Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EMi
NEGARA
mm instil tile for Advanced Studies. Cttl(IU?S (1973), Negara
oI)FIS (fCIaCamu1)5 'I'Iu' 1111',j,,t't(11Um of
(1)80), The Local Knowledge 1983) e Works and Lives (1988). 0 ESTADO TEATRO NO SEGUL() XIX
Neste peretirso Geert" desen\'(}IVCU umna 1wrspcCI i's a
OS lUn(IafllCfltOS
h1i'mUeflCU iCi (fLft VCi4) ref orumniam
a escrila cia Aol rupologia. A sua
epislemnui(..". J pratica 1'
U Ol)seI\ilcao) (las Outi'US
idcia ((C I)aSe, segtiiido a (lilt1 mnultiploS ponlos
'oCwdU(ICS tleve partly da comprcensao (loS
dc vista qtie us respeclivos membros coUstroelu, 1cm 'sindo a
Inais Has aias da
i milfuenciar nitii1S (lUS j)CS((UISJSUC
Siciofogia c da 1-listoria.
cunsi itui tuna das suas ohras mais significat i's as:
Nc'gara 11111lucjos.,do tu(I() estrUttiral dc urna
atra'scS (Ia (lcscricao
(LCSVCIUIUd0 ti IU)%ClO (las
sociedade ( Ihili no SeCLIk) XIX) t'
fornms si inholicas e teat rais da jmlil ica tradicioflaf no Sueste
(fL1UI (IS ribs, as
Asialico. A sua cnnclUSLi), scgufl(l0 a
SUO 0 prOf)FiO EsladO,
cermilnuas US espcctacIlIs do Estado cuncepcao I iidiCIOflU1 ((as
flU
f)I'O(ILf/ 111111 prolunda rul)lura
ttlacoes entre ,nih. e re.iIida(lt_, suhlinhafldo o caractel'
slmnhofico clt todla a UCç() ;)O(it ica.
—D
c
['orbs os (ilr.lt
resetvados-u-
j ,
F to I). Esteflnia, 4 [1
1000 LISBOA
'ldefs.: 53 76 77 - 54 58 39
dcx: 64030 DIFEL P
Jelefax: (01) 54 58 86
Mcm6rin c Sociedade
Co[ecçlo coordenads por Francisco Bethencourt c Diogo Ramada Curio
ISBN 972-29-0250-I
NOTA DE APREsENTAcA0
Tanto G-eerrz como David Schneider, pioneiros da perspectiva <O que coloca a luta de galos a parue do decurso normal
interpretativa, haviam sido discIpulos de Parsons em Harvard, ten- da vida (.. -) não e, como a sociologia funcionalista defende-
do-se lançado a tarefa de defInir e analisar o ><sistema cultural>> que na, o facto de reforçar as discriminaçoes de status (..), rnas
este inclufa na sua teoria abrangente; ao faz&-lo, porém, o corte antes o facto de que fornece urn comenrário metassocial
corn o funcionalismo concretizou-se, já que a análise das <<coisas sobre a questo de adsctever os seres humanos a ranks
culturais>> remete necessariamente para o campo da amlise simbólica. hierárquicos fIxos e, depois, organizar quase toda a existên-
A antropologia interpretativa, contemporânca do triunfo do estru- cia colectiva em torno dessa adscricao. A sua funço, se se
turalismo de Levi-Strauss na Europa continental, partithava corn Ihe quiser chamar assirn, é interpretativa: é uma leitura
esce a influência da linguIstica; ms clistinguia-se dde pot via das balinesa, uma estória que contam a si próprios sobre si
suas raIzcs na fenornenologia, na Versteheric/es Soziologie de Weber, prCprios>> (p. 448, traducão livrc).
na conceptualizaçao das Geisteswissenschaften de Dilthey, na herme-
nêutica e, em parte, na aniise crItica rnarxista. Dc modo a conseguir descrever e analisar eventos como a luta
Para Geertz, a verdadeira rnisso da antropologia não é a ob- de galos (ou instituiçöes como o negara) e interpretar discursos
servaço cornportamental das outras sociedades, mas sirn a corn- odes embutidos, como aquele sobre rank (tanto na luta de galos
preensão do <<ponto de vista>> que os seus mernbros detêrn. Sendo como no negara), Geertz defende que a descricao etnografica deve
assim, a acção humana não pode set devidarneate compreeridida, ser interpretativa: ela interpretará o fluxo do discurso social, con-
ou sequer descrita, se se tomar uma perspectiva objectivista (asso- sistindo numa tentativa de recuperação do dito desse discurso, arravés
ciada as ciências da natureza), já que acontecimentos idênticos do cia escrica e fazendo-o a urn nfvel rnicroscópico. Trata-se de urn
pot-ito de vista comportarnental podem assumir significados diver- verdadeiro projecto de etnografia, em que esta é vista jé não como
SOS em funcao da interpretaçâo do observador acerca das intençöes
colecçao de dados supostamente neutros (os dados <<brutos>, a recoiha
das pessoas envolvidas nesses rnesmos acontecirnentos. (primária> e oucras tantas ilusöes objectivistas), mas como expe-
riência intersubjectiva do antropologo corn os informantes, mais
No seu ensaio - porventura o mais influente nos rneios aca- tarde transposta a escrito pot mecanismos da retórica. E, alias,
démicos da antropologia —, Deep Play: Notes on the Balinese Cock- deste ültimo ponto da espiral de interpretaçöes que Geertz trata
fight (1972), o autor interpreta este ritual comunitário (uma luta no seu tilrimo livro, Works and Lives — the Anthropologist as Author
de galos de combate) como uma estória que as pessoas concam a (1988) sobre a escrita de Malinowski, Levi-Strauss, Evans-Prit-
si mesmas sobre si mesmas — uma maneira de os Balineses repre- chard e Ruth Benedict.
seacarem para si próprios, simbólica e publicamente, a agressão e Fiquemo-nos agora, porérn, pelo Negara. Esta obra é, funda-
a rivalidade que espreitam pot baixo da superficie serena da sua so- mentalmente, uma monografia etnográfica, descriço minuciosa do
ciedade. Vale a pena citar: todo estrutural de uma sociedade através da descricao das suas ins-
X 'ZEGARA NOTA DE APRESE\iTi1cAu XJ
tituicöes e relaçöes sociais. Dois objectivos, contudo, parecem torná- do ponto de vista filosófico, em pleuo século XIX, (<cheias de
-la numa obra de tipo diferente: por urn lado, trata-se de uma medo de fancasmas metafIsicos>>), sente-se Geertz na obrigacao de
incursão antropológica na história, através da reconstituição de o explicar. E assim encontrarnos o ponto de contacto entre a
uma formacao social do século passado e da instituição do Estado; antropologia incerpretariva de Geertz e a sua análise do poder
pot outro, tern implicica uma crItica ao pensamento ocidental simb6lico nesta monografia de Bali.
sobre a polItica e o Estado. Na opinião do autor, as ideias não são algo de mental cuja ob-
Socorrerido-se (ou dedicando-se a ela...) de uma intrincada e servação seria impossivel. São, antes, significados lmeaningl, veicu-
elegante retórica, o autor desenrola o novelo das formas simbdlicas lados através de simbolos, definindo-se estes como algo que signi-
e teatrais da politica tradicional; traz assim a luz do dia o aparato, fica. E, como cudo o que significa, são intersubjectivos, logo piiblicos.
a performance, o simbolismo polItico, o cerimonial, os mitos - Pelo que tanto discussöes como melodias, f6rmulas, mapas ou qua-
todos elementos que tern sido remecidos Para o campo da ideolo- dros são textos Para serem lidos, o mesmo se aplicando a rituais,
gia ou, quanto muito, encarados como meros mecanismos de mo- palácios, tecno!ogias ou formacoes sociais.
bilizacao social manipulados pelas classes dirigentes. Nesta cicada semiótica e hermeriêutica, Geertz destrói a opo-
Ao longo do livro, descreve e analisa, sobretudo, a linguagem sicão - canto do senso comum como da major parte da ceoria
do rank, da hierarquia. Para Geertz, essa linguagem formava o politica ocidental - entre simbólico e real, estético e prácico,
concexco para as relaçöes prácicas entre os principais tipos deactores decorativo e subscantivo. Para o autor, o real é tao irnaginado
politicos em Bali, permeando os dramas ou peças que em conjunto quanco o imaginário. Corolário: a politica é accão simb6lica.
levavam a cena, bern como o decor ceatral e os objectivos Para que
eram encenados. E assim que, para ele, o Estado balinês era, Ha uma estória que se conca muito nos meios antropológicos,
antes do mais, uma representacao da forma como a realidade se e que Geertz tarnbém conta nurna entrevisca concedida a urn ni.imero
encontrava organizada. da Harper's; uma estória que sinteciza não so o pensamento cricico
de Geertz em relacao a quaisquer fundamentos ültimos das socie-
0 argumento central, exposto na conclusão, consiste em de- dades humanas como também revela a heterogeneidade cultural
monstrar que se está perante uma concepcão alternativa de politica das explicacoes do niundo e da sua organizacão - quando mito e
e de poder: estrutura de acção, o negara era, também, uma estrutu- organização social se sobrepoem, como no caso do negara. A escária
ra de pensamenco. Peto que, descrevê-lo, equivale a descrever ideias. reza assim:
E nesce ponto que Geercz nos diz que, desde Wittgenscein, não Tim indiano diz a urn antropólogo ingles que o mundo está
deveria ser necessário afirmar que esta posição nao significa uma assente sobre as coscas de urn elefante, o qua!, pot sua vez, assenta
defesa do <cidealismo>>. Mas como - e aqui o autor faz a sua critica sobre uma tartaruga. Esperando chegar ao fundo da questao, o an-
azeda ao escado das ciências sociais - as ciências sociais vivem, tropologo pergunta:
XII NEGARA
próprio, por saber que a suposta auséncia de escilo é urna falcia (versus <h 1suória-ciência,) aparece tracluzido como <analfstico>> sern
objectivista e, afinal de contas, arriffcio recórico a;nda mais cri- diiivida urn neologismo de escranha sonoridade; deve-se cal opcão ao
ticável. Para o aucor de The Interpre:ation of CaL ares e de Works an facto de, em certas partes do texco, a autor urilizar <crónica>> além
Lives: The Anthropologist as Author (sobre a subjectividade e a recórica de <<anaIsrico>. Oucro neologismo é <dadicizado>' como tradução
da escrita antropológica), trata-se de assumir a indissolubilidade de de Indicized. Nas Notas, Geertz explica que ele próprio inventou a
forma e conceCido. Tentei, ao longo da traducao, manter a arquitec- palavra, dando urn riovo sentido a raiz desta, Indico, assim como
tura sintáctica e semâncica do pai da Antropologia Iriterpretariva e explica o conceüdo exacto do conceito.
Hermenêutica dos Estados Unidos. conceito de descent foi traduzido como <cdescendência>>; traca-
-Se de uma opcão polémica, já que na tradicao anglo-saxónica se
São dois os conceitos que optei por manter no ingls original, distingue descendência de filiaçao, conceptual e descritivamente,
aparecendo em itálico na versão portuguesa: rank e corporate (bern ao passo que na tradicao francesa nao. (Ver, sobre a quescao, o
como os deles derivados, como ranking e corporatelly). Estes dois Posfácio de Mary Bouquet a Parentesco e Casamento de Robin Fox, ou
conceitos, inürneras vezes utilizados ao longo do texto, são usados Os DomInios do Parentesco de Marc Auge.) Na actual antropologia
em inglês pela cornunidade antropológica portuguesa; formulados social portuguesa esta traducão é genericarnerite aceite, na medida
noutros contextos culturais, a sua expressividade semântica so per- em que o texto em causa explique a contexto da sua aplicacäo. Caso
deria corn uma tradução. Rank, que em português poderia aparecer diferente é a do conceito de jural, craduzido aqui como <<jurfdico>>,
como <<hierarcjuia> ou <estatuto' (e que as Casteihanos fixararn a falta de melhor, mas que deve set entendido como imbu(do de
como rango) refere-se, em inglês, a ambas as coisas: posicão compa- valores morais e de consenso cultural, e não como termo mera-
rativa numa qualquer hierarquia corn urn estatuto próprio, posicão mente técnico, como <<jurfdico>> pode levar a crer.
social, atributos, etc. Corporate, por sua vez, é urn termo de tal conceito de Clieniship aparece traduzido como <cClientelis-
forma saido dos referentes juridico-poifticos do mundo anglo-saxónico ma'>, estando implIcito que se reporta aos conceitos de <<relacoes
que só encontra traducaes infelizes em portugués: <<corporativo>>, patrono-cliente>> e de <<patrocinato>> aceites pela antropologia em
corn conotaçöes muito especiais na memória colectiva portuguesa, Portugal. Já em relação a customary (law, rights...), optei por usar
e a alcernativa <<corpóreo>, que me parece - pessoalmente - de- alternadarnente os termos <<consuetudinário>> e <ccostumeiro>>, in-
masiado irnbufda de metáforas orgânicas. Elaborado pela antropo- tercarnbiáveis e usados ora urn, ora outro, por razôes de estilo.
logia social britânica para classificar formas de associação polIcica, For fim, ha dois termos muito usados ao longo do texto que
jurIdica e parental de certos contextos ecriográficos, e descrevendo implicam, subtilmente, formas de relacoes sociais: hamlet e hou-
grupos sociais que agem como todos integrados, como <<pessoas co- seyard. Quanta a hamlet, optei por uma conciliacão entre a crirério
lectivas>>, é tradicional em Portugal manter o original. das formas de povoamento e o critério sociologico: <clugar>>. Quanta
a houseyard, optei pelo termo <<patio>>, por este sugerir ao leitor
Outros termos surgem no original de Geertz que foram português a realidade social, inceractiva, subjacence a descricao
traduzidos mas que requerem uma explicacão. Status é urn con- estritamente fIsica.
ceito-chave nesta obra (e, alias, no pensamento do autor): resolvi
mantê-lo, sern itálicos, pois parece-me suficiencemente aceice pelas 5. Por fim, ao longo do texto surgern frases em inglês colocadas
Ciências Sociais em Portugal e mais polissérnico que <estacuto>'. encre pârenteses rectos, a seguir a sua craducão. Traca-se, sobretu-
0 conceito de Sinking Status Pattern foi traduzido como Padrão de do, de cicacöes literárias ou ciencIficas a que Geertz recorre; e
Status Decrescente, tradução debatIvel mas que me parece dat conta explicadas nas riotas, pelo que a craducão porruguesa visa simples-
do significado implIcito. 0 termo analistic, usado por Geercz para mente facilicar a leicura e não pretende sobrepor-se a traduçöes que
referir aquilo que em Portugal se conhece como <<história-crónica> porventura já exisuarn. Certos conceitos, alguns deles ja referidos no
NEGARA
de sisrerna.s de estrarifieaçao ou d or'ganiz,aç.io do pareriresco é. Dcrnak, 13.incam, Aceh, Maassar e nea-Marararn -. referern-se
carnbem dc, vasro aricultorcs iuneranres em Bornéu, casca em
aOS participa:lces mais proerninerites de un. processo continua
Bali, macrilinearidade na Samacra Ocidentcd. No etitanto. clst
de tormaçio e dissoluçao de Estados, a qual so rer1Tfli0u corn 0
vasco conjunto de padröes culturais e sociaii, escá auseate urna cbs d>-<rnIriio hr.Landês (e, em alduicas partes do arquipéagO, sO no
institu4cs mais importarltus, seno a mais importante, para a for- presence sCculo). 0 desenvolvimento politi':o da Indonesia pré-cotcirlial
macao do carácter básico da civiliaçio indoésia; clesaparecidi de nao consistiu nurn desabrochar inexorável de urn <<despocismo
uma forma to completa que, perversarnence, confIrma a sua cen- oriental>> monolitico, mas antc numa nuvern em expansao de
tralidade histórica. Trata-se do negara, o Estado clássico da Indoné- pcquenos principados localizados, frágeis e vagameniè incer-rela-
sia pré-colonial.
cionados.
A palavra negara (nagara, nagari, negeri), importada do sânscrito
A carefa de reconscituir esse desenvolvimento C fundamerual
e signifIcando, originariamencc, <cidade", é urilizada nas linguas para quem se preocupe corn a coinpreensao do padrão politico canto
indonésias corn o significado sirnultâneo e comurável de <palácio>, da fase mndica como das fases islârnica, colonial e republicana que
<capital>>, <Estado'> e <<reino>> alérn do de <<cidade>>. No seu senti- ihe sucederam; coloca, porém, uma série de dificuldades, grande
do mais law, é a palavra que designa civilizacão (clássica), rerneteri- parre das quais artificialmente conscruidas. Näo sO os dados são
do assim para o mundo da cidade tradicional, para a alta cultura dispersos, pobremente apresentados e equivocos, como o modo de
que essa cidade susrencava e para o sistema de autoridade polIrica os interpretar - tarefa que tern estado sobretudo nas mãos de
superior nela conccntrado. 0 seu oposto é desa - tambérn uma filologos -, tern sido, salvo poucas e honrosas excepçães, extrerna-
palavra iinportada do sânscrito -, que significa, corn semeihante
rnente fantasioso do ponto de vista sociolOgico. Analogias corn a
flexibilidade de sentido, <<carnpo>>, <<regillo>>, <<aldcia>>, <<local>> e, Europa clássica, feudal e ate moderna, crónicas forjadas e a partida
por vezes, também <<dependência>> ou <<area governada<<. No seu incomprovOveis, bern coma especulacôes aprioriscicas em torno da
sentido mais lato, desa é a palavra que define o mundo - organi- natureza do <<pensarnenco iodonésio>', coriduzirarn a uma irnagern
zado de maneira tao variada em diferences parces do arcuipélago do mundo indico que - ainda que não desprovida de algurria
-, do povoado rural, do camponês, do rendeiro, do sühcliro poli- plausibilidade ou mesmo verdade -, se apresenca corn a aspecto
tico, do <cpovox'. Ericre estes dois pólos, negara e desa, definidos evidence das fantasias siscemacizadlas, o resultado da centativa de
por contraste müruo, desenvolveu-se a formaçiio polIcica clássica,
saber o que não se pode saber.
a qual, no contexto geral da cosmologia fndica transplanrada, A maioria dos especialiscas da Indonesia fnclica procurou escre-
assumiu a sua forma distintiva, para näo dizer peculiar. ver o tipo de histOria para a qual não teve, e certarnence nunca terá,
material, cendo negligenciado escrever o genera de hiscdria para a
qual a material exisce ou, pelo menos, se pode obcer. A história de
uma grande civilizacão pode ser descrita como uma sCrie de gran-
des acontecimentos, tais como guerras, reinados e revoluçâes, os
E impossIvel conrar o n1mero de negaras que existiram na quais, quer a cenham ou nao moldado, pelo menos marcaram as
Indonesia, sendo certamente da ordem das centenas e provavel- principais mudanças do seu percurso. Alternacivamente, pode ser
mence da ordem dos milhares. Desde o tempo dos mais ancigos descrica näo enquanto sucessão de dacas, locais e pessoas proemi-
escritos sânscricos, datados da primeira metade do século V, reinos riences, mas enquanto fases de desenvolvimento socioculcural.
de várias dimensöes e duracao ergueram-se, intrigaram, lutaram e, A ênfase no primeiro género de hiscoriografia tende a apresencar a
finalmente, incorporaram-se numa corrente regular e cada vez mais histOria como uma sCrie de perIodos estanques, uriidades de tempo
ampla. Os nomes mais ilustres - Mataram, Shaileridra, Shrivijaya, mais ou menos disrincas, caracterizadas por urn significado especial;
Melaju, Singasari, Kediri, Majapahit e, após a conversão islâmica,
represen tam A Ascensao dos Shailendras, A Deslocaçio para Oriente da
16 BALJ E 0 1'lET0D0 HiSTRICO !NyRoDucAc U'
c1uai
Civih'zaçao Javanesa ou A Qua'a d? Majapahi:. A segunda aborda- C. C. Berg, é uma escóna sobre res e os seus feitos, na
gem, pelo contrrio, apresenta a mudanca histhrica como urn processo encontramos observaçöes dispersas sobre elementos culturats. Eu
social e cultural relativamence ContIriUo, processo ease que mostra preferiria urns hsrória da cuirura € dos elernentos de civilização na
poucos ou nenhuns cortes rIgidos, revelando ames uma a!tcracao qual o leitor encoricrasse cornerltárlos dispersos sobre rei.'. E pre-
lenta, ainda que padronizada; embora as fases de desenvolvimenro cisarnence este cipo de hiscória que os documencos, inscriçöes e
possam set discernidas quando o decurso do processo é visto como textos do perlodo clássico, urns vez inrerpretados em termos de
urn todo, é quase sempre muiro diffcil, senão mesrno impossivel, processos ecológicos, ernograficos e sociológicos, nos permirern
apontar exactamente qual o ponro em que as coisas deixararn de ser escrever; no entanto, a excepção de alguris esforços fragmentários e
o que eram e se tornararn em algo de diferente. Esta perspectiva da aborrados, como os de B. K. Schrteke e J. C. van Leur, esca con-
mudança, ou do processo, em vez de colocar o acento na crónica tinl.ia por escrever.
analIstica daquilo que as pessoas fizerarn, acentua os padrOes for-
mais ou estruturais da actividade cumu.lativa.
A abordagern por perlodos distribui feixes de acontecimentos
concreros ao longo de urn continuum de tempo, no qual a distinçao
principal é entre <<anterior>> ou <<posterior>>; a abordagem do desen- Escrever este ültimo tipo de hisr6ria depende de forma decisiva
volvirnento discribui formas de organização e padroes de cultura ao da possibilidade de construção de urn rnodelo apropriado de proces-
longo de urn continuum de tempo, no qual a disrinção principal é si- so sociocultural; urn modelo que seja ao mesrno tempo conceptual-
multaneamente condicao prvia e consequência. 0 tempo é, em mente rigotoso e que tenha uma base ernperica, que possa set usado
ambas, urn elernento crucial. Na primeira é a linha ao longo da para inrerpretar os fragmencos ambiguos e inevitavelmente disper-
qual os acontecimencos estão fixados; na segunda é urn meio através sos do passado arqueológico. Ha vários rnodos de o fazer. Podemos
do qual se movem certos processos abstractos. socorrer-nos dos conhecimentos sobre oucras sequências de desen-
Ambos os tipos de historiografia são, naturairnente, válidos e, volvimerito, comparáveis mas meihores estudadas; neste caso, as
quando arnbos são possIveis, complementares. 0 curso de aconte- respe,icantes a America pré-colombiana ou ao ancigo Médio Oriente,
cimentos concretos, quando posto pormenorizadamente em crónica, por exemplo. Alcernativamente, podernos formular, corn base riuma
dá substância ao esboço esquemático da mudanca estrutural; e as sociologia histórica de largo espectro, tipos ideais que isolem os
fases construfdas da hist6ria do desenvolvirnento - que, em si, são craços centrais da classe de fenómenos relevanre - abordagem totnada
quadros para a percepção da história e nao segmentos de realidade famosa, evidentemente, por Max Weber. Podemos ainda descrever
histórica -, tornam inteligIvel o fluxo registado de ocorrëncias e analisar pormenorizadamente a estrututa e funcionarnento de urn
reais. Potérn, quando, como no caso da Indonesia Indica, o grosso siscema actual (ou recente) que julgamos ter pelo menos uma
das ocorréncias não e, pura e simplesmente, recuperável - por semelhança familiar corn aqueles que procurarnos reconscruit, ilu-
muito delicadamente que se leia nsa entrelinhas dos mitos e escri- minando assim o mais remoto corn a luz do que o é menos. Uti-
tos ou se intuam paralelos corn artefactos distantes -, uma tenta- lizarei codas estas abordagens complernentares, esperando poder
tiva de reconstrução de feitos particulares conduz, na meihor das corrigir as fraquezas de uma corn os pontos fortes de outra. Cob-
hipóteses, a controvérsias infindáveis (porque irresoliveis) em tomb catei, porém, a terceira, ou etriográfica, no cencro da rninha análise,
de questöes hipotéticas; na pior das hipóteses, conduz ao fabrico de canto porque me parece a mais relevante no caso presente, como
urna <<estória>' acerca dos tempos clássicos que, einbora pireça história, porque, sendo eu antropólogo social e não atqueólogo ou historia-
é na realidade urn olhar para a bola de cristal corn intuicos retros- dot, é aquela que melhor domino e a respeito da qual é mais
pectivos. provável ter algo de riovo a concribuir.
<<A história hindu-avanesa de Krom>', segundo comenrou Especificamente, consttuirei a partir do meu próprio crabaiho
18 BALI E 0 iVIETODO HISTORICO INTRODLJcAO 19
de cainpo e a partir da bbhografia, urn recrato circuastanciado da Uc1ads para as quas proves javariesas (ou cambojanas, ralandesas,
o1ganização esr.ital no Bali do século XIX, tentando depois esbocar birmaneSaS, etc.) possarn então ser procuradas. São cueis para a
a partir dele urn conjunto de linhas de orienração. ampias mas sub- ootnçao de hipdceses, mas inó.ceis como suporre de tas hipóteses.
stanrivas, para o ordenarnertc de, material pr- (- protc'-hiscáricc na uma vez consrruIdes. Talvez esre questão seja elementar Ma': rem
Indonisia em geral (e, para N desra, no Suesce asiárico Ind!co). sido ignorada mais vezes, e corn resuirados mais pelniclosos do que
Tern sido frequentemente realcada a aparente relevância de Bali qualquer outre maxima metodol6gica em reconstitwçoc antrO-
- o ültimo refcigio de cultura <<hiedu no arquipé!ago -; para pológicas -- não so na Indonesia, mac em geral.
urna cornpreerisão do perfodo Inciico na indonesia e, em particular, Em ter:ito lugar, mesno c1uando a nautação histórica da cul-
do seu centro, Java. Mas esta relevância tern sido também mal corn- tura balinese é tornada em linha de conca c C reconhecida a ausên-
preendida. De maneira a tornar claro de que modos o Bali recente cia de 15gica na cenrativa de provar teorias sobre Java corn dados
pode set usado para iluminar o passado distance da Indonesia (bern de Bali, torna-se ainda nccessCrio compreender que mesmo no século
como os modos como não pode), torna-se essencial afastar uma série XIV (para não falar dos séculos X ou VII) a Indonesia era social,
de falCcias merodologicas muito divulgadas. Trata-se de urn terrerio cultural e sobretudo ecologicamentc, tudo menos uniforme: mesmo
de ral maneira traiçoeiro que se deve clar cada passo corn urna corn a <conquista>> do Majapahit e tudo o mais, o Bali diferia da
deliberaçao obsessiva, avançando, tal como na alegoria javanesa, Java Oriental e muito mais ainda das regiöes indicizadas do arqui-
como uma lagarta rastejando sobre a água. pelago como urn todo. Pebo que, embora couvencidos de que urn
A primeira falakia a desacreclitar é a noçiio pela primeira yea padrão particular balinês - por exemplo, uma forte ênfase na es-
popularizada por Thomas Raffles, de que o Bali moderno e urn tratificação corn base no presrIgio - se verificava noutros pontos
<<museu> no qual a cultura da Indonesia interior pré-colonial [era da indonesia Indica não se pode excluir que assumisse exactamente
sido preservada intacta. Nan ha razöes para crer que Bali nao tenha a mesma forma exterior. A escala dos Estados balineses, apertados
mudado nos 350 anos desde a destruiçao de Majapahic (cerca de nos estreitos sopés do Sul, por exemplo, foi certarnente sempre
1520), apesar de rodo o seu isolamento em relaçao a corrente menor que a da mais espacosa Java, corn efeitos óbvios na sua
de desenvolvimento indonesia posterior a isiamização do resto do organizaciio. Mais, a orientaçiio natural da ilha para o sul e para o
arquipClago (urn isolamento que tern, também ele, sido por vezes craiçoeiro oceano fndico em vez de para o norte e para o tranquilo
sobrevalorizado). Pelo que é muito d(ibia quaquer tentativa de ver mat de Java, tornou-a quase totalmence marginal a elaborada econorn ia
a Java dos séculos XIV e XV como simplesmente tm século XIX mercancil internacional, a qual jogou urn papel crucial na genera-
balinês mais requintado. Qualquer que seja a utilidade de urn estudo lidade da economic do perfodo Indico. 0 rnagnIfico padrão de
de Bali para a história indonesia, esse estudo nao se pode basear no cirenagern em Bali, e o seu clima - talvez o mais ideal, em coda
pressuposto de que, por uma estranha sorte, a ilba tenha sido poupada a Indonesia para o tradicional cultivo sawah - tornou a irrigacao
a História. menos problemácica, teoricamenre e menos incerta sazonalmence
Em segundo lugar, deve-se reconhecer que a prova da existên- do que em qualquer parte de Java. E assim sucessivarnente. Os
cia de qualquer prática social ou forma cultural, qualquer costume dados sobre Bali devem set corrigidos em termos de tempo e em
especffico, crenca ou instituição em Java (ou outras partes do Sueste termos de lugar antes de poderem set usados como linhas de orien-
asiático Indico) deve assentar, em ülrima instância, em provas tação gerais para a interpretacâo da civilização fndica na Itidonésia
javanesas, cambojarias, ou quaisquer outras, e nio balinesas. 0 facto e noutros contextoS.
de os Balineses terem patrilinhagens enddgamas, sociedades de it-
rigacão e urn culto da bruxaria desenvolvido não constitui, em si,
a prova de que costumes semeihantes tenham existido na antiga
Java. A (mica funçao possIvel de tais faccos 6 a de sugerir possibi-
20 BALI E 0 METODO HISTORICO INTR.oDuçAc' 21
seu coritecco cultural, era ainda apenas urn exemplo de urn sisterna
de governo que cinha sido em tempos muiro mais exreriso. Corn
Como pode encão a ernografia do Bali recente Sec de todo titil base no material haliris pode-se, pois, construir urn mode!o de
para uma cal interpretaçao Em primeiro lugar, e embora a vida negara enqianco variedacle discinra de ordern polfcica, modela esse
balinesa tenha de facto rnudado de forma significativa entre os que pode enrão ser usado geralmente para alargar a OOSSa corn-
sculos XIV e XIX, a mudanca foi em grande parte end6gena. preensão da história do desenvolvirnenco da Indonesia Indica (Cam -
Especificamenre, não ocorreram em Bali dois acontecimenros revo- boja, Tailândia, Birrnânia).
lucionrios que transformararn radicalmente a ordem social e cul- Urn tal modelo C, em si, abstracco. Embora seja conscruilo a
tural noutros lugares: a islamizacao e a incensa dominação bolan- parcir de dados empfricos, dc é aplicado experimentalmence, e não
desa. Pelo que, embora a história da ilha não seja menos dinâmica dedutivamente, a interpretação de dados empIricos. E, pois, uma
do que a de oucras regiöes indicizadas do arquiplago, ela é mais entidade conceptual, não uma entidade histórica. Por urn lado,
ortogenética e muito mais compassada. Bali não terá sido, na segunda trata-se de uma representacäo simplificada, necessariarnence inexac-
metade do século XIX, uma mera replica do Bali dos meados do ca, e teoricamente tendenciosa, de uma instituicão sociocultural
século XIV, mas pelo menos verificava-se uma continuidade total, relativarnente bern conhecida: o Estado balinés do século XIX. Por
urn desenvolvimento razoavelmence regular. Resulta daqui que muito outro lado, trata-se de urn guia, uma espécie de projecto sociológico
do que foi apagado ou alterado de forma irreconhecfvel em Java para a construcao de representacöes - não necessariamente ou
e nas regiOes costeiras de Samatra, permaneceu em Bali. Embora sequer provavelmente idénticas a ele em estrucura -, de codo urn
não fosse urn fóssil cultural, esta ilha pequena e apertada era, não conjunto de instituiçöes de algurna maneira conhecidas mas presu-
obstante, a sernelhanca do Tibete ou do lémen, culcuralmente bas- rnivelrnente similares: os estados clássicos do Sueste asiácico Indico
tante conservadora. do século V ao século XV.
Em segundo lugar, ao renunciarmos a qualquer propósito de
escrever urn relato cronfstico do perfodo clássico, libertamo-nos do
principal incentivo para gerar fábulas históricas. Se não tentamos
usar o material etnográfico para reconstruir uma sequência enca-
deada de ocorrências particulares, uma <<est6ria de reis e dos seus
feitos, então a tentaçao de responder a perguntas scm resposta fica
poderosamence diminuIda. Se Kercanagara era urn simples bêbedo
ou urn santo intoxicado, se os Shailendras erarn uma dinastia java-
nesa dominando Samatra ou uma diriastia de Samatra dorninando
Java, ou Se a divisão pot Airlangga do seu reino se deu ou não -
todas estas controvérsias perduram na bibliografla cronIstica sobre
o perIodo Indico, não são o tipo de assuncos para os quais tenha
pertin&lcia uma análise da organização polItica em Bali. E verda-
deiramente pertinence, sim, para a compreensão da forma carac-
terIstica do estado indicizado na Indonesia, a estrutura intrInseca
da fortnacão polIcica clássica.
Esta afirmacao é verdadeira uma vez que, fossem quais fossem
as a[teraçöes que o Estado balinês sofrera ate 1906, pot muito
especial que fosse o seu eriquadramento ambienral ou divergente o
CAPITULO I
1)LFINIc10 POLITICA: AS FONTES DA ORDEM
0 rnüo do ce;iirc ex2mp1a
WF
26 DEFLN1çAC) POLITICA CAPITULO I 27
a a6rrnacao dt Unla ideia poiltiL conrroldora a de que, pelo ataiou a SUO corte e oahicio - o seu ncp.arl
simpies acto de fornecer urn modelo, urn procótipo, urna irnagern ,. Seciprin,an, a a.rias atguns qnilómetrc's do local onci 0 senhor
irnpecávei da existncia civilizada, a corce moida o inundo i sua ba1jn<s da cabeça de porco er.:onrra o seu deal! ac fatal Corn a
volta riurna aproxtmaçao, mesnir, ejue rudimentar, cia sua pr6pr;a aji!Ja do sua forç.t carisfflatfta e de vdrios obje.:co s.igrados
perfeicao. A vida ritual da curie. como ahás a vida da corre em trazidos como herariça desde iMajapahc. Kepakisan cedo irnpôs
geral, 6 pois paradigmática da ordem social, e não apenas urn reflexo a ordem sobr(- a anarqoia. Em 1580 -- prossegUe a narrativa -,
desta. Ela é o refiexo sini, segundo os sacerdotes, da ordem sobre- a discórdia edodiu no ado do gripe rj, iando foi cornprovada a in-
nanaral, <o mundo intemporal dos deuses indianos", a parrir do sanidade <:Io herdeiro de Kepakisan ,cas:ra a sea irma corn urn
qLia! os hornens devern procurar padroriizar as suas vidas, proper- cavalo) peic' que foi dposto a favoc de on irrnão mais novc, o qua
cionalmente ao seu status. cr tão-somente diss(Auto. Por raz5e; CSplritUaiS a corte foi trans-
A rarefa crucial de legitirnacão - a conciliacão desca metafisica ferida para Gelgèl, imediatamente a sui de Klungkung, inauguran-
poiftica corn a real distribuiçao do poder no Bali do século XIX - do assirn o qee os Balineses considerarn rer sklo o seu perIoclo de
foi levada a cabo pelo mito; curiosamente, por urn mito de COiOflj- niaior grandeza. Perto do comcço do século XVII, uma rcbelio
zaço. Em 1343 os exércitos do grande reino javariês oriental do mais grave terá clissolvido compleramente a unidade da classe
Majapahic teriarn derrotado, perto de Pèjèng, os do <cRei do Bali", dirigente, estilhaçando o reino em fragrnentos. A corte principal
urn monstro sobrenatural corn cabeca de porco. Neste acontecirnen- deslocou-se para Klungkung, a urna mera rnilha de distância, e as
to extraordinário vem os Balineses a origem de tocla a sua dviii- outras cortes dos tempos rccentes - Baciung, Karengasern, Taba-
zacão e mesmo de si próprios, uma vez que, salvo urna mo-cheia nan, etc. - esp.lharam-se pelo campo, insralando-se de forma subs-
de excepcöes, vêem-se corno desceridentes dos invasores javaneses e tancialniente indepenclente daquela, embora continuando a reco-
não dos ur-balineses invadidos. A semelhanca do mito dos Pais nhecer formalmente a sua superioridade espiritual.
Fundadores [Founding Fathers] nos Estados Unidos ou do mito da Quaisquer que sejarn os elementos de historicidade desta lencla
Revolucao na Russia, o mito da Conquista Majapahit tornou-se a (a porte algemas tiaras arredondadas, acontecinientos csquemáticos
hisrória das origens, através da qual relacoes efectivas de comando persorlagens de repertorio, so muito poucos), cia exprime nas
e obedincia foram justificaclas e explicadas. <<'No princIpio foi imagens concretas de uma história <<tal e qual., a visão balinesa do
Majapahit"; para trás dele estende-se o caos de demónios e vilöes prSprio desenvolvimento polftico. Aos olhos dos Balineses, a funda-
sobre o qual o balinês pouco ou nada sabe.>> ção de urna cone javanesa, pnimeiro em Samprangan e depois em
Quanto ao que se seguiu, o balinês sabe-o, todavia, corn exces- Gelgèl (onde, ciiz-se, o paliicio estava concehido de modo a espclhar
siva preciso, e quase sempre de forma demasiado sistematizada. corn decaihada exactido o pal6cio do mais exemplar dos centros
A seguir a conquista, Gajah Mada, o famoso prirneiro-ministro de exernplares - Majapahit), criou não aponas urn centro de poder -
Majapahit solicitou a assistncia espiritual de urn sacerdote Brah- que já antes existira --, mas tarnbém urn padrão de civilização.
mana javanês para a pacificacao de Bali, a sua ilha vizinha caótica, A conquista Majapahit foi (e e) considerada como a grandc linha
porque sem dirigentes. Este sacerdote teve quatro netos semidivi- divisónia da histónia balinesa por ter afastado o Bali antigo, da
nos (o seu fllho casara corn urn anjo). 0 prirneiro foi nomeado por barbánie animal, do Bali renascente, o da elegância estética e do
Gajah Mada para rei de Blambangan, urn pequeno Estado da ponta espler.dor litürgico. A rransferência da capital foi a transferência de
mais oriental de Java; o segundo foi colocado no domInio de Pasu- uma civilização; tal como, mais tarde, a dispersão da capital viria
ruan, urn reino portuário na costa nordeste de Java; o terceiro (uma a ser a disperão da civilização. Apesar do facto de ambos serem, de
muiher) foi dada em casamento ao rei de Sumbawa. 0 terceiro, Ida certo modo, mitos coloniais, uma vez que comecam corn o estabe-
Dalam Ketut Kresna Kepakisan, foi enviado para governar Bali. lecimento de gente oriunda de terras estrangeiras mais cultas, a
Em 1352 este rei inventado, acompanhado por urn séquito de altos concepção balinesa do seu desenvolvimento politico não apresenta,
28 DEF1N1çAO POLITICA CAP1TULO 1 29
ao conrrário da americana, urna imagem do forjar de wna unidade derivava do do suserano, e assim sucessivamente ao longo da linha
a partir de uma diversidade original, mas sim a dis.soluco de uma descendente Toda a estrutura, porérn, assentava prirnariarnente via
unidade original numa crescente diversidade; não urn processo cerirnoflia e no prestIgio, tornando-se, como verernos, tanto mais
inexorável no sentido da boa sociedade, mas urn gradual esbarimen- frágil e ténue em real dominic poRtico e subordinação, quanto mais
to de am modelo clássico de perfeiço. alto se subia via pirâmide; dai que a outra comparaco que pode
surgir seja a de urn intrincado castelo de cartas, construIdo rank
sobre rank are atingir urn curne periclitante. 0 centro exemplar dos
centros exemplares ainda era Klungkung, herdeiro direcro de
Sarnprangan e Gèlgèl e, através deles, de Majahapit. Mas a sua
Este esbatimento é concebido como tendo acontecido tanto no imagem orientada de ordem encontrava-se refractada numa série de
espaco como no tempo. Durante o perfodo Gelgèl (cerca de 1400- centros menores, modelados a sua imagem e semelhança tal como ele
-1700), os vários soberanos das regiôes de Bali (Badung, Tabanari, o liavia sido a partir de Majapahit, cuja imagem diminufa de inten-
Blahbatuh, Karengasem, Bangli, Kapal, etc.), presumIveis descen- sidade ao difundir-se através deste meio cada vez mais grosseiro.
dentes de urn ou outro membro do cfrculo de nobres que acompa- Esta imagem no enfraqueceu apenas ao espaihar-se <horizon-
nharam o rei emigrante, terão vivido em palácios secundários, talmente>> via paisagern; também se prolongou <<verticalmente>> através
rodeando de forma ordenada o do rei suserano e descendente direc- das geracöes, como resultado de urn processo intrinseco de corrosão
to do próprio Kepakisan. Bali era, pois (em teoria e não de facto), cultural a que poderfamos chamar padrão do status decrescente
governado a partir de uma s6 capital, cuja organizaçâo interna era [Sinking Status Pattern].
uma expressão da estrutura geral do rei no, não s6 em termos espa- 0 padräo do status decrescente assenta na noção de que a
ciais como também cerimoniais, <<estratificatórios>> e administrati- humanidade descende dos deuses, não só genealogicamence mas
vos. Quarido se deu a revolta liderada pelo senhor de Karengasem, tambérn no sentido de ter urn valor intrInseco inferior. Terá decli-
O rei fugiu para a actual Bangli, no interior; os vários senhores (que nado corn ritmos diferentes, em linhas diferentes, através de vários
permaneceram leais, a excepção do senhor de Karengasem) recua- acontecimentos mundanos, terrenos e sociais, ate a mera humani-
ram para as suas regióes. Apos o esmagamento da revolta, o rei (ou dade, produzindo assim o actual, e extraordiriariamente complexo,
melhor, o seu sucessor) regressou, não para GelgèI, desacreditada sistema de ranking do prestIgio. Devido ao seu aparato Indico, este
do portto de vista espiritual mas sim para Klungkung, de modo a sistema é normalmente apelidado sistema de castas, mas em Bali é
recomeçar do zero. Os senhores outrora adjacentes ficaram, toda- mais rigoroso referir-se-lhe como sistema de tItulos ou de grupos de
via, nas suas regiöes. Corn o passar do tempo, o mesmo processo tItulo. 0 sistema fornece, pelo menos em teoria, urn status adscrito,
- segrnentação e separaço espacial, de parceria corn uma conti- inequlvoco e imutável (no respeirante ao indivfduo) posicionando
nuada deferência formal para corn a linha paterna - terá tambérn nurna hierarquia honorifica cada pessoa em Bali (ou, mais precisa-
ocorrido, não necessariamente de forma violenta, em cada uma mente, cada familia). 0 estatuto de cada pessoa, indicado pelo seu
destas regiOes e sub-regioes, produzindo a quantidade de cortes tftulo, é urn reflexo da história rnItica da sua linha paterna no seu
- grandes, pequênas, mincisculas e infInitesirnais -, que pon- percurso descendente desde a origem ancestral divina ace ao estádio
tuam a paisagem da história conhecida. menos augusto do presente. A diferença qualitativa em prestfgio
0 resultado fInal, isto é, a situação do século XIX, foi uma entre várias linhas (isto é, diferentes tIvulos) resulta das suas due-
pirârnide acrobática de *creinos>> corn graus variados de autonomia revives taxas de declInio; nern todos desceram ate ao rnesmo nfvel.
substancial e poder efectivo. 0 senhor suserano sobrepunha-se aos Ao contrário da casta de uma pessoa via fndia, o rank presente não
principais senhores de Bali, os quais por sua yea dominavam os é uma consequência das accöes praticadas em encarnaçOes anterio-
senhores cujo status derivava do seu, do mesrno modo que o seu res, mas sim dos meros acidentes de uma história caprichosa.
30 DEFINICAQ POLITZCA CAPITULO I 31
to rrarsversii enbora no fosse i mpc'ssivel. pacer do total da ilha se reilecria quase iriscantanearnerice nos contex-
No Bangli de 1876, por exernplo, para vi3;ar as oico niiihas ari tos tiuus parouiais Do ponto de vista sociolOcico, a prirnazia da
Kh1n Z.kLtng era necessario passar por nada menos quo sece ravinas, luta polo poder 30 nI'el longitudinal (peqoena escala) sobre o trans-
profundas e sorn ponres; era mais fácil exporcar os géneros a'ravés versal ceve viiaS imphcaçoes para 0 carICLEr cia policica balinesa.
do f3uIlng, a umai serenta mu has a norre para Ia das roontanhas. Primeiro, obviamcnte, sigriificor: que - parrindo d<) priflcipio do
do que arrives do Karengasem, a cerca de vince miihas clirocca- screm do codo uniclades terricoriais - a nrioncação dos reinos do
monte paLl lesie. Mais a sot, perco da costa, o terreno menos ad - So! do Bali era sempre nc seondo norre-sul e näo este-oesco, con-
dencado, nivelanclo-se numa estreita clanIcie, a qua!, ainda assim, ferindo-Ihes a forrna do- urna faixa comprido e geralmente muicc'
nio e rora!menre chã. Mesmo assirn, urn senhor quo saIsse para escreita. Em segundo iugar, signifIcou qiiz a altitude, oo seja, a
visitar urn vizinho, muitas vezes achava mais sirnpies viajar are a posição ao longo da encosra, era o factor geográfico mais significa-
praia, pilotar urn barco de pesca ao longo da costa ace ao ancora- rvo no forrnaco das ideias que os senhores tinharn sobre a que era
douro apropriaclo e, enrão, dirigir-se de novo para o interior, ao a actuaçibo polItica correcta. E, em cerceiro lugar, significou que o
invCs de prosseguir irnediacamence por terra. No respeirance a contra de gravidadc politico de cada região se localizava cenclencial-
organização do Escado, o efeito cleste cipo de paisagem foi a esta- nience nas imediaçöes do p00w em que os monces começavarn a
belecirnenro de urn campo de forcas geopolIcico muito intrincado nivelar coot as planicies.
e nao homogCneo, cuja acçibo era tudo menos integradora. A poiftica, nesca dirnensão acima-abaixo, consiscia nurn esforço
incessantc da porte dos senhores sicuados mais perto da costa por
concrolarern (domescicarern é talvez a pa!avra apropriada) aqueles
sicuados mais acima, na ciirecção das moncanhas, e nos esforcos
Simplificanclo alga drasricarnence o quadra, pode ciizer-se que igualmente incessances por parte destes para permanecerem de facto
havia uma iuca constance no sencido longitudinal entre senhores independentes e para cercearern a poder dos que estavam imedia-
localizados mais acima, na direcçao das rnontanhas, e aqueles loca- camence abaixo. 0 inceresse a curco prazo dos senhores das cerras
lizados mais abaixo, na direccao do mar, luca essa pelo concroio de altas era sempre, pois, a fragmencacibo, pelo menos na generalidade
urn qualquer conjunto concreco de contraforces, bern como urna da rcgiibo; o dos das cerras baixas era a inregraçibo. Ou, posra de
luta no senricio transversal entre os parricipances melhor sucedidos oucro modo, a preocupacão corn a unidade regional e a seu inverso
nesras clispucas locais, comperindo pelo predornInio dentro da zona - indcpendência local ou sub-regional - variava corn a altitude
do drenagem no seu coda. Mas, a para complicar rudo de novo, os acima do nivei do mar. A parte uma ou ourra possIvel excepcibo,
dois tipos de pcocessos - urn, primIrio, de pequena escala e concInuo, codas as corres realmence podemosas de Bali no século XIX situa-
o outro secundário, de larga escala e esporádico - aconteciarn não yarn-se mais a sul, ao longo dos seus contraforces; e, a parce Badung
so em simultâneo como tambCrn de formna independence. A poiftica (a qual, para sua desvanragem, Sc encontrava mais longe, nas cerras
'<incernacionai> do combace inter-regiöes sobrepunha-se directa- baixas propriamence ditas), codas se situavam de forma quase exacta
mence - e inclusive fundia-se corn cia - a polItica <<dornéstica>> na curva de nIvel dos 350 pés, urn pouco acima da zona onde
da rivalidade intra-região; era posta em cena não entre urn conjunco começa aquilo a que se pode, corn alguma exaccidão, charnar uma
de Escados encapsulados, impérios-miniaturas, mas antes arravés de planIcie.
uma rede intacta de aliancas e oposiçöes que se esrendia irregular- 0 resulrado foi, pois, urn conjunto de espacos oblongos e inch-
mente sobre coda a paisagern. A polItica mudava em escala da base nados, paralelos uns aos outros, cada qual oscilando quase sempre
do sisrema para o seu vércice, mas não em natureza. Inclusive cerros entre urn escado de incegracibo pohicica razoaveimence claro - mas,
reajuscamencos politicos marginais podiam ter implicaçOcs alarga- como veremos, extremarnence complexo quando os senhores das
das, assim como qualquer rnudança significaciva no equilibrio do cerras baixas cinham a sicuacibo are certo ponco nas suas rnãos - e
il
36 DEFINIcA0 POLITICA
CAP!TULO 1 37
Ulri estado de no menos complexa quase arlarquia quando, corn
de born grado ajuda a uma rebelio das terras alcas que pudesse
igual frequéricia, no a tinham. 0 major poder dos senhores das
erifraquecer urn rival das terras baixas. 0 equilIbrio dentro de qualquer
terras baixas nao assentava num controlo major e mais vincado dos
reino era sempre, pois, delicado, ora inch jiando-se para a capital das
excedentes agrIcolas. Embora houvesse mais socalcos e mais genre
cerras baixas e para a iritegracäo, ora no sencido contrário e para a
por milba quadrada nas planIcies, os socalcos dos montes eram
fragmentacão. Como em tudo o mais acerca da organizaçäo do
meihor irrigados e mais produtivos. Havia sempre uma fraca cot.-
Estado balinês, tudo isto era uma questão relativa; a major parte do
relacao, e isto na nielhor das hipóceses, encre a riqueza de uma
tempo era discernivel em cada uma das regiöes alga que se poderia
região e o poder do seu senhor suserano; e a natureza da organiza-
definir minirnamente como urn reino centrado. Mas, como forma-
ço polItica, como cambém verernos, actuava no sentido de separar
çao poiltica, nunca foi mais do que uma alianca instável, urn arran-
<<propriedade>> da terra de <<propriedade>> dos homens, de modo
jo cemporário, corn tantas pessoas preparando a sua destruição quantas
que a correlacão entre riqueza e poder nâo era, normalmence, mais
as que trabalhavam para a sua manutenção.
nftida no interior dos reinos do que entre eles. Era a sua localizaçao
Se a luta longitudinal se movimentava para e desde a margem
crucial na rede de comunicaçöes o que, na major parte dos casos,
das planicies, a transversal movia-se ao longo dessa margem.
dava aos senhores das terras baixas a sua vantagem naquela que era,
0 centro de gravidade politico, que servia todo o Sul de Bali, tinha
inevitavelmente, uma situaço muito fluida.
cendência a deslocar-se na direccão do ponto a meio caminho no
Dada a topografia, a orla da planicie era o ponto estratégico
arco de Tabanan para Karengasem (ou seja, a volta de e em Gia-
para o controlo do trânsito este-oeste. A vantagem dos senhores si-
nyat-Klungkung), ocorrendo a mesma oscilaçao entre fragmencacão
tuados ao longo do arco Tabanan-Gianyar-Klungkung consistia na
e integracão a medida que o processo politico afluIa para esta zona
capacidade de estabelecerexn e manterem lacos tanto transversais
fulcral e, depois, reflufa para bra dela.
como longitudinais, levando as duas dimensôes, através da diplo-
Dada esta dimensão, o nfvel de integraçäo nunca atingiu valo-
macia ou da guerra, ate uma espécie de união frágil e, normal-
res significativos, pelo menos durante o século XIX. Qualquer mo-
mente, temporria. Quanto mais alto na encosta estivesse situada
vimento sério pela supremacia da ilha estimulava imediatamente
uma corte, maior era o seu isolamento transversal; quanto mais
urn poderoso contramovirnento entre prIncipes das terras baixas, e
abaixo, mais desenvolvidos os contactos transversais. Ao nIvel mais
os problemas enfrentados por urn potencial unificador eram infini-
geral, a poiftica balinesa era mais uma questao de geometria -
camente mais complexos do que aqueles que se colocavarn a alguém
geometria <<fisica>> - do que de aritmética.
cujas ambiçôes permanecessern regionais. Os prmncipes localizados
Na sua luta pela rnanutenção da independéncia (ou indepen-
mais perto do centro estavam sempre iriteressados em alargarem o
dência parcial: não é possfvel identificar uma verdadeira hegemonia
controlo, nesce caso 0 controlo inter-regional, ao passo que os
em qualquer parte do sistema), os senhores das terras altas pos-
localizados a este e a oeste estavam mais preocupados em manter
suIam alguns trunfos próprios. Primeiro, estavam estrategicamente
a independência. 0 grau de predornmnio de uma ou outta tendncia
localizados quanto ao sistema de irrigação e podiam transtornar, ou
em qualquer perlodo era urn reflexo do grau da capacidade dos
ameaçar cranstornar, o fornecimento de água aos localizados mais
vários prIncipes regionais de manterern mao firme sobre as suas
abaixo na encosta. Em segundo lugar, situados em terreno mais
areas. Quando os principados mais centrais eram mais fortes, ye-
acidentado, os senhores das terras altas possufam uma vantagem
rificava-se uma tendência para a multiplicacão de relaçöes crans-
natural quando era preciso resistir a pressöes militares; e, de facto,
versais; quando as mais periféricos eram mais fortes havia urn
nas altitudes mais elevadas existiam algumas cornunidades de
rnovimento no sentido da reducäo dessas relaçoes. Mas se intra-
camponeses, dedicadas a agricultura de sequeiro, para Ia do alcance
-regionalmente a balança se inclinava, ainda que pouco, a favor dos
efectivo de qualquer senhor. E, em terceiro lugar, o mais significa-
unificadores, ja inter-regionalmente ela se inclinava, corn mais
tivo: qualquer senhor imporrante de urn dorninio vizinho prestava
evidéncia, contra eles.
CAPJTLILO ! 39
38 DEFJNZCAO POLITICA
rnnce da sua insignificãncia poiltica, esforçava-se para encontrar ceodencialmente endo'ânucos sendo o casamenro preferido aquLele
algurn tuar no Estado acravés do qua!, por via da incria, da corn urna prima pMriparaleia (isro é, para urn ego mascu!ino. a
lison.ja, do servço cicil ou de simples sorue, conquiscasse a aurori- filbia do irmão do pai). Em segundo Ioar. a forrnação de n000s
dade para a qual a sua heranca patrIcia o cornava teoricamenre 4 rupos a partir dos mais anigos nan resulcava da cisão desres. Este
elegIvel. processo, mais correcramence chamado difrerci.iço do qu€ seg-
Porém, nern mesmo esre quadro está COmplete Embora as Sudras mencação, deixava os grupos antigos incautos e inalcerados, nurr
näo pudessem rornar-se senhores, prIncipes OLL reis we senuido proc rio sencido global, pelas mudanças verificaclas no scO inucuer. F.
do cermo pois não podiam, dadas as suas incapacidadea macas, rerceiro lugar, esraf suhparces diferenciadas do rodo maoc ecaio
ser figuras verdadeiramerice exempiares -, consegularri, em cercos explicicamence hierarquizadas pela ordem do seil aparecimuico. 1st)
casos, desempenhar papéis cencrais na polIcica supra-aldci No ourro o seuc rank mudava, des!ocava-se, corn o csinpo e corn a criaçäo
excrerno, os Brabmanas, embora elegIveis para o status mais prcsti- de grupos recém-diferenciados: os anrigos subgrupos decresciam
gianre (inclependencemente do parentesco) em coda a cuirura bali- em status relativo a medida que os novos apareciam. 0 resulcado
nesa, o de sacerdote xivaIra (padanda), cram, a parte algumas excep- era uma escrucura hierárquica de grupos de descendência muico
çOes, cuidadosamente lirniradas, irnpedidos de forma siscerniItica de flcxIvel e, no entanco, bascante siscexnOcica, sobre a qual a real dis-
ascenderern aos organismos concretos de cornando. tribuição de auroridade polIcica podia assentar. 0 sisterna de ticulos
Em termos weberianos, os Sudras podiam alcancar o poder conferia !egicirnidade; o sisrema de parentesco dava-ihe urna forma
necessário para o estabelecimento da auroridacle efecciva, mas fal- social concreca.
rava-Ihes inevitavelmente o aparaco da qua1ificaço moral cambém A unidade básica desce sisrema - a quase-!inhagem a que os
necessário para um rat escabe!ecimcnro; ao passo que os Brabmanas Balirieses correncernente chamam uma cladia - compöe-se de todos
tinharn as qualificaçoes na sua coralidade, sendo de facto as mais aqueles indivicluos que são concebidos como clescendenres agnáricos
puras incarnaçôes da perfeiço cultural, não podendo porém alcan- de urn anrepassado comurn (no caso do nobreza, os descendences de
car o poder requerido. Apenas os Sarrias e os Wesias cram possui- um ou oucro dos imigrances Majapahir mais ilusrres). Quer pequc-
dores de urn dos elemencos e podiam adquirir o oucro de forma a na, como no caso dos rriwangsas scm poder, qucr muico grande,
obrerem genufna aucoridade, legicimidade subsrancial e tornarem- como no caso de linhas policicamence poderosas, cada dadia é uma
-se no pivot em torno do qual toclo o sisrema - sacerdotes, povo encidade corporate complecamenre aucOnoma. As dadias nunca são
e nobreza menos bern sucedida - girava. agrupadas em unidacles maiores, seja corn base na descendência, no
cerritOrio ou na <<casca>'. E, embora sejam, como veremos, rnuiro
diferenciadas no seu interior, são fundamencalmence inquebranráveis:
elas nunca se separam em segmenros independentes (pelo menos
em ceoria).
A segunda e mais importance instituição sobre a qual assenrava Em qua!quer região, sub-região ou localidade e, de facto, em
a organizacão do Estado era uma variedade do sistema de parences- Bali como urn todo, cram estas dadias que cornpetiam pelo poder
co pouco comum e talvez mesmo i:inica. Todos os membros dos e, ama vez assegurado esce, invocavam direitos ricuais para legici-
castas superiores se agrupavam em grupos de descendéricia agnática, mar a aucoridade. Quer consistissem em vince pessoas ou duzencas,
de força e tamanho variáveis, e aos quais se pode chamar lirihagens, elas cram unidades de organizacão do Estado irreducIveis e inceiras.
salvaguardando o facto de serem, do ponto de vista estrutural, muito Podiam expandir-se e contrair-se, crescer e diminuir, conquistar e
diferentes da !inhagem tal como é normalmente descrita na moder- colapsar; mas nao podiam nem cindir-se, nem fundir-se - a não
na literatura antropo!ógica. ser numa aliança insegura. A propensão do siscema das dadias era,
Em primeiro lugar, estes grupos não cram exogâmicos, mas sim pot isso, para o particularismo politico. Os próprios factores que
44 ANATO/vfJA POLITICA
CAPITULO II 45
o. c.
nobre
:
_
nbre t
H
L - - - -I
teriam urn valor de, digamos, nove. No en canto, na geraço se- con tern poran ens
continuaria a ter urn valor de dez; as novas linhas, ento formadas nobret
Sobd.dt.t
-- --
Alto Batno
sob o concrolo de ernpresários de [arga escala chineses, a quem erain Qu, mnelhor ainda, era aqueta carnada calvez ainda mais crucial,
concedidos alvarás comrcais por urn ou outro dos senliores bali- mesmno abaixo do verrice, a parrir As qual cada liomem magicou a
neses, a troco de crihuro em dinheiro ou géneros. Estes chineses (os soc elevação ace a proemiriencla sabre os ombros dos seus mais
quais, se a seu contrato era corn urn senhor suSeranc) poderoso, terrIveiS rivalS: o tL em ri'inca foi escaiado no Bali do século
podiarn roriiar-se em espindidas figuras locals, vivendo em gran- XIX. Todas as aliancas redundaram, mais tarde OL1. rnais cedo
diosas casas apalaçadas, irnitando o estilo de vida das castas alias (e frequenremente mais cedo do que tarde) em Falhanços; codas as
balinesas e coleccionando urn vasco harem de rnulheres balinesas) ambiçöes Ac do!riinlc da rotalidacie Ac iha fc,rarn crntrariaclas;
dirigiarn as activiclades de urn signiflcarlVc) nCirnero de agenres e todas as pL-oclamaçOes p6blicas de LLflidaclC espirituai>' e <<frarerni-
subagentes - chineses, <<javaneses>> e, ao nivel mais local, balineses dade arC a morte>' forarn vãs. Mesmo era face da crescente pressão
-, distribuIdos pelo campo. Em reinos menos integrados, o chines dos Holandeses, encrinchcirados após 1349, em Singaraja, as ma-
do senbor suserano, por vezes dignificado corn o cargo de Subandar vimentos por urna genuIna unidade policica, ainda que muitas vezes
(i. e., senhcr do comércio), rena urn rnonopólio quase completo, propostOS, nunca resulcaram em coisa alguma.
organizando todos as outros comerciantes estrangeiros num elabo- Foi, alias, a pedido de ajucla milicar aos Holandeses pela casa Ac
rado consórcio centrado em si próprio. Gianyar em 1899 que marcou o princIpio do fim de coda a siste-
Estes homens, por vezes entrincheirados também como pro- ma. Localizada no epicentno politico da ilha e aconseihada por dois
pnietários de terras em larga escala (especialmente cafezais e pasta- irmãos Sudra extraordinariamence argutos (<Eles conseguiram capturar
gens) podiarn, por sua vez, conquistar uma significativa influência uma aldeia enquanto dormiarn>>, observou urn dos meus informan-
informal sobre os seus patronos como conseiheiros oficiosos. tes anciãos), esca casa aproxirnou-se mais do que qualquer oucra,
Assim como os assuntos espirituais do memo eram clados em embora ainda assirn não a suficience, de conseguir garihar total he-
contrato a urn ou vários sacerdoces Brahmana, tambérn os corner- gemonia por alcuras da segunda metade do século XIX. A medida
ciais cram cedidos em contrato, nurna base algo menos tradicional, que cresceu e se foncaieceu, codas as seus vizinhos, cada qual en-
aos mercadores chineses. No primeiro caso, os senhores trocavam clausurado no seu próprio ci6rne, se virararn naturalrnente contra
favores politicos por prestIgio; no outro, por riqueza. cia. Comecando a enfraquecer cambCrn por dentro, tomou uma dcci-
são que acabaria por set fatal - apelar a ajuda exterior ao sisrerna;
fatal, porque uma luca polIcica local foi assirn projeccada para urn
Alianca complexo de forcas muito mais vasco, para a qual aquela iota não
tinha significado e sabre a qual não teve efeito. 0 Escado baiinês
Existe, finalmente, urn outro nIvel de organizacão do Estado, o foi construIdo de baixo para cima. Esboroou-se de cima para baixo.
qual, embora fosse o menos substancial, o menos estável e (a excep-
çäo de momentos passageiros) o que menos consequências tinha,
era, no entanto, o mais óbvio, porque o mais dramático para os
observadores vindos de fora - tao drarnático (no sentido de teatral)
que raramente é penetrado profundamente pelas poucas descriçöes 0 quadro institucional dentro do qual as aiiancas eram feitas
disponIveis da accão poiitica da nobreza. Refiro-me ao padrão dos era mais cultural e simbólico do que sociológico e estrutural. Em
lacos transversais, inter-regionais, entre ou no seio das várias dadias primeira lugar, havia uma elaborada ética de status da honra e da
localmente dominantes - aquilo a que podemos chamar (de modo boa educaçao, uma espécie de código de cavalaria scm cavalos, scm
a indicar a natureza mais simétrica do que assimCtrica das relacoes a homenagern e scm a amor romântico (mas não scm a orguiho, a
em causa) aliança, e não clientelismo. Este era o vértice da pirâmide pompa e a paixão), que ligava todas as fIguras grandes e quase
de acrobata, a curne do castelo de cartas periclitante. grandes nessa espCcie de comunidade baronial na qual a etiqueca
U
I:
de autoridade, restabelecirnenro da paz ou declaraçöes de hostili- tratados e, de forma menos clara, também do sisrma dos remplos
dade. Esces problernas rescringiarn-se a esfera da intri,ga sussurrada, de todo 0 Bali) ë a de urn conjunio de sete ou oito escados e de
pessoal e litnicada a)s patios interiores. Os tratados torneciam urn poder mais OLI menos semeihanre, liderados pot urn raj de Klungkung
vasto quadro consensual, conscrufdo a partir das convencöes aceites primif s jnser psr. Embora mui w.s erudi tos tenharn acci te esra imagerr
do dreiuo consuecudinário (ac/at), dencro das quats o assunto con- corno verIclica, dificilmc-nte será urn retrato rigoroo quer das tea-
crero da aliança inter-regional, o tráfico de influfncias na cocalidade lidades estruturais quer dos processos funcionais no perIodo pré-
da ilh podta prosseguir e alcancar urn cercu grau de definico. -colonial Mas como as idejas tern consequCncias, seja em Bali ou
Para se vislumbrar este processo mais vital, a politica propriamente em qualquer outro lado, esta imagem não deixa, por isso, de set
dica, é preciso olhar para lii dos tratados ou, meihor, através dos importante.
tratados. Urn facto se torna ciaro a partir dos próprios tratados: este
Uma coisa que os tratados de facto faziam era definir publica- retraco da realidade polItica balinesa como <<famflia de naçöes>> é,
mente quern eram os jogadores oficiais nesce jogo de nIvel superior, no seu nfvel mais geral, puro estereOtipo; a poiftica a esse nIvel
expondo assim as subclassificacoes poiIticas mais vastas e gerais na diferia da polItica ao nIvel mais especifico apenas no facto de set
ilha. Klungkung, Karengasem, Lombok, Bangli, Gianyar, Payan- muico mais fluida e algo mais violenta. Porque ernbora os senhores
gan, Mengwi, Badung, Tabanan, Jernbrana e Bulèlèng eram, por dos negaras <oficiais'> fossem os signatários norninais dos pactos,
via de regra em grupos de clois oii trés, as parces contratantes for- des não agiam enquato soberanos mas enquanto cabecas de con-
rnalmente responsáveis em todos os tratados. A este nIvel penültimo, federaçöes ou mesmo como meros delegados destas. Nurn tracado
abaixo do superior, des eram os negaras certificados. (0 nIvel 6ltirno, de 1734 entre <Buleleng e <Tabanan>>, trés senhores escavarn en-
superior, aquele em que todos não eram mais do que extensöes de volvidos pelo lado de Buleleng, e seis pelo de Tabanan. Num tratado
urn Klungkung unicário, era rambém expresso como mera forma- mais cardio entre <Badung>> e <Tabanan>>, havia trinta e oito us-
lidacie: Klungkung apatecia sempre em primeiro lugar em qual- tados em cada lado. <Mengwi>> consiscia em crinca e trés senhores
quer listagem; a superioridade formal da sua linha era abertamente diferentes num pacto corn <Badung>, <Gianyar> em treze num
reconhecida; e eram proferidas vagas declaracoes solenes de admi- pacto corn Badung, e assim sucessivamence. Mais do que urn acordo
raciio e de lealdade a sua lideranca.) Embora Payangan desapareça entre dois, trés ou rneia ci(izia de déspotas regionais, estas alianças
no princfpio do século (era uma casa das terras altas temporaria- constituIam urn encontro de coleccoes inteiras de figuras politicas
mente importance e cedo desmembrada pelos seus rivais dos sopés) separadas, semi-inclependentes e intensamente rivais, unidas, na
e Buièièng em meados do século (após a conquista holandesa do meihor das hipóteses, em blocos inscáveis, pot lacos de parentesco
Norte de Bali), e ainda Mengwi (vIcima de Tabanan e Badung) no e clientelismo.
urn deste, em geral o padrão mantém-se consistence de documen- E quanto a proeminéncia de Klungkung como capital titular
to para documento. de todo o Bali, o negara central, a realidade talvez surja bern elu-
A não ser de forma subalterna, os tratados não criavam este cidada pela hiscória sobre os conselheiros Sudra do prfncipe de
padrâo. A sua funcao era conceptual e não causal. Sobre aquilo que Gianyar, que pendurararn urna effgie de paiha do rei de Klung-
era, na factualidade social, uma rede de relacoes polIticas so mini- kung - o descenciente directo do próprio Kepakisan -, na praça
mamente territoriais, desordenadas e longe de estarern regional- pi:Iblica de Gianyar, convidando coda a gente que passava a dar-Ihe
mente integradas, eles imprirniram urn esquema categorial geral, urn poncapé.
urn estereOtipo cultural que it forca de uma simplificacao radical e
corn Iivre recurso a ficco legal, fez corn que essa rede parecesse ter
uma ordem muito mais definida do que alguma vez se aproximou
de ter. A visão da formacao polIcica balinesa que emerge destes
62 ANATOzVI1A POLIT1CA
tinuava, expiorado mas irnutável, no camiiiho definido desde li muito ténuc enire as instituicães do aparaco do Estado-teacro e as
sêculos. Urna visäo cativante, agradavelmente rornântica e adcqua- do governo local.
darnente dernocrática, alérn de reconforcante para urna elite cob-
nial que acaba de afascar uma arisrocracia indigena; mas, apesar
d!sso, falsa. 0 Estado criara a aldeia tal como a aldeia criara o 7
Estado.
