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Distinções entre Escrita, Alfabetização e Letramento

Ao longo do capítulo 1, a autora vai desenvolvendo uma


problematização e reflexão com relação a constituição da escrita, alfabetização
e letramento, uma vez que, muitos estudiosos no campo da educação vêm
desassociando estas concepções.

Para a autora, estas concepções estão entrelaçadas e que precisam ser


articuladas para um desenvolvimento significativo das crianças que vivenciam
esse processo. Assim, ao decorrer do capítulo, em um primeiro momento vai
conceituar a noção de escrita, explicitando as formas de códigos de escrita ao
longo da história até chegarmos ao entendimento que hoje temos. A escrita
tem o intuito de explicitar ideias, pensamentos de um determinado povo e
região, atrelado ao desenvolvimento cognitivo, social e cultural. Desse modo, o
aparecimento de outros saberes na história, como por exemplo, a filosofia, foi
qualificando esse processo, expandindo e consolidando a escrita como forma
de comunicação entre as pessoas, sobretudo, estabelecendo relações de
poder.

Em um segundo momento, a autora vai trazendo alguns elementos


históricos para compreendermos a constituição da noção de alfabetização que
nós temos. Para autora, existe duas formas de compreender a escrita: “Como
um processo de aquisição individual de habilidade requiridas para a leitura e a
escrita ou como um processo de representação de objetos diversos, de
natureza diferentes.” (p. 14). Ou seja, ela realiza uma problematização sobre
esse conceito com relação a alfabetização atrelado a escolarização, uma vez
que, vai ressaltar que esse desenvolvimento não tem um fim e que vai para
além das práticas formais do cotidiano da escola ao diferenciar estes dois
entendimentos. A alfabetização constitui um campo de saberes dentro de uma
determinada cultura para além de codificar e decodificar fonemas e
compreender esta sistemática. Entender que cada individuo dentro desta
perspectiva esta inserido em um ambiente sociocultural, é compreender
também que essa conjuntura está em incessante mudança, movimento e esses
sujeitos acompanham e se subjetivam por esse processo também atrelado a
alfabetização.
O terceiro conceito que se entende por letramento, é para além dos
anteriores, pois possibilita as crianças compreenderem ou não a funcionalidade
no cotidiano. Segundo a autora, enquanto a alfabetização se atenta em
proporcionar a aquisição da escrita para cada individuo dentro desse ambiente
sociocultural que está inserido, o letramento tem o papel fundamental atrelado
para população em geral que até mesmo não domina a escrita. Ela promove,
por exemplo, compreender os indivíduos que possuem a ausência da escrita e
olhar para o comportamento humano, esse é o movimento que autora faz nesta
seção trazendo elementos históricos e perspectivas para compreendermos o
letramento. Podemos concluir então que o letramento está nesse jogo de
tensão e disputa, uma vez que há uma grande população não alfabetizada,
mas letrada e que muitas vezes renuncia a certos conhecimentos, culturas e
entendimentos da escrita por falta de oportunidades ou condições diante dessa
disputa de poder para dominar, alienar determinados grupos sociais dentro de
uma determinada racionalidade que se quer.

Penso ser um grande movimento pensarmos a partir destas


considerações, pois muitas vezes estamos diariamente vivendo e possibilitando
estes conceitos no cotidiano da escola, esquecendo muitas vezes de
problematizar e olhar para história, compreendendo que há fissuras, rupturas e
disputas a todo tempo de interesses, para além do formal da escola.

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