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2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Brasil)
ASMA Livro Eletrônico de Referência - LER / [editoras] Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Gui-
dacci e Jocélea Lira Mendes -- 1. ed. – Brasília, DF:
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia- Regional -DF, 2022.
Bibliografia.
Vários colaboradores
Editoras e Revisoras: Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci e Jocélea Lira Mendes
ISBN
1. Asma.
Índices para catálogo sistemático:
1. Asma: Medicina
Bibliotecária - CRB-
ISBN 978-65-993541-7-5
asbaidf©2022
ASBAI - Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
Biênio 2021-2022
Presidente: Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho
Diretora Científica: Norma de Paula Motta Rubini
Diretora do Departamento de Políticas de Saúde: Faradiba Sarquis Serpa
Coordenador do Departamento de Asma: Pedro Francisco Giavina Bianchi Jr.
ASBAI Regional- DF
Biênio 2021-2022
EDITORAS e REVISORAS:
Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci
Jocélea Lira Mendes
LER - Asma 4
Daniela Cordeiro da Silva
Técnica de Enfermagem da Policlínica de São Sebastião-SES-DF
Dayani Galato
Farmacêutica, Grupo de Pesquisa em Acesso a Medicamentos e Uso Responsável (AMUR). Docente do Curso
de Farmácia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias da Universidade de Brasília. https://
orcid.org/0000-0002-9295-8018
LER - Asma 5
Gabriela Matos Menezes
Pneumologista do Hospital Regional do Gama-SES/DF
Broncoscopista do Hospital de Base-IGES/DF
LER - Asma 6
Letícia da Costa Lima D’Oliveira
Farmacêutica, Especialista em Atenção Cardíaca na modalidade de Residência Multiprofissional pela Escola
Superior de Ciências da Saúde (ESCS/SES-DF).
Farmacêutica do Hospital da Criança de Brasília José Alencar.
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia da Saúde da Universidade de Brasília. ht-
tps://orcid.org/0000-0002-5633-7222
LER - Asma 7
Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci
Especialista em Alergia e Imunologia-ASBAI
Especialista em Pediatria-SBP
Membro do Departamento de Imunobiológicos-ASBAI
Membro da Diretoria de Políticas de Saúde-ASBAI
Presidente da ASBAI-DF (2021/2022)
Nathalia Melo de Sá
Interna do Curso de Medicina da UNICEUB
LER - Asma 8
Paulo Eduardo Silva Belluco
Alergista da Câmara dos Deputados
Especialista em Alergia e Imunologia- ASBAI
Membro do Departamento de Dermatite de Contato- ASBAI
Mestre em Ciências da Saúde pela Escola Susperior de Ciências da Saúde ESCS/DF
Valéria Botan
Mestre e Doutora em Imunologia pela Universidade de Brasília-UnB
Especialista em Alergia e Imunologia-ASBAI
Preceptora do Programa de Residência Médica em Alergia e Imunologia Pediátrica do Hospital da Criança de
Brasília-HCB.
LER - Asma 9
CAPÍTULOS E AUTORES:
Agradecimentos
Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci
Jocélea de Lira Mendes
Prefácio
Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho
Álvaro Augusto Souza da Cruz Filho
Apresentação
Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci
Jocélea de Lira Mendes
LER - Asma 10
Capítulo 4 - Epidemiologia da asma
Luane Marques de Mello
LER - Asma 11
Adriana Pereira de Lira Marques
LER - Asma 12
Beatriz de Holanda Name
LER - Asma 13
Vitor Martins Codeço
LER - Asma 14
Fernanda Casares Marcelino
LER - Asma 15
Jocélea de Lira Mendes
LER - Asma 16
Raissa Lins Frade de Aragão
LER - Asma 17
Capítulo 49 - Dispositivos inalatórios: spray
dosimetrado e pó seco versus nebulizador
Natasha Rebouças Ferraroni
LER - Asma 18
ANEXO 1 - Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas da Asma.
LER - Asma 19
AGRADECIMENTOS
LER - Asma 20
ESCLARECIMENTOS
LER - Asma 21
PREFÁCIO
Álvaro A. Cruz
Professor Titular da Universidade Federal da Bahia
Diretor Executivo da Fundação ProAR
LER - Asma 22
PREFÁCIO
LER - Asma 23
ção em asma, controle ambiental, tratamento e aspectos de abordagem da
doença em menores de cinco anos e em casos especiais. Assim faz uma viagem
no âmbito da complexidade da afecção.
Gostaria de uma vez mais ressaltar que este manual foi cuidadosamente ela-
borado de forma altruística e voluntária por especialistas oriundos da ASBAI-
DF e coube a ASBAI Nacional revisar e apoiar esta iniciativa extremamente
proveitosa da afiliada. O objetivo primário foi fornecer um instrumento didá-
tico, mas o livro é profundo e assim é de interesse para todos os colegas que
desejarem uma atualização sobre o tema.
Aqui se encontra instrumental teórico e prático indo do básico até as abor-
dagens diagnósticas e terapêuticas avançadas. Os grandes beneficiados serão
nossos pacientes tanto do nível privado, da saúde suplementar, bem como os
mais carentes e usuários do nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, que deve-
mos cada vez mais preservar e valorizar.
LER - Asma 24
APRESENTAÇÃO:
Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci
Jocélea de Lira Mendes
Asma é uma doença de alta prevalência e morbidade, adquirindo dimen-
sões de um problema de saúde pública. No Brasil, a prevalência varia de 10 a
20% dependendo da região e da faixa etária considerada.
Em 2011, foram publicados dois livros: “Asma: Atualização e Reciclagem
para médicos” e “Asma: Atualização e Reciclagem para enfermeiros, auxilia-
res e técnicos de enfermagem e agentes comunitários” que foram utilizados
para atualizar os profissionais de saúde da Atenção Básica (Centros de Saúde,
Unidades Mistas e Programa da Saúde da Família), da Atenção Secundária e
da Terciária e capacitá-los quanto ao diagnóstico e tratamento da Asma. Esse
Programa foi implantado em 1999. Os objetivos do programa são: proporcio-
nar ao paciente asmático acompanhamento ambulatorial contínuo, e não so-
mente atendimento nas exacerbações, introduzir no sistema público de saúde
os avanços na terapêutica da asma, inclusive com fornecimento de anticorpos
monoclonais para pacientes de Asma Grave e de Difícil Controle, educar pa-
cientes e familiares a lidar com a asma, reduzir: consultas no Pronto Socorro,
hospitalizações, gastos diretos e indiretos, melhorando a qualidade de vida do
asmático e sua produtividade, diminuindo seu sofrimento, suas faltas à escola
e ao trabalho e prevenir óbitos. Existiam 30 Centros de Referência com mais
de 70 médicos especialistas em Alergia ou Pneumologia que participavam
ativamente do Programa.
No final do ano de 2020, Dr. Emanuel Sarinho, presidente em exercício da
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia solicitou que atualizasse o livro
de asma e o fizesse em meio eletrônico. O desafio foi lançado no meio ainda
da pandemia do SARS-CoV 2.
O objetivo deste livro é atualizar os conhecimentos médicos sobre Asma na
prática diária na Atenção Primária, Secundária e Terciária. Os colaboradores
para esta obra são médicos generalistas, alergistas e pneumologistas e outros
profissionais de saúde que atuam no atendimento no serviço público e/ou
privado no Distrito Federal.
Boa leitura para todos!
LER - Asma 25
CAPÍTULO 1
LER - Asma 26
ções notavelmente precisas das vias aéreas na asma e bronquite, bem como
a aparência celular da expectoração asmática cerca de 30 anos antes de Paul
Ehrlich descrever as manchas de anilina para eosinófilos (eosina) e mastócitos
(azul de toluidina)2,3. Ele também descreveu o café preto como um tratamento
para espasmos asmáticos, uma bebida com alto teor de teobromina, um de-
rivado da teofilina e a própria teofilina. Este extraordinário insight sobre a
asma vem do próprio Dr. Salter, que sofre de asma e morreu em 1871, vítima
da doença4.
O pai da medicina moderna no mundo ocidental, Sir William Osler (um
dos três fundadores da John Hopkins Medical School em Baltimore, EUA)
descreveu a asma em sua primeira edição (1892) do livro Principles and Prac-
tice of Medicine5. Fez referência à inflamação das vias aéreas em algumas
formas de bronquites obstrutivas. A sua maior contribuição foi à introdução
de um conceito errado que se manteve por longo tempo, o de que a asma era
uma doença de cunho neurótico.
A asma foi tratada em grande parte como uma doença de “broncoespasmo”
desde broncodilatadores que incluíam teofilina, efedrina, adrenalina e, na
primeira metade do século 20, isoprenalina a ser seguida pelos agonistas se-
letivos dos adrenoceptores ß2: Salbutamol, terbutalina, remiterol e fenoterol
por inalação e como medicamentos orais. No entanto, sua própria eficácia em
reverter o broncoespasmo e sua aparente segurança inicial levou ao seu uso
irrestrito como medicamentos de venda livre. Acredita-se que a dependência
excessiva de broncodilatadores seja à base da epidemia de morte por asma
relatada na Austrália, nos EUA e no Reino Unido, que atingiu o pico em mea-
dos dos anos 1960 (relacionado à isoprenalina) e um segundo pico na Nova
Zelândia em meados dos anos 1980 (fenoterol em altas doses relacionado)6.
Essas epidemias de morte por asma colocaram em foco as deficiências no
tratamento da asma e enfatizaram quão pouco se sabia sobre por que as vias
aéreas dos asmáticos eram tão sujeitas a broncoespasmo. Embora desde o
início da década de 1920 a morte por asma fosse conhecida por estar as-
sociada à inflamação extensa e mudanças estruturais nas vias aéreas, muito
pouco se sabia sobre por que isso ocorria e qual a relação que tinha com o
broncoespasmo episódico7. Na verdade, a asma foi amplamente tratada como
um distúrbio agudo de exacerbações episódicas. A descoberta da reagina por
Prausnitz e Kustner em 1921 como uma substância sérica que poderia trans-
ferir passivamente a alergia a um agente específico (neste caso, alérgeno de
bacalhau)7 subsequentemente levou à identificação de IgE como a 5ª classe
LER - Asma 27
de imunoglobulina IgE por Johansson e Ishizaka8 e forneceu o elo crucial.
Descobriu-se que a maioria dos asmáticos exibia alergia a uma ampla gama de
agentes internos e externos, incluindo ácaros, pólen e proteínas animais.
Em 1928, H. Dekker foi o primeiro a relacionar ácaro e asma9.
Em 1933, MacDonald foi um dos primeiros a chamar a atenção para o
intenso infiltrado eosinofílico das vias aereas de pacientes que morriam de
asma10.
Em 1936, a aminofilina foi utilizada pela primeira vez na asma aguda, em
pacientes que não respondiam à adrenalina.
Em 1944, houve a introdução da teofilina oral no tratamento da asma.
Em 1950, foi demonstrado pela primeira vez o poder da cortisona no alí-
vio do estado de mal asmático e controle da asma crônica grave por Haydon
Carryer11.
Em 1951, mesmo antes do conhecimento da asma como doença inflamató-
ria, o corticoide inalado já era utilizado.
Em 1955, houve a introdução por H.L. Herzog12 de dois corticoides utili-
zados por via oral, a prednisona e a prednisolona, ambas com pequena ação
mineralocorticóide, testados na asma por A.L. Barach13. Neste mesmo ano,
George Maison desenvolveu um dispositivo conhecido como spray dosifica-
dor, que veio facilitar o manejo da asma14. Este dispositivo foi comercializado
em 1956, após aprovação pelo FDA.
Em 1967, Altounyan foi o primeiro a descrever o efeito inibidor da inala-
ção do cromoglicato de sódio sobre a asma, induzida experimentalmente no
homem. O cromoglicato
Foi a primeira droga para uso profilático na doença15.
Em 1968, foi descrito o primeiro ß2 agonista seletivo, o Salbutamol, com
duração de ação maior do que a isoprenalina.
Em 1972, foi lançada a primeira droga utilizada em grande escala no trata-
mento tópico da rinite e asma, o dipropionato de beclometasona (DPB)16.
Em 1987, o Protocolo de Montreal sobre substâncias que depletam a camada
de Ozônio determinou a descontinuação do uso do propelente CFC utilizado
nos sprays.
LER - Asma 28
Em 1990, a asma é definitivamente considerada uma doença inflamatória
e houve a introdução no mercado do salmeterol, primeiro broncodilatador de
longa ação. Sua aprovação pelo FDA dos EUA ocorreu em 1994.
Em 1995, foi introduzida na prática clínica a primeira droga antileucotrie-
nos (zafirlucaste).
Em 1999, houve a introdução do primeiro spray com propelente sem cloro,
não-clorofluocarbono (CFC), sem ação na camada de ozônio e a introdução
no mercado do isômero do salbutamol, o levalbuterol, para utilização por
inaloterapia.
Em 2001, houve a identificação do primeiro gene relacionado à asma.
Em 2003, o anticorpo monoclonal anti-IgE - omalizumabe é aprovado para
utilização clínica no tratamento da asma alérgica moderada e grave persistente.
Referências:
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LER - Asma 29
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07/08/2007
LER - Asma 30
CAPÍTULO 2
LER - Asma 31
tuitamente em todo o território nacional7. Além disso, tivemos medicamen-
tos específicos fornecidos pela farmácia de alto custo como formoterol mais
budesonida 6/200mcg e 12/400mcg, assim como salmeterol mais fluticasona
e montelucaste. Tais medicamentos fornecidos pelo governo proporcionaram
melhor controle dos sintomas de asma.
Graudenz et al mostraram queda acentuada de 65% da taxa de mortalidade
por asma na faixa etária de 0 a 34 anos; porém houve sua manutenção em torno
de 9-10% na faixa etária de 5 a 35 anos, explicitando que, em menores de 5 anos,
a queda da taxa foi impressionante (de 3,5 para 0,5 mortes por 100 mil habitan-
tes). Por outro lado, o número absoluto de mortes (na faixa etária de 0-35 anos)
manteve-se entre 2.000 e 2.500 por ano, com o incômodo no cálculo médio de
mais de 6 mortes/dia por asma durante o período do estudo. Na publicação de
2017 no Jornal Brasileiro de Pneumologia, podem-se apreciar dados oficiais longi-
tudinais sobre o impacto da asma no Brasil em um estudo descritivo8.
Porém a mortalidade por asma no Brasil ainda é alta se considerarmos que
a asma é uma doença tratável. Apesar da diminuição das hospitalizações por
asma nos últimos anos, os números absolutos ainda são notáveis e resultam
em importantes custos diretos e indiretos à sociedade7.
Programas brasileiros localizados que identificam pacientes asmáticos não
controlados e os incluem em seguimento e tratamento medicamentoso tem
sucesso confirmado na redução de internações e diminuição de custos diretos e
indiretos para pacientes e para o SUS9. Porém, para um país de tamanha e dife-
renciada geografia, com uma população estimada de 20 milhões de asmáticos,
faltam ações nacionais baseadas na atenção primária. O fardo da asma é similar
aos da diabete e das doenças cardiovasculares entre adultos, mas é ainda maior
entre crianças e adolescentes. Entretanto, enquanto essas últimas condições
têm participação consolidada nas políticas de atenção aos cuidados primários à
saúde no Brasil, a asma e outras doenças respiratórios crônicos não a têm8.
Isto demostra que deveríamos receber mais investimentos das autoridades de
saúde pública do nosso país, seja aprimorando os programas já existentes, seja
investindo na educação dos profissionais de saúde, assim como dos pacientes,
uma vez que reconhecendo o início dos sintomas de uma crise já podem iniciar
o plano de tratamento, reduzindo a sobrecarga nos atendimentos nos prontos
socorros e Unidades de Pronto Atendimento de Atenção à Saúde (UPAS) e
acarretando também em um declínio nas internações e consequentemente na
morbimortalidade por asma.
LER - Asma 32
Referências:
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LER - Asma 33
CAPÍTULO 3
Referências:
1. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
LER - Asma 34
2. Pizzichini MMM, Carvalho-Pinto MR, Cançado JED, Rubin AS, Cerci
Neto A. Cardoso AP, Cruz AA, Fernandes ALG, Blanco DC, Vianna
EO, Cordeiro Jr G, Rizzo JA, Fritscher LG, Caetano LSB, Pereira LFF,
Rabahi MF, Oliveira MA, Lima MA, Almeida MB, Stelmach R, Pitrez
PM, Cukier A J Bras Pneumol. 2020;46(1):e20190307
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CAPÍTULO 4
EPIDEMIOLOGIA DA ASMA
LER - Asma 36
entre mortalidade e asma na faixa etária de 5 a 15 anos, independentemente
da condição socioeconômica dos pais. Esta associação foi ainda mais significa-
tiva quando se considerou a presença de condições limitantes de vida, como
a obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (Caffrey
Osvald et al. 2020).
Atualmente, 1 a 18% dos adultos em diferentes países são portadores de
asma, sendo as maiores prevalências observadas na população infantil (WHO,
2021). O acometimento pela doença atinge seu pico entre os 5 e 9 anos de
idade independentemente de raça, idade ou sexo, embora as pesquisas epi-
demiológicas mostrem que até a idade de 9 anos, os meninos apresentam
mais asma do que as meninas, com redução da diferença da incidência entre
os sexos a partir desta idade (Engelkes et al. 2015; Soriano et al, 2020). O
sexo parece influenciar alguns desfechos na asma. Alguns autores observaram
maiores taxas de hospitalização (Lin et al. 2013) e mortalidade por asma entre
mulheres adultas com asma, especialmente entre 5ª e 6ª décadas de vida, do
que entre homens com asma (Follenweider LM; Lambertino A. 2013).
Estatísticas nacionais revelam que o Brasil ocupa a oitava posição mundial
em casos de asma, com prevalência variando de 10% a 27%, a depender da
região e da faixa etária estudadas (Barreto et al. 2014; Solé et al. 2015).
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), pesquisa de base populacional reali-
zada pelo Ministério da Saúde em parceria com Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), comparou as principais morbidades referidas e
mostrou que a asma ocupava a 5ª posição como a doença mais prevalente e a
2ª posição como a doença com maior limitação nas atividades habituais em
2013 (Bocolini et al, 2016).
O PNS (2.013) também encontrou aumento na prevalência do diagnóstico
de asma considerando-se o sexo masculino, população urbana, usuários sem
planos de saúde e regiões do país, sendo os maiores aumentos encontrados
nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste (Morais dos Santos et al, 2.016).
Na edição da PNS de 2019, a prevalência autorreferida de asma apresentou
aumento, passando de 4,4% (dado de 2013) para 5,3% considerando-se todo
o país e de 4,7% (em 2013) para 6,1%, considerando-se as capitais (PNS,
2019).
LER - Asma 37
Com relação à mortalidade, entre os anos 2008 e 2013, a asma foi respon-
sável por aproximadamente 2.050 mortes/ano no Brasil. A asma foi respon-
sável por 120 mil internações a cada ano e gerou um custo aproximado de U$
170 milhões/ano para o Sistema Único de Saúde (SUS) neste período (com
base na taxa de câmbio de 1,00 USD = R$ 3,237 em 29/06/2016) (Cardoso
TA et al. 2017).
A asma é considerada um problema de saúde pública em todo o mundo e,
em grande parte, isto se deve à grande carga associada à doença que afeta não
só os indivíduos e suas famílias. O fardo decorrente da asma afeta também as
nações, principalmente os países de economia emergente, onde mais de 80%
das mortes por asma acontecem (Global Burden of Disease Study, 2020). A carga
global de doença na asma está ligada à maior gravidade, à falta de controle,
pior qualidade de vida, absenteísmo escolar e laboral, além de maior necessi-
dade de cuidados em saúde e uso de recursos destinados ao setor por conta
de necessidade de visitas frequentes a unidades de urgência/emergência e
internações hospitalares (Chipps B E et al., 2012).
A ocorrência predominante da asma entre indivíduos adultos jovens res-
ponde por um impacto econômico e financeiro negativo, em decorrência
principalmente da perda de produtividade (Ehteshami-Afshar S, et al. 2016)
gerando aumento dos custos diretos e indiretos relacionados à doença.
Pacientes com asma difícil de tratar, na tentativa de controlar os sintomas,
usam medicamentos por longo tempo gerando um custo elevado com a doença
e maior risco de efeitos adversos. Além disto, necessitam de mais cuidados em
saúde levando ao aumento de gastos (Chipps B E et al., 2012).
Outros autores mostraram que o aumento do custo direto com a doença
está relacionado à falta de controle da doença. Comparou-se o custo da asma
controlada com o da asma não controlada e encontrou-se um acréscimo de
$ 81,70 dólares em gastos, por pessoa, no período de três meses. Cerca de
30% dos pacientes avaliados encontravam-se não controlados, o que foi uma
carga associada à doença considerada “evitável” e o aumento do custo direto
observado foi considerado um dispêndio, de certa forma, desnecessário (Sa-
datsafavi M, et al. 2016).
A qualidade de vida dos indivíduos com asma é também bastante afetada,
especialmente na asma não controlada. Embora existam poucos estudos ana-
lisando prospectivamente o desfecho de qualidade de vida, alguns dados mos-
LER - Asma 38
tram que a falta de controle da asma e a frequência de exacerbações são os fa-
tores que apresentam correlação inversamente proporcional com a qualidade
de vida dos pacientes (Chipps B E et al., 2012).
Ainda com relação à carga global de doença, uma forma de medir o impacto
na qualidade de vida da pessoa, é por meio do DALY (anos de vida perdidos
ajustados pela incapacidade) que combina dados da morbidade (YLD – anos
vividos com a incapacidade) e da mortalidade prematura (YLL - anos de vida
perdidos), onde 1 DALY significa 1 ano de vida com saúde perdido em decor-
rência da asma.
Em 2017, a taxa DALY na asma foi de 297,92 anos/100.000 habitantes das
principais regiões do mundo, significando milhões de anos de vida produ-
tiva perdidos em decorrência de incapacidades ligadas a asma (Soriano et al,
2020).
Um estudo epidemiológico, analisando dados das principais DRC de di-
ferentes regiões geográficas, mostrou pico de incidência da asma antes dos 5
anos de idade, um pico do DALY dos 0 aos 14 anos e outro pico entre 45 e 74
anos, indicando que estes são os períodos na vida do paciente com asma em
que ele é mais afetado pelas incapacidades e pelo risco de morte prematura.
O estudo também mostrou que a mortalidade por asma apresentou seu pico
mais tardiamente, após os 80 anos de idade, o que pode explicar a tendência
de queda do DALY nos últimos 25 anos, apesar do aumento na incidência e
prevalência da asma neste período (Mattiuzzi et al, 2019).
