a Deu:|
O sacerdote e todo o povo pre­ e a cada um de nós são aplicl
sente à Missa unem-se a Cristo dos os benefícios dessa Morte.

15
A Alisstt pertence
à igreja Católica
Foi durante a última guerra. Alguns homens tomam a Bí­
O oficial comandante de um blia, constroem sôbre ela uma
grande acampamento do Exérci­ religião e formam com ela uma
to Americano estava examinando nova Igreja. Mas nenhum pode­
os relatórios dos seus capelães. ria jamais tomar da Igreja Ca­
Notou que os relatórios dos ca­ tólica a Missa, porque só na
pelães não-católicos indicavam, Igreja Católica será achado o sa­
mesmo coletivamente, muito me­ cerdócio que torna possível a
nos homens presentes aos seus Missa.
serviços religiosos do que ao ser­
viço católico. Designado por Cristo
Mandou chamar o Capelão não- Quando Nosso Senhor disse aos
católico mais velho, e pediu-lhe Apóstolos: “Fazei isto em me­
explicação. mória de mim”, por isso mesmo
“Bem, o Sr. vê”, explicou, “o os constituiu sacerdotes. E, como
Capelão católico tem 'a Missa, e a morte do Senhor devia ser as­
isso drena os homens para o seu sim anunciada até que ele venha,
serviço”. os Apóstolos e os seus sucessores
“E por que não faz alguma legítimos foram incumbidos de
coisa sôbre isso?”, inquiriu o ofi­ oferecerem o corpo e o sangue de
cial-comandante. “Não pode tam­ Cristo até o fim dos tempos.
bém promover a Missa para os Mas, na Missa, o próprio Cris­
seus homens? Temos que obter to é sempre o principal ofertan-
melhor frequência ao serviço re­ te. Êle é sacerdote eterno, e o
ligioso”. sacerdote humano só age em no­
Por certo, o oficial-comandante me dêle. Êle deu ordem e podê-
estava pedindo o impossível. Ne­ res aos seus Apóstolos e aos su­
nhum Capelão não-católico po­ cessores destes para fazerem o
deria “promover a Missa para que êle havia feito na Última
os seus homens”. Ceia. Quando, os seus sacerdotes
A Missa pertence à Igreja fazem isso, mediante a conver­
Católica — aos sacerdotes e ao são separada do pão no seu cor­
povo católicos. E* uma coisa ex­ po e do vinho no seu sangue, êle
clusivamente dêles. é apresentado perante seu Pai ce­
1G
leste na aparência da morte que O real oferecimento de si mes­
exprime a sua voluntária e sem­ mo feito por Cristo foi um ato
piterna entrega de si à morte. E enjinentemente santo, e pleno de
ele usa êste escolhido sinal de sua tôda a religião, de tôda a ado­
morte para exprimir a sua imu­ ração, de todo o amor de seu
tável disposição de morrer — de Pai celeste de que o coração de
oferecer o sacrifício supremo. Cristo era capaz. Juntamente com
Neste ato, como mediador entre aquêle corpo que estava cravado
Deus e o homem, como sacerdo­ na cruz e com o sangue que era
te de tôda a humanidade, Cris­ derramado no Calvário, êsse ato
to oferece perfeita adoração a seu sacerdotal é tornado presente na
Pai celeste, a verdadeira adora­ Missa com tôda a energia reli­
ção em espírito e em verdade. Nes­ giosa e santificante que a reli­
te ato há a única adoração acei­ gião do Sumo Sacerdote no Cal­
tável ao Pai, a única adoração vário nêle pôs uma vez por tôdas.
por êle aceita. “Eu sou o ca­ E* na Missa que êsse ato de
minho, a verdade e a vida. Nin­ oferecimento é pôsto à nossa dis­
guém vem ao Pai senão por posição, de modo que, através da
mim” (Jo 14, 6). nossa vida, por nossa vez nós
possamos fazê-lo nosso, possa
O Dom duradouro mos unir-nos com êle, e possame
O sacrifício que Cristo ofereceu participar dêle de maneira ati\
na cruz é a única adoração de e com tôda a fé, tôda a reverei
Deus que tem valor aos olhos de cia, todo o amor e religião de qu
Deus. A não ser que a nossa ado­ somos capazes.
ração de Deus esteja associada
ao sacrifício de seu Filho, essa Um só com Jesus
nossa adoração é vã. E ’ por isto Assim, a Missa é oferecida não
que todos devemos participar dês- só pelo sacerdote designado por
te sacrifício. Cristo, no altar, mas também por
Para que cada geração suces­ tôda a Igreja de Cristo, e espe­
siva de cristãos pudesse, por sua cialmente pelos que estão pre­
vez, participar realmente dêsse sentes ou que de qualquer modo
sacrifício único, êle tomou êsse cooperaram com o real ofereci­
sacrifício presente a todos os ho­ mento da Missa.
mens em todas as épocas e em “Mas como podemos tomar par­
todos os lugares. A Missa é o te nêle?”, perguntarão alguns. E*
próprio sacrifício da Redenção, in­ realmente muito simples. Supon­
troduzido no nosso meio e tor­ de que tivésseis estado presente
nado presente entre nós para que no Calvário quando Cristo mor­
tôdas as gerações de cristãos reu na cruz, e que tivésseis sa­
fossem capazes de associar-se a bido quem Êle era e compreendi­
Cristo em oferecê-lo a Deus e do que Êle se estava oferecendo
dar assim a Deus a honra mais em sacrifício ao Pai por vós e
alta. pelo mundo todo. Facílimo teria
17
sido então para vós o juntar-vos cia de pão e de vinho, c oferece
ao oferecimento daquele sacrifí­ o mesmo sacrifício que ofereceu
cio. Tudo o que teríeis tido de no Calvário, oferecendo-se a si
fazer teria sido elevardes o vos­ mesmo como o fêz então.
