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TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO

Ramo: _________________Exercício e Bem-Estar_______________ Turma: __EBE2__

PRÉ-PROJETO

Projeto de Planeamento de Uma Época Desportiva


Atleta Júnior Masculino de Atletismo na Especialidade de Salto em
Comprimento

Nº: 21904782; Nome: Beatriz Pereira


_______________________________________________

Nº: 21903309; Nome: Bernardo Lopes


_______________________________________________

Nº: 21903666; Nome: João Maria


_______________________________________________

Professor Doutor Luís Monteiro


Professor Doutor Paulo Cunha
Professor Doutor Sérgio Ramos

Lisboa, 19 de outubro de 2021


Resumo

O objetivo deste trabalho é o planeamento de uma época desportiva num atleta júnior,
praticante de atletismo na modalidade de Salto em Comprimento. Traçamos para o atleta o
objetivo de conseguir chegar aos cinco primeiros classificados do campeonato nacional. Para
realizarmos a periodização traçamos objetivos físicos, técnicos, psicológicos, competitivos de
forma a enquadrarmos a periodização ao nosso atleta e também de acordo com o calendário
competitivo do salto em comprimento. Temos ainda presente o processo de avaliação.
O projeto conta ainda com três artigos resumidos que foram essenciais para perceber
melhor a temática do nosso trabalho.
Por fim, temos presentes a entrevista realizada ao professor/treinador Pedro Pinto que
foi bastante importante na abordagem à periodização, processo de avaliação e na
disponibilidade de artigos que possuía, os quais ajudaram-nos bastante na realização do
projeto.

Abstract

The objective of this work is the planning of a sports season in a junior athlete,
athletics practitioner in the Long Jump modality. We set the goal for the athlete to
reach the top five in the national championship. To carry out the periodization, we set
physical, technical, psychological and competitive objectives in order to fit the
periodization to our athlete and also according to the long jump competitive calendar.
We still have the evaluation process.
The project also has three summarized articles that were essential to better
understand the theme of our work.
Finally, we have the interview carried out with the teacher/coach Pedro Pinto,
which was very important in the approach to the periodization, the evaluation process
and also the availability of articles he had in his possession, which helped us a lot in
carrying out the project.

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Índices

Resumo ....................................................................................................................... 2

Abstract........................................................................................................................ 2

Índices.......................................................................................................................... 3

Caracterização da modalidade e de equipa/atleta/aluno/praticante........................4

Caracterização do Atleta.........................................................................................4

Caracterização da Modalidade................................................................................4

Objetivos (físicos, técnicos, táticos, competitivos, psicológicos, etc.)..................5

Objetivos Físicos e Técnicos..................................................................................5

Objetivos Táticos.....................................................................................................6

Objetivos Competitivos...........................................................................................6

Processo de avaliação ...............................................................................................8

Calendário competitivo...............................................................................................9

Periodização da época desportiva (Macro e Meso estruturas)..............................10

Resumo de 3 artigos – sobre temáticas distintas – determinantes na realização


deste projeto.............................................................................................................. 11

Resumo de entrevista...............................................................................................14

Considerações finais ................................................................................................16

Referências bibliográficas........................................................................................17

Tabela 1 - Calendário Competitivo 2021......................................................................................7

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Caracterização da modalidade e de equipa/atleta/aluno/praticante

Caracterização do Atleta

O nosso atleta é do sexo masculino, tem 20 anos, 72kg, 1,85m de altura é um atleta e
compete na categoria de júnior. A sua especialidade é o salto em comprimento tendo
alcançado a sua melhor marca no campeonato regional saltando 6,36 metros. O objetivo que

possuímos para ele é que fique nos cinco primeiros classificados da competição nacional .