A história natural da asma envolve processos imunopatogênicos complexos.
Na maioria das vezes, a doença se apresenta com inflamação crônica das vias
aéreas associada a sintomas respiratórios como sibilos, dispneia, tosse e aperto
no peito que se manifestam de forma variável em frequência e em intensi-
dade. A interação entre vários fatores de risco biológicos (predisponentes)
e ambientais (desencadeantes) estão relacionados ao surgimento da doença
(Anderson GP, 2008; GINA, 2021).
Entre os fatores predisponentes, os fatores genéticos têm sido alvos de mui-
tas pesquisas. Até o momento, nove regiões cromossômicas e mais de 100
genes já foram associados à asma (Chan WC, et al. 2015; Thomsen SF, 2015).
LER - Asma 39
Além da contribuição genética, a exposição ambiental a substâncias ina-
ladas e material particulado como ácaros da poeira domiciliar, epitélio de
animais, pólens, fungos, fumaça do tabaco, entre outros, podem induzir sen-
sibilização alérgica, o que tem sido há muito considerado importante fator de
desencadeamento dos sintomas (Holgate ST, et al. 2015).
Entretanto, a relação entre o aumento da ocorrência da asma e mudan-
ças no estilo de vida e a urbanização ainda não se confirmaram. A ideia de
que melhores condições sanitárias e de habitação, famílias menos numerosas,
imunização e uso de antimicrobianos atuariam diminuindo a pressão micro-
biana sobre o sistema imunológico em fases precoces da vida, favorecendo a
resposta atópica, ainda é uma hipótese (Isolauri et al. 2004).
Estudo de coorte recentemente publicado avaliou longitudinalmente a as-
sociação entre níveis de endotoxina na poeira doméstica, considerando-se a
exposição em fase precoce da vida e na idade pré-escolar, e a sensibilização
alérgica e a ocorrência de asma, do nascimento até a idade de 17 anos. Os
resultados mostraram não haver evidências de associação entre níveis de ex-
posição à endotoxina e sensibilização alérgica e asma até a idade de 17 anos.
Houve tendência de menor ocorrência de asma aos 4 anos de idade em crian-
ças expostas a maiores níveis de endotoxina aos 3 meses de idade, mas não
quando a exposição aconteceu anos mais tarde (5 a 6 anos de idade) (Gehring
U et al, 2020).
Muitos estudos têm sido realizados com o intuito de se tentar esclarecer
as prováveis razões para as mudanças no perfil de morbidade e mortalidade
por asma observada em todo o mundo, mas ainda existem muitas perguntas
aguardando resposta!
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LER - Asma 43
CAPÍTULO 5
FISIOPATOLOGIA DA ASMA
LER - Asma 44
Figura 2: Esquematicamente demonstrado um
modelo de remodelamento brônquico.
LER - Asma 45
denciado pelo encontro destas células no escarro, na submucosa brônquica3 e
em valores elevados no sangue periférico (Figura 3). Observa-se um infiltrado
inflamatório predominantemente eosinofílico na asma alérgica.
Após esta exposição ao alérgeno, o brônquio responde de forma rápida,
com a migração, e desgranulação de mastócitos, que liberam substâncias
broncoconstrictoras, entre elas, os leucotrienos e a histamina, que promovem
a contração da musculatura brônquica em minutos, no que se caracteriza a
fase inicial ou imediata da asma (Figura 3), e pode se prolongar por até duas
horas3. A fase tardia (Figura 4) da asma ocorre horas depois e se inicia como
consequência de uma regulação positiva de citocinas, quimiocinas e de molé-
culas de adesão que promovem o recrutamento de células inflamatórias, em
especial, os linfócitos, basófilos e eosinófilos e, ainda, neutrófilos e macrófa-
gos para o local do contato5.
LER - Asma 46
Fonte: Int Immunopharmacol. Novembro de 2014; 23 (1): 316–329. Publi-
cado online em 13 de junho de 2014. doi: 10.1016 j.intimp.2014.05.034.
LER - Asma 47
de infecções proporcionada pelas melhores condições de higiene, vacinas e o
uso de antibióticos. Recentemente, tem-se observado também que as infec-
ções respiratórias virais aumentam o risco de asma na infância, o que de certa
forma, contradiz a teoria da higiene6.
Na continuidade do processo inflamatório iniciado, outras células locais
ou migratórias também são recrutadas e liberam substancias, entre elas: os
mastócitos (fator de necrose tumoral e óxido nítrico, IL-6); Linfócitos T (IL-4
e IL-5), os eosinófilos (proteína catiônica eosinifílica); neutrófilos (elastase);-
células epiteliais (endotelina-1, óxido nítrico) (Figura 5)(2,3).
LER - Asma 48
Figura 5: Interleucinas que podem ser alvos de imunobiológicos
LER - Asma 49
Ao mesmo tempo, as células dendríticas na mucosa brônquica são ativadas
e levam a broncoconstrição por estimulo neurogênico e a ativação dos linfó-
citos, que por sua vez, também são ativados pelos eosinófilos. Assim, cria-se
um processo em que o ambiente inflamatório está estabelecido com ações in-
terligadas, culminando em um intenso infiltrado inflamatório na submucosa,
edema, hiperplasia glandular e espessamento da membrana basal3 (Figura 6).
LER - Asma 50
lada(1;15 ). Após a fenotipagem inflamatória, para saber se a asma é eosinofilica
ou não ou se é asma alérgica(1;14-17) ou não, pode-se escolher o imunobiológico
adequado ao tratamento do paciente.
A participação do Sistema Nervoso Autônomo (simpático e parassimpático)
também já é bem conhecida na gênese do broncoespasmo na asma4. Os recep-
tores simpáticos do tipo β- 2 ocupam papel especial neste fenômeno, pois sua
ativação por parte das catecolaminas promove o relaxamento da mucosa lisa
bronquial. Esse efeito se dá pela ativação da adenilciclase, a qual transforma
ATP em AMP cíclico. O AMP cíclico promove o relaxamento das células mus-
culares ao atuar no seu interior ativando a glicólise e a lipólise8. O resultado
desta ação é a broncodilatação. O AMP cíclico é inativado por uma enzima
chamada fosfodiesterase9.
Múltiplos estímulos são capazes de promover a broncoconstrição, que em
geral não é desencadeada em virtude do equilíbrio existente nas reações descri-
tas. Em pessoas com asma acredita-se que haja uma ruptura deste equilíbrio10.
A broncoconstrição leva à diminuição do volume de reserva expiratório do
que resultará um aumento do volume residual e, consequentemente, o surgi-
mento de uma maior dificuldade expiratória. Outra consequência da bron-
coconstrição é a promoção do desequilíbrio da relação entre a ventilação e a
perfusão das vias aéreas, do que resulta na hipoxemia arterial e num aumento
do shunt fisiológico e do espaço morto fisiológico.
O desequilíbrio entre a ventilação e a perfusão de vias aéreas promove
ainda hiperventilação e hipocarbia. Tal fenômeno atribui-se à estimulação
dos quimiorreceptores periféricos pela hipoxemia e/ou pelos receptores intra-
pulmonares de tensão. A capacidade de difusão do monóxido de carbono está
normal ou aumentada na condição de asma não complicada.
Na exacerbação grave da asma, observa-se PaCO2 aumentada e queda no
pH, fenômeno que traduz a iminência da instalação de um quadro de insufi-
ciência respiratória.
No que diz respeito à função pulmonar, observa-se uma resposta bifásica da
asma: onde inicialmente o VEF1 cai em decorrência da obstrução aguda dos
brônquios; segue-se uma recuperação, e na sequência, uma nova queda do
VEF1, devido a obstrução brônquica crônica secundária a inflamação que se
estabeleceu (Figura 7)3.
LER - Asma 51
Figura 7: Resposta bifásica ou dual da asma.
LER - Asma 52
Fisiopatologia da asma: aspectos marcantes
Asma é uma doença inflamatória crônica com morbidade expressiva tanto
em crianças quanto em adultos, de ocorrência mundial, e sem diferença de
classes sociais(1,2). O processo inflamatório da asma envolve a participação de
fatores ambientais e genéticos com o desencadeamento de uma complexa res-
posta celular. Compreender o remodelamento brônquico e suas implicações
sobre a função pulmonar permite que sejam tomadas medidas preventivas
para minimizar este agravo11.
Assim como, o conhecimento dos fenótipos inflamatórios por meio dos
biomarcadores propiciou o conhecimento do fenótipo de cada paciente, e
permitiu o tratamento com alvos terapêuticos específicos, pela prescrição dos
imunobiológicos, especialmente, aqueles contra as interleucinas envolvidas
na fisiopatologia da asma(1,17), o que nos direciona para a adoção da medicina
personalizada e de precisão (13,16), em que consensos, estratégias e diretrizes,
orientam o tratamento de acordo com o controle da doença obtido(1;14-16).
Em síntese, a decisão terapêutica deve levar em conta que cada indivíduo é
um ser único e peculiar na expressão de sua doença.
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LER - Asma 55
CAPÍTULO 6
Definições6,7:
• Fenótipo - Características de um indivíduo produzidas pela interação
entre genética e o meio ambiente.
• Endotipo - Determinado mecanismo biológico (fisiopatológico) que ex-
plica aquele fenótipo.
Os fenótipos seriam a interação do genótipo com o ambiente, baseados nas
características clínicas, nos gatilhos e tipos de processos inflamatórios. Estes
são identificados por meio de uma história natural consistente e característi-
cas fisiológicas com biomarcadores subjacentes6,8.
LER - Asma 56
A asma grave é definida na atualidade como um subgrupo da asma de difí-
cil controle9, com uma prevalência de 3,6%10. Na prática, podemos dizer que,
o paciente que apesar de usar corticoide inalatório em altas doses, associado
ou não a outro medicamento controlador no último ano, ou que tenha usado
corticoide oral por tempo maior ou igual a 50% dias do ano anterior, são
aqueles que têm asma grave11.
Em uma abordagem da asma baseada na medicina de precisão devemos ini-
cialmente diagnosticar e tratar as comorbidades. O próximo passo é classificar
o fenótipo do indivíduo, segundo as suas características como: gênero, sexo,
idade, início precoce ou tardio, função pulmonar, estado de atopia, fumo e
obesidade. E, a seguir tentar estabelecer o mecanismo fisiopatológico (endo-
tipo) da doença12.
Dentro do endotipo T2 alto temos os seguintes fenótipos: asma alérgica de
início precoce, a asma eosinofílica de início tardio, o broncoespasmo indu-
zido pelo exercício e a Doença respiratória exacerbada por Aspirina/AINEs
(DREA). Já o endotipo não T2 ou T2 baixo inclui a asma de início tardio,
a asma associada à obesidade, asma neutrofílica, asma associada ao fumo e
asma com pouca inflamação (paucigranulacítica)6,13. A distribuição destes en-
dotipos da infância a idade adulta, encontra-se esquematizado na figura 1.
T2
Fonte: Adaptado de Wenzel SE6.
LER - Asma 57
A asma pode ser dividida em diferentes fenótipos de acordo com o contexto
clínico, tipo de inflamação das vias aéreas e resposta às terapêuticas imple-
mentadas14. O conhecimento e análise dos fenótipos permitem que possamos
reconhecer os bons respondedores ou não ao tratamento, além da possibili-
dade de prever o risco e estabelecer estratégias de acordo com a evolução da
doença 12. Tais características podem ser vistas abaixo no quadro 1.
LER - Asma 58
Não Não atópico Início na fase TH17, Pauci- Neutrofilia no Variável
T2 adulta granulocítica escarro induzido.
ou neutrofíli- Função pulmo-
Crises frequentes ca, ou padrão LBA: MMP-9 nar variável
Perda progressiva misto. Possível trata-
da função pulmo- mento com:
nar, Diminuição macrolídeos e/
do VEF1. ou
Relacionada a Termoplastia
infecções virais, brônquica
exposição ocupa-
cional, tabagis-
mo.
Relacionada à Mais comum no Estresse oxida- IL-6 sérica Redução de
Obesidade sexo feminino. tivo, neutró- peso.
filo, aumento
Sintomas mais da ativação
graves, da imunidade
Função pulmo- inata.
nar preservada.
Ausência de ato-
pia
Biomarcadores de inflamação14:
A seguir, descreveremos os principais biomarcadores que melhor carac-
terizam o processo da inflamação da asma.
a) Eosinofilia sanguínea > 300/ mm3 e associada com exacerbações graves
ou > 400/mm3
b) Eosinófilos no escarro >2%
Pode ser usado para crianças a partir de 6 anos. É capaz de identificar 4
fenótipos de inflamação: eosinofílico, neutrofílico, granulocítico e paucigra-
nulocítico. Porém seu alto custo e a necessidade de demanda técnica limitam
seu uso na prática clínica.
c) Níveis de IgE sérica total elevados
d) Periostina sérica (estimulada por IL-13) > 50 ng/ml
LER - Asma 59
Níveis elevados de periostina estão associados com gravidade da asma e
presença de asma eosinofílica. É um marcador mais consistente que a eosino-
filia sanguínea na seleção de pacientes com inflamação Th2. Também tem
se relacionado à boa resposta terapêutica com anti IL-13. Porém este exame é
limitado à pesquisa e não à rotina clínica.
e) Óxido nítrico > 30 partes por bilhão PPB
Boa correlação com inflamação eosinofílica das vias aéreas em pacientes
virgens de tratamento com corticosteroides; excelente marcador de resposta
aos corticoides inalatórios e também aos imunobiológicos como a anti IL5,
anti IL4 e anti IL13. No entanto, pacientes com nível de óxido nítrico menor
que 25 ppb teriam pouco benefício com o uso desses imunobiológicos. Uso
limitado no Brasil.
Conclusões:
A maior parte dos pacientes asmáticos adquire controle com o uso de
corticoterapia inalatória para o tratamento da asma, mas em aproximadamen-
te 5 a 10 % dos asmáticos a doença é grave e de mais difícil controle14.
Para o melhor tratamento de uma doença complexa e tão heterogênea
como a asma grave, precisamos fazer a integração dos aspectos clínicos, bioló-
gicos e genéticos do paciente14.
A importância da identificação dos diferentes fenótipos e endotipos da
asma, está relacionada ao melhor manejo da doença e à possibilidade de ofe-
recermos aos pacientes um tratamento baseado na medicina de precisão, que
prevê a terapêutica e a prevenção da doença de acordo com a variabilidade
individual de cada paciente7,12,14.
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LER - Asma 62
CAPÍTULO 7
FATORES DESENCADEANTES
E PRECIPITANTES DA ASMA
LER - Asma 63
• Uso de paracetamol na gestante e na criança pode ter relação com a
asma, porém este fator se confunde com as infecções de vias aéreas su-
periores1;
• Extremos de temperatura e alta umidade: ar-condicionado (resfriamen-
to e ressecamento do ar do ambiente diminuem ácaros e fungos, porém
seus dutos não higienizados liberam fungos no ambiente, mudanças
bruscas de temperatura irritam as vias aéreas)3;
• Fatores endócrinos: hipertireoidismo (em homens8 mais velhos9, asma
perimenstrual (20% das mulheres no período pré-menstrual, mais grave
naquelas com índice de massa corporal alto), gravidez (particularmen-
te no segundo trimestre), mais suscetíveis a infecções virais (inclusive
influenza), crises de asma aumentam chance de trabalho de parto pre-
maturo, baixo peso ao nascer, aumento da mortalidade perinatal e pré-
-eclâmpsia1;
• Obesidade infantil (particularmente em meninas) com diminuição do
volume pulmonar e tendência maior a dispneia1;
• Refluxo gastroesofágico1;
• Rinite crônica, sinusite e pólipo nasal1;
• Idosos com artrite (diminuem a atividade física)1;
• Disfunção de cordas vocais, apneia do sono, doença pulmonar obstruti-
va crônica, aspergilose broncopulmonar alérgica, bronquiectasias2;
• Microbiota deficiente (crianças nascidas de parto cesariano)1;
• Pobreza1;
• Fatores involuntários como falta de acesso ao tratamento ou dificuldade
no uso do dispositivo2;
• Exercícios1.
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LER - Asma 65
CAPÍTULO 8
LER - Asma 66
Sobre os fatores de risco, desde o pré-natal até a senilidade, foram analisa-
dos individualmente: genética, exposição à alérgenos intradomiciliares, mi-
crobioma, poluição ambiental, exposição viral, exposição ao cigarro, estresse,
hormônios sexuais, fatores ocupacionais, obesidade, fumantes e pobreza.
Nas últimas décadas, com uso do corticoide inalado e guidelines para asma,
a mortalidade diminuiu consideravelmente, porém atingiu um plateau em
2006 e por este motivo estamos estudando os fatores de risco e como contri-
buir para diminui-los2.
Fatores de risco:
O desenvolvimento e a persistência da asma são impulsionados por intera-
ções gene-ambiente. Apesar de estudos limitados, há um consenso que, para
as crianças, existe uma janela de oportunidade para prevenir a asma no útero
e no início da vida.
LER - Asma 67
1) Pré-natal:
- Genética: Existe uma forte correlação de genética e asma. O risco com-
binado de várias variantes genéticas mostra que há 10% de hereditariedade
e prevalência em asma. Sabe-se que modificações epigenéticas regulam a ex-
pressão de citocinas e fatores de transcrição responsáveis pela diferenciação
da célula T. Os mecanismos epigenéticos, incluindo a metilação de DNA,
podem influenciar na asma na infância, regulando o nível de imunoglobulina
E e outros genes da asma (ALOX15, CAPN14 e POSTN)2.
- Ganho de peso da mãe e obesidade na gravidez: Estudos mostram que a
obesidade e o ganho de peso na gestação estão associados ao aumento de 1.2
x asma na criança. Cada 1 kg/m² do IMC materno está associado a 2-3% de
aumento de asma na infância1. Porém, segundo a GINA 2021, a perda de peso
não guiada durante a gravidez, não deve ser encorajada.
- Estresse materno: Existe correlação significativa mostrando aumento de
sibilância e asma em crianças que a gestante passou por períodos de estresse1.
- Uso materno de antibióticos: Existe associação entre uso de antibióticos e
crianças com asma, principalmente no terceiro trimestre da gravidez. Em me-
tanálise de 10 estudos, o uso de antibiótico durante a gestação aumentou em
1.2 vezes o risco de asma ou sibilância e foi mais significativo no 3º trimestre
da gestação1.
- Folato e vitamina D durante a gravidez: Metanálise indica não haver asso-
ciação significante entre nível de ácido fólico e asma. Porém, uma alta ingesta
de vitamina D e vitamina E, na gravidez, está associada à redução de sibilância
entre 2-5 anos, segundo estudos recentes1.
- Uso materno de paracetamol: Há uma correlação entre o uso de paracetamol
na gravidez e asma na infância que é significativamente associado a aumento
de 1,2% de sibilância na idade de 2,5-7 anos. Porém, não há correlação entre
o uso de paracetamol na infância e asma1.
- Asma nos pais: A influência genética no desenvolvimento de asma é bem
estabelecida. Segundo uma metanálise de 33 estudos, crianças nascidas de
mães asmáticas têm maior probabilidade de desenvolverem a asma. Obser-
vou-se ainda que as nascidas de pais asmáticos também tivessem mais chance
de apresentar a doença. Sendo assim, genitores com asma elevam o risco do
desenvolvimento no filho1.
LER - Asma 68
- Dieta materna: Não há nenhuma forte evidência que a ingesta de deter-
minado alimento na gestação aumenta o risco de asma. No entanto, estudo
recente de coorte demonstrou que ingesta pela gestante de alimentos conside-
rados alergênicos (como leite e amendoim) foi associada à diminuição de aler-
gia e asma nos descendentes. Estudos epidemiológicos e ensaios clínicos ran-
domizados sobre a ingesta materna de peixe e ácidos graxos poli-insaturados
de cadeia longa não mostraram efeitos consistentes sobre o risco de chiado.
Não se recomenda mudança na dieta materna para prevenção de atopia4.
2) Perinatal:
- Parto cesariana: Metanálises mostram que o parto cesariana aumenta em
22%, a probabilidade de asma, comparados ao parto vaginal1. Estudos são
variados.
- Prematuridade: Metanálises mostram que a prematuridade (< 37 sema-
nas) está associada a aumento da incidência da asma. Sugere-se que quanto
mais prematuro o bebê, maior a chance da doença1.
- Peso ao nascimento: Estudos demonstram que crianças que pesam menos
que 2,5 kg, tem 1.8-1.34 x mais chances de ter asma do que crianças entre 2,5
kg e 4 kg. Estudos são heterogêneos. O peso de nascimento maior que 4 kg
não tem nenhuma associação com a doença1.
- Hiperbilirrubinemia neonatal: Metanálises de sete estudos heterogêneos
apontam que a hiperbilirrubinemia neonatal aumenta significantemente as
taxas de asma na infância. A fototerapia neonatal também se mostrou um
fator de risco1.
3) Pós-natal:
Asma na infância e adolescência:
- Vacinação BCG: Metanálises mostram que a vacinação de BCG está re-
lacionada a 14% de redução nas taxas de asma. Sem heterogeneidade. Entre-
tanto, apenas um estudo era prospectivo1.
- Aleitamento materno: Vários estudos apontam que o aleitamento materno
exclusivo nos três primeiros meses de vida está associado à redução de 30%
nas taxas de asma. Porém, resultados são conflitantes, pois o efeito protetivo
no aleitamento é maior em crianças com histórico de familiares com asma
LER - Asma 69
e atopia do que na população geral1. Segundo a GINA 2021, o aleitamento
reduz episódios de sibilância no início da vida, porém não previne o desenvol-
vimento de asma persistente. O aleitamento tem diversos outros benefícios e
por isso deve ser estimulado.
- Introdução alimentar: Metanálises não demonstram evidência que o
atraso na introdução alimentar diminua o risco de atopia, incluindo asma4.
- Dietas e nutrientes: Metanálise demonstra que o aumento da vitamina A
na dieta, como consumo de frutas, está associado com a redução das taxas de
asma em 75% e 25% de sibilância. Dietas tipo mediterrânea (rica em fibras,
antioxidante, derivados de ômega 3 de peixes e azeite de oliva) estão relacio-
nadas a redução de sibilância, porém ainda há necessidade de mais estudos1.
- Probiótico: Metanálises mostram que a suplementação com probióticos
durante a gravidez ou infância não está significantemente associada com a
incidência e diagnóstico de asma1.
- Refluxo Gastroesofágico (RGE): Estudos mostram que existe uma preva-
lência de refluxo de 22% em crianças com asma e apenas 4.8% em crianças
com refluxo sem asma. Porém, mais estudos são necessários para afirmar uma
correlação1.