so coração e a vossa mente ao Lembrando-vos disto, podeis jun­
Pai Eterno e dizer-lhe: "O* meu tar-vos ao seu oferecimento ago­
Deus, quero oferecer-vos alguma ra, tal como poderíeis tê-lo feito
coisa, c não tenho nada para vos no Calvário. Podeis volver vos­
oferecer. Mas aqui está vosso sos pensamentos para Deus e di­
Filho oferecendo-se a si mesmo zer, no vosso coração, que vos
por mim e pelo mundo todo. Que­ estais unindo a Nosso Senhor e
ro juntar-me ao seu sacrifício, e rogando ao Pai aceitar como vos­
rogo-vos aceitardes o seu sacri­ so o sacrifício de Cristo. Podeis
fício como sendo meu, c ofereço- oferecê-lo como um ato de ado­
me com Êle”. ração, em ação de graças pela
Naquela ocasião poderíeis ter sua bondade para convosco, em
feito isso. Pois podeis fazer a satisfação pelos vossos pecados e
mesma coisa agora, cada vez que pelos pecados de todos os homens.
estais presente à Missa. Podem- Podeis oferecê-lo pelas vossas ne­
no, pelo menos, tôdas as pessoas cessidades e pelas necessidades
verdadeiramente batizadas. Tudo de todos os homens, rogando a
o que tendes a fazer é vos lem­ Deus conceder-vos todos aquêles
brardes (e a Missa, como memo­ dons que Cristo mereceu para nós
rial, vo-lo lembra) de que estais na cruz, e pelos quais está ago­
virtualmente presente no Calvá­ ra intercedendo na Missa.
rio. Cristo ali está, sob a aparên­

18
Sim, suponde que, num água piedosamente, tan
domingo pela manhã, de­ bém se beneficia das orí
cidis ir a uma função re­ ções oficiais da Igrejí
ligiosa da Igreja Católi­ pedindo a Deus abenços
ca. Muitos não-católicos lo em nome da SS. Trir
o fazem. Alguns vão em dade, purificar-lhe a mer
companhia de seus ami­ te e o coração de mod
gos ou parentes, enquan­ que êle possa ser digno d
to que outros vão por si juntar-se ao oferecimen
mesmos. Num ou noutro to da Missa e às oraçõe
caso, um não-católico sen­ que tenciona dirigir
tir-se-á menos estranho, Deus.
e será capaz de observar o ser­
viço mais inteligentemente, se Entrando na igreja
prèviamcnte se houver relacio­
nado com o significado da Mis- Se o visitante parar um m<
sa, lendo e aprendendo, de mo­ mento, observará que o povo v í
do geral, o que é de esperar. direto a um dos assentos ou bai
Ao entrar à porta da igreja, cos, e dobra um dos joelhos ai
notará que o povo católico que o chão por um instante antes <
com êle entra pára brevemen­ tomar o seu lugar para a Mi
te junto a uma bacia de água, sa. Êsse dobrar do joelho é ch
usualmente feita de metal ou de mado genuflexão, e é um ato <
pedra. As pessoas mergulham os adoração dirigido a Cristo, qi
dedos na água e fazem um Si­ acreditamos presente no altí
nal da Cruz tocando com êles No caso de não estar o Saci
a fronte, o peito e os ombros mento da Eucaristia guardado i
esquerdo e direito. igreja, a genuflexão é uma 1
Êsses reccptáculos em forma verência a Cristo, representa
de bacia, cheios de água, são pelo crucifixo que encima o altí
chamados pias de água benta. A dc frente para a nave. A bre
água que êles contêm foi ben­ ação de dobrar o joelho é ur
zida especialmente pelo sacerdo­ expressão exterior de reverênc
te, usando êle as orações ofi­ a Deus e ajuda a pessoa a
ciais da Igreja. De modo que, compenetrar de onde está e
quando o povo pode usar a que vai fazer na igreja.
19
0 não-católico pode então en­ ja, tais como o Batismo, que pode
trar por algum daqueles bancos e ter lugar na pia batismal, usual­
tomar assento. Se fôr esclarecido, mente à entrada da igreja. O
irá o mais para a frente da Sacramento da Penitência é ad­
nave, de onde mais fàcilmente ministrado nos confessionários,
poderá observar o que se passa que são biombos de madeira tam­
no altar. Se o desejar, pode tam­ bém no fundo ou dos lados da
bém dobrar o joelho antes de en­ igreja. Mas êstes Sacramentos e
trar para o banco, mas isto não outros podem ser administrados
é necessário. Normalmente, êle em qualquer outro lugar. A igreja
é livre de seguir as ações dos ca­ católica é construída primária-
tólicos presentes, ou simplesmen­ mente para abrigar o altar des­
te de ficar sentado durante tôda tinado à Missa.
a função. Haverá ocasiões em
que o povo fica de pé ou se ajoe­ Para que velas?
lha ou fica sentado. Pode êle se­ Um não-católico pode primeira­
guir os seus próprios desejos nes- mente notar as velas acesas no
a matéria. altar, e um grande livro numa
estante ao lado direito da mesa
Centro do culto do altar, junto à qual o sacer­
Tomando uma visão geral da dote ficará durante a Missa. Êsse
Igreja, primeiramente notará êle livro contém as orações da Mis­
iue a parte mais proeminente e sa a serem lidas pelo sacerdote.
central dela é o altar. Bem na E* chamado o Missal, e muitos
frente da nave, onde todos os dos católicos que assistem à Mis­
olhos podem ser focalizados, o sa serão vistos preparando-se pa­
altar é uma mesa junto à qual ra ela pelo uso de uma pequena
o sacerdote fica durante a Missa. edição dêsse Missal, com a qual
Tôda igreja católica é primei­ podem seguir as orações que o
ramente e antes de tudo um edi­ sacerdote e o povo recitam du­
fício votado ao oferecimento da rante a Missa.
