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Recife – PE – Brasil
Introdução
A única fonte com autoridade de onde se origina o ensinamento da santidade cristã, é a Palavra
escrita de Deus. A Bíblia é um livro de santidade. A santidade é a doutrina distintiva da Igreja do
Nazareno e de outras denominações de santidade. Não existe concordância completa sobre todos
os aspectos desta verdade bíblica, mas de maneira geral, há concordância. O propósito deste
estudo é apresentar uma posição de santidade bíblica que o professor aceita e que quase todos
dentro do movimento de santidade aceitam.
O que é a Santidade?
I. Definições
A. Santidade → é um estado ou condição de ser santo; a conseqüência de ser
santificado. Descreve um estado de pureza moral e espiritual ou de saúde completa da
alma em que o Espírito e a imagem de Deus são possuídos com exclusão de todo
pecado.
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A. A Santidade De Deus
A teologia bíblica tem demonstrado, conclusivamente, que a santidade de Deus não é meramente
um dos atributos de Deus, e nem sequer o atributo principal. Segundo o erudito Edmond Jacob “A
santidade de Deus não é uma qualidade divina entre outras e nem sequer a principal de todas
elas, posto que expressa o que é característico de Deus e corresponde precisamente à sua
deidade”.
Apoiando Jacob, Snaith declara que quando o profeta Amós declara que “Jurou o Senhor Jeová,
pela sua santidade” (Am. 4: 2), quer dizer que Jeová jurou pela sua deidade, por si mesmo como
Deus. Então o significado é exatamente o mesmo que lemos em Amós 6:8 “Jurou o Senhor
Jeová por si mesmo”.
A santidade é o fundamento sobre o qual assenta todo o conceito de Deus. Todas as doutrinas da
salvação têm a sua base na santidade de Deus.
A palavra hebraica, que traduzimos por santidade, é qodesh, a qual, com as suas correlatas,
aparece mais de 830 vezes no Antigo Testamento. Os eruditos encontram três significados
fundamentais para qodesh:
3. É provável que qodesh tenha vindo de duas raízes, uma das quais significa “novo”,
“fresco”, “puro”. A santidade significa pureza, cerimonial ou moral. A pureza e a santidade
são, praticamente, sinônimas.
• Por ser Deus, o Senhor é pureza sublime.
• É impossível que o Santo tolere pecado;
• Em (Gn. 6: 1-6), o vemos preocupado com a má intenção dos homens, os
desígnios perversos dos pensamentos da humanidade;
• Em Jr. 3: 17, 21; 17: 9-10), a santidade de Deus é desafiada pela perversidade
crônica do coração do homem;
• Em (Hc. 1: 13), mostra que os olhos de Deus são demasiado limpos “para ver o
mal”;
• Em Is. 6: 5), vemos o profeta gemendo ao captar o sinal da santidade de Deus “Ai
de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de
um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!”.
Mais adiante Isaías declara: “Quem dentre nós habitará com o fogo devorador***
Quem dentre nós habitará com chamas eternas***” (Is. 33: 14);
• A santidade de Deus é um fogo consumidor: ou nos purificará de nossos pecados,
ou nos destruirá com ele! É tal como Jesus advertiu: “Porque cada um será salgado
com fogo “ (Mc. 9: 49). Podemos escolher entre o fogo refinador que nos faz santos
(Ml. 2: 2-3) e a ira que nos destrói (Ml. 4: 1).
Em (Lv. 19: 2), Deus disse: “Santos sereis, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou Santo”. Esta
ordenança se refere tanto à moral como ao ritual, tal como se torna evidente, ao ler o código de
santidade (Lv. 17-26).
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• A idéia profética é ética, tal como a vemos em Is. 6 e Malaquias 3. Ambos os significados
combinam, como já temos visto, o “código de santidade” de Levítico 19, cujo ponto mais
sublime é uma ética que diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”
(vv. 9-18).
B. PERFEIÇÃO
O termo hebraico que traduzimos por perfeição significa plenitude, justiça, integridade, liberdade
de mancha ou culpa, paz perfeita.
Uma maneira de enunciar a idéia no Antigo Testamento era a expressão metafórica “caminhar
com Deus” em fidelidade e companheirismo. Temos como exemplo:
• Enoque “caminhou com Deus” (Gn. 5: 22, 24). Em (Hb. 11: 5), a idéia se expressa dizendo
que Enoque “obteve testemunho de haver agradado a Deus”;
• Noé “andava com Deus” (Gn. 6: 9), em contraposição aos seus vizinhos;
• Abraão recebeu o seguinte mandamento: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn. 17:
1);
• O livro de Jó é um tratado sobre perfeição, onde ele é apresentado como um “homem
perfeito e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1: 1). Satanás admite, muito
a contragosto, tal descrição. A perfeição de Jô era uma questão de motivação, de seu
amor desinteressado a Deus. O coração de Jó era perfeito diante de Deus, pois sua
intenção era pura. Esta é a idéia básica da perfeião no Antigo Testamento;
• O SHEMA, o credo de Israel, teve grande influência no povo Judeu (Dt. 6: 4-5);
• O amor é a motivação pela qual Deus escolheu Israel, que deveria responder a esse amor
através da obediência (Dt. 7: 6-11);
• Para tornar possível esta perfeição em amor, deve haver uma exclusão da perversidade.
Para grande exigência, Deus nos provê suficientemente (Dt. 30: 6). Esta passagem bíblica
se converte na grande doutrina neotestamentária da circuncisão do coração pelo Espírito
Santo (Rm. 2: 29; Cl. 2: 12).
perfeito amor.
A Bíblia nos mostra que os homens podiam ser santos antes do tempo de Cristo. Era possível
alcançar a perfeição sob a Antiga Aliança (Is. 6: 1-8), porém somente alguns tinham o privilégio
desta visão santificadora do Senhor. A quase totalidade de Israel, estavam encerrados sob a
Lei e viveram repetidos fracassos (Hb. 10: 1-4; Rm. 7: 7-25).
Antes que todos pudessem experimentar a libertação do pecado, e a perfeição em amor, era
necessário que interviesse um derramamento espiritual sobre o povo de Deus. Esta efusão do
Espírito de Deus era o que os profetas antecipavam intensamente.
• Jeremias disse o que Deus havia delarado acerca deste dia (Jr. 31: 33-34);
• Ezequiel fez uma profecia quase idêntica (Ez. 36: 25-27);
• Joel profetiza uma declaração de Deus dizendo: “...derramarei o meu Espírito sobre
toda carne” (Jl. 2: 28).
A. A Promessa de Pentecostes
A santidade de Deus é uma verdade que se encontra através do N.T. e inclui a santidade do
Pai, Filho, e Espírito Santo. Jesus se descreve como santo nove vezes no N.T..
Ao apregoar a vinda do Messias, João Batista declarou: “Eu vos batizo com água, para
arrependimento; mas... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt. 3: 11-12). Esta é
a ênfase constante do Novo Testamento: a obra, a presença, a pureza, o poder do Espírito
Santo. Dispensasionalmente, tudo haveria de culminar nEle e com Ele. Sua vinda ao coração
do crente individual e sua resultante presença purificadora e capacitadora era a consumação
final dos tempos.
Os privilégios dos cristãos não podem, de maneira alguma, ser medidos pelo que
o Antigo Testamento disse a respeito dos que viveram sob a dispensação judaica.
Posto que a plenitude do tempo tem chegado, o Espírito Santo tem sido dado, e
essa “grande salvação” já tem sido oferecida aos homens pela revelação de
Jesus Cristo.
B. O Significado da Santificação
Da igreja cristã se diz que é uma “nação santa”, cujos habitantes constituem um “sacerdócio
real” (1Pe. 2:9). Outra descrição é que os cristãos são um “templo Santo” (1Co. 3: 17; Ef. 2:
21; 1Pe. 2: 5). Por esta razão todos os cristãos são “santos”, título que se encontra 66 vezes. E
com maior ênfase do que no Antigo Testamento, a santidade do culto demanda pureza ética
(1Pe. 1: 15). A santificação implícita deve tornar-se explícita a saturar e fazer santas todas as
partes da vida.
Outra definição: “A santificação é a obra do Espírito Santo que livra os homens da culpa e do
poder do pecado; que os consagra para servir e amar a Deus e que compartilha, inicial e
progressivamente, os frutos da redenção de Cristo e as virtudes da vida santa”.
Santificação por posição é sustentada pelos teólogos luteranos e calvinistas e reza que é
realizada por Cristo para cada crente e que cada crente possui desde o momento em que
exerce a fé salvadora.
Um interprete de Lutero escreve: “Posto que é pela fé que se recebe e aceita o dom de Deus e
assim também é como os homens se tornam santos, “santos” se torna equivalente a “o que
está crendo”. Os santos são os crentes e “ser santo” significa ter-se tornado “crente”. Na
explicação que Lutero dá, a ênfase passa de santificar e a ação de santificar, para a fé e a
ação de ser conduzido à fé, lembrando que não há uma verdadeira diferença entre os dois”.
John F. Woolvoord explica que: “a perfeição por posição é revelada como possessão de todo o
cristão... É, portanto, a perfeição absoluta que Cristo realizou para nós na cruz. Aqui não há
referência alguma acerca da qualidade da vida cristã. O assunto de viver sem pecado não tem
prioridade. Todos os santos (os santificados) são participantes da perfeição realizada pela
morte de Cristo”.
Os Wesleyanos aceitam esta posição, posto que é um dos aspectos do ensinamento bíblico. A
santificação é “a atribuição da santidade às pessoas em virtude de seu relacionamento com
Deus. É o significado menos profundo do termo e aplicado quando se diz que todos os cristãos
são santos. A Igreja Cristã é uma comunidade separada, cuja natureza é santa”.
Entretanto, do ponto de vista wesleyano, a santificação é mais que uma relação objetiva com
Deus, através de Cristo. No momento em que esta nova relação é estabelecida por meio da fé
em Cristo, o crente justificado recebe o Espírito Santo e experimenta o princípio da
Santificação Ética. Este princípio chamamos de Santificação Inicial.
Santificação Inicial
Wesley declarou que: “No momento em que somos justificados, a semente da virtude é
plantada na alma. Desde esse momento o crente morre gradualmente para o pecado e cresce
na graça. Entretanto, o pecado permanece nele; efetivamente, a semente de todo o pecado
(fica nele) até que seja santificado no espírito, alma e corpo”. Wesley crê que a santificação,
neste sentido inicial, é a contrapartida ética a justificação. “No momento em que somos
justificados”, explica Wesley, “neste mesmo momento principia a santificação”. Desse modo a
santificação inicial é praticamente equivalente à regeneração.
Em (2Co. 7: 1), o apóstolo Paulo advoga tanto a Santificação Inicial como a Inteira Santificação
Os conríntos haveriam de aperfeiçoar, ou de fazer que fosse completa uma santidade que
(então) só era parcial.
Inteira Santificação
Em um de seus sermões, John Wesley situa a graça da Inteira Santificação em seu devido
contexto: “...pela justificação somos salvos da culpa do pecado e restaurados ao favos de
Deus; pela santificação somos salvos do poder e da raíz do pecado e restaurados à imagem
de Deus”.
Estas são algumas passagens que demandam a doutrina da Inteira Santificação. São elas: (Jo.
17: 17); (Rm. 6: 12-13; 12: 1-2); (2Co. 7: 1); (Ef. 1: 4; 5: 26); 1Ts. 5: 23); Tt. 2: 14)
Romanos
Deus (6: 11); (2) que deixem de oferecer os membros de seus corpos a serviço do pecado (6:
13); e (3) que se entreguem, ou se apresentem a si mesmos diante de Deus “como pessoas
que foram trazidas da morte para a vida” (6: 13 - BLH).
A relação deste ato de fé obediente à verdadeira santificação se indica no versículo 19: “No
passado vocês se entregaram inteiramente como escravos da impureza e da maldade para
servir o mal. Agora entreguem-se como escravos de Deus para viverem uma vida de santidade”
(BLH). Romanos 12: 1-2 repete a mesma exortação a uma consagração completa ou total, para
uma santidade completa.
Efésios
Efésios 5: 25-27 marcha na mesma direção: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou
por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela Palavra,
para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
porém santa e sem defeito”. Cristo se entregou a si mesmo para santificar a igreja, que já havia
recebido a lavagem da regeneração. O v.27 nos informa que esta santificação logra a condição
de estar “sem mancha”, postulada em Ef. 1:4.
1Tessalonicenses
A oração de Paulo por eles é que a sua fé seja aperfeiçoada (1Ts. 3: 10), com o objetivo que
Deus afirmara: “o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de
nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts. 3: 13);
Paulo insiste em recordar a seus leitores que sua santificação é a vontade de Deus e o
chamado àqueles a quem já tem dado o Espírito Santo (1Ts. 4: 3-8);
O ponto culminante deste apelo acontece em (1Ts. 5: 14-24). O propósito de toda a epístola se
expressa nos versículos 23 e 24, que diz: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o
vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (1Ts. 5: 23-24). O
advérbio traduzido “em tudo” é a palavra grega mais forte que Paulo poderia ter usado. É um
termo composto, que significa “inteiramente” e “perfeitamente”. Morris escreve o seguinte
acerca da oração de Paulo:
O ensino característico de John Wesley é que esta obra de santificação interior pode ser
terminada ou concluída “em um momento”, pela fé. Ela ocorre, quando o coração é purificado
da raiz interna do pecado – o orgulho, a vontade própria e teimosia, o ateísmo e idolatria – é
aperfeiçoado no amor de Deus. Como conseqüência desta purificação mais profunda do
coração, o cristão é capacitado metodicamente até alcançar a semelhança de Cristo.
Do princípio ao fim, nossa santificação pessoal é a obra do Espírito Santo em nós. Esta
santificação é toda uma peça, uma “continuidade de graça” levada adiante pelo Espírito
Santo. “O Espírito Santo”, escreveu John Wesley, “não só é santo em si mesmo, como
também a causa imediata de toda santidade em nós”.
Perfeição Cristã
Perfeição Cristã e inteira santificação são duas expressões que descrevem a mesma
experiência da graça de Deus: a perfeição em amor diante de Deus é santidade cristã.
O verbo teleio, que se traduz “aperfeiçoar”, aparece 25 vezes no Novo Testamento e significa:
(1) Realizar um propósito, alcançar certa norma, atingir uma meta dada; (2) Cumprir ou
completar.