- Antibióticos: Algumas metanálises mostram que uso de antibiótico no
primeiro ano de vida está significantemente associado a aumento da taxa de
asma na Infância 1. Outros estudos mostram não ter correlação. No entanto,
o uso pré-natal de antibiótico está associado à asma na infância e deve ser
evitado.
- Alérgenos intradomiciliares: É reconhecida a relação entre sensibilização
de alérgenos e início da asma. Um aumento no risco da doença ocorre com a
sensibilização a aeroalérgeno em menores de 5 anos, principalmente no con-
tato com ácaro doméstico, ratos, baratas e fungos. Em contraste, a exposição
a animais domésticos é contraditória, não parece aumentar o risco da doença.
Fungos podem aumentar a alergia e risco de asma, provável pela liberação de
IL-33. A sensibilização para Alternaria alternata nos ambientes urbanos im-
plica no aumento de morbidade para asma, independente da sensibilização a
outros aeroalérgenos. Pacientes sensibilizados a fungos com asma grave tem
maior hospitalização. Estudos demonstram que a prevenção de alérgenos nas
casas reduz os sintomas de asma, com menos exarcebações2.
LER - Asma 70
- Poluição do Ar: A poluição do ar aumenta o risco de doenças pulmona-
res crônicas ou piora o desencadeamento de asma. Vários poluentes como
ozônio e dióxido de nitrogênio, materiais particulados, conferem maior risco
para asma. A mudança climática tem também contribuído para aumento de
aeroalérgenos como aumento da duração e intensidade de estação polínica.
Pessoas de baixo poder aquisitivo e crianças que moram perto de estradas ou
rodovias são expostas a poluição pelo trafego e tem aumento da susceptibili-
dade para asma2.
- Viroses respiratórias: Influenciam em sibilância e asma, independente
de atopia. Vírus Respiratório Sincicial ou Rinovírus Humano são os mais
associados a sibilos na infância precoce. O Vírus Respiratório Sincicial está
entre os principais desencadeantes de asma nos três primeiros anos de vida.
O Vírus Influenza está associado à exacerbação da doença pré estabelecida2.
- Exposição ao Fumo: é bem reconhecida com o aumento de risco para
asma na infância. Estudos indicam que a exposição ao tabaco em qualquer
fase (pré-natal, pós-natal, materna e paterna ou coabitantes) é significativa
para o desencadeamento de asma em qualquer faixa etária2.
- Exposição à microbiomas: A hipótese da higiene implica na exposição ao
ambiente microbiano precocemente na vida e uma resposta imune protetiva
contra atopia e asma. Vários estudos foram feitos para investigar efeitos prote-
tores de pacientes que moravam em fazendas, comunidades rurais e cidades.
Recentemente a prevalência de atopia e asma são menores em crianças Amish
que Hutterite, pois estas se expõem a grandes níveis de toxinas desde intraú-
tero até início da vida. Estudo canadense CHILD (Canadian Health Infant
Longitudinal Development) demonstra que os cem primeiros dias de vida são
cruciais em termos de microbioma e risco estabelecido para asma e atopia2.
- Menarca: Estudos mostram que as meninas no início da menarca <12
anos têm 1.37 x mais chance de asma1.
- Fatores Psicossociais: O meio-ambiente em que a criança vive também
pode contribuir para desenvolvimento de asma. O sofrimento materno na
gestação ou nos primeiros anos de vida pode aumentar o risco de desenvolvi-
mento da doença3.
LER - Asma 71
Quadro 1: Modificado da GINA 2021
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com per-
missão. Disponível em www.ginasthma.org
Asma no adulto:
Há poucos estudos longitudinais que acompanham o curso da doença desde
a infância até a vida adulta. No entanto, há fatores de risco conhecidos tanto
para surgimento quanto exacerbação do quadro.
- Fumantes: Asmáticos fumantes têm aumento significativo da morbidade e
da mortalidade em relação aos não fumantes. O fumo contínuo predispõe o
desenvolvimento da asma numa taxa de 2-2,6%, aumenta o risco de sintomas
graves e reduz a resposta da terapia com corticoide. O novo diagnóstico da
sobreposição de asma e DPOC (ACOS) é agora utilizado para aqueles com
características clínicas em comum, como pacientes com DPOC com eosino-
filia das vias aéreas e asmáticos fumantes com obstrução fixa ou inflamação
neutrofílica. O aumento dos cigarros eletrônicos está sendo investigado e seus
efeitos negativos demonstram uma alteração crônica do epitélio brônquico
das vias aéreas. A suspensão de todas as formas de cigarro é essencial para o
manejo de asmáticos2.
- Obesidade: Aumenta o risco de início tardio de asma em homens e mu-
lheres. Asmáticos obesos têm pior controle da asma e necessitam de maior
assistência médica. Várias hipóteses tentam explicar a relação obesidade/
asma como estresse oxidativo e os efeitos mecânicos da obesidade no sistema
respiratório. O acúmulo de gordura abdominal e mediastinal pode alterar
o mecanismo respiratório, mudando a fisiologia e função pulmonar. Uma
teoria recente mostra que mecanismos inflamatórios, incluindo efeitos de adi-
pocinas e citocinas inflamatórias são liberados do tecido adiposo. Enquanto
LER - Asma 72
os mecanismos da obesidade levando à asma não são compreendidos, a redu-
ção do peso desses pacientes deve ser resolvida. Existem também consequên-
cias metabólicas da obesidade, incluindo resistência à insulina e síndrome
metabólica2.
- Hormônios Sexuais: A asma atópica é maior em meninos em comparação
às meninas na infância e na puberdade há maior incidência nas meninas. Na
fase adulta, a asma grave é mais frequente em mulheres. Os hormônios se-
xuais femininos ovarianos aumentam, e a testosterona diminui a inflamação
das vias aéreas na asma, mas esse mecanismo não está totalmente esclarecido2.
- Eventos estressantes: A relação de estresse psicológico e asma parecem
ser maiores em pessoas nas classes econômicas mais pobres e nas minorias
étnicas. O estresse pode modular o desenvolvimento pulmonar com respos-
tas autonômicas, neuroendócrinas e potencializar a atividade dos alérgenos e
infecções2.
- Medicações que podem desencadear Asma: Betabloqueadores têm o po-
tencial de levar a uma aguda broncoconstrição e são dose dependente, por
isso é sugerido o uso de agentes cardiosseletivos nesses pacientes. Inibidores
da ECA não potencializam a asma, mas a tosse é um de seus efeitos colaterais,
o que pode confundir com sintomas característicos da doença2.
- Asma de início tardio: O diagnóstico de asma de início tardio ocorre após
50 anos em alguns estudos e em outros após 65 anos. O pulmão envelhecido
está associado com a diminuição da função pulmonar, devido à perda do reco-
lhimento elástico e outros mecanismos. Trabalhos mostram que os asmáticos
idosos tem um aumento de neutrofilia no escarro devido à inflamação por
TH1 e TH17.
- Exposição Ocupacional: Sabemos que a exposição de sensibilizantes ou
irritantes pode levar ao aumento de 10 a 25% de asma no adulto. A asma
ocupacional pode ser causada por proteínas de alto ou baixo peso molecular,
levando à asma por mecanismos IgE ou não IgE mediados, respectivamente.
Fatores de alto peso molecular de amostras biológicas como alérgenos do trigo
podem levar a asma ocupacional, sendo que a maioria regride quando cessa a
exposição precocemente. Segundo a GINA, geralmente a asma ocupacional
é precedida por rinite. Como manejo, todos os pacientes com asma na fase
adulta, devem ser questionados sobre seu trabalho e exposição.
LER - Asma 73
Conclusão:
A asma continua sendo uma grande causa de morbidade e mortalidade no
mundo atual. Mesmo com toda tecnologia, conhecimento cientifico adqui-
rido e avanço terapêutico, ainda há muito que aprender. Ao conhecer os fato-
res de risco para tal doença, podemos propor estratégias para diminuir o risco
de asma nas diversas faixas etárias da população e contribuir para a redução
dos efeitos deletérios dessa patologia tão prevalente, optando por tratamentos
individualizados, levando à melhor qualidade de vida dos pacientes.
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Disponível em www.ginasthma.org
LER - Asma 74
CAPÍTULO 9
DIAGNÓSTICO CLÍNICO E
FUNCIONAL DE ASMA
LER - Asma 75
Os seguintes achados diminuem a probabilidade dos sintomas respiratórios
serem causados pela asma: tosse isolada sem outros sintomas respiratórios;
expectoração crônica; falta de ar associada a tonturas; desmaios ou formiga-
mento periférico (parestesia); dor no peito; dispneia induzida por exercício
com inspiração ruidosa.
LER - Asma 76
36 horas: se o LABA estiver sendo usado a cada 24 horas.
LER - Asma 77
em vez de uma ferramenta para o diagnóstico primário de asma. Um PFE
reduzido que melhora em mais de 20 % aproximadamente 10 a 20 minutos
após a administração de um broncodilatador de ação rápida (por exemplo,
salbutamol inalado) suporta o diagnóstico de asma.
Os valores de referência de PFE são determinados de acordo com idade,
sexo e altura e têm uma variação de 80 a 100 l/min além da média. Mesmo
com medições cuidadosas, o PFE pode variar de 10 a 15 % de uma medição
para outra.
Contrastando-se com a espirometria, é difícil aplicar o controle de quali-
dade às medições de pico de fluxo devido à falta de mostrador gráfico para
garantir técnica apropriada e esforço máximo do paciente e à impossibilidade
de se calibrar diferentes medidores de pico de fluxo.
Uma aferição única de PFE com valor inferior ao valor normal predito no
momento em que o paciente apresenta sintomas respiratórios é sugestivo de
asma. No entanto, não é diagnóstico, porque um PFE reduzido não é especí-
fico para a obstrução do fluxo aéreo e pode ser visto em outras doenças (como
na disfunção de corda vocal e doenças pulmonares restritivas).
Resultados que variam pouco ao longo do tempo (menos de 10% do valor
máximo), apesar da presença de sintomas como tosse e falta de ar são contrá-
rios ao diagnóstico de asma. Os valores de PFE, contudo, que caem repetida-
mente em mais de 20% quando os sintomas estão presentes e retornam aos
valores basais à medida que os sintomas remitem são consistentes com asma.
A variação diurna exagerada do PFE caracterizada por diferença percentual
média maior que 20% entre a maior de três medidas do PFE, efetuadas pela
manhã e à noite, em um período de 2 a 3 semanas, assim como o aumento de
20% em adultos e 30% em crianças do PFE 15 min após o uso do β2 de curta
ação também são indicativos de asma.
Testes de broncoprovocação: positivo (geralmente apenas para adultos):
O teste de broncoprovocação é uma ferramenta útil em pacientes asmá-
ticos com apresentações atípicas, por exemplo, espirometria basal normal e
ausência de resposta ao broncodilatador ou sintomas isolados de asma, espe-
cialmente tosse. O teste positivo indica hiperresponsividade brônquica, não
sendo exclusivo de asma.
LER - Asma 78
Um estímulo provocativo (por exemplo: metacolina inalada, manitol ina-
lado, exercício ou hiperventilação de ar frio) é usado para estimular bronco-
constrição. Pacientes asmáticos são mais sensíveis (hiperresponsivos) a tais
estímulos do que aqueles sem asma.
A broncoprovocação com metacolina inalada é a forma mais realizada
usualmente. Neste exame, determina-se a concentração mínima necessária do
fármaco para se obter uma redução de 20% no volume expiratório forçado
no primeiro segundo (PC20 VEF1). Considera-se o teste positivo quando este
valor é inferior a 8 mg/ml e negativo quando superior a 16 mg/ml. Um teste
negativo exclui com certo grau de certeza a asma.
Esses testes são moderadamente sensíveis para o diagnóstico de asma, mas
têm especificidade limitada. Por exemplo, a hiperresponsividade das vias aé-
reas à metacolina inalada foi descrita em pacientes com rinite alérgica, fibrose
cística, Infecção respiratória, displasia broncopulmonar e DPOC (Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica). Bronquiectasia, Sarcoidose e Insuficiência
cardíaca congestiva.
Isso significa que um teste negativo em um paciente que não está em uso
de Corticóide Inalada (CI) pode ajudar a excluir asma, mas um teste positivo
nem sempre significa que o paciente tem asma. O padrão dos sintomas e ou-
tras características clínicas também devem ser considerados.
Outros testes de provocação podem ser usados ao avaliar o papel de um
fator precipitante específico. Os exemplos típicos incluem medir a função
pulmonar antes e depois do exercício, quando se suspeita de um diagnóstico
de broncoespasmo induzido por exercício relacionado à asma e a avaliação
de possível asma ocupacional por meio de medições de VEF1 e pico de fluxo
expiratório (PFE) feitas antes e depois do turno de trabalho.
Óxido Nítrico Exalado:
A medição do óxido nítrico no ar exalado de um paciente pode ajudar no
diagnóstico de asma em combinação com outros testes, mas um nível normal
não exclui a doença. O teste é baseado na observação de que a inflamação eo-
sinofílica das vias aéreas associada à asma leva à regulação positiva da enzima
óxido nítrico sintase na mucosa respiratória, que por sua vez gera maiores
quantidades de gás de óxido nítrico no ar exalado.
LER - Asma 79
A concentração de óxido nítrico no ar exalado (fração de óxido nítrico exa-
lado – FENO) de alguns pacientes com asma é elevada. Um FeNO elevado
(≥40 a 50 partes por bilhão) pode ajudar a determinar que a asma não está
controlada, embora outras doenças potencialmente confundidoras (por exem-
plo, rinite alérgica) devam ser excluídas. O tratamento com glicocorticoides
orais e/ou inalados reduz a inflamação das vias aéreas e, consequentemente,
os níveis de óxido nítrico exalado.
Além disso, o nível de FeNO também pode predizer quais pacientes irão
responder à corticoterapia inalatória, sendo que níveis abaixo de 25 ppb pre-
dizem uma baixa resposta ao medicamento, enquanto níveis acima de 50 ppb
predizem uma boa resposta. No entanto, os consensos nacionais e internacio-
nais não orientam utilizar FeNO como fator para uso ou ajuste da medicação,
pois ensaios clínicos não mostraram evidência suficientes que suportassem o
uso.
O óxido nítrico exalado não foi estabelecido como útil para excluir ou des-
cartar o diagnóstico de asma, porém a concentração fracionária de óxido ní-
trico exalado (FeNO) está modestamente associada aos níveis de eosinófilo no
escarro e no sangue e é mais alto na asma que é caracterizada por inflamação
das vias aéreas do tipo 2, mas também é elevado em condições não asmáticas
(por exemplo: bronquite eosinofílica, atopia, rinite alérgica, eczema) e não é
elevado em alguns fenótipos de asma (por exemplo: asma neutrofílica).
FeNO é menor em fumante e durante a broncoconstrição e nas fases ini-
ciais da resposta alérgica; pode ser aumentado ou diminuído durante as infec-
ções respiratórias virais.
É muito importante confirmar o diagnóstico de asma evitando assim tra-
tamentos desnecessários ou excessivos e para não haver confusão com outros
diagnósticos diferenciais de asma.
Referências:
1. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
2. Guia de Pneumologia/ Coordenação Sônia Maria Faresin et al- 2 ed-Ba-
rueri, SP: Manole, 2014.
LER - Asma 80
CAPÍTULO 10
DIAGNÓSTICO DE ALERGIA
Diagnóstico in vivo
Os testes cutâneos realizados no diagnóstico das alergias envolvem o meca-
nismo de hipersensibilidade tipo I, pela classificação de Gell e Coombs, co-
nhecidos por teste cutâneo de puntura de leitura imediata, conhecidos tam-
bém por prick test e teste intradérmico.
Os testes de puntura de leitura imediata foram introduzidos em 1865 por
Blackey. Em 1964 Lewis e Grant atualizaram e descreveram uma técnica pa-
recida a que utilizamos hoje. Porém, em 1970, Jack Pepys estudioso da asma
ocupacional, modificou a técnica evoluindo-a para o padrão que utilizamos
até os dias de hoje.
Este é o método mais comum para determinar a sensibilização a alérgenos.
A indicação clínica do teste de puntura de leitura imediata é para confirmar
o diagnóstico de alergia; estabelecer o diagnóstico etiológico; e confirmar a
presença de IgE específica para determinados alérgenos evidenciando a parti-
cipação destes na indução dos sintomas. O teste cutâneo de alergia é um teste
imunológico para determinar sensibilização.
Este exame determina a presença de anticorpos IgE específico na superfície
dos mastócitos, que sensibilizados, entram em contato com o antígeno através
da pele do paciente, com a seguinte resposta:
LER - Asma 81
• Ligação com a IgE;
• Desgranulação dos mastócitos com a liberação de vários mediadores (his-
tamina, triptase, leucotrienos);
• Vasodilatação;
• Aumento da permeabilidade vascular;
• Espasmo do músculo liso e
• Formação da pápula com eritema e prurido.
Esta reação ocorre no período entre 15-20 minutos, após a aplicação dos
testes. Ela poderá indicar uma sensibilização do paciente, que não necessaria-
mente será diagnosticado como quadro clínico alérgico.
O termo sensibilização é somente adotado para uma classificação imuno-
lógica. Apenas a condição clínica do paciente, junto com os testes de sensibi-
lidade positiva, é que determinarão se ele possui efetivamente um quadro de
alergia.
A recomendação do teste de puntura de leitura imediata ocorre pela sua
simplicidade técnica, baixo custo e com resultados imediatos obtidos entre
15 e 20 minutos após a sua aplicação. O procedimento é pouco invasivo e
quando realizado corretamente tem boa reprodutibilidade. Porém, não é to-
talmente isento de riscos de anafilaxia.
Existem 2 tipos de teste de puntura de leitura imediata:
• Prick test e
• Teste intradérmico (ID).
Devemos sempre começar a investigação diagnóstica pelo prick test. Por
segurança e, caso o resultado seja negativo, podemos aprofundar nossa inves-
tigação utilizando o teste intradérmico (ID).
LER - Asma 82
O antígeno deve ser colocado após a pele sã ter sido limpa com algodão e
álcool etílico. Sendo introduzido por via percutânea através de um ângulo
que deve variar entre 45 a 60 graus da epiderme, com agulhas hipodérmicas
ou lancetas. Podendo ser encontradas em metal ou plásticas, sendo sempre
descartáveis.
As lancetas múltiplas são práticas para a realização do teste de puntura em
crianças. A distância mínima entre os alérgenos deve ser de 2 cm.
O teste de puntura deve ser sempre realizado com extratos padronizados, de
boa qualidade, quando disponíveis.
A histamina deve ser sempre utilizada para o controle positivo, na concen-
tração de 10 mg/ml. Para o controle negativo podem ser utilizados 2 tipos de
soluções diferentes: a solução glicerinada do diluente do extrato a 50% ou
uma solução fisiológica a 0,9%.
O objetivo do controle positivo é avaliarmos se a reatividade cutânea
do paciente está íntegra e o do controle negativo é afastarmos os casos de
dermografismo.
O tempo de leitura é um fator muito importante. Sabemos que o pico da
histamina ocorre entre 8-10 minutos e o pico dos alérgenos entre 15-20 minu-
tos. Então, o tempo ideal para a realização do teste de puntura é entre 15-20
minutos.
O resultado do teste de puntura de leitura imediata, prick test, deve ser sem-
pre realizado a partir da medição do valor médio da pápula. Para a obtenção
do valor médio, deverão ser medidos o maior e o menor diâmetro da pápula.
Estes valores devem ser somados e, então, divididos por 2.
O resultado também poder ser apresentado somente com a informação do
maior e do menor diâmetro da pápula encontrada.
Independentemente do método escolhido, o resultado sempre deverá ser
apresentado em milímetros.
LER - Asma 83
Teste Cutâneo Intradérmico (ID):
O teste cutâneo intradérmico (ID) é mais sensível que o teste cutâneo epicu-
tâneo (prick test). Somente deve ser utilizado quando o prick test for negativo.
O teste intradérmico tem melhor reprodutibilidade que o prick test, tem alta
sensibilidade com extratos de baixa potência e causam mais reações adversas
quando comparados com o prick test.
A anafilaxia apresenta um risco maior em pacientes asmáticos, por isso é de
extrema importância o cuidado para a sua realização. Um médico experiente
deve estar presente. O carrinho de parada deve ser mantido em pronto uso,
com o pessoal devidamente treinado.
Este teste é realizado com a introdução do alérgeno na derme, com uma
seringa e agulha apropriada, a concentração dos alérgenos testados por via
intradérmica geralmente 1:1000 ou 1:500 de peso por volume.
Existem erros técnicos associados a aplicação desta via, como: injetar
muito profundamente o alérgeno, utilizar volume muito grande do alérgeno
e provocar sangramento. Estes fatores podem afetar no resultado do teste
intradérmico.
LER - Asma 84
Tabela comparativa do Prick test e o Teste Intradérmico:
LER - Asma 85
4. Medicamentos: Os anti-histamínicos interferem no resultado dos testes
de puntura com a supressão da reatividade da pele. É importante os
pacientes estarem instruídos a suspender os anti-histamínicos por no mí-
nimo 03 dias antes da realização do teste de puntura de leitura imediata.
Os corticoides tópicos se forem aplicados no local onde o teste será rea-
lizado, podem sim interferir no resultado. Os antidepressivos tricíclicos
podem também inibir a formação da pápula induzida pela histamina.
LER - Asma 86
Contraindicações para teste de puntura de leitura imediata:
1. Presença de infecção no local de realização do teste;
2. Sintomas alérgicos exacerbados. Pacientes que se encontram em crise
respiratória podem ter resposta sistêmica ao teste;
3. Eczema agudo ou crônico. Na maioria das vezes estes pacientes estão
fazendo uso de anti-histamínicos ou não apresentam a pele sã;
4. Doença inflamatória cutânea;
5. Urticária em atividade;
6. Gravidez. Risco de reações sistêmicas à mãe e ao bebê;
7. Doenças inflamatórias agudas.
Conclusão:
O teste cutâneo de leitura imediata é extremamente útil no diagnóstico de
sensibilização. Junto com a história clínica ajudará no manejo adequado do
paciente, determinando o alérgeno para conseguir evitar e auxiliará também
na escolha da imunoterapia.
O teste de puntura de leitura imediata consiste em uma ferramenta confiá-
vel, segura, rápida e muito útil nas mãos de um especialista treinado.
LER - Asma 87
Testes de Laboratório in vitro para o Diagnóstico de Alergia:
No diagnóstico de doenças alérgicas, testes in vitro para avaliação da pre-
sença de IgE e IgE sérica antígeno-especifica estão disponíveis desde 1980 e
são frequentemente utilizados quando existe a história clínica de atopia e uma
exposição relevante ao alérgeno.
