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Da viagem de São José e Maria

Santíssima a Belém, onde nasceu Jesus


28 agosto, 2020 / Gabriel / 0 Comments
Ascendit autem et Ioseph … in civitatem David, quae vocatur Bethlehem— “Subiu
também José … à cidade de Davi, que se chama Belém” (Lc 2, 4)

Sumário. Consideremos os doces colóquios dos santos Esposos sobre o mistério da


Encarnação, durante a viagem de Nazaré a Belém. Imaginemos a tristeza de São José
vendo-se com Maria expulso de Belém e obrigado a refugiar-se numa gruta. Mas a tristeza se
trocou em alegria, quando o Patriarca ouviu o doce canto dos anjos, viu o Filho de Deus feito
menino, e os pastores e os magos prostrados em adoração. Unamos os nossos afetos ao de
São José e admiremos como o Senhor alterna as alegrias com as tristezas na vida dos justos.

I. Considera com que ternura Maria e José deviam entreter-se naquela viagem, sobre a
misericórdia de Deus, que manda seu Filho à terra para Redenção do gênero humano; e sobre
o amor do Filho, que quer vir a este vale de lágrimas, a fim de satisfazer com sua paixão e
morte pelos pecados dos homens. Considera também a aflição de José, que na noite em que
devia nascer o Verbo divino, se viu com Maria expulso de Belém, de modo que foram obrigados
a se refugiarem numa gruta. Qual não deve ter sido a sua dor, vendo sua santa Esposa, jovem
de quinze anos, próxima a dar à luz, tremer de frio naquela gruta úmida e aberta de todos os
lados?

Mas, qual não deve ter sido em seguida a sua consolação, quando ouviu Maria chamá-lo e
dizer-lhe: Vem, José, vem adorar o nosso Deus-Menino, que já nasceu nesta gruta. Vê como é
formoso; vê nesta manjedoura sobre um pouco de palha ao Rei do universo. Vê, como está
tremendo de frio aquele que abrasa os Serafins de amor. Vê como está chorando aquele que é
a alegria do paraíso. Contempla aqui, meu irmão, qual deve ter sido a ternura e amor do santo
Patriarca, quando, com os seus próprios olhos viu o Filho de Deus feito menino, e ao mesmo
tempo ouviu os anjos cantarem em torno do seu Senhor nascido, e viu a gruta resplandecente
de luz.

Então José, de joelhos, e derramando lágrimas de ternura, disse: Adoro-Vos, meu Senhor e
meu Deus. Que felicidade minha é a de ser o primeiro, depois de Maria, a Vos ver nascido, de
saber que nesta terra quereis ser chamado meu filho, e tido por tal. Permiti, pois, que eu
também assim Vos chame, e desde agora Vos diga: Meu Deus e meu Filho, consagro-me todo
a Vós. A minha vida não será mais minha, será toda vossa, e não me servirá mais, senão para
Vos servir, ó meu Senhor. Como ainda aumentou a alegria de São José, vendo naquela noite
virem os pastores convidados pelo Anjo a adorarem seu Salvador nascido; e depois também os
santos Magos, que chegaram do Oriente para tributarem as suas homenagens ao Rei do céu,
vindo à terra para salvação das suas criaturas.

II. Une os teus afetos aos dos Pastores e dos Magos, ou, melhor ainda, aos de São José
mesmo e de Maria, sua Esposa imaculada. Depois reflete no que diz São João Crisóstomo,
quando fala das dores e das alegrias do santo Patriarca: Misericors Deus moestis rebus etiam
iucunda permiscuit. Na sua infinita misericórdia e sabedoria, o Senhor dispôs que a vida do
justo seja uma alternação de aflições e de alegrias; e se não permite que seja oprimido pelas
tribulações, tampouco quer que ande sempre por entre gozos.
Meu santo Patriarca, pela dor que sentistes em ver o Verbo divino nascido numa
gruta, tão pobre, sem fogo e sem paninhos, como também em o ouvir chorar pelo
frio que o atormentava, Vos rogo que me alcanceis uma dor sincera dos meus
pecados, que foram causa das lágrimas de Jesus. E pela consolação que tivestes
em ver pela primeira vez a Jesus nascido no presépio, tão formoso e gracioso, que
desde então vosso coração começou a arder de um amor mais ardente para com o
Menino tão amável e tão amoroso, alcançai-me a graça de o amar com amor
ardente na terra, a fim de ir um dia gozá-lo no paraíso.