Talvez a iidicacao mais nirida deste facto fundamental do cres- Ji foi dico also sobre a orgamnzaço do Estado-ceacro, e mais
cirnenro strnultaneo de aldeia e Escado, algemados aiim processo ser dic Miis se quisermos perceber devidarnence os processos
continuo de uma influência mutua que os moldou em resposta urn politicos balineses, mesmo aos niveis mais altos, é necessário apre-
ao oucru, esteja na ausência virtual de aglornerados urbanos pro- sencar urn esboco geral das formas de governo local.
priamence dicos no Bali anterior ao século XX. As casas nobres Também aqui, no entanto, a imagem da sociedade aldeã como
niais importances de uma dadia poderosa tinharn tendência a agru- dorpsrepubliek, se ergue no nosso carninho. Porque a cia se junta uma
par-se nurna ou noucra locatizacão estracégica, disposta, de acordo teoria histórica (ou, melhor, quase histórica) sobre a degeneraçao
corn urna planta metafisica, em torno do palácio do rei da sua linha progressiva da aldeia balinesa desde a sua forma orgânica primitiva,
central - o seu centro exemplar. As casas nobres secundárias e supostarnente represencada par algumas aldeias actuais, mais pen-
terciárias, as que cram vistas como cendo descido mais baixo em féricas do ponco de vista geográfico, estado cornpósito presente,
reiaco ao status real, enconcravarn-se normalmence dispersas por como resultado da interferência das classes dirigentes nos assuntos
aldeias menos centrais, onde as suas <casas>> e '<palácios>>, imicacöes própcios das aldeias. Apesar da posculada autonomia da cornuni-
em pequena escala das casas e palácios da capital, se enconcravam dade camponesa, é dim que as exacçöes dos senhores faziam corn
colocadas no seio da vida local para af servirern de modelo. Ate que se <rasgassern>> os lacos -naturals>> inerences s aldeias. A unidade
mesmo as capitais, no exterior cbs altos rnuros das casas nobres, da aldeia aborigene ceria sido gravemente erodida, pelo rnenos nas
erarn organizadas exactamence como qualquer aldeia e, neste tipo regiöes cencrais, pela irnposicão progressiva do poder estacal.
de sistema, muitas vezes não era nitido nem estável o que era E assim sucessivarnente.
capital e o que era circundante. A grande tradiço balinesa, o Urna crItica sisternécica desta teoria - teoria que foi concebi-
<<hinduIsmo>> (se é que se the deve chamar assim), não era susten- da, como digo, para salvar a conceito de dorpsrepubliek do seu confronco
tado por urn siscerna social urbano e cliferenciado. Pelo contrário, corn uma enchente de dados ecnográficos renirentes -, levar-nos-
era conduzido por urn escraco especialmente demarcado de casas -ia para questães de factualidade etno-histónica, de método e con-
dominantes exemplares distribufdas pela tocalidade da paisagem, ceito que estariam desbocadas neste contexto. 0 que me inceressa
corn concentraçöes aqui e all. A relacao encre nobreza e campesi- tornar claro é que, se eu apresento uma visao da <caldeia tradicional
nato no Bali tradicional não pode ser formulada em cermos de urn balinesa'> totaimente contránia aos pressupostos da teoria da usur-
concrasce entre cidade e campo, mas apenas em termos de dais pacão e dissolução, não é porque ignore a existência dessa teoria ou
cipos de formacao polItica rnuico diferentes mas elaboradamente porque tenha esquecido a sua influncia. Aconcece simplesmente
entrelaçados: uma, centrada nos processos politicos regionais e inter- que leio os factos históricos e etnográficos de modo muico dife-
-regionais de urn tipo predorniriantemente expressivo, a outra cen- rente. Para mim, não são as aldeias do coracão do pals, nas quais
trada em processos locais de natureza predominancemente instru- toda a população parece ter vivido durance séculos, as que são
mental. Não se tratava de uma questiio de arnbiçOes coralirárias de aclpicas, como que resultados excéntricos do jogo de circunstâncias
uma elite urbana centralizada em contenda corn a teirnosia libertária especiais; são-no sim as mais remocas, dispersas ao iongo das margens
de uma horda de rep6blicas riIsticas fechadas sobre si mesmas. dessa região central. Não sei como era a cornunidade balinesa
Tratava-se de uma questão de ajuste pormenorizado, complexo e <oniginal>>, ou <<arcaica>> ou <pré-hindu>. No entanto, tambérn
J
nirlguém o sabe, pelo que me parece ser siniplesmente estranho u nidacle de resid6ncia: era uma corporacão pciblica duradoura regu-
ericarar a cendência central do desenvolvimento social aldeão cornce lando urna area da vida da comunidade muito vasca mas bern
nada mais do que urna perturbaç.o causada pelos redemoinhos quc dernarcada Onde cinha jurisdiçäo, era SUpt- emo ate ao ponto do
rodopiarn ao longo das suas margens. a bso!utiSmo onde no a cinha, não possufa qualqur poder.
Mas, embora o domInio da sua jurisdição fosse rigorosarnence
clefinido (muitas vezes estabelecido corn elaborado detalbe cnn<<re-
consticuicöes>> escritas chamadas au;-ciu'ig hanjar, <regras do lu-
gar>'), e embora est€- domInio fossL razoavelmente uniforme do urn
1-lavia três esleras principals nas quais as formas poifticas de lugar para o ounro, coma-se diffcil resumir a sun naturza numa
base local jogavam urn papel predominante: (1) o ordenamento dos Erase. Talvez induza menos em erro dizer que o lugar era a comu
aspectos publicos da vida da comunidade, (2) a regulaçao dos dis- nidade civil fundamental em Bali. Mas, então, é necessário csclare-
positivos de irrigacäo e (3) a organização do ritua popular. Para cer que corn <<civiliclade>> n,,-io se quer dizer <secularidade>' (pois o
cada urna destas tarefas havia instituicôes separadas (embora rela- lugar estava, como codas as instituiçöes nesta sociedade ricualista,
cionadas) dirigidas especificamente para o seu cumprirnento: o lugar profundarnente envolvido nos assuncos religiosos), nem, obviamence,
(banjar), a sociedade de irrigacão (subak) e a congregacão do templo <<urbanidade>>. 0 que se quer dizer é <<vircude püblica>>, aquilo a
(pernaksan). A volta delas, agregavarn-se certas organizaçöes, em si que os Balineses chamnam rukun: a criação e manutençibo da ordem,
mesmas não polIticas, e igualmente especfficas - grupos de paren- das boas relacoes e do apoio m6tuo entre urn grupo de vizinhos.
tesco, organizacOeS voluntárias e outras -, as quais, pelo menos 0 proposiro do lugar enquanco corpo politico era cfvico no sentido
ocasionalmente, jogavam papéis politicos auxiliares, dentro de urn mais lato - a provisao dos requisitos legais, materiais c morass
ou outro destes contextos. 0 resultado era uma ordem polItica para urna saudável vida em comurn.
compósita que, como numa cacleia postal, era composta de grupos 0 lugar era respons-ável pelos equiparnentos püblicos (constru-
corporate sobrepostos e interligados, ainda que distintos, estenden- cao e conservação de estradas; construção e conservação das casas de
do-se numa continuidade sem qualquer faiha pot todo o campo reunio do lugar, dos celeiros, dos recintos para a luca de galos,
balinês; ordem essa na qual assentava urn amplo leque de funcöes mercados e cemicCrios), pela segurança local (vigias nocturnas,
governativas. Tal como negara, em Bali, c/cia refere-se em rigor não apreensibo, julgamenco e castigo de ladroes; supressão da vio!ência)
a urn iinica encidade delimitada, mas a urn carnpo alargado de e pela resolucibo de disputas civis (conflitos de heranças; discussöes
grupos sociais organizados, focados e inter-relacionados de formas de vários tipos de direitos e obrigacoes tradicionais; desavencas con-
variadas - urn padrao a que me referi noutro lugar como <<colec- cratuais). Regulava a transferência de propriedade pessoal (a excep-
tivismo pluralista>>. cao dos arrozais) e controlava o acesso aos terrenos para casas, as
0 lugar, ou banjar, e isto para comecarmos pela vida pt:iblica, quais, na maioria dos casos, detinha de forma corporate. Legitimava
era, em termos formais, uma unidade de residência. No quer dizer o casamenco e o divórcio; administrava os juramentos; conferia e
que fosse sempre estritamente territorial; membros de diferentes recirava os direitos de cidadania; fazia cumprir urn cerco nürnemo de
!ugares encontravam-se disseminados dentro de urn mesmo aglo- leis sumpcuárias concebidas para mancer em ordem as relaçoes
merado, e por vezes as lealdades de lugar atravessavam as fronteiras de status; e organizava vários tipos de accividades de crabalho colec-
dos aglomerados. Corn mais frequência, porém, membros de cada civo, canto religioso como secular, encendido como de importância
lugar viviarn contiguamente dentro de urn ou outro dos conijuncos mais geral que individual. Pacrocinava certas festas piblicas, apoia-
nucleares de casas posicionadas ao !ongo dos estreitos contrafortes, va certas actividades estCticas cornuns, realizava certos ritos, sobre-
embora fosse pouco comum urn aglomerado conter apenas urn lugar. tudo purificadores. Podia cobrar impostos e multas, possuir pro-
De qualquer modo, o lugar era muito mais do que uma simples priedade e investir em empreendimencos comerciais. Resurnindo,
70 ANATOM1A POL/TZCA CAPITLILO 111 71
ralvez o grosso (ernbora, como veremos, de modo algurn o todo) da forma pouco convincente, por <<sociedade de irrigação>>. Nurn cerro
governação em Bali, no sentido esuriro da regulacão da vida social sentido, o subak era uma espécie de lugar agrIcola e, de facto, os
pela auroridade, era levada a cabo pelo lugar, deixando o Estado Balineses por vezes ainda se Ihe referem como <iugar da água
livre para teatralizar o poder crn vez de o adminisrrar. (banjar yèh). Os membros da corporação (os krama subak) não cram,
A expressão concreta desta form idávei corporaciio era o krama no enranro, co-residentes, mas sirn co-proprietários os donos dos
banjar. Trata-se de urn termo cuja tradução é exrremamente diflcii. socalcos irrigados a parur de urn so curso de água artificial on-
Literalmente, krama, uma pa!avra importacia do sânscrico, stgnifica gifláni() de urn ou outro poncoao longo de uma ou ourra das cenuena
<<maneira>, <<rnérodo, <<modo ou mesmo <<estilo>>. Mas neste caso, de garganras flu'>oais inscritas na paisagern inclinada de Bali.
ganha o sentido de <rnernbro> ou <<cidado>; então, krama banjar Estrururalmente. também era grande a sernelhanca corn o lugar.
refere-se não so aos costumes do lugar mas também ao corpo concreto 1-Javia reuniöes periOdicas do krama subak; havia lIderes ofIciais
de homens que em qualquer momento são investidos corn a respon- escolhidos no seu seio (k/ian subak); e havia constiruiçöes especificas,
sabilidade de manterem esses costumes - o conjunto dos cidadãos. por vezes escritas (awig-awig subak) estabelecendo regras básicas,
Na maioria dos lugares urn homem tornava-se membro do kra- obrigacôes de trabaiho colectivo, rituais comunais, etc. Tal como o
ma banjar aquando do casarnento ou apOs o nascimento do seu pri- lugar, a sociedade de irrigação podia cobrar multas, casrigar, resol-
meiro fliho e por vezes retirava-se dele apOs a morte da sua muiher vet disputas, deter propriedade e determinar as suas politicas
ou quando todos os seus flihos se tivessem tornado membros, por independenternente de qualquer autoridade exterior ou superior.
sua vez. Pelo que o krarna banjar era constituIdo pelos adultos de urn Diferiam o conteüdo destes direitos e obrigacoes, o domfnio social
lugar que fossem cabecas de famIlias nucleares independentes. Por sobre o qual jogavam e os fins para que se dirigiam. 0 lugar
regra, reunia-se uma vez por mês (o mês balinês tern trinta e cinco moldava as inreracçàes sociais quoridianas de urn conjunto de vizinhos
dias) na casa de reuniöes do lugar, ernbora reuniães especiais pudessem nurn padrão harmonioso de laços civis; o subak organizava os recur-
set convocadas para fins especIficos. Nestas reuniöes eram decididos sos econOrnicos de urn grupo de camponeses - terra, trabalho,
todos os assuntos importantes referentes as poilticas a implementar. água, conhecirnentos técnicos e, de urn modo restrito, capital de
Por consenso, normalmenre apOs extenso debate e, a juigar pelas equiparnento - nurn aparato produtivo surpreendentemente eficaz.
práticas do presente, após considerável preparacão. 0 krama banjar A funcão principal deste aparato era, obviamente, o controlo da
escoihia os seus prOprios lIderes (k/ian banjar), que erarn mais os irrigação. A criação e manutenção do sistema de distribuiçao de
seus agentes do que os seus dirigentes. Decidia sobre os seus próprios água e a repartição da água pelos urentes cram as principais preo-
modos de proceder, dentro do contexto das tradicoes estabelecidas. cupacöes do subak como urn todo. A primeira destas tarefas era
E era o corpo soberano em todos os assuntos do lugar, punindo pelo levada a cabo através da organização e aplicaçäo continua de traba-
ostracismo qualquer resistência incorrigfvel a sua autoridade, por lho manual - o dos proprios membros do subak. A segunda era
muito trivial que fosse em aparência. Não é de admirar que ainda levada a cabo através do debate e consenso do grupo sob a orien-
hoje os Balineses digam que deixar o krama é deixar-se morrer. tacâo da tradicao estabelecida, o que era como facilmente se pode
irnaginar, urn assunto melindroso. Mas para além destas preocupa-
çöes centrais, que cram quescöes de vida ou de morte para os seus
91 membros, a sociedade de irrigação dedicava-se a accöes rituais
purificadoras em ternplos especiais nos arrozais e nas fontes de
Apesar de todo o âmbito e poder do lugar, urn dos aspecros água; legitimava as transferéncias de propriedade dos socalcos; concedia
mais importantes da vida camponesa de Bali ficava de fora do seu ou recusava autorização para a construção de novos socalcos; e regulava
alcance: a agricultura do arroz de regadio. Aqui, uma outra corpo- o calendário do ciclo de cultivo, sobretudo através do controlo do
ração pilblica era soberana, o subak, normairnente traduzido, de momento de plantio. Tal como no lugar, os membros da sociedade
72 ANATOMM POLITICA CAP1TULO 111 73
de irrigaco iiio erarn simplesmente cidadãos, mas também pessoas C&ebes, arc. Mas para os aldeãos as varacOes são muino mais proe-
privadas corn urna esfera discinra de cltreiros e inreresses privados minentes, uma yea qua definem as fronneiras do pemcthsan - o
irrevogávc!s que o gLupo corporct.'e não podia usurpar; urn hornem grupo de pessoas para as quais os costumes da adat são invaniarites
podia vender, alugar ou penhorat a quem dc quisesse; arrendar atC a>) mais Inlimo pormenor. 0 J)eli!aksafl c , pols. na base, uma
outros paclröes de trabaiho se o desejasse; usar as tcnicas de culcivo comuniciade moral, ao lado cia comunidacle civil, que é o lugar, a
que entendesse. Mas, tal como no lugar, na esfera da vida em que da cornunidade económica, qua é a sociedade dr irrigacão. Enquan-
os direitos e interesses püblicos cram tidos como dominantes, a sua estas assefltaifl num conjunto comum de instituicries governa-
palavra era lei, o desaflo a sua palavra crime. mentaiS ou num conjunto comurri de dispositivos produtivos, aquela
assenna num conjunto comum de normas sociais de base religiosa.
os costumes cousagrados.
Urn pemaksan pode ser constituIdo por rnernbros de urn arC
nove ou dez lugares de qualquer parte, ainda que três ou quatro
Finalmente, a terceira instituição politicamente importante no seja (hoje, pelo menos) o mais corrente. Estes lugares são normal-
sistema desa era a congregação do templo, aquilo a que me referi de menre connIguos, embora isso não seja inevirCvel, e no sen aspecro
forma algo arbitrária como pemaksan. Embora em essência cenrrada espacial o pemaksan C charnado a desa ac/at - a <a1deia do cos-
na religiao, esta unidade - igualmence urn corpo pbIico altamente tume>>. Na essência, a desa ac/at não C de modo nenhum urn siste-
co;orate, organizado por regras jurIdicas expilciras e pormenoriza- ma social, mas sim urn pedaço de espaco sagrado, baseado na crenca
das corn rigor - era ao mesmo tempo uma agência de governo por balinesa de que o mundo e tudo o que cia contCm (<<a terra corn
via da ligacão indissolüvel em Bali entre regiao e costume, formas tudo o que nela cresce, a água que por cia corre, 0 ar qua a envoive,
de culto e padröes de ccmportamento social. Esta iigacão é patente a pedra que ela guarda no seu t'inero>>) penance aos douses. Mas C
na verso balinesa da nocão indonesia em geral, de ac/at. Adat, do urn pedaço de espaco sagrado pelo quai urn grupo social definido,
árabe <<costume>>, não significa <<costume local>> por contraste corn pernaksan, C humanarnente responsável - responsável por seguir
<rnandamento divino>> (hukum), como nas zonas islâmicas do arqui- as leis rnorais (os costumes adat definidos para esse espaço pelos
pélago, mas sim todo o enquadrarnenro da acção social que contém deuses) e por adorar os própnios dausas. E esra iiltima obrigacao, a
tanto hornens como cleuses. Corn aplicacão igual as formas de en- mais imperativa para urn balinês, que faz surgir a principal expres-
queta, regras de heranca, rnétodos de agnicultura, estilos de arte e são insnirucionalizada desta <<aldeia do costume>>: Kahyangan Tiga,
nitos de invocação, é tão-sornente urn sinónimo de ordem. ou <<Tres Grandes Templos>>.
Tal como tudo o resto em Bali, a ac/at varia. As variacöes dizern Tai como no caso de Sad Kahyangan, os <<Seis Grandes Tern-
quase sempre respeito a pequenos pormenores, por vezes mesmo pbs>> anteriormenta abordados, o uso do termo superlativo para
triviais: no recrutamento para o conseiho de lugar; na seieccão dos <<nemplos>> no lugar do normal pura (embora, tab como corn Sad
seus funcionários; na posse de terra para residência; nas listas de Kahyangan, cada templo em si seja referido como Pura isto ou Pura
ofensas e muitas; nas práticas funerárias; no papal que as pessoas aquibo) indica que estes lugares de culto especIficos são vistos como
de <ccasta superior>> (i. e., triwangsa) jogam na vida social; nos resumindo, de urn modo que os tempbos ordinCrios (agrIcolas,
oficios que podem ser praticados e nos animais que podem ser familiares, de mercado, etc.) não fazem, toda uma ordem social de
possuIdos; e mama vasta sCnie de pormenores técnicos triviais. Desde urn certo tipo. 0 que surge aqui, ritualmente sublinhado é a ordem
ponto de vista <<de voo de pssaro>> do inquérito etnográfico, estas local e não a translocal, o sistema aideão e nao o sistema estatal. Em
diferencas devera.s marginais aparecem como meros incidentes naquele ambos os casos, o conjunto de tempbos, como conjunto, simboliza
que é urn padrão de costumes em geral homogéneo, distinguinclo a gbonifica urn tipo de formaçao polItica especffIco; a do negara, o
claramente Bali dos seus vizinhos - Java, as Sundas Menores, as estado exemplar, por urn lado; a da desa, a aldeia compósira, por
F
74 1NTOA11A POLITICA
Pasar (ver mapa 1). Embora a versão Tabanan nio sea mais tIpica mba
directa rerrninoU. Cada uma das outras casas era considerada
do sisrema perbekel em geral do que a de cualquer oucra regiào da descendente em linha directa de algurn irmo ou meio-irmo de
0 seu reino, canto mais
ilha, E de vários modos a sua expresso mais nftida, aquela em que urn iCi oucrora reinante; quanto mais aritigO
os princIpios essenciais do sistema apareccm na sua forma mais baixo o SL1 ranI correrice, de acordo corn o padro de stat/is decres-
directa e visivel. As relacoes Estac(o-aldeia no Bali iradicional cram cence anteriormente descrito (vet figura 1 e capitulo II, em Grupos
de tal moclo intrincadas e irregulares que praticamente qualquer de descendência e status decrescente').
coisa que se exponha corn pormenor acerca de urn exemplo concre- Quanru as casas Krarnbican, elas viam-se a si mesmas c eram
to se torna falsa quando aplicada a wn outro. Porérn, essas relaçoc \'istas comr apareniadas, de uma maneira ou de outra, corn a prin-
eram animadas por uma concepço da natureza da lealdade poiftica, cipal linha Tabanan (tal como, de facto, a linha Tabanan se via a
do dever politico e do objeccivo politico que era a mesma em toda si própria corno clistantemente aparenrada corn a linha real de BarIurg
a parte. Apesar de toda a sua variaçäo a superfIcie, a inceracção c, para Ia desta, corn Klungkung), e como estando dentro da sua
entre negara e desa tinha, na base, uma forma definIvel, forma essa esfera geral de influência. Mas, para coclos os efeitos, des eram uma
produzida por séculos de história que prosseguirarn sob a orienta- dadia por rnérico próprio, corn o senhor de Puri Gdé Krambitan
çio de urn conjunto de pressuposros juridicos a que chamarfamos por suserano.
uma Constituiço caso os encontrássemos nurn Estado moderno. Das quatro casas ex-Mengwi, as crês que se separaram na década
de 1820 - Macga, Blayu e a casa central, Perean - enconcravarn-
-se aparencadas nurna 56 dadia; Kaba-Kaba, acrescencada em 1891
7 era urn ramo de uma dadia cuja sede era em Kapal, uma aldeia em
Badung, tendo sido separada do resro da linha pela divisilo de
Havia, no Tabanan do perIodo 1891-1906, cerca de trinta e despojos entre Badung e Tabanan.
cinco casas nobres de signifIcativa imporcância policica. Escas casas A excepção de Kaba-Kaba, que continuou de olhos postos
podem classificar-se, e assim eram de facto classificadas, em três no Leste, codas estas linhas e sublinhas independences, ou semi-
grupos principais: (1) a <<linhagem>> real Tabanan em Si; (2) uma -independentes, escavam ligadas a Tabanan através de relaçöes
linhagem afastada, independente ou semi-independente, Krambi- de dádiva de rnulheres (war,gi) do tipo anteriorrnente descrico.
tan; e (3), duas linhagens afastadas por meios militates da esfera de Podernos, então, cencrar a nossa análise na linhagem real Tabanan
influncia de Mengwi, uma logo na década de 1820, a outra no enquanco cal e considerar as dadias Krambican e Perean, menos
recontro culminante de 1891. As localizaçOes aproximadas destas poderosas mas estruturalmente idênticas, corno suas cliences semi-
casas aparecem nos mapas 2 e 3. -subordinadas e serniautónornas. Não obstante o <acordo de paz>>
As casas pertencentes a linhagem real de Tabanan (isto é, a ofIcial, Kaba-Kaba era essencialmente cliente não de Tabanan mas
dadia, embora o cermo efectivamente usado em Tabanan fosse batiir de Badung durante o perfodo 1891-1906, podendo por isso set
dalem) consideravam-se todas a si mesmas corno descendentes por aqui ignorada.
via agnática de Batara Hario Damar, urn dos generais do campo de
Gaja Mada na Conquista Majapahic. 0 senhor suserano (cakora'a,
ou, se se quiser, <<rei) no cargo por altura da invasao holandesa 3
(o que se marou na priso), era, segundo os genealogistas da linha-
gem, o décirno oitavo na linha directa e incacca de descendéncia A linhagern real Tabanan é meihor entendida (e assim a vern
patrilinear primogénita desde Batara Hario Damar. 0 décimo oitavo os Balineses) corno urn conjunto de cfrculos concêncricos, uma es-
cakorda foj coroado em 1903. 0 seu fliho co-suicida, o prIncipe trutura em novelo de linhas de centro e de periferia, hierarquiza-
herdeiro, teria sido o décimo nono, mas corn o seu falecimento a das em termos da sua suposca distância em relaço ao centro dos
- '-'-.--.--- -_-- ---,---
r.
ps,. Kambi,ao
Armnis
Ar rOza j S
Rio
Bo>a, I Cd
No
MefiSSn
p0 C.
J*fl 0171*1
[fo pn
L_I
>3f
pars ?odiri
iv
ix
Xi
(Cisio de Krambican)
(Iv
poiftica camhrn por favov Cie Gd ---, •orno a mais nqoSriOoavel- Birrnâflia, tal como em Bali) essencialmence como urn exemplo
maisde uma ou de oucra dessas formas. Mas, conoo tarnbCm vere-
mente leal.
A nIveis menos elevados, ouras casas Sudra e casas Wesia e mos, cia era de facto algo de mutro diferente de qualquer uma
Satria nio nobres (casas genealogicamerie não ligada.s corn qual- dabs: urna ordern cerirnonial de precedências imperfeitamence
quer das lirihas principais na região) tainbérn jogavam papéis no impressa sobre urn bando de soberanos.
siscerna equivalences ao papel das casas terciárias (as jeros) do l:r& Se se encaror o Estado clássico em Tabanan corno uma hierar-
pria linha real. Se Dengin Peken e, cla urn modo algo diferenta. quis cultural definida pela irnagem do cencro exemplar c de scacus
decrescence da autoriclade goverriatnentab, ou seja, se a considerar-
Subarnia, cram, por assim dizer, jero gdés por decreto da carte, tarn-
bern o eram talvez vince e cinco ou crinta casas jeros menos podc- mos em cermos de legirirnidade policica, dc parece escar organiza-
rosas por via de semeihante decisão, ainda que nem codas em do de cima para baixo - parece descer desde o senhor suserano, ou
rei, passando pelos vários gratis de senhores menores, aparencados
relacao a mesma corte.
e não aparentados, ate ao mais Infimo aideibo, o objecco desaforcu-
nado das suas exacçöes arbitrárias. Mas se o examinarmos enquanco
4 siscema de dorninação, como escrutura de comando e obediência, jib
näo apresenca de todo aquele aspecco. Em lugar de dimanar de
Esras cerca de cern casas - as subpartes hierarquizadas e riva- cima para baixo, a partir de urn pináculo de autoridade, ou de se
lizances da linhagem dominance; as principals cortes cliences, só espalhar a parcir de urn centro gerador, o poder parece ser içado ace
muito relucancernence subservientes; e as linhas não aparentadas e esse pinCculo ou set conduzido para esse cal cencro. 0 direito de dat
semi-independences, leais quando necessário, rebeldes quando possIvel ordens não era delegado de cci para senhor, de senhor para senhor
- formavam assim a pirârnide do poder no Tabanan dos uinais do menor, e desce para a sóbdito; ances era encregue pelo sübdico ao
século XIX, no que era uma area de, calvez seja born relembrá-lo, senhor menor, por esce ao senhor e pelo senhor ao rei. 0 poder não
umas trezentas milhas quadradas e corn talvez oicenta ou novenra era acribufdo a parcir de cima, dc acumulava-se a parcir de baixo.
mil pessoas. Era nesca pirârnide de poder periclicance, em constance Nibo quer isto dizer que o siscema fosse democrácico, coisa que
reajustamenco e incrincadarnerice equilibrada, e nib, repica-se, num certamence nao era; nem que fosse libercário, a que era ainda menos.
qualquer despocismo centralizado e faraóriico, que consistia o Esra- Quer dizer que era - radical, penecrance e inveceradamente -
do, o negara. confederado.
0 negara não era, no sencido weberiano, nem feudal, nem pa-
trimonial. Isto C, no era urna escrurura adminiscrativa funcional-
mente diferenciada e graduada de forma siscemática, a maneira da
China de Confücio ou da Roma imperial. No era urn siscema de
direico contratual sustentado pela organizacäo dominial, pela justi- Simplificando, havia quatro ordens genéricas de encidades poll-
ça de servico e pela Ctica cavaiheiresca; a maneira da Europa do ticas no Tabanan pré-coionial: parekan, kawula, perbekel e punggawa.
Norte na Idade Media ou do Japao ances de Meiji. E co-pouco era Urn parekan era urn hornem (ou, mais correctameace, uma famibia)
complecamence dependente de urn senhor ou, embora corn menos
urn oikos domCsrico dilatado e militarmence desenvolvido, a manei-
ra do Islão sob os Omfadas ou da Persia sob Dario. Havia no negara, frequência, de urn sacerdote Brahrnana. Nibo tinha terra, vivia num
como veremos, indfcios suficientes, talvez ernbrionários, talvez bairro chamado pekandelan (vet mapa 2) perto ou ao lado da casa do
incidentais, de cada urna destas formas mais familiares de organi- seu senhor, a sua comida era fornecida por este e era obrigado a
zacão polIcica cradicional, suficiences para induzir os estudiosos no fazer pracicamence cudo o que dc ihe pedisse. Não era em rigor urn
engano de o considerarem (em Java e Samacra, ou no Camboja e na escravo; pOIS os parekans nibo cram, canto quanto sei, comprados e
86 ANATOAI1A POLITICA AP[JULJ III
vend idos (na realidade no havia qualquer tiN de tráfico de escra- altitude nas monranhas, a norre de Tabanan, sete noucro lugar de
vos) e tao-pouco estavarn legalmente proibidos de deixarern o emprego montanha a cerca de cinco milhas abaixo na encosca, dez num lugar
do senhor. caso conseguissem arranjar urn modo de o fazer que Ihes calvez a c1it1nze mflhas a nordesre de Tabanan e un clirecço de
permitisse continuar a vestir-se, corner e abrigar-se. Mas era sern Marga, quarro nurn lugar isolado da floresta no Noroesce da area
düvida algo de muito próxlrno de urn escravo: urn servo rotalmente do cafC, quarenca num oucro lugar afastado no Oesce irido perco da
desprovido de recursos. fronceira corn Jembrana, dez num lugar a apenas neia rnilha
Os kawula cram de longe us fllais nurnerüsoS (Ic enrr os Balineses, de Krambitari, dois num lugar a sul de Tabanan, a rneio carninho
constituindo talvez noventa por cento da população. Urn kawula do mar, e cerca de uma diizia num lugar no Sueste, a caminho
era urn homem, näo membro da elite dirigente que, possuindo de Kediri uma disserninaçao quase penfeica arravés da esfera de
terra ou praticando urn offcio, ou ambas as coisas, estava obrigado infiuência genérica de Tabanan.
a prestar certos servicos definidos corn grande cuidado e estreica- Uma vez que os outros perbekels sujeicos a Subamia, talvez
mence limitados, a urn ou outro senhor: urn sóbdito. quirize ou vince, tinham <<posses>> igualmence disserninaclas, os
Urn perbekel era, como foi referido, urn homem que tinha urn sóbdicos do punggawa não eram de modo algum urn grupo concen-
maior ou menor nümero de kawulas directarnente ligados a ele; era crado. E o mesmo era verdade para todos os outros punggawas, ace
responsável pelos deveres destes enquanto sübdicos: urn incerrne- no Puri Gdé, cujas <<posses> cram, diz-se, as mais vascas e equica-
diário politico. civamente discnibufdas de todas: dois ou crês patios em quase todos
E, por firn, urn punggawa era, como já se mencionou, urn senhor os lugares, mas não muicos em cada lugar. Nern os perbekels nem
do reino - canto quanto se pode falar de reino -, a quem esta- os punggawas, nem mesmo o prOprio rei, decinham cerritórios. Tao-
yarn ligados urn nürnero variável de perbekels e, através destes, -pouco decinham unidades poifticas aldeãs (lugares, sociedades
urnas poucas centenas ou ace vários milhares de kau'u/as. Embora de irnigacão, grupos de cemplos) corn os quais eles não tinham
não fosse normalmente chamado urn punggawa (a não ser quando de modo algum relacoes definidas enquanto senhores. Eles decinharn,
tinha em menre a sua relacão corn Klungkung), o senhor suserano ou, como eles dizem, <<possufarn>>, o verdadeiro recurso politico no
- o <<rei>> - era de facto apenas urn punggawa entre outros: corn Bali chissico: pessoas.
uma posico de prestIgio mais alta, mas nao necessariarnente Se olbarmos para o assunto pelo lado aldeo das coisas, esce
uma posicão de poder mais forte. De facto, os cabecas de Kalèran, sistema significava que a populaçao de urn qualquer lugar (ou
Subamia, Kediri, Anom e talvez Beng, <<possuIarn>> todos mais silb- sociedade de irrigacão, ou grupo de templo) escava discribuIda, no
dicos kawula do que Gdé durante o perIodo de 1891-1906. respeicanre as obnigaçoes policicas supralocais, encre vários pungga-
Do ponto de vista da estrutura politica (em breve chegarernos was e muitas vezes entre urn n(irnero ainda maior de perbekels.
ao assurito ainda mais interessante do conceüdo), o aspecto crucial A unidade poiftica básica local no respeitante ao negara (esta uni-
da <<posse> de kawulas pelos perbekels, e pelos punggawas que os dade não tinha qualquer significado no sistema desa) era o bekelan
perbekels serviarn, é que essa <<posse>> não estava concentrada tern- - todos os que <<pertenciarn>> a urn perbekel. E como a classifica-
corialmence. Isto quer dizer que urn qualquer perbekel nao tinha os cão em bekelans não era feita por grupo de descendncia mas sim
seus sCibditos kawula num so lugar ou mesmo num grupo de lugares por patio, ate as ligacOes de parentesco prOximo podiam ser, e
adjacentes, mas sim num ni:imero de lugares dispersos e sem relação cram-no frequentemente, transversais. De facto, nenhurna divisão
ericre Si: Uf1S poucos acjui, uns poucos au, uns poucos acolá, e assirn estrutural de irnporcância no sistema desa tinha qualquer realidade
sucessivamence. no respeitance ao alinharnenco das lealdades polIticas supralocais.
A tIculo de exemplo, urn dos meus informantes, que tinha sido Em alguns casos urn aldeão podia mesmo ter duas lealdades,
perbekel para urn punggawa em Jero Subamia, detinha quatro patios para corn dois perbekels e, assim (embora não necessariarnente), para
(a unidade local de discribuiçao dos kawulas) num lugar a grande corn dois punggawas, cada qual exigindo urn servico ligeirarnente
88 ANATO\lIA POLT!C* CAPITULO Iii
diferente. E assirn que Korn descreve que, dos cerca de 1550 patios sisrdlna hierárquico de instituiçôes execucivas, mas sirn dssemina-
ligados a urn OL1 outro dos pwggwas de Krambican, 700 estavarn das através de urna pluralictade de irlsucuiçöes, cada qual indepen-
cambém ligados a urn ourro dos paiiggawis de Tabanan, em ambos dence ecu aim grail, autónoma e diferenternenre organizada. A 113-
OS casos através dos perbekels apropriados. Para com os senhores rureza confederariva do siscema baiinês de poder riãO consiscia s,5 na
Tabanan cinham as obrigacöes usuais (que serão descricas de segui- a uco-afIrrnacão, na arnbicão dos homens que o encaheçavarn, por
da); Para corn os senhores Krarnbitan tinham apenas de irabaihar, nhllitO grandiosos que fossern. Tão-pouco consisria apenas na cs-
de tempos a tempos, nos muros exteriores dos puns dos senhores. tranha fragilidade da sua organ ização social elefanresca, severa rorno
Os resrantes 800 patios estavarn ligados, na maneira mais habitual, era. Eta penetrava ate it prooria rneduia do goverrto, a aparato
apenas a Krarnbitan. administracivo atravCs do qual estes homens tinham de agir.
Desde o ponto de vista do camponês, as suas obrigaçôes Para
corn o Estado cram urn assunto apenas entre dc, ou, mais exacta-
mente, os membros do seu patio, e o seu senhor (através do perbe-
kel), e não entre qualquer grupo desa a que pertencesse e uma
administraço escatal globalizance da qual o seu grupo local fosse Talvez o exempto mais impressionance desca espCcie de segre-
uma parte cooptada. 0 negara e a desa escavam organizaclos Segun- gação - da separacao entre ourros tipos de relacoes socialmente
do linhas diferentes e direccionados para fins diferentes. Não esta- significativas entre senhores e a!deöes, e re!ação propriamente polftica
yam ligados nem por uma escrutura comurn nem por urn propósico punggau'a-perbeke/-kawu1a) -, seja a auconomia do !aco senhorio-
comum, mas pelo simples facto de que cada pessoa que percencia -rendeiro no Bali ciássico. Pode ser que o fcudalismo ocidencal se
a urn pertencia tarnbérn ao outro. tenha tornado nurna coleccão de domfnios [domains/terras] que eram
tarnbém domInios Idominions/terricórios); mas isso nao se ap!ica ao
negara. onde o controlo sobre a terra e sobre as pessoas se expri-
mia em insticuicôes distintas e não coordenadas.
Em Tabanan, a terra irrigada de arrozal era, corn poucas excep-
Virando-nos agora Para o conteüclo das obrigaçoes do kau'ula coes, possuIda individualmente. A esmagadora maioria dos donos
4
Para corn o seu senhor, clescobrirnos que o mais impressionance cram camponeses, kawulas alcleôes. Mas os senhores também pos-
ne/as é quão especfficas e estricamente definidas elas sao. Em yea sularn terras dessas, das quais retiravarn a major pane da sua
da lealdade difusa, uma espécie de sujeicão geral a urn senhor todo- subsistência, Para si mesmo e Para os seus cniados parekan scm terra.
-poderoso havia uma entrega muico lirnitada ao raj daquelas coisas A maioria das propriedades, canto nobres como do povo, estavam
que cram explicitarnence suas. E, de entre escas, havia sobretudo divididas num nrnero major ou menor de parcelas muico pequenas
duas, na realidade análogas e culturalmente equivalentes: serviço e norrna!mente disserninadas, parce!as de rneio acre ate dois e meio
ritual e apoio militar. Para alérn destas obrigacoes, as cuais, eviden- ou mesmo três acres cada. Em termos legais, os direicos dos senho-
temente, podiam set por si 56 bastante onerosas, o kawula näo res e dos atdeöes sobre cal terra cram exactamente os mesmos. Não
estava obrigado a mais nada. Ele não era urn rendeiro, urn servo, havia diferenca de quatquer tipo nas formas de posse. A ünica
urn criado ou urn escravo. Ele nem sequer era aquilo que, faute de diferenca era que os senhores tinham normalmente uma major
mieux, the tenho vindo a chamar - urn sübdico. Ele era urn figu- quantidade de terra, disseminada de forma mais vasta por urn major
rante, urn carregador de lancas e c/aqueur nurna opera polItica nümero de sociedades de irrigacão. (Mesmo isso no era inevicavel-
scm firn. mente assirn. Pe!o menos dois dos maiores propriecánios nos fins do
Tal como os próprios kawu/as, assim o cram as funces de governo: século XIX em Tabanan, corn terras que so nio riva!izavarn corn as
não estavam concencradas, mas sim dispersas; nao focadas num dos senhores mais ricos, cram kawu/as Sudra.)
.-if\Ji\ fCL\1I;\ I'(JLiI 1
Mas, embora as propriedades dos senhores foem na SLid r Lt1h : .ra mais do que urn senhor, e talvez
maiores que as do povo, eram muiro desiguais no tamanho. As cambém para wn 00 dots aldeöes
grandes casas de proprierários em TdHanan parecern rer sido Anorn, Em poucas palavras, nao havia congruência sisternIcica (embora
Kalèran, Kediri e Krambiran As outras casas p;inggau'a. embora houvesse, aqul e all, alguma sobreposição mais oU menos acideutal)
corn propriedades signiiicativas, rinham niuiro menos terra. A cor- entre a estrutura da autonidade politica, a da propriedade da terra
relacao entre pocler polItico e riqueza agricola era, pots, no rnInimo e a do arrendarnento.
parcial. E isto era verdack nao so em Tabanan mas em Bali em
geral. Urn dos poderes mais importantes da ilha, o reino de Karen-
gasem, a sudesre, tinha muito pouca terra de arrozal; enquanto que
Kaba-Kaba, a veiha casa Mengwt, tinha extensas propriedades, rnas
nao parece ter alguma vez conseguido traduzir a sua terra em forca A parte da producão de arroa que cahia ao senhorio nobre era
militar. 0 acesso diferencial a propriedadc agrfcola no era certa- coorada por altura da coiheica por urn funcionário conhecido corno
mente irrelevante para o poder politico em Bali. Mas tão-pouco era o sedahan - <<senhor da renda>>, <<cobrador de impostos-.
a essência dessepoder. A rnaioria dos senhores tinharn vários destes sed.ahans, escoihi-
Os rendeiros trabaihavam as terras dos senhores na mesma base dos normalmente de entre os membros menores da sua própria casa
em que os rendeiros aldeöes trabaihavam para senhores aldcöes. ou de entre membros de casas ligadas a des por Iacos perbekel ou
Assim como as terras escavam disserninadas em parcelas pequenas, outras lealdades. (Casos havia em que urn homem era ao mesmo
tambérn os rendeiros estavam disseminaclos; e qualquer senhor rinha tempo sedahan e perbekel. No entanto isto era raro e quando possIvel
urria multipliciclade de parcelas e de rendeiros. Os rendeiros eram deliberadamente evitado.) Acirna de todos os sedahans de urn se-
escoihidos principalmente pela proxirnidade da sua residência em nhor, de urna casa nobre, liavia normalmente urn sedahan ge/i! -
relacao a terra em causa (normairnenre des prOprios possularn terras urn see/a/lan <<grandex. ou <<grandioso>>. Quase sempre membro da
na mesma sociedade de irrigaco, pelo ciue eram, tal como o senhor, casa nobre, dc era responsável pelas operacöes dc cobranca de rendas
membros de pleno direito desta) e pela sua reputacão de perIcia e impostos para o senhor: vigiar os .cec/ahans, manter os registos
agrária: babilidade na lavoura, espIrito industrioso, honestidade. apropriados, armazenar o grão, etc. Mas era também responsável
Uma vez estabelecidos como rendeiros, a tendência era no sentido por fazer dc mesmo urn cerco nilmero de cobranças in loco, exacta-
de ocupar o lugar permanentemence, corn os filhos herdar.do por mente como os sedahans, entre os quais dc era, pois, mais urn
vezes os direitos do pai, desde que cumprissem de forma satisfatO- primeiro entre iguais do que urn verdadeiro chefe. E naqueles arrozais
na, e mesmo que a terra mudasse de mos de urn senhor para oucro. (cuja cobranca de renda e impostos fosse da responsabilidade de
Tanro quanto consegui descobrir, não se faziam esforços para sedahans individuais) que estivessem cerritorialmente concentrados,
escoihecer Os kawulas ou os rendeiros de cada urn. Nern, por outro consistinclo assim as terras do senhor de uma ou, normalmente,
lado, se fazia algum esforco especial para os evitar. Os critérios de várias sociedades de irrigacão vizinhas, as responsabilidades do se-
arrendamento e os de sujeico eram simplesmente diferences; dahan gdé cram de novo de tal modo disseminadas que dc tinha urn
aparencemence, era muito raro que os dois assuntos fossem pensa- ou dois campos sob a sua vigilância imediata em virtualmence
dos como tendo algo que ver urn corn o outro. Consequenternente, todos os sftios onde o senhor tinha terras.
de longe o major nñrnero de rendeiros não eram kawulas dos seus Ta! como referido, a cobrança de impostos (pajeg), tambérn era
senhonios, e de longe o major nómero dos kawulas de urn senhonio da nesponsabilidade dos sedahans, grandes ou simples. Também se
näo eram seus rendeiros. De facto, como as parcelas eram pequenas, organizava nurna base muito sua, não coordenada nem corn o sis-
e como os bons lavradores scm suficiente terra própria no eram tema perbekel de autonidade investida, nem corn o sistema de amen-
numerosos neste perfodo ainda pouco sobrepovoado, muitos rendei- darnento da terra.
CAP[TL7 LO ill 9
92 ANATOMIA POL1TICA
is
que consistiarn, na que pot vezes cumpria certas funçöes nuxiliares de coordenação,
Formavarn-se areas de impostos (bi pj
arbitragem e adjudicaçäo, sendo-Ihe escas funcôes confiadas pelos
maioria dos casos, uma so sociedade e trigação. 0 direito de
mernbros da sociedade de irrigacào, em cujas rnãos escava do facto
cobrar o imposto numa dadaárea <pertencta a urn senhor es-
arroz controlo e1eccvo e final sobre as decisôes do agricultura?
pecIfico, cujo sedakzn: er1tão a cobravarn, em genéroS (i. C.,
Exisce, narninhaopinião, urna resposca breve para estas pergun--
descascado), no tempo das coiheitas ou pouco depois. 0 imposco
cas: o segundo ponto de vista, salvo uma ou outra excepcão margi-
no era consideraclo urna contrihuicão sobre a terra, mas sun sobre
nal, esta corrccto 0 pri!neiro, a parte iarna Oii outra situacão anOtnala,
a áua, sendo, por isso, calculado não em cermos do camanho do
nan. Mas para se poder dizer porque assim e, e o que era e no em
campo mas sirn da quancia de igua usada pelo camponês para a
real papel do neg-ira na irrigacão é preciso dizer algo mais acerca
irrigacão. Finalmente, as areas de impostO <<percencences" a urn ou
da ecologia da agriculcura balinesa em geral e, em particular, acerca
outro senhor não erarn, como se pode já adivinhar, concencradas
da organizacão social e técnica da sociedade de irrigacão, o iiibak.
mas sirn distribuldas pela paisagem. Do ponto de vista fiscal, bern
como do polItico e do do prcprietário, o campo balinês era como
urn cabuleiro de darnas. Urn dos resultados mais exóticos deste
facto é que era possIvel a urn homem ser kawula de urn senhor, ser
rendeiro de urn segundo e pagar imposcos a urn terceiro.
Tecnicamente, o subak de Tabanan era inteiramente auto-insu-
As bases a partir das quais cresceu aquilo a que V. E. Korn -
que comou como auto-evidence que urn Estado como-deve-ser deve ficiente. Não clependia de quaisquer meios sobre os quais nao se
tivesse concrolo directo. Não havia qualquer espécie de sisterna de
ter urn soberano como-cleve-ser - charnou <<a grande falha (groote
discribuiçao de água propriedade do Estado ou por ele gerido, nem
ku'alI) dos reinos halineses, <<a falta de urn governo poderoso sobre os havia que fossem propriedade ou da responsabiliclade de enti-
todo o reino>', deviam agora cornar-se relarivamente claras aos nossos
olhos. Näo havia de todo governo unitário, fosse ele, fraco ou pocleroso, dades super-subak de qualquer tipo. Todo o aparato - barragens,
canais, diques e valas, divisórias, tcineis, aqueducos, reservatórios
sobre o reino inteiro. Havia apenas uma teia nodosa cle direicos
- do qual qualquer proprietário de terras dependia para o seu
especificos e, normalmence, reconhecidos.
fornecimento do agua, era construldo, possuido, gerido e mancido,
por vezes exclusivarnente, oucras em parceria, por uma corporação
independence da qual ele era urn membro de pleno direito e, pelo
A poiltica da iigaçio
menos do ponco de vista legal, urn igual. Independentemente de
Resta ainda o problema muito debatido e de diffcil resolução tudo o que possa ser clico acerca do Bali desde urn ponto de vista
marxista, não havia alienacao dos rneios do producao básicos.
- a luz das ceorias do <<rnodo de producao asiático>' que estipulam 0 resulcado não foi o capicalismo de Estado primitivo - solidão
os efeitos de centralizacão do poder inerentes a agricultura hidráulica
total/terror total/subrnissão total.
-, da relação dos senhores corn a organizacão e gescão da irrigacão
enquanto tal. Na medida em que essa organizaco e gestäo tenham Como unidade produtiva, urn subak pode ser definido (e assim
definem os Balineses) como todos os socalcos de arrozal (tebih)
existido, também aqui ela era procagonizada pelos sedahans; pelo
irrigados a partir de urn so canal de agua principal (telabah gde).
que a questão se resume ao papel dos sedahans, ou mais exactamente
Este canal, propriedade do subak enquanto corporacão, provinha do
do sedahan gde no funcionamentO das sociedades de irrigação. Era uma so barragem construIda corn pedra e larna (érnpelan). No caso
ele, e o senhor por ttás dele, o eixo administrativo de todo o sisterna
dos subaks maiores, esta barragern podia também pertencer na
- o seu planeador, iniciador e capacaz geral, uma espécie de raj do
totalidade ao subak. Muitas vezes, porém, era propriedade de vários
arrozal? Ou seria ele, e o senhor por trás dde, essencialmente perifé-
subaks juntos, cada urn dos quais presumiveirnence jogara urn papel
rico ao siscema - urn colector de rendas e cobrador do impostos
9-•I P)\1I P0/i] IL
IL -
..
I
i
A organizacão social, polItica e religiosa do subak, e portanto da
agriculcura do arroz de regadio, corresponde a este padrão técnico
corn alguma exactido. A estrutura do subak como corpo corporate I I;.
r
resulcou (ou, se este é urn modo demasiado deterrnnista de par a C •L:d uci esforços muiro ocasionais de trabaiho
questäo, era congruerite) da estrucura do subak corno mecanismo cm massa. 0 prlrneiro aspecro cinha que ver corn quesrOes rats
fisico para mover água dos rios para os campos. como escabelecer e cobrar impostos do culiak; cobrar multas por
As tarefas prementes do cuirivo do arroz de regadio - Iavrar. tS regras; pagar a equipa da água e goverriar em geral as
irrigar, sernear, transpiaricar, mondar, rear, coiher, etc. - eram sua accividades; decidir acresceritar ou diminiuir socalcos; reorde-
organizadas e levadas a cabo ao nIvel mais haixo do sisrema, o do nat a rede ou a grellia de canais (sempre rnudariças pequenas);
socalco individual, possuIdo privadamenre, ou do complexo de socalcos regisrar e regular tiansftrencias de terras; resolver dispucas entre
membros; e conduzir as <<relaçöes excernas>> corn ourros subak na
(isto é, mais ou menos o tenab, e nivel de .esegmenraco mInima'
na figura 5). 0 mesmo se passava corn as disposicoes sociais ne- mesma zona de irrigação. 0 segi.indo aspecro rinha que ver corn
cessárias para 0 seu cumprimentO - arrendamenro ou penhora da reparacöes na barragern principal e no sisrema de canais pré-rerraco
terra, trocas ne trabaiho, trabaiho coleccivo, etc. A este nivel ele- que cram demasiado extensivas para a equipa da água cumprir scm
mentar, o subak como unidade corporate não jogava nenhurn papel ajuda.
activo; limirava-se a esrabelecer o conrexto dentro do qual o cam- A expressäo social desre nfvel de organizacão era o krama subak
ponês individual, senhor de si mesmo na sua terra, se via obrigado - o grupo de codas as pessoas possuidoras de socalcos no subak.
a crabalhar. 0 subak nunca agiu como uma organizacão produriva 0 krama subak, cujos membros rinham rodos os mesmos direitos
no sentido práprio da palavra (e esta parece ser uma das poucas afir- legais independenremenre do carnanho das suas propriedades, nor-
maçöes taxativas que nos podemos atrever a fazer acerca de Bali). malmente reunia-se uma vez por rnês balinés na sessão plenária.
Regulava a irrigacão, e para o fazer exercia constrangimenros im - 0 cabeça desre corpo e, logo, do subak corno urn rodo, era, corno
portantes sobre as decisöes do cultivador individual. Mas o efecrivo já se disse, o k/ian subak, urn homem escolhido (habicualmente por
processo de cultivo dentro desses constrangimenros foi sempre urn eleiçao formal) de entre os membros do subak. 0 krama subak, coca-
assunto Iota da cornperência e do inceresse do subak. 0 subak era, beçado pelo seu k/ian subak, era, assim, o governo operacional do
e é, urn servico püblico recnicamente especializado de propriedade subak. Era aqui e não mais acirna nem mais abaixo que residia a
cooperativa, e não uma quinta colectiva. efectiva soberania sobre o <<lugar da água>. Tal como a equipa da
0 trabalho récnico rotineiro do dia-a-dia exigido por este cipo água, corn o seu k/ian, era o coraco cécnico do subak, assim o krama
de sistema de irrigação era sobretudo cumprido aos nfveis médios subak, corn o seu k/ian, era o coraço politico.
de organização, seguindo a nossa imagem de urn siscema segmenrário
- isro e, os niveis do rempèk e do kecoran. A estes nIveis cram
formadas o que os Balineses chamam seka yèh, <<equipas da água>> 4
- grupos de homens, membros do subak, delegados por este na sua
totalidade, para levar a cabo estes deveres quotidianos e que cram Cada urn dos trés nhveis de organizacão ace aqui discucidos -
recompensados em conformidade - em géncros, em dinheiro ou o do socalco, o intra-subak e o do subak - tinha a si associadas
por isenção de vários impostos e contribuiçöes do subak. Equilibra- certas actividades ricuais. Ao nfvel do socalco, estas acrividades
dos quanco a sua localizaço dentro do subak, e norrnalrnente rodan- consistiam sobretudo em pequenas oferendas de flores e cornida
do os dias de serviço, os membros da equipa da água cumpriarn colocadas nos cantos do socalco em dias apropriados do calendário,
algo que deve cer sido, subestimando o cálculo, noventa por cento em certos mornentos do ciclo agrfcola, ou mesmo por sugestão das
do trabaiho relacionado corn o concrolo de águas no subak. Os circunstncias e da disposicao; e também em cercos ricos nos socal-
membros da equipa da água, encabeçados por urn funcionário eleico cos ligados ao plancio, coiheitas, etc. Os ricuais cram, mais uma
de entre eles, o k/ian seka yèh, formavam o coraco técnico do subak. vez, <<individuais>' - isto é, dirigidos ao bern-esrar do dono, a
A organizacão ao nfvel do subak ocupava-se sobretudo corn produtividade do socalco ou socalcos concrecos. Ao nIvel do tèmpèk/
100 A!\ATOAIJA POLJTICA CAPITULO III 101
I maritima, corn os seus si?baki grarides e densamerite aglomerados, do arroz. Esce culto era uriiforrne em todo o Tabanan (quer dizer,
ace a crisca mais elevada da area de culcivo do arroz, corn os seus uniforme na sua estrutura; havia, como de costume, largas vatiaçöe
subaks pcquenos e clisseminados. no concei:ido ritual): e refraciava-se em todos os niveis do sistema,
descle a socalco arC ao supra-subak. Os nove escãdios cram: (1) Abercura
das Aguas; (2) Abertura dos Socatcos; (3) Plancto: (4) Purificar a
) Agua; (5) Alimentar as Deuses, urna celebraç fcica uma ve? por
rns halins na qual água benra do templo do subc. o Pui U/un
0 nIvel kesedaIMn de organizacão da irrigacão diferia dos niveis Carik, era levada por cada dono para os seus campUs, e feicas várias
que ternos vindo a discucir, subak e sub-subak, em virios aspectos oferendas de fibres e cornida. (Urna vez qae esta cerimóni: era
cruciais. Em primeiro lugar, não havia grupos corporates a ele asso- respeitada toclos os crinra e cinco dias ao longo de todo o ciclo
ciados, do género da equipa da água ou dos membros do subak. agricola talvez no fosse propriarnenre urn estádio separado); (6)
Havia apenas o conj unto de cobradores da renda e colectores de Germinar das Plantas do Arroz (o que acontece cerca de cern clias
impostos seclahan e sedahan-agung já descrito, corn as suas lealdacics depois do planrio); (7) Amarelecirnenco (isto C, perto da frucifica-
para corn diferentes senhores e seus bailios disseminados irregular- ção) do Arroz; (8) Colheica; (9) Colocar o Arroz Colbido no Ceiciro.
mente pela paisagem. Em segundo lugar, e em parte em conse- Ora bern, o dia da Abercura das Aguas para os vários subaks na
cjuência desca disseminacao, no havia unidades verciadeiramenre zona de drcnagcrn - isco C, o Wa em que a Cgua C desviada, na
delimitadas a este nIvel, mas apenas uma nocão geral de que os barragem, para o canal principal do subak - era escalonado de
subaks partilbando água de urn so sistema fluvial encaravarn urna maneira a que quanco mais alto estivesse o subak ao longo do
certa necessidacle de, pelo menos, coordenarem minirnarnente as escalonamenco moncanha-mar, canto mais cedo se verificava esse
suas actividades. E, em terceiro lugar, näo havia, a este nIvel, salvo Wa. Os subaks no cirno do sisrerna começavarn, assim, o ciclo ceri-
algumas excepcöes especiais que serão referidas mais tarde, tarefas monial e corn elc a sequência de cultivo, em Dezembro; os subaks
técnicas estabelecidas, bern organizadas e repetitivas. Se cerca de no sopé, perto da costa, cornecavam-no em Abril; C OS inrcrmédios
noventa por cento do crabalbo de irrigacão balinês era cumprido do ponto de vista da ropografica cram-no tambCm do ponto de
pela equipa da água, provavelmenre outros nove por cento cram vista do tempo. Resultava que, em qualquer momenro, a area de
curnpriclos pelos membros do subak enquanto corpo, deixando, drenagem como urn todo apresencava uma progressão passo a passo
digamos, cerca de urn por cento - e sendo este nImero inrermi- na sequência de cultivo a medida em que se descessem as encoscas.
rente -, para serern cumpridos por uma pluralidade de subaks Q uando urn subak a major altitude estava a inunciar os seus socal-
concerrados entre Si. cos na preparacão para a lavoura, urn outro mais abaixo estava a
Em poucas palavras, o que havia a este nIvel superior do sisre- limpar a sua terra, quando urn mais abaixo estava a inundar, urn
ma era urn conjunto de funcicnários das financas do Estado - os a major altitude estava a plantar; quando urn mais abaixo estava
sedahans, ordinários e g&— e urn sistema ritual elaborado, de toda celebrando o Amarelecimento do Arroz e, assim, a promessa de
a região, autodifundido, urn culto dos arrozais altamenre tradicio- colheita urn mês depois, o mais alto estava já a carregar os feixes
nalista, da qua!, de uma forma muito simbOlica e quase ocasional, para o celeiro; e assim sucessivamente. A progressão temporal inscrita
estes funcionários cram os lfderes formais. no ciclo cerimonial era, pois, estabelecida também no terreno: além
No século XIX em Tabanan (e ainda hoje, corn alguns ajusta- de ritmar a sequncia de cultivo em cada subak separado, tambCm
mentos) este culto dos arrozais consistia em nove estádios nomeados entrelaçava essas sequências separadas de maneira a criar uma
maiores, estdios esses que se seguiam uns aos outros segundo uma sequência global para o todo da regiao.
ordem fixa e a urn ritmo normalmente predeterminado, após o 0 principal efeito ecolOgico deste sistema (e, embora deva ter
inIcio do primeiro estádio, pelos ritmos ecológicos do crescirnento evolufdo a sernelhança da cidade americana ou da lei consuetu-
fl • U__.r - r—.- .- -, -_-4•-
_1w -
: — •-
5 miIh
EscI W
50 10 rnlh
qudr4.s
Subak
Tabanan
Cidade
L
FIGURA 6. Subaks das terras baixas extremas FIGURA 7. Subaks das rerras baixas mMias
(simplificado) (simplificado)
FIGURA 8. Subaks das rerras FIGURA 9. Subaks das terras FIGURA 10. Subah das rerras
baixas alcas (ou terras altas altos médias altos extrernas (simplificado)
baixas) (simplificado)
106 ANATOMM POLITICA CAPITULO 111 107
dinária brirânica, de uma forma al'o inconscienre e feLta de ajustes como grupo pouco coeso, não corporate, de facto corn rivauidades
caso a caso), o seu proposico ecológico central era estabilizar a internas, punham desra maneira em marcha no acto da sua consa-
procura sobre 0 recurso central, a água ao longo do ano da colhe- gracão, a sequncia do USO da água para a regio Mas, uma vez
ta, em vez de permirir uma grandc f1Lcuacão do seu uso, como seria poStO em marcha, o siscerna trabalbaa por s: mesmo, corn o sen
caso na ausência desre sisterna. Simphficando urn POUCO. 0 cultivo prOprio fmpeto, e produzia as suas próprias replicas de cerirnOnias
do arroz irrigado em socalcos requer urn inpr rnáximo dt água no de consagnacão, muito localizadas e independenres.
inicio do ciclo, ou logo a se,,guir, e urn ind cm decrescimo cons- Em suma, se se visse esce sistema do alto (quer dizer. de qual.uor
tante a medida que o c1clo avança. ar que, no fin, a coiheita é feita sitio acima da cratera do monte Agung, onde os deuses vivem), ver-
nurn terrerio seco e completamenre drenado Sc c ciclo 'Jos diversos -se-ia urn coajunco de sequ&ncas rituals estrucuralmenrc- similare
subaks nurna so zona de drenagem (ou, pior ainda, ao longo de urn (e, de facto, idênticas, a parte algumas variaçöes de conteüdo) acor.-
so rio) fossem coincidentes, o resuirado seria que os recursos de recendo ao mesmo tempo em várias partes da paisagem e a vários
água seriarn enormernente expiorados, durante as primeiras fases do nIveis de organizacão, da região de drenagem arC ao socalco indi-
ciclo e também enormemente subutilizados durante o 6lcimo perfodo, vidual.
especialmente dado que, e de flOVO simplificando, a quantidade de Mas, embora estas sequências estivessem todas a prosseguir mais
água natural disponivel não varia muito ao longo do ano, sobretu- ou menos ao mesmo ritmo e através dos mesmos estádios. nao
do ao longo da metade do.ano durante a qual o arroz é cultivado. estariarn todas fascadas entre si. Ao nivel supra-subak elas seriarn
De facto, e uma vez que a água é o factor limirarivo central no escalonadas no tempo, desde o topo do sisterna de drenagem ate a
ecossistema do subak, se os ciclos dos subaks nao fossem escalonados, base. Ao nfvel subak e abaixo dele estariam coordenadas temporal-
cultivo de arroz de regadio em Bali nunca poderia ter atingido mente: quando o Germinar das Phanras de Arroz escivesse a ser
nern uma fraccao da grandeza dos valores do século XIX. celebrado pelo sacerdote do subak no templo do subak, também
0 inIcio do ciclo começava corn urn ritual de Aberrura das estaria a ser celebrado pelos membros da equipa cia água nos altares
Aguas para todo o Tabanan, no templo de todo-o-Bali mais impor- tèrnpèk e kecoran e pelos proprietários individuais nos seus campos.
tante da região, situado num ponto elevado nas encostas florestadas 0 quaciro resultanre revelaria, ento, uma colecção de ciclos agrIcolas
da montanha sagrada que domina a area de Tabanan tanto fIsica localmente faseados e fechados dentro de urn ciclo regional abran-
como espiritualmente: Batu Kau. Sob a liderança simbOlica do se- gente. Para a totalidade de Tabanan haveria o ciclo paradigmCtico,
dahan gde de Puri Gdé (isto é, o sedahan mais importante dii casa legitimado pelo Estado e puramente cerimonial, em Pura Batit Kal/,
mais importanre), era levada a efeito uma cerirnOnia - assistida qual, como se encontrava acima cia linha do cultivo do arroz,
pot todos os sedahans, todos os cabeças de subaks da região, todos os estava clesligado de qualquer subak concreto e, assim, de qualquer
sacerdotes dos tempios dos subaks, e qualquer membro individual ciclo de cultivo particular. E em cada subak, a todos os SCIIS niveis,
de urn subak suficiencemente piedoso para fazer sozinho a árdua haveria a replica adequadamente agendada deste ciclo cerirnonial
jorriada rnontanha acima, bern como, é claro, assistida pelo deus e do <<centro exemplar>, ligado agora a urn ciclo de cultivo especIfIco.
deusa adequados, convidados a descerem dos céus para a ocasião - Deste modo, uma ordem ecológica complexa era simultanearnente
cerimOnia que era conduzida de modo a assegurar água suficiente reflectida e moldada pot uma ordem ritual igualmente complexa,
e <<eficaz>> para todos os socalcos no reino durante a estação vindou- ao mesmo tempo nascida dessa ordem ecologica e impondo-se a ela.
ra. Corn esta Abertura das Aguas, também ela dererrninada pelo 0 comentário do Registo Chinls de Rituais (Chinese Record of Rituals)
calendário, era posto em marcha o ciclo para toda a regio; pois as do século II, que diz que <<os ritos evitam a desordem como os
Aberturas das Aguas dos vérios templos em cada subak, os Pura diques impedem a inundacao>> encontra a sua exacta aplicaco em
U/un Suwis, seguiam-se-lhe respeitando os intervalos adequados, Bali.
corn as suas cerimOnias, em grande parte idênticas. Os sedahans.
108 ANATOMlA POLITiC A c:PITL'LU iLl 109
conjunto de instiuuiçöes extremarnenre especializadas concebdas fndico, onde, dados os portos ruins e os mares tempos-
(i() OCC1flO
para, ao mesmo tempo, conrerem a sua dinârnica e caprurarem os ruosos, pouco trfego havia, em vez do se ret virado para noire, n
seus divideLidos. Os senhores não ignoravarn as varitagens materiais direccão do mar do Java, o Mediterrãneo da Asia, a roda do qual
a serem obrids do cornércio; mas rambém nao inoravarn que, ao mercadotes chinses, indianos, árabes. jivaneses, bugineses, rnalaios
alcanca-las arriscavan os próprios alicerces do seu poder. Avidos europeus jam e viriham como vencledores ambulances. Muita da
por hábito, erarn autárcjuicos por insuinro, e o resuirado era urn repUtacaO de rec[usão e isolamento que Bali granjeou advém deste
cerro barroquismo das disposiçoes econórnicas. facto Nurn mundo incernaciOnal de mareances, no qual os grandes
F[avia, essencialmerite, quatro coinpiexos insciruclorials pri nci- nomes são Maaca,Jambi, Palernbang, Bantam, Banjermasin,Japara.
pais canalizando o fluxo de cométcio no Bali oirocentisca: (1) mercados Tuban e Makassar, Bali parece quase não icr exiscido.
rotativos; (2) relacöes do troca tixadas pela tradição; (3) cerimónias
redistribucivas e (4) <portos cornerciais>> politicamente isolados.
Desde o ponco de vista do negara, embora não necessariamente 3
desde o da populaçao como urn codo, os dois prirneiros cram rela-
tivamente pouco importantes e o terceiro será tratado corn mais 1-lavia um porto da costa forte, como é óbvio: Singaraja, o
propriedade na rubrica do ritual do Escado. Por isso me concentra- porto comercial que servia Bulèlèng. E, ainda que não pareca tot
rei aqui no quarto complexo e em particular no seu papel dentro siclo alguma vez de importância major na vida do empório maricirno
da vida do negara. indonésio, dc aparece vagamente visIvel, de tempos a tempos, na
sua história. <<Os balineses do Buleleng>> são referidos como aliados
do reino-porto javans de Surabaya na sua guerra contra a Compa-
2 nhia Ho1andesa das Indias Oriencais em 1718 (embora cambCin so
diga que so aborreceram e regressaram a casa) o diz-se que concro-
0 porto comercial situa-se geralmente num local costeiro laram Blambangan, o reino javanês que dominava o extrerno do
ou ribeirinho, reservado como ponto de encontro politicamence estreito do Bali, entre 1697 e 1711. B. J. 0. Schrioke refere corn
neutral para comerciances escrangeiros. E quase tao antigo e tao frequência a impOrtância dos tecidos balineses no comério Java-
espalhado na Indonesia como o próprio negara. Efectivamente, a -Molucas dos séculos XVI e Xvii, bern como a exportação de arroz
maioria dos negaras indonésios mais antigos - Sriwijaya, Jambi, para leste da ilha.
Taruma e o reino sem nome de Sindok na Java Oriental - cram Supöe-se que em 1814, o cenente T. S. Raffles, governador-
Estados-bazar <<talassocráticos>>, assentes na sua capacidade de defen- -geral em virtude das guerras napoleónicas, so viu <<obrigado a agir
derem e administrarern tais portos. 0 comércio de longa distância em Bali,, (embora, do facto, não o tenha foito) porque o <<rajah do
e de grande margem de lucro é, como o demonstrou J. C. van Leur, I3aliling>> havia apresado urn navio da Companhia das Indias Orion-
<<uma constante histórica>> na Indonesia; a explosão do comércio das mis. Em 1846 os Holandeses agiram do facto, em resposta a uma
especiarias nos séculos XVI e XVII, que provocou o domInio colo- oportunidade semeihante (o saque do urn navio holandês encalha-
nial, é apenas a representacão mais visfvel e dramácica dessa <<cons- do) tendo, após uma série do ultimatos e diligências, escabelecido
tante>>. Desde dos tempos próximos de Cristo ate quase a actuali- all urn forte, corn feicoria em 1849. Finalrnonte, em 1859, P. L.
dade, o tipo de comércio aventureiro que Gibbon caracterizou como van Bloemen Waanders, o governador holandês da praca, descroveu
<sumptuoso e fütil>> conferiu ao arquipélago uma unidade no comércio porto comercial do Bulèlèng-Singaraja como o entreposto do toda
que dc não tinha na lingua, na culcura, poiftica, raca ou religião. a ilha, exporcando cerca do 300 000 o imporcando corca do 500 000
No respeitanre a Bali, o facto decisivo é que em grande medida forms em géneros, por ano. 0 comCrcio era concessionado <<pelo
desviou os olhos deste cornércio. Estava virado para sul, na diroccao cci>> (isto é, os senhores) a sore <<sonhores do comCrcio>' (suband.ar)
6 A PITULO In 1] 7
116 ANATO?vIIA P)L1TICA
de LombOk dorninada pelOs Balirieses. Norneado, em 1834,
chineses segundo <reinos de comércio' (kebandaran), dencro dos
ar de urn dos dois maiores senhores da zoria (descronou urn chin&
quais Ihes cram dados privilégios de monopólio; o cornércio em si
sinai de que as coisas esravarn a mudar), cedo se viu contraposto a
era levado a cabo por eles, pot outros chineses cleles dependenLes e
urn scu equivalence ingiCs. urn certo George King, que foi nomea-
pot ptlotos de <proa (barcos malatos) bugis e madureses pot des
do urn ano mais rarde pelo ourro senhor. Quando os dais senhores,
contratados. As exportacöes consistiarn sobretudo em arroz (3696)
instigados pelos respectivos <rajahs brancos', merguiharam em guerra
café (139); tahaco (1296) e tcteis de algodao (696), sendo o resto
urn corn ourro, os Europeus deram urn impulso as suas carreiras
ocupado pelo ferro, porcelana, trabaihos en ouro e v6rios cipos de
contrabandeand armas para os seus paronos, aC que, det-rotado o
especiarias.
seu hornem, Lange fugiu para Bali, esrabeleceu a sua feicoria em
Kuta em 1839 e manteve-a ace a sua morce aos quarenta e nove
anos, em 1856. Durante quinze anos - a sua prosperidade no
4
soheviveu a Lange -, Kuca cornou-sc no primeiro porto de comércio porcos cornerciaiS (isolamenro politico, orienraçäo mcerriaLlonal C
de genuIna irnpornThcia do Sul de Bali, rivalizando mesmo corn dorninacãO do cornércio por Kminorias)> ou <csrrangeIros>., 7,;lrhanrIJ.