LER - Asma 88
Se a IgE alérgeno específica estiver presente, ela se liga ao disco de papel.
Os anticorpos não ligados serão lavados após o período de incubação. A IgE
ligada ao alérgeno é então detectada pela adição de um radiomarcador I-125.
A IgE anti-humana é direcionada para a região Fc. A quantidade de IgE an-
ti-humana radiomarcada ligada à região Fc é medida em um contador gama
e a radioatividade identificada é proporcional à quantidade de IgE alérgeno
específica presente na amostra inicial do soro do paciente.
Nos últimos 48 anos ocorreram várias evoluções na técnica do RAST in-
cluindo o uso de anticorpo IgE anti-humano conjugado com enzima no lugar
do anticorpo radiomarcado.
Com a melhora nas técnicas de extração de alérgenos relevantes o número
de alérgenos disponíveis aumentou substancialmente desde que esta técnica
foi utilizada pela primeira vez.
Essas mudanças resultaram em ensaios que aumentaram a especificidade, a
sensibilidade e a reprodutibilidade em comparação com os ensaios anteriores.
Em 2009 foi publicado pelo Clinical Laboratory Standarts Institute um
documento sugerindo que todos os fabricantes usem uma unidade comum,
ou seja, kUA/L (kilounits de anticorpo por litro).
A dosagem de IgE alergeno específico tem um potencial alto para falso
positivo em pacientes com altos níves de IgE total. Provavelmente estes falsos
positivos são causados pela ligação não IgE específica do paciente. Não apre-
sentando com isso relevância clínica.
Indicações para o diagnóstico in vitro são realizadas preferencialmente:
1. Pacientes sintomáticos respiratórios;
2. Pacientes em risco de anafilaxia nos testes de puntura de leitura imediata;
3. Uso de anti-histamínicos ou outras medicações que possam atrapalhar a
leitura do teste de puntura de leitura imediata;
4. Pacientes não cooperativos;
5. Eczema generalizado;
6. Dermografismo e
7. Urticária em atividade.
LER - Asma 89
Comparação entre: testes de puntura de leitura imediata e
testes in vitro para dosagem de IgE específica (RAST)
Diagnóstico de Alergia
Baseado em Componentes:
Na última década um chip microarray de alérgeno tem sido empregado para
medir a reatividade da IgE a alérgenos nativos e componentes. O sistema
atual oferecido é um ensaio multi-array (ISAC, Immuno Solid-phase Allergen
Chip) que pode ser realizado com 20 microlitros de soro para determinação
semiquantitativa da IgE específica de 112 componentes moleculares alergê-
nicos, naturais ou recombinantes, de 51 origens diferentes. Apesar da alta
especificidade, apresentam menor sensibilidade os testes de primeira linha de
diagnóstico de alergia.
O método está disponível para detecção de alergia baseado no princípio
de diagnóstico por componentes, o ImmunoCAP Immunosorbent Allergen
CHIP (ImmunoCAP-ISAC®) que marca a transição para o diagnóstico mole-
cular da alergia, devendo ser solicitado em pacientes polissensibilizados, em
asma grave e em investigação de reatividade cruzada.
LER - Asma 90
Faixas de Resultados do ImmunoCAP ISAC®
Resultados Níveis
< 0,3 (faixa branca) Indetectável, muito baixo
0,3 – 0,9 (faixa amarela) Baixo
1,0 – 14,9 (faixa laranja) Moderada a alto
> 15 (faixa vermelha) Muito alto
Fonte adaptada: Allergy for the Clinical second edition, Allergy skin tes-
ting, Vedanthan, K P; Nelson, H. 2021.
LER - Asma 91
Perspectivas no Diagnóstico de Alergia:
Tecnologias moleculares como matrizes de peptídeos têm o potencial de
identificar novos epítopos de alérgenos. A metilação do DNA é uma área de
maior foco de pesquisa que pode gerar testes epigenéticos para alergia.
Referências:
1. Allergy 67(2012) 18-24. 2011 John Wiley & Sons A/S
2. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
3. Castro FM Diagnóstico Clínico e Laboratorial em Alergia. 1ª. Edição –
São Paulo – Manole 2012
4. Motta, AA, Kalil, J e Barros MT, Testes Cutâneos, Artigo de Revisão,
ASBAI, Vol 28, número 2, 2005.
5. Clinica & Experimental Allergy Reviews. 2010, Oct, 40(10):1442-60.
6. Allergy Diagnostic Testing: An Updated Parameter. Ann Allergy Asthma
Immunol March 2008; 100(3):3.
7. Potazczek DP, Harb H, Michel S, Alhamwe BA, Renz H and Tost J. Epi-
genetics and allergy: from basic mechanisms to clinical applications. Epig-
enomics 2017; 9(4): 539-571.
8. Sastre J. Molecular diagnosis in allergy. Clin Exp Allergy 2010; 40(10):
1442-1460. Doi:10.1111/j.1365-2222.2010.03585.x.
9. Seagroatt V, Anderson SG. The second international reference prepara-
tion for human serum immunoglobulin E and the first British standard
for human serum immunoglobulin E. J Biol Stand 1981; 9(4): 431-437.
LER - Asma 92
CAPÍTULO 11
LER - Asma 93
infecções parasitárias (por exemplo, Strongyloides), reações medicamentosas e
síndromes de infiltrados pulmonares com eosinofilia, incluindo aspergilose
broncopulmonar alérgica, granulomatose eosinofílica com poliangeíte e sín-
drome hipereosinofílica.
A anemia significativa pode causar dispneia que não responde às terapias
para asma e exigiria avaliação adicional para determinar o processo causador.
Deverá ser solicitada dosagem sérica de Imunoglobulinas, quando há sus-
peita de Erros Inatos da Imunidade.
A medição dos níveis séricos de IgE total é indicada em pacientes com
asma persistente moderada a grave quando se considera o tratamento com
anticorpo monoclonal anti-IgE (omalizumabe) ou quando há suspeita de as-
pergilose broncopulmonar alérgica (presença de eosinofilia, um teste cutâneo
positivo para Aspergillus ou radiografia com evidência de obstrução de muco
ou bronquiectasia central).
Um nível elevado de IgE total pode ocorrer na ausência de asma (por exem-
plo, na rinite alérgica ou dermatite atópica). A asma também pode estar pre-
sente mesmo na ausência de um nível elevado de IgE total, que pode não
refletir totalmente os níveis de IgE ligada aos mastócitos em tecido das vias
aéreas.
Para pacientes não fumantes com obstrução persistente e irreversível do
fluxo aéreo, deve ser solicitada dosagem de alfa-1-antitripsina sérica para ex-
cluir enfisema devido à deficiência homozigótica de alfa-1 antitripsina.
Exames Radiológicos:
Na ausência de comorbidade, a radiografia de tórax geralmente é normal
em pacientes com asma. Achados de radiografia de seios da face ou cavum po-
dem sugerir alergia respiratória, como: hipertrofia de cornetos nasais e espes-
samento mucoso. A adequada coleta da história clínica e os achados do exame
físico podem sugerir diagnósticos associados ou alternativos, que explicam as
dificuldades no controle dos sintomas no paciente asmático com terapêutica
apropriada, investigação adicional com exames de imagem deve ser realizada.
Indicações de Radiografia de tórax em Asmáticos:
• Asma grave ou de difícil controle;
LER - Asma 94
• Suspeita clínica de aspergilose broncopulmonar alérgica, pneumonia eo-
sinofílica ou atelectasia devido à obstrução de muco;
• Asma moderada a grave de início recente em adultos acima de 40 anos
(excluir massa mediastinal ou insuficiência cardíaca);
• Sintomas atípicos: febre, produção crônica de expectoração purulenta,
sibilos fixos e localizados, hemoptise, perda de peso, baqueteamento di-
gital, estertores inspiratórios, hipoxemia na ausência de uma crise de
asma, obstrução moderada ou grave do fluxo aéreo que não é revertida
com broncodilatadores.
A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) permite avaliar
in vivo a parede das vias aéreas e alterações como espessamento brônquico,
enfisema, padrões em mosaico, permitindo identificar a extensão do remo-
delamento das vias aéreas nos asmáticos. A tomografia de tórax é realizada
quando anormalidades vistas na radiografia convencional precisam de maior
investigação como: bronquiectasia, bronquiolite obliterante, traqueomalácia
ou anomalias vasculares que comprometem as vias aéreas centrais (por exem-
plo, arco aórtico do lado direito e Artéria subclávia aberrante esquerda).
Associada ao exame nasal e aos testes cutâneos de hipersensibilidade ime-
diata, a tomografia de seios anteriores da face pode ajudar no diagnóstico de
polipose nasal e doença sinusal: doenças associadas e agravantes dos pacientes
asmáticos.
Testes alérgicos:
Os testes de alergia não são úteis para o diagnóstico de asma, mas podem
ser úteis para confirmar a sensibilidade aos gatilhos alérgicos suspeitos de sin-
tomas respiratórios e para orientar o manejo da asma.
Os testes cutâneos de alergia por puntura (prick) ou sorológicos por mé-
todo radio-imunoensaio ou imunoenzimático são efetuados para identificar
uma sensibilização do tipo IgE a alérgenos que causem sintomas de asma.
Incluem-se nos estudos, alérgenos inalados como os ácaros da poeira domés-
tica, barata, fungos, epitelio de gato entre os mais comuns, mas podem ser
testados alérgenos ocupacionais e alimentares, estes ultimos particularmente
em crianças.
A presença de atopia aumenta a probabilidade de um paciente com sinto-
mas respiratórios ter asma alérgica, mas isso não é específico para asma nem
está presente em todos os fenótipos de asma.
LER - Asma 95
O teste cutâneo com alérgenos ambientais comuns é simples e rápido de
realizar e, quando realizado por uma pessoa experiente com extratos padroni-
zados, é barato e tem alta sensibilidade. A medição de IgEs in vitro não é mais
confiável do que os testes cutâneos e é mais cara, mas pode ser preferida para
pacientes não cooperativos, aqueles com doença de pele disseminada ou se a
história sugerir um risco de anafilaxia.
A presença de positividade do teste cutâneo ou IgEs in vitro, entretanto, não
significa que o alérgeno esteja causando sintomas. A relevância da exposição
ao alérgeno e sua relação com os sintomas devem ser confirmadas pela histó-
ria do paciente.
Videolaringoscopia e Broncoscopia:
Pacientes em investigação de dispneia com suspeita clínica de diagnósticos
alternativos, com história de intubação prévia, cirurgias cervicais/torácicas ou
agressões das vias aéreas (explosão ou incêndio, ingestão acidental de ácidos,
broncoaspiração recorrente), crianças menores com indicadores clínicos de
malformações congênitas, devem realizar a avaliação complementar com vi-
deolaringoscopia, laringotraqueoscopia ou broncofibroscopia para excluir al-
terações anatômicas ou obstrutivas da laringe, traqueia e brônquios principais.
A broncoscopia rígida além de diagnóstica pode ser realizada como terapêu-
tica, como na retirada de corpos estranhos e desobstrução traqueobrônquica.
Videoendoscopia da Deglutição (VED):
A dificuldade no controle da asma é relatada em pacientes com queixas
de disfagia. Este exame poderá ser solicitado em pacientes asmáticos com
história de tosse, engasgos e disfagia recorrentes associados à alimentação.
Possibilita a avaliação da passagem dos alimentos, sejam líquidos, sólidos ou
pastosos, na região da laringe, orofaringe, rinofaringe e também visualização
de refluxo rinofaringeo. A VED pode ser realizada em crianças, adultos e ido-
sos em clínicas de otorrinolaringologia.
pHmetria de 24 h:
Esse exame é recomendado para pacientes asmáticos ou em investigação de
tosse persistente com características de doença do refluxo gastroesofágico. A
incidência do refluxo nestes pacientes, varia de 15 a 72% de acordo com o
procedimento empregado (sintomas clínicos, pHmetria ou manometria eso-
fágica). O tratamento específico do refluxo deve ser associado, porém nem
sempre melhora a asma.
LER - Asma 96
Dosagem de Cloro no suor:
Na investigação diagnóstica de crianças com queixas respiratórias em asso-
ciação com fezes com odor fétido frequente ou outras evidências de má ab-
sorção (por exemplo, comida ou óleo não digerido nas fezes), pneumonia re-
corrente, edema e/ou baixo ganho pôndero-estatural, uma dosagem de cloro
no suor abaixo dos valores de corte estabelecidos reduz a probabilidade do
diagnóstico de fibrose cística. Deve haver um limiar baixo para a realização
desse teste em crianças com esse quadro clínico, mesmo que a triagem neona-
tal seja negativa, pois a identificação de um paciente com fibrose cística tem
implicações importantes. A análise de mutação deve ser realizada mesmo se o
cloro no suor estiver abaixo dos valores de corte estabelecidos, caso haja forte
suspeita de fibrose cística pelo quadro clínico.
Estudo do escarro induzido:
Consiste na indução da expectoração pela inalação de solução salina hiper-
tônica administrada por nebulização, com finalidade de obter material para
estudo citológico de células presentes na inflamação das vias aéreas da asma
ou de outras patologias respiratórias. A presença de eosinofilia superior a 2
% no adulto e 2,5 % nas crianças suporta o diagnóstico de asma. No caso de
asma grave, sugere um fenótipo que pode beneficiar-se de doses elevadas de
corticoides ou outros agentes específicos.
Avaliação ultraestrutural dos cílios da mucosa respiratória:
É realizada através de biópsia da mucosa respiratória, sendo geralmente
de eleição a biópsia nasal por sua maior facilidade técnica. Esta pode ser
realizada através de cureta, no corneto médio ou inferior, ou pela técnica em
escovamento para investigar Discinesia ciliar primária.
Conclui-se, portanto, que a história e o exame físico, em conjunto com a es-
pirometria, costumam ser suficientes para estabelecer o diagnóstico de asma.
Diversas patologias que cursam com dispneia e sibilância recorrente podem
fazer parte do diagnóstico diferencial de asma, outras doenças sobrepostas po-
dem dificultar o controle dos sintomas nos pacientes asmáticos. Em pacien-
tes selecionados, a investigação com exames complementares específicos será
útil para excluir diagnósticos diferenciais ou identificar comorbidades, contri-
buindo para reduzir a morbimortalidade, principalmente na asma grave.
LER - Asma 97
Referências:
1. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
2. 2020 Focused Updates to the Asthma Management Guidelines: A Report
from the National Asthma Education and Prevention Program Coordi-
nating Committee Expert Panel Working Group.
3. Chung, Kian Fan et al. International ERS/ATS guidelines on definition,
evaluation and treatment of severe asthma. European respiratory jour-
nal, v. 43, n. 2, p. 343-373, 2014.
4. British Thoracic Society; Scottish Intercollegiate Guidelines Network.
British guideline on the management of asthma. Thorax, v. 58, n. Suppl
1, p. i1-94, 2003.
5. Pellegrino, R. Viegi G, Brusasco V, Crapo RO, Burgos F, Casaburi R,
Coates A, van der Grinten CP, Gustafsson P, Hankinson J, Jensen R,
Johnson DC, MacIntyre N, McKay R, Miller MR, Navajas D, Pedersen
OF, Wanger J. Interpretative strategies for lung function tests. Eur Respir
J, v. 26, p. 948-968, 2005.
6. Pizzichini, Marcia Margaret Menezes et al. Recomendações para o ma-
nejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia-2020.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 46, n. 1, 2020.
7. Dweik RA, Boggs PB, Erzurum SC, et al. An official ATS clinical practice
guideline: interpretation of exhaled nitric oxide levels (FENO) for clini-
cal applications. Am J Respir Crit Care Med 2011; 184:602.
8. Tavares, Beatriz. Laboratory evaluation in the diagnosis of severe asthma:
Artigo de Revisão. Rev. bras. alerg. imunopatol. 29(03): 117-122. 2006 by
ASBAI.
9. Papadopoulos, N. G. et al. International consensus on (ICON) pediatric
asthma. Allergy, v. 67, n. 8, p. 976-997, 2012.
10. Toledo, MF, Adde, FV. Discinesia ciliar primária na infância. J. pediatr.
(Rio J.). 2000; 76(1): 9-16.
LER - Asma 98
CAPÍTULO 12
LER - Asma 99
É importante ressaltar, portanto, que o termo “crise de broncoespasmo” não
cabe no contexto da SLS, pois os mecanismos fisiopatológicos são diversos, e
não necessariamente há espasmo brônquico associado. Dessa forma, o termo
crise de sibilância, sendo mais abrangente, é o mais apropriado nessa situação.
Definição:
A definição da SLS varia na literatura. Em geral, refere-se a bebês com2-4:
• Três ou mais episódios de sibilância em um ano, ou
• Dois ou mais episódios de sibilância em um período de seis meses, ou
• Sibilância contínua com duração maior ou igual a um mês.
Sendo um diagnóstico sindrômico e uma denominação genérica, requer
acompanhamento e esclarecimento da causa da sibilância, para uma aborda-
gem terapêutica adequada.
Faz-se necessária a certificação, durante o acompanhamento médico, se o
“barulho” ou “chiado” referido pela família seja de fato o sibilo, pois pode
haver confusão desse som com roncos de transmissão nasal, estridor ou secre-
ções respiratórias 8.
Fatores de risco para sibilância recorrente nos lactentes:
A SLS pode ser o resultado de uma complexa interação de fatores genéticos
(endógenos) e ambientais (exógenos). A sibilância pode ser desencadeada por
múltiplos fatores. Apesar de avanços contínuos sobre o tema, a compreensão
exata dos mecanismos ainda precisa ser melhor esclarecida.
A literatura aponta fatores de risco para a sibilância recorrente nas crianças,
sendo alguns citados abaixo(1-5,8-10).
Vírus: infecções virais, especialmente a exposição precoce ao Vírus Sinci-
cial Respiratório (VSR) e ao Rinovírus, estão associadas à sibilância recorrente
no lactente. Estudos apontam uma associação entre infecções respiratórias
agudas virais durante os primeiros anos de vida e sibilância recorrente/ asma
nos anos subsequentes, mas não é possível afirmar que a relação seja causal.
Exposição ao tabaco: há associação de sibilância em lactentes com tabagismo
materno durante a gestação ou de tabagismo passivo nos primeiros meses de
vida, com níveis elevados de citocinas inflamatórias e redução do calibre das
vias aéreas nesses bebês.
Comuns:
• Asma,
• Hiperresponsividade brônquica transitória associada a vírus, bron-
quiolite viral,
• Síndromes aspirativas recorrentes (como: doença do refluxo gas-
troesofágico, incoordenação à deglutição em prematuros ou bebês
com encefalopatia).
Menos frequentes:
• Corpo estranho,
• Fibrose cística,
• Displasia broncopulmonar,
• Imunodeficiência,
• Cardiopatias,
• Anomalias vasculares,
• Massas mediastinais,
• Anomalias traqueobrônquicas,
• Bronquiolite obliterante,
• Tuberculose,
• Síndrome de Löeffler.
Fontes: Toro AADC, Ribeiro JD. 2019; Reisman JJ, Canny GJ, Levinson
H.1993; GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
Referências:
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Medical Associates. N Engl J Med. 1995 Jan 19;332(3):133-8.
2. Chong Neto HJ, Rosário NA. Wheezing in infancy: epidemiology, inves-
tigation, and treatment. J Pediatr (Rio J). 2010;86(3):171-178.
3. Toro AADC, Ribeiro JD. Síndrome do Lactente Sibilante. In: Rodrigues
JC, Adde FV, da Silva Filho LVRF, Nakaie CMA. Doenças Respiratórias.
Pediatria – Instituto da Criança/ Hospital das Clínicas USP, 3a. ed. Ba-
rueri, SP: Manole, 2019. p.392-75.
4. Diretrizes da ASBAI e SBP para sibilância e asma no pré-escolar – Chong
Neto HJ et al Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 2, 2018.
5. Stokes JR, Bacharier LB. Prevention and treatment of recurrent viral-in-
duced wheezing in the preschool child. Ann Allergy Asthma Immunol.
2020 Aug;125(2):156-162.
6. Bates B, Bickley LS, Hoekelman RA. Propedêutica médica. 6a ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
7. Reisman JJ, Canny GJ, Levinson H. Wheezing in infants and young chil-
dren In: Tinkelman DG, Naspitz CK, ed. Childhood asthma. Pathophys-
iology and treatment. 2ª ed. New York: Marcel Dekker; 1993.
8. Bacharier LB, Boner A, Carlsen KH, Eigenmann PA, Frischer T, Götz M,
Helms PJ, Hunt J, Liu A, Papadopoulos N, Platts-Mills T, Pohunek P, Si-
mons FE, Valovirta E, Wahn U, Wildhaber J; European Pediatric Asthma
Group. Diagnosis and treatment of asthma in childhood: a PRACTALL
consensus report. Allergy. 2008 Jan;63(1):5-34.
AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL E MANEJO DA ASMA
EM MENORES DE 5 ANOS
Exames laboratoriais:
Testes para pesquisa de alérgenos:
• A pesquisa de IgE específica (ou teste cutâneo) negativa não exclui o
diagnóstico de asma. No entanto, a positividade da sensibilização, é o
melhor fator preditivo para o desenvolvimento de asma persistente2.
• Investigação de IgE pelo CRD (Component Resolved Diagnosis), bus-
cando a sensibilização específica a um determinado componente de um
alérgeno.
Testes de função pulmonar - Espirometria
• Mede fluxos e volumes através de manobras de expiração rápida3.
• Apesar de ser um exame indicado para crianças a partir de 6 anos, algu-
mas crianças pré-escolares conseguem realizá-lo.
• Nos lactentes só é realizado em centros de pesquisa.
• Em 2007 a American Thoracic Society/ European Respiratory Society
publicaram diretrizes parar aceitabilidade e reprodutividade de espiro-
metria em crianças pré-escolares, reforçando a importância dos volumes
expiratórios forçados no 0,5 e 0,75 segundos (FEV0,5 e FEV0,75)4.
• A expiração muitas vezes termina em menos de 1 segundo, fazendo o
uso dos parâmetros VEF0,5 e VEF0,75 da capacidade vital forçada (CVF)
serem válidos para detectar uma função pulmonar anormal nessa faixa
etária5,6.
Marcadores inflamatórios:
Óxido Nítrico exalado (FeNO)
• Corrobora com o diagnóstico de asma, define a gravidade da doença e a
aderência do paciente ao tratamento8. É útil para detectar a inflamação
eosinofílica nas vias aéreas1.