E vós, ó Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, recomendai-me a vosso Filho, e


alcançai-me o perdão de todas as faltas que tenho cometido, e a graça de não
mais o ofender. Ó meu amado Jesus, perdoai-me pelo amor de Maria e José, e
dai-me a graça de um dia Vos ver no céu, para Vos louvar e amar a vossa divina
beleza e a bondade que Vos fez nascer criança por meu amor. Amo-Vos, bondade
infinita; amo-Vos, meu Jesus; amo-Vos, meu Deus, meu amor, meu tudo; e não
Vos peço outra graça, senão a de Vos amar com todas as minhas forças, † Jesus,
Maria, José, eu Vos dou o meu coração e o meu espírito (1).

Referência:

(1) Indulgência de 100 dias cada vez.

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o
Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p.
472-475)

Fuga para o Egito


29 agosto, 2020 / Gabriel / 0 Comments
Surge et accipe puerum et matrem eius, et fuge in Aegyptum — “Levanta-te e toma
o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito” (Mt 2, 13)

Sumário. Consideremos a obediência pronta de São José. Apenas recebida a ordem do Anjo,
apresta-se para a viagem ao Egito, posto que previsse os incômodos que semelhante viagem,
bem como a sua permanência naquele lugar, devia causar tanto a ele mesmo como a sua
Esposa e seu divino Filho. Como é que nós obedecemos aos mandamentos de Deus e às
ordens dos nossos superiores? Ao menos, esforcemo-nos para o futuro por imitar o santo
Patriarca, e unamo-nos a estes santos peregrinos na viagem que estamos fazendo para a
eternidade.

I. Depois que os santos Magos informaram Herodes do nascimento do Rei dos judeus, o
bárbaro príncipe mandou que fossem mortos todos os meninos dos arredores de Belém. Como
então Deus quis ainda livrar seu Filho da morte, mandou um Anjo para avisar a São José, que
tomasse o Menino e a Mãe e fugisse para o Egito. Considera aqui a obediência pronta de José.
Embora o Anjo não lhe marcasse o tempo para a partida, todavia, sem opor dificuldades quanto
ao tempo, nem quanto ao modo de viajar, nem quanto ao lugar onde deveria fixar-se no Egito,
sem demora se apresta e vai.

Avisa logo a Maria, e naquela mesma noite, segundo a opinião bem plausível de Gerson,
ajuntado a pouca ferramenta de seu ofício, que podia levar e que depois deveria servir-lhe no
Egito para alimentar a sua pobre Família, se põe com sua Esposa Maria a caminho para o
Egito, sem outro guia, numa viagem de trezentas milhas, no dizer dos autores, por terrenos
montanhosos, por caminhos ásperos e desertos. Quanto não devia São José sofrer durante a
viagem, ao ver os sofrimentos da sua querida Esposa, pouco habituada a viajar, com o caro
Filhinho que eles carregavam alternadamente, temendo a cada passo que se encontrassem
com os soldados de Herodes, no mais rigoroso inverno, debaixo de vento e neve!

Com que deviam alimentar-se na viagem, senão com um bocado de pão, trazido da casa ou
pedido de esmola? Onde deviam passar as noites a não ser numa miserável choupana ou ao
relento? O santo Patriarca estava perfeitamente resignado à vontade do Pai Eterno, que quis
que seu Filho começasse a padecer desde criança, a fim de satisfazer pelos pecados dos
homens; mas o coração terno e amante de José não podia deixar de sofrer, vendo-o tremer e
ouvindo-o chorar pelo frio e pelos outros incômodos que sentia.