Singaraja onde, durance o mesmo perIodo, os 1-lolandeses se esrahe- de poderes locais), Kuta possula rambém as caracterisricas
leciarn solidamente. menos notadas, rnas igualmente sintomáricas, de paridades cosru-
Kuca (Icava a cinco rnilhas a suE de Baduna, que era, durante meiras, preços administrativos e dinheiro inceriorizado. Paridacles
esse perlodo, provavelmente, a maior corre e a mais extravagance de coscumeiraS porque os valores relarivos dos principais bens (café e
Bali, situacla no estrangulado istrno pelo qual Bukit, o planalto arroz. bois e ópio) eram decerminados em rermos de expectativas
desajeitado e desolado que forma a extrernidacle sul do pals se liga localmcnte estabelecidas que, uma vez ciii campo, no eram irne-
ao resto da ilha (ver mapa 4). Havia dois portos, cada urn a cerca diatamente perturbadas por rnudancas globais no mercado. Precos
de uma milha do quartel-general de Lange, em cada lado do istmo, adrninistrativos, por a expressão monetária destas paridades (<<ran-
e que ele usava alternadamente, de acordo corn a mudança das ras medidas, tantas pice>>) set o resultado de urn mero decreco de
monçöes. Por volta de 1843, dc tinha quinze navios seus, alguns Lange, feico na base da sua estimativa do custo de fornecirnenco da
da envergadura das 1500 toneladas, que mantinha em constante praca corn moedas, e do lucro que podia obter (os precos eram,
movimento no arquipelago oriental, comprando aqui e vendendo segundo a frase de Poianyi, as pré-condicoes do comércio, não o seu
au. Mas, o que e mais importante, <<quase não se passava urn dia resultado). E dinheiro interiorizado porque os kepengs, ainda que
[escreve o jovem assistente de Lange, Ludvig Helms] sem que algum adquiridos ao estrangeiro e encontrados por todo o Sueste asiático,
vaso [estrangeiro} não aparecesse>> - holandés, frances, inglês, chines, funcionavam como os meios de pagamento neste porto comercial
árabe, buginés, malaio - carregando café, arroz, tabaco, óleo de especufico independentemente do seu (ou de quaiquer outra moeda)
coco, póneis, bois, came de vaca seca, porcos e <<todos os tipos funcionamento noutros portos.
de criação e ayes finas>>, e deixando, tanto quanto se pode depreen- Kuta era, entâo, apesar das suas ligacöes cosmopolitas e das
der pela descriçao de Helms (a qual, refleccindo a mencalidade do suas dependCncias locals, urn cosmos econórnico por si S6. All acorriam
porto, é infinitarnence mais atenta as exporcaçöes do que as importa- pessoas em busca de bens, vindas em navios do ultrarnar, a pé ou
côes), sobretudo opio chines, porcelana chinesa e moedas chinesas. a cavalo, da iiha, e o duplo protégé Lange (a quem canto o governo
As moedas (as já mencionadas kepeng, pequenos discos de bronze das fndias Orientais 1-lolandesas como os senhores de Badung se
corn urn furo no centro) eram a espécie corrente de todo o comércio referiam como <<o nosso subandar>>) tentava organizar as coisas para
local e a sua manipulaçao era uma das actividades mais proeminen- que o conseguissem. Quando o conseguia, o porto prosperava, e etc
tes, mais laboriosas e mais lucrativas do porto. Erarn compradas na também; quando não, definhava, e dc também.
China, a peso, cerca de urn dólar holandês por cada 1200 a 1400
peças. Transporcadas para Kura em navios chineses, aos <mi1hares
de sacas>> de cada vez, tinham depois de ser recontadas e colocadas
em fibs, a 200 por ho, por mulheres balinesas. Assim divididas,
eram usadas como meio de pagamento ao climbio de 700 por dólar Enquanto durou a prosperidade de Kuta cia foi, no entanco, urn
(dal o lucro) num sistema de equivaléncias essenciali-nence fixas: elemento (durante uns poucos de anos talvez o elemenco mais
tantas medidas, tantas pice>. <<Talvez vaiha a pena mencionar>>, diz dinârnico) na explosao geral da vida comercial que, muiro depois de
Helms, que sabe perfeitamente que vale a pena mencioná-lo, <<que ret acontecido na major parre do resro do arquipéiago, crouxe Bali
as principais mercadorias... eram recebidas a urn preco uniforme... do século XV e do negara para o século XX e para o Binnenlandsch
e este preco raramente variava, qualquer que fosse o estado dos Bestuur. Helms é scm düvida bastante rigoroso quando diz <<nós
mercados europeus ou a flucuaçao dos precos noutros slcios>>. tinhamos pouco relacionamenco social corn OS Balineses; de facto,
Portanto, alérn dos tracos gerais mais notados dos enclaves dos des viviam de moclo tao pobre que não nos seduzia muito visirá-
r
,
120 AATOM!A POLITICA PJfjL() 111 12
-los>>. Mas o impacte de Kuca e da expansio cornercial em gera!, pelas socc boras codos se enconrcavam a rrabalhar. 0 rnedir, a
sobre as vidas daquelas rnultidöes íìãü visitadas lot, nao obstance, pesar e 0 ernpacorar, prossegwam rapidarnente e bongas filas de
profundo e a luz do puputan sucedido mein século depois, revolu- carrocas transportavam sacos, fardos e bards para a beira-mar. . -
cionário Mas urn ramo rrtais excirance do nossa comércic' era a que
Para os senhores que a ><proeglarn>, Kura era urna fonce de titiha que ver corn carregarnenros vivos... Quando era dada a
tributo, de luxos para decorar o Escado-teatro. Para os mercadores ordern para o carregarnerito de urn destes navios [navic's fran-
que a visitavarn, era a teta pela qual a suhscância do campo era ceses de animais - ><-jerdadeiras arcas de Noé>.- --. irovanlen-
chupada (como na descriçdo dos portos de cornércio da ilha no resdas Mauricias], era apeuai neessario enviar corn aluns dia;
século XVI feita por urn navegador porcuguês pouco cerirnonioso de avanço cerca de urn-a düzia de senhoras balinesas, que actua-
ao comparar Java a uma mäe-porca.) Para Lange, corn ,mais de yam como nossas agentes em tais assuncos, e, no cha indicado,
impudence viking na sua natureza do que de comerciance pudence>>, a praia junto do qual se enconcrava o barco escaria apinhada
oferecia a oportunidade de <<fazer de Lord Jim>> ate urn pouco mais corn muitas vezes mais o ncirnero de animais requeridos, a partir
tarde do que o praticável em quase todos os outros sItios do arqui- dos quais era então feita a selecçao.
pelago. Mas para o negara era o princfpio, ou melhor, o meio, do 0 papel principal tornado pelas muiheres em codas est-as
fim. Tal como Singaraja e, bastante menos em Kasurnba, Kuca era transaccöes era uma caracceristica peculiar da vida balinesa;
O ininrencional voorlooper (pavimentador, o que abre o caminho)
mas as suas capacidacles para o negócio juscificavam a confiança
para a forca poiftica - a Europa clisraeliana - a qual a Veiha dos seus senhores e amos... e quando carregamentos de gado
Ordem, que resiscira ao Islão, a Companhia das Indias Orientais tinharn de set aprontados, era necessária alguma discricão para
e ao colonialismo de plantacao, finalmente, se rendeu, distribuir apadrinhamenco entre as nossas amigas de urn modo
0 impacte de Kuta sobre a populacao geral verifIcou-se simul- que as sacisfizesse.
caneamente através do envolvirnento dos nativos no trabaiho do Quando urna meia diizia de senhoras chegava, cada qual
porto propriamente dito e do alastramento por todo o Sul do Bali corn urn séquito de escravos, os quais, em cais ocasiöes, carre-
daquilo a que só se pode charnar, para evitar mais termos cob- gavam ofercas propici-acórias nas suas cabeças, sob forma de
quiais, <<o EspIrico do Comércio>>. cescos de fruca deliciosa, era diffcil segurar as balancas de modo
A major parte dos Balineses directarnente envolvidos na accivi- a satisfazer codas. Eis, pot exemplo, uma pequena mulher, gorda
dade do porto eram muiheres. Não so contavam e enfiavarn os e insinuante, normalmence charnada por nós Anak Agung, <Filha
kepengs; foi-lhes tambérn confiada (<<claro que sob cuidadosa super- dO Grande>> [de facto, crata-se de urn tIwlo nobre, significan-
-' visão>>) a medico e pagamento dos producos agrIcolas crazidos para do literalmente <Grancle Personagern"). Ela é a mulher de Gusti
o porto por mercadores bocais. B os mercadores que no eram chineses Mate [correctamente, <<Made>'; <Gusci> é tambCm urn cItubo
- como o eram os mais notáveis, corn cujo tráfico 1-leims lidava triwangia), uma nobre de rank. Ela caminhou muitas milhas
pessoalmente -, eram tambérn muiheres, assunco sobre o qual ele esta rnanhã corn os seus póneis e ajudantes, e quer o contraco
é ainda mais eloquente do que o costume: para a entrega de urn nümero de bois e porcos, para no falar
em inmeros gansos, patos e criacão. Como se pode resiscir a
Entrecanto [isto é, durante o pequeno-almoco de Helms; sua imploracão? Mas, por outro lado, ha Merne Kingcang, uma
ele está a descrever a sua rotina dlirial fileiras de póneis vinharn mulher alta e magra que, larnento dizê-bo, é viciada em Opio,
convergindo de diferentes partes do campo para a nossa feitoria, mas que alega a sua longa relacao de negOcios corn energia,
cada qual transportando cestos cheios corn os produtos agrfcolas eriquanto urna terceira grica que da ciltima vez os seus bois
da ilba. Cada pequena caravana era acompanhada pelo dono, ficaram de fora, a favor dos das suas irms mercadoras. B assirn
normalmente uma mulher, e o trabaiho do dia começava agora; prossegue a discusso.
122 A\\7O:1I:\ POLILR,\ CAPITULO 111
Possiveirnente nesce mornento o Sr. Lange faz a SUa cOt rtJ.. -10 o numero extacw é irrecupc-rável. Em prirneiro lugar, nao se
quando todas elas em coro apelarn a ele, o qual, mais que certo, tratava propriamence de urn assunto püblico. (<Eles punharn-no
e no seu modo normalmente espoucâueo, aceira ficar corn rudo, num saco e deiravam-no ao oceano por perguncar urna coisa des-
para grande embaraco do infeliz empregado que, chegado o dia sas>, disse-me urn inforrnanre.) Em segundo lugar, como era ui-na
do carregamento, se ye a rnãos corn o dobro ou o triplo dos consequêflcla varjável de circunstâucias politicas e cornerciais Jo-
animais que o barco comporua e não sabe o que fazer corn os cais, não poderia de facto ser exacro.
rescantes. Corn esse dia chega a luta de puxar cordas. A praia - Isto aplicava-se no sO a quantia do pagarnento, mas tarnbéni
escá, claro, apinhada, e os xnugidos do gado, os grunhidos dos ao SeLl desririo. Embora em teoria o pagamenco losse feito a Gck c
porcos e o cacarejar dos galos, misturados corn a grit-aria dos a Karèlan enquanto <<donos>' do cornércio do rc-ino, na realidade era
nativos, fazcrn urna cena deveras viva. distribuIdo pelas casas da liaha real e mesmo por vezes entrecasas
clientes. E isro não era feico de acordo corn urn sisterna de divisão
fixo e regular, uma carta de direitos estabelecidos, mas em resposta
'4
6 . aos empurrôes da concorréncia do Estado-teatro.
Sempre que urn senhor se decidia a fazer uma cerimOnia,
Para abordar o alastrarnento para Ia de Kuta da percubacão da reclarnava o direito a uma certa contribuiçao do subandar, invocan-
qual ela foi o elernento impulsionador durante quinze breves anos. , do a obrigação geral deste. Eram mültiplos os factores que deter-
é ütil olhar de novo para Tabanan, onde o comércio externo no - minavam quanto recebia em qualquer momento e para qualquer
estava nas mãos de urn <rajah branco>> mas sirn de urn <amarelo>>, prOpósito, urn requerente concreto. 0 status formal do senhor, a sua
e centrado no num ancoradouro costeiro mas sim num palácio-casa real forca polItica, o seu registo prévio de requisicOes, as procuras
comercial das ten-as altas. simu!tâneas de outros, a sua sagacidade, a importância da ocasião,
Desde algurn tempo após 1880 e ate a chegada dos Holandeses - estado corrente dos negócios de Cong, os acidentes da histOria
em 1906, o subandar-chefe em Tabanan era urn certo Singkeh Cong. recente - todos estes aspectos desempenhavarn o seu papel. Seja
Chines nascido na China, Cong vivia a cerca de dez milhas a nor-c como for, a distribuicão no era urn processo administrativo, mas
da capital, nas proxirnidades das terras altas cafeeiras, senhor de urn profundamente politico: no qual 0 pr6prio Cong, presence corn
grande complexo de residéncias, patios, barracas e armazéns todos : tanca frequência nos puns e jeros reais como no seu prOprio, era urn
dispostos a maneira de uma casa real balinesa e charnado, de facto, participante accivo, muito directo e de modo nenhum ma! posicio-
<<Jero Singkeh Cong>> (ver mapa 3). Terra-tenente em grande esca- nado.
Ia, tanto de cafezais como de arrozais; cabeça oficial da já então A concessâo de Cong dava-Ihe de facto o direito, no ranto
muico grande comunidade chinesa; anfitrião periOdico de grandio- . . de monopolizar o comércio no sentido directo, como, isso sirn, de
sas cerimónias no curioso estilo sincrético (em parte sino-budisca, :: controlar os canais do seu fluxo para dentro e para fora de Tabanan.
em parte bali-hindu) ainda hoje caracterIstico dos chineses da ilha; :: Como cliente de Gdé e Kalèran (esta era, para todos os efeitos, a
e patrono-patriarca, rodeado por uma pequeno exército de irrnãos, -. casa mais rica em toda a dadia real), ele estava profundamente
muiheres, primos, criados, ernpregados e dependenres - era urn envolvido nesse comércio, corn di:izias de agentes, urn enorme pessoal
principe mercador, e não num sentido meramente metafórico. Muito de coolies, armazéns espaihados pelo campo, etc. Mas ele era apenas
mais do que Lange, que permaneceu aventureiro de passagem, dc principal subandar, não o ünico. Outras casas na linha real tinham
era urn poder dentro do Estado. , seu prOprio chines em contrato. Nern codos os mercadores, ou
Formalmente, Cong detinha o see estatuto de suband.ar através squer a maioria deles, distribuIdos pelo campo cornprando hens
dos reis <sCnior>> e <jinior>>, Gdé e Kaèran junramence, a quem para exportacão ou praticando venda ambulance de importaçöes,
pagava uma grande renda anual. Quao grande, 6 irnpcssfvel cliz- cram seus agentes. Urn born nImero deles cram importantes rivais,
124 AA TOl1A CAP!TLJL() III 125
mesmo candiclatos a SUa sUbSrltLUçaO, poc a corn ucdade chinesa creSCeU canto que 0 seu comérco Se cornou febri]. A cecelaem,
não era desprovida da sua próprla politico. Acma das suas activi- ourrora urn oflcio especializado, tornou-se generalizada; o algocto
dades mercancis, 0 qua elevava Cong al:6 a sua posicão central na para fornecer us teares começou a set produzido em Krarnbitan; e
vida comercial de Tabanan era o decreco, prornulgado plo rci, que vários lugares corn escassez dc terra no Sudoeste de Tabanan vira-
estipulava que todo o trilfico das duas principals mercadorias - ram-se quase inreiramente para a venda icinerante de tecidos.
café no lado das exportacöes ópio no das irnportacôes ---, cinha de mercado no capital foi transfrmaclo num acontecimenro de rodos
passar pelo seu entrepOsto. os dias. E, embora as muiheres halinesas aincla fossern nele impor-
Todo o café, c1uer fbsse cultivadc drecrarnenre pelos Chineses, tances, conieçou a set dorninado por hugis e javaneses que se aglo-
ou, como era mais cornurn, comprado aos camponeses balineses, meraram numa comunidade resiclencial, a p1 mencionada Kampong
tinha de scr levado prirneiro (isto é, por Cong), era então transpor- Jawa, mesmo abaixo dde. Alguns dos chineses, cedo secundados
tado por coolies balineses balouçando sobre os ombros cestos equi- por urn árabe e urn <<bombaim>> (isto é, urn indiano muculmano),
librados nurna vara, ate a costa directarnente a sul da capital. Ijaf montaram lojas permanentes entre a area do mercado e o <dugar
(isto C, da praia; não havia porto), era levado em pcquenissirnos javanês>>, fornecendo assirn o local corn uma zona de negócios.
barcos balineses por dez milhas para sudesre ate Kuta ou, mais clinheiro das Indias Orientais Holandesas, os ringgits de prata,
frequenternente, por trinta milhas para noroeste ate Jembrana (isto começou a circular ao lado dos kèpèngs, destronando-os progressiva-
C, Negara - vet mapa 1) para set embarcado ate ao ultramar. Para mente nas transaccöes mais vultuosas.
O 6pio o processo era o mesmo, só que no sentido inverso. Quem E demasiado simples dizer que o ancien régime balines colapsou
quer que fosse que os importasse, os caixotes cram levados da praia porque o comércio se expandiu para uma escala tilo grande que as
arC Jero Cong, cram registados e assim por diante, sendo entäo instituicöes cornerciais daqucle regime se tornararn incapazes de o
levados pelos seus donos para o retaiho. dorninar. Outros motivos estavam de pC, oucras forças envolvidas.
Mas que o pretexto para a desrruiçao pelos Holandeses dos negaras
do Sul do Bali tenha sido uma série de saques de livre iniciativa a
7 navios rnercantes encalbados, saques que os senhores no podiam
fazer parar ou sobre des ganhar controlo pessoal, nem tão-pouco
Portanro, apesar da sua localização no interior, e apesar do concessionar a vikings de passagem ott mandarins self-made -, C
envolvimento profundo do seu gerente no rráfego do campo que algo de simbólico. Mutuarnente parasitarios, o senhor e o subandar,
girava em seu torno, jero Cong tambCm era urn porto comercial: negara e o porto corriercial, esplendor politico e isolamento corner-
uma praca colocada a margem, atravCs da qual mercadorias valiosas cial - todos sairam juntos de cena.
cram bombeadas para dentro e para fora do pals de maneira tal, que
permitisse aos senhores, partilharem dos rendimentos do cornCrcio
não se dedicando a dc. 0 que Lange fez para os senhores de Badung
- fe-los mercantis scm ter feito deles mercadores -, Cong fe-b
para os de Tabanan.
A principal diferenca era que, ao tempo de Cong, <'o Esplrito
do Comércio>> havia penetrado de tal modo no Bali do Sul que a sua
concenção dentro dos lirnites de urn enclave estrangeiro se tornara
cada vez mais diflcil. Na viragem do sCculo havia vendedores
arnbulantes de opio, muitos deles balineses, em quase todas as
aldeias do reino, e nas areas do café a concentração de compradores
CAPITULO iv
AFIRMAçA0 POLITICA: ESPECTACULO
E CERIMONJA
A simbologia do poder
cadaver. 0 aIm sacerdoce desceu da sua cadeira, ac.rru nuy rcc Duas das muiheres não dernonstraram, mesmo no derradeiro
e desde os quacro pontos cardeais descarregou quatro setas de madeira niornenco, qualquer sinal de medo; olharam uma para a oucra, para
na cabeça da serpente. Não fo urna seta, porérn, mas sirn uma flor. verem se ambas escavam preparadas e. logo, sern se incimareni ou
a champaka. que aringiu a serpente. A flor tinha sido inserida na liesitarem, merguihararn. A terceira pareccu hesirar e dar o sal to
ponta plumada da flecha, da qual, no voo, se soltou, e por uma corn menos resolução; carnbaleou por urn mornento, e depois Se-
estranha destreza o sacerdote conseguiu que a flor, de cada vez. guiu as outras, desaparecendo as três sem proferirem urn som.
atingisse o seu avo, [viz) a caheça da serpente. Supunha-se, então, Este terrfvel especráculo pareceu não produzir qualquer emoção
animal morto, e o seu corpo, tendo sido ate all carregado por sobre a vasla rnulcidão, e a cena encerrou corn mcisica barbara e o
homens, estava agora enrolado na cadetra do sacerdote c, eventual- fogo de espingardas. Foi uma cena inesquecfvel para os que a
mente, a volta da imagem do Ieo em madeira na qual o cadávt testemuriharam, e trouxe ao coracão urn estranho sentimenco de
era queimado. agradecimento por se pertencer a uma civilizaçao que, corn todos
Tendo o cortejo chegado perto do local da cremação, a badi foi os seus defeitos, é misericordiosa e tende cada vez mais a emancipar
virado três vezes, tendo sempre o sacerdote a sua cabeça. Final- as mulheres do engano e da crueldade. Ao governo inglês se deve
mente foi colocado contra a ponte, a qual, encontrando o décimo facto de que esta perniciosa praga de suttee se tenha extirpado na
primeiro andar, o ligou ao local de cremação. 0 corpo era agora fndia, tendo agora as Holandeses desempenhado a mesmo papel em
colocado dentro da imagem de madeira do 1eo; cinco pequenas Bali. Obras destas são as credenciais corn as quais a civilização
placas de ouro, prata, cobre, ferro e chumbo, inscritas corn palavras ocidental legirima o seu direito de conquistar e humanizar racas
mIscicas, foram colocadas na boca do cadaver; o alto sacerdote leu bárbaras e substituir antigas civilizacöes.
os Vedas e vazou os jarros contendo água benta sobre o corpo. Feito Pouco mais tenho de interessante a contar acerca de Bali...
isto, os feixes de lenha - paus pintados em ouro, preto e branco
-foram colocados debaixo do leão, o qual em breve se encontrava
envolto em chamas. Termiriada esta parte da estranha cena, a mais
terrIvel começava.
As muiheres foram transportadas em procissão três vezes it volta A. vida cerirnonial do negara clássico era tanto uma forma de
do local e depois elevadas ate a ponte fatal. Af, no pavilhão já retórica quanto uma forma de devoçao, uma aflrmação ornamenta-
mencionado, esperaram que as chamas tivessem consumido a imagem da e jactante de poder espiritual. Sairar viva para as chamas (e,
e os seus conteüdos. Continuavarn a não mostrar rnedo, a adorno assim criam, directamence para a estado de deuses) era apenas urn
do corpo parecia continuar a set a sua principal preocupacão, corno dos enunciados mais grandiosos de urna proposicão que era expressa
se se estivessem preparando para a vida e não para a morte. Entre- de outros modos - não menos categóricos -, pelo limar dos
tanto, os amigos ajudantes preparavam-se para o horrfvel clfmax. dentes dos reis, pela consagracão de templos reais, pelas ordenacOes
A cerca no extremo da ponte foi aberta e uma prancha foi empur- reais e, nos puputans, pelos suicfdios reais: ha uma ligacão interna
rada sobre as chamas, e as ajudantes, em baixo, verterarn quanti- inquebravel entre rank social e condicao religiosa. 0 culto do Estado
dades de óleo no fogo, provocando chamas vivas e lcigubresque se era uma afirmaçao elaborada vezes sern conta no vocabulário insis-
elevavam a grande altura. 0 momenro supremo chegava. Corn passos cenre do ritual, de que o status terreno tern uma base cósmica, de
fIrmes e medidos as vItirnas puseram o pé no palanque fatal; por que a hierarquia é o principal governador do universo, e de que as
três vezes ergueram as mãos unidas sobre as cabeças, em cada urna arranjos da vida hurnana não passarn de aproxirnacöes, mais ou
das quais foi colocada urna pomba e, depois, corn o corpo erecto, menos frustes, da vida divina.
salcaram para a mar flamejante em baixo, enquanto as pombas Outros aspectos da vida ritual balinesa tinham oucras declara-
largaram voo, simbolizanclo os espiricos em libertação. çOes a fazer, algumas delas em conflito parcial corn o ponto que as
/
cerirnónias dc Escado rcalcavam: o status tuclo. Tal corno a ne;.rr.z par:l ama arquescra same!.':?, cci 'dlLem os Balineses -, demons-
era apenas ama de enrre muiras instituiçôes SOCiciS no Bali clássico, irado por 1-Icims, apesar da sua sens!LlIidade e dos seas poderes
também a sua ohsessão, o rnk, era apenas ama dc entre rnuira descritivos. 0 ritual balinês, e especialmente a ritual do Escado
obsessoes. Mas essa obsessão, e o feixe de crericas c antudes que bahnês, incorpora de facto ama dourrina no sentido literal de
'1 <ensinarnento'>, por muico concreto que seja o seu simbolismo, por
crescet a sua volta, era quase tao universal flu populacão geral como
era na peciuena fraccão dcla directarnence absorvida abs assuntos rnuito irreflectida ctue seja a sua apreensão. Esmiuçar o ritual para
do ngara em Si. <<0 rei era a sfmbo!a da grandeza do campesina- poder apresentar sob forma explfcira não é r.arefa pela qual os Bali-
to>>, escreveu Cora do I3ois acerca cbs monarcas Indicos do Suesre neses se tenham algurna vez interessado, a parre alguns rnodei-
asiático em geral; e, ainda que corn uma forrnulacao mais cuidada, nisras de hoje. Tao-pouco sentern, a semelhança do poeta traduzi-
comentário é aplicável corn especial forca a Bali. As excravagân- do, que uma qualquer apresentaco desse ripo chegue de facto ao
cias rituais do Estado-teatro, corn o seu senhor semidivino, irnóvel, cerne da questão, que a caracterize devidamenre. Glosas da expe-
extático ou morto no seu centro dramático, eram mais a expressão riência, e sobretucbo da experiência de outros, não são subsrirutos
simbólica da nocão carnponesa daquilo que era a grandeza do que dela. Quanclo muito são carninhos, bascante tortuosos, para a sua
a expressão efecriva, da grandeza. 0 que o Estado balinês fez pela cornpreeflSãO.
sociedade balinesa foi projectar nurna forma sensivel, urn conceiro Do ponro de vista prgrnárico, duas abordagens, dois ripos de
daquilo que, juntos, cram suposros fazer de si próprios: urn exem- compreensão, clevem convergir se se quer inrerpretar uma cultura:
plo do poder de grandeza para organizar o mundo. uma descricão e formas simbó!icas especIficas (urn gesto ritual, uma
esrOtua hierática) enquanto expressöes definidas; e ama contexrua-
lizacão de tais formas no seio da estrutura significante total de que
a fazem parce c em termos da qual obtêm a sua deflnição. No fundo,
isro é, obviamenre, o já conhecido cfrculo hermenêutico: a apreen-
Os Balineses, em geral e não so nos ricuais da corte, encenarn são dialéctica das partes que estão incluidas no todo e do todo que
as suas ideias mais englobanres de como as coisas são em i3lrima motiva as partes, de modo a tornar visfveis simultaneamente as
instância e, logo, do modo como os hornens cievem agir, através partes e o todo. Neste caso concreto, ra! apreensão significa isolar
cle sImbobos sensIveis imediatamenre apreensIveis - urn léxico de os elernentos essenciais na simbOlica religiosa que inunda o Esrado-
esculturas, flores, dancas, melodias, gestos, cânticos, ornarnentos, : -teatro, e determinar qual a irnporrância ciesses elemenros no quadra
templos, posturas e méscaras - mais do que através de urn con- do que essa simbOlica é, no seu todo. Dc modo a seguir urn jogo
junto ordenado, discursivamente apreensfvel, de <crenças>> explIcitas. de baseball tern que se compreender o que são urn bat, urn inning,
Este meio de cxpressão transforma nurna tarefa duvidosa qualquer urn left fielder, urn squeeze play, uma hanging curve ou urn tightened
tentativa de resurnir aquelas ideias. Tal como a poesia, que no seu infield, e o que é, afinal de contas, esse jogo do qua! estas <<coisas>'
sentido vasto de poiesis (<<fazer>>) é aquilo que escd implicado, a são elernentos. De modo a acompanhar a crernação de urn rei balinês,
mensagem está neste caso tao profundamente submersa no meio é preciso ser-se capaz de segmentar a corrente de irnagens que ela
que transformá-la numa rcde de proposicöes é arriscar cometer gera - cobras de pano, setas que se transformam em flores, caixöes
simultaneamente ambos os crimes caracterIsticos da exegese: ver corn a forma de leão, pagodes sobre liteiras, pombas voando das
nas coisas mais do que realmente Ia esta, e reduzir uma riqueza de fronres de muiheres suicidas - nos elementos significativos de que
significados concretos a uma parada rnonótona de generatidades. é composta; e, para começar, é necessário captar o sentido do
No entanto, sejarn quais forem as dificuldades e perigos, a acontecirnento. Os dois tipos de compreensão são inseparavelmente
tarefa exegética tern de ser levada a cabo se se quer fIcar corn mais dependentes urn do outro, e surgem simultaneamente. Tal como
do que o mero fascfnio maravilhado - como uma vaca olhando näo se pode saber o que é uma torre badé(como veremos, é urn axis
CAPITuLO IV 135
134 AFJRMAçAO POLtT/c
si so correcta -de que a rei era uma espêcie de deus corpóreo. Na
mundi) sem saber o que é uma crernaco, (ambérn näo se pode subur medida em que seja de todo possIvel abstraf-la dos veIculos da sua
que é uma catcher's mitt scm saber o que é o baseball. exprCsSO,ãi a mensagern era que 0 re, a corte em torno dde e, em
Os cerimoniais de Estado do Bali clássico cram teatro rnetafisico:
redor da corte o pals como urn todo, cleviam fazer de si rnesrnosfac_
reacro concebido para exprirnir uma visão da natureza fundamental
-s/miles da ordem definida pelo seu irnaginrio. Tal COfflO os sirnbolos
da realidade e para, ao mesmo tempo, moldar as condiçöes de vida onfricos, os simbolos religiosos são ricamente polissérnicos (isto é,
existentes em consonância corn essa realidade; isto e, tea ro para a tém mâltiplos sentidos), espaihando-se profusamente o seu sigriifi-
apresentar uma ontologia e, ao formula-la, faze-la aconrecer, coma- cado nurn emaranhado de direcçôes. E isto aplica-se canto aos slmbolos
-Ia real. Os cenários, os aderecos, os actores, os actos realizados religiosos balineses como aos de qualquer outra parte do mundo.
pelos actores, a trajectória geral de fé religiosa que esses actos
Eles estão prenhes de significados
descrevem -, todos estes elementos precisam de sec confrontados
Literalmente, padmasana significa <<assento do lOtus>>. Usa-se
corn o background do que afinal de contas se estava a passar. E sO para referir o trono do deus supremo, Siva (ou Surya, o Sol), que
se pode perceber esse background na medida em que esses compo- está sentado, imOvel no centro de urn lOtus (padma), rodeado de
nentes teatrais sejam compreendidos. Nem a descricão rigorosa de quatro pétalas a norte, este, oeste e sul, por Visnu, Iswana, Maha-
objectos e comportamentos associada a etnografia tradicional, nern dewa e Brahma, cada qual associado a uma cor especifica, dia da
tracar cuidadoso de motivos estillsticos que é a iconografia tradi- semana, parte do corpo, arma, metal, silaba mágica e forma de
cional, nem a dissecação delicada de significados textuais que é a poder sobrenatural. Usa-se para referir a pequena coluna de pedra,
filologia tradicional são em si suficientes. Tern que se fazer conver- encimada por urna cadeira de espaldar alto (também em pedra),
gir de urn modo ral que a iminência concreta do teatro represen- colocada no canto diagonalmente oposto no local mais sagrado dos
tado produza a fé nele contida. templos balineses, e sobre a qual as oferendas ao deus supremo são
colocadas durante as cerimónias do templo, quando, atraIdo pelas
versöes do paralso evocadas pelos seus adoradores dancarinos, dc se
4
senta au. Usa-se para referir a postura - uma espécie de posicão
acocorada -, que se adopta cjuando se medita sobre o divino. Usa-
Por trás da tendência para a dramaturgia do ritual de Estado e,
-se para referir o acto e experiência da rneditaçao em si. E uma
de facto, por tras do enredo inalterado que animava, encontram-se posição de coito, é a base de urn lingga, é urn dos muitos nornes do
duas conjunçöes fixas de ideias-imagens. Primeimo, padmasana, o deus supremo, é uma imagem ic6nica do cosmos, e o receptáculo
assento de 16tus (ou trono) de deus; lingga, o seu falo ou potência; . no qual os restos mortais de urn alto sacerdote são conduzidos para
e sekti, a energia que dc inftinde as suasexpressOes concretas, a sua cremação. E são as entranhas profundas do coracão humano.
especialmenre a pessoa do governance. Segundo, buwana agung, o Lingga é urn sirnbolo nao menos ramificanre. No sentido estri-
reino do ser; e buwana alit, o reino do sensIvel: o <cmundo grande>> to, refere-se ao falo de Siva - <<maravilhoso e interminável>> -,
do que existe e o <<mundo pequeno>> do pensamento e do senti-
gracas ao qual dc esrabeleceu a sua superioridade sobre Brahma e
mento. Visnu. Para além disso, refere-se as representacöes em pedra, gros-
Rodeados por urn enxarne de ideias subordinadas e aparentadas, seiramerite desbastadas, desse falo -meras rochas oblongas, con-
também elas profundarnente submersas na pompa e omnamento que venientemente arredondadas no topo -que se encontram em tern-
Helms descreve, estes dois conjuntos de sIrnbolos formavarn pbs e noutros locais sagrados por todo a Bali. Num sentido mais
conredo daquilo que, em Bali normalmente, e de forma demasiado abstracto, é o principal sImbolo da realeza sagrada em si. Não so
desconrralda, se chama <<realeza sagrada>>. A mensagern para cuja cci é referido como o lingga do mundo, corno tambérn -e uma
divulgacao o negara estava concebido, e que de facto transmitia na vez que <<na terra 0 govemnante age em nome de Siva e a essência
sua vida ritual, não pode sec descrita pela rnera afirmacão - por
JFIR!MAcAo POLITICA CAPITULO IV 137
136
do seu poder real esrá incorporad no itngga [o quaIl o bvah,?rnn.. ucla, obedecer-lhe, possul-la, organizi -[a. uriliiI-la, ou niesmo
obtm... de Siva e passa... pam o fundadur da dinasria corno paládio compreende-la
da sua realeza>' -, a imagern resume a profuncla Iigçao espiritual
(Hooykaas chama-ihe uma <<crndade indivisIvel) ;entre c' deus
supremo, o rei reinante e o alto saerdore do Estado. I 5
Também se chama 1!ngc6 ao pequeno borrifador em forma de
espanador, feito de tabs de erva e foihas enrrançaclas, corn 0 qua primeio ccnjurC J: simbolos a ta. -
os sacerdotes aspergern goras de água benra sobre os crenres no dos (isco é, hguras rituals combinadas pela estrutura retdricado
mais alto momenro sacramental de praricamente todos os riruais cerimonial de corte), fornece a imagem do que, nesse cerimonial,
deverá set represenrado; buwana agung/buwana alit, o segundo con junro
balineses. 0 kris (punhal, adaga) que todos os personagens nobres
levam embainhado nas cosras dos seiis sarongs, a faixa transparenre de tais sfmbolc<s ou figuras, fornece a irnagem dacjuilo em que
cobocada no toucado cerimonial de urn alto sacerdote, a ponta mais consiste essa criação de imagens. Esta é ralvez uma forma estranha
alta da torte de crernação de urn nobre, o velculo que rransporta a de colocar a quesrão. Mas cia é mais ou menos inevitável se se vai
alma crernada para o céu e o palanque do qual aquelas viüvas se clescrever pot palavras, e para mais doutra lingua, esse arnontoado
atiraram tao respeitosamente para a pira do seu senhor, rambém são abandonado dc imagens dé espeiho sobre imagens de espelho que
constitufam a vida religiosa balinesa e, j<I agora, a vida social bali-
concebidos como sendo linggas.
nesa em geral, numa ofuscação de reulexos reflectidos.
Finalmente, sekti é a palavra balinesa para uma espécie de
fenómeno transcendente que noutros lugares é chamado mann, Ca- As rraduçães habituais apresentaclas para buwana agung e buwa-
risma: <<Urn poder ou dorn divinamente inspirado, tal como a na alit, para abém das lirerais <<mundo grande>> e <<mundo pequc-
capacidade de realizar milagres.>> no'>, são <<macrocosmo>' e <<mictocosrno>'. Corno já apontei várias
vezes, não se trata de urn erro. A concepção balinesa é, de facto,
No fundo, sekti assenta numa visão precisa de como o divino
chega ao mundo; muiro particularmente, numa concepção esquiva que a experiência sensfvel reproduz, ou pode fazer reproduzir acra-
e paradoxal (e não so para observadores exrernos) da relação entre, yes do ritual, a escrutura geral da realidade; e ao faz&-lo sustenra
essa estrutura. Mas, apesar disso, uma tab formulaçao, toxiada abs-
por urn lado, as <formas>> ou <<conrornos>' subsisrenres que o divino
tractamenre, C demasiado neoplatónica e, pottanto, demasiado
assume (a palavra balinesa é murti, <<[urn) corpo*, <(corporal>>, <<fIsico>',
intelectual, para o pensamento balinés. Sugere urna tendência para
do smnscrito murta, oassente nurna qualquer forma fixa>>) e, pot
ourro, as <<manifestaçães>> dinâmicas (em sânscrito sa'kii, <<a energia a miniarurização metaffsica, urn modo de pensar do tipo o-cCu-
ou parte activa de uma divindade>>) dessas formas e desses contor- -num-grão-de-areia, o que não corresponde exacrarnente ao carácrer
nos. Diz-se que Brahrna e Visnu são sektis - isto é, <<activaçöes>> filosófico que os detaihes das cerimónias, mais sensuais que vi-
- de Siva. 0 mesmo para a esposa de Siva. 0 mesmo, de facto, sionários, de facto veicularn.
para todos os deuses e deusas. 0 rei, o senhor, o sacerdore e os <Mundo material>> e <<mundo imaterial>' são tarnbCm frequen-
ascetas são todos considerados como sendo sekti (e ndo, como tern temente utilizados como traduçöes. Em certos aspectos são rnelho-
sido frequentemef1te dito, como <<possuindo>> sekti) na medida em res, porque pelo menos estabe1eem a fronteira no sirio certo: não
que eles são, pot sua vez, instâncias daquilo que eles adoram. Insignias entre o infmniro e o infinitCsimo, mas entre o que af esrá para ser
reais, objectos rituais dos sacerdores, relfquias sagradas de famflia vivido e a experiencia em si. Noutros aspectos, estão mais bonge;
porque o cartesianismo de urn tab contraste, opondo o sujeito ao
e locais sagrados, são todos sekti no mesmo sentido: clemonstram o
poder que o divino ganha quando assume formas parriculares. Sekti rnundo, a mente a maréria, ou a consciéncia ao objecto, é ainda
é scm di:ivida poder << sobre natural>> - mas urn poder sobrenarural mais alheio ao pensamento balinCs do que a misragogia do grande
que surge a partir da criação de imagens da verdade, e não do crer e pequeno.
138 AFlRA1çAo PoLfrlc1 CAPITULO IV 139
Talvez as meihores rraducöes, aquelas cjua nos conl zrn inwro decoraçäo, urn padrão irrefutável cia analogia polIrica. Siva esravj
mais directamente a coda a nocão da arte de governar exemplar, do para os deusts, como os clauses para os tClS, como os reis para os
modo como o negara do Estado-teatro de facto a prarLcava, são as nobres, as nobres para os perb<'ielei, a os perbekeles para a povo: det-
concepcOes <denrro> e fora" que encontrarnos, cal como jaba e tro> e <fora>, <<mundo pequeno e <<muito grande, ou im';ti para
jero, em tantos pontos da culcura balinesa. Buwana agang é o que sekrz; codos cram versôes da mesma realidade.
está de fora do recinto irnediaro da alma, longe do ceniro da Q uer se centrasse na queima de urn corpo, no lunar de urna fila
experiência: jaba. Buwana alit é o que está nele e na direcçao dele de dentes ou na consagração de urn templo de palAcio, uma ce-
jero. rimónia de Escado transformava urn senhor cuo cadaver, dences ou
Como se pode ver a partir do debate da <<anatomia polIrica>> templo estavam a ser elaborados, nurn Icone, uma figuração do
já apresentado, na imagética jaba/jero perpassa grande parte da es.- sagrado, em Si mesma sagrada. Etc tornava-se em inais uma das
trutura social balinesa. Os plebeus Sudra são chamados jabas, os <<activaçöes'> das <<formas divinas>> ao mesmo tempo que ele prOprio
nobres triwangsa são chamados jeros. As casas nobre são jeros. As se tornava numa dessas formas, a partir da qual outras accivaçöes
linhas dos flihos mais novos, de <<status decrescente>>, <<saem>> (jaba) surgiam automaticamente. A estrutura significativa dos rituais era
da linha central, a qual permanece (jero) no cencro da dadia. E ha constance, por muito variado que fosse o detaihe simbOlico. 0 <<mundo
muitas outras urilizacoes ate aqui nao detectadas. 0 patio de entra- pequeno>> do vivido e o <<mundo grande.> do experimentavel cram
da de urn templo, onde o gamelan toca e os dançarinos actuam é (o) conjugados em duas direcçöes: para o interior, na direcção do ling-
jaba; o patio traseiro, onde estão os altares e é prestada a reverência, ga do lOtus: para o exterior na direccão do Estado na sociedade.
e (o) jero. 0 mesmo padrão se verifica numa casa real ou nobre; E ao serem assim conjugados, eles represeritavain o senhor como,
portanto, a zona residencial mais interior do senhorTd uma dessas ao mesmo tempo, imagem de poder - isto é, como marti - e,
casas abrange urn jero dentro de urn jero. (E ele mesmo é urn jero portanto, como uma instância de poder - como sekti.
dentro desses jeros.) 0 resto do mundo éjaba para o jero de Bali; A linguagem básica é, uma vez mais, emulativa. Vendo Siva
muito especialmente jaba é Java, de onde tanto do que é Indico foi como a forma exemplar e o rei como a sua activação, o povo ve o
ardentemente tornado e canto do que e islâmico foi resolutamente rei como forma exemplar e o Estado como a sua activação, o Estado
excluIdo. Assirn como está o corpo para a mence, o campo para o como forma exemplar e a sociedade como sua activacão, a sociedade
povoado, a circunferência para o centro do cfrculo, a palavra para como forma exemplar e 0 sujeito como a sua activaçao.
o significado, o gesto para o sentimento, o som para a müsica, a
casca do coco para o leite do coco, assim esca relação importante
para nós, a pétala do locus onde ele mesmo (ou o seu lingga) se 0 paldcio como templo
senta.
A fusão simbOlica de buwana agung e buwana alit, afinal de Assim como o rei ou o senhor era transformado num Icorie pela
contas aquilo em que se resumem todas as cerimOnias reais, signi- cerimOnia de Estado, numa pintura do poder por isso mesmo po-
fica, portanto, a asserção de uma pretensão metapolItica radical: as derosa, tambérn o seu palácio, o seu dalem, ou pun, ou jero, era
forrnas culturais que o negara celebra em rituais e as institucionais transformado nurn templo, urn cenario para o Icone. As centerias ou
que ele assume na sociedade, são as mesmas. Lingga e realeza, realeza mesmo milhares de pessoas que ali acorreram em massa para par-
e senhorio, senhorio e plebe; padma e palácio, palácio e reino, reino ticiparem (se o palpite de Helms de 50 000 <(espectadores> em
e aldeia; sekti status, status e aucoridade, autoridade e deferência - Gianjar em 1847 for correcto mesmo que so aproximadamente,
todos são representados através dos ritos de Estado como outros teria sido cinco por cento da populacão) vieram porque o pun era
cantos jero e jaba contrapartes urn do outro. Toda a incrIvel magni- urn pedaco de espaco santificado, urn local apropriado para se con-
ficéncia era uma tencativa de edificar, em termos de drama e frontarem corn os mistérios da hierarquia. Era na residência do
IV tCASA. DO REt
1 AREAS SAGRADAS
24 Area & '.abitaç!o d ret
I .AIc.r do asserico do lOt as
0ar,, Kang:e)
(Picimaiana)
2 5 Area de habitaão d3 mother
I 2. Templo da dadia real (Pc::riian pr:ncipsl do rd e da mc do fri
rig: ;zg) (RajacLir:)
. Ior'.i ch:tc para c puric
26. Area dr habit sãu dis rn:lhercs
do templo real (Paducukia)
secundárias, de pequena
3a. Porto fendido para o paric
nobreza, do rei (Satin Gianyar)
exterior do [crnplo real
(Candi Bcntat,
Lago do DernOnc (Tarilat V. CASA , DO fALEC1DO
Pavilhäo onde cc refinem cc PAl DO REI
juices reais (Kertagosa)
Jardim sagrado (Tarnan Agung) 27. Area de nabicacão das nulheres
Lago sagrado (Taman Alit) (secundárias). de pequena
S. Montanha artiliciat (Gunung) nobreza, do pai do rei
Assento pfibiico do rei (Koniya Bawa)
(Ba/ui Tcgch) 28. Area de habicação da irma
Templo da subdadia real solteirs do rei (Sarin Gd.l
(Pemerajan Luk Me/aya) 29. Area de habitaçao do avô
II. Local de armazenamento das (macorno) do rei (Bali Mas)
retiquiss saradas (Girl Sic:)
VI. <CASA DO IRMAO DO REI
Eixo do mundo (Ukiran)
Paviihöes grneos para exposiçao
dos cadvercs sores da cremacäo 30. Area de habitaçao da irmão do
(Bali Summanggèn; Bali Lunjung) rei (Sernarabawa)
Templo de oriem do rei de 31. Ptitio de encrada da casa do
Mengwi (Pcmerajan i%tengwi) irmão do rei (Sic:)
Entrudu exterior, do port8o
fendido, para o palácio VII. SERRALHO DO REI
(Candi Bentar)
Encrada interior, do portllo 32. Area de habitação das muiheres
coberto, para o pahIcio plebeias do rei (Pemangkang)
(Padurakia) 33. Cozinha do rei (Paon Raja)
34. Celeiro de arroz do rei
H. AREAS DE REUN1A0 (Lumbung Raja)
PUBLICA
Viii. CASAS" NOBRES
Patio da encrada exterior
(Bancingab) 35-37. Casas de vários (patri-)
Patio da encrada interior primos do rei (Jers)
(Surnmanggèn)
Cozinha pOblica (Guba Raja)
Celeiro de arroz páblico
IX. AREA IMPURA ME
(Lambung Robaoz)
38. Area impura (Teba)
Gongo fendido (Kulkul)
senhor (e a sua volta - pois os remplos balineses no sao mais do tos cornbinados e aquelas intrigas congeminadas. Ha OS aposentos
que os focos das procissôes disserninadas que redemoinham para (10 rei, do seu recérn-falecido pal, do seu irmão, e de vários dos seus
clentro e para bra deles), no <<sfcio onde ele se senra>> que a dow- (paIn-) primos. Ha o serraiho do rei, 0 reCifltO para as suas esposas
Irma do centro exemplar se tornava socialmente real plebeias. E, finalmente, ha a area impura, onde as muiheres mens-
Como tanros outros palácios tradicionais em todo o mundo, e truadas se recoihern, onde os porcos e outros animais são guardados,
de forma notável no Indico, o puri era em si mesmo, na sua mera onde está localizada a latrina e onde o lixo é despejado.
forma material, urn sImbolo sagrado, uma replica da ordem para Cada urn destes blocos C, simuluancamente, uma unidade em
cuja consagracão Iota construldo. Estrutura quadrada e murada de si, urn composto de unidades menores, e uma parte componente
patios dentro de patios, a sua planta reproduzia através de mais este de uma unidade major. Desde a localização dos altares no templo
rneio a geometria profunda do cosmos. 0 padrão variava no porme- da dadia, ou dos pavilhöes no patio de entrada, ate a distribuicão
nor de palácio para palácio, dependendo da tradicao, do acaso e do de espacos funcionais no seio de todo o palácio e a relacao do total
capricho do senhor. Mas em todos eles se encontram as distinces do palácio corn o reino em seu redor, urn padrão estrutural fixo C
entre exterior e interior; entre as direccoes dos pontos cardeais e o constantemente repetido: o mais sagrado/central/interior/privado/
centro sem direccão, que as resume; e entre as formas remotas das ' fo rmal/elevado/principal/hermetiCotmisterioso.. contra o menos; o
quais o poder irrompe e as próximas nas quais ele é manifesto - ponto no qual os significados são reunidos para a espécie de apre-
formuladas num vocabulário de muros, portôes, corredores, alpen- sentação dita murti, contra o piano sobre o qual eles são dissernina-
dres e mobIlia. 0 que o padmasana expressava esculturalmente, o dos para a especie de actuacão resumida como sekti; a irnagem
lingga metaforicarnente, e a cremacão teatralmente, o puri expres- contra a instância do poder.
sava arquitectonicamente: o assento, a sede, do rei era o eixo do Nestes termos, opadmasana (1) no templo da dadia real reiacio-
mundo. na-se corn o conjunto do templo (2) como o conjunto do templo se
relaciona corn a totalidade das regiöes sagradas do palácio (1-16),
a totalidade das regiöes sagradas corn o palácio como urn todo, o
palácio como urn todo corn a praca püblica na qual assenta, e a
praca püblica corn o carnpo em redor. Do mesmo modo, o padrão
Se se observar a figura 11, que representa uma planta simpli- é constante para as outras secçöes e complexos do palCcio:
ficada do palácio do rei de Klungkung cerca de 1905 - isto é, plblico do rei (9) para o patio de entrada exterior (17); o patio de
mesmo antes da chegada dos Holandeses e do suicIdio de corte entrada interior (18) para a totalidade das areas püblicas de reu-
pututan a que deu azo - esta simbologia-chave pode ser vista de nião (17-2 1); os pavilhOes funerarios (13) para o patio de entrada
forma concreta. interior em que se encontram; o patio do rei (24) para a sua <<casa>>
A parte a sua planta geralmente quadrada (corn cerca de qui- contfgua (24-26); a casa contIgua do rei para a casa da linha real
nhentos pés de lado), a caracterfstica mais óbvia do pun, indicada central (24-34); a casa da linha real central para os seus ramos pen-
:
pelos sombreados no diagrarna, é o facto de estar qualitativamente féricos inclufdos no palacio (35-37); todas as casas ainda no palácio
divido em vários grandes blocos. Ha areas sagradas: o templo e os (24-37) estão localizadas em pontos em seu redor, seja na capital
locais cerimoniais, onde, nas alturas devidas, os deuses são invoca- propriamente dita, ou espalhadas de modo estratégico pelo neino.
dos. Ha as areas pciblicas, onde, também nas alturas devidas (que E assirn sucessivamente. 0 pormenorizado isomorfisrno desce
na maioria dos casos são as mesmas) o povo se reCine para reconhe- arC aos mais pequenos pormenores do mobiliánio e decoração e
cer e confrontar-se corn aquilo que o pahIcio significa. Ha as cârnaras sobe, em i:iltima instância, ate todo o universo. A afirmaçao inter-
reais, onde o rei trata corn os notáveis do seu reino e de outros: o minável de urn conjunto fixo de relacoes simbólicas criava, no paiCcio
local onde todos aqueles tratados foram assinados, aqueles casamen- clássico, uma colecção de palcos maiores e menores nos quais cele-
144 AFiRM1çAQ POLITICA CAPITULO Pt' H5
hracöes, de bierarquia, poduim ser adequadarnente tevadas a cabo. dc- Sc- settcaVa para observar e set observado duranre as fescivdades
Desde a pequena oferenda nuni dia santo menor pelo sacerdoce (dançaS, dramas, etc.) que acornpanhavarn as grandes cerimdnias,
encairegado do lemplo real, ic-ila no seu P,1dWa,111ra -- urn 2cStO bc-rn coma para receher, c-rn ocasiöes fixas e cambCm ricualtzadas,
ritual simples rotineiramence cumprido - ale aos festivais de rnassas pessoaS vuigares apresenrando periçôes em relaco a esra ou aquela
em ocasiöes cnaiores dentro e a volta do palácio corno urn todo, coisa. Os pavilhães tunerárjos serviam para a exposico de cacláveres
grandes empreendimenrcs pcIblicos envolvendo a sociedade iriteira, de nobres anres da sua crernação; deles recta provide a procissäo que
Os adereços e cenários do Escado-ceatro eram, como os sc-us dramas, Helms viu surgir na pcn:e sobre o mum (para evirar poluir o poct':
basicamente os mesmos. 0 que variava era o nümero de pessoas cindido). Mas sc-rn d6vida o mais incrigante, bc-rn corno o mais
captadas pela represcntacão, a e!aboração corn que os temas irnuráveis obscuro, dos espacos sagrados do paldcio C aqiii!(-i a que chamet -
erarn desenvolvidos, e o impacce prático do evento no curso geral usando pot emprCstirno urn termo da religiiio comparada, mas nao
da vida balinesa. as ceorias que normalrnente o acompanharn -, o eixo do mundo
- o ukiran. E no ukiran, ainda mais que no cemplo da linha
central, que se concentra 0 5ekti do pun, a sua forca mimCcica de
conferir uma imagem a verdade.
Uki ran quer dizer literalmente montanha>' ou, corn major rigor
Olhar para o palácio corn uma colecçao de palcos, nos quais <sftio da montanha'>. Significa cambCni gravura ralismânica em
dramas exernplares sobre ascenclência e subordinacao eram repre- madeira ou metal, especialmenre em armas. F, pot firn, talvez
sentados vezes scm conra, clarifica o seu ordenamenro espacial: os derivativamente, ou talvez não, é uma da.s trinra <<semanas>> de sete
locais mais sagrados estavam a norre e a esre, na direccao do mar; clias, u'uku, que constituem o ano balinês de 210 dias. A mistura
as areas menos prestigiosas bordejavam as mais prestigiosas; havia desres signifIcados iconogrCficos, mágicos, calendares - faz do uki-
uma gradacao do püblico para o privado desde a frenre do palácio ran o ponco dos pontos, não apenas no palacio mas em todo o reino,
para as traseiras. Clarifica também o significado especIfico dos vários o local em que os aspectos religioso-cosmológicos e de poder polItico
tipos de espacos em s e as relacoes que entre des se estabeleciam. da hierarquia são colocados juntos corn a major exacridão.
Os cinco principais tipos de espaco - religioso (1-16), cIvico (17- 0 motivo da monranha sagrada rem jogado, evidencemenre,
-21), de câmara (22-23), residencial (24-37) e profano (38) - defi- urn papel proerninenre na mitologia Indica desde os tempos mais
niam ranto urn conjunro de contrasces que os distinguia como urn remoros. 0 monte Meru, o centro, umbigo e pivot do mundo, C o
padrão de sernelhancas que os ligava. ponco em que o CCu, a Terra e o Inferno se juncam, uma espCcie
Dos espacos sagrados, os mais significacivos eram o templo de lIngua de terra através da qual deuses, hornens OU clemónios,
da linha central real (2), o assento, ou trono p(iblico do rei (9), podem viajar nurn sentido Cu oUtro entre os principais reinos do
os pavilhöes para exposicão dos cadáveres reais (13) e o eixo do ser. Na Indonesia o tema não é menos conspIcuo, encontrando re-
rnundo (12). presentacão iconográfica num vasto leque de formas, desde o teatro
O templo da linha central era o templo familiar para todo o de sombras ate as oferendas comensais. E em Bali, onde o impo-
grupo governance Klungkung, e a sua reconsagração após cada nente vulcão no centro da ilha, monte Agung, C considerado como
ascensão ao trono, após alceracoes e reparaçöes, ou após algum de- sendo Meru - o sitio onde os deuses vivem, onde se situa o templo
sastre natural (uma praga de racos, uma erupcão vulcânica, uma suserano, em funçao do qual todo o pals é organizado -, o mocivo
epidemia) era, juntamente corn a cremacão real e a limagern dos da monranha C quase omnipresene. Corn a água e o Sol é urn dos
dentes, uma das ocasiöes mais vulgares para as maiores cerimónias tres grandes sImbolos da natureza na vida religiosa.
de massas levadas a efeito no palácio. 0 trono pb1ico do rei era No nosso puri de Klungkung, o motivo da moncanha aparece
uma plataforma de pedra, elevada, coberta por urn telhado, onde vezes scm conta, como urn esforcado gaguejar após uma elocucão
As
CAPJTLJLO iv 1.47
146 AFJRMAçAO POLITICA
cada urn, e assim nele Sc presta hornenagern a origern cia famclia de
total. A seguir aopadmasana, ele mesmo gravado corn tars mOtivos,
cada qual>>. Charnado iumpek Iandcp - letra, o xfecho da agude-
altar mais importante no cemplo da linha central, como em todos
za ,> (nenhuns objecros afiados podern set usados nesse dra em todo
os templos de altas castas, é o Gunung Agun - isto é, monte reino) -' esce feriado é celebrado corn urn simbolismo que liga
Agurig -, localizado ao lado do padmasana. Pot sua vez, a seguir entre si sirnultanearnente os instrumencos da violéncia, as energias
ao Gunung Agung está a major estrutura do templo, o Meru enquan- da viriliciade, os emblernas Wi auroridade e os veIculos do carisma.
to tal: urna coastrução do ripo de urn pagode chines corn uma Pl- Oferece urn born ret raco sinópcico do que significarn a soberania (se
r6mide de (neste caso onze) teihados em camadas de tarnanho é que esta C sequer por aproxirnacão a palavra certa) na polItica
decrescente representando os cUS estratificados. A moncanha arli- rnetafórica do Bali clássico.
ficial (8), feita corn a terra escavada na construcão do lago sagrado
(7), é também e ainda urna das suas representacôes. Os portöes,
ambos cindidos (3a, 15, etc.) e cobertos (3,16, etc.), são também 4
imagens explIcitas de Meru, passagens entre regiöes menos e mais
sagradas. Por fim, o ukiran (e, dentro dele, ainda mais profunda- Dados os espacos sagrados, que resurnem o que a acquitectura
mente, o giri suci [1 1J) é, pura e simplesmente, o Meru-Agung do palácio tern a dizer - normalmente, que espeihar uma reali-
localmente implantado: eixo do palácio, do reino, de Bali e do dade C tornar-se nela - os outros tipos de espacos encaixarn natu-
universo. ralmente no seu lugar. Concebidas para funcöes diferentes, mas
No giri suci, o qua!, näo surpreendenternente, se traduz tarn- mais ou menos similares na forma e na planta, as várias regiães são
bern corno <<montanha sagradax., estão guardadas as armas rnágicas palcos, ou arenas, nas quais são meticulosarnente representados os
- kris, lanças, lancetas e outras - que garantern e, de algurna confrontos face a face do status que formarn a substância da vida
rnaneira, incorporarn, o poder da dinastia. Estas relIquias de famIlia, polftica. Nos espacos sagrados, a confrontaçao é entre deuses e
a que os Balineses chamarn waris, são, por assim dizer, a heranca homens; nos espacos p6blicos, é encre senhores e sCtbditos; nos
carismática da casa a que pertencern, e muito particularmente da espacos residenciais, entre irrnãos, primos, cônjuges, esposas, pais,
sua cabeça, a quern é confiada a sua salvaguarda. Esculpidas ou flihos - os habitantes do ménage real; nos espacos impuros, entre
gravadas corn desenhos ocultos (chamados ukiran), possuidoras de homens e dernónios.
força transcendente, as armas estão associadas a elaboradas lendas Mais do que qua!quer outro local no Bali clássico, mais do que
de origem divina (normalmente referentes ao facto de terern sido a aldeia, mais ate do que o templo, o palácio (o qual era, é claro,
forjadas para algurn deus nas profundezas de urn vulcão), a ocorrên- urn pouco de cada urn destes e mais qualquer coisa de coliseu) era
4 cias misteriosas do tipo fantIstico, e a milagres militares que sal- local onde todas as vaidades de Bali se juntavam, a confluência
varam a dinasria dos seus inimigos. São apotentia do rei, sem a qua!, das afeccöes sobre as quais girava a sociedade.
tal corno sem o falo que muito explicitamente representam, ele
seria incapaz. Urna vez ao ano, no ültimo dia antes do começo da
<<semana>> também chamada ukiran, estas armas são trazidas para A cremaçdo e a luta pelo status
bra pelo rei para serern benzidas corn água benta pelo surno sacer-
dote; e Siva é adorado na forma de Pasupaci, <<cujo nome é tambérn No entanto, no respeitante ao Estado-teatro, tudo isto não pas-
da melhor das armas, a espada dada a Arjuria depois de prestar sava de mise-en-scène: era nos rituais de corte que o negara ganhava
vassalagem a Siva, para a usar na bataiha contra Niwatakawasa'>. vida. As ideias esculpidas nos relevos do padmasana ou expostas nos
No dia seguinte, o prirneiro dia de ukiran propriarnente dita, Siva complexos reais tornavam-se - nas consagracöes do templo, nas Ii-
é de novo adorado, mas sob a forma de Batara Guru e no templo magens de dentes e cremaçöes - grandiosos gesros colectivos, re-
da linha central, <porque em Guru tambérn se ye o guru ou pai de
CAPITUL.(j IV I )
POLITI(JA
nov para urn scuhor normal; e onze, ericirnada (0) 1/kx par urn
Ihadas; o irnplacável ressoar esLrldente da rnCisica guerreira. a esculpido, para urn rei; urn tronopea¼oascrna scm cobertura. aberto
No eriranro, e apesar de tudo isso, a procissão onha ama ordcrn direcrarnence para o Sot, Surya-Siva, destinava-se ao SUmO sacerdote.
rigorosa: era tao calma e virtcada no SeLl ptx e centro coma era Os caixâes animais rambém reflectiarn a status do fa1'.c1do. Os
tumultuosa e agirada na sua base e margens. A cabeca vinharn as sacerdoces erarn queimados em touros, as altos senhores em leöes
orquestras, os dancarinos, as carregadores de sânda!o, os transpor- alados. os senhores menores em veados, os homens do povo numa
tadores decaixôes anirnais. Atrás destes os lanceiros e os carrega- besta rnitológica corn cabeça de etefante e cauda de peixe. A .1!cura
dores das armas do relicério familiar; depois, corn recipientes C da rorre (que podia acingir as sessenta ou secenta pes), o rurnero de
tabuleiros baloucando nas suas cabecas, vinham as muiheres corn a homens que a transportavam (que cinham de ser de rank inferior ao
água benca; logo, as effgies do morco semelbantes a bonecos, as do falecido), o requinte e precisão das decoracöes (que cram saquea-
oferendas aos dernónios e ao senhor do inferno, e as insignias do rei das pela multidão num frenesi selvagem mesmo antes de serem
(roupas, jóias, caixas de betel, guarda-sois). A seguir, em semi- queimadas num logo separado do do caixão) e o nürnero de vi(lvas
transe, entoando mantras, vinha o sumo sacerdoce, transportado sacrificiais e Sudras desenterrados - tudo isto exprimia as reivin-
bern alto na sua cadeira aberca padmasana. Atrils deste, mas a ele dicaçöes de status do falecido, da sua dinastia e do seu negara,
presa pela serpente de pano que tanco fascinou Helms - e que OS grau de exemplaridade que des afirmavarn cerern alcancado. Em
parentes imediatos do falecido, também algo dissociados, transpor- todo o confuso dia, corn centenas de actos rituais e milhares de
tavam estendida ao longo dos seus onibros -, vinha a torte fu- cferendas rituais, desde efigies e montes de arroz ace hinos sagrados
neréria, surgindo grandiosarnente sobre a confusão geral. E, pot e pombas esvoaçances, quase não havia uma que não tivesse urn
fim, arrastando-se como urna sombra, vinha o séquito funerário das signiflcado de status explIcico e delicadamente modulado.
esposas sacrificiais, corn as rnulheres nas suas torres, clesprovidas de : A cena da pira... a <<morte> da serpente pelo saceidote corn a
expressão corno cadáveres que já cram; seguindo-as, os Sudras, muitas t seta florida; a descida do corpo para o caixão na placaforma crc-
vezes centenas deles, as düzias pot torte, Sudras que as suas famIlias rnacória; o sacerdote, quieco quase como urn sonârnbulo, subindo a
haviam exumado para serem crernados corn o seu senhor. A cena placaforma para ensopar o cadaver em enormes quantidades de água
(a qual, no respeitante ao seu aspecto geral, não rnuclou canto assim . benta; a colocaçao do cadaver no caixão, encerrado sob pilhas de
hoje) era urn pouco urn motim de brincadeira - urna violência tecidos, efIgies, moedas chinesas e tantas espécies de oferendas; a
deliberada, mesmo estudada, concebida para rea!çar uma quietude ignicão cerirnonial do fogo corn urn bugio, pelo sacerdote; esce,
não menos deliberada e ainda mais escudada, que os imperturbéveis agora completamente em transe, conduzindo urn óltimo rito flu-
sacerdotes, agnaces, viávas e mortos tributarios se esforçavam par cuante, uma espécie de danca sentada corn a cabeca, o cronco, os
estabelecer perco da torte central. . bracos e as maos, encre fumo e clamor; o grande colapso quando as
A própria torte, o olho dentro do olho desca tempestade forjada, pernas do caixão cedern e este se esboroa no logo, vomitando o
era também uma imagem cósmica. Na sua base, o mundo dos demo- corpo semiqueirnado; a queda silenciosa das viiivas nas chamas; a
nios era invocado pelas habicuais serpences aladas e pelas tartarugas . recolha das cinzas para serem levadas para o mar, corn o sacerdoce
achacadas. 0 mundo homem era representado ao rneio pot uma pla- avançando lentamence para as espaihar nas ondas... tudo isto remecia
taforma salience corn a forrna de urn pavilhão de patio, charnada de .. para o mesmo significado - a serenidade do divino transcendendo
facto <a casa na qual o cadaver era colocado. E no copo aparecia 0 a füria do animal. Toda a cerirnOnia era uma demonstracao gigan-
mundo dos deuses, simbolizado nas familiares camadas dos ceihados tesca, repetida de mil maneiras corn mll imagens, da indestrucibi-
de Meru, corn o seu nümero indicando o nIvel do paraiso ao qual lidade da hierarquia face as forças niveladoras mais poderosas que
a alma em partida aspirava: uma sO para o plebeu que já tinha sorte mundo pode reunir - a morce, a anarquia, a paixão, e o fogo.
em ascender de todo; três ou cinco para a nobreza menor; sete Ou '<O rei escá aniquilado! Viva o seu rank!>>
152 AFIRIMA(AO POLITICA
Balineses exibe; e vice-versa. E, no respeicanre a ceora polirica, e cepcão da cerimónia de Estado é mais de rnistificação, no sencido
aI, cia revelação das dimensöes simbólicas do poder estaral, que de espirirualizacão dos inreresses maceriais, e de enevoameilto dos
assenca a ucilidade de prestar arenção a decadência de raik, as conulitos rnateriais. A simbologia politico C ideologia polirica, e a
prerrogacivas dispersas; ao concrolo riruatizado da água, ao corner- ideologia polItica é hipocrisia de classe. As concepçôes populiscas
cio gerido pot estrangeiros e a crernaçâo exemplar. Urn cal estudo do Estado, aquelas que 0 vêem como urn prolongamento do espIrito
restaura a nossa compreenso da força ordenadora do apararo, do de comunidade, de onde advCm, tendern nacuralmente para formu-
respeito e do drama. laçOes mais ceIebratórias:tal como o governo é o instrumento da
Cada uma das principais noçães do que 'é'> o Escado desenvol- vontade do naço, os seus clarins rituais represencam a imensidão
vidas no Ocidente desde o século XVJ - monopolista da violência dessa vontade. B para as teorias pluralisricas - o equilibrio de
dentro de urn território, cornité executivo da classe dirigente, agente inceresses do liberalismo clássico e os seus sucessores dos grupos de
delegado da vontade popular, mecanismo pragmático para conciliar pressão - os aparatos do Estado são oucros tantos mecanismos para
interesses - tern tido a sua dificu!dade própria em assimilar o vestirern corn legitimidade moral as condutas consignadas. A politica
facto de que esta força existe. Nenhuma conseguiu dat conta, de e urn intrigar sem fim para a obtenção de vantagem marginal sob
forma utilizável, da sua natureza. Aquelas dirriensöes da autoridade regras de jogo acordadas e elevá-las acirna - ou inseri-las por
dificilmente redutiveis a uma concepcão da vida politica baseada no debaixo -, das lutas partidárias que elas deviam regulamentar.
comando-e-obediência, tern sido deixadas a deriva nurn mundo in- Mas, em todas estas perspectivas, os aspectos semidticos do Estado
definido de excrescências, mistérios, ficcöes e decoraçöes. B a cone- (se, prefigurando uma abordagem alternaciva aos assuntos erri mao,
xão entre o que Bagehoc chamou as partes dignas do governo e as podemos começar a chamá-Ios assim) ficam-se pela mascarada. Eles
eficazes, tern sido sisternaticamente encendida de maneira errada. exageram a força, escondem a exploração, insuflam a autoridade ou
Esta ideia errada - e para expor de forma muito simples -, moralizam os processos. A ünica coisa que não fazem é impulsionar
e a de que a funçao das parces dignas é servir as eficazes, de que 0 quer que seja.
elas são arciffcios, mais ou menos astutos, mais ou menos ilusórios, Não é difIcil - de facto é fatalmence fácil - encaixar o Estado
concebidos para facilitarem os objectivos mais prosaicos do gover- balinês tal como aqui descrito, em urn ou outro destes modelos
no. A simbologia poiftica, desde o mito, insignias e etiqueta, ate familiares, ou em todos eles ao mesmo tempo. Ninguém permanece
aos palácios, titulos e cerimónias, não seria mais do que o inscru- politicamente dominante pot muito tempo se não puder de algum
rnento de propósitos escondidos debaixo dele ou elevando-se sobe modo prometer violéncia aos recalcitrantes, forçar o apoio dos
ele. As suas relaçöes corn o verdadeiro trabaiho da polItica - a do- produtores, recratar as suas accöes como sentimento colectivo ou
minação social - são todas excrfnsecas: <<Divindade estatal que justificar as suas decisöes como sendo a prácica racificada. No entanco,
controla afeiçöes de pessoas.>> reduzir o negara a lugares-comuns tao fatigados - o pano puIdo do
Para ac1uelas irnagens do Estado como <<grande besca>> que, do debate ideológico europeu -, é deixar que grande parre do que
Leviacã de Hobbes ao Minotauro de De Jouvenel, localizarn o seu nele é mais interessante se escape da nossa visao. Qualquer que seja
poder cia ameaça de punir, a funçao do cortejo e cerimónia da vida a informação que este debate possa ter para nos oferecer sobre a
pciblica e incutir terror nas mentes confrontadas corn essa ameaça. natureza da poiftica, dificilmente será que os peixes grandes co-
Como urn zunidor australiano ou como a máquina do Feiticeiro de mam os peixes pequenos ou que os trapos da virtude mascarern a
Oz, seja como que urn ruIdo sinistro para impressionar os impres- maquinaria do privilégio.
sionáveiS e para ihes provocar urn crérnulo temor. Para as perspec-
tivas da <cgrande fraude>>, a esquerda Marx ou a direita Pareto, onde
a ênfase é posta na capaciclade dos elites de exurafrern excedentes
dos menos bern colocados, rransfcrindo-os Nra Si pr prias, a COO-
BALI E A TEORIA PoLiTIC 157
156
LL.