Paulo usa o adjetivo, teleio, 7 vezes. Em vários casos é obvio seu significado de ser “maduro”,
no sentido moral (1Co. 14: 20; Ef. 4: 13-14). Mas em (1Co. 2: 6, 15), os “perfeitos” são
considerados iguais aos “espirituais” (que ocorre também em 1Co. 3: 1). Um estudo desta
última passagem indica que os “perfeitos” são todos aqueles que têm sido inteiramente
santificados. J. Weiss chega à conclusão que embora a perfeição geralmente seja relativa ao
futuro nos escritos de Paulo (como em Fp. 3: 12), em alguns casos (1Co. 2: 6; Fp. 3: 15) a
perfeição já está presente. Weiss sustenta que o uso que Paulo faz de teleios em (Cl. 1: 28;
4:12) designa uma perfeição moral e espiritual.
Portanto a evidência aponta para um significado duplo de perfeição. Um cristão pode ser, ao
mesmo tempo, perfeito e imperfeito, de acordo com o sentido em que se utilizem as palavras.
Uma perfeição relativa é agora possível mediante a fé no Espírito, mas a perfeição final não se
realizará antes da ressurreição (Fp. 3: 11-12, 20-21).
a) Perfeição em Amor
Uma das seções mais importantes sobre a perfeição é Mateus 5: 43-48, que culmina
com o mandato do Mestre: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai
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celeste”. A palavra “portanto” é a chave deste texto. Jesus está dizendo de fato: Assim
como vosso Pai celeste é perfeito, (e que o demonstra) enviado suas bênçãos sobre
amigos e inimigos, vós deveis ser perfeitos em vosso amor por todos os homens”. É
evidente que este é o amor ágape, espontâneo, boa vontade que não se rende, que
emana da vida interior de uma pessoa na qual mora o Espírito. Como tal, o amor
perfeito é tanto o dom de Deus (Rm. 5: 5; *: 3-4; 1Jo. 4: 13-17), como o mandamento de
Deus (Mc. 12: 29-31; 1Jo. 4: 21).
Quando este amor se expressa, a lei é cumprida (Mt. 22: 40); (1Tm. 1: 5); (Rm. 13: -10).
A perfeição cristã é perfeição em amor.
A meta final da perfeição é ser cabalmente como Cristo, o qual será o dom que Deus
nos dará na vida de Cristo (1Jo. 3: 2). Em vista desta meta futura, cada cristão deve
confessar, como Paulo: “Não que eu o tenha alcançado, ou que já tenha sido
aperfeiçoado” (Fp. 3: 12). Há uma diferença entre um que é perfeito” explica
Wesley, “e um que tenha sido aperfeiçoado. Um está equipado para a carreira; o
outro está pronto para receber o prêmio”.
I. Gênesis
A. O livro de Gênesis relata o período patriarcal da história humana.
B. Gênesis 1-2 (imagem de Deus)
• A palavra chave em Gênesis 1:27 é imagem que distingue o homem dos animais.
• A imagem de Deus no homem inclui a idéia da razão, a consciência de si, auto-
direção, imaginação, e uma faculdade criadora que é limitada.
C. A Queda (Gênesis 3)
• Gênesis 3 é a declaração mais profunda do problema ou predicamento humano
jamais escrita.
• O pecado se vê como intruso na vida humana e na natureza. Não é algo essencial
ao homem.
• A tentação vem mediante os desejos humanos normais.
• O pecado é uma escolha, uma desobediência, um esforço a ser como Deus.
• O pecado é também uma condição que é o resultado do nosso afastamento de
Deus, um poder que inclina para o mal.
• Consiste, negativamente, em ficar privado de Deus e positivamente em ficar
depravado. O pecado é muito mais do que algo negativo.
D. Gênesis 4-50
1. As conseqüências do pecado se vêem na vida de Caim.
2. Gênesis 6:5 mostra que o pecado havia penetrado na raça humana a tal ponto que toda
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente (Gênesis 6:5).
3. Em contraste com aqueles que seguiram o pecado eram Abraão, Isaque, Jacó, os
patriarcas.
4. Abraão foi dito por Deus: "Anda em minha presença e sê perfeito" (Gênesis 17:1). A
palavra "perfeito" quer dizer inculpabilidade, integridade, sinceridade, e saúde.
5. A palavra "perfeição" ocorre muitas vezes no A.T. em conexão com o caráter do homem e
é uma condição moral relativa e não absoluta, uma condição do coração em relação a
Deus.
6. A vida de Jacó revela um desenvolvimento de dois estágios na sua experiência com Deus.
O primeiro aconteceu em Betel (Gênesis 28:10-28) e o segundo em Peniel (Gênesis 32:22-
32), vinte anos mais tarde.
7. José se chama o homem mais semelhante a Cristo no A.T. Nenhum pecado é mencionado
com respeito a ele na Bíblia.
O homem que passou a prova:
• Passou a prova do sofrimento injusto;
• Passou a prova da imoralidade;
• Passou a prova do desapontamento constante;
• Passou a prova da fama insidiosa.
A. Introdução
1. Estes livros apresentam o conceito sacerdotal de santidade em contraste com a idéia
profética.
2. O conceito sacerdotal enfatizou os aspectos posicionais, cúlticos e cerimoniais de
santidade.
B. Êxodo
1. O êxodo é o acontecimento de linha divisória do A.T.
2. É o acontecimento central, o âmago da afirmação da fé de Israel.
3. A palavra "santificar" se emprega em Êxodo no sentido de consagrar alguém ou algo para
a posse divina.
4. O primogênito de homem ou animal, e o tribo de Levi como o tribo sacerdotal, eram
consagrados ao Senhor.
5. O conceito de santidade de Êxodo a Deuteronômio se ensina mediante os ritos e as
cerimônias usados para adorar a Deus.
6. Deus na sua majestade transcendente se dá ênfase aqui. Aqueles relacionados
diretamente com o culto de Deus tinham de ficar separados a Ele.
7. Os dez mandamentos, (Êxodo 20:1-17), ilustram a mistura entre o cerimonial e o ético nas
exigências de Deus.Por exemplo, o segundo e o sexto.
C. Levítico
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D. Deuteronômio
1. Deus escolheu Israel de todas as nações do mundo para ser seu próprio povo (Dt. 7:6).
2. A santidade foi conferida à nação de Israel por Deus porque estavam relacionado-se com
Ele duma maneira diferente das outras nações.
3. O amor é outro tema de Deuteronômio que se expressa tão poderosamente no Shema em
Dt. 6:4-5. Vamos lê-lo: O amor de Deus foi a única razão pela escolha dEle da nação de
Israel. Ele os amou porque Deus escolheu amá-los e livrá-los da escravidão do Egito
(Dt.1:1-8). A lei era o sistema mediante o qual o total da vida poderia ser vivida na
presença de Deus. A escolha de Israel por Deus foi ato de graça para que os israelitas
pudessem ter uma vida em relação a Deus caracterizada pela intimidade e gratidão. A lei
não era apenas um sistema de obrigações como meio de comungar com Deus.
4. O problema sempre era o “coração de pedra” (Ez. 36:26) do povo de Deus. Quando
entendida como mandamento de amor, a lei não tinha o poder para derrotar o pecado e
purificar o coração humano.
5. O Shema dá a suprema obrigação do homem no conceito de amor e não do mero
legalismo. O amor deve ser a raiz de toda obediência a Deus.
6. Outra ênfase deste livro é a circuncisão do coração (10:16). Este tema é utilizado pelo
apóstolo Paulo no N.T. (Rom. 2:29; Cl. 2:10-12).
7. Circuncidar é metáfora usada para descrever a remoção ou eliminação de algo
considerado um detrimento, e é o sinal de uma mudança interna feita por Deus (Dt. 4:4 ;
10:16), somente um coração circuncidado liberta o homem da obstinação e rebelião contra
o Senhor (Jr. 13:23; 11:9). Deuteronômio 30:6 promete um dia melhor, pois a fraqueza da
lei era sua falta de poder para fornecer o motivo para cumprir o mandamento de amar e
obedecer a Deus:
✓ Os pecados precisam ser perdoados;
✓ O pecado inato precisa ser purificado;
✓ A purificação vem depois do perdão.
A. Josué enfatiza à importância de possuir a terra prometida como tipo da vida mais alta do
crente.
B. Esta é uma maneira de ilustrar numa analogia, como a libertação da escravidão do Egito é
semelhante a nossa experiência de justificação. A ordem de tomar posse de Canaã é como
nosso chamado a santidade de vida.
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A. Os Salmos
1. Os Salmos refletem geralmente, a ênfase profética na santidade nos aspectos morais e
espirituais.
2. Os Salmos nos dão o conhecimento mais claro da verdadeira natureza da piedade no A.T.
Descrevem o tipo de caráter possível àqueles que andam com Deus.
3. Este livro tem um conceito profundo da santidade de Deus e um pavor reverente de sua
casa. Mostra a necessidade de submissão, de sinceridade a Deus, e dependência dEle.
4. Muitas pessoas daquela época tinham uma experiência profunda de Deus.
5. Salmo 51 tem uma análise muito profunda do pecado e da salvação porque reconhece a
natureza dupla do pecado, que os pecados precisam do perdão e o pecado inato necessita
da purificação.
B. Provérbios
1. O livro de Provérbios é uma fonte notável para o entendimento da ética do A.T.
2. Comportamento pessoal é seu tema central.
3. Este livro vê o coração como a fonte ou motivo da vida como Jesus também ensinou (Mt.
12:34).
V. Os Profetas
Os profetas não estavam contra o culto do templo como alguns eruditos ensinam, mas contra os
ritos sem retidão e a degeneração dos ritos num formalismo vazio.
A. Isaías
1. O profeta Isaías é o maior de todos os profetas maiores e é chamado o "profeta evangélico."
2. O sexto capítulo de Isaías é um trecho crucial no entendimento da santidade de Deus e de
pessoas.
• O jovem profeta vai ao templo depois da morte do rei Uzias e tem uma visão.
• Ele está profundamente impressionado pela santidade de Deus e o seu próprio pecado
na presença de Deus.
• O problema do profeta não foi um pecado que havia cometido mas a impureza de sua
natureza (v.7).
• Seus lábios não estavam limpos, isto é, não consagrados. Quando tocados pela brasa
viva seus lábios se tornaram seu recurso maior.
• A purificação de seus lábios simbolizou a limpeza de seu coração.
• A experiência de Isaías no templo é um protótipo importante da experiência de
santificação do N.T. e uma antecipação da dispensação do Espírito Santo.
• Um título para esta passagem pode ser "O Poder Purificador Para O Serviço Altruísta."
O esboço pode ser de três partes, Uma Visão do Senhor, Uma Visão de Si, e Uma
Visão de Serviço.
3. A santidade de Deus em Isaías.
• 30 vezes o profeta chama Deus "o Santo de Israel."
• Tudo relacionado distintamente a Deus é santo como Jerusalém, e o Monte Sião, etc.
• Também, o povo de Deus é santo e o remanescente é "santa semente" (6:13).
• O capítulo 35:8-10 tem uma passagem poderosa sobre o santo caminho. Este Santo
Caminho é o Caminho da Separação, o Caminho da Segurança, e o Caminho do
Canto.
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B. Jeremias
1. Este profeta não vê o pecado como um problema de circunstâncias ou influências
externas; mas um problema da natureza humana caída. ( 17:9 )
2. Ele também tem fé para antecipar um novo dia em que Deus transformará o coração do
povo (24:7; 31:33-34).
C. Ezequiel
Ele vê a nova época como uma de purificação de toda sujeira do coração (36:23, 25-27).
D. Joel
Ele profetiza uma época vindoura do Espírito sendo derramado sobre todo o povo (Joel 2:28-
29). Pedro, no Dia de Pentecostes, citou esta passagem (Atos 2:16-17).
E. Zacarias
A última parte do livro de Zacarias tem uma das maiores passagens cristológicas do A.T.
(12:10).
O versículo 13:1 contém a doutrina de justificação e santificação. Em 13:9 a figura muda de
uma fonte aberta para a casa de Davi (13:1), a um fogo purificador onde o remanescente (a
terceira parte) é purificado como prata e ouro. Em Zc. 14:20-21 fala de um dia em que a
santidade estará largamente divulgada.
F. Malaquias
Este profeta escreve do Messias como Aquele que purificará seu povo (3:1-3). João Batista
disse que Jesus batizaria com o Espírito e com fogo, fazendo nos lembrar das palavras de
Malaquias.
G. Sumário
O que é a santidade no A.T.?
1. Em primeiro lugar é a natureza inerente e essencial de Deus. No sentido último, só Ele é
Santo.
2. Qualquer pessoa e coisa levada a uma relação com Ele compartilha de alguma maneira
Sua santidade. Estão separadas do comum e consagradas a Deus como sua posse especial.
3. Pessoas podem se santificar e Deus pode ser o Agente de santificação (Ex. 31:13; Lv.
20:8).
✓ Com respeito a pessoas, a santidade no A.T. pode ser entendida sob três aspectos:
• o patriarcal: quer dizer irrepreensível no andar com Deus;
• o sacerdotal: representa o aspecto cerimonial de estar consagrado ao uso sagrado
(O conceito sacerdotal não exclui os aspectos morais e éticos conforme (Lv. 19:5-8,
21-28, 30);
• o profético: significado da moralização crescente da idéia do santo (bom caráter e
justiça moral estão incluídos).
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I. O Caráter de Jesus
A. Mateus
1. Mateus é o evangelho do Messias e preenche a lacuna entre o A.T. e o N.T. Mateus mostra
Jesus como a consumação de tudo, antecipado no A.T., e por esta razão é o primeiro livro do
N.T.
2. Os dois batismos (Mt. 3:11-12)
• Mateus começa sua história do ministério de Jesus com uma descrição da mensagem
de João Batista (Ler versículos 11 e 12).
• O Dia de Pentecoste torna claro o significado de Mateus 3:11-12. (Ver At. 1:4-8 e 2: 1-
4)
• João e Jesus tinham um batismo para administrar.
• Os dois batismos foram acontecimentos que ocorreriam num hora precisa.
• O batismo de João era um de água e o de Jesus era um de fogo.
• O de João era batismo de arrependimento e perdão e o de Jesus era um feito pelo
Espírito e fogo.
• Enquanto que o batismo de João resultou no perdão, o de Jesus resultou na limpeza
da ira e na recolha do trigo no celeiro e na queimadura da palha com fogo que nunca
se apagará.