II. Considera quanto José devia sofrer durante a permanência de sete anos no Egito, no meio
de um povo idólatra, bárbaro e desconhecido; pois que ali não tinha nem parentes nem amigos
que o pudessem auxiliar. Pelo que São Bernardo diz que o santo Patriarca, para alimentar a
sua pobre Esposa e o divino Menino, o mesmo que dá o sustento a todos os homens e animais
da terra, era obrigado a trabalhar dia e noite.

Meu santo Protetor, pela obediência tão pronta com que sempre vos conformastes
a vontade de Deus, obtende-me de vosso Jesus a graça de uma obediência
perfeita aos preceitos divinos. Obtende-me, na viagem que minha alma está
fazendo para a eternidade, cercada de tantos inimigos, que nunca perca a
companhia de Jesus e Maria até o último momento da minha vida. Nesta
companhia, todos os trabalhos desta vida e a mesma morte me serão doces e
suaves. Ó Maria, Mãe de Deus, pelos sofrimentos que vós, donzela tão tenra,
padecestes na viagem para o Egito, alcançai-me forças para suportar com
paciência e resignação todos os incômodos e contrariedades que me sobrevierem.
.
E Vós, meu amado Jesus, tende piedade de mim. Ó Deus, Vós, que sois inocente,
meu Senhor e meu Deus, quisestes desde a infância sofrer tanto por mim, e eu,
pecador, que tantas vezes hei merecido o inferno, quantas vezes me revoltei e
impacientei quando tinha de sofrer alguma coisa por Vós? Meu Senhor,
perdoai-me. Para o futuro quero sofrer tudo o que Vós quiserdes, e desde agora
me ofereço a sofrer todas as cruzes que me queirais enviar. Ajudai-me, porém,
com a vossa graça, sem a qual tornarei a ser-Vos infiel. Amo-Vos, meu Jesus, meu
tesouro, meu tudo, e quero amar-Vos sempre. Para Vos agradar quero sofrer tudo
quanto quiserdes.

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o
Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p.
475-477)

Da volta do Egito e da perda de Jesus no


Templo
30 agosto, 2020 / Gabriel / 0 Comments
Remansit puer Iesus in lerusalem, et non cognoverunt parentes eius — “O Menino
Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais se apercebessem” (Lc 2, 43)

Sumário. Consideremos a aflição e os incômodos que Jesus, Maria e José experimentaram na


volta do Egito; consideremos em seguida a dor dos santos Esposos na perda do seu divino
Filho, após a visita ao templo. Habituados como estavam a gozar a doce presença e
companhia do Salvador, quantas lágrimas não devem ter derramado nos três dias à procura do
objeto de seu amor? Tanto mais, porque na sua humildade receavam ter desagradado ao
divino Menino, que por isso os quisesse privar da sua presença. Para a alma que pôs em Deus
todo o seu amor, não há aflição maior do que a dúvida de o ter ofendido.

I. Chegado o tempo para voltar do Egito, eis que novamente o Anjo avisa a São José, que com
o Menino e a Mãe volte para a Judeia. Contempla São Boaventura que naquela volta José e
Maria sofreram mais do que na ida; pois que, tendo Jesus então mais ou menos sete anos, já
era grande demais para ser carregado e muito pequeno ainda para fazer a pé tão longa
viagem. Pelo que o amável Menino teve que parar muitas vezes, ou deitar-se na terra, para
descansar um pouco.

Consideremos igualmente a dor que José e Maria sentiram quando, de volta à Judéia,
perderam a Jesus depois da visita ao templo. José estava habituado a gozar a doce vista e
companhia do seu amado Salvador. Qual não devia, pois, ser a sua dor, quando se viu três dias
privado de tão amável presença, sem saber se tornaria a gozá-la, e sem saber o motivo? E isto
o que mais o afligia; porque na sua profunda humildade, o santo Patriarca temia que talvez por
causa de alguma falta dele, Jesus se resolvera a não ficar mais na casa de José, julgando-o
indigno da sua companhia, da honra de servi-lo e de ser o guarda de tão grande tesouro.