CONCLUSAO 159
158 BALI E A TEORIA POLITICA
embaixador de urn governante secular junta aos deuses; dc era o
suserania eram rotais nas suas precenSöes; 0 que variava era a escala celebrante-chefe de tim governante sagrado.
em que essas proclamacöes podiam ser montadas. Os reis erarn
Havia, nos Estados hierIrquicos tradicionats do Médio Oriente
todos incomparáveis, mas alguns eram mais incornparáveis que oucros,
e da Asia, trés forrnas principais de realeza. Em burocracias arcai-
e eram as dimensöes dos seus cultos que faziam a diferença.
cas como do Egipto, China ou Suméria, o rei era dc mesmo o
sacerdote-chefe; o bern-estar do reino dependia da forca mágica das
suas actividades lirürgicas, e os outros sacerdotes näo eram mais do
3 que seus assistentes no sacerdócio. Na India, obviamente tanro urn
continente como urn pals, o rei era o que Louis Dumont chamou
Foi esta cornbinação de uma forma cultural essencialmente
uma figura mais <<convencional>> do que <<mágico-religiosa>> - urn
constante, o cu.lto do rei sagrado, corn uma enorme variabilidade
governante <<despossuido de funcoes religiosas propriamente ditas>>,
nas pessoas e recursos disponiveis para construir essa forma, nurn cujos sacerdotes o punham ritualmente em contacco corn o outro
certo lugar ou num dado tempo, que fez da <<luta pelo poder> no
mundo do mesmo modo que os seus ministros o punham em contacto,
Bali clássico ama explosäo continua de exibicâo competitiva. Os administrativamente, corn este mundo. E, pot urn, em Bali, como
tracos mais proerninentes dessa exibiço, no mito, no rito, na arte
em grande parte do resto dQ Sueste asiático (bern como nas for-
e na arquitectura, já foram descritos. Bern como a mentalidade
maçöes politicas mais desenvolvidas da Polinésia e, de modo algo
politica que a sustentava e que era pot ela sustentada. Mas, para Ia
diferente, no Japao), o rei, que não era urn mero eclesiarca, era o
da simbologia e do ethos, e conferindo-ihes uma expressão tangIvel centro numinoso do mundo, e os sacerdotes cram os emblemas, os
no curso real dos assuntos de Estado, havia uma série de paradig-
ingredientes e os gerentes da sua santidade. Tal como as reliquias
mas sociais de autoridade do rei, exemplificacöes concretas do que farniliares já mencionadas, as seus sarongs, os seus guarda-sois, o seu
realmente significava set-se o senhor da criação. Destes, trés eram palanquim, as suas jóias, a seu palácio, as suas mulheres, os seus
especialmente importantes: as relacôes dos reis corn os sacerdotes,
linggas, a sua torte de cremação, as suas festas, as suas guerras;
dos reis corn o mundo material e dos reis consigo próprios. efectivamente, como veremos, tal como o reino como urn todo, os
0 emparelbamento complementar do rei e do sacerdote, o Satria
sacerdotes eram parte das insignias do rei.
Perfeito e o Brahmana Perfeito, equilibrados em antifonia no cume Näo quer isto dizer que fossem meros acessórios, bugigangas de
da sociedade, é ao mesmo tempo a instituicão politica balinesa mais
poder. A crónica real de Buleleng, que descreve explicitamente o
caracterIsticamente indiana (aparece ji no Códice de Manu) e o sacerdote da corte conio <<a primeira das jóias do rei,,, tarnbém
exemplo mais flagrante da rnudança que tais instituicöes sofreram
O identifica corn o punho do kris do rei, corn os instrurnentos da
no decurso da sua travessia maritirna para sul e este. Na India,
orquestra do rei, e corn a totalidade do elefante do rei. Ele e tido
como o tern demonstrado os especialistas desde A. M. Hocart, a
como douto em conhecimentos religiosos, versado em ritual, ins-
funcäo do Brahrnin (ou, pelo menos, do Brabmin de corce) era
truldo em lei védica, adivinho dotado, maravilhosamente virtuoso
dirigir sacrificios em nome de urn rei ritualmente desqualificado,
e perito na forja de armas sagradas. 0 rei, tendo ouvido falar da sua
sanguiriário e carnivoro. Em Bali, onde a rião-violéncia e o vegeta-
farna, convocara-o para a corte, insralara-o num asrama a vista do
rianismo são apenas, quando muito, ideais incidentais, a funco do palacio, destacara trés mit dependentes para o seu servico e ouror-
Brahmana era encenar mistérios e produzir encantamentOS em torno gara-ihe urn titulo elevado, eco do do próprio rei. Corno P. J.
dos quais a culto da divindade real se podia organizar. A complexa
Worsley, traduror e anorador da crónica, muito bern diz: 4Ele)
diferenciaçao e reintegracão entre hierarquia e domlnio - dharma, não é simplesmente urn adorno real, urn sIrnbolo de autoridade
o reino do valor; e artha, o reino da forca -, que está sub jacenre real, mas antes uma personificaçao de parte daquela autoridade, e
ao sisrema de castas na India não ocorreu em Bali e tão-pouco no
extensão da pessoa oficial do rei.'>
Sueste asiático em geral. 0 Brahmana ligado a corte não era
1
160 BALl E A TEORIA POLITIC/I CONCLLISAO 161
Resumindo, embora a sacercioce signiique, como na IoWa, o homem de leis, de que a >.posse' C urna que So e. de sun eu ri, cOO)
dharrn-i, uma pa!avra tao bern como mal craduzida pt <<lei', <riot- uma defmniçãa escabelecida e uniforme a que, ernbora os propriecarios
rna>, dever, direico>, <vi1'tuc1e>. <:rnérjco'>, <bois accöes'>, <oh- possalfl ser pessoas, ruç'os de pessoas ou rresmo pessoas colecrivas,
servância costumeira'>, re1igiao", <ordem" e <justiça, a relação so pocle bayer 7 no urn, uma precensão le,gitirna a urn dirauo con
entre e!e e o rei é menos uina relacao encre puro e impuro, ou crew sobre urna propriedade conccera. Quando se torna em consi-
mesmo entre probo e prático, do que entre perfeito e superperfeico. deraço que uão so <<reis', mas cambérn cdeLtses", <>a1deias,
carácter ilusure do sacerdote reflecte o do rei, 6 pane dele e <<farnilias>> e <<Ind1vfdLI0S11 se dizia possuirern <<cudo> - mesmo
contribui para cia; e o taco inabalvel de Icaiclade que as prcude, coma-se evidence a necessidade cia uma visão menos
laco clernonstrado em codas as ocasiöes p6blicas possiveis e de codas elemencar da <<posse>>. Concrecamente, se se quiser compreender
os modos possIveis é, mais urna vez, exemplar. Trata-se, escreve corn rigor a relacao entre governance e reino, tern de se ahandonar
Worsley, da *imagem espeihada de uma relacao ideal... Nesta relaciio a nocão de que, seja qual for a craduçao, druwé cinha que ver corn
muico especial... escá refleccida a relacão ideal entre o governance uso dos recursos (isco é, corn a sua apropriacão e a seu usufruro).
e a sübdito, pois a relacäo é encarada... como urn rnodelo para o Tinha que ver corn o seu papel na simbologia do pocier.
mundo inteiro>>. Como paradigma social, rei e sacerdote moscravam Encarada desce macia, a quescão de quem <<possuIa>> Bali as-
ao reino como servir a seu senhor significava cornar-se num aspecto sume uma forma menos lockeana, e confroncamo-nos de nova corn
deste senhor, ta[ como dc, ao servir Deus, se cornava nurn aspecto urna sociedade retesadamence esticada entre paradigmas culturais
de Deus; e mostrava tambérn que tipo de coisa - o alto rnimetis- concebidos como descendo de dma e disposicàes prfcicas concehi-
mo - era esse serviço. das como subindo de baixo. As regras que governavam o controlo
imediaco e disposição dos recursos cram, como virnos, complexas e
irregulares, urn emaranhacio de parcicularidades entrecruzadas.
4 E, como cambCm virnos, cram mais urn produco do lugar, da socie-
dade de irrigacão, e da unidade domésrica do que o cram - sal-
A relaçao geral entre a rei e o mundo material encontrava-se vaguardando cerros aspeccos cuidadosarnence especificados -, do
resumida numa palavra ilusoriarnence prosaica, cuja aparence faci- 11'gczra. I'vias a qualidade e abundância de cais recursos, e portanco
lidade de traclução tern consticuIdo o principal entrave a sua corn- a prosperidade do mundo, acivinha de realidades menos mundanas;
preensão académica: druu'ël Druwé (madruwé padruwèn) significa e era para escas que o druwé apontava. Assinalava mais ama hierar-
<<possuIdo>> (<<possuir>>, <<ter)>; <<propriedade>>, <<riqueza>>). Não e quia de exemplos, cada exernplo inferior como uma versão mais
esce em si o problema. 0 problerna é que, usada em referência ao rudimenrar do imediacamente acima, cada exemplo superior como
rei, era aplicada a virtualmente tudo: nao so as suas terras privadas uma versão mais refmnada do imediacamence abaixo, desta vez
e bens pessoais, mas ao todo do pals, toda a terra e água nele produzida em termos de propriedade. A <<posse>> do reino pelos
concidas, e a todo a povo. 0 reino, todo ele, era de algum modo sua deuses era imicada pela do rei canto quanto dc conseguisse; a do
<<possessao>>, sua <<propriedade>>, sua <<pertenca>>. E o <<de algurn rei era irnicada pela do senhor; a do senhor pela do camponês. Nao
modo>> que concern as complexidades geradoras das polémicas. so podiam tais <<posses>> coexistir, como tinham de coexisrir de modo
A discussão, longa de cern anos, entre os que, confundindo a que qualquer uma delas fizesse sentido. 0 rei possula a pals do
palavra corn lei, viam coda a terra, Cgua, florestas, etc., nos Escados mesmo modo que a governava - mimeticamente; compondo e
Indicos da Indonesia como propriedade pessoal do rei e aqueles que, conscruindo a própria coisa que dc imicava.
confundindo o costume camponês corn cia, encaravam os direicos Em termos concretos, o rei não era sO o punggawa suserano, no
dominiais como mera precensão e usurpação, era uma discussão ma! cume da hierarquia de status que já craçámos, mas escava tambCrn,
orientada. Baseava-se, em ambos os lados, no pressuposco tIpico do e par essa razão, no centro daquilo a que chamámos, ao discucir a
CONCLUSAO 163
162 BALl E A TEORIA POL1TlC-
a arnbos. Nessa competêflCia e nesses termos, tutelares C näo de
dirnensão <espiritual" da comurudade local, <o espaco sagrado. posse, o reino era literalmente a sua <propriedade'>, druw raja.
Ele fundia, na sua pessoa, a dupla representacão do poder que E o motor, uma yea mais, era a cerimóna escacal. A exuberân-
vimos perpassar toda a estrutura da vida piblica balinesa: como cia prodiga de tal cerimónia, a sensação prevalecerice de abundância
uma gradacão de perfeicão espaihando-se de forma descendenre a material que repetidamence realçámos, era ao mesmo tempo a imagem
partir de uma unidade divina e como uma radiaçao desta dispersan- da propriedade do reino e, na sequência da viso das coisas em
do-se para bra a partir de urn centro. Estas são apenas duas expres- termos de modelo e c6pia, a sua autora. 0 esplendor cerirnonial
söes da mesma realidade, como a altura de uma torre e o compri- representaVa a centralidade do rei, convergindo nele como o seu
mento da sua sombra. Mas oride a relação rei-sacerdote modelava a foco; represencava os poderes que se alojavam nessa centralidade
prirneira, a ascendência enquanto tal, a relaçao rei-reino modelava retratando-os em termos de riqueza coligida; e representava o campo
a segunda, o seu alcance. social sobre o qual aqueles poderes se espraiavam em termos da
Para Ia da multiplicidade de <<comunidades costurneiras>> lo- populaca a partir da qual a riqueza era reunida. A extravagância
cais, as desa adat, o reino como urn todo era em si concebido como dos rituais do Estado não era so a medida da sacralidade do rei.
uma dessas comunidades costumeiras, urn negara adat. Corno a desa Como já virnos, era também a medida do bem-estar do reino. Mais
adat, o negara adat era urn pedaco do espaco sagrado: <<A terra corn importante ainda: era uma demonstração de que se tratava da mesma
tudo o que nela cresce, a água que a atravessa, o ar que a envolve,
coisa.
a rocha que o seu ütero contém.>> Tal como na desa adat, todos os
que viviam dentro dos seus limites, beneficiando das suas energias,
eram colectivamente responsáveis por cumprirem as obrigaçOes rituais
e morais que essas energias acarretavam. E, tal como na desa adat,
O negara adat era, na base, no uma unidade social, polItica ou A relação do rei consigo mesmo, tal como o paradoxo da afir-
económica, mas sirn religiosa, uma assembleia de concelebrantes. rnaçâo sugere, é o mais esquivo dos paradigmas sociais da autori-
Do mesmo rnodo que as populaçöes locais asseguravam o bem-estar dade real, o mais difIcil de traduzir em modos de expressão dife-
regional e, onde possfvel, as supra-regionais asseguravam o bern- rentes daqueles em que estava implantado. E o mais difIcil, por
-estar supra-regional - através da cerimónia colectiva montada causa da sua nacureza estranhamente despersonalizada: o aparente
corn grandiosidade. abandono da identidade e vontade individuais a favor da existência
Era, então, enquanto cabeça do negara adat, que o rei <<possuIa>> como uma espécie de ideograma hurnano. A cerimOnia que retra-
o reino. Tal como os deuses, e enquanto urn deles, ele garantia a tava o sacerdote como a jOia do rei, e o reino como o parque do rei,
sua prosperidade - a produtividade da sua terra; a fertilidade das retratava o rei como o Icone do rei: uma semelhança sagrada da
suas muiheres; a saCide dos seus habitantes; a sua salvaguarda de realeza.
secas, terramotos, cheias, gorguiho ou erupcöes vulcânicas; a sua No esforço por caracterizar o papel do rei neste aspecto, a frase
tranquilidade social; e mesmo (dornesticado sob a forma de urn que ocorre imediatamente é a de T. S. Elliot, que diz <cponto
vasto parque modelado, feito de caminhos angulosos, patios rectan- imóvel do mundo que gira>> (<<stilipoint of the turning world>>); porque,
gulares e socalcos quadrados) a sua beleza fisica. Fosse nas cerirnónias na medida em que era urn actor nas cerirnónias da corte, a sua
de Abertura das Aguas nos lagos sagrados, nos ritos dos primeiros tarefa consistia em projectar uma enorme calma no centro de uma
frutos em templos da montanha, nos exorcismos dos dernónios nos imensa actividade, tornando-se imóvel de forma palpável. Sentan-
templos costeiros, ou nas celebraçöes reais no seu palácio, o rei era do-se durance longas horns a fib numa pose estritamente formal,
representado como o primeiro <<guardiao, <<conservador>> ou <<pro- corn a sua cara sem expressão, os olhos menos ainda, rnexendo-se
tector>>, ngurah, da terra e da sua vida, abrigando-a como o guarda- quando precisava corn uma lenta formalidade de graça balécica, e
-sol real o abrigava a ele e como a <<abóbada do céu>> os abrigava
if
construirem LLma extr agaiizii em sua hoora, o cci cra 0 Grande quilo, mas também a severidaele sc-ni expresio de urn espirio
Irnperturbável o silêndo divino no cencro das crises: <O Eu-Vazw... jusic. A benevolénc ia impas.slvel para corn a bern era correspondida
inaccivo... desprovido de forma> (<<The Void-Self.. iiacDive... deziozd of corn a violência impasslvel para corn o mal; e a guerra (ou, menos
ferrn>). grandi3samente, o castigo real) era, a sua maneira, uma accividade
No entanto, mesmo a irnobihdade. a impassYviclade e a placi- tao ritual como o era a Ahercura clas Aguas. Efectivamente, o modo
dez - os maceriais do lcone -, eram em si paradoxais: como a axadrezado de fazer guerra, que jE virnos na queda de Mengwi e nos
poscura dos Budas acocorados ou a pose dos Sivas dançando, pro- <finais'> pieputan face aos Holandeses, seguia a mesmo modelo do
vinham de uma ginástica cenaz do espIrico. A capacidade do rei de centro silencioso: o rei emergia do palácio de encontro ao seu destino
se projectar (ou, meihor, de projectar a sua realeza) como eixo so depais de, primeiro as seus kawulas-peoes, logo os seus perbekels-
estacionário do mundo, assentava na sua capacidade de disciplinar _pecas pequenas e, finalmente, as seus punggauas-pecas grandes,
as emoçöes e o comportarnento corn meticulosa severidade; de treinar terem, cada urn pot sua vez, sido eliminados numa exibicão ascen-
a sua rnente na profundidade de urn transe sustido, intenso e reflec- dence e desesperada de status. <<Corn as suas paixöes refreadas pela
tido; e de dat forrna nessas profundezas a imagens exactas e elabo- rneditaçäo>>, escreve P. J \Vorsley, <<[o rei ideal] esforça-se par
radas dos deuses. A cadeia longa e reiterada de exibição exemplar, seguir urn moda de vida virtuoso, governar a seu reino desinteres-
• ligando o <<Suprerno Brahman personificado no som primevo>> sadarnente... duro corn as seus inimigos... dOcil cam as leais e
ao <<total do... pals... desamparado, curvado, vergado>> atravessava, vircuosos.> Cruel coma a calor do Sal e regular coma a luar, a sua
no rei, uma juncura crltica entre a que as homens podiam conceber mence treinada em visöes dadoras de poder, o rei era aprcsentado
e o que, concebendo-o, eles podiam ser. nos grandiosos dramas do Estado-ceatro coma uma fIguraçãa fixa da
Centro exemplar dentro do centro exemplar, o rei Icone retra- autoridade, urn <<[homem) abstracto e anónirna que se camporta de
tava exteriormente para os seus sübdicos a que recratava interior- urn modo tocalmence previsivel dentro da lógica da imagern dentro
mente para si mesmo: a beleza equânime da divindade. Posto deste da qual [ele foi) forrnado>>. Juntamence corn a água benta, as câncicos,
i modo, tudo isto soa a prestidigitacão, uma mao de Steinberg dese- os tronos de lOcus e as adagas, ele era urn objecco ritual.
nbando-se a si mesma. Mas como a imaginacão, para os Balineses,
não era uma forma de fantasia, de faz de conta especulativo, mas
sim urn macjo de percepcão, representacão e realização, não era essa 6
a ideia que eles tinham. Visualizar era ver, ver era imitar, e imitar
i I
era personificar. Qualquer que seja a validade objectiva desta concepção 0 rei era também, no entanto, urn actor politico, poder entre
de que a realidade consiste numa hierarquia estética de expressöes poderes, assim coma signa entre signos. Era a culca do rei que a
sensIveis, na qual as mais inferiores não são menos reals, embora criava, que o elevava de senhor a kane; isto parque, sem o drama
menos requincadas, menos deslumbrantes e menos potentes (e quem do Estado-teatro, a imagem de diviridade cornposta não podia sequer
se deve pronunciar sobre isso?) -, em Bali é uma verdade ma- formar-se. No entanto, a frequncia, a riqueza e a escala desses
balável. Como urn signo num sisterna de signos, uma irnagem nurn dramas, e logo a medida da impressão que causavam no mundo, era
campo de imagens, que é aquilo em que ele esforçadarnente se por sua vez dependence da extensão e, corno vimos, da diversidade,
transformava nas cerirnónias de corte, o rei era discinto pelo facto das lealdades polfticas que podiam set mobilizadas para as pot em
de, <<sentando-se'> no ponto acima do qual a hierarquia era in- cena. B, fechando a clrculo, uma tal rnobilização de hornens, pericias,
corpórea, ele marcava o limiar do ideal absoluto. bens e conhecimentos era a tarefa primordial e a arce primeira da
Mas o paradoxo de uma passividade activa, urn sentar-se quieto arce de governar, a capacidade de que dependia, no aspecto mate-
CONCLUSAO 167
166 BALl E A TEORIA POLITICk
0 resulcado era que em qualquer poaro na hierarquia, mas mais
na!, a supremacia. Não bastava sentar-se qweto, rnesmo que apaixo- innensa e insofismavelmente perto do nopo, onde o .<ogo radiante
nadamente quieto. Para ser a representaco rnestra do poder, era da majescade>> consumia mais combusnIvel, a necessidade de
também necessário negociar e traficar nele. demonsrrar status colidia corn a necessidade de reunir a apoio que
Os mecanismos sociais através dos quais era mediada uma tal tornasse possivel a demonstracao. Especialmente aos associados mais
negociacão e traficagem - laços de descendência, clientelismo,
já pnOximos do rei, I. e. as outros grandes punggawas - parentes
aliança, o sistema perbekel, renda, impostos, comércio - foram ciumentos, lugares-cenentes rancorosos, quase iguais e rivais imp!Icitos
descritos e acentuada a sua tendência centnIfuga para a heterogenei- -, interessava-ihes garantir que a desactivação ritual do tel fosse
dade. Aquilo que, ao nivel das representacöes, era ama centraliza- também literal, que dc se tornasse tao prisioneiro da cerirnOnia do
ço, do ponto de vista institucional, constituIa enorme disperso, governo que a sua dependéncia prática em relação a eles fosse
de modo que uma poiftica intensamente competitiva, surgindo das maximizada e as suas possibilidades de exibiçäo realçadas. A poiftica
especifidades da paisagem, costume e história local, acontecia num do espectáculo competitivo era cronicamente agicada, ponque o sucesso
idioma de ordem estática emergindo da simbologia universalizanite de urn senhor era a oportunidade de outro senhor; mas era também
do mito, do rito e do sonho politico. A parte as dificuldades poifticas em essência estável, porque essa oportunidade era, por sua vez,
que apresentava a qualquer urn desejoso de percorrer o caminho ate inerentemente autolirnitadora.
ao cume resplandecente e centro das coisas (isto é, para pratica- Depois da burocracia colonial e, em seguida a republicana,
mente toda a gente que o desejasse), esta situaço introduzia urn trancarem o negara na gaiola de ferro de Weber, é diffcil reconsti-
paradoxo na poiftica do negara, paradoxo esse que nem a arte de tuir o carácter da luta polftica quando as suas energias eram paro-
governar nem os seus praticantes podiam alguma vez resolver, e quiais e as suas ambiçöes cósmicas; mas parece ser claro que se
que se tornou consequentemente na dinâmica politica central: quanno tratava de uma maravilhosa mistura de movimento e fixidez. Cada
mais alguém se aproximasse de uma representacão imagética do senhor, fosse a que nfvel ou escala fosse, procurava distanciar-se dos
poder, tanto maior era a tendéncia para se distanciar da maquinaria seus rivais mais prOximos expandindo a sua actividade cenimonial,
que o controlava. transformando a sua corte nurn Majapahit mais prOximo. Mas, ao
Não se tratava apenas da <<solido no topo>> que é talvez carac- faz&-lo, expunha-se a tornar-se nurn rei de xadrez encurralado, separado
teristica de todos os sistemas politicos cornplexos, e de certeza de das complexidades do tráfico de influncias pelas exigências das
todos os autocráticos: pois o problema aqui não era os funcionários suas próprias pretensöes: urn puro signo. Consequenremente, ape-
esconderem do rei, ciuer por rnedo ou prudéncias, a verdade das san do manobrar intenso e scm fim, a movimento ascensional rápido
coisas; tal como não havia virtualmented pessoal, no havia virtual- em estatura polftica era raro, embora acontecesse. Tal como grande
mente funcionários; tal como no havia virtualmente administra- parte da contenda em torno do prestfgio que marca a sociedade
ço, não havia virtualmente polfticas. 0 problema era que o negara balinesa em virtualmente todos as aspectos, o resultado normal era
mudava de carácter dos nIveis mais baixos para os mais altos. Aos a agitacão local e a reserva geral, uma manutenção em geral das
niveis infeniores, envolvia as centenas de formaçöes poifticas cruza- relaçöes de status no rneio de urn esforço repetido e muitas vezes
das aldeãs, esquadfinhando através de uma nuvem de perkebeles, seda- vigoroso, de as alterar. A esfera dentno da qual qualquer senhor
hanas e subandars, os corpos e os recursos para levar a cena as operas podia efectivamente jogar o jogo do rei sagrado era circunscrita
cortes.s. Aos nfveis supeniores, progressivamente afastado do con- pelos pontos onde ele perdia contacto corn a sua base social caso se
tacto corn rais forrnaçOes poifnicas e das cruezas a elas associadas, tornasse dernasiado grandioso; porém, a ameaça de ficar para trás na
estava virado para o assunto central da mimese exemplar, para a en- corrida do espectáculo caso nao conseguisse permanecer sul-iciente-
cenaco das Operas. Funcional, ou, como diniarn os Balineses, <<gros- mente grandioso, fazia corn que continuasse a forçar esses limites.
seiro>> no sentido da base, o negara era estético, <<refinado>> no sentido Tal como a sua incriga e o seu cenário, a elenco do Estado-teatro
do topo - em si mesmo urn modelo da natureza da hierarquia.
CONCLUSAI 169
168 BALI E A TEORZA POLUICA
observável. Elas são significados veiculados, sendo os sImbolos Os cornerciais, fazendo casamenco.s, liquidando rivais, consagrandu
veIculos (ou, em algumas interpretacöes, signos), senclo urn sImholo cemplos, erguendo piras, dando fescas e ra-presentando deuses --
tUdo o que denoca, descreve, representa, exemplifica, rotula. inch- esravarn procurando acingir os fins que podiani conceher, corn os
ca, evoca, retraca, expriine - tudo o que de urna maneira ou de meios de que dispunham. Os dramas do Escado-cearro, mimécicos
outra significa. E tudo o que de uma maneira ou de outra signifi- de si mesmos, nao eram, ao firn e ao cabo, nem ilusöes nem menciras,
que, é intersubjeccivo, donde püblico, dotide acessivel a urna inter- oem prescidigiraçao nem faz de conra. Eles c-ram o que existia.
pretacão em plein air, manifesca e corrigIvel. Argumentos, melo-
dias, formulas, mapas e retratos não são idealidades para serem
pasmadas, mas sim textos para serem lidos; como o são os rituais,
palácios, tecnologias e formaçöes sociais.
Toda a descrição do negara desenvolvicla nas páginas preceden-
ces precende set uma tal leitura: canto a parte dedicada a irrigacão
ou a organizacão aldeã ou a paisageni ou aos impostos como a
dedicada ao mito, iconografia, cerimOnia ou realeza sagrada; a parte
dedicada aos tratados como a dedicada aos templos; a do comércio
como a do exercIcio do sacerdOcio; e a parte dedicada a estrutura
tanto de genealogias como de clientelismos, patios e cremaçöes.
A limitação da anáiise interprecativa na major parte da antropolo-
gia contemporânea ao aspecto suposcamente mais <<simb6lico>> da
cultura é urn mero preconceito, nascido da noção, também presen-
teada pelo século XIX, de que o <<simb6lico>> se opöe ao <<real>>
como o extravagante ao sObrio, o figurativo ao literal, o obscuro ao
simples, o estécico ao prático, o mfstico ao mundano e o decorativo
ao substancial. Para se analisarem as expressöes do Esrado-teatro,
para apceendê-las como teoria, esce preconceito tern de ser posco de
lado, juntamence corn o seu aliado que diz que a dramacurgia do
poder é exterior ao seu funcionarnento. 0 real é tao imaginado
como o imagirlário.
Que a poiftica balinesa, cal como a de toda a gente, incluindo
a nossa, era accão simbOlica, não implica, porcanco, que escivesse
apenas na mente ou que consiscisse inteiramenre de danças e incen-
so. Os aspeccos dessa poiftica aqui exarninados -cerimonial exem-
plar, bierarquia de modelo e cópia, competiçäo expressiva e realeza
icónica; plura.Iismo organizacional, lealdade particularizada, autori-
dade dispersiva e governo confederado - configuravam ama rea-
lidade tao densa e imediaca como a prOpria ilha. Os homens
(e, como consortes, intrigantes e delimicadas, as muiheres) que
fizerarn o seu percurso através desta realidade -construindo palá-
cios, assinando tratados, recebendo rendas, oucorgando concessöes
NOTAS
14-10
Para negara, ver Gonda, 1952, pp. 61, 73, 243, 423, 432;
Juynboll, 1923, p. 310; Pigeaud, s. d., pp. 303, 309. Para desa, ver
Gonda, 1952, pp. 65, 81, 342; Juynboll, 1923, p. 302; Pigeaud,
S. d., p. 66. Em Bali, encontra-se desa em inscriçôes daradas de
meados do século X e negara nos meados do século XI (Goris,
1954, vol. 1, pp. 71, 106). Ambos os termos aparecem repecidas
vezes em escritos clássicos javaneses, especialmence o Nagarakertagarna
(Pigeaud, 1960-63, vol. 5, p. 144, 205-206).
0 uso de desa no sentido de <<dependência>>, <<território gover-
nado por urn sultão>> (Gonda, 1952, p. 81) encontra-se na lingua
Dyak, na qual o verbo mandesa significa <<sujeitar'>, <<apaziguar>>.
Nalgumas areas, por exemplo na Sarnatra Ocidental (Willinck, 1909)
e em Ambon (Cooley, 1962), parece ter acontecido o inverso deste
processo, de modo que o termo negeri é usado Para cornplexos de
povoamento locais e politicamente autónomos como urna expressão
da sua independência. Em Bali, o termo pun ((palácio>>) é bastante
mais usado do que negara enquanto tal, mas tern essencialmente o
mesmo significado mültiplo (ver Pigeaud, 1960-63, vol. 3, pp. 9,
174 NEGARA NO TA S
13). Deriva do sânscrito pura. Embora hojepura - isro é, corn urn 14-37
a final em vez de i - signifique <<remplo>>, erri Bali, este contraste
parece não ter sido estabelecido no passado (Korn, 1932, pp. 10- Sobre as inscriçöes mais aritigas, ver Krorn, 1931, pp. 71-80;
-11). Vet notas, p. 268. de Casparis, 1956. Noticias chinesas sobre Estados indicizados no
<<pals>>
No indonésio moderno, negara significa <estado>>, negeri, arquipélago surgem algo mais cedo, mas não são de todo seguras
ou <<terra>., embora os dois sejam por vezes permutáveis. Para o uso (Krom, 1931, p. 62). Hoje não restarn ddvidas que o processo de
do termo de.ca no Bali, ver notas, p. 197. formação de Esrados havia já começado em pieno por atturas do
começo da indicizacão (van Leur, 1955. pp. 92 e segs.). Para uma
recensão geral dos problernas historiográficos indonésios, ver Soed-
14-26 jatmoko et al., 1965.
NOTAS 77
176 NEGJ1RA
0 dominio direcro dos Holandeses no coraço do Su! de Bali
a recensão das abordagens <antropol6gicas' ao esrudo da histôria cornecou na pnimeira clCcada do nosso sCculo. (0 Bali do Norre foi
indonesia em geral. submericiD em 1.846-49, tendo a adminisrraço clirecta corneçado em
1882. As areas balinesas de Lombok --- para cuja história se deve
ver van der Kraan, 1973 - fbram colocadas sob controlo adminis-
16-39 trativo en- 1894.) Obvianiente, a <soberania>' holandesa ooficlab, so-
bre as Indias Orientais Holandesas corno urn rode. e o con mob
Berg, 1961b. 0 trabalho de IKrorri referido é Krorn, 1931 holandês sobre as relaçöes inter-ilbas, teve urn efeito roarcante em
Bali muito antes. A interferência significativa dos Holandeses nos
assuntos internos de Bali data dos fins do século XVIII, em ligacao
17-5 corn o comércio de escravos, e em 1839 vários reis e prfncipes sul-
-balineses assinaram os pnimeiros contratos concedendo aos I-Iolan-
Schrieke, 1955, 1957; van Leur, 1955; ver também Bosch, deses soberania nominal (van Eck, 1878-80). Para uma descricão do
1961b. Tanto Burger (1948-50) como Wertheim (1959), assumem aspecto militar da actividade holandesa em Bali no século XIX, ver
uma abordagem no geral desenvolvimentista, mais do que anaiftica, Nypels, 1897,e van Vlijrnan, 1875; para uma visão balinesa, ver Ge-
da história indonesia, mas nenhum se ocupa mais do que inciden- na, 1957; para Lombok, ver Cool, 1896. Breves resumos da tomada
talmente do perfodo Indico em Si. de Bali pebos Holandeses podem ser encontrados em Tate, 1971,
pp. 307-311, e Hanna, 1971. Apesar de tudo isto, e comparado corn
o seu impacte pelo menos em Java, o domfnio holandês teve apenas
18-17 urn efeito marginal na vida interna de Bali antes deste sCculo.
2 pp. 119-12 0; sobre inscricöes balinesas, ver tambem van Stein Sobre a concepcão de que 05 materiais Iiterários do perfodo
Callenfels, 1925; Scutterheim, 1929; Damais, 1951-69; de Caspa- Indico são mais ñceis para uma compreensao dos conceicos religio-
ris, 1956); e as fontes escritas de qualquer tipo mais antigas nao sao so-politicos incionésios do que como registos históricos de confian-
anteriores a 600 (Goris, s. d., p. 25). No principio do seculo ça, ver Berg, 1927, 1939, 1951a, 1961a. Apesar desta opinião,
surge o primeiro rei nomeado, e a lingua dos éditos muda d3a0tio : Berg tentou, no entanto (1950, 1951b, 1965) <<reinterpretar>> tais
..1s
balinês para antigo javanés (Goris, 1954, vol. 2, civ. 129.: materiais, apesar da sua aparente pouca confiança, de modo a produzir
relaçöes históricas corn Java são conhecidas a partir do secu a
A
uma história analistica ate então escondida, urn esforco algo crip-
e as expedicöes javanesas contra Bali sao noticiadas a partir do
I
,—
1S2 NEGARA NOTzIS 183
tográfIco que não me inclino a segLur. Para crIticas sobre algurnas cxemplos puhlicados, ver Sugriwa. 1957b, 1958; Regeg, s. d. (1)).
das argumencacöes e conclusöes histórtcas mais subscancivas de Berg, s. d. (c); Berg, 1922. Exemplos <reais>, onde OS mitos <<geográficos>>
ver Bosch, 1956; de Casparis, 1961; e Zoetmulder, 1965. e ><geneohgicos> convergeni, incluem Regeg, s. d. (a) e, especial-
mente. Wors!ey, 1972. Urna série de outros exemplos (p. ex., Taba-
nan, S. d.) exiscern em forma de manuscrito.
28-14
Bali 6 retrarado nesta época como urn Estado unicário envolvido 29-38
em combates quase perpétuos corn Blambangan a oesce e Lombok
a leste e, para Ia deles, de forma menos continua, corn Pasuruan, A doutrina da reencarnaçãc é conhecida em Bali de urn modo
Makassar e Surnbawa. Após a dissolução de Gèlgèl - mais ott vago, geral e algo idiossincrático, mas a sua irnportância é relativa-
menos pela altura em que o poder holartdês se estabelecia solida- mence pequena; e toda a doutrina dharma-karma-sarnsara está ausen-
mente no arquipélago - a lenda concentra-se inteiramence nos te enquanto crença social eficaz. Cf. C. J. Grader, s. d., pp. 66-69.
conflitos intra-Bali entre senhor e senhor, regio e região.
30-3
29-28
A aplicaçao do sistema varna indiano a hierarquia de tItulos
0 sistema balinês de estraciticação do prestfgio, extraordinaria- balinesa é, e parece ret sido sempre, urn assunto muito vago e ir-
mente complexo e irregular, ainda não foi adequadamente descrito, regular, acerca do qual os próprios Balineses nern sempre estão de
embora Korn (1932, pp. 136 e segs.) forneça uma grande quanci- acordo. Embora o conceito de varna - em Bali warna - tenha a
dade de dados tIteis, ainda que não organizados e no analisados. sua utilidade, tanto para os Balineses como para os eruditos, ao
Como aqui me interessa apenas a relação entre conceitos estratifi- prover urn quadro muito geral da situação escratificatória, uma
catórios e pensamento politico, no faco nenhuma cencativa de compreensão circunscanciada do ranking de prestigio balin&s so pode
esquematizar o sistema enquarito cal. Para alguns comentários sobre ser obtida concebendo o ranking das vincenas (literalmente) de cfculos
estratificaço ou hierarquia, ao nIvel aldeäo, que sugerem, mas no efectivos, assunto em relaçao ao qual quase toda a pesquisa deta-
desenvolvem, as minhas ideias gerais sobre a sua natureza, ver Ihada está pot fazer. Para urn esquema completo do padräo de
C. Geertz, 1959, 1963b, 1964; Geertz e Geertz, 1975. Cf Boon, pensarnerito warna entre os intelectuais balineses, inc!uindo as
1977, pp. 145-185; Boon, 1973, pp. 173-246; Kersten, 1947, 99 subcategorias oalto,, e <<baixo>> dentro de cada categoria, ver Korn,
e segs. Para algumas perspeccivas balinesas, ver Bagus, 1969b. 1932, p. 146 e segs. 0 próprio Korn encara tudo isto como oalgo
artificial>> e argurnenta que o desejo dos Holandeses de preservareni
o sistema de castas como a (assim pensavam) <<base fundamental da
29-3 1 sociedade balinesa>>, e de o usarem para objeccivos adminisrracivos
e legais, levou a uma muito major sisternacização cleste do que a
Assim como cada regio em Bali tern uma lenda para dat conca que atgurna vez existiu entre os Balineses (pp. 175-176).
da ramificaço e sub-ramificação espacial do pocler real a partir de Sobre a deificaçao dos seus <cancepassados> Majapahit (Batara
urn centro original, unitário, também (vircualmence) cada pequeno Maospait) pe!os Balineses, ver Worsley, 1972,
pp. 54-5 5, 96. Sobre
grupo em Bali tern uma tal lenda para explicar (em termos ge- mudanças recentes no funcionamento do sistema de tIcu!os-warna,
nealógicos, de status decrescente) o seu rank actual. Para alguns ver Boon, 1977, pc. 2; Boon, 1973, cap. 4; Bagus, 1969b.
NEGARA 18$
184
Norte de Bali, Den Bukit, que quer dizer liceralmente no oucro
31-4 lado da(s) moncanha(s)>>.
Para o sistema Mahayuga em si, vet Basham, 1952. pp. 321-
-322. Os nIveis mais altos do sisterna, o ciclo kaipa de quacro mit
y4-
milhOes de anos ou o manvatara de três rnilhöcs, parecem não ter
qualquer importância em Bali. Para o cálculo balinês do tempo, ver
Liefririck, 1877.
Covarrubias, 1956, pp. 313-316; Goris, 1960b: C. Geertz, 1973h.
3 5-27
31-18
A mnica excepcão possIvel é Ban,gti. Mas a proeminência de
Bateson, 1937. Cf. Worsley, 1972, PP. 75-82. Bangli foi só urn fenómeno temporário, urn reflexo da presença
holandesa em Bulèleng. De facto, o seu papel, nunca rnuito crucial
num enquadramento de toclo'o Bali, foi mais o de corte mais poderosa
33-5 das terras altas do que o de menos poderosa entre as das terras
baixas. Por uns poucos anos durante os meados do século XIX, no
Karengasem, algo separada da região central por uma area seca
enranto (Liefrinck, 1877; texto, p. 116), conscituiu de facto urn
e ondulada, forma uma bolsa ligeiramente descalda para urn dos
certo caso a Iarte.
lados; mas a distância da linha do arroz de regadio a costa é pra-
ticamente a mesma que no caso de Klungkung. Para a distribuicäo
do cultivo de arroz de regadio em Bali, ver Raka, 1955, p. 29.
36-30
38-1 Para uma história de caso de uma poderosa casa Sudra, ver
Boon, 1973, cap. 2; Boon, 1977, cap. 4.
As referências a <<despocismo>>, etc., são de novo dirigidas contra
Wittfogel (1957) e trabaihos dele derivados (p. cx., Hunt e Hunt,
1976). Sobre o probierna das fronceiras nos Estados indicizados, ver
Leach, 1960, de onde extraf a citação sobre a <<Linha MacMahon>.
42-29
0 seu trabaiho é sobre a BirmInia, mas, a este respeito, encaixa
corn exactidão no caso balinés. Sobre as <<zonas neutrais>> balinesas Para urna discussão deste ponto e urna descricao complera do
(kewalonan), ver Korn, 1932, P. 437; de Kat Angelino, 1921a. Para sistema de parentesco balin&s, ver Geertz, 1975. Cf. Boon, 1973,
generalizacão que afirma que as fronteiras
uma ténue excepcäo a 1976, 1977; Gerdin, 1977; Belo, 1936.
não eram questöes de ârnbito politico <<inter-Estados>', ver Korn,
Badid
1922, p. 63. Worsley (1975, p. 112) defende, corn base no
Bulelèng, que havia fronceiras definidas para Den Bukit, mas parece 43-18
tratar-se de uma ilusão de óptica literária.
Dadia é na realidade o termo plebeu para estes grupos na região
de Klungkung, e é aqui empregue meramente por razóes de sim-
38-35 plicidade. Dc facto, os termos variam muito (Geertz e Geertz, 1975;
Gerdin, 1977; Lansing, 1977). Talvez o termo mais comurn para
Korn, 1932, p. 440. Uma descrição das principaiS <<familias
dadia nobre seja batur. A dadia popular e a nobre diferern algo na
principescas>> no Bali do Sul por volta dos meados do sécuo XIX estrutura e modo de funcionamento (Geertz e Geertz, 1975), e as
pode set encontrada in Friedrich, 1959, pp. 119-136. afirrnacOes no texto são concebidas para serem aplicadas a dadia
nobre.
41-17
46-10
Van Eerde (1910, p. 5) afirma que nas areas balinesas de Lom-
bok, haviam 6000 triwangsas entre uma populacão de cerca de A sucessão primogénita não era de facto universal, mas era
20 000. Isto significa trinta por cento, a que é muito superior aos fortemente preferida. Quando as circunstâncias forcavam a urn des-
sete a dez por cento habicualmente referidos, e quase sempre sern
vio a regra, a inconsiscência era sempre rapidamente racionalizada
comprovacão, para Bali propriamerite diro, e pode escar mais próxi-
nurna tentativa de evitar as conflitos de legitimidade que tendiam
mo da verdade, embora ainda seja urn pouco elevado. (Gerdin [1977) a seguir-se-ihe, e era muito comum que se desse urn regresso a
estima vinte por cento para o Lombok contemporâneo.) Dos 6000
linha central original na geracão seguinte (por vezes o irmo mais
triwangsa 2000 cram Brahmanas (dos quais 175 eram sacerciotes - veiho desprivilegiado era simplesmenre <<lembrado>' como irmão
pedanda); 4000 cram Sacrias e Wesias, sendo (e este 6 urn cálculo
188 NEGARA NOTAS 189
mais novo pot geraçöes subsec1uenres e rerracado coma cal nas gracluacias de acordo corn as origens das suas mes. Vet Gec-rcz e
genealogias). A rnanipulação genealógca era facihuada pelo facto de Geerrz, 1975; Boon, 1977.
nas próprias genc-alogias os individuos aparecerarn não sub normes
pessoais, mrs sob uftulos gerais. Sobre tudo isto, ver Gcerrz e (Treertz,
1975. 52-25
52-9 54-20
0 tarnanho dos <haréns>> no Bali do século XIX (então, como Para uma lista de bagau'an!as nas várias regiöes do Bali dos
agora, Bali tinha uma regra de residência virilocal) é difIcil de principios do século XIX, bern como uma breve descrição das suas
determinar corn qualquer precisão. Covarrubias (1956, p. 157) funçoes, ver Friederich, 1959, pp. 106-107. Nenhum sacerdote
fala de <<velhos registos>> mencionando reis corn nC1meros de mu- Brahmana podia entrar no ternplo de Estado de todo-o-Bali, em
Iheres que atingiarn 200, mas não cica. Korn (1932, p. 469) fala de Besakih ( texto, p. 58) excepto na companhia de urn senhor de quem
<<o rei>> ter de 80 a 100 ou mais rnulheres no princfpio deste século ele fosse bagawanta.
e observa que <<o tempo dos prmncipes corn 500 muiheres já ficou Sobre a re[acão siwa-sisia em geral (onde o ültimo cermo,
muico Para trás>>. Pode ter ficado, de facto, tao Para trás quanto <<discIpulo>>, se pode traduzir corn mais rigor como <<alguérn dc-se-
<<era uma vez>. joso de obter água benta>> ou como <<alguem que se sente constan-
A presenca de mulheres de diferentes status no harem do senhor ternente numa relacao de ddiva-recebimento corn (uma casa sacer-
levou a graves cornplicaçöes do padrão de sucessão esboçado ante- dotal Brahmana, uma griyal>>), ver I-Iooykaas, 1964b. Os sacerdotes
riormente. São dernasiado complicadas Para nelas encrarmos aqui e Brahmana são por vezes também chamados patirtaan (de tirta, água
agora, a não set Para dizer que, pelo menos em teoria, so as crianças benca) pelos seus sisia (Swellengrebel, 1947), ou então chamados
tidas de muiheres endógamas (padmi, parameswari) tinham direitos surya, da palavra (tomada do sânsctito) Para <<so!>> (Hooykaas, s. d.).
de sucessão plenos; as de muiheres hipergâmicas (penawing) erarn
-
NOT7 191
190 NEGARA
expressão relariva em Besakih era muito pouca exacta. A!guns nc-
55-I
garas muico poderosos (Gianyar, Badung) cinham apenas represen-
tacão !imtrada, ao passo que par aicLira do século XIX alguns menos
Uma descricao mais compleca da vida comercial no negara é
importances (Kaba Kaba, Sukawari, Blahbatuh) cinham secçöes inteiras
dada adiance, tex.to, p. 111, onde as referências documencais apro-
do templo associadas a eles. Mas isto parece ret sido uma mera
priadas se podem também encontrar.
consequência de destinos politicos de mudança mais acelerada que
ulrrapassaram formas cerimoniais de movimento mais lento. A posição
simbólica preeminence de Klungkung estava, no entanto, muito
57-8
clararnente expressa na sua <<posse>> do patio mais central. Para urn
relato circunstanciado de Besakih como paradigma espiritual das
As frases citadas são de urn tratado entre Gianyar e Badung
relaçöes polfticas de todo-o-Bali, ver Goris, 1937; cf. Hooykaas,
(mais Tabanan) assinado não rnuito antes de esces dois se terem
1964a, pp. 172-187; C. J. Grader, s. d., pp. 17, 26-27, 46-5 1.
tornado de novos inimigos mortais. Ver Korn, 1922, P. 99.
58-26
58-2
Para exemplos de tais tratados, alguns datando do inIcio do
A este nIvel, o casarnento politico era mais raro do que ao nIvel
século XVIII, ver Korn, 1922; Liefrinck, 1915 e 1921, pp. 370-
intra-regional; e, quando acontecia, era mais simetricarnente equi-
-461. Cf. Utrecht, 1962.
librado de modo a manter pelo menos a aparência de igualdade no
status. (Não se chamava wargi.) Efectivamente, a delicadeza das
adaptacoes e a combustibilidade dos sentirnentos envolvidos eram
5 8-38
tais que a negociacão de casamentos inter-regionais levava prova-
velmente tancas vezes a conflito quantas as vezes que levava a so-
Korn, 1922, pp. 95-101. Não é clara se codos Os tratados foram
lidariedade.
celebrados desca maneira cerimonial, pois a grosso dos tratados nao
indicam a contexto imediato em que foram assinados.
60-18
Sobre os Sad Kahyangan, ver C. J. Grader, 1960b, e s. d., pp.
20-28; ver também Goris, 1960a. As listas dos Sad Kahyangan,
Os chavôes dos tratados, que cram usados para relent estes
quer de informadores quer de bibliografia, riem sempre consistem
<<negaras certificados'>, falam alternadamente dos <<sece>> (pitung),
em precisamente seis templos, mas sim por vezes em oito ou nove.
<<oico>' (akutus) ou mesmo - quando se tm em conta apens as
Kahyangan, <<Iugar dos deuses>> (hyang - ><deus>>, <<espIrico>>), é
regiöes orientais, mais Lombok - <<quatro>> (petarig) negaras, embo-
uma palavra superlativa para pura, <<cemplo>>. Sad é <<seis>>.
ra as Estados não sejam sempre exactamente as mesmos (Korn,
1922, p. 105).
5 8-16
NEGARA
192
65-2()
61-17
A frase sobre o comunisrno patriarcal>> é de Covarrubias, 1956.
pp. 67-71, 79, 83. Mais uma vez, é necessáriO p. 57. (0 feudalismo da aristocracia hindu fbi. curiosament, ape-
Korn, 1922,
relembrar o tarnanho rnin6sculo de muitas descas entidades polIcicas nas sobreposco ao cornunismo patriarcal ba1ins, e século de domfnio
se se quiser aparihar o seu senrido feudal nan conseguiram pot de lado a independOncia fechada das
cornunidades aldes'.) A sua afIrmnço é ralvez a mais cmi das
feitas acerca da rcorii da iovp:republiek PaLa urn tratamentO vivido
61-29 e novelIstico das relaçOes desa-negara nestes cermos, e bascado em
bores eruditas holandesas, vet Baum, 1937. Para urna abordagem
Van Eck, 1878-80. <no-hidráuIica>> do clespotismo, uma abordagern <,de conquista>>
(mas nao muito convincente), referente a organizacão estacal bali-
nesa (Lombok), vet van dec Kraan, 1973.
62-17
Van Eck, 1878-80. Para uma descricão pormenorizada das series
ang1iKIUflg 66-7
muito complexas de lutas que ocorreram na area de B
na segunda metade do século XIX, vet A principal excepção, e muito parcial, a esce facto, era Singa-
Gunning e van der Heijden, 1926; de Kat Angelino, 1921a. Frie- raja, no Norce de Bali. Mis af o desenvolvimento urbano foi urn
derich (1959, pp. 119-136) oferece uma recensão geral das <quezfliaS reflexo do desenvolvimento da econornia mercantil do mar de Java
sern fIrn'> entre senhores na primeira metade do século. e estava a cargo, sobretudo, de näo-balineses: bugis, chineses, árabes,
javaneses, malaios e outros (texto, p. 115).
65-16
67-10
significa, simplesmente, <<rep6blica aldeã>>.
DorpsrePlibliek
0 enunciado resumido cléssico desta visO da aldeia balinesa, <Que 0 principal arquitecto desca teoria é, uma vez mais, Korn
a aldeia forma uma unidade fechada e autosuficiente - uma (p. cx., 1932, pp. 78, 93 - de que o rneu breve resurno é uma
rep6blica, como Korn the charnou correctarnente - éalgo que paráfrase). Goris (1960a), de novo, tambCm a emprega livremente
pode ser tido como sendo a regra geraI, é o artigo muito influente (e, uma vez mais, de modo muito menos subtil), como se fosse urn
de Goria sobre <<0 carácter religiosO da comunidade alde>> (1960a) facto estabelecido e nao uma hipócese altamente especulativa e,
mas o terna enco a-
(<<The religious character of the village community'>); canto quanto vislumbro, no muito bern fundamentada; e surge
na-se em virtualmente todos os trabaihos do perfodo colonial sobre apesentada corn o mesmo at de certeza e a mesma falta de provas
a vida balinesa. Vet em especial Korn, 1933 e 1932, pp. 75 e segs. que a apoiem, na sIntese deSwellengrebel sobre a cultura balinesa
ma perspectiva alternativa da organizacO aldeã balinesa, vet (1960, p. 32). Para urn exemplo parcicularmente vfvido de uma
Para u
C. Geertz, 1959 e 1964, e texto, p. 65. tentativa desesperada de ajustar os factos conhecidos, ou algo
conhecidos, da estrutura polcica no Bali dos séculos XVIII e XIX,
a nocão de dorpsrepubliek, por meio de invocar o irnperialisrno java-
nês como a força reconstituinte - tal como Krorn (1931) invocara
/
imperalismo hindu ern Java -, ver van Stein Cahenfels, 1947- 70-36
-48. Nao são so os Balineses que subscrevem o <<mito do Majapa-
hic. Esta concepção <<cle apanágio>' da organização social rural em 0 sub.ik é extensivarnente abordado adiance (fextc, cap.
regiôes de <<rerras baixas>> aparece cambém sumariada em Lansing, em <A polIcica da irrigacão>), onde também são dadas a referCn-
1977, cap. 2. cias apropriadas.
68-22 7 2-10
NOTAS 197
NE GA R A
196
r.sciineflto dc cemeos (Belo, 1970h: H. Gecrcz, 1959), passando
7 2-24 pela forma e duração dos festivais do cemplo (Belo, 1953) ate a
mere proibicão de certos rituals. (Num lugar que estudei, o farnoso
0 nüerO destas vaciaçöes é vitivalmeiue infinto, e Lima boa pnr
rn drarna-danca RaigrLi-Barong [ Belo, 1949] era mesmo proibido
no seu mero reisco. Vet
parte da ecnogaf'a de Bali tern consistido set <<de ma sorte>>; e, ao que se supöe, nalguns lugares ate as orquestras
urn tomb de setecentaS páginas.
especialmente Korn, 1932 - ga)nvlan não podem tocar.) A questão fuicral, no entanto, e que,
espraiado, desordenadO, mas magnificamente porrnei'orizado fun- embora cadapemaksan difira rialgum assunco ar/at de todos os outtos,
dedicado i sua
dado em cuidadosa pesquisa, e em grande Pa17U ou pelo menos dos que the estao perto, dentro de urn so pemaksan,
independentemeflte do tamanho e delirnitação, hO consenso total.
compllacaO.
Para alguns exemploS de assuntOS mencionados no texco. em Para exemplos de constituicöes escritas de desa adat (awzg-au.'ig
alguns conselbos de lugar todos os hornens casados tern assento, desa ar/at), a prirneira real, a segunda sendo urn composto moderno,
noutros so
os que tern filhos; nalgunS, os hornens retiram-se da vet Geertz e Geertz, 1975, pp. 182-196, e Sudhana, 1972.
participacãO quando os seus filhos varöes entrarn, noutros permane-
cern ate a sua muiher rnorrer, noutros ainda ate eles próprioS mor-
rerem. Alguns funcionáriO5 de lugar são eleitos, outros são escoihi- 73-15
dos rotativamente, outros indigitados por funcionáriOs destacados
em visita, outros sucedem por heranca; e tanto os modos de recom- Na realidade, hO variados outros termos indIgenas usados como
pensa corno os perIodos do cargo variarn grandemente. Nalguns equivalentes de desa ar/at, todos inclicativos, de uma maneira ou
lugares as multas são tao pesadas que chegarn a set onerosas, noutros outra, da nocão de espaco santificado: prbumian, weuengkan desa,
tao leves que chegarn ao ponto de ineficácia; e virtualmente todos burni, gurni pe/asan, payar, kuhum (Korn, 1932, p. 81; vet também
os estádios interrnCdios podem set encontrados. Quanto tempo depois desa em si, scm
Korn, 1933, p. 26). Corno notado antes, a termo
da morte devern as pessoas set encerradas, por quantO tempo membros outra especificacão, e reservado para todo o complexo de agrupa-
(sebel) na sequência de uma mentos locais e e, de facto, aplicado de forma urn pouco vaga e
do peinaksan estão ritualmente poluldos
morte (e as irnplicacôes de tal poluicão para as actividades sociais), muito diverse. Sobre este problema, vet C. Geertz, 1959. Ler o
e corn quantos dias de trabaiho os membros do lugar devern contri- passado a partir das realidades de hoje, mesrno que seja o passado
buir quando urn deles promove uma cremacão - todos cstes aspeccos recente, é urn assunto complicado; rnas não vejo que haja raz3es
para pemaksan. (Nurn pe-
apresentam grande variacão de pemaksan que levem a crer que as linhas mestras do sistema aldeão fossem
sebel após o casarnentO - Korn, diferentes no século XIX das dos meados do século XX, e as provas
,naksan, hO mesmo urn perlodo
triwangsaS devem it aos festi-
1932, p. 180.) Nalgurnas aldeias os fragmentadas da organizacão aldeä no século XIX de que dispo-
vais do templo, noutros estão proibidos de o fazerern; nalguns tern rnos (p. ex., van Stein Callenfels, 1947-48; van Bloemen Waanders,
assento nos conseihos do lugar, noutros não; em alguns são passIveis 1859) apoiam esta ideia.
de obrigacöeS de obras pCiblicas, noutros não; e o reconhecimet1to
construir certos tipos de passa-
de variados direitos sumptuários
gens, set sepulado num cemitériO separado, etc. - é acordado nal- 72-18
guns sctios, recusado noutros. Nalgurnas aldeias näo se podem fazer
potes, noutras é roibido tingir de azul, nourras o vinho de arroz A citação - uma forma padrao balinesa - e de Liefrinck,
é considerado poluidor do pemaksan
não pode set feito; fumar opio rna aldeia 1927, p. 230. <<Pertence>> não é a meihor tradução, pois não se trata
nalgurnas, e não se podem criar cabras em pelo menos u aqui de urn conceito de <propriedade>> no sentido ocidental (texto,
Quanto as <<questöes técnicas rituais>>,
(Korn, 1932, pp. 81-82). p. 160).
elas são infindas, indo desde as prOticaS divergentes na sequência do
/
,\rOTAS
NEGAIA 199
198
segue o calendário solar-lunar, cada 355 dias). Significa isco ciue
73-21 quase urn dia em cada vince é dedicado apenas ao ritual. Além
disso, pelo menos uma sernana de preparação é necessária para cada
Normairnerite ha cambém urn chefe oficial do total da unidade.
cerimOnia; porcanco, os Balineses ocupam-se, de uma manejra ou de
Este hornem, a major parte das vezes chamado bezdesa adat, rião é outra, corn assuncos Kahyangan Tiga quase urn dia em cada sete,
urn <<chefe de aldeia" em nenhum sencido reconhecivel, mas sirn o embora obviamence a divisão do trabalho no seio dopemaksan reduza
especialisca mais destacado em assuncos de adat, a pessoa a quern consideravelmente o fardo sobre urn qualquer indivIduo ou famIlia.
são endereçadas as quescöes de procedimento adequado, em casos
Para uma ideia da imensa quantidade de <trabalho> (karya) envol-
de düvidas. Para além disto, cada urn dos três templos tern adscrito
vido nos festivais dos templos, ver de novo Belo, 1953; 1-Iooykaas-
urn sacerdote (pemangku) que é responsável por conduzir as activi- -van Leeuwen l3oornkamp, 1961; C. J. Grader, 1939.
dades cerimoniais prescritas. Este sacerdote de templo, que nunca
é urn l3rahmana mas sirn, normalmente, urn Sudra, não deve set
confundido corn o surno sacerdote Brahrnana (padanc/a , pandita) referido 74-30
anteriormente.
Para urn exernplo concreto desta dispersão parcial e coincidên-
cia parcial de pertenca entre grupos corporate, sekas, numa desa balinesa,
74-1 ver C. Geertz, 1964. No entanto, pode-se constatar rnesmo numa
aldeia tao desviada da norma como a Tnganan de Korn (Korn,
Para o negara enquanto <ccomunidade costumeira>> adat, ver tex- 1933), o locus classicus da teorização da àorpszrepubliek. Sobre o <<princfpio
to, p. 161. seka>> (literalmente, seka significa <<set como urn so>>), <<a igualdade
dos membros no contexto do grupo de que são membros, a irrele-
vância dessa qualidade de membro corn respeito a outros grupos
74-15 aos quais possam pertencer; e a precedência legal de grupos on-
ginánios sobre os denivados>>, ver Geertz e Geertz, 1975, pp. 165-
Nos casos em que (e são mais frequentes do que por vezes se
-166; cf. pp. 30-31, 115-116.
tern representado) as congregaçöes dos crês templos não coincidem
inteiramente é o pemaksan Pura Balai Agung que é tornado como
definidor das fronteiras do desa adat. Os Balineses referem-se muicas 76-15
vezes ao desa adat como urn Balai Agung. Para urn esquema geral,
excessivarnente normalizado, do sistema de templo balinês, ver Goris,
Tabanan (s. d.) é, num certo sentido, uma espécie de versão
1938. Para urn desenvolvimento breve mas sagaz do desa adat e sua escrita desta <<consticuicão>>. Complecado na sua forma presence
relação corn o banjar, ver Hunger, 1932. algum tempo depois da incervencão holandesa em Tabanan em
1906, não é claro se se trata do trabaiho de urn so aucor baseando-
-se em manuscnitos em foiha de palma anteriores, resumindo-os e
74-18 trabalhando-os, ou da acurnulacao de uma série de tais rnanuscrics,
não trabaihados (para a pnimeira perspectiva, ver Worsley, 1972,
Para uma descrição completa (charnada odalan), ver Belo, 1953; p. 85, n. 241). Consiste numa genealogia dinéstica apresentada de
cf. Hooykaas-van Leeuwen Boomkamp, 1961; Hooykaas, 1977.
forma discursiva, no sentido laco da histOnia de famflia, da dadia
Normalmente, cada templo promove uma cerimOnia de crês
dominante Tabanan (ou batur, o termo superlativo para dadia) e de
dias de 210 em 210 dias (ou, no caso do Piira Balai Agung, que
/
1
D>.
NOTAS 201
EGARA
200
nere do Superincendence Holandês <em frence a Pun Kalèran>> c -
certas cladias aliadas e cliences, mats o regisco dos vár ios aconceci-
da genealogia. 0 ordena- o verdadeiro firn" - o casamento fora de casra, em 1912, de urna
mencos relacionados corn vátiOS Pont OS muilier de urna clas casas prificipais corn urn escniruránio cnicão de
é ieit') pot teinoS de
menlo, geral mas de modo algurn sistemáuCo. Manado (nas Celebes), fuudonánio desse gabinece, charriado Kra-
1inha fihiadas
reis de linhas cencrais; os dtversos aconcecirnefltos e men. Apds umas poucas notas, obviarnente acrescentadas, respeitan-
juntam-se a eles onde tern cabimentO.
.iro rci dc ces a formação de algurnas das casas mais recentes, termina o ma-
As secçöes mais ancigas traçam as origens do prime ffllSCtJ0
istO é, ate Airlangga, ri de Daha
linha central Tabanan ate Java -
em 1037. Os generais de campo da invasão Majapahit de Bali em
vezes traçados regressivarnente
1334, os chamados <Arya>>. são pot 76-24
loceamentO entre eles das
ate ele, C descrica a jflVaSO e C relacado o V.
residences
vCrias partes de Bali (embora eles em si permanecam Estes mapas foram desenhados corn base nas rnernórias dos in-
Samprangan). Arya Kenceng,
como <<ministros do interior>> em formadores: o esboço de Tabanan por volta de 1900 é apresentado
considerado o fundador da sua linha
nomeado para Tabanan, C pois Den Bantas apresentada a em Schwartz (1901), e a genealogia, muito elaborada, escrita e
real. (Pot vezes, como na genealogia anotada, está ainda na posseda existente casa de Den Bantas (ver
Arya Damar, é encarado como
seguir, urn outro general de campo, mapa 3 e figura 3). Ha algumas discrepâncias, nenhuma delas grave,
Por vezes Damar e Kenceng são
<cornecado>> Tabanan. No Tabanan contempo que surgem quando o material ties trés fontes é confrontado: a
cendo
representados como sendo a mesma pessoa. major parte delas tern que vet corn o uso de diferentes nomes para
a parce aigurnas
râneo codas as trés perspectivas se encontram; mas, as mesmas casas (a maioria dos nornes das casas, especialmente das
de codo o Bali, muito pouco depende
pretensöes de status ao nfvel aqueles mais periféricas, são nornes de locais, embora as casas não estejarn
disto.) Diversos direitos sumptuárioS, muito especialrneflte localizadas nos sItios mencionados) ou corn diferenças de opinião
escabelecidos, bern como o status
em torno da cremacão, são assim sobre se cercas casas distantes cram ou não aparentadas corn a linha
relativo geral da linha em Bali. c De qualquer modo, a lista de casas é de confiança no
a ftcndação local da linha
As secçöes seguintes descrevem então respeitance as casas pnincipais, estando a principal possibilidade de
de Tabanan propriarneflte dito sob urn
e o estabelecimento do pun normairnente re- erro no facto de duas ou trés casas menores cerem sido omitidas ou
cal Raja Singasana. Diversos dirigentes anteriores, mal colocadas em cermos geogrilficos. Para fotografias de alguns
porrnenorizadamet1te bern
feridos pelo tItulo kijai, são referidos dos puns e jeros de Tabanan, vet Moojen, 1926, estampas 1, 33, 34,
de diferenciacöes locais, formacóes de novas
como uma complexidade 38, 45, 46.
casas, etc. Algumas guerras mais antigaS, especialmente corn Meng- As datas periodizadoras que estou a usar para Tabanan são, e
a formacãO da casa Krarn-
wi e Penebel, são descritas, bern co claro, a derrota de Mengwi pot Tabanan e Badung como o a quo,
<segundo rei> (texto, p. 82), mais
bican, prirneirO como pemadé e o saque de Tabanan pelos Holandeses como o ad qu -
o ültimo
tarde como linha independente, mas aliada. florescimento do Estado clássico. Uma vez mais, o terrno <<linha-
Estado Tabanan
As secçöes de conclusão relacam então como
incluindo como a casa Kalèran foi gem e aqui usado pot razöes desimplicidade no sencido coloquial
atinglu a sua forma <<final>>, mas não no tCcnico. Não ha, infelizmence, cermo cécnico estabele-
se formou todo o
escabelecida como segunda casa reinante, como cido para o tipo de grupos parentais que são as dadia balinesas,
, I ate ao sCculo XIX e como cudo
leque de casas conhecidas embora (e isto e urna piada privada) eu esteja a pensar em propor
dI aconceceU
atravCs de urn lote de incrigas, casanientos, acrocidades,
assassiflatoS, guerras, cerimóniaS de paz, crernacöes, etc. A incursão
<<linhencelas> [lindrids} ou <<parentagenS>> [kineages. Ver Geertz e
herdeiro no cativeiro Geertz, 1975.
hotandesa e os suicIdios do rei e do prIncipe do Gabi-
4' são excensarneflte descricos, bern como o estabelecimeflto
NOTAS 203
202 N EGA Ri
tivesse urn palácio local, ideia que a genealogia mais uma vez apoia
76-25 ao acribuir a fundaçao do pri de Tabanan ao sexto rei de linha
central e a separaçào da casa de Krarnbian ao sétirno. Em todas as
Sobre a questão se Hario (Arya) Damar ou Hario Kenceng deva
questöes deste tipo deve ser recordado que as estórias, genealogias
ser encarado corrio o antepassado apical, ver nctas, p. 202. Corno
e afins sao, neste sisterna, sempre e irievitavelmerite reivindicaçoes
Batara signifIca <<Deus>> (é aplicado aos cinco primeiros reis de de status, pelo que nacuralmente variarn de fonte para fonte, depen-
de qualquer modo, relativamente especula-
Tabanan), a questão e, dendo do inceresse particular. Buscas eruditas da <<verdade real'>,
tiva. ou argumentaçöes sobre ela, são pois em grande medida inâteis e,
de qualquer modo, deslocadas. 0 que é sociologicarnente central é
a estmtura do sistema, e não que entidades concrecas surgem em
76-29 locais concretos dentro dela. Este é mais urn ponto ainda no qual
as tentativas de escrever urna história analfstica que não se pode
Corn o suicIdio destes dois homens (Cakorda Gusti Ngurah Rai
escrever (ou de estabelecer pormenores impossiveis de estabelecer)
Perang e Gusti Ngurah Gdé), a destruicäo do seu palácio e o exilio
de todos os seus parentes próximos para Lombok (isto é, todas as tJ.