• FeNO ≥ 35 ppb é encontrado na inflamação brônquica9.
• Em pré-escolar com tosse ou sibilância e FeNO aumentado, após 4 sema-
nas de uma infecção de vias aéreas superiores, é preditivo de diagnóstico
de asma na idade escolar, independente da história clínica e presença de
IgE específica.
• Ainda é um exame pouco disponível no Brasil.
O diagnóstico de asma nas crianças menores que 5 anos é baseado na his-
tória clínica, no exame físico e na resposta ao tratamento.
Diagnóstico Diferencial:
Antes da confirmação do diagnóstico de asma, nas crianças menores que 5
anos, é importante considerar e excluir outras patologias que podem se mani-
festar com sibilância, tosse e desconforto respiratório.
Patologia Clínica
Infecções virais re- Principalmente tosse, congestão nasal e coriza
correntes de vias aéreas por menos que 10 dias; sem sintomas entre as
superiores infecções.
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
Avaliação:
O monitoramento do paciente asmático é realizado através de:
• Parâmetros subjetivos: diário de sintomas e questionários baseados em
escores clínicos.
• Parâmetros objetivos: espirometria, teste de hiperreatividade brônquica
e biomarcadores inflamatórios das vias aéreas (óxido nítrico exalado)10,
o que é uma realidade dos laboratórios de pesquisa.
A avaliação clínica é realizada através de uma história detalhada, procuran-
do-se saber a frequência dos sintomas, alterações do sono, limitação de ativi-
dades e utilização de medicamentos de resgate nas últimas 4 semanas.
É importante a verificação periódica da adesão ao tratamento, da técnica
inalatória e da existência de comorbidades10.
Referências:
1. Papadopoulos NG, Arakawa H, Carlsen KH, Custovic A, Gern J, Le-
manske R et al. International consensus on (ICON) pediatric asthma.
Allergy, v.67, p.976 -997, 2012.
2. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
3. Salviano L, Sad IR, Lisboa S. Avaliação do teste espirométrico em pré-es-
colares na unidade hospitalar. Rev Ped SOPERJ, v.17 n.2, 2017.
4. Beydon, N et al. An official American Thoracic Society/European Respi-
ratory Society statement: pulmonary function testing in preschool chil-
dren. Am J Respir Crit Care Med., v. 175, n. 12, 2007.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
NO ADULTO
Referência:
1. Fanta CH, MD. Asma em adolescentes e adultos: avaliação e diagnóstico.
Editores de seção: Barnes PJ, DM, DSc, FRCP, FRS, Bruce S Bochner,
MD. Editor-adjunto: Hollingsworth H, MD. Reimpressão oficial do Up-
ToDate ® www.uptodate.com © 2021 UpToDate, Inc. e / ou suas afilia-
das. Todos os direitos reservados. Revisão da literatura atual até: junho
de 2021. | Última atualização deste tópico: 29 de janeiro de 2020.
IDENTIFICAÇÃO E MANEJO DA
EXACERBAÇÃO DA ASMA NA
CRIANÇA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
LAMA
Crianças maiores de 5 anos que não possuem plano de ação ou que bus-
cam atendimento na atenção primária:
História clínica, exame físico e iniciar o tratamento. Exacerbações leves
podem ser conduzidas na atenção primária, dependendo dos recursos e da
experiência do profissional.
• A história clinica pode incluir: tempo e causa da exacerbação, gravidade
dos sintomas, risco de anafilaxia, risco de asma fatal, uso de medicações
de controle, doses, adesão ao tratamento bem como se houve alguma
mudança recente no mesmo e resposta ao tratamento.
• No exame físico devem ser observados: sinais e sintomas de exacerbação
grave.
Avaliar critérios de gravidade (Quadro 3) e na presença de um ou mais
sinais de exacerbação grave, iniciar o tratamento enquanto aguarda transfe-
rência para o hospital.
Falha do tratamento após 1 a 2 horas com uso de salbutamol, impossibili-
dade de supervisão médica na atenção primária ou recorrência dos sintomas
em 48 horas também são indicações de transferência para o hospital.
Referências:
1. Firmida M, Borgli D. Abordagem da exacerbação da asma em pediatria.
– Revista de Pediatria SOBERJ. 2017;17(supl 1)(1):36-44
2. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
3. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneu-
mologia e Tisiologia-2020 J Bras Pneumol. 2020;46(1):e20190307 ht-
tps://doi.org/10.1590/1806-3713/e20190307
Anexo A:
MODELO DE PLANO DE AÇÃO MODIFICADO DA INICIATIVA
GINA2
Se sua asma estiver bem controlada:
Você precisa inalar medicação de alívio menos que 3 vezes por semana, você
não desperta com asma e sua asma não provoca limitações de suas atividades.
A sua medicação de controle é: ________________ (nome)
_________________(apresentação)
Faça ________ jatos/cápsulas ________________ vezes, TODOS OS
DIAS, com espaçador.
( ) use máscara acoplada ao espaçador
MEDIDAS DE SUPORTE NA
EXACERBAÇÃO DA ASMA
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO
DA ASMA NA INFÂNCIA
Fontes: Pizzichini MMM et al. 2020; Global Initiative for Asthma. Global
Strategy for Asthma Management and Prevention, 2020. Available from:
www.ginasthma. Org.
Fontes: Pizzichini MMM et al. 2020; Global Initiative for Asthma. Global
Strategy for Asthma Management and Prevention, 2020. Available from:
www.ginasthma. Org.
Fontes: Pizzichini MMM et al. 2020; Global Initiative for Asthma. Global
Strategy for Asthma Management and Prevention, 2020. Available from:
www.ginasthma. Org.
BUD DPI cápsulas (15 e 60) Busonid caps 200 ou 400 µg ≥ 6 anos
Aerolizer (30 e 60) Miflonide
FTC Discus (60) Flixotede 50 ou 250 µg ≥ 4 anos
FTC (HFA) DPD (60) Flixotide spray 50 µg ≥ 1 ano
250 µg ≥ 4 anos
MOM DPI – cápsulas (60) Oximax 200 ou 400 µg ≥ 12 anos
Corticoide Inalatório em combinação com LABA
FORM + BUD Aerocaps cápsula única Alenia 6∕ 100 ou ≥ 4 anos
(15∕ 30∕ 60)
6∕ 200 µg
FORM + BUD Aerolizer cápsulas sepa- Foraseq 12∕ 400 µg ≥ 6 anos
radas (60)
FORM + BUD Turbuhaler (60) Symbicort; 6∕ 100 µg ≥ 6 anos
Vannair spray 6∕ 200 µg
FORM + BUD DPD (120) Symbicort; 6∕ 100 µg ≥ 6 anos
(HFA)
Vannair spray 6∕ 200 µg ≥ 12 anos
FORM + BUD DPD (120) Symbicort; 6∕ 100 µg ≥ 6 anos
(HFA)b
Vannair spray 6∕ 200 µg ≥ 12 anos
FORM + BDP b
Next (120) Fostair IPD 6∕ 100 µg ≥ 18 anos
Nas crianças menores que 6 anos, com infecções virais infrequentes, e pouco
e ou nenhum sintoma na intercrise, usar somente SABA sob demanda; aque-
les que apresentarem sintomas consistentes com asma, com > de 3 exacerba-
ções por ano, pode-se iniciar CI em baixa dose, ou LTRA, ou usar CI baixa
dose de forma intermitente somente quando necessário; aqueles que não te-
Referências:
1. Difficult-to-Treatment & Severe Asthma in adolescent and adults pa-
tients. Diagnosis and management.V2.0 April 2019 @ Global Initiative
for Asthma, 2019.WWW.ginasthma.org.
2. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
3. Pizzichini MMM, Carvalho-Pinto RM, Cançado JED, Rubin AS et al.
Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneu-
mologia e Tisiologia - 2020. J Bras Pneumol. 2020;46(1):e20190307.
4. Mauad T, Dolhnikoff M, Ferreira DS, Simões SM, Souza-Machado A.
Imunopatologia e Remodelamento na Asma Grave. Gaz. méd. Bahia
2008;78 (Suplemento 2):75-85.
5. Pedersen SE, Hurd SS, Lemanske RF Jr, Becker A, Zar HJ, Sly PD, So-
to-Quiroz M, Wong G, Bateman ED; Global Initiative for Asthma. Glo-
bal strategy for the diagnosis and management of asthma in children 5
years and younger. Pediatr Pulmonol. 2011 Jan;46(1):1-17. doi: 10.1002/
ppul.21321. Epub 2010 Oct 20. PMID: 20963782.
This is not a table of equivalence, but instead, suggested total daily doses for the “low”, “médium” and “high”
dose ICS options for adults/ adolescents, p.54 and children 6-11 years, p.55, based on Available studies and
product information. Data on comparative potency are not readily available and therefore this table does NOT
imply potency equivalence. Doses may be country-specific depending on local availability, regulatory labelling
and clinical guidelines.
Low dose ICS provides most of the clinical benefit of ICS for most patients with asthma. However, ICS respon-
siveness varies between patients, so some patients may need medium dose ICS if their asthma is uncontrolled,
or they have ongoing exacerbations, despite good adherence and correct technique with low dose ICS (with or
without LABA). High dose ICS (in combination with LABA or separately) is needed by very few patients, and
its long-term use is associated with an increased risk of local and systemic side-effects, which must be balanced
against the potential benefits.
Daily doses in this table are shown as metered doses. See product information for delivered doses.
Adults and adolescents (12 years and older) Total daily dose (mcg)
Inhaled corticosteroid Low Medium High
Beclometasone dipropionate (pMDI, standard particle, HFA) 200-500 >500-1000 >1000
Beclometasone dipropionate (pMDI, extrafine particle*, HFA) 100-200 >200-400 >400
Budesonida (DPI) 200-400 >400-800 >800
Ciclesonide (pMDI, extrafine particle*, HFA) 80-160 >160-320 >320
Fluticasone furoate (DPI) 100 200
Box 1.5 (continued). Differential diagnosis of asthma in adults, adolescents and children 6-11 years
All ages Chronic cough, hemoptysis, dyspnea: and/or fatigue, fever, (ni- Tuberculosis
ght) sweats, anorexia, weight loss
Any of the above conditions may also contribute to respiratory symptoms in patients with confirmed asthma.
GINA
Sintomas diurnos > 2 vezes por sema-
na
Nenhum item 1 – 2 itens 3 – 4 itens
Despertares noturnos por asma
Medicação de resgate > 2 vezes por
semana
Limitação de atividade física por asma
ACQ-7 *
Número de despertares noturnos∕
noite
Intensidade dos sintomas
≤ 0,75 0,75 a < 1,5 >1,5
Limitação das atividades por asma
Intensidade da dispneia
Sibilância (quanto tempo)
Medicação de resgate
VEF1 pré broncodilatador
ACT
Limitação das atividades por asma
Despertares noturnos por asma ≥ 20 15 – 19 ≤ 15
Medicação de resgate
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
Referências:
1. Protocolo de Asma Grave da SES/DF
2. GINA – Global Initiative for Asthma. Update 2020 www.ginasthma.com.
3. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. IV Diretrizes Brasilei-
ras para o manejo da asma. J Bras Pneumol 2006; 32(supl 7):S447-S474.
4. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o
Manejo da Asma – 2012.
MANEJO DA ASMA EM
COMORBIDADES E EM
POPULAÇÕES ESPECÍFICAS:
Em 2015, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA começou a su-
pervisionar a eliminação progressiva das categorias de risco de gravidez (A, B,
C, D e X) da rotulagem de medicamentos prescritos e começou a existir infor-
mações de estudos disponíveis em humanos e animais de (1) reações adversas
maternas ou fetais conhecidas ou potenciais e (2) ajustes de dose necessários
durante a gravidez e o período pós-parto. Informações adicionais estão dispo-
níveis no site da FDA. Regra final de Rotulagem de Gravidez e Lactação.
Reproduzido com permissão de: Lexicomp Online. Copyright 1978-2021
Lexicomp, Inc. Todos os direitos reservados.
Os princípios gerais do tratamento para asma durante a gravidez são seme-
lhantes aos de pacientes não grávidas e envolvem uma abordagem gradual
para alcançar e manter o controle da asma, conforme recomendado pelas
diretrizes nacionais e internacionais (GINA).
3 - Obesidade:
A asma em pacientes obesos costuma ser grave e de difícil controle. E isso se
deve a uma inter-relação complexa de fatores biológicos, fisiológicos e ambien-
tais. De tal forma que a obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento
de asma, e a asma pode aumentar o risco de desenvolver obesidade. Apresen-
tam maior risco de exacerbações. Os sintomas costumam ser os mesmos dos
pacientes asmáticos não obesos, porém, a gravidade dos sintomas, em especial
a dispneia, possa ser maior nos pacientes obesos.
Sintomas esofágicos:
Azia
Regurgitação
Água impetuosa*
Disfagia
Sintomas extraesofágicos:
Dor de garganta
Asfixia
Rouquidão
Erosões dentárias
Dor no peito
Dor cervical
Sintomas de asma agravados com:
Comendo
Álcool
Sintomas de refluxo
Posição supina
Teofilina
Agonistas beta-adrenérgicos sistêmicos
*Pirose idiopática ou hipersalivação
Fonte: Gráfico 55234 Versão 2,0 2021 UpToDate, Inc. e ∕ ou suas afiliadas.
Todos os direitos reservados.
5 - Ansiedade e depressão:
Existe, de longa data, associação entre asma grave e transtornos psiquiátri-
cos. E a Ansiedade e depressão presentes em maior grau em pessoas com asma
grave, quando comparados com a população em geral.
Referências:
1. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia no site www.sbpt.org.
br – Diretrizes para o tratamento da Asma 2020.
2. Schatz M, MD, MS, Bochner BS, MD, Weinberger SE, MD. Manage-
ment of asthma during pregnancy – UpToDate. Section Editors: Bochner
SB, MD, Lockwood CJ, MD, MHCM. Deputy Editor: Hollingsworth H,
MD. Contributor Disclosures. Literature review current through: May
2021. | This topic last updated: Aug 10, 2020.
3. Kemp SF, MD, deShazo RD, MD. Relationships between rhinosinusitis
and asthma – UpToDate. Section Editor: Jonathan Corren, MD. Deputy
Editor: Anna M Feldweg, MD. Literature review current through: May
2021. | This topic last updated: Mar 05, 2021.
4. Dixon AE, BM, BCh, Sharmilee, Nyenhuis SM, MD. Obesity and as-
thma – UpToDate. Section Editor: Kraft M, MD. Deputy Editor: Hollin-
gsworth H, MD. Literature review current through: May 2021. | This
topic last updated: Jun 24, 2021.
5. Harding SM, MD, FCCP, AGAF. Gastroesophageal reflux and asthma –
UpToDate. Section Editor: Barnes PJ, DM, DSc, FRCP, FRS. Deputy Edi-
tor: Helen Hollingsworth, MD. Literature review current through: May
2021. | This topic last updated: Oct 23, 2019.
Epidemiologia
Enquanto a asma afeta de 1 a 13% da população, a prevalência média de
asma ativa no Brasil para crianças entre 6 e 7 anos é de 23,3% 6 e de sintomas
de asma entre adolescentes é de 20% 2.
Já a prevalência de AOS é de 4 a 24% em homens e de 2 a 9% em mulheres7,
sendo na criança estimada de 1 a 5%, mas que pode ser mais alta devido a
epidemia de obesidade na faixa-etária pediátrica3,5. Embora em lactentes e
adolescentes a prevalência seja desconhecida, na criança pré-puberal ocorre
igualmente entre meninos e meninas. Em crianças saudáveis é mais comum
na idade pré-escolar (associada a hipertrofia adenotonsilar) e nos adolescentes
(em associação com obesidade) 3.
Em relação aos pacientes asmáticos, 29,6% destes tem AOS, ou seja, a pre-
valência da AOS nos asmáticos é maior do que na população geral. Os asmá-
ticos com AOS apresentam risco aumentado de 3,6 vezes de ter asma grave no
seguimento em 12 meses 4. Já outro estudo encontrou maior prevalência de
AOS em pacientes com asma moderada e não controlada 8, chegando a 49%
de acometimento nos pacientes com asma grave.
Fisiopatologia
Diagnóstico
O diagnóstico de asma é baseado na história clínica e quando possível,
confirmado pela espirometria (VEF1) e/ou pico de fluxo expiratório (PFE)
1
. Já o padrão-ouro para o diagnóstico dos distúrbios respiratórios do sono e
classificação de gravidade é a polissonografia (PSG) noturna, idealmente com
capnografia, quando realizado em crianças, em laboratório de sono com pes-
soal e equipamento especializado (PSG tipo I) 5. Embora sejam menos sensí-
veis e específicas que a PSG tipo I, pode-se utilizar exames alternativos como,
Tratamento
Sabe-se que a educação em asma e o manejo farmacológico criterioso são
fundamentais para o controle da doença, e este pode sofrer influência de
diversos fatores como a presença de comorbidades, especialmente a AOS 2.
Prática clínica
Tanto asma como AOS são doenças respiratórias inflamatórias, comuns
e que se associam com morbidade em longo prazo se não diagnosticadas e
tratadas.
Portanto, principalmente, indivíduos com asma moderada, grave, mal con-
trolada e com rinite alérgica associada deveriam ser submetidos a uma tria-
gem com história clínica e questionário para AOS, com ênfase na presença
de ronco, sonolência diurna excessiva, comportamento hiperativo e falta de
atenção, além de alterações na respiração durante o sono.
Após triagem positiva, deveriam ser avaliados para confirmação do diagnós-
tico do distúrbio respiratório do sono e sua gravidade, por meio de estudos do
sono e no caso das crianças, quanto à presença de hipertrofia adenotonsilar
e, em caso positivo, ser encaminhada ao médico especialista em sono que
indicaria a polissonografia noturna.
Referências:
1. Global Initiative for Asthma [home page on the internet]. Global Strategy
for Asthma Management and Prevention (update 2020). [Adobe Acrobat
document, 211 p.]. Available from:https://ginasthma.org/gina-reports/.
2. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneu-
mologia e Tisiologia 2020. J Bras Pneumol.2020;46(1):e20190307.
3. American Academy of Sleep Medicine. International classification of
Sleep Disorders, 3rd edn. American Academy of Sleep Medicine, Darien,
IL, 2014.
4. Trivedi M, Mallah ME, Bailey E, Kremer T, Rhein LM. Pediatric
obstructive sleep apnea and asthma: clinical implications. Pediatr
Ann.2017;46(9):e332-e335.
Definição
Sobreposição asma-DPOC (ACO) é uma síndrome compreendida de carac-
terísticas clínicas e biológicas tanto de asma quanto de DPOC. Embora cada
vez mais reconhecida como uma entidade clínica associada com alta morbi-
dade, um consenso na definição de ACO ainda não existe2. Resumidamente,
a ACO pode ser descrita como uma condição em pacientes com asma e carac-
terísticas de DPOC (especialmente, obstrução ao fluxo aéreo parcialmente re-
versível) ou uma condição em pacientes com DPOC e características de asma
(resposta ao broncodilatador e hiperresponsividade brônquica)3.
Epidemiologia
A maioria dos estudos sugere que a prevalência da ACO varia entre 1,1%
a 4,5% na população em geral, mas é consideravelmente maior nas po-
pulações de asma e DPOC, com uma prevalência relatada de 27% e 33%
respectivamente1.
Temos poucos dados nacionais, porém foi realizado estudo observacional
seccional-cruzado com 202 pacientes idosos. Esses indivíduos foram subme-
tidos ao módulo de asma do International Study of Asthma and Allergies in Chil-
Avaliação
Apesar da compreensão limitada da síndrome, em 2015, a Global Initiative
for Asthma (GINA) e o GOLD divulgaram uma declaração na qual sugerem
que os médicos determinem qual das características que mais facilmente dis-
tingue entre asma e DPOC durante a avaliação clínica5,6,7.
Na edição do GOLD-2020, uma das principais modificações dos autores é
não mais se referir à sobreposição de asma e DPOC (ACO), mas enfatizar que
asma e DPOC são diferentes enfermidades. Além disso, trazem informações
sobre o papel dos eosinófilos como biomarcadores da eficácia dos corticoste-
roides inalados em DPOC para prevenção de exacerbações7. Ambas, asma e
DPOC estão associadas a uma inflamação crônica do trato respiratório, há
diferenças nas células inflamatórias e mediadores envolvidos em cada uma
delas, mas alguns pacientes com DPOC tem um padrão de inflamação com
eosinofilia7.
Alguns passos têm sido propostos para avaliação de pacientes com ACO. O
GINA propõe uma abordagem em etapas para pacientes com sintomas respi-
ratórios com o objetivo principal, com base nas evidências atuais, de orientar
sobre diagnóstico, tratamento inicial seguro e encaminhamento quando ne-
cessário, resumindo as principais características da asma típica, DPOC típica
e ACO6.
A primeira etapa é identificar os pacientes em risco ou com probabilidade
significativa de ter doença crônica das vias aéreas e excluir outras causas po-
tenciais de sintomas respiratórios. Deve-se considerar na história clínica a his-
tória de tosse crônica ou recorrente; infecções agudas repetidas do trato respi-
ratório inferior; diagnóstico prévio de asma ou DPOC; tratamento anterior
com medicamentos inalados; tabagismo e exposição a riscos ambientais6.
Redução pós-BD VEF1/ Indica limitação do Necessário para o diag- Necessário para o diag-
CVF (< abaixo do limite fluxo de ar, mas pode nóstico de DPOC nóstico de ACO
de normalidade ou < 0.7 melhorar espontanea-
(GOLD)) mente
ou durante o trata-
mento
VEF1 ≥ 80% do previsto Compatível com diag- Compatível com limi- Compatível com limita-
pós-BD nóstico de asma (asma tação persistente leve ção persistente leve do
controlada ou interva- do fluxo aéreo se pós fluxo aéreo se pós – BD
lo entre sintomas) – BD VEF1/CVF é VEF1/CVF é reduzida
reduzida
VEF1 < 80% do previsto Compatível com diag- Um indicador de seve- Como DPOC e Asma
pós-BD nóstico de asma. ra limitação de fluxo
aéreo e risco de even-
Risco de exacerbações tos futuros (ex: morta-
lidade e exacerbações)
Aumento no VEF1 pós- Comum em algum comum e mais prová- comum e mais provável
-BD >12% e 200 mL da momento no curso da vel quando VEF1 é quando VEF1 é baixo
linha de base (limitação asma, mas pode não baixo
reversível do fluxo aéreo) estar presente em asma
controlada ou em con-
trole terapêutico
Aumento no VEF1 pós- Alta probabilidade de Raro em DPOC Compatível com ACO
-BD >12% e 400 mL da asma
linha de base (reversibili-
dade marcada)
Diagnóstico
Para o diagnóstico de ACO podem ser utilizados 3 critérios3:
Projeto Latino-Americano de investigação em Obstrução Pulmonar
(PLATINO)3,8:
• DPOC é classificada como a relação VEF1/CVF < 0,70
pós-broncodilatador;
• Asma é classificada como:
• Relato de sibilância nos últimos 12 meses e resposta de VEF1 ou CVF
ao broncodilatador (≥ 200 mL e ≥ 12%),
• Ou relato de diagnóstico prévio de asma;
• ACO é definido como a combinação dos critérios de DPOC e asma.
