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Cap.

Cristiano escutou passos no corredor e não tinha certeza se vira alguém abrindo a porta, porém
não conseguia abrir os olhos. Não fazia muito tempo que havia deitado e pretendia dormir até a
Páscoa. Ouviu o barulho das cortinas sendo abertas bruscamente, logo se protegeu dos raios
solares – que agora iluminavam o quarto – com um travesseiro.

- Vamos Cristiano, levante-se. – diz Débora jogando uma toalha em cima da cama – Não tenho
o dia todo.

Ronaldo olha para o relógio sob o criado mudo e se assusta ao ver que marcava 7:35 AM.
Bufou e procurou uma posição confortável para voltar a dormir. A garota puxou seu edredom e
praguejou ao ver que o mesmo se encontrava nu.

- Se você quisesse ver meu amigo aqui era só pedir. – zombou Cristiano. Débora revirou os
olhos.

- Levanta, Ronaldo! – ordenou ela.

- Você sabe que eu sou seu chefe, certo?! Eu que dou as ordens aqui, lindinha. – provocou
Cristiano.

Débora respirou fundo para se acalmar só Deus sabia o ódio que ela possuía do apelido que
seu chefe “carinhosamente” a batizou.

- E você sabe que se não fosse por mim você já estava pobre, certo?! Eu que sei o que é
melhor para sua carreira, lindinho. Levante-se! – disse Jonesy usando o mesmo tom
provocador.

Deus, como essa garota é irritante!, pensou Cristiano. Levantando da cama.

- Você pode dar licença para eu trocar de roupa? – perguntou com desdém.

- Não. – respondeu Débora sentando-se na poltrona em frente ao closet – Não é como se eu


nunca tivesse visto um homem sem roupa. – sorriu cruzando as pernas.

Débora sabia que ele iria trancar a porta e voltar a dormir, típico Cristiano Ronaldo. Ele já havia
feito isso algumas várias vezes.

Cristiano levou a toalha consigo e bateu a porta do banheiro como um adolescente rebelde
faria, e xingou a mãe de alguém quando viu que Débora havia pegado a chave. Ele já havia se
trancado e dormido lá também, típico Cristiano Ronaldo.

O relógio tic taqueou para 7:53 AM. A menos que Ronaldo tenha se afogado no vaso sanitário
não havia motivos para demorar tanto no banheiro. Débora levantou enfurecida abrindo a porta
do banheiro e se deparou com Cristiano relaxando na banheira cheia de espumas.

- Você só pode estar brincando comigo! – disse ela séria.

- O que? – perguntou ele sem interesse.


Débora contou até dez silenciosamente, assim como seu terapeuta indicou. Depois que
começou a trabalhar com o português a recém-formada precisou de ajuda médica.

- Cristiano, você tem uma coletiva em sete minutos pelo amor de Deus levanta daí. – falou
Débora andando rapidamente ao closet puxando peças aleatórias.

- Você sabe o horário que eu acordo por que marcou a essa hora? – perguntou o jogador
levantando da banheira sem vontade e vestindo seu roupão.

- Pergunta isso para o idiota do teu empresário. Ele marca essas coisas e eu tenho que te fazer
ir. – bufou Débora. Cristiano riu e pegou as roupas da mão da Débora. – Você tem cinco
minutos. – disse ela saindo porta afora.

Jonesy senta-se na poltrona colocando os pés na mesa de centro e percebe o celular vibrando
dentro da bolsa e atende.

- Já estamos indo. Enrola 15 minutos, John, por favor.

- Não consigo enrolar mais, Débora. Já era pra vocês estarem aqui. Se ele não aparecer Jorge
vai nos matar, ou pior nos demitir.

- Em 15 minutos estamos aí. – a garota desliga o telefone ao ver a porta do banheiro se abrir.

Cristiano caminha pelo quarto como se fosse o mister universo e tivesse todo tempo do mundo.

- Vamos, levante-se não temos tempo para seus caprichos, lindinha. – zombou Cristiano
colocando seu relógio que provavelmente tinha o valor do apartamento da garota a sua frente.
Débora revirou os olhos, pegou seu casaco e se dirigiu para a garagem.

[...]

- O que você tem a dizer sobre o escândalo da mulher que se dizia grávida de um filho seu? –
perguntou alguma repórter.

- Hahaha, – divertiu-se Cristiano – não acho que a história de uma mulher grávida de mim seria
um escândalo, afinal Irina e eu pretendemos ter um. – disse o jogador e rapidamente a sala
virou um murmúrio de repórteres.

Cristiano apontou para uma jornalista com cara de modelo. As empresas jornalísticas que não
tinham repórteres bonitas normalmente ficavam sem notícias, pois Ronaldo só respondia as
mulheres com um belo decote à mostra.

- Quer dizer que daqui para o final do ano talvez tenhamos um filho seu e da sua namorada? –
perguntou uma loira com minissaia.