. so pode gerar iluses.
pessoas das casas Gdé, Dangin, Mecutan, Den Pasar e Taman; ver
figura 3), o senhor de Kalèran, o <<segundo rei>> de Tabanan, que
por razôes poifticas internas tinha sido mais cooperante, foi tornado 77-28
Sobre a histOria
no funcionário indigena mais elevado (punggawa gde'). Passei igualmente por cirna, canto nos mapas 1 como 2, e no
recerite da nobreza de Tabanan em geral, ver notas, p. 315 e C.
meu total de trinta e três casas reais e nobres, das casas secundárias
Geertz, 1963b. e terciárias - jero gde's e jeros - nas dadias Krambitan, Kaba-Kaba
e Perean, exceptuando nesta Marga e Blayu. (So Krambitan, onde
havia três puns, tinha cerca de vinte jeros associados, de diversos
77-7 status.) Tão-pouco foram listadas ou cartografadas casas muito
periféricas e linhas menores independentes no campo, pois é irn-
Existem (pelo menos) duas lendas de origem correntes em Ta-
possIvel reconstituir urn censo completo delas. Se tivessem sido
banan no respeitante as origens de Krambitan. Nurna, os fundado- incluIdas, o nürnero de casas triwangsa corn alguma significância
res de Badung, Tabanan e Krambitan eram meios-irrnãoS; o (iltimo
politica na area de Tabanan perto do fim do século passado teria
era o superior em status, mas foi estabelecer-se em Krambitan porque
subido para cerca de cern.
gostava da paisagem. Na outra, o fundador de Krambitan era urn
fliho do rei de Tabanan e de uma esposa de alto status, mas foi
preterido na sucessão a favor de urn filho de urna esposa de baixo
status em resultado de urn juramento feito pelo rei (cf. Geertz e 77-32
Geertz, 1975, pp. 132-133). Korn (1932, p. 303), inforrna que urn De modo a manter razoavelmente claras as linhas mestras estru-
escritor javanês do século XIX que escrevia sobre Bali, Raden
turais deste siscerna muito complicado, reduzi ao minirno os por-
Sastrowidjojo, afirmara que a mae do principe herdeiro de Tabanan
menores da organizacão do parentesco entre a nobreza. Alguns destes
tinha de set de Krambitan; mas eu nunca ouvi alguém dizer isto,
pormenores encontram-se no capftulo 4, <<Kinship in the Public Domain:
e tao-pouco a genealogia o confirma. Schwartz (1901) diz que a
The Gentry Dadia>>, em Geertz e Geertz, 1975, pp. 117-152; e 0
lenda sicua o palácio de Hario Damar em Krambitan; mas tao-
leitor iriteressado no que se pode charnar <micro-anatornia>> da
-pouco algurna vez ouvi isso set confirmado, nem sequer que ele
\1OTAS 205
204 NEGARA
alguém nesca série é jero (logo, superior em status) para esse at-
poiftica balinesa tradicional, é aconselbado a consultar esse guém: quem esteja esquerda é aba (e, logo. inferior em status);
A genealogia da figura 3 foi fornecida acompanhacla de urna ex- e nno ha duas casas que sejarn ou possam SCI !Ua1S ama a outra -
plicação anotada --, por jero Den Bantas, e foi sucessivalnette urn iarincIlio perteicamense universal da estrucuca social balinesa.
anotada corn a ajuda de cliversos informaclores da ca-sn real Foram Embora os micro-rankings no seio das subdadias sejam como os
corrigidos alguns erros menores (na figura 15. p. 126 de Geertz e rneus informadores os reprosentaram, são ainda menos consensuais
Geeruz, 1975), descohertos ao retrabaihar o material original que os macro. C por certo seriam frequenternente postos em ca-usa
L neceSSariO aefltUar ma-is uma vez que rais g enealogias silo por urn ou outrO membro das casas em questão. (Cada casa tCUj,
mais docuinento que explicam e justificam as actuais relaçöes de claro, urn centro e urna periferia, uma genealogia sua de edentro>>
status do que registos históricos. Embora a ordem geral de rank e de <<fora> rerraçando os passos da replicação desde a sua fundação.
denrro da casa real de Tabanan pareca ter sido em larga medida Para am exemplo parcial, tirado de Beng, yen Geertz e Geertz,
consensual durante o perIodo em discussão, podem-se facilmence 1975 , P. 150.)
encontrar diferencas menores sobre quem <<saiu>>, exacramenre cjuando Pun Gdé (por vezes chamado Pun Agung, sendo agung uma
e, logo, sobre quem ulrrapassou quem em termos de rank. Ao longo forma hononifica [halus] de gdé corn o mesmo significado, ta-I como
alterar a ordem de rank
de lapsos de tempos maiores, era co Jv,i
dalern - uma palavra importada do javanês - está para jero) é
recompondo as genealogias; e, de facto, no meu material sobre deixado de fora de rodas as subdadias porque era, obviamente, o
Gianyar, o quat era internamente menos estável do que Tabanan rnembro central de cada uma e em cada estádio. A represenracão
nos fins do século XIX, torna-se bastante óbvio esse remexer corn simbolica da casa central, e o rei, como uma entidade essencial -
os pedigrees. mente irnutável, ou replicaniva, é urn assunto extensarnence discu-
A simplificacäo consiste sobretudo na eliminação de casas de m (teto capitulo 4), e o mesmo principlo e de novo
nido adice
1hos mais novos ja inexistences no penioclo 1891-1906 (erca pertinente, mutatis mutandis, dentro de cada urn-a das casas em si.
de trinta) e de todas as mulheres (umas cinquenta), grande majoria
:
• das quais se casaram algures no seio da dadia real (ou não se casa-
ram de todo, urn descino que era comum para mulheres de status =
muito elevado).
• Finalmence, por ca-usa da situação anómala criada corn os suicIdios I
dos dois lcimos descendenteas de linhas centrais, a minha exposi-
WT
- Jero jero cd4 I Pun Dalem
I II I i I
A estrutura da casa real pode tambem ser representada em . - II I
termos do padrão de parentesco diferenciador acima discucido,
aparecendo assim, nesse ca-so, como urn conjunco de subdadias reais,
hieranquizadas em termos da sua ordem de cristalizacão, e expressas
. jero
patio fronteiro do seu palácio para se encontrar corn qualquer urn papal central das g randes casas Sudra era generalizado em Bali
(Korn, 1932. p. 288). Para urn exemplo parricularmeme vivido,
que o quisesse ver, a saIa por si próprlo para o campo para cuidar
dos problernas mais sérios, ao passo que o rei jtInior cia Kalèran era var van Eerde, 1921.
gordo, gosrava de mulheres e era viciado em luuas de galos.
84-3
Cakorda Pe'madé
83-3 1 Gdé Kalèran
Para uma história e descrição desta casa (chamada <<lado do
Patib Patih
mercado este)>, que é o que danginpeken significa), vet Boon, 1977, Bang
Subamia
pp. 70-86; 1973, pp. 19-102. Tal como o sistema de dois reis, o
NIGARA NOTAS 21!
210
Piiegawa Punggawa bayer, por exemplo, viriospwzggauias riuma casa grande como IKediri
Dangiii Kecliri on Subamia. A falta de urn rnarcador linguIstico de nümero obri-
ivlec utan Kompiang gatório em balinês acaba por aumentar a ambiguidade gerada pela
Dcii Pasar Tegeh flexibilidade e relatividade de tais termos de referCncia (bern como
Iaivan pela tendCncia balinesa para os usar metonimicamente).
Oka
Anoni
Anyar S'-1 2
As out ras catorac casas estavam adscritas a urn dos punggawas Como sempre, havia urna multiplicidade de nomes para estes
pauhs. pc'iiiade, ou akorcia) como perbekel.c. Mas é impossivel recons- diversos estados de condiço polirica, alguns deles denotando for-
tituir corn Lonfiança qual cscava exactamente adscrita a qua!, espe- mas ligeirarnente diferentes ou subtipos. Paralelamente a parekan,
clalrncntc porque as ligacöes podiam set milripbas c porque havia encontrarn-se termos como peka,de/an, roban, abdi; paralelamente a
muxtos outros perkebel.c. kawula (que provCm de uma palavra do sânscrito, para ufarnulia,
Seria iiiuito errado cncarar esta estrutura como urna hurocracia, <<grupo de desccridCncia>>, <<casa> - Gonda, 1973, pp. 122, 150,
urn sistema de <<caigos, mesmo que embrionários. Era uma faccio- 430), termos como panjak druwé ou pengayah; ao lado de perbekel,
nalizaçao poltica, corn trequCncia muito pronunciada e sempre longe mantri; junro coin punggawa, manca ou gush. Igualmente, corno sempre,
do estar assente, organizada, como tuclo o rcsto em Bali, por cate- os termos erarn usados corn ulexibiliclade, embora as categorias
gorias hierarquicas de <tItubo>' (de eleganic, ha/ut, ate vulgar, ka- subjacentes fossem em si rnuito rigidamente dernarcadas. Assirn,
ar) que reflecriarn muito pouco as realidades de poder, as respon- dizia-se dos senhores realmente proeminentes (de Kalèran, Kediri,
sabilidades govetnativas ou, se pusermos ligeirarnente de parte o Beng ou Anom) cram chamados puunggawa, charnando-se os outros
papcl do sacerdoic de corte bagawanta, a espcciaIizaco tCcnica. apenas mancas. Não ha qualquer possibilidade de impor nina ordem
(Para a especializacao comercial do scnhor do cornCrcio chines rsu- terrnino!ógica ao sisterna, ou qualquer rigor a apbicaçao, airida que
/;andari Sirigken Cong, ver a seguir, lexto, 122; para 'a dos juizes do as quatro categorias fossern distintas independenternente do quc Sc
Estado [keri,i g1 de Griya Jaksa, adiante, notas, p. 299. Sobre os ihes chamava, inclepenclencemente das subcatcgorias secundárias que
se concebia existirern no scu seio e indcpcndentemente da sua
conceilos de halius e kasar em geral, ver Geertz, 1960, PP. 23 1-234
- urna referCncia javanesa, mas, no essencial, aplicável ao nosso colocação dentro do sisterna gcral de cstratificação dos tItulos. Para
caso. ci alto grau de subdiferenciação dentro da categoria geral de pare-
Frnalmcnte, deve-se chamar a atenção para o facto de que os kan, ver de Kat Angelino, 1921b; dentro da categoria kawuila, de
rermos punggawa e pr'rbthel se aplicavarn tanto a casas como urn Kat Angebino, 1921a. (A traducao de 1-looker [1978], num texto
rodo, como a indivIduos adultos varöes no seu seio; assim, podia dc clireiro nc(1tcval javanCs, como quinhibo do rei ,, parece rcsul-
212 NOTAS 213
NEGARA
tar da confusão entre urna metáfora e uma descriçao literal), dentro tais com o <<escravo>>, servo>>, <<intenclente>' e <harão>' (on mesm
das caregorias perbeke/ e punggawa, Korn, 1932, pp. 286-306. clevo admiti-lo, <nohre>', <<senhor'> c <rei>>) poclern vi r a pro'ar 'V
pequcna quanridade de tráulco de escravos para fora de Bali, espe- adultos das primeiras catorze casas da linhagem real clas rrês prin-
cialmente feito por chineses, bugineses e macassareses, continuou cipais casas Krarnhiran e das trs casas na cladia Perean-Blayu
are cerca de 1830. E possIvel que os chineses renham por vezes -Marga); ralvez 150-200jierhekels ( incluinclo, rcpira-sc, alguns Suciras),
possuIcfo verdacleiros escravos em Bali; Liefrinck (1877) dá notIcia cuja lealdade esrava clesigualmente clistribulda poi entrc estesJmn:
(on dez a doze mil
de chineses de Bangli possuindo cerca de vinre, que haviarn corn- gawas; c cerca de 75 000 a 85 000 kawii/as
prado, diz dc, aos senhores. patios), ainda mais desigualmente distribuldos por entre os peibe-
ralvez 2000 para toclas as casas, merade
Deritro de Bali, quer se prefira ott não chamar escravos (como, kels. Quanto aos parekans,
para o primeiro caso, de Kat Angelino, 1921b e Liefrinck, 1877; deles para GdC apenas, C urna suposicãO On razoável corn', cjnaiqner
no segundo caso, Korn, 1932, p. 173) ao tipo de parekans em out ra.
posição mais inferior e scm recursos - tais como prisioneiros de
guerra crirninosos e endividados -, C urna quesrilo de imporrância
secunchIria. 0 que C de importância primária é compreencler as 86-37
rclaçocs entre categorias de status polItico no Bali clássico - os
diversos ripos de parekans, kawulas, perbeke/s e punggatc'as - em Na realiclade, este cálculo esta irlcompleto, pois o men informa-
termos claquito que são, esforco esse no qual caregorias europeias dor não conScgUia lenibrar-se de rodas as silas possessöes. cmhora
NEGA I?
NOTAS 215
dissesc que as lestantes, talvcz tills trinta patios mais, estavam
inais perto, geograficamente, da cortc, tanto major a dispersao de
igualnienic dispersas, algumas delas em <pacotes>> de urn patio
!aços>>, mas, ao contránio do que tern sido infenido pclos teóricos do
iiiiin iigar. Corno já IlicOciOnCi, as posscssOes dos perbekels variavarn
<<direito adat>, preocupados corn o descnvolvimcnto de urn nigido
cti :iiauric1ade, scndo o Icque geral de entre duzentos C quatroccu-
contraste cntrc as areas ditas de apanágio e de não-apanágio na
u, patios (apenas cbois perbekels, urn de Dangin Peken e urn de Ma!-
1ndonsia indicizada (vet van Vollenboven, 1918-33), a dispersao
kani;tii. detitiharn 0 u!tinl(, nurncro), enlbora 0 lI.imero <(ideal>>
era a regra por todo o reino, e não apenas nas cercanias da corte.
fossc duzenros; e pelo mei-ios urn perbekel é rccordido como tendo
"1.- cissutdo'> exactamente Ufll patio, c vários outros apenas urna rneia
dizia.
87-31
1)eve--sc ranlbcnl icc cm conta que un)a casa, fosse urn jero
pei'iferico 00 uma cas.i ClieflEc, podia incluir vários perheke/r, clepen-
Urn patio balinês pekarangan) consistia quase sempre ou dc
kndo de quanros hoineus adulios continha; c estes perhekels podiam
una famflia nuclear ou de urn grupo de famIlias nucleares agnati-
csiar ligados a diferentes /ninggawas. Por cxcrnplo, urna casa pen-
camente ligadas; mas so raramence os men-ibros de urna linhageni
leriCi Tabanan, I)IocI Rutting, tinha Iaços perbekel sirnultancamente
ou dadia viviam todos num so patio (Geertz e Geertz, 1975). Assim,
corn us pleoggawas em Anyar, Kalèran c Gdé, encluanto urna casa
o costume de repartir icaldades para corn senhores por patios sepa-
&liciiie inio aparcnuada rinha tacos corn Gdé, Subamia e Anom.
rava corn frequencia parentes relativarnente próxirnos por diferentes
F pura C sirnplcsrncntc impossIvcl cicsernaranhar, clepois de canto
bekelans, como pode ser constatado a partir da distnibuicao ainda
tciiipu passado, a rede compicta de laços dispersivos, quer ciitrc
hoje existente de sisias de sacerdotes Brahmana por patio, onde é
4> iuiaias e /ierbekels, q ucr en rrc perhekels e punggc/uis.
frequente irmâos germanos cerern diferentes fidelidades.
Verificavam-se, urna vez mais, algumas excepcOes a este padrão
dispersivo, tendo que ver, neste caso, corn ccrtos grupos de arrcsiios
87-21
(muito particularmente fenreiros; vet de Kat Angelino, 1921c) c
corn esrnangeiros (chineses, bugineses). A!érn do mais, as linhagens
Para uiiia contirinação contemporânea do paclrao de governo do
sacendotais eram por vezes consignadas como grupo a urn perbekel
ilpu xssoas-c-uao-tcrritorlu cm Tabanan (e, já agora, no Sul de
(Inequenternente cscolhido de entre elas) c, através dde, a urn pung-
Bali rio geral), vet ScbwalLL, 1901. Havia, porérn, unms poucas
gawa. Mas estas disposicoes erarn tambérn pouco comuns c vistas
excepçoes, especialmente perto das niargens permcávcis do <reino>'
como cspcciais. Os diversos bekelans nurn lugar cram normalmente
os 'ecutones politicos>>, como Ihes chaniei antes (cap. 1) -
cncabcçados por urn dos seus, chamado urn jun11 arab (>arauto<
ondr razoes de segurança cictcrrninavanl que 0 controbo sobre todo
cermo aplicado tarnbém a uma série de outros tipos de cargos de
101 l ugar, ou pelo WCflOS a major parte dde, ficassc corn urn per-
<prcgociro pcxblico>). A sua funcao era transrnitir rnensagcns do
bekel. Urn exemplo disto é a <>posse>> de quarcuta patios pelo mcu
perbekel c organizar os nlcrnbros do bekelan local no rcspcitante aos
I nkrmador perro da fronteira corn Jembrana -- o grosso embora
scus deveres pana corn o negara, mas ele nao tinha virtualmente
ian a toralidade da populacao do lugar. Mas esics casos pouco
qualqucn poder i ridependen te.
onions, cram coiisic!cracbos anormais e, aparentenicnte, nao dura-
duiios. Pelo contránio, ao ccntro, Tabanan propriamente dita (con-
'iderada corno aldeia) era talvez a mais altarnente dividida: cada
88-1
/?%Iflg,gawa tinha alguns kawula.c em cacla urn de todos os quinzc
lugares quc constituIam Tabanan, e nenhunl deics era claramcnte
Korn, 1932. Korn dia quc a totalidade dos 700 estavam atni-
doniiiiaiitc ciii iienliurn. Em geraL confirma-se a regra dc CILIC <<cuanco
buIdos ao >senhor principal>> em Tabanan, mas os meus dados nio
NOTAS 217
216 NECARA
ri<.uea de Lends relativa e ao poder rii1itar rclativo das seis prin- sujcito a rcgras locais de direito consuetudinárie, e nAo ao capricho
ipais casas reais do Sul de Bali por volta do virar do século é do senhor. Qualqucr centaciva por parte de urn senhor de dernissão
sUgcsLJva a esic rcspciio — Sc nao do real estado das coisas, peto arbitrária ou qualquer mati trato infligido a urn rendeiro podia
n)cnos do que parecia set aos olhos de alguns dos que cstavarn nele trazcr-lhe problemas: destruiçao das suas coiheitas, reducao subtil
dircctamcnte envolvidos. Pelo incuos nas stias rncntcs, a corrclaçao da água fornecida pela sociedade de irrigacão controlada localmente,
era bastaue fraca: ou aumenro no nimero de roubos. De facto, c em mais do que
apenas alguns casos, os rendeiros dos senhores parece terem sido
PoIer Fni/irar 1?iqueza lerra-lendnle escolbidos nao pclos senhores ou seus agcntes, mas sirn pela popu-
1. (.iiauyar 1. Badung lacão local (por norma o lugar, ocasionalmente a sociedade de irri-
2. Karcngascm Tabanan gação); c, de qualqucr moclo, o sentimento local cinha que ser
Klungkung 3 Gianyar sempre tornado em considcraçao nestes assuntos, pois o senhor era
i. Badung Bangli essencialmente impotence contra a sabotagern agrIcola kita por
5. Tabanan Klun,gkuug camponeses hostis. Urn indIcio do real estado das coisas é dado pelo
(. bangli Karengasem facto tic que, em Tabanan, o quinhad do rendeiro em terra quc
fosse propriedade do senhor era quase metade; em terra propricdadc
jcrnbrana esta exclui'da desca tabulacao porque, iião scndo oem do camponês, normalmente urn terço.
rico tiern pocleroso, c tendo sido incorporado bern antes de 1900 no
donInio directo das Inclias Orientais 1-lolandesas, já nio clesempe-
ihava urn papcl rnuit() importance na poiftica fndigena balinesa; e 91-3
(IS incus iitlorrnadores nao sabiarn virtualrnentc nada tic circunstan-
ado it scu respciui. Bulelèng, Sob adrniniscração formal holandesa raciocInio nao pretendc levar a conclusão de que o sisrcma de
dcsdc 1882, c informal a partir de 1850, era obviamente urn CaSO posse ou os modos de arrendamento nao tinharn irnportncia polItica.
airida mais espc(idl. Isso seria absurdo. 0 argumcnto é de que a sua imporriincia nib
surge de uma fusão institucional entre des e a organizacibo autcn-
cicada da dominaçao política. Essa organizacao era muito mais
90-<l cornplcxa c irregular, c nao era facilmente prcdizfvcl a parrir das
caracterIsticas superficiais dc propriedade da terra, forca dc traba-
Etectivanicrite, as clisposiçiics de arrcndamento cram muito mais lho e técnica agrIcola — o chamado modo dc produçao oriental.
chiboradas do quc estas a!irmaçöcs surnárias sugerern. Para urna facto de tcr havido pouca oferta de rendeiros da terra rcduziu
ieceiisao LuzII1)leta, vet Liefriuck, 1886-87. Podcm-sc encontrar a vantagem politica dos senhores, a qual é incrente ao arrendarnen-
rcter6iclas As prállcas em Tabanan in HLuIger, 1933; Peddlemars, to; rcduziu-a tambern a grande força da estrutura institucional local,
1.933; e Raka, 1955. Scheltema (1931) insere as prátiCas balinesas a fotrnaçao polIcica multifacetada da desa. Nalguns casos os senho-
no contexto dos padröes indonésios de propriedade dc terra e arren- res tentaram unificar as duas fontes de poder - riqueza fundiária
daineuto. Vale a pena referir que rienhum destes erudiros julga ne- e aucoridade polItica — e instituir urn regime gcnuinarnentc pa-
ecssriO Iizer referincia a estrutura polItica negara, ou sequer, a trimonial, colocando parekans (que escavam, evidenccrnente, iota do
organizaçiio politica. Jao-pOUCO os rendeiros erarn dominados por siscema desa) em alguma da sua terra como trabalbadores servos.
rerrrlOs politicos, miss antes por termos iridicadores do scu quinliao Mas, e em parte porque os parekans no eram, normalmciice, agri-
das colheitas: namJu (<mecade"), ne/on (<<urn tcrço>d, etc. cultores muito competentes, em parte porque o nümero de parekam
i) arreidanwnto, urna vez concedido, ficava tendencialmenie nunca era muito grancle, e especialrnente porque as cornunicladcs
220 NEGARA NO TA S .1
locais se ressentiam intensarnente e resistiarn de forma activa a tais rerras petal/i no cram terras régias <possuIdas>' e aforadas para
esiorços, este padrão nunca se desenvolveu muito em parte alguma serviço a picheus, e co-pouco eratn <<possuIdas pela colrrrividade
(Ic Bali (ver dc Kat Angelino, 1921b). cia alcleia e clistrihuldas a rnernbros clesta em troca do cumprinicti-
Alguns dos Estados maiores - Badung e Gianyar em espe- to clas obrigaçôes colectivas aIdes para corn o senhor>'. (Para a pri-
cial - também procuraram estabelecer controlo admiriistrativo bu- meira perspectiva, ver de Kat Angeii no, 1921 a; para a seuncia,
rocnitico sobre alguns assuntos agrIcolas, especialmente muito perto Gunning c van cler Heijden, 1926; para ambas, Korn, 1932, p.
do tim do século XIX, quando a ameaça holandesa aurnentava mais 575. A opinião de Covarrubias [1956, p. 591 de quc pedal/i s rcfcr
ciue nunca c, sobretudo, nas areas de imposto sobre as terras e sobre a terra <seivageni'>, iStO é, terra não cuirivacia cia aldeta, (: urna
a irrgaço; mas esres esforços tiverarn uma vida exrrernarnente confusão.) As terms pecatu cram possuIdas>> pelos que as rrabaiha-
curra (i-lappé, 1919, mas muito exagerado; para urna crItica acuti- yam ou que contratavam rendeiros para as trabaiharem; e o produto
lante, ver Korn, 1932, pp. 272 e segs.). clestas era eucaracio como o suporte prociutivo c1ue tornava possIVi
Finalmente, no que diz respeiro ao <feudalismo>>, alguns sc- curnprimenro pelos <donos>> dos seas deveres pol iricos, OU, mats
niiores (incluindo alguns de Tabanan) concederarn, dc facto, aalguns rigorosanlente, policico-rcligiosos. (Toda a quesriio cIa j)osse> 00
camponeses o direito cie trabaiharem parcelas cia sua terra; por Bali classico tern siclo muito debatida c 6 impaSSive1 de resolver, cal
vezes (izeram-no a grupos organizados de camponeses em troca de como já foi apontado, e aparece ciiscutida mais acliante,
certos serviços especializados: trabalho dc ferreiro, tecelagern, es- p. 160; mas nao se pocie clarifIciI-Ia confunciindo direicos mpera-
pecrâculos art(sricos, infantaria, certas tarefas rituais, niensageiros, tivos, rirunis, dc propriedacle e de usufruto, ou partindlO do pressil-
etc. Mas isto tio-pouco foi de grande vulto em parte algurna. posto de que os Balineses os corifundem.) A supressibo pelos 1-Jolari-
No encanto, e em ligaçio corn este cilrimo ponto, algo deve sec cieses CO laço do mipo perbeke/ apOs a conquisma de 1906-08 ievcni i
dito sobre o chamado sistema pecatu (de Cal/i - < vicua1has1, "urna prossecuçao dos restantes deveres do neare directarnecire atravS do
raçio de cornida ott bebida>>, também usado para designar o altar sisrema de posse cia terra e, assini, a crtaç' detirna especte
(Ic ofercocias nurn arrozal), acerca do qual cresceu toda uma biblio- de <pseudofeudalisiiio>>, a qual, iiao totalmente scm motivaçbes
grafia em bolandês, curta mas peculiar, a medicla que a recém- politicas, os eruditos 1-lolancleses Iem en to anacronicamente no
estahelecida adrninistraço civil das Inclias Orienrais 1-lolandesas passado classico. Urn dos resuicados de tudo isto 6 que o canberer
irocurava legitimar-se no Sul de Bali cieslegitimando os seus pre- exacto do sistema pedal/I - cuja imporrancia geral, de quakjuer
decessores (ver Gunning e van cler I-Jeijclen, 1926; cle Kat Angelino, mnocIo, tern sido muito exageracla - 6 mais (icilmcnte visIvel em
1921a; Korn, 1932, pp. 227-228, 331, 538, 585; para uma crItica, escritos maisantigos sobre Bali (p. cx. Lielrinck, U177; 1886-87,
Boon, 1977, pp. 5/1-58). Nalgumas partes de Bali - muito espe- mas ver também Boekian, 1936, para uina perspectiva baltnesa
cialmente em Gianyar, Bangli, Mengwi e, em cerca medicla, Kiung- concordance) do clue nos escritos da ciécada dc 1920 on 1930- Sohie
kong -, certas cerras, pecatu, eram ticlas como inclicadoras cle que clesenvolvimento pOs-holandês do negara balinês, ver C. Geertz.
os seus detenrores estavam ohrigados a prestarem serviço real, pengayah 1963h, e notas, p. 314.
lalem; outras, bukti, iridicavam-nos como obrigados a prestarezn
serviço it aldeia (isto é, (lesa akt), pengayah desa; e outras aincla,
la/hi, designavam-nos para o serviço do remplo,perigaya/pura. Evitando 91-7
as centativas de interpretar esta divisão em termos de serviço feudal
a rnaioria delas incoerentes entre si e todas elas rendenciosas, eu So o arroz esrava sujeiro a pagarnentos de renda. No scrub
diria que se tracava dc urn método de classificar OS tipOS de obri- XIX, a pequetia quancidade de coiheiras de sequeiro que se conse-
gaçöes de crabalho a que os aldeãos estavam sujeitos (a urn senhor, gUiSSC cultivar tia terra arrendada no-; periodos enrre plafltiOS dc
a uma alcleia, a urn templo), e não urn sistema dc lei cia terra. As arroz eta cleixada para o rendciro, einbora etc oferecesse normal-
NTEGARA NOIAS 223
222
92-1
menic pequcluis piJXICS cic,sa Cornida ao senhor. Segundo Korn (1932,
p. 301). Os relideiroS de Tabarian tinham dc dar ao senhor, al&n da
retida de mutade cia piodução, arroz cozirihado suliciente para dez Em alguns casos, poucos, em especial perto da costa, onde as
pcssoas, duas vezes pot ano -- urn pagamenro trivial (10 ponto de sociedacles de irrigação cram tendencialmente rnaiores, nina socie-
dade de irrigação estava por vezcs distribuIda, dc forma nao terri-
vista nonóIfliCO. Ncnhurn dos meus informantcs mcncionou scquer
esta pr3rica, e cu nao estou seguro de quao cscrupulosarnciitc cia torial, por duas areas de imposto (e, portanto, por dois senhores);
ou, em especial perto das montanbas, onde cram tendencialmente
era cie facto scguida.
menores, duas ou três estavam por vezes amalgamadas numa so
area de imposto. Na gencralidade, porém, as fronteiras da area de
imposto e da sociedacie dc irrigação coincidiam - provando, tal-
;) 1- 16
\'cz, que os Balineses nao cram fisicamente incapazes de racionali-
0 ieclahaii gdi ritiha tamhém a seu cargo os jardiris do senhor,
zarem as instituiçOcs, mas apenas não propensos tcmperarneri-
discril)wa cotnida aos ci:iados, orçarnentava as grandcs ccrimónias c talmente.
lazia ci rcgisto dos prcscntcs. As casas Brahmana cram urna das Embora coiectado em géneros (corn algurnas exccpçöes), o imposto
fortes principals beni como de juIzcs, pelo que os seus membros era calculado e iançado em moedas de chumbo chinesas, furadas,
chamaclas kepèng (texto, p. 118; notas, p. 259). Dcz mil kèpèng cqui-
cram sisteinaricamente excluidos de papéis perbekel, peio menos corn-
valiam a urn timbang, ou <<peso>>. Se a imposto de urn horncm fosse,
parativainefltc aos não-Brahrnanas. Os sedahans de urn senhor (des
recbiarn urna peicerita,crn das sitas coiecras corno salarto) cncon- digarnos, dois timbang, ele tinha de pagar arroz descascado sufi-
uravam-se frccjucnrerncnrc agrupadlos em seccöes chamadas, de acordo ciente para equilibrar 20 000 kèpèng numa so balança. No lugar das
coin a Ioca!izaçao dos scus cspacos em rclaçao ao palácio, ><iiorte'>, moedas em 51, OS sedaharis usavarn pedras padrão, também charna-
clas timbang (ou ineio, ou um timbang e mcio, etc.), previarnenrc
<sul, este.• c <oeste>, cc,nsiderarido-se o sedahan gdé COrno aquele
calibradas corn kèpêng c guardadas na posse da socicdade de irriga-
juc ocopava 0 CeOtf') neutro. Sobre o simbolismo dircccional em
ção. Em Tabanan, urn timbang equivalia a 28 cattys (van Bloemen
Bali, vet /cxIt,. p. 134 r uas, p. 271. Os .ceaahans cram frcquente-
rncntc referidos como /anghran; o que ciuer clizcr mais ou merios, Waanders, 1859); isto é, pesava cerca de 38 lbs. Urn timbang rtão
>prOteCt0rCS>> (noia.i, p. 305). tinha porem, a mesmo peso em todo o Bali. Em Bulèlèng (Lie-
frinck, 1886-87), por ecrnp1o, era duas vezcs ntais, 55 cattys, ou
cerca de 75 lbs. Ac, urn imbang nao equivalia obviarnente - embora
()j 3 1 Liefrinck nao o diga - a 10 000 kèpng, rnas sim a 20 000.
A água era distribufda para os campos através de uma grclha
Pevie-8 é, na realidade, o termo geral para urn imposto de qualqucr
fIxa de canais de irrigação isto é, de acordo corn a largura da
lipo, embora liouvesse uma variedade de tributacoes (s'er notas, comporta atrás da qual hula para uin qualquer socalco espcclfico
.- I ) C) impost o aguIcola era normalmente espcciiicado corno on complexo de socalcos. Ou, posw de ourro modo, era calculado
pajt'g padi padi, <,arroz,,), embora, uma yea mais, se pLideSsern de acordo corn o quinbao da totalidade da água vinda para a socic-
eucorurar ourros termos. Urn breve inventLirio da.s prácicas de imposto dade de irrigaçao corno urn rodo, qualqucr que dc fossc, quinhão
solate .1 terra em Bali pode ser encontrado em Korn, 1932, pp. 293- csse que era divergido para urn socalco concreto ou aglornerado de
-300. no cjual tirna preocupação corn mincicias impede de algurn socalcos, sendo as divcrsas deterrninaçoes feitas rambém em termos
modo nina olnpreensão dos princIpios fiscais quc it pratica cx- de amplitude da corrente e medidas por tamanho de comporta.
l;rrSSa. As complexidades de tudo isto, que são consideráveis, poclem
set deixadas de lado. Os pontos essenciais são: primeiro, a unidade
224 NEGARA NOTAS 225
fiscal (mas não necessariarnente de propriedade) dentro da socie-= dos impostos, tanto ao longo do cmpo corno de
dade de irrigação era o socalco ou socalcos irrigados a partir de urn
sirio para sitio simultaneamente, erarn quase de certeza mais urn
canal de 1gua iInico e terminal; segundo, e urna vez ciuc as grelha.s teflexo de variacöes no poder relarivo dos scnliores titbutadores das
de irrigação cram fixadas na sua disposiçao básica aquando da sua
sociedades de irrigação, do quc urn reflexo do sistema ccológco cx-
construção, assim também o eram estas unidades fiscais, pelo que,
tremamente estávcl e elaboradarnente oraiizaclo sobre 0 qual IS--
mas apenas no seio de uma qnalquer sociedade de irrigaçe7o, assim o era
sentavam. Os pormenotes dos proressoS espccIIiCOS em caiisa --
também a carga de imposto relativa sobre cada unidade. Não está são, urna vez mats. em larga mCOIda
isto é a iiistória analIstica
claw para mim o modo como era determiriacla a carga fiscal total
irrecupertiveis. Mas os dados fntgrnentário que consegut coliir,
para uma sociedade de irrigacão (isto é, para a uniclade fiscal básica, referentes mais a Gianyar do que a Tabanan, indicam inuilo clara-
ott area dc imposto, no respeitante ao negara, urna vez que ele nada
mente quc a poiIrica fiscal não era urn aSSUOtO pound' rneno
rinha a dizer sobre como a água era distribufda no seio cia sociedade stclo em q ualqitrr mirist
. cxplosivo no Bali ckissico do que ue
de irrigação), e, logo, como, dlerivadlarnente, era cieterminada a carga
lrte do ,iiundo.
• abso/nia de cada unidade fiscal no seio do subak. Ti-pouco era ciaro
para cualquer dos meus informantes, que disseram que era uma
mera questão de cidat, '<costurne>, e quc em princIpio - nhas,
• 92-13
como des pr6prios reconheceram, cerramente nio de facto -nunca
muclava, embora variasse, por vezes mesmo muito, de sociedade de
Poréti, não nas mesmas terms, pots as s-nhores, por nouna, 0211)
Irrigação para sociedade de irrigação. As obrigaçoes dc imposto
trihIlta\'tt1h os campOS uns dos outros. No erranro, a nra rraiisk-
cram registacias, unidacle fiscal por unidade fiscal, em manuscritos rida de urn pieheu para urn senhor permanecitl tributlivel (e .i rcrr,i
dc foiha de palma, quase sagrados e perioclicamente recopiados,
transFerida na direccão inversa norrnalmentc permanecia Senta)
chamaclos piil -o imposto de urn laclo, a localizaçao da proprie-
portanro ate isto 1)0(1121 octistonalnwnte acoiitcccr. Ni a prati;i geral,
dade, o(s) nome(s) do(s) dono(s) e do(s) lugar(cs) no outro. 0 seda-
han tinha urna cópia, bern como o cabeca da sociedade dc irrigação Ihavia urn grande mirnero d e cxccpçöcs It nibutacao (em aso de
- insucesso das coiheitas, os impostos niio eram colectarlos; a terra
c o(s) dono(s) pr6cica est'i que por certo tera inibido qu usquer ii en nec
l)LttC0 emplos S tcercic)r' \ LI i0 I I pos dl. LI IC S io
rnuclanças.
tihns do senhor, etc., no era normalmenre trthutadi); cc dificil
Schwartz (1901) diz, corn base no que ouviu do enro sedahan
/é de Purl GdC Tabanan, que o imposto consistia em cerca de dez
determinar a pcnetração dc tOclo 0 Sislcrna ])C10 (Orno tIC2lCII Co
por cenro da coiheira total de qualquer campo colectado, pelo clue SeLl futcirniamenro.
j as estimativas da efectiva produtividade cias terras das sociedades
- Schsvtirtz (1901) afirma c'ue ihe 1ui clito de novo pelc cec/aho;.
•' dc l'iini (ide Tabanan - de qurn se pock esperar ten sube-
de irrigação contribufarn pelo menos em parte para a ciefiniçao de - tirn1ldlO grandcrncnte o renclirnento teal a am funcjotianio ho1ande'
rarifas, apesar da teoria de que o imposto era tributado sobre a
' de visita -, que apenas cerca de urn c1iiauro da terra de .irioz de
agua, e não sobre terra ou arroz. Mas, dada a natureza da agricul-
regadio era trihutada. Urn dos incus informaciores. que eni iedh//hifl
rura do arroz cle regadio (C. Geertz, 1963a), urna vez cleterrnina-
. dc Jero Subarnia, coicctava anualmente 90 tmhang em impostos dc
da a produtividacle cia não rnudaria rnuiro num caso normal, ou
tres sociedades de ittigacão dispersas, dos C1LtaiS LI sua comissac' nra
-b-ia muiro lentamente. (As sociedades de irrigação novas, as quais,
15 timbaiig (outros informadores disserarn que a norma era Ufl1 SCXtO
dado o trabaiho envolviclo na sua construção, surgiram corn muito•
p2t frequéncia, não erarn triburadas de rodo durante os primeiros
para os cet/ahans). Estimou tambem, e renho a certeza qite mliii,) c'
- gan-iente, que Pun Ode Ohtjnlia 2000 uribang por iiic (ou cerca
trés anos do seu funcionamenro, embora urn ou outro senhor fosse
de vinte yeses a estirnativll nbc urn mtlliao de kèpeng loriieccla a
- . agraciado corn urna parcela da.s suas terms.) A curto prazo, as variaçoes
- Schvtirtz pelo inesmO sedahan de Pun 0db). c Kramhiran SoOO.
226 NEGARA NOT/iS 227
Mesmo no seio da 1iniitgcrn real o renclimenro fiscal de G& nio era 0 subak é urna iiistituiçao muito antiga em Bali. A primeira
uiaioc. Alguinas this outras casas, em especial Kalèran, aparence- refeincia a eie feita mencionando o norne, ocorre numa inscriçabo
nente tainbérn chegavam perto dos 4000 ou 5000 tinihang; e dc datada de 1022, mas jab em 896 aparecem mencionados construto-
.ualqiiei mode, scmclhauça das posscssöes kawula e cia posse cia res de t6neis (Goris, 1954, vol. 1, p. 23; Swellengrebel, 1960, pp.
terra, o rendimeitu I iscal variava rnuito entre senhores. I'or meio 10-11; vet também Korn, 1932, pp. 9-10, e as rcferências al cita-
de urna séric de inlerencias, suposiçôcs C pura C Sim1)lCSadiViIIha- das). No que respeita a rnudancas do subak, nas suas prabticas tee-
çio, que nao relatarci pela simples razäo de quc nao sobrcviveriarn nicas c na sua organização, é absolutamente certo que acontcceram
ima aniIise cuidaciosa, a minha própria estiinariva do c1uinhão cia de urna forma extrernamente lenta. A breve descrição que Korn
j-)roduçao total de arroz de regadio tomada come imposto pelos oferece (1932, pp. 9-10) de urn subak mencionado numa inscricão
uhorcs dc Tabanan por volta de 1900 situar-se-ia cntrc três c scm data, por volta de 1050, não expöe difcrencas cruciais na sua
CIIic:O por CC11IO. organizacao por cornparação corn a organizacabo do subak tal coma
sabcrnos ter sido nos princIpios do corrente sCculo, c, de facto, tal
como ainda é hoje na maior parte dos sitios. Na sua descriçao de
92-16 Bangli em 1876, Liefrinck (1877) fa notar que ohab muitos anos
que flao sc criarn novos terracos de arroz de regadio (corn isto dc
IKoto, 1932, p. 307. quer por certo dizer subaks, c não socalcos individuais); c cu nib
consegui, em 1957-58, encontrar alguCm em Bali quc tivesse qualqucr
ideia de quancio o seu subak fora fundado. Por altura dc 1891-1906,
sistema subak estava essencialmente completado em toda a parte
l'ara 0 iWf oito dc vista, vet 1-lapp6, 1919; para o segun- em Bali, na sua forma tradicional; e embora acrescentos rnarginais
do, hem corno pam urnu dcmoliçao definitiva do argurnento de e subtraccocs de socalcos tenham de certeza ocorriclo sempre, bern
1-lapp6 (que Kern diz set tima bistória fantasiosa - gephaniaseerde corno inudancas nos limites dos socalcos existentes, o sistema como
wadingmiedenis), i'cr Kern, 1932, pp. 270-273. urn todo era extremamente estabvel. Após 1906, e em especial depois
A Jest ncao que Sc seguc do subak e das reiaçöcs entre subaks no de 1915, a rnodernizaçao do sistema de distribuiçao de abgua pelos
SCiO dis areas dc drenagern é, por scr gencralizacia. ncccssariarnentc 1-lolandeses, principalmente nos subaks maiores das regiöcs das tcrras
simplificada c normalizada, mas penso que não o é tic tirna forma baixa.s, expandiu de algurna maneira o sisterna.
(:flgafladOta. [al colilo no case do debate anterior sobrc a <<a1deia>,
USO do prcrérito nesta dcscriçiio nio cieve ser interpretado corno
iniplieaiido clue os enOmeuos mencionados já M10 existarn; a esma- 93-26
iaciora iiaioria c]cics existe. A terminologia, rnais uoia vex, é extre-
rialneitte variada; c, de nova, Paclro11iZC1-1 alg() arbitrariamente A existência de terra possuida por senhores e trababaihada por
IsuK10 apenas 0 que pcnsO terern side os terinos mais correntcs cm rendeiros locais nao coniradiz esra generalizacabo; pois em tais casos
I,thirian. A bibliografia sohrc o subak é dispersa, fragrnentabria e de era o rendeiro, e não o senhor, quem era, de facto se não de jure (e
1uaiidadc muito dcsiguai, mas podem-se encontrar dados i:Itcis, nalguns casos realmente de jure), o membro do subak. A citacao
nuitas vezes Cuidadosamente cntretecicios corn outros inibicis, in interna é a reproclucao de urn dos cabeçalhos retóricos (juntamente
lietriock, 1.886-876 c 1921; van lick c Liefrinck, 1876; Happé, coin <<Urn Estaclo Mais Forte Quc a Sociedade", <<Podcr Dcspórico
:)1.9; Koui, 192. 1927 c 1932, pp. 102-128; Wirz, 1927; Fraser, Total c NIabo Bcnevolentc>', etc.) em Wirtfogel, 1957.
1910; van tier Hcijdcu, 1924-25; Grader, 1960a; C. Gcertz, 1959,
I 96i c Sringl, 1970; Birkelbach, 1973.
228 NEGARA NOTAS 229
98-4
96-2
As charnacias culturas de sequeiro (milho, nelis, t,ibercult.e',
Uma vez que o tenab C uma unidacle padrão em qualquer subak vegetais) cram por vezes cuitivadas tios socalcos durance parre do
NOTAS 231
230 NEGARA
99-3
98-2
Tal como a tributacao pelo Estado (nolas, p. 222), a triburaço
E impurtante rcalçai o Iacto dc cjuc o grau de subdivisão dos
pelo subak era complicada e diversa na sua organização, c a biblio-
cubaai variava largarncnte. Em subaks pequenos, na sua Inaioria
grafia sobre o assunto é ainda mais confusa e contraditória do cjue
localizados nas icrras altas, a divisão de kecoran e Ièm/xk pot vezes
O habitual. 0 assunto é abordado em Korn, 1932, pp. 293-300;
iü exisria, pelo que neste caso a cquipa da água>> consistiria
van Blocmcn Waanders, 1859; Schwartz, 1901; Licfrinck, 1886-
cssencialincnte nos rncmbros do cubak como urn todo, mais do que
-87; c van Eck, 1878-80.
nurn subgrupo no sen scm. Urna tal de1cgacio do trabaiho pclos
Em geral, distinguiam-se dois tipos principais de irnpOstos,
Tiembros comb urn todo a urna sua parte aunicntou nos 61tirnos
ambos colectados de acordo corn a perccntagcrn de dgua do suhak
tempos Lom o avanco da rnonctarizaçäo, sobrcpopu1aco, divisão da
que urn hornem usava (e, logo, de acordo corn as quantidades relarivas
terra, trrciidamnermro e propricdade absentista. No entanto a biblio-
de terra que posswa, de sementes que planiava e de arroz que
cjiiha bern claro que o padrao .ceka yèh tern sido o predomi-
coihia): os que eram essencialmente seculares e os que eram esscn-
nance ao longo etc hastanie tempo: Korn, 1932, p. 252; Liefrinck,
cialmente religiosos. Recorde-se, porérn, que <<secular>) é urn tcrrno
186-87; Happé, 1919.
muito relativo no concernente a Bali, onde não ha virtualrncntc
nada que nao seja colorido corn uma significaciio religiosa. 0 pJ.I-
meiro tipo de imposto, normalmente apelidado corn o termo gene-
')$- 2
rico pajeg, ia em parte, como já foi explicado (texo, p. 91), armi o
senhor em cuja <<area fiscal>> se encontrava o subak, sendo outra
0 m'osso destc crabaiho consistia na lirupeza dos canals mais
parte retida pelo subak para liquidar as suas despesas de funciona-
puquemlos, na aberiura e fecho das comportas para rccanalizar a
mento. Embora o k/ian subak fosse também responsável pela colec-
iLia, ua rnanuicnção de diqucs c passagens e nas rcparacöes menores
ta do quinhao senhorial do pajeg, bern como pela sua entrega ao
ciii LOctOs des - tarefas contliluas, onerosas mas não do ripo quc
sedahan, os rncmbros do subak so tinham controlo real sobre o quinhào
nejuei força de trabaiho em massa. Na realmdadc, a disposição tipica
do subak, tanto em magnitude como em despesa. 0 segundo opt)
( ou urna disposição tfpica) era dois homens cm quakuer tèFflpèk
de imposto, nor-malmente chamado suwinib ou upeti toya, desti-
estamcm de serviço, rotarivarncnce, por urn perIodo de doze horas,
nava-se a apoiar o sistema ritual, complexo c de vkirios nIveis, ligado
zdudo eks todo o trabaiho ncccssánio. Urna yea pot rnês balinés,
a agricultura do arroz de regadio, e discutido actiance (texto, p. 99).
quipa Inretra rcunir-sc-ia para levar a cabo qualsquer trabmdbos
iimpar o canal As mu! tas estavam estabclecidas na constituição do subak (awig-
Ic rclaiiva laLga c:;Lala que fossem nccessários
-awig subak, kerrasima), e eram lancadas sobre tudo, desde laltar a
1>ritmcipal, consertar a barragern do rio.
urna rcuniao de subak ate ao roubo de água. Tal como corn o quinho
C) rermo corrcntc para urn mernbro de urna equipa da kigua era
do subak do pajeg, elas tornavam-se parte do tesouro geral do subak.
pcAaizh. No enranto, o significado dcstc termo variava através de
As disputas cliziarn respeito a fronteiras, dircitos sobre a água,
Bali. Nalgumas areas denotava mais o cabeça da equipa da água
do que etc., e eram norrnalmente resoividas <cfora do tribunal>>. Mas cm
pt - era mais frcqucntcrnente charnado o k/ian seka ye/i
232 NEGARA NOTAS 233
casos sérios ou insistentes, o krama subak intervinha directamente; mas o princIpio de igualdade da <vo7.>> permanece COnv,llCcFlte.
e as suas decisOes cram compulsivas, sob ameaça de suspender a Para urn estudo reccnte apolandlO este ponto de vista, ver Birkt1-
água - isto é, exulio do subak. bach, 1973; para urn debate moclerno e incisivc' dos processos de
<<Transferências dc terras> refcrc-se, obviamente, apenas a so- tornada do decisão de grupos em geral, ver Hobart, 1975.
calcos no suhak. As transacçöes em si cram privadas. 0 papel corporate
do subak limitava-se a urn testemunhar colectivo e, no caso de
dispuras, a uma função de <rnemória> colectiva. Para <<relaç6es 99-26
exteriores) ver adiante.
Para urna recensão geral do I<Wlto do arroz" bat i rrs (fiii Sl
mcszno nada mais do que urna modificação, elahoração e indo. i:'.a-
99-19 ção do padrão pan-incloriésio da<rnãc do arroz no do casamenro
do arroz" [X'ilken, 1912b]), ver Wirz, 1927. Uma breve LIesCtiçaO
Os k/ian subaks cram normalmente eleitos, mas por vezes cram do ritual do coiheitas real, inclusive corn a farnosa boneca rnae do
co-optados pelos seus preclecessores; nalguns casos o cargo parece arroz>> (Deuii Sri), pock ser encontrada em Covarrubias, 1956 pp
ter sido pelo menos semi-hereditrrio, c nalgumas situaçöcs disper- 79-81; ver raEñbrn Liefrinck, 1886-87.
sas - nenhuma, tanto quanto sei, em Tabanan - os senhores Torna-se dc novo necess1rio enfatiarae norme vIrIação de
indigitavam-nos de entre Os candidatos apresentados pelos mern- pormenor - no ritual, na organização, na terminologia -- arrctv.s
bros do subak. Os klians cram por vezes pagos a partir do tesouro de Bali, apesar da, ou talvez por causa da sua dimensão rniniarural
do subak, por vezes corn a oferta de terra possuIcla pelo subak Para c feita de porrnenorcs, e a facto dc que 0 retrato aui (cito c algo
ne la trabaiharern (frequentemente comprada corn funclos daquele normalizado por razöes do clareza. Para ret urna icleia do grail de
tesouro), por vezes pagos corn ambas e, por vezes ainda, não cram variabilidade que poclern atingir Os sistemas rituaiS (10 3ubcih clantro
dc urn paclrão geral, ver C. J. Grader, 1960a, embora dc
tide coni
pagos de rodo. 0 k/ian tinha habitualrnente a seu pessoal, que
consistia nos klians dos vários tèmpeks, ou mesmo do kecoran, mais Os daclos do século XX, não do século XIX.
mensageiros, <po1icias>>, etc. Todos estes homens cram usualrnente
indigitados por dc, ainda que aceites pelos membros. Urna yea
mais, alguns suhaks não cram muito dilerenciados internamente, 100-6
pelo que os niveis de organizacão técnica e politica podiarn coin-
cidir. Mas, mais do que ser a regra, como parece sugerir a biblio- A ideia é Clue Os bediiguls (frequentemente tanibém apelidados
grafia mais estercotipada (Covarrubias, 1956, pp. 72 e segs., por tug/I tèmpth ou catr) são locais onde os deuses <<param> Ou 'descau-
exemplo), isto era, de facto, a excepção. sam'> clurante as suas viagens pelo campu. 0 coriceito dc <esração
A tomada de decisöes no seio do krama subak era feita por intermédia>> é geral no sisrerna dc remplos balineses, e mesmo as
"consenso de grupo>>; tcoricamente, todos tinharn igual voz. Ne- templos rnaiores (e Os altares dentro delcs) são encarados corno
nhurnas diferenças na quantidade de terra possufda, no status (<casta>), apeadeiros em relação a ternplos ainda mais importantes. rudo isro
no sexo, ou em qualquer outra consideraçao <extrinseca> afectava faz parte da visao geral que os Balineses tern dc centro-exemplar-
esre princfpio de igualdade. Na prática, evidenternente, tais consi- -mais-réplicas, e ainda está por set tratado adequadarnenre na vasra
deraçoes funcionavam de facto, corno em quakjuer sistcma politico. bibliografia sobre a rcligião halinesa, apesar cia se localizar, rm minha
Mas o grau de obtençao do princIpio do igualdade parece norável, opinião, no coração da sun estrutura. (Para (. papal decre COflCClt()
se julgarmos a luz das condiçocs do presente; as diferencas de riqueza em ligacão aos templos dos parentes, ver Geertz c Geertz, 1,075,
e status entre os mcmbros cia subak são agora maiores que nunca, esp. p. 160.)
NOTAS 235
23i NEGARA
Acerca disto devc-se fazer notar tambérn que, paraalém de corn 0 tamanho da terra ou corn a utilização da água, nias cram as
inesmas para todos os rncrnbros do subak, reflectindo dc novo o
otitros rerinos aiteritacivos (Mesceti, Pura Sabak), o Pura Ulun Ctirik
status legal igual de todos esses membros. Estas oferendas banien
por vezes clianiado l?ura Bedugul (ao contrário dc bedugul scm o
cram absolutarnente obrigatorias. Urn hornern podia tentar, C
pretJxO pura. <templo.'). Urna das principals razOcs para a enorme
varjaãn ierrninológica em Bali (outras razöes inclucm o orguiho etc coriseguir, cscapar a urn imposto, a uma tarefa de trabaiho, ou a
status, a ilivc)a intcrgrUpos, a cndogarnia, C aquilo a que so se pock uma multa, mas nunca a uma obtigacao de oferenda.
liarnar jovialidade ohscssiva) é prCCiSarfleflte este padrão do centro-
cxemplar-inais--repliCaS, porquc 6 possívcl uSar praticaiflente qua!-
>rluer ternio are ao iopo e ate ao funclo da escala. Qualquer teniplo, 100-29
01,11po LIC parentcsco, Iuncionário, orgaflizaçãO, tItulo,
CU 0 quer
e esrcja iongc do centro C uma replica, uma m
Lagcrn Ver supta, texto, p. 73. Diferenternente dos outros templos
>luc sa c1u
ret luzida do mesma coisa, que brilha corn rnais intensicladc na direc- rcferidos, tanto para o lugar como para o subak, o Pura Ba/al Agung
pode ser aplicado a flat) estava ligado ao ><calendário permutacionaix' de funcionamerito
ç14) do LCii( ro. Assim, urn termo como bedugimi
qualqucr COiSa desde o mais pequcno dos aitares de pcdra ate automático (ver C. Gcertz, 1973h; Goris, 1960b) rnas ao calendário
roda C
lunar, o qua!, ao contrário do permutacional, está correlacionado
oM icrnplo agricola regional grande e irnporumte; urn termo como
corn a mudança natural das estacôes. Sendo urn dos Kahyangan 'J'iga
/.ickas;h pock set aplicado a toda c quakjucr pesoa desde urn rncinbro
>Ic urna cquipa de 6gua ate urn funcionário real dos ImpOStOS. (tcxtn, p. 73), o Pura Ba/al Agung estava localizado não no subak,
(.3-nude pane das dispuras rclativas a relaçao do sisteina estatal mas na rnargcm (ou imediatamente para Ia dela) de urna area povoada
prOxima. Uma clisposição bastante cornurn era a de os membros da
baljnCs, o ueara. '00) o sistema aldcão ba!inês, a desa (tambéni des
tcrrnos ajustáveis), bent como algurnas das perspcctivas extrernaS <<a!d!eia costurneira>> - isto C, o pernksan da desa aaat - rcalizarem
sobi'e cssa relação ('(repOblica aldea>> ou <<des1x)tismo oriental>') advêm os rituais no Pura Ba/al Agung, sendo as ofcrendas e outros apoios
de tim-a iiicapacidacic de apncciar dcvidamcntc cscc facto, tic penc- materiais fornecidos pelos membros do subak OU subaks associados
(ml como corn os banjars, mais do que urn podia estar cnvolvido).
LI'Al o €xt raordim'irio éra;i tcrniinológico que os Balineses cons-
truiralli pra as realidades sociolOgicas que etc dciioua. No faz o Pura Ba/al Agung é urn dos teinpios balineses mats intctessauiies
ma.s dos inenos compreendiclos; para algumas discussöes (algo espe-
mitlu, .cniido discu or sobrc sc os pekasibs cram iuncionários do
culamivas), ver Goris, 1938 e 1960a; Korn, 1932, pp. 83 c scgs.
Lrado nu lunciontIrios to subak (ou rrabaihadorcs do irrigaco!) arC
qtic sc decida de que opus de pekasih.r Sc cstá a falar. () mcsmu sc
apl ica a t:udo o resto, descle o collipOrtamcilt() ritual, it estrarificaçao
:,ucial OLI a estrutnira iolitica ate a Posse da terra, a orgariizacão do 101-15
Irrfl1('Sio Oil at , tireitO -- - tiido.
Novarnenme, os tennios diferern. 0 Pura U/un Suui (on Siui) C
por vezes chaniado Pura Kayèhan, <templo da água>>, ott, mtiito
simplesmente, Pura Empe/an, <<templo barragerns.
Para uma quanticlade lirnitada de dados urn tanto gerais sobre Citado in Wlieatley, 1971, p. 457.
Pura Batti Kan, ver C. J. Grader, 1960b, e s. d., pp. 7, 21, 26;
1-Iooykaas, 1964a, p. 187; Peddlemars, 1932. Devo muito ao meu
colega invesrigador indoriésio, R. Rukasah, que viveu duranre vIrias 108-19
semanas na aldeia adjacente a Pura Batu Kern.
0 SIStCrna cerimonial era por sua \'e7 forremente reforçaclo por
sançöes transcemporais (i. e., <reli(-, iosas>'). F impossfvel ahordar
107-14
aqul 0 poder daquilo que 065 - mas nIo o'; Balineses -
marfamos sançöes sobrenaturais. Pock-se apenas dizcr que cias cinham,
0 sistema não era tao ordenadatnente hierárquico como o texto e continuam a ter, urna fhrca extraordinária em Bali, rncsmn para
pode levar a crer. Em qualquer estádio concreto (por exemplo, urna socieciacic dira tradicional. A penalizacão por fr ivolidade em
plantar), as cerimónias teriam lugar simultaneamenre no templo, relacao as necessiclacles sagracias, ral como surge largamente expres-
005 vrios altares, nos tèrnpèks e kecorans,
e nos socalcos; e as pcssoas so em obrigaçöes riruais cietaihadas, explIcttas e maravilhosarneiite
presenres sobrepor-se-iam. Dc novo, os membros obteriam água elaboraclas, era imecliata, certa e cerrIvel. Niinca conheci urn bil IRS
benta do sacerdore do templo do subak, fariam oferendas nos alta-
que encarasse de ânirn) leve Os recluisitos cerirnonialS, mesmo o
res bedu,gu/ c simultaneamente clisporiarn comida para os espiritos
menores. Mesmo pessoas que hoje não parecern acreclitar rios den-
nos diques dos socalcos. A atribuiçio de responsabilidades ao k/ian ses, no senticlo de ac reditarem nos mitos sobre des ou de acreditit-
e scu pessoal (incluindo ospemangkus) ao nIvel do socalco, era apenas
rem na sua <cxistncia>> real, fazem, airicia assirn, aquli() que, sob
para assegurar que alguém fIzesse o que tinha cle ser feito, sob pena a forrna dc deveres riruais, esses cienses ncxisrenres (e o eviva-
de carásfrofe natural (terramotos, pragas cle ratos, erupçöes vulcâ- mento da catástrofe) exigem.
nicas, doencas das culturas). Para qualquer subak, qualquer fase A bibliografia sobre a religiao balinesa vista, mas reduz-se
concreta do ciclo ritual podia ser vista e era-o, como uma so grancle quase toda a descriçao de costumes, anillise filológica ne rexcos no
cerimOmia, parte dela acontecendo no templo do siihak, parte nos sistematizaçaO especulativa da <<cosinologla balinesa>. Para in rro-
altares suh-subak, e parte nos terraços - a semelhança cia mancira
duçoes gerais a reiigiao balinesa, ver Swellengrebel, 1960, 1 9'iS;
estratiuicada em que Cu a formulei, por razöes anaifticas, no texto.
Covarrubias, 1956; Stoöhr c Zoetmulcier, 1968, pp. 346-374; Kr-
ten, 19/17, pp. 125-170; Goris, s. d.; Mershon, 1071, I-Iooykaas,
1964a, I 973a; Gonda, 1975, pt. 2. Para urna cociiuicaçäo mocler-
107-23
nista e numa pets ctiva ética, ver Sugriwa, s. ci. 0 melhor !ivro
para obter urn sentido gcnuIno do ciue é a <<re1iiosiclacie' balinesa,
Nao havia encadeamenro cle ciclos regionais mais vasros, cle infelizmentc (clesde este ponco de vista) ceniraclo own s6 dos sens
rodo-o-BaJj ou mesmo de todo o Sul de Bali, sem d(vida porque aspecros, é Bela, 1960. Eu próprio tentci, numa escala burn mats
não havia necessidade prática disso. Os rituais em Besakih, todavia, moclesta, clescrever algo cias atitucles religiosas balinesas in C. Geertz,
inclufam sciplicas por uma irrigação fértil e suficiente para todo-o- 1973c e 1 973c. Para poncos dc vista incidcntais mas muoo 16nidos
-Bali - urna espécie de Abertura das Aguas de toda a ilba (C. J. nesta area vet Baceson c Meacl, 1 942; Bareson, I9.: helo, IO1).
Grader, 1960b).
1953; Mershon, 1970. Urn trabalbo realmento englohariri snhre
rcligião balinesa clesde urn ponto de vista ant rupológico mociento,
do tipo verstethen, aincla está todavia por escrcvur.
NOTAS 245
241 Ntc;%RA
110-11
I 08-37
Tal como corn o krama banjar (texto, p. 70), o krama subak
Para 'ama reccnsiio geral do <<dircito da água balinês, na qual proibia explicitamcntc, rias suas <<constituiçöes", a interferência de
as rcpiIaineiiiacöcs jntcr-,ubak c intra-subak aparcccm jrnjscuIdas qualquer outro corpo ou instituição, incluindo o negara, e rcivindi-
de i0rrna iiidiscrimmada, ver Korn, 1932, pp. 604-6 16. Ver tarn- cava a sua soberania incondicional sobre os seus assuntos em termos
béiu a scuuda coleeção de iratados de Licfrinck (1921). que não cram nada hesitantes. 0 Estado em si, portanto, nao tinha
.E.sias rc,tras cram frequentemente incorporadas, como outras quaisquer direitos lcgais no seio do subak, facto que os senhores não
LeO. ,onsuetudinaiias", aos iratados de <<aliança'> inter-nc,ga.ra (tex-
so accitavam, como encaravarn como urn dado>> natural tanto quanto
lv, p. 59; nias, como se cxplicou já, estes tratados não cram corpos os camponescs. No seio do subak, urn senhor, independenternente
de 1etis1acão rca!, neni tão-pouco cram os resultados de ncociaçao do seu estatuto, não era, pelo menos em tcrmos lcgais, mais do que
chplomauca no sentido inoderno. Eram declaraçöes pt'iblicas de práticas urn membro como qualquer outro; e qualquer tentativa formal de
h.i 1u.u1O esrahelecjrlas (nesLe caso, esrabelecidas pelos camponeses). reivindicar consideracão especial corn base no scu status politico
As ogras e.st .ivani tainb6m escntas nas consttuiçöes individuats dentro do sistema estatal seria c era rispidamente rejeicada como
(lxl,i, p. 7 1) dos jabak., em causa. irrelevante, como o demonstra o caso Impar em que tais reivindi-
Note-se tamhm que havia toda a cspécic de provisOes especiais caçöes foram feitas c sumariamentc rejeitadas. Mais urn yea, isto
4nrre oibuko. As iiniocs conleriam, assim, urn nivel de OtgafliiacãO não é urn argumento a favor da idcia de que a eminncia polItica
iracamcnrc coi-p';iala que era mrcrmédio entre o subak inrcnsamente c o poder que cia acarrerava não contassem em Bali ao contrário do
a regiao não wrporate. Corn major freciuência ainda, havja resto mundo, mas é meramente urna indicaçao de como cia era de
rcLr.tS de prcccdcnia segundo as quais suhaks sccundários tinharn facto forçada a funcionar. (Não obstante, tanto no subak como no
dirciros coiiccbidOs urnc derivativos daqucics gozados pot ourros
ban/ar, o grau de contenção dessa cmi nência e poder era, em tcrmos
.cu/;aA.,. E assirn succssjvainentc, quase ad infinitum. As cornplcxida- comparativos, bastantc irnprcssionante.)
des dc rudo isto condizein corn as da paisagern balinesa c corn as
da InCOte halllesa; uSE a 61tirna, cotno pi veriiquei rioutra obra (C.
(ecrtz 1959), 050 cijeara corno virtudcs a simplicidade, it ciarcza,
110-33
a rcgidaridadc ou a coecëncia.
Näo cram, porém, as ünicas fontcs de violência importantes, ou
mcsmo as mais importantes. Dada a combuscibilidade cia orgariiza-
110-2 çao estatal balinesa já descrita, qualquer tipo de conflico social de
pequena escala podia rapidamente evoluir no scntido de urna con-
Riikan é a subs tan ii vo que signiflca '<harmon ia <<, <paz, froncação a urn nivel inais elevado. Para urn rcgisto estatal respei-
<cc,ucorclta ou inidade>, embora seja de ficto invocaclo para
tante it definiçao dos dircitos do subak, presumivcirnente advinclo
sugcrlt as processos pelos quais estes estados felizes são conquista- de disputas que teriam escapado aos rnecanisrnos do controlo local,
dos. Para uma djscussã() incisiva do cooccito de rukun no sen coritexto
ver Goris, 1954, vol. 2, pp. 171-172.
so<aI, ver Kocntjararungrat, 1961. Trata-se de urn estudo javanês,
0105 no respcitante a rukun a siruação balinesa é, it parrc os porme-
notes iustirucionar. cssettc!a!rncnte idêntica a javanesa. Eu próprio
1á red cornetitários dos processos rukun javaneses no Apêndice a C. Sobre forrnaçöes poifticas acéfalas, ver Middleton e Tait, 1958;
Geerrz, 1965
Southall, 1954.
a'
246 NEGARA NO'I'AS i7
111 -27
t6neis (alguns (Ios r6neis tinham rrs quilórnerros de compri men-
to e quarenra metros de profuncliciacle), vet I'orn, 1027.
0 cliagrarna é, urna vcz mais, uma idealizaçao, concebida de
Em surna os subaks halineses foram consrruIcios praricarnente do
forma a dat urna imagem geral.
mesino modo qile foram manticlos: local v gradualmenre. Dc Iacrr>,
Ha ciois ourros aspecros do sistema subak c'ue talvez devarn set
a linha clivisória entre os dois tipos de acrividacie C difI:il de 'lese-
aflorados. Urn deles, o papel sirnbólico do senhor stiserano como nhar. Não enconrrei na bih!iografia tima iiriica dcscrição de ilma
<<dorm>' do agua da região, e abordado mais adiante, texto, p. 160.
consrruçiio prC-liolandesa tie urn subak ex-rzihi/r. oem tão-pOUCO OS
ourro é a questão de como se formavarn os subaks, e do possfvel
meus informadores se pocliam lembrar de UITI ral empreendirnenro.
popel da direcção e planeamento esratais nessa formaçao.