Caracterização da Modalidade

Segundo a Federação Portuguesa de Atletismo (2010), no “Manual Do Treinador -


Nível 1,” , a prova de salto em comprimento realiza-se na pista de atletismo, numa zona que
existe um corredor de balanço, uma tábua de chamada e uma caixa de areia para a queda. O
objetivo da prova é saltar o mais longe possível. O salto em comprimento divide-se em quatro
fases: corrida de balanço, chamada, voo e queda. Antes do salto/voo o atleta tem de realizar
uma chamada que tem de ser feita antes da linha de chamada (linha que separa a tábua de
chamada da zona de plasticina ou de areia molhada) que deve de estar antes da caixa de areia
e não pode ser pisada. No salto em comprimento podem ser usadas três técnicas, que se
distinguem durante a fase de voo que são: a técnica da passada que é a mais utilizada na
formação de jovens atletas; a técnica de tesoura a qual é utilizada por atletas que têm a
velocidade como o seu ponto forte; e a técnica de extensão que é usada por mulheres e por
atletas com grande potência muscular.
Durante as competições, os atletas têm três tentativas de salto, os oito melhores atletas
passam para a fase seguinte, tendo a oportunidade de ter mais três tentativas. O atleta que
tiver o melhor resultado nas seis tentativas é o vencedor.

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Objetivos (físicos, técnicos, táticos, competitivos, psicológicos, etc.)

O treino de um atleta deverá ser baseado em objetivos de diversos tipos de modo a


desenvolver as suas capacidades.

Objetivos Físicos e Técnicos

 Melhorar a velocidade e desenvolver uma técnica de corrida correta;


Para um saltador o desenvolvimento da velocidade é fundamental durante a fase de
corrida de balanço. A velocidade está sempre associada à técnica de corrida. (Kukolj et
al., 1999).
Um dos erros identificados no nosso atleta, era a corrida ser ineficiente. Em entrevista
realizada a um professor/treinador da área, indicou-nos que para melhorar a técnica de corrida
devemos de realizar exercícios em que o atleta corre por cima de cones ou barreiras pequenas
com cerca de quinze centímetros. Correr por cima deste material com a mesma distância para
aprender a correr de forma eficiente.

 Melhorar a força reativa e desenvolver a capacidade de salto;


A força reativa é crucial no momento da chamada. O saltador poderá desenvolver no
seu treino exercícios de saltos variados. Melhorando esta capacidade permitimos que o
atleta melhore a sua capacidade de salto, realizando chamadas mais dinâmicas e

ativas. (Markovic & Mikulic, 2010).

Segundo Mil-Homens et al., (2019) a força reativa é uma manifestação de força


associada a um ciclo muscular de alongamento-encurtamento. Existe uma fase inicial de
alongamento e de seguida uma fase de encurtamento, produzindo o funcionamento do
aparelho locomotor. Exercícios para melhorar a força reativa e desenvolver a capacidade de
salto são: Saltos Repetidos Sem Progressão no Terreno – Saltitar Duplo Apoio, Saltos
Engrupados e Jumping Jacks”; Saltos Individuais Sem Progressão no Terreno – Salto
Vertical, Salto Horizontal e Salto sobre Barreiras; Multisaltos – Hop’s, Steps e Saltos sobre
Barreiras; Bounds – Skippings, Skippings Atrás e Skippings Laterais; Saltos Com Caixas –
Step Ups com Salto, Step Ups Laterais com Salto, Step Ups Laterais Alternados; Saltos em
Profundidade – Salto em Profundidade (Drop), Saltos em Profundidade com Caixas

 Adquirir competências para relacionar “corrida-impulsão” e a técnica da


chamada;

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Estas duas fases do salto não devem ser treinadas separadamente sem que haja uma
boa ligação entre elas. Devem ser realizados exercícios que promovam o
desenvolvimento destas capacidades em simultâneo. (Hay, 1993).

Outros dois erros que observamos no nosso atleta é a realização de um salto muito
horizontal e só realiza uma tesoura no momento do salto. Com a ajuda do professor
entrevistado ajudou-nos a solucionar estes problemas com exemplos de exercícios.
Ter um salto muito horizontal quer dizer que na chamada não consegue produzir força
para ganhar altura suficiente. Os exercícios que podemos colocar para melhorar este aspeto
são: diminuir a velocidade e a distância da corrida e colocar uma caixa na zona da chamada. 1º
exercício – corrida de balanço de 6 passos na chamada colocar uma caixa de 10 centímetros,
2º exercício – corrida de balanço com 8 passos, na chamada colocar uma caixa de 10
centímetros, 3º exercício – corrida de balanço com 10 passos, na chamada colocar uma caixa
de 10 centímetros…
A realização de uma tesoura na técnica de tesoura na fase de voo é resolvida se
tivermos mais tempo na fase aérea, exercícios para resolver este problema pode ser a
utilização de caixas na zona de chamada para estar mais tempo na fase aérea e permitir ter
mais tempo para realizar as tesouras.

