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O c ata-ve n to

e o ve n ti l a d o r
Luís Camargo

“Logo em seu título, O cata-vento e o ventilador põe


em cena um dos motivos mais recorrentes nos
versos de Luís Camargo: o movimento. O ventilador
girou o vento e o vento girou o cata-vento...

Talvez possamos tomar essa imagem tão bonita


Ilustrações
para simbolizar o que faz o poeta. A poesia areja,
ventila, sacode, faz rodopiar. Brisa ou ventania, o Elisabeth Teixeira
poema areja a linguagem. Areja nos sentidos que
constrói e areja em sua materialidade, isto é, na
sonoridade da voz que fala, na visualidade dos
traços da escrita.”

Marisa Lajolo
9010302000003

ISBN 978-85-96-01603-2

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e o v e n ti l a d o r

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O c ata-v e n to
e o v e n ti l a d o r

Luís Camargo

Ilustrações
Elisabeth Teixeira

3ª. edição

São Paulo – 2018

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Copyright © Luís Camargo, 2018
Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD S.A.
Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP
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Diretora editorial Ceciliany Alves • Gerente editorial Isabel Lopes Coelho • Editora Débora Lima • Editora assistente
Agueda C. Guijarro del Pozo • Preparadora Marta Lúcia Tasso • Revisora Bruna Perrella Brito • Editora de arte,
projeto gráfico e capa Andréia Crema • Diagramadora Sheila Moraes Ribeiro • Digitalização e tratamento de
imagens Ana Isabela Pithan Maraschin • Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Luís Camargo nasceu em São Paulo, em 1954. Recebeu
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
o Prêmio Jabuti, na categoria Ilustração, com a 1.ª edição
Camargo, Luís do livro O cata-vento e o ventilador, em 1986. Licenciado
O cata-vento e o ventilador / Luís Camargo ; em Educação Artística pela FAAP (1977), é doutor em
ilustrações Elisabeth Teixeira. – 3. ed. – São Paulo :
FTD, 2018. Teoria e História Literária pela Unicamp (2006). É um
dos autores de Monteiro Lobato, livro a livro: obra infantil,
ISBN 978-85-96-01603-2
que recebeu o Prêmio Jabuti, em 2009, nas categorias
1. Literatura infantojuvenil I. Teixeira, Teoria / Crítica Literária e Livro do Ano Não Ficção.
Elisabeth. II. Título.

Elisabeth Teixeira é graduada em Desenho Industrial


18-15263 CDD-028.5
pela UFRJ. Por três vezes, recebeu o Prêmio Jabuti na
Índices para catálogo sistemático: categoria Ilustração de Livro Infantil e Juvenil, além de
1. Literatura infantil 028.5 prêmios concedidos pela Fundação Nacional do Livro
2. Literatura infantojuvenil 028.5
Infantil e Juvenil (FNLIJ) como o Melhor para Criança
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427 e o Altamente Recomendado.

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CONVITE À LEITURA

Olá, leitor.
O cata-vento e o ventilador é um livro de poesia. Mas o
que é poesia? Poesia ou poema é um tipo de texto que brinca
com as palavras.
O poeta (pessoa que cria poemas) brinca com as
palavras principalmente de três modos: primeiro, por meio
da sonoridade, por exemplo, aproximando palavras com final
e começo parecido (como cata-vento e ventilador), repetindo
determinados sons, como a consoante V no poema “Vento”,
ou empregando onomatopeias, como as que aparecem no
poema “Em família”. Segundo, por meio das imagens que as
palavras sugerem, como nesta paisagem noturna: “A / lua /
está / no / céu. // A / lua / está / no / mar:”. Em terceiro lugar,
o poeta brinca com o significado das palavras. Note como o
autor provoca uma visão nova, inusitada, sobre o número
1008 no poema “Mil e oito”.
Como você pode ler no texto “Quem é Luís Camargo”,
no final do livro, desde criança o escritor é fascinado pelos
aspectos visuais da poesia. Preste atenção no desenho, no
tamanho e nas cores das letras.
Leia os poemas quantas vezes quiser.
Decore, declame para seus amigos e parentes.
Cante, dance...
Depois da leitura, a criatividade é toda sua!

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PALAVRAS AO VENTO
por Marisa Lajolo

EM FAMÍLIA 11

AS TRÊS IRMÃS 12

AS TRÊS TIAS 15

A ÁRVORE das CHUPETAS 16

IMPREVISTO 19

O CANTO do ALEXANDRE 20

ESCOVA de DENTE 22

VENTO 24

VILA VELHA 27

O CATA-VENTO e o VENTILADOR 2

CHUCHU 31

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BOTÃO 32

EM CIMA, EMBAIXO 35

GOTAS de CHUVA 36

CINCO e MEIA 39

LUA e MAR 40

UMA FLOR 42

UMA ESTRELA 43

MIL e OITO 44

QUEM É LUÍS CAMARGO 46

QUEM É ELISABETH TEIXEIRA 47

INFORMAÇÕES PARATEXTUAIS 48

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PALAVRAS AO VENTO
Marisa Lajolo