• Estudaremos este tema mais no livro de Atos. Muitos eruditos de santidade não
16
B. Marcos
1. Marcos é o evangelho do Conquistador Poderoso. Jesus derrotou a natureza, os demônios, a
doença, e a morte.
2. A Fonte do Pecado (Mc. 7:18-23)
• Nesta passagem Jesus identifica o coração como a fonte moral de corrupção na vida
humana.
• Jesus diz que o que sai de dentro do coração de uma pessoa é o que contamina, e não
o que de fora entra.
3. O Amor Total (Mc. 12:28-34) (ler )
• Aqui Jesus diz que devemos amar a Deus de todo nosso coração e o nosso próximo
como a nós mesmos. Este é o resumo supremo de toda a Lei e os Profetas.
17
• Devemos amar Deus primeiro e preeminente ou não podemos amar o próximo como a
nós mesmos.
• A ética da santidade se caracteriza por amor ao próximo tanto como amor a Deus.
• Muitas vezes amamos muito a Deus e pouco ao próximo.
• Quando amamos muito o nosso Deus, todo outro amor está seguro.
C. Lucas
1. Santidade e Justiça (1:73-75) (ler)
• Estes versículos ensinam que podemos andar perante Deus em santidade e justiça
agora, nesta vida.
• A nossa natureza pode estar conformada à natureza de Deus em santidade e as
nossas vidas podem ser passadas em justiça em toda relação da terra.
2. A Dádiva do Pai (11:13)
• Lucas entende o Espírito Santo como a dádiva de Deus para os filhos de Deus, uma
dádiva recebida depois de pedir.
• O Espírito é recebido como resposta a oração.
• Precisamos do Espírito na sua plenitude santificadora e na sua presença consoladora
ficando conosco para sempre.
3. A Promessa do Pai (24:49)
• "A promessa do Pai" se repete em Atos 1:4-5 e se relaciona ao batismo com o Espírito
Santo.
• Esta promessa não somente aponta para o Dia de Pentecoste mas também à
necessidade de todo discípulo ficar cheio do Espírito Santo.
Atos pode ser apropriadamente chamado os Atos do Espírito Santo em vez dos Atos dos
Apóstolos.
A. Introdução
20
1. Ao estudar as obras sobre o livro de Atos, logo se descobre que há pontos de vista
hermenêuticos em conflito.
2. Há a posição de salvação-história e a posição dispensacionalista.
3. Alguns ensinam que Atos é história e experiência e não serve como base de teologia. Esta
posição não é lógica porque a Bíblia geralmente é história e ainda normativa para nossa
teologia.
4. A maior controvérsia se encontra no significado do batismo com o Espírito.
C. Princípios de Interpretação
1. Uma identificação entre o batismo com o Espírito e a inteira santificação pode ser feita pelo
estudo das referências bíblicas em Atos onde o Espírito foi derramado ou veio sobre
pessoas ou grupos.
2. Algumas pessoas ensinam que no livro de Atos tudo sobre o Espírito se refere ao começo
da vida Cristã, ou seja, a conversão. Porém, não há evidência para indicar que o Espírito
foi derramado sobre pessoas sem vida espiritual prévia.
3. Os dispensacionalistas não acreditam em experiência Cristã verdadeira antes de
Pentecostes porque o Espírito não ainda foi dado (Atos 19:2).
4. É óbvio que o Espírito estava ativo na experiência humana antes do dia de Pentecoste
(Salmo 51:11; Is. 63:10; Lucas 11:13; João 3:5-8; 14:17; 20:21-22).
5. O derramamento do Espírito no dia de Pentecoste significa uma nova maneira e um novo
grau de atividade do Espírito em relação ao homem .
6. O ponto de vista de salvação-história se enfatiza a continuidade do plano de Deus na
redenção. Há exemplos de piedade no A.T. tanto como no N.T. Devemos lembrar que
Paulo usou o exemplo de Abraão como modelo da justificação pela fé em Romanos
capítulo quatro.
D. Outras Considerações
Há algumas indicações indiretas de que o batismo com o Espírito é o meio pelo qual a Inteira
Santificação acontece.
1. As palavras "batizar" e "santificar" coincidem em significado no ponto onde indicam
purificação ou limpeza. Será que o Espírito nos daria Sua plenitude sem nos purificar o
coração?
2. O Espírito é o Agente da obra de batismo e de santificação no N.T.
3. Atos 15:8-9 faz uma identificação entre o batismo com o Espírito e a purificação do
coração, isto é a inteira santificação.
21
4. Apesar do fato de que termos diferentes se empregam para descrever a obra interna do
Espírito, freqüentemente os termos significam a mesma obra da graça (como, por exemplo,
o derramamento do Espírito, a plenitude do Espírito, e o recebimento do Espírito (Atos
10:45; 2:4; 19:2).
5. Há dois aspectos do batismo ou a plenitude do Espírito que sempre se acontecem. Os
recipientes sempre recebem poder (1:8) e sempre recebem purificação do coração. Porque
Pedro não deu ênfase ao falar em línguas como uma evidência do batismo com o Espírito?
Porque não é evidência inicial e física do batismo com o Espírito. Devemos buscar a
plenitude do Espírito e não certo dom do Espírito. É o fruto do Espírito que é a evidência do
batismo com o Espírito. Alguém pode falar em línguas, profetizar ou receber qualquer
outro Dom do Espírito, no momento de receber o batismo com o Espírito ( o argumento
deles vai desta maneira) At. 2:4 ; 4:31 ; 8:17 ; 9: 17 ; 10:46 e 19:6 )
B. Pentecoste
1. Pentecoste é a evidência conclusiva que Jesus se exaltou ao lado direito de Deus.
2. Pentecoste é o dia da inauguração da Igreja e o dia do estabelecimento do novo concerto.
3. O Espírito que residia no mundo ou era residente no mundo, desde a criação agora se
torna Presidente da Igreja.
4. Os sinais inaugurais de Pentecoste são o vento veemente (poder), línguas de fogo
(purificação), e outras línguas (universalidade).
5. As línguas de Pentecoste foram entendidas por aqueles que ouviram a palavra.
6. Apesar do fato de que Pentecoste não pode ser repetido historicamente, pode ser
experimentado subjetivamente por qualquer crente que cumpra as condições.
A Santidade em Romanos
A carta de Paulo aos Romanos se chama o quinto evangelho e é o maior de todas as suas cartas.
Agostinho, Lutero, Wesley, e Karl Barth foram influenciados profundamente pela carta aos
Romanos.
I. A Estrutura Do Livro
Romanos 1-3 descrevem a condição que requer a transformação interior chamada santificação.
Paulo emprega o substantivo hamartia (pecado) 39 vezes em Romanos e 28 vezes com o artigo
definido querendo dizer, "o pecado," o pecado herdado, a depravação. Este termo significa o
pecado herdado de Adão, e não pecados cometidos.
A. O Problema (5:12-21)
1. Esta condição pecaminosa e humana veio do nosso primeiro pai (5:12-14)
2. Esta condição resulta em morte espiritual e física (v. 14).
3. Cristo inverteu os efeitos do pecado e da morte por Seu ato de obediência em morrer na
cruz (v. 17).
4. A graça inverte o que o pecado produz (v. 8-19), por substituir o pecado com a justiça e a
morte com a vida.
5. A conseqüência, então, é a incompatibilidade total entre o pecado e a graça (6:1-2). A
questão fundamental é: Devemos ser hospedeiro do pecado inato que reinou desde a
queda de Adão? "De modo nenhum", diz Paulo. "O verdadeiro crente demonstra estar em
Cristo por estar morto para o pecado," diz Donald Stamps na Bíblia de Estudo
Pentecostal, 1707.
B. A Provisão (6:2-23)
24
1. Paulo agora deixa o assunto da redenção da raça e começa a tratar a salvação pessoal.
Na justificação começa a graça santificadora na vida do crente.
2. Se a justificação é pela graça mediante a fé sem as obras de Lei, e se a Lei somente
aumenta o pecado com o resultado de multiplicar a transgressão, e se aonde o pecado
abundou a graça superabundou, será que nós podemos permanecer no pecado para que a
graça seja mais abundante? "De modo nenhum!" afirma o apóstolo (6:2).
3. Paulo assume que os Romanos foram batizados. O batismo era a maneira em que a fé se
expressou simbolicamente. No batismo o crente se identifica com a morte e a ressurreição
de Cristo. A morte de Cristo pelo seu pecado se torna sua morte para o pecado. O batismo
é participação da morte e da ressurreição de Cristo para que não sejamos as pessoas que
uma vez éramos.
4. Há certas conseqüências da nossa participação em Cristo: Morremos com Cristo e agora
temos vida em Deus; no batismo a nossa conversão se representa como em Cristo, a força
dinâmica da nossa existência; também, o nosso eu irregenerado foi crucificado com Ele
para que nosso corpo do pecado, ou o eu, como escravo do pecado, seja desfeito, soltado
do reino do pecado; como crentes a morte de Cristo se tornou nossa morte ao pecado e a
vida de Cristo se tornou nossa vida para a santidade (v.11). A nossa participação em Cristo
e identificação com Cristo nos leva a vitória sobre o pecado.
5. Paulo no v.11 afirma o imperativo do evangelho com palavras fortes. Agora devem se
tornar os crentes que podem se tornar. Morreram com Cristo ao pecado. Agora se tornam
mortos para o pecado e vivos para Deus. Os versículos 12-24 mostram que devem tornar o
que pela graça podem se tornar.
6. Obviamente, Paulo não diz que os crentes são incapazes de pecar, mas capazes de não
pecar. Somos ainda seres humanos com as cicatrizes do pecado em nossos corpos e
mentes, isto é, a susceptibilidade ao pecado (Ver 1 Cor. 9:27; Tiago 1:14-16). Se
obedecermos os desejos do corpo abriremos o caminho mais uma vez para o pecado
exercitar domínio sobre nós (v. 13; 12:1, 2).
7. Há mais nesta passagem. Nos versículos 11-13 Paulo nos diz: "Considerai-vos como
mortos para o pecado..." (v. 11), que quer dizer levar em conta o que é, e não o que não é.
Devemos considerar atual e real o que Deus providenciou, a morte ao pecado e a morte à
prática pecaminosa de vida. Esta consideração de fé leva a uma apresentação de nós e os
nossos membros a Deus como ato decisivo no v. 13 (tempo aorístico imperativo). Este ato
de consagração por parte de crentes leva a inteira santificação. O pecado que permanece
nos crentes justificados é o pecado de auto-soberania, resolvendo a questão de quanto
Deus pode ter da minha vida. Precisamos dar toda a nossa vida a Deus. Enquanto eu
estou reservado qualquer parte da minha vida para mim mesmo, eu, não Deus, é
soberano.
8. Podemos ser libertos do pecado por morrer a ele e também por nos tornar servos da
justiça (v. 18). Paulo nos versículos 14-23 troca de metáforas mas ensina a mesma
verdade que se acha na primeira parte do capítulo. A questão de quem vai mandar na
minha vida, eu ou Deus ? Somos servos de Deus pela redenção, em princípio, agora
seremos servos de Deus pela consagração livre das nossas vidas a Ele, a fim de sermos
santificados ? ( v. 19 )
A. Introdução
Este capítulo é notório por sua dificuldade. Comentaristas se dividem com respeito as suas
interpretações divergentes.
25
Há três divisões naturais do capítulo: Liberdade da Lei; a Função da Lei; e a Futilidade da Lei.
Santo.
Este é um versículo que nos dá a confiança do testemunho do Espírito de que somos filhos de
Deus (Também Rm. 8:16; 1 Jo. 3:23; 4:13).
Espírito de Deus (2:14-15). Ele é pessoa cheia do Espírito inteiramente santificada e que
tem a mente de Cristo.
5. Eis aqui um esboço sobre 1 Cor. 3:1-8: A Carnalidade É Causa De Criancice (v. 1); A
Carnalidade É Causa De Conflitos (v. 3); A Carnalidade É Inimigo Da Espiritualidade (v. 3-
8).
II. Gálatas
III. Efésios
A. Há vários versículos sobre o assunto da santidade. Por exemplo, Ef. 1: 4 nos diz que Deus
elegeu os crentes com o propósito de faze-los santos e irrepreensíveis na sua vida.
B. Uma grande passagem se acha em Ef. 3:14-21, onde Paulo faz quatro petições para que
os crentes sejam santos irrepreensíveis. A primeira petição é para serem fortalecidos, no
29
infinitivo aoristo, sugerindo ação instantânea, uma segunda experiência na vida dos
cristãos. A segunda é para que Cristo habite no coração, sugerindo uma habitação
permanente. A terceira é para os crentes estar arraigados e fundados no amor e ter poder
para compreender o amor de Cristo. A quarta petição é que possam ficar cheios de toda a
plenitude de Deus.
C. 4:17-24 é outra passagem que as vezes é entendida a ensinar uma segunda obra da graça
mas eu não concordo com esta interpretação. Acho que o velho homem que deve ser
despojado é a vida velha no pecado. Então o novo homem deve ser revestido. O despojar
e o revestir se encontram como infinitivos aoristo referindo a uma mudança definitiva. Na
inteira santificação a nova natureza é recebida antes do despojar da depravação herdada.
Aqui a ordem é o contrário da ordem da inteira santificação.
E. Este versículo no Grego se acha no tempo presente, imperativo, e passado, e pode ser
traduzido "continuai ficando cheios do Espírito." É claro que ninguém pode ficar
continuamente cheio do Espírito até depois de receber a plenitude do Espírito em certa
ocasião. Paulo não chama os leitores ao ato de ficar santificados inteiramente, mas à vida
subseqüente em que o Espírito Santo os enche de momento em momento.
I. Filipenses
Trataremos de uma só passagem nesta epístola. Em Fl. 3:12-15 Paulo contrasta a perfeição que é
alvo para ser alcançado no futuro na ressurreição, com a maturidade ou perfeição que e possível
agora. Ele não recebera a perfeição da ressurreição (v. 12), mas se incluiu entre os perfeitos em
disposição e afeição, "querendo uma coisa só."
II. Colossenses
Cl. 1:22-23 diz que o propósito da reconciliação é "vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e
inculpáveis" perante Deus. Estas palavras indicam que há a santidade ensinada na Bíblia.
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A passagem em 3:9-10 é paralela a de Ef. 4:22-24, sobre o velho e novo homens. O velho homem
é "a totalidade da antiga vida irregenerada." (P., ECH, Vol. 1, p. 81).