Missa. Poderia ser chamada uma As velas estão acesas não para
Casa de Missa. O altar domina fins de iluminação, mas, antes,
o interior da igreja, tal como o como um elo com o passado, co­
Sacrifício da Missa domina todo mo o são tantas outras cerimó­
o nosso culto de Deus. O altar nias, práticas e coisas a serem
não é um ornato na igreja. An­ observadas na Missa. Nos tem­
tes, a igreja é que é um ornato pos primitivos, os cristãos tinham
e uma moldura para o altar. Nós de celebrar o culto debaixo do
podemos erigir um altar e ter a solo, onde a única iluminação era
Missa sem igreja, mas não pode luz de vela. Quando foram li­
haver coisa tal como igreja ca­ vres de erigir altares e de cons­
tólica sem altar. truir igrejas acima do solo, con­
Verdade é que outros Sacra­ servaram as velas não só para
mentos são administrados na igre­ iluminação, como também por

29
afeição ao velho costume que os Sacramento é reservado num re­
ligava aos seus antepassados na cipiente dourado, em forma de
Fc. cálice, o qual o sacerdote usará
Tomando uma vista mais pró­ quando distribuir a Comunhão ao
xima do altar, será achado um povo na Missa.
crucifixo encimando êste. Êle ali Uma luz vermelha, usualmen­
está em tôda igreja católica. E’ te uma lamparina em vidro ver­
uma imagem de Cristo penden­ melho, é sempre mantida arden­
te da cruz conservada em lugar do perto do altar, dia e noite,
conspícuo onde possa ser visto quando o SS. Sacramento está
pelo padre e pelo povo durante presente no tabernáculo. Essa luz
o memorial da morte de Cristo diz ao povo que Cristo no SS.
que c a Missa. Sacramento está presente na igre­
ja, e é um constante lembrete
A hóstia para que o povo ali O adore.
No centro do altar e no fundo
da mesa dêste está uma espécie O ato de sacrifício
de gabinete chamado o taberná­ O comum dos não-católicos po­
culo. Pode ser quadrado ou re­ dem perguntar-se qual é a par­
dondo, ou ser simplesmente uma te mais importante da igreja. Co­
porta construída dentro da pa­ mo já foi mencionado, desde qu<
rede contra a qual o altar está a igreja é um lugar para sacri|
colocado. Usualmente está cober­ fício, o altar é a parte mais im
to com um véu que pode combi­ portante; o púlpito, que usual
nar com a côr dos paramentos mente fica ao lado esquerdo do
do sacerdote. E* chamado “taber­ altar visto do corpo da igreja,
náculo”. Nesse tabernáculo são e o coro são secundários. A im­
guardadas a s espécies consa­ portância das coisas na Igreja
gradas do pão que foi con­ Católica é determinada pela sua
vertido no corpo de Cristo em importância no ato de sacrifício,
Missa anterior, e que agora são que é a Missa. De modo que, se­
chamadas o Santíssimo Sacra­ guinte, em importância, ao altar
mento ou a Hóstia. O SS. Sa­ é aquilo que parece ser um ba­
cramento é reservado no taber­ laústre — uma estrutura que se­
náculo para poder ser levado aos para o altar do corpo da igreja.
doentes e aos moribundos. Cristo, Realmente não é um balaústre.
presente no SS. Sacramento sob Pretende ser uma mesa, uma ex­
a aparência de pão, não é con­ tensão do altar, e muitas vêzes
servado no tabernáculo apenas está coberta com uma toalha bran­
para que possamos adorá-lo. Ali ca. E ’ a essa mesa que o povo
é conservado também para bene­ se ajoelha para receber a Sagra­
fício dos que necessitem receber da Comunhão. O espaço entre
a Comunhão fora da Missa, e po­ ela e o altar é chamado o “san­
demos adorá-lo a qualquer tem­ tuário”, por ser a parte mais san­
po como presente no altar. O SS. ta da igreja, onde tem lugar a

21
ação da MisBa e é reservado o fim único. Depois dc entrarem
SS. Sacramento. para os seus assentos, não fa ­
De cada lado do altar, na igre­ lam uns aos outros, e, se algu­
ja, pode haver altares menores ma coisa deve ser dita, é dita
sobre os quais há estátuas de bem baixinho. Êles têm respeito
Cristo ou de Maria sua Mãe, ou pela presença de Deus ali. Reco­
dos santos aos quais o povo tem nhecem a necessidade de mante­
devoção especial. Êsses altares rem seus pensamentos sôbre as
mais pequenos podem, às vêzes, suas orações, e guardam silên­
ser usados para Missa, porém o cio reverente.
grande altar na frente e no cen­ A pintura ou quadros nas pa­
tro da Igreja, ou seja, o altar- redes, imagens de vários episó­
mor, é sempre o foco de aten­ dios dos sofrimentos e morte dc
ção, e tudo na Igreja intenta fo­ Cristo na cruz, colocadas a inter­
calizar a atenção sôbre êsse altar valos em volta dos lados da igre­
no qual a Missa é dita para o ja, ali estão para ajudarem o
povo. povo a rezar. Há outras cerimó­
nias promovidas de tempo em
Como rezam os católicos tempo nas igrejas católicas, tais
Um não-católico ficará impres­ como a celebração do caminho da
sionado com o fato de, quando Cruz, ou Via-Sacra, na qual o sa­
os católicos entram na igreja pa­ cerdote e o povo recordam os ca­
ra a Missa, ajoelharem-se por um torze principais acontecimentos da
momento em frente do altar e paixão e morte de Cristo, refle­
começarem a orar a Deus por suas tem nêles e recitam orações apro­
próprias palavras ou com as pala­ priadas. Pode haver também ceri­
vras de um livro de orações, ro- mónias em honra de Maria ou de
gando-Ihe ajudá-los, especialmen­ outros santos. Pode haver ser­
te durante a Missa, de modo que mões especiais acompanhados de
êles possam adorá-lo dignamente. várias orações. Mas o não-cató­
Notará, igualmente, que a igre­ lico precisa saber que a igreja
ja é muito quieta. O povo cató­ e tudo nela ali está principal-
lico frequenta a igreja para um mente para a Missa.