Efectivamente, o papel do Estado na construçäo de socalcos de
arroz e irrigação parece ter siclo menor, e isro na meihor dos hipóteses
114-8
(I-Iapp, 1919; van Stein Callenfels, 1947-48). Prirneiro que tudo,
crescimento do sistema subak foi quase de certeza urn proccsso
E óbvia a dIvida clue esta classiflcaçao c tocia a linha de aoIi'e
muito gradual e feito pouco a pouco, e não urn esforço colectivo do tine se segne rem para corn a aparcihagern anaifrica consrriiida por
tticlo-de-urna-vez, exigindo urna coorcieriação autoritaria de massas
Karl Polanyi (Polanyi e/ a/., 1957; Poianyi, 1.97 7). Talvez em parre
irriensas de homens. Pelo século XIX o sistema esrava essencial-
porque 0 SCu torn c'ra tantas vezes polemico, crrsceul em torno do
mente completo, mas antes do século XIX a sua cxpansão foi lenra,
trabaiho de Poianyi urn debate l)erslstente, estranhamenir arnargo--
compassada e dluase imperceptIve!. A ideia de ciue obras ck irriga-
ratio c ni-to multi) incisivo, entre as perspectivas ditas subsrairiivts-
ção irnpressionantes necessirarn de Estados altarnenre centralizacios
tas e as dims formalistas na análisc dos econornias <<prC-rnodernas<.-
para a sua Construção assenta na ignorância do seguinre facto: essas (para rccensöcs, vet Dalton, 1 971; 1.eClair e Schneider, 196$)
obras não são feitas de urna s6 vez. (Ver Leach, 1959, acerca de
debate esse que, confesso, acho de 110LICO interesse. A minha pers--
ideias do género <<espIrito-de-grupo durkhei miano> sobre obras de
pectiva C que OS modelos de maxirnizaçibo, rninimizaçibo on de
irrigaçAo em Ceilão. 0 sistema Ifugao do Norre de Luzon - ver rninimaximizaçiIo podem ter urn poder exp!icativo cliorme n11Iar1d
Barton, 1922 -, onde não ha Esrado centralizado, corrohora o
aplicados a situaçães em que se verificam as coridiçães ciesca ipi i -
mcsrno p01-ito de vista. Sobre o problerna da irrigação e do centra-
caçiio, e quc pocicrn set pouierosarnete enganaclores quaudo ap!ii-
lizaçao polItica em geral, vet Wheatley, 1971, pp. 289 e segs.;
I cbs a situaçöes em que essas condiçoes nibo sc verificam; e que tais
Adams, 1966; Millon, 1962.)
condiçoes se verificam por vezes, mas mais fteqtirntcrneritn 1-lao se
Em segundo lugar, as exigências microecológicas do cultivo de
verificarn, en-i economias <<arcaicas, <<primitivas>> OIl t> >j,' ' llii,
arroz de regadio apontam no sentido contrario ao das operaçöes
quiser charnar - scm bancos centrals, sern romiss6es estatals do
de larga escala e dirigidas centralmente, e a major parre do rraba-
p1aiio on escolas de gesribo. 'l'al como a senhora vcIliuiiha que e;cie-
iho récnico mais impressionante - agrimensura C levantarnenro
veil a Bertrand Russell acerca do solil)SiSrno, en riao CorlSigo corn-
topográfico, abertura de rcineis, construção de barragens, constru-
preender porc]ue C c'ue roda a genre näo defi'nde esra opi nio
ção de aquedutos etc. -, era levado a cabo por grupos de campone-
cliii nenteniente sensata.
ses espcciaiizados nesras tarefas, e pagos i-ior elas. 0 conhecimenro 0 sistema de inercaclo no Bali classico confl 1-lava-se ao com(rcio
de engenharia e ate o equipamento tCcnico (instrumentos de agri-
a retaiho em muiro pequena escala e de produio de d0IISI11110
mensura, etc.) ciestes especialisras aringiu urn nIvel de desenvolvi-
corrente quoricliano, como gCneros a!imentIel)c, utensliloc simplec
meow notavel. Os pormenores da <engenharia de irrigação>> bali-
e combusrIveis, cinpregando quase so mu!hcres, tuitu Stidra como
nesa, urn assunto fascinanre, não podem set abordados aqui, mas
Iri-u.angsa, ciue trazialn OS SCUS proclutos tic ea'a para os venderern.
para algumas indicaçoes sugestivas respeitanres a construção de rodavarn inirn
Esses rnercaclos (tèii-/è,i) tuncioIlavaln 'Ic niinliã
NEGAI?A NOTAS 2/i9
248
&-iclo de semana de riercado>' de três dia,;, definindo assirn uma proerninctes estabeleciam o que antes charnel (lcx/a, p. 50) <<rela-
area do mercado cornprccndendo talvcz sctc ou oito desa adats. coes de clientelismo>> corn alguns dos grupos artIsticos ou artesa-
Aulgar pelos cscritos - muitos dos quais cram datados de acordo nais mais bern sucecliclos, nas cluais os i:iltimos cediarn os seus produtos
corn o dia da scmaiia de mercado c frequenternente endcrcçados aos ou especialidades C OS primeiros o seu patrocInio ou apadninliamen-
deia a>'Iat dc uma area do mercado como urna entidade -, csta to politico - dispensando os artesãos de certos impostos, serviços
unidade ia area do mercado tinba aparenternente unia ilnportância nituais e deveres militates, e permitindo-ihes certos pnivilégios
pohtica IrICI1Of no sisterna negara; mas permanece obscuro qual seria sumptuanios, tItulos, etc. (Tal como corn os J3rahamarias, era per-
exactarnente essa ilnportância (Goris, 1954; a primeira referência a rnitido a esses grupos escolhcram os seus prOpnios perbekels, em vcz
mctcados c a sernanas de mercados reporta-se ao século IX: vol. 2, de ficarem sob a alçada dos indigitados pe1ospris c jeros). Havia em
pp. 1 19-1 20). As pracas instalararn-se normalmeute no cspaco em Tabanan grupos plebeus de tecelöes, ferreiros, ourives e m:Isicos
ircntc a casa de urn ou outro senhor (em Tabanan, era Purl Anom; corn esse tipo de status especial de <fornecedores ouIcias da corte>
ver inapa 3). E, tal como corn tudo o rcsto - terra, água, pcssoas, como <<ciicntcs>> de meia dOzia das casas principais; as suas posiçcs
etc. --- é cornum clizer-se que o senhor <<possuIa>' o mercado. De privilegiadas são recordadas e afectarn as relaçoes sociais (p. CX., 0
qiiatquer moclo, etc cobrava impostos sobre o mercado, tal corno o casamento) ate hoje. Pata uma discussão geral. deste tipo de grupos,
fazia sobre as Iuta.s de gatos, que na tarde do dia de mercado ver de Kat Angelino, 1921c-1922; cf. Goris, 1960c; C. Gccttz,
ocorriam corn frequência cm recinto próprio (wanti/an) perto do 1963b, pp. 93-97; Moojen, 1920, pp. 11-16.
mercado. (Sobre luras de galos c mercados, intimamentc relaciona-
dos no Bali clássico, ver Licirinck, 1877; van Bloemen Waanders,
1859; e C. Gccrtz, 1973i, n. 18). A moeda cornercial do mercado, 114-18
Kern COITIO clas apostas das luta.s de gatos, era a moeda de chumbo
Lhiucsa, kèpèng, já referida cm relacão aos impostos agricolas (notas, Sobre <<talassocracia>> no mundo malaio antigo, ver Wheaticy,
p. 223, e discutido adiante, lexto, p. 118). Podem-se encontrar 1961; sobre os ><Estados-bazar>> javaneses, C. Geentz, 1956. Sobre
aiguiS <deccctos reais>' (/iawanI) dispersos, respeitantes ao corner- os Estados indonCsios mais antigos em geral, ver Coedès, 1 948;
10 (Ic mercado (p. cx., Uehinck, 1921, p. 201); mas, em geral, são
Hall, 1955, cap. 3; e para Snivijaya, Wolters, 1967 c 1970.
muilo raros, 0 quc sugere cue a reguiamentacão do mercado, an A obra ciassica sobre o antigo comCrcio indonCsio C de van
contrauo da mera Iegitirnizacâo da sua existncia, nos escritos, não Leur (1955), embora precise de ser suplementada pela de Meilink-
parece tel costitu1do uma preocupaçao muito procrnincntc dos -Roclofsz, 1962 (para uma visão geral abreviada, ver Brissendcn,
senhores. l'ara urn breve descriçao de mercadosaparetiternente 1976). Schrieke (1955, pp. 3-82) foruece o quadro javanês etc 1300
grandes em Badung por volta de 1818, ver van den Broek, 1834, a 1700. Quanto ao sCculo XIX, a descniçao de Resink (1968,
pp. 228-229 (embora dc cxagere constanternentc a escala das coisas p. 322) do <<atquipCtago sob os olhos de Conrad>> demonstra cjuc o
em Bali). padrão geral nao foi muito alterado, pelo menos iniciatmente, pelos
Q uariro as rclaçOcs de croca rradicionalmente fixadas, elas yen- barcos a vapor e pela abertura do canal do Suez.
(icavarn-se entre artcsãos especiatizados (ferreiros, recelöes, constru- <<So depois de se tcr visitado o pals Bacak, as ilhas Sundas
Menores, ou os hinterlands de Macassar é que se pode corneçar a
(otes dc ceihados, mdsicos, dançaninos, actores, etc.) ou vánios tipos
de especialisias rituais, e aldeöes cornuns. Urna yea estahelecidas, cornpreender o facto de que nos tempos de Conrad [etc esteve em
riormairneice mais entre grupos que entre individuos, essas relaçöes águas rnalaias entre 1883 c 18981 surgia uma economia de <<branco
tendiarn a set permanentes (muitas delas rnant€m-se hoje intactas) c mulato>>, caracterizada pelo cornércio e navegação internacionais,
roplicavam tiocas recIprocas de arroz e outros bens necessánios efCmera, peniférica e heterogCnca, ao longo das costas das lihas
pot serviços ou produtos artesanais. AlCm disto, os senhores mais indonésias, cedendo lugar, apcnas urnas poucas de milbas para o
250 NEGARA NOTAS 251
114-26 115-23
Van Leur, 1955, p. 86. Sobre o comércio de especiarias euro- Tarling, 1962, p. 70.
peu, e muiro especialmente o holandês, ver Glamann, 1958;
Masselman, 1963.
115-26
us Holandeses encaravam o ópio como urn grande mal social (para 118-1
urna discussão geral sobre o impacce do ópio em Bali, vet Jacobs,
1883; cf. Kol, 1913), são possivelmence nórneros exagerados. Mas Havia ali urn pequeno ancoraclouro, corn cerca de trinta corner-
que o ópio era utilizado largamence é confirmado pelos meus infor- cianres chineses residences e outros cantos 'imuçuirnanos'. onde oc
madores, a maioria dos cluais disseram que por alturas do fim do europeis acorriarn ocasionalrnenrc, ja UOS UIIOS de 1830 Pm 1840,
século qUaSe todo o aduiro balinês, homem ou muiher, era viciado; rnais on menos coincidindo corn a chegada de Lange, e talvez por
c, em Klungkung, urn informador real, on época apenas uma crian- ela estimulada, a companhia niercanril semioficia! hohindeca, Ne-
ça, lernbra-se que o fumo era tao denso no palácio CIUC Os lagartos derlanclsche l-lancielmaarschapij (N.H.M.), alugou dirci Los •:orncr -
caIam das paredes, letárgicos. 0 efeito na Cconomja era, porérn, ciais exciusivos dc urn senhor local, o de Kasiman, por ] 000 gui! -
cudo menos soporIfico. A procura de ópio parece ter sido a princi- clers. Os Holandeses encararam Lange, pois, coillo urn iflrruISO le-
pal rnorivaçao para a expansao, na realiclade, o começo da exporra- gal. Mas, depois de 0 hostilizarem por tins tempos, o governo colonial
ção de mercaclorjas: café, gado, rabaco, produtos de coco, aç6car, fmnalmente decidiu que era mais converlienle torni-lo silllp!ecmentr
etc. 1)e 1rma ironicamente apropriada a urn povo incrospectivo, o no sel-i agente comercial local, em prejuizu iI N. 1-I. M, ci;os
comércjo rraclicjonal balinês recebeu o seu major esrImulo dc urn pr0psitos iiunca se realizararri; e assim 0 fizerarn, em $/_
narcdrico. (Korn 11932, p. 5381 relaca a frase Que não caias na de Ihe terem conceclido a cidaclania liolnioleca Que o netl i ii
venda ambulance do 6pio>> conio sendo uma bênçao parental no significava, cntão, urna oferca no valor de 1000 goihk-rs e 170
Bali de 1844.) surge como evidente no precn que o goverulo dits I (). ii. tevu- tic
pagar it N. 11. M. peia desiscência dos seuc di reiros: 173 0(0) tii I
ders. Finalmente, c1iiando os l-Iolandcses, no segutiutento dos suats
116-28 vi norms miii cares no Norte, atacarani o SuI de Bali em I $o$- 1),
perciendo no cicciirso do acacjue o sen oficial comaudanrt e nil
As duas principais fontes sobre Lange, e iias cjuais se apoia a grandc nCimero de homens, e rendo sido dizimados por doet iças
(iescrição que se segue sobre o porto comercial de Kuta, são: Nielsen, Lange negociou urn trataclo de paz — recehendo, sei'uiido Helms,
1928 (uma biografia em dinamarques tracluzida para hoianciês); e, todos OS prtlicipes, corn urn sécjiiito de cerca tIc 40 000 [as (001cc
mais importance, Helms, 1882, pp. 1-71, 196-200 (rnemórias vividas holandc-sas dizem sO 20 000] homens... -iii IOnIC tin Badong
e pormenorizadas da vida do local no apogeLl do sen clesenvolvi- Rod jahi> — 0 qUC pCrrntiU aos Holandeses 1-etirarein-se sent nials
mento, em 1847-49, quando Helms, rambéni dinamarqus, era aI clanos. No encanto, a irursao foi acomptuihacla por urn hictqueio:
ajudante de Lange). Vet também van I-1oivell, 1849-54 (fez a sua este foi, ad) que parece, tao percurhador para 0 COfli&FCIO, quic du-ui
uiimosa reis a Bali nun-i dos barcos de Lange). Urn resumo abreviaclo inIcio ao declInio dlC Kuta (notc,s, p. 262). Por alcuri da tnuine fir
e popular da carreira de Lange pode ser encontrado in Hanna, Lange cm 1 856 (que Helms diz icr sido ca'isada por lint
1976,
pp. 50-59. Algumas cartas interessantes para e de Lange (os econOmicn particio, embora outros sugiram n enveticnamen(o), Knit
(orrespondentes são: a sua muiher balinesa, os senhores de Kesi- era urna vez rnais uma i<feitoria>' pequena, s rne*.l anamen IC .ic r va
man, ui-na casa Badung importance, senhores cle Tahanan e Meng- e bastante periférica, clirigida InR) pC!o irrnão de Lange c depois
Wi,
e vários conractos comerciais halineses) pOciern set enconcraclas pelo sen sobninlio, que finalmenre liquidou a emprcrndimento
in van Naerssen, Pigeaud, e Voorhoeve, 1977, pp. 147-1 55. vennleu Os SCUS direitos a urn chines (Nlsn, 1 928 pp. 62-76.
149-177; 1--Icims, 1882, pp. 66-71, 98). Quando Schwai us
Schwartz, 1901; cf van Geuns, 1906), ci resi.inie hoiandês eni
Bulèièng, chegou finalmente a Baciung no virar do seutio, a esia-
belecimento de Kuca tinha perciido a rnaior i-ianis da sua ifllpOiIarI
25o NEGARA NOTAS 257
cia ,révia ravor de Kasurna, CILIC era o porto corncrcial floresccntc isto era fcito cm rcrmos de moedas compradas per via privada
dos senhiores de KIuukung, a icste c a favor da saida tcrrcstrc, C como mcrcadoria no estrangeiro, corno tal vendidas localrncutc,
inns a none, de Singaraja via Bangli, e tambérn cia florcscenre e não em termos de uma moecta <<estatal>' coma ccjuivalcnte gera!
(w>>a, p. 252). Efeccivamente, as condiçoes haviarn-se deteriorado - a qual 0 negara obviamcntc não tinha, tanto ejuanto consegul
de tal modo c1ue, diz ele, ><os senhores>' retiraram it conccssão ao descobrir, ncrn aqui nem em qualqucr ourra parte da indonesia.
sucessor ChiLiES de Lange e tentararn des mcsmo dirigir a praça, 0 Eicctivamente, Schricke (1955, p. 247) diz que, no sCculo XVII, a
que apenas serviu para completar o cksastre. Indonesia era de tal modo urn sorvcdouro dc mocda chinesa que o
governo chines rcnrou <<em vão combatcr a exporracão dc moedas
<<coin mediclas clrásticas>>; e van Leur (1955) procluz numcrosas
1 18-15 citaçöes angustiaclas de homcns das Indias Orientais acerca da simpies
fahta de rnoeda - por exernplo esta, de Jan Pictcrszoon Coen, o
Helms (1832) rncnciona, dc facto, <<mercadorias de Manches- grancie governaclor-geral pioneiro da companhia, em carta dirigida
icr>' (p. 40); pelo quc Os tecicios cram provavclmcntc tambérn ao 1-Jeeren XVII, o seu conseiho de administraçao.
iloponnuites (cmbora dc ituitca Os iflendiOfle em toda a sua cicscri-
çau da g1LCLra dc 1848-49), como scm d6vicia tarnbém o erarn as Os cavahheiros compreenderao [corn isto dc quer dizer ejUd
arinas. Nielsen (1928) ejntc, como Helms, rcprcscnta Lange simul- des não cornpreenderaoi que nenhum sfrio nas fnciias... csrá
i.ulearnente coma defcnsor da libcrdadc baiiriesa, promotor da paz devidamente provido se não river clinheiro, mesmo sc for
e rprcscutan1e leal dos interesses holandcses, menciona dc facto fornccido cont uma carga de mercadorias dez vezes maior;
(p. 1 58) quc os Balincses tinhant urn milhar dc cspingardas C vinte e mais, ha locais que quanto mais fornecidos são de ntcrca-
e cinco canhöes iiaq ucla alt ura; ntas não avança iiada quanto it ques- dorias tanto mais grave é sc não riverem dinheiro em mocda
tãe' he! irada c de resposta lci!mcntc adivinhtIvcl, (IC COfliC) des as a partc, pois em todas as Indias nao pode ser major o
odero ret obtido, beiii LOlIlO its muniçöes, a iião scr que tivesse n-iovirncnto do que aquilo que C retaihado tocios os eiias...
sidi> arravs dos escritórios do agcnte cornercia! das I. 0. H. para (citado na pág. 220)
o Sul de Bali. Ilanna (1976, P. 55) diz quc ><uo augc da sua carreira
no> meados dos aros etc 1840>> Lange estava a ftcturar urn rnihhão
<Ii uik1cr5 antiats cm negoCios so corn Java, enetualito >o cornércio 119-/i
co rn St ngaprra e corn a China devia scr ainda ntaior>.
l'ara urna retetancia dc passagem ao cornércio etc arn)as etc Lange, 0 conceito de <cecjLlivalêflciaS<> C, urna yea mais, ciC Potanyi
\'Cl a caria a dc dirigida pelo Senhor de Mengwi in van Naerssen,
Pigeaud c Voorhoeve, 1977, p. 153. Quanro ao elemento dc mercado comuntmente cliamado
<<preco><, dc aparece aqui agrupado na categoria de equiva-
lCncias. 0 uso deste rermo geral evitará mal-entendidos.
118-34 0 preco sugerc flutuaçiio, ao psso que a equivalCucia Ca-
rcce clesta associacao. A pr6prla expressão <<preco estabeic-
As cltaçOes de Helms, 1882, são da p. 40. Corno ele so esteve cido> oct <fixo> sugere que 0 prcço, antes de scr fixado ou
em Kuta duratite dois anos e meio, dificilmente estava em condi- estabeicciclo, estava apto a rnudar. Assim, a prOpria lingua-
ç Oes de observar as oscilaçOcs de preços a longo prazo. Mas o que gent dificulta a descricao do verdadeiro estado das coisas,
Imporia e que os prcços cram deliberadamerire esrahelecidos, apa- nonicadamente que o oprqo,, C na origem uma quantidade
tCn(CIDC[Itc iiäo niattipulados, e tanto qm possivel insuhados; e rigiclamcntc fixa, na ausCncia da qual o cornCrcio nan xxit
258 NEGAI?A NOTAS 259
iniciar-se. Os preços cambiantes ou flutuanres de carcrer dados balineses, especialmente porquc provern do urn sCcubo em
coucorrencial são urn ciesenvolvirneiiro cornparativamere quo as cornunicaçôeS tinham avançado muito e o ComirciO se havia
recenre e a sua ernergência consritui urn dos principais tornado marcadarnenre mais racionalizado, parece susrenrar a
inceresses da história económica da Antiguidade... fase do van Leur nos t<rnercados disperses>>, innis do qiic a &nfase de
Os sisternas de preços a meclida c'ue se desenvolvem no Mci link- Roelofsz no oenlp6rlo 1 nrcgrado".
tempo, podem conter carnaclas de equivaiências que nyc-
ram origem, hisnoricamenre, sob cliferennes formas de inre-
gração. Os preços de mercado helenIsnicos apresentarn arnplas 119-10
provas de rerem derivado cle euiva1ncias cosrumeiras das
civilizaçoes cuneiformes que os precederam. As trinca moecias Polanvi cial., 1957, p. 268.
de prata recebidas por Judas como o preço de urn homem
pela nraição de Jesus era uma variance próxirna da equiva-
lência de urn escravo tal como estabelecido no Código de 119-15
Hamurahi cerca de 1700 anos notes. As
equivalências
[adn)inistrafivas] soviéticas, pot ourro lado, clurante muito Enihora os kè/ièn>'s -- referidos tie mode varjaVc- ConiC rnI)e>hI.
tempo fizeram eco dos preços do mercado munclial do século chinesas de <<chiunho>>, <tcobrc" r bronzc> fossem inodo tic
XIX. Esres, riveram também, pot sun vez, os seus predeces- paganicino extremamente d11incIidos na cc000rnla tie tOrtOs
sores. Max Weber fez norar que, a faira de urna base de comercialS da Indonesia chissica (e parecem ter sjdo a in l<a noeda
dererrninaçao de cusros [costing basis], o capiralismo ociden- de importaflcia em Kura), era obviamente enorme a vanciade uI
rat não rena sido possfvel, se não fosse a cede medieval de fornias de dinheiro nacjuela econornia, esperalrnente Clii llfl[>S
preços estarurários e regulados, rendas Cosrumeiras, etc., niaisrecuados.
urn legado de corporaçao e feudo. Assim, os sisremas de t<Em Java e, provavelinerlte, nos portos onde Os 08V105 avanesrs
f preços pociern rer uma histónia insnitucional própria em termos comerciavarn, circulavarn as rnoedas de chumbo I rnporradas da China,
dos tipos de ecjwvalências que participaram na sua feirura. milliares das c1uais, enliadas nun ho arrivés de tim into nt
(Polanyi et a/., 1957, pp. 266-269.)
ec1uiival lam a iii rea/ of eiç'hr; paraiclameure havia dinhet It) espanitol
o porru1>gus, o dinheiro cornercial chines it prara COt barra. I: os
1-Li acjui aiguns exageros (cnigiclamente fixa, etc.), bern corno !arrins portals, que cram pec1uenas barras de praca coin i Iii inn cc
alguns iiicros histónicos debarIveis (o exempbo de Judas parece rnais ferradura. Em Achin as pessoas laziarn OS SCLIS ciuicuilos Cifi tae/i cle
picanne que provãvel). Mas, despido do ardor polérnico, este ponto ouro; on costa ocidenual do Sarnatra o colneeclo processava-se sob
de vista confére senrido a hisrónja comercjal indonesia, coisa que krma do troca directa na base de cuIcuboc m000tarlos; e mesmno
nio aconrecenia se fôssemos interpretar a Iuz do ripo de teoria dos acontccia em Bancla, mas a base rio pesos do n07-.moscada; em
prcços do gCnero beac-and-bu//s.
Ambon havia ciIculo rnonerario C (,OiTI( IC por dinhei nc em
Pot ourro lado, corn nada disro se prerende dizer que Os preços Sunibawa, braceleres tie ouro C prara faziani i, vozes do di nhciro,
nurn porno nao rinbarn qualquer influência nos preços de ourro, em Binia a troca era bevada a cabo corn pequenOS sexes; em Jambi
mesmo nos tempos chissicos; e isto porque Meilink-Roelofsz (1962) a pimenra branca servia de trocos; em i3uron, pcdiaços de algodto
ctemonsrrou que essa influncia exisria. A controvérsia sobre esre cram meios do troca e mecliclas do valor (van Lent, 1955, P . 1
assunto -- e sobre a natureza do ocom6rcio anrigo> no arquipélago Come van Leur fax norar (1955, p. 1 6), urna variação igual -
- especialmenre entre eta e van Leur (1955), é comp!exa, c não menne grancbc nos liesos e mecliclas contribun, tainhém, para a
pode ck rnodo algurn colocar-se em rermos de alternariva. Mas os fragmennaciio da ec000rnia de portos comntoiai em uuidtu.bcs cbs-
260 NEGARA NOTAS 261
conumnlias, ainda quc iniensamente interactivas. (Em Kuta, os kè- Helms não cxagcrava acerca de homens de alta cultura e poder
pc'ng> erarn uambém usados COfli() principal medida de peso, C OS social: o indOlogo e primeiro estudioso s&io da cultura balinesa,
pesos balitieses -- por excmplo, de arroz não debuihado - são hoje Fricdcrich (Friederich, 1959), o botânico Zollinger (Zollinger, 1849)
frequcnuemcnre esipulados nesses termos; no/as, p. 223. Para urna e, como ja foi rcfcrido, o Baron van Hoëvcll (van Hoëvcll, 1849-54,
clesctiçào sernclhantc sobre as moedas rniiltiplas - boje dólarcs de vol. 3) forarn tambérn hóspedes de Lange (Nielsen, 1928, p. 77).
SingapLIta, guilders holandeses, etc. - no ><arcuip61ago de Con- Além de Helms e do escriturário inglés, o pessoal permanenre
mad" (isto é, pclos fins do século XIX), ver Resink, 1968, p. 320. inclufa também urn medico inglês (Nielsen, 1928, p. 100), e Urn
fara taxas de cãrnbo dos kèpèngs em rclaçao as moecias Iiolandesas bandido, ocigano do mar>', Banju, <<de olhos vermelbos e urn so
no prtncIpio deste s&ulo, ver <<Muntwczcn>>, 1934; para o Sul de braco>> que aconipanhava Lange desde os tempos de Lombok (Helms,
Bali logo após a ocupaçao holandesa, van Geuns, 1906, pp. 7-8. Fi- 1882, p. 13).
nalmcnrc, dcvc-se charnar a atcnção para o facto de, mesmo cm
Bali, ter havido mais do que urn tipo de kèpèng em circulacão.
120-10
120-25 res, clue scm duvida eram parekam ou mesmo empregados pagos
(notas, p. 2 121).
A principal excepção (<embora ate nisto as muiheres tivessem
mais que o scu quinhilo>> Helms, 1882, p. 42) dizia respeito aos
negocios cle gado. 0 cornCrcio de gado era vasto C OS bois balineses 122-11
eram muito procurados. Os que se cornerciavam em Kura eram
C) men material de Tabanan provern, repi Lu, subrettn In de ii
mantidos, em estado serni-selvagem, no já mencionaclo planalto
orais, nil como descrito em no/as, p. 1 79; mas, para aVrn <los mint -
calcirio a sul de Kuta, chamado Bukit (ver mapa 4), onde vaguca-
s'am cm grancles manadas juntarnente corn bCifilos de igua <<que madores ai mericionados, rambCm discuti estas questFeS Con) 0
eram especialmente selvagens>, rornando 0 local '<numa parre do filho (e dono do cinema local) do (mltimc' e mais cignihcaiivo <'i
pals algo perigosa de visirar>> (Helms, 1882, p. 43). A terra, Send() banc/ar de Tahanan - o ><Singkeh Cong.' drccriro adiarmi>- Existern
de baldjo - isco C, não cultivada - esrava sob o controlo dos na bibliografla algumas, poucas, re1erncia iicidenrit, ainda qiie
senhores, que rambén) eram donos das manadas. Helms 0882, tie valor, sendo a mais importaflie Schwartz, 1901 Ver iamb6in
p. 44) exprime o seii espanto perante o Iicro de, no havendo Liefrinck, 1921, pp. 7-85; Pcddlemars, I 94 ; van den Broik, 18i
krreres on outras marcas, os senliores conseguirem saber quais eram (a mais antiga das referncias europeias c1i.ic vi, e na qual se fala cio
Os seus anirnais. <d-lavia muitas dispuras sobre isro, mas niio tanto chineses (jue comerciavarn <ciomcsticamerite" em arrnz, teidoc,
qanto seria de esperar, uma vez que em tais dispuras o rank e o algodao c - conio <<conrrabandisras" - em <escravos"); e as mi-
poder normalmente resolviam a questio.>> galbas de i4ctos disscrninadas ao acaso e scm index, ao longo de
Uma ral criação de gado comercial era niriciamente muito Korn, 1932.
recenre, esrimulacla pelas ioiciativas de Lange. (Ele tinha rambCm
dois maradouros em Kura, onde os bois eram abatidos para fame-
cerem came seca para as tropas holandesas em Java; e esre era apa- 122- 18
renrernenre 0 pjlar do cornCrcia.) Mas nio fui capaz dc
dlererminar
quando começou, qual era a sua escala exacra e 0 clue C niuiro Singkeh C o rermo apI icacla a urn dii nc indonesia nascido a.
iniporrante para os nieus interesses, corno Sc organizava - quase China, por oposiçao ao nascido na Indonesia, chamaclo urn
de certeza arravés de laços rntilriplos, especializados, sirnilares aos Cong C a verSao ha]incsa do apelido nornialmente ilxado (-M ingirs
jii ckscritos no respeirante no serviço da corte, imposros, rencla da corno <<Chung'>. Para a força do rermo e;o, vet texfli, p. 4 L.
terra, crc.. Van Bloernen Waariclers (1859) rambCm fax notar a
procniinncja de muiheres no lado balinês do comCrcjo subira-
menre expandido em Singaraja. Al, cuase todas as donas de casa 122-3 5
parecern ter tenrado fazer o sen pedaço de comCrcio corn os siiban-
/ars chineses. Pelo rnenos a renda era calculacla aimuain,enre. Como si' rxpli(l
acliante, cia era paga a diferenres scnhorr, e em quanridades chIc-
rentes, em ocasioes cerirnonjais: clonclr, cit ni0do irronlar. 1muimi-
I 20-33 menre, enibora a renda fi.sse calculada em kè/t?nge. era usualiornie
paga ciii mercacloriais: arroz, cafC, came dc porco, ápio, poicelani,
Helms, 1882, PP 42-43; alterei a pontuação cbs J)arágrafos. jóias. 1)o laclo do lieg- fra, a contahil dade (Jut- mudo islo acarretava
Mais urna vex, <criados>>, on <<servos>>, é nina palavra mais correc- era feita pclas casas cscritur4rias Seidia: as Penyarikins, 1)inin
ta do cjue ><escravos>> no respeiranre a esrcs seguidores das muihe- l'ckcn e ivlalkangin (no/as, p. 209) Schwiri:' (1901) dix qile, <in
264 NEGARA NOTAS 265
13 1-20
127-I
j>O
I-Ielrns, 1882, pp. 59-66. Já urna vez cirei esta passagern,
A posada Cnfisc erudita sobre a verienre de crença" do ni
in ha Ii nesa - cosinologia, teologia, i teratura sagr;idi, nocoes icc
C. Geerrz, I 977b, onde se podc encontrar uma discusso geml em
espritos, bruxaria, etc. - rem correspondiclo a ausCncni de desert-
rnmno do cremaçiio balinesa. Outras descriçoes, anteriores, de crc- çiles cuicladosas e pormenorizadas do granclo porte do vido ritual
rnaçOcs (ngabèn) corn queima de viiI'as mesatia)
( - uma dc urna halinesa e, especialmente, dos con mOn as meats. Nio exisce airida
missibo holandesa em 1663 C uma de Friederich (a mesma que urn relato recnico adc-c1uaclo de urna cremaço 10:11 (ngabid (para
I lelrns viii) em 1847 -silo ciradas in urna cremaçâo nao real, algo especial e recento - I 919 •-, ver
Covarrubias, 1956, pp. 377
-383 (ef. van Geuns, 1906, pp. 65-7 1). Ver tambérn Anónimo, Frankeit, 1960; of. Mershon, 1 97 1, pp. 202 e segs.); C no ciiit•
1849. Segundo van Eerde (1910), urn relato chines menciona urna respeira as Iima,geus de clentes (metat>eh), quasc nern cequer oxisrern
quei ma de vivas em Java em 1416. A incurso holandesa pôs fim relatos populates. (Para urn relato mulro breve de uma I niagem 1>1-
a queima cle vióvas (mas no a crernaçibo, a qual continuou ate ao
wangca. ver Vroklage, 1937; cf. Batoson c Mead, 1942, esramp.t $0;
268 NLGARA NOTAS 269
I
Mcrsliou, 1971, pp. 147 e segs., c figura na p. 149. Mershon inclui parece-me estragar a discussio de Duniont (1970a), em gerat bri-
cainbcm LIIfl I elato uarrauvc) alargaclo de urn ritual de corrc cm Ihante, em tomb do <princIpio da hierarquia> - cliscussão essa
Karcngascni cm 1937, urn rito de purificaçao do FCI no chamado CIUC estimulou a minha própria.
nas pp. 257368.) Swellengrebel (1947; ci 1960, pp. 47-
-50) é urn relato 6tjl, aiuda que fragmentario, bascado num rela-
(.One de 1903, escrinc, pot Schwartz, sobre uma ordenaçao (e nao, 132-7
conic pot vezes é dito, urna 'coroação)>, coisa que os l3alineses não
enham: 0 Clue estava cm causa era a sanrificação do ici, nao a sua Du Bois, 1959, p. 31.
iiistauraço - ci. (,onda, 1952, pp. 236, 252). Uma análise tex-
tital desre ritual, Siva-ratri, pocic set encontrada in Hooykaas, 1964a,
pp. I93-26; e C. J. Grader (1960b) fornccc algurna informação 13 3-3
dispersa sobre o ritual nos templos de Estado em gcral. Os tclatos
mais villosos de tcsi:c,nunhos oculares dc ceriniOnias rcais Indicas Para urn exexnplo de uma <<Ieitura>> dos rituais de Estado (fittie-
na Indonesia são, ainda, no entanto, os de Prapanca sobre os rituais rais reais na Franca dos séculos XV e XVI) que dá conra do seu
Shraddhe.' (memorial real) c Phalguna-Caitra (tribunal anual), no significado pol(tico, vet Giesey (1960), que cornenca no seu prefa-
Majapahit (Ic 1362 (Pigeaud, 1960-63, caps. 9 e 14). Para referên- do:
cias gerais acerca da religião balinesa, ver no/as, p. 242.
Vezes scm conta... surgiu-me a convicção de que uma qualqucr
inovação crucial no ccrimonial terá ocorrido, pela primCira vcz
131-34 por mero acaso... e que as geraçöes subsecjuentcs, ao repô-lo em
cena o embelezaram corn urn simbolismo rigoroso. Quer isto
Eritre as mais importatices destas formas cerinioniais que vei- dizer que, ao nIvel dos eventos em si, reinava frequcnternenie
c.ulam nensagcns> de ceno modo diferenres, encontrarn-se as Ce- o acaso; mas as formas simbólicas afectavam o pensamento acerca
iiriiónias dos temples aldeOos (Bateson, 1937; Belo, 1953; Hooy- dos cvcntos, cspecialmentc quando eram consciencemcntc [i. e.,
kaas, 1977); as ainda mais flirnosas danças de bruxa-e-dragiio (Belo, deliberadarnente) repetidos em subsequentcs funerais. Pot tim
1949; Bateson e Mead, 1942; Mead, 1970; de Zoete c Spies, 1938; lado, portanto, julgo que havia muito de fortuito ou acidenral,
C Geen(z. I 973€; Rickncr, 1972); 0 Dia do Silêncio, para purifi- mas pot outto lado vejo a expressão de urn padrao de idelas
cacao dos dcmóntos (Covarrubias, 1956, pp. 272-282; Sugriwa, intirnamentc relacionadas com as convicçöes intelectuais da
I 95/a, pp. 42-51; Sudharsana, 1967); os cânticos corn gestos do época. Essas ideias eram dramatizadas no ritual, e apenas mci-
some sacerdote cOrii u intuino de levar Siva a possui-lo (Korn, dentalmente, se de todo, verbalizadas. DaI que os aspectos
1960; de Kat Angeltito c de Klccu, 1923; Hooykaas, 1966; Gou- 'constitucionais'> [i. e., po1Iticos>>J do funeral real os tenha
driaau e l-looykaas, 1971); ninos de passagcrn (Mershon, 1971); e os tido de rerirar, normalmentc pot inferência, a partir do corn-
iescivals, compassantes Jo trabaiho do ciclo agrIcola (texto, p. 225). portamento cerimonial, cal como o historiaclor de liturgia encontra
Para urna Jiscussão mais alargada sobre a variação naciuilo que a crença religiosa no ritual, ou o historiador de arte descobre o
dizeni', diferentes formas culturais balinesas, e logo sobre a im- pensamento do artista na iconografIa.
possibilidade de resumir a culrura balinesa nurn só rema, vet C.
Geerrz, 1977h; ci. 1973h. A incapacidacle de avaliar o grau em que Sc existisse uma hisrória <(analistica>> da cerirnónia de cone bali-
as insnituiçOes culnurais <afirmarn>> proposiçöes contrastantes, e mesmo nesa, scm divida cmergcria dela urn quadro similar de evoluçao
onfljruantes, accrca da natureza da '< real iclacie>>, social ou outra, irregular (<<acaso'>, penso eu, não 6 a palavra exacta), regularizada
270 NEGARA
NOTAS F
or Interpretacao e ajustarnento post hoc. Pelo que as concepçöes
dc <deus>' em geral. Para urna list:i dos principals 1(IISCS indicos
l)OlItiCO-religiosas novecentistas do Estado balinês, altamente inte-
reconhecidos em Bali, ver Covarruhias, 956, pp.
gradas, nao foram herdadas como urn padrão flxo que, ao longo dos
tempos, tenha andado a dcriva, intocado pelos processos llistóricos; Sugriwa, s. cl., pp. 17-21.
pelo contririo, elas erarn 0 produto de urn processo constanre de
mudança ranto nas formas concretas do ritual como do significado
a clas atribufdo simbolicamente, uma vez mais de forma em grancle 135-5
parte irnplIcita.
Sobre o problema do ritual real como a(Irmação polItica em Sobre o problema da polisseniia cbs sIrnholoc rr-1,iosuS em
geral, ver Turner, 1967.
geral (neste caso, os <Progressos>) ingleses, javaneses e rnarroqui-
nos) ver C. Geertz, 1977a. Para discussôes gerais do problema da
interpretação cultural nos termos acjui cmpregues, ver C. Geerrz,
135-11
1973h, 1973c, 1973d, 1973f, 1973h, 19731, 1975, 1976a, 1976b.
Sabre abordagens herrnen&iticas nas ciências sociais em termos mais
jac/mas(,,/I
gerais, ver Radnitsky, 1970; Gicldens, 1976; Bernstein, 1976; Taylor,
1971; Ricoeur, 1970; Gadamer, 1976.
() sistema de deus-direcção (do vellto-cor (crc.) E ecrrema-
mente comptexo e não é roralmente invarlivel ou rnesno IiterII,t-
mente coerente. Para a versilo siniplcs'aprcsinracla no rexta, aqucla
133-15
que U majoria dos sacerdotes dc- rcmplo balinesc coiihec-, ver 5w-F -
lengrebel, 1960, p. 47; Belo, 1953, p. Ia
PorçOes do trecho seguinre aparecerarn sob mais ou menos a
mesma forma in C. Geertz, 1976a. <oito ptalas>>, corn nove deuses e oiw direcces (N, Nt, L, Sli.
p. I 32: Ho'ykaas. 1964n,
S ... ) em toriio do centro (Gonda, 1952,
p. 52; Moojen, 1926, p. 28; van Eerdc, 191 (1; e SweIlen,n1eI.
[34-20 1947 esta tiiltirna é uma descriçio parricularmenre rornpbeii,
incluindo variedades correl-acionadas dc plartas, Flares, arvoi(ts, aniiu.w
sactifictais, crc.). () pacirno inclico (IC nornes mulripbos tri urn
Para uma investigação rextual-filologica geral destas vtrias ideias-
-imagem, e a qual muito devo, ver Hooykaas, 1964a. Sobre 0 conceito mesmo dens, identificaçöes multiplas de deuses diferenrernenre
de sekti, ver também Gonda, 1952, p. 134. Para padrn,sana, ic/em, ape1 idados, e de porn e simples fusão de c-lenses, simbol iiando it
noçiio de que denis é ao rnesrno tempo urn e militoS, levada it cabo
1952, pp. 135-96. Para/ina, idein, 1952, pp. 55, 196; Stutterheiin,
corn toda a sun forca em Bali, complicando ainda mais a padr-ao etc
1 929; e (embora referenre a Java), Bosch, 1924. Para hiiwana (b/rn warn,,
bhiivana), agung/biiwana a/it, Gonda, 1952, superficie (ver Gonda, 1952, p. 132; Hooyleaas, 1964a, p 28). Mac
pp. 111-112; Hooykaas,
a i magem hiisica, a da divindade mais elevada no iJoraçãdi do Farm;
1966, pp. 29-30, 33, 73-75 e estampa 27. A excepção dos excertos
rodeacla pelas menos elevadas, é fixa e nIida, na medida do rS5j%'(i
texruais, escrevi as palavras sânscriras corn a ortografia balinesa; a
usa de <<cleus> no texto pode igualn-iente set entendido corno <deu- em Bali.
Como corn rocbos os altares de templo balineses, dos qiiais etc
ses, dada a fticil alrernncia em Bali carte concepçães do clivino
é ralvez o mais importante, a Jlfl(/71li(IPm varia grandcrncnte no cl.i -
monoreIstas e politefstas (as quais são, de qualquer modo, categori-
zaçöes ocidentais; e o livgga é, evideriten-ientc, visto mats Como borado eta sun ornamentaçao esculpida, de acordo corn a imporriin-
sendo dc Siva (donde, corn mais propriedade, Siva-/ingga) do que cia e elegncia gerais do templo - sendo aquele corn ligaçães
reais ohviarneiite os mais elaboracbos. Na base do iailar encontra-ce
NOTAS 273
NEGAI?i%
espaldat, e consituIdo pelo movimento de reiotrna rcligiosa balinês,
110111 ialnicnce urna iepresencação da carcaruga sobre a qual assenca
Parisada (sobre o qual, ver C. Gccttz, 1972b e 1973e; Bagus, s.
o cosmos. Em rector do corpo do pilar enconttarn-Se pot vezes
Astawa, 1970; Parisada, 1970), embeleza agota a praca principal de
escutj)Icias uma ou duets serpences fancásiicas, sfmbulos dc carnali-
Den l'asar, a capital de Bali.
dade, vicalidadc c violência animal. Pot cirna das setpcntcs podcm
Tanto quanto sci, nao exisie disponIvel urna descriçao sistcmui-
cncontrar-se JflOLi\'OS dc rnoutanhas, reprcsentanclo o reino humano tica das oferendas (banten; urna forma clevada do siinscrito, he/:,
Ja vida rcrrcna. Pot urn, o trono em Si - norrnalrncnic a cerca de
significanclo <tributo>', <presente>>, <oblacäo - Hooykaas, 1964a,
scis pcs do chão, de modo a estar mais alto quc a cabcca dc urn
P. 208); mas pode-se encontrar algurna informacão sobre vários as-
adoradot em pc, mas iiiio tilo alto (]Ue este nao 0 possa alcancar (as
pectos in Belo, 1953, e Hooykaas-van Leeuwcn Boomkamp, 1961;
vcrsOcs lilais elaboiadas pocicm set mais altas, Corn degraus de acesso)
cf. Mershon, 1971, pp. 34 e segs.; Stuart-Fox, 1974. A obra prin-
unia simples cacleira de pedra, a descobetto do sol e orientada
cipal sobre iconografia Indica em geral é Bosch, 1948 (para 0 sirn-
de fteute para o ccricro do tcrnplo. Iconograficarnente, toclo o altar
bolismo do locus, ver pp. 35-40, 133-144, estarnpas 13-16).
assim, urna reprcscutaçao do cosmos, descic a tattaniga suba-
u'iiica ace at) L)eiis suprcino, <o qual é irnaculado, l)u1o... e inirna-
Postiera do lotus: para urna descrição (originalrncnce de urn tra-
ginavel> (Hooykaas, 1964a, p. 140; cf. Covartubias, 1956, pp. 6-
tado de prosa em javanês antigo, datado do século XVI; cf. van der
-7 c A rdana, 1971, pp. 19-20). Nos templos mnais grancliosos 0
Tuuk, 1897-1912, sob padmasana) - as piantas dos péS (las coxas,
simbolismo da irnagem do rnundo pode set nluito mais dctalhado
palmas das rnãos para cima, costas c pescoço direitos, olhos fixos na
,to (ILIC () aqw descrito. ponta do nariz, dentes de cima e de baixo separados pela ponta da
Urn esboço dc urn cemplo tIpico, mostrarido a localizacão do
lingua entre des -, ver Hooykaas, 1964a, p. 98. (Na India, apa-
padmaiaiia (kaja-kctnin: o canto nordesce do patio do tCrnplo, no renternente, a postuta do lotus era o significado genérico de padma-
Sot dc Bali, o canto sudoeste no Norte dc Bali - isto 6, na direc-
sana; Zimmer, 1955, vol. 1, pp. 143, 371.)
io do monte AUUg, sobre o qual Siva/Surya preside ao .iwer'a, o
reino dos deuses) pode set encontrado in Covartubias, 1956, p. 265,
0 ado e a experilncia da meditaçao: ver Hooykaas, 1964, pp. 98-
(-(ide 6 incluLda urna reprcsentacão feira pot urn artista, lace a -99. Urn outro trccho do texto do século XVI acirna rncucionado
1). 266. ljni csboçu scrnclhantc, corn urn texto de major confIança,
clix:
aparede in Bcic,. I 953, p. 15; a localizaçao do /1a/masana no scio da
sirle dc aicarcs dc tcmplos 6 mais aprofundada in van dcr Kaaden, Debu-teja significa set agraciado corn a forca; dihya-cakiii si-
I 917. Pant urn csboço de urn teniplo no Nortc de Bali, corn o pad-
gnifica set prcnclado corn pocletes excraordinários; dibya-ba/a si-
7.'/aiaua virado patl sudoeste, ver Lamsrct, 1933, p. 33. Poclem-se gnifica set prcnclado corn nurnerosos parentes e set urn rcf(igio
cncon irar lotografias dc padnasanas in Goris,s. d., cscanipa 4.28; para as pessoas; dihya-darsana-diIra é a faculdade dc ver petto 0
Moojen, 1926, estampas 19, 124-128, 162, 177, 185; c in Hooy- que está longe e conhecer o coração das outras pessoas - esse
1aas, 1964a, figs. 7-1 I, uma das quais (fig. é urn born cxernplo
é ü fruto de praticar padrna.cana; a força 6 o scu fruto.
do grau de elaboração que Os teniplos de Estado 1)0(1cm aringir,
avendo urna micra (fig. 0) clue rnostra urn exemplo dc três cadeiras Embora o Alto Deus seja em princIpio inirnaginável, a icono-
.ra Siva, Visnu c Btahrna), do tcinplo de todo-o-Bali em Besakih.
grafla do padmasana -tartarugas, cobras, trono - poclet set visua-
esce 6lcirno, ver também Moojen, 1926, escampas 203, 204; lizada, constiruirido urna ajuda para as prilcicas ioga (1-looykaas,
uior faz notat (p. 123) que se trata dc urn trono <<nOVO>', COnS- 1964a, p. 172), cal como pode set uma visualizacao de Siva no lOcus
em 1917. Urn padmaana espectacular C ainda mais recente
em Si.
-ra de 960) kim nc coral branco, corn talvez trinta a quarenca
II ItO I ILttIi I tI: i 01 It 111011 lii ratlit III)
274 NEGARA
Trata-se da rracluçào de urn mantra saccrciotal, apresenracia in 1:o i neste clia [o deci mo quarto clia (10 rnS (toil! Philgt]n:il
Hooykaas, 1 964a, p. 161, inn rulaclo Ritual desni nado ao Adorn- qL[C Si'a Se iiia1ii5t0tL pclt prin-teira VCZ COmO 0
dor do So! (i. e. SivaIna)>. e intcrrniiia\'Cl Liuga, para iludir as prctenSöe >1> Brirnit
dtviii-
Vishnti, OS cjLtaiS (iiSpUtLvaIii sobre qual SCfi1t (I IVIIi0I
Posiçc7o coitaf: Hooykaas, 1964a, p. 102. Base do chide. Para cleciclirem a c1uerela, des coiicorcIir:irn que dvvi,i ';cr
/ingga: idem,
I 964a, p. 213. Nome do Deus SLipremo: idern, I 964a, -
ii. 202. (0 reconliccido corno 0 major itdilleiC que primeirl) o1lSe9uISt
nome 6, urna vcz mais, Si a, ou o So!; mas por vezes Brahma no sat os I iIflLtCS do cxtraordiiiIrio ohjecro quc suhi tamenic ipai.t-
Ourros deuses superiores. Goris [1931] argurnenrou, algo especula- cern clianre tides. Dirigi ncio-s( cm dt re> cóeS OpoSlits, Vkhn(i
tivamenre, a parnir de suposnas <sobrcvivncjas culnurais>, que a ocupott-Se de atingir a base. Brahnia 0 Cl n10 tOtS aj"iS altitnc
sivaização rnais ou menos comp!era de Bali pelo século XIX 6 urn milharcs de aims gastOS pelos deuses Oil tcnt:itiva. (1 lint parc(15
desenvolvirnenno histórico surgiclo a parnir de urn anterior padro estar tao reniotO corno sempre, e ambos rcpreSSaFiUfl d,-ccon'er-
demcilniplas seitas no qual variaclos cleuses taclos c hnmilhados, rcconhecendo a itlictis:i superiortllacic de
Visnu, Bucla, e
outros cram os deuses centrais para grupos disninnos.) Siva.
"k/gem do Cosmos: ver a primcira secção ciesra nora.
Atailcie de Para fonografias de Iinggas de peclra hal I tiCSCS, I loockait'.,
oemaçilo do Snmo Sacerdote:
figs. 16-20. Os Jiuggas ramhem podein sd' represenLidos
tlfl ill -
Hooykaas, I964a; Goris, s. ci., p. 198,
flora a csrarnpa 4.28; Covarruhias, 1956, p. 387. iumas (Hooykaas, I 964a, fig. 15) jllntnrncnt coin d-ttses repi.e't:il-
rados iconicamcUte, corn manrras cscrito nc. Snhre /1n,Iro em
Prof,i,zdcas do,coraçcio: Hooykaas, 1 964a, p. 217; Hooykaas, 1966, Bali, ver tainhm Snutrerheim, 1929; sobre t, 'culto do //ll','!(/ 1.1
P. 71.
Java antiga, Bosch, 1 924.
A frase <<Na terra, o goverrtante age em nome de Siv:t... ' eo Ott!
Na India chIssica, padma, corn a rerminaçao ferninina sinscrina -Se em Hooykaas, 1964a, citando Krorn, 1931 p. 124. A prolito-
em a
longo, é urn sImbolo feminino e refere-se a uma deusa, Laksrni, cia ligaçao espiritoiul" pocieria iguaIment" verihcir-se ennre 1 dry inn
a esposa de Visnu (ver Zimmer, 1955, vol. 1, pp. 158 e segs.). Em ordem, a clinastia reinanre e o clero Brahrnana. 0 argument'' foi
Bali, a principal esposa de urn senhor é chamacla, na !inguagern originariamente encenado, sohrctiido corn base em material camLx'-
mais eleganne,padmj, 0 que é aparenrernenne urna mistura Pant o rci hal nCs chamado ti !,'er'y, ii
do SnSCFiCO jano, por Bosch, 1924.
atfli, '<esposa>>, e Jiac/ma,
"consorne de Visnu>> (Gonda, 1952, mu ndo, Goncia, 1952, p. 1 86; Grade'., I 9i( II>
P 370). A padma
rambém surge corno irnagem feminina de urna Sohrc 0 horrifador corno 1ing,ç'c 1-looykaas. I 96'Lt pp.
deusa na figura da deusa do arroz, Dewi Sri, nalvez a mais popular <<purl-
14$- 150. Sobre o borrifador (us) eaaspersio (me/it, sin
clas cliviridades balinesas (notas, p. 233).
ficaçio>>) cm si, ver i-Iooykaas-vait Leenwen Boonukamp. 1961.
0 rito inclui, prinleiro, aspergir os airates di: mocio a Oq deuses
NO'l'ilS 277
NEGAR11
aSsufltO, ver Sherman, s. d.; para uma crftica da ligaçao, bascada
sc possaiu seniar neks, bern como aspergir OS próprios crcntes, sobretudo nurna inrerprctacão cm termos indianos dos dados de
inclinados em vujila, Corn as mass na tesra em arirude de obedien-
Angkor, ver Kulke, 1978.
cia (cemh,h) defroiute dos deuses sentados, vénia esra que conipleta
a <coinunhao'. Para uma brevc descrição, ver Bclo, 1953, pp. 47
-2; para urna lentativa tangencial tie descrever algo do seu signi-
136-17
licado c armosfera, C. Geertz, 1973c. A água benta pode ser fcita
virtualmente por qualqucr urn (ou mesrno rccolhida de certos lagos Sekti
nascen [Cs sarac1as), ulas so a que provém de surnos sacerclotcs
tern suficienre porência pant ser usada em ccrimónias reais. Para Tal como corn estes outros conceitos (polinésicos, árabes, arne-
dcscriçôcs dos rituals complcxos através dos quals o sumo saccrdotc
rIndios, malalos, gregos, ou quaisquer que sejam), sekti nao é urna
prepara água benta, após icr primeiro conduzido a alma de Siva ideia abstracca gerat, urn pedaco de teoria prirnitiva, facilmente
para dcntro do scu corpo C unificado a sua pr6pria alma corn esic, resurnida numa qualquer fOrmula cascira e descolorida corno scja
ver Hooykaas, 1966, pp. 35-42; Gonda, 1952, pp. 167-168; ci. <elecrricidadc espiritual. Antes, e como des, é urn sfrnbolo reli-
Goris, 1926. Sobre a água benta em si encluanto "mistério central gioso de tonalidade cspecifica e de delicada nuance, atraindo para si
da ue!iguio hindu balinesa... charnada Agarna Tirtha, it Rcligiiio da mesmo o seu significado, tal corno o fazem todos os sfrnbolos, a
Aiva Sa gradat, ver Hooykaas, 1964a; cI. Gonda, 1975. Urna vez parrir do mundo ritual que imediatamente o rodeia. Para utna
mais, ci simbolismo do /ingga no lotus é rambéni urna unificaçao cririca clesenvolvida das abordageris tipologizantes da defInicão dos
iconograiCa dos princIpiOS masculino C ieniinino. Para 0 cnquadra- conceitos religiosos, ver C. Geertz, 1968, cap. 2. Para a aborciagcm
meow inciolOgico, oncic a unificaço surge como 0 pac/mayonl, ver geral da análise da rcligião aqui empregue, C. Geertz, 1968, cap.
Z.imrncr, 1955, vol. 1, pp. 16$ c segs. (cli Bosch, 1948, pp. 196- 4, e C. Geertz, 1973c. A definiçao de carisina C retirada do American
.199) 1-leritage, 1969.
Sobre o kri.t (mas corn cautela), Rassers, I 959b. Sobre o rouca- Sobre murta, Gonda, 1952, pp. 357, 134. 0 uso mais comuin
do sacerdoral, Gonda, 1952, p. 196; Stutterheim, 1929. Sobre a
de murti em balinês é cm trimurti (ter três fbrmas on contornos>'),
.ilrna que vai paia o cu, Swellengrebel, 1960. 0 liugga no qual a
0 qual dernonscra a trindade fndica de três em urn de Brahrna,
alma e transportada para o ceo é urna transforrnaçào da t<gigantes- Visnu e Siva, bern como o altar do templo corn três comparrirnen-
scrpente, -i niada de branco, negro e riscas douracias>t (.lue 0
tos a des ciedicado (Gonda, 1952, p. 134). Aparece tambCm em
iclatu de 1-leirns i!tXIO, p. 127) menciona corno senclo tatingida>> rnantras como urn estádio do culto que l-looykaas (1966, p. 173; ci.
LOOl selas tic flores pelo surno sacerciote durantc a crcrnação - ver pp. 126, 138) rraciuz corno aparição - tornar a lorma do Dcus".
(iovarrubias, 1956. p 387. Sobre a exrremidade da torre cremalória
Sobre sakii, Gonda, 1952, pp. 134-135; para a sua aplicacao no
Ic nobre, Covarruhias, 1956, p. 369 (ver o dcsenlio). Sobre 0 Ca-
ritual popular, Mcrshon, 1971.
dafalso, Gonda, 1 952, p. 196. Gonda (1952, p. 197) menciOna
Sobre Brabma c Visnu corno sek/is dc Siva, ver Gonda, 1952, p
,mhCm iuna cspecie de Idolo, feito de moeclas, sândalo, ou partes 134; Goudriaan c I-Iooykaas, 1971, p. 607. Para urna formulaço
loiziar (urna CSpCCIC de paliiit) <como sendo Iin,c'ga em Bali, e popular da trindade corno Brahrna Siw.a (Brahma), Saicla Siwa
,.uere inesmo (p. 233) que os vulcöes podern servir de sImbolos (Visnu) c Prarna Siwa (Iswara)>>, ver Covarrubias, 1956, p. 290, o
.ai,çga (vet tambCni Covarrubias, 1956, p. 290). Morivos Iin.gga qual comenta que até esta divindacle se torna, corn a rIpica corn-
.parecem eni varioS ripos dc clecoiaçöes arquitectoniciIs c irnprc- preensao errada halinesa, nurna divindade em si charnada Saughyang
am roda a iniagetica dos mantras. Os culros de ling,ç'a-rei sagra-
[('a clivindade>>, Gonda, 1952, p. 1351 Trimurts on Sang,gah Tzga
sao, obviarneiite, gerais em todo o Sudesre asiatico; talvez 0
I it [três santuários>>] Sakti. (A tipica compreensão errada, ou rnelhor,
1 P.) I) I lIE) I IJI
278 NEGARA NOTA,V
Fhacie, 1954 e 1963. Para o Sudestc asiático cm geral, ver von 144-24
I-ieine-Gc-ldern, 1930.
Dc encre os espacos sagrados, os ncimeros seis e sete erarn
essencialmente locais para agradar aos deuses c o n(mero quatro
era-o para aplacar os dcmónios. 0 oito era urn sImbolo do monte
Meru, sobre o qual mais será dito em breve, juntamente corn os
A plania do paLacin p1 aiiteriOrrnCfltC rcproduzida de lorma portoes (3, 15, 16). 0 cinco era uma plataforma elevada, de pedra,
rnais geral (Geertz e Gccrtz, 1975, p. 144), foi dcscnhada e dcci- e coberta, onde os juIzcs rcais se reuniarn para decidirem sobre os
Irada por Cakorcia Gdé Oka Ijcg (no/as, p. 179,:cuc nele vivcu casos (no/as, p. 299). 0 dez, corno já foi referido, era urn templo de
cm ianLc Os primeirw trczC anos da sua vida. 0 rci reinante (Déwa subdadia, supostarnente fundado pelo irmão do avô paterno do rci
Auei' da altuca era ainda jovem ele peteceu durante o pup/itan reinante quando o era carnbém, enquanto o catorze era o templo de
-, tendo o seu pai morrido recentemente. Muitos pormenores origem para a linha real Mengwi, cujo flm foi já descrito (texto,
foram owl tidos ila pianta, regularizada. Para urna versão mais lire- p. 23). Nao consegui apurar porque tinha este iiltimo aquela loca-
ml do deseuho de urn Jmri (o de Gianyar), ver Moojen, 1926, p. 73. jizacao, e qual a sua funcao em 1905.
Para focograllas do pliri Klungkung, Moojen, 1926, estampas 51,
5. ULUa breve descrição LIC Puri Gdé Tabanan é apresentada in van
Geuns, 1906, pp. 72-75. 144-28
145-18 mas corn cuidado, CO() semprc, Rassers, 1959-a, pp. 1 68-186)
Sobre as .ofrenclas cornensais'>, gigilntescos mont-es de arroL orna-
Estas <<semanas>> e estes <canos>>, uma vez mais, nao são sernanas mental, ver Gronernan, 1896; Tirrokoesoemo, 1031
e anos no sentido ociderital, mas sim proclutos da mecibnica de urn Sobre a importancia do mont-C Agung (concehe-se, de lad to,
complexo calenciário permutável que define categorias qualitativas c'ue os (leuses vivem sobre dc, mais 'In que ode) C cc sisrlm,s
de tempo em termos de inieracçibo de ciclos de clias norneaclos, direccional a dc associaclo, ver Swellengrebel 1960: Covarrubiis,
ciclos esses de duração diferenres (norris, p. 237, e as referncias aI 1956, pp. .4-10; 1-looykaas-van Lecuwen Bonitikamp 1956 Ttl
ciraclas). Pat-a wukris e o calendário balinês de dias santos, ver Got-is corno ji mi reiriclo, agiing significa cgrandii.iso 'v:IscO" "pt-i iii I -
I 960b; para ossignificados de iikiran, van Eck, 1876, p 12, sob pal>>, etc. Pat-a alc5 in do alt-ar do mourn Agi tog, encOfluiair1-Si lit
hueklr. quencernente alt-ares slinilares, rcpresenmndo 'urros vulcàes dci ceitiw
Fmbora a cliscussão no texto seja clesenvolvicla em termos cl-as da i Iha dc Bali, G unung Batur oct Gunting Bat-it Kau Oaclin n 2-il).
casas reals (i. e., as dos senbores suseranos de <linha central>>) como Pat-a desenhos clestes alt-arcs, pequenas estrur,iras 'Ic mackit-a C pet-It-a
forma paracligmática, o padrão é o mesmo, em versibo recluzida, nos corn teihados em forma de pagocic-, ver Covarci bias, 1956, reverso
nIvcis nobrcs secundário, terciirio e sucessivos (periféricos>>) bern de p. 266. Sobre o reniplo suprerno, Besakih, '/cr /c/O, '.
como nas casas (jeros) ramifficadas menores em causa. Em muitas Pat-a os alt-arcs Meru Ct-fl SI, ver Moojcit, 1926, py, 81-96 (t:ntlirna
destas pode não bayer urn patio zikiran corno entidacle separada, nern cudo deva set- tido set-n urna acitude crfrica), r esranij'as 71
estando esce localizado no seio da câmara mais interior da area de 79, 88, 1.48, 183, 184, 198, 200-202; Got-is, I 038; Gons, S. d., cs
campus, 4.31, 4.34, 4.45; Covatrubias, I 9( ?6:; van Erdc,
habitação do senhor ou, freciuenternerite, na fronteira entre as duas
(ver, p. cx., Moojen, 1926, p. 70, fig. 13; pot-em, dc traduz erra- I 910. 0 ni'irnero de telliaclos Meru (qiie e ernpre brat-) relic-etc
0 dens - c o status do dens - a quen cit-rut-nra i ,kalicda: otize
climen re por <<resiclência>> [woning] do <4residente I)ri ncipal>> [hoo//-
pat-it Siva, nove para Brahrna oct Visnci. e ,is.cmi succ-ssivarnc'nru (van
beu'onerl -
Erdc, 1910). Reflect-c rambCm o status dos 'Iou> u. <lii c-mph
norris, p. 290. Pock bayer mOltiplos altares Mccii nurn so cu-ni; 'In.
14 5-24 C 0 cent-rn 'Ic urn Met-u forma urn poço aberro que os ditsec it-an
i1t-iI cIesc-crern ho tcmplo. Pat-a urna pintitru d<- nut altar Mcrii lull
cstc poow dc vista - o ual rcnicc iocla it qucstão para as idcias 146-17
1ittt[iea5 t'eSpCIlaiilCs ao itiandala - ver Mus, 1936; 1937. Pam
0111 1111W Javan&,, daLado do século XV ou XVI, rclatauido o trans- Sobre o kris e o design do kris - forma dc punho, contomno da
porn: do monte Meru clesde it India e dc Java, para conlerir csta- 1mina, damasquinaria - vet Rassers, 1959b; Groneman, 1910;
buludade it ilha de Bali isto é, flize-la parar de crcrncr -, dc Jasper e Pimngadic, 1930; Meyer, 1916-17; Solyorn e Solyom, 1978;
tuiodo aus homens poderem nela viver, ver Pigeaud, 1924. Carey, 1979, n. 58. As histórias javanesas sobre kris, que são em
Sobre a iconografia Meru dos portôes ba!iuieses, cindidos ou gemal praticarnente as mesmas que as balinesas, poclern-se encontram
i:obertos, ver Moojen, 1926, pp. 96-103, e estampas 2, 17, 18, 35, em várias panes in Pigeaud, 1938; para urn exemplo balinês, ver
37, 13, 45, 47, 51, 75, 76, 87, 97, 98, 109, 110, 114, 115, 118, de Zoete e Spies, 1938, pp. 299-300; cf. Wotsley, 1972, P. 21.
70, 140-1 412, 1 50, 151, 156, 158, 159, 168, 173, 174, 191, 192, Sobre rclIquias familiares em geral, ver (urna vez mais para Java,
95. Ci. Covarrubias, 1956, pp. 266-267. Para hoas lorografias do onde são chamados pusaka) KaIff, 1923; para Bali, ver Swellengre-
>irrio crndudo em Bekasih, ver Goris, s. ci., cstarnpas 4.19, 4.20; bel, 1947; e cspecialmente Worsley, 1972, pp. 21, 52-53, 218-
ver iarnbérn 4.21 1 a, para urn portão coberto, 4.22. Pinturas de -2 19, onde se encontra uma discussão desenvolvida sobre o papel
p,rtOcs cincliclos c cobcmtos aparecern rcproduzidas in Lamstcr, 1933, das relIquias farniliares, kris, insIgnias, ou qualquer outro elemen-
I:.1. .'k telaçao enure cstcs dois tupos dc portöcs irnagern da won- to respeitante a legitimidade real. Os waris (ouJmsaka: outro termo
auiha tern sudo mais dcbaticta quc csclarccida. Tern-se defendido balinés frequente é kaliliran) não se rcstringcm a arnias, é claro,
.luC 0 porcio cindido exterior reprcsenta as duas rnctades do motile mas incluem tudo o que seja passado cm hcrança e que seja con-
'\lcru separadas por Siva para permilir a passagern; diz-se que o siderado de significância e poder rcligiosos, incluindo a ttadição
'()rlao coberio interior, normalmente encirnado por telliados Meru corno urn todo (p. cx., como in Rawi, 1958).
in pedra, represcuta a sua rcunião, para significar o cumpriunento
da passageun. 'rem-se defendiclo a ideia de que o portão cindido
crcSeuula it scparaão de inasculino c fcnuinino; ua coberto, it sua 146-34
ileuuiudade. Tcnisc dito qLic o portio cindido rcptcscrica a divcrsi-
lade dc Deus; o cobcrto, a Sua uniciclade. E assiun sucessivamente. As citacöcs são retiradas de Goris, 1960b. Niwatakawaca é o rci
I: sias varuadas iii terpretaçôes não são incompat!veis,e cent), dada it cicmónio contra o qual Arjuna luta na épica medieval japonesa
>irerna polisseinia e sobmedeterrninacao do simbolismo balinés. Tao- conhecida como Arjmia Wiwaha. Sobre it importilocia da noçiio de
ouco a etimolo,ia ajuda muito. Cajicli, deriva de urn nornc <<omigern> ou <<ponto de origem>> - kawitan - em Bali cm gcral,
Ic Duuga, é a palavra em javanês antigo puma urn nionurnento Sc- ver Gccrtz c Gcertz, 1975.
nuicral, urn sugnufucado que aparentcrnente perdeu em Bali, en-
tuarico sugnufica <cicvado>>, <<0 mais alto>>. Quanto a /rndarak-
i, sugulitiCa uaruta>>, >ponro forte>, <guardiao> (Gonda, 1 952, 147-2
.,o. 196, 198, van Eck, 1876, pp. 40, 19'1). A muito ncccssitada
i>ruograIia sobre arquitcctura balincsa CIUC vcnha substituir it de Tumpek refere-se, na realidade, a urn dia que acontcce cada
.'ojcn, utul mas nào miii to bern unfotmada (1926), pode rnui to trinta e cinco dias; isto é, ao f'um dc cada quinbo w,ikzi. Toclos os
en ccrneçar 1>01 uma invcstigação das entradas kalinesas - tanto tumpeks, que <<fecham>> algo (e anunciam, portanto, a <abcmttira> dc
qualquer outra coisa) são dias santos, celebrando 0 q'-' (ILICt CILIC
seja que se identifica corn o seu wuku: carnpos de sequcimo, criaçao
de animais, tearro de sombras, etc. Urn dos tumpeks, 'riaizpek Kiwin-
can, é urna das cclebracoes populares mais irnportantes em Bali,
286 NEGAJM NOTAS
comemorando o regresso ao paraIso (alguns dias anres) dos antepas- i do supra-hurnano minimizando ou mesmo apagando o contrasru
sados cremacios que haviarn desciclo a terra durante a semana an- entre esre e o huinano, a tenrativa era no sentdo de rnant:r () infra-
tenor. Sobre tudo isro, vet Goris, 1960b;
Sugriwa, I957a, pp. 29 jmo c animal Istico ao largo, maximizanclo 0 rorirraSre &iltre
e sets ri como Sugriwa refere (p 30)
rumpek Lanc/ep associ tclo c 0 hurnano I feccivmcnre toch (l1l flhiC d icr Cli 1111 hR
corn as ancigas casas rcais e seus dirigentes, viu a sua importncia implicarcirar chcgar pertO, por irnitaçio, do'; r tnks rnaS
diclin ir nos dis de hoje mis COntJflii i a reii,r sc Para urn incir por cleimit iO Os 111 ii initri<>rcs ( u- a diiinic, levi'
i cltsr,
ecjiiivalente )avans de Tumpek Landep - cFiamado
Nyirain, de<Javar>> <<Conclusio) .Subre a fobia halinesa respeirante i anim:ldad' (lCSlC
'banhar>, <purificar>> - ver Gronernan, 1905.