Primeiro Tessalonicenses dá nos a evidência mais forte do N.T. para uma segunda obra da graça
depois da regeneração.
1. Os crentes de Tessalônica são exemplares no caráter e conduta. Não resta dúvida quanto
a conversão deles. Lendo o capítulo um, vemos os versículos 2 a 10, e no segundo
capítulo, 13 e 14, e 19 e 20, palavras que indicam que são crentes.
2. Uma oração pela santificação se encontra em 3:10-13. Paulo ora pela falta à fé deles, que
é santificação. Os crentes necessitam do poder de Deus para ficar irrepreensíveis em
santidade diante de Deus.
3. A vontade e chamada de Deus podem ser visto em 4:3-8. A vontade de Deus não indica
uma santificação posicional aqui em 4:3. Tem conteúdo ético que é muito claro. Devem
abster da imortalidade sexual. Deus exige que nós sejamos santificados e não andemos
contra os princípios éticos da Bíblia.
4. Santificação não é alvo distante do futuro mas pode ser e deve ser recebida agora. Paulo
ora pela inteira santificação dos Tessalonicenses. O capítulo 5 e os versículos 23 e 24 é a
base para a frase a inteira santificação. Deus chama e Paulo ora que os crentes ou
convertidos recebam uma experiência depois da conversão que purifica o coração da
carnalidade. A palavra "santificar" é no tempo aoristo descrevendo uma ação que é
concebida como completa. "Em tudo" na língua original quer dizer totalmente, inteiramente,
em toda parte, completamente. O propósito da inteira santificação é que o povo de Deus
seja conservado irrepreensíveis para a vinda de Jesus Cristo. "Sejam conservados"
significa que não precisam esperar a vinda de Cristo para serem santificados mas que a
inteira santificação deve ser realizada agora em preparação para a vinda de Cristo.
Obviamente esta carta mostra de maneira clara e compelida a evidência de que todo
crente necessita de um ato santificador para purificar seu coração da depravação
herdada.Deus que nos chama a santidade é fiel a fazer o que nós precisamos (5:24).
5. Eis outro esboço sobre v. 23
• A Santificação é Obra Divina
• A Santificação é Obra Segunda
• A Santificação é Obra Purificadora
• A Santificação é Obra Preservadora
A. 1 Tm. 1: 12-16 diz que o apóstolo Paulo antes de sua conversão era homem violento e
perseguidor da igreja. Seus crimes contra os crentes eram motivo suficiente para classifica-
lo como o principal dos pecadores. O uso do tempo presente histórico dá a impressão de
que ainda ele está vivendo como o pior dos pecadores. Somente emprega o tempo
presente histórico para falar de maneira mais vivida. Não está dizendo que sua vida cristã
é uma de pecar constantemente.
B. O apóstolo chama a igreja a uma vida santa em 2 Tim. 2:19-23. No versículo 10 escreve:
"O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se
da iniqüidade." Também fala de um coração puro no v. 22, o qual é possibilidade para todo
crente nesta vida.
C. Em Tito 2:11-14 Paulo menciona que os seguidores de Cristo precisam renunciar à
31
impiedade, a concupiscência, e viver sóbria, justa, e piamente. Deus pode "remir de toda
iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (v. 14).
I. Hebreus
B. Devido às limitações de tempo não vai ser tratado Hebreus 6:1-3, uma das passagens
mais eminentes sobre a perfeição cristã no N.T.
C. Além disso, não vamos examinar 7:25; 9:13-14; ou 10:10, 14 pelas mesmas razões.
II. Tiago
1. Tiago 1:4 fala do alvo da perfeição que é a realização que o Cristão pode ter.
2. Em 1:8 vemos a expressão "o homem de coração dobre" que é inconstante em tudo que
faz. Esta expressão é equivalente ao homem carnal em 1 Cor. 3:1-3. O remédio para este
homem é um coração puro segundo 4:8.
• Todo crente é um sacerdote perante Deus no nível espiritual e tem acesso a Deus por
intermédio de Cristo.
D. Participante Da Natureza Divina (2 Pd. 1:3-4)
• Aqui o apóstolo faz a chamada aos crentes, a fundação do seu apelo para o viver
santo.
• Deus, o que chama, nos capacita a fazer isto.
• Mediante aquelas promessas preciosas tornamo-nos participantes da natureza divina
(2 Cor. 7:1)
• A santidade de pessoas é sempre derivada de Deus mediante o qual odiamos o mal,
temos sinceridade e veracidade, e toda outra virtude que constitui em sua plenitude a
santidade que vem da parte de Deus.
E. Vidas Em Santo Trato E Piedade (2 Ped. 3:9-14, 17-18)
• Como Paulo em 1Tessalonicenses, Pedro dá a chamada a santidade num contexto
escatalógico.
• Santidade de vida, culto a Deus, e serviço aos outros, são as conclusões práticas
tiradas do assunto da vinda de Cristo.
Afirmação Refutação
• Dr. Srider acha que no v. 7, o sangue de Jesus nos purifica de momento em momento
do estado de pecado adquirido que resulta das transgressões involuntárias cometidas
enquanto estamos andando na luz como crentes ( AWHT, pág. 212 )
• O versículo 8 realmente diz: "Se dissermos que não temos pecado (do qual precisamos
ser purificado) enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós."
• Graças a Deus que podemos ser perdoados e purificados de toda injustiça.
V. O Apocalipse
Este livro celebra a santidade de Deus e a vitória final que o crente ganhará.
A Bíblia chega ao fim com os efeitos do pecado destruídos, com o mundo e a natureza
transformados, com os seres humanos redimidos na presença de Deus para todo o sempre, e com
a adoração de Deus e o Cordeiro como o ponto focal do nosso futuro no céu.
cumpriu estas virtudes, praticou a lei da justiça, porque aquele que tem amor está
separado de todo o pecado". Clemente de Roma declara: "Os que foram
aperfeiçoados no amor, pela graça de Deus alcançam o lugar dos piedosos na
comunhão daqueles que, através de todos os tempos, serviram a glória de Deus
em perfeição". Palavras como estas contêm a semente da doutrina da
perfeição cristã: é a perfeição do amor dentro da justiça da fé.
Irineu, o bispo Lyon na segunda metade do segundo século, foi o mais influente de
todos os primeiros pais, não só do pontos de vista da instituição mas também
teologicamente. Sua doutrina da redenção tem seu centro na obra de Cristo, e seus
ensinamentos sobre a salvação recalcam o derramamento do Espírito Santo como
o meio da perfeição cristã. Podemos, corretamente, claassificar Irineu como um
teólogo da santidade. Disse ele: “A obra de Cristo é, em primeiro lugar e sobretudo,
uma vitória sobre os poderes que mantêm escrava a humanidade: o pecado, a
morte e o diabo. Destes pode se dizer que, de certo modo, são personificaos, mas
de qualquer maneira são poderes objetivos. E a vitória de Cristo produz uma nova
situação, tendo posto fim ao seu domínio, e havendo livrao os homens de seu jugo”.
De acordo com esta teoria, há uma simplicidade de ação moral que faz que o
pecado consista somente num ato da vontade. Em conseqüência é impossível que
o pecado e a virtude existam simultaneamente no mesmo coração ao mesmo
tempo. Aceita uma só definição do pecado, a saber: "O pecado é a transgressão da
lei”. Destes pontos de vista básicos, resultam logicamente várias opiniões errôneas.
Nega-se que o pecado original seja um estado ou uma condição. No seu lugar
aceita-se uma teoria alternativa de caráter moral. Há também confusão entre
consagração e santificação. Ensina-se que a santificação consiste num
afiançamento tal da consagração que impede qualquer alteração posterior da
vontade. Finalmente, faz-se da santíficação assunto de crescimento e
desenvolvimento. É assim que Fairchild assegura: "O crescimento e a confirmação
do crente, o desenvolvimento das graças do Evangelho no cristão, é o que se
chama santificação".
O crente não somente se torna justo em Cristo, mas também santo. O mesmo ato,
considerado com justiça; é justificação; considerado como santidade, é santificação.
Um dos seus próprios escritores define a posição da seguinte maneira: "Aquele que
é o nosso Grande Sumo Sacerdote diante de Deus é puro e sem mancha. Deus O
vê como tal e Ele representa-nos, nós que somos o Seu povo, e somos aceitos
nEle. A Sua santidade é nossa por imputação. Permanecendo Nele somos, à vista
de Deus, santos e puros como Ele. Deus olha para o nosso representante e vê-nos
n'Ele. Estamos completos naquele que é o nosso Cabeça glorioso e sem mancha".
A santidade e a justiça do indivíduo são apenas imputadas e não efetuadas pelo
Espírito Santo. O pecado continua até a morte, mas isto de modo algum afeta a
"posição" do crente. Em contraste, a posição wesleyana e bíblica é que os homens
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O QUE CREMOS:
B. Restituição - endireitar tudo o que está mal, tanto quanto possível e nos casos
em que outros não sejam lesados pela ação;
C. Fé - aceitação da promessa de Deus de perdão, e entrega confiante de si
mesmo a Deus; confiança na compaixão de Deus e não nos próprios méritos;
D. Testemunho do Espírito - o Espírito de Deus testifica ao seu espírito que você
é um filho de Deus, uma nova criatura em Cristo;
E. Andar na luz - obediência diária a Deus e fidelidade no Seu serviço. Haverá
consciência crescente de um inimigo interior que estorva o testemunho e insiste
em que siga um caminho egoísta.
Adoção – ato de Deus pelo qual alguém entra na família de Deus e se habilita a
todos os direitos, privilégios e herança da filiação. Tem lugar na conversão;
Redenção – obra reconciliatória de Deus que ficou completa com a morte do Seu
Filho no Calvário;
Mente carnal – espírito desregrado do homem; egoísmo desordenado que não
está sujeito à lei de Deus, espírito contrário ao espírito de Cristo;
Consagração – ato de se colocar à parte para o serviço de Deus, sendo-se
capacitado pela Sua graça. Embora quem procure a salvação se dedique
totalmente a Deus, tanto quanto é capaz e cônscio, tecnicamente este ato só é
possível à pessoa regenerada;
Depravação – mostra a perversão pecaminosa da natureza do homem, a qual
afeta todos os membros da família humana; a corrupção, ou espírito de
degeneração, ainda permanece após a conversão;
Erradicação – ato de Deus pelo qual o pecado é removido, destruído, purificado.
Embora a palavra não seja encontrada na Bíblia, exprime o conceito bíblico de
"crucificado", "desprezado% "purificado", "separado", etc;
43
Porém, este padrão divino não é arbitrário nem caprichoso. Deus oferece o que
requer. 0 Seu amor precede a Sua lei. 0 registro completo da redenção é a história
do zelo de Deus em capacitar o homem para voltar a ser como fora criado. 0 Seu
desejo é formar "um povo santo", liberto de todo o pecado, e reproduzir no homem
a imagem divina.
Deus colocou perante a mente e coração do homem a Sua própria santidade, como
incentivo à pureza e vida santa. Ele faz da Sua própria perfeição,o padrão para a
retidão e perfeição relativa do homem. Assim, Jesus, a Revelação mais completa de
Deus, declarou: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos
céus" (Mateus 5:48).
Para tratar da santidade de Deus, pois, não basta considerar alguns aspectos da
existência de um Deus afastado do homem. É preciso examinar o que Deus é,
olhando para as vias através das quais Ele se manifesta ao homem e (como
faremos especialmente no capítulo 4) observando a morte e ressurreição de Jesus,
a encarnação viva da semelhança com Deus.
Fazendo assim, seremos capazes de ver o plano de Deus para o Seu povo -o que
Ele deseja que sejamos e façamos, pois a Sua santidade é o padrão assim como a
possibilidade e o poder de ser semelhante a Deus.
A SANTIDADE DE DEUS
A declaração mais sublime que o homem pode fazer de Deus é dizer que Ele é
"santo". A santidade é o fun damento sobre o qual assenta todo o conceito de Deus.
É o fundo e o "ambiente" nos quais se desenvolve certa compreensão da atividade
divina. Todas as doutrinas da salvação têm a sua base na santidade de Deus.
Todavia, conquanto decisiva para a vida humana, por mais que a compreendamos,
nunca poderemos descrever plenamente esta qualidade do carãter de Deus. Isto é
devido a que a santidade de Deus não é apenas um dentre muitos dos atributos
divinos. É uma característica tão inerente a Deus, que faz parte da própria natureza
da Divindade. Negar a santidade de Deus é negar a realidade sagrada do próprio
Deus.
Bom indício de um dos significados da palavra santo, referente a Deus, é o seu uso
litúrgico. Um dos primeiros hinos da maioria dos hinários é: "Santo! Santo! Santo!
Senhor Magnificente". E a terceira estrofe diz: "Tu somente és santo, cercado de
esplendores, perfeito em pureza, poder, glória e amor".
"Porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti" (Os. 11:9). A palavra
hebraica para "santo" (qãdosh) tem o significado original de algo separado. Embora
santidade signifique diferença entre Deus e o homem, refere-se positivamente ao
que é de Deus e não negativamente ao que não é do homem.
"Deus é independente e distinto, porque é Deus. Ele não está separado disto ou
daquilo devido a qualquer dos Seus atributos ou qualidades. Uma pessoa ou coisa
pode ser separada por se tornar pertença de Deus”.
1. Afastamento do Pecado
Mas Deus não está só separado do pecado; opõe-Se a ele eternamente. O pecado
é precisamente o contrário da Sua natureza. Sendo Deus santo, procura banir do
Seu universo o pecado. Por causa da Sua natureza santa, vê-se através das
Escrituras o juízo de Deus sobre o pecado. Em nenhum lugar se encontra isto
revelado mais claramente que no Calvário, onde um Deus santo julga o pecado.
"Um Deus santo, separado do pecado, não poupou o próprio Filho, quando esse
Filho, que não conheceu pecado, se fez pecado por nós e sofreu o castigo dos
nossos pecados, os pecados do mundo”.
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2. Impureza do Homem
Isaías notou, também, que o séquito de Deus enchia o templo, salientando a Sua
imanência. Ele estava não só num trono alto e sublime, mas também próximo e
acessível. A santidade é requerida em virtude de Deus ser transcendente e puro; é
possível porque-Ele é imanente e bom.