- Daqui para o final do ano não sei se estarei com ela. – piscou o futebolista.
Os jornalistas estavam nervosos por mais perguntas, a sala se encheu de jornalistas se
empurrando para fazer alguma pergunta usando essa frase como base.

- Sem mais perguntas! – anunciou John.

No banheiro perto da sala onde a coletiva havia ocorrido Débora assistia os soluços
incontroláveis de Irina sem reação.

- ELE NÃO TINHA ESSE DIREITO, DEBS. – disse Irina em meio a soluços. Seus olhos azuis
estavam inchados. – Não acredito que ele estava flertando com aquela jornalista NA MINHA
FRENTE. – grunhiu. Débora sentiu compaixão pela amiga. Desde quando Irina começou o
namoro com Cristiano sempre era alvo dos escândalos sexuais dele e era tratada como se fosse
descartável. – Esse é o momento que você diz “te avisei”. – Irina sorri limpando as últimas
lágrimas que caíram no seu rosto com o papel-toalha que a amiga lhe dera.

- Você está parecendo um panda. – diz Débora sorrindo.

Jonesy conhecia Irina desde o colegial, suas famílias são amigas. Débora sentiu uma onda de
culpa invadir seu corpo. O estado de Irina era sua responsabilidade, foi ela quem apresentara
Cristiano para Irina. Os primeiros meses de namoro foram adoráveis, Irina não poderia ser mais
feliz, porém começaram as ligações “particulares”, sumiços repentinos sem explicações
plausíveis. Débora não poderia ver sua amiga assim.

- Eu sei o que você tá pensando, – disse Irina lançando seu sorriso reconfortante – e não se
responsabilize por meu futuro ex-namorado ser um cretino.

- Futuro ex-namorado? – surpreendeu-se Débora. Irina sorriu e deu de ombros.

As duas caminharam pelo corredor e se encontraram com os seguranças de Cristiano e John,


assistente de Débora que correu para onde elas estavam.

- Graças a Deus você chegou. – John estava suado e tremendo.

- O que houve? – perguntou Débora assustada.

- O Cristiano... – John respirou fundo – ele sumiu.

- Como assim sumiu? – interrompeu Irina.

- Ele... Ele pegou o carro e saiu sem ninguém ver.

- Como assim saiu sem ninguém ver? – perguntou Irina atônita – Ele é o Cristiano Ronaldo, não
é como se pudesse sair por aí sem ninguém ver.

- A não ser que ele tenha a ajuda de alguém. – Débora comentou mais para ela mesma do que
para eles. – Olha não se preocupem, tenho certeza que ele está bem. – Débora ficou com
náuseas só de imaginar Cristiano transando com a jornalista no banco traseiro do carro. Fez
uma nota mental para lembrar-se de não sentar lá enquanto o carro não passasse por uma
higienização. – Mande os seguranças de volta para – Jonesy fez uma pausa – sei lá de onde
eles vieram. – disse ela para John que rapidamente o fez.

- O que você quis dizer com ajuda de alguém? – perguntou Irina. Débora suspirou. Irina
entendeu o que aquilo significava.

- Irina – Débora chamou, mas a modelo ignorou e continuou seu caminho. – Merda!
Débora tirou seu telefone do bolso e discou o número que já estava na discagem automática.
Caixa postal. Tentou novamente.

- Vamos, atende.

- Alô. – disse uma voz um pouco abafada.

- Olá, Agostília?

- Olá, Srtª Jonesy. S.r. Ronaldo acabou de chegar – a governanta fez uma pausa – e está
acompanhado. – completou com um tom de desgosto.

- Não – Débora sorriu –, eu quero falar com você. E já disse milhões de vezes para não me
chamar de Srtª Jonesy.

- Oh, desculpe. O que você deseja minha querida? Se você quiser posso preparar seu almoço já
que o S.r. Ronaldo não almoça espero que não se importe em almoçar sozinha.

- Não é nada disso, Tília. – Débora tentou ser objetiva, Agostília adorava falar. – Não deixe
ninguém entrar na casa até eu chegar, por favor. Avise o S.r. Ferreira.

- Oh, sim, minha querida. Considere avisado .

- Tília, quando eu digo ninguém é ninguém, ok? Nem mesmo Irina.

Houve uma longa pausa.

- Sim, não se preocupe. E o seu almoço quer que mande preparar?

- Não precisa preparar nada. Obrigada. Até logo.

- Até logo, Srtª... Débora.

Jonesy procurou por John que estava imerso em meio à multidão.

- John! – gritou Débora pouco se importando com os olhares que os portugueses lhe deram. Ao
ouvir seu nome John vai ao encontro de Débora. – Consiga-nos um táxi, por favor.

- Já o fiz! Estava te procurando. – Débora agradeceu a Deus mentalmente, ela poderia abraça-
lo.

[...]

Cristiano estava incrivelmente disposto, sexo matinal era simplesmente maravilhoso. Andou até
o armário do banheiro para pegar uma toalha e enxugou seus cabelos negros. Sentiu braços
sobre sua cintura e sorriu.
- Olá, você. – Cristiano virou-se para ver o rosto da loira.