Objetivos Táticos

O objetivo tático do nosso atleta será realizar o seu primeiro salto garantindo que
cumpre os mínimos estabelecidos, de seguida deverá realizar o seu melhor salto no segundo
salto, por fim, e chegando ao último salto, este poderá realizar uma tentativa que supere a
marca do seu salto anterior.

Objetivos Competitivos

De maneira a motivar o nosso atleta o foco será atingir a meta dos campeonatos
nacionais (atingir a meta do Top 5). O saltador participa em campeonatos regionais com o
objetivo de se qualificar para provas distritais. Uma vez qualificado para provas distritais
trabalhará para atingir pelo menos os mínimos solicitados em provas de carácter nacional.
Chegando às competições nacionais deverá trabalhar com vista a ser classificado entre os
cinco primeiros.

Objetivos Psicológicos

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O objetivo a adotar em termos psicológicos será o foco na estratégia individual,
independentemente da estratégia dos adversários. Pretende-se que o atleta consiga fazer a
sua melhor performance em competição e deixe de lado o nervosismo da competição.
A gestão dos saltos “nulos” é muito importante para a motivação do atleta, não se deve
desconcentrar ao pensar nos resultados dele.

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Processo de avaliação

A avaliação ao nosso atleta será feita no final de cada mês através de uma bateria de
testes, para observarmos se o atleta está a evoluir com os treinos que nós aplicamos. Esses
testes são: testes de força (teste da potência de agachamento), teste da velocidade (velocidade
máxima) e o teste dos Multisaltos – que é medida a capacidade do atleta produzir força num
curto espaço de tempo. Em cada atleta vamos perceber se o ciclo muscular de alongamento e
encurtamento (CMAE) está devidamente trabalhado ou não. Dentro dos multisaltos avaliamos
um CMAE lento ou mais rápido – mais tempo de contacto com o solo ou menos tempo de
contacto com o solo – tirando o counter movement jump (CMJ) que medimos, temos ainda dois
mais específicos: o penta-balanço, o penta-parado em que o atleta parte parado faz 4 steps e o
quinto para a areia, e faz outro exatamente igual mas com balanço (vem a correr faz 4 steps e
o quinto para a areia). Estes testes medem não só a capacidade da força explosiva ou reativa,
porque parte da posição de parado e, portanto, o 1.º salto é primeiro explosivo e depois reativo
e o 2.º é meramente reativo. O teste usado para a flexibilidade é o Sit and Reach.
Estas avaliações ao serem realizadas mensalmente ajudam o treinador a ver a
evolução do atleta e caso os resultados não estejam a ser os esperados, o treinador pode fazer
alterações na periodização ao longo da época.
.

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Calendário competitivo

13 e 14/Fev Campeonatos de Portugal Absolutos em Pista Coberta Braga

20 e 21/Fev Campeonatos de Portugal e Nacional de Esperanças Provas Pombal


Combinadas em Pista Coberta

27 e 28/Fev Campeonato Nacional de Esperanças em Pista Coberta Vários

13 e 14/Mar Camp. Nacional de Clubes Pista Coberta - Final Pombal-


Expocentro

22 e 23/Mai Campeonato Nacional de Clubes - Apuramento Vários


Locais

29 e 30/Mai Campeonato Nacional de Provas Combinadas Sub18, Sub20, Sub23 Vila Real
e Seniores Santo
António

12 e 13/Jun Campeonato Nacional de Esperanças Coimbra

19 e 20/Jun Campeonato Nacional de Sub-20 (Juniores) Viana


Castelo

26/Jun Torneio Atleta Completo Vários


Locais

26 e 27/Jun Campeonatos de Portugal Maia

3 e 4/Jul Campeonatos Nacionais de Clubes - 1ª Divisão Guimarães

Tabela 1 - Calendário Competitivo 2021

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Periodização da época desportiva (Macro e Meso estruturas)