3. A Glória de Deus
A coluna de fogo era para Israel, inclinação da presença de Deus (Êx. 14: 24). O
livro de Ezequiel usa, por vezes, a palavra "santidade" ao representar a glória divina
como "presença luminosa e resplandecente" (10:4). Na dedicação do templo de
Salomão "uma nuvem encheu a casa do Senhor. E não podiam ter-se em pé os
sacerdotes, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera
49
a casa do Senhor" (1 Reis 8:10-11). Mais tarde a tradição judaica testificou desta
experiência e da presença manifesta do Senhor, como a Sua "Shekinah", ou glória.
Deus quer que "toda a terra se encha da Sua glória" (Salmo 72:19), que os homens
conheçam e confessem o Seu nome (Filipenses 2:10-11). 0 Seu santo nome e a
Sua glória são inseparáveis. A revelação do Deus Santo atinge a sua finalidade
quando a "glória do Senhor" é "refletida" nos corações dos crentes (11 Corintios
3:18). Existe, pois, uma qualidade moral na idéia da glória de Deus, visto que na
santa presença do Senhor, alguém se torna consciente da sua própria impureza e
indignidade, da sua inaptidão em irradiar ou refletir a glória divina.
Os profetas do século oitavo (a.C.) - Amós, Oseias, Isaías e Miquéias - deram uma
nova dimensão ao significado da santidade de Deus. Em si mesmas, as palavras
"santidade" e "santo" não aparecem amiúde nos seus escritos, à excepção de
Isaías. No entanto, cada um deles reiterou o facto de que Deus, por Sua verdadeira
natureza (isto é, por causa da Sua santidade), exige dos Seus adoradores um
comportamento adequado e não ficará satisfeito com menos.
A seu modo, cada profeta associou a santidade com a justiça. Amós condenou
aqueles que oprimiam o pobre e que não viam que o suborno e a corrupção, com
perversão da justiça entre os homens, é negação do testemunho * prática religiosa.
À luz do mandato de Deus em "odiar * mal e amar-o bem", Amós orou com fervor:
"Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso" (Am. 5:
24; 2: 6-8; 5: 7-10, 21-23).
Oseías queixou-se que não havia fidelidade em parte alguma, "nem verdade, nem
benignidade (lealdade), nem conhecimento de Deus na terra" (Os. 4: 1). Manifestou
o padrão de Deus para o comportamento social: "Porque eu quero misericórdia e
não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos" (Os. 6: 6).
Por causa do povo, Deus não aceitaria sacrifícios (Os. 8: 11, 13).
Isaías observou que o povo honrava Deus com os lábios, mas não com o coração.
Chamavam,ao mal, bem; e ao bem, mal. Onde o profeta buscava juízo, encontrava
opressão; e, em vez de justiça, ouvia clamores. Por toda a parte os homens eram
malfeitores, praticando a embriaguês, o suborno e a corrupção (Is. 1: 23; 5: 7,
11-12, 20, 22; 29:13).
50
Como Amós, Miqueias acusou o rico de oprimir o pobre; e falou contra aqueles que,
deitados, despertam de noite para matutar novos esquemas em roubar o pobre do
pouco que tem. Até os sacerdotes e profetas andavam à busca de tudo a que
podiam deitar a mão, pensando só em acumular riquezas. Miqueias deu um bom
sumário da pregação desses profetas na sua famosa passagem: "Com que me
apresentarei ao Senhor, e me inclinarei ante o Deus altíssimo? Virei perante ele
com holocaustos?. . . Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é que o
Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes
humildemente com o teu Deus?" (Mq. 6: 6, 8; 2: 1-2; 3: 11).
O caso é que esses profetas tinham uma compreensão da justiça derivada do seu
conhecimento de Deus e da Sua santidade. Eles não julgavam a conduta humana
simplesmente por um código ético. 0 seu padrão era o que eles conheciam da
natureza do próprio Deus.
2. Justiça e Amor
"Ninguém oprima ou engane o seu irmão em negócio algum ... Porque não nos
chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação(1 Ts. 4: 6-7);
"Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquerno-nos de toda a imundícia
da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2 Co. 7: 1);
"E o Senhor vos aumente e faça abundar em amor uns para com os outros, e para
com todos ... para que sejais irrepreensíveis em santidade, diante de nosso Deus e
Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts. 3: 12-13).
51
Não obstante na Sua santidade Deus estar separado e ser "diferente", ainda anela
entrar numa relação pessoa[ e íntima com o homem e repartir com ele a Sua glória
e pureza. Referindo-se a este paradoxo, H. Orton Wiley escreveu que "o amor de
Deus é, de facto, o desejo de comunicar santidade; e esse desejo só é satisfeito
quando os seres alcançados se tornarem santos".
O conserto do Sinai estabeleceu Israel como uma unidade nacional e, desde então,
a religião judaica passou a ser a religião do povo escolhido de Deus. Israel unido
tornou-se um "povo santo". Deus disse a Israel: "Agora, pois, se diligentemente
ouvirdes a minha voz e guardardes o meu conserto, então sereis a minha pro-
priedade peculiar de entre todos os povos: porque toda a terra é minha. E vós me
sereis um reino sacerdotal e povo santo" (Êx. 19: 5-6).
52
1. O Requisito de Obediência
2. Um Povo Santo
Deus, que é santo, quer e procura um povo santo. Por tal motivo, Ele
escolheu Israel e constituiu a Igreja, o novo Israel, para ser separada, dedícada,
consagrada ou posta à parte para uma função peculiar, para Sua glória.
Como "santo" no Velho Testamento é usado tanto para Deus como para o povo que
o Senhor separou de entre as nações, assim, no Novo Testamento, as palavras
relacionadas com "santo" descrevem a Igreja separada do mundo. 0 termo hagios
(literalmente, "santificados") é traduzido por "santos" em certas versões. Paulo
tratava, geralmente, os crentes do Novo Testamento por "santos" (Rm. 1: 7; Ef. 4:
12).
4. O Novo Conserto
“Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de
Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egito; porquanto eles
invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas
este é o concerto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei
o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jr. 31: 31-33).
Sob o novo conserto Deus lidaria com os motivos básicos da ação humana. A
religião deixaria de ser simplesmente exterior; o seu caráter interior seria a nota
dominante. Antes, as leis de Deus tinham sido escritas em placas de pedra; sob o
novo concerto, seriam escritas no coração, de modo que os homens responderiam
a Deus do mais íntimo do seu ser.
“Então espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. E vos darei um coração
novo, e porei dentro de vós um espírito novo, e tirarei o coração de pedra da vossa
carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito, e
farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis”
(Ez. 36: 25-27).
Através do novo conserto, Deus separa para Si mesmo um povo, por meio da
redenção que há em Jesus Cristo (1 Co. 1: 30-31). Por isso, o autor aos hebreus
cita a profecia de Jeremias: "Porei as minhas leis nos seus corações, e as
escreverei nos seus entendimentos". Depois, acrescenta:
E jamais me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades ... Tendo, pois,
irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo
caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um
grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração,
em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o
corpo lavado com água limpa (Hb. 10:17, 19-22).
1. Os Filhos de Deus
Em todo o Novo Testamento a relação de Deus com aqueles que fazem a Sua
vontade vem expressa pela figura do Pai e do Filho:
A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos
que crêem no seu nome (Jo. 1: 12). Assim, já não és mais servo, mas filho; e, se és
filho, és também herdeiro de Deus, por Cristo (Gl. 4: 7). Vede quão grande amor
55
nos tem concedido o Pai; que fôssemos chamados filhos de Deus (1 Jo. 3: 1). Fazei
todas as coisas sem murmuraçóes nem contendas; para que sejais irrepreensíveis
e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e
perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo (Fp. 2: 14-15).
Em Cristo nós temos "grandíssimas e preciosas promessas para que, por elas,
fiquemos participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que,
pela concupiscência, há no mundo" (2 Pe. 1: 4). N'Ele fomos eleitos "para sermos
conformes à imagem de Seu Filho" (Rm. 8:29).
A necessidade básica de todo o homem, quer esteja ou não ciente disso, é ser "à
imagem de Deus". Davi expressou, eloquentemente, este anseio universal: "Quanto
a mim, contemplarei a tua face na justiça; satisfazer-me-ei da tua semelhança
quando acordar" (Sl. 17: 15). Onde a semelhança de Deus não é reimpressa na
alma, não há satisfação permanente. Onde está presente, há um sentimento íntimo
de realização, paz do coração e "repouso" da fé (Hb. 4: 9).
CONCLUSÃO
é único e distinto do homem quanto à Sua santidade, também requer que o Seu
povo esteja à parte, separado para os Seus propósitos.
ALGO ACONTECEU
A santidade de Deus não lhe podia permitir criar um homem que não fosse bom
(Gn. 1:31), "perfeito" (Ez. 28: 12, 15) e "reto" (Ec. 7: 29). Contudo, um simples
relance à história ou à vida contemporânea nos mostrará que o homem é diferente
do modo como, segundo a Bíblia, foi criado. Algo está drasticamente errado no
homem, na raça humana. A fé cristã identifica este "erro" com o "pecado", a
negação da santidade e oposição à natureza e caráter de Deus.
As "boas novas" é que por Jesus Cristo Deus possibilitou nesta vida a libertação
completa do pecado e a reprodução perfeita da Sua imagem de justiça e verdadeira
santidade. Para apreciar e apropriar esta grande provisão, devemos compreender o
significado e natureza do pecado. De outra forma existe o perigo de minimizar ou
compreender mal a pessoa e obra de Jesus Cristo.
Por tal razão, J. B. Chapman observou que "o conceito do homem quanto ao
pecado é fundamental para toda a sua reflexão e divagação em soteriologia”. A
doutrina do pecado é o centro à volta do qual está organizado o sistema teológico
de cada pessoa.
A natureza do pecado tem sido vista de muitos modos. Diz-se que o que é
chamado "pecado" é ignorância; simples ilusão; falsa subordinação da razão aos
sentidos; a transmissão de características animalescas provindas de estádios
inferiores da vida; limitação necessária do ser finito; desnível social e econômico
que será corrigido por processos dialéticos da natureza; algo que provém do
princípio eterno do mal; ou que é material e está diretamente relacionado com a
natureza sensual do homem. Todas estas teorias filosófico-humanistas falham em
considerar o poder obstinado e o caráter pessoal do pecado envolvendo uma
relação desfeita com um Deus santo.
A ORIGEM DO PECADO
Têm sido feitas muitas tentativas para explicar a origem do pecado. Nenhuma é
satisfatória. Nem o podia ser, porquanto se a "causa" do pecado pudesse ser
identificada, a sua responsabilidade seria transferida do homem para alguma
origem anterior. Porém, a essência do pecado é a recusa do homem em aceitar
responsabilidade, o que o leva sempre a culpar mais alguém ou algo fora de si
mesmo (Gn. 3: 11-13).
Isto é, Deus, que deseja uma resposta livre à Sua proposta de santidade e amor,
criou o homem de tal maneira que o pecado era uma possibilidade. Por isso, o
pecado é pessoal na sua origem. Embora outras coisas sejam obscuras, é evidente
que a responsabilidade do pecado, tanto o seu início como o seu prosseguimento
no homem, bem como a sua prática, depende do próprio homem.
Deus tornou conhecida a Sua suprema vontade a Adão e Eva, nossos primeiros
pais. Mas estes, sob a influência de Satanás, contudo de livre vontade e, deste
modo, num acto culpável, desobedeceram conscientemente à lei que Deus lhes
dera para seu bem (Gn. 3: 1-6). O seu pecado consistiu na transgressão de uma lei.
Não uma lei qualquer, ou lei geral, mas a lei de Deus. A opinião essencial e
exclusiva da Bíblia é declarada pelo Salmista: "Contra ti, contra ti somente, pequei"
59
(Sl. 51: 4). O pecado não é simples negligência de alguma ordem, é oposição ao
Deus vivo! É o eu em rebelião contra a soberania de Deus!
“A raiz mais profunda do pecado é ... a rebeldia espiritual de alguém que interpreta
liberdade como independência. 0 pecado é emancipação de Deus abandono da
atitude de dependência, a fim de conseguir a independência total que torna o
homem igual a Deus.”. Embora o homem tenha sido criado para ser livre e
semelhante a Deus, não pode ter liberdade e santidade à parte de Deus. A
verdadeira liberdade e santidade no homem são dons provenientes de Deus (Jo. 8:
31-36).
Antes da Queda, Adão "era capaz de não pecar", por causa da graça e santidade
provenientes de Deus. Depois da Queda, ficou privado da presença e poder de
Deus e, portanto, "não era capaz de não pecar".
Graça Atual → Expressão utilizada na teologia Católica Romana. É definida como uma
ajuda sobrenatural de Deus, capacitando-o a evitar o pecado, como também auxilia na
realização de algum ato que tenda à sua salvação. Esse dom é interno embora tenha natureza
transitória.
Graça Habitual → Opera com a finalidade de santificar o homem, visto que, sem esse tipo
de ato e intervenção divinos, ninguém poderia tornar-se santo. Naturalmente essa Graça
requer a cooperação da vontade humana, embora transcenda ao poder da vontade do homem.
Graça Comum → Expressão usada pela teologia reformada (calvinista), que afirma que há
uma graça divina que beneficia a todos os homens, embora não leve todos à salvação da
alma, e nem envolva o intuito divino de salvar todos os homens. Em contraposição, temos a
Graça Especial, que é a operação divina em favor dos eleitos. A Graça Comum nos permite
reconhecer todo o bem que existe no homem e na natureza, em sentido universal, sem
sacrificar a singularidade da religião, sobretudo em sua doutrina da eleição. Seus elementos
são:
• opera através do Espírito santo, restringindo o mal resultante da natureza pervertida
do homem, embora não chegue a regenerar aos não-eleitos;
• ela permite o desenvolvimento cultural necessário para a civilização, uma atividade
legítima para os homens;
• ela permite que haja certo bem nas religiões não-cristãs, embora isso não as nivele
ao cristianismo; e naturalmente, ela não reconhece nelas qualquer poder salvador;
• ela admite a presença de algum bem nos não-regenerados.
Graça Irresistível → Essa idéia está ligada a Agostinho e a Calvino, como um dos temas
favoritos da predestinação. Conforme sua definição, a graça de Deus atua incondicional e
irresistivelmente nos eleitos, garantindo sua salvação, produzindo reação favorável dos
61
homens para com o evangelho, e garantindo que essa reação seja completa e eficaz. Como
conseqüência, a Graça Irresistível garante a eterna segurança dos eleitos.