Para uma alma que fez de Deus o objeto de todo o seu amor, não há aflição maior de que o
temor de o haver ofendido. Durante aqueles três dias Maria e José não dormiram sequer um só
instante, choravam continuamente procurando o Filho amado, assim como a Virgem mesma o
disse depois na ocasião do encontro no templo: Fili, quid fecisti nobis sic? Ecce pater tuus et
ego dolentes quaerebamus te (1) — Meu filho, por que aflição tão amargosa nos fizeste passar
estes dias, em que chorando andamos à tua procura, sem te achar e sem termos notícias de ti!

II. Consideremos agora a alegria que São José teve no encontro de Jesus, por saber então que
a causa do afastamento não fora alguma falta sua, mas o zelo pela glória do Pai. Alegria igual
experimentam as almas que, depois de se terem conservado fiéis a Deus no tempo de aridez e
de desolação espiritual, têm finalmente a ventura de gozar das antigas consolações e doçuras.

Meu santo Patriarca, chorastes por haver perdido a Jesus; mas vós sempre o
amastes e ele sempre vos amou, e vos amou a ponto de vos escolher por seu pai
nutrício e o guarda de sua vida. Deixai que eu chore, que por amor às criaturas e
para satisfazer a meus caprichos, abandonei e perdi muitas vezes a meu Deus,
pelo desprezo da graça divina. Ah, meu amado santo, pelos méritos da aflição que
sofrestes na perda de Jesus, dai-me lágrimas para chorar sempre as injúrias feitas
a meu Senhor. E pela alegria que vos causou depois o encontro no templo,
alcançai-me que eu torne a achá-lo, morando em minha alma pela graça, e nunca
mais o perca.

E vós, Maria minha Mãe, que sois o refúgio dos pecadores, não me desampareis;
tende piedade de mim. Se ofendi vosso Filho, agora me arrependo de todo o
coração, e pronto estou a antes perder mil vezes a vida, do que tornar a perder a
graça divina. Pedi a Jesus que me perdoe e me dê a santa perseverança. Vós,
meu querido Jesus, se não me haveis ainda perdoado, perdoai-me nesta hora
mesma. Detesto e abomino todas as injúrias que Vos fiz; pesa-me e quisera morrer
de dor. Amo-Vos, e porque Vos amo, estimo o vosso amor e a vossa graça sobre
todos os reinos do mundo. Senhor, ajudai-me, para que Vos ame sempre e não
Vos ofenda mais.

Referência:

(1) Lc 2, 48.

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o
Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p.
477-479)

Da dignidade de São José, Esposo da


Virgem Maria
24 fevereiro, 2016 / Gabriel
Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos

para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!

Iacob autem genuit Ioseph, virum Mariae, de qua natus est Iesus – “Jacob gerou a
José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus” (Mt 1, 16)

Sumário. Para formarmos uma ideia da dignidade de São José, basta ponderarmos que, na
qualidade de esposo de Maria e chefe da sagrada Família, tinha verdadeiros direitos sobre a
Mãe de Deus e seu divino Filho, que assumiram a obrigação de lhe obedecer, e lhe
obedeceram em tudo. Quanto devemos, pois, honrar àquele a quem Deus honrou tanto!
Quanto devemos confiar na eficácia de sua proteção! ― E tu, és-lhe realmente devoto?…
Recorres prontamente a ele em tuas necessidades?

I. Considera em primeiro lugar a dignidade de São José por ser esposo de Maria. Nesta
qualidade adquiriu o direito de lhe dar ordens, e Maria, na qualidade de esposa, assumiu a
obrigação de obedecer a São José. O humílimo São José nunca se serviu de mandos para
com a santa Virgem, mas somente de pedidos, por venerar nela a grande santidade e a
dignidade de Mãe de Deus. A humílima Esposa, porém, entre todas as criaturas a mais
humilde, considerava sempre aqueles pedidos como outras tantas ordens. ― Ó Maria, ó José,
ó Esposos santíssimos, que por vossa grande humildade vos fizestes tão amados de Deus,
suplico-vos que me alcanceis o perdão de todos os meus atos de soberba, e a graça de sofrer
d’aqui por diante com paciência todos os desprezos e injúrias que me vierem da parte dos
homens, porquanto hei merecido ser pisado aos pés dos demônios no inferno.

