Nome: Antônia Fernanda Lima de Araújo Matrícula: 485094
Professora: Rita Helena Sousa Ferreira Gomes
A aula sobre a temática Ética e Educação proporcionou reflexões muito
importantes a respeito do processo de educar que me tocaram profundamente. Tendo como leitura base o texto “A palavra múltipla: por uma educação (po)ética”, de Joan- Carles Mèlich, a discussão foi disparada a partir de uma série de perguntas acerca da ética como elemento essencial tanto para a Psicologia quanto para a Educação, levantando-se questões como “O que tem a ver psicologia e educação?” ou “Como pode a psicologia pensar o sujeito humano sem considerar os caminhos educativos que o formaram?”. Ambas as perguntas, conectadas entre si, dizem de uma interdependência entre esses dois campos que é pouco falada: o sujeito que chega como demanda para a psicologia não vem do vazio, ele é alguém cujos valores e visão de mundo refletem os processos educativos pelos quais passou dentro da família e do convívio social, mas sobretudo da escola. Assim sendo, psicologia e educação são saberes que se debruçam e intervém sobre o mesmo objeto - o homem de palavras, inserindo-o na dimensão da significação e ressignificação da experiência por meio da linguagem e abrindo-lhe as possibilidades de se construir e de reconstruir-se quantas vezes a vida determinar como necessário. Um aspecto fundamental do homem é que ele é, diferentemente das outras espécies, um ser perpassado pela linguagem, isto é, ele constitui-se através das palavras. São elas que o nomeiam, que traduzem seus sentimentos, que dão forma ao mundo que ele habita. E embora pareça um relativismo típico da modernidade burguesa, é inegável que os homens habitam um universo estruturado pela linguagem, onde se entrelaçam diferentes pontos de vista e no qual se constroem diversificadas versões da realidade, pois, apesar da palavra dar nome a tudo o que há, ela cumpre a proeza de não ser definitiva e jamais encerrar as possibilidades de sentido das coisas. Nessa perspectiva, podemos dizer que a linguagem é tanto uma ferramenta quanto um dom que permite que cada sujeito crie e experiencie suas próprias narrativas e ficções. Como alerta Mèlich, todos somos seres de palavras, mas cada um de nós tem uma voz única que ecoa de forma singular. Por essa razão, a linguagem falada, incluindo a omissão dela, representa um colocar-se no mundo, ou melhor, um posicionar-se por algo ou alguém. Ela também significa uma abertura, um submeter-se ao outro, pois quem se expressa o faz para ser ouvido e validado, logo, o falar não é apenas uma demonstração de se estar vivo, mas uma tentativa de dialogar e de fazer trocas com o outro. No contexto educacional, a abertura para a palavra propicia um poderoso espaço de construção de sentidos, a partir do qual o aluno pode aprender a ser o narrador da própria história, alcançando autonomia de pensamento, criticidade ética e política, e apropriando-se de conhecimentos, valores e experiências enriquecedoras para a sua formação humana e cidadã. Desse modo, a educação não se restringe a um processo de transmissão de informações tecnicistas e de preparação dos alunos para o mercado de trabalho, como tenta impor o sistema capitalista. Muito além disso, a prática de educar é um convite ao conhecimento sobre os fenômenos do mundo e, principalmente, é um atribuir humanidade às pessoas através da linguagem. A educação poética, como foi denominada em sala, é essa atitude pedagógica de abrir caminhos para que a palavra dos alunos também circule, levando-os a pensar suas realidades, fazendo-os questionar e reconstruir, ainda que simbolicamente, o que está posto como inevitável. Em suma, tamanha potência explica o fato da educação ser um campo de intensas disputas políticas.