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Disciplina: Políticas do Público e da Gestão

Professora: Diana Marisa Dias Freire Malito

Aluna: Gabriela de Paulo Alexandria (115024022)

Resenha Crítica de “ Formação: ética, política e subjetividades na Psicologia.


Criando outros olhos: manifesto pelo (re)encantamento na formação do
psicólogo.”, por Diana Marisa Dias Malito e Katia Faria de Aguiar

REFLEXÕES DE UMA VISÃO DESENCANTADA NO PROCESSO DE


ELABORAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Muitas universidades públicas fazem um movimento de trabalhar com autores e


pesquisadores da própria comunidade, apresentando a si mesma e fortalecendo esta
parte da comunidade acadêmica. Meu orientador e eu procuramos autores
internacionalmente conhecidos e também incluímos como um dos nossos principais
uma rede de estudos budistas que se faz presente inclusive na universidade:
representantes e amigos do Centro de Estudos Budista Bodhisatva. Isso contribui para a
produção de um trabalho mais conectada conosco e com o que nos circunda.

No início da escrita da monografia, senti-me viciada em uma forma de escrita


que vem inclusive desde o vestibular. Era difícil escrever de outra forma até em outras
ocasiões sem autoridades, instituições ou necessidade de obter um registro profissional.
Bem ou mal esta forma aprisionada supriu muitas necessidades que tive ao longo da
formação, mas certamente não é a que eu desejo me fixar e aqui está o porquê:

“Que tipo de saber vocês querem desqualificar no momento em


que vocês dizem ‘é uma ciência’? Que sujeito de experiência ou de saber
vocês querem menorizar?” (Foucault apud Coimbra , 1998: 31). No texto se fala sobre
engessamentos típicos (desqualificação do atendimento entre “quatro paredes, falas
transdisciplinares que usam apenas três autores, etc.), mas usando um exemplo (não
muito) diferente, também me identifico nesse questionamento. Ressoando a fala de
Barros, meu avental invisível – que me distanciava de uma ação profissional orientada
para a realidade – me mantinha em conflito em relação ao desenvolvimento nesse
espaço mediante a forte oposição a todos os exemplos de prática engessada citados no
texto e visíveis no dia-a-dia da vida universitária.
Com a produção de uma monografia também não foi diferente – pelo menos no
início. Sentia que havia pouco espaço para o que eu verdadeiramente desejava produzir
como trabalho final de graduação e que eu precisaria desconsiderar todas as partes
importantes do meu processo para concluir este trabalho. Trocando a atitude de
competição belicosa por uma postura de humildade mais cooperativa, não somente mais
rica se tornou a elaboração do trabalho, como também, no mínimo, mais operante as
relações que a compõem.
“Propomos uma pergunta ética: como escolhemos o que serve para potencializar
nossa formação de psicólogo, sabendo que tal escolha produzirá efeitos no mundo?”.
Pensar meu trabalho como orientado pra realidade, pra nossas necessidades objetivas e
para as necessidades objetivas das pessoas que podem ser afetadas por esses trabalhos
também tem o mesmo sentido. Ou seja, continuo não tendo me afeiçoado à forma
convencional de se escrever uma monografia, mas percebo que até isso traz
contribuições concretas pelo menos para o meu desenvolvimento como profissional.
Então, falando do meu ponto de vista (de uma aluna que passou uma graduação
quase inteira com grande interessem em desqualificar silenciosa, mas reiteradamente
essa forma da universidade de construir saber e realidade), posso afirmar que meu
processo de escrita da monografia se tornou menos conflituoso e mais proveitoso depois
de reconhecer a potencialidade do contexto no qual eu e ele estamos inseridos:
“Encontramos outros modos de pensar que afirmam o mundo, os objetos e os sujeitos
como efeitos de práticas datadas, num permanente movimento de co-produção.“ e
“Objetivamos, então, pensar o processo de formação do psicólogo sem buscar culpados,
mas convocando aliados e evocando problematizações.”

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