Graça Geral → Alega-se que essa é a Graça de Deus que capacita todos os homens, de todos
os lugares, em todos os tempos, a reagirem favoravelmente ao evangelho, contanto que a
vontade deles concorde com isso. Assim, um homem alienado de Deus, não poderia voltar-se
sozinho para Deus; mas a Graça Geral garante a real possibilidade do retorno de todos os
homens para Deus, e não somente de algum grupo eleito.
Graça Santificadora → Definida como o Favor imerecido de Deus atuante sobre a alma do
homem a fim de transformá-lo à imagem de Cristo.
Graça Eficaz → Essa é a graça suficiente quando se torna atuante sobre as vidas dos
homens, dentro das questões da salvação, da santificação, da transformação segundo a
imagem de Cristo, do crescimento espiritual e da restauração. Sobre esta graça repousam os
benefícios que a humanidade pode esperar obter.
Devido à graça concedida ao homem após a Queda – essa "Luz que alumia a todo o
homem que vem ao mundo" Jo. 1: 9) – os teólogos distinguem no homem entre a
imagem essencial", "natural" ou "formal" de Deus; e a imagem "espiritual”, "moral"
ou "material". A imagem "essencial" é a que faz o homem ser homem, mesmo no
seu pecado. Refere-se aos elementos da personalidade: inteligência, consciência,
poder de escolha, imortalidade, capacidade de corresponder a Deus, etc. Estas são
dádivas indeléveis de Deus. A imagem "espiritual" do homem tem a ver com a sua
santidade, a sua semelhança a Deus.
Na nossa discussão da "imagem de Deus”, deve ficar esclarecido que não nos
referimos a uma coisa ou substância no homem. Antes, o termo é usado para
descrever a relação entre o homem e Deus.
O homem não foi criado com o poder de escolher se deveria ser responsável para
com Deus. É um fato estabelecido que ele é responsável. Nenhum grau de
liberdade humana, nem seu abuso pecaminoso, o podem alterar. A
responsabilidade é parte da estrutura imutável do ser humano. Este aspecto da
natureza do homem, que constitui a sua humanidade, distinguindo-o de todas as
outras criaturas, faz parte da significação de ser criado à imagem de Deus.
Esta imagem "essencial" ou "natural" não pode ser perdida enquanto o homem for
homem. No entanto, tem sido tão danificada que o juizo do homem é defeituoso e
o seu corpo está sujeito à doença e à morte. Não será restaurado totalmente até à
outra vida, em que o homem receberá um corpo glorioso conforme o corpo
ressurreto de Cristo.
A. A Unidade da Raça
Ao fazê-lo, o Apóstolo aludiu à Queda para afirmar que "em Adão" todos somos
pecadores; "em Cristo”, todos somos remidos. A sua intenção era expor a unidade
da raça humana. Queria indicar que em Cristo vemos a humanidade unida no
pecado, mas que esta unidade do gênero humano está substituída pela unidade
dos redimidos. A referência a Adão, portanto, não é para procurar explicar a
origem ou presença do pecado, nem para desculpar o homem do seu pecado. A
referência a pecado de Adão e à sua relação com o homem dá ênfase a
universalidade do pecado, a qual é confirmada tanto pelas Escrituras como pela
experiência.
Embora Adão tenha caído sob a maldição da morte física e espiritual, e todo o ser
humano nasça sob esta maldição, não sabemos como é transmitido o pecado.
Várias teorias têm sido apresentadas para explicar a sua transmissão a toda a raça
humana, mas todas contêm limitações. João Wesley apelou para a ligação entre
Adão e a raça humana, referindo-se a Adão como uma "pessoa pública" e "o
63
B. Privação e Depravação
Alguns teólogos têm sugerido que o homem se tornou depravado por ter ficado
privado do que originalmente lhe fora concedido. W. T. Purkiser, seguindo este
pensamento, escreveu:
“O pecado original não consiste em seguir [o exemplo de] Adão (como dizem sem
fundamento os pelagianos), mas é a corrupção da natureza de todos os homens
64
Além disso, o pecado original ou natureza pecaminosa do homem não deve ser
confundido ou equiparado ao corpo, especificamente, à sexualidade ou
concupiscência, como Agostinho se inclinava a fazer. O pecado original não é um
fato biológico, mas espiritual. Nada tem a ver com os cromossomas e genes, mas
com a verdade espiritual de que o pecado não é algo acidental. Também não é
"uma coisa", mas separação de Deus e resistência do homem para com Ele.
O Novo Testamento expõe o que Deus fez para restaurar o estado perdido do
homem e destruir o poder do pecado. Declara que Jesus, "que não conheceu
pecado" (11 Coríntios 5:25), é a verdadeira "imagem de Deus" (2 Co. 4: 4; Cl. 1:
15), a qual o homem readquire pela fé "em Jesus Cristo".
Embora a Bíblia ensine que a comunhão do homem com Deus fora completamente
desfeita pelo pecado, ela não considera, a natureza humana tão pecaminosa que
não possa ser purificada e cheia do Espírito Santo nesta vida presente. Os laços do
pecado no homem podem ser desfeitos.
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JUSTIFICAÇÃO
Definições
Cremos que justificação é aquele ato gracioso e judicial de Deus, pelo qual Ele
concede pleno perdão de toda a culpa, a remissão completa da pena pelos
pecados cometidos e a aceita;cão como justo a todos aqueles que crêem em Jesus
Cristo e O recebem como Senhor e Salvador.
A justificação é aquele ato judicial de Deus pelo qual considera os que, com fé,
aceitam a oferta propiciatória de Jesus Cristo, como absolvidos dos pecados,
libertados da pena e aceitos como justos diante de Deus.
A Natureza da Justificação.
A idéia de Justificação apresenta-se nas Escrituras sob termos tais como justiça,
justificação, não-imputação do pecado e imputação da justiça – tendo todos estes
termos substancialmente o mesmo sentido, embora com alguns traços de
diferença. Entre as passagens mais importantes encontram-se as seguintes: (At.
13: 38-39); (Rm. 3: 24-26); (Rm. 4: 5-8).
Justificação Evangélica.
66
Deve ressaltar-se que a justificação evangélica é a remissão dos pecados como ato
de misericórdia.
A justificação é um ato de Deus pelo qual os homens são declarados justos ou retos; e é
um estado do homem ao qual que chega como conseqüência desta declaração. Mas seja
como ato ou como estado, a palavra nunca se usa no sentido rigoroso de fazer os homens
santos ou justos, mas no sentido de declara-los ou pronunciá-los livres de toda a culpa e,
portanto, justos.
Justificação e Santificação
Justificação é uma modificação real de relação para com Deus, enquanto que a
santificação é uma mudança da natureza moral do indivíduo. A relação do pecador
para com Deus é de condenação; quando é justificado, esta relação é transformada
através do perdão em aceitação ou justificação. É evidente que se a transformação
interna precede a externa, teríamos, então, a santidade ou justiça interna nos que
estavam em estado de condenação diante de Deus. Assim, tem-se ensinado que o
primeiro ato de Deus na salvação do homem deve ser a justificação, ou a mudança
do estado e condenação para o de justiça.
Bases da Justificação
O antinomianismo que faz que a alma confie na justiça imputada de Cristo, sem a
aplicação interna da justiça pelo Espírito Santo, é perigosa perversão da verdade
de Deus.
(Atos 13:39); (Rm. 4:3); (Rm. 4:22) - Destas passagens conclui-se que:
a) O que se imputa por justiça é a própria fé como ato pessoal do crente e
não como o objeto daquela fé.
b)A fé é a condição da justiça.
c)A fé que justifica não é a fé em geral, mas uma fé particular na obra
propiciatória de Cristo.
REGENERAÇÃO
A filiação cristã, que inclui tanto a regeneração como a adoção, está vitalmente
relacionada com a justificação pela fé.
Definições
Wesley define como : “aquela grande transformação que Deus opera na alma
quando a vivifica, quando a ressuscita da morte do pecado para a vida da justiça. É
a mudança efetuada na alma toda pelo Espírito Todo Poderoso de deus, quando é
criada de novo em Jesus Cristo, quando é renovada de acordo com a imagem de
Deus em justiça e verdadeira santidade. “
Natureza da Regeneração
O termo Regeneração tal como é usado nas Escrituras significa literalmente “ser
outra vez”. Portanto, deve entender-se como uma reprodução ou restauração. É
por regra aplicado à transformação moral que se retrata nas seguintes expressões
bíblicas: nascer de novo (Jo.3:3-5-7) ; nascido de Deus (Jo. 1:13 ; 1Jo. 3:9 ; 4:7 ;
5:1 , 4,18 ), nascido do Espírito ( Jo. 3:5,6 ) Vivificados (Ef. 2:1,5) e Passou da
morte para a vida (Jo. 5:24 ; 1Jo. 3:14).
Tanto Paulo como João ressaltam o fato de que a regeneração depende da fé.
Assim a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem filhos de Deus; a
saber; aos que crêem no seu nome ( Jo.1:12 ).
Paulo indica que o homens são salvos mediante o lavar regenerador e renovador
do Espírito Santo (Tt. 3: 5).
Ef. 4:24 ; Cl. 3:10 - Torna-se aqui evidente que o homem é renovado ou criado de
novo na regeneração e que o conhecimento, a justiça e a santidade subseqüentes
constituem o fim para o qual foi renovado.
O termo primordial e mais simples é o que se refere à geração (1Jo. 5:1; 1Pe.
1:3; Tg. 1:18). Estreitamente relacionadas, senão idênticas ao termo gerado,
encontram-se as expressões “nascido de novo” e “nascido do alto”. A declaração
enfática de Cristo foi: se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus
(Jo. 3: 3 ; 6, 7). A regeneração é, pois, aquela comunicação de vida espiritual às
almas dos homens que faz deles indivíduos distintos no reino espiritual. A qualidade
moral deste novo nascimento é ressaltada por Jesus nas palavras “o que é nascido
da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é espírito” (Jo. 3: 6).
participação da vida do Cristo glorificado (Rm. 6: 4). Como nova criatura o homem é
restaurado à imagem original com foi criado. Cristo é o grande modelo e o homem
“se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl.
3: 10-11).
A regeneração não é batismo com água. O batismo é o sinal exterior de uma graça
interior, e por isto, mesmo, não pode ser considerado como regeneração. ( I Pe.
3:21 )
A regeneração não é mera obra humana. O pelagianismo, heresia na igreja
primitiva, considerava-a a como ato da vontade humana. Dizia que s obtinha a
regeneração através da iluminação do intelecto pela verdade e por simples imitação
de Cristo e da Sua vida.
ADOÇÃO
É o ato declaratório de Deus pelo qual, depois de termos sido justificados pela fé
em Cristo Jesus, somos recebidos na família de Deus e reinstalados nos privilégios
da filiação. A adoção ocorre ao mesmo tempo que a justificação e a regeneração,
mas na ordem do pensamento é logicamente a última colocada. A justificação tira a
nossa culpa, a regeneração transforma o nosso coração e a adoção recebe-nos de
fato na família de Deus.
Benefícios da Adoção
TESTEMUNHO DO ESPÍRITO
Base bíblica
O texto clássico sobre este assunto encontra-se em Rm. 8:16. É evidente que aqui
encontramos um testemunho duplo: o do Espírito Santo e o do nosso espírito.
Rotula-se comumente o primeiro como o testemunho direto, o segundo como o
indireto.
John Wesley afirmou que: “este testemunho é uma impressão interna na alma,
por meio da qual o Espírito de Deus testifica diretamente ao meu espírito que
eu sou filho de Deus; que Jesus Cristo me amou e Se deu a Si mesmo por
mim e que todos os meus pecados foram apagados e que eu, eu mesmo,
estou reconciliado com Deus”.
Mas Deus não deixou o Seu povo nas trevas. Por isso, Wesley exortou o povo a
“não descansar em nenhum suposto fruto do Espírito sem o testemunho. Se somos
sábios, devemos clamar continuamente a Deus até que o Seu espírito brade no
nosso coração: “Aba, Pai”.
Wesley continua dizendo: “Como poderei ter certeza de que não me engano com a
voz do Espírito? Pelo testemunho do meu próprio espírito; pela resposta de uma
boa consciência para com Deus. Por este meio conhecerei que não estou sofrendo
de uma alucinação e que não enganei a minha própria alma. Alistam-se os frutos
imediatos do Espírito a governar o coração: o amor, o gozo, a paz, s entranhas de
misericórdia, a humildade da mente, a bondade, a mansidão, a longanimidade. Os
frutos externos são fazer o bem a todos os homens e obedecer a todos os
mandamentos de Deus”.
A inteira santificação tem sido chamada "a ideía central do sistema cristão e o feito
culminante do caráter humano". Todo o sistema levítico do Antigo Testamento
coloca-se sob pesado tributo para revelar à mente e ao coração as riquezas desta
graça. Os termos usados abrangem o altar e os seus sacrifícios, o sacerdócio, o
ritual com as suas aspersões e lavagens, as cerimônias de apresentação e
dedicação, a unção e a confirmação, as festas e os jejuns. Tudo isto aponta para a
norma de piedade no Novo Testamento – a perfeição cristã.
Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a
vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
75
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam
como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam
vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã (Is. 1: 18). O escarlate é
conhecido como uma das tintas para tingir com cores mais indeléveis e usa-se
aqui para designar a mancha do pecado na alma.
A culpa do pecado atual e a poluição do pecado original podem ser limpas apenas
pelo sangue de Jesus Cristo. Então aspergirei água pura sobre vós, e Ficareis
purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos
purificarei (Ez. 36: 25). A obra do Espírito Santo representa-se aqui pelo símbolo
da água como agente de limpeza.
Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de
mim, vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá ele a tem na mão, e
limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará
a palha em fogo inextinguível (Mt. 3: 11~12). E evidente que esta passagem
mostra que o batismo com o Espírito Santo efetua uma limpeza interna e espiritual
mais profunda que o batismo de João. Este é para a remissão dos pecados,
enquanto aquele é para tirar o princípio do pecado. A separação não é entre o joio
e o trigo, mas entre o trigo e a palha ou aquilo que por natureza se apega ao trigo.
Esta palha não é o pecador, mas o principio do pecado que se apega às almas dos
regenerados e que é removido pelo batismo purificador de Cristo.