Considera em segundo lugar a alta dignidade de São José por lhe ser conferido por Deus o
ofício de pai de Jesus Cristo: Et erat subditus illis (1) ― “E era-lhes submisso”. Quem é que
estava submisso? O Rei do mundo, o Filho de Deus e também verdadeiramente Deus
todo-poderoso, eterno, perfeito, em tudo igual ao Pai. Este é quem na terra quis estar submisso
a São José. Por si mesmo não tinha José autoridade sobre Jesus, por não ser o pai verdadeiro,
mas tão somente o pai putativo. Como esposo, porém, e chefe de Maria, foi o chefe também de
Jesus Cristo, enquanto homem, por ser o fruto das entranhas de Maria. Quem é dono de uma
árvore, o é também dos frutos.

Eis porque a Beata Virgem o chamou pai de Jesus: Pater tuus et ego dolentes quaerebamos te
(2) ― “Eu e teu pai angustiados te procuramos”.

Foi portanto a São José, como chefe daquela pequena Família, que coube o ofício de mandar,
e a Jesus o de obedecer; de sorte que Jesus nada fazia, não se movia, não tomava alimento
nem repouso, senão segundo as ordens de José. Ó dignidade inefável!

II. Devemos honrar muito aquele a quem Deus mesmo tanto tem honrado. E grande confiança
devemos pôr na proteção de São José, que viu nesta terra o Senhor do mundo submisso às
suas ordens. Escreve Santa Teresa: “O Senhor nos quis dar a entender que, assim como na
terra quis ficar submisso a São José, assim faz agora no céu tudo o que o Santo Lhe pede”.

Meu santo Patriarca, pela grande reverência que, como a seu esposo, vos teve Maria, rogo-vos
que me recomendeis a ela, e me alcanceis a graça de ser o seu verdadeiro e fiel servo até à
morte. E pela submissão que na terra vos mostrou o Verbo encarnado, obtende-me a graça de
Lhe obedecer e de amá-Lo perfeitamente. No céu Jesus se compraz em conceder todas as
graças que vós pedis em favor daqueles que a vós se recomendam. Eu também, miserável
como sou, me recomendo a vós, escolho-vos por meu advogado especial e prometo honrar-vos
cada dia com algum obséquio particular. Meu Pai, São José, por piedade, alcançai-me aquela
graça que vós sabeis ser mais útil à minha alma, e especialmente a virtude da santa pureza.
“Sim, glorioso São José, pai e protetor das virgens, guarda fiel, a quem Deus
confiou Jesus, a mesma inocência, e Maria, a virgem das virgens, eu vos peço e
conjuro por Jesus e Maria, este duplo depósito a vós tão caro, com vosso eficaz
auxílio dai-me conservar meu coração isento de toda mancha, e que, puro e casto,
sirva constantemente a Jesus e Maria em perfeita castidade” (3). ― E vós, ó Mãe
de Deus e minha Mãe Maria, pela santa humildade e obediência com que
executastes tudo que vosso santo Esposo José vos pedia, alcançai-me de Deus a
graça da santa humildade e da perfeita obediência a seus preceitos divinos (4).

Referências:

(1) Lc 2, 51

(2) Lc 2, 48

(3) Indulgência de 100 dias

(4) Esta meditação, embora não se ache nas obras completas de Santo Afonso, é todavia do
santo Doutor

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o
Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p.
324-326)

Da glória de São José, Esposo da Virgem


Maria
2 março, 2016 / Gabriel
Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos
para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!

Qui custos est Domini sui, glorificabitur – “O que é o guarda do seu Senhor, será
glorificado” (Pv 27, 18)

Sumário. Devemos ter por certo que a vida de São José, sob a vista e na companhia de Jesus
e Maria, foi uma oração contínua, cheia de fé, de confiança, de amor, de resignação e de
oferecimento. Visto que a recompensa é proporcionada aos merecimentos da vida, considera
quão grande será no paraíso a glória do santo Patriarca. Com razão se admite que ele, depois
da Bem-aventurada Virgem, leva vantagem a todos os demais Santos. Por isso, quando São
José quer obter alguma graça para seus devotos, não tanto pede, como de certo modo manda
a Jesus e Maria.