O segundo critério foi estabelecido pela American Toracic Society (ATS)3,9,10
Histórico de asma antes dos 40 anos de idade Contagem de eosinófilos em sangue periférico
ou resposta de VEF1 ao broncodilatador (> 400 ≥ 300 células/mm3
mL)
Para o diagnóstico de ACO: presença dos 3 critérios maiores e ao menos 1 critério menor
Início da terapia
Terapia não farmacológica
Essas medidas não têm sido avaliadas em populações com ACO, sua eficá-
cia tem sido demonstrada independentemente em DPOC e asma, e elas de-
veriam ser contempladas em todos os pacientes com características de ambas
as doenças1:
Farmacoterapia
Devido a heterogeneidade da ACO e a ausência de consenso na sua defi-
nição, a terapia dessa doença é baseada no tratamento de ambas as doenças
subjacentes asma e DPOC.
Identificar as comorbidades subjacentes é chave porque evidências crescen-
tes mostram que elas podem exercer um considerável efeito em pacientes com
ACO, assim considerar diagnósticos, tais como doença do refluxo gastroeso-
fágico, osteoporose, doença cardiovascular e depressão é essencial.
Terapia para doença leve a moderada em paciente com doença crônica da
via aérea, incluindo asma e DPOC é centrado na terapia inalatória (Fig 1.)
Macrolídeos
Os macrolídeos têm sido úteis em várias doenças pulmonares crônicas. Na
asma e no DPOC, vários estudos têm mostrado providenciar benefícios rela-
cionado a exacerbações e outros resultados. Os mecanismos explicando esses
benefícios são incompletamente conhecidos. As propriedades antimicrobia-
nas desses compostos podem ser úteis em certos casos. As propriedades anti-
-inflamatórias dos macrolídeos também são importantes.
Portanto, azitromicina pode ser considerada como terapia adjuvante em
paciente com ACO. No entanto, essa terapia deve ser reservada para pacien-
tes cujas condições permanecem descontrolada a despeito do corticosteroide
inalado + LABA, naqueles cuja condição tem falhado em responder a ou-
tras terapias ou naqueles em risco para futuras exacerbações. Terapia a longo
prazo com uso de azitromicina tem sido ligada a aumento da resistência anti-
microbiana, e avaliação de risco-benefício deve ser feita antes de iniciar essa
terapia. Triar pacientes para o risco de arritmias cardíacas e problemas audi-
tivos e monitorar de perto após iniciar é recomendado se a decisão de iniciar
azitromicina é feita1.
Inibidores de fosfodiesterase
Teofilina, um inibidor não seletivo de fosfodiesterase, foi uma das primei-
ras medicações usadas no tratamento de pacientes com doenças crônicas
das vias aéreas, e de fato, é ainda usada no mundo todo em formas leves de
asma e DPOC. Nos últimos anos foram desenvolvidos inibidores seletivos
que são mais seguros e mais efetivos trazendo benefícios ao tratamento desses
pacientes.
O inibidor oral de fosfodiesterase-4 roflumilaste tem sido efetivo na me-
lhora da função pulmonar e diminuição do índice de exacerbações num sub-
grupo de pacientes com DPOC. Na asma, roflumilast tem mostrado melhora
consistente da função pulmonar. Nenhum dado existe sobre o seu uso em
pacientes com ACO. Porém, os achados dos estudos em asma e DPOC, e seus
Biológicos
Anticorpos monoclonais direcionados à inflamação T2 na asma grave tem
sido os mais bem sucedidos, e 5 anticorpos monoclonais diferentes estão agora
aprovados para o tratamento asma eosinofílica e alérgica. Biomarcadores, tais
como imunoglobulina E, contagem de eosinófilos periféricos e óxido nítrico
exalado podem identificar pacientes que se beneficiam dessa terapia1.
Devido ao sucesso na asma, estratégia semelhante tem sido tentada em pa-
cientes com DPOC com características fenotípicas que podem predizer uma
resposta favorável (inflamação T2 e características eosinofílicas). Os resultados
são discrepantes. Em estudo recente, benralizumab foi utilizado em pacientes
com DPOC moderado a grave e contagem de eosinófilos periféricos maior
do que 220 células/µl. Uma tendência para melhora no índice anual de exa-
cerbações foi visto comparado com o placebo. Porém, nenhuma diferença
significativa foi observada com respeito a função pulmonar e sintomas respi-
ratórios12. Estudo com mepolizumab foi realizado em pacientes com DPOC.
Uma parte do trabalho foi feito em pacientes com fenótipo eosinofílico. O
índice anualizado de exacerbações foi menor no grupo mepolizumab compa-
rado com o placebo, mas não atingiu significado estatístico13. O Food and Drug
Administration (FDA) concluiu que a magnitude e consistência dos benefícios
não foram suficientes para aprovar o uso do mepolizumab em DPOC14. Em
suma o direcionamento para a via da IL-5 não melhora consistentemente re-
sultados no DPOC, mesmo naqueles com uma história de exacerbações e um
fenótipo eosinofílico.
Realizou-se um estudo de vida real e observacional que objetivou avaliar
a efetividade do omalizumab após 48 semanas de terapia. Na análise, esses
pacientes com e sem características sobrepostas (ACO) tiveram melhoras simi-
lares nos índices de exacerbações e controle da asma. Por outro lado, devido
a limitações inerentes a estudos de vida real, esses dados devem ser interpre-
tados com cautela15.
Prognóstico
Descobertas recentes mostram que pacientes com ACO têm uma qualidade
inferior de vida e sofrem mais complicações do que os afetados por asma e
DPOC isolados. Da mesma forma, aqueles pacientes com ACO também têm
uma maior incidência de sintomas da doença, incluindo sintomas respira-
tórios e limitação de atividade; independente da gravidade da limitação do
fluxo aéreo. Por isso não é surpreendente descobrir que as comorbidades são
comuns neste grupo de doenças e, quando comparado com DPOC, ACO
leva a mais hospitalizações e visitas ao pronto-socorro. Em um estudo, doen-
ças cardiovasculares em ACO foram os maiores fatores para hospitalização e,
curiosamente, ACO também foi associado a disparidades sociais significativas
em comparação a outras doenças pulmonares9.
Referências:
1. Maselli DJ, Hanania NA. Management of asthma COPD overlap.
Ann Allergy AsthmaImmunol.2019;123(4):335-344. https://doi.or-
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2. Sharma S, Khurana S, Federman AD, Wisnivesky J, Holguin F. As-
thma-Chronic Obstructive Pulmonary Disease Overlap. Immunol
Allergy Clin North Am. 2020;40(4):565-573. https://doi.org/10.1016/j.
iac.2020.07.002
Etiologia
Fatores do hospedeiro: genética; Fatores do hospedeiro: genética
Fatores ambientais: alérgicos, infecções, ocupacionais, Fatores ambientais: poluição e tabagismo
poluição, clima, exercício físico, alimentos, medica-
mentos.
Faixa Etária
Crianças e adultos Adultos
Quadro Clínico
Tosse, dispneia, sibilância, roncos, desconforto toráci- Tosse produtiva, pigarros, dispneia, sibilos, cianose, cor
co, uso de musculatura acessória, silêncio torácico, pul- pulmonale, caquexia.
so paradoxal > 15mmHg
Diagnóstico Diferencial
Vide Capítulo 5 Bronquiectasia, Tuberculose, Fibrose Pulmonar, Insu-
ficiência Cardíaca, Derrame Pleural, TEP, Câncer de
Pulmão, Pneumotórax.
Tratamento
Vide Capítulo 5 Broncodilatadores, corticosteroides e antibioticotera-
pia, se necessário, nas exacerbações; reabilitação respi-
ratória, cessação do agente causador (tabagismo).
Introdução:
Pacientes que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos necessi-
tam realizar avaliação médica completa para identificar e controlar eventuais
doenças pré-existentes, com o desígnio de prevenir complicações perioperató-
rias (CPO). Em procedimentos de emergência, essa avaliação será mais sucinta,
com ênfase nos fatores que aumentam o risco cirúrgico naquela situação.
Estudos recentes estimam a incidência de complicações respiratórias em 5 a
25% dos pacientes submetidos a cirurgias com anestesia geral, sendo mais co-
muns nas cirurgias torácicas (até 30% nas cirurgias cardíacas) e no andar supe-
rior do abdome.1 Laringoespasmo, broncoespasmo, atelectasias, pneumonias,
pneumotórax, derrame pleural são exemplos de complicações respiratórias
que podem levar a insuficiência respiratória e elevar a morbimortalidade do
paciente cirúrgico.
Pacientes com diagnóstico de asma tendem a apresentar maior número de
CPO, sendo que 75% são respiratórias. Cerca de 6% dos asmáticos previa-
mente assintomáticos, apresentam broncoespasmo no intraoperatório. As ar-
ritmias e outras complicações cardíacas no perioperatório são 20 vezes mais
freqüentes numa população de asmáticos quando comparados a não-asmá-
ticos. Pacientes atópicos têm uma maior possibilidade de manifestações de
≤ 50 1
≥ 96% 1
≤ 2 horas 1
< 50% 3
Variáveis Pontuação
Idade maior que 70 anos 5 pontos
Infarto agudo do miocárdio há menos de 6 meses 10 pontos
B 3 ou estase de jugular 11 pontos
Importante estenose aórtica 3 pontos
Arritmia não sinusal com contração atrial prematura em último ECG pré- 7 pontos
-operatório
> 5 ESV∕ min em qualquer momento antes da cirurgia 7 pontos
PAO2< 60 ou PaCO2>50mmHg; K+<3meq∕ l ou 3 pontos
HCO3 -<20mEq∕ L; BUN > 50 mg∕ dl
(ureia > 107, 5mg∕ dL) ou creatinina > 3 mg∕ dL;
AST anormal, paciente acamado por causa não cardíaca
Cirurgia intra-abdominal, intratorácica ou aórtica 3 pontos
Cirurgia de emergência 4 pontos
Classificação: Risco de complicação: Risco de óbitos
Classe 1 (0 a 5 pontos) 0,7% 0,2 %
Classe 2 (6 a 12 pontos 5% 2,00 %
Classe III (13 a 24 pontos) 11,00 % 17%
Classe IV (> 25 pontos) 22,00 % 56%
Referências:
1. DV Godoy. Condutas em Pneumologia – volume II – Ed. Revinter –
Rio de janeiro 2001 – Capítulo 14 - Pré e pós-operatório do paciente
pneumológico – avaliação de risco cirúrgico e manejo pré-operatório do
paciente pneumológico. Cuidados clínicos pós – operatório do paciente
pneumológico.
2. LH Degani-Costa et al. Avaliação pré-operatória do paciente pneumo-
pata. Revista Brasileira de Anestesiologia. 2014;64 (1): 22-34.
3. Lisa Daher Rassi Guimarães et al. Drogas mais utilizadas no manejo pré-
cirúrgico eletivo de pacientes pediátricos asmáticos: revisão sistemática.
Braz. J. Develop. Curitiba, v. 6, n. 12, p. 99967-99975 dec. 2020.
4. José Roberto Nocife. Novos anestésicos inalatórios: Artigo de revisão.
Rev Bras Anest, 1992; 42: 5: 387 – 392.
5. BMC Loureiro et al. Escores de risco perioperatório para cirurgias não
cardíacas: descrições e comparações. Artigo de revisão. Ver Soc Bras Clin
Med. 2014 out-dez: 12(4): 314-20.
6. KRSA Azevedo. Avaliação pré-operatória e peroperatória em pacientes
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BRONCOSCOPIA NA ASMA
ASMA E COVID-19
Valéria Botan
Referências:
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sociated risk for COVID-19 development. J Allergy Clin Immunol.
2020;146(6):1295-1301.
A asma é a doença crônica mais prevalente nas crianças e nos adultos jo-
vens. As crises de asma representam um alto custo para os serviços de saúde e
também representam importante parcela do absenteísmo escolar. As taxas de
hospitalização por asma entre pessoas de baixa condição socioeconômica são
maiores do que nas pessoas de maior renda1,2.
As infecções virais do trato respiratório são doenças frequentes e autolimi-
tadas. Mas, para os asmáticos ou com fatores de risco para asma, isto pode
implicar na expressão ou na perda do controle da doença3.
Estudos ressaltam que entre os fatores ambientais de risco para sibilância e
asma na infância estão o tabagismo e as infecções do trato respiratório supe-
rior e inferior causadas por vírus4.
As crises de asma são associadas a infecções respiratórias virais em todas as
idades. Os vírus mais frequentemente associados são o rinovírus humano, o
vírus sincicial respiratório (VSR), metapneumovírus, parainfluenza, coronaví-
rus, adenovírus e influenza3,4.
Influenza
O vírus influenza é um importante patógeno respiratório transmitido por
gotículas e aerossóis5.
É classificado segundo suas proteínas de superfície em A, B ou C. São
descritos três tipos antigênicos A, B e C, que são determinados pelo material
genético nuclear. O influenza A tem 16 subtipos determinados pelas proteínas
de superfície hemaglutinina (H) e neuraminidase (N)5.
PNEUMOCOCO
O Streptococcus pneumoniae é uma bactéria encapsulada com mais de 90 so-
rotipos descritos e causa doenças graves como meningite e sepse. É a causa
mais frequente de pneumonia e otite média aguda. Doença pneumocócica
invasiva (DPI) é definida pelo isolamento do S. pneumoniae em algum local
normalmente estéril. Estas infecções são mais graves e frequentes em pacien-
tes portadores de doenças crônicas. A asma é uma doença pulmonar crônica e
o Advisory Committee on Immunization Practice (ACIP) norte americano orienta
a vacinação com vacina pneumocócica conjugada seguida de vacina pneumo-
cócica polissacarídica10.
O primeiro estudo publicado sobre a avaliação do risco de infecção pneu-
mocócica nos asmáticos foi em 2005 por Talbot e cols. Foi realizado um es-
tudo de caso controle com pessoas de 2 a 49 anos e os asmáticos tiveram o
risco pelo menos 2 vezes maior de desenvolver DPI do que os controles. Da-
dos sugerem que a vacinação pneumocócica dos asmáticos reduziria o risco
de DPI11. Alguns comitês nacionais de imunização indicam vacinação pneu-
mocócica para doença crônica pulmonar, mas a asma só está incluída se for
asma grave, em uso de corticóide oral ou altas doses de corticóide inalado.
Outro estudo, no Canadá, avaliou o custo benefício da vacinação na asma e
conclui recomendando a vacinação para o pneumococo em todos os pacien-
tes asmáticos12.
VPC 13
1 3 4 5 6A 6B 7F 9V 14 18C 19A 19F 23F
Vacinas COVID- 19
Em 11 de março de 2020, foi declarada pela Organização Mundial de Saúde
a pandemia da COVID-19, infecção causada pelo novo coronavírus (SAR-
S-CoV-2). 80% das pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 se recuperam sem
precisar de atendimento hospitalar, têm infecção leve. Os idosos e pessoas
com comorbidades, como a asma, têm maior risco de evoluírem para doença
grave19.
No plano nacional de operacionalização da vacinação COVID-19 do Brasil
foram incluídos os asmáticos graves, ou seja, aqueles com uso recorrente de
corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática ou uso de doses
altas de corticoide inalatório e de um segundo medicamento de controle no
ano anterior19.
Já existem hoje no Brasil três tipos de vacinas para COVID-1919:
1. Vacina de vírus inativado, tecnologia empregada na preparação da vacina
desenvolvida por meio de parceria entre a companhia farmacêutica chi-
nesa Sinovac e o Instituto Butantan, aplicada em 2 doses com 4 semanas
de intervalo.
2. Vacina de vetor viral, um adenovírus atenuado (AAV), método empre-
gado nas vacinas desenvolvidas pela parceria entre a companhia farma-
cêutica AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Osvaldo Cruz
(Fiocruz). Aplicada em 2 doses com 12 semanas de intervalo. A vacina
da Janssen também usa tecnologia de adenovírus atenuado, mas é apli-
cada em dose única.
IMUNOTERAPIA NA ASMA
Efeitos da IT4:
-Limita a sensibilização a novos antígenos
-Previne o surgimento da asma
-Modifica a progressão da asma já estabelecida
Uma revisão realizada pelo US Food and Drug Administration (FDA) mos-
trou evidências moderadas a altas de eficácia tanto da ITSL quanto da ITSC
na asma, com redução de sintomas, redução da necessidade de uso de medi-
cações e da hiperreatividade de vias aéreas alérgeno específica.7
A Global Initiative for Asthma (GINA) orienta que nos pacientes adultos
com rinite alérgica e sensibilizados a ácaros, que apresentem asma persistente
apesar do uso de corticoide inalatório em dose baixa/média pode ser conside-
rado o tratamento com ITSL desde que o FEV1>70%.
Asma Grave ou descontrolada é o maior fator de risco isolado para eventos
adversos fatais e não fatais e, nesses casos, a imunoterapia está contraindicada.
Referências:
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vaccines for allergic diseases. A WHO position paper. J Allergy Clin Im-
munol. 1998 Oct;102(4 Pt 1):558-62
2. Burks AW, Calderon MA, Casale T, Cox L, Demoly P, Jutel M, Nelson
H, Akdis CA. Update on allergy immunotherapy: American Academy
of Allergy, Asthma & Immunology/European Academy of Allergy and
Clinical Immunology/PRACTALL consensus report. J Allergy Clin Im-
munol. 2013 May;131(5):1288-96.
IMUNOBIOLÓGICOS NA ASMA
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
Fonte: GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permis-
são. Disponível em www.ginasthma.org
Alérgenos, vírus e variedade de irritantes ambientais não alergênicos ati-
vam as células epiteliais para liberar alarminas (TSLP, IL-25 e IL-33) levando
ativação de células dendríticas e/ou ILC2 (Células linfoides inatas do tipo
2). A ativação de Th2 e/ou ILC2 leva a liberação de IL-4, IL-13, IL-5 e IL-9
e o estabelecimento da inflamação tipo 2 alta. Irritantes ambientais também
podem levar inflamação tipo 2 baixa por ativação de células epiteliais e ma-
crófagos, Th1, Th17 e ILC3, que é chamada asma não alérgica3.
Nos indivíduos alérgicos, a captação do alérgeno nas vias aéreas por células
dendríticas leva a expansão de células Th2 que secreta citocinas pró-alérgicas
tais como IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13. Estas citocinas também são produzidas pe-
las células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2) que diferenciam das células proge-
nitoras na presença de alarminas tais como linfopoietina do estroma tímico
(TSLP), IL-25 e IL-33. Ambas as células Th2 e ILC2 expressam o receptor ST2
IL-33 tão bem quanto receptor prostaglandina D2 (DP2, também conhecido
por CRTH2). Ademais, a lesão na barreira epitelial induz ativação de ILC2 e
Th2 levando a gravidade da asma3.
Omalizumabe
Incorporação do medicamento para o tratamento complementar da asma
alérgica grave, quando preenchidos todos os seguintes critérios:
• Asma não controlada, apesar do uso de corticoide inalatório associado a
beta 2 agonista de longa duração; e
• Evidência de sensibilização a pelo menos um aeroalérgeno perene do-
cumentada por teste cutâneo de puntura ou dosagem de IgE sérica
específica in vitro; e
• IgE sérica total, antes do início do tratamento, maior ou igual a 30 UI/
ml; e
ANTI-IgE NA ASMA
Referências:
1. SBPT 2020
2. GINA 2020
3. Bula Xolair ( 07/12/2020) : https://portal.novartis.com.br/upload/im-
gconteudos/1815.pdf
ANTI-IgE NA ASMA
Indicação19:
O omalizumabe está indicado para adultos e crianças (acima de 6 anos de
idade) com asma alérgica persistente, moderada a grave cujos sintomas são
inadequadamente controlados com corticosteroides inalatórios (CI) que apre-
sentem um componente de atopia demonstrado preferencialmente por testes
cutâneos positivos (prick test) ou reatividade in vitro (rast) a alérgenos inaláveis
comuns. Os pacientes precisam também apresentar níveis de IgE total sérica
entre 30 e 1500 UI/mL e peso entre 30 e 150 Kg.
Eficácia19:
Tem demonstrado uma diminuição na incidência de exacerbações de asma
nestes pacientes. Reduções na IgE livre foram consistentes com os níveis pre-
viamente demonstrados a estarem associados à eficácia clínica.
Segurança19:
A frequência de reações adversas foi similar em ambos os grupos de trata-
mento, a maioria das quais não são suspeitas de estarem relacionadas com o
medicamento.
Contraindicações19:
É contraindicado em pacientes com hipersensibilidade à substância ativa
ou a qualquer outro componente do produto e para menores de 6 anos de
idade.
Advertências e precauções19:
Atenção aos diabéticos, pois contém açúcar.
Não é indicado para o tratamento de exacerbações de asma, broncoespasmo
agudo ou mal asmático. Não foi estudado em pacientes com síndrome de hipe-
rimunoglobulina, aspergilose broncopulmonar alérgica ou para prevenir rea-
ções anafiláticas, incluindo aquelas provocadas por alergia alimentar, derma-
tite atópica ou rinite alérgica, doenças autoimunes, condições mediadas por
imunocomplexos ou insuficiência renal ou hepática preexistente. A desconti-
nuação abrupta de corticosteroides inalatórios ou sistêmicos após o início da
terapia não é recomendada. A redução dos corticosteroides deve ser realizada
sob supervisão direta de um médico e pode ser necessária gradualmente.
Gravidez19:
Lactação19:
Apesar da presença de omalizumabe no leite humano após a administra-
ção não ter sido estudada, IgGs estão presentes no leite humano; portanto, é
esperado que esteja presente no leite humano. Os benefícios da amamenta-
ção para o desenvolvimento e para a saúde do bebê devem ser considerados
juntamente com a necessidade clínica da mãe pelo omalizumabe e quaisquer
potenciais efeitos adversos na criança amamentada devido ao omalizumabe
ou à condição materna subjacente.
Não existem recomendações especiais para mulheres com potencial para
engravidar. Não existem dados de fertilidade humana para o omalizumabe.