O doutor Daniel Steele, no seu livro Mílestone Papers, tem um capítulo excelente
(o quinto) sobre este assunto interessante e importante. Mostra o contraste entre o
emprego do tempo presente, como "escrevo", ou do imperfeito denotando a
mesma continuidade no passado, como "escrevia", com o tempo aoristo que no
indicativo expressa ocorrência momentânea de ação em tempo passado, como
"escrevi". Em todos os demais modos o aoristo carece de tempo, o que se
77
7. O mesmo Deus da paz vos santifique (aoristo) em tudo; e o vosso espírito, alma
e corpo, sejam conservados (1 Ts. 5: 23).
8. Jesus, para santificar (aoristo) o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu (aoristo)
fora da porta (Hb. 13: 12).
assunto. 0 escopo do nosso estudo não nos permite análise detalhada deste
aspecto do tema, senão apenas declarar qae o estudo cuidadoso da palavra grega
hagíos santo, e os seus derivados, revela dois fatos fundamentais. Primeiro, a
idéia de santificação inclui afastamento, separação ou consagração; segundo,
indica limpeza ou purificação do pecado. Esta última ênfase é particularmente
importante no Novo Testamento. Este duplo significado, consagração e
purificação, precisa ser mantido em mente para que a norma de santidade do
Novo Testamento seja corretamente compreendida. Estes dois conceitos têm base
bíblica clara, de cuja autoridade não há dúvida alguma (cf. Wiley, A Teología
Cristã, II, pp. 304-305).
Doutor D. Shelby Corlett – "Ser santificado é nem mais nem menos, que a
remoção completa do coração de tudo que é inimizade para com Deus e que não é
nem pode ser sujeito à Sua lei, e isto capacita a vida para ser completamente
dedicada a Deus. Não importa quão perfeita seja a consagração, nenhum cristão é
verdadeiramente santificado por Cristo antes de ter o coração purificado pelo Seu
sangue. Esta é uma experiência definida, uma poderosa obra da graça, efetuada
por Deus em resposta à fé que existe no cristão consagrado em Cristo o
Santificador. A experiência marca uma segunda crise definida na vida espiritual, é
a perfeição de uma relação espiritual com Deus, a purificação de todo o pecado no
momento em que o Pai opera dentro de nós a consagração que Ele deseja. A
consagração a Deus – santificação – inclui também a plenitude consciente do
79
B. A Justificação e a Santificação.
1. A justificação, num sentido amplo, refere-se à obra total de Cristo efetuada "por
nós"; a santificação é a obra total efetuada "em nós" pelo Espírito Santo.
2. A justificação é um ato judicial na mente de Deus; a santificação, uma
transformação espiritual realizada nos corações humanos.
3. A justificação é uma transformação relativa, isto é, uma mudança de relação do
estado da condenação para o estado de favor, a santificação é uma mudança
interna do pecado para a santidade.
4. A justificação dá-nos a remissão dos pecados atuais; a santificação, no seu
sentido completo, limpa do coração o pecado original ou a depravação
herdada.
5. A justificação remove a culpabilidade do pecado, a santificação destrói-lhe o
poder.
6. A justificação torna possível a adoção na família de Deus; a santificação
restaura a imagem de Deus.
7. A justificação dá-nos o direito de entrada no céu; a santificação torna-nos aptos
para o céu.
8. A justificação logicamente precede a santificação que, no seu estado inicial, lhe
é concomitante.
9. A justificação é um ato completo e instantâneo e, por conseguinte, não se
realiza aos poucos ou gradativamente; a santificação é marcada por progresso,
no sentido de que a santificação parcial ou inicial ocorre no tempo da
justificação e a inteira santificação vem depois. Tanto a santificação inicial
como a inteira, contudo, são atos instantâneos no nosso coração pelo Espírito
Santo.
Tem sido doutrina uniforme na Igreja que o pecado original continua existindo
durante a nova vida do regenerado, pelo menos até que seja erradicado pelo
batismo com o Espírito Santo. Tal como se declara nos "Trinta e Nove Artigos":
"Esta infecção da natureza permanece nos que são regenerados". João Wesley
apresentou a sua opinião sobre o assunto num sermão intitulado "O Pecado nos
Crentes". Diz em parte: "Por pecado entendo aqui o pecado interior; qualquer
temperamento, paixão ou afeto pecaminoso, tal como o orgulho, a vontade do eu,
o amor do mundo, em qualquer espécie ou grau; tais como a concupiscência, a ira,
o ressentimento, qualquer disposição contrária à mente de Cristo... E o homem
justificado ou regenerado liberto de todo o pecado tão logo é justificado? Não foi
então libertado de todo o pecado de maneira que não há pecado no seu coração?
80
Não posso afirmar tal coisa; não posso crê-lo; porque Paulo afirma o contrário.
Fala aos crentes em geral quando diz: "A carne milita contra o Espírito, e o
Espírito, contra a carne, porque são opostos entre à (Gl. 5: 17). Nada há mais
expressivo do que isto. O apóstolo aqui afirma diretamente que a carne, a natureza
decaída, se opõe ao Espírito, mesmo nos crentes; que até nos regenerados há
dois princípios contrários um ao outro" (Wesley, "O Pecado nos Crentes").
É-nos impossível dizer o por que Deus faz certas coisas ou por que não as faz. A
Sua palavra, contudo, revela claramente que Ele não justifica e santifica
inteiramente por uma única obra de graça. Sem dúvida o pecador não percebe a
sua necessidade da santificação. A sua culpa e condenação ocupam-lhe de início
a atenção e só mais tarde percebe essa necessidade de purificação posterior. A
justificação e a santificação tratam de fases diferentes do pecado; aquela com os
pecados cometidos, ou o pecado como ato; esta com o pecado herdado, ou o
pecado como princípio ou natureza. Parece impossível descobrir plenamente a
condição última sem ter experimentado a anterior. Ademais, estas obras do
Espírito são, num sentidas, diametralmente opostas: uma a comunicação de vida,
a outra uma crucificação ou morte. Finalmente, a experiência da inteira
santificação obtém-se pela fé, que só pode ser exercitada depois de cumpridas
81
Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou, e enviou o seu filho como propiciação pelos nossos pecados (1 Jo. 4:
10).
Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus, seu F51ho, nos purifica de todo pecado (1 Jo. 1:
7).
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (Jo. 17: 17). O Espírito Santo é
o Espírito da verdade e opera através da instrumentalidade da verdade. Donde
Pedro afirma: tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade
(I Pd. 1:22); e João declara que aquele.. que guarda a sua palavra, nele
verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que
estamos nele (1 Jô. 2: 5).
entre os que são santificados pela fé em mim (At. 26: 18). Quando, portanto,
falamos de santificação como algo efetuado pelo Pai, ou pelo Filho, ou pelo
Espírito Santo, quer falemos dela como sendo pelo sangue, através da verdade ou
pela fé, referimo-nos meramente às diferentes causas que entram nesta gloriosa
experiência.
estado de pureza e de santidade. Foi com este pensamento na mente que o doutor
Adam. Clarke afirmou: "Requer-se o mesmo mérito e energia para preservar a
santidade na alma de um homem como para produzi-la".
A INTEIRA SANTIFICAÇÃO
O pecado original deve ser considerado em duplo aspecto. É o pecado comum que
mancha a raça humana, de um modo geral, e é uma parte desta herança geral
individualizada nas pessoas que formam esta mesma humanidade. No primeiro
caso, ou seja o pecado no sentido genérico, não se extingue senão na
consumação dos tempos quando todas as coisas serão restauradas.
Até este tempo algo da pena permanece sem remoção, da mesma forma que fica
algo da possibilidade da tentação ou da susceptibilidade ao pecado, essencial ao
estado de provação. Mas no segundo sentido a mente carnal, ou o pecado que
habita no íntimo da alma – o princípio no homem que tem afinidade atual com a
transgressão, fica abolido pela purificação do Espírito de santidade e a alma se
mantém pura pela Sua presença permanente.
1. Um dos termos mais comuns é katharídzo, que significa "tornar limpo" ou limpar
em geral, tanto interna como externamente; consagrar por meio da purificação; ou
libertar da contaminação do pecado. "É a mesma palavra de que derivamos
catártico. Literalmente quer dizer purgar, purificar, remover a imundícia e eliminar
tudo aquilo que é estranho. Não é nada mais, nem menos que a limpeza presente
da natureza do homem do "vírus" da disposição de pecar" (Doutor H. V. Miller,
Quando Ele Vier).
Alguns dos textos mais importantes nos quais se usa esta palavra são os
seguintes:
2. Outro termo importante é katargeo, que significa anular, abolir, dar fim, fazer
cessar. Para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado (Rm.
6: 6).
nosso Senhor Jesus Cristo aos discípulos: Toda planta que meu Pai celestial não
plantou, será arrancada (Mt. 15:13). Isto é explicado por João no sentido de que o
nosso Senhor veio para destruir as obras do diabo (1 Jo. 3: 8); (cf. Mt. 13: 29; Lc.
17: 6; Jd. 12).
4. Mas talvez o mais incisivo dos termos usados em ligação com este assunto seja
stauroo, que, de acordo com Thayer, significa "crucificar a carne, destruir-lhe o
poder completamente (a natureza da figura implica que uma dor intensa
acompanha a destruição)". E usado em Gálatas 5:2 – E os que são de Cristo
Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
com apenas esta diferença: aquela é derivada, esta é absoluta. Tal unidade de
pureza e de amor expressa-se melhor nas palavras do apóstolo respeitantes a
Jesus: Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade (Hb. 1: 9). A pureza e o amor
combinam-se numa natureza básica no profundo da personalidade do homem.
Encontra expressão não tanto numa virtude particular, ou na combinação de
virtudes, mas na fuga da alma pura ao pecado e no amor pela retidão.
A PERFEIÇÃO CRISTÃ
87
Esta pertence somente a Deus. Neste sentido, bom só existe um (Mt. 19: 17).
Toda e qualquer outra bondade é derivada. Assim, só Deus é perfeito; mas as
Suas criaturas podem também ser perfeitas no sentido relativo, de acordo com a
sua natureza e a sua qualidade.
Os santos anjos são seres que jamais caíram e, portanto, retêm as suas
faculdades nativas tais como receberam. Não cometem erros, como acontece ao
homem no seu estado atual de debilidade e fraqueza. Têm uma perfeição
impossível de ser alcançada pela humanidade.
O homem foi feito um pouco menor do que os anjos e, sem dúvida, no seu estado
original possuía uma perfeição desconhecida ao homem na sua presente condição
de existência no mundo.
Estas são essenciais a um estado de provação. O nosso Senhor Jesus Cristo foi
tentado da mesma forma em que nós somos e, todavia, não cometeu pecado.
88
Pois a lei nunca aperfeiçoou cousa alguma e, por outro lado, se introduz
esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus (Hb. 7: 19). A perfeição cristã
é da graça, no sentido de que Jesus Cristo traz ao Seu povo a perfeição sob o
regime presente. A expressão "perfeição sem pecado" nunca foi usada por Wesley
dada a sua ambigüidade. Os que são justificados são salvos dos pecados; os que
são santificados inteiramente são purificados de todo o pecado; mas os que são
desta maneira justificados e santificados formam ainda parte de uma raça que se
encontra sob a maldição do pecado original e sofrerão a conseqüência do mesmo
até o fim desta dispensarão. O termo. perfeição, contudo, é próprio, pois pela
graça do nosso Senhor Jesus Cristo o pecado é apagado da alma e o amor
perfeito de Deus é vazado copiosamente no coração pelo Espírito Santo.
É um estado que se descobrir sempre sob a lei ética e, por isso, deve ser
constantemente vigiado e mantido pela graça divina. Enquanto vivemos nesta
terra, não importa quão profunda seja a nossa consagração ou quão fervorosa a
vida religiosa, há fontes de perigo dentro de nós. Na nossa natureza, como
elementos essenciais dela, temos os apetites, os afetos e as paixões sem as quais
não estaríamos em condições de conservar o atual estado de existência. São
inocentes em si mesmos, devendo estar sempre sob o domínio da razão, da
consciência e da graça divina. 0 perigo e o mal estão na perversão, para fins
maus, das faculdades que Deus nos deu. Argüir que a perfeição cristã destrói ou
desarraiga elementos essenciais da natureza humana, ou crer que um homem ou
uma mulher não pode gozar da perfeição do espírito enquanto permanecerem
estes elementos humanos, é deixar de compreender completamente a natureza
desta experiência. 0 que a perfeição cristã faz é proporcionar graça para regular
estas tendências, afetos e paixões, e sujeitá-los às leis mais elevadas da natureza
humana.
Não é um triunfo de esforço humano, mas uma obra operada no coração pelo
Espírito Santo em resposta à fé simples no sangue de Jesus. Somos guardados
pela Sua intercessão permanente. Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os
guardes do mal (Jo. 17: 15).
O ponto que deve ser ressaltado nestas passagens é o de que a vida plena de
amor, tornado perfeito no coração pela ação do Espírito Santo, constitui a própria
essência do Novo Pacto de Deus para com o Seu povo. O amor puro reina
supremo, não obstruído pelos antagonismos do pecado. O amor é a base de toda
a atividade. 0 crente, tendo entrado na plenitude da nova aliança, faz pela própria
natureza as coisas contidas na lei, donde se conclui que a lei lhe está escrita no
coração. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que no dia do juízo
mantenhamos confiança; país, segundo ele é, também nós somos neste mundo.
No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo
produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor (1 Jo. 4:
17-18).
e para vos apresentar com exultação, imaculados (sem mancha ou sem culpa)
diante da sua glória (Jd. 24). Nesta vida podemos ser guardados do pecado, mas
apenas no estado glorificado seremos apresentados irrepreensíveis.
Jesus foi santo, sem mancha, sem contaminação e separado de pecadores, mas
foi tentado de todas as maneiras como nós somos, embora sem pecar. A tentação
parece estar incluída na idéia de provação. Nenhuma tentação, nem sugestão para
o mal se transforma em pecado enquanto não for aceita ou acolhida pela mente.
Enquanto a alma mantiver a sua integridade, permanece sem contaminação, não
importa quão severa ou grave seja a tentação.
Muitas vezes formula-se a questão quanto à diferença entre as tentações dos que
são inteiramente santificados e dos que não o são. A diferença está nisto: nos não
inteiramente santificados a tentação suscita a corrupção natural do coração que já
é inclinado para o pecado, enquanto que nos inteiramente santificados a tentação
vem somente de fora e o tentador não encontra aliado servil dentro do coração.