, este potito de vista, 'cr Baceson e Mead. 10412. Sobrr as erencas
balinesas nos dcrnánios, Mershon, [970; Lielo, I 949; (..c'varruhR,
1956, pp. 320-358, embora eStC It,rno cnnfiinda Llfl(h.)V(N
I 17
menre dc'mónios coin bruXaS (cf. de Kan Aiieino, 192 Id).
232). Dc urn inodu geral, quanlo mais clevado o status de uma muito major cm Bali que na India, oride permalieceti, C permanece,
iarnIl ta, latilo mais incumbcntc era a cremacâo C tanto mais rapi- como urn assunto relativamente simples. Para uma breve compara-
(larriente ela devia sec efectuada, cm teoria, havcnclo perfodos es- ção dos rituais balinCs e indiano, ver Crucq, 1928, pp. 113-121; cf.
pe.ificos recoincndados para as várias varnas (Friederich, 1959, Goris, s. d., pp. 125-130.
p. 84). C) mornento da crernaçio dependia iarnbórn de conside- Toda a questão da relaçao entre as formas balinesas c indianas
raçöcs calendares (dos 210 clias do ano balinês, so 12 cram apro- pode muito bern ser esciarecida quando a influCncia do taritrismo
pLiados; Kcrsten, 1947, p. 159) e, obvianiente, sobrctudo de con- for tornada em consideração, corno já comccou a s6-lo no rcspci-
sidctaçöcs prai.icas. tantc it tradição kraton javanesa. Devo este cornentánio ao Professor
F. Lehman.
148-21
149-3
Cons, s. d., p. 126. A envergadura e os gastos enorrnes das
cucmaçöes balinesas tern siclo apontados por quase todos os obser- Como tudo o quc e balinCs, havia niuita variacão no pormenor,
vadores. Covarnubias (1956, p. 359) chama-Ilies <<espaihafatos lou- e estas actividades (mais urn vasto n6niero de acrividades associa-
cos de extravagancia>>, c alude vagarncnrc (p. 362) a <<crcmaçöcs de clas, não mencionadas aqui), podiam set esticaclas ao longo de vários
pnicipcs c1uc cListam... cerca de vinte c cinco mil cI61arcs>. Batcson dias (Wirz, 1928; Covarrubias, 1956, pp. 363 e segs.). Os senhorcs
c Mcad (1942, p 46) falam de pessoas <<vcndcndo tuclo 0 quc cram gcralmente embalsarnados, e os seus orpos cuidados, por
1,ossLienri para as podcicm cfcctuar. Goris (s. d., p. 128) escreve vczes durante meses, por criados reais parekans - texto, p 85) quc
sohrc o dispCndio do >>total da major parte de urna hcranca de cram considerados, resultantemente, como estando <<mortos>> c,
muitos rnilharcs de guilders>>. Swellengrebel (1960; citando Bad- portanto, exilados, pelo que em tempos mais rcmotos cram possi-
na, s. ci) cia notIcia de wna cremaçao recente em Tabanan custanclo velmente mortos e sacrificados corn o seu senhor na altura da sua
sets ou SCLC Mil dólares. E ciii relacao it dCcada de 1850, Fricciricli crernação (Iriederich, 1959, i 85; Covarrubias, 1956, p. 386).
0959, p. 99) cscrevc: Os sumos sacerdotes não se aproxiniavarn normalmente dos
mortos, excepto no caso de indivIduos de status rnuito elevado; it
Lorpos inoruos no [negara dc) Den Pasar... j2i cstão [por água bcuta era frequentcmenre trazida por parcntcs desde a casa do
>rcrnarj ha quluze ou vintc anos... [o rci de] Kassiman sacerdote. Havia tambérn urn sistema extremarncnte complexo de
[urna casa rival] impede csta crcrnação por razOes polIticas, efIgies que Sc manifestava ao longo das cerirnónias de crcniaçio
pois cia pock retirar-Ihe o scu prcstIgio; outra razCo sao os marionetas, honecas, fantoches, desenhos, construçöes de fibres C
bcns do actual principe de Den Pasar, cujo rendimento foi vegetais, trouxas de roupa ernbrulhadas -, algurnas representanclo
muico dirninuIdo por Kassiman, e que não conseguirii por a alma, outras 0 corpo, algurnas representanclo flTiC5IflO pirtcs do
muitos anos reunir a soma requerida para uma cremaço to corpo. Não se iiode abordar estes clementos aqul, embora des scjam
grancliosa. de irnportCncia crucial para uma compreensão dos conceitos baline-
ses de morte, espiniro, vida pósturna, etc., bern corno de persona-
Não ha cerreza de quando a cremação foi introduzicla em Bali. lidade e representaçãu. Sobrc todd) este assunto, ver especialmente
(A afirmação usual de que se trata de urn facto pos-Majapahit - Bateson c Mead, 1942, pp. 44, 239, 248-252; Grader, s. ci.,
p. es., Covarrubias. 1956, P. 360 -, baseia-se em P 011C0 mais que pp. 30-39.
no facto de as suas (Irigens .serern Indicas.) Dc qual(]ucr maneira, a A noire do segundo dia, a ObediCncia, assinalanclo o fini da
nstiruiço dcscnvolvcu-se no senrido de urn grau de elaboraçao poluicao (sebel) que o cadaver causara, era habituairnenre marcada
290 NEGARA NOTA.S 291
pot rntsica, danças - riornialmente danças guerreiras ( bans) cremaçIo de urn senhor menor acornpanhada poi nada menDS ( l1 i(
rearr() de sombras, festins, e outras celebraçoes, incluinclo urna leinira 250 cremaçöes Sudra, e cci mesmo presenciei a enorme cremnçao <:1<-
pcihlica de Bhjma Swarga, a hisrória da visita de Birna, urn dos urn sumo sacerdore em 1957, na qua! hitvia 460 corpos acompa
Pandawas, a terra dos mortos (Covarrubias, 1956, p. 375; cfl Hooy-
nhanres, sia (te.'cio, p. 54 da casa Bralimana, agrupacios i-rn vinir
kaas-van Leeuwen Boomkamp, 1956). Sobre sebel, ver Belo, 19701);
torres.
sobre a sua re!açio corn as cremaçöes, Friederich (1959, p. 86), o 0 simbolismo dos diferentes nOmeros dc teihados Mern ,thi
cjual assinala que rido so a lam Ilia real era sebel, bern como 0 paliIcio (1/o.
tambCrn osaltares noS templos de firnIlia .ici 005 mei)LlOiladQS
em si era nwuro quanclo nele se eflCOn(ravi urn cadaver, pelo LOICS do
his, P. p?). Uma causa freqtiente de ci ispura eritre os seni
iue IM110 ii ocupaclo pelo sucessor are depois da cremaçaw>. E uma ci irelto a
Bali clOssico era a controVérSia eli) Wino de quem tiiih;i
POI,
cerirn6nia de obediência é tambérn feira nestaalnira pela farnIlia qUantOS tellinclos no altar da sun torte dc cremaçãO, tel nanTlo-Se
real no templo da dinastia (ii.° 2 na figura 11) bern COiflO jun10 do vexes nunia caLm' pant a guerra. Urn esboçn si mpiificadu de urn,,
corpo (Covarrubias, 1956, p. 371). torre de creniaço de urn <nobre> pode set encontrado :'i Covai to-
bias, 1956, p. 69; ci. a sun riora nas pp 376-327. Pant urns
pitura da VetSO rouro do ciuxao animal, 'er iclern, I
15i tace .1
150-3 p. 324. Tanro as tortes wino os caixöes cram feiros de mideira,
rranspOl LdCI')S cii
loihas dc palma, espelhos, porcelana e pratof,
I hcg.i'.i
0 nOmero de carregadores de água benta (Friederich [1959, enorines esc1uitclrias dc liteira pot citil ncbrneio di- hometis (111C
p. 891 viu '<mais de cem>, corn agna trazicla '<cbs Sitms inaissagrados a atingir os quatrOCentOS ou quinhentos.
de Baii<' e <'cbs [surnoS sacerdotes] em posiçoes de estima especial-
niente elcvadas); a riqueza dos bens pessoals (Friederich [1959,
P. 891, ViLI caixas de betel em ouro e garrafas de iIgua <<tarnbCrn cle 15 1-35
metal precioso", hem como o <ale remenre ajaezado<> caval() do rei
cjue Helms tamhCm menciona); o renorne do poiJer sagrado clas IJill dos aspectos rnais notaveis da crernacao era -fecrivai ninre
reliqutas lamiliares waris; 0 nOmero de orquestras; e assim sucessi- (I SIICCSSOr
a ausencia dc' qunbquer papel importiint&' cii especial part
vaniene — tuclo isto, ohviarnente, tambCm variava (e, em si, erani rei morto. Ele não clevia ocupar o patiI(iO como rei ate epiC 0 Sfn
do
indices dc presrIgio), como variava tambCm, no seio da estrutura predecessor tivesse sklo queimado, rnas pain ibCrn clicrt< nan hay ii,
,geral, a cornposição do cortejo como urn rodo. Sobre estas cjuestOes de todo, umacerirnonia dc coroaçao real menre rnporcaritc 110
e sobre it urciem cle marcha em genii, ver Crucq, 1928, p. 64; uns cantos ac tos riruals menores. Aquih' epic tellS Si.l()
a
Friederich, 1959, pp. 89-91; Covarrubias, 1956, p. 374; larnster, apelidado coino ml C, na realiclade, urna rrirnonia de ordenaçio
1933, pp. 55-57. Cf. Franken, 1960. de urn senhor comb urn tipo especial dc sacerdote (icc; Vec 1/01(10
E possivel que, embora disso não haja provas reais, a cremaçäo p. 268 no respeitante a Siva-ralni; e Friederich, 1959, pp. 81 -821
de caclOveres Sudra cenha sido uma transformaçio, no sentido do Korn, 1932, p. 144). Dc c1uaiquer modo, sO uma minutia 'Ic reis
simholismo, de urn costume anterior segundo 0 qual os sObdiros it bevavam a efeito, e normaimenti' ja avan ados no seil reinado
piebeus eram, como as viCivas, efectivaniente sacrificados. Seja como Havia urn certo nc'trnero dc cerimOruas a seguir a creinaçici
for, it provisibo de urn senhor corn urn sCquito de almas sObcbitas 1 928 p. nP). A flints
propriamenre dim (pant urna lisra, ver Crucq,
para serern aniquiladas juntarnente corn dc era urn costume inipor- i rnportantc (o ngnorasin, mem,,k,ir ou ,ii'ba/i - Cnicci, I
928. Cova
iantc, e provaveimente a principal forma como estes pleheus, cjue robins, 1956, pp. 384-385; C. J. Grader, d. pp. I i. : I -3 )
cram cremados de facto no Bali novecenrisra, alcançavarn essa aconrecia doze dias (por vezes quarenra c dois) depoic cia niorie
cremaçao. Na década de 1930, Covarrubjas (1956, p. 363) viii uma Consistia essencia!nlente na repericiio nc tudo 0 epic acontc-Cera, sO
NEGARA NOTAS 293
cn 'i na Coil, nina Ilor (/ms/ia) rcprcsentuido o faleci- ui cliscutIvel ate que ponto 0 COnCeito de <poder püblico>> do Estado
k.. Kepc ha o lnesiiw icina, a indcstruiibilidadc do rank, dc urna estava presence em Maquiavel (cu partilho do ponto dc vista de
Lotitia aim_Ia mats wtida, porquc dava mais ênftse às actividades do 1-lexter [19571 de que, csscncialrnente, nao está). Skinner situa a
acerdouc C a lam II ta real do que a muitidão preseiste, a qual era transicao crucial, no respeitante a tcoria polItica, na obra do humanism
gerairnente mats lccIuc1ia. frances Guillaurne BudC, Education of the Prince, 1547 (Q. Skinner,
Os aspecros de status da cremação aparcccrn ttrnbém rellectidos 1978, pp. 354-355).
nos coriceitos baliiieses da vida após a morte. Os mortos não crc-
maclos permanecem como almas individuals distintas (pirata) c sao
eiic,iraclos como altamente perigosos, exiginclo apaziguamento Ire- 154-28
queritc através de oferendas colocadas nos cemitérios oncle habitarn,
lao lilx'rtos dos scus cadávcres. Os mortos cremaclos (pitara, urna Donne, citado in The Oxford English Dictionary, em ><Estado'.
iorma ck palavra para "deus>) sao considerados como já não sendo
dc todo tudividuos C, eicciivarncntc, são tidos como benélicos, an-
tcpassados-dcuscs gendicos vivenclo nurn nfvcl adcquado do céu c 157 -2 2
acloraclos ito templo da faniilia (vcr Goris, I 960a). Efecrivamente,
us reis Ictidarios de Bali, 1SW é, os reis do periodo Gèlgèl C pouco Para discussöes gerais sobre a ><realeza sagrada> no Sudesre
cicpois, craw cou5idcrados como cendo (<dcsaparccido>> após a rnorte, asiático, ver Coedès, 1968 e 1911; Mabbett, 1969; Sherman, s. d.
conto tendo asccndiclo directamente ao céu scm deixareni urn cadaver Para Bali, ver Worsley, 1975. 0 termo raja derivado do sânscrito
C. assim, sent necessiiarem dc Utna crcniaçiio, processo conhecido e as suas variaclas formas, C 0 termo genérico mais cornurn para rd
COtOO moka, do sânscrito mok5a, <salvação ou crnancipaçao final de
no Sudeste asiático Indico (ver Gonda, 1973, pp. 130, 224, 228),
Llualclucr existencia corporca> (ver Gonda, 1952, pp. 157, 240- mas ha, evidentemente, muitos outros prabu, patih, etc.), dos quais
251). rnais importance na Indonesia talvcz seja rat/i, do rnalaio-poliuCsio
Quuito aos caclávercs Sudra na cerimónia rcai, des cram mci- datu, datiik - " chefe>>. A "tealeza sagrada>> prosseguiu, de urna
ncrados ao mesmo tempo que o do senlior, nas suas proprias piras, forma apenas ligeiramentc revista, nos reinos muçulmanos da Judo-
mats pequerias e separadas, rodeando a dde. Para Ibtografias do nCsia: ver, por exemplo, Moercono, 1968; Brake!, 1975. A ieferên-
terreiro da crernaçau (.icma), ver Bateson e MCUd, 1942, escampa 96. cia a <<clois corpos>', reporta-se, eviclentemente, ao grande livro de
Kanrorowicz (1957) sobre a ><teologia polItica medieval>' ocidcnual,
qual consrituiu urna das principals influCncias na oricntação da
I 53-1 presente obra. Para urn estudo (na minha opinião forcado, pouco
convinccnrc e demasiado indiológico) feito por urn historiador da
As citaçOes iiiiernas são de Shirley, Pope e Swift, reriradas da India questionando a realidade oct pelo rnenos a natureza da "rca-
exicosa cutrada para <Estado>> no The Oxford English Dictionary. leza sagrada> no Sudeste asiático, ver Kulke, 1978 (cL, corn as
A mesma cOniprcssãu de sentidos se verifica, obviamente, no termo rncsmas reservas, Fillozat, 1966).
cut oucras lInguas curopemas rnaiores - élat, .c/aat, .rtato. Para uma
discussão compreensiva sobre a cmcrgência do sentido ocidcntal
inoderno do tcrmo '<Estado'> eriquanto ><urna forma de podcr p6b1ico 157-30
searada lauito do governante como dos governados, a consticuindo
a atitciridade polItica supreina dcritro de urn certo rerritório defini-
E calvea o grau em que as pretensöes dos reis a <<soberania>> (urn
(.10>, vet Q. Skinner, 1978, csp. pp. 349-358 (citação na p. 353).
termo pesado neste conceito, de cjualquer modo) terao sido neces-
291 NEGI%RA NO'I,IS
:iroiado
sariarnenre universais por oposiço a locais. Dc qualcjuer modo tell] terminados em varniadcva>', 1i11ioxinidiiente di.is
(Coes, 1968, p. 129); e mesmo no Sktll() XIX, depois de todo o
sido discurido. Briggs (1978) chegou a argumencar contra Coedès
(1968, p. 99), que a cerim6nia mágica> do <fundador do Irnpério <lréscimo de status>', o rei de Klungkung era c0iihe,ido C0iVi"
Khmer>,, Jayarman II (802-50), proclarnancIo-o chakravartin (mo- Desva Agung (<<grancle deus"), o de Giaoy.ii: corno DCWa M.itiggts
1Doderosa.
oarca universal,> - literalmente <aqucla que possui a roda que (<<cloce dens>>) C assim pot diante. Para uma afirrnato
darada do s&ulo XIV javanês, da concepçao rei d i vno/govrnante
gira>, <<aquele cuja roda gira>), no inclufa uma reivinc1icaço de
1<10 die i / 1/21)11
S()berrni-1 jYira ilem do <seu proprio reino>> 3vf-ts i rizo 'lptcs€n do ITIU[)dO cli St nhori did-tdc oiick o rei, ( ham
orno i' a iflderi tliz i
tdl I por Bris p ira dek nder esca posi ç o
- que a rsm
nc ce (<(cleus mon irc -t ) c cx1)iidir-trnente r rido
clii NeI,arakcrlacam(1 (111
rlrnonia Iota efeccuada em Champa em 875 e em Java em 760 . do (bhatara )'/r/l1flafha cakala), vet canto I
piirece-rne apolar a perspecriva de que, embora incompacIvel clescie Pigeaucl, 1960-63, vol.1 , p. 3; vol. 1. PP .3't.
qilt, p0! la/0f.
tim Potito de vista ociclencal, uma mulciplicidade de prctensöes Este t calvcz o local certo para htie norar
i ntiodu7lrim ni itch <is tOP ii 'I
iimcnre v dis d ia sober met universal no Su ckstc asiaciconciiuo ohvi is so cic ismnn drncuo. SC
L,u s o exic iii]) 1
cii vist i ii io so corno no sendo iloic 1 01 iS como pirte d t ordcrn fleSti cscndo i ipi n 15 i ic did i que a s ii essid id
norm ii ds coisas Pira urn COnccitO sirnil ii de po/ykratan -krel- is d inquclito sisierflitl( o dc outris lot m iO( S
e'uscciii IC lit Il\
<ciido cit I <is ioi
tim <p ul-icio ic-il - da naturea i dos escidos indicos (javineses) phttc is cl-issi is do Sudestc -isi into Aiii
maçOes incluiiirn: Leach, 1951; Tambiali, 976; Vc11t, 1 <)7. 1.
ver van Nacrssen, 1976, o qual escreve: "Concjnuo no convenci
l3ri< s 19)1 M LSPLW
do d que iii J wa hindu intig i hu ovesse u rn so soberino cle c id i riicli W-iics 193 4 R ibibli mci in i 1960
1958, Reid c Castles. 1975,
vez. As bores históricas cle que dispornos permirem-nos concluir 192$; Woociside, 1971; Gullick,
' limit I I 0S7 11ie 1 060
quc Ii i i-i v-trios govirnintes indcpendentes aI/,uns gozando o citLilo Lomb tic1 1967 Siddic1uc 197
tie ,n e/3ta/a e oucros scm esse ticulo >> Nb SC infere disto Moercono I 96S R<J ick 1 ) I And LY
Routftcr, 1931
no prelo (tttl,j0S
narnence, porém,que Os primeiros cram governanres supremos por Kielr, 1972; 1-mu e Whitmore, 197( Liã()
Serern conhecidos corno citaharajas. Atrihuir autoridadc suprema a iifl1iortantes por Michael Autig Tliwiii sohr&i Ririninia, c POE
tim governance meramence porque os escritos o rnenciooam como Shelly Errington, Jan Wisseman e Anthony Day sobre a Jiidoncsi.i.
tim maharaja e an mesmo tempo negar autoriclade a outros
c'ue
jossivelmcnte pocierao tcr tido canibém <<soberania>>, on <<ad1ori-
dadc<> real, esce on aqucle governance tinha, coisa que é excrcma- 1 58-26
mente dificil dc calcular canto tempo depois, mas sini que pi- -'
soes dc cinha e Como - fosse em tItulos, rituais on o quer que . A caraCcerizacaO cia relaçao encre os iets inclianos c os bi-ahmiris
t liiilii cli Pens irnenho clest ns ol-
fossc - is e\prlmla Muitos dos nomcs slnscritiz idos idOJ)tiClOS 1(101 tprcsetimid bc ni comb cod i
por mets reflectiam estas prcrensöes universais: Wisnumurci (<o quc s'kba, cieriva cia obra seminal tie Dumonc (1 970a, PP 72-79, I
encarna Visnu)>), Sakaiabuwanamandalassvaraninc]jta(<,o irrepreensIvel ' '° 1970c e 1970d; cf. Hocart, 19t6; l)umzil. 1c4$. Dumoiit
senhor de toclo o cIrculo terrescre>>), Dcwasinga (<<deus-160>>) escreve 0 SC/UIflR
Sareswara (<o senhor de tudo>), Sang Aniurwabumi (<o que governa
Como vivemos nurna socieciacle igltalitari1i, cemos :1 it nd'n
a terra>>), \Xtmsnuwardana (<seguinclo Visnu,>), Narasinga (<homem-
-leao - um nome de Visnu), Bumi-Nata (<<senhor cIa terra>>), Ca- l cia pam conceher a hierarquia como tuna escala de poclerts <1'
kranegara ( ,, roda do Escado>>), Suryacliraja (<siipremo rei sol>>), e corno nun] exertico e nao comb urna graclaçiin
coiTiaiido
tIC status. Pode-se nocar en /aIssanr que a cornbinaçao dos clois
assini sucessivamente, quase scm flm (Gonda, 1973, pp. 331 _337
aspcCcOS parece ter sido cut-to menos fcil num certo ii(irnero de
indonesianizem a orcogralia). Os reis mais ancigos cu)os
sociedacies, c h nijtos casos de soberanos cuja eminence
conhccidos em Bali (isco é, dos meados do século X) cinhani nornes
NEGARA NOT/IS 297
dignicladc estava acoplada corn 0 ócio. 0 caso indiano é do tipo Para oriente....Para a 1cgitimaço mágica, sacral, de inreresse
(ni que os dots aspectos cstao absolutamenre sepaiados... dinástico>>) podern-se cncontrar in van Leur, 1955, pp. 96-104.
[No t:aso iticliano] o rci dependc dos sacerdotcs para as suns Para provas sustentacloras da perspectiva de que a realeza sagrada
Iuncoes religiosas, ele não pocic Set. 0 scu proprio sucrificador, se desenvolvcu principalmente na Indonesia, após o contacto india-
em vez disso etc "coloca a sua frente>> urn sacerdoic... e entao no intensivo ter terminado, ver van Naerssen, 1976. Sobre a evo-
perde a primazia hierirquica a favor dos.sacerdotcs, retendo lução do Brabminismo indiano c a sua absorção de valores ><dc
si apcnas o poder... renincia" budistas e jainistas, ver Dumont, 1970a, pp. 146-151.
Atravs dcsta dissociaçao, a funçao do mci na India foi cc-
cu/ar,zada. l'oi a partir cleste ponto que ocorreu nina difcrcncia-
can, a sepamaçao no scio do univemso retigioso de urna esfcra ou 159-9
demo oposro no rcligioso, C corrcspondendo aproxirnadamenre
00 (ILiC flOS ciiunainos 0 pOlitico. Pot oposiço ao reino dos A citacão é de Dumont, 1970d, onde a distinção entre nipos de
valotes C flOtifidS, C 0 reiuo cia força. Pot oposiço ao dharma on realeza oriental é rambCm desenvolvida.
ordeni universal do Brahman, e o memo d]oinrcrcssc ou vantagem, 0 aspecto superficial fndico das instituiçöes polIticas baline-
atha (Dumont, 1960d, pp. 67-68, icálicos no original; sobrc sas agiu como inibidor de uma referência comparativa a oricntc
dharm>i c ariba mais em geral na India, ver Dumont, I 960c.) (c talvez a nomle), em ciirecçào ao PacIfico, e nao a ocidente, cm
dirccçao ao que os Holandeses reveladorarnente rcfcriarn como I/oor-
Para Unia CIISCUSSaO do mnodo 010110 diièrente como <<o memo do -Iizdze: Urna tal invcstigaco ilurninaria substancialnicnte as con-
iitcrcssc on vailtagem>. (ali cliamaclo pamrih, <objectivo>>, ><clesignio>>, cepcôes bsicas de rank e autoridade que animaram a omganizaçao
proposito escondido>>, e não artha, que all signifIca apenas ><riquc- poiftica balinesa; e, embora imao tenha sido aqui explicitamente
za" w)i.opriedadc>>) é concebido no rcspeitante no papci real em evocacio, urn coutacto geral coin a natureza de tais sistemas influen-
Java - riomneaclarnente como disruptivo do sen equilIbrio interim, ciou fortemente muitas clas minhas forrnulaçoes. Para uma rcccnsão
Ioo da sua sagraço, logo do sen pocler -, ver Anderson. 1972. dims formas poiItica.s polinésicas, ver Goldman, 1970; sobre o imperador
sobre. Jha,;iia e realeza cam Bali, ver Worslcy, 1972, p. 43. japones, Jansen, 1977.
P >iuscurivcl a qtiesto de saber se este contmaste marcado enrrc
ON (OfldCitoS mndianos e indonésios de como as funçoes imperial e
sacrdoral se relacionarn se devc ao facto de a principal <>difuso 15 9-25
de- ideins e instil utçocs uidmcas let acontecido antcs do liinduIsmo
de CaSUL bmahmiwco Sc ICt conipictarnente cristalizado na india, oti A citação (clue reflecte rim pouco o a priori ocidenital prcvale-
se 0 coiiLrasie se cicvc, pclo contrarlo, ao dcsenvolvimento histórico cente de que cbizem que algo é urn ornamento equivale a dizem que
separado das duas cmvitizaçocs após esta <difusão'> (ou em que rncclida e memo brilho) C de Worslcy, 1975, p 111. Para a parte relcvanrc
se devc a anibos os I ac totes). As niinhas ideias sobre como a mudança - incinindo o trecho cia jóia prirneira>> - da crónica (o Bahad
social ocorre levarn-nie a culocar mais peso no segundo factor que Bielè/èng), ver Worslcy, 1972, pp. 152-157. (Os Comnenririos de
no prliriemro, inns apenas unia pccuena arte da neccssiiria pesquisa Worsley sobre a reiaço rei-sacerdote nas pp. 5, 14, 42-43, 46-47,
lot fetra. Alguinas especulaçocs inteiCssantes, mas dc desigual podcr 51, 52, 73, 77 e 81 resultam na meihor discussão do assunto
de persuasao, respcirantes no ptpcl dos Bmahmins c do Braliminis- existente na bibliografia. Para outras discussOcs, vet Friedemich,
trio na "vmnda da civilização indiana>> para a Indonesia (<<o curso dos 1959, pp. 105-107; Korn, 1960, p. 150; Komn, 1932, pp. 140 e
.tcontecirnerltos consisriu csscnciairnentc numa convocaçao Para a segs., 369 e segs.; Swellengrebel, 1960, pp. 64-65; Covarruhias,
indonesia de sacerdores J3rahrnan... 0 clero indiano foi charnado 1956, p. 55. Ver tarnbCni texto, p. 53). 0 elefante era urn presente
298 NEGARA NOTi\S
do rei de Solo, a mais exemplar clas corres javaneses do século XIX Devemos recordtir que codas as rcferrcias no rexw dizem rescito
I
(Worsley, 1972, p. 29). A identificaço do sacerdote corn a orques- a sacerdores Brabmana /Jac/aJu/a), embora baja v,icios out ros
tra came/an do rei (o próprio rei tambérn era assim idenrificado) era
de sacerciotes, senclo de notar Os ohciantcs do templo ntm-hraliiri.i-
esrabelecida arravés dos Sons que os instrumcnros procluziarn - ua mc peniangkuu, ilOtelS, p. 198) em Bali. Para urn apanhadet, ver i-boy-
rnaiorja cram metalofones dc urn oii outro tipo -, isto é, através kaas, 1973a, pp. 11-18; cf. Flooykaas, 1960 e I 96-lb. Da niesina
dos efettos psico!ógicos desses sons (causavam angfistia)> [lOS S<tO
cora- maneira, rat cOflU) só urna minoria de sac&rclores Brahrnaria
cUeS de pessoas más, etc.) mais do que através da sua natureza ffsica ,çaic'antas, assim rambérn so uma rninoria Jr Bralirnanas sin steel -
(Worsley, 1972, p. 31). A habilidade na feirura de armas no era dotes. (Hooykaas [I 964-a, p. 91 calcuba o seu total d:er1ai1l,nrr iiiulrt'
It feito universal entre Os sacerciotes da cone, embora IlFnIS
para
ec ter inferior em rebaçio an nlirnero do séculO XIX, em <<apefltts
sio d
rn vuhar. 0 conhecimento de métodos de adivinhaçio flume- poucaS cencetiaS". Os sacerclotes preciSava!T1 da aurOrrLacao do ice
robóg tea pot rneio do complexo esquerna calendar balinês (C. Geertz, Para serem consagta(IOS, e as SUtIS esposas. ,:onsideracltis, tab Lurnu OS
19731i; cf. Worsley, 1972, p. SI, onde o sacerdote determina urn prOprios sacerdoces, comb transcendendo o zcnero, ceEViilm Je seus
dia patti a guerra) era, toclavia, urna cornpetência esperacla dos coadjuvittires, pot vexes suceclexiclo-lhes no proprio papeb ) A <icti-
saccrcboces. Os <clependentes,> nao cram kawu/a, <<s6bdi tos> ia. tiIt.j, uti
(texto, vidade ritual central do patlanda é preptirar tiguti beo
p. 85), mas sisia, cliscIpu1os>> (lexto, p. elemento crucial cm codas as ceo mOfliaS 1 mpo(ranl'S data'.
54). Os sacerdores não
rinham kazeii/a, - iriclueni pttrifi1i •lr-cr I
e nenhum Brahmana (salvo, mitologicarnenre os p. 274. Para os rimS (maweu/a) - qu
prinleirIssimos seis Majapahit antes do declIriio Para o estádio de esvaz[iar-se] para oferecer urn ciomjcd in para o Dci's do Sob Ii
Satria, etc.) parece alguma vex ret detido poder polItico significa- du eticanrarnent (
Sival>' (I-Iooykaa_s, 1973a, p. 14) arravs CO 050
tiv() pot direiro próprio em Bali. E cerro que nenhum o reve no controo da respi cacao, i)I1'C1l -
sagraclos (man/re) e gesros (mm/re),
sécubo XIX. Para os alicerces conceptuais da identificaço rei-ling- rraçao mental, etc. - ver Covarruhias, I Q56, pp. 00- ()'i. I
ga/(kris)_sacerclore ver texto, p. 135, e notas p.
274. Worsley (1975, Korn, 1960, I-Iooykaas, 1966 e I 97 b; Goudriaan e 1-Iooyk.ias,
p. 111) salienta que a relaçio rei-sacerdote no Ba/at/ 1311/è/èng nan 1971; Gonda, 1975.
era urn laço individual, mas sim <enrre clois clãs (i. e., cladias), e Finalmente, hil e sempre liouve urna pejoena minutia de /eulei'--
assirn, tal corn acirna caracterizado, texto, p. 50, era uma forma de i,
c/as budisras - iot OposiçaO a Brahmanas Oct sivaIrtic - eu' Bal
'<clienteljsmo>,. (<<0 seu acordo inclufa os seus Iiihos e netos<, cliz e estes represeilt-ara[Tl pot vexes urn papcl nuts certm6ill.i 5 d,: corte.
o texto, de modo a que eles se modelassem segundo o exemplo dos Vet 1-Iooykaas, 1973b; van Berde, 1910; Rege. s d. (d). Puma urn
born e breve resurno clas rclaçóes &nrre L'odismo C uV,)!Srnl)
0.1
sc-us antepassados>, - Worsley, 1975, pp. 155-157.) Que rais relaçôes
'tt)-
cram efectivarnente duradouras pocle ser visro no facto de a <casa>> Indonesia Indicut em geral, ver Gonda, 19 7 5 (Para Bali, ver pp.
do sacerdote cia corte em Tabanan - Griya Pasekan - set pot -42)
volta de 1847 (Friederich, 1 959, p. 107), a mesma de hoje. Quanto
OS tIrulos, 0
rei era Ki Gusti Ngurah Panji Sakii; o do sacerdote,
Sri Bagawanta Sakti Ngurah (Worsley, 1972, pp. 154-156); Para 160-1
,, Ngurah- ver adianre, notas, p.
305. Tal vorno já foi refericlo texto,
p. 54, os nermos Para sacerdote da corre eram purohita, <o que esrá Para as vuirias traduçöes dc dbarmr?, ver Gonda (qur api-b i-la <
colocacio a frente> (Durnont, i970cl, p. 54);
hagawanta, <<urn homern rermo de<inrraduzIvel>'), 1973, pp. 127, 157, 304. l P),
venerável e sanro< (Gonda, 1973, p. 421); e guril /oka, '<mesrre do Jut )cusrlça no
0 par1 do sacerdote Brabmamia na adrninisrraço
n-n.indo,> (Friederick, 1959, p. 106). Finalmenre, cleve set de novo assunro de algurna importancia, esnul ainda insuficienrernence
negara,
hibliograbea,
assinalado que podia bayer, e Irequenremente havia, mais do que esclarecido. (Para urn resurno iki pOUCO (plc PXiStC i.iut
urn clestes sacerdores de corte numa corte concreta. ver Korn, 1932, pp. 370-375 e as refetncias ai dadas, eniLmmmra seja
NEGARA NOTAS 301
inorrc€ta a afirrnaçào na p. 374, segundo it qual os I3rahmanas Fniederich, 1959, pp. 29-30; Fraser, 1910, pp. 9-12; Gonda, 1973,
cram insiguiiicantes no sisiema judicial de Tabanan. CL. mas Corn p. 279. Paia urna excclente recensão geral de <texros legais den-
jaurcIa, Fras&r, 191(L) vados da India>> no Sueste asiático em geral, incluindo algurna
A obscuridade e coiilusao tesuirantes advns clii grandc pane descnicao dos seus conteüdos, ver Hooker, 1978 - para a Indoné-
do facto de que, urna vez mais, o sistema assentava nuns conjuflto sia, pp. 210-215 - cf. Lekkerkerker, 1918.) Em Tabanan, cstcs
de dcsignaçOcs de rank, de <<eiegantc>> a <<grosseiro.., de ha/us a provinham principalmence de uma casa Brabmana - não a dos
urna hierar- I3agawanta, que parece nunica terem servido neste papel -, a Griya
Lasar. c isio numa pi rârnicic de cargos fuucioiiais
cjuia, iiao nina burocracia. Destas designacôes (as qunis rambém, Jaksa no rnapa 2. A rnaior parre do resto do pessoal mais elevado
Lima yea nials, variavam de sitio para sItio e cram aplicadas ulexIvel da corrc provinha das duas casas <<secrerárias>> Sucira, Dangin Pckcn
e nto tigidamcnie), as quatro mais lrnporrantcs cram: keria, jaksa. no caso de Puri Gdé, e Malkangin no dc Puri Kalèran (ver mapas
Jama e JeJeneP1. I(J7a quc tern otigein no sânscniuo <<boa ordern>., 2 e 3, p 121, c iwlas, P. 210), embora uns poucos de entre des
'<scgurança', <'descanso" (Gonda, 1973, pp. 228, 515), significa, fossem oriundos de casas lriwangsa locais não aparenradas corn a
cointo Gonda cuicladosaineitie disse (1973, p. 280), <<consclhciro c linha real. Os tnibunais organizavam-se nonnsalmente nuns pavilbilo
JilLerprete de cexcos LiiLigos, consulcado pelo principe e pelos seus coberto e elevado ao lado do gongorachado em frente do /;u;i (ver
figura 11 n.° 5, 21. I'ara uina fotografia de tim desses pavilbOcs
juIzes.> Jakia, quc cern origem nurna raiz significando 'superin-
ccn:lcnrc" (ideni, 1973, p. 387), cern sido variavelmenie traduzido combinado, como era consum em puns mais pequenos, coin (<0
como <'jula" , "acusador.., <<advogado>>, '<funcionri() publico judi- assento piiblico do rei>>, ii." 9 na figura 11 - ver Moojen, 1926,
cial'. ou '<escrituuIrio da corte'>, corn urna incerreza de objcctivo estampa 40.) Por vczes, no entanto, organizavam-se no patio ao ar
sem.Incico indicadora de ciuc as categorizaçöes ocidcuiais nao são livre do Juni (ni.° 17 na flgura 11).
iniiiro aplicaveis; a meihor rracluçao seria algo de subtilinente vago Exactamente quais casos cram trazidos perante os tnibunais do
cal coriio "unia pcssoa implicada na onientação cle audiencias judi- negara c quais cram tratados pelas instituiçOes judiciais da a'eca -
ciais'>. J(anca, quc significa, iscstc contcxto, <<aSSiStCfltC>', <<ajudante>>, o conselho banjar, o conselho subak - é urna quesrão quc não cstá
on . ponta-vozr (gcncnicarncntc significa .<ansigo> , colocjuialrnciite de todo escianecida, embora certamente a vasta maioria dos casos,
'<con ugc.') é, emesscncia, apcnaS urn termo nmis kasar para jaksa, tanto cniminais como civis, fossem resolvidos ao nIvel local. Todos
.51 01T10 jikia o c pata kerta; c normalnscute refere algum ripo de os crimes corneticlos por punggawas ou perbekel.c cram julgados no
tribunal do nei oti do rei j6nior; os cometiclos por Brahmanas,
<iclensot', beleguini on .lrquivista. Pinairnente, jejeneng, da raiz <'estar
dc pé', <<esrar crei to,, , compicta a série; aplicava-se sobretudo a apenas no (10 rei suserarlo. As disputas entre h/iris c jeros cram,
figucas trcquentemence parekau.c cuja tareLt era prender de quando possivel, também aI acijudicadas. (Todas as casas pun,çgau'as
facto os rrausgressores, conduzi-los ao tribunal (kertagosa, raja'jaksa, tinham tribunais, mas s6 os do rei c do rei j6nior parecern ten ticlo
pt'ia/'ccIfl), conduz i-los ao castigo, etc. Tal como da/em, p1/ri, jero
vcrdadeira irnportância, pelo menos em Tabanan. Os coudcnaclos
,c/é, /er, ame,h e Jiekaru.iigan, ou como cakorc/a, patib, punggawa,
por vexes fugiam, ou rcncavans faze-b, cia jurisdicao do tribunal dc
perbekel, kawu/a e parekein, esres rermos rcpresenravani urn domI- tim senhor para a dc ourro, coisa que podia por Si 50 levar a dis-
tIjo do social (<<adiuinistracão da Jusriça>>) como siscernas de desi- putas inter-jero.) Crimes maiores perperrados por aldcãos cram
'u.ddades espiriruais, e não corno sistema de tarefa.s c responsabi- frequcntemente julgados pninwiro ao nIvel local, sendo depois o
Jades. condenado entregue aos senhores para a aplicacao do cascigo. Mas
Os Biahrnauas. C muilo cspecia!mcute os sacerdores Brahrnana, a maioria dos casos ao nIvel do negara, pelo menos daqueles que
'Incionavarn, evidenrernenic, nos nIvcis mais altos, mais ha/us, do consegui coligir das nscmónias dos infonmadones, parecern ten sido
:iema, e parcicularmente como keria, <conselhciros e intél-pretes politicos (rebelião, sediçao, conspiracão), ofensas de status/poluição
os (('X[OS (pie de facto <ninth tavam. vet (casamenros fora de casta, profanaçao ritual, perversOcs sexuais), OU
302 NEGARA
Nol'AS
cerneilte (rnuira.s vezes na sun variante <<rude>', gelab), pars a pro- 16 1-18
1;)ncciade privada IIICliVidUaI em Si.
Sobre os rccursos fundiários, ver texto, pp. 89 e segs., no/as,
pp. 218 c segs.; sobre os recursos hIdricos, texlo, pp. 92 e segs.,
160-30 no/as, pp. 228 c segs. Não se disse muito sobre - os aspectos doms-
ticos We grupo dornéstico e patio) da propriedade, pois embora
0 exemplo rnais faiiioso da perspecu'a dorninial, cnibora res- importantes em geral, a sua relevância Para a organização estatal
peitanre a Java, 6 de Raffles: <<0 dircito de propriedade sobre o solo era algo marginal. Ver Geertz e Geertz, 1975. Sobre o rermo mais
C!I) Java cabe uiiivetsalmente ao governo... [e] o tipo de dircitos in- frequentemente usado em Bali Para posse no sentido de usufruro,
dividuais de propiidadc ciuc são criaclos pela.s leis e protegidos b,ikti, ver Gonda, 1973, p. 282.
pelo governo so dcscorihecidos>' (1830, vol. 1, p. 137; dl p.139).
Urn born cxcniplo do Inverso é Liefrinck: <<Os dircitos do indivIduo...
esta"arn tao lortementc dcsenvolvidos que a situação cliuicilmentc 162-11
se pode clistiuguir de uma situação regida pelas ideias da Ici da
propricdade europela" (citado in Korn, 1932, P. 542, sendo urn Para <<espaco agrado>> ao nfvcl local, ver lexto, p .72, C no/as,
ranlo ou c1uarito ltvrc a minha traduçao inglesa de parte de urna p. 197. Para a formula <<a terra corn tudo o que nela crcsce ... >>,
Irase <<impossivel>>, em Iiolandês; <<cler rechten der individuen hebben notas, p. 198.
zich zóó sterk geprononceerd dat... zij cvcnwel in den grond der
zaak sleehrs weiflig zijn oncicrscheideu van de cigendomsrechten
voigeris Europeescht begrippcn<<). Para <<os deuses Sa0 os donos de 162-26
tudo", ver Goris, 1960a; Para <<a aldcia>>, van der I-Ieijcicn, 1924-
-25. Para variados aspccros do debate sobre <<posse>>, ver Korn, 0 termo ngnrah (o qual, corno Hooykaas salicnta, aparccc cra-
1932, pp. 530-619, Happe, 1919; Licfrinck, 1877; van Stein duzido corn clernasiada ligeireza poi <<puro>> in Geertz e Geertz,
Callejifels, 1 947-48. As perspectivas divergentes e, efectivarnente, 1975, p. 129) refère-se frequentemenre a uma divindade cuja funçao
o prOprio debate, cram, ml como o debate entre <<rcpüblica aldeã/ é <proceger o chão>> (ver Grader, 1939 e 1960b: Swcllcngrcbcl,
/despo(isrno oriental>> (texto, p. 65), em grancic mcdida urn reflexo 1960; Goris, 1938). Aplicado a urn senhor, indica os SCUS papéis
de l)ersr)ect1vis divcrgcnres (<<dirccto'> vs. <<indirecto>' ou <<liberal<< corno <cguardiao>> ou <<protector do rcino (material) enquanto Ngurah
vs. <<c<,riscivador><) acrrca do cjue deviam ser as politicas coloniais Gumi (gumi, <<terra>>, <<mundo>>), ou, mais vulgarniente Ngiirah Adat.
(ver Purnival 1, 19714; 1948). Para ngiirah enquanto <'algo que ensombra, abriga (pa/indongan),
Devese realçai (porquc Ini quem vá conririvar a Lensar o conrrário) urn guarda-sol (payong) e tainbém a abóbada do céu... Os prIncipes...
quc nada do 11ue aiui ou a seguir é dito tern pot interição afirmar detérn quase todos estc iItulo; des ensombrarn e protegem a terra>>,
cJue os recursos não cran apropriados, frcc1ucutemente ate de lorma ver Friederich, 1959, p. 123, n. 86 (Fricderich dix também (IUC é
ritcic, ou c1ue o poder politico, e mesmo a força não jogavarn quakucr urna marca da <<raça Wcsyana", mas isso é incorrecto). Urn exern-
papel no proce>0 A 6ltirna palavra sobre 0 assunto posto dcsta plo eloquente da inlageni do parque - universal nas represenra-
foruM 6 provavclrncriic dada pelo )iovcrbio javanês: '<Durante o din çOes balinesas do rncio ambience humano bern corno do scu modelo
tudo o que temos pertcucc ao rei; durante a tioke tudo o que ternos imicativo, o rneio ambience divino, ou <<céu>> -, pode nlais urna
purlerice aos ladrOcs.'< vex encontrar-se no Negarakeriagama do Majapahit: <<as terras culti-
vadas ieitas felizes e sossegadas/ corn o aspecto dos parques (udaya-
isa), cntão, são as florestas e as montanhas, todas elas pisadas pi
306 NEGAI?A NOTAS
FIc to reij sern [quc ninguém?) sinra ansiedade>> (Pigeaud, I 960- p. 195) c aplacava OS niortos no I ibetcados. Enquanro cii, era
-63, vol. I, p. 4, vol. 3, p. 21). consicierado COiflO rcsponsahiiidade fundamental do rei c,tiiui //iP!-
Para uma excelente discussão do papel do rei como "guarcliiio>> rab, juntamc.Ilte corn os principais /mc,i,'g.iwa.l do reino e os
ritual do reino em relaço aos desastres narurais (merana -epicle- c/its rnais imporrantes. (0 rei testernunhava 'a cveoro desde o Balal
mias, pragas das culturas, terrarnotos, erupçocs vulcnicas, inunda- Te,çeb, <<ASSeOI o Pi'iblico d o Rd >>, a irente do seil palácio - IcilU.
çöe,iuracocs, etc.) ver C. J. Grader, s. cL Os materials no esrudo figura I I e a suit prcsença era essencial.) Ernhora rabve7 [IVCSSi-
de Grader, que foram coligiclos 1)Ot V. E. Korn mas deixados por praticaclo mais frequentcrncnrc cm resposta 1 quakjucr calarnidade
ptiblicar i altura da sua niorte, dizem respeiro ao papel dos senlio- clue abraugesse roclo o ne1ai<i - o cast rnais cicraihad> 'be Icurn 1 ti
rvs curiosa cremação burlesca de raros (abènan bik,iI) levada a qie ver corn urn terrarnoro - e me.smo cm resposra ii airleaç( nbc
elciro para pôr firn ou para manter a disrância lais desasrres. As ama calamidacie, coino as indicadas por pressilgios de poluicao do
causas ülcimas dos merana erarn ridas corno senclo o cornetinlento reino tids como o nascinicnto de gameos tripbos, OIL nascirneiulo';
nd iscri ni i nado de acçöes erradas>>, pol u idoras do reino (apahkra- monstruosos ijuer de homens qner de anirnais. Urna stru- nit out ro
ii,a) - ligaçöes sexuais Iota de casta, bestial idade, incesto, repre rituals cxplicitarnenre de puriticaçao do reino (1irigidos pelt ret
sentaçiio de funçôes sacerdotais por pessoas inqualiulcadas em ter- enqilanto licler do negara ac/at, normabmeute no fjr'/ Pee<i'a;r i•
mos de casta , e as causas próxirnas erarn ticlas COO senclo as V. adianre, nesra maca) vni tanihin rcfcr,dos iio resorb I- Gradti
ac(,öes de espIriros de mortos não crernados (pirata, por oposição a pp. 17, 25, 43, bern como as purihcaçoes totais de rmio-o-Baii
pilara, os mortos cremados, <>libertados>>; notas, p. 291). Os espIriros, levaclas a efeitu em Bcsakih, pp. 46, 48, :i), 5 1; ver texto, p.
incapazes de suhirern aos céus e de se junrarem aos cleuses, deam- macas, p. 191. Enqtiaiiro existisse 0 cstade <ic po1uiço. OS dcises
hularn pelos povoaclos hurnanos e provocani os vivos. 0 ahènan bikul nao desceriam, ua ocasiao acbec1uada, aos Sri's "aSSeflVos.
(o 61rirno que foi registado no material de Korn foi feito em 1937, nos templos; u ohjeccivo do ritual era, assirn . clestrito Cotuc>
mas cii mlvi falar de outros feitos após os massacres politicos de 1g /inggih, <<cornar seguros os asscntos>> (cbondi-. ,i herarr1ii is de
1965 -- os quais haviarn sido precediclos por uma grancle erupção StatuS -- ver texic, j). 156).
vuknica) mimava as crcmaçôes reais <<verciadeiras>> '<tanto njuanro Para urns teoria especulariva (c, ma ccii nha opiniao, roralmenic
possIvel>> (como vern clito noJarnaratwu, 0 rnanuscrito em folha de iinplausivel) dc cjuc os aspecros de <<gtiardiao da tcrra dos srnhotes
palma qUe estabelece as exigências desse rittril). 1-lavia dois cadáveres '<hiriclii-javanc-sese Silo urns rcliquia da <<tIivlcao lvIajapabiiu ut
de racos (urn deles de preferncia albino) vesridos como urn rei e decurso ds qual tics aFasrar;Lm urns anrcru)r classe clirigciirc -.
urn rainha, e apelidados de <<Jero Giling>>, <<Senhor Giratório>>, cit bali,> cjue taxis o culto da terra, vet lKru, 193', p. 1 Y
<<Daudo a Volta>>, <Desorientaclo>> e assirn sucessivarnentc. Estes Fru.dcnch, 1959, pp. 1.12-143. No scntido csrrito, draus ir7a ('to
cram colocacios em tortes cremarórjas (de rrs teihaclos) e urn grande t/j.,aj't' (in//(m) ccii usado para terras prnpred>i&i i(-- seuliores (Korn,
nurnero de cadáveres de raros auxiliares acompanhantes (ou so as 1932, PP 229, 301, 564, 659), inns era apbc citbo cc,iii mutt1 I
suas peles e caudas) eram colocados em torres rneriores. Eram rodos quIncia u sus relaçiio espiriruab corn () reinc (01110 urn turbo; <cc urn
qucimanlos rios caixôes animals apropriaclos; havia a procissão de dos usos é <<nieral rico>, Si-lo-i o pnlnciro e 050 1) ujt,m(, (rn/at,
massas do costume, corn os sacerclotes Brabmana desempenhando p. 303). Para o papel do rei duranre as ahcituras de áUas, V er !L'SJO.
os seus papeis habituais, havia a série usual de pós-cerimónias, p. 105, c notas, p. 241; para cemplos esracais em geral. iexlt'. . 57.
reverêncjas de mo na fronte, etc. (ver lexto, p. 149). 0 aconteci- Tal corn havia urn Pura Balai A,gung aldeEio dedicade m nelehrtt-
mento realizava-se sob a égicle do rei e a suas custas, através dos çao do deja ac/al (lade, p. 72; notas, p. 19 tamhtmna hay m.m I urn
habiruais rrieios de mobilizaço de riqueza. A lihertaçao das almas remplo parrocmado pelo senhor no riIve! do Lsraclo, it Pout Pans-
dos ratos corrigia 0 status poiuIdo do negara ai/at (panes bumi - tittail, dcclicado a celehraçibo do neç'ara <ic/at. (<No /mra / enafav>m erit
<<mundo quente>>, comparável ao sebel do nivel do deja-ac/at -notas, conicmorada a unidade viva do reino, cel.,-hrada, mantida - cruilly-
NEGA Ri NOTAS 309
308
201, 254; van 1ck, 1876 [em dadi]; KLtSUO1U, 1956a. Cf. Pigeaud,
que o Sagrado Anantabhoga [urn (lens serpenre] c-tivolve 0
960-63, vol. 5, p. 204 [em Iac/i].)
num cIrculo corn a sua cauda; quc a sua eaheca, benevolence
A cdaço rncditativa de irnagens de deuses, associados a partes [em] aparência, Sc 1)r0ject1. Usa 0 mantra: toniissol. finagitu>
do corpo, cores, direcçoes e assirn par dianre, 6 universal no ritual
(1IIC o lOtus esrá a florir. Formula as Carorze S(!aba S>a;rada,
halins a rodos os nIveis, mas aringe urn ciesenvolvimenro pam- a saber: [omiriclo]. Depois [faa Brahminga c Siviinga I mc'c/ras]
cular nos ritos de corte. A formula tipica (snscrItica) é bayil-sabda-
no coraçiio do lotus, acompanhado por recitacibo dc .IsrIa--rn:ln-
-zc/ep, normairnenre traduzida, a falta de melhor, par '<pensamento-
Ira em tocias as clirecçöes da rosa-dos-vrnros. Depois, faz
-palavra-acçao>> (ver I-Iooykaas, 1964a, pp. 26 e segs., 158 e segs.,
i3rahrnInga e SivInga corn OS dedos, seguido ci'astra-rnantra.
2011, 213, 223; 1966, pp. 14 e segs.; Gonda, 1973, pp. 102, 384,
Depois, [faz} l3rahmiinga e Sivbnga, {encjuanro pccnctnciaci istra-
5 18. Para o papel desra formula no ceatro de sombras balinês, urn -mancra cm codas as direcçöcs cia rosa-dos-venros. Depois, coi>
assuntc) ii parre, ainda que de modo algum n5o relacionado, ver Dens Siva no teLl torus do coraçiio encfoimro lazes [o]
Flooykaas, 1973c, pp. 19, 29, 31, 33, 36, 57, 99, 125). Bayil -mudra. Pronuncia o Sagracio Manrra Fcep&lonal: [omirido]
significa originariarnente "vento>> on <sopro>, em balinês falaclo isro é, to] Sancro Mantra-de-Dez-SiJabas, clue a liflagi-
<<força, e refere-se an, que o mediador deve "fizcr> - produzir
naçiio de 1)eus Suksma-Siva. E evicienre qut aora o Dens Siiksrna-
,gcsros iui,dra, rrazer oferendas, conrrolar a sua respiraçiio. Sa/x/a, em
-Siva reside no lOtus do ten coração. Depois, procede ao control>>
balinês Cdado stiara, significa originariamente "soin, '<torn>>, <VOZx',
cia respi raçiio, an res de fazeres as seguintes olocacöes [Seg ne-sc
<<fala>> e '<norne>> bern como <cpalavra>>, e refere-se ao que o media-
urna sric tic i nsrruçöes para colocar virias sliahas sagradas cm
cior deve <<dizer>> - oraçöes, cançöes, mantras. E i/ep, a rnais difIcil viIrias partes do corpo - tufo de cabelo, bates, caheça, tiibios,
e a mais imporrante das três palavras, significa algo COmo '<visua- face, lIngua, pescoço, coraçibo, harriga, lLrnJ:,itzo, genitals, pcsl.
1 izar>>, visionar>>, <criar urna irnagern>>, retratar>>, <<represenrar>> Depois, manrem 0 pensamento suprcmo: imagina quc o ten
c refere-se ao que o mediaclor deve, como nós dirIamos, <trazer a corpo b o emblerna dc urn hornem compictamente puriuicaclo e
Iemhrança, '<fazer corn que apareça na sua conscincia>> - uma
pericito. Conflrrna Detis, arravcs do mantra-homenagern. Sr
riqoeza de sensibiliciacie interior que sO urn exernplo pocic evocar, greda 0 mantra: [orniticlo]. Encluanto o seeredas, une 0 tell dl>
o de uma instruçibo ritual muiro tfpica ligada it celehraçibo do ernbkma
corn Ele 0 que merece o norne de Indescritivel.. (Hooykaas,
Siva-/ingga cia realeza (notas, p. 274).
I 964a, pp. 170-1 71 . Alrerei a poncuacibo, .( qual de qualqucr
rnocio c arhi rrIria.)
E a seguinte a forma Concisa do cuiro. Controlo cia respira-
çibo, prirneiro
. A seguir, puriflca os tens pensamenros. Coloca Esre e literalrnente al-)CIIIIS urn de entre urna cenrena tie exc-m -
Dens Siva eritre as sobranceihas, usancio o mantra: [ornirido, pinS quc podiani scr dacios e de niodo aigum o mais compiexo. Part>
inrraciuzivel]. Irnagina que Deits Siva tern cinco caras, três olhos
alguns outros, ver 1-Iooykaas, 1966, pp. 61 e segs., 85 e .scgs., 9(1
en-i cada, e dez braços; que Ele esrO complerarnenre adornacio
e segs., 125 e segs.; e notus, p. 273. 0 facto dc 1-Ioovkaas traduzir
[corn] ornarnencos cta fronte e das orelhas, colares, urn pano em moinentos difercntcs como >pensa>>, <<imaruna", "V>SiOIl;i
corn urn desenho, [urn] ornarnento de pescoço na forma dc uma '<COnCentra>>, <<consciencializa-re die>> C rncsrno <'rc<> <: qin- cm
serpente, tim pano de fabrico inciiaiio, argolits cle hraço, pulso ha1iiis fitlaclo significa <<desejo>, <<vonrade>, apenas resremunlia a
e tornozelo; [que Ele esrI] a olbar benevolarneute, corn rodos os di I ictildade do colicel to. Talvez dcva ser tamhim >'cferidn (1 11c, apesar
setis poderes, nao major do ciuc urn polcgar, de urna apar&ncia
dos prc)nornes masculinos canto aqui corno no rex>>,, OS cIe<>s san
porn, radiance, iluminando os crs mundos, olhancio na clirecçiio
irediuentcmente imaginados como andr6irios - Jma> na Deuc
do lesce. A seguir irnagina ciue a tua pessoa esui sentada num Siva e a Deusa Urna unidos> (Hooyka>s. I %(, p. 85); lrna4na
trono-lOrus clourado. Usa o mantra: [ornisso]. Depois, imagina quc a Divinciade 6 Meio Senhor-Senhora/Siv.i/P:irvari >' (it/em, .. 01
NEG,1R,1 NOTAS 313
312
neses nas guerras dc Java Central no seculo XIX, ver Carey, 1979,
ci. 1964a, pp. 140, 18) -- hem cornO imaginados, evidentemente,
como rnullicres: IJina, Sarasvati, Durga, Sri. Tudo isto se liga ainda n.° 58). For esta razilo, junto aqui urna versão rcorganizada c revisra
corn o iniw da rcprocluçáo dc status dccresccnte", a qual provém de urna longa convcrsa corn urn antigo perbekel de Tabanan acerca
das lides da gucrra cal como ele as conheceu.
de aridrógiiio-asscxuaL seguindo para gemeos iclênticos dc SCXO oposto,
pIIITI0S paralelos, e assirn sucessivaincntc a medida clue se desloca
dos cleuses para os homcns e para Ia destes ate i scxuaiidadc radi- Q uando havia guerra o rci [cakorda.) convocava toda a genre
para a bataiha aravCs dos punggawas e perbekels. Todos se jun-
aimciiic polar dos aiiimais (ver BcIo, 1970b; Mershon, 1971, pp.
29-31; Gccrtz e Gccrtz, 1975, embora o assunto, fulcral para uina tavarn perto do campo de bataiha, cada qual alinhado arnis do
seu penbeke/ próprio, estando estes agrupacbos de acordo corn OS
compreensao da cultura balinesa, tenba Sid() Insuficientemente
Seus /mn,gau'as. Por cxcrnplo, tocbos os kawu/as de Jew Subarn iii
explorado); C expreSS() no ritual de corte pelo acompanhatncnto
to J1/Inggau'a do informador) estavarn junros c lutavam juntos.
habitual do rd pela si.ta csposa !)rincipal rodeada das rnulheres
Cada jero [i. e., pungRawa] tinha urn hornem - urn dos scus
menos irnportafltes. Vcr Hooykaas, 1964a, pp. 138-140. Sobre as
perbekels - cncarregado das tropas, charnacbo urn ,ba/an.
mulheres dos sacerdotcs, onde o simbolismo era scinelhante, ver
0 hornern corn esta posiçao no palkcio real, Puri GdC, era o
acima, ,10t43, p. 295. Sobre as rnulhercs dc Siva como Seki:, acri-
pecalan gde e tinha a seu cargo as tropas cm gcral, mas não era
vaçöcs dEle - e, portanto, como Sua cópia, cal como as mu]hcres
m general no senrido de urn estratega superintendenie.
do senhor o são do scohor - texto, p. 136. Sobre a unificação ico-
0 cakorda fazia os pianos gerais, estabelecia a escracCgia
nográfica de macho e iêmca no ritual baliuCs, ilolas, pp. 271, 274.
global, pelo menos em teoria; mas segundo a cxperiência do
informador não havia muita elaboraço de estrarCgia: as guerras
cram Lao breves c aconteciarn tao subitamentc que nunca foram
niuito planeaclas. As principais armas cram ianças [twahak] c
1 6514
punhais [kris]. As arrnas de fogo eram muito raras. Não havia
As citaçöes são de Wors!ey (1972, pp. 46, 80), bern como a arcos e flccha.s [cmbora, em ternios mais gerais, des kSSCUi por
ligura de rcióiica sol-Iua (p. 45). Não existern cuaisquer boas vexes utilizados], e não se usavarn cavalos dc bataiha. (Sc urn
Jmn,c'gawa se dirigia a cavalo arC a bataiha, dc ciesnioncava para
cicscriçOes dc batallias halinesas, ao concrCrio do clue se passa corn
coinbater.) Cada soldado tinha urna lanca e urn knis, quc cram
Os relatos em estilo p!cO, mas, julgando a 1w'. de relaros dc infor-
madores clue nelas participararn, consisciam em grande partc numa scus, mas [norrnalrncnrej não tinha escudo. 0 combaic era
cicsorclenado, e cada hornem !utava mais ou menos dc acorclo
sCrie de breves escaramuças dc Ianças c punhais, corn 0 grupO vencido
retitando-se apOs verihcadas apenas a!gurna.s haixas. Urna idcia dos corn a sua própria coragern, indo os niais bravos naruralniente
aspectos cerinloiliats da guerra pode ser co!igida a partir da bihijo- para a frente e cleixando-se ficar OS rncnos para trs.
grafia de crónicas (p. cx., Worsley, 1972, pp. 156-159, 163-165, A rnaior parrc dos combaces dava-se nalguma fronteira na-
168-173, 177-181, 228-230, 231), a parlir dc lormas de dariça tural, normalmenre urn rio. Arnbos os lados lenravarn passar a
vau o rio, e frequenremenre a batalha acootecia 00 rneio dcsrc.
,gucrreira tais como 0 farnoso bans (Covarrubias, 1956, pp 226,
Plcbcus c senhores vesciarn-se dc niodo igual, embora os pimg-
230-232; de Zoetc e Spies, 1938, pp. 56-64, 165-174, e estampas
gawas !cvasscm normalnience guarda-sois, transporcados sobre
13-22, 74-76) e, evidenternencc, a partir do teatro de sombras
si a carninho da haralha. Toda a gente vestia urn iaron,ç' branco,
(Hooykaas, 1973c), enihora falteni Os estudos sistematicos CO flOSSO
conhecirnento clas tácticas concretas do canipo de batalba seja muito corn)) o quc os saccrdotes das a!deias usarn hojc, riorrnalrncnre
scm saia. Os picl)cus, c a seguir a e!es os perbekels, faziam a
rnprei:iso, piovindo sobrecudo dc inipressöcs dc passagem em fontcs
iriihtares liolandesas (p. cx., Artzenius, 1874; para os soldados bali- major partc do combate.
NEGAR/l I NOTAS 15
Rararnence os /mnggawas tinham de lutar, e apenas rece- clas forças e quc cnfrentaniam clemasiada oposiçio. Quando i\4arga
hiam notIcia dos perbekels sobre quern era corajoso e quem nio foi capturadla por Mengwi a guerra durou urn ms, e pelo menos
O era. Nurna OcasiaO quando fa sua casa] esrava em bataiha corn cinquenta pssoas morreram. Isro foi o rnáxirno de que dc alguma
Mengwi todos os camponeses foram mortos ou fugiram, e assim vez ouviu faiar. Todos os que cafram no eampo de baraiha
os pimggawa.c viram-se forçados a lutar. Combaterarn contra os foram cremacios corn as despesas acarretadas pelo rei, pelo punç-
caniponeses Mengwi; a casta nio contava. 1-Eavia pessoas que gawa cia vItima e pelo seu herbekel.
avançavarn pelo tcrritório inimigo adentro para observarem it
snuaçao, mas as emboscaclas cram geralmente raras. 0 bateclor 0 ciuplo aspecto, gentil e feroz, dos deuses mndicos - Sival
(pete/ik) clescobria apenas onde estava o inimigo e quanros cram /Kala, Uma/l)urga -e, eviclentemenre, bern conhericio. Para Bali,
c logo o relacava ao pirnggawa. 0 <<rei jiinior, o senhor de ver Covartubias, 1956, pp. 316-3 IS; Hooykaas, 1964a, pp. 43-92;
Kalèran, tio-pouco avançava para 0 combate are clue as coisas Bebo, 1949. Sobre os aspecros rituais da jusriça de corte, vet sdipra,
cstivessem mesmo más. Tanco quanro o informaclor Sc recoida, notas, p. 299.
o cakorda saiu apenas uma vez, na ocasiio em que Marga foi
capturacla pot Mengwi; mas so coriseguiu alcancar Tunjuk [urna
aldeni a meio caminho], C as pessoas nao o deixaram ir mais 167-16
longe, pois diziam que no era necessario.
E-Javia certos especialistas jii;w hedil) quc manipulavam as 0 principal efeito irncdiato do governO hoIands no respeiranre
poucas armas de fogo que havia, e des cram colocados rncsrno ao negara, foi, ironicamente, tê-lo transformaclo numa eSpeCIf de
na Irente do combare. As pessoas que lutavarn nas linhas da estrutura feudal (ou pseudofeudal), coisa ciuc nunca havia sido.
frenre cram morivadas pelo ficto cie clue, se nio fisscm mortas, 0 aflistamenro, atravCs do exIlio forcado, dacuelcs rnembros dos
scriarn as primeiras a obterem os espOlios de quaiquct territOrlo n(vcis mais elevacios da elite indfgena (os reis seniores de- linha
caprurado, e assirn obteriam mais ouro, gaclo, etc. Quando Backing central e seus parentes ptOximos) que conseguiram sobrevivcr to,,
lutou contra Kapal, des [Baclung] tinharn alguns Bugis corno piupt/tans, cleixou os seus rivais inveterados, os membros dos nIveis
anradores. Kapal perdeu, e os Bugis foram os primeiros a entrar logo a seguir aos mais cievados (os reis juniores c seus parenres
na area e ficaram corn tuclo o que era valioso. Em Tabanan proximos - vet texto, p. 83), na posição de senhores locais dc mais
alguns CbS ariradores também erarn Bugis, e esravam adstritos alto rank. Os Holandeses, necessirados dc alguns senhores dc ele-
dlirectarnente a Purl Gclé. Erarn de facto os kau'ii/as quem levava vada estaruta atravCs de quem govcrnar, tr:iiisforniaram-nos nos
a cabo (nç'a3'ah, a mesma palavra usacia para contnibuiçöes ri- funcioncirios póhlicos bocais de mais alto rank, os chamacios in'-
ruais em cenirnónias do pun) a guerra, de qualqucr rnocio. genies]. (Em Tabanan, foi concedido este posto an senhor dc Kakraii.