22
I ^SxEfJEcJ-fí^tó^íaO / a a

1 a a d \ I\ L ^ a \
^Hiiiiiiiiiiim im iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii' llllllllllllllllllllllOnililUlIlllllllllllMMflIlIMIIi'?
Quando o padre entra O traje comum naqueles
na igreja por uma por­ tempos era uma túnica
ta perto do altar para comprida folgada, amar­
começar a Missa, o po­ rada à cintura com um
vo fica de pé. Faz isto cinto. Para uso público
em sinal de respeito não ou para alguma ocasião
só à função do padre, especial, era usado um
mas também à cerimónia manto comprido. Os sa­
sagrada que vai começar. cerdotes e bispos da Igre­
Um não-católico ficará ja primitiva usavam es­
impressionado com as es­ sas vestes quando celebra
tranhas vestes com que o vam a Missa.
padre se apresenta vestido. Elas
são chamadas paramentos, e são Os paramentos
mais outro elo com o passado.
Têm uma longa história. Com o correr do tempo, ess.
vestes ordinárias começaram
O uso de vestes especiais pelo
ser enfeitadas e remodeladas
sacerdote no culto de Deus re­
para comodidade durante a Mis­
monta aos tempos do A n t i g o
sa. Mesmo quando os trajes ci­
Testamento, quando os Judeus
vis mudaram, esses paramentos
usavam paramentos divinamente foram conservados como um lem­
prescritos adequados à dignidade brete de que a Missa é sempre
do culto. “Farás uma santa ves­ a mesma que era nos primeiros
te para A a rã o ... na qual, sendo anos da Igreja. Êsses paramen­
êle consagrado, possa ministrar- tos ainda persistem como vestes
me” (Êx 28, 2). Paramentos es­ sagradas — paramentos espe­
peciais foram usados pelos Sumos ciais de sacrifício — que o sa­
Sacerdotes judeus até mesmo no cerdote usa somente durante a
tempo de Cristo, que ia ao tem­ Missa.
plo e tomava parte no culto.
Algumas dessas vestes não po­
As vestes que o sacerdote ca­ dem ser vistas. Mas as que fà-
tólico usa na Missa começaram cilmente ferem a vista são a com­
sendo as vestes ordinárias, de prida túnica branca, tocando no
todo dia, dos Romanos e Gregos solo, que cobre completamente as
nos primeiros tempos da Igreja. vestes usuais do sacerdote e é ata­
23
da em torno da cintura com uma Também dão tôdas as respostas
corda. Por cima dela usa êle um em nome do povo.
amplo paramento exterior que O padre traz o cálice dourado
chega até os joelhos. Frequente- em que o vinho será derramado,
mente é êle decorado nas costas e um prato dourado, com o pão
com uma grande cruz. Êstc pa­ do altar, coberto por um véu que
ramento varia de côr. Quando a é da mesma côr que os para­
Missa é oferecida pelos mortos, mentos. O cálice é feito de me­
êle é preto, em sinal de luto. E’ tal e folheado de ouro ou prata,
branco nos dias em que a Missa como o é também o prato que
é oferecida em espírito de regozi­ contém o pão a ser usado na Mis­
jo, como Natal ou Páscoa. E, sa. O padre coloca êsses objetos
quando a Missa é oferecida em no meio da mesa do altar, abre o
honra de mártires — daqueles que livro em preparação para a Mis­
morreram pela sua Fé — usam- sa, e volta para o sopé dos de­
se paramentos vermelhos, para graus do altar.
relembrar que êles derramaram Começa então a orar, e as ora­
o seu sangue por amor de Deus. ções que êle diz e as respostas
Os paramentos são roxos nas dos ajudantes, ou acólitos, são
ocasiões e durante os períodos tôdas em latim, como o são to ­
em que a Missa é oferecida em das as orações da Missa. E ssas
espírito de penitência. E usual­ orações são ditas ainda hoje
mente são verdes nos domingos em latim como um elo com o
comuns do ano, sendo o verde um passado, quando a língua comum
símbolo da esperança que deveria do povo era o latim. Essa lín ­
caracterizar a vida de todos os gua não está em uso comum e
cristãos que visam à recompen­ popular hoje em dia, e portan­
sa do Céu. to nunca muda. E', portanto, uma
língua conveniente para uso da
Os fiéis tomam parte Igreja no imutável Sacrifício da
No seu caminho para o altar, Missa. Ademais, é uma língua
o padre é precedido por um aju­ que não só nos liga ao passado,
dante ou, talvez, por dois ou mais como também forma um laço de
meninos ou jovens. Os trajes ci­ unidade no culto oficial da Igre­
vis dêstes estão cobertos por uma ja no mundo inteiro.
túnica vermelha, sôbre a qual se
acha uma curta veste branca, a Um guia para a Missa
veste costumeira dos que ajudam O não-católico que deseja en­
o padre no santuário por ocasião tender a Missa deveria prover-
da Missa. Êles ajudam o padre se de um Missal, no qual tôdas
trazendo-lhe as coisas de que êle as orações da Missa estão tradu­
necessita durante a Missa, mu­ zidas para a sua língua. Póde
dando de um lado para outro o êle, pois, seguir o sacerdote pas­
livro em que êle lê, trazendo-lhe so a passo durante a Missa, de*
o vinho e a água que êle usa. pois de se familiarizar com as
24
cerimónias que o sacerdote e o característicos importantes da
povo usam durante a cerimonia Última Ceia foram feitos parte
religiosa. de uma oração esmerada, de um
Se houver lido o breve relato sermão e de um ato de função
da Última Ceia conforme descri­ religiosa e de culto.
