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Rodrigues
Rodrigues
pouca, apenas o luar reluzia sobre a janela do quarto onde ele estava, e, o único som era o som dos
grilos vindo da rua. Rodrigues estava suado, estava bastante calor, demasiado para uma noite de
inverno como esta, talvez isso explicasse o facto de estar de tronco nu, mas mesmo assim ele sentia
como se o ar fosse difícil de inspirar, como se o seu peito fosse feito de madeira.
Mas rapidamente ele percebe algumas coisas anormais, como o facto da cor do teto do seu quarto ter
aparentemente mudado, os seus lençóis, eram diferentes do normal, não eram os clássicos lençóis
cinzentos ao qual estava acostumado, mas uns lençóis brancos e rosa.
Rodrigues entrou em choque, perguntando-se onde estava, ele rapidamente levanta o seu tronco,
fazendo com que a cama fizesse um barulho repentino, uma espécie de chiado, que, embora baixo,
perturbador, mesmo assim, esse não era a preocupação de Rodrigo, não agora, agora ele precisava de
saber onde estava; após levantar o seu corpo repentinamente, ele sentiu-se tonto, com a visão
desfocada, não sabia se o que estava a acontecer era da sua imaginação, ou era realidade. E se fosse
verdade? E se ele realmente estivesse deitado em uma casa qual não era a sua, o que faria ele?
Todas estas questões cruzaram a sua mente, enquanto ele erguia seu tronco, parecia que o tempo era
mais devagar, como se ele existisse em câmara lenta, como se o espaço e o tempo não fossem um só,
como se a alma dele não se levantasse ao mesmo tempo que seu corpo, como se não fossem um só,
ele sentia-se no limbo entre a realidade e imaginação. Como é possível uma pessoa ter tantos
pensamentos num espaço tão curto de tempo?
Rodrigues gira a sua cabeça, e ao seu lado, vê uma figura, deitada, de costas para ele, não conseguia
perceber quem era, pois ainda estava com a visão desfocada; estranho pensa ele, não se recorda de
adormecer com ninguém ao seu lado, mas pensando bem, ele não sabia onde estava, por isso saber
quem estava ao seu lado não era a sua maior preocupação de momento
Lentamente, Rodrigo recuperava o seu sentido de visão, lentamente, seus olhos adaptam-se há
condição de pouca luz, lentamente ele apercebe-se de outras características do ambiente que o rodeava,
a porta entreaberta onde estavam pendurados coisas como roupões e mantas, o grande espelho que
refletia a luz do Luar sobre o quarto, luzindo levemente o espaço, a secretária onde estavam espalhadas
várias folhas, livros jogados pelo chão; ao lado da cama onde se deitava, Rodrigues observava também
um armário, ou qual a porta estava escancarada para fora, como se alguém estivesse com pressa e não
tivesse tempo de a fechar. Finalmente, após seus olhos terem analisado o ambiente, Rodrigues olha
para o seu lado, para a figura deitada sobre o seu lado esquerdo, e começa a reparar em algumas
características básicas sobre a pessoa, reparou que era uma mulher, reparou no cabelo longo e que
parecia ser de uma cor quente, quando, a pouco luz que se dispersava vagamente sobre o ambiente,
batia nesses cabelos longos, repara também que, essa mulher, usava apenas um sutiã, bege, Rodrigo
não lhe conseguia ver a cara, pois a dita mulher estava deitada de costas para ele.
Rodrigues, pela primeira vez na sua vida, pensa duas vezes antes de agir, pensa que, já que ele está
nesta situação, pelo menos saberia com quem está nisso; Rodrigo não pensa sobre o facto de eles
estarem os dois praticamente sem roupa, isso não era importante de momento, não aqui, e não
agora.Então, lentamente Rodrigues ergue ainda mais seu corpo, corpo esse ainda suado e quente,
quando ele finalmente se curva para a ver o rosto dessa mulher, dessa figura; ele depara-se com…
-ESTOU A IR MÃE
Rodrigues rapidamente pega na sua mochila e corre até à Paragem de Autocarro do Camarnal, saído da
sua casa amarela, ele sprinta até à paragem, e, por algum tipo de milagre, consegue chegar a tempo,
usando todo o seu esforço, Rodrigues consegue chegar mesmo antes do motorista abrir a porta do
autocarro. Rodrigo entra na viatura, onde se senta num lugar à janela, perto do motorista, coisa que o
próprio motorista achou estranho, Rodrigo não se costumava sentar nesse lugar; nem ele sabia o porquê
de ter decidido ali sentar-se, era como se a sua mente apenas pensasse num momento, num momento
só, que, mesmo não sendo genuíno e verdadeiro, para Rodrigues era um momento bem real, e que o
incomodava bastante. Rodrigues passou grande parte da viagem a pensar sobre o ocorrida que nunca
aconteceu, que nunca iria acontecer
Dentro de seus pensamentos todos, o Autocarro finalmente chega à paragem na qual Rodrigo costuma
sair, e de dito Autocarro ele sai, e, tira o seu telemóvel com a tela partida, e usa-o para ligar ao seu
amigo Miguel Batista.