Esta edição dá novo fôlego a obra vencedora de um Prêmio


Jabuti em 1986. O cata-vento e o ventilador traz dezoito belos
poemas que se espelham e espalham (literalmente!) pelas suas
páginas.
Seus temas são variados e divertidos. Ficam sempre muito
próximos de todos nós. Assuntos modestos e cotidianos como uma
flor, um chuchu, gotas de chuva, um galo, um botão de camisa.
8 Animais e plantas cruzam as páginas com três irmãs e três tias, e
se encontram logo adiante com objetos tão incomuns em poemas,
como uma escova de dente ou uma árvore das chupetas.
Nessa alternância entre o perto e o longe, inscreve-se a função
maior da arte: distanciar o que costuma ser próximo e aproximar o
que no dia a dia é distante. Ou seja, é próprio da arte – de todas elas
– renovar os olhos com que vemos o mundo a nossa volta.
Logo em seu título, O cata-vento e o ventilador põe em cena
um dos motivos mais recorrentes nos versos de Luís Camargo: o
movimento. O ventilador girou o vento e o vento girou o cata-vento...
Talvez possamos tomar essa imagem tão bonita para
simbolizar o que faz o poeta. A poesia areja, ventila, sacode, faz
rodopiar. Brisa ou ventania, o poema areja a linguagem. Areja
nos sentidos que constrói e areja em sua materialidade, isto é, na
sonoridade da voz que fala, na visualidade dos traços da escrita.
Com as diferentes cores, talhes e tamanhos de letra a que
recorre, com o negrito e o itálico que realçam algumas palavras, com
o alinhamento sinuoso de certas passagens, este livro é uma festa
para os olhos.

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Ao impacto e efeitos de sentido dessa dimensão plástica das
letras que compõem o livro, soma-se a beleza das ilustrações.
Cores discretas, figuras definidas, delicadeza e humor marcam
a arte com que Elizabeth Teixeira ilustra estes poemas. A parceria
do texto verbal com o visual expressa-se ainda no projeto gráfico:
alguns poemas invadem o desenho que colore páginas duplas,
enquanto versos escorrem, quase na vertical, pelas folhas.
Além disso, O cata-vento e o ventilador é também festa para 9
os ouvidos. Rimas inesperadas, repetição de sons idênticos ou
parecidos no interior de suas linhas, reiteração de palavras entre
versos conferem extraordinária sonoridade às cenas e às situações
que os poemas criam. Em outro plano, a sonoridade se insinua nos
diálogos discretos de uma voz que fala com o leitor. Ou ainda na
sugestão de uma entonação de leitura que deixa no ar, em suspenso,
a incompletude sinalizada pelas reticências ou pela generalização
de um “etc.”.
Ou seja, o livro dialoga, olho no olho, ombro a ombro, com a
melhor tradição poética.
Particularmente em “O canto do Alexandre”, a sintonia entre o
visual, o som e o sentido ganha amplitude máxima. Sua construção
vale-se do princípio estrutural da carta enigmática: justaposição
de palavras e imagens para produção de mensagens. É com tais
elementos que o poema constrói uma história da conquista da
liberdade do artista.
Liberdade que se estende ao leitor de poemas belos como
estes de Luís Camargo.

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E M F A M Í LI A

Na Escola das Nuvens não vai ninguém


– porque não existe Escola das Nuvens.

As nuvens aprendem tudo em casa.

Mamãe-nuvem ensina como se faz chuva.

Papai-nuvem ensina como se faz uma chuva


DAQUELAS BEM FORTES.

Mamãe-nuvem faz assim:


Ca ta trá! Ca ta ta trá!

Papai-nuvem faz assim: 11


CA TA TRÃO! CA TA TA TRÃO!

E o filhinho-nuvem faz assim:


Ca ta trim!
Ca ta ta trim!
e
cai
um
pinguinho
pequenininho

assim
que
faz
pim
pilim
pimpim!...

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AS TRÊS IRMÃS

Lúcia, Luísa e Luzia são irmãs.


Mas não são iguais, iguaizinhas
como azulejos de cozinha.

Não são iguais


nem por fora
nem por dentro.

Cada uma brinca do seu jeito:

Lúcia brinca descalça,


Luísa brinca de sandália e
Luzia de meia furada.

Luzia, Lúcia e Luísa


12 não fazem a mesma coisa
ao mesmo tempo
como os vidros da janela da cozinha, não.

Outro dia, por exemplo,


Luzia estava desenhando um bicho,
Luísa estava lendo uma história de bruxa e
Lúcia estava pegando uma bucha
para tomar banho.

Por falar nisso,


Lúcia, Luísa e Luzia não se parecem
nem um pouco
com seu Aloísio e dona Heloísa.

A quem será que elas puxaram?


Vovô Lúcio, vovó Luciana,
vovô Luís, vovó Ana Luísa?...

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AS TRÊS TIAS

A casa de Célia e Zélia


tem um jardim de azaleias.

Célia acha engraçado


quando chega tia Celina
toda EMPERIQUITADA
e diz
com jeito de anúncio de macarrão
no meio da novela das seis:
– Mas que azaleias mais lindas!

Zélia acha gostoso 15


quando chega tia Zelina,
levada, sapeca como uma menina,
trazendo no seu fusca verde-alface
uma tina de geleia
(ou será gelatina?).

Célia e Zélia riem solto,


quando chega tia Lucélia,
senta na grama
e conta uma história
bem maluca,
inventada na hora:

“A azaleia azul da casa voadora”.

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A ÁRVORE das CHUPETAS

Em algum lugar,
existe uma árvore das chupetas
onde as crianças penduram as chupetas
que não vão usar mais.

Os maiores dizem:
– Eu não uso mais chupeta,
olha a minha lá!

16
E os pequenos:
– Eu vou conseguir!

A árvore diz:
– Quando você puder,
quando você quiser,
quando você não precisar mais,
pode deixar aqui a sua chupeta.
Pode escolher o galho.
E, quando você vencer o medo,
a vergonha e o ciúme,
pode vir pendurar também.

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