to nos Evangelhos, um não-ca- No correr dos séculos, a Igreja
tólico pode admirar-se daquilo colocou os essenciais da Missa
que parece ser um contraste cho­ num engaste que de muitas for­
cante entre a aparente simplici­ mas é moldado sôbre o quadro
dade da Última Ceia e a apa­ em que Cristo colocou os essen­
rente complexidade do cerimo­ ciais do sacrifício na Última Ceia.
nial da Missa. O sacerdote começa a Missa com
Por certo, em casos de neces­ um ato de humilhação perante
sidade e de emergência, algumas Deus, confessando os seus peca­
das cerimónias da Igreja podem dos e pedindo perdão. Como Cris­
ser dispensadas. Em tais casos, to, êle lava as mãos, depois ora,
a Missa pode ser reduzida ao seu e essas orações são maravilhosa-
essencial, ou eja, ao oferecimen­ mente orações inclusivas que
to do pão e do vinho, às palavras abrangem o mundo inteiro. Como
que os convertem no corpo e no Cristo, êle usa essa ocasião para
sangue de Cristo, e à Comunhão. uma série de instruções, lendo
Todavia, nas circunstâncias or­ partes do Antigo Testamento, evo­
dinárias, êsses elementos essen­ cando os antigos profetas e mes­
ciais foram cercados de cerimó­ tres judeus. Lendo trechos do£
nias apropriadas inspiradas pelo Evangelhos, êle pede à palavra
relato da Última Ceia nos Evan­ inspirada de Deus falar a nós;
gelhos. lê trechos das Epístolas de Pe­
dro e de Paulo e daqueles outros
As ações de Cristo que estiveram perto de Cristo.
Quando lemos o histórico feito Em tudo isto o sacerdote segue
por S. João da Última Ceia no o exemplo dado por Cristo.
seu Evangelho, achamos estarem
a li os três essenciais, mas acha­ Culto solene
mos também que o próprio Cristo As cerimónias usadas na Mis­
cercou a parte importante da Últi­ sa têm em mira tornar o culto
ma Ceia de uma quantidade de divino solene e impressionante.
ações significativas. Preparou-se Mas essas cerimónias não são
para a ceia por um profundo ato meramente para causar efeito.
de humildade, quando lavou pes­ São ações expressivas. Quando um
soalmente os pés dos seus Apósto­ homem se curva profundamente,
los. Orou longamente a seu Pai reflete o respeito e submissão que
celeste — oração que abrangeu lhe estão no coração. Quando le­
o mundo inteiro. Falou a seus vanta os olhos e as mãos para o
Apóstolos sôbre Deus e sôbre o céu, está fazendo uma súplica. E’
, próprio destino dêles. Assim, os natural aos homens darem expres­
25
são exterior aos seus sentimentos Observar-se-á que êle se curva
interiores, e daí serem as ceri­ sôbre o altar e o beija mui fre­
mónias da Missa um meio de ma­ quentemente. Isto é em respeito
nifestar os pensamentos e sen­ ao santo pso do altar e às re­
timentos interiores da mente e do líquias dos mártires que estão
coração. As cerimónias da Missa embutidas na pedra de ara sô­
são prescritas pela Igreja e for­ bre a qual tôda Missa é celebra­
mam aquilo que é chamado o ri­ da. Êste é também um vínculo
tual da Missa. com o passado e com os primi­
Em algumas Missas, as ora­ tivos anos da Igreja, quando a
ções são cantadas pelo padre e Missa mui comumente era cele­
pelo côro, em vez de serem re­ brada sôbre os túmulos dos már­
citadas pelo padre e pelo acólito. tires nos subterrâneos de sepul­
Essas são chamadas Missas fes­ tura dos cristãos durante os tem­
tivas. Quando o padre tem dois pos de perseguição. Depois que
outros ministros assistindo-o c êstes foram livres de construir
há o aditamento das cerimónias igrejas e de erigir altares em
por estes efetuadas, isto é conhe­ qualquer parte, como o fazemos
cido como sendo uma Missa So- hoje, levaram os restos dos már­
ene. Com ou sem essas cerimô- tires para dentro das suas igrejas
íias aditivas, é sempre o mesmo e depositaram-nos debaixo dos
sacrifício, a mesma Missa. altares destinados à Missa. E as­
No correr da Missa o padre sim hoje em dia, sempre que a
será visto usar vários gestos — Missa é oferecida, é sempre sô­
movimentos das mãos e do corpo. bre uma pedra na qual pequenas
Quando êle faz o Sinal da Cruz, porções das relíquias de ao me­
ou bate no peito, ou beija o al­ nos dois mártires estão embuti­
tar, ou estende as mãos e do­ das, como um lembrete de que a
bra o joelho em genuflexão — Missa hoje é a mesma que era
tôdas estas cerimónias têm um nos tempos primitivos da Igreja.
significado. Durante a maior parte da Mis­
sa, o sacerdote conserva as mãos
Quando êle faz o Sinal da
estendidas. Esta é uma atitude
Cruz, pode êste ser um lembre­
de prece que também remonta aos
te da morte de Cristo, ou pode o
tempos primitivos da Igreja,
padre usá-lo como uma bênção
quando a atitude de oração não
quando êle constitui um Sinal da
era a de mãos postas, e quando
Cruz da qual as bênçãos emanam.
os cristãos oravam de pé e com
os braços estendidos. Esta é uma
Símbolos antigos atitude de suplica que o padre
Em várias ocasiões durante a assume durante as orações da
Missa o padre pode bater no Missa.
peito, e assim também o povo. E* Êle dobra o joelho em genu­
êste um antigo sinal de pesar flexão como reverência à cruz que
pelo pecado. encima o altar, a Jesus Cristo
26
presente no SS. Sacramento, ou a leitura de um trecho'do Anti­
em reverência à menção do no­ go Testamento ou da Epístola de
me de Jesus ou da sua paixão um dos Apóstolos.
e morte.