Pergunrei acerca cia duraçao da guerra, e dc clisse que a Mais rarcie, em meados dos anos 20, quando as febres das conquis-
haraiha Mengwi-Tabanan em que estivera ciurara dois clias, e tas haviarn arrefccido c as do nacionalismo aquec tam, OS Hobandeses
que desisriram quando uma ou duas pessoas foram morras. Ele rrouxcram de volta muitos dos herdeiros exilaclos - - no (.ciSO de
pensou clue devia ter haviclo urn acordo entre os clois reis para Tabanan, urn jovem senhor de Puri Mecuran, sobrevivenue macs
nio se lutar cluramente, porque nenhum dos lados tentou real- prOxirno dos falecidos rei c pnmncipe e repuseram-no.; corno ne-
rnentcavançar sobre o outto. Ele disse que o rei de Tabanan genres, nurn gesro que aponrava na direcco do qtie era piarnenc
d issera, apOs rerminacla a bataiha, clue estit havia sido sacrifIcio charnaclo <autogovcrno>>, ze/fbestmir.) Uma vez que os 1-lolandeses
ritual (carte), tab corno se faz aos dernOnios no <Dia do Siincio ciissoivcrarn 0 sisremaperheke/ imediararnente apOs rornarern o conirobo
(nyepi). Talvez esta relutância em lutar se devesse mais ao fitcto clirccto, estcs senhores necCm-hurocranizados encontraram-se CUt
de arnhos OS lacbos terem pensaclo clue 0 I ii iiigo tinlia ciemasia- posiçao de coutitularern, a supor que (c a populaca esperava i55()
316 NEGARA NOTAS 517
dcks) realizariarri us riruais do Esrado-teatro, mas scm a iustitui- itsoliditicaçao de ranks dc tItulo c a cresccntc importância de distinçöes
çäu poiltica através da qual o crnprecndirncnto havia sido anterior- varrla; o agruparnento de grupos funcionais aldcaos cm aldcias de
menle cumprido. Em grancie parte, estc dilerna foi resolvido atra- governo territorial (chefiadas por funcionários nativos indigitados
yes da imposição das obrigacöes rituais (mas não militates). Sobre pelos Ho!ancleses, na sua rnaioria Sudras, e charnados perkebels), e
OS SCUS rendeiws, as rnesrnas que recafarn anteriormente sobre os dessas cm distritos territoriais (chefiados por funciontirios nativos
scus L'awulas (ie.Jo, p. 88); pclo que pcla prirneira yea, serviçO e ar- indigitacios petos Holandcses, chamados Jninggawas, e todos scm
rcntIarncn to toram i ntcrnaincntc 1 igados. cxccpção iriwangsas); o estabelecimento de tribunais de Ici secular;
AigLins custos rruais, especialmente os que tinham que ver c, cvidcntemente, a climinaco complera da acrividade da guerra.
eoiri Os rituais de apurificação do reino>> (nolaj, p. 305) forarn ilnpostos Em resultado disto, PClo fim do perIodo colonial, o negara havia-se
.ios j,ehakj atravCs clo.5 .icdahans (C. J. Grader, s. ci., pp. 8-9, 15, 20, tornado, pelo menos na sua organizacão, urn tanto racionalizado no
22, 26, 57-58; ver it noca seguintc). 0 governo holandês tambCrn senticlo weberiano, ao rnesrno tempo que mantinha uma boa parte
subsidiava por vezes os senhores, cspccialrnenrc aqueles que tinharn da sua acrividade cerimonial exemplar nurna forma mais ou mcnos
sido iiorneados rcgcntcs, Iara tais actividadcs (idern, s. d., pp. 10, traclicional. Corn a invasão japonesa, a Indepcndência, e it iniposi-
27, 41 60). ArC os vendcclorcs de ópio (idcm, s. d., p. 1 2) e os ço do governo militar ccnrralizado, o aspecto exemplar foi, nalu-
promotores (Ic lutas dc galos (idem, s. d., p. 42) cram por vczcs ralmcntc, sujcito a ainda maior pressão. Mas a revista indonesia
tributaclos para esse apoio. Dc modo sernelhantc, os sedahan gdés Tempo, de 3 de Outubro de 1977, relata urn casamento real Gianyar
(texIa, p. 91) lorarn transformados em funcionários p6blicos, inspec- que durou quatro dias, reunindo mais de 15 000 pcssoas c tendo
totes de irrigaçáo : imposros, urn para cada urn dos scis principais custaclo várias centenas de milhar de dolares; e The Iniernatiwial
oearaj do Sot, agora transformados em regências claramente Herald Tribune (Paris), de 12 de Fedvereiro de 1979, descreve
demamcadas (Katengascrn, Klungkung, Bangli, Gianyar, Baclung, a crcmação, cm 1979, do scnhor de Ubud, it qual ier6 atraIdo
Tabanan; as duas do Norte, Bulèlèng e Jcrnbrana, )1 haviam sido 100 000 pcssoas - 3000 cielas curistas que pagararn vintc c cinco
traiisformaclasantcs nolas, p. 177.) Os sedahans normals foram dólares cada por lugares de ><camarote" - c ostentando uma torte
cnuio culucacios sob a sua c1aboraco corno subinspectores sub-re- de cremação corn sessenta e três pes de altura. 0 Estado-teatmo esti
gioTials, de ><distrito>'; OS subaks forarn ate certo pouto regulariza- ionge de tcr desaparecido compleramenre, atC hoje.
dos. sobrctudo arravCs de agregaçöes; c urnas poucas de obtas rnodcrnas
planeadas cent ralrncntc -- barragens, reSerVatoriOs - foralTi irn-
plerneniadas. Assi tr.i, urna (näo rnuito poderosa) burocracia 167-26
htdrdulica'>, presidida por (não muito fortes) funcionários dos águas,
foi tarobCrn ciiada, c tarnbém pcla princira vCz. Sobre a ><ausCncia de clImax>' como tcrna universal na vida
No cornerCie, canto as lojas chinesas con-io it activiclade mercan- batitiesa, ver Bateson c Meat!, 1942; cf, C. Geertz, 1973c e 1973h.
il de L"a7ar se cxpatidirarn, pois o comCrcio de porro colilerCial e de
colicessao estava interdiro; embora, c cspecia!rnentc após a Incie-
peiidCncia, qiiando o senhorio pareccu cstar menos garantido corno 168-34
meto de susienrar actividades do negara, urn certo numero de senhores
tenham enirado no cornCrcio corno emprcsários scmioiiciais corn Scm düvida que, se se pudcssc recuperar mais da hisrória
algurn p-° (pata urna discussão mais aprofundacia disto, ver ><analIsrica" batinesa, a imagern de continuidadc seria menos uni-
C. Gceriz, 1960b). forme, e estádios de clesenvolvimento endógenos substituiriarn a
Surgiu tanibcm urn certo námcro de outras mudanças induzi- ideia sirnples de Iixidez. Mas o argurnento nao é que nada muc!ou,
dos pela chegada defluitiva do colonialismo na sua forma total - i' n >taiisas fr>ram desprovidas (IC si,cnificad, mas sIn
318 NEGAI?A
•,/iA, posto, poa<ao, lugar, tItulo, <casta,> . Indica tam- NEGARA — Estado, reino, capital, cone, ciclacle. Termo geml
hciii U(s) alLar(cs) no qual se senra urn dcus (1uando dc ou para autoridade polItica translocal, superior, e as lormas
da desce •os tcmplos (ver ODALAN. PADMASANA). sociais e culturais cia associaclas (ver DESA, NEGARA
ADAT).
.( )N1'Al& TaniLrn ronial. Manuscrito em Iolha de palma.
NEGARA Al)AT — Urna comunidade regional ou supra-regional
\i ;\j ,\ l-'Al-IIT — Reino javanês rio sCculo XIV conscicrado pelos clefinidora de urn espaço sagrado e governada POt urn
Balineses corno sendo a fonte da sua cultura C organização conjunto de leis costumeiras (ver ADAT, DESA ADAT,
politica ao isivel estaral (ver GELGEL, NEGARA). NGURAH, SAD KAHYANGAN).
s4/ :N( .\ - Literalmente, nsãos'> (mais ainda, cinco); usado NGURAH — Guardião, guarda, protector. 0 senhor suserano con-
para referir urn senhor importanre (ver PUNGGAWA, siderado no seu papel como chefe cerimonial nbc nirna co-
PAREKAN). munidacle regional de iei costurneira (ver NEGARA ADAT,
PURA PENATARAN, DESA ADAT).
M ANTRA — Formula(s) sagrada(s) pronunciada(s) em rituais (ver
MU DR A). ODALAN — Cerimóniade templo periddica durante a qual Os dcu-
ses descern dos cCus para receberem o preito ou obeciiên-
MERANA — Calamidacle natural causada sobrenaturalmente (ver cia da congregação do templo (ver PURA, PEMAKSAN).
APAI-IKRAMA, PANAS BUMI, ABEN BIKUL).
PADANDA — TambCrn pandita. Urn sacerdote Brahrnana ordcna-
MERU — Moniiitha sagrada e tIXIS mundi hindu; clomjcIlio dos do (ver PEMANGKU, BAGAWANTA, SIWA).
deuses. TaiibCm, usado para referir as suas replicas sob
lorma de teihados dos remplos e torres de crcrnação, e PADMASANA — Assento do lOtus. Usado para referir o trono de
cleritificacla dO) Bali corn o vulcilo sagrado. monte Agung Deus e as suas representaçOcs icónicas cm rcmplos, n-
(ver BESAK1H, BADE). ruais, etc.; tarnbérn urn altar cspccufico nurn templo,
consiclerado 0 assento principal dos deuscs quando des
NILTAT:\I1 - Liniageni de dentes, cerirnónia de limagcm dos dcsceni (ver ODALAN, LINGGIH).
deiites.
PADMI — Tarnbérn parameswari. A muihcr i)rirlcipal, ciidógama
Dscrcarnaçäo>: ascender ao rci no dos deuses apos a cm rermos dc casta, de urn senhor, especialmente nbc tini
ann sc ii dci xa r a cad;ivcr (ver PITAR A). senhor suserano (ver PENAWING).
I N\ sn s nan saN rados usados em ritual (ver PAJEG — Imposto; pajeg padi, imposto agrIcola ens gCneros (ver
viANTJi\) SEDAHAN, KESEDAHAN).
N -- Forrna, contornos, materializaçao; usado para indicar Os PANAS BUMI — Literalmente, tcrra quente; poluico geral do
lspectos subsistentes do clivino POt Oposiça() aos dinârni- reino corno rcsuitado de algurna accão errada pot pane
as (vei SEKTI). dos seres hurnanos (ver SEBEL, APAHKRAMA, MERA-
NA).
326 NEGARA GL()VSA 1? I()
PAREKAN - Urn seo dependente de tim senhor. Tambérn usaclo PJ'I'ARA - Jjteralmenre <<deits>>; morros cremados, I iheruidoc
metaforicarnent e para descrever senhores em relaço ao (ver PIRATA, MOKSA).
seti senhor suserano (ver KAWULA, PERBEKEL,
PUNGGAWA) PUNGGAWA - Urn senhor do reino (ver PER BEKET., KAWI)
LA PAREKAN, MANCA, CAKORI)A).
I PECATLJ Terra cu!tivável a qual estão aclscriras obrigaçoes de
serviço (ver PENGAYAH). PUPUTAN - Literalmente <fni>>; derro'a rirualizada c1 ue acarr-
ra o fim da dinastia, por mpic de sacriIIcio to ili rar/siiicIdio.
PEKANDELAN - Servo rural de Llfll senhor (ver PAREKAN).
PURA ---. Templo (ver KAHYANGAN).
PEKARANGAN - PIrio ou complexo habitacional dos plebeus;
unidacle local no sisrerna esraral (ver PERBEKEL, UMAH). PURA BALAI AGUNG - <Temp!o do Granc!c Conselho" (dos
deuses); rcinplo alcleio cleclicado a fertilidacle <Ia rtrua
PEMADE Urn rei <<segundo>> ou <<junior>> (ver CAKORDA). pessoas de urna cornunidacle local de !ei costumlra (ver
KAI-JYANGAN TIGA, DESA Al)AT, PEMAKSAN).
PEMAKSAN - Uma congregação de urn ternplo, responsável pela
manutençao deste e pelo culto dos deuses quanclo estes PURA DALEI'vlI - <Ternplo interior"; teniplo aldeo dedicado .10
(lescem; rambém o conjunro dos membros de uma dada apaziguarnenro dos espiriros dos mortos locais n0 coma-
DESA ADAT (ver PURA, ODALAN, PURA BALAJ dos (ver KAHYANGAN TIGA, PIRATA).
AGUNG, BANJAR, SUBAK).
1JRA PENATARAN - <<Templo do Patio>'; templo esratal cledi-
PEMANGKU Sacerclore, não-Brahmana, de un-i remplo (ver caclo a unidade e pro5periltele do retno comb (:001LlnIdadt
PADANDA). de lei cosrurneira /cspaco sagraclo(ver NEGAR A Al )AI,
NGURAH).
I'ENAWING - Mulber secundárja, de casta inferior, de urn senhor
(ver WARGI, PADMI). PURA PUSEH - <>Teinplo do Umbigo>'; templo alcle5n dedicado
a conienoraçao das origeris ck> povoamenro local r aos
PENGAYAH - Serviço, cerimonjal ou material, a urn senhor, anrepassados funcladores (ver KA 1-IYANGAN .1 I (IA).
aldeia, sociedade de irrigação, reniplo, etc.
PURA !.JLUN CARIK - Tarnhérn Piira Sitbak. Templo (aheç)
PERBEKEJ. - Funcjomjrjo pol1tico do sisrerna estaral de nivel dos Arrozais'>; rernplo dos campos cIa soc ecla(Ie do irr1oa-
mais baixo, rcsponsável pela rnobilizaçao cerirnonial e milirar çao (ver SUBAK).
dos rnernbros de urn cerro n(Imero de patios aciscritos a
urn dado senhor (ver PUNGGAWA, KAWULA, PARE- PURl - Resiclncia, pahicio, grupo clomecri(:o, do senhor (ver
KAN, BEKELAN, PEKARANGAN) JERO,jER() GDE, PI.JRI GDE, DALEM, (111VA).
PIRATA EspIriros de morros nao crernados (ver PITARA, PURA PURl G1)L - Palácio e grupo domfsrico de urn senhor sncrrar,o
DALEM). (ver DALEM).
128
1 NIGAI?il
GLOSSA RIO 329
RAJA KARYA Litcralmenie, obra ou trabaiho do senhor>>;
SINGKEH - Chineses nascidos na China vivenclo na indonesia
servico pala cerimánia estatal, ou coiitribuiçao material
(por oposição aperanakan, chincscs nascidos na Indonesia).
pat'a unia iai ecrjnlónia (ver KARYA GDE).
SAD KAHYANGAN SIWA - Siva, o mais importante dos deuses hindus em Bali, iden-
Os Seis Grandes Templos; templos de
rodo-o-Bali dedicados a prosperidade cia ilha e do seit tificado corn o Sol; também usado para o sacerdotc Brali-
mana de quem Sc recebe água benta (ver SURYA, SISIA,
OVO como urn toclo (ver BESAKIH, KAHYANGAN
PADANDA, TIRTA).
TIGA).
UMAJ-J -A residêncja, grupo doméstico de urn piebeu (ver GRIYA, TBG Tijdschrift voor Indi5che Taal-, Land- en Vo/kenkunde ulegegeven
door bet Bataviaasche Genootschap u.in Kunten en Welel/schapPePi
DALEM, PURl, JERO).
\X'ARGI - Relaçiio poiftica entre dois grupos parentes de status TLV Bijclragen to! de Taa/-, Land- en Voikenkunde van ,/e Konmk/i/ke
Institnut
desigual esrabelecida pela oferta de uma esposa por parte
do grupo de status inferior an de status superior (ver TNI Tijdsehrifi voor Neder/andsch lndië
PENA WING)
Fillozat, J.
Dalton, G.
197 1 Economic A iithropology of Development, E.csays on Tribal and 1966 <<New Researches on the Relations between India and
Peasant Lonomie.s. Nova Iorque. Cambodia>>. Indicaa 3:95-106.
1978 Comments on Ports of Trade>>. The Norwegian Anthropo- Franken, A. J.
Iical Review, vol. II, no. 2. 1960 <(The Festival ofJayaprana at Kalianget>>. In Swcllcngrebel
et al., 1960, pp. 235-265.
Damais, L-C.
195 1-69 I2tude.c d'e7ngi'ap/sie Indonésienne, Etudes balinaises, javanai- Fraser, J.
es, soumarranaises. Bulletin de l'Eco!e Français de Extreme- 1910 <<Dc Inheemschc Rechtspraak op Bali>>. Dc Indische Gidi
-Orient. Paris. (Julho), pp. 1-40.
Fricdcrich, R.
Du l3ois, C.
1959 Social Forces in Southeast Asia. Cambridge (Mass.). 1847 <<De Oesana Bali>>. TN! 9:245-373.
DuinCzil, G. 1959 The Civilization and Culture of Bali. l .a ed. 1876-78. Cal.
1948 ,M,tra-Vayuva. Paris. cuta.
Furnivall, J. S.
Dumont, 1..
1970a Homo 1-lierarchicus. Chicago. 1944 Netherlands India: A Study of a Plural Economy. Cambridge
1970b Religion/Politics and History in India. Paris e Haia. (Reino Unido).
1970c <<World Renunciation in Indian Religions>>. In Dumont, 1948 Colonial Policy and Practice. Cambridge (Reino Unido).
1970b, pp. 33-61. Gadamer, H-G.
1 970d <<The Conception of Kingship in Ancient India*. In 1976 Philosophical Hermeneutics. Berkeley.
Duinont, 1970b, pp. 62-88. Geertz, C.
van lick, R. 1956 -The Development of the Javanese Economy: A Socio-
1876 Eersie Proeve van een Baline.ejche-Hollandsch Woordenboek. Utreque -cultural Approach>>. Mimeo. Center for International Stu-
(Holanda). dies, Massachusetts Institute of Technology. Cambridge.
1878-80 <<Schetsen vart her ciland Bali>>. TN! 7 (pt. 2, 1878): 1959 <<Form and Variation in Balinese Village Structure>>. Ame-
85-130, 165-2 13, 325-356, 405-430; 8 (pt. 1, 1879); 36-60, rican Anthropologist 61:991-1012.
104-134, 286-305, 365-387; 9 (pt. 0: 1-39, 102-132, 195- 1960 The Religion of Java. Glencoe, (Ill).
-22 1, 401-429; (pt. 2, 1880): 1-18, 81-96. 1961 Review of J. L. Swellengrebel et al., 1960. TLV 117:498-
van lick, R., e F. A. Liefrinck -502.
1876 <<Kcrta-Sinia, of gemeenre- en watcrchaps -wetten op Bali.>> 1962 -Social Change and Economic Modernization in Two Indo-
71G 23:161-257. nesian Towns: A Case in Point>>. In Hagen, 1962, pp. 385-407.
1 963a Agricultural Involution: The Processes of Ecological Change in
vail lierde, J.C.
910 <>Hindu-Javaansche en Balischc Eredienst>>. TLV 65:1-39. Indonesia. Berkeley.
1921 <<Dewa Mauggis V.>> Onze Eeuw, pp. 31-56 1 963 b Peddlers and Princes: Social Development and Economic Change
ElLade, M. in Two Indonesian Towns. Chicago.
1954 The Myth of the Eternal Return. Nova lorque. 1964 <<Tihingan: A Balinese Village>>. TLV 120:1-33.
1963 Patterns in Comparative Religion. Cleveland c Nova lorque. 1965 The Social History of an Indonesian Town. Cambridge (Mass.).
Encyclopaedië 1968 Is/am Observed. New Haven.
1917 Encyclopaedië van Nederlandsch lndiè I-Iaia e Leiden. 1972a <<The Wet and the Dry: Traditional Irrigation in Bali and
Morocco>>. Human Ecology 1:34-39.
338 I3IBLIOGI?AFIA 339
NEGARA
Germ, I. Putu
1972b <<Religious Change and Social Order in Soeharto's
Indonesia>. Asia 27:62-84. 1957 Gaguritan Rusak !3uleleng. Den Pasar (Bali).
1973a The Interpretation of Cultures. Nova Iorque. van Geuns, M.
1973b <<Thick Description: Toward an Interpretative Theory of 1906 Door Bacloeng en Tabanan, Een en Ander Over Bali en Z,ine
Culture>. In C. Geertz, 1973a, pp. 3-30. Bewoners. Soerabaja (Inclias Orientais Holandesas).
Gidclens, A.
1973c <<Religion as a Cultural System>>. In C. Geertz, 1973a,
pp. 87-125. 1976 Neu' Rules of Sociological Method: A Positive Critique of inter-
pretative Sociologies. (Nova Iorq tie).
1973d <<Ethos, World View, and the Analysis of Sacred Sym-
bols>>. In C. Geertz, 1973a, pp. 126-141. Giesey, R. 11.
1973e <<"Internal Conversion" in Contemporary Bali>>. In C. Geertz, 1960 The Royeei Funeral Ceremony in Renaiscarni' Prance. Genebra
1973a, pp. 170-192. (Suica).
G-lamann, K.
1973f <<Ideology As a Cultural System>>. In C. Geertz, 1973a,
pp. 193-233. 1958 Dutch-Asiatic Trade, 1620-1 740. Coperihaga e I Iaia.
GoIclmin, I
1973g <<Politics Past, Politics Present: Some Notes on the Uses
of Anthropology in Understanding New States>>. In C. Geertz, 1970 Ancient Polynesian Society. Chicago.
Gonda, J. -
1973a, pp. 327-341.
1952 Sanskrii in Indonesia. Nagpur (India).
1973h <<Person, Time, and Conduct in Bali>>. In C. Geertz,
1973a, pp. 360-411. 1973 Sanskrit in indonesia. 2. ed. Nova 1)eli.
1975 -The Indian Religions in Pre-IslamiL 1ndonesia>. In Re/i
19731 <<Deep Play: Notes on the Balineses Cockfight>. In C.
Geertz, 1973a, pp. 412-453. gionen, vol. 2, pt. 31 pp. 1-54. Leiden.
1975 <<Common Sense as a Cultural System>>. Antioch Review Goris, R.
33:5-26. s. ci. Bali: ill/as Kebiu/ajaan. Jacarta.
h 1976a <<'Prom the Native"s Point of View', On the Nature of 1926 Bijilrage tot de Kennis der Ond-Javaancche en Ba/xneen'he Tiei
logic. Leiden.
Anthropological Understanding>>. In Basso e Selby, 1976,
pp. 221-237. 1931 <Secten 01) Bali>>. Medet-/eelinyen hail de Kirtya L.iefinrk- Van
1976h <<Art as a Cultural System.>> MLN 91:1473-1499. der Tutik 3:37-53.
1937 <<De Poera Besakih, Bali's rijksrrnprI .. Djawa 17:261 -
1977a <<Centers, Kings and Charisma: Reflections on the Sym-
bolics of Power>>. In Ben David e Clarke, 1977, pp. 150-17 1. -280.
1938 >>Bali's Tempeiwezen>>. I)jawa 18:30-4
I 977b <<Pound in Translation: On the Social History of the
i\'loral Imagination>. The Georgia Review 3 1:788-810. 1954 Prasasti Bali, 2 vols. Bandung (Indonesia).
Geertz, H. I 960a oThe Religions Character on the V I age Common i
In Swellengrebel ci -,l., 1960, pp. 77- 1 00
1. ed. 1935.
1959 ((The Balinese Village>. In G. W. Skinner, 1959,
1960b <l-Iol ulays and Holy Days>>. 1.' ed., I 93& In Swel lengre-
pp. 24-33.
Geertz, 11. e C. Geertz bel c/al., 1960, pp. 115-129.
1975 Kinship in Bali. Chicago. 1960c -The Position of the Blacksmirhs.. I :' eel. 1921). In SwrI-
Gerdin, I. lengrehel et ci.. 1960, pp. 289-299.
1977 The Balinese <Sidikara>?: A ncestors, Kinship, and Rank. Dept. Goudriaan T., e C. 1-Iooykaas
1971 Stiiti and Stave, (I3atiddha, Saiva. and Vaicuava) of Balinece
of Social Anthropology, Working Papers, no. 15. Gotembur-
go (Suécia). I3rahman Priests. Verhandeli ngen der IKon inkl i jke Nederlandse
NEGARA BlBLIOGRAFIA 341
Akadeinic van Weienschappen, aid. Lctterkunde, no. 76. Ames- 1976 Bali Profile, People, Events, Circumstances, 1001-1976. Nova
Ler(Iao. Iorque.
dc Giaaf, H. J. Happé, P. L. E.
1949 Geschic1'iiis vaa Judonesië. Haia e Bandung (indonesia). 1919 <cEen Bcschouwing over her Zuid-Balische Soebakwczen
Grader, C. en zijn Verwording in Verband met de Voorgenornen Vor-
1939, <Dc PoeiaFcmajoen van l3andjar tegal>>. Djawa 19:330-367. ming van Waterschappen in N. I.>>. Indische Gidj 41:183-200.
U racier, C. J. Harrison, B.
s. d. <Abèriau Bikul>'. Unpublished stencil, Bijlage 27, V. E. 1954 South-East Asia, a Short History. Londres.
Iconi papers, Koninklijk lnstituut voor Taal-, Land-, en Vol- van der Heijden, A. J.
kenkunde. Lejden. 1924-25 <cHet Waterschaps wezen in her Voormaligc Zuid-
1960a-The Irrigarion System in the Region of jcmbrana>. In Balische Rijks Badoeng en Mengwi>>. Koloniale Studien 8:266-
Swellciigiebel cc al., 1960, pp. 268-288. -275; 9:425-438.
1 960b <<The State Temples of Mcngwi>>. In Swcllcngrebcl et al., von Heine-Geldern, R.
1960, pp. 57-186. 1930 <<Weltbild und Bauform in Südostasien>. Weiner Beiirage
Grist, D. H. zur Kunst- tind Kulturgeschichte Asiens 4:28-78.
1959 Rice. Londres. 1942 <<Conceptions of State and Kingship in Southeasr Asia>>.
(T>roncrnari, J. Far Eastern Quarterly 2:15-30.
1896 <<Dc gaiclicgs te Ngajogyakarta>'. TLV 46:49-15 2. Helms, L. V.
1905 <Hec Njiram, of dc Jaarlijksc Rciuigning van de Erfwa- 1882 Pioneering in the Far East and Journeys to California in 1849
pens en anderc Poesakas in Midden-Java>>. Iniernalionale Ar- and to the White Se.a in 1648. Londres.
J)iv für Ethnogaphie 17:81-90. Hexter, J.
1 91 0 '<Der Kcis dcr Javaner>>. iniernationale Archiv für Ethnographic 1957 <<Il principe and lo stato>>. Studies in the Renaissance 4:113-
19:155-158. -138.
Gullick, j. M. Hobart, M. M.
958 Indzgenoi43 Poiitial Systems of Western Malaya. Londres. 1975 <<Orators and Patrons: Two Types of Political Leader in
Giwning, H. C. J., c A. J. van der Heijden. Balinese Village Society>>. In Bloch, 1975, pp. 65-92.
1926 HCL Pct;acoe en Ambstvcicicn Probleem in Zuici-Bali,, . Hocart, A. M.
TI36; 66:319-394. 1936 Kings and Councillors. Cairo.
.1-iacn, E. van Hoëvcll, W. R.
1.962 On the Theory of Social Chang. Homewood (111). 1849-1854 Reis over Java, Madura in Bali in het Midden van
Hall, D. G. E. 1847. 3 vols. Amesterdão.
955 A History of South-East Asia. Londres. Hoit, C. (ed).
961 (ed.) Historians of South-East Asia. Londres. 1972 Culture and Politics in Indonesia. Ithaca (N. Y.).
LII, K. R.e J. K. Whitinore Hooker, M. B.
<)i( Explorations in Early Southeast Asian History: The Origins of 1978 <<Law Texts of Southeast Asia>>. TheJournal of Asian Studies
,\oniheast Asian Statecraji. Ann Arbor. 37:201-219.
I,itina. W. A. I-Iooykaas, C.
o)7 1 Bali and ihe West. American Universities Field Service, s. d. <<Hinduism of Bali>>. The Adyar Library Bulletin, pp. 270-
~-A ffldieasi Asia Series, vol. 19, nos. 12, 14. -280.
342 NEGARA BIBLIOGRAFIA
Merslion, K. E. Nielsen, A. K.
1970 '<Five Great Elementals, PanchX Mahi Buti.>> In Belo, 1928 Leveii en Avonturen van ccv Oostinjevaar(/er O p Re/,. Ainester-
1970, pp. 57-66. dio.
1971 Seven Plus Seven, Mysterious Life-Rituals in Bali. Nova lot- Nieuwenkarnp, W.O.J.
clue. 1906-10 Bali en Lombok. s.1.
Meyer, J. J. Njoka
1916-17 <<Eeen Javaansch handschrifr over Pamor-motieven.>> 1957 Pe/tu/jaran Set/jarcih Bali. Den Pasar (Bali).
Nederland.cch Indië, Oud en Nicuw, vol. 1. Nypels, G.
Middleron, J., e D. Tait (eds.) 1897 Dc Expeditien Naar Bali in 7846, 1848, 1849 cv I86.
1958 Tribes Without Rulers. Londres. Haarlem (1-lolanda).
Millon, R. Oxford English Dictionary
1962 <<Variations in Social Response to the Practice of Irrigation 1971 The Compact Edition of the ()refort/ Eng/ich L)ictionarv. Ox-
Agriculture.>> In Woodbury, 1962, pp. 55-58. ford.
Mishra, R. Pane, S.
1973 Lintasan Peristiwa Puputan Bandung, Den Pasar (Bali). 1956 Set/jarah indonesia. 2 vols. Jacarra.
1976 Pupiitan Badung, Kutipan dan Terjemahan Lontar Bhuwana Patisacla
Wimisa. Den Pasar (Bali). 1970 Sambatan tiny Jiasil Ke/mtusan Se,bha, Kongresi II, Pirisad,,
7licrrono, S. Hindu i)harma Selitrith indonesia. Den Psai (Bali): Parisacla
1968 State and Siatecraft in 01(1 Java. Cornell University Mono- Hindu Dharma, Kabupaten Bad i nv.
graph Series, Southeast Asia Program. Ithaca (N. Y.). Peddlemars, M.
Moojen, P. 1932<<Mono graphie van dc Desa Wongaja GdC. '
1 920 Bali, Versiag en Voorsrellen ann tie Regeering van Nederlandsch GezaKhehberi !3innenland Best,mr, no. 15, pp 25-30.
indie. Batavia (Indias Orientais Holandesas). 1933 <<Balischc 1)eelhouw Contracren (;ewijzigd Als Gevcdg der
1926 Kunst op Bali, Inleidende Studie tot tie Bouwkunst. Haia. Huid ige Ctisis.>> Kolonia/e Sti,t/ien 18 (De:'ern bro).
<Mi.intwezeri>> Phillips, P., c G. Willey
1934 <Muntwezen.>> In Adatrechtbundels, 1934, pp. 492-496. 1953 <Methocl and Theory in American Archcoloy, Parr I.
Mtis, P. American i1 'ithropo/ogisi 55:61 5-633.
1935 I3arabadur. Paris e Hanói. Pigeaud, Tb.
1936 <<Symbolism a Angkor Thom. Le 'grand miracle' du Bayon.>> s.d. Javaans-Neder/ands Handwort/eriboek. Gron i ngen (H ola oda).
In Acadétnie des inscriptions et Belles-Letires: Comptes rem/us-des 1924 Dc Tan/u Panggelaran. I-Iaia.
Seances, pp. 57-68. 1938 Javaanse Vo/sksvertoningen, Bijdrage tot dc Beichrijving in
1937 <Angkor in the Time ofJayavarman VII.,> indian Arts and Land en Volk. Bativia (Indias Oriejitais Holancicsas).
Letters 11:65-75. 1960-63 Java in the 14th Centivy. 5 vols. Flaia.
van Naerssen, F. H. Polariyi, K.
1976 <<Tribute to the God and Tribute to the King.>> In Cowan 1963 <<Ports of Trade in Early Societies." The Jo/f real of Economic
e Wolters, 1976, pp. 285-295. History 23:30-45.
van Naerssen, F. I-I., Th. Pigeaud, and P. Voorhoeve 1966 Dahomey and the Slave Trade. Seattle t, Londre.s.
1977 Catalogue of Indonesian Manuscripts. Pt. 2. The Royal Libra- 1977 The Livelihood of Man. Ed. 1-larry W. Pearson. Nova or-
ty, Copenbaga. quc.
1•
NEGARA BIBLIOGRAFIA 349
48
Resink, G. J.
Polanyi, K., a al.
1968 Indonesia's History Between the Myths. Haia.
1957 Tradc and Markeli in Early Empires: Economies in l-Iistorv and Ricklefs, M. C.
Theory. Glencue (111).
l'ur nadi Purbatjaraka 1974 Jogjakarta under Sultan Mangknbumi, 1749-1 792: A History
1961 ,,Shahbandars in the Archipelago.> Journal of Southeast Asian of the Division of Java. Londres.
1978 Modern Javanese Historical Tradition. Londres.
lii story 2:1-9.
Rickner, R.
Quaritch-WakS H. G.
Londres. 1972 Theatre as Ritual: Artaud's Theatre of Cruelty and the Ba/i-
1934 Ancient Siamese Government and Administration.
ed., rev. (1. ed. 1951). nese Barong.' Ph. D. diss., University of Hawaii.
1974 The Making of Greater India. 3.
Ricoeur, P.
Londres.
1970 Freud and Philosophy. New Haven.
Rabibbadana, A.
1960 The Organizarlion of Thai Society in the Early Bangkok Period, Rouffaer, G. P.
1782-1873. Ithaca (N. Y.). 1931 Vorsienlanäen. In Adatrechtbundels, 1931, pp. 233-378.
Scheltema, A. M. P. A.
Raduitsky, G.
1 970 Contemporary Schools of Metascience. Nova lprcluc. 1931 Deelbouw in Nederlandsch-lndiè: Wageningen (Holanda).
Scbrieke, B. J. 0.
Ratuies, T.S.
1830 The Hisioy Java. 2 vols. Londres. 1955 Selected Writings. Haia e Bandung (Indonesia).
ftaka, I Gusti Gdé 1957 Ruler and Realm in Early Java. Haia c Bandung (Indonesia).
1955 Monografi pulau Bali. Jacarta. Schwartz, H. J. E. F.
1 1901 <Dagverha1 van Eine Reis van den Resident van Bali en
Rassers, W. H.
of Religion in Lombok.> TBG 42:108-158, 554-560.
1959a Panji lix Culture Hero: A Structural Study
Shastri, N. D., Pandit
Java. Haia
1959b <<On the Javancsc Kris.>> 1.> ed. 1938. In Rassers, 1959a, 1963 Sedjarah Bali Dwipa, Den Pasar (Bali).
Sherman, G.
pp2 17-298. 1
s.d. <<On the Iconographic Evidence of an Ankorian Sacred His-
Ravenholi, A.
1973 ,<Maii_Land_Producti\'1tY MicrodynamiCS in Rural Bali.>> toriography.>> Unpublished paper. Cornell University.
American Universities Field Staff, Southeast Asia Series, vol. Siddique, S.
1.1. 1977 <<Relics of the Past? A Sociological Study of the Sultanates
liv .
of Cirebon, West Java.> Ph. D. diss., Universitãt Bielefeld.
lawi, I Ketut Bambatig Gdé
Simpen, W. I.
1958 Pusuka Aianea Hindu Bali. Den Pasar (Bali).
Regeg, Ida Anak Autig Made 1958a Babad Mengwi. Den Pasar (Bali).
1958b Sedjarah Perang Keradjaan Badung Menentang Kaum Pend-
s.d. (a) Babad Bali Radjiya. 2 vols. Klungkung (Bali).
jadjah Be/and. Den Pasar (Bali).
s.d. (b) Babad Pasek Suberata. Klungkung (Bali).
Skinner, G. W. (ed.)
s.d. (c) Babad Pasek Ge/gel. Klungkung (Bali).
s.d. (d) Siva-Buchi. Klungkung (Bali). 1959 Local, Ethnic, and National Loyalties in Village Indonesia: A
Ri id. A., c L. Castles (eds.) Symposium. Yale University Cultural Report Series. New 1-laven.
I
)/5 T're-Co/oniil State Systems in Southeast Asia.
Monographs of Skinner, Q.
lte Malayan Branch of the Royal Asiatic Society, no. 6. Kuala 1978 The Foundations of Modern Political Thought. 2. vols. Cam-
Intl
bridge (Reino Unido).
I
350 NEGARA B1BLIOGI?21FIA 1
Soedjarmoko et al. (eds.)
1957b Babad Pasek. Den Pasar (Bali).
1965 An introduction to Indonesian I-Iistorioçraphy. Ithaca (Nova 1958 Pracasti Panclé. Den Pasar (Bali).
lorque). Swellengrebel, J. L.
Soekawarj, Thokoide Gde Rake 1947 <<Ecn Vorsrenwijding op Bali.>> Medede/ingen vat, he Rijk-
1924 <<Lengende over Oorsprong van de Rijst en Godsdienstige smusetim i'oor Volkenkunde, no. 2. Leiden.
gebruiken bij den Rijstbouw onder de Baliers.>> 1948 Kerk en Tempel op Bali. Haia.
Solyom, G. e B. Solyoin 1960 <Introduction.>> In Swellengrebel et al., 1960, pp. 1-76.
1978 The World of the Javanese Kris. 1-lonolu I ii. Swellengrebel, J. L., et -tl.
Southall, A. 1960 Bali: Life, Thought and Ritual. Haia e Banclung (Indonesia).
1954 Alur Society. Cambridge (Reino Unido). 1969 Bali: Further Studies in L¼, Though: and Ritual. Haia.
Srapel, F. W. (ed.) Tabanan
1938-40 Gescheidenjs van Nederland.cche Indie. 5 vols. Amesterdão. s.d. >>Babad Arya Tabanan.>> Typescript in Udayana University
van Stein Callenfels, P. V. Library. Den Pasar (Bali).
1925 Epigriphica Balica. Verhandelen van her Bataviaasche Ge- Tamhiah, S. J.
noorschap van Kunsten en Werenschappen, vol. 66, no. 3. 1976 World Conqiterer and World Renouncer. Cambridge (Rei in
1947-48 <<De Rechten der Vorsren op Bali.>> Indonesië 1:193- Unido).
-208. Tarling, N.
Sting!, H.
1962 A ugly-Dutch Rivalry in the Malay World, 1780-1824. Syci-
1970 <<Zur Insristiturion des Obersten Bewiisserungsbeamten in ney.
B uleleng (Nord-Bali). > Jahrbnch des Museums f/fr Volkerkuncle zu Tate, D.J.M.
Leipzig, vol. 27. Akademie-Verlag, Bedim. 1971 The Making of Modern South-East Asia. Vol. 1. Nova lorque,
Sröhr, W., e P. Zoetmulder Londres c Melbourne.
1 968 Les Religions D'lndonesie. Paris. Taylor, C.
Stuart-Pox, D. J. 1971 <<Interpretation and the Sciences of Man.>> The Ri'iei,' of
1974 The Art of the Balinese Offering. Jogjakarta. Metaphysics 25:3-51.
Sturrerheim, W. F. Tirrokoesoemo, R. S.
1926 <Oost-Java en de Hemelberg.>> Djawa 6:333-349. 1931 Dc Garabeg.c in 'het Sultanoat Jogj'i/ca eta.
1929 Oudheden van Bali. Singaradja (Bali). Tonkes, H.
1932 i-let Hrndiasrne in den Arch/pci. Groningen (Holanda). 1888 Volksku,ide von Bali. Hal!e-Witterberg (Alemanha).
1935 Indian Influences in Old Balinese Art. Londres. 'furner, V .
1948 Dc Kraton van Madjapahit. Haia. 1967 The Forest of Symbols. Ithaca (Nova Iorque).
Sudhana, I Njoman van der Tuuk, H.
1972 A wig-A wig Desa Ac/at di Bali. Den Pasar (Bali). 1897-191 2 Kawi-Ba/ineesch-Neden/andcch Woordenbock. 4 vols. Bariva
Sudharsana, I Gusti Bagus (Iiidias Orientais Holandesas).
1967 Mengapa Hari Raya Njepi Djatuh pada Biclan Kasanga. Den Urrechr, E.
Pasar (Bali) 1962 Sedjarah l-luk,im Internacional di Bali >'l.'ev Lombok. [Jacarra]
Sugriwa, I Gusri J3agus Ve!Ia, W. F.
sc!. Smreti Siidaya, Hindu Bali. Den Pasar (Bali). 1957 Siam under Rania III, 1824-57. Locust Valley (Nova lot'-
1 957a Hari Raya Bali Hindu. Den Pasar (Bali). que).
NEGARA /3JBL1OGRAFIA 353
1963 b
Peddlers and Princes: Social Development and Economic Change
in Two Indonesian Towns,
Cambridge Mass, Harvard Uni-
versity Press.
1964
<<Tihingan: a Balinese Village>>, TLV,
120, pp. 1-23.
1965 The Social History of an innesjan Tawn,
Cambridge Mass.,
Harvard University Press.
NEGARA BIBLIOGRAFJn DE CLiFFORD GERRTZ 357
356
Islam Observed; Religious Development in Morocco and Indone- • 4deo1ogy as a Cultural System>>, 1964, ideology and I)is-
1968
content, ed. D. Apter, The Free Press of Glencoe (Mac-
sia New Haven, (ecliço de 1971, Chicago, University of
Chicago Press). millan Co.), pp. 47-56.
1972a -The Wet and the Dry: Traditional Irrigation in Bali and <<After the Revolution: the Fate of Nationalism in the
New States>>, 1971, Stability and Social Change, ed. Bet-
Morocco>, Human Ecology, 1 pp. 34-39.
narci Barber e Alex Inkeles, Little. Brown and Co., pp.
<<Religious Change and Social Order in Soeharto's Indo- 357-376.
19721)
nesia>>, Asia, 27 pp. 62-84.
• -The Integrative Revolution: Primordial Sentimenrs
1973 The Interpretation of Cultures, New York, Basic Books. and Civil Politics in the New Stares'>, 1963, O/dSocjetje j
and New States, ed. C. Geertz, The Free Press of Glen-
coe (Macmillan Co.), pp. 105-1 57.
Inclui Os seguinteS ensaiOs
<<Thick Description: toward an Interpretive Theory • -The Politics of Meaning>>, 1972, Culture and Politic.
of Culture> in Indonesia, ed. Claire Holt ci al., Cornell University
Press.
<<The Impact of the Concept of Culture on the Concept
of Man>>, 1966, New Views of the Nature of
Man, ed. J.
'<Politics Past, Politics Present: Some Notes on the
Platt, Chicago, University of Chicago Press, pp. 93-118. Contribution of Anthropology to the Study of the
New States>>, 1967, Enroiean Jourimi of Sociology, Viii,
<<The Growth of Culture and the Evolution of Mind>>, PP 1-14.
ed. J. Scher, The Free Press
1962, Theories of the Mind,
of Glencoe (Macmillan Co.), pp. 7 13-740. • (,The Cerebral Savage: on the Work of Claude Levi-
-Strauss>>, 1967, Encounter, 28 (4) pp. 25-32.
<<Religion as a Cultural System>>, 1966, Anthropological
Approaches to the Study of Religion, ed. M. Banton, Lon- <<Person, Time and Conduct in Bali: an Essay in Cul-
don, Tavistock. tural Analysis>>, 1966, Yale Southeast Asia Program,
Cultural Report Series, 14.
<<Ethos, World View and the Analysis of Sacred Syrn-
17 (4).
hols>, 1957, Antioch Review, <<Deep Play: Notes on the Balinese Cockfight>.., I 972.
Daedalus, MI, PP• 1-37.
<<Ritual and Social Change: ajavanese Example>>, 1959,
American AnthropologiSt, 61, 991-1012. .
1975 con-i Hilclred Geertz, Kinship in Bali. Chicaeo, I Jnivcrs: rs
of Chicago Press.
<"internal Conversion">> in Contemporary Bali'>, 1964,
iMa/ayan and indonesian Studies Presented to Sir Richard 1979 corn Hildred Geertz e Lawrence Rosen, Meaning and Order
Winstedt, ecis. J. Bastin e R. Roolvink, Oxford, Oxford in Moroccan Society: Three ESsays in Cu/Inca! .4na/yszs, New
Univthity Press, pp. 282-302. York, Cambridge University Press.
.>58 NEGA RA
1934 Anti -anti relativism>', American Anthropologist, 36 (2) 287, 288, 289. 259.
DU BOIS, C., 132. MISHRA, R., 178.
263-277. DUMONT. L., 269, 295, 296. MOOJEN, p.. 282.
ECK, R. van, 62. NAERSEN, F. H. van, 293.
ELTADE, M., 281. NIELSEN, A. K., 254.
Works and Live.s - the Anthropologist as Author, Stanford,
1988 ELIOT, T. S., 163. PIGEAUD, Tb., 278, 309.
Stanford University Press. FRIEDRICH, R., 287, 288. POLANYI, K., 119, 247, 257-258, 308.
GEERrL, C., 278, 279. RAFFLES, T. S., 18, 115, 176, 184, 253,
GEER'rL, H., 179. 303.
GEERTZ, I-I. E C., 203, 204, 205. RESINK, G. J., 249.
GIBBON,E., 114. RICOEUR, p., 153.
GIESEY, R. E., 269. RIJKASAH, R., 179, 242,
GONDA, J., 275, 276. SWELLENGREBEL, J. L., 193, 287.
360 NEGARA
SCHRIEKE, B., 17, 115, 174, 257. WEBER, M., 17, 42, 84, 167, 316.
SCHWARTZ, H., 201, 224, 225, WERTHEIM, W. F., 175.
253, 263, 265. WITTFOGEL, K., 65, 175, 186, 227.
SKINNER, Q., 292. WITTGENSTEIN, L., 169.
SPIES, W., 176. WORSLEY, P. J., 159-160, 165, 296,
STEIN CALLENFELS, P. V. van, 197. 297, 302, 312.
STUYI'ERHEIM, W. F., 176. ZIMMER, H., 282. INDICE TEMATICO
ADAT, 59, 60, 72, 73, 196, 197, 224. BATARA HARIO DAMAR, 76.
AGRARIO, ritual. Ver culto do arroz. BATUR DALEM. Ver linhagern real.
AGRICOLA, trabalho. Ver sociedade de BEKEL.AN, 87
irrigaçllo, arrendamento da terra, BENDESA ADAT, 198. Ver rsmbrn dew
rendeiro. adat.
AGUA, aberrura da, 103, 106, 241, 242. BESAKIH, 58, 190, 191, 242, 27?, 282,
equipas da, 98, 99, 230. 283.
imposro sobre a, 231. I3INNENLANDSCH BESTUUR. Ver
medidas de, 94-96. mndias Oriensais Holandesas
Benra, 189, 275, 276, 289, BLAHBATUH, 28,191
298. BLAMBANGAN, 115, 192.
ALDEIA. Ver deja. BRAHMA. Ver deuses.
ALIANcA, 56-63. I3RAHMANA, 30, 41, 42, 53-54, 136.
aALMAC, 276-277, 278. 158, 186, 222, 287, 298, 299.
ALTAR DO ARROZAL, 100, 101, 233- Ver rarohém bagawanra, gr!ya,
-23 5. flwa .cilia, Iniwangla.
ANDROGINIA, 311. I3UDISMO, 299.
'ANTEPASSADOS", 185. BUGIS, 23, 51, 55, Ill, 115, 118, 125,
aAPANAGIO,, vs. ',no apan1gioe. Ver 314.
Bali Ago, rep6blicas aldelse. BUKIT, 118.
ARISTOCRACIA. Ver nobreza, triwangsa. I3ULELENG, 60, 61, 62, 115, 184, 185
ARMAS, 297. Ver rambam kris, guerra, BUROCRACIAe, 210, 314, 315, 316
want. BUWANA AGUNG/BUWANI'. ALIT,
ARTHA, 295, 296. 134, 137, 138, 270, 278
AXIS MUND!, 133, 134, 142, 281. Ver
também torte crematória, Monte CAFE, 116, 122, 124, 263-264.
Agung, Monte Meru, tiki ran. CAKORDA, 76, 206, 312, 'A S Ver tarn-
b/rn realeza, ptenggaw.-
IIADIJNG, 23, 27, 28, 35, 60, 61, 62, CAI.ENDARIO, 106, 145-148, 181i, 98
77, 118, 178, 190, 191, 220. -199, 237-238, 281, 287 Ver
BAGAWANTA, 54, 189, 297, 298, 299. tambérit wake.
l3ALDlOS, 303. CAPITAlS, 14, 23-25, 66
BALI AGA, 180, 287. (;ARISMA, Ver jekti,
BANGLI, 23, 27, 34, 116, 185, 253. CASAMENTO, 42, 43, 48, 52-53, 188,
BANJAR. Ver lugar. 90, 774, 300, 502, 31!. Vet
302 NLGAI?A INDICE TEMATICO 363
tins l.x m idogam a, . Itipeigatnia 290. Ver ra eEC vu axis mund,, 239-240. Ver rarnbCm sociedade IMPOS1'OS, 91, 92, 223-226, 230, 231,
wail? Moore Meru. de itrigaçiio. 315, 316.
(.ASAS REAlS 76-84 Vet- rrrnbeia CIJLTO DO ARROZ , 99-100, 103, 106, ENDOGAMIA, 42-43, 49, 52-5 3, 188. IMPOSTOS, Incas de (tircas fiscais), 92,
tia/erit, ,a, !. P I civ 107, 233-235, 2)6-239, 242. ENERGIA SAG RAI)A. Ver sekti. 223.
LASAS S[JDRA, 23 ..CUI.TURAS DE SEQUEIROi, 229-230. ESCRAVATURA, 86, 177, 212, 213. IMPOS'I'OS, cobtador tie. Ver sedaban.
Lstemas ije", 29, 41 '12. Wv ESTADO, 25, 153, 155, 292. Ver cam- INDIA, 158-159, 288, 295-296.
nsL.rvn Sudra, sisteltia di' titulos, DADIA, 43-47, 50, 51-52, 187, 201, bern negara. INDIAS ORIENTAIS HOLANDESAS,
tIiU'vv2i,tia, SlS(eIliiL ViVWII. 280. Ver ta:isbCiii SELIIXIS de paren- ESTADO, esrruwta do, 26-30,43. 15, 119, 120, 125, 131, 177,
CENTRO EXEMPLAR. 23, 25-28, 31, testo- ESTADO, ritual do, 25, 31, 32, 48, 127- 200-201, 236, 255, 314-316. Ver
66, ii, 80, 139, 151-152, 163- DALI2M, /7, 80, 82, 206, 278. Ver tam- -131, 268, 309. Vet tambkm crc- cam bbin coiiq ii isra hot a idests,
- 1 65, Wi tao hem csi rais, "rca- b/rn mkorda. jets, /is01 g'/ macb, p1/pusan, sacrifIcio ritual, Eutopcus.
Ii's,, s.s%raill.., IIletaR1ULa tiwal de DEN BUKII' - Ver Bulèlèrig. limagem de dentes. INDICO [mdi'), 14, 15, 174, 177, 282,
Es tad ii. DEN PASAR. Ver Badung. ESTADOS-I3AZAR, 114, 115, 116, 193, 288, 296, 302.
c;ENmo-pERIIERIA, so, 77, 80, 82, DES/I, 14, 62-74, 76, 87-88, 173, 194, 249. INDRA, 267. Ver tarnbbm dcuses.
83-8.1, 188. 704-203, ?79 216, 217, 301. Ver rarnbérn i/eta E'l'IQIJETA, 48, 57-58, 207. INTERPRETAçAO CULTURAL. Vet her-
-280. adat, lugar, sociedade de irrigaoo, EUROPEUS, 111, 115-1 18. Ver rambCm men/mica.
(20121 MONI A. Ver ererziacau. t imal de coiigregaçais do teinplo, .rep6b1i- coruuisca liolandesa, fndias Orien- ISWARA. Ver dcuscs.
II 1,7.11,10, /ln8uIafl, sac rificlo ii - cas aldeiLsv,. rats Hislandesas, consCrcio.
a, esi I,t ii tuid, set' co ritual, DESA AD/IT, 73, 197, 235. Ver tansb6rn EXPOR'I'AcOEs, 115-117, 251-253. JAB/i. Vet jei'o, Sudra, Iriwangia.
tints I cli' Estado, ii niagerit de Ici tOSttLrnei tiL (cillIstier tidi nItla), f/IDA If ERO, 204, 278. Vet tambCn au/an.
dcii ti's. deja, ne,çau/ aaSi,. '.PEUDAL1SMO, 221, 314-315. JAVA (javanbs), 13. 41, 51, 55, I 14-i 16,
('ERIMONIAL DO CORTE Vi't ritual de DESC11NDNC1A AGNATICA, 43, 48, "FOR A'. Ver jaba/jero. 120, 125, 137, 139, 180, 277,
Es tado. 49. Ver ransbCrn linha cenrtal, FRONTEIRAS, 38, 187-188, 214. 283285, 293, 294, 297, 308.
CHINESES, 31. 55, 56, III, 113, 1 16, dad a, geiscalog is. I tithagern real. JAVAr mar de, 115.
117, 118, 122-124, 212, 250, v'DESPO'l'ISMO OR1ENTAL, 15, 38, GAJAIl MADA, 26. JEMBRANA, 60, 178.
751, 752, 255, 262, 316. 65, 93-94, 101, 186, 315, 316. Gi11.GEL, 27, 28, 29, 30, 168, 182. JERO, 41, 48, 49, 76-84, 138, 204, 205,
CLII7NTELISMO, 50-56, 116-117, 118- DEUSES(DEUS), 30, 31, 134, 135, 270, GENEALOGIA, 46, 76, 77, 80, 82, 201, 278, 300. Ver ransbCrn aui/em, Sri-
-119. 12)), 122-125, 248-249, 271, 273, 276, 275, 276, 277, 202, 203, 204, 205, 206,209,210. Wan/ta.
298 278, 282, 283, 309-311. GEOPOLITICA, 32-39. JO/CO GDE, 80.
I2LIMA. 239-740 DE\VA. Ver cleuses. GIANYAR, 23, 33, 36, 37, 57, 60, 61, JUIZES, 54, 222, 280, 299-302. Ver
..(OI.I1CI'IVISMO PLURALISTA,v, 68. DEWA AGUNG, 279, 293. Ver tansbCm 62, 127-131, 191, 192, 204, 220, rambCrn Iei, ttibursais.
.OLON I ALISMO Ver hnclias Oricntais - Klungkting, duilos. 225, 294.
l-hulatidews DEWI SRI. Ver deuses, cislro do sttoz. GRANDE TEMPLO DO CONSELFIO, KABA-KA13A, 77, 191, 203.
COMLLRCIO, 55, 56, 114-125, 193, 701 iNCA/CM/I, 158-16)), 183, 295-296, 299. 74, 99-100, 198-199, 307. KAHYANGAN TIGA, 73-74, 199.
202, 256, 316. DINASTIAS. Ver tuba centtal, lirshagem GRIYA, 189, 206, 298, 300, 302. KAPAL, 28, 77.
COME RCIO DO GADC), 262 teal. GUERRA, 62, 88, 178, 200, 255, 256, KARENGASEM, 23, 27, 34, 37, 60, 116,
COMI'LRCIO MARITIMO, 115, 116, DIN1IEIR0 INTERIOI1IZAI)O , 119, 261, 286, 312, 313, 314. 184, 253.
II?, 11$, 121, 124, 269, 265. 257, 258, 259. KAWULA, 85, 86, 88, 89, 211, 212, 213,
COMERCIAIS, impostos, 122, 123. DIVINA, irnohilidade, 163-165, 308- HALUS / K/ISA/C. 210, 299-300. 214, 300, 312, 314. Ver rarsshCrn
(7)MER(,1A15, remus. Vet !veba,u/aran. -314. IIARMONIA SOCIAL. Ver rukun. /sarekon, perbekel, pun//au-a.
COMERCIAIS, rendas, 263, 264 DIVINA, REALEZA. Ver tc'aleza sagrada. 1-IERMENEUTICA, 133-134, 270. KEI3ANDARAN. 116, 251, 264.
S 5MUN1DAL)E COSTUME1RA. Ver .DIVINAS, activaçöesv.. Vet sekil. 1IIERARQUIA, 25-28, 29-32, 84-85, KEPAKISAN, Ida, Dalarn Kenu Kresna,
v/'sa i/i/at. DIVINAS, Iotrnas. Ver ,,,arej. 131, 147, 150-152, 156-168, 26, 27, 28, 30, 61.
t(INQI.JlS 'A 1-101.ANDESA . 24-25, 57, DOMINJO, 31-32, 54-39, 153-155, 164- 183, 204-205, 210, 290, 291, KEPENG, 118, 119, 120, 223, 259.
60, 1 22. 125, 177, 178, 179, -171. Ver rarnbCm Iiieratquia, 299, 300, 301, 309, 313. KESEDAHAN, 91, 101.
206, 21)1, 222, 255, 317. Ver sistema perbekel, podet. IIINDIJISMO, 66. Ver rambbm fndia, KLIAN, 70, 71, 98, 99, 100.
iainbCun Europeus, Indias Onen- DORPSICIIPIJBLII1K. Ver ..tepublicas hndico (iudid. KLUNGKUNG, 23, 27, 28, 34, 36, 37,
ra s Ilohuidestis. aldeãs'. IIIPERGAMIA, 52, 53, 188-189. Ver 60, 61, 77, 116, 142-147, 184,
CONsTITuIcOES ALDEAS . 69 DRUWE, 160-163, 3113. Ver tambCm cambCm casamenco, wargi. 191, 252, 253, 280, 294,
.OSTUME. Ver ailni. posse, propriedade, "baldios',. 1-l1S'rORIOGRAItIA, 15, 16, 202, 317. KR/tM/I, 70, 99, 194, 245.
CI3EMAcAO, 127-131, 133, 147-152, "DUPLO GOVERN() , 82-83, 207. Ver KRAMBITAN, 76, 77, 87, 125, 202,
766-267, 286-292, 305, 506, nsnsbCrn pen;nile. ICONOGRAFIA. Ver simbologia. 203.
316-311. IJEG, Cakorda GdC Oka, 179, 279. KRIS, 136, 284.
CILEMAT()RIA, wire, 128, 133, 150, ECOLOGICA, adaptacao, 102-103, 107, IMPOR'rAçOEs, 116, 251, 252, 253. KUTA, 116-122, 254-255, 26(1.
364 NEGARA INDICE TEMAYICO 365
torte crematória, Monte Agung, PECATU, sisterna, 220, 221, 303. PU//I GDE, 48, 207. Ver tamblm
LO1, 54, 59, 60, 189, 190, 191, 195, uki ran. PEKJSNDELAN, 85. Ver tambérn pnessn. da/em.
231, 244, 245, 299-304. Ver MORTE. Ver cremação, Templo da Morce, PEKARANGAN, 206. Ver também patios. FUR IFICAAO Vt poiucç5o.
tarnbm juizes, tribunais. Kalyangan Tiga, rnoksa,piraro/pi:ara. PEMADE, 82, 200, 314. Vet também to- PURNA, I Wayan Gusri, 179.
LEl ishimica, 72, 195. Ver também adat, MucuLMANO, 55, 255. korda, duplcc gOVCtJ1()'.
Ici. MULHERES COMERCIANTES, 120, PEMAKSAN. Ver congregaclo do remplo. RANK, 46-48, 80-84, 183, 188, 189,
LOIS COSTUMEIRAS, 108-110. Ver 121-122, 125, 262. PEM/NGKU. Ver sacctdote do templo 190, 204-205, 206, 207, 296 Ver
também desa adat, lei, negara adat. MURT!, 136, 139, 272. PERBEKEL, 75, 85, 86, 179, 210, 211, tainbérn /Ja/ui/kaJlI , hierarquia,
LEIS SIJMPTUARJAS, 48, 200. 213, 300, 301, 312, 313. jaba/jero, sistema de titulos, ti,-
I.ENDA.Ver mito. NEDERLANDSCHE HANDELMAATS- PERBEKEL, sisterna,
75, 85-88, 213, 214, Wang/a, sisrema varna
LIMAGOM DE DENTES , 267. CHAPPIJ, 255. 215, 312, 313. REALEZA, 41-42, 163-167. Ver (an)béns
LINGGA, 134, 135, 136, 274, 275, 307, NEGARA (negari, negeri), 13, 14, 60, 75, PESOS E MEDIDAS. Ver kèp?ngs, tenah. cakorda, ,realeza sagrada..
310. 84-85, 153, 156, 167, 169, 170, PJRATAIPJTARA, 291, 305. iREALEZA SAGRADA ., 134-136, 157.
1.INGGIII, 156, 306, 307. 191, 194, 218, 314-316. PLANTAcOES, 217. -171, 292-294
LINGUAGEM, 48. NEGARA ADAT, 162, 198, 306-307. Ver PODER, 38-39, 169-170, 218, 277, 303- REENCARNA(;AO, 183.
1.INI-IA CENTRAL,46-49, 66,144, 188, rambém lcd costumeira, desa adat, -304, 305. Ver também dommnio, RELIGIOSAS, acirudes, 2 43, 261
202, 280, 293. Ver também ge- ngurah. .cekti. RELIqUIAS. Ver watts
nealogia, linhagem real. NEUTRAlS, zonas. Ver fronseiras. POLIGAMIA, 52, 53, 188. REPUBL1CASALDFAS., 65-67, 192.
LINHAGEM REAL, 77, 80-84. Ver NGABEN. Ver cremaço. POLINESIA, 297. RITUAL DE IRRIGAçA0 .99-102. 103,
rambém linha central. NGURAH, 162, 305-307. Ver também POLITICA, integtaçao, 28-29, 32, 50, 57, 106-107.
LOMBOK, 60, 117, 177, 178, 179, 182, negara adat. 58, 59, 62, 86-89, 92, 110, 111, RITUAL, escala, 287, 788, 289, 290.
252. NOBRES, casas. Ver jero, jero gdé. 167, 168, 209, 210, 211, 269, RITUAL, sacrIflcio, 127-131, 288, 289,
LOTUS, assento do. Ver padmasana. NOBREZA, pequena, 28. 29, 30, 41. Ver 270. 314 Ver ramblm pup//ta?), S/Ittft
LUGAR, 67-70, 74-75. também triwangsa. POLITICA, legirimidade, 26, 27. RITUAL, srrviço, 88, 315.
LUTAS DE GALOS , 248. NOBREZA, 76-84. Ver também Sriwangsa. POLITICO, conflico, 28-29, 34-39, 49, RUKUN, 69, 110, 244
56-57, 62, 108-111, 152, 166,
MAHADEWA. Ver deuses. O SQL. Ver Surya. 167, 168, 191, 200, 201, 208, SACERDOTES, 42, 53, 54, 59, 136, 148-
MAHAYT.JGA, sistema, 31, 184. Ver OBEDIENCIA, 275-276. 245, 301. -151, 158, W. 189, 198, 268,
também calendétio. ODALAN. Ver festivais do templo. PoLulcAo, 196. 286, 287, 288, 289, 276, 287, 788, 289. 290, 791,
MAJAPAIIIT, 14, 16, 29, 31, 58, 167, OFERENDAS, 272-273, 314. 301, 302, 305, 306, 307. 295-302. Vci Earnb6m bapuu'anra.
168, 307. OFICIOS, 125, 248, 249, 266. PONTO DO ORIGEM., 285. I3rahmana, siu'i'-citus.
MAJAPAHI'I', conquista, 19. 26, 27, 43, 6Pio, 23, 116, 124, 252, 253, 254, 263, P0PULAcA0, 33, 84, 184, 211, 213, SACRIFICIO DE VIUVAS. Ver ilfire.
76, 200, 207, 307, 317. 264. 25(1. SAD KAHYANGAN TIGi\ , 58, 73-74,
MAKASSAR, 115, 182. PORTAO CINI)IDO, 283, 284. 190
MALAIOS, 115, 118. PAD/sNDA. Ver sacerdotes. PORTO COMI1RCIAL, 114-125, 249- SAGRADO, espau, 280, 281, 304. Ver
MARGA-I3LAYU-PEREAN,77, 203. PADMASANA, 134, 135, 142, 143, 27 1- -2 50. tambins In,, 1//at, negata ui/al
MARON, Ida llagus Putu, 179. -274, 281, 309. POSSE, 36, 197, 217, 219, 221, 246. Ver SATRIA, 30, 41, 42, 53, 158, 186
MLDITAcA0, 273, 274, 310-311. PADRAO DE STATUS DF.CRESCENTE tambéns drawl, prupriedacle. SE/I/IL. Ver poluiclo
MENGWI, 23, 60, 61, 76, 177, 208, (sinking sal/uS pattern), 29, 30, 46- l,Rocos ADMINISTRATIVOS, 118, SEDA I-lAN, 91, 92, 222, 3)5, 316
280, 313-314. -48, 80-82, 188, 311. Ver também 119, 256, 257, 258, 259. SEDAI-IAN GDE, 91, 92, 179, 222, 315
MERCADOS, 55, 114, 124, 125, 247- cencto-petifetia, hietarquia, rank. PRIMOGENITURA, 46, 187. SEGUNDO RH Vet pemad'
-248. PAISAGEM, 32, 33, 34. PROI'RIEDADE, 301, 303, 304. Ver SEIS GRANI)ES TEMPLOS Vet Sac)
M ESTRE- DISCIPUI.O. Ver siwa-sisia. PALACIO. Ver purl. também drawl, posse, ',baIdios. Kahyangan.
MILITAR, apoio. Ver guerra. PALACIO, disposiclo do, 139-147, 279, PL/NGGAWA, 82, 83, 84, 210, 211, 212, SEKA, 75, 199
MIMESIS, 171. 281. Ver também purl. 301, 312, 313, 314. SIlK'!'!, 134, 136, 138, 139, 776-77/,
MOO, 26-28, 31, 182. I'AREKAN, 49, 85, 211, 212, 213, 219. PUNIçA0 (castigo), 301, 302. 3)1. Ver rainbém marl,
MODO DE PRoQucAo ASIATICO,. PARENTESCO, grupos dc 42-46, 187- PUJ'liI 'AN, 23, 76, 120, 178, 179. SENI-IOR. Ver punggawa.
Vet des1,otisnso oriental,. -188, 201, 203. Ver também do- PURA, 58, 59, 73, 74, 174, 190, 192- SENI-IOR SUSERANO, 76, 85 Ver
M000AS (;lIINESAS. Ver keping. dia. -199, 278, 279. rularn eakorda, patib, pemark,
MOKSA, 40, 291. PARIDADES COST1JMEIRAS, 118, 119. I'URABATUKAU 106, 107, 108-111, /11/4(050.
MO1.IICAS, 115. PA'I'ILf, 83. 240, 241, 242. SERVO (ctiado). Vet parekan.
MONTE AGUNG, 58, 282. PATIOS, 87, 88, 214, 215, 216. PURl, 48, 49, 80, 127, 173, 206, 279, SIMBOLISMO D!RECCIONAL, 271-
MONTE MI3RU, 145, 146, 280, 282- .PATRIMONIALISMO,, 219. 300. Ver canchéns disposiclu do -27 2.
-284, 290. Vet tambérn axis musul;, PAYANGAN. 60. palãcio. SIMBOLISMO PiI ICO. Ver iin,18a
-
NEGARA
sINGARAJA, 55, 115, 103, 251, 252, TEMPLO 1),\ MOREL, 74. Ver tsmbérn
2) '). Kahyaii,gan 'liga.
SINGKO1-1 CONG. 122-175.263 TEMPLO DA ORIGEM, 74. Ver tarnbim
SIVA (Siwa), 135, 136, 139, 146, 151, Kaliyangan Tiga. IND ICE DAS ILUSTRAcOES
267, 268, 270, 2/2. 273, 274, TENAII, 228-229.
2/3. 277, 28.3, 298, 310, 311. TERRA, tends da, 219.
Vt> >arnbirn Sutyn, cIeue. iinposros sobte a, 91-92.
.cIWII-S!SII1, 51, 189. arreiidamento da, 89-91, 219- Mapas
..SUBERANIIt IJNIVI1RSAL ", 291. -221. 227.
s(..lFr.)AD8 DO IRRIGA4;A0 . 'o, 70. rendei ms da, '89-91, 315.
24
-77, /4, 90-1 13, 223, 225-226, posse da, 89-91, 219-221. 1 . Bali ................................................................................................
231, 215-316. ptopriedade da, 89-91. 2. Casas reais de Tabanan e casas aliadas na capital, Ca. 1900 ........ 78
tlitles ds,730-23 I. senhorios da, 89, 91 ........ 79
,oissduicoes das. 69, 244, 243. 'I'ITIILOS, 200, 201, 206, 207, 210, 211, 3. Casas reais de Tabanan e casas aliadas no campo, Ca. 1900
Ii 7
rsçados das. 228, 229, 235-236. 293, 294, 300. 4. 0 poi-to comercial de Kuta ........................................................
SOCIEDADE 1-IIDRAULICA Vt> oIcs- TITULOS. sisterna de, 41, 182, 183, 211.
porimo oriental,'. Ver iamb/n> sistema de castas,
hierarquia, sistema z'ar,,a.
Figuras
SU[2A /c' Vet sociedsdc de it> gaçao.
)(I!JANVAR, 56. 115, 119, 122, 123, iRA BALI-lOS HIDRA1JL1COS, 93-96,
252 Ver taisih2m csorncr,io. 246. 45
'I'RANSE. Ver mediisçao.
1. Estruwra-rnodClO de dadia ..........................................................
SU111)I'lO Ver kawula
2. Descendência nobre: o princfpio do status decrescenre .............. 47
..S!J!3STANTI VISMO,, s's. .4,rniaIisiiiu", 'rRATADO, 59-63. 190, 191, 243. Ver
real de Tabanan ...................................................... 81
2'i I taiibtin Ic>. 3. A linbagcm
de águas
SIICESSAO, 291 'I'RES GRANDES TEMPI.OS. Ver Ks-
4. Diagrarna csquernático da distribuiçEo prelirninar
para urn subak atlpicoa de Tabanan .......................................... 95
51.11)1(6, 11. 42, 209. 237. 290, 292. Ver hysi>gaii 'Jigs.
'I'RlBUNAIS, 281, 285, 301, 302. Ver
cambcrn 1'tha,jo,'
aunbim Braliamajia, JuIses, Id. 5. Grelha de irrigação modelo de urn subak
.................................... 97
SUKAWA'J'I, 191
104
SURYA, 155, 151, 189, 267, 271. Vt> TRIWANGSA, 41, 42, 43, 186, 287, 301. 6. Subaks das terras baixas extrernas ..............................................
Ver tainhito isobteza. ................................................ 104
(arnbcrn Siva, deuses.
TROCA RECfPROCA. 114, 248, 249, 267.
7. Subaks das terras baixas rnédias
SUTTLO2, 127-131, 266 .............. 105
'I'ROCA RED1STRIBIJTIVA, 114, 307, 8. Subaks das terras baixas altas (ou terras altas baixas)
das terras altas rnédias .................................................. 105
TAISANAN, 23. 27, 3, 3-1, 36, 37, 60, 308. 9. Subaks
105
61. /5-111, 116, 122.124. 168, TRONO DL DEUS. Vet padmasrnza. 10. Subaks das terras altas extrernas ..............................................
78, 179, 190, 199, 2(11), 201, TUMPEK, 285. Ver iamb/rn wuku. 11. Planta do palácio do rei de Klungkung, Ca. 1905 .................. 140
207, 208, 209, 263, 280, 288,
293. 298, 299, 100, 401, 314, VAR1AçAO TERMINC)1.6GJCA, 231.
315, 316. yARN/I, sistema, 183, 287. Ver carob/ni
1'AILANDIA, 1118 .sistema sic' castas,', hietarquia,
iEAS'RO DO SOMBRAS, 208, 282, sistemas de t(tu!os.
VISNU. Ver ticuses.
'FEMPLO Vet pura
TI3MI'I.O, congrcaçao do, 67, 72, 73, WARGI, 52-53, 77, 190. Ver iamb/rn hi-
74, 195. 198, 199. peigsmia, casamento.
'I'EMJ'LO, lestivais do, 199, 268. WARIS, 146, 284.
TEMI'LO, sacerdotc do, 100, 198. WESIA, 41, 42, 186.
TEMPLO DA I3ARRAGEM. Vet Templo WONGJAI3A,41.
Cabtça das Agiias. WONGJERO. 41.
'rEM PLO cAIiEçA DAS AGUAS, 101, WONG MAJAPAHIT, ISO.
06, 235 WUKU, 281, 285. Ver também
rEM!'Lo cABEcA DO I1STADO, 307. calendário.
fEMI'LO cABEçA DOS ARROZAIS,
100, 235.