I. A glória que Deus confere no céu a seus Santos é proporcionada à santidade de vida que
eles levaram em terra. Para termos uma idéia da santidade de São José, basta que
consideremos unicamente o que diz o Evangelho: Ioseph autem vir eius, cum esset iustus (1)
— “José seu esposo, como era homem justo”. A expressão homem justo significa um homem
que possui todas as virtudes; porquanto aquele a quem falta uma delas, não pode ser chamado
justo.

Ora, se o Espírito Santo chamou a São José justo, na ocasião em que foi escolhido para
Esposo de Maria, avalia, que tesouros de amor divino e de todas as virtudes o nosso Santo não
devia auferir dos colóquios e da contínua convivência com a sua santa Esposa, que lhe dava
exemplos perfeitos de todas as virtudes. Se uma só palavra de Maria foi bastante eficaz para
santificar ao Batista e para encher Santa Isabel do Espírito Santo, a que alturas não pensamos
que deve ter chegado a bela alma de José pela convivência familiar com Maria, da qual gozou
pelo espaço de tantos anos?

Além disso, que aumento de virtudes e de méritos não deve ter adquirido São José convivendo
continuamente por tantos anos com a própria santidade, Jesus Cristo, servindo-O,
alimentando-O e assistindo-Lhe nesta terra?

Se Deus promete recompensar aquele que por seu amor dá um simples copo de água a um
pobre, considera quão alta glória terá dado a José, que O salvou das mãos de Herodes, Lhe
forneceu vestidos e alimentos, O trouxe tantas vezes nos braços e carregou com tamanho
afeto. — Devemos ter por certo que a vida de São José, sob a vista e na companhia de Jesus e
Maria, foi uma oração contínua, cheia de atos de fé, de confiança, de amor, de resignação e de
oferecimento. Se, pois, a recompensa é proporcionada aos merecimentos ajuntados na vida,
considera quão grande será a glória de São José no paraíso!

II. Santo Agostinho compara os demais Santos com estrelas, mas São José com o sol. O Padre
Soares diz que é muito aceitável a opinião que depois de Maria, São José leva vantagem a
todos os demais Santos em merecimento e em glória. Donde o Ven. Bernardino de Bustis
conclui que São José, de certo modo, dá ordens a Jesus e Maria quando quer impetrar algum
favor para os seus devotos.
Meu santo Patriarca, agora que gozais no céu sobre um trono elevado junto do vosso
amadíssimo Jesus, que vos foi submetido na terra, tende compaixão de mim, que vivo no meio
de tantos inimigos, maus espíritos e más paixões, que me dão combates contínuos para me
fazerem perder a graça de Deus. Ah! Pela felicidade que tivestes, de gozar na terra, sem
interrupção, da companhia de Jesus e Maria, alcançai-me a graça de passar o resto de minha
vida sempre unido a Deus e de morrer depois no amor de Jesus e Maria, para que um dia
possa ir gozar, convosco, da sua companhia, no reino dos bem-aventurados.

E Vós, ó meu amado Jesus, meu amantíssimo Redentor, quando poderei ir gozar-Vos e
amar-Vos no paraíso face a face, seguro de não Vos poder mais perder? Enquanto viver,
estarei exposto a tal perigo. Ah, meu Senhor e meu único Bem, pelos merecimentos de São
José, que Vós amais e honrais tanto no céu; pelos merecimentos de vossa querida Mãe; e
mais ainda, pelos merecimentos de vossa vida e morte, pelas quais merecestes para mim todo
o bem e toda a esperança: não permitais que em tempo algum eu me separe nesta terra de
vosso amor, a fim de que possa ir para a pátria do amor, a possuir-Vos e amar-Vos com todas
as minhas forças e nunca mais em toda a eternidade afastar-me da vossa presença e do vosso
amor.

Referências:

(1) Mt 1, 19

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o
Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p.
345-347)

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