Os Evangelhos
A bênção de Cristo
Isto ainda é feito hoje na Mis­
Frequentemente, durante a Mis- sa e é chamado a “Epístola”. No
sa, o padre volta-se para o po­ outro lado do altar havia um
vo e diz em palavras latinas: “O púlpito para a leitura de um
Senhor seja convosco”. E o acó­ trecho de um dos quatro Evan­
lito responde em nome do povo na gelhos. A Escritura era lida pelo
mesma língua: “E com teu es­ sacerdote, voltado para o povo
pírito” — o que é outro modo de no púlpito. Hoje não temos êsses
dizer: “E convosco também”. Es­ dois púlpitos — usualmente há
sas saudações do padre ao povo somente um na igreja, e dêle, às
chamam a atenção dêste para o vêzes, o sacerdote lê o Evange­
que se está passando, e convida-o lho, dá avisos necessários, e pre­
a renovar a sua intenção de jun­ ga um sermão. Mas em cada Mis­
ta r-se a êle no oferecimento do sa êle lê a Epístola num lado do
Sacrifício. E ’ uma bela saudação, altar e o Evangelho no outro
pois significa que o sacerdote lhe seguindo assim o antigo costum*
deseja o mais alto dos dons, a Duas vêzes durante a Miss
presença protetora de Deus. E, os acólitos vão a uma mesa a*
em cristã cortesia, o povo ex­ lado do altar e trazem ao padre
terna ao sacerdote o mesmo de­ o vinho e a água que êle usa na
sejo. Missa, ou água e um vaso em
Só uma vez o sacerdote muda que êle lava as mãos. Na pri­
essa saudação. E’ quando se vi­ meira parte da Missa êle rece­
ra para o povo e diz-lhe que reze be do acólito o vinho e um pou­
para que o sacrifício dêle e seu quinho de água, o qual junta­
seja aceitável a Deus. E o povo, mente com o pão é oferecido a
sabendo que a parte mais impor­ Deus. Depois lava os dedos em
tante da Missa está para come­ respeito pelos materiais do sa­
çar, assegura ao sacerdote que crifício que em breve serão con­
rezará por essa intenção — para vertidos no corpo e no sangue de
a glória de Deus e para a sal­ Cristo.
vação de todos.
Durante a primeira parte da Lava-mãos ou «Lavabo»
Missa, e também no fim, o sa­ Há outra razão pela qual o
cerdote muda-se de um para ou­ sacerdote lava os dedos nessa oca­
tro lado do altar. E, a cada vez sião, c ela nos liga ao passado.
que o faz, o livro é mudado pelo Em tempos antigos, o povo tra­
acólito. Em dias antigos, havia zia nessa ocasião as suas oferen­
dois púlpitos na igreja, um de das até o altar — não somente
cada lado do altar. Um era para pão e vinho para serem usados
27
no Sacrifício, mas também rou­ fundamente, e mais uma vez pede
pas e carne e legumes destinados a Deus dignar-se de aceitar aqui­
ao sustento da Igreja e a serem lo que êle e o povo fizeram. E,
dados aos pobres. Depois de re­ antes de enviar o povo para as
ceber e manusear essas coisas, era suas tarefas diárias, volve-se e
necessário ao sacerdote lavar as faz sôbre êle o Sinal da Cruz,
mãos antes de continuar com a pedindo a Deus enviar-lhe uma
cerimónia da Missa. Nesta par­ bênção em nome do Pai, e do
te da Missa é que agora é feita a Filho, e do Espírito Santo.
coleta, porque hoje as ofertas do O sacerdote e o povo fizeram
povo são feitas em dinheiro, e não uma coisa tremenda tomando
mais em produtos e coisas ma­ parte no sacrifício de Cristo na
teriais. Missa, e fortalecidos por êsse
No fim da Missa, o sacerdo­ ato e pela bênção de Deus, de­
te volta-se para o povo e diz-lhe vem ir para o meio do mundo
que a Missa está acabada; é a a fim de viverem reais vidas
despedida. Depois curva-se pro­ cristãs.

( y S o tp o e o S a n g u e...
to d o e ín teito
rm n m r 'tn rirô irF in n n rsin rsip ^ ^
Várias vêzes durante a Missa diz: “Santo, Santo, Santo o Se­
soa uma sinêta ou campainha. nhor Deus dos exércitos”. Isto in ­
Os que assistem à cerimonia pe­ forma o povo de que está come­
la primeira vez perguntam-se o çando a parte da Missa em que
que significa isso. a consagração do pão e do v i­
Os toques de sinêta ou cam­ nho se opera. O povo, que es­
painha são sinais dados pelo acó­ tava sentado, ajoelha-se todo, em
lito para chamar a atenção - do reverência. Quando se aproxima
povo para uma parte importan­ o momento de o padre repetir as
te da Missa que está para se palavras que Cristo usou na Úl­
processar. Imediatamente antes tima Ceia, a sinêta soa uma vez,
de o padre começar a parte da como aviso adicional para o povo
Missa em que o pão e o vinho são se preparar para a vinda de Cris­
convertidos no corpo e no san­ to ao altar.
gue de Cristo, a sinêta toca três Depois de dizer as palavras sô­
vêzes quando o padre, empregan­ bre o pão, o padre eleva devagar
do as palavras do profeta Isaías, o corpo de Cristo, sob a aparên­
28
cia de pão, para o povo ver e palavras de S. João: “E is o" Cõr-'
adorar. Faz a mesma coisa com deiro de Deus”. Repete três vê­
o cálice em que o sangue de zes as palavras do soldado roma­
Cristo está agora contido. Genu- no cm Cafarnaum, que êle tam­
flete antes c depois de fazer is­ bém dissera antes da sua própria
so, e a cada elevação a sinêta Comunhão: “Senhor, eu não sou
é tocada três vêzes. O som da digno de que entreis em minha
sinêta dá aos presentes a opor­ casa”.
tunidade de olhar para o SS. Sa­ Então o sacerdote desce até o
cramento e adorar realmente povo e coloca o corpo de Cristo
Cristo presente neste Sacramento. na língua de cada comungante.