O macrociclo de treino corresponde a um período de preparação que está dividido em


mesociclos e têm como objetivo elevar a performance desportiva do atleta. Para a realização
da periodização da época desportiva do nosso atleta, baseamo-nos na estrutura clássica de
Matvéiev (1977). O nosso atleta, na periodização terá dois macrociclos onde irá atingir dois
momentos de pico de forma. O macrociclo está dividido em três partes: Período Preparatório,
que se divide em período preparatório geral e específico. É o período onde há a aquisição da
forma desportiva do atleta, visam elevar o potencial das capacidades motoras e coordenativas
de modo a criar as bases para a realização do trabalho específico posterior. Numa primeira
fase o trabalho do atleta é de carácter geral procurando alguma transferência para a
especialidade do praticante, numa segunda fase, os exercícios realizados já se aproximam
mais aos da prática competitiva; Período Competitivo que tem como objetivo aumentar o
rendimento competitivo do atleta com a utilização de exercícios específicos. O objetivo máximo
é conseguir que o atleta atinja melhor rendimento possível e chegar à competição no maior
pico de forma; e por último Período de Transição que tem como objetivo a recuperação do
atleta, interrompendo cargas elevadas e procurar meios de recuperação ativa que deixem o
atleta no estado ótimo para começar o macrociclo seguinte. (Borges, 2016)

Figura 1 - Periodização Época Desportiva

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Resumo de 3 artigos – sobre temáticas distintas – determinantes na
realização deste projeto

Artigo 1

Kakihana, W., & Suzuki, S. (2001). The EMG activity and mechanics of the running jump as a
function of takeoff angle. In Journal of Electromyography and Kinesiology (Vol. 11).
www.elsevier.com/locate/jelekin

Kakihana & Suzuki (2001), com este artigo têm como objetivo caracterizar a atividade
eletromiográfica (EMG), utilizando forças de reação no solo e cinemática no salto em corrida
em diferentes ângulos de descolagem.
Neste estudo foram examinados dois saltadores (sujeito TM e sujeito YS) habilidosos
do sexo masculino
No método, os dois saltadores realizaram uma técnica de descolagem como se
estivessem em competição e realizaram saltos de corrida em diferentes velocidades de
aproximação variando o número de passos (3 a 9) na corrida. Na medição da força de reação
foi utilizada uma plataforma de forças. A determinação da cinemática do movimento foi feita
através de filmagem e identificação de vários pontos anatómicos. A medição da atividade EMG
foi feita com a utilização de elétrodos descartáveis em alguns músculos da perna.
Nos resultados do estudo, os autores concluíram que o padrão da atividade EMG da
perna de descolagem foi diferente entre os dois sujeitos. Esta diferença alterou o controlo da
perna de descolagem, isto refletiu-se nas diferenças dos componentes Fz e Fy da força de
reação do solo e medidas do resultado do salto, que é a velocidade do salto. Para o sujeito TM,
o reto femoral apresentou um aumento da intensidade e duração da ativação ainda antes da
primeira metade da fase de descolagem e sobrepôs o vasto medial como velocidade de
aproximação. O sujeito YS, não se observou o mesmo padrão EMG. Este padrão, no sujeito
TM, segundo os autores ocorreu devido ao posicionamento do seu pé no momento da
descolagem que se encontrava com um ângulo do joelho mais estendido e uma inclinação mais
para trás do corpo.

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Artigo 2

Coyne, J., Coutts, A., Newton, R., & Haff, G. G. (2021). Training Load, Heart Rate Variability, Direct
Current Potential and Elite Long Jump Performance Prior and during the 2016 Olympic Games.
Journal of Sports Science and Medicine, 482–491. https://doi.org/10.52082/jssm.2021.482

O artigo realizado por Coyne et al., (2021) tem como objetivo investigar as relações
entre carga de treino, variabilidade da frequência cardíaca e o potencial da corrente contínua
com o desempenho do salto em comprimento em atletas antes e durante os jogos olímpicos.
A amostra deste estudo é composta por quatro atletas masculinos (A, B, C e D) com
uma média de 25 anos, média de altura 1,82 metros, média de peso 68,9 kg e a média do
melhor salto pessoal 8,22 metros. Todos os atletas participaram nos Jogos Olímpicos de 2016,
menos o atleta D que foi suplente do elenco olímpico)
Nos procedimentos, os atletas foram acompanhados e foram registados as cargas de
treino durante as sessões de treino, foram registas sessões técnicas e não técnicas, e cargas
de competição incluída. A variabilidade da frequência cardíaca e a potencial de corrente
contínua foram avaliadas utilizando um aparelho próprio. A percentagem de treino
sobrecarregada por lesão ou doença em comparação com o tempo total do treino também foi
considerado.

