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A ESTATUA I OS MORTOS,
FOR
crtocvLCióco TiLoi/ttá; i B ã t t ê t b o ,
NATURAL DÀ BAHIA,
DA MESMA PROVÍNCIA.
i.
El.
E os nossos vingando,
Que morte, ou desterro soffrêram atroz.
111.
• V.
Escriptor abalisado,
Que de livre a palma tem,
Sinceramente votado
Da pátria à grandeza, ao bem,
Viu n esse rasgo perfeito
D'heróe um serviço feito
Por vós, immenso, ao Brasil,
E franco e bem alto o disse,
Sem que alguém o desmentisse,
Na sua Aurora gentil.
Da obra da Independência,
Q'eu apenas ajudei,
A não ser vossa influencia,
O que seria,—não sei.
Pelo menos, sangue em rios,
Longos annos bem sombrios
EUa havia-nos custar...
E, feita,—quem poderia
As ambições, a anarchia
Conter em vosso logar?
Os presentes e os vindouros,
Imparciaes, vos darão
A maior parte dos louros
Da nossa Emancipação.
Alguma vóz, que, mesquinha,
Vo'los negue, bem asinha
Ha de, sem echo, morrer;
O Archi-heróe da Liberdade
Brasileira, em toda edade,
PEDRO PRIMEIRO ha de ser.
Q^xtravagante lembrança!
Nunca tal absurdo vi!
É discorrer de creança,
De que o bom senso se ri.
Querer-se commemorado
'N um monumento o soldado,
Que na vanguarda morreu,
E ahi deixar-se esquecido,
Sem um padrão erigido,
O General que venceu!..
Tacha-se de incongruência
Vosso vulto no logar,
Onde da Independência
— 12 —
Abençoada a Bahia,
De quem tanto mereci,
E a quem na minha harpa um dia
Grata canção (9) desferi!
Sim, abençoada seja
Essa terra da peleja
Que a Independência firmou,
Pela estatua, a vós sagrada,
Que mais, co*a pedra assentada,
Vosso Filho assinalou í
— 13 —
V.
VI.
7 de abril de 1862.
MOTAS.
( 0 O patriótico e nobre fim d'este meu pocmeto foi-refutar, como
>n elle refuto, o que se ha escripto em prosa e verso, na Corte e aqui,
contra o monumento devidamente erigido á memória de h. M. i., o
Senhor Dom Pedro 1.» Sei bem, que ainda mais injuriado do que
foi na metropoli, a pretexto áo-Rei só,—o só cavalleiro do Cruzeiro
<le 14 de Março de 1860, e está sendo agora 'n esta cidade o cantor de
25 de Março ultimo, ha de sem duvida ser o poeta da—üítatua e os
mortos.— Paciência: ao.menos cingirei, assim, a palma do martyrio,
já que me não é possivel cingir a da gloria.
(2) Tal foi exactamente a de 6 do corrente mêz de Abril, em que
teve lugar o meu sonho, do qual despertei ao alvorecer de 7, em que
o escrevi.
(3) O da Acclamação no Rio de Janeiro. Já se vê que também sou
veterano do 7 de Abril, e que por tanto, não se me pôde averbar
de suspeito.
(*) O Illustre Senador Francisco de Paula Sousa e Mello, o qual,
como Presidente da ('amara Municipal do Itú, lavrou o primeiro aclo
para a Independência do Brasil.
(5) O benemérito Tenente Geueral José Joaquim de Lima e Silva,
que, proso Labatut, de Commandante que era do Batalhão do Impe-
rador, passou a commandar o exercito da Independência 'n esta Pro-
víncia, e com elle entrou na capital restaurada; e o Coronel Antô-
nio de Sousa Lima, cm 1822 bravo Tenente de Itaparica, que a elle
e ao Tenente Coronel Galvão deveu em grande parte a sua assignala-
da victoria de 7 de Janeiro de 1823.
(6) O Coronel Felisberto Gomes Caldeira, natural da província de
Minas, digno e denodado Commandante da Brigada da esquerda do
referido Exercito Pacificador, o qual, commandando as armas desta
província, foi ingrata e barbaramente assassinado, em sua própria
Casa, por uma companhia do Batalhão de Periquilos; pelo que dou-
lhe aqui o appellido de—infausto.—
(7) Allude ao Marechal Seara. Este facto, passado na tarde Ou noite
de 6 de Abril, è bem sabido de todos.
(8) O illustre Sr. Theópbilo Ottoni, cujo testemunho, por insus-
peito, muito me aprazo de aqui citar, outr'ora reconheceu e declarou
o contrario no seguinte período do seu discurso, proferido na Câma-
ra dos Deputados, acerca do projecto da maioridade de S. *1. L, o
Sr. D. Pedro 2.°; ei-lo: « Sr. Presidente, o prestigio do Sr. D. Pedro
2.° nasce do rnmpo da Acclamação, onde seu pai foi acclamado Im-»
perador do Brasil; não porque descendesse de uma antiga linhagem
de Reis da Europa; más porque, comprehendendo bem as necessida-
des do Brasil, póz-se d frente da sua Independência, e soltou nas
margens do Ypiranga esse grito famoso—Independência ou morte.—
Veja-se o Interesse Publico de 6 de Dezembro de 1860, onde vem ex-
trahida a circular do dito Sr. Ottoni aos eleitores do 2.° districlo de
Minas.
(9) A sublime o muito conhecida Ode aos Bahianos, que'n aquel-
los bons tempos de eleições espontâneas o haviam nobremente elegi-
do para seu Representante na Assembléa Geral.
(10) O finado Barão de S. Francisco, em quem já acima fallei, por
antonomasia—Patriarcha da Independência 'n csia província. Leia-4
se a bcllisslma Odo ao 2 de Julho, do exímio Senador e Poeta, Vis-
conde de Canivellas, Manuel Alves Branco.
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