Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A segunda observação a que o autor se refere é sobre a Repressão e Ideologia, aqui faz
observações sobre o semanário anarquista “Action”, criticando a concepção anarquista,
afirmando que essa substitui a exploração pela repressão ou a exploração pensada como uma
forma de repressão; outra crítica que faz ao semanário e à própria concepção anarquista, é a
substituição da ideologia pela repressão. A observação de Althusser à concepção anarquista
tem como objetivo reafirmar a ideologia como instrumento de persuasão e não como
elemento de repressão e de mostrar os mecanismos que a ideologia utiliza para levar os
indivíduos a agir sozinhos sem a necessidade de agentes de repressão.
EU, Sandro, professor, penso que: organiza-se como conjunto de instâncias de saberes e
poderes mutuamente “solidário” que tem o condão de condicionar subjetividades ...
Seria interessante iniciar essa reflexão a partir do verbo “ser”, utilizado no início
da resposta, mas isso poderia nos conduzir a um percurso reflexivo que extrapolaria
muito o escopo restrito/delimitado a que me proponho chegar. Resta-me, então,
localizar, no segmento, as expressões cujos conceitos parecem dizer mais sobre a
reflexão a que me propus: profissional, mas um que ministra; aula, geralmente em
contexto escolar; e Língua Portuguesa.
Nas circunstâncias descritas, seria lícito pensar que o docente mobiliza “legião”,
no dizer de Barthes (Aula), ou poder-saber, invertendo os termos utilizados por Foucault
na implicação que produz entre esses termos (em As palavras e as coisas), mas, na
contingência da escola, sobretudo a pública para pobres, na periferia do capitalismo, os
poderes e, portanto, os saberes-poderes encontram escoadouros singulares, a saber:
sabe-se que os “conteúdos” escolares pouco servem à vida prática; sabe-se que a escola
quase nunca é fundamento para a promoção da melhoria da condição social e
econômica de seus discentes; sabe-se que também quase não há papel relevante da
escola no que diz respeito às alterações epistêmicas dos sujeitos locais, exceto em
relação à alfabetização; sabe-se que docentes ganham mal; sabe-se que quem ganha mal
está fora dos circuitos de consagração social e, portanto, quem está fora pode ser
considerado desimportante (Zé-Ninguém); sabe-se, ainda que latentemente, que a escola
é também um espaço de disputa e de exercício de poderes; sabe-se que a ideia-espaço
escola tem algum nível de relevância social, mesmo que entendida como degrau
necessário a algo indefinido; sabe-se que o tempo de convivência entre todos os atores
sociais relacionados à escola estabelece, necessariamente, relações de afeto, afecções de
variados tipos, conflitos, perplexidades entre pessoas e entre pessoas e instâncias
(Estado, poder local, religião...); sabe-se ou se intui muito mais coisas, mas, sobretudo,
sabe-se que o principal fazimento para o qual toda a estrutura material e composição
humana escolar são mobilizados, em última instância, é em função do que chamamos de
“aula”.
Aula, então, é uma relação social “atravessada” por muitas nuances econômicas,
sociais e psíquicas que a redefinem singularmente a cada acontecimento. Àquele que,
por dever de ofício, deve instaurá-la, parece caber lembrar de muitas dessas nuances e,
também, de que as regularidades desse “evento” são as interações – protocolares “e”
não – e as intenções, institucionais e/ou pessoais dos envolvidos. Então, pondero, talvez,
aula seja o conjunto de conceitos, valores, circunstâncias, afecções e afetos; e que esse
conjunto possivelmente determine, em cada local onde ela ocorra, o que é aula, aquela
aula.
Como a pergunta sobre ser professor não é sobre o que acho que deve ser – coisa
para a qual eu também não tenho resposta definitiva! -, mas o que, de fato, é, na vida
comum, cabe pensar nesses tantos fios soltos que deixei neste texto e, talvez, então,
como ponto de partida, sem restringir a ideia do que seja ou possa ser um professor,
possamos contar com a ideia de, no Brasil, utilizarmo-nos do idioma pátrio como
ferramenta analítica, a formular, e meta-analítica, com ferramental já formalizado, para
lidar com toda forma de comunicação social ao alcance do grupo em interação,
formulando, com aquele coletivo, estratégias de leitura do mundo social, político,
econômico, científico e outros mais: construir a leitura do mundo com os discentes e
com todos mais que estejam próximos. Então, mobilizar saberes para conversar.
Texto escrito sem revisão e de um único fôlego, feito assim coma finalidade de
não lhe alterar as feições, as pulsões e o sangue pela via de uma revisão!