Os resultados obtidos, mostram uma diminuição da carga de treino em 32%, três


semanas antes da competição. O treino técnico (Corrida técnica, salto e derivados)
compreendeu 55,9±43,9% comparando ao treino não técnico (força, corretivos, reabilitação ou
exercício aeróbio). Não houve correlação entre o desempenho e o treino sobrecarregado por
lesão ou doença nos últimos 21 dias antes da competição. Uma menor variação da frequência
cardíaca está mais ligada a melhores desempenhos. Relativamente ao potencial da corrente
contínua não houve qualquer relação entre as variáveis deste com desempenhos bem
sucedidos ou mal sucedidos.

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Artigo 3

Kyröläinen, H., Avela, J., McBride, J. M., Koskinen, S., Andersen, J. L., Sipilä, S., Takala, T. E. S., &
Komi, P. v. (2004). Effects of power training on mechanical efficiency in jumping. European
Journal of Applied Physiology, 91(2–3), 155–159. https://doi.org/10.1007/s00421-003-0934-z

O presente artigo descreve a investigação sobre os efeitos do treino de potência na


eficiência mecânica no salto, com isto, o objetivo foi analisar se existia uma maior eficiência
mecânica no salto quando a amostra fosse sujeita a treinos de potência.
Posto isto, foram eleitos treze candidatos homens não treinados [idade 24 (4) anos,
altura 1,78 (0,05) m, % de gordura 11,0 (4,6)] e dez candidatos de controlo não treinados
também [idade 25 (2) anos, altura 1,78 (0,07) m, % de gordura 8,6 (6,0).
Quanto aos métodos utilizados para a investigação o grupo experimental treinou duas vezes
por semana durante 15 semanas, este treino contou com uma fase preparatória de duas
semanas composta por diversos exercícios, tais como, agachamento, levantamento terra,
abdominais e gémeos. As performances de salto, compostas por 5-10 repetições cada série,
foram efetuadas em esforço máximo de modo a promover e desenvolver a produção de força
explosiva dos membros inferiores. Os treinos dos sujeitos do grupo de controlo foram
compostos por quase 6 horas semanais de outras atividades físicas (ciclismo, caminhada,
futebol), enquanto no grupo experimental foi apenas de 4 horas e 30 minutos. Ambos os grupos
foram testados antes e após o período de treinamento de 15 semanas.
Após os testes efectuados foram observadas melhorias na eficiência mecânica do salto
mas os resultados não revelaram verdadeiros fatores mecanísticos para explicar essa
adaptação.
Em suma, observou-se uma melhoria significativa na eficiência mecânica do salto mas
não foram observados factores mecanísticos que consigam explicar especificamente o motivo
dessas alterações. A melhoria da EM pode assim ser justificada pela melhoria do desempenho
neuromuscular, a coordenação intermuscular e também a estratégia de controlo articular.
(Kyröläinen et al., 2004)

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Resumo de entrevista

No âmbito da cadeira de teoria e metodologia do treino, foi questionado o professor