O povo engole-o devotamente e
Soa a Campainha volta aos seus lugares na igreja.
A última vez que o acólito Tal como o sacerdote, êle tomou
toca a sinêta — e novamente por plena parte no sacrifício, rece­
três vêzes — é imediatamente bendo a Cristo em corpo e san­
antes de o padre participar do gue, alma e divindade, na forma
corpo e do sangue de Cristo. Em de alimento como o fizeram os
cada Missa, o sacerdote completa Apóstolos na Última Ceia.
o sacrifício pela Comunhão, por­
que na Última Ceia Cristo se deu Cristo todo e inteiro
aos seus Apóstolos sob as apa­ Em conexão com a Comunhãc
rências de comida e de bebida, e do povo, usualmente surge a per
disse-lhes fazerem do mesmo mo­ gunta: Por que é que o povo s
do, em lembrança dêle. recebe a Cristo sob a forma d»
A Comunhão do sacerdote é pão? E é porque os católicos
parte do sacrifício e completa o crêem que, onde Cristo está, aí
memorial pelo qual é anunciada está todo e inteiro. Quando êle
a morte do Senhor até que êle é recebido sob a foi-ma de pão,
venha. A sinêta é tocada antes é recebido todo e inteiro. Sob a
da Comunhão do sacerdote para forma de pão o fiel recebe a
notificar o povo de que esta par­ Pessoa divina e seu corpo e seu
te da Missa está para ter lugar, sangue vivos.
e de que os que estão prepara­ A Ceia do Senhor é completada
dos para receber a Comunhão de­ justamente conforme o Senhor
vem aproximar-se da mesa da mandou, quando o sacerdote, que
Comunhão, que também é cha­ usou as palavras usadas por Cris­
mada a grade do altar. to ao converter o pão em seu
Quando o povo se ajoelha à corpo e o vinho em seu sangue,
mesa da Comunhão, o sacerdote completa-a recebendo Cristo sob
abençoa-o com o Sinal da Cruz, ambas as formas.
com uma oração pedindo a Deus A Comunhão do povo somen­
prepará-lo para o grande ato que te sob a forma de pão não é ma­
êle vai praticar. Depois levanta téria de doutrina, mas sim de
diante dêle o corpo de Cristo sob disciplina e de prática. Em vá­
a aparência de pão, usando as rias épocas na história da Igreja
29
côa» y íatica variou. Mesmo nos palmente por causa do perigo de
dias dos Apóstolos, a recepção da sacrilégio por entornamento do
Comunhão é mencionada sob a sangue de C risto... por causa da
simples forma de pão (A t 2, 42). repugnância de muitos a beber
E Cristo, referindo-se à Eucaris­ numa taça com um ... e por cau­
tia, disse: “Quem comer deste pão sa da escassez de vinho em mui­
viverá eternamente” (Jo 6, 59). tos lugares, especialmente onde
O atual costume de comungar milhares de pessoas recebem a
somente sob a forma de pão data Comunhão todo domingo.
do século quinze, e existe princi­

j2S2S252525BSES2SES2SHSÍS2SH52SES2S2S2SaHSoH52S2S252S25HS2S2S2S2S2S2S2S2SHSeS2S2SHS2S25ESES2S2S?í

M ituU cuío- Sdíoça <âa M idAa

Embora a Missa seja A. pecador pode fazer a Deus


uma só ação unificada J jj) ^ Todo-Poderoso, e é uma
que constitui um memo­ preparação muito apro­
rial da morte de Cristo priada para lhe oferecer
na cruz, pode ser dividi­ o Sacrifício da Missa. As
da em quatro partes. orações, para esta primei­
Consistem estas numa pre­ ra parte da Missa são pe­
paração e em três impor­ didos de misericórdia, e
tantes ações: o ofertó­
rio, a consagração e a também uma ação de gra­
Comunhão. ças a Deus pela sua mi­
A primeira parte é uma sericórdia. Jíá nela tam­
preparação em que nós bém orações pelas nossas
falamos a Deus para nos prepa­ necessidades como cristãos e co­
rarmos para o sacrifício, a fim mo criaturas de Deus Todo-Po-
de podermos tomar parte nêle deroso, orações essas que variam,
com as retas disposições. Nestas na Missa, de dia para dia.
orações, pedimos ser livrados do
pecado e de tôda indignidade. Deus fala a nós
Confessamos a Deus, aos santos Depois, na leitura de um tre­
no céu e uns aos outros haver­ cho das inspiradas cartas dos
mos pecado, e pedimos o perdão Apóstolos e, ocasionalmente, de
de Deus. passagens do Antigo Testamento,
Um espírito de pesar pelo peca­ e sempre de uma passagem do
do é a melhor aproximação que um Evangelho, Deus fala a nós. Nós
30
E, tendo escutado a mensagem cálice, benzendo-os, c depois re­
de Deusf fazemos um ato de fé, petindo as palavras: “Êste é meu
proclamando a nossa crença pela corpo... Êste é meu sangue”.