Isto não quer dizer que o cristão inteiramente santificado não possa ceder à
tentação e ao pecado. Ainda é humano e está num período de provação. O
caminho real de Satanás para o coração do homem sempre tem sido através dos
desejos naturais e dos apetites humanos. Ele busca perverter estes para conseguir
meios ilegítimos. A libertação do pecado inerente serve para fortalecer os
baluartes da alma na hora da tentação e é um requisito indispensável para a vida
de vitória constante sobre o pecado e Satanás. Bem-aventurado o homem que
suporta com perseverança a provação; porque, depois de ter sido aprovado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam (Tiago 1:12;
Hb. 12: 11).
A perfeição cristã, tal como vimos, não é nada mais nada menos do que um
coração esvaziado de todo o pecado e ocupado inteiramente pelo amor puro para
com Deus e para com o homem. Como tal, é um estado que não só pode ser
alcançado nesta vida, mas é a experiência normal dos que vivem na plenitude do
novo pacto. E o resultado de uma operação divina do Espírito Santo, prometida no
Antigo Testamento e realizada no Novo pelo dom do Espírito como Paráclito ou
Consolador. O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua
descendência, para amares ao Senhor teu Deus de todo o coração e de toda a tua
alma, para que vivas (Dt. 30: 6). Eu vos batizo com água, declarou o precursor de
Cristo, mas... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá ele a tem
na mão, e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas
queimará a palha em fogo inextinguível (Mt. 3:11-12).
Que estas passagens das Sagradas Escrituras se referem a uma limpeza espiritual
fica confirmado neste escrito de Pedro: E não estabeleceu distinção alguma entre
nós e eles, purífican do-lhes pela fé os corações (At. 15: 9). Com referência à
maneira de se realizar esta obra as Escrituras também são muito claras: é pela
simples fé no sangue expiador de Jesus Cristo. Este sangue não só é a única base
do que o Salvador comprou para nós, mas a ocasião daquilo que o Espírito opera
dentro de nós.
92
"A santidade não é o caminho para Cristo, mas Cristo é o caminho para a
santidade."
Para que o homem seja aceite por um Deus santo, são precisos alguns meios para
o libertar do pecado e da pecaminosidade, trazendo assim reconciliação,
regeneração e restauração. A Palavra de Deus afirma que “o sangue de Jesus
Cristo ... purifica de todo o pecado" ( 1 Jo. 1: 7). O desejo de Deus em ter um povo
santo cumpre-se pela obra de Seu Filho sobre a Cruz.
A maneira como a morte de Cristo destroi o poder do pecado e traz nova vida,
ultrapassa a compreensão humana. Mas, quando os benefícios da redenção são
apropriados pela fé, tal facto torna-se uma realidade, segundo as declarações
ousadas das Escrituras, da fé cristã e da experiência.
Muita pregação e ensino têm falhado em relacionar com Cristo a doutrina bíblica
da santidade e santificação – o Seu sofrimento, morte e ressurreição. Isto explica,
em parte, porque tantos interpretam mal a vida santa, como se fosse constituída de
pressão e luta intensa, simples esforço humano; ou consideram a inteira
santificação como sendo uma opção na vida do crente.
“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia ... Nada me propus saber, entre vós, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado ... Mas vós sois d'Ele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito, por
Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. (1 Co. 15: 3-4; 2: 2; 1: 30).
94
Na obra da redenção está incluída toda a Trindade. É consumada pelo Pai (1 Ts.
4: 3), pelo Filho (Hb. 13: 12) e pelo Espírito Santo (Rm. 15: 16). Embora todo o ser
de Deus esteja ativo em todas as fases da redenção pela qual a Divindade
compartilha a Sua santidade, para efeitos de estudo trataremos da atividade
redentora de Deus sob as epígrafes seguintes: (1) 0 plano do Pai; (2) a provisão do
Filho; e (3) a proclamação do Espírito.
O PLANO DO PAI
A despeito de tudo que se possa dizer acerca de Deus, Ele não está isento de
sofrimento. Mesmo a "permissão do mal moral no decreto da criação foi-Lhe
custosa”. O Seu sofrimento não resulta da simples rejeição do Seu amor por parte
do homem, mas do desprezo deste pelo próprio Deus pelo Seu carácter santo. É
esta a conclusão evidente de Paulo: "Portanto, quem despreza isto não despreza
ao homem, mas sim, a Deus, que nos deu, também, o seu Espírito Santo" (1 Ts. 4:
8).
1. Funções da Lei
A lei ou mandamentos divinos, posto que bons e necessários não podiam afastar o
pecado e efectuar a reconciliação do homem com Deus. A lei foi benéfica
revelando o pecado do homem (Rm. 3: 20), mas era incapaz de dominar o pecado
e restabelecer a semelhança divina. Revelou os requisitos de Deus e a
incapacidade do homem em os satisfazer.
3. Essência da Lei
Porém, Jesus "sabia o que havia no homem" (Jo. 2: 25); que este, por si mesmo,
não podia amar como Deus queria. Portanto, este requisito foi ligado ao novo
poder vivificante para completar o que Ele viera trazer. A santidade seria possível
pela capacitação de "estar em Cristo”, o "segundo Adão" ou "novo homem".
“... para manifestar misericórdia aos nossos pais, e lembrar-se do seu santo
conserto, e do juramento que jurou a Abraão, nosso pai, de conceder-nos que,
libertados da mão dos nossos inimigos, o serviríamos sem temor, em santidade e
justiça, perante ele, todos os dias da nossa vida.”.
Nem a morte de Cristo, nem os Seus ensinamentos anularam o antigo concerto (os
Dez Mandamentos), mas tornaram possível o seu cumprimento, como fora prome-
tido: "Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei"
(Hb. 8: 10). "Os padrões do certo e do errado não mudaram para se ajustarem à
96
5. Cumprimento da Lei
A Cruz revela o juízo de Deus sobre o pecado, juízo este que resulta da Sua
santidade; e revela a bondade de Deus na remissão dos pecados, a qual provém
do Seu amor. A clássica afirmação bíblica, combinando estas verdades, pertence a
Paulo:
“Ao qual Deus propôs para propiciação [Jesus], pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a
paciência de Deus, para demonstração da sua justiça, neste tempo presente, para
que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm. 3: 25-26).
Para que a santidade de Deus não fosse comprometida pela Sua oferta de
justificação (remissão ou perdão) e santificação, pelo Seu Filho Ele sofreu o
castigo do nosso pecado. Eis o supremo paradoxo da fé cristã - o próprio Deus
pagou em Cristo o preço dos nossos pecados!
Deus não é apenas santo no carácter, mas também amor por natureza. A relação
entre o amor e a santidade de Deus tem sido assim declarada:
97
“A santidade fornece a norma para o amor e, portanto, tem que lhe ser superior
(isto é, logicamente antecedente). Deus não é santo porque ama, mas ama porque
é santo ... Tanto a santidade como o amor fazem parte da essência divina ... e não
podem ser separados, excepto em pensamento. Portanto, não consideremos a
justiça uma necessidade e a misericórdia uma opção, pois andam sempre unidas;
e na economia da redenção, a santidade e a misericórdia são supremas” (Wiley).
O amor e a santidade de Deus não são de modo algum opostos. 0 que a Sua
santidade exige, o Seu amor provê (1 Pe. 3: 18). 0 motivo da redenção encontra-se
no amor de Deus; e a vida e morte de Cristo são expressões desse amor.
“Porque Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu o seu Filho unigénito ...
para que o mundo fosse salvo por ele ... Mas Deus prova o seu amor para
conosco, em que Cristo morreu por nós ... Nisto se manifesta o amor de Deus para
conosco; que Deus enviou seu Filho unigénito ao mundo, para que por ele
vivamos. Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a
seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará
também, com ele, todas as coisas?” (Jo. 3: 16~17, Rm. 5: 8; 1 Jo. 4: 9, Rm. 8:
31-32).
Cristo não é Alguém que pela Sua morte e intercessão poupa o homem da ira do
Pai. É Quem executa, livremente, a vontade do Pai. No Calvário, a "misericórdia e
a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram" (Sl. 85: 10).
A PROVISÃO DO FILHO
Esse "dom gratuito" estende-se a todos os que crerem (Rm. 5: 18). Aceitar a
provisão facultada pela santidade e pelo amor de Deus conduz à vitória descrita
por Paulo: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o
vosso fruto para santificação e, por fim, a vida eterna" (Rm. 6: 22).
A. Redenção da Comunhão
1. Justificação
2. Adoção
B. Redenção do Carácter
Embora seja maravilhosa a nova relação descrita pela justificação e adopção, não
abrange todos os benefícios da redenção. Estes dizem respeito à reconciliação ou
redenção da comunhão com Deus. Por causa do cunho intransigente do pecado e
de Deus desejar ver santidade no homem, também deve ser possível uma
redenção do carãter, resultando em nova harmonia. Assim, somos admoestados a
"despojar-nos do velho homem" e a “revestir-nos do novo homem que, segundo
Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef. 4: 22-24; Rm. 13: 14; Cl. 3:
9-11).
A redenção provê mais que perdão dos pecados e adoção na família de Deus. "O
fator principal na salvação do homem não é remoção da culpa, mas a
transformação do pecador num filho de Deus obediente." (F.C.Grant).
A vida divina deve fluir no povo de Deus como a vida da videira flui através das
varas (Jo. 15). 0 propósito da vinda de Jesus e do dom do Espírito é reproduzir em
nós a Sua própria vida. "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com
abundância" (Jo. 10: 10). Cristo venceu a morte; e nós devemos apropriar-nos da
Sua vida!
Redenção é mais que desfazer a barreira do pecado, mais que um fim à separação
que o pecado provocou. Pela morte de Cristo somos incorporados no Seu corpo
espiritual, a Igreja. Existe uma "união nova, orgânica e espiritual com Cristo; assim,
num sentido que ultrapassa todo o entendimento, somos um com Ele".
"Cristo ... por nós foi feito ... santificação [santidade]" (1 Co. 1: 30). James Stewart
dá ênfase à relação entre a redenção de Cristo e a nossa santificação – o lado
positivo da nossa salvação: "Só quando a união com Cristo é central, é que a
santificação é considerada na sua verdadeira natureza, como a revelação do
próprio carácter de Cristo na vida do crente; e só então pode ser compreendida a
relação essencial entre a religião e a ética".
A santificação, no sentido bíblico mais amplo, designa a cura completa, pela graça,
dos efeitos do pecado. O fato de não serem todos removidos imediatamente, mas
progressivamente e em diferentes etapas, não representa, de modo algum, uma
limitação do poder de Deus. Antes, diz respeito à capacidade do homem em
responder à graça divina.
numerosas vezes no Novo Testamento e indica progresso (Rm. 6: 19, 22; 1 Co. 1:
30; 1 Ts. 4: 3-4, 7; 2 Ts. 2: 13; 1 Tm. 2: 15; Hb. 12: 14; 1 Pe. 1:2). Refere-se à obra
total de Deus desde o primeiro momento de convicção (o despertar espiritual) até à
"semelhança" final (se podemos, propriamente, dizer "final"), à restauração da
imagem de Cristo. Em parte alguma se implica que este poder para uma vida santa
ou crescimento na graça (não "para" a graça), seja consequência de simples
esforço humano. "Aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2 Co. 7: 1; Hb.
6: 1) em todos os aspectos da vida diária, sempre pressupõe a ação divina.
A PROCLAMAÇÃO DO ESPÍRITO
atual no crente o que Cristo realizou pelo Seu sofrimento, morte e ressurreição.
Paulo, em 1 Coríntios 6:11, declarou-o deste modo. " Mas haveis sido lavados,
mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados, em nome do Senhor
Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus".
A. Novidade de Vida
O Espírito Santo é o Agente da nossa nova vida ou novo nascimento (Jo. 3: 1-15).
Por isso é chamado o "Espírito de vida", livrando-nos da morte do pecado (Rm. 8:
2). O cristão começa a andar com Deus por meio do Espírito, como é apresentado
por Paulo no desafio aos gálatas: "Sois vós tão insensatos que, tendo começado
pelo Espírito, acabeis agora pela carne?" (Gl. 3: 3).
Não é incorrecto dizer que "o tema principal das epístolas paulinas é a santificação
da Igreja". A doutrina de Paulo sobre a santificação encontra-se em Romanos 5 a
8. Ensinou que, pela união com Cristo crucificado e ressurrecto, recebemos o
Espírito vivificante. O Espírito habita no crente como o Espírito santificante de
Cristo. O cristão não vive "na carne", mas "no Espírito" (Rm. 8: 9; Gl. 5: 25), que é
o penhor ou garantia da nossa ressurreição final com Cristo (Rm. 5: 15; 8: 18; 2
Co. 1: 21-22; Ef. 1: 13-14).
2. Começo da Santificação
O Espírito Santo mostra pela Palavra o que Cristo fez a nosso favor. "Ele se
manifestou para tirar os nossos pecados" (1 Jo. 3: 5) e levando ele mesmo, em
seu corpo, os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os
pecados, pudéssemos viver para a justiça" (1 Pe. 2: 24). Pela Sua morte na Cruz,
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Cristo não só tomou sobre Si o castigo que nos era devido, mas também nos levou
até à Cruz. Morreu como nosso Substituto e nosso Representante. Paulo declarou:
"Um morreu por todos, logo todos morreram ... para que os que vivem não vivam
mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Coríntios 5:
14-15).
B. Vida no Espírito
A santificação que se inicia na conversão não deve ser confundida com a inteira
santificação, por razões óbvias:
a) Os crentes são, por vezes, apresentados como sendo "ainda carnais" (1 Co. 3:
1-4) e, portanto, possuindo uma fé imperfeita (1 Ts. 3: 10; 4: 3-8; 5: 23). Paulo orou
para que fossem santificados "em tudo" (1 Ts. 5: 23).
Assim como Adão deixou de estar centrado em Deus criatura" em Jesus Cristo.
"As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co. 5: 17). Este é o
princípio da santificação exterior e interior.
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Jesus ensinou, com clareza, as condições que efectivam a Sua redenção em nós.
Disse: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e
siga-me" (Mc. 8: 34). As palavras "negue" e "tome" estão no aoristo, indicando uma
crise definitiva, um momento específico. A palavra "siga", porém, está no presente
contínuo, significando "continue a seguir-me" e indicando a natureza progressiva
da consagração e santif icação.
CONCLUSÃO
Por isso "Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da
porta" (Hb. 13: 12). E ”o nosso homem velho foi com ele crucificado, para o corpo
do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado" (Rm. 6: 6).
"Graças a Deus, que dá a vitória, por nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co. 15: 57).
BIBLIOGRAFIA