sobre qual o processo de treino no salto em comprimento para um atleta júnior, masculino que
compete no campeonato regional e quer apurar-se para o campeonato nacional e obter a sua
melhor marca.
Segundo o professor Pedro Pinto este processo de treino é um mundo complexo. O
planeamento é feito pelo treinador consoante o nível do atleta, a idade e o seu escalão. Um
atleta júnior possui o campeonato do mundo, da europa, nacional e distrital de juniores. Se for
um atleta que se pense ser possível fazer mínimos para o campeonato do mundo, o
planeamento será diferente de um atleta de nível regional e que pretende ir a campeonatos
nacionais. Devemos saber o que temos e para onde queremos caminhar e a partir daí
desenhamos o planeamento.
O planeamento é dividido em dois momentos, a época de inverno e a época de verão, ou seja,
dois macrociclos, estes são divididos em mesociclos que podem ainda ser divididos em
microciclos, que podem ou não ser por semanas. A organização dentro de cada mesociclo
seria: 1ª semana, 2ª semana ligeiramente mais forte e 3ª semana com mais volume e na 4ª
semana de aumento aplicar um aliviar. No atletismo existe o hábito de se realizarem testes de
controlo, são escolhidas baterias de testes para verificar se o atleta está a evoluir nos treinos
aplicados. São realizados testes de força, de velocidade (máxima e capacidade de aceleração)
e um teste de grande importância – os multisaltos – onde é medida a capacidade do atleta
produzir força num curto espaço de tempo. Em cada atleta vamos perceber se o ciclo muscular
de alongamento e encurtamento (CMAE) está devidamente trabalhado ou não. Dentro dos
multisaltos avaliamos um CMAE lento ou mais rápido – mais tempo de contacto com o solo ou
menos tempo de contacto com o solo – tirando o counter movement jump (CMJ) que medimos,
temos ainda dois mais específicos: o penta-balanço, o penta-parado em que o atleta parte
parado faz 4 steps e o quinto para a areia, e faz outro exatamente igual mas com balanço (vem
a correr faz 4 steps e o quinto para a areia). Estes testes medem não só a capacidade da força
explosiva ou reativa, porque parte da posição de parado e, portanto, o 1.º salto é primeiro
explosivo e depois reativo e o 2.º é meramente reativo. O melhor teste para avaliar a
capacidade do atleta será a velocidade máxima, a velocidade é um critério de sucesso; o atleta
até poderá ser rápido mas é necessário que os dois apoios produzam força no chão de forma
também rápida, só então poderemos colocar o atleta a realizar o teste dos multisaltos e tendo
de escolher um escolheria o penta-salto com balanço, em que o atleta vem a correr e faz cinco
saltos em que o último é para a areia, medindo sua capacidade reativa. Quando os atletas
realizam ambos os testes à máxima dos seus recordes, eu sei que eles estão em forma. O
teste de força que usaria sem dúvida que seria o teste da potência: meio agachamento,
velocity based training (VBT) – este teste da potência diz qual é o valor máximo que o atleta
consegue colocar em ¼ do agachamento ou em ½ do agachamento, onde é que ele consegue

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colocar mais peso de forma rápida. Com estes três testes: velocidade máxima, potência e a
força reativa o atleta estará em forma.
Questionamos ainda o professor relativamente à componente psicológica para um
atleta com estas características, o que seriam bons objetivos psicológicos para ele. Para o
professor, uma grande dificuldade é conseguir que o atleta consiga a sua melhor performance
em competição. Para isso contribuirá se o atleta conseguir ter uma componente técnica e
emocional ao mesmo tempo, de forma a conseguir gerir a energia, a questão nervosa e a
tensão do momento.
Definimos que o nosso atleta tinha alguns erros técnicos, fazia um salto muito
horizontal, uma corrida muito ineficiente e que só realizava uma tesoura, pelo que
questionamos qual o tipo de trabalho é que podia ser desenvolvido para estas dificuldades
serem ultrapassadas.
Ter um salto muito horizontal quer dizer que na chamada, ele não está a conseguir produzir
força e só está a ir para a frente e não para cima, não ganhando altura suficiente. Alteramos a
corrida de balanço para corridas de balanço mais pequenas, com seis passos de balanço e
colocamos na chamada uma caixa de 10cm, com 6 passos tem mais tempo para bater e ganha
mais altura, adicionamos 8 passos e a seguir 10 passos de balanço, mantendo a mesma
estrutura mais vertical. Optamos por corridas mais curtas, aumentando-as progressivamente e
pondo uma caixa na zona de chamada, esta é a forma de corrigir o salto mais horizontal.
De forma a corrigir a corrida ineficiente, aprender a correr é fundamental. Foi sugerido
o atleta passar a correr por cima de pinos ou barreiras pequenas, baixinhas. Aprenderá a correr
de forma eficiente e bem colocado. Para realizar mais tesouras, necessitamos de mais fase
aérea, mais altura, fazer chamadas através da caixa para estar mais tempo no ar e ter tempo
para fazer a segunda tesoura.