- Olá. – disse ela sorrindo. – Os rumores sobre você estavam certos.

- Rumores? – perguntou Cristiano.

- Você sabe. Gosta de levar jornalistas para sua mansão, seduzi-las.

- Ah, só isso? – Cristiano fez bico.

- Você é impressionantemente na cama. – a jornalista completou. Ronaldo beijou a testa da


garota e desfez o abraço.

- Por que você não desce para almoçar? Eu vou trocar de roupa e daqui a pouco vou com você.

A jornalista assentiu e andou até a porta do quarto.

- Ah, - lembrou-se Cristiano – Cuidado com uma morena bonita com olhar de louca. – disse ele
fechando a porta do closet.

Débora entrou na casa tentando manter-se calma. Ela fez o percurso que estava acostumada,
colocou sua bolsa em cima do sofá da sala. Respirou fundo tentando acalmar-se e ouviu passos
vindo da escada.

- Eu não acredito que você fez aq... – Débora calou-se quando viu a jornalista vestida com
alguma blusa de Cristiano. – Ah, você. Achei que já tivesse ido. – disse Jonesy seca.

- E você deve ser a morena com olhar de louca. – Débora contou até dez mentalmente. – Na
verdade, eu vou almoçar com Cristiano. – disse a jornalista com um tom arrogante.

- Ah, - Débora disse colocando a mão sobre o peito com falsa surpresa -, me desculpe eu não
sabia.

- Agora está sabendo, assistente – diz a jornalista analisando Débora –, ou, seja lá o que for.

- Sou a pessoa que tira o lixo da casa do Cristiano, e você já pode ir embora. Agostília,
entregue as roupas dessa – Débora analisou a loira – jornalista.

- Minhas roupas estão no chão do quarto de Cristiano. – sorriu a loira vitoriosa.

- O S.r. Ronaldo trouxe para eu mandar lavar e secar enquanto você tomava banho. – disse
Agostília colocando as roupas dobradas nos braços da loira.

- O que?

- Ele não gosta que lixos poluam a casa dele por muito tempo. Pode ficar com a blusa, é um
brinde da casa. Agostília acompanhe a moça até a saída, por favor.

Débora subiu as escadas e abriu a porta do quarto bruscamente. Cristiano olhou-a e depois
voltou ao pentear seu cabelo na frente do espelho.
- Você poderia ter sido um pouco mais simpática com a moça. – disse ele passando perfume.

- Você é ridículo. Eu não acredito que você fez aquilo com a Irina em rede nacional.

- Ah, então você está mal humorada por causa da sua amiga?

- Você é impressionante! – disse Débora descrente.

- Obrigado, mas já me disseram isso hoje. – Cristiano sorriu.

- Como você pôde? Ela gosta de você.

- Paciência, Débora. Nossa você tá um pé no saco esses dias. A minha vida pessoal não te
interessa, lindinha. – Débora tentou seguir o conselho do seu terapeuta. Contar, 1, 2, 3...

- Olha, eu não me importo que você esteja enfiando seu pinto na boca de qualquer vadia por
aí. Mas quando se trata de você sair por aí paquerando jornalistas em rede nacional cagando o
meu trabalho eu tenho que me importar.

- Cagando o seu trabalho? – divertiu Cristiano. – Ah, por favor.

- Sim, o meu trabalho. Demorei meses pra criar a ilusão de que você é um jogador de futebol
sério, paterno, amoroso, familiar e em uma entrevista você estraga tudo.

- Eu estraguei tudo? Você me trata como se eu fosse uma criança.

- Então pare de agir como uma. – Débora percebeu que estava gritando.

- Pelo amor de Deus. Sua estupidez me irrita. Leve o que fiz com Irina como uma lição pela sua
chatice.

- Você foi um babaca em rede nacional por causa de mim? – Débora sorriu incrédula. – Você é
simplesmente um lunático.

- E você é uma controladora estúpida.

- Talvez eu não tivesse que ser controladora se você não fosse uma criança mimada. Cristiano,
eu tenho que fazer tudo por você. – Jonesy suspirou – Por incrível que pareça eu tenho uma
vida e eu abdiquei dela há quase dois anos por causa de você e da sua incapacidade de se
cuidar sozinho.

- Ah, me poupe, Débora. Você ganha bem, tá reclamando do que?

- Eu ganho pra trabalhar 8 horas por dia e não 24 horas. Você me tirou do casamento da minha
irmã por que estava em dúvida em qual roupa usar para a capa da Vogue.

- Aquilo foi necessário, você é a responsável pela imagem que vou transparecer ao público.

- Era num sábado!

- Olha pelo lado bom, num sábado eu estava em casa escolhendo roupas e sóbrio – Débora
balançou a cabeça negativamente –, mas sem escândalos para você controlar.

- Quer saber... – Débora tinha perdido a conta de quantas vezes já havia dito isso e voltado
atrás, mas ela desistiu de ajudar uma pessoa que não queria ser ajudada – eu me demito,
Cristiano.

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