Efeitos sobre a habilidade de dirigir veículos e/ou utilizar máquinas19
Os pacientes devem ser informados que se apresentarem tontura, fadiga,
síncope ou sonolência, não devem dirigir ou operar máquinas.
Interações medicamentosas19:
Existe um pequeno potencial de interações droga-droga. Nenhum estudo
de interação com droga formal ou vacina foi realizado. Em estudos clínicos,
foi usado comumente em conjunto com corticosteroides inalatórios ou orais,
beta2- agonistas inalatórios de curta e de longa ação, modificadores de leu-
cotrienos, teofilinas e anti-histamínicos orais com ausência de alteração de
segurança. Em estudo com a combinação com Imunoterapia para pólen de
gramíneas mostrou redução na carga do sintoma (objetivo primário) na esta-
ção com pólen de grama em 39% (p < 0,05%) em relação ao tratamento com
IT isolada.
Descrição do produto19:
Cada embalagem de 150 mg contém um frasco-ampola com pó para solu-
ção injetável e uma ampola de 2 mL de água para injeção.
Reações adversas19:
Durante os estudos clínicos em doentes adultos e adolescentes com 12 anos
ou mais, as reações adversas mais frequentemente notificadas foram dores de
cabeça e reações no local da injeção, incluindo dor no local da injeção, in-
chaço, eritema e prurido.
Administração19:
O omalizumabe é prescrito por via subcutânea a cada duas ou quatro sema-
nas (14 ou 30 dias), de acordo com níveis sérico de IgE total e peso, na dose de
0,016mg/kg/IgE, por meio de tabela customizada (em anexo). Não deve ser
misturado a qualquer outro medicamento ou diluente diferente da água para
injeção. Não deve ser administrado por via endovenosa ou intramuscular.
Doses superiores a 150 mg devem ser divididas em dois ou mais locais para a
aplicação da injeção.
Aplicação deve ser em ambiente hospitalar (hospital dia), em local equi-
pado para atendimento de urgência (carrinho de parada, material de entu-
bação, oxigênio). Observação obrigatória por 2 horas na primeira vez e uma
hora nas subsequentes.
Omalizumabe
Referências:
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tinuum of Allergic Asthma and Anti-IgE Therapies. Int. J. Mol.
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DOI: 10.5935/2526-5393.20210022
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sio, Alessandro Vatrella and Girolamo Pelaia. Ther Adv Respir Dis 2018,
Vol. 12: 1–16
Fonte: https://nucalahcp.com/egpa/nucala-mechanism-of-action/
Indicação15: Adultos e crianças a partir dos 6 anos de idade com Asma grave
eosinofílica refratária ao tratamento com médias/altas doses de Corticoide
inalatório, associados a broncodilatadores de ação prolongada, antileucotrie-
nos, com histórico de exacerbações no último ano e taxa de eosinófilos acima
de 300 cels/µl. É indicado também como tratamento complementar aos
corticosteroides em pacientes adultos com Granulomatose Eosinofílica com
Poliangeíte (GEPA) recidivante ou refratária.
Populações especiais15:
Idosos (65 anos ou mais) Não há recomendação de ajuste de dose em pacien-
tes de 65 anos ou mais.
Insuficiência renal Não é provável que haja necessidade de ajustes de dose
em pacientes com insuficiência renal
Insuficiência hepática Não é provável que haja necessidade de ajustes de dose
em pacientes com insuficiência hepática
Uso clínico: Aprovado para pacientes com idade igual ou superior a 12 anos
de idade na dose de uma injeção de 30 mg via SC a cada 4 semanas nas pri-
meiras 3 doses seguidas, então, por 1 dose a cada 8 semanas.
Apresentação16 em solução injetável de 30mg/mL, embalagem com uma se-
ringa preenchida contendo 1 ml.
Advertências e precauções16:
Não deve ser usado para tratar sintomas agudos de asma ou exacerbações
agudas. A descontinuação abrupta de corticosteroides após o início da terapia
não é recomendada.
3) Reslizumabe:
O Reslizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado contra a IL-5 com
indicação para uso em pacientes asmáticos graves com contagem de eosinó-
filos no sangue acima ou igual a 400 cels/uL e uma ou mais exacerbações.
Segundo trabalho de Bateman et al uma de suas limitações seria a falta de
evidência de que possa atuar como redutor do uso de corticóide oral22.
Uso clínico: Para pacientes com idade igual ou superior a 18 anos com infu-
são EV na dose de 3mg/kg a cada 4 semanas.
Efeitos colaterais mais comuns: nos ensaios clínicos foram anafilaxia e dor
muscular.
Na revisão sistemática Cochrane para terapias Anti- IL 5 para asma pu-
blicada em 2017, foram avaliados treze estudos em 6.000 participantes que
preencheram os critérios de inclusão. Os estudos foram predominantemente
Mepolizumabe e Benralizumabe
Cobertura obrigatória dos medicamentos Benralizumabe ou Mepolizu-
mabe para o tratamento complementar da asma eosinofílica grave, quando
preenchidos todos os seguintes critérios:
• Asma não controlada, apesar do uso de corticoide inalatório associado
a beta 2 agonista de longa duração; e
• Contagem de eosinófilos maior ou igual a 300 células/microlitro nos
últimos 12 meses;
• Uso contínuo de corticoide oral para controle da asma nos últimos 6
meses ou 3 ou mais exacerbações asmáticas necessitando de tratamento
com corticoide oral no último ano.
Referências:
1. Global Initiative for Asthma (2019) Difficult-to-treat &Severe Asthma
in adolescente and adult patients. Diagnosis and Management. https://
ginasthma.org/wp-content/uploads/2019/04/GINA-Severe-asthma-Po-
cket-Guide-v2.0-wms-1.pdf
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cine. 3rd Edition. Peter J. Barnes
3. Israel E, et al (2017). Severe and difficult-to-treat asthma in adults. N Engl
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4. https://ginasthma.org/wp-content/uploads/2020/06/GINA-2020-re-
port_20_06_04-1-wms.pdf
5. Barnes PJ (2017). Pulmonary pharmacology. In Brunton LL, ed. Good-
man and Gilman’s Tha Phamacological Basis of Therapeutics. 13 Edn.
New York, McGraw Hill, 2017; pp.727-750.
6. Difficult To Treat Asthma. Clinical Essentials. Sandhya Khurana. Fer-
nando Holguin Editors. Respiratory Medicine.ATS. Humana Press.2020.
7. Bhalla A, Nair P. Practial Considerations in the Management of Eosi-
nophilic Asthma. https://doi.org/10.1007/978-3-030-20812-7
Dupilumabe (Dupixent®)
É um anticorpo monoclonal IgG4 recombinante humano que inibe a si-
nalização da interleucina-4 e interleucina-13 ligando-se especificamente à su-
bunidade IL-4Rα compartilhada pelos complexos de receptores IL-4 e IL-13.
Dupilumabe inibe a sinalização da IL-4 através do receptor Tipo I (IL-4Rα/
γc), e ambas sinalizações IL-4 e IL13 através do receptor Tipo II (IL-4Rα/
IL-13Rα)13.
Indicações13:
• Pacientes com idade igual ou superior a 12 anos como tratamento de ma-
nutenção complementar para asma grave com inflamação tipo 2 carac-
terizada por eosinófilos elevados no sangue e/ou FeNO (fração exalada
de óxido nítrico) aumentada, que estão inadequadamente controlados,
apesar de doses elevadas de corticosteroide inalatório, associado a outro
medicamento para tratamento de manutenção.
• Como terapia de manutenção para pacientes com asma grave e que são
dependentes de corticosteroide oral, independentemente dos níveis ba-
sais dos biomarcadores de inflamação do tipo 2.
Dose recomendada para adultos e adolescentes (idade igual ou superior a
12 anos) é:
Populações especiais13:
Menores de 12 anos: A segurança e eficácia não foram estabelecidas.
Idosos: Não se recomenda ajuste na dose.
Insuficiência hepática: Não existem dados disponíveis
Insuficiência renal: Não é necessário ajuste de dose em pacientes com insu-
ficiência renal leve a moderada. Não existem dados disponíveis em pacientes
com insuficiência renal grave.
Infecções helmínticas: Tratar infecção parasitária antes de iniciar o trata-
mento. Se infectar durante o tratamento e não responder ao tratamento an-
tiparasitário, o tratamento deverá ser interrompido até que a infecção esteja
curada13.
Gravidez: Dados disponíveis de relatos de casos e uma série de casos com
uso de Dupixent em mulheres grávidas não identificaram risco de defeitos
congênitos graves, aborto espontâneo ou resultados adversos maternos ou
fetais associado ao medicamento. Este medicamento não deve ser utilizado
por mulheres grávidas sem orientação médica13.
Lactação: Não existem dados sobre a presença de dupilumabe no leite
materno e seus efeitos na criança amamentada ou seus efeitos na produção de
leite. Os benefícios da amamentação para o desenvolvimento e para a saúde
Referências:
1. Matsunaga K, Katoh N,Fujieda S, Izuhara K,Oishi K. Dupilumab: Basic
aspects and applications to allergic diseases. Allergology International.
Volume 69, Issue 2, April 2020, Pages 187-196.https://doi.org/10.1016/j.
alit.2020.01.002.
2. Busse W.Biological treatments for severe asthma: A major advance in
asthma care. Allergology International.Volume 68, Issue 2, April 2019,
Pages 158-166
3. Wenzel S, Ford L, Pearlman D, Spector S, Sher L, Skobieranda F, et al.
Dupilumab in persistent asthma with elevated eosinophil levels. N Engl J
Med, 368 (2013), pp. 2455-2466. DOI: 10.1056/NEJMoa1304048
4. Wenzel S, Castro M, Corren J, Maspero J, Wang L, Zhang B et al.Du-
pilumab efficacy and safety in adults with uncontrolled persistent asthma
despite use of medium-to-high-dose inhaled corticosteroids plus a long-
-acting β2 agonist: a randomised double-blind placebo-controlled pivotal
phase 2b dose-ranging trial.Lancet, 388 (2016), pp. 31-44
5. Castro M, Corren J, Pavord I.D, Maspero J, Wenzel S, Rabe KF , et
al.Dupilumab Efficacy and Safety in Moderate to Severe Uncontrolled
Asthma This phase 3 trial, LIBERTY ASTHMA QUEST, N Engl J Med
2018; 378:2486-2496 DOI: 10.1056/NEJMoa1804092
6. Rabe KF, Nair P, Brusselle G, Maspero JF, Castro M, Sher L et al. Efficacy
and Safety of Dupilumab in Glucocorticoid-Dependent Severe Asthma.
N Engl J Med 2018; 378:2475-2485 DOI: 10.1056/NEJMoa1804093. LI-
BERTY ASTHMA VENTURE.
7. Sanofi Evaluation of Dupilumab in Children With Uncontrolled As-
thma (VOYAGE). Available online at: https://clinicaltrials.gov/ct2/
show/ NCT02948959. NLM identifier: NCT02948959
ASMA T2 BAIXO
Conclusões:
O tratamento da asma T2 baixo é um desafio terapêutico, principalmente
porque seus mecanismos não são totalmente compreendidos. Embora muito
progresso tenha sido feito na elucidação das vias de inflamação em T2 alto,
Referências:
1. Kyriakopoulos C, Gogali A, Bartziokas K, Kostikas K. Identifica-
tion and treatment of T2-low asthma in the era of biologics. ERJ Open
Research 2021 7: 00309-2020; DOI: 10.1183/23120541.00309-2020
2. Scioscia G, Carpagnano GE, Lacedonia D, et al. The role of airways
17β-estradiol as a biomarker of severity in postmenopausal asthma: a pi-
lot study. J Clin Med Res 2020; 9: 2037.
3. Alexis NE, Carlsten C. Interplay of air pollution and asthma immuno-
pathogenesis: a focused review of diesel exhaust and ozone. Int Immu-
nopharmacol 2014; 23: 347–355.
4. Shimoda T, Obase Y, Kishikawa R, et al. Influence of cigarette smoking
on airway inflammation and inhaled corticosteroid treatment in patients
with asthma. Allergy Asthma Pro 2016; 37: 50–58.
5. Tarlo SM, Lemiere C. Occupational asthma. N Engl J Med 2014; 370:
640–649.
6. Yang X, Jiang Y, Wang C. Does IL-17 respond to the disordered lung
microbiome and contribute to the neutrophilic phenotype in asthma?
Mediators Inflamm 2016; 2016: 6470364.
7. Simpson JL, Grissell TV, Douwes J, et al. Innate immune activation in
neutrophilic asthma and bronchiectasis.Thorax 2007; 62: 211–218.
8. Green BJ, Wiriyachaiporn S, Grainge C, et al. Potentially pathogenic air-
way bacteria and neutrophilic inflammation in treatment-resistant severe
asthma. PLoS One 2014; 9: e100645.
IMUNOBIOLÓGICOS EM
MENORES DE 18 ANOS
Dos Imunobiológicos:
Omalizumabe
Trata-se de um anticorpo monoclonal IgG1 humanizado derivado de DNA
recombinante contra IgE. Liga-se à IgE circulante (livre); que atua inibindo
a ligação de IgE a receptores de alta afinidade (Fc€RI) ou de baixa afinidade
Em alguns casos existe ponto de corte diferente para pacientes que fa-
zem uso de corticoide sistêmico oral4. (Figuras 1 e 2)
A eficácia e segurança do omalizumabe no tratamento da asma alérgica
moderada e grave não controlada com terapia padrão otimizada, encontra-se
bem documentada em literatura (5-8). Esta eficácia já foi observada também
em crianças de 6 a 11 anos de idade com asma alérgica persistente moderada
a grave (9-11).
KUCHARCZYK et al. (2020) observaram que mesmo após quatro anos
de tratamento usando somente o omalizumabe, o controle da asma foi efetivo
neste período 12.
Um dos objetivos do controle da asma é a redução das exacerbações.
Diversos trabalhos na literatura demonstraram que o uso de omalizumabe
em crianças reduz as exacerbações e hospitalizações da asma, melhora a fun-
ção pulmonar e diminui a terapia de manutenção. O uso por até seis anos
foi considerado seguro (13-16). E a interrupção do tratamento pode resultar na
recorrência dos sintomas17.
GIBSON, REDDEL et al. (2016) observaram que mesmo na presença
de comorbidades, o omalizumabe continua sendo efetivo no tratamento da
asma grave18.
Desta forma, poderia ser usado como terapia complementar no Brasil
Fonte:http://www.asmabronquica.com.br/medical/tratamento_asma_
omalizumabe.html[09/05/2021 10:45:57]. Copyright © 1997 – 2021. Dr.
Pierre d’Almeida Telles Filho.
Dupilumabe
Trata-se de um anticorpo monoclonal totalmente humano. Bloqueia o com-
ponente compartilhado do receptor para IL-4 e IL-13 e inibe a sinalização das
citocinas IL-4 e IL-13.
Está indicado para pacientes com idade a partir de 12 anos como tra-
tamento de manutenção complementar para asma grave com inflamação
tipo 2 caracterizada por eosinófilos elevados no sangue e/ou FeNO au-
mentada que estão inadequadamente controlados, apesar de doses eleva-
das de corticosteroide inalatório, associado a outro medicamento para
tratamento de manutenção para pacientes com asma grave e que são de-
pendentes de corticosteroide oral, independentemente dos níveis basais
dos biomarcadores de inflamação do tipo 2.
A dose recomendada para adultos e adolescentes (idade igual ou superior
a 12 anos) é:
Referências:
ENCAMINHAMENTO DO
PACIENTE ASMÁTICO PARA
ATENÇÃO ESPECIALIZADA
Adapted from the Guidelines for the Diagnosis and Management of As-
thma, National Asthma Education and Prevention Program of the National
Heart, Lung and Blood Institute, Expert Panel Report 3, 2007.
Referências
1. Evans D. To help patients control asthma the clinician must be a good
listener and teacher. Thorax 1993;48:685-7.
2. Martins SM, Salibe-Filho W, Tonioli LP, Pfingesten LE, Braz PD, Mc-
Donnell J, et al. Implementation of ‘matrix support’ (collaborative care)
to reduce asthma and COPD referrals and improve primary care mana-
gement in Brazil: a pilot observational study. NPJ Prim Care Respir Med.
2016;26:16047. https://doi.org/10.1038/ npjpcrm.2016.47.
3. Maiman l, Green lw, Gibson g, mackenzie ej. Education for self treat-
ment by adult asthmatics. JAMA 1979;241:1919-22.
4. Charlton I, Charlton G, Broomfield J, Mullee MA. Audit of the effect of
a nurse run asthma clinic on workload and patient morbidity in a general
practice. Br J Gen Pract 1991;41:227-31.
5. HCB – Hospital da Criança de Brasília José Alencar. Diretriz interprofis-
sional de Atenção à Criança e ao Adolescente com Asma/Monte, Luciana
de Freitas Velloso et al. Brasília: HCB, 2016. Disponível em: https://
www.hcb.org.br/arquivos/downloads/hcb2016_manual_4_cadernohos-
pital_v_digital.pdf Acesso em: 11 de setembro de 2021.
6. COFEN – Conselho Federal de Enfermagem. Resolução 0514/2016. Dispo-
nível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05142016_41295.
html Acesso em 12 de setembro de 2021.
7. Coriolano MWL, Lima MM, Sette CS, Sarinho ESC, Lima S. Impact
that an educational intervention carried out by community health agents
has on environmental conditions in the households of children with as-
thma. J Bras Pneumol. 2011;37(3):317-325.
8. CONTACS BRASIL - Conselho de Nacional de Técnicos em Agentes
Comunitários de Saúde. Código de Ética do Profissional Técnico em
Agente Comunitário de Saúde. Disponível em https://contacs.org.br/
codigo-de-etica. Acesso em 13 de setembro de 2021.
PAPEL DO TÉCNICO DE
ENFERMAGEM NO CUIDADO DO
PACIENTE ASMÁTICO: Relato
de própria experiência
Triagem
É através dela que colhemos informações importantes sobre o paciente
como os sinais vitais: Peso, Altura, Pressão Arterial, Frequência cardíaca, Sa-
turação de oxigênio, Pico de Fluxo Expiratório.
Certifica se o paciente está fazendo uso correto das medicações e da téc-
nica com o espaçador, como saber se tem medicações dentro dos aerossóis.
Relata ao médico alguma anormalidade que possa ajudar na eficácia do
tratamento.
Conduta
• Relatar imediatamente para o Médico a situação do paciente.
• Transmitir segurança ao paciente e aos familiares usando linguagem de
fácil entendimento.
• Monitorizar os sinais vitais alterados.
• Fazer as medicações conforme prescrição médica.
• Manter paciente em repouso e ambiente tranquilo.
• Não deixar o paciente sozinho.
• Relatar melhora ou piora do paciente para o Enfermeiro e para o Médico.
IMPORTÂNCIA DO AGENTE
COMUNITÁRIO DE SAÚDE
PAPEL DO FARMACÊUTICO
NO ATENDIMENTO AO
PACIENTE ASMÁTICO
PATFP.
Salmeterol (xinafoato) Pó para inalação de 50 mcg. Apenas Componente Especializado.
Prednisona Comprimidos de 5 mg e de 20 mg. Apenas Componente Básico.
Prednisolona Solução oral de 1mg/mL e 3mg/mL. Apenas Componente Básico.
Omalizumabe Pó para solução injetável de 150mg + 1 am- Apenas Componente Especializado.
pola diluente com 2mL.
Mepolizumabe Pó para solução injetável de 100 mg; Apenas Componente Especializado.
Aprovado somente para pacientes adultos.
Ipratrópio (brometo) Solução para inalação 0,25mg/mL; Apenas PATFP.
Figura 2. Principais serviços clínicos que podem ser desenvolvidos pelos far-
macêuticos na assistência aos pacientes asmáticos em diferentes locais. Fonte:
Próprios autores.
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
NO MANEJO CLÍNICO DA ASMA
Referências:
1. World Health Organization. Global surveillance, prevention and con-
trol of chronic respiratory diseases. A comprehensive approach. Ge-
neva, WHO, 2007. https://www.who.int/news-room/q-a-detail/
chronic-respiratory-diseases-asthma
2. Fomin AB, Souza RG, Fiorenza RF, Castro AP, Pastorin AC, Jacob CM.
Rinite perene: avaliação clínica e epidemiológica de 220 pacientes em am-
bulatório pediátrico especializado. Rev Bras Alergia Imunopatol. 2002;
25(1):10-5.
PAPEL DO FISIOTERAPEUTA
NO ACOMPANHAMENTO DO
PACIENTE ASMÁTICO
Introdução
Devido à sua característica inflamatória e de hiperresponsividade brôn-
quica, a asma leva o indivíduo a um processo de limitação variável ao fluxo
aéreo por meio de 3 principais processos, sendo eles: a vasodilatação e edema
dos vasos brônquicos, a hipersecreção de muco e as alterações de tônus da
musculatura lisa das vias aéreas.
Uma série de sinais e sintomas é desencadeada após o início dos processos
inflamatórios. É necessária a análise e avaliação dos mesmos para a classifi-
cação da asma quanto ao seu nível de gravidade para, então, propor e se ini-
ciar um protocolo de tratamento e acompanhamento individualizado. Para
o controle e tratamento da asma são utilizadas tanto medidas farmacológicas
quanto as não farmacológicas.
A Fisioterapia Respiratória é classificada como uma medida não farmacoló-
gica no tratamento da asma, podendo ter interferência tanto nos momentos
de crise asmática, bem como no acompanhamento em longo prazo. O acom-
panhamento fisioterapêutico tem como principais objetivos a melhora da me-
cânica ventilatória, melhora das trocas gasosas, melhora da higiene brônquica,
melhora da qualidade de vida, redução do desconforto respiratório, melhora
da força muscular e melhora do condicionamento físico.
Referências:
1. Ferreira J. et al. Pacientes asmáticos adultos recebem orientações sobre
atividade física? Asbai, MG, Vol 4, N 4, Out-Dez 2020. Disponível em:
http://aaai-asbai.org.br/
2. Omrom Healthcare. 9 coisas que você não sabia sobre a asma. Janeiro
2020. Disponível em: omrombrasil.com/asma/
A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL NO MANEJO E
TRATAMENTO DA ASMA
Referências:
1. ISBN, Guia de alimentação saudável II/ Editora Abril- São Paulo, 2008,
pp.70-71.
2. Mahan LK, Escott-Stump S, Raymond JL. Krause: Alimentos Nutrição e
Dietoterapia. 13º edição. Rio de Janeiro. Saunders Elsevier; 2012.
3. Mascarenhas JMO. Padrão de consumo alimentar, sintomas de asma e fa-
tores associados em adolescentes de Salvador – BA [Tese de Doutorado].