recitação do Credo. E isto encer­ Quando o sacerdote repete essas
ra a primeira e preparatória palavras, Cristo cumpre a sua
parte da Missa. promessa e torna-sc presente no
A segunda parte começa com altar, oferecendo-se a seu Pai ce­
o solene ofertório do pão e do leste. Sob a aparência de pão e
vinho que vão ser convertidos no de vinho êle jaz sôbre o altar di­
corpo e no sangue de Cristo e ante de nós e diante de seu
que, assim, constituem a Vítima eterno Pai, representado como a
que vai ser oferecida em sacrifí­ vítima imolada pelos pecados do
cio. O pão e o vinho são ofere­ mundo.
cidos porque vão ser agora con­ E assim nós passamos a rogar
vertidos; são oferecidos a Deus ao Pai aceitar êsse sacrifício co­
com solene cerimónia e orações, mo nosso sacrifício. Oramos tam­
pedindo que o nosso sacrifício lhe bém pelos mortos c por nós mes­
seja aceitável, e que também nós mos, para que possamos ser uni­
lhe sejamos aceitos. dos no Céu com os santos Após­
Depois o padre vira-se para o tolos e mártires e outros santos
povo c convida todos os presen­ que nos precederam, mediante os
tes a orarem com ele. "Orai, merecimentos de Cristo Nosso
irmãos”, diz êle, “para que o Senhor, por quem c com quem da*
m eu sacrifício e o vosso” (este mos a Deus tôda honra e glória.
sacrifício que vamos nos juntar Assim é oferecido o Sacrifício
para oferecer) “seja aceitável a da Missa. Porém a Missa não é
Deus Pai Onipotente”. um sacrifício em que a vítima é
E depois diz as orações que, em somente oferecida a Deus — é
substância, rogam a Deus dignar- também consumida.
se de aceitar, abençoar e santifi­
car os dons que oferecemos, e A Comunhão
tornar-nos dignos de tomar par­ A quarta parte da Missa é a
te no sacrifício e de lhe receber Comunhão. O sacerdote sempre
os frutos. completa o sacrifício consumin­
O Cânon do o corpo e o sangue de Cris­
A terceira parte é o coração to sob as espécies de pão e de
da Missa, na qual o sacrifício é vinho. Também distribui a sa­
realmentc oferecido. E ’ chama­ grada vítima ao povo que está
da o “Cânon” ou “regra”, por­ preparado e que nessa ocasião de­
que a ela se deve aderir rigida­ seja recebê-la. E assim, pelas
mente. mãos do seu instrumento huma­
Após várias orações prelimi­ no, o seu sacerdote delegado, que
nares, o sacerdote faz precisa- é o dispensador dos mistérios de
31
vyiiaw se ua a nos em ior- íeitas, e que se iez nomem e na-
ma de alimento. bitou entre nós. Êle habita entre
Alguns podem dizer que, de­ nós agora, cheio de graça e de
pois que Cristo morreu por nós verdade, oferecendo-se continua-
na cruz, o amor não podia ir mente por nós e habilitando-nos
mais longe. Mas, na Eucaristia, a beneficiar-nos da Redenção ope­
êle vai mais longe. Deus nos ama rada na Cruz.
tanto, quer tanto dar-se intei­ Uma vez que tenhais apreen­
ramente a nós, que excogitou êsse dido êste esboço geral da ação
meio de se dar sob a forma de da Missa, fácil é participardes
pão e de vinho. dela com inteligente devoção,
As pessoas cépticas pensam às mesmo sem seguirdes os detalhes
vêzes que isso é indigno do Deus da Missa com um Missal. Du­
Onipotente e destoante da sua dig­ rante a parte preliminar, podeis
nidade. Recusam crer seja possí­ ocupar-vos com atos de pesar
vel que Deus pudesse daT-se a pelo pecado e orações para o per­
nós por essa forma. Sem embar­ dão. Quando o pão e o vinho são
go, isso é exatamente o que Deus oferecidos, podeis oferecer-vos a
faz — de acordo com a promes­ Deus com o pão e o vinho, ro-
sa de Cristo. Não pode haver na­ gando-lhe aceitar o sacrifício co­
da destoante ou indigno de Deus mo vosso e dar-vos, a vós e a
num sacrifício efetuado por sua todos os outros por quem espe­
)rdem, e dedicado inteiramente à cialmente desejais orar, todos os
sua honra e glória. Na Sagra- favores que vós e eles necessitais.
ia Comunhão, não somente os dons E, quando as palavras da consa­
de Deus são recebidos, mas tam­ gração são proferidas, podeis ado­
bém o próprio Autor dêsses dons. rar Nosso Senhor, agora que ali
A distribuição da Comunhão é está presente, pensando vós com
acompanhada por orações apro­ profunda devoção no mistério que
priadas — a Oração Dominical, naquele momento se cumpre. De­
as orações de preparação para a pois podeis continuar com atos
estreita união com Cristo acar­ de adoração, ação de graças e pe­
retada pela Comunhão. O sacer­ tição. Mas é altamente desejá­
dote finda a Missa abençoando vel que sigais as reais orações
o povo e lendo os catorze pri­ da Missa no Missal, pois essas
meiros versículos do Evangelho são as orações oficiais da Igreja,
de S. João. e nenhumas outras podem ser tão
apropriadas como elas. As reais
O Verbo de Deus orações da Missa em língua ver­
Tendo completado o sacrifício, nácula são fàcilmente conseguí-
é lido o relato inspirado de quem veis, trazendo-as geralmente todo
é Aquele que estêve conosco e por Missal, e proporcionam a manei­
nós ofereceu êsse sacrifício. Ele ra mais estreita possível de nos
é o Verbo de Deus, que no prin­ unirmos a Cristo e ao sacerdote
cípio estava em Deus e era Deus, de Cristo no oferecimento desse
pelo qual tôdas as coisas foram sacrifício a Deus.
32

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