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Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi realizar um Projeto de Planeamento de Uma Época


Desportiva de um atleta de Atletismo na modalidade de salto em comprimento.
O primeiro passo do nosso trabalho foi identificar as características do nosso atleta que
podem ser consideradas relevantes e importantes no decorrer do trabalho de modo a planear e
adaptar todo o processo às suas características, tanto físicas como psicológicas.
De seguida identificamos os objetivos para o planeamento da época desportiva,
identificámos os objetivos físicos, técnicos, táticos, competitivos, psicológicos, tal como as
competições ao longo do ano.
Através de vários artigos, livros e entrevistas realizadas com professores
especializados na área conseguimos obter mais conhecimento acerca desta modalidade de
modo a não ser uma área totalmente desconhecida, evitando assim falhas e erros que o
desconhecimento pode causar.
Entrevistámos o professor/treinador Pedro Pinto, via zoom, para podermos tirar as
dúvidas acerca da modalidade, da periodização e da prescrição de exercício presente nesta
modalidade. A entrevista ajudou-nos ainda a ter uma melhor perceção de como é realizado o
processo de avaliação nesta modalidade.
Apesar deste trabalho ser unicamente teórico seria bastante interessante no futuro
tentar colocar em prática toda a investigação e planeamento resolvido pelo grupo, de modo a
verificar se conseguimos obter resultados e melhorias na performance do atleta na vertente
prática.
Algo que ficamos um pouco aquém é a utilização de conteúdo específico da
modalidade, parece-nos que se tivéssemos conseguido encontrar mais conteúdo específico,
tínhamos conseguido um melhor trabalho.
Apesar da grande ajuda que tivemos e além de toda a pesquisa, sentimos que não
conseguimos obter conhecimento suficiente sobre o processo de avaliação na modalidade.
Contudo, foi um trabalho bastante útil, aprofundamos o nosso conhecimento sobre o
planeamento numa área totalmente desconhecida para nós o que nos dificultou um pouco mas
que em geral nos trouxe bastantes vantagens e conhecimentos.

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Referências bibliográficas

Borges, M. (2016). Teoria e Metodologia do Treino Desportivo - Modalidades Individuais (IPDJ, Ed.;
Vol. 1). Instituto Português do Desporto e Juventude.
Coyne, J., Coutts, A., Newton, R., & Haff, G. G. (2021). Training Load, Heart Rate Variability, Direct
Current Potential and Elite Long Jump Performance Prior and during the 2016 Olympic Games.
Journal of Sports Science and Medicine, 482–491. https://doi.org/10.52082/jssm.2021.482
Hay, J. G. (1993). Citius, altius, longius (faster, higher, longer): The biomechanics of jumping for
distance. Journal of Biomechanics, 26, 7–21. https://doi.org/10.1016/0021-9290(93)90076-Q
Kakihana, W., & Suzuki, S. (2001). The EMG activity and mechanics of the running jump as a
function of takeoff angle. In Journal of Electromyography and Kinesiology (Vol. 11).
www.elsevier.com/locate/jelekin
Kukolj, M., Ropret, R., Ugarkovic, D., & Jaric, S. (1999). Anthropometric, strength, and power
predictors of sprinting performance. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 39(2),
120–122.
Kyröläinen, H., Avela, J., McBride, J. M., Koskinen, S., Andersen, J. L., Sipilä, S., Takala, T. E. S., &
Komi, P. v. (2004). Effects of power training on mechanical efficiency in jumping. European
Journal of Applied Physiology, 91(2–3), 155–159. https://doi.org/10.1007/s00421-003-0934-z
Manua do Treinador - Nível 1. (2010). In Federação Portuguesa de Futebol.
Markovic, G., & Mikulic, P. (2010). Neuro-Musculoskeletal and Performance Adaptations to Lower-
Extremity Plyometric Training. Sports Medicine, 40(10), 859–895.
https://doi.org/10.2165/11318370-000000000-00000
Mil-Homens, P., Valamatos, M., & Carvalho, C. (2019). A Força Reativa: Fundamentos, Treino e
Avaliação. In P. Mil-Homens, P. Correia, & G. Mendonça (Eds.), Treino Da Força - Princípios
Biológicos e Métodos de Treino (Edições FMH, Vol. 1, pp. 159–189).

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