Salvador.
4. Ministério da saúde. Manual de Boas Práticas na Asma [Internet]. Co-
missão de Coordenação do Programa Nacional de Controle da Asma;
2007 [acesso 12 abr 2018]. Disponível em: http://www.sppneumologia.
pt/uploads/files/spp/PDF2.pdf
Nome:_________________________________________Data de Nascimento:____/____/____
Endereço:_____________________________________________Telefone: ________________
1- Quais são os sintomas da sua asma? a-( ) tosse, b-( ) cansaço para respirar, c-( ) chiado no peito, d-( ) dor no
peito, e-( ) fala com dificuldade, f- ( ) choro curto (lactente), g-( ) confusão mental, h-( ) agitação, i- ( ) sonolência,
j-( ) outros: ______
2- Quantas crises (fracas/ fortes) de ASMA nos últimos 12 meses?
a-( ) nenhuma, b-( ) 1 vez, c-( ) 2 vezes, d-( ) 3 vezes, e-( ) 4 vezes ou mais (nº ____)
3- Quantos dias apresentou sintomas de asma (fracos/ fortes) nos últimos 30 dias (último mês)?
a-( ) nenhum, b-( ) 1 dia, c-( ) 2 dias, d-( ) 3 dias, e-( ) 4 dias, f-( ) 5 dias, g-( ) 6 dias ou mais_
4- Usa broncodilatador (Salbutamol) com qual frequência?
a- ( ) raro, b-( ) mensal, c-( ) quinzenal, d-( ) semanal, e-( ) quase diário, f-( ) contínuo
- Quantos frascos de broncodilatador ( spray) usa por mês? a- ( ) < 1, b- ( ) 1, c- ( ) 2, d- ( ) > 2
5- Apresenta sintomas/ despertares noturnos (tosse / falta de ar)?
a-( ) não, b-( ) sim, com qual Frequência?
b1-( ) só na crise: b2-( ) quase diário, b3-( ) diário.
6- Quantas idas ao Pronto Socorro por ASMA nos últimos 12 meses?
a-( ) nenhuma, b-( ) 1 vez, c-( ) 2 vezes, d-( ) 3 vezes, e-( ) 4 vezes ou mais (nº ____)
7- Necessitou usar oxigênio por exacerbação de ASMA nos últimos 12 meses?a-( ) não,b-( ) sim
8- Quantas vezes internou por ASMA nos últimos 12 meses?
a-( ) nenhuma, b-( ) 1, c-( ) 2, d-( ) 3, e-( ) 4 ou mais (nº ____).
Referência modificada:
1. Guidacci MFRC, Mendes JL. Asma: atualização e reciclagem para os mé-
dicos. São Paulo:Ars Cvrandi Editora, 2011, p.70.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Fatores de risco:
Meninos estão em maior risco de desenvolver asma na infância, se com-
parados às meninas, todavia esta relação se inverte durante a adolescência3.
Dois grandes estudos mostraram que o tabagismo materno e a exposição ao
tabagismo passivo conferem risco para sibilância e asma em pré-escolares4,5. O
Fatores protetores:
Exposição ao Meio ambiente
A proteção contra asma não ocorre apenas na ausência de risco, mas tam-
bém na exposição específica a alguns fatores de proteção. Estas, talvez sejam
necessárias para um desenvolvimento normal e saudável. Duas metanálises
sugerem que a ingestão de altas doses de vitamina D, óleo de peixe, ou ambos,
durante a gestação poderia diminuir o risco de sibilância em pré-escolares,
mas não o risco de desenvolvimento de asma em crianças na idade escolar11,12.
Em relação ao aleitamento materno, não há evidência sobre um efeito pro-
tetor da amamentação13. Contudo, estudo recente mostrou que a duração
da amamentação (acima de 6 meses) está inversamente associada à asma na
infância e às doenças alérgicas14.
O maior fator de proteção de sibilância e asma em crianças escolares tem
sido descrito de forma consistente para crianças que crescem em fazendas
tradicionais da Europa ou em fazendas Amish15. Crianças em fazendas tradi-
cionais são expostas a altas concentrações de alérgenos, além de plantas e ma-
teriais biológicos, assim como fungos, bactérias e outros micróbios do meio
ambiente. Em crianças sabidamente em risco de asma, ou seja, aquelas que
sibilam e que carreiam os alelos do cromossoma 17q21 houve uma redução
de 80% no desenvolvimento da asma, quando elas foram altamente expostas
Exposição Microbiana
Dentre os diversos fatores do meio ambiente aos quais estamos expostos,
os micróbios e os seus componentes químicos provavelmente sejam os ele-
mentos cruciais na modulação da resposta imune e na patogênese de doenças
Referências:
1. https://www.ebi.ac.uk/gwas/diagram
2. von Mutius E, Smits HH. Primary prevention of asthma: from risk and
protective factors to targeted strategies for prevention. Lancet [Internet].
2020;396(10254):854–66. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/
S0140-6736(20)31861-4
3. Dharmage SC, Perret JL, Custovic A. Epidemiology of asthma in chil-
dren and adults. Front Pediatr 2019; 7: 246.
4. Burke H, Leonardi-Bee J, Hashim A, et al. Prenatal and passive smoke
exposure and incidence of asthma and wheeze: systematic review and
meta-analysis. Pediatrics 2012; 129: 735–44.
5. Vardavas CI, Hohmann C, Patelarou E, et al. The independent role of
prenatal and postnatal exposure to active and passive smoking on the
development of early wheeze in children. Eur Respir J 2016; 48: 115–24.
6. Quansah R, Jaakkola MS, Hugg TT, Heikkinen SA, Jaakkola JJ. Residen-
tial dampness and molds and the risk of developing asthma: a systematic
review and meta-analysis. PLoS One 2012; 7: e47526.
7. Fisk WJ, Lei-Gomez Q, Mendell MJ. Meta-analyses of the associations of
respiratory health effects with dampness and mold in homes. Indoor Air
2007; 17: 284–96.
8. Tischer C, Chen CM, Heinrich J. Association between domestic mould
and mould components, and asthma and allergy in children: a systematic
review. Eur Respir J 2011; 38: 812–24.
EDUCAÇÃO EM ASMA
Familiares e cuidadores3:
• Informação sobre a doença;
• Apoio ao paciente na condução da própria doença.
População3:
• Trabalhar com informação buscando o reconhecimento da asma como
doença crônica possível de ser controlada.
Instituições, escolas, seguradoras de saúde e empresas3:
• Aprender a reconhecer a asma e saber encaminhar e incentivar o pa-
ciente asmático a buscar tratamento.
Profissionais de saúde1,3:
• Garantir diagnóstico correto e abordagem terapêutica adequada;
• Oferecer suporte regular, trabalhar modelos de autogestão com o pa-
ciente. Todos os pacientes devem receber educação e treinamento em
habilidades essenciais que levem não só ao controle dos sintomas, mas
também ao gerenciamento dos fatores de risco modificáveis;
• Encorajar os pacientes a participar nas decisões sobre seu tratamento;
• Desenvolver habilidade de comunicação, o que inclui:
- Um comportamento agradável (simpatia, humor, atenção) e empatia;
- Permitir que os pacientes expressem seus objetivos, expectativas, cren-
ças e preocupações;
- Encorajar e elogiar;
- Fornecimento de informações adequadas (personalizadas), mantendo
uma atenção especial em casos de baixo nível de alfabetização, uma vez
que essa condição está associada à pior controle da asma1;
- Avaliar não só a capacidade de ler, mas também de obter, processar e
compreender as informações e buscar manobras especiais de comunica-
ção nesses casos.
CHOOSE (ESCOLHER)
- Escolha o dispositivo inalatório mais adequado para o paciente antes de prescrever. Considere as opções de
medicação disponíveis no mercado, os diferentes dispositivos, habilidades do paciente e o custo;
- Havendo mais de uma opção, incentive o paciente a participar da escolha;
- Para pMDIs (inalador dosimetrado/ spray), o uso de um espaçador melhora a deposição e com Corticosteroi-
des inalatórios reduz o potencial de efeitos colaterais;
- Certifique-se de que não há barreiras físicas (por exemplo, artrite que limita o uso do inalador);
- Evite o uso de vários tipos de inaladores diferentes, sempre que possível, para evitar confusão.
CHECK (VERIFICAR)
- Verifique a técnica dos inaladores em todas as oportunidades;
- Peça ao paciente para mostrar como ele usa o inalador (não pergunte apenas se ele sabe como usá-lo);
- Identifique quaisquer erros usando uma lista de verificação específica do dispositivo.
CORRECT (CORRIGIR)
-Mostre ao paciente como usar o dispositivo corretamente com uma demonstração física (por exemplo, usando
um inalador de placebo);
- Verifique a técnica novamente prestando atenção às etapas problemáticas. Pode ser necessário repetir esse
processo 2 a 3 vezes;
- Considere um dispositivo alternativo apenas se o paciente não conseguir usar o inalador corretamente após
várias repetições de treinamento;
- Faça novas verificações da técnica inalatória com frequência, após o treinamento oficial os erros costumam
ocorrer dentro de 46 semanas.
CONFIRM (CONFIRMAR)
- Os médicos devem ser capazes de demonstrar a técnica correta para cada um dos inaladores que prescrevem;
- Farmacêuticos e enfermeiros podem fornecer treinamento em habilidades de inalação de forma muito eficaz.
FATORES DE MEDICAÇÃO
- Dificuldade ao usar o dispositivo inalador (artrite);
- Regime oneroso (por exemplo, várias vezes ao dia);
- Vários inaladores diferentes.
MÁ ADESÃO NÃO INTENCIONAL
- Mal entendido sobre as instruções;
- Esquecimento;
- Ausência de uma rotina diária;
- Custo.
MÁ ADESÃO INTENCIONAL
- Percepção de que o tratamento não é necessário;
- Negação ou raiva sobre a asma ou seu tratamento;
- Expectativas inadequadas;
- Preocupações sobre efeitos colaterais (reais ou percebidos);
- Insatisfação com os profissionais de saúde;
- Estigmatização;
- Questões culturais ou religiosas;
- Custo.
Referências:
1. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
2. Pizzichini MMM, Carvalho-Pinto RM, Cançado JED, Rubin AS,
Cerci Neto A, Cardoso AP, et al. 2020 Brazilian Thoracic Association
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CONTROLE AMBIENTAL
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para pacientes com rinite alérgica . Asma Alerg Imunol. 2017;1(1):7-22.
DISPOSITIVOS INALATÓRIOS:
SPRAY DOSIMETRADO E PÓ
SECO VERSUS NEBULIZADOR
Nebulizadores:
Existem três tipos básicos de sistemas de nebulização que diferem no nodo
como produzem o aerossol, classificados respectivamente em pneumáticos ou
a jato, nebulizadores ultrassônicos e os nebulizadores de membrana vibratória.
• Nebulizador Ultrassônico
Os nebulizadores ultrassônicos têm como princípio a energia gerada por
vibrações rápidas de um cristal de quartzo (piezoelétrico), transmitida à super-
fície da solução do fármaco. O processo gera partículas que são liberadas da
superfície da lâmina do líquido na forma de aerossóis. Os aerossóis gerados
usualmente são maiores, e a nebulização é mais rápida. Os aparelhos geram
menos ruído.
A frequência das ondas ultrassônicas determina o tamanho das partículas
de aerossol. O fluxo gerado pelo nebulizador ultrassônico é superior aos dos
nebulizadores a jato, e por isso estão indicados para maiores volumes. Estão
indicados apenas para nebulizar soluções e não suspensões, ou seja, podem
ser utilizados para broncodiladores, mas são contraindicados para nebulizar
corticosteroides ou antibióticos, ou outros medicamentos que possam sofrer
inativação por aquecimento.
• Nebulizadores disponíveis:
Fonte: 1. https://www.omronbrasil.com/busca?ft=inalar
2. https://www.abbottbrasil.com.br/imprensa/noticias/press-relea-
ses/09-09-2019.html
3. https://www.omronbrasil.com/respiramax-inalador-ultrassonico/p
1. Situação ideal
VANTAGENS DO USO DE
MEDICAÇÃO INALATÓRIA
VERSUS ORAL
Referências:
1. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia no site www.sbpt.org.
br – Temas de revisão: “Bases para a escolha adequada dos dispositivos
inalatórios”.
2. Boulet LP. Canadian asthma consensus report, 1999: inhalation devices
and propellants. CMAJ 1999; 161 (11 suppl): s8- s14. (Recomendações
baseadas em evidências de como utilizar a via inalatória).
CASOS CLÍNICOS
Caso Clínico 1
Criança sexo masculino com 9 meses de vida foi atendido no pron-
to-socorro apresentando febre baixa, coriza hialina, cansaço para respirar e
tosse seca, principalmente à noite há 3 dias. Foi amamentado até 2 meses
de vida. Toma 4 mamadeiras de leite de vaca por dia. Está na creche
desde 4 meses de idade. Este é o 4º episódio de tosse e dispneia. Mãe é
tabagista. No exame físico apresenta taquidispneia, cianose perioral, sibilos
ins. e expiratórios. Criança tem lesões em dobras anticubitais e poplítea. Pai
é asmático e irmão tem Rinite alérgica.
Qual é o diagnóstico? Lactente sibilante, provável Asma. Está em crise.
Qual é a classificação da crise? Muito Grave
Qual é o tratamento da crise?
Oxigenioterapia;
Salbutamol aerossol 4 jatos com espaçador e máscara de 20 em 20
minutos por 3x, em seguida, de 3/3 h ou de 4/4 h dependendo da
melhora clínica;
Prednisolona- 1 a 2 mg/ Kg/dia, dose única diária, por 3 a 5
dias.
Encaminhar ao Especialista.
Discussão:
Compreende-se do caso clínico referido que os frequentes erros de avalia-
ção como subdiagnóstico e subestimar os sintomas do paciente pode induzir
a atrasos no tratamento, com prejuízo futuro da função respiratória. A tosse
pode ser o único sintoma da asma, sendo necessário então averiguar a asso-
ciação com sintomas nasais ou outras manifestações atópicas, além de uma
Caso Clínico 6:
Paciente do sexo masculino com 25 anos com diagnóstico de asma com
sintomas desde 5 anos de idade sendo acompanhado em Ambulatório de
Atenção Secundária à Saúde. Nos últimos 5 anos, após iniciar tabagismo (10
cigarros ao dia e Narguilé) apresentava exacerbações semanais de tosse, disp-
neia e sibilos, além de dispneia aos pequenos esforços, com idas frequentes ao
pronto- socorro. Suspendeu o tabagismo e manteve uso de Formoterol + Bu-
desonida: 24/800mcg/ dia, Beclometasona 500mcg/ dia e Montelucaste 10
mg/ dia, mas manteve os sintomas. Há 6 meses foi hospitalizado na UTI por
asma sendo encaminhado para Atenção Terciária confirmando o diagnóstico
de Asma Não Controlada após ter sido excluídos os diagnósticos diferenciais,
Caso Clínico 7
Indivíduo masculino, 35 anos, gerente de depósito de atacado de
grãos, não fumante, foi atendido em Unidade Básica de Saúde com his-
tória de dispneia aos médios esforços e crises diárias de falta de ar, ali-
viadas com o uso de β2-agonista de curta duração. Alívio dos sinto-
mas em férias e finais de semana. Prova de função pulmonar com VEF1
de 40%, com melhora parcial após uso do broncodilatador (400mcg).
Qual é o diagnóstico? Asma Ocupacional e Não Controlada
Quais foram as recomendações? O clínico geral iniciou Corticoide Inalatório
spray em alta dose e encaminhou ao Centro de Referência em Asma para ava-
liação do Especialista em Alergia ou Pneumologia
Caso Clínico 8
MLS, 25 anos, grávida de 8 meses (1a gestação). Foi atendida na Unidade
Básica de Saúde. Refere asma na infância, com melhora dos sintomas na ado-
lescência. Informa retorno da sintomatologia há 2 meses caracterizada por
sibilância, dispneia aos médios e grandes esforços e tosse seca, 2x na semana.
Faz nebulização com soro fisiológico quando piora a dispneia, sem melhora.
Nega tabagismo ou atopia. Pico de fluxo de 300 (altura = 160 cm)
Qual é o diagnóstico? Asma não controlada na gestação
Exames:
• Em 16/04/14: Hemograma: Hb: 15,7, Ht: 45%, Eosinofilia: 12%; Imu-
noglobulinas: IgA: 81,8, IgE: 6,3; Teste do suor: negativo; Raio X de
tórax: infiltrado perihilar bilateral discreto, sem broncograma aéreo; Es-
pirometria: Distúrbio Ventilatório Obstrutivo Leve sem resposta ao BD.
• Teste de caminhada de 6 minutos (11/08/2015): percorreu 660 metros,
correspondendo a 83% do previsto. Está dentro do limite inferior da
normalidade, de acordo com a equação de Iwana et al, 2009. Ao final do
teste, referiu dispneia intensa e cansaço intenso em MMII
• Março /2015: IgE: 6,3;
• pHmetria (13/08/2015): Refluxo ácido-esofágico fisiológico;
Comentários e discussão:
Paciente apresentando quadro de sibilância desde a idade de três anos, e
que embora seja uma criança adotada, foi conhecida a história de asma na
família biológica, tornado possível o diagnosticado de asma.
Em dados da literatura a idade mais prevalente da asma é entre cinco e nove
anos1. E quanto ao gênero, o sexo masculino tem sido relatado como predo-
minante entre as crianças asmáticas2. Vale informar um estudo que avaliou
crianças com asma grave, em que o sexo masculino foi predominante, estando
em concordância com o caso em questão, uma vez que o paciente do caso cli-
nico iniciou a asma na infância e foi classificado em asma grave durante toda
a adolescência3. No entanto, quando se trata das internações versus idade, e
segundo os dados do Sistema Único de Saúde (SUS), houve predominância
na faixa etária de 1 a 4 anos4.
Observou- se que a asma ficou persistente mesmo após a idade de 6 anos.
Estima-se que mais de dois terços das crianças com asma persistam com a
doença, na adolescência e na vida adulta5.
Conclusão:
O paciente se beneficiou com a adição do Tiotrópio, porém, ainda manteve
a necessidade de alta dose de corticoide inalatório para a manutenção do con-
trole da asma.
No momento continua usando as mesmas doses e medicamentos: Beclo-
metasona HFA (200mcg, 1:1) e Salmeterol + Fluticasona (25/125mcg-2:2),
totalizando a dose do corticoide inalatório em 900mcg/dia. Acrescido do Tio-
trópio (2 puffs/dia) e Azitromicina (500mg, 3x/semana).
A fenotipagem possibilitou conhecer qual seria o imunobiológico indicado
para otimizar o seu tratamento na etapa 5 da GINA. Optou-se pela prescrição
médica do Mepolizumabe, porém, o paciente ainda não iniciou o tratamento.
Referências:
1. Sousa CA et al. Prevalência de asma e fatores associados: estudo
de base populacional em São Paulo, SP, 2008-2009. Rev. Saúde
Pública, São Paulo, v. 46, n. 5, p. 825-833, out. 2012. Dispo-
nível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-89102012000500009&lng=en&nrm=iso. Acessado em: 17 de
abril 2021.
2. Felizola MLBM, Viegas CAA, Almeida M, Ferreira F, Santos MCA. Pre-
valência de asma brônquica e de sintomas a ela relacionados em escolares
do Distrito Federal e sua relação com o nível socioeconômico. J. Bras
Pneumol. 2005; 31 (6): 486-491.
3. Batista YAR & Martins CLFS. Caracterização do perfil clínico-epidemio-
lógico de crianças e adolescentes com asma grave em acompanhamento
no ambulatório de um hospital pediátrico terciário. PIC edital 02.2019.
Apresentação do relatório final feito no VIII Encontro do Programa de
Iniciação Científica, 05/03/2021.Resumo a ser publicado nos Anais do
Evento no Hospital da Criança de Brasilia Jose Alencar (HCB).
4. Santos MARC; Sant’Anna CC. ASMA PEDIÁTRICA. Responsabilidade
médica sobre a conscientização dos pais e pacientes (1). SBP. Núcleo Ge-
rencial do Departamento Científico de Pneumologia da SBP.
5. National Institutes of Health and National Heart, Lung, and Blood In-
stitute. Practical Guide for the Diagnosis and Management of Asthma,
NIH publication nº 97-4053, 1997.
6. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
7. Kerstjens HAM, et al. Tiotropium in asthma poorly controlled with stan-
dard combination therapy. N Engl J Med. 2012;367(13):1198- 1207.
1 2
13 4
5 6
252
9 10
11
b) Técnica 2
1 2
5 6
7 8
1 2
3 4
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7 8
2) Turbuhaler®
1 2
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3) Aerolizer
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4) Diskus®
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5) Ellipta®
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5
5
5
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LER - Asma 478
Anexo 1
MINISTÉRIO DA SAÚDE
http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2021/20210526_
PCDT_Relatorio_Asma_CP_39.pdf
Referências:
1. Juniper EF, O’Byrne PM, Guyatt GH, Ferrie PJ, King DR. Development
and validation of a questionnaire to measure asthma control. Eur Respir
J. 1999;14(4):902-7.
2. Juniper EF, O’Byrne PM, Ferrie PJ, King DR, Roberts JN. Measuring as-
thma control. Clinic questionnaire or daily diary? Am J Respir Crit Care
Med. 2000;162(4 Pt 1):1330-4.
3. Juniper EF, Bousquet J, Abetz L, Bateman ED; GOAL Committee. Iden-
tifying ‘well-controlled’ and ‘not well-controlled’ asthma using the As-
thma Control Questionnaire. Respir Med. 2006;100(4):616-21.
4. Juniper EF, Van Der Molen T. How to use the Asthma Control Ques-
tionnaire as a tool in daily clinica practice. CaraVisie. 2005;8(4):8-9.
5. Mylene LeiteEduardo Vieira PonteJaqueline PetroniArgemiro D’Oliveira
JúniorEmílio PizzichiniÁlvaro Augusto Cruz Avaliação do questionário
de controle da asma validado para uso no Brasil J. bras. pneumol. 34
(10) • Out 2008 • https://doi.org/10.1590/S1806-37132008001000002
6. GINA ©2021 Global Initiative for Asthma, reimpresso com permissão.
Disponível em www.ginasthma.org
Escore de 5 a 25
20- 25: Bem controlado
16-19: Não bem controlado
5-15: Pobremente controlado
Agradecemos à ASBAI e a
todos que colaboraram para
a publicação deste livro.
Associação Brasileira de
Alergia e Imunologia- Regional DF
LER - Asma
2022
494